atividade formativa de avaliação escrita

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1 A professora Arminda Júlio Lopes | novembro de 2013 E S C O L A . S E C U N D Á R I A . A L V E S . M A R T I N S Desde 1849 ao Serviço do Ensino Público em Viseu Português 11º ano |Atividade Formativa de Avaliação Escrita| Moodle | novembro de 2013 Cf. Manual na página 134 - Proposta de Correção GRUPO I 1. Ao nível da estrutura externa, trata-se de um excerto do capítulo V do Sermão de Santo António, num momento em que Padre António Vieira procede às críticas aos peixes, partindo de exemplos específicos. Neste caso, estamos perante as críticas ao polvo. Em termos de estrutura interna, o excerto faz parte da narração ou confirmação do sermão. 2.1. A primeira parte corresponde à primeira frase (l.1 a 3); a segunda parte das linhas 3 à 14 e a terceira parte da linha 15 à 21. 2.2. A primeira parte é a apresentação, pois Vieira apresenta o peixe que é alvo da sua crítica. A segunda parte é a descrição e crítica, onde são enumeradas as caraterísticas do polvo e são apresentadas as críticas e os argumentos que sustentam a tese do autor. A terceira pode ser denominada de exemplificação, dado que, no fim do excerto, é feita comparação entre o polvo e Judas. 3.1.«com aquele capelo na cabeça parece um monge» (l.3) é uma expressão que destaca a aparência de santidade do polvo, de bondade e honestidade, mas que é totalmente falsa, porque ele simboliza um dos piores vícios humanos: a hipocrisia, a dissimulação e a traição. 4.1. O camaleão tem em comum com o polvo o facto de alterar a sua coloração em função do ambiente em que se encontra. 4.2. Segundo Vieira, estes animais distinguem-se porque esta caraterística que é «gala» no camaleão é «malícia» no polvo. 5.1. A comparação é feita com Judas, que traiu Cristo. Porém, o pregador afirma que as caraterísticas da traição de Judas são menos graves que as do polvo. 6. Esta apóstrofe, «peixe aleivoso e vil», com uma dupla adjetivação de conotação negativa, demonstra claramente a perspetiva que Vieira apresenta sobre as caraterísticas do polvo. 6.1. Esta apóstrofe desempenha a função sintática de vocativo. 7. As interrogações retóricas procuram atrair a atenção do auditório; apelam a uma escuta ativa, dado introduzirem uma variação no ritmo do discurso; imprimem vivacidade ao discurso; dão ênfase às ideias veiculadas interrogativamente; criam a ilusão de uma interação entre o orador e os ouvintes; suscitam a reflexão do auditório. 8. Resposta pessoal. Sugestão: É possível relacionar este excerto do Sermão de Santo António com o capítulo III e IV da obra. Com o III por se centrar particularmente num peixe e com o IV por apresentar caraterísticas negativas, usando-as como críticas metafóricas aos homens, aos defeitos da sociedade. 9. «Sucede» é uma oração subordinante; «Que outro peixe, inocente da traição, vai passando desacautelado» é uma oração subordinada substantiva completiva; «e o salteador (…) lança-lhe os braços de repente» é uma oração coordenada copulativa; «que está de emboscada dentro do seu próprio engano» é uma oração subordinada adjetiva relativa explicativa; «e fá-lo prisioneiro» é uma oração coordenada copulativa.

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Page 1: Atividade formativa de avaliação escrita

1 A professora Arminda Júlio Lopes | novembro de 2013

E S C O L A . S E C U N D Á R I A . A L V E S . M A R T I N S

Desde 1849 ao Serviço do Ensino Público em Viseu

Português 11º ano |Atividade Formativa de Avaliação Escrita| Moodle | novembro de 2013

Cf. Manual na página 134 - Proposta de Correção

GRUPO I 1. Ao nível da estrutura externa, trata-se de um excerto do capítulo V do Sermão de Santo

António, num momento em que Padre António Vieira procede às críticas aos peixes,

partindo de exemplos específicos. Neste caso, estamos perante as críticas ao polvo. Em

termos de estrutura interna, o excerto faz parte da narração ou confirmação do sermão.

2.1. A primeira parte corresponde à primeira frase (l.1 a 3); a segunda parte das linhas 3 à 14 e a

terceira parte da linha 15 à 21.

2.2. A primeira parte é a apresentação, pois Vieira apresenta o peixe que é alvo da sua crítica.

A segunda parte é a descrição e crítica, onde são enumeradas as caraterísticas do polvo e são

apresentadas as críticas e os argumentos que sustentam a tese do autor. A terceira pode ser

denominada de exemplificação, dado que, no fim do excerto, é feita comparação entre o polvo e

Judas.

3.1.«com aquele capelo na cabeça parece um monge» (l.3) é uma expressão que destaca a

aparência de santidade do polvo, de bondade e honestidade, mas que é totalmente falsa, porque

ele simboliza um dos piores vícios humanos: a hipocrisia, a dissimulação e a traição.

4.1. O camaleão tem em comum com o polvo o facto de alterar a sua coloração em função do

ambiente em que se encontra.

4.2. Segundo Vieira, estes animais distinguem-se porque esta caraterística que é «gala» no

camaleão é «malícia» no polvo.

5.1. A comparação é feita com Judas, que traiu Cristo. Porém, o pregador afirma que as

caraterísticas da traição de Judas são menos graves que as do polvo.

6. Esta apóstrofe, «peixe aleivoso e vil», com uma dupla adjetivação de conotação negativa,

demonstra claramente a perspetiva que Vieira apresenta sobre as caraterísticas do polvo.

6.1. Esta apóstrofe desempenha a função sintática de vocativo.

7. As interrogações retóricas procuram atrair a atenção do auditório; apelam a uma escuta ativa,

dado introduzirem uma variação no ritmo do discurso; imprimem vivacidade ao discurso; dão

ênfase às ideias veiculadas interrogativamente; criam a ilusão de uma interação entre o orador e

os ouvintes; suscitam a reflexão do auditório.

8. Resposta pessoal. Sugestão: É possível relacionar este excerto do Sermão de Santo António

com o capítulo III e IV da obra. Com o III por se centrar particularmente num peixe e com o IV

por apresentar caraterísticas negativas, usando-as como críticas metafóricas aos homens, aos

defeitos da sociedade.

9. «Sucede» é uma oração subordinante; «Que outro peixe, inocente da traição, vai passando

desacautelado» é uma oração subordinada substantiva completiva; «e o salteador (…) lança-lhe

os braços de repente» é uma oração coordenada copulativa; «que está de emboscada dentro do

seu próprio engano» é uma oração subordinada adjetiva relativa explicativa; «e fá-lo

prisioneiro» é uma oração coordenada copulativa.

Page 2: Atividade formativa de avaliação escrita

2 A professora Arminda Júlio Lopes | novembro de 2013

10. Deixis pessoal: «estamos», l.1, «saiamos», l.1, «Vê», l.20, «tua», l.20; deixis espacial: «lá»,

l.1.

11.1 Vê, peixe aleivoso e vil, qual é a tua maldade, pois Judas em tua comparação pode ser

menos traidor!

12. a) Apócope do m, prótese do e, palatalização do n em nh; b) apócope do m e sonorização do

t em d; c) apócope do m, síncope do n, epêntese do i; d) apócope do m, síncope do i,

sonorização dos t em d.

…………………………………………………………………………………………………......

Outras questões para além das do manual:

A. Neste excerto, a tese de Vieira é que o polvo é o maior traidor do mar (l.7) e serve-se da

alegoria do polvo para criticar a hipocrisia e traição dos homens.

B. Os argumentos apresentados para confirmar a tese de que o polvo é o maior traidor são os

seguintes:

- a aparência do polvo é ilusória: parece inofensivo, no entanto é perigoso.

- o polvo usa dois recursos traiçoeiros: muda de cor e lança tinta para tirar a vista à sua

vítima.

C. A antítese, porque mostra bem a duplicidade do caráter do polvo, por exemplo na expressão

«hipocrisia tão santa» (l. 5,6).

D. Persuadir é atuar junto do auditório, para consolidar o ensinamento e manifesta-se no uso de

formas verbais conjugadas no modo imperativo e no uso da apóstrofe:

- “Vê, peixe aleivoso e vil, …”

- “Mas ponde os olhos…”

- uso de formas verbais na 2ª pessoa

- uso de interrogações retóricas “E daqui que sucede?” / “Fizera mais Judas?”

E. A expressão significa que o polvo nunca ataca frontalmente, mas sempre à traição. Primeiro,

cria engano, que consiste em confundir-se com o espaço em que se encontra; depois, ataca os

desprevenidos de surpresa.

Funcionamento da Língua:

F. «antes que»,( l.1) estabelece uma relação temporal de anterioridade, relativamente aos

factos que se seguem.