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CURSO ON-LINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL – TEORIA P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 1 Oi, pessoal. Na aula anterior, vimos os conceitos de dumping e de subsídios, que são as práticas desleais no comércio internacional. E vimos também os remédios previstos nos acordos internacionais administrados pela OMC para a defesa contra essas deslealdades. Veremos hoje os itens restantes (em negrito) do tópico 7: “Práticas Desleais no Comércio Internacional. Medidas de Defesa Comercial: Antidumping, Compensatórias e de Salvaguarda. Defesa Comercial na OMC. Defesa Comercial no Mercosul. Defesa Comercial no Brasil.Cláusulas de Salvaguarda O que são e para que servem? No GATT/1947, artigo XIX, está prevista a imposição de cláusulas de salvaguarda: “Se, como conseqüência da evolução imprevista das circunstâncias e por efeito das obrigações, incluídas as concessões tarifárias, contraídas por uma parte contratante em virtude do presente Acordo, as importações de um produto no território desta parte contratante tenham aumentado em tal quantidade que causam ou ameaçam causar um dano grave aos produtores nacionais de produtos similares ou diretamente concorrentes no território, a parte contratante poderá, na medida e no tempo necessários para prevenir ou reparar esse dano, suspender total ou parcialmente a obrigação contraída com respeito a tal produto, ou retirar ou modificar a concessão.” As salvaguardas existem para proteger aquelas indústrias que não estavam preparadas para a abertura comercial. Veja que o texto cita que as importações aumentaram “por efeito das obrigações contraídas”. Em outras palavras, o texto é mais ou menos o seguinte: “Por causa da redução de barreiras que vimos praticando, pode ocorrer de um ou outro país sofrer alguma dificuldade. Nós concordamos então que este país poderá voltar com a barreira, suspendendo a obrigação, reduzindo ou eliminando a concessão outorgada e assim ajudar suas indústrias que ainda não estavam preparadas para a abertura comercial.” Em suma, as cláusulas de salvaguarda são o reerguimento de barreiras que foram eliminadas. A salvaguarda pode ser pensada como a forma de se desfazer a abertura comercial.

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Oi, pessoal.

Na aula anterior, vimos os conceitos de dumping e de subsídios, que são as práticas desleais no comércio internacional. E vimos também os remédios previstos nos acordos internacionais administrados pela OMC para a defesa contra essas deslealdades.

Veremos hoje os itens restantes (em negrito) do tópico 7: “Práticas Desleais no Comércio Internacional. Medidas de Defesa Comercial: Antidumping, Compensatórias e de Salvaguarda. Defesa Comercial na OMC. Defesa Comercial no Mercosul. Defesa Comercial no Brasil.”

Cláusulas de Salvaguarda

O que são e para que servem?

No GATT/1947, artigo XIX, está prevista a imposição de cláusulas de salvaguarda:

“Se, como conseqüência da evolução imprevista das circunstâncias e por efeito das obrigações, incluídas as concessões tarifárias, contraídas por uma parte contratante em virtude do presente Acordo, as importações de um produto no território desta parte contratante tenham aumentado em tal quantidade que causam ou ameaçam causar um dano grave aos produtores nacionais de produtos similares ou diretamente concorrentes no território, a parte contratante poderá, na medida e no tempo necessários para prevenir ou reparar esse dano, suspender total ou parcialmente a obrigação contraída com respeito a tal produto, ou retirar ou modificar a concessão.”

As salvaguardas existem para proteger aquelas indústrias que não estavam preparadas para a abertura comercial. Veja que o texto cita que as importações aumentaram “por efeito das obrigações contraídas”.

Em outras palavras, o texto é mais ou menos o seguinte: “Por causa da redução de barreiras que vimos praticando, pode ocorrer de um ou outro país sofrer alguma dificuldade. Nós concordamos então que este país poderá voltar com a barreira, suspendendo a obrigação, reduzindo ou eliminando a concessão outorgada e assim ajudar suas indústrias que ainda não estavam preparadas para a abertura comercial.”

Em suma, as cláusulas de salvaguarda são o reerguimento de barreiras que foram eliminadas. A salvaguarda pode ser pensada como a forma de se desfazer a abertura comercial.

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Na imposição de cláusula de salvaguarda, existe alguma defesa contra deslealdade do parceiro comercial? De jeito nenhum. Não se está defendendo de uma tentativa de quebrar as indústrias do país. A cláusula de salvaguarda é uma medida adotada contra uma concessão feita pelo próprio país, suspendendo, reduzindo ou eliminando-a.

Se houvesse deslealdade, estaríamos falando de dumping ou de subsídio. Há defesa comercial pela salvaguarda, mas sem que haja deslealdade do parceiro comercial.

Este artigo XIX do GATT precisou ser regulamentado visto que não vinha sendo usado adequadamente. Os países, em vez de imporem cláusulas de salvaguarda quando havia um aumento de importações que causava dano a uma indústria sua, usavam os Acordos Voluntários de Restrição às Exportações (AVRE), que consistem em ameaçar o país exportador.

Pelos AVRE, o governo do país importador, o qual estava sofrendo dano em virtude do aumento das importações, pegava o telefone e ligava para o Governo do país da empresa exportadora e dizia: “Ô, país, pára de exportar para cá. Minhas indústrias não estão agüentando. Se você não parar de mandar mercadorias para o meu país, eu vou impor uma cláusula de salvaguarda.”

Esta é uma das barreiras não-tarifárias ainda existentes no mundo: são os chamados Acordos Voluntários de Restrição às Exportações (AVRE). De “voluntário” não tem nada. É uma ameaça velada. Mas é chamada de acordo voluntário, pois o país exportador pode acolher a ameaça e “voluntariamente” parar de exportar.

Caso não o faça, suas mercadorias serão embarreiradas de outra forma: com a imposição das salvaguardas.

Na prática então, de 1947 a 1994, as salvaguardas não foram muito usadas. Os AVRE eram usados no seu lugar.

Foi por isso que surgiu o Acordo sobre Salvaguardas em 1994, na Rodada Uruguai do GATT (No tópico 2 do edital, vamos estudar alguns outros acordos que surgiram nesta Rodada).

Condenação ao uso dos AVRE

O acordo prevê expressamente, no artigo 11, que os AVRE não serão mais tolerados:

“Artigo 11 - Proibição e eliminação de certas medidas

§ 1o ...

b) Além disso, um membro não procurará adotar nem adotará nem manterá restrições voluntárias às exportações, acordos de organização de mercado ou quaisquer outras medidas similares no

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que diz respeito às exportações ou às importações. ... Todas as medidas dessa natureza, vigentes à data da entrada em vigor do Acordo Constitutivo da OMC devem ser adaptadas aos termos deste Acordo ou gradualmente eliminadas, de acordo com o § 2o.

...”

O artigo 2o do Acordo trouxe uma novidade acerca da possibilidade de se criar uma medida de salvaguarda. Vejamos.

“§1o Um membro poderá aplicar uma medida de salvaguarda em relação a um produto unicamente se tiver determinado, em conformidade com as disposições a seguir enunciadas, que esse produto é importado no seu território em quantidades de tal modo elevadas, em termos absolutos ou em relação à produção nacional, e em tais condições que cause ou ameace causar um prejuízo grave à indústria nacional de produtos similares ou diretamente concorrentes.”

A novidade foi a permissão de se imporem cláusulas de salvaguarda mesmo que não haja aumento de importações em termos absolutos, mas em termos relativos. Ou seja, mesmo que a quantidade importada caia, em termos absolutos, de um período para outro, é possível a imposição das salvaguardas.

Traduzindo em números...

Em um determinado país:

- antes da abertura comercial, as importações eram de 10 unidades/mês e a produção interna era também de 10 unidades/mês;

- após a abertura comercial, as importações caíram para 8/mês, mas a produção nacional caiu para 4/mês.

Ora, em termos absolutos, as importações caíram: foram de 10 para 8 unidades. Mas, em termos relativos, as importações subiram: respondiam por 50% do consumo interno (10 de 20) e passaram a responder por 67% (8 de 12).

Este aumento em termos relativos satisfaz uma das condições para se criarem as salvaguardas.

Para apurar a existência do dano, devem ser analisados os dados positivos, ou seja, dados concretos, objetivos, e não simples alegações. É o que se depreende do artigo 4o do Acordo:

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“1. a) Entender-se-á por ‘prejuízo grave’ a deterioração geral significativa da situação de uma indústria nacional;

b) Entender-se-á por ‘ameaça de prejuízo grave’ o prejuízo grave que seja claramente iminente, de acordo com as disposições do §2o. A determinação da existência de uma ameaça de prejuízo grave basear-se-á em fatos, e não simplesmente em alegações, conjecturas ou possibilidades remotas; e ...

2. a) No decurso do inquérito para determinar se um aumento das importações causou ou ameaça causar um prejuízo grave à indústria nacional em conformidade com as disposições do presente acordo, as autoridades competentes avaliarão todos os fatores pertinentes de natureza objetiva e quantificável que influenciam a situação dessa indústria, em especial, o ritmo de crescimento das importações do produto considerado e o seu aumento em volume, em termos absolutos e relativos, a parte do mercado interno adquirida pelo aumento das importações, as variações do nível das vendas, a produção, a produtividade, a utilização da capacidade instalada, os lucros, as perdas e o emprego.

b) A determinação referida na alínea a) só será efetuada se o inquérito demonstrar, com base em elementos de prova objetivos, a existência de uma relação de causalidade entre o aumento das importações do produto em questão e o prejuízo grave ou ameaça de prejuízo grave...”

Perceba que pelo Acordo não há previsão de se impor uma salvaguarda por “retardamento na instalação de indústria”, como aparece na defesa contra dumping.

Somente pode ser imposta uma cláusula de salvaguarda em caso de prejuízo grave ou de ameaça de prejuízo grave.

Já no dumping, tínhamos visto na aula anterior que, se houver dano material, ameaça de dano material ou retardamento sensível na instalação da indústria, pode ser criada a alíquota antidumping.

Não-discriminação em relação aos países ou a firmas

As cláusulas de salvaguarda não podem ser discriminatórias em relação a países ou a firmas, pois assim foi definido no § 2o do artigo 2o do Acordo: “As medidas de salvaguarda serão aplicadas a um produto importado independentemente de sua procedência.”

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A lógica é clara: o país está se defendendo de um aumento de importações e não de uma deslealdade. Se houvesse uma deslealdade, a medida seria tomada contra o país ou a firma desleal. Mas, não havendo deslealdade, a medida é tomada indistintamente em relação aos países ou às firmas.

Veja a questão que caiu na prova de ACE/2008 sobre este assunto:

No que se refere a defesa comercial, marque V ou F.

142 A característica comum das medidas antidumping e das medidas compensatórias é seu caráter seletivo, diferenciando-as, nesse sentido, das salvaguardas comerciais, que, por força da razão pela qual são acionadas, não discriminam os produtos importados pela procedência.

Resposta: item VERDADEIRO, pelo que acabamos de ver.

Formas das cláusulas de salvaguarda

Que tipos de cláusula de salvaguarda podem ser adotados? Podem ser usadas quotas? E alíquotas?

Podem ser usadas quotas ou alíquotas. O Acordo sobre Salvaguardas não elencou as medidas, mas, no artigo 5o, fez referência às quotas (esta é uma das permissões excepcionais para o uso de quotas, que, em regra, são proibidas no sistema multilateral de comércio, como veremos em aula futura).

“5. §1o Um membro aplicará medidas de salvaguarda unicamente na medida do necessário para prevenir ou reparar um prejuízo grave e facilitar o ajustamento. Caso se recorra a uma restrição quantitativa, essa medida não reduzirá as quantidades importadas para um nível inferior ao registrado num período recente, que corresponderá à média das importações efetuadas durante os últimos três anos representativos relativamente aos quais existam estatísticas disponíveis, a menos que seja claramente demonstrada a necessidade de um nível diferente para prevenir ou reparar um prejuízo grave. Os membros deverão escolher as medidas mais adequadas para a realização destes objetivos.”

Mas perceba também que os países podem usar outras barreiras já que os países “deverão escolher as medidas mais adequadas” e a restrição quantitativa (quota) não é obrigatória (basta ver que está escrito “caso se recorra a uma restrição quantitativa”).

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Que outras medidas mais adequadas poderiam ser adotadas?

Para responder a esta questão, precisamos ver inicialmente o que foi decidido no GATT acerca das barreiras tarifárias e não-tarifárias.

Barreira tarifária é imposto de importação. Barreira não-tarifária é qualquer outra barreira diferente de imposto. Por exemplo, quotas, subsídios à produção interna, AVRE, ... Estas barreiras são pedidas no edital no tópico 1, que será apresentado pelo Missagia. Vejamos um detalhe delas.

Ao elaborarem o GATT em 1947, os países, usando a teoria econômica, compararam os efeitos gerados em um país que adotasse alternativamente quotas, tarifas e subsídios. E perceberam que a quota é a forma mais danosa de barreira às importações. É a que traz maiores efeitos danosos ao comércio. E, por isso, proibiram-nas expressamente no artigo XI do GATT (permitindo seu uso apenas em casos excepcionais):

“Parágrafo 1o – Nenhuma parte contratante imporá nem manterá – além dos direitos aduaneiros, impostos e outras taxas – proibições nem restrições à importação de um produto do território de outra parte contratante ou à exportação ou à venda para exportação de um produto destinado ao território de outra parte contratante que sejam aplicadas mediante contingentes, licenças de importação ou de exportação ou por meio de outras medidas.”

(PS: Contingenciar é impor quotas)

Os países viram também que os subsídios são a barreira que gera menos efeitos colaterais ao comércio, mas, por serem uma afronta ao liberalismo (“Dinheiro público entrando numa empresa? Nunca.”), os subsídios também foram proibidos. Somente em alguns casos excepcionais, como vimos na aula anterior, os subsídios são permitidos.

Logo, se um país tiver que colocar uma barreira, que seja na forma de tarifa, pois os subsídios e as quotas são, em regra, proibidos. Este é a regra do artigo XI acima transcrito. O artigo define a chamada “tarificação das barreiras”, ou seja, substituição de todas as barreiras existentes por tarifas (Veremos em aula futura que, apesar deste artigo, a principal barreira usada atualmente são as barreiras não-tarifárias).

Portanto, concluindo: ao criar uma cláusula de salvaguarda, os países podem optar entre criar uma tarifa ou uma quota.

Prazo das Cláusulas de Salvaguarda

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Existe um prazo máximo para a imposição de cláusulas de salvaguarda?

Sim, 4 anos, mas este prazo pode ser prorrogado sendo que, conforme o § 3o do artigo 7o do Acordo, “O período total de aplicação de uma medida de salvaguarda, incluindo o período de aplicação de qualquer medida provisória, o período de aplicação e qualquer eventual prorrogação, não ultrapassará oito anos.”

Para os países em desenvolvimento, o prazo de imposição de uma salvaguarda pode ser prorrogado por mais dois anos, chegando no total a dez anos, por força do parágrafo 2o do artigo 9o do Acordo.

A medida provisória referida anteriormente é, analogamente e guardadas as devidas proporções, a liminar em mandado de segurança. Vamos vê-la ainda nesta aula.

Cláusula do Pôr-do-Sol

A Cláusula do Pôr-do-Sol define que a salvaguarda não pode ser recriada enquanto não se passar um prazo idêntico ao de sua vigência anterior. Além disso, em regra, o prazo de não-aplicação deve ser de, no mínimo, 2 anos.

Por exemplo, se uma salvaguarda foi mantida por 3 anos, ela somente poderá ser criada novamente após 3 anos de sua derrubada.

Cláusula da Paz

Além da Cláusula do Pôr-do-Sol, há outra cláusula no Acordo sobre Salvaguardas: a Cláusula da Paz.

Ela aparece no artigo 8o e dispõe que uma salvaguarda não pode ser retaliada durante os 3 primeiros anos de sua vigência, desde que “tenha sido adotada como resultado de um aumento em termos absolutos das importações e desde que tal medida se conforme com as disposições do Acordo.”

DEFESA COMERCIAL NO BRASIL

Na última aula, estudamos os acordos da OMC que versam sobre deslealdade comercial, ou seja, estudamos o Acordo Antidumping (Acordo sobre a Implementação do Artigo VI do GATT) e o Acordo sobre Subsídios e Medidas Compensatórias.

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E na aula de hoje, já vimos o acordo da OMC que trata das cláusulas de salvaguarda, que não envolvem deslealdade comercial. É situação de defesa, mas sem que seja por conta de deslealdade.

Neste tópico que se inicia, veremos a Defesa Comercial no Brasil, ou seja, as normas nacionais que regulamentaram os acordos internacionais citados.

Devemos ter em mente a ordem em que se desenrolam as normas de defesa comercial:

1o) Em 1947, no GATT, os países condenaram o uso de dumping danoso (artigo VI), subsídio danoso (artigo VI e XVI) e permitiram o uso de cláusulas de salvaguarda (artigo XIX).

2o) Algum tempo depois, decidiram regulamentar estes artigos e surgiram o Acordo sobre a Implementação do Artigo VI do GATT, o Acordo sobre Subsídios e Medidas Compensatórias e o Acordo sobre Salvaguardas, respectivamente.

3o) Cada país membro da OMC regulamentou a aplicação destes acordos dentro de seu território. Assim fez o Brasil: editou o Decreto 1.488, de 11 de maio de 1995, cuja ementa é “Regulamenta as normas que disciplinam os procedimentos administrativos relativos à aplicação de medidas de salvaguarda.” Foi alterado pelo Decreto 1.936/96.

Editou também os Decretos no 1.602, de 23 de agosto de 1995, cuja ementa é “Regulamenta as normas que disciplinam os procedimentos administrativos, relativos à aplicação de medidas antidumping” e no 1.751, de 19 de dezembro de 1995, cuja ementa é “Regulamenta as normas que disciplinam os procedimentos administrativos relativos à aplicação de medidas compensatórias.”

Veremos neste tópico os decretos brasileiros para atender ao edital no assunto Defesa Comercial no Brasil, visto que a Defesa Comercial na OMC já foi vista.

Naturalmente, estes três decretos editados pelo Brasil obedecem às diretrizes e seguem os conceitos dos três acordos internacionais aos quais se referem.

Portanto, o estudo da Defesa Comercial no Brasil não passa por aprendermos, por exemplo, os conceitos de subsídio nem de dumping, pois isto já foi visto no acordo internacional.

Neste tópico, veremos como é a operacionalização da investigação e aplicação das barreiras.

Aqui não há muita explicação: a operacionalização é assim e ponto final. Não há como explicar por que é a SECEX que investiga e a CAMEX que fixa. É assim porque o Governo quis.

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Vejamos as principais questões operacionais.

Competência de investigação

Qual o órgão do Governo brasileiro que procede à investigação da existência do dumping e dos subsídios? E do aumento das importações para a imposição de salvaguardas?

As três perguntas têm a mesma resposta: o Departamento de Defesa Comercial (DECOM) da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).

E a investigação sobre a existência de danos causados pelas situações citadas?

Também o DECOM.

Competência para fixar as medidas de defesa comercial

O Presidente da República delegou à CAMEX (Câmara de Comércio Exterior, do Conselho de Governo) a fixação das alíquotas antidumping, das medidas compensatórias e das cláusulas de salvaguarda. Isto foi feito pelo Decreto 4.732/2003.

Além destas competências, a CAMEX também fixa, como veremos na aula sobre Mercosul, as alíquotas do imposto de importação e do imposto de exportação.

Sobre este assunto, podemos ver uma questão da prova de ACE/2008, aplicada pelo CESPE:

No que se refere a defesa comercial, marque V ou F.

140 O sistema de defesa comercial brasileiro está organizado essencialmente em torno de duas instâncias: o Departamento de Defesa Comercial, órgão executivo vinculado à Secretaria de Comércio Exterior do MDIC, com competência de propor a abertura e conduzir investigações para a aplicação de medidas antidumping, compensatórias e de salvaguardas, e de recomendar a aplicação das medidas de defesa comercial previstas nos acordos da OMC; a CAMEX, cujas competências incluem a aplicação de medidas provisórias e o encerramento de investigação com aplicação de medidas definitivas.

Resposta: item VERDADEIRO.

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Conforme vimos antes, cabe à SECEX a investigação e à CAMEX, a criação da medida de defesa comercial. Dentro da SECEX, é o DECOM (Departamento de Defesa Comercial) que faz a investigação.

Mas há um item “esquisito” no enunciado: Cabe à CAMEX o encerramento da investigação?

Na verdade, se a SECEX investiga, cabe a esta o início e o fim das investigações.

A aplicação das medidas definitivas de defesa somente acontecerá depois de concluída a investigação. Não é razoável que se fixem medidas definitivas antes de a investigação concluir favoravelmente por sua aplicação.

Não está perfeita a afirmação do enunciado: “a SECEX inicia a investigação e a CAMEX a encerra.”

Provavelmente, o examinador se pautou por uma interpretação equivocada dos decretos de defesa comercial. Tomemos o Decreto sobre Subsídios como exemplo:

“SEÇÃO VI -Do Encerramento das Investigações

Art. 49 As investigações serão concluídas no prazo de um ano após abertura, exceto em circunstâncias excepcionais, quando o prazo poderá ser de até dezoito meses.

Art. 50. O peticionário poderá, a qualquer momento, solicitar arquivamento do processo. Na hipótese de deferimento, a investigação será encerrada. Caso a SECEX determine o seu prosseguimento, o peticionário será comunicado por escrito.

Art. 51. Será encerrada a investigação, sem aplicação de direitos compensatórios, nos casos em que:

I - não houver comprovação suficiente da existência de subsídio acionável ou de dano dele decorrente;

II - o montante de subsídio acionável for de minimis, conforme o disposto nos §§ 7º a 12 do art. 21;

III - o volume de importações, real ou potencial, do produto subsidiado ou o dano causado for insignificante, conforme o disposto nos §§ 3º e 4º do art. 21.

Art. 52. A investigação será encerrada com aplicação de direitos, quando a SECEX, cumpridos os procedimentos pertinentes de consultas, chegar a uma determinação final da existência de subsídio acionável, de dano e de nexo causal entre eles.”

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Pela leitura do artigo 52, realmente pode parecer que a investigação é encerrada pela CAMEX, ao aplicar os direitos compensatórios. Mas isto contraria o bom senso: primeiro a investigação tem que ser concluída, para só então ser tomada uma medida.

Em segundo lugar, esta conclusão pode ser afastada lendo-se, por exemplo, os artigos 50 e 51. Neles, indicam-se situações de encerramento de investigações sem a intervenção da CAMEX, pois não consta nas atribuições deste órgão o arquivamento a pedido (art. 50) nem de ofício (art. 51).

A interpretação correta a ser dada ao artigo 52 é:

Art. 52. A investigação será encerrada PELA SECEX com aplicação de direitos PELA CAMEX, quando a SECEX, cumpridos os procedimentos pertinentes de consultas, chegar a uma determinação final da existência de subsídio acionável, de dano e de nexo causal entre eles.

Por último, se houve uma “determinação final da existência de subsídio acionável, dano e de nexo causal” é porque acabou a investigação e a CAMEX pode, em seguida, criar os direitos compensatórios.

Bem, mesmo após os recursos, o CESPE manteve o gabarito inalterado.

Quem pode solicitar a investigação

1) No caso de dumping: É a indústria doméstica. O Governo pode, excepcionalmente, iniciar a investigação de ofício.

“Art. 18. Com exceção do disposto no art. 24, a investigação, para determinar a existência, o grau e o efeito de qualquer alegação de dumping, será solicitada pela indústria doméstica ou em seu nome por meio de petição, formulada por escrito, de acordo com roteiro elaborado pela SECEX.

...

Art. 24. Em circunstâncias excepcionais, o Governo Federal, ex offício, poderá abrir a investigação, desde que haja elementos de prova suficientes da existência de dumping, de dano e do nexo causal entre eles, que justifiquem a abertura. O governo do país interessado será notificado da existência desses elementos de prova, antes da abertura da investigação.”

2) No caso de subsídio: Idêntico ao dumping.

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“Art. 25. Com exceção do disposto no art. 33, a investigação, para determinar a existência, o grau e o efeito de qualquer subsídio alegado, será solicitada pela indústria doméstica ou em seu nome por meio de petição, formulada por escrito, de acordo com roteiro elaborado pela SECEX.

...

Art. 33. Em circunstâncias excepcionais, o Governo Federal, ex offício, poderá abrir a investigação, desde que haja elementos de provas suficientes da existência de subsídio, de dano e do nexo causal entre eles, que justifiquem a abertura.”

3) No caso de cláusula de salvaguarda: Indústria doméstica, SECEX e outros órgãos do Governo Federal, o que acaba sendo, na prática, igual aos casos de dumping e de subsídios.

“Art. 3º A solicitação de aplicação de medida de salvaguarda poderá ser apresentada:

I - pela SECEX;

II - pelos demais órgãos e entidades interessadas do Governo Federal;

III - por empresas ou associações representativas de empresas que produzam o produto objeto da solicitação.”

Elementos da petição

1) Em relação ao dumping:

A petição deve ser instruída com elementos que indiquem, mas sem precisar comprovar, a existência de dumping e do dano por ele causado.

Se os elementos já fossem a prova da existência do dumping e do dano causado, prá que a SECEX precisaria investigar?

A SECEX é quem investiga, mas ela exige que haja um quadro indiciário do dumping e do dano por ele causado. Sem isso, a petição nem é aceita.

“§ 1º A petição, mencionada no caput deste artigo, deverá incluir elementos de prova de dumping, de dano e de nexo causal entre as importações objeto de dumping e o dano alegado e os seguintes dados:

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a) qualificação do peticionário, indicação do volume e do valor da produção da indústria doméstica que lhe corresponda...;

b) estimativa do volume e do valor da produção nacional do produto similar.

c) lista dos conhecidos produtores domésticos do produto similar que não estejam representados na petição ...;

d) descrição completa do produto alegadamente importado a preços de dumping...;

e) descrição completa do produto fabricado pela indústria doméstica;

f) informação sobre preço representativo pelo qual o produto em questão é vendido, quando destinado ao consumo no mercado interno do país ou países exportadores, ou ...;

g) informação sobre preço de exportação representativo ou ...;

h) informação sobre a evolução do volume das importações, alegadamente objeto de dumping, os efeitos de tais importações sobre os preços do produto similar no mercado doméstico e o conseqüente impacto das importações sobre a indústria doméstica...”

2) Em relação aos subsídios, a lógica é a mesma que no dumping, isto é, o peticionário deve juntar os elementos de prova do subsídio, do dano e do nexo causal.

A única diferença é que o decreto solicita que o peticionário informe, “se possível”, o montante do subsídio.

Estando presentes todos estes elementos, a SECEX vai avaliar se abre a investigação.

“Art. 25 ...

§ 1º A petição deverá incluir elementos de prova de existência de subsídio, e, se possível, seu montante, de dano e de nexo causal entre as importações do produto subsidiado e o dano alegado e os seguintes dados:

a) qualificação do peticionário, indicação do volume e do valor da produção da indústria doméstica que lhe corresponda ou ...;

b) estimativa do volume e do valor da produção nacional total do produto similar;

c) lista dos conhecidos produtores domésticos do produto similar, que não estejam representados na petição, e, ...;

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d) descrição completa do produto alegadamente subsidiado ...;

e) descrição completa do produto fabricado pela indústria doméstica;

f) elementos de prova da existência, do montante e da natureza do subsídio em questão;

g) elementos de prova de evolução do volume e do valor das importações do produto alegadamente subsidiado, dos efeitos de tais importações sobre os preços do produto similar no mercado doméstico e do conseqüente impacto das importações sobre a indústria doméstica, demonstrados por fatores e índices pertinentes que tenham relação com o estado dessa indústria.”

3) Em relação às cláusulas de salvaguarda, há uma pequena diferença: tem que ficar provado também o aumento das importações (aumento absoluto ou relativo), posto que isto decorre do próprio conceito de salvaguarda (“reerguimento de barreira tendo em vista um aumento das importações”).

“Artigo 3o...

§ 1º Os pedidos de aplicação de medidas de salvaguarda deverão ser formulados por escrito, de acordo com roteiro elaborado pela SECEX, instruídos com elementos suficientes de prova, demonstrativos do aumento das importações, do prejuízo grave ou da ameaça de prejuízo grave por elas causado e da relação causal entre ambas as circunstâncias.”

Dano

Vejamos os conceitos de dano nos três decretos:

1) Em relação ao dumping:

“Art. 14. Para os efeitos deste Decreto, o termo ‘dano’ será entendido como dano material ou ameaça de dano material à indústria doméstica já estabelecida ou retardamento sensível na implantação de tal indústria.

§ 1º A determinação de dano será baseada em provas positivas e incluirá exame objetivo do:

a) volume das importações objeto de dumping;

b) seu efeito sobre os preços do produto similar no Brasil; e

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c) conseqüente impacto de tais importações sobre a indústria doméstica.”

2) Em relação aos subsídios, o conceito é idêntico como podemos ver:

“Art. 21. Para os efeitos deste Decreto, o termo ‘dano’ será entendido como dano material ou ameaça de dano material à indústria doméstica já estabelecida ou retardamento sensível na implantação de tal indústria.

§ 1º A determinação de dano será baseada em provas positivas e incluirá exame objetivo do:

a) volume das importações do produto subsidiado;

b) seu efeito sobre os preços do produto similar no Brasil; e

c) conseqüente impacto dessas importações sobre a indústria doméstica.”

3) Em relação às cláusulas de salvaguarda, o conceito de dano está na própria definição das salvaguardas:

“Art. 1º Poderão ser aplicadas medidas de salvaguarda a um produto se de uma investigação resultar a constatação, de acordo com as disposições previstas neste regulamento, de que as importações desse produto aumentaram em tais quantidades e, em termos absolutos ou em relação à produção nacional, e em tais condições que causem ou ameacem causar prejuízo grave à indústria doméstica de bens similares ou diretamente concorrentes.”

O conceito de dano para as cláusulas de salvaguarda é um pouco diferente do conceito de dano para dumping e para subsídios. Nas salvaguardas, não há a previsão de defesa se houver “retardamento sensível na implantação de uma indústria”, mas apenas se houver prejuízo ou ameaça de prejuízo grave.

Abertura da Investigação

Depois de aceita a petição, a SECEX vai fazer um exame preliminar de mérito para ver se a indefere sumariamente ou não.

1) Em relação ao dumping e ao subsídio, o procedimento é o mesmo: A SECEX recebe a petição e avalia se os elementos de prova do dumping (ou do subsídio), do dano e do nexo causal

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são consistentes. Caso conclua positivamente, a SECEX começa a investigação.

O § 3o do artigo 20 do Decreto sobre medidas antidumping (há um idêntico no Decreto sobre subsídios) dispõe que as firmas que apóiam a petição devem reunir pelo menos 50% da produção nacional para que se considere que a petição foi feita pela indústria doméstica e, portanto, não seja indeferida em decorrência do artigo 21, § 1o, “b”.

“Art. 20. Os elementos de prova da existência de dumping e de dano por ele causado serão considerados, simultaneamente, na análise para fins de determinação da abertura da investigação.

...

§ 2º A SECEX procederá a exame do grau de apoio ou rejeição à petição, expresso pelos demais produtores nacionais do produto similar, com objetivo de verificar se a petição foi feita pela indústria doméstica ou em seu nome. No caso de indústria fragmentária, que envolva um número especialmente alto de produtores, poderá se confirmar apoio ou rejeição mediante a utilização de técnicas de amostragem estatisticamente válidas

§ 3º Considerar-se-á como feita ‘pela indústria doméstica ou em seu nome’ a petição que for apoiada por aqueles produtores cuja produção conjunta constitua mais de cinqüenta por cento da produção total do produto similar produzido por aquela parcela da indústria doméstica que tenha expressado apoio ou rejeição à petição.”

Quando pode a SECEX indeferir sumariamente a petição?

O artigo 21 do Decreto sobre dumping dispõe que, não havendo elemento de prova do dumping, do dano ou do nexo causal OU se a petição não tiver sido feita por produtores domésticos que respondam por pelo menos 25% da produção nacional, a SECEX indefere a petição e a arquiva.

Isto parece ser incompatível com o § 3o antes analisado. Veja o artigo 21 e depois veremos o que parece ser uma incongruência:

“Art. 21. O peticionário será notificado da determinação, positiva ou negativa, quanto à abertura da investigação, no prazo de trinta dias contados a partir da data de expedição da comunicação de que a petição está devidamente instruída.

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§ 1º A petição será indeferida e o processo conseqüentemente arquivado, quando:

a) não houver elementos de prova suficientes da existência de dumping ou de dano por ele causado, que justifiquem a abertura da investigação;

b) a petição não tiver sido feita pela indústria doméstica ou em seu nome; ou

c) os produtores domésticos, que expressamente apóiam a petição, reúnam menos de 25% da produção total do produto similar realizada pela indústria doméstica.”

Afinal, precisa do apoio de produtores que reúnam 25% ou 50% da produção nacional?

A resposta é: Produtores que respondam por, pelo menos, 25% têm que apoiar EXPRESSAMENTE a petição, ou seja, assiná-la. Depois que a SECEX recebe esta petição, ela vai fazer uma pesquisa, conforme dispõe o § 2o do artigo 20 (antes transcrito), perguntando para os demais que NÃO assinaram a petição se eles concordam com ela. Caso a SECEX obtenha retorno favorável de produtores que, somados aos peticionários, respondam por mais de 50%, então a investigação pode avançar.

“Expressamente apóiam” significa “assinaram a petição”.

“Apóiam” significa “concordam”, mas sem terem assinado a petição inicial.

2) Em relação às cláusulas de salvaguarda, o Decreto não informa possibilidades de indeferimento sumário, informa apenas que cabe à SECEX tomar a decisão e publicá-la em Diário Oficial da União, mas não informa os critérios, os quais aparecem nos decretos sobre dumping e sobre subsídios.

“Artigo 3o...

...

§ 2º A decisão sobre início de investigação, destinada a deliberar acerca da aplicação de medidas de salvaguarda, será objeto de Circular da SECEX, publicada no Diário Oficial da União, cabendo ao Ministério das Relações Exteriores transmitir as informações pertinentes ao Comitê de Salvaguardas da Organização Mundial de Comércio - OMC.”

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Medidas Provisórias de Defesa

Nos três casos (dumping, subsídio e salvaguardas), está prevista a imposição de medidas provisórias de defesa. A idéia é, já que está se estendendo o tempo da investigação (“pelo menos sessenta dias”), precisamos estancar o prejuízo que está sofrendo a indústria nacional.

Por conta deste prejuízo, podem ser adotadas medidas provisórias, análogas às liminares em mandado de segurança, enquanto se conclui o procedimento de investigação. Devem estar presentes o periculum in mora e o fumus boni iuris.

1) Em relação ao dumping:

“Art. 34. Medidas antidumping provisórias somente poderão ser aplicadas se:

I - uma investigação tiver sido aberta de acordo com o disposto na Seção II do Capítulo V, o ato que contenha a determinação de abertura tiver sido publicado e às partes interessadas tiver sido oferecida oportunidade adequada de se manifestarem;

II - uma determinação preliminar positiva da existência de dumping e conseqüente dano à indústria doméstica tiver sido alcançada;

III - as autoridades referidas no art. 2º decidirem que tais medidas são necessárias para impedir que ocorra dano durante a investigação; e

IV - houver decorrido pelo menos sessenta dias da data da abertura da investigação.

§ 1º O valor da medida antidumping provisória não poderá exceder a margem de dumping.

...

§ 8º A vigência das medidas antidumping provisórias será limitada a um período não superior a quatro meses, exceto nos casos em que, por decisão das autoridades referidas no art. 2º e a pedido de exportadores que representem percentual significativo do comércio em questão, poderá ser de até seis meses. Os exportadores que desejarem a extensão do prazo de aplicação da medida antidumping provisória a solicitarão por escrito, no prazo de trinta dias antes do término do período de vigência da medida.

...”

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2) Em relação aos subsídios:

“Art. 44. Medidas compensatórias provisórias somente poderão ser aplicadas se:

I - a investigação tiver sido aberta de acordo com o disposto na Seção II do Capítulo VI, o ato que contenha a determinação de abertura tiver sido publicado e às partes e aos governos interessados tiver sido oferecida oportunidade adequada de se manifestarem;

II - uma determinação preliminar positiva de existência de subsídio acionável e de dano à indústria doméstica, em decorrência de importações de produto subsidiado, tiver sido alcançada;

III - as autoridades referidas no art. 2º decidirem que tais medidas são necessárias para impedir que ocorra dano durante a investigação; e

IV - houver decorrido pelo menos sessenta dias da data da abertura da investigação.

§ 1º O valor da medida compensatória provisória não poderá exceder o montante do subsídio acionável preliminarmente determinado.

...

§ 6º A vigência das medidas compensatórias provisórias será limitada a período não superior a quatro meses.”

3) Em relação às cláusulas de salvaguarda, também devem estar presentes o periculum in mora e o fumus boni iuris:

“Art. 4º Medida de salvaguarda provisória poderá ser aplicada em circunstâncias críticas, nos casos em que qualquer demora possa causar prejuízo grave de difícil reparação, após uma determinação preliminar da existência de elementos de prova claros de que o aumento das importações causou ou esteja ameaçando causar prejuízo grave à indústria doméstica, devendo ser as consultas com qualquer Governo envolvido iniciadas imediatamente após a sua aplicação.

§ 1º A medida de salvaguarda provisória terá duração máxima de duzentos dias, podendo ser suspensa por decisão interministerial antes do prazo final estabelecido.

...”

Formas de Defesa

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1) Em relação ao dumping: São usadas alíquotas antidumping no montante equivalente à margem de dumping, ou seja, é uma alíquota que fará o importador gastar exatamente o valor que gastaria se não houvesse o dumping. A diferença entre o preço do bem no mercado do país de exportação e o preço pelo qual ele está sendo exportado será embolsada pelo Governo.

A alíquota antidumping é barreira não-tarifária, visto que é cobrada como sanção de ato ilícito internacionalmente. Não se confunde, portanto, com o imposto de importação.

A alíquota pode ser na forma de alíquota ad valorem ou específica.

Se for ad valorem, a base de cálculo é o valor CIF (mercadoria + seguro + frete).

Se for específica, vai ser definida em dólares (US$).

2) Em relação aos subsídios: tudo escrito em relação ao dumping se aplica para os subsídios. A única diferença é o nome dado à barreira não-tarifária: medida compensatória.

3) Em relação às cláusulas de salvaguarda, há uma diferença relevante. Veja o artigo 8o do Decreto 1.488/95, alterado pelo Decreto 1.936/96:

“Art. 8º As medidas de salvaguarda definitivas serão aplicadas na extensão necessária para prevenir ou reparar o prejuízo grave e facilitar o ajustamento da indústria doméstica, da seguinte forma:

I - elevação do imposto de importação, por meio de adicional à Tarifa Externa Comum - TEC, sob a forma de alíquota ad valorem, de alíquota específica ou da combinação de ambas;

II - restrições quantitativas.”

Na regulamentação do Acordo sobre Salvaguardas, o Governo brasileiro definiu duas possibilidades: a cobrança de imposto ou a imposição de quotas. Sendo assim, a cláusula de salvaguarda pode ser uma barreira tarifária ou uma não-tarifária.

A possibilidade para que seja uma barreira tarifária reside no fato de que a cláusula de salvaguarda não é sanção de ato ilícito.

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Sobre este assunto, veja a questão que caiu na prova de Analista de Comércio Exterior, aplicada pelo CESPE em 2008:

No que se refere a defesa comercial, marque V ou F.

141 A aplicação de medidas de salvaguarda pode assumir a forma de aumento do imposto de importação ou de restrições quantitativas, sempre com o propósito de prevenir ou reparar prejuízos à indústria doméstica causados pelo abrupto aumento das importações.

Resposta: O gabarito preliminar foi dado como VERDADEIRO, mas o definitivo foi indicado como FALSO. Isto porque a salvaguarda não é SEMPRE com o propósito de se defender de um aumento ABRUPTO de importações. O aumento das importações não precisa ser ABRUPTO, conforme podemos ver no artigo 1o do Decreto 1.488/1995:

“Art. 1º Poderão ser aplicadas medidas de salvaguarda a um produto se de uma investigação resultar a constatação, de acordo com as disposições previstas neste regulamento, de que as importações desse produto aumentaram em tais quantidades e, em termos absolutos ou em relação à produção nacional, e em tais condições que causem ou ameacem causar prejuízo grave à indústria doméstica de bens similares ou diretamente concorrentes.”

Para se impor uma salvaguarda, basta que tenha havido um aumento de importações, seja em termos absolutos, seja em termos relativos.

Petição de Investigação por Outro País

Pode uma investigação ser solicitada por um governo estrangeiro?

Imagine a seguinte situação hipotética:

1) A França está subsidiando a exportação de sapatos para o Brasil;

2) No Brasil, não há produção nacional de sapatos;

3) A Alemanha, que também é produtora de sapatos, se sente prejudicada e pede que o Brasil imponha uma medida compensatória;

4) O que o Brasil fará?

O Brasil irá mandar a Alemanha procurar a turma dela. Ora, o Brasil está sendo prejudicado de alguma forma? Não. Não há indústria brasileira sendo prejudicada.

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Se a Alemanha quiser tomar alguma medida, qual será?

Recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC). Entrar com uma reclamação contra a França e a OMC irá julgar o subsídio concedido por este país (Na aula relativa ao tópico 2 do edital veremos como funciona este Sistema de Solução de Controvérsias).

Portanto, não há a mínima lógica em um terceiro país solicitar que o país importador tome alguma medida de defesa contra subsídios.

E pode um país pedir que o outro imponha cláusulas de salvaguarda?

Pode a Alemanha pedir que o Brasil crie salvaguardas?

Claro que não. Aliás, pedir alguma coisa nunca é proibido. Mas o Governo brasileiro irá atendê-la?

Parece óbvio que não. Não há a mínima lógica. A cláusula de salvaguarda é levantar de novo uma barreira já que a indústria do país está sofrendo prejuízo ou ameaçando sofrê-lo. Que que a Alemanha tem a ver com as nossas indústrias? Por que ela está tão preocupada conosco?

Mas, em relação ao dumping, há algo insólito no Acordo Sobre Dumping e na nossa legislação. O artigo 62 do Decreto 1.602/95 dispõe que um terceiro país pode sim solicitar e o Brasil acatar o pedido de investigação. Isto não passa de um mecanismo de colaboração internacional. Mas por que isto não acontece também com o subsídio? Isto é que não dá para entender. Pela lógica, já que um terceiro país pode nos pedir para impor alíquotas antidumping, não vejo motivos para que não pudesse pedir a imposição de medidas compensatórias. Mas isto não é discussão que interesse para a prova.

Só para reforçar: esta maluquice não é coisa inventada pelo Brasil, mas provém do acordo internacional antidumping.

Para que o Brasil aceite a petição, o reclamante deve juntar prova de dumping, dano e nexo causal.

Vejamos o artigo citado:

“DAS MEDIDAS ANTIDUMPING EM NOME DE TERCEIRO PAÍS

Art. 62. Terceiro país, por suas autoridades, poderá apresentar petição para aplicação de medidas antidumping.

§ 1º A petição deverá ser instituída com informações sobre preços que permitam demonstrar que as importações estão sendo realizadas a preços de dumping e que o dumping alegado está causando dano à indústria daquele país.

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§ 2º A análise de petição levará em consideração os efeitos do alegado dumping sobre a indústria em apreço como um todo no território do terceiro país. O dano não será avaliado apenas em relação ao efeito do alegado dumping sobre as exportações da produção destinadas ao Brasil, nem tampouco em relação às exportações total do produto.

§ 3º No caso de abertura de investigação, o Governo brasileiro solicitará aprovação ao Conselho para o Comércio de Bens da Organização Mundial de Comércio - OMC.”

Subsídios Acionáveis e Não-Acionáveis

O Decreto 1.751/95 criou novos nomes para se referir aos subsídios Proibidos, Recorríveis e Irrecorríveis expressos no acordo internacional, analisado na aula anterior.

O Decreto classificou os subsídios em: Acionáveis e Não-Acionáveis.

Os Acionáveis são os que podem ser combatidos (são os chamados internacionalmente de Proibidos e de Recorríveis, já vistos anteriormente).

Os não-acionáveis são os subsídios Irrecorríveis (também vistos na aula anterior), ou seja, aqueles que são permitidos e de cujo uso ninguém pode reclamar. A lista destes é naturalmente copiada do acordo internacional: são os subsídios genéricos e aqueles três específicos (atividades de pesquisa, regiões desfavorecidas dentro do território nacional e adaptação de instalações em decorrência de novas exigências ambientais).

Vejamos:

“Dos Subsídios Acionáveis

Art. 5º Para os fins deste Decreto, um subsídio, como definido no artigo anterior, será denominado acionável, sujeito a medidas compensatórias, se o mesmo for específico, com exceção daqueles previstos nos arts. 11, 12 e 13 [que são os três específicos irrecorríveis/não-acionáveis, vistos na aula anterior].

...

Art. 8º Não obstante o disposto nos arts. 6º e 7º, serão específicos, para fins de investigação, qualquer subsídios que se enquadrem na definição de subsídios proibidos, nos termos do Artigo 3 de Acordo de Subsídios e Medidas Compensatórias, a saber:

I - subsídios vinculados, de fato ou de direito, exclusivamente ou a partir de uma entre várias condições, a desempenho exportador,

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inclusive os indicados no Anexo I A vinculação de fato caracterizar-se-á quando ficar demonstrado que a sua concessão, ainda que não vinculada de direito ao desempenho exportador, está vinculada de fato a exportações ou ganhos com exportações, reais ou previstos. O simples fato de que subsídios sejam concedidos a empresas exportadoras não deverá, por si só, ser considerado como subsídio à exportação;

II - subsídios vinculados, exclusivamente ou a partir de uma entre várias condições, ao uso preferencial de produtos domésticos em detrimento de produtos estrangeiros.”

“Dos Subsídios Não-Acionáveis

Art. 10. Para os fins deste Decreto, um subsídio, como definido no art. 4º, será denominado não-acionável, não sujeito a medidas compensatórias, quando:

I - não for específico conforme definido nos arts. 6º e 7º;

II - for específico conforme definido nos arts. 6º e 7º, mas preencha as condições enumeradas nos arts. 11, 12 e 13.”

Há algumas questões de provas envolvendo cláusula de salvaguarda. Uma foi esta esquisita a seguir.

(AFRF/2000) Para a determinação de dano, é incorreto afirmar:

a) Com relação aos efeitos das importações sobre os preços, deve-se observar se o preço dos produtos importados não é superior ao preço do produto similar nacional e a qualidade de ambos.

b) A determinação de dano deve estar baseada em evidência positiva.

c) A determinação de dano deve implicar um exame objetivo de volume de importações subsidiadas e o efeito destas sobre os preços no mercado doméstico para produtos similares.

d) O termo deve significar dano material a uma indústria doméstica, ameaça de dano material ou o retardamento material do estabelecimento de uma indústria.

e) Medidas de salvaguarda aplicadas a um produto.

Resp.:

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Vejamos cada assertiva frisando que se está perguntando sobre o conceito de DANO. E efeito danoso pode ser defendido com alíquota antidumping (se houver dumping), com medida compensatória (se houver subsídio) e com cláusulas de salvaguarda (se não houver dolo).

A Letra A está correta, pois, para verificar se há dano para o Brasil, tem que se ver se o preço dos produtos importados não é superior ao preço do nacional. Se for superior, não há dano.

Tem que comparar também a qualidade do importado com a do nacional. Não dá para comparar alhos com bugalhos.

A Letra B está correta porque, como vimos, toda determinação de dano deve se basear em dados positivos, concretos, e não em simples alegações.

A Letra C está correta, como vimos na aula anterior sobre danos ligados a subsídios.

A Letra D fala do dano ligado ao dumping e ao subsídio, como conceituado pelo Brasil. Dano, nestas duas situações, implica dano material, ameaça de dano material ou retardamento sensível na implantação de uma indústria. Mas nas salvaguardas, o retardamento não é dano. Portanto, a questão não está perfeita, visto que este conceito não valeria se estivesse se referindo ao dano protegido pelas salvaguardas.

Até hoje, nove anos depois desta prova, eu estou tentando entender o que a ESAF quis dizer na letra E. Lendo a questão inteira, temos a seguinte pérola: “Para a determinação de dano, é incorreto afirmar medidas de salvaguarda aplicadas a um produto.” O que está escrito?

Parece que está faltando alguma coisa na resposta para ela ficar inteligível. Esta é a resposta dada como errada. Erro existe, pelo menos de português...

(ACE/2002) Salvaguardas são medidas de defesa comercial que objetivam:

a) impedir danos aos setores produtivos nacionais causados pela prática de dumping.

b) compensar prejuízos causados à indústria nacional por importações de produtos que tenham recebido subsídios no país exportador.

c) retaliar países que imponham restrições tarifárias e não-tarifárias ao acesso a seus mercados.

d) fornecer proteção temporária à indústria doméstica, em razão de prejuízos graves ou de ameaça de prejuízo grave decorrentes do aumento da quantidade de importações.

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e) suspender eventuais benefícios fiscais que usufruam produtos importados com o propósito de proteger a indústria doméstica.

Resp.: Basta saber o conceito de salvaguarda. Letra D.

DEFESA COMERCIAL NO MERCOSUL

Este é um dos pontos mais fáceis do edital. Pergunto: Podem ser adotadas medidas compensatórias no Mercosul? Não.

E alíquotas antidumping? Não.

E cláusulas de salvaguarda? Não.

Vimos que as medidas compensatórias, as alíquotas antidumping e as cláusulas de salvaguarda estão previstas nos artigos VI e XIX do GATT/47.

Em uma união aduaneira, como é o Mercosul, pode haver barreiras? Sim, basta ver o artigo XXIV do GATT/47:

Ҥ 8o Para os efeitos do presente Acordo,

a) entender-se-á por união aduaneira a substituição de dois ou mais territórios aduaneiros por um único território aduaneiro, de maneira que:

i) os direitos aduaneiros e as demais normas restritivas de comércio (exceto, na medida em que forem necessárias, as restrições autorizadas em virtude dos artigos XI, XII, XIII, XIV, XV e XX) sejam eliminados em relação ao substancial do comércio entre os países-membros ou, ao menos, em relação aos produtos originários destes países; e

ii) que ... cada um dos membros da união aduaneira aplique ao comércio com os países extrabloco direitos aduaneiros e demais normas de comércio que sejam essencialmente idênticos;

...”

Portanto, repito a pergunta: Pode haver barreiras não-tarifárias numa união aduaneira? Sim, mas desde que sejam as barreiras previstas nos artigos XI, XII, XIII, XIV, XV e XX.

Como as alíquotas antidumping, as medidas compensatórias e as cláusulas de salvaguarda estão previstas em artigos não-excepcionados (VI, XVI e XIX), nada disso poderá ser aplicado.

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Além desta conclusão a que chegamos lendo o GATT/47, podemos também ver no Tratado de Assunção os artigos 1o e 5o do seu Anexo IV, relativamente às cláusulas de salvaguarda:

“Art. 1 - Cada Estado Parte poderá aplicar, até 31 de dezembro de 1994, cláusulas de salvaguarda à importação dos produtos que se beneficiem do Programa de Liberação Comercial estabelecido no âmbito do Tratado.

Os Estados Partes acordam que somente deverão recorrer ao presente Regime em casos excepcionais.

...

Art. 5 - As cláusulas de salvaguarda terão um ano de duração e poderão ser prorrogadas por um novo período anual e consecutivo, aplicando-se-lhes os termos e condições estabelecidas no presente Anexo. Estas medidas apenas poderão ser adotadas uma vez para cada produto.

Em nenhum caso a aplicação de cláusulas de salvaguarda poderá estender-se além de 31 de dezembro de 1994.”

Em relação às cláusulas de salvaguarda, elas não poderiam mais ser utilizadas no Mercosul desde 31/12/94, conforme dispõem os artigos acima.

Em relação às medidas compensatórias e às alíquotas antidumping, os países estão em conversação para eliminá-las.

Pergunta que não cala: E se algum país então subsidiar ou se houver um dumping, gerando danos para os outros? Quem é prejudicado não pode se defender criando uma medida compensatória ou uma alíquota anti-dumping?

Não. Especificamente no caso de blocos comerciais, o remédio não é criar uma barreira, mas sim levar o caso ao sistema de solução de controvérsias da OMC ou do próprio bloco, que irá, com certeza, decidir pelo fim da deslealdade. Mas definitivamente não pode ser imposta uma alíquota antidumping nem uma medida compensatória.

Já no caso de aumento de importações que poderia levar à imposição de cláusula de salvaguarda, não há nada que o país importador possa fazer contra. Veja: está havendo um aumento de importações proveniente dos demais países do bloco. Isto está gerando dificuldade para o país membro do Mercosul. Mas em blocos comerciais não pode haver cláusula de salvaguarda (como vimos anteriormente), e se isso não bastasse, o próprio Tratado de Assunção previu que elas somente poderiam ser usadas até 1994.

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O que poderia então fazer um país do Mercosul em decorrência do aumento de importações? Reclamar para o sistema de solução de controvérsias?

Não, pois não está havendo deslealdade de ninguém. Se houvesse deslealdade, estaríamos tratando de dumping ou de subsídio.

Em suma, não pode impor cláusulas de salvaguarda porque, além de o GATT/47 proibir seu uso em blocos comerciais, os países do Mercosul reforçaram tal proibição impondo inclusive uma data máxima para que as existentes fossem extintas. Não podem também recorrer ao sistema de solução de controvérsias porque não há deslealdade.

É, portanto, por falta de alternativa, que, vira-e-mexe, a Argentina impunha irregularmente salvaguardas sobre os produtos brasileiros (têxteis, calçados, frango, eletrodomésticos, ...).

Mas, em 2006, todas as irregularidades argentinas foram regularizadas(!) como veremos na aula sobre Mercosul. Naquele ano, foi criado o Mecanismo de Adaptação Competitiva (MAC) entre Brasil e Argentina, que simboliza a permissão normativa para se poderem usar, de novo, as salvaguardas intrabloco. Atualmente, portanto, podem ser criadas cláusulas de salvaguarda entre os dois países (Mas isso vai contra o que o GATT dispõe).

Para frisar: o GATT só permite, intrabloco, as barreiras comerciais dos artigos XI, XII, XIII, XIV, XV e XX. E as salvaguardas estão previstas no artigo XIX do GATT (Todos esses artigos do GATT serão explicados em aula futura).

Exaurindo as questões da ESAF sobre defesa comercial, temos mais as seguintes:

(AFRF/2002-2) Exercer, prévia ou posteriormente, a fiscalização de preços, pesos, medidas, qualidade e tipos declarados nas operações de importação e de exportação, acompanhar a execução dos acordos internacionais relacionados com o comércio exterior, conceder a aplicação do mecanismo do “drawback”, investigar a ocorrência de “dumping” e subsídios com vistas a estabelecer as medidas de defesa comercial, são algumas das atribuições

a) da Secretaria da Receita Federal, tendo em vista sua competência constitucional para a fiscalização e controle do comércio exterior, além da pesquisa e fiscalização do valor aduaneiro das mercadorias e de reprimir as práticas de sub e superfaturamento na importação e na exportação.

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b) do Ministério das Relações Exteriores, tendo em vista que dumping, subsídios, salvaguardas, valoração aduaneira, Sistema Harmonizado, acordos internacionais de comércio são decorrentes de atos internacionais sob sua competência constitucional.

c) da Secretaria de Comércio Exterior, tendo em vista competir a ela, entre outras atribuições, exercer a política de comércio exterior e autorizar as importações e exportações de mercadorias através do mecanismo do licenciamento.

d) do Banco Central do Brasil em conjunto com a Secretaria de Comércio Exterior, tendo em vista o controle cambial e administrativo das operações de importação e exportação.

e) da Secretaria da Receita Federal e do Banco Central do Brasil, tendo em vista a necessidade de coibir as fraudes cambiais nas operações de comércio exterior, fretes internacionais e conciliação entre os contratos de câmbio, faturas comerciais e conhecimentos de carga.

Resp.:

Esta questão é relativa às instituições intervenientes do tópico 8 do edital, que ficou a cargo do Missagia. Roubei-a para cá já que no enunciado pergunta sobre quem investiga a ocorrência de dumping e de subsídios, ou seja, a questão mexe também com defesa comercial no Brasil.

A resposta é a letra C.

(AFTN-96) De uma forma geral, entende-se por dumping a venda de produtos no exterior a preços menores do que aqueles praticados no mercado interno. Esse fenômeno pode ocorrer em razão de várias causas, entre as quais se destacam a existência de excedentes de produção em grande escala, a redução de tarifas para os produtos exportados e, principalmente, a concessão de subsídios governamentais. As medidas anti-dumping são tomadas quando:

a) o fenômeno ocorre em decorrência de pelo menos uma das causas mencionadas no enunciado acima e devidamente comprovada

b) o fenômeno ocorre em decorrência de pelo menos duas das causas mencionadas no enunciado acima e devidamente comprovadas

c) o fenômeno, comprovadamente, traz consigo uma forma de discriminação comercial que, portanto, fere um dos princípios básicos do GATT/OMC

d) a entrada maciça desses produtos mais baratos ameaça a estabilidade de preços internos e, conseqüentemente, a estabilidade da moeda

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e) a entrada desses produtos mais baratos compromete o crescimento e mesmo a existência da produção nacional no setor

Resp.: Letra E.

Esta é a pior questão que eu já vi da ESAF.

No enunciado, eles AFIRMAM, não perguntam, AFIRMAM que o dumping pode ocorrer por:

1) causa da existência de excedentes de produção em grande escala (falso, o dumping não decorre de excedente de produção, mas normalmente do desejo de quebrar os concorrentes estrangeiros),

2) redução de tarifas para exportação (falso, para verificar dumping já se comparam os valores líquidos de impostos) e

3) concessão de subsídios, principalmente (falso, dumping e subsídio não se confundem).

A resposta até que está correta, pois as alíquotas antidumping somente podem ser criadas quando o dumping estiver trazendo danos ao país (letra E).

Mas veja que forma de elaboração horrorosa: Primeiro, afirmam três coisas no enunciado da questão e, nas respostas, perguntam: “Eu falei corretamente lá em cima?” Veja a letra A, por exemplo. Perceba que, se qualquer uma das três situações citadas no enunciado fosse verdadeira, a letra A estaria correta. Se a ESAF considerou a letra A incorreta (e o fez, pois a resposta foi a letra E), ela está se desdizendo. Afirma uma coisa no enunciado e, de forma camuflada, desdiz nas respostas.

Quem tenta entender o enunciado antes de começar a resolver a questão, TEM QUE aceitar o que eles colocaram no enunciado, já que não há nenhuma indicação neste de que o que foi escrito lá poderia estar errado.

(AFRF/2000) Sobre os Direitos Compensatórios, podem-se fazer todas as afirmativas abaixo, exceto que:

a) Uma investigação para ser iniciada necessita de uma determinação de uma autoridade da área competente.

b) Direitos compensatórios só podem ser impostos após uma investigação ter sido iniciada e conduzida de acordo com os dispositivos do Acordo sobre Medidas Compensatórias.

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c) Os membros devem assegurar que a imposição de direitos compensatórios sobre qualquer produto do território de outro membro e que seja importado para dentro de seu território esteja de acordo com o Artigo VI do Acordo Geral.

d) No caso de subsídios acionáveis que estejam causando dano material à indústria doméstica, o membro pode escolher aplicação de anti-subsídios ou medidas compensatórias.

e) A investigação deve ser encerrada se as autoridades envolvidas estiverem satisfeitas de que não existe evidência suficiente de subsídio ou de dano.

Resp.:

Quem recebe a petição de investigação? A SECEX.

Quem decide se abre a investigação? A SECEX.

Não há nenhum intermediário que tenha que autorizar o início da investigação. A SECEX não determina para ela mesma: “SECEX, você pode começar a investigar.” A SECEX se pauta pelas condições que são definidas no decreto que regulamenta o Acordo sobre Subsídios.

A letra A está, portanto, incorreta.

Para variar um pouco, a banca inventou: sugiro que você, caro aluno, entre nos sites de busca da Internet (Google, por exemplo) e digite “anti-subsídios”. Você vai encontrar anti-subsídios como sinônimo de medidas compensatórias. Pegue o Acordo sobre Subsídios. Pegue o Decreto 1.751/95. Se você não quiser pegar todos esses textos, eu já fiz isso e vou contar tudo o que eu encontrei sobre “anti-subsídio”: NADA. Não existe isto que foi escrito na opção da letra D. Isto aí é invenção.

Recurso foi feito. Não adiantou.

As outras letras estão corretas.

Na prova de AFRF/2005, caiu a questão 42 que trata de defesa comercial no Mercosul e de outros assuntos sobre Mercosul que só vamos estudar na última aula deste curso. Comento agora apenas aquele item que diz respeito à aula de hoje.

(AFRF/2005) 42- Assinale a opção incorreta.

a) No âmbito do Mercosul, adotou-se um regime para a aplicação de medidas de salvaguarda às importações provenientes de países não-membros do bloco.

b) ...

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c) ...

d) ...

e) ...

Resp.:

O gabarito foi a letra D, que não foi colocada aí, pois é de um assunto do Mercosul que ainda não foi estudado.

A alternativa A está correta, segundo o gabarito oficial.

No Mercosul foi editada a Decisão CMC 17, de 17 de dezembro de 1996, que define o “Regulamento relativo à aplicação de medidas de salvaguarda às importações provenientes de países não-membros do Mercosul”. No entanto, esta decisão ainda não entrou em vigor até este mês em que estamos (maio de 2009). Sendo assim, apesar de a banca ter considerado a opção correta, ela está, a meu ver, incorreta, pois a norma ainda não é aplicável. É errado dizer que o Mercosul “adota” um regime comum de aplicação de salvaguardas, se este ainda nem entrou em vigor.

Por meio desta norma, os países decidiram unificar os processos de investigação para aplicação das medidas de salvaguarda. A partir da sua entrada em vigor, os países seguirão o mesmo roteiro de investigação.

(AFRF/2005) 44- Assinale a opção correta.

a) A medida de salvaguarda, quando aplicada, deve incidir tão-somente em relação aos países responsáveis pelo surto de importação no país que adota a medida. A esse respeito, segundo o Acordo sobre Salvaguardas da OMC, a medida somente pode ser aplicada em relação aos países cuja participação no mercado do país importador seja igual ou superior a 30% (trinta por cento) em relação ao produto investigado.

b) Os pressupostos de aplicação das medidas de salvaguarda são: (i) surto de importações, (ii) existência de prejuízo grave à indústria nacional e (iii) nexo causal entre o surto de importações e o prejuízo grave à indústria nacional. A ameaça de prejuízo grave não é suficiente para dar ensejo à aplicação de uma medida de salvaguarda.

c) A China, que faz parte da Organização Mundial do Comércio, está sujeita à incidência de salvaguardas transitórias. Com base no Protocolo de Acessão do país à Organização, não é necessário o prejuízo grave para que se justifique uma salvaguarda contra a China, bastando, sob este quesito, a ocorrência ou ameaça de desorganização de mercado provocada pelo surto de importações chinesas.

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d) Como medida de defesa comercial que é, a salvaguarda não dá ensejo à compensação comercial para os países que vierem a ser prejudicados por sua aplicação.

e) O surto de importações, para que possa justificar a salvaguarda, precisa ser verificado em termos absolutos. Nesse sentido, não basta que o aumento significativo das importações se verifique apenas em comparação com a produção nacional.

Resposta: Letra C. Era só o que faltava: estudar o Protocolo de Acessão da China à OMC. E por que não o Protocolo da França, da Sérvia, da Espanha, de Portugal, da Argentina, dos EUA, ...?

Pelo texto desta aula, vemos que as letras A, B e E estão incorretas.

A alternativa D também está incorreta, pois assim dispõe o § 3o do artigo XIX do GATT:

(a) Se as partes contratantes interessadas não chegarem a um acordo sobre essas medidas [de salvaguarda], nada impedirá uma parte contratante, se o desejar, de adotar as medidas em questão ou de continuar a sua aplicação. Nesse caso, em até 90 dias contados de sua aplicação, será facultado às partes contratantes lesadas por essas medidas suspender, após prévio aviso de trinta dias dirigido às partes contratantes, a aplicação, ao comércio da parte contratante que tomou essas medidas, (...) de concessões ou outras obrigações substancialmente equivalentes, resultantes do presente acordo, desde que a suspensão não seja desaprovada pelas demais partes contratantes.

Portanto, o artigo XIX prevê que os países que se acharem prejudicados com a imposição de salvaguardas podem “suspender a aplicação de concessões ou outras obrigações”. Há apenas a condição de que esta retaliação não seja desaprovada pelos demais países signatários do GATT ou, atualmente, pelos países-membros da OMC.

(AFRF/2005) 45- A respeito de defesa comercial, assinale a opção correta.

a) Caso não seja possível o cálculo do preço de exportação, ou caso o preço seja duvidoso segundo os parâmetros da legislação aplicável, o preço de exportação do produto investigado pode ser construído pela autoridade investigadora para fins de constatação da prática do dumping.

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b) Para neutralizar a prática do dumping, o país prejudicado pode aplicar uma medida antidumping, respeitando o princípio da não-seletividade, ou seja, a aplicação da medida deverá atingir todas as importações do produto em questão, não importando sua procedência.

c) Segundo as normas da OMC, pratica dumping a empresa que vende no mercado de outro país abaixo do seu preço de custo.

d) Para a aplicação da medida antidumping é necessária a comprovação do dolo específico, ou seja, do objetivo da empresa estrangeira de eliminar ou restringir a ação da concorrência no país importador.

e) A aplicação da medida antidumping pode ser feita de modo tanto qualitativo, por meio de um direito antidumping ad valorem ou específico, ou de modo quantitativo, ou seja, por meio da definição de uma cota que restrinja o ingresso do produto no mercado do país importador.

Resp.: Letra A.

A letra B está incorreta, pois uma medida anti-dumping somente poderá ser adotada contra o agente do dumping.

A letra C está incorreta, pois pratica dumping aquele que vende mercadorias por um preço abaixo do preço de venda, e não do preço de custo.

A letra D está incorreta porque os elementos são: o dumping, o dano e o nexo causal. Não se avalia a intenção, mas apenas provas positivas. O dolo é inerente ao dumping, mas não se comprova o dolo e sim o dumping.

A letra E está incorreta porque a defesa é sempre na forma de alíquota anti-dumping.

(TRF-2005) 25- A medida de defesa comercial que restringe as importações de um determinado produto, cujo surto de importações esteja causando dano ou ameaça de dano à indústria doméstica, é denominada: a) medida antidumping. b) medida compensatória. c) salvaguarda. d) drawback. e) cota às importações. Resposta: Letra C. Um abraço, Rodrigo Luz