até que nem tanto esotérico assim

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1 ATÉ QUE NEM TANTO ESOTÉRICO ASSIM REPRESENTAÇÃO DA HOMOSSEXUALIDADE EM SUAVE VENENO João Araújo 1 Resumo Este artigo avalia a representação da homossexualidade na telenovela Suave Veneno, através das personagens Uálber, Claudionor e Idilberto. O texto faz parte de um projeto mais amplo, cujo principal objetivo é analisar a representação das personagens homossexuais nas telenovelas da Rede Globo de Televisão e no teatro baiano. Após a obtenção dos resultados da pesquisa, a proposta é discutir sugestões de políticas públicas no âmbito da cultura, voltadas principalmente para o respeito à diversidade sexual. O texto defende que Suave Veneno indica uma representação dúbia e produz dúvida sobre o tratamento dado aos personagens homossexuais. Palavras-chave: Homossexualidade – Representação Social – Telenovela – Teoria queer Heteronormatividade. Introdução 2 O presente texto analisa a representação da homossexualidade na telenovela brasileira Suave Veneno. Este artigo está conectado a uma pesquisa maior 3 , que vem sendo desenvolvida em cooperação pelos grupos Cultura e Sexualidade (CuS), integrado ao Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura, da Universidade Federal da Bahia (CULT-UFBA), e o Núcleo de Estudos em Sociedade, Poder e Cultura (Nespoc), da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). A pesquisa tem como objetivo central analisar a representação das personagens homossexuais nas telenovelas da Rede Globo e no teatro baiano. Com os resultados obtidos, os grupos pretendem propor políticas públicas, no âmbito da cultura, voltadas principalmente para o respeito à diversidade sexual. Para iniciar tal pesquisa, o primeiro passo foi o de apurar quais telenovelas da Rede Globo abordaram, em suas tramas, o tema da homossexualidade, o que foi feito pelo professor Leandro Colling (2007). O artigo aponta que O Rebu, de 1974, foi 1 Graduando em Comunicação Social – Jornalismo da Universidade Federal da Bahia, pesquisador do grupo de pesquisa em Cultura e Sexualidade (CuS), do Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura, da Universidade Federal da Bahia (CULT-UFBA) e bolsista PETCOM-UFBA. 2 Este e o próximo tópico do presente texto foram adaptados do artigo “O Boneco de Madeira e a Bicha Falante – Representação da homossexualidade masculina na telenovela brasileira Senhora do Destino”, do mesmo autor, apresentado no I Encontro Baiano de Estudiosos da Cultura (Ebecult), realizado nos dias 11 e 12 de dezembro de 2008, na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, em Salvador. A adaptação se deu por se tratarem de análises do mesmo tipo de produto, ligadas ao mesmo projeto de pesquisa e que, portanto, não exigiriam introduções muito diferentes. 3 A pesquisa recebe o apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb).

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Sobre a questão da homossexualidade na teledramaturgia brasileira, especificamente de uma novela: Suave Veneno.

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1 AT QUE NEM TANTO ESOTRICO ASSIM REPRESENTAO DA HOMOSSEXUALIDADE EM SUAVE VENENO Joo Arajo1 Resumo EsteartigoavaliaarepresentaodahomossexualidadenatelenovelaSuave Veneno, atravs das personagens Ulber, Claudionor e Idilberto. O texto faz parte de um projetomaisamplo,cujoprincipalobjetivoanalisararepresentaodaspersonagens homossexuaisnastelenovelasdaRedeGlobodeTelevisoenoteatrobaiano.Apsa obtenodosresultadosdapesquisa,apropostadiscutirsugestesdepolticas pblicasnombitodacultura,voltadasprincipalmenteparaorespeitodiversidade sexual.OtextodefendequeSuaveVenenoindicaumarepresentaodbiaeproduz dvida sobre o tratamento dado aos personagens homossexuais. Palavras-chave: Homossexualidade Representao Social Telenovela Teoria queer Heteronormatividade. Introduo2 Opresentetextoanalisaarepresentaodahomossexualidadenatelenovela brasileiraSuaveVeneno.Esteartigoestconectadoaumapesquisamaior3,quevem sendodesenvolvidaemcooperaopelosgruposCulturaeSexualidade(CuS), integrado ao Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura, da Universidade Federal daBahia(CULT-UFBA),eoNcleodeEstudosemSociedade,PodereCultura (Nespoc), da Universidade Federal do Recncavo da Bahia (UFRB). Apesquisatem comoobjetivocentralanalisararepresentaodaspersonagens homossexuaisnastelenovelasdaRedeGloboenoteatrobaiano.Comosresultados obtidos,osgrupospretendemproporpolticaspblicas,nombitodacultura,voltadas principalmente para o respeito diversidade sexual. Parainiciartalpesquisa,oprimeiropassofoiodeapurarquaistelenovelasda RedeGloboabordaram,emsuastramas,otemadahomossexualidade,oquefoifeito peloprofessorLeandroColling(2007).OartigoapontaqueORebu,de1974,foi 1GraduandoemComunicaoSocialJornalismodaUniversidadeFederaldaBahia,pesquisadordo grupo de pesquisa em Cultura e Sexualidade (CuS), do Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura, da Universidade Federal da Bahia (CULT-UFBA) e bolsista PETCOM-UFBA. 2 Este e oprximo tpico do presente texto foram adaptados do artigo OBoneco deMadeira e a Bicha FalanteRepresentaodahomossexualidademasculinanatelenovelabrasileiraSenhoradoDestino, do mesmo autor, apresentado no I Encontro Baiano de Estudiosos da Cultura (Ebecult), realizado nos dias 11e12dedezembrode2008,naFaculdadedeComunicaodaUniversidadeFederaldaBahia,em Salvador.Aadaptaosedeuporsetrataremdeanlisesdomesmotipodeproduto,ligadasaomesmo projeto de pesquisa e que, portanto, no exigiriam introdues muito diferentes. 3 A pesquisa recebe o apoio da Fundao de Apoio Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb). 2 primeiratelenovelaaretratarumapersonagemquetinhaalgumtipodeatraosexual declarada por algum do mesmo sexo. A ltima novela computada naquele trabalho foi Paraso Tropical, de 2007. Emseguida,Colling(2008)desenvolveuumametodologiadeanlisemais centradanaobservaodaspersonagenseseuscomportamentosdoqueemaspectos tcnicosdateleficcionalidadeapartirdarevisoeatualizaodemetodologiasde outrosautoresedaanlisedapeadeteatroAventaltodosujodeovo,deautoriade Marcos Barbosa. Valeressaltarqueasanlisesdessapesquisasofrembastanteinflunciada chamada Teoria Queer, cujos principais aspectos so a crena numa no fixidez e num maiortrnsitodasidentidadessexuais(Louro,2004);afiliaoaumateoria performativadogneroque,paraosEstudosQueer,sconstitudoatravsda evocao reiterativa de normas que materializam o prprio sexo biolgico e criam tanto aheterossexualidadecompulsriaquantoconstituemosseresabjetosqueesto margemdassexualidadescognoscveis(Butler,2001);e,emlugardaproblematizao unicamentedahomossexualidade,aproblematizaodoprprioprivilgiodadopela sociedade heterossexualidade compulsria (Weeks, 2001, p. 49)4. preciso deixar claro, contudo, que a filiao dessa pesquisa Teoria Queer no incondicionalenoseimaginaqueosEstudosQueerconstituemumcorpoterico homogneo, como bem lembram Colling e Conceio (2008, p. 2); e que,ao contrrio do que ocorre nos trabalhos utilizados por Colling para a construo da metodologia, os artigosdesseprojetonopartemdopressupostoqueasrepresentaesdegays efeminados ou lsbicas hipermasculinas necessariamente reduplicam a homofobia, nem consideramnecessariamentepositivaumarepresentaodentrodeummodelo heteronormativo. Considera-sequeaspersonagenspodemounocontribuirparaareduplicao dahomofobiaadependermaisdoquantoso/deixamdeserhumanizadasdoquedo seu grau de afetao (identificao com uma esttica camp) ou adequao a um modelo heteronormativo. 4AosquetivereminteressedelermaissobreTeoriaQueer,recomenda-sealeituradeCrticamente Subversiva,umensaiodeButlerencontradonolivroSexualidadesTransgresoras:UnaAntologade EstudiosQueer,organizadoporRafaelM.MridaJimnez(Barcelona:Icria,2002)eCorposque pesam: sobre os limites discursivos do sexo, tambm de Butler, encontrado no livro O Corpo Educado, organizado por Guacira Lopes Louro (Belo Horizonte: Autntica, 2001). 3 Representaes e identidades: Algumas notas conceituais Quantoquestorepresentacional,pode-seperceberqueoconceitode representaobastanteorgnicoesofreuenormesmudanasaolongodahistriado pensamento do Ocidente. Paul Rabinow (1999, p. 74 a 77) bem observa que o que pode serconsideradoverdadedependedaemergnciadeumregimedeverdadeefalsidade dentrodeumcontextohistricoqueestabeleceascondiesparasepoderconsiderar uma proposio como verdadeira ou falsa. Rabinow(p.72)chamaatenoparaofatodequenaantigaGrcianosevia uma diferena clara entre as representaes internas e a realidade exterior, diferena que surgeapenasemDescartes,paraquemoconhecimentodependederepresentaes internas(mentais)corretas,idiaquevaiserbasilarparatodoopensamento iluminista. TomazTadeudaSilva(2000,p.90e91)falaaindanumarepresentaops-estruturalista,surgidanummomentoposterior.Nessaperspectiva,primeiramente,ele afirmaque"serejeitamquaisquerconotaesmentalistasouqualquerassociaocom uma suposta interioridade psicolgica, e continua: No registro ps-estruturalista, a representao concebida unicamente em sua dimenso designificante,isto,comosistemadesignos,comopuramarcamaterial.A representao expressa-se por meio de uma pintura, de uma fotografia, de um filme, de umtexto,deumaexpressooral.Arepresentaono,nessaconcepo,nunca, representaomentalouinterior.Arepresentao,aqui,sempremarcaoutrao visvel, exterior. Emsegundolugar,naperspectivaps-estruturalista[...]arepresentao,como qualquersistemadesignificao,umaformadeatribuiodesentido.Comotal,a representaoumsistemalingsticoecultural:arbitrrio,indeterminadoe estreitamente ligado a relaes de poder. Ou,comoresumeHall(2002),nops-estruturalismoarepresentao compreendida como processo peloqual os integrantes de uma comunidade utilizam da linguagem para a produo de sentido. Nessa linha, Rabinow (1999, p. 81) cita a prpria escrita etnogrfica como atividade ficcional de descrio da representao antropolgica do Outro. Por fim, uma ltima questo qual se faz necessrio dedicar algumas linhas o problemadaidentidadeesuarelaocomodiscursodasrepresentaes.StuartHall (2006,p.34a46)chamaatenoparacincoaspectostericosquelevaramaum 4 descentramento do sujeito cartesiano, fazendo com que as identidades sejam hoje muito fragmentadas. OprimeirodessesaspectossoasidiasdoestruturalistamarxistaAlthusser, cuja obra afirma que Marx desmantelou a noo de uma essncia universal do homem aocolocarrelaessociaisenoumsujeitoatomizadonocentrodesuateoria;o segundoadescoberta doinconscienteporFreud,quedestruiu anoo deumsujeito cognoscente e racional, provido de uma identidade unificada, o que s foi maximizado pelodesenvolvimentotericoposteriordepsicanalistascomoLacan,paraquema imagem do eu inteiro e unificado algo que a criana aprende lenta e gradualmente; o terceiroassociadoaFerdinanddeSaussureelingsticaestrutural,quetrazema lngua como um sistema que precede o sujeito e no qual o sujeito se insere, o que mina a idia de um eu que senhor dos seus atos de fala; o quarto aspecto ligado concepo foucaultianadepoderdisciplinar,queprocuramantersobcontroleosindivduos;por fim, o ltimo aspecto terico que Hall cita como descentrador do sujeito a emergncia dofeminismo,quesolapaconceitualmenteidiasiluministascomoadeneutralidade axiolgica ou os binarismos tradicionais entre sujeito e objeto, pblico e privado, etc. Tendo em vista essas viradas de pensamento na modernidade tardia, tem-se hoje queasidentidadessomuitomenosfixasecoerentes,emuitomaiscontraditriase plurais nos prprios indivduos. Ao trazer isso para dentro do discurso representacional, tudosecomplicamuitomais,afinal,quantohomossexualidade,porexemplo,o problema de se pensar uma identidade gaycomea ao se perguntar o que um gay? e a resposta obtida deixar elementos de fora (forte marca da teorizao e da conceituao: definir por excluso). Peter FryeEdwardMcRaeatentamparaquesechamadehomossexualidadeum conjunto vasto e heterogneo de prticas reunidas sobrea relao entre pessoas domesmosexo.Masnemtodasessasprticassoencaradasdamesmaforma, nemtodasasimagensquesetmdahomossexualidadesopensadas,aceitase interpretadas da mesma forma (Nascimento, 2004, p. 449 e 450). Aoproblematizartodasessasquestes,tem-sequenomaispossvelpensar umarepresentaoidealoucorreta,jquemesmoascategoriasidentitriasso dotadas de cada vez maior heterogeneidade interna e menor fixidez, alm de dialogarem comdiversasoutrasidentidadesdosindivduos.Oquefazer,ento,comas representaessociais?JudithButler(2003,p.22e23),debruando-sesobreo problemadaconstruodeumsujeitodofeminismo,umasupostaidentidade 5 feminina que possa ser bem ou mal representada, diz que Obviamente, a tarefa poltica no recusar a poltica representacional, mas que Parecenecessriorepensarradicalmenteasconstruesontolgicasde identidadenaprticapolticafeminista,demodoaformularumapoltica representacionalcapazderenovarofeminismoemoutrostermos.Poroutro lado,tempodeempreenderumacrticaradical,quebusquelibertarateoria feministadanecessidadedeconstruirumabasenicaepermanente, invariavelmente contestada pelas posies de identidade ou anti-identidade que o feminismo invariavelmente exclui. Ser que as prticas excludentes que baseiam ateoriafeministanumanoodasmulherescomosujeitosolapam, paradoxalmente,osobjetivosfeministasdeampliarsuasreivindicaesde representao? Com efeito, esse no parece ser um problema que est perto de ser resolvido, ou para o qual caiba a essa pesquisa encontrar a soluo. A sada metodolgica encontrada paracontorn-lofoiadeavaliaroquantoaspersonagensso/deixamdeser humanizadasequeconjuntodenormaselasevocamemsuaconstruo,edeforma nenhumacairnoerrodetentaravaliaroquantoseaproximamoudistanciamde qualquer espcie de suposta identidade ideal. Abaixo,segueaanliseconformeametodologiaexplicadaemColling(2008). Ostrechosemnegritocompemosaspectosqueseroanalisadosemtodasas telenovelas da Rede Globo com personagens homossexuais. Anlise Dados gerais do produto Ttulo: Suave Veneno Diretores: Ricardo Waddington, Daniel Filho e Marcos Schechtman Autor: Aguinaldo Silva Elencoprincipal:GlriaPires(MariaInsouLavniaCerqueira),JosWilker (Valdomiro Cerqueira), Letcia Spiller (Maria Regina Cerqueira). Elencomaisdiretamenteligadocomatemticahomossexual:DiogoVilela (Ulber), Luiz Carlos Tourinho (Idilberto) e Heitor Martinez (Claudionor). Tempodeexibio:18dejaneiroa18desetembrode1999.Aototal,foram 209captulos,exibidoss21h,anoseremcasosexcepcionais.Cadacaptulotinha durao de 60 minutos, exceto s quartas-feiras. 6 Resumodoenredo:Anovela,planejadaaprincpioparaserumalivre adaptaodeReiLear,nodeumuitaaudincianosprimeiroscaptuloseteveento seus rumos mudados por Aguinaldo Silva. Logonoinciodatrama,ValdomiroCerqueiraatropelaMariaIns,adeixando desmemoriada. Sem saber como agir, o empresrio leva a estranha para casa, o que no muitobemvistopelaesposaEleonor(IreneRavache),nempornenhumadasfilhas. Todos recebem a moa com desconfiana de que ela tenha algum interesse na fortuna da famlia, e Valdomiro se envolve com a estranha. Ins ento some, e com ela valiosos diamantes. O que ningum sabe que tudo foiarquitetadopelaadvogadaClariceRibeiro(PatrciaFrana),filhabastardade Valdomiro. O roubo dos diamantes faz com que Maria Regina, que desempenha o papel deantagonistaemSuaveVeneno,consigatomartemporariamentedopaiValdomiroa presidnciadaempresaMarmoreal,companhiadeextraodemrmoreegranitoda famlia, e a partir da a trama se desenvolve. Quanto s personagens homossexuais, Ulber um guru esotrico, inicialmente apresentado como amigo e consultor espiritual de Eleonor, mas que ganha mais e mais independnciaconformeodesenrolardoenredoeodesenvolvimentodopersonagem, bastantecarismtico.Elemoracomamee,maistarde,Idilberto,seuassistentee empregado. IdilbertochamaMariadoCarmoCaedo(EvaTodor),amedeUlber,de mame, e vive ocupado com os afazeres domsticos ou falando com glamour sobre os poderesdoesotrico,aquemMariaReginatrataporcharlatoemboaparteda novela. Por vezes fica sugerido um relacionamento entre o paranormal e seu assistente, que na maior parte do tempo no parecem ser mais do que amigos. Ulberpassaumtrechoconsiderveldatramaapaixonadopelohomofbico Claudionor noivo da empregada domstica Eliete (Nvea Stelman) , que corresponde aoseusentimento,masrelutaemadmitirarealpaixopeloguru,coisaquequase aconteceemvriasseqncias,comonaquelaemqueoesotricoatacadoporum grupo de rapazes homofbicos com pitbulls e salvo pelobofe, que porpouco no se declaraapaixonado,sendointerrompidoporumainvestidadoscachorros,dessavez contra ele. interessante notar que Maria do Carmo no parece saber da homossexualidade dofilhooudaambigidadedorelacionamentodelecomIdilberto,esemprelhe aconselhaaconsituirfamlia;equeUlberanicapessoacapazdepercebertodoo 7 mal que realmente h em Marcelo Barone (Flvio Stefanini) e, mesmo com dificuldades imensas, enfrent-lo. No fica muito claro se Marcelo Barone o satans ou servo dele. Perto do fim da novela, Ulber assume a sua homossexualidade para a me, em uma seqncia de nove minutos e vinte segundos ininterruptos. Apesar de no tocar no tema de forma aberta anteriormente, seria foroso falar em uma narrativa de revelao5, dadostodosossignosverbivocovisuaisdeafetaodeliberadamenteevocadospelo personagem e suas esquivas nos momentos em que Maria do Carmo sugere casamento. AresoluodoromancedeClaudionoreUlbersedquando,porfim,o garoto homofbico vivido por Heitor Martinez vence seus preconceitos. Vale ressaltar, porm,queoesperadofinalfeliznoocorre.Oautorsurpreendeaofazercomqueo guru desista do bofe e deixe-o com Eliete. Aspectos fixos dos personagens homossexuais: Posiodopersonagemnoenredo:seprincipal,coadjuvante,sefaz ponta, figurao, citada ou recorrida. (Moreno, 2001, p.167).Ulbereraumpersonagemimportantenanovela,eseforlevadoem consideraoqueastramasdateledramaturgiabrasileirasodescentradaseumasrie relativamentegrandedepersonagenscompeoelencoprincipal,pode-sedizerque Ulbereraumdospersonagenscentrais.JIdilbertoeracoadjuvante,muitomais utilizado para dar cor aos esquetes cmicos com Ulber. Claudionor era apenas o noivo da empregada domstica Eliete por si s j secundria e alvo da paixo de Ulber, tendoparticipaoaindamenorqueIdilberto.Destaca-seaindaqueumadassolues paralidarcomabaixaaudinciadoinciodanovelafoitornarospersonagens homossexuais mais visveis, e no o contrrio (REVISTA VEJA, 1999a). Contexto social do personagem: a que classe ele pertence (Moreno, 2001, p.167): Ulberaparentavaserdeclassemdiaesustentavaacasa,incluindosuame, quenotinhaumtrabalho,eIdilberto,quemaistardevaiatmesmomorarcomeles. Seusafazerescomogurulherendiamosuficienteparamanterumpadrorazovelde vida,eelefaziaconsultasespirituaisnosparaaspessoasdasuavizinhana,mas tambm para pessoas importantes, como Eleonora, esposa do dono da Marmoreal. 5 Narrativa que se desenvolve em cima da suspeita de homossexualidade do personagem, apenas revelada com o desenrolar do enredo. 8 Idilberto e Claudionor pareciam ter condies econmicas menos favorveis que Ulber. Claudionor encarnava o arqutipo domalandro e era noivode uma empregada domsticaeIdilbertotrabalhavaparaoparanormal.Arelaodedominaoexercida por Ulber sobre o assistente era clara, e o gurusempre chamava ele de estrupcio, lhe davaordensereclamavadetarefasmalcumpridas.Idilberto,porsuavez,tinhacerta idolatria pelo patro, a quem chamava de mestre. Cor: Os trs eram brancos. Profisso6:IdilbertotrabalhavaparaUlbertantonosafazeresdomsticos (limpava,passava,etc.)quantocomoassistentedomstico.JUlbereraesotrico. possvelnotarquesuaidentidadeprofissional/religiosasedestacavaatmaisdoque suaidentidadesexual,eofatodequeeleerabemmaisvisvelenquantomsticoque enquantogaycurioso pormostrar como eledialogacomoutrasposiesidentitrias, ao invs de reduzi-lo a uma nica identidade. Por outro lado, sua posio de paranormal o remete aos esteretipos de gays msticos (vide o arqutipo do pai de santo). Somando-se a questo da identidade profissional / religiosa acentuada de Ulber distribuiodesigualdepoderentreeleeIdilberto,anovelapodeterajudadoa provocar reflexes sobre o fato de que no se podem fazer referncias generalistas sobre asidentidades,equenaalquimiaentregnero,raa,classe,etc.,osgrausdeopresso so desiguais (CASTRO, s/d, p. 8). Aspectos da linguagem utilizada e da composio geral do personagem: Tipos de gestualidade: 1)estereotipada,comgestualexplcitoquecaracterizadeformadebochadae desrespeitosa personagem homossexual;2)gestualidade tpica de alguns sujeitos queer, especialmente os adeptos de um comportamento/esttica camp;3)noestereotipada(gestualconsideradonormalenatural,sem indicaodehomossexualidade,inscritodentrodeumcomportamento heterossexual); SusanSontag(1987,p.330)defineocampcomoaglorificaodo personagem,eaindadizqueEstaatitudeparacomopersonagemumelemento 6 Com os dados obtidos para essa pesquisa, no foi possvel identificar a profisso de Claudionor. 9 fundamental da teatralizao da experincia incorporada na sensibilidade. Mais adiante (327), ela continua afirmando que Camp um certo tipo de esteticismo. uma maneira de ver o mundo como fenmeno esttico e que Essa maneira, a maneira do Camp, no se refere beleza, mas ao grau de artifcio, de estilizao. Em suma, ela caracteriza o camp pelo inatural, pelo artifcio, pelo exagero (p. 318). Ulber e Idilberto sempre gesticulam muito e tomam espao na cena, e Idilberto usaotempotodoexpressescomoabalouBangu,efazquestodeestetizartodae qualquersituaoqueUlberlheapresenta,comolharperdido,mosgesticulandoe iniciando suas construes frasais com sintagmas como J imaginou, mestre... Assim, Idilberto e, ainda que menos, mesmo Ulber, podem ter sua gestualidade definida como camp,encaixando-senasegunda categoria,e emboranosejaverdade que o gosto Camp o gosto homossexual, existe indubitavelmente uma afinidade e uma imbricao peculiar (335), isso porque o camp est associado ao que se convencionou chamar de fechao, sem dvida algo muito caracterstico dos dois personagens. Claudionor, por outro lado, tem um comportamento bastante masculino e muitas de suas falas so recheadas de comentrios homofbicos. Sua postura corporal, modo de agir, falar e portar-se possibilitam classificar sua gestualidade como no estereotipada na verdade, estereotipadamente heterossexista seria mais adequado. Subgestualidade:compreendeovesturio,maquiagemeadereos utilizados/usados pela personagem (Moreno, 2001, p. 167):OsfigurinostantodeUlberquantodeIdilbertoerambastantefechativos. Ulberutilizavamuitassedas,roupasesvoaantes,mantos,colaresnopescoo,anis prateados, calas bastante folgadas. J Idilberto se encaixava bastante no esteretipo da bichinha po-com-ovo, com blusinhas coladas com estampas bem coloridas e saltos. OsfigurinosdeamboseramtomarcantesqueumamatriadarevistaVeja (1999a)quenofalaespecificamentesobreovesturiodeles,osdescrevecomoo paranormalUlber,representadoporDiogoVilela,queusaturbante,miangase echarpes coloridas e seu assistente Edilberto7, vivido por Luiz Carlos Tourinho, cujo figurino composto de miniblusas, sapatos de salto alto e calas saint-tropez. OfigurinodeClaudionoreracompostoporcamisasdemangacurtadetons mornos com os botes superiores abertos e calas jeans, sem apelo para q acessrios. O vesturio do personagem prezava pela discrio e sobriedade. 7Apesardessaedeoutrasmatrias,artigosacadmicoserefernciasemsitesgrafaremonomedo personagem com a inicial E, todas as referncias encontradas nos domnios da Globo grafam com I. 10 Anlisedeseqncias:umrecursoparadetalharmaisasaesdeum filme (em nosso caso a telenovela ou as peas) e explicitar o seu contedo de forma minuciosa, como diante de uma lente de aumento. (Moreno, 2001, p. 168): Numa dada seqncia8, Idilberto est de avental e limpa a sala da casa com um espanador.UlbereMariadoCarmoadentram,arrumados,orecinto,elecomuma blusa dourada em estilo chins e uma cala de mesma cor, ela de vestido preto. Idilberto:Ihhh!Todomundofeliz,todomundoarrumado,eatchlaaquis ralando o coco, n? Olha, Ulber, no adianta me apressar no que eu nem terminei essa sala ainda, t? Eu s sou uma, hein? Ulber:Idilberto,eueamamequeremoster,assim,umaconversinhacom voc. Assunto srio. Maria do Carmo: Exatamente! As coisas como esto no podem continuar! I: O que foi que eu fiz? U:Ah,essascoisas,n,Idilberto?Devocchegaraquisempreatrasado, cansado, reclamando... M:Exatamente,impossvelcontinuarassim,temquemudardequalquer maneira.PorissoeueoUlbertivemosumaconversamuitosriaeresolvemosuma coisa mais sria ainda. Voc quer morar com a gente, quer? I: Ai, gente, isso verdade?! U:Claroque,suabobinha!AfinaldecontasoquartodoLotvago,maso cheirinho dele continua l, e voc sabe como que eu sou, n? Eu acho que famlia tem que morar todo mundo junto. M: E afinal de contas voc ou no meu filho? I: Ai, mame, esse o dia mais feliz da minha vida! (corre para abraar Maria do Carmo. A campanhia toca) U:Ahhhnn...Tbom!Masagorapodecontinuaralimpeza,olhaa?Os convidados j esto chegando! (parte para abrir a porta). A seqncia deixa claro o desequilbrio de poder entre ambos: Idilberto trabalha paraUlberetratadodeformaambgua,oracomoalgumdafamlia,oracomo 8Infelizmente,nofoipossveldescobriradataouonmerodocaptulodaseqncia,poisoguiade captulos de Suave Veneno no est disponvel para acesso. A seqncia, porm, est hospedada no site da Globo.com,ondefoipostadaem05/09/1999,epossvelassisti-laatravsdolink: http://video.globo.com/Videos/Player/Entretenimento/0,,GIM739481-7822-UALBER+E+MARIA+DO+ CARMO+CONVIDAM+IDILBERTO+PARA+MORAR+COM+ELES,00.html 11 empregado.ElesemprechamaamedeUlberdemame,emboranosejafilho adotivo dela, o que deixa ainda mais dbia a relao entre ambos. Faz-se, porm, notar que Ulber no o chama para dormirem no mesmo quarto, mas sim para que Idilberto ocupe o quarto de Leo, que est vago. O peculiar aqui que arelaodosdoissempretratadadeformaqueoespectadornotemcertezasea relao entre ambos ultrapassa o vnculo de amizade e emprego ou no. notvel tambm que Idilberto ainda que seu vesturio evoque mais signos da bicha po-com-ovo do que da mulher, ou ainda, do afeminado do que da dama referidonofeminino,tantoporsimesmoquantoporUlber,oquetraz problematizaes bastante interessantes quanto a que gnero ele pertenceria. Caractersticas gerais da personalidade do personagem: criminoso, violento, psicopata, saudvel, calmo etc.: Idilbertoespevitadoedesembaraado,eestsemprelimpandoalgumacoisa, cumprindoalgumaordemouestetizandotudoaquiloqueUlberfala.Eleno apresentado como algum violento ou criminoso, ao contrrio, mostrado como algum leve, que preza mais pela forma do que pelo contedo (campy), hiper-ativo e muito bem humorado. Ulberapresentaumtratamentomaisambguo.Oespectadorcolocado prximoaele,levadoatorcerporele,aacreditareacompanharopersonagem.Ele bastantehumanizadoetemalgumatridimensionalidade.UlbernotrataIdilberto muito bem, por exemplo, mas o nico personagem do elenco capaz de enfrentar o mal, representadonaimprecisafiguradeMarceloBarone,personagemcujoespectadorno sabe se o diabo em pessoa ou um servo dele. Essa ambigidade percebida tambm por jornalistas.Nota-se isso atravs, por exemplo, de como o jornalista Ricardo Valladares ironiza Ulber em matria da Revista Veja(1999b),aoafirmarqueoparanormalgaytemmedodebarata,masnodo belzebu. Aspectos sobre a sexualidade do personagem Personagem se apresenta (assume verbalmente) como: gay, lsbica, travesti, transformista, transexual, transgnero, intersexo, bissexual: Ulber no se assume verbalmente como gay seno no fim da trama, mas sempre deixa pistas muito claras da sua homossexualidade, porm nunca a declara. As falas, os 12 gestos, os olhares, tudo d uma indicao de que ele tem / teve um relacionamento com Idilbertopara,ento,daroutraindicaoemcontrrio,eassimconstrudaafico especulativa do relacionamentode ambos. Alm disso, ele no esconde do pblico sua paixo por Claudionor, que por sua vez se apresenta bastante homofbico, mas tambm d vrias pistas de corresponder paixo de Ulber, inclusive quase se declarando em muitos captulos, at ser interrompido por algum contratempo. Idilberto sempre fala dele mesmo no feminino, usa palavras como tchla para tratar de si, e utiliza adereos e um vesturio bastante afeminados, porm, ainda assim, masculino,oqueocolocacomoquenasoleiraentreosgneros,margembastante interessanteparaumpersonagem.Nofosse,maisumavez, arelaodedominao qual Idilberto est preso, ou se ela fosse invertida entre ele e Ulber, sem dvida esses questionamentos acerca do gnero seriam bastante potencializados. Em que ponto da narrativa fica claro que o personagem homossexual? Ulbercomeaepermaneceafetadoe,posteriormente,apaixonadopor Claudionor.Idilbertocomeaepermaneceafeminadssimo.Sehnarrativade revelao,elaexistesomentecomClaudionor,quenoseassumedesdeoprincpioe cujossentimentosopblicosconheceaospoucos,eapesardeUlberapenasse assumirparaamenodesenlace,todosossignosdasuasexualidadeestodispostos desde o comeo da novela. Quanto a Idilberto, j no incio ele usa o feminino para falar desi,assimcomomuitasvezesUlber,almdosoutrossinaismencionados(figurino, gestualidade, etc.), ou seja, as dvidas que deixa so acerca da sua identidade de gnero. Comosedaperformatividadedegnero?Quenormasouconjuntode normas o personagem reitera e/ou refora? Idilbertofaladesimesmonofemininootempotodo,esempremostradoem situao servil com relao a Ulber. Limpando a casa, cuidando de afazeres domsticos outros, fazendocompanhia a Maria do Carmo, ajudando o paranormal nas suas tarefas espirituais dirias, etc. Se, por um lado, a questo da essencialidade do gnero desmantelada aqui por Idilberto, que fala de si no feminino, por exemplo, alm de usar salto alto mesmo sem ser uma travesti ou transexual, por outro lado a situao em que colocado com relao ao seu patro evoca uma srie de normas absurdas sobre a feminilidade. A grande salvao de Idilberto, nesse sentido, a figura de Ulber. Ele no fala desimesmonofeminino,comoIdilberto,contudoseportaevestedemaneira efeminada.Elenosedizgayatofimdatrama,masnosedizhetero,econstria 13 certezadesuahomossexualidadedeoutrasformas.Ulbernoomachovirilque dominaIdilberto,aocontrrio,eletrazconsigoconstructossgnicosclssicosdeuma no-masculinidade, como medo de barata, e quase to afetado quanto o outro. Dessa forma, no se poderia dizer que Idilberto est submisso a um homem heteronormativo. J o problema de Ulber Claudionor. O personagem de Heitor Martinez esse sim,evocadordemuitoselementosheteronormativosvriasvezestrataUlbermal, principalmentequandocomeaaseperceberapaixonado.Dessemodo,sedesenvolve uma escada de poder entre os trs na novela, que se d com o mais feminino submisso ao menos, que submisso ao heteronormativo. Essa hierarquia denuncia at mesmo um carterdegnero/sexualidadenaopressosofridaporIdilbertoemrelaoaUlber, que sem Claudionor e essa hierarquia trplice poderia ter uma leitura mais classista. Resumoconclusivoeredutorsobrearepresentaodoshomossexuaisna sociedade: Resultado1:fortecargadeesteretiposeoutrascaractersticasque contribuem para a reduplicao dos preconceitos e da homofobia; Resultado2:caracterizaospersonagenscomalgunselementosda comunidadequeer,constriumtratamentohumansticoecontribuiparao combate aos preconceitos e a homofobia; Resultado 3: caracteriza os personagens homossexuais dentro de um modelo heteronormativoquecontribuiparaareduplicaodospreconceitoseda homofobia; Resultado 4: caracteriza os personagens homossexuais dentro de um modelo heteronormativo,masconstriumtratamentohumansticoecontribuiparao combate aos preconceitos e a homofobia. Resultado5:indicaumarepresentaodbiaeproduzdvidasobreo tratamento dado. Aoselevaremconsideraotudooquefoicolocado,possvelconcluirque, isoladamente, a representao de Idilberto dbia e provoca dvida sobre o tratamento dadoaoshomossexuais,postoqueelaproblematizaquestesdegnero,masele mostrado como servil, trazendo com isso uma srie de implicaes representacionais. Ulber,damesmaforma,peloquesedisseacercadesuaambigidadee humanizao, no fosse por Claudionor, sem dvida poderia ser lido como algum que 14 caracterizaospersonagenscomalgunselementosdacomunidadequeer,constrium tratamento humanstico e contribui para o combate aos preconceitos e a homofobia. Contudo, o problema est no topo da pirmide da hierarquia de poder. A paixo queUlbernutreporClaudionor,aconstruodessepersonagem,amaneiracomo Ulbertratadoporele,odesfechodocasal,ofatodeledenunciarqueomais afeminadoadmiramuitoomenos,queporsuavezestapaixonadopelo heteronormativodentrodatramadeSuaveVeneno,tudoissofazcomqueseleveem considerao que a representao desses personagens em certo aspecto contribui para a reduplicao dos preconceitos e da homofobia. Poroutrolado,Ulberbastantehumanizado,carismticoetridimensional.O espectadorcolocadoaoladodele,torcendoporele,identificando-se.Issodecerta formacontribuiparaocombateaospreconceitoseahomofobia.Almdisso, Claudionorbastanteheteronormativo,bemcomoarelaoentreostrs,masse formosanalisarospersonagensisoladamente,doisdelespossuemelementosda comunidadequeer,mesmoqueumaleituraum poucomais cruelpudesse concluirque Idilberto apresenta forte carga de esteretipos. Detalforma,nota-sequeoquesetememSuaveVenenoumarepresentao bastante complexa, com vrias nuanas, o que se d tambm pelos personagens serem apresentadostriadicamente,enoemsolo,emduplaouemdiferentesparesde diferentesncleos,comoocasodeoutrasnovelas.Oresultado5,ento,omais indicadoparaclassificarSuaveVeneno,queindicaumarepresentaodbiaeproduz dvida sobre o tratamento dado aos personagens. Referncias bibliogrficas BUTLER, Judith. Corpos que pesam: sobre os limites discursivos do sexo. In: LOURO, Guacira Lopes (org.). O corpo educado. Pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autntica, 2001, p 151 a 172. ______________. Problemas de gnero. Feminismo e subverso de identidade. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 2003. CASTRO,MaryGarcia.Gneroeraa:desafiosescola.Disponvelem: http://www.smec.salvador.ba.gov.br/documentos/genero-raca.pdf,capturadoem27de novembro de 2008. 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