aula 05 - poder executivo

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CURSO ONLINE – DIREITO CONSTITUCIONAL MPU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 1 www.pontodosconcursos.com.br Aula 5 - Poder Executivo: das atribuições e responsabilidades do presidente da república. Funções essenciais à Justiça: Ministério Público; Advocacia Pública; Advocacia e Defensoria Públicas. Olá! Hoje nossa aula versará sobre dois assuntos interessantíssimos. Em primeiro lugar, eu comentarei as atribuições e responsabilidades do Presidente da República. Logo em seguida, mencionarei os principais aspectos relacionados às funções essenciais da justiça. Como seu concurso é para o MPU, vamos tratar ainda hoje dos aspectos constitucionais relacionados a seu futuro órgão. Portanto, fique atento, e leia tudo já se imaginando trabalhando lá, ok? No final apresentarei diversos exercícios para treinamento e memorização do conteúdo passado. Vamos dar uma olhada na estrutura da nossa aula de hoje? 1 – Poder Executivo 1.1 – Atribuições do Presidente da República 1.2 – Responsabilidades do Presidente da República 2 – Ministério Público 2.1 – Princípios institucionais do Ministério Público 2.2 – Garantias e vedações 2.3 – Funções 2.4 – Conselho Nacional do Ministério Público 2.5 – Ministério Público Especial junto aos tribunais de contas 2.6 – Prerrogativa de foro 3 – Outras funções essenciais à justiça 3.1 – Advocacia Pública 3.2 – Advocacia 3.3 – Defensoria Pública 4 – Exercícios de fixação Boa aula! 1 – Poder Executivo O Poder executivo é abordado pela nossa Constituição entre os arts. 76 e 91. Ele exerce a função típica de administrar. Isso compreende funções de governo e de administração da coisa pública. Como as funções estatais não são atribuídas aos órgãos de forma exclusiva, o Poder Executivo também exerce funções atípicas: I) função legislativa: edição de medidas provisórias e decretos autônomos;

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Aula 5 - Poder Executivo: das atribuições e responsabilidades do presidente da república. Funções essenciais à Justiça: Ministério Público; Advocacia Pública; Advocacia e Defensoria Públicas. Olá! Hoje nossa aula versará sobre dois assuntos interessantíssimos. Em primeiro lugar, eu comentarei as atribuições e responsabilidades do Presidente da República. Logo em seguida, mencionarei os principais aspectos relacionados às funções essenciais da justiça. Como seu concurso é para o MPU, vamos tratar ainda hoje dos aspectos constitucionais relacionados a seu futuro órgão. Portanto, fique atento, e leia tudo já se imaginando trabalhando lá, ok? No final apresentarei diversos exercícios para treinamento e memorização do conteúdo passado. Vamos dar uma olhada na estrutura da nossa aula de hoje? 1 – Poder Executivo

1.1 – Atribuições do Presidente da República

1.2 – Responsabilidades do Presidente da República

2 – Ministério Público

2.1 – Princípios institucionais do Ministério Público

2.2 – Garantias e vedações

2.3 – Funções

2.4 – Conselho Nacional do Ministério Público

2.5 – Ministério Público Especial junto aos tribunais de contas

2.6 – Prerrogativa de foro

3 – Outras funções essenciais à justiça

3.1 – Advocacia Pública

3.2 – Advocacia

3.3 – Defensoria Pública

4 – Exercícios de fixação

Boa aula! 1 – Poder Executivo O Poder executivo é abordado pela nossa Constituição entre os arts. 76 e 91. Ele exerce a função típica de administrar. Isso compreende funções de governo e de administração da coisa pública. Como as funções estatais não são atribuídas aos órgãos de forma exclusiva, o Poder Executivo também exerce funções atípicas: I) função legislativa: edição de medidas provisórias e decretos autônomos;

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II) função de julgamento: no âmbito de processos administrativos.

O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado (CF, art. 76). Como vimos em aula anterior, adotamos o sistema de governo denominado presidencialismo. Ou seja, o Presidente da República exerce, simultaneamente, a chefia de Estado e a chefia de Governo. Ele figura como chefe de Estado quando representa a República Federativa do Brasil frente a outros Estados soberanos ou perante organizações internacionais (quando celebra um tratado internacional, por exemplo). Ou mesmo quando corporifica internamente a unidade nacional (quando decreta a intervenção federal para manter a integridade nacional – art. 34, I -, por exemplo). Já o exercício da chefia de governo se dá quando o Presidente da República cuida dos negócios internos de interesse da sociedade brasileira (quando atua como administrador, por exemplo). Vamos começar, desde já com algumas questões? 1) (CESPE/DELEGADO DE POLÍCIA/POLÍCIA CIVIL/PB/2008) No

sistema de governo presidencialista, o chefe de governo é também o chefe de Estado.

De fato, o sistema presidencialista é o que reúne na mesma pessoa as funções de chefe de Estado e chefe de governo (chefia monocrática, como vimos na organização do Estado). Item certo. 2) (CESPE/DELEGADO DE POLÍCIA/POLÍCIA CIVIL/PB/2008)

Quando o presidente da República celebra um tratado internacional, o faz como chefe de governo.

Ao celebrar um tratado internacional o presidente da República age como chefe de Estado. Estaria na função de governo se estivesse, por exemplo, cuidando de assuntos relativos à Administração Pública. Item errado. 3) (CESPE/TÉCNICO DE FINANÇAS PÚBLICAS/CENSIPAM/2006) O

presidente da República exerce a posição de chefe supremo da administração pública federal, mas a ele não estão subordinados os ministros de Estado.

O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado. Ou seja, com o auxílio desses últimos, compete àquele exercer a direção superior da administração federal. Assim, os ministros são nomeados e exonerados pelo presidente (CF, art. 84, I) e a ele estão subordinados. Item errado.

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1.1 – Atribuições do Presidente da República O art. 84 da Constituição Federal estabelece quais são as atribuições do Presidente da República. Observe abaixo, atentando para os destaques em negrito. I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;

II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal;

III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos na Constituição;

IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;

V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;

VI - dispor, mediante decreto, sobre:

a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;

b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;

VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos;

VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;

IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;

X - decretar e executar a intervenção federal;

XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a situação do País e solicitando as providências que julgar necessárias;

XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;

XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos;

XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente e os diretores do banco central e outros servidores, quando determinado em lei;

XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do Tribunal de Contas da União;

XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Constituição, e o Advogado-Geral da União;

XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII;

XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional;

XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões

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legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;

XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional;

XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;

XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente;

XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento previstos nesta Constituição;

XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao exercício anterior;

XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei;

XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 62;

XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição.

Com uma leitura atenta, você pode observar que diversas competências dessa lista são bem intuitivas. Ou seja, está na cara que se referem a atividades de responsabilidade do Presidente da República. Isso facilita a sua vida, certo? Afinal, a quem mais competiria competências como as seguintes: nomear ministros; exercer a direção da administração pública; iniciar, sancionar, promulgar, fazer publicar e vetar projetos de lei; manter relação outros Estados e celebrar tratados internacionais; decretar estado de defesa, de sítio e intervenção; enviar ao Congresso seu plano de governo, leis orçamentárias e prestar contas; entre outras? Sugiro que você dê mais uma lida com esse foco: observar que a grande maioria das competências naturalmente são associadas à figura do Presidente da República. Observe que, no que for pertinente, essas atribuições serão estendidas aos governadores e prefeitos municipais. Passo a mencionar os detalhes mais importantes para concursos: (i) distinção entre o decreto regulamentar e decreto autônomo; e (ii) delegação de competências aos ministros de Estado, AGU e PGR. Poder regulamentar e decreto autônomo Trata-se da distinção entre as competências previstas nos incisos IV e VI do art. 84 da CF/88. Vejamos: Compete privativamente ao Presidente da República:

IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;

VI - dispor, mediante decreto, sobre:

a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;

b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;

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Tenha em mente que até a EC n° 32/2001 nossa Constituição autorizava ao Presidente da República apenas a edição de decretos regulamentares (CF, art. 84, IV). Trata-se de prerrogativa exclusiva do Chefe do Poder Executivo de editar decretos e regulamentos (normas infralegais) que visem a regulamentar leis. Pois bem, a EC n° 32/2001 deu ao chefe do poder executivo competência para a edição dos chamados decretos autônomos (com força de lei), exclusivamente nas seguintes hipóteses (CF, art. 84, VI): I - organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; II - extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos. Ou seja, hoje, o chamado decreto autônomo (atos primários, diretamente hauridos no texto da Constituição) está expressamente autorizado, mas apenas nessas situações restritas explicitadas no inciso VI do art. 84 do texto constitucional. Portanto, os decretos regulamentar (inc. IV) e autônomo (inc. VI) não se confundem. E você não pode confundi-los! O decreto regulamentar (CF, art. 84, IV) é editado para assegurar a fiel execução das leis, tem fundamento de validade na lei e status de norma secundária, infralegal. Quanto ao decreto autônomo (CF, art. 84, VI), ele tira seu fundamento de validade diretamente da Constituição e tem status de norma primária, equiparado às demais leis. Como veremos logo a seguir, o decreto regulamentar não é delegável. Já o decreto autônomo poderá ser delegado pelo Presidente da República aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações (CF, art. 84, parágrafo único).

Competências delegáveis aos ministros de Estado, ao AGU e ao PGR O parágrafo único do art. 84 é um dos dispositivos da Constituição mais cobrados em concurso e, de fato, é de suma importância. Esse dispositivo enumera as atribuições do Presidente da República que são delegáveis aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República (PGR) ou ao Advogado-Geral da União (incisos VI, XII e XXV, primeira parte). Assim, as competências delegáveis são apenas:

I) edição do decreto autônomo (CF, art. 84, VI); II) conceder indultos e comutar penas (CF, art. 84, XII); III) prover os cargos públicos federais (CF, art. 84, XXV, primeira parte).

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Quanto a esse último ponto, fique atento! Compete privativamente ao Presidente da República prover e extinguiros cargos públicos federais, na forma da lei (CF, art. 84, XXV). O provimento pode ser delegado aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União. A extinção não! Entretanto, se o cargo estiver vago, trata-se da extinção de cargos vagos, que o Presidente da República pode realizar por meio de decreto autônomo (nos termos do art. 84, VI, “b” da CF/88). Nesse caso, se é decreto autônomo, pode ser delegado também. Cabe comentar que o provimento e extinção dos cargos públicos por ato do Presidente abrange os cargos do Poder Executivo. Outro detalhe interessante é que, para o Supremo Tribunal Federal, a competência para prover cargos públicos (CF, art. 84, XXV, primeira parte) abrange a de desprovê-los. Portanto, a competência de desprover os cargos públicos é susceptível de delegação a Ministro de Estado (CF, art. 84, parágrafo único). Com isso é válida a Portaria de um Ministro de Estado que, no uso de competência delegada, aplica a pena de demissão a servidor (MS 25.518, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, 10-8-2006). Repare que, ao enumerar expressamente as matérias que são delegáveis, de certa forma, a Constituição está também fixando as matérias que são indelegáveis (demais incisos do art. 84 da CF/88). E, antes que alguém me pergunte, o “indulto” é uma espécie de graça processual penal. Trata-se de ato de clemência do Poder Executivo, que extingue a punibilidade (o poder de punir por parte do Estado para aquele condenado). Por favor, não marque bobeira! Memorize essas hipóteses em que o decreto autônomo se aplica, bem como as competências do Presidente que podem ser delegadas. E vá para sua prova tranquila (ou tranquilo)... 4) (CESPE/PROMOTOR/MPE-SE/2010) O presidente da República

pode, mediante decreto, delegar todas as atribuições privativas que a CF lhe reserva, observados os limites traçados nas delegações.

O parágrafo único do art. 84 é um dos dispositivos da Constituição mais cobrados em concurso e, de fato, é de suma importância. Esse dispositivo enumera as atribuições do Presidente da República que são delegáveis (incisos VI, XII e XXV, primeira parte). I) edição do decreto autônomo (CF, art. 84, VI); II) conceder indultos e comutar penas (CF, art. 84, XII); III) prover os cargos públicos federais (CF, art. 84, XXV, primeira parte).

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Se a Constituição enumera expressamente as matérias delegáveis, de certa forma, ela fixa também indelegáveis (demais incisos do art. 84). A questão está errada, pois nem todas as competências privativas do Presidente são delegáveis. Item errado. 5) (CESPE/ANALISTA/ANEEL/2010) A CF atribuiu ao presidente da

República a competência privativa para prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei.

Trata-se da competência prevista no inciso XXV do art. 84. Houve alunos meus que erraram essa questão, argumentando que só seria competência do presidente da República extinguir os cargos públicos quando eles estiverem vagos. Veja que uma coisa é a competência prevista no inciso XXV de extinção dos cargos, que será exercida na forma da lei (nos limites que a lei determinar). Essa competência está expressa na Constituição, e a questão foi mera transcrição. Portanto, está correta. Por outro lado, há a competência para extinguir cargos vagos mediante decreto autônomo, de acordo com o art. 84, VI, “b”. Observe que o decreto autônomo tira fundamento de validade diretamente da lei. Item certo. 6) (CESPE/ANALISTA/ANEEL/2010) O presidente da República não

dispõe de competência constitucional para conceder indulto, por se tratar de competência exclusiva do Poder Judiciário.

Compete privativamente ao Presidente da República conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei (CF, art. 84, XII). Saiba essa competência, pois ela é delegável. Item errado. 7) (CESPE/TJDF/CONTROLE INTERNO/2008) O presidente da

República tem competência para delegar, aos presidentes dos tribunais, a competência de prover e extinguir os cargos públicos federais no âmbito da administração pública direta, o que abrange o Poder Judiciário.

A competência para prover cargos públicos em tribunais é do próprio Poder Judiciário (e não do Presidente da República).

“Art. 96. Compete privativamente: I - aos tribunais: (...) c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdição;

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(...) e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e títulos, obedecido o disposto no art. 169, parágrafo único, os cargos necessários à administração da Justiça, exceto os de confiança assim definidos em lei;”

Item errado. 8) (CESPE/SGA/AC/Escrivão de Polícia/2008) A extinção de funções

ou cargos públicos vagos é competência privativa do presidente da República, exercida por meio de decreto.

Trata-se do chamado decreto autônomo, previsto no art. 84, VI da CF/88, que faculta ao Presidente extinguir funções ou cargos públicos, quando vagos e dispor sobre a organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos. Item certo. 9) (CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) A CF atribui ao presidente

da República iniciativa reservada no que concerne a leis sobre matéria tributária.

Já vimos isso. O STF já decidiu que a CF não estabelece iniciativa privativa para legislação que verse sobre matéria tributária em geral. Ou seja, qualquer dos congressistas poderá iniciar projeto de lei sobre direito tributário. Já comentei também ao tratar de processo legislativo: memorize as matérias cuja iniciativa de lei compete ao Presidente da República (CF, art. 61, § 1°). Item errado. 10) (CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) Compete privativamente ao

presidente da República extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei.

De fato, nos termos do art. 84, XXV da CF/88, compete ao presidente da República prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei. Observe um detalhe: quanto a esse inciso, a Constituição estabelece que seria delegável apenas a competência prevista na “primeira parte”. Como as competências desse inciso são (i) prover e (ii) extinguir, entende-se que o presidente pode delegar o provimento dos cargos, mas não a extinção de cargos ocupados. Se o cargo estiver vago, aí sim. Ele cai na regra do decreto autônomo (CF, art. 84, VI, “b”) e aí pode ser delegado. Item certo.

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11) (CESPE/JUIZ/TRF 5.a Região/2009) Conforme entendimento do STF, o presidente da República pode delegar aos ministros de Estado, por meio de decreto, a atribuição de demitir, no âmbito das suas respectivas pastas, servidores públicos federais.

Compete ao presidente da República prover os cargos públicos federais (CF, art. 84, XXV, primeira parte). Nos termos do parágrafo único do art. 84, essa competência poderá ser delegada aos ministros de Estado, ao Procurador Geral da República e ao Advogado Geral da União. Pois bem, segundo o STF, essa competência para prover cargos públicos abrange a competência de desprovê-los. Assim, pode o ministro de Estado, com base em competência delegada, aplicar pena de demissão a servidor. Item certo. 12) (CESPE/DELEGADO DE POLÍCIA/POLÍCIA CIVIL/PB/2008)

Algumas competências privativas do presidente da República podem ser delegadas aos ministros de estado. Entre elas está a de presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa quando não estiver presente na sessão.

A competência para presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa não pode ser delegada. Tenho certeza que você não errou essa! Item errado. 13) (CESPE/TECNICO/ANVISA/2007) Violaria a Constituição Federal

um decreto do presidente da República que extinguisse a ANVISA e transferisse as competências dessa agência para um órgão do MS.

De fato, esse ato violaria a Constituição, na medida em que, por meio de decreto autônomo, até poderia o presidente dispor sobre organização e funcionamento da administração federal, desde que não implicasse aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos (CF, art. 84, VI, “a”). Item certo. 14) (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DP/SE/2005) O poder regulamentar

do presidente da República, conforme texto atual da Constituição Federal, não autoriza a extinção de cargos públicos, matéria esta afeta ao princípio da legalidade.

No direito administrativo, a doutrina denomina de Poder regulamentar as competências do chefe do Poder executivo para editar atos normativos, englobando também o chamado decreto autônomo. De acordo com o art. 84, VI, “b”, o Presidente da República pode, por meio de decreto, dispor sobre a extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos.

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Item errado. 15) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA

ADMINISTRATIVA/TST/2008) O presidente da República pode, por meio de decreto presidencial, transferir para um órgão da Presidência determinada competência atribuída ao Ministério do Trabalho.

Desde que não aumente de despesa ou acarrete criação/extinção de órgão público, pode o Presidente da República dispor, mediante decreto, sobre organização e funcionamento da administração federal (CF, art. 86, VI). Item certo.

1.2 – Responsabilidades do Presidente da República Nos arts. 85 e 86, a Constituição estabelece os crimes de responsabilidade do Presidente da República, bem como o procedimento de sua responsabilização. Os crimes de responsabilidade são infrações político-administrativas cometidas no desempenho da função. A Constituição estabelece rol exemplificativo de crimes de responsabilidade, como sendo os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra: I - a existência da União; II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação; III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais; IV - a segurança interna do País; V - a probidade na administração; VI - a lei orçamentária; VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais. Esses crimes serão definidos em lei federal, que estabelecerá as normas de processo e julgamento. Atenção! Lei federal é que estabelecerá os crimes de responsabilidade, mesmo os dos governadores ou prefeitos, uma vez que compete à União legislar sobre direito penal.

São da competência legislativa da União a definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento. (Súmula 722 do STF)

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Pois bem, além dos crimes de responsabilidade, o Presidente da República também será responsabilizado por infrações penais comuns, ou crimes comuns, se tiverem relação com o exercício do mandato. Explicarei melhor esse aspecto ao tratar das imunidades do Presidente da República. Antes eu gostaria de detalhar como funciona o processo de responsabilização do Presidente, nos termos do art. 86 da CF/88. Como veremos logo a seguir, a Câmara deve autorizar o processo de responsabilização do Presidente. Pois bem, uma vez admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade (CF, art. 86).

Infrações penais comuns → STF Crimes de responsabilidade → Senado Federal

Em suma, o processo de responsabilização do Presidente da República passa por duas fases sequenciais: a) admissão da acusação, por dois terços da Câmara dos Deputados; b) julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade. A repetição é que ajuda a memorização...rs Uma vez admitida a acusação pela Câmara dos Deputados, o Presidente ficará suspenso de suas funções (CF, art. 86, § 1º): I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal; II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal. Entretanto, essa suspensão das atividades presidenciais não poderá ultrapassar o prazo de cento e oitenta dias. Com efeito, decorrido o prazo de 180 dias sem que o julgamento esteja concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo (CF, art. 86, § 2º). Seguem algumas observações importantes acerca desse processo de responsabilização do Presidente da República. I) A autorização da Câmara dos Deputados, por dois terços de seus membros, não implica a suspensão do Presidente da República do exercício de suas funções. Essa suspensão só ocorrerá posteriormente, após a instauração do processo pelo Senado Federal (nos casos de crime de responsabilidade)

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ou se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal (nos casos de crimes comuns); II) Como destaquei para você, a autorização da Câmara dos Deputados vincula o Senado Federal, mas não vincula o STF. É o seguinte: se a Câmara dos Deputados admitir a acusação, o Senado Federal estará obrigado a instaurar o processo contra o Presidente da República. Por outro lado, o mesmo não acontece com o STF. Se a Câmara dos Deputados admitir a acusação, o STF avaliará se recebe ou não a denúncia ou queixa-crime contra o Presidente da República (não estará obrigado). A condenação do Presidente por crime de responsabilidade acarretará a perda do cargo e a inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis (CF, art. 52, parágrafo único). A condenação por crime comum em decisão transitada em julgado do STF também ocasionará a perda do cargo decorrente da suspensão de direitos políticos do Presidente da República. Deixe-me falar um pouco das imunidades do Presidente da República, disciplinadas em dispositivos do art. 86 da Constituição Federal e resumidas logo abaixo. Em primeiro lugar, uma coisa que confunde muita gente... O aluno aprende que os parlamentares têm imunidade material. Ou seja, são invioláveis, civil e penalmente, por suas manifestações, por suas palavras. Afinal, ora, trata-se do parlamento! Aí, o aluno sai carregando essa imunidade material... Achando que todo mundo tem imunidade material... Não. Você, que está em alto nível, não pode mais achar que são a mesma coisa a imunidade material e a imunidade formal. Não, meu caro, você não pode confundi-las (e o Cespe vai tentar fazer isso em algumas questões). O Presidente da República não dispõe de imunidade material, isto é, ele não é inviolável, civil e penalmente, por suas manifestações, ainda que estritamente ligadas ao exercício de suas funções presidenciais (essa imunidade é restrita aos membros do Poder Legislativo). Observe que se relaciona com as manifestações (que não estão protegidas por imunidade material no caso do presidente). Entretanto, o Presidente da República dispõe de três imunidades processuais (ou formais), a saber: a) necessidade de autorização da Câmara dos Deputados, por dois terços de seus membros, para que seja julgado pelo STF, nas infrações

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comuns, ou pelo Senado Federal, nos crimes de responsabilidade (CF, art. 86, caput); b) não submissão às prisões cautelares (em flagrante, temporária ou preventiva), haja vista que ele somente poderá ser preso quando sobrevier sentença condenatória (CF, art. 86, § 3º); c) irresponsabilidade temporária, na vigência de seu mandato, por atos estranhos ao exercício de suas funções presidenciais (CF, art. 86, § 4º). Atenção! Uma questão batida de concurso é perguntar quais dessas imunidades são estendidas aos governadores. Guarde isso: dessas três imunidades, só se aplica ao governador a primeira (autorização do Poder Legislativo para que possa seja julgado). No que tange à terceira imunidade, ela assegura ao Presidente da República uma irresponsabilidade temporária em relação a certos atos, haja vista que, na vigência do seu mandato, ele não poderá ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções (CF, art. 86, § 4º). Essa terceira imunidade refere-se à prática de crime comum pelo Presidente da República, situação em que teremos o seguinte: a) se o crime comum praticado pelo Presidente da República tiver relação com o exercício de suas funções presidenciais, ele responderá por esse crime, na vigência do mandato, perante o STF, ficando suspenso de suas funções desde o recebimento da denúncia ou queixa-crime pelo STF, por até 180 dias; b) se o crime comum praticado pelo Presidente da República for estranho ao exercício de suas funções, ele não responderá por esse crime na vigência do seu mandato. Aliás ele só responderá por esse crime após o término do mandato, perante a justiça comum, haja vista que, com o término do mandato, expira-se o direito ao foro especial por prerrogativa de função. Você consegue identificar a distinção entre o crime comum conexo e o crime comum estranho ao exercício das funções? Por exemplo, matar alguém é um tipo de crime comum. Mas, uma coisa é o presidente da república assassinar um ministro do TCU que embargou uma obra de uma estrada por desvio de recursos públicos (tem relação com o exercício da sua função como presidente). Outra coisa diferente é matar o cunhado porque ele insiste em não pagar uma dívida antiga (não tem nada a ver com o cargo de presidente) ou assassinar o vizinho só porque ele é palmeirense. No primeiro caso, o crime foi cometido na condição de Presidente da República (conexo com o exercício de suas funções). Assim, ele responderá, na vigência do mandato, perante o STF (situação em que

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ficará suspenso de suas funções desde o recebimento da denúncia ou queixa-crime pelo STF, por até 180 dias). No segundo exemplo, o crime foi cometido na condição de cidadão comum (sem nenhuma conexão com o exercício das suas funções). Nesse caso, ele não responderá por esse crime na vigência do mandato perante o STF (ele só responderá por este crime após o término do mandato, perante a justiça comum). Observe atentamente os principais aspectos no esquema abaixo. Sintetizando:

Vamos ver como o Cespe tem cobrado esses assuntos. 16) (CESPE/JUIZ/TRF5/2006) O fato de que o presidente da República,

na vigência de seu mandato, não possa ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções revela hipótese de imunidade material.

O Presidente da República não dispõe de imunidade material (essa imunidade é restrita aos membros do Poder Legislativo). Entretanto, o Presidente da República dispõe de três imunidades processuais (ou formais), uma delas é a irresponsabilidade temporária, na vigência de seu mandato, por atos estranhos ao exercício de suas funções presidenciais (CF, art. 86, § 4º). Ou seja, a questão está errada já que a não responsabilização por atos estranhos às suas funções não consubstancia imunidade material. Item errado.

Presidente da República

Imunidades

Responsabilização

Não dispõe de imunidade material

Formais

Necessidade de autorização da CD (art. 86, caput)

Proteção contra prisões cautelares (art. 86, §3°)

Não será responsabilizado por atos estranhos às suas funções (art. 86, §4°)

Admissão

Julgamento

Afastamento

2/3 da Câmara dos Deputados

crimes comuns

Responsabilidade

STF

SF( Condenação

por 2/3 )

Crimes comuns → se recebida a denúncia pelo STF

Responsabilid. → após a instauração pelo SF

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17) (CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) Os crimes de responsabilidade praticados pelos ministros de Estado, sem qualquer conexão com o presidente da República, serão processados e julgados pelo STJ.

Esse assunto será desenvolvido na aula sobre Poder Judiciário, mas já posso adiantar algo aqui. De acordo com o art. 102, I, “c”, os ministros de Estado são julgados pelo STF tanto nos crimes comuns quanto nos crimes de responsabilidade. Todavia, essa regra tem uma exceção. No caso de crimes de responsabilidade cometidos em conexão com delito praticado pelo Presidente da República a competência para julgamento será do Senado Federal (art. 52, I). Em suma, o erro da questão é atribuir ao STJ competência para julgar os ministros de Estado. Item errado. 18) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA/TRT 17ª

REGIÃO/2009) São crimes de responsabilidade os atos do presidente da República que atentem contra o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais.

Como vimos, e segundo o art. 85 da CF/88, são crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra: I - a existência da União; II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação; III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais; IV - a segurança interna do País; V - a probidade na administração; VI - a lei orçamentária; VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.” Item certo. 19) (CESPE/JUIZ/TRF 5.a Região/2009) Para que o presidente da

República seja julgado pelo STF por crimes comuns, é necessária a autorização de dois terços da Câmara dos Deputados, por força da qual fica ele suspenso das suas funções.

De fato, para que o presidente da República seja julgado pelo STF por crimes comuns, é necessária a autorização de dois terços da Câmara dos Deputados. Todavia, ele só fica suspenso das suas funções se o STF receber a denúncia ou queixa-crime (CF, art. 86, § 1°, I). Item errado.

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20) (CESPE/ANALISTA EM CT/INCA/2010) Os ministros de Estado, nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, como regra geral, serão julgados pelo Superior Tribunal de Justiça.

De acordo com o art. 102, I, “c”, os ministros de Estado são julgados pelo STF tanto nos crimes comuns quanto nos crimes de responsabilidade. Lembrando que, se os crimes de responsabilidade tiverem conexão com delito praticado pelo Presidente da República, a competência para julgamento será do Senado Federal (CF, art. 52, I). Item errado. 21) (CESPE/DELEGADO DE POLÍCIA/POLÍCIA CIVIL/PB/2008) O

presidente da República responde por crimes comuns e de responsabilidade perante o Senado Federal, depois de autorizado o seu julgamento pela Câmara dos Deputados.

Como vimos, nas infrações penais comuns o Presidente é julgado pelo STF, e não pelo Senado. Pelo Senado ele é julgado no caso de crimes de responsabilidade. Item errado. 22) (CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) As infrações penais

praticadas pelo presidente da República durante a vigência do mandato, sem qualquer relação com a função presidencial, serão objeto de imediata persecutio criminis.

Nesse caso, não haverá a persecução criminal, não haverá a responsabilização do Presidente. Na vigência de seu mandato, o Presidente da República não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções (CF, art. 86, § 4°). Item errado. 23) (CESPE/ANALISTA ADMINISTRATIVO/CENSIPAM/2006) Quando a

Constituição Federal estabelece que o presidente da República não será responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções, durante a vigência de seu mandato, não estabelece, com isso, uma imunidade penal, mas simplesmente uma imunidade temporária ao processamento criminal.

De fato, a não responsabilização por atos estranhos ao exercício da função apenas suspende a possibilidade de se apurar e processar esses crimes quando cometidos pelo Presidente. Entretanto, após o mandato ele poderá ser processado normalmente, tendo em vista que se trata de uma imunidade temporária, e não absoluta. Item certo. 24) (CESPE/AGENTE JURÍDICO/MPE-AM/2008) A imunidade formal

relativa à prisão do presidente da República não se aplica ao Poder Executivo estadual.

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Segundo a jurisprudência do STF, de todas as imunidades formais do Presidente da República, somente pode ser estendida aos governadores de Estado uma única: a necessidade de autorização do Poder Legislativo para o processo, por dois terços de seus membros. É dizer que poderá a Constituição do Estado dispor que o Governador só será processado e julgado pelo STJ após prévia autorização da Assembléia Legislativa, por decisão de dois terços de seus membros. Item certo. 25) (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/TRT 5ª

REGIÃO/2008) Caso haja recebimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de queixa-crime contra o presidente da República pela prática de infração penal, este terá suspensas as suas funções.

Já comentei isso. Nas infrações penais comuns, o Presidente da República ficará suspenso de suas funções se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal (CF, art. 86, § 1º). De se destacar que o STF não está obrigado a instaurar processo de impeachment contra o Presidente. Ao contrário, nos crimes de responsabilidade, a autorização da Câmara dos Deputados obriga o Senado Federal a instaurar o processo de impeachment do Presidente da República. Item certo. 26) (CESPE/DELEGADO/SECAD/TO/2008) O presidente da República,

no exercício de suas funções, só pode ser preso após o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.

Essa questão pega muita gente desprevenida. Como vimos, o Presidente dispõe de imunidade formal quanto à prisão. Assim, enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da República não estará sujeito a prisão (art. 86, § 3º). É dizer, não pode o Presidente da República ser preso cautelarmente (por exemplo, em flagrante delito). Para sua prisão exige-se uma sentença de mérito. Entretanto, a Constituição Federal não exige que a decisão de mérito tenha transitado em julgado. Lembrando que o trânsito em julgado ocorre quando a decisão já se tornou definitiva, na medida em que não se admite mais recursos. Item errado. 27) (CESPE/OFICIAL DE INTELIGÊNCIA/ABIN/2008) Presidente da

República que praticar crime eleitoral na disputa pela reeleição pode ser julgado pelo Senado Federal por crime de responsabilidade, após aprovação de dois terços dos membros da Câmara dos Deputados.

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Nesse caso, como não se trata de crime de responsabilidade, será ele julgado perante o STF, após autorização da Câmara dos Deputados por dois terços de seus membros (CF, art. 86). Item errado. 28) (CESPE/CONTADOR/STF/2008) Compete ao STF processar e

julgar originariamente o vice-presidente da República nas infrações penais comuns.

Assim, como ocorre com o Presidente da República, o Vice será julgado pelo Senado nos crimes de responsabilidade. E assim como ocorre com o presidente, compete ao STF processar e julgar o Vice nas infrações penais comuns. Item certo.

2 – Ministério Público Nos termos do art. 127 da CF/88, o Ministério Público (MP) é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. A Constituição Federal posiciona o Ministério Público em capítulo especial, fora da estrutura dos demais poderes da República. Assim, ganha relevo sua autonomia e independência no exercício de suas funções em defesa dos direitos, garantias e prerrogativas da sociedade. O Ministério Público abrange (i) o Ministério Público da União e (ii) o Ministério Público dos Estados. Observe que se trata de dois ramos distintos do Ministério Público. O MP dos Estados não integra o MPU! Veja como art. 128 da Constituição estruturou o MP:

Caro aluno, sei que às vezes essa quantidade de esquemas te irrita....rs... Mas eles dão uma clareza enorme do que eu quero te explicar. Eu preciso que você observe essa figura e perceba o destaque (em vermelho) do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, dentro do MPU. Ou seja, o MPDFT integra o MPU, e não tem nada a ver com o Ministério Público dos Estados, como às vezes a lógica nos faria pensar.

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Aliás, já comentei em aula anterior que compete à União organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública do Distrito Federal e dos Territórios (CF,art. 21, XIII). Esse detalhe é importante, pois irá impactar diversos aspectos que abordaremos hoje. Ainda falando sobre a estrutura, vale observar que, ao estruturar o Ministério Público (art. 128), a Constituição não menciona o Ministério Público Especial, que atua junto aos Tribunais de Contas. Apenas no art. 130, a Constituição estabelece que aos membros do Ministério Público junto aos Tribunais de Contas aplicam-se as disposições sobre o Ministério Público Comum pertinentes a direitos, vedações e forma de investidura (CF, art. 130). Observe que não aparece na estrutura acima, o Ministério Público Eleitoral. É que ele não dispõe de estrutura própria e será integrado por membros do MP federal e membros do MP estadual. O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Geral da República (PGR). Aliás, estabelece a Constituição Federal que o Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade e em todos os processos de competência do Supremo Tribunal Federal (CF, art. 103, § 1º). O PGR será nomeado pelo Presidente da República dentre integrantes da carreira, maiores de trinta e cinco anos, após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de dois anos, permitida a recondução (CF, art. 128, § 1°). Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito Federal e Territórios formarão lista tríplice dentre integrantes da carreira, na forma da lei respectiva, para escolha de seu Procurador-Geral de Justiça (PGJ), que será nomeado pelo Chefe do Poder Executivo, para mandato de dois anos, permitida uma recondução Objetivamente:

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Nomeação do PGR (MPU) Nomeação do PGJ (MP dos estados)

- Presidente da República; - integrantes da carreira; - 35 anos; - maioria absoluta do Senado; - mandato de 2 anos; - permitidas várias reconduções.

- Governador; - lista tríplice dentre os integrantes; - mandato de 2 anos; - permitida uma única recondução.

A destituição do Procurador-Geral da República, por iniciativa do Presidente da República, deverá ser precedida de autorização da maioria absoluta do Senado Federal (CF, art. 128, § 2º). Já a destituição do Procurador-Geral de Justiça nos Estados-membros é competência da respectiva Assembléia Legislativa, por decisão de maioria absoluta dos seus membros (CF, art. 128, § 4º). Objetivamente:

PGR → tanto a nomeação quanto a destituição são submetidas ao Senado;

PGJ → somente a destituição é submetida à Assembléia Legislativa;

Agora a pergunta que vale um milhão... Quem é competente para nomear o Procurador-Geral de Justiça do Distrito Federal e Territórios? O governador? Nada disso... Se o MPDFT é organizado pela União e faz parte do MPU, a autoridade competente para nomear o PGJ do DF e Territórios é o Presidente da República. Veja outro aspecto... De acordo com o mesmo raciocínio, a destituição do Procurador-Geral de Justiça do DF e Territórios é competência de quem? Da Câmara Legislativa do DF? Na verdade não. Trata-se de competência do Senado Federal, por decisão da maioria absoluta de seus membros. O Ministério Público do DF e Territórios ainda se distingue do Ministério Público dos Estados em outros aspectos. I) Quem organiza e mantém o Ministério Público dos Estado são os próprios estados, mas quem organiza e mantém o MPDFT não é o DF, é a União. II) Enquanto os projetos de lei de organização do MP estadual são apresentados perante a Assembléia Legislativa, o MPDFT os apresenta perante o Congresso Nacional (Câmara dos Deputados). Voltando ao chefe do MPU, deixe-me apresentar algumas funções do PGR:

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a) propor as ações do controle concentrado de constitucionalidade (incluindo a ADIN Interventiva, para a qual é o único legitimado); b) desempenhar funções delegadas pelo Presidente da República (nos termos do art. 84, parágrafo único); c) desempenhar funções relacionadas ao CNJ (indicar dois dos membros e oficiar perante o CNJ) e presidir o CNMP; d) suscitar, perante o STJ, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal, nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, como veremos ao falar sobre Poder Judiciário (CF, art. 109, § 5º).

2.1 - Princípios institucionais do Ministério Público São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional (CF, art. 127, § 1°). Unidade - Os membros do MP integram apenas um órgão, sob a direção única de um só Procurador-geral. Essa unidade existe dentro de cada Ministério Público. Assim, não há unidade, por exemplo, entre o Ministério Público do Trabalho e o Ministério Público Federal. Indivisibilidade - Os membros do MP não estão vinculados a qualquer processo em que estejam atuando. Assim, podem ser substituídos ao longo do processo, de acordo com as regras de direito aplicáveis, sem prejuízo para atuação do parquet. O princípio da indivisibilidade decorre do princípio da unidade. Independência funcional - O MP possui independência no exercício de suas funções, não se subordinando a quaisquer outros Poderes da República. Assim, seus membros não estão funcionalmente subordinados nem mesmo ao Procurador-Geral e podem atuar de acordo com as suas livres convicções (existe uma relação hierárquica meramente administrativa). Além desses princípios expressos, há também o art. 127, § 2° da CF/88, que assegura autonomia funcional e administrativa, podendo propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso público de provas ou de provas e títulos, a política remuneratória e os planos de carreira. Pode-se incluir a autonomia financeira, como a competência para elaborar sua proposta orçamentária. Ademais, a jurisprudência do STF passou a admitir que há ainda um princípio implícito: o princípio do promotor natural. Você, que já conhece o princípio do juiz natural não vai ter dificuldades com esse princípio.

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O princípio do promotor natural proíbe designações casuísticas, efetuadas pela chefia do Ministério Público, para atuação num determinado processo. Assim, não se admite o chamado “promotor de exceção”. Trata-se de garantia da imparcialidade de sua atuação. Com isso, o critério para a designação de um membro do Ministério Público para atuar em certa causa não pode ser abstrato e predeterminado. Ao contrário, deve ser composto de regras objetivas e gerais, aplicáveis a todos os que se encontrem nas situações nelas descritas. Apenas para descontrair, tem aluno que pergunta assim: - Fred, se eu passar no concurso de analista do MPU, passo a ser um membro do MPU, dispondo de todas essas garantias? Bem, na verdade, não... Ao ser aprovado no concurso de analista do MPU, o indivíduo torna-se um servidor do MPU. Quando eu falo em “membro do Poder”, me refiro ao procurador, o agente político. É a mesma distinção entre o Juiz e o analista judiciário, ok?

2.2 – Garantias e vedações Leis complementares da União e dos Estados (de iniciativa concorrente entre o Chefe do Executivo e os respectivos Procuradores-Gerais) vão estabelecer a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público, observadas, relativamente a seus membros diversas garantias. São elas a vitaliciedade, a inamovibilidade e a irredutibilidade do subsídio. Vitaliciedade - após dois anos de exercício, não podendo perder o cargo senão por sentença judicial transitada em julgado. Inamovibilidade - salvo por motivo de interesse público, mediante decisão do órgão colegiado competente do Ministério Público, por voto de dois terços de seus membros, assegurada ampla defesa. De se destacar a possibilidade de o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) determinar a remoção de membros do Ministério Público (CF, art. 130-A, § 2º, III). Irredutibilidade de subsídio – ressalvado o teto remuneratório (CF, art. 37, XI) e as tributações sobre os vencimentos (CF, arts. 150, II, 153, III, 153, § 2º, I). Além das garantias, essas leis complementares deverão ainda observar as seguintes vedações. a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais; b) exercer a advocacia;

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c) participar de sociedade comercial, na forma da lei; d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério; e) exercer atividade político-partidária; f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei. g) exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. Sintetizando:

Aproveitando a esquematização dos principais aspectos, vamos sintetizar as principais iniciativas de lei relacionadas ao Ministério Público, segundo a compilação feita no livro dos profs. Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino. I) Lei complementar (LC) de organização do MPU → iniciativa concorrente entre o Presidente da República e o PGR (CF, art. 61, § 1º, II, “d” c/c art. 128, § 5º). II) Lei de criação e extinção de cargos e serviços auxiliares do Ministério Público, a política remuneratória e os planos de carreira → iniciativa é privativa do MP, exercida pelo respectivo Procurador-Geral (CF, art. 127, § 2º).

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III) Lei (federal) de normas gerais para a organização do Ministério Público dos Estados → iniciativa é privativa do Presidente da República (CF, art. 61, § 1º, II, “d”, parte final). IV) LC (estadual) de organização do MP do Estado →: iniciativa concorrente entre o Governador o Procurador-Geral de Justiça (CF, art. 61, § 1º, II, “d” c/c art. 128, § 5º). V) Lei de organização do MP especial que atua junto à Corte de Contas → iniciativa privativa do Tribunal de Contas. E a iniciativa de lei sobre a organização do MPDFT? Observe que se trata de órgão integrante do MPU, organizado e mantido pela União. Assim, a iniciativa de lei sobre a sua organização é concorrente entre o Presidente da República e o PGR.

2.3 - Funções São funções institucionais do Ministério Público: I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados na Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia; III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos na Constituição; V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas; VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva; VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar; VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais; IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.

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Essas funções do Ministério Público só podem ser exercidas por integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da respectiva lotação, salvo autorização do chefe da instituição (CF, art. 129, § 2º). O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e observando-se, nas nomeações, a ordem de classificação (CF, art. 129, § 3º). Quanto à ação civil pública, trata-se de instrumento utilizável para evitar danos ao meio ambiente, ao consumidor, aos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico ou paisagístico, ou, então, para promover a responsabilidade de quem haja causado lesão a estes bens. Observe que compete ao MP: - promover, privativamente, a ação penal pública (CF, art. 129, I); - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos (CF, art. 129, III); Ou seja, a promoção da ação penal pública é privativa do MP. A promoção da ação civil pública não é privativa, pois inclui diversos outros legitimados (a Defensoria Pública, os entes federados e suas entidades da administração indireta, a associação constituída há mais de um ano desde que tenha entre suas finalidades as matérias protegidas ação civil pública). Vale a pena preparar você para uma questão que sempre cai na prova. A ação civil pública pode ser utilizada no âmbito do controle de constitucionalidade? Segundo o STF, não é admitida a utilização da ação civil pública como sucedâneo de ação direta de inconstitucionalidade a fim de se exercer controle concentrado de constitucionalidade. Ou seja, ela não pode ser utilizada para substituir a ADI para se impugnar uma lei em tese, em abstrato, sem haver um caso concreto. Todavia, o Supremo Tribunal Federal considera legítima a utilização da ação civil pública como instrumento de fiscalização incidental de constitucionalidade, diante de um caso concreto. Nesse sentido, a controvérsia constitucional não pode configurar objeto único da demanda, mas simples questão prejudicial, indispensável à resolução do litígio principal. Assim, se veda a obtenção de efeitos erga omnes (para todos), o que subtrairia do STF a competência exclusiva do controle abstrato de constitucionalidade frente à Constituição Federal.

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Em suma, a ação civil pública pode ser utilizada no âmbito do controle de constitucionalidade, desde que na via incidental, diante de um caso concreto.

2.4 – Conselho Nacional do Ministério Público A EC 45/2004 criou Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), ao qual compete o controle da atuação administrativa e financeira do MP e do cumprimento dos deveres funcionais de seus membros. Podemos dizer que o CNMP está para o Ministério Público, assim como o Conselho Nacional de Justiça está para o Judiciário. O Conselho Nacional do Ministério Público compõe-se de quatorze membros nomeados pelo Presidente da Republica, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo: I - O Procurador-Geral da Republica, que o preside; II - quatro membros do MPU (assegurada a representação de cada carreira especializada); III - três membros do MP dos Estados; IV - dois juízes (um pelo STF e o outro pelo STJ); V - dois advogados, indicados pela OAB; VI - dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, (um indicado pela Câmara e o outro pelo Senado). O mandato é de dois anos, admitida uma recondução. De se destacar que o Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil oficiará junto ao Conselho. Compete ao CNMP (CF, art. 130-A, § 2°): I - zelar pela autonomia funcional e administrativa do Ministério Público, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências; II - zelar pela observância do art. 37 da CF/88 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos Ministério Público da União e dos Estados, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência dos tribunais de contas; III - receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Ministério Público da União ou dos Estados, inclusive contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional da instituição, podendo avocar processos disciplinares em curso, determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com

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subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa; IV - rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de membros do Ministério Público da União ou Estados julgados há menos de um ano; V - elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias sobre a situação do Ministério Público no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar a mensagem que o Presidente da República encaminha ao Congresso Nacional com o plano de governo, por ocasião da abertura da sessão legislativa. Por fim, cabe destacar que compete ao STF processar e julgar as ações contra atos expedidos pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CF, art. 102, I, “r”).

2.5 – Ministério Público Especial junto aos tribunais de contas Você que conhece bem o Direito Constitucional não pode cometer a gafe de confundir o Ministério Público Especial, que atua junto aos tribunais de contas, com o Ministério Público comum. Trata-se de duas instituições distintas. Segundo a Constituição, as disposições pertinentes a direitos, vedações e forma de investidura que sejam aplicáveis aos membros do MP comum aplicam-se também aos membros do Ministério Público junto aos Tribunais de Contas. Segundo o STF, o MP Especial (que atua junto ao Tribunal de Contas da União) não integra o MPU. Em realidade, ele integra a estrutura orgânica do Tribunal de Contas da União. Tanto é assim, que o Supremo considerou inconstitucional atribuir aos membros do MP comum (MPU ou MP dos estados) as funções de atuação junto às Cortes de Contas. Assim, quanto ao MP especial que atua junto ao TCU: I) ele não é chefiado pelo Procurador-Geral da República; e II) sua organização é feita por lei de iniciativa do TCU (lei ordinária, pois não se trata da lei complementar prevista no art. 128, § 5° da CF/88); Esses detalhes se aplicam também âmbito estadual, no que se refere aos tribunais de contas estaduais.

2.6 – Prerrogativa de foro O Poder Judiciário é assunto de outra aula, mas vale a pena mencionar aqui como funciona a prerrogativa do foro dos membros do Ministério Público.

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Vejamos uma a uma as prerrogativas de foro correspondentes a cada autoridade.

- Procurador-Geral da República → STF (crimes comuns) e Senado (crimes de responsabilidade)

- Membros do MPU que: - atuam perante tribunais → STJ - atuam perante os juízes (1° grau) → Tribunal Regional Federal

- Membros do MP dos estados que: - atuam perante tribunais → STJ - atuam perante os juízes (1° grau) → Tribunal de Justiça

Agora, veja que interessante! Compete ao Senado Federal o julgamento dos membros do Conselho Nacional do Ministério Público nos crimes de responsabilidade. Entretanto, no caso dos crimes comuns, eles não dispõem de nenhuma prerrogativa de foro só por fazerem parte do CNMP. Ou seja, nos crimes comuns, eles serão julgados de acordo com o seu cargo, com sua função ordinariamente ocupada. Deixe-me exemplificar para favorecer o seu entendimento. Vimos que duas vagas do CNMP são de juízes. Nesse caso, eles serão julgados nos crimes de responsabilidade pelo Senado Federal. No caso dos crimes comuns, serão julgados de acordo com o foro especial de que dispõem por serem juízes, ordinariamente. Já os cidadãos, serão julgados nos crimes de responsabilidade pelo Senado Federal. Mas, para os crimes comuns, eles não disporão de foro especial por prerrogativa de função. Visto isso, tem mais um detalhe. E os membros do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios que atuam perante os juízos de primeiro grau? Terão eles prerrogativa de foro perante qual tribunal? Pense e tente responder antes de continuar a ler... Bem, eles não fazem parte do MPU? Está aí a chave da resposta. Assim, os membros do MPDFT que atuam perante os juízos de primeiro grau serão julgados pelo TRF. Vamos agora resolver algumas questões relacionadas com o Ministério Público. 29) (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MP/RN/2009) O

Conselho Nacional do Ministério Público a) pode avocar processos disciplinares em curso nos MPs b) não tem poderes para determinar a remoção de membro do MP. c) tem poderes para demitir membro do MP.

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d) é composto de quatorze membros, entre os quais cinco membros dos MPs dos estados, cada um representando uma região da Federação. e) deve ser presidido por seu conselheiro mais antigo.

O Conselho Nacional do Ministério Público poderá receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Ministério Público da União ou dos Estados, inclusive contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional da instituição, podendo avocar processos disciplinares em curso, determinar aremoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa (CF, art. 130-A, § 2º, III). Portanto, correta a alternativa “a” e errada a “b”. A alternativa “c” está errada. Como vimos, o membro do MP dispõe de vitaliciedade, não podendo perder o cargo senão por sentença judicial transitada em julgado. A alternativa “d” está errada. São 3 membros do MP dos estados. A alternativa “e” está errada. É presidido pelo Procurador-Geral da República e não pelo Conselheiro mais antigo. Gabarito: “a”

(CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/TRT 17ª REGIÃO/2009) Julgue os itens que se seguem, a respeito do Poder Judiciário e do Ministério Público.

30) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/TRT 17ª REGIÃO/2009) O Ministério Público brasileiro é composto pelo Ministério Público Federal e pelo Ministério Público dos Estados e do Distrito Federal. O Ministério Público do Trabalho é um dos ramos do Ministério Público Federal.

A questão misturou MPU e MPF. O MP é composto pelo Ministério Público da União e pelo MP dos Estados. O MP Federal é um ramo do MPU. Item errado. 31) (CESPE/PROCURADOR/PGE-PE/2009) O Ministério Público

Eleitoral é um componente do MP da União. Não existe previsão constitucional para um Ministério Público Eleitoral dentro da estrutura do Ministério Público. Como vimos, tais funções são exercidas pelo procuradores e promotores eleitorais, integrantes do Ministério Público Federal e do Ministério Público dos estados. Item errado.

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32) (CESPE/PROCURADOR/PGE-PE/2009) Os membros do Ministério Público Militar que atuam na Justiça Militar de 1.ª instância compõem a estrutura do MP estadual.

Os Procuradores Militares vinculam-se ao Ministério Público da União. Item errado. 33) (CESPE/ADMINISTRATIVO/MPE/RR/2008) Compete ao Ministério

Público defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas.

De acordo com o art. 129, V essa é uma das atribuições do MP. Item certo. 34) (CESPE/ADMINISTRATIVO/MPE/RR/2008) Cabe ao Ministério

Público a defesa das entidades públicas que não possuírem corpo próprio de advogados.

É vedado ao MP a defesa de entidades públicas (CF, art. 129, IX). Item errado. 35) (CESPE/ADMINISTRATIVO/MPE/RR/2008) É função institucional do

Ministério Público exercer o controle externo da atividade policial. De acordo com o disposto no art. 129, VII. Mera transcrição. Item certo. 36) (CESPE/ADMINISTRATIVO/MPE/RR/2008) São princípios

institucionais do Ministério Público a unidade, a hierarquia e a indivisibilidade.

Como visto, os princípios institucionais são os da unidade, da indivisibilidade e da independência funcional. Item errado. 37) (CESPE/ADMINISTRATIVO/MPE/RR/2008) O procurador-geral da

República deve ser previamente ouvido em todos os processos da competência do Supremo Tribunal Federal.

De fato, de acordo com o art. 103, § 1°, o Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade e em todos os processos de competência do Supremo Tribunal Federal. Item certo. 38) (CESPE/EXAME DE ORDEM 137/OAB/SP/2008 - adaptada) As

ações contra o Conselho Nacional do Ministério Público serão julgadas a) na justiça federal do domicílio do autor. b) no STJ, quando se tratar de mandado de segurança. c) no STF, em qualquer hipótese.

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d) no Tribunal Superior do Trabalho, se houver matéria trabalhista. Serão julgadas pelo STF as ações contra o CNMP (CF, art. 102, I, “r”). Gabarito: “c” 39) (CESPE/ASSESSOR JURÍDICO/PGM/NATAL/2008) Com relação

ao MP, assinale a opção correta. a) Os membros do MP têm direito a estabilidade após três anos de efetivo exercício. b) O Conselho Nacional do Ministério Público é o órgão máximo do MPU. c) Os procuradores-gerais de justiça nos estados são de livre escolha pelos governadores entre os integrantes da carreira com mais de cinco anos de exercício. d) O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios integra o MPU.

A alternativa “a” está errada, pois os membros do MP adquirem vitaliciedade após dois anos de exercício. A alternativa “b” está errada, pois o CNMP não possui ascendência hierárquica sobre qualquer órgão do MP. A alternativa “c”está errada, pois a escolha dos procuradores-gerais de justiça nos estados segue a regra do art. 128, § 3º, segundo a qual os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito Federal e Territórios formarão lista tríplice dentre integrantes da carreira, na forma da lei respectiva, para escolha de seu Procurador-Geral, que será nomeado pelo Chefe do Poder Executivo, para mandato de dois anos, permitida uma recondução. A alternativa “d” está correta e é o gabarito. O MPU abrange o MPDFT. Gabarito: “d”. 40) (CESPE/ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO/TCE/AC/2008) O

membro do Ministério Público que ingressou na carreira após a Constituição Federal de 1988 e ainda está em atividade pode exercer a) cargo eletivo. b) advocacia. c) atividade de magistério. d) cargo de secretário de estado. e) atividade político-partidária.

A Constituição Federal veda aos membros do MP o exercício de outra função ou cargo público, exceto uma de magistério, de acordo com o art. 128, II, “d”.

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Gabarito: “c”

3 – Outras funções essenciais à justiça Além do Ministério Público, a Constituição ainda apresenta outras funções essenciais à Justiça em seu arts. 131 e 135.

3.1 – Advocacia Pública Os arts. 131 e 132 referem-se à Advocacia Pública (que abrange a Advocacia-Geral da União e os Procuradores estaduais). A Advocacia-Geral da União foi criada como forma de afastar do Ministério Público a função de advocacia da União, o que, de certa forma, poderia influir na sua imparcialidade. Nos termos do art. 131 da CF/88, a Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamente ou através de órgão vinculado, representa a União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo. E esse caput do art. 131 é o mais importante! Ou seja, a representação judicial e extrajudicial será da União como um todo (englobando os três Poderes da República). Já a atividade de consultoria e assessoramento jurídico será realizada exclusivamente para o Poder Executivo. Portanto, guarde o seguinte, a respeito das funções da AGU: União (incluindo os três poderes) → Representação judicial e extrajudicial Poder Executivo → Consultoria e Assessoramento jurídico

De acordo com o § 2º do art. 131 da CF/88, o ingresso nas classes iniciais das carreiras da AGU far-se-á mediante concurso público de provas e títulos. Vale mencionar que na execução da dívida ativa de natureza tributária, a representação da União cabe à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (CF, art. 131, § 3°). A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo Presidente da República dentre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada (CF, art. 131, § 1º). De se comentar que o Advogado-Geral da União será julgado pelo Senado Federal nos crimes de responsabilidade (CF, art. 52, II). Quanto

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aos crimes comuns, como ele foi equiparado a ministro, será julgado pelo STF. Analogamente à atividade desempenhada pela AGU, os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal exercerão a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas (CF, art. 132). Esses procuradores serão organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá de concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases. A eles é assegurada estabilidade após três anos de efetivo exercício, mediante avaliação de desempenho perante os órgãos próprios, após relatório circunstanciado das corregedorias. Sobre os advogados públicos, cabe comentar importante jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. É que eles não serão responsabilizados pelos pareceres que emitirem, salvo na hipótese de erro grave, inescusável, ou de ato ou omissão praticado com culpa, em sentido amplo. Assim, imagine que um gestor realizou uma compra sem licitação com base em parecer jurídico que considerava que o caso se enquadrava em hipótese de inexigibilidade. Nesse caso, o parecerista (advogado público) não poderá ser responsabilizado solidariamente com o gestor pela contratação direta. 41) (CESPE/AGENTE DE POLÍCIA CIVIL SUBSTITUTO/PCRN/2008) É

vedada à Advocacia-Geral da União atividade de consultoria jurídica do Poder Executivo.

A atividade de consultoria jurídica é competência da Advocacia-Geral da União. Item errado. 42) (CESPE/ADVOGADO DA UNIÃO/AGU/2008) O Advogado-Geral da

União, ministro por determinação legal, obteve da Carta da República tratamento diferenciado em relação aos demais ministros de Estado, o que se constata pelo estabelecimento de requisitos mais rigorosos para a nomeação — idade mínima de 35 anos, reputação ilibada e notório conhecimento jurídico —, bem como pela competência para o julgamento dos crimes de responsabilidade, visto que ele será sempre julgado pelo Senado Federal, ao passo que os demais ministros serão julgados perante o STF, com a ressalva dos atos conexos aos do presidente da República.

De fato, o AGU foi, por lei, equiparado a ministro de Estado; mas a Constituição assegura determinadas especificidades em relação a esse cargo, como o foro especial no Senado Federal, no julgamento dos crimes de responsabilidade.

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É que compete ao STF processar e julgar os ministros de Estado por crimes comuns e de responsabilidade (CF, art. 102, I, c). Entretanto, se o crime de responsabilidade por eles praticado for conexo com o do Presidente o julgamento é de competência do Senado Federal (CF, art. 52, I). Essa especificidade não se aplica ao Advogado-Geral da União, que sempre será julgado pelo Senado Federal nos crimes de responsabilidade, tenha ou não conexão com crime cometido pelo Presidente (CF, art. 52, II) Item certo. 43) (CESPE/PROCURADOR/PGE-PE/2009) Aos advogados públicos

será assegurada a estabilidade após dois anos de efetivo exercício, certificados por avaliação de desempenho.

A estabilidade será adquirida após três anos (e não dois). Item errado.

3.2 – Advocacia De acordo com o art. 133 da Constituição, o advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei. Aqui há (i) a indispensabilidade do advogado; e (ii) a imunidade do advogado. Quanto a esta última, não se trata de inviolabilidade absoluta. Evidentemente, essa garantia é para as manifestações e atos cometidos no exercício da função. Não há garantia para atos descabidos, de ofensas gratuitas e sem conexão com a causa em si. Segundo decisão do STF, essa imunidade alcança os crimes de injúria e difamação. A difamação consiste em atribuir a alguém fato determinado ofensivo à sua reputação como pessoa ilibada (é alguém dizer: “O professor Fred foi visto embriagado ontem em Brasília...”). No caso da injúria não se imputa fato, mas uma qualidade negativa (uma qualificação vaga e imprecisa), que ofende a dignidade ou o decoro de alguém (é alguém afirmar: “Ticio é um ladrão (ou um imbecil).”). Por outro lado, segundo o STF, o advogado pode ser responsabilizado pelo crime de calúnia. É dizer que o cometimento de crime de calúnia não está coberto pela imunidade constitucional do advogado. O crime de calúnia consiste em atribuir falsamente, a alguém, a responsabilidade pela prática de um fato determinado definido como

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crime (é alguém afirmar falsamente que “Fulano está vendendo produtos protegidos por direitos autorais.”) De qualquer forma, essas definições não são importantes para a sua prova de direito constitucional. No que tange ao princípio da indispensabilidade do advogado, ele exige a subscrição de profissional habilitado (mediante inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil – OAB) para postulação em juízo. Essa exigência apresenta as exceções de habeas corpus e revisão criminal (em que não há necessidade de advogado). De se destacar que nas causas cíveis, também poderá ser dispensado o advogado caso a parte deseje (há previsão na Lei nº 10.259/2001). Mas isso não se aplica aos processos criminais. 44) (CESPE/PROCURADOR/PGE-PE/2009) A imunidade processual

conferida aos advogados não abrange o delito de calúnia. Segundo o STF, o crime de calúnia não está coberto pela imunidade na atuação do advogado, ainda que no exercício da profissão. Item certo.

3.3 – Defensoria Pública A criação da defensoria pública tem por base constitucional o direito fundamental que assegura aos que comprovarem insuficiência de recursos prestação de assistência jurídica integral e gratuita por parte do Estado. Assim, segundo o art. 134, a Defensoria Pública é instituição essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados. A Defensoria Pública da União e do Distrito Federal e dos Territórios será organizada por meio de lei complementar, que expedirá ainda normas gerais para sua organização nos Estados (CF, art. 134, § 1°). A Defensoria Pública será organizada em cargos de carreira, providos, na classe inicial, mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a garantia da inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais (CF, art. 134, § 1°). Cabe comentar que é de iniciativa privativa do Presidente da Repúblicaa lei de organização da Defensoria Pública da União, bem como as normas gerais para a organização do Ministério Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios (CF, art. 61, § 1°, II, “d”). O § 2º do art. 134 da CF/88 assegura às Defensorias Públicas Estaduais autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta

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orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias. Por fim, cabe comentar que os advogados públicos, bem como os defensores públicos, serão remunerados por meio de subsídio (CF, art. 135). 45) (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPE/PI/2009) É da iniciativa

privativa do presidente da República as leis que disponham acerca da organização da DPU, cabendo aos chefes dos Poderes Executivos estaduais a iniciativa de propor normas gerais para a organização das respectivas DPEs.

De fato, é de iniciativa privativa do Presidente da República leis que disponham sobre a organização da Defensoria Pública da União (CF, art. 61, § 1°, II, “d”). O erro da questão é afirmar que seria de iniciativa privativa dos governadores as normas gerais para organização das respectivas Defensorias Públicas estaduais. A iniciativa da lei que disponha sobre normas gerais para a organização da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios também é do Presidente da República. Item errado. 46) (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPE/CE/2008) A Defensoria

Pública da União tem autonomia funcional e administrativa. O § 2º do art. 134 da CF/88 assegura às Defensorias Públicas Estaduais autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias. Ou seja, não foi assegurada autonomia funcional e administrativa para a Defensoria Pública da União, do DF e Territórios. É dizer, apenas as DPEs detêm essa garantia. Item errado. 47) (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPE/CE/2008) Aos defensores

públicos é assegurada a garantia da inamovibilidade. Determina a Constituição que, no tocante à organização da Defensoria Pública, seus cargos serão organizados em carreira, providos, na classe inicial, mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a garantia da inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais (CF, art. 134, § 1°). Item certo. 48) (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPE/CE/2008) O defensor público é

remunerado por meio de subsídio. Conforme o art. 135 da CF/88, os defensores públicos são remunerados por meio de subsídio.

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Item certo. 49) (CESPE/PROCURADOR/PGE-PE/2009) Os defensores públicos

estaduais podem exercer a advocacia privada, desde que fora das suas atribuições institucionais, e em horário em que não esteja no exercício do cargo de defensor público.

É vedado aos defensores públicos o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais (CF, art. 134, § 1º).

Chegamos ao final de mais uma aula nessa preparação para o concurso do MPU. Até a próxima! Professor Frederico Dias

4 – Exercícios de fixação 50) (CESPE/AGENTE DE INTELIGÊNCIA/ABIN/2008) O presidente da

República pode delegar aos ministros de Estado, conforme determinação constitucional, a competência de prover cargos públicos, a qual se estende também à possibilidade de desprovimento, ou seja, de demissão de servidores públicos.

51) (CESPE/ESCRIVÃO/SGA/AC/2008) A extinção de funções ou cargos públicos vagos é competência privativa do presidente da República, exercida por meio de decreto.

52) (CESPE/ADVOGADO/CODEBA/2006) O poder de vetar projetos de lei é uma das competências do presidente da República, que pode ser delegada aos ministros de Estado, dentro de sua área de atuação.

53) (CESPE/PROCURADOR CONSULTIVO/TCE/PE/2004) O presidente da República pode, mediante decreto, extinguir funções e cargos públicos vagos.

54) (CESPE/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL DE 1ª CLASSE/TO/2008) O presidente da República só pode ser submetido a julgamento perante o STF, nas infrações penais comuns, após autorização da Câmara dos Deputados, por dois terços de seus membros.

55) (CESPE/DELEGADO DE POLÍCIA/POLÍCIA CIVIL/PB/2008) O presidente da República não pratica crime de responsabilidade quando descumpre uma decisão judicial que entende ser inconstitucional ou contrária ao interesse público.

56) (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/TRE/GO/2008) Segundo a CF, o Ministério Público da União (MPU) compreende vários ramos. Assinale a opção que não corresponde a ramo do MPU.

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a. Ministério Público Federal b. Ministério Público Eleitoral c. Ministério Público do Trabalho d. Ministério Público do Distrito Federal e Territórios

57) (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/TRE/GO/2008) Acerca das funções essenciais à justiça, assinale a opção correta. a. Os membros do Ministério Público gozam da garantia da vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo perder o cargo senão por votação da maioria absoluta dos membros do Conselho Superior do Ministério Público. b. Entre as atribuições do Ministério Público previstas na CF está a defesa dos necessitados, que não dispõem de recursos para pagar um advogado. c. Segundo a CF, cabe ao Ministério Público exercer o controle externo da atividade policial. d. Entre as atribuições do Ministério Público previstas na CF está a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas. (CESPE/ADMINISTRATIVO/MPE/RR/2008) Considere que determinada fábrica, por negligência, deixe que componentes químicos contaminem a nascente de um rio situado dentro do estado de Roraima. Com base nessa situação hipotética, julgue os itens que se seguem.

58) (CESPE/ADMINISTRATIVO/MPE/RR/2008) Compete ao Ministério Público promover privativamente a ação civil pública para a proteção do meio ambiente.

59) (CESPE/ADMINISTRATIVO/MPE/RR/2008) Compete ao Ministério Público promover privativamente a ação penal pública contra os responsáveis, caso seja configurado crime ambiental.

60) (CESPE/ADMINISTRATIVO/MPE/RR/2008) Compete ao Ministério Público e à Polícia Civil do estado instaurar inquérito civil público para apurar a responsabilidade pelos fatos danosos ao meio ambiente.

61) (CESPE/ESTAGIÁRIO DE DIREITO DA DPE/SP/2008) A CF determina que à Defensoria Pública, instituição essencial à função jurisdicional do Estado, cabe a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados. Às defensorias públicas estaduais a CF assegura a. somente a independência administrativa. b. apenas a independência funcional.

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c. a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, mas não a autonomia funcional e administrativa. d. autonomia funcional e administrativa, assim como a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos nos limites da lei de diretrizes orçamentárias.

62) (CESPE/ESTAGIÁRIO DE DIREITO DA DPE/SP/2008) Acerca da responsabilidade institucional da defensoria pública na garantia do acesso à justiça, julgue os próximos itens, de acordo com as diretrizes constitucionais. I. Emenda à CF atribuiu às defensorias públicas estaduais e à Defensoria Pública da União autonomia funcional e administrativa. II. A defensoria pública é instituição essencial à função jurisdicional do Estado. III. Os cargos de carreira da defensoria pública devem ser providos, na classe inicial, mediante concurso público de provas e títulos. Assinale a opção correta. a. Apenas o item I está certo. b. Apenas o item III está certo. c. Apenas os itens I e II estão certos. d. Apenas os itens II e III estão certos.

63) (CESPE/MPE/RR/ASSISTENTE ADMINISTRATIVO/2008) De acordo com a Constituição Federal, o MP, a defensoria pública, a advocacia e a polícia são funções essenciais à Justiça.

64) (CESPE/TST/ANALISTA ADMINISTRATIVO/2008) A representação judicial do TST deve ser feita por membros da Defensoria Pública da União.

65) (CESPE/TÉCNICO ADMINISTRATIVO/TST/2008) Defensoria Pública da União é o órgão do Ministério Público da União responsável por oferecer assistência judiciária gratuita à população.

66) (CESPE/TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL/JUIZ FEDERAL/ 2007) Os mandados de segurança contra ato do Conselho Nacional do Ministério Público são processados e julgados no STJ.

67) (CESPE/STF/ANALISTA ADMINISTRATIVO/2008) O Ministério Público pode determinar a violação de domicílio para a realização de busca e apreensão de objetos que possam servir de provas em processo criminal, desde que tal violação ocorra no período diurno.

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GABARITOS OFICIAIS 50) C 51) C 52) E

53) C 54) C 55) E 56) B

57) C 58) E 59) C 60) E

61) D 62) D 63) E 64) E

65) E 66) E 67) E

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Constitucional, 2009. LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado, 2009. MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional, 2009. MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo, 2007. MORAES, Alexandre. Direito Constitucional, 2010. José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo, 2010.

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