aula 5 as religiões da pré-historia

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    AS RELIGIÕES DA PRÉ-HISTORIA

    Licenciatura Plena em História – I Período

    Disciplina História Antiga - Oriente

    Prof. Jorge Miklos – 1º Semestre/ 2016

    "Nós ossos que aqui estamos pelosvossos esperamos".

    • A Capela dos Ossos é um dos mais

    conhecidos monumentos de Évora, emPortugal.• Está situada na Igreja de São Francisco.• Foi construída no século XVII por

    iniciativa de três monges que, dentro doespírito da altura (contrarreformareligiosa, de acordo com as normativasdo Concílio de Trento), pretendeutransmitir a mensagem datransitoriedade da vida

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    A Morte é uma Festa

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    No México, o Dia dos Mortos é umacelebração de origem indígena, quehonra os antepassados no dia 2 denovembro. A UNESCO declarou-a

    como Patrimônio Imaterial daHumanidade.

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    Na era pré-hispânica era

    comum a prática de conservaros crânios como troféus, emostrá-los durante os rituaisque celebravam a morte e o

    renascimento.

    As origens da celebração noMéxico são anteriores à

    chegada dos espanhóis. Hárelatos que os astecas, maias

    praticavam este culto.

    Os rituais que celebram a vidados ancestrais se realizavamnestas civilizações pelomenos há três mil anos.

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    para conviver com a consciênciade sua finitude (ser-para-a-

    morte), o homem precisaacreditar na complexidade detudo que o rodeia no universo,ampliando sua capacidade de

    entendimento sobre o significadoda tríade: “natureza, espécie e

    humanidade”. 

    Consciência da Morte

    • A religião pré-histórica é um termogeral para as crenças e práticasreligiosas da pré-história

    • O enterro dos mortos, particularmentecom espólio pode ser uma dasprimeiras formas detectáveis deprática religiosa, pois pode significaruma "preocupação com os mortos,que transcende a vida diária."

    Cena de culto

    aos mortos.

    Pintura Rupetre

    do sítio de

    Zisag George,

    Namíbia

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    Os vestígios mais arcaicos deixados pelos

    ancestrais dos seres humanos são assepulturas. As práticas mortuárias indicam a

    ritualização da morte.

    morte, religião e cultura sãoindissociáveis…… a consciência da mortepossibilitou ao homem um avanço em sua

    natureza cultural.

    As sepulturas e os rituais fúnebres foram osprimeiros sinais da cultura humana e

    provavelmente a primeira ideia religiosa dohomem.

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    Em algumas sociedades primitivas, parte dos

    rituais de morte consistia em um banquete

    fúnebre, onde os familiares do morto se

    reuniam para a grande homenagem e

    devoravam seu cadáver mediante práticas e

    rituais mágicos e religiosos.

    Paradoxalmente a vida simbólica nascecom a consciência da morte.

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    A partir do momento em que a morte é percebidacomo fator irreversível e inevitável da vida, inicia-

    se o processo de reconhecimento davulnerabilidade humana diante da presença deum tempo futuro, das imposições naturais e da

    transformação de um estado em outro. Encaradacomo impura e ameaçadora, a mortalidade

    relaciona-se ao medo primitivo do homem e, porisso, a sepultura indica o primeiro sinal de

    consciência primária, fazendo da “morte grandepropulsora da humanidade

    O CULTO DAS OSSADAS

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    O simbolismo do osso envolveum significados complexos.

    O osso representa a essênciado corpo que não é fugazEternidade /Imortalidade

    A contemplação dos ossos configura um

    retorno ao estado primordial por meiodo despojamento dos elementos

    perecíveis do corpo

    Confecção de armas, instrumentos demúsica, enfeites, urnas implica

    ascese, superação da noção de vida emorte –  acesso à imortalidade.

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    AS PRÁTICAS MORTUÁRIAS

    CANIBALISMOANTROPOFAGIA

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    Antropofagia é um ato ritual de comer umaparte ou várias partes de um ser humano.Os povos que praticavam a antropofagia a

     faziam pensando que, assim, iriam adquirir

    as habilidades e força das pessoas quecomiam e a sua virilidade 

    Por sua realização em contexto mágicocerimonial ou patológico, não deve ser

    classificada ou compreendida como umhábito alimentar, o que não se aplica ao

    canibalismo, na maioria das vezesassociado ao comportamento predatório.

    A prática da antropofagia éancestral. Numerosos

    indivíduos foram devoradospelo homem ao longo do

    paleolítico

    PRÁTICAS MORTUÁRIAS

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    Os bichos não sepultamseus mortos.

    As sepulturas são os vestígiosmais antigos de vida

    inteligente encontrados pelosarqueólogos

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    As mais antigas sepulturas da pré-história datam de 80.000 a.C. (período

    paleolítico inferior).Revelam a existência, no homem pré-

    histórico, de espiritualidade -consciência da morte -e de senso

    religioso;

    Os Dados rqueológicos 

    As mais antigas que conheçamos, datam de 80.000 a.C. Para asépocas anteriores a esta data, não temos vestígios explícitos; e

    isto, por vários motivos:

    1) quanto mais recuamos no tempo, mais escassos

    são os artefatos preservados:2) por ocasião das escavações arqueológicas, o

    próprio trabalho de remoção de entulhos e terracontribui para deslocar ossadas e instrumentos;assim o que os arqueólogos podem observar, já nãotem as suas características típicas originais (comoseriam as de uma sepultura) - a mensagem dos

     fósseis torna-se então incompreensível;

    3) em vez de sepultar em covas abertas pela mão dohomem, os antigos podiam sepultar em depressõesdo terreno o que contribui para descaracterizar assepulturas (…). 

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    Hoje conhecem-se cerca de quinzesepulturas do Paleolítico –  

    La Chapelle-aux-Saints (França), Grimaldi (Itália), Arena Candida (Itália), Shanidar 

    (Iraque), Qafzeh (perto de Nazaré, Israel)…Quanto mais o período avança no tempo,

    mais profusos aparecem os ritos funerários: as pinturas das cavernas e os

    artifícios múltiplos que cercavam osmortos, revelam cuidados especiais para

    com os corpos dos defuntos.

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    Verifica-se que os cadáveres nãoeram à deterioração natural. Não

     foram lançados à terra de qualquer

    maneira com ritualidade organizadaspelos sobreviventes. Todos osesqueletos aparecem deitados sobre

    o lado direito ou o esquerdo,encolhidos, com as mãos e os pésinsinuando lembrar o feto no úteromaterno ou o adulto adormecido.

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    A ornamentação e osutensílios variavam de acordo

    com a idade, o sexo e as funções desempenhadas

    outrora pelo defunto.

    Junto ao cadáver colocavamutensílios diversos: armas, estatuetas

     femininas (símbolo da vida e da fecundidade), adornos (como dentes

    perfurados, conchas perfuradas,braceletes, pérolas, espinhas de

    peixe, colares…). 

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    Ao ser sepultado, o cadáver erasalpicado de ocre vermelho (minériode ferro) ou era deitado em leito de

    ocre - símbolo do sangue e, porconseguinte, da vida.

    Às vezes, o ocre era colocadoexplicitamente diante da boca e das

     fossas nasais, como símbolo do sopro

    de vida.

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    Especialmente interessante é asepultura das duas crianças de

    Spungir, na URSS: foram enterrados juntas, uma delas tendo a seu ladouma grande lança, oito dardos, dois

    punhais, dois bastões furados; a outratinha também uma grande lança

    comigo, mas apenas dardos e umpunhal.

    Muitas pérolas se achavamem torno da cabeça, dosbraços, das pernas, dopeito e sobre os pés de

    cada esqueleto.

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    Traziam bonés decorados comcarreiras de pérolas de marfim de

    diversas formas dispostasparalelamente,

    caninos de raposa polar,anéis talhados em chifre de mamute

    (possivelmente destinados a prenderos cabelos ou as caudas de raposa

    que ornamentavam a cabeça).

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    Os punhos tinham braceletes finos; e os dedos, anéis de

    marfim.Sobre o peito de um dos

    esqueletos, encontrou-se uma figura de cavalo em forma de

    placa. 

    Merece atenção ainda asepultura dita “do Jovem

    Príncipe”  em Arena Candida(Itália): em torno da cabeça,encontraram-se glóbulos

    perfurados, adornos outroracozidas sobre as suas vestes,

    um grande punhal de pedraem sua mão.

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    Em Shanidar (Iraque),encontraram-se em torno do

    esqueleto sedimentos comvestígios de pólen –  o que

    significa que fora o cadáverenterrado sobre um leito de flores vivas e coloridas (…)

    Isto há cerca de 50.000 anos!

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    À medida que as populações pré-históricas foram assumindo a vida

    sedentária, constituíram cemitérios.Em consequência, foram descobertasverdadeiras necrópoles em Teviec e

    Hoëdic (Bretanha, França), Muge (Portugal), Vedbaek (Dinamarca),

    Mallaha (Israel).

    Que pensar? 

    Qual terá sido a razão do sepultamento dos

    mortos desde a pré-história? 

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    Sepultando seus mortos, osantigos julgavam que eles

    venceriam no plano simbólico,a morte biológica o que está

    ligado à crença na vidapóstuma. 

    Em geral, os cientistas estão de acordo emreconhecer que tais sepulturas NÃO TÊM

    VALOR APENAS UTILITÁRIO OUPRAGMÁTICO (atender à higiene, por

    exemplo), mas exprimem a convicção deque os antepassados sobrevivem no além;

    precisam de ser acompanhados,guarnecidos, equipados .

    As mitologias dos povos históricosdesenvolvem amplamente as crenças do

    homem pré-histórico, apresentando as“peripécias” ou “aventuras” da vida

    póstuma.

    O Prof. Cécile Lestienne escreveu a respeito o artigo “Funérailles d’antan” na

    revista “Science et Avenir”, nº 480, fevereiro 1987, pp. 54 -59, no qual tece as

    seguintes considerações:

    “Podemos  afirmar que ossepultamentos intencionais estãoobrigatoriamente associados à crençano Além, numa vida póstuma ou numrenascimento…? Nosso conhecimentodas sociedades arcaicas e primitivaspoderia sugerir-no-lo. Mas diz Leroi-Gourhan: Até um ateu aceita serenterrado…” 

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    O antropólogo Edgar Morin em seu livro:O Homem e a Morte afirma que:

    • A morte situa-se exatamente na fronteira bioantropológica. É o traçomais humano, mais cultural do“anthopos ”.

    • É impossível conhecer o homem semlhe estudar a morte, porque talvezmais do que na vida, e na morte que ahumanidade se revela.

    É nas atitudes e crençasperante a morte que o serhumano exprime o que a

    vida tem de mais fundamental.

    “O Objetivo derradeiro davida é sua própria extinção” 

    (Sigmund Freud)

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    Numa sociedade completamentedirigida para a produtividade e

    para o progresso não se pensa namorte.

    MORTE é incompatível com osvalores da economia industrial e,

    por isso, tem que ser negada. Nãopode ser reconhecida. É preciso

    que ela desapareça, rejeitadaseja pela negação, seja pela

    camuflagem

    As sepulturas são o testemunho de umaconsciência simbólica - espiritualidade. Écerto que elas não são devidas apenas a

    cautelas de higiene. Por que os antigos sedariam ao trabalho de enterrar alguém,quando seria mais simples lançar o cadáver

    numa fossa um tanto afastada?Mas ainda mais significativos do que esta

    reflexão são outros indícios:… os corpos   não foram enterrados de qualquer modo. O seusepultamento exigiu cuidados e atenção dos

    sobreviventes.

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    A fabricação de instrumentoslascados em vista de um

    objetivo a produção do fogo eo sepultamento dos mortos

    são as primeirasmanifestações do NUMINOSO

    na consciência humana 

    Eu olhei em templos, igrejas emesquitas. Mas achei o divino dentro do

    meu coração.(Rumi - poeta, jurista e teólogo sufi -persa do século XIII.)

    Referências

    • GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro:

    Guanabara Koogan, 1989.• LARAIA, Roque de Barros. Cultura, um Conceito

    Antropológico. Jorge Zahar Editor. 22ª edição. Rio de Janeiro,2001.

    • LEROI-GOURHAN, André. As Religiões da Pré-História. Lisboa:Edições 70, 2007.

    • MARANHÃO, José Luiz de Souza. O que é Morte. São Paulo:Editora Brasiliense, 1987

    • MORIN, Edgar. O Homem e a Morte. Rio de Janeiro, Zahar,1979.

    • SANTOS, José Luiz dos. O que é Cultura. São Paulo:Brasiliense, 1991.