assitência de enfermagem ao paciente com osteossarcoma: uma revisão de literatura

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FACULDADE SANTA EMÍLIA DE RODAT CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM CÍCERO ITALO LEITE BEZERRA TECHARLLINE FINK ZORAIDE FERREIRA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM QUADROS DE OSTEOSSARCOMA: uma revisão de literatura

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Page 1: Assitência de Enfermagem ao paciente com Osteossarcoma: uma revisão de literatura

FACULDADE SANTA EMÍLIA DE RODATCURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

CÍCERO ITALO LEITE BEZERRATECHARLLINE FINKZORAIDE FERREIRA

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM QUADROS DE OSTEOSSARCOMA: uma revisão de literatura

JOÃO PESSOA – PB2008

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CÍCERO ITALO LEITE BEZERRATECHARLLINE FINKZORAIDE FERREIRA

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACINTE COM OSTEOSSARCOMA: uma revisão de literatura

JOÃO PESSOA – PB2008

Trabalho apresentado à professora Jacqueline Paiva para obtenção de nota na disciplina de Oncologia, do curso de graduação em Enfermagem da Faculdade Santa Emília de Rodat, turma P6BM, período 2008.2.

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SUMÁRIO

CONSIDERAÇÕES INICIAIS.............................................................................................................5

1. DEFINIÇÃO......................................................................................................................................7

2. ETIOPATOGENIA...........................................................................................................................7

3. FATORES DE RISCO......................................................................................................................8

4. CLASSIFICAÇÃO............................................................................................................................9

4.1.OSTEOSSARCOMAS PRIMÁRIOS.................................................................................10

4.1.1. Osteossarcoma convencional.......................................................................................10

4.1.2. Osteossarcoma central de baixo grau..........................................................................11

4.1.3. Osteossarcoma telangiectásico....................................................................................11

4.1.4. Osteossarcoma de células pequenas............................................................................11

4.1.5. Osteossarcoma fibro-histiocítico.................................................................................12

4.1.6. Osteossarcoma gnático................................................................................................12

4.1.7. Osteossarcoma de tecidos moles (Extra-ósseos)..........................................................12

4.2.OSTEOSSARCOMAS SECUNDÁRIOS...........................................................................13

5. FISIOPATOLOGIA........................................................................................................................13

7. MÉTODOS DIAGNÓSTICOS.......................................................................................................14

7.1.EXAMES BASEADOS EM IMAGENS.............................................................................15

7.1.1. Raio-X ósseo................................................................................................................15

7.1.2. Tomografia computadorizada (TC)............................................................................15

7.1.3. Ressonância magnética (RM)......................................................................................16

7.1.4. Tomografia por emissão de prótons (TEP).................................................................16

7.2.TESTES SANGUÍNEOS....................................................................................................17

7.3.HISTOLOGIA PATOLÓGICA / BIÓPSIA.......................................................................17

8. ESTADIAMENTO CLÍNICO........................................................................................................18

8.1.SISTEMA DE ESTADIAMENTO DE ENNEKIM............................................................18

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4

8.2.SISTEMA DE ESTADIAMENTO DA AJCC (AMERICAM JOINT COMISSION ON

CANCER)................................................................................................................................19

9. MODALIDADES TERAPÊUTICAS............................................................................................20

9.1.CIRURGIA........................................................................................................................21

9.1.1. Cirurgia de preservação de membro...........................................................................21

9.1.2. Amputação..................................................................................................................21

10.PLANO DE CUIDADOS DE ENFERMAGEM...........................................................................22

11.CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................................23

12.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................................24

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O termo câncer é a tradução latina da palavra grega carcinoma (de karkinos =

crustáceo, caranguejo). Foi usado pela primeira vez por Galeno (aproximadamente 138-201

d.C.) para indicar um tumor maligno da mama no qual as veias superficiais desse órgão eram

túrgidas e ramificadas, lembrando as patas de um caranguejo. O termo generalizou-se e hoje é

usado para indicar qualquer neoplasia maligna (BOGLIOLO, 2006).

O osteossarcoma é o tumor ósseo primário mais comum na infância e adolescência. É

considerado ainda o tumor ósseo primário maligno mais freqüente, embora numericamente

raro; predomina em indivíduos do sexo masculino, com pico de incidência entre a segunda e

terceira décadas e localização típica na área do joelho. Seu diagnóstico tem melhorado nos

últimos anos em face de novas técnicas diagnósticas, cirúrgicas e quimioterápicas.

O osteossarcoma ou sarcoma osteogênico é o segundo tumor ósseo maligno mais

comum, vindo atrás do mieloma múltiplo e corresponde a 21% entre as neoplasias malignas

do esqueleto. Nos Estados Unidos, a incidência é um caso para cada 1.700 neoplasias

malignas. A maioria dos pacientes acometidos é da segunda ou terceira década de vida,

embora já tenha sido descritos casos que acometeram pessoas após 50 anos de idade. Os

homens são ligeiramente mais atingidos do que as mulheres, numa proporção de 1,5 casos

masculinos para um caso feminino. Os sintomas clínicos são: dor, inchaço, restrição de

movimentos, febre.

Nas formas mais graves, sem tratamento, pode haver necrose do tumor e posterior

ulceração. Secundariamente, há o quadro de hipotrofia muscular proximal e distal à lesão e

comprometimento articular. O tumor costuma apresentar-se endurecido, fixo aos planos

profundos.

Antes de 1970, não havia terapia eficaz conhecida para os pacientes com

osteossarcoma, exceto a amputação da extremidade afetada. Mais de 80% dos pacientes

tinham doença micrometastática distante por ocasião do diagnóstico; subseqüentemente,

quase todos morriam num prazo de seis a sete meses após o diagnóstico.

Na década de 70, a utilização da quimioterapia demonstrou ser ativa em pacientes com

doença metastática. Avanços na área da quimioterapia levaram a sua utilização antes da

cirurgia, resultando na regressão do tamanho do tumor. Atualmente, existe concordância geral

em relação à eficácia da quimioterapia no aumento do período de sobrevida livre de recidiva.

Page 6: Assitência de Enfermagem ao paciente com Osteossarcoma: uma revisão de literatura

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Existem, porém, diferentes protocolos, muitos ainda em estudo, com freqüência utilizando a

quimioterapia pré e pós-operatória.

Constatou-se que a sobrevida dos pacientes sem a doença não fica comprometida. A

proporção atual de recidiva local após cirurgia preservadora de membros é semelhante à

proporção obtida depois de amputações, da ordem de 5%. Como resultado, muitos pacientes

que anteriormente sofreriam amputações podem agora ser tratados pela cirurgia preservadora

de membros.

Este estudo se justifica pela escassez de estudos retrospectivos e prospectivos sobre o

referido tumor em nosso meio e pela possibilidade de contribuir para a formação acadêmica

de alunos do curso de graduação em enfermagem. O nosso principal objetivo consiste em

trazer ao público acadêmico e/ou profissional de enfermagem uma fonte atualizada, relevante

e concisa de informações acerca do determinado tema.

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1. DEFINIÇÃO

O osteossarcoma é definido pelo American National Institute (2008) como um câncer

que começa no osso. Freqüentemente o osteossarcoma começa na porção final dos ossos,

onde uma nova matéria óssea é formada enquanto uma pessoa jovem cresce. De acordo com

Apley e Solomon (1996), o osteossarcoma (outrora denominado sarcoma osteogênico) indica

um tumor primário, oriundo do osso e produtor de osso. O osteossarcoma deriva de células

mesenquimais formadoras de osso recém-formadas e acomete mais freqüentemente as

porções metafiseais dos ossos longos (KRAMAROVA; STILLER, 1996).

Outro conceito de osteossarcoma é dado por Filho (2008), que o define como um

tumor maligno formador de osso com presença de um estroma francamente sarcomatoso e

formação de osteóide neoplásico e osso pelos osteoblastos malignos. Consoante Miller, Boice

e Curtis (1996), existe uma distribuição bimodal de idade da incidência do osteossarcoma

com picos na adolescência e em adultos maiores de 65 anos de idade.

2. ETIOPATOGENIA

De acordo com Voute et al (2005), as causas do osteossarcoma não são bem definidas,

assim como a maioria dos cânceres. Entretanto, cientistas descobriram que esse tipo de câncer

osteogênico está diretamente relacionado com um número de outras condições. Crianças que

foram acometidas por retinoblastoma e/ou que foram submetidas à quimioterapia e

radioterapia têm tendência maior a desenvolverem osteossarcoma.

Uma das causas mais prováveis para o desenvolvimento de osteossarcoma, segundo a

American Cancer Society (2008), é a mutação decorrente da ação aberrante de determinado

oncogene (gene responsável pela divisão celular) e/ou da deficiência de certo tipo de gene

supressor de tumor (gene que desacelera ou pára o crescimento celular, além de programar a

morte celular – evento denominado apoptose).

A inativação do gene supressor de tumor p53 é o mais freqüente evento genético na

etiopatogenia do osteossarcoma. Esse gene é denominado “guardião do genoma”, pois

mantém a estabilidade genômica em muitas situações, incluindo hipoxia, dano ao DNA e

ativação de oncogenes (VOLGESTEIN; LANE; LEVINE, 2000).

A perda do gene Rb em células germinativas parece ser um dos fatores etiológicos do

osteossarcoma. Além da inativação do gene supressor de tumor p53, anormalidades nos genes

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supressores de tumor p16 e ciclina D também são, teoricamente, etiologias prováveis do

osteossarcoma (BOGLIOLO, 2006).

Mutações que ocasionam defeitos no gene p53 podem representar etapas iniciais da

carcinogênese em tumores ósseos e de partes moles e/ou determinar o comportamento

biológico do desenvolvimento tumoral. A imunoexpressão aumentada da proteína p53

geralmente é resultado de mutações gênicas, com produção de proteína anômala (denominada

erb-B2), estável, com meia-vida prolongada (ALVES et al, 2008).

3. FATORES DE RISCO

Um fator de risco é, de acordo com Neff (2004), qualquer coisa que afete a chance de

um indivíduo adquirir uma doença, tal como o câncer. Os riscos relacionados ao estilo de vida

são os fatores contribuintes mais significantes para o câncer em adultos.

Idade e altura: o maior risco de osteossarcoma é durante o “estirão de

crescimento” da adolescência. Crianças com osteossarcoma são usualmente

baixas para as suas idades. Isso sugere uma relação entre o rápido crescimento

ósseo e a formação de tumor;

Radiação: pessoas que foram tratadas com radiação em cânceres anteriores

possuem um risco maior de desenvolvimento pós-radiação de osteossarcoma.

Pessoas com mais de 50 anos de idade são enquadradas com maior freqüência

nesse risco potencial. Há ainda a possibilidade mínima de desenvolver

osteossarcoma a partir da realização contínua de exames de raios-X;

Doenças e anomalias ósseas: indivíduos com determinadas doenças não-

cancerosas possuem um posterior risco aumentado de desenvolverem

osteossarcoma, usualmente enquanto adultos. Algumas dessas doenças incluem

a Doença de Paget (uma condição benigna e pré-cancerosa que afeta um ou

mais ossos) e osteocondromas (tumores benignos formados a partir de

cartilagens e ossos) com múltipla hereditariedade;

Síndromes cancerosas hereditárias: a síndrome de Li-Fraumeni e o

retinoblastoma são fatores de risco para o osteossarcoma devido à regulação

genética proveniente de um mesmo gene.

4. CLASSIFICAÇÃO

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Vários tipos de osteossarcoma podem ser identificados, cada um deles apresentando

características clínicas, radiológicas e histológicas distintas. O aspecto comum de todos os

tipos de osteossarcoma é que o osteóide e a matriz óssea são formados por células malignas

de tecido conectivo (GREENSPAN, 2006). Malawer, Helman e O’Sillivan (2005) afirmam

que cada subtipo de osteossarcoma possui um prognóstico diferenciado.

A American Cancer Society (2008) é enfática ao classificar o osteossarcoma em

subtipos baseados na sua malignicidade e morbi-mortalidade. Se um tumor possui poucas

células em divisão, ele é considerado um osteossarcoma de baixo grau. O osteossarcoma de

grau intermediário possui um quantitativo razoável de células em divisão. Um tumor com

grande quantidade de células mitóticas é considerado um osteossarcoma de alto grau. Nesse

subtipo de osteossarcoma, podemos observar a presença de algumas células mortas no tumor;

isso significa que o câncer está em crescimento tão acelerado que sobrepõe as suas fontes de

energia e nutrição.

Histopatologicamente, os osteossarcomas podem ser classificados com base em sua

celularidade, pleomorfismo nuclear e grau de atividade mitótica. De acordo com o sistema de

Broder, o grau numérico (1 a 4) indica o grau de malignidade (grau 1 indica tumor menos

indiferenciado e 4, tumor mais indiferenciado) (GREENSPAN, 2006). Podemos ainda

classificar os outros tipos de osteossarcomas pelo local da lesão do esqueleto apendicular e do

esqueleto axial. Os osteossarcomas podem ainda ser classificados com base em sua

localização no osso como centrais (medulares), intracorticais e justacorticais.

De acordo com a etiologia, Greenspan (2006) classifica o ostessarcoma em dois tipos.

Os osteossarcomas de etiologia desconhecida, ou idiopáticos, são classificados como

primários. Uma quantidade menor de tumores pode estar relacionada com fatores

predisponentes de malignicidade conhecidos, tais como doença de Paget, displasia fibrosa,

radiação ionizante externa ou ingestão de substâncias radioativas. Essas lesões são

denominadas osteossarcomas secundários.

Grau Aspectos Histológicos

1 Celularidade: discretamente aumentada

Atipia citológica: mínima a discreta

Atividade mitótica: baixa

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Matriz osteóide: moderada

2 Celularidade: moderada

Atipia citológica: leve a moderada

Atividade mitótica: baixa a moderada

Matriz osteóide: regular

3 Celularidade: aumentada

Atipia citológica: moderada a acentuada

Atividade mitótica: moderada a alta

Matriz osteóide: irregular

4 Celularidade: muito aumentada

Atipia citológica: células muito pleomórficas

Atividade mitótica: elevada

Matriz osteóide: irregular, abundante

Tabela 1: Graus histológicos do osteossarcoma

4.1. OSTEOSSARCOMAS PRIMÁRIOS

São consideradas as formas mais comuns e possuem em geral, etiologia idiopática.

Consoante Greenspan (2006), pode ser subdividido em:

4.1.1. Osteossarcoma convencional

O osteossarcoma convencional é o tipo mais freqüente, tendo sua maior incidência em

paciente na segunda década e afetando homens com freqüência ligeiramente maior que

mulheres. Tem predileção pela região do joelho (porções distal do fêmur e proximal da tíbia),

enquanto o segundo local mais comum é a porção proximal do úmero. Em geral, os pacientes

apresentam dor óssea, ocasionalmente acompanhada por uma massa ou edema de tecidos

moles. Algumas vezes, os primeiros sintomas estão relacionados com fraturas patológicas. As

complicações mais freqüentes do osteossarcoma convencional são a fratura patológica e o

desenvolvimento de metástases pulmonares.

4.1.2. Osteossarcoma central de baixo grau

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Esta forma rara de osteossarcoma (1% de todos os osteossarcomas) apenas

recentemente foi reconhecida. Em geral, ocorre em pacientes mais velhos que aqueles que se

apresentam com osteossarcoma convencional, embora os locais de predileção sejam similares.

Pode ser indistinguível, nas radiografias, do osteossarcoma convencional, porém, de acordo

com Sim et al. (1990), cresce mais lentamente e tem melhor prognóstico. Às vezes, sua

apresentação radiológica simula claramente a displasia fibrosa.

4.1.3. Osteossarcoma telangiectásico

Um tipo muito agressivo de osteossarcoma, a variante telangiectásica, também

denominado osteossarcoma hemorrágico por Campanacci, é duas vezes mais comum em

homens que em mulheres e é encontrado, sobretudo, em pacientes na segunda e terceira

décadas de vida. É raro, compreendendo aproximadamente 3% de todos os tumores ósseos

malignos.

É caracterizado por um alto grau de vascularização e grandes espaços císticos repletos

de sangue, que são responsáveis por sua apresentação radiológica atípica. Trata-se de uma

lesão destrutiva osteolítica com ausência quase completa de alterações escleróticas; uma

massa de tecidos moles também pode existir.

Macroscopicamente o tumor se assemelha a uma “bolsa” de sangue e é caracterizado

por espaços repletos de sangue, necrose e hemorragia. Histologicamente, é composto de

espaços loculados repletos de sangue, parcialmente revestidos por células malignas que

produzem tecido osteóide esparso. Assemelha-se a um cisto ósseo aneurismático, tanto

radiológica quanto histopatologicamente.

4.1.4. Osteossarcoma de células pequenas

Descrito inicialmente por Sim et al.(1979), o osteossarcoma de células pequenas

geralmente ocorre como uma lesão radiotransparente com bordas permeativas e uma grande

massa de tecidos moles. Seu aspecto radiológico, por conseguinte, simula o de um sarcoma

ósseo de células redondas. Estas lesões geralmente têm pequenas células redondas em muitos

campos histológicos, muito semelhantes ao sarcoma de Ewing. Entretanto, a presença de

células tumorais em fuso, bem como produção focal de osteóide ou osso, ajuda a firmar um

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diagnóstico histológico de osteossarcoma. A porção distal do fêmur, a porção proximal do

úmero e a porção proximal da tíbia são os locais de predileção.

4.1.5. Osteossarcoma fibro-histiocítico

O osteossarcoma fibro-histiocítico, que se assemelha ao fibro-histiocitoma maligno

(FHM), recentemente foi descrito na literatura. Algumas vezes pode ser confundido com

FHM verdadeiro do osso porque ambos esses tumores tendem a se originar em uma idade

mais avançada que o osteossarcoma convencional, geralmente depois da terceira década de

vida. Ambos tendem a envolver as extremidades articulares dos ossos longos, e normalmente

há menor reação periosteal que no osteossarcoma convencional.

Embora na radiografia ambas essas lesões tendam a ser radiotransparentes e, portanto,

semelhante ao tumor de células gigantes e ao fibrossarcoma, o osteossarcoma fibro-

histiocítico geralmente exibe áreas de osteogênese semelhantes a bolas de algodão ou nuvens

em cúmulos, ao contrário do FHM.

Histologicamente, o osteossarcoma fibro-histiocítico é caracterizado em células em

fuso pleomórficas e células gigantes muitas das quais têm núcleos bizarros. Como em todos

os outros subtipos de osteossarcoma, a distinção de outros sarcomas depende da demostração

de osteóide ou da formação de osso por células malignas nos padrões muito típicos

observados nos osteossarcomas.

4.1.6. Osteossarcoma gnático

O osteossarcoma gnático é originado no maxilar ou na mandíbula. Ao contrário dos

osteossarcomas originados em outros pontos do esqueleto, este tumor ocorre em pacientes

mais idosos (quarta a sexta décadas de vida, com idade média de 35 anos). Geralmente é um

tumor diferenciado com taxa de mitose baixa, possuindo um componente predominantemente

cartilaginoso em uma grande percentagem dos casos e com menor potencial maligno e melhor

prognóstico que as outras formas de osteossarcomas.

4.1.7. Osteossarcoma de tecidos moles (Extra-ósseos)

O osteossarcoma de tecidos moles (extra-ósseo ou extra-esquelético) é um tumor

maligno incomum de origem mesenquimatosa. Este tumor tem a capacidade de formar

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osteóide neoplásico, osso e cartilagem. Geralmente, atinge indivíduos de meia-idade e idosos,

com idade na apresentação de 54 anos em média. Esse subtipo de osteossarcoma é muito

meos comum que o osteossarcoma do osso, representando apenas 4% de todos os

osteossarcomas.

Preferencialmente, afeta os membros inferiores e as nádegas. Esta lesão também pode

se desenvolver em vários tecidos moles, incluindo mama, pulmao, tireóide, cápsula renal,

bexiga, próstata e, até mesmo no retroperitônio pélvico. O osteossarcoma raramente pode ser

originado após radioterapia.

Mais comumente os paciente apresentam uma massa de crescimento lento que pode ou

não ser acompanhada de dor. O aspecto radiográfico é caracterizado por uma massa de tecidos

moles com calcificações e ossificações amorfas dispersas. O tumor exibe um arranjo

desorganizado de elementos osteogênicos em sua região central.

4.2. OSTEOSSARCOMAS SECUNDÁRIOS

Ao contrário dos osteossarcomas primários, as lesões secundárias ocorrem em uma

população mais idosa. Muitos destes tumores são responsáveis por complicações da doença de

Paget. As alterações radiográficas típicas na transformação maligna na doença de Paget

incluem lesão destrutiva no osso afetado, presença de osso tumoroso na lesão e massa de

tecidos moles associada.

O osteossarcoma nesses paciente deve ser diferenciado das metástases para o osso

pagético de carcinomas primários em outros pontos do corpo (mais comumente mama,

próstata e rim). O osteossarcoma secundário também pode se desenvolver espeontaneamente

na displasia fibrosa ou após radioterapia para lesões ósseas benignas como displasia fibrosa e

tumor de células gigantes bem como após irradiação de processoa malignos nos tecidos moles

como carcinoma de mama e linfoma.

5. FISIOPATOLOGIA

O tumor, a princípio, estende-se para o interior da medula óssea, mas logo perfura o

córtex. O periósteo é empurrado para fora do corpo e há um depósito de osso neoformado nos

ângulos de elevação do periósteo (triângulo de Codman). À medida que o osso invade os

tecidos moles, deposita-se osso neoformado ao longo dos canais vasculares,

perpendicularmente ao corpo (espículas em “raios de sol”). O tumor metastatiza via corrente

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sanguínea, principalmente para os pulmões, mas também para outros ossos, quase sempre o

crânio e o fêmur (APLEY & SOLOMON, 1996).

A elevação da fosfatase alcalina sérica associa-se a aumento do risco de metástases.

Expressão da proteína do choque térmico72 guarda relação com melhor resposta à

quimioterapia. Expressão difusa da glicoproteína P nas células neoplásicas associa-se a

aumento de recidiva sistêmica. Finalmente, o índice de necrose de Huvos pós-quimioterapia

revela-se como o único e mais importante fator prognóstico

6. SINAIS E SINTOMAS

Assim como em outros tumores ósseos, os sintomas não são específicos. A dor

persistente, profunda e localizada no osso afetado, limitação do movimento da articulação

envolvida e a presença de uma massa óssea são os sintomas mais comuns em pacientes com

osteossarcoma (FILHO, 2008). No princípio, a dor não é constante e tende a piorar durante a

noite, aumentando com a atividade. Dependendo da localização e do tipo do tumor, é possível

sentir uma massa óssea, aumento de volume da região afetada, além de ser possível

diagnosticar a presença de hemorragias ósseas, necrose e fraturas patológicas (FLETCHER;

UNNI; MERTENS, 2002). Rech et al. (2004) refere, ainda, o aumento da desidrogenase

láctica (LDH) como sinal clínico de osteossarcoma, bem como aumento da fosfatase alcalina

sérica, aumento da temperatura local, angiogênese na região afetada e dilatação das veias do

tecido subcutâneo decorrente do aumento do tumor.

7. MÉTODOS DIAGNÓSTICOS

O câncer é uma patologia que demanda um diagnóstico o mais precoce possível. O

tempo decorrido entre o início da alteração genômica e a detecção dessa doença é diretamente

proporcional às chances de um bom prognóstico. Quanto maior o tempo decorrido entre o

início do processo de carcinogênese e o início do tratamento (estabelecido com a ajuda de

métodos diagnósticos eficazes), menor as chances de cura. A American Cancer Society

(2008) preconiza que é necessário haver o menor atraso possível no diagnóstico do

osteossarcoma.

Atualmente, os métodos diagnósticos mais utilizados para a detecção do

osteossarcoma são aqueles baseados em imagens; sendo ainda utilizados os exames

sanguíneos e histológicos. Eleitos por sua eficácia, esses exames precisam ser sabiamente

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empregados de modo a permitir não só um tratamento adequado como a sobrevida dos

pacientes e o menor número de sequelas (BOGLIOLO, 2006).

7.1. EXAMES BASEADOS EM IMAGENS

A compreensão da base das modalidades disponíveis para diagnosticar muitos

transtornos dos ossos comumente encontrados é de suma importância. Pode ajudar a

determinar a técnica radiológica mais eficaz, minimizando o custo do exame e a exposição

dos pacientes à radiação (GREENSPAN, 2006).

7.1.1. Raio-X ósseo

É o exame básico da detecção clínica de osteossarcoma. Através dele é possível

reconhecer ou ao menos suspeitar da existência de osteossarcoma. Pode ser convencional ou

com ampliação, estando uma atrelada à outra em casos de ratificação da existência da lesão.

Pelo seu caráter simplório, o estabelecimento do diagnóstico deve ser confirmado por outros

exames mais completos (GREENSPAN, 2006).

7.1.2. Tomografia computadorizada (TC)

A tomografia computadorizada é uma modalidade radiológica que contém uma fonte

de raios X detectores e um sistema computadorizado de dados. A TC é indispensável na

avaliação de vários tumores ósseos em face de sua capacidade de formar imagens em cortes

transversais (GREENSPAN, 2006). Ao invés de gerar uma imagem, como num raio-x

convencional, um tomógrafo forma uma grande quantidade de imagens enquanto gira ao redor

do corpo do paciente. Um computador combina essas imagens em uma “fatia” da parte

escaneada. A máquina então cria múltiplas imagens do osso que deve ser analisado. A

realização desse exame pode ser feita com o auxílio de uma substância de contraste, injetado

intravenosamente para ajudar a visualização de estruturas (AMERICAN CANCER

SOCIETY, 2008).

De acordo com a American Cancer Society (2008), uma TC do osso afetado pode

mostrar se o tumor está crescendo nas proximidades de músculo ou outro tecido que esteja na

região próxima ao osso. Uma tomografia do peito é importante para determinar se o

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osteossarcoma se metastizou para o pulmão. Além disso, a TC ajudará o cirurgião a

determinar a melhor área para realizar a biópsia do tumor.

7.1.3. Ressonância magnética (RM)

A ressonância magnética é baseada na reemissão de um sinal de radiofreqüência (rf)

absorvido enquanto o paciente encontra-se em um forte campo magnético, produzido por um

forte ímã (GREENSPAN, 2006).

Segundo a American Cancer Society (2008), a ressonância magnética dá mais detalhes

dos tecidos moles, do tumor ósseo e da cavidade da medula óssea do que a tomografia

computadorizada. Esse exame é considerado o melhor para a avaliação do osteossarcoma. Às

vezes, a RM pode ajudar a encontrar pequenos tumores localizados a algumas polegadas do

tumor principal (chamados metástases “skip”).

A ressonância magnética pode ser mais desconfortável que a tomografia

computadorizada. Primeiro, a realização desse exame pode demorar mais de uma hora. O

paciente deve ser posicionado em um equipamento em forma de tubo, o que pode desencadear

ansiedade em pacientes com claustrofobia. Alguns pacientes referem incômodo com o

barulho emitido pelo aparelho de ressonância (AMERICAN CANCER SOCIETY, 2008).

7.1.4. Tomografia por emissão de prótons (TEP)

Um novo tipo de imageamento radiativo, a tomografia por emissão de prótons é uma

técnica diagnóstica que permite identificação de alterações bioquímicas e fisiológicas do

corpo e avalia o nível de atividade metabólica e de perfusão em vários sistemas orgânicos. O

processo produz imagens biológicas baseadas na detecção de raios gama que são emitidos por

uma substância radioativa, como a 2-flúor-2-desoxiglicose marcada com F18 (GREENSPAN,

2006).

A American Cancer Society (2008) explica que com a TEP o paciente recebe uma

infusão de glucose que contém um átomo radioativo e uma câmera especial detecta a

radioatividade. As células cancerígenas no corpo absorvem grandes quantidades do glicídio

radioativo, graças a sua alta taxa metabólica. O emprego da TEP é bastante difundido na

Oncologia, já que essa técnica é capaz de detectar tumores primários e metastáticos, além de

tumores recorrentes (GREENSPAN, 2006).

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7.2. TESTES SANGUÍNEOS

Muitas substâncias químicas se apresentam elevadas no sangue em quadros de

neoplasias. No osteossarcoma não seria diferente. As células do tumor, dentre muitos dos

processos celulares que realizam, liberam duas principais substâncias na corrente sanguínea: a

fosfatase alcalina e o LDH (POCHANUGOOL et al., 1997). Quanto maior a concentração

sérica desses marcadores tumorais, pior o prognóstico.

7.3. HISTOLOGIA PATOLÓGICA / BIÓPSIA

Um procedimento da biópsia obtém uma amostra de tecido do tumor para examinar

sob o microscópio e o usá-la para determinadas outras análises laboratoriais. Provavelmente

em nenhum outro câncer é tão importante executar corretamente este procedimento. Se a

biópsia não é feita corretamente, o membro afetado pode ter que ser amputado (FLETCHER,

UNNI, & MERTENS, 2002).

Uma biópsia pode ser feita sob anestesia local ou geral. Com anestesia local, o

anestésico é injetado com uma agulha pequena para retirar a sensibilidade do tecido sobre o

local da amostra. Durante a anestesia geral, as drogas são injetadas em uma veia ou inspiradas

pelo paciente, deixando-o, assim, adormecido durante a operação (POCHANUGOOL et al.,

1997).

Há dois tipos diferentes de biópsias: a biópsia de agulha e a biópsia aberta. As biópsias

de agulha podem usar agulhas finas (igualmente chamado muito bem) ou grossas. A biópsia

de agulha fina os fragmentos muito pequenos do tecido são removidos. Com a biópsia de

agulha grossa, o cirurgião obtém um núcleo cilíndrico do tecido. A maioria de peritos

recomenda esta biópsia mais grossa do núcleo (VANDER, 1997).

Na biópsia aberta, o cirurgião realiza uma incisão na pele, expõe o tumor e corta então

uma parte de tecido. Se possível, a abertura através da pele usada no procedimento da biópsia

deve ser longitudinal ao longo do braço ou do pé porque esta é a orientação da incisão que

será usada para que a operação remova o câncer. A cicatriz inteira da biópsia original terá que

ser igualmente removida, minimizando, desta maneira, a quantidade de tecido que precisa ser

removido mais tarde. O tecido removido pela biópsia é examinado sempre sob o microscópio.

Examinar um tumor ósseo pode igualmente envolver testes dos cromossomas ou dos genes.

Estes testes podem ajudar a distinguir o osteossarcoma de outros cânceres que pareçam

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18

similares sob o microscópio, além de poderem, às vezes, ajudar a prever se o osteossarcoma é

passível de resposta à terapia (APLEY & SOLOMON, 1996).

8. ESTADIAMENTO CLÍNICO

Para Alves et al. (2008), o estadiamento é um processo que revela ao oncologista o

quão difundido o câncer pode estar. Ele mostrará se o câncer se espalhou e o quão distante

pode estar. O estadiamento de tumores do osso geralmente envolve alguns dos métodos de

diagnóstico por imagem, em especial a tomografia computadorizada ou raio-X torácico. O

tratamento e o prognóstico (probabilidade de sobrevivência) para o osteossarcoma dependem,

em grande parte, do estágio do paciente no diagnóstico. Em linhas gerais, os osteossarcomas

são divididos em dois "stages" – localizado e metastático.

Osteossarcoma localizado: um osteossarcoma localizado afeta somente o osso

no qual se originou e os tecidos em volta do osso, tal como o músculo, o

tendão, entre outros;

Osteossarcoma metastático: um osteossarcoma metastático é aquele que se

propagou para outras partes do corpo, tais como os pulmões, ou outros ossos

indiretamente conectados ao osso onde o câncer teve origem. Com maior

freqüência, a propagação é para os pulmões (85%), mas pode atingir outros

ossos, o cérebro ou outros órgãos internos. Os pacientes com metástases

encontradas na altura do diagnóstico têm um pior prognóstico, embora alguns

possam ser curados se as metástases forem removidas pela cirurgia. A taxa da

cura para estes pacientes são melhor estabelecidas se a quimioterapia é dada

igualmente.

A American Cancer Society (2008) aborda dois sistemas de estadiamento: o Sistema

de Estadiamento de Ennekim e o Sistema de Estadiamento da American Joint Comission on

Cancer (AJCC).

8.1. SISTEMA DE ESTADIAMENTO DE ENNEKIM

O sistema mais freqüentemente usado para classificar formalmente o osteossarcoma é

conhecido como o sistema Enneking. Esse sistema é baseado na classe (g) do tumor, a

extensão do tumor (preliminar) original (T), e mesmo se este se reproduziu por metástase

(propagação) aos linfonodos próximos ou aos outros órgãos (M).

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A classe é dividida na qualidade inferior (G1) e na classe elevada (G2). A extensão do

tumor preliminar é classificada como intracompartimental (T1), significando que permaneceu

basicamente no lugar, ou extracompartimental (T2), significando que se estendeu para outras

estruturas próximas. Tumores que não espalharam aos linfonodos ou outros órgãos são

considerados M0, quando aqueles que espalharam são M1.

Estes fatores são combinados para dar um estágio total, designado pelos numerais

romanos de I a III. Cada estágio é subdividido igualmente em A ou em B. Em resumo, os

tumores de baixo grau são estágio I, os tumores de alto grau são estágio II e os tumores

metastáticos (não obstante a classe) são aqueles em estágio III.

8.2. SISTEMA DE ESTADIAMENTO DA AJCC (AMERICAM JOINT

COMISSION ON CANCER)

Outro sistema usado às vezes para classificar câncer ósseo é o da American Joint

Comission on Cancer (AJCC). Nele, T representa as características do tumor (seu tamanho),

N representa a propagação para os linfonodos, M representa a presença de metástases para os

órgãos distantes e G é para a classe do tumor. Esta informação sobre o tumor, os linfonodos, a

metástase e a classe é combinada dentro um processo chamado agrupamento do estágio. O

estágio é descrito então nos numerais romanos de I a IV (1-4).

Estágios T para osteossarcoma:

T0: Nenhuma evidência do tumor;

T1: O tumor tem até 8 cm;

T2: O tumor é maior que 8 cm ;

T3: O tumor tem metastizado para outro local ou locais no mesmo osso.

Estágios N para osteossarcoma;

N0: Nenhuma propagação para linfonodos regionais;

N1: O câncer se espalhou para linfonodos próximos.

Estágios de M do cancro do osso:

M0: Nenhuma metástase distante;

M1: Metástase distante (propagação do câncer aos tecidos ou aos

órgãos distantes do tumor ósseo original);

M1a: O câncer metastizou somente para o pulmão;

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M1b: O câncer metastizou para outros locais.

Classes do osteossarcoma:

G1-G2: baixo grau;

G3-G4: alto grau.

9. MODALIDADES TERAPÊUTICAS

Grandes avanços foram feitos no tratamento do osteossarcoma durante os últimos 30

anos. Nos anos 60 o único tratamento disponível era a amputação. Dependendo do estágio da

doença, somente 5% a 20% dos pacientes sobreviveram por dois anos ou mais após o

diagnóstico. Desde então, profissionais de oncologia descobriram que a quimioterapia,

quando administrada antes e depois da cirurgia, cura muitas pessoas com osteossarcoma

(APLEY & SOLOMON, 1996).

Muitas drogas da quimioterapia foram testadas em ensaios clínicos para encontrar

aquelas mais eficazes e as melhores maneiras de combinar a quimioterapia com a cirurgia.

Para os pacientes cujos cânceres respondem bem à quimioterapia, a taxa de sobrevivência é

melhor (aproximadamente 80% a 90%). A taxa de sobrevivência de cinco anos para os

pacientes cujos cânceres já havia se metastizado à altura de seu diagnóstico aproximadamente

30% (GREENSPAN, 2006).

Depois que um osteossarcoma é encontrado e o seu estadiamento é determinado, a

equipe de assistência ao câncer sugerirá um tratamento adequado. Esta é uma decisão

importante. É vital pensar sobre todas as escolhas. Pelo fato de o osteossarcoma ser um câncer

raro, apenas médicos em grandes centros do cancro têm boa experiência no tratamento destes

pacientes (KRAMAROVA & STILLER, 1996).

Para adultos com osteossarcoma, a equipe assistencial deve ser composta pelo médico

da família do paciente ou um clínico geral, um oncologista clínico (responsável pela

quimioterapia), um oncologista de radioterapia (um médico oncologista especializado em

radioterapia), um patologista e um cirurgião ortopédico, todos com experiência em tumores

ósseos. Em um ou outro caso, a equipe igualmente incluiria outros médicos, enfermeiros,

terapeutas da reabilitação e tecnólogos, que têm papéis essenciais dentro do diagnóstico e

tratamento da doença, ajudando na recuperação da atividade normal após a cirurgia (APLEY

& SOLOMON, 1996).

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21

9.1. CIRURGIA

A cirurgia para o osteossarcoma inclui a biópsia diagnóstica e o tratamento cirúrgico.

É muito importante que a biópsia e o tratamento cirúrgico estejam planejados junto. Se

possível, o mesmo cirurgião ortopédico em um centro do câncer deve fazer a biópsia e o

tratamento cirúrgico. Se o osteossarcoma é localizado, mas não pode ser removido

cirurgicamente após a quimioterapia, uma cura é muito improvável mesmo se o câncer

responde bem à quimioterapia. O tratamento cirúrgico pode ser de preservação do membro

(que remove o câncer sem amputação) ou a amputação (removendo o câncer e um membro –

parcial ou totalmente) (MALAWER, HELMAN, & O'SILLIVAN, 2005).

9.1.1. Cirurgia de preservação de membro

A cirurgia de preservação do membro é uma operação muito complexa. Os cirurgiões

que executam este tipo de operação devem ter habilidade e experiência especiais. O desafio

para o cirurgião é remover o tumor inteiro e ainda preservar os tendões próximos, os nervos e

os vasos sanguíneos (APLEY & SOLOMON, 1996).

O osso que é removido é substituído por uma endoprótese feita de metal e de outros

materiais. Em torno de 50% a 80% dos pacientes têm a possibilidade de ter seus membros

poupados. As complicações da cirurgia de preservação de membro incluem a infecção e as

fraturas (NEFF, 2004).

9.1.2. Amputação

A amputação pode ser a única opção a única opção para alguns pacientes. Se o

paciente possui um tumor de grandes proporções que atinja os nervos e/ou os vasos

sanguíneos, não será possível salvar o membro. A ressonância magnética e a biópsia podem

ajudar o cirurgião a decidir o quanto do membro será amputado (APLEY & SOLOMON,

1996).

A cirurgia é planejada de forma que a pele e os músculos formem uma espécie de capa

em torno do membro amputado. Essa “capa” deverá ser adequada para que, posteriormente,

caiba em um membro artificial. Com o uso de uma prótese e uma fisioterapia adequada, o

paciente poderá andar normalmente dentro de três a seis meses após a cirurgia de amputação

(APLEY & SOLOMON, 1996).

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10. PLANO DE CUIDADOS DE ENFERMAGEM

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11. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dentro das patologias ósseas o osteossarcoma e suas conseqüentes variações tem se

mostrado como importante tumor devido as agressões, envolvendo tecido periosteal , tecidos

moles e até mesmo subseqüente perda total ou parcial de membros. Dadas as suas

características de agressividade o osteossarcoma vem sofrendo importante investigação.

Observamos que cerca de metade dos casos das várias estatísticas se desenvolvem nas

estruturas ósseas do joelho. Entretanto, qualquer osso pode ser afetado. Existem casos

descritos que o osteossarcoma tem origem múltipla e se desenvolve em vários ossos, esses

casos são mais raros e ocorrem no primeiro ano de vida. O tumor pode também ter uma

distribuição simétrica afetando a região metafisária dos ossos tubulares de ambos os

membros.

Os tratamentos dos tumores em geral tiveram uma significativa evolução devido ao

aumento do arsenal terapêutico na área da oncologia clínica. Em relação aos tumores ósseos o

tratamento ortopédico também evoluiu apresentando atualmente uma série de opções

cirúrgicas que preservam os membros acometidos.

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12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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