aula 12 ato administrativo - parte ii · 2019. 4. 29. · atos de império: atos de coerção...
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Aula 14 Ato Administrativo -
Parte III
Prof. Manoel Messias Peixinho
Fernanda A. K. Chianca
Classificação dos Atos Administrativos
Critério dos
Destinatários
Atos Gerais (normativos): regulam quantidade
indeterminada de pessoas que se encontram em
mesma situação jurídica. Possuem aspectos de
generalidade, abstração e impessoalidade (Exemplos:
Regulamentos, instruções normativas etc.)
Atos Individuais: regulam situações jurídicas
concretas, consequentemente, possuem destinatários
individualizados mesmo que coletivamente (Exemplos:
licença de construção e porte de arma).
Classificação dos Atos Administrativos- jurisprudência
“Atos normativos têm como características essenciais a abstração, a generalidade e a impessoalidade dos comandos neles contidos. São, portanto, expedidos sem destinatários determinados e com finalidade normativa, alcançando todos os sujeitos que se encontram na mesma situação de fato abrangida por seus preceitos. O decreto legislativo que estabelece a suspensão do andamento de uma certa ação penal movida contra determinado deputado estadual não possui qualquer predicado de ato normativo. O que se tem é ato individual e concreto, com todas as características de ato administrativo de efeitos subjetivos limitados a um destinatário determinado. Atos dessa natureza não se submetem, em princípio, à norma do art. 97 da CF/88, nem estão, portanto, subordinados à orientação da Súmula Vinculante 10” (STF, Rcl 18165 AgR /RR, Min. Min. Teori Zavascki, DJe 10-05-2017).
Classificação dos Atos Administrativos
Critério das
Prerrogativas
Atos de Império: atos de coerção legitimados do poder de
império do Estado (Exemplos: decreto de desapropriação,
Interdição de um estabelecimento comercial)
Atos de Gestão: atuação do Estado no mesmo plano
jurídico dos particulares no que tange gestão da coisa
pública. Não possuem coercibilidade e reclamam, na
maioria das vezes, soluções negociadas (Exemplos:
contratos privados celebrados pela Administração Pública).
Classificação dos Atos Administrativos- jurisprudência
“No entanto, a jurisprudência também preconiza que os "Atos de gestão são os que a Administração pratica sem usar de sua supremacia sobre os destinatários. Tal ocorre nos atos puramente de administração dos bens e serviços públicos e nos negociais com os particulares, que não exigem coerção sobre os interessados. (...) A novel Lei do Mandado de Segurança nº 12.026/2009 sedimentou o entendimento jurisprudencial do descabimento do mandado de segurança contra ato de gestão, em seu art. 1º, par. 2º, in verbis: 'Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionária de serviço público' (...)” (STJ, AgInt no REsp 1011912 / MG, Min. Assusete Magalhães, Segunda Turma, DJe 04/05/2017).
Classificação dos Atos Administrativos
Critério da
Liberdade de
Ação
Atos Vinculados: quando o administrador público
não possui liberdade de apreciação de conduta
quando limitado por lei. Não há, portanto, qualquer
subjetivismo ou valoração (Exemplo: licença para
exercer profissão regulamentada em lei) .
Atos Discricionários: quando a lei autoriza o agente
a proceder a partir de avaliação de conduta que, por
óbvio, deverá tomar em consideração a inafastável
finalidade do ato (Exemplos: autorização, permissão e
aprovação).
Classificação dos Atos Administrativos - jurisprudência
“A antiga doutrina que vedava ao Judiciário analisar o mérito dos atos da Administração, que gozava de tanto prestígio, não pode mais ser aceita como dogma ou axioma jurídico, eis que obstaria, por si só, a apreciação da motivação daqueles atos, importando, ipso facto, na exclusão apriorística do controle dos desvios e abusos de poder, o que seria incompatível com o atual estágio de desenvolvimento da Ciência Jurídica e do seu propósito de estabelecer controles sobre os atos praticados pela Administração Pública, quer sejam vinculados (controle de legalidade), quer sejam discricionários (controle de legitimidade)” (STJ, AgRg no AgRg no REsp 1213843/PR, Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, DJe 14/09/2012). “A decisão que excluiu o recorrente das fileiras da Polícia Militar estadual está forrada em procedimento administrativo cuja legitimidade não fora atacada. À vista disso, tratando-se de ato vinculado, não estaria esse suscetível ao poder discricionário do administrador, motivo pelo qual não caberia ali a revogação promovida pelo Comandante-Geral da Corporação". Como leciona Celso Antônio Bandeira de Mello: "Atos vinculados seriam aqueles em que, por existir prévia e objetiva tipificação legal do único possível comportamento da Administração em face de situação igualmente prevista em termo de objetividade absoluta, a Administração, ao expedi-los, não interfere com a apreciação subjetiva alguma. Atos discricionários, pelo contrário, seriam os que a Administração pratica com certa margem de liberdade de avaliação ou decisão, segundo critérios de conveniência e oportunidade formulados por ela mesma, ainda que adstrita à lei reguladora da expedição deles". (Curso de Direito Administrativo, 13.ª ed., Malheiros Editores, São Paulo, 2001, p. 383)” (STJ, RMS 19996 / RJ, Min Og Fernandes, Sexta turma, DJe 30/11/2009).
Classificação dos Atos Administrativos
Critério da
Intervenção da
Vontade
Administrativa
Atos Simples: atos emanados da vontade de um só agente ou de um
só órgão (Exemplo: decisão proferida por meio de acórdão
administrativo).
Atos Compostos: atos que não se compõe de vontades autônomas,
embora múltiplas Há uma só vontade de conteúdo próprio, sendo as
demais meramente instrumentais porque se limitam à verificação de
legitimidade do ato de conteúdo próprio. (Exemplo: um ato de
autorização sujeito a outro ato confirmatório).
Atos Complexos: atos cuja vontade final da Administração exige
intervenção de agentes ou órgãos diversos, havendo autonomia ou
conteúdo próprio em cada uma dessas manifestações (Exemplo: a
investidura do Ministro do STF se inicia pela escolha do Presidente da
República, passa pela aferição do Senado e culmina com a nomeação) .
Classificação dos Atos Administrativos
Critério dos
Efeitos
Atos Constitutivos: alteram uma relação jurídica através da criação,
modificação ou extinção de direitos (Exemplos: Permissão para
construir, alteração unilateral de um contrato administrativo e
anulação de um contrato de concessão administrativa)
Atos Declaratórios: declaram uma situação preexistente
(Exemplos: Outorga de uma certidão de tempo de serviço.
Atos Enunciativos: indicam juízos de valor e, portanto, dependem
de outros atos de caráter decisório (Exemplos: Pareceres jurídicos
opinativos).
Classificação dos Atos Administrativos
Critério da
Retratabilidade
Atos Revogáveis: quando a Administração pode
expungir do mundo jurídico e fazer cessar os seus
efeitos em decorrência de critério meramente
administrativo(Exemplo: revogação de um ato
administrativo discricionário por ser precário).
Atos Irrevogáveis: quando a Administração não pode
retirar do mundo jurídico por razões administrativas
ligadas a sua conveniência e oportunidade (Exemplo:
ato administrativo vinculado que não é passível de
revogação por ser estável)
Classificação dos Atos Administrativos -Jurisprudência “O Tribunal de origem consignou que a supressão do percentual de 26,05% decorreu de decisão proferida pelo Tribunal de Contas da União no julgamento da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria. Assim, não se constata ofensa, mas consonância com o disposto na Súmula Vinculante 3/STF, in verbis: "Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão". A aposentadoria do servidor público, por ser ato administrativo complexo, só se perfaz com a sua confirmação pelo respectivo Tribunal de Contas, iniciando-se, então, o prazo decadencial para a Administração rever a concessão do benefício. 4. O Superior Tribunal de Justiça possui entendimento no sentido de que é possível a supressão do índice de 26,05% relativo à URP de 1989 incorporado, em decorrência de sentença trabalhista transitada em julgado, e revisto em razão do advento de novo regime jurídico”(STJ, REsp 1693600/RJ, Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 19/12/2017).
Classificação dos Atos Administrativos
Critério da Auto-
executoriedade
Atos auto-executórios: possuem idoneidade
jurídica para serem executados tão logo praticados
pela Administração. Não dependem de autorização
prévia (Exemplo: atos de organização
administrativa como portarias, circulares e
instruções) .
Atos não auto-executórios: somente poderão ser
executados pela Administração por via indireta, ou
seja, recorrendo ao Judiciário (Exemplo: multa –
depois de aplicada só pode ser cobrada do
transgressor por via judicial) .
Classificação dos Atos Administrativos - Jurisprudência
“Com a publicação do ato administrativo, produzem-se os efeitos jurídicos dele esperado (atributo da autoexecutoriedade dos atos administrativos), não dependendo a atuação administrativa de ato de terceiros para concretizar sua carga eficacial”(STJ, AgInt no RMS 57607 / DF, Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 06/03/2019). “O legítimo exercício do poder de polícia é imbuído de autoexecutoriedade, dispensa ordem judicial, nesse aspecto, diante da flagrante irregularidade - construção erigida em área de uso comum do povo e de desova de tartarugas -, o poder público tem o poder e o dever de realizar a notificação e o embargo do empreendimento” (STJ, REsp 1706625 /RN, Min. Og Fernandes, Segunda Turma, DJe 18/09/2018).
Classificação dos Atos Administrativos
Critério Atos Atos Atos
Destinatários Gerais Individuais -
Prerrogativas Império Gestão -
Liberdade de ação Vinculados Discricionários -
Intervenção da vontade
administrativa Simples Complexos Compostos
Efeitos Constitutivos Declaratórios Enunciativos
Retratabilidade Revogáveis Irrevogáveis -
Auto-executoriedade
Auto-executórios Não Auto-
executórios -
Referências
Para explorar o tema de forma mais profunda, apresentamos
abaixo a bibliografia utilizada na elaboração da aula, bem como
demais links para acesso a outros conteúdos relativos ao tema:
FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2016, p. 101-177. GASPARINI, Diógneses. Direito Administrativo. 10ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, p. 21). MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, 31ª Edição, pág. 166.