atividades e atos administrativos aula 2 princípio da legalidade e poder regulamentar

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Atividades e Atividades e atos atos administrativos administrativos Aula 2 Aula 2 Princípio da legalidade e Princípio da legalidade e poder regulamentar poder regulamentar

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Page 1: Atividades e atos administrativos Aula 2 Princípio da legalidade e poder regulamentar

Atividades e atos Atividades e atos administrativosadministrativos

Aula 2Aula 2

Princípio da legalidade e poder Princípio da legalidade e poder regulamentarregulamentar

Page 2: Atividades e atos administrativos Aula 2 Princípio da legalidade e poder regulamentar

A nova vertente do direito A nova vertente do direito administrativoadministrativo

““Após a seqüência de mutações por que passou e Após a seqüência de mutações por que passou e ainda vem passando o Direito Administrativo nas ainda vem passando o Direito Administrativo nas últimas décadas, a supremacia do interesse últimas décadas, a supremacia do interesse público em tese cedeu à supremacia dos público em tese cedeu à supremacia dos princípios fundamentais constitucionais, princípios fundamentais constitucionais, garantidores dos direitos das pessoas, e a garantidores dos direitos das pessoas, e a indisponibilidade foi reavaliada em função de indisponibilidade foi reavaliada em função de interesses juridicamente protegidos interesses juridicamente protegidos ocasionalmente concorrentes com interesses ocasionalmente concorrentes com interesses públicos”.públicos”.

MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Curso de direito administrativoCurso de direito administrativo, 14ª ed., , 14ª ed., p. 91p. 91

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Page 4: Atividades e atos administrativos Aula 2 Princípio da legalidade e poder regulamentar

As recentes transformações As recentes transformações do direito administrativodo direito administrativo

Revisão do princípio da supremacia do interesse Revisão do princípio da supremacia do interesse públicopúblico

Do princípio da legalidade ao princípio da Do princípio da legalidade ao princípio da juridicidadejuridicidade

Novas questões relacionadas ao poder normativo Novas questões relacionadas ao poder normativo da Administração Públicada Administração Pública

Nova visão do poder discricionário da Nova visão do poder discricionário da AdministraçãoAdministração

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Page 7: Atividades e atos administrativos Aula 2 Princípio da legalidade e poder regulamentar

Caso geradorCaso geradorLEI 3438, DE 07 DE JULHO DE 2000LEI 3438, DE 07 DE JULHO DE 2000

OBRIGA AS DISTRIBUIDORAS DE COMBUSTÍVEIS A COLOCAREM OBRIGA AS DISTRIBUIDORAS DE COMBUSTÍVEIS A COLOCAREM LACRES ELETRÔNICOS, NOS TANQUES DOS POSTOS DE LACRES ELETRÔNICOS, NOS TANQUES DOS POSTOS DE COMBUSTÍVEIS, NO ÂMBITO DO ESTADO DO RIO DE JANEIROCOMBUSTÍVEIS, NO ÂMBITO DO ESTADO DO RIO DE JANEIROO Governador do Estado do Rio de Janeiro,O Governador do Estado do Rio de Janeiro,Faço saber que a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro Faço saber que a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro decreta e eu sanciono a seguinte Lei:decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

* Art. 1º -* Art. 1º - Obriga as Distribuidoras de Combustíveis a colocarem Obriga as Distribuidoras de Combustíveis a colocarem equipamentos de segurança, ou adotarem procedimentos técnicos, que equipamentos de segurança, ou adotarem procedimentos técnicos, que garantam a inviolabilidade dos tanques dos postos de combustíveis em que garantam a inviolabilidade dos tanques dos postos de combustíveis em que fazem distribuição.fazem distribuição. 1º - 1º - Os equipamentos de segurança, ou procedimentos técnicos citados no Os equipamentos de segurança, ou procedimentos técnicos citados no caput caput deste artigo deverão ser testados e aprovados pelo INMETRO, tendo deste artigo deverão ser testados e aprovados pelo INMETRO, tendo suas eficiências atestadas para o fim a que se destinam, além de estarem suas eficiências atestadas para o fim a que se destinam, além de estarem sujeitos à aprovação do órgão estadual competente.sujeitos à aprovação do órgão estadual competente.§ 2º -§ 2º - Para efeito dos meios de controle previstos no Para efeito dos meios de controle previstos no caput caput deste artigo, deste artigo, poderão ser utilizadas substâncias identificadoras, que serão poderão ser utilizadas substâncias identificadoras, que serão continuamente monitoradas, sendo estas substâncias, exclusivas para cada continuamente monitoradas, sendo estas substâncias, exclusivas para cada distribuidora, incorporadas aos combustíveis.distribuidora, incorporadas aos combustíveis. Nova redação dada pela Lei nº 4563/2005.

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Caso geradorCaso geradorArt. 2ºArt. 2º - - Fica a distribuidora responsável pela Fica a distribuidora responsável pela colocação de lacres nos Postoscolocação de lacres nos Postos, podendo só a mesma ter , podendo só a mesma ter acesso à abertura dos tanques.acesso à abertura dos tanques.

Art. 3ºArt. 3º - - O não cumprimento desta Lei, sujeitará as O não cumprimento desta Lei, sujeitará as infratoras, à multainfratoras, à multa de 10.000 Unidades Fiscais de de 10.000 Unidades Fiscais de Referência - UFIR, para cada caso aplicando-se o dobro Referência - UFIR, para cada caso aplicando-se o dobro em caso de reincidência.em caso de reincidência.

Art. 4º -Art. 4º - O Poder Executivo regulamentará a presente O Poder Executivo regulamentará a presente Lei no prazo de 30 dias a contar de sua publicaçãoLei no prazo de 30 dias a contar de sua publicação

Art. 5ºArt. 5º - - Esta Lei entrará em vigor na data de sua Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.publicação, revogadas as disposições em contrário.

Rio de Janeiro, 07 de julho de 2000.Rio de Janeiro, 07 de julho de 2000.

ANTHONY GAROTINHOANTHONY GAROTINHOGovernadorGovernador

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Caso geradorCaso gerador

Decreto Estadual 29.043/2001, modificando o Decreto 27.254/2000, regulamentador do tema, incluiu o art. 10-A, que prevê:

Art. 10-A. No caso de violação ou depredação assim como na recusa da instalação do lacre por parte de postos revendedores para venda a varejista que exibam marca da distribuidoras, incidirão sobre os mesmos as penalidades previstas no artigo anterior.

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Princípio da legalidade Princípio da legalidade aplicado à Administraçãoaplicado à Administração

Vinculação negativa à lei –Vinculação negativa à lei –Administração não pode fazer o que Administração não pode fazer o que a lei proíbea lei proíbe

Vinculação positiva à lei – Vinculação positiva à lei – Administração somente pode agir Administração somente pode agir quando houver lei que a autorize ou quando houver lei que a autorize ou obrigue, e tem o dever de promover obrigue, e tem o dever de promover os objetivos previstos na leios objetivos previstos na lei

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Princípio da legalidadePrincípio da legalidade Direito brasileiro : regra geral = reserva de lei Direito brasileiro : regra geral = reserva de lei

para atuação do administrador (lei obriga ou para atuação do administrador (lei obriga ou faculta o ato – art. 37, caput, CF/88)faculta o ato – art. 37, caput, CF/88)

=> Administração não pode exigir do cidadão => Administração não pode exigir do cidadão comportamento que não esteja exposto em lei comportamento que não esteja exposto em lei (para o cidadão => art. 5º, II, CF/88)(para o cidadão => art. 5º, II, CF/88)

Na França: reserva de regulamentoNa França: reserva de regulamento

=> Excetuados os espaços especificamente => Excetuados os espaços especificamente destinados pela Constituição à lei, tudo o mais destinados pela Constituição à lei, tudo o mais pode ser normatizado através de regulamento do pode ser normatizado através de regulamento do Poder ExecutivoPoder Executivo

Page 12: Atividades e atos administrativos Aula 2 Princípio da legalidade e poder regulamentar

Constituição de 1988Constituição de 1988 Art. 5º, II (indivíduo – autonomia da vontade)Art. 5º, II (indivíduo – autonomia da vontade)

Art. 5º. (...)Art. 5º. (...)III - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de III - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão fazer alguma coisa senão em virtude de leiem virtude de lei

Art. 37, Art. 37, caputcaput (Administração Pública) (Administração Pública)

Art. 37. A administração pública direta e indireta de Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de princípios de legalidadelegalidade, impessoalidade, , impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:  seguinte:  (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

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Constituição francesa de Constituição francesa de 19581958

Art. 34.Art. 34. - - La loi est votée par le Parlement.La loi est votée par le Parlement.

La loi fixe les règles concernant :La loi fixe les règles concernant :

- les droits civiques et les garanties fondamentales - les droits civiques et les garanties fondamentales accordées aux citoyens pour l'exercice des libertés accordées aux citoyens pour l'exercice des libertés publiques ; les sujétions imposées par la Défense publiques ; les sujétions imposées par la Défense Nationale aux citoyens en leur personne et en leurs Nationale aux citoyens en leur personne et en leurs biens ; biens ; - la nationalité, l'état et la capacité des personnes, les - la nationalité, l'état et la capacité des personnes, les régimes matrimoniaux, les successions et libéralités ; régimes matrimoniaux, les successions et libéralités ; - la détermination des crimes et délits ainsi que les - la détermination des crimes et délits ainsi que les peines qui leur sont applicables ; la procédure pénale ; peines qui leur sont applicables ; la procédure pénale ; l'amnistie ; la création de nouveaux ordres de juridiction l'amnistie ; la création de nouveaux ordres de juridiction et le statut des magistrats ; et le statut des magistrats ; (Continua...)(Continua...)

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Constituição francesa de Constituição francesa de 19581958

Art. 37Art. 37 - - Les matières autres que Les matières autres que celles qui sont du domaine de la loi celles qui sont du domaine de la loi

ont un caractère réglementaire.ont un caractère réglementaire.

(Art. 37. As demais matérias que não (Art. 37. As demais matérias que não as do domínio da lei têm um caráter as do domínio da lei têm um caráter

regulamentar)regulamentar)

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Celso Antônio Bandeira Celso Antônio Bandeira de Mellode Mello

““Só por lei se regula liberdade e Só por lei se regula liberdade e propriedade; só por lei se impõem propriedade; só por lei se impõem obrigações de fazer ou não-fazer. Vale dizer: obrigações de fazer ou não-fazer. Vale dizer: restrição alguma à liberdade ou à restrição alguma à liberdade ou à propriedade pode ser imposta se não estiver propriedade pode ser imposta se não estiver previamente delineada, configurada e previamente delineada, configurada e estabelecida em alguma lei, e só para estabelecida em alguma lei, e só para cumprir dispositivos legais é que o Executivo cumprir dispositivos legais é que o Executivo pode expedir decretos e regulamentos.”pode expedir decretos e regulamentos.”

Só existiriam regulamentos Só existiriam regulamentos conformeconforme a lei... a lei...

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Regulamentos no direito Regulamentos no direito brasileirobrasileiro

DecretosDecretos

Art. 84. Compete privativamente ao Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: Presidente da República:

(...)(...)

IV - sancionar, promulgar e fazer IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, publicar as leis, bem como expedir bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel decretos e regulamentos para sua fiel execuçãoexecução; ;

Page 17: Atividades e atos administrativos Aula 2 Princípio da legalidade e poder regulamentar

Demais normas Demais normas regulamentaresregulamentares

A redação do art. 84, IV, da Constituição é A redação do art. 84, IV, da Constituição é compatível com a atribuição de poderes compatível com a atribuição de poderes normativos a outros entes das Administração normativos a outros entes das Administração Pública que não o chefe do Poder Executivo?Pública que não o chefe do Poder Executivo?

Duas correntes...Duas correntes...

- não! O poder regulamentar é privativo do Chefe não! O poder regulamentar é privativo do Chefe do Executivo, qualquer exercício de competência do Executivo, qualquer exercício de competência normativa por outros entes administrativos viola o normativa por outros entes administrativos viola o art. 84, IV, CF/88art. 84, IV, CF/88

- sim! Art. 84, IV, CF/88 não afasta a possibilidade sim! Art. 84, IV, CF/88 não afasta a possibilidade de a lei designar outros espaços normativos no de a lei designar outros espaços normativos no âmbito do Poder Executivo (ex. regulamentos âmbito do Poder Executivo (ex. regulamentos autorizados)autorizados)

Page 18: Atividades e atos administrativos Aula 2 Princípio da legalidade e poder regulamentar

O regulamento O regulamento autorizadoautorizado

A lei fixa princípios gerais com A lei fixa princípios gerais com elevado teor de abstração e atribui a elevado teor de abstração e atribui a um ente da Administração Pública a um ente da Administração Pública a competência de densificá-los. Podem competência de densificá-los. Podem ser criados direitos e impostas ser criados direitos e impostas obrigações nessas bases ou haveria obrigações nessas bases ou haveria inconstitucionalidade, por ofensa ao inconstitucionalidade, por ofensa ao princípio da legalidade ?princípio da legalidade ?

Page 19: Atividades e atos administrativos Aula 2 Princípio da legalidade e poder regulamentar

ExemploExemplo Art. 4º, II, Lei nº 9.984/2000Art. 4º, II, Lei nº 9.984/2000

““Art. 4º. A atuação da ANA obedecerá aos Art. 4º. A atuação da ANA obedecerá aos fundamentos, objetivos, diretrizes e fundamentos, objetivos, diretrizes e instrumentos da Política Nacional de instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos e será desenvolvida em Recursos Hídricos e será desenvolvida em articulação com órgãos e entidades (...), articulação com órgãos e entidades (...), cabendo-lhe: (...)cabendo-lhe: (...)

II - Disciplinar, II - Disciplinar, em caráter normativoem caráter normativo, a , a implementação, operacionalização, o implementação, operacionalização, o controle e a avaliação dos instrumentos da controle e a avaliação dos instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos”Política Nacional de Recursos Hídricos”

Page 20: Atividades e atos administrativos Aula 2 Princípio da legalidade e poder regulamentar

Duas correntes...Duas correntes...1ª Corrente:1ª Corrente:

É insconstitucional: trata-se de delegação legislativa É insconstitucional: trata-se de delegação legislativa disfarçada sem observância dos requisitos da disfarçada sem observância dos requisitos da Constituição!Constituição!

““CF/88. Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas CF/88. Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional. (...)delegação ao Congresso Nacional. (...)§ 2º - A delegação ao Presidente da República terá a § 2º - A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do Congresso Nacional, que forma de resolução do Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício.especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício.§ 3º - Se a resolução determinar a apreciação do § 3º - Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo Congresso Nacional, este a fará em projeto pelo Congresso Nacional, este a fará em votação única, vedada qualquer emenda.”votação única, vedada qualquer emenda.”

Page 21: Atividades e atos administrativos Aula 2 Princípio da legalidade e poder regulamentar

Duas correntes...Duas correntes...

2ª corrente:2ª corrente:

É constitucional: não há ofensa ao princípio É constitucional: não há ofensa ao princípio da legalidade porque o Legislador da legalidade porque o Legislador exercitou sua competência e, ao fazê-lo, exercitou sua competência e, ao fazê-lo, atribuiu espaços normativos a autoridades atribuiu espaços normativos a autoridades administrativas (p.ex. CVM, CMN, administrativas (p.ex. CVM, CMN, ANATEL...). Justifica-se especialmente em ANATEL...). Justifica-se especialmente em casos de elevada complexidade técnica e casos de elevada complexidade técnica e que envolvem relação de especial sujeiçãoque envolvem relação de especial sujeição

Page 22: Atividades e atos administrativos Aula 2 Princípio da legalidade e poder regulamentar

Princípio da Princípio da legalidade e legalidade e

poder poder regulamentarregulamentarExiste espaço no Existe espaço no ordenamento brasileiro para ordenamento brasileiro para

os decretos autônomos?os decretos autônomos?

Page 23: Atividades e atos administrativos Aula 2 Princípio da legalidade e poder regulamentar

Classificação dos Classificação dos regulamentosregulamentos

Regulamento “Regulamento “secundum legemsecundum legem””

Regulamento “Regulamento “praeter legempraeter legem””

Regulamento “Regulamento “contra legemcontra legem””

Qual(is) é(são) admitidos no direito Qual(is) é(são) admitidos no direito brasileiro?brasileiro?

Page 24: Atividades e atos administrativos Aula 2 Princípio da legalidade e poder regulamentar

Regulamento autônomoRegulamento autônomo(“(“praeter legempraeter legem”)”)

O que é?O que é?

Regulamento retira seu fundamento Regulamento retira seu fundamento de validade diretamente da de validade diretamente da Constituição, não necessitando da Constituição, não necessitando da prévia existência de lei em sentido prévia existência de lei em sentido estritoestrito

Page 25: Atividades e atos administrativos Aula 2 Princípio da legalidade e poder regulamentar

Visão clássicaVisão clássica

Apenas os regulamentos de Apenas os regulamentos de execução são admitidos, em virtude execução são admitidos, em virtude do princípio da legalidadedo princípio da legalidade

(ressalva-se a previsão do art. 84, VI, (ressalva-se a previsão do art. 84, VI, CF/88, pós EC 32 que, entretanto, CF/88, pós EC 32 que, entretanto, tem um escopo de aplicação tem um escopo de aplicação bastante reduzido)bastante reduzido)

Page 26: Atividades e atos administrativos Aula 2 Princípio da legalidade e poder regulamentar

Regulamento autônomoRegulamento autônomo

Art. 84, VI, (a), CF Art. 84, VI, (a), CF

=> Redação dada pela Emenda Constitucional => Redação dada pela Emenda Constitucional 32/200132/2001

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:República:(...)(...)VI – VI – dispor, mediante decreto, sobredispor, mediante decreto, sobre::a) organização e funcionamento da administração a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicosnem criação ou extinção de órgãos públicos

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José dos Santos Carvalho José dos Santos Carvalho FilhoFilho

““Atos dessa natureza [regulamentos autônomos] Atos dessa natureza [regulamentos autônomos] nãonão podem existir em nosso ordenamento porque a tanto se podem existir em nosso ordenamento porque a tanto se opõe o art. 5º, II, da CF, que fixa o postulado da opõe o art. 5º, II, da CF, que fixa o postulado da reserva legal para a exigibilidade de obrigações. (...) Os reserva legal para a exigibilidade de obrigações. (...) Os atos de organização e funcionamento da Administração atos de organização e funcionamento da Administração Federal, ainda que tenham conteúdo normativo, são Federal, ainda que tenham conteúdo normativo, são meros atos ordinatórios, ou seja, atos que preordenam meros atos ordinatórios, ou seja, atos que preordenam basicamente ao setor interno da Administração para basicamente ao setor interno da Administração para dispor sobre seus serviços e órgãos (...) Esse aspecto dispor sobre seus serviços e órgãos (...) Esse aspecto não é suficiente para converter os atos em decretos ou não é suficiente para converter os atos em decretos ou regulamentos autônomos.”regulamentos autônomos.”

CARVALHO FILHO, José dos Santos. CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito Manual de direito administrativoadministrativo, 15ª ed., pp. 50/51., 15ª ed., pp. 50/51.

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Correntes no direito Correntes no direito brasileirobrasileiro

1ª: continua a negar a existência de regulamento 1ª: continua a negar a existência de regulamento autônomo, por ofensa ao princípio da legalidadeautônomo, por ofensa ao princípio da legalidade

2ª. Admite-se o regulamento autônomo em 2ª. Admite-se o regulamento autônomo em matérias onde CF não impuser reserva de leimatérias onde CF não impuser reserva de lei

Art. 84, VI, instaura “reserva de poder Art. 84, VI, instaura “reserva de poder regulamentar à Administração”, vedando ao regulamentar à Administração”, vedando ao legislador normatizar a matérialegislador normatizar a matéria

Princípio da preferência da lei (lembrando que Princípio da preferência da lei (lembrando que essa deverá ser de iniciativa do Presidente...)essa deverá ser de iniciativa do Presidente...)

Page 31: Atividades e atos administrativos Aula 2 Princípio da legalidade e poder regulamentar

Gustavo BinenbojmGustavo Binenbojm

““A existência do art. 84, VI, (a), no atual texto da A existência do art. 84, VI, (a), no atual texto da Constituição brasileira (...) não inibe o Constituição brasileira (...) não inibe o reconhecimento de outros reconhecimento de outros espaços espaços regulamentares autônomosregulamentares autônomos, implícitos ou , implícitos ou explícitos na sistemática da Carta Magna. explícitos na sistemática da Carta Magna. Admite-se, assim, que em campos não sujeitos a Admite-se, assim, que em campos não sujeitos a reservas de lei (formal ou material), a reservas de lei (formal ou material), a Administração Pública possa legitimamente Administração Pública possa legitimamente editar regulamentos autônomos, desde que editar regulamentos autônomos, desde que identificado um interesse constitucional que lhe identificado um interesse constitucional que lhe incumba promover ou preservar”.incumba promover ou preservar”.

BINENBOJM, Gustavo. BINENBOJM, Gustavo. Uma teoria do direito administrativoUma teoria do direito administrativo. Rio de . Rio de Janeiro, Renovar, 2006, p. 171.Janeiro, Renovar, 2006, p. 171.

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Voltando ao caso Voltando ao caso gerador...gerador...

Page 33: Atividades e atos administrativos Aula 2 Princípio da legalidade e poder regulamentar

Trecho do voto da Trecho do voto da relatorarelatora

Page 34: Atividades e atos administrativos Aula 2 Princípio da legalidade e poder regulamentar

ADMINISTRATIVO - POSTOS DE COMBUSTÍVEIS - ADMINISTRATIVO - POSTOS DE COMBUSTÍVEIS - LACRE DE SEGURANÇA - MULTA - LEI ESTADUAL LACRE DE SEGURANÇA - MULTA - LEI ESTADUAL 3.438/2000 E DECRETOS 27.254/2000 E 3.438/2000 E DECRETOS 27.254/2000 E 29.043/2001 DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. 1. 29.043/2001 DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. 1. O STF considerou de plena constitucionalidade a O STF considerou de plena constitucionalidade a Lei 3.438 de 7/6/2000. 2. No plano Lei 3.438 de 7/6/2000. 2. No plano infraconstitucional, o art. 3º da Lei 3.438/2000 infraconstitucional, o art. 3º da Lei 3.438/2000 prevê a imposição de pena pecuniária prevê a imposição de pena pecuniária exclusivamente às distribuidoras de combustíveis exclusivamente às distribuidoras de combustíveis caso não seja cumprida a determinação de instalar o caso não seja cumprida a determinação de instalar o lacre de segurança, instituído para uso obrigatório lacre de segurança, instituído para uso obrigatório em todos os postos de venda. 3. O Decreto Estadual em todos os postos de venda. 3. O Decreto Estadual 29.043/2001, ao alterar o Decreto Estadual 29.043/2001, ao alterar o Decreto Estadual 27.254/2000, indicando os postos de combustíveis 27.254/2000, indicando os postos de combustíveis como responsáveis solidários pela instalação dos como responsáveis solidários pela instalação dos lacres de segurança, extrapolou seu poder de lacres de segurança, extrapolou seu poder de regulamentação. 4. Recurso ordinário provido. regulamentação. 4. Recurso ordinário provido.

Ref.: STJ, ROMS 17.811Ref.: STJ, ROMS 17.811

Page 35: Atividades e atos administrativos Aula 2 Princípio da legalidade e poder regulamentar

Outras situações em que doutrina e Outras situações em que doutrina e jurisprudência vêm reconhecendo jurisprudência vêm reconhecendo

existência de regulamento autônomo no existência de regulamento autônomo no direito brasileirodireito brasileiro

Page 36: Atividades e atos administrativos Aula 2 Princípio da legalidade e poder regulamentar

Art. 103-B, Art. 103-B, §4º, I, CF/88§4º, I, CF/88

““Compete ao Conselho o controle da atuação Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário (...), administrativa e financeira do Poder Judiciário (...), cabendo-lhe (...):cabendo-lhe (...):I – zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo I – zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de suas competênciasde suas competências, e recomendar providências”, e recomendar providências”

Idem para o CNMP =. Art. 130-A, Idem para o CNMP =. Art. 130-A, §2º, I, CF/88§2º, I, CF/88

Page 37: Atividades e atos administrativos Aula 2 Princípio da legalidade e poder regulamentar

ADC-MC 12 / DFADC-MC 12 / DF

AÇÃO DECLARATÓRIA DE AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE, AJUIZADA EM PROL DA CONSTITUCIONALIDADE, AJUIZADA EM PROL DA RESOLUÇÃO Nº 07, de 18/10/2005, DO CONSELHO RESOLUÇÃO Nº 07, de 18/10/2005, DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. MEDIDA CAUTELAR. (...). A NACIONAL DE JUSTIÇA. MEDIDA CAUTELAR. (...). A Resolução nº 07/05 do CNJ reveste-se dos atributos Resolução nº 07/05 do CNJ reveste-se dos atributos da generalidade (os dispositivos dela constantes da generalidade (os dispositivos dela constantes veiculam normas proibitivas de ações administrativas veiculam normas proibitivas de ações administrativas de logo padronizadas), impessoalidade (ausência de de logo padronizadas), impessoalidade (ausência de indicação nominal ou patronímica de quem quer que indicação nominal ou patronímica de quem quer que seja) e abstratividade (trata-se de um modelo seja) e abstratividade (trata-se de um modelo normativo com âmbito temporal de vigência em normativo com âmbito temporal de vigência em aberto, pois claramente vocacionado para renovar de aberto, pois claramente vocacionado para renovar de forma contínua o liame que prende suas hipóteses de forma contínua o liame que prende suas hipóteses de incidência aos respectivos mandamentos). incidência aos respectivos mandamentos).

Page 38: Atividades e atos administrativos Aula 2 Princípio da legalidade e poder regulamentar

ADC-MC 12 / DFADC-MC 12 / DF

A Resolução nº 07/05 se dota, ainda, de A Resolução nº 07/05 se dota, ainda, de caráter caráter normativo primário, dado que arranca diretamente do normativo primário, dado que arranca diretamente do § 4º do art. 103-B da Carta-cidad㧠4º do art. 103-B da Carta-cidadã e tem como e tem como finalidade debulhar os próprios conteúdos lógicos dos finalidade debulhar os próprios conteúdos lógicos dos princípios constitucionais de centrada regência de princípios constitucionais de centrada regência de toda a atividade administrativa do Estado, toda a atividade administrativa do Estado, especialmente o da impessoalidade, o da eficiência, o especialmente o da impessoalidade, o da eficiência, o da igualdade e o da moralidade. O ato normativo que da igualdade e o da moralidade. O ato normativo que se faz de objeto desta ação declaratória densifica se faz de objeto desta ação declaratória densifica apropriadamente os quatro citados princípios do art. apropriadamente os quatro citados princípios do art. 37 da Constituição Federal, razão por que não há 37 da Constituição Federal, razão por que não há antinomia de conteúdos na comparação dos antinomia de conteúdos na comparação dos comandos que se veiculam pelos dois modelos comandos que se veiculam pelos dois modelos normativos: o constitucional e o infraconstitucional. normativos: o constitucional e o infraconstitucional.

Page 39: Atividades e atos administrativos Aula 2 Princípio da legalidade e poder regulamentar

ADC-MC 12 / DFADC-MC 12 / DF

Logo, o Conselho Nacional de Justiça fez adequado Logo, o Conselho Nacional de Justiça fez adequado uso da competência que lhe conferiu a Carta de uso da competência que lhe conferiu a Carta de Outubro, após a Emenda 45/04. (...) Medida liminar Outubro, após a Emenda 45/04. (...) Medida liminar deferida para, com efeito vinculante: (...) b) deferida para, com efeito vinculante: (...) b) suspender, até o exame de mérito desta ADC, o suspender, até o exame de mérito desta ADC, o julgamento dos processos que tenham por objeto julgamento dos processos que tenham por objeto questionar a constitucionalidade da Resolução nº questionar a constitucionalidade da Resolução nº 07/2005, do Conselho Nacional de Justiça; c) obstar 07/2005, do Conselho Nacional de Justiça; c) obstar que juízes e Tribunais venham a proferir decisões que juízes e Tribunais venham a proferir decisões que impeçam ou afastem a aplicabilidade da mesma que impeçam ou afastem a aplicabilidade da mesma Resolução nº 07/2005, do CNJ e d) suspender, com Resolução nº 07/2005, do CNJ e d) suspender, com eficácia eficácia ex tuncex tunc, os efeitos daquelas decisões que, , os efeitos daquelas decisões que, já proferidas, determinaram o afastamento da já proferidas, determinaram o afastamento da sobredita aplicação (j. em 16.02.2006) sobredita aplicação (j. em 16.02.2006)

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Considere a seguinte Considere a seguinte lei lei do RS:do RS:

““Art. 2º. É assegurado ao aluno, por motivo de Art. 2º. É assegurado ao aluno, por motivo de crença religiosa, requerer à instituição crença religiosa, requerer à instituição educacional em que estiver regularmente educacional em que estiver regularmente matriculado, seja ela matriculado, seja ela públicapública ou privada, e de ou privada, e de qualquer nível, que lhe sejam aplicadas provas e qualquer nível, que lhe sejam aplicadas provas e trabalhos em dias não coincidentes com o trabalhos em dias não coincidentes com o período de guarda religiosa.período de guarda religiosa.§1º. §1º. A instituição de ensino fixará data A instituição de ensino fixará data alternativa para a realização das atividades alternativa para a realização das atividades estudantisestudantis, que deverá coincidir com o período , que deverá coincidir com o período ou turno em que o aluno estiver matriculado, ou turno em que o aluno estiver matriculado, contando com sua expressa anuência, se em contando com sua expressa anuência, se em turno diferente daquele”.turno diferente daquele”.

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ADI 2806-5/RSADI 2806-5/RS

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI N.º 11.830, DE 16 INCONSTITUCIONALIDADE. LEI N.º 11.830, DE 16 DE SETEMBRO DE 2002, DO ESTADO DO RIO DE SETEMBRO DE 2002, DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. ADEQUAÇÃO DAS ATIVIDADES DO GRANDE DO SUL. ADEQUAÇÃO DAS ATIVIDADES DO SERVIÇO PÚBLICO ESTADUAL E DOS SERVIÇO PÚBLICO ESTADUAL E DOS ESTABELECIMENTOS DE ENSINO PÚBLICOS E ESTABELECIMENTOS DE ENSINO PÚBLICOS E PRIVADOS AOS DIAS DE GUARDA DAS DIFERENTES PRIVADOS AOS DIAS DE GUARDA DAS DIFERENTES RELIGIÕES PROFESSADAS NO ESTADO. RELIGIÕES PROFESSADAS NO ESTADO. CONTRARIEDADE AOS ARTS. 22, XXIV; 61, § 1.º, II, C; CONTRARIEDADE AOS ARTS. 22, XXIV; 61, § 1.º, II, C; 84, VI, A84, VI, A; E 207 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ; E 207 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. No que toca à Administração Pública estadual, o No que toca à Administração Pública estadual, o diploma impugnado padece de vício formal, uma vez diploma impugnado padece de vício formal, uma vez que proposto por membro da Assembléia Legislativa que proposto por membro da Assembléia Legislativa gaúcha, não observando a iniciativa privativa do Chefe gaúcha, não observando a iniciativa privativa do Chefe do Executivo, corolário do princípio da separação de do Executivo, corolário do princípio da separação de poderes. poderes.

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ADI 2806-5/RSADI 2806-5/RS

““Já, ao estabelecer diretrizes para as entidades Já, ao estabelecer diretrizes para as entidades de ensino de primeiro e segundo graus, a lei de ensino de primeiro e segundo graus, a lei atacada revela-se contrária ao poder de atacada revela-se contrária ao poder de disposição do Governador do Estado, mediante disposição do Governador do Estado, mediante decreto, sobre a organização e funcionamento decreto, sobre a organização e funcionamento de órgãos administrativos, no caso das escolas de órgãos administrativos, no caso das escolas públicaspúblicas; bem como, no caso das particulares, ; bem como, no caso das particulares, invade competência legislativa privativa da invade competência legislativa privativa da União. Por fim, em relação às universidades, a União. Por fim, em relação às universidades, a Lei estadual n.º 11.830/2002 viola a autonomia Lei estadual n.º 11.830/2002 viola a autonomia constitucionalmente garantida a tais organismos constitucionalmente garantida a tais organismos educacionais. Ação julgada procedente.” educacionais. Ação julgada procedente.”

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ADI 2806-5/RSADI 2806-5/RS

Trecho do voto do Relator, Min. Ilmar GalvãoTrecho do voto do Relator, Min. Ilmar Galvão

““O art. 2º, por sua vez, no que toca às O art. 2º, por sua vez, no que toca às escolas públicas de primeiro e segundo escolas públicas de primeiro e segundo graus, revela-se ofensivo ao art. 84, VI, ‘a’, graus, revela-se ofensivo ao art. 84, VI, ‘a’, da Constituição, por igual de aplicação da Constituição, por igual de aplicação extensiva aos Estados, visto cuidar de órgãos extensiva aos Estados, visto cuidar de órgãos da Administração, cuja organização e da Administração, cuja organização e funcionamento funcionamento hão de ser disciplinados, hão de ser disciplinados, privativamente, por decreto do Chefe do privativamente, por decreto do Chefe do Poder ExecutivoPoder Executivo””

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RE 208.220-1RE 208.220-1

Art. 237, CFArt. 237, CF

““A fiscalização e o controle sobre o A fiscalização e o controle sobre o comércio exterior, essenciais à defesa dos comércio exterior, essenciais à defesa dos interesses fazendários nacionais, serão interesses fazendários nacionais, serão exercidos pelo Ministério da Fazenda”.exercidos pelo Ministério da Fazenda”.

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RE 208.220-1RE 208.220-1EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. IMPORTAÇÃO DE BENS DE CONSUMO IMPORTAÇÃO DE BENS DE CONSUMO USADOS. A vedação à importação de bens USADOS. A vedação à importação de bens de consumo usados - materializada na de consumo usados - materializada na Portaria 8/91 do DECEX - decorre de regra Portaria 8/91 do DECEX - decorre de regra de competência assegurada ao Ministério de competência assegurada ao Ministério da Fazenda pelo artigo 237 da Carta, não da Fazenda pelo artigo 237 da Carta, não havendo como situar, na espécie, a havendo como situar, na espécie, a alegada afronta aos princípios da isonomia alegada afronta aos princípios da isonomia e da legalidade. Precedente. Recurso e da legalidade. Precedente. Recurso extraordinário conhecido e provido.extraordinário conhecido e provido.

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Em suma... São Em suma... São constitucionais os constitucionais os

regulamentos autônomos?regulamentos autônomos?

- não, pois violam 84, IV, CF. Exceções - não, pois violam 84, IV, CF. Exceções seriam apenas os espaços expressamente seriam apenas os espaços expressamente previstos na própria Constituição (ex. 84, previstos na própria Constituição (ex. 84, VI; 103, B, VI; 103, B, §2º, I; §2º, I; 130-A, 130-A, §2º, I)§2º, I)

- sim, dever da Administração de atender - sim, dever da Administração de atender aos comandos constitucionais, nos aos comandos constitucionais, nos espaços não limitados à reserva absoluta espaços não limitados à reserva absoluta de lei; teoria dos poderes implícitosde lei; teoria dos poderes implícitos

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DeslegalizaçãoDeslegalização ““Retirada, pelo legislador, de certas matérias, do Retirada, pelo legislador, de certas matérias, do

domínio da lei (domínio da lei (domaine de la loidomaine de la loi) passando-as ao ) passando-as ao domínio do regulamento (domínio do regulamento (domaine de domaine de l’ordonnancel’ordonnance).”).”Diogo de Figueiredo Moreira Neto, Diogo de Figueiredo Moreira Neto, Mutações do direito Mutações do direito administrativoadministrativo, p. 166., p. 166.

Justifica-se especialmente em questões de alta Justifica-se especialmente em questões de alta complexidade técnicacomplexidade técnica

Exceto nas matérias objeto de reserva absoluta Exceto nas matérias objeto de reserva absoluta de lei.de lei.

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DeslegalizaçãoDeslegalização A norma resultante de um processo de A norma resultante de um processo de

deslegalização pode revogar lei anterior?deslegalização pode revogar lei anterior?

Sim! Porque, em realidade, foi o próprio legislador Sim! Porque, em realidade, foi o próprio legislador quem degradou o nível hierárquico pelo qual a quem degradou o nível hierárquico pelo qual a matéria será disciplinada (se o próprio legislador matéria será disciplinada (se o próprio legislador poderia ter revogado a norma, ele pode atribuir a poderia ter revogado a norma, ele pode atribuir a outro ente essa competência). outro ente essa competência).

Não! Sob pena de consagrar-se delegação Não! Sob pena de consagrar-se delegação legislativa inominada. CF distingue atos normativos legislativa inominada. CF distingue atos normativos primários e secundários. Ver art. 25 ADCT. Fraude primários e secundários. Ver art. 25 ADCT. Fraude ao processo legislativo (G. Binenbojm) O Executivo ao processo legislativo (G. Binenbojm) O Executivo só pode “legislar” através dos institutos da MP e da só pode “legislar” através dos institutos da MP e da lei delegada.lei delegada.

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DeslegalizaçãoDeslegalizaçãoAlexandre Aragão: deslegalização com Alexandre Aragão: deslegalização com standardsstandards

““Ao nosso ver, não é propriamente o regulamento que Ao nosso ver, não é propriamente o regulamento que revoga a lei anterior. Ele é apenas o instrumento que, revoga a lei anterior. Ele é apenas o instrumento que, dentro do princípio da dentro do princípio da lex posterior derogat priorilex posterior derogat priori, se vale a , se vale a lei para, diferida e dinamicamente, revogar a lei anterior, lei para, diferida e dinamicamente, revogar a lei anterior, adequando a disciplina jurídica existente no momento em adequando a disciplina jurídica existente no momento em que entrou em vigor à cambiante realidade social. Como a que entrou em vigor à cambiante realidade social. Como a própria lei não seria apta a propiciar tal adequação, própria lei não seria apta a propiciar tal adequação, constante e de índole predominantemente técnica, confere o constante e de índole predominantemente técnica, confere o necessário poder normativo a determinado órgão ou ente necessário poder normativo a determinado órgão ou ente administrativo, habilitando-o a ,dentro certos valores e administrativo, habilitando-o a ,dentro certos valores e parâmetros, regular a matéria densificando e executando às parâmetros, regular a matéria densificando e executando às suas (da suas (da lex posteriorlex posterior) finalidades, políticas públicas e ) finalidades, políticas públicas e standards”.standards”.

ARAGÃO, Alexandre Santos de.ARAGÃO, Alexandre Santos de. Agências reguladoras e a evolução do direito Agências reguladoras e a evolução do direito administrativo econômicoadministrativo econômico, p. 424., p. 424.