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Associação de Ensino Julian Carvalho - AEJC

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Associação de Ensino Julian Carvalho - AEJC

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Ficha Catalográfica elaborada pela biblioteca da Faculdade de Ensino Superior Santa Bárbara - FAESB - Tatuí-SP

Os autores e palestrantes são responsáveis pelo conteúdo das palestras e trabalhos científicos.

A reprodução é permitida desde que seja citada a fonte.

Os exemplares podem ser encontrados na:Associação de Ensino Julian Carvalho - AEJC

Rua Onze de agosto, 2900 - Bairro Valinho - Tatuí-SP - CEP 18277-000Telefone (15) 3259-4024 - Email - [email protected]

EDIÇÃOProfa. MSc. Fabiana Xavier Vieira Zanella

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA, ARTE FINAL E CAPATarcisio Santos Silva

Anais do II Simpósio de Ciências Aplicadas da FAESB

I Simpósio de Ciências Aplicadas da FAESB. Anais... - Tatuí : FAESB, 2010. 244 p. ; 15x22 cm.

ISSN 2176-4336

1. Administração. 2. Agronomia. 3. Ciências Contá-beis. 4. Sistemas de Informação.

600S62

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ..................................................................................................................................................04

COMISSÃO ORGANIZADORA ..............................................................................................................................05

TRABALHOS APRESENTADOS

A COMUNICAÇAO INTERNA: A IMPORTANCIA DA COMUNICAÇAO EFICAZ AUGUSTO, Jorge. Et AL ............................................................................................................................................06

A DIFERENCIAÇÃO ENTRE FUSÃO E AQUISIÇÃO: UMA ANÁLISE DA FUSÃO ENTRE ITAÚ E UNIBANCO SOUZA, Rafael de. ....................................................................................................................................................18

A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO NA ÁREA DA SAÚDE FOGAÇA, Valdirene. .................................................................................................................................................31

FIM DO TRABALHO? FRANÇA, Andressa Silvério Terra. ............................................................................................................................39

GESTÃO DE RISCO – ISO 31000 VIEIRA, Angélica Aparecida Coelho; AMARAL, Noemi do. ......................................................................................54

REFLEXÕES SOBRE O CONTRATO PSICOLÓGICO NAS RELAÇÕES DE TRABALHO EM EMPRESAS DE AGRONEGÓCIOPINHEIRO, Débora Aparecida; SABAGG, Sérgio Nagib. .........................................................................................65

A INTERFERÊNCIA DA HETEROGENEIDADE SOCIO-CULTURAL E DAS CRENÇAS DOS ALUNOS NA AQUI-SIÇÃO DA LE NA DISCIPLINA DE INGLÊS INSTRUMENTAL DO CURSO DE GRADUAÇÃO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS SILVA, Elaine Cássia da. ...........................................................................................................................................69

CIDADANIA: DIREITO E DEVERESLAURO, Ercilia. Et AL ................................................................................................................................................76

GESTÃO DE PRODUÇÃO E VENDAS DO SETOR AUTOMOBILISTICO PERIN, Clarissa. Et AL ..............................................................................................................................................81

SOCIEDADES ESTRATIFICADAS SILVEIRA, Ingrid; ALMEIDA, Vivian Lorenti de. .........................................................................................................94

IMPORTÂNCIA DO CONTROLE PATRIMONIAL ROSA, Lilian Faustino da. ........................................................................................................................................104

ENTENDA A ESTRATÉGIA NEOLIBERAL LOURENÇO, Tamires Ribeiro. Et AL. ......................................................................................................................113

ANÁLISE DO CRESCIMENTO ECONÔMICO E DOS INDICADORES MACROECONÔMICOS E SOCIAIS DO BRASILSACCO, Antonio Cesar Silva. ..................................................................................................................................117

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O CONTADOR NO AUXÍLIO DO CONSELHO DO FUNDEB SILVESTRIN, Gréliz; FERREIRA, Ana Fávia Benetton. ....................................................................................126

A IMPORTÂNCIA DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL NA GESTÃO DAS MICROS E PEQUENAS EMPRESAS VAZ, Edimur Diniz. ............................................................................................................................................135

A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CONTABILIDADE FARIAS, Adriana Santos. Et AL .........................................................................................................................144

O DILEMA ÉTICO DO CONTABILISTA EM RELAÇÃO À TERCEIRIZAÇÃO JÚNIOR, Antonio de Jesus Marques; RIBEIRO, Rosimeire Negreti; JÚNIOR, Wilson Pinto Ribeiro. ..............154

AJUSTE A VALOR PRESENTE: BREVE ESTUDO DA NOVA LEGISLAÇÃO E APLICAÇÃO ZACARIAS, Carla Gomes da Silva. Et AL .........................................................................................................160

A ÉTICA PARA O PROFISSIONAL CONTÁBIL CARRASCHI, Daiane. Et AL ............................................................................................................................170

O AVANÇO DO ENSINO NA CONTABILIDADE BRASILEIRA: ANALISE HISTÓRICA RIBEIRO, Denise José de Oliveira. .................................................................................................................181

PERFIL DO CONTADOR GERENCIAL VAZ, Edimur Diniz. ...........................................................................................................................................187

INICIANDO NA TECNOLOGIA AJAXMOTA, Erik Leite. ..............................................................................................................................................195

JINI SERAFIM, Graziele Rocha. ..............................................................................................................................204

SIG: GEOPROCESSAMENTO, GOOGLE EARTH E GPS ALVES, Israel Moraes. Et AL. ...........................................................................................................................215

UM ESTUDO SOBRE AS VARIABILIDADES EXISTENTES NO CORTE MANUAL DE CANA E SUA RELA-ÇÃO COM A PRODUTIVIDADE DO TRABALHADOR MORAIS, Vanessa Valença. .............................................................................................................................231

INFLUÊNCIA DA APLICAÇÃO DE FERTILIZANTE FOLIAR NO DESENVOLVIMENTO E PRODUTIVIDADE DO MILHO TRISTÃO, Fabrício Salles Massafera. .............................................................................................................242

PRODUTO ROUNDUP® - EMPRESA AGROMAIA COMÉRCIO DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS LTDA FERREIRA, Odair de Almeida; PLASTINO, Pascoal Rosa; PASSARELI, Vicente Moreira. ........................... 252

CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS E BIOQUIMICAS DO SEMEM DE SUÍNOS DO ECOTIPO LARGE-WHITE CASTRO, Terezinha Ap. Mastins Gomes de; CASTRO, Alessandra Martins Gomes; JUNIOR, Fernando Gomes de Castro. ..........................................................................................................................................................264

CATALOGAÇÃO DE COLEOPTEROS DO ACERVO DIDÁTICO DA FAESB OTA, Érika do Carmo; VIEIRA, Renan de Campos; GOMES, Jonatham henrique. ........................................275

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COMISSÃO ORGANIZADORA

PRESIDENTE MANTENEDORAProfa. MSc. Nilcia Cristina de Carvalho Julian

PRESIDENTE DE HONRAProf. MSc. Antonio David Julian

PRESIDENTE EXECUTIVOProf. MSc. Fabrício Sales Massafera Tristão

COMISSÃO EDITORIALProfa. MSc. Vanessa Valença de MoraisProfa. MSc. Andressa Silvério Terra FrançaProfa. Valdirene FogaçaTarcisio Santos Silva

COMISSÃO DE INFRAESTRUTURA :Monica AranhaFlávio Teixeira Lourenço

COMISSÃO DE SECRETARIA: Keila Janaína dos Santos CruzMarta Cristina Barros

COMISSÃO DE TESOURARIA:Silvia Maria de Oliveira Peixoto FerreiraSelmo Buzinelli JuniorLeandro Nobre de Siqueira

COMISSÃO DE MARKETING: Júlio César Alcântara Caulada.Profa. Esp. Andreia Rodrigues Casare

COMISSÃO CIENTÍFICA:Prof. Dr. Sérgio Nagib SabbagProfa. Dra. Terezinha Aparecida Martins Gomes de CastroProf. MSc. Flávio IsaacProf. MSc. José Ricardo FavorettoProf. MSc. Ademir Diniz NevesProf. Esp.Weles Saggiorato Siqueira

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A COMUNICAÇAO INTERNA: A IMPORTANCIA DA COMUNICAÇAO EFICAZ

Jorge [email protected]

Lilian Graciela Dias da [email protected]

Luis Paulo Camargo [email protected]

Sarah Maria Lui [email protected]

Talita Piva de Oliveira [email protected]

Wilson Dantola Junior [email protected]

RESUMOEsse artigo propõe apresentar de forma integrada sobre a importância da Comunicação Interna nas organizações a partir de análises de transformação sócio-econômicas ocorridas nas últimas décadas. Aborda a comunicação interna nas organizações de modo que se esclareça sobre as contribuições de elementos construtivos para melhorias nas empresas. De forma geral, esse trabalho irá abranger os fatores que influnciam numa comunicação eficaz, informações diretas e indiretas que passam desde o nível operacional até o nível gerencial. O trabalho baseia-se na atualidade, servindo de base para a compreensão dos elementos consideráveis para uma comunicação de excelência nas empresas. Assim, este artigo trata da importância da comunicação interna para as instituições, as estratégias usadas por ela para o bom relacionamento com seus funcionários, a eficiência da comunicação para com o público interno.

PALAVRAS-CHAVE: Comunicação. Comunicação interna. Organizações. Comunicação eficaz.

ABSTRACT This article aims to present an integrated manner the importance of internal communication in organizations, based on analysis of socioeconomic transformation occurred in recent decades. We will discuss the internal communication in organizations in order to clarify the contributions of building blocks for improvement in business. Overall this work will cover the factors that much

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influence to effectively communicate, direct and indirect information that pass from the operational level to the managerial level. The work is based on the present, serving as a basis for understanding the significant elements for excellent communication in companies. Accordingly, this article addresses the importance of internal communication for institutions, the strategies used by her to a good relationship with its employees, the efficiency of communication with the internal audience.

KEY-WORDS: Communication. Internal communication. Organizations. Effective communication.

1 INTRODUÇÃO

Não basta ter uma equipe de grandes talentos altamente motivada. Se ela não estiverbem informada, se seus integrantes não se comunicarem adequadamente, não será possível potencializar a força humana da empresa (RUGGIERO, 2002). A comunicação interna nas organizações, empresas ou entidades nem sempre foi valorizada ou reconhecida como de vital importância para o desenvolvimento e sobrevivência dessas organizações. Na era da informação e em um momento em que a tecnologia é disponibilizada, a habilidade no processamento de dados e a transformação desses dados em informações prontas para serem usadas nas tomadas de decisões, representa uma oportunidade valiosa na melhoria do processo de comunicação no mundo dos negócios. Só através de uma comunicação interna eficiente, é que acontece a troca de informações.

É papel do profissional de Relações Públicas fazer com que haja interação entre todo o universo organizacional.

2. OBJETIVOS DA COMUNICAÇÃO INTERNA

Os principais objetivos da comunicação interna são:• Tornar influentes, informados e integrados todos os funcionários da empresa;• Possibilitar aos colaboradores de uma empresa o conhecimento das transformações

ocorridas no ambiente de trabalho;• Tornar determinante a presença dos colaboradores de uma organização no andamento

dos negócios.• Facilitar a comunicação empresarial, deixando-a clara e objetiva para o público interno.

3. COMUNICAÇÃO INTERNA: PORQUE, COMO E QUANDO DEVE ACONTECER?

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Sabemos que a comunicação é o processo de troca de informações entre duas ou mais pessoas. Desde os tempos mais remotos, a necessidade de nos comunicar é uma questão de sobrevivência. No mundo dos negócios não é diferente, a necessidade de tornar os funcionários influentes, integrados e informados do que acontece na empresa, fazendo-os sentir parte dela, fez surgir a comunicação interna, considerada hoje como algo imprescindível às organizações, merecendo, cada vez mais, maior atenção. Por meio da Comunicação Interna, torna-se possível estabelecer canais que possibilitem o relacionamento ágil e transparente da direção da organização com o seu público interno e entre os próprios elementos que integram este público.

Nesse sentido, entender a importância da Comunicação Interna em todos os meios hierárquicos, como um instrumento da administração estratégica é uma exigência para se atingir a eficácia organizacional.

Compreender a importância desse processo de comunicação para que flua de forma eficiente, no momento oportuno, de forma que seja atingido o objetivo pretendido, é um desafio para as organizações. A comunicação efetiva só se estabelece em clima de verdade e autenticidade. Caso contrário, só haverá jogos de aparência, desperdício de tempo e, principalmente uma “anti-comunicação” do que é essencial/necessário. Porém não basta assegurar que a comunicação ocorra. É preciso fazer com que o conteúdo seja efetivamente aprendido para que as pessoas estejam em condições de usar o que é Informado (RUGGIERO, 2002). Portanto, o trabalho em equipe precisa ser incentivado com uma postura de empatia e cooperação eliminando assim, os afastamentos e as falhas na comunicação. O envolvimento dos colaboradores em todo o processo organizacional desenvolvendo a capacidade de boa comunicação interpessoal é condição imprescindível ao bom andamento da organização.

Segundo Gustavo Matos (2005), a falta de cultura do diálogo, de abertura a conversação e a troca de idéias, opiniões, impressões e sentimentos, é, sem dúvida alguma, o grande problema que prejudica o funcionamento de organizações e países. A comunicação corporativa é um processo diretamente ligado à cultura da empresa, ou seja, aos valores e ao comportamento das suas lideranças e às crenças dos seus colaboradores.

As comunicações administrativas consideradas como fontes de comunicação social e humana encontram os seguintes elementos: comunicador, mensagem e destinatário. O processo de comunicação envolve no mínimo duas pessoas ou grupos: remetente (fonte) e o destino (recebedor) isto é, o que envia a documentação e o que recebe.

O conteúdo da comunicação é geralmente uma mensagem e o seu objetivo é a compreensão por parte de quem recebe. A comunicação só ocorre quando o destino (quem a recebe) a compreende ou a interpreta. Se a mensagem não chega ao destino à comunicação

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não acontece.

3.1 FATORES QUE INFLUENCIAM A COMUNICAÇÃO

Para Alberto Ruggiero (2002), a qualidade da comunicação é derivada de alguns pontos considerados de suma importância:

• Prioridade à comunicação – qualidade e timing da comunicação assegurando sintonia de energia e recursos de todos com os objetivos maiores da empresa;

• Abertura da alta direção – disposição da cúpula de abrir informações essenciais garantindo insumos básicos a todos os colaboradores;

• Processo de busca – pro atividade de cada colaborador em busca as informações que precisa para realizar bem o seu trabalho;

• Autenticidade – verdade acima de tudo, ausência de “jogos de faz de conta” e autenticidade no relacionamento entre os colaboradores assegurando eficácia da comunicação e do trabalho em times;

• Foco em aprendizagem – garantia de efetiva aprendizagem do que é comunicado, otimizando o processo de comunicação;

• Individualização – consideração às diferenças individuais (evitando estereotipo e generalizações) assegurando melhor sintonia e qualidade de relacionamento na empresa;

• Competências de base – desenvolvimento de competências básicas em comunicação (ouvir, expressão oral e escrita, habilidades interpessoais) assegurando qualidade das relações internas;

• Velocidade – rapidez na comunicação dentro da empresa potencializando sua qualidade e nível de contribuição aos objetivos maiores;

• Adequação tecnológica – equilíbrio entre tecnologia e alto contato humano assegurando evolução da qualidade da comunicação e potencializando a força do grupo.

Segundo Stoner e Freeman (1999), influenciam a eficácia da comunicação nas organizações quatro fatores:

1) Os canais de comunicação inibem o fluxo livre de informações entre os diversos níveis da organização. Exemplo: um trabalhador do almoxarifado de uma empresa comunicará problemas do seu trabalho a um supervisor e nunca ao gerente.

2) Estrutura de autoridade: verifica-se que as diferenças hierárquicas ajudam a determinar quem irá comunicar-se com quem. O conteúdo e exatidão da comunicação são

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sempre comprometidos pela diferença de autoridade. 3) A especialização do trabalho, ou seja, a divisão do trabalho em ações pertinentes

a cada grupo, facilita a comunicação entre esses grupos.4) Propriedade da informação: quem deverá transmitir a informação e quais são

as pessoas necessárias e úteis a receber a informação para que em meio não ocorra uma comunicação distorcida. Os canais formais da comunicação influenciam a eficácia da comunicação de duas formas: primeiro, os canais cobrem uma distância cada vez maior à medida que as organizações crescem e se desenvolvem. Atingir a comunicação eficaz em uma grande organização é muito mais difícil do que em uma organização menor. A comunicação com os funcionários deve ser considerada tão importante quanto à realizada com consumidores. Isso é contínua, pensar estrategicamente no negócio sendo assim por mais que se invista em comunicação, a melhor mídia é o sapato. Ou seja, o gestor deve passar pelas áreas e ouvir sua equipe. Têm-se, abaixo, os principais pontos que devem ser considerados como aspecto para comunicação:

• Conceito: a comunicação deve ser ágil, seguir um planejamento estratégico e ter uma linha editorial;

• Temas: a comunicação interna serve para transmitir aos funcionários mudanças operacionais e estratégias feitas na empresa, informações administrativas, ações da empresa e participação da companhia no mercado. Pode ainda tratar de assuntos ligados a responsabilidade social, meio ambiente e eventos culturais. Há empresas que reservam espaço para notícias dos próprios funcionários;

• Responsáveis: o ideal é que o setor de Recursos Humanos participe da ação de comunicação, mas o responsável deve ser um profissional de Relações Públicas. Os gestores do negócio também devem se envolver no processo;

• Canal de comunicação: são diversos os meios que as empresas podem utilizar para implantar seu sistema de comunicação para os funcionários. Os mais utilizados são jornais, revistas, informativos, intranet, quadro mural e vídeos;

• Pequenas empresas: a comunicação não é privilégio de grandes empresas. As empresas menores também podem implantar projetos de comunicação, como, por exemplo, promover encontros entre funcionários e criar pequenos informativos.

• A comunicação pode e deve ser um fator que alavanca o sucesso de uma empresa.

3.2 TIPOS DE COMUNICAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES

Nas organizações a comunicação apresenta diferentes formas que variam de acordo

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com os elementos, contexto e tipo de comunicação a ser usado.A comunicação se divide em dois itens:Comunicação verbal eComunicação não verbal.No primeiro item a comunicação envolve participação, transmissão e trocas de

conhecimento e experiências.A comunicação verbal pode ser: (i) interna – quando o processo acontece dentro da

empresa e (ii) externa – quando o processo ultrapassa os limites da empresa, ocorrendo entre esta e funcionários ou instituições de fora da empresa.

Quanto à transmissão da mensagem, a comunicação ocorre de duas formas: (i) oral e (ii) escrita.

Para se ter idéia da importância das comunicações orais, basta lembrar que elas estão no cerne dos problemas de relacionamento entre setores ou na raiz das soluções de integração horizontal/vertical. Muitas questões pendentes poderiam ser resolvidas por meio de uma receita que inclui, necessariamente, contatos, reuniões de integração, avaliação, análise, controle e feedback. Como se percebe, as comunicações orais merecem atenção.

Quanto ao tipo de comunicação a ser utilizada, pode ser: (i) Formal (realizada através da hierarquia) e (ii) Informal (realizada fora do sistema convencional).

Já o propósito da comunicação não verbal é exprimir sentimentos sem usar a palavra. Exemplo: balançar a cabeça para indicar um “sim”.

Segundo Du Brin (2001), a comunicação não verbal, de um modo geral pode ser dividida em oito categorias:

1. Ambiente – espaço físico. Exemplo: a decoração do escritório ou hotel escolhido para uma reunião de negócio.2. Posição do corpo – apresenta-se a uma pessoa em um estilo esportivo pode indicar aceitação ou ser interpretado como desleixo.3. Postura – inclinar-se em direção a outra pessoa sugere ser favorável em relação à mensagem.4. Gestos das mãos – aplausos e, se, com as palmas abertas para cima – perplexidade.5. Expressões e movimentos faciais – aspectos da face e movimentos com a cabeça podem indicar aprovação, desaprovação ou descrença.6. Timbre de voz – podem comunicar confiança, nervosismo ou entusiasmo.7. Vestuário, adorno e aparência – comunicam mensagens como: ”acho esta reunião importante”.8. Reflexão – muitos sinais não verbais são ambíguos. Exemplo: um sorriso indica calor humano, mas, às vezes pode indicar nervosismo.

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Seja através da comunicação verbal ou não verbal, a informação é indispensável aos funcionários de uma empresa como base para atingir metas. É através da informação que se pode detectar áreas problemáticas capazes de impedir a consecução de objetivos. É também, por meio dela que são avaliados desempenhos individuais e/ou coletivos. E ainda, só através de informações torna-se possível fazer ajustamentos necessários para que a eficiência no trabalho seja alcançada.

4. CANAIS DE COMUNICAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES

As mensagens, nas organizações passam por diferentes caminhos ou canais. Tais canais podem ser formais ou informais. Para Du Brin (2001) os canais formais de comunicação são os caminhos oficiais para envio de informações dentro e fora da empresa, tendo como fonte de informação o Organograma, que indica os canais que a mensagem deve seguir.

Além de serem caminhos para a comunicação, os canais também são meios de enviar mensagens. Incluem boletins, jornais, reuniões, memorandos escritos, correio eletrônico, quadros de aviso tradicionais e informativos mais elevados.

Ainda segundo Du Brin (2001), as mensagens nas organizações viajam em quatro direções: para baixo, para cima, horizontal e diagonalmente.

A comunicação descente, que viaja para baixo é aquela que parte do superior da empresa para os subordinados – envolve os relatórios administrativos, manuais de políticas e procedimentos, jornais internos da empresa, cartas e circulares, relatórios escritos sobre desempenho, manuais de empregados e etc. O tipo de comunicação mais adequado aos subordinados é a que presta mais informações; não apresenta controvérsias e cujo propósito é mais informativo que persuasivo. A comunicação ascendente ocorre para cima, do subordinado para o superior, envolve: memorandos escritos, relatórios, reuniões grupais planejadas, conversas informais com o superior. Apresenta propósito informativo e auxilia na tomada de decisão.

Para facilitar este tipo de comunicação as empresas desenvolvem programas e políticas tais como:

• Políticas de portas abertas – permite que qualquer empregado receba a atenção da alta administração.

• Programas de treinamento – serve para avaliar aspectos da Empresa – os empregados trazem os problemas da Empresa à tona. Permite a ela atingir velocidade e simplicidade nas operações.

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• Programas de reclamações – as reclamações são enviadas para cima, incluindo sobre os supervisores, condição de trabalho, conflitos, assédio sexual, métodos de trabalho, etc.

• Comunicação Horizontal – trata-se do envio de informações entre funcionários do mesmo nível organizacional.

• Comunicação Diagonal – transmissão de mensagem de níveis organizacionais mais altos ou mais baixos em diferentes departamentos, demonstrando maior dinamismo no que se refere às decisões da comunicação. Canais informais de comunicação - representam à rede de comunicação, não oficial, que complementa os canais formais. Conforme Du Brin (2001) são dois importantes canais informais de comunicação: rádio corredor e os encontros casuais.A rádio corredor é o principal meio de transmissão de boatos e até pode criar

problemas à organização. Boatos falsos podem ser prejudiciais à moral e à produtividade da empresa. Reuniões com empregados para discutir o boato é a melhor forma de evitar que tais boatos comprometam a imagem dos funcionários da Organização. Encontros Casuais - não programados - acontecendo entre os superiores e empregados podem representar um canal de informação eficiente. Além das reuniões formais, muitas informações valiosas podem ser coletadas nesses encontros casuais. A alta direção, preocupada com a comunicação interna, utiliza-se desses canais, sem preconceito, coletando informações que os ajudam na tomada de decisões importantes.

Muitas vezes, a comunicação não acontece de forma eficaz em virtude da falta de habilidade do emissor e/ou receptor, constituindo-se verdadeiras barreiras. Consideram-se barreiras da comunicação: motivação e interesses baixos, reações emocionais e desconfianças que podem limitar ou distorcer as comunicações; diferenças de linguagem, jargão, colaboradores com conhecimentos e experiências diferentes também podem se constituir em barreiras da comunicação numa organização.

4.1 USO DAS NOVAS TECNOLOGIAS – COMUNICAÇÃO ELETRÔNICA

Segundo Paulo Nassar (1995, p. 12) a tecnologia tem um dos principais papéis na transformação das atividades e no negócio da comunicação social. Além de representar para muitos, uma verdadeira revolução cultural, ela significa investimentos e até a definição de novos objetivos e rumos.

A internet está se tornando imprescindível nos planos de comunicação das grandes corporações, cujos sites foram criados como centros de informação para consumidores. Em vez de vendas, muitas empresas estabelecem objetivos de comunicação e realizam on-line

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uma verdadeira estratégia de administração dos seus contatos e do relacionamento com os diferentes públicos que com elas se relacionam e interagem.

A vídeo-conferência também faz parte dos avanços de tecnologia e, tem tido aceitação cada vez maior no mundo dos negócios. Através desse recurso, funcionários de uma organização, em diferentes locais, mantêm um diálogo vendo as imagens na tela da televisão, realizando uma reunião em diversos lugares ao mesmo tempo. Esta tecnologia traz a vantagem da diminuição de gastos para a empresa, além do aumento da produtividade, pois os funcionários precisam ir apenas ao centro de vídeo-conferência próximo à empresa.

Em decorrência disso, a comunicação eletrônica veio para facilitar a vida das organizações, trazendo agilidade, comodidade e baixo custo para as empresas. Segundo Paulo Nassar (1997, p.135), a internet cada vez mais se forma como mídia. Suas características mais importantes para a atividade e o negócio da Comunicação Social são: a facilidade operacional, o baixo custo de operação e a interatividade.

5. EFICIÊNCIA NA COMUNICAÇÃO INTERNA ORGANIZACIONAL

A alta direção de qualquer organização precisa conhecer e acreditar no poder da comunicação interna, pois é através dela, com uma boa relação com o público interno de forma eficiente, que a empresa poderá transmitir a sua imagem ao seu público externo, pois são eles, os responsáveis por essa imagem.

Para Alberto Ruggiero (2002), a qualidade de comunicação nas organizações deve pressupor individualização do processo em função das naturais diferenças em outro quadro de referência, nível de experiência, amplitude de interesses, grau de motivação, etc. de pessoa para pessoas. Comunicações feitas para a “média” do público acabam gerando, mais problemas do que benefícios, sem falar no fato da pasteurização tornar as mensagens sem impacto. Para que haja eficiência na comunicação interna, é de fundamental importância conhecer em profundidade o público interno da empresa. É necessário um contato pessoal em que se estabeleça uma relação de confiança, que possa transmitir as suas expectativas, ansiedades e interesses entre a organização e o seu público interno. É importante que o emissor tenha acesso aos conhecimentos do receptor sobre o assunto a ser abordado. O seu nível de linguagem e o seu grau de interesse são itens relevantes para que ocorra a sintonia entre eles.

Destaca-se que os elementos para uma transmissão de mensagem eficiente são: comunicação assertiva – a mensagem será mais bem recebida se os funcionários exporem suas idéias diretamente; uso de canais múltiplos – uso dos cinco sentidos para recepção; uso da comunicação bidirecional – envolvimento da mensagem dos receptores na conversação;

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apoiar-se - certos tipos de comunicação fazem com que as pessoas se sintam apoiadas, facilitando o processo; ser sensível as diferenças culturais, respeito as diferenças de estilo, sotaque, erros gramaticais, aparência pessoal; ser sensível as diferenças de gênero – identificar as diferenças no estilo de comunicação relacionadas ao gênero.

Nesse sentido, homens e mulheres apesar da tendência à igualdade nas organizações, comunicam-se de formas diferentes. Ronaldo Marques (2004) afirma que a comunicação interna é uma via de mão dupla, portanto, tão importante como comunicar é saber escutar. Os 5 “C’s” de uma comunicação interna eficaz são: clara, consciente, contínua e freqüente, curta e rápida e completa.

6. RELAÇÕES HUMANAS E A COMUNICAÇÃO INTERNA

A Teoria das Relações Humanas colocou a comunicação como fator muito importante no relacionamento entre opiniões discordantes, no esclarecimento aos subordinados, das razões das decisões e das orientações decorrentes, bem como é fundamental para a concretização da administração participativa. Atualmente, os programas de qualidade organizacional desenvolvem nitidamente uma preocupação com a melhoria da comunicação em todos os sentidos nas organizações: a base é a Teoria das Relações Humanas.

A comunicação interna deve ser considerada para favorecer um melhor ambiente de trabalho com eficácia. Segundo Robbins (2003) a comunicação pode fluir de três formas: (i) descendente, quando acontece dos níveis mais altos para os níveis mais baixos; (ii) ascendente, quando se dirige aos mais altos escalões, favorecendo um feedback sobre progressos, metas e problemas; e (iii) lateral, quando acontece entre os membros de um mesmo grupo, o que ajuda a economizar tempo e coordenação, embora algumas empresas acham que podem ter consequências indesejáveis.

Esses três modelos são importantes para uma empresa, entretanto é necessário que a comunicação ascendente seja bem clara, coerente e inovadora no sentido de proporcionar um ambiente aberto à comunicação, para que a comunicação descendente e lateral seja efectiva e que possa influenciar na motivação de todos os funcionários. Quanto mais canais abertos à comunicação, maior será a possibilidade de inovar na organização (WECHSLER, 1993).

7. CONCLUSÃO

Estudando a comunicação interna nas Organizações observa-se quão complexo é este processo e como se faz necessário o seu conhecimento para que seja possível evitar insatisfações e descontentamento no ambiente de trabalho. A utilização dos diversos

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canais da comunicação pode tornar este processo mais eficiente e as barreiras superadas, permitindo a intervenção dos funcionários na apresentação de sugestões para a melhoria da comunicação na empresa. Considerando que, independentemente do nível hierárquico ocupado na organização, todos os funcionários, são comunicadores e, interagir dentro do processo, mesmo através da comunicação informal, facilitará a integração e a participação de todos os envolvidos na empresa.

Finalizando, conclui-se que a Comunicação Interna na organização deve ser priorizada, os mitos devem ser derrubados, velhos paradigmas serão desprezados para a construção de um novo modelo de comunicação onde todos os funcionários serão envolvidos e participantes. Procurando saber o que os funcionários pensam, serão atribuídas a eles as responsabilidades pelo sucesso da implantação de estratégias que visem à melhoria dos negócios.

Assim, a Comunicação Interna tornar-se-á, sem dúvida, um instrumento estratégico para benefícios na empresa e, conseqüentemente, o sucesso da organização. De acordo com a análise dos resultados da pesquisa foi possível observar que para todos os elementos existe correlação entre comunicação interna, e planejamento da comunicação organizacional. A empresa quando possui meios e canais que permitem que as pessoas, dentro da organização, se comuniquem nas mais diversas direções, formal ou informalmente, estabelece um ciclo eficiente e eficaz em sua comunicação. Assim sendo, concluiu-se que existe um planejamento da comunicação organizacional e que esta exerce influência positiva sobre a comunicação interna eficaz. Com base no que foi exposto, é possível dizer que a comunicação interna, quando planejada, integrada e estratégica, é uma variável muito importante - para a empresa que deseja obter vantagens competitivas sustentáveis - para o desenvolvimento do comprometimento organizacional, principalmente no foco afetivo, dos seus colaboradores.

REFERÊNCIAS

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A DIFERENCIAÇÃO ENTRE FUSÃO E AQUISIÇÃO: UMA ANÁLISE DA FUSÃO ENTRE ITAÚ E UNIBANCO

Rafael de Souza1

[email protected]

RESUMOCom as crescentes fusões e aquisições estratégicas entre grandes empresas do Brasil e do mundo, muitas podem ser as percepções, explicações e opiniões das pessoas acerca desse fenômeno. Portanto, o fato mais ponderante para o diligente pesquisador, é entender o contexto em que essas operações ocorrem. E se as considerações quanto ao assunto correspondem ao que rezam sua teoria. Tal postura facilitaria a disseminação de informações e a formação de opiniões com mais fundamento e segurança. Dessa forma, esse artigo tem o objetivo de apresentar uma diferenciação entre F&A, do ponto vista da recente fusão entre Itaú e Unibanco, duas grandes empresas financeiras do Brasil.

Palavras - chaves: Estratégias de Crescimento; Fusão; Aquisição.

ABSTRACTWith the increasing strategically merger and acquisitions between great companies of Brazil and the world, many can be the perceptions, explanations and opinions of the people concerning this phenomenon. Therefore, the fact ponderante for the diligent researcher is to understand the context where these operations occur. E if the considerações how much to the subject they correspond what they pray its theory. Such position would facilitate to the dissemination of information and the formation of opinions with more bedding and security. Of this form, this article has the objective to present a differentiation between M&A, of the seen point of the recent fusing between Itaú and Unibanco, two great financial companies of Brazil.Key- words: Growth Strategies; Fusing; Acquisition.

1 INTRODUÇÃO Atualmente é possível observar, no cenário econômico brasileiro, a forte iniciativa de muitas empresas, em processos de fusão e aquisição, como estratégia de crescimento. Grandes organizações como a Perdigão e a Sadia no setor alimentício, Casas Bahia e Pão de Açúcar no setor varejista, Itaú e Unibanco no setor financeiro, entre outras, são representações desse ambiente econômico, que cada vez mais, provoca o interesse da pesquisa e formação de opinião de muitos profissionais e universitários quanto ao assunto. Assim, o objetivo desse artigo é apresentar uma compreensão da diferenciação entre F&A e suas características estratégicas, através do acontecimento recente envolvendo as empresas financeiras Itaú e Unibanco, que iniciaram um processo de fusão em 2008. Os resultados dessa operação geraram muitos comentários e diferenciais no mercado nacional e internacional modificando os seus posicionamentos de mercado e caracterizando uma interessante fonte de pesquisa.

2 DESENVOLVIMENTO A tendência do grande movimento de fusões é constatada por diversas pesquisas realizadas com o interesse de explorar e mensurar os fatos e as variáveis do mercado internacional e nacional, visando encontrar a origem do crescente uso dessa estratégia entre as empresas. Observa-se abaixo, o período em que alguns pesquisadores citam como marco desse cenário econômico no Brasil e o interesse do tema para varias ciências:

1 Acadêmico do 7°semestre do curso de Administração de Empresas

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Tem ocorrido no Brasil, desde o início da década de 1990, um crescente número de negócios envolvendo Fusões e Aquisições. Conforme dados da Price Waterhouse, mencionados em artigo do jornal “O Estado de São Paulo” de 08 de julho de 1996, as Fusões e Aquisições no Brasil cresceram 54% no período de janeiro a maio de 1996 em relação ao mesmo período de 1995. (MATIAS, et al, 1996, pg. 01)

É possível constatar na economia do Brasil, através da citação acima, um grande movimento de fusões iniciado a partir da década de 90, chegando a representar 54% em 1996.

No Brasil, nas décadas de 1980 e 1990, a internacionalização econômica, produtiva e financeira e as mudanças do ambiente institucional e concorrencial, intensificadas com o processo de “globalização”, suscitam respostas estratégicas das empresas, em busca de vantagem competitiva. Nesse cenário as F&A evoluem e passam a constituir objeto de atenção para a compreensão da dinâmica de setores e organizações. (BORGES E COSTA, 2008, pg. 02)

O processo de abertura econômica e sua devida concorrência incitaram as empresas a utilizar as F&A como meios estratégicos para obter vantagem competitiva, como também indicador importante de compreensão da evolução dos setores.

São várias as Ciências Sociais Aplicadas que tem as F&A como objeto de estudo: Contabilidade, Direito, Economia, Administração (com destaque para Finanças e Estratégia) e Política de Negócios, entre outras, nenhuma delas apresentando uma dominância ou legitimidade sobre as demais. Cada uma aborda essa atividade com teorias e evidências empíricas subjacentes – que a justificam e proporcionam um melhor entendimento sobre ela –, de grande relevância para a regulação de tais atos de concentração e para a tomada de decisões empresariais. (CAMARGOS E BARBOSA, 2003, pg.18)

Dessa forma, o grande movimento estratégico das F&A destacado acima, deu origem ao interesse da pesquisa cientifica dessa ferramenta e chama a atenção de especialistas, docentes e universitários. Isso não significa que exista uma compreensão homogênea do assunto, pois suscita muitas dúvidas e diferentes interpretações, em grande parte no meio universitário. 2.1 Entendendo Fusão e Aquisição De acordo com WRIGHT, KROLL e PARNELL (2000), entende-se por fusão a combinação de duas ou mais empresas que possuem porte praticamente igual e desenvolvem um relacionamento através da permuta de ações. Segundo DODD (1980), uma fusão é uma transação na qual uma firma (a adquirente) compra ações circulantes ou ativas de outra (a alvo). SANDRONI (2005); MATIAS; PASIN (2001) se referem à fusão como a combinação de duas ou mais empresas, mantendo a empresa resultante a identidade de uma delas. E a aquisição é a compra de parte ou da totalidade das ações de uma empresa por outra de forma amigável ou não, deixando de existir a empresa adquirida. Dessa forma, embora mantendo os princípios da fusão, a mesma é concebida como fator estratégico para a aquisição quando existe interesse por uma das empresas.

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Uma boa compreensão do processo de aquisição oriundo de uma fusão é disseminada por ROSS, WESTERFIELD e JAFFE (1995), declaram que na fusão ou consolidação as firmas envolvidas geralmente têm porte semelhante e combinam-se mediante uma simples permuta de ações, dando origem a outra firma, enquanto na aquisição ocorre a compra de uma firma por outra, e somente uma delas mantém a identidade. Portanto, o que Wright, et. al. enfatiza acerca de fusão é compreendida puramente como permuta de ações. Enquanto que Dodd e Sadroni, et. al. partem do principio de fusão como estratégia de aquisição. Em ambas as teorias residem coerência, pois podem ser percebidas em contextos diferentes, como é visto na teoria de Ross, et. al. Assim, é seguro afirmar que empresas de grande porte podem se fundir como estratégia de crescimento no mercado em que atuam, utilizando-se da permuta de ações ou consequentemente pela aquisição. O próximo tópico aborda as características jurídicas de uma fusão e aquisição. 2.2 Fusão e Aquisição do ponto de vista Jurídico As definições abordadas anteriormente suscitam algumas distinções básicas entre fusão ou consolidação e aquisição: a) em uma fusão seguida de uma consolidação há a criação de uma nova firma, enquanto na aquisição uma das empresas envolvidas mantém a sua identidade jurídica; b) na fusão, a forma de pagamento utilizada é uma permuta de ações, enquanto na aquisição a forma de pagamento pode ser dinheiro, ações, títulos; c) na fusão, as firmas geralmente são do mesmo setor, têm a mesma atividade-fim, enquanto nas aquisições é comum as firmas serem de setores diferentes. Uma melhor compreensão dessa diferença pode ser identificada nos procedimentos jurídicos publicados na página do SEBRAE - Agência de Apoio ao Empreendedor e Pequeno Empresário brasileiro, envolvendo a Fusão e aquisição ou incorporação, em se tratando de compra.

2.2.1 Incorporação (aquisição) A Incorporação entre as empresas só podem ser regulamentadas obedecendo aos seguintes procedimentos, conforme estabelecidos nos artigos 1.116 a 1.122 do Código Civis Lei nº 10.406/02 (disponível para ser consultado em: http://www.jurisway.org.br/v2/bancolegis1.asp? id modelo=233):

o A empresa incorporadora deverá elaborar o plano contendo as bases e o projeto de alteração do contrato social da empresa a ser incorporada;

o Os sócios da empresa a ser incorporada deverão aprovar o referido plano de incorporação bem como o projeto de alteração de seu contrato social, autorizando o administrador da empresa a levar avante tal incorporação;

o Os sócios da empresa incorporadora deverão nomear os peritos para a avaliação do patrimônio líquido da sociedade a ser incorporada;

o Uma vez que for implantado o plano de incorporação, a sociedade incorporada será declarada extinta, sendo tal extinção registrada no órgão onde seu contrato social estiver registrado.

A empresa incorporadora sucederá a empresa incorporada em todos os seus direitos e obrigações, devendo tal incorporação ser publicada na imprensa oficial e em jornal de grande circulação para o conhecimento dos credores das duas empresas.

2.2.2 Fusão (consolidação) Juridicamente o processo de fusão é conhecido segundo a Lei nº 6.404/76, no art.228(http://www.

normaslegais.com.br/legislacao/contabil/lei6404_1976.htm), fusão é a união de duas ou mais empresas gerando uma nova e única grande empresa. A fusão é avaliada pelo valor contábil ou de mercado, obedecendo ao artigo

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21 da Lei nº 9.249 / 1995 (http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/42/1995/9249.htm). O último balanço da empresa a ser adquirida deverá ser feito em até trinta dias antes da fusão. O procedimento para a fusão de empresas, que é regulamentado pelos artigos 1.119 a 1.122 do Código Civil Lei nº 10.406/02 (onde pode ser consultada, esta disponível em http://www.jurisway.org.br/v2/bancolegis1.asp? idmodelo=233), são os seguintes:

o A fusão e o projeto do contrato social da nova empresa, bem como o plano de distribuição do capital social deverão ser aprovados pelos sócios das duas empresas a serem fundidas em reunião ou assembléia de sócios;

o Na reunião ou assembléia de sócios que aprovar a fusão, deverão ser nomeados os peritos para avaliação do patrimônio da sociedade;

o Quando os laudos de avaliação estiverem prontos, os administradores deverão convocar nova reunião ou assembléia de sócios para tomar conhecimento deles, decidindo sobre a constituição definitiva da nova sociedade. É Importante observar que os sócios não poderão votar o laudo de avaliação da empresa da qual façam parte.

Os administradores da nova empresa deverão inscrever no órgão de registro de empresas, onde esta tiver sede, todos os atos relativos à fusão, devendo ainda publicar tais atos na imprensa oficial e em jornal de grande circulação para o conhecimento dos credores das duas empresas.

2.3 Tipos, Características e Objetivos da F&A MATIAS, BARRETTO e GORGATI (1996) apresentam três tipos de fusões: horizontal, vertical e de conglomerados que caracterizam os diferentes objetivos das fusões. Concordando com os autores acima BARRT BREALEY, MYERS & MARCUS (1995), declaram que as formas mais importantes do processo de fusão e aquisição são três: a fusão horizontal, a fusão vertical e a fusão de conglomerados. Estes três tipos de fusões se diferenciam entre si em virtude do tipo de atividade econômica realizada pelas empresas que se fundem, considerando o tipo de negócio em que estão e em que parte do seu processo produtivo se encontram. O mesmo principio aparece na obra de ROSS, WESTERFIELD e JAFFE (1995), que destaca três tipos diferentes de uma F&A caracterizada como, horizontal, vertical e em conglomerado. Os autores acima concordam em seus conceitos, quanto aos tipos que caracterizam F&A. Dessa forma, estabelecem as condições em que essas operações são realizadas:

• Horizontais: união entre firmas atuantes no mesmo ramo de atividade, geralmente concorrentes. • Verticais: quando resultam da união entre firmas que fazem parte da mesma cadeia produtiva, podendo

ser para cima (montante), em direção aos fornecedores, ou para baixo (jusante), em direção aos distribuidores;

• Conglomerado ou co-seguro: quando envolvem firmas em ramos de atividade não relacionados, cujo principal objetivo, na maioria das vezes, é a diversificação de investimentos, visando a reduzir riscos e aproveitar oportunidades de investimento.

De acordo com as pesquisas de BORGES e COSTA (2008), os objetivos visados nos processos de F&A são os seguintes:

• Horizontal: objetiva a redução de custos e ganhos de escala, o que modifica a estrutura de mercado, pois pode aumentar a concentração, ampliando a participação da empresa resultante, aumentando o poder de negociação frente às demais concorrentes e seus compradores e fornecedores. Tal situação cria condições para ampliação de receitas, em decorrência da ampliação do poder de mercado.

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• Verticalização: se justifica por vários fatores, entre eles como meio de reduzir os custos de transação, visto que as informações do mercado são assimétricas, isto é, o mercado funciona de forma imperfeita, o que poderia resultar em custos de transação ex-ante (minimização das várias possibilidades de ações oportunistas) e ex-pot (minimização dos efeitos das ações oportunistas realizadas a posteriori).

• Conglomerados: ocorre quando as empresas que se fundem atuam em negócios diferentes, podendo ser considerada uma diversificação. Essa forma de fusão, para MATIAS, et. al (1996), pode ser classificada em três tipos: a) extensão de produto - ocorre com a ampliação das linhas de produtos, que atuam no mesmo negócio e as atividades estão relacionadas entre si; b) extensão geográfica de mercados - fusão que ocorre entre empresas que atuam em locais geograficamente diferentes, mas que podem ser complementares e, para tal, o produto deve ser substituto; c) conglomerado puro - fusões entre empresas que não apresentam negócios relacionados. BRITTO (2002) identifica uma forma de diversificação em conglomerado em que a empresa passa a atuar em atividades com baixos níveis de sinergia ou quase nenhuma relação, e essa diversificação pode-se dar, também, pela F&A.

É possível compreender através das informações das pesquisas de Borges e Costa e os autores citados em sua pesquisa, que os tipos de F&A são utilizados pelas organizações como ferramenta estratégica que ajudam a alcançar seus objetivos organizacionais dentro de um contexto ou cenário de mercado.

2.4 Fatores que determinam a eficiência das operações de F&A Estudos realizados por MATIAS, BARRETTO e GORGATI (1996) apontam teorias de eficiência que pressupõem melhoramentos no desempenho administrativo das empresas em termos de sinergia e economia. Também evidenciam alguns fatores no principio dessas teorias que ajudam a constatar o sucesso de suas operações. As teorias de eficiência são as seguintes:

o Teoria da Eficiência Diferencial: esta é a teoria de eficiência mais geral. Ela afirma que se existirem duas empresas, sendo uma com administração mais eficiente que a da outra, e estas se fundem, a tendência é que a eficiência da menos eficiente seja elevada ao nível da eficiência da outra. Existiria neste caso um ganho social, bem como privado, porque o nível geral de eficiência da economia aumentaria.

o Teoria da Ineficiência Administrativa: esta teoria afirma que o motivo principal para o processo de fusão, senão o único seria a existência de uma administração tão ineficiente em uma empresa que praticamente qualquer outra administração traria melhores resultados. Assim, com a fusão ou aquisição, a administração ineficiente é substituída por outra mais eficiente.

o Teoria da Sinergia Operacional: a teoria da sinergia operacional se baseia na existência de economias de escala no negócio, que são atingidas através da fusão de empresas.

o Teoria da Diversificação Pura: aqui, a fusão é vista como forma de diversificação da empresa, justificada por várias razões. A primeira delas diz respeito ao fato de que a diversificação fornece aos administradores e funcionários da empresa oportunidades de promoção e segurança no emprego, o que reduziria os custos de mão-de-obra. Uma segunda razão é que a diversificação permite que as equipes de trabalho,

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formado internamente na empresa, sejam aproveitadas em atividades rentáveis. Uma terceira razão se refere ao fato de a diversificação poder aumentar a capacidade de endividamento da empresa e reduzir o valor presente de seus débitos fiscais como resultado de uma diminuição da variabilidade do fluxo de caixa devido à fusão.

o Teoria da Sinergia Financeira: esta teoria considera que a alocação de recursos de capital através de fusões é mais eficiente devido aos custos de transações envolvidas com o levantamento externo de capitais e o tratamento fiscal dado aos dividendos. Ao invés de procurar financiar seus projetos por meio de capitais externos, a empresa pode se fundir com uma firma que apresenta excesso de caixa e utilizá-lo para financiar suas operações. Da mesma forma, caso a empresa possua um excesso de caixa e não tenha oportunidades de investimento no seu negócio, uma fusão pode ser um meio de direcionar estes recursos excedentes, internalizando oportunidades de investimento de outra empresa e evitando que estes excedentes sejam distribuídos como dividendos.

o Teoria da Subavaliação: aqui, a causa da fusão seria o fato de uma das empresas estarem subavaliada, o que faz com que haja um ganho imediato com a fusão.Os processos de fusão e aquisição são fenômenos globais presentes em países do Primeiro Mundo e

menos desenvolvidos. Certamente serão ouvidas, com mais e mais freqüência, notícias sobre este processo irreversível de somatória de esforços e atuações conjuntas entre empresas. A seguir será relatado um exemplo atual de fusão entre duas empresas financeiras com grande posição no mercado, Itaú e Unibanco e as razões que levaram a se fundirem, quem ganha com esse processo, quais as conseqüências para seus correntistas.

2.4 A Fusão Itaú e Unibanco Como afirmou a mídia brasileira entre 2007 e 2008, a fusão dos bancos Itaú e Unibanco é um desses acontecimentos que têm múltiplas conseqüências. As conversas começaram 15 meses antes do anúncio do negócio, mas foram aceleradas pelos desdobramentos da crise financeira internacional. Itaú e Unibanco começaram a se aproximar para ocupar um espaço sobre o qual o Santander avançava. A compra do Real, do grupo ABN Amro, pelo Santander, fechada no ano passado, mudou os parâmetros de escala do setor financeiro brasileiro. O negócio fez parte da compra do banco holandês ABN Amro pelo consórcio formado pelos bancos Royal Bank of Scotland, Fortis e Santander a maior aquisição da história do setor bancário mundial. No negócio, o Santander ficou com as unidades italianas e brasileiras do ABN, o que deu ao Santander fôlego necessário para disputar de igual para igual o mercado brasileiro com os principais bancos locais (Itaú, Bradesco e Banco do Brasil).

Por isso, a reação iniciada com a união entre Unibanco e Itaú leva outros bancos a iniciarem processos de fusões e aquisições. O Banco do Brasil, por exemplo, negocia a compra de metade do Banco Votorantim, da família Ermírio de Moraes. Uma medida provisória assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva permitiu que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal comprassem bancos privados. Já o Bradesco, que comprou 60 bancos nos últimos 15 anos, ficou pressionado para divulgar uma aquisição de peso. O Bradesco poderá entrar em ação face aos acontecimentos e uma reação não seria surpresa, ou seja, o impacto mais importante virá com as próximas operações que agora irão se acelerar.

2.4.1 Opiniões de Especialistas e Autoridades

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As opiniões de especialistas na economia são importantes para a compreensão da ação estratégica iniciada por Itaú e Unibanco. É possível averiguar três opiniões que podem desvelar os objetivos dos dois bancos.

“Do ponto de vista do valor de mercado, das ações, os bancos sofreram. É uma maneira de enfrentar a crise no curto prazo. Não é reflexo da crise. O processo de fusão é muito longo. Não é coisa de um mês.” (FOLHAONLINE, 2008) Para Jason Vieira, economista-chefe da UpTrend Consultoria, em entrevista ao FOLHAONLINE, a fusão é uma forma de enfrentar a crise, e não conseqüência dela. Segundo ele, no entanto, a conclusão do negócio pode ter sido precipitada pela turbulência provocada pela fragilidade do sistema bancário e financeiro dos Estados Unidos. “A associação com o sexto maior banco do país deixa o Itaú isolado na posição de maior banco nacional, ganhando escala para permitir um salto importante rumo ao mercado internacional.” (FOLHAONLINE, 2008) Já o economista-chefe da corretora Souza Barros, Clodoir Vieira, em entrevista, destaca que a fusão foi uma grande estratégia para o market share do Itaú. Na avaliação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, a fusão deve fortalecer o sistema financeiro nacional e evitar problemas na liberação de crédito no país. Afirma:

É importante, pois solidifica os dois bancos. É normal que em um momento de turbulência, de problemas internacionais do setor financeiro, você tenha um movimento de fusões. São dois bancos tradicionais, dois bancos sólidos, que têm uma atuação importante para a atividade econômica. (FOLHAONLINE, 2008)

De acordo com Mantega isso é algo comum em bancos de grande porte como Itaú e Unibanco que assistem um problema financeiro internacional. “Vai mudar um pouco, mas não muito, porque ele já é um setor concentrado. O importante é que essa concentração vem no sentido de fortalecer o sistema financeiro” (FOLHAONLINE, 2008) Na mesma entrevista, Mantega reconheceu que a fusão vai aumentar a concentração do sistema financeiro nacional, mas afirmou que esse fator é positivo na medida em que fortalecem as instituições que atuam no país, após o anúncio, as ações dos dois bancos listadas na Bolsa de Valores dispararam e os papéis do Unibanco subiam 8,44%, e os do Itaú, 15,2%.

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2.4.2 Opiniões Públicas A compreensão do pensamento popular é algo interessante para poder cruzar alguns dados e entender até que ponto a opinião pública se torna válida.

Leandro Alves, em resposta a enquete do FOLHAONLINE afirma:

Acho muito interessante a fusão Itaú/Unibanco. É uma concentração de poder sim, mas não vejo nenhum grande impacto ao mercado bancário uma vez que existem grandes concorrentes como Bradesco, Banco do Brasil, Satander Real, HSBC, entre outros. No mais, acho saudáveis os bancos brasileiros se unirem para ganhar força e competirem no mercado global, como fez a Ambev. O “problema” que as pessoas enxergam é mais no plano cultural - e não se restringe ao Brasil. Não sei exatamente a causa, mas é senso comum que os bancos são maus, só pensam em dinheiro e tudo o que fazem é ruim. Puro preconceito. Esquecemos-nos que sem eles o sistema financeiro quebraria e investimentos, empresas e empregos desapareceriam em todo o mundo. Foi o que aconteceu nesta última crise internacional. Claro que eles também não são santos e cobram taxas exorbitantes visando lucros exorbitantes. Mas ai também entra a nossa parcela de culpa: enquanto utilizarmos cheque especial pagando 150% a.a., cartão com anuidades que chegam a R$ 400,00, rotativo do cartão de crédito pagando 9% a.m., guardar nosso dinheiro em fundos que cobram 3% ou 4% de taxa de administração... Veremos os bancos com tais lucros exorbitantes e não adianta reclamar de concentração de poder. Se quiserem acabar com isso, e isso sim é discussão que vale a pena, parem de se endividar como loucos e procurem outros lugares para guardar dinheiro como Tesouro Direto ou Bolsa de Valores. (FOLHAONLINE, 2008)

Conforme Leandro, a fusão entre os bancos Itaú e Unibanco é considerada uma concentração de poder, embora seja interessante em perspectiva de competitividade global, fundamentam, para o sistema financeiro brasileiro de credito, apoio de investimentos as empresas. Mas, considera os bancos bem oportunistas quanto aos lucros devido às altas taxas de serviços. Carlos Espósito, em resposta à mesma enquete afirma o contrário:

Que vergonha! E pior, o BC mais do que ciente de que a única atividade econômica que tem lucros mais que exorbitantes é a do próprio sistema financeiro, alega que a fusão é positiva nesse momento de crise internacional. Conversa para boi dormir. A FEBRABAN – Federação Brasileira dos Bancos é muito mais poderosa que esses coitadinhos do Lula e Fernando Henrique juntos. 15 anos protegendo o lado mais forte de maneira improporcional. O custo social que esses “agiotas legalizados” geram a sociedade é muito maior. Desestabilizam lares, famílias e geram muito desemprego para a rede produtiva. Afinal, quem aguenta pagar 4,5 ou 10 % de juros ao mês? Isso não existe em nenhum outro País do mundo e somente no Brasil. Depois vem o Mantega com conversa para boi dormir comentando que se aumentarem os juros os banqueiros vai dar um tiro no pé. Pura demagogia... Vocês teriam duvida caso existisse no Brasil um candidato a presidente chamado “FEBRABAN” se ele não seria eleito? Chegou a um ponto que o poder deles é imensurável. Pobre da Jornalista Salete Lemos que foi a única que teve coragem de criticá-los no ar e sumariamente demitida. Afinal, qual rede de comunicação vai arriscar perder as propagandas milionárias mostrando o lado “bonzinho” dos mesmos. Esse Brasil é uma piada. Agora, vamos todos comemorar essa fusão é mostrar simultaneamente o nosso lado patriótico e porque não dizer idiota tentando nos convencer que a rede financeira no Brasil não é um oligopólio.

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Na opinião desse internauta, a fusão é um ato desprovido de base legal, econômica e social. Já que visa o poderio lucrativo e desequilibra a produtividade nacional, escondendo-se atrás de um papel patriótico,

mas que na verdade não consegue esconder o oligopólio2 existente no sistema financeiro do Brasil. 2.5 Resultados da Fusão

• O nome da nova instituição; A nova controladora será denominada Itaú Unibanco Holding S.A.• Aprovação de Operações; A operação precisa ser aprovada em assembléia extraordinária de acionistas,

pelo Banco Central do Brasil e demais autoridades competentes.• Aos clientes dos Bancos; De acordo com o comunicado oficial do Itaú, nada muda operacionalmente

para os clientes dos dois bancos neste momento. Todos continuarão a utilizar normalmente os diferentes canais de atendimento, cheques, cartões e demais produtos e serviços.

• Estrutura do novo Banco; Contará com aproximadamente 4.800 agências e patrimônios bancários, representando 18% da rede bancária, e 14,5 milhões de clientes de conta corrente, ou 18% do mercado. Em volume de crédito representará 19% do sistema brasileiro, e em total de depósitos, fundos e carteiras administradas atingirá 21%.

• O patrimônio do Novo Banco; O banco resultante da fusão terá R$ 575 bilhões em ativos e patrimônio líquido de cerca de R$ 51,7 bilhões.

• Modelo adotado na nova formação; Os controladores da Itaúsa e Unibanco constituirão um holding3 em modelo de governança compartilhada. O Conselho de Administração será presidido por Pedro Moreira Salles (atual Unibanco) e o presidente-executivo será Roberto Egydio Setubal (atual Itaú).

• Demissões; É possível. Esse, aliás, é sempre o maior temor dos funcionários quando ocorre uma fusão entre empresas. O Itaú e Unibanco anunciaram, porém, que os bancos continuarão a operar separadamente, mantendo suas agências.

• Possíveis obstáculos a validação da fusão; O CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica irá analisar eventuais danos concorrenciais provocados pela fusão. Além disso, será analisado se os clientes podem ter prejuízos. Por exemplo, se o mercado ficar muito concentrado em uma praça, a nova instituição poderia elevar os preços, deixando os correntistas sem alternativas. “Caso tenha alguma chance disso acontecer, o CADE não deixará a fusão ser validado”, disse Frederico Turolla, professor

2 O oligopólio é uma situação de mercados concentrados, na qual a produção se concentra num pequeno número de firmas. No oligopólio também existem barreiras à entrada de potenciais concorrentes, mas as ações entre as empresas não são necessariamente coordenadas. Quando há algum tipo de acerto referente ao preço que será praticado, o oligopólio caracteriza-se como um cartel; quando há uma união das empresas com o objetivo de dividir o mercado, ele caracteriza-se com um truste. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Monop%C3%B3lio#Oligop.C3.B3lio3 Uma sociedade gestora de participações sociais(conhecida em inglês por holding) é forma de sociedade criada com o objetivo de administrar um grupo delas (conglomerado). Na holding, essa empresa criada para administrar possui a maioria das ações ou quotas das empresas componentes de determinado grupo de empresas. Essa forma de sociedade é muito utilizada por médias e grandes corporações e normalmente visa melhorar a estrutura de capital da empresa ou como parte de alguma parceria com outras empresas. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Holding

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de economia da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

3 DISCUSSÃO

A fusão entre Itaú e Unibanco formará o maior banco do país e o maior grupo financeiro do Hemisfério Sul. Segundo comunicado divulgado pelos bancos, o valor de mercado fará com que ele [grupo] fique situado entre os 20 maiores do mundo. “Trata-se de uma instituição financeira com a capacidade de competir no cenário internacional com os grandes bancos mundiais”, informaram as duas empresas. O total de ativos combinado é de mais de R$ 575 bilhões contra R$ 403,5 bilhões do Banco do Brasil, e R$ 348,4 bilhões do Bradesco. Ainda em comunicado, as instituições informaram que a fusão é resultado de 15 meses de negociação, ou seja, não foi fomentada pela crise financeira que abala o mercado global. As tabelas abaixo demonstram em números e indicadores, os resultados financeiros da fusão entre Itaú e Unibanco. Esses referenciais demonstram o valor total do movimento dessa operação, como também sua importância no cenário econômico nacional e mundial.

Figura 1 Estrutura Financeira com a FusãoFonte: http://www.gazetadopovo.com.br/economia/conteudo.phtml?tl=1&id=824513&tit=Apos-fusao-Itau-e-Unibanco-querem-conquistar-mercado-global>.

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Figura 2 Ranking dos Bancos

Fonte: < http://www.gazetadopovo.com.br/economia/conteudo.Apos-fusao-Itau-e-Unibanco-querem-conquistar-mercado-global>.

Essas informações pressupõem que a fusão não teve outros objetivos a não ser dar maior poder de mercado, rentabilidade e futura posição isolada e cômoda para as empresas. Pois, a operação agigantou sua esfera bancaria no país.

De acordo com as teorias referenciadas e jurídicas e as informações pesquisadas, as duas empresas financeiras realizaram uma fusão estratégica de crescimento, com base no cenário competitivo do setor que preconizava a defesa do posicionamento de mercado ameaçada pelas aquisições das concorrentes Santander e Bradesco. É uma fusão do tipo horizontal, pois ambas as empresas atuam no mesmo ramo de atividade como concorrentes, focalizando o mesmo objetivo, requerendo, assim, redução de custos e ganhos de escala que modificariam a estrutura organizacional, aumentando a concentração de bens, o poder de negociação frente às demais concorrentes, seus compradores e fornecedores, ampliando a participação da empresa resultante no mercado. Tal situação criou condições para ampliação de receitas em decorrência da ampliação desse poder. Enfim, essa fusão consiste na teoria de eficiência diferencial, pois sua operação aumentaria a eficiência da menos eficiente, ou seja, o Unibanco ganhou muita eficiência com o Itaú e o Itaú ganhou posição de mercado com o Unibanco. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O artigo apresentado teve o objetivo de diferenciar os significados do conceito estratégico fusão e

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aquisição, sua devida compreensão, características, tipos e objetivos, formas de aplicação, embasados em fundamentos teórico, jurídico e pratico.

O uso das fusões em nossos dias foi explicitado neste artigo, através do caso recente envolvendo Itaú e Unibanco, as variáveis do cenário econômico brasileiro e os desdobramentos que favoreceram essa operação. A estratégia envolvida, as diversas opiniões, a analise e discussão dos resultados numéricos e gerenciais, mediante tabelas informativas, foram os tópicos estabelecidos e esclarecidos. Foi possível compreender que gigantes como Itaú e Unibanco temem seus concorrentes como qualquer empresa e necessitam formar alianças estratégicas visando o ganho do mercado e sua expansão. Também, como se pode notar, os consumidores não deverão ter vantagens de imediato com o acontecimento e se tiverem talvez em longo prazo. Com isso só quem tem a ganhar imediatamente é a empresa que amplia sua participação no mercado, agrega mais clientes em sua carteira e aumenta sua lucratividade. Como seria interessante que tanto consumidores quanto governos também praticassem ações de fusão em defesa aos direitos humanos e de mercados, com perfil semelhante às grandes empresas. Isso porque, para lidar com organizações gigantescas, muitas vezes dirigidas a partir de escritórios em países do outro lado do mundo, somente exercendo um poder equivalente ao deles: o poder de não consumir, se necessário.

REFERENCIAS

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A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO NA ÁREA DA SAÚDE

THE IMPORTANCE OF COMUNICATION IN HEALTH AREA

Valdirene Fogaç[email protected]

RESUMOEste artigo teve como objetivo analisar os fatores comunicativos existentes na área da

saúde que se limitam a preparar indivíduos através de conhecimentos biológicos, técnicos pré-estabelecidos, se restringindo aos procedimentos organizacionais já prontos. Utilizou-se como metodologia estudos bibliográficos sobre o assunto. Partindo-se do constatado na literatura, verificou-se que a comunicação em Saúde surge não só como uma estratégia para prover indivíduos e coletividade de informações, pois se reconhece que a informação não é suficiente para favorecer mudanças, mas é uma chave, dentro do processo educativo, para compartilhar conhecimentos e práticas que podem contribuir para a conquista de melhores condições de vida e de trabalho. Evidencia-se, assim, que a informação de qualidade, difundida no momento oportuno, com utilização de uma linguagem clara e objetiva, é um poderoso instrumento de promoção da saúde. Nessa perspectiva, verifica-se que o processo de comunicação deve ser ético, transparente, atento aos valores, opiniões, tradições, culturas e crenças dos envolvidos no processo comunicativo, respeitando, considerando e reconhecendo as diferenças pessoais, baseando-se na apresentação e avaliação de informações tornando-as atrativas e compreensíveis.

Palavras chaves: Comunicação; Mensagem; Saúde;

ABSTRACTThis article analysis the factors in the health area as limited to prepare the person with

technical biological Knowledge, restricted to the organization ready process. The methodology used is the bibliographical study. Starding from literature search, verified that communication in the health began not only a strategy to improve the personal and people around the information, because its known that the information is not sufficient to show the changes, but its is the key in the education process to share information and practice that contribute to get better life conditions. In fact, the quality of information diffusion in the right moment using a clean and objective language is a powerful instrument to promote the health. In this way through a literature revision shows communication process must to be ethic, transparent, attempt to the values, opinions, cultural

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traditions and beliefs, respecting, considering and recognizing the differences based in the presentation and information validation changing them attractive and comprehensible.

Key-Words: Communication; Messenger; Health;

1. INTRODUÇÃO

A comunicação envolve situações decorrentes de ações humanas históricas, pessoais e sociais além de questões relacionadas ao entendimento entre os gestores, os funcionários da saúde e seus pacientes. (Argyle e Trower,1981).

[...] Qualquer língua expressa a cultura da comunidade e a fala, transmitindo através das gerações e fazendo-a circular no ceio dessa comunidade. Por desempenhar tão ampla função, a língua é considerada um autêntico alicerce da estrutura social: além de ser de utilidade mais óbvia como instrumento cotidiano das interações humanas, ela possibilita a construção de conhecimentos e armazenagem em arquivos sonoros ou impressos para uso na ciência, na educação, na literatura, no direito, na religião, no lazer, na administração pública etc. (HOUAISS, 2008)

Segundo Argyle e Trwer, (1981), a efetividade da comunicação entre a equipe da saúde e o paciente hospitalar possibilita a melhora desse, a qual é alcançada por meio da harmonização dos relacionamentos interpessoais. Nesse sentido, o preparo da equipe da saúde para uma relação de comunicação conexa com o paciente, está relacionado com a comunicação interna entre os profissionais da saúde e os resultados de suas ações assistenciais para com o paciente.

A comunicação humana é um processo que envolve a troca de informações, e utiliza os sistemas simbólicos como suporte para este fim. Neste processo, uma diversidade de maneiras e fatores de comunicação é envolvida para que haja troca informacional e permita que as pessoas se interajam. Entre esses fatores e processos temos os gestos, as falas, as figuras, os códigos envolvendo também as palavras, o olfato, tato, visão, audição e paladar. (Argyle e Trower,1981).

Nos ambientes institucionais de saúde, quer sejam hospitais ou unidades de pronto atendimento, segundo Kunsch (2003), as relações interpessoais recebem influências da estrutura hierárquica, de vocabulários específicos utilizados na área da saúde, além do número considerável de pessoas envolvidas nos turnos de trabalho, vindas de diversas áreas do país e tendo diversas formações acadêmicas ou não.

A convivência social entre as pessoas envolvidas no processo acaba criando um modo de se comunicar específico daquele grupo ressaltando um processo de influências que identificam o grupo pela sua linguagem. Para Eni Orlandi:

[...] A Análise de Discurso concebe a linguagem como mediação necessária entre o homem e a realidade natural e social. Essa mediação que é o discurso, torna possível tanto a permanência e a continuidade quanto o deslocamento e a transformação do homem e a realidade em que vive. O trabalho simbólico do discurso está na base da produção da existência humana.(ORLANDI, 1999)

Segundo Argyle e Trower (1981), a comunicação humana se desenvolve em diversos campos de diferentes naturezas entre elas a comunicação em pequena escala, e a comunicação em larga escala ou comunicação de “massa”. Em ambos os casos, o ser humano passou a utilizar ferramentas que passaram a auxiliar e a potencializar

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o processo de produção, envio e recepção das mensagens. A tecnologia passou a fazer parte da comunicação humana, assim como, passou a participar da maioria das atividades desenvolvidas pela humanidade ao longo do seu desenvolvimento.

Segundo o autor acima citado, vale ressaltar que a comunicação numa instituição visa o acompanhamento investigativo e o desenvolvimento de habilidades, comportamentos, atitudes do público interno, já que a manutenção de agentes informativos tem a função de contribuir com a ação planificada do estrategista organizacional, que busca, nessas instâncias, reforçar a identidade institucional.

2. DESENVOLVIMENTO DA COMUNICAÇÃO

Segundo Peruzzolo (2002), comunicação é diálogo e partilha, consiste na existência de um relacionamento entre uma pessoa e outra pessoa, através de um meio material, ou seja, um ser, emissor, que produz e emite a mensagem, com outro ser, receptor, o qual recebe a mensagem, a percebe e, assim, deve emitir uma resposta para que se tenha a certeza de que a comunicação ocorreu, por um elemento que os relaciona, a mensagem, aquilo que é transmitido, de modo verbal ou não-verbal, possui um significado comum, tanto para o emissor quanto para o receptor.

No âmbito organizacional, comunicação é entendida por Kunsch (2003) como um processo de relacionamento entre indivíduos, departamentos, unidades e organizações. Envolve, no contexto administrativo, emissor e receptor, bem como os demais elementos intermediários constituintes do processo comunicacional (codificador, canal, mensagem e decodificador). Segundo Vidotto (2008)

É muito comum confundir objetivo de comunicação com objetivo de vendas ou de marketing. O objetivo de comunicação é um dos elementos que conjugados aos de,mais objetivos do marketing, como: um produto com a qualidade exigido pelo cliente, um preço coerente, uma distribuição conveniente e outra facilidades de transferência de posse - como planos de pagamentos atrativos – podem transformar-se em vendas. Resumir o objetivo da comunicação à quantidade de produtos vendidos é na verdade superestimar o poder da comunicação. A comunicação ajuda, mas não pode fazer tudo sozinha. (VIDOTTO, 2008)

Diante dessa definição de cunho organizacional, as influências dos ambientes interno e externo devem ser consideradas como um modo subjetivo para alcançar uma comunicação mais interpretativa, que, segundo Kunsch (2003) a comunicação organizacional interna é definida como aquela voltada para o público interno à organização, a qual objetiva, de acordo com Torquato (2002), informá-lo, persuadi-lo e envolvê-lo. Sua missão básica é contribuir para o desenvolvimento e a manutenção de um clima positivo, propício ao cumprimento das metas estratégicas da organização e ao crescimento continuado de suas atividades, serviços e à expansão de suas linhas de produção.

2.1. Comunicação InternaA comunicação interna está cada vez mais sendo trabalhada dentro da organização, comunicar se tornou

primordial, ter uma comunicação eficiente e que atenda às necessidades, envolve um processo continuo que deve ser realizado e desenvolvido por pessoas capacitadas e especializadas nesta área.

Segundo Kunsch (2003), a comunicação, no domínio organizacional interno, ocorre através de duas redes interdependentes: a formal e a informal. A primeira refere-se à comunicação administrativa, a qual utiliza os canais e meios preestabelecidos pela organização para delinear formalmente sua estrutura, já na rede informal, a comunicação flui de maneira mais rápida, baseada nas relações sociais entre os funcionários, que buscam nessa

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forma de comunicação, a velocidade nas respostas para as suas dúvidas e anseios.Para Torquato (2002) na condução dessas comunicações na organização, existem os meios descendentes e

ascendentes, orientados, respectivamente pela direção aos subordinados e dos subordinados à direção. Somam-se a esses os meios horizontal e diagonal de comunicação, os quais ocorrem entre superior e subordinado de áreas distintas, respectivamente.

A comunicação interpessoal, segundo Kunsch (2003), é a forma mais extensa e básica da comunicação humana somando à outra pessoa à situação comunicativa como definição introdutória da dupla relação. Esse nível de análise do processo comunicacional considera as formas como os indivíduos se afetam mutuamente.

Frente a essas idéias, contempla-se a importância do nível interpessoal da comunicação organizacional no contexto formal e informal de um sistema comunicacional voltado para a área da saúde, pois é através dessa consciência organizacional que se poderá trabalhar a eficiência de seu relacionamento entre os funcionários e com o paciente. Segundo Goldsmith at all (2003)

Uma vez que você não pode contar com a sua organização para orientá-lo em seu novo papel, é preciso que você administre a sua própria transição. Isso significa criar estratégias para administrar suas próprias expectativas, assim como as do seu chefe e da sua própria equipe. Ao iniciar diálogos abertos sobre as questões de maior importância para os stakeholders-chave no seu sucesso (colegas, clientes internos e conselhos de administração), você estará fornecendo relacionamentos que são vitais à consecução dos seus objetivos. (GOLDSMITH, 2003)

Já para Rogers (1986), o bom relacionamento é vislumbrado como de interesse central, ao evidenciar a idéia de que a principal barreira à comunicação interpessoal é a tendência humana natural de julgar, avaliar, aprovar ou desaprovar outra pessoa ou grupo.

2.2 Comunicação Profissional O ser humano é repleto de fatores comunicativos e deixa sua influência por onde passa através da maneira

como se veste, se comporta, pela sua personalidade, além daquilo que diz ou escreve. (Peruzzolo, 2002).Assim, para o profissional da saúde o papel da comunicação começa antes de sua atuação numa determinada

função, começa na hora de conseguir um emprego ou um contrato para prestar um serviço.Nesse momento ambos, contratante e contratado, se avaliam e se posicionam adequados ou não ao vínculo

a ser assumido, enquanto falam se analisam em suas posturas, crenças, valores e até mesmo suas atitudes. Melhor que uma comunicação perfeita é a convicção daquilo que se procura comunicar, o brilho nos olhos

do profissional que tem paixão pelo que faz, diz muito mais que mil palavras, e se a pessoa tiver essa convicção e ainda uma boa comunicação, será mais fácil conquistar seu espaço no mercado. Influenciar pessoas com suas idéias, contribuir para o bom desempenho da instituição e seu crescimento profissional são ideais que abrangem contratantes e contratados. (Peruzzolo, 2002).

Para Stefanelli (1993), comunicação é um processo. Começa investigando, perguntando, percebendo a situação, as pessoas e o ambiente, para então adaptar a mensagem de forma que seja compreensível ao receptor, levando em consideração os fatores situacionais do momento da fala como: o conhecimento prévio dos envolvidos, os ruídos do processo, as necessidades do público alvo, as diferenças culturais, meios utilizados e uma série de outras variáveis.

Tudo se resume em saber dizer e se posicionar da maneira mais apropriada para o momento, em fazer as perguntas e dar as respostas adequadas para que a comunicação seja efetivamente uma resposta aos anseios e expectativas de sua audiência. (Kunsch, 2003).

Da mesma maneira que o profissional da saúde demonstra seu posicionamento no discurso comunicativo a

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instituição também se comunica através de sua organização, apresentação, maneiras de receber os funcionários, os pacientes, aspectos arquitetônicos, design, cor, postura de seus funcionários. Para Orlandi (1999) a interpretação aparece em dois momentos:

a. em um primeiro momento, é preciso considerar que a interpretação faz parte do objeto da análise, isto é, o sujeito que fala interpreta e o analista deve procurar descrever esse gesto de interpretação do sujeito que constitui o sentido submetido à análise;

b. em um segundo momento, é preciso compreender que não há descrição sem interpretação, então o próprio analista envolvido na interpretação. Por isso é necessário introduzir-se um dispositivo teórico que possa intervir na relação do analista com os objetos simbólicos que analisa, produzindo um deslocamento em sua relação de sujeito com a interpretação: esse deslocamento vai permitir que ele trabalhe no entremeio da descrição com a interpretação. (ORLANDI, 1999)

A comunicação visual e sensorial se torna mais intensas no primeiro contato e deixam marcas expressivas logo no início da comunicação, em consonância com o ambiente de trabalho, os funcionários, previamente selecionados, se apresentam numa postura coerente ao ambiente de trabalho a ser conquistado. (Kunsch, 2003).

2.3. Comunicação na Área da SaúdeSegundo Stefanelli (1993), comunicação na área da saúde diz respeito aos estudos e utilização de estratégias

de comunicação para informar e para influenciar as decisões dos indivíduos envolvidos no processo de prestação de serviço da saúde e dos pacientes.

Esta definição é demasiadamente ampla e engloba todas as áreas nas quais a comunicação é relevante em saúde, não se trata somente de promover a interação entre pacientes e profissionais da saúde, embora esta seja a área estrategicamente mais importante, mas também entre a instituição e seus funcionários. (Stefanelli,1993).

Antes de qualquer iniciativa é preciso investigar os pontos de comunicação considerados estratégicos para que haja o claro entendimento entre as partes envolvidas ou analisar os pontos que se encontram com problemas ou que precisam ser melhorados ou reestruturados. (Kunsch, 2003).

De fato, comunicação em saúde inclui mensagens que podem ter finalidades muito diferentes como: promover a saúde, educar para a saúde, evitar riscos, ajudar a lidar com ameaças para a saúde, prevenir doenças, sugerir e recomendar mudanças de comportamento, recomendar exames de rotina, informar sobre a saúde, sobre as doenças, informar sobre exames médicos, receitas de medicamentos, recomendar medidas preventivas e atividades de cuidados em indivíduos doentes. (Stefanelli,1993).

Segundo Berlo (1960), os processos de informação e comunicação em saúde têm importância crítica e estratégica porque podem influenciar significativamente a avaliação da qualidade quanto aos cuidados tomados com a saúde, a adaptação psicológica à doença e aos comportamentos de adesão medicamentosa e comportamental.

Os processos de adaptação psicológica às doenças também podem ser influenciados pela comunicação, uma vez que, quando uma pessoa adoece e procura ajuda num serviço de saúde, o controle do stress ligado ao adoecer também pode ser influenciado positivamente pela transmissão de informação adequada. (Kunsch, 2003).

2.4. Comunicação Entre Pacientes e Profissionais da Área da SaúdeEnquanto clientes dos serviços de saúde, os indivíduos necessitam mais do que cuidados físicos, necessitam,

de atenção ao seu bem-estar psicológico provocados pelo medo, ansiedade relacionada com saúde e doenças, exames e tratamentos a realizar, qualidade de vida, crises pessoais e familiares. (Peruzzolo, 2002).

Sempre que não há resposta adequada a essas necessidades há insatisfação dos pacientes em relação

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ao comportamento dos profissionais de saúde e uma avaliação negativa da qualidade dos serviços que foram prestados. (Torquato, 2002).

Parte da insatisfação dos pacientes quanto a qualidade dos cuidados de saúde, tem a ver com os desempenhos comunicacionais dos profissionais. Segundo pesquisa realizada pela revista Vigo (2009) os pacientes gostariam de ter mais tempo para falar, mais tempo para fazer perguntas, mais informação sobre os exames a serem realizados e os seus resultados, mais informação sobre o diagnóstico da doença, sobre o tratamento, reabilitação e maior sensibilidade para as suas preocupações.

Há quem necessite de muita informação sobre o problema de saúde, os exames e os tratamentos e há quem prefira pouca informação. Por outro lado, a natureza da informação necessária pode variar de indivíduo para indivíduo. (Vigor, 2009)

Segundo a revista, os principais problemas que podem ocorrer na transmissão de informação pelos profissionais são: Informação insuficiente, imprecisa ou ambígua sobre comportamentos de saúde (como: regimes alimentares, exames de rastreio), natureza da doença que afeta o paciente, exames complementares, tratamentos, informação excessivamente técnica sobre resultados de exames ou causa da doença, tempo escasso dedicado à informação, consultas e intervenções mais centradas nos dados técnicos do que nos pacientes.

As informações dadas aos pacientes pelos profissionais da saúde precisam ser claras, compreensíveis, credível, consistente, baseadas nas evidências e personalizadas ao longo do tempo. Esta personalização significa que a informação é uma das necessidades primordiais para a cura do paciente naquele momento, e deve ser adaptada ao seu nível cultural e ao seu estilo cognitivo. A personalização da informação em saúde permite economizar tempo, aumentar a satisfação dos pacientes e facilitar a sua intenção de virem a adotar os comportamentos esperados. (Peruzzolo, 2002).

Há necessidade de desenvolver as competências comunicacionais dos técnicos de saúde, principalmente porque a formação universitária assenta predominantemente nos aspectos biomédicos, técnicos e assistenciais e tende a negligenciar aspectos centrais como a comunicação essencial para a humanização dos serviços. (Kunsch, 2003).

Assim, é desejável aumentar as oportunidades de formação relacionadas às competências de comunicação, quer na formação acadêmica, quer na formação pós-graduada e profissional dos envolvidos no que se refere às competências básicas de comunicação como: coesão e coerência na escrita e leitura, formulação de perguntas, resolução de conflitos e negociação, como transmitir notícias, como transmitir informação sobre medidas preventivas, exames, tratamentos, enfatizando mais os comportamentos desejáveis do que os fatores técnicos. (Kunsch, 2003).

Os profissionais da saúde devem tornar-se melhores comunicadores e melhores utilizadores das tecnologias de informação para que possam desenvolver ações destinadas a promover competências de comunicação mais envolventes e eficientes, tanto no setor interno quanto externo da prestação de serviços de saúde, de forma que, os envolvidos se tornem mais pro ativos na procura de informação sobre o assunto ou a área em que atua. (Kunsch, 2003).

As estratégias de comunicação são ferramentas que auxiliam no aumento do nível de participação entre os envolvidos, ajuda a identificar mais facilmente as preocupações e incertezas tanto do profissional quanto do paciente. (Torquato, 2002).

Condutas de comunicação pré-estabelecidas agilizam todo o processo do tratamento, incentivando as reflexões mais apuradas durante as consultas, exames ou tratamentos. A sugestão de uma lista contendo questões mais corriqueiras do que se quer falar ou perguntar dando abertura para questionamentos individualizados, confere, tanto ao paciente quanto ao profissional, a segurança de que consegue fazer as perguntas que se quer fazer e

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obter as respostas almejadas. (Peruzzolo, 2002).

2.5. Gerenciamento de Informações na Área da SaúdePara o processamento da informação são necessários recursos tecnológicos e humanos, novas formas,

idéias e gestões de controle.A Informática é uma inovação tecnológica que permite o armazenamento e tratamento da informação e

seus recursos são considerados como ferramentas de vital importância para comunicação na área da saúde, ela afeta e influencia a produtividade, a lucratividade e as decisões estratégicas das instituições. (Torquato, 2002).

Segundo Torquato (2002) a Importância de um Sistema de Informações Gerenciais para as Instituições está na contribuição para o procedimento adequado na tomada de decisões, para a redução dos custos, melhoria na elaboração dos relatórios com bases mais exatas, melhoria da qualidade na produtividade e mais qualidade nas tomadas de decisões.

A elaboração dos tópicos informativos do processo gerencial podem ser criados a partir de aspectos rotineiros de comunicação operacional, estratégico ou emergencial levando em consideração a tomada de decisão em suas mais variadas circunstancias. (Peruzzolo, 2002).

As tomadas de decisão podem ser consideradas rotineiras quando ocorrem de forma usual, no dia a dia, sendo facilmente identificada ou exigirem postura de decisões mais estratégicas em situações de maior grau de complexidade. Segundo Torquato (2002), o planejamento das informações dá condições para o procedimento mais adequado a cada situação. Através de documentos escritos, das metodologias pré-estabelecidas e do desenvolvimento das ações, cria-se uma formulação operacional adequada para a realização dos mais variados trabalhos diários.

O sistema de informações gerenciais na área da saúde é um instrumento básico para o processo decisório e exige competência por parte das pessoas envolvidas e isso implica em mão de obra mais qualificada. Para Peruzzolo (2002), em sua elaboração, o sistema de informação determina o uso de um plano mestre e uma atenção maior no fator humano visando maior habilidade dos administradores na identificação das necessidades de informações mais urgentes a tomada de decisões em cima dessas informações.

Para o autor, a existência de dados e informações salientes e atualizados formam a base global das informações que permite averiguar os vários aspectos administrativos na tomada de decisão como, por exemplo, a adequada relação custo x benefício.

Alguns aspectos das decisões incluem identificar e analisar o problema, estabelecer soluções alternativas, analisar e comparar as soluções alternativas, avaliar a alternativa selecionada, selecionar a alternativa mais adequada e por fim, implantar a alternativa selecionada. (Kunsch, 2003).

Na tomada de decisão programada compreende a existência de regras que impõe a seguir uma determinada decisão onde há um grau de certeza nessa decisão estabelecida. Quando não programada não há uma comparação existente e a decisão não pode ser firmada na experiência ou em regras. Segundo Torquato (2002), os processos de informação e comunicação em saúde podem influenciar os resultados da atividade dos profissionais em termos de ganhos, no que se refere à eficiência e eficácia no processo produtivo, segurança na tomada de decisão, bem-estar psicológico e qualidade de vida tanto dos profissionais envolvidos quanto dos clientes ou dos pacientes.

2.6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Segundo estudos realizados sobre a comunicação na área da saúde conclui-se que a importância de se trabalhar com recursos comunicativos, tanto na área administrativa quanto com clientes, é um processo

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trabalhoso e envolve o comprometimento de toda equipe. Conhecer a situação atual em que se encontra a comunicação interna em uma organização é o primeiro

passo para buscar, cada dia mais, uma comunicação eficiente.As organizações, hoje, têm a visão de que seus clientes são apenas externos e passam a ter uma visão

ampla da organização quando se comunicam mais eficazmente com seus funcionários, percebendo que estes também são clientes potenciais, se tornando assim aliados da mesma.

Uma vez que a comunicação é considerada como um processo de integração entre os seres humanos em que a equipe precisa se comunicar entre si e com seus superiores esta comunicação passa acontecer de forma mais planejada e sistematizada.

A comunicação interna envolve um processo continuo que deve ser realizado e desenvolvido por pessoas capacitadas e especializadas nesta área e cada vez mais está sendo trabalhada dentro das organizações se tornando ferramenta primordial para atendimento eficiente das necessidades da equipe e principalmente dos clientes,

Dessa forma muitos ruídos, problemas e demais conseqüências ruins de uma má comunicação são evitados contribuindo para um clima organizacional mais harmonioso e eficiente.

REFERÊNCIAS

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FIM DO TRABALHO?

Andressa Silvério Terra França

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RESUMOEste artigo tem como propósito qualificar as transformações ocorridas no mundo do trabalho a partir da consolidação, nas últimas décadas, de uma nova dinâmica do capitalismo mundial baseada no processo financeiro da riqueza capitalista e reestruturação dos processos produtivos.

Palavras-chave: Mundo do Trabalho. Globalização. Transformações.

ABSTRACTThis paper aims to describe the transformations in the world of work from consolidation in recent decades, a new dynamic of global capitalism based on financialization of capitalist wealth and restructuring of production processes.

Key-words: World of work. Globalization. Transformations.

1 INTRODUÇÃO

Nas economias abertas e globalizadas de hoje, é quase impossível, senão impossível, referir-se às mudanças na dinâmica capitalista para caracterizar a novidade deste século. A crise estrutural do capital em meados da década de sessenta ameaçou uma espiral inflacionária, de modo que governos e empresas iniciaram um processo pragmático de reestruturação produtiva, desregulamentando, privatizando, cortando gastos, de modo a tornar mais eficiente o uso dos recursos financeiros. Instalam-se, assim, as condições propícias para que a ideologia neoliberal se instalasse como uma necessidade que se impõe a tudo e a todos, aos dominados e aos próprios dominadores.

O padrão de acumulação que era rígido/fordista/em massa se flexibiliza. A lógica destrutiva do capital provoca um processo avassalador, que acarreta a degradação do trabalho e da própria classe trabalhadora. Em conseqüência, várias transformações ocorrem, por exemplo, com a classe trabalhadora, e com isso presenciamos a diminuição abrupta daquele proletariado industrial, e em contrapartida o surgimento de um novo proletariado:

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terceirizado, subcontratado, precarizado. A ilusão de uma riqueza razoavelmente durável e de uma vida confortável diluem-se. Isto vem acontecendo mundialmente, inclusive nos países de Primeiro Mundo, onde cada vez mais o Terceiro Mundo se faz visível.

Já nos países do Terceiro Mundo estas mudanças afetam ainda mais a realidade nacional. Basta olhar para o Brasil, que há muito sofre com a exclusão social e o desemprego estrutural. Dado ainda que, somos especialmente receptivos aos modismos importados, quando são “transplantadas” estas novas técnicas de forma “abrasileiradas”, a classe trabalhadora vê suas condições de vida tornarem-se mais degradantes do que já eram.

Em meio a tantas transformações, crises, mudanças, fica uma pergunta: será ainda possível se falar em “sociedade do trabalho”? Que tipo de trabalho se trata? Enfim, de qualquer modo, há que se reconhecer que se está diante de transformações na realidade do trabalho. O “mundo do trabalho” talvez seja um dos espaços que mais tenham sofrido, a partir das últimas décadas do século XX com as determinações da nova dinâmica capitalista.

As análises sobre tais transformações são inúmeras, polêmicas e controversas, cada qual com seus conceitos que tentam apreender a natureza dessas transformações em seu sentido mais amplo: sociedade pós-industrial, sociedade de serviços, pós-fordismo, sociedade da informação, sociedade informacional. É preciso discutir o futuro do trabalho na era globalizada dos tempos modernos. Isso implica em resgatar a categoria trabalho, tão desprezada pelos teóricos (ou ideólogos) da sociedade da informação e do conhecimento.

2 FIM DO TRABALHO? QUE TRABALHO?

Sob a égide do keynesianismo fordista, consumava-se a sociedade do trabalho, em que o emprego em tempo integral, estável, bem-remunerado e com proteções legais constituía o dispositivo-chave de distribuição de renda e sustentação para a dimensão social da cidadania (NUN, 2000).

Acontece que tal situação muda drasticamente na década de 70 do último século, quando a inflação e a recessão tornaram-se o principal item da agenda do Estado e o emprego, apenas uma questão a ser regulada pelo mercado. Além disso, enquanto os processos de automatização se aceleram, ganham terreno a as terríveis taxas de desocupação e subocupação. Foi então que autores como Gorz, Habermas e Offe começaram a lançar mão da questão do fim do trabalho, a qual passou a ser objeto de interpretações as mais distintas, não tão condizentes com o pensamento destes autores.

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Há todo um debate no interior do mundo acadêmico sobre a centralidade do trabalho no mundo contemporâneo. O trabalho (assalariado), como condição-chave para a inserção política, social, econômica e cultural do indivíduo na sociedade, deixou de ser central? Assistimos ao fim do trabalho?

Parece óbvio que não é o mesmo falar de fim do trabalho, fim do trabalho assalariado, fim do trabalho assalariado estável, etc. Na verdade, cabe destacar que vivemos, mais do que nunca, numa sociedade do trabalho, ou melhor, uma sociedade do trabalho estranhado ou do trabalho abstrato, objeto de exploração do capital. O trabalho nunca foi tão central para a realização de valor como nos dias de hoje.

3 CENTRALIDADE DO TRABALHO?

O debate sobre a centralidade do trabalho é uma questão clássica, consubstanciada pelos teóricos clássicos da sociologia, o tripé paradigmático de Marx, Weber e Durkheim.

De acordo com Bonfim, segundo a postura marxista clássica, o trabalho consubstancia-se como categoria central diante basicamente de três perspectivas essenciais: uma perspectiva antropológica (no contexto da humanização cultural do homem), uma perspectiva ontológica (no horizonte da (auto)criação do ser social), bem como uma perspectiva epistemológica (no limiar das metodologias e das pesquisas sociais em diversos ramos), apoiando-se em três pressupostos: o trabalho é uma eterna necessidade da vida social humana; logo, o trabalho é a categoria central, na qual todas as outras determinações que compõe a estrutura necessária da realidade social já se apresentam in nuce; no trabalho tem lugar uma dupla transformação: por meio dele o homem transforma a natureza e a si mesmo (BONFIM, 2005, p.01).

O trabalho, portanto, na acepção marxista clássica, é a categoria fundante do mundo dos homens, porque é o complexo que cumpre a função social de realizar o intercâmbio orgânico do homem e da natureza. É o conjunto de relações sociais responsável pela produção e reprodução das condições objetivas e subjetivas que caracterizam a forma de vida, especificamente a humana, ou seja, encarregado da reprodução da base material da sociedade.

Para Durkheim, o trabalho também é categoria central da vida em sociedade. A função da divisão do trabalho social e seus progressos constantes é integrar o corpo social, assegurar sua unidade. O

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equilíbrio da sociedade só é possível pela especialização das tarefas: “A divisão do trabalho é a fonte, se não única, ao menos principal da solidariedade social” (DURKHEIM, 1973, p. 60).

Para Weber, a vocação para o trabalho era uma precondição do trabalho

assalariado e do “espírito do capitalismo”, já que a conduta racional de vida baseada na idéia

de vocação determinou o modo de vida dos novos empreendedores, seus fundamentos éticos

e justificativas, enfim, um processo de racionalização no campo da organização econômica

que determina, ainda hoje, boa parte dos ideais de vida da sociedade burguesa moderna.

Em qualquer um dos três clássicos, porém, o que parece ter garantido o papel

central do trabalho (assalariado) para a vida em sociedade foram princípios fundamentais: i)

o princípio da racionalidade (Weber), ou seja, do trabalho sendo normativamente sancionado

como um dever e ação, isto é, como um elemento cultural baseado na idéia de vocação e para

o qual o indivíduo tinha uma obrigação ética; ii) o princípio da integração social (Durkheim),

qual seja, a do trabalho como necessidade, por significar fonte de solidariedade e força moral

que permite aos trabalhadores viverem em sociedade; iii) o princípio da contradição (Marx),

do trabalho ao mesmo tempo como essência do homem, mas ao mesmo tempo como fonte

de alienação.

Se, para Marx, o trabalho assalariado foi associado ao modo de produção

capitalista e aos processos de pauperização e conflito, o que justamente possibilitou ao

autor sua crítica radical ao trabalho abstrato, demonstrando o estranhamento produzido pela

exploração do trabalho pelo capital, originando um trabalhador e um trabalho alienado; para

Durkheim, a divisão do trabalho social e seus progressos constantes funcionam como uma

nova fonte de “solidariedade orgânica” necessária para a integração do todo social e para

Weber, a velha vocação para o trabalho era uma precondição do trabalho assalariado e do

“espírito do capitalismo”.

Entretanto, há na atualidade, uma corrente de pesquisadores e pensadores, que se caracteriza pela negação dessas posturas clássicas, exatamente por não mais conceber

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a centralidade, mas, outrossim, a descentralização (mas não a negação) da categoria trabalho em todos os ramos do saber.

Esse construto histórico-sociológico sobre a centralização do trabalho passou a ser questionado dos anos 70 em diante. A sociedade salarial da “era dourada” do Welfare, foi uma sociedade em que a maioria dos trabalhadores era assalariada, notadamente homogênea, com pleno emprego e boa remuneração. Como explica Onun (2000, p.51), essa construção historicamente inédita, erigida nos países desenvolvidos durante o pós-guerra com feições próprias a cada qual, irá exibir suas fendas já na década de 60 e se abalar cada vez mais com as crises dos anos seguintes, quando consumariam a desocupação em massa e a fragmentação da estrutura ocupacional.

4 AS METAMORFOSES DO CAPITAL E O MUNDO DO TRABALHO

As metamorfoses pelas quais o capital tem passado nas últimas décadas surgem como justificativas para as tentativas de substituir o trabalho como categoria fundadora do mundo dos homens.

De fato, como colocamos no início deste trabalho, nos últimos trinta anos houve mudanças nas relações econômicas e políticas entre o capital e trabalho. Como se sabe, a partir dos anos setenta, período de crise estrutural do capital, começou a se esgotar modelo político do Welfare-State, ficando evidente a sua incapacidade de conter as contradições inerentes ao capitalismo.

A chegada da grande crise do modelo econômico do pós-guerra, em 1973, quando todo o mundo capitalista avançado caiu numa longa e profunda recessão, combinando, pela primeira vez, baixas taxas de crescimento com altas taxas de inflação, mudou tudo. A partir daí as idéias neoliberais passaram a ganhar terreno. Além disso, os neoliberais afirmavam que as raízes dessa crise estavam localizadas no poder excessivo e nefasto dos sindicatos e, de uma maneira geral, do movimento operário, que havia, na idéia deles, corroído as bases de acumulação capitalista com suas pressões reivindicativas sobre salários e com sua pressão parasitária para que o Estado aumentasse cada vez mais os gastos sociais (SADER&GENTILI, 1995).

Esses processos destruíram os níveis de lucros das empresas num contexto

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de crise generalizada das economias de mercado. O remédio para isso era claro: manter um Estado forte, pois a burguesia necessita dele, mas também romper com o poder dos sindicatos e cortar todos os gastos sociais e intervenções econômicas. Para isso era necessária uma disciplina orçamentária, reformas fiscais, e a restauração da taxa “natural” do desemprego.

As narrativas neoliberais pretenderam, e em certa medida conseguiram, oferecer “solução” para a crise e alternativa “plausível” para superação da democracia de massa e do Estado-Providência (inapelavelmente ingovernável, porque sobrecarregada e condenada a “operar no vermelho”). A “demonologia” neoliberal, se podemos chamá-la assim, ganha força e procura, à sua maneira, reorganizar o capital, privatizando, desregulamentando e flexibilizando os direitos trabalhistas, enfim, promovendo uma reestruturação produtiva.

O ideário neoliberal surge na esteira da atual revolução tecnológica e do acirramento da concorrência mundial. Os neoliberais conseguem êxito para implementação de seu programa, por meio de uma ideologia que consegue ser quase universalmente hegemônica. O colapso do “socialismo real”, do “modelo soviético”, foi extremamente importante para o vigoramento da ofensiva neoliberal. Assim, o próprio Estado e as grandes empresas, sob a égide do neoliberalismo, intensificam o processo de reestruturação produtiva que entra em curso no Brasil e no Mundo, num contexto de crescente globalização da economia e da sociedade em geral, ocorrendo através de um movimento intenso de capital, alavancado pelo avanço tecnológico.

No que concerne ao Estado, privatizações, terceirizações, descentralizações e a introdução de inovações gerenciais nos serviços públicos, foram as receitas para resolver a “crise do Estado”. O antiestatismo evocado pela Nova Direita, na verdade, leva as propostas de reformas do Estado, por meio das quais suas agências são supostamente “profissionalizadas” e “despolitizadas” por intermédio de um enfoque gerencial voltado para a eficiência e busca de resultados. O sentido dado por essas inovações gerenciais no serviço público, é a introdução, nos diversos níveis deste setor, de mecanismos de mercado e a transferência de um conjunto de idéias, valores, técnicas próprias do setor privado.

No que diz respeito às empresas, inicia-se um processo de flexibilização do trabalho, dos produtos e padrões de consumo. O neoliberalismo expressa, no campo das relações industriais, uma reação à regulação fordista e aos acordos e contratos coletivos que se firmaram na Europa no período pós-guerra, em países com mercados de trabalho fortemente estruturados e com forte presença sindical. A idéia central é a flexibilização.

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5 FLEXIBILIZAÇÃO: A NOVA LÓGICA DE PRODUÇÃO SISTÊMICA DO CAPITAL

Do trabalho, demanda-se flexibilidade, seja na sua contratação (esfera do mercado) seja na sua utilização (esfera da produção). A primeira dimensão significa maiores facilidades, legais e financeiras, para contratar e demitir. A segunda dimensão (flexibilidade funcional) permitiria desenvolver nas empresas formas de utilização do trabalho mais adequadas aos novos ritmos impostos pela concorrência (MEDEIROS & SALM, 1994).

Duas interpretações a essa flexibilização são possíveis. Numa versão mais “negativa” – ou mais realista – este tipo de flexibilização visaria apenas desviar as conquistas sindicais para reduzir o volume de emprego e aumentar a intensidade de trabalho. Numa outra visão, ao contrário da rígida divisão do trabalho, típica do velho padrão fordista e responsável maior pelo trabalho desqualificado e alienante que caracterizou o século passado, o que se requer agora dos trabalhadores é uma postura participativa e criativa. Assim, os modelos rígidos do taylorismo/fordismo - que impunha um trabalho parcelizado, repetitivo, fragmentado, rotinizado, que havia desqualificado e mesmo destruído o saber de tantos trabalhadores - vão se mesclando ou em alguns casos até sendo substituídos por novos padrões, tentativas que vão de acordo com a nova lógica do mercado experimentada destacadamente pelo modelo japonês.

O Toyotismo como é chamado esse novo modelo de acumulação, caracteriza-se pela flexibilidade e pela inovação em resgatar a subjetividade do trabalhador (o que o diferencia, em termos qualitativos, do fordismo/taylorismo).

O processo de reestruturação produtiva das empresas inaugura novas formas de organizar e gerenciar o trabalho. Destas novas formas de organização, parece surgir um “novo” tipo de trabalho e um “novo” tipo de trabalhador. Espera-se do novo trabalhador, que tenha um outro posicionamento diante do “novo” trabalho na empresa reestruturada. O trabalho é chamado a comparecer à empresa não apenas como força de trabalho durante um determinado período de tempo. Agora ele é um “colaborador”, um “parceiro” da empresa. Anuncia-se p abandono dos rígidos padrões tayloristas-fordistas, com a criatividade e a individualidade do trabalhador participando do processo de produção. O poder no chão da fábrica é descentralizado e ao trabalhador é conferida maior autonomia. É a subjetividade do homem que passa a participar do processo de produção de mercadorias (PAIXÃO, 2005, p.01).

Todavia, estas técnicas não favorecem a classe operária, muito pelo contrário, a procura da subjetividade do trabalhador não passa de mais uma arma do capital. O mercado pode ser de fato um mecanismo eficiente de alocação de recursos, mas não de construção

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de solidariedade e erradicação das diferenças de classe. A suposta docilidade do capital em transformar o trabalhador em “parceiro” e “colaborador” não suprime o caráter alienante do trabalho. A subjetividade é necessária, pois ela é o plus necessário para que as metas produtivas sejam alcançadas e, somente com ela, é possível à força de trabalho moldar-se à flexibilidade que o mercado requer.

A partir da mundialização do capital, nos anos 80, o toyotismo tornou-se, através do discurso da lean production, a ideologia universal da produção sistêmica do capital. Seus princípios (e dispositivos) ideológicos e organizacionais passaram a permear uma série de discursos voltados para a administração de empresas. As novas práticas gerenciais e empregatícias, tais como just-in-time/kan-ban, controle de qualidade total e estímulo à criatividade e engajamento, levado a cabo pelas organizações japonesas, assumiram uma nova significação para o capital, uma nova forma de racionalizar o trabalho.

E assim o toyotismo expressou o fenômeno de uma nova lógica da produção sistêmica do capital e passou a representar as exigências necessárias da produção capitalista em nível mundial a partir da Terceira Revolução Tecnológica e Científica, como atesta Giovanni Alves:

O sentido lógico (e ontológico) do toyotismo é dado pelo próprio conteúdo sócio-histórico da nova etapa de desenvolvimento capitalista denominada mundialização do capitalista ou “regime de acumulação mundializada predominante financeira” (ALVES, 2001, p.53).

A revolução tecnológica, que ocorre a partir dos anos 70, irá propiciar ao toyotismo instaurar uma nova hegemonia do capital na produção. O capital irá aproveitar os recursos da informática e da telemática para dissolver os obstáculos político-institucionais postos pelo trabalho organizado aos moldes tayloristas/fordistas das décadas passadas, como argüi Castells:

A transformação tecnológica e administrativa do trabalho e das relações produtivas dentro e em torno da empresa emergente em rede é o principal instrumento por meio do qual o paradigma informacional e o processo de globalização afetam a sociedade em geral (CASTELLS, 2000, p.223).

A globalização dos mercados financeiros, impulsionada pelas transformações tecnológicas, assegura uma mobilidade de capitais incomensuráveis. As novas tecnologias informáticas facilitam o fluxo de informações, aumentam a velocidade das transferências e da circulação de capital e alimentam as redes de comunicação entre países e empresas numa

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escala global. A administração global e a revolução tecnológica da informação impõem uma nova forma de organização (a empresa em rede), e um novo modelo de produção (produção enxuta), transformando o processo de trabalho e introduzindo novas formas de divisão técnica e social do trabalho.

6 FIM DO TRABALHO?

A forma de trabalho tradicional baseada no pagamento de salário e horário integral é cada vez mais rara haja vista as tendências para a flexibilidade que fundamentam a atual transformação no mundo do trabalho. As categorias que mais crescem são: o trabalho temporário, o trabalho de meio-expediente, o trabalho autônomo, subcontratação e a terceirização, que atingem e impulsionam as transformações do “mundo do trabalho”.

Mas essa transformação não pode ser percebida nas categorias tradicionais de debates sobre o “fim do trabalho”. Ora, o trabalho é uma “necessidade eterna” para a existência social, portanto, a superação desta necessidade revela-se impossível. Essa afirmação já foi destacada por Marx, em O Capital.

Como criador de valores de uso, como trabalho útil, é o trabalho, por isso, uma condição de existência do homem, independente de todas as formas de sociedade, eterna necessidade natural de mediação do metabolismo entre homem e natureza e, portanto, da vida humana. (MARX, 1985, p. 50).

O que estamos observando é sua precariedade e utilização de maneira ainda mais intensificada. Pode-se dizer que estamos vivendo o fim dos trabalhos formais, do assalariamento, com o surgimento destas novas modalidades, terceirização, subcontratação, que não passam de mais uma arma do capital, para aumentar sua rentabilidade, à custa da exploração dos trabalhadores que se vêem obrigados a se submeterem ao capital, pois concorrem com um batalhão de exército industrial de reserva amenizada pela ameaça permanente do desemprego. Frente a tantas ameaças, ao trabalhador resta “juntar os cacos”.

A nova organização social e econômica baseadas nas tecnologias da

informação visa à administração descentralizadora, trabalho individualizante

e mercados personalizados e com isso segmenta o trabalho e fragmenta as

sociedades. As novas tecnologias da informação possibilitam, ao mesmo tempo,

a descentralização das tarefas e sua coordenação em uma rede interativa de

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comunicação em tempo real, seja entre continentes, seja entre os andares de

um mesmo edifício. O surgimento dos métodos de produção enxuta segue

de mãos dadas com as práticas empresariais reinantes de subcontratação,

terceirização, estabelecimento de negócio no exterior, consultoria, redução do

quadro funcional e produção sob encomenda (CASTELLS, 2000, p.286).

Assistimos então à degradação das condições mínimas de trabalho, expressão evidente da busca pela modernização e flexibilização das relações de trabalho. Muitos trabalhadores não têm carteira assinada, são mal-remunerados, instáveis e não têm nenhuma proteção social nem perspectivas reais de ascensão profissional. Mas existem, de fato, como assinalam Medeiros & Salm (1994) outras alternativas mais “civilizadas” à supressão de toda garantia legal em nome da concorrência do mercado tais como seguro-desemprego, reciclagem, diminuição negociada da jornada, vinculação dos salários ao desempenho das empresas etc.

Há realmente uma transformação no mundo do trabalho, dos trabalhadores e das organizações. A necessidade de otimizar custos leva à consequente precariedade do trabalho, que irá expressar um “novo” tipo de produção e um “novo” tipo de empreendimento capitalista. Mas o problema não é apenas a constituição de uma underclass precária, mas também a desestabilização dos estáveis, como coloca Castel:

Portanto, o problema atual não é apenas o da constituição de uma periferia “precária”, mas também o da “desestabilização dos estáveis”. O processo de precarização percorre algumas das áreas de emprego estabilizadas há muito tempo. Novo crescimento dessa vulnerabilidade de massa que, como se viu, havia sido lentamente afastada. Não há nada de “marginal” nessa dinâmica. Assim como o pauperismo do século XIX estava inserido no coração da dinâmica da primeira industrialização, também a precarização do trabalho é um processo central, comandado pelas novas exigências tecnológico-econômicas da evolução do capitalismo moderno (CASTEL, 1998, p.526).

Enquanto o fordismo caracterizou-se pela padronização, o regime de risco, ou de “vulnerabilidade de massa” como coloca Castel, baseia-se na flexibilização do trabalho, num contexto marcado por incertezas e inseguranças, no qual, a qualquer momento, o sujeito pode ser demitido, subcontratado, trocado por máquinas, e ficar às margens da sociedade do trabalho. Ficar às margens da sociedade do trabalho pode significar duas opções: fazer parte da numerosa população excluída do mercado de trabalho ou fazer parte da grande periferia “precária”.

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É neste sentido que Harvey afirma que passam a existir os trabalhadores centrais, que são empregados em tempo integral, que tem uma maior segurança e estabilidade; e a periferia, que se divide em duas categorias: a primeira formada por trabalhadores integrais com habilidades facilmente encontradas no mercado, por exemplo, funções rotineiras. E a segunda constituída por trabalhadores flexíveis (parciais, temporários e terceirizados).

A atual tendência do mercado é reduzir o número de trabalhadores centrais e empregar cada vez mais uma força de trabalho que entra facilmente e é demitida sem custos quando as coisas ficam ruins (HARVEY, 1992, p. 144).

A flexilibilização aplica-se bem para uma fração do mercado de trabalho formada pelos grupos vencedores, grupo a quem R. B. Reich denomina de “analistas simbólicos”. Enquanto este segmento superior usufrui de todas as vantagens da globalização e flexibilização, os demais excluídos normalmente sofrem as perdas. Postos de trabalho e antigas profissões são eliminados, afetando principalmente os jovens e as mulheres. Parte substancial passa a integrar o terceiro setor que, por isso mesmo, experimenta queda nos salários e remunerações. E assim as relações capital-trabalho vão sendo reestruturadas pela revolução tecnológica da informação e os imperativos econômicos da globalização.

O modelo predominante de trabalho na nova economia baseada na informação é o modelo de uma força de trabalho permanente formada por administradores que atuam com base na informação e por aqueles a quem Reich chama de “analistas simbólicos” e uma força de trabalho disponível que pode ser automatizada/contratada/demitida/enviada para o exterior, dependendo da demanda do mercado e dos custos do trabalho (CASTELLS, 2000, p.292).

A sociedade ficou dividida entre vencedores e perdedores. Os vencedores são em número cada vez menor da enorme parcela de perdedores. Em conseqüência, o ambiente de trabalho se torna extremamente hostil e os laços de solidariedade que existiam entre os trabalhadores se rompem. A reestruturação das empresas e organizações, marcada pela tecnologia da informação e estimulada pela concorrência global, está introduzindo uma transformação fundamental que não se pode deixar de mencionar: a individualização do trabalho e a individualização na relação salarial.

Técnicas como estímulo a objetivos individuais, entrevistas individuais de avaliação, aumentos individualizados de salários, distribuição de prêmios em função da competência e méritos individuais, carreiras individualizadas, estratégias de “responsabilização”, “gestão participativa”, enfim, não passam de instrumentos de sujeição racional que convergem

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para enfraquecer ou abolir as referências e as solidariedades coletivas (BOURDIEU, 1998). Estamos assistindo ao reverso da tendência à solidariedade entre os trabalhadores prevista por Durkheim para as sociedades industriais.

7 CONCLUSÕES

A passagem para uma sociedade informacional e “globalizada” é caracterizada pela degradação generalizada das condições de trabalho e da vida de muitos trabalhadores. Estamos falando de fenômenos como o aumento do desemprego, da queda dos salários, da vulnerabilidade do emprego, do subemprego, desigualdades de renda, pobreza etc.

Neste processo, os trabalhadores são prejudicados, já que perdem a maior parte de seus direitos trabalhistas, além do mais, se fragmentam, com as novas categorias que surgem na fábrica, sendo obrigados a se submeterem à nova lógica do capital, constituindo, o que Alves (2000) denomina como sendo o novo (e precário) mundo do trabalho.

Seja como for, o certo é que o declínio da indústria levou a um processo generalizado de diversificação e instabilidade da estrutura ocupacional, fragmentando o mercado de trabalho e marginalizando grande parcela da população do mundo do trabalho. Frente a tantos ataques, o desafio maior da “classe-que-vive-do-trabalho”, nesta transição do século XX para o XXI, é soldar os laços de pertencimento de classe existentes entre os diversos segmentos que compreendem o mundo do trabalho.

Neste sentido, concorda-se com Nun quando diz que o problema não é tanto da exclusão no sentido estrito da palavra, ou seja, fim do emprego, mas sim ”da segmentação dos mercados de trabalho e do aumento de novas formas de retenção e exploração de mão-de-obra: uma coisa é estar fora e outra coisa estar dentro ainda que mal ou muito mal” (NUN, 2000, p.57).

A marginalidade social excede significativamente o problema do desemprego. Creio que a distinção é extremamente relevante. Ter como dado empírico tanto o problema da desaparição do trabalho quanto o aumento das ocupações precárias e uma crescente estratificação da força de trabalho, nos coloca ante a um problema mais amplo: onde estão os princípios de igualdade e justiça social. Isso nos faz pensar em encontrar novas estratégias de intervenção que contribuam para a reversão desse quadro, o que só se efetuaria com transformações muito profundas nos regimes sociais de acumulação vigentes.

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As taxas de desocupação são altíssimas, mas altíssimo também é o número de trabalhadores não registrados, mal-remunerados, instáveis, sem proteção social alguma, nem perspectivas de ascensão profissional.

Estas são indagações que ficam ao discutirmos um problema tão vivo em nossa sociedade. A nova forma flexibilizada de acumulação capitalista teve conseqüências enormes no mundo do trabalho e, em especial, ao que diz respeito à classe trabalhadora. Desregulamentação, flexibilização, terceirização, empresa enxuta e tudo mais, são expressões de uma nova lógica societária que tem a supremacia do capital sobre a força humana de trabalho, que somente é levada em conta ou lembrada quando se torna indispensável para a reprodução deste mesmo capital. Isso porque o capital pode diminuir o trabalho humano, mas não eliminá-lo. Pode intensificar sua utilização, pode precarizá-lo e mesmo desempregar parcelas imensas, mas não pode extingui-lo. Enquanto forem vigentes os pilares que mantêm o modo de produção capitalista, o trabalho dificilmente será eliminado, pois dele depende a sobrevivência da economia capitalista.

Retomando o que foi dito no início deste trabalho, vivemos sim, mais do que nunca, numa sociedade do trabalho, mas uma sociedade do trabalho diferenciada do trabalho abstrato, objeto de exploração do capital. O Trabalho continua sendo uma referência não só economicamente, mas também psicologicamente, culturalmente e simbolicamente dominante, como provam as reações daqueles que não o têm. E é tal constatação que explica as misérias do mundo moderno.

A ofensiva neoliberal teve como conseqüência, no plano social, a barbárie da vida societária. À questão do desemprego soma-se o problema da miséria, das desigualdades de renda e precariedade das condições de vida, principalmente quando se trata de países do Terceiro Mundo. O aumento da pobreza e da desigualdade é uma realidade latente na vida de muitos trabalhadores e isso deve ser levado em conta quando se trata de discutir o futuro do trabalho.

No quadro que se coloca, é preciso resgatar as alternativas possíveis em busca de uma nova lógica social de superação dessa ordem capitalista excludente e desse trabalho produtor de mais valia, que só tende a alienar o trabalhador. Refletir sobre as perspectivas do trabalho é refletir sobre as possibilidades e impossibilidades de desenvolvimento concreto da sociedade neoliberal, da nova dinâmica excludente da globalização do capital, do sistema financeiro ilegítimo e da barbárie complexa, em seus rebatimentos políticos, culturais e sociais.

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A sociedade moderna do “trabalho abstrato” e da “riqueza abstrata” está posta na crise mundial do século XXI. Uma nova perspectiva para além do capital somente poderá ser atingida quando as tendências neoliberais observadas quase em todas as partes do mundo forem radicalmente criticadas. Uma reflexão sobre o futuro da sociedade do trabalho não deixa de ser uma reflexão sobre o futuro da humanidade desumanizada e desencantada em pleno século XXI.

REFERÊNCIAS

ALVES, Giovanni. O novo (e precário) mundo do trabalho: reestruturação produtiva e crise do sindicalismo. São Paulo: Boitempo Editorial, 2000.

ALVES, Giovanni. Toyotismo e neocorporativismo no sindicalismo do século XXI. In: In: Revista do Instituto de Estudos Socialistas, nº 5, out/ 2001, pp.47- 58.

ANTUNES, Ricardo. Adeus ao Trabalho? Ensaios sobre as metamorfoses e a centralidade do trabalho. 2ed. São Paulo: Cortez, 1995.

ANTUNES, Ricardo. Os Sentidos do Trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. 2ed. São Paulo: Boitempo, 2000.

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BONFIM, Antonio Carlos Ferreira. Habermas: Trabalho, Linguagem e Forma de Vida Humana. Disponível em: http://www.anped.org.br/25/antoniocarlosbonfimt09.rtf. Acesso em 23 de Maio de 2005.

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CHESNAIS, François (Org.). A mundialização financeira: gênese, custos e riscos. São Paulo: Xamã, 1998.

CHESNAIS, François. Mundialização: o capital financeiro no comando. In: Revista do Instituto de Estudos Socialistas, nº 5, out/ 2001, pp.07-28.

DURKHEIM, Émile. De la Division del Trabajo Social. Buenos Aires: Shapire Ed., 1973.

GORZ, André. Adeus ao Proletariado. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982.

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LESSA, Sérgio. Mundo dos homens: trabalho e ser social. São Paulo: Boitempo, 2002.

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GESTÃO DE RISCO – ISO 31000

Angélica Aparecida Coelho Vieira

Noemi do Amaral1

RESUMOO objetivo deste artigo é apresentar alguns termos e definições da NBR ISO 31000, que foram elaborados pela CEE-63 (Comissão de Estudo Especial de Gestão de Riscos). A Norma, em primeiro momento, não é destinada para fins de certificação, mas sim, para atender às necessidades de uma ampla gama de interessados como os responsáveis pelo desenvolvimento da política de gestão de riscos nas organizações. A norma visa assegurar que os riscos serão eficazmente gerenciados, na organização como um todo, numa área específica, atividade ou projeto; bem como, avaliar a eficácia de uma organização no gerenciamento de riscos.

Palavras-chave: Gestão de Risco. ISO 31000. Padronização de Risco.

ABSTRACTThe objective of this article is to present some terms and definitions of NBR ISO 31000, that Commission of Special Study of Management of Risks was elaborated by the CEE-63. The Norm, at first moment, is not destined for certification ends. It will be yes, to take care of to the necessities of an ample gamma of interested people, such as responsible for the development of the politics of management of risks in the scope of its organizations; with the purpose to assure that the risks efficiently will be managed in the organization as a whole or a specific area, activity or specific project; as well as the ones that they need to evaluate the effectiveness of an organization in managing risks.

Key words: Risk Management. ISO 31000. Standardization of Risk.

1 INTRODUÇÃO

Durante os anos de 2007 e 2008, uma série de questões de riscos – desde a crise de liquidez nos mercados financeiros até as preocupações emergentes sobre terrorismo, clima, disponibilidade de alimentos, infraestrutura e energia – focaram a atenção global na fragilidade sistêmica dos processos estratégicos das nações e, consequentemente, do mundo.

Uma conscientização do risco e gerenciamento de risco é cada vez mais vista como um pré-requisito para o controle efetivo, tanto no setor privado quanto público.

Dentro desse contexto, é que, no segundo semestre de 2009, foi lançada oficialmente a ISO 31000, que possui como desafio integrar os diferentes conceitos da Gestão de Riscos Corporativos. A norma foi desenvolvida por uma comissão especial da ISO (International Organization for Standardization) e teve sua numeração definida como ISO 31000.

Cicco explica que a ISO 31000 surgiu da necessidade de harmonizar padrões, regulamentações e frameworks publicados anteriormente e que de alguma forma estão relacionados com a gestão de riscos.

A origem da norma vem da necessidade das corporações em lidar com as incertezas que podem afetar os seus objetivos, pode ser aplicada por empresas ou indivíduos, além de fornecer diretrizes para implementação de gestão de riscos em organizações de qualquer tipo, tamanho ou área de atuação.

1 Alunas do 7º C de Administração de Empresas da Faculdade de Ensino Superior Santa Bárbara – FAESB/Tatuí – Disciplina de Seminários da Administração I

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Esses objetivos podem estar relacionados com várias atividades da organização, desde as iniciativas estratégicas como as atividades operacionais, processos ou projetos. Assim, a norma pode ser aplicada aos vários tipos de riscos ligados aos diferentes setores da organização, tais como: financeiro, saúde, meio ambiente, tecnologia da informação, segurança empresarial, seguros de projetos, entre outros, incluindo a visão moderna de que risco também é oportunidade.

A ISO 31000 surge também para integrar as diversas metodologias e terminologias, pois hoje ainda, falta um consenso em relação à terminologia e aos conceitos utilizados para a gestão de riscos.

Segundo Bastos o resultado mais comum dessa equação é que a gestão de riscos acaba sendo tratada de forma isolada, fazendo com que vários gestores (saúde, meio ambiente, segurança de TI e empresarial, legal, financeiro, seguros, entre outros) trabalhem em ilhas departamentais, o que ocasiona a utilização de terminologias, sistemas, critérios e conceitos diferentes para cada uma das áreas da empresa. Ou seja, cada departamento não possui o denominado impacto cruzado, não enxerga o impacto do risco que está estudando em outras áreas e ou processos.

A ISO 31000 possui um processo consistente e uma estrutura abrangente para ajudar a assegurar um gerenciamento de risco de forma eficaz, eficiente e coerente.

Por esta razão, a abordagem é genérica fornecendo os princípios e diretrizes para gerenciar qualquer forma de risco de uma maneira sistemática, transparente e confiável, dentro de qualquer escopo e contexto.

2 Organização da Norma

A norma possui a seguinte organização: Introdução 1. Escopo 2. Termos e Definições 3. Princípios 4. Estrutura 5. Processo 6. Anexos: A atributos de uma gestão de riscos avançada

3 Termos e Definições

3.1 Risco: efeito da incerteza nos objetivos. Nota: Um efeito é um desvio em relação ao esperado – positivo e/ou negativo. Os objetivos podem ter diferentes aspectos, tais como: metas financeiras, de saúde, segurança e ambientais, e podem aplicar-se em diferentes níveis como: estratégico, de projeto, de produto, de processo e em toda a organização. O risco é muitas vezes caracterizado pela referência aos eventos potenciais e às consequências, ou uma combinação destes, expressas em termos de uma soma de consequências de um evento, incluindo mudanças nas circunstâncias e a probabilidade de ocorrência associada. A incerteza é o estado, mesmo que parcial, da deficiência das informações relacionadas a um evento, sua compreensão, conhecimento, sua consequência ou probabilidade.

3.2 Gestão de riscos: atividades coordenadas para dirigir e controlar uma organização no que se refere

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ao risco. 3.3 Estrutura da gestão de riscos: conjunto de componentes que fornecem os fundamentos e os arranjos

organizacionais para a concepção, implementação, monitoramento, análise crítica e melhoria contínua da gestão de riscos através de toda a organização. Nota: Os fundamentos incluem a política, objetivos, mandatos e comprometimento para gerenciar riscos. Os arranjos organizacionais incluem planos, relacionamentos, responsabilidades, recursos, processos e atividades. A estrutura da gestão de riscos está incorporada no âmbito das políticas e práticas estratégicas e operacionais de toda a organização.

3.4 Política de gestão de riscos: declaração das intenções e diretrizes gerais de uma organização relacionadas à gestão de riscos.

3.5 Atitude perante o risco: abordagem da organização para avaliar e, eventualmente, buscar, manter, assumir ou afastar-se do mesmo.

3.6 Apetite pelo risco: quantidade e tipo de riscos que uma organização está preparada para buscar, manter ou assumir.

3.7 Aversão ao risco: atitude de afastar-se dos riscos. 3.8 Plano de gestão de riscos: esquema dentro da estrutura da gestão de riscos, especificando a

abordagem, os componentes de gestão e os recursos a serem aplicados para gerenciá-los. Nota: Os componentes de gestão, tipicamente, incluem procedimentos, práticas, atribuição de responsabilidades, sequência e a cronologia das atividades, podendo ser aplicado a um determinado produto, processo e projeto, em parte ou em toda a organização.

3.9 Proprietário do risco: pessoa ou entidade com a responsabilidade e a autoridade para gerenciar o risco

3.10 Processo de gestão de riscos: aplicação sistemática de políticas, procedimentos e práticas de gestão para as atividades de comunicação, consulta, estabelecimento do contexto, e na identificação, análise, avaliação, tratamento, monitoramento e análise crítica dos riscos.

3.11 Estabelecimento do contexto: definição dos parâmetros externos e internos a serem levados em consideração ao se efetuar o gerenciamento de riscos, e estabelecimento do escopo e dos critérios de risco para a política de sua gestão.

3.12 Contexto externo: ambiente externo no qual a organização busca atingir seus objetivos. Nota: O contexto externo pode incluir os ambientes: cultural, social, político, legal, regulamentar, financeiro, tecnológico, econômico, natural e competitivo, seja internacional, nacional, regional ou local; os fatores-chave e as tendências que tenham impacto sobre os objetivos da organização; e as relações com partes interessadas externas, e suas percepções e valores.

3.13 Contexto interno: ambiente interno no qual a organização busca atingir seus objetivos. Nota: O contexto interno pode incluir:

1. Governança, estrutura organizacional, funções e responsabilidades; 2. Políticas, objetivos e as estratégias implementadas para atingi-los; 3. A capacidade, compreendida em termos de recursos e conhecimento (por exemplo, capital, tempo,

pessoas, processos, sistemas e tecnologias); 4. Percepções e valores das partes interessadas internas; 5. Sistemas de informação, fluxos de informação e processos de tomada de decisão (tanto formais quanto

informais); 6. Relações com partes interessadas internas, e suas percepções e valores; 7. A cultura da organização;

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8. Normas, diretrizes e modelos adotados pela organização; 9. Forma e extensão das relações contratuais.

3.14 Comunicação e consulta: processos contínuos e interativos que uma organização conduz para fornecer, compartilhar ou obter informações, com relação ao gerenciamento de riscos. Nota: As informações podem referir-se à existência, natureza, forma, probabilidade, severidade, avaliação, aceitabilidade, tratamento ou outros aspectos da gestão de riscos. A consulta é um processo bidirecional de comunicação sistematizada entre uma organização e suas partes interessadas ou outros.

3.15 A parte interessada: pessoa ou organização que pode afetar, ser afetada, ou perceber-se afetada por uma decisão ou atividade. Nota: Um tomador de decisão pode ser uma parte interessada.

3.16 Processo de avaliação de riscos: processo global de identificação de riscos, análise de riscos e avaliação dos riscos.

3.17 Identificação dos riscos: processo de busca, reconhecimento e descrição de riscos. Nota: A identificação de riscos envolve a identificação das fontes de riscos, suas causas e suas consequências potenciais. A identificação de riscos pode envolver dados históricos, análises teóricas, opiniões de pessoas informadas e especialistas, e as necessidades das partes interessadas.

3.18 Fonte de risco: elemento que, individualmente ou combinado, tem o potencial intrínseco para dar origem ao risco. Nota: Uma fonte de risco pode ser tangível ou intangível.

3.19 Evento: ocorrência ou alteração em um conjunto específico de circunstâncias. Nota: Um evento pode consistir em uma ou mais ocorrências, podendo ter várias causas. Um evento pode consistir em algo que não venha acontecer. Um evento pode, algumas vezes, ser definido como um “incidente” ou um “acidente”. Um evento sem consequências também pode ser referido como um “quase acidente”, ou um “incidente” ou “quase sucesso”.

3.20 Consequência: resultado de um evento que afeta os objetivos. Nota: Um evento pode levar a uma série de consequências. Uma consequência pode ser certa ou incerta e pode ter efeitos positivos ou negativos sobre os objetivos. As consequências podem ser expressas qualitativa ou quantitativamente. As consequências iniciais podem desencadear reações em cadeia

3.21 Probabilidade (likelihood): chance de algo acontecer. Nota: Na terminologia de gestão de riscos, a palavra “probabilidade” é utilizada para referir-se à chance de algo acontecer, não importando se definida, medida ou determinada, objetiva ou subjetivamente, qualitativa ou quantitativamente, ou se descrita utilizando-se termos gerais ou matemáticos, tal como uma probabilidade ou uma frequência durante um determinado período de tempo.

3.22 Perfil de risco: descrição de um conjunto qualquer de riscos. Nota: O conjunto de riscos pode conter riscos que dizem respeito a toda a organização, parte da organização, ou referente ao que tiver sido definido.

3.23 Análise de riscos: processo pelo qual se busca compreender a natureza do risco e determinar o nível do mesmo. Nota: A análise de riscos fornece a base para a avaliação de riscos e para as decisões sobre o seu tratamento, incluindo a estimativa de riscos.

3.24 Critérios de risco: termos de referência contra a qual o significado de um risco é avaliado. Nota: Os critérios de risco são baseados nos objetivos organizacionais e no contexto externo e interno e podendo ser derivados de normas, leis, políticas e outros requisitos.

3.25 Nível de risco: magnitude de um risco expressa em termos da combinação das consequências e de suas probabilidades.

3.26 Avaliação de riscos: processo de comparação dos resultados da análise de riscos com os critérios de risco para determinar se o risco e/ou sua magnitude é aceitável ou tolerável. Nota: A avaliação de riscos auxilia

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na decisão sobre o tratamento de riscos 3.27 Tratamento de riscos: processo para modificar o risco. Nota: O tratamento de risco pode envolver

a ação de evitá-lo pela decisão de não iniciar ou descontinuar a atividade que dá origem ao mesmo; assumir ou aumentar o risco a fim de buscar uma oportunidade; a remoção da fonte de risco; a alteração da probabilidade; a alteração das consequências; o compartilhamento do risco com outra parte ou partes, incluindo contratos e financiamento do risco; e a retenção do risco por uma escolha consciente. Os tratamentos de riscos relativos às consequências negativas são muitas vezes referidos como “mitigação de riscos”, “eliminação de riscos”, “prevenção de riscos” e “redução de riscos”. O tratamento de riscos pode criar novos riscos ou modificar riscos existentes.

3.28 Controle: medida que está modificando o risco. Nota: Os controles incluem qualquer processo, política, dispositivo, prática ou outras ações que visam modificar o risco e nem sempre conseguem exercer o efeito de modificação pretendido ou presumido.

3.29 Risco residual: risco remanescente após o tratamento do risco. Nota: O risco residual pode conter riscos não identificados podendo também, ser conhecido como “risco retido”.

3.30 Monitoramento: verificação, supervisão, observação crítica ou identificação da situação, executadas de forma contínua, a fim de identificar mudanças no nível de desempenho requerido ou esperado. Nota: O monitoramento pode ser aplicado à estrutura da gestão de riscos, ao processo de gestão de riscos, ao risco ou aos controles.

3.31 Análise crítica: atividade realizada para determinar a adequação, suficiência e eficácia do assunto em questão para atingir os objetivos estabelecidos. Nota: A análise crítica pode ser aplicada à estrutura da gestão, ao processo de gestão ou aos controles dos riscos.

4 Princípios

De acordo com Silva (2010), a Gestão de Riscos: I. Cria e protege valor; II. É parte integrante de todos os processos organizacionais; III. É parte da tomada de decisões; IV. Aborda explicitamente a incerteza; V. É sistemática, estruturada e oportuna; VI. Baseia-se nas melhores informações disponíveis; VII. É customizável; VIII. Considera fatores humanos e culturais; IX. É transparente e inclusiva; X. É dinâmica, interativa e capaz de reagir a mudanças; XI. Facilita a melhoria contínua da organização.

5 Estrutura

O sucesso da gestão de riscos depende da estrutura de gestão que fornece os fundamentos e os arranjos que irão incorporá-la através de toda a organização, em todos os níveis. A estrutura descreve os componentes necessários do esqueleto para gerenciar riscos e a forma como eles se inter-relacionam.

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O diagrama abaixo foi retirado do Projeto ABNT/CEE-63 Projeto 63.000.01- 001 de agosto de 2009, elaborado pela Comissão de Estudo Especial de Gestão de Riscos da ABNT, página 15, disponível no site < http://www.31000.net/>:

Figura 1: Estrutura da ISO 31000.Fonte: NBR ISO 31000

6 Processo

O processo descrito no Projeto ABNT/CEE - 63 Projeto 63.000.01-001 de agosto de 2009, elaborado pela Comissão de Estudo Especial de Gestão de Riscos da ABNT, página 20 e 21, convém que o processo de gestão de riscos seja:

- parte integrante da gestão; - incorporado na cultura e nas práticas, e - adaptado aos processos de negócio da organização. Ele compreende as seguintes atividades:

Figura 2: Processo da ISO 31000Fonte: NBR ISO 31000

Genericamente o processo estruturado sugerido possui sete fases claramente identificadas, sendo um processo de retroalimentação. Ou seja, segue os princípios do ciclo da qualidade, PDCA – Plan – Do – Check – Action.

A fase de COMUNICAÇÃO E CONSULTA abrange todas elas e é inter-relacionada. Abrange tanto a comunicação interna quanto a externa, assegurando que os responsáveis e partes interessadas compreendam os fundamentos sobre os quais as decisões são tomadas e as respectivas razões.

A fase do ESTABELECIMENTO DO CONTEXTO preconiza entender os fatores e as variáveis externas, incluindo os fatores-chave, as tendências e as relações com as partes interessadas externas e suas percepções de valores. Já no contexto interno procura-se entender objetivos estratégicos, cultura, processos, estrutura e estratégia. No contexto, estabelecem-se o processo de gestão de riscos com sua estrutura, seus critérios e métodos que a organização deverá utilizar.

Definem-se metas e objetivos, responsabilidades e o apetite ao risco que a organização quer possuir. A fase da IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS, no PROCESSO DE AVALIAÇÃO DE RISCOS, é a listagem dos

perigos que o processo, departamento e ou empresa possui com as respectivas fontes de riscos. A identificação deve ser crítica, pois um risco, que não é identificado nesta fase, não será incluído em análises posteriores. Fica claro que essa é a fase estratégica pois é nela que se entende os fatores de riscos, os fatores facilitadores da existência do risco na empresa.

A fase de ANÁLISE DE RISCOS desenvolve a compreensão dos riscos. Com a compreensão dos riscos é que a empresa poderá tomar decisões a respeito de seu tratamento. Nessa fase, estima-se a probabilidade e consequência do risco na empresa.

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A análise envolve a apreciação das causas e as fontes de risco, suas consequências positivas e negativas, e a probabilidade de que essas consequências possam ocorrer.

A norma não especifica critérios e métodos, pois a organização é responsável pela escolha e deve respeitar as características do negócio.

A fase da AVALIAÇÃO DE RISCOS visa auxiliar na tomada de decisões – com base nos resultados da análise de riscos, sobre quais riscos necessitam de tratamento, bem como comparar o nível de risco encontrado durante a análise de riscos, deve-se utilizar uma Matriz de Riscos como ferramenta de gestão.

A fase de TRATAMENTO DE RISCOS envolve um processo cíclico composto por: - avaliação do tratamento já realizado; - decisão se os níveis de risco residuais são toleráveis; - se não forem toleráveis, a definição e implementação de um novo tratamento; - avaliação e eficácia desse tratamento. As opções de tratamento são as universais: - ação de evitar o risco; - tomada ou aumento do risco - se o risco for positivo; - remoção da fonte de riscos; - alteração da probabilidade; - alteração das consequências; - compartilhamento do risco; e - retenção do risco por uma decisão consistente e bem embasada. A última fase, MONITORAMENTO E ANÁLISE CRÍTICA é a fase da checagem ou das vigilâncias

regulares. Podem ser regulares – periódicas ou acontecerem em resposta a um fato específico. Deve haver uma definição clara e direta das responsabilidades de quem vai realizar o monitoramento e a análise crítica.

Registros do Processo de Gestão de Riscos As atividades de gestão de riscos devem ser rastreáveis. Ou seja, deve haver registros, pois esses

fornecem os fundamentos para a melhoria dos métodos e ferramentas, bem como de todo o processo.

7 Conclusão

O grande desafio no desenvolvimento da ISO 31000 esta em estabelecer uma linguagem comum, bem como em padronizar as melhores práticas e abordagens para que as organizações pudessem implementar a gestão de riscos em seus processos.

Por se tratar de uma proposta de convergência alinhada com a visão integrada de ERM (Enterprise Risk Management), a nova norma não concorre com outras orientações já existentes, fornecendo orientações e alinhamento com outros conjuntos de regras específicas.

REFERÊNCIAS

BASTOS, Albert. ISO 31000: A nova era da gestão de riscos. Disponível no site: <http://ricardocampos.wordpress.com/2009/02/26/iso-31000-a-nova-era-da-gestao-de-riscos/>. Acessado em 24 de março de 2010.

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CICCO, Francesco. ISO 31000 - Gestão de Risco. Disponível no site: < http://www.iso31000qsp.org/>. Acessado em 23 de março de 2010.

SILVA, Teanes Carlos Santos. NBR-ISO 31000 - Gestão de Riscos - princípios e diretrizes. Disponível no site: <http://www.administradores.com.br/artigos/nbriso_31000_gestao_de_riscos_principios_e_diretrizes/35284/>. Acessado em 27 de março de 2010.

The ISO 31000 / ISO31000 Portal. Disponível no site: <http://www.31000.net/>. Acessado em 27 de março de 2010.

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REFLEXÕES SOBRE O CONTRATO PSICOLÓGICO NAS RELAÇÕES DE TRABALHO EM EMPRESAS DE AGRONEGÓCIO

Débora Aparecida Pinheiro1

Sergio Nagib Sabbag2

ResumoEste trabalho, baseado em outro trabalho científico, propõe a realização de um estudo sobre os contratos psicológicos entre trabalhadores e empregadores de empresas de agronegócio. Como a técnica sugere o uso da entrevista sendo um estudo qualitativo.

Palavras-chave: Agronegócio. Recursos Humanos. Entrevistas. Contrato Psicológico.

ABSTRACTThis study, based in another study, propuse to produce a research about psychological contract enter workers and farm management enterprises. The thecnical is live interview, in a qualitative study.

Key words: Agribusiness. Human Resources. Interviews. Psychological Contract.

1 INTRODUÇÃO

Este artigo tem o objetivo de refletir sobre aspectos levantados no artigo científico “O contrato psicológico como ferramenta para a gestão de pessoas”, de Leticia Fantinato Menegon e Tania Casado, R.Adm., São Paulo, v.41, n.2, p.125-135, abr./maio/jun. 2006, comentando alguns tópicos e buscando o foco em trabalhadores do conhecimento de empresas de agronegócio.

As demandas da sociedade e o aumento da competitividade atingem cada vez mais os trabalhadores em geral, e de forma acentuada, os trabalhadores do conhecimento.

Por um lado, esses trabalhadores têm um padrão de expectativas, no nível do imaginário, representadas simbolicamente. Por outro lado, as organizações que dependem de trabalhadores do conhecimento negociam essas expectativas através de itens de negociação que podem ser agrupados em um contrato psicológico: “Um contrato psicológico é o conjunto de expectativas recíprocas relativas às obrigações mútuas entre empregadores e empregados” 1 Graduanda em Administração de Empresas 2 Psicólogo e professor doutor

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(KIDDER e BUCHHOLTZ, 2002, p.602).

2 O CONTRATO PSICOLÓGICO E AS RELAÇÕES DO TRABALHO NAS EMPRESAS DE AGRONEGÓCIO

O termo contrato psicológico surgiu das práticas de terapia em consultórios de psicologia, nas quais pacientes e terapeutas estabelecem um contrato “necessário para assegurar para ambos o trabalho duro da terapia [...] e que seja aceito pelas partes para que o trabalho flua” (MORRISON, 1994, p.354).

Segundo Morrison (1994), o fato de englobar principalmente questões problemáticas latentes e manifestas entre seres humanos, o termo contrato psicológico passou a ser utilizado também nas relações de trabalho que estão em curso para o atendimento dos objetivos comuns.

Rousseau (1995) e Kidder – Buchholtz (2002) apud Menegon e Casado (2006), descrevem duas abordagens para o contrato psicológico: A primeira afirma que: “O contrato psicológico é uma crença individual, modelada pela organização, relativa aos termos de troca de um acordo entre indivíduos e a organização” (ROUSSEAU, 1995, p.9).

A segunda é proposta por Kidder e Buchholtz (2002, p.562):

O contrato psicológico é um conjunto de expectativas individuais recíprocas relativas às obrigações (o que o empregado ‘deve’) e aos direitos (o que o empregador ‘deve’). Esse conceito baseia-se na teoria social, a qual argumenta que pessoas estabelecem relacionamentos para dar e receber coisas valiosas. […] o contrato psicológico existe sob a perspectiva do observador […] emprego é um contrato psicológico no qual o empregado preenche suas responsabilidades com a expectativa de que o empregador agirá de forma recíproca.

Este conjunto de trocas psicológicas às vezes explicita, mas a maior parte do tempo implícita é parte integrante das empresas do agronegócio, sobretudo quando há necessidade de transferência de local de trabalho e moradia dos trabalhadores do conhecimento.

Afirmam Menegon e Casado (2006): “As organizações procuram estimular a adesão aos contratos psicológicos, oferecendo mecanismos, alguns dos quais são citados por Morrel e Simonetto (1999):

• compensações (salários e benefícios) atrativas;• políticas de treinamento e desenvolvimento;• planejamento de carreira, dentro da organização, por meio de planos de carreira e

de projetos de mentoring que orientam os indivíduos com relação a esses planos;• rápido desenvolvimento profissional;• possibilidade de trabalhar em projetos em países estrangeiros;

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• participação nos lucros. Associado a isso está o conceito de motivação. Sampaio (2009) trabalha o conceito de

motivação de Maslow, segundo uma visão critica e enriquecedora:

O conceito de necessidade desenvolvido por Maslow possivelmente levou alguns autores a afirmarem que a motivação é interna, ou seja, pertence ao mundo íntimo da pessoa; entretanto, há que considerar-se que ela se acha articulada ao mundo exterior (onde se encontram os objetos de satisfação dos desejos) e mediada pela consciência (de si e do outro) e pelas relações sociais, ou seja, não é possível falar-se em gratificação sem considerar a inserção e o relacionamento humano no mundo social. Esse tipo de leitura não considera que o conceito de necessidade básica esteja atrelado a uma finalidade, ainda que a escolha do objeto possa sofrer interferências da pessoa (necessidade básica→vontade consciente→escolha). O problema que emerge dessa visão de motivação e que contamina a teoria de Maslow é que, ao definir um conceito geral de motivo e tentar descrever padrões de funcionamento dos motivos no homem, ele não irá conseguir sustentar a aplicação de conceitos como a homeostase aos motivos culturais. É empiricamente fácil associar fenômenos orgânicos a alterações do organismo, mas Maslow não conseguiu fundamentar empiricamente sua proposta da dinâmica individual dos fenômenos culturais. Ao mesmo tempo em que consegue observar claramente que a dinâmica da motivação não se reduz ao nível biológico do humano, ele parece insistir em propor uma dinâmica geral que reduz o fenômeno cultural à dinâmica biológica sem base em evidências empíricas. Em outras palavras, não se sabe o que leva Maslow a crer que a autoestima, por exemplo, é uma necessidade, cuja privação a torna central no mundo íntimo das pessoas e mobilizadora de seu comportamento. Se aceita essa crítica, há implicações na sustentação da teoria hierárquica da preponderância de necessidades. Mesmo com as concessões e relativizações feitas por Maslow ou, ainda, uma vez feitas essas concessões, pode-se postular a existência de uma hierarquia de preponderância de necessidades, válida para a maioria das pessoas de um grupo social? Essa controvertida questão continua sem suporte empírico ou fenomenológico, quase meio século após sua proposição. Se não se encontram regularidades, as ideias de Maslow não podem ser empregadas como um princípio apriorístico para se fazerem recomendações de políticas de gestão, seja no âmbito social, seja no âmbito organizacional. Essa afirmativa contundente seria, possivelmente, aceita pelo próprio Maslow, que se mostrou cuidadoso com o status de verdade de suas ideias, o que se pôde constatar na leitura de seus biógrafos e de seu livro Administração Eupsíquica (1974). Há que se valorizar, entretanto, sua contribuição para que se tenha uma visão de homem mais abrangente do que a proposta por Taylor ou pelos autores clássicos de microeconomia. Se não existe preponderância de necessidades, não cabe, portanto, tentar cunhar uma imagem piramidal que alguns autores insistem em utilizar; há que se pensar em um homem que lida com múltiplos anseios, capazes de o mobilizarem, nas diferentes instâncias sociais da vida: a organização laboral, a família e a vida em sociedade. A atenção dada por Maslow, em sua segunda fase, aos valores S e à construção de uma segunda dinâmica da motivação, articulada ao processo de identificação do self, parece ser um bom começo para o entendimento de fenômenos como a motivação do trabalhador voluntário. Ele permite que se distinga, inicialmente, o voluntário identificado ou metamotivado do voluntário instrumental, aquele que tem em vista alguma recompensa concreta não financeira em seu trabalho (a realização de um estágio que lhe permita adquirir experiência para a vida profissional, a incorporação de um registro curricular, a aproximação a pessoas que possam ser úteis futuramente etc.). Outra contribuição do pensamento de Maslow repousa no repúdio em transformar o lugar de trabalho na instância, por excelência, de gratificação dessas necessidades ou no espaçoprivilegiado de realização das pessoas. Isso demanda que os gestores escutem e

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compreendam as pessoas com quem trabalham,entendendo qual é o papel da atividade laboral e da organização em que se encontram para suas vidas, e aceitem, portanto, o desafio de administrar pessoas com diversidade tanto de trajetórias como de aspirações para a vida.(SAMPAIO, p.5-16, 2009)

3 O CONTRATO PSICOLÓGICO PRESSUPÕE O LEVAR EM CONTA OS ASPECTOS MOTIVACIONAIS, DEFINIDOS POR MASLOW

O caráter explícito ou implícito deste tipo de contratação pode estimular uma série de expectativas distorcidas por parte de empregadores e empregados podendo levar à ruptura da relação de trabalho, comumente com traumas para ambos os lados, organizações do trabalho e trabalhadores do conhecimento.

Prosseguem Vroom (1964) e Hollenberck e Wagner (1998) apud Menegon e Casado (2006):

O aspecto central da definição de contrato psicológico adotada neste estudo está na expectativa mútua e no seu conseqüente atendimento por ambas as partes. A teoria das expectativas (VROOM, 1964), que explica a adesão de empregados aos objetivos da organização [...] é uma teoria extensa de motivação, que pretende explicar os determinantes das atitudes ecomportamentos no ambiente de trabalho (HOLLENBECK e WAGNER, 1998, p.79).

Três conceitos principais envolvem a teoria das expectativas. São eles: valência, instrumentalidade e expectativa. O termo valência está baseado na idéia de que uma pessoa prefere certos resultados a outros.

De acordo com Vroom (1964, p.15) “preferência [...] refere-se à relação entre a força de um desejo de uma pessoa, ou atração, por dois resultados”. Instrumentalidade ocorre quando uma pessoa acredita na relação entre agir e experimentar um resultado, ou seja, está relacionada à expectativa do indivíduo diante do resultado esperado de suas ações.

Expectativa é definida como “uma crença momentânea a respeito da probabilidade de que uma ação em particular será seguida de um resultado particular” (VROOM, 1964, p.17).

“Enquanto o conhecimento sobre valência e instrumentalidade nos diz o que um indivíduo quer fazer, não podemos saber o que o indivíduo tentará fazer sem saber suas expectativas” (HOLLENBECK e WAGNER, 1998, p.80).

Afirmam Menegon e Casado (2006): O aspecto central da definição de contrato psicológico adotada neste estudo está na expectativa mútua e no seu conseqüente atendimento por ambas as partes.

A teoria das expectativas (VROOM, 1964), que explica a adesão de empregados aos objetivos da organização “[...] é uma teoria extensa de motivação, que pretende explicar os determinantes das atitudes e comportamentos no ambiente de trabalho” (HOLLENBECK e WAGNER, 1998, p.79).

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Coloca-se também o conceito de confiança:Novelli, Fischer e Mazzon (2006), afirmam: Os estudos econômicos, ao focarem o termo

confiança, enfatizam ganhos e perdas nas relações de troca; o campo psicológico ressalta os atributos do papel do confiado e do confiante; nos estudos de natureza sociológica, a ênfase consiste na análise de propriedades incorporadas nas relações sociais.

A partir dessas bases teóricas, a proposta é a realização de estudo exploratório qualitativo, utilizando-se da técnica da entrevista com trabalhadores do conhecimento e organizações do agronegócio.

Por meio deste estudo, pretendemos ter dados sobre as características dos contratos psicológicos, como os trabalhadores lidam com isso e como as organizações planejam suas ações de um modo ou outro.

Casado (1998) apud Menegon e Casado (2006) diz: “Este método tem suas raízes no uso consciente dos símbolos e da linguagem pelo homem” (CASADO, 1998)

A partir dele, ocorrerá a definição de categorias, que levarão à conclusões de conteúdo deste estudo.

Prossegem, Menegon e Casado (2006):

As categorias definidas também consideraram os objetivos e o corpo conceitual do trabalho. Indivíduos e organizações, ao entrarem em contato, trocam uma série de expectativas e emitem sinais, estabelecendo, dessa forma, contratos psicológicos explícitos e implícitos. Visando reconhecer a existência de rupturas, foi necessário identificar antes a percepção da existência ou não dos contratos e sua explicitação por parte dos entrevistados. Para isso, estabeleceram-se três categorias: contrato psicológico explícito, contrato psicológico implícito e ruptura do contrato psicológico. A quarta categoria, reações à ruptura do contrato psicológico, surgiu do primeiro exame qualitativo das respostas dos sujeitos entrevistados como uma categoria adicional para identificar:• a associação entre a ruptura do contrato psicológico e a rotatividade voluntária, questão central da pesquisa aqui relatada; • possíveis reações à ruptura do contrato psicológico. Essa quarta categoria foi necessária, pois o relato espontâneo dos sujeitos trazia, de modo enfático, suas reações à ruptura do contrato por parte da empresa. Nela criaram-se as duas subcategorias rotatividade voluntária e outros, buscando- se, dessa forma, identificar as diferentes reações à ruptura do contrato psicológico. No quadro 1 apresenta-se a lista das categorias finais e exemplos de palavras e frases referentes às categorias decorrentes da análise (MENEGON e CASADO 2006)

Observando-se os dados abaixo, podemos levantar possibilidades em relação a prováveis respostas do grupo de trabalhadores do conhecimento ligados ao agro negócio e observar respostas obtidas no estudo de Menegon e Casado (2006):

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Quadro 1: Categoria Definidas pela análiseFonte: MENEGON, L. F.; CASADO, T. R. Adm. São Paulo, v.41, n.2, p.125-135, abr./maio/jun. 2006.

4 CONCLUSÃO

O estudo realizado por Menegon e Casado (2006) sobre o papel do contrato psicológico nas relações de trabalho de trabalhadores do conhecimento, parece ser altamente eficaz para aplicação em empresas de agronegócios, que tem como uma de suas características o deslocamento desses trabalhadores e de suas famílias para regiões distantes de sua localização original. Esse fenômeno provoca inúmeras dificuldades de adaptação e trazem dificuldades como o isolamento cultural e social, por exemplo, o que leva as organizações a buscarem alternativas, uma delas é o atendimento de expectativas, mediante contratos psicológicos.

O aspecto altamente delicado dessas mudanças e adaptações, bem como a necessidade de contratos psicológicos mais aperfeiçoados, provoca a necessidade de maior investigação científica.

A proposta é a realização de estudo exploratório através de entrevista (PEREIRA DE QUEIROZ, 1991), com trabalhadores do conhecimento de empresas de agronegócio. O objetivo principal é a percepção, o mais clara possível, do tipo de contrato psicológico, suas conseqüências e as possibilidades de aperfeiçoamento.

Com isso, espera-se contribuir para a melhoria das condições de trabalho, do sucesso organizacional e do bem estar dos trabalhadores do conhecimento.

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REFERÊNCIAS

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HOLLENBECK, J.R.; WAGNER, J.A. Organizational behavior: securing competitive advantage. Upper Saddle River, New Jersey: Prentice-Hall, 1998. In: MENEGON, L. F.; CASADO, T. R.Adm., São Paulo, v.41, n.2, p.125-135, abr./maio/jun. 2006.

KIDDER, D.L.; BUCHHOLTZ, A.K. Can excess bring success? CEO compensation and the psychological contracts. Human Resources Management Review, New Orleans, v.12, n.4, p.599-617, Winter 2002. In: MENEGON, L. F.; CASADO, T. R.Adm., São Paulo, v.41, n.2, p.125-135, abr./maio/jun. 2006. In: MENEGON, L. F.; CASADO, T. R.Adm., São Paulo, v.41, n.2, p.125-135, abr./maio/jun. 2006.

MORREL, K.; SIMONETTO, M. Managing retention at Deloitte consulting. Journal of Management Consulting, v.10, Issue 3, p.55-60, 1999. In: MENEGON, L. F.; CASADO, T. R.Adm., São Paulo, v.41, n.2, p.125-135, abr./maio/jun. 2006.

MORRISON, D.E. Psychological contracts and changes. Human Resource Management, v.33, n.3, p.353-372, Fall 1994. In: MENEGON, L. F.; CASADO, T. R.Adm., São Paulo, v.41, n.2, p.125-135, abr./maio/jun. 2006.

NOVELLI, J. G. N. FISCHER, R. M. MAZZON, J. A. Fatores de confiança interpessoal no ambiente de trabalho. R. Adm., São Paulo, v.41, n.4, p.442-452, out./nov./dez. 2006.

PEREIRA DE QUEIROZ, M. I. Variações sobre a técnica do gravador no registro da informação viva. São Paulo: T. A. Queiroz, 1991.

SAMPAIO, J. R. O Maslow desconhecido: uma revisão de seus prinicipais trabalhos sobre motivação. R.Adm., São Paulo, v.44, n.1, p.5-16, jan./fev./mar. 2009.

ROUSSEAU, D.M. Psychological contracts in organizations: understanding written and unwritten agreements. Thousand Oaks, California: Sage, 1995. In: In: MENEGON, L. F.; CASADO, T. R.Adm., São Paulo, v.41, n.2, p.125-135, abr./maio/jun. 2006.

VROOM, V. Work and motivation. New York: Willey, 1964. In: MENEGON, L. F.; CASADO, T. R.Adm., São Paulo, v.41, n.2, p.125-135, abr./maio/jun. 2006.

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A INTERFERÊNCIA DA HETEROGENEIDADE SOCIO-CULTURAL E DAS CRENÇAS DOS ALUNOS NA AQUISIÇÃO DA LE NA DISCIPLINA DE INGLÊS INSTRUMENTAL DO

CURSO DE GRADUAÇÃO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

Elaine Cássia da [email protected]

RESUMO

Este artigo tem por objetivo observar, através da pesquisa descritiva com o auxilio de aplicação de questionário, qual a interferência que a heterogeneidade sócio-cultural dos alunos e suas crenças em sala de aula podem interferir na aquisição de uma língua estrangeira, aqui representada pela língua inglesa.Palavras-chave: crenças dos alunos, heterogeneidade sócio-cultural, língua inglesa.

ABSTRACT

This paper aims to observe through descriptive research with the application of a questionnaire, what the influence that the heterogeneous socio-cultural understand of students and their beliefs in the classroom is and how it can influence in the Second Language acquisition, represented here by the English Language.Key-words: Students beliefs, socio-cultural heterogeneous understand, English language.

1 INTRODUÇÃO

Temos observado que a heterogeneidade sócio-cultural dos alunos tem sido uma constante em sala de aula, e que muitas vezes é fator decisivo na compreensão da matéria por parte dos alunos, e para melhor entender como este processo pode interferir na aquisição de uma segunda língua, aqui representada pela língua inglesa, juntamente com as crenças que esses alunos já trazem consigo, este artigo tem por objetivo mostrar qual é o conceito de crenças e verificar, através da aplicação de questionário, quais são as crenças desses alunos com relação à aprendizagem da língua inglesa dentro do curso de graduação de Ciências Contábeis.

2 A HETEROGENEIDADE SÓCIO-CULTURAL DOS ALUNOS

Cada aluno é diferente e traz consigo uma bagagem sócio-cultural também diferente. Muitas vezes alguns deles já vivenciaram experiências importantes utilizando-se da língua inglesa, seja pessoal ou profissionalmente ou já tiveram a oportunidade de estudar em algum curso livre de idiomas, enquanto que outros nunca tiveram contato com a mesma, muitas vezes não conhecem o contexto em que ela está inserida ou a sua importância dentro de sua carreira profissional. Segundo Cortesão (1997) “a heterogeneidade dos alunos, que é frequentemente tida pelo professor como um problema, é na realidade uma riqueza que importa aprender a rentabilizar. Mas para isso é preciso conhecer (realmente) os alunos”.

À medida que se conhecem alunos, o que fazem, quais são suas habilidades, e quais são as suas crenças relacionadas ao seu processo de aprendizagem – seja através da escrita, de exercícios auditivos ou se identifica com atividades dinâmicas em sala de aula, enfim, tudo isso irá ajudar o professor a compreender melhor

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como este aluno entende o processo de aprendizagem de si próprio.Como diz Becker (2001) “Se, no entanto, o professor conceber o conhecimento do ponto de vista

construtivista, ele procurará conhecer o aluno como uma síntese individual na interação desse sujeito com o seu meio cultural (político, econômico etc.). Não há tábula rasa, portanto. Há uma riquíssima bagagem hereditária, produto de milhões de anos de evolução, interagindo com uma cultura, produto de milhares de anos de civilização”.

Conhecendo cada aluno, podemos trabalhar a heterogeneidade da classe e torná-la uma aliada em sala de aula, fazendo com que cada experiência vivida pelos alunos seja compartilhada e passe a fazer parte da bagagem de seus colegas.

3 AS CRENÇAS DOS ALUNOS RELACIONADAS AO APRENDIZADO DA LÍNGUA INGLESA

É natural que todo aluno, seja ele do ensino fundamental, médio ou superior, entre em sala de aula com suas expectativas e crenças a respeito da matéria e do conteúdo a ser aprendido naquele semestre, muitas vezes se pergunta se aquilo que vai aprender será proveitoso para a sua vida profissional ou não, e de que forma ele acredita que irá aprender aquele conteúdo, mas como essas crenças podem interferir ou até mesmo ajudar na construção desse conhecimento? Isso também acontece com o ensino e aprendizagem de línguas, aqui representada pela língua inglesa, na disciplina de Inglês Instrumental do curso de graduação de Ciências Contábeis.

Afinal, o que são crenças? A palavra “crença”, originária do latim medieval (“credentia”, que vem do verbo “credere”), é definida por Ferreira (1986) como “opiniões adotadas com fé e convicção” e também como “convicção íntima”. Charles S. Peirce (1877/1958), filósofo americano, definiu o conceito de crenças como “idéias que se alojam na mente das pessoas como hábitos, costumes, tradições, maneiras folclóricas e populares de pensar”.

Direcionando o sentido de crenças para o estudo da linguagem, Woods (1996) diz “As pessoas internalizam inconscientemente as crenças sobre linguagem durante a vida toda e neste sentido, as crenças sobre o que é linguagem, linguagem adequada e aí em diante, variam de indivíduo para indivíduo e são profundamente mantidas”.

Ellis (1994), coloca crenças sobre aprendizagem como uma das diferenças individuais passíveis de influenciar todo o processo de aprendizagem, portanto é imprescindível ressaltar a importância de se conhecer o aluno, neste artigo, representado pelos alunos do curso de graduação de Ciências Contábeis, na disciplina de Inglês Instrumental e suas crenças, pois só assim pode-se contribuir efetivamente para o aprendizado dos mesmos. Afinal, eles têm uma parcela importante no processo de ensino e aprendizagem de uma segunda língua, tendo papel fundamental na aquisição da mesma. Com relação aos alunos, segundo Lasern-Freeman, estes são, acima de tudo, comunicadores, estando ativamente engajados na negociação do significado, tentando se fazerem compreendidos, mesmo quando seus conhecimentos da língua-alvo são flagrantemente incompletos, eles aprendem a comunicar-se comunicando. Muitas vezes o aluno não vê uma relação direta da disciplina Inglês Instrumental em sua profissão, ou em outros casos, ele não tem uma idéia clara do que é o ensino e aprendizagem

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e como nos diz Vieira Abrahão (2004) “o que ocorre é que, muitas vezes, o aluno não tem explicitado para ele próprio o que acredita ser linguagem, ensinar e aprender, algo fundamental para orientar seu trabalho em sala de aula”. Outro aspecto importante em relação à crença é o fato de termos ou não consciência dela. A mesma implica, segundo Bandeira (2003), “uma disposição para a ação; e pode transformar-se em regras de comportamento, devido ao alto grau de probabilidade e estabilidade. São consideradas princípios filosóficos que orientam a prática do professor”. Malcolm (2004) conclui afirmando que “as crenças do aprendiz, como muitos outros aspectos da aprendizagem de línguas, estão em um estado de fluxo, constantemente sendo revisados e modificados através de interação de uma grande variedade de influências”. 4 Análise das entrevistas

As perguntas utilizadas para a obtenção das informações foram as seguintes: 1 - Qual a importância da disciplina Inglês Instrumental no curso de graduação de Ciências Contábeis?

1. muito importante.2. importante. 3. pouco importante. 4. nada importante.

2 - Como você acredita que a língua inglesa pode ser adquirida pelo aluno?a) Através do professor, que passa o conteúdo e você recebe o conhecimento.b) Através de uma mediação entre professor e aluno, na qual o professor é um facilitador, e o aluno utiliza o seu conhecimento prévio para assimilar o conteúdo.Abaixo colocamos em formato de tabela o resultado das perguntas de pesquisa:

1 - Qual a importância da disciplina Inglês Instrumentalno curso de graduação de Ciências Contábeis?

Alternativas Nº de alunos Porcentagem de alunosa) muito importante 11 52,40%b) importante 7 33,30%c) pouco importante 3 14,30%d) nada importante 0 0%Total de alunos entrevistados 21 100%

Como você acredita que a Língua Inglesa pode ser adquirida pelo aluno?Alternativas Nº de alunos Porcentagem de alunos

a) Através do professor, 10 47,60%que passa o conteúdo e

você recebe o conhecimento

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b) Através de uma mediação

11 52,40%entre professor e aluno na qualo professor é um facilitador, e oaluno utiliza o seu conhecimentoprévio para assimilar o conteúdoTotal de alunos entrevistados 21 100%

A partir dos dados colhidos com os alunos podemos observar que, falando sobre a importância da disciplina Inglês instrumental no curso de graduação de Ciências Contábeis, pouco mais da metade, 52,40% dos alunos, acreditam que seja muito importante. Já 33,30% dos alunos acreditam que a disciplina é importante para o curso, outros 14,30% dos alunos dizem que a disciplina é pouco importante. Vale ressaltar que todos os alunos presentes em sala de aula responderam ao questionário.

Quando perguntados sobre como eles acreditam que a Língua Inglesa pode ser adquirida pelos alunos, houve uma divisão de opiniões entre os alunos da classe; pois 47,60% dos alunos acreditam que a Língua Inglesa é adquirida através do professor, que passa o conteúdo e ele (aluno) que recebe o conhecimento.

Já 52,40% dos alunos disseram acreditar que a Língua Inglesa pode ser adquirida pelo aluno através de uma mediação entre professor e aluno, na qual o professor é um facilitador, e o aluno utiliza o seu conhecimento prévio para assimilar o conteúdo.

Na tabela a seguir vemos a relação entre alunos que acreditam ser muito importante a disciplina de Inglês Instrumental no curso de graduação de Ciências Contábeis e suas crenças com relação à aquisição da Segunda Língua:

Alunos que acreditam ser muito importante a Disciplina de Inglês Instrumental no curso de graduação de Ciências Contábeis

Alternativas Nº de alunos Porcentagem de alunosa) Através do professor,

5 45,50%que passa o conteúdo e você recebe o conhecimentob) Através de uma mediação

6 54,50%entre professor e aluno na qualo professor é um facilitador e oaluno utiliza o seu conhecimentoprévio para assimilar o conteúdo

Dentro desta perspectiva, observamos que mesmo dentro de um grupo menor, ainda há uma divisão de idéias com relação às crenças dos alunos direcionadas à aquisição de uma Segunda Língua, a qual quase metade dos alunos, mesmo dizendo acreditar ser muito importante a disciplina de Inglês Instrumental, considera que o professor transmitirá

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o conhecimento, enquanto o outro grupo assume um papel ativo dentro do processo de ensino-aprendizagem do idioma.

A próxima tabela mostra, a mesma divisão de opiniões dentro do grupo de alunos que responderam e acreditam ser importante a disciplina Inglês Instrumental no curso de graduação. Com porcentagem sempre maior, o grupo de alunos que acredita fazer parte do processo de ensino-aprendizagem de uma segunda língua, ainda assim com uma porcentagem bastante parecida com a tabela anterior:

Alunos que acreditam ser importante a Disciplina de Inglês Instrumental no curso de graduação de Ciências Contábeis

Alternativas Nº de alunos Porcentagem de alunosa) Através do professor,

3 42,80%que passa o conteúdo e você recebe o conhecimentob) Através de uma mediação

4 57,20%entre professor e aluno na qualo professor é um facilitador e oaluno utiliza o seu conhecimentoprévio para assimilar o conteúdo

Outro fator interessante observado, é que mesmo dentro do grupo menor, o daqueles que responderam acreditar que a disciplina de Inglês Instrumental no curso de graduação de Ciências Contábeis é pouco importante, a divisão de opiniões quanto às crenças dos alunos relacionadas à aquisição da segunda língua ainda é muito expressiva, mas um pouco menos acentuada que nos dois casos acima:

Alunos que acreditam ser pouco importante a Disciplina de Inglês Instrumental no curso de graduação de Ciências Contábeis

Alternativas Nº de alunos Porcentagem de alunosa) Através do professor,

2 66,60%que passa o conteúdo e você recebe o conhecimentob) Através de uma mediação

1 33,40%entre professor e aluno na qualo professor é um facilitador e oaluno utiliza o seu conhecimentoprévio para assimilar o conteúdo

Porém, podemos observar que houve uma inversão com relação às crenças dos alunos, pois enquanto nos dois primeiros casos (muito importante e importante), a maioria

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dos alunos acredita que o aluno é parte do processo de ensino-aprendizagem na aquisição de uma Segunda Língua, nesta tabela observamos que para a maioria dos alunos que acreditam que a disciplina é pouco importante para o curso, também acreditam que o professor é o detentor do conhecimento e apenas transmitirá o conteúdo a ser trabalhado.

4 CONCLUSÃO

Como pudemos observar grande parte dos alunos de graduação em Ciências Contábeis entendem que é importante ou muito importante a disciplina de Inglês Instrumental em sua matriz curricular, o que demonstra que todos sabem da importância de se falar uma segunda língua em sua carreira profissional.

Mas o que mais chama atenção é o fato da classe estar dividida, com relação à segunda pergunta de pesquisa, quando são chamados a refletir em como se dá o processo de aquisição de uma segunda língua, - neste artigo, representada pela língua inglesa – quando metade da classe acredita que o professor é o detentor do conhecimento e o transmite a seus alunos, enquanto a outra metade entende que, enquanto alunos também são responsáveis e fazem parte do processo de aquisição de uma segunda língua.

Isto nos mostra a heterogeneidade sócio-cultural dos alunos, pois enquanto alguns entendem o seu papel de co-autores no processo de ensino-aprendizagem, não apenas recebendo o conhecimento, mas interagindo com o conteúdo proposto e utilizando o seu próprio background knowledge, outros ainda acreditam que o conhecimento é algo a ser recebido por parte dos professores, algo pronto, sem fazer uso do conhecimento prévio ou seja, acumulado ao longo de sua vida escolar ou de suas experiências profissionais.

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Cidadania: Direitos e Deveres

Ercilia Lauro

Kelen Daiane Vieira do Prado

Reinaldo Lourenço

Tais Cristina Rodrigues

Walkiria Aparecida Silva Costa

RESUMO

O presente artigo tem o intuito de, através de pesquisas, estudar e investigar o quanto à falta de cidadania vem causando uma absurda queda de valores na sociedade, trazendo como conseqüência, diversos problemas sociais, como: a desigualdade, a dificuldade de acesso aos direitos básicos para se ter uma vida digna encontrada pelas classes mais baixas da sociedade e isso se atribui ao fato de que as pessoas estão cada dia mais interessadas em satisfazer apenas seus próprios interesses, deixando de cumprir conscientemente seus deveres de cidadãos, atribuindo toda responsabilidade apenas ao Estado, esquecendo-se de que a busca por igualdade é dever de todos.

Palavras-chave: Cidadania. Direitos. Deveres. Desigualdade. Sociedade.

ABSTRACT

This article aims to through research, study and investigate the lack of it has caused a drop in absurd values in society, bringing as a result, various social problems, eg: inequality, difficult access to basic rights to have a decent life found by the lower classes of society and this is attributed to the fact that people are increasingly interested in satisfying their own interests only, often failing to conscientiously fulfill their duties as citizens, with full responsibility to the state, forgetting that the quest for equality is the duty of all.

Keywords: Citizenship. Rights. Duties. Inequality. Society.

1INTRODUÇÃO

O presente trabalho se destina a estudar cidadania: direitos e deveres.Segundo Gilberto Dimenstein (2009), nossa sociedade parece já ter se acostumado à crianças morando

nas ruas, pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza, à imensa desigualdade de nosso país, ao desrespeito pelos fracos, à falta de ética, ao excesso de violência.

A cidadania é o direto de ter direitos e está vinculada aos direitos humanos, uma longa e penosa conquista da humanidade que teve seu reconhecimento formal com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada em 1948 pela Organização das Nações Unidas (ONU). Na época, marcada pela vitória das nações democráticas contra o nazismo durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), ela abria a perspectiva de um novo mundo, em que haveria paz, liberdade e prosperidade: uma esperança que acabou não se realizando. (CHAUI & OLIVEIRA, 2008, p.117)

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Ao longo deste estudo o trabalho propõe-se a investigar como são, cada vez mais comum, os indivíduos observarem somente o que lhe é conveniente, como a engrenagem do colapso social, faz “vista grossa” para os problemas corriqueiros na sociedade.

A metodologia de pesquisa utilizada para este artigo foi através de pesquisas bibliográficas.

2 DESENVOLVIMENTO

Cidadania, uma palavra usada com freqüência, mas que poucos entendem o que significa. Em sua essência, quer dizer, a garantia por lei de viver dignamente. É o direito de expressar suas próprias idéias; de votar em quem quiser sem nenhum tipo de constrangimento; de processar um médico por negligência ou imperícia; de devolver um produto que esteja estragado e receber o dinheiro de volta; de não sofrer discriminação por ser negro, índio, homossexual, mulher, de praticar livremente qualquer religião. (DIMENSTEIN, 2009. p.13)

Segundo o Sociólogo Herbert de Souza (Betinho), ”cidadão é um indivíduo que tem consciência de seus direitos e deveres e participa ativamente de todas as questões da sociedade. Tudo o que acontece no mundo, acontece comigo. Então eu preciso participar das decisões que interferem na minha vida. Um cidadão com um sentimento ético forte e consciente da cidadania não deixa passar nada, não abre mão desse poder de participação (...) (OLIVEIRA, 2008. p.117)

A idéia de cidadania ativa é ser alguém que cobra, propõe e pressiona o tempo todo. O cidadão precisa ter consciência de seu poder. (SANTOS Jr. et al, 1998, p.11.apud.OLIVEIRA, 2008, p.117.)

Há detalhes que parecem insignificantes, mas revelam estágios de cidadania: respeitar o sinal vermelho no trânsito, não jogar papel na rua, não destruir telefones públicos. Por trás desse comportamento está o respeito à coisa pública. (DIMENSTEIN, 1994, p.20, apud OLIVEIRA, 2008, p. 120)

2.1 Direitos e Deveres

O direito de ter direito foi uma conquista árdua da humanidade. No Brasil, por exemplo, demorou muito tempo para que as pessoas tivessem o direito de votar. Muita gente deu a vida na luta por essa conquista. Mais tarde, outros batalharam para que você pudesse usufruir desse direito a partir dos 16 anos. (DIMENSTEIN, 2009. p.13.)

Embora a palavra cidadania possa ter vários sentidos, atualmente sua é essência é única: significa o direito de viver com dignidade e em liberdade. (OLIVEIRA, 2008.p.118.)

Em 1948, ainda no calor do final da Segunda Guerra Mundial e da vitória sobre as forças totalitárias da Europa, surgiu a Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela ONU (Organização das Nações Unidas). Inspirada no documento elaborado durante a Revolução Francesa, a Declaração consagrou a visão de que, além da liberdade de votar e seguir livremente suas convicções, o homem tem direito a uma vida digna. (DIMENSTEIN, 2009.p.14.)

Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, aos brasileiros e os estrangeiros residentes no Brasil a Constituição assegura a sua inviolabilidade, o direito a vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e a propriedade. (art.5º da Constituição. apud. MARTINS, 2008 .p. 79.)

São direitos sociais a educação, saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados. (art. 6º da Constituição. apud. MARTINS, 2008.p.85.)

E quanto aos deveres?

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É dever da família, da Sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (art. 227 da Lei Magna. apud. MARTINS, 2008 .p. 89.)

Os pais têm o dever de assistir criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores, tem o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidades.

A Família, a Sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem estar e garantindo-lhe o direito à vida. (MARTINS, 2008. p. 89.)

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e a coletividade o dever de defendê-lo para as presentes e futuras gerações. (art. 225 da Lei Maior. apud. MARTINS, 2008. p.89.)

2.2 Direito a igualdade e liberdade A política da igualdade incorpora a igualdade formal as quais todos são iguais perante a lei (OLIVEIRA,

2008, p.120.)Na história não faltam exemplos de luta por liberdade. A mais emblemática, sem dúvida foi a Revolução

Francesa, em 1789. (DEMENSTEIN, 2009, p.13.)Uns cem números de pessoas perderam a vida combatendo a concepção de que o rei tudo podia

porque tinha poderes divinos e de que aos outros cabia obedecer. (DIMEINSTEIN, 2005, p.13.)No mesmo século, surgiu um país fundado na idéia da liberdade individual: os Estados Unidos se

tornaram independentes da Inglaterra com esse projeto revolucionário.Desde então, os direitos foram se alargando, se aprimorando, e a escravidão aos poucos foi abolida.

(DIMEINSTEIN, 2005, p.13.)Nessa época, o direito ao voto era um privilégio concedido apenas aos que tinham dinheiro e só podia

se candidatar, a qualquer cargo público, quem fosse rico.Atualmente, o conceito de democracia significa não apenas direitos políticos iguais (direito de voto,

por exemplo), mas também maior acesso à renda nacional. Isso garantiria maiores condições de igualdade. (DIMEINSTEIN, 2009,p.83.)

2.3 A desigualdade, o descaso e a falta de cidadania

A política da igualdade se expressa na busca da equidade e corresponde à:• Promover igualdade entre desiguais, por meio da educação, da saúde pública, da

moradia, do emprego, do meio ambiente saudável e de outros benefícios sociais. (OLIVEIRA, 2008, p.120.)

O que temos visto são os dois extremos da perversidade social: os mais fracos, isto é, as crianças e os idosos, são as maiores vítimas. E uma sociedade que não respeita crianças e idosos mostra desprezo por seu passado e, no mínimo, indiferença por seu futuro. Vamos ao óbvio, todo mundo já foi criança e será idoso um dia. (DIMEINSTEIN, 2009, p.11.)

Quanto à atribuição de direitos e deveres no Brasil, as mudanças na economia e na sociedade

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têm beneficiado mais os grupos sociais que já eram privilegiados do que as camadas mais pobres da população (OLIVEIRA, 2008, p.120.)

O Brasil é um dos países que tem mais concentração de renda do mundo. (Mundo Urbano, 2010. p.126.)

Muitas razões são apontadas para a concentração de renda do Brasil, entre elas a estrutura dos impostos. O que deveria ser um instrumento de distribuição de renda, afinal, quem ganha mais deveria pagar mais, e o Estado teria de, por meio de serviços públicos como educação e saúde, garantir a vida dos mais pobres, acaba sendo um peso no bolso da parcela da população de baixa renda. (Mundo Urbano, 2010, p.126 e 127.)

Em pesquisa publicada em 2007, segundo o IBGE, a desigualdade entre ricos e pobres no país caiu em relação ao ano anterior, mas ainda o mantém entre as nações com distribuição mais desigual do mundo: os 10% mais pobres detêm apenas 1% da renda nacional, enquanto os 10% mais ricos abocanham 43,9% dela. (DIMEINSTEIN, 2009, p.83.)

Uma das principais funções do Estado, hoje, é produzir bens e serviços sociais – para serem distribuídos gratuitamente aos membros da sociedade. São bens e serviços que não podem ser individualizados (OLIVEIRA, 2008, p.120.)

Na prática, só determinadas parcelas da sociedade brasileira alcançaram os direitos da cidadania em sua plenitude, como o de receber os serviços públicos de água encanada e tratada, rede de esgotos, luz elétrica, boa educação, bons salários, assistência médica, emprego, etc. (OLIVEIRA, 2008, p.120.)

Entretanto, a própria cidadania se vê ameaçada pelo crescimento das desigualdades sociais, especialmente nos países pobres e emergentes.

A única forma de reverter essa ameaça e preservar a cidadania consiste em ampliar a área de participação política, estendendo-a a setores cada vez mais amplos da população (OLIVEIRA, 2008, p.120.)

3 CONCLUSÃO

O presente trabalho concluiu, através de pesquisas, que é cada vez mais crescente o fato de as pessoas buscarem por seus próprios interesses, passando por cima de uma situação alarmante de desigualdade social que não deveria fugir aos olhos da sociedade.

Ouve-se falar o tempo todo sobre direitos humanos, mas na prática pouco se faz, e quando isso acontece, na maioria das vezes, é para privilegiar quem não precisa.

Pessoas são presas por praticar atos contra a natureza sem direito a fiança, não que isso seja importante, mas quantas pessoas são vistas pelas ruas todos os dias abandonadas a sua própria sorte e pouco se faz para reverter essa situação.

E cada dia mais se torna banal aos olhos da sociedade essa situação que já nem chama mais atenção.

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GESTÃO DE PRODUÇÃO E VENDAS DO SETOR AUTOMOBILISTICO

Autoria: Clarissa Perin; Elizângela Ramos Valdrighi; Larissa Galhardo; Rafael Bueno; Samuel de Moura [email protected]

RESUMOO presente estudo tem por objetivo apresentar uma análise feita na indústria automobilística do Brasil, quanto à quantidade de veículos de passeio produzidos e vendidos no país entre os anos de 2005 a 2008. Utilizou-se como método de analise a Correlação e Regressões Lineares nas quais foram feitas análises à correlação dos dados apresentados. Os resultados obtidos mostram que, apesar dos problemas políticos e econômicos que ocorreram durante o período, a indústria automobilística interna não foi afetada, pois de um modo geral, a produção e as vendas de veículos de passeio continuam a crescer ano após ano.PALAVRAS-CHAVE: Correlação e Regressão Linear. Indústria Automobilística Brasileira. Produção Carro de Passeio. Vendas Internas.

ABSTRACTThis study aims to examine one’s automobile industry in Brazil regarding the amount of passenger vehicles produced and sold in the country between the years 2005 to 2008. The methods used to analyze this study were the correlation and linear regression in order to evaluate the correlation of the data presented. The results obtained show that despite the political and economic problems that occurred during this period, the production and sales of passenger cars continued to increase year after year.KEY WORDS: Correlation and Regression. Brazilian Automotive Industry. Passenger Car Production. Domestic Sales.

1. INTRODUÇÃO

O mercado automobilístico brasileiro esta entre os seis primeiros mercados do mundo, podendo nos próximos anos, se tornar, ao lado da Rússia, o quarto, ficando apenas atrás de EUA, China e Japão.Esse segmento é um dos mais importantes mercados do mundo, por ser um relevante bem de capital e um sonho de consumo da maioria das pessoas. Esse segmento é utilizado como um dos indicadores da economia nacional.Cada consumidor usa um parâmetro para comprar o seu carro, sendo que uns levam em consideração o valor que podem pagar pelo veiculo, outros levam em consideração o conforto, outros a segurança, outros o impacto que o veiculo ira causar perante a sociedade.O objetivo do nosso trabalho é analisar a relação de produção e vendas de veículos de passeio entre os anos de 2005 e 2008, produzidos pelas empresas instaladas no país, sendo elas a Fiat Automóveis S.A., Ford Motor Company Brasil, General Motors do Brasil Ltda., Honda Automóveis do Brasil Ltda., Peugeot Citroen do Brasil S.A., Renault do Brasil S.A., Toyota do Brasil Ltda. e Volkswagen do Brasil Ltda.O trabalho encontra-se estruturado em cinco seções que podem ser sumarizadas como: a primeira refere-se à parte introdutória; a segunda trata do referencial teórico-empírico; a terceira enfoca a metodologia da pesquisa; a quarta traz a

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apresentação e análise dos dados e a quinta sessão refere-se às considerações finais.

2. REFERENCIAL TEORICO

A indústria automobilística foi instalada no Brasil em 16 de agosto de 1956 pelo então presidente da Republica Juscelino Kubitschek de Oliveira. A instalação dessa indústria foi impulsionada pelo custo baixo de mão-de-obra brasileira, que comparada com as indústrias instaladas em países mais desenvolvidos proporcionava alguma vantagem.A indústria automobilística é considerada uma das mais importantes atividades industriais do mundo moderno, não somente tomado pelo seu volume anual de produção, que chega a aproximadamente 50 milhões por ano (WOMACK; JONES; ROSS, 1992), mas também pela relevância de seus produtos na vida do homem.Segundo Bertolini (2004), a importância da indústria automobilística é ainda maior quando associada às inovações tecnológicas e produtivas difundidas a partir de seu desenvolvimento, na medida em que a estrutura de organização da produção adotada por esta indústria serviu de modelo para muitas outras.Hoje existem 24 diferentes montadoras, divididas em 45 diferentes plantas industriais, localizadas em sete estados e 26 municípios, produzindo todo tipo de veiculo. Essas montadoras são abastecidas por mais de quinhentas empresas de autopeças. Em pesquisas realizadas pela ANFAVEA (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), foi apurado que em todo o mundo não chega a 10 os países que apresentam uma capacitação tecnológica encontrada no Brasil. Esse dado é um resultado pratico de um processo iniciado em 1956 e continua avançando dia após dia, como podemos ver a seguir.Durante o começo do plano real, a indústria automobilística esteve envolvida em um ambiente que priorizou a estabilidade ao crescimento; uma das soluções para não perder mercado foi à criação dos “carros populares” ou “carros 1000”, os mais baratos do mercado, preço reduzido devido a incentivos fiscais, o objetivo era atender a um público que não tinha acesso a carros novos. O mercado dos “populares”, ao contrário do que possa parecer, é um mercado de barreira tecnológica alta. As empresas tiveram que investir bastante para que pudessem oferecer produtos neste segmento, uma vez que não produziam motores de tão baixa cilindrada. As empresas estrangeiras não tinham preços competitivos para entrar neste nicho, criando-se, assim, um nicho de mercado onde somente as empresas nacionais disputavam. Portanto, a grande vantagem competitiva das empresas nacionais foi através do melhor conhecimento do mercado, como, por exemplo, ter explorado o nicho dos carros populares, inexistente até então.Em 2005, a indústria automobilística apostou em carros flexíveis ou bicombustíveis que funcionam com álcool ou gasolina, tecnologia totalmente brasileira, outros países já copiaram essa tecnologia a fim de competir com os automóveis brasileiros.Nos últimos anos, devido à concorrência cada vez mais agressiva e a saturação de mercados regulares, a saída seria voltar ao princípio, ou seja, a diferenciação dos produtos. A explosão de criatividade dos designers criou, também, novos nichos de mercados, como os carros com design retro, são carros com linhas e tecnologias atuais baseados em modelos dos anos 30/40, tendo como grandes ícones os VW New Beetle, baseado no Fusca, o Chrysler PT Cruiser, o Audi TT, o Ford Mustang, além do BMW Z3. Outro nicho descoberto foi o de mono volumes, como a Renault Scénic e a Mercedes Classe A, os utilitários esportivos conquistaram grande espaço no mercado, principalmente os BMW X5 e a Mitsubishi Pajero. Também foi festejada a volta dos superesportivos como Mercedes SLR e Dodge Viper. Cada vez mais os designers buscam a junção de formas

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e modelos e com isso, passam a segmentar, de forma mais detalhada, o mercado; a última tendência são os modelos crossovers, ainda uma novidade no Brasil contando apenas com modelos importados, modelos que misturam características de dois ou mais segmentos.A implantação e desenvolvimento do setor automotivo impulsionaram o Brasil a mudar de patamar econômico. O País deixou de ter sua economia exclusivamente apoiada na agricultura e na produção de commodities primárias. Passou, de fato, a ocupar lugar no chamado mundo industrializado.Gunnar Lindquist, sueco, responsável pela implantação da fabrica da Scania no Brasil, revelou à revista Carga em sua edição de setembro de 1985 que o Brasil mudou muito desde a chegada do setor automotivo. Por exemplo, concluída a construção da fábrica da Scania, veio o momento de selecionar os funcionários. Anúncio veiculado pela empresa nos jornais de São Paulo mencionava a necessidade de contratação de operários. Exigia-se o colegial completo e junto da publicação aparecia a mensagem: “Treinamos”. Ninguém apareceu. Nem quando as exigências foram sendo gradativamente diminuídas até o limite mínimo de que os pretendentes ao emprego deveriam pelo menos saber ler e escrever. O anuncio só funcionou quando a Scania foi ao extremo e publicou: “Procuram-se operários. Alfabetizamos e treinamos”.Hoje em dia as montadoras estão exigindo um grau alto de escolaridade, pois a capacitação atual é para a exportação de serviços de engenharia automotiva.Segundo Rogério Golfarb (presidente da ANFAVEA de abril de 2004 a abril de 2007), o Brasil, conta com a vantagem de ter bom mercado doméstico, efetivo e potencial, competente parque produtor, tanto de veículos quanto de sistemas, componentes automotivos isolados, sólida base de engenharia automotiva, suficiente disponibilidade de trabalhadores qualificados, estruturada rede de concessionários com abrangência nacional e sofisticado sistema financeiro de apoio às vendas.Por outro lado, falta ao Brasil uma política automotiva capaz de garantir permanente redução dos custos de produção, além de, principalmente, prover crescimento sustentado do mercado doméstico, a principal base de sustentação de qualquer setor industrial - a mais adequada forma de permitir a eliminação da capacidade ociosa, próxima a 30%, com que as fábricas, em média, ainda operam no País.Trata-se do momento exato em que o Brasil terá de definir o que quer de sua indústria automotiva nos próximos anos. É um setor que reúne, hoje, boas condições para reivindicar um lugar entre os maiores e mais importante do mundo. “Para isto, porém, precisaremos, antes, nos conscientizar de que, neste mundo cada vez mais globalizado, não basta termos custos competitivos e boa qualidade. Teremos de buscar, sempre, os menores custos e a melhor qualidade”, argumenta Golfarb.O mercado brasileiro possui nove das principais firmas concorrentes pela participação nas vendas em 2008. Nos últimos seis anos a Fiat vem mantendo a liderança nas vendas, em média com 26% do mercado, seguida de perto pela Volkswagen (VW) e pela GM, com médias de 24% e 22%, respectivamente.

1° 2° 3° 4° 5° 6° 7° 8° 9° 10°

Fiat VW GM Ford Honda Renault Peugeot Citroen Toyota Outras

25,4 24 21,3 8,7 5 5,1 3,6 3 2,3 1,6

Tabela 1: Participação das montadoras no mercado brasileiro de automóveis em 2008 – em %Fonte: Fenabrave.

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A explicação para a liderança da Fiat, VW e GM está no fato de produzirem os modelos populares mais vendidos no Brasil: VW Gol (líder absoluto de vendas a anos, com 11 a 12% do total do mercado, dependendo do período), Fiat Pálio (8 a 9%), Fiat Uno (6 a 7%), GM Celta (6 a 7%) e VW Fox (3 a 4%). Uma fusão entre Fiat e GM, por exemplo, levaria essa nova firma a ser a líder em vendas de carros populares no Brasil, que representa entre 50 e 55% do total do mercado, dependendo do período analisado.Observa-se também que a frota circulante no Brasil vem aumentando a uma expressiva taxa de 8% ao ano, nos últimos cinco anos. E hoje já passou a impressionante marca de 32 milhões de automóveis, algo como um automóvel para cada seis brasileiros (quase um por família, na média).Independente da faixa de mercado que atuem, as indústrias automobilísticas como a VW, Ford, Renault, Peugeot/Citroen, GM e até mesmo a Toyota e a Honda operam de forma desverticalizada, através do modelo de produção conhecido como just-in-time, na qual as partes integrantes do veículo chegam à fábrica somente na hora de sua utilização, minimizando gastos com estocagem de material.As empresas buscam conquistar clientes não só através do preço baixo, mas também pelas inovações tecnológicas e melhores serviços buscando oferecer produtos diferenciados.A principal barreira da indústria automobilística é a financeira e, no caso do Brasil, técnica também, pois o maior nicho de mercado, carros populares, é uma característica praticamente única, onde nem todos conseguem obter escala para produzir carros para este segmento; como existe guerra de preço neste segmento, a vantagem competitiva passou a ser oferecer diferenciais, acessórios, ter melhor controle dos custos operacionais e investir em novas técnicas de produção.A principal fonte de preocupação, para todas as empresas que atuam no mercado brasileiro, é com os custos. O consumidor brasileiro é muito sensível a preço, portanto, para serem competitivas elas devem ter um forte controle sobre seus custos.

3. METODOLOGIA DA PESQUISA

Nesta seção apresenta-se a metodologia empregada no trabalho, sendo subdividida em três subsecções: a subseção 3.1 refere-se à caracterização da pesquisa e a subseção; a subseção 3.2 trata da forma como os dados foram coletados e tratados; a subseção 3.3 trata do método de analise usado na pesquisa.

3.1. CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA Segundo Yin (1993), o estudo de caso descritivo tem por objetivo apresentar uma realidade que o leitor desconhece. Não visa estabelecer relações de causa e efeito, mas apenas mostrar a realidade como ela é, embora os resultados possam ser usados posteriormente para a formulação de hipóteses de causa e efeito. O estudo, no entanto, apenas descreveria o evento, sem preocupação de generalizar.Este trabalho tem como objetivo analisar e interpretar a indústria automobilística em relação ao mercado interno, através do que é produzido e o que é vendido dentro do país.

3.2 COLETA DE DADOS

Foram coletados dados de produção e venda de veículos para passageiros junto a ANFAVEA (2009), referentes ao período compreendido entre 2005 e 2008 das empresas fabricantes de veículos automotores. Os valores de faturamento considerados referem-se a vendas internas de veículos nacionais no atacado, uma

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vez que a indústria automobilística, no período avaliado, não efetuava vendas diretas ao consumidor, com volume significativo.

3.3 METODO DE ANALISE

Para mensurar a relação de veículos fabricados e veículos vendidos no mercado interno brasileiro, foi utilizada a Correlação e Regressão Linear. Na avaliação das medidas de proporção industrial foi utilizado como suporte inicial, o valor da produção e de vendas anual dos veículos de cada empresa do setor a fim de identificar a relação entre produção e vendas, podendo ser tabulado através das duas variáveis quantitativas x e y.Onde:x: é a quantidade de veículos produzidos em um determinado ano;y: é a quantidade de veículos vendidos no mercado interno no mesmo ano que xA relação entre as variáveis é evidenciada pela formação de um gráfico no Diagrama de Dispersão.Como as conclusões tiradas dos gráficos são subjetivas, precisamos de métodos mais precisos e objetivos.Utilizamos então o Coeficiente de Correlação e o Coeficiente r de Pearson para detectar padrões lineares.Para determinarmos a Regressão Linear Simples, precisaremos primeiramente desenvolver a equação da reta conforme as expressões a seguir:y=a+b.x

Onde:a= Sy-b.Sx n

b=n.(Sxy)-(SxSy) n.(Sx²)-(Sx)²

Para determinarmos o Coeficiente r de Pearson, usaremos a expressão a seguir:

r=____n.(Sx.y)-(Sx).(Sy)_____ Ön.(Sx²)-(Sx)².Ön(Sy²)-(Sy)²

4. APRESENTAÇÃO E ANALISE DOS DADOS

Foram coletados os dados de produção e vendas das empresas da indústria automobilística que produzem veículos de passeio no intervalo de 2005 a 2008. Para cada empresa analisada, calculou-se a Regressão Linear e o Coeficiente de Correlação Linear, considerando o volume de produção e vendas internas no país, verificando assim a quantidade de carros que ficam no país.Para simplificar a visualização dos resultados, optamos por analisar uma empresa de cada vez.Primeiramente serão apresentadas as empresas que mais se destacam no seguimento automobilístico de carros de passeio no país, além dos dados, será feita uma analise dos resultados. Serão estudadas as seguintes empresas: Fiat Automóveis S.A, General Motors do Brasil Ltda. e Volkswagen do Brasil Ltda.Depois da analise dessas três primeiras empresas, apresentaremos os dados coletados das outras empresas do país que possuem o mesmo segmento, mas essas empresas não terão os dados analisados. Esse grupo de empresas será constituído por: Ford Motor Company Brasil, Honda Automóveis do Brasil Ltda., Peugeot Citroen

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do Brasil S.A., Renault do Brasil S.A., Toyota do Brasil Ltda.

Fiat Automóveis S.AAno Produção Venda2005 423.663 347.1832006 480.552 402.8632007 610.326 526.8242008 603.089 543.739

∑ 2.117.630 1.820.609Tabela 2: Produção e venda Fiat Automóveis S.A Fonte: Anfavea

a= 992.255.864.393,83 b= 1,0295 r= 0,99

300.000

350.000

400.000

450.000

500.000

550.000

600.000

300.000 400.000 500.000 600.000 700.000

Gráfico 1: Correlação e Regressão Linear Fiat Automóveis S.A

Podemos observar na empresa Fiat Automóveis S.A que entre os três primeiros anos analisados, a produção foi crescente, sendo que entre os anos de 2006 e 2007 essa produção deu um salto de aproximadamente 21%. Já em 2008 a produção de veículos sofreu uma ligeira queda, que representou uma produção em torno de 1,2% menor que no ano anterior. As vendas da Fiat Automóveis S.A mantiveram-se crescente durante todo o período analisado, apesar da produção de veiculo ter diminuído no ultimo ano analisado, as vendas aumentaram quase que o dobro do índice da queda da produção, chegando a vender 3,10 % do que o ano anterior.

General Motors do Brasil LTDA

Ano Produção Venda2005 408.161 325.6382006 424.038 367.2822007 460.779 419.7872008 485.432 425.494

∑ 1.778.410 1.538.201Tabela 3: Produção e venda General Motors do Brasil Ltda.Fonte: Anfavea

a= 881.655.810.443,16 b= 1,2892 r= 0,96

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250.000

300.000

350.000

400.000

450.000

400.000 420.000 440.000 460.000 480.000 500.000

Gráfico 2: Correlação e Regressão Linear General Motors do Brasil LTDA

Podemos observar que a empresa General Motors do Brasil Ltda., manteve sua produção e vendas em um constante aumento em todo o período analisado.A produção se manteve crescente, ano após ano, com pouca variação percentual, mantendo uma media de 5,6% ao ano.As vendas, por sua vez, apesar de terem apresentado crescimento em todos os anos, mantiveram uma media de 10% de 2005 a 2007 e um aumento de pouco mais de 1% de 2007 para 2008 ficando bem abaixo da media de crescimento dos outros anos.

VOLKSWAGEN DO BRASIL LTDA

Ano Produção Venda2005 578.581 325.6422006 546.802 355.3422007 630.359 451.9922008 648.098 484.979

∑ 2.403.840 1.617.955Tabela 4: Produção e venda Volkswagen do Brasil LTDA Fonte: Anfavea

a= 1.434.121.892.524,65 b= 1,4749 r= 0,90

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300.000

320.000

340.000

360.000

380.000

400.000

420.000

440.000

460.000

480.000

500.000

540.000 560.000 580.000 600.000 620.000 640.000 660.000

Gráfico 3: Correlação e Regressão Linear Volkswagen do Brasil Ltda.

Podemos observar na empresa Volkswagen do Brasil Ltda., que não houve um crescimento constante na produção de veículos. A produção de veículos do ano de 2006 comparado ao ano de 2005 teve uma queda de aproximadamente 5,5%, sendo que no ano seguinte, a empresa retomou o crescimento de sua produção aumentando em 13,25% comparada ao ano de 2006 e 8, 20% se comparada com o ano de 2005. A empresa continuou a aumentar sua produção no ano seguinte.Quanto às vendas dos veículos fabricados pela empresa Volkswagen do Brasil Ltda., observamos que em todo o período houve um aumento, sendo mais acentuado no ano de 2007 comparado ao ano de 2008, apresentando um aumento de aproximadamente 21,38%. Nos outros anos a média de crescimento ficou em torno de 7,5%.

FORD MOTOR COMPANY BRASIL

Ano Produção Venda2005 181.970 115.5112006 176.521 117.9762007 191.600 135.9002008 206.948 169.406

∑ 757.039 538.793 Tabela 5: Produção e venda Ford Motor Company Brasil Fonte: Anfavea

a=185.238.420.718,18 b= 1,8166 r= 0,97

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100.000

110.000

120.000

130.000

140.000

150.000

160.000

170.000

180.000

170.000 175.000 180.000 185.000 190.000 195.000 200.000 205.000 210.000

Gráfico 4: Correlação e Regressão Linear Ford Motors Company Brasil

HONDA AUTOMÓVEIS DO BRASIL LTDA

Ano Produção Venda2005 65.527 55.9042006 78.962 63.5042007 106.027 84.5732008 131.139 111.388

∑ 381.655 315.369Tabela 6: Produção e venda Honda Automóveis do Brasil LTDAFonte: Anfavea

a= 25.477.086.679,94 b= 0,8467 r= 0,99

50.000

60.000

70.000

80.000

90.000

100.000

110.000

120.000

50.000 60.000 70.000 80.000 90.000 100.000 110.000 120.000 130.000 140.000

Gráfico 5: Correlação e Regressão Linear Honda Automóveis do Brasil LTDA

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PEUGEOT CITROEN DO BRASIL S.A.

Ano Produção Venda2005 93.617 68.4152006 89.738 76.6432007 115.897 96.3352008 126.976 106.769

∑ 426.228 348.162Tabela 7: Produção e venda Peugeot Citroen do Brasil S.AFonte: Anfavea

a= 35.196.240.583,25 b= 0,94871 r= 0,96

60.000

65.000

70.000

75.000

80.000

85.000

90.000

95.000

100.000

105.000

110.000

85.000 90.000 95.000 100.000 105.000 110.000 115.000 120.000 125.000 130.000

Gráfico 6: Correlação e Regressão Linear Peugeot Citroen do Brasil S.A

RENAULT DO BRASIL S.A.

Ano Produção Venda2005 56.731 42.8282006 60.314 45.2602007 90.833 71.3482008 114.441 109.005

∑ 322.319 268.441Tabela 8: Produção e venda Renaut do Brasil S.AFonte: ANFAVEA

a=24.081.720.668,59 b= 1,1133 r= 0,99

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30.000

40.000

50.000

60.000

70.000

80.000

90.000

100.000

110.000

120.000

50.000 60.000 70.000 80.000 90.000 100.000 110.000 120.000

Gráfico 7: Correlação e Regressão Linear Renaut do Brasil S.A

TOYOTA DO BRASIL LTDA

Ano Produção Venda2005 57.356 45.2742006 57.991 44.6692007 55.974 39.4962008 66.983 47.965

∑ 238.304 177.404Tabela 9: Produção e venda Toyota do Brasil LTDAFonte: ANFAVEA

a= 5.855.115.377,71 b= 0,5540 r= 0,78

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38.000

40.000

42.000

44.000

46.000

48.000

50.000

54.000 56.000 58.000 60.000 62.000 64.000 66.000 68.000

5. CONSIDERACOES FINAIS

O objetivo do nosso trabalho foi demonstrar que apesar de todos os problemas econômicos que circundam o nosso país e o mundo, esses problemas não abalam profundamente a nossa indústria automobilística.As empresas podem até, em certos momentos, diminuírem a quantidade de veículos a serem produzidos, mas pudemos observar que foram problemas momentâneos e que logo essa produção voltou a crescer. A frota de veículos circulantes esta sempre crescendo e o governo atual contribui para esse crescimento diminuindo a cobrança de impostos sobre os veículos produzidos.Em 2008 quando houve a crise mundial em que todos os países foram afetados, o Brasil foi um dos últimos a perceber essa crise. Através da redução do IPI (Imposto sobre Produto Industrializado), o governo incentivou a população comprar os veículos produzidos no país tornando os preços mais competitivos, sendo essa a salvação de muitas empresas automobilísticas brasileiras.

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REFERENCIAS

BERTOLINI, V. Os Fatores Críticos de Sucesso na Indústria de Autopeças no Brasil: um estudo exploratório dos níveis hierárquicos da cadeia de fornecedores da indústria automobilística. 2004. 130 fls. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.

HISTORICO DO MERCADO AUTOMOBILISTICO. Disponível em: http://supervendedor-de-carros.blogspot.com/2008/04/histrico-do-mercado-automobilstico.html. Acesso em 18/11/2009

INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA BRASILEIRA: 50 ANOS. Publicação: Anuário comemorativo da ANFAVEA. 2006.

SILVA, W.V. et. al. Analise de Grau de Concentração da Industria Automobilística Brasileira e Sua Relação com a Participação com o Mercado. Revista de Negocios, v.13, nº 1, 2008. Disponivel em: http://proxi.furb.br/ojs/index.p

TABELAS ESTATISTICAS DAS INDÚSTRIAS AUTOMOBILISTICAS BRASILEIRAS. Disponível em: http://www.anfavea.com.br/tabelas.html. Acesso em 29/10/2009.

WOMACK, P.J.; JONES, D.T.; ROSS D. A Máquina que Mudou o Mundo. Rio de Janeiro: Campus, 1992.

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SOCIEDADES ESTRATIFICADAS

Ingrid [email protected]

Vivian Lorenti de [email protected]

RESUMOEste trabalho apresenta a estratificação social. Como sua divisão é desigual variando em função da riqueza, do poder e do prestigio, na sociedade em que vivemos. Apresentam-se os três tipos de estratificação como: a classe social, estamentos ou estados e as castas. Nestes três tipos de sociedades o foco principal são as castas, onde se aborda a Índia como exemplo e suas principais características. Na estratificação social são apresentados os conceitos de Sorokin, Max Weber e Melvin M. Tumin. Verifica-se também a mobilidade social que se refere à mudança da posição social de uma pessoal em um determinado sistema de estratificação.Palavras-chave: Estratificação. Mobilidade. Castas.

ABSTRACTThis paper presents the social stratification and how it’s unequal division (which varies with wealth, power and prestige) in the society in which we live. We will introduce three types of stratification, social class, or states estates and castes. And these three types of company our main focus is to discuss where caste India as an example and its main characteristics. In social stratification is presented the concepts of Sorokin, Max Weber and Melvin M. Tumin. And we will also see that social mobility refers to changing the social position of a staff with a system of social stratification.Key- words: Stratification. Mobility. Grapes.

1.INTRODUÇÃO

Este artigo aborda a sociedade em que vivemos profundamente desigual, nesse tipo de sociedade podemos trabalhar com o conceito de estratificação social. Um exemplo da desigualdade está nas grandes cidades em que a sociedade vive ao lado de mansões luxuosas encontrando-se favelas e pessoas morando embaixo de viadutos.

Temos três tipos de sociedades estratificadas:

• Classes Sociais• Estamentos ou estados

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• Castas

2. ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL

A estratificação social indica a existência de diferenças, desigualdades entre pessoas de uma determinada sociedade. A palavra estratificação deriva de estrato, que quer dizer camada. “Por estratificação social entendemos a distribuição de indivíduos e grupos em camadas hierarquicamente superpostas dentro de uma sociedade.” (OLIVEIRA, 2006, p.121)

Essa distribuição é feita pela posição social dos indivíduos, das atividades que exercem e os papéis que desempenham na estrutura social.

Em algumas sociedades as pessoas são divididas pelas camadas altas (classe A), média (classe B), ou inferior (classe C), que são classes diferentes de poder, status e riqueza.

2.1 CONCEITO DE SOROKIN

No conceito de Sorokin as formas concretas de estratificação representam-se interdependentes, por esse motivo elas são reduzidas em três tipos fundamentais:

• Estratificação econômica:

“A desigualdade da situação econômica ou financeira dos indivíduos dá origem a uma divisão em ricos e pobres, significando a existência da estratificação econômica.” (LAKATOS, 1999, p.243). A estratificação econômica aparece onde há desigualdade econômica, que se manifesta no nível de vida, na posse de bens e podem surgir nos diferentes tipos de sociedade, capitalista ou socialista, independentemente do tipo de organização política e forma de governo.

• Estratificação política:

Como existe desigualdade na econômica entre os indivíduos, há também na

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política de uma mesma sociedade. “decorrente da distribuição não uniforme de poder, de autoridade (dirigentes e dirigidos), de prestigio, de honrarias e de títulos.” ( LAKATOS, 1999, p.243)

Essa estratificação ocorre independentemente da constituição particular da sociedade ou da inexistência dela.

• Estratificação profissional:

“Se as diferentes ocupações dos indivíduos na sociedade se apresentam hierarquizadas no que diz respeito à valorização social, ao grau de prestígio, significa que a sociedade possui estratificação profissional.” (LAKATOS, 1999, p.244)

As diferenças em profissões mais ou menos apreciadas não dependem do fato de ocuparem tal posição por nomeação ou eleição, por herança social ou por capacidade pessoal. O valor que é dado para cada profissão varia no tempo e no espaço: nas sociedades ocidentais, determinadas profissões, como proprietário e altos executivos, ganham cada vez mais prestigio, em detrimento de atividades outrora mais importante.

2.2 CONCEITO DE MAX WEBER

Max Weber fez uma distinção entre as três dimensões da sociedade, a ordem econômica, que é representada pela classe, a ordem social, pelo status ou estado, e a ordem política pelo partido.

Cada uma das dimensões possui uma estratificação própria: a estratificação econômica é representada pelos rendimentos, bens e serviços que o individuo possui ou dispõe; a estratificação social é evidenciada pelo prestigio e honra desfrutada; a estratificação política é observada através da distribuição de poder entre grupos e partidos políticos, entre indivíduos no interior dos grupos e partidos e os indivíduos na esfera da ação política.

2.3 CONCEITO DE MELVIN M. TUMIN

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O autor considera os termos desigualdade social e estratificação social como sinônimo. Seu conceito sobre estratificação compreende a “disposição de qualquer grupo ou sociedade numa hierarquia de posições desiguais com relação a poder, propriedade, valorização social e satisfação psicológica.” (TUMIN, 1970, p.27 Apud LAKATOS, 1999, p.244)

Poder - Capacidade de obter realização dos objetivos; Propriedade - direito a bens e serviços; Valorização com julgamento ou consenso de opinião do grupo acerca do prestigio, honra e importância de determinada posição ou status; Satisfação psicológica com todas as demais fontes de prazer, excluindo propriedades, poder e valorização.

3. MOBILIDADE SOCIAL

“Mobilidade social é mudança de posição social de uma pessoa (ou grupo de pessoas) num determinado sistema de estratificação social.” (OLIVEIRA, 2006, p.127). O individuo que vive em uma sociedade capitalista, pode chegar a ocupar varias posições sociais ou estratos, durante a vida. É possível que alguns deles, que integram o estrato de baixa renda, passe a integrar o de renda média ou até mesmo o de renda alta.

A mobilidade social é dividida em dois tipos: mobilidade social vertical que é quando as mudanças de posição social ocorrem no sentido ascendente ou descendente na hierarquia social e temos também a mobilidade social horizontal que é quando a mudança de uma posição social a outra se opera dentro da mesma camada social.

4. TIPOS DE SOCIEDADES ESTRATIFICADAS

Dependendo do tipo de sociedade, essas camadas podem ser organizadas em:

• Classes Sociais

• Estamentos ou estados

• Castas

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Veremos a seguir, as principais características dos três tipos de estratificação social citados acima. Com ênfase nas Castas

5. CLASSE SOCIAL

As classes sociais são sociedades capitalistas e urbanas - industriais. Nesta sociedade é possível a mobilidade social de um individuo independentemente da sua condição social de nascimento, porém, a possibilidade da ascensão social não são as mesmas para todas as pessoas. “As classe sociais são legalmente abertas, mas, de fato, semifechadas” (SOROKIN, 1979, p.84 Apud VILA NOVA, 2004, p.160)

A definição de classe ainda é muito confusa, pois ate mesmo Marx não a definiu com precisão. Para Marx, só havia duas classes na sociedade capitalista - a burguesia (proprietários dos meios de produção) e o proletariado (força de trabalho). Assim os trabalhadores executavam a tarefa em troca de seu salário. Desse modo as classes se complementam. “As classes são grupos de homens relacionados de tal forma que uns podem apropriar-se do trabalho de outros por ocupar posições diferentes num regime determinado economia social” (OLIVEIRA, 2004, p.126).

A identificação dos indivíduos na hierarquia social não é tão clara, já que varia de acordo com a sociedade e de época para época. Para efeito de pesquisa as classes sociais são formadas por grupo de indivíduos que possuem características comuns. “Classe social é um conjunto de indivíduos portadores de características comuns no que se refere à renda familiar, à profissão, à escolaridade, ao tipo e ao nível de consumo etc.” (OLIVEIRA, 2006, p.126)

6. ESTAMENTO OU ESTADOS.

Na forma de estratificação por estamento, temos como exemplo a Europa ocidental durante a Idade Media, sob o modo de produção feudal.

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A Sociedade feudal era dividida em três estamentos: a nobreza (grandes e pequenos proprietários de terra), o clero (alto e baixo clero) e o campesionato (camponeses livres, servos de gleba, servos domésticos e escravos). Com o surgimento das cidades e seu desenvolvimento, aparecem os burgueses, dando origem a um novo estamento, denominado “terceira estado”

Para Villa Nova as características fundamentais desse sistema de estratificação consistem em: O prestigio tem um peso significativamente maior do que a riqueza na localização do individuo na hierarquia social e a localização do individuo na hierarquia social é não somente uma realidade econômica de fato, mas principalmente de direito.

O Estamento é o tipo de sociedade intermediária entre as castas, onde não é tão fechado e nem tão aberto quanto às classes. Os direitos e deveres atribuídos são definidos por lei. De acordo com Octavio Ianni, “o sistema de direitos e deveres que fundamentava as relações e a hierarquia dos estamentos criava algumas possibilidades de mobilidade social vertical”

A ascensão era possível em casos como a filha de um rico comerciante se casasse com um nobre, fazendo parte da nobreza; ou até, em casos em que a igreja recrutava seus membros entre os mais pobres. A mobilidade embora fosse difícil não era impossível como a casta.

Para Sorokin o estamento é considerado “quantitativa e qualitativamente uma casta diluída”, pois há muitas características da casta que não aparecem no estamento de caráter fechado, transmissão hereditária - e outras que estão presentes com menos rigidez.

7. CASTAS

Como vimos anteriormente, tantos no sistema de estamento quanto no de classes sociais, há alguma possibilidade de mobilidade social. Entretanto há sociedades que não possibilita, ao individuo, a ascensão social, esse tipo de estratificação é chamado de Castas, que até hoje temos como exemplo a Índia.

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Tipos de Estratificação Características

Tipos de Sociedade

Exemplos

Em castasHereditariedade das Posições sociais

Fechada Índia Tradicional

Em EstamentosDesigualdade de fato e de direito

SemifechadaEuropa Feudal; Brasil colonial e monárquico

Em ClassesDesigualdade de fato, mas não de direito

AbertaSociedades Urbanas Industriais

Figura 1: Formas de estratificação social. (VILA NOVA, 2004, p.161)

Nas Castas, o individuo não consegue alcançar uma posição social mais elevada, a posição social é atribuída por ocasião do nascimento, assim este individuo carrega a mesma posição social pelo resto da vida. “O que caracteriza um sistema de estratificação em castas é que, nele, a localização dos indivíduos na hierarquia social é necessariamente herdada, de modo que é absolutamente interditada a mobilidade social” (VILA NOVA, 2004, p.158)

Na Índia, sistema social é rígido e fechado que não oferece nenhuma possibilidade social. Quando o individuo nasce além da sua posição social ser definida, também são definidos seus direitos e deveres. Abaixo a estratificação social indiana:

Figura 2: Estratificação social Indiana. (OLIVEIRA, 2004, p.123)

No topo da pirâmide estão os brânames, que são sacerdotes e eruditos, preservam a ordem social estabelecida, por orientação divina, estes são provenientes da boca. A seguir

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vêm os xátrias, dirigentes e guerreiros que formam a aristocracia militar, procedentes dos braços; A terceira casta é a dos vaixás, comerciantes, artesão, oriundo das coxas; Os sudras são camponeses, trabalhadores e servos, uma casta depreciada, tendo o dever de servir as três castas superiores. Os párias foram expulsos de suas castas, condição que é transmitida a seus descendentes.

Embora oficialmente o sistema de castas, na Índia, tenha sido abolido, de acordo com a Constituição de 1949, que estabelece a igualdade entre todos. Na prática esse regime ainda não foi extinto, já que os indianos das castas superiores não aceitam perder seus privilégios. Desse modo os indianos denominados “sem castas” ou intocáveis, são excluídos, rejeitados e privados de seus direitos.

7.1 CARACTERIZAÇÃO DAS CASTAS

Há algumas características, pertencentes às castas indianas, como, inexistência de mobilidade social, inclusão hereditária nas castas, a endogamia, limitação de contatos com outras castas, entre outras, que serão especificadas a seguir.

Como já foi citada, a principal característica da casta indiana é a herança da posição social, que se mantém por toda a vida. A mobilidade social no sistema de casta é inexistente com exceção aos casos de degradação (rebaixamento).

Participação hereditária na casta: a criança, desde o nascimento, pertence ao mesmo nível dos pais; Participação atribuída por toda a vida: com exceção de casos de rebaixamento, uma pessoa não pode modificar sua casta, seus esforços pessoais, suas demonstrações de capacidade em nada influirão em sua participação em determinada casta, aquela em que nasceu (DAVIS, 1961, p.107 Apud LAKATOS, 1999, p.247)

O casamento só é permitido por pessoas da mesma casta. Um caso de rebaixamento de sua casta é se casar com uma pessoa que não pertence à mesma casta. “Casamento endogâmico: a escolha do cônjuge deve ser feita exclusivamente no seio da casta” (DAVIS, 1961, p. 107 Apud LAKATOS, 1999, p.247)

Outra característica é a limitação do contato com outras castas. Principalmente em regras de alimentação e na precedência ritual. Em regras de alimentação se diz respeito ao que pode ser comido - somente as castas mais baixas podem ingerir álcool, carne de porco e de vaca; em companhia de quem se refere, a quem pode comer na mesma sala,

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e quem pode ou não sequer olhar na comida; das mãos de quem pode receber alimento e água - se classifica por ordem de importância, como, o alimento cozido em água só pode ser aceito da mão de indivíduos da mesma casta ou superior; alimentos cozidos em manteiga podem ser aceito de mãos de pessoas de castas próximas; a aceitação da água abrange um circulo mais amplo, mas não inclui os intocáveis.

Já a precedência ritual esta ligada a noção de “impureza” e “impuro”, funciona como um elemento de separação, em relações sociais, a noção de impureza diz respeito à distância que devem manter entre si, os membros das diferentes castas. “O contato com outras castas é limitado: através de restrições no que se referem ao convívio, relações pessoais e associação, e ao consumo de alimentos preparados por outros;” (DAVIS, 1961, p.107 Apud LAKATOS, 1999, p.247)

As características em que se distingue o membro de cada casta vêm por meio exterior onde diz respeito ao modo de trajar; por meios de costumes onde inclui os casamentos, atividades econômicas; e por meio das leis onde cada casta possui leis especificas. “Identificação do individuo com a casta: pelo nome, comum a todos os membros da mesma casta, pela submissão aos costumes peculiares a ela e pela obediência as leis que regem;” (DAVIS, 1961, p.107 Apud LAKATOS, 1999, p.247)

A falta de liberdade para escolha da profissão de um individuo é herdada dos pais como costume característico das castas indianas,

Apesar das exceções, as castas caracterizam - se por uma ocupação hereditária, de maneira que a divisão da sociedade em castas é aproximadamente uma divisão funcional do trabalho, com base hereditária. A Maioria dos nomes de casta, se bem que não todo designa ocupações (PARSONS, 1968, p.684 Apud LAKATOS, 1999, p.253)

A última característica da casta indiana se refere ao grau de prestígio do qual cada casta possui. Refere-se à alimentação e à prestação de serviço que tem como ponto de referencia a casta brâname. Também tem como distinção as castas dos “nascidos duas vezes” ou “puros”, e os nascidos uma vez só ou “Impuros”. “Cada casta possui um grau de prestigio próprio, estabelecido em relação ás outras castas” (DAVIS, 1961, p.107 Apud LAKATOS, 1999, p.248)

Embora a Índia seja a mais citada entre os modelos de castas, não é a única, toda sociedade onde existam indivíduos localizados na mesma posição social que seus pais, de modo a transmitir essa posição social aos seus descendentes, encontraremos a casta.

Uma sociedade com disposição teórica das pessoas de determinado grupo em uma

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ordem em que os privilégios, deveres, obrigações, oportunidades etc. se distribuem desigualmente entre os grupos considerados superiores e inferiores. Existem sanções sociais que tendem a manter essa distribuição desigual (WARNER,1970, p.419 Apud LAKATOS, 1999, p.253)

8. CONCLUSÃO

Buscamos demonstrar a partir desse artigo que todas as pessoas ocupam posições dentro da sociedade, essas posições variam de maneira desigual em função da riqueza, do poder, e do prestígio. Dessa maneira conhecemos a estratificação social que é a distribuição dos indivíduos em camadas ou níveis hierárquicos. A mobilidade social onde o individuo tem a possibilidade de mudança de posição social. E os três tipos de estratificação.

REFERÊNCIAS

LAKATOS, Eva Maria. Sociologia Geral. São Paulo: Ed. Atlas, 1999.

OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução á sociologia. São Paulo: Ed. Ática, 2006.

VILA NOVA, Sebastião. Introdução á sociologia. 6 ed. São Paulo: Ed. Atlas, 2004.

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IMPORTÂNCIA DO CONTROLE PATRIMONIAL

LILIAN FAUSTINO DA [email protected]

RESUMOExistem alguns pontos de decisão nas empresas que de um modo geral, não são bem avaliados, um desses pontos é a ausência integral de adequado controle patrimonial. Historicamente os bens vão sendo adquiridos e assim passam a compor o patrimônio das empresas, na conclusão desses eventos, ou seja, lançamentos. Só que, para cada uma das incorporações patrimoniais os procedimentos observados são diferentes. Na aquisição de um bem, fica mais fácil a sua identificação pela nota fiscal de compra, porém há a necessidade de um controle maior de apuração para o adequado registro, pois raramente encontramos todas as informações necessárias do bem na sua nota dele imitida. Em decorrência dessas circunstâncias, o que se vê na prática é uma enorme quantidade de empresas que, por falta do registro da integração do bem patrimonial à contabilidade, acabam sendo também descurada aos controles físicos de identificação, localização, responsabilidade, cautela, fichamento, etc. Este artigo via o esclarecimento da importância do controle patrimonial.

Palavras-chave: Ativo Permanente, Controle Patrimonial, Bens, Empresa.

ABSTRACTThere are some decision points in companies that, in general, are not well studied, such item is integral to the absence of adequate control sheet. Historically the goods are being acquired and thus begin to compose the equity business at the conclusion of these events, or releases. Except that, for each of the embodiments property procedures observed are different. On acquisition of an asset, it becomes easier to identify them Invoice of purchase, however there is the need for greater control of verification to the appropriate record, because they rarely find all necessary information well in his note of it imitated. Due to these circumstances, what we see in practice is a huge amount of companies that, for lack of registration of integration and equity accounting, also end up being neglected to the controls of physical identification, location, responsibility, caution, fingerprinting, etc. This research via the clarification of the importance of the control sheet.

Keywords: Fixed Assets, Asset Control, Goods, Enterprise.

1 INTRODUÇÃO

Organizar ou implantar um Departamento de Patrimônio no tocante ao Ativo lmobilizado de uma empresa sempre foi uma tarefa árdua, confusa e de pouco resultado, que em várias tentativas se transformaram em umas frustradas organizações, incompletas e inacabadas.

No mercado de publicações acadêmicas e técnicas, sequer encontramos literaturas que versam sobre a organização e planejamento do ativo imobilizado de uma empresa, inclusive em línguas estrangeiras, dificultando a implantação dentro de uma administração moderna e eficaz do ponto de vista custo x benefícios.

Pouco ou quase nada se tem escrito a respeito.Hoje as empresas se deparam com as necessidades de ter um controle efetivo dos seus investimentos

permanentes que denominamos de ativo permanente, compostos de veículos, móveis e utensílios, maquinismos, computadores, utensílios e ferramentas, imóveis em geral, custo e apropriação dos imobilizados fabricados ou construídos na própria empresa.

Tratando-se de controles físicos alocados nas filiais, escritórios, departamentos, fábricas, depósitos

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abertos ou fechados, o responsável pelo patrimônio imobilizado, normalmente encontra dificuldade em obter maiores informações ou implantar normas e procedimentos que visam padronização para efeito de parametrização nos sistemas de processamento de dados nas informatizações.

Não obstante a isso se torna onerosa investir no controle, com a manutenção dos recursos humanos, tecnologia da informação com utilização de software de micro ou macro computadores que agilizam e facilitam os controles patrimoniais, porém, sempre são cotejados com custos e benefícios de uma implantação de controles patrimoniais, optando pela redução no investimento de controles patrimoniais.

Em resumo, para implantação de um Departamento de Controle Patrimonial é necessário que a direção da empresa tenha vontade política e autoridade em implantar e arcar com todas as conseqüências financeiras, administrativas e operacionais e a serem exigidas, com sanções rígidas, sob pena de naufragar todo empreendimento, as normas e procedimentos a serem implantadas.

Em algum momento da operacionalidade depararemos com obstáculos nas recepções de informações ou com a cobrança dos cumprimentos das normas e prazo, por envolver subordinações hierárquicas no organograma vertical ou horizontal da empresa.

No início da implantação da política de imobilizações, quanto às aquisições, controles, vendas, etc, deverão ter a chancela do diretor responsável com autonomia de comando e direção da política organizacional do Ativo lmobilizado da empresa.

2 CONCEITO DE BENS:

São todos os bens e direitos de propriedade da empresa, mensuráveis monetariamente, que representam benefícios presentes ou benefícios futuros para a empresa.

- Bens: Máquinas, terrenos, estoques, dinheiro (moeda), ferramentas, veículos, instalações, etc.- Direito: Contas a receber duplicatas a receber, títulos a receber, ações, depósitos em contas bancárias (direito de saque), títulos de créditos, etc.A Contabilidade Moderna está gradativamente desenvolvendo uma nova teoria, em que serão

considerados como Ativos os bens à disposição da empresa, sendo ela própria ou não. Por exemplo, a Lei das Sociedades por Ações diz que os bens decorrentes de operações que transfiram à empresa os benefícios, riscos e controle, independentemente de ser de propriedade, deverão ser contabilizados como Ativo.

Pela Lei 11.638/2007 em poucas palavras Ativo é tudo aquilo que satisfaz as nossas necessidades e que tenha um valor econômico. Segue alguns bens que compõem o ativo imobilizado: terrenos, edifícios, veículos, móveis e utensílios, máquinas e equipamentos, instalações, utensílios e ferramentas, computadores e periféricos, máquinas em construção, importação em andamento de imobilizado, obras em andamento, consórcios, direito e uso de telefones, marcas e patentes, fundo de comercio, recursos florestais e minerais, benfeitorias em bens alugados, contas redutoras: depreciação acumulada, amortização acumulada e exaustão acumulada.

3 COMPONENTES DO ATIVO IMOBILIZADO

O registro e controle do Ativo Permanente são regulados pelo Art. 244 do RIR “O Registro do Ativo Permanente da escrituração do contribuinte deve ser mantido com observância do Decreto-Lei 1509/77 Art. 41 “. Serão classificados neste subgrupo do Ativo Permanente os bens e direitos que tenham por objeto a destinação à manutenção das atividades da pessoa jurídica, ou exercidos com essa finalidade, inclusive

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os ativos de propriedade industrial ou comercial. Portanto, o que caracteriza o imobilizado é a finalidade da aplicação, isto é, ser o bem ou o direito destinado à exploração do objeto social e à manutenção da atividade da pessoa jurídica.

Pode-se englobar, pois, tanto bens corpóreos (máquinas, equipamentos, móveis, utensílios, etc.), como bens incorpóreos, tais como direitos sobre patentes, marcas, fundos de comércio e outros direitos de idêntica natureza.

Dessa forma, podemos concluir que para caracterizar um bem ou direito do ativo imobilizado, deve-se atender três requisitos básicos:

a) natureza permanente,b) destinados à utilização nas operações sociais, c) não serem destinados a venda,Se uma dessas características não for atendida, o bem ou direito não deve ser classificado como

imobilizado.Os bens do imobilizado devem ser agrupados em contas distintas, segundo sua natureza e as taxas

anuais de depreciação ou amortização a eles aplicáveis, e os imóveis, os recursos minerais e florestais e as propriedades imateriais deverão ser registrados em subcontas separadas, deve-se manter registros que permitem identificar os bens do imobilizado e determinar o ano da sua aquisição, o valor original e os posteriores acréscimos ao custo, reavaliações e baixas parcial a ele.

4 IMPLANTAÇÃO - EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS INCLUSIVE DE PESSOAS

Na implantação do controle organizacional de bens imobilizados requer:- Vontade política/interesse da diretoria.- Autoridade e comando efetivo da diretoria, da qual estiver subordinado o departamento.- O Chefe do Patrimônio, muitas vezes, irá se indispuser com outras diretorias.- O Chefe do Patrimônio deverá ser o mentor da implantação, porém a glória e os problemas e fracasso deverão ser da diretoria, ou seja de toda a empresa.- Implantação da política da boa vizinhança.- Toda norma deverá estabelecer responsabilidade com punição.Primeiramente são necessárias visitas periódicas às feiras de informática para ver as novidades no

mercado administrativo do patrimônio e admissão de funcionário: temporário ou estagiário com autonomia para montagem do departamento. Evitar ao máximo admissão de parentes na fase inicial da implantação, ficando com total liberdade de fazer modificações ou mesmo dispensa de funcionário.

Estabelecer responsabilidade delegada por centros de custos.Esta deve ser a política inicial de implantação em face de indisponibilidade de recursos humano, para

levantamentos iniciais dos bens alocados em diversos centros de custos, setor, departamento, filiais, etc. Todo o trabalho de implantação, normatização, acompanhamento e emissão de relatórios gerenciais

serão de incumbência do novo departamento, porém, de inteira responsabilidade e comando da diretoria da qual está subordinado o departamento.

O Sucesso vai depender de: 40% Estrutura da empresa; 30% Conhecimento e domínio da técnica (cursos e seminários); 20% Feeling (experiência) e 10% Sorte ou Azar.

5 COMEÇANDO A ORGANIZAR

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a) Começando pelo final;b) Estabelecer data da implantação das normas e procedimentos; (normalmente dentro de 90 dias).c) Estabelecer a data do corte para o controle dos dados anteriores.d) Uma vez estabelecida à data de corte, retroagir por período trimestral, observando: implantação dos controles a partir da data pré-estabelecida. O fazer levantamento contábil x fiscal do último trimestre. Retroagir trimestralmente ao longo da sua vida útil. Emitir relatórios trimestrais enviando-as a quem possa interessar. Ser rígido nas cobranças das tarefas, cumprimento dos prazos, envio de documentos entre grupo.

Segundo Gerson (2002), a administração patrimonial compreende uma sequência de atividades que tem o seu início na aquisição e termina quando o bem for retirado do patrimônio da empresa. Ao longo dessa trajetória são adotados inúmeros procedimentos físicos e contábeis.

5.1 CONTROLES INTERNOS

A forma objetiva e prática de conceituar o controle interno dentro de uma empresa são defini-lo como procedimentos e métodos, coordenados, que visam proteger os bens de seu patrimônio, assegurar a exatidão e veracidade de seus registros contábeis e extras contábeis e manter e melhorar a política diretiva.

Assim sendo, um sistema de controle interno abrange uma estrutura ampla de controles e informações dirigidos à obtenção da veracidade dos dados que servem para a tomada de decisões na gestão empresarial.

Em um sistema de controle interno, podemos distinguir dois núcleos de controle que, por sua eficiência e adequação, abrangem com amplitude todos os aspectos das operações de uma empresa, a saber:

- controles contábeis relacionados com o patrimônio e - controles administrativos relacionados com a eficiência das operações.

5.2. CONTROLES CONTABEIS E ADMINISTRATIVOS

5.2.1 CONTROLES CONTABEIS

Compreendem o plano de organização e todos os métodos e procedimentos que têm ligações diretas com proteção do patrimônio da empresa e a exatidão e veracidade dos registros contábeis.

O controle do ativo imobilizado em uma empresa pode constituir-se em um grande problema se não for administrado dentro de uma técnica e princípios de controles racionais e práticos para uma boa administração do patrimônio.

5.2.2 CONTROLES ADMINISTRATIVOS

Compreendem o plano de organização e todos os métodos e procedimentos que têm ligação direta com a eficiência das operações e com a política diretiva da empresa.

O controle do Ativo lmobilizado começa com um planejamento dos investimentos a serem efetuados dentro de um plano trimestral, semestral, anual ou até mesmo trienal, estes devidamente contidos no orçamento global da empresa.

6 PRINCIPOS BÁSICOS DE CONTROLE INTERNO

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6.1 JUSTIFICATIVAS DOS GASTOS E SOLICITAÇÃO DE APROVAÇÃO

Uma justificativa bem detalhada e fundamentada dos gastos para cada projeto é de suma importância e devem estar pautadas dentro dos 4 requisitos básicos: Projeto de expansão de acordo com previsto no orçamento anual; Projeto de melhoria do produto de acordo com o projeto apresentado e devidamente aprovado pela direção da empresa; Projetos de redução de custo normalmente referem-se a custo de manutenção; Prevenção e substituição de máquinas e equipamentos.

Em conformidade com Pozo (2002), a gestão dos recursos patrimoniais cada vez mais se torna fundamental para o sucesso empresarial. Utilizar adequadamente os ativos imobilizados como máquinas equipamentos, ferramentas edificações que passa a ser elementos geradores de receitas e não despesas formando assim uma função integrante do bom administrador. O resultado operacional de uma organização é a função das condições físicas dos bens patrimoniais, observando sua conservação e seu trato.

6.2 DEFINIÇÕES DE AUTORIDADE E RESPONSABILIDADE

A autoridade e responsabilidade dos funcionários de uma empresa devem ser definidas de forma clara e objetiva e limitadas.

6.3 SEGREGAÇÕES DE FUNÇÕES

As funções operativas e contábeis devem ser segregadas de tal forma que não possibilitem a nenhum funcionário o controle físico e contábil de um bem patrimonial de sua responsabilidade. Para controlar os gastos, as áreas responsáveis pelo controle dos projetos devem manter registros que indiquem os itens detalhados como suporte desses projetos a fim de possibilitar o controle dos gastos previstos com os gastos reais.

6.4 COMPROVAÇÕES E PROVAS INDEPENDENTES

As comprovações e provas independentes devem verificar os procedimentos do controle interno sem duplicações de trabalho aplicando a auditoria interna: que na verdade compreende a verificação da exatidão, adequação e execução das operações contábeis e do controle interno, bem como dos respectivos comprovantes e dando ênfase a adequação do funcionário ao trabalho efetuado.

7. PONTOS FORTES DE CONTROLE INTERNO

a) Existência de uma política por escrito, estabelecendo critérios para capitalização, transferência e baixas do ativo imobilizado.b) Controles contábeis por conta registros individuais dos bens.c) Identificação dos bens do ativo imobilizado por chapeamento (código de barras).d) Controle de localização dos bens e distribuição das parcelas relativas à depreciação.e) Levantamentos físicos periódicos por amostragem para testar os controles e a existência física.

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8. BENEFICIOIS DOS CONTROLES PATRIMONIAIS

a) Manutenção do Patrimônio Físico em boa ordem. b) Manutenção e controle dos bens produtivos e administrativos que possam atender a empresa de forma racionalizada.c) Perda de Capital através de mau uso, roubo, obsolescência ou em desuso.d) Criação de despesas dedutíveis para efeito de minimização da carga tributária.e) Recuperação dos impostos.f) Adequação do imobilizado técnico para melhoria de qualidade da produção ou de informações gerenciais.g) Atendimento da legislação tributária para evitar futuros contratempos com o Fisco.h) Manutenção e controle dos investimentos dos sócios em forma transparente.i) Avaliação patrimonial para fins fiscais, cisão, fusão para fins de planejamento e blindagem patrimonial.

9. NORMAS E CONTROLES

Para implantação de controle patrimonial é necessário, inicialmente, o estabelecimento de Normas de Procedimentos e Controles Internos, que devem seguidos criteriosamente, a fim de assegurar uma eficiente administração dos bens imobilizados.

O controle deve ser efetuado através de técnica administrativa e procedimentos contábeis. A norma de procedimento é necessária para se determinar condutas que devem ser obedecidas quando do cumprimento dos procedimentos administrativos de compras, entradas, registros, aprovação dos outros, bem como de responsabilidade física dos bens.

9.1 ITENS COMPONENTES DAS NORMAS DE CONTROLE

I - Objetivos: Descreve sucintamente o objetivo da norma.II - Abrangências:Estabelece quem deve observar os departamentos envolvidos. III - Procedimentos:Estabelece procedimento quando a:a) solicitação de compra de bens patrimoniaisb) aprovação dos pedidos.c) entrada de bens na empresad) chapeamento e controle, ou seja, identificação dos bens.f) ordens de serviçosg) solicitação de baixa e vendash) fiscalização do cumprimento das normasi) procedimentos contábeis como: entrada, registro, controles individuais ou coletivos, depreciação, baixa e transferência, guardam de documentação, etc.

Normalmente o controle dos bens patrimoniais é de responsabilidade de um setor especifico da empresa, subordinado ao departamento de contabilidade.

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10 REGRAS PARA CHAPEAMENTO

O controle do Ativo lmobilizado deve ser feito através de fichas analíticas, as quais deverão conter todos os dados de identificação dos bens.

A identificação e controle de bens por chapas são muito usuais nas empresas, usando-se inclusive chapas coloridas para identificar e diferenciar as áreas administrativas das de produção ou vendas. Para codificarmos um bem, basta colocar os dois últimos dígitos para identificarmos a conta e quatro dígitos para identificarmos o bem daquela conta.

Exemplo de compra de um veículo: Conta: Veículos, Código “24”, Código do bem: 001 Conta: 24.001.Para todo bem do ativo imobilizado adquirido é conveniente atribuir um número de inventário, por uma

das seguintes formas:a) chapas de inventário;b) números pintados (no caso de veículos motorizados).Quando for encaminhada através do Controle do Ativo Fixo, a chapa de inventário para um objeto em

que será impossível ou desaconselhável sua fixação, a mesma deverá ser devolvida, juntamente com uma “A Comunicação Interna - C.I.” indicando a forma mais adequada para sua identificação.

Para fixação das chapas de inventário, utilizam-se rebites, parafusos ou cada de boa qualidade, conforme o caso.

O local escondido para fixação deverá ensejar fácil identificação e segurança contra fatores que possam determinar sua queda e conseqüência perda.

Os veículos motorizados não recebem chapas de inventário, pois o número correspondente deverá ser pintado na parte interna da tampa do porta-luvas ou nas portas.

A fixação de chapas de inventário é de responsabilidade do Controle do Ativo Fixo. Nos locais em que este não exista, a responsabilidade será da Gerência ou chefe de seção.

11. INVENTÁRIOS CONTABEIS DO IMOBILIZADO

Constituem-se na pesquisa da documentação contábil existente, tais como: diários e razões auxiliares; notas fiscais; fichas patrimoniais; gutas de importação, etc.

A pesquisa deverá ser feita para a formação do inventario analítico de ativo fixo, deve iniciar-se desde a constituição da empresa ou da data em que existirem documentos até a data atual, cujos saldos constam no razão auxiliar, ou do último balanço de encerramento fiscal.

Através das pesquisas feitas, podem-se calcular os valores contábeis de cada patrimônio da empresa, de acordo com procedimentos fiscais e legais como: Cálculos de depreciação desde a aquisição; Cálculos de Correção Monetária; Cálculos da diferença de Correção Monetária, assuntos estes que não serão tratados no momento.

12. INVENTÁRIOS FÍSICOS E CHAPEAMENTO/REVISÃO FÍSICA

Constitui-se na busca pelas instalações da empresa, a fim de identificar todos os bens fisicamente existentes. Este trabalho é realizado em todas as áreas de patrimônio da empresa em que o bem patrimonial será:

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- Identificado fisicamente (é afixada chapa de patrimônio metálica comum ou em código de barras, atribuindo número de patrimônio);- Alocado por centro de custo; - Alocado por área de risco; - Alocado de acordo com a sua localização lógica;- Alocado conforme TAG Number.Juntamente com a etapa anterior é efetuada a digitação e a conferência dos dados do inventário físico.

13. CONCILIAÇÃO / COTEJAMENTO

Após o término dos dois inventários, é dado o início da confrontação dos dados físicos versus contábeis. De posse das informações obtidas pelo inventário contábil x inventário físico dos bens patrimoniais, será fornecido relatório com sobras físicas e contábeis para posterior saneamento, o saneamento obedece a três etapas:

- Igualdade; - Similaridade;- Atribuição de valores contábeis as sobras físicas.O serviço final deverá ser fornecido à listagem analítica dos imobilizados e o valor de cada conta

contábil. Poderá também ser fornecida em meio magnético para que, através de Software de controle, o inventário possa ser atualizado na própria empresa.

Operacionalmente, financeiramente e economicamente a tarefa de inventário físico deve ser terceirizada com contratação de empresas especializadas com “now-houw” comprovado para melhor direcionamento.

O inventário físico requer equipe treinada, equipamentos e sistemas adequados necessitando de pessoal que possam deslocar-se às unidades onde estão alocados os equipamentos, móveis, máquinas, computadores, etc.

14 CONCLUSÃO

Um setor patrimonial implantado e em execução com sucesso exige um empenho e total comprometimento de todos da equipe, devido a grande complexidade que anteriormente não eram observados por grandes administradores, porem esta realidade notavelmente está mudando, devido à necessidade de cruzar as informações contábeis com o físico da empresa e se beneficiar de recursos.

A organização na tarefa de implantação sempre vai ser alvo de grandes discussões, questionamentos e até mesmo resistência de algumas áreas da empresa, mesmo por que não há tanto informação e por se tratar de um assunto “novo” falta entendimento em algumas pessoas quanto à importância da tamanha tarefa, devido à falta de materiais escritos a respeito, porem para que isso não acabe em promessas promissoras e caia no fracasso é necessário que desde o mais simples colaborador seja comprometido e conheça as mudanças, adaptações e benfeitorias que trará a empresa com a implantação, para que se haja o comprometimento com o serviço e conseqüentemente o retorno do sucesso não serão de exclusividade do setor do patrimônio e sim de toda a equipe da empresa.

A empresa que toma a decisão da implantação do controle patrimonial já tem uma grande chance de ter uma grande proporcionalidade de controle dos bens.

Enfim, todo início de implantação depende de grande empenho de todos, ou seja, um trabalho em

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equipe, onde o e a satisfação é o troféu do sucesso.

REFERÊNCIAS

PADOVEZE, Clóvis Luís. Manual de Contabilidade Básica. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2010.

MARION, José Carlos. Contabilidade Empresarial. 14.ed. São Paulo: Atlas, 2009.

IUDÍCIBUS, Sergio de, Martins, Eliseu e Gelbcke, Ernesto Rubens. Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações. São Paulo: Atlas, 2003.POZO, Hamilton. Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2002.

Sites Pesquisados:

www.receita.fazenda.gov.br, última consulta em 20/08/2010.

www.crcsp.org.br, última consulta em 18/08/2010.

www.cosif.com.br, última consulta em 24/08/10.

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ENTENDA A ESTRATÉGIA NEOLIBERAL

Tamires Ribeiro Lourenç[email protected]

Matheus Bento [email protected]

José Estevam [email protected]

Professor: Galeno do Brasil Filho

Professor: Renato M. Nogueira

RESUMO

Nessa iniciação científica sobre o neoliberalismo, desenvolvemos um artigo sobre essa disciplina, mostrando quais as principais conseqüências, como ela foi criada e como ajudou no desenvolvimento econômico e social do país. Será colocado também, como foi a inicialização deste sistema no Brasil e quais foram as regras “impostas”, com a cartilha neoliberal, à que a população teve que se submeter para que a economia fosse estabilizada. Tendo em vista os estudos feitos, conclui-se que o neoliberalismo ajudou os capitalistas e a economia do país, sem ele, talvez, não se conseguiria passar a crise ou ninguém teria, até hoje, a resposta de quando iria acabar, e o mais importante o que substituiria o sistema neoliberal. Palavras-chave: Neoliberalismo; economia; Iniciação científica

ABSTRACTThis scientific initiation about neoliberalism, we developed an article about this discipline, showing which its major consequences as it was created and how it helped in economic and social development of the country. Will be placed, as was the initialization of this system in Brazil and what were the rules “imposed”, with the neoliberal primer, we submit that the economy was stabilized. In view of our studies, my neoliberalism helped the capitalists and our economy, perhaps without him there We would pass the crisis or perhaps Yes, until today no one has the answer what certainly nobody has the answer to when will end, and most importantly what replace the neoliberal system.Keywords: Neoliberalism; economics;, Scientific Initiation

1 INTRODUÇÃO

Primeiramente é interessante detalhar como surgiu, e como foram as essências do neoliberalismo desde sua origem até aos dias atuais. O neoliberalismo teoricamente nasceu logo depois da II Guerra Mundial, na região da Europa e da América do Norte onde imperava o capitalismo. Foi uma reação teórica e política veemente contra o Estado intervencionista e de bem-estar (ANDERSON, 1995) que se mostrava diferente do liberalismo clássico.

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Porém, ele não foi implantado de imediato, pois nesta época o mundo vivia uma fase de ouro e um desenvolvimento acelerado. Por esta razão, não pareciam muito verossímeis os avisos neoliberais dos perigos que representavam qualquer regulação do mercado por parte do Estado. O que perdurou até o inicio da década de 70, com a chegada da grande crise do modelo econômico do pós-guerra, em 1973, quando todo o mundo capitalista avançado caiu numa longa e profunda recessão, combinando, pela primeira vez, baixas taxas de crescimento com altas taxas de inflação, mudou tudo. A partir daí as idéias neoliberais passaram a ganhar terreno (ANDERSON, 1995).

Com a crise do petróleo em âmbito mundial, foi à hora exata para os neoliberais entrarem em ação e colocarem em prática todas as idéias discutidas por quase 30 anos, “as escondidas”. No Brasil o neoliberalismo teve inicio com a implantação das primeiras ações concretas de natureza neoliberal (Governo Collor); uma fase de ampliação e conso lidação da nova ordem econômico-social neoliberal (primeiro Governo Fernando Henrique Cardoso - FHC); e, por último, uma fase de aper feiçoamento e ajuste do novo modelo, no qual amplia-se e consolida-se a hegemonia do capital financeiro no interior do bloco dominante (se gundo Governo FHC e Governo Lula) (FILGUEIRAS, 2006).

Segundo Mega (2002), na verdade, foi dada seqüência às reformas neoliberais que haviam sido tratadas no Consenso de Washington e que Fernando Collor já havia iniciado. Nos governos FHC e Lula (este embora falasse o contrario em sua campanha política) mantiveram essas idéias, mas se por um lado havia felicidade pela derrota da “inimiga”, geradora de todas as mazelas do Brasil, por outro, com a desaceleração na economia, um reflexo sentido diretamente pela população, foi o desemprego.

A questão do desemprego no Brasil já era observada anteriormente e estava sempre em questão nas campanhas eleitorais, porém se agravou durante os anos de FHC. O lado tragicamente irônico desta questão é o de que por muito tempo vendeu-se a idéia, no Brasil, de que para se criar empregos, eram necessário que investimentos estrangeiros aportassem no Brasil a fim de fazer crescer a economia e com ela virem os novos empregos (MEGA, 2002).

Podemos acrescentar ainda que, se por um lado, o modelo político vigente permitiu maior concentração de renda, legitimada pelo dogma neoliberal; por outro, constata-se, simultaneamente, um crescimento da exclusão social e o aumento da pobreza, transformando a sociedade brasileira, não numa sociedade de interesses, mas numa nação de necessidades. Entretanto, diferentemente dos interesses que podem ser objetivamente representados, as necessidades passam pelo crivo imaginário dos representantes eleitos e, portanto, de um modo geral, não são representadas politicamente (BAQUERO, 2001).

Com tudo isso, dá a liberdade para um jogo de interesses tanto na política, quanto nas classes dominantes do Brasil, em relação aos mais necessitados. Segundo Baquero (2001), nos últimos anos, assistimos a uma reconversão da representação política que tem se orientado na defesa dos interesses privados. Dessa forma, ao mesmo tempo em que se legitima democraticamente uma dominação mais eficaz sobre a sociedade e uma maior concentração de riquezas, as instituições políticas democráticas são deslegitimadas.

2 NEOLIBERALISMO

Desigualdade predomina na sociedade desde que mundo é mundo. A desigualdade social, não é

natural, existe, porque há todo um processo arquitetado. Nas grandes potências também existem desigualdades

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só que não mostram, porém ultimamente o que mais vemos além de violência, crimes é a desigualdade acima de tudo. Violência, mensalão, quebra de sigilo, real valorizado, transação com exterior tem o maior déficit de todos os tempos.

Principais causas, Globalização e Neoliberalismo. Para o neoliberalismo a desigualdade é positiva, desde que a economia esteja boa, não importa se existe miséria ou pobreza. Principais argumentos: é necessário porque só assim funciona. Nós vivemos hoje dominados pela “Elite financeira”, uma dominação forçada. O Brasil sempre esteve embaixo de outros países e obedecem aqueles que estão “em cima”.

Friedrich Hayek (1899-1992), à “Caminho da servidão” critica os sindicatos sem medir palavras. Ano que, surge à sociedade “Monti Pélerin” ou (maçonaria neoliberal), que realizarão a cada 2 anos no mundo inteiro uma reunião com idéias e preparativos para o neoliberalismo.

Para implantarem o neoliberalismo, capitalistas se uniram para balançar o sistema na teoria de Keynes. Primeiramente “Inflação”, na hora que o sistema “parou” os capitalistas entraram alegando que ouve alteração no sistema, que resultou em crise, uma crise planejada, mas ainda assim uma crise. Culpados, Keynes, sindicato, walfare state. Solução, desestabilização do sistema. Segunda fase “implantação”, 1979 Thatcher (Inglaterra) e 1980 Regan (EUA), uma vez implantado o sistema neoliberal, as duas maiores potencias determinaram que fosse o governo padrão.

Por um lado, trata-se de uma alternativa de poder extremamente vigorosa constituída por uma série de estratégias políticas, econômicas e jurídicas orientadas para encontrar uma saída dominante para a crise capitalista que se inicia ao final dos anos 60 e que se manifestam claramente já nos anos 70. Por outro lado, ela expressa e sintetiza um ambicioso projeto de reforma ideológica de nossas sociedades com a construção e a difusão de um novo senso comum que fornece coerência, sentido e uma pretensa legitimidade às propostas de reforma impulsionadas pelo bloco dominante. Se o neoliberalismo se transformou num verdadeiro projeto hegemônico, isto se deve ao fato de ter conseguido impor uma intensa dinâmica de mudança material e, ao mesmo tempo, uma não menos intensa dinâmica de reconstrução discursivo-ideológica da sociedade, processo derivado da enorme força persuasiva que tiveram e estão tendo os discursos, os diagnósticos e as estratégias argumentativas, a retórica, elaborada e difundida por seus principais expoentes intelectuais (num sentido gramsciano, por seus intelectuais orgânicos). O neoliberalismo deve ser compreendido na dialética existente entre tais esferas, as quais se articulam adquirindo mútua coerência (GENTILI, 1996).

3 NEOLIBERALISMO NO BRASIL

O Brasil foi o último país da América Latina a implementar um projeto neoliberal. Foi um caos total, inflação de 90%, inflação econômica, desvalorização da moeda, substituição da moeda pelo real. Tal fato deveu-se, de um lado, à dificuldade de soldar os dis¬tintos interesses das diversas frações do capital até então presentes no moribundo Modelo de Substituição de Importações (MSI) (Filgueiras, 2001) e, de outro, à intensa atividade política desenvolvida pelas clas¬ses trabalhadoras na década de 1980 – que se expressou,

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entre outros eventos, na constituição do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), na criação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do Par¬tido dos Trabalhadores (PT) e na realização de cinco greves gerais entre 1983 e 1989.

No entanto, a mobilização política dos trabalhadores, ultrapassan¬do os limites do economicismo – cuja expressão maior foi à construção de um partido político de massa–, ao ameaçar o poder das classes domi¬nantes, porém não conseguindo tornar hegemônico seu projeto nacional, democrático e popular, acabou possibilitando, em determinado momen¬to (a partir da eleição de Fernando Collor em 1989), à unificação das diversas frações do capital em torno do projeto neoliberal, mesmo com idas e vindas, contradições e disputas internas, em virtude do temor das mesmas de perderem o controle político da sociedade.

Durante a crise da década de 1980, pelo menos até a implemen tação e o fracasso do Plano Cruzado

(1986/87), predominava entre as distintas frações de classes do bloco dominante a tentativa de redefinir, atualizar e reformar o MSI, mantendo-se ainda um papel fundamental para o Estado no processo de acumulação e desenvolvimento – apesar das críticas à estatização, que haviam surgido já na década anterior (campanha, em 1974, contra o gigantismo do Estado e pela redução de sua participação na economia, principalmente nos setores de transpor te, mineração e siderurgia) (BIANCHI, 2004).

4 CONSENSO DE WASHINGTON

John Willianson, economista inglês, diretor do instituto promotor do encontro, foi quem alinhavou os dez pontos tidos como consensuais entre os participantes. E quem cunhou a expressão “Consenso de Washington”.Constar a gravidade da crise era algo relativamente fácil. Identificar e apontar as causas estruturais do problema – o que, de certa forma, implica desestabilizar e administrar o status dos países da America Latina – seria tarefa difícil. Assim sendo, depois do diagnóstico, a “terapia” que se tornou corrente nos círculos oficiais foi a de evitar o menor atrito para as elites peloticas e econômicas das regiões, quais sejam, aquelas das instituições multilaterais, consubstanciadas no chamado “Consenso de Washington”.

1. Disciplina fiscal – diagnostico neoliberal (mesmo que travestido de “neo-estrutural”) aponta sempre para o excessivo déficit publico como a causa fundamental do desequilíbrio macroeconômico. Dessa forma, deveriam ser instituídos mecanismos que limitassem os gastos e que pudessem gerar superávits primários. A reforma previdenciária estaria aí incluída;

2. Racionalização dos gastos públicos – além de gastar muito, o Estado gasta mal, de acordo com os neoliberais. Investimento que não fossem destinados às “áreas sociais” ou à infra–estrutura deveriam ser suprimidos, inclusive

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os reinvestimentos de empresas públicas, considerados “despesa” e não “investimento”.

3. Reforma Tributaria – ainda para corrigir a distorção representada pelo déficit publico, o governo deveria realizar uma reforma tributária, a partir da ampliação da base de contribuintes, com o objetivo de aumentar a arrecadação;

4. Liberalização financeira – levando –se em consideração a carência de poupança local, os países da região deveriam alterar suas legislações de forma a atrair a “poupança estrangeira”. Nesse ponto incluem-se a privatização do sistema público de bancos, o tratamento não – discriminatório aos bancos estrangeiros e a supressão dos controles da movimentação de capitais;

5. Reforma cambial – a política cambial deveria ser adequada às necessidades do comércio internacional: moeda desvalorização e atrelada ao dólar (currency board), num momento, ou moeda desvalorizada para fazer frente ao pagamento de compromissos externos, em outro;

6. Abertura Comercial – os países deveriam suprimir as barreiras não –tarifárias aos produtos estrangeiros e reduzir drasticamente as alíquotas de importação, de forma a estimular a concorrência e elevar a produtividade geral da economia local;

7. Supressão de restrições ao investimento estrangeiro direto – qualquer legislação que restringisse os investimentos estrangeiros diretos deveria ser suprimida. Nesse campo propõe–se a igualdade de status entre empresas nacionais e estrangeiras, além da eliminação de monopólios públicos e de outras reservas de mercado;

8. Privatização – o papel do Estado na sociedade deveria se restringir a um mínimo de funções, vinculadas à segurança, saúde básica e educação fundamental. Todas as empresas públicas deveriam ser repassadas para a iniciativa privada, que possui maior capacidade técnica e gerencial. O saldo da venda de “estatais” seria obrigatoriamente empregado no abatimento da dívida pública;

9. Desregulamentação – caberia ao Estado garantir as melhores condições possíveis ao investimento privado. Toda legislação que privilegiasse determinados setores, os chamados “cartórios”, deveria ser removida;

10. Respeito à propriedade intelectual – a participação no comércio internacional de forma responsável, de acordo com o Consenso, pressupunha o respeito ao direito de propriedade intelectual. Como, aparentemente, cada nova inovação tecnológica depende de grandes somas de recursos, os inovadores deveriam ser recompensados. Nesse sentido, seria de fundamental importância a adoção de

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“leis de patente” que garantissem o direito de inovadores.

Durante os anos 1990, as diretrizes do Consenso de Washington foram implementadas em todos os países latino–americanos, exceto em Cuba. Essas idéias, que na prática significavam o restabelecimento do “pacto colonial” e que se assemelharam aos Tratados de 1810, foram aplaudidas por grande parte da elite da região. Embora tivessem, em princípio, caráter acadêmico, as conclusões do Consenso acabaram tornando–se receituário imposto por agências internacionais para a concessão de créditos: os países que quisessem empréstimos do FMI, por exemplo, deveriam adequar suas economias às novas regras. Para garantir e “auxiliar” no processo das chamadas reformas estruturais..., o FMI e as demais agências do governo Norte-Americano ou multilaterais incrementaram a monitoração – novo nome da velha ingerência nos assuntos internos – das alterações “modernizadoras”.Em síntese, é possível afirmar que o Consenso de Washington faz parte do conjunto de reformas de neoliberais que apesar de práticas distintas nos diferentes países, está centrado doutrinariamente na desregulamentação dos mercados, abertura comercial e financeira e redução do tamanho e papel do Estado.

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A evidência que surge das apresentações é que começou um processo de esgotamento, pelo menos numa primeira instância, das experiências neoliberais. Tais experiências não renderam os frutos esperados, não conseguiram resolver os graves problemas que se instalaram nas economias capitalistas nos meados dos anos 70, ao mesmo tempo em que se produziu, como bem afirmaram Anderson e Theerorn, uma tremenda regressão social, expressada em um aumento importante da desigualdade e miséria.

Na verdade, o Consenso de Washington representa, no contexto da América Latina, o mesmo movimento de contra-ataque do capitalismo em relação às conquistas dos trabalhadores. É desnecessário afirmar que aqui o pano de fundo é outro, que existem, quando muito, arremedos de Estados de bem-estar e que a democracia, a muito custo, tenta fazer sua reentrada num continente marcado por sucessivos períodos de ditaduras declaradas ou disfarçadas, civis ou militares (com preponderância das últimas). Em suma, aqui na América Latina o conservadorismo propõe discussões e modelos pós-welfare para sociedades que nem sequer se aproximaram daquela configuração no que diz respeito a direitos sociais e distribuição de renda e o qual, ao contrário, o Estado tem servido historicamente mais aos interesses das classes dominantes associado-dependentes ou não do capitalismo mundial, do que aos setores subalternos (NEGRÃO, 1998).

É difícil até mesmo para o criador do termo negar que a expressão “Consenso de Washington” é uma marca danificada (NAIM, 2002). As audiências em todo o mundo parecem acreditar que isso significa

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um conjunto de políticas neoliberais que tem sido impostas aos países infelizes com sede em Washington instituições financeiras internacionais e os levaram à crise e à miséria. Há pessoas que não conseguem pronunciar o prazo sem demonstrar remorso.

REFERÊNCIAS

ANDERSON, Perry. Balanço do neoliberalismo. In: SADER, Emir & GENTILI, Pablo (orgs.) Pós-neoliberalismo: as políticas sociais e o Estado democrático. Disponível em: <http://www.pagupsol.org.br/textos/balanconeoliberalismoperryanderson.pdf> Rio de Janeiro: Paz e Terra, p.09-23, 1995.

BAQUERO, Marcelo. Cultura Política Participativa e desconsolidação democrática reflexões sobre o Brasil contemporâneo. São Paulo Perspec. vol.15 no. 4 São Paulo Oct./Dec. 2001

FILGUEIRAS, Luis. O neoliberalismo no Brasil: estrutura, dinâmica e ajuste do modelo econômico. Disponível em: <http://www.cibera.de/fulltext/16/16049/ ar/libros/grupos/basua/C05Filgueiras.pdf> 2006. Acesso em 26 Ago 2010.

MEGA, Luciano Farias. Traços das políticas neoliberais no Brasil durante a era FHC (1995 – 2002). Disponível em: <http://www.unioeste.br/campi/cascavel/ccsa/ VISeminario/Artigos%20apresentados%20em%20Comunica%E7%F5es/ART%208%20-%20Tra%E7os%20das%20pol%EDticas%20neoliberais%20no%20Brasil.pdf> 2002. Acesso em 25 Ago. 2010.

Sites consultados:

GENTILI, Pablo, SILVA, Tomaz Tadeu da. Escola S.A. Neoliberalismo e Educação: manual do usuário. Disponível em:

<http://www.enebio.kinghost.net/erebne/arq/Neoliberalismo_e_educacao.doc>. Acesso em 03 de Setembro 2010.

NEGRÃO, João José. Do Livro: Para conhecer o neoliberalismo. Pag. 41 – 43. Publisher Brasil, 1998. Disponível em: http://www.cefetsp.br/edu/eso/globalizacao/consenso.html. Acesso em 03 de setembro 2010.

FILGUEIRAS, Luiz. O neoliberalismo no Brasil: Estrutura, Dinâmica e ajuste do modelo econômico. Disponível em:

http://www.cibera.de/fulltext/16/16049/ar/libros/grupos/basua/C05Filgueiras.pdf. Acesso em 03 de setembro 2010.

PETERSON, Institute for international economics. Did the Washington Consensus Fail?

Disponível em:

http://www.petersoninstitute.org/publications/papers/paper.cfm?ResearchID=488. Acesso em 03 de setembro 2010. *

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ANÁLISE DO CRESCIMENTO ECONÔMICO E DOS INDICADORES MACROECONÔMICOS E SOCIAIS DO BRASIL

Antonio Cesar Silva Sacco ¹

RESUMO

O presente trabalho visa uma análise entre a correlação da taxa SELIC por um período de 18 meses com a evolução da produção de bens de capital e pessoal desocupado nesse período.

Palavras-Chave: Variação do desemprego. Crescimento da produção de bens de capital. Variação da taxa SELIC. Influência da taxa SELIC no nível de desemprego. Influência da taxa SELIC na produção de bens de capital.

ABSTRACT

This study aims at analyzing the correlation between the Selic rate for a period of 18 months with the development of production of capital goods and personnel vacated during this period.

Key-Words: Change in unemployment. Growth in production of capital goods; The SELIC rate change. Influence of the Selic rate in unemployment. Influence of the Selic rate in production of capital goods.

1 Introdução

Para um breve estudo sobre o crescimento econômico e dos indicadores macroeconômicos e sociais do Brasil foram adotados três indicadores e analisados no período compreendido entre janeiro de 2008 e agosto 2009.

Estes indicadores são:

1.1. Evolução da taxa SELIC

1.2. Pessoal.desocupado numa população economicamente ativa

1.3. Produção de bens de capital

2 Conceitos

Considerando-se que o investimento pode ser influenciado pela taxa de juros, ou seja, quanto maior a taxa de juros, menor o investimento e vice-versa e que o investimento possui interação direta com a geração de empregos.

Assim sendo, podemos deduzir que no mercado de bens de capital, quanto menor a taxa de juros, maior será a demanda, logo, as empresas produzirão mais elevando a renda. Dessa forma, a pedra angular desse raciocínio é a taxa de juros que influenciará inversamente proporcional à produção e à ocupação de pessoal.

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3 Tabela da evolução da taxa SELIC

Taxa Taxa anual Mensalizada %

jan/08 0,9071 11,25fev/08 0,8483 11,25mar/08 0,9071 11,25abr/08 0,895 11,48mai/08 0,9454 11,75jun/08 0,9468 12,18jul/08 0,9983 12,44ago/08 1,0406 13,00set/08 1,0433 13,50out/08 1,0972 13,75nov/08 1,0616 13,75dez/08 1,0972 13,75jan/09 1,0758 13,43fev/09 0,9248 12,75mar/09 0,9503 11,78abr/09 0,8776 10,84mai/09 0,8322 10,25jun/09 0,7549 9,26jul/09 0,7428 9,10ago/09 0,715 8,75

Tabela 1: Evolução da Taxa Selic

Fonte: adaptado de Portal Brasil

4 Tabela do pessoal ocupado e desocupado

I.45 - PEA, PIA, pessoal ocupado e desocupado

Período Em mil pessoas1/ Taxa de Taxa de

desemprego %

atividade %

Ocupados Desocupados PEA2/ PIA3/

A B C=A+B D E=B/C F=C/D2008 Jan 20 769 1 806 22 575 40 034 8,0% 56,4 Fev 20 660 1 970 22 630 40 074 8,7% 56,5 Mar 20 769 1 952 22 721 40 085 8,6% 56,7 Abr 20 863 1 948 22 811 40 137 8,5% 56,8

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Mai 20 939 1 802 22 741 40 171 7,9% 56,6 Jun 21 171 1 807 22 978 40 289 7,9% 57,0 Jul 21 110 1 867 22 977 40 339 8,1% 57,0 Ago 21 251 1 752 23 003 40 411 7,6% 56,9 Set 21 399 1 777 23 175 40 385 7,7% 57,4 Out 21 561 1 743 23 304 40 341 7,5% 57,8 Nov 21 461 1 760 23 221 40 322 7,6% 57,6 Dez 21 507 1 567 23 074 40 435 6,8% 57,12009 Jan 21 154 1 890 23 044 40 621 8,2% 56,7 Fev 20 943 1 941 22 884 40 620 8,5% 56,3 Mar 20 953 2 082 23 035 40 661 9,0% 56,7 Abr 20 913 2 046 22 959 40 632 8,9% 56,5 Mai 20 984 2 036 23 020 40 672 8,8% 56,6 Jun 21 148 1 867 23 015 40 772 8,1% 56,4 Jul 21 332 1 854 23 186 40 919 8,0% 56,7

Tabela 2: Tabela do Pessoal Desocupado e Ocupado (2008-2009)

Fonte: Banco Central do Brasil

5 Tabela de indicadores de investimentoI.41 - Indicadores de

investimento

1992 = 100Período Prod. de bens Fat. real da ind. Desembolsos do

de capital de bens de capital

Sistema BNDES1/

mecânicos R$ milhões1999 = 100

2008 Jan 199,86 138,30 4 405 Fev 207,73 138,05 8 760 Mar 228,21 156,03 16 383 Abr 234,35 159,18 25 922 Mai 225,81 156,76 32 333 Jun 240,97 169,01 37 897 Jul 251,70 168,35 44 611 Ago 248,45 168,33 51 885 Set 261,89 204,83 60 027 Out 272,84 178,03 70 163 Nov 239,80 149,79 78 570 Dez 176,86 149,98 90 878

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2009 Jan 170,98 95,88 4 449 Fev 157,08 102,66 9 484 Mar 179,35 136,27 17 921 Abr 165,72 115,75 25 634 Mai 174,67 122,96 31 708 Jun 182,29 135,08 41 956 Jul 191,59 121,80 74 090

Tabela 3: Indicadores de Investimento (2008-2009) 1/ Valores acumulados no anoFonte: Banco Central do Brasil

6 Tabela comparativa dos três indicadores adotados

Mês

T a x a S E L I C a n u a l (%)

P e s s o a l Desocupado

Produção de bens de capital (milhões de R$)

jan/08 11,3% 8,0% 199,86

fev/08 11,3% 8,7% 207,73

mar/08 11,3% 8,6% 228,21

abr/08 11,5% 8,5% 234,35

mai/08 11,8% 7,9% 225,81

jun/08 12,2% 7,9% 240,97

jul/08 12,4% 8,1% 251,70

ago/08 13,0% 7,6% 248,45

set/08 13,5% 7,7% 261,89

out/08 13,8% 7,5% 272,84

nov/08 13,8% 7,6% 239,80

dez/08 13,8% 6,8% 176,86

jan/09 13,4% 8,2% 170,98

fev/09 12,8% 8,5% 157,08

mar/09 11,8% 9,0% 179,35

abr/09 10,8% 8,9% 165,72

mai/09 10,3% 8,8% 174,67

jun/09 9,3% 8,1% 182,29

jul/09 9,1% 8,0% 191,59

ago/09 8,8%

Tabela 4: Comparação dos três indicadores adotados (2008-2009)Fonte: Adaptado pelo autor de Portal Brasil e Banco Central do Brasil

Na tabela acima, para o período compreendido entre janeiro de 2008 e agosto de 2009, foram agrupados os três indicadores tomados como base para a análise do crescimento econômico brasileiro.

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Das séries acima, construíram-se dois gráficos, um comparando a evolução da taxa SELIC e a desocupação de pessoal e outro sobre a evolução do investimento, através da produção de bens de capital.

7 Gráfico: Taxa SELIC x Desocupação de pessoal

Gráfico 1: Taxa SELIC x Desocupação de pessoal

Fonte: Adaptado pelo autor de Portal Brasil e Banco Central do Brasil

Verificando as linhas de tendências das duas séries, constata-se que a queda da taxa de juros apresenta uma correlação com o desemprego notado a partir de março de 2009. A inflexão da taxa SELIC ocorre em novembro de 2008, com a crise do subprime nos EUA.

8 Gráfico: Evolução do investimento, pelos bens de capital

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Gráfico 2: Evolução do investimento, pelos bens de capital

Fonte: Adaptado pelo autor de Portal Brasil e Banco Central do Brasil

A inflexão da taxa SELIC em novembro de 2008, acompanhou a queda da produção de bens de capital, sendo que a inércia da queda teve continuidade até fevereiro de 2009. A queda da taxa de juros teve uma correlação inversa à performance dos investimentos.

9 Considerações finais

Com a crise global desencadeada no segundo quartil de 2008 nos EUA, a recessão mundial impactou na economia brasileira, reduzindo investimentos e gerando desemprego. A redução da taxa de juros a partir de novembro de 2008 e com tendência de queda evidenciada, está relacionada ao crescimento dos investimentos tomando como indicador a produção de bens de capital. Há um descompasso de 90 dias entre o início da queda da taxa SELIC e a retomada dos investimentos, talvez por conta da inércia da tendência de retomada da economia. Mesmo descompasso pode ser notado no indicador de pessoas desocupadas, porém, também com tendência de queda a partir de março de 2008, praticamente coincidindo com a retomada da produção.

REFERÊNCIAS

PORTAL BRASIL. Disponível em: <http://www.portalbrasil.net/indices.htm>. Acesso em: 15 jan. 2010

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/?INDECO>. Acesso em: 15 jan. 2010

GREMAUD, Amaury Patrick; VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de;. TONETO Jr., Rudinei. Economia Brasileira Contemporânea. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2007.

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O CONTADOR NO AUXÍLIO DO CONSELHO DO FUNDEB

Gréliz SilvestrinAna Flávia Benetton Ferreira

RESUMO

Quando a palavra educação é pronunciada surgem, entre diálogos e debates, diversas características que se fundem na idéia principal, a educação é, com toda certeza, a fortuna mais preciosa que uma nação pode ter, em dois sentidos. O primeiro estampa sua valiosa contribuição à sociedade, com suas disseminação de conhecimento e intelectualidade. O segundo, faz com que a torne fonte inesgotável de verbas para realização de promessas eleitorais, diante do olhar ambicioso de gestores e o volume financeiro que se estabelece neste setor.No senso comum acredita-se que a lapidação da pedra bruta intelectual de um indivíduo está nas mãos, basicamente, da classe docente em todos os níveis da educação. No entanto não é assim que se procedem as estruturas. Para um professor desenvolver um trabalho com nível de excelência, há um universo de investimento financeiro e de gestão contábil que deveria conspirar a seu favor. Neste artigo induz-se o profissional contábil a fazer uma reflexão sobre sua participação ativa nos Conselhos de Acompanhamento e Controle Social do FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), que o tornará peça chave para que os membros destes Conselhos sejam capazes de entender dados técnicos e por conseqüência terem condições de viabilizar o questionamento, a aprovação ou reprovação das contas que envolvem este montante.

PALAVRAS-CHAVE: Educação. Controle. Fiscalização. Profissional contábil.

ABSTRACTWhen you pronounce the word education comes from the dialogues and debates, several features that fuse on the main idea, that education is surely the most precious wealth that a nation may have, in two senses. The first print their valuable contribution to society, with its dissemination of knowledge and intellectuals. The second, the financial volume established in this sector, makes in the eyes of ambitious managers to make as an inexhaustible source of funds for implementation of election promises. In common sense it is believed that the stoning of intellectual rough stone of an individual is in the hands, basically, the class teacher at all levels of education. However it is not like making their structures. For a teacher working to develop a level of excellence, there is a world financial and management accounting that is conspiring in his favor. In this article the accounting professional to induce reflection on their active participation in the Councils Monitoring and Control of Social FUNDEB (Fund for the Development of Basic Education and Enhancement of Professional Education), which will make key piece for members of these Councils are able to understand technical data and consequently they have ability to enable the questioning, the approval or disapproval of accounts involving this amount.

Keywords: Education. Control. Authority. Professional Accounting.

1 INTRODUÇÃO

A obrigatoriedade de gastos relacionados com a Educação intensificou-se com a promulgação da Constituição Federal de 1988. Após esta norma editada, surgiram outras complementares, como por exemplo, a Lei Federal nº 9.424/96, que dispõe sobre a criação do Fundef, a Emenda Constitucional 53/06, Lei Federal 9.394/96, estabelece as Diretrizes e Bases da Educação e a Lei Federal 11.494/07,

regulamenta o FUNDEB.O progresso que a educação em nosso país vem experimentando desde 1996 com a vinculação de

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parcela dos seus recursos por intermédio de Fundos Especiais, não se caracteriza adequadamente, pois boa parte destas verbas é aplicada para atender finalidades diversas daquelas que justificaram a sua criação, e, em muitos casos, desviadas por meio de práticas ilícitas, nos quais são adquiridos bens materiais e serviços para suprir outras necessidades governamentais.

A aplicação dos recursos por intermédio de fundo públicos, prevista na Lei Federal 4.320/64, obriga as autoridades a prestarem contas da execução dos fatos e procedimentos contábeis. No caso específico do FUNDEB, esta prestação de contas deve ser apresentada para ao Conselho de Acompanhamento o qual, por força da lei, é a parte primordial para a fiscalização.

A lei que regulamenta o fundo não estabelece como serão as prestações e a forma de apresentação das contas. A deficiência legislativa enseja um fato inusitado: uma prestação de contas confusa onde o trabalho dos Conselhos de Acompanhamento e Controle Social é dificultado, pois somada a ineficiência legislativa com a falta de conhecimento técnico contábeis dos seus membros, resulta em analises precárias e meramente informais. Por esta razão, lavram-se pareceres favoráveis à aprovação dos atos praticados pelos governantes, não considerando os periódicos por desconhecerem as ações duvidosas e inidôneas, cravando, assim, atestados de correta aplicabilidade.

Este artigo procura demonstrar o quanto é importante a figura do profissional contábil dentro dos Conselhos de Acompanhamento e Controle Social do FUNDEB, para que se firme a eficiência e eficácia do ato de fiscalizar. Convida toda a classe contábil, junto aos Conselhos Federais e Regionais de Contabilidade, à reflexão sobre a prática voluntária no serviço de auxiliar dos Conselhos Educacionais e sobre suas responsabilidades com a qualidade da educação brasileira.

Busca-se concluir, ao contrário que o senso comum aponta à sociedade, que a educação não depende tão-somente de professores munidos de aptidões e dons especiais, mas de uma classe profissional que através do seu conhecimento empregado ao seu trabalho técnico, fortalece os objetivos reais da educação. O professor vincula sua gratidão a outrem por ter sido indivíduo atingido e formado por educação de qualidade e por almejar a mesma educação a seus alunos.

Para que leis e diretrizes sejam viabilizadas com coerência, junto a elas veio à obrigatoriedade da criação dos Conselhos, com uma democracia fortalecida pela pulverização da escolha dos Membros Conselheiros.

2 A EDUCAÇÃO BRASILEIRA

O sistema educacional brasileiro foi engessado durante séculos, pois não fazia parte do circulo de discussões que os nossos colonizadores portugueses sediavam, algumas tentativas de revoluções não mantiveram efeito, sendo abafadas, pelo desinteresse pleno da classe dominadora da época. Mesmo com tantas mudanças relacionadas à educação e propagadas neste período em muitos países, aqui no Brasil a única preocupação era voltada a exploração de riquezas naturais e o grande comércio de escravos.

As políticas educacionais do Brasil, sempre se tornaram inconsistentes. Para ser mais exato, a educação brasileira não possui registros, ao longo do período colonial e nem no Império, que denotam preocupações com a formação cognitiva do povo.

Os primeiros passos positivos para o desenvolvimento da educação no Brasil foram dados a partir do século XX, com a criação da Universidade do Rio de Janeiro, como percebido iniciou-se uma mudança no nível mais alto da educação, ignorando as necessidades da camada menos favorecida da sociedade que era educação básica de qualidade.

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Após isso, a educação continuou sendo foco de experimentos, que tentavam democratizar e melhorar suas condições. Porém apenas em 1988, com a Constituição Federal, denominada como Constituição Cidadã, veio formalizar, com seriedade, as políticas públicas originando, neste setor, leis com instruções importantes para priorizar o financiamento de suas estruturas e sistematização de Conselhos e práticas contábeis como atualmente vimos pouco a pouco se fundar.

3 FUNDEB

Criado pela Emenda Constitucional 53/2006, e posteriormente regulamentado pela Lei Federal 11.494/2007, e pelo Decreto 6.253/2007, veio para substituir e aprimorar o FUNDEF. Esse novo fundo especial buscou ampliar a abrangência na rede de ensino público, destinando seus recursos não mais apenas ao ensino fundamental, mas também estendendo a aplicação dos mesmos à educação básica.

Um dos pontos principais que podemos destacar no FUNDEB é o progresso concreto que envolve a questão financeira dos Fundos, no âmbito de cada hierarquia federativa, pois ao fazer do aluno matriculado, uma espécie de “recurso financeiro”, converte-se em um mecanismo indutor a qualidade de aprendizado do alunado. Reportamos a pensar que, o problema da lógica que cria uma sintonia entre recursos e números de matrículas não oferecem estímulos aos desempenhos voltados à qualidade na educação. Os estudos e os projetos de redução de números de alunos por salas de aulas, professores mais valorizados e qualificados ficam desprezados pelos conceitos de apenas conseguir resultado econômico com a homologação da matrícula.

O FUNDEB, ao fazer do aluno matriculado uma espécie de “unidade monetária”, converte-se em mecanismo indutor de expansão quantitativa do atendimento educacional. (CALLEGARI, 2009, p. 14).

Em se tratando do acompanhamento e controle social, no que diz respeito à distribuição, à transparência e à aplicação dos recursos dos Fundos, foi legislado que os tramites seriam exercidos, junto aos respectivos governos, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, por Conselhos instituídos especificamente para essa finalidade.

A formalização dos referidos Conselhos foi dada por lei específica, editada, nos âmbitos dos entes federativos, onde tiveram que ser observados os critérios diferenciados em relação a cada nível de governo, vale ainda lembrar que os números de membros que integram a representatividade dos Conselhos, são em

números maiores as do extinto FUNDEF.

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Nota-se que, o Conselho Municipal de Educação para integrar o Conselho de Acompanhamento e Controle Social do FUNDEB, no Município, devem ser observadas as disposições do artigo 37, caput e §1º, da Lei Federal nº 11.494, de 2007, onde vemos na integra.

Art. 37. Os Municípios poderão integrar, nos termos da legislação local específica e desta Lei, o Conselho do Fundo ao Conselho Municipal de Educação, instituindo câmara específica para o acompanhamento e o controle social sobre a distribuição, a transferência e a aplicação dos recursos do Fundo, observado o disposto no inciso IV do § 1o e nos §§ 2o, 3o, 4o e 5o do art. 24 desta Lei. § 1o A câmara específica de acompanhamento e controle social sobre a distribuição, a transferência e a aplicação dos recursos do Fundeb terá competência deliberativa e terminativa.

Tecendo ainda mais o estudo sobre o Conselho do FUNDEB é possível relatar sobre as incumbências legais a ele atribuídas sendo: o acompanhamento, o controle social, a distribuição, a transparência e a aplicação dos recursos dos Fundos que terão de ser analisados periodicamente e sistematicamente por se tratarem de matéria de intensa complexidade. Para tanto, os registros contábeis, os demonstrativos gerenciais mensais relativos aos recursos repassados e recebidos à conta dos Fundos assim como os referentes às despesas realizadas devem atualizados regularmente e ficar permanentemente à disposição dos Conselhos responsáveis.

Na lei reguladora, é plausível a inserção do poder do Conselho em supervisionar o senso escolar e a elaboração da proposta orçamentária, ambos anuais, com o objetivo de regular, dar o tempestivo tratamento e encaminhamento dos dados estatísticos e financeiros que alicerçam a operacionalização dos Fundos, no âmbito de suas esferas governamentais de atuação.

O Conselho tem como função acompanhar a aplicação dos recursos federais transferidos à conta do Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar – PNATE e do Programa de Apoio aos Sistemas de Ensino para Atendimento à Educação de Jovens e Adultos, e ainda, receber e analisar as prestações de contas referentes a esses Programas, formulando pareceres conclusivos acerca da aplicação desses recursos e encaminhando-os ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE.

Podem ainda atuar com autonomia, sem vinculação ou subordinação institucional ao poder executivo local.

A atuação dos Conselhos ainda assegura isenção da obrigatoriedade de testemunhas sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício de suas atividades de conselheiro, e sobre as pessoas que lhes confiam ou deles receberam informações. Veda somente quando os conselheiros forem representantes de professores e diretores ou de servidores das escolas públicas, no curso do mandato.

Sendo assim, resta aos Conselhos do FUNDEB a necessidade de repensar suas estruturas incorporando um apoio contábil para suscitar as exalte de suas missões e o objetivo maior; tornar-se um sistema sinérgico e incentivador de outros setores dos órgãos públicos, incluindo, entre os principais, o setor contábil, produzindo assim, resultados transparentes, consistentes e duradouros. Os Conselhos do FUNDEB precisam, urgentemente, conhecer o que os serviços contábeis podem lhes oferecer de melhorias, imprescindíveis, inclusive, ao processo de fiscalização e deliberações correlatas.

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4 O PAPEL DO CONTABILISTA NO CONSELHO DO FUNDEB

Para a conduta do papel do contador junto ao Conselho do FUNDEB, deve-se retroceder ao ano de 1967, período em que se publicou o Decreto Lei 200/67, o qual são definidas algumas peculiaridades, tais como:

Art. 79. A contabilidade deverá apurar os custos dos serviços de forma a evidenciar os resultados da gestão.Art. 81. Todo ordenador de despesa ficará sujeito a tomada de contas realizada pelo órgão de contabilidade e verificada pelo órgão de auditoria interna, antes de ser encaminhada ao Tribunal de Contas.Art. 90. Responderão pelos prejuízos que causarem à Fazenda Pública o ordenador de despesas e o responsável pela guarda de dinheiros, valores e bens.

A Lei Federal n° 4.320/64 “mãe da contabilidade pública”, que “Institui Normas Gerais de Direito Financeiro”, dispõe que em seu artigo 85, “os serviços de contabilidade serão organizados de forma a permitirem o acompanhamento da execução orçamentária, o conhecimento da composição patrimonial, a determinação dos custos dos serviços industriais, o levantamento dos balanços gerais, a análise e a interpretação dos resultados econômicos e financeiros”. Sendo assim, acredita-se que os profissionais da área contábil, e os que dela necessitam de informações, principalmente os Conselhos do FUNDEB, ainda estão órfãos de estudo, pesquisas e reflexões. Neste caso, vemos ainda, que a lei foi editada em 1964, e até atualmente não dispomos de uma determinação coesa sobre apuração de custos nos serviços públicos e conhecimento de levantamentos patrimoniais.

Vale-se lembrar que o FUNDEB, esta constituído como um Fundo Contábil, onde ainda pela observância da lei, terão esses tratamentos especiais comparando-se com as rotinas gerais da organização pública. Que são elas.

TÍTULO VIIDos Fundos Especiais

Art. 71. Constitui fundo especial o produto de receitas especificadas que por lei se vinculam à realização de determinados objetivos ou serviços, facultada a adoção de normas peculiares de aplicação. Art. 72. A aplicação das receitas orçamentárias vinculadas a turnos especiais far-se-á através de dotação consignada na Lei de Orçamento ou em créditos adicionais. Art. 73. Salvo determinação em contrário da lei que o instituiu, o saldo positivo do fundo especial apurado em balanço será transferido para o exercício seguinte, a crédito do mesmo fundo. Art. 74. A lei que instituir fundo especial poderá determinar normas peculiares de controle, prestação e tomada de contas, sem de qualquer modo, elidir a competência específica do Tribunal de Contas ou órgão equivalente.

Baseando-se nessas premissas, a atribuição do Contador junto aos Conselhos deverá estar vinculada a:

• Estudos e interpretação coesa e analógica da legislação que norteia as atribuições dos Conselhos;

• Auditoria das informações prestadas pelo gestor; • Análise, apuração e interpretação das informações contábeis;

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• Comunicação dos dados a partir da coleta, análise e interpretação das informações contábeis e da gestão dos assuntos envolvendo as questões educacionais do FUNDEB;

• Constituição de um banco de dados para análises históricas e reflexão dos planejamentos futuros;

• Expedição de Parecer Técnico para fundamentar as decisões dos Conselhos.Ainda em paralelo, a Resolução CFC Nº 560/83 “Dispõe sobre as prerrogativas

profissionais de que trata o artigo 25 do Decreto-lei nº 9.295, de 27 de maio de 1946” e elenca uma vasta contribuição que o contador pode oferecer ao Conselho:

19 – análise de custos e despesas, em qualquer modalidade, em relação a quaisquer funções com a produção, administração, distribuição, transporte, comercialização, exportação, publicidade e outras, bem como a análise com vistas à racionalização das operações e do uso de equipamentos e materiais, e ainda a otimização do resultado diante do grau de ocupação ou do volume de operações;

• Apurar e analisar o custo dos serviços contratados, efetuando estudos, estabelecendo parâmetros e controles para racionalização das operações com os materiais, equipamentos e serviços utilizados para o desenvolvimento da ação são procedimentos que minimizam os dispêndios dos recursos vinculados ao fundo.

20 – controle, avaliação e estudo da gestão econômica, financeira e patrimonial das empresas e demais entidades;

• Acompanhar a gestão sobre a alavancagem patrimonial das funções de governo, ou melhor, do fundo especial do FUNDEB.

21 – análise de custos com vistas ao estabelecimento dos preços de venda de mercadorias, produtos ou serviços, bem como de tarifas nos serviços públicos, e a comprovação dos reflexos dos aumentos de custos nos preços de venda, diante de órgãos governamentais;

• Análise dos custos dos serviços educacional prestado.

23 – análise do comportamento das receitas;

• Estudos sobre o comportamento da receita pública analisando historicamente e projetando as receitas são necessárias para uma reflexão das possíveis altas demasiadas dos ingressos de receitas para o desenvolvimento de um melhor desempenho de aplicações nos seguimentos de profissionais do magistério e em outras despesas no presente e no futuro, possibilitando, assim, indicações de cortes de investimentos ou opções autônomas nas possíveis quedas de arrecadações.

27 – elaboração de orçamentos de qualquer tipo, tais como econômicos, financeiros, patrimoniais e de investimentos;

• Estabelecer estudos para projeção de orçamentos públicos, baseando-

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se naqueles já executados e em execução, dando subsídios aos elementos essenciais à administração pública é de fundamental importância para o bom desempenho do Conselho.

31 – organização dos processos de prestação de contas das entidades e órgãos da administração pública federal, estadual, municipal, dos territórios federais e do Distrito Federal, das autarquias, sociedades de economia mista, empresas públicas e fundações de direito público, a serem julgadas pelos Tribunais, Conselhos de Contas ou órgãos similares;

• Auxiliar o Conselho na instauração no processo de investigação das prestações de contas originárias das ações realizadas pelo executivo.

32 – revisões de balanços, contas ou quaisquer demonstrações ou registros contábeis;

• Análise e interpretação dos balanços e demais demonstrativos apresentados pelo gestor aos Conselhos Municipais.

33 – auditoria interna e operacional;

• Amparo nas realizações de possíveis auditorias internas no Poder Executivo, visando amparar os membros dos Conselhos, orientando-os para as deliberações dos pareceres conclusivos.

Segundo LIMA (2004, P. 36) afirma que “as informações, para serem entendidas e compreendidas pela população, precisam ser colocadas numa linguagem acessível e de fácil interpretação. É necessário utilizar gráficos, figuras, fotos e outros meios de informação visual para o entendimento mais rápido da mensagem”. Então, a presença marcante do contador junto ao Conselho poderá motivar o profissional contábil do Poder Executivo a aplicar esses ensinamentos apontados por Lima.

Nesse contexto, a atuação do Contador nas ações dos Conselhos Municipais pode constituir uma possibilidade ímpar de fortalecer os entendimentos ajuizados pelos membros, embora seja necessário sintonizar os conselheiros, os gestores públicos, e os próprios contadores a adotarem uma nova postura técnica na produção de informações, alicerçando o processo de tomada de decisões dos Conselhos Municipais.

Neste óbice, não pode ser vendada a necessidade de uma estrutura atuante no órgão público formado por profissionais de capacidade técnica adequada ao desenvolvimento das ações propostas nos planos de planejamento, controle e ações dos serviços públicos. Ainda, não se aceita o fato do Conselho ser responsabilizado pelas aprovações e desaprovações dos atos praticados pelo chefe do executivo, sem que lhes sejam proporcionados um companheirismo técnico para as leituras e interpretações das peças contábeis e financeiras envolvidas.

5 CONCLUSÕES

Diante de tantos argumentos, legislativos, práticos e idealizadores, é possível tomar a liberdade de enfatizar as conclusões de que, embora exista tanto a se fazer, é imprescindível destacar que o corpo de contadores deve se disponibilizar tópicos e atribuições observados para que os Conselhos do FUNDEB sejam realmente amparados, orientados e capacitados a exercitar efetivamente suas funções.

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É comum a presença de slogans que dizem que a educação deve ser para todos, no entanto, a sociedade não se empenha em se comprometer com esse ideal, muitos acreditam que por não serem professores e nem políticos, não tem nada haver com o assunto e que o mesmo se limita às atribuições de profissionais da educação e dos governos. É necessária uma nova e ampla visão sobre ideais e conceitos. Vindo ao encontro da afirmação de LIMA, para que as interpretações dos registros inerentes à aplicação dos recursos do FUNDEB sejam claras e de fácil entendimento, é essencial que o contador faça uso de suas habilidades técnicas e difundi-las de forma objetiva para os Conselhos.O contador deve se sentir responsável pela educação, não somente pelas suas tarefas cotidianas dentro de um departamento, mas também como voluntário ativo, informante, incentivador de reflexões. Ele deve percorrer as veias da educação seguindo paralelo aos Conselhos, tendo em seu currículo de cidadão, muito mais que formação acadêmica, técnicas e experiências, mas também o item de grande importante, o de exercício firme e consciente da cidadania.

REFERÊNCIAS

CALLEGARI. C. O FUNDEB e o financiamento da educação pública no estado de São Paulo. 4. ed. São Paulo: Aquariana, 2009.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE-CFC. Resolução CFC 560/03. Disponível em: <http:/www.cfc.org.br>. Acesso em: 18 agosto 2010.

BRASIL. Constituição Federal de 1988. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em 19 de agosto de 2010.

BRASIL. Decreto n° 9.295, de 27 de maio de 1946. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em 20 de agosto de 2010.

BRASIL. Decreto-Lei n° 200, de 25 de fevereiro de 1967. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em 20 de agosto de 2010.

BRASIL. Lei n° 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em 20 de agosto de 2010.

BRASIL. Lei Complementar n° 101, de 04 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em 20 de agosto de 2010.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases n° 9394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em 20 de agosto de 2010.

LIMA. A.A. Balanço social na administração pública municipal. Cornélio Procópio: Autor, 2004, 140 p.

VALLE, B. B. R. Políticas Públicas em Educação. Curitiba: IESD, 2005.

IMPORTÂNCIA da Controladoria Interna. Disponível em: <http://www.artigonal.com/administracao-geral-artigos/a-importancia-da-controladoria-interna-municipal-517722.html>. Acesso em 20 agosto. 2010.

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A IMPORTÂNCIA DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL NA GESTÃO DAS MICROS E PEQUENAS EMPRESAS

EDIMUR DINIZ [email protected]

RESUMOEste artigo tem por objetivo sintetizar o resultado da pesquisa sobre a importância da informação contábil na gestão. Entre os séculos XIII e XVII a contabilidade se distinguiu como uma disciplina adulta, justamente pelo fato de que, neste período, a atividade mercantil, econômica e cultural era muito importante. A evolução da contabilidade sempre está associada ao desenvolvimento da sociedade como um todo, esse fato tem contribuído para que, recentemente, seja considerada como pertencente ao ramo da ciência social. A Contabilidade nasceu como uma ferramenta de gestão, no final do século XV e o Tractus (de Frá Luca Pacioli) com o Método de Partidas Dobradas. Atualmente, para grande parte das pessoas, Contabilidade está associada à tributação e às leis que regem as sociedades e o comércio. Prevalece a idéia de que Contabilidade é, acima de tudo, uma obrigação legal e não se tem a sensibilidade para perceber que ela existe pela necessidade de se manter um sistema formal e universal de controle do patrimônio. O objetivo principal da contabilidade é permitir que os usuários avaliem a situação financeira e econômica da entidade e possam inferir sobre as tendências futuras da mesma, os objetivos da contabilidade devem contribuir para o processo decisório dos usuários, não se justificando por si mesma. Antes, deve ser um instrumento útil à tomada de decisões.

Palavras-chave: Informação contábil. Patrimônio. Usuários Internos

ABSTRACTThis article has for objective to synthecize the result of the research on the importance of the countable information in the management of the entities, therefore between centuries XIII and XVII the accounting if distinguished as one disciplines adult, exactly by the fact of that in this period the mercantile, economic and cultural activity was very important, that is, the evolution of the accounting always is associated with the development of the society as a whole. This fact has made that more recently it comes being considered as pertaining to the branch of socialconsidered as pertaining to the branch of social science, the Accounting was born as a management tool. In the end of century XV, the Tractus (of Frá Luca Pacioli), With the sprouting of the Method of Double entries. Currently, for great part of the people, Accounting is associated with the taxation and the laws that conduct the societies and the commerce. The idea prevails of that Accounting is, above all, a legal obligation and if does not have sensitivity to perceive that it exists for the necessity of if keeping a formal and universal system of control of the patrimony. Main objective of the accounting to allow that the users evaluate the financial and economic situation of the entity and can infer on the future trends of the same one, the objectives of the accounting must contribute for the power to decide process of the users, if not justifying for same itself. Before, it must be a useful instrument to

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the taking of decisions.

Key-words: countable information. Internal Patrimony. User

1 INTRODUÇÃO

A gestão financeira é um dos grandes problemas enfrentados por micro e pequenos empresários que, na maioria das vezes, praticam preços por intuição, sem conhecerem o custo do negócio. Além disso, não possuem referências para a formação do preço de venda, formulação de estratégias de mercado ou para a tomada de decisão.

Desde a época em que os homens trocavam produtos, com a finalidade de suprir suas necessidades básicas, as mercadorias, objeto de troca, apresentavam valor intrínseco. Segundo Sá (1997, p. 25), apurações de custos, revisões de contas, controles gerenciais de produtividade, orçamentos, tudo isto já era praticado em registros feitos em pranchas de argila, nas civilizações da Suméria e da Babilônia (Mesopotâmia).

Observa-se, na evolução da civilização, a preocupação de registrar tudo que envolvesse algo com valor agregado. Sá (1997) refere-se que até mesmo as pilhagens (que eram fontes importantes de riqueza dos Estados), ou seja, os saques que eram feitos nas cidades vencidas e que depois deviam ser objeto de distribuição pelo Estado, eram devidamente registrados.

Em sua evolução, através do tempo, a Contabilidade destaca-se por sua contribuição singular no controle da riqueza de entidades públicas e privadas, com ou sem fins lucrativos, bem como ferramenta indispensável no desenvolvimento das organizações em todas as partes do mundo.

As demonstrações contábeis possuem finalidades externas à entidade. O Fisco, os acionistas minoritários, bancos, fornecedores e outros são usuários externos das informações contábeis e por isso as recebem de forma padronizada, prevista em lei e demais atos, uniformemente produzidas dentro de padrões mínimos de procedimentos e de qualidade, de modo que possam ser analisadas e interpretadas com um mínimo de segurança.

A informação contábil, voltada para os usuários internos da entidade que participam diretamente de suas atividades e de sua gestão, não é engessada por leis comerciais, societárias ou fiscais. Ela é bastante flexível e deve ter capacidade para atender desde necessidades macros até as mais específicas.

Por exemplo, o controle de estoque é exigido pela legislação fiscal. Todavia, o controle de itens estocados e o melhor aproveitamento do giro desses estoques são a sua finalidade principal.

Para atendimento do Fisco, utiliza se o custeio por absorção, mas para controle interno

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e a análise adequada dos processos de produção e de suas diversas etapas, o custeio por atividades e o custeio direto são ferramentas muito mais úteis e eficientes. O mau dimensionamento de compras e da produção pode acarretar lentidão na geração de receita e de caixa, além de levar à dificuldades financeiras e prejuízos. Compras e produção devem ser realizadas para gerar vendas e não para ficarem paradas nos estoques.

2 A importância da informação contábil na gestão das micros e pequenas empresas

A Ciência Contábil, como ciência social, tem como finalidade produzir informações verídicas sobre o patrimônio empresarial para os seus usuários e demais interessados.

Tais informações, além de verdadeiras, devem ser íntegras e claras quanto às quantidades e qualidades dos termos físicos e monetários da entidade (NBC-1).

De acordo com Fortes (2001, p.52) “Ainda não foi inventado um sistema de registro, controle e análise patrimonial para a gestão do patrimônio das entidades que seja mais eficiente do que a contabilidade”.

E é a partir dessas informações geradas pela contabilidade que os usuários tomam decisões empresariais, sempre em busca de seus interesses pessoais. Os profissionais de contabilidade, no exercício de suas atividades, produzem informações que afetam diretamente a vida das pessoas, das entidades, do Fisco, de investidores, de clientes, de credores, de administradores e demais usuários, sem beneficiar qualquer um em particular. Para alcançar o objetivo que dele se espera, o contabilista necessita estabelecer em seu comportamento, determinadas condições e características, as quais se referem: à integridade nos serviços, boa conduta profissional, objetividade, competência, confidencialidade, além de agir sempre de acordo com o Código de Ética Profissional de sua classe e com a ética de modo geral.

Pessoas físicas ou jurídicas com interesse na Entidade, que se utilizam das informações contábeis desta para seus próprios fins, atuam de forma permanente ou transitória.

São: integrantes do mercado de capitais, investidores presentes ou potenciais, fornecedores e demais credores, clientes, financiadores, autoridades governamentais, meios de comunicação, Associações e Sindicatos, empregados, controladores, acionistas ou sócios, administradores da própria entidade, público em geral.

A Lei das S.A. prevê a elaboração de ambiente empresarial organizado. da DFC (Demonstração dos Fluxos de Caixa) é preparada a partir de fatos consumados e serve de ponto de partida para as projeções. É muito comum pequenos e médio empresários

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perguntarem onde está o lucro, já que eles não vêem a cor do dinheiro. A DFC faz exatamente isso: concilia o lucro com a variação do caixa.

O acompanhamento sistemático e periódico das projeções, expectativas de entradas e saídas de caixa e o respectivo confronto com o caixa realizado é um procedimento que não é exigido por nenhuma lei oficial, mas indispensável à manutenção da saúde financeira das entidades e também de um bom relacionamento com clientes, fornecedores, instituições financeiras etc.

Orçamentos são exigências legais para as entidades públicas. Todavia, a elaboração de planejamentos plurianuais e acompanhamento da execução dos orçamentos são imprescindíveis para que as entidades privadas possam estabelecer suas metas, rever seus processos e expandir suas atividades. Normalmente, os orçamentos partem de dados contábeis que são ponderados com dados conjunturais, expectativas de mercado, objetivos e políticas internas, estimativa de lucros, receitas e despesas para períodos futuros. Ou seja, são balanços projetados que reforçam o quanto a informação contábil é importante no dia-a-dia das empresas.

É claro que para se ter um nível de informação adequado, consistente e confiável, é preciso algum investimento, tanto em bons profissionais quanto em equipamentos e sistemas de informação.

Todavia, se engana aquele que acha que tudo isso é importante apenas nas grandes empresas. Até mesmo o planejamento e a organização de finanças pessoais tomam por base dados contábeis (lembre-se de que seu extrato bancário faz parte da Contabilidade do banco). E mais ainda de pequenos negócios que podem se tornar grandes um dia.

A amplitude de preços de programas e de sistemas de gestão é muito grande. Para alguns, uma planilha de cálculo ou um simples software de prateleira de baixo custo pode ser a solução, para outros, poderá ser necessário algum investimento maior. O que não é aceitável, nos dias de hoje, é dar espaço para a desorganização, a falta de informações e de controle, pois aliado a esses fatores estão grandes dificuldades que podem ser evitadas num ambiente empresarial organizado.

Segundo, SÁ (2000, p. 138) “A profissão, pois, que pode enobrecer pela ação correta e competente, pode também ensejar a desmoralização, através da conduta inconveniente, com a quebra de princípios éticos”. Esta afirmação revela a importância do exercício profissional dentro dos padrões de conduta ética.

No entanto, para que a Contabilidade alcance seu objetivo, é necessário evidenciar as informações contábeis de forma transparente e útil para a tomada de decisão, de acordo com o que cada usuário considera relevante. Importante destacar que o valor da informação não é dado somente pela quantidade fornecida, mas também pela utilidade que tem esta para

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o usuário, bem como este a interpreta e compreende de forma satisfatória. A Contabilidade, portanto, assume extrema relevância no processo de compreensão dos diversos sistemas orçamentários, não apenas em seu aspecto técnico ou jurídico, mas também os de natureza política e econômica (configuração das receitas e despesas). As informações pelas quais disponibiliza acerca da execução orçamentária, proporcionam análises mais dinâmicas e profundas, revelando importantes aspectos da gestão pública e de seus desdobramentos para a sociedade.

Segundo SÁ (2000, p. 130) “a profissão contábil consiste em um trabalho exercido habitualmente nas células sociais, com o objetivo de prestar informações e orientações baseadas na explicação dos fenômenos patrimoniais, ensejando o cumprimento de deveres sociais, legais, econômicos, tão como a tomada de decisão administrativa, além de servir de instrumentação histórica da vida da riqueza”.

A função da contabilidade é produzir informações úteis e confiáveis para o exercício do controle e da avaliação de desempenho, com base em princípios ou regras que lhe são inerentes. Quanto à auditoria, sua função é verificar o cumprimento das obrigações, dos programas e da veracidade das informações geradas pela contabilidade, bem como prevenir danos ou prejuízos ao patrimônio da entidade.

Toda e qualquer informação contábil agrega o compromisso inalienável da contabilidade para com seus usuários, pressupondo-se seus próprios objetivos; a qual diz respeito à apresentação sistematizada e ordenada de informações a nível quantitativa e qualitativa, propiciando desta forma, bases adequadas de informações para o usuário.

3 A CONTABILIDADE COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO DAS MICROS E PEQUENAS EMPRESAS

A participação de micro e pequenas empresas no desenvolvimento social e econômico é cada vez mais significativa, principalmente no que diz respeito a criação de novas empresas e também na geração de emprego e renda. A automação industrial em larga escala, proporcionada pelo desenvolvimento tecnológico, trouxe aos processos industriais, relevante contribuição para sua melhoria e para a qualidade dos produtos. Essa transformação ocorrida de forma acelerada acabou por incrementar o nível de desemprego, forçando a classe produtiva a buscar meios alternativos para suprir essa lacuna. Assim como a tecnologia cresceu no mundo dos negócios, cresceu também a expectativa de muitos desempregados buscarem dentro das suas especializações, um mercado de trabalho próprio, proporcionado pelo chamado empreendedorismo.

O sonho de ser patrão de si mesmo ou ter seu próprio negócio incentivou a criação de

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muitas micro e pequenas empresas, fazendo com que recentes trabalhadores passassem à condição de empresários sem que tivessem a oportunidade de vivenciar o ambiente empresarial com todas as suas adversidades e características, inerentes a qualquer empreendimento.

Entendendo que a contabilidade faz parte natural das organizações nos mais variados interesses, fiscal, societário, gerencial, de gestão ou da sociedade em geral, não se pode admitir que algum segmento empresarial, mais especificamente as micro e pequenas empresas, possam prescindir desse instrumento na gerencia de seus negócios. Faz-se referência à contabilidade, na ótica de instrumento auxiliar, com informações tempestivas e acuradas, na administração do pequeno negócio e qual a incidência de utilização dessas informações por micro e pequenas empresas.

Nasi (1994, p. 6) refere-se à contabilidade como um banco de dados, no processamento das informações para fins gerenciais. Defende que a contabilidade tem como objetivos, nesse processo, registrar as operações realizadas pela empresa, seguidas da informação sobre as posições patrimoniais, financeiras e econômicas, combinadas com outros fatores que facilitem a avaliação dos fatos e a tomada de decisão. Destaca-se como um dos objetivos, o de projetar resultados futuros, preparar fluxos financeiros e criar cenários face às diversas alternativas pelas quais a empresa pode optar.

Camargo (2003, p. 53) defende a necessidade da manutenção da escrituração por pequeno empresário, considerando numa demonstração clara da falta de conhecimento das finalidades da contabilidade por aqueles que preconizam a dispensa das micro e pequenas empresas da escrituração comercial. Cita, ainda: “a contabilidade é a história, a memória, o arquivo da entidade. Logo não deve e não pode ser eliminada”.

Em trabalho apresentado na XXIV Conferência Interamericana de Contabilidade em 2001, Bordin e Gatti apresentam com muita propriedade, a carga tributária de micro e pequenas empresas, revelando sob todos os aspectos os mais variados encargos incidentes sobre a entidade organizada. A esse respeito destacam:

As pequenas e médias empresas, uma vez organizadas operacional e administrativamente, mais do que nunca irão necessitar de uma contabilidade também organizada e preparada com observância às normas e técnicas contábeis, para atender a necessidade de obtenção de informações úteis e confiáveis, como ferramenta gerencial e de orientação na estratégia e tomada de decisão por parte da administração. (BORDIN & GATTI, 2001, p.15).

É consensual entre os estudiosos da ciência contábil, a importância da informação contábil para a gestão das entidades, sejam com ou sem fins lucrativos, micro, pequenas, médias ou grandes ou sob forma jurídica.

Segundo Iudícibus e Marion (1999) “a todo instante estamos tomando decisões que podem ser importantíssimas ou não, e nas organizações não é diferente, o micro e pequeno

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empresário vê-se constantemente obrigado a tomar decisões, quase todas vitais para o sucesso do negócio essas decisões devem ser suportadas por informações corretas que tem na Contabilidade, o grande instrumento de auxílio”.

Observamos com freqüência que várias empresas, principalmente as pequenas, têm falido ou enfrentam sérios problemas de sobrevivência. Ouvimos empresários que criticam a carga tributária, os encargos sociais, a falta de recursos, os juros altos etc., fatores estes que sem dúvida, contribuem para debilitar a empresa. Entretanto, descendo ao fundo de nossas investigações, constatamos que, muitas vezes, a “célula cancerosa” não repousa naquelas críticas, mas na má gerência, nas decisões tomadas sem respaldo, sem dados confiáveis. Por fim observamos, nesses casos, uma contabilidade irreal, distorcida, em conseqüência de ter sido elaborada única e exclusivamente para atender as exigências fiscais (IUDÍCIBUS & MARION, 1999, p. 19-20).

4 OS DESAFIOS PARA A GESTÃO DE MICROEMPRESAS

Para que obtenha bons resultados, nos dias de hoje, a pequena e média empresa terá de fazer valer a idéia de que é um organismo vivo, que age, interage, cria, coopera, compete e muda para se manter vivo (RAUPP, 2002. p. 18). É certo que as microempresas ou pequenas estão inseridas num processo de queda de barreiras sem perceberem qual o seu verdadeiro papel nesse processo.

Os avanços tecnológicos, aliados com a capacidade de difusão de novas técnicas produtivas, surgem a todo instante e em qualquer lugar. Com isso, a utilização de vantagens competitivas e ferramentas estratégicas de gestão suplantarão as administrações que se mantiverem presas a conceitos ultrapassados.

Para a sobrevivência de seus empreendimentos, os microempresários precisam pensar e agir com objetivos definidos, buscando a prosperidade, mesmo que isto os conduza para uma média ou grande empresa. Se assim for, todos ganham; do contrário, a microempresa será mais uma na estatística da mortalidade.

5 CONCLUSÃO

De acordo com o exposto, é inevitável a afirmação de que a informação contábil, alicerçada pelos parâmetros éticos, é imprescindível para a otimização do exercício da profissão contábil, já que os usuários da contabilidade esperam transparência nas informações prestadas.

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Entretanto, o contador é um profissional, que está constantemente exposto aos questionamentos éticos, que se devem ao fato de que os mesmos estão diretamente ligados aos fatos econômicos e financeiros das empresas, nas quais atuam ou prestam serviços. E muitos desses profissionais optam por realizar práticas ilícitas, manipulando de forma antiética os Demonstrativos Contábeis da empresa.

Tais práticas de manipulação dos Demonstrativos, mais conhecidas como contabilidade criativa ilícita, permitem a distorção dos dados contábeis, com a finalidade de atrair investimentos para a empresa, ou, como é mais comum no Brasil, para reduzir a carga tributária, o que se caracteriza em crime contra a ordem tributária.

Enfim, essas práticas afetam diretamente a maior responsabilidade do profissional contábil, que é a de gerar e transmitir a todos os seus usuários a imagem fiel da entidade, isto é, a maquiagem contábil provoca uma descredibilidade nas informações contábeis e na postura ética do profissional.

Podemos concluir que a legislação proporciona um desinteresse natural pela formalização de um sistema contábil eficiente e capaz de proporcionar ao gestor da entidade, informações úteis para o gerenciamento das atividades. Assim, é pacífico estabelecer a relação entidade x profissional da contabilidade, pois para o micro empresário, o contabilista é tão somente o bombeiro, ou seja, o apagador do fogo.

Com rótulo de empresa simplificada, a microempresa, por necessidade ou por outros motivos, entende não precisar do contabilista, esquecendo ou fazendo de conta que não sabe de suas outras obrigações perante a sociedade, empregados, clientes, fornecedores e demais interessados. Além disso, outras legislações prevêem obrigações acessórias como é o caso do regulamento do custeio da previdência social.

REFERÊNCIAS

MARION, J. O ensino da contabilidade. São Paulo: Atlas, 1996.

NASI, A. A contabilidade como instrumento de informação, decisão e controle de gestão. Revista do Conselho Regional de Contabilidade do RS, Porto Alegre, n.77, abr./jun. 1994.

IUDÍCIBUS, S.; MARION, J. Curso de contabilidade para não contadores. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

CARDOZO, Júlio Sérgio. A fratura exposta da contabilidade. Gazeta Mercantil Norte, p.02, 06/03/2002.

COSENZA, José Paulo e. A auditoria da Contabilidade Criativa. RBC, n. 143, p.43- 61, 2003.

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FIPECAFI, Ética Geral e Profissional em Contabilidade. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1997.

FORTES, José Carlos. Manual do Contabilista. Belém: Celigráfica, 2001.

FUHRER, Maximilianus Cláudio Américo e. Resumo de Direito Tributário. 12.ed. São Paulo: Resumos, 2003.

LAKATOS, Eva Maria & Marconi, Marina de Andrade. Metodologia do Trabalho Científico. 4.ed. São Paulo: Atlas, 1992.

SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. São Paulo. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2000.

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A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CONTABILIDADE

Adriana Santos [email protected]

Dilma Alves de Paiva [email protected]

Flaviana Cristina Correa de [email protected]

Vivian Cristina de [email protected]

RESUMOA história da contabilidade é tão antiga quanto à própria História da Civilização, está presa às primeiras manifestações humanas da necessidade social de proteção à posse e de perpetuação e interpretação dos fatos ocorridos com o objetivo material, de que o homem sempre dispôs para alcançar os fins propostos. Ela surgiu 6.000 anos a.C. com os povos Sumero-Babilônicos na Mesopotâmia e Egito, tendo seu primeiro registro contábil realizado na Itália. Luca Pacioli difundiu o método das Partidas Dobradas originárias do Oriente Médio. Esse conceito foi consolidado nos Estados Unidos da América, chegando ao Brasil. De certa forma, pode-se afirmar que a contabilidade é uma mistura de várias culturas e povos.Palavras-chave: História da contabilidade; Primeiro registro contábil; Evolução da contabilidade;

ABSTRACT

The history of accounting is as old as the history of civilization. You are tied to the onset of human social need to protect the possession and perpetuation and interpretation of events with the objective material that man has always had to achieve their intended purposes. It arose 6000 years a. C. People Sumero-Babylonian, Egyptian and his first record book held in Italy. Luca Pacioli spread the method of double entry originating in the Middle East. This concept was consolidated in the United States of America, arriving in Brazil. In a way, it can be said that accounting is a mixture of various and peoples.

Key-words: Accounting History; First record book; Evolution accounting;

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1. INTRODUÇÃO

A Contabilidade, durante gerações, foi tida como a arte da escrituração mercantil. Utilizava técnicas específicas que foram aperfeiçoadas e especializadas com o decorrer do tempo.

Esta pesquisa tem por objetivo estudar a Evolução Histórica da Contabilidade através de estudos bibliográficos sobre o assunto e pesquisas publicadas.

Este trabalho está estruturado com base na origem da contabilidade o qual será resumida a evolução da ciência contábil em quatro etapas. No primeiro momento será abordada a Contabilidade no Mundo Antigo, em seguida, discorrer-se-á sobre a Contabilidade do Mundo Medieval, no próximo, a Contabilidade do Mundo e por fim, apresentar-se-á a área em estudo e os resultados explorados.

2. HISTÓRIA DA CONTABILIDADE

Segundo o dicionário de Língua Portuguesa, Michaelis (VIARO, 2008), a história da contabilidade se trata da arte de organizar os livros comerciais ou de escriturar contas, utilizando-as em escrituração de receitas e despesas de repartições do Estado, de casa comercial, industrial e bancária ou de qualquer administração pública ou particular.

Nos primeiros tempos da Humanidade havia apenas o senso do coletivo em tribos primitivas. O estabelecimento de um habitat permitiu a organização da agricultura e do pastoreio. A organização econômica acerca do direito do uso do solo acarretou em separatividade rompendo a vida comunitária, surgindo divisões e o senso de propriedade. Assim, cada pessoa criava sua riqueza individual.

Ao morrer, o legado deixado por esta pessoa não era dissolvido, mas passado como herança aos filhos ou parentes. A herança recebida dos pais (pater, patris), denominou-se patrimônio. O termo passou a ser utilizado para quaisquer valores, mesmo que estes não tivessem sido herdados.

A origem da Contabilidade está ligada à necessidade de registros do comércio. Há indícios de que as primeiras cidades comerciais eram dos fenícios. A prática do comércio não era exclusiva destes, sendo exercida nas principais cidades da Antiguidade. A atividade de troca e venda dos comerciantes semíticos requeria o acompanhamento das variações de seus bens quando cada transação era efetuada. As trocas de bens e serviços eram seguidas de simples registros ou relatórios sobre o fato. Mas as cobranças de impostos, na Babilônia já se faziam com escritas, embora rudimentares. Um escriba egípcio chegou a contabilizar os negócios efetuados pelo governo de seu país no ano 2000 a.C.

À medida que o homem começava a possuir maior quantidade de valores preocupava-se

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em saber quanto poderia render e qual a forma mais simples de aumentar as suas posses, tais informações não eram de fácil memorização quando já em maior volume, requerendo então registros.

Foi o pensamento no “futuro” que levou o homem aos primeiros registros a fim de que pudesse conhecer as suas reais possibilidades de uso, de consumo, de produção, etc.

Com o surgimento das primeiras administrações particulares apareciam as necessidades de controle, que não poderia ser feitas sem o devido registro, a fim de que se pudessem prestar contas da administração.

É importante lembrarmos que naquele tempo não havia o crédito, ou seja, as compras, vendas e trocas eram à vista. Posteriormente, empregavam-se ramos de árvore assinalados como prova de dívida ou quitação. O desenvolvimento do papiro (papel) e do cálamo (pena de escrever) no Egito antigo facilitou extraordinariamente o registro de informações sobre negócios.

À medida que as operações econômicas se tornam complexas, seus controles se refinavam. As escritas governamentais da República Romana (200 a.C.) já traziam receitas de caixa classificadas em rendas e lucros, e as despesas compreendidas nos itens salários, perdas e diversões. No período medieval, diversas inovações na contabilidade foram introduzidas por governos locais e pela igreja. Mas é somente na Itália que surge o termo Contabilitá.

Podemos resumir a evolução da contabilidade da seguinte forma:Contabilidade do Mundo Antigo - período que se inicia com a civilização do homem e

vai até 1202 da Era Cristã, quando apareceu o Líber Abaci , da autoria Leonardo Fibonaci, o Pisano.

Contabilidade do Mundo Moderno - período que vai de 1202 da Era Cristã até 1494, quando apareceu o Tratactus de Computis et Scripturis (Contabilidade por Partidas Dobradas) de Frei Luca Pacioli, publicado em 1494, enfatizando que a teoria contábil do débito e do crédito corresponde a atual teoria dos números positivos e negativos, obra que contribuiu para inserir a contabilidade entre os ramos do conhecimento humano.

Contabilidade do Mundo Científico - período que se inicia em 1840 e continua até os dias de hoje.

3. PERÍODO ANTIGO

Período, segundo o Dicionário Aurélio (FERREIRA, 1988), significa espaço de tempo, época, fase. Antigo significa que existe ou que data de longo tempo; que existiu outrora; Que não está mais em atividade; Homens de outra época, segundo o Dicionário.

A Contabilidade empírica, praticada pelo homem primitivo, já tinha como objeto o

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Patrimônio representado pelos rebanhos e outros bens nos seus aspectos quantitativos.Os primeiros registros processaram-se de forma rudimentar, na memória do homem.

Como este é um ser pensante, inteligente, logo encontrou outras formas mais eficientes de processar os seus registros, utilizando gravações e métodos alternativos.

O inventário exercia um importante papel, pois a contagem era o método adotado para o controle dos bens, que eram classificados segundo sua natureza: rebanhos, metais, escravos, etc. A palavra “Conta” designa o agrupamento de itens da mesma espécie.

As primeiras escritas contábeis datam do término da Era da Pedra Polida, quando o homem conseguiu fazer os seus primeiros desenhos e gravações.

Os primeiros controles eram estabelecidos pelos templos, o que perdurou por vários séculos.

Os suméricos-babilónios, assim como os assírios, faziam os seus registros em peças de argila, retangulares ou ovais, ficando famosas as pequenas tábuas de Uruk, que mediam aproximadamente 2,5 a 4,5 centímetros, tendo faces ligeiramente convexas.

Os registros combinavam o figurativo com o numérico. Gravava-se a cara do animal cuja existência se queria controlar e o numero correspondente às cabeças existentes.

Embora rudimentar, o registro, em sua forma, assemelhava-se ao que hoje se processa. O nome da conta, “Matrizes”, por exemplo, substituiu a figura gravada, enquanto o aspecto numérico se tornou mais qualificado, com o acréscimo do valor monetário ao quantitativo. Esta evolução permitiu que, paralelamente à “Aplicação”, se pudesse demonstrar, também, a sua “Origem”.

Na cidade de Ur, na Caldéia, onde viveu Abraão, personagem bíblico que aparece no livro Gênesis encontra-se em escavações, importantes documentos contábeis: tabela de escrita cuneiforme, onde estão registradas contas referentes á mão-de-obra e materiais, ou seja, Custos Diretos. Isto significa que, há 5.000 anos antes de Cristo, o homem já considerava fundamental apurar os seus custos.

O Sistema Contábil é dinâmico e evoluiu com a duplicação de documentos e “Selos de Sigilo”. Os registros se tornaram diários e, posteriormente, foram sintetizados em papiros ou tábuas, no final de determinados períodos. Sofreu nova sintetização, agrupando-se vários períodos, o que lembra o diário, o balancete mensal e o balanço anual.

Já se estabelecia o confronto entre variações positivas e negativas, aplicando-se, empiricamente, o Princípio da Competência. Reconhecia-se a receita, a qual era confrontada com a despesa.

Os egípcios legaram um riquíssimo acervo aos historiadores da Contabilidade, e seus registros remontam a 6.000 anos antes de Cristo.

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A escrita no Egito era fiscalizada pelo Fisco Real, o que tornava os escriturários zelosos e sérios em sua profissão. O inventário revestia-se de tal importância, que a contagem do boi, divindade adorada pelos egípcios, marcava o inicio do calendário adotado. Inscreviam-se bens móveis e imóveis, e já se estabeleciam, de forma primitiva, controles administrativos e financeiros.

As “Partidas de Diário” assemelhavam-se ao processo moderno: o registro iniciava-se com a data e o nome da conta, seguindo de quantitativos unitários e totais, transporte, se ocorresse, sempre em ordem cronológica de entradas e saídas.

. Pode-se citar, entre outras contas: “Conta de Pagamento de Escravos”, “Conta de Vendas Diárias”, “Conta Sintética Mensal dos Tributos Diversos”, etc.

Tudo indica que foram os egípcios os primeiros povos a utilizar o valor monetário em seus registros. Usava como base, uma moeda, cunhada em ouro e prata, denominada “Shat”. Era a adoção, de maneira prática, do Princípio do Denominador Comum Monetário.

Os gregos, baseando-se em modelos egípcios, 2.000 anos antes de Cristo, já escrituravam Contas de Custos e Receitas, procedendo, anualmente, a uma confrontação entre elas, para apuração do saldo. Os gregos aperfeiçoaram o modelo egípcio, estendendo a escrituração contábil às várias atividades, como administração pública, privada e bancária.

4. NA BÍBLIA

Na Bíblia1 há interessantes relatos sobre controles contábeis, um deles está o próprio relato de Jesus em (LUCAS cap. 16. 1,7): o administrador que fraudou seu senhor, alterando os registros de valores a receber dos devedores.

Já no tempo de José, no Egito, houve tal acumulação de bens que perderam a conta do que se tinha! (GÊNESIS, cap.41, 49).

Houve um homem muito rico, de nome Jó, cujo patrimônio foi detalhadamente descrito no livro de (JÓ, cap. 1.3). Depois de perder tudo, ele recupera os bens, e um novo inventário é apresentado em (JÓ, cap. 42. 12).

Os bens e as rendas de Salomão também foram inventariados em (1º REIS, cap. 4. 22, 26 e cap. 10. 14, 17).

Em outra parábola de Jesus, há citação de um construtor, que faz contas para verificar se o que dispunha era suficiente para construir uma torre (LUCAS 14.28-30).

Ainda, se relata a história de um devedor, que foi perdoado de sua dívida registrada (MATEUS, 18. 23, 27).

Tais relatos comprovam que, nos tempos bíblicos, o controle de ativos era prática

1 Bíblia significa obra em que se reconhece autoridade no assunto versado (FERREIRA, 1988).

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comum.

5. PERÍODO MEDIEVAL

Período Medieval segundo o Dicionário Aurélio (FERREIRA, 1988), significa fase da Idade Média. Na Itália, em 1202, foi publicado o livro Líber Abaci, de Leonardo Pisano. Estudavam-se, na época, técnicas matemáticas, pesos e medidas, câmbio, etc., tornando o homem mais evoluído em conhecimentos comerciais e financeiros.Se os sumério-babilônios plantaram a semente da Contabilidade e os egípcios a regaram, foram os italianos que fizeram o cultivo e a colheita.Foi um período importante na história da Contabilidade, denominado a “Era Técnica”, devido ao surgimento de grandes invenções, como o moinho de vento, aperfeiçoamento da bússola e outros que abriram novos horizontes aos navegadores, como Marco Pólo.A indústria artesanal proliferou com o surgimento de novas técnicas no sistema de mineração e metalurgia. O comércio exterior incrementou-se por intermédio dos venezianos, surgindo, como consequências das necessidades da época, o livro-caixa, que recebia registros de recebimentos e pagamentos em dinheiro. Já se utilizavam, de forma rudimentar, o débito e o crédito, oriundos das relações entre direitos e obrigações e referindo-se, inicialmente, às pessoas.O aperfeiçoamento e o crescimento da Contabilidade foram à consequência natural das necessidades geradas pelo advento do capitalismo nos séculos Xll e Xlll. O processo de produção na sociedade capitalista gerou o acumulo de capital, alterando-se as relações de trabalho. O trabalho escravo cedeu lugar ao trabalho assalariado, tornando os registros mais complexos. No século X, apareceram as primeiras corporações na Itália, transformando e fortalecendo a sociedade burguesa.No final do século XIII apareceu pela primeira vez a conta “Capital”, representando o valor dos recursos injetados nas companhias pela família proprietária.O método das Partidas Dobradas teve sua origem na Itália, embora não se possa precisar em que região. O seu aparecimento implicou a adoção de outros livros que tornassem mais analítica a Contabilidade, surgindo, então, o Livro da Contabilidade de Custos.No início do Século XIV, já se encontravam registros explícitos de custos comerciais e industriais, nas suas diversas fases: custo de aquisição, custo de transporte e dos tributos, juros sobre o capital, referente ao período transcorrido entre a aquisição, o transporte e o beneficiamento, mão-de-obra direta agregada, armazenamento, tingimento, etc. O que representava uma apropriação bastante analítica para época. A escrita já se fazia nos moldes de hoje, considerando, em separado, gastos com matérias-primas, mão-de-obra direta a ser agregada e custos indiretos de fabricação. Os custos eram contabilizados por fases separadamente, até que fossem transferidos ao exercício industrial.

6. PERÍODO MODERNO

Segundo Ferreira (1988), período moderno significa fase que pertence ao tempo presente ou uma época relativamente recente, atual.

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O período moderno foi à fase da pré-ciência. Devem ser citados três eventos importantes que ocorreram neste período:Em 1493, os turcos tomam Constantinopla, o fato fez com que grandes sábios bizantinos emigrassem principalmente para Itália;Em 1492, é descoberta a América e, em 1500, o Brasil, o que representava um enorme potencial de riquezas para alguns países europeus;Em 1517, ocorreu a reforma religiosa; os protestantes perseguidos na Europa, emigram para as Américas, onde se radicaram e iniciaram nova vida.A Contabilidade tornou-se uma necessidade para se estabelecer o controle das inúmeras riquezas que o Novo Mundo representava.A introdução da técnica contábil nos negócios privados foi uma contribuição de comerciantes italianos do séc. XIII. Os empréstimos a empresas comerciais e os investimentos em dinheiro determinaram o desenvolvimento de escritas especiais que refletissem os interesses dos credores e investidores e, ao mesmo tempo, fossem úteis aos comerciantes, em suas relações com os consumidores e os empregados.O aparecimento da obra de Frei Luca Pacioli, contemporâneo de Leonardo da Vinci, que viveu na Toscana, no século XV, marca o início da fase moderna da Contabilidade.

6.1. QUEM FOI FREI LUCA PACIOLI

Escreveu Tratactus de Computis et Scripturis (Contabilidade por Partidas Dobradas), publicado em 1494, enfatizando que à teoria contábil do débito e do crédito corresponde à teoria dos números positivos e negativos.Pacioli foi matemático, teólogo, contabilista entre outras profissões. Deixou muitas obras, destacando-se a Summa de Aritmética, Geometria, Proportioni et Proporcionalitá, impressa em Veneza, na qual está inserido o seu tratado sobre Contabilidade e Escrituração.Pacioli, apesar de ser considerado o pai da Contabilidade, não foi o criador das Partidas Dobradas. O método já era utilizado na Itália, principalmente na Toscana, desde o Século XIV.O tratado destacava, inicialmente, o que era necessário ao bom comerciante. A seguir conceituava inventário e como fazê-lo. Discorria sobre livros mercantis: memorial, diário e razão, e sobre a autenticação deles; sobre registros de operações: aquisições, permutas, sociedades, etc.; sobre contas em geral: como abrir e como encerrar; contas de armazenamento; lucros e perdas, que na época, eram “Pro” e “Dano”; sobre correções de erros; sobre arquivamento de contas e documentos, etc.Sobre o Método das Partidas Dobradas, Frei Luca Pacioli expôs a terminologia adaptada:“Per”, mediante o qual se reconhece o devedor;“A”, pelo qual se reconhece o credor.Acrescentou que, primeiro deve vir o devedor, e depois o credor, prática que se usa até hoje.A obra de Pacioli deu início à fase moderna da Contabilidade, não só sistematizou a Contabilidade, como também abriu precedente que para novas obras pudessem ser escritas sobre o assunto. É compreensível que a formalização da Contabilidade tenha ocorrido na Itália, afinal, neste período instaurou-se a mercantilização sendo as cidades italianas os principais interpostos do comércio mundial.Foi a Itália o primeiro país a fazer restrições à prática da Contabilidade por um indivíduo qualquer. O governo passou a somente reconhecer como contadoras pessoas devidamente qualificadas

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para o exercício da profissão. A importância da matéria aumentou com a intensificação do comércio internacional e com as guerras ocorridas nos sécs. XVIII e XIX, que consagraram numerosas falências e a conseqüente necessidade de se proceder à determinação das perdas e lucros entre credores e devedores.

7. PERÍODO CIENTÍFICO

Segundo Ferreira (1988), período científico significa fase de interesse científico em que se mostra ciência, que a revela, que não é ideológico, nem se baseia no senso comum: pensamento ou pesquisa científica.O Período Científico apresenta, nos seus primórdios, dois grandes autores consagrados: Francesco Villa, escritor milanês, contabilista público, que, com sua obra “La Contabilità Applicatta alle administrazioni Private e Plubbliche”, inicia a nova fase; e Fábio Bésta, escritor veneziano.Os estudos envolvendo a Contabilidade fizeram surgir três escolas do pensamento contábil: a primeira, chefiada por Francisco Villa, foi a Escola Lombarda; a segunda, a Escola Toscana, chefiada por Giusepe Cerboni; e a terceira, a Escola Veneziana, por Fábio Bésta.Embora o século XVII tivesse sido o berço da era científica e Pascal já tivesse inventado a calculadora, a ciência da Contabilidade ainda se confundia com a ciência da Administração, e o patrimônio se definia como um direito, segundo postulados jurídicos.Nessa época, na Itália, a Contabilidade já chegara à universidade. A contabilidade começou a ser lecionada com a aula de comércio da corte, em 1809.A obra de Francesco Villa foi escrita para participar de um concurso sobre Contabilidade, promovido pelo governo da Áustria, que reconquistara a Lombarda, terra natal do autor. Além do prêmio, Villa teve o cargo de Professor Universitário.Francisco Villa extrapolou os conceitos tradicionais de Contabilidade, segundo os quais escrituração e guarda livros poderiam ser feitas por qualquer pessoa inteligente. Para ele, a Contabilidade implicava conhecer a natureza, os detalhes, as normas, as leis e as práticas que regem a matéria administrada, ou seja, o patrimônio. Era o pensamento patrimonialista. Foi o inicio da fase científica da Contabilidade.Fábio Bésta, seguidor de Francesco Villa, superou o mestre em seus ensinamentos, demonstrou o elemento fundamental da conta, o valor, e chegou muito perto de definir patrimônio como objeto da Contabilidade.Foi Vicenzo Mazi, seguidor de Fábio Bésta, quem pela primeira vez, em 1923, definiu patrimônio como objeto da Contabilidade. O enquadramento da Contabilidade como elemento fundamental da equação aziendalista, teve, sobretudo, o mérito incontestável de chamar atenção para o fato de que a Contabilidade é muito mais do que mero registro; é um instrumento básico de gestão.Entretanto a escola Européia teve peso excessivo da teoria sem demonstrações práticas, sem pesquisas fundamentais: a exploração teórica das contas e o uso exagerado das partidas dobradas, inviabilizando, em alguns casos a flexibilidade necessária, principalmente, na Contabilidade Gerencial, preocupando-se demais em demonstrar que a Contabilidade era uma ciência ao invés de dar vazão à pesquisa séria de campo e de grupo.A partir de 1920, aproximadamente, inicia-se a fase de predominância norte-americana dentro da Contabilidade.

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7.1. ESCOLA NORTE-AMERICANA

Enquanto declinavam as escolas européias, floresciam as escolas norte-americanas com suas teorias e práticas contábeis, favorecidas não apenas pelo apoio de uma ampla estrutura econômica e política, mas também pela pesquisa e trabalho sério dos órgãos associativos. O surgimento do American Institut of Certield Public Accountants foi de extrema importância no desenvolvimento da Contabilidade e dos princípios contábeis; várias associações empreenderam muitos esforços e grandes somas em pesquisas nos Estados Unidos. Havia uma total integração entre acadêmicos e os já profissionais da Contabilidade, o que não ocorreu com as escolas européias, onde as universidades foram decrescendo em nível e importância.A criação de grandes empresas, como as multinacionais ou transnacionais, por exemplo, que requerem grandes capitais e muitos acionistas, foi à primeira causa do estabelecimento das teorias e práticas contábeis que permitissem correta interpretação das informações por qualquer acionista ou outro interessado em qualquer parte do mundo.No início do século atual, surgiram às gigantescas corporações aliadas ao formidável desenvolvimento do mercado de capitais e ao extraordinário desenvolvimento que os USA experimentou e ainda experimenta.Constitui um campo fértil para avanços das teorias e práticas contábeis. Não é por acaso que atualmente o mundo possui inúmeras obras contábeis de origem norte-americanas.No Brasil, a vinda da Família Real Portuguesa incrementou a atividade colonial, exigindo o devido aumento dos gastos públicos e também da renda nos Estados com um melhor aparato fiscal. Para tanto, constitui-se o Erário Régio ou o Tesouro Nacional e Público, juntamente com o Banco do Brasil (1808). As tesourarias de Fazenda nas províncias eram compostas de um inspetor, um contador e um procurador fiscal, responsáveis por toda a arrecadação, distribuição e administração financeira fiscal.Hoje as funções do contabilista não se restringem ao âmbito meramente fiscal, tornando-se, um mercado de economia complexa, vital para as empresas, para as informações mais precisas possíveis para tomadas de decisões e para atrair investidores. O profissional vem ganhando destaque no mercado em Auditoria, Controladoria e Atuarial.São áreas de analise contábil e operacional da empresa, e, para atuários, um profissional raro, há a especialização em estimativas e análises; o mercado para este cresce em virtude de planos de previdência privada.O atuário, um profissional raro, necessita de especialização em estimativas e análises; o mercado para este cresce em virtude de planos de previdência privada período que se inicia com a civilização do homem e vai até 1202 da Era Cristã, quando apareceu o Líber Abaci, de autoria de Leonardo Fibonaci, o Pisano.

8. CONCLUSÃO

Estudando-se a história da contabilidade entendemos que os profissionais desta área já foram mais conceituados e mais importantes do que são hoje, como ficou evidenciado pela importância dos escribas no Egito Antigo. A Contabilidade cada vez mais se figura no âmbito científico, pouco importa se ela seja ciência,

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técnica ou arte, devemos caminhar em busca do melhoramento da mesma, ou seja, procurar fazer um exame do patrimônio sob o ângulo de diversas necessidades e não apenas, do lucro ou da liquidez, como se destacava antes.A visão científica precisa ser mais determinística, sistemática e não se deter a meras discussões da nossa ciência, isto exigirá aperfeiçoamento intelectual do profissional e uma educação com grande base de conhecimentos científicos.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, João Ferreira. Bíblia Sagrada. 4 ed. Santo André. Ed. Geográfica, 2004.

FERREIRA, Aurélio B. de Holanda. Dicionário Aurélio Escolar da Língua Portuguesa. 1. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988.

INTERATIVA, Assessoria Contábil. História da Contabilidade. Disponível em: ‹http://WWW.interativacontabilidade.com.br/historia-contabilidade›. Acesso em: 08 nov. 2009.

JUNIOR, Paulo C. da Silva; BARBOSA, Carlos J. Ferreira. História da Contabilidade. Revista Científica da FAMINAS, Muriaé, v. 2, n. 1, p. 112, 2006.

LIMA, Arievaldo Alves. A Evolução Histórica da Contabilidade.Disponível em: ‹http://WWW.grupoempresarial.adm.br›. Acesso em: 08 nov. 2009.

ROSA, Paulo Moreira. Evolução Histórica da Contabilidade.Disponível em: ‹http://WWW.professormoreira.com› Acesso em: 08 nov. 2009.

VIARO, Mário Eduardo. Dicionário Escolar da Língua Portuguesa Michaelis. 2. ed. São Paulo: Melhoramentos, 2008.

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O DILEMA ÉTICO DO CONTABILISTA EM RELAÇÃO À TERCEIRIZAÇÃO

Antonio de Jesus Marques Júnior Rosineire Negreti Ribeiro

Wilson Pinto Ribeiro Júnior1

RESUMOEste artigo apresenta uma discussão sobre o dilema ético do profissional contabilista frente ao fenômeno da terceirização de mão de obra adotado pelas empresas, resultando na diminuição de profissionais contratados em caráter efetivo e protegidos em Consolidação das Leis do Trabalho.PALAVRAS-CHAVE: Profissional Contábil. Ética Profissional. Terceirização.

ABSTRATCT

The discussion about the ethical dilemma of the professional accountant against the phenomenon of outsourcing of labor adopted by companies, resulting in the decrease of professionals hired on an effective and protected the Consolidation of Labor Laws.KEYWORDS: Professional Accounting. Business Ethics. Outsourcing.

1.INTRODUÇÃO

As sociedades tendem a sentir fortemente o impacto dos acontecimentos econômicos em sua estrutura. A sociedade contemporânea brasileira, com o desarranjo histórico de sua econômica, adotou fórmulas impostas pelos detentores mundiais de capital, representadas pelo Fundo Monetário Internacional, como solução para obter um ajustamento econômico. Esta estratégia, seguindo as orientações neoliberais destes capitalistas, resultou no Plano Real, que modificou as relações entre o capital e o trabalho de maneira tendenciosa, de forma que pioraram o que já era ruim.

Com o transcorrer do processo de adequação da economia aos conceitos mais radicais em prol do capital, o governo brasileiro optou por flexibilizar seu papel de fiscalizador das relações trabalhistas, com o esvaziamento sistemático dos aparelhos de repressão às práticas irregulares de trabalho, o que resultou numa avalanche de demissões de trabalhadores com registro em carteira e, portanto, protegidos pela Consolidação das Leis do Trabalho, sendo imediatamente reutilizados como mão de obra terceirizada. Esta mudança de status, de trabalhador registrado para terceirizado, em tese, não deveria resultar em perdas de direitos sociais, mas o que se seguiu foi que estes trabalhadores tiverem que se vincular em empresas montadas apenas para beneficiar o contratante de seus serviços, com redução do custo da mão de obra aplicada em seu processo, em detrimento aos direitos dos trabalhadores.

2. Os Conceitos Neoliberais e a Introdução no Brasil.

1 Graduandos do 1º semestre do curso de Ciências Contábeis da FAESB.

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Os conceitos neoliberais foram impostos à nova ordem mundial a partir da década de 70, em contrariedade ao modelo econômico keynesiano.

O modelo keynesiano apresentava grandes avanços na prática de redistribuição de rendas, resultando em avanços nos programas sociais, principalmente nas áreas de saúde, educação, e seguridade social. Também se baseava no pleno emprego dos trabalhadores, e na intervenção do estado na economia para que estas condições se mantivessem. Este conceito foi denominado Walfare State, com a seguinte estruturação:

Baseado no pensamento, em que um Estado intervencionista, teria a função “social” de garantir uma melhor distribuição dos excedentes gerados, através da regulamentação da economia e da cobrança de tributos. Essa política de governo, que visava defender os interesses da maioria da população, composta pelos trabalhadores, consistia em propiciar as garantias de um bom atendimento de saúde, uma alta qualidade na educação, concessão de direitos trabalhistas, garantia de seguridade social entre outras. Os recursos para a realização dessas políticas seriam provenientes da taxação dos grandes ganhos dos capitalistas, que passaram a ter a obrigatoriedade de ceder uma parcela de seus rendimentos ao Estado, para que esse promovesse essas melhorias para os trabalhadores. (NOGUEIRA, 2010, p.1).

Lógico que para os capitalistas, este modelo não era admirado, pois resultava na diminuição da lucratividade das empresas, seja na cobrança de impostos sobre seus lucros, como também na manutenção de salários maiores em razão do pleno emprego. A possibilidade encontrada pelos capitalistas de introdução do modelo neoliberal foi à deflagração de uma crise generalizada do sistema capitalista, em que seus conceitos foram apresentados como solução momentânea. A estruturação destes conceitos alicerçou-se na seguinte estratégia:

...o pensamento neoliberal surge como uma crítica ao modelo Keynesiano e ao Walfare State. O fundador do pensamento neoliberal foi Fiedrich HAYEK,(Austria, 1899-1992), quando em, 1944(final da II guerra mundial) publica O Caminho da Servidão, uma crítica apaixonada contra qualquer limitação dos mecanismos dos mercados por parte do Estado, que foram denunciadas como uma ameaça letal à liberdade, não somente econômica, mas também à liberdade política.

Três anos após a publicação desse livro, Hayek reúne diversos intelectuais da elite acadêmica, adversários do estado do bem estar social e dos sindicalistas, fundando a Sociedade de Mont Pèlerin, uma espécie de maçonaria neoliberal, altamente organizada e dedicada, que realizava reuniões internacionais de dois em dois anos, reunindo cada vez mais seguidores.

Ao longo dos anos 50,60 e boa parte dos anos 70, o capitalismo viveu sua fase dourada, não atravessando nenhuma crise, e ao contrário registrando os maiores índices de desenvolvimento observados durante a história do sistema capitalista. Esse fato, acabou por desacreditar o pensamento neoliberal e fez com que as advertências lançadas não fossem aceitas.

Entre as idéias proferidas por Hayek, uma das que gerou maior polêmica foi a sua formulação que ia contra o princípio do igualitarismo(relativo) utilizado pelo Walfare State, e afirmava que a desigualdade era uma valor positivo, em outras palavras necessária para o mundo capitalista.As idéias neoliberais começam a ganhar espaço com a crise internacional do sistema capitalista que se inicia por volta de 1973, atravessando um período de profunda recessão, combinando pela primeira vez, baixas taxas de crescimento com altas taxas de inflação.

A partir desses acontecimentos, o pensamento neoliberal passa a ser reconhecido, uma vez que as “raízes da crise” estavam localizadas no poder excessivo e “nefasto” dos sindicatos

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e, de maneira geral, do movimento operário que havia “corroído” as bases da acumulação capitalista com sua “pressão parasitária”, no sentido de que fossem aumentados os gastos sociais do Walfare State.

Segundo os neoliberais, esse dois processos, destruíram os níveis necessários de lucros das empresas e desencadearam processos inflacionários(causados pelo alto consumo em função do nível salarial elevado) que não poderiam ter outro desfecho, a não ser a crise generalizada no sistema de mercado.(NOGUEIRA, 2010, p. 2)

As soluções apresentadas pelos neoliberais para a solução da crise imposta, foram:

Manter o Estado forte, com o objetivo de romper com o poder dos sindicatos e no controle dos recursos, porém fraco no que se referia aos investimentos em programas sociais e na intervenção no mercado.

A meta principal de todo governo seria a da estabilidade monetária, independentemente das possíveis conseqüências em decorrência de medidas adotadas.

Necessidade da criação de uma disciplina orçamentária, com a redução drástica nas políticas sociais do Walfare State.

Necessidade do restabelecimento do nível “natural” de desemprego, em outras palavras a necessidade da geração do “exército de reserva”, para reduzir os níveis salariais e quebrar o poder dos sindicatos.

Realização de uma reforma fiscal, com o objetivo de promover um incentivo aos agentes econômicos, em outras palavras, reduzir os impostos que eram cobrados sobre os lucros ou rendimentos mais altos e sobre as rendas, com a possibilidade de aumentar o poder de acumulação dos “capitalistas”.

Utilizando esses procedimentos, uma nova e “saudável” desigualdade iria voltar a dinamizar as economias avançadas, que se encontravam estagnadas em função da grande crise gerada pela redistribuição dos excedentes, causadas pela intervenção dos sindicatos e do governo. Segundo a teoria neoliberal, tão logo houvesse sido restabelecida a estabilidade financeira e os “incentivos” fossem aplicados pelos governos, o mercado retomaria o seu crescimento natural, que havido sido interrompida pela deformação causada pelo pensamento keynesiano.(NOGUEIRA, 2010, pp. 2-3)

No Brasil a implantação destes conceitos ocorreu a partir de 1994, durante o governo de Fernando Collor de Melo, em ação de reajustamento da economia que apresentava uma hiper-inflação que travava o desenvolvimento do país. A estratégia de implantação de forma resumida foi:

...as sementes do neoliberalismo começaram a ser plantadas no governo de Collor, onde tentativas extremadas e fracassadas de estabilização econômica e de combate à inflação aconteceram.

Em uma manobra política muito bem planejada, o ministro da fazenda do governo Itamar, FHC, foi eleito em 1994, com certeza em função da grande euforia causada na implantação do real em julho/2004.

Temos em FHC o “tipo ideal” neoliberal, onde a cartilha foi seguida rigorosamente à risca. Essa afirmação pode ser comprovada observando todos os processos de privatização, desregulamentação do estado, aumento da desigualdade social, estabilização da economia

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conseguida através de uma gigantesca recessão e desemprego em massa, enfraquecimento dos sindicatos, e fortalecimento vertiginoso do capital financeiro com o fortalecimento dos bancos, que durante esse governo, conseguiram obter os maiores lucros da história bancária no Brasil, fato esse que ainda continua a acontecer até os dias de hoje, mesmo no governo Lula.

Por piores que tenham sido as conseqüências desse modelo neoliberal implantado nas “coxas”, uma coisa é certa: a estabilização econômica tornou-se uma realidade em nosso país.

O governo Lula, eleito em 2002, apesar de todo apelo “socialista” presente em seu discurso durante a campanha eleitoral, ocorreu a manutenção do modelo econômico-político neoliberal, não ocorrendo transformações substanciais que mereçam ser destacadas. (NOGUEIRA, 2010, p. 4)

3. A Estratégia Capitalista

Este processo pode ser definido como o recrudescimento da utilização das práticas denunciadas por Karl Marx, em sua obra “O Capital”, que desnudaram os métodos dos capitalistas em prol dos seus lucros. O conceito de mais valia, como afirmava “O capital é trabalho morto que, semelhante ao vampiro, somente se reanima com a sucção do trabalho vivo e, na mesma forma, quanto mais suga, tanto mais sadia se torna a sua vida”. (Karl Marx)’tornou-se extremamente atual, assim como a tese de exército de reserva, conceito que justifica a grande quantidade de trabalhadores desempregados, funcionando como “reserva”, com o objetivo de manter os salários em níveis baixos, alimentando a “lei de mercado”, ou seja, da “oferta e da procura”, pois dentro do cenário neoliberal, este sistema econômico depende de um nível de desemprego elevadíssimo.

A justificativa para a aceitação pacífica dos trabalhadores para estas práticas, e utilização destas pelo empresariado, também já foi demonstrada por Marx, no seu conceito de Classe em sí e para si. A estruturação destes conceitos pode ser encontrada ao citarmos o seguinte contexto:

Marx identifica como sendo o motor da história os conflitos de interesses entre as classes sociais, ou seja, as classes dominantes e as classes subordinadas. Especificamente em relação ao sistema capitalista o autor identifica duas classes sociais distintas: os capitalistas ou burgueses e do outro lado os proletários ou trabalhadores. A partir do momento em que as classes foram estabelecidas, podemos chegar às seguintes definições desenvolvidas por Karl Marx:

Classe em si: seria o estado em que, os indivíduos possuindo ou não consciência, estão inseridos necessariamente em uma das duas classes sociais acima mencionadas.

Classe para si: seria o estado em que os indivíduos pertencentes a uma determinada classe social, adquirem a consciência de que pertencem a essa classe e buscam a união dos seus esforços no sentido da defesa de seus interesses. (NOGUEIRA, 2010, p. 3).

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4. O Papel do Profissional Contábil

Dentro do cenário social, todas as ações que resultam na adoção de profissionais terceirizados pelas empresas pertencem ao cotidiano do profissional contábil, pois a este cabe a conclusão financeira de todas as práticas adotadas pela empresa em seu dia a dia. Financeiramente estas adoções podem apresentar resultados positivos, as conseqüências éticas também devem ser contempladas, e no tocante a forma como a terceirização está avançando, configura numa distensão deste preceito. Hoje é preconizado o papel do profissional contábil como agente nas tomadas de decisões estratégicas, e com certeza, são elas que resultaram na adoção da terceirização com fins escusos. Esta atitude pode ser considerada um desvio ético, pois conceitua-se a ética como o conjunto de preceitos sobre o que é moralmente certo ou errado. O profissional contábil tem papel importante junto às empresas, e tem responsabilidades no conceito de valor social de sua profissão. Podemos citar a seguinte afirmação:

A Contabilidade destaca-se por seu papel de proteção à vida da riqueza das células sociais e pela capacidade de produzir informes qualificados sobre o comportamento patrimonial.

Entendo, todavia, ser uma das maiores, entre todas as utilidades da profissão contábil, aquela que se baseia na consciência de que é por levar as células sociais à eficácia que se consegue o bem-estar nas nações e das comunidades em geral.

Se todas as empresas, todas as instituições, forem prósperas, também o país o será, e o contabilista é um grande responsável no sentido de conduzir a riqueza individualizada à prosperidade.(SÁ,1998, p.121).

5.Ética Profissional

Sendo a ética o instrumento de orientação das decisões do individuo, a ética profissional, em tempos de modificações de práticas e costumes, tende a ser negligenciada. No caso do contabilista, suas responsabilidades estão crescendo perante a sociedade, e sua postura ética deve ser reavaliada. Trabalhar com a riqueza alheia remete este profissional a estar ligado intimamente aos conceitos mais conservadores do capitalismo, que é obtenção de lucros e manutenção da propriedade privada, e em analogia a estes conceitos, qualquer forma de diminuição destes, via pagamento de salários, impostos e ou divisão de lucros, são considerados de forma negativa. Comprova-se este preceito a partir de seguintes afirmações:

A profissão contábil consiste em um trabalho exercido habitualmente nas células sociais, com o objetivo de prestar informações e orientações baseadas na explicação dos fenômenos patrimoniais, ensejando o cumprimento de deveres sociais, legais, econômicos tão como a tomada de decisões administrativas, além de servir de instrumentação histórica da vida da riqueza. (SÁ, 1998, p.120).

Portanto, o profissional contábil, quando no papel de orientador de seu cliente ou empresa deve, além dos conceitos econômicos, levar em consideração as implicações sociais deste ato. O que agrega valor a profissão, e consequentemente ao profissional, é o cumprimento da função social da mesma. Isto é,

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que dá valor à profissão, pois “a ausência de responsabilidade para com o coletivo, gera, como conseqüência natural, a irresponsabilidade para com a qualidade do trabalho” ( SÁ, 1998,PÁGINA,131). Deve ser buscada a excelência em atitudes profissionais, pois “o que é natural, como ético, é que a profissão esteja a serviço do social, quer das células, quer do conjunto indiscriminadamente.” (SÀ, 1998, p. 130).

6.Conclusão

Como todo profissional, em momentos conturbados da economia, o contabilista também tende a se comportar de maneira a preservar seu trabalho, agindo de maneira flexível para manutenção de seu emprego ou cliente. Este cliente ou empregador, em momentos de retração, torna-se mais exigente quando as atitudes a serem tomadas para a redução de seus custos, pois é condição primária para obtenção de lucro e manutenção de seu negócio. A orientação dos métodos econômico-financeiros, por parte do profissional contábil, para a obtenção dos resultados pretendidos, deve ser pautada na manutenção da legalidade, que garante que a mesma não seja prejudicial ao próprio cliente, ou aos seus trabalhadores. Este dilema ético-profissional, com necessidades de atitudes morais corretas, é o que norteia o crescimento do valor da profissão, e de seus profissionais.

REFERÊNCIAS

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FARIA, Felipe Nóbrega de; LIMA, Maria Oliveira. A atividade contábil e a questão da ética profissional. Disponível em <http://jusvi.com/artigos/40488.html> acesso em 18 maio 2010.

NOGUEIRA, Renato. Fundamentos de Sociologia: os autores clássicos Karl Marx, Emili Durkhein e Max Weber. In: Curso de Graduação de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Bárbara, Roteiro 3, Disciplina de Sociologia I. Tatuí, março 2010.

NOGUEIRA, Renato. Neoliberalismo. In: Curso de Graduação de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Bárbara, Roteiro 2, Disciplina de Sociologia II. Tatuí, agosto 2010.

PORTAL DE CONTABILIDADE. Contabilidade: Os cuidados da terceirização. Disponível em <http;//portaldecontabilidade.com.br/temáticas/terceirizar.html> acesso em 18 de maio 2010.

SÁ, Antonio Lopes de. Ética profissional. 2.ed.São Paulo: Atlas, 1998.

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AJUSTE A VALOR PRESENTE:

BREVE ESTUDO DA NOVA LEGISLAÇÃO E APLICAÇÃO

Carla Gomes da Silva Zacarias

[email protected]

Denis William Furtado

[email protected]

Elton Luiz de Miranda

[email protected]

Leandro Alves Seraphim

[email protected]

Danilo Lagreca

[email protected]

RESUMO

Pretende-se abordar a legislação atual, especificamente a publicação da Lei 11638/07, chamada “Nova Lei Contábil” que, entre as várias alterações à Lei 6404/76, traz a obrigatoriedade do ajuste a valor presente dos ativos e passivos nas demonstrações contábeis a partir de 2008. Em busca de equalizar a contabilidade brasileira a níveis internacional, os legisladores vem introduzindo alteração na legislação vigente compatíveis às normas utilizadas internacionalmente. Trazer os valores de diversos ativos e passivos de uma empresa a valor presente significa a apresentação de demonstrações muito próximas da realidade das mesmas. É neste sentido que propomos um estudo básico da legislação e a apresentação de modelos de aplicação do mencionado ajuste. Chegou-se a conclusão que as empresas que já publicavam suas demonstrações para atender as necessidades dos usuários, já vem utilizando esta ferramenta há algum tempo, antes mesmo da regulamentação da lei. Procuramos contribuir com uma melhor visualização, por parte dos estudantes de contabilidade, desta legislação que pretende introduzir regras internacionais no Brasil.

Palavras-chave: contabilidade internacional, Lei 11638/07, demonstrações contábeis.

ABSTRACT

We intend to approach the current legislation, specifically the publication of the Law 11.638/07, called the “New Law Accountant” that, among the various amendments to the Law 6404/76, brought the obligatory of the adjustment of the present value of assets and liabilities in accounting statements since 2008. Trying to equalize the Brazilian accounting to international level, legislators have been introduced change in current legislation compatible with standards used internationally. Briging the values of several assets and liabilities of a company to present value means to present demonstrations very close to their reality. Is this sense we propose a basic study of law and the presentation of application models aforementioned adjustment. We got to the conclusion that companies that have already published their statements, to attend the needs of users, have already been using this tool for some time, even before the regulation of law. We try to contribute to a better visualization by accounting students of this legislation that intends to introduce accountant Brazil to the international rules.

Keyword: international accounting, Law 11.638/07, accounting statements.

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1 INTRODUÇÃO

O objeto deste trabalho é fundamentar estudo da Lei 11.638/07 e as alterações por ela incluídas na Lei 6404/76, especificamente com a inclusão da letra d do § 1º do artigo 183. O objetivo será a exploração de documentos já publicados sobre o assunto e apresentação de modelos para apuração do ajuste ao valor presente em elementos do ativo e do passivo das empresas em suas demonstrações contábeis.

Para tanto, utilizou-se a pesquisa bibliográfica em livros, artigos, pronunciamentos e sites especializados, modelos já publicados, os quais serão comentados no decorrer deste trabalho.

Nota-se que a contabilidade brasileira está em busca da adequação às normas internacionais, e nossas demonstrações contábeis devem seguir esta idéia de globalização.

A publicação da Medida Provisória 449/08, convertida na Lei 11941/09, também trás alterações à Lei 6404/76, aproximando ainda mais as regras brasileiras às internacionais.

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis publicou seu Pronunciamento Técnico CPC 12, no intuito de redimir dúvidas sobre o tema “Ajuste a Valor Presente”. É a este tema que nos prenderemos no decorrer deste trabalho.

2 AJUSTE A VALOR PRESENTE X VALOR JUSTO

Conforme o CPC 12, não se deve equivocar ao designar valor justo e valor presente, onde valor justo “é o valor pelo qual um ativo pode ser negociado, ou um passivo liquidado, entre partes interessadas, conhecedoras do negócio e independentes entre si, com a ausência de fatores que pressionem para a liquidação da transação ou que caracterizem uma transação compulsória” (CPC 12).

Valor presente é

“é a estimativa do valor de um fluxo de caixa futuro, no curso normal das operações da entidade”. (CPC 12)

... Demonstração, na data de reconhecimento de um ativo ou passivo, de seu valor livre das taxas aplicadas ao negócio no decorrer do tempo...

...Ativos que tenham significativo impacto do tempo devem ser ajustados...(Fernandes.2009)

...transação que dá origem a um ativo, a um passivo, a uma receita ou a uma despesa ou a outra mutação do patrimônio liquido cuja contrapartida é um ativo ou passivo com liquidação financeira (recebimento ou pagamento) em data diferente do reconhecimento desses elementos...(Silvestre e Souza 2008)

Ou seja, o valor justo vai demonstrar o valor de mercado de um ativo ou passivo, enquanto o valor presente vai demonstrar na data do reconhecimento de um ativo ou passivo, seu valor nesta data, livre das taxas aplicadas ao negócio no decorrer do tempo.

3 TAXAS

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Para o ajuste ao valor presente é necessário conhecer o valor do fluxo futuro, a data do referido fluxo e a taxa de desconto aplicável à transação (CPC12).

A maior dificuldade é o conhecimento da taxa, pois nem sempre está explicita esta condição contratada.

Quando a taxa estiver implícita no contrato será necessário buscar uma taxa que reflita juros compatíveis com a natureza, o prazo e os riscos relacionados à transação, levando em conta as taxas de mercado (CPC12).

Poderão ser utilizadas a Selic, o CDI, a TJLP e até a poupança como taxas para cálculo do ajuste.

TAXA REFERENCIAL DO SISTEMA ESPECIAL DE LIQUIDAÇÃO E DE CUSTODIA (SELIC)

PARA TÍTULOS FEDERAIS jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

2008 0,93

0,80

0,84

0,90

0,88

0,96

1,07

1,02

1,10

1,18

1,02

1,12

2009 1,05

0,86

0,97

0,84

0,77

0,76

0,79

0,69

0,69

0,69

0,66

0,73

2010 0,66

0,59

0,76

0,67

0,75

0,79

0,86

0,65 Nota: taxa mensal

TAXA DE JUROS A LONGO PRAZO – TJLP

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

2008 0,52% 0,52% 0,52% 0,52% 0,52% 0,52% 0,5208% 0,5208% 0,5208% 0,5208% 0,5208% 0,5208%

2009 0,52% 0,52% 0,52% 0,52% 0,52% 0,52% 0,50% 0,50% 0,50% 0,50% 0,50% 0,50%

2010 0,50% 0,50% 0,50% 0,50% 0,50% 0,50% 0,50% 0,50% 0,50%

Nota: a TJLP é uma taxa anual fixada para cada trimestre. Assim, por exemplo, os percentuais de o,5% vigentes de 01.10 a 31.12.2009 correspondem ao percentual trimestral de 6,% (0,5*12)

CERTIFICADOS DE DEPÓSITOS INTERBANCÁRIOS - CDI

Jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez2008 1,1110 0,9960 1,1739 1,0983 1,0128 1,0640 0,9482 0,8710 0,8980 0,8383 0,7948 0,92162009 0,6912 0,6915 0,6914 0,7840 0,7514 0,7664 0,8356 0,9665 0,8527 1,0427 0,0000 0,00002010 0,6582 0,5925 0,7569 0,6639 0,7500 0,7908 0,8592

O uso de taxa de juros única não é procedimento aceitável, cada ativo ou passivo deverá ser verificado com cautela, podendo ser utilizada taxa de juros única para grupos de ativos ou passivos semelhantes (Silvestre e Souza Jr).

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4 ATIVOS E PASSIVOS SUJEITOS AO AJUSTE

Para verificação de ativos e passivos que serão ajustados ao valor presente, devem ser consideradas as seguintes situações dispostas na Lei 6404/76, alterada pelas Leis 11.638/07 e 11941/09:

Ativos: Artigo 183, Inciso VIII – os elementos do ativo decorrentes de operações de longo prazo serão ajustados a valor presente, sendo os demais ajustados quando houver efeito relevante.

Passivos: Artigo 184, Inciso III – as obrigações, os encargos e os riscos classificados no passivo não circulante serão ajustados ao seu valor presente, sendo os demais ajustados quando houver efeito relevante.

Vemos, a partir da letra da lei, que a relevância nos negócios da empresa deve ser considerada para ajustar ou não os valores dos ativos ou passivos, além daqueles especificados na lei. Dado este motivo, cada empresa deve verificar entre suas contas quais as de interesse para seus usuários serão ajustadas.

Conforme Silvestre e Souza (Fev.2008), são características de ativos e passivos sujeitos ao AVP: “transação que dá origem a um ativo, a um passivo, a uma receita ou a uma despesa ou a outra mutação do patrimônio liquido cuja contrapartida é um ativo ou passivo com liquidação financeira (recebimento ou pagamento) em data diferente do reconhecimento desses elementos”.

5 MODELO

Para se calcular o valor presente de um ativo é necessário multiplicar o valor contabilizado (preço de mercado ou custo de aquisição) por um fator de valor atual representado pela expressão 1/ (1 + i)n, onde i representa a taxa de juros de mercado.

Exemplo 1 – compra de um bem no valor de R$ 200.000,00, a ser pago em 5 anos, à taxa de juros de 6% a.a.:

Valor contabilizado de um ativo de 5 anos ..................................... R$ 200.000,00

Taxa anual de juros de mercado .................................................... 6%

Valor presente do passivo = R$ 200.000,00/ (1 + 0,06)5

Recorrendo-se a uma calculadora financeira ou tabela financeira, obtém-se que 1/ (1 + 0,06)5 é igual a 0,74726.

Logo, o valor presente da conta “fornecedores” será:

R$ 200.000,00 x 0,74726 = R$ 149.452,00 A contabilização deverá ser feita com a criação de uma conta redutora do passivo, denominada Ajuste a

Valor Presente (debito), sendo que a contrapartida será uma conta credora de resultado, cujo nome poderia ser Resultado de Ajustes a Valor Presente.

D = imobilizado (ativo)

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C= fornecedoresValor = 200.000,00

D= ajuste a valor presente (redutora do passivo)

C = resultado de ajuste (resultado)

Valor = 50.548,00

À medida que vai transcorrendo o prazo de vencimento do passivo, será feito um reajuste no valor presente. No exemplo citado, quando faltar 4 anos para o vencimento do passivo, o fator de valor atual é menor, ou seja,

(1 + 0,06)4, que é igual a 0,79209. O valor presente passará a ser R$ 200.000,00 x 0,79209= R$ 158.418,00. Logo, será feito um ajuste positivo no valor do passivo correspondente à diferença, ou seja, R$ 158.418,00 - R$ 149.452,00 = R$ 8.966,00. A contrapartida devedora será feita na conta de Resultado de Ajustes a Valor Presente/Despesas de compras.

D= resultado/despesas de compras

C= ajuste a valor presente

Valor = 8966,00

E assim sucessivamente até o final da apropriação da provisão.

Conta Redutora do Passivo

Ajuste a valor presente (redutora do passivo)

saldo da conta redutora

Fornecedores (ajustado)

na aquisição D 50.548,00 50.548,00 149.452,001º ano C 8.966,00 41.582,00 158.418,002º ano C 9.505,86 32.076,14 167.923,863º ano C 10.075,43 22.000,71 177.999,294º ano C 10.679,95 11.320,76 188.679,245º ano C 11.320,76 - 200.000,00

O objetivo de tal procedimento parece ser que, uma vez efetuada a tomada de um passivo a prazo, o valor no reconhecimento já embute uma taxa de juros, o valor de R$ 200.000,00 corresponderá, na realidade, ao valor do passivo no final dos cinco anos.

Temos então:

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Este mesmo procedimento de ajuste a valor presente poderá ser estendido aos passivos de curto prazo, desde que haja efeito relevante sobre as demonstrações.

Da mesma forma, aplicando o ajuste a uma compra, nos mesmos valores, teremos os lançamentos:

Exemplo 2 – venda de um bem no valor de R$ 200.000,00, a ser pago em 5 anos, à taxa de juros de 6% a.a.:

Valor contabilizado de um ativo de 5 anos ..................................... R$ 200.000,00

Taxa anual de juros de mercado .................................................... 6%

Valor presente do ativo = R$ 200.000,00/ (1 + 0,06)5

Recorrendo-se a uma calculadora financeira ou tabela financeira, obtém-se que 1/ (1 + 0,06)5 é igual a 0,74726.

Logo, o valor presente da conta “clientes” será:

R$ 200.000,00 x 0,74726 = R$ 149.452,00

E o lançamento, na venda:

D = clientes (ativo)

C= receita

Valor = 200.000,00

D= resultado de ajuste (resultado)

C =ajuste a valor presente (redutora do ativo)

Valor = 50.548,00

E, a medida do transcorrer do tempo, o lançamento será revertido, no final de cada exercício:

D= ajuste a valor presente

C= resultado/receita de vendas

Valor = 8966,00

E assim sucessivamente até o final da apropriação da provisão.

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Conta Redutora do Ativo

Ajuste a valor presente

(redutora do ativo)saldo da conta

redutoraClientes

(ajustado)na aquisição C 50.548,00 50.548,00 149.452,00

1º ano D 8.966,00 41.582,00 158.418,002º ano D 9.505,86 32.076,14 167.923,863º ano D 10.075,43 22.000,71 177.999,294º ano D 10.679,95 11.320,76 188.679,245º ano D 11.320,76 - 200.000,00

6 DEMONSTRAÇÃO APLICADA – DADOS PUBLICADOS

Abaixo, trazemos as demonstrações da Petrobras S/A, autarquia com ações negociadas em bolsa, que já ajustava seus ativos e passivos conforme normas internacionais, e que, a partir de 2008, passou a adotar a lei 11638/07 e 11941/09, em suas publicações.

RELATÓRIO ANUAL 2008

Figura 1: Efeitos da adoção da lei nº 11.638/2007 e da medida provisória 449/2008 Após os ajustes decorrentes da implantação da Lei 11.638/07, detalhados a seguir, o lucro líquido do exercício de 2008 foi de R$ 32.988 milhões no Sistema Petrobras (Consolidado) e R$ 36.470 milhões na Petrobras (Controladora).

6.1 Descrição das novas práticas contábeis

a) Subvenções e assistências governamentais O Pronunciamento 07, emitido pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC, define que os incentivos fiscais decorrentes de doações ou subvenções governamentais para investimentos, recebidos a partir de 1º janeiro de 2008, sejam reconhecidos como receita ao longo do período, confrontada com as despesas que

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pretende compensar em uma base sistemática, aplicando-se na Petrobras da seguinte forma:»Subvenções diretas relacionadas ao lucro da exploração: diretamente no resultado; »Subvenções com reinvestimentos: na mesma proporção da depreciação do bem;Os valores apropriados no resultado do ano de 2008, no montante de R$ 577 milhões estão sendo destinados a uma Reserva de Lucros, específica para Incentivos Fiscais.

b) Instrumentos financeirosO CPC 14 estabelece princípios para o reconhecimento e mensuração de ativos e passivos financeiros e de alguns contratos de compra e venda de itens não financeiros e para a divulgação de instrumentos financeiros derivativos.Com a adoção do CPC 14, as operações de “hedge” de fluxo de caixa passaram a ser registradas, no balanço patrimonial, pelo seu valor justo, quando se qualificam como “hedge” efetivo, com efeitos no patrimônio líquido, e posterior reclassificação para o resultado, quando a transação, objeto de “hedge”, tenha impacto sobre o resultado. Anteriormente, essas operações eram registradas no resultado, somente no momento da sua liquidação financeira.Os instrumentos financeiros derivativos, para proteção das variações nos preços de petróleo e derivados, passaram a ser marcados no mercado ao longo de seus períodos de vigência, com impactos no resultado financeiro. Anteriormente, esses ajustes, também, eram registrados no resultado somente na sua liquidação financeira. O ajuste ao valor de mercado dos títulos mobiliários, classificados como disponíveis para venda, passou a ser registrado, no patrimônio líquido, até sua liquidação, quando será transferido para o resultado. Anteriormente, esses ajustes impactavam o resultado do exercício.

c) Contratos com transferência de benefícios, riscos e controle de bensO CPC 06 estabelece procedimentos para contabilização e divulgação de transações em que existem compromissos contratuais com e sem transferência de benefícios, riscos e controles de bens.A Companhia passou a registrar em seu ativo imobilizado, o valor justo, se inferior, o valor presente dos pagamentos mínimos do contrato, os direitos que tenham por objetos bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da Companhia decorrentes de operações que transferiram os benefícios, riscos e controle desses bens, assim como sua obrigação correlata.Anteriormente, essas operações eram contabilizadas como custo/despesa relacionadas a afretamentos, aluguel ou prestação de serviços.

d) Efeitos das mudanças nas taxas de câmbio e conversão de demonstrações contábeisO CPC 02 estabelece critérios para definição da moeda funcional e conversão das demonstrações contábeis controladas, coligadas e sucursais com moeda funcional distinta da moeda funcional da controladora. A adoção do CPC 02 alterou os seguintes procedimentos:›› As variações cambiais sobre os investimentos em controladas e coligadas, com moeda funcional distinta da controladora, passaram a ser registradas no patrimônio líquido, como ajuste acumulado de conversão, sendo transferidas para o resultado quando da realização dos investimentos. Até o exercício de 2007, essa variação cambial afetava o resultado do exercício, como ganhos ou perdas de equivalência patrimonial.›› A demonstração de resultado das investidas, em ambiente econômico estável, com moeda funcional distinta da controladora, passou a ser convertida pela taxa de câmbio média mensal, e os demais itens do patrimônio líquido passaram a ser convertidos pela taxa histórica. Anteriormente, era utilizada a taxa de câmbio do final do

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exercício para conversão desses itens.Quanto à adequação da moeda funcional, após análises internas, ficou mantido o entendimento atual, ou seja; A moeda funcional da Petrobras, assim como a de todas as suas controladas brasileiras, é o Real (R$). A moeda funcional de algumas controladas e sociedades de propósito específico (SPE), que atuam em ambiente econômico internacional, é o dólar norte-americano e, a moeda funcional da “Petrobras Energía Participaciones S.A.” - PEPSA é o peso argentino.Além dos efeitos apresentados anteriormente, a Lei 11.638/07 contempla outras alterações que não impactam o resultado e o patrimônio líquido das empresas do Sistema Petrobras e estão discriminadas nas Notas Explicativas às Demonstrações Contábeis, anexas.Os saldos das Reservas de Capital referentes às doações e subvenções para investimento, existentes em 31 de dezembro de 2007, serão mantidos até a sua total utilização, na forma prevista na Lei 6.404/7

CONCLUSÃO

Pode-se verificar que o legislador procurou trazer aspectos da contabilidade internacional às leis brasileiras, já aplicados nas demonstrações publicadas antes da nova lei. A dificuldade continua, como antes da legislação, em decidir quais as contas devem ser ajustadas, dado que a mesma não é específica, e quais os índices serão utilizados para o ajuste.

Um estudo aprofundado de cada empresa se faz necessário no momento da escrituração dos ativos e passivos, de modo a verificar, como trás a lei, na relevância para a veracidade das demonstrações.

REFERÊNCIAS

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BRAGA H.R. e ALMEIDA M.C.. Mudanças Contábeis na Lei Societária - Lei n° 11.638 de 28-12-2007. Critérios de Avaliação do Ativo e do Passivo, São Paulo. Atlas. pag.112-133.

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A ÉTICA PARA O PROFISSIONAL CONTÁBIL

Daiane Carraschi [email protected]

Priscila Gregó[email protected]

Ilza Helena Teotonio [email protected]

Rossana Marinho Torquato [email protected]

Ana Jéssica de [email protected]

Flaviana Maria de [email protected]

RESUMOEste artigo relata a importância da Ética no ambiente profissional nos dias atuais. O foco desse estudo está voltado para Ética do profissional Contábil. Relatar o perfil do Contabilista atual, e as principais exigências do mercado. O profissional desse segmento precisa,além conhecimentos técnicos, saber interagir com honestidade e principalmente ética, diante das situações. Esse profissional precisa saber discernir entre o certo e o errado, para auxiliá-lo em sua conduta, deverá se apoiar no Código de Ética da Categoria (O CÓDIGO DE ÉTICA DO PROFISSIONAL DO CONTABILISTA - CEPC), que tem como finalidade regulamentar o exercício da profissão, apontando as obrigações, deveres, penalidades quando as regras não são cumpridas, além do zelo pela moralidade da classe para garantir a transparência nos procedimentos contábeis.

PALAVRAS - CHAVE: ÉTICA; CÓDIGO; CONTABILISTA; PROFISSIONAL.

ABSTRACTThis article has as objective, to tell the importance of the Ethics in the current days, mainly in the professional environment. Our focus for this study is come back toward Ethics of the Countable professional. It elapses to it of the article we will go, to tell the profile of the current Accountant, and the main requirements of the market. Today the professional of this necessary beyond knowledge technician, to know to interact with honesty and mainly ethical segment, ahead the situations. This necessary professional to know to discern the certain e the wrong one, to assist it in its behavior, it must support itself in the Code of Ethics of the Category (the CODE OF ETHICS OF the PROFESSIONAL OF ACCOUNTANT CEPC), that she has with prescribed purpose the exercise of this profession, showing its obligations, duties and mainly its penalties when its rules are not fulfilled, beyond being always watching over for the morality of the classroom, to guarantee the transparency in the countable procedures.

KEYWORDS: ETHICS; CODE; ACCOUNTING;TRAINING.

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1. INTRODUÇÃO

O objetivo desse artigo é abordar a importância da Ética para o profissional contábil. Para o desenvolvimento do mesmo buscou-se, primeiramente, o entendimento do conceito de Ética começando por sua evolução que é dividida em duas etapas: Ética Filosófica e Ética Científica.

A Ética Filosófica estava voltada para a introspecção e reflexão do pensamento, conforme relatam Platão, Aristóteles e Sócrates. A Ética Científica se apoiava na observação dos fatos e se fez necessária devido à evolução do raciocínio.

Muitos são os pensadores que definem a Ética, entretanto, várias são as definições, mas em todas o que se pode notar, é que ela está ligada diretamente à conduta humana, atitudes e decisões entre o que é moral ou não.

O foco desse artigo é, em posse de todas as informações acima, abordar como a Ética se faz necessária nos dias atuais.

Atualmente a Ética é requisito de suma importância, tanto na vida pessoal como profissional. Os contabilistas que possuem esse requisito terão papel de destaque no mercado de trabalho e na sociedade, pois são profissionais que além de conhecimentos técnicos também possuem conhecimentos sobre conduta, e sabem lidar com qualquer tipo de situação, decidindo entre o certo e o errado.

O Contabilista para desempenhar esse comportamento ético, deverá conhecer o Código de Ética da categoria, onde estão definidas suas obrigações e deveres perante a sociedade e seus colegas de classes, e principalmente terão conhecimento de quais serão as conseqüências de quando não forem cumpridas tais regras, assim como os prejuízos que poderão acontecer.

A Metodologia utilizada na elaboração desse artigo, por ser tratar de um tema atual e muito complexo, foi a Pesquisa Bibliográfica bem diversificada sobre o assunto.

O foco de pesquisas foram publicações que relatassem temas, voltados para Ética do Profissional Contábil. As fontes usadas foram três livros, dois artigos publicados em periódicos científicos, um dicionário, e um capítulo de livro, que tiveram a finalidade de auxiliar no desenvolvimento de toda a parte teórica como: conceitos e definições sobre o tema, que trouxeram legitimidade ao artigo. Foi utilizado também o Código de Ética do Profissional do Contabilista Resolução CFC N 803/ 1996, onde estão claras as regras para o profissional dessa área, em paralelo ao Código de Ética, foram utilizadas quatro matérias que relatam as conseqüências do não cumprimento, dos deveres e obrigações por parte do Contabilista, através desse material montou-se uma linha de pensamento que levou a avaliar e firmar idéias

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sobre a importância da Ética no meio Profissional.

2. REVISÃO E LITERATURA

2.1 ÉTICA2.1.1 CONCEITOS SOBRE ÉTICA

Para que se entenda o Conceito de Ética é preciso analisar sua evolução e definição, para se poder perceber quanto ela se faz importante no meio profissional.

A Filosofia traz estudos milenares de vários pensadores, os quais buscaram, com suas idéias, interpelar sobre a concepção de Ética.

2.2 EVOULUÇÃO ÉTICA

2.2.1 ÉTICA FILOSÓFICA

A Ética Filosófica está voltada para a reflexão e a introspecção, tendo caráter o pensamento; conforme afirma Sour (2000) “...De caráter normativo, ocupa-se em prescrever princípios perentes e universalmente legítimos para a vida em grupos sociais (apud Macedo, et al. 2007, p. 57).

Podemos destacar três pensadores muito importantes ao longo da história que contribuiram para evolução de estudos sobre a Ética são eles: Platão (Atenas, 427- 347 a. C), Aristóteles (Macedônia, 384-322 a.C) e Sócrates (Atenas, 470-399 a.C). Para esses pensadores a ética tem foco na educação do caráter humano visa conter instintos e orientá-los para o bem, de modo a adequar o individuo a sua comunidade (apud MACEDO, et al. 2007, p. 57).

1.1.2. ÉTICA CIENTÍFICA

A Ética Científica se fez necessária, devido à evolução do raciocínio, segundo MACEDO et al. (2007), a Ética científica não julga nem prejulga, mas percebe os códigos de honra das comunidades... portanto, observa os fatos.

Podemos observar essas idéias racionais, através da interpretação de pensadores como:

John Locke, filosofo inglês, que confirma: “idéia é o objeto do pensamento” e “ todas as idéias derivam da sensação ou reflexão” sendo “ o objeto da sensação uma fonte de

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idéias.” (apud SÁ, 1998, p.31).Por sua vez, Espinosa, filósofo holandês, afirma que: “Um homem livre não teme

coisa alguma, nem a morte: sua sabedoria é uma meditação, não sobre a morte, mas sobre a vida.” (apud SÁ, 1998, p.31).

2 DEFINIÇÃO DE ÉTICA

Várias são as definições encontradas sobre Ética, conforme o Dicionário Aurélio (1994/1995, 280) significa: Estudo dos juízos de apreciação referentes a conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto.

Segundo VIDARI “Ética é a ciência que, tendo por objeto essencial o estudo dos sentimentos e juízos de aprovação e desaprovação absoluta realizados pelo homem acerca da conduta e da vontade...” (apud SÁ, 1998, p. 32).

Para Lisboa “... de forma simplificada pode-se definir o termo Ética como sendo ramo da filosofia que lida com o que é moralmente bom ou mal, certo ou errado...” (SILVA E FIGUEIREDO, 2007, p. 27)

Para finalizarmos as definições uma das mais lidas e vistas em obras que tratam sobre Ética seria de VASQUEZ: “Ética... é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade, ou seja, é a ciência de uma forma especifica do comportamento humano...” (apud SÁ, 1998, p. 32)

4. ÉTICA PARA PROFISSIONAL CONTABIL A Ética vem sendo abordada em todos os níveis e setores na sociedade,

principalmente no ambiente profissional, as empresas buscam pessoas capacitadas e éticas.

A profissão contábil, não ficaria atrás desse requisito exigido pelo mercado atual. Mesmo sendo uma das profissões mais antigas registradas pelo homem (fatos esses relatados na Bíblia através do livro de Jó). Atualmente o setor contábil traz um enorme leque de vagas. Todas as empresas, por menor que seja, precisam de contabilistas inclusive em épocas de crise.

Apesar da demanda do mercado ser grande para o profissional desse segmento, destacam-se os profissionais mais qualificados e preparados para essas vagas, aqueles que tiverem um diferencial a mais para oferecer.

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Esse diferencial deverá começar na escolha da instituição que ira promover o curso de Graduação, tendo a preocupação não apenas em ter que adquirir diploma de Curso Superior, mas principalmente com um ensino de qualidade, deixando bem claro, no decorrer da graduação, quais são as responsabilidades e obrigações dessa profissão.

O contabilista nos dias atuais está desempenhando um papel importante dentro das organizações. Ele não fica apenas atrás de uma mesa com pilhas de papéis tendo acesso só a informações contábeis, exercendo apenas funções como: registrar, organizar, demonstrar, analisar e acompanhar as modificações do patrimônio. Hoje o Contabilista precisa buscar informações em todos os setores da empresa, que ira auxiliá-lo na tomada de decisões quanto ao futuro do patrimônio das entidades. Esses profissionais devem buscar conhecimentos para estarem flexíveis a mudanças exigidas pela globalização presente em nossos dias.

Claro que acima de conhecimentos, o profissional precisa desempenhar um papel ético dentro de qualquer entidade já que em suas mãos estão informações que são necessárias para tomadas de decisões sobre o futuro do patrimônio dessas empresas.

“... a profissão contábil consiste em um trabalho exercido habitualmente nas células sociais, com o objetivo de prestar informações e orientações baseadas na explicação sociais dos fenômenos patrimoniais, ensejando o cumprimento de deveres sociais, legais, econômicos, tão como a tomada de decisões administrativas, além de servir de instrumento histórico da vida da riqueza [...]” (SÁ, 1998, p. 120)

Para desempenho de suas funções contábeis o profissional devera conhecer sua profissão não apenas a parte técnica e teórica, mas sim as regras que são exigidas para seu comportamento, dentro de um ambiente profissional.

O Contabilista precisa ter um comportamento ético integro nas suas relações, porque assim, estará contribuindo de forma benéfica e positiva para com a classe e vida da empresa (SILVA E FIGUEIREDO, 2007, p.30).

Para reger esse comportamento ético o contabilista deverá conhecer o Código de Ética do Contabilista.

5 O CÓDIGO DE ÉTICA DO PROFISSIONAL DO CONTABILISTA-CEPC5.1 CONCEITO

O Código de Ética tem como função regulamentar o exercício da profissão, mostrando para o profissional o que é correto e errado no agir ético nesse campo.

O Código de Ética, em vigor no Brasil trata-se da Resolução CFC n 803/1996, que foi aprovada pelo Conselho Federal de Contabilidade, “Este Código de Ética Profissional tem por objetivo fixar a forma pela qual se deve conduzir os contabilistas, quando no exercício

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profissional”. Propondo assim ao profissional a forma correta e idônea de proceder seus exercícios e a disciplina que tem que haver perante o cliente. Esse código encontra-se dividido em cinco Capítulos. Disponível em: www.portaldecontabilidade.com.br/nbc/res803.htm:

- Capítulo I - Do Objetivo- Capítulo II - Dos Deveres e das Proibições.- Capítulo III - Do valor dos Serviços Profissionais - Capítulo IV - Dos Deveres em Relação aos Colegas e à Classe- Capitulo V - Das Penalidades.

6. DEVERES E OBRIGAÇÕES DO CONTABILISTA

De acordo com o código de ética, podemos destacar o Art. 2º I – exercer a profissão com zelo, diligência e honestidade, observada a legislação vigente e resguardados os interesses de seus clientes e/ou empregadores, sem prejuízo da dignidade e independência profissionais.

“O aumento do erro premeditado vem fazendo com que a sociedade solicite cada vez mais profissionais com boa índole, que encaram a profissão com serenidade e sinceridade. Na maioria dos casos, o problema principal é a falta de ética que na essência do que traduz a palavra, é a idéia de compromisso, dentro de um contexto que define a integração social de direitos e deveres”. (Prêmio Jovem Cientista do CRC/BA, p.162, apud SANTOS)

7 DOS DEVERES EM RELAÇÃO AOS COLEGAS E Á CLASSE

No Art. 9º do código de ética Profissional do Contabilista (1996), diz: A conduta do Contabilista com relação aos colegas deve ser pautada nos princípios de consideração, respeito, apreço e solidariedade, em consonância com os postulados de harmonia da classe.

8 A IMPORTÂNCIA CUMPRIMENTO DO CÓDIGO DE ÉTICA

O cumprimento do Código de Ética do Profissional Contábil estimula a execução da lei e, conscientiza o profissional da classe a respeito da integridade, honestidade e ética, zelando pela moralidade da classe e, sobretudo garantindo transparência nos procedimentos contábeis. A contabilidade é completamente interligada à ética. Pois os bens mais valiosos para qualquer pessoa física ou jurídica são: credibilidade e reconhecimento, e é neste ponto

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que entra um sistema contábil eficiente. O código de ética do contabilista na sua essência estabelece o seguinte:

Exercer a profissão com zelo, diligência e honestidade, observada a legislação vigente e resguardados os interesses de seus clientes e/ou empregadores, sem prejuízo da dignidade e independência profissionais.

Guardar sigilo sobre o que souber em razão do exercício profissional lícito, inclusive no âmbito do serviço público, ressalvados os casos previstos em lei ou quando solicitado por autoridades competentes, entre estas os Conselhos Regionais de Contabilidade. (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, Código de Ética Profissional do Contabilista, 1996)

9. FALTA DE COMPROMETINDO JUNTO AO CÓDIGO DE ÉTICA

Ao longo da história ocorreram várias mudanças para o profissional contábil, muitas contribuíram de maneira positiva, e outras de maneira negativa como é o caso do aumento da corrupção que se intensificou atualmente. Como hoje o contabilista tem grande importância no desenvolvimento das empresas e infelizmente, muitos empresários fracassaram pela falta de ética, fica nas mãos desse profissional orientar esses empresários a tomarem decisões éticas, a fim de manterem o patrimônio integro.

Vários são os casos explorados pela mídia sobre os profissionais corruptos nessa área, um dos casos de maior repercussão foi:

9.1 O Caso Parmalat

Quando falamos sobre escândalos empresariais já estamos diretamente ferindo o código, e apontando uma falta de ética. Citamos um modelo de gestão como exemplo de sucesso pela globalização (Parmalat) e que de uma hora para outra entrou em colapso devido a um “ilusionismo financeiro”, sistema fraudulento com base em desvios contábeis. Como: orçamentos falsos, dívidas milionárias escondidas em contas de empresas associadas e não incluídas no balanço, documentos falsificados, lucros fictícios e complexas empresas, umas vinculadas às outras de modo a tornar impossível detectar a origem do dinheiro e a análise das contas.

E foi assim que se deram os escândalos na Parmalat, que foi criada em 1961, e que no ano de 2002 obteve vendas superiores a 7 bilhões de dólares.

Em 1999, a empresa já tinha leve prejuízo e abriu uma subsidiária (Bonlat) nas Ilhas

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Cayman, um paraíso fiscal. Os prejuízos e as dívidas eram transferidas á Bonlat, e excluídos do balanço da Parmalat.

Em 2003, a empresa anunciou um investimento de 500 milhões de euros no fundo Epicurum (que era administrado por uma empresa ligada à Parmalat, com sede também nas Ilhas Cayman).

Praticamente no mesmo instante, a Standard & Poors, percebeu que os investimentos estavam estranhos e baixa a notação dos títulos da empresa.

As ações começaram a perder valor drasticamente, devido à preocupação crescente dos mais de 115 mil investidores e à especulação em torno do destino do investimento. Com o objetivo de tranqüilizar o mercado, a direção do grupo apresentou um documento afirmando possuir aproximadamente 3,95 bilhões de euros no Bank of America, nas Ilhas Cayman.

Porém, segundo o próprio Banco, o documento não passava de uma falsificação grotesca e não comprovava a autenticidade dos títulos e da liquidez referente ao valor divulgado.

Os rombos atingiram até a filial brasileira, segundo reportagem de Darcio de Oliveira (Revista IstoÉ Dinheiro, 28 de Janeiro de 2004).

[...] Declarações do contador da Parmalat, Gianfranco Bocchi, à polícia italiana davam conta de que empresas ligadas à operação brasileira teriam recebido “montanhas de dinheiro” da Itália. “Revistem duas companhias do grupo: a Carital do Brasil e a Wishaw”, cravou Bocchi. A Carital é uma empresa ativa a Junta Comercial de São Paulo. Nasceu de uma cisão da Parmalat Participações (holding do grupo) e foi responsável pela aquisição de fábricas da Parmalat, além de cuidar dos interesses do grupo no futebol. Já a Wishaw é uma trading com sede no Uruguai que recebe recursos via CC-51. Documentos do Banco Central revelam que entre 1996 e 2002 a Wishaw obteve R$ 583 milhões em depósitos. (OLIVEIRA, 2004)

A Parmalat feriu o código de ética no que diz respeito à transparência dos dados divulgados ao investidor, causando um prejuízo de aproximadamente 14 bilhões de euros.

Comunicar, desde logo, ao cliente ou empregador, em documento reservado, eventual circunstância adversa que possa influir na decisão daquele que lhe formular consulta ou lhe confiar trabalho, estendendo-se a obrigação a sócios e executores. (OLIVEIRA, 2004)

Em junho de 2004, o Jornal Folha de São Paulo publicou uma reportagem falando da situação da Parmalat:

A Parmalat, maior empresa do setor alimentício da Itália, pediu concordata hoje. (...) uma parcela da dívida com acionistas minoritários no Brasil não foi paga. As ações da Parmalat, que já não valiam praticamente nada (fecharam a 0,30 euro na

1 CC-5 são pagamentos/recebimentos em moeda nacional entre residentes no país e residentes no exterior, mediante débitos/créditos em conta em moeda nacional mantida no país pelo não-residente.

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sexta-feira), caíram ainda mais hoje, para 0,11 euro. O principal índice da Bolsa de Milão teve queda de 1,76%.A crise começou, de fato, na sexta-feira. A Parmalat reconheceu oficialmente que uma soma de 3,95 bilhões de euros, que o grupo contabilizou como crédito da Bonlat, uma filial que fica no paraíso fiscal das ilhas Cayman, desapareceu.” (MILANI, 2004)

Felizmente, 11 pessoas foram presas e todos foram considerados culpados em diferentes graus de agiotagem, especulação e falsidade em documentação contábil.

Realmente existem empresas (como no caso da Parmalat) que estão mais preocupadas em dar uma boa “impressão”, do que serem éticas. A punição aos “profissionais de caráter duvidosos” é a prisão. Atitudes como divulgar documentos manipulados, anunciar falsos investimentos (usados para cobrir graves falhas), maquiar o balanço contábil usando empresas em paraísos fiscais ou inflar o lucro, são considerados crimes, e é por isso que a justiça brasileira e a italiana, por exemplo, exigem um rodízio de auditorias. No Brasil, sob lei regulamentadora da CVM2 de 1999, a empresa é obrigada a trocar de firma de auditoria de 5 em 5 anos.

10 CONCLUSÃO

Ao final desse artigo chegamos à seguinte conclusão, que a ética ocupa lugar de destaque nas empresas em todos os departamentos, principalmente no setor Contábil.

A Ética no setor Contábil está ligada diretamente ao poder decisório sobre o patrimônio das empresas, sendo que as atitudes comportamentais e técnicas do Contabilista irão indicar e determinar o sucesso, ou fracasso de qualquer organização.

Podemos evidenciar que o Contabilista ocupa dentro das organizações, uma função de total confiança, tendo acesso a informações muito importantes, que o levará à exercer, por vezes, papel de liderança nas entidades. Esse Profissional, assim como em sua vida pessoal, deve se preocupar com suas ações e atitudes, não fazendo para os outros, o que não gostaria que fizessem com ele.

O Contabilista precisa tomar muito cuidado para não exagerar em toda essa confiança, liberdade, e principalmente liderança, que foram depositadas nele, para que não venha a desrespeitar as normas impostas pelo Código de Ética do Profissional Contabilista. Caso haja qualquer falta de comprometimento no zelo de sua profissão o mesmo terá que

2 CVM significa Comissão de Valores Mobiliários. Órgão regulamentador que coibe fraude e manipulação destinadas a criar condições artificiais de demanda, oferta ou preço de valores mobiliários negociados no mercado (ações, debêntures, títulos, etc)

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arcar com as conseqüências, e será punido perante a lei e perdendo seu registro junto ao Conselho Federal de Contabilidade (CRC), ficando impossibilitado de exercer suas funções.

Assim sendo, todo profissional contábil tem que assumir postura centrada e saber tomar as decisões corretas, nos momentos oportunos, sem proteger um interesse pessoal, ou tentar atingir benefícios próprios, e sempre ser verdadeiro em suas elaborações, para que os interesses da organização para qual trabalha seja o único motivo de seus serviços, permitindo, com a junção da ética, teoria, experiência de vida, agir sempre com integridade, honestidade e principalmente moral, perante toda a sociedade.

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O Avanço do Ensino na Contabilidade Brasileira: Analise Histórica

Denise José de Oliveira Ribeiro

RESUMOA origem da contabilidade esta ligada à necessidade do homem em registrar e ter posse dos bens que estão em seu poder. Desde a antiguidade, por causa do mercado mercantil, o homem já desenvolvia uma forma de contabilizar aquilo que lhe era valorizado. Com o passar do tempo vários países aprimoraram a contabilidade, o primeiro avanço no ensino da contabilidade começou na Itália, logo depois, os métodos foram adotados e aprimorados por outros paises, onde mais tarde teve espaço no Brasil. O ensino de contabilidade no Brasil tem conquistado um continuo crescimento, a expansão de programas de pós-graduação, Lato Senso e Stricto Senso tem muito beneficiado o pais. A FEA/ USP teve um grade papel no avanço do ensino contábil com a produção do seu primeiro livro, Contabilidade Introdutória que logo se tornou o livro básico adotado em quase todos os cursos de contabilidade do país.

Palavras-chave: Contabilidade. Avanço no ensino. Pós - graduação.

ABSTRACTThe origin of accounting is linked to man’s need to register and take possession of the goods that were in his power, since antiquity because of the market mercantile man has developed a way of accounting for what it was valued. Over time many countries have improved accounting, the first breakthrough in the teaching of accounting began in Italy, after the methods were adopted and improved by other countries, where he later took place in Brazil. The teaching of accounting in Brazil has achieved a continuous growth, expansion of post-graduate Lato Stricto Sense and Sense has much benefited the country. FEA / USP grade has a role in the advancement of accounting education, the production of his first book, Introductory Accounting which soon became the textbook adopted in almost all accounting courses in the country.

KEY-WORDS: Accounting. Advancement in education. Post - graduation.

1 INTRODUÇÃO

Este artigo tem como objetivo demonstrar, através de um estudo bibliográfico, o desenvolvimento e aprimoramento que tem ocorrido na área da contabilidade, enfatizando o avanço do ensino na área contábil desde o seu surgimento, ressaltando que a contabilidade nasceu da necessidade do homem de administrar e garantir os seus direitos sobre os bens adquiridos, este ato ocorre desde os primórdios do desenvolvimento da inteligência humana.

2 HISTÓRIA DA CONTABILIDADE Segundo Favero et al (2005, p. 07), relata que “alguns pesquisadores revelam que os primeiros

sinais objetivos da existência da contabilidade datam de mais ou menos 4.000 anos a.C.”Segundo o autor os registros contábeis de que se tem conhecimento e também o mais importante

foram ocorridos na Suméria, Egito e na civilização pré-helênica, onde a contabilidade já era considerada um grande instrumento de controle pelas principais civilizações do mundo.

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O desenvolvimento do papiro no Egito antigo e o Cálamo (pena de escrever) trouxeram grandes benefícios para o registro de informações naquela época.

Pereira et al. (2005, p.4) diz que existem citações na própria Bíblia sobre a contabilidade. O livro de Jó, por exemplo, em 1:3 e 42:12, fala a respeito de um homem que viveu por volta do ano 2000 a.C. e apresenta um balanço patrimonial de abertura e outro de encerramento, respectivamente: “Pela analise da evolução do pensamento contábil, percebe-se que a contabilidade é uma área de conhecimento cuja evolução sempre esteve associada ao desenvolvimento das atividades mercantis, econômicas e sociais” (Favero et al., 2005, p. 7).

Os sistemas de partidas dobradas mais antigas são encontrados no norte da Itália, e remontam ao século XIV. O Frei Luca Pacioli codificou tais sistemas num apêndice a um livro publicado em Veneza em 1494.” ( Hendriksen; Breda, 1999, p. 38).

No período moderno podemos mencionar dois acontecimentos muito importantes que ocorreu nessa época.

• Em 1453, a invasão dos turcos que tomaram posse de Constantinopla, trazendo para estes pais bastantes sábios bizantinos, principalmente para a Itália.

• Em 1492, a descoberta do Brasil em 1500, pelos portugueses e a descoberta da América, trazendo um grande potencial de riquezas para os europeus.Com estes acontecimentos a contabilidade tornou-se uma necessidade para que esses paises

pudessem manter certo controle sobre os bens gerados pelas riquezas retiradas das colônias.Por volta do século XVII, na Itália, a contabilidade já chegava à escola: “Após o surgimento do método

das partidas dobradas (século XIII ou XIV) sua divulgação através da obra do Frei Luca Pacioli, a escola italiana ganhou grande impulso e se espalhou por toda a Europa” (Favero et al., 2005, p.8).

3 AVANÇO DOS ESTUDOS COM ÊNFASE NA HISTORIA DA CONTABILIDADE

A contabilidade, desde seu aparecimento como conjunto coordenado de conhecimentos, com objeto e finalidade definidos, tem sido considerada como arte, como técnica ou como ciência, de acordo com a orientação seguida pelos doutrinadores ao enquadrado-la no alenco das espécies do saber humano. (Franco, 1980 p. 18).

A evolução da contabilidade está associada ao progresso da humanidade. Este fato é identificado e analisado sob distintas perspectivas. (Peleias et al., 2007).

No quadro abaixo podemos verificar a importância da pesquisa histórica em contabilidade realizada pelas entidades de estudos.

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Quadro 01: Entidade e publicações sobre historia da Contabilidade.Fonte: Peleias et al., 2007.

Quadro 02: Algumas entidades dedicadas aos estudos e a pesquisa histórica contábil.Fonte: Peleias et al., 2007.

4 ENSINO DA CONTABILIDADE NO BRASIL

A área da contabilidade como ciência, no Brasil, tem-se expandido nos últimos anos, observando-se uma evolução contínua, em razão de várias mudanças econômicas e sociais, aumento expressivo do número de programas de pós-graduação ( Alemandro , 2008).

Na decada de 80, a metodologia contabil com base na escola norte-americana ganhou um grande inpulso no Brasil, tendo à frente a equipe de professores FEA/ USP, que elaborou, o livro Contabilidade Introdutoria que se tornou o livro básico adotado na maioria dos cursos de Ciencias Contabeis do país. (Favero, 2005, p.8).

Podemos constatar na tabela abaixo alguns acontecimentos importantes realizados no Brasil com relação ao progresso da contabilidade.

• 1850- Código Comercial – exigência da escrituração mercantil• 1888- Manual Mercantil de Verediano de Carvalho – Escrituração contábil• 1890- Contabilidade oferecida como disciplina do direito administrativo na Escola Politécnica

do Rio de janeiro.• 1902- Fundação Escola Prática de Comércio – atual Fundação Escola de comércio Álvares

Penteado.• 1905- Decreto - lei n. 1.339 – reconheceu os cursos de guarda livro e perito contador. • 1940 – Decreto – n. 2.627 – instituiu a primeira Lei das Sociedades por Ações no Brasil. • 1945 – Criação das Faculdades de Ciências Contábeis, embora já tivesse sido organizada em

1931 pelo Decreto – Lei n. 20.158. • 1946 - Criação da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo, na

qual foi instituído o curso de ciências Contábeis e atuarias.• 1964 – introdução do método didático de ensino da contabilidade norte-americana, que

substituiu gradativamente os autores italianos pelo professor José da costa Boucinhas.• 1971 – lançamento do livro Contabilidade Introdutória pelo Departamento de Ciências Contábeis

a Atuarias da FEA/ USP, com a mesma metodologia didática do livro Principles of accounting introductory, de Finney e Miller, que desde 1932 enfatiza a contabilidade como um sistema de informações e a mensuração das transações e dos eventos econômicos.

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• 1976 – Lei n. 6.404, que regulamenta as sociedades por ações e a mensuração contábil com destinação entre a manutenção do capital físico e monetário por meio da correção monetária de balanço.

• 1977 – Decreto – Lei n. 1.598 – adequou o regulamento do imposto de Renda á Lei das S.A.• 19881 – Resolução do Conselho Federal de Contabilidade n. 530 – disciplinou as Normas

Brasileiras de Contabilidade. • 1993 – Resolução do Conselho Federal de Contabilidade n. 750, que elege os princípios

Fundamentais de Contabilidade com a introdução do principio da atualização monetária. • 1994 – Resolução do Conselho Federal de Contabilidade n. 774• 1995 – Lei n.9.249, arts. 4° e 5° - proíbe a correção monetária do balanço• 1997 – Lei n. 9. 457 Comissão de Valores Mobiliários – CVM.• 1999 – Anteprojetos de reformulação da das S.A• 2000 – Projeto Lei n. 3.741 – propõe alterações da Lei n. 6.404/76 • 2002 – Novo Código Civil, Lei n. 10.406, que passa a exigir a demonstração do resultado

econômico e lucros e perdas. Tabela 01: Acontecimentos importantes na Contabilidade Fonte: Livro, Fundamentos da Contabilidade. Autor: Pereira et al., 2005

Ocorre no século XIX o acontecimento de vários aspectos históricos importantes no Brasil com relação ao avanço do ensino na contabilidade. Como podemos ver a seguir.

Figura 01: Evolução do ensino da Contabilidade no Brasil.Fonte: Peleias et al., 2007.

5 PÓS-GRADUAÇÃO, MESTRADO E DOUTORADO EM CONTABILIDADE NO BRASIL

No Brasil, a gestão da pós-graduação durou pelo menos 30 anos. A primeira reforma educacional de caráter nacional foi realizada no inicio da era Vargas (1930/1945), autorizando e regulamentando as

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universidades e estabelecendo sua finalidade social. (Cunha et al., 2008).Segundo a mesma autora a pós-graduação só foi regulamentada no Brasil 30 anos depois, pelo parecer

n°. 977/65 do conselho de Educação Superior (CESu), aprovado em 03/12/1965. Definindo as características dos cursos de mestrado e doutorado, onde foi traçado o perfil da pós-graduação, baseada no modelo norte-americano, e também destingiu a pós-graduação Lato Sensu e Stricto Sensu.

A implantação dos primeiros programas Stricto Senso em Contabilidade no Brasil ocorreu nos anos 1970. O pioneiro foi o programa de Mestrado da Faculdade de Economia. (Peleias et al., 2007).

O quadro abaixo mostra o programa de pós-graduação Stricto Senso em Contabilidade no Brasil.

Quadro 03: Programa de Pós Graduação Stricto Sensu em Contabilidade no Brasil..Fonte: Peleias et al., 2007.

Em 1978 foi implantado o Programa de doutorado em Ciências Contábeis na FEA/ USP, pioneiro e único em nosso País e que vem influenciando, de maneira decisiva, a pesquisa contábil Brasileira [...] (Peleias et al., 2007).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve como grande propósito transmitir de forma clara e objetiva o desenrolar da história da contabilidade, desde o seu surgimento até o desenvolvimento das instituições de ensino, o acompanhamento de como surgiu a pós-graduação, Mestrado e Doutorado no Brasil.

Concluímos que o progresso da contabilidade foi muito abrangente e que o curso de pós-graduação levou-se muito tempo para ser oficializado nos país, tendo o seu começo na era Vargas, só veio a ser regulamentado 30 anos depois, com o parecer n.°977/65 do Conselho da Educação Superior, o qual foi definido com o curso de Mestrado e Doutorado.

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REFERENCIAS

CUNHA, Jacqueline Veneroso Alves da. Et AL. Pós-graduação: o curso de doutorado em ciências contábeis da FEA/ USP. Revista Contabilidade e Finanças, V.19, n. 49, set./ dez. 2008.

FRANCO, Hilário. Estrutura Analise e Interpretação de Balanços. 14. ed. São Paulo: Atlas, 1980.

FAVERO, Hamilton Luiz. Contabilidade Teoria e Pratica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2005.

FILHO, Geraldo Alemandro Leite. Padrões de produtividade de autores em periódicos e congressos na área de contabilidade no Brasil: um estudo bibliométrico. Revista de Administração Contemporânea, V.12, n. 2, abr./jun. 2008.

HENDRIKSEN, Eldon S; Breda, Michael F. Van. Teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas, 1999.

NETO, Octávio Ribeiro de Mendonça e Et AL. Dez anos de pesquisa contábil no Brasil: analise dos trabalhos apresentados nos ENANPADs de 1996 a 2005. Revista de Administração de Empresas, V. 49, n. 1, jan./mar. 2009.

PELEIAS, Ivam Ricardo et al. Evolução do ensino da contabilidade no Brasil: uma analise histórica. Revista Contabilidade e Finanças, V. 18, n. esp. 2007.

PEREIRA, Elias et al. Fundamentos da Contabilidade. São Paulo: Pearson, 2005.

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PERFIL DO CONTADOR GERENCIAL

EDIMUR DINIZ [email protected]

RESUMOFoi-se o tempo do “guarda-livros”. As funções meramente burocráticas estão cedendo espaço para profissionais mais arrojados, que desejam aproximar informações e utilidade gerencial. Sabe-se que cursar quatro anos do ensino superior e registrar-se no CRC é apenas o início da caminhada do Contador. O mercado procura um perfil dinâmico, um profissional que se atualize constantemente e seja um autodidata. A globalização e a necessidade de inovações constantes levam os empregadores a contratar pessoas pró-ativas, com senso de responsabilidade e capacidade de se manterem atualizadas diante do caos legislativo que se verificam o Brasil. A avalanche de informações que o governo exige das empresas é um indicativo que não basta aprimoramento técnico, sendo necessário ao contabilista, compreender e comunicar-se dentro e fora da organização, visando adaptar tais exigências. Mensalmente, os governos federal, estaduais e municipais despejam, nos diários oficiais, dezenas de decretos, regulamentos, atos administrativos, instruções normativas, etc. O objetivo da Contabilidade e conseqüentemente do contador, é produzir dados, transformá-los em informações e preparar relatórios contábeis para a tomada de decisões. Aqueles que tomam decisões baseado nos relatórios contábeis, são denominados de usuários da Contabilidade, que podem ser usuários internos como Administradores, Gerentes, Funcionários e os chamados usuários externos, tais como Fornecedores, Bancos, Governos. A Contabilidade de uma empresa só pode ser exercida pelo Contador que, além de gerenciar todo o processo contábil, pode exercer diversas outras especializações tais como a de Organizar, Planejar e Controlar as operações contábeis de empresas em geral, realizar trabalhos de auditoria e de perícia contábil.

Palavras-chave: Guarda-livros. Profissional arrojado. Perfil dinâmico.

ABSTRACTIt was the time of “keep-books”. The mere bureaucratic functions are yielding space for bolder professionals, whom they desire to approach information and managemental utility. Sabe that to attend a course four years of superior education and to register themselves in the CRC it is only the beginning of the walked one of the Accountant. The market looks a dynamic profile, a professional whom if it brings up to date constantly and either a self-taught person. The globalization and the necessity of constant innovations take the employers to contract pro-active people, with sense of responsibility and capacity of if keeping brought up to date ahead of the legislative chaos that if verifies Brazil. The avalanche of information that the government demands of the companies is an indicative whom technician is not enough to improvement, being necessary the accountant to understand and to communicate themselves inside and outside of the organization, aiming at to adapt such requirements. Monthly, the governments federal, state and municipal pour in official gazette administrative decree sets of

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ten, regulations, acts, normative instructions, etc. The goal of Accounting and, consequently, in the counter, is to produce data, turn them into information and prepare financial reports for decision making. Those who make decisions based on the reports are called accounting, bookkeeping, which users may be internal users as administrators, Managers, Employees and the so-called external users, such as Suppliers, Banks, Governments. The Accounting of a company can only be exercised by the counter that, in addition to managing the whole process accounting, you can perform various other specializations such as Organize, plan and control the operations of companies in general accounting, auditing and accounting expertise.

Key-words: Keep-books. Bold professional. Dynamic profile.

1 INTRODUÇÃO

O contador deve possuir uma formação humanística, uma visão global que o habilita a compreender o meio social, político, econômico e cultural onde está inserido, tomando decisões em um mundo diversificado e interdependente, necessita de uma formação técnica e científica para desenvolver atividades específicas da prática contábil, com capacidade de externar valores de responsabilidade social, justiça e ética, precisa ter competência para compreender ações, analisando criticamente as organizações, antecipando e promovendo suas transformações.

A profissão contábil está regulamentada pelo Decreto-lei nº 9.295/46, e posteriores resoluções complementares.

O mercado de trabalho para contadores é o que mais proporciona oportunidades para o profissional, a área de atuação é ampla, oferecendo inúmeras alternativas de trabalho.

Características profissionais do contador se baseiam em fatores que envolvem: Flexibilidade, Liderança, Comunicação, Ética, Atualização constante, Responsabilidade social, Visão humanística, Formação técnica e científica, Iniciativa, Visão de mercado e futuro. O objetivo central é investigar qual o perfil dos contadores na atualidade. Tal objetivo fundamenta-se na reconhecida necessidade de que, no âmbito das transformações ambientais a que as empresas estão submetidas, entre elas o contínuo crescimento do nível de competição, novas exigências também se impõem a esses profissionais.

Nesse novo ambiente, os contadores para efetivamente contribuírem no processo de geração de valor às organizações, devem incorporar novas habilidades pessoais, desenvolver a capacidade de entendimento do negócio, adotar uma postura mais empreendedora. Em resumo, devem incorporar requisitos que os credenciem a postular maior inserção no processo de gestão. Estudos da mesma natureza, como o desenvolvido por Siegel e Sorensen (1999) sob o patrocínio do Institute of Management Accountants – IMA, por Calijuri (2004) e pelo

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American Institute of Certified Public Accountants – AICPA (2005), entre outros, justificam que novos estudos sejam realizados com a finalidade de se avançar no conhecimento sobre o delineamento do perfil dos contadores.

Ao fazer um diagnóstico do perfil dos contadores na atualidade, este estudo contribui com um conjunto de conhecimentos úteis à identificação do nível atual de preparação do profissional da contabilidade. Ao mesmo tempo, criam-se alguns indicadores que podem servir de parâmetro para identificar e direcionar ações de aperfeiçoamento, tanto no nível individual de cada contador como pelos organismos de classe, governamental e pelas instituições de ensino.

2 PERFIL DO CONTADOR GERENCIALO contador é aquele profissional cuja atuação veio evoluindo com a humanidade. Em

determinado momento contavam-se pedrinhas, hoje prestam-se consultorias, razão pela qual o profissional contábil precisa estar sempre num processo de educação continuada.

“É até difícil lembrar do tempo em que o contador era chamado de guarda-livros e a sua imagem era daquele sujeito que usava uma viseira na cabeça e um lápis preso na orelha”. (JACOMINO, 2000, p. 28).

“Contador. É o profissional que exerce as funções contábeis, com formação superior de ensino contábil (Bacharel em Ciências Contábeis)”. (IUDÍCIBUS; MARION, 2000, p. 44).

Segundo Franco (1999, p. 82), de conformidade com a evolução das sociedades e diante da globalização da economia: “O Contador tornou-se um consultor profissional, confiável, cujo aconselhamento é solicitado para ampla gama de assuntos”.

A grande mudança desta era, e com certeza a mais surpreendente, é o desafio que o avanço tecnológico representa. Com a revolução tecnológica tem-se bilhões de informações à disposição da sociedade, transitando na velocidade da luz. Para as empresas isto se traduz de várias formas, como o controle em tempo real e decisões quase em tempo real. Quase, porque ainda depende do homem.

Mesmo adaptado à velocidade vertiginosa das mudanças desse início de século, o ser humano, a princípio, não responde com a mesma agilidade dos computadores, quando se trata de decisões complexas. Afinal, o contexto da decisão sempre exigirá algumas análises, dependendo da importância do assunto e dos riscos envolvidos.

O avanço tecnológico e o crescimento da informação, sem limite, vêm apresentando desafios para a ciência contábil que, inevitavelmente, levarão a um redirecionamento no

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papel desempenhado pelos profissionais ligados a essa área. Alguns Contadores são tomados de surpresa pela constatação de suas limitações no desempenho de seu papel, sendo o profissional contábil percebido como carente de competências que ultrapassem seu domínio profissional, ou seja, os aspectos quantitativos da informação.

A Contabilidade tem papel de destaque nas empresas, uma vez que ao tratar os fatos patrimoniais, transformando-os em informações, exercita a sua principal função. Porém, o Contador não pode ficar limitado ao desempenho da função de informante. Deve, pelo contrário, estar preparado para a participação na tomada de decisões, visando identificar e corrigir as dificuldades e adversidades que surgem ao longo do caminho, através de ações pró-ativas, baseadas nas informações geradas pela Contabilidade.

O mercado atual requer modernidade, criatividade, novas tecnologias, novos conhecimentos e mudanças urgentes na visão através dos paradigmas, impondo, com isso, um desafio: o de continuar competindo. (SILVA, 2000, p.26)

No Brasil a profissão contábil tem todas as condições para um crescimento elevado e sustentado, pois a possibilidade de melhoria nesse campo, é ampla, principalmente em função da preocupação e de trabalhos desenvolvidos pelas entidades de classe brasileira.

O Conselho Federal de Contabilidade tem sido um órgão extremamente atuante para a melhoria e atendimento das necessidades da classe contábil. A profissão contábil está passando por significativas mudanças em sua estrutura interna e externa, alterações que ainda não são conhecidas pela grande massa dos profissionais, porém os órgãos estão trabalhando para que essa conscientização seja assimilada de forma global, para que os profissionais ainda fora do novo contexto tenham tempo e formas de reformulação e adaptação às novas necessidades exigidas pelo mercado.

O profissional contábil precisa mudar a sua postura diante da organização e passar de uma ação passiva para uma ação pró-ativa. Nesse sentido, IUDÍCIBUS (1991, p. 7) diz que, “para seu benefício profissional e como cidadão, o Contador deve manter-se atualizado não apenas com as novidades de sua profissão, mas de forma mais ampla, interessar-se pelos assuntos econômicos, sociais e políticos que tanto influem no cenário em que se desenrola a profissão”.

O profissional contábil entra numa nova era, mais atualizada, mais dinâmica, mais inovadora e mais exigente. Cabe aos profissionais da Contabilidade a responsabilidade na maximização da utilidade da informação contábil e todo o trabalho de procurar atender aos diferentes usuários desta informação. Não pode deixar que a Contabilidade seja apenas um retrato histórico da situação passada da entidade.

Os contabilistas têm tudo para serem extremamente importantes nas organizações, pois, além de suas funções tributárias (o que, por si só, já o remetem a administrar

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quase 40% do faturamento de uma empresa), poderão trazer para a organização um leque de análises, informações e idéias que podem significar a diferença entre o sucesso e o fracasso empresarial. Num mundo competitivo e global, quem errar em custos e formação de preços, fluxo de caixa e gestão de crédito, está fadado ao fracasso. O contador gerencial é definido pelo IFAC - International Federation of Accouting (Federação Internacional de Contabilidade) como um profissional que: “...identifica, mede, acumula, analisa, prepara, interpreta e relata informações (tanto financeiras quanto operacionais) para uso da administração de uma empresa, nas funções de planejamento, avaliação e controle de suas atividades e para assegurar o uso apropriado e a responsabilidade abrangente de seus recursos”.

O mercado de trabalho globalizado cria novas oportunidades de fundamental importância para o contador do novo milênio, como fornecedor das veracidades das informações contábeis e financeiras de uma empresa, esse profissional se torna importante comunicador das informações indispensáveis para a tomada de decisões.

O profissional contábil precisa ser visto como um comunicador de informações essenciais a tomada de decisões, pois a habilidade em avaliar fatos passados, perceber os presentes e predizer eventos futuros pode ser compreendido como fator preponderante ao sucesso empresarial. Silva (2003, p. 3).

No atual contexto da economia globalizada, com inexistência de fronteiras macroeconômicas e sociais, o contabilista deve entender a nova lógica do mercado mundial, não podendo em hipótese alguma, considerar esta situação de forma estática, pois a rapidez no ritmo das mudanças obrigam empresas, produtos e serviços a adaptarem-se em velocidade sem precedentes.

Estratégias que parecem interessantes em um determinado momento, revelam-se obsoletas logo em seguida. O Contabilista necessita atender a quatro etapas no processo qualificativo: formação acadêmica, experiência prática, competências, habilidades, ética e responsabilidade social.

2.1. Formação Acadêmica: Na formação acadêmica são três os agentes envolvidos: a instituição, o professor e o aluno. A educação, como principal agente, é a chave para valorização profissional, corresponde a um processo inserido no contexto das relações e interesses entre as instituições, aluno e empresas, que determinam a formação social, onde se faz necessário priorizar os aspectos filosóficos, políticos, sociológico e epistemológicos da educação contábil, visando a formação de um profissional consciente de sua missão histórica e preparado para agir em grupo.

2.2. A Instituição: Como responsável pela definição do currículo, deve determinar políticas

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claras e conscientes ao modelo de sociedade em que está inserida e o tipo de profissional necessário para atuar neste contexto. O currículo deverá atender aos valores e contradições da sociedade e a cultura onde estiver inserida. Este corresponde à descrição das ações necessárias para a construção da qualidade do ensino. Deverá estar voltado para capacitar o aluno ao entendimento da realidade e para a construção de novos modos de ver e compreender a realidade. Deve estar adequado e servir como ligação entre os objetivos educativos e as práticas sociais e culturais, permitindo a formação adequada do profissional desejado.

2.3. O Professor: A figura do professor aparece como orientador do processo de formação do profissional. Para que o objetivo da proposta seja atingido é necessário que o professor esteja engajado e consciente dos objetivos da Instituição. A seriedade e a dedicação do professor em desenvolver os programas das disciplinas sob sua responsabilidade são condições sine qua non para o funcionamento da ferramenta de valor que é o currículo. O professor como agente do aprendizado, deve cuidar da manutenção de suas competências, através de atualizações e cursos de aperfeiçoamento como mestrado e/ou doutorado, desenvolvendo pessoalmente um constante aprimoramento de seus conhecimentos e atuação profissional, o que implica, no desenvolvimento perfeito da comunicação, da capacidade intelectual e da orientação didático-pedagógica.

2.4. O Aluno: O aluno deverá estar preparado para os novos desafios que se seguem a partir do ingresso no ensino superior, através dos ensinamentos recebidos ao longo do curso, desenvolvendo competências e habilidades para o desempenho de sua profissão. Deverá ter consciência de sua responsabilidade no processo de aprendizado, dispondo-se a participar como protagonista, na execução de tarefas, estudos, pesquisas e mudanças de comportamento, visando o aprimoramento técnico e intelectual. Para tanto, o aluno deverá atuar ativamente através da dedicação e conscientização de seu futuro papel na sociedade, pois é o produto que a Instituição prepara para que seja absorvido por um mercado exigente, dinâmico e competitivo.

O profissional contábil, como um elemento que integra a organização, também está inserido nesse contexto, e vem sofrendo uma forte pressão diante das mudanças, pois a sua função está sendo reformulada a cada passo desse processo de transformação. Esse profissional deve buscar alternativas para agregar valor não só a empresa com o seu trabalho, utilizando a Tecnologia da Informação como uma aliada na aquisição e desenvolvimento de competências (BARBOSA, 2000, p.2).

Verifica-se que o perfil do Contador moderno é o de um homem de valor que precisa acumular muitos conhecimentos, mas que tem um mercado de trabalho garantido. É um

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elemento importantíssimo na agregação de valor da empresa, fazendo parte imprescindível do processo de tomada de decisões, pois aos seus conhecimentos está a responsabilidade pela “triagem” das informações colhidas das empresas e pela alocação destas ao desempenho operacional. Essas novas características fizeram surgir e ascender a Contabilidade denominada Contabilidade Gerencial, como ferramenta na gestão de negócios e a evolução do segmento de Consultoria na área contábil.

“O objetivo principal da contabilidade é o de permitir ao usuário a avaliação dasituação econômica e financeira da entidade, possibilitando-lhe fazer inferências sobre suas tendências futuras”. (IUDÍCIBUS; MARION, 2000, p. 22).

3 CONCLUSÃO

Terá vantagem competitiva o profissional que conciliar a formação acadêmica à prática da profissão. É importante que o profissional da área Contábil conheça e saiba executar todas as etapas necessárias ao fornecimento das informações contábeis. Com o avanço tecnológico, o Contador não exerce mais o papel de executor dos registros contábeis, pois os diversos sistemas de informações existentes já executam tal tarefa. Mesmo assim, é importante que o Contador, para adquirir a experiência prática necessária, saiba gerar tais informações. Esta prática auxiliará na interpretação destas, possibilitando ao Contabilista adquirir experiência e auxiliar nas tomadas de decisões. A experiência prática também é adquirida no momento em que o profissional se depara com situações que exijam, além dos conhecimentos técnicos, determinações de procedimentos e prioridades para a tomada de decisões no mercado. Para tanto, é importante que no decorrer de sua vida acadêmica, o aluno mantenha contato com as diversas funções existentes em sua profissão, através do mercado de trabalho e/ou laboratórios contábeis.

A Contabilidade tem evoluído significativamente através dos tempos, dentro desse contexto é inegável a influência da tecnologia sob a nova visão e desenvolvimento da profissão contábil. A introdução de sistemas e aplicativos computacionais possibilitou entre outras coisas, maior flexibilidade na manutenção e armazenamento dos dados, bem como na ampliação do conjunto de informações, eliminando a lentidão dos processamentos apresentados em décadas anteriores. Entretanto, o advento da informática na área contábil propõe que o contador, assim como todo e qualquer profissional, participe de um processo de atualização de seus conhecimentos, buscando constantemente compreender as inovações tecnológicas, a fim de produzir com qualidade os serviços prestados à sociedade.

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REFERÊNCIAS

CALIJURI, M.S.S. 2004. Controller: O perfil atual e a necessidade do mercado de trabalho. Disponível em: www.cfc.org.br/uparq/traba2colocado.pdf. Acesso em 30.04.2005.

FRANCO, Hilário. A Contabilidade na era da globalização. Temas discutidos no XV congresso mundial de contadores em Paris, 26 a 29.10.1997. São Paulo: Atlas, 1999. p. 82-89.

IUDICIBUS, Sérgio de. MARION, José Carlos. Introdução à Teoria da Contabilidade Para o Nível de Graduação. São Paulo: Atlas, 2000.

SILVA, Antônio Carlos Ribeiro da. Metodologia da pesquisa aplicada à contabilidade:Orientações de estudos, projetos, relatórios, monografias, dissertações, teses. SãoPaulo: Atlas, 2003.

IUDÍCIBUS, Sérgio de e MARTINS, Eliseu. Contabilidade:uma visão crítica e o caminho para o futuro. São Paulo: CRCSP, 1990.

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Iniciando na tecnologia AJAX1

Erik Leite Mota2

[email protected]

ResumoSegundo Jesse James Garret, sócio fundador da Adaptive Path, a grande maioria dos novos sistemas de software inovadores são on-line. Essa tendência vem se deparando com uma dificuldade presente no modelo atual de desenvolvimento de sistemas on-line Web. Esse modelo atual desfavorece os tipos de aplicações on-line que exigem um alto grau de interação com o usuário, por se tratar de uma arquitetura de requisição e resposta. Este artigo trata de um novo modelo alternativo que quebra o paradigma de desenvolvimento de aplicações Web atual, o AJAX. Grandes corporações como é o caso do Google, vem adotando esta metodologia em seus sistemas e obtendo um grande sucesso. O Google Suggest[2] e o Google maps[3] são exemplos da utilização do AJAX.Palavras-chave: Web. Interatividade. Ajax. Java. XML.

AbstractAccording to Jesse James Garret, founding partner of the Adaptive Path, the great majority of thenew innovative systems of software is on-line. This trend comes if coming across with a present difficulty in the current model of development of systems on-line Web. This current model disfavors the types of applications on-line that they demand one high degree of interaction with the user, for if dealing with architecture of solicitation and reply. This article deals with a new alternative model that breaks the paradigm of development of current Web applications, the AJAX. Great corporations as it is the case of the Google come adopting this methodology in its systems and getting a great success. The Google Suggest [2] and the Google maps [3] are examples of the use of the AJAX.

Keywords: Web. Iinteractive. Ajax. Java. XML.

1. Introdução

Os sistemas clássicos desenvolvidos na Web trabalham com o paradigma de requisição e resposta, ou seja, cada ação do usuário no navegador de internet faz uma requisição HTTP ao servidor que faz os processamentos necessários e devolve uma resposta em um formato HTML para o usuário. Esse modelo gera um grande descontentamento pelos usuários uma vez que para cada solicitação feita é necessário realizar todo o processo de envio, processamento no servidor e a devolução da página como resposta, ocorrendo em alguns casos, um 1 Área de conhecimento: Sistemas de Informação, desenvolvimento de softwares e a utilização da tecnologia Java com Ajax.2 Graduado em Ciência da Computação, Especializado em Java Corporativo, analista de sistema, desenvolvedor e professor.

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envio desnecessário de dados que nem sequer foram alterados. Isto se agrava em sistemas que exigem alta interatividade e/ou em páginas com um grande volume de recursos e dados, gerando um alto tráfego de rede. Nestes sistemas, o cliente fica, na maior parte do tempo, esperando o navegador carregar a próxima página. Um exemplo clássico desse modelo é a página na Web do FIES (Programa de Financiamento Estudantil do governo federal), esta aplicação é repleta de caixa de seleção de textos e para cada seleção executada pelo o usuário o navegador faz todo o processo de carregamento da página novamente gerando uma grande lentidão na utilização do sistema.

É dentro deste cenário que o AJAX se aplica. A proposta do AJAX é justamente reduzir drasticamente o tráfego de dados e aumentar exponencialmente a interatividade com o usuário. Os dados são enviados e recebidos sem a necessidade de se enviar toda uma página, somente os dados necessários e/ou alterados[1].

AJAX é o acrônimo de Asynchronous Javascript And XML, é a utilização sistemática de Javascript e XML para tornar o navegador mais interativo com o usuário utilizando-se de solicitações assíncronas de informações [5]. Esse termo não se trata de uma única tecnologia mais sim de um modelo que propõem a utilização em conjunto de diversas tecnologias bem conhecidas e aceitas na comunidade de desenvolvedores Web.

2. defInIndo AJAX

Como já foi dito anteriormente o AJAX surgiu para diminuir a lentidão no processo de request e response das ações do usuário e apresentação de páginas quando feita uma requisição ao servidor e a solução para isso seria o envio de parâmetros e dados por um canal exclusivo (através de uma thread própria dentro do navegador) utilizando Java script. Em seguida, o servidor devolve a resposta através do mesmo canal, evitando carregar uma nova página. Dessa forma, a resposta não terá o conteúdo de uma página inteira, mas apenas os dados que necessitam ser modificado. Um trecho de código Java script se encarrega de manipular esses dados e atualizar a página passando ao usuário a impressão de que a aplicação está mais interativa. A figura 2 mostra a arquitetura utilizada na metodologia AJAX.

Essa idéia existe já há algum tempo desde que se começou a usar scripts para manipular elementos de páginas HTML. A idéia inicial do canal exclusivo era implementada por meio de um frame HTML de tamanho mínimo, que realizava a requisição e devolvia uma página contendo, além dos dados, um script que atualizava o frame principal. O problema era que esse tipo de abordagem aumentava demais a complexidade para o gerenciamento. Neste caso era necessário uma página contendo o frameset (que define o layout dos frames na janela), um frame principal para mostrar os dados, e uma ou mais páginas para implementar a atualização do frame principal (cada atualização normalmente precisa de uma página de resposta específica), a figura 1 exibe o ciclo de vida de uma aplicação Web tradicional.

A situação melhorou com a evolução dos navegadores web através da classe XMLHttpRequest, que permite a requisição assíncrona de páginas Web, a manipulação do conteúdo dessas páginas Web e a manipulação do conteúdo dessas páginas no formato de dados (desde que a página esteja num formato apropriado). Isso simplificou muita a implementação de requisições através de threads próprias dentro do

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navegador sem a necessidade de utilização de artifícios como frames escondidos.

A técnica de criar uma página atualizada dinamicamente e parcialmente através de requisições ao servidor utilizando o objeto XMLHttpRequest, ficou conhecida como AJAX.

3. tIpos de AplIcAção

Existem tipos de aplicações Web que possuem características que podem ser implementadas utilizando AJAX, são elas:

• Caixas de seleção;

• Palavras completadas digitadas em caixas de texto como no Google Sugest.

• Sites que utilizam árvores com grandes hierarquias.

• Postagem de mensagens geradoras de diálogo imediato entre pessoas.

• Filtro de campos em formulários sem a necessidade de carregar a página novamente.

Abaixo segue um comparativo entre as arquiteturas:

Figura 1 - Ciclo de Vida de uma aplicação Web clássica [5].

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figura 2 - Ciclo de Vida de uma aplicação utilizando AJAX.

4. QuAtro prIncípIos de AJAX

Para se adequar à nova idéia de como programar para Web de maneira otimizada e ágil, os desenvolvedores precisam se acostumar com algumas idéias que seguem abaixo:

4.1 O navegador hospeda a aplicação e não o servidor.

Numa aplicação Web clássica, quando faz a requisição de algum dado do servidor, o navegador não sabe o que está acontecendo, pois ele é um terminal “burro”. Ele não faz a mínima idéia das ações que o usuário está realizando. Todas as informações estão gravadas no servidor em um local chamado sessão do usuário. Atualmente essas sessões de usuário no servidor são muito comuns.

Quando o usuário faz seu primeiro acesso ao site é criado uma sessão na qual vários objetos são inseridos no servidor representando as atividades do usuário no determinado site. Nesse tempo, é enviada a página principal com todo o seu conteúdo para o navegador, juntamente com dados que podem ter sido requisitados pelo usuário como, por exemplo, uma consulta a uma tabela de preços. Toda vez que o usuário faz a interação com o site, é enviado novamente um outro documento ao servidor. O navegador, sem saber

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o que foi pedido, tira a página atual e coloca a nova, que será retornada, no local, pois ele não sabe que o conteúdo pode ser muito semelhante.

O usuário efetuando a saída ou fechando o navegador, implica no fechamento da aplicação e a sessão do usuário no servidor é destruída. Se o usuário necessitar de alguma informação depois, terá que acessar novamente o servidor e fazer novamente todas as requisições.

Em AJAX, parte da lógica da aplicação é deslocada para o navegador. Nesse contexto, quando o usuário entra é carregado um documento mais complexo no navegador, onde grande parte é o código Java script. Esse documento permanecerá com o usuário até ele fechar a sessão, possibilitando, por exemplo, que o web-mail do usuário continue logado mesmo depois de fechar o navegador.

4.2 O servidor fornece dados, e não conteúdo.

Na aplicação clássica, quando o usuário faz uma requisição ao servidor, são retornados

todos os conteúdos e os dados são misturados, modificando toda a página. Por que não

mudar somente os dados já que o resto da página não será alterado? Essa é a idéia do

AJAX. Em um primeiro acesso ao servidor é baixada uma grande parte da aplicação para

o navegador como uma grande explosão de dados. Pode parecer uma coisa ruim, mas

posteriormente serão trafegados somente os dados que o usuário requisitar e não todo

o conteúdo da página agilizando o processamento e tornando a aplicação AJAX muito

menor do que a aplicação clássica veja o gráfico da figura 3.

4.3 A interação do usuário com a aplicação pode ser flexível

O navegador oferece duas formas de enviar entradas de dados para um outro computador: hyperlinks e formulários HTML.

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Figura 3 - Tráfego de dados entre as duas arquiteturas [5].

Os hyperlinks apontam para páginas dinâmicas ou servlets. Eles podem estar associados a imagens ou folhas de estilo (CSS) para melhorar a interface com o usuário.

Os formulários HTML oferecem componentes padrões para interface com o usuário como caixas de texto, caixas de checagem, botões de submissão. Porém, esse pacote não contém outros componentes como seleção em árvore, grades para edição, ou caixas de combinação. Os formulários assim como os hyperlinks apontam para URLs armazenadas no servidor.

Outra alternativa é apontar os hyperlinks e formulários para funções Java script. Atualmente essas funções têm como objetivo validar formulários verificando campos vazios, valores de intervalo entre outras até ser submetido ao servidor.

A vantagem do AJAX para esse tipo de problema é que não é necessário o usuário clicar em hyperlinks ou fazer uma submissão de um frame para que a comunicação seja efetivada com o servidor. Essa comunicação pode ir acontecendo em paralelo com as atividades do usuário na pagina. Por exemplo, enquanto o usuário vai digitando algo em uma caixa de texto, automaticamente um processo em paralelo carrega opções de auto completar.

4.4 Disciplina na codificação

Nas aplicações web clássicas, o Java script é utilizado para tentar aproximar as aplicações Web das aplicações desktop em termos de interatividade e validação. Mas isso tem um preço, o uso excessivo dessa técnica faz com que essas aplicações fiquem lentas causando a irritação do usuário.

Escrever o código em AJAX envolve disciplina, pois como já foi dito anteriormente, a programação

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pesada não ficará somente no servidor mas também, no cliente e neste caso, preocupações do tipo: criação de códigos de alto desempenho, fáceis de dar manutenção, passam a ser procedimentos comuns no lado do cliente também.

5. eXeMplo utIlIZAndo dWr [5]

O DWR (Direct Web Remoting) é uma biblioteca RPC, a qual facilita as chamadas de métodos Java a partir do Java script e vice-versa. É importante ressaltar que para a utilização desta biblioteca deve-se conhecer toda a arquitetura envolvida no desenvolvimento de softwares Web. Abaixo segue as orientações para a implementação:

- Inicialmente deve-se realizar a instalação do JAR DWR e colocá-lo no WEB-INF/lib de sua aplicação;

- Criar um arquivo chamado dwr.xml no mesmo diretório de seu web.xml . Este arquivo será o responsável por dizer ao DWR quais métodos poderão ser acessados:<!DOCTYPE dwr PUBLIC “-//GetAhead Limited//DTD Direct Web Remoting 1.0//EN” “http://www.getahead.ltd.uk/dwr/dwr10.dtd”><dwr> <allow> <create creator=”new” javascript=”Demo”> <param name=”class” value=”com.exemplo.Demo”/> </create> </allow></dwr>

- Criar uma página HTML e adicionar:

<p>

Nome:<input type=”text” id=”nome”/>

<input value=”Enviar” type=”button” onclick=”atualizar()”/>

<br/>

Resposta: <span id=”resposta”></span>

</p>

- Criar um arquivo Javascript contendo:

function atualizar() {

var name = dwr.util.getValue(“nome”);

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Demo.Ola(name, function(data) {

dwr.util.setValue(“resposta”, data);

});

}

- Criar uma classe Java contendo:

package com.exemplo;

public class Demo {

public String Ola(String nome) {

return “Olá, “ + nome;

}

}

Finalmente com estes arquivos a aplicação já estará pronta para ser executada utilizando AJAX.

6. conclusão

Em suma, pode-se afirmar que o AJAX não se trata de um componente ou simplesmente uma API que o usuário faz o download em um Web Site, trata-se, na realidade, de várias técnicas abrangentes reunidas para formar uma arquitetura que permita agilizar a interação entre o usuário e o navegador. Com o AJAX os sistemas Web poderão atender a certos critérios de usabilidade não atendidos nos sistemas tradicionais: navegação, tempo de resposta as ações, etc. Portanto o intuito principal é tentar aproximar ao máximo as aplicações Web dos softwares desktop em termos de interação e comunicabilidade, criando uma maior usabilidade nos sistemas on-line.

referêncIAs

[1]CERQUEIRA, F. AJAX – O que você gostaria de saber, [http://www.linhadecodigo.com.br/artigos.asp?id_ac=952], 23/02/2006.

[2]GOOGLE - Google Sugest, [http://www.google.com/webhp?complete=1&hl=en] acesso em 10/05/2010.

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[3]GOOGLE - Google Maps, [http://maps.google.com/] acesso em 10/05/2010.

[4]REMOTING, Direct - Direct Web Remoting, [http://directwebremoting.org] acesso em 10/05/2010.

[5]WIKIPÉDIA, Enciclopédia - Definição de AJAX, [http://pt.wikipedia.org/wiki/AJAX_(Web)] acesso em 10/05/2010.

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JINI

Graziele Rocha Serafim{[email protected]}

RESUMOEste artigo tem a finalidade de apresentar como funciona o JINI e quais são suas funções, relatar sobre seus principais serviços, a vantagem e desvantagem de se utilizar, e um breve resumo de sua origem. O sistema JINI é um sistema distribuído baseado na idéia de grupos coorporativos de usuários e de recursos utilizados por estes usuários.

Palavras-Chave: JINI. JAVA. Sistemas distribuidos.

ABSTRACTThis article aims to present how the JINI and what are its features. Report on its main services, the advantage and disadvantage of using, and a brief summary of its origin. System JINI is a distributed system based on the idea of corporative groups of users and resources used by these users.

Keywords: JINI. JAVA. Distributed Systems

Introdução

Este trabalho trata-se de um levantamento bibliográfico, com a contribuição dos autores: BLUME (2005), COULOURIS (2005), FLENNER (2001), FREIRE (2006), JUNIOR E ESTRELLA (2006), SIMOMURA (2009), TANENBAUM (2003), WALDO (2001).

A tecnologia JINI (Java Intelligent Network Infrastructure) define um conjunto de convenções capaz de permitir que serviços e clientes formem um sistema distribuído extremamente dinâmico, permitindo que as aplicações possam descobrir serviços em uma rede (WALDO, 2001).

A tecnologia JINI foi criada para permitir que qualquer tipo de rede composta de serviços e dos clientes destes serviços, seja facilmente montada, desmontada e mantida em operação (WALDO, 2001).

JINI possui um modelo que define como os clientes e os serviços vão se comunicar uns com os outros. Os clientes acessam os serviços através de objetos comuns disponibilizados por entidades chamadas “service providers” usando qualquer tecnologia de rede.

Um sistema JINI é um sistema distribuído baseado na idéia de grupos coorporativos de

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usuários e de recursos utilizados por estes usuários (BLUME, 2005).

1. História do JINI O surgimento do JINI é muito semelhante ao do JAVA. O JAVA tinha como função original desenvolver pequenos softwares para dispositivos, mas teve um foco na Web por volta de 1994/1995 e seu uso original foi esquecido (sun.com/jini). Por volta de 1995, Bill Joy, tinha um desafio: “... trazer e ligar qualquer tipo de sistema eletrônico individual à rede, num conceito de redes espontâneas, de forma tão simples como ligar um telefone, tão viável e persistente como o rádio, tão fácil de operar como a TV e tão poderoso como o somatório de todos os dispositivos que lhe possamos ligar” (BLUME, 2005). Alguns dos requisitos para realizar esse desafio, era uma linguagem robusta para ser desenvolvida a aplicação, a utilização de uma máquina virtual para executar o programa em qualquer processador e, um sistema para interligar essa maquina virtual (sun.com/jini). Com a junção desses requisitos, surge a tecnologia JINI. Hoje, Bill Joy, é vice-presidente da SUN Microsystens e responsável pela criação do projeto de Investigação e Desenvolvimento da Tecnologia JINI (jini.net).2. Arquitetura JINI

Um sistema JINI é composto das seguintes partes:• Um modelo de programação que suporta a produção de serviços distribuídos;• Um conjunto de componentes que oferecem uma infra-estrutura para serviços

coorporativos em sistemas distribuídos;• Serviços que podem fazer parte da federação JINI e que oferecem funcionalidades

para outros membros da federação.

Segundo Blume (2005), JINI é visto como uma rede de extensões de infra-estrutura, modelo de programação e serviços que a tecnologia JAVA criou com sucesso em um caso de uma máquina particular.

Estas categorias estão representadas na tabela abaixo:Infra-Estrutura Modelo de

ProgramaçãoServiços

Base JAVA Java VM, RMI, Segurança JAVA

API’s JAVA, JAVA Beans, ...

JNDI, Enterprise Beans, JTS, ...

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JAVA + JINI Discovery/Join, Segurança Distribuida, Lookup, RMI Estendido

Leasing, Transaction, Events, Two Phase Commit.

Impressao, Gerenciamento de Transações (transaction), Serviços JAVA Spaces

Tabela1: Distribuição da Arquitetura JINI. (Blume, 2005)A arquitetura JINI explora estas características do ambiente de aplicação JAVA para

simplificar a construção de sistemas distribuídos, estendendo o conceito de fácil movimentação de objetos para toda a rede (jini.net).

Entretanto, a parte central do JAVA, utilizada pela arquitetura JINI, depende de seu ambiente de programação e não de sua linguagem de programação. ` Q u a l q u e r linguagem de programação pode ser utilizada pelo sistema JINI, se possuir um compilador que produza bytecodes compatíveis com a linguagem de programação JAVA (sun.com/jini).

Figura 1. Arquitetura do Serviço JINI

3. Sistemas Distribuídos Sistemas Distribuídos são aqueles que gerenciam as atividades e os recursos distribuídos, possibilitando um processamento descentralizado e melhorando o desempenho do sistema (JUNIOR e ESTRELLA, (2006)).

Segundo Tanenbaum (2003) Sistemas Distribuídos é uma coleção de computadores independentes que se apresentam ao usuário como um sistema único e consistente. J á segundo Coulouris (2005) é um conjunto de componentes (hardware e software) localizados em computadores ligados em rede que comunicam e coordenam as suas ações apenas por troca de mensagens.

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A grande vantagem de um Sistema Distribuído em relação aos outros é sua maior disponibilidade, geralmente resultante da redundância de seus componentes.

Os Sistemas Distribuídos possuem também seu próprio sistema operacional, memória e dispositivos. O que define um sistema distribuído é uma maior dependência de cada subsistema para o sistema como um todo (TANENBAUM, 2003).

Um exemplo de um sistema distribuído é a própria internet, pois temos um conjunto de computadores independentes que se interligam mutuamente com o objetivo de compartilhar recursos, dando a impressão ao usuário que isso é um único sistema (SIMOMURA, 2009).

A tecnologia JINI é praticamente um sistema distribuído, por não depender de um servidor central, ou o conhecimento de hardware e software, a falha de um dispositivo não afeta os demais dispositivos, o que resulta em um ambiente mais flexível e adaptável. 4. Serviços Serviços são uma entidade usada por uma pessoa, um programa ou outros serviços (FREIRE, (2006)). Um sistema JINI contém serviços que podem trabalhar juntos para realizar uma dada tarefa. Esses serviços podem ser adicionados ou removidos dinamicamente (FREIRE, (2006)). Um modelo de programação e infra-estrutura é criado para possibilitar que os serviços possam ser oferecidos e encontrados em uma federação na rede. Estes serviços utilizam a infra-estrutura para fazer chamadas uns aos outros, para descobrir os dispositivos existentes e anunciar sua presença a outros serviços e usuários (BLUME, 2005)5. Descoberta (Discovery)

A parte principal do sistema JINI é a parte de protocolos discovery, que ocorre em diferentes tempos. Discovery ocorre quando um serviço se junta ao serviço lookup, por exemplo, quando um dispositivo é conectado.

A descoberta (Discovery) ocorre quando um serviço é procurado pelo lookup, com este sendo registrado (BLUME, 2005).

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Figura 2. Processo de descoberta (Discovery) (BLUME, 2005)

6. Lease

Uma locação é um mecanismo básico utilizado para falhas de controle de recursos tolerante em JINI. A idéia essencial por trás de um contrato de locação é bastante simples. Quando aceder a um recurso, o partido pedir o acesso faz com que o pedido de algum intervalo de tempo (FREIRE, (2006)).

O concessor do recurso, então, possui acesso a um determinado período de tempo que não é mais do que a solicitada (embora possa ser mais curto), o período de tempo que é efetivamente concedido é devolvido ao solicitante, como parte do objeto da concessão (FREIRE, (2006)).

O titular de um contato de locação pode solicitar que um contato seja renovado, ou cancelar o contato a qualquer momento. O sucesso em renovar um contato de locação acontece ao se estender o período de tempo durante o qual o contato está em vigor. Ao efetuar o cancelamento do contato de locação a mesma cai imediatamente. Se um contato expirar, o outorgante do contato de locação pode tomar uma ação sobre o recurso que pode liberar esse recurso, e do titular do contato (que já terminou) pode saber que o proprietário tomou essa ação (FREIRE, (2006)).

As medidas efetivamente tomadas no vencimento da locação devem ser especificadas como parte da descrição do método chamado quando a locação foi originalmente efetuada. (FREIRE, (2006)).

Um dos serviços que utiliza leasing é o serviço de pesquisa. Quando um serviço

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registra um pedido de serviço de pesquisa, solicita um período de tempo para que o registro seja aceito. O serviço de pesquisa irá conceder uma locação que é o mínimo do tempo requerido e a duração da concessão máxima que foi configurada para o serviço de consulta particular. Cabe então ao serviço, renovar o contato de arrendamento que é entregue de volta como um resultado da chamada de registro (FLENNER, 2001).

Ao renovar o contato de arrendamento, o serviço voltará a pedir uma renovação de um período particular e a renovação será novamente de no mínimo de tempo requerido e a duração da concessão será a máxima oferecida pelo serviço de pesquisa. Um bem-comportado serviço de pesquisa irá conceder qualquer pedido de renovação de concessão que ele recebe. Se um serviço pretende terminar a sua inscrição com o serviço de pesquisa, ele irá cancelar a locação, e o serviço de pesquisa será então suspenso no momento da inscrição do referido serviço (FLENNER, 2001).

A razão pela qual os registros são alugados, no entanto, ocorre pelo fato do serviço ficar indisponível por razões não planejadas. Se o serviço estava a cair, ou tornar-se indisponível devido à falha de rede, ele não seria capaz de anular a sua inscrição (FREIRE, (2006)). Nesse caso, o contato para o registro irá expirar e o serviço de pesquisa será suspenso expedindo a matrícula de que o serviço não está mais disponível. Esse comportamento é determinado pelo serviço de pesquisa, por isso, se o serviço fica disponível após tal lapso, ele sabe que precisa registrar-se novamente (ao invés de tentar fazer uma renovação de concessão) para mostrar a sua disponibilidade (FREIRE, (2006)).

Um exemplo um pouco diferente do leasing é o uso de locações na operação de interfaces para JINI. Todas as transações são alugadas, e as concessões podem ser renovadas. Se uma operação de arrendamento caduca o sistema anula a transação, isso permite que o gestor de transações possa lidar com os participantes que caem, mas também mostra que a ação que está a ser feita ao término da locação é dependente da semântica do recurso que está sendo locado (FLENNER, 2001).

Locações são como manter vivas as mensagens de batimentos cardíacos, mas diferem em que os recursos podem ser dados em diferentes durações e locações. Assim, o período de tempo que é permitido antes da falha é descoberto e tomado as medidas de correção que podem ser determinadas com base em uma negociação entre o cliente do serviço e o próprio serviço, em vez de ser definida em um sistema de escala

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(FLENNER, 2001).

Figura 3. Negociação entre concessionário do lease e o portador do lease.7. Serviços Lookup Este serviço de Lookup é um mecanismo central de registro para o sistema e representa o maior ponto de contato entre o sistema e seus usuários. Ele mapeia as interfaces indicando as funcionalidades oferecidas pelo serviço. É também um processo que mantém registros de todos os serviços (BLUME, 2005). Esses serviços são adicionados usando dois protocolos: o de descoberta, que acha o serviço de lookup e o de registro que grava o registro de serviço do mesmo.

Figura 4. Típico sistema JINI (FREIRE, (2006)).

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Figura 5. Protocolo Lookup(FREIRE, (2006)).

8. RMI A comunicação entre serviços é realizada utilizado o Java Remote Method Invocation (RMI). O RMI oferece mecanismo para encontrar, ativar e efetuar coleta de lixo em grupos de objetos, também oferece uma infra-estrutura multicast, replicação e mecanismos para segurança básica e confidencial (FREIRE, (2006)). A infra-estrutura para suportar a comunicação entre serviços pertence à infra-estrutura JINI.

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Figura 6. Registro de serviço.O RMI não permite somente que dados sejam passados de um objeto para outro

através da rede, mas sim objetos inteiros, incluindo código. A maior parte da simplicidade JINI é obtida pela habilidade de movimentação de códigos através da rede em uma forma que é encapsulada como objeto (FLENNER, 2001).9. Segurança Os serviços JINI são acessados por uma entidade que está ligada a um usuário do sistema. A lista de controle de acesso do Objeto é verificada para determinar se a entidade tem permissão de utilizar o serviço (FREIRE, (2006)). O modelo de segurança JINI é constituído baseado na noção principal/lista de controle de acesso. O acesso a um serviço é concedido dependendo do conteúdo na lista de controle de acesso que está associada com o objeto. 10. Código Móvel

JINI faz amplo uso de código móvel. Geralmente isso é usado para encapsular os protocolos de comunicação entre os serviços JINI. Após pesquisa e descoberta, um cliente irá baixar um proxy para um serviço através de um servidor codebase, este proxy é então serializado em um objeto de execução com uma interface conhecida, o cliente chama métodos no serviço de proxy, que por sua vez é responsável pela execução como a comunicação quando o serviço ocorre (geralmente RMI é usado aqui) (WALDO, 2001).

11. JavaSpace

JavaSpaces é uma rede acessível associada à memória compartilhada. Outra maneira de olhar para JavaSpaces é como um lugar na rede para compartilhar, trocar e armazenar objetos Java (FLENNER, 2001).

Um problema comum em sistemas distribuídos é descobrir uma boa maneira de

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manter as partes do sistema dissociadas das outras. Ao fornecer uma localização na rede para compartilhar e trocar objetos o JavaSpaces prevê um mecanismo de coordenação que mantém os componentes dissociados - os componentes não precisam de conhecer a identidade ou localização. Além disso, nas lojas JavaSpaces os objetos que estão sendo trocados e as entidades de comunicação não precisam existir ao mesmo tempo. Finalmente, porque é JAVA, JavaSpaces centraliza os objetos que estão sendo trocados sobrepondo comportamentos, bem como os dados. Isso permite que os protocolos exatos usados para comunicação entre as entidades possam ser variados ao longo do tempo sem ter que desligar o sistema (FLENNER, 2001).

11. Vantagens e desvantagens de se utilizar a arquitetura JINIAs principais vantagens da arquitetura JINI são:- Permitir que a rede se configure e se repare automaticamente, no caso de serem

ligados novos componentes ou se ocorrer alguma falha nos já existentes.- Movimentar os dados na rede utilizando tecnologias baseadas na linguagem JAVA

como as ligações em sockets e o protocolo JRMI (Java Remote Method Invocation), e apesar de ter sido construída nesta linguagem, não exige que os seus clientes, serviços e tarefas utilizem esta linguagem (FLENNER, 2001).

- Permitir a rápida e simples integração de componentes antigos, atuais ou futuros.A tecnologia JINI é grátis e open-source, simples e flexível; possue suporte a eventos,

transações; transparência para as implementações e é plug-and-play networks (jini.net). As desvantagens são que as interfaces devem ser previamente conhecidas; possui

dependência de padronização para uso genérico; não tem muito suporte a segurança e não se tornou tão popular (FLENNER, 2001). Conclusão JINI por ser um sistema distribuído e também por ser uma linguagem JAVA requer um pouco mais de tecnologia do que qualquer outro sistema, entretanto JINI ainda não é muito conhecido. Ele possui muitos serviços, mas com poucas seguranças nos dados. Segundo este artigo, vários autores têm opiniões diferentes referentes ao JINI, mas todos concordam que é muito fácil implementá-lo e seu custo é muito grande, devido aos requisitos que ele precisa para poder funcionar. Com isso, pode se concluir que o JINI ainda tem muito que ser aperfeiçoado para poder ser utilizado por todos.

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Referencias

BLUME, Marco Antonio. Tecnologia JINI. Universidade do Vale do Rio dos Sinos. 1-5, 2005. Disponível em <http://www.inf.unisinos.br/~barbosa/paradigmas/consipa3/61/artigos/a22.pdf>. Acesso em 10 de agosto de 2009.

COULOURIS, G.; DOLLIMORE, J.; KINDBERG, T. Distributed Systems: Concepts and Design. Addison Wesley/Pearson Education, 2005.

FLENNER, R. Jini and JavaSpaces: Aplication Development. Sams Publishing, 2001.

FREIRE, Alexandre. Palestra de Introdução JINI, 2006. Disponível em <http://gsd.ime.usp.br/~kon/MAC5755/aulas/slides/palestra_jini_slides.pdf>. Acesso em 9 de dezembro de 2009.

JAVA <http://www.sun.com/jini>. Acesso em 10 de outubro de 2009.

JINI, 1999. Disponível em: <http://magnum.ime.uerj.br/~alexszt/cursos/topesp_inter/trabs/992/g14/jini.html#Localizador%20de>. Acesso em 17 de novembro de 2009.

JINI <http://www.jini.net>. Acesso em 10 de outubro de 2009.

JUNIOR, Wanderlei Pereira Alves, ESTRELLA, Júlio Cezar. Sistemas Operacionais Distribuídos, 2006. UNESP/IBILCE. 1-20. Disponível em: <http://www.dcce.ibilce.unesp.br/~norian/cursos/pso/seminarios2002/so1.pdf>. Acesso em: 7 nov. 2009.

SIMOMURA, B. Celio. Sistemas Distribuidos. Artigonal Direito de artigos gratuitos, 2009. Disponível em: <http://www.artigonal.com/informatica-artigos/sistemas-distribuidos-991878.html>. Acesso em: 9 dez. 2009.

TANENBAUM. Andrew.S. Sistemas Operacionais Modernos. 2ª Ed, Pearson Prentice Hall, 2003.

WALDO, J. Mobile Code, Distributed Computing, and Agents, IEEE Intelligent Systems, 2001.

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SIG: GEOPROCESSAMENTO, GOOGLE EARTH E GPS

Israel M. [email protected]

Rosemeire Pedroso [email protected]

Tassya Ventura [email protected]

Rogerio Oliveira Machado [email protected]

Orientadora: Prof. Esp. Andréia Rodrigues [email protected]

RESUMOSIG são sistemas de informações geográficas, que quando unidos a um banco de dados pode criar sistemas poderosos para análise e planejamento de mapas e áreas cartográficas. Através dele é possível se obter a localização de um objeto, em qualquer lugar do globo terrestre. Para poder controlar e análisar destes dados são utilizadas técnicas de Geoprocessamento. Atualmente são encontrados diferentes meios para se conseguir utilizar essa tecnologia, como o Google Earth e GPS (Global Positioning System), Sistema de Posicionamento Global, muitos desses sistemas já fazem parte do cotidiano da população, mesmo sem perceber, empresas utilizam essa tecnologia constantemente.Palavras-chave: SIG. Geoprocessamento. Google Earth. GPS.

ABSTRACT

GIS is geographic information systems, which when attached to a database can create powerful systems for analysis and planning maps and cartographic areas. Through it is possible to get a location of an object, anywhere in the globe. To monitor and analyze this data is used the technique of GIS. Are now found different means to achieve using this technology, such as Google Earth and GPS (Global Positioning System), Global Positioning System, many of these systems are already part of everyday life of people without even realizing it, companies Usage of this technology constantly.Key-words: GIS. Geoprocessing. Google Earth. GPS.

1 INTRODUÇÃOAtualmente, observa-se um grande crescimento da inclusão de técnicas para tratamento de dados geográficos nos sistemas de informação. Estes sistemas são denominados Sistemas de Informação Geográfica (SIG) (CÂMARA, 1996).

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O Sistema atualmente conhecido como SIG (Sistemas de Informações Geográfica), começou a se espandir desde 1996, quando começou a se observar um grande crescimento e surgimento dessa tecnologia como grande auxiliadora no processo de geolocalização.

A partir daí, diferentes tecnologias e sistemas foram desenvolvidos, desde os sistemas Stand-Alone, que podem ser instalados em uma estação qualquer como o Google Earth com serviços disponibilizados pela Web como o Google Maps, além de dispositivos que podem ser utilizados em qualquer lugar a qualquer hora, como é o caso dos GPS portáteis.

Este artigo tem o objetivo de comentar sobre estas tecnologias, como:• Geoprocessamento, que é o meio utilizado para análise de dados cartográficos e

mapas, assim como o seu histórico e funcionamento;• Google Earth, um software que vem se consolidando no mercado de sistemas Stand-

Alone, como funciona e como é a sua base de dados;• GPS, um dispositivo para geolocalização muito utilizados atualmente, tanto por

usuários convêncionais como empresas, e pode ser utilizado em qualquer lugar, seja no carro ou em meio a uma mata fechada, tem-seinformações de como os mesmos funcionam, quais suas características e formas de utilização.

Ao final deste artigo foram apresentadas determinadas marcas de navegadores obtidos em sites e-commerce dispostos em tabelas e gráficos de valores.

2 GEOPROCESSAMENTO

O Geoprocessamento é o estudo, através de técnicas matemáticas e computacionais, para análise de mapas, ou seja, espacialização, saber atavés de cálculos, a exata localização em mapa. Ele influencia diretamente as áreas da Cartografia, Transportes, Comunicações, Planejamento Urbano, Energia e Análise de Recursos Naturais.

As ferramentas computacionais para Geoprocessamento, chamadas de Sistemas de Informação Geográfica (SIG, ou GIS, na abreviação em língua inglesa), permitem realizar análises complexas, ao integrar dados de diversas fontes e ao criar bancos de dados georreferenciados. Tornam ainda possível automatizar a produção de documentos cartográficos (CÂMARA, 2008).

Os Sistemas responsáveis por gerenciar os recursos do Geoprocessamento são denominados SIG ou Sistemas de Informações Gerenciais, eles nos permitem visualizar os dados para uma análise e/ou planejamento.

1.1 HISTÓRICO DO GEOPROCESSAMENTO

O Geoprocessamento teve sua primeira aparição na década de 50, período em que os Estados Unidos e Inglaterra tentam automatizar o processamento de dados espaciais.

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Logo mais, na década de 60 no Canadá, através de programas governamentais, começaram a surgir os primeiros Sistemas de Informação Geográficos (SIG) para controlar estes Dados Espaciais, mas o sistema ainda era muito difícil de controlar devidos os computadores da época não possuírem resoluções de alta qualidade e processamentos com alta velocidade como os atuais. Os programas não foram levados muito a sério.

Por volta da década de 70, já havia computadores mais velozes e capacitados no requisito de Hardware, foram desenvolvidos sistemas comerciais SIG (surgimento da Sigla), assim como o surgimento de Sistemas CAD (Computer Aided Design), para desenho de plantas e projetos civis no setor de engenharia, nesta época ainda foram desenvolvidos alguns fundamentos matemáticos voltados para a cartografia, assim como também questões de geometria computacional. Devido aos altos custos, estes softwares só eram utilizados por grandes empresas, afinal eram necessários computadores de grande porte.

Na década de 80 foi quando os Sistemas de Informações Geográficas começaram a reação para o crescimento, foi quando os centros de pesquisa se intensificaram para uma melhoria do sistema, com uma margem de utilização já mais elevada, estimulou-se a pesquisa e exploração. Nesta mesma época o Geoprocessamento começa sua jornada pelo Brasil, através de uma divulgação feita pelo Prof Jorge Xavier da Silva (UFRJ). Após a visita do Dr. Roger Tomlinson, responsável pela criação do primeiro SIG, começou o surgimento de grupos interessados na tecnologia, como: UFRJ, que desenvolveu a SAGA (Sistema de Análise Geoambiental); Maxidat, que criaram a Maxicad; CPqD/TELEBRÁS, que iniciou o desenvolvimento do SAGRE (Sistema Automatizado de Gerência da Rede Externa), uma aplicação de Geoprocessamento no setor de telefonia; INPE: estabeleceu um grupo para o desenvolvimento de tecnologia de geoprocessamento e sensoriamento remoto. A DPI (Divisão de Processamento de Imagens) desenvolveu o SITIM Sistema de Tratamento de Imagens e o SGI (Sistema de Informações Geográficas), para ambiente PC/DOS, e o SPRING (Sistema para Processamento de Informações Geográficas).

Quando entramos na década de 90 a verdadeira consolidação dos SIG’s foi vista agora com vários softwares, em sua maioria privados (AutoCAD, ArcView), e, com o surgimento do interesse governamental nestes sistemas, foram introduzidos investimentos nessa ferramenta. Nesta década o uso do Geoprocessamento começou a ser visto como ferramenta de apoio à tomada de decisão, tendo saído do meio acadêmico para alcançar o mercado.

A primeira versão do Perfil de Metadados Geoespaciais do Brasil (Perfil MGB) foi publicada no Diário Oficial da União no dia 30 de novembro de 2009 (MORETTI, 2009).

O Brasil investe cada vez mais nessa ferramenta, procurando soluções para um planejamento estratégico.

Atualmente os Sistemas de Informação Geográficos já são parte do nosso dia-a-dia, um exemplo disso é o Google Earth, um dos softwares que vem se consolidando no mercado. Além das ferramentas disponíveis pela WEB, por exemplo, o Google Maps, começou a ser consolidado no final da década de 90, período em que o uso da WEB se tornou mais popular.

Os aparelhos móveis não demoram a chegar atualmente, com a tecnologia, os GPS’s começaram a se tornar indispensáveis para quem busca segurança. Empresas de softwares procuram se incluir no mercado como a Microsoft que já anunciou sua ferramenta de visualização do Globo terreste em 3D, chamado de Virtual Earth. Fabricantes, Montadoras e empresas de desenvolvimento procuram inserir, em seus produtos e serviços, sistemas de rastreamento, localização e tudo que é possível com o Geoprocessamento. Exemplo presente em nosso cotidiano é a localização de encomendas pelo sistema de correios, um avanço que proporcionou aos clientes saber a exata localização do objeto e até uma estimativa de recebimento.

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A imensa maioria das pessoas não tem a consciência de que, ao acender a luz ou abrir a torneira em sua casa, indiretamente consumiu um serviço de geoprocessamento. As concessionárias destes serviços certamente se utilizaram deste recurso para seus planejamentos em termos de obras, distribuição e planejamento. O mesmo se dá quando o indivíduo risca um fósforo (consumindo pinus de reflorestamento), ou observa aquele vendedor que registra os pedidos em um palm top, para organizar a cadeia de distribuição (rotas) (NOVATERRA GEO, 2008).

A cada dia fica mais comum estar em contato com o Geoprocessamento, mesmo que não saibamos que ele está de alguma forma sendo usado.

2.2 DEFINIÇÃO E FUNCIONAMENTO

O Geoprocessamento é o reconhecimento do solo terrestre, onde através de sensores é possível catalogar e armazenar essas informações de maneira digital em um banco de dados, para isso são utilizados conceitos, métodos e técnicas erigidos em torno do processamento eletrônico dos dados. Através de um programa gerenciador de sistemas geográficos é possível visualizar estes dados, bem como efetuar análises e cruzar informações para que se possa associar coordenadas.

Os Sitemas de Informações Geográficas tem como objetivo melhorar o reconhecimento real de uma determinada área terrestre, assim, em um planejamento de um centro habitacional urbano, por exemplo, sua utilização se torna muito importante em uma tomada de decisão.

Os geoprocessamentos utilizam sensores remotos para rastrear a superfície terrestre, estes sensores nada mais são do que equipamentos designados para verificar a superfície terrestre de forma indireta, sem a necessidade do contato com o objeto. Este sensor poderia ser um Satélite na orbita terrestre, que capta a radiaçao eletromagnética, vinda do sol, refletida pela superfície, ou um avião que emite uma radiação própria para rastrear a superfície da terrra.

3 GOOGLE EARTHO Google Earth permite que você voe para qualquer lugar para visualizar imagens de satélite, mapas, terreno, construções em 3D, das galáxias do espaço exterior aos cânions do oceano. Você pode explorar um vasto conteúdo geográfico, salvar seus locais visitados e compartilhar com os amigos (Google Earth, 2009).

Google Earth em português Google Terra é um programa desenvolvido pela empresa estadunidense Google, com o objetivo de apresentar um modelo tridimensional do globo terrestre hoje também desenvolvido para a Lua, Marte e Céu, apesar de ser similar ao serviço apresentado também pela empresa Google o Google mapas, uma ferramenta Google Earth, é bem mais complexa e é um programa stand-alone, ou seja, precisa ser instalado no computador do usuário. As imagens são construídas a partir de fotografias de satélite e de aeronaves obtidas por diversas fontes.

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Figura 1 – Globo da terra no Google Earth

3.1 API GOOGLE EARTH

API Google Earth permite incorporar o recurso do Google do globo digital em 3D em sua página da web de uma forma gratuita podendo também desenhar linhas e marcadores, adicionar modelos em 3D, carregar arquivo KML, isso de uma forma bem simplificada, basta baixar o plugin especifico da Google e programar a API feita em Java Script.

3.2 DADOS

Segundo Jacob Silverman o Google Earth era um programa Premium denominado Keyhole logo que a Google comprou o Keyhole, herdou muitos terabytes de dados de mapeamento digital e acabou criando uma versão básica do software.

Os dados, ao contrário de que muitas pessoas pensam, não são atualizados em tempo real. As imagens, segundo o site do Google Earth, são de algum momento nos últimos três anos. No Brasil, imagens de alta resolução só estão disponíveis para algumas capitais, como São Paulo e Rio de Janeiro. A resolução espacial para a maioria dos locais é de 15 metros. Para obter o posicionamento dos pontos no mapa foi preciso converter para sistema de projeção geográfica (latitude, longitude) Os dados são armazenados e mostrados no datum WGS 84.

O modelo matemático datum WGS 84 é uma ferramenta utilizada para definir a forma e o tamanho da terra, bem como o ponto de referência para os vários sistemas de coordenadas utilizados no mapeamento da terra. Como foi dito anteriormente as imagens são obtidas de fontes diversas como, por exemplo, da TeleAtlas e da EarthSat isso explica porque algumas áreas aparecem bem claras e outras embaçadas.

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3.3 BIGTABLE

O Bigtable é um sistema distribuído de armazenamento de dados em larga escala usado por muitos projetos da Google. Custou sete homens-ano e entrou em produção em 2006. Não suporta um modelo relacional; provê ao usuário um modelo simples que suporta controle dinâmico sobre o formato dos dados. Uma tabela é um mapa esparso, distribuído, persistente e multi-dimensional, organizado em três dimensões - linha, coluna e hora - formando uma célula. Linhas com chaves consecutivas são agrupadas em tablets - unidades de distribuição e balanceamento de carga. As colunas são agrupadas em famílias que formam a unidade de controle. Várias versões de uma mesma célula podem ser armazenadas, indexadas pelo horário. A unidade transacional é a linha o Bigtable tem três componentes principais: uma biblioteca comum aos clientes, um servidor mestre e vários servidores de tablets. O servidor mestre é responsável por designar tablets para os servidores de tablets - balanceando cargas - e também por responder por mudanças nos esquemas. Cada servidor de tablet responde às requisições de leituras e escritas nas tabelas. O serviço de travas Chubby é usado para administrar os servidores. (Nicoliello Heitor).

O BigTable foi criado pela própria Google para competir com a AmazonSimpleDB usado para gerenciar petabytes de informações, esse sistema foi desenvolvido para sanar a necessidade da empresa em armazenar e acessar enormes volume de dados em alta velocidade, atualmente o BigTable é responsável por mais de 60 programas e projetos Google entre eles está: Google Earth (70 TB de dados), Google Maps, Google Search, Google Finance, Google Book, Orkut YouTube e Blogger.

3.4 CRESCIMENTO DA GOOGLE E SEUS SERVIÇOS

O site TechCrunch publicou um post sobre o crescimento dos serviços do Google em 2007. Como pode ser observado no gráfico abaixo, o mecanismo de pesquisa do Google, é o seu serviço mais utilizado e o que obteve o maior crescimento.

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Observa-se que o crescimento obtido do iGoogle de 268% foi possível porque em 2006 ele teve uma base de dados muito baixa, já o Book Search, Gmail e o Google Maps obtiveram bons crescimento. Uma pesquisa mais recente realizada em março de 2009 pela AdMob mostra o crescimento do Google Android comparado com seus concorrentes.

As estatísticas da AdMob mostram que o Android gerou 2% das requisições nos Estados Unidos e está agora em quarto lugar, atrás do iPhone, e de todo o mercado de sistemas operacionais móveis dos EUA, ele capturou uma fatia de 6% (AdMob, 2009).

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Destaca que os aplicativos correspondem à grande parte do crescimento das plataformas do Google e da Apple, mais da metade do total de requisições tanto do HTC Dream quanto do iPhone vieram de apps, porém o smartphone da Apple gerou oito vezes mais requisições que o Android nos EUA. Mundialmente, a plataforma iPhone gerou 23 vezes mais requisições que a Android (AdMob, 2009).

A empresa MUNDOGEO é uma editora, líder na América Latina na produção de conteúdo para a área de geotecnologia e serviços de localização, ela realizou uma pesquisa onde busca saber quantas pessoas utilizam as ferramentas Google Earth e/ou Maps para fins profissionais. Os resultados foram exibidos no dia 30 de outubro de 2009 no site da mundogeo.com, Com os seguintes resultado, 52% das pessoas responderam que usam as ferramentas com freqüência, e 30% as utilizam eventualmente já 12% não as acessam, mas têm interesse em conhecê-las melhor, enquanto somente 6% não pretendem usar os aplicativos.

4 GPS – SISTEMA GLOBAL DE POSICIONAMENTO

GPS é um sistema de radionavegação executada através de satélites desenvolvidos para defesa, porém atualmente a utilização desta tecnologia vem facilitando posicionamento, velocidade e tempo, sendo preciso e absoluto em localizações em todo lugar, vários usuários se adaptaram em utilizar esse meio de se posicionar através de dispositivos controladores e suas descrições técnicas.

4.1 GPS - O QUE É?

GPS (Global Positioning System – Sistema Global de Posicionamento) é a abreviatura de NAVSTAR GPS (NAVSTAR GPS-NAVigation System with Time And Ranging Global Positioning System). É um sistema de radionavegação baseado em satélites desenvolvido e controlado pelo departamento de defesa dos Estados Unidos da América, que permite a qualquer indivíduo saber a sua localização, velocidade e tempo, 24 horas por dia, sob quaisquer condições atmosféricas e em qualquer ponto do globo terrestre. Após a segunda guerra mundial, empenhou-se em encontrar uma solução para o problema do posicionamento preciso e absoluto, decorreram vários projetos e experiências durante os 25 anos seguintes, todos permitiam determinar a posição,

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mas eram limitados em precisão ou funcionalidade. Inicio da década de 70, um novo projeto foi proposto, o GPS, contendo três componentes:

Espacial – o componente espacial é constituído por uma constelação de 24 satélites em órbita terrestre aproximadamente a 20200 km com um período de 12horas siderais e distribuídos por 6 planos orbitais. Estes planos estão separados entre si por cerca de 60º em longitude e têm inclinações próximas dos 55º em relação ao plano equatorial terrestre, concebida de forma a que existam no mínimo quatro satélites visíveis acima do horizonte em qualquer ponto da superfície, bem como em qualquer altura.

Controle - constituído por cinco estações de rastreio distribuídas ao longo do globo e uma estação de controlo principal (MCS- Master Control Station – Controle Principam da Estação). Este componente rastreia os satélites, atualiza as suas posições orbitais, calibra e sincroniza os seus relógios. Outra função importante é determinar as órbitas de cada satélite e prever a sua trajetória nas 24 horas seguintes. Esta informação é enviada para cada satélite para depois ser transmitida por este, informando o receptor do local onde é possível encontrar o satélite.

Usuário - incluem todos aqueles que usam um receptor GPS para receber e converter o sinal GPS em posição, velocidade e tempo. Inclui ainda todos os elementos necessários neste processo como as antenas e software de processamento.

4.2 COMO FUNCIONAM?

Os fundamentos básicos do GPS baseiam-se na determinação da distância entre um ponto, o receptor, a outros de referência, os satélites. Sabendo a distância que nos separa de 3 pontos pode-se determinar a posição relativa a esses mesmos 3 pontos através da intersecção de 3 circunferências cujos raios são as distâncias medidas entre o receptor e os satélites. Na realidade são necessários, no mínimo, 4 satélites para determinar a posição corretamente.

Figura 2- Representação de Satélites e Receptores em Órbita

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Cada satélite transmite um sinal que é recebido pelo receptor, este por sua vez, mede o tempo que os sinais demoram a chegar até ele. Multiplicando o tempo medido pela velocidade do sinal (a velocidade da luz), obtemos a distância receptor-satélite. (Distancia= Velocidade x Tempo). No entanto o posicionamento com auxílio de satélites não é tão simples. Obter a medição precisa da distância não é tarefa fácil. A distância pode ser determinada através dos códigos modulados na onda enviada pelo satélite (códigos C/A e P), ou pela integração da fase de batimento da onda portadora.

Esses códigos são tão complicados que mais parecem ser um ruído pseudo-aleatório (PRN-Pseudo-Random Noise), mas de fato eles têm uma seqüência lógica. O receptor foi preparado de modo, que, somente decifre esses códigos e mais nenhum, deste modo, ele está imune a interferências geradas, quer por fontes radio naturais, quer por fontes radio intencionais, esta pode ser uma das razões para a complexidade dos códigos.

Como o código P está intencionalmente reservado para os utilizadores autorizados pelo governo norte americano, forças militares norte americanas e aliados aos utilizadores “civis” só podem determinar a distância através da sintonia do código C/A.

A distância é determinada da seguinte forma: O código C/A é gerado por um algoritmo pseudo-aleatório com um período de 0,001 segundos e usa

o tempo dado pelos relógios atômicos de alta precisão que estão no satélite, o receptor, que também contem um relógio, é usado para gerar uma replica do código C/A, este código é recebido depois, correlacionado com versões ligeiramente adiantadas ou atrasadas da réplica local e, deste modo, consegue medir o tempo que o sinal levou para chegar ao receptor.

Numa situação ideal, os relógios do satélite e dos receptores estariam perfeitamente sincronizados se a propagação do sinal, a ser feita no vácuo, e o tempo de vôo estivessem perfeitamente determinado e, por conseguinte, a distância medida corretamente. Geralmente esta distância denomina-se Pseudo-distância por que difere da distância verdadeira por influência dos erros de sincronização entre os relógios do satélite e do receptor. Outra maneira de determinar a distância é medindo o número de ciclos decorridos desde o instante em que a portadora foi emitida e o instante em que foi recebida e se medir a diferença de fase.

O comprimento de onda da portadora é muito mais curto que o comprimento do código C/A daí que a medição da fase de batimento da onda portadora permite atingir um nível de precisão muito superior à precisão obtida para a distância através da pseudo-distância, no entanto, põe-se um problema: o desconhecimento da ambigüidade de ciclo, ou seja, o número total de ciclos completos decorridos desde que o sinal deixou o satélite até ao instante da sintonia.

As ambigüidades de ciclo podem ser determinadas. Existe uma ambigüidade de ciclo por cada par receptor-satélite desde que não ocorram saltos de ciclos, perda momentânea de sinal. Neste caso, uma nova ambigüidade é adicionada, depois deste pequeno estudo, podemos concluir que o problema da dessincronização dos relógios dos satélites e dos receptores é pertinente. No entanto, os idealizadores do GPS arranjaram uma forma de contornar esse problema fazendo uma medição extra para outro satélite para determinar a posição tridimensional corretamente. Para isso, tem-se que resolver um sistema de 3 equações a 4 incógnitas ( X,Y,Z e o tempo) então o certo é adicionar uma nova medição, ou seja, uma nova equação e temos o sistema resolvido.

4.3 TIPOS DE SERVIÇOS GPS: STANDARD E PRECISION

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Figura 3- Representação de um dispositivo receptor de GPS

Descrição técnica: Receptores GPS vêm numa variedade de formatos, de dispositivos integrados dentro de carros, telefones, e relógios, a dispositivos dedicados somente ao GPS como este das marcas Trimble, Garmin e Leica. O sistema foi declarado totalmente operacional apenas em 1995, seu desenvolvimento custou 10 bilhões de dólares e consiste numa “constelação” de 28 satélites sendo 4 sobressalentes em 6 planos orbitais. Os satélites GPS, construídos pela empresa Rockwell, foram lançados entre Fevereiro de 1978 e 6 de Novembro de 2004, cada um circunda a Terra duas vezes por dia a uma altitude de 20200 quilómetros (12600 milhas) e a uma velocidade de 11265 quilómetros por hora (7000 milhas por hora). Os satélites têm a bordo relógios atômicos e constantemente difundem o tempo preciso de acordo com o seu próprio relógio, junto com informação adicional como os elementos orbitais de movimento, tal como determinado por um conjunto de estações de observação terrestres.

Figura 4- Coordenadas com um GPS com Bússola e Altímetro integrado

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O receptor não necessita ter um relógio de tão grande precisão, mas sim de um suficientemente estável. O receptor capta os sinais de quatro satélites para determinar as suas próprias coordenadas, e ainda o tempo. Então, o receptor calcula a distância a cada um dos quatro satélites pelo intervalo de tempo entre o instante local e o instante em que os sinais foram enviados, esta distância é chamada pseudodistância. Decodificando as localizações dos satélites a partir dos sinais de microondas, tipo de onda electromagnética e de uma base de dados interna, e sabendo a velocidade de propagação do sinal, o receptor, pode situar-se na intersecção de quatro calótes, uma para cada satélite. Até meados de 2000 o departamento de defesa dos EUA impunha a chamada “disponibilidade selectiva”, que consistia em um erro induzido ao sinal impossibilitando que aparelhos de uso civil operassem com precisão inferior a 90 metros. No cenário militar, o GPS é também usado para o direcionamento de diversos tipos de armamentos de precisão, como as bombas e os famosos mísseis Tomahawk. Estas bombas “inteligentes” são guiadas até seus alvos por um sistema inercial em conjunto com um GPS. Este tipo de sistema de guiamento pode ser usado em qualquer condição climática e garante um alto índice de acertos.

Além de sua aplicação óbvia na aviação geral e comercial e na navegação marítima, qualquer pessoa que queira saber a sua posição, encontrar o seu caminho para determinado local ou de volta ao ponto de partida, conhecer a velocidade e direção do seu deslocamento, pode-se beneficiar com o sistema. Atualmente o sistema está sendo muito difundido em automóveis com sistema de navegação de mapas, que possibilita uma visão geral da área que você está percorrendo. A comunidade científica utiliza-o pelo seu relógio altamente preciso. Durante experiências científicas de recolha de dados, pode-se registrar, com precisão de micro-segundos (0,000001 segundo), quando a amostra foi obtida. Naturalmente a localização do ponto onde a amostra foi recolhida também pode ser importante. Agrimensores diminuem custos e obtêm levantamentos precisos mais rapidamente com o GPS. Unidades específicas têm custo aproximado de 3.000 dólares e precisão de 1 metro, mas existem receptores mais caros com precisão de 1 centímetro. O recolhimento de dados por estes receptores é mais lenta devido à comparação entre a duração da órbita de um satélite e o período de rotação da Terra

Existem diferentes receptores GPS, desde diversas marcas que comercializam soluções “tudo-em-um”, até os externos que são ligados por cabo ou ainda por Bluetooth. Geralmente categorizados em termos de demandas de uso em Geodésicos, Topográficos e de Navegação. Atualmente com a convergência de dispositivos, existe muita variedade de Pocket PCs com GPS interno. Estes têm a vantagem de se poder escolher o software que se pretende utilizar com eles. O que deve ser levado em consideração ao escolher um navegador são os números de canais que o receptor utiliza, mapas disponíveis (caso se aplique), luminosidade da tela (caso se aplique), autonomia, robustez e tempo de duração das baterias (caso se aplique).

4.4 VALORES DE ALGUNS MODELOS DE GPS

Nas Tabelas 1 e 2 e nos Gráficos 1 e 2, representam marcas de Navegadores GPS (Sistema Global de Posicionamento) e vendas efetuadas de cada marca em reais (moeda brasileira), tendo colunas representativas das marcas e modelos, valores dos itens, quantidade de itens vendidos, respectivamente, as demais colunas são os cálculos efetuados para optermos uma estimativa das vendas e com base nestas informações pode-se chegar a conclusão de quantidades de vendas futuras.

Exemplos: O navegador da marca Aquarius Discovery Mtc1050 se trata do valor mais caro obtido nesta tabela1, portanto o mesmo obtém uma dispersão maior perante os demais que estão com valores

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menores em relação a esse tipo. Enquanto que o da marca MD555 o segundo da lista da Tabela1 se encontra em valor aproximado, neste caso, cabe a quem está adquirindo o produto avaliar carcterísticas de uso do dispositivo, quanto ao valor não será tão alto se comparado com o modelo mais caro, porém, devido as suas possibilidades de uso é o mais vendido em comparação com modelos apresentados, tem 17% do total da vendas apresentadas no Gráfico2 e Tabela2.

Analisando o Gráfico1 nota-se que os três primeiros se encontram em aproximidade em relação ao total, mas nota-se também que sua porcentagem de venda é menor em relação ao dez tipos exemplificados na Tabela1.

Se considerarmos as vendas entre os valores R$500,00 e R$600 dentre as apresentações das tabelas e gráficos, tendo um desvio-padrão de R$50,00, a porcentagem mais valorizada seria de 59,96%, ou seja uma grande quantidade vendida, adquirindo maior valor se encontra dentre este intervalo de valores.

Tabela1- Contendo informações de valores unitários de GPS e suas respecitivas vendas

Marca/Modelo Valor (x) GPS Vendidos (y) Valor*QtdVenda Valor ² Qtd Vendida² Dispersão^Foston FS 440B R$ 329,90 342 R$ 112.825,80 R$ 108.834,01 116964 R$ 391,21

MD555 Midtec R$ 360,00 349 R$ 125.640,00 R$ 129.600,00 121801 R$ 393,36

MIDI4319 R$ 416,00 456 R$ 189.696,00 R$ 173.056,00 207936 R$ 397,37GP4110ML Multilaser R$ 420,75 377 R$ 158.622,75 R$ 177.030,56 142129 R$ 397,71

Nivman 350air R$ 499,00 764 R$ 381.236,00 R$ 249.001,00 583696 R$ 403,31Nivman Guia Guia 4Rodas R$ 599,00 532 R$ 318.668,00 R$ 358.801,00 283024 R$ 410,46Touch Screen NC 350 R$ 599,00 432 R$ 258.768,00 R$ 358.801,00 186624 R$ 410,46Tracker Multilaser R$ 699,00 456 R$ 318.744,00 R$ 488.601,00 207936 R$ 417,61Touch Screen Nav 740 V7 R$ 799,00 578 R$ 461.822,00 R$ 638.401,00 334084 R$ 424,76Aquarius Discovery Mtc1050 R$ 899,00 895 R$ 804.605,00 R$ 808.201,00 801025 R$ 431,92

Totalização R$ 5.620,65 5181 R$ 3.130.627,55 R$ 3.490.326,57 2985219 4078,161001

a = 367,6129997

b = 0,071527493

r = 0,692356572

Fonte : *Sites e-commerce

Gráfico 1- Representação dos dados apresentados acima na tabela1.

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entagem as vendas da Tabela1.

Marca/ModeloGPS

VendidosPorcentagem

Vendida

Foston FS 440B 342 7%

MD555 Midtec 349 7%

MIDI4319 456 9%

GP4110ML Multilaser 377 7%

Nivman 350air 764 15%Nivman Guia Guia 4Rodas 532 10%

Touch Screen NC 350 432 8%

Tracker Multilaser 456 9%TouchScreen Nav 740 V7 578 11%Aquarius Discovery Mtc1050 895 17%

Totalização 5181 100%

Gráfico 2- Representando a porcentagem de vendas citadas acima na Tabela2.

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5 CONCLUSÃO

O Geoprocessamento, utilizado com SIG é um poderoso aliado em qualquer setor que seja necessário o uso de um mapeamento terrestre, seja este na, Cartografia, Análise de Recursos Naturais, Transportes, Comunicações, Energia e Planejamento Urbano e Regional.

Pode-se dizer, de forma genérica, ‘Se ONDE é importante para seu negócio, então Geoprocessamento é uma de suas ferramentas de trabalho’. Sempre que o ONDE aparece, dentre as questões e problemas que precisam ser resolvidos por um sistema informatizado, haverá uma oportunidade para considerar a adoção de um SIG. (CÂMARA, 2008)

Com as ferramentas SIG’s é possível efetuar analises complexas integrando dados de diversas fontes e criando bancos de dados geo-referenciados. Tornam ainda possível automatizar a produção de documentos cartográficos. Tecnologias para geolocalização podem ser encontradas em diferentes locais como na Web ou em software como Google Earth, além de aparelhos móveis como os GPS. Em um país como o Brasil onde existem diversas carências nos setores de planejamento os sistemas de informações geográficas poderiam auxiliar a tomada de decisão como problemas urbanos, ambientais e rurais.

Em qualquer lugar do mundo hoje é utilizado estes tipos de tecnologias. Mesmo sem saber, e a implantação desses sistemas só tende a crescer devido as possíbilidades que eles nos permitem. Empresas agilizam processos e podem ter muito mais controle dos seus afluentes, como produtos ou frotas de entrega.

O que podemos esperar do futuro com essa tecnologia é um mundo muito mais globalizado, com sistemas interligados, onde até mesmo a privaciade pode ser algo difícil de se conseguir.

REFERÊNCIAS

API do Google Earth. Disponível em <http://code.google.com/intl/pt-BR/apis/earth/>. Acesso 02 dez. 2009.

CÂMARA, Gilberto; MONTEIRO, Antônio Miguel; DAVIS, Clodoveu. Geoprocessamento: Teoria e Aplicações. Disponível em < http://www.dpi.inpe.br/gilberto/livro>. Acesso em: 27 nov. 2009.

Conceitos da API do Google Maps. Disponível em <http://code.google.com/intl/pt-BR/apis/maps/documentation/index.html>. Acesso em 02 dez. 2009.

FERRARI, Fábio. O Banco de Dados da Google. Disponível em <http://tecnocom.blogspot.com/2008_06_01_archive.html>. Acesso em 02 dez. 2009.

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Funcionamento. Disponível em <http://www.dataterra.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=57&Itemid=100&lang=pt_BR>. Acesso em 27 nov. 2009.

GUERREIRO, José Carlos Filho. Disponível em: < http://www.geodesia.org/>. Acesso em: 03 dez. 2009.

Histórico Geoprocessamento. Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Geoprocessamento>. Acesso em 27 nov. 2009 .

Importando Dados para o Google Earth. Disponível em <http://earth.google.com/intl/pt-BR/userguide/v4/ug_importdata.html>. Acesso em 02 dez. 2009.

Integração do SGBD Oracle Spatial e do Google Earth. Disponível em <http://www.geoinfo.info/geoinfo2007/papers/S4P4.pdf>. Acesso 02 dez. 2009.

NOVATERRA GEO. Geoprocessamento: A Ciência e a Arte da Novaterra. Disponível em: <http://www.novaterrageo.com.br/?system=news&eid=2>. Acesso em: 04 dez. 2009.

MAY, Theodore. Egypt Lifts GPS Ban. Disponível em: <http://www.thedailynewsegypt.com/article.aspx?ArticleID=20865 >. Acesso em: 03 dez. 2009.

Sistema de Posicionamento Global. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_de_Posicionamento_Global>. Acesso em: 03 dez. 2009.

Análise Estatística AdMob Mobile Metrics Report, Março de 2009. Disponível em:< http://metrics.admob.com/> Acesso em: 06 dez. 2009

SILVA, Lorena Alves; NAZARENO, Nilton Ricetti Xavier. Artigo Cientifico, Análise do padrão de exatidão cartográfica da imagem do Google Earth tendo como área de estudo a imagem da cidade de Goiânia; abril 2009. Disponível em: . Acesso em: 06 dez. 2009

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UM ESTUDO SOBRE AS VARIABILIDADES EXISTENTES NO CORTE MANUAL DE CANA E SUA RELAÇÃO COM A PRODUTIVIDADE DO TRABALHADOR

Vanessa Valença de Moraisvanessavalenca@hotmailcom

RESUMOO presente artigo objetiva identificar as variabilidades existentes no corte manual de cana e a relação delas com a produtividade do trabalhador, utilizando-se do levantamento bibliográfico, pesquisa de campo e contribuições empíricas da autora.Palavras-chave: corte manual de cana; variabilidades; produtividade; cana

ABSTRACT

This article aims to identify variability existing in manual cutting of cane and what their relationship to worker productivity, using the literature, field research and empirical contributions of the authorKey-words: manual cutting of cane; variability, productivity, cane

1 INTRODUÇÃO

O corte manual de cana possui várias interferências, chamadas neste artigo de variabilidades, no processo de trabalho. Portanto, o objetivo deste trabalho é evidenciar de que maneira elas podem afetar o processo de trabalho, por vezes facilitando ou dificultando a execução do mesmo, o que determina, de maneira considerável, o resultado da atividade, ou seja, a produtividade.

É importante ressaltar que o desempenho ou produtividade de uma atividade é alcançado em decorrência de diversos fatores, tais como: habilidade do trabalhador, qualidade das ferramentas utilizadas, entre outros elementos. No entanto, esse estudo direciona o foco para as variabilidades que uma atividade, pode sofrer durante sua execução, especificamente no corte manual de cana.

Para alcançar o objetivo proposto, o trabalho utilizou-se de levantamento bibliográfico sobre o tema, assim como contribuições empíricas do autor, e dados levantados em pesquisa de campo, através de visitas realizadas na Usina Santa Adélia, localizada em Jaboticabal, interior de São Paulo, nas safras 2004-2005 e 2005-2006.

Na pesquisa de campo, os dados foram obtidos através da observação de cinco turmas de cortadores de cana, com, aproximadamente, sessenta cortadores em cada uma delas, de entrevistas realizadas com a hierarquia de cargos existentes no corte de cana, com cinqüenta cortadores escolhidos aleatoriamente, com enfermeiros e médicos do trabalho, com nutricionista, com gerente de planejamento e custos, com supervisor de recursos humanos, relatórios fornecidos da safra 2003-2004 pela empresa objeto de observação e inserções e atualizações de dados que sofreram alterações consideráveis na safra 2006-2007. O objetivo das visitas foi o de coletar informações e imagens sobre a atividade do corte manual de cana e suas variabilidades.

Para o desenvolvimento do estudo julgou-se necessário construir a seguinte linha de raciocínio: descrever como realizada a atividade do corte manual de cana, e posteriormente identificar que tipos de variabilidades essa atividade pode sofrer e qual o impacto que têm sobre o resultado produzido pelo

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trabalhador.

2 A ATIVIDADE DO CORTE MANUAL DE CANA

Este capítulo objetiva descrever o processo de trabalho realizado para cumprir a atividade do corte manual de cana, com o intuito de contextualizar posteriormente as variabilidades que essa atividade de trabalho possui durante o seu exercício.

A atividade prescrita é aquela definida pela usina que prevê a forma como o cortador de cana deve executar a atividade, observando a qualidade e maior aproveitamento da matéria-prima, cana-planta.

No exercício da atividade, utilizando os EPIs exigidos na legislação, como mostra a Figura 1, orientados segundo as formas de executar o trabalho com segurança, e segundo Ferreira, Gonzaga, Donatelli e Bussacos (1998), munidos de facões devidamente afiados, os trabalhadores devem, basicamente, cortar a(s) cana(s) com um ou vários golpes dados na sua base ou “pé”, despontá-la, isto é, cortar a sua “ponta” superior e

carregá-la com os braços até um local preestabelecido, formando montes1 ou leiras2, para que, numa etapa posterior do processo produtivo, as “carregadeiras” ou “guincheiras”, as transportem para os caminhões que irão para a usina.

Figura1: Conjunto de EPIs utilizados pelos cortadores de cana durante a execução da atividade de trabalho

Detalhadamente, as exigências da prescrição são listadas abaixo e podem ser melhor compreendidas com o auxílio da Figura 2:

1 No sistema de montes, os trabalhadores devem carregar a cana cortada até a terceira rua (ou rua do meio) e depositá-la em montes que devem ficar a uma distância aproximada de 1,5 a 2 metros um do outro.2 No sistema de leiras, a cana cortada vai sendo depositada também na terceira rua, mas de modo contínuo, formando uma extensa esteira de cana, conforme a Figura 7.

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a) No talhão3, o trabalhador deve colocar-se de frente para o seu eito4;b) O corte de base deve ser rente ao solo, não deixando toco, por se tratar da parte

mais rica da cana, como mostra a Figura 3;c) O corte das pontas deve ser feito no último gomo, não desperdiçando cana, nem

deixando que venha palmito, por se tratar da parte sem valor da cana;d) O critério de amontoamento de cana cortada varia de uma usina para outra, mas

deve ser cana em leiras ou esteiras, em algumas usinas, e em montes ou bandeiras, em outras;

e) Quando o sistema adotado for de montes ou bandeiras, o desponte deve ser feito segurando a cana na mão. Em leira ou esteira, em algumas usinas, deve ser despontado no momento em que o feixe é jogado no chão, e, em outras usinas, o desponte pode ser feito após acúmulo de 1 a 2 m de cana cortada, conforme a Figura 4; e, ainda em algumas usinas, o cortador pode despontar a cana após o corte de todo o eito;

f) As cinco ruas5 devem ser cortadas simultaneamente, sem deixar “telefone”6, ou seja, o corte deve começar pela terceira rua, cortando, posteriormente, as duas ruas de cada lado;

g) A leira deve ficar limpa em todo o seu comprimento, livre de palhas, no mínimo 50 cm de cada lado, como mostra a Figura 5. Para isso, o cortador deve utilizar as mãos para retirar as palhas, o próprio facão, ou a perna com movimento lateral, em sentido contrário.

3 Área cultivada, sem padrão de medida específica.4 Conjunto de cinco ruas.5 Espaçamento entre as linhas do talhão.6 Rua sem corte simultâneo em relação ao restante do eito.

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Figura 2: Detalhamento do local de trabalho, indicando a leira, as ruas, o carreador, o eito e o “telefone”

Figura 3: Corte de base, efetuado rente ao chão.

Figura 4: Desponte em leiras ou esteiras, efetuado com acúmulo de 1 a 2 metros de cana cortada.

Figura 5: Leira ou esteira livre de palhas no mínimo 50 cm de cada lado

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Segundo Alves (1993), o corte manual da cana crua é semelhante ao da queimada, contudo há uma operação a mais. O corte é iniciado pela eliminação da palha.

Como pode ser observado, o corte manual de cana é composto por diversas atividades, que não apenas cortar a cana. Além disso, há diversas variabilidades no corte que aumentam ou diminuem o seu grau de dificuldade, conforme descrito no próximo capítulo.

3 AS VARIABILIDADES EXISTENTES NO CORTE MANUAL DE CANA

A atividade do corte se depara com algumas variabilidades que alteram a dificuldade do corte e a forma como o trabalho é efetuado assim como o seu resultado, sua produtividade e os riscos à saúde do trabalhador.

3.1 Variabilidade Quanto ao TrabalhadorA variabilidade quanto ao trabalhador aponta para as diferentes características físicas entre as pessoas,

capazes de alterar o desempenho da atividade. Características essas como: força muscular do cortador; porte físico; idade; sexo; potencial de corte, e habilidade no corte.

A soma dessas características faz do trabalhador um cortador de baixa produção, média produção ou alta produção, cujas toneladas de definição de cada classificação variam de acordo com cada usina.

Porém, na maioria das usinas, é comum verificar um número maior de cortadores mais jovens, dos sexos masculinos e magros.

Segundo, Moreira, Targino, Penha e Pereira (2001), no que se refere à seleção da mão-de-obra, os

agenciadores7 confirmam que para o patrão só interessa o trabalhador forte, de elevada capacidade produtiva. Isso também está presente no discurso patronal. Na sua maioria, eles não querem contratar adultos com mais de 50 anos e mulheres.

Essa exclusão, cada vez maior da mulher na atividade canavieira, está relacionada à visão que os empregadores e os próprios representantes da classe trabalhadora têm da mulher, como um ser frágil, incapaz de executar certas tarefas. A percepção que se têm é que no processo produtivo deve haver uma distribuição sexual do trabalho, cabendo às mulheres tarefas compatíveis com sua condição feminina e aos homens, os trabalhos mais pesados. Alguns trabalhadores ainda acham que a mulher devia ser poupada no trabalho porque ela enfrenta uma segunda jornada em casa o que não ocorre com o homem e que a ausência de creche para os filhos também contribui para afastar as mulheres do mercado de trabalho.

3.2 Variabilidade da CanaComo variabilidade da cana, compreende-se a diferença entre canas com características como: forte,

em pé, caída, enrolada, queimada e crua.

A) Cana forteA cana forte pode ter essa característica por duas razões: 1. na borda do talhão, normalmente, a cana

fica mais exposta ao sol e se fortalece; 2. no primeiro corte ela também costuma ser mais forte, é conhecida como cana de 18 meses (primeiro corte). Nesses dois casos, o corte é mais árduo para o cortador, devido ao maior uso da força, diminuindo a produtividade do corte.

7 Como também são chamados os “gatos”.

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B) Cana em péA cana em pé oferece menos dificuldade ao corte, pois favorece quanto à posição de corte e pega. É

um tipo de cana onde o cortador consegue atingir maior produtividade.A Figura 6 mostra a figura da cana do tipo em pé.

Figura 6: Cana do tipo em pé

C) Cana caídaQuando a cana está caída, o corte é efetuado mais lentamente por ser mais trabalhoso. O procedimento

de corte também tem suas particularidades, fazendo com que o trabalhador se abaixe para abraçar o feixe de cana a ser cortado e se abaixe novamente para cortar a touceira. O esforço é maior, por ter de se abaixar mais vezes. Quando a cana está caída, mas de um lado só, o corte é realizado de forma mais fácil do que se estiver caída para os dois lados ou emaranhada.

Em todos esses casos, as flexões de pernas aumentam demasiadamente, o esforço do cortador para exercer a atividade compromete sua produtividade, o que, conseqüentemente, altera o humor do trabalhador deixando-o mais exposto aos riscos pela irritação e, muitas vezes, pela pressa em executar a atividade nesse tipo de cana, pois sua característica reduz o rendimento do corte, uma vez que o pagamento do cortador é por produção, ou seja, metro cortado convertido em toneladas.

A Figura 7 mostra a cana do tipo caída.

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Figura 7: Cana do tipo caída

D) Cana enroladaA cana enrolada, normalmente, é deitada e emaranhada, sendo aquela que apresenta

maior dificuldade de corte por ser difícil juntar o feixe e cortar a base.

E) Cana cruaNo corte de cana crua, os cortadores têm que tirar a palha da cana que é eliminada com a queima,

eliminar as plantas que nascem entre as canas, caso impeçam ou atrapalhem a atividade do corte, sendo esta uma atividade a mais e exigindo, portanto, um esforço maior do cortador.

O corte de cana crua é executado com baixa produtividade devido aos obstáculos encontrados no talhão, além de oferecer maior risco de acidentes aos trabalhadores.

F) Cana queimadaO corte de cana queimada é mais fácil do que o de crua, pois a queima elimina as palhas da cana,

afugenta os animais peçonhentos e elimina algumas plantas trepadeiras que crescem no meio do talhão e se emaranham com as canas.

No entanto, na cana queimada, o próprio melaço da cana incomoda bastante, pois é misturado com o pó preto da queima que, muitas vezes, penetra nas luvas atrapalhando a pega e, até mesmo, causando dermatites, além de penetrar nas roupas e misturar-se com o suor do corpo, causando irritações na pele e deixando a roupa “dura”, com aspecto engomado.

A variabilidade da cana influencia no grau de dificuldade da atividade e, portanto, no resultado do corte, ou seja, na produtividade. Também causa riscos à saúde do trabalhador que, em alguns casos, se expõe a um perigo maior, além da dificuldade do corte apresentar-se como um fator de alteração do humor e das emoções do trabalhador devido ao prejuízo na produtividade, fazendo com que a sua capacidade de alerta fique comprometida, dificultando a atenção para se proteger de eventuais situações de risco.

3.3 Quanto ao localO local onde o corte será efetuado, também é uma variabilidade da atividade, pois

em locais como brejos, por exemplo, há muitos insetos, que atrapalham o trabalhador na execução da sua atividade. Os brejos criam condições desfavoráveis ao corte devido à maior tendência à irritação emocional causada pelo ambiente, pois os trabalhadores são constantemente atrapalhados por insetos.

Há também os locais cuja declividade do solo atrapalha os movimentos do corpo.Em locais com diversos morros, muito parecidos com lombadas, o corte também

costuma ser mais difícil, pois a posição dos pés do trabalhador é prejudicada por não conseguir movimentar o tornozelo, ao movimentar os pés para cima, fica difícil a movimentação da dobra do joelho, devido à posição da perneira, equipamento de proteção individual que

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protege desde o joelho até o “peito” do pé. Isso faz com o que o EPI incomode o trabalhador e, muitas vezes, cause ferimentos atrás dos joelhos e no “peito” do pé, além de diminuir a produtividade da atividade, pois os morros atrapalham nos golpes do facão.

Normalmente, após as chuvas costuma-se ter poças no solo, o que atrapalha o movimento do corpo pela falta de firmeza nos pés.

3.4 Variabilidade de ProduçãoO aumento ou redução da necessidade de matéria-prima para atender à necessidade de produção

industrial de açúcar e álcool e a demanda do mercado geram uma variabilidade na produção da atividade do corte de cana, ocasionando intensificação do trabalho, se a necessidade for de aumento da quantidade cortada.

A variabilidade de produção reflete diretamente na jornada de trabalho quando há a necessidade de aumento na produção de álcool ou açúcar e, portanto, necessidade de matéria-prima.

4 CONCLUSÃO

Como pode-se observar, a complexidade do corte manual de cana se inicia desde a forma como o trabalho deve ser executado até às dificuldades ou variabilidades encontradas do exercício da tarefa.

Como descrito no estudo, as variabilidade vão interferir diretamente no resultado ou desempenho do trabalho, dependo das condições encontradas, podendo facilitar ou dificultar o corte de cana. Nos casos em que as condições facilitam, há o aumento de produtividade, e nas que dificultam, há a diminuição.

Tanto o aumento quanto a diminuição afetam diretamente a disposição do cortador para o trabalho, pois no aumento, há a necessidade de aproveitamento da oportunidade para cortar uma quantidade maior de cana e conseqüentemente, beneficiar-se financeiramente, pois o pagamento é por produção individual. Na diminuição, instala-se o estresse, pois o cortador tem ciência de que será um dia mais cansativo, porém, menos rentável.

REFERÊNCIAS

ALVES, F. J. C. ou ALVES, F. Progresso Técnico e Trabalho Migrante no Setor Sucro-Alcooleiro da Região de Ribeirão Preto. Travessia Revista do Migrante, São Paulo, v. 7, p. 17-22, 1993.FERREIRA, L. L.; GONZAGA, M. C.; DONATELLI, S.; BUSSACOS, M. A. Análise coletiva do trabalho dos cortadores de cana da região de Araraquara. São Paulo, FUNDACENTRO, São Paulo, 1998.

MOREIRA, E. R. F.; TARGINO, I.; PENHA, J. P.; PEREIRA, M. P. B. A visão dos atores sociais sobre a crise do emprego rural na Zona Canavieira da Paraíba. São Paulo: Revista da Abet, v. I, n. 1/2, p. 21-40, 2001.

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CATALOGAÇÃO DE COLEOPTEROS DO ACERVO DIDÁTICO DA FAESB

Érika do Carmo Ota*

Renan de Campos Vieira**

Jonathan Henrique Gomes**

RESUMO

A realização de um inventário da diversidade brasileira de insetos demanda maior quantidade de profissionais atuantes visto que a área que compreende as espécies a serem descritas é muito grande e abrange diferentes biomas. Muito pouco é representado em coleções brasileiras e, caso este cenário não mude, dificilmente teremos conhecimento abrangente a respeito da diversidade de insetos no Brasil. O objetivo do presente trabalho foi identificar e conservar insetos pertencentes à Ordem Coleoptera para fins didáticos da Faculdade Santa Bárbara. Os exemplares foram coletados, identificados com etiqueta de procedência, preservados temporariamente sob baixa temperatura e montados por alunos do curso de Engenharia Agronômica da Instituição. Posteriormente realizou-se a identificação dos insetos utilizando a chave de identificação de Borror; De Long (1969). A coleção Entomológica permanece estabelecida no laboratório da FAESB, representando fonte permanente de pesquisa, extensão e ensino.

Palavras-chave: Identificação. Coleção. Entomologia.

ABSTRACT

The inventory of brazilian insect diversity request much amount of active researches seeing that the area that contain the species be described is very larger and have different biomes. Little is represented on brazilian colections and, if this scene dont´t change, embracing knowledge about insect diversity will be hard at Brazil. This paper aim identify and preserve insects belonging Order Coleoptera, in order to didactic works of Faculdade Santa Bárbara. Specimens were collected; identified with locality, date and collector label; preserved short time under low temperature and pricked by students of Agronomic Engineering of High School. Subsequentely insects were identified through Borror; De Long (1969) identify key. Entomologic colection remain at FAESB´ laboratory, as research, extension and teaching permanent source.

Key-words: Identification.Collection. Entomology.

1 INTRODUÇÃO

Os insetos, além de ser o grupo de animais mais numeroso do globo terrestre, com elevadas densidades populacionais, apresentam grande diversidade, em termos de espécies e de habitats. São importantes pelo seu papel no funcionamento dos ecossistemas naturais atuando como predadores, parasitos, fitófagos, saprófagos, polinizadores, entre outros. Algumas espécies são nocivas, constituindo-se como pragas em diversas culturas, reduzindo a produtividade e/ou qualidade do produto e, outras, atuando como vetores de doenças como leishmaniose, doença de chagas, dengue e malária.

A riqueza de espécies de insetos tropicais parece ser muito maior do que a de áreas temperadas (GULLAN; CRANSTON, 2007). De acordo com os autores, esta incapacidade em ter certeza quanto aos detalhes finos dos padrões geográficos origina-se, em parte, da relação inversa entre a distribuição de entomólogos (região temperada do hemisfério norte) e os próprios centros de riqueza de insetos (os trópicos e hemisfério sul).

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No Brasil, o conhecimento sobre a biodiversidade de insetos é realmente escasso frente à maioria dos biomas existentes. Zaher; Young (2003) afirmam que é evidente a escassez de especialistas atuantes no Brasil, reforçando a impressão de que dificilmente conseguiremos chegar a um quadro de conhecimento adequado acerca da nossa diversidade de insetos.

No contexto do conhecimento sobre a biodiversidade, as coleções de organismos são essenciais, pois constituem fontes primárias de material para estudos básicos, aplicados e servem como testemunho destes estudos (MAGALHÃES; BONALDO, 2003). No entanto, as coleções brasileiras, instaladas em Museus e institutos de pesquisa, representam uma pequena parte da biodiversidade nacional.

A coleção da Faculdade Santa Bárbara (FAESB) tem finalidade didática no curso de Agronomia, sendo relevante a ampliação de sua atividade para as áreas científica e extensionista. Portanto, o trabalho visa recuperar, montar e conservar a coleção biológica com objetivo de torná-la um referencial para a comunidade estudantil.

2. DESENVOLVIMENTO

Nas aulas ministradas, da disciplina Entomologia Agrícola, foi passada a base teórica para realização de coleta dos insetos. O conteúdo apresentado abordou sobre coleta, conservação (temporária e permanente) e montagem de insetário. Todas estas etapas foram executadas pelos alunos do curso de Engenharia Agronômica da FAESB.

As espécies constituintes do insetário, pertencentes à Ordem Coleoptera, foram então utilizadas no presente trabalho para montagem da coleção da FAESB. Os insetos alfinetados foram acomodados em caixas contendo pastilhas de naftalina. Somente as espécies conservadas, de modo a tornar possível sua identificação, foram mantidas na coleção com informações sobre a data, o local da coleta e o nome do coletor.

Para a identificação dos insetos foi utilizada a chave proposta por Borror; DeLong (1969).

3. RESULTADOS

Foram registrados 123 espécimes separados em 12 famílias (Figura 1).

33,9

15,013,4

9,4

6,3

5,53,9

3,9 2,4 1,6 0,80,8ScarabaeidaeCarabidaeChrysomelidaePassalidaeCurculionidaeCerambycidaeLampyridaeCantharidaeLycidaeHidrophilidaeSilphidaeStaphylinidae

Figura 1 - Catalogação de espécimes de insetos da Ordem Coleoptera, pertencentes ao Laboratório da FAESB, 2010.

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São reconhecidas dentro da Ordem Coleoptera as linhagens Archostemata, Myxophaga, Adephaga e Polyphaga. Representantes das duas últimas linhagens citadas compõem a coleção entomológica da FAESB. No presente trabalho, com exceção da família Carabidae, todas as demais pertencem à linhagem Polyphaga, compreendendo 85% das espécimes. De acordo com Gullan; Cranston (2007) mais de 90% da diversidade total de besouros está contida nesta linhagem, valor que se aproxima daquele observado na coleção.

A família Scarabaeidae apresentou-se como a mais representativa (43%), seguida de Carabidae (19%), Chrysomelidae (17%), Passalidae (12%), Curculionidae (8%), Cerambycidae (7%), Lampyridae (5%), Cantharidae (5%), Lycidae (3%), Hidrophilidae (2%), Silphidae (1%) e Staphylinidae (1%) (Figura 1).

Do ponto de vista agronômico, representantes da família Scarabaeidae são de grande importância, pois suas larvas constituem importantes pragas agrícolas, com destaque para as espécies Eutheola humilis (pão-de-galinha) na cultura da cana-de açúcar e Macrodactylus pumilio (vaquinha) na cultura do citros (GALLO et al., 2002). Além disso, há espécies de escarabeídeos coprófagos, que auxiliam na decomposição de matéria orgânica morta, especialmente fezes bovinas. Destacam-se também as espécies fitófagas como Diabrotica speciosa (larva-alfinete) na cultura da batata e Anthonomus grandis (bicudo-do-algodoeiro) na cultura do algodão, pertencentes às famílias Chrysomelidae e Curculionidae, respectivamente.

Em geral, do ponto de vista ecológico, destacam-se os representantes das seguintes famílias: Carabidae, como predadores de outros insetos e artrópodes; Silphidae, como necrófagos; Passalidae, Lycidae e Staphylinidae, como saprófagos.

A deposição e preservação das espécimes coletadas são importantes, uma vez que permite a confirmação e o aprimoramento futuro do conhecimento relativo ao material. O acervo, além de estar sendo utilizado como base para a formação de recursos humanos, irá contribuir também para o avanço do conhecimento zoológico e difusão do conhecimento como consequência de pesquisas científicas futuras.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A coleção didática entomológica da Faculdade Santa Bárbara, do curso de Agronomia representa fonte permanente de ensino. Uma futura implementação da Instituição, englobando pesquisa e extensão, apresentará um papel relevante na geração de conhecimento, proporcionando o intercâmbio científico-cultural no escopo da Entomologia.

REFERÊNCIASBORROR, D.J.; DeLONG, D.M. Introdução ao estudo dos insetos. São Paulo: Ed. Edgard Blucher Ltda, 1969.GALLO et al. Entomologia Agrícola. Piracicaba: FEALQ, 2002.GULLAN; P.J.; CRANSTON, P.S. Os insetos: um resumo de entomologia. São Paulo: Roca, 2007.MAGALHÃES, C.; BONALDO, A.B. Coleções biológicas da Amazônia: estratégias sugeridas para o desenvolvimento e plena realização das suas potencialidades. In: PEIXOTO, A.L. (org.). Coleções Biológicas de Apoio ao Inventário, Uso Sustentável e Conservação da Biodiversidade. Rio de Janeiro: Instituto de

Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2003. p. 149-167.

ZAHER, H.; YOUNG, P.S. As coleções zoológicas brasileiras: panorama e desafios. Ciência e Cultura, v.55, n.3, 2003.

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INFLUÊNCIA DA APLICAÇÃO DE FERTILIZANTE FOLIAR NO DESENVOLVIMENTO E PRODUTIVIDADE DO MILHO

Fabrício S. M. Tristão1

[email protected]

Resumo

O manejo de fertilizantes, ao longo do tempo de cultivo, pode contribuir para o rendimento e lucratividade das lavouras de milho. Uma tecnologia que vem sendo cada vez mais utilizada é a aplicação de fertilizantes foliares. Objetivando-se avaliar o desenvolvimento e a produtividade da cultura do milho em função da adubação, realizou-se este trabalho no Campo Experimental da FAESB, no município de Tatuí – SP. Utilizou-se o híbrido de milho Maximus TL, e os seguintes níveis de adubação: sem adubação (testemunha), com adubação mineral (granulado) e com adubação mineral juntamente com fertilizante foliar (completo). Durante o desenvolvimento das plantas, foram feitas avaliações quinzenais da altura e do diâmetro do segundo colmo acima do solo. No estádio de maturidade fisiológica da planta foi determinado a matéria seca da parte aérea. As espigas foram colhidas e debulhadas para determinação da produtividade de grãos (com 13% de umidade). O tratamento que apresentou melhor desenvolvimento e melhor produtividade das plantas de milho foi o que recebeu o fertilizante granulado juntamente com o fertilizante foliar (completo).

Palavras chaves: Zea mays, adubação, fertilizante foliar.

Abstract

The management of fertilizer along the cultivation time can contribute to crop and profitability of yield of maize. A technology that is being increasingly used is the application of foliar fertilizers. Aiming to evaluate the growth and yield of maize according to the fertilization, this work was carried out on the FAESB´s experimental farm in the municipality of Tatuí – SP. Was used the hybrid maize Maximus TL, and the following fertilization levels: without fertilization (control), with mineral fertilization (granular) and mineral fertilization with foliar fertilization (complete). During plant development, were made fortnightly ratings of height and diameter of the second culm above ground. At the physiological maturity stage of the plant was determined the shoot dry weight. The spikes were harvested and thrashed to determine grain yield (with 13% humidity). The treatment that showed best development and best productivity of maize was treated with granular fertilization with foliar fertilization (complete).

1 Faculdade de Ensino Superior Santa Bárbara – FAESB / Curso de Agronomia, CEP 18277-000, Tatuí – SP.

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Keywords: Zea mays, manuring, foliar fertilizer.

1 Introdução

A cultura do milho no Brasil vem passando por um contínuo avanço tecnológico, principalmente devido ao melhoramento genético, técnicas de manejo e utilização de insumos e defensivos. Porém são poucos os produtores que conseguem uma boa produtividade mesmo com toda essa tecnologia disponível, sendo que a produtividade média do país é muito baixa e irregular. Considera-se que a fertilidade do solo, bem como a baixa tecnologia adotada pelos agricultores, sejam os principais fatores responsáveis por essa baixa produtividade de grãos.

Como alternativa para o aumento da produtividade, tem-se a adubação foliar e a incorporação de macro e micronutrientes via tratamento de sementes (HANWAY, 1981). Volkweiss (1991) define a adubação foliar como a absorção dos nutrientes que são aplicados na forma de solução na superfície das folhas das plantas. Freire et al. (1980) trabalhando com diferentes formas de aplicação de nutrientes relataram que a adubação foliar é um meio eficiente no suprimento de nutrientes para a planta.

A adubação foliar, embora apresentando resultados eficientes, deve ser utilizada como uma prática corretiva ou complementar à adubação mineral, e nunca como substitutiva, pois os macronutrientes são exigidos em grandes quantidades pelas plantas e verifica-se que seria necessário um número elevado de aplicações, para suprir as necessidades, o que tornaria a prática economicamente inviável.

De acordo com Camargo e Silva (1975) o uso da adubação foliar suplementar, apresenta as vantagens de conferir maior resistência às plantas contra pragas, doenças, frio e seca, além de aumentar a produtividade.

Segundo Lopes (1999), a aplicação de micronutrientes pode ser feita via tratamento de sementes, obtendo-se maior uniformidade de distribuição pelo fato de utilizar pequenas doses, sendo essa uma das grandes vantagens desse método de aplicação.

As quantidades de micronutrientes requeridas pelas plantas de milho são muito pequenas. Para uma produtividade de 9 t de grãos ∙ ha-1, são extraídos 2100 g de ferro, 340 g de manganês, 400 g de zinco, 170 g de boro, 110 g de cobre e 9 g de molibdênio. Entretanto, a deficiência de um deles pode ter os mesmos efeitos na desorganização de processos

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metabólicos e redução na produtividade como a deficiência de um macronutriente, como, por exemplo, o nitrogênio (COELHO et al., 2002).

O nitrogênio absorvido na forma química deve sofrer um processo de redução, conhecido como redução assimilatória do nitrato, para ser incorporado aos compostos orgânicos de carbono, tais como os diversos ácidos formadores de proteínas, enzimas e coenzimas. As enzimas, responsáveis pela síntese dos aminoácidos, são a sintetase da glutamina e a sintetase e desidrogenase do glutamato (MALAVOLTA, 1980).

Além da formação de proteínas, o nitrogênio é integrante da molécula de clorofila. Desta forma, plantas bem nutridas em nitrogênio apresentam crescimento vegetativo intenso e coloração verde escura (TANAKA et al., 1997).

Dois micronutrientes importantes para a cultura do milho são o zinco e o molibdênio. O zinco é absorvido na forma divalente e não sofre oxidação ou redução, como ocorre com outros metais de transição. Participa como um cofator estrutural, funcional ou regulatório de várias enzimas, dentre elas a anidrase carbônica e a maioria das desidrogenases. Possivelmente, Zn participa na formação da clorofila ou previne sua destruição. Sob deficiência de Zn, normalmente há uma redução na taxa de alongamento do caule, o que se explica por um possível requerimento de Zn para a síntese de auxinas (MALAVOLTA, 1980).

O Mo é absorvido na forma do ânion MoO42-. As plantas requerem pequenas

quantidades destes nutrientes, em geral, 40 a 50 g ∙ ha-1 para suprir as necessidades da maioria das culturas. Grande parte do Mo encontra-se na enzima nitrato redutase das raízes e colmos das plantas, a qual catalisa a redução do íon NO3

- a NO2- (MALAVOLTA, 1980). A

deficiência de Mo repercute negativamente na formação de ácido ascórbico, no conteúdo de clorofila e na atividade respiratória.

Nos estádios iniciais de crescimento da planta, altas concentrações de nutrientes na zona radicular são benéficas. Mesmo que a quantidade de nutrientes em absorção seja relativamente pequena, o tamanho final das folhas, das espigas e de outras partes da planta depende, em grande parte, da existência de suprimentos adequados de nutrientes disponíveis para a planta, durante essa fase inicial do seu ciclo (BROCH e FERNANDES, 2000).

Objetivou-se neste trabalho verificar o efeito de tratamento de sementes e da adubação foliar sobre o desenvolvimento e produtividade do milho.

2 Material e Métodos

O experimento foi realizado no Campo Experimental da Faculdade de Ensino

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Superior Santa Bárbara (FAESB), na cidade de Tatuí, São Paulo.

Para a instalação do trabalho, foram utilizadas sementes de milho híbrido cultivar Maximus TL da empresa Syngenta.

O solo foi preparado no sistema convencional e a semeadura realizada manualmente, mantendo-se a distância de 0,50 m entre linhas e 0,31 m entre plantas, resultando em uma densidade populacional de 65.000 plantas ∙ ha-1.

Foram realizados os seguintes tratamentos: sem adubação (testemunha), com adubação mineral (granulado) e com adubação mineral juntamente com fertilizante foliar (completo). Cada tratamento foi realizado em uma área de 121 m2 (11 m x 11 m), sendo que as duas linhas externas (bordadura) foram dispensadas, resultando em uma área útil de 100 m2.

A análise química do solo utilizado no presente trabalho é apresentada na tabela 1.

Tabela 1. Análise química do solo utilizado no experimentopH P K Ca Mg

---(mg ∙ dm-3)--- --(cmolc ∙ dm-3)--5,8 4 5 1,8 0,5B Cu Fe M.O.

---------(mg ∙ dm-3)--------- g ∙ dm-3

0,2 5,1 9,2 14

Para os tratamentos que receberam adubação mineral (granulado e completo), utilizou-se o fertilizante 4-14-8 (N-P2O5-K2O), seguindo as recomendações de RAIJ et al. (1996). A adubação de cobertura, utilizando-se nitrato de amônio 27%, foi realizada quando as plantas se encontravam no estádio V4 (4 folhas verdadeiras), na dosagem de 200 kg ∙ ha-1.

Para a parcela que foi aplicado adubo foliar (completo), as sementes receberam um tratamento contendo Zinco (500 mL de MAXFOL Zn-N em 100 kg de semente) e Molibdênio (200 mL de MAXFOL Mo em 100 kg de semente) antes de efetuar o plantio. As adubações foliares foram realizadas 20, 36 e 52 dias após a semeadura utilizando-se o fertilizante foliar MAXFOL Zn-N (20% de Zinco e 5% de Nitrogênio) na dosagem 2L ∙ ha-1.

Não foi feita aplicação de defensivos para o controle de pragas, doenças ou

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plantas invasoras, sendo que o manejo de plantas invasoras foi realizado por capinas manuais, objetivando manter a cultura no limpo.

Durante o desenvolvimento das plantas, foram selecionadas, por amostragem, 20 plantas da área útil de cada tratamento. Em cada planta foram realizadas avaliações quinzenais de altura e do diâmetro do segundo colmo acima do solo, até 73 dias após plantio, pois é nessa fase que a planta cessa o ciclo vegetativo e inicia seu ciclo reprodutivo. Aos 140 dias após semeadura, a parte aérea foi coletada e seca em estufa com circulação de ar até massa constante e pesada para obtenção da massa da matéria seca da parte aérea (MSPA). As espigas foram colhidas e debulhadas para determinação da produtividade de grãos (com 13% de umidade). Os dados foram submetidos à análise de variância e teste de Tukey a 5% utilizando-se o programa Assistat.

3 Resultados e discussão

O desenvolvimento em altura e diâmetro do caule das plantas de milho cultivar Maximus TL foi avaliado quinzenalmente, a partir do 17º dia após plantio, seguindo até o 73º dia após plantio, quando a planta cessou seu desenvolvimento vegetativo e iniciou sua fase reprodutiva. Durante esse período foram realizadas cinco avaliações, possibilitando assim, a obtenção de curvas de crescimento, que são representadas pelas figuras 1 e 2. Os valores do crescimento em altura são apresentados na figura 1. Aos 17 dias após plantio, o desenvolvimento em altura das plantas se manteve constante, atingindo em média 23cm, independente do tratamento. A partir dos 45 dias após plantio, as plantas do tratamento completo apresentaram crescimento em altura superior aos outros tratamentos, indicando que a aplicação do fertilizante foliar influenciou o desenvolvimento inicial da cultura. Ao final das avaliações, a diferença de altura das plantas de milho teve uma variação em relação ao tipo de fertilização. Aos 73 dias após plantio, os maiores valores de altura foram observados em plantas que receberam o adubo mineral juntamente com o fertilizante foliar, enquanto que as não adubadas apresentaram os menores valores de altura (Tabela 2).

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Figura 1. Curva de crescimento em altura (cm) das plantas de milho cultivadas sob diferentes formas de fertilização durante os 73 dias de avaliação.

Tabela 2. Desenvolvimento em altura (cm) das plantas de milho cultivadas sob diferentes formas de fertilização aos 73 dias após plantio.Tratamento cmTestemunha 73,8 cMineral 159,2 bCompleto 203,5 a

Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%.

De acordo com a tabela 2, as plantas do tratamento completo apresentaram altura 176% maior que as testemunhas e 28% maior que as do tratamento mineral. Tais resultados assemelham-se com os obtidos por Evangelista et al. (2010) que observaram um melhor desenvolvimento de plantas de milho que receberam tratamento de semente e adubação foliar.

Os valores do crescimento em diâmetro do caule são apresentados na figura 2. Aos 17 dias após plantio, o desenvolvimento em diâmetro do caule das plantas se manteve constante, atingindo em média 1,0cm, independente do tratamento. A partir dos 31 dias após plantio, as plantas do tratamento completo apresentaram crescimento em diâmetro do caule superior aos outros tratamentos, indicando que a aplicação do fertilizante foliar influenciou o desenvolvimento inicial da cultura. Ao final das avaliações, a diferença de diâmetro do caule das plantas de milho teve uma variação em relação ao tipo de fertilização. Aos 73 dias após plantio, os maiores valores de diâmetro do caule foram observados em plantas que receberam o adubo mineral juntamente com o fertilizante foliar, enquanto que as não

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adubadas apresentaram os menores valores de diâmetro do caule (Tabela 3).

Figura 2. Curva de crescimento em diâmetro do caule (cm) das plantas de milho cultivadas sob diferentes formas de fertilização durante os 73 dias de avaliação.

De acordo com a tabela 3, as plantas do tratamento completo apresentaram diâmetro do caule 55% maior que as testemunhas e 13% maior que as do tratamento mineral. Tais resultados assemelham-se com os obtidos por Evangelista et al. (2010) que observaram um melhor desenvolvimento de plantas de milho que receberam tratamento de semente e adubação foliar.

Tabela 3. Desenvolvimento em diâmetro do caule (cm) das plantas de milho cultivadas sob diferentes formas de fertilização aos 73 dias após plantio.Tratamento cmTestemunha 1,81 cMineral 2,49 bCompleto 2,80 a

Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%.

Por ter influenciado significativamente o desenvolvimento das plantas de milho tanto em altura, como em diâmetro do caule, a adubação foliar proporcionou uma maior produção de massa verde, o que favorece a utilização das plantas do tratamento completo para a produção de silagem. Por afetar a qualidade da silagem, a concentração de massa seca das plantas é um parâmetro importante a ser considerado na produção de forragem de milho. A produção de matéria seca da parte aérea (MSPA) foi significativamente afetada pelas aplicações do fertilizante foliar e pelo tratamento das sementes. Dos valores observados,

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os maiores foram apresentados pelas plantas do tratamento completo, com uma produção de MSPA 156% e 24% superior aos tratamentos testemunha e mineral, respectivamente (Tabela 4). Maior acúmulo de MSPA em plantas de milho que receberam fertilização foliar já foi observado por Coelho e Filho (2006).

Tabela 4. Matéria seca da parte aérea (g) das plantas de milho cultivadas sob diferentes formas de fertilização aos 140 dias após plantio.

Tratamento GTestemunha 209,2 cMineral 433,6 bCompleto 535,2 a

Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%.

Além de uma maior produção de MSPA, a adubação foliar também favoreceu a formação de grãos pelas plantas de milho. O peso médio dos grãos de cada espiga dos diferentes tratamentos é apresentado na tabela 5. De acordo com essa tabela, o tratamento completo produziu espigas com um peso de grãos 137% e 13% maior que os tratamentos testemunha e mineral, respectivamente. O aumento na formação de grãos devido à aplicação de MAXFOL Zn-N, pode ser devido, principalmente, ao suprimento de zinco contido nesse produto. Resultados semelhantes foram verificados por Coelho e Filho (2006), quando utilizaram fertilizante foliar com 20% de Zn.

Tabela 5. Peso dos grãos (g) de cada espiga de milho cultivada sob diferentes formas de fertilização, colhidas com 13% de umidade.

Tratamento gTestemunha 75 cMineral 158 bCompleto 178 a

Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%.

Através da determinação dos valores da tabela 5, foi possível realizar uma estimativa da produção de grãos (kg ∙ ha-1) (Tabela 6) e da produtividade (sacas de 60kg ∙ ha-1) (Tabela 7), tendo-se como referência um stand de 65000 plantas ∙ ha-1.A produção de grãos (kg ∙ ha-1) foi significativamente influenciada pela aplicação do fertilizante foliar, sendo que o tratamento completo produziu 137% e 13% mais que os tratamentos

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testemunha e mineral, respectivamente (Tabela 6). Esse acréscimo na produção de grãos resultou numa produtividade do tratamento completo de 21,6 sacas de 60kg ∙ ha-1 e 111,5 sacas de 60kg ∙ ha-1 a mais que os tratamentos que receberam somente adubação mineral (tratamento mineral) e não receberam adubação (testemunha), respectivamente (Tabela 7). Este resultado demonstra a viabilidade e o retorno econômico da aplicação de fertilizante foliar na cultura do milho.

Tabela 6. Produção de grãos (kg ∙ ha-1) das plantas de milho cultivadas sob diferentes formas de fertilização.

Tratamento kg ∙ ha-1

Testemunha 4875 cMineral 10270 bCompleto 11570 a

Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%.

Tabela 7. Produtividade (sacas de 60kg ∙ ha-1) das plantas de milho cultivadas sob diferentes formas de fertilização.

Tratamento sacas de 60kg ∙ ha-1

Testemunha 81,3 cMineral 171,2 bCompleto 192,8 a

Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%.

4 Conclusão

O cultivo de milho híbrido Maximus TL da Syngenta, quando executado com um nível tecnológico alto, apresentou uma produtividade média de 192,8 sacas de 60kg ∙ ha-1.

O tratamento que recebeu aplicações do fertilizante foliar MAXFOL, produziu 21,6 sacas de 60 kg e 111,5 sacas de 60 kg a mais por hectare, em relação ao tratamento que recebeu somente adubação mineral e não recebeu adubação, respectivamente.

A aplicação do fertilizante foliar MAXFOL influenciou a produção de massa verde pelas plantas de milho, favorecendo a produção de silagem.

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REFERÊNCIAS

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PRODUTO ROUNDUP®

EMPRESA AGROMAIA COMÉRCIO DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS LTDA

Odair de Almeida FerreiraPascoal Rosa Plastino

Vicente Moreira Passarelli

RESUMOA Agromaia Comércio Produtos Agropecuários Ltda, empresa do setor do Agronegócio, atua no mercado de insumos agrícola na região Sudoeste Paulista, Estado de São Paulo, oferecendo produtos e serviços para os empresários rurais. Dentre a vasta gama de herbicidas, a linha de produtos Roundup®, que é fornecida pela multinacional Monsanto do Brasil, são os principais herbicidas comercializados pela empresa Agromaia, tendo o seu uso principalmente nas dessecações de pré-plantio no sistema de cultivo de Plantio Direto. O objetivo deste Plano Estratégico de Marketing é analisar a situação atual e implementar ações táticas mensuráveis que busquem o aumento da rentabilidade e market share com a linha de produto Roundup® na região de atuação da Agromaia. Podemos afirmar que a linha de produtos Roundup® é amplamente conhecida e reconhecida pelo mercado agrícola, sendo Top of Mind em nível nacional por vários anos consecutivos. Contudo o processo de distribuição e assistência técnica realizados pelos distribuidores é fundamental para o sucesso dos resultados quantitativos e qualitativos obtidos no negócio. A Agromaia é atualmente o maior distribuidor do Estado de São Paulo, com a maior rede de lojas distribuídas estrategicamente na região, possuindo uma equipe de vendas e assistência técnica capacitada para atender as necessidades dos empresários rurais. Em relação aos produtos Roundup®, a estratégia é voltada a proposição de valor, sendo assim, a percepção de valor é superior aos nossos concorrentes, garantindo uma rentabilidade maior, o que nos proporciona a possibilidade de investimentos em marketing, P&D e outros setores.

Palavras-Chave: Roundup®. Agromaia. Estratégia.

1. ANÁLISE DE MERCADO

1.1. Mercado da Linha Roundup®A linha de produtos Roundup® é amplamente utilizada nas mais diversas culturas: cereais, fruticultura,

horticultura, cana-de-açúcar, café, silvicultura, pastagens, etc. Os produtos Roundup® possuem diversas embalagens para atender pequenos, médios e grandes

produtores. O Roundup® Original, Roundup® Transorb (1 litro, 5 litros, 20 litros e 50 litros); Roundup® Ready (20 litros); Roundup® WG, Ultra (1 Kg e 5 Kg) e Scout® (5 Kg).

1.2. Tendências setoriais do mercado

Com o aumento de área prevista pela forte demanda por alimento é fato que o Brasil, tendo suas potencialidades quanto ao clima favorável, extensão de terras, água em abundância, seja um forte distribuidor

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de alimentos. Com a crescente aquisição de capital gerado pelo agronegócio, o PIB agrícola obteve bons desempenhos impulsionando toda a cadeia fornecedora de insumos para a produção na agricultura, entre eles, os herbicidas são indispensáveis para o sucesso, sendo peça fundamental no manejo de plantas daninhas em lavouras economicamente viáveis. Com a franca expansão, o mercado de herbicidas tem estimulado as empresas fabricantes a exaurir seus esforços em pesquisa e desenvolvimento para descobrir novas moléculas com desempenho superior aos produtos concorrentes no mercado. Além das novas descobertas, a quantidade produzida também é afetada para poder atender o mercado, com crescimento gradativo a cada safra, novos players aparecem para abocanhar uma fatia com é caso de empresas de genéricos oriundas do continente Asiático. Para sobreviver neste ambiente competitivo a proposição de valor aliada a uma prestação de serviço adequada, pode ser considerada como estratégia inteligente e eficaz para produzir bons resultados e elevar o grau de satisfação dos clientes que já adquiriram esta idéia.

2. IDENTIFICAÇÃO DE OUTRAS OPORTUNIDADES DE MERCADO

2.1 ANÁLISE DAS FORÇAS COMPETITIVAS

2.1.1 Avaliação da intensidade da rivalidade entre os concorrentes atuais

Diante da análise da rivalidade entre os concorrentes, a empresa Agromaia possui vantagens competitivas nos quesitos assistência técnica, pontos de distribuição e vendas. A concorrente D´Agro, por ter em algumas regiões mais tradição no mercado e facilidade para disponibilizar recursos financeiros como limite de crédito oferecido, pontuou-se melhor. No item vendas quase todas as empresas possuem excelente corpo de vendas capaz de traçar objetivos coerentes com a realidade do mercado. A Agromaia, no item capacidade de retaliação, teve pontuação menos expressiva perante suas concorrentes, demonstrando um ponto a ser melhorado que poderá dificultar o planejamento estratégico, sendo assim, deve se realizar aperfeiçoamento neste item.

Distribuidores de Roundup® e similares na região de atuação da empresa

ITENS ESTRUTURAISPESO

(%) AGROMAIA D’AGROCASA

AGRÍCOLA AGROSEMASaúde Financeira 8 4 0,32 4 0,32 5 0,4 4 0,32Assitência Técnica no Campo 12 5 0,6 5 0,6 4 0,48 3 0,36Pontos de distribuição 8 5 0,4 4 0,32 3 0,24 4 0,32Relacionamento Pessoal 20 4 0,8 4 0,8 3 0,6 3 0,6Market-Share (%) 12 4 0,48 3 0,36 3 0,36 2 0,24Vendas 13 5 0,65 5 0,65 5 0,65 2 0,26Capacidade de Retaliação 7 3 0,21 4 0,28 4 0,28 3 0,21Parcerias Estratégicas 7 5 0,35 4 0,28 3 0,21 3 0,21Limite de Crédito Oferecido 5 4 0,2 5 0,25 4 0,2 3 0,15Portifólio de Produtos 8 5 0,4 4 0,32 2 0,16 2 0,16

Total 100 4,33 4,18 3,58 2,83

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2.1.1.1 Avaliação do poder de barganha dos concorrentes

CONSUMIDOR – PRODUTOR RURALParticipação em nossas vendas

O poder de barganha do consumidor não é grande, devido à qualidade ofertada pela empresa apesar da grande oferta de produtos e serviços de outras marcas, com propostas semelhantes.

Custos de mudança Custo baixo para mudança, pois os consumidores ainda valorizam muito o fator preço. Muitos não conseguem perceber o diferencial de qualidade entre empresas fornecedoras.

Risco de Integração para trás

Não há.

2.1.1.2 Avaliação do poder de barganha dos fornecedores

A empresa possui diversos fornecedores para diferentes tipos de produtos e o poder de barganha dos fornecedores de insumos agrícolas é relativo, pois depende da estrutura física e de distribuição da empresa fornecedora. Com relação à Monsanto, esta possui forte poder por se trata de uma linha de produto exclusiva o qual o distribuidor não consegue interferir na política de preços da empresa e nem nos aspectos mercadológicos inerentes aos produtos vendidos. Normalmente os preços são pré-fixados e o distribuidor recebe uma tabela com para o consumidor final já estipulado preço, prazo e margem de lucratividade do distribuidor. As negociações de compra são realizadas de acordo com a demanda do mercado e análise crítica das previsões e intenções de plantio de cada cultura atendida. As compras são feitas através de um levantamento de demanda por cada loja o que garante à empresa Agromaia um poder de barganha maior devido ao volume expressivo de compra. As compras podem ser realizadas com prazo safra que normalmente tem seu vencimento no mês de junho seguinte.

2.1.1.3 Avaliação dos entrantes em potenciais

Dentre as barreiras de entrada a Agromaia possui estratéas estruturais com graus de eficácia mediana. O item mais crítico no qual deve ser ponto de melhoria nas ações táticas está com menor grau de eficácia.

GRAU DE EFICÁCIATIPO DE BARREIRAS DE

ENTRADA ALTO MÉDIO BAIXO TEMPO DE EFICÁCIA

Necessidade de Capital Mínimo 3 anosDiferenciação de Produtos De 3 a 5 anosEstrutura e espaços

necessários 2 anos

Regulamentações no setor 1 anoCobertura de área atendida 2 anos

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Possibilidade de retaliação Mínimo 2 anos

2.1.1.4 Avaliação dos produtos substitutos

Produto ou Prática Agrícola Impacto

Capina manual Eficiente em pequenas áreas, porém não afeta em áreas maiores.

Roçagem com trator Ação paliativa. A maioria das ervas daninhas tem a capacidade de rebrota.

Herbicidas de contato

Impacto médio. Haverá necessidades posteriores de novas aplicações.

Os produtos substitutos exercem fraca concorrência indireta. Apesar da utilização de práticas agrícolas em áreas de agricultura familiar, a fim de evitar a aplicação do Roundup®, estes são utilizados em áreas onde a infestação de plantas daninhas é muito alta.

2.1.1.5 Avaliação dos Influenciadores

ImpactoProdutores influenciadores

Exercem forte influência nos produtores indecisos ou os que desconhecem o posicionamento dos produtos

Consultores técnicos

Influenciam os produtores assistidos particularmente com recomendações.

Consultores de vendas

Baixa influência em alguns casos. Ponto importante é o relacionamento.

Os produtores formadores de opinião exercem grande influência sobre os produtores que ainda não experimentaram tais produtos. Com relação aos consultores que prestam assistência técnica para nicho de clientes com falta de conhecimento na área agrícola, estes assistentes exercem forte influencia em relação ao produto a ser comprado nas cotações. Nos casos em que os consultores de vendas são menos influentes, o relacionamento é crucial na influência no momento da compra.

2.1.2 Análise da concorrência quanto à percepção de valor do consumidor – CVA

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ATRIBUTOS DE QUALIDADE

PESO (%) AGROMAIA D’AGRO

CASA AGRÍCOLA AGROSEMA

MÉDIA (4+5+6)/3

ÍNDICE (3/7)

1 2 3 4 5 6 7 Recomendação Técnica 20 4 0,8 4 0,8 4 0,8 4 0,8 0,8 1,00Prazo de Entrega 15 4 0,6 4 0,6 3 0,45 3 0,45 0,5 1,20Presteza no Atendimento a Reclamações 15 4 0,6 4 0,6 2 0,3 3 0,45 0,45 1,33Tipo de Formulação/Embalagem 20 5 1 5 1 2 0,4 2 0,4 0,6 1,67Garantia de Satisfação/Eficiência 30 5 1,5 5 1,5 1 0,3 1 0,3 0,7 2,14

Total 100 4,5 4,5 2,25 2,4 3,05 1,48Os atributos de qualidade analisados pelos consumidores indicam que, com relação aos

itens apresentados, a Agromaia se destaca nos índices em geral, porém a concorrente D´Agro possui percepção semelhante. A diferenciação entre as outras é verificada pelas pontuações apresentadas nos quesitos.

2.1.3 Análise da concorrência quanto à percepção de preço ao consumidor

ATRIBUTOS DE PREÇO

PESO (%) AGROMAIA D’AGRO

CASA AGRÍCOLA AGROSEMA

MÉDIA (4+5+6)/3

ÍNDICE (3/7)

1 2 3 4 5 6 7 Preço 40 3 1,2 3 1,2 5 2 4 1,6 1,60 0,75Condições de Pagamento 40 3 1,2 3 1,2 4 1,6 4 1,6 1,47 0,82Desconto 20 4 0,8 4 0,8 2 0,4 3 0,6 0,60 1,33

Total 100 3,2 3,2 4 3,8 3,67 0,87

Com relação a preço as empresas que se destacam são: Casa Agrícola e Agrosema, pois se trata de empresas que comercializam produtos genéricos em sua grande maioria. As empresas Agromaia e D´Agro obteve pontuações menores pois trabalham com produtos com proposição de valor e produtos diferenciados.

2.1.4 Avaliação final da posição competitiva

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PONTUAÇÃO FINAL

ATRIBUTOSPESO

(%) AGROMAIA D’AGROCASA

AGRÍCOLA AGROSEMAAtributos Estruturais 20 0,87 0,84 0,72 0,53Atributos de Qualidade 40 1,8 1,8 0,9 0,96Atributos de Preço 40 1,28 1,28 1,6 1,52

TOTAL 100 3,95 3,92 3,22 3,01

No somatório dos atributos, a Agromaia possui vantagens competitivas em relação aos seus principais concorrentes na área de atuação da empresa. No quesito de atributos de qualidade, as pontuações foram iguais para a Agromaia e D´agro. No atributo de estrutura a Agromaia obteve melhor resultado por se tratar de uma empresa que possui uma estrutura de distribuição mais aperfeiçoada, portfólio amplo, bom relacionamento com seus clientes entre outros itens com pontuações melhores em relação aos seus concorrentes.

2.1.5 Análise SWOT

PONTOS FORTES PONTOS FRACOS Força de vendas Fornecedor monopolista Bem reconhecida no mercado Fortes disputas internas Recursos financeiros abundantes Experiência da administração limitada Parcerias com outras empresas Problemas operacionais internos Condições comerciais Centralização do poder

OPORTUNIDADES AMEAÇAS Crescimento rápido do mercado Entrada de novos concorrentes Aumento da demanda por insumos agrícolas

Aumento da regulamentação

Aumento na demanda por alimentos Introdução de novos produtos similares Enfraquecimento da força de vendas dos concorrentes

Instabilidade cambial

Instabilidade cambial Empresas rivais adotam novas estratégia

Na análise podemos verificar que a empresa possui fortalezas organizacionais relacionadas ao setor comercial da empresa e a imagem como sendo uma das mais reconhecidas do mercado. Seus pontos fracos tangem a filosofia de administração e fornecedores com políticas monopolistas. Observando as oportunidades do setor, pode-

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se concluir que o mercado está em expansão e a demanda por defensivos agrícolas cresce, assim, a produção de alimentos deve crescer também. Um dos principais concorrentes está perdendo sua força de vendas no campo para outra empresa do mesmo setor por ofertas melhores de remuneração. As ameaças de novos entrantes com produtos genéricos, além da adoção de estratégias diferenciadas pela concorrência como troca de defensivos agrícola por soja ou milho, podem se tornar ameaças pelas quais se devem programar estratégias mais eficazes.

2.2 Objetivos de Marketing

ESTRATÉGIAS DE MARKETING

OBJETIVOS DE MARKETING

Fort

alec

er o

rel

acio

nam

ento

com

os

clie

ntes

mai

s

lucr

ativ

os.

Qua

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.

1. Aumentar em 15% das Vendas até 2010.2. Aumentar em 2% no Lucro Líquido na linha de Produtos Roundup em relação ao ano anterior.3. Aumentar a participação de mercado (60% do mercado local).

4. Garantir 100% de Satisfação dos clientes em 2 anos.5. Manter-se Top of Mind na linha de Herbicidas até 20156. Fidelizar os consumidores de Roundup® Ultra nos próximos 4 anos

3. POLÍTICA DE PRODUTOS

3.1 Dimensão

A Agromaia dispõe de diversos produtos para promover a comodidade e a eficácia no campo, e em se tratando de herbicida, disponibiliza em suas lojas o produto conhecido como Roundup®. Este defensivo tornou-se conceito no mercado, trata-se de uma revolução na agricultura sendo ferramenta fundamental no dia-a-dia dos agricultores. Roundup® é o nome da marca do herbicida produzido pela companhia Norte Americana Monsanto, sendo o seu princípio ativo o glifosfato, elemento químico usado para o controle de ervas daninhas, sendo o Roundup® o mais vendido ao redor do mundo desde 1980. Todos os herbicidas que têm como base o glifosfato funcionam com o mesmo princípio bioquímico: a inibição de uma enzima específica, a qual é necessária para o crescimento das plantas: a EPSP sintase. Sem essa enzima, as plantas não são capazes de produzir outras proteínas essenciais para o crescimento, ficando amareladas e morrendo após alguns dias ou semanas. A maior parte das plantas usa essa mesma enzima, fazendo com que quase todas sucumbam ao Roundup®.

O seu surgimento ocorreu em 1970, com a síntese do glifosato, ingrediente ativo do herbicida. Em 1974 Roundup® foi registrado pela primeira vez para uso na Malásia e no Reino Unido e dois anos depois nos Estados Unidos. O Brasil recebeu sua primeira amostra para testes em 1972 e em 1978 o produto, ainda importado, chegava ao País para ser comercializado. Ele passou a ser produzido no Brasil em 1984.

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3.2 Linha de produtos

O atual mercado de defensivos agrícolas no Brasil atinge cerca de US$ 3,1 bilhões, segundo o SINDAG (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola). Sendo um mercado altamente atrativo, as empresas das quais fazem parte, direcionam suas estratégias para aumentar sua participação neste montante. Focando na classe dos herbicidas, observa-se que alguns produtos são os impulsionadores desse mercado, como é o caso do glifosato, princípio ativo do Roundup®, sozinho representa 30% em termos de valor de todos os herbicidas usados. A fim de abranger este mercado, e por conseqüência, aumentar o share of market, a Agromaia, disponibiliza a comercialização de uma linha de produtos para o Roundup®, como: Roundup® Original, Roundup® Transorb, Roundup® Ready, Roundup® WG, Roundup® Ultra e o Scout®. Os produtos são diferenciados conforme as finalidades a que se destinam, para tanto destacamos sucintamente suas atribuições particulares.

3.2.1 Roundup® Transorb

O Roundup® Transorb é o mais rápido e eficiente herbicida para o controle do mato existente, sendo um produto novo e rico em tecnologia, sua finalidade é abrir caminho pelas folhas das plantas daninhas e faz com que o produto chegue rápido e direto à raiz, sendo absorvido em minutos, proporcionando mais resultados em menos tempo.

3.2.2 Roundup® WG

Roundup® WG é o resultado da evolução tecnológica da marca Roundup®, trata-se de um produto granulado, o qual permite ao agricultor atingir sempre os melhores resultados, além de facilitar sua vida na armazenagem, no manuseio e no descarte. O herbicida possui ação total que contém um elemento conhecido como surfactante o qual possui a finalidade de achatar a gota na folha, aumentando a superfície de contato e melhorando a penetração do produto. O Sal de Amônio presente no grânulo de Roundup® WG aumenta a quantidade de produto absorvido pela planta.

3.2.3 Roundup® Ultra

O Roundup® Ultra é a combinação das formulações da tecnologia Transorb II ao sal de amônio, ácido, surfactante somando-se aos benefícios da formulação granulada. Este novo produto busca encontrar o equilíbrio ideal para o agricultor, conferindo ao produto uma grande velocidade de absorção na planta, ficando o menor tempo possível sobre a folha e sendo menos afetado pelo ambiente para, desta forma, ter um grande resultado no controle de plantas daninhas. O seu maior diferencial está na eficácia e na consistência de resultados em condições adversas, principalmente às afetadas pelas intempéries do ambiente. Os produtos Roundup® correspondem 7% do faturamento total da empresa Agromaia. A margem de contribuição da linha de produtos está em torno de 25% sendo uma linha importante no portfólio da empresa.

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Vendas de Roundup em Percentual

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

RoundupOriginal (1L)

RoundupOriginal (5L)

RoundupOriginal(20L)

RoundupTransorb

(5L)

RoundupTransorb

(20L)

RoundupUltra (5K)

RoundupWG (1K)

RoundupWG (5K)

Faturamento (%)

FIGURA 01. Vendas da linha de Roundup® em porcentagem na última safra na rede de lojas Agromaia.

3.3. Ciclo de vida dos produtos

Diante do portfólio de defensivos agrícolas da Monsanto o ciclo de produtos é bastante variável, pois cada produto está posicionado em uma faixa de estádio.

4. POLÍTICA DE PREÇO

4.1 Características do segmento

O segmento apresenta características peculiares quanto ao preço, pois os produtos em geral são feitos de acordo com a necessidade do produtor. O fabricante segmenta o mercado de forma que se tenha em sua linha, diversos tipos de tamanho de embalagem, o que vai determinar diversas faixas de preços. Além disso, pelo diferencial de qualidade a comercialização exige muito conhecimento técnico e especifico por parte do distribuidor o que contribui, ainda mais, para a elevação do preço do produto ao distribuidor. No aspecto econômico, o produto fica muito mais sensível aos preços de acordo com as oscilações do mercado de commodities agrícolas e da taxa de câmbio, pois a grande maioria dos ingredientes ativos é importada. Quando as condições econômicas desfavoráveis à competição com os produtos “talibãs” é acirrada o que afeta diretamente na formulação dos preços.

4.2 Características dos preços dos produtos

O produtor faz pesquisa de preços de acordo com as variações das commodities agrícolas e das melhores condições de prazo, desconto e pagamentos. Normalmente quando não encontra as condições necessárias partem para marcas genéricas de menor qualidade.

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5. POLÍTICA DE LOGÍSTICA, DISTRIBUIÇÃO E TRADE MARKETING

A Agromaia por se tratar de um canal de distribuição de insumos agrícolas onde podemos analisar, neste trabalho, os processos de logística internos da empresa e o sistema de redistribuição de produtos, o foco é a linha de produtos Roundup®. As etapas que envolvem a empresa Monsanto, fornecedora da linha de produtos, será exposta também para esclarecer-nos suas políticas de entrega dos produtos e utilização das ferramentas relacionadas aos processos de logística, distribuição e trade marketing.

5.1 Etapas da aquisição de produtos e fornecimento para os clientes

5.1.1 Processo de compra

A tomada de decisão de compras dos produtos normalmente é realizada em reuniões com os gerentes de cada filial. São feitas as previsões, forecasts, de compra para a safra dos produtos, mês a mês, escalonando as quantidades necessárias mensais a fim de evitar excesso de produto no estoque ou falta deste no momento de maior venda. Estas previsões são feitas pelos consultores de vendas em conjunto com gerente da filial e o representante técnico de vendas que, no caso, é o da Monsanto, a avaliação da quantidade é feita por cliente e região. Após montado o cronograma de compra, a previsão total de cada filial é passada para a diretoria, na matriz, em reunião. A vantagem de realizar a compra em conjunto, pedido mãe, é o poder de barganha para negociar taxa de juros menores que podem ser feito na forma de vendor ou até sem juros dependendo da quantidade a ser adquirida.

5.1.2 Entrada dos produtos nas lojas

As entradas são ajustadas conforme o pedido de compra e controladas através do forecast realizado com os consultores de vendas. Com este monitoramento, consegue evitar a ociosidade de produto no estoque, redução de custos, menor área de utilização no espaço do estoque, validade do produto desejável entre outros. Cada filial recebe os produtos de acordo com as demandas levantadas no campo e de acordo com a necessidade de cada região. As entregas dos produtos da linha Roundup® são realizadas por empresas terceirizadas pela Monsanto, por exemplo, Luft, Toniatto, possuem veículos apropriados para o transporte deste tipo de produto que é enquadrado como perigoso e nocivo ao meio ambiente e ao homem, por se tratar de defensivo agrícola. Os condutores dos veículos são treinados e habilitados com registro de Movimento de Cargas Perigosas (M.O.P.) estes veículos são caminhões de porte médio com carroceria baú protegidas contra intempéries no momento do transporte. Todas as cargas de Roundup® saem seguradas do ponto de distribuição até os atacadistas ou varejistas. O recebimento da mercadoria é feito pelo encarregado do estoque no qual, com ajudante, verifica se o pedido de compra confere, na nota fiscal, com os quesitos como: preço, prazo de validade, embalagem, quantidade. Após é realizado o check up do produto em si, como: integridade das embalagens, caixas de proteção ou pallets, se o prazo de validade confere com o da nota fiscal e lote, verifica se houve violação do lacre de proteção de cada embalagem, se todas as embalagens possuem a bula de recomendações de uso etc. Quando há irregularidades o encarregado não recebe a mercadoria e justifica o motivo da não aceitação da mercadoria no verso da nota fiscal. O transporte dos produtos do caminhão até o local apropriado é feito com um carrinho de carga manual. Dentro dos estoques adequados para alojar os defensivos agrícolas das lojas, os produtos são acomodados de acordo com a classificação de uso como, por

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exemplo: herbicidas, inseticidas, fertilizantes foliares, fungicidas e acaricidas. O encarregado de estoque, posteriormente, dá entrada no produto com a nota fiscal de compra e alimenta o controlador de estoque que é agregado ao sistema de informação do grupo Agromaia interligado entre todas as filiais e inclusive com a matriz.

5.1.3 Pedido de compra do cliente

Os pedidos de compra são feitos pelos consultores de vendas com atendimento personalizado no campo em visitas nas lavouras com os clientes, por fax, e-mail, telefone fixo da empresa através dos balconistas ou telefone celular. Estes pedidos podem ser realizados por palm no qual registra no programa específico ou pela forma clássica com talão de pedido. No software de vendas, é alimentado o nome do cliente, nome do consultor de vendas, o produto adquirido, a forma de pagamento, o prazo de pagamento. Realizado a venda, o encarregado de estoque recebe o script da venda e monta a rota de entrega dos produtos. Com a nota fiscal e a rota na mão, confere, com o entregador e ajudante de estoque, os itens contidos na nota fiscal para serem carregados, dependendo do volume adquirido o transporte da loja até o destino pode ser feito com carros leves (pick up´s) ou caminhões com capacidade maior, sendo estes, apropriados para transportar defensivos agrícolas conforme as leis vigentes. Os condutores são treinados e habilitados com a carteira M.O.P. para transporte de cargas perigosas.

7.1.4 Entregas dos pedidos

As entregas dos produtos podem ser feitas por retiradas na loja ou entrega programada no local solicitada, no cadastro do cliente há um campo no qual o consultor de vendas preenche o local de entrega das mercadorias. As entregas são realizadas no prazo máximo de dois dias. As rotas de entregas são montadas conforme o pedido dos clientes em uma determinada região, ou seja, é realizado um montante de pedidos em um destino próximo às entregas para evitar descolamentos desnecessários no percurso de entrega dos produtos. O planejamento das entregas é feito a cada dois dias programando os destinos conforme os pedidos.As entregas são feitas também pelos consultores de vendas, ou por entregadores em pick up´s, estas entregas normalmente são feitas em um prazo máximo de 24 horas. A taxa de pontualidade de entrega chega a 90% e os custos logísticos estão embutidos nos preços das mercadorias.

6. CONCLUSÃO:

O Plano Estratégico de Marketing consiste em objetivos e estratégias capazes de suportar o crescimento e manutenção da linha de produtos Roundup® pelo distribuidor Agromaia. As ações são fundamentadas em proposição de valor na qual a prestação de serviço é ponto critico para o sucesso dos negócios.

A base do relacionamento com nossos clientes é construída em uma relação de confiança e parceria, o que certamente nos levará à resultados sólidos e um futuro sustentável. No entanto, o entrave principal para alcançarmos nossos objetivos está na estratégia adotada pela concorrência que é a liderança em preços o qual dificultará o processo de percepção de valor através das vendas dos produtos para clientes sensíveis a preços nos quais tais clientes tendem a reduzir seus custos de produção devido aos indicativos de queda dos

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preços agrícolas. Por outro lado podemos ressaltar que a linha de produto é reconhecida pelos consumidores como sendo de alta qualidade e tecnologia, além da prestação de serviços diferenciada que agrega muito valor.

Na gestão do portfólio da linha de produtos, o Roundup® Original poderá ser substituído gradativamente por produtos com valor agregado maior como Roundup® Ultra, Roundup® Transorb, pois se trata de um produto com diversos concorrentes tornando mais interessante.

O objetivo da Agromaia é aumentar o volume de vendas, o lucro líquido e o conhecimento da marca em sua região de atuação, assim, se conseguem alcançar estes objetivos, com uma maior chegada, um melhor relacionamento e um atendimento de excelência aos clientes foco da Agromaia.

REFERÊNCIAS

AGROMAIA. Pilar do Sul. Site Institucional. Disponível em: www.agromaia.com.br

ARBACHE, F.S. et al. Gestão de Logística, distribuição e trademarketing. 3ª ed. Rio de Janeiro: Editora FGV; 2006

BERNARDINO, E. C. et al. Marketing de varejo. 2ª ed. atual. Rio de Janeiro: Editora FGV; 2006

DCI, Diário do comércio da Indústria e Serviços. São Paulo. Disponível em: www.dci.com.br/agronegócios.asp

IEA. Instituto de Economia Agrícola. São Paulo. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/banco/menu.php.

IRIGARAY, H. A. et al. Gestão e desenvolvimento de produtos e marcas. 2ª ed. rev. atual. Rio de Janeiro: Editora FGV; 2006.

MEINBERG, José Luiz. Apostila do Módulo Gestão de Logística, Distruição e Trade Marketing, 2009.

MONSANTO. São Paulo. Site Institucional. Disponível em: www.monsanto.com.br

RODRIGUES-LIMA, Newton. Apostila do Módulo de Planejamento Estratégico de Marketing. 2009.

SAFRAS&MERCADOS. Porto Alegre. Disponível em: http://www.safras.com.br/bancodedados.asp

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CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS E BIOQUIMICAS DO SEMEM DE SUÍNOS

DO ECOTIPO LARGE-WHITE

Terezinha Ap. Mastins Gomes de Castro1

Alessandra Martins Gomes de Castro2

Fernando Gomes de Castro Junior3

RESUMO

Foram utilizadas cinquenta e duas amostras de sêmen oriundas de quatro reprodutores, pertencentes ao ecotipo Large White, com idade média de doze meses. Para as coletas utilizaram-se o processo da mão enluvada realizada duas vezes por semana. No ejaculado total foram determinadas as características físico-químicas sendo: volume, pH, turbilhonamento, motilidade, vigor, densidade espermática e frutose. O sêmen foi centrifugado , no sobrenadante foi calculada a concentração de proteína, a fosfatase ácida e alcalina no precipitado (espermatozóide) e a atividade glutamato oxaloacético transaminase (GOT) após lise do espermatozóide. Os valores médios para as características estudadas foram volume 210,15 ± 75,15 mL., motilidade 65,70 ± 5,75 %, vigor 3,12 ± 0,45, turbilhonamento 2,42 ± 0,30, densidade espermática 284,23 ± 24,16 x 106 espermatozóides/mL, pH 7,27 ± 0,31, proteína 3,35 ± 0,52 mg %, frutose 6,78 ± 0,96 mg %, fosfatase ácida 246,79 ± 45,17 mIu., fosfatase alcalina 2.718,26 ± 432,45 mIu., e glutamato oxaloacético transaminase 118,08 ± 15,57 UF. Constatou-se uma diferença significativa ao nível de P< 0,05 entre reprodutores, para o volume do ejaculado, densidade espermática, concentração de frutose, fosfatase ácida e alcalina, bem como para o glutamato oxaloacético transaminase. Assim, podemos recomendar que estes parâmetros possam ser utilizados na seleção de reprodutores e em estudos de fertilidade do sêmem.

Palavras-chave: sêmem. Transaminase. Fosfatase. frutose e proteína.

ABSTRACT

Fifty-two samples of semen from Large-White boars with twelve months old were used to determine the physical-chemical (volume, pH, motility, sperm concentration, progressive movement and mass activity, levels of proteins, fructose) and biochemical (alkaline phosphatase, acid phosphatase and glutamic oxaloacetic transaminase activities) characteristics. After the experimental period (90 days) the average values recorded were as follows: sperm motility, 65.70 ± 5.75%; sperm concentration, 234.23 ± 24.16 x106 sp/mL; progressive movement, 3.14 ± 0.45; mass activity, 2.42 ± 0.30; levels of proteins, 3.35 ± 0.52 mg %; fructose 6.78 ± 0.96 mg %; acid phosphatase activity, 246.79 ± 45.17mIu; alkaline phosphatase activity, 2718.26 ± 432.45 mIu and glutamic oxalocetic transaminase, 118.08 ± 15.57 UF. There was a significative difference (P<0,05) among boars for ejaculated volume, sperm concentration, level of fructose and acid phosphatase and alkaline phosphatase and glutamic oxaloacetic transaminase activities. So we can recommend, that these parameters will be utilized to boars selection and studies of semen fertility.

Key words: boars. Semen. Transaminase. Phosphatase. fructose and protein.

1 Professora Dra. Da Faculdade de Ensino Superior Santa Bárbara – FAESB, Tatuí, SP. E-mail: [email protected] Jovem Pesquisador – Depto de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Anima/ FMVZ/USP. E-mail: [email protected] Pesquisador Científico V do Instituto de Zootecnia de Nova Odessa. APTA/SAA/SP. E-mail: [email protected]

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1 INTRODUÇAO

O Brasil possui um plantel industrial de 1,48 milhões de matrizes e produziu no último ano, três milhões de toneladas de carne suína. Embora o consumo per capta de carne suína no Brasil seja de apenas 13,5 Kg/ano, esta carne é a mais consumida mundialmente, segundo a ASSOCIAÇÂO BRASILEIRA da INDUSTRIA PRODUTORA e EXPORTADORA de CARNE SUINA (2007). Os índices reprodutivos em um plantel suinícola são extremamente importantes no que se refere à lucratividade neste setor e com o avanço da técnica de inseminação artificial nesta espécie, a busca por sêmen de melhor qualidade tem sido priorizada por inúmeros pesquisadores. Várias pesquisas tem sido desenvolvidas recentemente OLIVEIRA e col. (2007), no sentido de avaliar a qualidade do sêmen, isto é, a sua capacidade de promover a fecundação de uma fêmea.

Assim, além de processos normalmente usados para a avaliação, da qualidade do sêmen novas técnicas têm sido desenvolvidas e ou incrementadas, através da realização de ensaios, estudando a determinação das atividades enzimáticas, bem como de outros componentes do sêmen, visando a melhoria na analise de qualidade do sêmen e sua aplicação na inseminação artificial.

Sabe-se que o macho influencia na taxa de concepção e a mortalidade precoce do embrião é um fator importante na eficiência reprodutiva de um rebanho suíno PACKER; BELL; MEYEAS, (1964) e HULET; FOOTE; BLACWELL, (1965). Por outro lado, devido ao crescente aumento na utilização da Inseminação Artificial na indústria suína, há interesse na identificação de machos com fertilidade sub-ótima, HIRAI e col. (2001) para descartá-los ou reduzir seu uso JUANOLA e col. (1998). Além disto, a identificação de machos com alta fertilidade poderia resultar em uso de doses com menor número de espermatozóides, sobretudo em machos de alto valor genético, sem perda de produtividade. (RUI-SANZHEZ e col. (2008).

Estudos têm sido realizados correlacionando as características do sêmen e a fertilidade, no sentido de prevenir o uso de machos inférteis e ou sub-férteis em rebanhos suínos. Além de estudos morfológicos e físicos, mais recentemente, os pesquisadores têm voltado às atenções para o estudo das atividades de várias enzimas, tanto no espermatozóide como no plasma seminal, procurando correlações significativas entre estas atividades com outras características do sêmen e também com a capacidade fecundante do mesmo. Destacam-se as enzimas glicolíticas, proteolíticas, enzimas do ciclo do ácido cítrico e as transaminases (GLUHOUSCHI 1968).

Os estudos têm voltado as atenções para a acrosina que é uma proteína existente no acrosoma do espermatozóide de mamíferos, a qual permite o mesmo entrar na zona pelúcida do ovo POLAKOSKI & PARRESH (1977). Tem-se dado atenção, também, a retenção de enzimas

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nos espermatozóides, após ter sido o sêmen submetido a vários tratamentos tais como diluição e congelamento. O estudo da estabilidade de enzimas presentes no sêmen é de grande importância para os processos de conservação visto ser, o sêmen de suínos, o que maior dificuldade apresenta em relação aos processos de criopreservação.

MANN (1966), em um estudo químico e bioquímico do sêmen de animais domésticos, citou os seguintes valores médios: para a frutose 9 ± 5 mg %, acido cítrico 173 ± 9 mg %, fosfatase ácida 80 mKA, fosfatase alcalina 3.310 mKA..

ANTNYUK; IL’INSKAYA; BEZIYDNIKOVI, (1979), analisando as características reprodutivas em suinos Large White russos e White Black Pieds russos com idade variando de 1,2 a 3 anos, observaram que os valores médios de volume foram 168, 231 e 329 mL, sendo que as diferenças entre os animais de um ano e os demais foram altamente significativas. A densidade espermática foi de 0,192 x 109, 0,179 x 109 e 0,155 x 109 esp/mL, ocorrendo diferença significativa entre os grupos mais jovens e mais adultos, a porcentagem de espermatozóides móveis e pH observada foram de 82,3, 82,1 e 79,3 % 7,21, 7,37 e 7,43 respectivamente.

NAFORNITA & TATARU (1977) estudaram as características físicas e químicas do sêmen de vinte e quatro reprodutores Large White e treze reprodutores Landrace durante três meses e obtiveram os seguintes resultados: volume ejaculado de 315 e 376 mL, motilidade espermática de 74 e 78 %, densidade espermática de 0,287 x 109 e 0,215 x 109 esp/mL, concentração de frutose (mg/100 mL) de 41 e 75, concentração protéica (g/100 mL) de 2,79 e 3,14 e pH de 7,3 e 7,5 para as raças Large White e Landrace, respectivamente.

STREEZEK e col. (1978) realizaram um estudo da composição química e metabolismo do sêmen de 45 suínos da raça Polish Large White e Polish White. Os autores determinaram os valores médios, para densidade espermática de 330,98x 106/mm3 atividade fosfatase ácida de 2495 unidades, mIU e atividade fosfatase alcalina de 45,6 mlu, bem como concentração de frutose de 43,34 mg/100 mL.

KRYACHKO, (1979) estudando as características físicas do sêmen de três suínos da raça Large White Russa no decorrer do ano observou os seguintes valores na primavera, verão, outono e inverno para volume ejaculado de 269, 276, 260 e 273 mL, densidade espermática de 157 x 106, 141 x 106, 150x 106 e 133 x 106 esp/mL e motilidade espermática (medida em escala de 01-10) de 8,5.

KUCIEL; MASEK; KULVAIT (1982) estudaram o desenvolvimento sexual de suínos utilizados em Inseminação Artificial. Os autores utilizaram 78 ejaculados coletados de 13 reprodutores Czechoslovakian Improved White, Landrace belga e Landrace com idade de 14 a 54 meses. A média do tempo de coleta foi de 515,5 segundos, (8,59 minutos) volume ejaculado de 307,9 cm3, concentração espermática de 401,85 x 10 3 esp/mm 3e motilidade espermática de 79,8 %. Os autores observaram que não houve diferença estatisticamente significativa entre intervalos

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de coletas, idade e estação do ano. Já o volume ejaculado foi significativamente correlacionado com o tempo de ejaculação (0.64) e o tempo de ejaculação com a concentração espermática (-0,65).

KRYACHRO (1983) utilizando-se de dezenove reprodutores Russian Large White com idade superior a 12 meses, fez um estudo das características físicas e químicas do sêmen dos mesmos. Os resultados obtidos foram: número de espermatozóides no ejaculado de 33,5 x 109, pH de 7,50 e teor de frutose de 5,98 mg%.

DUBIEL e col. (1985) estudando a qualidade do sêmen de 16 reprodutores suínos, pertencentes às raças Large White polonesa, Duroc e 4 cruzados, com idade de 6,5 meses, obtiveram um valor médio de: volume ejaculado 186, 145 e 210 mL, motilidade espermática 70%, 70% e 70%, densidade espermática de 504 x 103, 476,5 x 103 e 436 x 103 esp/mm3 , tempo de ejaculação de 3,9, 4,3 e 4,3 minutos.

RAO (1990) estudando 64 ejaculados de 8 suínos com idade entre 14-24 meses, observou um volume médio de 138,9 ± 3,69 mL, volume gel de 30 ± 1,66 mL, motilidade de 83,31 ± 1,52, densidade espermática de 283,01 ± 12,76 X 10 6 esp/mL e porcentagem de vivos de 81,70 ± 1,43 %.

No presente ensaio é proposto o estudo das características físicas (tempo de coleta, motilidade, vigor, turbilhonamento, pH e densidade espermática) e bioquímicas (proteínas, frutose, fosfatase ácida, fosfatase alcalina e glutamato oxaloacético transaminase) com o objetivo de estabelecer os padrões normais destas características bem como a sua variação entre animais da mesma espécie.

2 MATERAL E METODOS

Foram utilizadas amostras de sêmen de suínos da raça Large White, com idade média de doze meses, mantidos sob condições normais de manejo e alimentação. Os cachaços foram mantidos em baias de 9 m2/animal e acesso matutino ou vespertino de no mínimo duas horas diárias a piquetes de gramínea (Brachiaria decumbens Stapf.) 100 m2/animal. Foram arraçoados com ração balanceada, na forma farelada e seca duas vezes ao dia, a razão de 2,2 Kg/animal/dia, com um acréscimo de 0,5 Kg/animal, no dia da coleta conforme o quadro 1, que apresenta a composição da ração. A água foi ofertada “ad libitum”, por meio de bebedouros automáticos do tipo chupeta. O período experimental foi de 90 dias.

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Quadro 1: Composição da ração dos reprodutoresDiscriminação Porcentagem

%Nível protéico3 %

Nível energético 3

Kcal.Lisina 3

%IngredientesMilho 82,0 6,81 2890,50 0,213Farelo de soja 10,0 4,75 377,00 0,302Farinha de peixe 6,0 3,78 226,20 0,226Sais minerais1 1,5Sal comum 0,4Premix vitamínico2 0,1

Total100,0 15,34 3193,7 0,741

1.Composição por quilograma: 3.000mg de Ferro; 250mg de Cobre; 50mg de Cobalto; 1.300mg de Manganês; 2.000mg de Zinco; 50mg de iodo; 280gr de Cálcio e 127gr de Fósforo.2 Composição por quilograma: 4.000.000UI vit. A; 200.000 UI vit. D; 10.000 UI vit. C; 2.000mg de Tiamina; 3.000mg de Riboflavina; 10.000mg de Acido Pantatênico; 10.000mg de Niacina; 2.000mg de Piridoxina e 15mg de Cianocobalamina.3 Calculado segundo as tabelas do NRC (1998).

A coleta do sêmen foi realizada, através do processo de mão enluvada e determinado o tempo de coleta, que foi de 4,97 ± 0,41 minuto. O ejaculado foi recebido em um “Becker” de 500 mL com uma gaze como filtro que permitiu o descarte do gel nele retido; seu aspecto foi esbranquiçado e no momento da coleta com luva de vinil as três primeiras gotas ou jatos foram desprezados. A seguir o material foi homogeneizado e estabilizado entre 32 a 36 °C.

O volume foi medido em tubo graduado (proveta), método usual, realizado no sêmen total em mL e os valores de pH determinados potenciométricamente. A seguir foram retiradas alíquotas para a realização das demais análises físico-químicas e bioquímicas de ejaculado. As amostras foram preparadas de acordo com o processo descrito por CASTRO; MACHADO; FERRAZ, (1983).

A motilidade espermática é uma análise para avaliar a porcentagem de espermatozóides que estão em movimento. A avaliação de motilidade deve ser realizada em microscópio óptico com aumento de 200 vezes. Para tal, coloca-se uma gota de sêmen puro entre lâmina e lamínula previamente aquecidas na chapa aquecedora e avalia-se ao microscópio; o vigor, também é determinado microscopicamente pelo movimento progressivo do espermatozóide e o turbilhonamento, dependendo do grau de formação de ondas, sendo dadas notas de 1 a 5 .

A concentração espermática, realizada segundo a técnica empregada em hematimetria, utilizando-se da Câmera de “Neubauer” é um procedimento de maior precisão para a determinação da concentração espermática e a densidade espermática é expressa em mL/mL.

A concentração de frutose foi determinada em amostra do sêmen total, segundo metodologia descrita por MANN (1948) e expressa em g%.

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A concentração protéica foi obtida, segundo o método do Biureto modificado de URIEL (1961) usando a soroalbumina bovina coma padrão e expressa em g%.

A atividade fosfatase ácida foi determinada no plasma seminal através do processo calorimétrico descrito por KINO and KING (1954) usando-se o fenil fosfato dissódico como substrato e incubação durante 60 minutos a 37 °C. A determinação do fenol hidrolizado foi realizada com o reagente amino-antipirina que reage com substâncias fenólicas na presença de agentes oxidantes alcalinos formando quinonas as quais foram lidas a 510 nm.

A atividade fosfatase alcalina foi determinada no plasma seminal pelo processo colorimétrico de KINO and KING (1954), empregando-se o mesmo substrato e incubação durante 15 minutos a 37o

C. A determinação do fenol hidrolizado foi feita de acordo com a técnica descrita acima. As unidades de atividade enzimática da fosfatase ácida e alcalina expressas em mIu, são definidas como a quantidade que transformam um micromol de substrato por minuto, segundo as condições de ensaio.

A atividade glutamato oxaloacético transaminase foi determinada no espermatozóide lavado e submetido à lise, segundo o método colorimétrico de REITMAN and FRANKEL (1957), usando-se a-cetoglutarato de d-L-aspartado como substrato. Após incubação por um período de 60 minutos, a quantidade de piruvato formada foi determinada espectrofotométricamente pela formação de uma hidrazona colorida e a leitura da densidade do produto realizada a 505nm. A unidade de atividade enzimática é expressa em U.F.

Os parâmetros estudados foram analisados através das medidas de posição (teste t), sendo a hipótese nula de rejeição pré-estabelecida ao nível de P< 0,05 para o contraste efeito de reprodutor, segundo PIMENTEL GOMES (1963).

3 RESULTADOS E DISCUSSAO

A média, o desvio padrão bem como o coeficiente de variação das características físico-químicas e bioquímicas encontra-se no tabela 2 (volume, motilidade, turbilhonamento e vigor), tabela 3 (pH, proteína,frutose e densidade espermática), tabela 4. (fosfatase ácida, fosfatase alcalina e glutamato oxaloacético transaminase)

Tabela 2. Resultados médios, desvio padrão, coeficiente de variação e diferenças significativas para os parâmetros, (volume, motilidade, turbilhonamento e vigor).

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Nºordem

Nº decoletas

Volume (ml)`x s cv

Motilidade (%)x s cv

Turbilhonamento (1-5)`x s cv

Vigor (1-5)`x s cv

1 20 251,54 ± 81,45 31,12C 68,38 ± 2,94 4,30B 2,56 ± 0,33 12,89A 3,02 ± 0,15 4,97A

2 13 158,08 ± 50,05 29,78A 64,61 ± 7,04 10,90A 2,37 ± 0,23 9,70A 3,37 ± 0,91 26,84A

3 10 199,5 ± 40,44 20,27A,B 65,15 ± 6,81 10,45AB 2,36 ± 0,28 11,86A 2,94 ± 0,56 6,66A

4 09 169,78±57,75 34,00A 61,93 ± 5,30 8,56A 2,24 ± 0,21 9,40A 2,97 ± 0,23 7,74A

04 52 210,15 ± 75,15 36,76 65,70 ± 5,75 8,75 2,42 ± 0,30 12,30 3,12 ± 0,45 14,42

(A,B e C) letras iguais não diferem entre si ao nível de P< 0,05 % (Teste de Tukey).

Os valores médios encontrados para o volume ejaculado foram de 210,15 ± 75,15 mL e coeficiente de variação de 35,76 %. Os valores médios individuais variaram de 168,08 ± 50,05 a 251,54 ± 81,45. Constataram-se diferenças estatisticamente significativas entre reprodutores ao nível de P< 0,05 quando analisadas pelo teste de Tukey. Os valores médios obtidos para o volume do ejaculado de reprodutores da raça Large White apresentaram-se semelhantes aos obtidos por ANTNYUK; IL’INSKAYA; BEZIYDNIKOVI, (1979).

Os valores médios para a motilidade espermática foram de 65,70 ± 5,75 % e o coeficiente de variação de 8,75 %, apresentando uma variação média entre indivíduos de 61,93 ± 5,30 a 68,38 ± 2,94. Observou-se diferenças estatisticamente significativas (P < 0,05) para o contraste efeito de reprodutores. Estes valores encontram-se um pouco inferiores aos observados por KUCIEL e col. (1982) que foram de 79,8% e de NAFORNITA & TATARU (1977) que obtiveram valores de 74%. Entretanto, a avaliação subjetiva da motilidade espermática é o principal parâmetro utilizado para selecionar os ejaculados. Pelo fato da fertilidade ser comprometida, caso a motilidade esteja abaixo de 60%. (Flowers, 1997), este valor é usualmente utilizado como referência para a seleção das doses de sêmen a serem usadas na Inseminação Artificial de suínos. Quando o percentual de espermatozóides móveis está acima de 60% e são utilizadas doses inseminantes com dois bilhões ou mais de espermatozóides, a motilidade espermática parece não ser um bom preditor da fertilidade “in vivo” Flowers (1997); Pérez-Llano, e col. (2001) e Popwell & Flowers (2004).

Os valores médios encontrados para o turbilhonamento foram de 2,42 ± 0,30 e coeficiente de variação de 12,3 %, ocorrendo variação individual entre reprodutores de 2,24 ± 0,21 a 2,56 ± 0,33. Para o parâmetro, turbilhonamento não houve diferenças significativas (P < 0,05) para o contraste efeito do reprodutor.

Os valores médios para vigor foram de 3,12 ± 0,45 e coeficiente de variação de 14,42%. Observou-se uma resposta individual dos reprodutores que variou de 2,94 ± 0,56 a 3,37 ± 0, 91, e não foram detectadas diferenças significativas (P < 0,05) para o contraste efeito do reprodutor.

Tabela 3. Resultados médios, desvio padrão, coeficiente de variação e diferenças significativas para os parâmetros, (densidade espermática, pH, proteína e frutose).

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Nºordem

Nº decoletas

Densidade espermática(esp x 106 /ml.)

`x s cv

pHx s cv

Proteína (g,/%)`x s cv

Frutose (g./%)`x s cv

1 20 272,50 ± 15,77 5,79A 7,27 ± 0.22 3,03A 3,59 ± 0,44 12,25A 6,55 ± 0,54 8,24B

2 13 298,88 ± 24,34 8,14 7,20 ± 0,23 3,19A 3,57 ± 0,51 14,28A 7,80 ± 1,33 17,05B

3 10 287,50 ± 30,66 10,66B 7,12 ± 0,17 2,38A 3,00 ± 0,44 14,66A 6,14 ± 0,23 3,74A

4 09 285,55 ± 21,86 7,65B 7,53 ± 0,51 6,77A 2,91 ± 0,20 6,87A 6,55 ± 0,23 5,04B

04 52 284,23 ± 24,16 8,50 7,27 ± 0,31 4,26 3,35 ± 0,52 5,52 6,78 ± 0,96 14,16

(A,B e C) letras iguais não diferem entre si ao nível de P< 0,05% (Teste de Tukey).

Os valores médios da densidade espermática foram de 284,23 ± 24,16 esp x106/mL., e coeficiente de variação de 8,50%. Observou-se uma resposta individual variando de 298,88 ± 24,34 a 272,5 ± 15, 77, sendo detectadas diferenças estatisticamente significativas (P<0,05) entre os reprodutores estudados. Os valores médios encontrados para os reprodutores da raça Large-White apresentam semelhanças aos valores encontrados por NAFORNITA & TATARU (1977), para reprodutores da raça Large White e superiores aos valores encontrados por ANTNYUK; IL’INSKAYA; BEZIYDNIKOVI, (1977) que foram de 0,192 x 109/mL para suinos Large White russos e White Black com idade de doze meses e de KUCIEL e col. (1982) para reprodutores Czechoslovakian Improved White, Landrace belga e Landrace com idades de 14 a 54 meses.

Os valores médios do pH dos ejaculados foram de 7,27 ± 0,31 e o coeficiente de variação de 4,26%, havendo uma variação individual entre reprodutores de 7,12 ± 0,17 a 7,53 ± 0,51 não se observando diferenças siguinificativas (P< 0,05) para o contraste efeito de reprodutores. Estes valores estão em concordância com os valores encontrados por ANTNYUK; IL’INSKAYA; BEZIYDNIKOVI, (1977) para suínos Large White russos e White Black com idade de doze meses que foram de 7,21 e por NAFORNITA & TATARU (1977) para reprodutores Large White com idade de treze meses e que foram de 7,3.

Os valores observados para as concentrações protéicas se encontram entre 2,91 ± 0,20 a 3,59 ± 0,44g/% apresentando um valor médio de 3,35 ± 0,52g% e coeficiente de variação 15,52%. Não ocorreu nenhuma diferença estatisticamente siguinificativa (P<0,05) para o contraste efeito de reprodutor.

Os valores obtidos para o teor de frutose no sêmen total se encontram entre 6,14 ± 0,23 a 7,80 ± 1,33 mg/%, com um valor médio de 6,78 ± 0,96 mg/% e coeficiente de variação de 14,16%. Para o parâmetro em estudo houve diferenças estatisticamente siguinificativas (P < 0,05) para o contraste efeito de reprodutor. Os valores obtidos para a concentração de frutose estão bem inferiores aos observados por STRZEZEK e col. (1978) para reprodutores Polish Large White e Polish White que foram de 43,43 mg/%, porém próximos aos valores obtidos por KRYACHKO (1979) com reprodutores Large White russos e que foram de 5, 98 mg/%.

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Tabela4. Resultados médios, desvio padrão, coeficiente de variação e diferenças significativas para os parâmetros, (fosfatase ácida (mIu), fosfatase alcalina (mIu), glutamato oxalacético transaminase (UF).

Nºordem

Nº decoletas

fosfatase ácida (mIu)`x s cv

Fosfatase alcalina (mIu)x s cv

Glutamato oxalacético transaminase (UF.)

`x s cv1 20 224,85 ± 32,98 14,66A 2.586,76 ± 394,18 15,24A 106,00 ± 14,19 13,38A

2 13 255,68 ± 58,46 22,86B 2.578,29 ± 498,57 19,33A 123,46 ± 11,79 9,55B

3 10 294,51 ± 13,40 4,55C 3.045,72 ± 351,64 11,54C 127,00 ± 13,58 10,69B

4 09 239,31 ± 33,83 14,11A 2.846,80 ± 287,98 10,11B 127,22 ± 6,66 5,23B

04 52 2246,79 ± 45,17 18,30 2.718,26 ± 432,45 15,91 118,08 ± 15,57 13,19

(A,B e C) letras iguais não diferem entre si ao nível de P< 0,05 % (Teste de Tukey).

Os valores encontrados para a atividade fosfatase ácida estão entre 224,85 ± 32,98 e 294,51 ± 13,40 mil, sendo o valor médio de 246,79 ± 45,17 rnIu, e coeficiente de variação 18,30%. Para a fosfatase ácida observaram-se diferenças estatisticamente significativas (P<0,05) entre os reprodutores estudados. Os valores obtidos estão um pouco superiores aos valores citados por MANN (1966) que foram de 180 mlu

Os valores obtidos para a atividade fosfatase alcalina estão entre 2.578,29 ± 498,57 e 3.045,72 ± 351,04 mIu, com um valor médio de 2.718,26 ± 432,45 mIU e coeficiente de variação de 15,91%. Observou-se para a fosfatase alcalina diferença estatisticamente significativa (P < 0,05) entre os reprodutores estudados. Os valores encontrados estão um pouco inferiores aos valores citados por MANN (1966) que foram de 3.310 mIu.

Os valores encontrados para glutamato oxalacético transaminase estão entre 106,00 ± 14,19 a 127,22 ± 6,66 UF, com um valor médio de 118,08 ± 15,57 UF e coeficiente de variação de 13,19%. Para o caso da atividade glutamato oxalacético transaminase observou-se que houve diferenças estaticamente siguinificativas (P < 0,05) para o contraste efeito do reprodutor.

4 CONCLUSÃO

A motilidade, vigor, turbilhonamento e pH, bem como a concentração protéica dos ejaculados oriundos de 04 suínos da raça Large White não apresentaram diferenças significativas (P < 0,05) para o contraste efeito de reprodutor, o que nos permite inferir, que a concentração protéica e o pH (concentração hidrogênio-iônica) poderiam ser utilizados no estabelecimento do estado hígido dos animais e sêmen. O turbilhonamento e o vigor, por serem notas variando de 1 a 5, não apresentaram sensibilidade à metodologia estatística, ou à avaliação subjetiva provendo uma concentração pontual do tipo curtose.

O volume, a densidade espermática e o nível de concentração de frutose bem como as atividades enzimáticas das fosfatases ácida e alcalina, bem como da transaminase glutamato oxalacético

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mostraram diferenças estatisticamente siguinificativas (P < 0,05) entre os reprodutores estudados. As diferenças encontradas evidenciam a possibilidade do uso destes parâmetros na seleção de reprodutores, bem como a sua associação com o poder fecundante do ejaculado.

REFERÊNCIAS

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CATALOGAÇÃO DE COLEOPTEROS DO ACERVO DIDÁTICO DA FAESB

Érika do Carmo Ota*

Renan de Campos Vieira**

Jonathan Henrique Gomes**

RESUMO

A realização de um inventário da diversidade brasileira de insetos demanda maior quantidade de profissionais atuantes visto que a área que compreende as espécies a serem descritas é muito grande e abrange diferentes biomas. Muito pouco é representado em coleções brasileiras e, caso este cenário não mude, dificilmente teremos conhecimento abrangente a respeito da diversidade de insetos no Brasil. O objetivo do presente trabalho foi identificar e conservar insetos pertencentes à Ordem Coleoptera para fins didáticos da Faculdade Santa Bárbara. Os exemplares foram coletados, identificados com etiqueta de procedência, preservados temporariamente sob baixa temperatura e montados por alunos do curso de Engenharia Agronômica da Instituição. Posteriormente realizou-se a identificação dos insetos utilizando a chave de identificação de Borror; De Long (1969). A coleção Entomológica permanece estabelecida no laboratório da FAESB, representando fonte permanente de pesquisa, extensão e ensino.

Palavras-chave: Identificação. Coleção. Entomologia.

ABSTRACT

The inventory of brazilian insect diversity request much amount of active researches seeing that the area that contain the species be described is very larger and have different biomes. Little is represented on brazilian colections and, if this scene dont´t change, embracing knowledge about insect diversity will be hard at Brazil. This paper aim identify and preserve insects belonging Order Coleoptera, in order to didactic works of Faculdade Santa Bárbara. Specimens were collected; identified with locality, date and collector label; preserved short time under low temperature and pricked by students of Agronomic Engineering of High School. Subsequentely insects were identified through Borror; De Long (1969) identify key. Entomologic colection remain at FAESB´ laboratory, as research, extension and teaching permanent source.

Key-words: Identification.Collection. Entomology.

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1 INTRODUÇÃO

Os insetos, além de ser o grupo de animais mais numeroso do globo terrestre, com elevadas densidades populacionais, apresentam grande diversidade, em termos de espécies e de habitats. São importantes pelo seu papel no funcionamento dos ecossistemas naturais atuando como predadores, parasitos, fitófagos, saprófagos, polinizadores, entre outros. Algumas espécies são nocivas, constituindo-se como pragas em diversas culturas, reduzindo a produtividade e/ou qualidade do produto e, outras, atuando como vetores de doenças como leishmaniose, doença de chagas, dengue e malária.

A riqueza de espécies de insetos tropicais parece ser muito maior do que a de áreas temperadas (GULLAN; CRANSTON, 2007). De acordo com os autores, esta incapacidade em ter certeza quanto aos detalhes finos dos padrões geográficos origina-se, em parte, da relação inversa entre a distribuição de entomólogos (região temperada do hemisfério norte) e os próprios centros de riqueza de insetos (os trópicos e hemisfério sul).

No Brasil, o conhecimento sobre a biodiversidade de insetos é realmente escasso frente à maioria dos biomas existentes. Zaher; Young (2003) afirmam que é evidente a escassez de especialistas atuantes no Brasil, reforçando a impressão de que dificilmente conseguiremos chegar a um quadro de conhecimento adequado acerca da nossa diversidade de insetos.

No contexto do conhecimento sobre a biodiversidade, as coleções de organismos são essenciais, pois constituem fontes primárias de material para estudos básicos, aplicados e servem como testemunho destes estudos (MAGALHÃES; BONALDO, 2003). No entanto, as coleções brasileiras, instaladas em Museus e institutos de pesquisa, representam uma pequena parte da biodiversidade nacional.

A coleção da Faculdade Santa Bárbara (FAESB) tem finalidade didática no curso de Agronomia, sendo relevante a ampliação de sua atividade para as áreas científica e extensionista. Portanto, o trabalho visa recuperar, montar e conservar a coleção biológica com objetivo de torná-la um referencial para a comunidade estudantil.

2. DESENVOLVIMENTO

Nas aulas ministradas, da disciplina Entomologia Agrícola, foi passada a base teórica para realização de coleta dos insetos. O conteúdo apresentado abordou sobre coleta, conservação (temporária e permanente) e montagem de insetário. Todas estas etapas foram executadas pelos alunos do curso de Engenharia Agronômica da FAESB.

As espécies constituintes do insetário, pertencentes à Ordem Coleoptera, foram então utilizadas no presente trabalho para montagem da coleção da FAESB. Os insetos alfinetados foram acomodados em caixas contendo pastilhas de naftalina. Somente as espécies conservadas, de modo a tornar possível sua identificação, foram mantidas na coleção com informações sobre a data, o local da coleta e o nome do coletor.

Para a identificação dos insetos foi utilizada a chave proposta por Borror; DeLong (1969).

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3. RESULTADOS

Foram registrados 123 espécimes separados em 12 famílias (Figura 1).

33,9

15,013,4

9,4

6,3

5,53,9

3,9 2,4 1,6 0,80,8ScarabaeidaeCarabidaeChrysomelidaePassalidaeCurculionidaeCerambycidaeLampyridaeCantharidaeLycidaeHidrophilidaeSilphidaeStaphylinidae

Figura 1 - Catalogação de espécimes de insetos da Ordem Coleoptera, pertencentes ao Laboratório da FAESB, 2010.São reconhecidas dentro da Ordem Coleoptera as linhagens Archostemata, Myxophaga, Adephaga

e Polyphaga. Representantes das duas últimas linhagens citadas compõem a coleção entomológica da FAESB. No presente trabalho, com exceção da família Carabidae, todas as demais pertencem à linhagem Polyphaga, compreendendo 85% das espécimes. De acordo com Gullan; Cranston (2007) mais de 90% da diversidade total de besouros está contida nesta linhagem, valor que se aproxima daquele observado na coleção.

A família Scarabaeidae apresentou-se como a mais representativa (43%), seguida de Carabidae (19%), Chrysomelidae (17%), Passalidae (12%), Curculionidae (8%), Cerambycidae (7%), Lampyridae (5%), Cantharidae (5%), Lycidae (3%), Hidrophilidae (2%), Silphidae (1%) e Staphylinidae (1%) (Figura 1).

Do ponto de vista agronômico, representantes da família Scarabaeidae são de grande importância, pois suas larvas constituem importantes pragas agrícolas, com destaque para as espécies Eutheola humilis (pão-de-galinha) na cultura da cana-de açúcar e Macrodactylus pumilio (vaquinha) na cultura do citros (GALLO et al., 2002). Além disso, há espécies de escarabeídeos coprófagos, que auxiliam na decomposição de matéria orgânica morta, especialmente fezes bovinas. Destacam-se também as espécies fitófagas como Diabrotica speciosa (larva-alfinete) na cultura da batata e Anthonomus grandis (bicudo-do-algodoeiro) na cultura do algodão, pertencentes às famílias Chrysomelidae e Curculionidae, respectivamente.

Em geral, do ponto de vista ecológico, destacam-se os representantes das seguintes famílias: Carabidae, como predadores de outros insetos e artrópodes; Silphidae, como necrófagos; Passalidae, Lycidae e Staphylinidae, como saprófagos.

A deposição e preservação das espécimes coletadas são importantes, uma vez que permite a confirmação e o aprimoramento futuro do conhecimento relativo ao material. O acervo, além de estar sendo utilizado como base para a formação de recursos humanos, irá contribuir também para o avanço do conhecimento zoológico e difusão do conhecimento como consequência de pesquisas científicas futuras.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A coleção didática entomológica da Faculdade Santa Bárbara, do curso de Agronomia representa fonte permanente de ensino. Uma futura implementação da Instituição, englobando pesquisa e extensão, apresentará um papel relevante na geração de conhecimento, proporcionando o intercâmbio científico-cultural no escopo da Entomologia.

REFERÊNCIAS

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