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Atuação do Ministério Público na Regularização Fundiária
Daniel Martini, Promotor de Justiça/RS.
Master Direito Ambiental Internacional – CNR – ROMA/ITÁLIA -2008/2009;
Doutorando em Direito Ambiental – Universidade de Roma3/ITÁLIA – 2008/2012
Sociedades antigas: perigos externos...
Sociedade de riscos: decorre das próprias decisões e os riscos gerados pela sofisticação da tecnologia
que, agora, não consegue reagir... (Ulrich BECK)
O direito oferece respostas para todos os problemas?
Quais as possibilidades? E fundamentos?
E a Constituição, .... a que serve?
E o Estado, ... a que serve?
2
As obrigações do Estado...
• O papel do Estado deve ser
compreendido de acordo com o sistema
político adotado....
– Estado Moderno (pós-feudal):
• ABSOLUTISMO
• LIBERALISMO
– ESTADO MÍNIMO
– ESTADO SOCIAL (ESTADO SOCIALISTA)
. NEOLIBERALISMO
. NEOFEUDALISMO
(CAPÍTULO II – Da política urbana) Art. 182 da Constituição Federal
A política de desenvolvimento urbano, executada pelo poder público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.
Ordem Urbanística
Ordem urbanística trata de padrões e regras urbanas definidas em leis e atos regulamentares que visam o uso e ocupação do solo de maneira planejada e ordenada, visando a qualidade de vida sustentável nas cidades.
• LEI No 10.257, DE 10 DE JULHO DE 2001.
• Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal,
estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras
providências.
• Art. 1o Na execução da política urbana, de que tratam os arts. 182 e
183 da Constituição Federal, será aplicado o previsto nesta Lei.
• Parágrafo único. Para todos os efeitos, esta Lei, denominada
Estatuto da Cidade, estabelece normas de ordem pública e
interesse social que regulam o uso da propriedade
urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do
bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio
ambiental.
• Art. 2.º. A política urbana tem por objetivo
ordenar o pleno desenvolvimento das funções
sociais da cidade e da propriedade urbana,
mediante as seguintes diretrizes gerais:
• I – garantia do direito a cidades sustentáveis,
entendido como o direito à terra urbana, à
moradia, ao saneamento ambiental, à infra-
estrutura urbana, ao transporte e aos serviços
públicos, ao trabalho e ao lazer, para as
presentes e futuras gerações [...].
DIREITO À MORADIA
• O Brasil também ratificou os dois instrumentos legais
internacionais da ONU que asseguram o direito à moradia:
• Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948 -
"toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de
assegurar a si e à sua família saúde e bem-estar,
inclusive alimentação, vestuário, moradia, cuidados
médicos e os serviços sociais indispensáveis" (artigo
25);
• Pacto Internacional de Direitos Econômicos e Sociais e
Culturais (Pidesc), adotado em 1966. Os 138 Estados-
Parte desse Pacto reconhecem o direito de toda pessoa
à moradia adequada e comprometem- se a tomar
medidas apropriadas para assegurar a consecução
desse direito.
•
DIREITO À MORADIA
O art. 6º da Constituição Federal estabelece que o direito à
moradia se trata de um direito social.
Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
Alguns problemas da urbanização
Colapso do sistema de transportes
Aumento de processos erosivos
Assoreamentos dos rios
Inundações
Proliferações de habitações subnormais
Ocupação de áreas de proteção ambiental
Violência
“Favelização”
EFETIVIDADE DOS DIREITOS SOCIAIS
• Krell considera que o maior óbice à eficácia social dos
direitos fundamentais sociais não é a falta de normas
que dêem densidade jurídica aos preceitos
constitucionais; a falta de eficácia social dos direitos
sociais está relacionada à não prestação dos serviços
sociais básicos pelo Estado: “[...] o problema certamente
está na formulação, implementação e manutenção das
respectivas políticas públicas e na composição dos
gastos nos orçamentos da União, dos estados e dos
municípios”
• (KRELL, Andréas. Direitos sociais e controle judicial no Brasil e na Alemanha:
os (des)caminhos de um direito constitucional „comparado‟. Porto Alegre: Sergio
Antonio Fabris, 2002, p. 32.)
FUNÇÃO PROJETUAL DA TEORIA DO DIREITO (Ferrajoli – Principia Iuris)
A teoria do direito deve ser construída atendendo ao paradigma constitucional;
Estado Democrático de Direito;
Assim, a proteção aos valores constitucionalmente tutelados devem projetar-se sobre a teoria do direito, a sociologia jurídica, a filosofia jurídica, a economia etc.
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Rio dos Sinos,
01/12/2010
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Assunto: Mortandade de Peixes no Rio do Sinos Solicitante: PROMOTORIA REGIONAL DE MEIO AMBIENTE (Sinos e Gravataí) IC nº 01393.00001/2010 IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELO LANÇAMENTOS DE ESGOTOS E EFLUENTES Avaliação dos Resultados dos 44 pontos amostrados no Sinos e Paranhana (maio/11) Biólogo Jackson Müller
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DADOS ESGOTO BACIA DO SINOS
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Índices de Saneamento
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I – MONITORAMENTO DA ÁGUA BRUTA EM TEMPO REAL DO RIO DOS SINOS
II – FISCALIZAÇÃO INDUSTRIAL/AGRÍCOLA
III – AUDITORIAS AMBIENTAIS
IV – FISCALIZAÇÃO DO CORRETO TRATAMENTO E DESTINAÇÃO DO ESGOTO DOMÉSTICO
V – DOS PLANOS MUNICIPAIS DE SANEAMENTO 19
PACTO PELO SINOS
O Estatuto da Cidade (Lei Federal nº 10.257/01) incluiu a ordem urbanística dentre os direitos coletivos e difusos, legitimando a atuação do Ministério Público para efeito de regularização de parcelamentos e ocupações do solo urbano.
A Emenda Constitucional nº 26, de 14 de fevereiro de 2000, incluiu o direito à moradia como direito social fundamental, seguindo as diretrizes traçadas pela convenção da ONU.
O papel do Ministério Público
O Ministério Público é uma instituição permanente que atua na defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos direitos sociais e individuais indisponíveis (art. 127 da CF/88).
Assim, atua na regularização fundiária, não só em defesa do direito social à moradia, mas também porque a ordem urbanística é um direito difuso.
Desta forma, pode instaurar inquérito civil e/ou ajuizar ação civil pública para exigir do responsável (privado ou público) a regularização fundiária.
Lei 7347/85 • Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem
prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade
por danos morais e patrimoniais causados:
• l - ao meio-ambiente;
• ll - ao consumidor;
• III – a bens e direitos de valor artístico, estético,
histórico, turístico e paisagístico;
• IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo
• VI - à ordem urbanística.
• Art. 4o Poderá ser ajuizada ação cautelar para os fins desta Lei,
objetivando, inclusive, evitar o dano ao meio ambiente, ao
consumidor, à ordem urbanística ou aos bens e direitos de valor
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (VETADO).
(Redação dada pela Lei nº 10.257, de 10.7.2001)
Uma visão holística
Artigo 46 da Lei nº 11.977/2009, estabelece o conceito de regularização fundiária:
A regularização fundiária consiste no conjunto de
medidas jurídicas, urbanísticas, ambientais e sociais que visam à regularização de assentamentos irregulares e à titulação de seus ocupantes, de modo a garantir o direito social à moradia, o pleno desenvolvimento das funções sociais da propriedade urbana e o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.
Regularização Fundiária
Regularização fundiária faz parte do direito social, sua
efetividade necessita de uma política pública governamental permanente, com regularização jurídica, física e social.
Objetiva a permanência das populações moradoras de áreas
urbanas ocupadas para fins de habitação, que se encontram em desconformidade estabelecidas na lei, visa a melhoria do ambiente urbano, a qualidade de vida e a democratização social.
Clandestinos
• Executados ou vendidos sem aprovação do projeto pela prefeitura
Irregulares
• Projetos aprovados pela Prefeitura, cuja execução ou o registro no cartório imobiliário está em situação irregular.
Regularização fundiária e Ordem urbanística: Atuação do Ministério Público
Proteção do consumidor adquirente de lotes irregulares;
Assentamentos ou ocupações em áreas de risco (abrangendo áreas de risco de inundação, de deslizamento, ou desmoronamento, em terrenos aterrados com material nocivo à saúde, ou em APP); CONTAMINADAS
Proteção de áreas públicas (ocupação clandestina de bens públicos);
Fechamento de vias públicas (quer por iniciativa de particular ou do Poder Público);
Construção irregular ou contrária à legislação urbanística - Lei de Uso e Ocupação
do Solo, Lei de Zoneamento, Plano Diretor;
Alterações legislativas pontuais ou desprovidas de prévio estudo técnico nas leis urbanísticas - Lei de Uso e Ocupação do Solo, Lei de Zoneamento ou Plano Diretor;
Fiscalização do Plano Diretor, com observância das diretrizes da Lei nº. 10.257/01
Objetivos da regularização fundiária
evitar lesão aos padrões de desenvolvimento urbano;
defesa dos direitos dos adquirentes de lotes;
adequar os assentamentos ilegais ao modelo legal ou ao ideal de cidade sustentável;
contribuir para corrigir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente (art. 2º, IV).
Zelar pela PROTEÇÃO, PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DO MEIO AMBIENTE NATURAL E CONSTRUÍDO, do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico (art. 2o., inciso XII)
ASPECTOS A
CONSIDERAR
Administrativo e
Fiscal
Regulamentar
Fundiária Urbanística
Ambiental
Social
Organizacional Comunitário
Multi e
Interdisciplinares
• Fundiário: Engloba a pesquisa de documentos de
existência da gleba, cadeia sucessória, plantas e
cadastros existentes, a fim de possibilitar a titulação da
terra.
Urbanístico: Concernente à provisão de infraestrutura e
implementação de equipamentos comunitários e de
lazer, regulamentando as interfaces entre as relações
sociais e as formas de ocupação urbana.
Ambiental: Relativo às ações e programas preventivos
e compensatórios para o meio ambiente.
Regulamentar: Relativo às certidões e averbações dos
imóveis em cartórios.
• Administrativo e Fiscal: Concernente à inclusão das
áreas regularizadas nos cadastros imobiliários e no
planejamento municipal, promovendo, assim, suas
atualizações para projetos urbanos da cidade, bem
como para fins tributários.
Organizacional Comunitário: Relativo à realização de
campanhas elucidativas e de envolvimento da
população no processo de regularização, com a
participação dos moradores na manutenção das
melhorias de infraestrutura e no controle urbano da
área.
Social: Relativo à Promoção Humana, como a geração
de renda, capaz de fixar os ocupantes na terra.
ASPECTOS AMBIENTAIS
• Salubridade do meio
• Licenciamento ambiental
• APPs – Novo Código Florestal – faixa não
edificável
• ÁREAS VERDES E INSTITUCIONAIS
(possibilidade de desafetação)
LICENCIAMENTO AMBIENTAL DOS
LOTEAMENTOS
• (Lei 6938/81)- Art. 10. A construção,
instalação, ampliação e funcionamento de
estabelecimentos e atividades utilizadores
de recursos ambientais, efetiva ou
potencialmente poluidores ou capazes,
sob qualquer forma, de causar
degradação ambiental dependerão de
prévio licenciamento ambiental. (Redação
dada pela Lei Complementar nº 140, de
2011)
LICENCIAMENTO AMBIENTAL DOS
LOTEAMENTOS
• (CONAMA 237) Art. 8º - O Poder Público, no exercício de sua
competência de controle, expedirá as seguintes licenças:
• I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do
empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a
viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a
serem atendidos nas próximas fases de sua implementação;
• II - Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou atividade
de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos
aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da
qual constituem motivo determinante;
• III - Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou
empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das
licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes
determinados para a operação.
• Parágrafo único - As licenças ambientais poderão ser expedidas isolada ou
sucessivamente, de acordo com a natureza, características e fase do
empreendimento ou atividade.
LICENCIAMENTO AMBIENTAL DOS
LOTEAMENTOS
• (CONAMA 237)
• ANEXO 1
• ATIVIDADES OU EMPREENDIMENTOS
SUJEITAS AO LICENCIAMENTO AMBIENTAL
• Atividades diversas
• - parcelamento do solo
LICENCIAMENTO AMBIENTAL DOS
LOTEAMENTOS
• (Lei Complementar 140/2011) • Art. 9o São ações administrativas dos Municípios:
• XIV - observadas as atribuições dos demais entes
federativos previstas nesta Lei Complementar, promover
o licenciamento ambiental das atividades ou
empreendimentos:
• a) que causem ou possam causar impacto ambiental de
âmbito local, conforme tipologia definida pelos
respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente,
considerados os critérios de porte, potencial poluidor e
natureza da atividade;
LICENCIAMENTO AMBIENTAL DOS
LOTEAMENTOS
LICENCIAMENTO AMBIENTAL DOS
LOTEAMENTOS
LICENCIAMENTO AMBIENTAL DOS
LOTEAMENTOS
• a) a licença prévia deverá observar a compatibilidade da área
escolhida pelo loteador com a legislação municipal de uso e
ocupação do solo;
• b) a licença de instalação deverá avaliar o projeto em si,
considerando os recursos ambientais existentes na área, tais como
cursos d’água, áreas inclinadas etc. e, por conseguinte, as áreas
definidas como de preservação permanente, aprovando ou não a
localização de lotes e ruas, de forma a prevenir danos ambientais;
• c) a expedição da licença de operação, ao fim, pois, apresenta-
se controvertida em matéria de parcelamento do solo urbano,
entendendo-se necessária somente quando o projeto prever a
construção de estação de tratamento de efluentes, hipótese de
atividade que reclama monitoramento. Caso contrário, a
licença de instalação é a derradeira e definitiva licença a ser
reclamada.
• No corpo do acórdão do TJRS, APC n.º 70003630399, Terceira
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Ari
Azambuja Ramos, Julgado em 11/04/2002, observa-se o seguinte
trecho:
"Referentemente à inconformidade do Município pela condenação
em providenciar a licença prévia de instalação, com estudo de
impacto ambiental, fornecida pela FEPAM, também não merece
provimento, haja vista a correção dos argumentos expendidos na
sentença : '...Já em relação à licença de operação fornecida pela
Fepam e estudo técnico de impacto ambiental, convém ressaltar
que se faz necessária ao menos a expedição de “Licença Prévia de
Instalação”, que é a necessária para parcelamento do solo que
tratam seus esgotos por sistema individual ou são lançados na rede
pública coletora de esgoto. Pois a Fepam só expede 'Licença de
Operação', para parcelamentos de solo quando os esgotos são
tratados por sistema coletivo, ou seja, possua estação de
tratamento de esgotos própria, o que não é o caso dos autos.'"
LICENCIAMENTO AMBIENTAL DOS
LOTEAMENTOS
• Na regularização (Lei 11977/2009):
• Art. 53. A regularização fundiária de interesse social depende da
análise e da aprovação pelo Município do projeto de que trata o art.
51.
• Parágrafo único. A aprovação municipal prevista no caput
corresponde ao licenciamento ambiental e urbanístico do projeto
de regularização fundiária de interesse social, desde que o
Município tenha conselho de meio ambiente e órgão ambiental
capacitado.
• § 1º A aprovação municipal prevista no caput corresponde ao
licenciamento urbanístico do projeto de regularização fundiária de
interesse social, bem como ao licenciamento ambiental, se o
Município tiver conselho de meio ambiente e órgão ambiental
capacitado. (Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011)
LICENCIAMENTO AMBIENTAL DOS
LOTEAMENTOS
• Na regularização (Lei 11977/2009):
• Art. 61. A regularização fundiária de interesse específico depende
da análise e da aprovação do projeto de que trata o art. 51 pela
autoridade licenciadora, bem como da emissão das respectivas
licenças urbanística e ambiental.
• § 1o O projeto de que trata o caput deverá observar as restrições à
ocupação de Áreas de Preservação Permanente e demais
disposições previstas na legislação ambiental.
• § 2o A autoridade licenciadora poderá exigir contrapartida e
compensações urbanísticas e ambientais, na forma da legislação
vigente.
LICENCIAMENTO AMBIENTAL DOS
LOTEAMENTOS
• Na regularização pelo More Legal:
• Novas obras: exige-se
• Regularização da situação consolidada: não se exige
APP e faixas não edificáveis
• Lei 6766/79- Art. 4º - III - ao longo das
águas correntes e dormentes e das faixas
de domínio público das rodovias e
ferrovias, será obrigatória a reserva de
uma faixa não-edificável de 15 (quinze)
metros de cada lado, salvo maiores
exigências da legislação específica;
(Redação dada pela Lei nº 10.932, de
2004)
Lei Federal nº 12.651/2012 – Novo Código Florestal
• Área de Preservação Permanente - APP:
• (art. 3º, II) área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas;
Lei Federal nº 12.651/2012 – Novo Código Florestal
Art. 4º Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei:
I – as faixas marginais de qualquer curso d’água natural, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de:
a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura;
b) 50 c) 100 d) 200 e) 500
Lei Federal nº 12.651/2012 – Novo Código Florestal
§10. No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, observar-se-á o disposto nos respectivos Planos Diretores e Leis Municipais de Uso do Solo, sem prejuízo do disposto nos incisos do caput. (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012).
• Assim, para novos empreendimentos,
observar a APP integral prevista no
Código Florestal e as faixas não eficáveis
(margens de rodovias, ferrovias etc).
• Não há incompatibilidade entre APP e
faixa não edificável.
• Mas, e na regularização de
empreendimentos consolidados?
Nas APP’s não se permitia qualquer tipo de supressão de vegetação ou utilização econômica direta.
Exceção:
o Art. 4º- A supressão de vegetação em área de preservação permanente somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública (Art. 1º, §2º, IV) ou de interesse social (Art. 1º, §2º, V), devidamente caracterizados e motivados em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto.
Supressão e utilização de APP na Lei nº 4771 :
Art. 8º A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de Preservação Permanente somente ocorrerá nas hipóteses de utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto ambiental previstas nesta Lei.
§ 1º A supressão de vegetação nativa protetora de nascentes, dunas e restingas somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública.
§ 2º A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de Preservação Permanente de que tratam os incisos VI e VII do caput do art. 4º poderá ser autorizada, excepcionalmente, em locais onde a função ecológica do manguezal esteja comprometida, para execução de obras habitacionais e de urbanização, inseridas em projetos de regularização fundiária de interesse social, em áreas urbanas consolidadas ocupadas por população de baixa renda.
§ 3º É dispensada a autorização do órgão ambiental competente para a execução, em caráter de urgência, de atividades de segurança nacional e obras de interesse da defesa civil destinadas à prevenção e mitigação de acidentes em áreas urbanas.
§ 4º Não haverá, em qualquer hipótese, direito à regularização de futuras intervenções ou supressões de vegetação nativa, além das previstas nesta Lei.
Art. 1º.
IV - utilidade pública:
a) as atividades de segurança nacional e proteção sanitária;
b) as obras essenciais de infra-estrutura destinadas aos serviços públicos de transporte, saneamento e energia; e
b) as obras essenciais de infraestrutura destinadas aos serviços públicos de transporte, saneamento e energia e aos serviços de telecomunicações e de radiodifusão; (Redação dada pela Lei nº 11.934, de 2009)
c) demais obras, planos, atividades ou projetos previstos em resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA;
Art. 3º
VIII – utilidade pública: a) as atividades de segurança nacional e proteção sanitária;
b) as obras de infraestrutura destinadas às concessões e aos serviços públicos de transporte, sistema viário, inclusive aquele necessário aos parcelamentos de solo urbano aprovados pelos Municípios, saneamento, gestão de resíduos, energia, telecomunicações, radiodifusão, instalações necessárias à realização de competições esportivas estaduais, nacionais ou internacionais, bem como mineração, exceto, neste último caso, a extração de areia, argila, saibro e cascalho;
c) atividades e obras de defesa civil;
d) atividades que comprovadamente proporcionem melhorias na proteção das funções ambientais referidas no inciso II deste artigo;
e) outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto, definidas em ato do Chefe do Poder Executivo federal;
Art. 1º .
V - interesse social:
a) as atividades imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação nativa, tais como: prevenção, combate e controle do fogo, controle da erosão, erradicação de invasoras e proteção de plantios com espécies nativas, conforme resolução do CONAMA;
b) as atividades de manejo agroflorestal sustentável praticadas na pequena propriedade ou posse rural familiar, que não descaracterizem a cobertura vegetal e não prejudiquem a função ambiental da área; e
c) demais obras, planos, atividades ou projetos definidos em resolução do CONAMA.
Art. 3º.
IX – interesse social: a) as atividades imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação nativa, tais como prevenção, combate e controle do fogo, controle da erosão, erradicação de invasoras e proteção de plantios com espécies nativas;
b) a exploração agroflorestal sustentável praticada na pequena propriedade ou posse rural familiar ou por povos e comunidades tradicionais, desde que não descaracterize a cobertura vegetal existente e não prejudique a função ambiental da área;
c) a implantação de infraestrutura pública destinada a esportes, lazer e atividades educacionais e culturais ao ar livre em áreas urbanas e rurais consolidadas, observadas as condições estabelecidas nesta Lei;
d) a regularização fundiária de assentamentos humanos ocupados predominantemente por população de baixa renda em áreas urbanas consolidadas, observadas as condições estabelecidas na Lei nº 11.977, de 7 de julho de 2009;
e) implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e de efluentes tratados para projetos cujos recursos hídricos são partes integrantes e essenciais da atividade;
f) as atividades de pesquisa e extração de areia, argila, saibro e cascalho, outorgadas pela autoridade competente;
g) outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional à atividade proposta, definidas em ato do Chefe do Poder Executivo federal;
Reg. Interesse social - 11977 • Art. 47, VII – regularização fundiária de interesse social:
regularização fundiária de assentamentos irregulares ocupados,
predominantemente, por população de baixa renda, nos casos:
• a) em que a área esteja ocupada, de forma mansa e pacífica, há, pelo menos, 5
(cinco) anos; (Redação dada pela Lei nº 12.424, de 2011)
• b) de imóveis situados em ZEIS; ou
• c) de áreas da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios declaradas
de interesse para implantação de projetos de regularização fundiária de interesse
social;
• Art. 54.
• § 1o O Município poderá, por decisão motivada, admitir a regularização
fundiária de interesse social em Áreas de Preservação Permanente,
ocupadas até 31 de dezembro de 2007 e inseridas em área urbana
consolidada, desde que estudo técnico comprove que esta intervenção
implica a melhoria das condições ambientais em relação à situação de
ocupação irregular anterior.
Reg. Interesse Social - 12651
• Art. 64. Na regularização fundiária de interesse social
dos assentamentos inseridos em área urbana de
ocupação consolidada e que ocupam Áreas de
Preservação Permanente, a regularização ambiental
será admitida por meio da aprovação do projeto de
regularização fundiária, na forma da Lei no 11.977, de 7
de julho de 2009.
• § 1o O projeto de regularização fundiária de interesse
social deverá incluir estudo técnico que demonstre a
melhoria das condições ambientais em relação à
situação anterior com a adoção das medidas nele
preconizadas
Reg. Interesse específico - 11977
• Art. 47, VIII – regularização fundiária de interesse específico:
regularização fundiária quando não caracterizado o interesse
social nos termos do inciso VII.
• Art. 61. A regularização fundiária de interesse específico
depende da análise e da aprovação do projeto de que
trata o art. 51 pela autoridade licenciadora, bem como
da emissão das respectivas licenças urbanística e
ambiental.
• § 1o O projeto de que trata o caput deverá observar as
restrições à ocupação de Áreas de Preservação
Permanente e demais disposições previstas na
legislação ambiental.
Reg. Interesse específico - 12651
• Art. 65. Na regularização fundiária de interesse
específico dos assentamentos inseridos em área urbana
consolidada e que ocupam Áreas de Preservação
Permanente não identificadas como áreas de risco, a
regularização ambiental será admitida por meio da
aprovação do projeto de regularização fundiária, na
forma da Lei no 11.977, de 7 de julho de 2009.
• § 2o Para fins da regularização ambiental prevista no
caput, ao longo dos rios ou de qualquer curso d’água,
será mantida faixa não edificável com largura mínima de
15 (quinze) metros de cada lado.
Em conclusão
• Reg. Int. Social – regulariza APP
• Reg. Int. Específico
• – não regulariza, apesar do art. 65 da Lei
12651.
• - regulariza, mas não na faixa de 15m (§ 2º).
Art. 4º.
§ 9o Em áreas urbanas, assim entendidas as áreas compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, as faixas marginais de qualquer curso d’água natural que delimitem as áreas da faixa de passagem de inundação terão sua largura determinada pelos respectivos Planos Diretores e Leis de Uso do Solo, ouvidos os Conselhos Estaduais e Municipais de Meio Ambiente, sem prejuízo dos limites estabelecidos pelo inciso I do caput. (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012).
Art. 3º (...)
XXII – faixa de passagem de inundação: área de várzea ou planície de inundação adjacente a cursos d’água que permite o escoamento da enchente;
Áreas da Faixa de Passagem de Inundação – restrição administrativa???
ESPAÇOS LIVRES/USO COMUM
Lei n.º 6.766/76:
Art. 4º: I - as áreas destinadas a sistemas de circulação, a
implantação de equipamento urbano e comunitário, bem como a
espaços livres de uso público, serão proporcionais à densidade de
ocupação prevista pelo plano diretor ou aprovada por lei municipal
para a zona em que se situem.
Art. 17. Os espaços livres de uso comum, as vias e praças, as áreas destinadas a edifícios públicos e outros equipamentos urbanos, constantes do projeto e do memorial descritivo, não poderão ter sua destinação alterada pelo loteador, desde a aprovação do loteamento, salvo as hipóteses de caducidade da licença ou desistência do loteador, sendo, neste caso, observadas as exigências do art. 23 desta Lei.
Lei 11977/2009: Art. 52. Na regularização fundiária de assentamentos
consolidados anteriormente à publicação desta Lei, o Município poderá
autorizar a redução do percentual de áreas destinadas ao uso público e da
área mínima dos lotes definidos na legislação de parcelamento do solo
urbano.
Art. 25. O poder público municipal contará, para o estabelecimento de áreas verdes urbanas, com os seguintes instrumentos:
I - o exercício do direito de preempção para aquisição de remanescentes florestais relevantes, conforme dispõe a Lei no 10.257, de 10 de julho de 2001;
II - a transformação das Reservas Legais em áreas verdes nas expansões urbanas
III - o estabelecimento de exigência de áreas verdes nos loteamentos, empreendimentos comerciais e na implantação de infraestrutura; e
IV - aplicação em áreas verdes de recursos oriundos da compensação ambiental. Art. 42 § 6º Os proprietários localizados nas zonas de amortecimento de Unidades de Conservação de Proteção Integral são elegíveis para receber recursos de compensação ambiental com a finalidade de recuperação e manutenção de áreas prioritárias para a gestão da unidade.
Art. 3º. (...)
XX - área verde urbana: espaços, públicos ou privados, com predomínio de vegetação, preferencialmente nativa, natural ou recuperada, previstos no Plano Diretor, nas Leis de Zoneamento Urbano e Uso do Solo do Município, indisponíveis para construção de moradias, destinados aos propósitos de recreação, lazer, melhoria da qualidade ambiental urbana, proteção dos recursos hídricos, manutenção ou melhoria paisagística, proteção de bens e manifestações culturais;
Do Regime de Proteção das Áreas Verdes Urbanas
• CESSÃO DE USO DOS BENS PÚBLICOS
• Código Civil
• Art. 99. São bens públicos:
• I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e
praças;
• II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço
ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou
municipal, inclusive os de suas autarquias;
• III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de
direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas
entidades.
• ....
• Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são
inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei
determinar.
• Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as
exigências da lei.
CESSÃO DE USO DAS
“ÁREAS DE USO COMUM” • ARMANDO ANTÔNIO LOTTI:
• Dentro de um juízo axiológico apriorístico, pois, há que se entender como
possível a alienação/cessão/concessão de bem público, se previamente
desafetado, e considerada a discricionariedade absoluta do Município
(artigo 30 da Constituição Federal) em tudo o que for o seu peculiar
interesse, no caso, as regras urbanísticas de parcelamento.
• Mas tal princípio não prevalece frente as áreas reservadas de loteamento.
Com efeito, a Lei nº 6.766/79, com as alterações introduzidas pela Lei nº
9.785/99, por sua vez, ao disciplinar a questão do parcelamento do solo
urbano, estabeleceu, no inciso I do artigo 4º, que as áreas institucionais
(sistema de circulação e implantação de equipamentos urbanos e
comunitários) a as áreas livres de uso público (praças e parques), deverão
ser proporcionais à densidade de ocupação prevista no plano diretor ou
aprovada por lei municipal para a zona em que se situem. Cuida-se de
norma geral urbanística, com força vinculante para os Estados-
membros, Distrito Federal e Municípios.
CESSÃO DE USO DAS
“ÁREAS DE USO COMUM” • Lúcia Valle Figueiredo
• “dever do Município o respeito a essa destinação, não
lhe cabendo dar às áreas que, por força da inscrição do
loteamento no Registro de Imóveis, passaram a integrar
o patrimônio municipal qualquer outra utilidade. Não se
insere, pois, na competência discricionária da
Administração resolver qual a melhor finalidade a ser
dada a estas ruas, praças, etc. A destinação já foi
preliminarmente determinada”
• (Disciplina Urbanística da Propriedade, p. 41, Editora
Revista dos Tribunais, 1980).
LEI Nº 12.587, DE 3 DE JANEIRO DE 2012.
Institui as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade
Urbana
• Art. 1o A Política Nacional de Mobilidade Urbana é instrumento da política
de desenvolvimento urbano de que tratam o inciso XX do art. 21 e o art.
182 da Constituição Federal, objetivando a integração entre os diferentes
modos de transporte e a melhoria da acessibilidade e mobilidade das
pessoas e cargas no território do Município.
• Parágrafo único. A Política Nacional a que se refere o caput deve atender
ao previsto no inciso VII do art. 2o e no § 2o do art. 40 da Lei no 10.257, de
10 de julho de 2001 (Estatuto da Cidade).
• Art. 2o A Política Nacional de Mobilidade Urbana tem por objetivo contribuir
para o acesso universal à cidade, o fomento e a concretização das
condições que contribuam para a efetivação dos princípios, objetivos e
diretrizes da política de desenvolvimento urbano, por meio do planejamento
e da gestão democrática do Sistema Nacional de Mobilidade Urbana.
DEFESA DO CONSUMIDOR
• A compra e venda de imóveis em
loteamento é uma relação de consumo,
porquanto o loteador é fornecedor de um
bem imóvel (produto), assumindo o
compromisso expresso de comercializar
lotes adequados à sua destinação:
construção de moradia. Enquanto que o
adquirente é consumidor desse bem, eis
que adquire e utiliza esse "produto" como
destinatário final.
RESPONSABILIDADE CRIMINAL
• Art. 50. Constitui crime contra a Administração Pública.
• I - dar início, de qualquer modo, ou efetuar loteamento ou desmembramento do solo para fins
urbanos, sem autorização do órgão público competente, ou em desacordo com as disposições
desta Lei ou das normas pertinentes do Distrito Federal, Estados e Municipíos;
• II - dar início, de qualquer modo, ou efetuar loteamento ou desmembramento do solo para fins
urbanos sem observância das determinações constantes do ato administrativo de licença;
• III - fazer ou veicular em proposta, contrato, prospecto ou comunicação ao público ou a
interessados, afirmação falsa sobre a legalidade de loteamento ou desmembramento do solo
para fins urbanos, ou ocultar fraudulentamente fato a ele relativo.
• Pena: Reclusão, de 1(um) a 4 (quatro) anos, e multa de 5 (cinco) a 50 (cinqüenta) vezes o maior
salário mínimo vigente no País.
• Parágrafo único - O crime definido neste artigo é qualificado, se cometido.
• I - por meio de venda, promessa de venda, reserva de lote ou quaisquer outros instrumentos que
manifestem a intenção de vender lote em loteamento ou desmembramento não registrado no
Registro de Imóveis competente.
• II - com inexistência de título legítimo de propriedade do imóvel loteado ou desmembrado, ou com
omissão fraudulenta de fato a ele relativo, se o fato não constituir crime mais grave.
• II - com inexistência de título legítimo de propriedade do imóvel loteado ou desmembrado,
ressalvado o disposto no art. 18, §§ 4o e 5o, desta Lei, ou com omissão fraudulenta de fato a ele
relativo, se o fato não constituir crime mais grave. (Redação dada pela Lei nº 9.785, de 1999)
• Pena: Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa de 10 (dez) a 100 (cem) vezes o maior
salário mínimo vigente no País.
RESPONSABILIDADE CRIMINAL
• TJ/RS - APELAÇÃO. CRIME DE PARCELAMENTO DO SOLO
URBANO. ART. 50, INCISO I, DA LEI Nº 6.766/79. VENDA DE
VÁRIOS LOTES. CRIME ÚNICO. Recurso apresenta o
argumento de que o acusado já foi denunciado e condenado,
pela prática do mesmo delito. O crime tipificado no art. 50,
inciso I, da Lei n.º 6.766/79, consiste em dar início ou efetuar
loteamento de forma irregular. Trata-se de um único crime, a
menos que seja mais de um loteamento distintos. Equivocado
pensar que o crime de loteamento irregular se consuma com a
venda de cada lote. Essa modalidade delituosa tem como
agente passivo, a administração pública, e se consuma quando
é dado início ou efetuado o loteamento. Dado provimento ao
recurso.
RESPONSABILIDADE DO MUNICÍPIO
• Art. 40. A Prefeitura Municipal, ou o Distrito
Federal quando for o caso, se desatendida pelo
loteador a notificação, poderá regularizar
loteamento ou desmembramento não autorizado
ou executado sem observância das
determinações do ato administrativo de licença,
para evitar lesão aos seus padrões de
desenvolvimento urbano e na defesa dos
direitos dos adquirentes de lotes.
RESPONSABILIDADE DO MUNICÍPIO
• TJ/RS - APELAÇÃO CIVEL- Nº 70047491105- AÇÃO CIVIL
PÚBLICA LOTEAMENTO IRREGULAR- PROVA CARREADA
AOS AUTOS. RESPONSABILIDADE DO MUNICÍPIO E DO
INSTITUIDOR- Conforme revela a prova carreada aos autos, a co-
réu instituiu parcelamento do solo urbano, sem as medidas
jurídicas, urbanísticas e sociais previstas na Lei n. 6.810/2007 do
Município de Santa Vitória do Palmar, e, registro junto a
Administração Municipal, devendo regularizá-lo, nos termos da Lei
n. 6.766/79. Compete ao Município promover o adequado
ordenamento territorial, mediante o controle do uso e parcelamento
do solo urbano, por isso, tem o dever de regularizar o loteamento
irregular (art. 40 da Lei n. 6.766/79), caso não seja
providenciado pelo instituidor. Apelação desprovida.
RESPONSABILIDADE DO MUNICÍPIO
• ATENÇÃO!!!!!
• STJ – REsp 859.905 - RS (2006/0124817-0) – MUNICÍPIO. LOTEAMENTO.
OBRAS DE INFRAESTRUTURA. ART. 40 DA LEI N.º 6.766/79. FACULDADE DE
PROMOVER A REALIZAÇÃO DE OBRAS DE INFRAESTRUTURA EM
LOTEAMENTO, SOB SEU CRITÉRIO DE CONVENIÊNCIA E OPORTUNIDADE.
Recurso especial não conhecido.
• OBSERVAÇÃO:
• Esta ementa merece atenção especial na medida em que já está sendo utilizada por
Juízes de primeiro grau como exemplo de posicionamento do STJ acerca da
responsabilidade do Município pelas obras de infraestrutura de loteamentos. A
análise do inteiro teor do acórdão demonstra que sua ementa não condiz com os
votos proferidos no julgamento do REsp 859.905 - RS (2006/0124817-0), de
modo que apenas um julgador se posicionou pela interpretação de que o artigo 40 da
Lei 6.766/79 consiste em faculdade do Município. Há dois votos expressos no
sentido de que o artigo 40 da Lei 6.766/79 prevê um poder-dever do ente municipal,
mantendo a linha jurisprudencial até então estabelecida pelo STJ.
• REEXAME NECESSÁRIO. AÇÃO CIVIL
PÚBLICA. LOTEAMENTO IRREGULAR.
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA ENTRE O
LOTEADOR E O MUNICÍPIO. SENTENÇA
MANTIDA. São solidariamente responsáveis
pelo correto parcelamento do solo urbano, tanto
o loteador, quanto o Município, acaso
descumprida a notificação pelo loteador.
Sentença mantida em reexame necessário.”
(Reexame Necessário N.º 70018523522,
Décima Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça
do RS, Relator: Guinther Spode, Julgado em
17/04/2007)
COMO PROVOCAR A ATUAÇÃO DO
MINISTÉRIO PÚBLICO ?
DE QUAIS INSTRUMENTOS O
MINISTÉRIO PÚBLICO DISPÕE?
Lei 7347/85
• Art. 6º Qualquer pessoa poderá e o servidor
público deverá provocar a iniciativa do Ministério
Público, ministrando-lhe informações sobre
fatos que constituam objeto da ação civil e
indicando-lhe os elementos de convicção.
• Art. 7º Se, no exercício de suas funções, os
juízes e tribunais tiverem conhecimento de fatos
que possam ensejar a propositura da ação civil,
remeterão peças ao Ministério Público para as
providências cabíveis.
Representação ao MP - requisitos:
• a) indicação aproximada do local - quanto mais
detalhado melhor - endereço, coordenadas
geográficas, fotografias, referências (perto de tal
ponte, de tal bar, de tal prédio, etc. )
• b) descrição sucinta do dano potencial ou iminente;
• c) indicação (se possível) do responsável ou dos
responsáveis pelo dano potencial ou iminente;
• d) evitar inserir numa mesma representação
diversas situações distintas
• e) poderá ser feita por escrito e entregue na
promotoria, por e-mail ou pessoalmente,
quando será reduzida a termo (evitar fazer a
mão)
• f) Aceitam-se denúncias anônimas mas a
motivação do anonimato deverá declinada .
• h) Se houver repercussão penal da conduta e
o autor da representação tiver ciência da
existência do tipo penal, pode tb indicar na
representação .
Requisitos da representação:
• Exame do documento: • Sem fundamento: autua como PI, indefere a
abertura de IC e arquiva.
• Sem informações suficientes: instaura PI, instrui
e, se for o caso, converte em IC, ajuiza ACP,
arquiva ou firma TAC.
• Com informações: instaura IC.
• Com informações completas (raro): pode propor
ACP direto, sem instaurar IC.
PEÇAS DE INFORMAÇÃO:
Constituída por documentos que poderão ser alvo de apuração
através de inquérito civil, mas que não permitem a adequada identificação
do investigado ou do objeto da investigação.
CRITÉRIO COMPARATIVO ENTRE IC / PI
ITEM PI IC
Portaria Não Sim
Registro Sim Sim
Arquiv. CSMP Sim Sim
Ciência arq. Sim Sim
Prazo término 90 (CNMP) 1 ano (art. 9º CNMP) 6
meses (MPRS)
83
Art. 10 O Órgão de Execução, de posse de informações
que possam autorizar a tutela dos interesses ou direitos
mencionados no art. 1º deste Provimento, poderá, a seu
critério e antes de instaurar o inquérito civil,
complementá-las, visando apurar elementos para
identificação dos investigados ou do objeto,
observando-se, no que couber, o disposto no Capítulo
anterior.
Parágrafo único. As peças de informação deverão ser
autuadas com numeração seqüencial a do inquérito civil
e registradas no sistema gerenciador de promotorias,
mantendo-se a numeração quando de eventual
conversão.
INQUÉRITO CIVIL
• IC - presidido pelo promotor - se destina a ele
próprio para formar sua convicção em relação à
necessidade de ajuizamento de ACP
*SOMENTE O MP PODE INSTAURAR
INQUÉRITO CIVIL
• Inquérito Civil – Lei 7347/85
Art. 8º, par. 1º: § 1º O Ministério
Público poderá instaurar, sob sua
presidência, inquérito civil, ou
requisitar, de qualquer organismo
público ou particular, certidões,
informações, exames ou perícias, no
prazo que assinalar, o qual não
poderá ser inferior a 10 (dez) dias
úteis. 85
INSTAURAÇÃO
• representação de qualquer pessoa do povo, ou até de ofício (notícia de jornal, etc.), por determinação do Procurador-Geral de Justiça, na solução de conflito de atribuição ou delegação de sua atribuição originária ou por determinação do Conselho Superior do Ministério Público, quando prover recurso contra a não-instauração de inquérito civil ou desacolher a promoção de arquivamento de peças de informação.
• Instrumento de Instauração – Portaria, na qual indicará o objeto da investigação e o nome do investigado, se já identificado.
OBJETIVOS :
Colher elementos para que o Ministério
Público possa identificar se ocorre
circunstância que enseja o ajuizamento de
ACP. Subsidiariamente, também se presta a
colher elementos que permitam a tomada de
Compromissos de Ajustamento de Conduta, a
realização de audiências públicas e a emissão
de recomendações.
Recomendação:
“O Órgão de Execução, nos autos do inquérito civil ou das peças de
informação, poderá expedir recomendações devidamente fundamentadas,
visando à melhoria dos serviços públicos e de relevância pública, bem como
aos demais interesses, direitos e bens cuja defesa lhe caiba promover.
Parágrafo único: É vedada a expedição de recomendação como medida
substitutiva ao compromisso de ajustamento ou à ação civil pública”.
88
Provimento nº 26/08 (art. 29)
Generalidades da Recomendação
• – Eficácia admonitória: comunica a necessidade de
correção de rumos antes do advendo de ilícitos que
poderão gerar a responsabilização
• - Após a recomendação as ações ou omissões são
consideradas dolosas, inclusive para fins de
improbidade administrativa
• - Caráter não vinculativo, mas com força coercitiva e
política, que enseja resposta formal do administrador.
89
NATUREZA JURÍDICA DO IC
• O IC é um procedimento de natureza
administrativa, INQUISITORIAL, destinado a
formar a convicção do Membro do MP que o
preside . Não está sujeito ao contraditório
porque não é processo, não tende a decidir
controvérsias, mas à coleta de indícios.
DISPENSABILIDADE
• Conquanto extremamente útil à
coleta de informações, o IC é
prescindível ao ajuizamento de ação
civil pública. Não constitui
pressuposto processual para que o
MP postule em juízo.
FINALIZAÇÃO:
• Instaurado o IC, somente pode ser
encerrado por três vias: ajuizamento de
ação civil pública, compromisso de
ajustamento de conduta ou arquivamento.
LEI DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA
INQUÉRITO CIVIL
Só Ministério Público
pode instaurar
ARQUIVAMENTO
TERMO DE
AJUSTAMENTO
DE CONDUTA
(TAC)
AÇÃO CIVIL
PÚBLICA (ACP)
95
HIPÓTESES DE
ARQUIVAMENTO:
a) inexistirem os pressupostos fáticos ou jurídicos que sirvam de base ou justa causa para a propositura da ação civil pública
b) investigação demonstrou que, embora tivessem existido tais pressupostos, ficou prejudicado o ajuizamento da ação. (Deixa de existir o interesse de agir, tendo havido a reparação espontânea do dano ambiental, p. ex., seja pelo meio do TAC, da recomendação (art. 27, § único, da L. 8525/93 combinado com art. 6º, XX, da LC 75/93) ou por qualquer outro meio.
CONTROLE DO ARQUIVAMENTO
• Quando promove o arquivamento, o
membro do MP deverá comunicar essa
decisão ao reclamante que poderá
manifestar sua contrariedade ao Conselho
Superior da Instituição (o prazo para esse
recurso ao Conselho é de até 3 dias antes
da sessão de julgamento - a data da
sessão costuma sair no Diário Oficial)
• COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE
CONDUTA
– Lei 7347/85, Art. 5º, par. 6º: “§ 6° Os órgãos públicos
legitimados poderão tomar dos interessados
compromisso de ajustamento de sua conduta às
exigências legais, mediante cominações, que terá
eficácia de título executivo extrajudicial.”
CPC Seção II
Do Título Executivo
Art. 585. São títulos executivos extrajudiciais: VIII - todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir
força executiva. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).
98
O QUE É O TAC ?
- Acordo celebrado entre o MP e o autor do dano
-Objetiva: reparação do dano causado, correção
ou cessação da atividade lesiva e, se for o caso,
indenização
- Tb pessoas jurídicas de direito público
assumem a posição de compromissários,
celebrando TACs.
Vantagens do TAC:
• Agilidade na solução do conflito
• Tende a superar a visão privatista da
propriedade
• Maior abrangência do compromisso de
ajustamento do que da decisão judicial
• Menor custo (v.g. custo pericial,
honorários advocatícios)
• Maior reflexo social da solução
extrajudicial
DISCORDÂNCIA DOS INTERESSADOS
• O TAC não impede que qualquer dos co-
legitimados ativos possa discutir em juízo
o próprio mérito do acordo celebrado.
Esse compromisso tem o valor de garantia
mínima em prol do grupo, classe ou
categoria de pessoas atingidas. O próprio
tomador do compromisso pode exigir mais
se houver situação de fato que o motive.
AÇÃO CIVIL PÚBLICA
• Art. 129. São funções institucionais do
Ministério Público:
• III - promover o inquérito civil e a ação civil
pública, para a proteção do patrimônio
público e social, do meio ambiente e de
outros interesses difusos e coletivos;
104
LEI 7347/85
• Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação
popular, as ações de responsabilidade por danos morais e
patrimoniais causados: (Redação dada pela Leu nº 12.529, de
2011).
• l - ao meio-ambiente;
• ll - ao consumidor;
• III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico;
• IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo. (Incluído pela Lei
nº 8.078 de 1990)
• V - por infração da ordem econômica; (Redação dada pela Leu nº
12.529, de 2011).
• VI - à ordem urbanística. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-
35, de 2001)
LEI DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA
• A Lei n. 7.347/85, chamada Lei da Ação Civil Pública, trata do inquérito civil (IC), da ACP e do compromisso de ajustamento de conduta (TAC).
• Tutela processual civil: dois sistemas
1. Lides individuais: regras do CPC
2. Lides coletivas, que visam à salvaguarda do meio ambiente,
são orientadas primariamente pela Lei n. 7.347/85 e,
subsidiariamente, pelos demais diplomas processuais
• Obs.: o art. 21 da Lei da ACP manda aplicar, no que couber,
regras processuais do Título III do CDC
106
AÇÃO CIVIL PÚBLICA OU AÇÃO
COLETIVA?
• Como denominar uma ação que verse a defesa de
interesses difusos, coletivos ou individuais
homogêneos?
– Se movida pelo MP: ACP
– Se movida por associações civis: ação coletiva
– Sob o enfoque legal, todavia, toda ação fundada na Lei 7347 será ACP
e toda ação fundada nos arts. 81 e ss. do CDC será ação coletiva
» (Mazzilli)
107
DIFICULDADES
• O Judiciário está preparado para enfrentar estas ações?
• Qual o grau de prioridade para as ações “coletivas”?
• Ausência de varas e câmaras especializadas
108
O artigo 14, parágrafo único, do CPC.
• Art. 14. São deveres das partes e de todos aqueles que de qualquer forma
participam do processo: (Redação dada pela Lei nº 10.358, de 2001)
• V - cumprir com exatidão os provimentos mandamentais e não criar
embaraços à efetivação de provimentos judiciais, de natureza antecipatória ou
final.(Incluído pela Lei nº 10.358, de 2001)
• Parágrafo único. Ressalvados os advogados que se sujeitam exclusivamente
aos estatutos da OAB, a violação do disposto no inciso V deste artigo constitui ato
atentatório ao exercício da jurisdição, podendo o juiz, sem prejuízo das sanções
criminais, civis e processuais cabíveis, aplicar ao responsável multa em
montante a ser fixado de acordo com a gravidade da conduta e não superior a vinte
por cento do valor da causa; não sendo paga no prazo estabelecido, contado do
trânsito em julgado da decisão final da causa, a multa será inscrita sempre como
dívida ativa da União ou do Estado. (Incluído pela Lei nº 10.358, de 2001)
109
AÇÃO CIVIL PÚBLICA
• Busca condenação em obrigação de fazer (regularizar um
loteamento), não-fazer (não vender lotes) ou pagar (danos
morais) – dinheiro a um fundo para reconstituição de bens
lesados (art. 13 – que é o Fundo de Defesa dos Direitos
Difusos)
• Pode haver cumulação de obrigação de fazer/não fazer e
indenizar
110
M u i t o O b r i g a d o !
111