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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM ODONTOLOGIA ATIVIDADE BIOLÓGICA DE CÉLULAS-TRONCO DA POLPA DE DENTES DECÍDUOS HUMANOS SUBMETIDAS À CRIOPRESERVAÇÃO Fernanda Ginani Antunes Natal/RN 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM ODONTOLOGIA

ATIVIDADE BIOLÓGICA DE CÉLULAS-TRONCO DA POLPA DE

DENTES DECÍDUOS HUMANOS SUBMETIDAS À

CRIOPRESERVAÇÃO

Fernanda Ginani Antunes

Natal/RN

2013

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Fernanda Ginani Antunes

ATIVIDADE BIOLÓGICA DE CÉLULAS-TRONCO DA POLPA DE

DENTES DECÍDUOS HUMANOS SUBMETIDAS À

CRIOPRESERVAÇÃO

Dissertação apresentada ao Colegiado do

Programa de Pós-Graduação em Saúde

Coletiva, Área de Odontologia, da

Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, como parte dos requisitos para a

obtenção do título de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Carlos Augusto Galvão Barboza

Natal– 2013

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Antunes, Fernanda Ginani.

ATIVIDADE BIOLÓGICA DE CÉLULAS-TRONCO DA POLPA DE DENTES DECÍDUOS HUMANOS SUBMETIDOS À CRIOPRESERVAÇÃO / FERNANDA GINANI ANTUNES.– NATAL, RN, 2013.

60f. : il.

Orientador: Prof. Dr. Carlos Augusto Galvão Barboza.

Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) – Universidade Federal do Rio

Grande do Norte. Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em

Saúde Coletiva.

1.Polpa Dentária - Dissertação. 2. Células-tronco -Dissertação.

3.Criopreservação-Dissertação. I.Barboza, Carlos Augusto Galvão.II. Título.

RN/UF/BSO Black D242

Catalogação na Fonte. UFRN/ Departamento de Odontologia

Biblioteca Setorial de Odontologia “Profº Alberto Moreira Campos”.

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Dedico este trabalho

Ao meu voinho, Jonas Floripe Ginani.

Por sempre se fazer presente em minha vida, mesmo que agora espiritualmente. O amor que sinto nem o tempo, nem a distância serão capazes de apagar.

Meu anjo da guarda,cuida sempre de mim!!

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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

À DEUS, pela sua presença em minha vida, por sempre me mostrar

um caminho nos momentos difíceis, não deixando o desânimo tomar conta

de mim e por me mostrar toda a força, a fé e o potencial existentes em

mim.

À minha família – minha mãe Viviani Ginani e minha irmã Amanda

Ginani, pelo amor incondicional, amizade eterna e por sempre me

apoiarem. Agradeço de coração toda a paciência que tiveram durante este

período... Serei sempre grata por tudo. Amo vocês!!

Ao meu orientador, chefe querido, Prof. Dr. Carlos Augusto Galvão

Barboza, meu agradecimento por todas as orientações recebidas, por

acreditar e confiar no meu trabalho desde o início e pela grande amizade.

Você é um exemplo para mim... O grande responsável pelo meu encanto

com a pesquisa científica; obrigada por me conduzir de forma segura neste

caminho.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu amigo e namorado, André Cavalcanti, pelo incentivo constante e por

compartilhar todos os momentos de alegria, dúvida e conquista como se fossem seus.

Agradeço também por ter sido meu motorista em todas as “viagens” da “fada do

dente”.

Ao amigo Diego Moura Soares, meu irmão de coração. Obrigada por estar

sempre ao meu lado e por dividir os problemas e as alegrias. Sentirei muita saudade de

todos os momentos vividos, mas tenho certeza que nossa amizade será eterna! Você é

muito especial pra mim... E desculpa todos os abusos tá?!? Mas talvez não tivesse sido

tão bom se não fosse assim!!

Ao Prof. Dr. Hugo Alexandre de Oliveira Rocha, por ter me acolhido em seu

laboratório como um dos seus, sempre preocupado comigo. Serei eternamente grata

por todo o aprendizado que você me proporcionou e pela amizade sincera. Agradeço

também a sua participação na banca de qualificação, colaborando imensamente para

este trabalho.

Aos amigos, Luciana Rabêlo, Ruth Medeiros, Rafael Câmara e Anderson

Felipe, por toda contribuição na realização dos experimentos, pela disponibilidade e

pelo socorro sempre que necessário. Obrigada também por todos os reagentes

“emprestados”, pelos momentos de descontração e por todos os apelidos carinhosos

que vocês me deram.

A minha amiga Águida Henriques, pela admiração, consideração e

demonstrações de carinho. Você é muito especial e terá sempre um lugar no meu

coração.

A todos os colegas do BIOPOL - UFRN, por sempre me receberem de forma

tão gentil no laboratório sendo eu apenas uma “agregada” e por estarem sempre

dispostos a ajudar. Vocês deixaram mais divertidos meus dias no laboratório. Obrigada

pelos agradáveis momentos de convivência.

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As amigas e técnicas do laboratório de histologia do Departamento de

Morfologia da UFRN, Lurdinha, Socorro, Melina e Sara, meus sinceros

agradecimentos pelo companheirismo, eficiência, disponibilidade, paciência por

agüentar minhas agonias e colaboração sempre que precisei.

Aos colegas do laboratório de Imunogenética - UFRN, que abriram um milhão

de vezes a porta do laboratório para mim. Em especial, agradeço ao farmacêutico

bioquímico Francisco Paulo Freire Neto, por toda sua disponibilidade e prontidão na

realização dos experimentos em citometria de fluxo, além do otimismo transmitido

durante meus momentos de angustia.

A Profa. Dra. Halissa Simplício e ao dentista Sérgio Siqueira, pelo auxílio na

obtenção dos dentes.

Ao amigo Mardem Portela, obrigada pela amizade sincera e por sempre

acreditar no meu potencial.

Aos amigos do grupo de pesquisa em Biologia Crânio-Facial, em especial

Gabriel Lamak e Haroldo Gurgel, pelas boas energias transmitidas em todos os

momentos e pela disponibilidade de ajudar sempre.

À Profa. Dra. Naisandra Bezerra, pela participação na banca da qualificação,

contribuindo para o aprimoramento deste trabalho de dissertação.

À todos os que trabalham no Laboratório de Cultivo de Células, em

especial Ana Katarina Soares e Raphael Serquiz, pela disponibilidade em me ajudar,

pela troca de experiências e por todos os momentos engraçados vivenciados no

laboratório.

Aos colegas do curso de mestrado por compartilharem suas experiências, em

especial aos amigos Kerlison Paulino, Pryscyla Pascally, Haroldo Abuana e Anna

Angélica. Obrigado pelo companheirismo e ajuda durante todo esse tempo.

Aos amigos que a Biomedicina me deu, Juliana Alves, Hudson Bezerra,

Jannyce Guedes, Bruno Tardelli, Gabriela Diniz, Hermany Munguba, Hylarina

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Diniz, obrigada por fazerem parte do início da minha jornada pela vida científica, por

sempre acreditarem na minha capacidade e pela amizade.

Á Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em especial ao

Departamento de Morfologia e ao Departamento de Bioquímica por ter

proporcionado as condições necessárias para a realização deste trabalho e por serem a

extensão da minha casa.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e

ao REUNI pelo suporte financeiro na forma de bolsa de mestrado.

À toda minha família e amigos, que torceram para o sucesso deste trabalho e

pela compreensão em todos os momentos de ausência.

A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste

trabalho, meu sincero agradecimento!

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"Impossível é uma palavra muito grande

que gente pequena usa pra tentar nos derrubar”.

(Autor desconhecido)

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RESUMO Células-tronco da polpa dental humana têm sido amplamente investigadas em

razão da sua capacidade de diferenciar-se tanto em células dentais quanto não

dentais, com potencial de utilização em terapias envolvendo a engenharia de

tecidos. A técnica de criopreservação celular representa uma alternativa viável

para a conservação dessas células, já que cessa reversivelmente, de forma

controlada, todas as suas funções biológicas em uma temperatura ultra-baixa.

O presente estudo teve como objetivo avaliar, através de experimentos in vitro,

a influência de um protocolo de criopreservação na atividade biológica de

células-tronco da polpa de dentes humanos decíduos esfoliados (SHED).

Células obtidas da polpa de três dentes decíduos em estágio final de esfoliação

ou com exodontia indicada foram expandidas em meio de cultivo α-MEM

suplementado com antibióticos e 15% de soro fetal bovino. No segundo

subcultivo (P2), um grupo de células foi submetido a criopreservação por 30

dias em DMSO diluído a 10% em soro fetal bovino, a 80ºC negativos, enquanto

o restante seguiu em condições normais de cultivo. A proliferação celular em

ambos os grupos (criopreservado e não criopreservado) foi avaliada através do

método de coloração por azul de Tripan nos intervalos de 24, 48 e 72 horas

após o plaqueamento. Nestes mesmos intervalos foi realizada a análise do

ciclo celular das SHEDs submetidas ou não ao protocolo de criopreservação.

Os eventos relacionados à morte celular foram analisados através da

expressão de Anexina V e PI em citometria de fluxo, nos intervalos de 24 e 72

horas. A presença de alterações morfológicas nucleares foi avaliada através da

marcação por DAPI no intervalo de 72 horas. Observou-se que ambos os

grupos exibiram uma curva de proliferação celular ascendente, sem alterações

consideráveis na viabilidade celular ao longo do experimento. A distribuição

das células nas fases do ciclo celular foi coerente com células em proliferação

nos dois grupos. Não foram observados danos morfológicos nucleares no

intervalo final do experimento. Deste modo, conclui-se que o protocolo de

criopreservação proposto é eficiente para o armazenamento do tipo celular

estudado, permitindo a sua utilização em futuros estudos experimentais.

Palavras-chave: Polpa dental; células-tronco; criopreservação; cultivo celular.

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ABSTRACT Dental pulp stem cells have been widely investigated because of their ability to

differentiate into both dental and non-dental cells, with potential use in therapies

involving tissue engineering. The technique of cell cryopreservation represents

a viable alternative for the conservation of these cells, since it stops reversibly,

in a controlled manner, all of cell biological functions in an ultra low

temperature. The present study aimed to evaluate, using in vitro experiments,

the influence of a cryopreservation protocol on the biologic activity of stem cells

from human exfoliated deciduous teeth (SHED). Cells obtained from the pulp of

three deciduous teeth on end-stage exfoliation or with indicated extraction were

expanded in α-MEM culture medium supplemented with antibiotics and 15%

fetal bovine serum. At second subculture (P2), a group of cells were submitted

to cryopreservation for 30 days in 10% DMSO diluted in fetal bovine serum, at -

80º C, while the remind cells continued under normal conditions of cell culture.

Cell proliferation was evaluated in both groups (not cryopreserved or

cryopreserved) by Trypan blue stain essay at intervals of 24, 48 and 72h after

plating. Cell cycle analysis of SHEDs submitted or not to the cryopreservation

protocol was performed in the same intervals. Events related to cell death were

studied by Annexyn V and PI expression under flow cytometry at the intervals of

24 and 72h. The presence of nuclear morphological changes was evaluated by

DAPI staining at 72h interval. It was observed that both groups exhibited an

upward cell proliferation curve, without considerable changes in cell viability

throughout the experiment. The distribution of cell in the cell cycle phasis was

consistent with cell proliferation in both groups. There were no nuclear

morphological damages in the end range of the experiment. therefore, it is

concluded that the proposed cryopreservation protocol is efficient for storing

the studied cell type, allowing its use in future experimental studies.

Key-words: Dental pulp; Stem cells; Cryopreservation; Cell culture

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Desenho experimental. P35 – placa com 35 mm de diâmetro; P1

– primeiro subcultivo; P2 – segundo subcultivo; P3 – terceiro subcultivo;

P4 – quarto subcultivo ................................................................................... 32

Figura 2. Remoção do tecido pulpar ............................................................ 33

Figura 3. Curva de crescimento das SHEDs submetidas ou não à

criopreservação durante os intervalos de tempo analisados........................ 38

Figura 4. Imunomarcação das SHEDs com Anexina V/PI. Q1: Anexina V

negativo/PI positivo; Q2: Anexina V/PI positivos; Q3:Anexina V positivo/PI

negativo; Q4: Anexina V/PI negativos. (A) Grupo não-criopreservado,

intervalo de 24 horas; (B) Grupo criopreservado, intervalo de 24 horas; (C)

Grupo não-criopreservado, intervalo de 72 horas; (D) Grupo

criopreservado, intervalo de 72 horas............................................................

40

Figura 5. Distribuição das SHEDs nas fases do ciclo celular para os

diferentes grupos estudados, nos intervalos de tempo analisados. Os

valores da porcentagem de cada fase do ciclo representam as medias de

3 triplicatas ....................................................................................................

41

Figura 6. Fotomicrografia das células-tronco da polpa de dente decíduo

humano coradas com DAPI. A – grupo não-criopreservado; B – grupo

criopreservado (Imunofluorescência, 40x).....................................................

43

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Análise do crescimento das SHEDs em cada intervalo de tempo

nos diferentes grupos estudados................................................................... 39

Tabela 2. Percentual de viabilidade das SHEDs nos grupos estudados,

nos diferentes intervalos de tempo................................................................ 39

Tabela 3. Distribuição percentual das células em cada fase do ciclo celular

nos diferentes grupos estudados, em cada intervalo de tempo .................... 42

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ASC – do inglês adult stem cell– célula-tronco adulta

CD – marcador de superfície celular

CEP – Comitê de Ética em Pesquisa

CNPase –enzima 2', 3'-cyclic nucleotide 3'-phosphodiesterase

CO2 – gás carbônico

CTM – célula-tronco mesenquimal

DAPI – corante fluorescente 4'-6-Diamidino-2-phenylindole

DMSO – dimetilsulfóxido

DNA – ácido desoxirribonucléico

DP – desvio-padrão

DPSC – do inglês postnatal dental pulp stem cells - células-tronco da polpa de

dente permamente

EDTA – ácido etileno diamino tetracético

ESC – do inglês embrionic stem cell - célula-tronco embrionária

FITC – Fluorescina isoticianato

GFAP –do inglês glial fibrillary acidic protein – proteína ácida fibrial gliar

HA/TCP – hidroxiapatita associada a fosfatotricálcio

HLA-DR – do inglês human leukocyte antigen–DR – antígeno de leucócitos

humanos.

ISCT – do inglês International Society for Cellular Therapy – Sociedade

Internacional de Terapia Celular

MEM – do inglês minimum essential media– meio essencial mínimo

mg/mL – miligrama por mililitro

mL – mililitro

mM – milimolar

NeuN– do inglês neuronal nuclear antigen – antígeno nuclear neuronal

NFM – Neurofilamento M

nm – nanômetro

PBS – do inglês Phosphate-Buffered saline – solução salina tamponada com

sais de fosfato

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PDLSC – do inglês periodontal ligament stem cells – células-tronco do

ligamento periodontal

PE – Ficoeritrina

pH – potencial de hidrogênio iônico

PI – iodeto de propídeo

P1 – primeiro subcultivo

P2 – segundo subcultivo

P3 – terceiro subcultivo

P4 – quarto subcultivo

rpm – rotações por minuto

SFB – soro fetal bovino

SHED – do inglês stem cells from human exfoliated teeth - células-tronco da

polpa de dentes decíduos humanos esfoliados

TCLE – termo de consentimento livre e esclarecido

T24 – intervalo de tempo de 24 horas

T48 – intervalo de tempo de 48 horas

T72 – intervalo de tempo de 72 horas

UI/mL – unidades internacionais por mililitro

UV – ultravioleta

μg/mL – micrograma por mililitro

μm– micrometro

ºC – grau Celsius

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 17

2 REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................... 19

2.1 Características gerais das células-tronco ......................................... 19

2.2 Célula-tronco da polpa de dente decíduo humano – SHED ............. 21

2.3 Criopreservação................................................................................. 24

3 OBJETIVOS ............................................................................................... 29

3.1 Objetivo Geral ................................................................................... 29

3.2 Objetivos Específicos......................................................................... 29

4 METODOLOGIA ........................................................................................ 30

4.1 Implicações éticas ............................................................................. 30

4.2 Tipo de Estudo................................................................................... 30

4.3 Amostra ............................................................................................. 30

4.3.1 Critérios de inclusão e exclusão da amostra ........................... 30

4.4Local..................................................................................................... 31

4.5 Delineamento do Estudo ................................................................... 31

4.6 Obtenção das SHEDs........................................................................ 32

4.6.1 Obtenção e processamento dos dentes .................................. 32

4.6.2 Cultivo das células pulpares .................................................... 32

4.6.3 Confirmação da multipotencialidade celular ............................. 33

4.7 Criopreservação das SHEDs ............................................................ 33

4.8 Análise da proliferação celular .......................................................... 34

4.9 Avaliação da viabilidade e morte celular por Anexina V-FITC/PI ..... 35

4.10 Análise do ciclo celular ................................................................... 36

4.11 Análise de danos morfológicas nucleares ...................................... 36

4.12 Análise estatística ........................................................................... 37

5 RESULTADOS .......................................................................................... 38

5.1 Proliferação e viabilidade celular ...................................................... 38

5.2 Efeitos do protocolo de criopreservação sobre a viabilidade e

morte celular por Anexina V-FITC/ Iodeto de Propídeo ................................

39

5.3 Efeitos do protocolo de criopreservação sobre o ciclo celular .......... 40

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5.4 Efeitos do protocolo de criopreservação no núcleo celular .............. 42

6 DISCUSSÃO .............................................................................................. 44

7 CONCLUSÃO ............................................................................................ 49

REFERÊNCIAS ............................................................................................ 50

ANEXOS ....................................................................................................... 57

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1 INTRODUÇÃO

As células-tronco adultas são responsáveis pela reposição das células

dos tecidos onde se encontram ao longo de toda vida, tendo sido isoladas de

vários órgãos, incluindo diferentes porções do dente, como a polpa de dentes

permanentes (post natal human dental pulp stem cells – DPSCs), polpa de

dentes decíduos (stem cells from human exfoliated deciduous teeth – SHED)

(GRONTHOS et al., 2000; MIURA et al., 2003) e ligamento periodontal (human

periodontal ligament stem cells – PDLSC) (SEO et al., 2004; KRAMER et al.,

2004).

O uso de tecido pulpar de dentes humanos como fonte de células-tronco

multipotentes tem sido amplamente investigado, já que essas células

apresentam eficiência clonogênica quando orientadas e estimuladas com

fatores de diferenciação, tanto para formação de tecidos relacionados com as

estruturas dentárias, como para outras estratégias e terapias em engenharia de

tecidos. Essas células possuem a capacidade de se diferenciar em várias

linhagens celulares distintas in vitro, além de serem capazes de se diferenciar

em odontoblastos e direcionar a formação de um complexo semelhante à

dentina quando transplantadas em camundongos imunocomprometidos

(GRONTHOS et al., 2000; GRONTHOS et al., 2002; SHI, ROBEY,

GRONTHOS, 2001; BATOULI et al., 2003; MIURA et al. 2003; SEO et al. 2004;

BOWEN et al., 2006; KERKIS et al., 2006).

As células-tronco de origem dentária representam uma alternativa viável

para regeneração tecidual e a obtenção de células provenientes de dentes

decíduos esfoliados não apresenta implicações éticas e legais, por serem

obtidas a partir de um tecido que é “descartável” e facilmente acessível em

pacientes jovens (CORDEIRO et al., 2008), o que torna esses tecidos uma

fonte ideal de células-tronco para reparar estruturas dentais ou crânio-faciais

comprometidas por traumas ou outros processos patológicos, ou ainda induzir

a regeneração óssea dos maxilares.

O fato das crianças perderem, em média, 20 dentes decíduos, permite

múltiplas oportunidades para formação de um banco com essas células, o que

não ocorre com o sangue do cordão umbilical, por exemplo (VOLPONI, PANG,

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SHARPE, 2010). Assim, essas células precisam ser armazenadas para permitir

seu uso clínico posterior.

A necessidade de manter as células viáveis por um longo período de

tempo sem a perda de suas funções levou ao desenvolvimento de técnicas de

criopreservação, que têm como objetivo cessar reversivelmente, de forma

controlada, todas as funções biológicas dos tecidos vivos em uma temperatura

ultra-baixa, geralmente por volta de -196°C (DE SANTIS, PRATA, 2009).

Entretanto, é extremamente necessário determinar se o processo de

criopreservação afeta tanto a capacidade proliferativa das células

criopreservadas, como também o seu potencial de diferenciação.

Assim, considerando-se a possibilidade de criopreservação das células-

tronco da polpa de dentes decíduos para estudos futuros e ainda as

perspectivas clínicas de utilização destas células nos processos de reparo

tecidual, torna-se extremamente necessário determinar se o processo de

criopreservação afeta a viabilidade e a capacidade proliferativa destas células,

sendo este o objetivo do presente trabalho.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Características gerais das células-tronco

Nos organismos pluricelulares, vários tecidos apresentam capacidade de

renovação fisiológica que pode ser mantida durante toda a vida do indivíduo,

como a pele e o sangue. A manutenção do número de células, da matriz

extracelular, da arquitetura e da função dos órgãos ocorre devido à renovação

celular que depende, basicamente, da existência de células com capacidade de

auto-renovação e de diferenciação que são denominadas células de reserva ou

células-tronco (PERES, CURI, 2005; ZAGO, COVAS, 2006).

As células-tronco são definidas como células indiferenciadas que,

quando induzidas corretamente, apresentam grande capacidade de auto-

renovação e de diferenciação em tipos celulares especializados (BARRY, 2003;

HOFFMAN, CARPENTER, 2005; FRESHNEY, STACEY, AUREBACH, 2007).

Elas podem ser classificadas em dois tipos: células-tronco embrionárias e

células-tronco adultas. Outra forma de caracterização de tais células é pelo seu

potencial de originar um ou mais tipos de progênie especializada: totipotentes,

pluripotentes, multipotentes e unipotentes (KRABBE, ZIMMER, MEYER, 2005;

SERAKINCI, KEITH, 2006).

As células-tronco embrionárias (Embryonic Stem Cell – ESC) são

encontradas na fase embrionária, na massa celular interna do blastocisto

(embrioblasto) e vão dar origem aos mais de 200 tipos celulares diferentes dos

tecidos adultos. A capacidade dessas células de se multiplicarem em cultura

sem perder a pluripotência, assim como a possibilidade de diferenciação em

tipos celulares específicos, tornou as células-tronco embrionárias uma

poderosa ferramenta de pesquisa e uma promissora fonte de tecidos para

transplantes (ZAGO, COVAS, 2006). Todavia, as pesquisas com esse tipo

celular têm gerado conflitos de ordem política, moral e religiosa, o que vem

restringindo os avanços de estudos com esta fonte primária de células

totipotentes e pluripotentes. Além da questão ética – pela falta de consenso

sobre a origem da vida e a moralidade do seu uso –, estas células apresentam

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como desvantagens a dificuldade de controlar o potencial proliferativo e de

diferenciação, o que pode resultar na formação de teratomas justamente por

descontrole destas propriedades (THOMSON et al., 1998; SHAMBLOTT et al.,

1998; GRONTHOS et al., 2000; GOLDBERG, SMITH, 2004; MURRAY,

GARCIA-GODOY, HARGREAVES, 2007).

Já as células-tronco adultas ou somáticas (Adult Stem Cell– ASC),

também denominadas de células-tronco mesenquimais (CTM) são células

indiferenciadas, encontradas em tecidos especializados como a medula óssea

e tecido adiposo e ultimamente vêm sendo pesquisadas na polpa dental de

animais e de humanos, com evidência de se reprogramarem geneticamente

(HARADA et al., 1999; GRONTHOS et al., 2000; BIANCO et al., 2001). São

classificadas como células-tronco multipotentes por poderem se diferenciar em

diversas linhagens células e apresentarem um controle melhor dos processos

de diferenciação e proliferação in vitro. Essas células são autogênicas e

responsivas aos fatores de crescimento inerentes ao hospedeiro e sua

manipulação não implica em conflitos éticos ou morais. No entanto, o fato de

não serem pluripotentes e a sua presença em menor quantidade nos tecidos

representam suas principais desvantagens (SONG, BAKSH, TUAN, 2004;

SOARES et al., 2007).

As células-tronco praticamente não expressam ou expressam poucos

marcadores de superfície específicos, por isso sua caracterização não é tão

simples. Em 2006, a Sociedade Internacional de Terapia Celular (ISCT) propôs

um painel de marcadores de superfície celular para identificação de células-

tronco mesenquimais (CTM). Pelo menos 95% da população de CTMs devem

ser positivas para os seguintes marcadores: CD73, CD90 e CD105; e negativas

para CD34, CD45, CD11b ou CD14, CD19 ou CD79α, e HLA-DR. Outro

aspecto importante que caracteriza as células-tronco é a capacidade de

diferenciação em osteoblastos, condroblastos e adipócitos em condições de

cultivo celular (DOMINICI et al., 2006).

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2.2 Célula-tronco da polpa de dente decíduo humano – SHED

As células-tronco da polpa de dente decíduo humano esfoliado (SHED)

são células imaturas, não especializadas e que são capazes de se

diferenciarem em tipos celulares especializados. A obtenção destas células é

um processo simples, conveniente e com pouco ou nenhum trauma. Toda

criança perde os dentes decíduos, sendo esta uma oportunidade perfeita para

recuperar e armazenar células-tronco para tratar doenças ou lesões futuras.

Além disso, o uso autógeno destas células reduz o risco de reações

imunológicas ou rejeição de transplantes e também elimina a possibilidade de

contrair doenças de outro doador (ARORA, ARORA, MUNSHI, 2009).

GRONTHOS et al. (2000) foram os primeiros a isolar e expandir células

progenitoras odontogênicas de uma população de polpa de dente permanente

humano in vitro e observaram que elas eram capazes de auto-renovação e

diferenciação, in vitro e in vivo, denominando-as de DPSC (Dental Pulp Stem

Cell – células-tronco da polpa dental). Outros estudos têm isolado células

altamente proliferativas derivadas da polpa dentária mesmo após subcultivo

extensivo (BATOULI et al., 2003; NAKASHIMA, AKAMINE, 2005; SHI et al.,

2005).

SHEDs foram identificadas por MIURA et al. (2003) como sendo uma

população de células clonogênicas com alta capacidade proliferativa, capaz de

formar uma variedade de tipos celulares. Experimentos com este tipo celular

mostraram que há diferenças significativas entre a biologia de dentes decíduos

e de permanentes; e quando comparadas às células-tronco provenientes da

medula óssea e da polpa de dentes permanentes, notou-se que as SHEDs

apresentaram uma taxa de proliferação maior (NAKAMURA et al., 2009), maior

número de divisões celulares – o que pode facilitar sua expansão in vitro –

formação de colônias, capacidade de osteoindução in vivo e a formação de

tecido diferente do complexo dentina-polpa (MIURA et al., 2003). Esses autores

acreditam que as SHEDs representam uma população de células multipotentes

que se encontra em um estágio de maturidade inferior aquele verificado para

as DPSCs.

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As SHEDs aparecem por volta da sexta semana do desenvolvimento

pré-natal humano. Os cientistas acreditam que estas células-tronco se

comportam diferentemente das células-tronco adultas por se multiplicarem

rapidamente e se diferenciarem muito mais rápido do que as células estaminais

adultas, sugerindo que elas são menos maduras (diferenciadas), e

consequentemente, com potencial para se diferenciar em uma ampla variedade

de tipos teciduais (MIURA et al., 2003; SEO et al., 2008; ARORA, ARORA,

MUNSHI, 2009).

As células-tronco da polpa dental compartilham diversos marcadores

com células derivadas da medula óssea, como CD146, α-actina de músculo

liso, fosfatase alcalina, colágeno tipo I, osteonectina, osteopontina,

osteocalcina, colágeno tipo III e fator de crescimento de fibroblasto II. No

entanto, não foram identificados marcadores hematopoéticos como CD14,

CD45 e CD34 nessas células (GRONTHOS et al., 2000). Além desses

marcadores, há também a expressão de marcadores neurais (Nestina, βIII-

tubulina, NeuN, GFAP, NFM e CNPase) por ambas as linhagens, DPSC e

SHED, o que sugere a origem mesenquimal dessas células, fortalecendo a

hipótese de serem originadas das cristas neurais (GRONTHOS et al., 2002;

MIURA et a., 2003). Outro aspecto que aponta para uma origem dessas células

a partir das cristas neurais é a sua morfologia fibroblastóide. Quando células da

crista neural de embriões humanos foram isoladas, observou-se que elas

apresentaram morfologia semelhante à de fibroblastos, o que também se

verifica nas células-tronco embrionárias (THOMAS et al., 2008).

VOLPONI, PANG, SHARPE (2010) investigaram a crista neural como

possível origem das SHEDs. As células da crista neural são células

multipotentes que apresentam potencial de auto-renovação e de diferenciação

em várias linhagens celulares além de desempenharem um importante papel

no desenvolvimento dentário, pois originam os componentes mesenquimais

dos dentes, incluindo odontoblastos, tecido pulpar, ligamento periodontal e

vascularização apical. Os autores verificaram que as SHEDs são uma

população heterogênea e que apresentam características moleculares in vitro

semelhantes às demais células-tronco adultas e às células da crista neural.

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Estudos experimentais demonstram que células-tronco da polpa

requerem um meio indutor apropriado e um arcabouço composto por

hidroxiapatita e fosfato tricálcico (HA/TCP) para induzir a formação de osso,

cemento e dentina in vivo (GRONTHOS et al., 2000; BATOULI et al., 2003). As

células-tronco dos dentes decíduos demonstraram uma forte capacidade de

induzir formação óssea in vivo; apesar de não se diferenciarem diretamente em

osteoblastos nos transplantes, essas células foram capazes de induzir nova

formação óssea atraindo células osteogênicas hospedeiras (MIURA et al.,

2003).

SHI et al. (2005) realizaram um estudo utilizando células-tronco da polpa

dentária permanente humana, polpa de dentes decíduos humanos esfoliados e

do ligamento periodontal. O experimento in vitro demonstrou que as três

linhagens celulares formaram uma variedade de tecidos associados ao

complexo dentina/polpa, osso, músculo liso, tecido neural, e endotélio.

Transplantes xenógenos com carreador HA/TCP com DPSC ou SHED

geraram, no leito receptor, tecidos com diferentes camadas odontoblásticas e

uma estrutura de matriz dentinária mineralizada. Os autores concluíram que a

presença de populações distintas de células-tronco dentárias associada a

carreadores têm o potencial para regenerar estruturas dentárias.

CORDEIRO et al. (2008) avaliaram as características morfológicas dos

tecidos que se formaram quando fragmentos de dente humano (arcabouços

biodegradáveis) semeados com SHEDs foram transplantados em ratos

imunossuprimidos. Os autores observaram que os tecidos resultantes

apresentaram arquitetura e celularidade bem semelhantes ao de um tecido

pulpar. Assim, as SHEDs poderiam ser implantadas diretamente na câmara

pulpar de um dente severamente danificado para regenerar a polpa em seu

interior, evitando a necessidade de tratamento endodôntico (Arora, Arora,

Munshi, 2009).

SAKAI et al. (2010), objetivando estabelecer se os vasos sanguíneos da

papila dental são recrutados a partir do mesênquima vizinho, ou se as

populações locais de células-tronco são capazes de formarem estruturas

vasculares (angiogênese), utilizaram SHEDs semeadas em fragmentos de

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elementos dentários (arcabouço celular) e implantaram subcutaneamente em

camundongos imunocomprometidos. Os autores concluíram que as SHEDs se

diferenciam em células endoteliais, promovendo o processo de angiogênese, e

em odontoblastos capazes de gerarem dentina tubular.

2.3 Criopreservação

A criopreservação compreende uma técnica existente há várias

décadas, com objetivo de cessar reversivelmente, de forma controlada, todas

as funções biológicas dos tecidos vivos em uma temperatura ultra-baixa

(geralmente 196°C negativos). Durante este processo, é essencial que não se

formem cristais de gelo no interior das células. O processo de congelamento-

descongelamento é potencialmente prejudicial para a viabilidade celular, pois

durante o congelamento convencional a água precipita-se na forma de gelo e,

muitas vezes, leva a danos teciduais no citoplasma, influenciando o

citoesqueleto e até mesmo estruturas relacionadas ao genoma (MARTIN et al.,

2004).

A viabilidade das células submetidas ao processo de criopreservação

depende basicamente de sua capacidade de resistir a dois tipos de lesões: a

desidratação e o dano mecânico decorrente da formação de cristais de gelo no

seu interior (MAZUR, 1963). Esses dois tipos de lesões estão relacionados à

velocidade com que a suspensão celular é congelada: a primeira, em baixas

velocidades, enquanto a segunda, em altas velocidades. Portanto, o processo

de congelamento ideal deve evitar a formação de cristais de gelo no interior

das células, a fim de evitar lesões celulares, devendo-se aplicar uma

velocidade de congelamento ideal e controlada. Este processo deve levar em

consideração o tipo celular em questão, como também, o uso de agentes

crioprotetores que minimizem a formação de cristais de gelo e diminuam a

intensidade da desidratação celular (HUBEL, 1997; DE SANTIS, PRATA,

2009).

Mesmo com o controle da temperatura, podem ocorrer danos celulares

no processo de criopreservação. Esses danos podem ser explicados por três

fatores principais: o dano osmótico devido ao influxo e efluxo de água durante a

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adição e remoção de agentes crioprotetores (por exemplo, Dimetilsulfóxido -

Me2SO4); o dano mecânico, devido à formação de cristais de gelo intracelular;

e os efeitos dos solutos, geralmente descritos como danos químicos que

ocorrem devido a um aumento na concentração intracelular de íons como

consequência do congelamento. O grau dos danos causados por esses fatores

varia de acordo com a concentração dos agentes crioprotetores, da forma de

resfriamento e do perfil de aquecimento (KASHUBA BENSON, BENSON,

CRITSER, 2008).

O dimetilsulfóxido (DMSO) é o crioprotetor mais usado para a

criopreservação de células, em concentrações entre 5 e 10%, e atua reduzindo

ou neutralizando a formação de cristais de gelo intracelular e reduzindo

também a osmolaridade das membranas celulares. No entanto, o próprio

crioprotetor é tóxico para as células, podendo causar danos celulares de

acordo com a sua concentração (TEMMERMAN et al., 2008).

A fim de aperfeiçoar os protocolos de criopreservação, WOODS et al.

(2009) verificaram em seus estudos que o agente crioprotetor DMSO nas

concentrações de 0,5 M, 1,0 M e 1,5 M produziram melhores resultados em

relação a viabilidade celular do que os crioprotetores Propilenoglicol (PG) e

Etileno Glicol (EG), nas mesmas concentrações indicadas. O presente estudo

ainda demonstrou que é melhor criopreservar o extrato tecidual do que as

células já submetidas ao processo de digestão enzimática prévia em 10% de

DMSO, pois se acredita que o tecido submetido à digestão enzimática antes da

criopreservação sofre certo grau de comprometimento primário na estrutura da

membrana celular, além do potencial estresse sofrido por essa membrana, pelo

agente crioprotetor.

OH et al. (2005) verificaram que a criopreservação parece não exercer

influência negativa sobre a viabilidade e a capacidade de diferenciação de

fibroblastos do ligamento periodontal quando combinada com uma taxa de

congelamento controlada. O uso do DMSO garantiu a sobrevivência da maioria

das células periodontais. Nesse estudo, análise imuno-histoquímica para a

atividade da fosfatase alcalina foi utilizada para avaliar a capacidade de

diferenciação dessas células após congelamento e descongelamento. Como

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resultado, tanto no grupo controle quanto no grupo experimental

(criopreservado), foi possível observar positividade celular de mesma

intensidade para a fosfatase alcalina, não havendo, portanto, divergências

significativas entre os dois grupos estudados.

Outro estudo, também realizado em fibroblastos do ligamento

periodontal obtidos a partir de terceiros molares humanos, avaliou o efeito de

um protocolo de criopreservação com decréscimo controlado da temperatura

de congelamento (TEMMERMAN et al., 2008). Os resultados mostraram que a

integridade da membrana, a capacidade de proliferação celular e a expressão

de fosfatase alcalina não foram influenciados pela criopreservação. Não houve

diferença estatisticamente significante entre as células criopreservadas (grupo

experimental) e as não-criopreservadas (grupo controle).

BRUDER, JAISWAL, HAYNESWORTH (1997), utilizando células-tronco

mesenquimais derivadas da medula óssea humana, compararam células que

foram submetidas à criopreservação com células não-criopreservadas e

descobriram que estas células poderiam ser descongeladas e cultivadas por

várias passagens, sem nenhuma influência perceptível em suas características

biológicas.

Em estudo para verificar se as células-tronco de polpa dentária de ratos

e sua linhagem de osteoblastos, diferenciados em cultura in vitro, mantinham

suas propriedades morfofuncionais e de diferenciação após serem

criopreservadas por um período de dois anos, PAPACCIO et al. (2006)

observaram que as células-tronco descongeladas voltaram a formar colônias

aderentes após 12 horas de cultivo e recomeçaram a proliferar após 48 horas.

Esses resultados fornecem evidências de que essas células podem ser

facilmente criopreservadas e recuperadas, revelando ainda que não houve

nenhuma diferença significativa na proliferação entre as células mantidas a

uma temperatura convencional e as criopreservadas.

Utilizando células-tronco isoladas a partir da polpa dentária de terceiros

molares humanos, ZHANG et al. (2006) demonstraram que a criopreservação

dessas células em nitrogênio líquido, por um período de 30 dias, não alterou a

sua capacidade de diferenciação celular. Após o período de criopreservação,

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todas as culturas de células da polpa dentária foram recuperadas e cultivadas

em meios indutores de diferenciação neurogênica, osteogênica/odontogênica,

adipogênica, miogênica e condrogênica. Os resultados mostraram que sob a

influência destes cinco diferentes meios, as células submetidas à

criopreservação mantiveram o potencial de proliferação e diferenciação.

Com o objetivo de avaliar a capacidade multipotencial e proliferativa das

células-tronco derivadas de tecido adiposo humano criopreservadas, GONDA

et al. (2008) mantiveram essas células em baixas temperaturas (-196ºC) por 6

meses. Após esse período, observaram que o grupo de células

criopreservadas demonstrou potencial de proliferação e diferenciação

osteogênica, adipogênica e condrogênica, semelhante ao grupo de células não

criopreservadas. Uma diferença destacada pelos autores foi a maior

variabilidade no potencial de diferenciação condrogênica para as células

criopreservadas.

DING et al (2010) avaliaram o efeito da criopreservação em células

mesenquimais indiferenciadas da papila apical de terceiros molares humanos

sob a taxa de proliferação celular, na eficiência de formação de colônias, no

potencial de diferenciação celular, na expressão de marcadores de superfície

de CTM, na cariotipagem e em ensaios imunológicos. Este estudo demonstrou

que as propriedades biológicas e imunológicas das células mesenquimais

indiferenciadas da papila apical criopreservadas não foram afetadas, apoiando

a viabilidade destas células quando submetidas à criopreservação em

nitrogênio líquido.

TEMMERMAN et al. (2010) avaliaram a viabilidade in vitro de tecidos

pulpares humanos isolados de terceiros molares após serem submetidos à um

processo de criopreservação. Em seus experimentos, não foi demonstrado

diferença significativa na capacidade de crescimento entre os fibroblastos

criopreservados e não criopreservados isolados dos tecidos pulpares. Assim, a

viabilidade do tecido pulpar isolado pode ser mantida durante a

criopreservação, desde que os procedimentos padrões sejam utilizados – por

exemplo, o uso de um agente crioprotetor e o controle da temperatura de

congelamento.

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VASCONCELOS et al. (2012), estudando o efeito de um protocolo de

criopreservação com controle de temperatura (2h, a 4oC, 18h a -20ºC e

armazenamento a 80°C negativos), durante um período de 30 dias, em células

mesenquimais indiferenciadas do ligamento periodontal humano, observaram

que não houve diferença significativa entre as células criopreservadas e não

criopreservadas em relação à capacidade proliferativa dessas células. Desse

modo, o protocolo utilzado não exerceu influência negativa no crescimento in

vitro do tipo celular estudado.

Um novo protocolo de criopreservação vem sendo aplicado em bancos

de dentes. A criopreservação a partir de freezer programando com um campo

magnético ainda é uma técnica recente e com um custo mais elevado, mas

com resultados bastante satisfatórios no momento da implantação do dente,

sugerindo uma criopreservação de qualidade das células do ligamento

periodontal (KAKU et al., 2010). LEE et al. (2012), objetivando avaliar o uso

desse método de criopreservação em células-tronco da polpa dentária,

submeteram essas células ao congelamento convencional (slowfreezing) e ao

congelamento magnético. Foi avaliado, após o descongelamento das células, a

viabilidade, a adesão e a proliferação celular, como também a expressão de

marcadores para CTM, a capacidade de diferenciação e a estabilidade do

DNA. Os resultados indicaram que as células submetidas ao congelamento

magnético tiveram uma melhor adesão e proliferação celular quando

comparado as células congeladas convencionalmente. Em relação ao potecial

de diferenciação adipogênica, não houve diferença em relação aos grupos; já

quando as células foram submetidas a diferenciação osteogênica, o grupo

congelado magneticamente respondeu melhor a indução em relação ao grupo

convencional. Por fim, ao avaliar a estabilidade do DNA a partir do teste

cometa, não foi observada uma cauda longa em nenhum dos grupos, indicando

que os protocolos não causaram danos ao DNA.

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3 OBJETIVO

3.1 Objetivo geral

O presente estudo teve como objetivo avaliar, através de

experimentos in vitro, a influência de um protocolo de

criopreservação, após 30 dias, na atividade biológica das células-

tronco da polpa de dente decíduo humano esfoliado (SHED).

3.2 Objetivos específicos

Avaliar a influência do protocolo de criopreservação proposto na

viabilidade e na capacidade de proliferação das SHEDs, durante os

intervalos de 24, 48 e 72 horas;

Identificar a possível presença de danos morfológicos nucleares nas

células submetidas ao protocolo de criopreservação proposto.

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4 METODOLOGIA

4.1 Implicações Éticas

O presente trabalho foi aprovado pelo comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CEP/UFRN – parecer nº

232/2011) (Anexo I). Todos os responsáveis pelos voluntários da pesquisa

receberam um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Anexo II),

explicando a realização do estudo, os objetivos, os riscos e os benefícios aos

quais estariam expostos, de acordo com as Diretrizes e Normas

Regulamentadoras do Conselho Nacional de Saúde (Resolução n° 196/96).

4.2 Tipo de Estudo

Estudo experimental in vitro.

4.3 Amostra

Foram utilizados no experimento 3 (três) dentes decíduos em estágio

final de esfoliação ou com exodontia indicada, obtidos de crianças com idade

entre 06 e 12 anos, para a obtenção das SHEDs. Os dentes foram coletados

após a assinatura do TCLE por parte dos respectivos responsáveis.

4.3.1 Critérios de inclusão e exclusão da amostra

Foram incluídas na amostra polpas dentárias de pacientes de ambos os

sexos, independente de raça, com idade entre 06 e 12 anos, com bom estado

de saúde sistêmica e bucal, apresentando dentes decíduos com mobilidade e

com diagnóstico radiográfico de rizólise dos terços apical e médio da raiz e que

desejaram contribuir para o estudo (com autorização do responsável) doando

os dentes extraídos através da assinatura do TCLE.

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Foram excluídas do estudo as polpas dentárias de paciente que

apresentaram alguma alteração sistêmica ou local (ex: gengivite severa,

abscessos, infecção fúngica, bacteriana).

4.4 Local

A extração dos dentes e o seu processamento inicial (acondicionamento

em meio de cultura apropriado após as exodontias) foram executados na

Clínica de Odontopediatria do Departamento de Odontologia da UFRN. O

estudo experimental foi conduzido no laboratório de cultura de células do

Departamento de Bioquímica da UFRN.

4.5 Delineamento do Estudo

Nos experimentos foram utilizadas células extraídas de polpas dentárias

de três dentes decíduos, divididas em dois grupos:

Grupo I (controle): cultivo imediato das SHEDs.

Grupo II: criopreservação, durante 30 dias, das SHEDs para posterior

cultivo de maneira semelhante ao grupo I.

As células dos dois grupos foram utilizadas em experimentos para

avaliar a capacidade proliferativa e identificar eventos relacionados ao ciclo

celular, à morte celular e à integridade nuclear como mostra a figura 1.

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Figura 1. Desenho experimental. P35 – placa com 35 mm de diâmetro; P1 – primeiro

subcultivo; P2 – segundo subcultivo; P3 – terceiro subcultivo; P4 – quarto subcultivo.

4.6 Obtenção das SHEDs

4.6.1 Obtenção e processamento dos dentes

Após a exodontia, cada dente foi imediatamente mantido em tubo tipo

Falcon de 15mL contendo 5mL de meio alfa-MEM. Os tubos foram mantidos

em condição hipotérmica (em isopor contendo gelo), para serem transportados

ao laboratório de cultura de células do Departamento de Bioquímica do Centro

de Biociências da UFRN, onde foram adequadamente processados.

Em câmara de fluxo laminar, os dentes foram submetidos a três

lavagens de 10 minutos cada, com uma solução contendo meio alfa-MEM

enriquecido com 10.000 U.I./mL de Penicilina, 10.000 µg/mL de Estreptomicina,

100 mg/mL de Gentamicina e 250 µg/mL de Anfotericina B, objetivando

eliminar possível contaminação. Depois de processados, os dentes estavam

aptos para a obtenção e cultivo das SHEDs.

4.6.2 Extração das células pulpares

O tecido pulpar foi cuidadosamente retirado por curetagem (Figura 2) e,

em seguida, o extrato foi submetido à digestão enzimática com 3 mg/mL de

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colagenase I (Gibco,USA) e 4mg/mL de dispase (Gibco, USA), por 1 hora a

37°C. Em seguida a solução foi aspirada e processada em filtro de 70 µm (BD

Falcon, USA); a suspensão foi centrifugada a 1200 rpm durante 8 minutos e o

sobrenadante retirado. As células precipitadas foram então ressuspensas e

cultivadas em placas de Petri de 35 mm de diâmetro (TTP®, USA), contendo

meio básico α-MEM (Cultilab, Brasil) suplementado com 15% de soro fetal

bovino – SFB (Cultilab, Brasil). As culturas foram mantidas a 37ºC em 5% de

CO2 até atingirem 70 – 90% de confluência, com troca de meio a cada três

dias.

Figura 2. Remoção do tecido pulpar.

4.6.3 Confirmação da multipotencialidade celular

Com o objetivo de caracterizar as células pulpares como células-tronco

multipotentes, uma alíquota de células foi cultivada, em P1, em meios de

diferenciação osteogênico e adipogênico (StemPro® Differentiation Kits,

InvitrogenCorp., Carlsbad, CA, USA) por até 21 dias. Após este período, as

células foram analisadas em microscopia de luz e exibiram características

morfológicas de células osteoblásticas (deposição de matriz mineralizada) e de

adipócitos (vacúolos de lipídeos no citoplasma), comprovando a natureza

multipotencial dessas células.

4.7 Criopreservação das SHEDs

Na segunda passagem (P2), uma alíquota de 1 x 106 células de cada

dente passou pelo processo de criopreservação. As SHEDs foram imersas em

soro fetal bovino com 10% de dimetilsulfóxido (DMSO) em criofrascos de 2 mL

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e submetidas ao seguinte protocolo de criopreservação: 2 horas à 4º C, 18

horas à -20ºC, e então mantidas à 80ºC negativos. Essas células foram

mantidas criopreservadas por um período de 30 dias, e, após esse período, as

mesmas foram descongeladas para seguir com o protocolo de cultivo celular

semelhante ao grupo I.

Os criofrascos contendo as SHEDs foram descongelados através do

contato imediato em água a 37°C em banho-maria. As células obtidas foram

cuidadosamente lavadas para remover todo o crioprotetor e em seguida foram

centrifugadas a 1200 rpm por 8 minutos; o sobrenadante foi aspirado e as

células ressuspendidas em meio de cultura e cultivadas.

4.8 Análise da proliferação celular

Na terceira passagem (P3), as SHEDs de cada grupo foram cultivadas em

placas de 24 poços, na densidade de 3 x 104 células/poço. Para análise da

proliferação celular e obtenção da curva de crescimento nos diferentes grupos

foram utilizados os dados obtidos das contagens de células aderidas às

superfícies plásticas de quatro poços de cultivo celular (n=4), para cada polpa

obtida, nos intervalos de 24, 48 e 72 horas após o plaqueamento.

Para isso, o meio foi removido dos poços e as células lavadas com PBS.

Em seguida foi adicionado aos poços 500 µL de tripsina/EDTA (Gibco, USA)

por 5 minutos. A suspensão celular foi colocada em tubo cônico tipo falcon com

o mesmo volume de meio α-MEM com o objetivo de inativar a tripsina. A

suspensão foi centrifugada a 1200 rpm durante 8 minutos, sobrenadante

retirado e as células ressuspensas em 1 mL de meio. Uma alíquota dessa

suspensão foi separada para a contagem celular.

O número de células colhidas de cada poço foi obtido pela contagem de

células viáveis através do uso de hemocitômetro e do corante azul de tripan,

obedecendo-se a seguinte equação matemática:

Número de células viáveis contadas x diluição x 104

Número de quadrantes usados para contagem

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O percentual de viabilidade da população celular foi obtido através do

seguinte cálculo:

Número de células viáveis x 100 Número total de células contadas

Para controlar possíveis vieses de aferição que poderiam acontecer,

apenas um pesquisador realizou a contagem celular em todos os intervalos de

tempo, em ambos os grupos.

4.9 Avaliação da viabilidade e morte celular por Anexina V-FITC/ Iodeto de

Propídeo

Para avaliar os efeitos do protocolo de criopreservação utilizado sobre a

morte celular, foi utilizado o kit FITC/Annexin V Dead Cell Apoptosis Kit with

FITC Annexin and PI, for Flow Cytometry (Invitrogen Corp., Carlsbad, CA,

USA). O marcador anexina V-FITC permite detectar os estágios iniciais de

apoptose devido ao fato de se ligar preferencialmente a fosfolipídios

negativamente carregados (fosfatidilserina) expostos no início do processo

apoptótico, enquanto o iodeto de propídeo (PI) permite avaliar os momentos

finais deste processo de morte celular, por ser um marcador que interage com

o DNA, mas não é capaz de atravessar a membrana plasmática, devido ao seu

alto peso molecular. Assim, a marcação positiva para PI indica que há poros na

membrana, fenômeno característico de processos de necrose ou estágio final

de apoptose.

Para isso, as células foram cultivadas em triplicata, em placas de 6

poços na densidade de 2 x 105 células/poço. Após 24 e 72 horas de cultivo, as

células foram tripsinizadas, coletadas e lavadas com tampão PBS gelado. O

sobrenadante foi descartado e as células ressuspendidas em 200 µL de

Binding Buffer 1X. Foi adicionado 3 µL de Annexin V – FITC e 1 µL da solução

de PI a 100 µg/mL. As células foram incubadas por 15 minutos em temperatura

ambiente e mantidas sob proteção de luz. Após o período de incubação, foram

adicionados 400 µL de tampão de ligação para anexina V 1X e as células foram

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analisadas em citômetro de fluxo, medindo a emissão de fluorescência a 530

nm e 575 nm. A população foi separada em três grupos: células viáveis (baixos

níveis de fluorescência), células apoptóticas (fluorescência verde) e células em

necrose (fluorescência em verde e vermelho). Os dados foram analisados a

partir do software FlowJo v. 7.6.3 (Tree Star, Inc.).

4.10 Análise do Ciclo Celular

Para a avaliação dos efeitos do protocolo de criopreservação sobre o

ciclo celular, os tubos de citometria utilizados no ensaio anterior foram

reutilizados. Após a análise com Anexina V-FITC/ PI, as células foram lavadas

com tampão PBS gelado e o sobrenadante descartado. O pellet com as células

foi então incubado com paraformaldeído 2% por 30 minutos, lavado com PBS

gelado e permeabilizado com saponina 0,01% por 15 minutos. Após este

procedimento, as células foram incubadas com 10 µL de RNAse (4 mg/mL) a

37ºC por 30 minutos. Foram adicionados 5 µL de Iodeto de Propídeo (25

mg/mL), juntamente com 200 µL de PBS gelado às células e levadas ao

citômetro de fluxo para análise do ciclo celular (585/42 nm). Para análise dos

dados, o software FlowJo v. 7.6.3 (Tree Star, Inc.) foi utilizado.

4.11 Análise de danos morfológicas nucleares

Mudanças na morfologia celular indicativas de apoptose (condensação

de cromatina e fragmentação nuclear) foram avaliadas utilizando o corante

DAPI (4’,6’-diamidino-2-fenilindol).

As SHEDs foram cultivadas em lamínulas circulares de 13 mm em uma

placa de 24 poços, na densidade de 3 x 104 células/poço. Após 72 horas de

cultivo, as células foram lavadas com tampão fosfato gelado (PBS), fixadas

com 4% de paraformaldeído por 20 minutos e permeabilizadas em Triton X-100

0,1% por cerca de 20 minutos. Posteriormente, as células foram lavadas

novamente com PBS e incubadas com DAPI na concentração de 1 µg/mL por

30 minutos, protegidas da luz, em temperatura ambiente. Após a incubação

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com o DAPI, as células foram colocadas sobre lâminas e mantidas em

Fluoromount-G/PBS na proporção de 2:1 v/v, com intuito de preservar a

morfologia das células. As células foram visualizadas por microscopia de

fluorescência utilizando o filtro de fluorescência 330-380 nm. O experimento foi

realizado em duplicata.

4.12 Análise estatística

Para o estudo da proliferação in vitro, cada dado das contagens

corresponde à média dos 12 poços de cultura em cada intervalo de tempo,

para cada grupo experimental. Já nos experimentos que identificam eventos

relacionados ao ciclo e à morte celular, cada dado corresponde a média dos 9

poços de cultura em cada intervalo de tempo, para cada grupo experimental.

Tais médias foram submetidas à análise não paramétrica. A diferença

entre os grupos para cada um dos tempos estudados (24, 48 e 72 horas) foi

analisada pelo teste estatístico de Mann-Whitney, considerando-se um nível de

significância de 5% (p<0,05).

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5 RESULTADOS

5.1 Proliferação e viabilidade celular

O potencial proliferativo das células-tronco da polpa de dentes decíduos

(SHED) foi avaliado através da construção de curvas de proliferação, utilizando

o azul de tripan. Ainda utilizando o azul de tripan foi possível avaliar a

viabilidade das SHEDs submetidas ou não ao protocolo de criopreservação

proposto.

A curva de crescimento das SHEDs nos diferentes grupos estudados

(não-criopreservado e criopreservado) é ilustrada na figura 3. Ambos os grupos

apresentaram um aumento no número de células no decorrer do experimento,

sendo o grupo não submetido ao protocolo de criopreservação, aquele que

exibiu maior índice proliferativo, a partir do intervalo de 48 horas.

Figura 3. Curva de crescimento das SHEDs submetidas ou não à criopreservação durante os

intervalos de tempo analisados.

Comparando-se a media dos grupos estudados, observa-se que, apesar

de não haver diferenças estatisticamente significativas em nenhum dos

intervalos de tempo estudados (p>0,05), o grupo não-criopreservado mostrou

uma tendência a proliferar mais evidente do que no grupo submetido ao

protocolo de criopreservação, nas ultimas 24 horas do experimento (Tabela 1).

0

2

4

6

8

10

12

T24 T48 T72

de c

élu

las

(x10

4)

Não-crio

Crio

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Tabela 1. Análise do crescimento das SHEDs em cada intervalo de tempo nos diferentes

grupos estudados.

DP = desvio-padrão.

*Mann-Whitney

A tabela 2 mostra que o percentual de viabilidade das SHEDs não sofreu

alterações significativas durante o experimento, independente do grupo

analisado.

Tabela 2. Percentual de viabilidade das SHEDs nos grupos estudados, nos diferentes

intervalos de tempo.

VIABILIDADE (%)

T24 T48 T72

Não-crio 100 100 97,7

Crio 98,8 99,4 99,4

5.2 Efeitos do protocolo de criopreservação sobre a viabilidade e morte

celular por Anexina V-FITC/ Iodeto de Propídeo

A partir dos dot-plots obtidos na citometria é possível observar que tanto

no intervalo de 24 horas, quanto no de 72 horas, as células de ambos os

grupos representavam 99% de células viáveis (figura 4). Por esta razão, as

células não tiveram marcação positiva nem para a Anexina V, nem para o

Iodeto de Propídeo (PI) já que ambos são marcadores de morte celular.

Não-crio Crio

p* Média ± DP Média ± DP

T24 2,5 ± 0,1 2,5 ± 0,1 0,7950

T48 5,2 ± 1,2 4,8 ± 0,6 0,4747

T72 10,0 ± 2,1 7,1 ± 1,2 0,0690

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Figura 4. Imunomarcação das SHEDs com Anexina V/PI. Q1:Anexina V negativo/PI positivo;

Q2: Anexina V/PI positivos; Q3:Anexina V positivo/PI negativo; Q4: Anexina V/PI negativos. (A)

Grupo não-criopreservado, intervalo de 24 horas; (B) Grupo criopreservado, intervalo de 24

horas; (C) Grupo não-criopreservado, intervalo de 72 horas; (D) Grupo criopreservado, intervalo

de 72 horas.

5.3 Efeitos do protocolo de criopreservação sobre o ciclo celular

A análise do ciclo celular para as SHEDs nos diferentes grupos e

intervalos de tempo encontra-se representada na figura 5, que ilustra a

porcentagem de células em cada fase do ciclo.

(A)

(C)

(B)

(D)

PerC

P-C

y5-5

-A

PerC

P-C

y5-5

-A

FITC-A

PerC

P-C

y5-5

-A

PerC

P-C

y5-5

-A

FITC-A

FITC-A FITC-A

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Figura 5. Distribuição das SHEDs nas fases do ciclo celular para os diferentes grupos

estudados, nos intervalos de tempo analisados. Os valores da porcentagem de cada fase do

ciclo representam as medias de 3 triplicatas.

Como demonstrado na tabela 3, 24 horas após o plaqueamento, ambos

os grupos experimentais estavam com a porcentagem de células em G0/G1

praticamente idênticas; já na fase S e G2/M, o grupo de células

criopreservadas apresentou, respectivamente, um percentual menor e maior de

células nestas fases, porém sem diferença estatística significante quando

comparado ao controle (não-criopreservado) (p>0,05). No intervalo de 48 horas

(T48), o percentual de células em S aumentou em ambos os grupos

demonstrando que as células estavam em fase de duplicação de material

genético, ou seja, proliferando. Por fim, no último intervalo de tempo analisado

foi possível observar diferença estatisticamente significante na fase G0/G1

(p=0,0270). No grupo controle, aproximadamente 65% das células estavam

distribuídas nas fases S e G2/M, enquanto no grupo onde as SHEDs tinham

G0/G1

S

G2/M

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sido submetidas ao protocolo de criopreservação proposto apenas cerca de

50% das células se encontravam nestas fases.

Tabela 3. Distribuição percentual das células em cada fase do ciclo celular nos diferentes

grupos estudados, em cada intervalo de tempo.

Não-crio Crio

p* Média ± DP Média ± DP

G0/G1 46,2 ± 8,4 44,9 ± 10,4 >0,999

24 horas S 40,8 ± 12,8 35,3 ± 15,1 0,5714

G2/M 13,1 ± 8,6 19,8 ± 8,0 0,1626

G0/G1 43,1 ± 6,7 45,0 ± 8,0 0,9648

48 horas S 51,4 ± 3,0 49,1 ± 6,4 0,5187

G2/M 5,4 ± 3,9 5,9 ± 6,1 0,6088

G0/G1 37,5 ± 13,5 50,4 ± 4,2 0,0270

72 horas S 44,2 ± 15,4 37,2 ± 8,8 0,4470

G2/M 18,3 ± 21,2 12,4 ± 8,3 0,9517

DP = desvio-padrão

*Mann-Whitney; os números em negrito indicam diferença estatística (p<0.05).

De uma forma geral, a porcentagem de células na fase G0/G1 se

manteve constante durante todo o experimento em ambos os grupos e a

diferença do percentual de células distribuídas nas fases proliferativas do ciclo

entre os grupos, no último intervalo de tempo, confirma os resultados

encontrados utilizando o azul de tripan.

5.4 Efeitos do protocolo de criopreservação no núcleo celular

Na análise em microscopia de fluorescência não foram observadas

alterações morfológicas, como fragmentações nucleares e núcleos picnóticos,

tanto nas células do grupo controle (não-criopreservado) quanto no grupo

criopreservado (Figura 6).

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Figura 6. Fotomicrografia das células-tronco da polpa de dente decíduo humano coradas com

DAPI, no intervalo de 72 horas. A – grupo não-criopreservado; B – grupo criopreservado

(Imunofluorescência, x40).

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6 DISCUSSÃO

Os dentes decíduos humanos têm sido relatados na literatura como uma

fonte promissora para obtenção de células-tronco mesenquimais, que poderão

ser usadas para diversas aplicações clínicas, incluindo a engenharia de tecido

dentário (MIURA et al., 2003), reparo de defeitos ósseos (ZHENG et al., 2009)

e até mesmo no tratamento de lesões do tecido neural e doenças

degenerativas (HUANG, GRONTHOS, SHI, 2009; MORSEZECK et al., 2010),

por esta razão a importância de estudos mais avançados nesta área.

O potencial de aplicação clínico das células-tronco da polpa de dentes

decíduos (SHED) é atribuído principalmente ao seu isolamento simples e

conveniente e ainda à sua imunogenicidade insignificante – permitindo, assim,

seu uso em transplantes alogênicos sem a utilização de imunossupressores

(PIERDOMENICO et al., 2005; NOEL et al., 2007; HUANG, GRONTHOS, SHI,

2009). Por conseguinte, estas células são consideradas importantes para

criação de bancos celulares, o que requer a sua conservação por longos

períodos de tempo (ARORA, ARORA, MUNSHI, 2009; PETROVIC,

STEFANOVIC, 2009; SLOAN, WADDINGTON, 2009).

As técnicas de criopreservação vêm sendo amplamente investigadas,

com o intuito de proporcionar o armazenamento de células e tecidos a longo

prazo, minimizando os danos celulares, com a finalidade de disponibilizá-los

para uso posterior (XU et al., 2012). Neste sentido, tanto o procedimento de

criopreservação quanto o descongelamento das células-tronco mesenquimais

podem exercer importantes efeitos sobre a viabilidade e a capacidade de

proliferação e de diferenciação destas células (MAMIDI et al., 2012), o que

reforça a busca de protocolos simples, eficientes e seguros para a

criopreservação de cada tipo celular, através de experimentos como os

realizados no presente estudo.

Vários estudos têm demonstrado que células-tronco isoladas de dentes,

seja do ligamento periodontal, da polpa dental e/ou da papila apical, podem ser

criopreservadas com sucesso, mantendo a viabilidade após o processo de

descongelamento (TEMMERMAN et al., 2008; WOODS et al., 2009; DING et

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al., 2010). No presente trabalho foi possível observar que as SHEDs

submetidas ao protocolo de criopreservação proposto não sofreram alteração

na capacidade proliferativa, nem na viabilidade, corroborando com o proposto

na literatura.

No presente estudo, a análise da proliferação celular nos grupos

estudados (células não-criopreservadas e criopreservadas) demonstrou uma

tendência à proliferação nos três intervalos de tempo (24, 48 e 72 horas),

confirmando que as SHEDs, quando submetidas ao protocolo de

criopreservação proposto, mantiveram sua capacidade proliferativa. Estes

resultados são concordantes com os encontrados na literatura (OH et al, 2005;

SEO et al., 2005; PERRY et al., 2008, TEMMERMAN et al., 2010; MA et al.,

2012; MAMIDI et al., 2012), indicando que o processo de congelamento e

descongelamento não exerce influências negativas sobre a proliferação de

células-tronco mesenquimais. De fato, a curva de proliferação do presente

estudo, obtida pelo método do azul de tripan, demonstra que o grupo não-

criopreservado exibiu uma média maior quando comparado ao grupo

criopreservado no último tempo experimental, porém sem diferença

estatisticamente significante. Este dado foi confirmado nos experimentos de

citometria de fluxo que avaliaram o ciclo celular, já que no intervalo de 72

horas, o percentual de células do grupo não-criopreservado que se

encontravam nas fases proliferativas do ciclo (S, G2/M) era superior ao do

grupo criopreservado. Observou-se que, apesar de não existirem diferenças

estatisticamente significativas entre os grupos, os resultados demonstraram

uma tendência de proliferação maior no grupo controle, a partir de 72 horas.

Em relação ao tempo de criopreservação adotado, os estudos

disponíveis na literatura relatam tempos distintos que variam desde um dia (24

horas) até intervalos maiores de tempo (PAPACCIO et al., 2006; GONDA et al.,

2008). O tempo de avaliação utilizado neste trabalho baseou-se em estudos

mais recentes, que avaliaram o processo de criopreservação após 30 dias

(WOODS et al., 2009, TEMMERMAN et al., 2010; VASCONCELOS et al.,

2012). Os resultados encontrados corroboram os destes últimos trabalhos, sem

diferenças significativas na proliferação e na capacidade de diferenciação

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celular das células criopreservadas quando comparadas com as não

criopreservadas.

MA et al. (2012) observaram que SHEDs obtidas de tecidos pulpares

criopreservados por mais de 2 anos (25-30 meses) mantinham as

características de células-tronco como a capacidade de auto-renovação,

multipotêncialidade, capacidade de regenerar tecidos in vitro e efeito

imunomodulatório in vivo. É possível que o tempo em que as células

permanecem criopreservadas possa afetar a sua viabilidade, porém períodos

mais curtos como o utilizado neste estudo (30 dias) ou mais longos (25-30

meses) como o estudado por MA et al. (2012), demonstraram não serem

capazes de alterar a proliferação celular.

A maioria dos protocolos de criopreservação para as células-tronco

mesenquimais apresentado na literatura conserva as células em uma

temperatura de -196oC (nitrogênio líquido) (GONDA et al., 2008; MARTINELLO

et al., 2011; MIYAMOTO et al., 2012). Todavia, isso gera um alto custo de

manutenção e não está acessível a todos os laboratórios de pesquisa. No

presente estudo, utilizou-se um protocolo mais simples, mais acessível e de

baixo custo, mantendo as células a uma temperatura de -80oC e ainda assim

preservando a sua viabilidade.

WOODS et al. (2009) congelaram células-tronco da polpa de dentes

permanentes por 1 semana, 1 mês e 6 meses em temperaturas de -196ºC

(nitrogênio líquido) e -85ºC, e observaram que não houve diferença na taxa

proliferativa, nem na capacidade de diferenciação celular entre os grupos

estudados, em nenhum dos intervalos de tempo. Com isso, conclui-se que

células expandidas em cultura podem ser armazenadas a -80/-85ºC por pelo

menos seis meses e, provavelmente, por períodos de tempo maiores, sem

causar danos às células, fato também comprovado neste trabalho.

A criopreservação sucessiva de células-tronco mesenquimais da

medula óssea tem sido investigada por MAMIDI et al. (2012) a fim de

determinar se é prejudicial para o fenótipo da célula, bem como para a

capacidade de diferenciação desta célula. Para isso, CTMs de medula óssea

criopreservadas na terceira passagem foram descongeladas, expandidas até a

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quarta passagem, criopreservadas novamente, descongeladas e expandidas

até a sexta passagem. Para o grupo controle, as células foram descongeladas

e mantidas em cultura sem passar pelos processos de congelamento e

descongelamento até a sexta passagem. A taxa de proliferação de ambos os

grupos (controle e experimental) e a expressão de marcadores de pluripotência

foram determinados e em ambas as condições de cultura, as CTMs exibiram

resultados semelhantes, demonstrando que a criopreservação sucessiva não

altera as características fundamentais destas células.

Entre os vários parâmetros relativos a criopreservação de células, os

agentes crioprotetores também podem afetar significativamente a taxa de

sobrevivência e o potencial de proliferação após o descongelamento. Optou-se

por utilizar o dimetilsulfóxido (DMSO) por este ser amplamente utilizado para a

criopreservação de diversos tipos celulares (PAPACCIO et al., 2006;

MARTINELLO et al., 2011). Como pôde ser visto neste trabalho, esse agente

forneceu resultados favoráveis em termos de viabilidade celular e capacidade

proliferativa após a criopreservação das SHEDs por um período de 30 dias.

O efeito da velocidade de diminuição da temperatura no congelamento

pode ser outro fator crucial para a viabilidade celular após a criopreservação e

deve ser determinada para cada célula específica, afim de evitar a formação de

cristais de gelo intracelular (HUBEL, 1997). Foi adotado neste estudo um

protocolo padrão para outros tipos celulares em cultura, como relatado por

VASCONCELOS et al. (2012): 2h a 4oC, 18h a -20ºC e armazenamento

posterior a -80°C durante um período de 30 dias, protocolo este que

demonstrou ser bastante efetivo para a manutenção da viabilidade das SHEDs

após o descongelamento.

XU et al. (2012), utilizando células-tronco mesenquimais humanas,

avaliaram os efeitos osmóticos e do choque térmico provocado pelos

procedimentos de criopreservação sobre a viabilidade e recuperação celular

pós-descongelamento. Os resultados demonstraram que houve um decréscimo

significativo na viabilidade das células quando utilizadas velocidades de

congelamento distintas (1, 5 e 10ºC/min), sendo a velocidade de 1ºC/min a

melhor para manter a morfologia e a integridade celular, como também, para

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uma melhor recuperação das células após a criopreservação. Este fato

contribui para a escolha de uma protocolo com decréscimo gradual e lento da

temperatura de congelamento, como o utilizado neste trabalho.

THIRUMALA et al. (2005a e 2005b) estudando a criopreservação de

células estaminais de tecido adiposo, comentam principalmente sobre o efeito

físico que o processo de congelamento e descongelamento podem causar na

integridade destas células. A partir da marcação pelo DAPI, pode-se afirmar

que o protocolo de criopreservação utilizado no presente estudo manteve

íntegras as membranas nucleares, bem como a morfologia do núcleo.

Os resultados obtidos através da análise em citometria de fluxo para os

eventos relacionados a morte celular (apoptose e necrose) comprovam que a

maioria das células manteve-se viável após os 30 dias de criopreservação.

PAPACCIO et al. (2006) estudaram a influência da criopreservação de células-

tronco da polpa dental por períodos mais longos (dois anos) e não identificaram

morte celular por apoptose nas células submetidas à criopreservação, embora

um número de células tenha sofrido necrose em virtude da formação de gelo

intracelular. Este último fato não foi observado no presente estudo, já que não

foram identificadas células marcadas positivamente para o iodeto de propídeo

(PI). Este marcador interage com o DNA, mas não é capaz de atravessar a

membrana plasmática e, quando a marcação está presente, caracteriza

processos de necrose ou estagio final de apoptose.

Em geral, os resultados relacionados ao protocolo de criopreservação

utilizado no presente estudo demonstram que o mesmo pode ser utilizado

como uma ferramenta adequada para o armazenamento de células-tronco da

polpa de dentes decíduos humanos. Estudos futuros são necessários para

avaliar o potencial de diferenciação das células criopreservadas e ainda a

capacidade de integração destas células com biomaterias, permitindo o seu

uso posterior em experimentos in vivo, na busca por futuras aplicações clínicas

em terapias de regeneração tecidual.

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7 CONCLUSÃO

O protocolo de criopreservação proposto é eficiente para o

armazenamento das células-tronco da polpa de dentes decíduos humanos

(SHED), tendo em vista a manutenção da taxa proliferativa e da viabilidade

celular, além da ausência de danos morfológicos nucleares, nos intervalos de

tempo analisados.

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ANEXO I – Aprovação do comitê de Ética em Pesquisa (CEP/UFRN)

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ANEXO II – Termo de consentimento livre e esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DESPORTO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Convidamos seu filho para participar da pesquisa sobre “Atividade

biológica de células-tronco da polpa de dentes decíduos humanos

submetidos â criopreservação”, que tem por objetivo estudar a influência do

congelamento no comportamento dessas células, o que pode no futuro

representar um avanço no tratamento de doenças e perdas ósseas.

A participação do seu filho não trará nenhum risco previsível ou

desconforto. Seu filho não será submetido a nenhum procedimento (extra) além

da extração do dente decíduo (de leite), porém você deve autorizar os

pesquisadores a examinarem os fragmentos teciduais do seu filho (dentes

removidos), que seriam tirados da boca dele e desprezados após a cirurgia. As

informações confidenciais serão guardadas em local seguro e somente usadas

com o propósito científico, sem divulgação do nome do seu filho.

A participação do seu filho é voluntária, caso queira, você poderá

desistir a qualquer momento, sem que isso lhe traga prejuízo ou penalidade,

basta que retire o seu consentimento em participar.

A pesquisa deverá contribuir para o aumento do conhecimento na área

do tratamento de doenças usando células-tronco para recuperar a função de

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tecidos danificados. Portanto, a importância dessa pesquisa está na

necessidade de um melhor entendimento da funcionalidade das células do

dente de leite depois de congeladas, para facilitar na escolha de tratamentos

mais eficientes, que podem trazer benefícios para a sociedade de um modo

geral.

Você não terá nenhum gasto financeiro por qualquer procedimento

executado por essa pesquisa e terá direito a reembolso (ressarcimento) de

qualquer gasto comprovadamente que você tenha feito para a realização desse

estudo, bem como será indenizado em caso de dano comprovadamente

ocorrido pela participação de seu filho na mesma.

Você receberá uma cópia desse termo no seu endereço via correio com

aviso de recebimento e qualquer dúvida a respeito da pesquisa poderá

perguntar a Carlos Augusto Galvão Barboza, no Camus Universitário S/N no

Departamento de Morfologia do Centro de Biociências da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte, Lagoa Nova, Natal/RN fone (84) 3215-3431 E-mail:

[email protected]

Consentimento Livre e Esclarecido

Declaro que compreendi os objetivos desta pesquisa, como ela será

realizada, os riscos e benefícios envolvidos e concordo em autorizar a

participação do meu filho voluntariamente na pesquisa “Atividade biológica

de células-tronco da polpa de dentes decíduos humanos submetidos â

criopreservação”.

Assinatura ou impressão

Digital do participante: _____________________________ Data:___/___/___

Assinatura do responsável:___________________________Data:___/___/___

Assinatura do pesquisador: __________________________ Data:___/___/___

Quanto à ética dessa pesquisa poderá ser questionada ao Comitê de

Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pelo

telefone 3215-3135.