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  • 8/8/2019 Audincia 10 de Novembro de 2010 - Catequese do Papa - Pude experimentar o carinho dos espanhis

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    Catequese do Papa: Pude experimentar o carinho dos espanhis

    Interveno na audincia geral de hoje

    CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 10 de Novembro de 2010 (ZENIT.org) Apresentamos, a seguir, a catequese dirigida pelo Papa aos grupos de

    peregrinos do mundo inteiro, reunidos para a audincia geral, que hoje tevedois momentos: uma primeira saudao, na Baslica de So Pedro, aosperegrinos procedentes de Carpineto Romano e da Repblica Checa, e umasegunda parte, na Sala Paulo VI.

    ***[Na Sala Paulo VI]

    Queridos irmos e irms:

    Hoje, eu gostaria de recordar convosco a viagem apostlica a Santiago deCompostela e Barcelona, que tive a alegria de realizar no sbado e domingo

    passados. Fui at l para confirmar os meus irmos na f (cf. Lc 22, 32); fizisso como testemunha de Cristo ressuscitado, como semeador da esperanaque no decepciona nem engana, porque tem a sua origem no amor infinito deDeus por todos os homens.

    A primeira etapa foi Santiago. Desde a cerimnia de boas -vindas, pudeexperimentar o carinho que as pessoas de Espanha nutrem pelo Sucessor dePedro. Fui acolhido verdadeiramente com grande entusiasmo e calor. NesteAno Santo Compostelano, quis ser peregrino junto queles numerosssimos que se dirigiram a esse clebre santurio. Pude visitar a "Casa do ApstoloSo Tiago o Maior", que continua repetindo a quem chega l necessitado degraa, que, em Cristo, Deus veio ao mundo para reconcili -lo consigo, noimputando aos homens as suas culpas.

    Na imponente catedral de Compostela, dando, com emoo, o tradicionalabrao ao santo, eu pensava em como este gesto de acolhimento e amizade tambm uma maneira de expressar a adeso sua palavra e a participao nasua misso; um sinal forte da vontade de configurar-se segundo a mensagemapostlica, a qual, por um lado, nos compromete a ser fiis custdios da BoaNotcia que os apstolos transmitiram, sem ceder tentao de alter-la,diminu-la ou submet-la a outros interesses e, por outro lado, transforma cadaum de ns em anunciadores incansveis da f em Cristo, com a palavra e otestemunho da vida em todos os campos da sociedade.

    Vendo o nmero de peregrinos presentes na Santa Missa solene que tive agrande alegria de presidir em Santiago, eu meditava sobre o que leva tantagente a deixar as ocupaes quotidianas e empreender o caminho penitencialat Compostela, um caminho s vezes longo e fatigante: o desejo de chegar luz de Cristo, por quem anseiam do fundo do corao, ainda quefrequentemente no saibam express-lo bem com as palavras. Nos momentosde extravio, de busca, de dificuldade, assim como na aspirao a reforar a fe a viver de uma maneira mais coerente, os peregrinos em Compostela

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    empreendem um profundo itinerrio de converso a Cristo, que assumiu em sia fraqueza, o pecado da humanidade, as misrias do mundo, levando -os aondeo mal j no tem poder, aonde a luz do be m ilumina tudo. Trata-se de um povode caminhantes silenciosos, procedentes de cada parte do mundo, queredescobrem a antiga tradio medieval e crist da peregrinao, atravessandopovos e cidades permeados de catolicismo.

    Nessa Eucaristia solene, vivida por tantos fiis presentes com intensaparticipao e devoo, orei com fervor pelos que se dirigem em peregrinaoa Santiago, para que possam receber o dom de chegar a ser verdadeirastestemunhas de Cristo, a quem redescobriram nas encruzilhadas dossugestivos caminhos rumo a Compostela. Rezei tambm para que osperegrinos, seguindo os passos de numerosos santos que, no decurso dossculos, fizeram o "Caminho de Santiago", continuem mantendo vivo o seugenuno significado religioso, espiritual e penitenc ial, sem ceder banalidade, distraco, s modas. Esse caminho, entretecido de vias que sulcam vastasterras, formando uma rede atravs da Pennsula Ibrica e a Europa, foi econtinua sendo um lugar de encontro de homens e mulheres das mais diversas

    procedncias, unidos pela busca da f e da verdade sobre si mesmos, esuscita experincias profundas de partilha, de fraternidade e de solidariedade.

    precisamente a f em Cristo que d sentido a Compostela, um lugarespiritualmente extraordinrio, que cont inua sendo ponto de referncia para aEuropa de hoje, nas suas novas configuraes e perspectivas. Conservar ereforar a abertura ao transcendente, assim como um dilogo profundo entre fe razo, entre poltica e religio, entre economia e tica, permiti r construir umaEuropa que, fiel s suas imprescindveis razes crists, possa responderplenamente sua prpria vocao e misso no mundo. Por isso, certo dasimensas possibilidades do continente europeu e confiando num futuro deesperana para ele, convidei a Europa a abrir-se cada vez mais a Deus,favorecendo assim as perspectivas de um autntico encontro, respeitoso esolidrio, com as populaes e civilizaes dos demais continentes.

    No domingo, depois, tive a alegria verdadeiramente grande de presi dir, emBarcelona, a dedicao da igreja da Sagrada Famlia, que declarei comobaslica menor. Ao contemplar a grandiosidade e a beleza deste edifcio, queconvida a elevar o olhar e a alma ao alto, a Deus, eu recordava as grandesconstrues religiosas, como as catedrais do Medievo, que marcaramprofundamente a histria e a fisionomia das principais cidades da Europa. Essaobra esplndida riqussima em simbologia religiosa, preciosa no entretecidodas formas, fascinante no jogo de luzes e cores quase uma imensa escultura

    em pedra, fruto da profunda f, da sensibilidade espiritual e do talento artsticode Antoni Gaud, remete ao verdadeiro santurio, o lugar do culto real, o cu,onde Cristo entrou para aparecer diante de Deus a nosso favor (cf. 1 Pd 2, 5).

    A igreja da Sagrada Famlia foi concebida e projectada por Gaud como umagrande catequese sobre Jesus Cristo, como um cntico de louvor ao Criador.Nesse edifcio to importante, ele colocou a sua prpria genialidade ao serviodo belo. De facto, a extraordinria capacidade expressiva e simblica dasformas e dos motivos artsticos, como tambm as inovadoras tcnicas

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    arquitectnicas e esculturais, evocam a Fonte suprema de toda a beleza. Ofamoso arquitecto considerou este trabalho como uma misso na qual estavaenvolvida toda a sua pessoa. Desde o momento em que aceitou a tarefa d aconstruo dessa igreja, a sua vida foi marcada por uma mudana profunda.Ele empreendeu, assim, uma intensa prtica de orao, jejum e pobreza,advertindo a necessidade de preparar-se espiritualmente para conseguir

    expressar na realidade material o mistrio insondvel de Deus. Pode -se dizerque, enquanto Gaud trabalhava na construo do templo, Deus construa neleo edifcio espiritual (cf. Ef 2, 22), reforando-o na f e aproximando-o cada vezmais da intimidade de Cristo. Inspirando-se continuamente na natureza, obrado Criador, e dedicando-se com paixo a conhecer a Sagrada Escritura e aliturgia, soube realizar no corao da cidade um edifcio digno de Deus e, porisso mesmo, digno do homem.

    Em Barcelona, visitei tambm a Obra do Nen Du, uma iniciativa antiqussima,muito ligada a essa arquidiocese, onde se cuida, com profissionalismo e amor,de crianas e jovens portadores de deficincia. As suas vidas so preciosasaos olhos de Deus e convidam-nos constantemente a sair do nosso egosmo.

    Nessa casa, fui partcipe da alegria e da caridade profunda e incondicional dasIrms Franciscanas dos Sagrados Coraes, do generoso trabalho de mdicos,educadores e de tantos outros profissionais e voluntrios, que trabalham comdedicao elogivel nessa instituio. Tambm abenoei a primeira pedra danova residncia que far parte dessa obra, na qual tudo fala de caridade, derespeito pela pessoa e pela sua dignidade, de alegria p rofunda, porque o serhumano vale pelo que , e no somente pelo que faz.

    Enquanto estava em Barcelona, rezei intensamente pelas famlias, clulasvitais e esperana da sociedade e da Igreja. Recordei tambm aqueles quesofrem, em particular neste momento de srias dificuldades econmicas. Oreitambm pelos jovens que me acompanharam em toda a visita a Santiago eBarcelona com o seu entusiasmo e a sua alegria , para que descubram abeleza, o valor e o compromisso do matrimnio, no qual um homem e umamulher formam uma famlia que, com generosidade, acolhe a vida e aacompanha desde a sua concepo at ao seu termo natural. Tudo o que sefaz para apoiar o matrimnio e a famlia, para ajudar as pessoas maisnecessitadas, tudo o que aumenta a grandeza do homem e a sua dignidadeinviolvel contribui para o aperfeioamento da sociedade. Nenhum esforo feito em vo, neste sentido.

    Queridos amigos, agradeo a Deus pelos dias intensos que passei emSantiago de Compostela e em Barcelona. Renovo o meu agradecimento ao Rei

    e Rainha da Espanha, aos Prncipes das Astrias e a todas as autoridades.Dirijo o meu pensamento, mais uma vez, com reconhecimento e carinho, aosqueridos irmos arcebispos dessas duas Igrejas particulares e aos seuscolaboradores, assim como aos que trabalharam generosamente para que aminha visita a essas duas maravilhosas cidades fosse frutfera. Foram diasinesquecveis, que ficaro impressos no meu corao! Em particular, as duasCelebraes Eucarsticas, cuidadosamente preparadas e intensamente vividaspor todos os fiis, tambm por meio dos cnticos, tomados tanto da grandetradio da Igreja como da genialidade de autores modernos, foram momentos

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    de verdadeira alegria interior. Que Deus recompense todos, como s Ele sabefazer; que a Santssima Me de Deus e o apstolo So Tiago continuemacompanhando, com a sua proteco, o seu caminho. No ano que vem, seDeus quiser, irei novamente Espanha, a Madrid, para a Jornada Mundial daJuventude. Confio desde j vossa orao esta iniciativa providencial, paraque seja um momento de crescimento na f para muitos jov ens.

    [Traduo: Aline BanchieriLibreria Editrice Vaticana]