atrio do templo

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Religião

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  • O VELRIO NO TRIO

    AILDO CAROLINO

    Determinada Loja Manica estava em uma situao muito difcil, era uma fase realmente crtica. Suas reunies no traziam nada de novo e at as tradies estavam se perdendo. Era sempre a mesma coisa, ou seja, ar pesado e poludo, a energia sempre negativa, os Obreiros apticos e desmotivados, bem como a descrena em possveis solues imperava e os balanos financeiros, um horror, no saam do vermelho. A bem da verdade, tanto a sua Administrao como as contas retratavam muito bem alguns pases do Terceiro Mundo. Era uma verdadeira calamidade, levando a muitos valorosos Irmos se afastarem assustados e, ao mesmo tempo, tristes por no poderem contribuir para a soluo dos problemas existentes, at porque nem sequer eram ouvidos. Efetivamente, esta situao no podia mais continuar como estava. Era preciso fazer alguma coisa para reverter o caos ali instalado. Todavia, nenhum Irmo estava disposto a reagir contra aquele estado de coisas; no queria assumir sua parcela de culpa, muito menos oferecer solues viveis, mas que poderia melindrar alguns Irmos que insistiam em no buscar solues. Desta forma, a maioria dos Obreiros apenas reclamava e dizia que tudo estava ruim, no havendo qualquer perspectiva para melhorar o astral ou a harmonia da Loja e, consequentemente, o progresso manico dos Irmos ficava cada vez mais distante de ser alcanado. Acontece que, para uns poucos e valorosos Obreiros, nem tudo estava perdido. Todavia, era necessrio abrir o corao e deixar a Luz do Amor Divino entrar e nele fazer sua morada. Acreditavam que a Administrao da Loja, ou mesmo qualquer Irmo do Quadro, que fosse mais habilidoso e equilibrado, deveria tomar a iniciativa no sentido de reverter todo processo de Decadncia Fraternal, Espiritual e at mesmo Material, que abateu sobre os Irmos e, consequentemente, vinha contribuindo para o afastamento de grande parte dos membros da Loja.

    tambm verdade que muitos deles, talvez inconscientemente, estivessem esquecendo os verdadeiros princpios manicos, nos quais se assenta a Maonaria, tais como: prevalncia do esprito sobre a matria, a busca do aperfeioamento moral

  • e tico, a prtica da fraternidade, a tolerncia, a solidariedade e tantos outros

    importantes virtude do Maom. Contudo, a grande surpresa estava para chegar e com ela, o desejo de alcanar novos progressos. O fato que, certo dia, quando os Obreiros chegaram para o "trabalho", encontraram na Sala dos Passos Perdidos, um imenso cartaz, todo colorido e chamativo no qual estava escrito um comunicado, redigido da seguinte forma: "Acabou de passar para o Oriente Eterno, o Irmo que impedia a evoluo e o progresso da Loja, bem como o crescimento de todos os Obreiros. Ele foi atingido por um grande mal, ou seja, pelo seu prprio veneno, mas nem por isso deixou de ser considerado um Irmo. Agora voc est convidado a prestar a sua ltima homenagem quele que na sua ascenso manica no passou da

    Pedra Bruta; permaneceu nela at a sua passagem para o Oriente Eterno".

    Todos se mostraram muito tristes por causa do falecimento de um Irmo Fraternal. Aps algum tempo, j refeitos do choque inicial, os Irmos ficaram ansiosos e impacientes para descobrirem quem era o Obreiro que h muito tempo vinha impedindo que o equilbrio e a harmonia fossem alcanados na Loja. A especulao tambm esteve presente e at o mais sereno de todos os Irmos perguntaria: "Quem ser o dito cujo? Era um Irmo antigo ou novo?".

    A agitao e a curiosidade eram demais no recinto, gerando at certa confuso, uma vez que todos queriam entrar ao mesmo tempo para ver o defunto. Foi preciso que alguns Irmos mais sensatos interviessem para organizar uma pequena fila entrada do trio, onde estava sendo feito o velrio. Assim, conforme os Irmos iam se aproximando da Urna Funerria, a excitao aumentava cada vez mais. Registra-se que o momento mais constrangedor do velrio ocorreu quando um ilustre Irmo do quadro, muito exaltado, talvez tomado pela emoo, interrogava de forma contundente: "Quem seria o Irmo que estava atravancando o meu progresso manico?

    Quem foi esse infeliz? Ainda bem que a Justia Divina foi feita e agora vamos poder progredir.".

    Foi nesse clima que, um a um, os Obreiros aproximaram-se da urna, olhavam o "morto" atravs do visor e em seguida, geralmente plido, engoliam em seco e se afastavam. Aps essa dura realidade, os Irmos ficavam no mais profundo e absoluto silncio, dando a impresso de que o mais fundo de suas almas fora atingido e marcado para sempre. Na verdade, no havia ningum no caixo, mas o visor da urna funerria era um Espelho refletindo a imagem de cada irmo que se debruava para olhar o morto. Meus prezados Irmos, certamente, depois dessa trgica narrativa, todos vocs j perceberam que, o Visor da Urna refletia a mais pura e verdadeira imagem daquele que vinha emperrando, mesmo que inconscientemente, o to necessrio e desejado progresso manico. Bem, vocs j perceberam tambm que s existe uma pessoa capaz de limitar nossa evoluo e nosso crescimento, seja manico ou profano, seja interior ou exterior. Essa pessoa, em verdade, voc mesmo.

  • Na verdade, a nica pessoa que realmente pode fazer a revoluo de sua vida

    pessoal, material e espiritual ou mesmo prejudicar a sua prpria evoluo voc mesmo. Voc a nica pessoa que pode se autoajudar. At porque dentro do seu corao ou no mais profundo do seu subconsciente que voc vai encontrar fora e energia necessrias para se transformar no arteso da sua prpria vida, seja ela manica ou profana. Alm do mais, o Irmo que desejar construir um verdadeiro Templo deve visitar a si mesmo, no mais profundo do seu ser e, a ento, executar um trabalho oculto e misterioso. Tal como a boa semente que deve ser plantada no seio da Terra para que seja possvel colher os melhores gros ou frutos. Da mesma forma, quem ouve o chamado

    da sua conscincia ou do G.:A.:D.:U.:, liga o seu canal e fica sintonizado com Ele e, certamente obter a mais sublime transformao, ou seja, poder encontrar a Pedra Filosofal que est oculta em seu prprio interior, e que lhe possibilitar fazer do carvo o diamante mais brilhante, do chumbo o puro ouro, da escurido a luz mais reluzente e, por que no dizer, do dio o amor. Esta crnica se destina nossa reflexo e qualquer semelhana com a vida real mera coincidncia. Contudo, cabe ressaltar que o momento propcio ao cultivo de bons hbitos...