aula oscar gonÇalves ii - profª lina - 2010

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1 (Aula da Profª Lina Sue Matsumoto 2010)

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Aula sobre Construtivismo, baseado no capítulo "Os fundamentos de uma psicopatologia narrativa" (GONÇALVES, O. Psicoterapia Cognitiva Narrativa: um manual de terapia breve. Campinas: Editorial Psy, 1998, capítulo 2)

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(Aula da Profª Lina Sue Matsumoto – 2010)

Profª Lina Sue Matsumoto

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PSICOTERAPIA COGNITIVA Gonçalves, O. Psicoterapia Cognitiva

Narrativa: Manual de Terapia Breve. Campinas:Editorial Psy. 1998

Profª Lina Sue Matsumoto

Os pressupostos da PSICOLOGIA NARRATIVA põe em questão:

1) A crença na existência de elementos de uma realidade interna essencial.

2) A existência de um ser humano completamente individualizado e autônomo.

Essências cognitivas organização da matriz existencial.

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PSICOTERAPIA COGNITIVA

Hermenêutica absolutista e apriorística por uma hermenêutica facilitativa da multicompreensão.

A abstração lógica cederá lugar à discursividade narrativa.

Finalmente, o indivíduo isolado transformar-se-á num espaço relacional de interlinguagem.

Profª Lina Sue Matsumoto

Decorrem implicações clínicas em 2 níveis:

1º) Uma nova concepção de psicopatologia, equacionando a fenomenologia da perturbação, não como o reflexo de uma disfunção interna, seja ela “mental” ou “neurobiológica”, mas como um disfuncionamento do próprio discurso narrativo.

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PSICOTERAPIA COGNITIVA

2º) Uma psicoterapia que deixará de metaforizar o terapeuta como doutor da interioridade e da individualidade, e que procurará criar condições, no contexto da realidade conversacional que é a terapia, para um desenvolvimento da coerência, complexidade emultiplicidade do cliente.

Profª Lina Sue Matsumoto

Construtivistas contemporâneos = Psicopatologia ciência de significação = psiquiatria fenomenológica.

As classificações nosológicas em psicopatologia deverão ser entendidas como metáforas – isto é – formas condensadas de organização de significados.

Psicopatologia Narrativa

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PSICOTERAPIA COGNITIVA

A psicopatologia é, nesse contexto, uma ciência da significação pessoal, e como tal, inseparável de um discurso narrativo.

Assim, falar de agorafobia, depressão ou esquizofrenia é, antes de tudo, falar de configurações prototípicas de organização de significados.

Profª Lina Sue Matsumoto

A psicopatologia, como processo de significação, é o produto da interação entre sistemas de significação de paciente e especialista.

Assim, aquilo que caracteriza a psicopatologia é a sua existência, e não a sua essência.

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A psicopatologia é uma produção discursiva de organização de significados, indissociável de uma contextualização conversacional e sociocultural.

Por isso, as psicopatologias mudam, quando mudam os pacientes, os tempos, as culturas e os especialistas.

PSICOTERAPIA COGNITIVA

Profª Lina Sue Matsumoto

A psicoterapia ouvir as narrativas do cliente como uma forma de compreender os seus sistemas de significação = expandir estas formas de significação.

Não há pois psicopatologia sem interlocutor, e outra eventualmente seria a patologia, se outro fosse o interlocutor.

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As significações do cliente existem numa realidade conversacional com as significações discursivas do próprio terapeuta.

Mas... Como as significações se organizam na matriz narrativa do indivíduo?

PSICOTERAPIA COGNITIVA

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PSICOTERAPIA COGNITIVA

Há 3 dimensões centrais da matriz narrativa: (1) coerência, (2) complexidade e (3) multiplicidade.

“Viver narrativamente é ser capaz de explorar múltiplas narrativas do passado, presente e futuro

(multiplicidade narrativa), enriquecer estas narrativas por uma variedade de processos

e atitudes que nos dêem conta da multipotencialidadede cada instante episódico da nossa existência

(complexidade narrativa)e construir um sentido de conexão

intra e inter-narrativas (coerência narrativa)”

Profª Lina Sue Matsumoto

Processo por intermédio do qual os diferentes aspectos da narrativa se ligam uns aos outros = proporcionar um sentido coerente de autoria.

A significação da experiência está ligada à natureza e ao processo da construção narrativa.

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PSICOTERAPIA COGNITIVA

Os indivíduos necessitam estabelecer um processo de conexão e coerência, tanto no interior de cada episódio narrativo, quanto através das diferentes narrativas da vida.

Viver depende de um sentido intencional de autoria.

Os diferentes elementos da narrativa necessitam se ligar de um modo significativo e coerente.

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PSICOTERAPIA COGNITIVA

Ao longo da vida, as narrativas necessitam obedecer a uma dimensão de conexão e continuidade.

Na ausência de uma coerência dentro e através da narrativa, o indivíduo perde o sentido de autoria.

A vida transforma-se num composto de experiências dissociadas que não podem ser compreendidas na sua singularidade, nem na sua sequência.

Assim, o sentido de autoria é proporcionado por uma dupla procura de coerência da estrutura narrativa: dentrode cada narrativa e através da narrativa.

Tendência universal de busca de significado.

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PSICOTERAPIA COGNITIVA

O paciente surge com:

a) Discurso incoerente e desorganizado;

b) Não se apropria de suas experiências;

c) Mostra-se incapaz de construir um sentido;

d)Queixa-se de descontinuidade existencial.

Dias sem sentido, espaços em branco nas memórias do passado, falta de um sentido de direção para a vida, sentimentos de estranheza e despersonalização, desrealização e sintomas dissociativos variados, são algumas das queixas mais comuns reveladoras de dificuldades na coerência da estrutura narrativa.

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PSICOTERAPIA COGNITIVA

Inclui os aspectos de riqueza, qualidade, variedade e complexidade da produção estilística da narrativa.

Os indivíduos podem apresentar narrativas coerentes, mas pouco diferenciadas em termos de complexidade

Uma narrativa complexa é o contrário de uma visão empobrecida e dicotômica da experiência.

Viver significa construir criativamente narrativas da experiência que dão conta da complexidade e das possibilidades.

Viver é, por outras palavras, atualizar diferentes possibilidades, num mundo de complexidade.

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Atitude narrativa 5 processos narrativos:

(1) recordação: capacidade para identificar elementos episódicos da experiência;

(2) objetivação: exploração da multiplicidade do mundo sensorial;

(3) subjetivação: capacidade de identificar a variedade de experiências internas, emocionais e cognitivas;

(4) metaforização: diferenciação de significações da experiência;

(5) projeção: elaboração de possibilidades alternativas para narrativas de futuro.

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As narrativas variam não unicamente em termos de estrutura e processo, mas também em termos do seu próprio conteúdo.

A multiplicidade narrativa resulta da diversidade dos seus conteúdos.

Indivíduos que evidenciam um pobre conteúdo narrativo são aqueles cuja expressão discursiva se encontra limitada na diversidade de temas ou tramas, dando a idéia de que o sujeito opera num processo de unicidade discursiva.

Ao contrário, uma existência narrativa, é ilustrada pela multiplicidade discursiva, pela sua diversidade temática, pela flexibilidade dos seus conteúdos.

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PSICOTERAPIA COGNITIVA

Existência narrativa = multiplicidade = diversidade de possibilidades = protagonizam vários temas.

Psicopatologia = incapacidade para uma visão multifacetada da experiência diferentes tipos psicopatologia = diferentes protótipos narrativos.

Narrativa protótipo = autoria narrativa inflexível.

Existir narrativamente implica evitar estar preso a um tema ou a um protótipo narrativo.

Objetivo da psicoterapia introdução de uma maior flexibilidade, de modo que o indivíduo se abra o mais possível a toda potencialidade da experiência.

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“Nós compreendemos o passado mas vivemos o futuro”

(Kierkgaard)

Discurso narrativo = compreender viver

existência conhecimento hermenêutica

Ligar o passado e o futuro no processo criativo de existir.

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