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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO CURSO DE MESTRADO EM ORTODONTIA ASSOCIAÇÃO ENTRE AMAMENTAÇÃO E ALTERAÇÕES DA SOBREMORDIDA NA DENTADURA DECÍDUA CAMILA CAMPOS ROMERO Dissertação apresentada à Universidade Cidade de São Paulo, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ortodontia. São Paulo 2007

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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO CURSO DE MESTRADO EM ORTODONTIA

ASSOCIAÇÃO ENTRE AMAMENTAÇÃO E ALTERAÇÕES DA SOBREMORDIDA NA DENTADURA DECÍDUA

CAMILA CAMPOS ROMERO

Dissertação apresentada à Universidade

Cidade de São Paulo, como parte dos

requisitos para a obtenção do título de

Mestre em Ortodontia.

São Paulo

2007

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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

CURSO DE MESTRADO EM ORTODONTIA

ASSOCIAÇÃO ENTRE AMAMENTAÇÃO E ALTERAÇÕES DA SOBREMORDIDA NA DENTADURA DECÍDUA

CAMILA CAMPOS ROMERO

Dissertação apresentada à Universidade

Cidade de São Paulo, como parte dos

requisitos para a obtenção do título de

Mestre em Ortodontia.

Orientadora: Profa. Dra. Rívea Inês Ferreira

São Paulo

2007

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Ficha Elaborada pela Biblioteca Prof. Lúcio de Souza . UNICID R763a

Romero, Camila Campos. Associação entre amamentação e alterações da sobremordida na dentadura decídua / Camila Campos Romero --- São Paulo, 2007. 117p. ; anexos. Bibliografia Dissertação (Mestrado) - Universidade Cidade de São Paulo - Orientadora: Profª Dra. Rívea Inês Ferreira. 1.Aleitamento materno - Mordida aberta. 2.Maloclusão. 3.Dentição primária. 4.Ortodontia. I. Ferreira, Rívea Inês II. Titulo.

BLACK 4 AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE E COMUNICADA AO AUTOR A REFERÊNCIA DA CITAÇÃO. São Paulo, ____ / ____/ _____

Assinatura: _____________________________

e-mail:

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Romero, C. C. Associação entre amamentação e alterações da sobremordida na dentadura decídua [Dissertação de Mestrado]. São Paulo: Universidade Cidade de São Paulo; 2007.

São Paulo, ____/____/_______

Banca Examinadora

1) ........................................................................... Julgamento: ......................................... Assinatura: .......................................

2) ......................................................... Julgamento:.......................................... Assinatura: .......................................

3) .............................................................................. Julgamento:........................................... Assinatura: .......................................

Resultado: .............................................................................................................

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Dedicatória

Aos meus queridos pais, Ary e Heloisa, que sempre estiveram presentes

e nuca mediram esforços para o meu crescimento, pessoal e

profissional,

me ensinando a viver com dignidade, consideração, ética e

acima de tudo sempre respeitando as pessoas.

Ao meu querido irmão Fábio, pelo apoio incondicional

que me auxiliaram na realização

deste ideal.

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Agradecimentos

À minha orientadora e professora, Rívea Inês Ferreira, pelos seus

ensinamentos, ética, profissionalismo, empenho e dedicação com que

enriqueceu este trabalho.

Ao Prof. Dr. Flávio Vellini Ferreira, coordenador do curso de

Mestrado em Ortodontia da Universidade Cidade de São Paulo-

UNICID, dando-me a oportunidade de desenvolver esta pesquisa, com

orgulho de ter à frente um dos nomes mais respeitados da Ortodontia.

Aos professores Dr. Flávio Augusto Cotrim Ferreira, Dra. Andréia

Cotrim, Dra. Ana Carla Raphaelli Nahás, Dra. Daniela Gamba Garib

Carreiro, Prof. Dr. Helio Scavone Junior, Dra. Karyna Martins do Valle-

Corotti, Dr. Paulo Eduardo Guedes Carvalho e Dra. Luciana Badra

Jabur, que me receberam com muita amizade nesta instituição,

sempre dando muita orientação e apoio.

Aos meus colegas de Mestrado, Vivian, Henry, Danielle, Simone,

Flávio, Auro, Wander, Cidney, Wanderson, Michele e Marcos, pela

amizade, espírito de grupo, apoio e conhecimentos compartilhados

durante esta importante fase de minha vida.

Ao Rafael Pimenta Maia e Sr Ubirajara Rafael Leme, agradeço a

tenacidade e paciência no difícil trabalho de compilação dos dados

da análise estatística, na elaboração dos gráficos, tabelas e

formatação final deste trabalho.

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Aos funcionários da Clínica de Ortodontia da UNICID,

especialmente à Sra Arlinda Galeano Miron, pela atenção e

dedicação que sempre dispensou no atendimento.

Aos professores, alunos e pais das escolas e creches

participantes, nossos sinceros agradecimentos pela colaboração e

participação neste trabalho.

A todos que direta ou indiretamente colaboraram para a

realização deste trabalho, a minha eterna gratidão.

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Romero, C. C. Associação entre amamentação e alterações da sobremordida na dentadura decídua [Dissertação de Mestrado]. São Paulo: Universidade Cidade de São Paulo; 2007.

RESUMO

Este estudo teve por objetivo investigar a associação entre o tempo de

amamentação exclusiva e as alterações da sobremordida, especificamente a

mordida aberta anterior, na dentadura decídua. A amostra foi constituída de 1377

crianças na faixa etária dos 3 aos 6 anos, de ambos os sexos, matriculadas em 11

instituições municipais de ensino infantil da zona leste de São Paulo – SP. Os

métodos e o tempo de aleitamento, bem como o histórico dos hábitos de sucção não

nutritivos, foram pesquisados por meio de um questionário aplicado aos

pais/responsáveis. Os exames clínicos foram realizados por 3 cirurgiões-dentistas

calibrados (κ: 0,89-1,00 e Rs > 0,90), que classificaram a sobremordida em 5

categorias: normal, nula, mordida aberta anterior, moderadamente aumentada e

acentuadamente aumentada. As crianças foram agrupadas conforme o tempo de

amamentação exclusiva e a idade de persistência dos hábitos de sucção não

nutritivos: G1 – não amamentadas, G2 – amamentação exclusiva, no máximo, até 5

meses de idade, G3 – amamentação exclusiva interrompida entre 6 e 12 meses de

idade e G4 – amamentação exclusiva por mais que 12 meses de idade; Controle –

sem histórico de hábitos de sucção de chupeta e/ou dedo, Até 2 anos – hábito que

persistiu até 2 anos de idade, Dos 3 aos 4 anos – hábito interrompido entre 3 e 4

anos de idade, Dos 5 aos 6 anos – hábito interrompido entre 5 e 6 anos de idade.

Foi executada a análise estatística descritiva, com distribuição das freqüências

relativas aos dados de aleitamento, hábitos de sucção não nutritivos e

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características da sobremordida. Os grupos de estudo foram comparados para a

prevalência de mordida aberta anterior pelo teste Qui-Quadrado (p < 0,05), com

cálculo de odds ratio (or). Considerando os grupos G1, G2 e G3, os tempos médios

de amamentação exclusiva, para crianças com e sem mordida aberta anterior, foram

comparados pelo teste t de Student (α = 0,05). Os valores de prevalência da mordida

aberta anterior foram gradativamente menores para G2 (26,1%), G3 (22,1%) e G4

(6,2%) em relação ao G1 (31,9%). Na amostra total e no grupo Controle, as crianças

não amamentadas teriam 7,1 (p < 0,001) e 9,3 (p = 0,009) mais chances de

apresentar mordida aberta anterior em comparação às que receberam

amamentação exclusiva além dos 12 meses de idade, respectivamente. As crianças

com hábitos que perduraram dos 3 aos 4 anos e dos 5 aos 6 anos de idade teriam

38,54 (p < 0,001) e 86,95 (p < 0,001) mais chances de apresentar mordida aberta

anterior, respectivamente, se comparadas ao grupo Controle. Houve diferença

significativa do tempo médio da amamentação exclusiva entre crianças com (3,5 ±

0,32 meses) e sem (3,9 ± 0,18 meses) mordida aberta anterior (t = 1,99, p = 0,047).

Conclui-se que as chances de ocorrência da mordida aberta anterior foram

significativamente maiores para crianças não amamentadas, em comparação às que

receberam amamentação exclusiva por períodos superiores aos 12 meses de idade,

evidenciando a influência benéfica do aleitamento materno na sobremordida.

Palavras-chave: Amamentação - Maloclusão - Dentição Decídua.

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Romero, C. C. Association between time of exclusive breast-feeding and alterations in vertical overbite on primary dentition. [Dissertação de Mestrado]. São Paulo: Universidade Cidade de São Paulo; 2007.

ABSTRACT

The aim of this study was to investigate the association between exclusive breast-

feeding duration and alterations in overbite, specifically anterior open bite, on primary

dentition. The sample consisted of 1377 children of both sexes, aged 3 to 6 years,

enrolled at 11 public pre-schools run by the municipality in the eastern region of São

Paulo – SP. The methods and duration of infant feeding, as well as the history of

non-nutritive sucking habits, were researched by means of a questionnaire applied to

the parents/guardians. Clinical examinations were performed by 3 calibrated dentists

(κ: 0.89-1.00 and Rs > 0.90), who classified overbite into 5 categories: normal, null,

anterior open bite, moderately increased, and severely increased. Children were

grouped according to the duration of exclusive breast-feeding and age of non-

nutritive sucking habits persistence: G1 – non-breast-fed, G2 – exclusive breast-

feeding at maximum to 5 months of age, G3 – exclusive breast-feeding discontinued

between 6 and 12 months of age, and G4 – exclusive breast-feeding for longer than

12 months of age; Control – without history of pacifier and/or digit sucking habits, Up

to 2 years – habit that persisted up to 2 years of age, From 3 to 4 years – habit

discontinued between the ages of 3 and 4 years, From 5 to 6 years – habit

discontinued between the ages of 5 and 6 years. Descriptive statistical analysis was

used, with distribution of the frequencies relative to the data on infant feeding, non-

nutritive sucking habits and overbite characteristics. The study groups were

compared for the prevalence of anterior open bite by the Chi-Square test (p < 0.05),

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with odds ratio (or) calculation. Considering the groups G1, G2, and G3, mean

exclusive breast-feeding durations for children with and without anterior open bite

were compared by the Student’s-t test (α = 0.05). Prevalence values of anterior open

bite were gradually lower for G2 (26.1%), G3 (22.1%), and G4 (6.2%) in comparison

with G1 (31.9%). In the total sample and in the Control group, non-breast-fed children

would have 7.1 (p < 0.001) and 9.3 (p = 0.009) more chance of presenting anterior

open bite than those that were exclusively breast-fed beyond 12 months of age,

respectively. The children with habits that lasted from 3 to 4 years and from 5 to 6

years of age would have 38.54 (p < 0.001) and 86.95 (p < 0.001) more chance of

presenting anterior open bite, respectively, when compared with the Control group.

There was significant difference in the mean exclusive breast-feeding duration

between children with (3.5 ± 0.32 months) and without (3.9 ± 0.18 months) anterior

open bite (t = 1.99, p = 0.047). It was concluded that the chances of anterior open

bite occurring were significantly greater for non-breast-fed children in comparison

with those that were exclusively breast-fed for periods longer than 12 months of age,

evidencing the beneficial influence of breast-feeding on overbite.

Keywords: Breast-feeding; Malocclusion; Primary Dentition.

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LISTA DE TABELAS

p.

Tabela 4.1 - Distribuição da amostra avaliada segundo a idade cronológica e o sexo.................................................................................................. 32

Tabela 5.1 - Distribuição da amostra avaliada por tempo de amamentação exclusiva, de acordo com o sexo. .................................................... 44

Tabela 5.2 - Distribuição da amostra avaliada por idade de persistência dos hábitos de sucção não nutritivos, conforme o sexo.......................... 46

Tabela 5.3 - Prevalência das características de sobremordida na dentadura decídua, segundo a idade. ............................................................... 48

Tabela 5.4 - Análise da significância estatística, mediante o teste de Qui-Quadrado (X²) e o cálculo de odds ratio (or), para a comparação entre os grupos de amamentação exclusiva quanto às prevalências de mordida aberta anterior, em crianças de ambos os sexos (amostra total)........................................................................ 54

Tabela 5.5 - Análise da significância estatística, mediante o teste de Qui Quadrado (X²) e o cálculo de odds ratio (or), para a comparação entre os grupos de amamentação exclusiva quanto às prevalências de mordida aberta anterior, em crianças de ambos os sexos que não apresentaram histórico de hábitos de sucção não nutritivos (n = 503). .......................................................................... 55

Tabela 5.6 - Análise da significância estatística, mediante o teste de Qui-Quadrado (X²) e o cálculo de odds ratio (or), para a comparação entre os grupos categorizados pelo histórico de hábitos de sucção não nutritivos quanto às prevalências de mordida aberta anterior, em crianças de ambos os sexos (amostra total). ............................. 56

Tabela 5.7 - Valores médios do tempo de amamentação exclusiva e desvios padrão, considerando o Intervalo de Confiança de 95%, para os grupos de crianças com e sem mordida aberta anterior na amostra estudada (n = 1156). ........................................................................ 58

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LISTA DE GRÁFICOS

p.

Gráfico 4.1 - Distribuição da amostra de acordo com o sexo, nos grupos etários. . 32

Gráfico 4.2 - Distribuição da amostra avaliada de acordo com a classificação racial. ................................................................................................. 33

Gráfico 5.1 - Distribuição da amostra de acordo com o tempo de amamentação exclusiva. (G1: a criança não foi amamentada; G2: amamentação exclusiva até 5 meses de idade; G3: amamentação exclusiva interrompida entre 6 e 12 meses de idade; G4: amamentação exclusiva interrompida com mais de 12 meses de idade).................. 43

Gráfico 5.2 - Distribuição da amostra de acordo com a idade de persistência dos hábitos de sucção não nutritivos. (Controle: crianças sem histórico de hábitos de sucção não nutritivos).................................................. 45

Gráfico 5.3 - Freqüência de crianças categorizadas pelo histórico dos hábitos de sucção não nutritivos nos diversos grupos de amamentação exclusiva. (G1: a criança não foi amamentada; G2: amamentação exclusiva até 5 meses de idade; G3: amamentação exclusiva interrompida entre 6 e 12 meses de idade; G4: amamentação exclusiva interrompida com mais de 12 meses de idade).................. 47

Gráfico 5.4 - Prevalência das diversas características de sobremordida conforme a idade, para o sexo masculino.......................................................... 49

Gráfico 5.5 - Prevalência das diversas características de sobremordida conforme a idade, para o sexo feminino. ........................................................... 49

Gráfico 5.6 - Freqüência de mordida aberta anterior por grupo de amamentação exclusiva. (G1: a criança não foi amamentada; G2: amamentação exclusiva até 5 meses de idade; G3: amamentação exclusiva interrompida entre 6 e 12 meses de idade; G4: amamentação exclusiva interrompida com mais de 12 meses de idade).................. 52

Gráfico 5.7 - Freqüência de mordida aberta anterior segundo a idade de persistência dos hábitos de sucção não nutritivos. (Controle: crianças sem histórico de hábitos de sucção não nutritivos).............. 52

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SUMÁRIO

p.

1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 1

2 REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................... 6

2.1 O aleitamento infantil e a aquisição de hábitos de sucção não nutritivos ............................................................................................ 7

2.2 A amamentação e o desenvolvimento de más oclusões ............... 16

3 PROPOSIÇÃO........................................................................................... 28

4 MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................... 30

4.1 Caracterização da amostra ............................................................... 31

4.2 Pesquisa sobre métodos de aleitamento infantil e hábitos de sucção não nutritivos........................................................................ 33

4.3 Avaliação das características oclusais ........................................... 34

4.3.1 Exames clínicos ........................................................................ 34 4.3.2 Calibração dos examinadores................................................... 35

4.4 Critérios de inclusão na amostra ..................................................... 37

4.5 Grupos de estudo.............................................................................. 38

4.5.1 Grupos de amamentação exclusiva .......................................... 38 4.5.2 Grupos categorizados pelo histórico dos hábitos de sucção

não nutritivos............................................................................. 38

4.6 Tratamento estatístico ...................................................................... 39

4.6.1 Análise estatística descritiva ..................................................... 39 4.6.2 Comparação entre os grupos de estudo e análise dos efeitos

da amamentação e dos hábitos de sucção não nutritivos sobre a prevalência de mordida aberta anterior.................................. 39

4.6.3 Estimativa do tempo médio de amamentação exclusiva para crianças com e sem mordida aberta anterior ............................ 40

4.7 Programa educativo-preventivo ....................................................... 40

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5 RESULTADOS .......................................................................................... 42

5.1 Distribuição da amostra de acordo com o tempo de amamentação exclusiva.................................................................... 43

5.2 Distribuição da amostra segundo a idade de persistência dos hábitos de sucção não nutritivos..................................................... 45

5.3 Prevalência das características relativas à sobremordida na amostra avaliada................................................................................ 48

5.4 Avaliação comparativa das freqüências de mordida aberta anterior e o cálculo de odds ratio .................................................... 53

5.5 Análise do tempo médio de amamentação exclusiva para os grupos de crianças com e sem mordida aberta anterior ............... 58

6 DISCUSSÃO.............................................................................................. 59

6.1 Considerações sobre o papel da amamentação no desenvolvimento do sistema estomatognático e da oclusão dental .................................................................................................. 60

6.2 O efeito do tempo de amamentação exclusiva sobre a prevalência de mordida aberta anterior........................................... 63

6.3 Aplicações clínicas e limitações do estudo .................................... 69

7 CONCLUSÕES.......................................................................................... 75

REFERÊNCIAS................................................................................................ 77

ANEXOS .......................................................................................................... 84

APÊNDICE....................................................................................................... 88

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1 INTRODUÇÃO

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2 1 INTRODUÇÃO

São inúmeros os fatores que podem desencadear as más oclusões. De uma

forma geral, classificam-se em genéticos (hereditários ou não) ou ambientais, por

exemplo, os hábitos de sucção não nutritivos, como sucção de chupeta e dedo e o

aleitamento artificial (FARSI; SALAMA, 1997; FINN, 1961; MONGUILHOTT, 2003;

MOSS; PICTON, 1968; PEREIRA et al., 2003). A chave para a determinação da

etiologia das más oclusões encontra-se na capacidade de se diferenciar o efeito

preponderante de cada fator em particular.

Atualmente, tem sido enfatizada a importância da amamentação, uma vez

que o leite materno é o melhor alimento do ponto de vista nutricional e reforça o

sistema imunológico do bebê contra doenças infecciosas e alérgicas. Há evidência

epidemiológica, mesmo nos países desenvolvidos, de que a amamentação protege

contra infecções gastrointestinal e (em menor extensão) respiratória, sendo que o

efeito protetor é potencializado com a maior duração e exclusividade desse método

de aleitamento infantil (KRAMER; KAKUMA, 2002). A amamentação preenche as

necessidades emocionais, fortalecendo o vínculo mãe-filho (GRANVILLE-GARCIA et

al., 2004). Além disso, o ato da sucção ao peito promove o correto desenvolvimento

das estruturas do sistema estomatognático, proporcionando o equilíbrio das forças

musculares de contenção interna e externa (LEGOVIC; OSTRIC, 1991; MEYERS;

HERTZBERG, 1988; PINHEIRO, 1996; RIGHARD, 1996).

Motta (1997) afirmou que toda mãe deveria ser estimulada a amamentar, pois

os lábios e a língua do bebê assumem posição adequada ao trabalho dos músculos

bucofaciais, sendo o exercício destes substancial para a correta articulação da fala e

o crescimento adequado da mandíbula. Segundo Marchesan (1998), por meio da

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Introdução 3 amamentação, o bebê executa de 2000 a 3500 movimentos de mandíbula, enquanto

que na alimentação artificial (por mamadeira), esses movimentos são apenas de

1500 a 2000. Presumivelmente, com o aleitamento materno, o bebê terá melhores

condições de estimulação do sistema sensório-motor-bucal, pois a força muscular

necessária para que seja mantido um fluxo de leite satisfatório será bem maior.

A utilização muscular diferencial durante a amamentação, isto é, a atividade

adequada dos músculos orbicular dos lábios, masseter e bucinador, pode interferir

no desenvolvimento da mandíbula. Desse modo, é possível supor que o

comprimento e a espessura da mandíbula sejam influenciados pela amamentação

prolongada (LABBOK; HENDERSHOT, 1987).

De acordo com Svedin e Friis-Hasché (1995), à medida que o bebê cresce,

diminui a necessidade de sucção tanto física quanto psicológica, com a introdução

da mastigação de alimentos sólidos. A criança aprende a deixar a fase inicial de

necessidade da sucção, ao parar gradualmente de mamar, dando continuidade ao

seu processo de maturação sem traumas psicológicos. A necessidade fisiológica da

sucção cessa entre os 9 e os 12 meses de idade. Todavia, a necessidade

psicológica permanece por um tempo maior. Considerando este aspecto do

desenvolvimento infantil e a influência positiva do aleitamento materno sobre o

sistema estomatognático, López Del Valle et al. (2006) sugeriram que a prática e a

duração mais prolongada da amamentação podem contribuir para a prevenção de

más oclusões e redução dos hábitos de sucção não nutritivos.

Degano e Degano (1993) relataram uma menor prevalência e gravidade das

más oclusões em crianças amamentadas, em comparação às que receberam

aleitamento artificial. Turgeon-O’Brien et al. (1996) também constataram que a

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Introdução 4 amamentação promove um adequado desenvolvimento bucofacial e que, se for

prolongada, atuará como fator protetor contra o estabelecimento de más oclusões.

Muitos autores estudaram as associações entre o aleitamento materno e a

aquisição de hábitos de sucção não nutritivos (AARTS et al., 1999; BITTENCOURT;

MODESTO; BASTOS, 2001; BRAGHINI et al., 2001; GUIMARÃES Jr., 2004;

LARSSON; DAHLIN, 1985; LEITE et al., 1999; MENDES et al., 2003; MORESCA;

FERES, 1992; PAUNIO; RAUTAVA; SILLANPÄÄ, 1993; PIEROTTI, 2001; ROBLES

et al., 1999; SHOAF, 1979; SOUSA et al., 2004; ZUANON et al., 1999). Em adição,

diversas pesquisas analisaram a relação dos hábitos de sucção com a instalação de

más oclusões na dentadura decídua (ADAIR et al., 1995; CALISTI; COHEN; FALES,

1960; FARSI; SALAMA, 1997; KARJALAINEN et al., 1999; ØGAARD; LARSSON;

LINDSTEN, 1994; SERRA-NEGRA; PORDEUS; ROCHA Jr., 1997; SILLMAN, 1940;

TANOUE, 2002; TOMITA; BIJELLA; FRANCO, 2000; WARREN; BISHARA, 2002;

ZARDETTO; RODRIGUES; STEFANI, 2002). Contudo, a influência do aleitamento

materno sobre o desenvolvimento da oclusão dental ainda gera controvérsias.

Embora uma maior probabilidade de ocorrência de más oclusões tenha sido

relacionada à prática insuficiente do aleitamento materno (DEGANO; DEGANO,

1993; KARJALAINEN et al., 1999; LABBOK; HENDERSHOT, 1987; LÓPEZ DEL

VALLE et al., 2006; NEIVA et al., 2003; VIGGIANO et al., 2004), existem

investigações científicas que, a despeito de ratificarem a atuação benéfica da

amamentação no desenvolvimento do sistema estomatognático, não elucidaram

completamente a associação supracitada (BALDRIGHI et al., 2001; BISHARA et al.,

1987; GANESH; TANDON; SAJIDA, 2005; LEGOVIC; OSTRIC, 1991; WARREN;

BISHARA, 2002). Portanto, este estudo epidemiológico teve por objetivo avaliar um

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Introdução 5 possível efeito do tempo de amamentação exclusiva sobre as alterações da

sobremordida, especificamente o estabelecimento da mordida aberta anterior, em

crianças na dentadura decídua.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

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7 2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 O aleitamento infantil e a aquisição de hábitos de sucção não nutritivos

Estudando a prevalência e a etiologia dos hábitos de sucção não nutritivos em

grupos étnicos diferentes, Larsson e Dahlin (1985) coletaram informações de três

grupos: Grupo A, composto de 415 crianças atendidas em um hospital no Zimbabwe

– África; Grupo B, composto por 20 crânios medievais de uma coleção da

Universidade de Oslo – Noruega, que apresentavam dentadura decídua intacta e,

finalmente, o Grupo C, com 280 crianças suecas, tendo sido entrevistadas suas

mães sobre os hábitos de sucção de seus filhos. No hospital, identificaram somente

8 succionadores digitais, enquanto que por razões econômicas nenhuma criança

apresentou o hábito de sucção de chupeta. Naquela região, as mães permitem que

seus filhos sejam amamentados ad libitum durante a noite. Este comportamento

estabelece um maior contato físico com a mãe, suprindo o instinto de sucção.

Segundo os autores, a sucção ao peito quando o lactente não tem fome também

pode ser classificada como não nutritiva, sendo uma das mais precoces e preferidas

pelas crianças. Os crânios medievais foram selecionados por apresentarem contatos

incisais firmes, sustentando a teoria de que estes hábitos são muito raros em povos

mais primitivos, visto que nas crianças com hábitos de sucção, a menor distância

entre a borda incisal do incisivo decíduo inferior variou de 2 a 5 mm da face palatina

do incisivo decíduo superior. No Grupo C, constataram que a prevalência da sucção

de chupeta e dedo atingia entre 75% e 95% das crianças suecas. Não obstante a

sucção digital tenha sido reduzida em seu total, outros hábitos de sucção foram

freqüentes, principalmente o uso da chupeta. Afirmaram que a hipótese do período

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Revisão de literatura 8 de lactação prevenir o desenvolvimento de hábitos de sucção não nutritivos somente

se aplica se este for de, no mínimo, 6 meses.

Moresca e Feres (1992) verificaram uma relação direta entre o uso de

mamadeira e a alta prevalência de hábitos de sucção não nutritivos, ao comparar a

instalação destes hábitos em crianças amamentadas. Esses autores citaram outras

pesquisas indicando que não se tem dado importância à sensação de gratificação

associada com a amamentação, em que a criança requer em média de 50 a 60

minutos para se satisfazer por completo e, conseqüentemente, apresentar fadiga da

musculatura bucal, o que evitará a instalação do hábito de sucção não nutritivo.

Paunio, Rautava e Sillanpää (1993) estudaram a associação entre hábitos de

sucção de chupeta e dedo com a amamentação em 1018 crianças de 3 anos de

idade, na cidade de Turku, Finlândia. À medida que o tempo de amamentação

diminuía, aumentava o risco da criança utilizar chupeta até a idade de 3 anos,

comparativamente às crianças que receberam aleitamento materno por 6 meses.

Com a proposta de associar o modo de aleitamento infantil ao

desenvolvimento de hábitos bucais deletérios e más oclusões, Serra-Negra, Pordeus

e Rocha Jr. (1997), após analisar uma amostra de 289 fichas clínicas e questionários

de crianças na faixa etária dos 3 aos 5 anos, pertencentes a creches e escolas da

cidade de Belo Horizonte – MG, constataram que 147 crianças (52,5%) foram

amamentadas por um período igual ou superior a 6 meses e somente 44 crianças

(15,7%) não receberam aleitamento materno ou foram amamentadas por, no

máximo, 1 mês. Os resultados indicaram que 211 crianças (75%) apresentaram,

pelo menos, um tipo de hábito deletério. Dentre os hábitos, o mais freqüente foi a

sucção de chupeta (75,1%), seguido por onicofagia (10,3%), sucção de dedo (10%)

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Revisão de literatura 9 e ato de morder objetos (6,8%). Afirmaram que 86,1% das crianças que não

apresentaram hábitos bucais deletérios foram amamentadas por, no mínimo, 6

meses; enquanto que as crianças que receberam aleitamento materno somente pelo

período máximo de 1 mês apresentaram um risco 7 vezes superior para a aquisição

dos referidos hábitos. Reafirmaram que a sucção não nutritiva está fortemente

associada com a instalação de má oclusão, em especial a mordida cruzada

posterior, a mordida aberta anterior e a sobressaliência aumentada.

Analisando um total de 94 questionários distribuídos aos pais de crianças na

faixa etária de 3 a 6 anos, na cidade de Dionísio Cerqueira – SC, Coletti e

Bartholomeu (1998) pesquisaram os fatores predisponentes aos hábitos de sucção

não nutritivos, comparando a estrutura familiar e a amamentação no

desenvolvimento dos mesmos. Constataram que 59,6% das crianças apresentaram

o hábito de sucção de chupeta, 6,4%, sucção digital e 13,8% apresentaram ambos

os hábitos, enquanto que 20,2% revelaram ausência destes hábitos. A

amamentação ocorreu na maioria dos casos (94,7%). As crianças com hábitos de

sucção não nutritivos foram amamentadas por um tempo médio de 8,9 meses e as

sem hábitos, por 15,3 meses. Relataram ainda que a ausência do pai e/ou da mãe

na família parece contribuir como um aspecto emocional relacionado à aquisição dos

hábitos de sucção não nutritivos.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) – World Health Organization, em

1998, preconizou que as mães deveriam ser esclarecidas sobre a importância da

amamentação nos primeiros 4 a 6 meses de vida da criança. Além disso,

desencorajou o uso de mamadeiras e chupeta, sugerindo que o tempo de sucção ao

peito é reduzido e, conseqüentemente, ocorre interferência na demanda por

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Revisão de literatura 10 alimentação e na dinâmica da musculatura bucal. Nesse documento, a OMS afirmou

que, se o estímulo ao peito e a sucção de leite forem reduzidos, a produção de leite

decresce, o que pode causar cessação do aleitamento materno.

Após o exame clínico de 100 crianças, com idades de 2 a 11 anos, atendidas

na clínica de Odontopediatria da Universidade Federal de Juiz de Fora – MG, bem

como a aplicação de questionários aos pais/responsáveis, Leite et al. (1999)

observaram a relação entre o período de amamentação exclusiva e a aquisição de

hábitos de sucção não nutritivos, concomitantemente ou posteriormente a essa.

Descreveram que o aleitamento materno exclusivo, mesmo por pequeno período,

reduziu em 24% as chances das crianças adquirirem hábitos de sucção não

nutritivos, comumente observados naquelas que não receberam amamentação.

Relataram ainda uma associação entre o aleitamento misto, ou exclusivamente por

mamadeira, e os hábitos de sucção não nutritivos. Ademais, as crianças que

utilizaram mamadeira exibiram uma prevalência 40% maior de respiração bucal.

Afirmaram, ao final, que deve ser dada ênfase ao aleitamento materno,

especialmente nos 6 primeiros meses de vida.

Robles et al. (1999) avaliaram a influência da duração da amamentação na

prevalência de hábitos de sucção não nutritivos persistentes (dedos e chupeta), em

125 crianças com dentadura decídua completa. Relacionou-se a presença destes

hábitos à ocorrência de quaisquer dos diversos tipos de más oclusões examinadas.

Na amostra, 21,6% foram amamentados além dos 9 meses de idade; 25,6% foram

amamentados até o período que abrange entre 4 e 8 meses; 36,8%, entre 1 e 3

meses e 16% não foram amamentados. Das crianças que foram amamentadas até 9

meses ou mais, 85% usaram mamadeira além dos 2 anos de idade. Os autores

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Revisão de literatura 11 explicaram que a criança aprende a associar este tipo de sucção (amamentação)

com perspectivas agradáveis e persiste, portanto, com o uso da mamadeira. A maior

prevalência de hábitos de sucção após os 2 anos de idade relacionou-se ao grupo

que não foi amamentado (60%), bem como às crianças que foram amamentadas até

os 3 meses de idade (71%). Em contrapartida, 55% das crianças que foram

amamentadas além dos 9 meses de idade apresentaram ausência de hábito de

sucção deletério. Foi observado também que, das 125 crianças examinadas, 80%

apresentaram algum tipo de má oclusão. Em 94% das crianças com hábitos de

sucção por mais de 2 anos de idade, uma má oclusão estava presente.

Com a finalidade de analisar a associação entre aleitamento materno e

artificial no desenvolvimento de hábitos de sucção não nutritivos, Zuanon et al.

(1999) avaliaram 594 crianças de 3 a 7 anos de idade, em Araraquara – SP.

Observaram que 18,9% foram somente amamentadas, 21,7% receberam

aleitamento artificial e 51,9%, misto. De todos que participaram do estudo, 299

(50,3%) desenvolveram hábitos de sucção não nutritivos. Das crianças

amamentadas, 41 (36,6%) apresentaram hábitos de sucção não nutritivos; das que

receberam aleitamento artificial, 73 (56,6%) desenvolveram esses hábitos e das que

receberam ambos os tipos de aleitamento, 185 (60,1%) os revelaram. Conforme

aumentou o período de amamentação, diminuiu a prevalência de hábitos de sucção

não nutritivos, não ocorrendo diferença significante entre o desenvolvimento destes

hábitos para as crianças que receberam aleitamentos artificial e misto.

Em um levantamento epidemiológico transversal com o desígnio de estudar o

aleitamento materno, em um padrão socioeconômico baixo, e sua relação com a

presença dos hábitos de sucção não nutritivos, Bittencourt, Modesto e Bastos (2001)

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Revisão de literatura 12 entrevistaram 239 pais/responsáveis por crianças brasileiras entre 4 e 6 anos de

idade, de ambos os sexos, matriculadas em escolas municipais da cidade do Rio de

Janeiro – RJ. Dentre os hábitos questionados, o mais freqüente foi a sucção de

chupeta (55,6%), seguido pela onicofagia (10%) e pela sucção digital (7,5%). As

crianças que nunca receberam aleitamento materno apresentaram mais hábitos de

sucção não nutritivos (81,3%), em uma proporção 3,4 vezes superior àquelas que

foram amamentadas por um período maior do que 1 ano de idade. A freqüência dos

hábitos de sucção não nutritivos decresceu, à medida que aumentou o período de

aleitamento materno, sugerindo a satisfação da sucção não nutritiva requerida pelas

crianças, principalmente, nos primeiros meses de vida.

Com o objetivo de avaliar a relação entre o tipo de aleitamento e a presença e

duração dos hábitos de sucção não nutritivos, assim como, analisar a associação

destes últimos com a forma do arco superior e a profundidade do palato, Braghini et

al. (2001) realizaram um estudo com 231 pré-escolares, na faixa etária dos 3 aos 6

anos, pertencentes a escolas e creches de Porto Alegre – RS. Os resultados

evidenciaram que as crianças amamentadas até os 6 meses de idade,

demonstraram menor freqüência de hábitos de sucção não nutritivos. Constataram

que, nas crianças com hábitos de sucção por mais de 3 anos de idade, era maior a

freqüência do arco superior em forma de "V" (47,82%) e do palato profundo (52,17

%). Concluíram que o tempo de aleitamento materno exerce influência direta na

aquisição de hábitos de sucção não nutritivos e estes, por sua vez, poderão

ocasionar alterações na forma do arco e profundidade do palato.

Em um estudo realizado por Pierotti (2001), com 150 escolares de ambos os

sexos e idades de 1 a 7 anos, da rede particular de ensino de São Paulo – SP,

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Revisão de literatura 13 constatou-se que as crianças exclusivamente amamentadas, por no mínimo 6

meses, em sua maioria, não desenvolveram hábitos de sucção não nutritivos.

Entretanto, aquelas que receberam aleitamento materno por menos de 6 meses,

mantiveram os hábitos por um período mais curto, se comparadas com as crianças

que não foram amamentadas.

Para estudar a prevalência do uso de chupeta e sua associação com as

práticas alimentares infantis, Cotrim, Venancio e Escuder (2002) utilizaram dados de

22188 crianças com menos de 4 meses de idade que, em 1999, participaram do

projeto “Amamentação e Municípios”, coordenado pelo Instituto de Saúde da

Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo (SES, SP). Os dados foram coletados

por questões sobre a alimentação da criança nas últimas 24 horas, o uso de chupeta

e mamadeira, segundo as recomendações da OMS. Observou-se que a prevalência

do uso de chupeta foi alta (61,3%), houve associação entre a introdução precoce de

chupeta e a interrupção do aleitamento materno exclusivo. Constatou-se maior

prevalência do uso de mamadeira entre as crianças que apresentavam o hábito de

sucção de chupeta.

Consignou Carvalho (2003) que, ao sugar o peito materno, a criança

estabelece o padrão correto de respiração nasal e postura da língua. Durante a

sucção, os músculos envolvidos são adequadamente estimulados, aumentando o

tônus e promovendo a postura correta, para futuramente exercerem a função da

mastigação. Esse autor afirmou ainda que o uso da mamadeira propicia o trabalho

apenas dos músculos bucinador e orbicular dos lábios, deixando de estimular outros

músculos, tais como pterigoideo lateral, pterigoideo medial, masseter, temporal e

digástrico. O excessivo trabalho muscular dos orbiculares pode influenciar o

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Revisão de literatura 14 crescimento facial, ocasionando arcos estreitos e falta de espaço para os dentes e a

língua; também pode induzir disfunções na mastigação, deglutição e articulação da

fala, conduzindo a alterações de mordida e má oclusão. A sucção do bico de

borracha não requer os movimentos de protrusão e retrusão da mandíbula, que são

importantes para o adequado crescimento mandibular. Concluiu-se que a falta da

amamentação, com a introdução de mamadeira, constitui uma das causas da

instalação dos hábitos de sucção não nutritivos, e que, como conseqüência, ocorrem

alterações estruturais e funcionais. Segundo o autor, os hábitos de sucção não

nutritivos são determinantes, direta ou indiretamente, dos desvios morfológicos

dentoalveolares e, portanto, fatores etiológicos indiscutíveis das más oclusões.

Mendes et al. (2003) avaliaram 112 crianças de ambos os sexos, entre 3 e 6

anos de idade, com dentadura decídua completa, matriculadas em creches

municipais de João Pessoa – PB. Pelos resultados obtidos, concluíram que não foi

observada relação entre os tipos de aleitamento e o desenvolvimento dos hábitos

bucais deletérios. Em adição, também verificaram que não houve associação entre a

presença de hábitos de sucção não nutritivos e a ocorrência das más oclusões

avaliadas (sobressaliência excessiva, sobremordida acentuada, mordida aberta

anterior e mordida cruzada posterior).

Sousa et al., em 2004, avaliaram a associação entre duração do aleitamento

materno e prevalência de hábitos de sucção persistentes, bem como os

relacionaram à ocorrência de más oclusões. A amostra constou de 126 crianças, de

ambos os sexos, na faixa etária dos 2 aos 6 anos, com dentadura decídua completa,

matriculadas em creches municipais de João Pessoa – PB. Observaram que 46%

das crianças foram amamentadas por mais de 6 meses, 48% foram amamentadas

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Revisão de literatura 15 menos que 6 meses e apenas 6% das crianças nunca foram amamentadas. Quanto

ao tipo de aleitamento, 73% das crianças receberam aleitamento misto, 21%

receberam amamentação exclusiva e somente 6% das crianças receberam

aleitamento artificial. Das crianças que foram amamentadas por menos de 6 meses,

47,6% apresentaram hábitos bucais deletérios e, das que foram amamentadas por

mais de 6 meses, 46,1% apresentaram os referidos hábitos. Concluíram que o

aleitamento materno por menos de 6 meses está associado à presença de hábitos

de sucção persistentes em crianças com dentadura decídua completa e esses

hábitos estudados relacionaram-se à ocorrência de más oclusões (mordida aberta

anterior, mordida cruzada posterior e sobressaliência aumentada).

Guimarães Jr. (2004) analisou a relação entre o tempo de aleitamento

materno e a aquisição de hábitos de sucção digital e de chupeta. A amostra

englobou 551 crianças brasileiras (256 do sexo masculino e 295 do feminino), com 3

a 6 anos de idade, matriculadas em escolas públicas da cidade de São Paulo – SP.

A metodologia empregou questionários específicos, respondidos pelas mães,

informando sobre o período de amamentação e histórico dos hábitos pesquisados.

Com base nas respostas obtidas, a amostra foi subdividida em 5 grupos de acordo

com o tempo de amamentação. Grupo I, crianças que nunca receberam

amamentação; Grupo II, amamentadas por um período menor que 3 meses de

idade; Grupo III, amamentação interrompida entre os 3 e os 6 meses de idade;

Grupo IV, amamentação interrompida entre os 6 e os 9 meses e Grupo V,

amamentação por mais que 9 meses de idade. O teste Qui-Quadrado (p < 0,05)

evidenciou ausência de dimorfismo significante entre os sexos quanto aos índices de

prevalência dos hábitos de sucção não nutritivos, permitindo agrupar os resultados

sem distinção. Foram observadas as seguintes prevalências para os hábitos de

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Revisão de literatura 16 sucção de chupeta e digital, respectivamente: Grupo I – 85% e 5%; Grupo II – 87,6%

e 2,5%; Grupo III – 78% e 5,3%; Grupo IV – 70% e 7% e Grupo V – 38,6% e 5%. No

que tange à sucção de chupeta, a freqüência foi significativamente mais baixa para o

Grupo V, em comparação aos demais. Concluiu-se que as crianças amamentadas

por 9 meses ou mais apresentaram menor prevalência de hábitos de sucção não

nutritivos durante a fase da dentadura decídua.

Em 2005, Trawitzky et al. avaliaram 62 crianças dos 3 aos 6 anos de idade,

que foram submetidas a exame otorrinolaringológico, para verificar a relação do

padrão respiratório com o histórico de aleitamento infantil e hábitos bucais deletérios.

Os pais/responsáveis foram questionados sobre o método e o período de

aleitamento. Observou-se que o período de aleitamento materno foi maior nos

respiradores nasais, concentrando-se na fase dos 3 aos 6 meses de idade. A

presença de hábitos de sucção não nutritivos foi marcante nos respiradores bucais.

Esses autores concluíram que os respiradores bucais apresentaram um menor

período de aleitamento materno e um histórico de hábitos de sucção não nutritivos

mais freqüente, se comparados às crianças respiradoras nasais.

2.2 A amamentação e o desenvolvimento de más oclusões

Em 1968, Moss e Picton selecionaram uma comunidade em Greec Island –

Euboea, para avaliar a prevalência de más oclusões. Essa comunidade foi eleita por

ser relativamente isolada, haver restrição a tratamento odontológico no local e ter

ocorrido a introdução recente de um leite adoçado artificialmente para o aleitamento

infantil. Nesse estudo, 553 crianças com menos de 12 anos de idade foram

avaliadas, sendo que os examinadores registravam a má oclusão encontrada para

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Revisão de literatura 17 cada uma delas. Com relação à amamentação, 57,7% das crianças receberam

aleitamento materno até, no mínimo, 1 ano de idade e 7,2%, por mais de 2 anos.

Entretanto, a utilização de um leite industrializado, adoçado artificialmente, para o

aleitamento das crianças mais jovens permitiu aos autores verificarem os efeitos dos

diferentes métodos de aleitamento no desenvolvimento dos arcos dentais. Das 553

crianças, 297 (54%) apresentavam alguma má oclusão. A mais prevalente foi a

Classe I de Angle. As prevalências de Classe II de Angle e de cárie dental foram

maiores nas crianças aleitadas artificialmente. A freqüência de hábitos de sucção

não nutritivos foi pequena (5%).

Simpson e Cheung (1976) avaliaram bebês de uma enfermaria na

Universidade de Alberta – Canadá, com o objetivo de estudar as interferências do

método de aleitamento infantil e dos hábitos de sucção não nutritivos no

desenvolvimento da oclusão. A avaliação foi realizada por meio de fotografias,

modelos de gesso e registro de mordida. Os bebês foram examinados aos 4 e aos 8

meses de idade. Conforme os resultados, aos 4 meses, a mordida aberta anterior foi

observada em 27,27% dos bebês amamentados e em 43,76% dos bebês que

receberam aleitamento artificial. Verificou-se prevalência reduzida de mordida aberta

anterior, de 41,59% aos 4 meses para 25,9% aos 8 meses de idade. Contudo,

ressalta-se que a quantidade de bebês avaliados aos 8 meses de idade foi menor do

que aos 4 meses. Dessa maneira, alguns bebês com mordida aberta anterior podem

não ter sido avaliados aos 8 meses de idade.

Moreira (1978) pesquisou a associação de diferentes tipos de aleitamento

com a relação incisal, os formatos de arco e a prevalência de hábitos de sucção não

nutritivos. O autor examinou 200 crianças na faixa etária de 3 a 6 anos, com

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Revisão de literatura 18 dentadura decídua completa. Não se constatou associação entre aleitamento,

formato de arco e relação incisal. Quanto aos hábitos de sucção não nutritivos, a

amamentação condicionaria a uma menor prevalência dos mesmos, quando

comparada ao aleitamento dos tipos artificial e misto.

Bishara et al., em 1987, com a finalidade de analisar as variações nas

dimensões dos arcos dentais em função do método de aleitamento infantil e do

histórico de hábitos de sucção não nutritivos, avaliaram 122 crianças dos 6 aos 18

meses de vida. As crianças eram provenientes dos departamentos de Obstetrícia e

Pediatria da Universidade de Iowa (EUA) e de clínicas pediátricas particulares. As

variações maxilares e mandibulares foram comparadas entre os sexos e 6 grupos

com diferentes tipos de aleitamento e comportamento de sucção. Não houve

diferença estatisticamente significante para as dimensões dos arcos dentais entre os

6 grupos estudados.

Ainda em 1987, Labbok e Hendershot propuseram uma das primeiras

estimativas nacionalmente representativas da associação entre métodos de

aleitamento infantil e má oclusão. Os dados foram coletados a partir da Entrevista

Nacional de Saúde de 1981, aplicada nos Estados Unidos da América (EUA). Um

entrevistador visitou uma amostra de residências e aplicou um questionário

padronizado. A amostra desse estudo foi composta por 9.698 crianças e jovens nas

faixas etárias dos 3 aos 8 anos (n = 3601) e dos 9 aos 17 anos (n = 6097),

selecionadas em um total de aproximadamente 15.000 participantes. A maioria dos

entrevistados (71,6%) relatou que o método de aleitamento infantil foi

exclusivamente por mamadeira. Entretanto, no subgrupo dos 3 aos 8 anos de idade,

a percentagem de amamentados foi superior (31,5%) em comparação aquele dos 9

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Revisão de literatura 19 aos 17 anos de idade (26,8%). As freqüências de má oclusão na dentadura decídua

(dos 3 aos 5 anos de idade) para crianças alimentadas exclusivamente por

mamadeira, amamentadas por menos que 6 meses e amamentadas por 6 meses ou

mais foram de 6%, 10,5% e 8,1%, respectivamente. Ao comparar os subgrupos de

maiores e menores durações de amamentação, constatou-se que houve registros de

má oclusão significativamente mais baixos para crianças que receberam aleitamento

materno por períodos mais prolongados. Os registros de má oclusão declinaram

regularmente com o aumento da duração da amamentação, sendo que as crianças

amamentadas por períodos dos 0 aos 3 meses (n = 8206), dos 4 aos 6 meses (n =

711) e acima dos 12 meses de idade (n = 180) demonstraram as respectivas

percentagens de 32,5%, 28,1% e 15,9%. Foi possível comprovar uma forte indicação

de que a amamentação, especialmente se prolongada, interfere no desenvolvimento

dentoesquelético como fator protetor contra má oclusão.

Com o objetivo de elucidar uma possível relação entre o uso de mamadeira e

o desenvolvimento de más oclusões, Meyers e Hertzberg (1988) realizaram um

estudo caso-controle por meio de questionários respondidos pelos pais/responsáveis

por pacientes na faixa etária dos 10 aos 12 anos, de uma clínica particular em

Boston (EUA). A associação entre o uso de mamadeira e as más oclusões foi

testada indiretamente, uma vez que os autores não avaliaram as fichas clínicas, mas

questionaram sobre a indicação de algum tipo de tratamento ortodôntico para esses

pacientes. No que se refere ao aleitamento infantil, de acordo com a resposta dos

454 questionários analisados, apenas 12,6% da amostra receberam exclusivamente

amamentação e 50,2% foram alimentados pelo uso exclusivo de mamadeira. A

sucção de chupeta foi registrada em 51,9%, com uma duração média de 11,6

meses; já a sucção digital foi observada em 45,3% da amostra, sendo a duração

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Revisão de literatura 20 média de 49 meses. Não houve associação entre método de aleitamento e

prevalência de hábitos de sucção não nutritivos. Embora não tenha sido

estatisticamente comprovada a relação de causa-efeito entre o uso de mamadeira e

a necessidade de tratamento ortodôntico, verificou-se que, para 72,4% dos

pacientes que receberam aleitamento exclusivo por mamadeira algum tipo de

tratamento ortodôntico foi realizado ou recomendado. No grupo de pacientes que

foram exclusivamente amamentados, o respectivo percentual foi de 59,6%. Todavia,

os autores alertaram para o fato de “necessidade de tratamento ortodôntico” ser um

termo bem mais abrangente do que “má oclusão”, considerando que, por exemplo, a

perda precoce de um dente decíduo por traumatismo pode determinar a indicação

de um mantenedor ou recuperador de espaço.

Westover, DiLoreto e Shearer, em 1989, investigaram a relação do

aleitamento materno com o desenvolvimento bucal e dental. Concluíram que,

durante a amamentação, a criança gasta 6 vezes mais energia para ingerir o leite do

que se alimentada por meio de mamadeira. Além disso, o leite materno tem

propriedades nutricionais e imunológicas essenciais para o desenvolvimento do

bebê. A maneira com que a criança recebe o aleitamento na infância pode afetar seu

desenvolvimento ao longo da vida, tendo em vista a possibilidade de deficiência de

minerais e má formação dental.

Em uma pesquisa realizada na Croácia por Legovic e Ostric (1991), com 214

crianças aos 3 anos de idade, não foi demonstrada associação significativa (p >

0,01) entre algumas características oclusais, como relação de caninos em Classe 2

e mordida aberta anterior, e o aleitamento infantil exclusivo por mamadeira. No

entanto, os autores admitiram a influência favorável da amamentação, que deveria

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Revisão de literatura 21 ter um período mínimo de 9 meses, sobre o desenvolvimento dentofacial e frisaram

que é importante considerar não somente os tipos de aleitamento infantil, mas

também a duração dos mesmos. Convém ressaltar que, nesse estudo, nenhuma das

crianças avaliadas recebeu amamentação por um período de tempo tão longo

quanto o sugerido.

Tendo em vista que há diferenças na atividade muscular para a sucção ao

peito e ao bico da mamadeira, Karjalainen et al. (1999) estudaram a prevalência de

más oclusões na dentadura decídua e sua associação com a duração do

aleitamento materno. A amostra consistiu de 148 crianças na faixa etária dos 3 anos,

sendo que 78 eram meninos e 70, meninas. Em média, a duração da amamentação

exclusiva foi de 5,8 ± 3,6 meses, enquanto que o tempo total de amamentação foi de

7,3 ± 3,8 meses. Das crianças avaliadas, 17% haviam descontinuado o hábito de

sucção de chupeta recentemente (período menor ou igual a 3 meses) ou ainda eram

succionadoras. Por outro lado, somente 3% apresentavam histórico de sucção

digital. A mordida cruzada posterior foi diagnosticada em 13% da amostra;

sobressaliência aumentada, em 26% e mordida aberta anterior, em 18%. Constatou-

se que a mordida aberta anterior foi observada em uma proporção significativamente

elevada de crianças com hábitos de sucção não nutritivos (chupeta e dedo).

Entretanto, nem o período de duração da amamentação exclusiva nem o tempo total

de amamentação foram associados à alta prevalência de mordida aberta anterior.

No que concerne à mordida cruzada posterior, ambas as associações foram

significativas (p < 0,01 e p < 0,002, respectivamente). Desse modo, os autores

concluíram que períodos curtos de amamentação estão associados à maior

probabilidade de estabelecimento da mordida cruzada posterior. A mordida aberta

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Revisão de literatura 22 anterior estaria relacionada aos hábitos de sucção não nutritivos prolongados,

especialmente ao uso de chupeta.

Em 2001, Baldrighi et al. avaliaram 180 crianças de ambos os sexos, na faixa

etária de 4 a 6 anos, matriculadas em pré-escolas da rede pública de Bauru – SP,

com o objetivo de observar o aspecto preventivo da amamentação relacionada aos

hábitos bucais deletérios e às alteração nas funções estomatognáticas e na oclusão

dental. Os resultados mostraram que a amamentação previne o desenvolvimento de

hábitos, principalmente quanto à sucção de chupeta; diminui a ocorrência de

alterações nas funções estomatognáticas (respiração, mastigação, deglutição e fala),

mas não há relação com a oclusão dental.

Warren e Bishara (2002) examinaram e obtiveram modelos em gesso dos

arcos dentais de 372 crianças entre 4 e 5 anos de idade, na cidade de Iowa (EUA),

com o propósito de verificar se os hábitos de sucção nutritivos e não nutritivos

apresentavam relação com algumas alterações oclusais (mordida cruzada posterior,

mordida aberta anterior e sobressaliência aumentada), na dentadura decídua. As

crianças que foram amamentadas por um período menor que 6 meses de idade

apresentaram os arcos com características oclusais similares aos das crianças

amamentadas por até 12 meses. Constataram que o tempo de persistência dos

hábitos de sucção digital e de chupeta está relacionado à manifestação de certas

más oclusões, exibindo características típicas para cada hábito. Assim, o hábito de

sucção de chupeta demonstrou associação com o aumento da mordida aberta

anterior e com a redução da sobremordida, verificando-se também uma elevação na

prevalência das mordidas cruzadas posteriores. O hábito de sucção digital revelou

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Revisão de literatura 23 associação com o aumento da sobressaliência, maior profundidade do arco superior

e menor largura do arco inferior.

Neiva et al. (2003) revisaram a literatura científica visando avaliar a

implicação do desmame precoce no desenvolvimento motor bucal, na ocorrência de

más oclusões, na respiração e na fonação. Esses autores concluíram que não se

deve encorajar o desmame precoce, uma vez que poderá relacionar-se ao

desenvolvimento motor bucal falho, às deficiências na fala e respiração, bem como à

ocorrência de más oclusões.

Uma outra investigação científica com o propósito de verificar a existência da

associação entre o período de amamentação, a instituição de maus hábitos bucais e

a presença de más oclusões foi executada por Pereira et al., em 2003. Foram

avaliadas 85 crianças com dentadura decídua completa. Mediante a apresentação

de um termo de consentimento informado assinado e um formulário preenchido com

o auxílio dos pesquisadores, as crianças eram submetidas ao exame de oclusão em

consultório odontológico. Examinaram-se os trespasses vertical e horizontal, bem

como as presenças de mordida cruzada posterior e apinhamento. De acordo com os

resultados, pôde-se concluir que o período de amamentação não demonstrou

relação com a ocorrência de má oclusão. Os hábitos mais freqüentes foram o uso de

mamadeira e chupeta, sendo estes os únicos a apresentarem associação

estatisticamente significativa com a ocorrência de má oclusão. Não houve

associação entre a presença de hábitos e o período de amamentação.

Granville-Garcia et al. (2004) ressaltaram a importância da amamentação sob

os pontos de vista econômico e odontológico, além dessa prática reforçar o vínculo

mãe-filho. Os autores mencionaram que o aleitamento artificial parece estar

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Revisão de literatura 24 relacionado com elevadas taxas de mortalidade infantil e baixa qualidade de vida

das crianças dos países em desenvolvimento, traduzida pelo aumento dos índices

de diarréia e desnutrição. A amamentação, por meio da sucção, estimula o

crescimento ântero-posterior da mandíbula, reforça o circuito neural da respiração

nasal, uma vez que durante o aleitamento natural o bebê mantém contato com o

peito e aprende a fazer a respiração nasal em sincronia com a sucção, bem como

proporciona uma menor possibilidade de aquisição dos hábitos de sucção não

nutritivos.

Em 2004, Viggiano et al. realizaram uma pesquisa transversal para analisar o

efeito do tipo de aleitamento e dos hábitos de sucção não nutritivos sobre a oclusão

de pré-escolares na faixa etária dos 3 aos 5 anos, residentes em uma cidade ao sul

da Itália. Das 1099 crianças avaliadas, 13% apresentavam mordida aberta anterior e

7%, mordida cruzada posterior. Associação significativa foi observada entre histórico

de hábitos de sucção não nutritivos e mordida aberta anterior (or = 4,61; p < 0,0001).

Contudo, não foi demonstrado um efeito do tipo de aleitamento sobre a prevalência

da referida má oclusão (or = 0,93; p = 0,678). Os pesquisadores sugeriram que a

amamentação pode determinar uma influência positiva no desenvolvimento

dentoesquelético, reduzindo a ocorrência de mordida cruzada posterior.

Com o objetivo de pesquisar o tipo de aleitamento, o desenvolvimento de

hábitos de sucção não nutritivos e a presença de más oclusões (mordida cruzada

posterior unilateral, mordida cruzada anterior e relação de Classe 2 entre caninos)

em meninas de 3 anos de idade, Caglar et al. (2005) avaliaram 47 crianças do Brasil,

55 do Japão, 57 do México, 58 da Noruega, 54 da Suécia, 59 da Turquia e 55 norte-

americanas. Os resultados revelaram uma alta prevalência de aleitamento materno

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Revisão de literatura 25 em todos os grupos, com duração de 3 a 13 meses nas diversas amostras. Para as

crianças brasileiras, a prevalência de amamentação foi de 78%. No entanto, a

freqüência de utilização de mamadeira também foi alta (95%). A prevalência da

sucção digital variou de 2% a 55% nas diferentes regiões. Por outro lado, a

prevalência da sucção de chupeta oscilou de 0% a 82%, merecendo destaque as

meninas brasileiras, que apresentaram este hábito com a maior freqüência. A

prevalência de oclusão normal variou de 38% a 98%, sendo equivalente a 43% para

as meninas brasileiras.

Em 2005, Ganesh, Tandon e Sajida também analisaram a associação entre

os diferentes tipos de aleitamento e o desenvolvimento de más oclusões, em

Manipal, Kanara – Índia. Para tanto, examinaram modelos de gesso dos arcos

dentais de 153 crianças na faixa etária dos 3 aos 5 anos, sem histórico de hábitos de

sucção não nutritivos. Coletaram informações relativas à saúde geral, aos hábitos de

sucção, à duração e ao tipo de aleitamento por meio de questionários entregues aos

pais/responsáveis. Baseados nesses dados, dividiram as crianças em dois grupos: A

– receberam aleitamento materno exclusivo (n = 81) e B – receberam aleitamento

misto (n = 72). No grupo A, a sobremordida de 2 a 4 mm foi observada em 41,9%

das crianças e a mordida aberta anterior, em 5,25%. No grupo B, a prevalência

desta má oclusão foi de 4,16%, não sendo a diferença estatisticamente significante.

Os autores mencionaram a possibilidade de autocorreção da mordida aberta anterior

em alguns casos do grupo B. Em adição, alertaram para o potencial do aleitamento

prolongado, tanto materno como por mamadeira, relacionar-se ao desenvolvimento

da mordida aberta anterior e da mordida cruzada posterior.

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Revisão de literatura 26

Visando avaliar a duração e as modificações dos comportamentos de sucção

na fase entre 1 e 8 anos de idade, bem como a relação destes com determinadas

características oclusais na dentadura decídua, Bishara et al. (2006) desenvolveram

um estudo longitudinal prospectivo com um coorte de crianças em Iowa (EUA).

Foram analisados os comportamentos de sucção de 797 participantes e as

características oclusais em 372 pares de modelos de gesso, obtidos de crianças

entre 4 e 5 anos de idade. Houve decréscimos estatisticamente significativos na

incidência do uso de chupeta, no intervalo de 1 a 5 anos de idade (p = 0,0001). A

redução variou de 20% (entre 1 e 2 anos) até 0% após os 5 anos de idade. Os

resultados também indicaram reduções anuais significativas na incidência de sucção

digital entre 1 e 4 anos de idade (p = 0,0001), de 31% para 12%. Contudo, após os 3

anos de idade, de três a nove crianças iniciaram o referido hábito a cada ano. Nessa

pesquisa, efetuou-se a comparação das crianças sem hábitos de sucção não

nutritivos (sucção digital e/ou de chupeta) e que foram amamentadas até o período

compreendido entre os 6 e os 12 meses de idade (n = 31) com as que não

receberam aleitamento materno e apresentavam histórico de hábitos de sucção não

nutritivos que persistiram por menos de 1 ano (n = 47). Não houve diferenças

significantes entre os dois grupos supracitados para as freqüências de mordida

aberta anterior, mordida cruzada posterior, sobressaliência aumentada e relação de

Classe 2 entre caninos. Foram observadas freqüências significativamente maiores

de mordida aberta anterior, mordida cruzada posterior e sobressaliência aumentada

em crianças com hábitos de sucção não nutritivos prolongados (que perduraram por

4 anos ou mais), se comparadas às que apresentaram hábitos por menos de 1 ano.

López Del Valle et al. (2006) conduziram um estudo transversal para

investigar a associação entre amamentação, presença de má oclusão e freqüência

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Revisão de literatura 27 de hábitos de sucção não nutritivos, em uma população ao nordeste de Porto Rico.

A amostra consistiu de 540 pré-escolares na faixa etária dos 6 aos 60 meses (52%

do sexo feminino e 48% do sexo masculino). Os pais ou cuidadores foram

entrevistados sobre as práticas de aleitamento infantil e o histórico de hábitos de

sucção não nutritivos por quatro profissionais treinados. As crianças foram

clinicamente examinadas por um cirurgião-dentista calibrado. Cerca de 35% das

crianças haviam sido amamentadas e 94% utilizaram mamadeira. Observou-se que

90% da amostra apresentavam evidência de más oclusões, sendo que, em 28% dos

casos, foi diagnosticada mordida aberta anterior. Não se demonstrou relação entre a

idade cronológica da mãe e as práticas de aleitamento (p = 0,44), o que ocorreu

para o tempo de amamentação. A idade mais avançada da mãe foi relacionada a

períodos de amamentação maiores. O relato de amamentação foi positivamente

associado com duração mais prolongada do aleitamento materno (p = 0,00), menor

freqüência de uso da mamadeira (p = 0,02) e oclusão satisfatória (p = 0,004).

Segundo esses pesquisadores, a prática e a duração da amamentação são fatores

comportamentais que contribuem para a prevenção de má oclusão e redução dos

hábitos de sucção não nutritivos.

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3 PROPOSIÇÃO

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29 3 PROPOSIÇÃO

Considerando a importância da amamentação para o desenvolvimento do

sistema estomatognático e a relação controversa entre os métodos de aleitamento

infantil e a ocorrência de más oclusões na dentadura decídua, esta pesquisa

epidemiológica transversal teve como finalidade:

Avaliar uma possível associação entre o tempo de amamentação exclusiva e as

alterações da sobremordida, especificamente o estabelecimento da mordida

aberta anterior, na dentadura decídua.

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4 MATERIAL E MÉTODOS

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31 4 MATERIAL E MÉTODOS

Este estudo epidemiológico transversal não controlado foi desenvolvido em

conformidade com as normas e os preceitos adotados pela Comissão de Ética em

Pesquisa da Universidade Cidade de São Paulo – UNICID, tendo sido aprovado sob

o protocolo n. 13218798, em 28 de abril de 2006 (ANEXO A).

4.1 Caracterização da amostra

A amostra desta pesquisa foi composta por 1377 crianças de ambos os

sexos, na faixa etária dos 3 aos 6 anos, regularmente matriculadas em seis Escolas

Municipais de Educação Infantil (EMEI) e cinco creches localizadas na zona leste da

cidade de São Paulo – SP. As instituições de ensino infantil participantes foram

selecionadas aleatoriamente, sendo que a zona leste da cidade de São Paulo foi

área preferencial por estar próxima à Universidade Cidade de São Paulo – UNICID e

ao local de trabalho dos pesquisadores.

Convém explicar que, inicialmente, foi realizado um cálculo amostral mínimo,

ao nível de confiança pré-fixado em 95%. Foram obtidos valores relativos ao

tamanho mínimo da amostra para diferentes margens de erro. Quanto maior a

margem de erro, menor o tamanho da amostra, contudo, menor também a precisão

das estimativas. Para a margem de erro de 1%, um tamanho amostral mínimo

correspondente seria igual a 722. Entretanto, com o propósito de elevar a

fidedignidade das estimativas, a amostragem foi ampliada.

A Tabela 4.1 apresenta a distribuição das crianças segundo a idade

cronológica e o sexo. Na amostra total, os percentuais de meninos e meninas são

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Material e Métodos 32 muito próximos (50,1% e 49,9%, respectivamente). Todavia, as freqüências de

indivíduos dos sexos masculino e feminino variaram de acordo com o grupo etário

(Gráfico 4.1). A presença de meninos é predominante nos grupos etários de 3 anos

(58,4%) e 6 anos (55,6%). Já as meninas representaram percentuais ligeiramente

mais elevados que os meninos nos grupos etários de 4 anos (51,5%) e 5 anos

(52,8%).

Tabela 4.1 – Distribuição da amostra avaliada segundo a idade cronológica e o sexo.

Idade 3 anos 4 anos 5 anos 6 anos

Amostra total Sexo

n % n % n % n % n %

Masculino 94 58,4 236 48,5 255 47,2 105 55,6 690 50,1

Feminino 67 41,6 251 51,5 285 52,8 84 44,4 687 49,9

Total 161 100,0 487 100,0 540 100,0 189 100,0 1377 100,0

Gráfico 4.1 - Distribuição da amostra de acordo com o sexo, nos grupos etários.

58,4

48,5 47,2

55,6

41,6

51,5 52,8

44,4

0

20

40

60

3 anos 4 anos 5 anos 6 anos

Grupo etário

Per

cent

agem

Masculino

Feminino

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Material e Métodos 33

44,6%

5,6%0,9%

48,9%BrancosNegrosDescendentes de orientaisPardos

O Gráfico 4.2 esquematiza a divisão percentual da amostra segundo a

classificação racial (LAGUARDIA, 2004). Verifica-se a preponderância de dois

grandes grupos étnicos, o de brancos (44,6%) e o de pardos (48,9%). Esta

constatação em relação às crianças pardas denota a miscigenação racial na amostra

sob estudo.

Gráfico 4.2 – Distribuição da amostra avaliada de acordo com a classificação racial.

4.2 Pesquisa sobre métodos de aleitamento infantil e hábitos de sucção não nutritivos

Mediante a explanação detalhada acerca do delineamento deste estudo e o

consentimento preliminar da direção das instituições de ensino infantil participantes,

foi enviado um termo de consentimento livre e esclarecido aos pais/responsáveis,

informando-os a respeito da pesquisa, sua importância e seus objetivos, juntamente

com um questionário (APÊNDICE A). Desse modo, as informações sobre a saúde

geral das crianças, a ocorrência de possíveis distúrbios respiratórios, os métodos e o

tempo de aleitamento infantil, bem como o histórico dos hábitos de sucção não

nutritivos (especificamente uso de chupeta e sucção digital) foram investigadas nos

questionários respondidos pelos pais/responsáveis.

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Material e Métodos 34 4.3 Avaliação das características oclusais

Os exames clínicos foram realizados por três cirurgiões-dentistas

devidamente calibrados, que ainda não conheciam as informações obtidas com a

aplicação dos questionários.

4.3.1 Exames clínicos

Somente foram avaliadas as crianças que devolveram o termo de

consentimento livre e esclarecido com a assinatura dos pais/responsáveis, atestando

que estavam cientes dos procedimentos que seriam realizados e consentiam a

participação de seus filhos neste estudo.

Para o exame clínico e a coleta dos dados, foram utilizados: espátulas de

madeira descartáveis, lápis, canetas, réguas milimetradas descartáveis (Morelli®,

Sorocaba – SP, Brasil) e fichas clínicas, especialmente elaboradas para o presente

trabalho (APÊNDICE B). Os exames clínicos foram realizados no próprio ambiente

escolar, com a criança comodamente sentada e direcionada para uma fonte

abundante de luz artificial. Todos os exames foram iniciados pedindo-se às crianças

que executassem abertura bucal máxima, para o registro dos primeiros tópicos.

Posteriormente, solicitava-se que ocluíssem em máxima intercuspidação habitual

(MIH), para a coleta dos demais dados.

Por meio de inspeção visual, a sobremordida foi classificada em cinco

categorias (FOSTER; HAMILTON, 1969; TANOUE, 2002), a saber:

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Material e Métodos 35 1. normal: os incisivos centrais superiores recobrem aproximadamente um terço da

coroa clínica dos incisivos centrais inferiores;

2. nula: as bordas incisais dos dentes superiores e inferiores se tocam em MIH;

3. mordida aberta anterior: distanciamento vertical das bordas incisais dos dentes

superiores e inferiores no segmento anterior, sem oclusão entre os referidos

elementos em MIH, caracterizando o trespasse vertical negativo;

4. moderadamente aumentada: os incisivos centrais superiores recobrem de um

terço à metade da coroa clínica dos incisivos centrais inferiores;

5. acentuadamente aumentada: os incisivos centrais superiores recobrem mais que

a metade da coroa clínica dos incisivos centrais inferiores.

Nos casos de mordida aberta anterior, o trespasse vertical negativo foi

mensurado diretamente na boca das crianças, com o auxílio de réguas milimetradas

descartáveis. Os dados obtidos com esse procedimento poderiam ser utilizados,

ocasionalmente, para a avaliação da severidade desta má oclusão durante a

orientação aos pais/responsáveis.

4.3.2 Calibração dos examinadores

Previamente ao início da fase de exame clínico, foi desenvolvido um

treinamento para a calibração dos examinadores. A calibração incluiu o exame de

oclusão em 24 crianças, por duas vezes, com um intervalo de 15 dias entre as

avaliações. Este procedimento foi efetuado com pré-escolares das EMEI envolvidas

no estudo, em ambiente escolar, para a simulação do levantamento epidemiológico.

A calibração teve como finalidades esclarecer as principais dúvidas em relação aos

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Material e Métodos 36 dados clínicos analisados e padronizar o método de avaliação e anotação das

informações referentes a cada indivíduo. Os dados obtidos a partir da calibração

foram submetidos a dois tratamentos estatísticos para análise da reprodutibilidade

dos exames. O grau de concordância intra-examinador foi analisado por meio da

estatística Kappa de Cohen. Em adição, foram aplicados testes de correlação de

Spearman para avaliar a consistência dos diagnósticos realizados pelos três

examinadores, analisados dois a dois, durante os exames clínicos.

O indicador Kappa (κ) informa a proporção de concordâncias além da

esperada pelo acaso e varia de -1 a 1. Menos 1 significa completo desacordo e 1,

exato acordo nas interpretações. Zero indica o mesmo que leituras feitas ao acaso.

Em síntese, as escalas do índice κ estimam que os valores abaixo de 0,41 apontam

concordância fraca. Entre 0,41 e 0,60, a concordância é regular, e, entre 0,61 e 0,80,

é boa. Acima de 0,81, a concordância é ótima. Vale salientar que uma baixa

freqüência das características estudadas e a dificuldade no diagnóstico associam-se

a baixos níveis de reprodutibilidade, ou seja, índices κ iguais ou inferiores a 0,40.

A partir da análise intra-examinador, foram calculados índices κ que variaram

de 0,89 a 1,00 para os três cirurgiões-dentistas, ao avaliarem as características de

sobremordida, indicando ótima concordância entre os dados observados na primeira

e na segunda etapa de exames clínicos (ANEXO B).

Os testes de Spearman fornecem coeficientes de correlação (Rs) que variam

entre -1 e 1. As correlações serão positivas se as variáveis progredirem juntas e

negativas, se uma variável progredir e a outra regredir. Correlações próximas a 1 ou

-1 surgem quando a relação entre as variáveis é praticamente linear. Coeficientes

próximos a zero indicam baixa correlação entre as variáveis. Coeficientes

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Material e Métodos 37 estatisticamente aceitáveis como fortemente positivos são maiores ou iguais a 0,70.

De acordo com a Tabela apresentada no ANEXO C, foram obtidos coeficientes Rs

superiores 0,90 para cada dupla de examinadores, considerando todas as

características oclusais avaliadas, o que denota homogeneidade nos diagnósticos

realizados.

4.4 Critérios de inclusão na amostra

As crianças incluídas na amostra atenderam aos seguintes critérios:

Termos de consentimento assinados pelos pais/responsáveis;

Questionários respondidos adequadamente;

Aceitação por parte da criança durante os procedimentos de exame clínico;

Dentadura decídua completa, sem a presença de dentes permanentes

irrompidos ou em irrupção;

Ausência de lesões de cárie extensas, destruições coronárias ou

restaurações proximais que comprometessem a oclusão ou acarretassem

alterações na largura mesiodistal dos dentes;

Ausência de perdas precoces de dentes decíduos;

Ausência de anomalias dentais de forma, número, estrutura e irrupção;

Ausência de síndromes ou fissuras lábio-palatais;

Nunca submetidas a tratamento ortodôntico e/ou fonoaudiológico.

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Material e Métodos 38 4.5 Grupos de estudo

4.5.1 Grupos de amamentação exclusiva

Após a avaliação clínica e com base nos critérios de inclusão supracitados, a

amostra foi dividida em quatro grupos de acordo com o tempo de amamentação

exclusiva:

» G1: crianças não amamentadas;

» G2: crianças que receberam amamentação exclusiva, no máximo, até 5 meses de

idade;

» G3: crianças que receberam amamentação exclusiva, sendo que este método foi

interrompido entre 6 e 12 meses de idade;

» G4: crianças que receberam amamentação exclusiva por mais que 12 meses de

idade.

4.5.2 Grupos categorizados pelo histórico dos hábitos de sucção não nutritivos

Além da classificação por método e tempo de aleitamento infantil, as crianças

selecionadas também foram distribuídas em quatro grupos conforme a idade de

persistência dos hábitos de sucção não nutritivos:

» Controle: crianças sem histórico de hábitos de sucção de chupeta e/ou dedo;

» Até os 2 anos: crianças com histórico de hábitos de sucção de chupeta ou dedo

persistindo até os 2 anos de idade;

» Dos 3 aos 4 anos: crianças com histórico de hábitos de sucção de chupeta e/ou

dedo que foram interrompidos no período compreendido entre os 3 e os 4

anos de idade;

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Material e Métodos 39 » Dos 5 aos 6 anos: crianças com histórico de hábitos de sucção de chupeta e/ou

dedo que foram interrompidos no período compreendido entre os 5 e os 6

anos de idade.

É importante esclarecer que, se a criança apresentasse histórico dos dois

hábitos de sucção não nutritivos (uso de chupeta e sucção digital), destacava-se o

mais prolongado para análise estatística.

4.6 Tratamento estatístico

4.6.1 Análise estatística descritiva

Foram calculadas as freqüências, em termos absolutos e percentuais, dos

dados referentes ao aleitamento infantil e histórico dos hábitos de sucção não

nutritivos, para a amostra total e conforme o sexo. Em seguida, foram obtidas as

prevalências das características de sobremordida por grupo etário (3, 4, 5 e 6 anos

de idade) e sexo. Tendo em vista que, das características de sobremordida, a

mordida aberta anterior seria a eleita como “problema” por representar uma má

oclusão que demanda tratamento ortodôntico interceptativo, na dentadura decídua, a

análise descritiva prosseguiu com a avaliação das freqüências relativas a esta

variante oclusal nos grupos de estudo.

4.6.2 Comparação entre os grupos de estudo e análise dos efeitos da amamentação e dos hábitos de sucção não nutritivos sobre a prevalência de mordida aberta anterior

Inicialmente, foram realizadas análises univariadas por meio do teste Qui-

Quadrado (α = 0,05) com a finalidade de avaliar comparativamente os grupos de

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Material e Métodos 40 estudo em relação à prevalência de mordida aberta anterior, para a identificação de

fatores relacionados ao aleitamento infantil e ao histórico dos hábitos de sucção não

nutritivos que pudessem estar associados ao desenvolvimento da referida má

oclusão. Após a seleção dos fatores que apresentaram associação significativa com

a mordida aberta anterior, sendo p < 0,05, foram calculadas as razões de chances

ou odds ratio (or), com Intervalos de Confiança de 95%. O valor de or estima a

probabilidade de ocorrência da má oclusão sob o efeito de determinada variável.

4.6.3 Estimativa do tempo médio de amamentação exclusiva para crianças com e sem mordida aberta anterior

Com o objetivo de prover informações sobre o tempo de amamentação

exclusiva das crianças com e sem a má oclusão sob estudo, foram determinados os

valores médios (com margem de erro) e os respectivos desvios-padrão, no Intervalo

de Confiança de 95%. Adicionalmente, aplicou-se o teste t de Student para uma

análise comparativa entre os dois grupos de crianças (com e sem mordida aberta

anterior), ao nível de significância de 5%. Ressalta-se que, para esta avaliação

comparativa, foram excluídas as crianças amamentadas exclusivamente por mais

que 12 meses de idade. A eliminação de parte da amostra foi necessária porque não

havia dados precisos quanto à idade (em meses) de interrupção da amamentação

exclusiva.

4.7 Programa educativo-preventivo

A partir deste levantamento epidemiológico, foi possível fazer um diagnóstico

individualizado para cada criança avaliada e descrever as características da amostra

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Material e Métodos 41 como um todo, representativa de pré-escolares da zona leste da cidade de São

Paulo – SP. Os pais/responsáveis receberam uma carta explicativa personalizada,

contendo o diagnóstico das afecções bucais e más oclusões que seus filhos

apresentavam no momento do exame (APÊNDICE C). Além do diagnóstico, os

pais/responsáveis foram informados de plantões clínicos que acontecem todas as

segundas-feiras, excluindo feriados, recessos e férias escolares, no período da

tarde, das 14:30 às 16:00 h, na Clínica de Pós-Graduação em Ortodontia da

Universidade Cidade de São Paulo – UNICID. Nestes plantões, os pais/responsáveis

devem procurar a equipe executora para quaisquer esclarecimentos e orientações

sobre a saúde bucal de seus filhos.

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5 RESULTADOS

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43 5 RESULTADOS

5.1 Distribuição da amostra de acordo com o tempo de amamentação exclusiva

O Gráfico 5.1 apresenta a distribuição, em percentual, das crianças avaliadas

conforme o tempo de aleitamento materno exclusivo nos quatro grupos estudados.

Gráfico 5.1 – Distribuição da amostra de acordo com o tempo de amamentação exclusiva. (G1: a criança não foi amamentada; G2: amamentação exclusiva até 5 meses de idade; G3: amamentação exclusiva interrompida entre 6 e 12 meses de idade; G4: amamentação exclusiva interrompida com mais de 12 meses de idade)

Neste estudo, observou-se que somente uma minoria das crianças avaliadas

não fora amamentada (8,6%). Por outro lado, 52,3% da amostra receberam

amamentação exclusiva por um período equivalente ou inferior ao 5º mês de vida. O

segundo menor grupo foi o de crianças que deixaram de receber amamentação

exclusiva após o 1º ano de idade (16,4%). A distribuição da amostra por tempo de

amamentação exclusiva, considerando o sexo, evidencia comportamento similar das

mães para meninos e meninas (Tabela 5.1).

8,6

52,3

22,7

16,4

0,0

20,0

40,0

60,0

G1 G2 G3 G4

Grupos de amamentação exclusiva

Per

cent

agem

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Resultados 44 Tabela 5.1 – Distribuição da amostra avaliada por tempo de amamentação exclusiva, de acordo com o sexo.

Sexo

Masculino Feminino Amostra total Grupos de

amamentação exclusiva

n % n % n %

G1 55 8,0 64 9,3 119 8,6

G2 357 51,7 363 52,8 720 52,3

G3 173 25,1 139 20,2 312 22,7

G4 105 15,2 121 17,6 226 16,4

Total 690 100,0 687 100,0 1377 100,0

G1: a criança não foi amamentada G2: amamentação exclusiva até 5 meses de idade G3: amamentação exclusiva interrompida entre 6 e 12 meses de idade G4: amamentação exclusiva interrompida com mais de 12 meses de idade

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Resultados 45 5.2 Distribuição da amostra segundo a idade de persistência dos hábitos de

sucção não nutritivos

A seguir, o Gráfico 5.2 demonstra as freqüências de crianças avaliadas

conforme a idade de persistência dos hábitos de sucção não nutritivos, isto é,

sucção digital e/ou de chupeta. Convém esclarecer que, para crianças com histórico

de ambos os hábitos, foi considerado o mais prolongado. Notavelmente, em uma

amostra de 1377 crianças, 36,5% não apresentaram histórico de hábitos de sucção

não nutritivos. Em adição, apenas 11% evidenciaram persistência dos hábitos de

sucção não nutritivos até o intervalo compreendido entre os 5 e os 6 anos de idade.

De acordo com a Tabela 5.2, os meninos representaram maior percentagem no

grupo de até 2 anos (27,4% versus 20,5%) e as meninas, nos grupos dos 3 aos 4

anos (29,7% versus 27,3%) e dos 5 aos 6 anos de idade (12,8% versus 9,3%).

36,5

24,028,5

11,0

0,0

20,0

40,0

60,0

Controle Até os 2 anos Dos 3 aos 4 anos Dos 5 aos 6 anos

Idade de persistência dos hábitos de sucção não nutritivos

Perc

enta

gem

Gráfico 5.2 – Distribuição da amostra de acordo com a idade de persistência dos hábitos de sucção não nutritivos. (Controle: crianças sem histórico de hábitos de sucção não nutritivos)

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Resultados 46 Tabela 5.2 – Distribuição da amostra avaliada por idade de persistência dos hábitos de sucção não nutritivos, conforme o sexo.

Sexo

Masculino Feminino Amostra total Persistência dos hábitos de

sucção não nutritivos n % n % n %

Controle* 249 36,1 254 37,0 503 36,5

Até os 2 anos 189 27,4 141 20,5 330 24,0

Dos 3 aos 4 anos 188 27,3 204 29,7 392 28,5

Dos 5 aos 6 anos 64 9,3 88 12,8 152 11,0

Total 690 100,0 687 100,0 1377 100,0

*O grupo controle apresenta ausência de histórico de quaisquer dos dois hábitos (sucção de chupeta e/ou dedo).

O Gráfico 5.3 apresenta a distribuição da amostra segundo o histórico dos

hábitos de sucção não nutritivos em cada grupo de amamentação exclusiva.

Constatou-se que, em geral, quanto maior o tempo de amamentação exclusiva,

menor a freqüência de crianças com histórico de hábitos de sucção não nutritivos

nos diversos grupos de idade de persistência dos referidos hábitos. Das crianças

que foram amamentadas por mais de 12 meses de idade (G4), 83,2% não

apresentaram histórico de hábitos de sucção não nutritivos. Todavia, para 81,5% das

crianças que não receberam aleitamento materno (G1), foi evidenciado histórico de

hábitos de sucção não nutritivos.

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Resultados 47

18,5 22

,4

42,3

83,2

32,8

29,9

20,5

5,3

30,3 35

,0

26,9

8,9

18,5

12,8

10,3

2,7

0

20

40

60

80

100

G1 G2 G3 G4

Grupos de amamentação exclusiva

Perc

enta

gem Controle

Até os 2 anos

Dos 3 aos 4 anos

Dos 5 aos 6 anos

Gráfico 5.3 – Freqüência de crianças categorizadas pelo histórico dos hábitos de sucção não nutritivos nos diversos grupos de amamentação exclusiva. (G1: a criança não foi amamentada; G2: amamentação exclusiva até 5 meses de idade; G3: amamentação exclusiva interrompida entre 6 e 12 meses de idade; G4: amamentação exclusiva interrompida com mais de 12 meses de idade)

No grupo G1, foi observado o maior percentual de crianças com hábitos de

sucção não nutritivos que persistiram até o período dos 5 aos 6 anos de idade

(18,5%). Entretanto, o contrário foi verdadeiro para o grupo G4, em que apenas

2,7% das crianças apresentaram histórico de hábitos de sucção não nutritivos que

perduraram entre os 5 e os 6 anos de idade.

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Resultados 48 5.3 Prevalência das características relativas à sobremordida na amostra

avaliada

A Tabela 5.3 mostra as freqüências das características de sobremordida de

acordo com a idade cronológica. Constatou-se que 37,4% das crianças

apresentaram sobremordida classificada como normal, sendo que as percentagens

foram crescentes dos 4 aos 6 anos de idade. Comportamento similar foi observado

para a sobremordida nula dos 3 aos 6 anos de idade, característica também

aceitável e satisfatória na dentadura decídua, em que pese sua menor freqüência

para os grupos etários e a amostra total (6,8%). A percentagem de mordida aberta

anterior na amostra total foi de 22,5%. As maiores prevalências foram verificadas

entre as crianças de 3 e 4 anos de idade (34,2% e 24%, respectivamente).

As percentagens de sobremordida moderadamente aumentada variaram de

9,3% a 13,9%, nos diferentes grupos etários avaliados, sem um padrão definido de

comportamento segundo a idade cronológica. Já a sobremordida acentuadamente

aumentada, terceira característica mais prevalente na amostra total (20,9%),

apresentou a mais alta freqüência nas crianças de 4 anos de idade (25,3%), então,

foram observados valores menores para as crianças com 5 e 6 anos de idade

(20,2% e 13,8%, respectivamente).

Tabela 5.3 – Prevalência das características de sobremordida na dentadura decídua, segundo a idade.

Idade 3 anos 4 anos 5 anos 6 anos

Amostra totalSobremordida

n % n % n % n % n % Normal 53 32,9 159 32,7 216 40,0 88 46,6 515 37,4

Nula 8 5,0 31 6,4 39 7,2 15 7,9 93 6,8 Mordida aberta anterior 55 34,2 117 24,0 101 18,7 36 19,1 309 22,5

Moderadamente aumentada 15 9,3 57 11,7 75 13,9 24 12,7 171 12,4 Acentuadamente aumentada 30 18,6 123 25,3 109 20,2 26 13,8 288 20,9

Total 161 100,0 487 100,0 540 100,0 189 100,0 1377 100,0

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Resultados 49

sexo masculino

34,8

41,2

49,5

39,5

6,4

5,1 5,9

4,8 5,5

28,7

22,9

14,9 17

,1 19,9

8,5 10

,6

16,1

13,3

12,8

20,2

26,7

22,0

15,2

22,4

36,2

0

20

40

60

3 anos 4 anos 5 anos 6 anos TotalIdade

Per

cent

agem Normal

Nula

Mordida abertaanteriorModeradamenteaumentadaAcentuadamenteaumentada

sexo feminino

28,4 30

,7

39,0 42

,9

35,4

3,0 7,

6 8,4 11

,9

8,0

41,8

25,1

22,1

21,4 25

,0

10,5 12

,8

11,9

11,9

12,116

,4

23,9

18,6

11,9

19,5

0

20

40

60

3 anos 4 anos 5 anos 6 anos TotalIdade

Perc

enta

gem

Normal

Nula

Mordida abertaanteriorModeradamenteaumentadaAcentuadamenteaumentada

Os Gráficos 5.4 e 5.5 apresentam as freqüências das características de

sobremordida segundo a idade cronológica, para os sexos masculino e feminino.

Gráfico 5.4 – Prevalência das diversas características de sobremordida conforme a idade, para o sexo masculino.

Gráfico 5.5 – Prevalência das diversas características de sobremordida conforme a idade, para o sexo feminino.

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Resultados 50

A característica mais prevalente em ambos os sexos foi a sobremordida

normal (39,5% para o sexo masculino e 35,4% para o sexo feminino). Vale salientar

que os percentuais referentes a esta característica foram sucessivamente maiores

para os grupos etários de 4 a 6 anos, nos sexos masculino e feminino. Contudo, a

mordida aberta anterior foi mais freqüente nas meninas (25%) do que nos meninos

(19,9%). O grupo etário de 3 anos apresentou a maior percentagem de mordida

aberta anterior, tanto para meninas (41,8%) como para meninos (28,7%). É

interessante notar que os percentuais de mordida aberta anterior são superiores

para as meninas em todos os grupos etários. Ademais, no sexo feminino, as

freqüências desta característica foram gradativamente menores nos grupos etários

mais avançados. Entre os meninos, o grupo etário com menor prevalência de

mordida aberta anterior foi o de 5 anos (14,9%). Todavia, entre as meninas, foi o

grupo de 6 anos de idade (21,4%).

Comportamento inverso ao da mordida aberta anterior e similar ao da

sobremordida normal, também no grupo de meninas, foi observado para a

sobremordida nula. Convém ressaltar que a sobremordida nula foi a característica

menos prevalente para meninos (5,5%) e meninas (8%).

Quanto à sobremordida moderadamente aumentada, embora as prevalências

para meninos (12,8%) e meninas (12,1%) tenham sido próximas, verificaram-se

diferenças segundo o grupo etário. Nos dois grupos mais precoces, as prevalências

foram mais elevadas para meninas, ocorrendo o oposto nos dois grupos etários mais

avançados. A sobremordida acentuadamente aumentada foi mais prevalente para o

sexo masculino (22,4%) em comparação ao feminino (19,5%), sendo que essa

constatação foi verdadeira para todos os grupos etários.

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Resultados 51

Das características de sobremordida avaliadas, a mordida aberta anterior

seria a mais relacionada aos hábitos de sucção não nutritivos e aos métodos de

aleitamento infantil. Em adição, esta característica requer intervenção precoce, com

o objetivo de evitarem-se alterações dentoesqueléticas e a perpetuação de fatores

modificadores da deglutição e da fala, como a interposição lingual anterior. Nos

Gráficos 5.6 e 5.7 são apresentadas as freqüências de mordida aberta anterior

segundo os históricos de amamentação e hábitos de sucção não nutritivos,

respectivamente. Destaca-se que a mordida aberta anterior foi, no mínimo, cinco

vezes mais prevalente em crianças não amamentadas (G1), em comparação às que

receberam aleitamento materno exclusivo por mais de 12 meses de idade (G4).

A associação entre aleitamento materno e prevalência de mordida aberta

anterior foi, de certo modo, inversamente proporcional, observando-se valores

gradativamente menores para os grupos G2 e G3 em relação ao G1. No entanto, a

freqüência de mordida aberta anterior para G4 foi notavelmente mais baixa, se

comparada aos percentuais obtidos para os outros três grupos estudados (G1, G2 e

G3).

A análise descritiva para a mordida aberta anterior, de acordo com a idade de

persistência dos hábitos de sucção não nutritivos, forneceu indícios de uma relação

diretamente proporcional. Considerando que a prevalência da referida característica

no grupo controle foi de 2%, bem como de 43,9% e 63,8% nas crianças com hábitos

que perduraram dos 3 aos 4 anos de idade e dos 5 aos 6 anos de idade,

respectivamente, foi denotada uma forte associação entre hábitos de sucção não

nutritivos que persistiram dos 3 aos 6 anos de idade e a presença de mordida aberta

anterior.

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Resultados 52

Gráfico 5.6 – Freqüência de mordida aberta anterior por grupo de amamentação exclusiva. (G1: a criança não foi amamentada; G2: amamentação exclusiva até 5 meses de idade; G3: amamentação exclusiva interrompida entre 6 e 12 meses de idade; G4: amamentação exclusiva interrompida com mais de 12 meses de idade)

Gráfico 5.7 – Freqüência de mordida aberta anterior segundo a idade de persistência dos hábitos de sucção não nutritivos. (Controle: crianças sem histórico de hábitos de sucção não nutritivos)

31,9

26,1

22,1

6,2

0,0

20,0

40,0

G1 G2 G3 G4

Grupos de amamentação exclusiva

Per

cent

agem

2,0

9,1

43,9

63,8

0,0

25,0

50,0

75,0

Controle Até os 2 anos Dos 3 aos 4 anos Dos 5 aos 6 anos

Idade de persistência dos hábitos de sucção não nutritivos

Per

cent

agem

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Resultados 53 5.4 Avaliação comparativa das freqüências de mordida aberta anterior e o

cálculo de odds ratio

As comparações entre os grupos de amamentação exclusiva (G1 a G4) para

a presença de mordida aberta anterior são demonstradas na Tabela 5.4. É

interessante perceber que as razões de chances ou valores de odds ratio (or)

aumentam em relação inversa com o tempo de aleitamento materno exclusivo. A

maior razão de chances calculada foi entre os dois grupos extremos (G1 e G4). As

crianças que não foram amamentadas (G1) teriam 7,1 mais chances de apresentar

mordida aberta anterior em comparação àquelas que receberam aleitamento

materno exclusivo por um período superior aos 12 meses de idade (G4). Nessa

mesma lógica, uma criança que não foi amamentada teria 1,65 chance de

desenvolver mordida aberta anterior em relação a outra que fora exclusivamente

amamentada por um período compreendido entre 6 e 12 meses de idade (G3). No

entanto, as crianças que receberam aleitamento materno exclusivo por até 5 meses

(G2) e as que tiveram esse método interrompido entre os 6 e os 12 meses de idade

apresentariam, respectivamente, 5,35 e 4,3 chances de desenvolver mordida aberta

anterior, em comparação àquelas exclusivamente amamentadas por mais que 12

meses de idade. Convém explicitar que a análise foi baseada na amostra total, sem

levar em consideração o histórico dos hábitos de sucção não nutritivos.

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Resultados 54

Tabela 5.4 – Análise da significância estatística, mediante o teste de Qui-Quadrado (X²) e o cálculo de odds ratio (or), para a comparação entre os grupos de amamentação exclusiva quanto às prevalências de mordida aberta anterior, em crianças de ambos os sexos (amostra total).

Mordida Aberta Anterior - amostra total Comparações X² p-valor or p-valor

G1/G2 1,76 0,185 - - G1/G3 4,44 0,035 1,65 0,035 G1/G4 40,22 0,000 7,10 0,000 G2/G3 1,86 0,173 - - G2/G4 40,59 0,000 5,35 0,000 G3/G4 25,41 0,000 4,30 0,000

G1: a criança não foi amamentada G2: amamentação exclusiva até 5 meses de idade G3: amamentação exclusiva interrompida entre 6 e 12 meses de idade G4: amamentação exclusiva interrompida com mais de 12 meses de idade

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Resultados 55

A Tabela 5.5 apresenta a aplicação da mesma metodologia estatística para o

grupo de crianças que não possuíam histórico de hábitos de sucção não nutritivos (n

= 503). Esta análise teve como finalidade testar o efeito da amamentação como fator

isolado. É importante frisar que somente 10 (cerca de 2%) das 503 crianças

apresentaram mordida aberta anterior. Apesar de ter sido demonstrada diferença

significativa apenas entre os grupos extremos (G1 e G4), o número referente a or foi

elevado, indicando que as crianças não amamentadas teriam 9,3 mais chances de

apresentar mordida aberta anterior em comparação àquelas pertencentes ao grupo

G4.

Tabela 5.5 – Análise da significância estatística, mediante o teste de Qui Quadrado(X²) e o cálculo de odds ratio (or), para a comparação entre os grupos de amamentação exclusiva quanto às prevalências de mordida aberta anterior, emcrianças de ambos os sexos que não apresentaram histórico de hábitos de sucção não nutritivos (n = 503).

Mordida Aberta Anterior - crianças sem hábitos de sucção não nutritivos

Comparações X² p-valor or p-valor

G1/G2 3,78 0,052 - -

G1/G3 2,77 0,096 - -

G1/G4 6,76 0,009 9,30 0,009

G2/G3 0,06 0,806 - -

G2/G4 0,39 0,532 - -

G3/G4 0,73 0,391 - - G1: a criança não foi amamentada G2: amamentação exclusiva até 5 meses de idade G3: amamentação exclusiva interrompida entre 6 e 12 meses de idade G4: amamentação exclusiva interrompida com mais de 12 meses de idade

Os resultados das avaliações comparativas entre os grupos de estudo

categorizados pelo histórico dos hábitos de sucção não nutritivos, para a

característica mordida aberta anterior, são mostrados na Tabela 5.6. Todas as

comparações realizadas evidenciaram diferenças significativas ao nível de 5%.

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Resultados 56

Conforme a Tabela 5.6, verifica-se que as crianças com histórico de hábitos

de sucção não nutritivos apresentariam, no mínimo, uma probabilidade

aproximadamente 5 vezes maior de desenvolver mordida aberta anterior em relação

àquelas do grupo controle (sem histórico de hábitos de sucção não nutritivos). Ao

observar as análises relativas a cada um dos grupos de hábitos de sucção não

nutritivos, constatam-se dados alarmantes, pois as chances de ocorrência de

mordida aberta anterior aumentam muito à medida que se comparam crianças com

idades mais avançadas de persistência dos hábitos em relação àquelas do grupo

controle. As crianças com persistência de hábitos entre 3 e 4 anos de idade

apresentariam 38,54 mais chances de desenvolver mordida aberta anterior em

comparação às crianças do grupo controle. Já as crianças com persistência de

hábitos entre 5 e 6 anos de idade teriam 86,95 mais chances de apresentar a

mordida aberta anterior, se comparadas ao grupo controle.

Tabela 5.6 – Análise da significância estatística, mediante o teste de Qui-Quadrado (X²) e o cálculo de odds ratio (or), para a comparação entre os grupos categorizados pelo histórico de hábitos de sucção não nutritivos quanto às prevalências de mordida aberta anterior, em crianças de ambos os sexos (amostra total).

Mordida Aberta Anterior - amostra total

Comparações X² p-valor or p-valor

Até 2 anos / Controle 21,97 0,000 4,93 0,000

Dos 3 aos 4 anos / Controle 238,36 0,000 38,54 0,000

Dos 5 aos 6 anos / Controle 325,98 0,000 86,95 0,000

Dos 3 aos 4 anos / Até 2 anos 107,45 0,000 7,82 0,000

Dos 5 aos 6 anos / Até 2 anos 160,27 0,000 17,64 0,000

Dos 5 aos 6 anos / Dos 3 aos 4 anos 17,39 0,000 2,26 0,000 O grupo controle apresenta ausência de histórico de quaisquer dos dois hábitos (sucção de chupeta e/ou dedo).

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Resultados 57

Quanto às comparações entre os grupos com histórico de hábitos de sucção

não nutritivos, infere-se que as chances de ocorrência da mordida aberta anterior

seriam bem maiores se os hábitos perdurassem até os períodos compreendidos

entre os 5 e os 6 anos de idade e os 3 e os 4 anos de idade em relação aos 2 anos

de idade (or = 17,64 e 7,82, respectivamente). Todavia, em que pese a diferença

altamente significativa para os dois grupos com persistência de hábitos em idades

mais avançadas, a probabilidade de uma criança categorizada no grupo de

persistência dos hábitos de sucção não nutritivos dos 5 aos 6 anos desenvolver

mordida aberta anterior não chegaria a ser 2,5 vezes maior em comparação àquelas

com persistência de hábitos até o período dos 3 aos 4 anos de idade.

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Resultados 58 5.5 Análise do tempo médio de amamentação exclusiva para os grupos de

crianças com e sem mordida aberta anterior

A Tabela 5.7 apresenta o tempo médio de amamentação exclusiva e o

desvio-padrão, empregando-se um Intervalo de Confiança de 95%, calculados para

as crianças que foram diagnosticadas com mordida aberta anterior (n = 295), bem

como para as que não desenvolveram esta má oclusão (n = 861).

Tabela 5.7 – Valores médios do tempo de amamentação exclusiva e desvio-padrão, considerando o Intervalo de Confiança de 95%, para os grupos de crianças com e sem mordida aberta anterior na amostra estudada (n = 1156).

Mordida Aberta Anterior Tempo médio de amamentação exclusiva (meses) Desvio-padrão

PRESENTE 3,5 ± 0,32 2,86

AUSENTE 3,9 ± 0,18 3,04

Para a análise supracitada, foram desconsideradas as crianças que

receberam aleitamento materno exclusivo por mais de 12 meses de idade (n = 221),

uma vez que, nestes casos, as mães não forneceram dados indicativos precisos.

Entretanto, a despeito da exclusão de muitas crianças que não apresentavam

mordida aberta anterior – pois faziam parte do grupo que recebera aleitamento

materno exclusivo por mais de 12 meses de idade, o tempo médio de amamentação

exclusiva ainda foi maior para estas (3,9 ± 0,18 meses).

Com o intuito de avaliar comparativamente os tempos médios de

amamentação exclusiva para os dois grupos categorizados na Tabela 5.7, foi

aplicado o teste t de Student, ao nível de significância de 5%. O resultado deste

teste paramétrico (t = 1,99, p = 0,047) apontou uma diferença significativa de tempo

médio do aleitamento materno exclusivo entre as crianças com e sem mordida

aberta anterior.

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6 DISCUSSÃO

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60 6 DISCUSSÃO

6.1 Considerações sobre o papel da amamentação no desenvolvimento do sistema estomatognático e da oclusão dental

Em se tratando do desenvolvimento do sistema estomatognático e da oclusão

dental, diversos autores sugeriram que a amamentação é superior ao aleitamento

por mamadeira (GANESH; TANDON; SAJIDA, 2005; KARJALAINEN et al., 1999;

LABBOK; HENDERSHOT, 1987; LEGOVIC; OSTRIC, 1991; ØGAARD; LARSSON;

LINDSTEN, 1994; VIGGIANO et al., 2004; WESTOVER; DILORETO; SHEARER,

1989; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1998), isto porque a musculatura e o

esqueleto craniofaciais seriam estimulados de modos distintos pelos dois métodos

de aleitamento.

De acordo com Karjalainen et al. (1999), a introdução precoce da mamadeira,

que proporcionaria uma atividade muscular de baixo impacto, pode interferir no

desenvolvimento satisfatório das bases ósseas apicais e do palato duro. Ganesh,

Tandon e Sajida (2005) mencionaram que a atividade muscular representa uma

função essencial no desenvolvimento infantil. O recém-nascido apresenta um

elevado potencial para a realização de exercícios musculares, sendo especialmente

importantes a atividade e a capacidade de tensão das bochechas, dos lábios e da

língua, que não somente guiariam o desenvolvimento oclusal, mas também

afetariam o crescimento da maxila e da mandíbula.

A amamentação e o aleitamento por mamadeira envolvem mecanismos

diferentes de sucção. Durante a amamentação, a criança extrai o leite com o bico e

a aréola da mama dentro da boca, executando movimentos peristálticos. O

movimento sincronizado dos lábios e da língua favorece a compressão do seio

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Discussão 61 materno. Ao utilizar a mamadeira, a criança realiza um movimento de pistão,

pressionando o bico artificial contra o palato (VIGGIANO et al., 2004). Nesse caso,

destaca-se a atividade dos músculos bucinador e orbicular dos lábios, em detrimento

do exercício de outros músculos como pterigoideo lateral, pterigoideo medial,

masseter, temporal e digástrico (CARVALHO, 2003; VIGGIANO et al., 2004). O

esforço excessivo dos músculos orbiculares pode ocasionar o desenvolvimento de

arcos dentais estreitos.

Carvalho (2003) explicou que a sucção do bico da mamadeira não requer os

movimentos de protrusão e retrusão da mandíbula, fundamentais para o crescimento

adequado deste osso. Legovic e Ostric (1991) citaram que os movimentos anteriores

da mandíbula ocorreriam mais rapidamente em crianças amamentadas do que nas

alimentadas por mamadeira. Ademais, segundo esses pesquisadores, há indícios de

que a amamentação favoreceria relações oclusais interarcos satisfatórias.

Meyers e Hertzberg (1988) apontaram três possíveis mecanismos pelos quais

o aleitamento por mamadeira poderia contribuir para a instalação de más oclusões:

(1) efeito direto do mecanismo de sucção alterado sobre o crescimento dos ossos

faciais das crianças; (2) maior propensão ao estabelecimento de padrões anormais

de deglutição; e (3) prevalência aumentada de hábitos de sucção não nutritivos

associados ao uso da mamadeira. Esses autores levaram em consideração três

fatores relevantes para o desenvolvimento dos arcos dentais e da oclusão: a

dinâmica muscular, a persistência dos movimentos musculares alterados, pela

deglutição atípica com interposição lingual anterior e a interferência de hábitos que

mantêm estas alterações funcionais. No entanto, dada a complexidade de interações

para os referidos fatores, torna-se necessário ponderar a intensidade de cada um no

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Discussão 62 estabelecimento das anomalias oclusais. Assim, será mais realista e praticável a

elaboração de uma metodologia para orientação e educação em saúde, objetivando

a prevenção das más oclusões.

A maior prevalência de más oclusões em crianças com histórico de hábitos de

sucção não nutritivos prolongados já foi demonstrada em variados estudos nacionais

e internacionais (ADAIR et al., 1995; BISHARA et al., 2006; CALISTI; COHEN;

FALES, 1960; FARSI; SALAMA, 1997; KARJALAINEN et al., 1999; MENDES et al.,

2003; ØGAARD; LARSSON; LINDSTEN, 1994; SCHOPF, 2003; SERRA-NEGRA;

PORDEUS; ROCHA Jr., 1997; SILLMAN, 1940; SOUSA et al., 2003; TANOUE,

2002; TOMITA; BIJELLA; FRANCO, 2000; WARREN; BISHARA, 2002; WARREN et

al., 2001; ZARDETTO; RODRIGUES; STEFANI, 2002). Todavia, apesar da

associação entre o desmame precoce e a aquisição de hábitos de sucção não

nutritivos – principalmente o uso de chupeta – estar comprovada, ainda não se

esclareceu uma relação de causa-efeito (AARTS et al., 1999; COTRIM; VENANCIO;

ESCUDER, 2002; GUIMARÃES Jr., 2004; HOWARD et al., 2003). Convém

acrescentar que a OMS (1998) também desaconselhou o oferecimento de bicos

artificiais (de mamadeira e/ou chupeta), pela possibilidade de associações com o

desmame precoce e a instalação de más oclusões. Portanto, seria útil e aplicável,

durante as orientações educativas, uma investigação científica planejada com um

número amostral suficientemente alto na tentativa de elucidar o papel do tempo de

amamentação sobre as características da oclusão na dentadura decídua.

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Discussão 63 6.2 O efeito do tempo de amamentação exclusiva sobre a prevalência de

mordida aberta anterior

A mordida aberta anterior tem sido uma das alterações da sobremordida – ou

do trespasse vertical interincisivos – mais relacionadas aos hábitos de sucção não

nutritivos e investigadas nas pesquisas executadas com a finalidade de analisar a

associação entre os métodos de aleitamento infantil e a ocorrência de más oclusões.

O interesse clínico na etiologia e no diagnóstico precoce desta má oclusão é

justificável pela necessidade de intervenção ainda na dentadura decídua, seja por

meio da remoção dos hábitos de sucção ou tratamento ortodôntico interceptativo, a

fim de evitarem-se alterações dentoesqueléticas e a perpetuação de fatores

modificadores da deglutição e da fala, como a interposição lingual anterior.

Nos trabalhos consultados, a prevalência da mordida aberta anterior variou de

4% a 50%, a depender das características metodológicas das pesquisas e da

freqüência dos hábitos de sucção não nutritivos nas amostras estudadas (ADAIR et

al., 1995; BISHARA et al., 2006; CASTRO et al., 2002; EMMERICH et al., 2004;

GANESH; TANDON; SAJIDA, 2005; KARJALAINEN et al., 1999; KATZ;

ROSENBLATT, 2005; KATZ; ROSENBLATT; GONDIM, 2002; LÓPEZ DEL VALLE et

al., 2006; SERRA-NEGRA; PORDEUS; ROCHA Jr., 1997; SIMPSON; CHEUNG,

1976; VIGGIANO et al., 2004; WARREN et al., 2001; ZARDETTO; RODRIGUES;

STEFANI, 2002). Em geral, nos estudos brasileiros com crianças que apresentavam

histórico de hábitos de sucção não nutritivos, as freqüências desta má oclusão

variaram de 27% a 50% (EMMERICH et al., 2004; KATZ; ROSENBLATT, 2005;

KATZ; ROSENBLATT; GONDIM, 2002; KATZ; ROSENBLATT; GONDIM, 2004;

SERRA-NEGRA; PORDEUS; ROCHA Jr., 1997; ZARDETTO; RODRIGUES;

STEFANI, 2002).

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Discussão 64

Nesta pesquisa, a prevalência de mordida aberta anterior na amostra total

equivaleu a 22,5%, sendo que freqüências mais elevadas foram observadas em

crianças de 3 e 4 anos de idade (34,2% e 24%, respectivamente). Ademais, a

mordida aberta anterior foi mais prevalente nas meninas (25%) do que nos meninos

(19,9%). Esse achado se repetiu para os quatro grupos etários estudados. No grupo

de 3 anos de idade, foi observada a maior percentagem de mordida aberta anterior,

tanto para meninas (41,8%) como para meninos (28,7%). Tendo em vista os

percentuais mencionados no início do parágrafo acima, depreende-se que as

freqüências obtidas encontram-se no intervalo dos dados apresentados por outros

autores (ADAIR et al., 1995; BISHARA et al., 2006; CASTRO et al., 2002;

EMMERICH et al., 2004; GANESH; TANDON; SAJIDA, 2005; KARJALAINEN et al.,

1999; KATZ; ROSENBLATT; GONDIM, 2002; LÓPEZ DEL VALLE et al., 2006;

SERRA-NEGRA; PORDEUS; ROCHA Jr., 1997; SIMPSON; CHEUNG, 1976;

VIGGIANO et al., 2004; WARREN et al., 2001; ZARDETTO; RODRIGUES;

STEFANI, 2002).

Ao considerar o tempo de aleitamento materno exclusivo, constatou-se que a

prevalência da mordida aberta anterior foi gradativamente menor nos grupos de

amamentação exclusiva, sendo equivalente a 31,9% nas crianças não

amamentadas (G1) e variando de 6,2% a 26,1% nos outros grupos (G2, G3 e G4).

As crianças amamentadas por mais que 12 meses de idade demonstraram uma

freqüência de mordida aberta anterior cinco vezes mais baixa, em comparação às

que não receberam aleitamento materno. Para essa má oclusão, Legovic e Ostric

(1991) verificaram uma freqüência de 34,2% em crianças nunca amamentadas. Já

Viggiano et al. (2004) observaram que somente 14% das crianças exclusivamente

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Discussão 65 alimentadas por mamadeira, ou para as quais o aleitamento artificial foi introduzido

nos primeiros 3 meses de vida, apresentavam mordida aberta anterior.

Em uma amostra de crianças sem histórico de hábitos de sucção não

nutritivos, Ganesh, Tandon e Sajida (2005) constataram que a prevalência de

mordida aberta anterior foi de 5,25% no grupo que recebeu aleitamento materno

exclusivo. Bishara et al. (2006) observaram uma prevalência de 6,1% em crianças

sem histórico de hábitos de sucção não nutritivos e que tiveram amamentação

interrompida entre 6 e 12 meses de idade. Esses registros corroboram os resultados

do presente estudo e apontam freqüências relativamente baixas de mordida aberta

anterior para crianças que foram exclusivamente amamentadas por períodos

prolongados (maior ou igual a 6 meses).

A análise do efeito da amamentação sobre a ocorrência de mordida aberta

anterior indicou que o aleitamento materno exclusivo interrompido entre 6 e 12

meses de idade ou com mais de 12 meses de idade influenciou positivamente a

oclusão dental, se comparado à ausência total de amamentação (Tabela 5.4).

Notavelmente, as crianças que não foram amamentadas teriam 7,1 mais chances de

apresentar mordida aberta anterior em comparação às que receberam aleitamento

materno exclusivo por um período superior aos 12 meses de idade. Além disso, a

duração da amamentação exclusiva por mais que 12 meses de idade demonstrou a

melhor atuação, embora o efeito tenha sido progressivamente mais baixo em relação

aos períodos menor ou igual a 5 meses (or = 5,35) e compreendido no intervalo

entre 6 e 12 meses de idade (or = 4,3). Por outro lado, sugere-se que a influência da

amamentação exclusiva até 5 meses de idade não foi evidenciada em relação à

ausência de aleitamento materno.

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Discussão 66

Ao ponderar a interferência de uma importante variável confundidora,

representada pelos hábitos de sucção não nutritivos, constata-se que os resultados

desta investigação científica estão plenamente em acordo com outros estudos e

denotam a forte associação entre os referidos hábitos que persistiram além dos 2

anos de idade e a prevalência de mordida aberta anterior. No grupo sem histórico de

hábitos de sucção não nutritivos, a freqüência de mordida aberta anterior foi igual a

2%, chegando a 63,8% nas crianças com hábitos que perduraram dos 5 aos 6 anos

de idade. Em crianças sem histórico de hábitos de sucção não nutritivos, Adair et al.

(1995) e Zardetto, Rodrigues e Stefani (2002) observaram prevalências de 0% e 1%,

respectivamente, para a má oclusão supracitada. Bishara et al. (2006) registraram

uma freqüência de 2,1% de mordida aberta anterior em crianças com histórico de

hábitos de sucção não nutritivos que cessaram em menos de 1 ano.

O destacável efeito dos hábitos de sucção não nutritivos sobre a elevada

prevalência de mordida aberta anterior é ratificado pelos valores das razões de

chances obtidos nesta pesquisa (Tabela 5.6). Crianças com histórico positivo de

hábitos de sucção não nutritivos apresentariam, pelo menos, cerca de 5 vezes mais

chances de desenvolver mordida aberta anterior em comparação àquelas sem

histórico de hábitos de sucção não nutritivos. As probabilidades de ocorrência da

mordida aberta anterior seriam ampliadas em função do aumento da idade de

persistência dos hábitos. Haveria chances bem maiores de ocorrência da mordida

aberta anterior se os hábitos de sucção não nutritivos perdurassem até os períodos

compreendidos entre os 5 e os 6 anos de idade e os 3 e os 4 anos de idade em

relação aos 2 anos de idade (or = 17,64 e 7,82, respectivamente). Em uma condição

extrema, verificou-se que as crianças com persistência de hábitos de sucção não

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Discussão 67 nutritivos entre 5 e 6 anos de idade teriam 86,95 mais chances de apresentar a

mordida aberta anterior, se comparadas àquelas sem histórico de hábitos deletérios.

A idade de persistência dos hábitos não corresponde exatamente à duração

dos mesmos. No entanto, geralmente, a chupeta é introduzida em idades bem

precoces (HOWARD et al., 2003) e, no Brasil, tem sido utilizada com freqüência

muito maior em relação à sucção digital (CAGLAR et al., 2005). Portanto, a idade de

persistência seria um indicador aplicável em estudos retrospectivos que visam

avaliar as associações entre os hábitos de sucção não nutritivos e o

desenvolvimento da oclusão dental.

Considerando que, no grupo de crianças não amamentadas, observou-se o

maior percentual de hábitos de sucção não nutritivos persistentes até o período dos

5 aos 6 anos de idade (18,5%), bem como o exposto acerca da inter-relação dos

hábitos de sucção não nutritivos prolongados com a ocorrência de mordida aberta

anterior, o leitor seria conduzido a admitir que, provavelmente, a amamentação

exclusiva determina um efeito positivo sobre os hábitos de sucção não nutritivos

sem, contudo, interferir no desenvolvimento das características de sobremordida na

dentadura decídua. De fato, há que se concordar com Warren e Bishara (2002)

sobre a dificuldade de análise do efeito da amamentação no desenvolvimento dos

arcos dentais, pela necessidade de segregá-lo daquele relativo aos hábitos de

sucção não nutritivos. Porém, nesta pesquisa, o efeito do tempo de amamentação

exclusiva também foi examinado como um fator isolado. Verificou-se que, embora

tenha sido comprovada diferença significativa somente entre as crianças não

amamentadas e aquelas com períodos de aleitamento materno exclusivo superiores

aos 12 meses de idade, a razão de chances foi alta, mostrando evidência de que as

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Discussão 68 crianças não amamentadas teriam 9,3 mais probabilidades de apresentar mordida

aberta anterior (Tabela 5.5). Talvez, se houvesse um maior número de crianças sem

hábitos de sucção não nutritivos na amostra, teria sido possível demonstrar uma

gradação na intensidade do efeito dos diferentes tempos de amamentação exclusiva

sobre a ocorrência de mordida aberta anterior.

Para confirmar a associação entre tempo de amamentação exclusiva e

ocorrência de mordida aberta anterior na dentadura decídua, foi aplicado outro

tratamento estatístico que, além da análise mencionada, também apresenta

estimativas dos tempos médios de aleitamento materno para as crianças com e sem

a referida má oclusão (Tabela 5.7). Por questões metodológicas, foram excluídas as

crianças amamentadas por mais de 12 meses de idade. Na verdade, as mães não

forneceram dados indicativos precisos quanto à idade em que a amamentação

exclusiva foi interrompida. Constatou-se que o tempo médio de amamentação

exclusiva foi significativamente maior para as crianças sem mordida aberta anterior

(3,9 ± 0,18 meses), se comparadas àquelas em que esta má oclusão fora

diagnosticada (3,5 ± 0,32 meses).

Desse modo, os resultados do presente estudo estão em discordância com o

sugerido nas pesquisas de Moreira (1978), Baldrighi et al. (2001) e Ganesh, Tandon

e Sajida (2005), que não evidenciaram o aspecto preventivo da amamentação sobre

a oclusão dental. Por outro lado, concordam em parte com os achados de

Karjalainen et al. (1999), Warren e Bishara (2002) e Viggiano et al. (2004), uma vez

que corroboraram o efeito marcante, e até mesmo preponderante, dos hábitos de

sucção não nutritivos sobre o estabelecimento da mordida aberta anterior, mas

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Discussão 69 também denotaram a influência benéfica da amamentação prolongada (por mais que

12 meses de idade) no desenvolvimento da sobremordida.

6.3 Aplicações clínicas e limitações do estudo

Este estudo demonstrou claramente que a amamentação exclusiva por mais

que 12 meses atuou positivamente, tanto no desenvolvimento da oclusão dental

como na prevenção dos hábitos de sucção não nutritivos. Por conseguinte, sugere-

se que a amamentação exclusiva mais duradoura propicia efeitos benéficos diretos e

indiretos à oclusão na dentadura decídua. O ideal, porém de certa forma utópico,

seria que as crianças recebessem aleitamento materno exclusivo além do primeiro

ano de idade e não utilizassem mamadeiras ou chupetas, nem tampouco

desenvolvessem o hábito de sucção digital. Entretanto, os comportamentos de

sucção nutritivos e não nutritivos devem ser analisados em um contexto que englobe

as características sociais, econômicas e culturais das populações sob avaliação.

A amostra estudada foi composta por um grupo populacional bastante

influenciado pelos costumes de países industrializados, como os EUA, onde muitas

crianças são alimentadas por mamadeira e têm hábitos de sucção não nutritivos

(BISHARA et al., 2006; HOWARD et al., 2003; WARREN et al., 2001). No entanto,

observou-se que as mães brasileiras da zona leste da Cidade de São Paulo – SP

são motivadas a amamentar, pois 91,4% das crianças receberam aleitamento

materno. A questão implicada foi a interrupção da amamentação exclusiva até o 5º

mês em mais da metade da amostra (52,3%). Esse período de tempo seria deveras

curto para que fosse detectada a ação positiva da amamentação exclusiva sobre os

hábitos de sucção não nutritivos e o desenvolvimento da oclusão dental (Gráfico 5.3

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Discussão 70 e Tabela 5.4). Uma explicação plausível seria que a introdução precoce da chupeta

e o emprego rotineiro da mamadeira para fornecer suplementos alimentares aos

bebês amamentados estariam relacionados ao desmame precoce (AARTS et al.,

1999; HOWARD et al., 2003). A complementação do aleitamento materno poderia

ser realizada pelo oferecimento de líquidos em colher ou caneca e semi-

sólidos/sólidos, gradualmente.

Em 2002, a OMS divulgou as considerações baseadas em uma revisão

sistemática que foi realizada por Kramer e Kakuma com o propósito de investigar os

efeitos da amamentação exclusiva por 6 meses ou menos (3 a 4 meses) sobre a

saúde, o crescimento e o desenvolvimento da criança e a saúde materna.

Constatou-se que, além da reduzida morbidade devido à infecção gastrointestinal,

as crianças exclusivamente amamentadas por 6 meses ou mais não apresentaram

déficits observáveis de crescimento. Alguns estudos sugeriram aceleração do

desenvolvimento neurocognitivo e proteção contra condições crônicas de longa

duração e doenças como obesidade, diabetes mellitus tipo I, doença de Crohn e

linfoma. Os benefícios à saúde materna incluiriam a possível proteção contra o

câncer de mama entre as mulheres que estão na pré-menopausa, o câncer de

ovário e a osteoporose. Não haveria benefícios com a introdução de dieta

complementar (por líquidos ou semi-sólidos) entre os 4 e os 6 meses. Concluiu-se

que não há evidências de riscos aparentes em recomendar-se, como política geral

de saúde pública, a amamentação exclusiva durante os 6 primeiros meses de vida,

tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento.

Ainda no que tange à saúde da criança, além dos efeitos sobre o sistema

estomatognático e a oclusão dental, a menor duração do aleitamento materno e o

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Discussão 71 uso de mamadeira estariam relacionados à maior propensão para a respiração bucal

(LEITE et al., 1999; TRAWITZKI et al., 2005). A amamentação reforçaria o circuito

neural da respiração nasal (GRANVILLE-GARCIA et al., 2004). Considerando o

desempenho da respiração bucal na etiopatogenia das más oclusões, infere-se que

esse aspecto também merece atenção.

Não obstante as pesquisas e os órgãos competentes na área da saúde

destaquem o valor da amamentação, verifica-se que no Brasil esta prática é

desafiante. Escobar et al. (2002) entrevistaram pais/responsáveis que levavam

crianças com idade média de 3,24 anos ao Pronto Socorro do Instituto da Criança do

Hospital das Clínicas de São Paulo – SP. Observaram que 56,6% das crianças

foram amamentadas por menos de 4 meses e somente 7% receberam

amamentação por mais de 6 meses. No que concerne às causas do desmame,

38,9% apresentaram motivos subjetivos. Em 16,9% dos casos, as mães alegaram

que houve orientação médica para suspensão do aleitamento materno. Ademais, a

baixa escolaridade das mães também se constituiria em um fator significativo para o

desmame precoce. Embora a grande maioria das mães saiba a importância da

amamentação e tenha amamentado seu filho, a duração do aleitamento materno

exclusivo seria menor do que a preconizada pela OMS. Vasconcelos, Lira e Lima,

em 2006, igualmente concluíram que o pré-natal é um dos principais fatores que

orientam e incentivam as mães a amamentarem por um período mais prolongado.

No estudo de Oliveira e Silva, em 2003, foi averiguado o cumprimento da

legislação brasileira sobre o aleitamento materno em hospitais públicos e privados. A

legislação assegura às mães trabalhadoras o direito de amamentar seus filhos

usufruindo licença-maternidade de 120 dias, dois descansos de 30 minutos em cada

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Discussão 72 turno de trabalho e creche (que pode ser própria ou conveniada, mas próxima ao

local de trabalho). As duas primeiras normas eram cumpridas por todos os hospitais

avaliados. Entretanto, ao investigar os hospitais que proporcionavam creches para

os filhos das funcionárias (41%), verificou-se que nenhuma possuía os requisitos

básicos para o funcionamento legal, isto é, pelo menos uma saleta de amamentação

além de um número adequado de leitos no berçário.

Talvez, o oferecimento da mamadeira e/ou da chupeta possa se constituir em

um indicador de dificuldades na prática da amamentação ou falta de motivação

materna para amamentar, por causa do trabalho no lar ou fora de sua residência, da

necessidade de cuidar de outros filhos, das obrigações com tarefas relativas a

cursos para sua formação acadêmica e profissional, bem como em decorrência do

tabagismo, hábito bastante difundido na atualidade. Assim, cabe aos profissionais da

área de saúde ressaltar os benefícios atribuíveis à amamentação, tanto para as

crianças como para as mães.

O aconselhamento em amamentação implica em escutar, compreender e

oferecer ajuda às mães que estão amamentando, fortalecendo-as para lidar com

pressões, promovendo sua autoconfiança e auto-estima. Evidências científicas

comprovam a efetividade do aconselhamento em amamentação; seu conhecimento

e prática pelos profissionais de saúde são importantes para o aumento das taxas e

da duração do aleitamento materno (BUENO; TERUYA; 2004).

Convém, portanto, também uma reflexão acerca do manejo dos hábitos de

sucção não nutritivos durante a fase da dentadura decídua, visando aceitar esse

período da infância em que a sucção é prazerosa e supre necessidades

psicológicas. Os resultados apresentados e discutidos respaldam a orientação de

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Discussão 73 que há um potencial efeito deletério dos hábitos de sucção não nutritivos que

persistem além dos 2 anos de idade sobre a oclusão dental, contudo, as chances de

ocorrência de mordida aberta anterior serão bastante elevadas se os referidos

hábitos tiverem durações mais prolongadas, principalmente dos 3 aos 4 anos de

idade ou mais. Warren et al. (2001) já haviam proposto assistência profissional às

crianças para a cessação dos hábitos de sucção não nutritivos entre os 3 e os 4

anos de idade, objetivando minimizar os riscos do estabelecimento de más oclusões

na dentadura decídua. No que se refere à mordida aberta anterior, esse

aconselhamento é substancialmente relevante, pois essa má oclusão pode

demonstrar autocorreção com a descontinuidade dos hábitos de sucção não

nutritivos e o controle dos padrões respiratório e de deglutição incorretos (KATZ;

ROSENBLATT, 2005).

Finalmente, neste tópico, faz-se necessário expor e discutir as limitações

desta pesquisa. A população estudada não compreende uma amostra representativa

do Brasil, devido à extensão geográfica e à variação das peculiaridades culturais

interestaduais e dentro de um mesmo estado no país. Por exemplo, no estudo de

ZUANON et al. (1999), em Araraquara – SP, observou-se que 21,7% das crianças

receberam exclusivamente aleitamento artificial, enquanto que nesta amostra,

somente 8,6% não foram amamentados.

O delineamento retrospectivo deste estudo não elimina possíveis vieses

advindos do esquecimento dos pais/responsáveis durante o preenchimento do

questionário sobre métodos de aleitamento infantil e hábitos de sucção não

nutritivos. No entanto, a faixa etária das crianças incluídas na amostra (dos 3 aos 6

anos) reduz essa interferência. O trabalho com crianças em idades relativamente

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Discussão 74 precoces facilita a lembrança de informações marcantes para as mães, como o

período da amamentação.

Apesar da amostra ter sido grande, os resultados obtidos não devem ser

divulgados como dados epidemiológicos brasileiros da primeira década do século

XXI, mas referentes a uma zona em expansão da Cidade de São Paulo – SP.

Considerando que a influência da amamentação é mascarada pela maior

intensidade do efeito dos hábitos de sucção não nutritivos prolongados, sugere-se

que estudos futuros em outros estados e com amostragens similares ou maiores

sejam planejados, visando fornecer indicadores das diversas regiões do Brasil.

Um desenho longitudinal seria o mais adequado para a validação do real

efeito da amamentação sobre a oclusão dental. Contudo, por ser a amostragem

requerida ampla, nesse tipo de análise, torna-se algo impraticável ou falho o

acompanhamento tão longo de muitos indivíduos. Para exemplificar a dificuldade de

obtenção de amostra, cita-se que, neste estudo transversal, para a avaliação de

1377 indivíduos, foram distribuídos aproximadamente 2500 questionários. Deduz-se

que 44% das crianças que poderiam ter sido avaliadas não atenderam aos critérios

de inclusão na amostra.

Em que pese as limitações metodológicas, esta investigação científica

representa uma contribuição válida para a promoção do aleitamento materno. Com o

respaldo das informações apresentadas, sugere-se que as mães sejam encorajadas

a amamentar seus filhos exclusivamente por um período de tempo o mais

prolongado possível, tendo em vista as condições biológicas (maternas e infantis) e

logísticas que permeiam esse ato de proteção. Segundo os resultados deste estudo,

as mães deveriam persistir no ato de amamentar seus filhos além dos 12 meses de

idade.

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7 CONCLUSÕES

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76 7 CONCLUSÕES

Com base nos resultados obtidos, julgou-se lícito concluir que:

As chances de ocorrência da mordida aberta anterior foram significativamente

mais elevadas para as crianças não amamentadas em comparação às que

receberam amamentação exclusiva por períodos superiores aos 12 meses de

idade, evidenciando a influência benéfica do aleitamento materno na

sobremordida. Mesmo em um grupo que recebeu exclusivamente aleitamento

materno por períodos mais curtos (menor ou igual a 12 meses de idade), o

tempo médio de amamentação exclusiva foi significantemente maior para as

crianças sem mordida aberta anterior;

Por outro lado, o efeito negativo dos hábitos de sucção não nutritivos

prolongados superou a influência da amamentação exclusiva, especialmente os

hábitos que persistiram dos 3 aos 4 anos de idade ou mais.

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REFERÊNCIAS

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78

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1 De acordo com o estilo Vancouver. Abreviatura de periódicos segundo Bases de Dados MEDLINE.

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ANEXO

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85

ANEXO A -

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Anexos 86

ANEXO B

Índices κ para a avaliação da concordância intra-examinador.

Concordância Intra-Examinador

Examinador C Característica

κ EP t p IC 95%

1 Sobressaliência 0,929 0,126 7,350 0,000 0,681 1,000

Sobremordida 0,886 0,121 7,300 0,000 0,648 1,000

Rel. Molares Direitos 1,000 0,158 6,340 0,000 0,691 1,000

Rel. Molares Esquerdos 1,000 0,209 4,800 0,000 0,591 1,000

Rel. Caninos Direitos 1,000 0,204 4,900 0,000 0,600 1,000

Rel. Caninos Esquerdos 1,000 0,204 4,900 0,000 0,600 1,000

Mordida Cruzada 1,000 0,173 5,770 0,000 0,660 1,000

Examinador H Característica

κ EP t p IC 95%

2 Sobressaliência 1,000 0,129 7,750 0,000 0,747 1,000

Sobremordida 1,000 0,121 8,280 0,000 0,763 1,000

Rel. Molares Direitos 0,870 0,160 5,450 0,000 0,557 1,000

Rel. Molares Esquerdos 1,000 0,209 4,800 0,000 0,591 1,000

Rel. Caninos Direitos 1,000 0,204 4,900 0,000 0,600 1,000

Rel. Caninos Esquerdos 1,000 0,204 4,900 0,000 0,600 1,000

Mordida Cruzada 1,000 0,173 5,770 0,000 0,660 1,000

Examinador V Característica

κ EP t p IC 95%

3 Sobressaliência 0,934 0,125 7,450 0,000 0,689 1,000

Sobremordida 0,942 0,124 7,580 0,000 0,699 1,000

Rel. Molares Direitos 1,000 0,158 6,340 0,000 0,691 1,000

Rel. Molares Esquerdos 1,000 0,209 4,800 0,000 0,591 1,000

Rel. Caninos Direitos 1,000 0,204 4,900 0,000 0,600 1,000

Rel. Caninos Esquerdos 1,000 0,204 4,900 0,000 0,600 1,000

Mordida Cruzada 1,000 0,173 5,770 0,000 0,660 1,000

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Anexos 87

ANEXO C

Análise da correlação interexaminador por meio de testes de Spearman.

Consistência interexaminador

C versus H C versus V H versus V Característica

Rs p Rs p Rs p

2 Sobressaliência 0,912 0,000 0,912 0,000 1,000 0,000

Sobremordida 0,980 0,000 0,980 0,000 0,985 0,000

Rel. Molares Direitos 0,905 0,000 1,000 0,000 0,905 0,000

Rel. Molares Esquerdos 1,000 0,000 1,000 0,000 1,000 0,000

Rel. Caninos Direitos 1,000 0,000 1,000 0,000 1,000 0,000

Rel. Caninos Esquerdos 0,917 0,000 1,000 0,000 0,917 0,000

Mordida Cruzada 1,000 0,000 1,000 0,000 1,000 0,000

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APÊNDICE

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89

APÊNDICE A

Curso de Odontologia

Disciplina de Ortodontia

Senhores pais,

Os hábitos bucais inadequados, como o uso prolongado de chupeta, mamadeira e a

sucção de dedo, podem provocar alterações nos arcos dentários e na fala das crianças. Por

isso, nós, dentistas, gostaríamos de examinar seu(sua) filho(a). Somente após o exame clínico,

poderemos orientá-los a prevenir e tratar precocemente essas alterações.

Com o objetivo de fazer um diagnóstico dos problemas causados pelos hábitos bucais

inadequados, a equipe da Disciplina de Ortodontia da Universidade Cidade de São Paulo está

realizando um trabalho nas escolas municipais do bairro do Tatuapé. Nosso trabalho envolve:

1. A autorização dos pais para a avaliação odontológica de seus filhos. Juntamente

com a autorização, os pais devem responder a um questionário sobre os hábitos

bucais de seus filhos;

2. A avaliação odontológica de seus filhos;

3. A carta-resposta com o diagnóstico das condições de saúde bucal de seus filhos;

4. O plantão para o esclarecimento de dúvidas com um dentista especialista em

Ortodontia, todas as segundas-feiras no período da tarde, das 14:30h às 16:00h, na

clínica de Pós-graduação da Universidade Cidade de São Paulo.

Levando em consideração a importância deste trabalho para a saúde bucal das

crianças, solicitamos sua autorização por escrito, para que possamos realizar o exame

odontológico em seu(sua) filho(a), durante o período escolar e na própria escola.

Eu, _________________________________________, R.G. __________________,

autorizo a realização do exame odontológico em meu(minha) filho(a), pela equipe da

Disciplina de Ortodontia da Universidade Cidade de São Paulo.

São Paulo, _____ de ______________ de 2006.

Assinatura: _____________________________

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Apêndices 90

QUESTIONÁRIO PARA A PESQUISA DE HÁBITOS INADEQUADOS

IDENTIFICAÇÃO E INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE A FAMÍLIA

1. Quem está respondendo a este questionário?

( ) A mãe

( ) O pai

( ) Um parente

( ) Outro responsável

2. Nome completo do(a) filho(a): ______________________________________________

3. Sexo ( ) M ( ) F

4. Idade: ________

5. Data de nascimento: ___/___/______

6. Escola: EMEI ____________________________________________________

7. Professora: ______________________________________________________

8. Sala: _________________________

9. Período: ( ) Matutino ( ) Intermediário ( ) Vespertino

10. Preencha no quadro abaixo as informações referentes ao país, estado e cidade onde

nasceram os seguintes familiares de seu(sua) filho(a):

Familiar País Estado Cidade

Pai

Mãe

Avô paterno

Avó paterna

Avô materno

Avó materna

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Apêndices 91 11. Nome do pai: _____________________________________________________

12. Grau de escolaridade:

( ) Primeiro grau incompleto

( ) Primeiro grau completo

( ) Segundo grau incompleto

( ) Segundo grau completo

( ) Superior incompleto

( ) Superior completo

13. Nome da mãe: ____________________________________________________

14. Grau de escolaridade:

( ) Primeiro grau incompleto

( ) Primeiro grau completo

( ) Segundo grau incompleto

( ) Segundo grau completo

( ) Superior incompleto

( ) Superior completo

15. Endereço residencial:

___________________________________________________________________________

Bairro: ____________________ CEP: ______________

Telefone: ___________________ Telefone para recados: __________________

16. Número de filhos: _______

17. Somando os salários de todas as pessoas que trabalham e ajudam nas despesas de

casa, a renda familiar total é:

( ) Menor que R$ 300,00 por mês

( ) De R$ 300,00 a R$ 600,00 por mês

( ) De R$ 600,00 a R$ 1.200,00 por mês

( ) De R$ 1.200,00 a R$ 1.800,00 por mês

( ) De R$ 1.800,00 a R$ 2.400,00 por mês

( ) Maior que R$ 2.400,00 por mês

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Apêndices 92

INFORMAÇÕES SOBRE A SAÚDE DA CRIANÇA E A PRESENÇA DE HÁBITOS

18. Seu(sua) filho(a) está em tratamento médico, atualmente?

( ) Sim. Qual o motivo? _____________________________________________

( ) Não

19. Seu(sua) filho(a) já foi examinado(a) por um dentista?

( ) Sim. Quando? _________________________________________

( ) Não

20. Você sabe o que é Ortodontia?

( ) Sim. O que é? __________________________________________________

( ) Não, mas gostaria de saber.

( ) Não

21. Seu(sua) filho(a) está em tratamento fonoaudiológico?

( ) Sim. Por que? __________________________________________________

( ) Não, nunca.

( ) Não neste momento, mas já esteve em tratamento anteriormente.

22. Seu(sua) filho(a) está em tratamento ortodôntico?

( ) Sim. Por que? __________________________________________________

( ) Não, nunca.

( ) Não neste momento, mas já esteve em tratamento anteriormente.

23. Assinale com um X o(s) problema(s) que seu(sua) filho(a) apresenta:

( ) Deficiência visual

( ) Deficiência auditiva

( ) Deficiência mental

( ) Fissura labial ou lábio-palatina

( ) Uma síndrome. Qual? ____________________________________________

( ) Não apresenta estes problemas.

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Apêndices 93 24. Ao desenhar ou escrever, seu(sua) filho(a) utiliza mais qual das mãos?

( ) direita ( ) esquerda ( ) não sei responder

25. Seu(sua) filho(a) já sofreu algum acidente ou traumatismo na região da boca?

( ) Sim. Quando? _______________________________. Se houve alguma conseqüência,

por favor, escreva. __________________________________________________________.

( ) Não

26. Seu(sua) filho(a) foi amamentado(a) no peito?

( ) Sim ( ) Não

27. Se seu(sua) filho(a) mamou no peito, com quantos meses de idade ele(a) desmamou?

( ) Com menos de 3 meses

( ) Ele(a) tinha entre 3 e 6 meses

( ) Ele(a) tinha entre 6 e 9 meses

( ) Ele(a) tinha entre 9 e 12 meses (entre 9 meses e 1 ano)

( ) Com mais de 12 meses (com mais de 1 ano)

( ) Não me lembro.

( ) Ele(a) ainda mama no peito.

28. Se a criança ainda mama no peito, a alimentação é complementada com:

( ) Mamadeiras

( ) Sopas ou comidas caseiras. Quantas vezes por dia? ________________

( ) Papas prontas. Quantas vezes por dia? ________________

( ) Não necessita de alimentação complementar.

29. Seu(sua) filho(a) foi ou ainda é amamentado(a) somente com mamadeira?

( ) Sim

( ) Não, nunca usou mamadeira.

30. Se a criança usa ou usou mamadeira, responda:

Com que idade começou a usar? _________. Com que idade parou de usar? _________

Quantas mamadeiras por dia até 1 ano de idade? ______

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Apêndices 94 Quantas mamadeiras por dia até os 2 anos de idade? ______

Quantas mamadeiras por dia até os 3 anos de idade? ______

Quantas mamadeiras por dia até os 4 anos de idade? ______

Quantas mamadeiras por dia até os 5 anos de idade? ______

Quantas mamadeiras por dia até os 6 anos de idade? ______

31. Seu(sua) filho(a) chupa chupeta?

( ) Sim, ainda chupa chupeta.

Com que idade começou a chupar chupeta? ________

( ) Não, nunca chupou chupeta.

( ) Não. Já chupou chupeta, mas parou.

Com que idade parou? ________. Que idade ele(a) tinha quando começou a chupar

chupeta? ________

32. Quando seu(sua) filho(a) chupa ou chupava a chupeta?

( ) O dia todo

( ) Às vezes. Quando? ______________________________________________

( ) Só para dormir

Ele(a) dorme ou dormia a noite inteira chupando a chupeta? ( ) Sim ( ) Não

33. Se seu(sua) filho(a) chupa ou chupou chupeta, qual o tipo?

( ) Chupeta comum

( ) Chupeta ortodôntica

( ) Chupetas comum e ortodôntica

34. Seu(sua) filho(a) chupa dedo?

( ) Sim, ele ainda chupa dedo.

Com que idade começou a chupar dedo? ________

( ) Não, nunca chupou dedo.

( ) Não. Já chupou dedo, mas parou.

Com que idade parou? ________. Que idade ele(a) tinha quando começou a chupar

dedo? ________

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Apêndices 95 35. Quando seu(sua) filho(a) chupa ou chupava o(s) dedo(s)?

( ) O dia todo

( ) Às vezes. Quando? ______________________________________________

( ) Só para dormir

Ele(a) dorme ou dormia a noite inteira chupando o(s) dedo(s)? ( ) Sim ( ) Não

36. Seu(sua) filho(a) tem o hábito de apoiar uma das mãos sobre o rosto ao ver televisão

ou durante a leitura e o estudo?

( ) Não, nunca teve.

( ) Não tem agora, mas já teve anteriormente.

Neste caso, o hábito iniciou-se com que idade? __________

E com que idade foi interrompido? __________

Qual mão era utilizada para apoiar? ( ) direita ( ) esquerda

( ) Sim, apresenta o hábito atualmente.

Neste caso, com que idade iniciou o hábito? __________

Qual mão é utilizada para apoiar? ( ) direita ( ) esquerda

37. Seu(sua) filho(a) dorme com uma das mãos debaixo do rosto?

( ) Não

( ) Não, mas dormia assim anteriormente.

Neste caso, o hábito iniciou-se com que idade? __________

E com que idade foi interrompido? __________

Qual mão era utilizada para apoiar? ( ) direita ( ) esquerda

( ) Sim

Neste caso, com que idade iniciou o hábito? __________

Qual mão é utilizada para apoiar? ( ) direita ( ) esquerda

38. Seu(sua) filho(a) respira pela boca?

( ) Sim, o dia todo.

( ) Sim, mas somente à noite.

( ) Sim, mas às vezes também respira pelo nariz.

( ) Não, respira somente pelo nariz.

( ) Não sei.

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Apêndices 96 39. A criança já respirou pela boca?

( ) Sim. Até que idade? _______. Qual o motivo?

___________________________________________________________________________

( ) Não, nunca respirou pela boca.

( ) Não sei.

40. A criança dorme de boca aberta?

( ) Sim ( ) Não

41. A criança ronca?

( ) Sim ( ) Não

42. A criança tem sono agitado?

( ) Sim ( ) Não

43. Seu(sua) filho(a) tem gripes ou resfriados freqüentes?

( ) Sim. Quantas vezes por ano? _______________

( ) Não

44. Seu(sua) filho(a) tem rinite alérgica?

( ) Sim

( ) Não

( ) Não sei o que é isso.

45. Seu(sua) filho(a) teve ou tem amigdalite com freqüência?

( ) Sim

( ) Não

( ) Não sei o que é isso.

46. Seu(sua) filho(a) já retirou as amígdalas?

( ) Sim

( ) Não

( ) Não sei o que é isso.

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Apêndices 97 47. Seu(sua) filho(a) tem adenóides?

( ) Sim

( ) Não

( ) Já teve, mas foi operado(a).

( ) Não sei o que é isso.

48. Você já levou a criança a um médico otorrinolaringologista?

( ) Sim. Por que? __________________________________________________________

( ) Não

49. Seu(sua) filho(a) tem bronquite ou asma?

( ) Sim

( ) Não

( ) Não sei.

50. Seu(sua) filho(a) tem dor de cabeça?

( ) Não

( ) Ao levantar

( ) À noite

( ) Durante as refeições

( ) Durante o dia

51. Seu(sua) filho(a) range os dentes?

( ) Não

( ) Somente durante a noite

( ) Somente durante o dia

TODA A EQUIPE DA DISCIPLINA DE ORTODONTIA DA UNIVERSIDADE

CIDADE DE SÃO PAULO AGRADECE SUA VALIOSA COLABORAÇÃO!

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Apêndices 98

APÊNDICE B

Curso de Odontologia Disciplina de Ortodontia

FICHA PARA EXAME CLÍNICO ODONTOLÓGICO E ORTODÔNTICO

Data: ___/___/____ Examinador: _______________________________________ Curso: ( ) Graduação ( ) Mestrado Escola: EMEI ________________________________________________________ Nome do(a) aluno(a): _________________________________________________ Sexo: ( ) M ( ) F Idade: __________ Cor da pele: ( ) branca ( ) negra ( ) amarela (oriental) ( ) parda (morena) 1. ODONTOGRAMA ► Instruções:

Se houver lesões de cárie que comprometam a oclusão e/ou a largura coronária mésio-distal, desenhe um retângulo no(s) dente(s) correspondente(s);

X Assinale com um “X” o(s) dente(s) decíduo(s) ausente(s);

* Existe ou existem dente(s) permanente(s) total ou parcialmente irrompido(s)? ( ) Sim. Qual(quais)? ______________________________ ( )Não

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Apêndices 99 2. SOBRESSALIÊNCIA (OVERJET) ( ) Mordida cruzada anterior (trespasse negativo) = - _______mm ( ) Nula ( ) Normal = + 1 a 2mm ( ) Aumentada (trespasse maior que 2mm) = + _______mm 3. SOBREMORDIDA (OVERBITE) ( ) Mordida aberta anterior = - _______mm ( ) Nula ( ) Normal (o incisivo superior cobre 1/3 do inferior) ( ) Moderadamente aumentada (o incisivo superior cobre de 1/3 a 1/2) ( ) Acentuadamente aumentada (o incisivo superior cobre mais que 1/2) 4. RELAÇÃO DOS SEGUNDOS MOLARES DECÍDUOS ► Instruções: Durante a avaliação, considere o lado do arco e a posição de, pelo menos, 1/2 da largura da cúspide disto-vestibular do segundo molar superior. Plano terminal reto:

( ) direito ( ) esquerdo

Degrau mesial: ( ) direito ( ) esquerdo

Degrau distal: ( ) direito ( ) esquerdo

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Apêndices 100

5. RELAÇÃO DOS CANINOS DECÍDUOS Classe 1

( ) direito ( ) esquerdo

Classe 2 ( ) direito ( ) esquerdo

Classe 3 ( ) direito ( ) esquerdo

Topo a topo: ( ) direito ( ) esquerdo 6. LINHA MÉDIA (arco superior/arco inferior) ( ) Centralizada ( ) Desviada 7. MORDIDA CRUZADA POSTERIOR ( ) Ausente ( ) Bilateral ( ) Unilateral verdadeira: ( ) direito ( ) esquerdo ( ) Unilateral com desvio funcional da mandíbula: ( ) direito ( ) esquerdo 8. DIASTEMAS No arco superior: ( ) Ausentes ( ) Somente os espaços primatas ( ) Generalizados No arco inferior: ( ) Ausentes ( ) Somente os espaços primatas ( ) Generalizados

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Apêndices 101 9. APINHAMENTO NA REGIÃO ANTERIOR ( ) No arco superior ( ) No arco inferior ( ) Inexistente 10. SELAMENTO LABIAL EM REPOUSO ( ) Normal ( ) Existente, porém com contração da musculatura peribucal e mentoniana ( ) Deficiente 11. MOVIMENTO MANDIBULAR ( ) Abertura simétrica

( ) Abertura com desvio ⇒ o início da abertura se dá com deslocamento da

mandíbula e o final, com a mandíbula retornando para a linha média

( ) Abertura com deflexão ⇒ a mandíbula é deslocada durante todo o

movimento de abertura

12. PRESENÇA DE ESTALIDO ( ) Não ( ) Sim ( ) direito ( ) esquerdo

13. DESGASTE DENTÁRIO ( ) Incisivos ( ) Caninos ( ) Molares ( ) Ausente

14. INFRA-OCLUSÃO DE MOLAR DECÍDUO ( ) Sim. Qual(quais)? ______________________________ ( ) Não

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Apêndices 102

APÊNDICE C

Universidade Cidade de São Paulo Disciplina de Ortodontia

São Paulo, ___/___/_______.

Prezados Srs. pais,

Após a realização do exame clínico odontológico em seu(sua) filho(a)

____________________________________________________, observamos que a

criança apresenta o(s) seguinte(s) problema(s):

1. _______________________________________________________;

2. _______________________________________________________;

3. _______________________________________________________.

Desse modo, aconselhamos que Vossa Senhoria entre em contato com nossa

equipe para maiores esclarecimentos, todas as segundas-feiras, excluindo feriados,

recessos e férias escolares, no período da tarde, das 14:30 às 16:00 h, no seguinte

endereço:

Universidade Cidade de São Paulo (UNICID) Clínica de Pós-Graduação em Ortodontia (Mestrado) Rua Cesário Galeno, 448 – Bloco B Tatuapé, São Paulo