atuação das vibrações da umbanda i

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Sociedade Ecumênica do Triângulo e da Rosa Dourada:. Fraternidade Espiritualista do Cruzeiro do Sul:. Núcleo de Estudos Espirituais Umbanda I Atuação Mediúnica das Vibrações da Umbanda - I Fator de grande encantamento em relação à Filosofia Umbandista, é a beleza e riqueza espiritual de suas manifestações incorporativas, sobremodo a forma como se apresentam os seus Guias espirituais quando em sintonia com seus processos e o extenso significado de sua gesticulatura sagrada. De fato, ao interno da Umbanda, cada gesto, ato e ação de um Guia espiritual quando manifesto em seus aparelhos, permanece intimamente relacionado com seus campos de ação, sua simbologia e processos de manifestação, deixando entrever claramente ao observador o cunho das ações energéticas que estão sendo realizadas, bem como o sentido e significado místico dessa mesma manifestação. A tradição esotérica afirma que todas as coisas existentes no Universo se constituem a partir da ressonância entre as vibrações e que tudo se configura por intermédio da emanação contínua e ininterrupta das ondas produzidas por tais padrões vibratórios, sendo calor, magnetismo, gravidade, luz e matéria, princípios por sua vez associados às Leis que regulam a harmonia universal, efeitos gerados pela emanação dessas ondas que podem ser materiais, espirituais ou cósmicas. As denominadas “Vibrações da Umbanda”, compreendendo-se assim aquelas denominadas “Primárias” (Oxalá, Ogun, Oxóssi, Xangô, Yorí, Yemanjá, Obaluaiê) junto às quais se somam as “Secundárias” (Yansã, Oxum, Nanã, Oxumaré, Omolu), resultam em Faixas ou freqüências cósmicas universais em que vibram não somente os Orixás em plena concordância com as Matrizes da 1

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Page 1: Atuação das Vibrações da Umbanda I

Sociedade Ecumênica do Triângulo e da Rosa Dourada:.

Fraternidade Espiritualista do Cruzeiro do Sul:.

Núcleo de Estudos Espirituais

Umbanda I

Atuação Mediúnica das Vibrações da Umbanda - I

Fator de grande encantamento em relação à Filosofia Umbandista, é a beleza e

riqueza espiritual de suas manifestações incorporativas, sobremodo a forma como se

apresentam os seus Guias espirituais quando em sintonia com seus processos e o

extenso significado de sua gesticulatura sagrada.

De fato, ao interno da Umbanda, cada gesto, ato e ação de um Guia espiritual

quando manifesto em seus aparelhos, permanece intimamente relacionado com seus

campos de ação, sua simbologia e processos de manifestação, deixando entrever

claramente ao observador o cunho das ações energéticas que estão sendo realizadas,

bem como o sentido e significado místico dessa mesma manifestação.

A tradição esotérica afirma que todas as coisas existentes no Universo se constituem a partir da ressonância entre as vibrações e que tudo se configura por intermédio da emanação contínua e ininterrupta das ondas produzidas por tais padrões vibratórios, sendo calor, magnetismo, gravidade, luz e matéria, princípios por sua vez associados às Leis que regulam a harmonia universal, efeitos gerados pela emanação dessas ondas que podem ser materiais, espirituais ou cósmicas.

As denominadas “Vibrações da Umbanda”, compreendendo-se assim aquelas

denominadas “Primárias” (Oxalá, Ogun, Oxóssi, Xangô, Yorí, Yemanjá, Obaluaiê)

junto às quais se somam as “Secundárias” (Yansã, Oxum, Nanã, Oxumaré, Omolu),

resultam em Faixas ou freqüências cósmicas universais em que vibram não somente

os Orixás em plena concordância com as Matrizes da Natureza, mas um inteiro

grupamento de Seres Espirituais afinados com as correntes de luz e os ideais de

espiritualização dos terrícolas.

Quando falamos em Orixás, em realidade estamos nos referindo a poderosas

Inteligências Espirituais relacionadas com determinadas energias Cósmicas ou Faixas

Vibratórias que determinam o equilíbrio e a estrutura do inteiro cosmo. Essas Faixas

(passíveis de serem reconhecidas sob diversos nomes e aspectos a depender da

cultura que as assimilou no passado ou que as assimila hoje) definem níveis de

evolução, atraindo para seu campo gravitacional os seres que se encontram mental e

espiritualmente afinizados com suas estruturas ou “consciências planetárias”, as

quais interagem no meio em concordância com seus níveis evolutivos.

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Page 2: Atuação das Vibrações da Umbanda I

Existem duas maneiras de lidar com o Princípio Orixá. A primeira é aquela

essencialmente cosmogônica, antropogênica1 (do grego άνθρωπος, anthropos,

"homem", e γένεσις, génesis, “origem”), quântica e velada, reservada aos estudos

mais aprofundados e ao contexto das Iniciações, onde os Iniciados penetram a fundo

o verdadeiro esoterismo que permeia tais Inteligências, estudando-as de maneira a

compreenderem suas reais relações com o Todo Universal, e não apenas o seu

posicionamento como Divindades associadas à Natureza e responsáveis por serem os

pais ou mães de cabeça de cada indivíduo.

A outra forma é aquela essencialmente espiritualizada, contudo, menos

abrangente em seu posicionamento e suas afirmações. É o sentido místico e não

esotérico. Aquele reservado aos Adeptos do culto, onde os Orixás comparecem como

manifestações vivas das energias presentes na Natureza e que se afinizam com a

estrutura espiritual, psíquica e moral de cada indivíduo, por intermédio de suas

relações com as faixas evolutivas ou Escolas Kármicas, também denominadas Escolas

da Vida, ao interno da qual se encontram inseridos todos os seres existentes na

criação, desde as formas mais primárias, passando pelo aspecto humano e

alcançando os reinos Elementais e os Seres Espirituais, todos, em perfeita sintonia

com uma ou mais faixas de evolução.

Esse contexto permite que os Adeptos da Umbanda mantenham contato com a

essência ou energia dos Orixás por meio de suas relações diretas com os Guias ou

demais Entidades sediados em suas faixas Vibratórias, os quais vibram em perfeita

sintonia com suas freqüências e que participam diretamente de sua radiância,

exercendo o papel de intermediários entre as energias cósmicas e os mediadores.

Orixás são Chohâns, “Senhores da Luz”, Inteligências Planetárias encarregadas

de auxiliarem no processo de evolução do ser humano. Constituem manifestações

coletivas e indiferenciadas projetadas diretamente da Inteligência não diferenciada

do Absoluto; Aspectos radiantes de sua mente, que por terem sido “ordenados” em

suas funções, como Dhyânis, exercem influência direta sobre a criação e os aspectos

mais sutis da Natureza.

Existem dezenas dessas Inteligências as quais denominamos Orixás. Os mais

elevados, aqueles a quem denominamos “Funfuns”, os “Senhores Absolutos do

Branco”, Princípio Adamantino da Criação, permanecem a vibrar nos níveis mais

extremos, dando sustentação às próprias Inteligências Planetárias em seu papel de

Arquitetos Sagrados do Cosmos.

Algumas estabeleceram suas relações em um tempo em que o inteiro Orbe

passava por contínuas mudanças evolutivas, contribuindo diretamente nos processos

formativos e evolutivos das primeiras eras e, findado seu trabalho, se retiraram

novamente para sua fonte primordial, onde não chega a mais ínfima partícula mental

humana. Alguns Orixás, pelo seu elevadíssimo estado evolutivo, projetaram

manifestações a partir de si mesmos, dando geração a outras matrizes ou fundiram-se

1 Em ocultismo, o termo “Antropogênico” se refere ao estudo da “Antropogênese”, ou seja, dos

princípios e das origens do ser humano. O termo não deve ser confundido com o

“Antropogênico” relativo aos fatores derivados da interferência humana sobre o meio

ambiente.

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Page 3: Atuação das Vibrações da Umbanda I

energeticamente com as Inteligências responsáveis pelo atual processo de evolução

do Orbe.

Já outros, para melhor auxiliarem nos planos da evolução, baixaram suas

vibrações de modo a poderem interagir com o plano terrícola e tantos continuam a

exercer suas influências junto aos Reinos da Natureza, já que os Orixás se encontram

associados aos planos mais sutis da evolução, regendo o processo e o

desenvolvimento natural da inteira criação ao lado de inúmeras outras Inteligências

Cósmicas.

Dessa forma podemos dizer que as energias dos Orixás, por estarem associadas

aos inúmeros estágios ou graus em que se desenrola a evolução, permitem que suas

faixas se convertam em “Escolas do Espírito”, o que se dá por meio de sete níveis

cósmicos, pré-delineados e fixos desde os primórdios da evolução, bem como através

de “faixas” ou níveis intermediários, sediados e diferenciados ao interno dessas

Faixas primárias, determinando, por meio de sua vibração, as correlações

equilibradas que sintonizam cada ser ou Espírito em sua própria faixa energética.

Assim é, que são os espíritos atraídos por cada estrutura ou egrégora vibratória,

entrando em sintonia com sua matriz e, por conseguinte, pela força de assimilação

convertendo-se em filho do Orixá, o que também pode ser traduzido como uma

sintonia entre faixas evolutivas, as quais determinam as relações, a essência, a

constituição física e espiritual, além do próprio lugar do indivíduo no plano da

criação.

Os próprios ensinamentos da Umbanda afirmam que os Orixás, em sua concepção cósmica, se caracterizam e se comunicam com o plano da matéria por intermédio das ondas ou “faixas Vibratórias”. Os Pontos Cantados, os Pontos Riscados, as palmas e as mais diferentes manifestações da Umbanda produzem ondas sonoras e cromáticas de freqüências variadas, permitindo a projeção de ondas mentais que atraem outras ondas ou “correntes energéticas”, as quais por sua vez arrastam a energia dos Guias espirituais permitindo sua manifestação através da agregação de múltiplas ondas.

A ação vibratória dos Guias por sobre os seres se faz por meio da emissão constante de ondas energéticas; os processos de Magia positiva ou negativa produzem ondas ou freqüências que se relacionando com as estruturas elementais são remetidas aos seus endereços vibratórios. As sete correntes de energias fundamentais (Adamantinas, Diamantadas, Etéricas, Ígneas, Eólicas, Hídricas e Telúricas) se projetam como ondas; as oferendas emitem ondas direcionadoras; os processos de cura bem como aqueles de desobsessão, quebra de correntes magísticas e incorporação são o resultado da manifestação e interação entre inúmeras ondas ou freqüências vibratórias.

Os Pontos de Força associados aos reinos da Natureza emitem ondas; a aura é uma emanação frequencial de ondas; as energias que permeiam o organismo físico e espiritual se manifestam como ondas; as correntes mentais se projetam como ondas; as formas-pensamento se constituem a partir do acúmulo ou assimilação das ondas mentais; a magia verbal ou mental é um processo de pura emanação e direcionamento de ondas e assim sucessivamente.

As ondas são consideradas padrões temporais em contínuo movimento, possuindo freqüências, amplitude, intervalos, cromas, sons e densidade. A tradição esotérica

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Page 4: Atuação das Vibrações da Umbanda I

universal afirma que todas as coisas no Universo se constituem, se desenrolam, se expandem, se multiplicam e assumem forma graças aos efeitos produzidos pelas ondas cósmicas ou “radiações universais” produzidas a partir da “Substância Original Absoluta”.

É a partir da excitação dessas energias encerradas em todos os reinos da Natureza que os Guias despertam a força oculta latente em cada elemento, convertendo-os segundo sua vontade nas substâncias largamente utilizadas em suas operações. Os Guias espirituais, por meio de um longo processo de aprendizado desenvolvem qualidades perceptivas que os permitem reconhecer as individualidades essenciais de todas as coisas, penetrando na “consciência” de toda substância onde direcionam seus efeitos segundo sua vontade. Estão sediados nos Planos Espirituais, situando-se, portanto, acima dos seres terrícolas e aqui se manifestando unicamente por meio da Lei do Sacrifício que os impele a auxiliarem o processo de evolução espiritual dos seres.

Embora pareça complexo, todas as energias existentes ainda que, possuindo suas naturezas individuais, se intercomunicam por uma dependência mútua umas das outras, o que permite o estado de afinização e conversão dessas mesmas energias em padrões de concordância que definem outros estados de realidade. A rigor, em essência todas as energias e seus desdobramentos nada mais são do que uma “derivação” da substância original, possuindo os Guias a capacidade de decompô-las e recompô-las em suas matrizes, alcançando assim os efeitos que bem desejarem quando de suas manifestações no plano da matéria e muito além dele.

Os Guias, considerados Forças manifestas, ao associarem-se às Vibrações Originais reconhecidas nos Orixás colocam-se sobre a autoridade consciente dessas Forças, uma vez que os Orixás não devem ser considerados apenas expressões antropomorfizadas, mas sim como Princípios individualizados, Inteligências Cósmicas, cuja ressonância no plano da matéria ecoa com as matrizes e vibrações da Natureza, energias sutis consideradas fundamentais e que permitem a assimilação de sua essência por intermédio das correntes elementais.

Essa autoridade consciente, no entanto, não se dá diretamente de “Ser divino para Ser espiritual”, mas sim por meio das relações energéticas existentes, as quais possibilitam a assimilação da essência divina por intermédio das correntes Vibratórias que regem e determinam a estrutura de cada uma das Linhagens Astrais.

O termo “Vibração”, utilizado para designar uma Linhagem de Seres Espirituais, por si só revela o sentido energético que os mesmos abarcam. O médium ao incorporar um Guia, antes de tudo assimila uma vibração, uma corrente de forças que vibra em intensidades variáveis e que pela intensidade de suas freqüências se afinizam com os diversos reinos ou estruturas elementais.

Correntes de Força Inteligentes que emanam e são sustentadas diretamente do Centro Cósmico Universal, os Orixás e suas Vibrações representam freqüências ressonantes que são atraídas em direção ao plano de manifestação da matéria, descida essa que resulta na densificação dos estados ou correntes superiores e que se projetam e se afinizam com os Elementos da Natureza.

Cada uma dessas correntes ou faixas vibratórias possui velocidade, temperatura, comprimento e intensidade que determinam suas funções bem como suas afinidades umas com as outras, donde nascem as intermediações vibratórias que se afirmam

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Page 5: Atuação das Vibrações da Umbanda I

como as ressonâncias fundamentais que permitem a manifestação e a sustentação de todas as coisas.

Convertidas em padrões de vibração elemental que permanecem essencialmente elevados, a energia dos Orixás passa a ser canalizada através dos elementos ou reinos da Natureza, afinizando-se em sua estrutura sutil com os estados ou campos de energia mental.

Os Orixás como expressões diretas da Consciência Cósmica se convertem nos regentes ou Princípios direcionadores dessas correntes evolutivas, sendo que todas as coisas existentes vibram e ressonam em concordância com as estruturas definidas por meio dos Arquétipos Cósmicos ou “Princípios de Organização Universal” que se convertem nas Leis regentes e sustentadoras de toda criação.

Uma vez que todas as coisas se relacionam umas com as outras desde seu aspecto mais denso e inferior até o mais alto nível de manifestação por intermédio da Lei das Correspondências, os Orixás ao se afinizarem intimamente com o plano da matéria por meio de suas relações com a inteira Natureza e, por conseguinte, com o homem e seus padrões de consciência, definem a estrutura em que cada indivíduo irá vibrar segundo o seu lugar correspondente no plano da evolução.

Os arquétipos ou expressões da consciência evolutiva sintetizados pelos Orixás se convertem no plano da matéria em inversões distorcidas das imagens superiores, dando geração aos padrões inferiores e negativos reconhecidos na personalidade, os quais se apresentam como a polarização mais inferiorizada das Energias Criadoras em seu aspecto cósmico.

Dessa forma, seguindo o sentido involuntário e natural das correntes de Força Universais, os Orixás passam a definir as estruturas de movimentação da consciência tanto em seu aspecto positivo quanto negativo, os quais se associam por sua vez aos Arquétipos supra elevados encerrados em suas próprias consciências completamente desprovidas de qualquer fator de ordem inferior.

Unidos em pares (Oxalá-Iroko, Ogun-Obá, Oxóssi-Ossayím, Xangô-Yansã, Oxum-Yorí, Yemanjá-Oxumaré, Obaluaiê-Nanã) que expressam as diferentes intensidades e as harmonias existentes ao interno dessas faixas vibratórias, os Orixás se manifestam como veículos de expressão dessas Energias Cósmicas, cada um Deles mantendo relações profundas com energias ainda mais superiores e seus diversos estágios de manifestação.

Pelas influências determinadas pela Lei das Correspondências Universais, essas energias passam a ser assimiladas em nosso plano, revestindo-se de aspectos positivos e negativos determinados pela Lei de Causa e Efeito (karma), a qual interelaciona todas as possibilidades de manifestação dessas estruturas, sendo a consciência em maior ou menor estado de desenvolvimento, quem consegue perceber as manifestações dessas energias permitindo o direcionamento de seu curso.

Por afinidade evolutiva cada criatura se encaixa perfeitamente em uma dessas faixas, passando a ser controlado essencialmente pelas suas vibrações e suas relações com o todo, surgindo assim o Orixá Eledá, também denominado “Pai ou Mãe de cabeça”, o qual define a estrutura e a essência do indivíduo determinando o seu lugar no plano da criação, bem como o seu estado evolutivo e as necessidades decorrentes dessa afinização.

A Umbanda em seu aspecto litúrgico, aberto a todos os seus mediadores, lida mais diretamente com cerca de nove Orixás, a “Enéade Cósmica” (Oxalá, Ogun, Oxóssi,

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Page 6: Atuação das Vibrações da Umbanda I

Xangô, Yansã, Oxum, Yemanjá, Yorí, Obaluaiê), o grupo de nove Divindades que se relacionam não por sua essencialidade, mas pelas relações que estabelecem entre si e os principais aspectos que a Filosofia da Umbanda agrega.

Consideradas “fundamentais” ao seu contexto místico, a essas Divindades somam-se aquelas mais complexas (Nanã, Omolu e Oxumaré), que pelo resultado de suas energias, vez ou outra podemos presenciar em suas manifestações ao lado de outras Forças mais veladas como Obá, Ossayím, Iroko, Yewá e Logunedé, pertencentes ao contexto iniciático, já que os Iniciados, pelas próprias relações estabelecidas com essas mesmas Matrizes de Força e em função do aspecto esotérico, temporal e ritualístico com que se encontram envolvidos, estabelecem uma relação com cerca de vinte e oito Orixás mais diretamente, aos quais somam-se poderosas influências como Ifá, Ikú, as Íyámis, Babá-Egun, Òníle e obviamente, Exu Orixá em seu fundamento mais profundo.

Segundo a mística oculta, “nossa evolução atrai nossos criadores” compreendidos

nos Orixás, os quais nos colocam em sintonia com suas energias. No entanto,

seguindo nossa própria liberdade como Espíritos, podemos dos mesmos se distanciar

ou mesmo diferenciar-se, gerando um desequilíbrio na faixa vibratória em que nos

encontramos sintonizados.

Os Orixás como Inteligências Planetárias são universais e cósmicos, passando a

serem individualizados em sua essência apenas quando suas energias atravessam as

dimensões extra-físicas, sempre mais em direção descendente, até que o plano da

matéria seja alcançado. Não podem e não devem ser arrastados para o plano do

meramente humano quase a ponto de serem tocados. Emanam diretamente da Mente

do Grande Absoluto e participam com efeito de sua energia, derramando-a e

permitindo que a mesma seja alcançada por cada indivíduo por meio das energias

encerradas em cada um dos reinos da Natureza.

Suas lendas como fatos concretos nunca ocorreram, mas em realidade servem

para preservar secretamente os mistérios cósmicos que envolvem sua gênese secreta

e com os quais estão profundamente relacionados. Tais lendas e mitos foram

elaborados por Sacerdotes instruídos no segredo da verdadeira Religião, aquela

Universal, sendo que a grande maioria desses mitos como hoje se apresentam

encontram-se adulterados.

A Energia Essencial dessas Divindades atravessa os diversos Planos Espirituais

como a luz das estrelas, sendo transferida de Plano para Plano segundo as Forças e

princípios espirituais existentes em cada um deles. De fato, como bem declaram os

ensinamentos da Sabedoria Arcaica, ao plano das Divindades não chega o menor

lamento terrestre, estando os mesmos mergulhados em uma Paz Absoluta,

inimaginável para qualquer ser mortal e de onde governam e auxiliam o Grande Uno

em sua obra de evolução infindável.

Seus Raios Cósmicos ou sua Energia Essencial penetram todos os planos assim

como a Luz solar penetra todas as coisas. São atraídos pelas diversas Esferas

Espirituais segundo os Princípios da Lei de Afinidade, mantendo menor ou maior

vínculo com cada plano segundo suas relações com os mesmos.

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Page 7: Atuação das Vibrações da Umbanda I

Em nosso plano, embora estejam as Energias Divinas em pleno movimento e

ação, somente mantemos contato com as mesmas por intermédio dos processos

Iniciáticos ou mesmo dos Guias, os quais elaborados a partir de sistemas equilibrados

de sintonia permitem a vinculação e a conversão de suas energias cósmicas em

energias tangíveis e passíveis de serem sentidas. De fato, a energia de um Caboclo de

Xangô difere consideravelmente da energia de Xangô presenciada no decurso dos

ritos Iniciáticos e mais ainda de Xangô quando percebido pela passagem do Iniciado

pela sua Casa sediada na Roda Mística.

Assim, um mediador reconhece a energia do Orixá através da manifestação de

seus Guias e das relações com seus Reinos Naturais, ao passo que o Iniciado

reconhece essa mesma Força em seu aspecto mais puro por intermédio dos ritos e

das energias que assimila em seu corpo e em sua cabeça, passando a presenciar seus

efeitos benéficos ou não, quando adentra em qualquer uma das Dezesseis Casas

representadas sobre o Planisfério Arqueométrico da Umbanda e descobre que todas

essas Correntes de Força se encontram sediadas harmonicamente ao interno de toda

criatura.

Podemos comparar a assimilação das energias divinas observando a intensidade

de calor e luz emanada diretamente do Sol para cada um dos planetas que compõem

o nosso Sistema Solar. Dessa forma sabemos que Mercúrio, o planeta mais próximo

do Sol é um verdadeiro “deserto incandescente”, tamanha a quantidade de energia e

calor captados do astro central, ao passo que Plutão, o planeta mais distante do nosso

sistema é considerado um deserto congelante em virtude da pouca energia e calor

que absorve.

Em sentido de compreensão o processo é exatamente o mesmo. Quanto mais

distante em evolução, menor a intensidade do fluxo de energia divina captada por

cada um dos planos, mesmo que as Divindades estejam plenamente vinculadas ao

contexto planetário, ou seja, pertençam unicamente a nossa Esfera de atuação ou

Globo.

Assim é que os Guias participam em essência dessa energia, passando a serem

considerados a própria manifestação viva da energia dos Orixás. Nesse contexto,

exteriorizam em sua gesticulatura elementos que expressam e deixam claro não

somente essa relação, como também os fatores de ordem espiritual e psicológicos

associados aos Orixás.

Vibrando em escalas ou freqüências completamente diferentes umas das outras,

porém interconectados entre si, os Guias se agrupam em Linhagens ou “Falanges”, as

quais reúnem centenas, por vezes milhares de Espíritos sintonizados e permeados

por um mesmo propósito. Esses se encontram reunidos segundo um campo de ação

específico, sendo fato conhecido que o trabalho espiritual dessas Entidades a nível

astral é muito maior do que aquele realizado a nível físico junto aos próprios

Terreiros de Umbanda ou Centros Kardecistas, onde também se manifestam suas

Falanges em roupagem astral diversa e cujo trabalho visa tão somente o auxílio

direto a encarnados e desencarnados.

A Umbanda constitui uma Doutrina Espiritual hierárquica, simbólica, iniciática e

ajustadora, que centraliza sua estrutura em meio à Natureza e suas manifestações.

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Page 8: Atuação das Vibrações da Umbanda I

Suas Falanges expressam o próprio movimento dos reinos naturais, existindo um rico

e complexo simbolismo por detrás dos seus fatores de manifestação.

Ao interno desse complexo sistema, vamos encontrar as denominadas Vibrações

Originais (Oxalá, Ogun, Oxóssi, Xangô, Yorí, Yemanjá, Obaluaiê) por meio das quais

se manifestam mais diretamente os próprios Guias em três roupagens distintas,

consideradas “essenciais”, reconhecidas nos Pretos-Velhos, nos Caboclos e nas

Crianças, essa última, em realidade, a própria Linhagem do Oriente encoberta sob

uma roupagem astral diferente, necessária para explicar o contexto evolutivo da

Umbanda.

Às três roupagens somam-se como pólo essencial, os Guardiões reconhecidos nos

Exus, os quais não pertencem efetivamente à Corrente Astral da Umbanda, mas

militam junto às suas Hostes e se afirmam como universais, estando responsáveis

pelos processos de vigilância, execução, saneamento e harmonização do Orbe e das

regiões Astrais, sejam Superiores ou Inferiores, dividindo-se esses (apenas segundo a

estrutura da Umbanda) em quatro hierarquias distintas de manifestação:

“Espadados, Cruzados, Ordenados e Pagãos”, aos quais se somam os grupamentos da

reconhecida Linha da Quimbanda em seu aspecto evolucional e não segundo suas

relações com a polaridade oposta vinculada ao plano obscuro.

Em meio a todo o conjunto se encontra arrolada a Linhagem do Oriente, em

realidade, a Linhagem Original da Umbanda, sendo fato conhecido que a grande

maioria dos Guias que atuam como Pretos-Velhos e Caboclos pertencem ou

pertenceram às Falanges Orientais, não deixando de mencionar que essa é a

verdadeira denominação dada a Linhagem de Yorí, por meio da qual se manifestam

as Crianças, Falange que agrega também inúmeros Espíritos médicos, pintores,

escultores e poetas que atuam por meio dos mecanismos da mediunidade revestidos

pela roupagem astral de Crianças, em realidade, uma projeção astral em que Guia e

mediador se harmonizam para gerarem uma Entidade pensamento Auxiliar, também

reconhecida como EPAX.

Ao interno das Linhagens de Caboclos vamos encontrar a Falange dos Pajés, de

difícil manipulação, dada a elevação de suas correntes de energia e inteiramente

composta por Entidades Raiz, ou seja, por antigos Pajés, Xamãs e Feiticeiros

pertencentes as mais diferentes nações indígenas de outrora. De igual modo,

sediados junto às Linhagens de Pretos-Velhos estão os “Feiticeiros” e

“Mandingueiros”, velhos sacerdotes africanos, também Entidades Raiz vinculadas aos

Orixás e suas manifestações, sendo restritas suas manifestações apenas aos

Iniciados, uma vez que os mesmos estão vinculados a Iroko e seu pólo de

movimentação temporal.

Boiadeiros e Marinheiros constituem os denominados “Povos” ou “Falanges de

Apoio” da Umbanda. não se arrolam segundo o contexto das Sete Vibrações Originais

como os Pretos-Velhos e os Caboclos e em realidade, foram trazidos do antigo culto

da Jurema para a Umbanda ainda no princípio de suas manifestações, sendo de fato

considerados Grupamentos Ancestrais.

Não existe o menor fundamento na afirmação de que os mesmos foram antigos

boiadeiros e marinheiros, tratando-se apenas de uma roupagem astral utilizada por

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Page 9: Atuação das Vibrações da Umbanda I

Caboclos e Exus para manifestarem-se sob outra denominação e executarem

diferentes processos de movimentação. Ao interno da Falange dos Boiadeiros vamos

encontrar os Cangaceiros, em realidade, Espíritos Estacionários em missão

temporária, vinculados aos planos da Quimbanda e dos processos de enfeitiçamento

que atuam na depuração e libertação de seus karmas, antes que possam efetivamente

galgar outros caminhos no plano da evolução.

Os Cangaceiros se utilizam dos mesmos nomes pertencentes ao conhecido bando

de Lampião (embora não os sejam de fato) como Ás de Ouro, Zé Delfino, Chá Preto,

Faísca, Barra Mansa, Cobra verde, Mergulhão, Branca Lua, Cipó de Fogo, Caninana,

Zé Chumbinho, Cajarana e muitos outros, sendo inverídica a firmação que o próprio

Lampião seria o Chefe do Grupamento. Contudo, Cangaceiros legítimos como

Jararaca e Corisco, de fato figuram como integrantes astrais da mesma, ocupando

posição de comando.

Ciganos, assim como os Exus, porém em menor grau, constituem um Grupamento

ou Linhagem de Seres Espirituais que militam ao de fora da Umbanda e não

pertencem efetivamente às suas Hostes, estando vinculados de certa forma aos

Planos de Evolução. Constitui uma das Linhagens mais “mentais” de toda a

Umbanda, ou seja, manifestam suas energias por meio de Entidades Pensamento e

quase sempre valem-se dos processos de natureza anímica em suas manifestações, ou

seja, onde o próprio Espírito do mediador atua por ele, fato esse, aliás, muito comum

nos mecanismos da incorporação, sobretudo quando do início do desenvolvimento de

qualquer mediador.

Já os Juremeiros constituem uma Linhagem de atuação muito próxima da

Umbanda, sendo verídico o fato que das manifestações da Linha da Jurema descende

a própria estrutura, em partes, da Umbanda e a nomenclatura da maioria de suas

roupagens. Termos como Caboclo, Preto-Velho, Marinheiro, Boiadeiro, Mandingueiro

e Quimbandeiro, derivam todos das manifestações do culto da Jurema. E, embora

ambas as Linhas (Jurema e Umbanda) tenham muito em comum, não podem ser

confundidas entre si, da mesma forma que não se pode afirmar que a Umbanda

detém controle sobre a Jurema, também essa reconhecida como um Grupamento

Astral que executa laborioso trabalho junto aos processos de natureza evolutiva.

Quanto ao termo Quimbanda, há de se fazer distinção entre a Quimbanda como

Linha de atuação independente e vinculada unicamente ao contexto dos processos de

Baixa Magia, a Linhagem da Quimbanda sediada ao interno daquela de Exu e que

agrega inúmeros Espíritos Estacionários em processo de depuração de seus débitos

contraídos por meio de enfeitiçamentos e os Quimbandeiros reconhecidos nos

“Velhos Juremeiros”, que atuam unicamente com suas mirongas e processos de cura

e que nenhuma relação com o lado contrário ou debitório das energias possuem.

Cada uma dessas divisões ou Linhagens possui seu Fundamento particular, sua

“Magia” e seu sistema de manipulação específica. Prescrevem em seus processos,

rituais individuais acompanhados por fórmulas místicas de evocação, imantação e

sustentação de sua energia, liberando e fixando suas potencialidades de modo a se

converterem em força constante. No entanto, os mediadores não somente

desconhecem esses Fundamentos místicos, como em muitas circunstâncias fazem

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pouco ou nenhum “caso” em relação a sua significação e importância ao interno da

própria estrutura da Umbanda.

Ocorre que o conhecimento relativo à execução e manipulação dos processos

incorporativos não representa porta aberta na qual qualquer um pode adentrar. Para

tanto, faz-se necessário respeito e convicção para com seus mistérios, bem como uma

grande vontade em querer aprender sua mística complexa que indubitavelmente

requer anos de convívio, prática e dedicação, para que seus organismos e sua

estrutura sejam devidamente colocados em ação e prática.

O tempo é de fato o aliado mais precioso que um mediador possui e saber

caminhar segundo suas determinações é uma virtude alcançada por poucos ao

interno de um Templo de Umbanda. Da mesma forma, é preciso estar em sintonia

com a Umbanda para participar de seu mistério, ou seja, para se penetrar na

verdadeira essência de seus Guias e processos é necessário não somente o “espírito

de respeito” para com os mesmos, como também ter a certeza daquilo que será feito

com todo esse emaranhado de conhecimentos e a maneira correta de colocá-los em

prática, sempre em função de um bem maior, completamente desprovido de qualquer

intenção egoísta, uma vez que todo mediador deve compreender que o seu papel é

unicamente aquele de servir de “instrumento” às Forças Espirituais, colaborando em

seus intentos benévolos.

Relegada ao plano das práticas supersticiosas, das Doutrinas que julgam estar

em outro nível de evolução espiritual e eclipsada pelas conquistas do homem que se

julga excessivamente intelectualizado, a Magia da Umbanda somente agrega mais

força à sua matriz, permanecendo vinculada apenas àqueles que de fato

compreendem seus mistérios e que crêem em suas manifestações visíveis. É energia

viva e contínua que não pode ser manipulada ou conquistada pelo simples acúmulo

de conhecimento intelectual e que não se dá ao homem que pensa estar a ciência

acima de todas as manifestações.

Segundo o dizer de Pai Cipriano da Senzala: “O homem muito pode com sua

ciência, mas nada pode com as forças que desconhece. Não desvenda e não

explica seus princípios. Não penetra em seu mistério e não resolve suas

equações. Tanta ciência sabe, mas não sabe que a Magia pode fazê-lo esquecer

sua ciência. Possui os saberes do mundo, mas não possui os saberes do espírito.

Morre homem cheio de ciência, mas não se converte em espírito livre e pleno de

Sabedoria. No fim, descobre que sua ciência é igual às outras e retorna ao plano

da matéria para recomeçar tudo mais uma vez. Pobre homem, ama e se aferra aos

seus conceitos, mas desconhece a grandeza do plano espiritual e seus princípios.

Assim, é tolice vincular as práticas rituais da Umbanda com elementos e ritos

considerados primitivos e desnecessários, bem como tratar os seus Guias como se

esses não possuíssem qualquer evolução. Pois não sabem os seres do Plano da

matéria que a Umbanda há muito já se encontra constituída no Plano espiritual,

compondo intensa hierarquia que agrega inúmeras correntes planetárias?

Pensam mesmo, aqueles que desconhecem seu simbolismo e seus modos de ação,

que não existe todo um Colégio Astral que estrutura há séculos a preparação de

10

Page 11: Atuação das Vibrações da Umbanda I

seus Guias? A Umbanda possui uma tradição que por sua vez é passada de

Dirigente para Dirigente e esses para seus mediadores no Plano físico. Qualquer

criatura, pertença a que Plano for, não pode interferir em seu sistema e em sua

hierarquia. Ninguém abarca os seus Guias ao de fora de sua corrente. Nenhum

ser, a não ser aqueles que constituem o seu Comando Espiritual, seja a nível

físico ou astral pode determinar os processos de natureza evolutiva de seus

Guias. Umbanda não é “bagunça”. E se porventura as relações dos seres sediados

no Plano da matéria assim o deixam entrever por vezes, a sua realidade Astral é

muito diferente. Todo o restante é ajunção feita por outras correntes que tentam,

insistentemente e por vezes com certas doses de arrogância, presunção,

esnobismo e orgulho, infiltrar na Umbanda princípios e ensinamentos no sentido

de tentar elevá-la a outro nível de evolução, como se a própria Corrente Astral da

Umbanda não houvesse preparado anos seguidos seus veículos astrais para a

tarefa que ora executam no Plano da matéria e como se a mesma não se

preocupasse, dentro de seu sistema, com tais processos a serem desenvolvidos. O

que sabem os que a criticam a respeito de suas realidades bem como daquela de

seus Guias? Por que se julgam tão à frente em relação às verdades do espírito? O

que importa toda essa conversa de esferas Siderais, seres intergalácticos ou o

que mais? Ora, ora, por vezes as tolices do espírito acompanhadas com uma certa

pitada de vaidade são as responsáveis pela miríade de seres que desconhecem as

verdadeiras relações da Umbanda com o Plano Cósmico e o seu trabalho em prol

da humanidade. De que vale ao homem que intelectualiza e espiritualiza somente

a si todo o seu conhecimento humano e espiritual? Se não atua em prol do

próximo e da caridade não difere muito dos outros homens. Do que valem belas

frases escritas, uma retórica perfeita e mensagens de cunho valoroso, se o

espírito não absorve e não se deixa tocar pelo sofrimento alheio, mesmo que esse

seja pueril e pequeno? Não sabe o homem que assim age, que ao alcançar as

Esferas Espirituais tudo o que ele conhece estará ultrapassado e que somente a

verdade espiritual prevalecerá? Aquele que, recebendo das mãos do Espírito a

Sabedoria, dedica sua inteira atenção em distribuí-la aos seus irmãos diminuindo-

lhes sua ignorância espiritual, sem se preocupar com Hierarquias, Hostes,

Esferas e o que lá mais, deixando-se tocar apenas pelo espírito zeloso de servidão

e humildade, esse se converte em um homem de bem e sua fonte jamais será

esgotada. Acompanhando o perigoso espírito de seu tempo, os homens tentam

encontrar um lugar para suas práticas espirituais, aproximando-as da ciência e

desvinculando seu contexto dos campos da denominada Magia (que nada mais é

do que o conhecimento perfeito da Lei das Correspondências) na tentativa de

serem aceitos. É louvável de fato, toda essa procura pelo sagrado que nas mãos

dos homens se converte em terapia e auxílio. No entanto, muitos dos que se

afirmam senhores de sua única verdade, exaltam-se como indivíduos instáveis e

conflituosos; alguns dos quais companheiros de vícios que não podem existir na

aplicação das práticas holísticas como as drogas, a sexualidade desregulada, o

11

Page 12: Atuação das Vibrações da Umbanda I

descontrole emocional ou mesmo a bebida. Como pessoas que desconhecem os

processos da Umbanda e suas práticas espirituais podem relegá-la ao campo das

manifestações primitivas e ultrapassadas? Quem são essas pessoas que pensam

muito saber e que julgam o que desconhecem? Como podem se dar ao direito de

declararem as obras, Guias e conceitos da Umbanda como carentes de uma maior

evolução e necessitados de uma Hierarquia que lhes ditem o seu progresso

espiritual, como se a Umbanda fosse desprovida de seus próprios métodos à

séculos no Plano Superior? Deixa a Umbanda quieta com seus Caboclos, seus

Velhos, seus Exus e Crianças. Ela não desdenha ninguém e tampouco tenta expor

os defeitos das Doutrinas que se dizem um pouco mais adiante ou corrigir-lhes a

vaidade e a presunção, por vezes inquietante e tão sutil, que quase passa

despercebida. Quem está adiante fio? Quem no plano terrícola tem a pretensão de

se elevar perante a Espiritualidade, afirmando sua Doutrina melhor que qualquer

outra. Não é a Doutrina, seus livros e seus ensinamentos que contam, e sim o

bem que ela proporciona à multidão de seres encarnados e desencarnados que

pedem socorro. É o coração e o que ele encerra que predomina no final. Tanto

tempo os que se julgam doutos em religião perdem designando a Umbanda como

atrasada que se esquecem de serem suficientemente humildes para dar-lhes

crédito e compreender sua grandiosa obra em prol do bem coletivo. Quer

palavras eloqüentes e passagens eruditas meu fio? Os Guias da Umbanda também

sabem dar. Quer a explicação científico-espiritual dos processos de natureza

astral? Quem foi que disse que não os conhecemos? Quer que nos manifestemos

em roupagens fluídicas amenas, irradiando luz por todos os poros e parecendo

criaturas divinas aos seus olhos? Ora fio, isso é simples; criar uma roupagem

astral é mais fácil do que se conectar a um aparelho mediúnico. No fim de todas

as contas, como um bom Preto-Velho e na língua de “véio”: prefiro meu

tamburete, minha cachimba, meu pé no chão e minha bengala. Prefiro o chiado

dos preto-véio, o tilintar dos dedos e o falá humilde de quem faz de conta que não

sabe dizer as coisas corretamente. Os Guias falam a língua dos que não podem

fazer muito por si mi zifío, seja cá ou seja acolá onde não brilha a luz do dia. No

final, posso dizer que todo esse discurso de primitivo e involução dado a

Umbanda, é pra queles que comem um pombo e botam pra fora uma galinha. É

típico de lagartixa que pensa ser jacaré”. Dessa forma, não cabe a nenhum adepto

da Umbanda, nem tampouco aqueles que não o são, formularem hipóteses vãs a

respeito dos modos de atuação dos Guias Espirituais. É zifío, talvez véio tenha

sido escravo, Caboclo tenha sido índio e Exu tenha zanzado onde não devia. Mas

no fim, samo nóis que estamos de cá e que socorremos meus fios quando esses

carecem. Samo nóis que já ultrapassamos o que sunceis ainda nem começaram e

ainda assim samo tratado de povo pequeno por aqueles que colocam a vaidade de

seus conceitos acima do verdadeiro sentido de simplicidade e humildade. Pois tão

evoluídos são esses fios e seus Instrutores Divinos que não lhes ensinaram que

para o verdadeiro coração, nada importa além do serviço prestado? Mostra então

12

Page 13: Atuação das Vibrações da Umbanda I

pra eles o exemplo da Umbanda e de seus Guias. Esses se fazem de velhos,

índios, marinheiros,boêmios, boiadeiros e até crianças. Usam todos o mesmo

nome ao interno de suas Falanges, porque acreditam que a mensagem é o mais

importante. Não vão por aí garganteando seus postos, suas hierarquias, sua

verdadeira descendência astral e se dizendo de tudo quanto é estrela porque há

muito compreenderam que tudo isso é tolice do ponto de vista do verdadeiro

auxílio. Fingem nada conhecer acerca das realidades Universais, porque

acreditam que antes do homem se preocupar com quem comando o Universo,

esse sistema ou qualquer outro que esteja acima ou abaixo, crêem que os mesmos

deveriam primeiramente curarem as si mesmos. Ah meu fio, no final das contas,

só nos resta sorrir diante da própria tolice de uma porção de mediadores e

continuar a pitar nossa cachimba, quieto e silenciosamente, sentado num toco de

pau e segurando uma bengala qualquer. Deixa-os mirarem no Ponto Riscado

dessa Corrente de Força que é a Umbanda. Quem sabe, um dia, compreendam

melhor e retirem a venda que ora lhes tapuma os olhos.

Os Guias caracterizam-se segundo suas Linhagens e tais características permitem

a contemplação de sua relação com o Orixá regente de sua Vibração, bem como

deixam entrever seus atributos de força e movimentação. Os Caboclos de Ogun, por

exemplo, ao assumirem postura marcial, brandindo suas espadas em círculo,

assumem as características vinculadas ao Senhor da Guerra, mas também expressam

seu campo de atuação no corte, desprendimento, anulação e rompimento de forças

contrárias. Xangô ao cruzar os braços sobre o peito, expressa o sentido de Justiça e o

equilíbrio entre as polaridades positiva e negativa. Sendo Terra e Fogo, o cair pesado

de seus aparelhos ao solo e o brado anunciador “kaô”, o qual se traduz por “Ele

chega”, permite a assimilação de sua energia e o sentido de quebra, aniquilação,

combate e força, associados a sua energia e assim por diante com todas as outras

Linhagens.

A gesticulatura dos Guias obedece a um código preciso reconhecido pelos

Dirigentes e demais Instrutores. Isso permite perceber o nível de assimilação

decorrente do processo incorporativo, bem como se o mediador está inventando ou se

deixando levar por alguma tendência que o distancie da realidade gestual verificável.

No entanto, tal fator não deve representar um empecilho no processo de

desenvolvimento. De fato, seguindo as regras determinadas pelos Guias, tal código

gestual não será explicado antecipadamente de modo a não permitir uma influência

demasiadamente induzida e desprovida de erros.

A Umbanda ensina que o aprendizado incorporativo esbarra exatamente no erro.

Todo mediador em desenvolvimento tem que passar pela série de processos anímicos

que circundam um verdadeiro aprendizado incorporativo. Não existe esse que possa

se gabar de não ter sido afetado pelos diferentes métodos ou afirmar que incorporou

um Guia autêntico desde o começo. Isso seria valer-se de uma vaidade tola. Não

nascemos caminhando e incorporação não é brincadeira. Todo mediador necessita

errar e muito, para ao longo do tempo compreender, assimilar e organizar seu

próprio processo pessoal.

13

Page 14: Atuação das Vibrações da Umbanda I

A esse respeito, grande é o hábito de alguns mediadores em criarem para seus

Guias gesticulatura própria, exagerando ou mesmo inventando movimentos

desnecessários, muitos findando por incorporarem o Sr. “Caboclo Eu Mesmo”.

Sempre, desde adolescente questionava o bater excessivo de alguns Guias ao peito,

o hábito de ficarem se contorcendo como se estivessem se “requebrando”, as

pisadas que só faltam arrebentar o pavimento e os pés, as inúmeras invenções de

postura, o desejar se sobressair dos demais, a visível vaidade, a mania que alguns

mediadores que estão em desenvolvimento têm de abrirem a boca para “orientar”,

antes da hora e quando o fazem só falam asneiras como dizer para as pessoas que

elas estão acometidas por trabalhos de baixa Magia e assim por diante, em um

emaranhado de situações desnecessárias, que se tivessem sido observadas desde o

princípio, não ocorreriam ao longo dos desenvolvimentos e demais trabalhos.

Obviamente os motivos de tais ações são por demais conhecidos pela maioria

dos mediadores para deles nos ocuparmos no momento. Contudo, sabem

perfeitamente os médiuns que não necessitam chamar a atenção ou sentirem-se

fortes mediante a exageração mediúnica, com intermináveis batidas ao peito,

brados estrondosos que mais espantam do que encantam, chiadeira infinita como

se o Guia fosse uma “panela de pressão”, olhos esbugalhados como se quisessem

saltar para fora, caretas dignas de assustar crianças, tórax horrivelmente

empinado, contorcimento de corpo e quadris como se o Guia estivesse doente ou

“se adequando” ao aparelho mediúnico, fazendo tudo se assemelhar mais a um

teatro do que a uma reunião espiritual, isso para não mencionar o estalar de dedos

em ritmo musical, as batidas exageradas com as mãos ao chão, as gargalhadas que

nunca terminam, as posturas infantis desnecessárias e outros ainda.

A vigilância e o autocontrole do médium devem estar acima e em concordância

com o seu processo de desenvolvimento. “Todo médium é senhor do seu corpo”,

salvo nos casos de inconsciência, o que é muito fácil de ser observado, embora

existam mediadores que tentam enganar seus Dirigentes e demais irmãos,

alegando que não se recordam de nada, embora estivessem mais conscientes do

que quando despertos.

O mediador em desenvolvimento deve crer. Se não acreditar no que está

executando, se permanecer durante todo o processo de assimilação com sua mente

distante ou plena de questionamentos, se ficar esperando ser “tomado” de uma só

vez pela energia do Guia ou mesmo se não auxiliar o seu processo por meio da

concentração e da vontade, pouco poderá ser feito em relação à sua incorporação,

visto que quem finda por ser observado não é o Guia que cumpre o seu trabalho.

De igual modo, um médium não deve esperar que os Guias ao manifestarem se

comportem quando em seus aparelhos de modo diferente do que aquele permitido

pelo plano físico. Existe de fato um aspecto fenomênico em torno das manifestações

espirituais, os quais se afinizam, no entanto, com médiuns experientes, habituados ao

trabalho mediativo e há muito conhecedores de suas limitações bem como daquelas

impostas pelos seus Guias. Infelizmente a capacidade de “dar provas” materiais e a

produção de efeitos de natureza física por parte dos mediadores quando

14

Page 15: Atuação das Vibrações da Umbanda I

incorporados não foram dados pra todos. No mediunismo também existe uma seleção

natural como em tudo na Natureza.

Nenhum mediador será igual a outro, terá os dons do outro ou realizará o que

outro realiza da mesma forma. Constituição física e espiritual, tempo de atuação,

experiência, preparo, aceitação, a maneira de lidar com os próprios dons, a entrega,

a missão, os caminhos mediúnicos, o ambiente e a “cabeça” influenciam de maneira

pungente um mediador em seu processo e ao longo de toda a sua vida.

O excesso, bem como o “querer ver para crer” no decurso dos processos de

incorporação é pura ignorância por parte dos que assim se comportam. Os Guias

realmente podem provocar toda uma série de fenômenos, muitos dos quais já

presenciados por inúmeros médiuns do Templo e em circunstâncias as mais diversas.

Contudo, os Guias não estão interessados na expectativa que se espera ou no que

venham a pensar os mediadores que os presenciam, uma vez que quando o fazem,

fazem sempre com intentos bem definidos e jamais de modo a realizarem

demonstrações desnecessárias de controle sobre os reinos e elementos da Natureza.

De fato, o médium que está dentro de um Templo e que fica esperando tais

manifestações por parte dos Guias, seguramente irá se frustrar, uma vez que as

mesmas não fazem parte de seu contexto cotidiano. De igual modo, sempre que as

provocam, o fazem diante de médiuns mais antigos que não somente compreendem a

natureza do trabalho executado, como também não se deixam envolver ou se

empolgar por tais manifestações.

Bater palma e fogo acender do nada, apanhar serpentes, parar uma tempestade,

evocar os ventos, aumentar o volume de água de um riacho, dar ordens aos animais

selvagens e pelos mesmos serem obedecidos são apenas alguns dos fenômenos que

os Guias podem executar e que já foram presenciados pelos próprios mediadores. No

entanto, repito, sempre que o fazem estabelecem um propósito específico, não

devendo nenhum médium esperar uma demonstração de tais fenômenos, o que não

ocorrerá assim tão facilmente.

Ademais, no dizer dos próprios Guias: “Acima de qualquer manifestação

fenomênica deve prevalecer o sentido de caridade, benevolência, empenho, confiança

e desejo ardente em auxiliar o próximo e a si mesmo. Nada mais do que isso”. Dessa

forma, os médiuns que estejam esperando “provas” de sua incorporação ou mesmo

daquela de outros irmãos, terão que se contentar com o próprio dissabor de sua

frustração, por que não as terão da forma como podem vir a pensar.

O desejo em manifestar fenômenos de ordem natural ou mesmo de ser “tomado”

em transe pelos Guias passa pela mente de muitos mediadores que estão no início do

seu processo incorporativo. Um dos grandes problemas é o desejo da “inconsciência

mediativa”, não sendo o médium conhecedor que a mesma se arrola entre as

faculdades espirituais e não pode ser simplesmente alcançada. Quase a totalidade

dos médiuns é consciente, afetando a inconsciência e a semi-inconsciência uma

parcela reduzida de indivíduos.2

2 Veja uma comparação da raridade dos mediadores inconscientes e semi-inconscientes: Ao

final de 2009 o Templo contava com noventa e cinco médiuns. Desses, apenas dois

alcançavam a inconsciência (Eu e Sonia); três esbarravam na semi-inconsciência e o restante

15

Page 16: Atuação das Vibrações da Umbanda I

Alguns médiuns procuram “forçar” a manifestação de fenômenos ou mesmo se

sujeitam a situações ridículas, onde expõem não somente a si, mas, sobretudo, o

nome do Guia que julgam incorporar e exageram na execução dos processos

incorporativos ou se deixam levar por suas tendências desequilibradas findando por

ocasionarem grande dano a si próprios, ao Templo ao qual pertencem e muitas vezes

aos próprios Dirigentes.

Ao longo dos anos, eu mesmo já pude presenciar a morte de um médium que se

aventurou a atravessar um rio perigoso, porque segundo ele: “seu Caboclo queria

bradar do outro lado na mata virgem”. Já ouvi também diversas histórias acerca de

médiuns que terminaram em situações ruins por apanharem serpentes venenosas no

mato e serem picados; por saltarem de cascatas muito altas e despencarem de

pedreiras quebrando braço ou perna; cortarem profundamente os pés durante

caminhadas no mato, deixarem a pedra escorregar das próprias mãos durante as

batidas ao tórax e arrebentarem os seus dentes, furarem o olho com farpas de pau e

galhos durante as Macaias e até mesmo serem envolvidos em processo judiciais por

restarem nus diante dos assistentes alegando que eram “Índios” e que nunca haviam

tido contato com o homem branco!!!!

É claro que os Caboclos bradam, giram, assumem postura imponente, batem pés

e mãos no chão, atiram flechas, estalam dedos, falam em seu idioma espiritual, batem

com pedras ao peito, escalam pedreiras, trabalham com serpentes, adentram em rios

e assim por diante. Porém sempre que o fazem, procuram primeiramente observar as

limitações de seu aparelho mediúnico, dando-lhe e prezando por sua total segurança,

além de demonstrarem uma beleza cativante quando de suas ações, visto que

os mesmos sabem ser extremamente graciosos sem nenhuma exageração.

A incorporação representa um ato genuíno de entrosamento com as Potências

Superiores, devendo todo médium possuir total clareza de idéias a esse respeito. O

mental deve encontrar-se limpo, desprovido de hodiernas preocupações externas ou

a possibilidade de se adentrar em processo de auto-incorporação faz-se muito grande.

Toda incorporação desenrola-se como um preciso ritual onde cada coisa necessita

ocorrer em seu momento correto estando circundada por seu próprio magnetismo. O

que ocorre no decurso de uma incorporação dependerá muito mais do estado

pessoal do próprio aparelho mediúnico que do restante em si. A aura magnética do

Templo e das correntes de atração realmente auxilia na mudança de polarização

durante o processo incorporativo. Contudo, é necessário que o médium tenha em

mente a certeza da Lei das Afinidades Fluídicas, a qual afirma que algo somente

encontra seu elo de contato quando existe afinidade entre ambas as partes.

De certa forma, podemos dividir o processo incorporativo em seis estágios: 1º a

preparação; 2º a preparação do espaço incorporativo; 3º a criação de um ambiente

mental propício; 4º a evocação mental das Vibrações atuantes; 5º o trabalho

incorporativo em si e 6º, a despedida e agradecimento pessoal após o término da

incorporação.

era consciente ou se valiam de processos temporários de semi-inconsciência.

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Page 17: Atuação das Vibrações da Umbanda I

Em geral, o processo incorporativo inicia-se sempre por meio de uma sugestão

simples. Brandamente dizemos ao médium que irá incorporar para relaxar, respirar e

fechar os olhos, procurando ligar-se com esta ou aquela Vibração. Esse processo de

ligação é bastante eficaz quando o médium possui dificuldade em criar imagens

mentais de associação, pois se dissermos a ele para mentalizar os caboclos de Oxóssi

por exemplo, saberá ele que sua mente deve vaguear por entre matas e árvores ou

mesmo atrair a imagem dos próprios Caboclos, o que criará o primeiro elo de

contato entre o ser físico e a força que irá atuar.

Outro método muito eficaz para auxiliar o médium durante o processo é pedir para

que ele feche os olhos direcionando-os para cima em busca de um ponto brilhante

colocado sobre a fronte em meio aos olhos. Esta posição força-o a entrar rapidamente

em um estado semi-hipnótico, o que também facilitará a atuação da Entidade.

A palavra incorporar significa "para dentro do corpo". Porém, ao contrário do que

muitos pensam, as diversas forças espirituais jamais penetram literalmente dentro de

nosso corpo físico, mas sim, permanecem encostados ou próximos a ele sempre

conectados por canais energéticos através dos Chakras, os quais se dilatam durante o

processo permitindo uma maior captação ou canalização das energias.

O fato de encontrar-se o médium incorporado não significa que este deva mudar o

seu estado e sua aparência completamente. Os níveis de incorporação diferem muito

uns dos outros, dependendo quase sempre da capacidade de concentração e

assimilação energética por parte do receptor, bem como do equilíbrio dos centros de

energia do próprio aparelho.

Durante a incorporação, principalmente a consciente, o médium possui

conhecimento pleno acerca de seu estado. No entanto, quando bem assimilada a

energia, sua consciência permanecerá ligeiramente alterada pelas Forças e

freqüências que estão atuando externa e internamente, controlando sua gesticulatura,

seu falar, seu caminhar e também o seu modo de pensar que difere consideravelmente.

No momento em que ocorre a incorporação, por mais consciente que seja o ser seus

impulsos sempre se tornarão diferentes e seu organismo responderá de maneira

diversa às freqüências que estão sendo trabalhadas.

Não entraremos aqui nos diversos estados intermediários das incorporações que

abrangem a auto-incorporação (desdobramento da própria personalidade), a

mistificação involuntária (quando o médium acredita estar incorporado, mas não

está), a exteriorização da consciência (quando os diversos guerreiros, bruxos, e seres

de nosso subconsciente manifestam-se como entidades reais, porém sem o serem), a

exteriorização de nossa sensibilidade (quando nossa parte mais pura e sensível

aflora e muitas vezes emite sábios conselhos) e outros.

Fator digno de nota é a questão do livre arbítrio do médium em relação às

incorporações. Aqueles que lidam há bastante tempo com médiuns e incorporação,

certamente já presenciaram determinadas circunstâncias nas quais alguns médiuns

alegam não possuírem domínio sobre o corpo ou que não queriam incorporar e foram

forçados, sendo essa uma afirmação inverídica que somente pode ser levada em

consideração em relação aos médiuns inconscientes e semi-inconscientes, sempre a

depender das circunstâncias.

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Page 18: Atuação das Vibrações da Umbanda I

A vontade do médium persiste sempre em relação às incorporações, podendo o

mesmo inclusive interferir sobre a mesma a qualquer momento, visto ser o mesmo

consciente. No caso dos médiuns inconscientes ou semi-inconscientes essa vontade

se torna menos direcionada. Contudo, nestes casos até o momento da incorporação

possuí o médium o livre arbítrio de decidir se aceita ou não a influência da energia

atuante, a não ser que esta seja extremamente direcionada como ocorre em alguns

casos dando geração ao processo de “possessão positiva”.

Em relação à intensidade de uma incorporação, podemos dizer que essa não

cessa quando o Guia espiritual manifesta-se no plano físico, mas sim prolonga-se por

todo o período que o Guia permanece incorporado. Esse pouco a pouco vai

intensificando a sua ação magnética sobre o médium especialmente se consciente

durante vários minutos ou mesmo horas dependendo da situação, somente dando

por concretizado o processo quando percebem que o médium atingiu o estado de

afinidade energética e equilíbrio por eles estipulado. Isso explica, porque muitas vezes

o médium sente a manifestação muito fraca e distante no principio e mais adiante

percebe seu total desprendimento dos estados intermediários mentais, permitindo

assim que Guia se manifesta com maior intensidade.

As incorporações ocorrem junto aos corpos espirituais, mais precisamente sobre o

perispírito (nos casos de incorporação consciente ou semi-inconsciente) ou sobre o

Espírito nos casos da incorporação inconsciente. Dessa forma, durante o processo

incorporativo a Entidade tranqüilamente desloca o duplo etérico ou o perispírito do

médium, passando então a ocupar o seu lugar ou então permanecendo ao seu lado,

controla e exerce plena influência sobre seu organismo espiritual.

No caso das incorporações de cunho inconsciente, o espírito é deslocado,

permanecendo conectado aos outros corpos por cordões ou canais energéticos,

podendo inclusive, a depender das circunstâncias, realizar pequenas viagens astrais

enquanto a Entidade ocupa seu aparelho espiritual.

Complexo, engloba o processo incorporativo uma série de fatores físicos, mentais e

também psicológicos, não sendo simplesmente o deslocamento de um dos corpos

sutis e logo em seguida sua ocupação por uma outra força. No complexo esquema

da incorporação, quatro partes distintas tanto do organismo etérico-astral quanto do

organismo físico entram em ação para proporcionarem a atuação de um Guia

espiritual, a saber: o cérebro, suas divisões e glândulas; a medula espinhal com seus

canais etéricos; os chakras e o sistema nervoso em geral; os nádis ou “canais” por

meio dos quais flui a energia atuante.

Os nádis são artérias etéricas que se localizam em nosso corpo espiritual. A

palavra origina-se do sânscrito e significa vaso ou veia. A função desses vasos é

aquela de conduzir a energia vital, ou prâna através de todo o sistema energético,

ligando através dos Chakras os nádis de um corpo espiritual com os do outro. Esses

canais são em número 350.000, sendo que três deles desempenham as funções

principais e determinam as relações com o inteiro e complexo sistema de ligações,

sendo os mesmos denominados Sushunna, Ida e Pingala.

Sushumna é o canal que percorre todo o interior da coluna vertebral, nascendo no

chakra básico (entre o ânus e a genitália) e prolongando-se até o alto da cabeça no

18

Page 19: Atuação das Vibrações da Umbanda I

chakra coronário, sendo desse canal que brotam os vasos que distribuem as diversas

energias através dos sete centros principais. Outra importante energia que sobe

através do Sushunna é a Kundalini, a qual encontra-se "enrolada como uma

serpente" na base da coluna vertebral e tem com porta de entrada o chakra básico.

Ponto central de canalização das forças genésicas, essa energia quando ativada

sobe através do Sushunna em espiral despertando os outros centros de força, sendo

reconhecida como o princípio universal da vida ao qual esotericamente se dá o

nome de “Exu Orixá”. Energia criadora da Divindade, ou seja, a centelha do

Espírito Universal que se encontra em cada um de nós, o aspecto ativo do Ser

Supremo que quando despertado dá origem à todas as formas de manifestações

criadoras, fluindo nos seres em uma porcentagem muito reduzida. Durante o

desenvolvimento espiritual, tal energia tende a manifestar-se em freqüências bastante

reduzidas, subindo em um fluxo crescente pela coluna e ativando todos os outros

chakras. Quando ocorre tal ativação, há uma expansão dos centros energéticos bem

como o aumento das freqüências vibratórias permitindo a entrada do médium em

processo de transe ou êxtase.

Pessoas que fazem mal uso ou que abusam descontroladamente das energias de

caráter sexual, tendem a descontrolar esse fluxo energético, podendo sentir fortes

dores nas costas e na região do cócix durante os processos de incorporação.

Tal energia quando desperta é capaz de ativar as faculdades ocultas que os seres

possuem encerradas dentro de si ao longo de sua evolução. À medida que vai

subindo e preenchendo os chakras, transformas-se na vibração correspondente ao

chakra desperto bem como ativa sua função oculta. As vibrações despertadas por

esse “fogo ígneo” como também é conhecida, depois de transformadas são conduzidas

aos demais corpos espirituais, inclusive ao corpo físico, sendo então percebidas na

forma de emoções, pensamentos e sentimentos bastante elevado. Quando

despertada bruscamente por algum processo errôneo pode causar diversos

distúrbios psicológicos ou mesmo gerar conseqüências fatais naquele que a

despertou, não devendo os médiuns se exaltarem e passarem a procurar o seu

despertar de uma hora para outra, o que seguramente não irá ocorrer, uma vez que

tais energias superiores necessitam de uma mente, um corpo, um coração e um

espírito adequados para suas manifestações.

Outra força que flui através de Sushunna e derrama sua energia em todos os

chakras é Shiva, que penetra pelo Coronário (localizado no centro da cabeça)

destruindo bloqueios existentes nos centros de força e fazendo com que o ser

reconheça a presença da manifestação universal divina sem forma em todos os

aspectos da Natureza, como fonte permeadora de tudo. Essa é a energia trabalhada

junto aos Iniciados em correspondência com as freqüências fixadas de seus Orixás

e que ao longo dos anos é “arrastada” para fora permitindo sua canalização e

contemplação.

O segundo nádi importante é Ida, que brota do lado esquerdo do chakra básico e

termina na narina esquerda, portando consigo a energia lunar, refrescante,

aquática e tranqüilizadora. O terceiro nádi é Pingala, que brotando por sua vez do

lado direito do básico, termina na parte superior da narina direita funcionando como

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Page 20: Atuação das Vibrações da Umbanda I

condutor da energia solar plena de incandescência e estímulo. Ida e Pingala correm ao

longo do Sushunna, criando um pólo negativo e positivo. Ambos possuem capacidade

de captar o prâna diretamente do ar através da respiração e de expelir os tóxicos

durante a exalação. Portanto, quando realizamos exercícios respiratórios durante os

processos de concentração, incorporação, desincorporação, meditação, relaxamento

e outros, estamos colocando em ação a energia que flui em cada um dos chakras

através dos nádis, razão pela qual faz-se importante observar e realizar com

atenção cada um desses exercícios.

Descrição do processo incorporativo

Uma incorporação inicia-se desde o primeiro momento em que o médium se

prepara através da meditação e do relaxamento. Esses dois aspectos são totalmente

fundamentais para uma boa assimilação da energia que irá atuar, bem como para o

seu próprio equilíbrio interior. A primeira conexão com o Guia incorporante se dá

logo no início, quando em corrente realiza-se o processo de desligamento e respiração.

Enquanto estamos em corrente de maneira adequada e iniciamos o processo de

respiração que deve ser executado lentamente, passa a Entidade que irá incorporar a

emitir leves impulsos eletromagnéticos que atingem através do chakra laríngeo

dorsal e do chakra frontal, a glândula pineal e o bulbo raquidiano etérico que então

passam a emitir as mesmas vibrações ao bulbo físico.

Esses impulsos que logo permearão todo o sistema irão auxiliar o Guia no

controle dos batimentos cardíacos, da pressão e do equilíbrio da respiração,

desobstruindo os canais etéricos, permitindo uma passagem maior de energias que

colocarão em relaxamento tanto o corpo físico quanto o etérico e o perispírito.

Através do chakra coronário passa o Guia a emitir sua própria freqüência

vibratória a todo o sistema do médium, fazendo vibrar a pineal que então dilata o

núcleo do chakra proporcionando um aumento do fluxo energético da consciência que

por sua vez se expande lentamente (é o momento em que pode ocorrer a sensação

repentina de sono e tontura).

A energia então desce em direção ao chakra básico através da coluna vertebral

(podendo ocasionar as sensações de arrepio e frio repentinos) e novamente sobe

atingindo a glândula pineal do sistema espiritual que ao se dilatar, passa a produzir

uma intensa luz que varia de um dourado a um azul prateado, sempre a depender do

estado mental e emocional do médium.

Essa luz preenche a totalidade do cérebro com fluídos luminosos, direcionando

seu impulsos para o órgão físico, onde se derrama por todo o sistema nervoso.

Atingindo a glândula pituitária, tal fluxo energético permite que o cérebro seja

preenchido por intensa energia que aumenta consideravelmente a atividade cerebral

(pode então ocorrer o turbilhão de imagens que passam aceleradamente, a confusão

mental, a incapacidade em se concentrar ou visualizar qualquer imagem, lembranças

boas e ruins que se alternam provocando um certo incômodo que tenderá a passar

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Page 21: Atuação das Vibrações da Umbanda I

caso o médium se desconecte lentamente e se desligue gradualmente concentrando-

se em uma imagem, cor ou algo específico)

À medida que o Guia aumenta a intensidade de energia emitida diretamente do

seu organismo para o organismo espiritual, mental e físico do médium os chakras

absorvendo e canalizando grande quantidade de energia passam a girar com maior

intensidade e a dilatarem o seu núcleo, permitindo a absorção da energia do Guia

que passa a se ramificar através de todo o sistema nervoso e da corrente sanguínea

por todo o corpo do médium.

O chakra Coronário assimilando os estímulos do Plano Espiritual que estão a

permear o ambiente e que são emitidos diretamente pelos Guias, codificam através

do córtex as formas, controlam o metabolismo orgânico e inicia a processar os

movimentos que darão característica a incorporação.

Enviando impulsos a todos os outros centros de força, através da intrincada

rede de canais espirituais que se encontram sediados no perispírito, o centro

Coronário preenche o córtex com intensa luz, permitindo a assimilação do

pensamento do Guia, os movimentos involuntários e a percepção clara de sua

presença. Nesse momento, todas as glândulas endócrinas reluzem, preenchidas por

intensa energia, o que proporciona o controle do Guia atuante sobre todo o sistema

do médium.

O chakra laríngeo então passa controlar a respiração e a fonação do Guia; o

chakra Cardíaco coordena a emotividade, de modo a não ocorrer a interferência do

médium sobre o processo e permite a circulação da energia vital por todo o

organismo perispiritual. O chakra Esplênico regula a circulação sanguínea e os

fluídos que percorrendo o perispírito, dão sustentação e vitalidade ao processo

incorporativo. O chakra Umbilical se encarrega de filtrar as emoções e energias

densificadas agregadas aos órgãos espirituais como o fígado, os intestinos e o

pâncreas, absorvendo a maior quantidade possível de energias e descarregando-as,

de modo a purificar o aparelho mediúnico no decurso da incorporação dos fluídos

armazenados em seu organismo. Por fim o chakra Básico governando a totalidade

das energias telúricas, permite a exteriorização das formas a serem trabalhadas,

executando o processo de estabilização e descarga constante junto a terra, tudo

isso sincronicamente ao mesmo tempo.

Nesse momento verificam-se o início dos tremores, o balançar do corpo físico, a

sensação de não conseguir permanecer de pé, o início dos gestos involuntários, a

sensação de calor e torpor, podendo o médium, em virtude da aceleração da

produção de ectoplasma nesse momento começar a transpirar em quantidades

maiores que o normal, sendo também naturais a lacrimação e o aumento das

secreções pelo nariz. Tanto o suor produzido, quanto as lagrimas (não aquelas do

choro, mas sim as produzidas naturalmente durante o processo) e a secreção nasal

estão carregadas de puro ectoplasma condensado quando dos processos

incorporativos.

A depender sempre da intensidade das energias captadas, os chakras se

dilatam passando seus núcleos a absorverem cada vez mais a energia do Guia que

condensando energias presentes nos reinos da Natureza e codificando-as, derrama-

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Page 22: Atuação das Vibrações da Umbanda I

as por sobre o organismo mediúnico em concordância com os campos de

predominância elemental que circundam e se encontram presentes em todos os

seres e que vibram em concordância com as energias extraídas dos Elementos

Originais, a saber o Éter, a Água, o Ar, o Fogo e a Terra.

É a intensidade ou o impacto recebido por esses campos em concordância com

a Vibração que está sendo evocada que irá determinar o cunho de certas sensações

e que poderá deixar claro aos Guias, ao Dirigente e aos responsáveis pelo processo

de desenvolvimento, o teor de assimilação, carência ou excesso de energias

presentes no organismo mediúnico, permitindo conhecer e decifrar elementos

importantes em relação a sua saúde psíquica, podendo as sensações provocadas

serem positivas ou negativas.

A radiação espiritual provocada pela junção das energias do Guia e do médium,

descem então pela medula espinhal, percorrendo e alimentando todos os canais

etéricos do corpo, fazendo-os dilatar consideravelmente (podendo provocar a

sensação de que o corpo está inflando, ficando mais leve ou mais pesado a

depender do nível e intensidade das energias trabalhadas). A energia produzida

percorre todo o organismo físico e espiritual acelerando a rotação dos chakras e o

aumento da captação do fluxo energético.

Os movimentos do corpo característicos da aproximação da incorporação se

intensificam dando geração aos reflexos involuntários nas mãos, pernas, braços e

tronco. A medida que desce em direção ao chakra básico, o fluxo do Guia

desobstrui e elimina cargas negativas que podem interferir de maneira

considerável por sobre a incorporação (uma das razões que se deve dar tempo aos

Guias para que esses incorporem).

Ao subir rapidamente a energia produzida e intensificada pelo Guia preenche

toda a cabeça fazendo então com que a consciência entre em estado de

receptividade e quietude (sensação verificada por muitos médiuns no momento

exato em que vão incorporar, quando então todos os reflexos e movimentos cessam

de repente em questão de segundos). O Guia permite então que o médium perceba

não somente a sua energia se derramando pelo seu corpo, mas tende a emitir

fortes impulsos ao seu cérebro de modo que esse perceba a sua presença. É o

momento do “Eu estou aqui”. Frase essa que obviamente não é audível, mas tão

somente captada e assimilada por meios que variam de médium para médium,

chegando muitos a ouvirem literalmente o comando de seus próprios Guias.

O corpo etérico dilatado se desloca. Os chakras estão pulsando em sua energia,

a aura muda seu padrão vibratório, o campo mental se expande e se reveste de um

verde luminoso e os corpos sutis vibram em concordância com a energia do Guia.

A energia desce e sobe em níveis acelerados através da coluna até preencher

completamente o hipotálamo etérico que por sua vez emite seus sinais ao hipotálamo

físico, deixando assim o domínio do sistema endócrino, da sede, da fome, do sono e

das emoções nas mãos da Entidade que passa dessa maneira a controlar todos esses

fatores que poderão afetar seriamente o trabalho a ser realizado caso o médium

venha a senti-los em intensidades que prejudiquem a sua concentração uma vez que

a grande maioria se caracteriza como consciente.

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Page 23: Atuação das Vibrações da Umbanda I

Os impulsos da energia transformada nos chakras e que sobem para o cérebro

geram explosões de energia que afetam todos as células através da pituitária e da

pineal, gerando a expansão da consciência e o estado de receptividade. O centro

energético correspondente a Vibração atuante se expande permitindo o

acoplamento definitivo do Guia ao aparelho receptivo por meio de canais ou “tubos

energéticos” e ele finalmente incorpora.

Passa então o Guia a deter em sua grande maioria os movimentos do corpo do

médium através das ondas de alta freqüência por ele emitida sob as células nervosas

do córtex cerebral e das fibras nervosas do cérebro do médium agora conectado a sua

consciência, passando ele então a processar as informações que serão transmitidas em

palavras, gestos e ações, tendo transcorrido apenas cerca de um a dois minutos

desde o início do processo

Continua

Frase da reunião:

"Sois o único responsável pela sua própria organização interior, bem como

pelos seus resultados”.

Pai Cipriano da Senzala

IrmºJuliano:.Dirigente

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