avaliação formativa

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A Avaliação formativa no contexto de ensino e aprendizagem Jorge Pinto, ESE/Setúbal Projecto Area* SEMINÁRIO PEDAGÓGICO A AVALIAÇÃO DAS APRENDIZAGENS – DA TEORIA À PRATICA Outubro, 2008 * Projecto financiado pela FCT nº PTDC/CED/64970/2006

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A Avaliação formativa no contexto de

ensino e aprendizagem

Jorge Pinto, ESE/Setúbal

Projecto Area*

SEMINÁRIO PEDAGÓGICOA AVALIAÇÃO DAS APRENDIZAGENS – DA TEORIA À PRATICA

Outubro, 2008* Projecto financiado pela FCT nº PTDC/CED/64970/2006

Sumário

• Avaliação vs avaliações: a avaliação formativa

• A evolução do conceito

• Algumas práticas de avaliação formativa

Avaliação vs. avaliações:

a avaliação formativa

A avaliação e as suas lógicas

AvaliçãoFormativa

Actividade(s)

Currículo

Aprendizagem/objectivo curricular

AvaliaçãoSumativa

AvaliaçãoAferida

Avaliação: um processo de… comunicação?

Juízo avaliativo: resultante da adequação percebida

Propõe actividades/tarefas

Professor

AlunoAge sobre as propostas de actividades/tarefas

Expectativas

Objecto

A lógica sumativa ou formativa da avaliação depende da intencionalidade da gestualidade avaliativa

Avaliação formativa: um “andaime” para a

aprendizagem

AvaliaçãoFormativa

Professor Aluno

Actividade(s)

proposta(s)

Currículo

Actividade(s)realizada(s)

Aprendizagem

interpreta

realiza

interpreta propõem

avalia,orienta,apoia

gera

A evolução do conceito

Avaliação Formativa: evolução conceptual e lógicas de acção

• A avaliação formativa (consecução dos objectivos)

Do simples ao complexoErro como indicador Mais tempo para o mesmo percurso

• A avaliação formadora (construção)Do complexo ao complexoErro como pistaRegulação das actividades

• A negociação avaliativa (compreensão)Do complexo ao complexo contextualizadoErro como um significadoAtribuição de sentidos, personalização

Professor

Aluno

+

_

+

_

+

Momentos Formais

Trabalhoquotidiano

+

+-

-

Sentidos de uma evolução

Em síntese:• Função claramente pedagógica• Marcada pela intencionalidade• Intenção de compreensão• De apoio às aprendizagens• Como uma “outra” tarefa de aprendizagem• “Avaliação com intenção reguladora” ou “avaliação

reguladora”

Algumas práticas de avaliação formativa

Questionamento oral

Representação da tarefa

(Orientação)

Realização da tarefa

(Execução)

Acção do sujeito

Avaliação como instrumento de aprendizagem: a interacção avaliativa como meta cognição.

Feedback Avaliativo

Auto-avaliação

Questionamento oral

• Ser intencional• Ser participado• Considerar o erro sem estatuto diferenciado• Respeitar diferentes modos de pensar• Turma como comunidade de validação• Gerir a ansiedade da resposta “imediata”

Colocar a pergunta certa é uma arte a ser cultivada por todos os educadores (Stenmark, 1989)

Colocar questões no contexto da sala de aula não é tão simples como parece (Gipps, 1999)

Episódio 1A professora escreve no quadro um problema inventado pelo João em trabalho autónomo: "O Marcos tem 13 canetas e o Filipe tem 24 canetas.

1. P (Professora): A (nome do aluno): continua o problema…2. A: Então se o M. tem 13 canetas e o F. tem 24...3. P: Não, eu quero uma pergunta, A.!4. A: Quantas canetas…5. P: Quantas canetas tem a mais o F.? Escreve no quadro6. P: (Para a turma) Quem já fez? 7. Turma: Não.8. P: Uma maneira de fazer é através do desenho ou da conta. 9. P: A professora desenha dois conjuntos vazios no quadro e chama o X para ir ao quadro10. X: Faz 24 tracinhos num dos conjuntos contando-os posteriormente11. P: Muito bem! Senta-te e vem cá a R.12. R : Faz 13 tracinhos no outro conjunto e conta-os em voz alta. 13. P: Muito bem, podes ir sentar-te, e quem vem ao quadro é a D. Como é que tu fazias? (…)

Episódio 2 Numa dada actividade sobre a localização de factos numa linha do tempo, o R.

diz para a turma que a sua mãe nasceu em 1969.

1: P. (Pergunta à turma) Quantos anos tem a mãe do R.?2. Turma. Vários alunos dão várias respostas tentando adivinhar a idade.3. P. Como é que vocês sabem as idades?4. F. Tem 29 anos5. P. Porquê? Queres explicar como pensaste? 6. F. Contei pelos dedos a data do nascimento da mãe do R. até à idade de nascimento do R.7. P. E a mãe do R. a partir de 1996, nunca mais fez anos?8. Turma. Não…9. P. Vê lá se o R. concorda, ele é que sabe!10. F. R. a tua mãe tem 29 anos?11. R. Não (rindo)12. F. A mãe do R tem 21 anos.13. P. Como é que sabes? 14. F. Porque sim! Eu conheço-a. Quando vem à escola buscar o R, eu vejo-a.15. P. E por a conheceres já sabes a idade? (…)

• Dar tempo/saber esperar; • Envolver um maior número de alunos;• Aprender a lidar com respostas erradas.

• Formulação de perguntas fechadas respostas superficiais

• Professores mais sensíveis a esta questão• Mudança progressiva do questionamento (1 ano)

(Black et al., 2003)

Questionamento oral

O feedback avaliativo: tipos de discurso

Tipo Incidência Exemplos

Discurso deincitamento/interpelação

Na relaçãoProposta/actividade/

produto

“Porque é que organizaste a resposta deste modo?”

"Aconselho-te a pensar melhor na tua resposta…"

"Podias trabalhar um pouco mais na apresentação dos resultados";

Discursoprofético

No pessoa do aluno em função da

experiência prévia do professor

"Se continuar assim pode não chegar lá…“

"Eu sei que podes fazer melhor…”

Discursoveridictivo

No saber/poder profissional do

professor

"O aluno não está ao nível dos seus colegas”

“Parece-me muito pouco desenvolvido";

“Errado, raciocínio incorrecto”

Feedback avaliativo: efeitos/potencialidades

Feedback que atende ao indivíduo, em detrimento da tarefa, nomeadamente focando-se na sua auto-estima e/ou auto-imagem, tende a não produzir efeitos positivos no desempenho do aluno.

(Turnstall & Gipps, 1996) A forma sintáctica, em particular a interrogativa,

quer como estímulo para a reflexão, quer para solicitar a melhoria da produção, facilita a compreensão (Bruno, 2006)

Classificação, elogio, nenhum comentário e comentário formativo, apenas os últimos apresentaram uma melhoria (Butler,1987)

Feedback avaliativo: efeitos/potencialidades

O feedback deve focar-se naquilo que é preciso ser feito para melhorar o desempenho (Wiliam,1999)

Dar a hipótese de ser o aluno a identificar os erros, ser ele próprio a corrigi-los e a chegar às respostas correctas são estratégias que favorecem a aprendizagem

(Nunziati, 1990; Jorro, 2000)

Auto avaliação: um processo mediador entre a

actividade de ensino e de aprendizagem

Professor Ensinar

Actividades

Aluno Aprender

CritériosAuto-avaliação

regulada

Quadro de referência partilhado

de realização

• Critérios de avaliação

de sucesso

Auto-avaliação

(Nunziati, 1990)

Os critérios por si só não levam automaticamente a um melhor desempenho (Sá, 2004)

Os critérios valorizados, ainda que explicitados, não têm necessariamente um significado igual para todos aqueles a quem são apresentados

(Pinto, 2002; Morgan, 2003)

Para a apropriação de critérios

• Do implícito para o explícito

• Comunicação ou negociação

• Amostras de trabalhos

• Comentar trabalhos ainda não concluídos,

que tome por referência os critérios pré

definidos

“Os critérios não são temporais, nem universais. São evolutivos” (Bonniol & Genthon, 1989)

Auto-avaliação

Para concluir :

• Porque é que a avaliação formativa e as suas práticas tardam em chegar ao quotidiano do trabalho de ensino e aprendizagem?– Uma descrença pessoal e ou social?– Um conjunto de mal entendidos?– Falta de saber fazer?– Resistências dos alunos?

ObrigadoJorge Pinto

[email protected]

SEMINÁRIO PEDAGÓGICOA AVALIAÇÃO DAS APRENDIZAGENS – DA TEORIA À PRATICA

Outubro, 2008* Projecto financiado pela FCT nº PTDC/CED/64970/2006