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Bioética
Bios (vida) + ethos (conduta)
Ética da vida
A Bioética emerge no contexto científico como uma reflexão sobre tudo o que interfira no
respeito à qualidade e dignidade da vida, representando o resgate
da ética, da condição plena de cidadania e do respeito às
diferenças.
BioéticaBioética como nova ciência ética que combina humildadehumildade, responsabilidade e uma competência interdisciplinar, intercultural, que potencializa o senso de humanidade.
HumildadeHumildade é a consequência apropriada que segue a afirmação "posso estar erradoposso estar errado" e exige responsabilidade de aprender com as experiências e conhecimentos disponíveis.
“A humildadehumildade seria necessária como um antídoto para a ruidosa arrogância tecnológica atual”. (Hans Jonas Ética, medicina e técnica. Lisboa: Vega Passagens, 1994:65).
EgoísmoEgoísmoEu OutroEu Outro
AltruísmoAltruísmoEu OutroEu Outro
SolidariedadeSolidariedadeEu OutroEu Outro
“Bioética nada mais é dos que os deveres do ser humano para com o outro ser humano e de todos para com a humanidade”.
Bom dia, angústia ! São Paulo: Martins Fontes, 1997:61. André Comte-Sponville
Bioética é a reflexão sobre a adequação ou inadequação de ações envolvidas com a vida.
Competência Científica
Conhecimento
Tecnologia
Técnica
Competência Humanista
Sabedoria
Confiança
Ética
Bioética Interação entre a vida e o universo das normas e valores;
Ela reflete a tensão entre ética e técnica, entre ciência e consciência;
Constitui-se como uma tentativa de humanizar o progresso científico e a visão técnico-instrumental que o indivíduo tem do mundo.
Tecnociência Fonte de complicados dilemas éticos, geradores de
angústia, ambivalência e incertezas.
A modernidade nos fez acreditar que a tecnologia tornaria mais feliz a nossa vida e menos penosa a nossa morte.
Fatores que contribuíram para o surgimento da bioética:
Tecnicização das formas de vida; Hegemonia da razão instrumental; Avanço material vertiginoso; Novo modelo de civilização; Isolamento do homem moderno; Individualismo burguês.
Tal cenário suscitou a necessidade de :Mudança dos valores sociais
Negação dos avanços desordenados da ciência
Repensar a insuficiência da ética médica para resolver os problemas postos pela democratização dos saberes, pelo pluralismo dos valores e pela secularização dos costumes
Garantir os espaços de manifestação da liberdade;
Conter a ação desordenada do homem sobre o meio-ambiente;
Criticar o predomínio do modelo instrumental nas ciências da vida;
Respeito à vida e aos direitos humanos
Negar o modo de vida mecanicista e a despersonalização do indivíduo no mundo sistêmico.
A bioética, enquanto disciplina ou campo de reflexão sistemático sobre a relação ciência-consciência, surge em 1970 com a obra Bioethics: bridge to the Future de Van Rensselaer Potter.
1º momento: reflexão aplicada às ciências da vida.
2º momento: disciplina, domínio, campo de discussão.
Hoje A bioética é um universo
multidisciplinar
Dimensão pluralista, aberta, multifacetada
Bioética Ponte entre o saber científico e o
saber humanista;
Reflexão sobre o dever-ser em ciência;
Fruto da evolução do saber e das novas concepções geradas pela biologia, sociologia, medicina, teologia, direito, filosofia...
Princípios da BioéticaPrincípios da Bioética
Alguns autores não distinguem estes dois princípios, mas há diferença em fazer o bem e evitar fazer o mal
Evitar submeter o paciente a intervenções cujo sofrimento resultante seja muito maior do que o benefício eventualmente conseguido.
Evitar intervenções que determinem desrespeito à dignidade do paciente como pessoa.
Os princípios da bioética
O princípio da autonomia, frente ao paciente terminal, está secundariamente situado em relação à beneficência e à não-maleficência.
Estes pacientes apresentam algumas peculiaridades em relação à aplicação deste princípio. Alguns estudos demonstraram que no máximo 23% desses pacientes, devido ao grave comprometimento de sua doença, apresentam condições de sensório adequadas para realizar a opção.
O exercício do princípio da autonomia na situação do paciente terminal, em razão da dificuldade e abrangência de tal decisão, mesmo para
aqueles que não estejam emocionalmente envolvidos, deve ocorrer de uma maneira evolutiva e com a velocidade adequada a cada caso.
Em nenhum momento, essa decisão deve ser unilateral, muito pelo contrário, ela deve ser consensual da equipe e da família.
O princípio da justiça deve ser levado em conta na decisão final, embora não deva prevalecer sobre os princípios da beneficência, da não-maleficência e da autonomia.
Se é consenso que um paciente, mesmo em estado crítico, será beneficiado com um determinado tipo de medicação, a despeito de que o produto esteja escasso no hospital, preservam-se os princípios da beneficência e da autonomia sobre os da justiça.
Se o paciente está na fase de morte inevitável, e são oferecidos cuidados desproporcionais, estaremos utilizando recursos que
poderiam ser aplicados em outros pacientes.
Questões fundamentais da bioéticaInseminação artificial/fecundação in vitro/ Clonagem/ manipulação
genética/experimento com embriões;A intervenção sobre o cérebro e a manipulação da personalidade;A questão da identidade dos indivíduos/ o eugenismo e o ideal de perfeição humano;
O aborto, a eutanásia e a questão acerca do direito de viver e morrer;A relação entre profissionais de saúde e enfermos/ a mercantilização da medicina;A relação entre poder-saber-dever/ o surgimento do homem maquinal;O respeito à dignidade humana e as populações excluídas pelo modelo de civilização ocidental.
A bioética é a expressão teórico-prática da consciência moral de um novo tipo de homem no seio de uma nova civilização;
Os problemas morais não encontram respostas no seio da cultura científica em que nascem;
A essência do bem escapa a toda definição científica.
A bioética revela:O conflito entre natureza e cultura;O fato de que nem tudo que é cientificamente possível é humanamente desejável;Que não existem valores universais ou fórmulas acabadas capazes de resolver todos os dilemas referentes à relação conhecimento-liberdade-responsabilidade.
Porém, deve-se reconhecer que:
Não se pode eliminar da consciência da humanidade o desejo de progresso e crescimento materiaisA razão instrumental, não obstante os malefícios causados pelo seu mau emprego, é imprescindível às sociedades humanas modernas.A dinâmica do progresso científico é irrefreável.
QuestõesA ciência é responsável pelo cientificismo?O progresso técnico-científico pode garantir a liberdade e o respeito à dignidade dos indivíduos?Qual o preço que devemos pagar pela vertiginosa marcha da ciência e pelo seu emprego desmesurado?Estamos também progredindo moralmente?É mesmo admirável esse mundo novo?
Impasses e incertezasMudança do genótipo repercussões psico-somáticas e espirituaisProblemas referentes ao modo de estruturação da personalidade (crise de identidade)A reprodução humana tende a tornar-se uma questão de zootecniaA era do artifício, do in vitro.
Triagem genética de embriões (fascínio/fascismo do belo)A questão da purificação étnicaNem todo direito de escolha é saudávelO controle da natureza e de seus acidentesO conhecimento mortífero do ser humanoA ação desmesurada da potência tecnocientífica
Bioética e direitos humanosO que é a verdade em matéria de ciência e tratamento?Certas verdades científicas podem se sobrepor às verdades sociais e culturais?É moralmente correto obrigar uma pessoa a seguir um tratamento que lhe pode salvar a vida?Qual a fronteira entre a obrigação profissional e o direito do indivíduo de escolher o pior para si mesmo?
A vida humana deve ser preservada independentemente de sua qualidade?Temos o direito de escolher o modo de morrer?Pode o desejo de morrer ser excluído do projeto humano de viver?É lícito adiar o morrer prolongando o sofrer?Vale a pena prolongar a vida física de quem já perdeu a dignidade de viver?
DignidadeDignidade
“Esta vida é uma estranha hospedaria,
De onde se parte quase sempre às tontas,
Pois nunca as nossas malas estão prontas,
E a nossa conta nunca está em dia.”
Mário Quintana
ConsciênciaConsciência
“Estes que aí estão,
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão,
... eu passarinho”
Mário Quintana