atividade micorrÍzica e microbiana do solo em … · silva, danielle karla alves da atividade...
TRANSCRIPT
ATIVIDADE MICORRÍZICA E MICROBIANA DO SOLO EM ÁREAS DE
REGENERAÇÃO DE MATA ATLÂNTICA, IGARASSU, PERNAMBUCO
DANIELLE KARLA ALVES DA SILVA
RECIFE
2011
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE MICOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DE FUNGOS
ATIVIDADE MICORRÍZICA E MICROBIANA DO SOLO EM ÁREAS DE
REGENERAÇÃO DE MATA ATLÂNTICA, IGARASSU, PERNAMBUCO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia de Fungos do Departamento de Micologia do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Pernambuco, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Biologia de Fungos.
Área de Concentração:
Micologia Aplicada
NOME: Danielle Karla Alves da Silva Orientadora: Leonor Costa Maia Co-orientador: Fábio S. B. da Silva
RECIFE
2011
Silva, Danielle Karla Alves da
Atividade micorrízica e microbiana do solo em áreas de regeneração de Mata Atlântica, Igarassu, Pernambuco/ Danielle Karl a Alves da Silva. – Recife: O Autor, 2009. 59 folhas : il., fig., tab.
Orientadora: Leonor Costa Maia Co-orientador: Fábio S. B. da Silva Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de
Pernambuco. Centro de Ciências Biológicas. Biologia de Fungos, 2009.
Inclui bibliografia e anexos
1. Micorriza 2. Florestas- biomassa 3. Indicadores biológicos I. Título.
579.5 CDD (22.ed.) UFPE/CCB-2011-182
Atividade Micorrízica e Microbiana do Solo em Áreas de Regeneração de Mata
Atlântica, Igarassu, Pernambuco
DANIELLE KARLA ALVES DA SILVA
Dissertação defendida e aprovada pela comissão examinadora em 18/02/2009
Comissão Examinadora
Ao Deus digno de toda
honra e toda glória
ofereço.
“Pois sabemos que todas as coisas trabalham juntas para o bem daqueles que amam a Deus,
daqueles a quem Ele chamou de acordo com seu plano.” Romanos 8.28
Aos meus pais, Lucia e Luiz;
minha irmã, Patricia e
meu sobrinho Luiz Neto
dedico.
Agradecimentos
A Deus, pela vida, pela força e por tudo que Ele fez, faz e continuará fazendo em minha vida,
Sem Ele nada disso seria possível.
Aos meus pais, Lucia e Luiz, pelo amor, carinho e pelo grande e continuado apoio e
compreensão pelas minhas ausências.
À minha irmã Patrícia, pelo amor, carinho e pelo grande e continuado apoio e pela valiosa
ajuda.
Ao meu sobrinho Luiz Neto, pelo carinho e por me proporcionar muitas alegrias a cada dia.
A Geison Rodrigues pelo companheirismo, carinho, amizade, conselhos, por me incentivar a
sempre ir mais além, por todos os bons momentos que compartilhamos e pela paciência.
As minhas avós (Zélia e Josefa) e meu avô (Euclides) pelo amor, carinho e atenção
dispensados.
A toda minha família pelo carinho, apoio e compreensão.
À Profa. Leonor Costa Maia pela orientação desde a minha iniciação científica, incentivo,
confiança e apoio.
Ao Prof. Fábio Sérgio B. Silva pela co-orientação, apoio em todas as etapas deste e de outros
trabalhos e pela sua amizade.
À Profa. Adriana M. Yano-Melo pelo incentivo.
À Profa. Uided M. T. Cavalcante pelo apoio, incentivo e confiança.
À Geovanna Guterres pela amizade e por sempre estar disponível para ajudar.
À CAPES pela concessão da bolsa.
À UFPE pelo apoio e
Ao Projeto Fragmentos e à Usina São José pelo apoio logístico.
As Profas. Ana Carolina e Maria Jesus Rodal pelas informações sobre a flora da Usina São
José.
À Profa. Lindete Martins pela orientação no estágio supervisionado na UNEB e pelo apoio
dispensado durante minha estada em Petrolina/Juazeiro.
A Jakson Leite pela co-orientação no meu estágio supervisionado.
A Thomas Kimmel pela valiosa ajuda nas coletas e pelas informações fornecidas sobre as
capoeiras.
À Ladivânia Nascimento pelas valiosas informações sobre as capoeiras.
A todos os meus amigos, que seria impossível listá-los aqui, pelo apoio, incentivo e
compreensão nas minhas ausências.
A Jailton, Klebert, Jessyca, Márcia, Klebiany, pelas orações, amizade, incentivo e confiança.
A Anderson Souza pela amizade e pelos bons conselhos.
A João Paulo pela amizade e por todos os momentos que compartilhamos.
A Nicácio Freitas, Indra Elena e Vilma Santos pela amizade, ajuda e pelos momentos que
compartilhamos nesse período.
À Renata Souza, pelo grande incentivo, confiança, apoio e amizade.
À Maryluce Albuquerque, pela amizade, ajuda, apoio e acolhida durante minha estada em
Petrolina.
A Ângelo Santana pela ajuda nas coletas e por ter proporcionado momentos de descontração
durante as coletas.
Aos companheiros da turma de mestrado, Allyne, Caroline, Clarissa, Flávio, Glauciane,
Hanilma, Helder, Indra, João, Luciana, Moacir, Patricia, Paúl, Roberta, Suanni, Theomara,
Thiago, Vilma, Vivian e Wendel, com os quais compartilhei momentos felizes e importantes.
À equipe do Laboratório de Micorrizas, Catarina, Camilla, Marilene, Inácio, Kelly, Araeska,
Ângelo, Bruno, pelo companheirismo e bons momentos compartilhados.
Enfim, a todos que de alguma forma contribuíram para este trabalho.
RESUMO GERAL
A Mata Atlântica apresenta grande diversidade e elevado grau de endemismo, mas vem sendo
gradativamente impactada. As pressões antrópicas causadas principalmente pelo
desmatamento e conversão das áreas em plantios, com o posterior abandono, originam as
chamadas “capoeiras” ou matas de regeneração, onde a vegetação lenhosa cresce depois da
derrubada da floresta. Considerando que a atuação dos microrganismos do solo pode
contribuir para a qualidade edáfica, objetivou-se comparar a atividade microbiana em solos
sob diferentes usos. Coletas foram realizadas em áreas de Mata Atlântica preservadas,
cultivadas com cana-de-açúcar ou em processo natural de regeneração (capoeiras 1 e 2, com
10 e 20 anos, respectivamente), em dois períodos (chuvoso e seco). Avaliaram-se: teores de
ácidos húmicos (AH) e ácidos fúlvicos (AF), relação AH:AF, atividade enzimática, carbono
da biomassa microbiana, respiração microbiana, quociente metabólico, polissacarídeos de
origem microbiana, número de glomerosporos, produção de glomalina e colonização
micorrízica. Alguns valores diferiram entre os períodos, a hidrólise do FDA e a taxa de
colonização micorrízica foram maiores no período chuvoso e seco, respectivamente. No
período chuvoso, o solo da capoeira 1 apresentou maiores valores de hidrólise de FDA,
polissacarídeos e maior número de glomerosporos, enquanto o da capoeira 2 apresentou
maiores valores de desidrogenase e de colonização micorrízica; nas duas capoeiras houve
maior emanação de CO2 que nas demais áreas. Na estação seca, a atividade da sacarase e do
FDA e a respiração induzida por substrato, foram maiores no solo da capoeira 1, com maiores
taxas de colonização micorrízica na outra capoeira; as duas apresentaram maior número de
glomerosporos que as demais áreas. A atividade da celulase e a quantidade de glomalina
foram maiores no solo do fragmento de mata preservado. No período seco se registrou mais
proteínas do solo relacionadas à glomalina que na estação chuvosa. Em geral, maior atividade
microbiana foi verificada nas áreas em regeneração, sugerindo que a qualidade do solo está
sendo recuperada. A capoeira 1 apresentou comportamento químico, bioquímico e
microbiológico distinto das demais áreas, enquanto as taxas registradas na capoeira 2 foram
similares ao observado no fragmento de mata preservado, o que mostra uma evolução no
processo de regeneração, com tendência à estabilidade do ecossistema.
Palavras-chave: Biomassa microbiana, Enzimas do solo, Fungos Micorrízicos Arbsuculares,
Glomalina, Mata Atlântica.
ABSTRACT
The Atlantic Forest is characterized by high diversity and high degree of endemism, but it has
been continuously impacted. The anthropic pressure caused mainly by deforestation and
conversion to agriculture, followed by abandonment originate the “capoeiras” or regeneration
forests, with the woody vegetation growing after forest removal. Considering that soil
microorganisms can be used to determine the edaphic quality in these areas, the objective of
this study was to determine the soil microbial activity in areas of preserved Atlantic Forest,
cultivated with sugar cane and in process of natural regeneration (capoeira 1 and 2, 10 and 20
years old, respectively). The humic and fulvic acids, HA:FA rate, enzymatic activity,
microbial biomass C, microbial respiration, metabolic quotient, polysaccharides of microbial
origin, number of glomerospores, glomalina production and mycorrhizal colonization were
analysed. At the raining period the soil of capoeira 1 presented higher amount of FDS,
polysaccharides and number of glomerospores, while in the capoeria 2 higher values of
dehydrogenase and mycorrhizal colonization were registered; in both capoeiras there was
more CO2 emission than in the other areas. During the dry season, the activity of saccharase
and FDA and the respiration rate induced by substrate were higher in the soil of capoeira 1,
with higher values of mycorrhizal colonization in the other capoeira; both capoeiras presented
higher number of glomerospores than the other areas. The cellulase activity and amount of
glomalin-related soil protein (GRSP) were higher in the soil of the preserved forest fragment.
More GRSP was registered in the dry than in the raining season. In general, higher microbial
activity was observed in the regeneration areas than in the forest and sugarcane field. This
suggests that the soil quality of the capoeiras is recovering once that the capoeira 1 presented
chemical, biochemical and microbiological behavior different from the other areas,
conversely, the capoeira 2 and the preserved forest were similar in microbial activity,
indicating an evolution in the regeneration process with tendency to ecosystem stability.
Key-words: Microbial Biomass, Soil Enzymes, Arbuscular Mycorrhizal Fungi, Glomalin,
Atlantic Forest
Lista de Figuras
Pág.
Capítulo 1
Figura 1 – Análise de escalonamento multidimensional (MDS), independente do período de amostragem, com base nos dados de: desidrogenase, hidrólise do diacetato de fluoresceína, sacarase, celulase, respiração basal e induzida por substrato, biomassa microbiana, qCO2, pH, umidade, colonização micorrízica, número de esporos, glomalina facilmente extraível e total em solo e em agregados <1 e 1-2 mm, ácido húmico, ácido fúlvico, relação ácido húmico e fúlvico e polissacarídeos de origem microbiana, em solos de áreas de Mata Atlântica em regeneração com até 10 anos (CAP1) e 20 anos (CAP2), fragmento de mata preservado (FRAG) e cultivo de cana-de-açúcar (CULT), no município de Igarassu, Pernambuco (stress 0,12)........................................................................................................................ 44
Figura 2 – Análise de Agrupamento baseada nos dados de: desidrogenase, hidrólise do diacetato de fluoresceína, sacarase, celulase, respiração basal e induzida por substrato, biomassa microbiana, qCO2, pH, umidade, colonização micorrízica, número de esporos, glomalina facilmente extraível e total em solo e em agregados <1 e 1-2 mm, ácido húmico, ácido fúlvico, relação ácido húmico e fúlvico e polissacarídeos de origem microbiana, em solos de áreas de Mata Atlântica em regeneração com até 10 anos (CAP1) e 20 anos (CAP2), fragmento de mata preservado (FRAG) e cultivo de cana-de-açúcar (CULT) em dois períodos de coleta chuvoso (c) e seco (s) no município de Igarassu, Pernambuco ........................................................................................................... 46
]
Lista de Tabelas
Pág. Capítulo 1 Tabela 1 – Espécies vegetais mais comuns nas áreas com 10 (capoeira 1) e 20 anos (capoeira 2) de regeneração e em fragmento de Mata Atlântica no município de Igarassu, Pernambuco.................................................................................................. 29 Tabela 2 – Caracterização química do solo nos períodos de coleta (chuvoso: junho/2007; seco: dezembro/2007) em áreas com 10 anos (capoeira 1) e 20 anos de regeneração (capoeira 2), fragmento de Mata Atlântica e cultivo de cana-de-açúcar no município de Igarassu, Pernambuco....................................................................... 30 Tabela 3 – Desidrogenase, atividade enzimática geral do solo (FDA), sacarase e celulase, em áreas de regeneração com até 10 anos (capoeira 1) e 20 anos (capoeira 2), fragmento de mata preservado e cultivo de cana-de-açúcar em Igarassu, Pernambuco.................................................................................................................. 35 Tabela 4 – Respiração basal e induzida por substrato e biomassa microbiana em áreas de regeneração com até 10 anos (capoeira 1) e 20 anos (capoeira 2), fragmento de mata preservado e cultivo de cana-de-açúcar em Igarassu, Pernambuco.................................................................................................................. 36 Tabela 5 – Umidade e polissacarídeos de origem microbiana no solo, em áreas de regeneração com até 10 anos (capoeira 1) e 20 anos (capoeira 2), fragmento de mata preservado e cultivo de cana-de-açúcar em Igarassu, Pernambuco.................... 38 Tabela 6 – Glomalina facilmente extraível (GFE) e glomalina total (GT) em solo e em agregados <1 e 1-2mm em áreas de regeneração com até 10 anos (capoeira 1) e 20 anos (capoeira 2), fragmento de mata preservado e cultivo de cana-de-açúcar em Igarassu, Pernambuco.................................................................................................. 39 Tabela 7 – Colonização micorrízica e número de glomerosporos em áreas de regeneração com até 10 anos (capoeira 1) e 20 anos (capoeira 2), fragmento de mata preservado e cultivo de cana-de-açúcar em Igarassu, Pernambuco.................... 40 Tabela 8 - Coeficientes de correlação simples de Pearson (r) entre as variáveis estudadas (P<0,05)....................................................................................................... 42
SUMÁRIO
Pág.
1. INTRODUÇÃO 14
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 16
2.1. Mata Atlântica 16
2.2. Áreas de regeneração de Mata Atlântica 17
2.3. Indicadores biológicos da qualidade do solo 18
2.4. Atividade da biomassa microbiana do solo 19
2.5. Atividade microbiana do solo em ecossistemas tropicais 21
2.6. Micorrizas 22
2.7. Micorrizas em ecossistemas tropicais 23
3. ATIVIDADE MICORRÍZICA E MICROBIANA DO SOLO EM ÁREAS DE
REGENERAÇÃO DE MATA ATLÂNTICA, IGARASSU, PERNAMBUCO
25
Resumo 25
Introdução 26
Material e Métodos 28
Resultados e Discussão 32
4.CONSIDERAÇÕES GERAIS 47
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 47
Silva, D.K.A. Atividade Micorrízica e Microbiana do Solo... 14
1. INTRODUÇÃO
A Mata Atlântica apresenta grande diversidade e elevado grau de endemismo, que
aliados ao risco de desaparecimento, fazem com que seja considerada um dos 25 ‘hot spots’ de
conservação da biodiversidade (Myers et al., 2000). Este bioma vem sofrendo fortes pressões
antrópicas, e encontra-se entre os mais ameaçados do mundo (Ranta et al., 1998). O
desmatamento e a conversão das áreas em plantios, com posterior abandono ou mesmo a
utilização para agricultura de subsistência tem gerado as chamadas “capoeiras” ou matas de
regeneração. Estas, conhecidas também como florestas secundárias, são definidas como áreas
onde a vegetação lenhosa cresce depois da derrubada da floresta devido à atividade humana
(Guariguata & Ostertag, 2001).
O equilíbrio ecológico do solo é facilmente afetado pelas ações antrópicas, resultando
no decréscimo na qualidade natural deste ambiente. Nesse aspecto, a fragmentação da Mata
Atlântica reduz a diversidade (Oliveira et al., 2004), altera processos biológicos e compromete
a sustentabilidade do sistema (Tabarelli et al., 2005), afetando a saúde do solo.
A qualidade edáfica é definida como a capacidade do solo de funcionar como
ecossistema, manter a produtividade e promover a saúde das plantas, animais, microrganismos
e do próprio homem (Doran, 2002). Nesse sentido, os microrganismos desempenham papel
relevante para melhoria na qualidade do solo por participarem de diferentes processos
biológicos e bioquímicos, constituindo importantes indicadores da qualidade edáfica (Filip,
2002) e o conhecimento sobre os microrganismos e os processos biológicos do solo pode
prover informações para direcionamento de ações visando a conservação dos ecossistemas
(Salamanca et al., 2002).
Silva, D.K.A. Atividade Micorrízica e Microbiana do Solo... 15
Dentre os microrganismos do solo, os fungos micorrízicos arbusculares (FMA) se
destacam por contribuir para a melhoria do desenvolvimento das plantas pelo aumento da área
de absorção de nutrientes; em troca o fungo recebe produtos da fotossíntese do hospedeiro.
Além dos benefícios nutricionais auferidos às plantas, os FMA produzem glomalina, uma
glicoproteína que contribui para agregação do solo e estabilidade de agregados (Wright
&Upadhyaya, 1998). Em vista dessa atuação, os FMA são considerados bons indicadores da
qualidade edáfica (Steinberg, 1999).
Estudos com FMA em áreas em regeneração de Mata Atlântica são escassos (Stürmer
et al., 2006), sendo importante incluir esses microrganismos em pesquisa sobre a
sustentabilidade ambiental devido a sua importância ecológica. Embora avaliações baseadas
em parâmetros bioquímicos e microbiológicos tenham sido feitas para comparar áreas naturais
e antropizadas (Silveira et al., 2006), não há dados a esse respeito considerando áreas de
regeneração em fragmentos de Mata Atlântica no nordeste.
Assim, o objetivo deste trabalho foi estudar a atividade micorrízica e microbiana em
solos de áreas Mata Atlântica preservadas, cultivadas e em processo natural de regeneração.
Silva, D.K.A. Atividade Micorrízica e Microbiana do Solo... 16
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1. MATA ATLÂNTICA
As florestas tropicais apresentam a maior diversidade de espécies entre todos os
ecossistemas (Lino, 1992). Cerca de um terço dessas florestas estão localizadas no Brasil,
incluindo a Amazônia e a Mata Atlântica sendo esta a segunda maior floresta tropical do
continente americano (Tabarelli et al., 2005).
A Mata Atlântica é formada por diferentes tipos florestais, os quais têm como principal
fator em comum a influência da umidade de massas de ar provenientes do Oceano Atlântico
(Moura, 2006). Destacam-se dois tipos vegetacionais, a floresta costeira (ou Floresta Atlântica
chuvosa) e a floresta sazonal tropical (ou Floresta Atlântica semidecídua) (Morellato &
Haddad, 2000). Ocorrendo quase continuamente ao longo da costa brasileira, a Mata Atlântica
vai desde o Rio Grande do Norte (6ºS) até Rio Grande do Sul (30ºS), estendendo-se ao interior
do sul e leste do Paraguai e nordeste da Argentina (Tabarelli et al., 2005). Antes cobria cerca
de 1.300.000 km2, área que correspondia a 15% do território nacional. Atualmente foi
reduzida a cerca de 8% da sua área original, o que corresponde a 98.800 km2 de remanescentes
florestais (Morellato & Haddad, 2000).
A Mata Atlântica sofreu diversas ações antrópicas, principalmente pela extração de
madeira para construção civil, produção de lenha e de carvão, agricultura e pecuária
(Morellato & Haddad, 2000), e apesar de haver proteção legal para este ecossistema
(CONAMA, 1992) muitas ameaças ainda persistem, o que faz da Floresta Atlântica um dos
ecossistemas mais ameaçados do mundo (Ranta et al., 1998). A grande diversidade e o
elevado grau de endemismo (Barbosa & Thomas, 2002), aliados ao risco de desaparecimento,
fazem com que a Floresta Atlântica seja considerada um dos 25 ‘hot spots’ de conservação da
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 17
biodiversidade (Myers et al., 2000). As diversas ações antrópicas sofridas por este bioma
levaram à formação de fragmentos, considerando-se fragmentação a divisão em partes de um
ambiente, onde estas partes passam a ter diferentes condições ambientais em seu entorno
(Cerqueira et al., 2003).
No nordeste brasileiro, este bioma apresenta grande fragmentação, principalmente pelo
plantio da cana-de-açúcar. Na Mata Atlântica do sul de Pernambuco, Ranta et al. (1998)
verificaram que muitos fragmentos encontram-se isolados e que cerca de 48% são menores
que 10 ha, dificultando assim a manutenção da variabilidade genética de plantas e animais.
Vários estudos vêm sendo realizados em áreas de Mata Atlântica em todo Brasil,
considerando, entre outros, as plantas (Tabarelli & Mantovani, 1999; Tabarelli et al., 2005;
Moura, 2006; Catharino et al., 2006; Oliveira et al., 2006), as abelhas (Aguiar & Gaglianone,
2008) as aves (Lyra-Neves et al., 2004; Farias et al., 2007), os mamíferos (Prado et al., 2008)
e as micorrizas (Trufem et al., 1989,1994; Melo, 2004; Stürmer et al., 2006; Grippa et al.,
2007; Pasqualini et al., 2007). No entanto, pouco se sabe sobre os microrganismos do solo
especialmente na área da Floresta Atlântica pertencente ao Centro de Endemismo Pernambuco
ao Norte do Rio São Francisco, considerada uma das mais ameaçadas (Moura, 2006).
2.2 ÁREAS DE REGENERAÇÃO DE MATA ATLÂNTICA
As pressões antrópicas, causadas principalmente pelo desmatamento e conversão das
matas para áreas agrícolas e posterior abandono destas áreas tem gerado as chamadas
“capoeiras” ou matas de regeneração. As matas de regeneração, conhecidas também como
florestas secundárias, são definidas como áreas onde a vegetação lenhosa cresce depois da
derrubada da floresta devido à atividade humana (Guariguata & Ostertag, 2001).
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 18
Condições bióticas e abióticas em florestas secundárias influenciam a abundância de
espécies e a diversidade da comunidade vegetal (Alves & Metzger, 2006). Tabarelli &
Mantovani (1999) registraram em áreas de regeneração de Mata Atlântica, no Sudeste do
Brasil, as famílias Melastomataceae, Myrtaceae, Lauraceae e Rubiaceae como as que
apresentam maior riqueza de espécies. As três últimas, além da família Fabaceae foram as
mais abundantes em uma área de regeneração de Mata Atlântica no Sudeste do Brasil (Alves
& Metzger, 2006).
A avaliação do potencial de regeneração natural de um ecossistema deve conter a
descrição dos padrões de substituição de espécies ou de alterações estruturais e também os
processos envolvidos na manutenção da comunidade (Guariguata & Ostertag, 2001). Por isso,
estudos de comunidades vegetais afetadas pela atividade humana são importantes para
compreender o funcionamento desses ecossistemas (Salles & Schiavini, 2007). É importante
também conhecer o efeito da dinâmica da regeneração na microbiota do solo, pois este é a
base para manutenção dos ecossistemas. Segundo Onguene & Kuyper (2001), estratégias
efetivas para conservação devem levar em conta, além de interesses econômicos e sociais, os
processos que regulam o funcionamento das florestas tropicais.
2.3 INDICADORES BIOLÓGICOS DA QUALIDADE DO SOLO
A qualidade do solo é definida como a capacidade deste de funcionar como
ecossistema, manter a produtividade de plantas e animais, qualidade da água e do ar, além de
promover a saúde das plantas, animais, microrganismos e do próprio homem (Doran, 2002;
Gardi et al., 2002; Karlen et al., 2003).
A qualidade do solo é avaliada pela utilização de indicadores, instrumentos que
permitem mensurar modificações nas características de um sistema (Deponti et al., 2002).
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 19
Estes indicadores medem ou refletem o status ambiental ou a condição de sustentabilidade do
ecossistema e podem ser classificados como físicos, químicos e biológicos.
A seleção de indicadores está relacionada à utilidade destes em definir os processos do
ecossistema (Araújo & Monteiro, 2007). Neste sentido, os indicadores biológicos são mais
sensíveis para avaliar as mudanças na qualidade do solo. A atividade biológica se concentra
nas camadas superficiais do solo (1 a 30 cm) e o componente biológico ocupa cerca de 0,5%
do volume total do solo e representando menos que 10% da matéria orgânica nessas camadas
(Araújo & Monteiro, 2007). Este componente biológico é composto por microrganismos que
realizam diversas funções que são essenciais para o funcionamento do solo, esses
microrganismos decompõem a matéria orgânica, liberam nutrientes em formas disponíveis às
plantas e degradam substâncias tóxicas (Doran et al., 1996). Além disso, formam associações
simbióticas com as raízes das plantas e atuam no controle biológico de patógenos, influenciam
na solubilização de minerais e contribuem para estruturação e agregação do solo. A função dos
microrganismos é mediar processos no solo relacionados com o manejo, desta forma podem
ser sensíveis indicadores de mudanças nos processos da matéria orgânica (Powlson et al.,
1997).
Desta forma, os microrganismos e os processos biológicos podem ser incluídos em
avaliações de qualidade do solo. Dentre os atributos biológicos que apresentam potencial para
serem utilizados como indicadores de qualidade do solo destacam-se a atividade da biomassa
microbiana e as micorrizas (Silveira et al., 2006).
2.4 ATIVIDADE DA BIOMASSA MICROBIANA DO SOLO
A biomassa microbiana do solo é definida como o componente vivo da matéria
orgânica do solo (Jenkinson & Ladd, 1981) excluindo-se a macrofauna e as raízes das plantas.
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 20
A biomassa microbiana do solo desempenha importante papel na sustentabilidade
ambiental (Assis Júnior et al., 2003), controlando importantes processos no solo, como
decomposição, acúmulo de matéria orgânica e transformações dos nutrientes minerais. A
biomassa é considerada uma reserva de nutrientes, que são absorvidos continuamente durante
os ciclos de crescimento dos diferentes organismos presentes no ecossistema (Araújo &
Monteiro, 2007).
A atividade da biomassa microbiana do solo pode ser mensurada pela respiração do solo
(Alef, 1995) ou pela atividade das enzimas. A respiração do solo consiste na liberação de CO2
pelos microrganismos ao realizarem a oxidação da matéria orgânica (Assis Júnior et al., 2003),
sendo uma avaliação chave nos ecossistemas terrestres, por estar relacionado ao ciclo do
carbono (Araújo & Monteiro, 2007). Pode ser avaliada tanto pela emissão de CO2 quanto pelo
consumo de O2, sendo a medida de emissão de CO2 mais sensível, por ser a concentração de
CO2 na atmosfera menor que a do O2.
As enzimas são proteínas que catalisam reações e podem ser: intracelulares, quando
estão associadas às células microbianas, e extracelulares, quando não estão associadas as
células (Araújo & Monteiro, 2007). A atividade das enzimas do solo está diretamente
relacionada com a fertilidade do solo, pois estas participam das transformações bioquímicas da
matéria orgânica (Rao et al., 1990). Os processos que ocorrem no solo são a base para a
ciclagem de nutrientes, extremamente importante para a manutenção dos ecossistemas.
A hidrólise do diacetato de fluoresceína (FDA) por representar a atividade enzimática
de um grupo de enzimas que atuam na decomposição, tais como: proteases, lípases e esterases,
podem indicar efeitos no ciclo de energia do sistema solo-planta e nutrientes do solo e a
recuperação da atividade destas enzimas torna-se um fator chave para o sucesso da
recuperação de áreas que sofreram pressões antrópicas (Carneiro et al., 2008).
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 21
Hidrolases são enzimas que estão relacionadas a mineralização dos principais
nutrientes dos ecossistemas terrestres, como nitrogênio, enxofre, carbono e fósforo, e a
quantificação destas enzimas dá uma indicação do estado nutricional do ambiente avaliado
(Chaer & Tótola, 2007). Nannipieri et al. (2002) consideram as enzimas do grupo das
hidrolases como bons indicadores por não apresentarem ampla variação sazonal, apresentando
assim grande vantagem em relação a outros parâmetros microbiológicos como a respiração
basal do solo, que varia amplamente com estações/ano dificultando encontrar mudanças ou
identificar impactos de diferentes sistemas de manejo. No entanto, Trasar-Cepeda et al. (2008)
não consideram as enzimas hidrolíticas como bons indicadores, devido às respostas diferentes
e inconsistentes encontradas em relação ao uso e manejo do solo.
A razão entre a biomassa microbiana e a respiração do solo é denominada quociente
metabólico (qCO2), e representa a quantidade de CO2 liberada por unidade de biomassa
(Carneiro et al., 2008). O qCO2 é uma estimativa que indica se está havendo algum tipo de
estresse no ambiente, pois o aumento na respiração dos microrganismos pode ser indicativo de
estresse; para reparar os danos causados pelos distúrbios sofridos, a energia utilizada para
crescimento e reprodução é re-direcionada para a manutenção celular (Paula et al., 2006).
2.5 ATIVIDADE MICROBIANA DO SOLO EM ECOSSISTEMAS TR OPICAIS
A atividade microbiana varia e reflete as condições do ambiente edáfico nos diferentes
ecossistemas. Comparando florestas tropicais maduras com áreas em regeneração com 30
anos, Behera & Sahani (2003) registraram maiores quantidades de C da biomassa microbiana
e maiores taxas de respiração na floresta madura, ocorrendo o inverso em relação ao qCO2,
indicando que há um declínio na eficiência de utilização de substrato pela comunidade
microbiana. No Paraná, Nogueira et al. (2006) não observaram diferenças na atividade
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 22
microbiana entre floresta nativa e secundária. Maior atividade microbiana foi registrada em
florestas tropicais na Índia quando comparadas a plantações adjacentes (Dinesh et al., 2003).
Zheng et al. (2005) quantificaram maior biomassa microbiana em floresta secundária natural
na China quando comparada a áreas cultivadas.
2.6 MICORRIZAS
Micorrizas são associações simbióticas mutualísticas formadas entre alguns fungos do
solo e a maioria das espécies vegetais. Dentre os tipos de micorrizas, a simbiose formada entre
fungos micorrízicos arbusculares (FMA) e as raízes das plantas é a mais abundante nos
trópicos, sendo caracterizada pela formação de arbúsculos no córtex das raízes vegetais, esta
simbiose contribui para melhoria do estado nutricional da planta pelo aumento da sua área de
absorção; em troca o fungo recebe da planta produtos da fotossíntese (Silveira, 1998). Os
FMA estão atualmente classificados no Filo Glomeromycota (Schuβler et al., 2001), existem
cerca de 200 espécies descritas (Redecker et al., 2007) e os estudos taxonômicos são baseados
nas características e ontogenia dos esporos, denominados glomerosporos (Goto & Maia,
2006).
Além dos benefícios amplamente conhecidos, propiciados pelos FMA, deve-se
considerar também a produção de glomalina por esses fungos, visto que esta glicoproteína está
relacionada à formação e estabilidade de agregados e conseqüentemente ao estoque de
carbono no solo (Rillig et al., 2003).
Devido à importância na ecologia ambiental, os FMA podem ser utilizados como
indicadores de qualidade do solo (Schloter et al., 2003) e avaliações que contemplem a
diversidade e a dinâmica desses fungos são importantes em estudos ecológicos. Existem vários
métodos que podem indicar a presença ou atividade dos FMA nos ambientes. Entre esses,
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 23
destacam-se a quantificação dos esporos, a colonização micorrízica das raízes, a avaliação do
potencial de inóculo e do número mais provável de propágulos e a quantificação da glomalina.
Além disso, a identificação das espécies de FMA, o que fornece maior conhecimento sobre a
diversidade estrutural e funcional dos microrganismos do solo (Schloter et al. 2003).
2.7 MICORRIZAS EM ECOSSISTEMAS TROPICAIS
Os fungos micorrízicos arbusculares são amplamente distribuídos, ocorrendo na
maioria dos ecossistemas terrestres, desde o ártico ao desértico (Siqueira, 1994). Promovem
inúmeros efeitos em comunidades de plantas, contribuindo para a manutenção da vegetação
(Tawaraya et al., 2003) e atuando como eficientes facilitadores de absorção de nutrientes,
particularmente em solos pobres, especialmente nas regiões tropicais (Onguene & Kuyper,
2001). Kyers et al. (2000) sugerem que em florestas tropicais as comunidades de FMA podem
influenciar o estabelecimento das plantas afetando conseqüentemente a composição da
comunidade vegetal.
Em uma floresta tropical da Indonésia, Tawaraya et al. (2003) observaram que em 77%
das 83 espécies de plantas havia colonização por FMA. Ducousso et al. (2008) observaram a
presença de FMA em cerca de 97% das espécies vegetais estudadas em florestas tropicais de
Madagascar. Além disso, os autores verificaram que 64 espécies apresentavam exclusivamente
micorriza do tipo arbuscular e 16 espécies tanto arbuscular como ectomicorriza, mostrando a
importância desses fungos em ecossistemas tropicais.
Alta incidência de colonização micorrízica foi observada em floresta tropical na China,
refletindo o micotrofismo natural da comunidade vegetal nesse bioma (Muthukumar et al.,
2003). Os autores também observaram menor número de esporos de FMA e maior colonização
na floresta madura quando comparadas com áreas em regeneração. Estudando a colonização
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 24
micorrízica em 28 espécies arbóreas nativas de fragmentos florestais do Sudeste do Brasil,
Siqueira et al. (1998) verificaram que a colonização micorrízica era inversamente proporcional
ao estágio sucessional e que espécies dos estágios iniciais da sucessão apresentavam maiores
taxas de colonização micorrízica.
Siqueira & Saggin-Junior (2001) verificaram que cerca de 65% de 29 espécies arbóreas
nativas brasileiras eram altamente dependentes da micorrização. Andrade et al. (2000)
observaram colonização em todas as 29 espécies nativas da Mata Atlântica, que examinaram.
Trufem et al. (1989, 1994) identificaram 24 espécies de FMA em áreas de mata no
litoral arenoso da Ilha do Cardoso (São Paulo). Maia et al. (2006) registraram a ocorrência de
29 espécies de FMA em áreas de Mata Atlântica localizadas ao Norte do Rio São Francisco.
Estudando a ocorrência de FMA em Mata Atlântica, no centro de endemismo Pernambuco,
Melo (2004) observou que não houve influência do efeito de borda sobre a densidade de
esporos e a produção de glomalina. A presença de FMA em áreas de regeneração de Mata
Atlântica tem sido relatada no sul do Brasil (Stürmer et al., 2006); no entanto, não se conhece
estudos sobre o tema no Nordeste brasileiro.
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 25
3. ATIVIDADE MICORRÍZICA E MICROBIANA DO SOLO EM ÁR EAS DE
REGENERAÇÃO DE MATA ATLÂNTICA, IGARASSU, PERNAMBUCO 1
RESUMO
A Mata Atlântica apresenta grande diversidade e elevado grau de endemismo, mas vem sendo
gradativamente impactada. As pressões antrópicas causadas principalmente pelo
desmatamento e conversão das áreas em plantios, com o posterior abandono, originam as
chamadas “capoeiras” ou matas de regeneração, onde a vegetação lenhosa cresce depois da
derrubada da floresta. Considerando que a atuação dos microrganismos do solo pode
contribuir para a qualidade edáfica, objetivou-se comparar a atividade microbiana em solos
sob diferentes usos. Coletas foram realizadas em áreas de Mata Atlântica preservadas,
cultivadas com cana-de-açúcar ou em processo natural de regeneração (capoeiras 1 e 2, com
10 e 20 anos, respectivamente), em dois períodos (chuvoso e seco). Avaliaram-se: teores de
ácidos húmicos (AH) e ácidos fúlvicos (AF), relação AH:AF, atividade enzimática, carbono
da biomassa microbiana, respiração microbiana, quociente metabólico, polissacarídeos de
origem microbiana, número de glomerosporos, produção de glomalina e colonização
micorrízica. Alguns valores diferiram entre os períodos, a hidrólise do FDA e a taxa de
colonização micorrízica foram maiores no período chuvoso e seco, respectivamente. No
período chuvoso, o solo da capoeira 1 apresentou maiores valores de hidrólise de FDA,
polissacarídeos e maior número de glomerosporos, enquanto o da capoeira 2 apresentou
maiores valores de desidrogenase e de colonização micorrízica; nas duas capoeiras houve
maior emanação de CO2 que nas demais áreas. Na estação seca, a atividade da sacarase e do
___________ 1Artigo a ser submetido para publicação no periódico European Journal of Soil Biology
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 26
FDA e a respiração induzida por substrato, foram maiores no solo da capoeira 1, com maiores
taxas de colonização micorrízica na outra capoeira; as duas apresentaram maior número de
glomerosporos que as demais áreas. A atividade da celulase e a quantidade de glomalina
foram maiores no solo do fragmento de mata preservado. No período seco se registrou mais
proteínas do solo relacionadas à glomalina que na estação chuvosa. Em geral, maior atividade
microbiana foi verificada nas áreas em regeneração, sugerindo que a qualidade do solo está
sendo recuperada. A capoeira 1 apresentou comportamento químico, bioquímico e
microbiológico distinto das demais áreas, enquanto as taxas registradas na capoeira 2 foram
similares ao observado no fragmento de mata preservado, o que mostra uma evolução no
processo de regeneração, com tendência à estabilidade do ecossistema.
INTRODUÇÃO
A Mata Atlântica é considerada a segunda maior floresta tropical do continente
americano (Tabarelli et al., 2005), mas atualmente encontra-se muito fragmentada, mantendo
apenas 11-16% da sua área original (Ribeiro et al. 2009), devido sobretudo ao desmatamento
para conversão em áreas de cultivos. Após extensivamente utilizadas, muitas áreas são
abandonadas e passam por processo de regeneração natural; sendo denominadas capoeiras e
apresentando mudanças nas propriedades edáficas, assim como nas comunidades biológicas.
O solo é a base para manutenção dos ecossistemas e seu equilíbrio ecológico é
facilmente afetado por ações antrópicas, resultando em decréscimo na qualidade (Izquierdo et
al., 2005). Para ser definido como saudável, o solo deve oferecer condições para manutenção
da produtividade de plantas e animais e da qualidade da água e do ar, além de promover a
saúde das plantas, animais, microrganismos e do próprio homem (Gardi et al., 2002). Estas
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 27
características do solo podem ser mensuradas por indicadores físicos, químicos e biológicos,
sendo esses últimos os mais sensíveis às mudanças no ambiente edáfico.
A biomassa microbiana do solo desempenha importante papel na sustentabilidade
ambiental (Assis Júnior et al., 2003), controlando importantes processos no solo, como
decomposição, acúmulo de matéria orgânica e transformações dos nutrientes minerais. Além
disso, é considerada uma reserva de nutrientes que são absorvidos continuamente durante os
ciclos de crescimento dos diferentes organismos presentes no ecossistema (Araújo &
Monteiro, 2007). Neste sentido, a atividade dos microrganismos é útil para avaliação da
qualidade do solo.
Dentre os microrganismos presentes no solo, os fungos micorrízicos arbusculares
(FMA) merecem destaque pela simbiose formada com raízes da maioria das espécies vegetais,
contribuindo para melhoria do estado nutricional das plantas (Moreira & Siqueira, 2002).
Além desse benefício, os FMA produzem uma glicoproteína, denominada glomalina, que está
presente na parede dos glomerosporos e das hifas (Rillig et al., 2003), contribuindo para
agregação e estabilidade do solo (Wright & Upadhyaya, 1998).
Comuns nos diversos ecossistemas terrestres, os FMA também são encontrados em
áreas de regeneração de Mata Atlântica, mas há estudos apenas para a região sul (Stürmer et
al., 2006) com carência de informações em outras áreas do país por onde se estende o bioma
Mata Atlântica. Do mesmo modo, há carência de pesquisas baseadas em avaliações
bioquímicas e microbiológicas do solo, embora existam dados para algumas regiões (Nogueira
et al, 2006; Salamanca et al., 2002).
Estudos envolvendo atributos microbianos podem indicar as principais limitações de
natureza bioquímica e microbiológica do solo e auxiliar na definição de estratégias de
conservação. O objetivo deste trabalho foi determinar a atividade bioquímica e microbiana do
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 28
solo em áreas de Mata Atlântica preservada, cultivada e em regeneração natural, indicando os
atributos úteis na detecção de diferenças entre essas áreas e aqueles mais estáveis mesmo sob
diferentes usos do solo. Além disso, objetivou-se definir se a regeneração da mata e o plantio
possibilita a manutenção da qualidade do solo tal como se encontra sob condições naturais.
MATERIAIS E MÉTODOS
Localização e caracterização das áreas de estudo: Duas coletas (junho e dezembro/2007,
períodos chuvoso e seco, respectivamente) foram realizadas em áreas pertencentes à Usina
São José (7º50’20’’S, 35º00’10’’W), no Município de Igarassu, Zona da Mata Norte de
Pernambuco. Foram selecionadas quatro áreas: duas de capoeira (=mata de regeneração) (1 e
2), uma de mata preservada e uma cultivada com cana-de-açúcar. A capoeira 1 era constituída
por três subáreas com até 10 anos de idade, a capoeira 2 por três subáreas com cerca de 20
anos; a mata foi representada por três fragmentos preservados (cada um com ca 350ha) e o
cultivo foi representado por três subáreas com plantio de cana-de-açúcar. As áreas em
regeneração haviam sido utilizadas para monocultura da cana-de-açúcar e/ou agricultura de
subsistência durante vários anos. De modo geral, as áreas estudadas apresentam vegetação
diferenciada (Tabela 1).
O solo na capoeira 1 e na área de mata preservada é do tipo Franco Argilo-Arenoso; na
capoeira 2 é do tipo Areia Franca e na área do cultivo é do tipo Franco Arenoso. O clima no
local é do tipo As’ quente e úmido, com temperatura e precipitação média anual de 24,9ºC e
1687 mm, respectivamente.
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 29
Tabela 1. Espécies vegetais mais comuns nas áreas com 10 (capoeira 1) e 20 anos (capoeira 2)
de regeneração e em fragmento de Mata Atlântica no município de Igarassu, Pernambuco
Espécies vegetais Capoeira 1 Capoeira 2 Mata Preservada Albizia saman (Jacq.) F. Muell. (Fabaceae) X X Gustavia augusta L. (Lecythidaceae) X X Xylopia frutescens Aubl. (Annonaceae) X X Casearia sylvestris Sw. (Flacoutiaceae) X X Erythroxylum cf. squamatum Sw. (Erythroxylaceae)*
X
Apeiba tibourbou Aubl. (Tiliaceae)** X Tapirira guianensis Aubl. (Anacardiaceae) X Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand (Burseraceae)
X
Clusia nemorosa G. Mey (Clusiaceae) X Margaritaria nobilis L.f. (Euphorbiaceae) X Pouteria peduncularis (Mart. & Eichler ex Miq.) Baehni (Sapotaceae)
X
*Espécie típica de áreas de regeneração mais antigas; **Espécie característica de áreas em regeneração mais recentes e mais abertas. (A.C. Lins e Silva & M.J.N. Rodal, comunicação pessoal)
Amostragem: Em cada área foram coletadas seis amostras (compostas de 3 sub-amostras) de
solo em zigue-zague, com pontos a cada 20 m, na profundidade de 0-20 cm. As precipitações
pluviométricas durante os meses de coleta foram 382,32 mm em junho e 52,0 mm em
dezembro. As amostras foram acondicionadas em sacos plásticos, conduzidas ao laboratório e
divididas em três partes: (1) enviada ao Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) para
caracterização física e química (Tabela 2); (2) utilizada para avaliações referentes aos FMA;
(3) destinada às análises bioquímicas e mantida sob refrigeração (4ºC) até ser utilizada.
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 30
Tabela 2. Caracterização química do solo nos períodos de coleta (chuvoso: junho/2007; seco:
dezembro/2007) em áreas com 10 anos (capoeira 1) e 20 anos de regeneração (capoeira 2),
fragmento de Mata Atlântica e cultivo de cana-de-açúcar no município de Igarassu,
Pernambuco
Período Chuvoso
Áreas pH P Ca Mg Na K CTC MO
(H2O-1:2,5) (mg dm-3) (cmolc dm-3) g kg -1
Capoeira 1 4,73 5,33 1,57 1,51 0,04 0,24 10,3 3,07
Capoeira 2 4,90 6,33 0,90 0,55 0,03 0,12 6,47 2,67
Fragmento 4,30 3,67 0,87 0,33 0,10 0,06 7,43 1,86
Cultivo 5,13 9,33 1,23 0,48 0,05 0,28 6,63 1,83
Período Seco
Áreas pH P Ca Mg Na K CTC MO
(H2O-1:2,5) (mg dm-3) (cmolc dm-3) g kg -1
Capoeira 1 4,63 4,67 1,15 0,93 0,04 0,21 10,4 3,48
Capoeira 2 4,93 4,00 0,78 0,58 0,03 0,12 6,03 1,90
Fragmento 4,40 4,00 0,62 0,37 0,05 0,07 10,1 3,34
Cultivo 5,37 24,00 3,00 0,95 0,03 0,37 8,77 2,69
As análises de P foram realizadas com extrator mehlich.
Variáveis: Foram avaliados: teores de ácidos húmicos (AH) e ácidos fúlvicos (AF), relação
AH/AF, atividade das enzimas FDA, desidrogenase, celulase e sacarase, carbono da biomassa
microbiana, respiração basal e induzida por substrato, quociente metabólico (qCO2),
polissacarídeos de origem microbiana, densidade de glomerosporos, colonização micorrízica,
produção de proteína do solo relacionada à glomalina nas frações facilmente extraível (PSRG-
FE) e total (PSRG-T) do solo e de agregados >1 e 1-2mm.
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 31
Os teores de ácidos húmicos e fúlvicos foram determinados por pesagem após
solubilização alcalina e precipitação ácida (Tiquia, 2005). A atividade do FDA foi avaliada
conforme proposto por Swisher & Carroll (1980) e a da desidrogenase pela redução do cloreto
de 2,3,5 trifeniltetrazolium (TTC) a trifenilformazan (TTF) (Casida et al., 1964). A celulase e
a sacarase foram estimadas pela determinação dos açucares redutores após incubação de
amostras de solo com carboximetilcelulose e sacarose, respectivamente (Schinner & von
Mersi, 1990). O carbono da biomassa microbiana foi estimado pelo método da fumigação-
extração, seguida da oxidação com dicromato de potássio em meio ácido (De-Polli & Guerra,
1997). A respiração microbiana basal foi avaliada pela evolução de CO2 (Grisi, 1978) e a
induzida por substrato avaliada após adição de 5 mL de glicose (3 %) e incubação por 6 horas
(Raiesi & Ghollarata, 2006). O qCO2 foi calculado pela razão entre o carbono do CO2
evoluído e o carbono da biomassa microbiana. Os polissacarídeos de origem microbiana foram
quantificados pela oxidação com dicromato de potássio, após extração alcalina, precipitação
ácida e digestão com acetona e quantificação espectrofotométrica (Frighetto, 2000).
Glomerosporos foram extraídos do solo por peneiramento úmido (Gerdemann &
Nicolson, 1963) e centrifugação em água e sacarose (Jenkins, 1964) e contados em
estereomicroscópio. A colonização micorrízica foi determinada pela técnica de intersecção de
quadrantes (Giovannetti & Mosse, 1980) após diafanização das raízes em KOH e coloração
com Azul de Trypan (Phillips & Hayman, 1970). As proteínas do solo relacionadas à
glomalina (PSRG) foram extraídas com citrato de sódio (20 mM; pH 7,0) em autoclave (121
ºC/30 min.) (parcela facilmente extraível) e com solução alcalina e mais concentrada do
mesmo tampão (50 mM; pH 8,0) por ciclos de 1 h em autoclave (Wright & Upadhyaya, 1998).
As proteínas foram quantificadas pelo método de Bradford (1976).
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 32
Delineamento estatístico e análise dos dados: Os dados foram analisados em fatorial
considerando: 4 áreas (capoeira 1, capoeira 2, mata preservada e cultivo) e 2 períodos de
amostragem (chuvoso e seco) com 6 repetições, totalizando 48 unidades experimentais. Os
valores de número de glomerosporos foram transformados em √x + 1 e os de colonização
micorrízica em arco seno √x/100. Os dados foram submetidos à análise de variância e as
médias comparadas pelo teste LSD, sendo também realizada análise de correlação simples de
Pearson (r) com o auxílio do programa Statistica 5.0 (Statsoft 1997). Análises de agrupamento
e MDS (escalonamento multidimensional) foram realizadas com auxílio do programa Primer
6.0.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No período chuvoso as variáveis: desidrogenase, respiração basal, umidade, hidrólise
do FDA, polissacarídeos microbianos e número de glomerosporos foram mais sensíveis para
indicar diferenças entre as áreas. No período seco, diferenças entre as áreas foram observadas
em relação à: respiração induzida por substrato, hidrólise do FDA, sacarase, colonização
micorrízica, celulase, proteínas do solo relacionadas à glomalina e número de glomerosporos.
Em geral, observou-se influência da estação do ano para as variáveis: biomassa microbiana,
umidade, sacarase, e em todas as frações das proteínas do solo relacionadas à glomalina, com
exceção da fração total (P<0,05) (Tabelas 3, 4, 7).
Os valores de enzimas em geral não diferiram entre os períodos de coleta, exceto a
sacarase com menor quantidade produzida no período chuvoso em relação ao seco, na área de
capoeira 1 (Tabela 2). Entre as áreas, também houve pouca diferença na atividade enzimática,
com menores valores de desidrogenase nas áreas de capoeira, porém apenas no período
chuvoso. A alta atividade dessa enzima indica que as áreas em regeneração apresentam maior
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 33
quantidade de microrganismos metabolicamente ativos, visto que esta enzima quantifica
apenas células viáveis e está relacionada a processos respiratórios microbianos (Moreira &
Siqueira, 2002). Há outros relatos de maior atividade da desidrogenase em áreas de
regeneração, em comparação com área natural e cultivada (Nogueira et al., 2006).
A atividade enzimática geral (FDA) foi maior na capoeira 1, indicando elevada
atividade microbiana relacionada à decomposição de substratos orgânicos e ao aumento na
fertilidade do solo em longo prazo (Caravaca et al., 2006). Áreas em regeneração são
caracterizadas pelo intenso crescimento da vegetação que fornece matéria orgânica
prontamente disponível para a microbiota (Groffman et al., 2001). A menor atividade foi
registrada no solo de cultivo, porém sem diferir do solo da área de mata.
A produção de sacarase foi maior na capoeira mais recente e só no período seco. A
sacarase está relacionada à mineralização de um dos principais nutrientes dos ecossistemas
terrestres, e a quantificação desta enzima pode indicar o estado nutricional do ambiente (Chaer
& Tótola, 2007), estando diretamente relacionada à fertilidade do solo (Caravaca et al., 2006).
Elevada atividade da sacarase no solo da capoeira mais jovem indica mudança em relação à
disponibilidade de nutrientes no solo.
Por outro lado, no caso da celulase houve maior produção na área de mata, apenas no
período seco, sendo os valores similares aos registrados na capoeira 1, que não diferiu dos
demais tratamentos. A maior quantidade de serrapilheira na mata explica a maior atividade
desta enzima pela maior disponibilidade de substrato. Esta enzima está relacionada à
fertilidade do solo pela liberação de açúcares mais simples que podem ser prontamente
utilizados (Nunes et al. 2009) pelas plantas ou por microrganismos que não sejam capazes de
utilizar fontes mais complexas de C, como é o caso da celulose.
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 34
Maior liberação de CO2 pela respiração microbiana foi registrada nas capoeiras (Tabela
4), durante a estação chuvosa, possivelmente devido ao rápido “turnover” ou aumento na
produção de exsudados radiculares pelas plantas em crescimento, proporcionando mais
carbono disponível para os microrganismos (Moscatelli et al., 2003). Em áreas de regeneração
de floresta tropical na República Dominicana, também se observou maiores taxas de
respiração microbiana em comparação com áreas cultivadas com cacau (Templer et al., 2005).
A respiração induzida por substrato foi maior na capoeira 1 e na área cultivada em
comparação com o fragmento de mata, no período seco (Tabela 4). Essa variável indica que os
microrganismos nessas áreas estão fisiologicamente mais ativos (Paula et al., 2006). Contudo,
elevadas taxas de CO2 nem sempre refletem condições favoráveis; em curto prazo indicam
maior disponibilidade de nutrientes para os vegetais, mas em longo prazo constituem via de
perda de carbono orgânico do solo para a atmosfera (Pôrto et al., 2009). Diferenças na
respiração induzida entre solos de áreas de mata natural, em regeneração e cultivada nem
sempre são observadas (Nogueira et al., 2006).
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 35
Tabela 3. Desidrogenase, atividade enzimática geral do solo (FDA), sacarase e celulase, em
áreas de regeneração com até 10 anos (capoeira 1) e 20 anos (capoeira 2), fragmento de mata
preservado e cultivo de cana-de-açúcar em Igarassu, Pernambuco
Períodos de coleta Chuvoso Seco Áreas Desidrogenase
µg TTF g-1 solo seco Capoeira 1 17,20abA 9,71aA Capoeira 2 26,85aA 14,10aA Fragmento preservado 8,41bA 8,96aA Cultivo de cana-de-açúcar 11,21bA 17,34aA FDA
µg fluoresceína g-1 solo seco h-1 Capoeira 1 310,07aA 270,94aA Capoeira 2 157,90bA 165,82bA Fragmento preservado 110,22bcA 153,59bcA Cultivo de cana-de-açúcar 76,78cA 98,62cA Sacarase
µg glicose g-1 solo seco 24 h-1 Capoeira 1 4,29aB 7,38aA Capoeira 2 2,41aA 2,57bA Fragmento preservado 2,05aA 3,84bA Cultivo de cana-de-açúcar 4,07aA 4,55bA Celulase
µg glicose g-1 solo seco 24 h-1 Capoeira 1 1,80aA 2,20abA Capoeira 2 1,88aA 1,74bA Fragmento preservado 1,88aA 3,08aA Cultivo de cana-de-açúcar 2,24aA 1,71bA
Médias seguidas da mesma letra, maiúsculas na linha e minúsculas na coluna, não diferem estatisticamente pelo teste LSD ( P<0,05).
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 36
Tabela 4. Respiração basal e induzida por substrato e biomassa microbiana em áreas de
regeneração com até 10 anos (capoeira 1) e 20 anos (capoeira 2), fragmento de mata
preservado e cultivo de cana-de-açúcar em Igarassu, Pernambuco
Períodos de coleta Chuvoso Seco Áreas Respiração basal
µg C-CO2 g -1 solo seco dia-1 Capoeira 1 12,86aA 10,80aA Capoeira 2 11,08aA 6,17aA Fragmento preservado 7,03bA 9,00aA Cultivo de cana-de-açúcar 4,76bA 11,34aA Respiração induzida por substrato
µg C-CO2 g -1 solo seco h-1 Capoeira 1 2,35aA 3,24aA Capoeira 2 2,09aA 1,64abA Fragmento preservado 1,13aA 1,26bA Cultivo de cana-de-açúcar 2,01aA 3,30aA Biomassa microbiana
µg C g -1 solo seco Capoeira 1 180,02aB 421,27aA Capoeira 2 121,58aA 222,40aA Fragmento preservado 180,27aA 263,18aA Cultivo de cana-de-açúcar 99,33aA 122,48aA
Médias seguidas da mesma letra, maiúsculas na linha e minúsculas na coluna, não diferem estatisticamente pelo teste LSD ( P<0,05).
Os valores de polissacarídeos não diferiram entre os períodos, mas no chuvoso foram
maiores na capoeira 1 (Tabela 5). Maior quantidade de polissacarídeos nessa área com 10 anos
de regeneração pode estar relacionada ao papel da microbiota na recuperação da saúde do solo
através da formação de agregados. Os polissacarídeos desempenham função de interface entre
os microrganismos e os constituintes do solo, e estão diretamente relacionados com a
agregação de partículas, o que resulta em melhoria da qualidade do solo (Frighetto, 2000).
Das medidas de PSRG, apenas as referentes à total e GFE <1mm foram eficientes para
mostrar diferenças entre os solos das áreas estudadas e mesmo assim apenas no período seco,
com maior produção na área de mata (que não diferiu da capoeira 1) (Tabela 6). Maior
produção de glomalina em áreas de floresta tropical nativa quando comparadas a áreas
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 37
perturbadas adjacentes foi registrada no México (Violi et al., 2008). Os valores de glomalina
obtidos neste estudo foram menores do que os registrados (até 20 mg glomalina g solo-1) em
outro fragmento de Mata Atlântica preservado no mesmo estado (Melo, 2004), o que pode
estar relacionado a variações na composição de espécies e diversidade de FMA (Rillig et al.,
2001).
A produção de proteínas do solo relacionadas à glomalina sofreu influência da estação
de coleta com maiores quantidades em geral registradas no período seco (Tabela 6).
Diferenças na produção, entre as áreas, foram observadas apenas na estação seca, com maiores
valores na área de mata (GFE-solo, GFE <1mm e 1-2mm). Maior produção de PSRG no
período seco pode decorrer do acúmulo de matéria orgânica proveniente do período chuvoso,
visto que esta glicoproteína é positivamente correlacionada com a matéria orgânica do solo
(Lovelock et al., 2004). A variação na quantidade de PSRG entre as estações do ano contrasta
com dados de outros autores que não observaram influência sazonal sobre os teores desta
glicoproteína no solo (Lutgen et al., 2003; Purin et al., 2006).
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 38
Tabela 5. Umidade e polissacarídeos de origem microbiana no solo, em áreas de regeneração
com até 10 anos (capoeira 1) e 20 anos (capoeira 2), fragmento de mata preservado e cultivo
de cana-de-açúcar em Igarassu, Pernambuco
Períodos de coleta Áreas Chuvoso Seco Umidade (%) Capoeira 1 19,08aA 9,50aB Capoeira 2 13,83bA 4,50aB Fragmento preservado 11,29bA 8,00aA Cultivo de cana-de-açúcar 11,99bA 6,83aB Polissacarídeos
(mg g-1 solo seco) Capoeira 1 5,62aA 4,60aA Capoeira 2 3,70abA 3,04aA Fragmento preservado 2,78bA 6,01aA Cultivo de cana-de-açúcar 2,85bA 2,56aA
Médias seguidas da mesma letra, maiúsculas na linha e minúsculas na coluna, não diferem estatisticamente pelo teste LSD ( P<0,05).
A área de mata preservada destacou-se pela menor quantidade de glomerosporos no
solo, em relação às demais áreas. No período chuvoso, maior número de glomerosporos foi
recuperado na área de regeneração mais jovem em relação às demais áreas, e na estação seca
as duas áreas de capoeira apresentaram mais esporos de FMA quando comparadas à mata
preservada (Tabela 6). É natural que em áreas em regeneração a esporulação seja estimulada,
como resposta ao stress do ambiente. Tal como registrado em outros estudos (Muthukumar et
al., 2003) fica evidente que esses propágulos apresentam pouca importância em ambientes
estáveis, como é o caso do fragmento de mata preservado e até de certos cultivos, com as hifas
e as raízes colonizadas sendo aparentemente mais importantes para a propagação dos FMA.
Stürmer et al. (2006) sugerem que em florestas tropicais poucas espécies de FMA se
comportam como esporulantes dominantes.
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 39
Tabela 6. Glomalina facilmente extraível (GFE) e glomalina total (GT) em solo e em
agregados <1 e 1-2mm em áreas de regeneração com até 10 anos (capoeira 1) e 20 anos
(capoeira 2), fragmento de mata preservado e cultivo de cana-de-açúcar em Igarassu,
Pernambuco
Períodos de coleta Áreas Chuvoso Seco GFE-solo
(mg glomalina g-1 solo) Capoeira 1 1,30aB 2,18abA Capoeira 2 1,19aA 1,40bA Fragmento preservado 1,46aB 2,80aA Cultivo de cana-de-açúcar 0,98aB 1,66bA GFE-<1mm
(mg glomalina g-1 agregado <1mm) Capoeira 1 1,08aB 1,95abA Capoeira 2 1,08aA 1,21bA Fragmento preservado 1,35aB 2,48aA Cultivo de cana-de-açúcar 0,74aB 1,61bA GFE-1-2mm
(mg glomalina g-1 agregado 1-2mm) Capoeira 1 1,19aB 2,27aA Capoeira 2 0,74aA 1,37aA Fragmento preservado 1,02aB 2,81aA Cultivo de cana-de-açúcar 0,75aB 1,83aA GT-<1mm
(mg glomalina g-1 agregado <1mm) Capoeira 1 1,36aB 4,46aA Capoeira 2 1,29aA 2,63aA Fragmento preservado 1,56aB 5,12aA Cultivo de cana-de-açúcar 0,90aB 3,82aA GT-1-2mm
(mg glomalina g-1 agregado 1-2mm) Capoeira 1 1,71aA 3,69aA Capoeira 2 1,46aA 1,54aA Fragmento preservado 1,44aB 5,60aA Cultivo de cana-de-açúcar 1,38aA 2,94aA
Médias seguidas da mesma letra, maiúsculas na linha e minúsculas na coluna, não diferem estatisticamente pelo teste LSD ( P<0,05).
De modo geral, a colonização micorrízica foi relativamente baixa (<30%) e não diferiu
entre períodos de coleta e nas plantas em áreas sob vegetação nativa (Tabela 7). Em
fragmentos florestais no Sudeste do Brasil, a colonização de 28 espécies arbóreas nativas
mostrou-se inversamente proporcional ao estágio sucessional, com as espécies pioneiras
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 40
apresentando maiores taxas de colonização micorrízica (Siqueira et al., 1998). Esse padrão
não foi observado em outro (Aidar et al., 2004) e neste trabalho, com taxas de colonização
micorrízica similares entre raízes das áreas de capoeira e do fragmento de mata, possivelmente
devido à composição de espécies das áreas estudadas.
Tabela 7. Colonização micorrízica e número de glomerosporos em áreas de regeneração com
até 10 anos (capoeira 1) e 20 anos (capoeira 2), fragmento de mata preservado e cultivo de
cana-de-açúcar em Igarassu, Pernambuco
Períodos de coleta
Áreas Chuvoso Seco
Colonização Micorrízica (%)
Capoeira 1 12,62aA 19,50abA
Capoeira 2 18,95aA 28,17aA
Fragmento preservado 16,23aA 16,50abA
Cultivo de cana-de-açúcar 12,36aA 8,00bA
Número de glomerosporos
(glomerosporos 50g -1 solo)
Capoeira 1 322,83aA 312,00aA
Capoeira 2 120,17bA 341,00aA
Fragmento preservado 23,17cA 55,00bA
Cultivo de cana-de-açúcar 71,17bcA 173,50abA
Médias seguidas da mesma letra, maiúsculas na linha e minúsculas na coluna, não diferem estatisticamente pelo teste LSD ( P<0,05).
A hidrólise do FDA, a biomassa e os acidos húmicos foram positivamente
correlacionados (Tabela 8). A atividade enzimática geral do solo (FDA) está relacionada à
decomposição da matéria orgânica, o que explica a relação com os ácidos húmicos e a
biomassa. Estas correlações indicam que os microrganismos presentes nas áreas estudadas
estão metabolicamente ativos e contribuindo para recuperação e/ou manutenção da qualidade
edáfica. Correlações positivas entre ácidos húmicos e atividade enzimática tem sido descritas
(Tiquia, 2005). O papel dos microrganismos na ciclagem de nutrientes fica demonstrado pelas
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 41
correlações entre carbono da biomassa e atividade enzimática como observado neste estudo
(Chaer & Tótola, 2007).
Também se registrou correlação positiva entre respiração basal, umidade, FDA e
polissacarídeos (Tabela 8). Os microrganismos envolvidos na decomposição da matéria
orgânica são os principais responsáveis pela emanação de CO2, uma vez que tanto o FDA
quanto os polissacarídeos estão relacionados à fertilidade e à qualidade do solo, o que foi
evidenciado pela correlação entre as variáveis mencionadas. A correlação entre essas variáveis
A correlação entre a biomassa e a glomalina (Tabela 8) além de indicar a grande
contribuição dos fungos para a biomassa microbiana através das hifas e outros propágulos,
também está relacionada ao conteúdo de C no solo, considerando que esta glicoproteína
contribui para o estoque de carbono no solo (Mergulhão et al., 2008).
Em alguns estudos a biomassa microbiana foi eficiente em separar áreas com diferentes
tipos de uso do solo (Nunes et al., 2009; Pôrto et al., 2009). No entanto, no presente trabalho
isso não ocorreu. Por ser uma variável biológica, a biomassa é afetada pela distribuição da
matéria orgânica no solo e talvez a utilização de maior quantidade de amostras possa
minimizar variações amostrais permitindo mais facilmente a detecção de diferenças entre as
áreas (Hargreaves et al., 2003).
.
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 42
Tabela 8. Coeficientes de correlação simples de Pearson (r) entre as variáveis estudadas (P<0,05) DES=desidrogenase, RESP=respiração basal, PH=pH, UMI=umidade, SIR=respiração induzida por substrato, FDA=hidrólise do diacetato de fluoresceína, BIO=biomassa microbiana, QCO2=qCO2,
COL=colonização micorrízica, SAC=sacarase, CEL=celulase, GFESOL, GFE 1, GFE 1-2=glomalina facilmente extraível em solo, agregados <1mm e em agregados entre 1-2mm, respectivamente, GTSOL, GT 1, GT 1-2= glomalina total em solo, agregados <1mm e em agregados entre 1-2mm, respectivamente, AH=ácido húmico, AF=ácido fúlvico, AH/AF=relação ácido húmico/ácido fúlvico, POLI=polissacarídeos, DENS=densidade de glomerosporos.
Variáveis DES RESP PH UMI SIR FDA BIO QCO2 COL SAC CEL GFESOL GFE 1 GFE
1-2
GT
SOL
GT 1 GT 1-
2
AH AF AH/AF POLI DENS
DES -
RESP ns -
PH ns -0,32 -
UMI ns 0,52 -0,47 -
SIR ns ns 0,43 ns -
FDA ns 0,61 -0,33 0,47 ns -
BIO ns 0,40 -0,37 ns ns 0,50 -
QCO2 ns ns ns ns ns ns -0,49 -
COL ns ns ns -0,31 ns ns ns ns -
SAC ns ns ns ns 0,44 0,34 0,45 ns ns -
CEL ns ns -0,36 ns ns ns 0,38 ns ns ns -
GFE SOL -0,30 0,40 ns ns ns ns 0,52 ns ns ns 0,54 -
GFE 1 ns 0,36 ns ns ns ns 0,53 ns ns ns 0,44 0,93 -
GFE 1-2 ns 0,33 ns ns ns ns 0,61 ns ns ns 0,50 0,92 0,89 -
GT SOL ns 0,30 ns ns ns ns ns ns ns ns 0,31 0,78 0,70 0,69 -
GT 1 ns ns ns ns 0,31 ns 0,60 ns ns 0,30 0,37 0,86 0,89 0,83 0,63 -
GT 1-2 ns ns ns ns ns ns 0,47 ns ns ns 0,40 0,84 0,77 0,93 0,65 0,72 -
AH ns 0,30 -0,48 0,49 ns 0,50 0,61 -0,29 ns ns ns 0,38 0,45 0,53 ns 0,32 0,46 -
AF ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns -
AH/AF ns ns -0,46 0,39 ns 0,49 0,40 ns ns ns ns ns 0,36 0,44 ns ns 0,30 0,91 ns -
POLI ns 0,65 ns 0,32 ns 0,42 0,39 ns ns ns 0,41 0,59 0,55 0,55 0,44 0,44 0,54 0,37 ns 0,31 -
DENS ns ns ns ns ns 0,31 ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns -
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 43
A análise de escalonamento multidimensional (Figura 1), que mostra relações entre
várias amostras ambientais, demonstrou que a capoeira mais jovem no processo de
regeneração tem características do solo distintas do encontrado nas demais áreas em relação a
atributos bioquímicos e microbiológicos (Figura 1). Esta diferença é relacionada ao tempo de
regeneração, visto que esta área se encontra nos estágios iniciais de recuperação do equilíbrio
dinâmico do solo. A capoeira 2, há 20 anos em processo de regeneração, apresenta solo com
características próximas ao observado na mata preservada e no cultivo, indicando que está
recuperando a qualidade edáfica e atingindo o equilíbrio dinâmico dos sistemas mais estáveis.
As variáveis do solo nas áreas de cultivo e de mata são mais similares, provavelmente devido
ao fato de que, mesmo de forma artificial, o cultivo também se encontra em equilíbrio.
Similaridade edáfica entre cultivo de cana-de-açúcar e área de Floresta Atlântica preservada
foi anteriormente referida (Freitas et al., 2008).
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 44
Figura 1. Análise de escalonamento multidimensional (MDS), independente do período de
amostragem, com base nos dados de: desidrogenase, hidrólise do diacetato de fluoresceína,
sacarase, celulase, respiração basal e induzida por substrato, biomassa microbiana, qCO2, pH,
umidade, colonização micorrízica, número de esporos, glomalina facilmente extraível e total
em solo e em agregados <1 e 1-2 mm, ácido húmico, ácido fúlvico, relação ácido húmico e
fúlvico e polissacarídeos de origem microbiana, em solos de áreas de Mata Atlântica em
regeneração com até 10 anos (CAP1) e 20 anos (CAP2), fragmento de mata preservado
(FRAG) e cultivo de cana-de-açúcar (CULT), no município de Igarassu, Pernambuco (stress
0,12)
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 45
A análise de agrupamento também separou a capoeira 1 das demais áreas independente
do período de coleta, mostrando que de modo geral não houve influência sazonal sobre as
variáveis analisadas (Figura 2). Esta análise confirmou que o solo da área de regeneração mais
jovem tem comportamento químico, bioquímico e microbiológico distinto em relação às
demais áreas, com a capoeira mais antiga e o cultivo apresentando comportamento similar,
próximo ao do fragmento de mata preservado. O solo da capoeira mais jovem apresenta alta
atividade biológica, pois ainda se encontra sob estresse e com muitas plantas em fase de
crescimento acentuado. A análise permite concluir que o solo da capoeira com 20 anos de
regeneração encontra-se em fase intermediária, visto que se agrupou tanto com a capoeira
mais jovem (cerca de 80% de similaridade), quanto com o grupo formado pelo fragmento de
mata preservado e o cultivo (aproximadamente 70% de similaridade) indicando que ainda não
atingiu a estabilidade. No entanto, demonstra tendência para atingir uma nova condição de
equilíbrio, o que é corroborado pela relação de proximidade com o fragmento de Floresta
Atlântica.
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 46
Figura 2. Análise de Agrupamento baseada nos dados de: desidrogenase, hidrólise do
diacetato de fluoresceína, sacarase, celulase, respiração basal e induzida por substrato,
biomassa microbiana, qCO2, pH, umidade, colonização micorrízica, número de esporos,
glomalina facilmente extraível e total em solo e em agregados <1 e 1-2 mm, ácido húmico,
ácido fúlvico, relação ácido húmico e fúlvico e polissacarídeos de origem microbiana, em
solos de áreas de Mata Atlântica em regeneração com até 10 anos (CAP1) e 20 anos (CAP2),
fragmento de mata preservado (FRAG) e cultivo de cana-de-açúcar (CULT) em dois períodos
de coleta chuvoso (c) e seco (s) no município de Igarassu, Pernambuco
Cap
1(S
)
Cap
1 (
C)
Cap
2 (
S)
Fra
g (C
)
Fra
g (S
)
Cul
t (C
)
Cap
2 (
C)
Cul
t (S
)
Samples
100
90
80
70
60S
imila
rity
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 47
4. CONSIDERAÇÕES GERAIS
As análises multivariadas (MDS e agrupamento) mostraram que as duas áreas em
regeneração encontram-se em evolução na recuperação da qualidade do solo, com tendência à
estabilidade. Nesse contexto, a capoeira mais jovem apresenta comportamento químico,
bioquímico e microbiológico distinto das demais áreas, enquanto na mais antiga o
comportamento é similar ao registrado no fragmento de mata preservado, evidenciando que
nova condição de equilíbrio está sendo atingida por esta área.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Aidar, M.P.M.; Carrenho, R.; Joly, C.A. 2004. Aspects of arbuscular mycorrhizal fungi in an
Atlantic Forest chronosequence in Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (PETAR),
SP. Biota Neotropica 4: 1-15.
Aguiar, W.M. & Gaglianone, M. C. 2008. Comportamento de abelhas visitantes florais de
Lecythis lurida (Lecythidaceae) no norte do estado do Rio de Janeiro. Revista Brasileira de
Entomologia 52 (2): 277-282.
Alef, K. 1995. Soil respiration. In: Methods in applied soil microbiology and biochemistry. (K.
ALEF & D. NANNIPIERI, Eds.). London: Academic Press, p. 214-216.
Alves, L.F. & Metzger, J.P. 2006. A regeneração florestal em áreas de floresta secundária na
Reserva Florestal do Morro Grande, Cotia, SP. Biota Neotropica 6 (2).
Andrade, A.C.S., Queiroz, M.H., Hermes, R.A.L. & Oliveira, V.L. 2000. Mycorrhizal status of
some plants of the Araucaria Forest and Atlantic rain forestin Santa Catarina, Brazil.
Mycorrhiza 10: 131-136.
Araújo, A.S.F. & Monteiro, R.T.R. 2007. Indicadores biológicos de qualidade do solo.
Bioscience Journal 23 (3): 66-75.
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 48
Assis Júnior, S.L., Zanúncio, J.C., Kasuys, M.C.M., Couto, L. & Melido, R.C.N. 2003.
Atividade microbiana do solo em sistemas agroflorestais, monoculturas, Mata Natural e
área desmatada. Revista Árvore 27 (1): 35-41.
Barbosa, M.R.V. & Thomas, W.W. 2002. Biodiversidade, conservação e uso sustentável da
Mata Atlântica do nordeste. In: Araújo, E.L., Moura, A.N., Sampaio, E.V.S.B., Gestinari,
L.M.S., Carneiro, J.M.T. (Eds.), Biodiversidade, conservação e uso sustentável da flora do
Brasil. Sociedade Botânica do Brasil, UFRPE, Recife, pp.19-22.
Baretta, D., Santos, J.C.P., Figueiredo, S.R. & Klauberg-Filho, O. 2005. Efeito do monocultivo
de Pinus e da queima do campo nativo em atributos biológicos do solo no planalto sul
catarinense. Revista Brasileira de Ciência do Solo 29: 715-724.
Behera, N. & Sahani, U. 2003. Soil microbial biomass and activity in response to Eucalyptus
plantation and natural regeneration on tropical soil. Forest Ecology and Management 174:
1-11.
Bradford, M.M. 1976. A rapid and sensitive method for the quantification of microgram
quantities of protein utilizing the principle of protein-dye binding. Analytical Biochemistry
72: 248-254.
Caravaca, F., Alguacil, A., Azcón, R. & Roldán, A. 2006. Formation of stable aggregates in
rizosphere soil of Juniperus oxycedrus: effect of AM fungi and organic amendments.
Applied Soil Ecology 33: 30-38.
Carneiro, M.A.C., Siqueira, J.O., Moreira, F.M.S. & Soares, A.L.L. 2008. Carbono orgânico,
nitrogênio total, biomassa e atividade microbiana do solo em duas cronosseqüências de
reabilitação após a mineração de bauxita. Revista Brasileira de Ciência do Solo 32: 621-
632.
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 49
Casida, L.E., Klein, D.A. & Santoro, T. 1964. Soil dehydrogenase. Soil Science 98: 371-376.
Catharino, E.L.M., Bernacci, L.C., Franco, G.A.D.C., Durigan, G. & Metzger, J.P. 2006.
Aspectos da composição e diversidade do componente arbóreo das florestas da Reserva
Florestal do Morro Grande, Cotia, SP. Biota Neotropica 6 (2).
Cerqueira, R., Brant, A., Nascimento, M.T. & Pardini, R. 2003. Fragmentação: Alguns
conceitos. In: Fragmentação de ecossistemas: Causas, efeitos sobre a biodiversidade e
recomendações de políticas públicas. Org: D.M. Rambaldi & D.A.S. Oliveira. Brasília:
MMA/SBF, 24-40.
Chaer, G.M. & Tótola, M.R. 2007. Impacto do manejo de resíduos orgânicos durante a reforma
de plantios de eucalipto sobre indicadores de qualidade do solo. Revista Brasileira de
Ciência do Solo 31: 1381-1396.
Conama.1992. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resoluções Conama.
De-Polli, H., Guerra, J.G.M. 1997. C, N e P na biomassa microbiana do solo. In: Fundamentos
da matéria orgânica do solo. (G.A. Santos & F.A.O. Camargo, Eds.). Editora Gênesis,
Porto Alegre, pp. 389-411.
Deponti, C.M., Eckert, C. & Azambuja, J.L.B. 2002. Estratégia para construção de indicadores
para avaliação da sustentabilidade e monitoramento de sistemas. Agroecologia e
Desensenvolvimento Rural Sustentável 3 (4): 44-52.
Dinesh, R., Chaudhuri, S.G., Ganeshamurthy, A.N. & Dey, C. 2003. Changes in soil microbial
indices and their relationships following deforestation and cultivation in wet tropical
forests. Applied Soil Ecology 24: 17-26.
Doran, J.W. 2002. Soil health and global sustainability: translating science into practice.
Agriculture, Ecosystems and Environment 88: 119-127.
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 50
Doran, J.W., Sarrantonio, M. & Liebig, M. 1996. Soil health and sustainability. In: Advance in
agronomy. Org: D.L. Sparks. Academic press, p.1-54.
Ducousso, M., Ramanankierana, H., Duponnois, R., Rabévohitra, R., Randrihasipara, L.,
Vincelette, M., Dreyfus, B. & Prin, Y. 2008. Mycorrhizal status of native trees and shrubs
from eastern Madagascar littoral forests with special emphasis on one new ectomycorrhizal
endemic family, the Asteropeiaceae. New Phytologist 178: 233-238.
Farias, G.B., Alves, A.G.C. & Silva, A.C.B.L. 2007. Riqueza de aves em cinco fragmentos de
Floresta Atlântica na Zona da Mata Norte de Pernambuco, Brasil. Biotemas 20 (4): 111-
122.
Fillip, Z., 2002. International approach to assessing soil quality by ecologically-related
biological parameters. Agriculture, Ecosystems and Environment 88: 169-174.
Freitas, N.O., Silva, F.S.B. & Maia, L.C. 2008. Edge Effect on Soil Biochemical and
Microbiological Activities in an Atlantic Forest Fragment in the State of Pernambuco,
Brazil. Bioremediation, Biodiversity and Bioavailability ( In press).
Frighetto, R.T.S. 2000. Determinação de polissacarídeos de origem microbiana e sua
importância na estruturação do solo. In: Frighetto, R.S., Valarini, P.J. (Eds.) Indicadores
Bioquímicos e Biológicos da Qualidade do Solo (Manual técnico). Jaguariúna, pp. 167-
190.
Gama-Rodrigues, E.F., Gama-Rodrigues, A.C., Paulino,G.M. & Franco, A.A. 2008. Atributos
químicos e microbianos de solos sob diferentes coberturas vegetais no Norte do Estado do
Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Ciência do Solo 32: 1521-1530.
Gardi, C., Tomaselli, M., Parisi, V., Petraglia, A. & Santini, C. 2002. Soil quality indicators and
biodiversity in nothern Italian permanent grasslands. European Journal of Soil Biology 38:
103-110.
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 51
Gerdemann, J.W. & Nicolson, T.H. 1963. Spores of mycorrizal endogone species extracted from
soil by wet sieving and decanting. Transactions of the British Mycological Society 46:
235- 244.
Giovannetti, M. & Mosse, B. 1980. An evaluation of techniques for measuring vesicular
arbuscular mycorrhizal infection in roots. New Phytologist 84: 489-500.
Goto, B.T. & Maia L.C. 2006. Glomerospores: a new denomination for the spores of
Glomeromycota, a group molecularly distinct from Zygomycota. Mycotaxon 96: 129–132.
Grippa, C.R., Hoeltgebaum, M.P. & Sturmer, S.L. 2007. Occurrence of arbuscular mycorrhizal
fungi in bromeliad species from the tropical Atlantic forest biome in Brazil. Mycorrhiza 17
(3): 235-240.
Grisi, B.M. 1978. Método químico de medição da respiração edáfica: alguns aspectos técnicos.
Ciência e Cultura 30: 82-88.
Groffman, P.M., Mcdowell, W.H., Myers, J.C. & Merriam, J.L. 2001. Soil microbial biomass
and activity in tropical riparian forest. Soil Biology and Biochemistry 33: 1339-1348.
Guariguata, M.R. & Ostertag, R. 2001. Neotropical secondary Forest succession: changes in
structural and functional characteristics. Forest Ecology and Management 148: 185-206.
Hargreaves, P.R.; Brookes, P.C.; Ross, G.J.S.; Poulton, P.R. Evaluating soil microbial biomass
carbon as an indicator of long-term environmental change. Soil Biology & Biochemistry
35: 401-407. 2003
Izquierdo, I., Caravaca, F., Alguacil, M.M., Hernández, G. & Roldán, A. 2005. Use of
microbiological indicators for evaluating success in soil restoration after revegetation of a
mining area under subtropical conditions. Applied Soil Ecology 30: 3-10.
Jenkins, W.R. 1964. A rapid centrifugal flotation technique for separating nematodes from soil.
Plant Disease Reporter 48: 692.
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 52
Jenkinson, D.S. & Ladd, J.N. 1981. Microbial biomass in soil: measuremente and turnover. In:
Soil biochemistry. (E.A. Paul & J.N. Ladd, Eds). Marcel Deker, p.425-471.
Karlen, D.L., Ditzler, C.A. & Andrews, S.S. 2003. Soil quality: why and how? Geoderma 114:
145-156.
Kiers, E.T., Lovelock, C.E., Krueger, E.L. & Herre, E.A. 2000. Differential effects of tropical
arbuscular mycorrhizal fungal inocula on root colonization and tree seedling growth:
implications for tropical forest diversity. Ecologt Letters 3: 106-113.
Lino, C.F. 1992. Reserva da biosfera da Mata Atlântica. Volume I: Referências básicas.
Consórcio Mata Atlântica – Universidade Estadual de Campinas, 101p.
Lovelock, C.E., Wright, S.F. & Nichols, K.A. 2004. Using glomalin as an indicator for
arbuscular mycorrhizal hyphae growth: an example from a tropical rain forest soil. Soil
Biology and Biochemistry 36: 1009-1012.
Lutgen, E.R., Muir-Clairmont, D., Graham, J. & Rillig, M.C. 2003. Seasonality of arbuscular
mycorrhizal hyphae and glomalin in a western Montana grassland. Plant and Soil 257: 71-
83.
Lyra-Neves, R.M., Dias, M.M., Azevedo-Júnior, S.M., Telino-Júnior, W.R. & Larrazábal,
M.E.L. 2004. Comunidade de aves da Reserva Estadual de Gurjaú, Pernambuco, Brasil.
Revista Brasileira de Zoologia 21 (3): 581–592.
Maia, L.C., Cavalcanti, M.A., Gibertoni, T., Goto, B.T., Melo, A.M.M., Baseia, I.G. & Silvério,
M.L. 2006. Fungos. In: Porto, K.C., Almeida-Cortez, J.S. & Taberelli, M. (Orgs.).
Diversidade biológica e conservação da Floresta Atlântica ao Norte do Rio São Francisco.
P. 75-106. Ministério do Meio Ambiente, Brasília.
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 53
Matsuoka, M., Mendes, I.C. & Loureiro, M.F. 2003. Biomassa microbiana e atividade
enzimática em solos sob vegetação nativa e sistemas anuais e perenes na Região da
Primavera do Leste (MT). Revista Brasileira de Ciência do Solo 27: 425-433.
Melo, A.M.M. 2004. Fungos microrrízicos arbusculares (Glomeromycota) em fragmento de
Mata Atlântica no Centro de Endemismo Pernambuco. Dissertação de Mestrado,
Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 46p.
Mergulhão, A.C.E.S., Burity, H.A., Maia, L.C. & Silva, F.S.B. 2008. Glomalina: a glicoproteína
dos fungos micorrízicos arbusculares. In: Figueiredo, M.V.B; Burity, H.A., Stamford, N.P.
& Santos, C.E.R.S. (Eds.). Microrganismos e agrobiodiversidade: o novo desafio para
agricultura. p.333-347.
Moraes, L.F.D., Campello, E.F.C., Pereira, M.G. & Loss, A. 2008. Características do solo na
restauração de áreas degradadas na Reserva Biológica de Poço das Antas, RJ. Ciência
Florestal 18 (2): 193-206.
Moreira, F.M.S. & Siqueira, J.O. 2002. Micorrizas. In Microbiologia e bioquímica do solo.
UFLA, p.473-
Morellato, L.P.C. & Haddad, C.F.B. 2000. Introduction: The Brazilian Atlantic Forest.
Biotropica 32 (4b), 786-192.
Moscatelli, M.C., Lagomarsino, A., Marinari, S., Angelis, P. & Grego, S. 2005. Soil microbial
indices as bioindicators of environmental changes in a poplar plantation. Ecological
Indicators 5: 171-179.
Moura, F.B.P. 2006. A Mata Atlântica em Alagoas. Conversando sobre ciências em Alagoas.
Maceió, UFAL, 88p.
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 54
Muthukumar, T., Sha, L., Yang, X., Cao, M., Tang, J. & Zheng, Z. 2003. Distribution of roots
and arbuscular mycorrhizal associations in tropical forest types of Xishuangbanna,
southwest China. Applied Soil Ecology 22: 241-253.
Myers, N., Mittermeier, R.A., Mittermeier, C.G., Fonseca, G.A.B. & Kent, J. 2000. Biodiversity
hotspots for conservation priorities. Nature 403: 853-858.
Nannipieri, P., Kandeler, E. & Ruggiero, P. 2002. Enzyme activities and microbiological and
biochemical processes in soil. In: R.G. Burns & R.P. Dick (Eds.). Enzymes in the
environment, activity, ecology and applications, Marcel Dekker, Inc., New York, Pp. 1-33.
Nogueira, M.A., Albino, U.B., Brandão-Júnior, O., Braun G., Cruz M. F., Dias, B.A., Duarte,
R.T.D., Gioppo, N.M.R., Menna, O.; Orlandi, J. M., Raimam, M.P., Rampazo, L.G.L.,
Santos, M. A., Silva, M.E. Z., Vieira, F.P., Torezan, J.M.D., Hungria, M., Andrade, G.
2006. Promissing indicators for assessment of agroecosystems alteration among natural
reforested and agricultural land use in southern Brazil. Agriculture, Ecosystems and
Environment 115: 237-247.
Nunes, L.A.P.L., Dias, L.E., Jucksch, I., Barros, N.F., Kasuya, M.C.M., Correia, M.E.F. 2009.
Impacto do monocultivo de café sobre os indicadores biológicos do solo nazona da mata
mineira. Ciência Rural 39 (9): 2467-2474.
Oliveira, F.X., Andrade, L.A. & Félix, L.P. 2006. Comparações florísticas e estruturais entre
comunidades de Floresta Ombrófila Aberta com diferentes idades, no Município de Areia,
PB, Brasil. Acta Botanica Brasilica 20 (4): 861-873.
Oliveira, M.A., Grillo, A.S., Tabarelli, M. 2004. Forest edge in the Brazilian Atlantic forest:
drastic changes in tree species assemblages. Oryx 38: 389-394.
Onguene, N.A. & Kuyper, T.W. 2001. Mycorrhizal asociations in the rain forest of South
Cameroon. Forest Ecology and Management 140: 277-287.
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 55
Pasqualini, D., Uhlmann, A. & Stürmer, S. L. 2007. Arbuscular mycorrhizal fungal communities
influence growth and phosphorus concentration of woody plants species from the Atlantic
rain forest in South Brazil. Forest Ecology and Management 245: 148-155.
Paula, A.M., Soares, C.R.F.S. & Siqueira, J.O. 2006. Biomassa, atividade microbiana e fungos
micorrízicos arbusculares em solo de “landfarming” de resíduos petroquímicos. Revista
Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental 10 (2): 448-455.
Phillips, J.M. & Hayman, D.S. 1970. Improved procedures for clearing roots and staining
parasitic and vesicular-arbuscular mycorrhizal fungi for rapid assessment of infection.
Transactions British Mycological Society 55 (1): 158-160.
Pôrto, M.L., Alves, J.C., Diniz, A.A., Souza, A.P. & Santos, D. 2009. Indicadores biológicos de
qualidade do solo em diferentes sistemas de uso no Brejo Paraibano. Ciência e
Agrotecnologia 33 (4): 1011-1017.
Powlson, D.S., Brookes, P.C. & Christensen, B.T. 1997. Mensurement of soil microbial biomass
provides on early indication of changes in total soil oganic matter due to straw
incorporation. Soil Biology & Biochemistry 19: 159-164.
Prado, M.R.; Rocha, E.C. & Giudice, G.M.L. 2008. Mamíferos de médio e grande porte em um
fragmento de Mata Atlântica, Minas Gerais, Brasil. Revista Árvore 32 (4): 741-749.
Purin, S., Filho, O.K., Sturmer S.L. 2006. Mycorrhizae activity and diversity in conventional
and organic apple orchards from Brazil. Soil Biology and Biochemistry 38:1831–1839.
Raiesi, F. & Ghollarata, M. 2006. Interactions between phosphorus availability and an AM
fungus (Glomus intraradices) and their effects on soil microbial respiration, biomass and
enzyme activities in a calcareous soil. Pedobiologia 50: 413-425.
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 56
Ranta, P., Blom, T., Niemelä, J., Joensuu, E. & Siitonen, M. 1998. The fragmented Atlantic rain
forest of Brazil: size, shape and distribution of forest fragments. Biodiversity and
Conservation 7: 385-403.
Rao, A.V., Bala, K. & Tarafdar, J.C. 1990. Dehydrogenase and phophastase activities in soil as
influenced by the growth of arid-land crops. Journal of Agricultural Science 115: 221-225.
Redecker, D., Raab, P., Oehl, F., Camacho, F.J., Cortecuisse, R. 2007. A novel clade of
sporocarp-forming glomeromycotan fungi in the Diversisporales lineage. Mycological
Progress 6: 35-44.
Ribeiro, M.C., Metzger, J.P., Martensen, A.C., Ponzoni, F. J. & Hirota, M.M. 2009. The
Brazilian Atlantic Forest: How much is left, and how is the remaining forest distributed?
Implications for conservation. Biological Conservation 142 (6): 1141-1153.
Rillig, M.C., Ramsey, P.W., Morris, S. & Paul, E.A. 2003. Glomalin, an arbuscular-mycorrhizal
fungal soil protein, responds to land-use change. Plant and Soil 253: 293-299.
Salamanca, E.F., Raubuch, M. & Joergensen, R.G. 2002. Relationships between soil microbial
indices in secondary tropical forest soils. Applied Soil Ecology 21: 211-219.
Salles, J.C. & Schiavini, I. 2007. Estrutura e composição do estrato de regeneração em um
fragmento florestal urbano: implicações para a dinâmica e a conservação da comunidade
arbórea. Acta Botanica Brasilica 21 (1): 223-233.
Santos, V.B., Castilhos, D.D., Castilhos, R.M.V., Pauletto, E.A., Gomes, A.S. & Silva, D.G.
2004. Biomassa, atividade microbiana e teores de carbono e nitrogênio totais de um
planossolo sob diferentes sistemas de manejo. Revista Brasileira de Agrociência 10 (3):
333-338.
Schinner, F. & von Mersi, W. 1990. Xylanase, CM-cellulase and invertase activity in soil: an
improved method. Soil Biology and Biochemistry 22: 511-515.
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 57
Schloter, M. Dilly, O. & Munch, J.C. 2003. Indicators for evaluating soil quality. Agriculture,
Ecosystems and Environment 98: 255-262.
Schüβler, A; Schwarzott, D; Walker, C. 2001. A new phylum, the Glomeromycota: phylogeny
and evolution. Mycological Research 105 (12): 1413-1421.
Silveira, A.P.D. 1998. Ecologia de fungos micorrízicos arbusculares. In: Melo, I.S., Azevedo,
J.L. (Eds.). Ecologia Microbiana. EMBRAPA- CNPMA, pp. 61- 86.
Silveira, R.B., Melloni, R., Melloni, E.G.P., 2006. Atributos microbiológicos e bioquímicos
como indicadores de recuperação de áreas degradadas, em Itajubá/MG. Cerne 12 (1): 48-
55.
Siqueira, J.O. & Saggin-Junior, O.J. 2001. Dependency on arbuscular mycorrhizal fung and
resposiveness of some Brazilian native woody species. Mycorrhiza 11: 245-255.
Siqueira, J.O. 1994. Micorrizas arbusculares. Pp. 151-194. In: Araújo, R.S. & Hungria, M.(Eds.).
Microrganismos de importância agrícola. EMBRAPA, Brasília.
Siqueira, J.O., Carneiro, M.A.C., Curi, N., Rosado, S.C.S. & Davide, A.C. 1998. Mycorrhizal
colonizationa and mycotrophic growth of native woody species as related to sucessional
groups in Southeastern Brazil. Forest Ecology and Management 107:241-252.
STATSOFT., 1997. Statistica for windows. Tulsa (cd room).
Steinberg, B. 1999. Monitoring soil quality of arable land: microbiological indicatores. Acta
Agriculturae Scandinavica 49: 1-24.
Stürmer, S.L., Filho, O.K., Queiroz. M.H. & Mendonça, M.M. 2006. Occurrence of arbuscular
mycorrhizal fungi in soils of early stages os a secondary sucession of Atlantic Forest in
South Brazil. Acta Botanica Brasilica 20 (3): 513-521.
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 58
Swisher, R. & Carroll, G.C. 1980. Fluorescein diacetate hydrolisis as an estimator of microbial
biomass on coniferous needle surfaces. Microbial Ecology 6: 217-226.
Tabarelli, M. & Mantovani, W. 1999. A regeneração de uma floresta tropical montana após
corte e queima (São Paulo-Brasil). Revista Brasileira de Biologia 59 (2): 239-250.
Tabarelli, M., Pinto, L.P., Silva, J.M., Hirota, M. & Bedê, A.L. 2005. Challenges and
opportunities for biodiversity conservation in the Brazilian Atlantic Forest. Conservation
Biology 19: 695-700.
Tawaraya, K., Takaya, Y., Turjaman, M., Tuah S.J., Limin, S.H., Tamai, Y., Cha, J.Y.,
Wagatsuma, T. & Osaki, M. 2003. Arbuscular mycorrhizal colonization of tree species
grown in peat swamp forests of Central Kalimantan, Indonesia. Forest Ecology and
Management 182: 381-386.
Teklay, T.; Nordgren, A. & Malmer, A. 2006. Soil respiration characteristics of tropical soils
from agricultural and forestry land-uses at Wondo Genet (Ethiopia) in response to C, N
and P amendments. Soil Bioloy & Biochemistry 38: 125-133.
Templer, P.H., Groffman, P.M., Flecker, A.S. & Power, A.G. 2005. Land use change and soil
nutrient transformations n the Los Haities region of the República Dominicana. Soil
Biology and Biochemestry 37: 217-225.
Tiquia, S.M., 2005. Microbiological parameters as indicators of compost maturity. Journal of
Applied Microbiology 99: 816-828.
Trasar-Cepeda, C., Leirós, M.C. & Gil-Sotres, F. 2008. Hydrolytic enzyme activities in
agricultural and Forest soils. Some implications for their use as indicators of soil quality.
Soil Biology and Biochemistry 40(9): 2146-2155.
Silva, D.K.A. Atividade micorrízica e microbiana do solo... 59
Trufem, S.F.B., Malatinszky, S.M.M. & Otomo, H.S. 1994. Fungos micorrízicos arbusculares
em rizosferas de plantas do litoral arenoso do Parque Estadual da Ilha do Cardoso, SP,
Brasil. Acta Botanica Brasilica 8 (2): 219-229.
Trufem, S.F.B., Otomo, H.S. & Malatinszky, S.M.M. 1989. Fungos micorrízicos vesículo-
arbusculares em rizosferas de plantas em dunas do Parque estadual da Ilha do Cardoso, São
Paulo, Brasil. (1) taxonomia. Acta Botanica Brasilica 3 (2): 141-152.
Violi, H.A., Barrientos-Priego, A.F., Wright, S.F., Escamilla-Prado, E., Morton, J.B., Menge,
J.A. & Lovatt, C.J. 2008. Disturance changes arbuscular mycorrhizal fungal phenology and
soil glomalin concentrations but not fungal spore composition in montane rainforests in
Veracruz and Chiapas, Mexico. Forest Ecology and Management 254: 276-290.
Wright, S.F. & Upadhyaya, A. 1998. A survey of soils for aggregate stability and glomalin, a
glycoprotein produced by hyphae of arbuscular mycorrhizal fungi. Plant and Soil 198: 97-
107.
Zheng, H., Ouyang, Z.Y., Wang, X.K., Fang, Z.G., Zhao, T.Q. & Miao, H. 2005. Effects of
regenerating forest cover on soil microbial communities: A case study in hilly red soil
region, Southern China. Forest Ecology and Management 217: 244-254.