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Elza Carneiro Pereira ATUAÇÃO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL JUNTO AOS ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS Rio de Janeiro 2005

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Elza Carneiro Pereira

ATUAÇÃO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL JUNTO

AOS ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS

ESPECIAIS

Rio de Janeiro

2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

ATUAÇÃO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL JUNTO

AOS ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS

ESPECIAIS

OBJETIVOS:

Esse trabalho consiste em analisar a atuação

desenvolvida pela Orientação Educacional na

Educação Especial da rede pública, divulgar o

trabalho desenvolvido e identificar as principais

dificuldades encontradas no atual contexto.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço do mais profundo do meu ser a Deus por todas

as dádivas recebidas e a Jesus que é o nosso modelo

moral por excelência. A professora Diva Nereida pela

orientação nesse trabalho acadêmico.

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a minha mãe Maria Dagmar

Carneiro Pereira que foi a primeira grande

professora na escola da vida. Também ressalto a

participação da minha valiosa amiga Maria da

Conceição Freire dos Santos pelo grande

incentivo no magistério.

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RESUMO

Na era antiga o abandono era ético, as explicações sobre as causas das

deficiências variavam, mas normalmente se justificava como "castigo" ou

desejo de Deus por alguma razão. Era normal castigar ou torturar as pessoas

que tivessem algum tipo de deficiência. Havia "asilos" que alojavam essas

pessoas juntamente com velhos. O deficiente mental era chamado de "idiota".

Os filósofos começam a estudar as deficiências e começam a separar os tipos

que existem: cegos, surdos, deficiências mentais ou físicas.

No entanto a procura das causas parece ser mais importante que o

cuidado com as pessoas, os médicos procuram diagnosticar as deficiências,

começa o conceito de hereditariedade, onde surgem tentativas de esterilização

das pessoas com deficiência ou eliminação das mesmas (Petersen, Kube &

Palmer, 1998).

O progresso na pesquisa biomédica mostra que deficiência não é

hereditária. Procuram-se melhores maneira de tratar o deficiente. Percebe-se

que a incurabilidade é diferente da educabilidade e então se inicia um processo

de educação para os deficientes.

A educação especial começou como assistencial, apenas priorizando o

bem estar das pessoas, com acompanhamento médico e psicológico. Depois

aparece como instituição de educação escolar e em seguida a busca da

integração no sistema geral de ensino. Hoje a proposta é a de inclusão total

desses alunos nas salas de aula do ensino regular.

O caminho da mudança de nomenclatura passou também por uma

história. Os deficientes eram chamados de "idiotas" antigamente e não se

pensava em pessoas que poderiam ser ensinadas, e sim excluída. Hoje é

usada a terminologia "alunos com necessidades educacionais especiais" ou

"portadores de necessidade educacionais especiais".

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada destina-se a mostrar a grande carência na rede

pública de escolas que atendem especificamente aos portadores de

necessidades educacionais especiais e principalmente a dificuldade que a

família encontra no ato da matrícula dessas crianças.

Estar elaborando projetos direcionados a esta clientela, exige da

Orientadora Educacional certa dose de “diplomacia”, para conquistar o apoio

da liderança política, no município onde se encontra inserida. Nem sempre, os

portadores de necessidades educacionais especiais ocupam o lugar de

destaque nesta política educacional.

Neste sentido é relevante conhecer um pouco da realidade que envolve

o “universo” dos portadores de necessidades educacionais especiais e do

trabalho que vem sendo realizado pela Orientadora Educacional. Assim,

estaremos identificando os fatores que acabam por perpetuar a exclusão

desses alunos, e a possibilidade de revermos conceitos e preconceitos que

vivenciamos ao longo da vida em relação aos portadores de necessidades

educacionais especiais.

Democracia esta, que só poderá ser exercida por cidadãos, que não

tenham furtado de si o direito ao acesso a Educação que viabiliza a mesma.

Objetivos Gerais

• Analisar a atuação que vem sendo desenvolvida pela Orientadora

Educacional na efetivação do projeto na Educação Especial.

• Identificar as principais dificuldades encontradas pela Orientação

Educacional.

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Objetivos Específicos

• Analisar os dispositivos legais previstas na lei 9.394/96, relativos a

Educação Especial;

• Avaliar o papel da família junto ao trabalho desenvolvido pela

Orientadora Educacional;

• Divulgar o trabalho que vem sendo realizado pela Orientadora

Educacional frente aos portadores de necessidades educacionais

especiais;

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09 CAPÍTULO I 11 DEFININDO O TEMA E O PROBLEMA 11 CAPÍTULO II 14 PRINCÍPIO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL 14 CAPÍTULO III 16 EDUCAÇÃO ESPECIAL DIREITO ADQUIRIDO COM AMPARO LEGAL 16 3.1 – O amparo legal que nem sempre é real 16 3.2 – Revelando o que é Educação Especial 19 3.3 – A quem se destina 22 CAPITULO IV 23 PAIS E ORIENTADORA EDUCACIONAL – UMA RELAÇÃO ESPECIAL 23 CAPÍTULO V 26 INCLUSÃO 26 5.1– O que as pesquisas tem a dizer sobre a inclusão de alunos com Necessidades Especiais nas salas de aula regulares 27 5.2 – Os benefícios da inclusão para os alunos com Necessidades Especiais 27 5.3 – Os benefícios da inclusão para os alunos sem Necessidades Especiais 29 5.4– Inclusão escolar 31 CAPÍTULO VI 33 PREVENÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL 33 6.1 – A prevenção das deficiências e a busca de melhoras para amenizar a deficiência adquirida 33 6.2 – Melhoras possíveis para amenizar a deficiência 35 CONCLUSÃO 36 BIBLIOGRAFIA 39 ÍNDICE 40

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INTRODUÇÃO

“Deus me dê à paciência de me conformar com as

coisas que não posso alterar, me dê à coragem

de alterar as coisas que posso, e me dê à

sabedoria de distinguir entre umas e outras”.

(Christoph F. Oetinger)

A educação é o principal alicerce da vida social. Ela transforma e amplia

a cultura, estende a cidadania, constrói saberes para o trabalho. Mais do que

isso, ela é capaz de ampliar as margens da liberdade humana, à medida que a

relação pedagógica adote, como compromisso e horizonte ético-político, a

solidariedade e a emancipação.

No desempenho dessa função social transformadora, que visa à

construção de um mundo melhor para todos, a educação escolar tem uma

tarefa clara em relação à diversidade humana: trabalhá-la como fator de

crescimento de todos no processo educativo. Se o nosso sonho e o nosso

empenho são por uma sociedade mais justa e livre, precisamos trabalhar

desde a escola, o convívio e a valorização das diferenças, base para uma

verdadeira cultura de paz.

A história do atendimento ao deficiente através dos tempos deixou

marcas que perpetuam até os dias de hoje. O preconceito, os estigmas a não

aceitação da pessoa com deficiência no mundo contemporâneo, têm raízes

sócio-históricas e culturais.

Em todo o mundo, durante muito tempo, o diferente foi colocado à

margem da educação, o aluno deficiente era particularmente atendido apenas

em separado ou então simplesmente excluído do processo educativo, com

base em padrões de normalidade; a educação especial, quando existente,

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também se mantinha apartada em relação à organização e provisão de

serviços educacionais.A adoção do conceito de necessidades educacionais

especiais e do horizonte da educação inclusiva implica mudanças significativas.

Em vez de se pensar no aluno como a origem de um problema, exigindo-se

dele um ajustamento a padrões de normalidade para aprender com os demais,

coloca-se para os sistemas de ensino e para as escolas o desafio de construir

coletivamente as condições para atender bem à diversidade de seus alunos.

Concretamente, esse construir junto requer disposição para dialogar,

aprender, compartilhar e trabalhar de maneira integrada no processo de

mudança da gestão e da prática pedagógica. Isso quer dizer que o caminho da

mudança também deve ser inclusivo, não se restringindo às instâncias

educacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, tampouco aos

setores responsáveis pela Educação Especial nas diferentes esferas.

“Faz parte igualmente do pensar certo a rejeição mais

decidida a qualquer forma de discriminação. A pratica

preconceituosa de raça, de classe, de gênero ofende a

substantividade do ser humano e nega radicalmente a

democracia”. (Paulo Freire, 1996, p.39).

Estamos certos de que participar do processo educativo juntamente com

os demais alunos, contando com os serviços e recursos especiais necessários,

é um direto dos alunos que apresentam necessidades educacionais especiais.

Empreender as transformações necessárias para que essa educação inclusiva

se torne realidade nas escolas brasileiras é uma tarefa de todos.

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CAPÍTULO I

DEFININDO O TEMA E O PROBLEMA

A proposta apresentada por este estudo consiste em identificar a função

assumida pela Orientação Educacional no cotidiano da Educação Especial.

A educação especial parece ser um novo campo de atividade

profissional para o estudante que a descobre. Tanto tem acontecido

recentemente que mesmo aqueles que têm estado ocupados no trabalho com

crianças e com a juventude excepcional durante algum tempo, deixam

freqüentemente de perceber a longa história que teve esta fase da Educação.

Faz-se necessário considerar que ao pensarmos na finalidade da

Educação Especial, torna-se necessário resgatar alguns aspectos sócio-

histórico que ajudam a compreender como foi sendo concebida a Educação

Especial através dos tempos. Uma vez que permitirão perceber a relação entre

o conceito de criança e sua relação com a função assumida pelas instituições

de Educação Especial.

Compreender as questões relativas ao desenvolvimento e a

aprendizagem dos portadores de necessidades especiais contribui para refletir

sobre a construção da prática a ser desenvolvida pela Orientação Educacional

nesta modalidade de ensino.

Assim é que a partir de 1940 começam a surgir novas idéias e

contribuições com relação aos profissionais de educação especial, sendo um

marco histórico para a educação especial no Brasil.

De acordo com a determinação da LDB - Lei de Diretrizes e Bases nº

9.394, de 20 de novembro de 1996, capítulo V, Artigos 58 e 59, os sistemas de

ensino asseguram aos educandos com necessidades especiais currículos,

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métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica para atender

às suas necessidades, bem como a terminalidade específica para aqueles que

não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do Ensino Fundamental

em virtude de suas deficiências.

Durante muito tempo a Escola Especial foi considerada a única opção

educacional para os portadores de necessidades especiais, por não se

acreditar nas possibilidades de partilharem com os demais alunos o mesmo

processo educacional.

Atualmente, com a descoberta de que a aprendizagem proporciona o

desenvolvimento humano, influenciando inclusive, na arquitetura cerebral, as

propostas educacionais precisa superar os modelos mecânicos nos quais

estavam pautadas para dar lugar às relações sociais.

A nova educação pressupõe que, sendo a escola o local privilegiado da

aprendizagem, e nela, respeitando-se a diversidade de culturas e de

características individuais que cada indivíduo constitui cooperativamente,

novos saberes e formas de se relacionar com as múltiplas realidades.

Neste estudo ao analisar a atuação da Orientação Educacional,

assinalamos aspectos relativos às dificuldades burocráticas, institucionais,

políticas e emocionais, que este profissional depara-se durante sua jornada

para a efetivação de seus projetos educacionais na modalidade da Educação

Especial.

A Educação Especial deve ser capaz de suscitar reflexões,

questionamentos e propostas comprometidas com uma política de cidadania

democrática e não com um discurso maquiado de inserção universal e suas

inócuas práticas decorrentes. Não se trata de sair à busca de novos temas

para o debate, mas de inverter a ótica da análise, de buscar caminhos que

constituam propostas e trabalhos que colaborem para a qualidade de vida das

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pessoas. Esta nos parece ser a tarefa instigante: prepará-los para o mundo, no

sentido de estarem, de fato, nele.

Pessoas portadoras de deficiência

Considerando que a terminologia reflete a postura social, a ONU

(Organização das Nações Unidas) adotou a nomenclatura "Pessoas Portadoras

de Deficiência" (Slee, 1999). Este termo reflete que a deficiência está na

pessoa, mas não é a pessoa. Pensando-se assim fica mais fácil atuar na

procura de melhora específica do que a pessoa necessita para torná-la capaz

de superar os obstáculos que precisa enfrentar.

O estudo feito por Halgren & Clarizio (1993) sobre mudanças nos

programas e categorias nos serviços de educação especial mostrou que

mudança na categoria da deficiência de um indivíduo o levava a tratamentos

diferentes, auxiliando a sua melhora, integração e engajamento no trabalho.

Todos as críticas sobre a política da Educação Especial e as tentativas

de atuação que ocorrem desde 1968 e que se acentuaram nos dias de hoje

vem fortalecer e criar maiores discussões e procuras de soluções para um

ensino eficaz e adequado para os estudantes com necessidades especiais.

Algumas medidas e planejamentos parecem ainda ser utópico perante a

realidade existente, no entanto é preciso conseguir a realização de pequenas

melhoras, que podem significar muito.

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CAPÍTULO II

PRÍNCIPIO DA EDUCAÇAO ESPECIAL

O antigo CENESP (Centro Nacional de Educação Especial), através da

Portaria 69, de 26 de agosto de 1986, normatizou os seguintes Princípios da

Educação Especial:

Participação - "entendida como envolvimento de todos os setores da

sociedade no desenvolvimento das atividades educativas para uma ação

conjunta na área de Educação Especial”.

Integração - "caracterizada como um processo dinâmico e orgânico,

envolvendo esforços dos diferentes segmentos sociais, para o estabelecimento

de condições que possibilitem às pessoas portadoras de deficiência, com

problemas de conduta e superdotadas, tornarem-se parte integrante da

sociedade como um todo".

Normalização - "definida no sentido de proporcionar às pessoas portadoras de

deficiências, com problemas de conduta e superdotadas, condições de vidas

similares às das outras pessoas, dando-lhes possibilidades de uma vida tão

normal quanto possível".

Interiorização - "concebida como expansão do atendimento aos municípios do

interior, às periferias urbanas e às zonas rurais, estimulando a implantação de

novos serviços e valorizando as iniciativas comunitárias relevantes".

Simplificação - "definida como a opção por alternativas simples para os

processos de ensino-aprendizagem em Educação Especial, sem prejuízos dos

padrões de qualidade".

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Embora elaborados há mais de dez anos, estes princípios continuam

norteando as iniciativas atuais em Educação Especial. Na realidade, quando

falamos em inclusão, estamos considerando também a existência destes

princípios. É interessante notar que os mesmos continuam atuais e necessários

à promoção de uma sociedade plural e repleta de diferenças individuais, mas

com igualdade de oportunidades.

Modalidades em atendimento em Educação Especial

Inúmeras são as modalidades de atendimento em Educação Especial,

dependendo da realidade do indivíduo portador de necessidade especial, seu

potencial e suas limitações, assim como dos recursos do educador e da

instituição escolar, se for o caso, já que muitas vezes a educação se dá em

casa ou em outras instituições. Eis algumas modalidades:

ü Escola Regular,

ü Classe Regular,

ü Escola Especial,

ü Classe Especial,

ü Ensino Domiciliar

ü Escola Hospitalar,

ü Classe Hospitalar,

ü Escola Profissionalizante,

ü Empresa-Escola.

Cada realidade requer um tipo de modalidade de atendimento diferente,

ou seja, a Educação Especial atua em função da demanda, do potencial, dos

interesses e objetivos do indivíduo a ser atendido.

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CAPÍTULO III

EDUCAÇÃO ESPECIAL DIREITO ADQUIRIDO

COM AMPARO LEGAL

Este capítulo destina-se relatar os dispositivos legais à cerca da

Educação Especial, bem como, o que vem sendo verdadeiramente realizado

em relação ao mesmo e uma leve conceituação sobre educação Especial.

3.1- O amparo legal que nem sempre é real

“... inserção de todos sem distinção de condições

lingüísticas, sensoriais, cognitivas, físicas, emocionais,

étnicas, sócio-econômicas ou outros e requer sistemas

educacionais planejados e organizados que dêem conta

da diversidade dos alunos e ofereçam respostas

adequadas às suas características e necessidades”.

(PCN, 1998).

Sabemos que o direito a educação para todos os brasileiros, data-se

desde o Império alicerçado por constituições, e foi garantido posteriormente

pela Declaração dos Direitos da Criança e do Adolescente pelo Plano Decenal

de Educação para todos. Porém esse direito à educação não abraçava os

portadores de necessidades educacionais especiais, somente na conferência

Internacional em Salamanca na Espanha (1994), que se passou a fazer

referências aos PNEE (Portadores de Necessidades Educacionais Especiais).

A partir daí, a Educação Especial foi conquistando seu lugar no cenário

da Educação Brasileira, já que com a atual LDB 9.394-96, é dedicado todo o

Capítulo V a Educação Especial, no qual, buscamos comentar o que é

proclamado e o que é realizado.

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“Art.58 - Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a

modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular

de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais”.

§1- Haverá, quando necessário, serviços de apoio especificado, na escola

regular, para atender às peculiaridades da Clientela de Educação Especial.

§2-O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços

especializados, sempre que, em função das condições especificas dos alunos,

não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular.

§3- A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início

na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil.

Enquanto a lei oferece a permanência para os educandos portadores de

necessidades especiais na rede regular de ensino, garantindo serviços de

apoio especificado e até mesmo atendimento educacional em classes, escolas

ou serviços especializado, quando não forem possíveis a integração nas

classes comuns de ensino regular e que esta oferta de educação especial é

dever constitucional do Estado para a faixa etária de zero a seis anos. O que

constatamos é que essa oferta de permanência pouco se dá na rede regular de

ensino, quando muito se destina uma pequena sala, sem recursos e

profissionais capacitados, segregando estes educandos que já ultrapassaram a

faixa etária da educação infantil, encontrando-se muitos já na adolescência

distorcendo a regra e criando variadas e repetidas exceções.

“Art 59- Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades

especiais”:

I- Currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organizações

específicas, para atender às suas necessidades;

II- Terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível

exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas

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deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar

para superdotados;

III- Professores com especialização adequada em nível médio ou superior,

para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular,

capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns.

IV- Educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na

vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem

capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os

órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade

superior nas áreas artísticas, intelectuais ou psicomotora;

V- Acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares

disponíveis para o respectivo nível de o ensino regula.

Quanto aos sistemas de ensino, pelo menos na rede municipal, não

buscam adequar-se ou organizar-se especificamente para atender aos

educandos com necessidades especiais, uma vez que muitos ficam pelo

caminho, optando pelo abandono dos estudos.

Em sua minoria, encontramos professores especializados

adequadamente, capazes de promover a integração desses educandos em

classes comuns. O que dificulta e muito sua integração na vida em sociedade,

que possibilita a inserção no trabalho.

Quanto aos programas sociais suplementares disponíveis, não são nem

divulgados e quando são é preciso estar pronto para “driblar” a burocracia para

conseguir o acesso.

“Art. 60 - Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios

de caracterização das instituições privadas sem os fins lucrativos,

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especializados e com atuação exclusiva em educação especial, para fins de

apoio técnico e financeiro pelo poder público”.

Parágrafo único -O poder político adotar, como alternativa preferencial, a

ampliação do atendimento aos educandos com necessidades especiais na

própria rede pública regular de ensino, independente do apoio às instituições

previstas neste artigo.

Destaca-se quando fazemos a comparação entre o proclamado e o real,

que ambos ainda se encontram muito distantes um do outro. É notório que as

dificuldades encontradas para a verdadeira efetivação da Lei, depende muito

do comprometimento em concretizá-la apesar dos obstáculos.

3.2- Revelando o que é Educação Especial

Definição

Há várias maneiras de definir a Educação Especial, dependendo do

contexto histórico, cultural e social de cada comunidade. A seguir,

apresentamos alguns conceitos básicos:

“Conjunto de medidas e recursos (humanos e materiais)

que a administração educativa coloca à disposição dos

alunos com necessidades educativas especiais: pessoas

com algum tipo de déficit, carência, disfunção ou

incapacidade física, psíquicas ou sensoriais, que lhes

impeça um adequado desenvolvimento e adaptação”.

(Ezequiel Ander-Egg, 1997).

É importante notar que a Educação Especial é bastante abrangente e

ampla, engloba uma imensa diversidade de necessidades educativas

especiais, assim como uma equipe multidisciplinar composta pelos mais

diversos profissionais e especialistas. Seu objetivo principal é promover uma

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melhor qualidade de vida àqueles que, por algum motivo, necessitam de um

atendimento adequado à sua realidade física, mental, sensorial e social.

Este termo é muito genérico, abrange as mais diferentes síndromes tais

como: autismo, deficiência mental, apoplético, síndrome de down. Doman

definiria como Lesão Cerebral, para muitos de nós são apenas rótulos, o que

conta mesmo é o indivíduo com suas particularidades, o amor que sentimos

por ele e o que podemos fazer para recuperar e/ou melhorar as condições de

vida desta que para nós é uma criança especial.

A lei nº 9.394/96 estabelece as diretrizes e bases da educação nacional:

Art. 4º, III – atendimento educacional especializado aos portadores de

deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino.

Para tanto é preciso basear-se na Declaração Mundial de Educação

para Todos e Declaração da Salamanca (Espanha – 1994), que com muita

propriedade defende a educação inclusiva como forma de integrar a todos na

sociedade.

Art. 12- Os sistemas de ensino, nos termos da Lei 10.098/2000 e da Lei

10.172/2001, devem assegurar a acessibilidade aos alunos que apresentem

necessidades educacionais especiais, mediante a eliminação de barreiras

escolares, bem como a de barreiras físicas nas comunicações, provendo as

escolas dos recursos humanos e materiais necessários. CNE- Brasília, 14 de

setembro de 2001, p.39-40.

O Brasil fez opção pela construção de um sistema educacional inclusivo

ao concordar com a Declaração Mundial pata Todos, firmada em Jomtien, na

Tailândia, em 1990, e ao mostrar consonância com os postulados produzidos

em Salamanca (Espanha, 1994) na conferência Mundial sobre Necessidades

Educacionais Especiais: Acesso e Qualidade.

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Desse documento, ressaltamos alguns trechos que criam as justificativas

para as linhas de propostas que são apresentadas:

“Todas as crianças, de ambos os sexos, têm direito fundamental à educação e

que a ela deva ser dada à oportunidade de obter e manter nível aceitável de

conhecimento”;

“Cada criança tem características, interesses, capacidades e necessidades de

aprendizagem que lhe são próprios”;

“As pessoas com necessidades educacionais especiais devem ter acesso às

escolas comuns que deverão integrá-las numa pedagogia centralizada na

criança, capaz de atender a essas necessidades”;

“As políticas educacionais deverão levar em conta as diferenças individuais e

as diversas situações. Deve ser levada em consideração, por exemplo, a

importância da língua de sinais” como meio de comunicação para os surdos, e

ser assegurado a todos os surdos aceso ao ensino da língua de sinais de seu

país. Face às necessidades específicas de comunicação de surdos e de

surdos-cegos, seria mais conveniente que a educação lhes fosse ministrada

em escolas especiais ou em classes ou unidades especiais nas escolas

comuns”;

“Que todas as crianças, sempre que possível, possam aprender juntas,

independentemente de suas dificuldades e diferenças”;

“Uma pedagogia centralizada na criança, respeitando tanto a dignidade como

as diferenças de todos os alunos”;

“A inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais, em classes

comuns, exige que a escola regular se organize de forma a oferecer

possibilidades objetivas de aprendizagem, a todos os alunos, especialmente

àqueles portadores de deficiências”.

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Educar é proporcionar a construção de conhecimentos, e o mesmo

acontece na educação especial, o que muda na verdade, é a maneira como

essa construção acontece. Somos diferentes, independentes de necessidades

especiais ou não, o que é preciso e tratar o educando especial dentro da

realidade de suas capacidades e limitações.

Sabemos que na educação especial é preciso que um conjunto de

conhecimentos tecnológicos, recursos humanos e naturais, bem como

materiais didáticos, devem atuar na relação pedagógica para assegurar um

bom atendimento educacional, de modo que a atenção especial se faça

presente para todos os educandos que dela necessitarem para o seu

desempenho escolar em qualquer nível, assim promoverá uma formação

voltada para a prática da cidadania, na qual o educador seja ele professor ou

orientador, baseia-se na busca de uma cidadania alcançada através da

democracia, como nos alerta Paulo Freire (1996 p.115):

“Sou professor a favor da decência contra o despudor, a

favor da liberdade contra o autoritarismo, da autoridade

contra licenciosidade, da democracia contra a ditadura de

direita ou de esquerda”.

3.3- A quem se destina

A Educação Especial destina-se aos portadores de necessidades

educativas especiais, ou seja, todas as pessoas que precisam de métodos,

recursos e procedimentos especiais durante o seu processo de ensino-

aprendizagem. Indivíduos portadores de: deficiência sensorial (auditiva ou

visual), deficiência motora, deficiência cognitiva alta habilidades, transtornos

psicomotores, doenças crônicas, transtornos de personalidade, autismo,

psicoses, Síndrome de Down, deficiência múltipla, inadaptação social,

dependência química, dentre outros.

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CAPÍTULO IV

PAIS E ORIENTADOR EDUCACIONAL – UMA RELAÇÃO

ESPECIAL

O presente capítulo vem ressaltar a importância da família junto aos

Portadores de Necessidades Especiais e como a Orientação Educacional atua

junto às famílias, mantendo uma relação de amizade e afetividade.

Acreditamos que educação é um direito irrevogável de todos os

cidadãos, e que se exige do educador a aceitação do novo e rejeição a

qualquer forma de discriminação, como nos ensina Paulo Freire (1996 p. 39):

Unindo forças para uma Educação Especial

Segundo Nina Regen e Maria Lúcia Sica Cortez, assistentes sociais da

Sorri-Brasil, em seu trabalho desenvolvido sobre Família e Deficiente, em maio

de 2002, mostra que a relação, entre pais e Orientação Educacional é um

aspecto importante a ser observado e o cuidado para que o atendimento à

família não se revista de cunho assistencialista e paternalista, tornando-a

dependente do profissional e tratando seus membros como receptores de

“benesses”, ao invés de tratá-los como cidadãos, com direitos e deveres.

Um grave problema que vemos ocorrer é que as Instituições, ao

matricular a criança, não deixam claro aos pais sua função de co-

responsabilidade no processo educacional de seu filho, observando-se

posteriormente a queixa dos profissionais quanto à falta de interesse e

envolvimento da família. Por outro lado, também observamos que quando os

pais apresentam críticas ou sugestão, nem sempre essa atitude é sentida pelos

profissionais como algo positivo, que possa fazê-los parar e refletir sobre a sua

atuação, no sentido de crescer como Orientadora e como ser humano.

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No que diz respeito, às diferenças na motivação, os pais são obrigados a

se confrontarem com a deficiência, enquanto a Orientadora quer escolher se

confrontar com ela. Sendo assim, os pais sentem-se socialmente

desvalorizados e são marginalizados pela sociedade, enquanto que a

Orientadora recebe uma valorização social acima do normal.

Quanto às diferenças de experiência, a família sofre um desgaste com a

convivência diária com esse filho diferente e luta contra o medo do fracasso e

do isolamento e, muitas vezes, as cobranças da orientadora os sobrecarregam

ainda mais, motivo pelo qual apresentam, às vezes, alguma atitude hostil. Já

por parte da orientadora, há uma expectativa de que os pais se envolvam e

ficam decepcionados quando isto não ocorre, surgindo atitudes de hostilidade

quando os pais não atendem às suas recomendações.

Finalmente os pais devem fornecer informações sobre sua intimidade

familiar ao Orientador Educacional, tornando-se os interrogados. A Orientadora

Educacional para analisar a situação da família e estabelecer um plano de

trabalho assumem o papel do interrogador. Sendo assim, os pais apresentam

sentimentos de culpa quando não conseguem dar conta de todas as

recomendações. A Orientadora Educacional quando descobre falhas na

avaliação da evolução da criança, sempre a reputa aos pais, e não ao seu

planejamento, com isso aumentando ainda mais os seus sentimentos de culpa.

As principais expectativas recíprocas:

Os pais esperam: A Orientadora Educacional exige:

Compreensão, aceitação. Aceitação de sua autonomia.

Consolação. Compreensão.

Descarregar sentimentos de culpa. Informação correta.

Esperança. Cooperação.

Pessoas continentes. Persistência na terapia.

Pessoas que escutem. Cooperação em relação aos objetivos.

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25

É de extrema importância que a Orientadora Educacional ao trabalhar

com famílias, adote uma postura sócio-educativa, de trocas, numa relação

horizontal, tendo sempre em mente que:

• A realidade social e a dinâmica familiar requerem que o profissional

respeito à individualidade de cada família, procurando não fazer julgamentos

de valor;

• A dimensão técnica não autoriza a tomada de decisões ou escolha de

condutas: isto cabe à família;

• Os conhecimentos científicos ou os valores moralistas não podem servir

de pretexto para julgamento das famílias, mas de base para ações sócio-

educativas;

• A cultura da tutela e as atitudes paternalistas fortalecem a exclusão das

famílias;

• A democratização das informações, o saber ouvir, a divulgação dos

critérios de atendimento, o esclarecimento quanto ao papel dos pais neste

processo são atitudes necessárias e éticas.

É preciso que a Orientadora Educacional utilize uma linguagem clara,

criando atmosfera aberta e informal que permita aos pais sentirem-se à

vontade para se colocar, fazer perguntas e esclarecer dúvidas. Nesse diálogo

de discussão de alternativas com a família, estará contribuindo para

desenvolver mecanismos de reflexão e assumindo um papel mais de ajudá-la a

refletir do que pensar por ela, mais de questionar do que discursar, mais de

assessorar do que de decidir, contribuindo assim para o seu desenvolvimento

como um ser no mundo.

Como mediador, é importante que a Orientadora Educacional se

questiona sempre: É esse o mundo que quero para os portadores de

necessidades e suas famílias? É possível criar, reinventar, enriquecer o meio

ambiente, os modos de vida, a sensibilidade, possibilitando assim alguma

transformação em suas vidas?

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CAPÍTULO V

INCLUSÃO

Refletir sobre as questões de uma escola de qualidade para todos,

incluindo alunos e professores, através da perspectiva sociocultural, significa

que nós temos de considerar, dentre outros fatores, a visão ideológica de

realidade construída sócio e culturalmente por aqueles que são responsáveis

pela educação. Julgamentos de "deficiência", "retardamento", "privação

cultural" e "desajustamento social ou familiar" são todos construções culturais

elaborados por uma sociedade de educadores que privilegia uma só forma

para todos os tipos de bolos. E geralmente a forma de bolo é determinada pelo

grupo social com mais poder na dinâmica da sociedade. Não é raro se ver

dentro do ambiente escolar a visão estereotipada de que crianças vivendo em

situação de pobreza e sem acesso a livros e outros bens culturais e são mais

propensas a fracassar na escola ou a requerer serviços de educação especial.

Isto porque essas crianças não cabem na forma construída pelo ideal de escola

da classe média, ou ainda, porque essas crianças não aprendem do mesmo

jeito ou na mesma velocidade esperada por educadores e administradores.

Estereótipos perfazem a prática pedagógica e são resultados da falta de

informação e conhecimento que educadores e administradores tem a respeito

da realidade social e cultural, como também do processo de desenvolvimento

cognitivo e afetivo das crianças atendidas pelas escolas. A prática de classificar

e categorizar crianças baseadas no que estas crianças não sabem ou não

podem fazer somente reforça fracasso e perpetua a visão de que o problema

está no indivíduo e não em fatores de metodologias educacionais, currículos, e

organização escolar. Aceitar e valorizar a diversidade de classes sociais, de

culturas, de estilos individuais de aprender, de habilidades, de línguas, de

religiões e etc, é o primeiro passo para a criação de uma escola de qualidade

para todos.

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Educar indivíduos em segregadas salas de educação especial significa

negar-lhes o acesso a formas ricas e estimulantes de socialização e

aprendizagem que somente acontecem na sala de aula regular devido à

diversidade presente neste ambiente. A pedagogia de inclusão baseia-se em

dois importantes argumentos. Primeiramente, inclusão mostrou-se ser

beneficial para a educação de todos os alunos independente de suas

habilidades ou dificuldades.

O segundo argumento baseia-se em conceitos éticos de direito do

cidadão. Escolas são construídas para promover educação para todos,

portanto todos os indivíduos têm o direito de participação como membro ativo

da sociedade na qual estas escolas estão inseridas. Toda criança tem direito, a

uma educação de qualidade onde suas necessidades individuais possam ser

atendidas e aonde elas possam desenvolver-se em um ambiente enriquecedor

e estimulante do seu desenvolvimento cognitivo, emocional e social.

5.1 - O Que as Pesquisas Tem a Dizer sobre a Inclusão de Alunos com

"Necessidades Especiais" nas Salas de Aula Regulares

Pesquisas realizadas nos Estados Unidos revelaram que crianças em demanda

por serviços especiais de atendimento apresentaram um progresso acadêmico

e social maior que outras crianças com as mesmas necessidades de serviços

especiais, mas educadas em salas de aula segregadas (Snell, 1996; Downing,

1996; Hunt, 1994). Isso pode justificar-se pela diversidade de pessoas e

metodologias educacionais existentes em sala de aula regulares, pela

interação social com crianças sem diagnóstico de necessidade especial, pela

possibilidade de construir ativamente conhecimentos, e pela aceitação social e

o conseqüente aumento da auto-estima das crianças identificadas com

"necessidades especiais".

5.2 - Os benefícios da inclusão para os alunos com Necessidades

especiais

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Na Perspectiva do Professor: Diversos pesquisadores acadêmicos nos

Estados Unidos documentaram os aspectos positivos da prática de inclusão

dos indivíduos com "necessidades especiais" através de dados coletados com

os professores destes alunos. Giangreco e seus colegas (1993) entrevistaram

19 professores de salas de aula regulares que tinham no mínimo um aluno com

"necessidades especiais” em suas classes. Estes professores afirmaram que

os alunos diagnosticados com "necessidades especiais" aumentaram suas

capacidades de atenção, de comunicação e de participação em atividades

educativas em um espaço de tempo consideravelmente menor do que se estes

fossem educados em salas de aula segregadas-especiais. Janzen e seus

colegas (1995) entrevistaram cinco professores de educação especial e cinco

professores de educação regular sobre os benefícios de inclusão para os

alunos com e sem "necessidades especiais", e o resultados destas entrevistas

apontaram para o fato de que os alunos, antes educados em segregadas-

especiais salas de aulas, desenvolveram mais amizades na sala de aula

regular e construíram um círculo de amigos que os ajudavam e ajudavam aos

professores também na inclusão de todos os alunos nas atividades da sala de

aula. Downing, Eichinger e Williams (1996) entrevistaram nove professores de

educação regular e nove professores de educação especial sobre a percepção

deles dos benefícios de inclusão para todos os alunos. Os professores neste

estudo afirmaram que os ambientes ricos em situações de aprendizagem

característicos das salas de aula regulares possibilitaram os alunos com

profundo retardamento mental a construírem comportamentos socialmente

apropriados, a fazerem amizades com as crianças normalmente educadas em

classes regulares e a desenvolverem habilidades de participação ativa em

atividades escolares.

Na Perspectiva do Aluno: York (1992) entrevistaram alunos de quarta e

quinta séries que tinham colegas com "necessidades especiais" nas suas salas

de aula. Esses alunos afirmaram que em um ano os alunos com "necessidades

especiais" tinham se tornado mais sociais, mais comunicativos e tinham

reduzido significantemente os comportamentos considerados inapropriados

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para a cooperativa participação na sala de aula regular, como, por exemplo,

balançar o corpo ou as mãos ou fazer sons e ruídos.

Na Perspectiva dos Pais: Davern (1994) entrevistou vinte e um pais de alunos

com profunda e leve deficiência que estavam sendo educados em classes

regulares. Estes pais reportaram que os benefícios da inclusão dos seus filhos

eram visíveis na comunicação e sociabilidade que eles passaram a

demonstrar. Os pais neste estudo também disseram que se sentiram muito

mais encorajados pela escola a participar da educação de seus filhos quando

estes foram incluídos em salas de aulas regulares. Em um outro estudo

desenvolvido por Ryndack e seus colegas (1995) entrevistas com treze pais de

alunos com profunda física-motora e mental deficiências educados em classes

regulares, indicaram que estes alunos desenvolveram habilidades sociais,

acadêmicas e comunicativas, como também um senso de auto-aceitação e

autovalorização.

5.3- Os benefícios da inclusão para os alunos sem Necessidades

especiais

Na Perspectiva do Professor: York (1992) entrevistas com professores sobre

os benefícios de inclusão para os alunos sem "necessidades especiais"

concluíram que esses alunos tornaram-se mais sensíveis às questões de

discriminações que acontecem no cotidiano e muito mais críticos sobre as

formas de estereótipos produzidas socialmente. Os 19 professores

entrevistados por Giangreco e seus colegas (1993) afirmaram que os

estudantes sem "necessidades especiais" desenvolveram habilidades de

aceitação e flexibilidade que são consideravelmente importantes para a vida

em sociedade democrática. Downing (1996) entrevistando professores sobre

esta questão confirmou os achados dos estudos anteriores e também

acrescentou que os professores perceberam que os alunos sem "necessidades

especiais” educados em conjunto com alunos com "necessidades especiais"

desenvolveram uma habilidade maior para liderança e cooperação.

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Na Perspectiva do Aluno: Helmstetter, Peck e Giangreco (1994) fizeram uma

Pesquisa envolvendo 166 alunos do segundo grau nas escolas Americanas

dos Estados Unidos para saberem o que eles tinham a dizer sobre ter colegas

com profunda física mototra ou mental deficiência em salas de aula. Os

resultados destas pesquisas apontaram para a mudança de atitude destes

jovens em relação às pessoas pela contribuição que elas tem a dar, passaram

a ser mais tolerantes com existência de “diferenças”, e passaram a valorizar a

diversidade da condição de ser humano. Staub (1994) estudou por três anos o

desenvolvimento de uma amizade entre quatro alunos com Syndrome de Down

e Autismo e quatro alunos sem deficiências. Este estudo demonstrou que só foi

possível a criação destes laços afetivos de amizade entre indivíduos com o

sem deficiências porque estes foram incluídos em um processo ativo e

cooperativo de aprendizagem.

Na Perspectiva dos Pais: Peck, Carlson e Helmstter (1992) pesquisaram a

visão dos pais de 125 crianças na pré-escola consideradas sem deficiências

que tinham colegas na sala de aula com profunda física-motora ou mental

deficiências, os resultados destas pesquisas indicaram que os pais destas

crianças aprovaram entusiasmadamente a proposta de inclusão, pois eles

observaram as seguintes mudanças nos seus filhos:

• Mais aceitação em relação a diferenças individuais;

• As crianças se tornaram mais conscientes a respeito das necessidades

dos outros;

• As crianças se tornaram mais confortáveis na presença de pessoas que

usam cadeiras de rodas, aparelhos de surdez, braile, ou outro qualquer

necessário instrumento que facilite a participação destas crianças nas

atividades de sala de aula;

• Estas crianças se mostraram mais voluntárias em ajudar os outros;

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• Estas crianças desenvolveram uma postura crítica contra preconceitos

às pessoas com deficiência.

Todos estes estudos nos mostram que inclusão é possível e que

inclusão aumenta as possibilidades dos indivíduos identificados com

necessidades especiais de estabelecer significativos laços de amizade, de

desenvolverem-se físico e cognitivamente e de serem membros ativos na

construção de conhecimentos. Portanto, a pergunta inicial deste texto - "Por

que Inclusão?" - pode ser respondida simplesmente desta forma: "Porque

inclusão funciona”.O principal ponto da pedagogia de inclusão é que todas os

indivíduos podem aprender uma vez que nós professores identificamos o quê

estes indivíduos sabem, planejamos em torno deste prévio conhecimento,

e conhecemos o estilo de aprender e as necessidades individuais dos

nossos alunos. Todos os alunos podem se beneficiar das metodologias de

inclusão, e podem descobrir juntos que existem diferentes ingredientes para

diferentes bolos. Escolas devem se tornar um lugar de aprendizagem para

todos. Nós não podemos nos dar ao luxo de criar currículos e programas

educacionais que somente favorecem uma parcela privilegiada da sociedade,

seja em termos econômicos ou em termos de habilidades físicas e cognitivas.

Nós precisamos ter currículos e programas que proporcionem uma educação

de qualidade para todos. Aos educadores devem ser dados os instrumentos

necessários para que eles possam ver a todos os alunos, incluindo os alunos

com deficiência, com um potencial ilimitado de aprender.

5.4 - Inclusão Escolar

Atualmente a inclusão é considerada para os alunos com necessidade

educacionais especiais. Com certeza é certo procurar incluir todos os alunos no

ensino regular, no entanto, é preciso viabilizar e suprir algumas necessidades e

em alguns casos avaliar qual o melhor atendimento para esse aluno.

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A inclusão significa educação gratuita e apropriada, em ambientes sem

restrições, com crianças da mesma idade.As classes especiais ou algum outro

tipo de escolarização separada devem ocorrer apenas em casos em que as

limitações ou severidade impossibilitem ou que possa surtir melhores efeitos

que a classe comum (Brasil, 1998).

Os pais deveriam ter direito de escolher o mais adequado para seu filho,

mas para isso é preciso esclarecimentos e opções para os mesmos.

Infelizmente no Brasil de cada grupo de 100 alunos que ingressam na 1ª série

do Ensino Fundamental 59 alunos, conseguem terminar a 8ª série e os outros

41 alunos, param de estudar no meio do caminho. Para aqueles que entraram

no ensino médio, a expectativa de conclusão é maior: 74% conseguem

terminá-lo (Kuno & Gouvêa, 2001).Muitos desses alunos que ingressam na

escola e não terminam são crianças consideradas com necessidades

educacionais especiais, mais especificamente os alunos com dificuldade de

aprendizagem, muitos deles encaminhados a salas especiais e ficando nelas

por vários anos sem nenhuma melhora, até sua desistência do aprender

abandonando a escola.

É preciso pensar na Educação Brasileira como algo sério, precisam ser

tomadas decisões na procura de soluções para diminuir o número de alunos

que não conseguem alfabetizar-se e deixarem de ser excluídos do ensino

regular. Assim como os indivíduos com necessidades especiais, que precisam

ser incluídos na educação regular e participarem dessa inclusão.

Apesar de a integração de crianças portadoras de deficiência na rede

regular de ensino ser um direito garantido pela Constituição Federal, para que

ela realmente se efetive é necessário que a comunidade escolar se disponha a

aceitá-la. Esse processo, portanto, não pode ser algo imposto de cima para

baixo, mas deve começar pela atuação dos dirigentes e professores que, como

líderes, devem tornar-se agentes modificadores da situação atual de

segregação desses alunos.

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CAPÍTULO VI

PREVENÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL

Quando repetimos o dito popular "é melhor prevenir do que remediar",

não o fazemos à toa. A prevenção pode evitar o surgimento de determinadas

deficiências, síndromes ou enfermidades, ou, ao menos, minimizar suas

conseqüências.

É tarefa vital da Educação Especial informar sobre a prevenção e

encaminhar as pessoas necessitadas aos órgãos competentes, para que

tenham os devidos atendimentos no âmbito social e da saúde.

Quanto mais trabalharmos na prevenção, menos precisaremos atuar no

aspecto curativo. Por exemplo, uma gestante que tenha acompanhamento pré-

natal, provavelmente, terá, assim como a criança que nascerá, melhores

condições de vida antes, durante e até depois do parto. Embora o

acompanhamento pré-natal não impeça totalmente o surgimento de

determinados problemas, certamente, contribuirá bastante para a melhoria das

condições pré e pós-natais tanto para a mãe como para a criança.

6.1 – A Prevenção das Deficiências e a Busca de Melhoras para Amenizar

a Deficiência Adquirida

Quando pensamos em pessoas com necessidades especiais fica claro

que é preciso discutir terminologia, instrução, formação, atendimento e infra-

estrutura para que a deficiência não impeça o indivíduo de viver em todos os

aspectos de uma maneira confortável e prática.

No entanto, é preciso primeiro investir na promoção da saúde para

prevenir que possíveis deficiências ocorram, pois muitas são geradas por

problemas que podem ser evitados. Muitos fatores podem facilitar a prevenção

da deficiência, entre eles estão:

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• Saneamento básico e educação sanitária, isso pode evitar diversas

doenças que causam danos irreversíveis ou mesmo a morte.

• Proteção contra-acidentes, muitos destes podem e devem ser evitados

com orientações e materiais adequados de proteção. Como exemplo, podemos

citar o caso dos protetores auriculares, que devem ser utilizados nas industrias

onde o nível de ruído está acima do nível permitido, afetando a audição dos

operários. Os danos mais freqüentemente causados por acidentes no trabalho

são deficiência física e surdez;

• Evitar doenças contagiosas através de vacinação, orientação e

divulgação;

• Tratar da cura das doenças o mais cedo possível, buscando-se

diagnósticos precoces, podendo assim evitar conseqüências irreversíveis;

• Exames realizados no nascimento dos bebês podem servir para a

descoberta de alguma anormalidade com necessidade de tratamento, a qual

descoberta a tempo e tratada pode evitar uma futura deficiência. Como por

exemplo, o teste do "pezinho", ou testes que podem diagnosticar uma futura

surdez ou cegueira. Mas é preciso que todos tenham direitos a esses exames e

que haja uma orientação e principalmente informação para que todos, além do

acesso, estejam cientes que é preciso realizá-los.

A orientação aos pais sobre o pré-natal e os cuidados básicos que

devem ter com o bebê pode evitar que ele se torne um futuro portador de

alguma deficiência. É necessário investir primeiro nos aspectos que podem

evitar a deficiência. Alertar para os cuidados, precauções e principalmente

informações à população.

No entanto, esses fatores e a falta de informação para a população são

falhos, mas estão melhorando. A vacinação e alguns testes têm evitado

deficiências antes comuns. Uma vitória alcançada é a erradicação da

poliomielite, graças a grandes campanhas de informação e o esforço das

autoridades.

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Nem toda deficiência pode ser prevenida e evitada. Mas podemos

diminuir o número de casos com vacinas, cuidados e precauções.

6.2 - Melhoras Possíveis para Amenizar a Deficiência

Quando a deficiência existe e não há mais nada a fazer para solucionar

o problema do indivíduo, é preciso então buscar alternativas para amenizá-la.

Muito se pode fazer para bebês e crianças que têm algum tipo de deficiência,

para que possa ter alternativas de melhora no desenvolvimento físico e

intelectual.

Os esclarecimentos aos pais da deficiência que seu filho possuí, e o que

eles podem fazer é muito importante. Em alguns casos, onde os pais sentem-

se incapazes ou perdidos é preciso oferecer apoio, isso pode ser fundamental

para conseguir que eles aceitem e entenda a deficiência, para poder trabalhar

melhor com seus filhos.

No caso dos adultos que adquirem alguma deficiência, o treinamento e a

reeducação são necessários para possibilitar a máxima utilização das

capacidades restantes, ensinando-os a alcançar os melhores resultados.

A intervenção precoce pode ajudar o desenvolvimento dos bebês. A

fisioterapia, a linguagem e a estimulação podem ser trabalhadas com

profissionais e também com os pais que devem ser orientados no que for

preciso.

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CONCLUSÃO

Com essa pesquisa buscamos analisar a atuação da Orientadora

Educacional, apresentando suas dificuldades e planejamentos para efetivação

do mesmo, e que através de projetos prioriza a participação dos portadores de

necessidades educativas especiais da rede pública junto à sociedade,

proporcionando a eles o pleno exercício da cidadania.

Acreditamos, que a necessidade de atenção, reformas, materiais

didáticos e professores especializados que são dispensados para qualquer

escola de ensino regular, não deve ser diferente, principalmente, para aquelas

que formam cidadãos portadores de necessidades educacionais especiais

visando sua plena independência em relação a sua vida na sociedade.

Com isso, a partir de leituras e análises, ressaltamos que hoje, frente a

um novo paradigma educativo, a escola deve ser definida como uma instituição

social, que tem por obrigação atender todas as crianças sem exceção e ser

aberta, pluralista, democrática e de qualidade.

Portanto, deve manter suas portas abertas a todos, conter em seus

projetos educativos a idéia da unidade na diversidade, promovendo

desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo, moral e social do aluno com

necessidades especiais ou não. E ao mesmo tempo facilitar-lhes a integração

na sociedade. Mas, para que isto aconteça, é importante que eles sejam vistos

como sujeitos eficientes, capazes, produtivos e principalmente aptos a

aprender.

Educação Especial é muito mais do que escola especial. Como tal, sua

prática não precisa (nem deve) estar limitada a um sistema paralelo de

educação, e sim fazer parte da educação como um todo, acontecendo nas

escolas regulares e constituindo-se em mais um sinal de qualidade em

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Educação, quando oferecida a qualquer aluno que dela necessite, por

quaisquer que sejam os motivos (internos ou externos do indivíduo).

Faz-se necessário então oferecer a Orientadora Educacional e aos

demais profissionais de educação, subsídios que possam se tornar

instrumentos teóricos e práticos, permitindo-lhes tanto uma reflexão sobre o

redesenho da escola de acordo com esse novo paradigma, como um melhor

desempenho de sua atividade. Este novo desenho da escola implicará na

busca de alternativas para que garanta o acesso e permanência de todas as

crianças.

Cabe, portanto, aos que possuem consciência a este respeito, manter

este estado constante de vigília, para que a luta por um mundo cada vez mais

justo e democrático jamais esmoreça. Mais do que nunca a escola está a exigir

profissionais competentes, para tanto, há que se rever os conteúdos que

fundamentam a formação de professores e especialistas em educação.

A Orientadora Educacional faltaram e ainda faltam muitos conteúdos,

mas acreditamos, hoje mais do que nunca, que a formação de um profissional

é uma construção permanente. O Orientador Educacional precisa estar

preparado para desafios e saber associar à reflexão uma atitude de busca

constante de solução para questões do dia-a-dia da escola e da vida na

sociedade.

A Educação especial vem assumindo, a cada ano, maior importância no

sistema educacional brasileiro, considerando as crescentes exigências de uma

sociedade em processo de renovação e em busca da democracia.

Faz-se necessário, portanto, uma política educacional de qualidade, em

que todos os alunos recebam a ajuda particular requerida por suas

necessidades individuais de aprendizagem.

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Ao longo desta pesquisa, verificou-se a necessidade de se reestruturar

os sistemas de ensino que devem organizar-se para dar respostas às

necessidades educacionais de todos os alunos.

Sabemos que o caminho é longo, mas aos poucos estão surgindo novas

mentalidades cujas conseqüências deverão ser alcançadas pelo esforço de

todos, no reconhecimento dos direitos dos cidadãos. O principal direito refere-

se à conquista da dignidade como seres humanos, como cidadãos.

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FREIRE, Paulo. Pedagogia da Esperança. Um reencontro com a pedagogia do oprimido.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO 09 CAPÍTULO I 11 DEFININDO O TEMA E O PROBLEMA 11 CAPÍTULO II 14 PRINCÍPIO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL 14 CAPÍTULO III 16 EDUCAÇÃO ESPECIAL DIREITO ADQUIRIDO COM AMPARO LEGAL 16 3.1 – O amparo legal que nem sempre é real 16 3.2 – Revelando o que é Educação Especial 19 3.3 – A quem se destina 22 CAPITULO IV 23 PAIS E ORIENTADORA EDUCACIONAL – UMA RELAÇÃO ESPECIAL 23 CAPÍTULO V 26 INCLUSÃO 26 5.1– O que as pesquisas tem a dizer sobre a Inclusão de alunos com Necessidades Especiais nas salas de aula regulares 27 5.2– Os benefícios da inclusão para os alunos com Necessidades Especiais 27 5.3 – Os benefícios da Inclusão para os alunos sem Necessidades Especiais 29 5.4 – Inclusão escolar 31 CAPÍTULO VI 33 PREVENÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL 33 6.1 – A Prevenção das Deficiências e a Busca de Melhoras para amenizar a Deficiência Adquirida 33 6.2 – Melhoras Possíveis para Amenizar a Deficiência 35 CONCLUSÃO 36 BIBLIOGRAFIA 39 ÍNDICE 40

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PROJETO A VEZ DO MESTRE Pós-Graduação “Lato Sensu” Título do livro: Atuação do Orientador Educacional junto aos alunos com

necessidades educacionais especiais

Autor: Elza Carneiro Pereira

Orientador: Diva Nereida

Data da Entrega: 18/06/05

Auto Avaliação: ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Avaliado por: ________________________________________Grau ______________

___________________________________,_________ de ________________de 2005.