até quando vão as obras do metrô na tijuca? trânsito ficou ainda … tijuca em foco 2...

12
Ano I . nº 2 . Maio de 2012 Podemos ajudar a família na construção de um bom caráter na criança. Por WALMIR VIEIRA. PÁGINA 4 Um telefonema no início de uma tar- de do final de fevereiro de 2012 rom- peu o silêncio: – Disponibilizamos para você uma menina dentro do seu perfil: negra, seis meses, saudável. Quer conhecer? – Sim. Quero. – Vá ao abrigo vê-la e venha à Vara da Infância conversar comigo e conhecer a história dela e o processo. Em 25 minutos estava no Abrigo. Depois de dar a mamadeira a uma criança, a cuidadora se aproximou sorrindo: – Essa é a sua. – Posso pegar no colo? – Não. Leia a história toda nas PÁGINAS 6 e 7 Uma história de amor Que Trapicheiro você conhece? O rio que apenas receba lixo e esgoto, pronto para morrer, ou um refúgio, muito diferente da cidade? Confira na PÁGINA 8. Ela pula, corre, mergulha, rodopia Esses são os movimentos de Andressa Mendes, a menina tijucana de 15 anos, que já escreveu seu nome na história dos saltos ornamentais brasileiros. Veja seu perfil na PÁGINA 12. O trânsito ficou ainda pior, com ruas fechadas e vias afuniladas. As cal- çadas ganharam mais buracos e vários desvios. Os moradores tiveram que conviver com barulhos inconvenien- tes. Condôminos temeram pelas estrutu- ras de seus prédios. Tudo por causa de uma obra invisível, realizada no subsolo e prevista para termi- nar em março de 2013, quando deverá ser aberta a estação Uruguai, que não ficará na rua com este nome. Por medida de eco- nomia, não foi escavado o trecho depois do rabicho, usado como estacionamento e depois abandonado. A 36ª estação do Metrô carioca, a pri- meira totalmente refrigerada no país, terá ao todo cinco acessos, ao longo da Conde de Bonfim, e beneficiará inicialmente 20 mil pessoas. Quando for inaugurada a extensão de 1.100 metros desde a praça Saenz Peña, os transtornos serão lembranças apenas para os mais atingidos (como os lojistas que fe- charam). Não o foi o caso a partir de 1982, depois de dificílimos 12 anos de obras? Até quando vão as obras do metrô na Tijuca? O sucesso dos negócios depende de como seus funcionários são liderados Este é o assunto de Rubens Teixeira, doutor em economia e diretor da Transpetro, no 3º Encontro de Empresários da Tijuca, numa sala da Igreja Batista Itacuruçá (rua Andrade Neves com Visconde de Cabo Frio). Dia 7 de maio. 20 horas. GRATUITO.

Upload: buikhanh

Post on 15-Dec-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Ano I . nº 2 . Maio de 2012 Podemos ajudar a família na construção de um bom caráter na criança. Por

WALMIR VIEIRA. PÁGINA 4

Um telefonema no início de uma tar-de do final de fevereiro de 2012 rom-peu o silêncio:– Disponibilizamos para você uma menina dentro do seu perfil: negra, seis meses, saudável. Quer conhecer?– Sim. Quero.– Vá ao abrigo vê-la e venha à Vara da Infância conversar comigo e conhecer a história dela e o processo. Em 25 minutos estava no Abrigo.Depois de dar a mamadeira a uma criança, a cuidadora se aproximou sorrindo:– Essa é a sua.– Posso pegar no colo?– Não. Leia a história toda nas PÁGINAS 6 e 7

Uma história de amor

Que Trapicheirovocê conhece?O rio que apenas receba lixo e esgoto, pronto para morrer, ou um refúgio, muito diferente da cidade?Confira na PÁGINA 8.

Ela pula, corre, mergulha, rodopiaEsses são os movimentos de Andressa Mendes, a menina tijucana de 15 anos, que já escreveu seu nome na história dos saltos ornamentais brasileiros.Veja seu perfil na PÁGINA 12.

O trânsito ficou ainda pior, com ruas fechadas e vias afuniladas. As cal-çadas ganharam mais buracos e

vários desvios. Os moradores tiveram que conviver com barulhos inconvenien-tes. Condôminos temeram pelas estrutu-ras de seus prédios.

Tudo por causa de uma obra invisível, realizada no subsolo e prevista para termi-nar em março de 2013, quando deverá ser aberta a estação Uruguai, que não ficará na rua com este nome. Por medida de eco-nomia, não foi escavado o trecho depois

do rabicho, usado como estacionamento e depois abandonado.

A 36ª estação do Metrô carioca, a pri-meira totalmente refrigerada no país, terá ao todo cinco acessos, ao longo da Conde de Bonfim, e beneficiará inicialmente 20 mil pessoas.

Quando for inaugurada a extensão de 1.100 metros desde a praça Saenz Peña, os transtornos serão lembranças apenas para os mais atingidos (como os lojistas que fe-charam). Não o foi o caso a partir de 1982, depois de dificílimos 12 anos de obras?

Até quando vão asobras do metrô na Tijuca?

O sucesso dos negócios depende de como seus funcionários são liderados Este é o assunto de Rubens Teixeira, doutor em economia e diretor da Transpetro, no 3º Encontro de Empresários da Tijuca, numa sala da Igreja Batista Itacuruçá (rua Andrade Neves com Visconde de Cabo Frio). Dia 7 de maio. 20 horas. GRATUITO.

Uma publicação da Igreja Batista Itacuruçá para a Tijuca e também para Andaraí, Alto da Boa Vista, Grajaú, Maracanã, Rio Comprido, Vila Isabel e adjacências

Maio de 2012 - Nº 2

Editor:Israel Belo de Azevedo (RP 4.493/MG)

Equipe:Bruna Aguiar, Camilla Vicari, Dalton Lopes (fotos), Elenice Magalhães, Fábio Lisboa, Geraldo Machado (diagramação), Guilherme Cockrane, Nathalie Baloustier Braga, Paulo Campos, Rachel Belo e Ruth Amorim (revisão)

IGREJA BATISTA ITACURUÇÁRua Jose, Higino, 416 Praça Barão de Corumbá, 49 – Tijuca20510-170 – Rio de Janeiro, [email protected]: @jtijucaemfocoFacebook: /tijucaemfoco

(21) 3344-9700

Tiragem:10.000 exemplares (distribuição gratuita)

alando novamente sobre emails, gostaria de citar su-gestões sobre etiqueta, no

uso dessa ferramenta essencial hoje em dia.

Segundo Cláudia Matarazzo (Net.com.classe), a comunicação por emails é prática e muito rápi-da, mas nem sempre é a solução adequada para determinados ca-sos. Antes de enviar um, pense se não é o caso de discutir o assunto em uma reunião, um almoço, ou até mesmo em um telefonema.

Emails devem ser mensagens curtas e simples. Curta não quer dizer telegráfica: saudação e as-sinatura ainda são necessárias. Assim como se deve chegar a um local e apresentar-se ao que o receber, faça o mesmo com sua mensagem. Se sua resposta for longa, envie em um anexo. Aliás, anexos: use e abuse! Eles são óti-

mos para enviar qualquer conteú-do que complemente a mensagem ou tudo o que puder ser “retirado” do seu conteúdo, sem que se per-ca o sentido. Poupa tempo e evita que se abra um longuíssimo email em um momento pouco propício.

Abreviaturas: algumas são ób-vias. Porém, evite usá-las em exa-gero, principalmente com quem você não tem intimidade. Emo-tions são engraçadinhos, mas tam-bém devem ser evitados no campo profissional.

Ao repassar uma mensagem, tenha o cuidado de digitar algu-mas palavras ao novo destinatá-rio. Simplesmente usar o botão “Encaminhar” demonstra pregui-ça e uma clara falta de considera-ção. Deveria ser óbvio, mas não é: não repasse piadinhas indis-criminadamente. Nem correntes religiosas, avisos de vírus, men-

sagens eróticas. Esse tipo de coisa abarrota a rede de lixo e é pra lá de inconveniente.

E por falar em lixo: limpe a sua lixeira eletrônica sistematicamen-te. Principalmente no trabalho, faz a maior diferença: agiliza a comu-nicação (e aumenta a produtivida-de, de fato, abrindo espaço na sua caixa) além de ser um claro sinal de civilidade cibernética.

(Continuamos no próximo número)

TECNOLOGIA

Fábio Cunha, Analista de Tecnologia da Casa da Moeda do Brasil.

2

TIJUCA EM FOCO Etiquet@, 1F

ENTREVISTA

“Quero ter o direitoa ter dúvidas”

E N T R E V I S T A 3

TIJUCA EM FOCO – Parece que a sociedade está mais doente. Procede ou é uma visão equivocada? Se pro-cede, quais os fatores que nos enfer-mizam?EDSON LANNES – Saúde social depende da saúde dos indivíduos que compõem a sociedade. Ela não consegue ir além da média, porque precisa carregar seus membros não sadios. Vivemos, tendo ou não consciência disso, em um caldo de cultura que nos influencia. Essa sociedade, atu-almente, nos obriga a uma alegria, verdadeira ou não. Mesmo tendo motivos, não podemos ficar tristes, porque isso é entendido como de-pressão e precisamos ser medicados. Somos convocados a preencher um padrão (se não o fizermos, “perde-mos a festa”). E nossa singularidade, como fica? A sociedade é uma extensão da famí-lia e é desta que partimos para aque-la. Um ambiente bom o suficiente prepara o caminho para uma vida plena. Mãe, pai, família, igreja, esco-la, trabalho, criatividade compõem nossa experiência cultural, que torna a vida digna de ser vivida.

TF – Que papel a religião tem, ne-gativa e/ou positivamente, na saúde emocional das pessoas?LANNES – O ser humano precisa de crenças, e a capacidade de crer é construída em nossa formação como pessoa. A espiritualidade é a dimen-são mais importante do ser. Não me refiro a fanatismos ou a supercrentes, mas ao exercício da transcendência.

Há muitas coisas para se admirar em Edson Soares Lannes, sobretudo sua vitalidade e seu prazer pelo trabalho. Psiquiatra e psicanalista, teve seu primeiro cliente (ou paciente) em 1956. Desde então, clinica o dia todo e ainda encontra tempo

para cantar num coro, na Tijuca, e se atualizar junto ao Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro, que ajudou a fundar, há 43 anos, precisamente com o objetivo de ajudar os colegas que queiram se manter em formação permanente.TIJUCA EM FOCO lhe fez algumas perguntas sobre saúde emocional nos dias de hoje.

Como ouvi do pastor Israel Belo de Aze-vedo, há tempos, precisamos de amor, de segurança, de pertencimento, de sen-tido, e isso a comunhão com nossos ir-mãos pode nos proporcionar. E não faz sentido para mim lidar com uma igreja que me diga: “Não pense! A igreja pensa por você!” Minha posição não me pare-ce arrogante porque ela indica, apenas, que quero ter o direito a dúvidas. Elas podem ser o caminho da verdade.

TF – O conceito de doença mental muda muito. O que ontem era um des-vio de caráter é um transtorno. Esta-mos mesmo avançando ou fazendo concessões?LANNES – Quem dera que a mudança fosse de “desvio de caráter” para “trans-torno”. Se uma definição de “caráter” o considera como “a totalidade das pos-sibilidades de comportamentos de uma pessoa”, de “desvio” para “transtorno” a mudança da palavra é quase irrele-vante.Creio que classificação como DSM (Manual Estatístico Diagnóstico) serve aos psiquiatras do mundo para a tenta-tiva de um entendimento sobre alguns quadros mentais; não sobre todos. Pro-vavelmente vai influenciar também a prescrição de remédios, frutos de pes-quisas caras. Em que isso é avanço ou concessão vai depender de cada profis-sional, de sua competência, de sua de-dicação, de seu caráter.

TF – O número de pessoas que tomam remédio para se acalmar ou dormir é enorme. Por que temos tantas dificul-dades em conviver com nossos confli-tos interiores?

LANNES – O que está afirmado é verdadeiro. Basta olhar os números da indústria farmacêutica e das far-mácias.... A sociedade humana está (in)devidamente medicalizada. Não medicada. Colesterol, diabetes, hiper-tensão, sobrepeso, etc. fazem parte de quase todas as conversas. Isso é inevi-tável. No entanto, o que esta pergunta traz exigiria uma resposta particulari-zada. As dificuldades são de cada pes-soa, daquilo que cada um precisa es-conder (ou revelar) de si mesmo. Nos-sos conflitos são nossos.

TF – Há uma tendência de se explicar os comportamentos pelos parâmetros da neurobiologia. Tudo se decide no cérebro, de modo próximo do deter-minismo. Como podemos equilibrar as coisas?LANNES – É impressionante o pro-gresso das neurociências da nanotec-nologia, da microeletrônica, enfim, de toda ciência de ponta. O ponta-pé inicial (lamentavelmente muitos outros virão...) da partida inicial da Copa seria dado por um robô. Esse é o sonho de um neurocientista. Todavia, quando focalizamos a relação entre subjetividade e o conhecimento apu-rado do cérebro, algumas questões parecem longe de estar resolvidas. Por exemplo, o “circuito de recom-pensa” que aparece em nosso cérebro quando fazemos uma boa ação é cau-sa ou consequência? Há apoios para as duas hipóteses. Dou outro exem-plo: se meu sofrimento (lembrança de um acidente que não me deixa dor-mir) for aliviado pela troca de chip nos neurônios, minha subjetividade

– não meus neurônios – estará so-frendo uma imposição. A descrição neuronal da subjetividade não alte-ra nossa vivência subjetiva.

TF – O alvo de uma pessoa deve ser mesmo buscar a sua felicidade? Que buscam os seus pacientes? Deve ser esta busca de todos? LANNES – Não falo sobre o que bus-cam meus pacientes por motivos ób-vios. Sobre o que se encontra ao con-versar com alguém preparado para a escuta e a reflexão, prefiro dizer que é a busca de sua verdade. A verdade liberta. Com ela a gente certamente fará melhores escolhas na vida. Lem-bro a fala de Cristo: “Conhecereis a verdade e ela vos libertará.”.

TF – Quando uma pessoa está com uma dificuldade emocional, ela tem dificuldade de procurar ajuda. E quando decide, não sabe se procura um psicólogo ou um psiquiatra. Por onde começar?LANNES – Há várias abordagens para o sofrimento humano. Acre-dito que profissionais responsáveis possam ser procurados para uma avaliação que oriente sobre o cami-nho mais indicado para cada situ-ação. No caso da pergunta, a pessoa já de-cidiu procurar ajuda e isso é uma boa parte do caminho. No caso das duas profissões citadas, é bom saber que cada uma delas tem várias orienta-ções teóricas. Isso dificulta a escolha, mas é um direito do paciente insistir até se sentir compreendido em sua busca de alívio.

4 EDUCAR PARA A VIDA

Educação do Caráter

Walmir Vieira, pedagogo e administrador educacional, com mestrado em liderança, é o Diretor do Colégio Batista Shepard, na Tijuca

do grau de influência permitido pela família, podem ajudar ou atrapalhar, reverter para o bem ou para o mal a caminhada de construção do caráter dos membros da família, formando-o, ou deformando-o.

FORMAÇãO DO CARÁTERNA ESCOLA

Com o início do processo de esco-

larização, cada vez mais cedo na vida da criança, a escola tem sido um dos principais agentes de formação do caráter. Na educação escolar (Edu-cação Infantil, Ensino Fundamental e Médio e Educação Superior), for-mal e planejada, espera-se que uma pessoa utilize um quarto do seu tem-po diário acordado (cinco horas), o que significa um terço de sua vida (25 anos). Já em família, com um tempo cada vez mais reduzido, em função da dinâmica deste tempo, a educação acontece espontânea e in-formalmente, com muitos percalços e nível de influência cada vez mais reduzido. A família, consciente ou in-conscientemente, vem transferindo (terceirizando) seu papel de educar, disciplinar e formar o caráter de seus filhos para algumas organizações. Em muitos casos, o que os professo-res, os líderes, os ídolos ou os amigos ensinam, no ambiente escolar ou em outros ambientes, poderá ter mais força de verdade do que aquilo que se procura ensinar em casa.

Na escola, a criança é convidada a refletir, a aprender e a exercitar, de forma mais direcionada, a disciplina pessoal, como o cumprimento de ho-rários e tarefas, regras de convivência, respeito aos colegas, às autoridades, ao regimento, às leis etc. Na escola, são enfatizados e são requeridos mais en-faticamente postura cidadã, procedi-mento apropriado de preservação eco-lógica e de sustentabilidade da vida, ações de solidariedade e visão da situ-ação sob a perspectiva do outro. Nas escolas confessionais, principalmente, ressalta-se a espiritualidade humana e sua relação com o transcendente e com os princípios e posturas éticas.

Nos diversos ambientes de convi-vência, as crianças e os jovens apren-

dem palavras, valores e comporta-mento adequado e inadequado, cons-trutivo e destrutivo. No entanto, se a escola tem o compromisso de manter um alto padrão de conduta, as pala-vras e as ações inadequadas serão corrigidas por atos disciplinares, que podem variar desde as repreensões verbais, escritas ou restritivas até as suspensões e, em último caso, o des-ligamento, para que a atitude inade-quada não prolifere.

a prática de falar a verdade, bem como os danos causados pela men-tira. Da mesma forma, em relação à corrupção, ao “jeitinho brasileiro”, à irresponsabilidade, à injustiça, ao desrespeito, entre outros comporta-mentos danosos à vida e ao futuro da sociedade.

Escolas preocupadas com a forma-ção do caráter selecionam e mantêm sua equipe diretiva, administrativa e seus professores comprometidos com princípios e valores éticos. Acreditam que o melhor ensino é o exemplo.

Uma boa metodologia para a fi-xação e a internalização das virtudes do caráter deve seguir o seguinte pro-cesso: destacar a virtude, conceituá-la claramente, exemplificá-la ou ilustrá-la na vida, requerer sua apresentação e reconhecer sua evidência nas ações dos educandos.

CONhECIMENTOE CARÁTER

Ainda que novas e modernas téc-

nicas e tecnologias de ensino sejam desenvolvidas e um imenso conteúdo seja transmitido e absorvido pelos alunos, o processo educacional es-tará incompleto, e até pode ser trá-gico, se o caráter do indivíduo não for educado. O ensino e a vivência de virtudes, como gratidão, perdão, ho-nestidade, integridade, veracidade, atenção, generosidade, humildade, autocontrole, altruísmo, tolerância, obediência, prudência, entre outras, aliados ao conhecimento, são funda-mentais para a efetivação de um ser humano ajustado, para o estabeleci-mento de relacionamentos interpes-soais saudáveis e para a realização de uma sociedade desenvolvida cientifi-camente, sem deixar de ser humana e fraterna.

Creio que mais importante do que transmitir conhecimento e cultura é a formação do caráter. Ouso dizer até que o caráter deve estar em primei-ro lugar. Pessoas com muito conhe-cimento e pouco ou nenhum caráter são um desastre para o mundo. Seres humanos que aliam conhecimento, cultura e caráter são bênçãos para a sociedade.

tribui-se a Heráclito, filósofo de Éfeso (500 a.C), a expres-são: “O caráter do homem é o seu destino”.

Que destino estamos ajudando as nossas crianças a traçarem para si? Ainda que a família tenha a primazia e a responsabilidade maior na forma-ção do caráter de seus membros, ela parece precisar, cada vez mais, da aju-da de todas as instituições da socieda-de nessa tarefa. O esforço da família na construção de um bom caráter na criança será muito maior e mais pe-noso, se os meios de comunicação e as instituições da sociedade, com os quais a criança tem mais contato na sua infância, não ajudarem, ou se atua-rem de maneira inversa ao desejado pela família.

Escolas, igrejas, governo e suas organizações, grupos de amigos, mí-dia (televisão, rádio, jornais, revistas etc.), com predominância cada vez maior dos meios eletrônicos virtuais (jogos e internet), de redes sociais, entre outras instituições formais ou informais da sociedade, podem aju-dar ou atrapalhar a família. Essas instituições, dependendo da força e

Nos diversos ambientes de convivência, as

crianças e os jovens aprendem palavras,

valores e comportamento adequado e inadequado, construtivo e destrutivo. No entanto, se a escola tem o compromisso de manter um alto padrão de conduta, as palavras e as ações inadequadas

serão corrigidas por atos disciplinares

A

O PROCESSO DE FORMAÇãODO CARÁTER

A escola tem o compromisso de preparar os alunos para a vida em sociedade como idealmente deve ser, isto é, com padrões de conduta que o bom senso e as relações humanas estabelecem como corretas, aceitá-veis, boas, decentes, dignas e não como a sociedade se mostra muitas vezes. Não é porque a maioria dos membros da sociedade mente que a escola reforçará o comportamento e ensinará como mentir com maes-tria. Ao contrário, buscará reforçar

Cristiane Fiaux, mestre pela Fiocruz, é psicóloga clínica

O cuidar pode levar aoSAÚDE EMOCIONAL 5

“Cuidar é mais que um ato; é uma atitude.Portanto, abrange mais que um momento de atenção.Representa uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro”.

Leonardo Boff

adoecimento?

O cuidador familiar ou pro-fissional tem se destaca-do por sua importância

nas situações de assistência e atenção ao doente crônico, ao idoso e às pessoas que necessi-tam. Incluídos nesse papel de cuidar estão os médicos, en-fermeiros, psicólogos, pasto-res, etc., que também exercem suas tarefas em meio à dor e ao sofrimento humanos, receben-do as demandas físicas, emo-cionais, sociais e espirituais

das pessoas e tendo que voltar a elas esperança, ânimo, alívio e, sobretudo, acolhimento.

Voltado para cuidar de alguém ou do ser doente, o cuidador tem se esquecido de dar atenção à própria saúde. Talvez devido às suas pré-ocu-pações não lhe sobra tempo ou o “direito” de pensar em si mesmo. Mas, quem garante aos cuidadores suporte e alí-vio, diante da árdua tarefa que executam? Como eles se man-

têm diante das inquietações e do sofrimento que presenciam e experimentam? A verdade é que o cuidado continua sendo exercido ao outro, mas quem cuida de quem cuida?

O cuidador está envolvido em um contexto que lhe expõe à fragilidade e à dependência de alguém que se encontra à mercê de cuidado. A tarefa de assistir alguém envolve uma dimensão emocional que pode apontar para diversos motivos como, por exemplo, o cuidar por amor, por obrigação, por gratidão ou pelo sentimento de utilidade. Mas, é necessário destacar algumas consequên-cias dessa tarefa: exaustão e esgotamento físico somado ao

adoecimento emocional, pela dedicação tão intensa e cons-tante; depressão; anulação da vida social, pois quando o cui-dador não está cuidando não tem ânimo para sair e prefere ficar em casa (deixa de passe-ar e frequentar clubes, igreja, casa de amigos); experimen-tação de sentimentos ambi-valentes (amor e ódio) por, talvez, estar em uma situação que não queria estar ou não escolheu estar; descuido com sua saúde e aparência (não ir ao médico ou ao salão de bele-za, por exemplo).

Aquele que cuida também precisa ser acolhido em suas demandas emocionais, através de um espaço de escuta, onde

suas angústias e dificuldades possam ser verbalizadas; nes-se espaço, ele desabafa, es-cuta e conversa. O resgate da saúde mental e da capacidade criativa é um recurso para o enfrentamento das situações vivenciadas. O suporte emo-cional para o cuidador pode ser oferecido individualmente ou em grupo. E esse pode ser considerado uma contribuição positiva para a saúde, o bem estar e a qualidade de vida.

A ideia de adotar um bebê foi sur-gindo no seu coração pelo convívio com duas amigas de trabalho: Luciana, mãe de duas jovens, e Vânia, que tinha um casal de filhos.

– O carinho, cuidado e disciplina que eu via nelas me deixavam encanta-da – relembra Denise. – Deus, com seu amor infinito, me indicou o caminho: a adoção. Temi e tremi diante da possibi-lidade, da falta de informação, do pre-conceito, do que a família e as pessoas iriam pensar, se teria ajuda.

Feita uma primeira tentativa, em 2005, recuou.

Cinco anos depois, ligou para a Vara da Infância e da Adolescência. Teria de comparecer a uma reunião. Foi. Agora precisava participar de três reuniões dos Grupos de Apoio à Ado-ção. Foi. Voltou “maravilhada com o universo da adoção”. Seu “horizonte foi ampliado”.

– Minha coragem aumentou e meus olhos foram abertos. Adoção é para quem quer ser mãe ou pai e ponto.

Em outubro de 2010, ela deu início ao processo, o coração em rebuliço.

Veio mais um Dia das Mães, e nada! – Nos meses seguintes, a ansiedade

foi aumentando, aumentando, aumen-

tando... Como seria seu rosto? Sua voz? Sua história? Sua idade? O que estaria sofrendo? Onde estaria? Pintei o quar-to, comprei bonecas, jogos, DVDs, uma pequena Bíblia, livros, sempre na ex-pectativa: será um bebê? Será uma me-nininha?

Teve que esperar um ano até receber o Certificado de Habilitação para Ado-ção e ser incluída no Cadastro Nacional de Adoção. Denise ficou radiante, mas seus parentes foram contra.

Por quê?– Por medo, insegurança, preconcei-

to, preocupação pelos possíveis traumas sofridos e descrença na seriedade do processo legal.

NO AUGE DA ANSIEDADE

A ansiedade aumentava. Denise che-gou a acordar no meio da noite ouvindo o choro da sua criança. Ela acompanha-va reuniões dos Grupos de Apoio, mas nada acontecia.

Um telefonema, no início de uma tarde do final de fevereiro de 2012, rom-peu o silêncio:

– Disponibilizamos para você uma menina, dentro do seu perfil: negra, seis meses, saudável. Quer conhecer?

– Sim. Quero.– Vá ao abrigo vê-la e venha à Vara

da Infância conversar comigo e conhe-cer a história dela e o processo.

Em 25 minutos estava no Abrigo.Depois de dar a mamadeira a uma

criança, a cuidadora se aproximou, sor-rindo:

– Essa é a sua.– Posso pegar no colo?– Não. Estava com a roupa suja, da rua. Denise abriu a bolsa, procurou o gel

que tinha levado, mas não o encontrou, em sua aflição.

A psicóloga interveio.– Deixe-a pegar a criança. Olha o es-

tado dela!

Ela se lembra de cada detalhe:– Senti um misto de alegria, ansie-

dade, vontade de chorar, uma emoção tão grande! O bebê se mexia nos meus braços.

Mas, faltavam algumas providências. Denise devolveu a menina.

– Já estava tomada de amor por ela, não conseguia esquecer seu rostinho, seu olhar, seus movimentos nos meus braços, seu cheirinho... Pensava em bus-cá-la o mais rápido possível.

No dia seguinte, voltou à Vara. Já de noite, o Juizado assinou o último docu-mento para a Guarda Provisória. Ime-diatamente, acompanhada pela amiga Rosa, foi voando para o Abrigo.

EM CASA

Pouco depois, a menina estava de-finitivamente em seus braços. A garota respirava com muita dificuldade. Por isto, foram para a casa de uma amiga, Cristina, mãe e enfermeira, que cuidou dela. Saíram de lá bem de noite.

Chegaram em casa.– Foi uma emoção enorme apresen-

tar à minha filha o seu lar, o seu quarto rosa, os seus brinquedos... e darmos iní-cio ao nosso relacionamento.

O telefone não parava de tocar. Os parentes agora estavam radiantes. Ela lembra um episódio, que mostra a acei-tação da menina: a mãe dela decidiu acompanhar a vacinação no Posto de Saúde. Talita chorou muito.

– Enquanto a menina gritava, a vovó Cândida chorava muito, e eu não sabia a quem acudir primeiro.

6 DESTAQUE

História de uma adoção ou, melhor, de uma relação de tirar o fôlegoNem todas as crianças nascem tendo um lar. Talita, por exemplo, morou seus primeiros meses na rua, até sua mãe desaparecer.

Nem todas as mulheres conseguem realizar o projeto de ser mãe. Este foi o caso de Denise, solteira, de útero retirado. Ela sempre sonhou em ter filhos, três mais precisamente. Com a saúde reprodutiva impossibilitada, ela mergulhou num processo de frustração imenso.

Denise fala dos seus sentimentos.– Desde o primeiro dia, minha filha

foi se mostrando receptiva aos estímu-los, carinhos, sempre com um sorriso no rosto. Aos poucos, está se entregan-do e desfrutando da nova vida, se apro-priando da sua família. Canto para ela os cânticos e hinos que mais gosto des-de a infância. Converso com ela. Conto histórias. Danço com ela no colo. Aten-do o telefone e coloco no viva-voz para que ouça o interesse das pessoas por ela. Que prazer fazer as sopas, papinhas de frutas, sucos.

Alguns dias depois, novas emoções.– Ela começou a engatinhar, a sen-

tar sozinha, o primeiro dentinho ras-gando a gengiva, depois o segundo, o sorriso com aquele dentinho lindo, fi-cando de joelhos, segurando em mim, fazendo força para ficar em pé, falan-do a língua dos bebês, se espalhando

7

no meu colo, agindo com meu corpo como se fosse extensão do seu, que-rendo meu colo sempre que me vê... Uma relação de tirar o fôlego. Ouvi de várias mães que o que eu estava sen-tindo enquanto esperava a minha filha era exatamente o que sentiram quando gestavam seus filhos biológicos. En-tendi que a gravidez do coração é bem semelhante à maternidade biológica. O amor e o vínculo são os mesmos. De repente, tudo passa a ser diferente. É você e sua filha. Entre nós, só Deus, a quem recorremos o tempo todo, para agradecer ou pedir.

Quem a ouve chora junto.Chorando, ao ouvir sua história, eu

me lembrei do hino que tantas vezes cantei:

“Que belo é um nenezinho,e que prazer um filho dá!”

D E S T A Q U E

História de uma adoção ou, melhor, de uma relação de tirar o fôlegoPÓS-ESCRITO – Terminado o texto desta reportagem, ele foi enviado para De-nise, que pediu para acrescentar as seguintes palavras:

“Em meio a tanta dor, pedi a Deus uma filha. Ele, em seu infinito amor, atendeu. E foi além, muito além do que eu podia imaginar. Desconhecendo o universo da adoção, eu não imaginava que o decurso dos acontecimen-tos fosse tão intenso, tão maternal. A adoção veio como o maior presente da minha vida. Agradeço a Deus pela minha filha, pela minha família, pelos amigos mais chegados que um irmão. Agradeço àqueles que oraram por mim, que oraram comigo, que me apoiaram com palavras de incentivo e realidade, que me apoiaram com um abraço, com um lenço, que me aju-daram com ações concretas, que sonharam o sonho comigo. Agradeço a todos que têm dado carinho à minha pequena, potencializando as alegrias na sua nova caminhada”.

(Todos os nomes desta reportagem são fictícios para preservar a identidade do bebê).

ISRAEL BELO DE AZEVEDO, doutor em filosofia, é jornalista e pastor da Igreja Batista Itacuruçá, na Tijuca.

ANU IRMAOSCAB_AF27 de abril de 2012 14:55:05

Um rio é surpreendente. Mesmo que, por vezes, fixemos suas margens usando concreto, não somos capa-

zes de dominá-lo por completo. E, ainda que achemos que conhecemos muito bem os rios que nos cercam, nos enganamos. Percebemos que não fazemos ideia de suas múltiplas facetas, e dos lugares por onde eles percorreram antes de se apre-sentarem a nós por onde passamos.

Um desses rios, belos e desconheci-dos, é o Trapicheiro. Foi às suas margens que surgiu o bairro da Tijuca, onde os je-suítas construíram a igreja de São Fran-cisco Xavier, nos anos de 1582 a 1585.

Trapicheiro nasce no Maciço da Tiju-ca e deságua no Canal do Mangue. É um dos principais rios contribuintes da Ba-cia Hidrográfica do Mangue, que fazem a drenagem de importantes bairros como, por exemplo, Rio Comprido, Tijuca, Gra-jaú e São Cristóvão. A área deverá ser submetida a uma grande obra, para um melhor manejo dos sistemas pluviais do bairro, como parte de um projeto para a Copa de 2014 e Olimpíadas de 2016.

A floresta estava sendo destruída para dar lugar a plantações de café, até que Dom Pedro II decidiu reflorestá-la, receoso de que o efeito da devastação secasse os rios que abasteciam a cidade. Restaurar foi possível pela utilização das águas do rio Trapicheiro. Hoje, temos, como resultado desse feito, nossa belís-sima floresta, um verdadeiro refúgio da poluição urbana.

Em contraste, temos uma dura reali-dade a enfrentar: o contínuo despejo de esgoto e lixo nos rios. Essa falta de cui-dado prejudica os habitantes do bairro, que, além de sofrerem as consequências, perdem muito daquilo que os rios têm a oferecer. Talvez apenas conheçamos nossos rios por aspectos que não nos ajudam a valorizá-los.

Trapicheiro, um rio surpreendente

O TIJUCA EM FOCO levou uma jo-vem tijucana, Camila Coelho Rubinato, 21 anos, para conhecer uma faceta pou-co conhecida do rio Trapicheiro.

Subindo a Rua Saboia Lima com a tiju-cana, já era possível ouvir um barulho de água e um leve frescor no ar. Chegamos, por fim, a um belo largo, enfeitado por animais de cerâmica, e nos deparamos com a arborizada Praça Hans Klussman.

A surpresa foi grande. Camila decla-rou sentir-se numa espécie de refúgio e perceber-se mais parte do bairro em que mora por muitos anos. Não sabia que tão próximo dela poderia encontrar algo tão belo, que declarou lembrar a “zona sul” da cidade. Sentiu-se imersa na na-tureza e concluiu que essa experiência agradável a fez olhar mais para o lado de fora de si mesma, ajudando-a a perceber o mundo à sua volta.

E não é de hoje que um rio toca tan-to a vida de uma pessoa. Localizado na zona norte de nossa cidade, Trapicheiro foi cenário da vida de grandes escrito-res como Marques Rebelo, Machado de Assis e Lima Barreto. De cenário, virou

título de um livro de Rebelo, no qual era uma metáfora para a vida, uma vida que passa despercebida: “o rio – o grande rio! – vai passando, sem que ninguém tome conhecimento da sua corrente. Os olhos estão propositadamente míopes e o tempo é pouco para odiar suficiente-mente” (REBELO, 1984, p. 300).

8 MEIO AMBIENTE

BRUNA AGUIAR DOS SANTOS

Chegamos a um belo largo, enfeitado por animais de cerâmica, e nos deparamos com a arborizada Praça hans Klussman

Desce a água cristalina, sem saber da sua sina,por ribeiros e cascatas, por riachos de regatas.

Desce a água cristalina, sem saber da sua sina,escondida na floresta faz da vida uma festa.

Desce a água cristalina,sem saber da sua sina,sempre limpa e ligeira,sem odor e sem sujeira.

Corre a água cristalina, sem saber da sua sina,lá em cima das pedreiras, por pequenas cachoeiras.

Corre a água cristalina, já chegando em sua sina, por barrancos e barreiras, em buracos e sujeiras.

Corre a água em sua rotina, já chegando em sua sina, pouco turva no bueiro; seu odor é de mal cheiro.

Que é da água cristalina que desceu daquela mina? Na cidade poluída sua tez foi destruída.

Anda a água em sua sina, que não é mais cristalina,lá no morro das favelas, pelas fábricas, vielas.

Anda a água já sem vida, percorrendo a sua sina,por esgoto, a céu aberto, seu final está bem perto.

Chega a água em sua sina, que já foi tão cristalina; hoje, suja e muito lenta; sua imagem é violenta.

Chega a água lá de cima, já mostrando a sua sina, da sarjeta até o porto, no canal em estado morto.

Chega a água em sua morte, conhecendo a sua sorte: poluída pelo humano, e deixada no oceano.

(LUIZ ROBERTO DOS SANTOS)

Morador por 17 anos no alto da José Higino, o profes-sor Luiz Roberto dos Santos, hoje residindo em São Paulo, escreveu um belo poema para crianças sobre o Trapicheiro,

certo de que a sua historia é a mesma de todos os riachos do complexo da Tijuca, sem saber “até quando o ciclo das águas fornecerá vida aos riachos da nossa Floresta”.

O RIO E SUA SINA

CONVITE ELDES_AF27 de abril de 2012 16:39:09

DE BEM COM O DINHEIRO 9

Marcos Lima, mestrandoem Sistemas de Gestão,é consultor financeiro.

Você precisa de um orçamento

Para tanto, é necessário exercer o controle emocional. Todos nós preci-samos afirmar, diariamente, que so-mos os donos de nossas vidas e que as decisões que tomamos precisam estar pautadas em nossas reflexões e não em nossas emoções, muito embora as emoções tenham fundamental impor-tância.

O primeiro instrumento de auxí-lio que devemos lançar mão é o Orça-mento, seja ele individual ou familiar. Mas o que é isso? Quando a geladeira, o fogão, o som ou a tubulação hidráu-lica apresentam algum problema de funcionamento, procuramos um pro-fissional para que faça o orçamento de reparo. É importante ouvir mais de um profissional, para que avaliem o caso e apresentem o custo do reparo. É bom que se faça assim para, pelo menos, atender a duas questões: a disponibili-dade do dinheiro e a análise de outro profissional.

No âmbito de nossas finanças é a mesma coisa. De quanto dispomos para fazer movimentar nossas vidas? Quanto recebemos por mês? Quais as despesas que temos todos os meses? Diante de tais perguntas e tendo uma quantidade já pré-estabelecida de di-nheiro (salário, renda, aposentadoria etc.), é preciso fazer uma planilha com todas essas despesas. Esse exercício nos dará a dimensão do quanto gasta-mos e se o que recebemos é suficiente para suportar esses gastos.

ExERCITEMOS. Faça uma relação de todas as suas

despesas. Mesmo compactada, na maio-ria das vezes, a planilha pode ser assim:1 Despesas fixas: aluguel, prestação

do imóvel, condomínio, educação (es-cola, faculdade, cursos, livros), con-vênio médico, empregados.

2 Despesas variáveis necessárias: luz, água, gás, telefone, seguros (car-ro, vida etc.), supermercados.

3 Despesas variáveis não neces-sárias: internet, TV a cabo.

4 Despesas com lazer: cinema, res-taurantes, parques, clubes, viagens etc.

5 Investimentos: poupança, previ-dência, fundos, CDB etc.

Pelo menos 98% de todas as suas despesas mensais estão aí.

Se sobrarem recursos, esses poderão ser aplicados, o que, no médio e longo prazo, será revertido em aumento de patrimônio ou realização de um sonho.

Se o que recebe não for suficien-te para bancar todas as suas despesas, você precisa parar imediatamente e analisar o que pode ser reduzido nos itens 2,3 e 4, com vistas a adequar seu orçamento. Se a conta não bate, você deve estar utilizando recursos que não são seus (cartões de crédito, cheque especial, empréstimos etc.) e pagando juros, o que prejudicará ainda mais seu orçamento.

O ideal é poupar pelo menos 10% do que você ganha todo mês.

Diante das ostensivas campanhas de marketing, que tentam, de todas as formas, seduzir as pessoas a comprarem coisas das quais elas não precisam, é fundamental construirmos barreiras de resistências a tais investidas.

ANU RIOPARIS_74x240_AF302 de maio de 2012 00:16:01

CULTURA

Ramon Chrystian de Almeida Lima é professor, arranjador e guitarrista

10 ARTE

10 álbunsinstrumentais

RAPhAEL GODOI, 15 anos, cursa o ensino médio, no Colégio Batista.

Se você gosta de música instrumental, pode ter se deparado com certa dificuldade de encontrar indicações de bons álbuns e artistas para serem ouvidos. Esta lista que segue abaixo foi elaborada como uma sugestão para suas futuras audições. Não tem a pretensão aqui de julgar quais são os 10 melhores álbuns. Qualidade é uma questão cultural e subjetiva, portanto, de forma subjetiva, desejo indicar 10 trabalhos que me chamaram a atenção pela sua musicalidade, técnica, timbres e a qualidade artística como um todo.

1. NATURAL HIGH (Frank Gambale) – O mestre Gambale surpreende nestas composições. O álbum foi gravado com um trio acústico (piano, contrabaixo e violão). Explora linhas com certo feeling bebop. 2. TRIÂNGULO (Michel Camilo) – O mestre do piano Michel Camilo, neste álbum, apresenta músicas com teor latino, sem perder a pegada jazzística. Lindo álbum. 3. BIRELE LAGRENE STANDARDS (Bireli Lagrene) – Um dos melhores álbuns que já ouvi do mestre Lagréne. Apesar da marcante influência de Django Reinhardt, seu fraseado é único.

4. RESOLUTION (Andy Timmons) – O timbre da guitarra de Andy é fantástico. O fraseado combina perfeitamente com as composições, muito bem desenvolvidas.

5. SUPER COLOSSAL (Joe Satriani) – A composição e a interpretação de Joe são belíssimas neste álbum. Muitos climas e timbres quentes.

6. STILL STRINGS (Antoine Dufour) - Antoine Dufour e o violinista Tommy Gauthier fizeram este álbum com diversos estilos, incluindo influências do jazz, folk e world. Grande resultado. 7.TRUMPET EVOLUTION (Arturo Sandoval)- Neste fantástico álbum, o mestre Sandoval nos leva a uma viagem de 100 anos da história do jazz. Ele toca tributos a grandes nomes como Louis Armstrong, Dizzy Gillespie e Miles Davis. 8. FRONT PAGE (Dennis Chambers, Bireli Lagréne, Dominique Di Piazza) – Álbum fusion com uma levada marcante. Fraseado e composições de muito bom gosto. 9. VENTO BRAVO (Nelson Faria, Kiko Freitas, Ney Conceição) Denominado Nosso Trio, esse grupo de três mestres da música brasileira produziram este belíssimo Cd, com arranjos de harmonia e clima marcante. 10. CHUCHO`S STEPS (Chucho Valdés) O grande pianista Chucho foi ganhador do Grammy de melhor álbum Latin-Jazz de 2011.

Li e RecomendoComecei a ler a

trilogia “Jogos vorazes”, por

indicação de um amigo que, assim como eu, ama o mundo da leitura. O conteúdo é uma narrativa muito rica em detalhes e nos faz imaginar cada cena, de uma forma fantástica.

O livro conta a história de um futuro pós-apocalíptico, em que resta apenas um país, Panem, que é dividido em 13 distritos e a Capital. Após um levante dos distritos, o 13 foi aniquilado e, para mostrar seu poder, a Capital realiza anualmente os jogos vorazes. Cada distrito restante envia um menino e uma menina, os tributos, para a arena, onde só UM sobrevive ao terrível jogo. Os tributos são escolhidos na colheita, ocasião em que são sorteados, em cada distrito, os nomes de jovens entre 12 e 18 anos.

Na primeira colheita de Prim, seu nome é sorteado. Sua irmã mais velha, Katniss, não consegue imaginar sua irmãzinha na arena e se oferece como tributo. Peeta, que é apaixonado por Katniss, é sorteado entre os meninos. Ele daria sua vida por ela? Apenas um vence o jogo.

Atraente, comovente e imprevisível. Uma vez com o livro nas mãos, não há como largar. Jogos Vorazes não sairá de seus pensamentos.

que merecem ser ouvidos

ula, corre, mergulha, ro-dopia. A repetição de movimentos pode lem-brar uma cantiga de

criança. O rosto da adolescente de 15 anos também. Mas ao olhar de perto, a expressão fácil – mes-mo que muitas vezes escondidas entre sorrisos – entrega: o que é feito ali é muito sério.

Nas águas do Parque Aquá-tico Julio de Lamare – onde já passaram muitos campeões mundiais – Andressa Mendes ainda pode passar despercebi-da aos olhos do grande público. E assim, quase que serenamen-te, ela treina diariamente a físi-ca dos saltos ornamentais.

COMO SE FOSSE FILhA DE ALGUÉM DA DELEGAÇãO

A “brincadeira” dos últimos nove anos já levou a pequena adolescente de 1,50m a muitos lugares. Acostumada ao clima de competições, Andressa foi a atleta mais nova no Pan-Americano de 2011, em Guadalajara (México).

“Teve gente que me confun-diu como filha de alguém da de-legação,” explica a atleta entre um riso e outro. “Mas eu não me importo, acho até engraçado e dá um orgulho de ser tão nova já competindo pelo Brasil.”

Orgulho, aliás, é uma pala-vra familiar na casa dos Men-des, numa tranquila rua da

O melhor do esporte é ver o objetivo conquistado, diz Andressa

Tijuca. Aos seis anos de idade, Andressa começou no balé, pas-sando pela capoeira e chegando aos saltos ornamentais antes mesmo de aprender a nadar.

Hoje Gustavo, o irmão mais novo – de cinco anos – já tem caminho certo: direto para as piscina do Julio de Lamare aprender a tal física misturada com brincadeira de criança. A ele, talvez, dêem o beneficio de aprender a nadar antes, ou tal-vez não.

Se não herdar a facilida-de com os saltos, com certe-za, herdará o tal orgulho que corre pela casa e o apoio total dos pais, que acompanham nas competições e separam ma-térias, necessidades, estudos, tudo sobre a filha e o esporte que ela pratica.

O APOIO ESSENCIALEsse apoio, alias, é essencial

no dia a dia da atleta.“Tem dia que bate o desâni-

mo”, essa é a pior parte. “Meu pai, às vezes, quer conversar, acha que tem alguma coisa er-rada, mas eu sempre busco algo que me motiva, meus amigos, minha família”, continua a ex-plicar Andressa ainda sem per-der o riso.

Riso esse que se mostra da mesma forma enquanto procura uma bolsa para a festa da noite ou enquanto fala da primeira competição em âmbito mundial.

Em uma prova eliminatória para as Olimpíadas de Londres – que foi realizada na própria capital inglesa – Andressa com-petiu pela primeira vez com atle-tas fora do eixo sul-americano.

“Os orientais são realmente sinistros”, deixa escapar com o sotaque carregado de quem nas-ceu e é criada no Rio de Janeiro.

A vaga não veio, mas o aprendizado com certeza foi tremendo. Ficou claro, pelo menos, aonde o esporte brasi-leiro precisa chegar para subir em pódios cada vez mais altos.

O ENCONTRO COMDAIANE DS SANTOS

“Ainda falta investimen-to aqui no Brasil. Muita gente nem sabe o que são os saltos or-namentais. Para a gente chegar no mesmo nível deles é preciso que tenha cada vez mais apoio e incentivo”, é a primeira vez que o desgaste da tal repetição aparece.

Atleta beneficiada pelo bolsa-atleta, Andressa trei-na pelo APOE (Associação Peneira Olímpica de Es-portes), fundada em 2002 e que tem como padrinho Cassius Duran – 4o lugar no Pan do Rio de Janeiro em 2007.

Quando a tal cantiga parece desandar, no en-tanto, são os objetivos que se mostram maiores.

“A melhor parte de qualquer esporte, o que faz valer a pena, é ver cada objetivo conquistado. Essa é sem dúvida, a melhor parte,” explica Andressa.

Nada mal para quem nunca sonhou em ser outra coisa além de atleta.

“Quando eu era pequena, eu queria ser a [ginasta] Daiane dos Santos”, conta. “Cheguei a encontrar com ela uma vez em uma competição no Clube de Pinheiros [em São Paulo]. Foi legal, nós conversamos, coisa normal de competição...”

O medo da carga física afas-tou Andressa dos tapetes da gi-nástica, mas não deu para afas-tá-la do sonho. Talvez por isso viver em uma mistura de espor-te, dança e artes cênicas, tantos ângulos, repetições e quedas não parecem tão ruins para uma es-tudante que não pode nem ou-vir falar de física entre as quatro paredes do colégio.

12 ESPORTE

RAChEL BELO

P