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1 Editorial Caro Associado, É com imensa alegria que escrevo o Editorial deste Boletim. Mesmo fazendo parte da Diretoria há sete anos, começar uma gestão é sempre um grande desafio; tarefa essa que não se constrói sozinha e por isso precisa da participação de todos vocês. Contamos com a sua colaboração! Além de darmos continuidade ao trabalho já construído ao longo da trajetória da seção Rio, gostaríamos de compartilhar as metas que marcarão essa gestão: nosso foco principal será o associado. Legitimar a ABPp-RJ como representante de uma classe e ampliar a formação continuada dos profissionais associados. E como alcançá-la? - Oferecendo um maior número de atividades com temas, modalidades e profissionais variados, além de trazê-los mais para perto da associação. Para isso, inauguramos o projeto Costuras Psicopedagógicas, nosso nú- cleo de estudos, com o objetivo de complementar e aprofundar a funda- mentação teórica e a práxis psicopedagógica, em atividades com maior tempo de duração e em grupos pequenos, favorecendo a qualidade e o aproveitamento dos participantes. - Disponibilizando a Agenda Cultural de cada ano logo nos primeiros meses para que vocês possam organizar melhor sua disponibilidade e enriquecer nossos eventos com sua presença e participação. Em 2009, ofereceremos mais uma novidade, trata-se da Noite Científica, que dá aos profissionais, que estudam aos sábados, a oportunidade de participarem de nossas atividades. Esperamos, com isso, aumentar o quorum em nossos encontros, além de oferecer uma maior rede de contatos entre os pares. - Estabelecendo parcerias que tragam efetivamente mais benefícios aos associados e colocando nosso site como veículo de comunicação e divulgação a seu serviço. Enfim, estreitando nossos laços! Nesse número do Boletim trazemos duas entrevistas muito importantes. Na seção Ampliando, Dr Gilberto Martins de Almeida aborda a problemáti- ca do uso da internet e suas implicações na aprendizagem e nas relações de crianças e adolescentes, temática que nos coloca diante de reflexões e dúvidas ainda pouco discutidas e muito relevantes. Já na seção Gente Nossa, a entrevista com Relindes Fucks responsável pela vinda de Visca ao Brasil, quando então era Diretora da extinta Escola Movimento, que funcionava no bairro da Freguesia, em Jacarepaguá. Não poderíamos também deixar de registrar alguns momentos da jornada comemorativa aos trinta anos de Jorge Visca no Brasil. “Narrativas e Identi- dades” ficou marcado em nossa história e lembrança como um evento científico – amoroso. Confiram as matérias! Um forte abraço, Ana Paula Loureiro e Costa Ana Paula Loureiro e Costa - Presidemte ABPp-RJ Associação Brasileira de Psicopedgogia Seção Rio de Janeiro Boletim Informativo . Ano 12 . N o 1 . Dezembro de 2008 Expediente Diretoria ABPp-RJ Triênio 2008-2010 Ana Paula Loureiro e Costa Presidente Maria Katiana Veluk Gutierrez Vice - Presidente Beatriz Freire Gameiro e Márcia Regina Ribeiro Diretoria de Secretaria Lúcia Helena Saavedrae Maria Helena Bartholo Diretoria Cultural Dirce Maria M. Machado e Heloísa Rubman Diretoria Financeira Denise Ferreira e Heloísa Padilha Diretoria de Relações Públicas Adjunta Ana Paula Loureiro e Costa, Beatriz Freire Gameico e Denise Azevedo Gomes Ferreira Editoria Select centro de impressão O Boletim Informativo solicita colaborações, mas reserva-se o direito de publicar ou não as matérias enviadas. Os relatos de experiência, resenhas e outros, são de inteira responsabilidade de seus autores, não expressando necessariamente o pensamento da editoria. Este Boletim é de publicação semestral e seus exemplares são destinados aos interessados na Psicopedagogia. Associação Brasileira de Psicopedagogia Seção Rio de Janeiro Av. Nossa Senhora de Copacabana, 861 sl. 302 Copacabana - Rio Janeiro - CEP 22060-000 Tel/Fax: (21) 2236-2012 Email: abpp-rj@ cnotinfor.com.br NESSA EDIÇÃO VEJA A AGENDA CULTURAL DE 2009. PARTICIPE! Diagramação e Editoração

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EditorialCaro Associado,

É com imensa alegria que escrevo o Editorial deste Boletim. Mesmo fazendo parte da Diretoria há sete anos, começar uma gestão é sempre um grande desafio; tarefa essa que não se constrói sozinha e por isso precisa da participação de todos vocês. Contamos com a sua colaboração!Além de darmos continuidade ao trabalho já construído ao longo da trajetória da seção Rio, gostaríamos de compartilhar as metas que marcarão essa gestão: nosso foco principal será o associado. Legitimar a ABPp-RJ como representante de uma classe e ampliar a formação continuada dos profissionais associados. E como alcançá-la? - Oferecendo um maior número de atividades com temas, modalidades e profissionais variados, além de trazê-los mais para perto da associação. Para isso, inauguramos o projeto Costuras Psicopedagógicas, nosso nú-cleo de estudos, com o objetivo de complementar e aprofundar a funda-mentação teórica e a práxis psicopedagógica, em atividades com maior tempo de duração e em grupos pequenos, favorecendo a qualidade e o aproveitamento dos participantes. - Disponibilizando a Agenda Cultural de cada ano logo nos primeiros meses para que vocês possam organizar melhor sua disponibilidade e enriquecer nossos eventos com sua presença e participação. Em 2009, ofereceremos mais uma novidade, trata-se da Noite Científica, que dá aos profissionais, que estudam aos sábados, a oportunidade de participarem de nossas atividades. Esperamos, com isso, aumentar o quorum em nossos encontros, além de oferecer uma maior rede de contatos entre os pares. - Estabelecendo parcerias que tragam efetivamente mais benefícios aos associados e colocando nosso site como veículo de comunicação e divulgação a seu serviço. Enfim, estreitando nossos laços!Nesse número do Boletim trazemos duas entrevistas muito importantes. Na seção Ampliando, Dr Gilberto Martins de Almeida aborda a problemáti-ca do uso da internet e suas implicações na aprendizagem e nas relações de crianças e adolescentes, temática que nos coloca diante de reflexões e dúvidas ainda pouco discutidas e muito relevantes. Já na seção Gente Nossa, a entrevista com Relindes Fucks responsável pela vinda de Visca ao Brasil, quando então era Diretora da extinta Escola Movimento, que funcionava no bairro da Freguesia, em Jacarepaguá. Não poderíamos também deixar de registrar alguns momentos da jornada comemorativa aos trinta anos de Jorge Visca no Brasil. “Narrativas e Identi-dades” ficou marcado em nossa história e lembrança como um evento científico – amoroso. Confiram as matérias! Um forte abraço, Ana Paula Loureiro e Costa

Ana Paula Loureiro e Costa - Presidemte ABPp-RJ

Associação Brasileira de PsicopedgogiaSeção Rio de Janeiro

Boletim Informativo . Ano 12 . No 1 . Dezembro de 2008

ExpedienteDiretoria ABPp-RJ

Triênio 2008-2010

Ana Paula Loureiro e Costa Presidente

Maria Katiana Veluk Gutierrez

Vice - Presidente

Beatriz Freire Gameiro e Márcia Regina RibeiroDiretoria de Secretaria

Lúcia Helena Saavedrae Maria Helena BartholoDiretoria Cultural

Dirce Maria M. Machado e Heloísa RubmanDiretoria Financeira

Denise Ferreira e Heloísa Padilha Diretoria de Relações Públicas Adjunta

Ana Paula Loureiro e Costa, Beatriz Freire Gameico e Denise Azevedo Gomes Ferreira

Editoria

Select centro de impressão

O Boletim Informativo solicita colaborações, mas reserva-se o direito de publicar ou não as matérias enviadas. Os relatos de experiência, resenhas e outros, são de inteira responsabilidade de seus autores, não expressando necessariamente o pensamento da editoria. Este Boletim é de publicação semestral e seus exemplares são destinados aos interessados

na Psicopedagogia.

Associação Brasileira de Psicopedagogia Seção Rio de JaneiroAv. Nossa Senhora de Copacabana, 861 sl. 302

Copacabana - Rio Janeiro - CEP 22060-000Tel/Fax: (21) 2236-2012

Email: abpp-rj@ cnotinfor.com.br

NESSA EDIÇÃO VEJA A AGENDA CULTURAL DE 2009. PARTICIPE!

Diagramação e Editoração

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Gente NossaEsta entrevista foi realizada em julho de 2008 buscan-do a memória dos primeiros passos da Psicopedago-gia no Rio de Janeiro.

Relindes nos recebeu em sua casa com carinho e emoção pelas lembranças que vieram à tona em sua mente.

Só pedimos que falasse um pouco sobre a sua caminhada ao encontro da Psicopedagogia e como Visca chegou a Es-cola Movimento.

Não consigo lembrar de muitas datas porque o psico-pedagógico foi acontecendo dentro da gente assim, sem percebermos. Foi bonito porque as coisas foram acontecendo dentro de mim. Quando fui fazer a com-plementação de Pedagogia em Educação Especial na PUC, procurei umas matérias na psicologia. Fiquei en-cantada e empolgada com Piaget. Depois, com a psi-canálise, eu cresci, cresceram as professoras, cresceram as crianças. Trabalhamos toda a parte pedagógica com a visão da dimensão da psicologia e da psicanálise não posso te precisar quando a psicopedagogia aconteceu no Rio. Ela foi acontecendo. Rotular de psicopedagogia, para nós, não fazia diferença, era o que fazíamos e viviamos o tempo todo. Ela foi acontecendo.

Fui para o Rio em 1964 e já comecei meu curso de fono. Em 68, fui a um congresso de logopedia na França. Foi quando encontrei vários livros de psicomotricidade e, depois de algum estudo, comecei a fazer, no atendi-mento às crianças, meia hora de psicomotricidade e meia hora de fonaudiologia. Minha formação anterior foi pedagogia e depois fonaudiologia. Fiz psicanálise e comecei a perceber que a pedagogia não poderia fun-cionar sem o psi. A pedagogia ficava pobre, fui associ-ando e depois fiz a formação Ramain por volta de 72. Coordenei a formação Ramain nos primeiros anos no Rio de Janeiro. Cheguei a ter de 7 a 8 grupos de Ramain na Barra, quando não existiam os elevados. Comecei a fazer um trabalho com 8 crianças com idade avançada, que não haviam se alfabetizado ainda, fazendo esco-laridade e reeducação ao mesmo tempo. Comecei esta escola dentro de minha casa mesmo e, um dia, o Visca chegou lá. Ele ficou encantado e pediu que eu apresen-tasse o meu trabalho no I Congresso Latino Americano de Psicopedagogia que foi realizado na Argentina. O meu trabalho de reeducação era baseado no Ram-ain. Apresentei o meu trabalho e, no dia seguinte, Visca chegou para mim e disse “Relindes você terá que apresentar outra vez a sua palestra tem mais de

“O fazer psicopedagógico no terceiro milênio _ também visto na perspectiva da Epistemologia Convergente traz conjuntamente dois desafios principais e indissociáveis: aperfeiçoar os resultados alcançados e abordar as eventuais provocações do futuro.”

Jorge Visca

100 pessoas lá fora querendo te ouvir.” Fiquei surpresa porque trabalhava sem ter parâmetros. Sem experiên-cia, íamos percebendo as necessidades e íamos tra-balhando. Ficávamos com as crianças na escola até o momento de estarem aptas a retornar à escola regular. Procurávamos todos os recursos que podíamos lançar mão, mas era uma colcha de retalhos. Vinha um e fazia a supervisão de matemática, outro de linguagem e aí íamos caminhando. Conhecia o presidente da socie-dade de psicanálise do Rio, era meu vizinho na Barra, ele abriu a sociedade para a formação dos professores porque queria nos ajudar e achava que as professoras precisavam de formação, pois, nesta altura, já recebía-mos crianças com traços psicóticos.

Como o Visca veio ao Rio de Janeiro?

Conheci primeiro a Raquel Soifer que era amiga do Visca que, quando conheceu o trabalho que realizá-vamos na escola e o material que tínhamos, me disse que eu precisava conhecer um amigo que era psico-pedagogo e que encaminhava todas as crianças que tinham dificuldades. Aí, um dia, ele foi passar umas férias em minha casa e a afinidade foi muito grande. Logicamente que só falávamos de trabalho, então eu o convidei para dar uns cursos de Psicopedagogia na escola para as professoras e para quem quisesse.

Quantos anos o Visca ficou dentro da escola?

Acho que foram 4 anos. Vinha gente de fora também. Gostava de fazer os cursos. Um curso muito importante também para a escola foi com a Dr. Amélia Vasconce-los que ministrou sobre Psicologia Evolutiva. Fazia também a orientação com os pais. Trabalhava sempre uns dois ou três dias na escola. Através da Dr. Amélia que conheci a Raquel Soifer e, mais tarde, a Raquel, espo-sa do Visca, e depois o Visca. Sempre abríamos os cursos para outras pessoas. Era uma maneira de termos algum dinheiro porque a escola funcionava em um anexo de minha casa e não tinha nenhum auxílio financeiro. Algumas crianças que atendíamos eram carentes. Eu já tinha criança na sala, na copa e na cozinha trabalhando. Aí alugamos uma casa ali na Barra mesmo e a escola funcionou lá por uns 16 ou 17 anos. Quando vim para Curitiba, a escola ficou com Ana Maria Crimler. E, ainda funcionou mais uns 14 anos. Foi uma experiência muito rica. Crescemos muito com o espaço. Não sei como con-seguíamos fazer tudo. Tínhamos 2 horas de supervisão por semana para as crianças, 2 horas para os adoles-

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Aconteceu...Virou Notícia!“Narrativas e identidades/ Jorge Visca 30 Anos depois” foi um evento pensado pela abpp/RJ para comemorar os 30 anos de Psicopedagogia à Luz de Jorge Visca. Foi realizado no auditório do Colégio Notre Dame de Ipanema no dia 30 de agosto de 2008. O foco da atual gestão, em 2008, ficou voltado para esse evento devido à importância de Jorge Visca para a Psicopedagogia. Nesse evento, contamos com presenças ilustres que muito contribuíram para que a associação alcançasse seu objetivo. Pudemos refletir, ao final do evento, como a Psicopedagogia trabalha marcada pela presença inesquecível de Jorge Visca. Estiveram presentes ao evento falando sobre a psicopeda-gogia do Brasil a partir de Jorge Visca, Maria Aparecida Mamede (RJ), Dédora Silva de Castro Pereira (BA) e Sônia Maria Gomes de Sá Küster (PR).

Participando da mesa redonda “Avaliação Diagnóstica”, contamos com a presença de Heloisa Padilha (RJ) e Maria Lúcia Waiss (RJ).

Contamos, também, com a presença de Anna Maria Lacombi (RJ) e Laura Monte Serrati Barbosa (PR) na mesa redonda in-titulada “Intervenção Psicopedagógica”.

No intervalo do café, idealizamos o que chamamos de “Café Convergente”: “Encontros e Reencontros com Ruth de Araújo de Mello(RJ) e Wilma Barata Barbosa (RJ).

“É necessário se aprofundar nos conceitos de aprendiza-gem grupal, institucional e comunitária. Indivíduo, grupo, instituição e comu-nidade são, sem dúvida alguma, organismos vivos que aprendem.”

Jorge Visca

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centes e duas horas para as professores. Mais os cur-sos que trouxemos. O problema era que a escola não contava com subvenção. Foi uma experiência muito bonita, mas infelizmente não deu para continuar.

E hoje, a senhora ainda atende?

Hoje ainda fui fazer fisioterapia, estou com algumas limitações. Me aposentei mas não consegui ficar parada. Continuo trabalhando e atendendo em casa. Trabalho com pessoas idosas aplicando o Ramain. Atendo pessoas que tiveram acidente vascular.

Quantos anos de experiência profissional entre escola, consultório e casa? Ah, minha filha! Uns 40 anos.

E de convivência com o Visca?

Muitos. Mesmo já doente, ele vinha jantar aqui em casa.Foi embora muito cedo. Fez falta.

Fechando o evento, tivemos a mesa redonda: “Grupo Opera-tivo” Simone Calberg (Curitiba) , Irles Maria Araújo Braz (RJ).

Contamos também com a presença de Quézia Bombonatto, Presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia, que prestigiou o evento fazendo a maior homenagem do dia à Raquel Kielmanowicz, viúva de Jorge Visca, entregando-lhe um papiro concedendo o título de sócia honorária da Associação Brasileira de Psicopedagogia.

Na impossibilidade de contarmos com a presença de Relindes Fucks, a grande precursora do fazer psico-pedagógico que realizava na Escola Movimento, na dé-cada de 70, fomos a Curitiba entrevistá-la.

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Evento Narrativas e Identidades, Jorge Visca30 anos depois

Participação de Heloisa Padilha na Mesa Redonda: Avaliação Diagnóstica

“ Não existem memória, só existem memórias inventadas” Manoel de Barros

É muito emocionante, através de narrativas, celebrar uma pessoa maravilhosa que deixou tantas sementes que frutificaram em diferentes solos, de diferentes maneiras, provocando milhares de sabores e cores por esse Brasil. Pelo resgate das narrativas, a gente vai buscando, reafirmando, ressignificando, reconstruindo a nossa identidade e inventando nossas memórias.

A história de Visca é uma história amorosa. Visca viveu tudo o que ele disse: afetividade, inteligência e a relação com as pessoas. É uma história, acima de tudo, de amorosidade, de muito, muito amor e de um respeito profundo.

Visca instigava. Nunca estudei tanto diante de um mestre que nunca me pediu para estudar. Enquanto estive com Visca, por mais de uma década, estudei in-tensamente e devo muito isso a ele.

Visca tinha a capacidade de não expressar nenhum julgamento da palavra do outro. Visca permitia que o grupo trabalhasse as contribuições de qualquer um de seus membros. Era também uma convivência de convites. Ele abria para as perguntas que, inclusive, estou com elas até hoje.

Foi também uma história de tranças. Visca trançava! A começar pela interdisciplinaridade entre as três ciên-cias que ele trouxe, a epistemologia convergente que foi uma novidade impressionante. Imaginar que três ciências poderiam convergir para constituir uma outra! Como assim? Eu, cria da disciplinaridade!!!!

Aprendi o que era interdisciplinaridade com Visca: a tomada de empréstimo de conceitos e/ou de me-todologias de uma área, de outra, para utilizar em outra circunstância que, no caso, foi da aprendiza-gem ou do ser cognocente.

Dessa interdisciplinaridade fui para os Diálogos.

A ligação da teoria com a prática, que foi encantado-

ra, uma educação do olhar que me deixou fascinada de tanta coisa que eu poderia realmente fazer profis-sionalmente. Impressionante o tanto de teoria que existia em cada material ! Para mim, foi uma novidade fantástica!

A análise de tempos e espaços da aprendizagem: pré- tarefa, tarefa, projeto, medir tempo, acompanhar o tempo, entrar em sala e acompanhar a aula e como cada turma reagia com relação ao tempo para realizar a pré-tarefa, a tarefa, cruzar esses dados todos para poder entender o processo de aprendizagem e de re-lação entre os professores e alunos.

O cone invertido, um instrumento espetacular que eu uso sempre, a minha vida toda. Um instrumento de avaliação dinâmico de turma de como avaliar indica-dores observáveis de conduta. Nunca mais eu olhei para uma turma, para um grupo da mesma maneira depois de conhecer o Visca.

Outro diálogo profundo foi a questão das línguas.: o que as línguas significam, a questão da pertinência, compreensão e a eficácia. Como o choque das línguas e das culturas diferentes (castelhano e Português) pode possibilitar um repensar, uma reconceituação, uma rec-olocação dos próprios conceitos nas línguas originais do Visca.

Outro diálogo: Afetividade, inteligência e grupo. Como se articulam no cotidiano escolar, minha grande paixão? Comecei a questionar os processos da escola dentro da turma através de uma abordagem individual. Depois cheguei a conclusão de que nós precisávamos dar uma roupagem institucional e aí comecei a questionar os processos da escola por um olhar psicopedagógi-co. O que é o aprendizado dentro da turma? Como é aquele grupo, do Pichon, aquela turma? Posso usar esses conhecimentos, posso trabalhar os professores para olharem os alunos não como seres individuais desconectados mas como uma turma – um conjunto de pessoas que tem uma vida própria e que é muito mais que a soma dos alunos que estão ali sentados. Milhares de processos acontecem ali. Da mesma for-ma que os alunos constituíam grupos, me dei conta que os professores também constituem grupos de profissionais nos diferentes segmentos e que a es-cola, como um todo, era um grupo também. Aos poucos, embora tivesse clinicado por nove anos, a Psicopedagogia Institucional acabou falando mais alto para mim. O meu nicho, minha paixão é o processo de aprendizagem numa situação de aprendizagem formal em qualquer nível. Não importa que seja numa escola, numa creche, num curso, numa Universidade, numa

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empresa. Ainda sou fascinada por isso e estou longe de acabar a minha fascinação!

Em 84, a minha dissertação de Mestrado já foi dentro da Psicopedagogia. Refletia sobre a relação entre a afe-tividade, a cognição e o aspecto social . A minha per-gunta foi: será que se eu mexer nos esquemas espaciais, onde está localizada a maior parte da fala de Piaget em relação ao egocentrismo, vai ter efeito no desenvolvi-mento afetivo e social? Fui ao campo experimental para tentar responder a essa pergunta e submeti a minha tese ao Visca, que considerou que a aplicação dos con-ceitos e da metodologia tinha sido feita de uma forma correta.

Dos diálogos fui, muitos anos mais tarde, para os para-doxos. Hoje estou vivendo uma etapa de paradoxos. Continuo achando um mistério e fascinante o para-doxo trazido por Visca. Como podemos ser dotados de heterogeneidade estrutural e sermos ao mesmo tempo de uma homogeneidade funcional? Como é possível que uma mesma pessoa, em determinadas circunstâncias, possa ser tão infantil, que recorra a esquemas tão regredidos, simbólicos e, no segundo seguinte, já esteja fazendo elocubrações altamente complexas, com modelos abstratos? É fascinante isso!

Na hora de estarmos na vida trazemos essa homoge-neidade funcional. Esse é de fato um paradoxo que me encanta e que eu não paro de pensar nisso.

Outra questão é o sujeito no grupo – outra con-tribuição fenomenal do Visca. Até que ponto acaba o sujeito e começa o grupo? Não tem resposta. Não exis-tem limites claros, O que é que permanece apesar das diferenças? Essa é a grande questão da minha vida. É uma busca de vida, uma busca existencial, ontológica. O que é que permanece mesmo, apesar das transfor-mações, das mudanças, das nuances com que a gente se apresenta em diferentes grupos sociais, em diferentes situações, circunstâncias e, no entanto, somos a mes-ma pessoa. Será?

Falando em diagnóstico e fazendo um registro históri-co, acho a EOCA um instrumento fenomenal, perfeito, maravilhoso. A consigna da EOCA que marca o Visca é tudo muito simples.Tão complexo e tão simples. A simplicidade do Visca sempre me encantou. A comu-nicação com a aprendizagem, o movimento de tra-balhar com hipóteses, outro caminho fascinante. E aprendi com Visca a amar o silêncio. O silêncio é um componente forte. Assitir ao Visca conduzindo um Grupo Operativo, fazendo um diagnóstico, antes de tudo, era suportar o silêncio. Acho o silêncio de capi-

tal importância na construção de um conceito, na construção de nós mesmos. Eu prezo muito o silêncio como forte componente da aprendizagem.

Na Instituição, sabemos da importância de uma frase do Antonio Nóvoa: “ o objetivo primeiro da gestão das escolas é criar as condições para que os professores promovam a aprendizagem dos alunos. ” Essa frase já diz logo de quem é essa responsabilidade da aprendi-zagem do sujeito: é da escola e essa escola precisa ser pensada como um todo e esses processos todos e to-dos os projetos precisam ser vistos de modo a buscar o bom desenvolvimento e a saúde desses processos. Na Instituição o diagnóstico ainda inexiste como uma etapa formal. Ele é um processo contínuo.

A intervenção direciona todas as ações para a aprendiza-gem. É preciso pensar todas as ações, todos os processos da escola. É preciso agir em todos os momentos, pensan-do como aquela Instituição pode aprender, crescer. Então é preciso, o tempo todo, manter e se apropriar da história e dos processos e da Instituição.

A maior parte do meu trabalho é o tempo todo alinhar as ações com a proposta pedagógica e com a identi-dade da escola. O tempo todo perguntando em que aquela ação, aquela sugestão, aquela iniciativa favorece, caminha, contribui para a escola reforçar, clarificar, firmar a sua identidade. O que está escrito na proposta pedagógica da escola, cada princípio da es-cola precisa ser levado para a vida, ganhar concretude.

Na Instituição, as ações se organizam a partir de um resultado. Você traça uma meta e precisa planejar os passos, objetivamente, para atingi-la. Em que esses passos, essa ou outra atividade ou iniciativa vão con-tribuir para alcançar essa meta?

Outro aspecto dificílimo na escola, também incentiva-do por Visca, é delimitar e proteger esses enquadres, ou seja: quem vai fazer o que, quando e onde; o que parece óbvio mas que não é nada simples. Ou seja, precisamos tirar a escola de situações e decisões emergenciais.

De futuro, o que podemos fazer?

Por que a mudança não ocorre na escola? Por que a escola não consegue se reinventar? O que a Psico-pedagogia poderia fazer para mudar a escola? Pre-cisamos identificar alguns pilares dos quais a escola não abre mão e que não consegue ressignificar.

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Vou dar só um exemplo: a escola é fortemente calcada na mais profunda e irredutível crença de que repetir é bom. Repete, repete, repete.

“ A escola precisa desistir do tempo como solução dos seus problemas “

Perrenoud

A escola continua usando a repetição como um re-curso para promover a aprendizagem, enquanto que a repetição em outras áreas, como nas artes e na música, repete-se para mudar, para recriar, para se superar. E na escola repete-se para repetir, para ficar igual. Acho que esse ponto dá origem a uma reflexão teórica que remete aos pilares que impedem a escola de se modificar.

Construí um fio histórico muito rápido, trazendo o amor que eu tenho pelo Visca, que é eterno. Uma ausência não é necessariamente ausente. Pode ser uma ausência muitíssimo presente e é nessa categoria que o Visca está e estará sempre na minha vida.

Ampliando

Advogado especialista em causas relacionadas à Internet

A partir da fala do Dr. Gilberto, na mesa redonda da nossa Manhã Científica, que ocorreu no dia 26 de abril ,com o tema “O Uso da Internet e suas Implicações na Aprendizagem e nas Relações de crianças e ado-lescentes”, resolvemos ampliar algumas questões que consideramos relevantes com relação a esse tema ainda tão pouco explorado por nós, psicopedagogos, especialmente sob o ponto de vista do Direito.

Para atingirmos nosso objetivo, realizamos uma entre-vista com o Dr. Gilberto na qual abordamos questões que envolvem o “cyber” espaço, a criança e o adoles-cente e a família; o “cyber” espaço e os profissionais de educação; a ética no “cyber” espaço e suas implicações legais. Confira, abaixo, a entrevista: Como a família pode estar atenta aos acessos dos filhos na rede?

A família pode (e deve, para cumprir com suas respon-sabilidades sob o Estatuto da Criança e do Adolescente, ECA) vigiar o uso da rede pelos menores, selecionando provedores, instalando “software” de controle de nave-gação, colocando o computador em local de ampla circulação, limitando o tempo de uso e, fundamental-mente, conscientizando sobre os riscos da rede, so-bre os quais os menores costumam ter uma noção ainda muito difusa, acompanhada da sensação de impunidade.

- Como acontece o “Bullying” na rede? Existe pena?

O “bullying” acontece, quando uma ofensa é lançada em relação a alguém, na rede, tornando-se de amplo conhecimento. Como é difícil saber quantas e quais pes-soas tiveram acesso à ofensa, fica difícil à vítima se de-fender tentando fazer chegar a todos o desagravo. Além disso, quando se pede a retirada da ofensa on-line, não se tem certeza se ela não continuará a ser propagada, por meio de outros provedores, blogs, e-mail, etc. As ofensas podem, penalmente, caracterizar injúria, calúnia ou difamação e, civilmente, gerar danos morais passíveis de dever de indenização. O ECA estabelece que é dever de todos evitar que o menor sofra tratamento vexatório ou constrangedor.

DR. GILBERTO MARTINS DE ALMEIDA

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- Que providências tomar e a quem procurar quando ficamos sabendo que um estudante, ou nossos filhos, são vítimas de “cyber bullying”?

A primeira cautela deve ser a conservação da prova, com cuidados específicos para que ela esteja dis-ponível e apta a basear qualquer medida em seguida. Os responsáveis pelo autor do “cyber bullying” po-dem ser contatados, visando solicitar apoio para a eliminação do problema. Os provedores (de acesso, de hospedagem ou de conteúdo) também podem ser avisados. Em casos mais graves (particularmente, quando a situação resvale em ameaça ou extorsão), as autoridades podem ser contatadas.

Até aonde vai a responsabilidade dos pais ou da es-cola em relação aos acessos das crianças e ou jovens à internet?

O novo Código Civil diz que os pais são responsáveis pela reparação, perante terceiros, de atos cometidos pelos filhos menores que estejam sob sua autoridade e em sua companhia. A negligência ou imprudência dos pais pode caracterizar a sua culpa, e determinar conse-quências cíveis, especialmente indenizações. A conduta omissa pode, em alguns casos, gerar implicações crimi-nais. A escola deve evitar o mau uso da rede em seu estabelecimento e desenvolver campanhas educativas para afastar suas potenciais responsabilidades.

Como a escola e os profissionais de educação (profes-sores, pedagogos, psicopedagogos) devem proceder para orientar os jovens e suas famílias no que diz res-peito a essa temática?

Essencialmente, informar. Por meio de uma clara, equilibrada e divulgada Política de uso da rede pelos alunos. Essa Política deve ser o eixo das campanhas de conscientização, deve ser o parâmetro para a aplicação de punições, deve ser a norma de conduta referida no contrato entre a escola e os pais, deve ser a “vacina” con-tra a responsabilização da escola (quanto a seu papel de baixar diretrizes). Ela deve regular assuntos como: privacidade, segurança, “bullying”, e diversos outros, de forma concisa em cada item, porém o mais com-pleta possível na abrangência (dentro do que compete à escola tratar). Tratando de como deve ser o uso da Internet na escola, automaticamente a escola estará contribuindo para informar aos pais sobre como deve ser, mutatis mutandis, o uso da rede em casa. Numa outra escala, se aos alunos vierem a ser ministradas al-gumas aulas sobre direitos da cidadania, a inclusão de temas legais afetos à chamada cidadania digital talvez

fosse também uma iniciativa interessante. Finalmente, conviria lembrar aos pais que a maior parte dos proble-mas no uso da Internet pelos menores ocorre fora das escolas, onde as escolas têm limitado poder ou dever de ingerência, portanto, os pais não devem alimentar expectativas irrazoáveis na divisão de papéis educa-tivos entre pais e escola.

O que é “robotização” do computador?

Um “hacker” pode “invadir”, à distância, o computador de alguém, passar a ter acesso ao seu conteúdo e até mesmo comandar o seu funcionamento. Pode, inclu-sive, fazer se passar pelo usuário regular do computa-dor (dificultando a este fazer a prova de quem não fora ele quem realizou determinada conduta em seu com-putador). Isso é normalmente obtido mediante a dis-seminação de vírus. O teclado do computador pode ser “grampeado” pelo “hacker”, que passará a ter conheci-mento de senhas que foram digitadas, conteúdo de mensagens, sites por onde o usuário navegou, etc.

O que é o princípio da proporcionalidade?

O princípio da proporcionalidade é um critério que o Judiciário tem seguido para conciliar direitos antagôni-cos em determinada situação, como, por exemplo, o entrechoque entre direitos à segurança e à privaci-dade que ocorre quando, para se apurar a autoria de um ilícito “on-line”, é preciso quebrar a privacidade de comunicações eletrônicas. Nesses casos, o Judiciário avalia, pesando as circunstâncias concretas de cada situação qual direito prevalecerá. Algumas vezes, tem prevalecido a privacidade, em outras vezes tem preva-lecido a segurança. Ou seja, nenhum desses direitos, embora protegidos na Constituição Federal, é sempre absoluto.

Existe lei em relação à privacidade e segurança on-line? O que ela diz?

Sim, a Constituição Federal se refere, inúmeras vezes, a segurança, e também a privacidade, assim como o Código Civil. Há uma lei específica sobre interceptação de dados, que limita o direito de acesso a comuni-cações “on-line” de terceiros. E há um projeto de lei de repressão a crimes informáticos, em vias de ser votado no Congresso.

O Senhor comentou, também, que não vivíamos em um paraíso há alguns anos atrás. Acredito que esse tipo de pensamento saudosista é falso. Cada época é uma época com suas características próprias, seus

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modismos e glamour. Porém, o senhor comentou que precisamos buscar novos modelos de humanidade. Dr. Sérgio, em nosso evento, também falou que precisa-mos recriar a nossa caminhada como humanidade. O senhor poderia se aprofundar um pouco mais sobre isso?

Sem a menor dúvida. Paraíso passado é algo que não parece jamais ter existido. A noção de que a Internet era uma terra “sem leis” (talvez um paraíso, na visão de alguns) não procede. A Internet sempre esteve sujeita ao Direito, porque os atos das pessoas são abrangidos pelo Direito, independente do equipamento ou rede que as pessoas usem em determinado momento. Os estelionatos “on-line”, a pedofilia “on-line”, o racismo on-line, sempre foram ilegais. O Supremo Tribunal Federal, julgando um caso de pedofilia “on-line”, relembrou que quando foi inventada a pólvora, não foi preciso redefinir o crime de homicídio, portanto a invenção da Internet não torna necessário refazer todas as leis. O que é preciso, a meu ver, é repensar os fatos e valores culturais que gravitam em torno da Internet. Eles são os substratos que, verdadeira-mente, embasarão a interpretação das leis em re-lação a questões ligadas à Internet. O Sr. acredita que seja necessário se propor novas dis-cussões sobre o conceito de liberdade?

Com certeza, se precisa atualizar o conteúdo das dis-cussões sobre liberdade. Por exemplo, a Constituição Federal proíbe o anonimato, no mesmo trecho em que permite a liberdade de expressão. A contra-partida a essa liberdade é a responsabilidade por assumir a au-toria das manifestações. Portanto, transpondo para o ambiente da Internet, liberdade não significa anoni-mato na rede, principalmente quando o seu exercício esbarra num direito de alguém.

Seria arbitrário demais institucionalizar a ética para definir melhor as regras em relação ao comportamen-to dos jovens, adolescentes no cyber espaço?

A própria comunidade usuária da rede procura construir uma “netiqueta”, como uma autorregulamentação de procedimentos éticos. Essa talvez seja uma evidência de tal necessidade, reconhecida espontaneamente pelos próprios usuários. A institucionalização da ética deve ser feita de forma cuidadosa, para que se obtenha um ponto de equilíbrio entre a necessidade de um padrão geral-mente aceito e esperável de condutas, de um lado, e uma faixa de liberdade para convicções e atitudes pessoais, de outro lado. O fato de que essa “proporcionalidade” deva ser construída não significa que a ética não deve, em

alguma medida, ser institucionalizada (ao contrário, é essa “proporcionalidade”, e o processo da sua construção, o que a legitima). Políticas de uso da rede são um exem-plo prático de institucionalização da ética, por exemplo, em uma escola (assim como em empresas ou em outras instituições).

O senhor falou em nosso encontro: “Para o mundo do direito não existe o virtual; o virtual é o real”. Poderia fazer um comentário sobre essa afirmação?

Se a noção de “virtual” corresponde a “bits” e “bytes”, não há virtual, pois “bits” e “bytes” são impulsos eletros-magnéticos ou opto - eletrônicos puramente materiais, físicos, rastreáveis, periciáveis. Se o conceito de virtual for o de abstração, não há nada mais tipicamente hu-mano do que o raciocínio, a mentalização, o pensa-mento (como, aliás, Descartes já observava). Por isso, alguns filósofos contemporâneos, como Pierre Lévy, combatem a mitificação desenvolvida em torno do “virtual”, certamente interessante do ponto de vista comercial, mas pouco convincente em outros termos, inclusive jurídicos. Legalmente, “bits” e “bytes” são “coi-sa” (no sentido jurídico).

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“A escola deve evitar o mau uso da Internet em seu estabelecimento e desenvolver campanhas educati-vas para afastar suas potências responsabilidades.”

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Costuras PsicopedagógicasNovo Projeto da ABPp-RJ

Em 27/09/2008

Em 08/11/2008

OFICINA

• O desenho como ferramenta de avaliação e tratamento Psicopedagógico. Com Ana Maria ZenicolaTécnicas ProjetivasPersonagem favoritoContos de Fadas

• Costuras PsicopedagógicasPúblico-alvo: estudantes e profissionais de PsicopedagogiaObjetivo Oferta de cursos com temas da área de Psicopedagogia

Modalidades:Oficina – 4 horas (9h às 13h)Mini curso – 6 horasCurso 12h ou 24 horas (1 mês ou 2 meses – 1 vez por semana com 3 horas cada encontro)

Local: ABPp ou a combinar

Condições:•ABPp pode convidar profissionais para dar os cursos•profissionais podem propor cursos através de preenchimento de proposta a partir de formulário prévio sujeito à aprovação de comissão designada pela Diretoria ABPp para tal fim.

Em comemoração ao dia do Psicopedagogo, aconteceu a apresentção da Manhã Científica: Infância e Adolescência na Sociedade Contemporânea - Desafio de Pais e Educadores, com o Psicanalista Dr. José Outeiral. Colégio Notre Dame - Ipanema.

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Em 26/04/2008

ACONTECEUA Manhã Científica com o tema “O Uso da Internet e suas Implicações na Aprendizagem e nas Relções das Crianças e Adolescentes”(Veja o Ampliando dessa edição)

Em 30/08/2008EVENTO“Narrativas e Identidades: Jorge Visca 30 anos depois” Veja nessa edição

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Agenda Cultural 2009

MARÇO

Curso: Autorias Vocacionais – Módulo I com Alicia Fernández.

Data: 18 e 19 (quarta e quinta)Local: Colégio AndrewsHorário: 16 às 21h

ABRIL

Costuras Psicopedagógicas - O Desenho como Ferramenta de Avaliação e Tratamento Psicopedagógico – II Partecom a psicopedagoga Ana Maria Zenicola

Data: 4 (sábado)Local: Sede da ABPp-RJHorário: 9 às 13h

Maio

Manhã Científica – A Psicopedagogia com o Olhar Sistêmico: conversando com Evelyn Rogozinski e Maria Helena Bartholo. (Psicopedagogas e Terapeutas de Família)

Data: 23 (sábado)Local: Colégio AndrewsHorário: 9 às 13h

Agosto

Noite Científica – A dificuldade de Aprendizagem é um transtorno? Com a fonoaudióloga Renata Mousinho e o neuropediatra Jair de Moraes.

Data: 12 (quarta-feira)Local: Colégio Notre Dame – IpanemaHorário: 19 às 21:30

Setembro

Manhã Científica – As Contribuições da Neurociência para a Aprendizagem. Com a neurocientista de São Paulo Ingrid Tarikano.

Data: 26 (sábado)Local: Colégio Notre Dame - IpanemaHorário: 9:30 às 13:30

Curso: Autorias Vocacionais – Módulo II com Alicia Fernández.

Data: 26 e 27 (quarta e quinta)Local: Colégio AndrewsHorário: 16 às 21h

Outubro

Costuras Psicopedagógicas - Piaget: alinhavando Teoria e Prática. Com a psicopedagoga Ana Maria Tappin.

Data: 24 (sábado) Local: Sede da ABPp-RJHorário: 9 às 17h

Novembro

Debatendo o filme: Meu querido Franklyn. Com o psicanalista César Ibrahin e a psicopedagoga e psicanalista Mônica Donetto.

Data: 14 (sábado)Local: Colégio Andrews Em comemoração ao Dia do PsicopedagogoHorário: 9 às 13h

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