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Atividades psicomotoras musicais A teoria na prática! Jogo “Lenga la lenga”

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Page 1: Atividades psicomotoras musicais A teoria na prática!psicomus.com.br/arq/ppm.pdf · 2017. 4. 15. · Procedimento: recite a parlenda e explique o significado da palavra: “Lengalenga

Atividades psicomotoras musicais A teoria na prática!

Jogo “Lenga la lenga”

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Para demonstrar como aplicar o conceito de desenvolver capacidades cognitivas a partir do corpo apresento um jogo que utilizo com frequência nas aulas de música, no atendimento psicomotor clinico e nos cursos de formação para professores e psicomotricistas.

O que pretendo com o jogo é ensinar aos alunos uma

canção com um ritmo africano para proporcionar

estímulos sensoriais auditivos, proprioceptivos e visuais

que ampliem seu repertório (inclusive cultural) e com

isso aumentar a possibilidade de que sejam capazes de

regular o interesse próprio com o interesse dos outros

para o bem comum (atenção à diversidade e educação

para paz).

Do ponto de vista psicomotor, pretendo oferecer

estímulos para a regulação tônica, respeitando as leis de

maturação nervosa (céfalo-caudal e próximo-distal).

Sendo assim, o jogo tem fases progressivas do ponto de

vista musical e psicomotor.

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O jogo musical psicomotor é uma ferramenta metodológica, portanto é cooperativo e está focado no prazer de brincar, ou como as próprias crianças dizem, “aprender brincando”. Parte da área forte da criança o que estimula o fortalecimento de sua auto estima.

Enfoques: educação auditiva (percepção e figura-fundo); estruturação rítmica (adaptação e integração rítmica); raciocínio lógico-matemático; tonicidade (freio inibitório e regulação tônica), estruturação espacial e temporal, esquema corporal, estimulação sensorial para o desenvolvimento da preensão adequada do lápis; regulação dos interesses; sociabilização; repertório cultural.

Material: você vai precisar de bolas macias que podem ser feitas reaproveitando meias velhas; jornal; etc. Veja os exemplos nos anexos. Bolas com tamanhos progressivos (da maior para a menor), bolas de pingue-pongue e de gude.

Procedimento: recite a parlenda e explique o significado da palavra: “Lengalenga é um texto com frases curtas que normalmente rimam e com muitas repetições que permitem decorá-lo com muita facilidade. Geralmente, as lengalengas estão associadas a brincadeiras e jogos”¹. Chame a atenção da criança sobre a parte mais forte da lengalenga: Ê.

LENGA, LA LENGA, LA DUCHA LA DU Ê

LA DUCHA LA DU PAPA, LA DUCHA LA DU Ê

LA DUCHA LA DU MAMA, LA DUCHA LA DU Ê

LA DUCHA LA DU GÔ GÔ, LA DUCHA LA DU Ê

¹ Fonte: http://culturapopular.no.sapo.pt/lengas/lengas.htm. Nominália: Herminia Herminii - Editorial: E-libro.net ISBN 1-

4135-3547-X edição virtual: “Conversa fiada, lorota, conversa para boi dormir”.

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Fase 1

As crianças devem caminhar livremente pelo espaço. Ao ouvirem a parte forte (“Ê”), devem saltar o “mais alto possível” e continuar caminhando. Repita duas vezes salientando a capacidade delas em saltar alto (enfocar a área forte).

Fase 2

Marque duas linhas no chão com uma distância de aproximadamente 6 metros entre elas. Divida as crianças em dois grupos. Cada um ocupa uma linha e deve trocar de lugar com o outro grupo até o final da canção. Nem antes, nem depois. A dificuldade é movimentar-se apenas no acento da canção (“Ê”). Você pode cantar a música ou colocar o MP3.

Nota: observe a aplicação do conceito estrutural psicomotor: da ação ao pensamento, do pensamento à ação. As crianças, na primeira vez que brincarem, não estarão preocupadas com a relação entre a quantidade e o tamanho dos passos para atingir o objetivo. Porém, a partir da segunda, sem a interferência do adulto (ou “dicas”), elas realizam um ajuste e calculam mentalmente a quantidade de acentos e o espaço que deve ser percorrido.

Lembre-se, estamos apenas brincando. Não há o grupo vencedor, já que todos estamos aprendendo. Há maneiras diferentes de atingirmos o mesmo objetivo!!! Divirta-se também observando as crianças construírem as estruturas espaciais e temporais.

Fase 3

Distribua os saquinhos de espuma ou bolas leves para um dos grupos. Na parte forte esse grupo deve lançar o saquinho para acertar o pé dos componentes do outro grupo. Lembre com as crianças que o objetivo do jogo é brincar e aprender, por isso focamos no pé, para não machucar ninguém. Pegar o saquinho de volta e continuar jogando até o final da canção. O grupo que está sem saquinho não pode tocá-los com as mãos. Trocar de papéis.

Nota: pergunte às crianças que tipo de movimentos realizamos para acertar o pé e que partes corporais utilizamos para isso: estruturação do esquema corporal.

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Fase 4 ( a essa altura as crianças já memorizaram a canção que pretendíamos)

Formar duplas e jogar a bola para o companheiro somente na parte forte. Os tamanhos das bolas devem ser progressivos (da maior para a menor).

Nota: essa fase já começa a ser mais específica e tem como objetivo proporcionar estímulos adequados para o desenvolvimento da preensão adequada do lápis: da garra global à pinça específica.

Fase 5

A partir da bola de pingue-pongue, utilizar o “peteleco”: polegar + indicador; polegar + dedo médio; polegar + dedo anelar e polegar + dedo mínimo. Em duplas: “petelecar” a bola de pingue-pongue na parte forte.

Nota: nessa fase estamos proporcionando estímulos sensoriais para a dissociação digital, importante habilidade de movimentar os dedos de forma independente e tonificá-los para que cada um possa exercer sua função no ato gráfico (alguns dedos fornecem o suporte para o movimento principal).

Fase 5: Percurso

Desenhar no chão ou preparar com antecedência um percurso com números ou letras (depende da dificuldade que se queira enfocar). O jogo pode ser em duplas. Com tampinhas de garrafa de plástico, seguir o percurso com “petelecos” apenas nos acentos. A criança precisará calcular e regular a força ao espaço (ela é capaz já que “treinou” isso com o corpo todo na fase 2). Desafio de cálculo mental: pergunte às crianças quantos petelecos serão necessários para realizar o percurso.

Observe que eu já chamei de acento a parte forte da música e você nem percebeu.

Aprendeu um conceito musical “brincando”.

Pronto! Esse é apenas um exemplo de como os fundamentos da Psicomotricidade contribuem para a aprendizagem de qualquer conteúdo.

Na próxima publicação, demonstrarei a aplicação da utilização da música nos exercícios descritos pelo Juan García no livro Psicomotricidade e Educação Infantil.

Experimente o jogo e me conte os resultados!

Obrigada!

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ANEXO BOLAS MACIAS Alex Xavier conta em seu blog2 como seu avô Raul construiu uma bola de meia e jornal para ele. É uma ideia muito criativa e sustentável que podemos aproveitar: Material necessário: jornal velho ou sacos de plástico. Fita adesiva. Meias sem par ou meia calça feminina. Procedimento: enrolar o jornal ou sacos plásticos até formar uma bola do tamanho desejado. Passar a fita adesiva em volta até formar a esfera o mais arredondado possível. Envolver a bola na meia e costurar as pontas que sobrarem. Segundo Alex, no livro Brincadeiras de Ontem, o autor Carlos Alberto Almeida Marques diz também podemos usar retalhos de pano para encher a meia.

2http://alcoyote.wordpress.com/2010/01/14/time-de-um-homem-so/ 3Imagem copiada de: http://alcoyote.wordpress.com/2010/01/14/time-de-um-homem-so/ http://ludotecajovem.blogspot.com/2010_08_01_archive.html

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