auditor do trabalho

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  • Administrao Geral e Pblica p/ AFT

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    Dividimos os tpicos nas aulas abaixo:

    Aula 0: Evoluo da administrao pblica no Brasil aps1930. Reformas administrativas. A nova gesto pblica.

    Aula 1: Gesto de pessoas. Equilbrio organizacional.Objetivos, desafios e caractersticas da gesto de pessoas.Funes de administrao: direo. Direo. Motivao eliderana.

    Aula 2: Funes de administrao: organizao. Organizao.Estrutura organizacional. Tipos de departamentalizao:caractersticas, vantagens e desvantagens de cada tipo.Organizao informal. Cultura organizacional.Descentralizao e delegao.

    Aula 3: Gesto da qualidade e modelo de excelnciagerencial. Principais tericos e suas contribuies para agesto da qualidade. Ferramentas de gesto da qualidade.Modelo da fundao nacional da qualidade. Modelo doGespblica.

    Aula 4: Gesto de projetos. Elaborao, anlise e avaliaode projetos. Principais caractersticas dos modelos de gestode projetos. Projetos e suas etapas.

    Aula 5: Funes de administrao: controle. Controle.Caractersticas. Tipos, vantagens e desvantagens. Sistema demedio de desempenho organizacional. Comunicao.

    Aula 6: Evoluo da administrao. Principais abordagens daadministrao (clssica at contingencial).

    Aula 7: Gesto por Competncias Objetivos, caractersticas evantagens. Gesto de desempenho.

    Aula 8: Funes de administrao: planejamento. Processode planejamento. Planejamento estratgico: viso, misso eanlise SWOT. Planejamento ttico. Planejamentooperacional. Anlise competitiva e estratgias genricas.Redes e alianas. Administrao por objetivos. BalancedScorecard. Processo decisrio.

    Aula 9: Gesto de processos. Conceitos da abordagem porprocessos. Tcnicas de mapeamento, anlise e melhoria deprocessos. Noes de estatstica aplicada ao controle e melhoria de processos. Comportamento profissional; atitudesno servio; organizao do trabalho; prioridade em servio

    Aula 10: Legislao administrativa. Administrao direta,indireta, e fundacional. Atos administrativos. Requisio.

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    Aula 11: tica no servio pblico. Cdigo de tica Profissional do Servidor Pblico Civil do Poder Executivo Federal (Decreto n 1.171/1994). Cdigo de tica dos agentes pblicos do MTE (Portaria/MTE n 2.973/2010). Conflito de interesses. Lei n 12.813/2013.

    Vamos ento para o que interessa, no mesmo? Hoje veremos o tpico de Evoluo da Administrao, que sempre muito cobrado.

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    Sumrio

    Evoluo da Administrao Pblica - Reformas Administrativas. .............................. 6

    Repblica Velha (1889-1930) .................................................................. 7

    Getlio Vargas e a criao do DASP. .......................................................... 8

    Administrao para o Desenvolvimento Governo JK e a administrao paralela. ...... 16

    A Reforma de 1967 DL n200/67. ......................................................... 17

    Programa Nacional de Desburocratizao ................................................... 23

    A Constituio de 88 o retrocesso burocrtico e o Governo Collor/Itamar. ............. 25

    Governo Collor ................................................................................ 28

    A Reforma de 1995. .......................................................................... 30

    Resumo ........................................................................................... 48

    Lista de Questes Trabalhadas na Aula. ........................................................ 52

    Gabarito .......................................................................................... 59

    Bibliografia ...................................................................................... 59

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    Evoluo da Administrao Pblica - Reformas Administrativas.

    As origens de nossa administrao pblica nascem, naturalmente, de nosso processo de colonizao. Durante sculos, fomos uma colnia portuguesa e muitos de nossos hbitos e de nossa cultura organizacional foi herdada dos antigos costumes vindos de Portugal.

    A administrao no perodo colonial foi marcada especialmente por duas dinmicas1: um vis centralizador e normatizador vindo da metrpole, com um comando descentralizado, baseado nas estruturas de poder local e outro vis descentralizador, baseado no poder local.

    As principais instituies de poder estavam localizadas em Lisboa e tinham dificuldade em alcanar todo o territrio nacional. O governo-geral, que cuidava de impor a ordem e regular a sociedade brasileira, era caracterizado por um excesso de regras e procedimentos.

    Ao mesmo tempo, o poder local (nas provncias) comandava de acordo com relaes patrimonialistas e personalistas. De acordo com Abrucio e outros2,

    A mistura de centralismo excessivamente regulamentador, e geralmente pouco efetivo, com o patrimonialismo local resume bem o modelo de administrao colonial.

    A dificuldade do Estado portugus de alcanar boa parte do espao gerava, ento, uma liberdade de ao por parte das elites regionais.

    Dentro deste perodo colonial chama a ateno o perodo da administrao pombalina (capitaneada pelo Marqus de Pombal, de 1750 a 1777), que buscou dar maior racionalidade e eficincia a administrao do imprio portugus.

    Entretanto, o cenrio s comeou a mudar realmente com a vinda da famlia real para o Brasil em 1808, fugindo de Napoleo Bonaparte. A vinda da corte portuguesa, com milhares de pessoas, obrigou a construo de diversas instituies governamentais em nosso pas.

    Foi o incio de um processo irreversvel de estruturao de uma antiga colnia para fazer parte integrante do imprio portugus e, posteriormente, independncia do Brasil.

    1 (Abrucio, Pedroti, & P, 2010) 2 (Abrucio, Pedroti, & P, 2010)

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    Repblica Velha (1889-1930)

    Durante todo o perodo colonial at o governo de Getlio Vargas, a administrao pblica era dominada pelo patrimonialismo e pelo clientelismo. A poca conhecida como Repblica Velha iniciou-se com a proclamao da Repblica e terminou com a revoluo de 1930.

    Neste perodo, a poltica do pas foi controlada por grupos oligrquicos, principalmente de Minas Gerais e So Paulo, que se revezavam no poder atravs da conhecida poltica do Caf com Leite.

    Ocorreu um enfraquecimento do Estado Brasileiro nesta poca, com uma perda de capacidade de organizao do poder central, que contava com os melhores quadros3. De acordo com Leal4,

    O sistema estadualista e oligrquico que prevaleceu na Repblica Velha, ademais, tornou ainda mais importante o modelo de patronagem no plano subnacional, pela via do coronelismo, uma vez que era necessrio arrebanhar mais eleitores para legitimar o processo poltico embora as eleies fossem marcadas pelas fraudes.

    Desta maneira, o Estado brasileiro era dominado por uma elite que garantia privilgios indevidos dentro da mquina do governo para seus amigos e aliados.

    A maior parte da populao era excluda e no tinha participao na poltica do pas. At a revoluo de 1930, a oligarquia agrria dominava o cenrio poltico5.

    A maior parte da populao vivia no campo e a poltica era dominada pelos coronis regionais. O poder central tinha um peso muito menor do que apresenta hoje, com uma maior autonomia dos estados.

    Apesar disso, a maior autonomia dos poderes locais no foi utilizada para a modernizao das estruturas e das prticas administrativas regionais.

    Entretanto, duas experincias de sucesso no plano da administrao pblica foram geradas neste perodo: o desenvolvimento das carreiras militares (foras armadas) e do corpo diplomtico (Itamaraty).

    3 (Abrucio, Pedroti, & P, 2010) 4 (Leal, 1996) apud (Abrucio, Pedroti, & P, 2010) 5 (Torres, 2004)

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    Estas carreiras j nesta poca detinham instituies meritocrticas e recursos que lhes permitiram ajudar o pas em seu desenvolvimento e at atuar politicamente. De certa forma, foram as nossas duas primeiras burocracias profissionais.

    Vamos ver uma questo sobre este tema?

    1 (CESPE TJ-AL TCNICO 2013) A reforma administrativa resultante da independncia do Brasil apresentou o patrimonialismo como modelo de administrao pblica, que, apesar de superado, ainda revela grande importncia no governo do pas.

    Questo totalmente equivocada! Para comeo de conversa, no tivemos nenhuma reforma administrativa no momento da independncia do Brasil. O modelo patrimonialista j existia e era praticado desde o tempo do Brasil Colnia.

    Alm desse fato, o modelo patrimonialista no de grande importncia no governo do pas. Temos resqucios deste modelo, certo, mas estas prticas so condenveis. O gabarito mesmo questo errada.

    Getlio Vargas e a criao do DASP.

    Com a tomada do governo aps o golpe revolucionrio de 1930, outras classes se apoderaram do governo federal, sendo dominantes alguns setores das foras armadas6. Na esteira deste movimento, o Estado Novo buscou centralizar o poder no governo federal, tirando poder e autonomia dos estados.

    Na viso de Flvio Resende7:

    at 1930, o Estado brasileiro era um verdadeiro mercado de troca de votos por cargos pblicos; uma combinao de clientelismo com patrimonialismo.

    Na poca da revoluo de 1930, o cenrio nacional era de grande crise econmica, pois o carro chefe da economia brasileira no momento

    6 (Bresser Pereira, 2001) 7 (Resende, 2004) apud (Paludo, 2010)

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    era a cultura do Caf e o mercado para o produto tinha despencado aps a crise da Bolsa de Nova York.

    Com o crash da Bolsa, os mercados consumidores do produto, particularmente os Estados Unidos e a Europa, entraram em uma grande recesso. Isto fez com que o preo do caf despencasse no mercado internacional.

    Sem as divisas do Caf, a economia brasileira no tinha como pagar as importaes de produtos que a sociedade demandava. Os recursos da venda do caf no mercado exterior chegaram a representar mais de sessenta por cento das divisas que entravam no pas.

    Alguma resposta teria de ser dada pelo novo governo. Getlio Vargas ento procurou fechar a economia e buscar alternativas econmicas, voltando-se ento para o mercado interno atravs de incentivos industrializao e da modernizao da mquina estatal.

    Com as barreiras aos produtos estrangeiros, os empresrios brasileiros passaram a ter um grande incentivo para investir, pois o mercado interno passava a ser protegido da concorrncia internacional, e os consumidores no tinham mais acesso aos produtos estrangeiros a preos competitivos. Isto deu um grande impulso nascente industrializao brasileira.

    Alm disso, com a acelerao da industrializao, comea tambm a ocorrer um crescimento da massa urbana de trabalhadores, introduzindo outros atores no processo poltico.

    Com a queda dos preos agrcolas, a economia rural perdeu fora e seus trabalhadores passaram a ver as cidades como um local mais atraente e com melhores e maiores oportunidades.

    Como vimos, Vargas iniciou seu governo retirando poder dos governos estaduais, centralizando o poder na Unio. O governo federal iniciou tambm uma maior interveno econmica, saindo de um papel mais passivo para outro mais ativo na promoo do desenvolvimento econmico.

    Portanto, as sadas para a crise foram o protecionismo e o intervencionismo econmico. O Estado teve de se estruturar pra exercer estas funes, principalmente a segunda.

    O velho modelo patrimonialista da administrao pblica no era mais adequado a uma economia industrial cada vez mais complexa e competitiva!

    Foi nesse contexto que se criou o Conselho Federal do Servio Pblico Civil em 1936, depois transformado em 1938 no

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    assumir seu papel na conduo do processo de desenvolvimento... 9

    Desta forma, os principais objetivos do DASP eram: A racionalizao de mtodos, processos e procedimentos; a definio da poltica de recursos humanos, de compra de materiais e finanas e a centralizao e reorganizao da administrao pblica federal10.

    Com a introduo do modelo burocrtico na administrao pblica brasileira, promovida pelo DASP, fortaleceu-se o princpio da meritocracia, em que os servidores passaram a ser selecionados mediante concurso pblico e promoo baseada em avaliaes de desempenho11.

    Dentro deste mbito, os princpios da Administrao Cientfica, de Frederick Taylor, foram utilizados para nortear a padronizao e diviso do trabalho, bem como a profissionalizao dos servidores.

    Os princpios da Administrao Cientfica eram os seguintes:

    Planejamento substituir a improvisao pela cincia. Planejar o mtodo a ser utilizado;

    Preparo selecionar e treinar os empregados de acordo com suas aptides e trein-los para que atinjam um melhor resultado;

    Controle supervisionar o trabalho para que os resultados sejam atingidos;

    Execuo distribuir as atividades e responsabilidades, de maneira disciplinar a execuo das tarefas.

    Veja como esse tema j foi cobrado:

    2 - (CESPE TRE-ES / ANAL ADM 2011) A instituio, em 1936, do Departamento de Administrao do Servio Pblico (DASP) teve como objetivo principal suprimir o modelo patrimonialista de gesto.

    Perfeito. A criao do DASP por Getlio Vargas na dcada de 30 teve, como objetivo primordial, a substituio do modelo patrimonialista pela administrao burocrtica no Brasil. O gabarito questo correta.

    9 (Costa, 2008) 10 (Bresser Pereira, 2001) 11 (Paludo, 2010)

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    3 - (CESPE- MDS / TECNICO SUPERIOR - 2006) A reforma administrativa empreendida pelo DASP, na dcada de 30 do sculo passado, foi inovadora por no estar alinhada aos princpios da administrao cientfica presentes na literatura mundial da poca.

    A reforma administrativa que foi implantada no Brasil nos anos 30 no foi inovadora, pois o modelo racional-legal (ou Burocrtico) j havia sido implantado nos pases desenvolvidos dcadas antes.

    Ao contrrio do que est descrito na questo, a reforma esteve sim alinhada aos princpios da administrao cientfica. Portanto, a frase est errada.

    Assim sendo, a atuao do DASP ocorreu em trs dimenses diferentes:

    Criao de rgos formuladores de polticas pblicas, como os conselhos, que seriam responsveis por formar consensos dentro da sociedade sobre diversos temas;

    Expanso de rgos da administrao direta, como ministrios e agncias de fiscalizao (neste governo foram criados diversos ministrios, como o do Trabalho);

    Expanso das atividades empresariais do Estado, com a criao de empresas estatais, fundaes pblicas, sociedades de economia mista e autarquias (a Companhia Vale do Rio Doce e a CSN Companhia Siderrgica Nacional foram criadas nesta poca!).

    Dentro deste cenrio, o DASP foi o rgo que formulou e executou as mudanas na administrao pblica no perodo Vargas.

    De certo modo, o DASP foi utilizado como instrumento poltico-administrativo (pois ocorreu uma grande centralizao administrativa e poltica), de forma que a administrao pblica se tornasse capaz de dar sustentao ao regime ditatorial. De acordo com Torres12:

    Assim, sem considerar a represso poltica dura e autoritria, o governo Vargas tinha ainda dois pilares importantssimos de sustentao poltica: o controle da administrao pblica e a nomeao dos dirigentes das provncias.

    Apesar disso, as mudanas no alcanaram toda a administrao pblica13. O movimento reformista de Vargas no conseguiu disseminar por completo as novas prticas.

    12 (Torres, 2004) 13 (Bresser Pereira, 2001)

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    Para certas carreiras foram introduzidos os concursos pblicos, promoo por mrito e salrios adequados. Certos rgos conseguiram uma maior profissionalizao.

    Ou seja, carreiras consideradas estratgicas para o sucesso deste novo Estado (como a dos diplomatas) eram valorizadas tendo um treinamento mais completo, garantias legais e salrios competitivos14.

    Entretanto, outras carreiras de nvel mais baixo continuaram sob as prticas patrimonialistas e clientelistas, com nomeaes polticas, salrios defasados e promoes somente por tempo de servio. Com isso, a Burocracia convivia com o patrimonialismo!

    Foi tambm introduzida nesta poca a noo de planejamento no oramento pblico, ao invs deste instrumento ser somente uma relao detalhada de despesas e receitas previstas. O Estado se preparava ento para atuar de forma mais ativa no desenvolvimento econmico.

    Entretanto, o poder reformador do DASP dependia do apoio de Getlio e seus poderes autoritrios. Com o final da segunda guerra mundial, passou a existir uma demanda maior por democracia e liberalizao por parte da sociedade brasileira.

    O Brasil tinha cerrado fileiras com os aliados (Estados Unidos, Inglaterra e Unio Sovitica) e os conceitos de liberdade e democracia passaram a ser cobrados pelos cidados.

    O prprio regime ditatorial comeou a mostrar seu desgaste aps 15 anos de existncia. Com a sada de Getlio, voltamos a ter uma constituio democrtica e tivemos a eleio de Dutra para a Presidncia da Repblica.

    Naturalmente, o DASP perdeu muito de sua fora modernizadora com a sada de Vargas do poder em 1945. Aps esse momento, o departamento perdeu muitas de suas funes e passou a fazer um trabalho mais rotineiro.

    Com a volta do regime democrtico, muitas das prticas patrimonialistas ganharam fora com a barganha poltica entre o presidente e o novo congresso. Ao final, o resultado da reforma foi o seguinte: a reforma no se completou, nem tampouco foi revertida.

    Vamos ver como isto j foi cobrado?

    4 (CESPE TCE-RO AGENTE 2013) O Departamento Administrativo do Servio Pblico foi o primeiro rgo da estrutura administrativa brasileira ao qual se atribuiu a responsabilidade de diminuir a ineficincia do servio pblico e reorganizar a administrao pblica.

    14 (Torres, 2004)

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    Perfeito. O DASP foi o responsvel por executar a reforma da burocrtica da dcada de 30 no Brasil. Seu objetivo era o de modernizar o setor pblico, aumentando a sua eficincia. Infelizmente, depois vimos as deficincias deste modelo na prtica. O gabarito questo certa.

    5 (CESPE TCU AUDITOR 2013) A criao do Departamento Administrativo do Servio Pblico (DASP) em 1936 representou uma modernizao na administrao pblica brasileira, haja vista que promoveu a descentralizao das atividades administrativas, com o intuito de se gerar maior eficincia.

    O erro desta questo o seguinte: O DASP era centralizador, no descentralizador. Devemos lembrar que esta reforma foi feita por um regime ditatorial (o Estado Novo de Vargas), que buscava centralizar o poder no governo federal e padronizar as prticas administrativas. Deste modo, o gabarito questo errada.

    6 (CESPE MPU TCNICO 2013) A reforma administrativa iniciada pelo Departamento Administrativo do Servio Pblico (DASP) instituiu o Estado moderno no Brasil, com vistas ao combate ao patrimonialismo e burocracia estatal.

    Nem pensar. A Reforma do perodo Vargas, que instituiu o DASP buscou implantar o modelo burocrtico no Brasil. Assim, no poderia estar combatendo a burocracia estatal ao mesmo tempo, no verdade?

    Getlio Vargas sabia que o Estado brasileiro, ainda baseado em prticas patrimonialistas, precisava ser reformado para que o pas crescesse e se industrializasse. Entretanto, os problemas do modelo burocrtico s apareceram mais tarde. O gabarito questo errada.

    7 (CESPE MPU TCNICO 2013) As grandes reformas administrativas do Estado brasileiro, ocorridas aps 1930, foram do tipo patrimonialista, burocrtica e gerencial.

    Esta questo tem uma pegadinha que a torna incorreta. Ns tivemos reformas burocrticas (como a dos anos 30) e reformas gerenciais (como a dos anos 90), mas nunca tivemos reformas patrimonialistas! O modelo patrimonialista foi implantado aqui junto com a colonizao portuguesa.

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    Desta maneira, nunca tivemos uma reforma administrativa que tivesse o objetivo de implementar o modelo patrimonial. Tpica questo que tenta pegar o candidato menos concentrado. O gabarito mesmo questo errada.

    8 (CESPE TRT-10 TCNICO 2013) O Departamento Administrativo do Servio Pblico (DASP) foi criado com o objetivo de aprofundar a reforma administrativa destinada a organizar e racionalizar o servio pblico no pas.

    Perfeito! O DASP foi criado no Governo Getlio Vargas como um instrumento de racionalizao da mquina estatal brasileira. O Brasil estava passando por uma fase de transio econmica: deixando de ser um pas rural para ser um pas industrializado.

    Para poder impulsionar este movimento e, alm disso, passar a fornecer melhores servios para seus cidados, o Estado deveria passar por uma reforma estruturante. O gabarito mesmo questo certa.

    9 (CESPE MI ANALISTA 2013) Na rea de administrao de recursos humanos, o Departamento Administrativo do Servio Pblico (DASP) inspirou-se no princpio do mrito profissional para estruturar a burocracia.

    Exato. A reforma do DASP, ocorrida nos anos 30, buscou implementar o modelo burocrtico no Brasil. Ao contrrio do que muitos pensam, a teoria da burocracia tem o profissionalismo e a impessoalidade como seus pilares.

    Deste modo, a ideia a de que os melhores profissionais sero contratados e promovidos, tendo em vista o melhor funcionamento possvel da instituio. Assim, a instalao do mrito profissional como um princpio da Administrao Pblica foi um dos objetivos da reforma do DASP. O gabarito questo certa.

    10 (CESPE MI ANALISTA 2013) Fruto da evoluo do estamento burocrtico patrimonialista, a moderna burocracia manteve o carter aristocrtico e estava circunscrita ao Estado.

    Esta frase uma confuso s de conceitos. Para comear, a moderna burocracia no fruto do estamento burocrtico patrimonialista, pois veio exatamente para buscar encerrar este modelo de gesto patrimonialista. O carter aristocrtico do patrimonialismo

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    combatido no modelo burocrtico, com sua base na racionalidade e na legalidade.

    Alm disso, o modelo burocrtico de gesto no est restrito ao setor pblico. Muitas empresas o utilizam ainda hoje. Deste modo, o gabarito mesmo questo errada.

    Administrao para o Desenvolvimento Governo JK e a administrao paralela.

    O perodo que se iniciou com a redemocratizao em 1946 e terminou com o golpe militar de 1964 se caracterizou pela preocupao dos governantes com o desenvolvimento nacional. Nesta fase ocorreu um grande crescimento econmico, com a instalao de grandes multinacionais no pas e a construo de Braslia, inserida no plano de metas do governo JK.

    Os principais fatores deste perodo foram: o aumento da interveno do Estado e uma descentralizao do setor pblico atravs da criao de vrias autarquias e sociedades de economia mista (que teriam mais autonomia e flexibilidade do que a Administrao Direta).

    O governo Juscelino Kubitschek ficou marcado pelo que se chamou de Administrao Paralela15. Seu estilo era voltado a evitar ao mximo os conflitos, portanto quando tinha um problema a resolver ele preferia criar outra estrutura estatal (normalmente uma autarquia) do que reformar ou extinguir alguma j existente.

    Com isso ele contornava a administrao direta, evitando ter de lidar com a ineficincia gerada pelas prticas patrimonialistas e clientelistas (que continuavam existindo, tendo ocorrido inclusive um trem da alegria em 1946 a Constituio promulgada neste ano incorporou como servidores efetivos inmeros funcionrios que haviam entrado no governo sem concurso pblico), bem como as disfunes da Burocracia que j se mostravam presentes, como o excesso de papelada e lentido16.

    Os rgos existentes no eram adequados aos desafios de seu governo. Em vez de reform-los, ele preferiu criar novos rgos (paralelos aos existentes) para resolver os problemas.

    15 (Martins, 1997) 16 (Junior, 1998)

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    Portanto, a administrao do plano de metas do governo JK foi executada desta forma, evitando-se os rgos convencionais. A coordenao das aes fazia-se por meio de grupos executivos escolhidos diretamente pela Presidncia da Repblica.

    Desta forma, evidenciou-se o papel fundamental das chamadas ilhas de excelncia (rgos que contavam com funcionrios mais capacitados, que eram contratados por mrito e recebiam salrios muito maiores do que os da administrao direta) no processo de desenvolvimento nacional que ocorreu naquela poca. De acordo com Lustosa17:

    Esse perodo se caracteriza por uma crescente ciso entre a administrao direta, entregue ao clientelismo e submetida, cada vez mais, aos ditames de normas rgidas e controles, e a administrao descentralizada (autarquias, empresas, institutos e grupos especiais ad hoc), dotados de maior autonomia gerencial e que podiam recrutar seus quadros sem concursos, preferencialmente entre os formados em think thanks especializados, remunerando-os em termos compatveis com o mercado. Constituram-se assim ilhas de excelncia no setor pblico voltadas para a administrao do desenvolvimento, enquanto se deteriorava o ncleo central da administrao.

    O modelo burocrtico, que nem tinha sido completamente instalado em toda a administrao pblica, mostrava-se ento inadequado para uma sociedade cada vez mais complexa e para um pas imenso, com realidades muito diferentes e distncias continentais.

    Desta forma, comeou a se formar um consenso de que o modelo burocrtico deveria ser reformado.

    A Reforma de 1967 DL n200/67.

    Neste contexto, a administrao pblica brasileira se mostrava cada vez menos adequada aos desafios de um pas em desenvolvimento acelerado. Assim, ficou evidente a necessidade de reformas em seu modelo.

    17 (Costa, 2008)

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    Ainda no governo de Joo Goulart, formou-se a Comisso Amaral Peixoto, com o objetivo de coordenar estudos para uma reforma do modelo administrativo no Brasil. O golpe militar de 1964 abortou essa iniciativa. Todavia, algumas ideias foram aproveitadas na reforma de 1967, atravs do Decreto-Lei n200 do mesmo ano18.

    Antes de iniciar uma anlise mais profunda da reforma em si, temos de entender o contexto que existia na poca. O governo militar assumiu com uma proposta modernizadora do Estado. A economia estava desequilibrada e a inflao estava aumentando. Existia uma anlise de que a inflao era causada pelos aumentos salariais acima do aumento da produtividade e por gastos excessivos do governo19.

    Desta forma, uma srie de iniciativas modernizadoras foram implementadas buscando criar um ambiente mais propcio ao crescimento econmico e a uma administrao pblica mais moderna e eficiente.

    O plano econmico que buscava estabilizar a economia foi chamado de Programa de Ao Econmica do Governo (PAEG). Dentre outras medidas, destacamos: a restrio do crdito e dos aumentos salariais, uma reforma tributria (que reduziu impostos em cascata), a instituio da correo monetria nos contratos, a criao do Banco Central (para administrar a emisso de moeda), a criao do Sistema Nacional da Habitao e do Fundo de Garantia por Tempo de Servio (FGTS).

    A reforma de 67 apareceu, portanto, como uma resposta s dificuldades que a mquina pblica tinha com o modelo burocrtico que vinha desde os anos 30. De acordo com Andrews e Bariani20:

    A reforma de 1967 introduziu na administrao pblica procedimentos gerenciais tpicos do setor privado, abriu espao para a participao do capital privado em sociedades de economia mista e esvaziou um dos emblemas do Estado populista, o Departamento Administrativo do Servio Pblico (DASP).

    Desta forma, os proponentes da reforma se baseavam em uma noo de que haveria uma defasagem cada vez maior entre as demandas de um pas em desenvolvimento e as capacidades da mquina pblica. A excessiva centralizao do governo e a falta de

    18 (Junior, 1998) 19 (Resende, 1990) 20 (Andrews & Bariani, 2010)

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    planejamento tornavam a administrao pblica ineficaz, ineficiente e irresponsvel21.

    O planejamento passou a ser encarado como uma condio imprescindvel para que a Administrao Pblica alcanasse uma maior racionalidade em seus programas e aes. Assim, o diagnstico era de que as aes do Estado no eram planejadas.

    Dentre os gargalos que tinham de ser solucionados para que este planejamento pudesse ocorrer, podemos incluir: a falta de profissionais capacitados no governo, um sistema de controle insuficiente e a falta de superviso das atividades do governo.

    Desta maneira, buscou-se uma maior descentralizao das aes governamentais. Os rgos centrais teriam de ser liberados da execuo das tarefas para poderem planejar, controlar e coordenar as aes e programas governamentais.

    Esta descentralizao foi feita com a transferncia de responsabilidades dos rgos centrais para a administrao indireta. Alm da descentralizao, buscou-se flexibilizar para a administrao indireta certos procedimentos burocrticos que existiam na administrao direta.

    De acordo com o DL200, a descentralizao ocorreria em trs planos principais:

    a) dentro dos quadros da Administrao Federal, distinguindo-se claramente o nvel de direo do de execuo; b) da Administrao Federal para a das unidades federadas, quando estejam devidamente aparelhadas e mediante convnio;

    c) da Administrao Federal para a rbita privada, mediante contratos ou concesses.

    Portanto, a descentralizao envolveria a transferncia de atribuies dentro da prpria administrao direta (mediante a delegao de poderes e responsabilidades para os nveis inferiores nvel operacional), a transferncia de atividades para os estados e municpios e at mesmo da Administrao Pblica para a iniciativa privada (atravs de concesses e contratos).

    Dentre algumas mudanas includas na reforma, foi permitido que os rgos da Administrao Indireta contratassem por meio da CLT. Portanto, no existiria mais a estabilidade no emprego para os empregados das empresas e rgos da administrao indireta,

    21 (Andrews & Bariani, 2010)

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    Veja como este tema j foi cobrado:

    11 - (CESPE AGU- AGENTE ADM. 2010) As reformas realizadas por meio do Decreto-lei n.o 200/1967 no desencadearam mudanas no mbito da administrao burocrtica central, o que possibilitou a coexistncia de ncleos de eficincia e de competncia na administrao indireta e formas arcaicas e ineficientes no plano da administrao direta ou central.

    A questo est certa. A reforma foi focada principalmente na administrao indireta, pois os militares (a exemplo do governo JK) no queriam se indispor com o corpo burocrtico existente, preferindo criar novas estruturas com outro modelo mais flexvel. Isso levou a uma crescente diferenciao entre a administrao direta e a indireta. O gabarito frase correta.

    Esta autonomia dada administrao indireta levou a uma grande expanso da interveno do Estado na economia, com a criao de diversas empresas pblicas, sociedades de economia mista e autarquias.

    Infelizmente a reforma no atingiu seus objetivos e levou a consequncias desagradveis. A maior autonomia dada administrao indireta tornou mais fcil a continuao de prticas clientelistas e patrimonialistas.

    De acordo com Andrews e Bariani25:

    a diferenciao entre administrao direta e indireta flexibilizou os controles burocrticos, mas, apesar de buscar a maior eficincia da administrao pblica, criou novas oportunidades para a captura do Estado por interesses privados.

    Em certo momento, os governos militares perderam o controle da mquina pblica. A administrao indireta cresceu excessivamente at o fim da dcada de 70, com a criao de inmeras subsidirias das empresas pblicas e a atuao do Estado em reas que no deveriam ser prioritrias. Segundo Bresser26:

    A reforma administrativa embutida no Decreto-Lei 200 ficou pela metade e fracassou. A crise poltica do regime militar, que se inicia j em meados dos anos 70, agrava ainda mais a situao da administrao pblica, na medida que a burocracia estatal identificada com

    25 (Andrews & Bariani, 2010) 26 (Bresser, 1996) apud (Costa, 2008)

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    o sistema autoritrio em pleno processo de degenerao

    As crises do Petrleo, em 1973 e 1979, acabaram inviabilizando a administrao para o desenvolvimento, que j vinha desde os anos 50. O processo de endividamento pblico, que empurrava os investimentos pblicos na economia passou a ser insustentvel. Os juros internacionais subiram muito nesta poca e a liquidez do mercado financeiro internacional caiu muito. Com isso, tomar dinheiro emprestado ficou muito difcil.

    Desta forma, o Estado, em grave crise fiscal e administrativa, teria cada vez menos condies de ser o indutor do crescimento nacional.

    Vamos ver como isto j foi cobrado?

    12 (CESPE TCE-RS OCE 2013) A reforma administrativa no Brasil, realizada por meio do Decreto-Lei n.o 200/1967, representou um avano em relao tentativa de romper com a rigidez burocrtica, podendo ser entendida como a primeira experincia de implantao da administrao gerencial no pas.

    Beleza. Realmente, muitos autores consideram a reforma do DL 200 de 1967 como o primeiro passo para a implementao do modelo gerencial no pas. O Cespe mesmo j considerou esta afirmativa como correta e diversos momentos. O gabarito questo certa.

    13 (CESPE TRT-10 TCNICO 2013) A reforma administrativa de 1967 promoveu a centralizao progressiva das decises no Poder Executivo federal nos moldes da administrao burocrtica.

    Foi exatamente o contrrio que ocorreu. A reforma de 1967, tambm conhecida como reforma do DL200, buscou uma descentralizao administrativa. O poder de deciso foi transferido para a Administrao Indireta, como as empresas estatais e as autarquias.

    O objetivo foi exatamente o de conferir maior autonomia para estas entidades e remover alguns dos problemas causados pelo modelo burocrtico em nossa mquina estatal. O gabarito mesmo questo errada.

    Programa Nacional de Desburocratizao

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    Sem o crescimento econmico que sustentava a lgica do sistema, os governos militares iniciaram uma distenso poltica que acabaria por levar a uma anistia dos perseguidos polticos e transio para o primeiro governo civil.

    Este primeiro governo de transio, o primeiro civil desde 64, ocorreu com a vitria de Tancredo Neves sobre Paulo Maluf na eleio indireta (atravs do colgio eleitoral) em 1985.

    No plano da administrao pblica, j em 1979, aconteceram iniciativas visando rever algumas distores do modelo burocrtico. Portanto, j no governo militar, existiram novas tentativas de alterar o modelo burocrtico.

    Em 1979 foi criado o Programa Nacional de Desburocratizao, que levaria depois criao do Ministrio da Desburocratizao. Sob o comando de Helio Beltro, o programa visava simplificao e racionalizao de mtodos, em busca de tornar os rgos pblicos menos rgidos27.

    Alm disso, Beltro buscava redirecionar a mquina pblica para o atendimento das demandas dos cidados. De acordo com Beltro28:

    deve-se retirar o usurio da condio colonial de sdito para investi-lo na de cidado, destinatrio de toda a atividade do Estado.

    Desta forma, pela primeira vez aparece em um programa governamental a noo de que se deveriam voltar as atenes do Estado para o atendimento dos cidados29.

    Alm disso, o enxugamento da mquina pblica tambm foi proposto. Esta ao foi focada principalmente nas reas onde havia superposio e duplicidades30.

    Iniciou-se tambm o processo de privatizaes, buscando a sada do Estado de reas que claramente no deveria estar presente (txteis, por exemplo). Cabe lembrar que este perodo foi marcado pela crise da dvida dos pases latino americanos.

    Desta forma, o Brasil se via cada vez mais incapacitado de induzir o crescimento econmico. O modelo desenvolvimentista fazia gua, ou seja, chegava ao seu limite.

    27 (Martins, 1997) 28 (Beltro) apud (Paludo, 2010) 29 (Paludo, 2010) 30 (Junior, 1998)

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    A Constituio de 88 o retrocesso burocrtico e o Governo Collor/Itamar.

    Apesar de eleito, Tancredo no chega a assumir a presidncia. Ele acabou ficando doente na vspera da posse. O pas passou ento dias lutando a beira da televiso ao seu lado. Infelizmente, a doena saiu vitoriosa e Tancredo no chegou a governar.

    Desta forma, seu vice, Jos Sarney, foi empossado em seu lugar. O primeiro problema que ocorreu foi que o ministrio tinha sido escolhido por Tancredo. Desta forma, Sarney teria de governar com a equipe escolhida por Tancredo.

    Assim sendo, ele utilizou a mquina pblica para assentar vrias correntes que apoiaram a sua coligao na eleio indireta, inchando mais uma vez a estrutura governamental. O velho troca troca poltico voltava a mostrar sua cara. Estes fatores no eram to visveis nos governos militares.

    Desta forma, a democratizao trazia seu custo, pois levou a um aumento do populismo e a um voluntarismo poltico a percepo da sociedade de que s faltava vontade para que a realidade fosse alterada, que o processo democrtico resolveria todos os problemas31.

    Apesar da crise econmica e fiscal que o Estado se via naquele momento, a sociedade ainda via como ideal um Estado desenvolvimentista, que promoveria o crescimento nacional. Seria um Estado que seguisse uma poltica econmica keynesiana (de investimento pesado na economia, a base de dficits pblicos).

    Assim sendo, a Constituio acabou seguindo nesta linha, tornando a reviso de vrios de seus dispositivos uma necessidade na dcada que se seguiu.

    Com a redemocratizao, o poder poltico volta a se descentralizar, ganhando fora os governos estaduais e at as prefeituras. Esse maior poder levar a grandes mudanas na estrutura estatal na assemblia constituinte.

    A Constituio Federal de 1988 foi concebida em um ambiente de crise econmica, de retorno vida poltica de personagens polticos que tinham sido perseguidos por muitos anos, e refletiu esse contexto de foras.

    No plano administrativo, a Constituio:

    31 (Bresser Pereira, 2001)

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    Levou centralizao administrativa;

    Limitou enormemente a autonomia da administrao indireta, praticamente igualando as condies entre administrao indireta e direta;

    Retomou os ideais burocrticos da reforma de 1930 - administrao pblica volta a ser hierrquica e rgida;

    Criou o Regime Jurdico nico, incorporando diversos celetistas como estatutrios e engessando a situao (status quo mantido);

    Criou privilgios descabidos para servidores, como aposentadorias integrais sem a devida contribuio e estabilidade para antigos celetistas.

    Desta forma, se no plano poltico a Constituio Federal de 88 foi um avano, no plano administrativo foi considerada um retrocesso32, pois a mquina estatal foi engessada e voltou a aplicao de normas rgidas e inflexveis para toda a administrao direta e indireta.

    Alm disso, foram concedidos diversos benefcios (alguns extremamente caros) sem que houvesse a preocupao com a capacidade real do estado de cumprir com esses gastos.

    Uma das razes para esse retrocesso foi a noo (equivocada), muito comum na poca, de que uma das razes da crise do Estado estaria na excessiva descentralizao e na autonomia concedida administrao indireta atravs do DL20033.

    Vamos ver algumas questes sobre este tema?

    14 (CESPE TRE ANALISTA 2013) A busca do estabelecimento de estruturas paralelas, como comisses de estudo e grupos executivos de trabalho, com a participao de membros da indstria nacional, bem como a criao da Comisso de Simplificao Burocrtica, objetivando reformas globais, meios para descentralizao dos servios, fixao de responsabilidades e prestao de contas autoridade, ocorreu no governo de

    a) Jos Sarney.

    32 (Bresser Pereira, 2001) 33 (Bresser Pereira, 2001)

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    b) Getlio Vargas.

    c) Juscelino Kubitschek.

    d) Castelo Branco.

    e) Joo Figueiredo.

    Questo interessante. Estas iniciativas ocorreram no governo de Juscelino Kubitschek. Lembre-se sempre que este governo muito identificado com estas estruturas paralelas.

    O Governo de Vargas associado com as reformas burocrticas do DASP. J o governo de Jos Sarney associado com a Constituio Federal de 1988 e suas mudanas.

    J o governo de Castelo Branco pode ser relacionado com a reforma do Decreto-Lei 200 de 1967. Finalmente, O governo de Joo Figueiredo foi o ltimo do perodo militar, e est ao Programa de Desburocratizao de Hlio Beltro. Deste modo, o gabarito mesmo a letra C.

    15 (CESPE MI ANALISTA 2013) Aps a promulgao da Constituio Federal de 1988, foi deflagrado um processo de municipalizao da gesto pblica e, consequentemente, de concesso de maiores poderes aos municpios.

    Perfeito. A Constituio Federal de 1988 transferiu competncias e recursos para os entes subnacionais, principalmente os municpios. Este movimento foi decorrente de uma percepo de que a descentralizao pode aprimorar a qualidade das polticas pblicas, pois o ente que executa estas polticas estaria mais prximo dos cidados necessitados e entenderia melhor suas necessidades. O gabarito mesmo questo certa.

    16 - (CESPE - TCU / ACE - 2008) A estruturao da mquina administrativa no Brasil reflete a forte tradio municipalista do pas, cujo mpeto descentralizante se manifesta, na Constituio de 1988, reforado pela longa durao do perodo transcorrido entre 1964 e 1985, marcadamente caracterizado pela associao entre autoritarismo e centralizao.

    Esta questo do Cespe reflete corretamente o carter descentralizador da Constituio Federal de 1988. A centralizao que ocorreu no perodo militar (1964-85) levou ao mpeto descentralizador da Assembleia Constituinte.

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    Assim, a CF/88, de certa forma, foi uma reao aos vinte anos de centralizao poltica na Unio. O gabarito questo correta.

    17 - (CESPE - TCE-AC / ACE ADMINISTRAO - 2006) A Constituio de 1988 promoveu um avano significativo na gesto pblica, concedendo mais flexibilidade ao aparelho estatal.

    A Constituio de 88 no concedeu mais flexibilidade ao aparelho estatal, muito pelo contrrio. A CF88 engessou a administrao pblica ao conceder estabilidade a milhares de celetistas, ao passar a exigir os mesmo procedimentos burocrticos da administrao indireta que j eram cobrados da administrao direta e ao retirar sua autonomia (principalmente em gesto de pessoas e no processo de compra).

    Desta forma, ocorreu um aumento da centralizao administrativa. O gabarito questo errada.

    Governo Collor

    Estas mudanas ocorridas com a nova Constituio acabam gerando um nmero muito maior de demandas para o Estado brasileiro. A CF/88 gerou despesas para o Estado sem se preocupar com o financiamento destas.

    Esse cenrio vai levar a uma hiperinflao no final da dcada de 80, quando aconteceu a primeira eleio para presidente da Repblica em trs dcadas34.

    O vencedor, Collor, concorreu tendo como slogan acabar com os marajs do servio pblico. A percepo da sociedade naquela poca era extremamente ruim do papel do Estado e dos servidores pblicos.

    A reforma de Collor, de vis neoliberal (visando a um estado dito mnimo), desejava reduzir a presena do Estado na vida social e econmica da nao. Dentre diversas mudanas econmicas (troca de moeda, congelamento e bloqueio de dinheiro em contas bancrias), buscou-se um forte ajuste fiscal35.

    Neste processo, foram demitidos, ou postos em disposio, mais de cem mil servidores (muitos depois conseguiram ser readmitidos judicialmente). Collor no reajustou os salrios dos servidores, levando a um grande arrocho salarial (a inflao era imensa na poca).

    34 (Bresser Pereira, 2001) 35 (Costa, 2008)

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    O processo de privatizao foi acelerado, tendo como objetivo a diminuio do tamanho do Estado. De acordo com Torres36:

    A rpida passagem de Collor pela presidncia provocou, na administrao pblica, uma desagregao e um estrago cultural e psicolgico impressionantes. A administrao pblica sentiu profundamente os golpes desferidos pelo governo Collor, com os servidores descendo aos degraus mais baixos da auto-estima e valorizao social, depois de serem alvos preferenciais em uma campanha poltica altamente destrutiva e desagregadora

    Aps o impeachment de Collor, o sucessor Itamar Franco teve uma atuao tmida, tendo readmitido alguns servidores e revertido algumas das aes de Collor.

    Vamos ver como isto j foi cobrado?

    18 (CESPE MI ADMINISTRADOR 2013) O modelo de reforma do Estado brasileiro, posto em prtica sob a tica neoliberal, mostrou-se eficaz na soluo dos problemas socioeconmicos do pas, pois estava orientado para o desenvolvimento e levou em considerao a necessidade do Estado e sua construo em novas bases.

    Esta frase tem dois problemas. A primeira, mais bvia, a de que a reforma do Estado ocorrida nos anos 90 no resolveu os problemas socioeconmicos do pas.

    Alm disso, a reforma no foi voltada para o desenvolvimento, pois o Estado naquela poca estava mais focado na estabilizao econmica, no fim da inflao.

    Outro ponto que problemtico que o governo que mais identificado com a tica neoliberal o de Collor, no o de Fernando Henrique Cardoso.

    Entretanto, quando resolvemos provas de concurso temos de tentar mapear as ideologias inseridas nos questionamentos da banca. Este segundo ponto pode ser considerado correto ou incorreto de acordo com a opinio poltica do questionador, infelizmente. Desta forma, o gabarito da banca mesmo questo errada.

    36 (Torres, 2004)

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    19 (CESPE TRT-10 TCNICO 2013) A transio democrtica de 1985 representou um avano na modernizao da administrao pblica, na medida em que atribuiu administrao indireta normas de funcionamento idnticas s que regem a administrao direta.

    Este movimento de igualar as condies e normas de funcionamento realmente aconteceu com a nova Constituio federal de 1988, mas no considerado um avano, mas sim um retrocesso burocrtico. Com esta mudana, estas entidades da Administrao Indireta perderam autonomia e flexibilidade em sua gesto.

    Isto acabou acontecendo porque existia uma percepo generalizada de que o governo federal tinha perdido o controle sobre estas entidades, que cresceram muito em nmero no regime militar. Deste modo, o gabarito questo errada.

    A Reforma de 1995.

    Aps a introduo do primeiro plano econmico a domar a hiperinflao (o Plano Real), o presidente Itamar Franco conseguiu eleger seu sucessor, Fernando Henrique Cardoso. Cardoso, por sua vez, nomeou para o Ministrio da Administrao e Reforma do Estado o ex-ministro da Fazenda de Sarney, Bresser Pereira.

    A reforma administrativa no havia sido uma promessa de campanha de Cardoso, mas ele autorizou Bresser a fazer um diagnstico dos problemas da Administrao Pblica brasileira e a propor reformas sociedade. Estas propostas foram apresentadas no Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE)37.

    O retrocesso burocrtico que ocorreu na Constituio Federal de 1988 estava levando o Estado a perder sua capacidade de governana. Entretanto, antes do PDRAE no havia ainda uma proposta consistente de reforma, apenas idias gerais, como a percepo de que a globalizao diminua a importncia dos Estados e a capacidade de exercer suas funes.

    A ideia de estado mnimo tampouco era vista como a soluo do problema, pois no era aceita como legtima pela populao, que

    37 (Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, 1995)

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    desejava que o Estado continuasse provendo os antigos servios pblicos do Estado de Bem-Estar Social, mas com eficincia. De acordo com Bresser38:

    No estava interessado em discutir com os neoliberais o grau de interveno do Estado na economia, j que acredito que hoje j se tenha chegado a um razovel consenso sobre a inviabilidade do Estado mnimo e da necessidade da ao reguladora, corretora, e estimuladora do Estado.

    Bresser Pereira, ento, buscou nas experincias internacionais algumas ideias que pudessem reposicionar o Estado brasileiro e desenvolver nele a capacidade de enfrentar os novos desafios.

    A experincia inglesa de reforma da administrao pblica foi das mais relevantes para que ele e sua equipe montassem o PDRAE. O Plano Diretor tinha como meta implantar a administrao gerencial na administrao pblica brasileira.

    Segundo o PDRAE, o Estado no carecia de governabilidade, mas sim de governana39:

    O governo brasileiro no carece de governabilidade, ou seja, de poder para governar, dada sua legitimidade democrtica e o apoio com que conta na sociedade civil. Enfrenta, entretanto, um problema de governana, na medida em que sua capacidade de implementar as poltica pblicas estava limitada pela rigidez e ineficincia da mquina administrativa

    De acordo com Lustosa, o projeto de reforma do Estado tinha como pilares40:

    Ajustamento fiscal duradouro;

    Reformas econmicas orientadas para o mercado que, acompanhadas de uma poltica industrial e tecnolgica, garantissem a concorrncia interna e criassem condies para o enfrentamento da competio internacional;

    A reforma da previdncia social;

    38 (Bresser Pereira, 2001) 39 (Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, 1995) 40 (Costa, 2008)

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    A inovao dos instrumentos de poltica social, proporcionando maior abrangncia e promovendo melhor qualidade para os servios sociais;

    A reforma do aparelho de Estado, com vistas a aumentar sua governana, ou seja, sua capacidade de implementar de forma eficiente polticas pblicas.

    A reforma administrativa em particular era o foco do PDRAE. De acordo com Bresser41, a reforma tinha os seguintes objetivos:

    A descentralizao dos servios sociais para estados e municpios;

    A delimitao mais precisa da rea de atuao do Estado, estabelecendo-se uma distino entre as atividades exclusivas que envolvem o poder do Estado e devem permanecer no seu mbito, as atividades sociais e cientficas que no lhe pertencem e devem ser transferidas para o setor pblico no-estatal, e a produo de bens e servios para o mercado;

    A distino entre as atividades do ncleo estratgico, que devem ser efetuadas por polticos e altos funcionrios, e as atividades de servios, que podem ser objeto de contrataes externas;

    A separao entre a formulao de polticas e sua execuo;

    Maior autonomia e para as atividades executivas exclusivas do Estado que adotaro a forma de "agncias executivas";

    Maior autonomia ainda para os servios sociais e cientficos que o Estado presta, que devero ser transferidos para (na prtica, transformados em) "organizaes sociais", isto , um tipo particular de organizao pblica no-estatal, sem fins lucrativos, contemplada no oramento do Estado (como no caso de hospitais, universidades, escolas, centros de pesquisa, museus, etc.);

    Assegurar a responsabilizao (accountability) atravs da administrao por objetivos, da criao de quase-mercados, e de vrios mecanismos de democracia direta ou de controle social, combinados com o aumento da transparncia no servio pblico, reduzindo-se concomitantemente o papel da definio detalhada de procedimentos e da auditoria ou controle interno os controles clssicos da administrao pblica burocrtica que devem ter um peso menor.

    Desta maneira, o Estado passaria a cumprir um papel na sociedade mais de regulador e promotor do desenvolvimento econmico do que um

    41 (Bresser Pereira, 2001)

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    papel de executor. E a gesto passa ento a buscar os princpios da administrao gerencial. De acordo com o PDRAE42:

    o paradigma gerencial contemporneo, fundamentado nos princpios de confiana e de descentralizao da deciso, exige formas flexveis de gesto, horizontalizao de estruturas, descentralizao de funes, incentivo criatividade. Contrape-se ideologia do formalismo e do rigor tcnico da burocracia tradicional. avaliao sistemtica, recompensa pelo desempenho, e capacitao permanente, que j eram caractersticas da boa administrao burocrtica, acrescentam-se os princpios da orientao para o cidado cliente, do controle por resultados, e da competio administrada.

    Portanto, aps anos de debates nacionais e no Congresso Nacional, a reforma foi aprovada em 1998. O PDRAE, entre os pontos principais, definiu os quatro setores do Estado43:

    Ncleo estratgico Corresponde ao governo, em sentido lato. o setor que define as leis e as polticas pblicas, e cobra o seu cumprimento. portanto o setor onde as decises estratgicas so tomadas. Corresponde aos Poderes Legislativo e Judicirio, ao Ministrio Pblico e, no poder executivo, ao Presidente da Repblica, aos ministros e aos seus auxiliares e assessores diretos, responsveis pelo planejamento e formulao das polticas pblicas.

    Atividades exclusivas o setor em que so prestados servios que s o Estado pode realizar. So servios em que se exerce o poder extroverso do Estado - o poder de regulamentar, fiscalizar, fomentar. Como exemplos temos: a cobrana e fiscalizao dos impostos, a polcia, a previdncia social bsica, o servio de desemprego, a fiscalizao do cumprimento de normas sanitrias, o servio de trnsito, a compra de servios de sade pelo Estado, o controle do meio ambiente, o subsdio educao bsica, o servio de emisso de passaportes, etc.

    Servios no-exclusivos Corresponde ao setor onde o Estado atua simultaneamente com outras organizaes pblicas no-estatais e privadas. As instituies desse setor no possuem

    42 (Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, 1995) 43 (Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, 1995)

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    o poder de Estado. Este, entretanto, est presente porque os servios envolvem direitos humanos fundamentais, como os da educao e da sade, ou porque possuem economias externas relevantes, na medida que produzem ganhos que no podem ser apropriados por esses servios atravs do mercado. As economias produzidas imediatamente se espalham para o resto da sociedade, no podendo ser transformadas em lucros. So exemplos deste setor: as universidades, os hospitais, os centros de pesquisa e os museus.

    Produo de bens e servios para o mercado Corresponde rea de atuao das empresas. caracterizado pelas atividades econmicas voltadas para o lucro que ainda permanecem no aparelho do Estado como, por exemplo, as do setor de infra-estrutura. Esto no Estado seja porque faltou capital ao setor privado para realizar o investimento, seja porque so atividades naturalmente monopolistas, nas quais o controle via mercado no possvel, tornando-se necessrio no caso de privatizao, a regulamentao rgida.

    Assim sendo, o tipo de propriedade ideal de cada um dos setores e o tipo de gesto que deveria ser buscado tambm foram estabelecidos no Plano Diretor. De acordo com o PDRAE44:

    Ncleo estratgico A propriedade deve ser necessariamente estatal. Sua gesto deve ser um misto de administrao burocrtica e gerencial;

    Atividades exclusivas A propriedade tambm deve ser somente estatal. Sua gesto deve ser gerencial;

    Servios no-exclusivos Neste caso a propriedade ideal a pblica no-estatal. O tipo de gesto recomendado tambm o gerencial;

    Produo de bens e servios para o mercado A propriedade privada a regra. O tipo de gesto tambm o gerencial.

    Decorrente desta anlise, o Estado procurou reduzir sua presena na execuo direta dos servios pblicos (servios de gua, energia, telefonia, etc.). Vrios destes servios foram privatizados ou licitados s empresas privadas. Esse esforo teria de ser acompanhado

    44 (Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, 1995)

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    21 (CESPE TJ-AL TCNICO 2013) A nova gesto pblica rene caractersticas positivas dos modelos patrimonial e gerencial de administrao pblica.

    O primeiro erro desta questo o fato de que a Nova Gesto Pblica e o modelo gerencial significam a mesma coisa. So sinnimos. Portanto, a frase no faz sentido, pois a NGP no poderia reunir caractersticas positivas de si mesma.

    A segunda afirmativa equivocada que o modelo patrimonial no serviu de inspirao ou base para o modelo gerencial. O que poderia ser dito que a Nova Gesto Pblica reuniu caractersticas positivas do modelo burocrtico, como a profissionalizao e a valorizao do mrito. O gabarito questo errada.

    22 (CESPE TJ-AL TCNICO 2013) A ltima reforma administrativa que se tm notcia no Brasil foi aquela baseada nos princpios burocrticos estabelecidos pelo presidente Vargas.

    Nem pensar! Tivemos diversas reformas administrativas no Brasil. A ltima reforma foi a do modelo gerencial de 1995, detalhada no Plano Diretor para a Reforma do Aparelho do Estado. O gabarito questo errada.

    23 - (CESPE TRE-ES / ANAL ADM 2011) As tentativas de reformas ocorridas na dcada de 50 do sculo passado guiavam-se estrategicamente pelos princpios autoritrios e centralizados, tpicos de uma nao em desenvolvimento.

    Esta questo tem uma pegadinha. Este perodo dos anos 50, que teve, principalmente, os governos de Dutra, Vargas e Juscelino, no classificado como um perodo autoritrio.

    Existiam eleies livres, liberdade de expresso etc. Portanto, as reformas no se guiavam por princpios autoritrios. O gabarito questo errada.

    24 - (CESPE TRE-ES / ANAL ADM 2011) Em relao s reformas administrativas empreendidas no Brasil nos anos de 1930 a 1967, julgue o item a seguir.

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    Nesse perodo, a preocupao governamental direcionava-se mais ao carter impositivo das medidas que aos processos de internalizao das aes administrativas.

    Esta questo est correta. Nestas reformas, o tipo de administrao que se buscava implantar era a administrao burocrtica, que se guia pelo formalismo e legalismo. Assim, o controle ocorre em torno dos procedimentos que devem ser seguidos, ou seja, o servidor deve cumprir as normas, acima de tudo.

    Com isso, no existe tanta preocupao com os processos e com os resultados dentro deste modelo de administrao. O que importa que o funcionrio cumpra os regulamentos e leis. Portanto, o gabarito questo correta.

    25 - (CESPE - TCE-AC / ACE - 2008) A reforma iniciada pelo Decreto n. 200/1967 foi uma tentativa de superao da rigidez burocrtica, e pode ser considerada como o comeo da administrao gerencial no Brasil.

    A questo foi considerada correta, apesar de nem todos os autores concordarem como vlida a afirmao de que a reforma de 67 pode ser considerada o comeo da administrao gerencial no Brasil. Em provas do Cespe, portanto, aceitem como correta esta afirmao do PDRAE.

    26 - (CESPE - TCE-AC / ACE ADMINISTRAO - 2006) No incio dos anos 80 do sculo passado, com a criao do Ministrio da Desburocratizao e do Programa Nacional de Desburocratizao, registrou-se uma nova tentativa de reformar o Estado na direo da administrao gerencial.

    A criao do Ministrio da Desburocratizao foi uma tentativa de reformar o Estado visando dar mais agilidade e flexibilidade mquina pblica. A centralizao administrativa e a lentido da administrao em tomar decises e resolver problemas eram vistos como os principais problemas na administrao pblica.

    Uma das ideias inovadoras foi a noo de que era necessrio tirar o contribuinte da situao de sdito para coloc-lo na situao de cidado, destinatrio de toda a ateno do Estado, ou seja, tratar o cidado com respeito.

    Desta maneira, o Estado deveria oferecer melhores servios e acabar com diversos controles ineficazes. Estes controles somente

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    tornavam a vida da populao mais difcil sem gerar nenhum ganho efetivo ao Estado. O gabarito questo certa.

    27 - (CESPE - TCU / ACE - 2008) De acordo com o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (1995), os servios no-exclusivos constituem um dos setores correspondentes s atividades-meio, que deveriam ser executadas apenas por organizaes privadas, sem aporte de recursos oramentrios, exceto pela aquisio de bens e servios produzidos.

    Esta questo trouxe uma pegadinha do Cespe. Os servios no exclusivos no so atividades-meio (como a funo de Recursos Humanos, por exemplo), mas atividades-fim, ou seja, relativos a setores como os de Educao e Sade.

    Desta maneira, o gabarito questo incorreta.

    28 - (CESPE MTE / ADMINISTRAO 2008) O Estado oligrquico, no Brasil, identificado com a Repblica Velha, e caracteriza-se pela associao entre as instituies polticas tradicionais e as entidades da sociedade civil mobilizadas em torno dos segmentos mais pobres e desprotegidos da populao, por meio de fortes redes de proteo social.

    O Estado oligrquico (que existiu na repblica velha, at 1930) no se caracterizou por uma rede de proteo social (legislao trabalhista, seguro-desemprego, renda mnima, sade gratuita, etc.), nem por uma preocupao com os mais pobres.

    O Estado brasileiro passou a se preocupar mais com uma rede de proteo social na poca de Getlio Vargas. O gabarito questo errada.

    29 - (CESPE MPS - ADMINISTRADOR 2010) O Estado oligrquico, modelo adotado no sculo passado, no Brasil, antes do primeiro governo Vargas, atribua pouca importncia s polticas sociais, o que fortaleceu o papel de instituies religiosas, voltadas para o atendimento das populaes mais pobres e desprotegidas.

    A questo est correta mesmo. Na poca do Estado oligrquico a ideologia que predominava era a do liberalismo, que recomendava um Estado chamado mnimo, que se limitava a oferecer segurana (interna e externa) e justia.

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    Como o Estado no provia servios bsicos populao carente, e no tinha polticas sociais que trabalhassem a reduo das desigualdades, a populao mais desprotegida tinha como alternativas de atendimento a caridade e as instituies religiosas. Estas ofereciam auxlio e proteo aos mais pobres naquela poca. O gabarito mesmo questo correta.

    30 - (CESPE TERRACAP / TECNICO RH - 2004) Um governo empreendedor se fundamenta em alguns princpios essenciais, tais como: o controle a posteriori dos resultados, elemento que faz parte da busca da modernizao administrativa e que tem sido buscado desde a criao do DASP, destacando-se, entretanto, de modo mais efetivo, no Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado.

    Pessoal, a questo est incorreta porque o controle a posteriori, ou por resultados, no se iniciou com o DASP (Governo de Getlio Vargas). O DASP introduziu a burocracia no Brasil, e como sabemos a burocracia tem como caracterstica o controle de procedimentos (a priori) e no o controle de resultados (ou a posteriori). O gabarito questo errada.

    31 - (CESPE TCE-AC / ACE - 2008) A funo oramentria, como atividade formal e permanentemente vinculada ao planejamento, j estava consagrada na gesto pblica brasileira quando da implantao do modelo de administrao burocrtica.

    Foi o DASP, nos anos 30, que introduziu a administrao burocrtica no Brasil. Entre outras iniciativas, vinculou a funo oramentria ao planejamento. Portanto a questo est incorreta, porque essa realidade (a vinculao do oramento ao planejamento) no estava consagrada nesta poca, e sim foi introduzida nesta poca. O gabarito questo errada.

    32 - (CESPE MCT / ANALISTA PLENO - 2004) O conceito de administrao para o desenvolvimento consistia no fortalecimento de estruturas estatais responsveis pelo planejamento e pela implementao de projetos desenvolvimentistas nos quais o Estado atuava como produtor direto de bens e servios.

    A Administrao para o Desenvolvimento foi um conjunto de ideias que se formou nos anos 50, tendo como objetivo o desenvolvimento econmico e social do Brasil.

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    Dentro de seus princpios, existia a ideia de capacitar a Administrao Pblica para torn-la indutora da modernizao da sociedade.

    O desenvolvimento deveria ser planejado, buscando-se suprir as lacunas e gargalos que estivessem impedindo o crescimento econmico (a ideia do plano de metas crescimento de 50 anos em 5 vinha nesta tica).

    Este conceito prosperou at a crise do Estado nos anos 80, e levou criao de muitas empresas estatais e sociedades de economia mista. Cabe lembrar que JK no era contra o capital privado ou estrangeiro, tendo trazido diversos investidores de peso, mas via o Estado como indutor do planejamento da economia nacional. A questo est correta.

    33 - (CESPE SENADO / CONSULTOR ADM 2002) A continuidade do DASP foi assegurada nos governos que se seguiram Dutra e JK , de modo a possibilitar a estruturao dos grupos executivos incumbidos de implementar o Plano de Metas.

    Os grupos executivos foram criados por JK exatamente para evitar utilizar a estrutura rgida e burocrtica que j existia na poca, e tampouco reformar esta estrutura.

    O DASP, que introduziu a administrao burocrtica no Brasil na dcada de 30, perdeu muito de sua predominncia aps a sada de Getlio Vargas em 1945.

    Apesar do DASP somente ter sido extinto na dcada de 80, aps 45 passou a cumprir tarefas mais rotineiras e perdeu muitas de suas competncias, tendo perdido o apoio de um regime autoritrio. Desta forma o DASP, apesar de existente na poca de JK, no foi utilizado para estruturar os grupos executivos, rgos que tentavam evitar o modelo burocrtico introduzido pelo DASP. O gabarito questo errada!

    34 - (CESPE MCT / ANALISTA JR - 2004) O principal mecanismo de implementao do desenvolvimentismo do perodo JK foram os grupos executivos que, embora constitussem estruturas ad hoc dotadas de grande flexibilidade, acabaram sendo posteriormente engolfadas pela burocracia governamental.

    Dentro da tica do planejamento estatal includa no plano de metas era necessria uma coordenao das aes e esforos, visando o cumprimento das metas e objetivos.

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    Os grupos executivos eram nomeados diretamente pelo Presidente da Repblica, contendo executivos de empresas privadas, militares e profissionais capacitados, que tinham a misso de implementar o plano de metas em cada setor.

    Estes grupos evitavam os canais originais dentro da mquina pblica, pois estes eram lentos, rgidos e dominados por interesses clientelistas. Eram estruturas Ad-hoc porque eram formados caso a caso, de acordo com a necessidade no momento e tinham muito mais flexibilidade e autonomia, no se norteando pelos princpios da administrao burocrtica. A questo est correta.

    35 - (CESPE TCU / PLANEJAMENTO 2008) Os grupos executivos e o Conselho de Desenvolvimento, criados na Era JK, constituam estruturas paralelas burocracia tradicional e atuavam na linha de formulao poltica, paralelamente s atividades de rotina. O Programa de Metas exigia estruturas flexveis, no-burocrticas, e uma capacidade de coordenao dos esforos de planejamento.

    Esta questo est correta. A dvida dos alunos nesta questo se concentrou no papel do Conselho de Desenvolvimento, pois os grupos executivos j foram mencionados nas questes anteriores. Este instrumento (Conselho de Desenvolvimento) foi utilizado por JK como uma estratgia para dar mais autonomia aos gestores do plano de metas de seu governo. De acordo com Ribeiro:

    A estratgia de JK para enfrentar possveis embates com a burocracia foi a constituio de estruturas paralelas para proceder reformas. Criaram-se os Grupos Executivos e o Conselho de Desenvolvimento, que atuavam na linha da formulao poltica, paralelamente s atividades de rotina sob a responsabilidade da burocracia tradicional.

    O Conselho de Desenvolvimento tinha como um de seus objetivos a coordenao do planejamento e da execuo do plano de metas. O gabarito mesmo questo correta.

    36 - (CESPE TCE-AC / ACE - 2008) Com a edio do Decreto n. 200/1967, o concurso pblico passou a ser o nico meio de contratao de pessoal para o servio pblico.

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    Esta questo est incorreta, pois o Decreto n 200 de 1967 no fechou a porta para a contratao de pessoal sem concurso para o servio pblico, muito pelo contrrio! A contratao de pessoal atravs da Administrao Indireta sem o instituto do concurso pblico foi incentivada, ficando os concursos pblicos restritos Administrao Direta. De acordo com Bresser:

    A reforma, teve, entretanto, duas consequncias inesperadas e indesejveis. De um lado, ao permitir a contratao de empregados sem concurso pblico, facilitou a sobrevivncia de prticas clientelistas ou fisiolgicas. De outro lado, ao no se preocupar com mudanas no mbito da administrao direta ou central, que foi vista pejorativamente como burocrtica ou rgida, deixou de realizar concursos e de desenvolver carreiras de altos administradores.

    O gabarito questo ERRADA.

    37 - (CESPE MPS - ADMINISTRADOR 2010) A reforma administrativa materializada pelo Decreto-lei n. 200/1967 associada primeira experincia de implementao da administrao gerencial no pas. Adotada em pleno perodo ditatorial, reforou a centralizao funcional e promoveu a criao das carreiras da administrao pblica de alto nvel.

    A questo est incorreta, pois no ocorreu uma centralizao funcional com o Decreto-lei n200/67. A Descentralizao foi um dos princpios norteadores da reforma. Veja o seu artigo n 10 abaixo:

    Art. 10. A execuo das atividades da Administrao Federal dever ser amplamente descentralizada.

    1 A descentralizao ser posta em prtica em trs planos principais:

    a) dentro dos quadros da Administrao Federal, distinguindo-se claramente o nvel de direo do de execuo;

    b) da Administrao Federal para a das unidades federadas, quando estejam devidamente aparelhadas e mediante convnio;

    c) da Administrao Federal para a rbita privada, mediante contratos ou concesses.

    Assim sendo, o gabarito mesmo questo errada.

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    38 - (CESPE MDS / TCNICO ADM - 2006) O Decreto-lei n. 200/1967 instituiu maior flexibilidade administrativa para todos os rgos da administrao pblica, reduzindo a rigidez burocrtica imposta pelas reformas do DASP.

    A questo est incorreta, pois o Decreto n200 s flexibilizou as formalidades burocrticas para a administrao indireta! A administrao direta continuou com os mesmos entraves burocrticos institudos pelo DASP. O gabarito questo errada!

    39 - (CESPE AGU - AGENTE ADM. 2010) A reforma administrativa instituda pelo Decreto-lei n.o 200/1967 distinguiu claramente a administrao direta e a administrao indireta no que se refere s reas de compras e execuo oramentria, padronizando-as e normatizando-as de acordo com o princpio fundamental da descentralizao.

    A reforma efetuada pelo Decreto-lei n200/67 realmente distinguiu a administrao direta da administrao indireta. Entretanto o Decreto em questo no diferenciou a administrao direta e indireta no tocante s reas de compras!

    O artigo 125, depois revogado em 1986, dizia:

    As licitaes para compras, obras e servios passam a reger-se, na Administrao Direta e nas autarquias, pelas normas consubstanciadas neste Ttulo e disposies complementares aprovadas em decreto.

    Desta forma a questo est incorreta, pois no existia esta distino no DL200/67.

    40 - (CESPE TCE-AC / ACE - 2008) A Constituio Federal de 1988 acabou com a rigidez burocrtica e possibilitou a adoo de tcnicas modernas da administrao gerencial, como a instaurao do regime jurdico nico para os servidores pblicos federais.

    A constituio de 1988 no acabou com a rigidez burocrtica, muito pelo contrrio! Ela foi considerada um retrocesso burocrtico, pois reintroduziu amarras formais ao modelo de administrao, e forou a

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    adoo pela administrao indireta dos mesmos controles burocrticos que existiam na administrao direta.

    O prprio regime jurdico nico foi uma medida que levou uma reduo da flexibilidade no modelo de administrao. A questo est incorreta.

    41 - (CESPE TRE-MA / ANAL JUD 2005) Com a Constituio de 1988, ocorreu a descentralizao de recursos oramentrios e da execuo dos servios pblicos para estados e municpios.

    Uma das caractersticas principais da transio democrtica e da nova constituio de 88 foi a reverso da centralizao poltica ocorrida nos governos militares.

    Os governadores eleitos em 82 passaram a ter uma influncia poltica muito maior do que no regime militar e influenciaram a constituinte na transferncia de recursos oramentrios e de competncias relativas aos servios pblicos para a populao. O gabarito questo correta.

    42 - (CESPE MCT / ANALISTA PLENO - 2004) Institudo durante o governo Collor pela Lei n. 8.112/1990, o Regime Jurdico dos Servidores Pblicos Civis da Unio choca-se com os ideais ortodoxos expressos na Constituio de 1988.

    Apesar de Collor discordar de muitas idias e princpios da Constituio Federal de 1988, o regime jurdico nico (RJU) no se chocava com os ideais da CF88. Pelo contrrio, o RJU j estava previsto em seu artigo n39:

    Art. 39. A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios instituiro, no mbito de sua competncia, regime jurdico nico e planos de carreira para os servidores da administrao pblica direta, das autarquias e das fundaes pblicas.

    O gabarito questo errada.

    43 - (CESPE STM / ANAL JUD 2004) O foco das aes do governo Collor concentrou-se no projeto de centralizao da gesto dos servios pblicos.

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    O governo Collor no buscou centralizar a gesto dos servios pblicos. O contexto no incio de seu governo era de grave crise fiscal, hiperinflao e baixa eficincia da mquina estatal na prestao dos servios pblicos.

    Dentre as iniciativas de Collor nesta rea podemos citar o contrato de gesto implantado no Hospital Sarah Kubitschek em Braslia, que antecipou muitos aspectos de flexibilizao, controle de resultados e aumento de autonomia que seriam depois tratados no PDRAE. A questo est incorreta.

    44 - (CESPE AGU - AGENTE ADM. 2010) Executado ao longo de toda a dcada passada, o Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado previu no ser possvel promover de imediato a mudana da cultura administrativa e a reforma da dimenso-gesto do Estado ao mesmo tempo em que se providencia a mudana do sistema legal.

    A questo j comea incorreta na sua primeira orao. O Plano Diretor no foi executado ao longo de toda sua dcada, pois s foi lanado em 1995, no governo Fernando Henrique Cardoso.

    Alm disso, o PDRAE previa sim ser possvel a mudana da cultura administrativa ao mesmo tempo em que fosse mudado o sistema legal existente. Veja o trecho abaixo, retirado do PDRAE:

    No esforo de diagnstico da administrao pblica brasileira centraremos nossa ateno, de um lado, nas condies do mercado de trabalho e na poltica de recursos humanos, e, de outro, na distino de trs dimenses dos problemas: (1) a dimenso institucional-legal, relacionada aos obstculos de ordem legal para o alcance de uma maior eficincia do aparelho do Estado; (2) a dimenso cultural, definida pela coexistncia de valores patrimonialistas e principalmente burocrticos com os novos valores gerenciais e modernos na administrao pblica brasileira; e (3) a dimenso gerencial, associada s prticas administrativas. As trs dimenses esto inter-relacionadas. H uma tendncia a subordinar a terceira primeira, quando se afirma que impossvel implantar qualquer reforma na rea da gesto enquanto no forem modificadas as instituies, a partir da Constituio Federal. claro que esta viso falsa. Apesar das dificuldades, possvel promover j a mudana da

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    cultura administrativa e reformar a dimenso-gesto do Estado, enquanto vai sendo providenciada a mudana do sistema legal.

    Desta forma a questo est incorreta, de acordo com o gabarito da banca.

    45 - (CESPE MCT / ANALISTA C&T - 2004) As denominadas atividades exclusivas de estado, conforme definidas no Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, deveriam ser exercidas por rgos da administrao direta.

    A pegadinha desta questo que, pelo PDRAE, as atividades exclusivas do estado podem sim ser exercidas pela administrao indireta. Ou seja, no so exclusivas da administrao direta como est escrito na questo acima. De acordo com o PDRAE:

    Atividades exclusivas o setor em que so prestados servios que s o Estado pode realizar. So servios em que se exerce o poder extroverso do Estado - o poder de regulamentar, fiscalizar, fomentar. Como exemplos, temos: a cobrana e fiscalizao dos impostos, a polcia, a previdncia social bsica, o servio de desemprego, a fiscalizao do cumprimento de normas sanitrias, o servio de trnsito, a compra de servios de sade pelo Estado, o controle do meio ambiente, o subsdio educao bsica, o servio de emisso de passaportes, etc.

    A questo est desta forma incorreta!

    46 - (CESPE MCT / ANALISTA - 2004) O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, documento referencial da proposta de modernizao da gesto pblica do governo Fernando Henrique Cardoso, preconizava separao entre o ncleo estratgico formulador de polticas, que deveria permanecer estatal, e atividades perifricas, que deveriam ser privatizadas.

    A questo tem uma pegadinha em seu final. As atividades no exclusivas no deveriam ser privatizadas, e sim publicizadas. A diferena bsica entre privatizao e publicizao que a primeira um processo de devoluo iniciativa privada de empreendimentos produtivos com fins lucrativos e que podem ser controlados pelo mercado.

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    Este processo foi conduzido com o objetivo de liberar o Estado destas atividades e ajustar a situao fiscal. J a publicizao um processo de transferir para o setor no-governamental sem fins lucrativos atividades que, apesar de no serem exclusivas do Estado, devem ser incentivadas pelo Estado como sade, educao, pesquisa cientfica, cultura, etc.

    Veja como o PDRAE menciona esta diferena abaixo:

    Para realizar essa funo redistribuidora ou realocadora o Estado coleta impostos e os destina aos objetivos clssicos de garantia da ordem interna e da segurana externa, aos objetivos sociais de maior justia ou igualdade, e aos objetivos econmicos de estabilizao e desenvolvimento. Para realizar esses dois ltimos objetivos, que se tornaram centrais neste sculo, o Estado tendeu a assumir funes diretas deexecuo. As distores e ineficincias que da resultaram deixaram claro, entretanto, que reformar o Estado significa transferir para o setor privado as atividades que podem ser controladas pelo mercado. Da a generalizao dos processos de privatizao de empresas estatais. Neste plano, entretanto, salientaremos um outro processo to importante quanto, e que no entretanto no est to claro: a descentralizao para o setor pblico no-estatal da execuo de servios que no envolvem o exerccio do poder de Estado, mas devem ser subsidiados pelo Estado, como o caso dos servios de educao, sade, cultura e pesquisa cientfica. Chamaremos a esse processo de publicizao.

    Este processo de publicizao faz sentido, pois este setor no governamental muitas vezes mais eficiente do que o setor estatal na execuo destes servios, possibilitando a melhoria do atendimento da populao a custos mais baixos. Portanto, a questo est incorreta.

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    Lista de Questes Trabalhadas na Aula.

    1 (CESPE TJ-AL TCNICO 2013) A reforma administrativa resultante da independncia do Brasil apresentou o patrimonialismo como modelo de administrao pblica, que, apesar de superado, ainda revela grande importncia no governo do pas.

    2 - (CESPE TRE-ES / ANAL ADM 2011) A instituio, em 1936, do De