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1 ASSESSORIA PARLAMENTAR INFORMATIVO 26 de MAIO de 2014 CONGRESSO NACIONAL Comissão analisa mudanças nos projetos do trabalho doméstico e do trabalho escravo A Comissão Mista de Consolidação das Leis e Regulamentação da Constituição analisa na terça-feira (27) as emendas a dois projetos. Os textos, que tratam da regulamentação do trabalho doméstico e da expropriação das propriedades rurais e urbanas onde se verifique trabalho escravo, são de autoria da própria comissão. A reunião está marcada para as 14 horas. O Projeto de Lei Complementar 302/13 foi elaborado para regulamentar a emenda constitucional resultante da PEC das Domésticas, promulgada em abril de 2013. Sem a regulamentação, ficam em aberto pontos relativos à jornada de trabalho e ao pagamento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Elaborado pela comissão mista, o projeto de regulamentação do trabalho doméstico foi aprovado em julho de 2013 pelo Senado e desde então tramita na Câmara dos Deputados. Lá, foram apresentadas 50 emendas, que agora serão apreciadas pela comissão mista. O parecer da comissão seguirá para a votação no Plenário da Câmara. Trabalho escravo O outro projeto que terá as emendas apreciadas na comissão mista é o Projeto de Lei do Senado (PLS) 432/13. A matéria tramita paralelamente à PEC 438/01, na Câmara (ou 57/99, no Senado), a chamada PEC do Trabalho Escravo, com o objetivo de regulamentá-la. O projeto diferencia o mero descumprimento da legislação trabalhista do trabalho escravo. Além disso, estabelece que a ação expropriatória observará a legislação processual civil e a necessidade de trânsito em julgado de sentença penal condenatória contra o proprietário. O texto tramita no Senado, onde recebeu 55 emendas. As sugestões de alteração serão examinadas pela comissão, que emitirá parecer, e depois voltarão para o Plenário. O projeto ainda terá de passar pela Câmara dos Deputados. A reunião será realizada no plenário 15 da ala senador Alexandre Costa, no Senado.

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ASSESSORIA PARLAMENTAR

INFORMATIVO 26 de MAIO de 2014

CONGRESSO NACIONAL

Comissão analisa mudanças nos projetos do trabalho doméstico e do trabalho escravo

A Comissão Mista de Consolidação das Leis e Regulamentação da Constituição analisa na terça-feira (27) as emendas a dois projetos. Os textos, que tratam da regulamentação do trabalho doméstico e da expropriação das propriedades rurais e urbanas onde se verifique trabalho escravo, são de autoria da própria comissão. A reunião está marcada para as 14 horas.

O Projeto de Lei Complementar 302/13 foi elaborado para regulamentar a emenda constitucional resultante da PEC das Domésticas, promulgada em abril de 2013. Sem a regulamentação, ficam em aberto pontos relativos à jornada de trabalho e ao pagamento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

Elaborado pela comissão mista, o projeto de regulamentação do trabalho doméstico foi aprovado em julho de 2013 pelo Senado e desde então tramita na Câmara dos Deputados. Lá, foram apresentadas 50 emendas, que agora serão apreciadas pela comissão mista. O parecer da comissão seguirá para a votação no Plenário da Câmara.

Trabalho escravo

O outro projeto que terá as emendas apreciadas na comissão mista é o Projeto de Lei do Senado (PLS) 432/13. A matéria tramita paralelamente à PEC 438/01, na Câmara (ou 57/99, no Senado), a chamada PEC do Trabalho Escravo, com o objetivo de regulamentá-la.

O projeto diferencia o mero descumprimento da legislação trabalhista do trabalho escravo. Além disso, estabelece que a ação expropriatória observará a legislação processual civil e a necessidade de trânsito em julgado de sentença penal condenatória contra o proprietário.

O texto tramita no Senado, onde recebeu 55 emendas. As sugestões de alteração serão examinadas pela comissão, que emitirá parecer, e depois voltarão para o Plenário. O projeto ainda terá de passar pela Câmara dos Deputados.

A reunião será realizada no plenário 15 da ala senador Alexandre Costa, no Senado.

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SENADO FEDERAL

Debatedores defendem competência penal para a Justiça do Trabalho

Juízes do Trabalho e membros do Ministério Público do Trabalho propuseram, em audiência pública nesta segunda-feira (26), a instituição de competência penal para a Justiça do Trabalho. Nessa hipótese, além de analisar a lesão ao direito trabalhista, buscando assegurar as verbas devidas, o juiz poderá julgar e aplicar sanções penais, inclusive a pena de detenção ou sua substituição por multa e restrições de direitos após negociação prévia entre o acusado e o Ministério Público.

O assunto foi abordado na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), em debate sobre o meio ambiente do trabalho e o Direito Penal, a pedido do senador Paulo Paim (PT-RS). Entre outros argumentos, foi mencionado que a penalização criminal durante o exame da questão trabalhista pode ajudar a reduzir o quadro de impunidade dos empregadores que sistematicamente desrespeitam os direitos dos trabalhadores.

- Não se busca, e é bom que fique claro, apenar o empregador como finalidade em si mesma, mas sim reconhecer que a própria expectativa de penalização pode levar a um aumento no índice de cumprimento da legislação trabalhista - disse o juiz Paulo Douglas Almeida de Moraes.

O magistrado, que preside o Instituto de Pesquisas Aplicadas da Magistratura (Ipeatra), afirmou que a tutela penal se aplica de forma mais habitual aos indivíduos que compõem às maiorias “desrespeitadas”. Ele explicou que a pretensão é buscar um direito penal “inclusivo”, que alcance também aqueles que nunca se “sentaram no banco dos réus”. Citou o caso de grandes usinas que atrasam salários e deixam trabalhadores e famílias com fome, para usar os recursos no negócio, sem ter que pagar juros por empréstimos nos bancos.

- Mas vá um trabalhador faminto furtar uma galinha do vizinho que acabará encarcerado – comparou.

O subprocurador-geral do Trabalho Rogério Rodriguez Fernandes Filho também chamou a atenção para o problema da “retenção dolosa” do salário, assim como para outros crimes na esfera do trabalho, como a degradação ambiental no local de trabalho, abusos sexuais e atos de discriminação. Ele citou ainda falsificações de anotações nas carteiras de trabalho e nas folhas de pagamento, crime previsto no artigo 297 do Código Penal.

- O que o Ministério Público e o Judiciário pretendem é pôr grande parte dos empregadores na prisão? Não, absolutamente. O que estamos pensando é num direito penal inclusivo – reforçou o subprocurador.

Divergência

O único com opinião divergente foi o juiz federal Ricardo Rachid, vice-presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe). A seu ver, a ideia de atribuir competência penal à Justiça do Trabalho deve ser repelida, contestando a visão de que um juiz de

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determinada área, a exemplo da trabalhista, tenha melhores condições de julgar um fato criminal apenas porque o delito em exame ocorreu dentro daquela esfera.

- Digo isso porque colocam o juiz do Trabalho, nesse caso, quase como um aliado da vítima. A função do juiz não é combater crime. O juiz que se coloca na condição de combater crime não é um juiz imparcial. E um juiz parcial não interessa à sociedade – afirmou.

O vice-presidente da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT), Ângelo Fabiano Farias da Costa, por sua vez, argumentou que a Justiça criminal prioriza outros crimes em detrimento daqueles que se relacionam ao trabalho. Por conta disso, disse, a aplicação de Justiça aos delitos penais trabalhistas "é ínfima”.

No entanto, Rachid disse que não existe a apontada “priorização” e que, para os juízes criminais, todos os crimes são importantes. Ele ressaltou que os problemas continuarão mesmo que a competência da Justiça do Trabalho seja ampliada, já que a mudança por si só não eliminará a amplitude dos recursos que funcionam como “manobras processuais protelatórias”

- Nós não fizemos a opção democrática, ainda, e eu digo isso dentro do Parlamento, de diminuir essa quantidade de recursos – disse.

Rachid concordou com o baixo índice de denúncias dos crimes na esfera trabalhista. No entanto, ele explicou que isso acontece também na Justiça criminal. Lembrou que apenas 8% dos homicídios ocorridos no país são elucidados, enquanto na Inglaterra seriam 85%.

- Então, esse déficit da Justiça criminal não é um déficit único e exclusivo das questões trabalhistas. Ele é um déficit generalizado – explicou.

Constitucionalidade

O juiz do Trabalho Reinaldo Branco de Moraes, ao defende a constitucionalidade da competência penal plena dos juízes trabalhistas, disse que adotou essa linha de interpretação ao atuar em Lages (SC). Porém, em seguida uma decisão provisória do Supremo Tribunal Federal suspendeu decisões nessa linha. O juiz pediu alteração na legislação, antes mesmo da posição final do Supremo, para que seja validade a competência plena.

- Essa celeuma deve ser eliminada de vez do Direito brasileiro, para que se adote, como em outros países, a plena competência penal trabalhista – disse.

O juiz Guilherme Guimarães Feliciano, que representou a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), foi um dos que refutaram a ideia de uma Justiça do Trabalho “ideológica”, comprometida com a classe trabalhadora. No entanto, ele disse que os juízes devem atuar com “sensibilidade” diante dos “dramas sociais”, para além das questões meramente técnicas. Ele aproveitou para apresentar sugestão de projeto de lei que altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para regular aspectos do meio ambiente do trabalho.

A auditora do Trabalho Jacqueline Carrijo, representante do sindicato da categoria, no entanto, assumiu sem reservas a posição de “voz dos trabalhadores”. Ela assinalou que os crimes são comuns e envolvendo situações de alta gravidade, como a exploração do trabalho infantil e o trabalho escravo. A seu ver, esse cenário é de fato estimulado pela ausência de punição criminal.

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- Infelizmente, o que rola no mundo do trabalho são crimes, o que vai muito além de infrações trabalhistas – afirmou.

A subprocuradora-geral da República Raquel Elias Ferreira Dodge apontou a necessidade de alterar o Código Penal em relação à prescrição dos crimes trabalhistas, especialmente o do trabalho escravo. Apesar das condenações em primeira e segunda instância, ela observou que o réu segue apresentando recursos e embargos de declaração depois da sentença final, conseguindo eternizar os processos.

- Isso causa a sensação de que o Judiciário não está decidindo – disse.

Paim, que presidiu a audiência, disse que os expositores apresentaram "questões contundentes”. Depois, entre outras medidas, acatou a sugestão dos convidados para a criação de um grupo de trabalho coordenado pela CDH para discutir soluções legislativas para aprofundar a tutela dos direitos humanos nas relações de trabalho, bem como a repartição ideal das competências penais nesse campo.

Motoristas

O senador deu ainda a palavra a representantes de entidades sindicais que representam os motoristas profissionais. Eles receberam apoio nas críticas à decisão do Plenário do Sendo, a partir de requerimento dos líderes partidários, de aprovar urgência para a votação de projeto vindo da Câmara dos Deputados que muda a Lei 12.619/2012, que instituiu as pausas entre as jornadas de trabalho nas estradas.

Paim se comprometeu em tentar fazer com que a matéria (PLC 41/2014) seja ao menos debatida numa comissão especial antes da votação. Para o senador, o requerimento foi votado "de forma truculenta".

- O requerimento foi assinado por todos os lideres. É bom que todos os partidos assumam suas responsabilidades se o projeto for aprovado - disse.

O projeto foi considerado um retrocesso e possível causa de mais acidentes nas estradas.

Consultores apontam que futuro da maconha será de legalização controlada

A maconha deve continuar proibida ou poderia ser regulamentada ou até descriminalizada no Brasil? Em 115 páginas, os consultores do Senado Denis Murahovschi e Sebastião Moreira Junior apresentam, a pedido do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), um estudo detalhado sobre a situação legal da substância ilícita mais usada no mundo. A maconha é consumida por 180 milhões de pessoas, ou 3,9% da população de 15 a 64 anos, segundo o Relatório Mundial sobre Drogas 2013.

A conclusão dos consultores é de que o futuro da maconha no país é o da legalização controlada, com a regulação de todo o processo – da produção e comércio à posse e ao consumo de drogas –, que ficaria sujeito a controle e fiscalização pelo Estado. Eles advertem, porém, que é contraditório descriminalizar as drogas sem haver um mecanismo legal que permita o consumo, o que acabaria com o mercado ilícito.

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Cristovam é relator da Sugestão 8/2014, proposta apresentada por meio do Portal e-Cidadania pelo cidadão André de Oliveira Kiepper que ganhou o apoio de mais de 20 mil pessoas em nove dias. Ao atingir esse patamar, a proposta foi enviada à Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), que escolheu Cristovam para avaliar se a sugestão deve ser transformada em projeto de lei.

A proposta popular pede a regulação da maconha para usos medicinal, recreativo e industrial, com tratamento semelhante ao garantido ao álcool e ao cigarro. Os signatários querem uma lei que permita o cultivo caseiro, o registro de clubes de autocultivadores, o licenciamento de estabelecimentos de cultivo e de venda de maconha no atacado e no varejo, e a regularização do uso medicinal.

Resultados

Ao encomendar o estudo à Consultoria do Senado, Cristovam Buarque pediu informações sobre a possibilidade de a maconha ser a porta de entrada para outras drogas, uma preocupação frequente, e sobre a potencial redução da violência com a legalização.

De acordo com Murahovschi e Moreira Junior, países com políticas mais duras em relação ao uso de drogas mantêm níveis mais elevados de consumo de drogas e de problemas relacionados, em comparação aos países com políticas mais liberais. Além disso, há evidências de que a liberalização das penalidades aplicadas às pessoas que usam maconha não leva necessariamente ao aumento sustentado do consumo.

Eles lembram que, via de regra, as drogas são associadas a violência e a ilícitos, razão pela qual geram no público uma sensação de insegurança, especialmente entre pessoas que tiveram pouco ou nenhum contato com drogas.

“Muitos políticos tendem a explorar e inflamar esses medos, por referirem-se enfaticamente às drogas como um problema ou por amplificar problemas a elas relacionados, de forma deliberada ou não, ainda que eles efetivamente existam”, atestam os autores do estudo.

Remédios

No texto, os autores explicam os componentes da maconha, seu uso como remédio e os aspectos médico-sanitários. Medicamentos produzidos à base de cannabis sativa, que tem o psicoestimulante delta-9-tetra-hidrocanabinol (D9-THC), são atualmente testados para em pacientes com dor aguda pós-operatória, esclerose múltipla, fibromialgia, HIV/Aids, glaucoma e transtornos digestivos. No caso dos pacientes com câncer, é verificada uma tolerância maior à quimioterapia quando é feito uso de remédios dessa natureza.

“Uma ampla gama de medicamentos derivados da maconha apresenta efeitos analgésicos em diferentes formas de dor”, dizem. Por outro lado, eles lembram que o consumo pode levar a efeitos adversos digestivos, odontológicos, pulmonares, cardiovasculares e psiquiátricos.

Outros usos

Murahovschi e Moreira Junior também esclarecem o uso industrial da planta conhecida como cânhamo, da mesma espécie da planta cannabis. Eles destacam que atualmente mais de 30 países cultivam o cânhamo como uma commodity agrícola comercializada no mercado global. Seu talo, principalmente, é usado para fazer tecidos, fios, papel, carpete, móveis, materiais de isolamento térmico e peças automotivas e até na construção civil.

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Finalmente, os dois consultores levantam dados históricos sobre a produção e o consumo recreativo da maconha no Brasil, mostrando que a inalação da fumaça da maconha – mais do que a presença em remédios – produz alterações psíquicas significativas

“Essas alterações são muito complexas e guardam relação com características individuais, com a dose absorvida, com a forma de administração, com a experiência prévia da pessoa, com o ambiente em que se encontra e com as suas expectativas”.

Eles lembram que a sensação de bem-estar e prazer pode ser acompanhada de distorção das percepções, de maneira tal que as cores parecem mais brilhantes, a música mais vívida e as emoções mais intensas.

“Como seria de se esperar, entre os efeitos da maconha estão déficits cognitivo e psicomotor, semelhantes aos observados com o uso de álcool e de ansiolíticos. São afetados negativamente o aprendizado, a memória e a capacidade de julgamento, de abstração, de concentração e de resolver problemas”.

Lucro

Parte do estudo dos consultores é dedicada ao impacto econômico da regulação, como a atividade econômica a ser desenvolvida e sua correspondente arrecadação tributária, bem como a economia de recursos atualmente empregados na repressão ao tráfico da maconha.

“De outro lado, deve-se tentar prever custos adicionais derivados da fiscalização da atividade. Se a estratégia de redução de danos, inerente ao processo de regulação, for bem sucedida, também é de esperar maior efetividade da política de atenção às pessoas que usam drogas”, dizem os autores.

Eles informam que nos Estados Unidos a regulação da maconha pode representar o aporte de US$ 1,5 a US$ 2,5 bilhões anuais aos cofres da Califórnia, considerando a arrecadação de impostos e a economia de recursos com a repressão policial.

O estado americano do Colorado, que iniciou a comercialização de maconha para uso recreativo no início do ano, arrecadou cerca de US$ 2 milhões em tributos no mês de janeiro de 2014: 12,9% sobre vendas (2,9% de imposto estadual de vendas e 10% de imposto adicional sobre a venda de maconha) e 15% em taxas especiais.

Outro aspecto econômico apresentado pelos consultores é a redução da evasão de divisas para a aquisição de maconha ilegal em contrabando. Os consultores salientaram, entretanto, que as estimativas do potencial lucrativo e de como o mercado se comportaria numa eventual regularização da maconha são imprecisas, porque não há como prever, com certeza, como será a demanda após a legalização.

Tramitação

Se transformado em projeto, o projeto deverá passar, além da CDH, pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e, possivelmente, pela de Assuntos Sociais (CAS). Só depois do parecer dessas comissões, é que a matéria deverá ir ao Plenário e, se for aprovada, seguir para nova discussão na Câmara dos Deputados.

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Senado recebe mais três medidas provisórias

O Senado recebeu nesta segunda-feira (26) três medidas provisórias aprovadas pela Câmara na última semana. Com isso, passa a seis o número de medidas que trancam a pauta do plenário e impedem a votação de projetos de lei. Todas precisam ser aprovadas até o dia 2 de junho para que não percam a validade.

CÂMARA DOS DEPUTADOS

Audiência debate estrutura de segurança na Copa do Mundo

A Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados promove, nesta terça-feira (27), audiência pública para discutir a estrutura de segurança dos grandes eventos no País, principalmente a Copa do Mundo.

Foram convidados: o ministro da Defesa, Celso Amorim; o secretário extraordinário de Segurança para os Grandes Eventos, Andrei Augusto Rodrigues; e o coordenador do Fórum da Indústria de Defesa da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, Carlos Erane de Aguiar.

Tranquilizar a sociedade

A deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), que propôs a reunião em conjunto com o deputado Edio Lopes (PMDB-RR), explica que um dos objetivos é tranquilizar a sociedade sobre a segurança dos eventos para o público.

"Vamos ouvir a parte dos governos federal e estaduais, as instituições organizadoras e as empresas fornecedoras de material de segurança. Então, a ideia é fazer com que o Parlamento e os brasileiros se sintam seguros", afirma Perpétua.

Conforme ela, os deputados da comissão devem questionar ainda aspectos da infraestrutura dos eventos, como a qualidade do serviço de internet e de telecomunicações em geral.

De acordo com a Agência Brasil, a operação de segurança e defesa para a Copa do Mundo conta com 157 mil agentes. O plano operacional começou na última sexta-feira (23) e vai até 18 de julho. Também atuarão 20 mil agentes de segurança privada, contratados pela Federação Internacional de Futebol (Fifa).

A reunião será realizada no Plenário 8, às 14 horas.

Audiência discutirá desvinculação da perícia criminal das polícias

A comissão especial que analisa a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 325/09 promove audiência pública nesta terça-feira (27), às 14h30. O texto desvincula a perícia

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criminal das polícias, tornando-a uma instituição independente, como a Advocacia Pública e a Defensoria Pública.

Foram convidados para discutir o tema com os deputados o diretor do Instituto Geral de Perícia de Santa Catarina, Rodrigo Tasso, o diretor do Departamento de Polícia Técnica da Paraíba, Humberto Pontes, e o médico legista do Estado de São Paulo Luiz Frederico Hoppe. O deputado Valtenir Pereira (Pros-MT), autor da proposta, acredita que a autonomia da perícia produzirá mais isenção na produção da prova técnica e, no plano administrativo, garantirá prioridades de investimentos.

O local do debate ainda não foi definido.

Comissão externa discute racismo no Brasil

A Comissão Externa de Combate ao Racismo no Brasil promove audiência pública, nesta terça-feira (27), para debater sobre a prática de racismo e sobre as ações que vêm sendo implantadas pelos órgãos do Executivo e Judiciário para prevenir, combater e punir esse tipo de crime.

O evento foi proposto pelos deputados Amauri Teixeira (PT-BA) e Benedita da Silva (PT-RJ).

Apesar de o racismo ser considerado crime inafiançável, com pena de até três anos de detenção e sem direito à liberdade provisória, ninguém está preso no Brasil por esse delito, segundo dados mais recentes do Sistema Integrado de Informações Penitenciárias (InfoPen) do Ministério da Justiça.

Casos investigados

Os parlamentares acompanham três episódios de discriminações no futebol: os jogadores Arouca, do Santos, e Tinga, do Cruzeiro, e o juiz Márcio Chagas foram chamados de macaco durante as partidas.

A comissão externa também acompanha as investigações que envolvem o ator negro Vinícius Romão de Souza (que ficou preso 15 dias no Rio de Janeiro acusado de ter assaltado uma mulher, mas sem evidências) e Cláudia da Silva Ferreira (que morreu baleada após uma operação da polícia carioca e depois foi arrastada por 250 metros por um carro da polícia). Cláudia também era negra.

Convidados Foram convidados para discutir o assunto com os integrantes da comissão: - o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo; - o presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, Joaquim Barbosa; - o presidente do Superior Tribunal de Justiça, Felix Fisher; - o presidente do Conselho Nacional do Ministério Público, Rodrigo Janot Monteiro de Barros; e - a ministra chefe da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros.

A audiência ocorrerá a partir das 14h30, em local a definir.

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Seminário discute impacto das grandes obras na exploração sexual de crianças

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes promove nesta terça-feira (27), às 9h30, o seminário “Impacto das Grandes Obras na Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes”.

A presidente da CPI, deputada Erika Kokay (PT-DF), afirma que os debates na comissão demonstram a relação entre as grandes obras e o aumento das violações. Ela sugeriu a realização do seminário para buscar, com parlamentares, especialistas, gestores e pessoas ligadas à defesa dos direitos de crianças e adolescentes, propostas concretas e viáveis para proteção da infância, e também para refletir sobre a aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA – Lei 8.069/90) nesse contexto de múltiplas violações.

Erika Kokay participará da mesa de abertura do evento, ao lado da ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Ideli Salvatti; da presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e Adolescente, Miriam Maria Jose dos Santos; e da representante da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) Rosa Maria Ortiz.

Também estarão no debate, como expositores: - o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho; - o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Volney Zanardi Junior; - a coordenadora do Programa de Proteção à Criança do Unicef no Brasil, Casimira Benge; - a secretária executiva do Comitê Nacional de Enfrentamento à Exploração Sexual, Karina Figueiredo; - a representante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) Judite da Rocha; - a representante da Associação Nacional dos Centros de Defesa da Criança e do Adolescente (Anced) e da Plataforma Dhesca Brasil Laidy Laura Pereira de Araújo; - o representante da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil Marcos Avilquis Campos; e - a coordenadora do Grupo de Pesquisa sobre Tráfico de Pessoas, Violência e Exploração Sexual de Mulheres, Crianças e Adolescentes, Maria Lúcia Pinto Leal.

O seminário será realizado no plenário 1.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

PT questiona regra da LEP para trabalho externo em regime semiaberto

O Partido dos Trabalhadores (PT) ajuizou, no Supremo Tribunal Federal (STF), a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 321, com pedido de liminar, para que seja afastada a aplicação do requisito de prévio cumprimento de um sexto da pena para

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prestação de trabalho externo por condenados no regime semiaberto, previsto no artigo 37 da Lei de Execução Penal (Lei 7.210/1984). O relator da ação é o ministro Marco Aurélio.

De acordo com a sigla, a exigência é incompatível com os incisos XLVI e XLIX do artigo 5º da Constituição Federal, “esvaziando a possibilidade de trabalho externo no regime semiaberto por parte de milhares de apenados, o que é um contrassenso com o direito fundamental à individualização da pena e, ainda, com o próprio escopo constitucional de ressocialização do condenado e de asseguração de sua integridade moral”.

A legenda aponta que os tribunais brasileiros pacificaram a sua jurisprudência no sentido de que é desnecessário o cumprimento de um sexto da pena para a concessão do benefício do trabalho externo aos condenados no regime semiaberto, mesmo quando de tratar de regime inicial.

Para o partido, a exigência é um obstáculo às medidas preparatórias ao retorno do condenado ao convívio social e ignora a individualidade inerente a cada apenado. “De fato, de nada vale individualizar a pena no momento da aplicação, se na execução abstraírem-se quaisquer critérios individuais para concessão de autorização para o trabalho, equiparando, de modo indistinto, o comportamento e os indicativos de cada pessoa”, alega.

O PT argumenta que, na prática, a imposição de cumprimento de um sexto da pena esvazia a possibilidade de trabalho no regime semiaberto. “Isso porque o condenado ao regime semiaberto que tiver de aguardar, sem o exercício da atividade laboral, o transcurso de um sexto se sua pena, por evidente, não irá requerer a autorização para o trabalho em regime semiaberto, e sim a própria progressão de regime, consoante autoriza o artigo 112 da Lei de Execução Penal”, afirma.

Na avaliação do partido, a exigência equipara o regime semiaberto ao fechado. “Não bastasse, a restrição ora combatida suprime do apenado o direito de remir sua pena com o trabalho, conforme autoriza a Lei de Execução Penal, em seu artigo 126, especialmente porque as escassas oportunidades de trabalho interno dentro do próprio estabelecimento prisional sabidamente não atendem a totalidade da população carcerária em regime semiaberto”, justifica.

Com essas alegações, o PT pede que o Supremo declare não recepcionado, pela Constituição Federal de 1988, o trecho do artigo 37 da Lei de Execução penal que exige, como requisito para a prestação do trabalho externo no regime semiaberto, o cumprimento de um sexto da pena.

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Mesmo com a Copa do Mundo, STJ amplia número de sessões de julgamento em 2014

Apesar da realização da Copa do Mundo no Brasil, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) não vai reduzir o número de sessões de julgamento em 2014. Seguindo a regra estabelecida na

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Resolução 16/1997 do próprio tribunal, este ano devem ser realizadas 97 sessões ordinárias, mas com datas alteradas.

Além dessas, diversas sessões extraordinárias já estão agendadas. Outra prática comum dos órgãos julgadores é continuar em outra data – sempre antes da próxima reunião ordinária – as sessões nas quais o colegiado não tenha tido tempo de concluir a pauta de julgamentos prevista.

A mudança no calendário este ano foi necessária para atender principalmente os advogados que atuam no tribunal, considerando a dificuldade de deslocamento e acomodação em Brasília, sede do STJ e de jogos da Copa. Nos dias de competição, haverá restrição de espaço aéreo e alteração do funcionamento de aeroportos próximos a estádios nas cidades-sede.

Nos dias de sessões, o tribunal recebe advogados de todo o país para fazerem sustentações orais, pedir preferência e acompanhar o julgamento. A manutenção do calendário original poderia prejudicar os cidadãos com processos na corte.

Novas datas

As sessões que deveriam ser realizadas entre 12 de junho, início do mundial, e o dia 30 de junho foram antecipadas para maio ou adiadas para agosto, tendo em vista que o mês de julho é recesso forense (veja o calendário abaixo).

Além da transferência de datas, diversos órgãos julgadores do STJ decidiram realizar sessões extraordinárias em maio e junho. Até o momento, já foram marcadas sete, número que poderá ser ampliado conforme a necessidade.

“Como ocorre praticamente todos os anos, o Superior Tribunal de Justiça ultrapassará em 2014 o número de sessões ordinárias previstas, com a realização de sessões extraordinárias e prosseguimentos de sessões de julgamento interrompidas, possibilitando o julgamento de uma expressiva quantidade adicional de processos por decisão colegiada”, afirmou Cláudia Beck, secretária de Órgãos Julgadores do STJ. http://dlvr.it/5nH1F0

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Inscrições para o Prêmio Innovare vão até 31 de maio

No próximo sábado (31) serão encerradas as inscrições para o Prêmio Innovare, uma das mais conceituadas premiações da Justiça brasileira. Nesta 11ª edição, o tema é livre para as categorias Juiz, Tribunal, Ministério Público, Defensoria Pública e Advocacia. Já na categoria Prêmio Especial, da qual podem participar profissionais graduados em qualquer área do conhecimento, o tema é “Sistema Penitenciário Justo e Eficaz”.

Para concorrer na categoria especial, os interessados deverão encaminhar ao Instituto Innovare iniciativas que tenham sido colocadas em prática até a data-limite para as inscrições.

Os detalhes sobre como fazer a inscrição estão disponíveis na página do Innovare na internet (www.premioinnovare.com.br), onde podem ser acessados o edital do concurso e os formulários a serem preenchidos.

Crise penitenciária

“O sistema prisional está na ordem do dia. Queremos descobrir iniciativas que já estejam em andamento e que colaborem para a melhoria do sistema. A nossa expectativa é que essa discussão possa trazer um bom resultado para toda a sociedade”, afirma o diretor-presidente do Instituto Innovare, Sergio Renault.

Nos últimos dez anos, o Innovare já premiou vários trabalhos relacionados ao sistema penitenciário. Dois deles foram escolhidos no ano passado: “Cidadania Prisional” (Governador Valadares – MG) e “Projeto Conquistando a Liberdade” (PA).

No primeiro, o objetivo é aumentar a eficiência do julgamento de benefícios, como mudança de regime prisional, para retirar das celas os condenados que só continuam lá por causa de processos burocráticos. No segundo, a meta é aumentar a probabilidade de ressocialização dos presos do regime semiaberto utilizando a mão de obra para o trabalho de manutenção de escolas e praças públicas e estimulando os apenados a dar palestras para estudantes sobre sua experiência.

Em sua 10ª edição, no ano passado, o número de inscritos cresceu 12%, mesmo não havendo mais prêmio em dinheiro. Foram 464 trabalhos. Também em 2013, o Innovare entrou para as redes sociais, criando sua fan page no Facebook (www.facebook.com/institutoinnovare), que ajuda a disseminar as informações sobre as iniciativas premiadas.

Prêmio Especial

Esta é a segunda vez que o Innovare abre espaço à participação de profissionais de outras áreas que não o direito. A coordenação da categoria especial está sob a responsabilidade da pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) Maria Tereza Sadek.

No ano passado, o Prêmio Especial foi ganho pelo mestre em ciência da computação William Guimarães, servidor do Ministério Público de Goiás, com uma monografia que sugere a criação de uma nuvem comunitária entre o Judiciário e o Ministério Público para hospedar o Processo Judicial Eletrônico (PJ-e), o que aumentaria a eficiência do sistema.

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Este ano, o regulamento exige que os trabalhos inscritos tratem de iniciativas já em funcionamento, como acontece nas outras categorias. http://dlvr.it/5nTyxj

CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Semana de mobilização nacional em defesa das pessoas em situação de rua

Começa nesta segunda-feira, 26/05, a "Semana de mobilização nacional em defesa das pessoas em situação de rua". A iniciativa marca a adesão do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) à campanha “Sou morador de rua e tenho direito a ter direitos”. Elaborada pelo CNDDH - Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos das Pessoas em Situação de Rua e Catadores de Materiais Recicláveis, em parceria com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e tem, como objetivo, contribuir para o fortalecimento da atuação do Ministério Público brasileiro na defesa dos direitos das pessoas em situação de rua. O MP vai concentrar suas ações especialmente nas cidades-sede da Copa do Mundo de 2014, com o objetivo de evitar abusos contra as pessoas em situação de rua durante este período. A ação visa efetivar a Política Nacional para a População em Situação de Rua (Decreto Presidencial nº. 7053/2009), que tem como objetivo assegurar o acesso amplo, simplificado e seguro aos serviços e programas que integram as políticas públicas de saúde, educação, previdência, assistência social, moradia, segurança, cultura, esporte, lazer, trabalho e renda. Até a próxima sexta-feira, 30/05, haverá grande mobilização em torno do tema. Serão realizadas, nas diferentes unidades e ramos do MP brasileiro, reuniões e audiências públicas para discutir a questão das pessoas em situação de rua. Do mesmo modo, serão fixados cartazes, concedidas entrevistas, bem como será dada ampla divulgação nas mídias sociais sobre os direitos das pessoas em situação de rua e a atuação do MP em sua defesa. Ainda durante a semana, será divulgado o documento: Diretrizes de atuação do Ministério Público Brasileiro em Defesa das Pessoas em Situação de Rua durante a Copa do Mundo de 2014. O documento é resultado do Encontro Nacional MP em defesa da população de rua, promovido em abril pela Comissão de Defesa dos Direitos Fundamentais e pelo Fórum de Articulação das Ações do MP na Copa do Mundo do CNMP e expressa o comprometimento de membros dos diversos ramos do Ministério Público dos estados que irão sediar a Copa do Mundo com a defesa dos direitos das pessoas em situação de rua, no propósito de assegurar o trabalho social de abordagem e de busca ativa que identifique, nos territórios, a incidência de pessoas em situação de rua, a fim de construir o processo de saída das ruas e possibilitar condições de acesso à rede de serviços e a benefícios socioassistenciais. As diretrizes pretendem assegurar direitos aos moradores de rua tais como: abordagens policiais com revista realizada por agentes do mesmo sexo do abordado; obtenção de documentos pessoais pelas pessoas em situação de rua, inclusive a gratuidade da segunda via; impedimento da apreensão ilegal de documentos pessoais e bens pertencentes às pessoas em situação de rua.

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Dados

Entre agosto de 2007 e março de 2008, por meio de uma parceria do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) com a Unesco, foi realizada a Pesquisa Nacional sobre População em Situação de Rua. A pesquisa, que incluiu a contagem e caracterização da população adulta em situação de rua, foi realizada nos municípios com mais de 300.000 habitantes e em todas as capitais, com exceção de Belo Horizonte, São Paulo e Recife, que haviam realizado pesquisas semelhantes em anos recentes, e Porto Alegre, que naquele momento, conduzia a pesquisa de iniciativa municipal. A pesquisa nacional contabilizou 31.922 adultos em situação de rua nos 71 municípios pesquisados. Nesse sentido, ao somar o valor do contingente da pesquisa nacional com os números das pesquisas realizadas em Recife, São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre estima-se que o total de pessoas adultas em situação de rua identificadas representa, aproximadamente, 50 mil. De acordo com o decreto que institui a Política Nacional para a População em Situação de Rua, estas são caracterizadas como um grupo populacional heterogêneo que possui em comum a pobreza extrema, os vínculos familiares fragilizados ou rompidos e a inexistência de moradia convencional regular. Essa população se caracteriza, ainda, pela utilização de locais públicos como praças, jardins, canteiros, marquises, viadutos, além de áreas degradadas como prédios abandonados, ruínas, carcaças de veículos como espaço de moradia e de sustento, de forma temporária ou permanente.

Serviço

Diretrizes consensuadas Membros do MP referências do projeto Referências do CNDDH nos estados Programação de atividades

Corregedoria Nacional dá início à inspeção no Rio Grande do Sul

A Corregedoria Nacional do Ministério Público está no Rio Grande do Sul (RS) até o dia 30 de maio para inspecionar todas as unidades do Ministério Público no estado. A solenidade de abertura, que foi realizada hoje (26), no auditório do MP gaúcho, contou com a presença do corregedor nacional, Alessandro Tramujas, dos conselheiros do CNMP Antônio Pereira Duarte, Esdras Dantas de Souza, Jeferson Coelho, Luiz Moreira, Walter Agra; além do procurador-geral do estado, Eduardo de Lima Veiga. Participaram, ainda, da mesa de abertura, o procurador-chefe da Procuradoria Regional da República da 4ª Região, Marco André Seifert; procurador-chefe da Procuradoria Regional do Trabalho da 4ª Região, Fabiano Holz Beserra; procuradora-chefe da Procuradoria da República no Rio Grande do Sul, Fabíola Dörr Caloy; procurador de Justiça Militar em Porto Alegre, Clauro Roberto de Bortolli; corregedor-geral do MP/RS, Ruben Giugno Abruzzi; presidente da Associação do Ministério Público do RS, Victor Hugo Palmeiro de Azevedo Neto, e o presidente da Fundação Escola Superior do Ministério Público – FMP, David Medina da Silva.

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Durante a solenidade, o corregedor Nacional destacou a satisfação do Conselho Nacional do Ministério Público, através da Corregedoria Nacional, de estar presente no Estado do Rio Grande do Sul, cumprindo sua missão constitucional de exercer o controle administrativo, financeiro e a fiscalização do cumprimento do dever constitucional dos membros do Ministério Público. “É exatamente com essa intenção que a Corregedoria Nacional vem ao Estado do Rio Grande do Sul para conhecer os trabalhos desenvolvidos pelo Ministério Público gaúcho, perante a sociedade, para ouvir críticas, sugestões, elogios, em relação à atuação do MP, sempre com o objetivo de aprimorar os serviços dessa instituição tão valorosa e tão necessária para a sociedade brasileira”, enfatizou Tramujas. Para o procurador-geral do estado a inspeção é uma oportunidade de repassar o que tem sido feito pelo MP gaúcho. “verificar se fizemos certo e o que está errado vamos corrigir. Eu sempre acho bom o controlador ser controlado também, para que conheça um pouco o outro lado do balcão”, afirmou Veiga. O procurador-geral ressaltou ainda que a inspeção serve para melhorar o trabalho do próprio MP. “O fruto desse trabalho é para nós mesmos. É para que possamos melhorar e fazer um trabalho cada vez melhor”, concluiu. Durante toda a semana, equipe formada por 52 pessoas, dentre elas membros auxiliares, auditores e servidores do Conselho Nacional do Ministério Público, visitará unidades do Ministério Público no Rio Grande do Sul. Serão inspecionados os MPs Estadual (MPE), Federal (MPF/RS), do Trabalho (MPT/RS) e Militar (MPM). O objetivo é verificar o funcionamento dos serviços administrativos e funcionais no Ministério Público. Serão checados itens relativos à gestão administrativa e financeira, condições de trabalho dos servidores, atuação dos membros e cumprimento de determinações legais e das resoluções do CNMP. A inspeção ocorrerá em sete cidades: Porto Alegre, Caxias do Sul, Passo Fundo, Pelotas, Santa Maria, Bagé e Uruguaiana. Haverá também atendimento ao público. Sugestões, reclamações, elogios, denúncias ou qualquer observação que sejam importantes para a melhoria dos serviços prestados pelo MP serão registrados pela Corregedoria. O atendimento será realizado nos dias 27,28 e 29, das 9h às 13h, na sede da Procuradoria Geral de Justiça do MP/RS, em Porto Alegre, Av. Aureliano de Figueiredo Pinto, 80; e na sede da Procuradoria da República em Porto Alegre, no endereço Praça Rui Barbosa, 57. Os cidadãos serão recebidos por ordem de chegada. É necessário levar original e cópia da carteira de identidade e do comprovante de residência, além de documentos que possam ser úteis para esclarecer os fatos relatados. Se houver interesse, o nome do denunciante pode ser mantido em sigilo. Serviço Atendimento ao público Dias: 27, 28 e 29 de maio Horário: 9h às 13h Locais: Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul Edifício sede da Procuradoria-Geral de Justiça Endereço: Av. Aureliano de Figueiredo Pinto, 80. Ministério Público Federal Edifício sede da Procuradoria da República em Porto Alegre (PR/RS) Endereço: Praça Rui Barbosa, 57.

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CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA

Cooperação internacional ajuda a combater o tráfico de pessoas

As experiências internacionais exitosas e as políticas de cooperação internacional no enfretamento ao tráfico de pessoas estão entre os temas a serem abordados no IV Simpósio Internacional que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) vai realizar para debater o enfrentamento ao tráfico de pessoas, nesta quinta e sexta-feira (29 e 30/5), no Rio de Janeiro/RJ, em parceria com o Tribunal Regional do Trabalho da 1º Região (TRT1).

Para o delegado da Polícia Federal e chefe da Interpol no Brasil, Luiz Eduardo Navajas, que participará do evento, a troca de informações entre países, tanto sobre aliciadores e, sobretudo, sobre as vítimas, é importante ferramenta para o combate a esse crime. “O tráfico de pessoas tem uma característica bastante peculiar: muitas vezes, as vítimas não se veem como tal, ao menos não no início, o que dificulta a imediata resposta pelas autoridades”, ressalta. Segundo ele, atualmente, o tráfico internacional de pessoas responde por cerca de um terço dos delitos referentes a aliciamento de pessoas para diversos fins, seja para exploração sexual ou trabalho. No que se refere ao tráfico propriamente dito, internacional e interno, o tráfico internacional representa a grande maioria dos casos.

As ferramentas adotadas pela Interpol para combater esse tipo de crime serão o tema a ser abordado por Navajas no segundo dia do Simpósio Internacional. O painel sobre as experiências internacionais exitosas e políticas de cooperação internacional no enfrentamento ao tráfico de pessoas terá início às 14h e também contará com a participação da juíza americana Cheryl Bassett, representante da Embaixada dos Estados Unidos da América, e da juíza de ligação Brasil, Bolívia, Venezuela, Carla Deveille Fontinha.

Leia abaixo a íntegra da entrevista com o chefe da Interpol no Brasil, Luiz Navajas. Existe alguma espécie de ranking internacional de vítimas de tráfico de pessoas? Não existe um ranking internacional oficialmente aceito. A problemática do tráfico de pessoas afeta países de todo o mundo, seja na qualidade de país de origem das pessoas traficadas, seja como receptador dessas pessoas. Mesmo esses países que recebem vítimas de tráfico de pessoas enfrentam vários problemas na repressão a tal tipo de delito, já que muitas vezes ele está associado a crime organizado, corrupção de agentes públicos e outras sérias situações. Como o Brasil se enquadra no contexto internacional desse crime? O Brasil possui uma característica dúplice no âmbito do tráfico de pessoas. Por um lado, muitos brasileiros são vítimas de tráfico para o exterior, sobretudo, para países da Europa, para as mais diversas atividades, como construção civil, serviços e, principalmente, exploração sexual. Por outro lado, o Brasil se coloca também como um país recebedor de pessoas vítimas do tráfico de pessoas, principalmente, trabalhadores braçais que fogem de países em situação instável ou

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mais pobres. Dessa maneira, recebemos bolivianos, paquistaneses, haitianos e pessoas de outras nacionalidades, muitos dos quais também são iludidos em seus países de origem, pagando altos valores para aqui chegar e encontrando situação degradante em seu destino. O caso clássico são os trabalhadores bolivianos no ramo da confecção em São Paulo.

Como a Interpol age no Brasil, que tem essa condição dúbia? A Interpol, representada no Brasil pela Polícia Federal, a qual mantém em sua Coordenação-Geral de Cooperação Internacional o ECN/Brasília (Escritório Central Nacional, nome adotado pela Organização para os escritórios nos países membros), trabalha diariamente em conjunto com as áreas técnicas da Polícia Federal e outras instituições no combate ao tráfico de pessoas. O ECN/Brasília é a grande “porta de entrada” de informações provenientes dos demais países membros da Interpol no que se refere a informações sobre investigações criminais, adotando como prioridade os casos de tráficos de pessoas e pedofilia, principalmente a praticada pela internet. Nesse contexto, o ECN/Brasília auxilia as autoridades brasileiras e estrangeiras na identificação de aliciadores, vítimas, mapeamento de rotas e outras atividades aptas a auxiliar nas investigações. Além disso, gerenciamos o Sistema I-24/7, o qual dispõe de importante base de dados mundial de criminosos e vítimas de delitos, como pessoas traficadas que muitas vezes são consideradas como desaparecidas por suas famílias. Assim, durante uma operação policial de repressão ao tráfico de pessoas, nosso Escritório auxilia o presidente da investigação a identificar os aliciadores, caso estejam no exterior, bem como busca a prisão de indivíduos contra os quais a Justiça brasileira emita Mandados de Prisão.

Pode nos dar um exemplo? No final de 2013, a Polícia Federal deflagrou a Operação Garina, a qual desarticulou importante esquema de tráfico de mulheres para fins de exploração sexual para Angola. O agravante dos fatos descortinados nessa Operação foi o envolvimento de altas autoridades daquele país no tráfico, o que demonstra também o risco a que essas mulheres são submetidas quando vão para o exterior. Hoje temos duas Difusões Vermelhas, que são mandados de captura internacional, publicados em desfavor de dois alvos que estão naquele país, sendo que os alvos brasileiros foram presos.

A Interpol/PF tem números de crimes cometidos no País, tanto de vítimas brasileiras fora do País quanto de traficados encontrados no Brasil?Embora seja muito difícil falar em dados reais a respeito do delito em tela, podemos afirmar que atualmente o tráfico internacional de pessoas responde por cerca de um terço dos delitos referentes a aliciamento de pessoas para diversos fins, seja para exploração sexual ou trabalho. No que se refere ao tráfico propriamente dito, internacional e interno, o tráfico internacional representa a grande maioria dos casos.

E de casos solucionados, há números?Temos várias operações de sucesso na repressão ao tráfico internacional de pessoas para os mais diversos fins, como, por exemplo, a Operação Garina, sobre a qual eu já me referi; a Operação Ninfas, em conjunto com Espanha, por meio da qual cinco brasileiras foram libertadas naquele país; e a Operação Liberdade, que demonstrou o outro lado da questão, o tráfico de pessoas do exterior para o Brasil. Nesse caso, nacionais de Bangladesh, Afeganistão e Paquistão eram traficados ao Brasil para trabalhar em condições análogas a de escravos no próprio Distrito Federal.

O tráfico internacional de pessoas é um crime com números em ascendência ou tem havido redução na prática desse delito? O tráfico internacional de pessoas está intimamente ligado às condições sociais do país. Um país que oferece condições de emprego,

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ascensão social, melhora na renda, perspectiva, certamente diminuirá a possibilidade de que seus nacionais busquem o exterior na esperança de mudar de vida e acabem caindo nas garras dos aliciadores e das organizações criminosas transnacionais. Por outro lado e, curiosamente, ao ver seus indicadores sociais melhorarem, esse mesmo país corre o risco de se tornar destino de estrangeiros que busquem seu território e estrutura também em busca de uma vida melhor e passe a figurar na rota dos traficantes. É um delito intrinsecamente vinculado à realidade social e econômica do país.

Na sua avaliação, de que forma os países podem contribuir uns com os outros no combate e enfrentamento ao tráfico de pessoas transnacional? Principalmente na troca de informações, tanto sobre aliciadores e, sobretudo, sobre as vítimas. O tráfico de pessoas tem uma característica bastante peculiar: muitas vezes as vítimas não se veem como tal, ao menos não no início, o que dificulta a imediata resposta pelas autoridades. Além disso, há a questão da abordagem das vítimas, o que deve ser feito com muita cautela, pois normalmente são pessoas extremamente vulneráveis, que em muitos casos sofreram terríveis abusos até se verem livres do esquema.

A sociedade, de uma forma geral, pode contribuir de alguma forma com a Interpol/PF? Sim. Pode denunciar aliciadores, muitas vezes estrangeiros. Caso suspeite de um indivíduo que o aborde ou a um conhecido com promessas de vida melhor no exterior, oportunidades fantásticas, altos salários em moeda estrangeira, informe a uma autoridade, pois certamente serão obtidas informações sobre a tal pessoa para que seja verificado se é o caso de um aliciador.

Serviço: IV Simpósio Internacional para Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas Data: 29 e 30/5 Local: Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, Rio de Janeiro/RJ Horário: das 9h às 18h30 Veja a programação.

O evento é voltado para magistrados, membros do Ministério Público, representantes do Ministério da Justiça, advogados públicos (Defensoria Pública da União, dos estados e da Advocacia-Geral da União), auditores fiscais do Trabalho, polícias judiciária e administrativa, secretarias de Educação e da Saúde e Rede de Atendimento às Vítimas. Clique aqui para mais informações.

CNJ firma acordo para reinserção social de egressos da escravidão contemporânea

O presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Joaquim Barbosa, assinou, nesta segunda-feira (26/5), termo de cooperação técnica com o escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (SINAIT) e a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Mato Grosso (SRTE/MT) com o objetivo de replicar nacionalmente e fortalecer o “Movimento Ação Integrada pela liberdade e dignidade no trabalho”.

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Realizado desde 2008 no Estado do Mato Grosso, o programa consiste na promoção da qualificação educacional , cultural e profissional para reinserção dos egressos do trabalho escravo no mercado e na sociedade.

O presidente do CNJ ressaltou a importância da medida para a erradicação mais breve possível do trabalho análogo ao de escravo, no Brasil. “Essa é uma experiência que não nos engrandece nem um pouco”, afirmou o ministro Joaquim Barbosa, na solenidade de assinatura do termo.

De acordo com dados do Ministério do Trabalho, 45 mil pessoas foram resgatadas de condições degradantes de trabalho, desde 1995.

Multiplicação - A partir do termo de cooperação, estados, municípios e órgãos do Poder Judiciário que manifestarem interesse poderão trabalhar conjuntamente nas atividades que serão desencadeadas a partir de hoje. Entre elas, estão a análise do perfil socioeconômico e profissional dos trabalhadores resgatados, a identificação e localização dos egressos aptos a participar do Movimento, a sensibilização de instituições públicas e privadas para realizarem ações destinadas à inserção social e profissional e a disponibilização de alojamento, transporte, alimentação e ajuda de custo para os trabalhadores realizarem os cursos.

O CNJ terá a tarefa de colaborar com os órgãos na execução do programa, monitorar os indicadores de desempenho das ações do Movimento, e cooperar com a sustentabilidade do programa por meio de recomendações para que magistrados revertam condenações por dano moral coletivo em prol do Movimento. “O CNJ veio se unir à OIT, ao SINAIT e à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Mato Grosso para transformar o movimento em um programa de âmbito nacional, e chamar os juízes a participar”, afirma o juiz auxiliar da Presidência do CNJ Rodrigo Rigamonte.

Segundo Rigamonte, o magistrado que julga processos criminais, cíveis e trabalhistas relativos à escravidão contemporânea poderá ainda conhecer melhor a vítima do crime, saber quais as regiões onde são cometidos os crimes, além de encaminhar as vítimas para os programas de qualificação. “O Movimento tem o diferencial de romper com o ciclo vicioso do resgatado que, pouco tempo depois é cooptado, pois trata de melhorar as condições profissionais, educacionais e culturais do egresso para que seja, de fato, inserido na sociedade”, afirma.

Resultados – De 1.056 resgatados do trabalho escravo no Estado do Mato Grosso desde 2009, 600 foram incluídos no mercado formal de emprego como resultado do “Movimento Ação Integrada pela liberdade e dignidade no trabalho” até o final de 2013. A meta para 2014 é reinserir 380 trabalhadores no mercado.

De acordo com Valdiney Antonio de Arruda, que iniciou o projeto quando era superintendente regional do trabalho e emprego em Mato Grosso, “atualmente, centenas de egressos possuem carteira assinada ou viraram microempreendedores. A mudança econômica e social deles é notável”, diz.

Clique aqui para acessar o Termo de Cooperação Técnica número 9, de 2014.