aula 1 avançada

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 CURSO COMPLETO DE DIREITO PENAL PARAS AS CARREIRAS POLICIAIS LÚCIO VALENTE Página 1 AULA PRIMEIRA ([email protected]/msn :  [email protected]) Olá amigos, Sejam muito bem-vindos ao nosso curso de Direito Pe nal. Não se esqueçam de me enviar todas as dúvidas pelo Facebook (grupo: LÚCIO VALENTE   DIREITO PENAL). As sugestões e crític as também serão sempr e bem recebidas. É muito importante que você obedeça a técnica de estudo apresentada para este curso: Técnica de estudo: 1º Faça uma primeira leitura da aula, buscando apenas um primeiro contato com os tópicos. Nesse momento, sublinhe apenas palavras e termos desconhecidos. Tempo estimado: 30 min. 2º Faça nova leitura da aula. Nesse momento, o aluno deve compreender cada ponto (perceba que divido minha aula em pontos, sendo que cada um traz uma ideia central). Descubra o significado dos termos desconhecidos. Tempo estimado: 2 horas. 3º Faça um resumo com as ideias centrais de cada ponto com palavras- chave ou na forma de perguntas e respostas (ex.: Ponto 10: O que é conduta? R: é a ação ou omissão humana consciente e voluntária voltada para uma finalidade ).

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CURSO COMPLETO DE DIREITO PENAL PARAS AS CARREIRAS POLICIAIS

LÚCIO VALENTE 

Página 1

AULA PRIMEIRA

([email protected]/msn: [email protected])

Olá amigos,

Sejam muito bem-vindos ao nosso curso de Direito Penal. Não se

esqueçam de me enviar todas as dúvidas pelo Facebook (grupo: LÚCIO VALENTE  – 

DIREITO PENAL). As sugestões e críticas também serão sempre bem recebidas.

É muito importante que você obedeça a técnica de estudo apresentada

para este curso:

Técnica de estudo:

1º Faça uma primeira leitura da aula, buscando apenas um primeiro

contato com os tópicos. Nesse momento, sublinhe apenas palavras e termos

desconhecidos.

Tempo estimado: 30 min.

2º Faça nova leitura da aula. Nesse momento, o aluno deve

compreender cada ponto (perceba que divido minha aula em pontos, sendo que cada

um traz uma ideia central). Descubra o significado dos termos desconhecidos.

Tempo estimado: 2 horas.

3º Faça um resumo com as ideias centrais de cada ponto com palavras-

chave ou na forma de perguntas e respostas (ex.: Ponto 10: O que é conduta? R: é a

ação ou omissão humana consciente e voluntária voltada para uma finalidade).

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Tempo estimado: 1 hora.

4º Memorize as palavras-chave ou as respostas.

Tempo estimado: 1 a 2 horas.

Obs.: peça pra alguém lhe “tomar” a aula ou finja que está ensinando

para alguém o que aprendeu (seu cachorro pode ser um ótimo aprendiz!).

5ª Estude as questões. Não as use como forma de teste. Leia cada uma

buscando as respostas no texto da aula ou nos comentários respectivos.

Tempo: 1h30min

6º Antes da aula seguinte, revise a aula estudada.

Tempo: 10 minutos.

7º Faça revisões semanais de todas as aulas já estudadas. Para isso,

releia seu resumo e só volte ao texto da aula quando precisar recordar determinados

pontos.

Obs.: divida o estudo da aula em, pelo menos, dois dias (ex.: 1º dia:

leitura e resumo; 2º dia: memorização e questões).

Antes de iniciarmos a primeira aula, solicito ao aluno que relembre

comigo a estrutura do crime apresentada na aula zero (demonstrativa).

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Perceba que estamos estudando o fato típico. Dentro do fato típico

estamos estudando a conduta. Já estudamos que a conduta é a “ação ou omissão,

humana, consciente, voluntária e com finalidade”. Já estudamos (1) ação e omissão

{própria e imprópria}; (2) praticada por ser humano; (3) consciente; (4) voluntária; (5)

finalística.

Veja o gráfico:

1.  Formas de conduta típica – Dolo e Culpa

O estudo do dolo e da culpa no âmbito da conduta é uma conveniência

didática. Na verdade, o dolo e a culpa são realidades típicas, leia-se, são elementos

pertencentes ao tipo penal e não à conduta. De fato, podemos afirmar que José agiu

fato típico

CONDUTA: (1) ação e omissão

{própria e imprópria}; (2) praticada

por ser humano; (3) consciente; (4)

voluntária; (5) finalística. 

resultado

nexo causal

tipicidade

ilicitude

estado de

necessidade

legítimadefesa

estrito

cumprimento

do dever legal

exercício

regular do

direito

culpabilidade

imputabilidade

potencialconsciência

da ilicitude

exigibilidade

de conduta

diversa

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com dolo ao matar João, mas não poderíamos dizer que José agiu com dolo ao beber

água para matar a sede. Claro, porque “matar a sede” não é algo previsto como uma

conduta típica, mas “matar alguém” sim. 

A conduta penalmente relevante deve ser necessariamente típica, diga-

se, deve encontrar adequação a determinado tipo penal. Esse fenômeno somente podeocorrer com a existência de dolo ou culpa descritos nos tipos penais.

A conduta de disparar arma de fogo, como exemplo, pode ou não ter

relevância típica. Se tal ação ocorrer em um stand de tiros, durante treinamento militar,

será apenas mais uma conduta humana. Caso essa conduta ocorra em via pública (ex.:

pessoa que efetua disparo de arma de fogo para o alto) encontrará adequação a um tipo

descrito no Estatuto do Desarmamento. Nesse caso, a conduta dolosa está descrita no

tipo penal, trazendo relevância para o estudo do dolo.

Dessa forma, a abordagem que faço da conduta é do ponto de vista

  jurídico-penal. Não falo aqui de qualquer conduta, mas somente daquela com

relevância típica. E conduta com relevância típica significa que ela está relacionada a

determinado tipo penal. De tal modo, não nos interessa a conduta de “pular”, mas nos

interessa muito a conduta de quem pula por sobre alguém causando-lhe lesões

corporais. Essa última é conduta com relevância típica.

É que os finalistas dividem o tipo penal em duas partes: a objetiva e a

subjetiva. A primeira conteria os aspectos objetivos do tipo (conduta, resultado

material, nexo causal etc.). A parte subjetiva do tipo estaria relacionada com a

representação anímica do agente (dolo e outros eventuais requisitos subjetivos). Pelo

princípio da congruência, a adequação típica (tipicidade) depende do encontro dessas

duas partes perfeitamente ajustadas.

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Essa concepção importa em demonstrar que a existência ou não do dolo

pode levar a adequação da conduta para tipos penais distintos. Existem tipos que

possuem apenas a forma dolosa (como no delito de dano); há outros que admitem

apenas a conduta culposa (ex.: homicídio culposo na direção de veículo automotor); há

outros, ainda, que admitem as duas formas (como no homicídio comum doloso e

culposo).

Se José, por exemplo, atropela dolosamente João desejando-lhe a morte,

não poderá ter cometido um delito de trânsito, uma vez que o tipo respectivo não

admite a forma dolosa. A adequação ocorrerá, deste modo, ao tipo do art. 121 do

Código Penal. Veja a seguinte questão:

( CESPE - 2011 - PC-ES - Delegado de Polícia ) É admissível a

denominação de crime de trânsito para a conduta de dano cometida com dolo, a

exemplo daquele que, intencionalmente, utiliza o seu veículo para a prática de um

crime.

Resposta: errado.

Feitas essas observações, prefiro manter o estudo do dolo e da culpa na

conduta (típica), por ser didaticamente mais adequado.1 

Muito bem. Como eu já tive a oportunidade de explicar, a conduta pode

ser praticada por um fazer (ação) ou um não fazer (omissão). Ocorre que determinada

1 O professor Cleber Masson (Direito Penal Esquematizado, 4ª Edição, Ed, Método, pg. 263) assiminicia seu estudo de dolo: “ O dolo, no conceito finalista de conduta, integra a conduta. Pode, assim, serconceituado como elemento subjetivo do tipo. É implícito e inerente a todo crime doloso.” (grifei) 

Como expliquei, o dolo pertence ao tipo e, por consequencia, à conduta típica dolosa (conduta descritano tipo penal doloso).

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conduta típica ativa ou omissiva pode ainda ser classificada como dolosa ou culposa. É

isso que vamos ver a partir de agora.

2.  O Dolo: O Código Penal prevê o conceito de dolo em seu artigo 18,

da seguinte maneira: 

“Diz-se o crime: I - doloso, quando o agente quis o resultado (dolo

direto) ou assumiu o risco de produzi-lo (dolo eventual)”. Art. 18 do CPB. 

Como se vê, a lei previu apenas duas hipóteses de “dolo”: o direto e o

eventual. 

3.  Há no conceito de dolo dado pelo artigo 18 do CPB duas teorias

que o explicam: a teoria da vontade (querer o resultado) e a teoria do assentimento ou

da aceitação (assumir o risco de produzir o resultado). Portanto, é doloso tanto quem,

por exemplo, quer matar, como quem, mesmo não querendo, assume o risco de

produzir o resultado morte. 

TEORIAS DO DOLO

TEORIA DA VONTADE

(DOLO DIRETO)

Querer o resultado

TEORIA DOASSENTIMENTO

(DOLO EVENTUAL)

Aceitação do resultado

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Segundo a redação do artigo 18, I, do Código Penal (“Diz-se o crime: I –  

doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo”), é possível 

concluir que foi adotada (Delegado de Polícia/NCE-UFRJ/PCDF/2005):

a) a teoria do assentimento;

b) a teoria da representação;

c) as teorias do assentimento e da representação;

d) as teorias do assentimento e da vontade;

e) as teorias da representação e da vontade.

RESPOSTA: D

Vamos iniciar o estudo a partir dessa classificação feita pela lei. Após,

veremos classificações para o dolo dadas pela doutrina e que, por isso, são comuns em

provas. Só gostaria de ressaltar que, basicamente, o dolo ou é direto ou é eventual.

Qualquer outra classificação de dolo é meramente doutrinária.

Preparado? Então, vamos lá!

4.  Dolo direto (o sujeito quer o resultado)

Sábado, dia 24 de dezembro, véspera de Natal. Imagine-se tentando

estacionar seu veículo no Park Shopping. Dá stress só de pensar, não é mesmo?

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Um velho senhor chega com seu carro para comprar o presente do neto.

Após rodar por mais de uma hora a procura por uma vaga, eis que surge uma luz de ré. É

um carro saindo e liberando uma vaga.

Aquele senhor espera o carro sair com seta ligada, indicando que vai

estacionar naquele local. Quando vai parar seu carro, outro sujeito acelera e coloca ocarro na vaga que ele estava esperando.

- Amigo, me desculpe, mas eu estava esperando essa vaga!

- “Qualé” tio, o mundo é dos “eshhpertoshh”! Procura outra vaga!

Então, o rapaz sai caminhando rindo do velho senhor.

Aquele senhor que nunca antes havia praticado qualquer crime em sua

vida, acelera o carro e atropela o rapaz. Após, engata a marcha ré e o atropelanovamente. Por fim, engata a primeira marcha e o atropela pela terceira vez para ter

certeza que o matou.

Aquele senhor quis matar a vítima?

Bom, se ele não quis, eu não sei mais o que é querer!

Como o diz o povão: “ele quis DE COM FORÇA!” 

Esse é, portanto, o Dolo Direto. No caso, o agente dirigiu sua vontadefinal para o resultado criminoso. Diga-se, ele quis o resultado criminoso. DOLO DIRETO

SIGNIFICA QUERER O RESULTADO DESCRITO NO TIPO.

5.  Como se vê, o dolo direto exige dois elementos para sua

configuração:

a.  Um elemento intelectual: conhecimento atual das circunstâncias

de fato do tipo penal (ex.: José sabe que “mata alguém”). O desconhecimento atual de

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circunstâncias fáticas (leia-se do fato concreto) leva ao denominado “erro de tipo”, que

afasta o dolo (ex.: José, ao matar alguém, pensa que mata uma onça).

b.  Um elemento volitivo: representado por “querer”

incondicionalmente o resultado descrito no tipo penal (Ex.: José efetua disparo contra

João, sabendo tratar-se de uma pessoa (elemento intelectual) e pretendendo ceifar sua

vida (elemento volitivo)).Obs.: a vontade de ser capaz de causar fisicamente o resultado real,

permitindo definir o resultado típico como “obra do autor”. Assim, se José envia João

para um passeio de barco querendo sua morte, mas não se envolve em nenhum ato que

leve a esse resultado, o naufrágio causado por uma forte e inesperada tempestade não

pode ser atribuído a José. O resultado, como se vê, é obra do acaso e não da conduta do

autor, que não poderá responder pela morte. Nesse ponto, podemos dizer que José

“desejou” a morte de João, o que não é suficiente para caracterizar o dolo.

A “teoria da imputação objetiva”, como veremos, pretende explicar

essa não imputação com critérios diferentes. Voltaremos ao tema em momento

oportuno.

Quais são os elementos do dolo direto?

Diferencie “desejo” de causar o resultado de “vontade” dirigida ao

resultado.

6.  Nesse querer do dolo direto, estão implícitas duas situações: o

resultado e o meio para esse resultado. Desse raciocínio nascem dois tipos de dolosdiretos, o dolo direto de primeiro grau e o dolo direto de segundo grau. Vamos lá,

então:

7.  O dolo direto pode ser subdividido em:

  DOLO DIRETO DE PRIMEIRO GRAU: a vontade abrange o resultado

típico como fim em si; 

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  DOLO DIRETO DE SEGUNDO GRAU (OU DE CONSEQUÊNCIAS

NECESSÁRIAS): o resultado típico é uma consequência necessária dos meios eleitos

(escolhidos) para o cometimento do crime.

Para Hans Welzel, idealizador da teoria finalista da ação, a vontade final

do agente abarca também os efeitos concomitantes da conduta. A explicação seria a deque quando o ser humano age, ele calcula, em certa medida, os efeitos colaterais de seu

ato.

O exemplo seria aquele em que o sujeito quer matar o presidente que

está em um avião. Para isso, coloca uma bomba no avião e acaba matando, além do

presidente, outras pessoas que ali estavam. Ao eleger como ação final a morte da vítima

por explosão da aeronave, considerou segura ou, no mínimo, contou como certa, a

morte das outras vítimas. O resultado é, assim, resultado do seu “querer” final.

Observe!

O Dolo direto de primeiro grau existe em relação à morte do presidente.

O Dolo direto de segundo grau existe em relação às outras pessoas que

morrerão, porquanto era uma consequência necessária da conduta, dentro do que foi

planejado. 

Igualmente, no caso do assassínio de irmãos xifópagos (siameses). Dentro

do querer matar um dos irmãos, o autor, automaticamente, “quer” indiretamente amorte do outro, sendo essa uma consequência necessária de seu ato.

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Outro exemplo de dolo direto de 2º grau:

O agente quer afundar seu barco para receber o seguro, o que

configuraria fraude para recebimento de seguro (Art. 171, inciso V, do CPB). Ele tem

certeza que quando fizer isso vai acabar matando seu funcionário que pilota a

embarcação. Bom, se ao afundar o barco ele teve certeza que ia matar o funcionário,

ele de certa forma também QUIS a morte do rapaz.

Dolo direto de primeiro grau em relação à fraude e dolo direto de

segundo grau em relação à morte.

8.  Mas, Valente, o dolo direto de segundo grau é muito parecido com

o dolo eventual (quando o agente aceita ou assume o risco)!

Sim, é verdade! Mas no dolo direto de segundo grau ele tem certeza que

a consequência necessária para a finalidade dela ocorrerá. Já no dolo eventual, o

resultado pode “eventualmente ocorrer”. 

DOLO DIRETO

O AGENTE QUER ORESULTADO CRIMINOSO

DOLO DIRETO DEPRIMEIRO GRAU = A

VONTADE SE REALIZACOM A PRODUÇÃO DO

RESULTADO FINAL

DOLO DIRETO DESEGUNDO GRAU = SÃO

AS CONSEQUÊNCIASNECESSÁRIAS DA AÇÃO

DO AGENTE

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POR EXEMPLO, SE ACELERO O MEU CARRO A 160 KM/H EM ÁREA

ESCOLAR E SOU INTERPELADO PELO CARONA QUE DIZ: “VALENTE, DESSE JEITO VOCÊ

VAI ACABAR MATANDO UMA CRIANÇA QUE EVENTUALMENTE ATRAVESSE A RUA”. SE

MINHA RESPOSTA FOR: “DANE-SE! SE OCORRER, TANTO PIOR PRA ELA!” ESTOU AGINDO

COM DOLO EVENTUAL, OU SEJA, PODE SER QUE OCORRA OU NÃO.

Bom, para que você compreenda isso melhor, vamos ao estudo do dolo

eventual.

9.  Dolo indireto (eventual) - (não quer o resultado, mas aceitacorrer o risco.) 

Caso dos mendigos Russos (Löffler):  Durante a Revolução Russa

(Revolução Socialista de Lênin, 1917), mendigos mutilavam seus filhos para aumentar a

compaixão pública. Ao fazê-lo o pedinte toma como possível a morte do filho, mas isso

não o detém de praticar o ato – dolo eventual, portanto.

DOLO DIRETO DE 1ºGRAU X DOLO EVENTUAL

DOLO DIRETO DE 1ºGRAU = É UMACONSEQUÊNCIA CERTADA MINHA FINALIDADE

(GRANDE GRAU DECERTEZA)

DOLO EVENTUAL = PODESER QUE OCORRA OU

NÃO (APENASPOSSIBILIDADE) 

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Perceba que o mendigo não quer que a criança morra, até porque seria

pior para conseguir esmolas, já que a cena de uma criança sempre toca as pessoas. Mas,

no caso concreto, se você perguntasse ao mendigo: “Você não vê que esta criança pode

pegar uma infecção em meio a tanta sujeira?” Ele pode responder: “Bom, se morrer,

pior pra ela. Seja como for, não paro a minha conduta. Ou seja, DANE-SE!” 

Outro exemplo seria do médico que não possui especialidade em cirurgia,

mas resolve, mesmo assim, submeter um paciente a cirurgia de lipoaspiração. O médico

tem consciência que pode levar o paciente à morte, mas isso não impede de prosseguir,

uma vez que receberá um bom dinheiro pela cirurgia. O médico pensa com ele mesmo:

-“Bom, querer matar eu não quero, mas se a paciente morrer tanto pior

para ela! Dane-se!” 

Nas duas situações o agente aceita a produção do resultado. Diga-se,percebe que é possível a ocorrência do resultado gravoso e assume o risco de produzir

esse mesmo resultado.

Como se vê, no dolo eventual, o agente prevê a possibilidade do

resultado criminoso, mas não o quer diretamente. Em verdade, pode ser que o

resultado criminoso seja até desinteressante para o agente (no caso do mendigo russo,

perder a criança poderia significar menos esmolas), porém a previsão da ocorrência do

resultado não impede que o agente prossiga em sua conduta. É como se dissesse para si

mesmo: “haja o que houver, ocorra o que ocorrer, não paro minha conduta”. 

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(Analista – MPU – 2007) João, dirigindo um automóvel, com pressa de

chegar ao seu destino, avançou com o veículo contra uma multidão, consciente do

risco de ocasionar a morte de um ou mais pedestres, mas sem se importar com essa

possibilidade, João agiu com

a) culpa

b) dolo indireto

c) culpa consciente

d) dolo eventual

Resposta: D

( FCC - 2010 - TRE-AL - Analista Judiciário-adaptada )  Há dolo eventual

quando o agente, embora prevendo o resultado, não quer que ele ocorra nem assume

o risco de produzi-lo.

Resposta: Errado

10.  Neste momento, preciso falar uma coisa importante: o

posicionamento dos tribunais, em maioria, é de que o dolo direto e o dolo eventual são

DOLOEVENTUAL

PREVISÃO DORESULTADO +ACEITAÇÃO

DESSERESULTADOPREVISTO

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equiparados pela lei. Quero dizer, tudo que cabe para o dolo direto, cabe para o dolo

eventual. 

Diz o Ministro Francisco Campos na Exposição de Motivos do Código de

1940:

“Segundo o preceito do art. 15, I, o dolo existe não só quando o agente

quer diretamente o resultado (effetus sceleris), como assume o risco de produzi-lo. O

dolo eventual é, assim, plenamente equiparado ao dolo direto. É inegável que arriscar-

se conscientemente a produzir um evento vale tanto quanto querê-lo.”  Assim, a lei

equiparou o dolo direto ao eventual, não sendo correto dizer que um é mais grave do

que o outro.” 

Valente, qual a importância disso?

Isso é importante para você acertar questões como a seguinte:

( CESPE - 2010 - DPU - Defensor Público ) Em se tratando de homicídio, é

incompatível o domínio de violenta emoção com o dolo eventual.

Antes de qualquer coisa, lembre-se que a assertiva está se referindo a

uma causa de diminuição de pena existente no homicídio que é: “  praticar o fato sob

domínio de violenta emoção, logo após a injusta provocação da vítima” (Art. 121, § 1º,

CPB).

Realmente, é difícil pensar nessa causa de diminuição com dolo eventual.

Mas, pense na situação do sujeito que tem seu inimigo em frente a seu carro,

impedindo a passagem e, ao mesmo tempo, xingando a vítima de “corno” na presença

dos filhos deste. O motorista acelera o carro, dominado por violenta emoção provocada

por ato injusto da vítima, assumindo o risco de matá-la. Ao praticar tal conduta, acaba

por causar sua morte.

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Eu disse que: “TUDO QUE CABE PARA O DOLO DIRETO, CABE PARA O

EVENTUAL.” Então não tenha dúvida de marcar a questão como ERRADA. Ou seja, é

plenamente compatível o dolo eventual como “domínio de violenta emoção”. 

Outra pergunta: cabe tentativa em dolo eventual?

A doutrina se divide, mas marque na prova como te ensinei: TUDO QUE

CABE PARA O DOLO DIREITO, CABE PARA O EVENTUAL. A resposta é sim, portanto.

Dica: sempre que o cespe afirmar que “cabe determinada situação para

o dolo eventual”, como nos exemplos acima, a resposta será CORRETA. 

11.  Posição divergente: o STF, no entanto, entende ser incompatível o

dolo eventual com a qualificadora do homicídio consistente em praticar o fato com

recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido.

INFORMATIVO Nº 618 

TÍTULO 

Dolo eventual e qualificadora: incompatibilidade

TUDO QUE COUBERPARA O DOLO DIRETO,

CABERÁ PARA O DOLOEVENTUAL

Cabe tentativa emdolo eventual

O dolo eventual écompatível com

qualquer qualificadorado homicídio

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ARTIGO 

São incompatíveis o dolo eventual e a qualificadora prevista no inciso IV do § 2º do

art. 121 do CP (“§ 2º Se o homicídio é cometido: ... IV - à traição, de emboscada ou

mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do

ofendido”). Com base nesse entendimento, a 2ª Turma deferiu habeas corpus 

impetrado em favor de condenado à pena de reclusão em regime integralmente

fechado pela prática de homicídio qualificado descrito no artigo referido. Na espécie, o

paciente fora pronunciado por dirigir veículo, em alta velocidade, e, ao avançar sobre a

calçada, atropelara casal de transeuntes, evadindo-se sem prestar socorro às vítimas.

Concluiu-se pela ausência do dolo específico, imprescindível à configuração da citada

qualificadora e, em conseqüência, determinou-se sua exclusão da sentença

condenatória. Precedente citado: HC 86163/SP (DJU de 3.2.2006). HC 95136/PR, rel.

Min. Joaquim Barbosa, 1º.3.2011. (HC-95136)

O dolo eventual, como falei, é em tudo equiparável ao dolo direto.

Recentemente, por exemplo, ocorreu um fato em Porto Alegre que todos irão se

lembrar. Um motorista avançou sobre ciclistas que faziam protesto em uma via pública

da capital gaúcha (Veja o vídeo:

http://www.youtube.com/watch?v=8Z2V4BNcLgo&feature=related).

Não tenho dúvidas em afirmar que o agente agiu com dolo eventual e

deverá, portanto, responder por tentativa de homicídio qualificado pelo recurso que

impossibilitou a defesa do ofendido. Não vejo, dessa forma, qualquer incompatibilidade

entre os institutos e penso estar muito bem acompanhado pelo STJ. Senão, vejamos

 julgado recente:

Consoante já se manifestou esta Corte Superior de Justiça, a qualificadora

prevista no inciso IV do § 2.º do art. 121 do Código Penal é, em princípio, compatível

com o dolo eventual, tendo em vista que o agente, embora prevendo o resultado morte,

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pode, dadas as circunstâncias do caso concreto, anuir com a sua possível ocorrência,

utilizando-se de meio que surpreenda a vítima (STJ, HC 120.175/SC, DJe 29/03/2010)

De qualquer sorte, o posicionamento apresentado pela Turma do STF

deverá ser considerado para provas futuras, apesar de não ser jurisprudência

majoritária. O fato é que os examinadores não têm feito diferenciação entre“jurisprudência” (decisão reiterada de um Tribunal dando determinada interpretação a

um instituto jurídico no fato concreto) de “precedente” (decisão ou decisões não

reiteradas de órgão singular ou colegiado de Tribunal).

12.  Elementos subjetivos especiais

José, médico ginecologista, é procurado por Maria para realização de

exame clínico. José solicita que Maria se deite em uma cama em posição ginecológica.

Então, após calçar a luva, introduz o dedo indicador na vagina de Maria.

Podemos afirmar, com certeza, que José consciente e voluntariamente

introduziu seu dedo na vagina de Maria. Tem, por conseguinte, conhecimento e vontade

de praticar um crime?

Em princípio, não. Veja que o especial fim de agir de José, suas intenções,

suas tendências internas, suas atitudes psicológicas não foram libidinosas (leia-se, de

caráter sexual).

Podemos afirmar, então, que ao lado do dolo, a lei pode exigir do sujeitoativo determinada atitude psicológica. No estupro, a finalidade de satisfação sexual; no

furto, a intenção especial de se apropriar da coisa; a finalidade de uso pessoal, no crime

de porte de drogas para uso próprio; a tendência de extrapolar os limites de sua

autoridade, no abuso de autoridade; a finalidade de manchar a reputação social da

vítima na calúnia e difamação, e por aí vai.

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13.  Esses elementos subjetivos especiais eram antes apelidados de

“dolo específico”. Atualmente, a denominação “elemento subjetivo especial do tipo ou

do injusto” é mais utilizada.

Bom, a identificação dessas características especiais de cada tipo penal é

um trabalho a ser realizado tipo por tipo na parte especial do Código Penal. De qualquerforma, é importante entender o esquema geral de classificação de tais tipos penais. Com

efeito, a doutrina classifica os elementos subjetivos especiais do tipo em: 

a.  Delitos de intenção (ou de tendência interna

transcendente): ocorre quando o tipo penal descreve um propósito que não precisa se

realizar concretamente, mas que deve ser finalidade do autor. Na extorsão mediante

sequestro (CPB, art. 159), por exemplo, a lei descreve a conduta de quem sequestra

pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição

ou preço do resgate. O sequestrador, nesse caso, deve ter um propósito bem definido:obter o resgate. Ocorre que, mesmo que esse propósito não se cumpra (ex.: a vítima é

encontrada pela polícia antes do pagamento) o crime já se realizou.

Os delitos de intenção são subdividos em:

i.  Delitos de resultado cortado: em que o resultado pretendido não

exige ação complementar do autor . 

O furto é um exemplo de delito de intenção com resultado cortado. O art.

155 do CPB descreve: subtrair coisa alheia móvel com a finalidade de (para) ter para si

ou para outrem.Assim, temos:

Subtrair coisa alheia móvel : dolo genérico.

Para si ou para outrem: dolo específico (elemento subjetivo especial) é

por isso que não se pune o “furto de uso”, ou seja, aquela situação em que o sujeito

“toma emprestada” a coisa sem autorização do dono. Se não existe finalidade de ficar

definitivamente com a coisa, não existe furto.

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Pois bem, essa finalidade especial não exige uma segunda ação do autor,

bastando que exista a finalidade especial em sua mente.

Outros exemplos de delitos de intenção com resultado cortado: com o fim

de obter (art. 159, CPB –  extorsão mediante sequestro); com o fim de transmitir a

outrem moléstia grave de que está contaminado (art. 131, CPB – perigo de contágio demoléstia grave); etc.

ii.  Delitos mutilados de dois ou mais atos: em que o resultado

complementar exigiria outras ações por parte do criminoso.

Um sujeito que falsifica cédula de Real, por exemplo, tem alguma

finalidade especial ao praticar o falso (ex.: praticar estelionato). Entretanto, esse

resultado posterior, que não faz parte do tipo de falso, depende de uma ou várias açõesdo sujeito ativo. Por isso, diz-se que o crime foi mutilado em dois ou mais atos.

( CESPE - 2010 - MPE-RO - Promotor de Justiça) No tocante aos delitos de

intenção, assim conceituados por parte da doutrina, há as intenções especiais, que

dão lugar aos atos denominados delitos de resultado cortado, tais como o crime de

extorsão mediante sequestro, e os atos denominados delitos mutilados de dois atos,

tais como o crime de moeda falsa.

Resposta: correto.

b.  Delito de tendência intensificada: a ação do autor

está contaminada por uma tendência psicológica que só existe em sua mente. Se

tirarmos uma foto da situação, não poderemos dizer se o fato é criminoso ou não. Na

maioria das vezes, esses fatos passam sem a percepção de qualquer pessoa, pois o dolo

específico só existe no coração do agente. 

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Em uma situação real, uma mulher procurou a delegacia para relatar que,

quando esteva internada em determinado hospital, foi examinada por um médico, o

qual apalpou seios. A situação não despertaria qualquer alarde, uma vez que, ao que

parece, o exame clínico seria coerente com a enfermidade da vítima. Entretanto, o

doutor, ao praticar tal conduta, disse para a vítima: “dá até vontade de beijá-los.” 

Veja que o aspecto libidinoso é o que permite diferir um simples exame

clínico de um eventual delito sexual.

c.  Delitos de expressão: é o que se caracteriza pela

existência de uma desconformidade entre a expressão e a convicção pessoal do autor

(ex.: no falso testemunho, o agente diz que não viu o suspeito (expressão mentirosa),

quando tem convicção de que viu).

PEGANDO O FIO DA MEADA

elementosubjetivo do

injutos

delito deintenção

resultado cortado

mutilados emvários atos

tendênciaintensificada

delitos deexpressão

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1. A CONDUTA ATIVA OU OMISSIVA PODE SER PRATICADA

DOLOSAMENTE OU CULPOSAMENTE;

2. O DOLO PODE SER DIRETO OU EVENTUAL (INDIRETO);

3. NO DOLO DIRETO O SUJEITO QUER O RESULTADO (TEORIA DA

VONTADE);

4. O DOLO DIRETO PODE SER DE 1º E DE 2º GRAUS;

5. NO DOLO DIRETO DE PRIMEIRO GRAU O AGENTE VISA A UM FIM

DETERMINADO;

6. NO DOLO DIRETO DE SEGUNDO GRAU O AGENTE PRATICA OUTRO

CRIME COMO UMA CONSEQUÊNCIA NECESSÁRIA DENTRO DO PLANEJAMENTO QUE

ELE ARQUITETOU.

7. NO DOLO EVENTUAL O SUJEITO ACEITA PRODUZIR O RESULTADO(TEORIA DO ASSENTIMENTO);

8. TUDO QUE CABE PARA O DOLO DIRETO, CABE PARA O DOLO

EVENTUAL (EXEMPLO: TENTATIVA).

9. O STF ENTENDE NÃO SER COMPATÍVEL DOLO EVENTUAL COM A

QUALIFICADORA DA SUPRESA NO HOMICÍDIO.

10. OS ELEMENTOS SUBJETIVOS ESPECIAIS REPRESENTAM UM ESPECIAL

FIM DEAGIR POR PARTE DO AGENTE.

14.  Bom, como eu falei agora a pouco, o Código Penal (art. 18) apenas

classificou o dolo em DIRETO e EVENTUAL. Todavia, existem outras classificações para o

DOLO que devem ser estudadas. Lembro que, de uma forma ou de outra, o dolo será

direto ou eventual.

PARA APROFUNDAR!

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Outras classificações do dolo:

a. Dolo alternativo: o autor quer, de forma indiferente, um ou outro

resultado ( Ex.: Caio atira em Mévio, pouco importando para matá-lo ou feri-lo).

b. Dolo cumulativo: O agente pretende alcançar dois resultados, emsequência.

O exemplo pode ser o de que o agente deseja espancar a vítima e, só

depois, matá-la. No caso, a lesão ficará absorvida pelo homicídio se for meio para a

realização deste.

c. dolo de ímpeto (ação dolosa sem cogitação, sem premeditação):

impulsivo, não presumido.

Ocorre muitas vezes em discussões de trânsito em que o agente efetuaum disparo na vítima após tomar uma fechada.

d. Dolo específico: (também chamado de elemento subjetivo do tipo ou

delito de tendência)  –  quando a lei especifica o tipo de crime, “com o fim de, com a

finalidade de, com o intuito de, com a intenção de”. 

Exemplo: “Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem,

qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate” (Extorsão mediante

seqüestro, art. 159 do CPB).

(CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) No crime de falsificação de

documento público o dolo é específico.

Resposta: Errado

(CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) Para a configuração do crime

de peculato-desvio, é necessária a presença do dolo genérico e do dolo específico.

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Resposta: Correto.

e. Dolo geral (Ex. o sujeito quer matar por veneno, mas mata enforcado

simulando o suicídio)

No dolo Geral teríamos uma só conduta, dividida em dois ou mais atos: o

agente dispara contra a vítima, que desmaia; ele pensa que a vítima já morreu e joga

seu corpo ao rio para encobrir o crime anterior; descobre-se depois que ela morreu não

pelo disparo, mas sim pelo afogamento. Quis matar e, de fato, matou, respondendo

pelo resultado normalmente. O dolo geral é também denominado “erro sobre o nexo

causal”. 

Por que a denominação “dolo geral”?

Porque o dolo do agente o acompanha até o resultado, mesmo que este

não advenha da forma como imaginou inicialmente.

RESUMINDO: QUIS MATAR, MATOU!

Obs.: O dolo geral é tratado pela doutrina como uma forma de erro (erro

sobre o nexo causal). Voltaremos ao assunto em aula específica.

f. Dolo de perigo: em verdade, não é propriamente o dolo que é de

perigo, mas o tipo penal (tipo de perigo concreto ou de perigo abstrato).

Os doutrinadores dividem os TIPOS DE PERIGO em:

(a) perigo abstrato (ex.: omissão de socorro), onde o perigo não precisa

ficar demonstrado, pois ele se presume;

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(b) perigo concreto (Ex.: Periclitação à vida ou à saúde de outrem), onde o

crime só se consuma com a demonstração efetiva do perigo para pessoa(s)

determinada(s).

Imagine que o sujeito saiba que é portador de uma moléstia venérea, o

que não impede de manter relações sexuais desprotegido com uma moça, sem alertá-la

dessa situação. Bom, no caso, a vítima ficou CONCRETAMENTE em perigo. Mesmo que

não lhe seja transmitida a doença, o agente responde pelo crime de “perigo de contágio

venéreo” (Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a

contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado, art.

130 do CPB). Referido crime é de perigo concreto, tendo de existir demonstração do

efetivo perigo.

Caso a doença seja transmitida à moça, o crime será de LESÕES

CORPORAIS (Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem, ART. 129 do CPB),

uma vez que o PERIGO se transformou em LESÃO. 

Diferente seria o caso de alguém andar armado. Não se faz necessário

que fique demonstrado que determinada pessoa ou grupo de pessoas tenha sido

concretamente colocado em perigo com essa conduta. Isso porque se presume que

andar armado ilegalmente seja algo perigoso.

Assim, porte ilegal de arma de fogo (art. 14, Lei 10.826/03) é crime de

perigo abstrato, vez que o perigo se presume.

DOLO DE PERIGO

Abstrato: se

presume

Concreto: não sepresume

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15.  A culpa

Diz-se o crime culposo (ou não intencional) quando o agente não quer o

resultado, nem mesmo assume o risco de produzi-lo, porém, por inobservância do dever

de cuidado e diligência, na forma de imprudência, negligência e imperícia acaba

causando um resultado criminoso.

Em uma noite de sábado, José dirige seu carro para a casa de sua

namorada. Durante o trajeto, utiliza-se de seu celular para enviar uma mensagem detexto para ela, avisando sua chegada. Ao fazer isso, tira o foco da direção e acaba por

atropelar uma velhinha que atravessava a rua em uma faixa de pedestres.

Ao retirar sua atenção da pista para utilizar o celular, José quebrou um

dever de cuidado  a que todos os motoristas estão obrigados. Ao atropelar e matar a

velhinha poderá responder pelo resultado, mesmo que não intencional.

OUTRASFORMAS DE

DOLO

Dolo alternativo

Dolo de perigo

Dolo cumulativo

Dolo específico

Dolo geral

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Pergunto: Existiu vontade (voluntariedade) na conduta de José?

Sim, claro! TODA CONDUTA TEM VOLUNTARIEDADE, lembra-se?

Lembrando os elementos da conduta:

O que ocorre na conduta culposa é que a vontade não é dirigida

(finalisticamente) para algo criminoso. Veja que José, por exemplo, apenas queria

mandar uma mensagem para sua namorada, mas por imprudência acabou causando um

acidente.

Assim, o elemento essencial do injusto culposo não é o resultado em si

(ex.: atropelamento), mas a forma de conduta descuidada que levou ao resultado. Se há

quebra do dever de cuidado, há culpa (ex.: atropelamento por desrespeito às normas de

trânsito). Caso contrário, não há culpa (ex.: não há culpa pelo resultado na conduta do

motorista que atropela alguém que se joga de forma suicida em frente ao veículo).

CONDUTA 

AÇÃO OUOMISSÃOHUMANA 

CONSCIENTE

VONTADE 

FINALIDADE 

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A culpa, portanto, é a quebra de um dever objetivo de cuidado.

Por cuidado objetivo, devemos levar em conta que a vida em sociedade

produz determinados riscos (tráfego de veículos, construções de edifícios, manipulação

de objetos perigosos etc.). Os riscos, basicamente, podem ser permitidos (ex.: tráfego

de veículo com obediência às normas de trânsito), e riscos não tolerados (ex.: cirurgia

médica sem que o profissional tenha sido treinado adequadamente). Os crimes culposos

nascem, justamente, do segundo grupo. Aquele que causa um acidente após imprimir

velocidade acima daquela de segurança da via, poderá responder pelo resultado danoso

(ex.: morte do outro motorista.

Como bem ensina Welzel, com a observância do cuidado objetivo (no

caso, com a observância das regras de trânsito) desaparece o crime culposo. “Se se

produz a lesão de um bem jurídico como consequência de uma ação desse tipo, trata-se

de uma desgraça, mas não de um injusto”. 

O princípio que fundamenta os delitos culposos pode ser compreendido

pelo antigo brocardo latino: Quidquid agis, prudenter agas et respice finem (Qualquer 

coisa que faças, faze-o com prudência e considere o resultado).

16.  Como alguém pode quebrar o dever de cuidado?a. Por Imprudência: é um fazer descuidado

Exemplo: acelerar o veículo acima da velocidade permitida.

b. Por negligência: é um não fazer descuidado;

Exemplo: deixar de fazer a manutenção do veículo.

c. Por Imperícia: é um não saber fazer (falta de habilidade técnica).

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Exemplo: dirigir o veículo sem ter carteira de habilitação.

17.  Classificação de Culpa

Observe uma coisa: o Direito Penal nunca pune qualquer pessoa por

resultados que ocorram extraordinariamente fora da possibilidade de previsão. Quero

dizer que, se o resultado for imprevisível, o agente não se responsabiliza por ele.

Muito bem. Se o resultado é previsível (leia-se, uma pessoa de mediana

inteligência pode prever) pode ocorrer de o sujeito prever ou não esse resultado. Digo,

pode prever ou não prever o previsível.

Dentro desse raciocínio surgem dois tipos de culpa: a culpa consciente

(com previsão) e a culpa inconsciente (sem previsão).

Tenha calma e vamos lá!

18.  A culpa pode ser consciente ou inconsciente. 

a. Culpa Consciente (com previsão): é aquele que o sujeito prevê  o

resultado, mas acredita sinceramente que não ocorrerá.

Lembro que quando eu era criança, meu pai me levou ao circo no dia do

meu aniversário de sete anos. Uma das atrações do circo era o atirador de facas. O

sujeito atirava as facas em direção a uma moça presa a uma roda em movimento.

FORMAS DECULPA

IMPRUDÊNCIA NEGLIGÊNCIA IMPERÍCIA

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Pense! O sujeito ao atirar facas em direção à moça não tinha intenção de

matá-la, pelo menos é o que se espera. Ele até previu que um erro poderia ser trágico,

mas acredita sinceramente que esse erro não ocorrerá, até porque ele treina esse

número há anos.

Ocorre que o pior acaba por acontecer, por erro no lançamento da faca, oatirador acerta o peito da moça, matando-a.

Eis a culpa consciente! O sujeito acredita, sinceramente, que o resultado

não ocorrerá, mas acaba causando esse resultado por imprudência, negligência ou

imperícia.

19.  Qual a diferença entre DOLO EVENTUAL e CULPA CONSCIENTE?

O DOLO EVENTUAL se aproxima da CULPA CONSCIENTE, porém com ela

não se confunde, por que: (a) no DOLO EVENTUAL há conformação com o resultado

(seja como for, dê no que dê, não deixo de agir); ao passo que (b) na CULPA CONSCIENTE 

não se conforma com o resultado e acredita não sua não ocorrência. (até pode

acontecer, mas não acredito que aconteça).

(CESPE - 2008 - TCU - Analista de Controle Externo ) Durante um

espetáculo de circo, Andrey, que é atirador de facas, obteve a concordância de Nádia,

que estava na platéia, em participar da sua apresentação. Na hipótese de Andrey,embora prevendo que poderia lesionar Nádia, mas acreditando sinceramente que tal

resultado não viesse a ocorrer, atingir Nádia com uma das facas, ele terá agido com

dolo eventual.

Resposta: errado

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b. Culpa Inconsciente (sem previsão): O sujeito não prevê um resultado

que lhe seria previsível. Diga-se, não vê o resultado que poderia e deveria prever.

( FCC - 2010 - TRE-AL - Analista Judiciário-adaptada ) Há culpa

inconsciente quando, embora previsível o resultado, o agente não o prevê pordescuido, desatenção ou desinteresse.

Gabarito: correto.

Imagine que o sujeito deixe seu filho de um ano de idade dentro do carro

enquanto vai ao banco pagar contas. Ao fazer isso, o pai não pensou que algo de mal

poderia ocorrer com seu filho. Mas, qualquer pessoa medianamente inteligente poderia

ter previsto que tal ato é de extremo perigo ao infante. Assim, podemos dizer que a

eventual morte da criança era algo PREVISÍVEL para qualquer pessoa normal .

Enfim, o pai não previu algo que seria perfeitamente previsível. Por isso,

deve responder pelo resultado.

Ambas as formas de culpa (previsível e imprevisível) são equiparadas.

Esse estudo é realizado, principalmente, para demonstrar a diferença entre culpa

DOLO EVENTUAL XCULPA CONSCIENTE

DOLO EVENTUAL É ODANE-SE!

CULPA CONSCIENTEÉ O IH, DANOU!

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consciente (culpa com previsão) e dolo eventual (o agente assume o risco de produzir o

resultado).

Então vamos lá mais uma vez. Qual a diferença entre DOLO EVENTUAL e

CULPA CONSCIENTE?

Dolo eventual  –  o agente vê o resultado como possível e aceita esse

resultado;

Culpa consciente  – o agente vê o resultado como possível, mas acredita

sinceramente que ele não ocorrerá.

(CESPE_Analista Judiciário _Execução de Mandados_TJDFT_2008) Se o

sujeito ativo do delito, ao praticar o crime, não quer diretamente o resultado, mas

assume o risco de produzi-lo, o crime será culposo, na modalidade culpa consciente.

Resposta: errado

(CESPE_PROCURADOR ESPECIAL DE CONTAS  – TCE-ES_2009) A culpa

consciente ocorre quando o agente assume ou aceita o risco de produzir o resultado.

Nesse caso, o agente não quer o resultado, caso contrário, ter-se-ia um crime doloso.

Resposta: errado.

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20.  A previsibilidade objetiva (possibilidade de previsão)

Cuidado com uma coisa! Na culpa consciente existe previsão doresultado, enquanto na culpa inconsciente não existe essa previsão. Mas, PREVISÃO é

diferente de PREVISIBILIDADE.

Todo crime exige previsibilidade (a capacidade ou possibilidade de

previsão). Se não há previsibilidade de ocorrer um crime não haverá culpa.

Note que o agente pode PREVER ou não como possível o resultado. Se

não previu o que era previsível, não houve PREVISÃO, mas ainda existe a previsibilidade

(possibilidade de ter previsto).

Hehe, confuso? Vamos lá então!

O filho que, ao ouvir trovões, sai de casa sem proteção contra chuva pode

ter incorrido nas seguintes hipóteses:

CULPA = QUEBRADO DEVER DE

CUIDADO

CULPA CONSCIENTE:CULPA COMPREVISÃO

CULPAINCONSCIENTE:

CULPA SEMPREVISÃO

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a) Saiu de casa PREVENDO que choveria, mas como o trajeto era curto,

não se molharia. Ocorre que por negligenciar a capa acaba se molhando (molhou-se por

culpa consciente). RESULTADO: VAI TOMAR UM PUXÃO DE ORELHA DA MAMÃE;

b) Apesar de ter ouvido os trovões não previu a chuva, fato que poderia

ser previsto por qualquer pessoa mentalmente normal. Ao sair de casa acaba semolhando (culpa inconsciente ou sem previsão) RESULTADO: VAI TOMAR UM PUXAO DE

ORELHA DA MAMÃE. Observe que não houve PREVISÃO efetiva pelo sujeito, mas o fato

lhe era previsível (houve previsibilidade).

A previsibilidade objetiva toma como parâmetro o “homem médio”, ou

seja, um indivíduo comum, de atenção, diligência e perspicácia normais àgeneralidade das pessoas.

( CESPE - 2010 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Juiz) No ordenamento jurídico

brasileiro, de acordo com a doutrina majoritária, a ausência de previsibilidade

subjetiva - a possibilidade de o agente, dadas suas condições peculiares, prever o

resultado - exclui a culpa, uma vez que é seu elemento.

PREVISÃO XPREVISIBILIDADE

Previsibilidade:potencial para

prever

Previsão: a efetivavisualização do

resultado futuro.Requer

previsibilidade

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Resposta: errado. 

Veja um último exemplo sempre citado pelo sempre inspirador Professor

Edson Smaniotto (Desembargador do TJDFT) em exemplo proferido em sala de aula emcurso de pós-graduação em Direito Penal:

"Um pai pediu para que seus dois filhos o auxiliasse na reparação da

cisterna de sua chácara. Os dois filhos entraram na cisterna e sentaram-se em uma

taboa improvisada para que enchessem o balde com os entulhos que entupiam a

cisterna, puxando a corda como sinal para o pai suspender o balde quando este estava

cheio. Em determinado momento, devido o sol ter mudado de posição, o interior da

cisterna ficou muito escuro e os filhos reclamaram da falta de luminosidade ao pai. Este

providenciou um holofote alimentado por um gerador de energia a diesel. Ligou oaparelho, que iluminou por completo a cisterna, com o cuidado de posicioná-lo de

forma que a fumaça emitida tomasse direção oposta à mesma. Os garotos reiniciaram

então a tarefa. O pai, percebendo a demora na emissão do sinal de balde cheio,

resolveu olhar para o fundo do poço e percebeu os dois meninos deitados inertes na

tábua. Estavam mortos. O laudo pericial constatou que devido à combustão incompleta

do combustível, além da água e gás carbônico foi liberado um gás extremamente tóxico,

o monóxido de carbono (CO). Como é um gás invisível e sem cheiro, não foi percebido e

tomou conta do ambiente onde os garotos se encontravam. Uma quantidade

equivalente a 0,4% no ar em volume é letal para o ser humano, em um temporelativamente curto. Esse gás se combina com a hemoglobina do sangue e esta

combinação é extremamente estável. Devido a esta combinação, os glóbulos vermelhos

não podem transportar o oxigênio e o gás carbônico, e os tecidos deixam de receber o

oxigênio. A morte dos garotos ocorreu por asfixia química. Para se ter uma ideia do

potencial tóxico do gás, se um carro ficar ligado em uma garagem fechada de 4 m de

comprimento, 4 m de largura e 2,5 m de altura, tendo, portanto, um volume de 40 000

litros, à temperatura ambiente e a pressão ao nível do mar, durante aproximadamente

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10 minutos, a quantidade de monóxido de carbono produzido já atingirá a quantidade

letal."

Percebe-se que tal morte não pode ser atribuída ao pai dos garotos, pois

era absolutamente imprevisível o resultado trágico (faltou possibilidade potencial para

previsão).

Já vi nos noticiários várias vezes pessoas morrerem nos Estados Unidos

durante o inverno, pois se trancam dentro dos veículos ligados enquanto acionam o ar

quente. Como o gelo acaba por entupir o escapamento do veículo, o monóxido de

carbono fica em seu interior, matando seus ocupantes.

Últimas informações sobre o crime culposo

21.  Compensação e concorrência de culpas

Compensação de culpas  –  não é admitida no direito penal. Exemplo:

vítima atravessa fora da faixa e motorista não para, pois está em alta velocidade. O

motorista responde pelo resultado, apesar de a vítima também ter sido imprudente.

Lógico que o juiz vai considerar isso no momento do art. 59 do CPB ( dosimetria da

pena).

(CESPE  – Procurador de Vitória-ES – 2007) Suponha que o motorista deum veículo, por negligência, deixe de observar a má conservação do sistema de freios

de seu carro e, ao trafegar em via pública, atropele e mate um pedestre que tenha

cruzado a pista em local inadequado. Nessa situação, caso se comprove que o evento

danoso tenha decorrido da falta de freios no veículo atropelador, responderá

culposamente o seu condutor pela morte do pedestre, mesmo diante da imprudência

da vítima.

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Resposta: correto.

CESPE_PROCURADOR ESPECIAL DE CONTAS  – TCE-ES_2009) A

compensação de culpas no direito penal, aceita pela doutrina penal contemporânea e

acolhida pela jurisprudência pátria, diz respeito à possibilidade de compensar a culpada vítima com a culpa do agente da conduta delituosa, de modo a assegurar equilíbrio

na relação penal estabelecida.

Resposta: errado.

22.  Concorrência de culpas   –  é possível em direito penal. Acompensação de culpas é incabível em matéria penal. Não se confunde com a

concorrência de culpas. Suponha-se que dois veículos se choquem num cruzamento,

produzindo ferimentos nos motoristas e provando-se que agiram culposamente. Trata-

se de concorrência de culpas; os dois respondem por crime de lesão corporal culposa.

23.  Excepcionalidade do crime culposo -  Em respeito ao disposto no

art. 18, inciso II, parágrafo único do Código Penal, salvo os casos expressos em lei,

ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica

dolosamente.

(CESPE_Analista Judiciário _Execução de Mandados_TJDFT_2008)

Excetuadas as exceções legais, o autor de fato previsto como crime só poderá ser

punido se o praticar dolosamente.

Resposta: correto.

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Página 38

(CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) Excetuadas as exceções legais,

o autor de fato previsto como crime só poderá ser punido se o praticar dolosamente.

Resposta: correto.

Trata-se do princípio da excepcionalidade do crime culposo, que

determina que o crime culposo só seja punível se houver expressamente determinado

pelo código penal, geralmente através de expressões como: “se o crime é culposo, “no

caso de culpa”. 

Essa previsão não existe para o crime de aborto (arts. 124 a 127 do CPB),

por exemplo. Por esse motivo, não se admite a figura do aborto culposo.

24. 

Culpa mediata ou indireta: ocorre quando o agente pratica umfato secundário de forma culposa, como no exemplo em que José ameaça João com

uma arma de fogo em via pública (resultado 1) e João, apavorado, atravessa a pista e

acaba por ser atropelado e morto (resultado 2). 

25.  Culpa imprópria ou culpa por extensão:  o estudo da culpa

imprópria deve ser feito na Teoria do Erro em aula específica. Contudo, adianto que

ocorrerá a culpa imprópria quando o agente age com dolo, mas erra na análise de uma

excludente de ilicitude (legítima defesa, por exemplo). A isso se dá o nome de

excludente putativa  (legítima defesa putativa, por exemplo). A palavra “putativa”

significa “imaginária”. 

O exemplo seria daquele que ataca um inimigo por pensar,

precipitadamente, que estava sendo atacado por este, mas na verdade era uma

aproximação para pedido de desculpas.

Veremos que a culpa imprópria é uma espécie de erro (de tipo ou de

proibição, dependendo do caso).

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Página 39

Vamos retornar ao assunto quando falarmos de erro de tipo.

(CESPE_PROCURADOR ESPECIAL DE CONTAS  – TCE-ES_2009) A culpa

imprópria ou culpa por extensão é aquela em que a vontade do sujeito dirige-se a um

ou outro resultado, indiferentemente dos danos que cause à vítima.

Resposta: errado.

PEGANDO O FIO DA MEADA

1. A CULPA É A QUEBRA DO CUIDADO POR IMPRUDÊNCIA, NEGLIGÊNCIA

OU IMPERÍCIA;

2. A CULPA CONSCIENTE OCORRE QUANDO HÁ PREVISÃO DO

RESULTADO;

3. A CULPA INCONSCIENTE OCORRE QUANDO O AGENTE NÃO PREVIU O

QUE DEVERIA TER PREVISTO;

NO CRIME

CULPOSO 

NÃO CABECOMPENSAÇÃO DE

CULPAS

CABECONCORRÊNCIA DE

CULPAS

SÓ HAVERÁ CRIMECULPOSO SE A LEI

FOR EXPRESSANESSE SENTIDO

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4. O DOLO EVENTUAL É O “DANE-SE” E A CULPA CONSCIENTE É O “IH,

DANOU-SE”! 

26. 

CRIME PRETERDOLOSO (CRIMES AGRAVADOS PELO RESULTADO)

ESPÉCIES DE CRIMES AGRAVADOS PELO RESULTADO

Pode ocorrer, em situações muito específicas, que a lei imponha lei mais

severa na ocorrência de um determinado resultado. Note-se que é necessário esse

resultado mais gravoso advenha de dolo ou culpa.

Nos crimes agravados pelo resultado temos duas etapas a serem

observadas: (a) o fato antecedente: causado por dolo ou culpa; (b) fato consequente: 

causado por dolo ou culpa.

São quatro as possibilidades de crimes agravados pelo resultado:

1º Dolo no antecedente e dolo no consequente (dolo + dolo)

CRIMEAGRAVADO PELO

RESULTADO

FATOANTECEDENTE:CAUSADO POR

DOLO OU CULPA

FATOCONSEQUENTE:CAUSADO POR

DOLO OU CULPA

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Fato antecedente: Desferir um soco (Art. 129 do CPB: Ofender a

integridade corporal ou a saúde de outrem);

Fato consequente: Deixar lesão permanente resultante da agressão (Art.

129, § 2º, inciso IV, do CPB: “se resulta lesão permanente”. 

Responderá pela lesão dolosa qualificada pela lesão permanente.

2º Culpa no antecedente e culpa no consequente (culpa + culpa) 

Fato antecedente: Causar incêndio culposo ( art. 250, § 2º)

Fato consequente: Causar a morte de alguém devido ao incêndio culposo

causado anteriormente (art. 258)

Responderá por incêndio culposo qualificado pela morte culposa.

3º Culpa no antecedente e dolo no conseqüente (crimes preterculposos)

Fato antecedente: Atropelar alguém culposamente (Lesão Corporal

Culposo no trânsito, art. 303 da Lei 9.503/97);

Fato consequente: Deixar de prestar socorro à vítima atropelada ( Art.

302, inciso III da Lei 9.503/97)

Responde pela lesão culposa no trânsito agravada pela omissão desocorro.

4º Dolo no antecedente e culpa no conseqüente (crime preterdoloso ou

preterintencional)

Fato antecedente: Desferir um soco em alguém com dolo de lesioná-lo

(art. 129 do CPB)

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Fato consequente: Após o soco, a vítima se desequilibra e acaba por bater

a cabeça no chão e morre de traumatismo craniano (art. 129,§ 3°: “Se resulta morte e as

circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de

produzi-lo. )

Responde por Lesão corporal seguida de morte.

Bom, como se vê, o crime preterdoloso é apenas uma forma de crime

agravado pelo resultado.

CESPE – CONSULTOR LEGISLATIVO DO SENADO/2002) Diz-se que o crime

é doloso, quando o agente quis o resultado; preterdoloso, quando, embora não

querendo o resultado, o agente assumiu o risco de produzi-lo.

Resposta: errado.

CRIMESQUALIFICADOS

PELOS RESULTADO

DOLO+DOLO CULPA+CULPACULPA+DOLO

(PRETERCULPA)DOLO+CULPA

(PRETERDOLO)

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BIZU DO VALENTE!

TENTATIVA NO CRIME PRETERDOLO: não é possível, já que o resultado

agravador não era desejado, e não se pode tentar produzir um evento que não era

querido.

Exceção: a doutrina tem admitido que no crime de aborto qualificado

pela morte da gestante (art. 127 do CPB), caso o feto sobreviva ao procedimento

abortivo, mas a mãe não, teríamos um caso de tentativa de crime preterdoloso.

Voltarei ao assunto quando falarmos do crime de aborto.

FATO TÍPICO – RESULTADO

fato típico

conduta

RESULTADO

nexo causal

tipicidade

ilicitude

estado denecessidade

legítimadefesa

estritocumprimento

do deverlegal

exercícioregular do

direito

culpabilidade

imputabilidade

potencialconsciência

da ilicitude

exigibilidadede conduta

diversa

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Lembrando que estamos estudando o crime através de seus elementos.

De acordo com a tabela que coloquei na segunda aula, o crime tem os seguintes

elementos: Fato típico, ilicitude (ou antijuridicidade) e Culpabilidade. Já estudamos

completamente a conduta, a qual pertence ao Fato típico. Vamos ao segundo elementodo Fato Típico, o Resultado.

27.  Resultado

A conduta dolosa ou culposa pode levar a um resultado. Às vezes esse

resultado é físico (perceptível pelos sentidos humanos), como a morte no homicídio. É o

que a doutrina denomina de “resultado material”. Outras vezes esse resultado não

existe no mundo físico, porém existe no mundo do direito. É o que os juristas titulam de

“resultado jurídico ou formal”.

Imagine que você seja xingado por alguém. O resultado desse ato

injurioso é ferimento de sua honra subjetiva. Isso não pode ser medido fisicamente.

Ocorre que juridicamente (ou seja, para o Direito) houve um resultado relevante, apesar

de não poder ser medido quão injuriado você foi.

Basicamente, o crime pode ser classificado quanto ao resultado:

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28.  Crimes Materiais

O crime de resultado material é aquele em que o tipo penal (a lei)

descreve um resultado físico (perceptível aos sentidos humanos), e sem esse resultado

não há consumação do crime.

Estava este professor ministrando aula em curso preparatório de Brasília

em um dia de sexta-feira, isso por volta das 22 horas. Nesse momento, outro professor

interrompe minha aula:

- Valente, vem comigo aqui correndo ao estacionamento!

-Poxa, amigo, eu não posso abandonar a turma assim!

-Valente, o negócio é sério, meu!

Percebendo a aflição do colega, resolvi descer para ver o que estava

ocorrendo. Pense se a turma inteira não me seguiu de curiosidade! (hehe)

Quando chegamos ao carro do professor, ele mostra o capô do veículo,

onde havia riscos feitos a prego por uma ex-namorada.

TIPOS DE RESULTADO

CRIME DE RESULTADOMATERIAL

CRIME DE RESULTADOFORMAL

CRIME DE MERACONDUTA

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Bom, fora as questões particulares, houve sobre o carro do professor um

crime praticado por sua ex-namorada. Você sabe dizer qual?

Isso mesmo. Trata-se do crime de DANO, uma vez que ela danificou o

veículo do tal professor.

Veja o que diz o tipo penal: “Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia”

(Dano, Art. 163 do CPB).

O crime de dano é exemplo de crime material, pois o tipo penal exige o

resultado físico para a consumação.

Outros exemplos de crimes materiais: homicídio (art. 121); Infanticídio

(art. 122); Aborto (Arts. 124 a 127); Furto (art. 155); Roubo (art. 157).

O CRIME DE RESULTADO MATERIAL EXIGE UM RESULTADO FÍSICO PARA

SUA CONSUMAÇÃO.

29.  Crimes Formais

No crime formal (de consumação antecipada ou de resultado cortado) os

tipos penais descrevem uma ação e um resultado material possível, mas não o exige

para sua consumação. É o que o ocorre na extorsão mediante sequestro (Art. 159, CPB).

O tipo descreve a seguinte ação: “Sequestrar pessoa com o fim de obter,

para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate”.

Note que o agente sequestra pessoa com uma determinada finalidade  – 

obter vantagem como condição ou preço do resgate -, mas não há necessidade que o

criminoso, efetivamente, receba o resgate para que se faça consumado o crime em tela

(resultado material). A extorsão mediante sequestro consuma-se com a privação da

liberdade da vítima, independentemente da obtenção da vantagem pelo agente. Nesse

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caso, um possível resultado material, apesar de não influenciar na adequação típica,

poderá influenciar o juiz na dosimetria da pena (aplicação da pena).

Esses dias eu estava vendo no noticiário que um médico cirurgião de um

hospital conveniado ao SUS estava exigindo dinheiro dos pacientes para realização da

cirurgia. Caso o valor não fosse pago, o paciente perderia a vez na fila. A cirurgia já seriapaga pelo SUS, mas mesmo assim médico faz a sórdida exigência.

Veja o que diz a lei:  Exigir, para si ou para outrem, direta ou

indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,

vantagem indevida (Concussão, art. 316 do CPB.)

Vamos supor que o paciente (no caso, vítima do crime) negue-se a pagaro valor exigido e comunica o fato à polícia. Você como Delegado o indiciaria pela

Concussão consumada ou tentada?

O caso é de Concussão consumada, por se tratar de crime formal.

Perceba que se o resultado material (naturalístico) ocorrer será mero exaurimento do

crime, leia-se, não poderá ser considerado para aumentar a pena, a menos que seja

descrito na lei como tal.

(Magistratura  – TJPI -2007  – adaptada) A consumação dos crimes

formais ocorre com a prática da conduta descrita no núcleo do tipo,

independentemente do resultado naturalístico, que, caso ocorra, será causa de

aumento de pena.

Resposta: errado

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30.  Outros exemplos de crimes formais:

“Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja

notificação é compulsória” (Omissão de notificação de doença, art. 269 do CPB)

Conduta: “deixar de realizar a notificação”. 

Resultado material possível, mas não exigido par a consumação: a

efetiva contaminação ou epidemia.

“Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento particular ou

de correspondência confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação

possa produzir dano a outrem” (Divulgação de Segredo, art. 153 do CPB).

Conduta: “divulgar o segredo”. 

Resultado material possível, mas não exigido par a consumação:   o

efetivo dano a terceira pessoa.

Crimes de Mera Conduta

Os crimes de mera conduta não descrevem a possibilidade de um

resultado naturalístico, como no crime de Violação de domicílio (art. 150).

Um sujeito faz um churrasco em sua casa e convida Dicró.

Dicró era um cara bacana, mas quando bebia ficava um tanto

inconveniente. Após algumas horas, Dicró começa a paquerar as moças presentes, o que

desagradou seus respectivos companheiros.

O dono da festa determina que Dicró saia de sua casa imediatamente.

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Dicró se nega a sair e deita no chão.

Veja o que diz a lei:

“Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a

vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suasdependências.” (Violação de Domicílio, art. 150 do CPB.)

Conduta: “entrar ou permanecer”. 

Resultado material possível: não existe.

Formas especiais de consumação

Crimes instantâneos ou de estado: são aqueles em que a consumação

ocorre em um único momento determinado, sem se prolongar no tempo (ex.: CP, art.

121).

Crimes Permanentes: são aqueles em que a consumação se protrai no

tempo, por vontade do agente (ex.: CP, art. 158). Divide-se em:

a) necessariamente permanentes: o tipo penal exige, necessariamente,

que a consumação típica se alongue no tempo, como no sequestro (CP, art. 148).

b) eventualmente permanentes: são crimes instantâneos que admite

determinada forma de consumação permamente, como no furto de energia elétrica (CP,

art. 155, § 3º).

Crimes instantâneos de efeitos permanentes: o crime é de consumação

instantânea, mas os efeitos do crime costumam perdurar indeterminadamente, como

no homicídio (CP, art. 121).

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Crimes a prazo: são aqueles em que o tipo penal exige a fluência de

determinado tempo para, somente após, considerar o fato típico, como ocorre na

apropriação indébita previdenciária (“Deixar de repassar à previdência social as

contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo é forma legal ou convencional”, CP,

art. 168-A).

PEGANDO O FIO DA MEADA

1. TODO CONDUTA CAUSA UM RESULTADO;

2. O RESULTADO PODE SER FÍSICO (MATERIAL). NESTE CASO, TEMOS OS

CRIMES MATERIAIS;

3. O RESULTADO PODE SER APENAS JURÍDICO (FORMAL). NESTE CASO

TEMOS OS CRIMES FORMAIS E DE MERA CONDUTA;

4. NOS CRIMES FORMAIS, A LEI DESCREVE UM RESULTADO MATERIAL

POSSÍVEL, MAS NÃO O EXIGE PARA A CONSUMAÇÃO;

5. OS CRIMES DE MERA CONDUTA (OU MERA ATIVIDADE), NÃO EXISTE

UM RESULTADO MATERIAL POSSÍVEL. A CONDUTA JÁ É O RESULTADO;

QUESTÕES COMENTADAS

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1. (CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) Excetuadas as exceções

legais, o autor de fato previsto como crime só poderá ser punido se o praticar

dolosamente.

Comentário: Trata-se do princípio da excepcionalidade do crime culposo.

Só haverá a possibilidade de punição por culpa se a lei expressamente trouxer isso por

escrito. Exemplo: No homicídio é possível o crime culposo, porque o art. 121 do Código

Penal traz a hipótese em seu parágrafo terceiro:

Homicídio simples

Art. 121. Matar alguém:

Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

(...)

Homicídio culposo

§ 3º Se o homicídio é culposo:

Pena - detenção, de um a três anos.

Perceba que não existe furto culposo, por exemplo, porquanto o Código

Penal não previu essa hipótese.

GABARITO: CERTO

2. (CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) Julgue os itens a seguir,

concernentes às espécies de dolo:

No crime de falsificação de documento público o dolo é específico.

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Comentário: O dolo específico ocorre quando o tipo penal traz uma

finalidade específica para que ocorra o crime. Exemplo: Constranger alguém, mediante

violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida

vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa

(Extorsão, art. 158 do Código Penal). 

O crime de Extorsão acima exige o “dolo específico” para que ele ocorra,

qual seja o intuito de obter a indevida vantagem econômica.

Quanto ao crime de falsificação de documento, vejamos o que diz a lei:

Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público

verdadeiro (art. 297 do CPB). 

Como se vê, não existe dolo específico nesse crime.

GABARITO: ERRADO

3. (CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) Para a configuração do

crime de peculato-desvio, é necessária a presença do dolo genérico e do dolo específico.

Comentário: O Peculato é um crime contra a Administração Pública

previsto nos arts. 312 do Código Penal.

“Apropriar -se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro

bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo,em proveito próprio ou alheio”  

No peculato desvio a conduta consiste em desencaminhar, mudar o

destino do valor público ou particular, de que tem a posse em razão da função pública.

Exemplo: a merendeira desvia os mantimentos que são destinados para a escola para a

casa de um amigo, em seu proveito. Ou o Deputado Federal que tem um assessor lotado

em seu gabinete e o desvia para ser jardineiro de sua casa.

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Página 53

No peculato desvio exige-se o dolo específico de agir visando proveito

próprio ou alheio.

GABARITO: CERTO

4. (CESPE_JUIZ FEDERAL 2ª REGIÃO_2009) Nos crimes culposos, o tipo

penal é aberto, o que decorre da impossibilidade do legislador de antever todas as

formas de realização culposa; assim, o legislador prevê apenas genericamente a

ocorrência da culpa, sem defini-la, e, no caso concreto, o aplicador deve comparar o

comportamento do sujeito ativo com o que uma pessoa de prudência normal teria, na

mesma situação.

Comentário: O injusto penal culposo é uma modalidade dos TIPOS

PENAIS ABERTOS, pois exige para sua interpretação o exame de elementos exteriores ao

tipo para aferir sua adequação à conduta. Quero dizer, a lei não estabeleceu o que é

imprudência, negligência ou imperícia. Então, deve haver um juízo de valor para que se

chegue aos conceitos necessários.

Exemplo: No crime de ato obsceno, art. 233 do CPB, a norma diz:

“Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público”. Pois muito

bem, para se chegar ao conceito de “ato obsceno”, devemos lançar um juízo de valor

sobre o termo.

Beijar na boca em público é ato obsceno? Fazer sexo em uma encenação

de teatro é ato obsceno? Depende do juízo de valor que se fizer.

Em uma cidade do interior, um casal de namorados foi preso por estarem

se beijando em frente à igreja.

Será que eles teriam sido presos se tivessem em um shopping de uma

grande cidade?

Viu, juízo de valor!

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GABARITO: CERTO

5. (CESPE_PROCURADOR ESPECIAL DE CONTAS  – TCE-ES_2009) A culpa

consciente ocorre quando o agente assume ou aceita o risco de produzir o resultado.Nesse caso, o agente não quer o resultado, caso contrário, ter-se-ia um crime doloso.

Comentário: Quando o agente assume o risco de produzir o resultado,

esta cometendo um crime com dolo eventual. A culpa consciente é culpa com previsão. 

GABARITO: ERRADO

6. CESPE_PROCURADOR ESPECIAL DE CONTAS  – TCE-ES_2009) A culpa

imprópria ou culpa por extensão é aquela em que a vontade do sujeito dirige-se a um ou

outro resultado, indiferentemente dos danos que cause à vítima.

Comentário:

O exemplo é de dolo alternativo, quando o agente quer um ou outro

resultado (quero matar ou ferir).

Culpa imprópria é aquela que reside (ocorre) no erro fático sobre as

descriminantes putativas (putativo = falso, imaginário). Erro que recai no erro de tipo

sobre as justificantes putativas (erro de tipo na cabeça é uma coisa e na realidade é

outro). São casos de culpa imprópria as hipóteses previstas no art. 20, § 1º, 2ª parte (“...

o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo”), e art. 23, parágrafo

único, parte final do Código Penal ( “... responderá pelo excesso doloso e culposo”). A

culpa imprópria será mais bem estudada na aula sobre a TEORIA DO ERRO.

GABARITO: ERRADO.

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7. (CESPE_PROCURADOR ESPECIAL DE CONTAS  – TCE-ES_2009) A

compensação de culpas no direito penal, aceita pela doutrina penal contemporânea e

acolhida pela jurisprudência pátria, diz respeito à possibilidade de compensar a culpa da

vítima com a culpa do agente da conduta delituosa, de modo a assegurar equilíbrio na

relação penal estabelecida.

Comentário: compensação de culpas  – não é admitida no direito penal.

Exemplo: vítima atravessa fora da faixa e motorista não pára, pois está em alta

velocidade. O motorista responde pelo resultado. GABARITO: ERRADO

8. (CESPE_PROCURADOR ESPECIAL DE CONTAS – TCE-ES_2009) A autoria

dos crimes culposos é basicamente atribuída àquele que causou o resultado. Com isso

admite-se a participação culposa em delito doloso, participação dolosa em crime

culposo e participação culposa em fato típico culposo.

Comentário: Coautoria em crime culposo – a jurisprudência admite, mas

não admite participação. Obs. Existe aqui uma grande confusão na doutrina e

 jurisprudência, mas a posição do STJ é nesse sentido explicado.

APENAS MEMORIZE: CRIME CULPOSO  – NÃO ADMITE PARTICIPAÇÃO, SÓ

COAUTORIA.

Não se preocupe, veremos a diferença entre coautoria e participação na

aula sobre Concurso de Pessoas.

GABARITO: ERRADO

9 - ( FAE - 2008 - TJ-PR - Juiz Substituto) George Shub, conhecido

terrorista, pretendendo matar o Presidente da República de Quiare, planta uma bomba

no veículo em que ele sabe que o político é levado por um motorista e dois seguranças

até uma inauguração de uma obra. A bomba é por ele detonada à distância, durante o

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trajeto, provocando a morte de todos os ocupantes do veículo. Com relação à morte do

motorista, George Shub agiu com: 

a) Dolo direto de primeiro grau

b) Dolo direto de segundo grau

c) Dolo eventual

d) Imprudência consciente

Comentário: Vimos que o dolo direto pode ser classificado como (a) dolo

direto de primeiro grau  – refere-se à finalidade; (b) dolo direto de segundo grau  – 

refere-se aos meios necessários.

Desta forma, George agiu como dolo direto de primeiro grau em relação

ao presidente da República do Quiare; e como dolo direto de segundo grau em relação

ao outros mortos, incluindo o motorista.

GABARITO: Letra “b” 

10. (CESPE - 2008 - TCU - Analista de Controle Externo ) Durante um

espetáculo de circo, Andrey, que é atirador de facas, obteve a concordância de Nádia,

que estava na platéia, em participar da sua apresentação. Na hipótese de Andrey,

embora prevendo que poderia lesionar Nádia, mas acreditando sinceramente que tal

resultado não viesse a ocorrer, atingir Nádia com uma das facas, ele terá agido com dolo

eventual.

Comentário: Vimos que na culpa consciente o agente prevê o resultado

como possível, mas acredita sinceramente que esse não irá ocorrer. Andrey, ao acertar

Nádia, fala para si próprio: “Hi! Danou-se!”. 

Culpa consciente, portanto.

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GABARITO: ERRADO

11. (Magistratura  – TJPI -2007  – adaptada) A consumação dos crimes

formais ocorre com a prática da conduta descrita no núcleo do tipo,

independentemente do resultado naturalístico, que, caso ocorra, será causa de

aumento de pena.

Comentário: De fato, a consumação dos crimes formais é antecipada para

a conduta, mesmo sendo possível a realização de um resultado físico. Caso este último

ocorra, teremos um mero exaurimento do crime, leia-se, um pós- crime impunível.

GABARITO: ERRADO

12. (Analista  – MPU  – 2007) João, dirigindo um automóvel, com pressa

de chegar ao seu destino, avançou com o veículo contra uma multidão, consciente dorisco de ocasionar a morte de um ou mais pedestres, mas sem se importar com essa

possibilidade, João agiu com

a) culpa

b) dolo indireto

c) culpa consciente

d) dolo eventual

Comentário: João viu o resultado como possível, mas disse a si mesmo:

“para mim tanto faz” (dane-se!). Trata-se de hipótese de dolo eventual.

GABARITO: Letra “d” 

13. (CESPE  – Procurador de Vitória-ES  – 2007) Suponha que o motorista

de um veículo, por negligência, deixe de observar a má conservação do sistema de freios

de seu carro e, ao trafegar em via pública, atropele e mate um pedestre que tenha

cruzado a pista em local inadequado. Nessa situação, caso se comprove que o evento

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danoso tenha decorrido da falta de freios no veículo atropelador, responderá

culposamente o seu condutor pela morte do pedestre, mesmo diante da imprudência da

vítima.

Comentários: No direito penal brasileiro não se admite a compensação

de culpas, quer dizer, a culpa do autor ser compensada pela culpa da vítima. O que pode

ocorrer é culpa exclusiva da vítima, o que afasta a responsabilidade do autor.

GABARITO: CORRETO

14.( NCE-UFRJ - 2005 - PC-DF - Delegado de Polícia; ) 

Segundo a redação do artigo 18, I, do Código Penal ("Diz-se o crime: I -

doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo"), é possível

concluir que foi adotada:

a) a teoria do assentimento;

b) a teoria da representação;

c) as teorias do assentimento e da representação;

d) as teorias do assentimento e da vontade;

e) as teorias da representação e da vontade.

Comentário: O conceito de dolo pode ser variável conforme a teoria que

se adote para conceituá-lo. Podem-se citar as seguintes teorias existentes na doutrina:

a) Teoria da Vontade: O agente deve ter vontade e consciência para

causar o resultado final. “Quero matá-lo!”. 

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b) Teoria do Consentimento, assentimento ou aprovação: O agente

aceita a possibilidade da ocorrência do resultado. “Não quero matar, mas se morrer

dane-se, não é por isso que vou deixar de agir!” 

c) Teoria da Representação: há previsibilidade (capacidade de previsão)

da ocorrência do resultado, mas o agente acredita que ele não ocorrerá. Exemplo seria omédico que, sabendo das dificuldades de determinado procedimento cirúrgico, resolve

realizá-lo, acreditando que o resultado pior não acontecerá por estar seguro de sua

técnica, vindo o paciente a falecer. Na sistemática do CPB, poderá ocorrer aqui um tipo

culposo, caso haja uma quebra do dever objetivo de cuidado por imprudência,

negligência ou imperícia por parte do médico, aliada à não aceitação do resultado mais

gravoso (culpa consciente)

O CPB adotou as duas primeiras teorias para definir o que é dolo. Assim, a

teoria da vontade indica o dolo direto (“quero matar!”), e a teoria do assentimento

representa o dolo indireto ou eventual (se morrer morreu, mas eu não cesso minha

ação haja o que houver, doa a quem doer!). Resposta: letra “D”. 

15 - ( FCC - 2010 - TRE-AL - Analista Judiciário-adaptada )  Há dolo

eventual quando o agente, embora prevendo o resultado, não quer que ele ocorra nem

assume o risco de produzi-lo.

Comentário: No dolo eventual o agente assume o risco de produzir o

resultado.

GABARITO: ERRADO 

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16 - ( FCC - 2010 - TRE-AL - Analista Judiciário-adaptada ) Há culpa

inconsciente quando, embora previsível o resultado, o agente não o prevê por descuido,

desatenção ou desinteresse.

Comentário: a culpa consciente é a forma básica de culpa  – o agente não

prevê um resultado, que devia e podia prever.

GABARITO: CERTO

17. (CESPE_Analista Judiciário _Execução de Mandados_TJDFT_2008) Se

o sujeito ativo do delito, ao praticar o crime, não quer diretamente o resultado, mas

assume o risco de produzi-lo, o crime será culposo, na modalidade culpa consciente.

Comentário: Depois de alguma prática, fica até boba a questão, não é

mesmo?

GABARITO: ERRADO

18.  (CESPE_Analista Judiciário _Execução de Mandados_TJDFT_2008)

Excetuadas as exceções legais, o autor de fato previsto como crime só poderá ser

punido se o praticar dolosamente.

Comentário: só poderá haver punição por crime culposo se a lei

expressamente trouxer a hipótese em seu texto.

GABARITO: C

19. (CESPE_ DPU 2010) Em se tratando de homicídio, é incompatível o

domínio de violenta emoção com o dolo eventual.

Comentário: A assertiva está se referindo a uma causa de diminuição de

pena existente no homicídio que é: “praticar o fato sob domínio de violenta emoção,

logo após a injusta provocação da vítima” (Art. 121, § 1º, CPB).

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O entendimento da doutrina e da jurisprudência é de equiparar as duas

formas de dolo, assim tudo que se aplica ao dolo direto, tem se aplicado ao dolo

eventual.

GABARITO: ERRADO.

20. (CESPE – CONSULTOR LEGISLATIVO DO SENADO-2002) Diz-se que o crime é doloso,

quando o agente quis o resultado; preterdoloso, quando, embora não querendo o

resultado, o agente assumiu o risco de produzi-lo.

Comentário: O crime preterdoloso é uma forma de crime agravado pelo

resultado em que o agente pratica uma conduta antecedente com dolo, mas causa um

resultado maior do que o desejado a título de culpa

GABARITO: ERRADO

21. ( CESPE - 2010 - MPE-RO - Promotor de Justiça) No tocante aos

delitos de intenção, assim conceituados por parte da doutrina, há as intenções

especiais, que dão lugar aos atos denominados delitos de resultado cortado, tais como

o crime de extorsão mediante sequestro, e os atos denominados delitos mutilados de

dois atos, tais como o crime de moeda falsa.

Comentário: os delitos de intenção, são espécies de crimes com

elementos subjetivos especiais. Os exemplos da questão representam a classificação

apresentada geralmente pela doutrina.

GABARITO: CORRETO

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22. ( CESPE - 2010 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Juiz) Com referência ao dolo eà culpa, assinale a opção correta.

a) Em relação ao dolo, o Código Penal brasileiro adotou a teoria darepresentação, segundo a qual a conduta dolosa é o comportamento de quem temconsciência do fato e de seu significado, e, ao mesmo tempo, a vontade de realizá-lo.

Comentário: o Código adotou a teoria da vontade para o dolo direto e doassentimento para o dolo eventual.

b) A teoria naturalista ou causal da conduta adotava a espécie de dolodenominada natural, que, em vez de constituir elemento da conduta, era consideradorequisito da culpabilidade, com três elementos: consciência, vontade e consciência dailicitude (dolus malus).

Comentário: o dolo “natural” é o adotado pela teoria finalista da ação, aqual entende que o dolo existe mesmo sem a consciência da ilicitude (ex.: Se José mataJoão, estuprador da filha daquele, por acreditar que tem esse direito, terá agido comdolo, mesmo que não haja consciência da ilicitude. No caso, a falta de consciência dailicitude vai interferir na culpabilidade).

c) Considere a seguinte situação hipotética. Um jovem desferiu, comintenção homicida, golpes de faca em seu vizinho, que caiu desacordado. Acreditandoter atingido seu objetivo, enterrou o que supunha ser o cadáver no meio da mata. Aperícia constatou, posteriormente, que o homem falecera em razão de asfixiadecorrente da ausência de ar no local em que foi enterrado. Nessa situação, ocorreu oque a doutrina denomina de aberratio causae, devendo o agente responder pelo delitode homicídio simples consumado, por ter agido com dolo geral.

Comentário: No dolo Geral teríamos uma só conduta, dividida em dois ou

mais atos: o agente dispara contra a vítima, que desmaia; ele pensa que a vítima já

morreu e joga seu corpo ao rio para encobrir o crime anterior; descobre-se depois que

ela morreu não pelo disparo, mas sim pelo afogamento. Quis matar e, de fato, matou,

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respondendo pelo resultado normalmente. O dolo geral é também denominado “er ro

sobre o nexo causal” (aberratio causae).

Gabarito: correto

d) Considere a seguinte situação hipotética. Paulo, chefe de família,percebeu que alguém entrou pelos fundos, à noite, em sua residência, em local comaltos índices de violência. Pensando tratar-se de assalto, posicionou-se, com a luzapagada, de forma dissimulada, e desferiu golpes de faca no suposto meliante, comintenção de matá-lo, certo de praticar ação perfeitamente lícita, amparada pela legítimadefesa. Verificou-se, posteriormente, que Paulo ceifou a vida de seu filho de doze anosde idade.Nessa situação, Paulo agiu com culpa inconsciente, devendo responder por homicídioculposo.

Comentário: trata-se de exemplo de legítima defesa putativa por erro detipo, a ser tratada em aula específica.

e) No ordenamento jurídico brasileiro, de acordo com a doutrinamajoritária, a ausência de previsibilidade subjetiva - a possibilidade de o agente, dadassuas condições peculiares, prever o resultado - exclui a culpa, uma vez que é seuelemento.

Comentário: no crime culposo, fala-se em previsibilidade objetiva (e não

subjetiva), por levar em consideração o fato concreto sob a ótica de um homem médio.

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1. (CESPE_Procurador do

MP_TC_GO_2007) Excetuadas as

exceções legais, o autor de fato previsto

como crime só poderá ser punido se opraticar dolosamente.

2. (CESPE_Procurador do

MP_TC_GO_2007) Julgue os itens a

seguir, concernentes às espécies de

dolo:

No crime de falsificação

de documento público o dolo é

específico.

3. CESPE_Procurador do

MP_TC_GO_2007) Para a configuração

do crime de peculato-desvio, é

necessária a presença do dolo genérico

e do dolo específico.

4. (CESPE_JUIZ FEDERAL

2ª REGIÃO_2009) Nos crimes culposos,

o tipo penal é aberto, o que decorre da

impossibilidade do legislador de antever

todas as formas de realização culposa;

assim, o legislador prevê apenas

genericamente a ocorrência da culpa,

sem defini-la, e, no caso concreto, o

aplicador deve comparar o

comportamento do sujeito ativo com o

que uma pessoa de prudência normal

teria, na mesma situação.

5. (CESPE_PROCURADOR

ESPECIAL DE CONTAS – TCE-ES_2009) Aculpa consciente ocorre quando o

agente assume ou aceita o risco de

produzir o resultado. Nesse caso, o

agente não quer o resultado, caso

contrário, ter-se-ia um crime doloso.

6. CESPE_PROCURADOR

ESPECIAL DE CONTAS – TCE-ES_2009) A

culpa imprópria ou culpa por extensão é

aquela em que a vontade do sujeito

dirige-se a um ou outro resultado,

indiferentemente dos danos que cause à

vítima.

7. (CESPE_PROCURADOR

ESPECIAL DE CONTAS – TCE-ES_2009) A

compensação de culpas no direito

penal, aceita pela doutrina penal

contemporânea e acolhida pela

  jurisprudência pátria, diz respeito à

possibilidade de compensar a culpa da

vítima com a culpa do agente da

conduta delituosa, de modo a assegurar

equilíbrio na relação penal estabelecida.

8.  (CESPE_PROCURADOR

ESPECIAL DE CONTAS – TCE-ES_2009) A

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autoria dos crimes culposos é

basicamente atribuída àquele que

causou o resultado. Com isso admite-se

a participação culposa em delito doloso,

participação dolosa em crime culposo e

participação culposa em fato típicoculposo.

9 - ( FAE - 2008 - TJ-PR -

Juiz Substituto) George Shub, conhecido

terrorista, pretendendo matar o

Presidente da República de Quiare,

planta uma bomba no veículo em que

ele sabe que o político é levado por um

motorista e dois seguranças até umainauguração de uma obra. A bomba é

por ele detonada à distância, durante o

trajeto, provocando a morte de todos os

ocupantes do veículo. Com relação à

morte do motorista, George Shub agiu

com: 

a) Dolo direto de primeiro

grau

b) Dolo direto de segundo

grau

c) Dolo eventual

d) Imprudência

consciente

10. (CESPE - 2008 - TCU -

Analista de Controle Externo ) Durante

um espetáculo de circo, Andrey, que éatirador de facas, obteve a concordância

de Nádia, que estava na platéia, em

participar da sua apresentação. Na

hipótese de Andrey, embora prevendo

que poderia lesionar Nádia, mas

acreditando sinceramente que tal

resultado não viesse a ocorrer, atingir

Nádia com uma das facas, ele terá agido

com dolo eventual.11. (Magistratura  – TJPI -

2007  – adaptada) A consumação dos

crimes formais ocorre com a prática da

conduta descrita no núcleo do tipo,

independentemente do resultado

naturalístico, que, caso ocorra, será

causa de aumento de pena.

12. (Analista  – MPU  – 2007) João, dirigindo um automóvel,

com pressa de chegar ao seu destino,

avançou com o veículo contra uma

multidão, consciente do risco de

ocasionar a morte de um ou mais

pedestres, mas sem se importar com

essa possibilidade, João agiu com

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a) culpa

b) dolo indireto

c) culpa consciente

d) dolo eventual

13. (CESPE  – Procuradorde Vitória-ES  – 2007) Suponha que o

motorista de um veículo, por

negligência, deixe de observar a má

conservação do sistema de freios de seu

carro e, ao trafegar em via pública,

atropele e mate um pedestre que tenha

cruzado a pista em local inadequado.

Nessa situação, caso se comprove que o

evento danoso tenha decorrido da faltade freios no veículo atropelador,

responderá culposamente o seu

condutor pela morte do pedestre,

mesmo diante da imprudência da

vítima.

14.( NCE-UFRJ - 2005 -

PC-DF - Delegado de Polícia; ) 

Segundo a redação doartigo 18, I, do Código Penal ("Diz-se o

crime: I - doloso, quando o agente quis

o resultado ou assumiu o risco de

produzi-lo"), é possível concluir que foi

adotada:

a) a teoria do

assentimento;

b) a teoria da

representação;

c) as teorias do

assentimento e da representação;

d) as teorias do

assentimento e da vontade;

e) as teorias da

representação e da vontade.

15 - ( FCC - 2010 - TRE-AL

- Analista Judiciário-adaptada )  Há dolo

eventual quando o agente, embora

prevendo o resultado, não quer que ele

ocorra nem assume o risco de produzi-

lo.

16 - ( FCC - 2010 - TRE-AL

- Analista Judiciário-adaptada ) Há

culpa inconsciente quando, embora

previsível o resultado, o agente não o

prevê por descuido, desatenção ou

desinteresse.

17. (CESPE_Analista

Judiciário _Execução de

Mandados_TJDFT_2008) Se o sujeito

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ativo do delito, ao praticar o crime, não

quer diretamente o resultado, mas

assume o risco de produzi-lo, o crime

será culposo, na modalidade culpa

consciente.

18.  (CESPE_Analista

Judiciário _Execução de

Mandados_TJDFT_2008) Excetuadas as

exceções legais, o autor de fato previsto

como crime só poderá ser punido se o

praticar dolosamente.

19. (CESPE_ DPU 2010) 

Em se tratando de homicídio, é

incompatível o domínio de violentaemoção com o dolo eventual.

20. (CESPE  – CONSULTOR LEGISLATIVO

DO SENADO-2002) Diz-se que o crime é

doloso, quando o agente quis o

resultado; preterdoloso, quando,

embora não querendo o resultado, o

agente assumiu o risco de produzi-lo.

21. ( CESPE - 2010 - MPE-

RO - Promotor de Justiça) No tocante

aos delitos de intenção, assim

conceituados por parte da doutrina, há

as intenções especiais, que dão lugar

aos atos denominados delitos de

resultado cortado, tais como o crime de

extorsão mediante sequestro, e os atos

denominados delitos mutilados de dois

atos, tais como o crime de moeda falsa.

22. (CESPE - 2010 - TRT -1ª REGIÃO (RJ) - Juiz) Com referência

ao dolo e à culpa, assinale a opçãocorreta.

a) Em relação ao dolo, oCódigo Penal brasileiro adotou a teoriada representação, segundo a qual aconduta dolosa é o comportamento dequem tem consciência do fato e de seusignificado, e, ao mesmo tempo, avontade de realizá-lo.

b) A teoria naturalista oucausal da conduta adotava a espécie dedolo denominada natural, que, em vezde constituir elemento da conduta, eraconsiderado requisito da culpabilidade,com três elementos: consciência,vontade e consciência da ilicitude (dolusmalus).

c) Considere a seguinte

situação hipotética. Um jovem desferiu,com intenção homicida, golpes de facaem seu vizinho, que caiu desacordado.Acreditando ter atingido seu objetivo,enterrou o que supunha ser o cadáverno meio da mata. A perícia constatou,posteriormente, que o homem faleceraem razão de asfixia decorrente daausência de ar no local em que foi

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enterrado. Nessa situação, ocorreu oque a doutrina denominade aberratio causae, devendo o agenteresponder pelo delito de homicídiosimples consumado, por ter agido comdolo geral.

d) Considere a seguintesituação hipotética. Paulo, chefe defamília, percebeu que alguém entroupelos fundos, à noite, em sua residência,em local com altos índices de violência.Pensando tratar-se de assalto,posicionou-se, com a luz apagada, deforma dissimulada, e desferiu golpes defaca no suposto meliante, com intenção

de matá-lo, certo de praticar açãoperfeitamente lícita, amparada pelalegítima defesa. Verificou-se,posteriormente, que Paulo ceifou a vidade seu filho de doze anos de idade.Nessa situação, Paulo agiu com culpainconsciente, devendo responder porhomicídio culposo.

e) No ordenamento

  jurídico brasileiro, de acordo com a

doutrina majoritária, a ausência deprevisibilidade subjetiva - apossibilidade de o agente, dadas suascondições peculiares, prever o resultado- exclui a culpa, uma vez que é seuelemento.

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GABARITO

1 -C 2-E 3-C 4-C 5-E

6-E 7-E 8-E 9-letra B 10-E

11-E 12- Letra D 13-C 14- Letra D 15-E

16-C 17-E 18-C 19-C 20 - E

21 - C 22- Letra C