atos solaris- · criaram o elo de comunicação com o ashram; os sacerdotes eram chamados pelo o...

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Atos Solaris-Relatos de

Outra vida IIIThoreserc

© 2015 Thoreserc.LUANA SANDRINI.Fátima

Relatos/espiritualista/Ocultimos/ regressão de memória

Ediçãowww.thoresercpoeta.com

Esta obra é protegida pelas lei nº 9.610/98 de direitos autorais. Você tem permissão para distribuir este ebook , desde que não altere o conteúdo e mencione as fontes originais.

Prefácio

Nas janelas do tempo...Não! Não poderia olhar através das cortinas...Medos ressentimentos, mágoas tudo o mais poderia surgir e, eu perderia mais uma vez...Posso estar aqui... posso ser aqui... mas já estive e já fui muitas vezes, em cada um destes momentos ganhei e perdi.Hoje! Olhando nos olhos de minha alma,Reflito em cada momento de mim e, reconheço-me a cada passo.No açoite do tempo, no abraço apertado, nos sonhos perdidos... as migalhas do meu legado!Me descubro plena, me descubro forte ao refazer meus passos, reencontrando meus caminhos a muito abandonados.Hoje posso tudo! Até voltar e reescrever a minha história de hoje!Amo cada pedaço de mim que encontro a vagar, trago para o aconchego de meu coração e me torno forte... para continuar na busca de mim mesma...Busque sua história Relatos de Outra Vida III

Édina Montelli

Introdução

Fábula de Clara

A audácia é filha da lenda, sejam aquelas que suportem o passar do tempo e superem a imaginação humana de quem as contam, ou aquelas que não conquistaram os mundos de todas as eras e morreram juntamente com os povos que as contavam; não importa. A lenda sempre terá como filho o audacioso que irá inspirar outros a romperem com paradigmas e regras.

Se a audácia é filha da lenda, o lendário é pai da revolução e da mudança.

Em uma tribo de estilo de vida feudal, mas não servientes a um rei ou a religião mandatária da época, nasce: A lenda de Clara.

A tribo descendia de nômades escandinavos e viviam em terras pertencentes à densa floresta onde se localizada um Ashram. (Escola ou templo que servia para a iniciação nas práticas ocultas da religião e crenças, um Ashram poderia pertencer a muitas ordens místicas, que nesse tempo existiam aos milhares, sempre ocultos entre montanhas ou florestas com intuito de preservarem-se mediante aos desígnios da Madre Igreja Católica). Esse Ashram não exercia poder violento para com os que viviam em sua propriedade, barganhavam na paz e um nutria o estilo de vida do outro, o vilarejo provia de alimentos para o corpo e alma dos padres e estes lhes alimentavam o espírito credo e algumas sabedorias que lhe serviam como medicina e trato da terra onde semeavam.

Não se sabe quando aconteceu tal historia, pois como toda lenda, ela não precisava o tempo, valia-se apenas do “era uma vez”, para não ser chavão irei iniciar com: Há muito tempo atrás existiu um casal

cujo contado era direto com os misteriosos padres, tidos por alguns como divindades em elo direto com os elementais e que intermediavam a paz e a prosperidade em nome do homem, estes tiveram uma filha, estranhamente não tinham os cabelos de fogo de sua mãe e nem as sardas de seu pai, sua pele não era clara como as do povo da vila, todos lhe estranhavam a aparência diferente, mas tal criança foi recebida dentro dos modos ritualísticos do povo e não foi recusada, embora conforme crescia as crianças lhe evitassem e quando moça as amiguinhas lhe fossem maldosas, na verdade havia um fio de inveja por parte das outras meninas de sua idade. Sim, ela era diferente, mas incrivelmente bela, seus cabelos eram negros e encaracolados indo até seus joelhos, não era de estatura alta e seu corpo não era o costumeiro corpo reto e esguio, características das mulheres da vila, seus seios eram volumosos e seu corpo era cheio de curvas, sua pele morena dava ainda mais luz ao seu largo sorriso de dentes ordenados e brancos, no entanto o que mais lhe chamava atenção eram os olhos adornados por farta e negra sobrancelha, seu olhar era bicolor, um de seus olhos era da cor do mel translúcido e o outro era verde profundo como as matas.

Clara não era austera, mas tinha uma reserva que intimidava aproximações, seus pais sofriam um tanto com sua rebeldia, sempre a fugir dos rituais da vila, ou participando somente até determinado momento, mas quando os sacerdotes apareciam, Clara negava-se a ficar até o termino, contudo sua natureza curiosa perguntava-se os motivos daqueles homens obscuros e encapuzados que desciam de tempos em tempos unindo suas praticas ritualísticas com as praticas do povo dela, não aceitava a maneira como tais homens eram reverenciados, eram apenas homens e nada mais. Sempre ao final do festejo um moça era escolhida para o ritual da intermediação, um

ritual secreto que somente as moças escolhidas sabiam e quando voltavam não podiam revelar. Clara nunca soubera o que acontecia, pois escondia-se para não ser escolhida, mas a curiosidade lhe perturbou, passou a analisar as moças que voltavam, todas elas mudavam o comportamento, muitas repudiavam pretendentes ao casamento, outras esperavam ávidas a oportunidade em casar.

Uma das regras do cerimonial era que as candidatas ao ritual secreto não poderiam ser casada, e todas deveriam iniciar o ritual da dança aos 16 anos. Clara viveu a vida buscando entender estes mistério, passado o tempo, já mulher de 22 anos, resolveu livrar-se da dança casando-se, seu pai lhe casou com um mercador que por lá passava de tempos em tempos.

Mas antes que pudesse ter o primeiro filho de seu matrimonio, a audácia vence a natureza calma da mulher. Quebrando todas as regras, no equinócio de primavera, ela vestes suas roupas de dança; todos os homens estavam na clareira onde a celebração se dava e todas as moças candidatas também, juntamente a orda de sacerdotes; quando sua presença foi percebida houve grande burburinho, algumas candidatas pararam a dança, alguns músicos deixaram a orquestras, mas impávidos, os sacerdotes, permaneciam como platéia das danças e Clara não se intimidou, ousou na dança, passos diferentes dos costumeiros, pensava no molejo das águas e como água se movia, mesmo sensual ela transbordava a fúria desafiadora de um mar em tempestade, a musica silenciou, e ela não percebeu os passos das muitas pessoas que partiam, quando voltou do êxtase de sua dança somente ela, a lua e uma fogueira estava no lugar; Clara sorri feliz, conseguira o que queria, que não era ser escolhida, mas afrontar as leis de tal ritual, que depois de casada e conhecer a intimidade entre homem e mulher, pode imaginava a

natureza do ritual secretos. Voltou para casa triunfante, mas não imagina que dali para frente tudo seria triste.

Seu esposo não mais lhe dirigia sequer um olhar, sua família procedia da mesma forma, assim como todos da vila, ela quis entristecer-se com sua colheita, mas logo viu-se como um ser livre, coisa que aquele povo não era. No entanto tudo só piorou, a terra tornou-se doente, não mais era fértil como antes, mesmo que ministrassem as poções que vinha do Ashram, tudo morria, chegou a época do frio, e as geadas trouxeram a fome completa ao vilarejo; todos passaram a culpar os atos rebeldes de Clara, e ela era um ser obscuro, nem parecia ser parte do povo, talvez fosse um gênio inimigo do homem renascido em carne, e pensando assim fizeram de Clara prisioneira e criaram o elo de comunicação com o Ashram; os sacerdotes eram chamados pelo o fogo que era do dever dos homens ascender em uma elevação montanhosa de onde podia-se ver parte da construção do Ashram.

A tentativa de comunicação foi inválida, não responderam ao chamado. Não vendo escolha o próprio pai de Clara propõe que seja feito o seguinte: A moça deveria ser entregue aos espíritos da floresta.

Então ele , que conhecia os caminhos de toda a floresta, vendou a filha e adentrou com ela pela escuridão promovida por tantas arvores e folhagens.

Voltou a sós, parecia não sentir-se triste e nem pesaroso em ter entregue a moça a fome dos seres da floresta.

Não demorou para a ordem ser estabelecida e a terra voltar a ser produtiva.

Tudo então voltou a normalidade e Clara nunca mais foi vista, mas a sua lenda persistiu na vila, como alerta para a rebeldia de outros, mas que também inspirou muitos anos depois a queda dos sacerdotes.

Cura

Na hora pré determinada embora com modificação do calendário acontecendo um dia antes a curadora e paciente se colocam em posição de trabalho.

Vamos iniciar?

-Vamos.

A curadora de apoio Edina não pode comparecer. Talvez problemas com o sinal de internet porque estava chovendo muito no sul do pai.

-Fátima escolhe a musica tema para hoje?

-Escolho sim.

-Em seguida apresento a música que me veio por sorteio. Uma coletânea de musica celta.

Luana imediatamente comenta:

-A minha era celta também.

Elevemos nosso pensamento ao mestre Jesus, respiremos lenta e profundamente, sintamos a musica a nos preencher e vamos cada vez mais dentro da emoção, mas de maneira tal que o espaço se torne atemporal.

-Sim.

-Continue respirando e deixando que a música te leve. Nesse momento chamo por nossos amigos espirituais e cósmicos e que os cavaleiros da Rosa se façam presentes em nossos lares, nos dando

proteção. O amor é o chamado e por isso se faz presente nossa amada Kuan Yin. Hilarion, nosso mentores estão ao nosso lado.

Hoje especialmente faz-se presente nosso conhecido mestre Fas e sua luz dourada.

-Eu saúdo Mestre Fas. Namastê.

-Fatima te vejo em um jardim, sentada em uma cadeira, um espaço aberto de grama baixa, rodeado de flores um espaço em formato circular, você confirma?

-Confirmo.

-Como se sente?

-Muito bem, está muito frio e é noite. Tem uma fogueira feita com galhos secos.

-Sim, reconhece o lugar?

-Não.

-Você quem fez a fogueira ou já estava aqui quando chegou?

-Já estava acesa. Mas não vejo mais ninguém, só eu estou aqui agora.

-Olhe diretamente as chamas deixe que elas falem com você. Respire e conte-me o que percebe, o que lhe falam as chamas?

-Ao olhar o fogo penso que aqui era um local onde me encontrava com uma pessoa, um homem suponho; mas hoje estou só eu.

Luana diz que teve a mesma impressão e continua.

-Olhe-se e descreva.

-Tenho cabelos encaracolas mas compridos e muito vermelhos, ruivos, olhos verdes, intensos, uso roupas não muito elegantes, um vestido com um acinturado alto, sem cinto. O vestido de cor verde desbotado porque é tingido com folhas, e sai quando lavado.

-Confirmo.

-Calço botas de couro de animal e tenho um anel grande de pedra ou osso agora não sei, perolado.

-Quantos anos você tem?

-Não sou jovem; devo ter uns 38 ou 40 anos, mas com traços bonitos.

-Está unida a essa memoria ou a observa de longe ou de perto?

-Misturado. Em momentos me vejo no local, em outros momentos me vejo, acontece rápido.

-Percebo a rapidez é o fogo, a energia.

-O fogo é sagrado para meus conceitos, pelo que entendi.

-Respire lentamente e profundamente você e a mulher a acompanhe e sinta as emoções dela, permita-se que ela se chegue. Então descreva como ela se sente neste local.

-Sim, é sagrado, por isso esta aqui.

Não que tenha certeza do futuro, mas por enquanto, vem mantendo uma tradição, por isso vem sozinha

A curadora intervém com uma pergunta.

-A sensação de espera do inicio. Seria saudade?

-Sim. é uma saudade do local, do encontro,, como se fosse algo esperado e que agora não tem.

-Não racionalize, apenas sinta e responda. Você foi essa mulher?

-Sim e não.

-Explique se puder.

Não sei ainda. Por exemplo: No momento não há encontro com ninguém, mas há o local e o sentimento é de resignação sabe como algo que tem começo e fim?

-Sei.

-Sensação de que outras pessoas se encontram agora, mas não é muito claro.

-Ela sente uma atmosfera de encontros?

-De ritual.

-Mas propriamente dito não tem a ver com ela?

Parece que a idade a impede de participar, é uma comemoração ritual. Somente as jovens mulheres participam.

-Ela passou por algum ritual aos 16 anos?

-Não sei. Mas participou das cerimonias rituais. Não sei como começou.

-Ela falaria comigo?

-Vamos tentar.

Luana vai para uma abordagem mais direta com a memória informando que se aproxima.

-Saudações, paz e bem! Posso me aproximar?

-Quem é você? Nunca a vi antes.

-Permita me apresentar, meu nome é Luana

-Lua? Adoro a lua.

-Vi a luz da fogueira e cheguei até aqui. Eu também; a Lua é minha madrinha de nascimento.

-Você é da floresta, como posso vê-la?

-Eu sou da natureza como você, por isso nos encontramos, como te chamas?

-Eu não sou da natureza nem da floresta, sou gente. Elga.

-Eu também sou gente Elga e somos da natureza, mas você está certa, eu não sou como você.

Como paciente percebo que ambas falam de coisas diferentes e esclareço Luana de que ela a memória refere-se aos elementais, baseando-se em sua pele morena e nos olhos escuros que ela quase não conhece.

-Não pertenço a esse tempo, pode ser que tenha pertencido. Eu vim para te encontrar e saber deste lugar onde vens todos os dias. Podemos conversar?

-Não venho todos os dias, só nas noites de luar como hoje, mesmo com esse frio a lua está lá.

-Espera encontrar algo?

-Não. Apenas venho para sonhar e as vezes tocar minha flauta para a lua.

Elga dá risada de si e completa.

-Muito bobo não?

-Não acho, acho lindo, eu converso com a lua também. Me diga, vinham pessoas aqui ou só você conhece o lugar?

Elga está envolvida com a atmosfera fria e convida Luana para dançar. E começa a rodar.

-Muitas pessoas vêm aqui. É um local de cerimonia.

-Filhos da natureza?

-Como?

-Fala de magia?

-Bem, quando temos boa colheita, quando chove no tempo certo, quando os homens voltam vitoriosos, quando as crianças não adoecem durante uma estação fazemos uma cerimonia, dançamos, cantamos, bebemos, até amanhecer.

-Há saudade em sua voz, isso ainda acontece, essas celebrações ?

-Sim acontecem.

-E porque sentes saudade?

-São muito bonitas e me encantavam, por isso eu sinto saudade, colocava uma roupa branca, flores no cabelo, e dançava descalça.

-Encantavam? Não pode mais?

-Não.

Elga ri nervosa nesta hora e continua.

-Quando casamos não podemos mais, agora ficamos na aldeia cuidando das crianças e dos velhos, só as solteiras e os homens podem vir.

-Isso te incomoda?

-Eu fico imaginando será que alguma mulher casada alguma vez quebrou a regra e participou?

- Contam uma lenda

Mas Elga parece não ouvir e continua falando:

-Contam uma lenda e eu fico muito curiosa. ,mas não contam tudo.

-De uma mulher que quebrou as regras?

-Sim, era casada e participou, que louca devia ser.

E neste momento ri nervosamente outra vez.

Então a curadora considera o momento oportuno e pergunta.

-Quer saber como termina essa lenda?

-Ah! muito, você sabe?

-Sim, eu sei....

-Pode contar tudo?

-Claro que posso.

-Conta bem devagar tá?

Vou contar, preste atenção Elga.

O nome dela era Clara, era bela como tu, mas com uma diferença, o que já tornava diferente dos outros eram seus cabelos negros.

- É? Na aldeia uma mulher de cabelos negros? Nunca houve antes. Hummmm.

-Clara tinha um traço incomum, seu olho esquerdo era verde como as matas, e o direito da cor do mel, desde pequena as pessoas não lhe davam atenção. Mas ela participava das celebrações, somente nesse dia ela recebia sorrisos, pois ela era como os espíritos da floresta depois de um tempo todos se acostumaram com ela mesmo que fosse diferente, e ela como tu era encantada com as cerimonias onde sentia-se essencial, mas casou-se e como sabe não podia mais, pois dizem que é da dança das virgens que brota a fertilidade; bom a regras tu conhece.

Mas, espirito audaz, não aceitou não fazer parte das cerimonias e quebrou a regra, todos a repudiaram, a musica parou de tocar, mas ela não parou de dançar, todos foram embora e ela ficou, sabe-se que ela nunca mais foi vista depois disso, mas não é bem assim. Um terrível acaso, ou não, aconteceu; as colheitas minguaram por forte geada, não houve comida, não houve dança os de sua vila, nesse tempo, acharam justo que o mal fosse desfeito; a moça teve seus olhos vendados e deixada em selva fechada para que tudo fosse normalizado. Nunca mais a viram, e isso também não ajudou, na verdade a natureza decidiu, dançasse ela ou não aquele ano, a vila passaria por provas; no entanto , de alguma forma a moça, sem o saber com certeza, viu nisso uma oportunidade de cumprir seu destino; não acho que seja um final triste e tu achas?

Achei estranho, mas cada aldeia tem as suas lendas não é?

-Isso mesmo, lendas são lendas e cada um as contam de uma forma, mas toda lenda tem um fundo de verdade, você poderia descobrir se quebrasse as regras?

-Eu sempre penso em quebrar as regras, mas na hora “h“ eu não quebro, seria colocar em perigo a comunidade e também porque eu sei que seria reconhecida

-Sim. Eles acabaram de ir embora acredito, e você está aqui. Eu posso te levar agora ao passado ou ao futuro. Quer saber se quebrou finalmente as regras?

Elga ri nervosamente e não responde rapidamente.

-Sim ou não?

-Eu não vinha aqui por causa das danças. Gostava, mas é por outro motivo.

Luana neste momento nota que estamos sendo observadas e pergunta se também percebi enquanto continua conversando com Elga.

-Ah! o motivo era outro? Elga, o motivo era um rapaz?

Há neste momento uma quebra no diálogo e eu paciente converso com Luana porque havia entendido que ela achava que Elga fosse homem.

Restabelecido a sintonia Luana pergunta para mim.

-Como ela reage a minha pergunta sobre o motivo ser um rapaz?

A reação de Elga é normal respondi por minha vez.

E Luana diz que retoma a conversa com ela.

Elga, era um rapaz?

-Era um sacerdote, não poderia dizer um rapaz para ele, rapazes são os jovenzinhos da aldeia.

E novamente Elga ri não parece estar muito a vontade com a conversa.

-Um sacerdote? As crenças da sua vila são particulares, ele era sacerdote dessas crenças ou de outra.

-Bom ele não vivia na aldeia, se é isso que quer saber, vivia no meio da floresta atrás daquele muro muito alto.

-E ele participava dos ritos, mesmo não sendo da aldeia?

-Só das cerimonias, ele quem comandava e escolhia quem seria a musa.

-E o que essa musa fazia? Ela dirigia a dança apenas?

-Bem. O ritual após a cerimonia coletiva era particular, somente entre o sacerdote e a musa.

-Entendi. Como era o nome do sacerdote?

-Atos, mas por favor não conte para ninguém; sabe ficaria chato, pois você não é daqui.

-Tudo bem, se acalme, e também acho que isso já não importa, mas nada direi respeitarei sua vontade.

-E depois que casou-se não mais esteve com ele?

-Não; na aldeia ele não comparece, somente nas cerimonias, e mesmo assim ninguém lhe vê o rosto.

-Fátima alguém nos observa da clareira, posso pedir que se junte a nós?

-Pode sim.

-Por favor se aproxime e se apresente.

-Fatima poderia emprestar voz a ele?

-Vou tentar.

Como eu não havia percebido nenhuma presença perguntei a Luana quem era essa pessoa e ela me respondeu.

-É um homem, faz tempo que está ai. Nos observava.

- Paz e bem senhor, não quer se juntar a nós?

Enquanto esperava pela resposta e porque eu me demorava ela pergunta a mim.

-Ele tem a energia difícil de acessar?

Mas não era isso, é que meu computador está com um defeito e trava, então lhe informei. Embora tenha sido um momento interessante para o computador apresentar o defeito, depois de tanto que já estava usando.

-Travou o computador.

-Luana disse que enquanto eu não respondia havia ela desenhado um símbolo que havia surgido em sua mente.

Eu falava com ela pelo celular enquanto o computador reiniciava e ela foi dizendo:

-Eu imaginei, energia forte a do homem e fazendo anotações das impressões e de repente sem pensar desenhei um símbolo que é um triangulo com a rosa no centro presa por quatro hastes que forma uma cruz. É de prata e estava no pescoço dele, acredito que tenha a

ver com o anel que viu. As eleitas, as musas deveriam receber este anel. E este símbolo é Rosa Cruz.

Perguntei se ela falava do sacerdote.

-Atos?

-É?

-Sim e isso confere com a natureza do ritual, procure não perder o lugar respire, continue lá.

Neste momento o computador estava ligado novamente.

-Pronto Luana podemos continuar.

-Consegue ainda ver Atos e Elga e o local?

-Estão aqui.

-Atos, Paz e Bem.

Comentei com Luana que não o tinha visto só sentido.

-Paz sempre, sim; já sabe o meu nome e eu não sei o como lhe chamar?

-Luana Thoreserc pode me chamar assim.

-Luana, belo nome.

-O teu também, porque nos olhava da clareira, sempre vem a cá, ouvir flauta por acaso?

-A clareira faz parte da propriedade e nas noites de luar é um bom lugar para apreciar a natureza e se houver alguma flauta tocando, também será apreciada.

-De qual propriedade?

-Oh! cara Luana percebo que não conhece o terreno; acolá existe um ashram, cujas terras tomam todo esse local para além da aldeia estão os limites.

-Sim?

-Mas é propriedade de quem?

-Tem muitas perguntas mas não entende as respostas; vamos lá como sou um bom professor, vou lhe ensinar com calma; um ashram é um templo de iniciação e geralmente possuidor de muitas terras e bens, as vezes frutos de doações, as vezes frutos de dons acho que me entendeu agora.

-Entendi e como são vistos os rituais lá onde vives?

-Poço lhe pedir um favor antes de continuarmos com essa conversa, cara Luana ?

Luana demorou a dar seu aceite e Atos ficou silencioso então precisei intervir com ela dizendo que ele só continuaria quando ela aprovasse o pedido. E como sua natureza é bem rebelde também ela disse que estava aguardando e seu silêncio é por concordava em ouvir o tal pedido e até disse que reformularia a pergunta que havia feito para facilitar as coisas, mas Atos já interferiu no que ela falaria.

Entendido. Então peço apenas que as cismas do seu coração se desfaçam para que não tente ver antes que eu lhe revele porque quando a mente trabalha no lugar do coração o que acontece nunca é o correto.

-Se desatente de meu coração para não se distrair, agradeço a disposição em revelar-se, vou refazer a pergunta, és mestres nesse Ashram ou o mestre dele?

-Realmente deve se reformular; existem muitos mestres em local de iniciação.

-Sim, as crianças são recebidas no Ashram onde vive, ou a única interação que há com a vila são os rituais?

-Se alguma criança for enviada para nós, sempre a receberemos e cuidamos de sua educação, mas para as iniciações nós escolhemos poucas vezes na aldeia, mas escolhemos em muitas localidades.

-Como conseguem com que a Igreja não saiba de suas localidades, ou ainda não foram apresentados ao cristianismo ou foram , mas de outra forma?

-Vivemos na floresta e não me consta que a igreja goste de locais afastados, preferem o burburinho das cidades de onde podem vigiar seus fieis e sem nossa existência o Cristianismo também não existiria, espero ter respondido a altura.

-Sim, claro. Respondeu sim; suas praticas são milenares, são herdada dos cultos ao Sol e a Lua, sagrado feminino para expansão do sagrado masculino?

-Salve Aton.

A saudação que Atos fez a deixou surpresa e por sua vez também fez a saudação.

-Salve Atom e Salve a Flor !!!

E Atos completa sua saudação.

-Salve a flor !!!

-Atos, você conhece Elga?

-Por certo que sim, desde criança. posso facilitar um pouco?

-Sinto que não é desinformado da natureza de minha presença; poderia contar um pouco da historia de vocês? Isto se Elga quiser saber. Você permite Elga?

-Por favor eu gostaria muito. -Elga responde.

-Elga tem receios de que as intimidades do culto particular sejam descobertas por outros, mas nós sabemos que essa prática na união do sagrado feminino e masculino são normais aos rituais, acho que se nos relatar um pouco Elga poderá também entender mais do que acontecia e qual seu papel na vida dela. Aceita falar Atos?

-Sou uma alma livre de convenções senão jamais poderia participar do movimento que participo. Elga escolheu a família, o pai, a mãe e os irmão, e depois o esposo, por isso não sei se saber o que poderia ter sido se escolhesse seguir para o ashram vai fazer para sua alma hoje.

-Sim, para ela é importante.

-Em todo caso, por cinco luas ela participou das cerimonias rituais, que como você deve saber são apenas comemorações da boa colheita para os camponeses, mas para nós tem o sentido sagrado dos seres.

-Sim Atos, eu sei.

-E por cinco luas foi Elga escolhida para a particularidade do ritual que acontece após todos saírem do local, era escolhida porque eu

estava comandando e porque havia enviado um presente a ela um perfume especial para que usasse na noite e pudesse ser escolhida, e ela sabe até que seria escolhida hoje se quebrasse as regras porque ainda tem o perfume.

-Sei.

-Mas na hora de escolher não mais voltar para casa ela fraquejou e escolheu a austeridade do pai um homem muito correto e conhecedor da natureza em seus dons médicos, era um pesquisador naquele tempo.

-O perfume era para que fosse escolhida, ou para que quisesse ser escolhida?

-Para ser escolhida; todas as mulheres vestiam-se igualmente, muitas flores no cabelo, no escuro não era possível escolher se não houvesse algo que a diferenciasse, eu distinguia o perfume.

-Voce queria distinguir pelo cheiro? Já se conheciam antes então?

-Cheiro seria de mato, era um perfume especial elaborado por mim.

- Sim. Conheciam-se antes? E me diga, esse tipo de método de escolha não era permitido não é?

Atos desata a gargalhar.

-Hahahahahhaha, você tem muitos preconceitos, tudo é permitido, desde que se saiba o preço.

-Não. Penso nas regras que há até para o exercício da liberdade.

-Regras são para a base da pirâmide.

-A liberdade é um conceito, as seitas que mais a incentivaram foram as que mais criaram regras.

-Por isso o exercito precisa delas também.

-Pois então, conheciam-se antes; o seu sagrado masculino não a escolheu em um momento de ritual, digamos assim então, estou certa?

-Cara Luana, acredito que daqui em diante Elga possa contar melhor a sua historia, eu disse no começo que a conhecia desde criança não entendeu?

-Entendi, eu me referia ao ritual que serviu de subterfúgio para uma relação amorosa, então foi isso que quis dizer quando perguntei se a conhecia antes. Me diga, e acho que Elga quer saber, se nunca foi só a pratica do ritual de captação da essência do ser; por que não continuaram, por ela não querer quebrar as regras ou por sua vontade, Atos?

-Não continuamos porque nada havia para ser continuado. Elga não seguiu para a iniciação e nem para morar no templo, preferiu a vida com os seus, quebrar regras é um conceito dela não meu, e lhe digo mais, quando chegamos em determinado estagio não entendemos as relação como amorosas simplesmente porque um homem e uma mulher se deitam, buscamos a completude no tudo e no nada, os corpos são ferramentas e nos servimos deles para mover os astros.

-Elga?

-Sim.

-Você sabia disso?

-Não estou entendendo bem o que estão falando.

Atos interfere.

-Cara Luana , por favor preserve uma mulher camponesa que não recebeu nenhuma orientação maior em sua vida, cuidado para não perturba-la.

-Caro Atos entenda que ela precisa compreender a natureza do que houve entre vocês, é um direito dela, ela não irá perturbar-se, pois há partes nela preparadas para atuar em sua compreensão. E não é justo que ela permaneça aqui sempre, sem saber o porque.

-Então deixa que eu explico.

Atos toma para si a explicação para Elga.

-Explique então; ouça Elga.

-Sim agradeço sua compreensão.

Atos se vira para Elga e começa a falar.

-Elga, veja ali adiante o lago, vamos até lá? Cara Luana me siga, nos siga por favor.

-Sempre.

-Olhe o lago Elga, observe sua calma, observe que por cima dele tem uma névoa não é bonito? Ele é fundo muito profundo, ele é comprido quase não se sabe onde começa e onde termina. ele serve para todos tanto para o homem quanto para o animal. Ele é só bondade, não acha Elga?

-Sim acho é lindo.

-Então Elga, faz de conta que o lago é o criador de tudo, quem criou o céu e a terra e eu um pobre homem que deseja senti-lo, preciso

beber sua agua limpa e purificadora e você é a concha com a qual eu pego a agua do lago; consegue me compreender?

-Acho que sim.

Neste momento Elga começa a chorar baixinho, pois constato que ela só o via como um amante e comento com Luana que também concorda comigo.

Atos abraça Elga e lhe beija os cabelos. Pede para ela esquecer o que aconteceu e pensar que sempre há tempo para sair da casca.

Luana retoma a conversa perguntando para Elga se entendeu e voltando-se para Atos fala, ao receber a resposta de Elga com um sinal positivo de cabeça

-E o senhor Atos, enquanto Elga entende o que aconteceu, quero dizer, isso me despojando do que me pediu no começo.

Eu compreendo sua natureza sabedora, os seus estudos e compartilho desse conhecimento e compreensão, não quero lhe cobrar, mas que atente para algo que aconteceu aqui hoje?

-Pois não.

-Essa é uma característica de seres que se aprofundam nesse rio, mas há o atropelo , talvez inconsciente por parte do sabedor, que não apercebe que: Não é por que ele sabe que o outro também sabe; essa pequena explicação para Elga teria lhe livrado de muitas impressões no futuro. Deus, em sua sabedoria, nos deu essa ferramenta de voltar no tempo e remediar, mas peço que se analise, em seu futuro ainda não comete este erro de descuidar desse fato, que nem todos podem compreender a natureza de uma atitude sua?

-Sou grato por sua colocação e peço que me ouça também como eu a ouvi; explicações iguais ou até melhores foram dadas muitas e muitas vezes a Elga, mas talvez cara Luana entenda que algumas mulheres só ouvem o que querem ouvir

-Verdade.

-Preferem modificar o que se fala e adaptar à sua própria fantasia.

-Isso não te é relevante como natureza ignara do ser?

-Tudo é relevante, e como agora falei a ela da forma mais simples que até uma criança poderia entender, assim também fiz no passado, mas talvez a natureza impetuosa e amorosa do pai tenha sido mais cativante.

-Atos não estamos falando de rituais anuais, mas de rituais extensos. Talvez ela tenha entendido sua explicação e a do jeito dela fez a escolha certa, mesmo com o perfume preferiu não quebrar regras e por isso ficou com o pai, algo que parece te incomodar, visto que falou várias vezes.

-Lamento dizer, mas ela não escolheu isso., ela quebra as regras toda vez que vem até aqui e fica nesta contemplação.

-Como disse ela compreendeu ao modo dela, colocou seus sonhos de mulher pois os rituais foram além do que deveriam ir dentro do que pede as regras de seu Ashram.

-Me incomoda sim, porque pergunto onde está seu pai ? Cara Luana essa conclusão é sua lembre-se disto sempre.

-Você toma conclusões por Elga também ou não? Seria bom que agora Elga te dissesse porque quis o pai, o marido e os filhos.

Agora Elga está consciente de suas escolhas e devidamente entendida do que era ofertado a ela

-Eu não tenho necessidade de saber por que ela escolheu, talvez ela devesse contar para o espelho na agua assim se veria e ouviria.

-Então peço ao mestre Fas que lhe irradie de luz solar nesse momento em que falarei com Elga. Elga?

-Grato. Faz aproxima-se, ele que estava a todo tempo sustentando com energia a cura e irradia luz para Atos. Elga responde:

-Sim.

-O que sente agora?

-Estou cansada Luana podemos ir embora?

-Sim, mas antes quero lhe dizer algo.

Não pode dizer amanhã? Eu volto aqui.

-Quando voltar essa informação que te darei fará toda diferença, serei breve, prometo.

De repente a atitude de Elga surpreende.

-E se eu não quiser saber?

Atos riu.

-Permanecerá cansada e sem poder dormir.

-Mas eu durmo muito bem

-Depois de hoje não sei se conseguirá.

Novamente Atos tenta entrar na conversa.

Cara Luana posso lhe ajudar?

-Não.

Muito bem, então boa sorte.

-Quando eu pedir você ajuda; comigo perto você não controla nada a não ser que eu veja necessidade.

-Perfeitamente. Só algo que ouso dizer. Tudo quanto disser a Elga...ouça também.

-Elga, muitas vezes estive aqui com você no futuro, e muitas vezes no futuro você veio sozinha aqui nesse mesmo lago.

Luana, da pausa a elucidação de Elga responde Atos com desagrado.

-Eu sei Atos que serve a mim tudo o que eu ministro e faço bom uso, obrigada pela observação. Fatima se aproxime de Elga e fale desse rio, conte você a ela. O que é ele, e como você o utiliza.

-Eu? Não entendi.

-Afinal ela é sua sub parte, nem eu e nem Atos podemos esclarecê-la.

A curadora esclarece a paciente sobre a natureza do lago:

-Não se lembra do lago? Se disser que não se lembra, eu deixarei Elga e Atos aqui e podemos partir para próxima e voltar depois, eu respeitarei o que disser.

A paciente se vira para sua subparte a esclarecendo:

Sabe Elga eu sou do futuro assim como Luana e Atos que vive em qualquer tempo e o que vou lhe dizer é o que li nesta noite aqui, você não escolheu ir para o ashram porque achou que Atos faria um escândalo, e iria busca-la em casa, que você era importante demais

como mulher, e quando viu que ele não foi ficou ressentida se fazendo de besta. Você sabe que ele a via da colina e os seus pensamentos sempre sensualizados ficaram neste lugar imprimindo aqui uma marca indevida por isso o conveniente é que você desfaça essa forma pensamento pegue a tocha na fogueira e queime tudo em volta, eu ajudo, mas quero ter liberdade de poder usar sua experiência sem ter essa nodoa atrapalhando,sua vaidade me atrapalha muito.

Luana depois de informar que Atos recebe luz do Meste Fas segue com Elga:

-Elga?

-Sim.

-Como se sente queimando o lugar?

-Nervosa e envergonhada, não imaginava que alguém soubesse.

-Não se sinta assim, é natural, mas uma vez queimado não mais lhe imputará vergonha e agora que se conheceu no futuro pode partilhar da sabedoria que adquiriu e pode ofertar o que tem de bom o ser que se tornou, compreende a natureza de sua, digamos, queda? O bom é que está queimando e poderá sem receio partilhar com você mesma o que há de melhor.

-Sim. Posso pedir algo?

- Sim pode.

-Gostaria de ver pelo menos uma vez a face de Atos, ele sempre esteve coberto.

-Sim. Atos, enquanto o fogo trabalha, o fogo que queima nossas nódoas, mas não nos fere em amor, pois é amor; gostaria de pedir que mostrasse finalmente seu rosto, e por favor, poderia ser direto agora, as palavras não são necessárias

Digo para Luana que ele tirou o capuz. E que Elga o vê.

-E você Fátima o vê também?

=Vejo sim.

-Reconhece Atos, como alguém do futuro? E em caso afirmativo, quem seria?

-Como Atos ele é negro com cabeça reluzente e muito forte, é surpreendente.

-Sim?

Elga por fim falou.

-Nunca imaginaria, pensei que fosse igual a mim.

-Bastante, mas eu imaginei sua aparencia pelo marfim do sorriso.

-Ele tem olhar bonito, não sei quem seja hoje. - falei como paciente.

-Sim, bastante. Não o reconhece em seu futuro?

-Não. Não tem a energia de ninguém que eu conheça.

-Sim.

Luana traduz o que está acontecendo.

-Fas serve, agora que o lugar foi incinerado, uma bebida da mesma natureza do liquido que ele despejou na fogueira algumas vezes enquanto falávamos, bebamos.

=Sim.

-E agora como se sente Elga?

=Arrependida

-Do que?

-De ter feito um jogo e ter perdido.

-Imaginei; bom agora pode descansar.

-Fátima se importa se eu coloca-la aos cuidados de Kuan Yin e Hilarion, gostaria de dizer algo antes, caso não se importe?

-Não me importo

-Elga; Kuan Yin senhora da misericórdia apresenta-se a você sinta a luz rosa que ela irradia em seu coração. Hilarion, mestre amado da cura e da verdade, pois essa é o mais salutar dos remédios, lhe coloca em esfera esmeraldina. Durma, irá acordar em um lugar onde será instruída sobre as leis do carma e darma. Paz e bem. Fátima, Kuan Yin lhe irradia luz de compaixão ao mesmo tempo que sua luz faz erguer-se a água do rio. Deseja que esse rio torne-se chuva e volte como fertilizante da terra ou o manterá?

-Esse lago não é meu, que se torne chuva.

-Assim seja!

-Assim seja!

-A chama da misericórdia e da compaixão o vaporiza e que quando voltar a terra que regue as boas sementes e refresque as nações, seja vida, pois essa é a natureza da água.

-Atos?

-Pois não.

-Sábio espirito, que tua sabedoria lhe seja amparo, receba a Luz de nosso amado mestre, e sinta o calor desse sol que arde em seu peito; vá com ele, e que a paz e o bem estejam contigo.

-Paz. Grato.

-Fátima como se sente?

-Me sinto muito bem.

-Ótimo então respire profunda e lentamente e vá voltando a sua casa, trabalhadores de Maria estão contigo, quando tiver voltado me avise.

-Pronto.

-Beba água e como um doce.

-Vou fechar os trabalhos.

Voltemos mais uma vez nossas mentes ao mestre Jesus, que nos trouxe em paz e em segurança para nossa casa, busquemos a gratidão e dizendo OGRIGADA do fundo de nossa alma, vamos da r por encerrado os trabalhos de hoje.

Gratidão.

-OBRIGADA, OBRIGADA OBRIGADA OBRIGADA OBRIGADA....

Após encerramento da cura senti vontade escrever uma poesia:

Ébano

Espanto me causa sua face, nova,

Diferente tanto da que vivia em minha memória,

Longa crina vermelha sobre um dorso de alabastro,

E a voz rouca de poucas palavras,

Lendo baixo o sacro hino.

Deixou na pele de seda da menina

O perfume das seivas mais finas,

Sem promessas que não fossem cumpridas

Comprida por séculos e séculos foi sua sina

De longe e sempre a noite o misantropo

Com sua capa sobre os ombros, caminha

Pelo alto da verdejante colina

Olha o céu e namora a lua

Enquanto ouve a flauta soprada com doçura

Os véus que escondem os segredos mais puros

Podem quando descerrados mostrar veios de negruras

Porque assim é a natureza que não conhece o sagrado feminino.

Graal da natureza

Mas pelo movimento dos astros, de tempos em tempos

As pedras mudam de lugar e mostram o próprio limo

As mentes simples de antes são sofisticadas no futuro

E rasgam as vestes retiram das guirlandas as flores

Para que a alma se veja e perceba-se libertada

Possa crescer em entendimento das virtudes sagradas

Deixando a emoção que apaixona resguardada de seus dons

Para conseguir ver em tudo e em todos, belas lições,

Então é de espanto tanto que vê o rosto desnudo

Do príncipe inventado e suposto que nunca houve

Para aceitar que apenas está a frente um homem

Cujo poder e bondade paira acima da agua calma

Do lago de venturas e desventuras

Salve Atos, Salve Aton, Salve a Flor, Salve Faz.

Relato de Elga

Filha caçula do casal de botânicos que colhiam as folhas flores e frutos da floresta e as coziam ou secavam para transformá-las em cremes, unguentos, gotas curativas. Foi a terceira a vir ao mundo e veio depois que suas irmãs já eram moças desenvolvidas. Os mimos recebidos dos pais e das irmãs foram muitos e Elga viveu rodeada de carinho e atenção.

Não conseguiria precisar em que momento começou a perceber o que diziam suas irmãs, mas tem lembrança de ouvir seus risos e as palavras que proferiam.

-Ah! Sonho com a noite de cerimonia ritual. Sonho que ele me envolve por completo e não me deixa voltar para casa nunca mais. E mesmo que eu vá ser uma serviçal no castelo eu não hesitaria em segui-lo.

-Frida não seja tola. Somos apenas pasto para esses homens que enganam nossa gente com esses rituais demoníacos.

-Cala-te Inga não permitirei que fale assim do meu rei e senhor. Ele me faz sentir a mulher mais desejada do mundo e mesmo que depois se levante e não olhe para traz eu o quero mais e mais.

Elga ouvia essas conversas sempre que as irmãs estavam na beira do lago para o cuidado com as roupas e pertences da família.

Não entendia bem o sentido do que falavam e o tempo foi passando até que as conversas ficaram mais claras e assim Elga foi despertando dentro de si uma vontade de também ser escolhida para a cerimonia ritual.

Quando completou dezesseis anos, foi chamada para junto com as outras moças da aldeia dançar para agradecer a farta colheita da estação. Chegou juntamente com as vestes brancas e com a guirlanda de flores do campo uma caixinha muito pequena e bem trabalhada que aberta mostrava um pequenino vidro e enrolado nele um bilhete que ela leu e não mostrou para ninguém nem para as irmãs.

-Elga esse vidro contém um filtro perfumado feito para servir de sinal. Usa uma gota no ombro direito e poderá saber os mistérios que guardam as mulheres que servem após as danças. Venha para mim, Atos.

Frida continuava sonhando em ser mais uma vez escolhida para ficar após o cerimonial, mas não aconteceu e ela foi ficando amarga e em suas feições viçosas principiaram rugas nos cantos da boca.

Inga nunca fora sequer chamada porque sua boca sempre julgava esses acontecimentos, tendo-os por abusos de meninas por homens inescrupulosos que exploravam o povo da aldeia que à exemplo de carneirinhos baliam felizes quando um deles se aproximava para jogar uma espiga de milho.

A moça falava com conhecimento de causa, pois quando estava com dez anos de idade adoeceu de uma doença que seus pais não conseguiam curar e então apelaram para os sacerdotes e ela foi levada para lá ficando entre eles por cinco anos. Estudou com eles e conviveu com eles assim quando não aceitou ser uma serviçal na cozinha foi manda de volta para casa com sua saúde completamente recuperada.

Frida e Inga arrumaram pretendentes e se preparam para casar no mesmo dia, assim como outras moças pois era costume um casamento coletivo uma vez no ano. Inga estava feliz com seu noivo era um ferreiro e sempre haveria trabalho para ele. Tinha casa e um pequeno pomar com horta que ela cuidaria quando adentrasse para seu lar. Frida ao contrario demonstrava grande mau humor nos dias de visitas do noivo e ele sendo viajante daria pouca atenção a ela que ficaria em casa sozinha entregue aos seus bordados e sonhos.

Elga ainda era muito jovem então o pretendente que surgiu seu pai se encarregou de afugentar com palavras articuladas com o fim de amedrontar o rapaz que cheio de medos se aventurou. Como estava muito interessada na cerimonia ritual não deu nenhuma importância à má criação de seu pai para com Ur que ficou magoado com a família inteira, e talvez por sentir-se humilhado partiu da aldeia sem deixar com ninguém informação sobre seu paradeiro.

O pai de Elga respirou aliviado, quando soube do sumiço do moço. Notou no olhar que ele lançara para os lado de Elga uma malícia costumeira em alguns homens e que desagradam quem consegue ler esses modos pois anteveem sofrimento para as mulheres por eles escolhidas.

Na noite anterior à festa e consequente cerimonia ritual os pais de Elga a chamaram para uma conversa particular. Eram muito amorosos e tudo falavam às filhas para que elas pudessem fazer suas escolhas tendo a informação devida. Assim quando estavam a beira do lago a mãe pediu que sentassem todos na pedra em formato de banco natural.

O pai demonstrava um pouco de nervosismo, mas a mãe era tão calma quanto o leito do lago nesta noite fria e foi quem iniciou a conversa.

-Elga filha nossa, precisamos tirar um véu de seus olhos sonhadores. Sabemos que sua irmã Frida deve ter feito castelo ao vento e que tenham ajudado à sua mente também os criar. Mas o certo é que ao seu modo Inga tem razão, o que acontecerá na cerimonia ritual após as danças se acaso for escolhida é um tanto perigoso.

A moça ficou curiosa porque Frida só dizia que quando era escolhida após a dança sentia-se a mulher mais desejada do mundo então que perigo era esse que sua mãe levantara.

O pai entrou na conversa mais contundente dizendo.

-O que queremos dizer é que faça de tudo para dançar e só, seja neutra, não chame a atenção para sua pessoa. As outras moças que dançarão amanhã são muito bonitas e algumas já foram escolhidas anteriormente. Faça sua dança sem colocar sua atenção em ninguém. Ao chegar alguém encapuçado não levante os olhos. E assim que terminar a musica saia da roda o mais rápido que puder.

-Mas por que?

A mãe retoma a explicativa.

-Você é muito jovem Elga, precisa viver a vida com simplicidade e estávamos querendo lhe ensinar nosso oficio já que suas irmãs não se interessaram. E essa escolha geralmente faz a moça ficar perturbada por alguns dias e não desejamos que você se perturbe por nada. Queremos que na nossa velhice você esteja por perto e

mesmo que tenha constituído seu lar trabalhe conosco no laboratório.

Após essa conversa voltaram os três para a aldeia de mãos dadas sem observarem em volta e sem notar que no alto da colina alguém os espreitava e sabia do que falaram pois que seus lábios estiveram de frente para que pudesse ler cada palavra.

Esse que do alto vigia sorri para si da ingenuidade dos pais, pois foi ele quem mandou o perfume para Elga.

-Até quando vocês dois teimarão em me enfrentar, será que precisarei novamente pisar em seus pescoços com minha bota, já se esqueceram de tudo que passaram? Esqueceram a promessa feita? Eu não esqueci e cobrarei.

A festa transcorreu por muitas horas; todas as famílias trouxeram pratos com suas melhores receitas e a bebida feita de milho muito apreciada pelos homens foi servida com fartura e consumida na mesma proporção.

A tarde caia e um vento muito frio começou a soprar, fazendo em pouco tempo o sol desaparecer completamente. Passava das seis e as jovens correram para suas casas para se arrumarem para a cerimonia ritual.

Na aldeia uma eletricidade no ar podia ser sentida pelos mais experientes. Uns sofrendo pela ousadia e outros principalmente as mulheres lançando no ar uma energia forte de sensualidade.

Conforme a cronologia, as oito da noite haveria um desfile de todos os cidadãos desde a aldeia até o terreno próximo do lago onde se realizam os rituais. Lá acenderiam uma fogueira que deveria queimar

até a ultima dança. Levavam muitas flores e folhas para enfeitar todo o espaço circular formado por pedras. Outros com seus instrumentos musicais começavam a entoar as canções folclóricas para as dez horas iniciarem as músicas e cânticos de louvor á mãe terra e então somente as jovem chamadas dançariam. À meia noite em ponto o silencio deveria ser estabelecido e todos voltavam para a aldeia, permanecendo no local somente uma jovem que ninguém saberia quem era porque a escuridão impedia de verem quem seria a escolhida.

Elga sentia seu coração pulsar mais forte que tudo e as vezes sentia vontade falar com sua mãe sobre o bilhete e o perfume que recebera e perguntar quem era Atos. Passou o dia todo nesse conflito. Então depois de muito pensar chegou a conclusão que se alguém poderia lhe esclarecer não era sua mãe e sim Inga, pois ela viveu no castelo.

Ingá era das poucas pessoas que se recusava a participar das festividades e não comparecia na clareira nem amarrada. Elga foi encontra-la no pomar, pensativa e ao se aproximar viu que a irmã falava sozinha.

Ao ve-la Ingá sorriu e a abraçou. Depois quis saber o motivo de Elga estar com aquele ar assustado.

-Irmã quero lhe perguntar uma coisa mas peço que guarde meu segredo.

Ingá a puxou para junto de si e ambas sentaram no tronco retorcido da arvore antiga.

-Pode falar minha querida não revelaria jamais um segredo seu.

-Quero saber se você conhece alguém chamado Atos.

-Conheço sim, é um dos sacerdotes mais importantes do castelo, mas de onde tirou esse nome, quase ninguém o conhece aqui na aldeia.

-Ele mandou-me um bilhete e um perfume.

Ingá controlou-se o mais que pode e perguntou.

-Posso ver?

Então Elga estica o braço e lhe coloca nas mãos a caixinha que recebera juntamente com as vestimentas.

Depois de ler a irmã devolve a caixinha e diz que lamenta que Elga precise se sacrificar desta forma, sem ter poder de escolha.

-Como não posso escolher e porque chama de sacrifício? Frida diz o contrario.

-Frida é uma mulher voltada para a natureza ela não tem a leveza para sentir que viver é mais que isso. Não somos mais como as cabras podemos mudar nossa condição de mulher, sermos companheiras dos homens como nossa mãe é companheira de nosso pai.

-Não entendo bem Inga para cada canto que me viro a opinião é diferente. E agora estou sentindo que vou morrer com uma adaga no peito por este Atos.

-Imagina Elga o que eu quis dizer foi que ele escolheu você e já lhe condenou ao sacrifício junto dele sem saber se você o escolheria. Entende? Você não é uma escrava é uma pessoa livre. Mas infelizmente nossa aldeia é subserviente. Preferem receber migalhas destes padres do que produzir por si mesma.

-Bem daqui a pouco vou me arrumar, você me ajudaria?

-Sim vamos eu ajudo.

Elga está vestida e com as flores no cabelo o que lhe dá um ar de deusa mas seu coração está pesado. Tantas sensações diferentes agora se concentraram e sobressai a tristeza.

Suas duas irmãs tem razão, cada uma com um ponto de vista e ela teria também uma opinião depois que tudo isso acabasse? Pensou em não usar o perfume e assim confundir Atos, mas ao mesmo tempo queria que ele a escolhesse, que duvida estranha essa energia lhe dava.

Tudo transcorreu tão rápido que Elga não teve tempo de pensar em nada. Quando a ultima dança foi iniciada ela pegou o vidrinho que guardara no busto e colocou uma gota do perfume no ombro. Era bom o aroma, doce, envolvente. Enfim a musica termina e o acampamento se apaga como se alguém soprasse de cima e a escuridão toma conta de tudo.

E alguém passa a sua frente fazendo um movimento em seu vestido. Mesmo na escuridão viu um vulto alto ir até a primeira dançarina e baixar-se para seu lado direito. Elga seria a ante penúltima; muitas correram antes que o vulto se aproximasse delas. Mas ela ficou e na sua vez sentiu o toque suave procurando sentir seu ombro direito. E uma mão forte lhe pegou pela cintura.

Em poucos segundos um silencio sepulcral tomou conta do lugar e nem os sons da mata era possível ouvir, pairava sobre o lago uma névoa fria, a lua fugira também. A sua cintura comprimida pela mão forte lhe conduzindo para não sabe onde.

Andaram por alguns metros, cem talvez ou cento e cinquenta e em meio ao entrelaçamento de muitas arvores força com a mão que está

livre e abre uma passagem iluminada parcamente por mínimas tochas bruxuleantes. Seguem pelo caminho por mais outros cem metros e uma parede aparece, com um girar na pedra do meio abre-se uma portinhola e adentram fechando imediatamente.

Há no lugar um aroma sufocante de ervas e unguentos. Mas não tem tempo de explorar logo e puxada pela mão para um recinto fechado com uma tapeçaria pesada. Lá um estranho agrupamento de seres encapuçados como seu condutor.

Três de cada lado de uma mesa de pedras e na cabeceira um outro formando sete membros e o que a conduziu a deixou e saiu sem um som sequer.

-Não tenha medo pequena Elga, está entre amigos. Peço que beba esse vinho quente para se acalmar e enquanto bebe vou lhe explicar o que está fazendo aqui.

Quem assim procedeu foi o que estava à cabeceira e mesmo sem tirar o capuz se locomoveu até um fogão e pegou o vinho.

-Sou Atos e lhe convido a servir nesta casa para engrandecimento de sua espécie natural. Se aceitar desde agora será morta para o mundo e assumirá as tarefas de sacerdotisa sendo a intermediaria entre o ceu e a Terra. E para que sua família não diga que não teve escolha tem meia hora para pensar.

-Minha irmã esteve aqui, Inga, se lembram.

-Sim lembramos muito bem de Inga e hoje você está aqui porque ela não quis cumprir sua parte no acordo feito com seu pai.

-Não compreendo.

-Compreenderá. Quando seu pai trouxe sua irmã à beira da morte porque a doença estava muito avançada foi feito um acordo que ela seria curada e que permaneceria aqui para servir de intermediaria e ao se ver curada ela se revoltou e tentou destruí nossos recintos então a colocamos como serviçal na cozinha e ela não quis. Por isso seu pai se comprometeu a ofertar a filha que acabara de nascer para substituir a covardia de Inga.

-E por que não aceitaram Frida ela deseja muito viver aqui.

-Frida não nos serviria é uma mente lasciva e um corpo nervoso. Precisamos de uma alma sem nodoas e um corpo imaculado.

-Se eu não escolher ficar haverá castigo para meu pai ou minha família?

-O acordo que fizemos foi com seu pai e somente a ele daremos mais informações.

-Não quero ficar. Desejo voltar a aldeia. Não serei sua escrava.

-Muito bem. Você será levada de volta e pela manhã estará em casa.

Os seis homens saíram e somente Atos ficou guardando o vinho.

-Depois tomou de minha mão e fez o mesmo trajeto até sair nas árvores próximo da clareira. O breu deitara-se sobre a Terra e não conseguiria achar o caminho de volta para casa sozinha. Atos disse que como não havia aceito o convite que então precisaria cumprir a função da cerimonia ritual e levou-me até um acolchoado de flores fazendo com que ali deitasse e tivesse então o entendimento do que Frida tanto falava.

Nenhuma palavra foi murmurada por mim e apenas um leve suspiro da parte de Atos. Pareceu um protocolo regular sendo procedido. As naturezas entrelaçadas através dos seres humanos em suas formas.

A noite estava fria mas os toques queimavam a pele. E ao faltar o ar pela frieza absorvida a compensação pela linfa quente da língua. A transformação da menina em mulher sem romantismo sem promessas. O vazio desencanto que se desenvolve no amago da compreensão de que nenhum valor se dá para a longa espera pois enquanto a mulher sonha ser um cálice o homem tem seu pensamento nas estrelas.

Ao longe um rasgo de claridade. O dia que vem devagar. Os corpos se vestem e cada um parte para sua viagem sem despedidas.

Ao chegar em casa Elga vai diretamente para o quarto onde suas irmãs dormem pesadamente. Mas precisa limpar-se acha-se imunda, e volta ao lago adentrando apesar agua estar no extremo da frieza. Banha-se inteira os cabelos, as espaduas, os braços e pernas. Jamais poderia imaginar que essa reação provocasse desagrado em alguém.

Mas ainda a espera do dia e da certeza de que Elga chegasse em segurança em sua casa Atos a acompanha de longe e nota o incomodo sentido pela moça que ao adentrar a agua gelada lava-se como se estivesse manchada.

Algo dentro dele se remexeu. E por algumas outras vezes Elga usou o perfume e foi escolhida para a cerimonia ritual após a dança e em todas estas vezes esteve com Atos que nunca lhe mostrou o rosto. Com o tempo Elga foi se afeiçoando á figura austera do homem que lhe castigava com seus caprichos.

Em uma cerimonia após haverem cumprido a obrigação de entrelaçar as naturezas, Atos convida Elga para segui-lo ao castelo e lá permanecer com ele, não seria sacerdotisa mais, visto que não possuía mais os atributos mas que seria sua mulher e ele lhe ensinaria os mistérios possíveis de ela aprender, e mais uma vez ela declina dizendo não poder abandonar seu pai sua mãe e suas irmãs.

Foi sua ultima participação na cerimonia ritual.

A medida que as cerimonias rituais aconteciam e ela não era escolhida mesmo usando o perfume ficou arrasada pois viu cair por terra seu objetivo. Ao declinar do pedido de Atos pela segunda vez, acreditava que ele não aceitaria tão facilmente um não e que a raptaria ou a buscasse a força na aldeia.

Mas nada disto se deu; ela simplesmente foi ignorada por ele e isso a feriu profundamente.

Por pirraça aceitou o primeiro pedido de casamento que apareceu. Um homem de meia idade que fazia as compras na aldeia e era serviçal no castelo. Pensou que poderia frequentar o trabalho do marido e obter noticias de Atos. Também uma ilusão sem tamanho.

No dia do casamento coletivo quem realizou a cerimonia foi um velho monge de orelhas grandes e pelo tom da voz ela soube que não era Atos. Pela terceira vez suas manobras para chamar a atenção dele não deram certo.

Assim ela viveu sua vida de casada completamente apática. E nas noites em que o marido servia no castelo e não voltava para casa ela buscava a beira do lago para tocar flauta e sonhar com um pretérito que não ela própria não deu chance de virar futuro.

Relato de Elysia

Também fui jovem e também ansiei ser chamada após a dança cerimonial para ser mulher nos braços de um homem. Vivi minha experiência num tempo em que não era apenas um enlaçamento das naturezas criadoras, era uma representação sagrada e do ato o orgasmo cósmico poderia ser sentido no tremer da terra sob os corpos assim como nas estrelas que cortavam o espaço infinito dando a aprovação do êxtase.

Minhas filhas desconhecem minha história que guardamos apenas meu marido e eu, mas pela razão que motiva esses relatos revelarei para que sirva a quem quer que seja.

Meus pais eram verdureiros e vendiam a maior parte de sua produção para os senhores do castelo; e por força do trabalho lá estive com eles muitas e muitas vezes e enquanto entregavam e aguardavam pelo pagamento que as vezes era demorado, eu me embrenhava pelos corredores matando a curiosidade infantil a cada sobressalto ao me deparar em altos pedestais seres cortados na pedra com requintes de detalhes em suas formas variadas desde o anjo alado todo branco e azul até o sátiro com chifres e a famosa flauta encantada.

Os cozinheiros se acostumaram com a minha presença e até me deixavam entrar para o interior da grande construção pela mesma via onde seguiam os pratos para os monges. O intendente que comerciava com meu pai era um homem grande avermelhado na pele, forte como um touro e alto como um elefante. Sua voz lembrava o trovão e quando falava comigo eu corria de tanto medo para seu gaudio total.

Nas minhas explorações pelo interior do castelo encontrava com muitos monges mas a maioria estava com o capuz baixado e não podia lhes ver as feições. Isso me aguçava a curiosidade cada vez mais.

Meus pais foram convidados a morar no castelo e plantar uma horta podendo explorar ganho do que não fosse usado na casa. Teriam moradia e todo o tempo livre desde que a horta vingasse e fornecesse o que precisavam. Eram tempos difíceis aqueles e as aldeias estavam sendo invadidas e saqueadas por criminosos nômades que além de queimar as casas, se encontrassem alguma mulher criança ou adulta as roubavam ou apenas as violentavam e largavam para traz.

Resolveram aceitar e nos mudamos para uma das pequenas casas que existiam dentro dos muros da propriedade. Cresci neste ambiente, embora não usufruísse do luxo o conhecia de perto. A horta proveu o castelo de tudo que a terra fértil recebesse a semente e um dos monges botânicos gostando do trabalho do meu pai o convidou a aprender a manipulação da ervas e unguentos para fins terapêuticos. Por ter tempo de sobre ele ficou feliz por poder ocupar-se mais. Minha mãe tinha dons para os doces e logo se incorporou na cozinha junto aos chefes cozinheiros e eu ficava solta para perambular o dia todo; quando chegava a noitinha estava tão cansada que dormia feito uma pedra.

Quando mudamos para o castelo estava com doze anos e fui me transformando sob os olhos de muita gente que eu não supunha soubessem de minha existência. Imediatamente á nossa instalação no local fui convidada a estudar com as outras crianças que lá viviam sob a guarda dos monges. Durante quatro horas por dia me

desdobrava na presença dos monges professores para demonstrar que era capaz de aprender tanto quanto as outras crianças e me destacava pela perspicácia.

Aos quinze anos meu pai me chamou queria conversar comigo e com minha mãe a respeito de um convite feito pelo sacerdote responsável; uma oportunidade de ser sacerdotisa. Depois de ele me explicar exatamente o que era me senti muito mal. Eu não teria mais liberdade, não poderia sair do castelo sozinha. Não poderia me casar com alguém de fora também e por dez anos não teria contato com ninguém além dos sacerdotes que mantinham as sacerdotisas em um pavilhão proibido.

Meu pai estava tão contaminado pela crença que estava recebendo que viu nesta prisão uma oportunidade especial dada somente ás moças de classe. Minha mãe demonstrou dúvidas, mas não se empenhou para demove-lo da ideia. Por fim fui enclausurada.

Passei por muitas sessões estranhas e iniciações mais estranhas ainda. Com os meses percebi que quanto mais reagisse mais demoraria aquele martírio. Sim, eu sei que fui muito bem tratada e nada me faltou. Tudo que usava era de luxo extremo e minha voz era quase uma ordem até para os caprichos mais pueris. Tive minha primeira manifestação como sacerdotisa e foi aterrorizante. Sofri muito por não entender direito o que acontecia. Desde esse dia tive esclarecimentos especiais com um sacerdote de alta posição que não gostou do fato de eu ser submetida a algo do qual tinha medo por ignorar como acontecia.

Comecei a compreender a natureza daqueles fenômenos e o por que de certas beberagens antes de cada manifestação, a sensação de abandono que meu corpo sentia e por fim a inconsciência. Foi

através dos ensinamentos de Shima que o medo foi dando lugar á segurança. Ficávamos muito tempo junto na biblioteca ou nos laboratórios onde ele me colocava a prova para adquirir confiança. Mesmo dentro de um ashram continuam valendo as leis naturais e assim depois de alguns meses, era impossível disfarçar a atração que sentíamos um pelo outro.

Shima controlava-se ao máximo porque uma falha sua e colocava a perder toda sua conquista espiritual além de me condenar ao mundo definitivamente. Mas a alma feminina não é tão prática e ordeira quanto á alma masculina, e é justamente por isso que se completam no ato da criação. Certa noite após as cerimonias e após como sacerdotisa exercer minhas funções com perfeição. Fui até o espaço particular de Shima e bati na porta. Ele se preparava para dormir e ficou surpreso com minha presença perguntando.

-Elysia o que aconteceu, porque veio até aqui correndo o risco de ser vista.

Não lhe dei tempo de se recompor e pulei em seu pescoço quebrando todas aas resistências dele e todos os juramentos que fiz e principalmente os que ele tivesse feito. Consumamos nossos desejos completamente e pela manhã quando acordei o encontrei na janela que dava para a colina, não havia saído nem para as orações da madrugada.

Nesta hora senti o peso do meu ato. Havia colocado a perder a minha e a vida de Shima. Então resolvi pedir perdão.

-Shima perdoe-me, mas não conseguia mais suportar.

-Não se preocupe mais com isso Elysia, daqui há algumas horas estaremos transpondo os portais deste lugar para não voltar.

Aguardo uma audiência com o mestre dos sacerdotes para informa-lo de minha decisão e da sua vontade de seguir-me. Vou entregar meu cargo na botânica e iremos viver na aldeia. Temos conhecimentos suficientes para termos uma vida confortável e honesta.

Shima é botânico e um homem sábio e sou sua companheira mãe de Frida, Inga e Elga.

Fui vivendo aqui fora como sempre digo a Shima mas meu coração permaneceu entre os muros daquele lugar e também o dele como posso confirmar quando o pego em contemplação surda dos muros e da colina ao longe. Não sei dizer há quanto tempo existe este ahsram encravado na floresta e não sei dizer exatamente qual a função dele para os homens comuns, mas sei que ali vivem homens sábios e cujos olhos acompanham os astros e conhecem cada instante da vida mesmo que nada seja visível para os outros eles sabem e eles mantem como uma bateria viva os planos do céus aqui na Terra.

São temidos porque temidos são todos que detêm conhecimentos ignorados pela maioria. Não se misturam porque sabem que uma gota de agua não faz diferença numa taça de vinho mas uma gota de vinho faz diferença numa taça de água.

Relato de Shima

Os dias futuros hão de reconhecer a importância dos corajosos no uso deste instrumento que tomaram para limpeza dos corpos inferiores dos seres humanos.

Cabe ao homem cuidar dos homens e não ao homem cuidar somente de si. E vale lembrar que cada ser pode fazer um trabalho em beneficio da humanidade esteja onde estiver faça o que fizer. Mesmo quando se despoja dos resíduos de seus alimentos está servindo aos planos divinos, pois a terra que recebe os dejetos possui capacidade de transforma-los em fertilizantes.

Quando cabe ao homem fazer escolhas e ele as faz, não deve sentir-se culpado de nada, pois seguiu seu coração e o coração sempre estará refletindo a vontade maior e mesmo que aparentemente seja um erro os dias vindouros mostrarão o acerto.

Quando saímos do Ashram Elysia e eu não houve conflito em mim, houve para ela pois era praticamente uma criança enquanto que sobre meus ombros os anos já se acumulavam. Sentia a saudade do meu oficio e em certas ocasiões saudades do conforto, mas no mais estava feliz por ter a oportunidade de me colocar a prova em um mundo de simplicidades e preconceitos naturais dos seres que não aprenderam tantas lições ainda.

Pude ser um homem na acepção da palavra nesta vida. Fui esposo, fui pai, fui amigo, e posso dizer com absoluta certeza que cumpri integralmente a tarefa e sei que essa experiência serviu para engrandecer o superlativo tesouro da criação.

Os espíritos que estiveram comigo puderam confiar em meus ensinos e com eles tomaram suas próprias decisões. E assim como os monges

de dentro dos muros do castelo liam o firmamento eu cá fora conhecia os desígnios estabelecidos em cada luz faiscante por mais distante fosse seu piscar.

Relato de Frida

Sou a segunda filha dos botânicos como gosto de chama-los e conheço todos os aromas, todas as serventias, os sabores, as contras-indicações isso tudo só de ouvi-los comentar. Acompanhava minha mãe há todos os lugares onde fosse e quando visitava meus avós gostava de ajudar na horta que era linda de tão verde e grande.

Uma vez estava na casa de meus avós e ouvi uma musica estranha que me dava arrepios. Eram tambores, vozes de homens e de mulheres e batidas de pés no chão.

Quando tentei sair para olhar meu avô disse que ficasse dentro de casa que não era permitida a presença de estranhos nos cerimoniais. Fiquei a noite toda em sobressalto porque aquela musica durou até bem tarde.

Por isso a cada visita que fazia no castelo eu procurava conhecer alguma pessoa que vivesse lá nos grandes pavilhões. Quando meus pais viajaram e foram para uma aldeia distante me deixaram em casa de meus avós então por um mês inteiro pude conversar com as moças que dançavam e elas me contaram seus segredos.

Nos fundos depois do pavilhão das sacerdotisas havia um terreno muito grande, cheio de arvores baixas e de folhagens. Eu gostava de fugir para tentar encontrar alguma pessoa lá. E assim um dia ouvi passos me acocorei e vi uma jovem vestida de azul claro, sapatos de lã, e uma trança imensa. Deixei que passasse por mim e fiquei observando o que faria. Ela sentou-se em um dos bancos e ficou alheia olhando para o nada.

Aproximei-me e disse:

-Como é seu nome?

Ela pulou de susto e tentou gritar, mas logo viu que eu não oferecia perigo. Sentou-se novamente e desatou a ri. Fiquei sem graça não sabia se estava rindo de mim.

Então disse:

-Meu nome é Fran e o seu?

-O meu é Frida.

-Você vai morar aqui também?

-Não eu estou visitando meus avós. São os verdureiros.

-Que bom; alguém de fora daqui para conversar.

Eu fiquei mais feliz ainda porque queria conhecer todos os segredos.

Muitas coisas ela me relatou e desde então eu desejei ser escolhida.

E meu pensamento foi tão forte nesse sentido que fui escolhida e obtive a realização do meu sonho integralmente. Mas nunca fui convidada para ir morar lá com eles.

Sonhei por muitos anos com esse dia até que vendo um pretendente resolvi me casar para tirar de uma vez por todas esse sonho que me impediu de viver minha juventude apenas alimentando uma ilusão doentia.

Demorei a entender que não existe sentimento algum por parte dos sacerdotes, eles são como lobos que abatem a presa com requinte de técnica para manter aceso o fogo da ligação que dividiu-se em duas labaredas na teimosia da competição.

Tenho comigo que todos esses templos deveriam ser destruídos para que os homens da Terra vivam suas vidas simples sem a ilusão de um dia receber um olhar que não seja de desprezo por parte destes semideuses.

Não tive filhos porque jamais deixaria que uma filha minha se subjugasse como eu me subjuguei.

Relato de Inga

Eu nunca me enganei com a intenção desses monges. Sou agradecida porque me curaram de uma doença desconhecida e sempre serei. Mas acreditar no que prometem e fazem não posso. São seres instruídos em mistérios que nós pobres mortais não imaginamos que existem e por conta destas técnicas impõem medo e admiração nos menos precavidos.

Existe uma hierarquia sagrada de seres divinos que comandam a vida e a morte e não serão homens cheios de vícios esses seres.

Sei que nesta minha postura ofendo muita gente. Mas não consigo sentir afinidade com eles. E noto que os homens do mundo não são admiradores deles porque não podem competir com as artimanhas que eles usam. Mas as mulheres essas são as culpadas por eles existirem. Oferecem suas seivas para que eles vivam mais tempo.

Enquanto estive vivendo lá com eles escutei tantas estórias mirabolantes que se for discorrer aqui chegarei ao final do ano e não terei terminado. A principal ação deles que já demonstra para mim desonestidade é manter a cabeça coberta. Todo homem digno anda de cabeça erguida e o olha nos olhos dos interlocutores ou de sua plateia; não chegam sorrateiros com dardos mortais.

Também fui convidada para o sacerdócio. E é claro que me neguei. Não serei usada para que eles mantenham contatos com sabe-se lá. Se fossem seres altamente evoluídos não precisariam de intermediários.

Certa vez minha mãe deixou no ar que nós estamos em divida com eles porque eu me neguei à servi-los e assim eles estão esperando Elga chegar a idade ideal para leva-la.

Ainda espero que esse assunto venha a baila para assumir minha divida pessoalmente com eles. E começarei com esse camarada chamado Atos. Ele é muito querido dentro dos muros assim como fora. Mas ninguém lhe conhece a cor dos olhos.

Minhas irmãs ficaram adoecidas por causa deles Elga vive como um fantasma pela noite tocando uma flauta para um lobo que a espreita de longe com seus olhos de brasa. Frida tornou-se rija como uma pedra e sequer permitiu que seu ventre realize a função da maternidade para não correr o risco de precisar deixar ir seu rebento.

Minha mãe não fala nada sobre essas coisas e já percebi que não gosta quando iniciamos uma discussão a respeito.

Meu pai não sei o que sente as vezes ele se parece com um deles. Quando fica contemplativo como eu vi muitos durante minha estadia lá.

São estas as minhas impressões sobre estes homens os quais eu repudio.

Relato de Atos.

Os segredos ocultos de fato não fazem jus ao sentido da palavra oculta; assim são chamadas para que tais ciências não se diluam nos misticismos de almas não preparadas para concebê-las. Os ensinamentos ocultos, ou reservados, nunca foram negados a quem os quisesse conhecer, mas muitos se abdicavam do mergulho nos ensinamentos, pois estes exigiam de todo o corpo e alma do indivíduo e nem todos estão dispostos a não ter ao menos um naco de carne para alimentar a superficialidade dos instintos humanos.Provenho de uma ordem antiga de servos dos templos antigos do Egito, uma ordem criada em secreto por Tutmés III a fim de revelar profundamente os mistérios da magia; a fusão do corpo com o espírito e a compreensão ampla de como a natureza nos moldava e nos movia, assim podíamos nós também moldá-la e move-la. Eram conhecimentos de poucos e dos nobres e não havia conversações em meio ao povo, pois estes simplesmente desconheciam os fatos e tal ignorância não era somente da plebe, a maioria dos sacerdotes eram crus, também não conheciam e não eram julgados aptos a conhecer. Somente no reinado do Faraó Amenofis IV, que todo conhecimento veio à tona em seu ato revolucionário de banir o culto de outras divindades e determinar que todos eram filhos de um único Deus.

Diante o disco solar que iluminava e castigava com seu calor o deserto, mas nos agraciava com vida, ergueu-se o Sol, Senhor soberano que iluminava com justiça e verdade do mais elevado dos homens ao mais simples deles, diante os olhos medrosos das gentes revelava-se, finalmente, Atom! (Salve e sua perene luz!).

A sabedoria burilada e reformulada pelo o “Rei Solar” veio à luz do conhecer de todos os homens e assim serviu de alicerce até para as

crenças da religião que ainda hoje brilha como rocha eterna diante o nascer do sol da nova era. Pois o filho, que é o Sol, o verbo que se fez carne esteve entre os essênios em meio das pedras do Monte Carmelo.Minha ordem, enquanto Atos, é um dos caminhos abertos pelos braços do Atom, aprendíamos a nos valer do movimento dos astros, e a mover a natureza, mas antes deveríamos ser movidos por ela, pois entendíamos que os homens comuns não dançavam com a natureza e sim guerreavam. Não demorou e foi concebido o conhecimento de que a Lua, frio satélite, era um espelho do Sol e que nos permitia caminhar iluminados a noite, mas a natureza da Lua não é constante, sempre em mudança e assim nem sempre servia ao sol como farol na escuridão. Na Lua a natureza da mulher foi observada pelo vaidoso homem que exercia o ponto chave de nossa ordem: A filosofia.

Um de nossos rituais era o culto ao sagrado feminino, que já nos relacionávamos através da energia da terra, mas não de maneira cósmica, e ter a Lua como intermediaria nessa relação foi muito mais poderoso, pois é de se saber que tal corpo celeste exerce no ser humano grande influência. Se o sol dançava com a natureza da Lua nos céus, então buscamos nas mulheres essa dança, e outras filosofias de crenças diversas deram bases para nossa busca, mas foi o tantra indiano que nos libou para o encaixe que proporcionaria o que hoje se chama de salto quântico; a junção carnal e o orgasmo passaram a ter como propósito a evolução cósmica que revelaria ao homem sua Solaris, sua sabedoria perdida no mais profundo do seu eu.

Nossa ordem reconhecia o Cristo de forma humana, mas talvez nós o considerássemos como Deus tão mais quanto os seus servos, para nós o corpo de carne do Cristo era animado por um raio desprendido de Atom, era ele o próprio Deus na terra. Não estávamos errados em nossa fé.

Os homens de nossa ordem tinham por lei andarem cobertos, ocultos por capuzes e roupas pesadas, não por moralidade, ou sentimento criminoso em esconder-se, mas porque éramos senhores Solaris, não nos podiam ver a face, assim como não podiam observar o nosso deus.

Menino de uma tribo africana que fazia fronteira com os povos que se serviam do Nilo, conheci um homem velho que andava por nossas terras, parecia encantado por ver o verde em um mundo que só parecia areia escaldante, meu povo era pacifico, pois por ser de terra farta não vivíamos a disputa pela sobrevivência, então o andarilho foi bem recebido por nós; esse senhor encantou-me, sua pele era branca como o marfim, seus olhos brilhavam azuis assim como as estrelas que durante as noites ventosas eu buscava nos céus. Vestia-se comum, como os homens do deserto, somente seus olhos podiam ser vistos, mas ele revelou-se a mim sem mesuras, percebeu minha curiosidade, mas não me viu com um infante diante algo desconhecido. Afeiçoou-se a mim e eu a ele, via nele mais que um amigo, mas um mestre ao qual devia reverência, comportamento que ele tratou logo de corrigir-me.

- Filho... Ando por estas terras quentes não em busca de um servo e sim de um herdeiro e este não deve ser subserviente nem mesmo a mim, sua adoração deve ser somente ao nosso Deus único.

Tafius Argos Fas levou-me embora, nenhuma resistência mostrou meus familiares, pois nosso oráculo, o Ifá, havia predito que eu iria para longe de nossas terras para tornar-me um senhor das estrelas; Fas ensinou-me tudo o que sabia. Venturoso, me apropriei com facilidade das sabedorias e ensinamentos, ele encontrava dificuldades apenas em domar meu espírito audaz e preocupava nele ver o fascínio no poder brilhar em meus olhos, mas a sua firmeza amorosa me acalmava.Fas não podia simplesmente eleger-me seu herdeiro no Ashram, eu deveria mostrar que havia sido escolhido por Atom, ele, faz, disso tinha certeza, mas os outros padres deveriam partilhar desta certeza e somente eu era responsável em provar a fé de meu mestre.

E assim o fiz. Entendam que a liderança nessa ordem em nada tinha a ver com hierarquia, pois não nos curvávamos aos homens, somente o Sol era reverenciado. Ser o “portador”, o primeiro solaris era ser o responsável em guardar os mistérios de nosso Ashram, determinar os caminhos de novos discípulos; ser o conselheiro dos irmãos e ser a ultima palavra em suas decisões; éramos homens livres, permanecia quem assim o queria e o tempo que fosse necessário, no entanto o primeiro solaris deveria persuadir quem quisesse partir, esse era o significado do “guardar os mistérios , ou seja, era um líder não reverenciado na concepção da palavra, mas ainda sim um líder.

Quando Faz deixou o mundo e eu assumi suas funções senti-me um tanto vazio e perdido, procurei ser tudo o que aprendi com ele, mas logo traços de minha personalidade fluíram, e eu tornei-me um senhor inquestionável, sem que precisasse nada o fazer para isso; os meus irmãos sabiam ler outro ser e então, não me adoravam, mas

tornaram-se submissos; eu era consciente disso, embora não usasse de meu poder para ganho próprio ou vaidade.

As mulheres eram presentes, ao contrário de outras crenças que a veneravam ao extremo e outras que as despresavam, nós não a reverenciávamos, mas as respeitávamos, pois eram elas a representação da rainha da noite, o luminar menor que em sua dança abria-se e fechava-se a luz do Soberano; entendíamos que a natureza da mulher não era apta a penetrar profundamente nos nossos mistérios, mas eram importantes e eram as sacerdotisas solaris responsáveis em fazer presente a Lua e eram escolhidas dentre o povo que vivia nas propriedades de nosso Ashram desde muito tempo. Povo que possuía sua mística e não foi complicado intercambiar com esse povo, pois havia coerência em muitos pontos de nossas crenças.

No primeiro dia de Lua cheia da primavera era feito uma celebração onde moças dançavam e eram escolhidas para o rito de intermediação ao final, onde a junção carnal acontecia com a finalidade de juntura das duas essências, como promover um eclipse; as moças tomavam antes um vinho quente e misturado com ervas que lhes eram anticoncepcionais, elas não viviam as mesmas experiências dos homens, que durante o ato sexual e o extremo de seu ápice experimentavam transes mágicos dos mais diversos.

Esse ritual deixou de ser costumeiro para mim quando me apaixonei por uma sacerdotisa; tínhamos os sentidos da paixão de nossa natureza adormecidos, mas relações íntimas de homem e mulher sem intuitos mágicos ou científicos passou ferroar-me a mente. Mas foi uma manifestação pequena o suficiente para que eu controlasse e

assim tal moça ficou liberta do visgo que havia em mim e que era segredo até ao meu saber, porem foi Elysia um chacoalhar das areias assentadas nas minas termais de minha natureza.

Foi com surpresa que recebi o pedido do Solaris que mais me era amigo; Shima poderia sem problema ocupar o meu lugar, nunca compreendi porque Fas foi buscar-me tão longe. Shima, embora não tão mais velho que eu, tinha grande influência em meu espírito, e diante o seu pedido, agradeci a Atom por não lhe desabafar minhas perturbações.

Shima pediu-me para ir embora, queria viver na vila, ser um homem a trabalhar seus conhecimentos boticários com o povo; queria constituir família e confessou-me amando uma mulher; quis rir de nossos corações que escolheu a mesma, mas que fosse então ele o desviado, não tornei nada dificultoso, apenas pedi que seu primogênito fosse entregue ao sacerdócio para a perpetuação de nossos mistérios, ele concordou feliz e nos despedimos emocionados e com real sinceridade senti-me feliz por ele e lhe desejei sorte. Não foi prometido, mas não nos deixaríamos.

Meu amigo Shima não foi agraciado com um filho varão, e eu tive de me aproximar de sua família quando sua filha Inga convalescia de uma doença desconhecida e grave, não pensei muito em atender ao pedido de socorro de Shima, eu e os anciões empregamos nossos conhecimentos e por fim a menina curou-se depois de um tempo no Asharam, encantadora criança, a convidei para ser uma sacerdotisa, mas essa me olhava com desconfiança felina e não aceitou. Eu por minha vez afeiçoei-me logo por ela, e desde então me mantive

presente, mais que o comum, na vida da família e ninguém ousava-me questionar, vi suas filhas crescerem aos meus olhos e foi quando descidi afastar-me, pois novamente a ferroada na mente, e já não era Elysia que o provocava, e sim Inga.

Não mais os visitava e somente era visto raras vezes nos rituais, isso quando permitia que me reconhecessem; Inga sumia como o perfume de uma flor dissipado pelo o vento quando chegava o momento da escolha da moça para o ritual da intermediação.Isso me frustrava profundamente, pois eu a queria, no entanto era a frustração de duas faces, frustrava-me em não tê-la e frustrava-me por querê-la de forma comum e puramente carnal, fazia por onde lembrar de Fas e seus ensinamentos, procurava-me lembrar das noites de filosofia com Shima, apelava para Atom em todas as suas formas conhecidas. Mas a humanidade sobrepujou a divindade que eu buscava com labor; procurei aplacar o desejo com a irmã de Inga, em ato de conjunção carnal eu não abdicava da busca espiritual e cósmica, mas queria divagar Inga na boca cúpida de Frida, que diferente das outras, que permaneciam caladas mesmo chegando ao ápice do prazer, ela escandalizava indecorosamente. Tal ritual dependia não só do gozo do homem, era primordial que a mulher nos acompanhasse para que o transe fosse perfeito; mas Frida roubava-me do transe mágico com suas unhas afiadas, ela guardava em si as digitais do mundo que facilmente minhas células recordavam por estímulo de nossa ligação espiritual muito antiga.

Confesso agora para a memória de Shima que bebi da seiva de suas filhas, que cada uma delas me animou a humanidade roubando-me, cada uma a seu modo, das estrelas e por isso as abandonei, e assim

foi com Elga também, protegida pela irmã Inga, por culpa da mãe que lhe queria levar ao sacerdócio tentando fustigar a mártir que existia na filha. Mas Inga era inteligente e soube fazer com que a irmã lhe fosse todo ouvido e todo coração.

Elga encantou-me pela pureza, fez-me perceber que procedia de forma errada e resolvi novamente me voltar para as estrelas e esquecer-me de procurar Inga em suas irmãs; fora a flauta encantada de Elga que me elevava novamente o espírito.

Como homem, que eu era, me senti em divida com tal moça, que de forma diferente idealizou-me com a malicia cheia de pureza de uma pequena que desconhece o mundo.

Algumas vezes desci da colina e fui ter com ela para explicar-lhe os motivos do ritual e que não podia ser dádiva de uma mulher só e por isso não mais a escolhia. Mas na maioria das vezes ela sempre me vencia com seus lábios apaixonados e quem fugia era eu.Depois se casou, teve sua vida, mas sempre pude ouvir a melodia de sua flauta, que já não me elevava o espírito e sim me fazia tremer de remorso e ser indigno das vestes de um solaris; ao ouvi-la tocar chorava por Fas que confiou tolamente em mim, chorava por sentir-me traidor de Shime, meu amigo e conselheiro; por algum motivo passei a crer que ela era consciente de que me causava mal com sua presença e passei a detestá-la e deixei de ir ouvir sua canção.

Quando eu já parecia refeito do borbulho de meus sentimentos, Inga, depois de uma quente briga com a irmã Frida, invadiu certa noite o ritual, onde ávida por ser escolhida estava uma menina moça de quem ela havia cuidado desde o nascimento depois da morte dos

pais, sem sua ordem seu pai a havia levado a moça para celebração. Frida tentou convencer Inga da importância deste momento, mas nada a demovia de sua certeza sobre nós.Correu para a clareira e fez a musica parar e começou a gritar meu nome à medida que me chamava de porco, eu permaneci imóvel no meu lugar e não permiti que meus olhos fossem vislumbrando, ela correu com a menina do lugar depois de lhe dar umas bordoadas, mas permaneceu imóvel no centro da clareira a vociferar-me o nome; todos da vila ficaram aterrorizados e já rogavam aos céus que nada contra eles fosse feito por conta da língua blasfêmica da louca mulher. A cada grito seu o meu coração arrebentava no peito, um dos anciões deu ordens para que todos fossem embora, Inga se irava ainda mais por ser ignorada; eu e os outros solaris subimos a colina depois de passar por um pedaço de mata; caminhamo não muito, mas o bastante para não mais ouviros gritos de Inga.Fui questionado a respeito do que faria e indiferente respondi que eram as falas de uma mulher, e que conhecíamos sua natureza o suficiente para não nos ofender, nada sofreria a vila por suas falas; muitos não gostaram, mas era minha a ultima palavra.

Não sei o que passou pela minha mente, ou o que esperava encontrar, mas na noite seguinte voltei pra clareira e havia lá muitas oferendas; frutas; jarros de cerâmica; tecidos dos mais diversos; tudo oferenda aos seres da floresta, uma nuance das crenças do povo que divergiam das nossas, mas não éramos inibidores, respeitávamos.

Enquanto observava o esmero nos presentes como um admirador da fé dos homens, uma voz surpreendeu-me:

– Vieste pegar teus presentes ser obscuro da floresta?

Estava com o capuz jogado nas costas e mesmo que coberto estivesse meu rosto, o costume fez-me rapidamente jogar o capuz sobre a cabeça.

- Isso mesmo se esconda... – Inga aproximou-se e continuou - Por um acaso quando viola estas moças inocentes escondes também o rosto?

Permaneci de costas para ela e deixei que falasse, mas ela se calou, mediante seu silêncio me virei e a fitei nos olhos; respondi com uma pergunta que a fez tremer:

– O que importa pra ti conhecer-me a face, se sempre te bastou um olhar?

Ela tentou investi em minha face, mas eu lhe segurei o braço e nessa noite as nuvens esconderam a lua, Atom escondeu-se em respeito e permitiu que eu fosse homem em toda concepção de minha natureza, pois somente sendo homens podemos ser deuses... Não houve mais palavras nessa noite, o silêncio foi o berço dos suspiros e a escuridão total, indo contra a sua natureza, deu segurança e paz ao medo.

Relato do Mestre Fas(Ete relato nos chegou por canalização da Médium Nubia que fora

nesa passagem Elysia)

Quando eu, Tafius Argos Fas , "vagava" pelos desertos em busca de um sucessor, foi em um período pelo qual deveria resgatar a antiga religião da qual eu fora o líder e mentor há algumas eras passadas.

Falo isso pois durante a XVII Dinastia Egipcia fui o faraó tido como o Herege e Louco, que negou todo o panteão ancestral para trazer à luz a humanidade com a existência do Deus Único, cuja a melhor representação de sua magnitude e realidade seria o disco Solar ou Atom, um deus de menor expressão no panteão egípcio, mas que mostrava o amor deste Pai Criador para com todos os seus filhos, que iluminava da mesma forma o faraó e o escravo, o sacerdote e o ladrãoNeste período tão pouco estudado da história da humanidade e que somente chegou até os tempos atuais devido lendas, já que tentaram apagar todos os relatos oficiais daquela época pois, de acordo com as crenças egípcias o que era apagado no mundo dos homens seria apagado no mundo dos Deuses,Os sacerdotes de Amon, o obscuro, que necessitavam da ignorância das massas para manter o controle do povo e o poder nas elites, logo perceberam que era chegada a hora de libertação da massa ignara terrestre da obscuridade da ignorância das verdades celestiais.

Se nosso projeto tivesse logrado êxito em sua conclusão, a humanidade terrena estaria pelo menos uns cinco mil anos mais evoluída moral e intelectualmente do que se encontra neste exato momento.Este mundo hoje estaria provavelmente em transição como se encontra, mas de uma forma diferente. Seria a transição dos mundos

de regeneração para mundos mais felizes, as luzes da espiritualidade nunca teriam sido apagadas pelos anos negros da ignorância causada pelos sacerdotes de Amon, reencarnados na Idade das Trevas.Grande parte deste atraso da evolução humanitária, iniciada àquela época se deu graças a minha pessoa, ao meu radicalismo, a minha incompreensão de que a divindade não deveria ser imposta à força, que deveria respeitar a crença dos demais e que através do exemplo de um Deus justo e amoroso que via todas as suas criaturas como iguais e que as únicas coisas que a diferenciavam entre si era a forma com que as mesmas trabalhavam os dons que lhes eram oferecidos.Meu radicalismo, fez que ainda nos dias de hoje, encontremos fanáticos religiosos, que em nome da defesa das crenças que lhes foram impostas pelos antigos, matam, explodem, usam-se de crianças como bombas e mantém vivos os dogmas que perpetuam o deus sanguinário de outras eras e orbes.Sim meu relato, veio ser um pedido de desculpa a essa humanidade que ainda necessita de enxergar a luz que inunda o Universo, e que não é percebida nesta Terra.

Peço desculpas por amar, um amor carnal, pela mulher que me foi entregue para ser meu norte e minha companheira, por aquela que realmente acreditou na filosofia de Atom, e foi a sua maior sacerdotisa, o culto a Atom, o Deus que não tinha face, nos molde que era realizado em Akhetaton, para a massa ignara, não era nada menos que um culto à Nefertite

A Bela que Chegou em minha vida, como um raio de Atom, e com sua pele alva e perfeita era a representação física do calor e da luz de Atom em minha vida.

Sua pureza e credulidade era marca registrada de sua personalidade, ela acreditava e tinha uma fé inabalável da presença de Atom em nossas vidas e em nosso aprendizado para o amor e para a

transformação daqueles espíritos que já tinham em sim as sementes da verdade Universal.

Como em todos os momentos em que a luz quer se fizer mais viva, a presença das trevas em contraponto começa aumentar em igual medida e proporção a fim de que as coisas se mantenham exatamente como estão.

Justamente neste atual momento, estamos vivenciando um momento igual a esse, os servidores da obscuridade e da ignorância estão movimentando as energias cósmicas para que a Terra permaneça estacionária no quadro evolutivo Universal.

As guerras ditas Santas, os conflitos religiosos e de opinião, àquele tempo em nada diferiam aos que são vistos diariamente nos noticiários televisivos dos tempos atuais.Retornando à minha existência como Tafius Argos Fas , eu somente era o sumo sacerdote da religião que fundei milênios antes com a ajuda da minha amada Nefertiti, que deu sua vida e juventude para fazer com que todos os egípcios acreditassem e venerassem Atom, e de certa forma me proteger também das investidas dos sacerdotes de Amon, pois tinha consciência da minha intolerância frente aqueles que não comungavam da mesma crença que eu.Para me manter em estado de adoração a Atom, essa menina moça, cuja a força interior a levou a ser Faraó e Sacerdotisa Suprema no Egito, enfrentou bravamente a todos os mandatários e poderosos, ela me conhecia mais e melhor que eu mesmo, sabia da minha fragilidade física e emocional, e tomou para si a responsabilidade de lutar por Aton, por mim, por nossa família e por todo o Egito.Neste momento, devem estar se perguntando se a encontraria nesta vida como Tafius Argos Fas , mas infelizmente, novamente não teríamos a graça de sermos um só novamente.

Ao meu lado no Asrham, já tinha um fiel discípulo que foi escolhido pela personificação de Aton, na Terra para trazer a VERDADE à humanidade.

Shima,tinha o conhecimento que ajudaria na cura física e moral daquele povo que nos propusemos a tirar das trevas. Entretanto sua disciplina e senso de ética o impediam de voar mais longe de se impor e impor o conhecimento a qualquer irmão que fosse.

Necessitava encontrar um outro espírito, o qual fosse capaz de transgredir o convencionalismo para que de qualquer forma a VERDADE se impusesse

Atos era esse espírito vivo e apaixonado.

Atos mais uma vez teria a oportunidade de ajudar minha amada criança na divulgação da verdade, bem como Shima também teria esta oportunidade.

Por isso ambos foram treinados e instruídos por mim.

E como a paixão de Atos era maior, quando me desliguei daquele corpo carnal, a imposição de sua vontade através do magnetismo de seu espírito se deu com maior intensidade e por isso tornou-se o primeiro no Ashram

Muitos até hoje não compreenderiam o ato da conjunção carnal através do orgasmo para atingirmos mais rapidamente a divindade.Hoje todas as personagens se encontram unidas para auxiliar a transição planetária, através das curas de si mesmos, pois a cura deste grupo de certa forma é a cura de toda a humanidade, pois em menor escala cada um representa uma personalidade que define milhões de almas ligadas ao orbe terrestre.Cure um homem e terá curado a humanidade inteira

Em um determinado momento, todos nós estaremos unidos, curados de nós mesmos, eu os liberto de toda a mentira e doenças, da fome e da sede, que irradiam de vossos espíritos

Perdoem-me filhas, filhos, e todos aqueles que de alguma forma, por causa dos meus conhecimentos possam ter sido desviados do caminho de Atom.

Amada de meu coração. Sempre estarei ao seu lado, sei de cada necessidade intima sua, e velo por seu coração.

Retornaste nesta vida com o conhecimento que tens das plantas e curas do corpo que foste adquirindo ao longo de alguns milênios. Use-os sem parcimônia.

Filhas e alunas queridas, respeitem-se e continuem firmes no trabalho de elucidação das massas

Atos, meu querido discípulo e filho, não temas. Tudo está certo, e sabes que não poderás protelar por muito mais tempo.

Fiquem sob a luz de Atom, Paz, Luz e Amor

Sempre!

Reflexão de Fátima a respeito desta cura de memorias.

“ Estou rezando minha mãe,

Estou cantando bem baixinho

Bem feliz e agradecendo

Essas flores no caminho.

Esse perfume de rosa

Linda rosa sem espinhos

Essa casa ensolarada

Essa lua em meu ninho.

Eu, beija flor beijando as flores da floresta

Bem mais veloz que a luz do pensamento

Beijando a flor que deus mais cuida, esse agora, esse momento.

Eu bem feliz beijando a flor da liberdade

Sol, arco íris, céu, lilás, verde alecrim

Eu, beija flor rezando a flor que deus mais gosta em seu jardim.

Flor do agora – autor: Ale de Maria. ”

Cada imersão que faço para dentro de mim mesma ao voltar sou uma nova pessoa porque ao olhar nos registros do Ser que sou descubro o quanto já andei sobre a terra por todos os tempos.

Por outras viagens empreendidas encontrava essas vidas e depois que limpas as emoções eu as integrava em mim como experiências que me serviriam como de fato servem e muitas vezes me dão uma perspicácia uma aptidão que surpreende.

Mas nesta nova etapa tem sido diferente um pouco, além de agregar as memorias das sub partes que estão ao meu dispor vem junto sentimentos que antes não podiam vir, e pelo que agora entendo não podiam vir porque eu não aceitava a existência deles em meu ser.

Portanto tem sido bem mais proveitoso e menos sacrifício é preciso fazer. Antes esforçávamo-nos para ir encontrar as histórias que estavam suspensas em lugares longínquos e nem sempre profícuos para nossa condição. E agora as histórias se derramam como um néctar para saborearmos.

Fico contente porque não somente estão servindo para meu progresso e aprendizado mas também para quem se sentir beneficiado além evidentemente das curadoras que trabalham comigo e me dão apoio e suporte em todos os sentidos.

Estou hoje comovida pelos relatos que canalizamos e pela cura que principiou em simplicidade para de fala em fala mostrar-se profunda, reveladora e nos possibilitando desvendar segredos de nossas personalidades que até então não eram compreendidas porque faltava saber onde foram geradas certas crenças que estavam cristalizadas até agora na periferia de nossas almas.

Acima coloquei uma poesia que gosto muito, foi tirada de uma música e reflete exatamente como estou me sentindo hoje, nesse agora, nesse momento.

Eu Fátima hoje, que um dia estive Elga.

Namastê.