assistência de enfermagem a pacientes portadores de acidente

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0 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A PACIENTES PORTADORES DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL HEMORRÁGICO, EMBASADO NA TEORIA DE PATERSON-ZDERAD VASCONCELOS, Dayse Paixão e RODRIGUES, Karla Simone Teixeira FREITAS, Cibelly Aliny Siqueira Lima SOUSA, Sandra Maria Melo O acidente vascular cerebral (AVC) é uma infartação de parte do cérebro devido a irrigação sanguínea insuficiente que ocorrer por oclusão de vasos que nutrem o cérebro ou por hemorragia intracerebral. A cada ano, mais de meio milhão de pessoas sofrem o primeiro episódio; entre os 75% que conseguem sobreviver, 10 a 12% apresentam outro AVC no decorrer de um ano. Sabendo que a enfermagem tem papel importante na reabilitação de pacientes neurológicos, objetivamos com esse estudo acompanhar pacientes acometidos de AVC à luz da teoria de Paterson-Zderad. Trata-se de um estudo de caso, realizado com pacientes acometidos de AVC e internados no Setor de Neurologia da Santa Casa de Sobral nos meses de fevereiro e março/2004. A coleta deu-se através de uma entrevista semi-estruturada, exame físico e neurológico. Foram obedecidos os princípios da resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Os principais diagnósticos de enfermagem foram: déficit no autocuidado; risco para incidência de AVC; mobilidade física comprometida; adução do ombro afetado e potencial para manutenção do lar prejudicada. As intervenções foram: repassar informações claras; falar da importância da higienização; orientar sobre os fatores de risco do AVC; explicar os procedimentos realizados; ensinar a manter o equilíbrio sentado e em pé; improvisar tipóia para evitar a separação da articulação do ombro; proporcionar momentos de conversas sobre o processo de adaptação que seria necessário em sua reabilitação. A experiência de cuidar de pessoas com AVC foi algo de singular relevância, uma vez que tivemos a oportunidade de ver a evolução satisfatória dos pacientes que se mostraram ativos na reabilitação .Palavras-chave : AVC; Assistência de Enfermagem; Reabilitação. ___________________________ Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version

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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A PACIENTES PORTADORES DE

ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL HEMORRÁGICO, EMBASADO

NA TEORIA DE PATERSON-ZDERAD

VASCONCELOS, Dayse Paixão e

RODRIGUES, Karla Simone Teixeira

FREITAS, Cibelly Aliny Siqueira Lima

SOUSA, Sandra Maria Melo

O acidente vascular cerebral (AVC) é uma infartação de parte do cérebro

devido a irrigação sanguínea insuficiente que ocorrer por oclusão de vasos que nutrem o

cérebro ou por hemorragia intracerebral. A cada ano, mais de meio milhão de pessoas

sofrem o primeiro episódio; entre os 75% que conseguem sobreviver, 10 a 12%

apresentam outro AVC no decorrer de um ano. Sabendo que a enfermagem tem papel

importante na reabilitação de pacientes neurológicos, objetivamos com esse estudo

acompanhar pacientes acometidos de AVC à luz da teoria de Paterson-Zderad. Trata-se

de um estudo de caso, realizado com pacientes acometidos de AVC e internados no

Setor de Neurologia da Santa Casa de Sobral nos meses de fevereiro e março/2004. A

coleta deu-se através de uma entrevista semi-estruturada, exame físico e neurológico.

Foram obedecidos os princípios da resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

Os principais diagnósticos de enfermagem foram: déficit no autocuidado; risco para

incidência de AVC; mobilidade física comprometida; adução do ombro afetado e

potencial para manutenção do lar prejudicada. As intervenções foram: repassar

informações claras; falar da importância da higienização; orientar sobre os fatores de

risco do AVC; explicar os procedimentos realizados; ensinar a manter o equilíbrio

sentado e em pé; improvisar tipóia para evitar a separação da articulação do ombro;

proporcionar momentos de conversas sobre o processo de adaptação que seria

necessário em sua reabilitação. A experiência de cuidar de pessoas com AVC foi algo

de singular relevância, uma vez que tivemos a oportunidade de ver a evolução

satisfatória dos pacientes que se mostraram ativos na reabilitação

.Palavras-chave : AVC; Assistência de Enfermagem; Reabilitação.

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NURSERY ASSISTANCE TO PATIENTS ATTACKED BY HEMORRHAGIC

BRAIN VASCULAR ACCIDENT, BASED ON PATERSON-ZDERAD THEORY

The brain vascular accident(BVA) is an infarct in part of the brain, due to insufficient

blood irrigation which can happen by the closing of vessels that feed the brain or by intra-

cerebral hemorrhage. Every year, more than half a million people have their first BVA;

among the 75% of those who survive, 10 to 12 per cent present another brain accident along

the year. Knowing that nursery has an important role in the rehabilitation of neurological

patients, we aim to assist patients attacked by BVA out of the nursery process guided by

Paterson and Zderad´s theory. This research is a study of case done with two patients attacked

by BVA who were interned in the Neurology Area of “Santa Casa” Hospital in Sobral, Ceará,

during the months of February and March/2004. The collection was done through a semi-

structured interview and a general physical and neurological examination. It was obeyed the

principles of the Resolution 196/96 of the National Council of Health. The main diagnoses of

nursery were: lack of self care; risk of BVA recurrence; implications on physical mobility;

adduction of the affected shoulder, and impairment for household chores. The applied

interventions were: to pass in a clear; to talk about the importance of hygiene; to orientate

about the factors of risk of BVA; to explain about the procedures used during internment; to

teach how to keep the balance while standing or sitting; to improvise an arm sling to prevent

separation of the shoulder articulation, and to provide with moments of talks about the process

of the necessary adaptation during rehabilitation. The experience of taking care of people with

BVA was very relevant, since we had the opportunity to see the satisfactory evolution of

patients who showed good will during the process of rehabilitation. Key words: BVA(Brain

Vascular Accident); nursery assistance; rehabilitation

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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A PACIENTES PORTADORES DE

ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL HEMORRÁGICO, EMBASADO

NA TEORIA DE PATERSON-ZDERAD

VASCONCELOS, Dayse Paixão e

RODRIGUES, Karla Simone Teixeira

FREITAS, Cibelly Aliny Siqueira Lima

SOUSA, Sandra Maria Melo

1 INTRODUÇÃO E OBJETIVO

O Acidente Vascular Cerebral – AVC ou derrame cerebral é uma infartação (morte) de

uma parte específica do cérebro devido a irrigação sanguínea insuficiente, podendo ocorrer

por oclusão (bloqueio) de um dos principais vasos que nutrem o cérebro, por um dos

principais vasos que nutrem o cérebro, por obstrução parcial ou completa de um grande vaso

intracraniano, ou por hemorragia intracerebral (BLACK e MATASSARIN – JACOBS, 1996).

Oliveira (1999) classifica o derrame como isquêmico ou hemorrágico. O primeiro

ocorre por obstrução embólica ou trombótica de um vaso a um infarto isquêmico, tendo como

principais etiologias a artereosclerose e hipertensão arterial. O segundo AVC, hemorrágico,

ocorre com hemorragias intracranianas ou subaracnóideas, sua causa mais freqüente é a

hipertensão arterial, a ruptura de aneurisma e malformação arteriovenosa.

De acordo com Brasil (2001), os acidntes vasculares cerebrais (AVCs) constituem a

primeira causa de morte entre as doenças cardiovasculares no Brasil, principalmente entre

mulheres, onde os coeficientes são dos mais elevados quando comparados a países do

hemisfério ocidental.

Conforme Leal (1999), as pesquisas realizadas mostram que aproximadamente 80%

dos AVCs são causados por um baixo fluxo sanguíneo cerebral (isquemia) e outros 20% por

hemorragias tanto intraparenquimatosas como subaracnóideas.

A cada ano, mais de meio milhão de pessoas sofrem o seu primeiro episódio; entre os

75% que conseguem sobreviver a essa tragédia, 10 a 12% apresentam outro AVC no decorrer

de um ano, aumentando o total de vítimas incapacitadas pelo AVC, cujo número total

ultrapassa os dois milhões. Cerca de 15% desses pacientes dependem de enfermagem

permanente em hospitais e abrigos para deficientes; outros 30 a 40% dependem de seus

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familiares ou de outras pessoas em seus afazeres diários. O número de pessoas que são

afetados pelo AVC não compreende apenas as próprias vítimas, mas também as pessoas que

se dedicam ao seu tratamento (TOOLE, 2002).

Os sinais neurológicos variam, conforme a localização do AVC, no cérebro. Em geral,

os pacientes terão paralisia, confusão, desorientação e perda de memória. Um paciente com

um AVC num lado do cérebro terá paralisia no lado oposto do corpo (himiplegia), porque as

vias nervosas motoras atravessam o cérebro de um lado para outro, no tronco cerebral. Além

disso, pacientes com AVC que envolva o hemisfério cerebral esquerdo podem apresentar

dificuldades na fala ou na compreensão da palavra falada (afasia) e pacientes com danos ao

hemisfério direito do cérebro tendem a apresentar problemas de percepção. Outros problemas

associados ao AVC incluem dificuldades para engolir (disfagia), incontinência urinária e fecal

e perda da visão, na direção do lado paralisado (hemianopsia) (HOOD & DINCHER, 1995).

Os fatores considerados de risco para o derrame citados por Smeltzer e Bare (2000)

são: hipertensão, cardiopatias, colesterol elevado, obesidade, hematócrito elevado, diabetes

mellitus, contraceptivos orais, tabagismo, abuso de drogas, consumo de bebidas alcoólicas,

história familiar de AVC, idade avançada e estresse emocional.

Faz-se necessário portanto, a prevenção desses fatores que de acordo com Black e

Jacobs (1996) pode ser de três maneiras: a primeira é a através da prevenção primária,

proporcionando orientações para as pessoas manterem o peso corporal adequado, controlar os

níveis de colesterol e abster-se do fumo; a segunda é através da prevenção secundária, onde é

necessário tratamento médico e o controle do diabetes, hipertensão e doença cardíaca; e a

terceira maneira é a prevenção terciária; esta destina-se aqueles indivíduos que já tinham

experimentado um AVC sendo portanto, necessário prevenir complicações relacionadas com

a presença do derrame e infartações futuras.

De acordo com André (1999), o AVC é a primeira causa de incapacitação funcional no

mundo ocidental e constitui a terceira causa de morte no mundo, atrás somente das

cardiopatias em geral e do câncer.

Diante dessa problemática e sabendo que a enfermagem tem um importante papel na

reabilitação de pacientes neurológicos, propomo-nos a realizar um estudo de caso múltiplo,

que tem como objetivo prestar assistência de enfermagem à pacientes acometidos por

Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico enquanto internados no Serviço de

Neurologia, à luz da teoria humanística de Paterson e Zderad.

Consideramos importante a realização desse estudo, já que a sistematização proposta

pelas humanística revela uma abordagem existencialista, visando uma compreensão da vida e

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das possibilidades de escolhas, sempre postulando uma enfermagem interativa, o que

contribui para a estimulação de idéias criativas na prática clínica.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Aspectos gerais sobre o Sistema Nervoso

De acordo com Smeltzer e Bare (2002), o sistema nervoso é separado em duas

divisões: o sistema nervoso central (SNC) que compreende o cérebro e a medula espinhal, e o

sistema nervoso periférico (SNP), constituídos dos nervos cranianos e espinhais. Juntos, SNC

e SNP, controlam as atividades motoras, sensoriais, autonômicas, cognitivas e

comportamentais de todo o corpo.

Já Zurzetto (1999) nos fala que o sistema nervoso é dividido nessas duas grandes

partes com finalidade exclusivamente didática. Nos fala também o líquor (Líquido produzido

nos flexos corióides) está presente no SNC.

Conforme Smeltzer e Bare (2002), o cérebro é dividido em cérebro (parênquima

cerebral), também conhecido como encéfalo, cerebelo, responsável em grande parte pela

coordenação dos movimentos, e tronco cerebral que consiste em cérebro médio, ponte e

medula oblonga.

O cérebro também é dividido em dois hemisférios, direito e esquerdo, e cada

hemisfério é dividido em lobos: frontal, parietal, temporal e occipital. O lobo frontal controla

a concentração, o pensamento abstrato, o armazenamento de informações (memória) e a

função motora. O parietal é o lobo da sensibilidade. Já o lobo temporal contém áreas

receptoras auditivas e desempenha a função mais dominante de qualquer área do córtex na

cerebração. Por fim, o lobo occipital, o menor dos lobos, localizado na região posterior o

cérebro, é responsável pela interpretação visual (SMELTZER & BARE, 2002).

Os dois hemisférios do cérebro que são separados de forma incompleta pela grande

fissura longitudinal. Esse sulco separa o cérebro em hemisférios direito e esquerdo. A porção

externa (córtex cerebral) é constituída de substâncias cinzenta, que contém bilhões de

neurônios, dando-lhe um aspecto acinzentado. A substância branca constitui a camada mais

interna, sendo composta de fibras nervosas e da neurologia (tecido de sustentação), que forma

os tratos ou vias conectoras das diversas partes do cérebro entre si (vias transversais ou de

associação) e o córtex com as porções inferiores do cérebro e a medula espinhal. Os

hemisférios cerebrais são divididos em pares de lobos frontal, parietal, temporal e occipital.

As fibras nervosas de todas as partes do córtex convergem em cada hemisfério e saem

na forma de feixes apertados, conhecidos como cápsula interna. Tendo adentrado na ponte e

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na medula, cada feixe cruza com o feixe correspondente a partir do lado oposto. Alguns

desses axônios fazem conexões com os axônios do cerebelo, gânglios da base, tálamo e

hipotálamo; alguns conectam-se às células nervosas cranianas. Outras fibras advindas do

córtex e de centros subcorticais são canalizadas através da ponte e da medula para dentro da

medula espinhal (SMELTZER &BARE, 2002).

O tronco cerebral consiste em cérebro médio, ponte e medula oblonga. O cérebro

médio conecta a ponte e o cerebelo com os hemisférios cerebrais, ele contém vias sensoriais e

motoras e serve como o centro para os reflexos auditivos e visuais. Os nervos cranianos III e

IV originam-se no mesencéfalo. Os nervos cranianos V a VIII conectam-se ao cérebro na

ponte.

A medula oblonga transmite fibras motoras do encéfalo para a medula espinhal e

fibras sensoriais da medula espinhal para o encéfalo. A maioria dessas fibras sofrem

cruzamento ou decussam nesse nível. Os nervos cranianos IX ao XII conectam-se ao cérebro

na medula.

O cerebelo é separado dos hemisférios cerebrais por uma dobra de duramáter, o

tentório do cerebelo. O cerebelo possui ações excitatórias e inibitórias, sendo responsável, em

grande parte, pela coordenação dos movimentos.

O líquido cefalorraquiano (LCR), claro e incolor, é produzido nos ventrículos e circula

ao redor do cérebro e da medula espinhal pelo sistema ventricular. Existem quatro

ventrículos: os laterais, direito e esquerdo, e o terceiro e quarto ventrículo. Os dois ventrículos

laterais abrem-se para dentro do forâmen interventricular (ou Monro) do ventrículo esquerdo.

O quarto ventrículo fornece LCR para o espaço subaracnóidea e para baixo, para a medula

espinhal na superfície dorsal. O LCR volta ao cérebro e, em seguida, circula em torno dele,

onde é absorvido pelas vilosidades aracnóides.

2.2 Descrição Geral da Circulação Cerebral

A circulação cerebral depende fundamentalmente de dois sistema nutridores: o sistema

carotídeo, dominante e responsável pela irrigação dos três quartos anteriores dos hemisférios

cerebrais, através das artérias cerebrais anterior; e o sistema vertebrobasiliar, que vasculariza

o tronco cerebrais através da artéria cerebral posterior (ACP). A apresentação clínica e a

evolução de pacientes com lesões nos territórios destes dois sistemas diferem

substancialmente, sendo importante sua distinção precoce (ANDRÉ, 1999).

Ainda de acordo com André (1999), sabemos que estes dois sistemas vasculares

conectam-se amplamente, através principalmente do polígono de Wivis, mas também no

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trajeto extracraniano em direção ao encéfalo. Ramos superficiais e profundos de cada uma das

artérias destes sistemas vasculares também compartilham fronteiras. Além disso, uma rede

anastomótica superficial conecta com maior ou menor eficácia os setores mais distais dos

territórios de irrigação da ACA, ACM e ACP. É compreensível, portanto, a grande

variabilidade de apresentação clínica de uma lesão isquêmica secundária a oclusão de uma

artéria cerebral ou seus ramos. O tamanho do vaso afetado e a maior ou menor eficácia da

rede anastomótica definirão a existência e o grau de fluxo sanguíneo colateral na área afetada,

portanto a extensão da lesão final.

Conforme Smeltzer e Bare (2002),

A circulação cerebral recebe

aproximadamente 15% do débito cardíaco

ou 750 mL por minuto.

O cérebro não armazena nutrientes e possui uma elevada demanda metabólica que

exige o alto fluxo sanguíneo. O trajeto sanguíneo do cérebro é o único porque ele flui contra a

gravidade; suas artérias se enchem de baixo para cima e suas veias drenam de cima para baixo

(SMELTZER & BARE, 2002).

2.3 Compreendendo o Acidente Vascular Cerebral (AVC)

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é o distúrbio neurológico mais freqüente em

adultos, além de ser uma doença muito prevalente, apresenta altíssima morbidade, sendo a

principal causa de incapacidade permanente em muitos lugares do mundo (KNOBEL, 2002).

O referido autor retrata ainda que o AVC é uma emergência médica, sendo que os

paciente com tal afecção devem ser imediatamente transportados para um hospital durante a

fase aguda da doença para avaliação e tratamento.

André (1999) diz que a grande maioria dos pacientes com AVC agudo deve ser

hospitalizado, sendo que a internação se justifica pela necessidade de rápida investigação da

natureza do problema e pelo grande potencial de desenvolvimento de complicações clínicas e

neurológicas, onde há hoje, uma sólida evidência de que a hospitalização em local em que há

especialização no tratamento dos AVC pode melhorar o prognóstico.

Segundo Smeltzer e Bare (2002), os AVC podem ser divididos em não-hemorrágicos

(85%) e hemorrágicos (15%) os não-hemorrágicos ou isquêmicos geralmente resultam de

trombose (coágulo sanguíneo dentro de um vaso do cérebro ou pescoço); embolia cerebral

(coágulo sanguíneo ou outro material transportado para o cérebro a partir de outra parte do

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corpo); ou isquemia (diminuição do fluxo sanguíneo para uma área do cérebro). Já o

hemorrágico é resultante de uma hemorragia cerebral (ruptura de um vaso sanguíneo cerebral

com sangramento para dentro do tecido cerebral ou dos espaços que circundam o cérebro).

Brunner e Suddarth (1982 apud MACHADO, 1995), explicam à doença vascular

cerebral, como qualquer anormalidade funcional do sistema nervoso central, causada pela

interferência no suprimento sanguíneo normal para o encéfalo. Pode ser causado por

hemorragia que ocasiona laceração cerebral, pela oclusão de um vaso ou por completa da luz

de um vaso cerebral. O Acidente Vascular Cerebral é definido como a perda súbita das

funções cerebrais, resultante da intenuação do suprimento para uma parte do encéfalo.

Os Acidentes Vasculares Cerebrais isquêmicos são subdivididos em cinco tipos

diferentes: trombose de grande artérias (20%), trombose de pequenas artérias perfurantes

(25%), acidente vascular cerebral embólico cardiogênico (20%), criptogênico (30%) e outros

(5%). Os hemorrágicos podem ser causados por malformações arteriovenosas, ruptura de

aneurisma, determinadas substâncias (p. ex., anticoagulantes e anfetaminas) ou hipertensão

descontrolada, podendo resultar em hemorragia craniana (HC), extradural, subdural,

subaracnóidea ou intracraniana (SMELTZER & BARE, 2002).

Para André (1999), os fatores de risco para o AVC incluem: Hipertensão Arterial

Sistêmica (HAS), tabagismo, dislipidemias e o uso abusivo de álcool. A presença de arritmias

cardíacas – especialmente fibrilação arterial crônica – e cardiopatias trombogênicas

(chagásica, aneurisma), de complicações clínicas da HAS, como hipertrofia ventricular ao

ECG, e da doença arteriosclerótica – doença coronariana, vascular periférica ou estenose

carotídea assintomática – também associa-se a aumento de risco.

A Hipertensão Arterial Sistêmica

(HAS) é um fator de risco, inegável à

instalação do AVC isquêmico, porém, ela

desempenha um papel mais relevante na

etiologia do AVC hemorrágico

(FIGUEIRA et al, 1980 apud

MACHADO, 1995).

Hood e Dincher (1995) descreve a trombose cerebral, hemorragia cerebral e embolia

cerebral como as três principais causas de AVC.

A trombose cerebral (a causa mais comum), resulta da oclusão de um vaso sanguíneo,

no cérebro. Em pacientes com arteriosclerose, acredita-se que a trombose cerebral seja uma

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conseqüência de coágulos no sangue, no local em que seu fluxo seja impedido por uma placa

anteriosclerótica. Estas mudanças arterioscleróticas estão associadas ao envelhecimento,

hipertensão e diabetes. A incidência maior de trombose cerebral situa-se entre os 50 e 70

anos.

A hemorragia cerebral resulta da ruptura de um vaso sanguíneo no cérebro; e essa

ruptura costuma ocorrer em um vaso arteriosclerótico. O coágulo sanguíneo rompe-se,

substitui o tecido cerebral adjacente e interrompe a transmissão de impulsos nervosos, através

da área afetada. A análise do fluído cérebro-espinhal (líquor) mostra uma grande quantidade

de sangue, no caso de o sangue comunicar-se com os ventrículos ou com o espaço

subaracnóidea. Descobertas associadas costumam incluir um histórico de hipertensão e

doença cardiovascular. Costuma ser encontrada a hemorragia cerebral, em pacientes entre 40

a 70 anos.

Devinsky et al (2001) diz que a hemorragia intracerebral (também chamada de

intraparenquimatosa), origina-se das pequenas artérias penetrantes que se ramificam de vasos

intracranianos mais importantes como a artéria cerebral média e são infiltradas por

lipoialinose e por necrose fibrinóide. Essas artérias eventualmente se enfraquecem e saneram,

em geral em um cenário de hipertensão crônica.

O citado autor nos diz também que a localização do sangramento é no putâmen e na

cápsula interna em 40% dos casos, nos lobos (frontal, temporal, ou occipital) em 30%, no

cerebelo, 15% no tálano, 10%, e na ponte, 5%.

O paciente se apresenta usualmente com pressão sanguínea elevada, porém sem crises

prévias ou ataque isquêmica transitório (AIT). Os sintomas neurológicos começam

subitamente, enquanto o paciente está em atividade, e envolvem gradualmente de minutos até

horas, com raros episódios de ressangramento. Podem ocorrer náuseas, vômitos, cefaléia e

comprometimento do estado de alerta. Os sintomas persistem por meses até que o sangue seja

reabsorvido. Os sintomas e os sinais refletem o tamanho e o local do sangramento. As

hemorragias com mais de 3 cm de diâmetro e as mais próximas da linha média, provocando

compressão do tronco cerebral, têm um prognóstico mais sombrio (DEVINSKY et al, 2001).

A hemorragia intracraniana é mais comum nos pacientes com hipertensão e

arterosclerose cerebral, porque as alterações degenerativas a partir dessas patologias causam a

ruptura vascular. Nas pessoas com menos de 40 anos de idade, as hemorragias intracerebrais

são usualmente causadas por malformações arteriovenosas, hemangioblastomas e trauma.

Elas também podem ser provocadas por certos tipos de patologia arterial, tumor cerebral e

pelo uso de medicamentos – anticoagulantes orais, anfetaminas e várias substâncias geradas

de vício (SMELTZER & BARE, 2002).

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Já na embolia cerebral, outra causa de AVC, tem-se um bloqueio de um vaso

sanguíneo do cérebro, por um pequeno coágulo de sangue, de gordura, de ar ou de outra

substância que esteja em circulação com na corrente sanguínea. Após o bloqueio do vaso,

ocorre a morte do tecido nervoso, na área que era suprida pelo vaso ocuso. Uma embolia

cerebral pode ocorrer em crianças com doença cardíaca reumática, ou em pacientes de meia

idade e idosos, com trombose coronariana e fibricação atrial. Os AVCs podem ser também

causados por espamo arterial que produz o fluxo sanguíneo a uma determinada área do

cérebro, ou por compressão de vasos devido a tumores, edema, grandes coágulos sanguíneos

ou outras doenças (HOOD & DINCHER, 1995).

2.3.1 Tratando o Acidente Vascular Cerebral (AVC)

De acordo com Knobel (2002), a redução abrupta da pressão arterial (PA) pode levar à

diminuição da pressão de perfusão, acarretando isquemia encefálica, especialmente em

pacientes com hipertensão intracraniana e situações em que há deficiência da auto-regulação

do fluxo sanguíneo cerebral, como é o caso do AVC. O risco de aumentar a área isquêmica é

ainda maior quando há estenose grave dos grandes vasos craniocervicais.

O mesmo aconselha que as drogas se escolha para o tratamento da hipertensão arterial

(HA) em pacientes na fase aguda do AVC devem ser de ação curta e manejo fácil, de modo a

reduzir os riscos de hipotensão acentuada, abrupta ou duradoura. As drogas comumente

recomendadas são os beta-bloqueadores (labetalol, não disponível no Brasil) e nitroprussiato

de sódio; sendo o uso subligmal de bloqueadores de canal de cálcio evitado, pois pode causar

reduções abruptas e acentuadas na Pressão Arterial (PA).

O tratamento farmacológico específico para o AVC isquêmico inclui o uso de drogas

trombolícas e agentes antitrombóticos (antiagregantes e anticoagulantes), como o ácido

acetilsalicílico e a heparina.

O tratamento trombolítico é feito com ativador do plasminogênio tecidual (rt – PA),

que melhora a evolução de pacientes com AVC. É recomendado para pacientes com menos de

3 horas de instalação dos sintomas. Os pacientes tratados com rt-PA dentro desse período têm

cerca de 30% a mais de chance de ter uma boa evolução neurológica (KNOBEL, 2002).

Devinsky (2001) diz que o tratamento agudo do AVC consiste em evitar reduções

extremas da pressão sanguínea porque uma modesta hipotensão nesses pacientes pode

provocar uma isquemia cerebral global. A pressão sanguínea só deve ser reduzida se maior do

que 200/100 mmHg, e apenas para os limites superiores da normalidade. Os

anticonvulsivantes padrão são usados se o paciente apresentar convulções. Para a hipertensão

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intracraniana externa e aguda, os pacientes são tratados com hiperventilação e com agentes

hiperosmolares. O uso de esteróides e controverso e não recomendado de rotina. Se existir

uma causa tratável sangramento, como deficiência de vitamina K, tratamento com cumarínico

ou plaquetopenia, a terapia adequada de reposição tem que ser instituída.

A cirurgia para a hemorragia intracerebral, resultado possível de um AVC

hemorrágico, é controversa e usualmente reservada para as hemorragias lombares ou

cerebelares grandes (13 cm) ou para as hemorragias profundas com hipertensão intracraniana

sem controle clínico (DEVINSKY, 2001).

Conforme Smeltzer e Bare (2002), as complicações de um AVC incluem hipóxia

cerebral, fluxo sanguíneo diminuído e a extensão da área da lesão. A hipóxia cerebral é

diminuída ao se fornecer oxigenação adequada do sangue para o cérebro. Já o fluxo sanguíneo

é dependente da pressão arterial, do débito cardíaco e da integridade dos vãos sanguíneos

cerebrais. Deve-se assegurar a hidratação adequada (líquidos endovenosos) para diminuir a

viscosidade sanguínea e melhorar o fluxo sanguíneo cerebral. Em relação a extensão da lesão,

os extremos de hipertensão ou hipotensão precisam ser evitadas para prevenir contra as

alterações no fluxo sanguíneo cerebral e contra o potencial para estender a área de lesão.

2.3.2 Avaliando um paciente com Acidente Vascular Cerebral (AVC)

Conforme Rogers ET AL (1992), a avaliação de um paciente com AVC inclui uma

análise clínica, neurológica e por neuroimage.

O referido autor nos diz que na anamnese deve-se obter informações relacionadas ao

aparecimento e natureza do déficit neurológico; a história médica passada deve incluir os

medicamentos tomados, diabetes, doenças cardiovasculares, hipertensão e outros fatores de

risco e etiológicos potenciais.

No exame físico recomenda verificar os sinais vitais, onde a freqüência cardíaca

geralmente é normal mas deve ser observado se o ritmo está irregular, a pressão arterial

habitualmente está aumentada, ocasionalmente em níveis muito altos; a freqüência cardíaca

(e padrão da respiração) é muito importante e deve ser avaliada. Os padrões respiratórios

normais (cheyne-stones, hiperventilação neurogênica central, respiração atáxica, apnéia)

ocorrem mais freqüentemente nos eventos do tronco cerebral e podem pressagiar insuficiência

respiratória aguda; a temperatura deve ser normal se está elevada, considerar a existência de

infecção).

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É importante examinar a cabeça

cuidadosamente para excluir trauma,

porque trauma craniano significativo pode

ser o resultado de uma queda com perda

da consciência (ROGERS ET AL, 1992).

Deve-se avaliar também os sinais neurológicos: nível de consciência e de orientação;

completar a escala de coma de Glasgow (ECG); avaliar o tratamento e a reação das pupilas,

bem como atividade motora; verificar todos os nervos cranianos; os reflexos; a função motora

e sensorial; fazer o teste de Babinski; avaliar o reflexo de amordaçamento; capacidade para

engolir e prejuízos de comunicação (afasia), e anotar sinais de pressão intracraniana

aumentada (ROGERS ET AL, 1992).

O autor nos fala também que a tomografia computadorizada (TC) de crânio é o exame

de escolha, devido a sua disponibilidade, rapidez e baixo custo. Apresenta boa sensibilidade

na detecção de hemorragia aguda e no diagnóstico de outras doenças importantes no

diagnóstico diferencial do AVC, entre elas: hematomas, tumor e abscesso.

2.3.3 Retratando a assistência de enfermagem

De acordo com Smeltzer e Bare (2002), retrataremos abaixo os cuidados necessários

para uma assistência de enfermagem satisfatória a um paciente com AVC.

2.3.4 Melhorando a mobilidade e prevenindo as deformidades

O posicionamento correto é importante para evitar contraturas; são usadas medidas

para avaliar a pressão, auxiliar no controle do bom alinhamento corporal e evitar neuropatias

compressivas, especialmente dos nervos olhar e fibular.

* Prevenindo a adução do ombro

Quando o controle dos músculos voluntários é perdido, os fortes músculos flexores

exercem controle sobre os extensores. O braço tende a aduzir (os músculos são mais fortes

que os abdutores) e a girar internamente.

Para evitar a adução do ombro afetado, um travesseiro é colocado na axila quando

existe rotação externa limitada; isso mantém o braço afastado do tórax, um travesseiro ´´e

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Page 13: assistência de enfermagem a pacientes portadores de acidente

12

colocado sob o braço, e este é colocado em uma posição neutra (ligeiramente flexionada),

com as articulações distais posicionadas mais elevadas que as articulações mais proximais.

Dessa maneira, o cotovelo fica mais elevado. Isso ajuda a evitar o edema e a fibrose

resultantes, os quais evitarão mais amplamente de movimento normal quando o paciente

recupera o controle do braço.

* Promovendo mudança de posições

A posição do paciente deve ser mudada a cada duas horas. Para colocar um paciente

em uma posição lateral (delúbito lateral), coloca-se um travesseiro entre as pernas antes que o

paciente seja virado. A coxa não deve ser agudamente flexionada. O paciente pode ser virado

de um lado para outro, mas a quantidade de tempo despendido no lado afetado deve ser

limitada, em virtude da sensação comprometida.

Quando possível, o paciente é colocado em posição de decúbito ventral durante 15 a

30 minutos, várias vezes ao dia. Isso ajuda a promover a hipertensão das articulações do

quadril e a evitar as contraturas em flexão do joelho e do quadril. Ajuda também a orientar as

secreções brônquicas e impede as deformidades em contratura dos ombros e joelhos. É

importante reduzir a pressão durante o posicionamento.

* Estabelecendo um programa de exercícios

O paciente deve ser estimulado a movimentar os membros oito a cinco vezes por dia,

de forma a manter a mobilidade articular, recuperar o controle motor, evitar a deterioração

adicional do sistema neuromuscular e estimular a circulação. O exercício é valioso na

prevenção da estase venosa, a qual pode predispor o paciente à trombose e embolia pulmonar.

O paciente também deve ser lembrado para exercitar o lado não afetado a intervalos

durante todo o dia.

2.3.4.1 Prevenindo a dor no ombro

Até 70% dos pacientes com AVC sofrem de dor intensa no ombro, o que os impede de

aprender novas habilidades, pois a função do ombro é essencial para obtenção do equilíbrio e

realização de transferências e atividades de auto-cuidado. Podem ocorrer três problemas:

ombro doloroso, subluxação do ombro e síndrome do ombro e da mão.

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Page 14: assistência de enfermagem a pacientes portadores de acidente

13

Esses problemas podem ser evitados através do posicionamento e movimentação

adequadas do paciente.

2.3.4.2 Tratando a disfagia

O AVC pode resultar em problemas de degutição (disfagia) devido à função

comprometida da boca, língua, palato, laringe ou parte superior do esôfago. As dificuldades

de degutição colocam o paciente em risco de aspiração, pneumonia, desidratação e

desnutrição. Pode ser necessário a utilização de sonda nasogástrica ou nasoentérica.

2.3.4.3 Obtendo o controle intestinal e vesical

Os pacientes podem ter problemas com o controle intestinal, com a constipação sendo

mais comum. Exceto quando contra-indicada, uma dieta rica em fibras e a ingestão adequada

de líquidos (2 a 3 litros por dia) devem ser fornecidas, sendo estabelecido um horário regular

(geralmente depois o café da manhã) para a ida ao banheiro.

Ainda podem apresentar incontinência urinária transitória devido à confusão,

incapacidade de comunicar as necessidades e incapacidade de usar o vaso sanitário / comadre

por causa do compartimento dos controles motor e postural. Ocasionalmente, depois de um

AVC, a bexiga torna-se atônica, com comprometimento da sensação em relação externo é

perdido ou está diminuído. Durante esse período, realiza-se o cateterismo intermitente com

técnica estéril.

2.3.4.4 Melhorando a comunicação

A afasia, que compromete a capacidade do paciente de compreender o que está sendo

dito e de se expressar, pode tornar-se evidente de várias maneiras. A área cortical responsável

pela compreensão e formação da linguagem é denominada de área de broca. A área de broca

está tão próxima da área motora esquerda que, com freqüência, um distúrbio na área motora

afeta a área da fala.

Quando se conversa com o paciente, é importante prender sua atenção, falar

lentamente e manter a linguagem consistente das orientações. Uma instrução é fornecida por

vez e se concede tempo para que o paciente processe o que foi dito. O uso de gestos pode

estimular a compreensão.

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Page 15: assistência de enfermagem a pacientes portadores de acidente

14

No trabalho com o paciente afásico, a enfermeira deve lembrar de conversar com o

paciente durante as atividades de cuidado. Isso propicia contato social para o paciente.

2.3.4.5 Mantendo a integridade cutânea

O paciente que sofreu um AVC pode estar em risco de ruptura cutânea e tecidual por

causa da sensibilidade alterada e da incapacidade de responder à pressão e o desconforto

através da mudança de posição e movimentação. Portanto, a prevenção da ruptura cutânea e

tecidual exige um freqüente histórico da pele.

Um esquema regular de mudança de decúbito deve ser seguido para minimizar a

pressão e evitar a ruptura cutânea (pelo menos a cada duas horas). Quando o paciente é

posicionado ou virado, deve-se ter cuidado para minimizar as forças de cisalhamento e atrito,

as quais provocam lesão para os tecidos e predispõem a pele à ruptura.

2.4 Referencial Teórico-metodológico

Segundo George (1993), a palavra teoria origina-se do grego theoria que significa

“visão”. Fala-nos também que as teorias de enfermagem, em sua totalidade, descrevem e

explicam as condições humanas em termos do ambiente e da doença, embora seguem

limitadas em sua capacidade de prever ou controlar uma situação de enfermagem.

Popper (1995 apud LIMA, 2003), ao destacar a importância das teorias de

enfermagem, afirma que estas redes lançadas para capturar o que chamamos “o mundo”, a fim

de racionaliza-lo, explica-lo e domina-lo.

As teorias de enfermagem oferecem insight quando à avaliação e planejamento dos

cuidados profissionais, contribuindo de forma significativa para o fortalecimento da

sistematização da assistência em enfermagem, constituindo a base para a prática da

enfermagem.

Essas teorias devem ser encaradas através da inter-relação dos conceitos de homem ou

indivíduo, sociedade ou ambiente, saúde e enfermagem (GEORGE, 1993).

Para Leopardi (1999), as teorias em enfermagem aparecem no desenvolvimento

histórico da profissão como o estágio mais recente, desde que a produção científica da

categoria passou por etapas, em relação à ênfase dos estudos.

2.4.1 Teoria Humanista de Paterson e Zderad

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Page 16: assistência de enfermagem a pacientes portadores de acidente

15

Descreveremos a teoria humanística abaixo de acordo com George (1993).

Para Paterson e Zderad, a teoria é a visão articulada da experiência, por isso sua teoria

é conhecida como uma teoria para a “prática humanista da enfermagem”, que se desenvolve

através de experiências vividas pela enfermeira e pelo enfermo.

Fundamenta-se no existencialismo e tenta ter uma visão mais ampla do potencial dos

seres humanos e, em lugar de tentar suplantar outras visões, volta-se para suplementá-las.

Na teoria da prática da enfermagem humanista, os seres humanos são encarados a

partir de uma estrutura existencial de vir-a-ser; isto, em contrapartida, permite que a

individualidade única de cada pessoa se realize.

A saúde é entendida como uma questão de sobrevivência pessoal, como uma

qualidade de vida e morte. Os indivíduos estar melhor. Bem-estar implica um estado de

estabilidade, ao passo que estar melhor refere-se a estar no processo de tornar-se uso que é

humanamente possível.

Pela compreensão da premissa existencial dessa teoria, fica claro que a saúde é um

processo de encontrar sentido na vida. A saúde é vivenciada no processo de viver, de estar

envolvido com cada momento. Paterson e Zderad sugerem, ao longo de seu texto, que nós nos

tornamos mais (estar melhor), através de relações uns com os outros.

Já a enfermagem, para Paterson e Zderad, trata-se de uma resposta de cuidado de uns

pessoa para com outra, num período de necessidade que visa ao desenvolvimento do bem-

estar e do estar melhor.

A situação de enfermagem é um tipo particular de situação humana em que a relação

inter-humana é intencionalmente voltada ao cuidado com o bem-estar ou o estar melhor de

uma pessoa, com necessidades perceptíveis, relacionadas com a qualidade de vida da saúde-

doença.

Paterson e Zderad preconizam uma enfermagem fenomenológica que constitui um

método de busca da compreensão da experiência enfermeiro(a) –enfermo, de modo que a

enfermeira possa estar com o enfermo de uma maneira humana, e, conseqüentemente,

curativa.

A comunidade é a experiência de pessoas, e é através dela que é possível “vir-a-ser”.

2.5 Período Perioperatório

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Page 17: assistência de enfermagem a pacientes portadores de acidente

16

O período perioperatório consiste de três etapas. Uma pré, o pré-operatório, uma trans,

que consiste no momento do procedimento cirúrgico, o trans-operatório e um pós, o pós –

operatório.

2.5.1 Período Pré-operatório

O período pré-operatório inicia-se, de acordo com Smeltzer e Bare (2002), quando a

decisão para a intervenção cirúrgica é feita e termina com a transferência do paciente para a

mesa de operação cirúrgica.

Faz-se necessário que o paciente realize alguns exames complementares durante o pré-

operatório como hemograma completo, uréia e creatinina, sumário de urina, radiografia de

tórax e eletrocardiograma.

A enfermagem atua explicando o procedimento cirúrgico com a finalidade de reduzir o

medo e a ansiedade; transmitir apoio emocional e confiança dentre outros.

2.5.2 Período Trans-operatório

O período trans-operatório inicia quando o paciente é transferido para a mesa cirúrgica

e termina quando ele é admitido na unidade cuidados pós-anestésicos (URPA), também

conhecida como sala de recuperação.

A enfermagem é responsável pela segurança e bem-estar do paciente, pela

coordenação da equipe na sala de operação e pelo desempenho das atividades das enfermeiras

(instrumentadoras e circulantes); deve também estar sempre preocupada com o estado

emocional ao paciente.

2.5.3 Período Pós-operatório

O período pós-operatório inicia com a admissão do paciente na unidade de cuidados

pós-anestésicos e termina com a evolução de acompanhamento na unidade clínica ou no

domicílio(SMELTZER & BARE, 2002).

De acordo com Knobel (2002), as complicações pós-operatório de neurocirurgia

podem ser divididas em encefálicas (isquemias, hemorragias, convulsões, hipertensão

intracraniana, hidrocefalias, vasoespasmo) e não-encefálicas (complicações cardíacas,

pulmonares, infecções, trombose venosa profunda (TVP) e embolia, etc.).

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Page 18: assistência de enfermagem a pacientes portadores de acidente

17

Deve-se sempre considerar a necessidade de manter o paciente na unidade de terapia

intensiva (UTI) no período pós-operatório (POI) e o principal objetivo do intensivista no pós-

operatório neurocirúrgico é evitar as lesões secundárias (hipotensão, hipoxia, sepse, embolia

gasosa, vasoespasmos, lesões vasculares, hipertensão intracraniana), pois as mesmas

influenciam de maneira decisiva na morbimortalidade neurocirúrgica (KNOBEL, 2002).

3 METODOLOGIA

3.1 Tipo de Estudo

Trata-se de um estudo de caso por ser um método de abordagem qualitativa de

pesquisa, pois seu foco de interesse dirige-se para aquilo que ele tem de particular, de único.

Gil (1999), caracteriza o estudo de caso como sendo um estudo profundo e exaustivo

de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado,

tarefa praticamente impossível mediante os outros tipos de delineamentos considerados.

Relata ainda que este tipo de pesquisa possui diferentes propósitos, tais como: explorar

situações da vida real cujos limites não estão claramente definidos, descrever a situação do

contexto em que está sendo feita determinada investigação; e explicar as variáveis causas de

determinado fenômeno em situações muito complexas que não possibilitam a utilização de

levantamento e experimentos.

3.2 Local da Pesquisa

O estudo foi realizado na Santa Casa de Misericórdia de Sobral, instituição

filantrópica considerada centro de referência para a região Norte do estado do Ceará, tendo

como espaço investigatório o serviço de neurologia. Esse serviço foi implantado na Santa

Casa de Misericórdia de Sobral (SCMS), em janeiro de 1990, pelo Dr. Francisco Ramos

Júnior, especialista em neurologia e neurocirurgia. No ano seguinte, o Dr. Gerardo Cristino

Filho, com a mesma especialização, veio integrar o corpo clínico da SCMS, permanecendo

ainda hoje, chefe do serviço. (ARAGÃO et al, 2002, p. 114).

3.3 Sujeito de Estudo

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Page 19: assistência de enfermagem a pacientes portadores de acidente

18

Os participantes da nossa pesquisa foram pacientes admitidos no setor de neurologia

da SCMS no período de 29 de fevereiro de 2004 a 13 de março do mesmo ano, os quais

submeteram-se a tratamento cirúrgico e/ou clínico de acidente vascular cerebral.

Demos o nome fictício de “Nobre” a um de nossos pacientes, visto que percebemos

nele a dignidade com que via os fatos e as mudanças da vida. E por falar em vida, foi tal nome

que demos a nossa outra paciente, que carregava sempre consigo um sorriso inebriante no

rosto.

3.4 Coleta e Organização dos Dados

A coleta de dados deu-se durante o internamento de “Nobre” e “Vida” no Serviço de

Neurologia, da Santa Casa de Misericórdia de Sobral, através de uma entrevista (ANEXO A)

tida como protocolo do serviço.

A reflexão da entrevista como dispositivo de investigação, além de técnicas importante

para a obtenção de dados complementares, surge da emergência das situações vivenciadas na

pesquisa do imaginário social. A entrevista se presta à pesquisa, à seleção, ao aconselhamento

e à orientação sócio-psicológica, sendo sua aplicação individual ou coletiva (GAUTHIER et

al, 1998).

Realizamos também exame físico geral e neurológico durante a admissão no Serviço,

além de consultas ao prontuário.

Para Smeltzer e Bare (2002), o exame neurológico é um processo sistemático que

inclui inúmeros exames, observações e históricos destinados a avaliar um sistema complexo,

o sistema nervoso.

3.5 Aspectos Legais e Éticos da Pesquisa

O Conselho Nacional de Saúde aprovou em 1996 a resolução de 196/96, também

conhecida como “Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo Seres

Humanos”. A resolução fundamenta-se nos principais documentos internacionais que

narraram declarações e diretrizes sobre pesquisas que envolvem seres humanos. A resolução

teve duplo mérito de definir os princípios essenciais que devem nortear a pesquisa envolvendo

seres humanos no país e de catalisar a criação da infra-estrutura necessária a implementação

das exigências ali contidas. Foram criados Comitês de Ética em Pesquisa (CEPs) em todas as

instituições na qual se desenvolve pesquisa dessa natureza, subordinadas à Comissão

Nacional de Ética em Pesquisa, órgão do Ministério da Saúde. A eticidade da pesquisa

implica em: consentimento livre e esclarecido dos indivíduos – alvo e a proteção a grupos

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Page 20: assistência de enfermagem a pacientes portadores de acidente

19

vulneráveis e aos legalmente incapazes (autonomia); ponderação entre riscos e benefícios,

tanto atuais como potenciais, individuais ou coletivos (beneficência), comprometendo-se com

o máximo de benefícios e o mínimo de danos e riscos; garantia de que danos previsíveis serão

evitados; relevância social da pesquisa com vantagens significativas para os sujeitos da

pesquisa e minimização do ônus para os sujeitos vulneráveis (SPECTOR, 2002)

De acordo com Oguisso e Schmidt (1999), ética um ramo da filosofia que estuda os

juízes de apreciação que se refere à conduta humana, susceptível de qualificação do ponto de

vista do bem e do mal. Vem de Ethos (grego) e significa caráter, costume, hábito ou modo de

ser. Compreende os comportamentos que caracterizam uma cultura ou um grupo profissional,

utilizando valor e uma escala de valores.

Todas as teorias éticas contém um ou mais princípios, que são guias para a tomada de

decisões e ações maiores e sustentam a formação de juízos morais na pratica profissional. Os

princípios éticos mais comuns são: beneficência, não-maleficência, fidelidade, justiça,

veracidade, confidencialidade e autonomia.

A Enfermagem é uma profissão comprometida com a saúde do ser humano e da

coletividade. Atua na promoção, proteção, recuperação de saúde e reabilitação das pessoas,

respeitando os preceitos éticos e legais (OGUISSO & SCHIMDT, 1999).

Ressaltamos que foi solicitado aos pacientes a permissão para participação no estudo

através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE A).

4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Descrevemos aqui o contexto situacional de cada participante da pesquisa através do

processo de enfermagem, visto que, segundo Smetzer e Bare (2002), trata-se de uma

abordagem de solução de problemas para satisfazer as necessidades de enfermagem e de

cuidado de saúde de uma pessoa.

Benedet e Bub (1998) complementam que o processo de enfermagem tem como

objetivo principal guiar as ações de enfermagem afim de que possa atender as necessidades

individuais do cliente. Através dele é possível identificar as respostas do cliente e atender as

suas necessidades afetadas.

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Page 21: assistência de enfermagem a pacientes portadores de acidente

20

CONHECENDO O CONTEXTO SITUACIONAL DE NOBRE

Nobre, é do sexo masculino, moreno e traz na sua cor e nos seus 72 anos de vida a

experiência e a sabedoria de quem nasceu, cresceu e está até hoje na roça, cultivando frutos e

simplicidade. É casado e mora com sua companheira num sítio modesto chamado

Martislândia que fica na zona rural do município de Guaraciaba do Norte. Lá , eles possuem

uma residência simples mas com boas condições hidro-sanitárias.

Seu árduo trabalho rendeu-lhe muitos frutos, e dentre eles está uma simbólica

aposentadoria de um salário mínimo que ajuda na manutenção da casa. Porém, o amor e a

devoção pelo trabalho, de mãos dadas com tempos difíceis, fazem com que Nobre exerça sua

profissão de agricultor até hoje, o que ao mesmo tempo, o faz sentir-se útil. É católico, porém

não vai muito a igreja, o que não diminui em nenhum aspecto sua devoção à Deus.

Relatou ter sido etilista e tabagista durante quarenta e oito anos, fato comum entre as “pessoas

da roça” que matam o ócio em meio as conversas à noite, fumando em cachimbo, cigarro ou

mascando fumo enquanto ouvem o barulho do vento sobre o mato que traduz, serenamente, o

oposto da fumaça ora inalada, ora expelida pelos fumantes. No entanto, deixou esse hábito há

quatro anos após ter realizado um cirurgia de próstata.

Há um ano, durante uma consulta médica, foi diagnosticado ser hiper-tenso,

diagnóstico que mostrou que apesar de muito suor derramado em anos de batalha, tinha uma

vida sedentária e uma alimentação hipercalórica. A medicação prescrita pelo profissional

médico foi um comprimido de Captopril 25 mg por dia, conduta que Nobre não seguia.

Foi numa manhã de fevereiro (27/02/03) que Nobre descobriu que a estabilidade da

vida é incerta, mesmo quando já se vivenciou muita coisa. E foi essa descoberta que trouxe

Nobre, e sua nobreza de ser, até nós.

Enquanto caminhava por seu sítio, local onde sempre experimentou as graças de um

verdadeiro lar, sentiu repentinamente uma cefaléia súbita e intensa, a qual fez Nobre

permanecer num quadro de desorientação. Foi levado ao hospital local, permanecendo lê por

um dia, tempo suficiente para a equipe profissional perceber que seu quadro não melhorara e

encaminha-lo à Santa Casa de Misericórdia de Sobral, onde chegou no serviço de emergência

com pico hiper-tensivo de 180X100 mmHg, desorientado, disártrico, com cefaléia e sem força

motora (paresia) nos membros inferiores. Foi realizada uma tomografia computadorizada de

crânio (TCC) (ANEXO B) e o paciente foi admitido no serviço de neurologia da mesma

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Page 22: assistência de enfermagem a pacientes portadores de acidente

21

instituição com diagnóstico médico de acidente vascular Cerebral (AVC) de origem

hemorrágica, em que a causa provavelmente seria uma hipertensão arterial sistêmica não

controlada; e foi aí que Nobre ficou sob os cuidados da equipe multiprofissional do serviço,

inclusive nossos, extensionistas do curso de neurologia, que se fizeram presentes durante seu

internamento hospitalar, ou seja, fizeram-se presentes num dos momentos mais críticos e mais

vulneráveis de sua existência.

Nobre chegou ao nosso setor numa cadeira de rodas, cabisbaixo, porém atento a todos

e a qualquer movimento, o que nos pareceu estar assustado, ora desconhecendo o ambiente.

Ao aproximarmos, percebemos que mantinha um quadro de desorientação, embora não tão

acentuado, e disartria. Nobre foi acomodado no leito em que ia ocupar alguns dias, local

também onde nasceu, em forma de rascunho, esse histórico que agora lê no presente

momento, através de informações dadas por acompanhantes que também exerceram papel de

cuidadores.

* Exame Físico Geral e Neurológico

Realizamos exame físico geral e neurológico de Nobre, onde descrevemos abaixo um

concomitante ao outro, no sentido céfalo-caudal.

Barros e Cols (2002) descrevem que o exame físico geralmente representa o primeiro

momento de contato físico com o paciente e que o exame neurológico caracteriza-se por

identificar disfunções presentes no sistema nervoso, determinar os efeitos dessas disfunções

na vida diária do mesmo e detectar situações de risco de vida.

Nobre apresentou-se responsivo, porém com idéias que nos pareceu desconexas, o que

nos fez acreditar que estava num estado de confusão mental, porém este não durou muito

tempo, o que nos fez acreditar que a medicação foi responsável por tal evolução positiva, e

também, o que nos deu suporte para realizar seu exame físico e neurológico horas depois de

sua admissão, estava disártrico e apático. Nobre possuía pele morena e íntegra, sem presença

de lesões cutâneas. Apresentava sujidade nas extremidades (unhas das mãos e dos pés).

Estava normotérmico, eupnéico, com pulso nos padrões de normalidade e elevação da pressão

arterial sistêmica (180X100mmHg). Tinha crânio normal, couro cabeludo higienizado,

cabelos de cor preta e também higienizados. Olhos sinétricos, com boa acuidade visual,

fotoreagentes e reflexo corneal preservado, além de movimentação ocular satisfatória, o que

nos deu suporte para creditar que os nervos óptico, locomotor, troclear abducente estavam

inalterados. Naroz simétrico e sem dificuldade para identificar odores (nervo olfatório

preservado). Ouvido higienizado e sem alterações da audição. Apresentava lábios rosados,

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Page 23: assistência de enfermagem a pacientes portadores de acidente

22

uso de prótese superior e inferior e sem alterações gustativas, com movimentos da língua sem

desvios, no entanto notávamos uma discreta alteração nos músculos faciais , o que nos levou a

crê que seria a causa da sua disartria, que também como a confusão mental, foi efêmera.

Presença de halitose. No pescoço apresentava saliência da cartilagem cricóide, conhecida por

pomo-de-adão e tireóide não palpável. Auscultas, cardíaca e pulmonar, nos padrões de

normalidade , toráx, abdome e membros sem presença de nossa e/ou cicatrizes e apresentava

sensibilidade térmica, tátil e dolorosa preservadas. Reflexos bicipital, tricipital,

branquiorradial, patelar e de aquiles preservados e Sinal de Babinski normal. Na marcha,

apresentava uma discreta diminuição do equilíbrio, que associamos a paresia dos membros

inferiores.

De acordo com a análise realizada pela equipe médica na tomografia, foi perceptível

que precisaria submeter-se a procedimento cirúrgico, visto que a neuroimagem evidenciava

uma hemorragia intracraniana num único ponto nobolo occi. A partir dessa decisão foram

acertados todos os encaminhamentos necessários, dentre eles a realização de exames pré-

operatórios e nobre realizou cirurgia após dois dias de internamento (02/03/04), recebendo

alta hospitalar três dias após o procedimento cirúrgico (05/03/04).

Descrevendo o procedimento cirúrgico

A cirurgia iniciou-se às 16:50 do dia 02 de março de 2004onde após a preparação da

sala, transferência do paciente à mesa operatória e ato anestésico (anestesia geral), momento

em que Nobre foi entubado com um tubo endotraqueal nº 09 e sondado com sonda uretral nº

14.

O mesmo foi colocado na posição adequada. Permaneceu em posição de decúbito

dorsal durante o procedimento que consistiu numa craniotomia occipital esquerda, que

consiste na incisão do crânio com a finalidade de expor as estruturas cerebrais e tratar

cirurgicamente uma patologia intracraniana.

É importante relatar que apesar do procedimento de escolha ter sido uma craniotomia,

neurocirurgias neste local do cérebro geralmente são feitas através de uma craniectomia que

consiste na incisão do crânio e remoção de osso por aumento, de um ou mais orifício de

broca, utilizando ruginas para obter acesso as estruturas subjacentes (MEEKER &

ROTHROCK, 1997).

Após realização da tricotomia e da anti-sepsia do campo operatório foi realizada a

marcação da incisão cirúrgica através de uma agulha descartável (25X08) pelo cirurgião.

Concomitante a esse processo foi realizada a degermação da equipe. Logo após a

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Page 24: assistência de enfermagem a pacientes portadores de acidente

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paramentação dos membros uma anti-sepsia mais rigorosa com polivinilpirrolidona foi feita,

com a finalidade de reduzir ao máximo os germes encontrados na flora de transição da pele.

Após a instalação dos campos cirúrgicos, antes da diérese foi injetada no local da

incisão, em forma de leque, solução salina normal com adrenalina com intuito de obter uma

vasoconstricção impedindo sangramento excessivo, já que o couro cabeludo é bastante

irrigado.

Foi realizada uma incisão occipital paramediana esquerda através de bisturi frio e

elétrico, e a craniotomia realizada através de um trepano elétrico e um craniótomo, que

perfuram e cortam o retalho ósseo, também chamado de “janela óssea”, e é tal passo que

caracteriza um craniotomia.

O perióstio, membrana fibrosa do crânio, foi descolado, momento em que se usou a

cera óssea para realizar hemostasia local. Logo em seguida a dura-mater, membrana meníngea

mais externa, foi aberta, chegando-se a região intracerebral onde realizou-se o processo de

aspiração do hematoma formado pela hemorragia cerebral.

Após a aspiração, a cavidade foi fechada, fechando-se a dura-mater com fio prolene

4.0 (Polipropypoint 4.0), colocando-se um dreno de sucção e a janela óssea posta no lugar,

suturando em seguida o tecido subcutâneo com vicril 2.0 e o couro cabeludo com mononylon

2.0. Após a sutura a área foi limpa e uma atadura de crepon (15cm) foi colocado e o paciente

transferido para a unidade de recuperação pós-anestésica, às 18:00 horas, retornando ao

serviço de neurologia às 2:00 horas do dia seguinte.

Descrevendo a assistência de enfermagem baseada nos pressupostos de Paterson e

Zderad

*Diagnósticos, intervenções e evoluções encontradas

Foi possível diagnósticas mobilidade física prejudicada relacionada à fraqueza dos

membros inferiores (paresia) visto que a princípio, Nobre não conseguiu deambular e/ou

deambulava com dificuldade. Tal situação nos fez sentir a necessidade de ensiná-lo a manter o

equilíbrio em posição sentada e em seguida, em posição ereta (equilíbrio em pé). O que nos

lembra os escritos de Paterson e Zderad sobre o homem, que é um ser individual,

necessariamente relacionado com outros homens, no tempo e no espaço, rebelando a

“interdependência como inerente à situação humana”.

Percebemos também processos de pensamento alterados relacionados à lesão cerebral

onde para Carpenito (1999), tal diagnóstico descreve o indivíduo com a percepção e a

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cognição alteradas, interferindo na vida diária. Portanto nosso enfoque foi o de reduzir o

pensamento perturbado através de orientações para a realidade; abordando-o de maneira

calma e fortalecedora.

Para o diagnóstico cefaléia intensa relacionada à lesão cerebral intervimos através da

administração das medicações prescritas, Hidantal (2ml + 8ml de água destilada – 8/8 h EV) e

tylex (30 mg – 6/6 h VO), com a finalidade de estabilizar o quadro.

Devido a presença de deficiências da comunicação verbal associada à disartria, ao

conversarmos com Nobre, dávamos tempo suficiente para expressar-se e/ou responder nossos

questionamentos, nunca mostrando-nos com pressa ou desinteresse. As nossas informações

também eram repassadas de forma clara e lenta para que o mesmo pudesse entender melhor o

que dizíamos.

Constipação relacionada á crenças culturais sanitárias, diagnóstico que nos fez realizar

massagens abdominais no sentido horário (1X1 dia) com intuito de diminuir a constipação.

Acreditamos que tal problema surgiu da mudança ambiental sofrida, visto que muitas vezes o

ambiente hospitalar diminuem a privacidade dos pacientes.

No diagnóstico déficit no autocuidado para higiene relacionada a inadequação para

perceber uma parte do corpo ou relação espacial, falamos da importância da higienização e

realizamos a mesma.

Para o diagnóstico dentição alterada relacionada à falta ou ausência completa de

dentes, conversamos sobre como deveria realizar a higienização da cavidade oral, posto que a

higiene da língua é tão importante quanto a higiene da prótese dentária.

Outro diagnóstico importante encontrado foi risco para incidência de acidente

vascular cerebral (AVC) relacionado ao tabagismo e eticismo e a não adesão do tratamento

anti-hipertensivo. Orientamos para a importância à adesão correta ao tratamento

medicamentos para hipertensão arterial sistêmica (HAS); para a ingestão de uma dieta

hipossódica e hipocalórica; para a realização de exercícios físicos diários por pelo menos

trinta minutos; continuar com o hábito de não ingerir bebidas alcóolicas e não fumar; verificar

a pressão arterial regularmente, dentre outras.

Vemos como importa ressaltar que todas as orientações ditas acima foram repassadas

ao acompanhante antes de sua alta, já que Nobre traz junto de seus 72 anos, além de

experiência e simplicidade, o esquecimento de uma mente cansada de tanto batalhar para o

pão de cada dia, e a graciosa “teimosia” de quem já viveu muito.

Percebemos ainda que Nobre possuía um déficit de conhecimento relacionado a

patologia e ao tratamento onde fornecemos informações destinadas a compreensão dos

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Page 26: assistência de enfermagem a pacientes portadores de acidente

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procedimentos realizados durante a internação hospitalar e medidas preventivas para a

reincidência de AVC durante sua volta ao ambiente domiciliar.

Acreditamos que a maior contribuição que podemos dar à Nobre foi em forma de

interesse (por sua pessoa) e informações que sempre visaram contribuir para seu bem estar e

mas ainda para seu estar melhor, como Paterson e Zderad preconizavam, já que a

enfermagem, também preconizada pelas teorias, trata-se de uma resposta de cuidado de uma

pessoa para com a outra, num período de necessidade que visa ao desenvolvimento do bem-

estar e do estar melhor, ou seja, potencial humano.

Vemos como importante declaram nesse estudo que todos os diagnósticos encontrados

foram perceptível no período pré-operatório, visto que alguns, antes mesmo do trans, já

haviam sido resolvidos como a mobilidade física prejudicada através da administração da

terapia de medicamentos e dos cuidados de enfermagem, dentre outros. Entretanto, um único

continua a coexistir durante todas as fases de internamento (pré, trans, pós), cujo se refere a

constipação, onde cremos que tal problema fundamenta-se nas barreiras sócio-culturais e

ambientais.

Antes do procedimento cirúrgico, primeiro dia de Nobre em nosso serviço, este

permaneceu em repouso no leitão, apresentando o quadro citado anteriormente de

desorientação, cefaléia, disartria e paresia (apesar de já diminuída) que diminuíram com o

passar do tempo. Neste primeiro dia (01/03/04), estava normotérmico, com temperatura

variando de 36ºC a 36,5ºC; eupnéico (Fr=20rpm), com pulsação arterial variando de 80 a 86

Gpm e pressão arterial sistêmica de 160X100 mmHg.

No segundo dia (02/03/04) de sua internação, no fim da tarde, foi realizzado

procedimento cirúrgico. Nobre encontrava-se orientado no tempo e espaço, agora sem déficit

motor e disartria. Queixava-se de cefaléia, que conforme descrição apareceu-nos ser uma

cefaléia moderada. Aceitava bem a dieta hospitalar, cuja prescrição foi uma dieta branda,

manteve um padrão de sono satisfatório durante a noite, com diurese presente e eliminação

intestinais ausentes. Apresentou sinais vitais dentro dos padrões de normalidade, com exceção

da pressão arterial de 160X100 mmHg.

Nobre retornou da cirurgia as duas da madrugada do dia seguinte (03/03/04),

acordado, orientado e responsivo. Realizou sua própria transferência da cama-maca para o

leito. Chegou com uma faixa crepom em volta da cabeça e um dreno de sucção que saia da

região occipital esquerda, local da incisão cirúrgica.

Nesse mesmo dia, pela manhã, foi realizado curativo onde foi perceptível que a incisão

apresentava-se limpa e sem secreções de qualquer natureza. Não foi evidenciado edema nem

rubor, a não ser aqueles poucos requícios deixados pelo corte durante a cirurgia.

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Durante seu período pós-operatório, Nobre não referiu mais queixas , com exceção da

constipação, citada anteriormente permaneceu com seus sinais vitais nos padrões de

normalidade, padrão de sono satisfatório aceitando bem a dieta hospitalar e fazendo uso de

Hidantal ( 1comp. 100mg – 8/8 h VO), Tylex ( 1comp. 30 mg – 6/6h VO), Diripona ( 2ml em

8ml de água destilada) e Famox ( 40mg – 12/12 h).

No segundo dia de pós-operatório, durante a troca de curativo, foi retirado o dreno.

Apresentava bom estado geral. Realizou tomografia computadorizada de crânio (TCC)

(ANEXO C) para controle da patologia, o que deu subsídio para sua alta hospitalar dia cinco

de março de dois mil e quatro.

CONHECENDO O CONTEXTO SITUACIONAL DE VIDA

Vida existe há 50 anos e como o nome já diz, é os sexo feminino e carrega consigo o

frescor de uma leve rajada e o brilho e a alegria de uma rosa que desabrocha sem pensar que

um dia vai murchar. Estudou pouco, conseguiu terminar o ensino fundamental, e hoje, sem

qualquer tipo de espinhos, leva uma vida admirável de costureira e dona do lar. É casada, e

esperamos que não seja com um “cravo”, onde dessa união resultou uma filha que ainda hoje

permanece no leito materno, provocando as delícias de, como dizem os ingleses, um home

steet home. Vivem numa casa com boas condições hidrosanitárias na pequena cidade de

Santana do Acaraú, terra descrita para nós, enquanto vida sorria, como calma, modesta e

alegre, o que nos fez experimentar um pouco de sua felicidade.

Há quinze anos é hipertensa, e tal condição a fez ser merecedora de uma prescrição

médica de dois comprimidos de captopril de 25 mg ao dia, mas como a vida tem lá suas

contradições, essa prescrição não era seguida. Aliás, isso não é nada novo para gente já que a

vida, às vezes, faz suas próprias regras, e entretanto, uma de suas regras, consistia em

verificar sua pressão arterial com freqüência onde eventualmente mantinha picos

hipertensivos assintomáticos, já que relaxa que nada sentia, porém momentos como esses

evidenciavam-nos que nesse período a vida pulsava mais forte, ou melhor, o que corria em

suas veias.

E foi numa madrugada de março (07.03.2004) que vida sentiu seu maior instrumento,

o corpo, tremer; uma das maiores provas de sua existência estava abalada. Tal episódio

mostrou-se em forma de espasmos musculares de seu membro inferior esquerdo, de mãos

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dadas com uma parestesia, que com o passar das honras evoluiria a uma paresia, e um pico

hipertensivo de 240 x 120 mmHg. Foi trazida a Santa Casa de Misericórdia de Sobral na

ambulância disponibilizada pelo hospital local, permanecendo primeiramente no serviço de

eletrocardiograma, que nada evidenciou de anormal. Retornou a Santa Casa onde realizou

exame de tomografia computadorizada de crânio (TCC) (ANEXO 04), sendo evidenciado um

Acidente Vascular Cerebral de origem hemorrágica. Foi admitida no serviço de neurologia,

conduta que nos proporcionou o encontro com a vida, que desde o princípio, mostrou-se

sorridente e simpática com todos que cruzavam com ela, contagiando rapidamente suas

companheiras de quarto.

Não foi nenhum sacrifício, nem difícil acesso, mantermos contato com vida, que se

mostrava sempre disposta a responder nossas indagações, o que nos fez relacionar-se

verdadeiramente consigo, como as teorias de Paterson e Zderad comemtam ao falar da

vivência de saúde.

Durante sua internação hospitalar fez uso de terapia medicamentosa com captopril,

hidantal e tylex. Manteve uma comunicação adequada, não apresentando nenhum déficit na

fala, aceitando bem a dieta e com eliminações intestinais e urinárias presentes.

Durante exame físico geral e neurológico, constatamos que vida mostrava-se

orientada, responsiva e alerta. Possuía pele branca, sem presença ou menor sinal de lesões

cutâneas, sem sujidades. Olhos vivos e expressão alegre. Conservava sempre consigo um

sorriso nos lábios e um afago nas mãos. Estava com os sinais vitais dentro dos padrões

aceitáveis pelo modelo biomédico (T: - 36ºC; pulso: 88; PA: 140 x 80 mmHg; FR: 18). Tinha

crânio normal, couro cabeludo higienizado. Olhos simétrico e amplo, pupilas fotoreagentes e

reflexo corneal presente, nariz simétrico, higienizado e sem dificuldades para identificar

odores. Ouvido higienização e diminuição da acuidade auditiva esquerda. Cavidade

higienizada, com boa movimentação da língua e os músculos faciais. Tireóide não palpável.

Auscutas cardíaca e pulmonar normais. Presença de adução do ombro esquerdo, com flexão

do cotovelo e punho devido a hemiparesia esquerda. Tórax, abdome e membros sem presença

de massas, com sensibilidade tátil alterada e dolorosa presente no hemisfério afetado.

Reflexos bicipital, tricipital, braquiorradial, patelar e de Aquiles preservados. Sinal de

Babinski presente e normal na região plantar dos pés, com marcha prejudicada devido a

hemiparesia do lado esquerdo. Evidenciado micose na região plantar no pé direito, com

aspecto descamativo e prurido intenso.

Descrevendo a assistência de enfermagem baseada nos pressupostos de Paterson e

Zderad

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Diagnósticos, intervenções e evoluções encontradas.

Diagnosticamos mobilidade física comprometida relacionada a hemiparesia no

hemisfério esquerdo do corpo em que primeiramente ensinamos-a a manter o equilíbrio

enquanto sentada, em seguida em pé, e ao deambular, orientamos a utilizar o lado do corpo

não afetado como comandante dessas operações, buscando sempre o “estar melhor” de

Paterson e Zderad.

Outro diagnóstico encontrado foi alteração sensorial tátil e auxiliar relacionada a

percepção sensorial alterada. Tal diagnóstico, assim como o citado anteriormente, fazem-nos

perceber que certas seqüelas do AVC podem ser recuperadas, com o tempo, através de

tratamento medicamento adequado, aliado à exercícios de fisioterapia que ajudarão no

processo de reabilitação do paciente, onde este, age como peça fundamental no mecanismo de

enfrentamento. Para a diminuição da acuidade auditiva, adotávamos sempre o cuidado de

falar de forma clara, e com altivez, para que pudesse nos escutar bem.

Risco para incidência de Acidente Vascular Cerebral (AVC) relacionado a não adesão

ao tratamento anti-hipertensivo. Falamos da importância a adesão ao tratamento medicamento

para hipertensão arterial sistêmico (HAS); para a ingestão de uma dieta hipossódica e

hipocalórica; para a realização de exercícios físicos diários por pelo menos trinta minutos;

verificar a pressão arterial regularmente, como uma medida de controle.

Para o diagnóstico adução do ombro afetado relacionado a hemiparesia, foi utilizado

uma espécie de tipáia improvisada com uma faixa de crepom no membro superior esquerdo

para evitar a separação da articulação do ombro (subluxação) quando ela deambulava, o que

para nós representou uma forma de expressar a resposta de cuidado de uma pessoa para outra,

num período necessário, de acordo com as teóricas citadas nesse estudo.

Diagnosticamos ainda potencial para déficit de auto-cuidado relacionado a seqüelas

do Acidente Vascular Cerebral, onde orientamos vida que diante das dificuldades que possam

surgir, utilize o lado não afetado na realização de todas as atividades de auto-cuidado como:

pentear-se, escovar os dentes, realizar higiene pessoal e outros. O fato de ser destra e de o

membro afetado ter sido o esquerdo, ajudara bastante no processo de adaptação. Orientamos

também para que não esquecesse de realizar exercícios diários com o membro afetado, no

sentido de prevenir a atrofia e promover uma reabilitação mais rápida.

Pensamos que vida também possa vir a ter potencial para manutenção do lar

prejudicada relacionada as seqüelas do Acidente Vascular Cerebral (AVC), o qe

possivelmente dificultara também seu trabalho de costureira, porem, vida terá que superar

essas barreiras e correr atrás do “potencial para o bem-estar” de Paterson e Zderad, utilizando-

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se de muita paciência, perseverança e adaptação, com o intuito de facilitar seu processo de

reabilitação, e foi essa a orientação dada por nós (e recebida com muita maturidade).

E por fim, encontramos o diagnóstico integridade da pele prejudicada relacionada a

lesão primária e prurido, onde nossa conduta foi solicitar avaliação médica, no entanto, por

motivos maiores, vida voltou para casa apresentado ainda a micose na região plantar no pé

direito.

Durante sua internação hospitalar no serviço de neurologia, que durou três dias, vida

sempre mostrou-se alegre, alerta, responsiva e cooperativa. Sempre manteve um padrão de

sono satisfatório, diurese e eliminações intestinais presentes e um bom-humor inigualável.

Deambulava com dificuldade pelos corredores de nosso serviço, sempre espalhando a

semente do bom-humor. Realizou sessões de fisioterapia e relatava que sentia-se melhor da

“dormência” sentida e da “perda de força do braço”. Algo que a incomodava muito era a

micose presente em seu pé direito, cujo prurido era intenso e em meio as nossas conversas,

mostrava-se desejosa de voltar para casa, para sua vida diária e seus afazeres domésticos.

Realizou uma tomografia de controle e recebeu alta hospitalar no terceiro dia de

internamento, momento em que demos algumas orientações de cuidados e despedimo-nos de

vida.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tal estudo foi de suma importância para o aprendizado global da fisioterapia do AVC,

bem como da aplicabilidade do processo de enfermagem na prática profissional.

Podemos observar as repercussões do AVC em seres individuais, caracterizados por

Paterson e Zderad como existencialismo humanístico, onde os indivíduos possuem potencial

para o “bem-estar” e o “estar melhor”.

Foi perceptível com esse estudo que o AVC de origem hemorrágica manifesta-se,

clinicamente com déficits distintos, dependendo o hemisfério e/ou lobo afetado, podendo, ou

não, ser necessário uma intervenção neurocirúrgica. E que a pessoa acometida pelo AVC pode

permanecer um pouco tempo com alguns déficits, como no caso de Nobre, ou permanecer

com eles por um período de tempo mais longo, como no caso de Vida.

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Algo também considerado, foi o de termos experienciado a convivência com duas

coisas essenciais ao ser humano, a nobreza (NOBRE) de espírito e a alegria de viver (VIDA).

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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TOOLE, J.F. Distúrbios cerebrais de origem vascular. 5ª ed. São Paulo: Santos, 2002.

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A N E X O S

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ANEXO A

HISTÓRICO DE ENFERMAGEM

DADOS PESSOAIS

Nome: __________________________ Mat. ________________ Sexo: _______________

Estado Civil: ______________ Cor: ______________ Idade: ________________________

Instrução: ________________________ Ocupação: _______________________________

Religião: __________________________ Informante: _____________________________

Diagnóstico Médico: ________________________________________________________

ENTREVISTA

1) Motivo da internação: _____________________________________________________

_________________________________________________________________________

2) Outras doenças: __________________________________________________________

_________________________________________________________________________

3) Antecedentes familiares: ___________________________________________________

_________________________________________________________________________

4) Uso de medicamentos? Quais? ______________________________________________

_________________________________________________________________________

5) Alterações relacionadas ao tratamento? Quais? _________________________________

_________________________________________________________________________

6) Interrupções no tratamento? ________________________________________________

_________________________________________________________________________

7) Com quem mora e quem lhe ajuda? __________________________________________

8) Condições habitacionais? __________________________________________________

_________________________________________________________________________

9) Alimentação habitual? ____________________________________________________

_________________________________________________________________________

10) Modificações da alimentação após a doença? _________________________________

11) Alteração de peso? ______________________________________________________

12) Hidratação: ____________________________________________________________

13) Eliminações intestinais e urinárias __________________________________________

_________________________________________________________________________

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Page 35: assistência de enfermagem a pacientes portadores de acidente

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14) Atividade física rotineira (trabalho, esporte, outros) ____________________________

_________________________________________________________________________

15) Sono e repouso _________________________________________________________

_________________________________________________________________________

16) Tabagismo, etilismo e outras drogas: ________________________________________

_________________________________________________________________________

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ANEXO B

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ANEXO C

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A P Ê N D I C E

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APÊNDICE

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Solicito sua colaboração no sentido de participar da presente investigação. O objetivo

dessa investigação é prestar assistência de Enfermagem com pacientes acometidos por

Acidente Vascular Cerebral ã luz da teoria humanística de Paterson e Zderad.

Não detenho nenhum cargo administrativo nesta instituição, sendo que esta tomará

conhecimento dos resultados quando forem publicados no relatório final, no qual estará

assegurado o anonimato dos componentes da pesquisa (amostra). Os resultados desta

entrevista são estritamente confidentes e em nenhum caso acessíveis e outras pessoas.

Pelo presente consentimento, declaro que fui informado de forma clara e detalhada

sobre objetivos e a justificativa da entrevista que responderei e, dos benefícios do presente

projeto de pesquisa. Fui igualmente informado:

* Da garantia de requerer resposta a qualquer pergunta ou dúvida a cerca dos

procedimentos, riscos e benefícios e outro assuntos relacionados à investigação;

* Da liberdade de retirar meu consentimento, a qualquer momento, e deixar de

participar do estudo, sem que isso traga prejuízos a mim;

* Da segurança de que não serei identificado e que manterá o caráter confidencial das

informações relacionadas a minha privacidade;

* Do compromisso de proporcionar informação atualizada obtida durante o estudo,

ainda que possa afetar minha vontade de continuar participando.

As pesquisadoras responsáveis por esta pesquisa, Dayse Paixão e Vasconcelos, Karla

Simone Teixeira Rodrigues, acadêmicas do Curso de Enfermagem da Universidade estadual

Vale do Acaraú- UVA e extensionista do Curso de Neurologia da Santa Casa de Misericórdia

de Sobral, tendo esse documento sido revisado e aprovado. Telefone de contato: (088)

9955.4541; (088) 9955.6294.

__________________________________ ________________________________

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Assinatura do participante ou responsável Assinatura da pesquisadora

Data: _________ / ________/ ___________

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