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Prevenindo e Reparando Violações de Direitos Humanos através do Sistema Internacional Atuação perante o Sistema Interamericano Manual para Advogados e Ativistas Prevenindo e Reparando Violações de Direitos Humanos através do Sistema Internacional

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  • Prevenindo e Reparando Violaes de Direitos Humanos atravs do Sistema Internacional

    Atuao perante o

    Sistema Interamericano Manual para Advogados e Ativistas

    Prevenindo e Reparando Violaes de Direitos Humanos atravs do Sistema Internacional

  • Prevenindo e Reparando Violaes de Direitos Humanos atravs do Sistema Internacional: Atuao perante o Sistema Interamericano Manual para Advogados e Ativistas

    Segunda edio (original em ingls). Autora principal: Lisa J. Reinsberg Tradutores: Eduardo Baker y Julia Baker

    Este manual foi originalmente escrito e produzido pelo International Justice Resource Center, sob a coordenao da Freedom House. Citar, reproduzir sem alteraes e transmitir este manual est autorizado, desde que a fonte seja creditada. Perguntas acerca deste manual ou seu contedo podem ser enviadas para [email protected].

    Somos gratos a todos que ajudaram na elaborao e reviso deste manual, incluindo Evelyn Coln Arias, Vctor Madrigal-Borloz, Mara Milagros Noli, Adam Nord, Luis Alberto Cantoral Benavides, Naiara Leite, Carolyn Lee, Laura Shoaps, e Tessa Walker.

    Esta publicao tambm est disponvel em espanhol, ingls e crioulo haitiano. Para maiores informaes, visite www.ijrcenter.org.

    Publicado pela primeira vez em junho de 2012. Revisado em maro de 2014.

  • ii

    CONTEDO

    Introduo .................................................................................................................................................... 1

    O Sistema Interamericano de Proteo dos Direitos Humanos .............................................................. 5

    Estrutura e Componentes ....................................................................................................................... 5

    Direitos Protegidos pelos Instrumentos Interamericanos .................................................................... 9

    Sistema de Peties e Casos Individuais ................................................................................................ 13

    Quantidade de Casos e Tempo de Processamento ............................................................................. 25

    Tutela de Urgncia: Medidas Cautelares e Provisrias ........................................................................ 27

    Relatorias e Outras Formas de Monitoramento Temtico .................................................................. 28

    As Decises e as Sentenas do Sistema Interamericano ......................................................................... 31

    Evoluo da Doutrina Interamericana ................................................................................................... 31

    Algunos Casos Emblemticos ................................................................................................................ 31

    Cumprimento pelos Estados ................................................................................................................. 36

    Sentenas da Corte e Relatrios de Mrito Publicados da Comisso, por assunto ........................... 37

    Guia para a Pesquisa no Direito Internacional dos Direitos Humanos .................................................. 61

    Fontes das Obrigaes Internacionais em Matria de Direitos Humanos .......................................... 61

    Pesquisando o Direito Internacional ..................................................................................................... 63

    Documentando Violaes de Direitos Humanos e Denncias .............................................................. 67

    Os Propsitos da Documentao ......................................................................................................... 67

    Informando sobre Questes Temticas e Condies de Pases .......................................................... 67

    Documentao para Dar Suporte a uma Petio ................................................................................. 67

    Tipos de Documentao ........................................................................................................................ 70

    Anexo I: Instrumentos Interamericanos de Direitos Humanos ............................................................ 73

    Declarao Americana dos Direitos e Deveres do Homem ................................................................. 73

    Conveno Americana Sobre Direitos Humanos ................................................................................. 79

    Conveno Americana para Previnir e Punir a Tortura ........................................................................ 97

    Protocolo Adicional Conveno Americana Sobre Direitos Humanos em Matria de Direitos Econmicos, Sociais e Culturais Protocolo de San Salvador .......................................................... 101

    Protocolo Conveno Americana sobre Direitos Humanos Referentes Abolio da Pena de Morte .................................................................................................................................................... 109

    Conveno Interamericana para Previnir, Punir e Erradicar a Violncia Contra a Mulher, Conveno de Belm do Par ........................................................................................................... 111

  • Conveno Interamericana sobre o Desaparecimento Forado de Pessoas .................................... 117

    Conveno Interamericana para a Eliminao de Todas as Formas de Discriminao contra as Pessoas Portadoras de Deficincia ...................................................................................................... 121

    Coonveno Interamericana contra o Racismo, a Discriminao Racial e Formas Correlatas de Intolerncia .......................................................................................................................................... 126

    Conveno Interamericana contra Toda Forma de Discriminao e Intolerncia ............................. 135

    Declarao de Princpios sobre Liberdade de Expresso .................................................................. 144

    Princpios e Boas Prticas para a Proteo das Pessoas Privadas de Liberdade nas Amricas ....... 147

    Anexo II: Documentos Constituintes e Diretivos .................................................................................. 160

    Carta da Organizao dos Estados Americanos ................................................................................. 160

    Carta Democrtica Interamericana ..................................................................................................... 184

    Estatuto da Comisso Interamericana de Direitos Humanos ............................................................. 191

    Regulamento da Comisso Interamericana de Direitos Humanos .................................................... 197

    Regulamento da Comisso Interamericana de Direitos Humanos sobre o Fundo de Assistncia Jurdica do Sistema Interamericano de Direitos Humanos ................................................................ 225

    Estatuto da Corte Interamericana de Direitos Humanos ................................................................... 227

    Regulamento da Corte Interamericana de Direitos Humanos .......................................................... 234

    Regulamento da Corte Interamericana de Direitos Humanos sobre o Funcionamento do Fundo de Assistncia Jurdica s Vtimas ............................................................................................................ 257

  • INTRODUO

  • INTRODUO

    1

    Os direitos humanos so as faculdades, liberdades e privilgios que toda pessoa merece usufruir, mas torn-los realidade depende, em sua maior parte, de polticas e prticas estatais. Em diversas regies do mundo, governos tm concordado em garantir certos direitos e em criar organismos internacionais independentes para monitorar e promover esses direitos. No caso de trs dessas regies, estes organismos tambm tramitam denncias acerca de alegadas violaes. Pases que pertenam organizao inter-governamental da Organizao dos Estados Americanos (OEA) so responsabilizveis pela condio dos direitos humanos em seus territrios atravs do Sistema Interamericano de Proteo dos Direitos Humanos.

    Regio rgo OGI 1 Ano Denncias Pases

    frica Comisso Africana dos Direitos Humanos e dos Povos

    Unio Africana 1987 Sim 53

    Tribunal Africano dos Direitos Humanos e dos Povos 2006 Sim 7

    Amricas Comisso Interamericana de Direitos Humanos

    OEA 1960 Sim 35

    Corte Interamericana de Direitos Humanos 1979 Sim 20

    Europa Tribunal Europeu de Direitos Humanos Conselho da Europa 1959 Sim 47

    Comit Europeu de Direitos Sociais 1998 Sim 15

    Oriente Mdio Comit rabe para os Direitos Humanos

    Liga rabe 2009 No -

    Sudeste Asitico Comit Intergovernamental de Direitos Humanos ASEAN 2009 No -

    Sobre Este Manual

    Este manual foi escrito para ativistas e advogados, que atuem com direitos humanos, justia social e direitos civis nas Amricas, entenderem e ativamente valerem-se da Comisso Interamericana de Direitos Humanos e Corte Interamericana de Direitos Humanos. Estes dois rgos so responsveis por promover e proteger os direitos humanos nas Amricas e so coletivamente intitulados Sistema Interamericano de Proteo dos Direitos Humanos.

    O propsito deste manual identificar e explicar as relevantes oportunidades que o Sistema Interamericano proporciona para se obter maior reconhecimento, proteo e efetivao dos direitos humanos. Ele foi desenhado para dar aos ativistas e advogados acesso a um novo conjunto de ferramentas e estratgias de incidncias que sero usadas na busca por responsabilizao e reparao frente a injustias e desigualdades. Este manual tambm pode ser utilizado por indivduos e comunidades que tenham sofrido, ou temam sofrer, violaes de seus direitos humanos e para aqueles que estudam os mecanismos regionais de proteo dos direitos humanos.

    Entender as obrigaes de direitos humanos de determinado pas ou Estado; ser capaz de identificar as decises judiciais e outros pronunciamentos que interpretam essas obrigaes; e usar boas

  • INTRODUO

    2

    prticas reconhecidas para a compilao de documentos e outras evidncias de abusos so vitais para um uso exitoso de um mecanismo internacional de direitos humanos, como o Sistema Interamericano.

    Os captulos subsequentes fornecem um entendimento bsico de como defensores de direitos humanos que representam ou atuam em favor de vtimas de violaes de direitos humanos podem usar os mecanismos interamericanos como uma ferramenta complementar de incidncia, quando os esforos locais para mudar as polticas e prticas governamentais se provem ineficazes ou insuficientes ou quando a lei domstica protege menos os direitos que as normas interamericanas.

    Questes Abordadas

    O que o Sistema Interamericano?

    Como ele protege e promove os direitos humanos?

    Como se apresenta uma denncia e quanto tempo leva?

    Como identificar a legislao e decises relevantes?

    Que provas devem ser usadas e como se deve colet-la?

    O Sistema Interamericano de Proteo dos Direitos Humanos O Captulo 1 fornece um panorama do Sistema Interamericano, sua histria, rgos e responsabilidades. Este captulo explica como indivduos e grupos podem: apresentar denncias acerca de violaes de direitos humanos, buscar proteo em situaes de emergncia e participar na tarefa de produo de relatrios e monitoramento da Comisso Interamericana. Este captulo tambm explica as convenes e outros instrumentos regionais aplicados pelos rgos interamericanos e inclui um grfico identificando quais Estados ratificaram cada um destes instrumentos. Os anexos deste manual contm o texto integral dos instrumentos de direitos humanos, cartas, regulamentos e estatutos que regulamentam o trabalho da Comisso e Corte Interamericanas.

    As Decises e as Sentenas do Sistema Interamericano O Captulo 2 fornece um resumo do conjunto de decises que interpretam as normas interamericanas e destaca alguns casos emblemticos. Este captulo lista cada uma das sentenas da Corte Interamericana de Direitos Humanos em casos contenciosos, assim como os informes de mrito publicados pela Comisso Interamericana de Direitos Humanos desde 2001.

    Guia para a Pesquisa no Direito Internacional dos Direitos Humanos O Captulo 3 explica como se pesquisa o direito internacional dos direitos humanos, explicitando as fontes das obrigaes legais internacionais dos Estados e identificando onde se pode localizar decises, artigos e livros que podem ser teis para entender algum tpico em particular.

  • INTRODUO

    3

    Dica Prtica

    A utilizao do Sistema Interamericano geralmente parte de uma estratgia mais ampla de incidncia, que inclui esforos locais para se monitorar o cumprimento, negociar com o governo e fazer que a comunidade afetada esteja ciente dos resultados.

    Documentando Violaes e Denncias em Direitos Humanos O Captulo 4 explica os tipos de provas e documentao que podem ser enviados junto a uma denncia ou utilizados para demonstrar que violaes de direitos humanos ocorreram, e identifica as formas atravs das quais estes materiais podem ser coletados. Garantindo uma Participao Efetiva Ao apresentar uma denncia individual, solicitar uma audincia temtica perante a Comisso, reunir-se com ou enviar informaes a um relator1 e usar os relatrios da Comisso para informar ao pblico, ativistas podem visibilizar um problema relativo aos direitos humanos e aumentar a presso objetivando uma atuao governamental. A participao no Sistema Interamericano pode, tambm, ajudar a criar espaos de dilogo, negociao e reforma. Entretanto, enquanto que ativistas em favor da justia social devem estar atentos aos caminhos para esta visibilizao e para promover a responsabilizao e reparao que esto disponveis no

    nvel regional internacional, os leitores deste manual devem estar atentos ao fato de que simplesmente acionar o Sistema Interamericano frequentemente insuficiente para se trazer uma mudana significativa. Garantir que a interao com o Sistema Interamericano produza um impacto positivo e duradouro

    frequentemente requer esforos contnuos e coordenados para garantir que determinada questo continuar recebendo a ateno necessria e manter o apoio popular e governamental s reformas e formas de responsabilizao. Minimizando Riscos

    Em muitos pases, indivduos e grupos que se envolvem na litigncia, monitoramento ou educao em direitos humanos enfrentam riscos significativos. Suas vidas, sustento e segurana podem ser ameaados por indivduos ou atores estatais. Seus colegas e famlia tambm podem sofrer tais ameaas. Como ser discutido no Captulo 1, indivduos em risco imediato de dano irreparvel podem apelar para a Comisso Interamericana de Direitos Humanos, que poder solicitar aos Estados que adotem medidas cautelares para a proteo dessas pessoas. Em casos perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos, indivduos podem buscar medidas provisrias.

    1 Relator ou relatora o indivduo apontado pela Comisso Interamericana de Direitos Humanos para monitorar as condies nos paises a respeito de uma rea temtica especfica. Com a exceo da Relatoria Especial para a Liberdade de Expresso, que possui um especialista independente, so os prprios sete comissionados que atuam como relatores. Para mais informaes sobre as relatorias da Comisso, veja a pgina 28 deste manual ou visite a pgina das Relatorias Temticas e Unidades no portal da Comisso, http://www.oas.org/es/cidh/mandato/relatorias.asp.

  • INTRODUO

    4

    Entretanto, ter um plano para minimizar os riscos, mesmo antes de uma estratgia de incidncia ser iniciada, recomendvel. Este plano pode envolver parcerias com organizaes sediadas fora do pas ou que tenham um perfil internacional, podendo assim ajudar a desviar ou atrair ateno. As pessoas ou entidades que representam uma ameaa ao ativista pode ter menos oportunidades de agir violentamente ou ilegalmente se souberem que o mundo est observando. Em outras situaes, chamar mais a ateno pode no ser recomendvel e medidas podem ser tomadas para se ocultar o envolvimento ou a identidade de uma organizao ou ativista em particular. Isto pode ser feito, por exemplo, atravs de parcerias com outra organizao que possa fazer os pronunciamentos e aparies pblicas relevantes.

    Um grande nmero de organizaes e redes existem para dar suporte e proteger defensores de direitos humanos em risco. Seus servios incluem: incidncia e visibilizao; implementao de medidas de segurana; e relocao do ativista. Alguns programas e organizaes oferecem suporte ao defensor de direitos humanos que est sendo vtima de perseguio, retaliao ou ameaas contra sua segurana pessoal, entre eles: Anisitia Internacional2, Centro para a Justia e o Direito Internacional (CEJIL)3, Freedom House4, Front Line Defenders5, Human Rights First6, Brigadas de Paz Internacionais7, e o Programa de Defensores da Justia da Associao Americana de Advogados8.

    2 http://amnesty.org/ 3 http://cejil.org/ 4 http://www.freedomhouse.org/ 5 http://www.frontlinedefenders.org/ 6 http://www.humanrightsfirst.org/ 7 http://www.peacebrigades.org/ 8 American Bar Association, http://www.americanbar.org/groups/human_rights/justice_defenders.html

  • CAPTULO UM

  • O SISTEMA INTERAMERICANO DE PROTEO DOS DIREITOS HUMANOS

    5

    Estrutura e rgos Componentes

    O Sistema Inter-Americano composto por dois rgos: a Comisso Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e a Corte Americana de Direitos Humanos (Corte IDH), criadas sob a gide da Organizao dos Estados Americanos (OEA). Cada orgo possui funes direrentes, ainda que ambos decidam sobre denncias individuais contra Estados, realizem audincias pblicas e possam recomendar aes imediatas a serem cumpridas pelos Estados quando um indivduo ou o assunto de uma denncia pendente se encontre sob o risco de um dano irreparvel.

    A Organizao dos Estados Americanos A Organizao dos Estados Americanos (OEA) um organismo inter-governamental criado em 1948 atravs da assinatura da Carta de Organizao dos Estados Americanos9, embora encontremos vestgios de sua existncia desde 1889.10 O objetivo dos Estados-Membros em criar um novo organismo internacional no qual os governos das Amricas pudessem colaborar e se comunicar era para alcanar uma ordem de paz e justia, para promover a solidariedade entre eles, para reforar suas colaboraes e para defender sua soberania, a integridade de seus territrios e suas independncias.11 Atualmente, a OEA concentra suas atividades em quatro temas, ou pilares, principais: democracia, direitos humanos, segurana e desenvolvimento.

    O principal rgo de deciso da OEA a Assemblia Geral que realiza reunies anuais regulares onde todos os Estados-Membros tm direito de voto. Outros rgos da OEA incluem o Comit Jurdico Interamericano12 e rgos especializados tais como a Organizao Pan-Americana da Sade13, Instituto Interamericano da Criana14 e a Comisso Interamericana de Mulheres15, que trabalham junto com a sociedade civil e os governos monitorando e promovendo suas temticas.

    Todos os trinta e cinco Estados independentes das Amricas fazem parte da OEA. So eles: Antgua e Barbuda, Argentina, Bahamas, Barbados, Belize, Bolvia, Brasil, Canad, Chile, Colmbia, Costa Rica, Cuba16, Dominica, El Salvador, Equador, Estados Unidos da Amrica, Grenada, Guatemala, Guiana,

    9 Carta da Organizao dos Estados Americanos, Srie de Tratados da OEA n: 1-C e 61, entrou em vigor em 13 de dezembro de 1951; alterado pelo Protocolo de Buenos Aires, Protocolo de Cartagena, Protocolo de Washington, Protocolo de Managua, diponvel em http://www.oas.org/dil/port/tratados_A-41_Carta_da_Organiza%C3%A7%C3%A3o_dos_Estados_Americanos.htm [doravante Carta da OEA]. Para o texto completo deste documento, consulte o Anexo II deste manual. 10 Organizao dos Estados Americanos, Nossa Histria, http://www.oas.org/pt/sobre/nossa_historia.asp 11 Carta OEA, artigo 1. 12 http://www.oas.org/pt/sobre/comissao_juridica.asp 13 http://www.paho.org/hq/index.php?lang=es [N.T.: Muitas das pginas da OEA no esto, ao menos no momento de feitura deste texto, disponveis em portugus. O tradutor optou, entre as verses em ingls e espanhol, em fazer referncia ao texto em espanhol, devido proximidade entre as lnguas. O leitor pode ter acesso verso em ingls atravs das pginas indicadas, onde consta link para a verso citada.] 14 http://www.iin.oea.org/IIN2011/index.shtml 15 http://www.oas.org/es/CIM/default.asp 16 Cuba foi excluda de particpar na OEA entre 1962 e 2009. Vide Resoluo da Assembleia Geral da OEA AG/RES. 2438 (XXXIX-O-09). O pas no retomou um papel ativo na organizao.

  • O SISTEMA INTERAMERICANO DE PROTEO DOS DIREITOS HUMANOS

    6

    Documentos Reguladores:

    Estatuto

    Regulamento

    Conveno Americana sobre Direitos Humanos

    Haiti, Honduras17, Jamaica, Mxico, Nicargua, Panam, Paraguai, Peru, Repblica Dominicana, Saint Kitts e Nevis, Santa Lcia, So Vicente e Granadinas, Suriname, Trindade e Tobago, Uruguai e Venezuela. A OEA est sediada em Washington, D.C., nos Estados Unidos da Amrica, e possui escritrios na maioria de seus Estados-Membros.18

    As origens do Sistema Interamericano de proteo dos direitos humanos data da adoo da Declarao Americana dos Direitos e Deveres do Homem,19 em 1948, pela Nona Conferncia Internacional dos Estados Americanos. Na mesma data tambm foi adotada a Carta da OEA.

    A Comisso Interamericana de Direitos Humanos

    A Comisso Interamericana de Direitos Humanos20 um dos rgos principais e independentes da OEA e est sediada em Washington, D.C. Em 1959, a OEA criou a Comisso Interamericana de Direitos Humanos atravs de uma resoluo adotada pela Quinta Reunio de Consulta dos Ministros de Relaes Exteriores. A

    Comisso surgiu quando seu Estatuto21 foi aprovado pelo Conselho Permanente da OEA em 1960.22 Nesse mesmo ano, a Comisso realizou sua primeira sesso. Os procedimentos e operaes da Comisso so regidos pelo seu Regulamento,23 a Conveno Americana de Direitos Humanos e seu prprio Estatuto.

    17 Honduras foi temporariamente suspensa no perodo de julho de 2009 at junho de 2011. Vide Resoluo da Assembleia Geral da OEA AG/RES. 2 (XXXVII-E/09); Resoluo da Assembleia Geral da OEA AG/RES. 1 (XLI-E/11). Essas suspenses no impactaram as obrigaes legais internacionais dos Estados ou as competncias da Comisso Interamericana de Direitos Humanos de monitorar as condies dos direitos humanos em seu territrio. 18 Antigua e Barbuda, Argentina, Bahamas, Barbados, Belize, Bolvia, Brasil, Colmbia, Costa Rica, Dominica, Repblica Dominicana, Equador, El Salvador, Grenada, Guatemala, Guiana, Haiti, Honduras, Jamaica, Mxico, Nicaragua, Panama, Paraguai, Peru, Saint Kitts e Nevis, Santa Lcia, So Vicente e as Granadinas, Trindade e Tobago, Uruguai e Venezuela. 19 Declarao Americana dos Direitos e Deveres do Homem, OEA Res. XXX, adotada pela Nona Conferncia Internacional dos Estados Americanos (1948), reimpressa nos Documentos Bsicos em Matria de Direitos Humanos no Sistema Interamericano, OEA/ Ser.L/V/I.4 rev.13 no 18 (2010), disponvel em , http://www.oas.org/pt/cidh/mandato/Basicos/declaracion.pdf. Para o texto completo deste documento, consulte o Anexo I deste manual. 20 http://www.oas.org/pt/cidh/ 21 Estatuto da Comisso Interamericana de Direitos Humanos, OEA Res. 447, adotado pela Assemblia Geral da OEA e sua Nona Sesso Regular (1979), reimpresso em Documentos Bsicos em Matria de Direitos Humanos no Sistema Interamericano de 200 (2010), disponvel em http://www.oas.org/pt/cidh/mandato/Basicos/estatutoCIDH.asp. 22 OEA, Sobre a OEA, Nossa Estrutura, Comisso Interamericana de Direitos Humanos. http://www.oas.org/pt/sobre/comissao_direitos_humanos.asp. 23 Regulamento da Comisso Interamericana de Direitos Humanos, aprovado pela Comisso em seu 137 Perodo Regular de Sesses, que ocorreu entre 28 de outubro e 13 de Novembro de 2009, e modificado em 02 de

  • O SISTEMA INTERAMERICANO DE PROTEO DOS DIREITOS HUMANOS

    7

    A Comisso responsvel por promover o cumprimento e proteo dos direitos humanos em todos os Estados-Membros da OEA, e atua como rgo consultivo da OEA em assuntos relativos a direitos humanos.24 A Comisso interpreta o seu mandato de forma progressiva e em consonncia com o princpio pro homine, que exige que obrigaes legais sejam interpretadas da maneira mais benfica para a pessoa humana.25 Os direitos substantivos monitorados pela Comisso podem ser encontrados na Declarao Americana dos Direitos e Deveres do Homem, na Conveno Americana de Direitos Humanos e uma srie de outros tratados regionais de direitos humanos.26

    O trabalho da Comisso focado em trs reas principais: o sistema de denncias individuais, monitoramento das condies dos direitos humanos, e em identificar e atender as reas temticas prioritrias, tais como os direitos dos povos indgenas. Os Comissionados, individualmente ou em grupo, realizam visitas in loco para observar as condies dos direitos humanos nos Estados-Membros da OEA ou para investigar problemas de preocupao especfica. Geralmente essas visitas so seguidas pela publicao de um relatrio sobre o pas ou um relatrio temtico.27

    Em 1965, com uma alterao em seu Estatuto, a Comisso adquiriu competncia para examinar denncias individuais de violaes de direitos humanos por Estados-Membros da OEA.28 A Comisso avalia essas denncias, chamadas de peties, para determinar se um Estado violou os direitos humanos de um grupo ou indivduo e para identificar como o Estado dever compensar a vtima e evitar injustias similares no futuro. Como parte desse processo, a Comisso realiza audincias pblicas para receber provas e argumentos, assim como para tomar decises sobre a admissibilidade e o mrito das peties.

    A Comisso composta por sete especialistas em direitos humanos com um mandato de quatro anos que pode ser renovados uma vez. Os Comissionados so nomeados pelos Estados e eleitos pela Assemblia Geral da OEA. Geralmente eles no moram em Washington, e se reunem pelo menos trs vezes por ano para realizar audincias, reunies de trabalho e para tomar decises a respeito de peties e casos. As audincias pblicas sobre casos e questes de interesse so realizadas durante

    Setembro de 2011, durante o 147 Perodo Regular de Sesses, que ocorreu entre 8 e 22 de Maro de 2013, entrando em vigor no dia 1 de Agosto de 2013, disponvel em http://www.oas.org/pt/cidh/mandato/Basicos/reglamentoCIDH.asp. O Regulamento da Comisso sofreu uma reviso substancial em 2013. Para o texto completo deste documento, consulte o Anexo II deste manual. 24 Carta da OEA, art. 106. 25 CIDH, O Que a CIDH?, http://www.oas.org/pt/cidh/mandato/que.asp. 26 Para o texto da Declarao Americana dos Direitos e Deveres do Homem e outros instrumentos regionais de direitos humanos aplicados pela Comisso e Corte Interamericanas, consulte o Anexo I deste manual. 27 Veja os relatrios dos pases da Comisso aqui : http://www.oas.org/es/cidh/informes/pais.asp e seus relatrios temticos aqui: http://www.oas.org/es/cidh/informes/tematicos.asp. Para os relatrios disponveis em Portugus, consulte http://cidh.oas.org/Publicacoes.htm. 28 Vide David J. Padilla, The Inter-American Commission on Human Rights of the Organization of American States: A Case Study, 9 Am. U. Intl L. Rev. 9, 95, 95-115 (1993), disponvel em http://digitalcommons.wcl.american.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1455&context=auilr.

  • O SISTEMA INTERAMERICANO DE PROTEO DOS DIREITOS HUMANOS

    8

    as sesses e maro e outubro. Audincias temticas e de casos, assim como as reunies de trabalho, normalmente so solicitadas dois meses antes do incio das sesses. 29

    A Secretaria Executiva da Comisso dirigida por um Secretrio Executivo e um Secretrio Executivo Adjunto e composta por uma equipe profissional e administrativa que ajuda os Comissionados a realizar diversos aspectos de seus trabalhos. Ao longo do ano, a equipe da Secretaria Executiva administra a correspondncia com os peticionrios e os Estados e tambm prepara os casos e peties para a deciso dos Comissionados.

    A Corte Interamericana de Direitos Humanos

    A Corte Interamericana de Direitos Humanos30 o rgo judicial do Sistema Interamericano que cuida da proteo dos direitos humanos. A Corte est localizada em So Jos, na Costa Rica e um rgo autnomo da OEA.

    A Corte Interamericana foi criada pela Conveno Americana sobre Direitos Humanos, 31 aprovada em 1969, mas entrou em vigor apenas em 1978. Vinte e trs Estados fazem parte da Conveno Americana.32 Em 1979 os Estados Membros elegeram os primeiros juzes do Corte e a Assembleia Geral da OEA aprovou o Estatuto33 da Corte em 1980.

    A Corte interpreta e aplica a Conveno Americana sobre Direitos Humanos e pode emitir julgamentos apenas contra os Estados que aceitaram sua jurisdio e em circunstncias especficas quando o Estado descumpre as recomendaes da Comisso. Vinte Estados reconheceram a jurisdio contenciosa da Corte.34

    A Corte tambm pode emitir opinies consultivas, nas quais ela fornece uma interpretao detalhada de uma obrigao especfica de direitos humanos ou uma disposio do tratado quando lhe for requisitado por um Estado ou um organismo da OEA. Por exemplo, a Corte j publicou

    29 Peticionrios, Estados e organizaes da sociedade civil podem solicitar audincias e reunies de trabalho perante a Comisso exclusivamente atravs de seu novo sistema online, que pode ser acessado pelo endereo:: http://www.oas.org/pt/cidh/prensa/calendario.asp 30 http://www.corteidh.or.cr 31 Para o texto da Conveno Americana sobre Direitos Humanos, consulte o Anexo I deste manual. 32 Argentina, Barbados, Bolvia, Brasil, Colmbia, Costa Rica, Chile, Repblica Dominicana, El Salvador, Equador, Grenada, Guatemala, Haiti, Honduras, Jamaica, Mxico, Nicaragua, Panam, Paraguai, Peru, Repblica Dominicana, Suriname e Uruguai. 33 Estatuto da Corte Interamericana de Direitos Humanos, OEA Res. 448, adotado pela Assemblia Geral da OEA e sua Nona Sesso Regular (1979), disponvel em http://www.oas.org/pt/cidh/mandato/Basicos/estatutoCORTE.asp. Para o texto completo deste documento, consulte o Anexo II deste manual. 34 At maro de 2014, incluia: Argentina, Barbados, Bolvia, Brasil, Chile, Colmbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, Mxico, Nicargua, Panam, Paraguai, Peru, Repblica Dominicana, Suriname e Uruguai.

  • O SISTEMA INTERAMERICANO DE PROTEO DOS DIREITOS HUMANOS

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    Declarao Americana sobre Direitos e Deveres do Homem

    35 Estados-Membro

    O primeiro instrumento de direitos humanos do mundo

    Inclui direitos civis, politicos, econmicos, sociais e

    culturais bem como deveres individuais

    Aplicada pela Comisso Interamericana quando os

    Estados no tenham ratificado a Conveno Americana

    pareceres consultivos sobre os seguintes tpicos: habeas corpus em estado de emergncia,35 restries pena de morte, 36 liberdade de imprensa37 entre outros temas.

    A Corte composta por sete juristas eleitos pela Assemblia Geral da OEA para mandatos de seis anos que podem ser renovados uma vez. Assim como a Comisso, a Corte no est em sesso o ano inteiro. Ao invs disso, os juzes so convocados para audincias e deliberaes aproximadamente cinco vezes por ano. Pelo menos uma vez ao ano, a Corte se reune fora da Costa Rica em outro Estado-Membro da OEA como forma de aumentar o acesso e conhecimento do trabalho da Corte.

    Limitaes do Sistema de Mandato

    O Sistema Interamericano, assim como os outros rgos internacionais de direitos humanos, destina-se a suplementar e complementar os sistemas judicirios nacionais, que possuem a responsabilidade primria de proteger e aplicar os direitos dos indivduos e comunidades em seu territrio nacional. Como tal, os peticionarios devem preliminarmente esgotar todos os recursos internos tentando resolver a questo, utilizando os procedimentos legais regulares de seus prprios pases.

    O Sistema Interamericano no deve ser uma quarta instncia de reviso judicial e no pode tomar o lugar das cortes nacionais. Desde que os direitos a um processo e julgamento justo sejam respeitados, e que as leis sejam aplicadas conforme as normas dos direitos humanos. Os rgos Interamericanos no contradizem a avaliao dos juizes locais dos fatos ou das leis. A Comisso e a Corte no podem decidir sobre a culpa ou inocncia individual.

    Direitos Protegidos pelos Instrumentos Interamericanos

    A nvel regional, as obrigaes de direitos humanos dos Estados do hemisfrio surgem a partir de dois instrumentos principais: a Declarao Americana dos Direitos e Deveres do Homem ("Declarao Americana") e a Conveno Americana sobre Direitos Humanos ("Conveno

    Americana"). Todos os pases, ou Estados, nas Amricas concordaram em respeitar os direitos humanos apontados na Declarao Americana dos Direitos e Deveres do Homem. A Comisso Interamericana e a Corte consideram que a Declarao seja vinculante em

    35 Corte IDH. O Habeas Corpus sob Suspenso de Garantias (arts. 27.2, 25.1 e 7.6 da Conveno Americana sobre Direitos Humanos). Opinio Consultiva OC-8/87 de 30 de janeiro de 1987. Srie A No. 8. 36 Corte IDH. Restries Pena de Morte (arts. 4.2 e 4.4 da Conveno Americana sobre Direitos Humanos). Opinio Consultiva OC-3/83 de 8 de Setembro de 1983. Srie A No. 3. 37 Corte IDH. O Registro Obrigatrio de Jornalistas (arts. 13 e 29 Conveno Americana sobre Direitos Humanos). Opinio Consultiva OC-5/85 de 13 de Novembro de 1985. Srie A No. 5.

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    Conveno Americana sobre Direitos Humanos

    23 Estados-Membros

    Abrange principalmente direitos civis e polticos

    O Artigo 26 consagra um compromisso com a

    realizao progressiva dos direitos econmicos, sociais

    e culturais

    Contm disposies sobre a composio, poderes e

    regulamentos da Comisso e da Corte

    Interamaericanas

    relao aos Estados pois os princpios que ela contm foram interpretados pela OEA e seus Estados-Membros como compromissos e obrigaes, mesmo sendo adotada em 1948 como uma declarao de princpios ao invs de um acordo legal ou tratado.38

    Alm disso, vinte e trs Estados so parte da Conveno Americana sobre Direitos Humanos que a fonte principal de obrigaes desses Estados de direitos humanos junto ao Sistema Interamericano.39

    De acordo com a Declarao e a Conveno, os Estados devem garantir os direitos a: vida, liberdade, integridade pessoal, igualdade, liberdade religiosa, liberdade de pensamento e de expresso, liberdade de associao e de reunio, privacidade, vida familiar, locomoo, devido processo e julgamento, proteo judicial, honra e dignidade, nome, proteo da criana e adolescente, nacionalidade, participao no governo e propriedade.

    A Declarao Americana inclui direitos adicionais relativos ao trabalho, segurana social, tempo de lazer, educao e benefcios culturais. Dentro do Sistema Interamericano e da sociedade em geral, o significado desses direitos evolui constantemente.

    Os Estados-Membros da OEA tambm adotaram diversos tratados especiais para lidar com prticas especificamente proibidas (como a tortura, por exemplo) ou os direitos de grupos especficos (por exemplo: pessoas com deficincia).40 Essas convenes especiais, protocolos e declaraes de princpios so:

    Conveno Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura

    Protocolo Adicional Conveno Americana sobre Direitos Humanos em Matria de Direitos Econmicos, Sociais e Culturais ("Protocolo de San Salvador")

    38 Interpretao da Declarao Americana sobre Direitos e Deveres do Homem dentro do Marco do Art. 64 da Conveno Americana sobre Direitos Humanos. Opinio Consultiva OC-10/89 de 14 de Julho de 1989. Srie A No. 10, pr. 24. 39 Trindade e Tobago se retirou da Conveno Americana atravs de uma denncia ao tratado feita em 1999. Vide OEA, Departamento de Direito Internacional, Tratados Multilaterais, Conveno Americana sobre Direitos Humanos, http://www.oas.org/dil/esp/tratados_B-32_Convencion_Americana_sobre_Derechos_Humanos_firmas.htm. A Venezuela tambm se retirou da Conveno Americana atravs de uma denncia feita em 2013. Vide OEA, Departamento de Direito Internacional, Tratados Multilaterais, Conveno Americana sobre Direitos Humanos, http://www.oas.org/dil/esp/tratados_B-32_Convencion_Americana_sobre_Derechos_Humanos_firmas.htm. 40 Para o texto completo destes instrumentos, consulte o Anexo I deste manual.

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    Protocolo Conveno Americana sobre Direitos Humanos Referente Abolio da Pena de Morte

    Conveno Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violncia contra a Mulher ("Conveno de Belm do Par")

    Conveno Interamericana sobre o Desaparecimento Forado de Pessoas

    Conveno Interamericana para a Eliminao de Todas as Formas de Discriminao contra as Pessoas Portadoras de Deficincia

    Conveno Interamericana contra o Racismo, a Discriminao Racial e Formas Correlatas de Intolerncia (ainda no entrou em vigor)

    Conveno Interamericana contra Toda a Forma de Discriminao e Intolerncia (ainda no entrou em vigor)

    Declarao de Princpios sobre Liberdade de Expresso

    Princpios e Boas Prticas para a Proteo das Pessoas Privadas de Liberdade nas Amricas

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    Ratificao do Tratado por Pas

    O quadro abaixo indica os Estados que ratificaram cada um dos tratados regionais de direitos humanos, e em que ano.

    PAS Conveno Americana

    Pena de Morte

    Tortura Desaparecimento Forado

    Violncia contra a Mulher

    Portadores de Deficincia

    Econmicos, Sociais e Culturais

    Antigua e Barbuda - - - - 1998 - - Argentina 1984 2008 1988 1995 1996 2000 2003 Bahamas - - - - 1995 - - Barbados 1981 - - - 1995 - - Belize - - - - 1996 - - Bolvia 1979 - 2006 1996 1994 2003 2006 Brasil 1992 1996 1989 2013 1995 2001 1996 Canad - - - - - - - Chile 1990 2008 1988 2010 1996 2001 - Colmbia 1973 - 1998 2005 1996 2003 1997 Costa Rica 1970 1998 1999 1996 1995 1999 1999 Cuba - - - - - - - Dominica 1993 - - - 1995 - - El Salvador 1978 - 1994 - 1995 2002 1995 Equador 1977 1998 1999 2006 1995 2004 1993 Estados Unidos - - - - - - - Grenada 1978 - - - 2000 - - Guatemala 1978 - 1986 1999 1995 2002 2000 Guiana - - - - 1996 - - Haiti 1977 - - - 1997 2009 - Honduras 1977 2011 - 2005 1995 2011 2011 Jamaica 1978 - - - 2005 - - Mxico 1981 2007 1987 2002 1998 2000 1996 Nicargua 1979 1999 2009 - 1995 2002 2009 Panama 1978 1991 1991 1995 1995 2001 1992 Paraguai 1989 2000 1990 1996 1995 2002 1997 Peru 1978 - 1990 2002 1996 2001 1995 Repblica Dominicana 1978 2011 1986 - 1996 2006 - St. Kitts e Nevis - - - - 1995 - - Santa Lucia - - - - 1995 - - So Vicente & Granadinas - - - - 1996 - - Suriname 1987 - 1987 - 2002 - 1990 Trinidade & Tobago 1991 - 1998 - - - 1996 - - Uruguai 1985 1994 1992 1996 1996 2001 1995 Venezuela 1977 - 2013 1994 1991 1998 1995 2006 - Estados Membros Atuais 23 13 18 15 32 19 16

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    Termos-Chave

    Peticionrio: o indivduo, grupo ou organizao que apresenta a petio. O requerente pode ser representado por um advogado ou uma organizao e no necessariamente a mesma pessoa que a vtima.

    Admissibilidade: caso a petio esteja dentro do mandato da Comisso e preencha os requisitos bsicos, conforme o discutido abaixo.

    Mrito: caso o Estado seja responsvel pela violao especfica de suas obrigaes Interamericanas de direitos humanos.

    Soluo Amistosa: um acordo alcanado entre o Estado e o peticionrio/vtima quanto responsabilidade do Estado e quaisquer reparaes necessrias, renunciando, assim, deciso da Comisso.

    Esgotamento dos recursos internos: apresentao da queixa perante as cortes ou agncias nacionais e tentativa de resolver o problema ou obter uma reparao atravs de procedimentos administrativos e judiciais antes de se reportar ao Sistema Interamericano. O esgotamento geralmente requer uma apelao mais alta corte da jurisprudncia interna.

    Regra dos seis meses: a petio dever ser submetida a Comisso Interamericana dentro dos seis meses aps a notificao da deciso final do processo judicirio que esgotou todas as alternativas nacionais da vtima. Se o esgotamento no for necessrio, a petio dever ser submetida dentro de um prazo razovel.

    Ausncia de litispendncia internacional: a mesma queixa no poder ser submetida duas vezes ou submetida a outro mecanismo internacional de resoluo de conflitos na rea de direitos humanos. Enquanto (no s necesario) o entendimento de quais tipos de mecanismos so considerados duplicaes de outros possa variar entre os sistemas, a Comisso Interamericana provavelmente rejeitaria uma queixa que tambm estiver sendo analisada por um procedimento de um organismo de queixa das Naes Unidas, por exemplo. Veja, por exemplo, CIDH, Relatrio n 1/92, Caso 10,235, Orlando Garcia Villamizar e outros v. Colmbia, 6 de fevereiro de 1992. Ver nota infra 57.

    Sistema de Petio Individual

    O sistema de peties um dos trs pilares do trabalho da Comisso e foi criado para permitir que indivduos recebam uma avaliao justa e neutra no cumprimento do Estado de suas obrigaes de direitos humanos em casos especficos de alegadas violaes, onde o Estado foi incapaz ou relutante em reparar as violaes internamente. A Comissso desempenha um papel quasi-judicial recebendo evidncias e argumentos tanto da suposta vtima quanto do Estado, antes de chegar a uma deciso sobre se o Estado violou os direitos daquele indivduo e, em caso positivo, o que o Estado deve fazer para reparar o dano e prevenir que casos similares ocorram.

    Desde que foi autorizada pela primeira vez para examinar peties individuais em 1965, a carga de trabalho da Comisso aumentou significativamente em nmeros e diversidade. Ela recebe,

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    aproximadamente, 1.500 peties por ano, o que resultou em um acmulo no processamento das peties pela Secretaria Executiva.41

    Alm de peties que envolvem execues extrajudiciais e violaes ao devido processo na rea criminal, a Comisso recentemente comeou a considerar os direitos de minorias sexuais, comunidades indgenas e imigrantes, alm de questes como justia ambiental e segurana no ambiente de trabalho.42

    Viso Geral dos Requisitos Mnimos

    Para ser considerada uma petio; essa dever conter as seguintes informaes e declaraes:

    a identidade e informaes para contato do peticionario;

    se a identidade do peticionario deve ser omitida do Estado e, em caso positivo, o por qu;

    a data, local e detalhes da suposta violao de um direito protegido pelos organismos Interamericanos;

    se possvel, o nome da vtima e o nome de alguma autoridade pblica que possua conhecimento da situao;

    o Estado responsvel pela violao alegada, devido a suas aes, anuncia ou omisso;

    as medidas tomadas para esgotar os recursos internos, ou uma indicao de que a exausto impossvel;

    que a petio seja apresentada dentro de seis meses a contar da notificao da deciso que esgota os recursos internos ou num prazo razovel;

    Se a petio foi submetida a outro mecanismo internacional de resoluo de conflitos.43

    Se a petio no atender a esses requisitos mnimos para o exame inicial, a Comisso no ir examinar a admissibilidade ou mrito da petio.

    41 Veja a seo deste captulo sobre Quantidade de Casos e Tempo de Processamento para uma informao mais detalhada. Vide tambm Discurso do Presidente da Comisso Interamericana de Direitos Humanos, Felipe Gonzalez, para a Assembleia Geral da OEA durante seu 40 Perodo de Sesses (2010), http://www.cidh.org/Discursos/06.08.10sp.htm. 42 Vide Captulo II para uma discusso da jurisprudncia interamericana. 43 Vide Regulamento da Comisso, art. 28. Para uma explicao de quais tipos de procedimentos internacionais de resoluo de conflitos a norma se refere, vide infra nota 57.

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    Comisso Interamericana de Direitos Humanos

    1889 F Street, N.W. Washington, D.C., USA 20006 www.cidh.oas.org Telefone: (202) 370-9000 Fax: (202) 458-3992 or 3650 or 6215 Email: [email protected]

    Para que a petio passe da fase de admissibilidade e avane para a fase de mrito; o peticionrio dever demonstrar que:

    os fatos alegados, caso sejam verdadeiros, constituem uma possvel violao da Declarao ou Conveno Americana;

    de fato a vtima esgotou os recursos internos ou ditos recursos so indisponveis, ineficazes ou insuficientes; e

    A petio cumpre o prazo limite de seis meses ou um prazo de tempo razovel.44

    O requerente dever fornecer uma explicao completa para mostrar que esses requisitos foram cumpridos e manter a Comisso informada, por escrito, dos mais importantes desenvolvimentos depois que a petio foi apresentada. O requerente sempre dever manter a Secretaria Executiva informada de mudanas em suas informaes para contatos ou de quem o est representando.

    Preparando uma Petio

    As peties podem ser apresentadas utilizando o formulrio padro45 ou o requerente pode escrever seu prprio resumo ou carta, desde que essa comunicao inclua todas as informaes necessrias. As peties podem ser enviadas de forma eletrnica (online na pgina web da Comisso),46 por correio, por email ou fax. Informaes adicionais petio podem ser enviadas via email, fax ou correio. Caso sejam solicitadas medidas emergenciais de proteo, veja a seo abaixo acerca da proteo em casos de emergncia para maiores detalhes. Os advogados e equipe de suporte que compem a Secretaria Executiva da Comisso gerenciam o processamento das peties. A equipe da Secretaria Executiva pode fornecer informaes a respeito do andamento das peties e podem se reunir com os envolvidos para receber ou transmitir informaes.

    44 Vide Regulamento da Comisso, arts. 27, 31, 32 e 34. 45 Uma cpia do formulrio padro est includo no Folheto Informacional sobre o Sistema de Peties e Casos, disponvel em https://www.cidh.oas.org/cidh_apps/manual_pdf/MANUAL2010_P.pdf. 46 Peties podem ser enviadas usando o formulrio online disponvel aqui: https://www.cidh.oas.org/cidh_apps/instructions.asp?gc_language=P.

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    Uma Nota sobre a Linguagem

    Sempre que possvel, as peties devem ser escritas na lngua oficial do Estado que alega-se

    ser responsvel pela violao.

    A pessoa que envia a denncia chamada de peticionrio ou "peticionria". Enquanto a vtima pode submeter uma petio em seu prprio nome, isso no necessrio. O peticionrio pode ser um indivduo ou um grupo de pessoas ou uma organizao no governamental reconhecida por

    qualquer Estado Membro da OEA. Se o peticionrio e a vtima no forem a mesma pessoa, o peticionrio pode solicitar que a Comisso mantenha annima a sua identidade. Alm disso, no necessria a permisso da vtima para submeter uma petio em seu nome. 47 Entretanto a Secretaria Executiva ir solicitar uma autorizao por escrito do peticionrio toda vez que algum que no seja o prprio queira obter informaes sobre o caso ou se comunicar com a Comisso em nome da vtima ou do peticionrio.

    IMPORTANTE! A Comisso dever sempre estar informada dos contatos atuais do peticionrio.

    A petio deve fornecer informaes precisas sobre a violao alegada e sobre a vtima.

    Quem a vtima?

    Que dano ocorrido violou um direito protegido?

    Onde a violao aconteceu?

    Como o dano imputvel ao Estado?

    Quando a violao aconteceu?

    Quem: Identificar a(s) vtima(s), o que pode incluir familiares que tambm sofreram dano. Nomear as vtimas individualmente ou identificar o grupo especfico ou comunidade ao qual elas pertencem.

    O que: Descrever o dano alegado em detalhes. Como uma situao, uma ocorrncia ou uma srie de eventos deteve um indivduo ou um grupo de gozar de um direito humano?

    Se o Estado no ratificou a Conveno Americana, a petio deve alegar violaes de direitos protegidos pela Declarao Americana. Indicar qual artigo ou artigos da Declarao Americana, Conveno Americana ou outro instrumento regional do Estado foi supostamente violado.

    Onde: Identificar o Estado onde a violao ocorreu e o Estado responsvel pela sua ocorrncia. Estes so geralmente o mesmo pas, mas podem ser diferentes ou mais de um pas. Em geral, a denncia feita contra o Estado onde a vtima sofreu o dano, mas uma petio pode alegar que mais de um Estado responsvel pelas violaes relatadas ou que um Estado responsvel pelo dano que ocorreu no territrio de outro Estado.

    47 Vide Conveno Americana sobre Direitos Humanos, art. 44.

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    Como: Explicar por que o governo responsvel pelo dano, seja atravs de aes, aquiescncia ou omisses do prprio Estado ou de seus representantes. Um Estado pode ser responsabilizado pelos efeitos de suas leis e pela conduta de seus agentes, incluindo suas aes ou omisses, quando atue dentro de sua competncia oficiais. Sempre que possvel, identificar os agentes especficos, agncias, leis ou polticas que causaram ou permitiram que a violao ocorresse.

    Quando: Identificar a data ou perodo da violao alegada, que dever ter ocorrido aps o Estado ter aderido OEA ou tenha se tornado parte da Conveno Americana. O momento de uma suposta violao est relacionado com a habilidade do peticionrio de cumprir os requisitos processuais do esgotamento de recursos internos e tempo de propositura.

    Esgotamento dos Recursos Internos

    A vtima deve esgotar os recursos internos, o que significa ir s cortes locais buscando valer-se dos procedimentos civis e criminais no intuito de alcanar quaisquer aes legais que poderiam permitir a uma corte nacional reparar diretamente o dano, considerar o Estado responsvel ou exigir que o Estado fornea uma reparao. As vtimas geralmente so obrigadas a apelar at a mais alta corte de apelaes que possua jurisdio, se um resultado satisfatrio no alcanado nas cortes inferiores.

    O peticionrio estar isento de esgotar os recursos internos se estes estiverem indisponveis, forem ineficazes ou insuficientes. Isso ocorre, por exemplo, quando a lei nacional no prev qualquer medida capaz de levar reparao pretendida, o Sistema judicirio nacional foi excessivamente lento em resolver o assunto ou as cortes nacionais negarem reiteradamente o reconhecimento do direito afirmado pelo peticionrio.

    Regra dos Seis Meses

    A petio dever ser submetida dento de seis meses contados a partir de quando a vtima ou peticionrio esgotaram os recursos internos. Se os recursos internos so indisponveis, ineficazes ou insuficientes, a petio dever ser submetida em prazo razovel, ou to logo fique claro que o Estado no conseguir remediar a violao por conta prpria. O periodo de tempo considerado razovel depende de circunstncias particulares e poder ser de vrios anos, dependendo da conduta da suposta vtima, do Estado e do contexto envolvido. 48 O peticionrio no dever esperar para alm do ponto onde se torne claro que o Estado no ir reparar a violao por conta prpria.

    Buscando Apoio Financeiro ou Legal

    Uma vez que a petio admitida ou que a Comisso indique que ir considerar a admissibilidade juntamente com seu mrito, o peticionrio pode pedir uma assistncia financeira da Comisso para os custos de continuar com o caso, incluindo juntar e submeter provas e participar das audincias da

    48 Regulamento da Comisso Interamericana de Direitos Humanos, art. 32.

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    Comisso referentes ao caso. Essa assistncia prestada atravs do Fundo de Assistncia Jurdica do Sistema Interamericano de Direitos Humanos. 49

    Em casos perante a Corte, se as vtimas no esto representadas por um advogado, a Corte pode designar um defensor Interamericano50, um advogado independente que concorde em representar a vtima nos procedimentos perante a Corte Interamericana sem nenhum custo para sta.51 A Corte tambm pode prestar assistncia financeira para ajudar a custear as despesas do litgio atravs do Fundo de Assistncia Jurdica. Como parte das indenizaes, a Corte pode ordenar ao Estado que pague os custos do Fundo.52

    O Processo Decisrio

    Peties so processadas em trs etapas sequenciadas: avaliao inicial, admissibilidade e mrito.

    Etapa Partes Envolvidas Responsvel pela Deciso

    Resultado

    Avaliao Inicial Peticionrio Secretaria Aberto ou Fechado para trmite

    Admissibilidade Peticionrio & Estado Comisso Deciso sobre Admissibilidade

    Mrito Peticionrio & Estado Comisso Deciso & Recomendaes

    Envio Corte Comisso & Peticionrio Comisso Envio ou Publicao da Deciso

    Corte Peticionrio & Estado Corte Julgamento & Reparaes

    A petio deve atender aos requisitos de cada etapa a fim de passar para a prxima. Em determinadas circunstncias, aps a sua prpria deciso sobre o mrito, a Comisso poder remeter um caso para a Corte que ento emitir um juzo de admissibilidade, mritos e reparaes.

    NOTA: A Secretaria Executiva s considerar alegaes e informaes submetidas por escrito. Avaliao Inicial

    Dentro de algumas semanas aps receber a petio, a seo de Registro da Secretaria Executiva da Comisso envia uma confirmao por escrito e atribui um nmero a petio. A equipe de Registro ir, ento, avaliar a conformidade da petio com os requisitos mnimos estabelecidos pelo Artigo 28 do Regulamento da Comisso. Alm disso, a avaliao considera se o peticionrio alegou fatos que caso sejam verdadeiros constituem uma possvel violao das obrigaes de direitos humanos do

    49 Vide Regulamento da Comisso Interamericana de Direitos Humanos sobre o Fundo de Assistncia Jurdica do Sistema Interamericano de Direitos Humanos; Regulamento para a Operao do 'Fundo de Assistncia Legal do Sistema Interamericano de Direitos Humanos', http://www.oas.org/pt/cidh/mandato/Basicos/fondoCIDH.asp. 50 Vide Regulamento da Corte Interamericana de Direitos Humanos, arts. 2.11 e 37. 51 Vide Acuerdo de Entendimiento entre la Corte Interamericana de Derechos Humanos y la Asociacin Interamericana de Defensoras Pblicas, http://corteidh.or.cr/convenios/aidef2009.pdf. 52 Vide Reglamento de la Corte Interamericana de Derechos Humanos sobre el Funcionamiento del Fondo de Asistencia Legal de Victimas, http://corteidh.or.cr/docs/regla_victimas/victimas_esp.pdf.

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    Informaes Consideradas na Avaliao Inicial

    Todos os fatos alegados, argumentos legais e outras informaes destinadas considerao do Registro devem ser submetidas por escrito. Apesar de que conversas telefnicas e encontros com a equipe do Registro possam ser teis, informaes compartilhadas oralmente no faro parte do expediente.

    Estado. Por este motivo embora o formulrio de petio s pea o mnimo de informaes, importante providenciar detalhes para cada um desses requisitos.

    As peties so avaliadas em ordem de recebimento, a menos que haja razes especialmente urgentes para que a petio seja avaliada prematuramente.53 A Comisso desenvolveu as circunstncias sob as quais se pode acelerar a avaliao inicial atravs do mecanismo per saltum, incluindo quando a vtima muito jovem ou idosa, portador de doena terminal, est sob o risco de pena de morte, lhe foram concedidas medidas cautelares ou provisrias, est privada de sua liberdade, quando o Estado demonstrou formalmente interesse em uma soluo amistosa, ou quando uma deciso na petio poderia reparar problemas estruturais srios ou evitar mltiplas peties ao promover mudanas mais amplas na legislao ou nas prticas do Estado.54

    Na etapa de avaliao inicial a Comisso analisa apenas as informaes submetidas pelo peticionrio. O Estado no est envolvido nessa etapa dos procedimentos. Ao final de sua avaliao inicial, a Secretaria Executiva decide entre: abrir a petio para trmite ou fechar a petio sem uma anlise mais aprofundada. Se a informao fornecida for inadequada ou insuficiente, a Secretaria Executiva pode solicitar informaes adicionais ao peticionrio.

    Admissibilidade

    Se a petio se abre para trmite, o expediente transferido para uma seo da Secretaria Executiva com responsabilidade por aquele pas, ento a petio e evidncias so enviadas para o Estado para que este emita uma resposta, ou observaes, que devem ser submetidas num perodo at trs meses.55

    Os Comissionrios consideram os argumentos e evidncias do Estado e do peticionrio e podem realizar audincias ou reunies de trabalho para reunir informaes adicionais das partes envolvidas.56 Com base nos argumentos de ambas as partes, a Comisso decide se ela tem jurisdio baseada no tempo, local e natureza da violao alegada; se a petio atende aos requisitos de

    53 Vide, e.g., Maria Silva Guillen, Experiences and Emblematic Instances in the Access to Justice: the Inter-American Human Rights Commission, 9 Envo 31, 47; Federico Ramos, The Need for an In-time Response: The Challenge for the Inter-American Commission on Human Rights for the Next Decade, 18 SW J. Intl L. 159-177 (2012), disponvel em http://www.swlaw.edu/pdfs/lawjournal/18_1ramos.pdf. 54 Vide Regulamento da Comisso Interamericana de Direitos Humanos, art. 29.2. 55 Id., art. 30.3. 56 Peticionrios e Estados podem solicitar audincias e reunies de trabalho exclusivamente atravs do novo formulrio online, acessvel atravs da pgina: http://www.oas.org/pt/cidh/prensa/calendario.asp.

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    esgotamento e prazos. Se h uma indicao que a questo foi submetida a outro mecanismo internacional de resoluo de conflitos, a Comisso ir avaliar se o processamento uma duplicao de seu prprio processo.57 Finalmente, a Comisso determina se o peticionrio alegou fatos que constituem uma possvel violao das obrigaes do Estado com os direitos humanos.

    Seguindo essas determinaes, a Comisso publicar sua deciso sobre a admissibilidade e encaminhar esta ao Estado e ao peticionrio. Se a petio admitida, lhe dado um nmero de processo e ela entra na fase de mrito. Algumas vezes a Comisso decidir o mrito junto com a admissibilidade e emitir um relatrio nico por exemplo, quando a vtima alega uma violao ao devido processo que tambm a impede de esgotar os recursos internos.

    A fase da admissibilidade pode durar entre dois ou trs anos, dependendo do nmero de vezes que peticionrio e Estado submetem argumentos escritos e evidncias, e no nmero de casos da seo relevante da Secretaria Executiva.

    Mrito

    Aps receber a deciso da Comisso sobre a admissibilidade, tanto o peticionrio quanto o Estado possuem quatro meses cada um deles, para entregar seus argumentos iniciais sobre os mritos e poder submeter informaes adicionais em escritos, em reunies de trabalho ou em uma audincia

    57 Art. 46.1.c da Conveno sobre Direitos Humanos requer que a matria da petio ou comunicao no esteja pendente de outro processo de soluo internacional, enquanto que o art. 47.d requer que a Comisso considere inadmissvel qualquer petio que for substancialmente reproduo de petio ou comunicao anterior, j examinada pela Comisso ou por outro organismo internacional. Entretanto, o art. 33 do Regulamento da Comisso determina que a Comisso no se abster de conhecer das peties quando o procedimento seguido perante o outro organismo se limitar ao exame geral dos direitos humanos no Estado aludido e no existir uma deciso sobre os fatos especficos que forem objeto da petio ou no conduzir sua efetiva soluo ou quando a outra denncia foi enviada sem a autorizao da vtima que est apresentando a denncia perante a Comisso. Sob este parmetro, a Comisso apenas reconhece a litispendncia quando a petio est sob anlise ou foi objeto de deciso de uma organizao internacional competente para adotar decises acerca dos fatos especficos contidos na petio e para adotar as medidas desejadas para a resoluo efetiva de quaisquer disputas que possam estar sendo analisadas CIDH, Relatrio 70/10, Petio 11.587, Csar Gustavo Garzn Guzmn (Equador), 12 de Julho de 2010, pr. 28. [N.T.: Traduo livre da verso oficial em ingls.] Da mesma forma, a Comisso entendeu no haver litispendncia quando a matria j fora analisada por um procedimento especial da ONU (tal como um grupo de trabalho ou procedimento especial) ou atravs do procedimento 1503 da antiga Comisso de Direitos Humanos da ONU. Vide, e.g., CIDH, Relatrio No. 54/07, Petio 4614-02, Wilmer Antonio Gonzalez Rojas (Nicargua), 24 de Julho de 2007; CIDH, Relatrio No. 30/99, Case 11.206, Cesar Chaparro Nivia e Vladimir Hincapie Galeano (Colmbia), 11 de Maro de 1999. Entretanto, a Comisso entendeu haver litispendncia quando uma mesma denncia est sendo, ou foi, decidida por um rgo convencional da ONU, como o Comit contra a Tortura e o Comit de Direitos Humanos. Vide CIDH, Relatrio No. 89/05, Caso 12.103, Cecilia Rosana Nuez Chipana (Venezuela), 24 de Outubro de 2005; CIDH, Relatrio No. 96/98, Caso 11.827, Peter Blaine (Jamaica), 17 de Dezembro de 1998. Cf. CIDH, Relatrio No. 61/03, Petio 4446/02, Roberto Moreno Ramos (Estados Unidos da Amrica), 10 de Outubro de 2003, par. 44 et segs. (no encontrando litispendncia quando uma relativa disputa entre Estados estava sendo analisada pela Corte Internacional de Justia). Vide CIDH, Relatrio No. 47/08, Petio 864-05, Luis Gonzalo Richard Velez Restrepo e Famlia (Colmbia), 24 de Julho de 2008.

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    A CIDH J Recomendou aos Estados:

    Adotar legislao especfica e mudanas em polticas pblicas

    Reparar de forma total as vtimas, incluindo prejuzos pecunirios

    Conduzir investigaes completas, imparciais e efetivas sobre homicdios e execues

    extrajudiciais

    Aplicar polticas pblicas de forma que no se perpetuem esteretipos e

    discriminaes

    Treinar as foras policiais e o Judicirio

    Revisar a adequao das leis domsticas s obrigaes de direitos humanos do Estado

    Permitisse vtima um nova julgamento ou audincia

    pblica perante a Comisso.58 Baseada em toda a informao enviada, os Comissionrios decidem se o Estado responsvel pela violao dos direitos da vtima. Se a Comissso no encontrar violaes, ela prepara e publica um relatrio com uma anlise e concluses detalhadas.

    Se a Comisso decidir que o Estado responsvel por uma violao da Declarao Americana ou da Conveno Americana, a Comisso preparar um relatrio preliminar e uma lista de recomendaes de como o Estado poder e dever remediar a violao e previnir sua recorrncia.

    O relatrio preliminar da Comisso transmitido ao peticionrio e ao Estado, e dado ao Estado um prazo especfico, normalmente em torno de dois meses, para relatar sobre as medidas por ele tomadas para acatar as recomendaes que lhe foram dadas. 59 O Estado pode pedir por extenses desse prazo. Se o Estado falha em demonstrar que realizou um progresso substancial para cumprir as recomendaes antes que o prazo determinado pela Comisso terminasse, a Comisso pode, tanto tornar pblico o relatrio de mrito e continuar monitorando o cumprimento das recomendaes ou enviar o caso para a Corte Interamericana de Direitos Humanos.60

    A Comisso pode enviar um caso Corte apenas se o Estado tiver aceitado a jurisdio da Corte. A Comisso tambm considera a opinio da vtima e do peticionrio, a seriedade da violao e a relevncia do caso para o ordenamento jurdico. Ainda que o nmero de casos indicados para a Corte seja apenas uma pequena frao do total de peties recebidas pela Comisso a cada ano, aproximadamente o nmero de casos indicados para a Corte a cada ano o mesmo de casos que so resolvidos com relatrios de mrito publicados ou acordos de soluo amistosa. A Corte ir decidir a respeito de admissibilidade, mrito e reparaes e poder realizar as suas prprias audincias.

    58 Regulamento da Comisso Interamericana de Direitos Humanos, art. 37.1. 59 Id., art. 44.2. 60 Vide id., arts. 45, 47.

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    Se o assunto no foi resolvido ou enviado para a Corte em at trs meses da emisso do relatrio preliminar para as partes envolvidas, a Comisso poder preparar um relatrio de mrito final, que ser comunicada para todas as partes.61 Ser dado um perodo de tempo determinado para que as partes submetam informaes sobre o cumprimento do Estado. Aps avaliar essas informaes, a Comisso vota se ir publicar o relatrio de mrito. Geralmente, relatrios de mrito publicados so tornados pblicos na pgina da Comisso e includos no relatrio anual da Comisso para a Assembleia Geral das Organizaes dos Estados Americanos.

    A Corte

    A Comisso encaminha a queixa de um indivduo para a Corte Interamericana de Direitos Humanos ao submeter o relatrio de mritos e outras informaes pertinentes para a Corte. A Comisso tambm escreve uma carta de submisso na qual detalha o status do caso, identifica os Comissionados e a equipe da Secretaria Executiva que ir representar a Comisso perante a Corte, especificando as razes porque est encaminhando o caso a Corte, e identificando as testemunhas, os peritos ou testemunhos que a Comisso est propondo. A Carta de submisso publicada no website da Comisso junto ao relatrio de mritos.

    Uma vez que o Secretariado da Corte recebe o caso, ele dever comunicar o fato aos juzes da Corte, ao Estado, vtima ou aos representantes desta. Com trinta dias de notificao, o Estado e a Comisso devem designar seus representantes (delegados) perante a Corte, os representantes das vtimas devem confirmar as informaes da mesma.62 Perante a Corte as vtimas podem ser representadas por um advogado. Se a vtima no possui representao legal, a Corte poder apontar um defensor Interamericano para representalo(a).63 De acordo com artigo 55 da Conveno Americana sobre Direitos Humanos, o Estado envolvido poder indicar um juiz ad hoc para se juntar Corte na deciso sobre um caso especfico quando nenhum dos juzes da Corte for natural daquele Estado.

    O escrito da vtima contendo peties, argumentos e provas dever ser submetido dentro do prazo de dois meses.64 O escrito pode, e deve, incluir todas as alegaes, provas complementares e pedidos de reparao. Ainda que a Comisso participe no litgio e seja reponsvel por apresentar o caso Corte, a vtima possui um papel independente e autnomo perante a Corte. Em seu escrito, a vtima poder alegar violaes Conveno Americana que no constavam no relatrio de mrito da Comisso, submeter provas e testemunhos e requerer diversas formas de reparao.

    O Estado deve reponder ao caso e ao escrito da suposta vtima, por escrito dentro, do prazo de quatro meses e tambm dever incluir qualquer exceo preliminar.65 O Estado poder apresentar excees preliminares em relao jurisdio da Corte e a adequao do pleito da vtima aos 61 Id., art. 47. 62 Regulamento da Corte Interamericana de Direitos Humanos, art. 39. 63 Id., art. 37. 64 Id., art. 40. 65 Id.

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    Reparaes Exigidas pela Corte Incluem: Assistncia mdica e psicolgica para as vtimas

    Um pedido pblico de desculpas feito pelo Estado

    Treinamento de funcionrios pblicos

    Pagamento de danos pecunirios e morais

    Reforma Legislativa

    Anulao das condies penais

    Bolsas de estudo ou ajuda de custo para a educao das vtimas

    Construo de monumentos e outras formas de reconhecimento

    requisitos de admissibilidade. Na sua resposta, o Presidente da Corte poder permitir o envio de escritos adicionais. Amici curiae podem submeter apelos durante qualquer momento dos procedimentos.66

    Uma vez que a fase escrita concluda, o Presidente da Corte Interamericana abre os procedimentos orais e convoca audincias que considerar necessrias.67 A Corte mantm seus poderes probatrios independentes, permitindo que ela solicite a produo de provas documentais ou testemunhais, inclusive atravs de audincias. A(s) vtima(s), Estado e Comisso podem participar nas audincias da Corte.

    Aps receber os escritos de cada parte e realizar audincias sobre as excees preliminaries, mrito ou reparaes, a Corte emite um ou mais julgamentos nos quais ela aceita ou rejeita as excees preliminares do Estado, descreve os argumentos factuais e legais de cada parte e decide se o Estado responsvel por cada uma das violaes alegadas da Conveno Americana de Direitos Humanos e pede reparaes especficas para a vtima e pagamento de custas para a vtima e/ou seus representantes. Nos ltimos anos, a Corte tem emitido apenas um julgamento juntando as excees preliminares, mrito, reparaes e custas. Qualquer juiz, incluindo o juiz ad hoc, que discordar com o arrazoado e concluses da Corte ou desejar adicionar a sua anlise do caso poder emitir uma opinio separada.

    66 Vide id., art. 44. 67 Id., art 40.

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    As reparaes ordenadas pela Corte so, geralmente, mais extensas e especficas do que as recomendaes da Comisso, ainda que as reparaes da Corte incluam vrias, seno todas, das recomendaes feitas no relatrio de mrito da Comisso. Preparar pedidos detalhados de reparao pode garantir que a Corte ordene adequadas compensaes monetrias e de outras ordens para as vtimas, ajudando a reparar todos os aspectos do mal causado vtima, aos membros da famlia ou comunidade.

    Cumprimento

    Aps a deciso sob o mrito, as partes envolvidas reportam sobre o cumprimento das recomendaes da Comisso ou o julgamento da Corte. Esses relatrios so feitos por escrito para a Comisso ou para a Corte. Alm disso, a Corte pode realizar audincias privadas para monitorar o cumprimento de suas sentenas. As resolues da Corte avaliando o cumprimento so publicadas na pgina desta. A Comisso relata o estado do cumprimento de suas recomendaes no seu relatrio anual. Entretanto no h nenhum mecanismo de execuo que d ao Estado um incentivo adicional para cumprir com as decises da Comisso ou da Corte. Ainda que os Estados Membros da OEA possam levantar questes de no cumprimento com a Assemblia Geral, eles normalmente no o fazem.

    Por isso, recai sobre a vtima ou o peticionrio: informar Comisso ou Corte sobre o estado do cumprimento pelo Estado, usar o relatrio de mrito ou julgamento para manter o assunto na mdia e como uma ferramenta para a educao pblica e incidncia perante os rgos do Estado e forma de se engajar com o Sistema Interamericano no sentido de abrir espaos de dilogo com o governo, conforme seja apropriado. Peticionrios devem manter uma relao com as vtimas e organizaes locais que possam fornecer informaes e ajudar a negociar e impulsionar o cumprimento por parte do Estado.

    Solues Amistosas

    A vtima e o Estado podem negociar acordos de soluo amistosa em qualquer momento aps a apresentao do caso e o inicio do processamento pela Comisso. A Comisso, atravs da equipe da Secretaria Executiva que trabalha no grupo de acordos de soluo amistosa, pode facilitar a negociao entre as partes criando espaos para dilogo. Acordos de soluo amistosa aprovados pela Comisso so relatados68 e publicados na pgina desta.

    Perante a Corte, as partes tambm podem alcanar um acordo de soluo amistosa a qualquer momento. Ao firmar tal acordo, as partes eliminam a possibilidade de uma deciso de mrito pela Comisso ou pela Corte, mas tem a oportunidade de negociar os termos do reconhecimento do Estado da responsabilidade e/ou das reparaes feitas para a vtima.

    68 Regulamento da Comisso Interamericana de Direitos Humanos, art. 49. Veja CIDH, Decises, Soluo Amistosa, http://www.oas.org/pt/cidh/decisiones/amistosas.asp.

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    Quantidade de Casos e Tempo de Processamento

    A Comisso recebe cerca de 1.500 peties a cada ano, mas no tem tido a capacidade de processar o mesmo nmero de queixas que recebeu, pelo menos, na ltima dcada69, o que criou um atraso significativo.70 A seo de Registros da Secretaria Executiva da Comisso est trabalhando para eliminar o atraso e diminuir o tempo de processamento para a concluso da avaliao inicial. Durante as fases de admissibilidade e mrito, as decises da Comisso so muitas vezes adiadas pelos pedidos das partes para prorrogar o prazo final.

    Dos cerca de 1.500 peties recebidas por ano, muitas so rejeitadas durante o processo inicial de avaliao, sendo que apenas uma frao das peties ser, eventualmente, objeto de um relatrio de mritos ou do julgamento da Corte. 69 Vide Santiago A. Canton, Discurso del Secretario Ejecutivo de la CIDH, Santiago A. Canton, en la recepcin organizada por el personal de la Secretara Ejecutiva de la Comisin, en reconocimiento a su liderazgo (17 de mayo de 2012), http://www.oas.org/es/cidh/actividades/discursos/05.17.12.asp. 70 CIDH, Ch. III: El Sistema de Peticiones y Casos Individuales, INFORME ANUAL 2012 DE LA COMISIN INTERAMERICANA DE DERECHOS HUMANOS (2012), disponvel em http://www.oas.org/es/cidh/docs/anual/2012/indice.asp. O relatrio de 2012 relata que 7,208 peties estavam pendentes de avaliao inicial no final do ano, alm de um total de 1.704 peties e casos pendentes em anlise de admissibilidade ou mrito. Id., pg. 58-59.

    Ano Peties Recebidas

    Aberta a

    Trmite

    Admissibilidade / Inadimissibilidade

    Mrito Aprovado

    Solues Amistosas

    Audincias Enviadas a Corte

    2012 1.936 137 42/17 15 8 91 12 2011 1.658 262 67/11 25 8 91 23 2010 1.598 275 73/10 25 11 88 16 2009 1.431 122 62/15 20 4 89 12 2008 1.323 118 49/10 17 4 93 9 2007 1.456 126 51/14 13 5 105 14 2006 1.325 147 56/14 29 10 120 14 2005 1.330 150 53/16 19 8 98 10 2004 1.319 160 45/9 18 3 103 12 2003 1.050 115 37/10 30 11 103 15 2002 979 83 18/6 12 2 116 7 2001 885 96 36/22 17 8 102 5 2000 658 110 35/21 27 13 92 3 Total 16.948 1.901 624 / 175 267 95 1.291 152

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    O diagrama abaixo ilustra o Sistema de processamento das peties com o tempo aproximado de processamento e o nmero de peties ou casos que avanaram de fase por ano.

    1.500 peties recebidas

    deciso

    250 fechadas

    80 relatrios de admissibilidade

    70 admitidas

    25 decises de mrito aprovadas

    5 relatrios de mritos publicados 10-20 casos enviados Corte

    10-15 julgamentos da Corte

    10 inadmitidas

    5-10 solues amistosas

    800 abertas

    pedido de informaes

    1-2 anos

    2-3 anos

    18 meses+

    2-3 anos

    6 meses

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    Medidas Cautelares e Provisrias

    A Comisso e a Corte solicitam aos Estados que: Tomem as medidas necessrias para garantir a vida e integridade pessoal Garantam tratamento medico adequado Suspendam os efeitos de um julgamento de uma corte Abstenham-se de executar uma pena de morte Conduzam exames mdicos para avaliar estado de sade Investiguem os fatos que levaram a adoo de medidas de urgncias Abstenham-se de deportar um indivduo do pas Investiguem imediatamente o paradeiro de vtimas de desaparecimento suspeito

    forado Garantam a observncia, por uma empresa, das normas ambientais Melhorem as condies de deteno Protejam o territrio ancestral das comunidades indgenas

    Tutela de Urgncia: Medidas Cautelares e Medidas Provisrias

    Tanto a Corte quanto a Comisso podem pedir ao Estado para adotar medidas para proteger um indivduo ou uma comunidade em perigo iminente de um dano irreparvel ou de difcil irreparo, e para proteger o objeto de uma petio pendente no Sistema Interamericano. Essas ordens so chamadas de medidas cautelares quando cedidas pela Comisso ou medidas provisrias quando ordenadas pela Corte. Medidas cautelares e medidas provisrias podem ser pedidas para proteger qualquer indivduo, grupo ou comunidade compostas de membros identificveis sob a jurisidio de um Estado Membro da OEA, seja a pessoa ou no nomeada como vtima em qualquer petio pendente. A Comisso tambm pode atuar de ofcio, sem o pedido do postulante a beneficirio.71

    Solicitaes de medidas cautelares podem ser preparadas usando o formulrio padro e podem ser submetidas de forma online, 72 por correio, email ou fax. O pedido deve explicar o risco enfrentado, se o Estado foi informado sobre este e, em caso afirmativo, se o governo realizou alguma ao para proteo ou investigao. Se a situao no foi reportada, o pedido dever explicar o por qu.

    Em particular, o pedido deve explicar porque a situao grave, urgente e envolve o risco de danos irreparveis para um indivduo, grupo ou para o objeto tratado em uma petio ou caso pendente. Pedidos tambm devem conter uma descrio das medidas do pedido de proteo73. Quando o requerente para as medidas cautelares diferente de seu beneficirio, o pedido dever incluir o consentimento expresso do beneficirio a menos que a falta de consentimento possa ser explicada.

    71 Regulamento da Comisso Interamericana de Direitos Humanos, art. 25. 72 Consulte o formulrio de petio on-line aqui: https://www.cidh.oas.org/cidh_apps/instructions.asp?gc_language=P. 73 Regulamento da Comisso Interamericana de Direitos Humanos, art. 25.4.c.

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    Pedidos de medidas cautelares so processados de forma diferente das peties. O tempo para a deciso da Comisso em um pedido de medidas cautelares ir depender das circunstncias e se a Comisso solicitar informaes adicionais ao requerente ou ao Estado. Em situaes particularmente urgentes como, por exemplo, a imposio de uma pena de morte a Comisso poder responder no periodo de uma semana. Caso contrrio, uma deciso tpica demora alguns meses, dependendo se os pedidos iniciais forneam informaes suficientes e se foi dada a oportunidade para o Estado de apresentar seu ponto de vista.

    Em casos extremamente srios e urgentes, a Corte Interamericana poder ordenar medidas provisrias. As Medidas provisrias so relevantes quando o Estado no cumpre com o comando da Comisso sobre medidas cautelares, ou quando o caso se encontra tramitando perante a Corte.74 Medidas provisrias podem ser solicitadas pelas vtimas em um caso perante a Corte ou pela Comisso quando o caso ainda est pendente perante a Comisso. 75

    Ao Estado ser demandado atualizar informao Corte ou Comisso sobre os passos tomados para implementar as medidas cautelares ou provisrias. O representante ou beneficirio tambm dever fornecer atualizaes relevantes, podendo solicitar uma ampliao das medidas quando necessrio. De acordo com o seu novo Regulamento, a Comisso ir avaliar periodicamente se deve manter, modificar ou levantar as medidas cautelares existentes e poder considerar levantar medidas cautelares de acordo com o pedido do Estado ou quando os beneficiaris ou seus representantes no conseguirem fornecer Comisso as informaes solicitadas pelo Estado para implementar as medidas cautelares. 76

    Relatorias e Outros Mecanismos de Monitorizao De acordo com o mandato da Comisso Interamericana para monitorar e promover a proteo dos direitos humanos nas Amricas, ela se envolve numa variedade de atividades de monitoramento e se envolve com a sociedade civil nos Estados Membros da OEA. Cada Comissionado designado para ser o relator de uma lista especfica de pases e de uma area temtica prioritria. As relatorias temticas so:

    Relator sobre os Direitos dos Povos Indgenas77

    Relator sobre os Direitos dos Migrantes78

    Relator sobre os Direitos da Mulheres79

    74 Regulamento da Corte Interamericano de Direitos Humanos, art. 27. 75 Regulamento da Comisso Interamericana de Direitos Humanos, art. 76. 76 Id., art. 25.9 and 25.11. 77 http://www.oas.org/es/cidh/indigenas/default.asp. A relatoria pode ser contatada atravs do correio eletrnico: [email protected]. 78 http://cidh.oas.org/Migrantes/Default.htm. A relatoria pode ser contatada atravs do correio eletrnico: [email protected].

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    Relator sobre Defensorses e Defensoras de Direitos Humanos80

    Relator sobre os Direitos das Pessoas Privadas de Liberdade81

    Relator sobre os Direitos da Criana e do Adolescente82

    Relator sobre os Direitos das Pessoas Afro-descendentes83

    Relator sobre os Direitos das Lsbicas, Gays, Pessoas Trans, Bisexuais e Intersexuais84

    Relatoria Especial para a Liberdade de Expresso85

    O Relator Especial para a Liberdade de Expresso um perito independente e no um membro da Comisso. Alm disso, a Comisso criou uma Unidade de Direitos Econmicos, Sociais e Culturais.86 Assim como as relatorias, na unidade chefiada por um Comissionado e sua equipe da Secretaria Executiva. Informaes podem ser submetidas para qualquer uma das relatorias utilizando o endereo da Comisso ou por fax.

    Os relatores identificam questes de interesse e supervisionam a produo de relatrios temticos ou especficos de cada pas. Eles tambm podem realizer visitas in loco, realizar reunies com a sociedade civil e participar de seminrios e outras atividades. Na Comisso, os relatores fornecem orientaes e contribuies nos casos que suscitam questes dentro de seu mandato.

    A Comisso s ir realizar visitas in loco se for convidada pelo Estado ou se o Estado concordar com uma visita proposta pela Comisso. Devido a recursos limitados, em geral, nem todos os sete Comissionrios iro participar. Entretanto, essas visitas incluem compromissos com representantes da sociedade civil e so oportunidades excelentes para se destacar questes de interesse.

    Alm disso, a Comisso dedica uma parte significativa de suas audincias pblicas para questes temticas no ligadas a um caso especfico. Audincias temticas podem se concentrar em determinados pases, sub-regies ou nas Amricas como um todo, e so oportunidades de se colocar em pauta para o pblico e os Comissionados violaes estruturais ou sistemticas de direitos humanos ou ameaas multidimensionais enfrentadas por certas comunidades. 79 http://www.oas.org/es/cidh/mujeres/default.asp. Rosa Celorio, advogada da Secretaria Executiva que suporta o trabalho da relatoria, pode ser contata atravs do correio eletrnico: [email protected]. 80 http://www.oas.org/es/cidh/defensores/default.asp. A relatoria pode ser contatada atravs do correio eletrnico: [email protected]. 81 http://www.oas.org/es/cidh/ppl/default.asp. 82 http://www.oas.org/es/cidh/infancia/. A relatoria pode ser contatada atravs do correio eletrnico: [email protected]. 83 http://www.oas.org/es/cidh/afrodescendientes/default.asp. Hilaire Sobers, advogada da Secretaria Executiva que suporta o trabalho da relatoria, pode ser contata atravs do correio eletrnico: [email protected]. 84 http://www.oas.org/es/c