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Aula Externa de Química no Ensino Médio com Intermediação Tecnológica: além dos muros da telessala Salvador/BA Agosto/2018 Maria das Graças Santos 1 , Tânia Cristina Mamede 2 , Letícia Machado dos Santos 3 , Marcus Túlio Pinheiro 4 1 EMITec. [email protected] 2 EMITec. [email protected]. 3 EMITec. [email protected]. 4 UNEB. [email protected]. RESUMO Uma das possíveis estratégias de aproximar o ensino de Ciências, especialmente o ensino da Química, é a investigação dos problemas da localidade onde os alunos se inserem. O trabalho desenvolvido no componente curricular Química tem procurado buscar estratégias para aprimorar e promover o ensino e aprendizagem; associando os seus diferentes conteúdos com temas ligados ao cotidiano dos estudantes. Essa aproximação entre teoria e prática, abre possibilidades para que o aluno se identifique com o conhecimento cientifico e possa usá-lo na resolução de problemas relacionados ao seu cotidiano. O presente relato de experiência visa descrever a produção e gravação de uma aula externa da disciplina Química na Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável e Solidário da Região Sisaleira (APAEB), cidade de Valente/BA, objetivando a compreensão dos conceitos químicos relacionados ao beneficiamento do leite de cabra e a produção de laticínios. A relevância do trabalho está em apresentar evidências, de que uma aula externa desenvolvida na comunidade, além de trazer elementos significativos para o processo de ensino e aprendizagem, informa e valoriza aspectos ainda não conhecidos pela própria comunidade. Metodologicamente, para construção deste relato de experiência, fez uso da pesquisa bibliográfica, a metodologia da emergência de conceitos, e atividade de campo. Para fundamentação teórica, fez-se uso de Moran (2002), Pinheiro (2012), e Santos (2015) entre outros. Palavras Chaves: Aula externa. Ensino e Aprendizagem. Intermediação Tecnológica. Química. ABSTRACT One of the possible strategies to approach the teaching of Sciences, especially the teaching of Chemistry, is the investigation of the problems of the locality where the students are inserted. The work developed in the curricular component Chemistry has sought to seek strategies to improve and promote teaching and learning; associating their different contents with subjects related to students' daily life. This approximation between theory and practice opens possibilities for the student to identify with scientific knowledge and can use it in solving problems related to their daily life. The present experience report aims to describe the production and recording of an external lecture of the Chemistry discipline at the Foundation for Support to the Sustainable and Solidarity Development of the Sisaleira Region (APAEB), city of Valente / BA, aiming to understand the chemical concepts related to the goat's milk and dairy production. The relevance of this work is to present evidence that an external classroom developed in the community, besides bringing significant elements to the teaching and learning process, informs and values aspects not yet known by the community itself.

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Aula Externa de Química no Ensino Médio com Intermediação Tecnológica: além dos muros da telessala

Salvador/BA Agosto/2018

Maria das Graças Santos1, Tânia Cristina Mamede2, Letícia Machado dos Santos3, Marcus Túlio Pinheiro 4

1EMITec. [email protected] 2EMITec. [email protected].

3EMITec. [email protected]. 4UNEB. [email protected].

RESUMO Uma das possíveis estratégias de aproximar o ensino de Ciências, especialmente o ensino da Química, é a investigação dos problemas da localidade onde os alunos se inserem. O trabalho desenvolvido no componente curricular Química tem procurado buscar estratégias para aprimorar e promover o ensino e aprendizagem; associando os seus diferentes conteúdos com temas ligados ao cotidiano dos estudantes. Essa aproximação entre teoria e prática, abre possibilidades para que o aluno se identifique com o conhecimento cientifico e possa usá-lo na resolução de problemas relacionados ao seu cotidiano. O presente relato de experiência visa descrever a produção e gravação de uma aula externa da disciplina Química na Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável e Solidário da Região Sisaleira (APAEB), cidade de Valente/BA, objetivando a compreensão dos conceitos químicos relacionados ao beneficiamento do leite de cabra e a produção de laticínios. A relevância do trabalho está em apresentar evidências, de que uma aula externa desenvolvida na comunidade, além de trazer elementos significativos para o processo de ensino e aprendizagem, informa e valoriza aspectos ainda não conhecidos pela própria comunidade. Metodologicamente, para construção deste relato de experiência, fez uso da pesquisa bibliográfica, a metodologia da emergência de conceitos, e atividade de campo. Para fundamentação teórica, fez-se uso de Moran (2002), Pinheiro (2012), e Santos (2015) entre outros.

Palavras Chaves: Aula externa. Ensino e Aprendizagem. Intermediação Tecnológica. Química.

ABSTRACT

One of the possible strategies to approach the teaching of Sciences, especially the teaching of Chemistry, is the investigation of the problems of the locality where the students are inserted. The work developed in the curricular component Chemistry has sought to seek strategies to improve and promote teaching and learning; associating their different contents with subjects related to students' daily life. This approximation between theory and practice opens possibilities for the student to identify with scientific knowledge and can use it in solving problems related to their daily life. The present experience report aims to describe the production and recording of an external lecture of the Chemistry discipline at the Foundation for Support to the Sustainable and Solidarity Development of the Sisaleira Region (APAEB), city of Valente / BA, aiming to understand the chemical concepts related to the goat's milk and dairy production. The relevance of this work is to present evidence that an external classroom developed in the community, besides bringing significant elements to the teaching and learning process, informs and values aspects not yet known by the community itself.

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Methodologically, to build this experience report, he made use of bibliographical research, the methodology of the emergence of concepts, and field activity. For theoretical reasons, Moran (2002), Pinheiro (2012), and Santos (2015) were used, among others.

Keywords: External classroom. Teaching and learning. Technological Intermediation. Chemistry.

1 INTRODUÇÃO

O Ensino Médio com Intermediação Tecnológica (EMITec) é uma iniciativa do governo do Estado da Bahia, desenvolvido pela Secretaria Estadual de Educação, está em consonância com os princípios das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM), Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM), Orientações Curriculares Estaduais para o Ensino Médio, e o documento Princípios e Eixos da Educação na Bahia. Atualmente, o EMITec tornou-se um centro educacional de referência, apresentando relevância acadêmica e de impacto social por atuar na etapa final da educação básica, ensino médio, oferecendo oportunidades para milhares de jovens e adultos baianos que habitam em regiões longínquas das zonas rurais do estado da Bahia.

A instituição de ensino médio, se caracteriza por realizar aulas ao vivo e interativas, com o uso de solução de comunicação via satélite e com software IPTV, conforme figura 1, conferindo uma relação diferenciada na qual professores da rede estadual dão aulas para estudantes da 1ª, 2ª e 3ª série do Ensino Médio em sala de transmissão/estúdio localizados em Salvador/Ba, de forma simultânea para 21.000 (vinte e um mil) estudantes da zona rural. Essa solução tecnológica permite que, em diferentes espaços, os diversos atores envolvidos interajam em tempo real, possibilitando a troca de informações e a elucidação de dúvidas em cada uma das aulas dos diferentes componentes curriculares (SANTOS, 2015).

Figura 01 - Modelo tecnológico utilizado na transmissão das teleaulas do EMITec/BA

Fonte: EMITec/Suped/SEC/BA, 2017.

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Diante desse panorama, evidencia-se a necessidade de um planejamento e construção de aulas criativas que permitam as trocas de experiências, e o uso de estratégias inovadoras no processo de ensino e aprendizagem, que permitam colocar o estudante como sujeito ativo de seu processo de aprendizagem. Neste caso, em especial, a equipe de Química do Ensino Médio com Intermediação Tecnológica, estruturou uma aula externa, desenvolvida com base na realidade do aluno, constituindo um excelente recurso didático, instigante e motivador. Este trabalho tem como objetivo descrever a produção e gravação de uma aula externa da disciplina Química na Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável e Solidário da Região Sisaleira (APAEB), cidade de Valente/BA, contribuindo para uma melhor compreensão da Química de forma colaborativa em ambiente interativo.

2 METODOLOGIA

O trabalho aqui desenvolvido, do ponto de vista da abordagem do problema caracteriza-se como qualitativa, uma vez que não se preocupa com representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social. Segundo Flick (2009, p. 21) “[...] a [...] relevância ao estudo das relações sociais devido à pluralização das esferas de vida. Essa pluralização requer uma nova sensibilidade para o estudo empírico

das questões.”. Metodologicamente, para complementar o relato de experiência, a mesma foi

associada a Metodologia de Emergência de Conceitos, fazendo uso da teorização acerca de tecnologia na educação. A metodologia de emergência de conceitos, de acordo com Pinheiro (2012, p. 13) “[...] é tratada a partir de conceitos geradores pré-existentes que são significados pelos atores da pesquisa gerando universos de referências para esses conceitos [...].”. Nesse sentido, a presente pesquisa tem como atores principais os estudantes do EMITec em que são utilizados seus conhecimentos prévios para a construção de novos conhecimentos, a partir da produção e gravação de uma aula externa. Desta forma, metodologicamente, a pesquisa consta de: pesquisa bibliográfica, a metodologia de emergência de conceitos, e trabalho de campo.

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A Educação a Distância (EaD) no Brasil experimenta, atualmente, importantes desafios para melhorar a qualidade e oferecer cursos mais avançados didaticamente. Encontramos diferentes cursos que priorizam os conteúdos, mas também encontramos projetos inovadores, mais participativos e com metodologias diferenciadas e ativas, onde os alunos desenvolvem pesquisas e atividades próximas à sua realidade. Moran (2002) cita que a Educação a Distância é o processo de ensino e aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente. É o ensino e aprendizagem onde professores e alunos não estão juntos, fisicamente, mas podem estar conectados, interligados por tecnologias, principalmente as telemáticas, como a Internet.

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[...] compreendemos tecnologia como ação/produção humana, em constante e dialética inter-influenciação. No contexto contemporâneo, em que o cotidiano é permeado por mediações tecnológicas diversas, as formas de ser, construir, trocar, perceber o mundo, são determinadas e determinam as alterações tecnológicas. Não se trata de simples utilização de aparato instrumental, mas de formas outras de ação sobre os fenômenos sociais e a produção do conhecimento

O EMITec propõe-se a esta modalidade de ensino, permitindo que alunos de diferentes comunidades tenham acesso aos conteúdos, utilizando diferentes recursos didáticos e tecnológicos próprios, e com uma dinâmica específica. Como as aulas transcorrem de forma síncrona, isto é, em tempo real no estúdio, este se encontra equipado com câmeras, computadores, microfones e lousa eletrônica, permitindo ao professor videoconferencista apropriar-se de outros recursos didáticos próprios da disciplina que melhor viabilize o processo de ensino e aprendizagem. A partir de 2013, o EMITec possibilitou a realização de gravações de aulas fora do ambiente de estúdio, ou seja, de forma assíncrona, denominada ‘Aula Externa´, com temática e conteúdo escolhido pela equipe do componente curricular, e com possibilidade de utilização nas três séries, com inserção na aula, como objeto de aprendizagem. Para realização de uma aula externa, fica a disposição da equipe docente o aporte de uma equipe técnica como diretor, câmera man e assistente.

Uma Aula Externa quando bem planejada e executada, exige o uso de competências variadas, proporcionando boas contribuições à prática docente, pois resulta em um ensino dinâmico, e colaborativo, capaz de despertar nos alunos a curiosidade e o interesse na observação de fatos, mostrando não apenas o que está nos livros didáticos e textos de Química, mas apresentando a Química no cotidiano e no mundo, além das possibilidades que este tipo de aula pode oferecer no fazer cientifico, (in)formando e criando condições para a resolução de problemas junto a comunidade em que o estudante está inserido, mesmo com as limitações a que este aluno está sujeito.

Percebe-se que do ponto de vista pedagógico, a realização das aulas externas, trazem excelentes contribuições tanto para os estudantes quanto para os professores, pois proporciona “[…] complementar, desenvolver e transformar as ideias, teorias e conhecimentos que os alunos trazem, desmistificando a distância entre o mundo da ciência e o mundo do cotidiano.” (SANTOS, 2011, p. 132). Pode-se inferir que este recurso didático e tecnológico, é um veículo de grande aprendizado para o docente, onde ele tem a oportunidade de perceber a utilização de alguns conteúdos teóricos trabalhados na disciplina, contextualizando-o com o mundo real. A equipe de Química do EMITec tem na sua base de dados, seis aulas externas, planejadas e desenvolvidas com conteúdos que viabilizassem a participação ativa do estudante, para posterior inserção nas aulas, como um objeto de aprendizagem. A aula externa aqui descrita difere das anteriores já realizadas pela equipe, porque os docente de Química, após definir o tema e os conteúdos, mapeou uma localidade que pudesse conciliar com a proposta descrita em cada etapa que se segue.

Pinheiro (2012, p. 37) reafirma, ainda acerca da tecnologia que:

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4 DESCRIÇÃO DA AULA EXTERNA

Esta seção apresenta as 04 (quatro) etapas para a realização de uma aula externa de Química que são: planejamento da aula externa; visita técnica ao local da gravação; estrutura da gravação da aula externa; e a gravação da aula externa, propriamente dita.

1ª Etapa - PLANEJAMENTO DA AULA EXTERNA

Esta etapa é de fundamental importância, para a gravação da aula externa, devendo ocorrer com a colaboração dos professores da equipe disciplinar, e do articulador pedagógico para definição do tema, os conteúdos que serão abordados nas diferentes séries, a localidade a qual se insere o tema escolhido, nesse caso foi o tema “Laticínios”, pensar e estruturar as perguntas para a entrevista e o roteiro de gravação. Torna-se importante, observar a viabilidade de todo processo, uma vez que a gravação de uma aula externa requer custo, tempo e envolvimento de muitos outros profissionais, como diretor de TV, cinegrafista, responsável pelo som, editor, entre outros.

2ª Etapa- VISITA TÉCNICA AO LOCAL DA GRAVAÇÃO

Após o planejamento, inicia-se o processo de contato para a solicitação de autorização de gravação, procedimento necessário tanto na empresa pública como privada. Primeiro, é feito o contato verbal, e em seguida um contato oficial através de um documento escrito solicitando a autorização para uma visita técnica, e posterior gravação da aula externa dentro da empresa. Durante a visita técnica, cabe a equipe de docentes explicar a proposta da gravação de uma aula dentro do espaço físico da empresa, ressaltando a importância dos conteúdos a serem trabalhados e onde será veiculado. Após a proposta ser aceita pela empresa para a realização da gravação, são passadas orientações aos professores e equipe técnica com o objetivo de não alterar a rotina da empresa visitada, e especificamente, nesse caso, evitar a contaminação no processo de fabricação do leite e do iogurte. Quando há impossibilidade de realizar visita técnica, por motivos diversos, como a distância, essa etapa pode ser realizada via telefone e e-mail, e pesquisa na Internet.

3ª Etapa- ESTRUTURA DA GRAVAÇÃO DA AULA EXTERNA

Para que ocorra a gravação de uma aula externa, se faz necessário um roteiro de gravação, em que todos os passos estejam especificados, ou seja, as cenas, enquadramentos e perguntas que serão desenvolvidas durante a gravação da aula conforme formulário da Figura 2. Após ser preenchido pelos professores e validado pela articuladora pedagógica, é enviado para a equipe técnica de gravação para que tenham conhecimento dos enquadramentos a serem realizados.

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Figura 02 - Modelo do roteiro da Aula Externa

Fonte: EMITec/Suped/SEC/BA, 2017.

4ª Etapa- GRAVAÇÃO DA AULA EXTERNA

A gravação da aula externa da disciplina Química, ocorreu no município de Valente/BA, teve como objetivo identificar os produtos resultantes do beneficiamento do leite de cabra no Laticínio APAEB; e contou com o envolvimento de duas professoras de Química, uma coordenadora do estúdio onde ocorre a teleaula, quatro componentes da equipe técnica, a mediadora da comunidade de Valente-Junco/BA, um estudante da 2ª série do ensino médio, cooperados e funcionários ligados diretamente a APAEB, uma cooperativa responsável pela produção dos derivados do leite de cabra.

Inicialmente foi realizada a primeira tomada ou cena - visão geral da cidade de Valente/BA, pegando pontos importantes da cidade até a chegada ao laticínio.

Na APAEB ocorreu a segunda tomada, com três entrevistas conforme roteiro (Figura 3); a primeira entrevista com o gerente da associação que explicou o que é a APAEB, as vantagens e desvantagem do leite de cabra e como se tornar um associado (Figura 04); a segunda entrevista com um cooperado que expressou o seu grau de satisfação com a cooperativa; e por último a entrevista com um aluno colhendo informações para se tornar um cooperativado.

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Fonte: EMITec/Suped/SEC/BA, 2017.

Figura 04 - Professoras em entrevista com o gerente da APAEB/BA

Fonte: EMITec/Suped/SEC/BA, 2017.

A terceira tomada ocorreu no laboratório (Figura 05), com um técnico explicando o funcionamento dos equipamentos, e as análises realizadas para que ocorra o beneficiamento do leite de cabra para a produção do queijo, do iogurte e do doce de leite.

Na tomada quatro, é a finalização da gravação da aula externa, em que as professoras agradecem ao gerente e todos os participantes, fazendo um breve resumo do que foi realizado. Após a gravação, a aula externa passará por uma edição realizada pela equipe técnica, seguindo posteriormente para ser aprovada pelos professores e articuladores para ser utilizada nas três séries do ensino médio.

Figura 03 – Lista de pergunta para entrevista com o gerente e o técnico de laboratório

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Figura 05 – Apresentação do Laboratório e funcionamentos dos equipamentos de beneficiamento do leite de cabra em Valente/BA

Fonte: EMITec/Suped/SEC/BA, 2017.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao partir do princípio de que trabalhar com temas geradores são de grande valor pedagógico, por propiciar uma maior aproximação da teoria a realidade dos estudantes, e permitir a abordagem de diversos conteúdos na disciplina Química, afirmamos que a utilização da gravação de aula externa com o tema “laticínio” alcançou o objetivo proposto no processo de ensino e aprendizagem. Com essa aula externa, pode ser trabalhado na 1ª série do ensino médio a Química na indústria de alimentos, equipamentos de laboratório, métodos de separação, e análise físico – química. Já na 2ª série, possibilitou desenvolver o trabalho com os conteúdos: soluções e coloides, processos de conservação de alimentos, e cinética Química, dentre outros. Para a 3ª série, foram desenvolvidos o Estudo dos compostos orgânicos, proteínas, lipídios, e indústria, dentre outros.

A proposta de ensinar Química fazendo uso da intermediação tecnológica, através do EMITec, é desafiadora, pois trabalhamos no sentido de ultrapassar as barreiras físicas, e de aulas conteudistas e/ou expositivas, para que o aluno seja capaz de construir o aprendizado da Química de forma colaborativa, com a representatividade do seu território de identidade, acreditando que esse trabalho seja um indicativo das diferentes possibilidades e caminhos para o ensino não apenas de Química.

Assim, podemos inferir que na Educação a Distância (EaD) não há espaço para professores que não se atualizam, nem refletem sobre sua prática pedagógica e métodos de ensino. O trabalho em EaD requer planejamento criterioso do ensino e das condições de aprendizagem, como ocorreu para a construção e consecução da gravação da aula externa aqui descrita. A forma como o componente disciplinas e suas temáticas são apresentados faz com que o aluno se interesse ou não por ela, percebendo, inclusive mudanças de opinião e comportamento desse estudante a respeito de uma determinada disciplina quando o professor muda a sua metodologia, e insere esse estudante como sujeito ativo e participante de seu processo de construção da aprendizagem. Muito do processo de ensinar depende do material didático e dos meios pelos quais o conteúdo chega a esses alunos, e foi com esse

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pensar que utilizamos o recurso didático e tecnológico na aula externa no EMITec. Esses recursos didáticos e tecnológico atuam como instrumentos complementares que

ajudam a transformar as ideias em fatos e em realidades. Quando usados, de maneira adequada, os mesmos colaboram para motivar e despertar o interesse dos alunos, favorecendo o desenvolvimento da capacidade de observação, além de aproximar o tema da realidade.

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