ata csn1964

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  • 8/11/2019 Ata Csn1964

    1/16

    E

    C R E T O

    N. 42

    ATA DA VISESIMA TERCEIRA SESSXO

    DO CONSELHO DE SEGURANA NACIONAL

    Aos vinte e quatro dias do ms de abril do ano de mil novecen

    tos e sessenta e quatro, s quinze horas e dez minutos, nesta cida

    de de BRASLIA, DISTRITO FEDERAL, no PALCIO DO PLANALTO, realizou

    se a vigsima terceira sesso do Conselho de Segurana Nacional, /

    sob a presidncia do Excelentssimo Senhor Marechal HUMBERTO DE A-

    LENCAR CASTELO BRANCO, Presidente da Repblica, e com a presena /

    dos seguintes membros: Professor MILTON SOARES CAMPOS, Ministro da

    Justia e Negcios Interiores; Vice-Almirante ERNESTO DE MELLO BAP

    TISTA, Ministro da Marinha; General de Exrcito ARTHR DA COSTA E

    SILVA, Ministro da Guerra; Embaixador VASCO TRISTXO LEITXO DA CU

    NHA, Ministro das Relaes Exteriores; Doutor OCTAVIO GOUVEIA DE /

    BULHES, Ministro da Fazenda; Marechal JUAREZ DO NASCIMENTO FERNAN

    DES TAVORA, Ministro da ViaSo e Obras Pblicas; Professor OSCAR

    THOMPSON PILHO, Ministro da Agricultura; Doutor FLAVIO SUPLICY DE

    LACERDA, Ministro da Educao e Cultura; Professor ARNALDO LOPES /

    SUSSEEIND, Ministro do Trabalho e Previdncia Social; Ma;jor-Briga-

    deiro NELSON LAVANERE WANDERLEY, Ministro da Aeronutica; Doutor /

    RAIMUNDO DE MOURA BRITO, Ministro da Sade; DANIEL AGOSTINHO FARA-

    CO, Ministro da Indstria e do Comrcio; Engenheiro MARIO THIBAU

    f

    Ministro de Minas e Energia; Embaixador ROBERTO DE OLIVEIRA CAMPOS,

    Ministro Extraordinrio para o Planejamento e Coordenao Econmi

    ca;

    Doutor LUIZ VIANA PILHO, Ministro Extraordinrio para os Assun

    tos do Gabinete Civil; General de Exrcito PERY CONSTANT BEVILAC -

    QUA

    t

    Chefe do Estado-Maior das Foras Armadas; Vice-Almirante LEVY

    PENNA AARIO REIS, Chefe do Estado-Maior da Armada; General de Divi

    so EMLIO MAURELL PILHO, Chefe do Estado-Maior do Exrcito e Te -

    nente-Brigadeiro HENRIQUE PLEIUSS, Chefe do Estado-Maior da Aero -

    nutica. Esteve ainda presente sesso o General de Brigada ERNES

    TO GEISEL, Secretrio-Geral do Conselho de Segurana Nacional. 0

    Excelentssimo Senhor Presidente da Repblica declarou aberta a /

    sesso e se dirigiu aos senhores membros do Conselho de Segurana/

    Nacional declarando que a sesso teria por finalidade a apreciao

    de um caso internacional localizado no hemisfrio, e dizendo s e r

    dispensvel qualquer apreciao inicial, pois que o relatrio que

    seria apresentado pelo Senhor Ministro das Relaes Exteriores /

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    iria esclarecer fundamentalmente todos os senhores membros do Conse

    lho. A seguir, o Excelentssimo Senhor Presidente da Repblica /

    passou a palavra ao Senhor Ministro das Relaes Exteriores. SR.

    MINISTRO DAS RELAES EXTERIORES - Senhor Presidente, Senhores Mem

    bros do Conselho. Na data de hoje, apenas dois pases americanos

    ainda nao se manifestaram, por via direta ou tcita, sobre o prop

    sito de reconhecer o novo Governo brasileiro. Trata-se do MXICO e

    de CUBA. 0 caso venezuelano constitui um episdio, por enquanto, en

    cerrado: foi consumada a suspenso de relaes diplomticas entre o

    BRASIL e a VENEZUELA por fra de errnea aplicao da chamada DOU

    TRINA BETENC0RT

    N

    e de um lamentvel equvoco na apreciao dos /

    acontecimentos brasileiros, que tiveram ampla cobertura do poder /

    que representa o povo, isto , o Congresso Nacional. 0 Governo uru

    guaio, segundo informao oficial hoje recebida pelo Itamaraty, re

    conheceu o novo Governo do BRASIL. 0 MXICO, certamente por motivos

    de poltica interna, continua a desconhecer a situao criada no /

    BRASIL no princpio deste ms. Os pases socialistas da EUROPA, /

    URSS entre eles, j assentiram, em tempo oportuno, no reconhecimen

    to de nosso Governo. O mesmo posso dizer dos demais pases europeus

    africanos e asiticos, com os quais mantemos relaes diplomticas;

    havendo a assinalar que, segundo Informaes de aparncia oficial ,

    o Governo da ARGLIA teria decidido no abrir de imediato sua Em

    baixada no BRASIL, em vista dos acontecimentos recentes em nosso paj

    s.Note-se que h perto de um ano o BRASIL abrira sua Embaixada em

    ARGEL, o Governo argelino ainda no se decidira a fazer o mesmo no

    BRASIL; e que, o Senhor Presidente da Repblica acabara de conceder

    agrment ao primeiro Embaixador da ARGLIA no BRASIL. Como de -

    corrncia da Revoluo de 31 de maro, cerca de uma centena de cida

    dos brasileiros procuraram asilo diplomtico em misses diplomti

    cas estrangeiras, sediadas no Rio de Janeiro-e em BRASLIA. 0 MinisJ

    trio das Relaes Exteriores j solicitou informaes sobre todos

    os que recorreram ao asilo diplomtico e espera, em favor da complej

    ta normalizao de nossas relaes diplomticas com vrios governos

    que o assunto seja, o mais breve possvel, objeto de deliberao. /

    Merece ainda especial ateno o fato de que o Ex-Presidente JOXO /

    GOULART e vrios de seus colaboradores procuraram asilo no URUGUAI.

    0 Govmo brasileiro enviou emissrio especial para fazer sentir ao

    Governo uruguaio a necessidade de que, aos brasileiros que ali se

    refugiaram, seja aplicado o estatuto de asilado poltico, tal como

    foi definido em vrias convenes internacionais. Tal estatuto im

    pe limitaes aos asilados polticos no sentido de que se abste -

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    nham de conspirar contra a segurana do Governo do pas do qual sao

    originrios. 0 Governo brasileiro tambm manifestou seu interesse /

    de que os asilados brasileiros tenham residncia fixada em pontos /

    distantes da fronteira uruguaio-brasileira ou que, de preferncia ,

    deixem o URUGUAI com destino a pas situado fora do continente ame

    ricano. 0 emissrio especial do Governo brasileiro ainda no conclu

    iu sua misso. No hemisfrio, excetuando o caso cubano, o BRASIL

    pio tem problema que merea ateno especial nesta

    oportunidade.

    Ape

    nas direi, em consonncia com pronunciamentos feitos pelo Senhor /

    Presidente da Rejnblica e com a orientao por Bua Excelncia deli

    neada, que o BRSII procurar vivificar suas relaes com as repii -

    blicas irms do hemisfrio, dando-lhe a prioridade que j mereceram.

    Buscar reforar as medidas tendentes a uma maior integrao econ

    mica e comercial no quadro da Associao Latino-Americana de Livre

    Comrcio e empenhar-se- pelo prestgio do chamado sistema interame

    ricano e pelo xito do programa de cooperao continental - a Ali

    ana para o Progresso . 0 Governo brasileiro reconheceu, em recen

    tes pronunciamentos, que manter relaes com todos os pases, ind^

    pendente do regime interno que adotem; mas, sendo o BRASIL m e m b r o

    consciente da comunidade ocidental, dar preferncia especial s /

    uas relaes com os pases ocidentais. 0 Governo brasileiro se a-

    {presta para dar cumprimento a esta diretriz e considera tarefa prio

    Pitaria preencher as embaixadas do BRASIL em WASHINGTON e PARIS e /

    efetuar algumas outras mudanas, E no quadro das relaes com os pa

    ses ocidentais que se coloca um dos mais importantes problemas de

    lossa diplomacia no presente momento, cuja responsabilidade com -

    partilhada pelo Ministrio da Fazenda e pelo Ministrio das Relaes]

    Sxteriores: o reescalonamento das dvidas externas do BRASIL. As ne

    gociaes iniciadas pelo Governo deposto foram suspensas e, o rein

    cio das mesmas, das tarefas mais urgentes para os dois ministrios

    nencionados. 0 ndvo Governo se defronta com outro problema de im

    portncia e que merecer estudo e reviso no mais breve prazo: a /

    ituao do BRASIL na Conferncia Mundial de Comrcio e Desenvolvi -

    sento que se iniciou em maro ltimo e que dever prolongar-se at

    junho prximo, em GENEBRA. A Conferncia foi convocada pela Assem -

    >lia Geral das Naes Unidas para tratar dos problemas suscitados/

    pela expanso do comrcio internacional como fora dinmica do pro

    gresso econmico e social em todo o mundo, bem como para tomar medi

    Ias prticas e adequadas para satisfazer s necessidades especiais/

    los pases sub-desenvolvidos ou em vias de desenvolvimento. De modo

    ^

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    >

    O

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    geral,

    se poderia dizer que

    a conferncia em que os pases q u e

    tm menos? querem ajustar contas com os pases que tem mais

    1

    *, a /

    fim de corrigir desequilbrios crnicos desfavorveis aos pases em

    vias de desenvolvimento. Estamos enquadrados numa relao desvanta-

    josa nas nossas trocas comerciais: os preos das matrias primas de

    clinam e os preos dos produtos manufaturados aumentam. Vendemos /

    mais volume por menor preo. Essa a condio de numerosos pases/

    do mundo; certamente, a de cerca de dois teros dos 122 pases re-

    presentandes em GENEBRA. 0 Itamaraty estuda neste momento os compro

    missos assumidos com certos grupos de pases em torno de posies e

    teses de nosso interesse na Conferncia de GENEBRA e, de conformida

    de com orientao geral j traada, haveremos de sustentar, sem de

    magogia ou estrpito desnecessrio, posies que levem em conta nos

    sos interesses comerciais no mundo, em especial diante dos pases ai

    tamente industrializados. Determinei aos servios competentes do

    Itamaraty um cuidadoso estudo de nossas relaes com PORTUGAL. Isto

    significa estudo no s de nossas relaes bilaterais como da posi

    o do BRASIL diante dos problemas com os quais se defronta PORTU -

    GAL na Organizao das

    w

    aes Unidas. No plano geral das Naes U

    nidas,

    enfrentar o BRASIL, com urgncia relativa, duas questes: /

    nossa posio na Comisso de Desarmamento que funciona em GENEBRA ,

    presentemente em recesso, e o problema de CHIPRE. Tem tido o BRASIL

    atuao de relevo na Comisso de Desarmamento; integrando nosso pa

    s a representao das chamadas potncias no alinhadas em nme

    ro de oito, num total de dezoito membros. Quanto ao CHIPRE, teve o

    BRASIL papel importante na elaborao de projeto aprovado no Conse

    lho de Segurana da ONU, que criou uma fora especial da organiza -

    o internacional para exercer papel pacificador naquela ilha. Con

    vidado pelo Secretrio-Geral da ONU para participar do contingente/

    internacional a ser enviado ao CHIFRE, o BRASIL declinou de aten -

    der ao pedido por motivos diversos, dentre os quais o financeiro, /

    pois o contigente envolve despesa por parte do pas que colabora. /

    H agora uma idia em movimento: 4a colaborao valiosa de algumas

    potncias, com subsdios financeiros, para que esses grupos de tro

    pas de pases no engajados na NATO, sejam enviados ao CHIPRE. 0

    BRASIL mantm efetivamente relaes diplomticas com os seguintes /

    pases socialistas: URSS, POLNIA, TCHECO-ESLOVAQUIA, IUGOSLVIA, /

    HUNGRIA, ROMNIA, BULGRIA e ALBNIA. Em todos esse pases o BRASIL

    mantm abertas misses diplomticas (Embaixadas nas quatro primei -

    ras e Legaes nos quatro ltimos) e todos eles mantm misses di -

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    plomticas no BRASIL. Nos primeiros dias depois de instalado o

    nbvo

    Governo brasileiro, a sede do servio comercial da HUNGRIA no R I 0

    DE JANEIRO, que goza de Imunidades diplomticas, foi objeto de atos

    de fora por parte de autoridades brasileiras. 0 problema est pre

    sentemente solucionado, mas o Governo hngaro se reservou o direito

    de solicitar posteriormente indenizao por danos que alega terem /

    sido causados. 0 intercmbio do BRASIL com os pases socialistas/

    se processa com base em acordos bilaterais de comrcio e pagamento,

    praxe geralmente adotada por aqueles pases em seu comrcio com pa

    ses do ocidente. Bata de recentes anos a intensificao de nosso /

    comrcio com os pases socialistas. To logo esteja concluda a re

    organizao das chefias responsveis do Itamaraty, determinarei mi

    nucioso exame das relaes comerciais com os pases socialistas, /

    tendo em vista a tirarmos delas o melhor proveito, por cima de con

    ceitos ideolgicos, e tendo em vista a ateno cuidadosa dos aspec

    tos polticos e de segurana que possam estar envolvidos na conti -

    nuidade dessas relaes. Bentro de trs meses ou pouco mais, o Mi

    nistrio das Relaes Exteriores ter diante de si o estudo dos nu

    merosos temas que ocuparo a ateno da XIX Assemblia Geral da ONU,|

    a inaugurar-se em setembro prximo. A gama de pronunciamentos dian

    te de to numerosos assuntos, definir, com certa preciso para os

    pases do mundo, a fisionomia do nosso Governo no cenrio poltico-

    internacional. For isso, nossa ateno a esses temas ser excepcio

    nal. Senhor Presidente, esse um ligeiro esboo da nossa posio

    no mundo, no momento em que Vossa Excelncia assume a Presidncia /

    da Repblica. Pediria licena a Vossa Excelncia para apresentar/

    ao Conselho de Segurana Nacional uma exposio da nossa posio /

    com relao a Cuba, partindo da data da Conferncia de Punta Del Es

    te de 1961, que foi quando se tomou conhecimento oficial no Conti -

    nente que CUBA se tinha tornado pas comunista. As relaes at en

    to eram cordiais. A revoluo cubana ainda no tinha confessado, /

    publicamente, que.essa era a sua determinao. Em dezembro de /

    L961,o Governo cubano, pela voz de seu Chefe e lder mximo , Pi-

    del Castro, declarou-se oficialmente marxista-leninista . Em jane.1

    ro de 1962, em Punta Del Este, a questo cubana foi considerada pe

    ta VIII Reunio de Consulta dos Chanceleres americanos. Essa reuni

    o reconheceu, formalmente, em votao unnime,que,sendo Cuba um

    regime marxista-leninista, se tornava jpso-facto incompatvel com o

    sistema interamericano. Esse reconhecimento implicava na excluso /

    de Cuba da Organizao dos Estados Americanos, o que passou a t e r

    SECRETO

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    - 6 -

    imediatamente vigncia. O Governo brasileiro, que votara tambm pe

    Ia afirmao de que um regime marxista-leninista, como o cubano, /

    era incompatvel com os princpios do sistema interamericano, abs-

    teve-se. entretanto, na concluso final de que Cuba deveria ser ex

    cluida da OEA. 0 Governo brasileiro revestira sua argumentao /

    de razoes jurdicas. Mas obviamente elas eram sobretudo polticas,

    dentro de um procedimento coerente com a sua orientao de no rom

    per com Cuba. Alis, assinale-se que em Punta Del Este nenhuma re

    soluo foi adotada que recomendasse o rompimento diplomtico cole

    tivo com Cuba, e isto sobretudo por causa da atitude do Brasil. 0

    ento Chanceler San Tiago Dantas, procurou colocar o problema cuba

    no preferentemente no contexto mais amplo dos problemas mundiais /

    de guerra fria. Em primeiro plano, o argumento da esperana: Cuba/

    haveria de ser resgatada para o convvio interamericano, sua agres^

    sividade poderia ser neutralizada, deixaria de ser ameaa para os

    demais pases do Continente. A absteno do Brasil na recomenda

    o final sobre a excluso de Cuba da OEA consititui, porm, u m a

    contradio: um regime comunista * incompatvel com o grmio das /

    naes americanas; Cuba comunista; logo, sua participao naque

    le grmio deve ser suspensa. Esta no foi, entretanto, nossa con -

    cluso. Decorridos os anos de 1962 e 1963, e os meses iniciais /

    de 1964, que ocorreu quanto a Cuba? 1) - Sendo marxista-leninista,

    o Governo cubano continuou a ser um regime por natureza proselitis.

    ta. No renunciou a seu ideal de expanso revolucionria, no se /

    neutralizou, no buscou convivncia normal com os pases do Hemis

    frio; 2) - Prosseguiu, e de modo crescente, na prtica de atos /

    atentatrios segurana dos Governos de vrios pases americanos,

    prestando concurso a atividades subversivas, aliciando agentes re

    volucionrios, distribuindo ostensivamente ou clandestinamente pro

    paganda comunista revolucionria; 3) - No caso particular do Bra

    sil,esse tipo de atividade se desenvolveu tambm em forma crescen

    te.Mas, a bem da verdade diga-se que no houve de parte do Gover

    no brasileiro protesto ou denncia de tais atividades. A prpria /

    orientao geral do Governo brasileiro ditava seu procedimento to

    lerante para com as atividades proselitistas e subversivas de Cuba

    no Continente e dentro do Brasil. H alguns meses passados, a Ve

    nezuela fez denncia formal OEA sobre atividades subversivas e

    revolucionrias de Cuba em seu territrio. A Comisso de Investiga

    o para isso nomeada chegou recentemente a concluses categricas

    quanto a culpabilidade do Governo cubano pela prtica de atos sub-

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    1

    Is

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    versivos, de sabotagem, de interveno, dentro da Venezuela. 0 re

    latrio est sendo examinado nas Chancelarias do Continente e

    pos

    sivelmente dentro de um ms haver uma Reunio de Consulta dos Go

    vernos Americanos para pronunciar-se sobre o assunto. Ora, por mo

    tivos, semelhantes, em 1960, em SXO JOS DA COSTA RICA na VI Reuni

    o de Consulta, foi resolvido por unanimidade, com voto de CUBA in

    clusive, o rompimento diplomtico coletivo com a Repblica domini

    cana. Interessante lembrar que a denncia partira da Venezuela. Em

    conseqncia daquela deliberao, todos os Governos americanos rom

    peram com o regime de Trujillo. No cabe dvida de que dentro de

    semanas ser apresentado em Reunio de Chanceleres americanos pedi.

    do a todos os Governos do Continente de rompimento diplomtico e

    consular com o Governo cubano. Mesmo que a recomendao no seja u

    nnime, dois teros dos votos necessrios j esto assegurados, /

    pois 15 Repblicas americanas j romperam suas relaes diplomti

    cas com CUBA (as 5 que ainda mantm relaes so: Brasil, Bolvia,

    Chile, Mxico eUruguai). 0 Governo brasileiro j dispe de to

    dos os elementos que provam a grave interferncia de CUBA nos nego

    cios internos do BRASIL e sua propaganda revolucionria hostil s

    nossas tradies, ao regime democrtico representativo. Esses atos

    so do pleno domnio pblico. 0 Governo que se originou da Revolu

    o de 31 de maro os exps amplamente Nao. Coerente, pois, /

    com a sua tradio e no com a contradio de FNTA DEL ESTE, o Go

    vrno brasileiro tem razes para romper sem mais delongas com o Go_

    vrno de Havana. Acresce que FIDEL CASTRO ainda nem sequer esten -

    deu seu reconhecimento diplomtico ao novo Governo e disso fz mes

    mo troa, em recente pronunciamento, quando afirmou que no implo

    raria relaes com o novo Governo brasileiro. Se Vossa Exceln -

    cia me permite lerei um trecho das declaraes de FIDEL CASTRO, em

    discurso comemorativo do terceiro aniversrio da invaso de 1961 :

    Os acontecimentos no Brasil no nos comovem. Falam com jbilo que

    vo romper conosco. No vamos implorar relaes com gorilas de ne

    nhuma espcie. Se quizerem romper, rompam. Que o levante bra

    sileiro foi no somente abrir um golpe contra o Brasil, mas tambm

    contra Cuba . Apresenta-se, pois, o seguinte dilema: o interesse

    nacional brasileiro dita o rompimento Imediato ou, antes, pede que

    aguardemos a deciso coletiva que fatalmente h de vir queiramos /

    ou no. No caso do rompimento imediato, nosso interesse nacional /

    se colocaria em primeiro plano. No caso do rompimento coletivo den

    tro de um ms, a medida ser tomada por solidariedade VENEZUEL A

    e por considerao de segurana coletiva do Continente. Tdas as

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    - 8 -

    razoes de substncia militam em favor de uma atitude sem vacilao.

    Neste preciso momento, quando est apurada a culpa de CUBA por atos

    de interveno em nosso

    pas,

    quando nSo se pode vlidamente pensar

    em mudana de atitude do Governo de FIDEL CASTRO e quando se tem em

    mente que as relaes entre o BRASIL e CUBA j nao servem a qualqu

    propsito til para nao dizer

    mais,

    o caminho claramente aponta pa

    ra o rompimento imediato. Assim procedendo, o BRASIL dar a outros

    pases do mundo a advertncia de que nao tolerar interferncia nem

    ao comunista em seu territrio e no pactuar com o comunismo no

    Hemisfrio, conforme declarao feita pelo Governo revolucionrio /

    brasileiro. Apresenta-se pois a seguinte opo: o rompimento

    ime

    diato - e essa a minha opinio - ou que aguardemos a deciso cole

    tiva.Muito Obrigado, Senhor Presidente. 0 Excelentssimo Senhor

    Presidente da Repblica se dirigiu aos senhores membros do Conselho

    de Segurana Nacional encarando a questo do rompimento das rela -

    oes com CUBA. Salientou que a deciso de continuarem as relaes ,

    ou suspend-las ou cort-las, pertence ao Presidente da Repblica ;

    mas,

    que, na ocasio, desejava receber uma opinio de cada um dos

    membros do Conselho. Encareceu que cada um dos membros ao emitir /

    sua opinio levasse em considerao que a deciso poderia pertubar/

    a paz americana, que exigiria atitude coerente no futuro e que te

    ria repercusso na opinio pblica brasileira. Expressou-se a se_

    guir da seguinte maneira: SR. PRESIDENTE - Somos um Governo novo

    que ainda no tomou nenhuma medida para o povo, a no ser o restabe_

    lecimento da ordem e de uma certa tranqilidade. No podemos tomar /

    uma medida de ordem internacional, no plano ideolgico, sem nos tr

    mos voltado para o povo com medidas que le reclama para seu bem-es.

    tar.

    Salientou ainda o Excelentssimo Senhor Presidente da Rep -

    blica a necessidade de considerar a oportunidade do ato a ser toma

    do.Em seguida, solicitou aos senhores membros do Conselho que

    emi

    tissem sua opinio sem fundament-la, salvo em algum aspecto novo /

    que no houvesse sido abordado no relatrio j apresentado pelo Se

    nhor Ministro das Relaes Exteriores, ou sobre um aspecto de gran

    de relevncia. A seguir, o Excelentssimo Senhor Presidente da Repu

    blica passou a palavra ao Senhor Chefe do Estado-Maior da Armada.SR.

    CHEFE BO ESTABO-MAIOR DA ARMADA - A opinio que Vossa Excelncia me

    pede , evidentemente, a opinio que vem de quem expressa o ponto -

    de-vista naval. Acho que o rompimento no trar, no momento, nenhum

    incremento aos riscos que corremos em qualquer ao que deva s e r

    | ~ S E C R E T o |

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    - 9 -

    protegida por foras navais. Ns poderemos ter de concorrer para as

    aes de patrulha que venham a ser aumentadas em torno da ilha de

    CUBA, com uma pequena flotilha naval. Ser uma participao simbli

    ca. No poderemos, evidentemente, aumentar o poder das foras na

    vais que j fazem esta patrulha. Em todo caso, dentro do sistema de

    defesa interamericana, poderemos contar com o apoio das bases norte]

    americanas mais prximas. Sob o ponto-de-vista naval, sou de opini

    o que conveniente o rompimento imediato com CUBA; esclarecendo /

    que temos capacidade para mantermos e melhorarmos a nossa defesa

    contra aes que venham a ser praticadas. Dada a palavra aos se

    nhores Chefes do Estado-Maior do Exrcito e da Aeronutica, estesse

    manifestaram pelo rompimento imediato. Com a palavra, o Senhor/

    Chefe do Estado-Maior das Foras Armadas assim se expressou: SR.

    CHEFE DO ESTADO-MAIOR DAS FORAS ARMADAS - Do ponto-de-vista da

    segurana nacional, evidentemente a comunizao de CUBA constitui /

    uma ameaa; nao s

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    - 10 -

    litica. Temos que guardar uma linha de coerncia. Penso que o BRA

    SIL lucrar em se guardar para romper relaes, numa prova de soli

    dariedade continental, quando tiverem de ser tiradas as conseqn

    cias dos inquritos feitos pela OEA, quanto aos armamentos de ori

    gem cubana que foram enviados para a VENEZUELA a fim de influenci

    ar na poltica interna daquele pas. Sou pela manuteno de rela

    es e pelo rompimento como prova de solidariedade continental. /

    SR. MINISTRO DAS RELAES EXTERIORES - Concordo que houve uma modi

    ficaao sensvel de nossa parte desde o Governo JNIO QUADROS para

    a administrao seguinte. Parece-me que a coerncia a que alude, o

    Sr.

    Chefe do Estado-Maior das Foras Armadas, deixou de existir. Na

    administrao JNIO QUADROS, o Ministro AFONSO ARINOS, interpelado

    pelos jornalistas sobre se romperia relaes com CUBA, respondeu /

    que nao havia razo para o rompimento, a no ser que CUBA se tor -

    nasse comunista. Foi o que se deu em 1961. 0 Governo passado, ter

    minado a 31 de maro, foi incoerente; nao seguiu a linha poltica/

    j traada pelo Governo anterior. E ns, tomando esta atitude, es

    tamos sendo coerentes com o passado; no o imediato, mas com o pajs

    sado remoto. Voltaramos tradio e no contradio que se ve

    rificou em PUNTA DEL ESTE. No h fato nvo vindo de CUBA; mas.

    h um fato nvo no BRASIL: Houve uma revoluo a 31 de maro e no

    podemos nos solidarizar com a quebra de tradio feita pelo Gover

    no anterior. Foi dada a palavra ao Senhor Ministro da Justia /

    que solicitou, ao Senhor Ministro das Relaes Exteriores, esclare

    cimentos sobre que repercusso costuma ou pode haver em conseqn

    cia de um rompimento de relaes, quer entre os dois pases em /

    questo, quer em relao ao mundo internacional ou americano. /

    SR. MINISTRO DAS RELAES EXTERIORES - Com relao aos dois pases

    em questo, nossa situao no ser pior do que era, porquanto no

    sa situao, embora representada por agentes diplomticos, estava

    num ponto morto, pois que no conseguia trazer CUBA de volta con

    vivncia continental. Do ponto-de-vista comercial no h conseqn

    cia alguma, porque CUBA produz as mesmas coisas que o BRASIL. Do /

    ponto-de-vista poltico e psicolgico, ser um golpe extremamente/

    forte na moral do atual Governo de CUBA, porque a declarao de FI

    DEL CASTRO foi uma sangria em vez de sade. Tivemos informao que

    irevoluo de 31 de maro causou grande preocupao no Governo eu

    Dano,porque le se sente cada vez mais isolado no continente. /

    Jom relao repercusso no Continente, os pases que ainda no /

    3e animaram a romper relaes, por causa da atitude brasileira, se

    3 e n t l r o f o r t a l e M f l n g p ft-ra

    MMT

    s a n a t i - h i r t a p aa - r a nar+na /.

    [ S ECRETO |

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    11/16

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    12/16

    SECRETO

    1 2

    da Revoluo. A mim me parece que os objetivos da Revoluo esto /

    sendo relegados a um plano secundrio. Um dos fatores principais da

    comunizao do pas era a Embaixada de CUBA. Vencedora a Revoluo,

    sou pelo imediato rompimento das relaes com CUBA, como uma satis

    fao ao povo. Disse Vossa Excelncia, Senhor Presidente, que antes

    de darmos ao povo medidas que lhe agradassem, amos tomar medida de

    interesse internacional. Esta*uma medida que agrada ao povo e que

    servir para que se afirme ao Continente e ao Mundo que esta Revolu

    o foi feita contra o comunismo. Dada a palavra ao Senhor Minis

    tro da Fazenda, este declarou que, embora reconhecendo como o Se

    nhor Ministro da Guerra que tal fato faz parte dos objetivos da Re

    voluo, votava em acordo com o Senhor Ministro da Marinha; acres -

    centando que, quanto oportunidade, ela seria melhor escolhida pe

    lo Senhor Ministro das Relaes Exteriores. Com a palavra, o Se

    nhor Ministro da Viao assim se expressou: SR. MINISTRO DA VIAXO

    - Senhor Presidente, estou encarando este aspecto em seu todo, isto

    ,no seu aspecto internacional geral; e, dentro deste ponto-de-vis

    ta,

    acredito que a nossa atitude com relao CUBA incorreria em /

    uma pecha de incoerncia, porque mantemos relaes com a RSSIA e

    outros pases considerados satlites da UNIXO SOVITICA. Acredito /

    que a nossa situao como pas integrante da OEA tem que considerar

    o aspecto da solidariedade continental; por isto estou de acordo /

    com a tese levantada pelo Ministro das Relaes Exteriores de que o

    interesse continental deve prevalecer sobre essa coerncia da esfe

    ra internacional geral. 0 meu voto

    4

    que rompamos com CUBA, mas ba

    seado na necessidade de manter e fortalecer a solidariedade conti -

    nental,

    juntamente com a OEA, com o desejo de que cresa sempre a /

    solidariedade americana. Dada a palavra ao Senhor Ministro da A-

    gricultura, este se manifestou pelo rompimento imediato das rela -

    oes com CUBA. A seguir, com a palavra, o Senhor Ministro da Edu

    cao e Cultura assim se expressou: SR. MINISTRO DA EDUCAO E

    CULTURA - Senhor Presidente, acho que o BRASIL tem vivido nesses /

    trs anos sob a suspeita do mundo ocidental, principalmente porque/

    tem acolhido o regime cubano. Isso, no meu entender, precisa de um

    fim imediato. CUBA j rompeu com o BRASIL pela agresso verbal de /

    seu ditador; por isso mesmo, eu sou pelo rompimento imediato. Com

    a palavra, o Senhor Ministro do Trabalho e Previdncia Social assim

    ae expressou: SR. MINISTRO DO TRABALHO E PREVIDNCIA SOCIAL - Se-

    hor Presidente, sou pelo rompimento imediato, principalmente depo

    is das explicaes dadas pelo Ministro das Relaes Exteriores ao /

  • 8/11/2019 Ata Csn1964

    13/16

    SECRETO

    - 13 -

    Ministro da Justia. Creio que h um fato novo que deve ser consi

    derado: Aps a Reunio de PNTA DEL ESTE caracterizou-se uma infil

    trao de agentes cubanos no BRASIL, sobretudo na rea sindical on

    de campeava a generalizao desta infiltrao. Isso deve ser mos -

    trado ao pblico como fundamento dessa nossa deciso em defesa da

    Ptria. A seguir, dada a palavra, os senhores ministros da Aero

    nutica, da Sade e de Minas e Energia manifestaram-se pelo imedi

    ato rompimento das relaes com CUBA; sendo que o Senhor Ministro/

    de Minas e Energia declarou encarar o fato mais como de efeito sim

    blico do que como uma medida efetiva. Em seguida, e solicitado,

    o Senhor Ministro da Indstria e do Comrcio expressou-se da se- /

    guinte forma: SR. MINISTRO DA INDUSTRIA E DO COMERCIO - Sou pelo/

    rompimento, mas, parece-me importante no problema a questo da mo

    tivao. 0 General PERY BEVILACQUA j acentou a importncia dessa/

    motivao. Creio que seria de todo incoveniente que amanh, junta

    mente com o anncio de um plano de medidas que vo carregar a popu

    laridade, se anunciasse o rompimento. Deveria ser escolhido o mo -

    mento do rompimento. SR. MINISTRO DAS RELAES EXTERIORES - Con

    siderando as ponderaes do Sr, Ministro da Indstria e do Comer -

    cio esclareo que h uma mecnica para o rompimento que exige vri

    os dias para sua efetivao. Isto quer dizer que, mesmo decidido o

    rompimento, sua concretizao no ser imediata, hoje, mas anteri

    or Reunio da OEA. A oportunidade do anncio ser fixada pelo Sr.

    Presidente da Repblica. Dada a palavra, o Senhor Ministro Ex -

    traordinrio para os Assuntos do Gabinete Civil assim se expressa:

    SR. MINISTRO EXTRAORDINRIO PARA OS ASSUNTOS DO GABINETE CIVIL - E

    videntemente, a esta altura, o que est em jogo pesar a situao

    internacional com a situao interna do pas, e o Senhor Ministro/

    da Indstria e do Comrcio ressaltou com propriedade, que alis /

    tambm foi feito pelo General PERY BEVILACQUA, que essa oportunida

    de vai se oferecer a n*s dentro de poucos dias, talvez dentro de /

    no mximo um ms; segundo expresso do Senhor Ministro das Rela -

    es Exteriores para que rompamos, nao por um ato autnomo, mas /

    por um ato de solidariedade continental. Acredito que dentro da /

    conjuntura atual, e como foi apresentado pelo Senhor Ministro da

    Indstria e do Comrcio, o pas, por uma das parcelas de opinio ,

    ou por vrias das que se compe a opinio pblica, recebesse a me

    dida como se ela preocupasse mais do que outras de interesse popu

    lar. Acredito que no deve haver nenhuma dvida em nosso espri

    to necessidade de rompimento de relaes com CUBA. Se no houveja

    'v

    S E C R E T O /

    - ^ J ^ .

  • 8/11/2019 Ata Csn1964

    14/16

    SECRETO

    - 14 -

    se essa oportunidade a que se referiu o Senhor Ministro das Rela

    es Exteriores, opinaria pelo rompimento imediato ou para que fi

    casse deliberado o rompimento e Vossa Excelncia determinasse a /

    oportunidade dessa medida. Uma vez que se nos oferece essa oportu

    nidade trazida pela solidariedade continental, acredito que seria

    muito melhor, e teria maior aceitao se fosse motivado por essa

    solidariedade, por esses fatos da interveno cubana na VENEZUELA

    e,portanto, na poltica interna de outros pases, do que por um

    ato espontneo nosso. Temos que atentar para as circunstncias a-

    tuais da Revoluo no pas, da Revoluo que estamos empenhados /

    em levar a cabo, dando-lhe o necessrio crdito, uma necessria /

    base popular indispensvel ao xito da prpria revoluo. Acre

    dito que seria mais conveniente aguardarmos a manifestao da OEA.

    Com a palavra, o Senhor Ministro Extraordinrio para os Assuntos/

    de Planejamento e Coordenao Econmica assim se manifestou: SR.

    MINISTRO PARA OS ASSUNTOS DE PLANEJAMENTO E COORDENAO ECONMICA

    - Senhor Presidente, a opo que temos de enfretar entre uma ru

    tura imediata de relaes com CUBA ou uma rutura a curto prazo; /

    uma rutura unilateral ou coletiva. Concluo por uma rutura por de

    ciso coletiva. Explicarei meu procedimento. Para se compre

    ender melhor essa rutura convm examinar a vantagem da manuteno

    de relaes diplomticas que at ento adotamos. Quais seriam/

    as vantagens deste procedimento? Os argumentos eram de conse -

    qttncia lgica. Se no rompermos com outros pases socialistas, /

    no haveria conseqncia lgica em rompermos com CUBA. A manu

    teno de relaes diplomticas com CUBA poderia abrir trs posei

    bilidades: l) - bases de observao na ilha; 2) - salvar refugia

    dos que poderiam, talvez, se constituir em sementes da contra-re

    voluo em CUBA; 3) - brechas no Governo dissidente. Mantendo/

    relaes, apesar da discordncia ideolgica, uma linha ltil de re

    conhecimento diplomtico no uma atitude de fraqueza; um re -

    conhecimento prtico de que o Governo controla a situao em seu

    territrio. H separao entre o ato pragmtico e a situao ide

    olgica. 0 erro do passado, a meu ver, no foi de manter relaes,

    foi o de primeiro termos tolerado a infiltrao subversiva cubana

    no BRASIL; termos facilitado, permitindo a viagem de estudantes e

    de operrios CUBA, para treinamento. Como a educao em CUBA

    inferior a nossa, difcil dar objetivo de aperfeioamento a es

    sas viagens. 0 erro era a nossa atitude com aqueles pases que se

    sentiam agredidos pela infiltrao cubana. Adotamos uma posio /

    lSECREToI

  • 8/11/2019 Ata Csn1964

    15/16

    E C R E T O

    - i

    m

    .,

    - 15 -

    c*tica, ou indiferente, lanando o nus da prova sobre o agressor e

    no sobre o agredido. Isto me parece muito mais que uma manuteno

    de relaes. Sou pela deciso em carter coletivo na OEA, por /

    trs motivos: l) - teramos tempo de tomar algumas medidas de inte

    resse popular imediato, que marcassem uma vocao de reformas demo

    crticas do Governo e, que provasse a autoridade moral para rejei -

    tar, como deve rejeitar, o ato ideolgico agressivo; 2) - manter -

    amos durante algum tempo elementos de persuaso na VENEZUELA, e, s_

    se tempo de espera, tambm seria \til nas discusses que manter -

    amos com os Estados Unidos; 3) - prestigiar a OEA como institui o

    de segurana coletiva. Paralelamente a essa atitude internacio -

    nal,que

    a reunio de consulta, deveramos, a meu ver, por via in

    formal, fazer sentir aos outros pases americanos que no objetamos

    a reunio de consulta, que estamos dispostos a dar cumprimento s

    recomendaes majoritrias que emanarem dessa reunio. Na ocasi

    o,o Excelentssimo Senhor Presidente da Heptblica consultou o Se

    nhor Ministro das Relaes Exteriores se, na qualidade de relator /

    da deciso do Conselho, tinha a dizer mais alguma coisa. 0 Senhor /

    Ministro declarou que os pensamentos estavam nitidamente expostos e

    que Sua Excelncia estava em condies de deliberar. 0 Excelents

    simo Senhor Presidente da Reptiblica dirigiu-se aos senhores membros

    do Conselho com as seguintes palavras: SR. PRESIDENTE DA REPUBLI

    CA - Assistimos aqui a uma verdadeira manifestao da opinio pttbli

    ca brasileira. Cada ministro falou com a responsabilidade de Minis

    tro de Estado e, sem o querer, interpretando correntes da opinio /

    piblica brasileira. Compete a mim interpretar a resultante, n o

    B como Presidente da Republica mas, tambm, na qualidade de repre

    sentante da opinio pblica, e mesmo no mandato de representar a Re

    voluo que foi realizada. Est concludo o assunto e encerrada a

    sesso. E, para constar, eu, Genaral de Brigada ERNESTO GEISEL, Se-

    cretrio-Geral do Conselho de Segurana Nacional, mandei lavrar a /

    presente Ata, que assino, com os membros presente do Conselho de Se_

    gurana Nacional.

    Presidente do Conselho de Segurana Nacional:

    _^^u

    SECRETO )

  • 8/11/2019 Ata Csn1964

    16/16

    ECRE T

    - 16 -

    Ministro da Justia e

    Negcios Interiores

    Ministro da Marinha

    Ministro da Guerra

    Ministro das Relaes

    Exteriores

    Ministro da Fazenda

    Ministro da Viaao e

    Obras Pblicas

    Ministro da Agricultura

    Ministro da Educao

    e Cultura

    Ministro do Trabalho e

    Previdncia Social

    Ministro da Aeronutica

    Ministro da Sade

    Ministro da Indstriae

    do Comrcio

    Ministro de Minas e Energia

    Min.

    Extraord,. para o Plan,

    e Coordenao Econmica

    Min.

    Extraord. para os Assun

    tos do Gabinete Civil

    Chefe do Estado-Maior das

    Foras Armadas

    Chefe do Estado-Maior da

    Armada

    Chefe do Estado-Maior do

    Exrcito

    Chefe do Estado-Maior

    da Aeronutica

    Secretrio-Geral do Conselho

    de Segurana Nacional

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