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Turma e Ano: Flex A (2014) Matéria / Aula: Direito Ambiental / Aula 06 Professora: Luiz Oliveira Castro Jungstedt Monitora: Mariana Simas de Oliveira AULA 06 CONTEÚDO DA AULA: Regras do Contrato de Concessão Florestal. SFB. Biossegurança. CTNbio. CNBS. Licença. Mineração. Jazida Mineral. Pesquisa e Lavra. Jazida de Petróleo. Modelos de Exploração e Produção. Concessão e Partilha. Royalties. CONCESSÃO FLORESTAL (cont.) Ainda sobre a concessão de Florestas, a Lei 11.284 dispõe, em seu art.7 o : Art. 7 o . A concessão florestal será autorizada em ato do poder concedente e formalizada mediante contrato, que deverá observar os termos desta Lei, das normas pertinentes e do edital de licitação. Parágrafo único. Os relatórios ambientais preliminares, licenças ambientais, relatórios de impacto ambiental, contratos, relatórios de fiscalização e de auditorias e outros documentos relevantes do processo de concessão florestal serão disponibilizados por meio da Rede Mundial de Computadores, sem prejuízo do disposto no art. 25 desta Lei. De acordo com o art.13, parágrafo 1 o , da mesma lei, a modalidade de licitação a ser utilizada para a concessão florestal é a concorrência: Art.13. § 1o As licitações para concessão florestal serão realizadas na modalidade concorrência e outorgadas a título oneroso. Importante, sobre a licitação, ressaltar a previsão do parágrafo 2 o do referido art.13: Art.13. § 2o Nas licitações para concessão florestal, é vedada a declaração de inexigibilidade prevista no art. 25 da Lei no8.666, de 21 de junho de 1993.

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Turma e Ano: Flex A (2014)

Matéria / Aula: Direito Ambiental / Aula 06

Professora: Luiz Oliveira Castro Jungstedt Monitora: Mariana Simas de Oliveira

AULA 06 CONTEÚDO DA AULA: Regras do Contrato de Concessão Florestal. SFB. Biossegurança. CTNbio. CNBS. Licença. Mineração. Jazida Mineral. Pesquisa e Lavra. Jazida de Petróleo. Modelos de Exploração e Produção. Concessão e Partilha. Royalties.

ª CONCESSÃO FLORESTAL (cont.)

Ainda sobre a concessão de Florestas, a Lei 11.284 dispõe, em seu art.7o:

Art. 7o. A concessão florestal será autorizada em ato do poder concedente e formalizada mediante contrato, que deverá observar os termos desta Lei, das normas pertinentes e do edital de licitação. Parágrafo único. Os relatórios ambientais preliminares, licenças ambientais, relatórios de impacto ambiental, contratos, relatórios de fiscalização e de auditorias e outros documentos relevantes do processo de concessão florestal serão disponibilizados por meio da Rede Mundial de Computadores, sem prejuízo do disposto no art. 25 desta Lei.

De acordo com o art.13, parágrafo 1o, da mesma lei, a modalidade de licitação a

ser utilizada para a concessão florestal é a concorrência:

Art.13. § 1o As licitações para concessão florestal serão realizadas na modalidade concorrência e outorgadas a título oneroso.

Importante, sobre a licitação, ressaltar a previsão do parágrafo 2o do referido

art.13:

Art.13. § 2o Nas licitações para concessão florestal, é vedada a declaração de inexigibilidade prevista no art. 25 da Lei no8.666, de 21 de junho de 1993.

 

 

O dispositivo acima transcrito merece uma crítica, pois a inexigibilidade se dá quando ocorre situação de inviabilidade de competição que, por sua vez, não é proibida, mas sim constatada. Segundo o professor, o legislador deve ter tentado coibir a dispensa da licitação.

Prosseguindo, impõe-se identificar o objeto da concessão florestal, o que pode

ser feito através da leitura dos seguintes dispositivos da lei:

Art. 14. A concessão florestal terá como objeto a exploração de produtos e serviços florestais, contratualmente especificados, em unidade de manejo de floresta pública, com perímetro georreferenciado, registrada no respectivo cadastro de florestas públicas e incluída no lote de concessão florestal. Parágrafo único. Fica instituído o Cadastro Nacional de Florestas Públicas, interligado ao Sistema Nacional de Cadastro Rural e integrado: I - pelo Cadastro-Geral de Florestas Públicas da União; II - pelos cadastros de florestas públicas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Art. 15. O objeto de cada concessão será fixado no edital, que definirá os produtos florestais e serviços cuja exploração será autorizada.

O art.16, parágrafo 1o, traz as hipóteses em que são vedadas as concessões

florestais, nos seguintes termos:

Art.16. § 1o. É vedada a outorga de qualquer dos seguintes direitos no âmbito da concessão florestal: I - titularidade imobiliária ou preferência em sua aquisição; II - acesso ao patrimônio genético para fins de pesquisa e desenvolvimento, bioprospecção ou constituição de coleções; III - uso dos recursos hídricos acima do especificado como insignificante, nos termos da Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997; IV - exploração dos recursos minerais; V - exploração de recursos pesqueiros ou da fauna silvestre;

 

 

VI - comercialização de créditos decorrentes da emissão evitada de carbono em florestas naturais.

Dispõe o art.16, parágrafo 2o, sobre a possibilidade de comercialização de

créditos de carbono nos casos de reflorestamento:

Art.16. § 2o. No caso de reflorestamento de áreas degradadas ou convertidas para uso alternativo do solo, o direito de comercializar créditos de carbono poderá ser incluído no objeto da concessão, nos termos de regulamento.

A concessão de uso traz um embaraço para esse tipo de contrato (concessão

florestal), pois geralmente são áreas enormes para que o particular a explore economicamente de forma sustentável. Quando se fala em concessão de usos de áreas gigantescas, há um mandamento constitucional que irá burocratizar o sistema:

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares.

Assim, se a concessão florestal for tratada como concessão de uso, praticamente

toda e qualquer concessão florestal previamente terá que ser aprovada pelo Congresso Nacional.

A administração, para solucionar essa burocratização, rotulou a concessão

florestal como uma terceira figura de concessão (não é de uso nem de serviço): concessão de manejo florestal, não sendo necessária a aprovação do Congresso Nacional. O STF entendeu que existe essa forma de concessão.

Dando seguimento, o lapso temporal para o contrato de concessão para manejo

florestal encontra-se no art.35 da lei:

Art. 35. O prazo dos contratos de concessão florestal será estabelecido de acordo com o ciclo de colheita ou exploração, considerando o produto ou grupo de produtos com ciclo mais longo incluído no objeto da concessão, podendo ser fixado prazo equivalente a, no mínimo, um ciclo e, no máximo, 40 (quarenta) anos. Parágrafo único. O prazo dos contratos de concessão exclusivos para exploração de serviços florestais será de, no mínimo, 5 (cinco) e, no máximo, 20 (vinte) anos.

 

 

Na concessão florestal o Governo recebe dinheiro através do chamados preços florestais, sobre o qual a lei dedica uma seção própria (art.36 ao art.43):

Art. 36. O regime econômico e financeiro da concessão florestal, conforme estabelecido no respectivo contrato, compreende: I - o pagamento de preço calculado sobre os custos de realização do edital de licitação da concessão florestal da unidade de manejo; II - o pagamento de preço, não inferior ao mínimo definido no edital de licitação, calculado em função da quantidade de produto ou serviço auferido do objeto da concessão ou do faturamento líquido ou bruto; Bônus de assinatura à da mesma forma como a ANP licita a exploração de um bloco de petróleo // O pagamento é feito no momento da assinatura do contrato. III - a responsabilidade do concessionário de realizar outros investimentos previstos no edital e no contrato; IV - a indisponibilidade, pelo concessionário, salvo disposição contratual, dos bens considerados reversíveis. § 1o O preço referido no inciso I do caput deste artigo será definido no edital de licitação e poderá ser parcelado em até 1 (um) ano, com base em critérios técnicos e levando-se em consideração as peculiaridades locais. § 2o A definição do preço mínimo no edital deverá considerar: I - o estímulo à competição e à concorrência; II - a garantia de condições de competição do manejo em terras privadas; III - a cobertura dos custos do sistema de outorga; IV - a geração de benefícios para a sociedade, aferidos inclusive pela renda gerada; V - o estímulo ao uso múltiplo da floresta; VI - a manutenção e a ampliação da competitividade da atividade de base florestal; VII - as referências internacionais aplicáveis. § 3o Será fixado, nos termos de regulamento, valor mínimo a ser exigido anualmente do concessionário, independentemente da produção ou dos valores por ele auferidos com a exploração do objeto da concessão. (...)

 

 

A Lei 11.284 criou-se o Serviço Florestal Brasileiro (SFB), dispondo o seguinte:

Art. 54. Fica criado, na estrutura básica do Ministério do Meio Ambiente, o Serviço Florestal Brasileiro - SFB. Art. 55. O SFB atua exclusivamente na gestão das florestas públicas e tem por competência: I - exercer a função de órgão gestor prevista no art. 53 desta Lei, no âmbito federal, bem como de órgão gestor do FNDF; (...)

Para a SFB ter mais liberdade de atuação o art.67 traz a seguinte previsão:

Art. 67. O Poder Executivo poderá assegurar ao SFB autonomia administrativa e financeira, no grau conveniente ao exercício de suas atribuições, mediante a celebração de contrato de gestão e de desempenho, nos termos do § 8o do art. 37 da Constituição Federal, negociado e firmado entre o Ministério do Meio Ambiente e o Conselho Diretor.

Nesse caso, note-se, são dois órgãos celebrando um contrato de gestação (é um

raro exemplo de contrato de gestão entre órgãos públicos).

ª LEI DA BIOSSEGURANÇA – 11.105/2005 A lei, em seu art.1o, traz o seu objetivo – regulamentar o organismo geneticamente

modificado (OGM):

Art. 1o. Esta Lei estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização sobre a construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a comercialização, o consumo, a liberação no meio ambiente e o descarte de organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados, tendo como diretrizes o estímulo ao avanço científico na área de biossegurança e biotecnologia, a proteção à vida e à saúde humana, animal e vegetal, e a observância do princípio da precaução para a proteção do meio ambiente.

O seu art.2o traz informações sobre quem pode realizar as atividades

envolvendo OGM:

 

 

 Art. 2o.As atividades e projetos que envolvam OGM e seus derivados, relacionados

ao ensino com manipulação de organismos vivos, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico e à produção industrial ficam restritos ao âmbito de entidades de direito público ou privado, que serão responsáveis pela obediência aos preceitos desta Lei e de sua regulamentação, bem como pelas eventuais consequências ou efeitos advindos de seu descumprimento. (...) § 2o. As atividades e projetos de que trata este artigo são vedados a pessoas físicas em atuação autônoma e independente, ainda que mantenham vínculo empregatício ou qualquer outro com pessoas jurídicas.

A instituição científica, pública ou privada, que trabalhar com organismo

geneticamente modificado (OGM) deverá ter o Certificado de Qualidade em Biossegurança (CQB), emitido pela CTNBio:

Art. 14. Compete à CTNBio: XI – emitir Certificado de Qualidade em Biossegurança – CQB para o desenvolvimento de atividades com OGM e seus derivados em laboratório, instituição ou empresa e enviar cópia do processo aos órgãos de registro e fiscalização referidos no art. 16 desta Lei;

Note-se que se uma instituição estiver manipulando irregularmente OGM (sem

CQB) e suas atividades forem financiadas por uma instituição financeira, esta última terá responsabilidade solidária:

Art.2o. § 4o. As organizações públicas e privadas, nacionais, estrangeiras ou internacionais, financiadoras ou patrocinadoras de atividades ou de projetos referidos no caput deste artigo devem exigir a apresentação de Certificado de Qualidade em Biossegurança, emitido pela CTNBio, sob pena de se tornarem co-responsáveis pelos eventuais efeitos decorrentes do descumprimento desta Lei ou de sua regulamentação. Art. 20. Sem prejuízo da aplicação das penas previstas nesta Lei, os responsáveis pelos danos ao meio ambiente e a terceiros responderão, solidariamente, por sua indenização ou reparação integral, independentemente da existência de culpa.

Para a realização da política nacional de biossegurança dois órgãos foram

criados: a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) – órgão superior – e, acima dela, o Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS) – órgão autônomo:

 

 

Art. 8o Fica criado o Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS, vinculado à Presidência da República, órgão de assessoramento superior do Presidente da República para a formulação e implementação da Política Nacional de Biossegurança – PNB. (...) Art. 10. A CTNBio, integrante do Ministério da Ciência e Tecnologia, é instância colegiada multidisciplinar de caráter consultivo e deliberativo, para prestar apoio técnico e de assessoramento ao Governo Federal na formulação, atualização e implementação da PNB de OGM e seus derivados, bem como no estabelecimento de normas técnicas de segurança e de pareceres técnicos referentes à autorização para atividades que envolvam pesquisa e uso comercial de OGM e seus derivados, com base na avaliação de seu risco zoofitossanitário, à saúde humana e ao meio ambiente. (...)

O CNBS é formado por agentes políticos, como se observa da leitura do art.9o (11

ministros):

Art. 9o. O CNBS é composto pelos seguintes membros: I – Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República, que o presidirá; II – Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia; III – Ministro de Estado do Desenvolvimento Agrário; IV – Ministro de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; V – Ministro de Estado da Justiça; VI – Ministro de Estado da Saúde; VII – Ministro de Estado do Meio Ambiente; VIII – Ministro de Estado do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; IX – Ministro de Estado das Relações Exteriores; X – Ministro de Estado da Defesa; XI – Secretário Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República.

 

 

A CTNBio, por sua vez, é um órgão técnico:

Art. 11. A CTNBio, composta de membros titulares e suplentes, designados pelo Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia, será constituída por 27 (vinte e sete) cidadãos brasileiros de reconhecida competência técnica, de notória atuação e saber científicos, com grau acadêmico de doutor e com destacada atividade profissional nas áreas de biossegurança, biotecnologia, biologia, saúde humana e animal ou meio ambiente, sendo: (...)

Nenhum dos dois órgãos irá trabalhar no processo de licenciamento ambiental,

porém ambos são vitais para ele:

Art. 16. Caberá aos órgãos e entidades de registro e fiscalização do Ministério da Saúde, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Ministério do Meio Ambiente, e da Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca da Presidência da República entre outras atribuições, no campo de suas competências, observadas a decisão técnica da CTNBio (obs.: não é parecer, mas decisão. Assim, não é um exemplo de parecer vinculante), as deliberações do CNBS e os mecanismos estabelecidos nesta Lei e na sua regulamentação: (...) II – registrar e fiscalizar a liberação comercial de OGM e seus derivados; (...). § 1o. Após manifestação favorável da CTNBio, ou do CNBS, em caso de avocação ou recurso, caberá, em decorrência de análise específica e decisão pertinente: (...)

A lei de biossegurança também cria a chamada – que não é necessariamente um

órgão público – Comissão Interna de Biossegurança (art. 17 e art.18):

Art. 17. Toda instituição que utilizar técnicas e métodos de engenharia genética ou realizar pesquisas com OGM e seus derivados deverá criar uma Comissão Interna de Biossegurança - CIBio, além de indicar um técnico principal responsável para cada projeto específico. Art. 18. Compete à CIBio, no âmbito da instituição onde constituída: I – manter informados os trabalhadores e demais membros da coletividade, quando suscetíveis de serem afetados pela atividade, sobre as questões relacionadas com a saúde e a segurança, bem como sobre os procedimentos em caso de acidentes; II – estabelecer programas preventivos e de inspeção para garantir o funcionamento das instalações sob sua responsabilidade, dentro dos padrões e normas de biossegurança, definidos pela CTNBio na regulamentação desta Lei;

 

 

III – encaminhar à CTNBio os documentos cuja relação será estabelecida na regulamentação desta Lei, para efeito de análise, registro ou autorização do órgão competente, quando couber; IV – manter registro do acompanhamento individual de cada atividade ou projeto em desenvolvimento que envolvam OGM ou seus derivados; V – notificar à CTNBio, aos órgãos e entidades de registro e fiscalização, referidos no art. 16 desta Lei, e às entidades de trabalhadores o resultado de avaliações de risco a que estão submetidas as pessoas expostas, bem como qualquer acidente ou incidente que possa provocar a disseminação de agente biológico; VI – investigar a ocorrência de acidentes e as enfermidades possivelmente relacionados a OGM e seus derivados e notificar suas conclusões e providências à CTNBio.

Para anotações de todas as pesquisas foi criado o Sistema de Informações de

Biossegurança (SIB), regulado no art.19 da lei:

Art. 19. Fica criado, no âmbito do Ministério da Ciência e Tecnologia, o Sistema de Informações em Biossegurança – SIB, destinado à gestão das informações decorrentes das atividades de análise, autorização, registro, monitoramento e acompanhamento das atividades que envolvam OGM e seus derivados. (...)

Importante registrar que o art.5o da Lei 11.105/05 foi declarado constitucional pelo

Supremo e assim dispõe:

Art. 5o. É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, atendidas as seguintes condições: I – sejam embriões inviáveis; ou II – sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na data da publicação desta Lei, ou que, já congelados na data da publicação desta Lei, depois de completarem 3 (três) anos, contados a partir da data de congelamento. (... – tem parágrafos).

Note-se que a clonagem humana, por seu turno, é proibida (art.6o, IV).

 

 

ª MINERAÇÃO Sobre a mineração, faz-se necessário trazer os arts.20, IX, e 176, ambos da

Constituição:

Art. 20. São bens da União: X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos; (...) Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra. § 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que se refere o "caput" deste artigo somente poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no País, na forma da lei, que estabelecerá as condições específicas quando essas atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas.  (Redação  dada  pela  Emenda  Constitucional  nº  6,  de  1995) Só quem poderá receber a concessão para a lavra são os brasileiros ou empresas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede e administração no país. Atenção, pois no Direito Minerário a atividade é sempre dividida. Na pesquisa mineral identifica-se a jazida, observando-se se ela é economicamente viável. Após a pesquisa, e com base nela, pede-se a lavra. Tratam-se de dois atos que envolvem as operações: um para pesquisa e outro para a lavra. O DL 227/67, prevê em seu art.7o: “O aproveitamento das jazidas depende de alvará de autorização de pesquisa, do Diretor-Geral do DNPM, e de concessão de lavra, outorgada pelo Ministro de Estado de Minas e Energia”. E, ainda, o DL 227/67: Art. 15. A autorização de pesquisa será outorgada pelo DNPM a brasileiros, pessoa natural, firma individual ou empresas legalmente habilitadas, mediante requerimento do interessado. Art. 43. A concessão de lavra terá por título uma portaria assinada pelo Ministro de Estado de Minas e Energia. Obs.: a concessão em questão é um ato administrativo (portaria).

 

 

Tanto a jazida quanto a lavra são conceituadas pelo Decreto-Lei 227/67 (Código de Mineração):

Art. 4º Considera-se jazida toda massa individualizada de substância mineral ou fóssil, aflorando à superfície ou existente no interior da terra, e que tenha valor econômico; e mina, a jazida em lavra, ainda que suspensa. Art. 36. Entende-se por lavra o conjunto de operações coordenadas objetivando o aproveitamento industrial da jazida, desde a extração das substâncias minerais úteis que contiver, até o beneficiamento das mesmas.

² Autorização de pesquisa

O Código de Mineração trabalha a pesquisa nos artigos 14 em diante:

Art. 14 Entende-se por pesquisa mineral a execução dos trabalhos necessários à definição da jazida, sua avaliação e a determinação da exequibilidade do seu aproveitamento econômico.  Art. 22. A autorização de pesquisa será conferida nas seguintes condições, além das demais constantes deste Código:  (Redação  dada  pela  Lei  nº  9.314,  de  1996) I   -­‐  o título poderá ser objeto de cessão ou transferência, desde que o cessionário satisfaça os requisitos legais exigidos. Os atos de cessão e transferência só terão validade depois de devidamente averbados no DNPM;  (Redação  dada  pela  Lei  nº  9.314,  de  1996) Art. 31. O titular, uma vez aprovado o Relatório, terá 1 (hum) ano para requerer a concessão de lavra, e, dentro deste prazo, poderá negociar seu direito a essa concessão, na forma deste Código. Parágrafo único. O DNPM poderá prorrogar o prazo referido no caput, por igual período, mediante solicitação justificada do titular, manifestada antes de findar-se o prazo inicial ou a prorrogação em curso.  II   -­‐  é admitida a renúncia à autorização, sem prejuízo do cumprimento, pelo titular, das obrigações decorrentes deste Código, observado o disposto no inciso V deste artigo, parte final, tornando-se operante o efeito da extinção do título autorizativo na data da protocolização do instrumento de renúncia, com a desoneração da área, na forma do art. 26 deste Código;  (Redação  dada  pela  Lei  nº  9.314,  de  1996) III  -­‐  o prazo de validade da autorização não será inferior a um ano, nem superior a três anos, a critério do DNPM, consideradas as características especiais da situação

 

 

da área e da pesquisa mineral objetivada, admitida a sua prorrogação, sob as seguintes condições:  (Redação  dada  pela  Lei  nº  9.314,  de  1996) a)  a prorrogação poderá ser concedida, tendo por base a avaliação do desenvolvimento dos trabalhos, conforme critérios estabelecidos em portaria do Diretor-Geral do DNPM;  (Incluído  pela  Lei  nº  9.314,  de  1996) b)  a prorrogação deverá ser requerida até sessenta dias antes de expirar-se o prazo da autorização vigente, devendo o competente requerimento ser instruído com um relatório dos trabalhos efetuados e justificativa do prosseguimento da pesquisa;  (Incluído  pela  Lei  nº  9.314,  de  1996)  c)  a prorrogação independe da expedição de novo alvará, contando-se o respectivo prazo a partir da data da publicação, no Diário Oficial da União, do despacho que a deferir;  (Incluído  pela  Lei  nº  9.314,  de  1996)  IV  -­‐  o titular da autorização responde, com exclusividade, pelos danos causados a terceiros, direta ou indiretamente decorrentes dos trabalhos de pesquisa;  (Redação  dada  pela  Lei  nº  9.314,  de  1996) V   -­‐  o titular da autorização fica obrigado a realizar os respectivos trabalhos de pesquisa, devendo submeter à aprovação do DNPM, dentro do prazo de vigência do alvará, ou de sua renovação, relatório circunstanciado dos trabalhos, contendo os estudos geológicos e tecnológicos quantificativos da jazida e demonstrativos da exeqüibilidade técnico-econômica da lavra, elaborado sob a responsabilidade técnica de profissional legalmente habilitado. Excepcionalmente, poderá ser dispensada a apresentação do relatório, na hipótese de renúncia à autorização de que trata o inciso II deste artigo, conforme critérios fixados em portaria do Diretor-Geral do DNPM, caso em que não se aplicará o disposto no § 1º deste artigo.  (Redação  dada  pela  Lei  nº  9.314,  de  1996) (...)

þ A autorização é ato vinculado ou discricionário? R.: Trata-se de ato administrativo discricionário técnico, ou seja, a conveniência e

a oportunidade devem ser pautadas em critérios técnicos e não subjetivos. No atual Código de Mineração existe o denominado princípio do primeiro tempo

ou principio do tempo (quem chega primeiro e pede o alvará de pesquisa mineral “ganha”):

 Art. 11. Serão respeitados na aplicação dos regimes de Autorização, Licenciamento e Concessão:  (Redação  dada  pela  Lei  nº  6.403,  de  1976)

 

 

a) o direito de prioridade à obtenção da autorização de pesquisa ou de registro de licença, atribuído ao interessado cujo requerimento tenha por objeto área considerada livre, para a finalidade pretendida, à data da protocolização do pedido no Departamento Nacional da Produção Mineral (D.N.P.M), atendidos os demais requisitos cabíveis, estabelecidos neste Código; e  (Redação  dada  pela  Lei  nº  6.403,  de  1976) (...)

² Lavra

Sobre a lavra, o Código de Mineração tem previsões do art.36 em diante:

Art. 39. O plano de aproveitamento econômico da jazida será apresentado em duas vias e constará de: I - Memorial explicativo; II - Projetos ou anteprojetos referentes; a) ao método de mineração a ser adotado, fazendo referência à escala de produção prevista inicialmente e à sua projeção; b) à iluminação, ventilação, transporte, sinalização e segurança do trabalho, quando se tratar de lavra subterrânea; c) ao transporte na superfície e ao beneficiamento e aglomeração do minério; d) às instalações de energia, de abastecimento de água e condicionamento de ar; e) à higiene da mina e dos respectivos trabalhos; f) às moradias e suas condições de habitabilidade para todos os que residem no local da mineração; g) às instalações de captação e proteção das fontes, addução, distribuição e utilização da água, para as jazidas da Classe VIII.

Se a exploração for feita em desacordo com o plano de aproveitamento

econômico, a lei chama a lavra de lavra ambiciosa:

Art. 48 - Considera-se ambiciosa, a lavra conduzida sem observância do plano preestabelecido, ou efetuada de modo a impossibilitar o ulterior aproveitameto econômico da jazida.

 

 

Art. 52. A lavra, praticada em desacordo com o plano aprovado pelo D.N.P.M., sujeita o concessionário a sanções que podem ir gradativamente da advertência à caducidade.

Em relação à atividade mineral, a Constituição no art.225, parágrafo 2o, dispõe:

Art.225. § 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.

Exigência do PRAD – Plano de Recuperação de Área Degradada.

² Jazida de petróleo

Dispõe o art.177 da Constituição Federal:

Art. 177. Constituem monopólio da União: I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos;  (Vide  Emenda  Constitucional  nº  9,  de  1995) II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro; III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades previstas nos incisos anteriores;

IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos de petróleo produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem; (...)

þ Como há monopólio da União se o parágrafo primeiro do art.177 da

Constituição determina que “a União poderá contratar com empresas estatais ou privadas a realização das atividades previstas nos incisos I a IV deste artigo observadas as condições estabelecidas em lei”?

R.: Hely Lopes Meirelles afirma que há o monopólio e o privilégio. O primeiro

refere-se à gestão, política, decisão de explorar ou não um recurso mineral. O privilégio é que foi flexibilizado pelo parágrafo 1o do art.177 da Constituição e não o monopólio (antes era somente a Petrobras, agora empresas privadas podem explorar). José dos Santos Carvalho Filho trabalha a mesma colocação de Hely Lopes Meirelles.

 

 

Para a exploração de petróleo existe a necessidade de um órgão para realizar toda a gestão (lei que regulamenta a Agência Nacional de Petróleo – 9478/97).

Do art.3o em diante a Lei 9478/97 fala sobre o petróleo. Nessa matéria os nomes

são diferentes: para pesquisa e lavra tem-se a correspondência em exploração e produção. No mesmo contrato é celebrada a exploração e a produção (pesquisa e lavra):

Art. 23. As atividades de exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e de gás natural serão exercidas mediante contratos de concessão, precedidos de licitação, na forma estabelecida nesta Lei, ou sob o regime de partilha de produção nas áreas do pré-sal e nas áreas estratégicas, conforme legislação específica.

Surge, da leitura do artigo acima, a quinta espécie de concessão: concessão de

jazida de petróleo (feita por contrato precedida de licitação). Prosseguindo, dispõe o art.26 da Lei 9478:

Art. 26. A concessão implica, para o concessionário, a obrigação de explorar, por sua conta e risco e, em caso de êxito, produzir petróleo ou gás natural em determinado bloco, conferindo-lhe a propriedade desses bens, após extraídos, com os encargos relativos ao pagamento dos tributos incidentes e das participações legais ou contratuais correspondentes.

Dentre as participações legais e contratuais, oportuno mencionar o art.45 da lei:

Art. 45. O contrato de concessão disporá sobre as seguintes participações governamentais, previstas no edital de licitação: I - bônus de assinatura; II - royalties; III - participação especial; IV - pagamento pela ocupação ou retenção de área. Art. 46. O bônus de assinatura terá seu valor mínimo estabelecido no edital e corresponderá ao pagamento ofertado na proposta para obtenção da concessão, devendo ser pago no ato da assinatura do contrato.

 

 

Art. 47. Os royalties serão pagos mensalmente, em moeda nacional, a partir da data de início da produção comercial de cada campo, em montante correspondente a dez por cento da produção de petróleo ou gás natural. (...) A União também recebe royalties. Os royalties têm amparo constitucional no art.20, parágrafo 1o: Art.20. § 1º - É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União, participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou // compensação financeira por essa exploração. A compensação financeira é diferente de royalties, pois ela se refere a uma participação fechada, fixa.

² Modelo de partilha

O contrato de partilha é encontrado na Lei 12.351/2010, devendo ser ressaltado o

art.2o, III:

Art. 2o Para os fins desta Lei, são estabelecidas as seguintes definições: III - excedente em óleo: parcela da produção de petróleo, de gás natural e de outros hidrocarbonetos fluidos a ser repartida entre a União e o contratado, segundo critérios definidos em contrato, resultante da diferença entre o volume total da produção e as parcelas relativas ao custo em óleo, aos royalties devidos e, quando exigível, à participação de que trata o art. 43;

O excedente diz respeito ao momento da produção em diante. Trata-se de um

contrato como outro qualquer, onde a lavra/produção é do contratado. No entanto, num determinado momento da produção considera-se a existência de excedente em óleo e, registre-se, somente ele será partilhado, fazendo a União reserva em óleo.

Dispõe o art.20 da Lei 12.351:

Art. 20. O licitante vencedor deverá constituir consórcio com a Petrobras e com a empresa pública de que trata o § 1o  do art. 8o  desta Lei, na forma do disposto no  art.  279  da  Lei  nº  6.404,  de  15  de  dezembro  de  1976.

 

 

§ 1o. A participação da Petrobras no consórcio implicará sua adesão às regras do edital e à proposta vencedora. § 2o. Os direitos e as obrigações patrimoniais da Petrobras e dos demais contratados serão proporcionais à sua participação no consórcio. § 3o. O contrato de constituição de consórcio deverá indicar a Petrobras como responsável pela execução do contrato, sem prejuízo da responsabilidade solidária das consorciadas perante o contratante ou terceiros, observado o disposto no § 2o  do art. 8odesta Lei.

Enquanto no modelo de concessão toda a jazida lavrada é do concessionário e o

governo fica com tributos e participações legais e contratuais, na partilha toda a lavra não ficará com o concessionário, partilhando-se a o excesso da produção com o governo. Note-se que até o excesso o governo fica com tributos e participações legais e contratuais. No modelo da ANP o vencedor pode explorar sozinho a jazida de petróleo, sendo facultativa a criação de consórcios; já no modelo da partilha o consórcio é obrigado com a Petro-sal e com a Petrobrás. A terceira diferença refere-se as participações legais: na lei da partilha estão expressas apenas duas à os royalties e o bônus de assinatura (art.42, Lei 12.351).