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RESENHA DE NOTÍCIAS CULTURAIS Edição 101 [30/8/2012 a 05/9/2012]

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Page 1: ASSESSORIA DE IMPRENSA DO GABINETE - … · exalam a aura de seres estéticos (nunca éticos). É difícil dizer se, sob esse regime, a peça aprisionada consegue libertar seus personagens

RESENHA DE NOTÍCIAS CULTURAIS

Edição Nº 101[30/8/2012 a 05/9/2012]

Page 2: ASSESSORIA DE IMPRENSA DO GABINETE - … · exalam a aura de seres estéticos (nunca éticos). É difícil dizer se, sob esse regime, a peça aprisionada consegue libertar seus personagens

Sumário

CINEMA E TV...............................................................................................................4Correio Braziliense - Dogmas da imagem ......................................................................................4O Estado de S. Paulo - Vereza um homem raro.............................................................................4O Estado de S. Paulo - Walmor recomeça aos 82..........................................................................5Folha de S. Paulo - Personagem de 'Escrava Isaura' é sinônimo de pessoa de pele escura.........7Zero Hora - A celebração do Liberdade..........................................................................................7Folha de S. Paulo – Mal (quase) secreto........................................................................................8

TEATRO E DANÇA......................................................................................................9O Globo - A música improvável.......................................................................................................9O Estado de S. Paulo - Peça vai reproduzir no Ipiranga o grito da Independência ......................10Correio Braziliense - Mambembes no verão europeu ..................................................................11

ARTES PLÁSTICAS...................................................................................................12O Estado de S. Paulo - Rasgos e paródias...................................................................................12Estado de Minas - Arte para sentir ...............................................................................................12Estado de Minas - Missão cumprida .............................................................................................14La Nación (Argentina) - Dos caras de Brasil.................................................................................15Correio Braziliense - Que país é este? .........................................................................................16O Estado de S. Paulo - Bienal de São Paulo chega à 30ª edição renovada.................................20O Globo – Primavera da arte: MG, SP e RJ iniciam temporada de exposições............................21The Washington Post (EUA) - Brazil’s economic surge helps spark Rio art boom as rising middle class jumps into collecting.............................................................................................................23O Estado de S. Paulo - Ineditismo marca nova edição da Bienal de São Paulo...........................24O Estado de S. Paulo - Tipo exportação / Coluna / Direto da fonte / Sonia Racy ........................25O Estado de S. Paulo - Estudo aponta os novos centros da arte no mundo.................................25

FOTOGRAFIA............................................................................................................27Zero Hora - Fotógrafos brasileiros expõem no Iraque a convite de ONG de direitos humanos.. . .27O Estado de S. Paulo - Fotografia colabora na discussão do panorama da expressão contemporânea / Artigo / Simonetta Persichetti.............................................................................28

MÚSICA......................................................................................................................29O Globo - As curvas do samba de Sampa....................................................................................29O Estado de S. Paulo - Veneno bom.............................................................................................32O Estado de S.Paulo - Sinfonias de Shaw....................................................................................33Correio Braziliense - Ele sacudiu Cuba.........................................................................................34Correio Braziliense - Registro contagiante ...................................................................................35O Globo - OSB: Hora de afinar o discurso....................................................................................35Correio Braziliense - Dona de si ...................................................................................................37Correio Braziliense - Cavaco e batida eletrônica...........................................................................38Estado de Minas - Dama da canção brasileira .............................................................................39IstoÉ - Assim nasceu a tropicália...................................................................................................40O Estado de S. Paulo - Cyro em três partes .................................................................................40Estado de Minas - Brasil maior .....................................................................................................41Correio Braziliense - Mr. Catra também é do samba ....................................................................43Folha de S. Paulo - Primeiro álbum da Banda Uó é remix pop do que toca no rádio....................43Estado de Minas - Sem se acomodar............................................................................................44

LIVROS E LITERATURA...........................................................................................45O Globo - Aos 86 anos, Carlos Heitor Cony faz uma revisão amarga e irônica da vida................45Correio Braziliense - Paixão pela vida, respeito pela morte .........................................................47Estado de Minas - Médicos pelo mundo........................................................................................49Estado de Minas - Relatos bem temperados.................................................................................49Tribune Express (Paquistão) - An insight into Brazil’s life and culture...........................................50

ARQUITETURA E DESIGN........................................................................................51O Estado de S. Paulo - Polaroid / Coluna / Sonia Racy................................................................51

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QUADRINHOS............................................................................................................51Folha de S. Paulo – Ainda sem inéditas, série 'Lôcas' volta ao Brasil...........................................51

GASTRONOMIA.........................................................................................................52La Nación (Argentina) - Brasil y su gastronomía profunda............................................................52Folha de S. Paulo - Novo museu em Itu expõe cozinha do interior de SP....................................55

OUTROS.....................................................................................................................56Folha de S. Paulo - Museu da ex-língua portuguesa.....................................................................56

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CINEMA E TV

Correio Braziliense - Dogmas da imagem

Trabalhadoras quebram castanhas de babaçu no documentário de Evaldo Mocarzel

(31/8/2012) Em anexo de Cineastas e imagens do povo, livro republicado em 2005, o pesquisador do cinema brasileiro Jean-Claude Bernardet encontra uma certa tendência no documentário contemporâneo brasileiro: a entrevista como função primordial do filme documental. A relação entre documentarista e entrevistado seria nas palavras do pesquisador baseada na sacralização do entrevistado. Pelo menos, se o interlocutor for pobre. Difícil acreditar que a crítica de Bernardet

não tenha direcionado a feitura de Quebradeiras, filme de Evaldo Mocarzel que levou os prêmios de melhor direção, som e fotografia no 42º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Uma boa parte do texto de 2005 é de indagações do pesquisador a respeito de À margem da imagem, um “cinepalavra” assinado por Mocarzel em 2003, em que a relação entre diretor (um dos personagens do filme) e entrevistados lhe pareceu baseada em paternalismo.

É interessante que Mocarzel tenha estampado o novo filme especificamente no ato da quebra. Os atores sociais são trabalhadoras que se dedicam a quebrar as castanhas de babaçu na região do Bico do Papagaio, onde pedaços do traçado de Tocantins, Maranhão e Pará desenham o formato anatômico do pássaro. Uma ruptura conceitual se desenvolve no pano cinematográfico em questão. O diretor impôs à sua realização restrições que afetam diretamente o estilo de cinema condizente com a trajetória de homem de jornalismo anterior à de documentarista. Nesse documentário conceitual, a palavra falada foi suprimida, a câmera enxerga apenas com rigidez de quadro, e a influência do realizador como personagem foi retirada.

A compreensão migra para o campo de conceitos em apreciação semiótica. São sintaxes visuais formadas por adição ou encontros entre opostos. Os dogmas a que estão submetidas as quebradeiras criam uma atmosfera audiovisual poética em que as mulheres amazonas de Mocarzel exalam a aura de seres estéticos (nunca éticos). É difícil dizer se, sob esse regime, a peça aprisionada consegue libertar seus personagens ou até mesmo o realizador. Mocarzel segue sem afrouxar o comando. E, desta vez, acredita ser prudente desprezar a improvisação.

O Estado de S. Paulo - Vereza um homem raro

Filósofo. Ele vive Isidoro, ex-psiquiatra que vira mendigo

(31/8/2012) Carlos Vereza é um dos atores mais icônicos da TV. Famoso por papéis como o Francisco de Montserrat de Direito de Amar (de 1987) ou o Augusto do remake de Sinhá Moça (de 2006), entrou na TV Tupi aos 20 anos e nunca mais parou. Aos 73 anos, mantém-se na ativa e está atualmente no ar com sua 36.ª novela, Amor Eterno

Amor. Sua presença também se faz notar na internet. Vereza mantém seu blog (www.carlosvereza.com) com regularidade e diariamente dispara em seu twitter declarações acaloradas sobre os mais variados temas, principalmente política.

O mesmo não se pode dizer do cinema, em que sua presença se revela intermitente. Ator de pouco mais de uma dezena de filmes, Vereza, que ganhou reconhecimento nacional no Festival de Cannes de 1984 com Memórias do Cárcere, de Nelson Pereira dos Santos, já passou longas temporadas

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longe das telas. "Depois de Memórias, fiquei 11 anos sem filmar. Estou feliz que um novo filme esteja chegando aos cinemas", diz o ator.

O novo filme é Um Homem Qualquer, primeiro longa-metragem de Caio Vecchio, que estreia nesta sexta-feira, 31, e traz Vereza no papel de Isidoro, um ex-psiquiatra que resolveu virar morador de rua. Em um de seus caminhos, encontra Jonas (Eriberto Leão), um rapaz angustiado à procura de equilíbrio em uma metrópole que oprime e confunde. Isidoro, que versa pelas ruas sua sabedoria irônica e questionadora, acaba se tornando um mentor de Jonas. Sobre cinema, TV e política, um dos assuntos preferidos do ator, ele conversou com o Estado.

Antes de Um Homem Qualquer, você filmou Brasília 18%, de 2006. Há algum motivo, como muito trabalho na TV, para você não fazer mais cinema?Não. Adoro cinema, mas mesmo hoje não há regularidade no cinema nacional. Nelson Pereira, depois de Brasília 18%, não rodou mais ficção. Depois de Memórias do Cárcere, pensaram que eu ia emendar um filme no outro, mas fiquei uma década sem filmar. O Caio Vecchio levou quatro anos para conseguir distribuir Um Homem Qualquer. O Brasil é estranho mesmo.

E agora faz um filósofo das ruas.É um personagem com o qual me identifico muito. O Caio me deu muita liberdade e me deixou até escrever o personagem. Isidoro é um psiquiatra que decide virar mendigo. E desconstrói os dogmas religiosos. E faz sentido. Em sua maioria, religiões oprimem porque foram criadas pelo homem para exercer controle. Nem sempre ser religioso significa ser espiritualizado. As ideias dele fascinam os jovens, como o Jonas, que está em busca de respostas.

Sente que as novas gerações estão desorientadas?Sim. Não só pela religião mas pelo fim das utopias. A participação e o interesse político praticamente inexistem. Quando dou entrevistas, não querem saber de política. Não falo da redutora política partidária, mas no sentido amplo. Tudo é política. Nem mesmo atores querem. Estão mais interessados em ler colunas sociais e nas notas que ganham no caderno de cultura.

Você também dirige?Adoro dirigir. Todo diretor devia atuar um pouco na vida, para entender o lugar do ator. E acho bacana atores que dirigem. Meu média-metragem Noite de Cristais vai passar no Canal Brasil. E estou pensando em rodar novamente. Quem sabe um longa de baixo orçamento.

O Estado de S. Paulo - Walmor recomeça aos 82O grande ator festeja seu aniversário com um novo filme e explica o que é atraente no seu militar de Cara ou CoroaLuiz Carlos Merten

(02/9/2012) Walmor Chagas já havia comemorado seu aniversário no palco, mas nunca, como na terça-feira passada, numa sala de cinema. Foi na pré-estreia para convidados de Cara ou Coroa, o novo longa de Ugo Giorgetti, sobre um grupo de teatro durante a ditadura militar. "Fizemos o filme em 2010 e nem me passava pela cabeça que ele chegaria ao público no dia dos meus 82 anos. Aliás, não imaginava que viveria tanto tempo",

disse o ator numa entrevista realizada na manhã seguinte, no apartamento da filha, na Vila Mariana. "Sempre achei que ia morrer, sei lá, com 33 anos."De onde Walmor tirou essa ideia romanticamente esdrúxula? "Isso foi coisa de juventude. Muito cedo decretei para mim mesmo que Deus não existia e, no meu inconsciente, o fato de renegar a religião teria de ser punido. Comecei a achar que ia morrer com a idade de Cristo." O octogenário Walmor volta e meia aterrissa em São Paulo - e acampa na Vila Mariana -, mas gosta mesmo é de viver em Guaratinguetá, bem longe da agitação urbana. "Vivo feliz, sozinho, bem bicho do mato. Estou ditando minhas memórias, vejo novelas, filmes."

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Avenida Brasil, ele não perde. "Carminha é uma grande personagem e Adriana Esteves está muito bem. Nina é mais monocórdica, o que prejudica Débora Fallabela." Walmor dita suas memórias porque admite que anda com problemas de visão. "Para ver TV, tenho de grudar a cara no aparelho. Ouço sua voz, vejo uma mancha, mas não consigo discernir as feições. Mas o médico já me garantiu que cego não vou ficar." Anda com problemas de açúcar no sangue. "O endócrino disse que tudo o que vem da terra tem açúcar e não é bom para mim. Faço uma dieta leve. Adorava cenoura, beterraba, mas a cozinheira cortou. Essa coisa de ficar velho é uma m... Só pode ser louco quem acha que é a melhor idade."

O discurso pode induzir o leitor a pensar que Walmor Chagas virou um velho ranzinza. Nada disso - estrear um novo filme com essa idade é motivo de alegria. Começar de novo. Foi o universo do teatro que o levou a querer fazer Cara ou Coroa? "Foi o roteiro, que achei muito bom." O filme é sobre uma companhia de teatro e o romance do dramaturgo, irmão do diretor, com a filha de um general. A garota, por causa do namorado, esconde dois subversivos no porão. Há controvérsia, no final, se o militar sabia ou não. "Essa ambiguidade era o que havia de mais atraente no personagem, mas não sei se consegui passar para o público."

Autocrítica. O excesso de zelo é próprio do grande ator. "Havia visto o filme em DVD, ontem (terça-feira) foi a primeira vez na tela. Nunca gosto de me ver. Para mim, a melhor interpretação é a de Otávio Augusto. Que ator maravilhoso!" Otávio Augusto faz o irmão do dramaturgo, um motorista de táxi reacionário que parece encarnar a alienação do brasileiro médio em 1971, nos duros anos do regime militar, quando se passa a história. Há um narrador que, no começo e no fim, reflete sobre aquele período e conclui: apesar das dificuldades, com o retrospecto ele tem a sensação de nunca haver sido mais feliz.

Em 1971, a lendária mulher de Walmor, Cacilda Becker, já havia morrido. Ela havia sido a encarnação da resistência da classe teatral nos anos de chumbo. Cacilda era guerreira. "Ao contrário de mim, ela era muito religiosa. Carregava um complexo de culpa por transgredir, mas eu não queria saber e a empurrava." Foram anos intensos e, na época, Walmor já exibia a cabeleira branca que virou sua marca - seu marketing. "Fiquei grisalho muito novo, mas tenho a impressão de que meu cabelo ficou branco numa semana." Foi no começo dos anos 1960, durante a travessia do Atlântico. "Havia formado um grupo para se apresentar em Portugal, cinco peças em menos de um mês. Todo mundo recebendo em dólar. Eu nem dormia pensando em como ia conseguir pagar toda aquela gente."

Teatro dava dinheiro, ele lembra, e o dinheiro sempre foi importante para o filho do guarda-livros (seu pai). "Ele me ensinou a não dever a ninguém. Nunca passei um cheque sem fundos" - e ri, citando atores e atrizes empresários(as) que nunca tiveram seus escrúpulos. Walmor virou um mito da representação no País. Teatro, cinema e TV. Ele investiu o que ganhou no teatro e na TV em imóveis, mas vendeu cinco apartamentos para construir uma sala.

Walmor Chagas pode ter desistido de Deus, mas o teatro virou sua religião? "Pode-se dizer que sim. Ele sempre foi necessário em minha vida. Tive alguns momentos em que juntei as mãos para rezar a Deus. Mas achei que era cinismo, se não acreditava nele. Tento não fazer mal a ninguém. Por isso vivo meio recluso. Não aguento a hipocrisia nem a competição em que o mundo se transformou."

Narcisismo. Quando Walmor descobriu que era ator? "Quando subi ao palco e recebi meu primeiro aplauso, lá em Porto Alegre (como o mensageiro da Antígona de Jean Anouilh, em 1948), senti que aquilo era o que queria. Me assumi como exibicionista, não um exibicionista sexual, mas como um Narciso, que queria aparecer." E ele ri da própria revelação.

Seus melhores papéis? No teatro? "Houve muitos, um dos mais difíceis foi em Gata em Teto de Zinco Quente, de Tennessee Williams. No cinema? "São Paulo S/A, embora o próprio Luiz Sérgio Person, o diretor, considerasse O Caso dos Irmãos Naves mais maduro. Não é, mas cinema é fotografia andante e, no primeiro filme, ele achou que devia demais ao fotógrafo Ricardo Aronovich." Na TV? "Fiz muitas novelas, mas foi Os Maias. Por causa de Eça de Queiroz." Walmor gostou de comemorar os 82 anos no cinema. Já tem outro filme pronto, uma adaptação de Stefan Zweig, Sentimentos de Confusão. Quem sabe para comemorar 83, no ano que vem?

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Folha de S. Paulo - Personagem de 'Escrava Isaura' é sinônimo de pessoa de pele escura

(02/9/2012) Sucesso na China, a telenovela "Escrava Isaura" também teve uma enorme audiência no Tibete (onde é chamada de "Isôra"), a ponto de o nome de um dos personagens ter sido incorporado pela língua local.Por causa do personagem André, do ator negro Haroldo de Oliveira, o nome virou sinônimo de pessoas de pele mais escura do que a média.A expressão (pronuncia-se "Andrés") é conhecida mesmo pelos que são jovens demais para ter assistido à novela da TV Globo.Exibida em 1985, foi a primeira produção estrangeira com uma atriz estrangeira no papel principal (Lucélia Santos) vista na China.O sucesso da personagem foi tanto que Santos chegou a ser recebida pelo líder Deng Xiaoping.Nas conversas durante a viagem, "Isôra", ao lado do futebol, é a principal referência do Brasil para os tibetanos acima dos 30 anos.

Zero Hora - A celebração do Liberdade

Filme narra a curiosa história do bar Liberdade, tradicional reduto do choro de Pelotas

Daniel Feix(03/9/2012) Um dos mais festejados choradores do país, aquele que o papa do cavaquinho Waldir Azevedo considerou seu principal discípulo. Um cantor de sambas-canções que emula Francisco Alves e transporta o ouvinte diretamente para os anos 1940. Um passista branco ensinando um negro admirado com sua técnica de dança que mistura o samba à “capoeiragem” – “Que é diferente, da capoeira”, ressalta. Uma cantora da Era do Rádio que se diz à vontade em apenas dois lugares: – Um teatro cheio de gente e um boteco cheio de bêbados.

São personagens de Pelotas, em torno dos quais se estabelece uma das mais tradicionais rodas de samba e choro da região. Todas as sextas e sábados, ela tem lugar no bar e restaurante Liberdade, tradicional reduto da boemia pelotense à noite e, por paradoxal que possa parecer, durante o dia, especialmente na hora do almoço, “a segunda casa dos colonos que saem da zona rural e vão à cidade para vender seus produtos”.

Esta frase está entre aspas porque reproduz as palavras de uma agricultora que é entrevistada pela dupla Cíntia Langie e Rafael Andreazza. Jovens cineastas de Pelotas, os dois assinam a direção do documentário de longa-metragem O Liberdade, no qual desfilam todos os boêmios citados na abertura deste texto. Eles e mais Vitor Ramil e Yamandu Costa, o primeiro cantando Juízo Final, de Nelson Cavaquinho e Elcio Soares, e o segundo exaltando “a resistência pelotense que não deixou o chorinho morrer quando ninguém dava bola para o gênero”.

O filme, que custou meros R$ 23 mil e já percorreu festivais de La Paz a Marselha, entra em cartaz amanhã na Cinemateca Paulo Amorim, em Porto Alegre, “por enquanto em apenas uma sessão diária (às 19h30min)”, conforme a programadora Mônica Kanitz. Não perca. Pela capacidade de síntese da atmosfera deste lugar único, trata-se de um registro histórico de um autêntico patrimônio da cultura do Estado.

ZH esteve no Liberdade na semana passada, em dia de mocotó e churrasco no almoço – que é servido no sistema “bufê a quilo” e só passa dos R$ 10 se o sujeito estiver com o apetite de um trabalhador que lidou na roça desde antes de o sol nascer. Fala-se até dialeto pomerano entre suas mesas enfeitadas com toalhas xadrez que, quando o sol vai embora, são arredadas abrindo espaço para aqueles que não aguentam apenas ouvir e se arriscam a dançar. No centro da pista improvisada, o piso de pedras claras, de tão gasto, escureceu.

– O que sustenta o Liberdade, financeiramente falando, é o dia – diz Dilermando Lopes, proprietário desde a inauguração, em 10 de maio de 1974. – Abri o restaurante aproveitando a proximidade dos pontos dos ônibus que vêm do interior do município. O samba foi incorporado com a frequência dos

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músicos e a proximidade que eles tinham do Nogueira – completa, referindo-se ao cofundador e boêmio até nos documentos Carlos Nogueira.

Hoje localizado na Rua Marechal Deodoro, centro de Pelotas, o bar teve quatro outras sedes, todas nas redondezas do Terminal de Ônibus da Colônia. Agora fica entre a loja Só 2 Reais e a Renovar Brechó e Catálogos, a alguns passos do terminal e defronte a um ponto secundário no qual estacionam os coletivos vindos da zona rural.

Fiéis, os boêmios sempre acompanharam estas mudanças. Muito disso se deve ao fato de que foi no Liberdade que o grupo Avendano Jr. e seu Regional se estabeleceu desde os primeiros dias de seu funcionamento. Os personagens citados neste texto, de algum modo, por parceria musical ou simplesmente admiração, são dedicados a manter o legado do grupo. É na igreja do Avendano que a turma do Liberdade reza. E vai continuar rezando, mesmo que o líder dos choradores, o cavaquinista para quem Waldir Azevedo, o compositor de Brasileirinho, deixou o seu instrumento de estimação, tenha morrido em junho passado.

Avendano morreu aos 72 anos, não sem antes ver o belo filme que ele e seus companheiros de seresta inspiraram.

Folha de S. Paulo – Mal (quase) secretoEx-"maldito" da MPB, Jards Macalé é tema do novo filme de Eryk Rocha, filho de Glauber

Jards Macalé em cena do documentário de Eryk Rocha

Marcus Preto, enviado especial ao Rio(05/9/2012) Personagem central de "Jards", o quinto longa do cineasta Eryk Rocha, 34, Jards Macalé é um homem triste. Ao menos é assim que ele surge em boa parte das cenas do filme, ainda inédito, que tem primeira sua exibição no Festival do Rio, em outubro.

Cigarro entre os dedos, caminha calado por cenários que se repetem pela hora e meia de projeção: a casa em que vive só, as ruas do Rio, o estúdio de gravação, outra vez as ruas, de volta à casa. As imagens cíclicas registram o cotidiano do artista durante a gravação de seu CD mais recente, "Jards", lançado no ano passado.

Quando aparece no estúdio -com a banda ou com seus convidados Adriana Calcanhotto, Elton Medeiros, Luiz Melodia, Frejat, Ava Rocha, Thais Gulin e Frejat-, Macalé nem parece infeliz. Mas basta botar o pé na rua, rumo ao mundo real, que qualquer alegria desaparece. E a câmera parece gostar mais dele nesse estado.

"O filme traça uma vereda em que coexistem a solidão e o êxtase", diz Eryk, que conheceu seu personagem por meio de seu pai, o cineasta Glauber Rocha (1939-1981). E completa: "O grosso dos filmes musicais brasileiros focam a biografia convencional ou o show filmado. Não quis fazer jornalismo, mas um ensaio-poema musical".

O diretor conta que muito da melancolia captada por suas lentes vinha de um luto: o fim da relação amorosa do cantor com Ana de Hollanda -que, àquela altura, assumia o Ministério da Cultura. Macalé não fala no assunto. Retrato desse estado de espírito, o clássico francês "Ne me Quitte Pas" ganhou uma interpretação avassaladora do cantor -que acabou não incluída no respectivo álbum.

A previsão é que "Jards" entre em cartaz em março de 2013. Serão sessões gratuitas nas salas do Espaço Itaú de todo o país. No mesmo mês, Macalé completará 70 anos.

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TEATRO E DANÇA

O Globo - A música improvável

Celebrando 25 anos, a Armazém Cia. de Teatro estreia hoje ‘A marca da água’, peça sobre uma mulher que ouve sons e melodias dentro de sua cabeça e que irá para os festivais de Edimburgo e Avignon

Luiz Felipe Reis

(30/8/2012) No fundo do palco há uma piscina — rasa —, e atrás dela um painel onde são projetadas imagens de outra piscina — funda. No raso ou no fundo, no real ou na virtualidade, as imagens se complementam num único fim: mostrar que uma mulher está dentro da água. E a atriz Patrícia Selonk está mesmo lá: submersa, tanto em sua personagem como nas águas azulíssimas que ambientam a cena. Em seu mergulho (no telão), vemos seu corpo invadir e ser envolvido pelo espaço líquido.

E é nessa abstrata relação que se dá a história concreta de Laura, sua personagem. — Laura sofre de

hidrocefalia — conta Patrícia. — Uma doença que causa acúmulo de água no cérebro. Então ela está lá, com a sua cabeça invadida pela água e, ao mesmo tempo, mergulhada no que isso traz.

PESQUISA COM OLIVER SACKS Precipitada após um acidente ocorrido na infância, durante um mergulho numa piscina, a doença irrompe ao acaso décadas depois. Situações como esta aparecem no livro “Musicofilia”, do neurologista inglês Oliver Sacks, uma das leituras da Armazém Companhia de Teatro durante a montagem da peça “A marca da água”, que estreia hoje, às 21h, na sede do grupo, na Fundição Progresso. — Lendo o livro, deparamos com uma série de situações improváveis nesse sentido, como uma mulher que passa a sofrer de uma neurossífilis anos após contrair a doença — conta o diretor Paulo de Moraes. — É mais ou menos o que acontece com Laura. De repente, ela passa a sentir os sintomas da doença adormecida. Assinada por Paulo de Moraes e Maurício Arruda Mendonça, a história começa quando os sintomas retornam. Com eles, Laura passa a ouvir sons e melodias. A inquietação provocada ganha duplo sentido. — A vida dela estava estagnada, como água parada. Quando a doença e os sons brotam, aquela água plácida ganha “vida”, andamento. Mas um andamento contraditório, porque a doença vai evoluindo — diz o diretor. Patrícia complementa: — Viver aquele sintoma se torna mais importante que encontrar uma cura. A preocupação dela é materializar aquela melodia, e não se curar. A música, a princípio, é inapreensível para Laura; e incompreensível a seus familiares (vividos por Ricardo Martins, Marcos Martins, Marcelo Guerra e Lisa E. Fávero). A relação entre a água e o caráter fugidio de uma canção é apenas uma das metáforas que a montagem costura. A água e suas fluidas características estão ligadas à relação da personagem com a vida, o espaço, o tempo e, sobretudo, memória. — Ela faz um mergulho profundo nas suas memórias, lembra do acidente, e é assim que conhecemos a sua história. Mas, como a água, sua memória vai e vem — diz a atriz. “A marca da água” estreia com passagem para fora. Uma das quatro selecionadas no festival Cena Brasil Internacional, a peça que celebra os 25 anos da Armazém vai representar o país, em 2013, nos

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Mergulho duplo. O atores Marcos Martins e Patrícia Selonk vivem um casal que transita entre o delírio e a realidade

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maiores eventos teatrais do mundo, Edimburgo e Avignon, junto com as companhias Amok (RJ) Teatro Máquina (CE) e Teatro Balagan (SP).

O Estado de S. Paulo - Peça vai reproduzir no Ipiranga o grito da Independência

Ensaio. Produção histórica vai envolver neste domingo 25 atores e 250 outros profissionais

Com Murilo Rosa como d. Pedro I e Deborah Secco como Maria Leopoldina, espetáculo gratuito será encenado na frente do museu

(31/8/2012) "Independência ou morte." Para celebrar os 190 anos do histórico grito de d. Pedro I, que libertou o Brasil de Portugal às margens do Riacho do Ipiranga, uma peça será encenada ali mesmo neste domingo, a partir das 11h30, no Parque da Independência, na frente do Museu Paulista.

Com status de megaprodução, a montagem envolve 25 atores - entre eles, Murilo Rosa, como d. Pedro, e Deborah Secco, como a princesa Maria Leopoldina - e 250 outros profissionais. A entrada é grátis.

Auto da Independência, organizado pela Associação Comercial de São Paulo, pretende entrar para o calendário da cidade, tornando-se atração fixa anual. É a primeira vez que o episódio é encenado no mesmo local onde a Independência foi proclamada. Na programação, também há espetáculos de dança e música.

Os ensaios vêm ocorrendo há um mês sem a presença do casal protagonista, que está se preparando no Rio e só amanhã fará um ensaio geral com o resto da equipe. "Trata-se de uma experiência única. São quatro atos, ao longo de todo o dia", conta o diretor Nelson Baskerville, ganhador do Prêmio Shell de Teatro 2012, lembrando que a previsão é de que o espetáculo seja encerrado por volta das 18h. "Este mês de trabalho foi bastante intenso. A complexidade é tanta que eu comparo isso a dirigir uma ópera, não uma peça de teatro."

História. No papel de d. Pedro, Murilo Rosa já tem experiência nesse tipo de espetáculo, chamado de "teatro-show". Ele já foi Jesus Cristo na Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, em Pernambuco, e Giuseppe Garibaldi em uma encenação em Laguna (SC). "Quando encenamos esses períodos, valorizamos nossa cultura e não deixamos desaparecer um pedaço da história."

Para Murilo, todo o espetáculo será uma grande aventura. "Em encenações como essa, geralmente gravamos os diálogos antes. No domingo, faremos tudo ao vivo, no gogó. Dá um friozinho na barriga." O ator vê seu personagem como herói. "Não foi uma decisão fácil para ele. D. Pedro I se tornou símbolo pela atitude que tomou."

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Baskerville comenta que teve muita liberdade para montar a encenação. "E a locação é perfeita. Afinal, estamos reproduzindo a história no local onde ela realmente aconteceu." / Edison Veiga e Juliana Deodoro

Correio Braziliense - Mambembes no verão europeu

A dupla brasiliense Erika Mesquita e Atawallpa Coelho, do Circo Rebote, percorreu a Itália, a Alemanha, a França e a Suíça

Mariana Moreira

Erika Mesquita e Atawallpa Coelho em cena: a arte como passaporte

(03/9/2012) Artista de circo tem alma de mambembe por natureza, e volta e meia, exercita essa faceta andarilha, mostrando suas habilidades mundo afora. Neste momento, quem gira pela Europa é a dupla Erika Mesquita e Atawallpa Coello, do Circo Rebote, criado em Brasília em 2004. O peruano e a brasileira fazem seu primeiro tour pelo Velho Mundo, com 12 apresentações em quatro países: Alemanha, França, Itália e Suíça. A temporada de arte, realizada em pleno verão no hemisfério norte, começou em 3 de agosto e se encerrará um mês depois, em 3 de setembro.

“Fomos motivados pela experiência anterior de Atawallpa, que foi excelente, e por colegas palhaços, que realizam temporadas de verão na Europa. Além disso, nos motivou

o desafio e a oportunidade de experimentar, ver e aprender. Vemos nessa temporada um grande aprendizado”, afirma Erika, ao ressaltar a participação de Atawallpa em festivais, em 2006. A entrevista para esta matéria, concedida por e-mail, foi respondida em Vevey, na Suíça, onde Charles Chaplin passou seus últimos anos. O roteiro percorrido pelo casal passa pelos festivais de artistas de rua Kulturufer Friedrichshafen, na Alemanha, pelo Rue du amour, uma mostra francesa, e pelo Festival di artiste di strada Ferrara Buskers, na Itália.

Comédia circense

O caminho para conseguir os carimbos no passaporte foi o envio de material de divulgação para os festivais. O burburinho de amigos que trabalham com a palhaçaria também ajudaram para que os dois corressem atrás de apoio. Quando os convites foram formalizados, o Ministério da Cultura colaborou com a compra das passagens. O passo seguinte foi encher a mala com os figurinos extravagantes e coloridos, o trompete, uma bateria pequena e alegria pra dar e vender.

Em cena, os palhaços Ataualpa e Berinjela arrancam risadas do público e fazem música ao vivo, com referências a canções populares. Ao misturar o clown, equilibrismo, acrobacia e música, criaram, há cinco anos, o espetáculo Tome sua poltrona, uma comédia circense inspirada em teatros populares do passado, tomando como base a relação que o palhaço estabelece com o mundo. São números pautados nas excentricidades humanas, que resultam em uma série de conquistas frustradas, mas envoltas em encantamento.

Além de divulgar o Circo Rebote mundo afora, as andanças também enriquecem o repertório pessoal da dupla na hora de criar seus próprios espetáculos. “Vimos de tudo por aqui, desde artistas que usam poucos equipamentos, realizando espetáculos de mala e que causam alto impacto no público, até espetáculos com estruturas grandiosas e técnicas apuradas. O interessante é a diversidade e concluí que o resultado é o mesmo”, destaca Erika.

Na volta para casa, os dois concentrarão as energias na criação de um número para corda em balanço, semelhante ao trapézio. O estudo é fruto de um patrocínio da Fundação Nacional das Artes (Funarte). “Acabamos de finalizar o projeto de pesquisa focado na técnica, por causa do nível das

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evoluções acrobáticas no aparelho. Mas é só o começo. Agora, vem a fase da criação”, destaca a artista.

PatrocínioUm estudo da Funarte feito em 2009 aponta que havia 500 grupos circenses no país, mas, para Erika, a tendência é que o cenário hoje esteja melhor. “O apoio a companhias e circos itinerantes certamente cresceu, mas ainda há muito a melhorar”, adverte a artista, que bebe da fonte de palhaços como Pirajá e Delisie, da Escola Nacional de Circo, Palhaço Biribinha de Alagoas, além do italiano Leris Colombaioni.

12 - Quantidade de apresentações do Circo Rebote na Europa

ARTES PLÁSTICAS

O Estado de S. Paulo - Rasgos e paródias

Adriana Varejão abre mostra no Museu de Arte Moderna

A artista Adriana Varejão revisita sua carreira em mostra panorâmica a partir de segunda-feira, no MAM

(30/8/2012) "A carne não representa para mim nada de martírio, morte. Existe um certo humor em meu trabalho que ninguém vê, um humor negro que às vezes é um pouco grotesco. Não é para levar tão a sério", diz a artista carioca Adriana Varejão. De uma forma explícita, em sua série Ruínas de Charque, dos anos 2000, a pintora se vale da

artificialidade de colocar vísceras dentro de fragmentos de paredes de azulejo. Mas a carne não é carne, o azulejo não é azulejo: de uma maneira mais ampla, barroca, quando as entranhas da pintura e das histórias - da arte, antropológicas ou outras - aparecem representadas na obra de Adriana Varejão, há ficções e contundência. Encenações e paródia. E até um monte de "miscigenações".

Somente agora, depois de uma prestigiada carreira iniciada na década de 1980, Adriana Varejão tem, no Brasil, a primeira antologia de sua produção, a mostra Histórias às Margens, que será inaugurada segunda-feira no Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo. A exposição apresenta 42 trabalhos realizados por ela desde 1991, entre eles, Extirpação do Mal por Incisura (1994) e Reflexo de Sonhos no Sonho de Outro Espelho (Estudo sobre o Tiradentes de Pedro Américo, 1998), exibidos, respectivamente, nas 22.ª e 24.ª Bienais de São Paulo. Anteontem, na montagem da mostra, a própria artista se surpreendia ao rever peças que há mais de 20 anos não são vistas no País.

Estado de Minas - Arte para sentir

Lygia Clark ganha retrospectiva a partir de amanhã, em São Paulo, com trabalhos inéditos. Artista mineira influenciou a arte contemporânea brasileira e teve repercussão internacional

Sérgio Rodrigo Reis

(31/8/2012) Durante a pesquisa da exposição Lygia Clark: uma retrospectiva, os curadores Felipe Scovino e Paulo Sergio Duarte puderam, com autorização da família, conhecer os diários da artista, até então só manuseados pelos mais íntimos. Entre as anotações sobre o processo criativo, encontraram informações sobre as obras realizadas, reflexões sobre a criação e uma surpresa: três projetos ainda inéditos com as respectivas descrições de montagem de Filme sensorial, O homem no centro dos acontecimentos e Cinto diálogo. A partir de amanhã, quando será aberta a mostra no Itaú Cultural, em São Paulo, o público poderá conhecer de perto não só os três trabalhos inéditos, como também um conjunto de outras 150 peças.

Entre pinturas, esculturas modernas e experiências sensoriais, a exposição representa rara oportunidade de conhecer de perto a produção da artista mineira (1920-1988), como A casa é o

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corpo. Trata-se de uma instalação de oito metros, que permitirá a passagem das pessoas pelo seu interior, para que tenham a sensação de penetração, ovulação, germinação e do primeiro contato com o mundo. Ainda no primeiro andar estarão trabalhos realizados entre o fim dos anos de 1940 e meados de 1950. São esculturas, com destaque para os Bichos; pinturas, como Escada – uma de suas primeiras criações –, e telas da série Composição.

Outra instalação, Campo de Minas, exibida apenas em uma ocasião, no Rio de Janeiro, aguardará o visitante no térreo. O público vestirá sapatos magnetizados e poderá tentar ultrapassar um tablado de 4mx4m com algumas partes imantadas. A mesma lógica a levou a criar a inédita Cinto diálogo. Cada pessoa receberá um cinturão com ímãs e poderá entrar com seu par em um jogo de atração e repulsão. Em volta dessas obras, uma linha do tempo indicará não somente elementos da vida e obra de Lygia, como a situará no contexto histórico e político nacional e internacional. Em seguida, descendo para o outro piso, o foco será o diálogo da artista com a arquitetura, por meio de esculturas como Trepantes, realizadas em 1963, ou das estruturas de Caixas de fósforos, de 1964.

A retrospectiva terminará com apresentação dos objetos sensoriais, série de trabalhos para serem sentidos pelo espectador, como as Máscaras sensoriais. É nesse segmento que estão outras duas criações ainda inéditas, ambas

produzidas especialmente para a ocasião. O Homem no centro dos acontecimentos é uma instalação formada a partir de projeções simultâneas nos quatro lados de uma pequena sala de imagens, captadas por quatro câmeras instaladas no capacete de uma pessoa andando nas ruas. Já Filme sensorial, a outra criação inédita, proporcionará ao visitante que entre em um quadrado para viver um dia na vida de um cidadão comum, por meio de sons como o cantar do galo, o barulho da água do banho e sons da rua e do trânsito.

Vários são os motivos que tornam imperdível a oportunidade atual. “Abrimos com um estudo, de 1948, e terminamos com as últimas experiências, quando Lygia realiza obras em interface com terapia e arte. É uma artista especial, não apenas por ter transformado radicalmente a escultura brasileira, como também a mundial. Os historiadores de arte internacionais, se olhassem mais de perto para a produção de países como o Brasil, conseguiriam ver isso. Lygia começa no bidimensional, depois passa para trabalhos dependurados em paredes caindo ao chão que, mais adiante, se transformam nos bichos, a série mais conhecida”, explica o curador Felipe Scovino. Para escolher o conjunto que está sendo apresentado, ele teve acesso a acervos de BH, Rio e São Paulo.

A exposição, após sua realização em São Paulo, não deverá viajar pelo país. A próxima grande mostra, só em 2014, quando outra retrospectiva será montada, desta vez nos Estados Unidos, no MoMA, em Nova York.

Conexão minas

As lembranças mais fortes de Alexandra Clark sobre a avó são dos dias passados no apartamento-ateliê, em Copacabana. “Era sempre ótimo. Vivia cercada de verde e esculturas e, para nos sossegar, nos vestia com os objetos relacionais.” Aos 12 anos, quando a avó morreu, pouco a pouco outras características vieram à tona, como a força da produção estética. “Minha avó construiu uma obra como construiu a vida: seguiu sempre em frente, sem olhar para trás.”

Quando, já no Rio de Janeiro, resolveu se dedicar à arte, a criação conservadora mineira representou um peso para Lygia. “Conseguiu se libertar dos paradigmas quando sua arte aflorou”, afirma a neta, sem entrar em mais detalhes. Outro assunto polêmico é a dificuldade em ter acesso a seu legado. Segundo Alexandra, a família, desde que criou uma associação para cuidar do legado da artista, tem lutado para mostrar o acervo da maneira correta. “Sua criação é para ser vivenciada, não para ser exibida de maneira documental, como as pessoas insistem.” Mas isso não significa que esse aspecto ficará inacessível. Pelo contrário.

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Está sendo organizado pela UFMG, via Fundep, todo o acervo documental de Lygia Clark, de cerca de 16 mil documentos. Se tudo correr como planejado, em um ano estará disponível num portal para pesquisadores. São fotos de época, imagens de exposições, documentos pessoais, textos críticos e diários. Só não serão liberados os projetos de obras. “Porque são muito fáceis de ser reproduzidas”, explica a neta. O processo de catalogação existe desde 1996, quando o acervo que ficava no antigo ateliê, depois de um período no Museu de Arte Moderna do Rio, voltou para a família. Outra novidade que deverá popularizar entre os mineiros a obra de Lygia é o prometido pavilhão em Inhotim. “Há sondagens, mas nada concreto. Para nós é muito triste chegar lá e não ver nada dela”, diz Alexandra Clark.

Em busca de experiências

A pintora e escultora Lygia Clark nasceu em Belo Horizonte, em 1920. Aos 18 anos, mudou-se com o marido para o Rio de Janeiro, onde iniciou aprendizado artístico com Burle Marx (1909-1994). Entre 1950 e 1952, viveu em Paris. De volta ao Brasil, integrou o Grupo Frente, liderado por Ivan Serpa (1923-1973). Foi uma das fundadoras do Grupo Neoconcreto, inclusive participando da primeira exposição, em 1959. Pouco a pouco trocou a pintura pela experiência com objetos tridimensionais, que foram, cada vez mais, envolvendo a participação do espectador, como a série Bichos, de 1960, construções metálicas geométricas que se articulam por meio de dobradiças.

A exploração sensorial aparece em seu trabalho em instalações como A casa é o corpo, de 1968. Voltou a morar em Paris, entre 1970 e 1976, período em que lecionou na Faculté d’Arts Plastiques St. Charles, na Sorbonne. Nesse período, sua atividade se afasta da produção de objetos estéticos e volta-se sobretudo para experiências corporais, em que materiais estabelecem relação entre os participantes. Retornou ao Brasil em 1976 e dedicou-se ao estudo das possibilidades terapêuticas da arte sensorial e dos objetos relacionais. A partir dos anos 1980, a obra ganha reconhecimento internacional. A artista morreu em 1988, no Rio de Janeiro.

Estado de Minas - Missão cumprida

Os professores Paulo Lisboa e Clébio Maduro ajudaram a formar gerações de gravuristas no estado. Com satisfação, a dupla constata a qualidade da produção artística de seus alunos

Walter Sebastião

Visitante observa gravura na exposição A resistência da técnica, em cartaz na galeria da Cemig

(31/8/2012) Em cartaz na Galeria de Arte da Cemig, a exposição A resistência da técnica traz muitas histórias. É o panorama do que jovens gravadores vêm realizando e traz a público o que produziu em oficinas nas escolas de Belas Artes, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e Guignard, da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg), coordenadas por Clébio Maduro e Paulo Lisboa.

Há quase três décadas, a dupla incentiva a prática da gravura em metal. Clébio tem 60 anos, é de Mendes Pimentel (MG) e mora em Lagoa Santa. Paulo, de 58, nasceu em Leopoldina, atua na cidade natal e em Belo Horizonte. Mestres da gravura brasileira, ambos ganharam prêmios no Brasil e no exterior.

Clébio Maduro ficou emocionado ao visitar A resistência da técnica, que será encerrada hoje. “Os artistas, em sua maioria, são meus alunos. Tenho muito tempo como professor”, surpreende-se.

Com prazer, ele identificou nos trabalhos “o uso da linha, sem medo de doer”. Vindo de Amilcar de Castro, esse ensinamento dá potência gráfica às obras. “O importante é a coragem da linha, não importa se certa, errada ou torta. Ela conduz o gesto do artista”, afirma.

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Professor desde 1978, Clébio ressalta o fato de Paulo Roberto Lisboa ter se dedicado ao ensino a partir de 1998. “Divide a responsabilidade”, brinca, contando que se sentiu sozinho em algumas ocasiões. Desde 2003, Paulo Lisboa articula grupos dedicados à gravura em metal. O primeiro deles, o Sala 8, expôs em várias cidades mineiras. “Podendo ajudar, ajudo mesmo. O meio artístico é difícil, estímulo é importante. Passei muito aperto”, observa.

Os dois são famosos pelo rigor. “Todo aluno meu ganha nota máxima. Mas perde pontos pelo que faz”, brinca Clésio. Paulo Lisboa ri de sua fama de exigente. “Não veio? Vou dar falta. Fez péssimo trabalho? A nota é baixa”, garante. “Arte pode ter um por cento de dom, mas o resto é trabalho. Escritor só aprende a escrever escrevendo. O artista só define o traço, o gesto, desenhando – sempre e muito”, ensina Paulo. Contemporânea na Escola Guignard, a dupla se iniciou em gravura em metal com George Helt.

No começo da carreira, Paulo Lisboa fez de tudo um pouco: cartuns, cartazes, gravuras e letreiros. “Neste momento, a moçada está criando trabalhos muitos bons”, avisa. Prova disso é a exposição em cartaz na Cemig, que será apresentada no Centro Cultural e Turístico da Fiemg, em Ouro Preto. Outras cidades do interior mineiro também receberão a mostra.

La Nación (Argentina) - Dos caras de Brasil

Por Alicia de Arteaga

Iran do Espírito Santo y su obra, un espejo doblado sobre sí mismo, como una pintura concreta.

(31/8/2012) El ying y el yang. Iran do Espírito Santo y Leda Catunda nacieron en San Pablo con dos años de diferencia, estudiaron juntos en la Fundación Armando Alvares Penteado de la capital paulista y ambos, cada uno por su lado, encontraron un camino expresivo ubicado en las antípodas. Dos caras de Brasil. La superficie lisa y acerada de las esculturas impolutas de Espirito Santo se conecta con la tradición abstracta que va de los concretos a los Bichos de

Lygia Clark. Son objetos perfectos, sensuales en su acabado obsesivo.

Voluptuosa, intensa, Leda Catunda es heredera de una tradición textil, cuyo referente más visible es el Oiticica de los Parangolés , de raigambre popular y naturaleza híbrida. En sus manos cobra vida la pintura corpórea, con volumen, acolchada, sencillamente doméstica, en la que se funden la voluntad pictórica y figurativa como toma de posición frente al arte conceptual, pero, también, la recuperación de prácticas atávicas en las que la mano deja su huella.

Por primera vez juntos en Buenos Aires, en la doble muestra que presenta Orly Benzacar, los artistas paulistas comparten el búnker de Florida 1000. El diálogo de dos mundos marca también el comienzo de una cooperación internacional, en este caso con la galería Fortes-Vilaça, cuando el arte de Brasil conquista su lugar en museos, bienales y colecciones privadas. Pocas semanas atrás, Babelia, el suplemento cultural de El País, de Madrid, dedicó su nota de tapa al "Brasil prodigioso: el arte que despega en un país en permanente ebullición". Ivo Mesquita, director de la Pinacoteca del Estado de San Pablo, señala con razón que el arte de Brasil se fue "descolgando" del contexto latinoamericano para reafirmar y consolidar la originalidad de su aporte al arte de Occidente.

El cambio de posicionamiento en el mapa y la legitimación del mercado tienen que ver, también, con las estrategias y las políticas de un país decidido a colocar en un podio de prestigio a sus artistas, como sucede cada dos años, desde mediados del siglo XX, en la prestigiosa Bienal de San Pablo, que abrirá sus puertas la semana próxima con la dirección del venezolano Luis Pérez-Oramas, curador del MoMA y buen amigo de la coleccionista Patricia Phelps de Cisneros.

Para decirlo con las palabras de Ivo Mesquita, Brasil ha encontrado la forma de operar culturalmente con "lo mejor de dos mundos": el Estado, según el modelo europeo, y los privados, en el esquema filantrópico norteamericano.

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El ying y el yang. Irán do Espirito Santo parte de referencias cotidianas, objetos de consumo y de uso diario como la bombita de luz, para transformarlos en bellas esculturas de factura impecable. La bombita de metal bruñido vuelve lejano lo real y convierte en objeto de observación lo cercano. El tamaño y el empleo de materiales no convencionales (mármol, granito, vidrio, acero) modifican la percepción.

Iran camina por la galería, impecable como su obra, y recuerda sus comienzos en un laboratorio de fotografía procesando fotos en blanco y negro. Esa obsesión monocromática quedó fijada en la retina del paulista y está en su obra Passant 6 , un degradé de 54 tonos de gris pintado en el muro de veinte metros, una variación que se repite en tres módulos iluminados a giorno .

Pasada la muestra, la obra desaparecerá, quedará el registro y la experiencia, una manera de

conjurar la idea de la obra de arte como objeto de consumo, preocupación central en el pensamiento de Iran. Enfrentado al gigantesco mural están los espejos plegados sobre sí mismos; lucen como una pintura concreta en la que el color es el de fábrica, el verde industrial del reverso. Juego de percepción especular.

El deporte -sus símbolos, signos y colores- es el universo que explora Leda Catunda en sus pinturas o esculturas blandas, sinceras manifestaciones de la maravilla cotidiana de lo artesanal. Una representación doméstica del mundo glamoroso de marcas, sponsors y carteles que rodean la competencia deportiva. Ella, docente por naturaleza, lo explica con una sonrisa enorme, la misma que le regalará a Kuitca en el momento del reencuentro el día de la inauguración. Ambos, invitados por Jorge Glusberg, expusieron en el CAyC en 1984. Tenían veinte años.

En los ?80, Catunda desembarcaba en la escena paulista con el apoyo de la crítica Aracy Amaral. Su obra lleva la marca indeleble de un estilo que se repite en collages y telas bordadas. Quilmes, Boca Juniors y la bandera argentina son parte de un guiño cómplice a sus amigos locales, que no son pocos. Leda se divierte con esta documentación visual del deporte, cuando Brasil se prepara para dos mega-eventos como son el Mundial de Fútbol y los Juegos Olímpicos, sin contar que su universo personal y afectivo está muy cerca del mundo de los skaters .

Ficha. Iran do Espírito Santo y Leda Catunda en Ruth Benzacar (Florida 1000), hasta el 28 de septiembreadn CatundaSan Pablo, 1961 Pintora, escultora y artista gráfica, es considerada una de las principales artistas surgidas de la Generacióndel '80 en Brasiladn Do Espírito SantoMococa, 1963 Parte de objetos de consumo y de uso diario para crear esculturas de factura impecable. En 2007 representó a Brasil en la Bienal de Venecia

Correio Braziliense - Que país é este?

Conheça os ganhadores do concurso Brasileirinhos no mundo, lançado pelo Itamaraty para crianças que moram no exterior

(01/9/2012) Existem crianças brasileiras que nunca pisaram no Brasil e há crianças que apenas guardam lembranças de sua terra natal. Para saber como é que a garotada que mora lá fora imagina

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Leda Catunda y sus pinturas blandas en la galería Ruth Benzacar.

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ou se lembra do Brasil, é que surgiu o concurso de desenho Brasileirinhos no mundo, organizado pelo Ministério das Relações Exteriores. Este ano foi lançada a terceira edição com o tema O meu capítulo favorito da história do Brasil. Participaram 481 crianças, com idades entre 6 e 12 anos, que moram em 23 países diferentes.A seleção foi feita por uma comissão de nove jurados, entre eles os jornalistas do Correio, Fernando Lopes e Sérgio Maggio. Jô Oliveira, ilustrador de livros infantis, foi um dos que avaliaram os trabalhos enviados. O artista se impressionou com a criatividade dos participantes:— Foi difícil escolher os 10 primeiros colocados, pois as crianças entenderam bem a proposta do concurso e enviaram ótimas ilustrações. O desenho que ficou em primeiro lugar representa o Rio de Janeiro.Além dos 10 primeiros colocados, que terão seus desenhos publicados em livro, outras 10 crianças serão premiadas com menções honrosas pela qualidade dos trabalhos enviados. Luiza Lopes da Silva, chefe da Divisão de Assistência Consular, explica o objetivo do concurso:— Nosso objetivo é estimular pais e professores a falarem sobre a história do Brasil para as crianças que moram no exterior. Queremos ver e entender como esses pequenos, que nunca tiveram contato com o país, enxergam a nossa realidade.

Brasilidade

Os vencedores desenharam sobre o tema O meu capítulo favorito da história do Brasil

1º lugarEduarda Jovanholi Lamin, 11 anos, mora em Burlington (EUA). Ela fez um desenho com colagens sobre o Rio de Janeiro. Para Eduarda, ficar em 1º lugar foi uma conquista muito importante, que incentiva seu sonho de ser artista. Ela explica como fez a ilustração:

— Meu desenho mostra que existem coisas boas no Rio. A pipa significa que tem muita criança brincando na rua. A favela, eu fiz de jornal porque acho que é da mesma cor das

casas da favela. Para fazer os prédios, usei latinhas de refrigerante. Eu queria mostrar que o Brasil é assim, um lugar com gente de todo jeito, em um cenário muito lindo.

A família da Eduarda é carioca, mas foi para os EUA em 2000 em busca de uma vida melhor. Eduarda gosta de passar a infância em Burlington e vem ao Brasil todos os anos. Ela se sente um pouco americana e um pouco brasileira:

— Na escola, me sinto americana, mas gosto de falar, ler e escrever em português. Gosto de ser brasileira e saber conversar sobre o Brasil quando as pessoas falam sobre esse assunto.

2º lugarSayuri Suyama Ferrasoni, 7 anos, vive em Shiga-Ken, no Japão, e pintou Ana Nery — A primeira enfermeira a cuidar dos homens da guerra. Ela explica por que fez o desenho:

— Eu quis participar do concurso porque minha amiga de escola ganhou o terceiro lugar no ano passado e isso me incentivou. A ideia de fazer o desenho veio depois que eu fiz um trabalho de escola sobre a história do Brasil. O desenho é uma homenagem à enfermeira Ana Nery, personagem do meu trabalho de escola sobre a carreira de enfermagem.

Por e-mail, a menina contou ao Super! como é viver no Japão:

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— Sou natural de Lins, em São Paulo, e moro em Shiga-ken, no Japão, desde fevereiro do ano passado. Aqui, gosto de andar de bicicleta, de desenhar e de brincar com meus amigos da escola. As pessoas daqui são muito disciplinadas desde crianças, devido a sua cultura. Sinto falta do Brasil porque tenho saudades da minha família e dos gatos do meu avô.

3º lugarYasmin Yamasaki Takara, 10 anos, mora em Shiga Ken Rikone Shi Inae, no Japão, e ilustrou A batalha. A família dela é original de Cambé, no Paraná, mas os pais dela foram para a terra do sol nascente trabalhar. Yasmin nasceu no Japão e se considera metade japonesa e metade brasileira. Ela veio ao Brasil uma vez e sente falta dos familiares:

— Visitei o Brasil, mas como eu era pequenina , quase não me lembro. Tenho saudades da vovó, da minha irmã e de brincar com minhas primas.

Yasmin adora a escola japonesa:

— Sou muito feliz, pois na escola onde estudo tenho bastantes amiguinhos e brinco muito. Eu adoro a escola, pois fico lá o dia inteiro e só vou embora à noite. É diferente do Brasil: minhas primas e minha irmã dizem que estudam só até o meio-dia no Brasil. A semelhança é que a escola é bílingue, então, tenho aulas de japonês e de português. Aí quando meus pais voltarem para o Brasil, posso continuar os estudos.

Esta é a terceira vez que Yasmin participa do concurso por causa do sonho que tem de ser desenhistas. Ela fala sobre o que desenhou:

— Meu desenho é uma sambista, que é da minha cultura, e uma japonesa, que é do meu país. São duas lendas: uma brasileira e uma japonesa. Mostra o quanto eu gosto dos dois países.

4º lugarKarina Dantas Wagner, 7, pintou A tribo, direto de Berlim, na Alemanha, onde mora desde setembro de 2011. A família de Karina é de Bauru (SP). Karina gosta muito de lá por causa das praças e dos parques, onde há muitas árvores e sempre aparecem esquilos e coelhos. Ela adora passear de trem e metrô sem precisar ter medo. Veja o que ela fala do Brasil:

— Eu me sinto brasileira e que pertenço ao Brasil, mas gosto de morar em Berlim. Sinto falta das minhas amigas do Brasil, quero visitá-las em breve.

E o que ela fala dos alemães:

— Gosto das pessoas daqui.

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5º lugar - Lucas Spiller, 11 anos, mora na Suíça e desenhou Santos Dumont e o 14 Bis.

6º lugar - Naomy Nakamura da Silva, 11 anos, de Ogaki, no Japão, fez um desenho sem título, que mostra a visão do povo brasileiro, os imigrantes, em traço de mangá.

7º lugar - Barbara Barros, mora em Washington, nos Estados Unidos, e fez colagens sobre A chegada da família real portuguesa ao Brasil.

8º lugar - Luana Sophia Gonçalves Schaaf, 10 anos, de Berlim, capital alemã, pintou Um índio e um português observando ele.

9º lugar - Oscar Hennes Paraguassu Abrantes, 6 anos, mora em Berlim, na Alemanha, desenhou A vida de índio. 10º lugar - Rayan Mussallam Al

Masri, do Líbano, criou Escravo livre.

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O Estado de S. Paulo - Bienal de São Paulo chega à 30ª edição renovadaO maior evento das artes no Brasil solucionou problemas que ameaçaram sua realizaçãoCamila Molina

(02/9/2012) A Bienal de São Paulo chega à sua 30.ª edição de forma renovada, apesar das dificuldades de percurso que quase inviabilizaram sua realização. Com um amplo número de obras, cerca de três mil, criadas por 111 artistas, e um projeto curatorial consistente, idealizado pelo venezuelano Luis Pérez-Oramas, a abertura da mostra se desdobrará em três momentos ao longo desta semana. Na terça, será a vez dos convidados; quarta e quinta, o pavilhão estará reservado para eventos do serviço educativo. E na sexta-feira, no feriado de 7 de setembro, os portões da Bienal serão abertos para o público.

O título da 30.ª Bienal de São Paulo, A Iminência das Poéticas, é considerado pela curadoria não um tema, mas um eixo condutor da mostra. "Trata-se mais de um pretexto para pensar, para lançar perguntas", explica Oramas, curador responsável pelo departamento de arte latino-americana do Museum of Modern Art (MoMA) de Nova York.

A seleção de artistas e obras da mostra foi feita em conjunto com os curadores-associados André Severo e Tobi Maier e a curadora-assistente Isabela Villanueva. Questões como multiplicidade, recorrência e mutabilidade das poéticas, aspectos fortemente presentes no mundo contemporâneo, estão privilegiados nesta edição.

"Fizemos uma mostra como poucas na história da Bienal. Ela propõe uma temática nova de debate, um discurso novo", analisa o presidente da Fundação Bienal de São Paulo, o empresário Heitor Martins, à frente da diretoria da instituição desde 2009. Segundo ele, a 30.ª edição foi realizada com um orçamento "20% menor" que o da edição anterior. "Concluímos toda a captação de recursos, de R$ 22,4 milhões, antes da abertura da mostra."

Nos primeiros meses do ano, a Fundação Bienal passou por momento de insegurança quanto à realização desta edição do evento. Em janeiro, a entidade teve suas contas bloqueadas por questionamentos da Controladoria-Geral da União (CGU) sobre convênios firmados pela Bienal entre 1999 e 2007. Uma liminar concedida em março pelo Tribunal Regional Federal (TRF) de São Paulo possibilitou que a instituição tivesse seus recursos desbloqueados e pudesse fazer a captação orçamentária para a 30.ª edição. "Vejo o futuro com otimismo. Paradoxalmente, a crise fortaleceu o

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diálogo com o Ministério da Cultura e estamos buscando caminhos para analisar as contas do passado e buscar soluções concretas", diz Heitor Martins.

Nesta edição, além de um mapa do pavilhão da Bienal e informações sobre outros espaços que dialogam com a mostra, textos analisam as diversas facetas do evento. A partir de conversa com Oramas, Antonio Gonçalves Filho apresenta as ideias que guiaram suas escolhas. A crítica Maria Hirszman trata da estrutura da exposição. Simonetta Persichetti aborda a presença da fotografia. Já o crítico Rodrigo Naves investiga as relações entre arte e loucura por meio da obra de Artur Bispo do Rosário, um dos homenageados deste ano. E Teixeira Coelho, curador do Masp, traça um panorama histórico das 29 edições anteriores do evento e discute seus desafios futuros.

O Globo – Primavera da arte: MG, SP e RJ iniciam temporada de exposições

No rastro da Bienal, Brasil entra com força no calendário internacional no mês de setembro

(02/9/2012) RIO - São quase 22h, e a repórter pergunta a Marcia Fortes, dona de uma das mais importantes galerias do país, a Fortes Vilaça, se é tarde para a entrevista, se ela prefere descansar para falar na manhã seguinte. Marcia ri:

— Descansar é uma palavra que só volta ao meu vocabulário depois de 18 de setembro. Vou te mandar minha agenda. Você vai ficar chocada.

A agenda da galerista não deixa dúvida: em setembro, o Brasil entra para o calendário internacional das artes plásticas. A Bienal de Arte de São Paulo, que abre no próximo sábado, puxa boa parte da programação do setor para este mês — e não só em São Paulo, mas também no Rio (que desde o ano passado sedia a feira ArtRio, no Píer Mauá) e em Minas Gerais (que programou a abertura de pavilhões de Tunga Lygia Pape em Inhotim e uma mostra de Nuno Ramos numa galeria de Belo Horizonte).À agenda: neste sábado, a Fortes Vilaça abre quatro exposições (outras seis importantes galerias paulistanas também têm aberturas, entre elas o novíssimo espaço Roesler Hotel, da galeria Nara Roesler), e há a inauguração da retrospectiva de Lygia Clark no Itaú Cultural. No domingo, Marcia vai à casa de Milu Villela para o jantar de Adriana Varejão, artista que representa e que ganha retrospectiva no MAM a partir de segunda-feira. Ainda na segunda, vai ao jantar na casa do presidente da Bienal, Heitor Martins, e à festa da Art Basel com o diretor da feira, Marc Spiegler.

Na terça: preview da Bienal e abertura de “Para Todos”, mostra que substitui a tradicional Paralela, no Galpão do Liceu de Artes e Ofícios. Na quarta: abertura de exposição com curadoria do suíço Hans Ulrich Obrist na Casa de Vidro de Lina Bo Bardi e, depois, jantar da Bienal do Mercosul. Na quinta: viagem a Inhotim, para as inaugurações do pavilhão de Tunga. Na sexta: abertura de mostra de Nuno Ramos em Belo Horizonte. Na outra segunda, dia 10: viagem ao Rio para a abertura da grande instalação de Ernesto Neto na Estação Leopoldina (o mesmo dia em que abre, entre outras, mostra de Nelson Leirner na Silvia Cintra). Na terça, dia 11, ela abre para o preview o estande da Fortes Vilaça na ArtRio, que só desmonta dia 18.

Entre os que vão encarar a maratona, a lista de visitantes internacionais é longa. O MoMA de Nova York, por exemplo, manda ao país uma comissão liderada pelo diretor de programação internacional do museu, Jay Levenson. O Centre Pompidou estará representado pelo diretor, Alain Seban. O MoCA, de Miami, envia a diretora, Bonnie Clearwater. A venezuelana Ella Cisneros, dona de uma das mais importantes coleções da América Latina, também vai à Bienal — que tem curadoria de seu conterrâneo Luis Pérez-Oramas — e termina o périplo no Rio. Desembarca por aqui até a sheikha Hoor Al Qasimi, filha do governante de Sharjah, um dos sete emirados árabes. Ela vai apresentar em São Paulo, no dia 5, a programação da próxima Bienal de Sharjah, visita a Bienal e, no fim, a ArtRio. A feira carioca é marcada em função da Bienal.

— Esta sempre foi nossa intenção. O Brasil é muito longe para os estrangeiros virem e passarem pouco tempo — afirma Brenda Valansi, da ArtRio, que, no contato com as galerias, divulgava as “atrações”: Bienal e Inhotim.

Romaria às coleções privadas

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O pacote oferecido surtiu efeito para a gigante Gagosian, que estreia numa feira brasileira. Outras galerias internacionais que estarão na ArtRio, como a Hauser & Wirth, que traz obras de artistas como Louise Bourgeois, vão aproveitar para visitar coleções privadas. Dono da galeria Lurixs, no Rio, Ricardo Rêgo vai receber em casa os diretores da Hauser, além de colecionadores de Zurique, o diretor da casa de leilão Phillips de Pury, Henry Allsopp, e um grupo organizado pela Associação Brasileira de Arte Contemporânea (Abact), que inclui curadores da Fundação Cartier, de Paris, e do New Museum, de NY.

— Costumo repetir (o colecionador) João Satamini: uma coleção só existe se é vista. Acho importante que vejam que existe um colecionismo comprometido no Brasil — afirma Rêgo, que, além de abrir exposição de Raul Mourão na sua galeria, dia 10, acompanhará o artista na mostra de grandes esculturas que será inaugurada dia 15 na Praça Tiradentes, na programação em torno da ArtRio.Daniel Roesler, da galeria Nara Roesler, em São Paulo, lembra que o calendário de setembro ajuda a divulgar artistas brasileiros no exterior. Foi numa visita do MoMA à galeria na Bienal passada que Carlito Carvalhosa foi convidado a expor no museu de NY.

Nessa avalanche, destacam-se (além da Bienal e da ArtRio) as retrospectivas de Adriana Varejão e Lygia Clark (1920-1988), ambas em São Paulo, e o pavilhão de Tunga em Inhotim. A importância de “Lygia Clark: uma retrospectiva”, que abre hoje no Itaú Cultural, vai além do monumental conjunto de 150 obras. A seleção dos curadores Felipe Scovino e Paulo Sergio Duarte dá conta de toda a trajetória da mineira radicada no Rio. Para Alessandra Clark, neta de Lygia, trata-se da primeira mostra fiel às propostas de vivência da artista. A participação do público está na raiz do seu trabalho, em instalações como “Campo de Minas”, onde as pessoas caminham sobre uma superfície imantada com sapatos magnetizados. A curadoria teve acesso aos diários da artista e realizou duas instalações idealizadas numa época em que, por limitações tecnológicas, seriam impossíveis: “Filme sensorial”, um cinema feito de som e luz em sincronia, sem película; e “O homem no centro do mundo”, em que o visitante entra num cubo onde são projetadas imagens captadas por um caminhante anônimo, munido de capacete com câmeras digitais.

Tunga: 20 obras em 2,6 mil metros quadrados

Já no MAM paulista, bem ao fundo do espaço expositivo, o visitante de “Histórias às margens” — que vem em janeiro para o MAM do Rio — vê um círculo vermelho, sem distinguir detalhes. Conforme avança pela sala, entre divisórias com mais de 40 pinturas da carioca Adriana Varejão, verá que também é observado. O ponto vermelho é, na verdade, um prato de grandes proporções, referência ao trabalho do ceramista português Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905), foco atual da pesquisa da artista. No centro, salpicado de arabescos dourados, está um autorretrato de Adriana, criado para a mostra. Trata-se da primeira exposição panorâmica dos 21 anos de trabalho da pintora cuja obra explora os ecos do barroco e da miscigenação fundadora do Brasil.

Em Inhotim, Minas Gerais, Tunga prepara há duas semanas o pavilhão que levará seu nome, com mais de 20 obras distribuídas por 2.600 metros quadrados. Trabalhos que já pertenciam à coleção de Bernardo Paz, como “Lézart” (1989), vão conviver com outros, como “Lumière de deux mondes” (2005), instalação feita originalmente para o Louvre, em Paris. Tunga, que participou do projeto arquitetônico do escritório Ryzoma, diz que se colocou como se fosse construir uma casa:

— Decidi que o centro seria como um acelerador de partículas, com salas contínuas no entorno, sem paredes, para que a obras tivessem conectividade.

Perto dali, o cubano Carlos Garaicoa organiza as mais de 200 velas de sua instalação “Now let’s play to disappear II” (2002) no estábulo da antiga fazenda que hoje abriga o maior centro de arte contemporânea do país. Na mata, a espanhola Cristina Iglesias já previu as árvores que serão plantadas ao redor do seu labirinto espelhado “Vegetation room Inhotim” (2010-2012). Tudo será inaugurado na quinta-feira, para aproveitar, como diz o diretor artístico do instituto, Jochen Volz ,“o movimento único de setembro”. O evento inclui ainda a abertura do pavilhão de Lygia Pape, que abriga “Tteia” (2002), obra-síntese da trajetória da artista.

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The Washington Post (EUA) - Brazil’s economic surge helps spark Rio art boom as rising middle class jumps into collecting

By Associated Press

(03/9/2012) RIO DE JANEIRO — As a salesman at a luxury clothing store, Beto Silva has seen his earnings jump over the past decade as Brazil’s economy has boomed. That doesn’t mean he’s moved out of his cramped, 600-square-foot apartment, but it’s now filled with the spoils of his new wealth: paintings, lithographs, collages and sculptures, many of the purchases still shrouded in protective bubble wrap and stacked a dozen deep in his study.

Like other thriving middle-class Brazilians, Silva has bought his way into the growing ranks of collectors who are helping to put Rio de Janeiro on the international art map. Art collecting was long considered the exclusive domain of a tiny cadre of enthusiasts from the country’s ruling elite, but Rio’s middle class is jumping in and investing, and international dealers are scrambling for a toehold in this promising market. “I used to feel a bit out of place going into a gallery,” Silva said. “But now, people know me and appreciate my eye and what I know about art.”

In what collectors here interpret as a sign that their laid-back beach city has finally arrived, Larry Gagosian, one of the world’s foremost gallerists, announced this year he’ll take part in the second edition of the city’s new international art fair, ArtRio, a four-day event that opens Sept. 13. His is only one of a flock of famed galleries taking part.

“There’s been a paradigm shift. Art has become an object of desire here,” said Katia Mindlin Leite-Barbosa, president of Sotheby’s Brazil. “It’s becoming something of a marker of status, like a nice car or a fancy vacation. “It used to be that you couldn’t even find listings for gallery exhibitions in the paper. Now there’s a whole weekly section devoted to it,” she said. “The interest is palpable.”

Though Sao Paulo, the richer, more sophisticated megalopolis to the south, has had its own international art fair for the better part of a decade, Rio had no major art market event until ArtRio got its start last year. Its debut was a spectacular success. More than 80 galleries from across Brazil and around the world recorded sales totaling $60 million. Turnout for the four-day show was twice as high as expected, with more than 40,000 people flooding through the fair.

For many visitors, it was their first real exposure to a gallery, said artist Brenda Valansi, who co-founded the fair along with gallerist Elisangela Valadares. “It used to be that we Brazilians were just worrying about inflation, security, making ends meet. But the country has changed so much and so quickly that now people have the luxury of focusing on other things, including art,” Valansi said. “With ArtRio, we’re trying to debunk this notion that art is just for a few and show that you don’t have to be a millionaire to be a collector.” She added that prices at last year’s fair ranged from $500 to $5 million. “Now, any working class person who’s interested can enter the art market,” she said.

ArtRio mushroomed this year and is slated to take up twice as much space as last year’s staging at the refurbished Porto Maua port area, with its stunning views of Guanabara Bay. Some 120 galleries, 50 percent more than last year, are expected to participate. Half of them are international, hailing from New York, London, Zurich, Berlin and other more traditional art capitals. Organizers said the split between local and international galleries reflected the mix of Brazilian and foreign art being bought.

But the jewel in the crown will undoubtedly be the Gagosian Gallery, widely considered the world’s top. Gagosian is known for having his finger on the pulse of promising new markets and has opened 11 locations worldwide. The gallery’s stand at ArtRio, which is expected to feature a 1937 Picasso as well as an extensive sculpture wing, is Gagosian’s first foray into South America. Rio’s art community was abuzz with rumors that he was planning on setting up permanent shop in the city, but the Los Angeles-born dealer called the ArtRio stand “a test of the appetite” there.

“We’ve had some success in recent years selling to Brazilian collectors at other galleries that we have in London and Paris, but honestly we don’t really know what to expect,” Gagosian said in a telephone interview. “Hopefully that’s just the tip of the iceberg and there are a lot of other collectors there in Rio.” Artists themselves welcome the attention, and say it’s based on more than just an increase in Brazilians’ wealth.

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Sculptor Raul Mourao has watched Rio’s art scene establish itself in the last two decades. When he started, there weren’t more than a dozen books out on Brazilian art in general. The opening of a single exhibit in Rio was a novelty that made news. Now, dozens of exhibits show in Rio at any given time, and an established culture of publicly financed displays has taken root. Mourao has two openings in the coming month: one in a private gallery and one in a public square, where he’ll show six massive outdoor sculptures.

“It’s not just the art market; it’s the whole cultural scene that’s booming,” he said. “There are more plays, more movies, more books. Brazil as a whole is growing, and it’s natural that the art and cultural markets grow along with it.” “If we didn’t have a rich history, fascinating work, a group of good artists, interesting movements, money wouldn’t make a difference,” Mourao said. “What is happening now, though, is that artists can produce with more confidence, in a field that is more welcoming.”

Other top international galleries making their debut at ArtRio include Japanese artist Takashi Murakami’s KaiKai Kiki, New York’s David Zwirner and White Cube of London, organizers said. One major question is whether authorities will lift a hefty import tax that can end up hiking the cost of imported artwork by as much as 50 percent above market prices. Last year, a one-time exemption was announced on the eve of the fair.

Partly as a result of the tax, Rio’s new collectors tend to focus on homegrown artists, at least at first, said ArtRio’s Valansi. “We’re seeing that a lot of collectors here, who started off focusing on domestic artists, have begun to open their collections to international art,” she said. That’s the case of clothing vendor Silva, who started out selling cut-rate jeans in Rio’s suburbs and became the top salesman at one of the city’s most exclusive boutiques. He began his collection seven years ago with a slim, multicolored statue he bought for $90. Now, he says, he invests 30 to 40 percent of his salary on art. His ever-burgeoning collection of 60-plus pieces, including a Medusa head-emblazoned plate by Brazilian star Vik Muniz, lend his apartment the feel of a lived-in museum. “Now, when I walk into a gallery,” he said. “I feel like a VIP.”

Associated Press writer Juliana Barbassa contributed to this report.

O Estado de S. Paulo - Ineditismo marca nova edição da Bienal de São Paulo

Camila Molina(04/9/2012) "Uma Bienal inteligente, mas não bombástica", definiu nesta segunda-feira (03), em coletiva de imprensa, o venezuelano Luis Pérez-Oramas, responsável pela concepção da 30.ª Bienal de São Paulo, que será inaugurada nesta quarta para convidados e na sexta-feira para o público no grande pavilhão projetado por Oscar Niemeyer, no Parque do Ibirapuera. A edição do evento apresenta 2.900 obras de 111 artistas, segundo o diretor-presidente da Fundação Bienal de São Paulo, Heitor Martins. "Essa edição se distingue por seu vigor e ineditismo", afirmou o empresário, completando que 75% dos artistas participantes da exposição possuem trabalhos nunca exibidos. A edição também se espalha por outras instituições da cidade.

Na apresentação da mostra para a imprensa, um dos painéis da parte externa do prédio da Bienal, na região destinada à entrada do público, apareceu pichado com iniciais de algum grupo. Como o fantasma da pichação vem rondando as aberturas das Bienais desde 2008 - com as polêmicas pichações nas últimas 28.ª e 29.ª mostras -, deu-se, com o fato, o primeiro sinal de alerta. No início desta tarde, funcionários da instituição já tentaram limpar as letras pichadas.

"Agora a 30.ª Bienal passa de iminência a experiência", disse Oramas, referindo-se, na verdade, ao título da 30.ª edição, "A Iminência das Poéticas". "Passamos por águas turbulentas e chegamos hoje ao porto", afirmou ainda o curador, desta vez, fazendo a menção à instabilidade pela qual a Fundação Bienal de São Paulo enfrentou no início do ano - em janeiro, a entidade teve suas contas bloqueadas por questionamentos da Controladoria-Geral da União sobre convênios firmados pela Bienal entre 1999 e 2007, mas conseguiu liminar pelo Tribunal Regional Federal de São Paulo para ter seus recursos desbloqueados e realizar a exposição.

Heitor Martins afirmou que o orçamento da mostra, de R$ 22,4 milhões, está assegurado. "Tivemos mais de 50 fontes de recursos", contou ele, cuja gestão termina em dezembro. Em comparação com

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2009, o evento teve orçamento "20% menor", consumindo R$ 28,3 milhões e recebendo 530 mil visitantes. Martins enumerou que 65% do orçamento (cerca de R$ 15 milhões) foi captado por meio das Leis de Incentivo; 9% são recursos da Prefeitura de São Paulo; 7% do governo estadual; 2% através de serviços; e 17% de fontes privadas.

A 30.ª Bienal também tem programada para 2013, a partir de parceria com o Sesc, itinerância de recortes da mostra para cidades de São Paulo. "O número de itinerâncias será menor que em 2011, mas com presenças mais robustas de obras", disse Martins, calculando entre 7 ou 8 exposições.

O Estado de S. Paulo - Tipo exportação / Coluna / Direto da fonte / Sonia Racy

(04/9/2012) Alunos do Laboratório Inhotim vão expor em Londres, em novo espaço da Tate Gallery para estudantes. As instituições assinaram acordo para tanto.

O Estado de S. Paulo - Estudo aponta os novos centros da arte no mundo

São Paulo é a única representante latina, mas enfrenta o desafio de melhorar sua infraestrutura(04/9/2012) MARIA EUGÊNIA DE MENEZES - Quais são as capitais culturais do mundo? A resposta correta inclui escolhas óbvias. Nenhuma cidade tem tantos cinemas quanto Paris. Ninguém possui tantos museus quanto Londres. E Nova York continua imbatível quando se trata de teatro. Os dados estão no World Cities Culture Report. Maior estudo do gênero já publicado, o relatório confirma o protagonismo dos grandes centros. Insinua, porém, que essa história começa a ganhar novos e importantes personagens.

Se na economia o poder está mudando de mãos, na área cultural a tônica também não é diferente. A pesquisa elege 12 cidades em todos os continentes e torna evidente que as potências da cultura e da arte não estão mais apenas nos Estados Unidos e na Europa. Além das onipresentes Londres, Paris, Berlim e Nova York, aparecem na lista Tóquio, Istambul, Johannesburgo, Xangai, Sydney, Cingapura, Mumbai e São Paulo. A capital paulista é a única representante da América Latina nesse panorama. "As cidades emergentes estão inventando um perfil cultural próprio, que não é o mesmo das cidades europeias e americanas", diz Paul Owens, diretor da BOP Consulting, empresa britânica de consultoria que realizou a pesquisa.

Encomendado pela prefeitura de Londres e divulgado em agosto, o estudo mede 60 indicativos nas áreas de literatura, cinema, artes visuais, artes do espetáculo e em setores novos, como o de games.

Com os dados aferidos em mãos, é possível traçar uma infinidade de rankings. Mas os organizadores frisam que não é essa a intenção. Não se trata de saber quem detém os números mais robustos ou exerce maior influência no universo das artes. "As cidades sempre investiram em cultura por razões de prestígio, para mostrar poder político ou sucesso econômico. Esse era o modelo de desenvolvimento próprio das cidades americanas e europeias no século 19", apontou Owens em entrevista ao Estado.

Hoje, os investimentos em arte não são para exibir pujança econômica. Mas para gerá-la. Essa não é uma ideia nova. Ganhou força no fim do século 20. A atual pesquisa, entretanto, expande e confirma a impressão. Mostra resultados consistentes em cidades como Londres, onde o setor movimenta £ 12 bilhões e emprega 386 mil pessoas. Também deixa no ar a impressão de que, apesar do potencial, São Paulo ainda tem muito a fazer.

"Ao se ver essas questões sob o ângulo restrito apenas ao da cultura, está se perdendo a chance de perceber o impacto que isso pode ter em uma economia do tamanho da cidade de São Paulo", aponta a economista Lidia Goldenstein, especializada em economia criativa. "É a política industrial deste século. O setor mais importante na geração de emprego e renda na sociedade moderna. Estamos muito atrasados na compreensão do que esses setores da economia criativa representam no mundo hoje. Aqui, isso ainda é visto como algo circunscrito à cultura ou às políticas de inclusão social. Muito diferente dos países que estão levando a sério, entre eles a Inglaterra e a China, que colocou o tema no seu plano quinquenal. Esse é um tema de campanha, era o que devia estar sendo discutido, porque é isso que vai definir o futuro da cidade."

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Mesmo entre representantes do setor público, reconhece-se a timidez do setor. "A cultura ainda não entrou na agenda política", acredita o secretário municipal de Cultura, Carlos Augusto Calil, que completará oito anos no cargo. "Aqui, a área ocupa um lugar tão inexpressivo que não é levada em conta nas propostas de planejamento. O que foi feito na Colômbia, com a criação de grandes bibliotecas, ou na Venezuela, que tem um projeto musical de nível internacional, só aconteceu porque se tratava de um projeto de governo e não apenas dos órgãos da cultura."

Mesmo sem receber os incentivos devidos, São Paulo tem alguns dados surpreendentes a exibir. Conta, por exemplo, com 869 livrarias, número de lojas superior ao de Londres, que tem 802, ou Nova York, com 750. Outra surpresa: seus cinemas recebem cerca de 50 milhões de espectadores, deixando centros como Tóquio, Londres, Berlim e Cingapura para trás.

Os resultados, porém, não são da mesma magnitude quando se trata de infraestrutura. E dão a impressão de que não temos espaços suficientemente equipados para dar conta nem da demanda nem da oferta de atividades culturais. Mesmo com tanto público nos cinemas, só existem 282 telas na cidade. Patamar bastante inferior não apenas ao dos grandes centros europeus, mas abaixo também de metrópoles emergentes, como Johannesburgo, com 368, e Xangai, com 670. Com apenas uma biblioteca para cada 100 mil habitantes, só não perdemos para Mumbai, Cingapura e Istambul.

Já no caso dos teatros, a situação não melhora muito. Com 116 salas, ficamos bem atrás de cidades como Paris, com 353. "A maioria das cidades tem planos ambiciosos de desenvolver sua infraestrutura cultural, sem saber como garantir que essas facilidades atraiam as suas populações", acredita Paul Owens. "A impressão é de que São Paulo enfrenta o problema exatamente oposto. Muita demanda e oferta insuficiente. Será que essa não é uma situação que outras cidades deveriam invejar?"

Pode até ser. "Existe uma imensa demanda reprimida", aponta o secretário de Cultura. "Cada novo mínimo acréscimo é absorvido, cada mesa que colocamos a mais em uma biblioteca é imediatamente ocupada. É justamente a existência dessa demanda que nos alimenta."

Se existe um imenso público ávido por consumir cultura, também não falta uma parcela considerável que ambiciona criar. "O interessante é que, em São Paulo, a infraestrutura da cultura não está em todos os lugares. Mas a criação pode ser vista por toda parte. O grafite, por exemplo, é uma forma de arte que acontece de maneira informal, mas está se tornando cada vez mais e mais importante", acredita Matthieu Prin, um dos pesquisadores da BOP Consulting que participou do estudo.

Tudo isso não quer dizer, ele ressalva, que se possa prescindir de questões estruturais. "Infraestrutura é o meio de expor essa criatividade. Se ela não existe, as pessoas terão que achar outras formas de exibir seu potencial. Mas isso não significa que criatividade seja mais importante do que a estrutura."

Para a economista Lidia Goldenstein, não bastasse ser imenso, o problema exige uma visão que concilie a tradição e as inovações. "A gente ficou 30 anos sem investir em estrutura. Agora, não dá para só correr atrás do prejuízo sem investir no novo. O mundo não espera. O nosso problema é que temos que investir na estrutura do velho paradigma: sala de teatro convencional, sala de cinema. E a gente também tem que construir a infraestrutura do novo paradigma, que é banda larga."

O peso econômico dos setores criativos já seria argumento mais do que suficiente para justificar mais investimentos e políticas. "O setor 'videogames e efeitos especiais' representa para o século 21 o que a indústria automobilística foi para o século 20", lembra Lidia.

Nas metrópoles, contudo, cultura e arte podem desempenhar ainda um outro papel. "A dimensão não material da cultura parece ser mais forte a cada dia. E se torna particularmente importante se considerarmos os imensos desafios sociais que essas grandes cidades enfrentam", observa Paul Owens.

Obviamente, a cultura não pode ser vista como a panaceia para todos os problemas sociais, lembra Matthieu Prin. "Não é uma solução mágica. Não acaba com a pobreza. Tem que estar aliada a outros projetos." Mas, nos países da América do Sul, ela pode ter uma dupla utilidade: extrapola a propalada capacidade de revitalizar áreas degradadas (expediente usado em ampla escala na Europa). Pode

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tornar-se um importante mecanismo em regiões que não chegaram sequer a ser urbanizadas. "Se você anda pela periferia, fica muito claro como a cultura é uma proposta de urbanização", afirma Calil. "A maior necessidade das pessoas em uma cidade maltratada como a nossa, em que não existem praças ou parques, é por espaços em que possam conviver, estar juntas. Tenho convicção de que aqui esse é o maior papel que a cultura pode cumprir."

FOTOGRAFIA

Zero Hora - Fotógrafos brasileiros expõem no Iraque a convite de ONG de direitos humanos

Dez profissionais do Brasil foram convidados a mostrar seus trabalhos em Bagdá

Foto do ensaio ´Em Busca da Terra Sem Mal`, de Jean Schwarz Foto: Jean Schwar / Agencia RBS

Ricardo Chaves

(01/9/2012) Por equívoco, no passado, já se atribuiu à fotografia o poder de transformar as relações humanas. Mais tarde aprendemos que ela, provavelmente, não transforma nada, mas é, sim, um meio inigualável para conhecer a realidade dos nossos semelhantes. Ela encerra, portanto, a magia de despertar empatia, o que pode ser um bom começo para aqueles de boa

vontade preocupados em distribuir justiça.

Por esse motivo a Larsa Human Rights Iraq, uma ONG que se dedica a defender os direitos humanos e a proteger meninos de rua e órfãos de Bagdá, convidou 10 fotógrafos brasileiros (e mais 10 iraquianos) para uma mostra de seus trabalhos. Entre os escolhidos, três trabalham para o Grupo RBS – Tadeu Vilani e Jean Schwarz, para Zero Hora, e Marcelo Oliveira, para o Diário Gaúcho. Dois outros também são gaúchos, Jorge Aguiar e Daniel Marenco. O time verde-amarelo tem ainda Alexandre Urch, Alice Martins, Gerson Sobreira, Renato Negrão e Fernando Rabelo.

Quando se busca disseminar paz e harmonia, uma linguagem universal como a fotografia, pode substituir palavras como amizade e solidariedade.

A exposiçãoO evento ocorre em Bagdá, de 1º a 3 de setembro, e em Dohuk, do dia 7 ao dia 10 deste mês.

Jean Schwarz"A foto (acima) faz alusão a uma crença dos índios da etnia mbya-guarani, que ainda buscam viver como seus antepassados. Eles creem na lenda Yvy marã ey, ou da Terra Sem Mal, prometida por Nhanderu (Deus) quando ele os colocou no mundo. O ponto de partida para os índios irem em Em Busca da Terra Sem Mal (nome do ensaio) é o respeito pela natureza e pelos seres que nelas habitam"

Marcelo Oliveira

"Quando estou indo para uma pauta, não deixo de olhar o que está acontecendo fora do carro da reportagem. Um dia, estava indo para a zona norte de Porto Alegre e acompanhei uma carroça por um bom tempo. Me chamaram a atenção as três meninas que brincavam na parte de trás da carroça. Pedi para o motorista parar o carro e fui fazer a foto. Foi uma cena que retratou ternura, paz e tranquilidade, no olhar de cada criança brincando em seu mundo"

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Tadeu Vilani

"Quando soube desta realidade, percebi que ela escondia uma grande história, sobre costumes que estão apenas na memória de quem vive no pampa gaúcho e cresceu ouvindo o ranger das carretas. Acompanhar a dura jornada do carreteiro, alheio às comodidades e ao consumo, é uma lição de simplicidade. Comprar algo de um carreteiro é comprar também um jeito de viver, um pedaço do Rio Grande"

O Estado de S. Paulo - Fotografia colabora na discussão do panorama da expressão contemporânea / Artigo / Simonetta Persichetti

Tema desta 30ª Bienal se encaixa muito bem na gênese do fazer fotográfico

(02/9/2012) Desde a sua invenção, a fotografia está na área da iminência daquilo que está por vir, mesmo que algo já tenha acontecido. Tema desta 30.ª Bienal, A Iminência das Poéticas, se encaixa muito bem na gênese do fazer fotográfico e, talvez, por isso mesmo, essa arte tenha se tornado tão presente em todas as bienais e representações artísticas nas mais recentes décadas.

Assim, também nesta próxima bienal, fotógrafos, fotógrafos artistas, e artistas que usam a fotografia estão presentes para ajudar a compreender e discutir o panorama da expressão contemporânea.

Ironicamente, o grande destaque desta Bienal nos chega por intermédio de imagens de um profissional do início do século passado, o alemão August Sander (1876-1964), que no começo do século 20 decidiu criar uma enciclopédia sobre quem era o homem alemão. Foram mais de 600 registros sem o menor preconceito, das mais diversas escalas sociais, retrato de sua época. August Sander é um dos mais importantes nomes da área documental. Embora suas imagens à primeira vista possam parecer mero registro, ele também estava discutindo seu tempo e a temporalidade deste homem que encarnava atores e personagens diante de uma câmera. Inserido dentro da seara dos mestres da fotografia é sem dúvida a grande presença nesta área dentro da Bienal.

O tempo intimamente ligado à ideia de iminência e de poética, um tema que anos depois continuaria a ser discutido e se tornaria primordial nas épocas da incertezas e do paradoxo do fragrante congelado de uma imagem fotográfica. Não à toa a fotografia está, mais uma vez, presente com muita força dentro da Bienal. E das mais variadas formas e estéticas, fugindo um pouco do conceitual e buscando mais a questão documental da imagem.

Aliás, a imagem documental deixada de lado nos últimos 30 anos nos circuitos artísticos retorna com toda a sua força à plataforma das discussões, recuperando o que é intrínseco à imagem fotográfica.

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Assim, entre pessoas que trabalharam no século passado - e muitos ainda na época analógica - até os mais jovens, que já começaram na linguagem digital, parece que o que fica é que o discurso imagético se consolida cada vez mais e perguntas formuladas em outras épocas permanecem atuais. Mas se o discurso se torna cada vez mais importante na arte contemporânea, não é possível ignorar a poética que foi se construindo durante o século 20. Uma poética que busca sentido no cotidiano, na banalidade da vida. Podemos assim citar o trabalho do venezuelano Alfredo Cortina (1903-1988), que durante anos discutiu a noção de fotografia de paisagem, inserindo sempre um único personagem, a sua mulher. Ou o registro do cotidiano em imagens quase toscas do peruano Edi Hirose (1975), que capta a presença de imigrantes alemães e austríacos na região da selva peruana.

Dentro da área do cotidiano encontramos o intrigante trabalho do alemão Horst Ademeit (1937-2010), que em meio a uma crise emocional tenta encontrar sentido no caos que o cercava. Munido de uma câmera Polaroid registrava seu cotidiano e depois fazia anotações obsessivas à margem das imagens. Cotidiano mais organizado registrado pelo também alemão Hans-Peter Feldmann que tenta colocar ordem no caos das coisas ordinárias. Dentro desta mesma poética de entender ou organizar o caos, o mexicano Iñaki Bonillas (1981) parte da fotografia documental e usa os métodos científicos de arquivos para justapor imagens e criar novas significações com uma nova forma de leitura ou edição. A mesma recriação feita pela canadense Moyra Davey (1958), que retrata a banalidade da vida doméstica.

Dentre os brasileiros, o grande destaque é, sem dúvida, o paraense Alberto Bitar (1970), que explora as técnicas e o meio fotográfico retratando pessoas, paisagens e cidades como um mero instante fugidio, transformando o banal em memória. Vale ressaltar, ainda, o olhar voyeur do fluminense Alair Gomes (1921-1992) e sua busca pela beleza, em especial a masculina, nas praias cariocas, tendo como fonte as obras clássicas da pintura ocidental.

Também cabe a uma brasileira, a paulista Sofia Borges (1984), a mais jovem artista desta Bienal, que ficou conhecida pela série de autorretratos - embora muito inspirada por artistas como as americanas Nan Goldin ou Cindy Sherman -, trazer para esta discussão a questão da manipulação da imagem que nos coloca diante da dúvida do que estamos vendo. Ironicamente, se desde os anos 1980, quando a fotografia se insere no mercado da arte, a discussão - mais que ultrapassada - se dava sobre a artisticidade da fotografia ou não, estamos assistindo nos últimos anos a uma retomada à essência fotográfica que é o valor documental. As imagens fotográficas desta Bienal parecem corroborar esta ideia.

MÚSICA

O Globo - As curvas do samba de Sampa

Experimentadores do gênero e devotos das tradições convivem, não sem conflitos, na cidade

Luiz Fernando Vianna

Juliana Amaral. A cantora leva ao novo CD o conceito de “samba mínimo”: “Não tenho relação direta com o samba de nenhum lugar”, diz

(30/8/2012) De amanhã a domingo, o show “Tradição, e o samba continua” homenageará um dos principais compositores paulistas, Geraldo Filme, reunindo no Sesc Vila Mariana, em São Paulo, expoentes da atual cena musical da cidade (Romulo Fróes, Kiko Dinucci, Rodrigo Campos, Andreia Dias), da antiga (Germano Mathias, Velha Guarda da Camisa Verde e Branco) e o nome mais conhecido da Lapa carioca, Teresa Cristina. No palco, uma proposital convivência entre diferenças. — Na nossa parte, vamos entortar um pouco o Geraldo, mas seremos mais respeitosos na hora do Germano e da Velha Guarda — diz Romulo, diretor musical do show. — Para mim, o samba não é só um ritmo, mas o elemento de identidade da música brasileira. Então, meu trabalho tem que passar pelo samba. O samba não pertence a ninguém.

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Ele é meu, é do país, é de todos. A frase espelha a riqueza não sem conflitos por que passa o samba em São Paulo. Há os que procuram jogar luz sobre a tradição local, que sempre ficou à sombra da do Rio, onde o samba tal qual conhecemos nasceu e logo se projetou nacionalmente, graças ao rádio. Há os que cultuam os pioneiros cariocas. E há a turma que se sente livre para combinar o samba com gêneros pop e outras referências, em busca de linguagens próprias. Romulo, Kiko e Rodrigo formam com Marcelo Cabral o grupo Passo Torto.

Kiko, Thiago França e Juçara Marçal mantêm o Metá Metá. E agora está saindo o novo CD da cantora Juliana Amaral, com músicas de Kiko, Rodrigo e autores de épocas e lugares diferentes, incluindo o pernambucano Fred Zero Quatro com o seu “O mistério do samba”, cujos versos defendem que o samba não pode ser reduzido a nenhuma classificação (“Como reza toda tradição/ É tudo uma grande invenção”).

— Meu interesse é pela poética do samba: pelas alegrias atrás de tristezas, pela solidão no meio da multidão, pelos desencontros nos encontros — explica Juliana. — Mas não consigo me chamar de sambista, não tenho relação direta com o samba de nenhum lugar. Tive acesso a ele ouvindo os discos, como era comum na classe média.

No CD “SM, XLS” (“Samba mínimo, extra luxo super”), ela se acompanha de um trio ou, em várias faixas, de um músico por vez — daí o “mínimo”. Uma experimentação que destoa das propostas que vêm recuperando tradições que estavam se esfarelando.

Desde a década de 1990 surgiram diversas “comunidades”, como são conhecidos os grupos que se encontram, principalmente em bairros mais pobres, para cantar sambas antigos e/ou mostrar novos. Nosso Samba, Samba da Vela, Samba Autêntico, Morro das Pedras — que se desdobrou em Berço de São Mateus e Terreiro Grande, entre outros — e Samba da Laje são algumas das iniciativas que multiplicaram o interesse pelo gênero, aproximando-o ou não do rap, muito forte na periferia.

— Acho esse encontro saudável e necessário, porque eles falam do mesmo cotidiano. O (rapper) Emicida participou do meu disco — ressalta Tadeu Kaçula, compositor que, como produtor, organiza há dez anos o evento gratuito Rua do Samba Paulista e, como pesquisador, já lançou seis dos 12 CDs da coleção Memória do Samba Paulista, voltada para nomes importantes e pouco lembrados da música de São Paulo. Fernando Pellegrino, o Tuco, tem outra dedicação: as músicas feitas nos terreiros das escolas de samba cariocas entre os anos 1930 e 1950. Em seu CD “Peso é peso” só há inéditas ou músicas com apenas uma gravação. Foi a cantora Cristina Buarque quem o apresentou a esse universo pouco registrado em discos. Ele tenta reproduzir a sonoridade da época.

— Procuro chegar o mais perto possível de como aquilo foi criado — diz Tuco, que fez parte do grupo Terreiro Grande e hoje canta com o Batalhão de Sambistas. — Nada contra arranjos modernos, mas nem sempre fica bom. E acho importante perpetuar essa tradição do samba. Kiko Dinucci é um apaixonado pela história do samba paulista. Para ele, Adoniran Barbosa e Paulo Vanzolini realizaram uma reinvenção original, “carregada de sotaque”, do samba carioca que chegou ao rádio. Ele ainda destaca a transformação de passado rural em música urbana feita por Geraldo Filme, Zeca da Casa Verde, Toniquinho Batuqueiro, Talismã, Henricão e outros. E do meio-termo entre Rio e São Paulo que é Germano Mathias. Mas não ouve com prazer a devoção às tradições:

— Ao contrário dos autores clássicos como Ismael Silva e Noel Rosa, que reinventavam o samba com estilo próprio, os puristas de hoje escutam discos dos anos 1960 e 1970 ou mais antigos e

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Tradição. Tuco à frente do Batalhão de Sambistas, cultuadores do antigo samba do Rio

Passo Torto. O grupo é um dos que se sentem livres para buscar inovações no gênero

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reproduzem as estruturas consideradas por eles intocáveis. Há uma reverência exagerada ao passado, pessoas se vestindo como malandros cariocas do começo do século XX. Enquanto isso, ritmos periféricos como funk, rap e tecnobrega assumem o diálogo com as questões contemporâneas, coisa que o samba perdeu há muito tempo.

Conjunto que bebe há 15 anos nas fontes dos grandes sambistas de Rio e São Paulo, partindo deles para criar composições próprias, o Quinteto em Branco e Preto também sofre críticas por tangenciar em algumas músicas um som mais leve, menos tradicional. — Para ser tradicional, não precisa ser fechado. Antes de ser sambista, a pessoa é artista, está aberta a influências — diz Magnu Sousá, do Quinteto. Filha de compositor da Camisa Verde e Branco, Fabiana Cozza concilia em seus CDs a tradição de São Paulo com novidades de Kiko, Rodrigo e outros.

Acabou de fazer um show com o repertório de Clara Nunes e canta com Emicida no projeto “Sambando no hip hop”. Está no meio da efervescência.

— A turma de Romulo, Kiko e Rodrigo vem fazendo samba de forma mais crua, falando das mazelas de São Paulo e com instrumentação indie, para usar uma palavra de que não gosto. No Rio, a matriz africana é mais forte. Em São Paulo, ela está só na periferia — avalia Fabiana, que considera prazerosa a missão de gravar gente da velha guarda como Wilson Moreira. — Se não, quem vai cantar daqui para a frente?

O carioca Bernardo Oliveira, professor de filosofia que vem se firmando como um pensador original na área musical, afirma que é “abstração ideológica” eleger representantes de uma entidade “Samba”, ainda mais num tempo de “fragmentação cada vez mais radical” na música brasileira.

— Não só Kiko, Rodrigo e Romulo, mas tambem Tuco, Quinteto, Graça Braga, Dona Inah, o disco do Leandro Lehart com as baterias das escolas de samba e a pá de lançamentos recentes apontam para muitos caminhos e manifestam um momento de vitalidade do samba paulistano — exalta ele.

— Nossa tradição em São Paulo talvez seja acabar com as tradições — assinala Romulo. l

O Estado de S. Paulo - Veneno bom

Tulipa Ruiz lota Teatro Castro Alves, em Salvador, na estreia de uma turnê que pode confirmá-la entre as estrelas

Lauro Lisboa Garcia

(01/9/2012) Pode ser ou é. Às vezes parece ópera, às vezes é pop-rock com cara de Lulu Santos. As duas características convivem em harmonia no novo álbum de Tulipa Ruiz, Tudo Tanto, lançado pelo programa Natura Musical. A estreia da turnê do segundo trabalho da cantora e compositora levou cerca de 1.400 fãs ao imenso Teatro Castro Alves, na região central de Salvador, muitos dos quais já conheciam as novas canções.

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Como Criolo (que participa do disco), Tulipa teve uma espantosa e consagradora ascensão nos últimos dois anos e praticamente emendou uma turnê na outra. A de Efêmera terminou há duas semanas. Já nos últimos shows, o público pedia para ela cantar É, a primeira faixa liberada para download e que abre Tudo Tanto - o disco e o show.

No bis, com boa parte da plateia colada no palco, ela repetiu a canção acompanhada por coro forte. Já tem cara de hit. A proximidade maior com o público fez toda diferença da primeira para a segunda execução. A acústica do TCA é ótima, bem como a visibilidade, mas a imensidão do teatro faz com que shows de música popular se tornem frios. Mesmo com o teatro lotado, como estava anteontem, não é fácil preencher o espaço cênico e sonoro.

Porém, mesmo comportado nas poltronas, o público atento vibrou a cada canção e se soltou na hora do bis com A Ordem das Árvores e É. Os fãs também reclamaram da atordoante luz estroboscópica usada numa das canções. Como é normal em estreias, há ajustes como esse a serem feitos. A parte dos agradecimentos e apresentação da banda, com Tulipa arremedando apresentadores de televisão, é um tanto longa. Há também buracos entre uma música e outra, que num teatro grande como esse dão margem à dispersão.

Isso, porém, não compromete os méritos artísticos. Carismática, Tulipa conquista a plateia de imediato. Como no Recanto, de Gal Costa, as canções do novo álbum ganham outra dimensão e crescem ao vivo. As criativas projeções de Fred Siewerdt sobre tule preto são algo peculiar. Tulipa está cantando cada vez melhor, arriscando e se expondo mais, com a voz elevada às alturas nas canções mais fortes, especialmente na performance teatral do blues Víbora. Dois Cafés, que ela gravou em duo com Lulu Santos, se confirma como hit potencial.

Sob a bela luz do expert Paulinho Influxus e com uma ótima banda formada por Gustavo Ruiz e Luiz Chagas, respectivamente irmão e pai da cantora, que dividem as guitarras, Caio Lopes (bateria) e Marcio Arantes (baixo), além de um quarteto de cordas e sopros (Luiz Nascimento, Renato Rossi, Leandra Velasquez e Juliana Perdigão), Tulipa traz um acento camerístico à sonoridade pop do show. A boa qualidade técnica possibilitou ouvir com clareza detalhes dos belos arranjos.

Ao vivo, confirma-se a impressão que já vinha do disco: é um trabalho muito sedimentado na parceria com Gustavo. A relação coesa de Tulipa com a banda contribui absolutamente para o sucesso do show. Em certos momentos, as atenções se transferem ora para os guitarristas, ora para os sopros de Juliana, em seus cativantes solos.

Ousadia. As canções de Efêmera, como Sushi, Só Sei Dançar Com Você e Pedrinho ganham novo brilho repaginadas. Mais segura, tanto em estúdio como ao vivo, Tulipa solta a voz potente e impressiona. Ponto alto do show e do álbum, Víbora é a canção de maior impacto e a mais comentada de Tudo Tanto. Há quem a compare a Tetê Espíndola, pelo alcance dos agudos, e também a Gal Costa da fase mais roqueira e experimental do início dos anos 1970.

É claro que ela bebeu de ambas as fontes: do pop brasileiro tropicalista e da vanguarda paulistana. Seu pai era integrante da banda de Itamar Assumpção (1949-2003) e tocou com Lanny Gordin, gênio da guitarra que marcou o período mais ousado de Gal. Em entrevista antes do show, Tulipa reconheceu essas influências, porém diz que buscou na interpretação de Víbora algo meio Guns 'N' Roses. Uma amiga a comparou com Nina Hagen.

Tulipa acredita que o fenômeno que ela se tornou começou muito no boca a boca, a partir dos shows cada vez mais cheios no Grazie a Dio, casa noturna da Vila Madalena, plataforma de lançamento de vários artistas dessa geração. Ações na internet também contribuíram para o fenômeno crescer, com bom uso das ferramentas do MySpace, do Facebook e do Twitter, o que facilitou muito a aproximação com o público. "Acho que isso é um dos motivos por isso tudo acontecer. Mas até hoje sou um pouco surpreendida. Cheguei aqui morrendo de medo deste Castro Alves com 1.400 lugares", diz a cantora. Um dia antes do show, restavam apenas 40 ingressos, que foram vendidos no dia da estreia.

Tudo Tanto chega a São Paulo na sexta e no sábado da próxima semana, no Auditório Ibirapuera, segue para outras cidades brasileiras e para o exterior, chegando até o Japão. Não é pouco para uma cantora "que está apenas começando", como ela mesma disse no fim do show de anteontem, agradecendo a presença do entusiasmado público baiano.

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O Estado de S.Paulo - Sinfonias de ShawMúsico carioca lança Orquestra Simbólica, com diálogo entre rap, erudito e faces de sua personalidadeRoberto Nascimento

(01/9/2012) A trajetória do rapper Shaw passa por um momento produtivo do hip-hop carioca, vivido como integrante do coletivo Quinto Andar, muda de rumo empurrada pela necessidade de ganhar o pão em um estúdio e deságua em seu apartamento, em São Paulo, onde restaura gravações antigas de música orquestral russa e constrói beats e rimas como os que saem do forno esta semana, em seu segundo disco solo, Orquestra Simbólica.

Trata-se de uma bem-vinda adição à estante de hip-hop autoral, que discute tanto cidadania e corrupção quanto questões de identidade pessoal (lá por meados do disco, surge o Shaw diabólico em conflito com o santo), e tem também um punhado de beats inteligentes, como O Mago, que apontam o rap nacional para direções mais abstratas, calcadas em experimentações sonoras em vez de enfadonhos samples de soul music (curiosamente usados extensivamente por Shaw no disco, mas de maneiras menos óbvias das que costumamos ouvir).

"Uma vez, minha mulher me mostrou um discurso do presidente da Coca-Cola que tinha muito a ver com o que eu estava fazendo. O cara falava da necessidade e dificuldade de equilibrarmos nossa vida profissional, amorosa, saúde, e comparava isto a uma orquestra, em que todos os instrumentos têm de funcionar em sincronia. A partir daí, busquei trabalhar sobre o tema de uma 'orquestra simbólica', em que um personagem principal tenta se equilibrar entre esses aspectos de sua vida."

Vindo de um rapper conhecido desde a adolescência como Shaolin (além de ter os olhos meio fechados, por natureza, o THC colaborava para o look oriental), e que se deixasse crescer um fu manchu não estaria longe de parecer-se com um jovem mestre de kung fu, isso pode soar como conselho zen. Mas no disco toma a forma de múltiplos diálogos internos, intermediados por samples dublados de Matrix e Frankenstein, que estão longe de serem resolvidos.

Há no entanto, um paralelo palpável entre esse "equilíbrio" suado e a arte de Conrado Costa Silva Vieira, carioca de 28 anos. Depois de seus dias no cultuado coletivo Quinto Andar, escola da nata do rap carioca, origem do grupo Subsolo, de Kamau, Lumbriga, Gato Congelado e outros, Shaw ainda lançou seu primeiro disco solo, Ruas Vazias, de 2007, que tem a ótima Neblina. Enveredou, então, para o estúdio para garantir o sustento. Trabalhou como assistente de gravação e subiu pela hierarquia de técnicos de áudio até virar restaurador profissional, limpando chiados de gravações orquestrais da rádio nacional feitas antes do fim da União Soviética.

Hoje, Shaw passa seus dias a serviço do selo holandês Brilhant Classics, dando um talento em Tchaikovsky, Prokofiev, Shostakovich e outros. Naturalmente, essa imersão diária em música erudita começou a pipocar em seu trabalho de produtor. Além de beats, todas as vinhetas de Orquestra Simbólica são sampleadas dos mestres russos, o que, misturados a outros cortes de soul e música de filme dá uma dimensão límpida às suas produções.

Parte do disco pode ser ouvida no Soundcloud de Shaw (soundcloud.com/mcshaw/sets/orquestra-simb-lica-vol-1/). Como destaques desse diálogo entre salas de orquestras e black music estão A Fé - Reza Forte, que Shaw fez com Black Alien, e Algo Lindo, que tem participação de Luiz Melodia em meio a recortes de bossa. Os samples são processados de maneira irreconhecível. Um "ah" de Dorival aqui, um órgão de soul recortado ali, um sintetizador de Vangelis acolá: misturas polivalentes em meio ao cânone russo.

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Correio Braziliense - Ele sacudiu Cuba

Com repertório caprichado, Diogo Nogueira lança CD e DVD gravados no calor da ilha e mostra o vigor do samba brasileiro na terra de Fidel Castro

Irlam Rocha Lima

Diogo Nogueira fez badalado show no imponente Teatro Karl Marx

(02/9/2012) Diogo Nogueira tinha boas razões para querer conhecer Cuba. Uma delas, era a ligação afetiva do pai, o mestre João Nogueira, com aquele país. A outra, a admiração dele pela riqueza musical da ilha caribenha. Quando recebeu o convite para participar da Feira Internacional de Havana, não pensou duas vezes e foi para lá acompanhado por sua banda.

Em 11 de novembro do ano passado, o jovem sambista carioca de maior sucesso subiu ao palco do imponente Teatro Karl Marx, e fez um show “memorável”, que teve como convidado especial o Los Van Van, grupo cubano de salsa responsável por som contagiante. A apresentação foi registrada em CD e DVD, sob o título de Ao vivo em Cuba.

O cantor, ao elaborar o roteiro, deixou de lado a proposta de gravar sambas autorais ou de companheiros de geração. Em vez disso, optou por interpretar standards do gênero. “Ao montar o repertório 10 dias antes de viajar para Havana, privilegiei sambas consagrados e bem representativos da nossa cultura musical. Alguns deles eu cantava em meus shows no Brasil”, explicou Diogo.

Verdade chinesa (Carlos Colla e Gilson), que abre a lista, não está nesse caso. Sucesso, anteriormente, com Emílio Santiago, soa como novidade na voz de Diogo. Não por acaso, foi escolhida como single do Ao vivo em Cuba. Os clássicos Madalena (Ivan Lins e Ronaldo Monteiro) —lançado por Elis Regina —, Que maravilha (Toquinho e Jorge Benjor) e Tanta saudade (Chico Buarque e Djavan), que ganharam tempero cubano, foram cantados pela primeira vez por Diogo, em show. Ex-amor (Martinho da Vila) e Deixa eu te amar (Agepê), ao contrário, já haviam sido “apropriadas” pelo cantor.

Som da terraNão faltam músicas que o cantor trouxe de seus discos anteriores, entre as quais Sou eu (Ivan Lins e Chico Buarque), Malandro é malandro e mané é mané (Neguinho da Beija Flor) e Tô fazendo minha parte, composta por ele. Nesse trabalho, aproveitou para homenagear artistas de sua admiração, como Gonzaguinha (O que é o que é), Roberto Ribeiro (Todo menino é um rei, Vazio e Está faltando uma coisa em mim). Para reverenciar o som cubano, Diogo convidou o Los Van Van, com quem divide El cuarto de tula (da trilha sonora do Buena Vista Social Club).

Para o fim do show, Diogo reservou um pot-pourri de arrasar, que inclui Acreditar e Sonho meu (Dona Ivone Lara e Délcio Carvalho), Coração em desalinho (Monarco e Ratinho), Deixa a vida me levar (Serginho Meriti), Samba de arerê (Arlindo Cruz e Xande de Pilares), Portela na avenida (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro) e Vou festejar (Jorge Aragão e Dida). Tudo isso com direito a coro do público.

Com direção artística de Afonso Carvalho, o show teve cenário de Luiz Henrique Pinto. O DVD traz ainda um documentário, que mescla imagens da apresentação com cenas do passeio do cantor por pontos turísticos e Havana Velha, além do encontro com músicos locais. “Mesmo com as dificuldades por que passam, e parte pelo embargo comercial, os cubanos me passaram a imagem de um povo feliz, extremamente musical. Gente que me recebeu com muito carinho.”

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Correio Braziliense - Registro contagiante

Gabriela de Almeida

(02/9/2012) “O que me chamou a atenção foi a felicidade do cubano”, diz Diogo Nogueira, enquanto passeia de carro pelas ruas de Havana. A imagem é parte do doc show do DVD Ao vivo em Cuba, no qual o músico carioca aproveitou a gravação no teatro Karl Marx para conhecer o país, que vive sob o restrito regime do presidente Raúl Castro. A alegria do povo é o ponto forte do registro.

O repertório, bem brasileiro e animado, tem por si só o louro de já ser recheado de sucessos brasileiros conhecidos mundialmente. É nesses momentos que se repara também a enorme identificação dos cubanos com o samba. Muitas das músicas são cantadas em coro e o público, afoito e apaixonado, sobe algumas vezes ao palco para participar um pouco da festa. É o que ocorre ao fim do DVD, quando Diogo encerra com Vou festejar e deixa o teatro enlouquecido, com todos correndo para ocupar um espaço ao lado do sambista.

A identificação do cubano com a música brasileira é louvada diversas vezes por Diogo. E ele tem razão em destacar o aspecto. Ver a cara do público a cada música, o sorriso no rosto e o samba no pé, realmente enriquecem a gravação. Vivendo como um anônimo em Havana, Diogo frequentou uma santeria (culto religioso extremamente musical) e foi a uma escola de música local. Esses lugares mostram um Diogo interessado, curioso e aberto para a cultura que o pai, João Nogueira, tantas vezes elogiou.

Para não passar batido por Cuba sem a presença de um som legitimamente cubano, a presença do grupo local Los Van Van reforça o DVD de 16 faixas, que inclui muitos medleys e pouco do repertório do próprio Diogo Nogueira. Para ficar melhor o doc show, Diogo poderia ter explorado mais as esquinas de Havana e fica a sensação que o documentário não passa de um diário de bordo do cantor. É bom vê-lo falar das suas impressões, mas ficou a vontade de conhecer ainda mais o país.

O Globo - OSB: Hora de afinar o discurso

Um ano após a maior crise de sua história, orquestra luta para equilibrar as finanças e unir a instituição

(02/9/2012) RIO - A maior crise dos 70 anos de história da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) chegava ao fim no dia 2 de setembro de 2011, com a assinatura de um acordo que reintegrava músicos demitidos e criava uma nova orquestra, a Ópera & Repertório (O&R). Com isso, hoje o público brasileiro tem à disposição dois corpos orquestrais: um grupo sinfônico, que toca esta noite no Teatro Municipal com o pianista canadense Jan Lisiecki (leia matéria com ele no link abaixo), e um conjunto menor, com foco no lírico e no repertório de câmera, que se apresenta dia 10, no mesmo palco, com a soprano Eliane Coelho e regência do americano Eugene Kohn.

Mas este ano de pacificação não significa que todos os problemas estejam resolvidos. A começar pela questão financeira. Com a entrada de dois novos patrocinadores, Santander e Carvalho Hosken, que se juntaram a Vale, BNDES e Prefeitura do Rio, o orçamento saltou de R$ 32 milhões para R$ 34 milhões. Só que as despesas cresceram, com a criação da nova orquestra e o aumento dos salários dos músicos.

— O ponto é fazer essa equação fechar para não perder a qualidade musical — diz Ricardo Levisky, há um mês e meio superintendente da Fundação OSB.

A saída para as dificuldades financeiras é “fechar torneiras em áreas que não a musical”.— Cortamos eventos extras, como concertos em empresas. Coisas feitas por prestadores de serviços externos hoje são realizadas internamente. Estamos gastando menos com passagens aéreas, levando uma equipe menor de produção. Reduzimos gastos com mídia. Acredito que até fim do ano vamos equilibrar a situação.

Outro ponto em aberto são as vagas na OSB, criadas com a saída dos descontentes.— Um bom número para uma orquestra sinfônica é entre 80 a 95 músicos. Temos hoje 71 na OSB. Nossa ideia é chegar a 95 até 2016.

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A Fundação OSB fez audições de segunda a quarta-feira desta semana para contratar 14 novos músicos. Já para a O&R, que conta com apenas 36, não há previsão de aumento.— A próxima temporada será feita com o corpo existente — diz Levisky.

— Temos carências imensas — diz o violinista Luzer Machtyngier, presidente da comissão de músicos da O&R. — São só nove violinos, entre primeiros e segundos. E não temos clarineta.

O&R só tem garantia de trabalho até 2013

A crise na OSB começou em janeiro de 2011, com a decisão da fundação de fazer uma avaliação dos músicos. Insatisfeito com o processo, um grupo se rebelou.— Nunca fomos contra uma avaliação de desempenho — diz Luzer. — Discordamos é que fosse feita numa prova de apenas meia hora, sem levar em conta outros critérios, como produtividade, assiduidade, relação com colegas.Pivô da crise, o maestro Roberto Minczuk deixou de acumular as funções de diretor artístico e maestro, passando somente a reger.— O que passamos em 2011 foi muito traumático. O que me motivou a seguir adiante e, ao lado dos músicos, oferecer belos concertos, foi única e exclusivamente a música — diz ele.Como diretores artísticos, dividem hoje a função Fernando Bicudo e Pablo Castellar.— Estamos conseguindo fazer duas temporadas incríveis — diz Bicudo. — O (regente americano) Lorin Maazel abriu a temporada da OSB. Para a O&R, montamos um repertório que andava esquecido e tem grande apelo popular. Vamos fazer a ópera “O pirata”, de Bellini, e fizemos “Griselda”, de Vivaldi, ambas em première no país. E se juntar as três orquestras (também a OSB Jovem) são 34 peças de compositores brasileiros, oito delas em primeira audição no Brasil.Pelo acordo de 2011, os músicos da O&R têm garantia de trabalho até dia 31 de agosto de 2013. Levisky diz que é cedo para falar sobre o futuro da orquestra, que conta com instrumentistas listados entre os melhores do Brasil:— Estou conversando com todo mundo. Esse cargo de superintendente acaba de ser criado, e meu trabalho é dialogar com patrocinadores, mantenedores, músicos, público.A partir dessas conversas é que sairá uma decisão. Músicos da O&R questionam o fato de não serem aproveitados em concertos da OSB. Em vez de chamá-los, sem custos, são utilizados extras, o que aumenta as despesas.— Temos três trombones, três trompetes e uma tuba que quase não têm trabalhado, porque se tocassem iam encobrir todo mundo — exemplifica Luzer.Levisky diz que a razão é cautela:— Do ponto de vista financeiro, é correto. O intercâmbio pode ser muito bem-vindo, mas tem que ser no momento certo. Vejo que ainda tem coisas delicadas. São artistas, e para tocar eles precisam estar bem emocionalmente.Ele se refere às mágoas internas deixadas pela crise. Mas prefere não remoer o passado.— O Rio precisa se unir pela instituição. Não é um Fla-Flu. Se nosso discurso não for muito focado no diálogo, no respeito e na qualidade, perderemos uma chance que não se repete.

Correio Braziliense - Dona de si

Com produção artesanal, terceiro CD de Ana Cañas justifica o destaque conquistado por ela entre as jovens cantoras brasileiras

Rosualdo Rodrigues

(03/9/2012) A fotografia que estampa a capa de Volta, novo disco de Ana Cañas, é um autorretrato. O gesto de pegar a máquina para se fotografar tem tudo a ver com o processo de produção deste terceiro trabalho da cantora paulista — e com o próprio disco. Ana se refugiou no sítio de um amigo, em Vargem Grande, no Rio de Janeiro, para trabalhar em canções que já tinha na gaveta, criar outras e produzir o álbum em parceria com os músicos Fabá Jimenez e Fábio Sá. Dispensou

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aparatos de estúdio e gravou tudo ao vivo, com direito a latido de cães, canto de pássaros e cricri de grilos ao fundo.

“Acho que foi uma busca do momento mesmo, uma coisa que fiz para que esse terceiro disco tivesse uma cara bem pessoal e íntima. É também um reflexo de estar compondo mais no violão. Isso deu vazão para que eu falasse mais de sentimentos, experiências”, explica Ana Cañas, autora de 12 das 16 faixas de Volta — três delas em parceria com Dadi (Será que você me ama?, Todas as cores e Amar amor) e uma com a mexicana Natalia Lafourcade (No quiero tus besos).

Outro toque pessoal é dado pelo fato de Volta ser o primeiro que Ana lança por selo próprio, o Guela Records. “Sempre tive liberdade na Sony (gravadora pela qual ela lançou Amor e caos e Hein?), mas para esse terceiro projeto eu queria um caminho que fosse diferente. Senti que a gente poderia ir cada um pro seu caminho. E talvez não fosse o projeto que eles pensavam num terceiro disco para mim. Estou me sentindo mais dona do meu trabalho, não só artístico e musical, mas como empresa”, conta a cantora, que entregou a distribuição do disco à Som Livre.

Levando adiante o lema do “faça você mesmo”, Ana até roteirizou e dirigiu o clipe de Será que você me ama?. “Esse momento do vídeo foi tenso. É uma linguagem pela qual tenho o maior respeito e fiquei aflita porque não sabia o que ia acontecer. Mas julguei que tinha espaço para isso. Acho que ficou interessante, para complementar este momento de despojamento. Foi feito com uma câmera só, no instinto, na intuição”, avalia.

Responsabilidade

Assumir tantas tarefas, ela admite, tem um preço: “Não cheguei a me sentir só, porque tive ao lado duas pessoas que trabalham comigo há muito tempo, Fabinho, há oito anos, e Sabá, há seis. Temos muita intimidade e eles abraçaram o projeto comigo. Senti uma responsabilidade maior por estar tomando todas as decisões, segurando o leme do barco. Isso pesou mais”.

Ana Cañas gostou tanto de trabalhar “de uma forma mais orgânica, pondo a mão na massa”, que se permitiu fazer um disco longo para os padrões. “Julguei que, pelo fato de ser eclético, não ficaria assim tão longo, como seria se fosse só de pop ou de jazz… Mas também senti necessidade. Meu primeiro disco tinha oito músicas, o segundo, 12. Como passei três anos sem gravar, meio sumida, achei que seria legal”, conta ela. Se tivesse que fazer um disco maior, material não faltaria. “Muita coisa ficou de fora, tive que fazer opções. Teve uma escolha precisa.”

As escolhas incluem quatro regravações, todas de canções clássicas, do jazz (My baby just cares for me e Stormy weather), da canção francesa (La vie en rose) e do rock (Rock and roll, do Led Zeppelin). Ana, que se tornou conhecida pelas interpretações que fazia ao vivo de músicas como essas, chegou a temer gravar standards em disco. Mas foi encorajada pelo momento que estava vivendo, “de me sentir acolhida pelas pessoas por quem eu estava cercada.”

Foi também motivada pela idade, ela acredita. “A gente relativiza essas coisas tidas como intocáveis, revê pontos de vista. E é uma coisa de que nunca me afastei, continuei cantando nos shows, as pessoas me pediam, era como se fosse uma vocação. Comecei a pensar em tudo isso”. As reflexões resultam em verdadeiros presentes para os fãs: arranjos minimalistas e uma intérprete inspirada dão a My baby just cares for me, Stormy weather, La vie en rose e Rock and roll versões personalíssimas.

Diamantes no bolso

Desde que conheceu NeyMatogrosso durante a gravação do Som Brasil, da Globo, dedicado a Cazuza, Ana Cañas vem “flertando” com o cantor, também conhecido por dirigir colegas no espaço que ele conhece tão bem, o palco. Por isso, o nome de Ney foi logo cogitado quando ela pensou no show de Volta. “Quis um diretor, até para compensar o fato de ter feito tudo sozinha. Queria um olhar distanciado, mas que fosse de alguém que também vive de palco, que soubesse o que é pegar o microfone e cantar. Liguei para o Ney, ele foi muito simpático à ideia”, conta Ana, generosa em elogios ao colega: “Ele é uma pessoa incrível, um artista à frente de seu tempo, visceral e delicado. Foram pequenos diamantes que ele colocou no meu bolso.”

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“Não cheguei a me sentir só. (...) Senti uma responsabilidade maior por estar tomando todas as decisões, segurando o leme do barco. Isso pesou mais” Ana Cañas, cantora

Correio Braziliense - Cavaco e batida eletrônica

Alexandre Pires gravou um DVD com a presença de 400 convidados

(03/9/2012) Difícil nomear outro artista que, cantando pagode, tenha alcançado tamanho prestígio internacional. Com 19 anos de carreira, o cantor Alexandre Pires já recebeu das mãos do Príncipe Albert de Mônaco o World Music Awards, prêmio conferido aos maiores vendedores de disco no mundo, ganhou um Grammy e fez um show exclusivo na Casa Branca para o então presidente norte-americano George W. Bush. Agora, o mineiro aposta na mistura do cavaco com a música eletrônica no novo CD e DVD, Eletrosamba.

“Esse DVD é mais contido do que os anteriores, é bem autoral e mais intimista também. Foi um show para 400 convidados, todos amigos e admiradores do meu trabalho”, adianta Alexandre.

Uma mescla aparentemente inusitada, mas que convence num encaixe rítmico perfeito. Gravado em abril, o DVD traz 20 faixas, sendo 11 regravações. A canção A chave é o seu perdão, feita em parceria com o cantor Bruno, da dupla sertaneja Bruno & Marrone, é o carro-chefe do disco, que conta com participações de artistas diversificados ou amigos, como o cantor prefere chamar. A primeira a subir ao palco é Claudia Leite, que dá o tom de axé à música Minha solução. “A Claudinha aceitou imediatamente o meu convite. Foi uma participação baseada em muito carinho e amizade”, conta o sambista.

“Sem dúvida, foi o momento mais emocionante” diz Alexandre sobre a participação de sua mãe, Abadia Pires, na canção Sonhei e acordei. Outro nome inesperado é o de Xuxa, que viu seu hit infantil Arco-íris, ser transformado em um sampagode. “Ela nunca havia participado do DVD de nenhum artista e eu me senti privilegiado por ser o primeiro”, comemora. A cara do samba fica a cargo da faixa Maluca pirada, que Alexandre canta ao lado de Mumuzinho e com as regravações dos sucessos Domingo, Outdoor, Essa tal liberdade e Depois do prazer, que o consagraram ao lado do grupo Só pra Contrariar. “Há 11 anos nós não subíamos juntos ao palco, foi um momento intenso e que provocou uma comoção enorme em todos que puderam presenciar”, afirma.

Confiante de que a polêmica causada pelo clipe da música Dança do Kong não repercutiu negativamente na sua carreira, Alexandre diz ter ficado ainda mais próximo de seus fãs depois do episódio. “Recebi um turbilhão de mensagens de pessoas me apoiando, que acharam um absurdo eu ser tratado como racista”, comenta.“Infelizmente, vivemos num país onde algumas pessoas já acordam de cabeça baixa, complexados. Acabam enxergando coisas que não existem. As pessoas devem entender que todos são iguais, encarar a vida com esperança, deixar de lado as correntes e as senzalas que fazem parte do passado e aproveitar as oportunidades proporcionadas hoje.”

Estado de Minas - Dama da canção brasileira

Áurea Martins lança seu primeiro DVD, Iluminante, com direito a narração de Fernanda Montenegro. Trabalho traz canções de Hermínio Bello de Carvalho

Com 40 anos de carreira na noite carioca, a cantora Áurea Martins participou de programas da Rádio Nacional

Ailton Magioli

(03/9/2012) Da tribo de Zezé Gonzaga, Elizeth Cardoso, Alaíde Costa, Rosa Passos, Fátima Guedes e tantas outras que tiveram de pagar – e continuam pagando – preço caro por não cederem às tentações de mercado, Áurea Martins chega aos 72 anos com lançamento à altura de sua trajetória. Suburbana carioca (Campo Grande) que acabou

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descoberta pela Zona Sul, a intérprete manda para as lojas Iluminante, nos formatos CD e DVD, cuja existência, como faz questão de lembrar, se deve ao amigo e produtor Hermínio Bello de Carvalho.

Desta vez, Hermínio incumbiu Áurea de burilar o repertório autoral dele, com variados parceiros, além de pérolas de outros autores, entre as quais se destaca Maninha, de Chico Buarque, que a cantora registrou ao lado do próprio autor-intérprete. Gravado em estúdio com a participação de banda formada por músicos da Escola Portátil de Música, Iluminante não para por aí. Dá-se ao luxo de ter Fernanda Montenegro de narradora. Já no início a primeira-dama do teatro brasileiro chama atenção para o legado que Zezé Gonzaga e Elizeth Cardoso deixaram para a discípula. “Áurea tem aquele voz que já não existe mais: densa, uterina, insidiosa e doce”, diz a atriz.

Aproximava-se das 10h quando Áurea interrompeu o início da caminhada, para a entrevista por telefone. “Faço meia hora diariamente, por recomendação do cardiologista”, disse a cantora, lembrando que ela já não é uma menina. “O DVD foi gravado graças ao Hermínio (Bello de Carvalho), que cobrava pelo fato de minha trajetória não ter tido ainda um registro em vídeo”, afirma Áurea, cujo novo trabalho acabou ganhando o formato CD, também, com a redução do número de faixas. Enquanto o DVD traz 15, além de três extras, o CD tem14 faixas.

Apenas no DVD, Pela rua, de J. Ribamar e Dolores Duran, ganhou interpretação a capela da cantora, que saiu vitoriosa do programa A grande chance, de Flávio Cavalcanti, com a canção, em 1969, na extinta TV Tupi. Remanescente da histórica Rádio Nacional, onde foi colega de Elis Regina no programa de Paulo Gracindo, ao lado de Pery Ribeiro e Alaíde Costa, entre outros, Áurea Martins canta na noite carioca há quatro décadas. Em 2009, ganhou o Prêmio da Música Brasileira de melhor cantora de MPB pelo disco Até sangrar, seguido de De pontacabeça, de 2010, ambos produzidos pelo mesmo Hermínio Bello de Carvalho e dos quais ela resgata algumas canções em Iluminante, acrescidas de outras que até então não havia gravado.

Cheia de estilo, Áurea admite ter aprendido muito com Zezé Gonzaga, Elizeth Cardoso e a própria Alaíde Costa, que chama de “uma professora de interpretação”. Mas não ignora a jovens intérpretes de agora. “O passado é o que é, está aí, mas hoje nós temos cantoras tão importantes quanto as de então, como Mônica Salmaso, Mariana Bernardes, Nilze Carvalho, Ana Costa, Tereza Cristina, Luiza Dionísio”, lista Áurea. Ela, aliás, há muito foi descoberta pela denominada turma da Lapa. Que o diga Moyseis Marques, que compôs para ela Como o cravo quer a rosa, que ela gravou ao lado do cantor-compositor mineiro.

Parceria

De Vidal Assis (Bola no bola) a Fernando Temporão (Era o fim), passando por Moacyr Luz (Me diz, ó Deus, Zoeira, Sete dias, Quando o amor acaba e Só o amor constrói), Sueli Costa (Cobras e lagartos) e Paulo Valdez (Acho que é você), todos parceiros de Hermínio nas canções do disco, Áurea se dá ao luxo de cantar o que há de melhor no repertório do amigo e produtor. Incluindo as inéditas, feitas com Moacyr Luz, Vidal Assis e Fernando Temporão.

Para Hermínio, “entregar uma canção a uma cantora é quase como costurar um vestido que se ajeite em seu corpo, altura e peso. “No caso de Áurea, seria até bem fácil selecionar o que ela canta na noite e entregar o barco ao mar. Acontece que, igual a uma sereia, ela nos seduz com sua personalidade fortíssima, que nos estimula a colocá-la diante de desafios como esse Bala com bala, de Aldir Blanc e João Bosco, ela cantando apenas com percussão”, diz.

Foi observando Áurea cantar, segundo o compositor, que esses desafios foram se apresentando. “E ela tem ao mesmo tempo uma leveza e uma gravidade que nem ela, acho eu, sabe que tem. É uma menina de 72 anos, com uma vitalidade que fascina essa massa de jovens autores que agora a estão descobrindo. A verdade é que Áurea alcançou um patamar que só é reservado aos grandes intérpretes”, conclui Hermínio Bello de Carvalho.

Negritude

“Sou do jeito que eu sou. Deus nos coloca no mundo e temos de nos cuidar como somos”, gosta de dizer Áurea Martins, assustada com o comportamento daqueles que insistem usar “cabelos postiços”, além de “clarear a pele”. Representante da mais pura negritude brasileira, a única mágoa que guarda

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em relação à trajetória artística é o fato de nunca ter sido convidada para cantar na Bahia. “Não conheço a Bahia, acho isso o cúmulo. Trata-se do estado mais africano que temos e, na minha concepção, também o mais preconceituoso”, justifica a cantora.

IstoÉ - Assim nasceu a tropicália

A irreverência e a inventividade do cantor baiano Tom Zé somam-se mais uma vez em um ótimo disco conceitual, "Tropicália Lixo Lógico", que trata do movimento musical

por Ivan Claudio

(03/9/2012) A irreverência e a inventividade do cantor baiano Tom Zé somam-se mais uma vez em um ótimo disco conceitual, “Tropicália Lixo Lógico”, que trata do movimento musical que ele ajudou a criar nos anos 1960, o tropicalismo. Com uma teoria bem-humorada sobre a gênese desse grande momento da cultura brasileira (seus artífices seriam da “creche dos analfatóteles” e teriam uma “moçárabe estrutura de pensar”), Tom Zé compõe canções de caráter

épico, que misturam rap, cantos populares, baião, bossa nova, marcha e pop numa complexa síntese de ritmos. Entre os convidados, nomes da nova geração, como Mallu Magalhães, Rodrigo Amarante, Emicida, Pélico e o estreante Washington.

O Estado de S. Paulo - Cyro em três partes

Roberto Nascimento

(03/9/2012) O telefone de Cyro Baptista em Montclair, New Jersey, é o primeiro a tocar quando algum fera do jazz ou da world music pensa em percussão autoral, que vá além do arroz e feijão e traga ao som ritmos e texturas pouco convencionais. Por esse motivo, e por morar à margem do Rio Hudson há mais de 30 anos, qualquer introdução que se faça de seu trabalho, em seu país de origem, não deixa de mencionar, em alguma parte do texto, Herbie Hancock, Yo-Yo Ma, Paul Simon,

Lionel Loueke, John Zorn e a lista telefônica de bambas com quem Cyro se associa.

Mas ao mesmo tempo em que esse currículo estabelece o percussionista paulistano, radicado em Nova York desde os anos 80, como um dos craques brasileiros mais respeitados na primeira divisão do jazz internacional, ele ofusca a importância de seu trabalho solo, uma cativante mescla de jazz experimental com suingue brasileiro, teatro e humor, que tem recentemente chamado a atenção no Brasil. Em 2011, Cyro esteve por aqui para testar as águas, e foi ovacionado no Sesc Pompeia por uma plateia que, em primeira instância, parecia não entender o melange rítmico de sua banda, mas foi gradualmente seduzida pelo seu jeitão de Frank Zappa latin lover.

Cyro opera espécie de retorno massivo do exílio nestas próximas semanas, com shows em Olinda, São Paulo e Rio, que mostram três lados de seu trabalho solo: o Vira-Loucos, releituras experimentais de composições de Villa-Lobos; Beat the Donkey, seu coletivo músico-teatral de viagens antropofágicas; e Banquet of the Spirits, improvisações em quarteto sobre a obra do saxofonista e compositor nova-iorquino John Zorn. O percussionista falou ao Estado, de Montclair, logicamente, sobre sua volta.

● Entre os trabalhos que mostra no Brasil, Vira-Loucos é o que mais dialoga com o cânone brasileiro. Como concebeu a conversa com a obra de Villa-Lobos?

Nos anos 1990, estava trabalhando com o Michale Tilson Thomas, regente da Sinfônica de São Francisco, e fui fazer um solo em uma orquestra experimental que ele tem em Miami, a New World Symphony. Nunca havia tocado com uma orquestra. O trompete entra pelas tuas costas, as cordas, pelo seu nariz, o trombone, pelo seu traseiro. São 360 graus de música. Fiquei chocado com a

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música do Villa. Não conhecia ela assim, tão intimamente (risos), e a partir daí resolvi fazer minha própria leitura, com Marc Ribot, Romero Lubambo e Chango Spasiuk, um acordeonista argentino brilhante. Foi um disco importante para mim. Tornou-se um cult na cena de Nova York.

Na choperia do Sesc Pompeia, você faz o Beat the Donkey, talvez o seu trabalho mais acessível. Como surgiu a ideia de misturar teatro com escola de samba e world music?

Eu fiz música para um show da Broadway uma vez. E quando vi o resultado, achei péssimo. Completamente fake e careta. Então me lembrei do teatro de São Paulo, quando ainda morava aí, e resolvi fazer uma coisa meio extrema, pensando nas coisas que eu tinha visto o Cemitério de Automóveis fazer. Mas é uma zona. São dois bateristas, duas sapateadoras, os músicos das outras bandas, o pessoal do Bixiga 70.

Ouvi dizer que teve problemas com o nome Beat the Donkey…

É. Chamava-se Pau na Mula porque gostaria de dar uma sensação de movimento. A percussão não pode acontecer sem movimento. Então, traduzimos para Beat the Donkey e o pessoal ficou chocado. Comecei a receber e-mails de ativistas dizendo coisas horríveis, que eu estava promovendo violência com os animais, etc…

Estado de Minas - Brasil maior

Tesouros da cultura do Vale do Jequitinhonha inspiraram livro de Marcelo Oliveira e o CD Flor do Jequi, gravado por Déa Trancoso e Paulo Bellinati. Hoje, a dupla faz show na capital

Sérgio Rodrigo Reis

Marcelo Oliveira retratou a arte e o dia a dia dos moradores do Vale do Jequitinhonha

(03/9/2012) Vêm das mais remotas lembranças do Vale do Jequitinhonha, terra natal da cantora e compositora Déa Trancoso, as referências estéticas e sonoras que dão brilho a Flor do Jequi, quarto disco da bem-sucedida carreira da artista mineira, gravado em parceria com o violonista e compositor Paulo Bellinati.

Além de apurada pesquisa das tradições musicais do interior mineiro, o CD, que será lançado com show hoje e amanhã, em Belo Horizonte, traz composições inéditas, além de embalagem de encher os olhos, com aquarelas de Mariza Trancoso, prima da cantora.

Não se trata de um disco fácil. Os trabalhos da intérprete nunca se nortearam por essa diretriz. Produzido por Déa e por Paulo Bellinati, autor dos arranjos, o novo projeto ressalta peças do tradicional cancioneiro regional, como Coco da veia, adaptado pela artesã Lira

Marques e gravado pelo Coral Trovadores do Vale. Há espaço para releituras, como Tropeiro das cantigas, de Paulinho Pedro Azul, e para obras autorais, como Estreleira, de Déa, e Flor do Jequi, parceria dela com Sérgio Santos.

“Flor do Jequitinhonha/ dos ermos, lá do sertão/ barranqueira e montanha/ alento do coração/ florzinha de água doce/ rosinha bem delicada/ que enfrenta toda tormenta”, diz a letra – uma espécie de síntese do trabalho de Déa.

Gismonti

O disco de Déa e Bellinati traz a participação do percussionista Guello na faixa Mestre Diôla, de Gonzaga Medeiros. Coube a Egberto Gismonti escrever a apresentação: “Acredito que existam somente dois tipos de música – a que hoje representa o alimento que mantém viva minha esperança e a de que amanhã precisarei, quando, desesperançado, descobrir estar pronto à aceitação de novo alimento. As músicas de Flor do Jequi estimulam uma emoção difícil de encontrar: a voz da Déa

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canta os arranjos de Bellinati, que tocam a voz de Déa, que cantam os arranjos de Bellinati, que tocam....”

Flor do Jequi é fruto de um livro. O fotógrafo carioca Marcelo Oliveira, marido de Déa, preparava nova versão de Estórias de luz – Narrativas fotográficas do Vale do Jequitinhonha quando surgiu outra proposta. “Ele queria que as pessoas pudessem ouvir o som do livro e me convidou a criar músicas”, lembra a cantora e compositora. Inicialmente, o CD viria encartado na publicação. “O resultado ficou tão bom que a Natura, patrocinadora do projeto, topou lançar o disco separadamente”, comemora.

O espírito do álbum, sintetizado na faixa título, contagiou a equipe. “Sou uma das flores do Jequi. Quando falamos do Vale do Jequitinhonha, vêm à cabeça grandes mulheres: dona Isabel, Maria Lira, a artesã Zefa e a benzedeira dona Generosa, além de Elza Có e dona Maria do Bode, do reisado”, lembra Déa.

O encontro da academia, representada por Paulo Bellinati, com o sertão de Déa Trancoso emocionou os envolvidos na criação de Estória de luz II e de Flor do Jequi. “O nosso maior Brasil é este aí, das letras das canções, embora ainda pouco conhecido”, conclui a cantora e compositora.

Resposta à globalização

O disco Flor do Jequi integra o projeto de publicações coordenado pelo fotógrafo carioca Marcelo Oliveira. Festas religiosas, natureza e musicalidade estão retratadas em Estórias de luz II – Narrativas fotográficas do Vale do Jequitinhonha, livro assinado por ele.

“Pelas frestas do cotidiano, é possível enxergar o que resiste à avassaladora globalização de nossos tempos. Aqui e ali, captam-se gestos, arranjos, paisagens e silêncios que nos permitem vislumbrar outros tempos de ser no mundo, outras formas de relacão com o próprio tempo. Como uma mina d’água, que brota e irriga a vida dos que insistem em se manter à margem da correria insana em que se transformou a existência”, afirma Oliveira.

Além de textos e fotos de Marcelo Oliveira, o livro traz ensaios sobre o Vale do Jequitinhonha assinados pelo professor de educação artística Raul Motta, pelo fotógrafo Everaldo Rocha e pelo historiador Luiz Santiago. Todos recorrem à escrita para tentar desvendar o indescritível: como nasceu aquela cultura rica e pulsante de uma região tão inóspita e pobre?

A resposta, talvez, venha de dona Isabel, famosa por suas bonecas de cerâmica: “Pobreza é coisa do diabo. O que existe é dificuldade.”

Correio Braziliense - Mr. Catra também é do samba

O controverso funkeiro experimenta novo gênero em CD previsto para sair em novembro, mas que já vazou na internet

Maíra de Deus Brito

No novo disco, Mr. Catra vai do pagode romântico ao samba-rock

(04/9/2012) Polêmica é a palavra que define o cantor Mr. Catra. Conhecido por ter quatro esposas (e 21 filhos!), ser a favor da legalização das drogas e escrever letras controversas, ele surpreende mais uma vez ao lançar Com todo respeito ao samba, álbum em homenagem ao ritmo imortalizado por Noel Rosa e Cartola. “Desde criança escutava samba. Na minha casa, nós ouvíamos Wilson Simonal, Jorge Benjor, Bebeto. Daí, um amigo disse: ‘Pô, negão. Você já tocou rap, rock (na adolescência, Catra tinha uma banda chamada O Beco), vamos fazer samba agora”, conta.A ideia deu tão certo que o CD — previsto para novembro— vazou na internet e está bombando nas redes sociais. Com músicas dele, de Márcio Local e de Dido da Mangueira, o álbum passeia por várias vertentes do gênero. Tão

linda e Eu só quero paz flertam com o pagode romântico, enquanto Sua foto e Chapa quente vêm no ritmo do samba-rock.

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Mais próxima do funk, Triste fim da mina narra a história de uma garota “vacilona”, que fala demais. “Para ser mulher, tem que saber ser amante”, diz a letra, uma das mais fracas do disco. Em contraponto, a inspirada Essência do poeta faz uma ode aos sambistas da velha guarda (“Poeta, sua essência ainda está aqui/Suas rosas insistem em falar com meu coração”), e Mangueira é uma mãe, de Serginho Meriti (compositor de Deixa a vida me levar), reverencia uma das principais agremiações do Rio de Janeiro.Convertido ao judaísmo, Catra mostra sua faceta religiosa em Minha vida é um milagre de Deus. “Toda honra e toda glória a ele que me protegeu”, ele canta no partido-alto, bem ao estilo de Zeca Pagodinho. Com um repertório tão eclético quanto o artista, como funciona o processo de criação? “A inspiração para fazer um samba é mais brega e para fazer um funk é mais nervosa”, explica, ao risos.

Operário do funk

Nascido na Tijuca, Zona Norte do Rio, Wagner Domingues da Costa é filho de Manoel e Elza Costa, e foi criado na casa do padrasto Edgar, o que talvez explique a diferente trajetória da maioria dos funkeiros. Catra estudou em escola particular, cursou direito e fala quatro idiomas. Por fazer três, quatro shows por noite, em todos os dias da semana, ele se julga um “operário do funk”.“Meu som é para todas as classes”, afirma, no documentário 90 dias com Catra, produzido pela Mellin Vídeos, em 2010. Seja nos morros ou nas boates da Zona Sul, brasileiros e gringos disputam lugar nos shows lotados. Apesar do sucesso, o cantor reclama. “Lá fora (no exterior), o funk é tratado como cultura e aqui no Brasil, não. Já sofri todo tipo de preconceito por ser funkeiro”, desabafa.Há quatro anos sem um novo CD, Com todo respeito ao samba é o abre-alas de uma série de outros trabalhos a serem lançados até o próximo ano. Com o grupo Sagrada Família — formado por Dr. Rocha, WF, Alan$Din, Denis, Alfina e Kamikaze— , ele lançará um disco de rap. Em carreira solo, o músico promete (mais uma vez) dar o que falar. MPBCatra trará clássicos da música popular brasileira, como Cálice e canções da A ópera do malandro (de Chico Buarque), em versão funk. É esperar para ver no que vai dar.

Folha de S. Paulo - Primeiro álbum da Banda Uó é remix pop do que toca no rádio

'Motel' transita por sertanejo, axé, forró, funk, rap e tecnobrega Marcus Preto, de São Paulo(04/9/2012) Qualquer gênero musical que faça parte da atual programação das rádios populares está no campo de interesses da Banda Uó. E, agora, compõe o eclético cardápio de "Motel", álbum de estreia do trio goiano que começa a ser vendido hoje no iTunes.

Mas entenda bem: não é que eles usem axé, forró, sertanejo, pop, funk carioca, rap e tecnobrega como inspiração para compor um som novo, particular, reprocessado -como fazem, por exemplo, seus colegas (e também empresários) do Bonde do Rolê.

Não. O que a Uó cria é justamente axé, forró, sertanejo, pop, funk carioca, rap e tecnobrega. Sem reinvenções.

Qual é a graça, então? A graça está na contradição entre som e imagem -e na ironia que eclode disso. É que, quando cantados no clima de "boy band hipster" da banda Uó -o visual é meio "Glee" (a série de TV), meio "Cassino do Chacrinha"-, qualquer desses gêneros parece estar sendo analisado, comentado, criticado.

"Crítica nada! A gente gosta de verdade dessas músicas", diz o vocalista e produtor musical Davi Sabbag, 23, coautor das bases eletrônicas sobre as quais o trio canta. "A gente era do rock alternativo. Mas fomos engrenando musicalmente e quebramos preconceitos", diz o vocalista Mateus Carrilho, 23. "Fomos ouvir o que nossos pais gostam, como 'É o Amor' [de Zezé Di Camargo & Luciano]. Mais amadurecidos culturalmente, percebemos como essas letras são ricas."

Fizeram, eles mesmos, letras igualmente ricas. Nelas, chegam a citar personagens reais desse repertório matriz. "E eu ainda te queria aqui do meu lado/ Mas você me abandonou e me deixou pra baixo/ Fugiu com o dançarino do cantor Leonardo", diz o forró sertanejo "Chorei". "Show da Rita" é um rap, em que os presidiários cantam para a musa Rita Cadillac. Há ainda menções a Alcione, Seu Jorge, ao universo do axé e, mais do que tudo, à nova música paraense.

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"Mas é tecnobrega já popeado", diz Candy Mel, 21, terceira voz da Uó. "É como se a gente fosse um portal que pudesse levar esse tipo de música para um público que, por preconceito, não escutaria." A banda nasceu há ano e meio para divulgar uma festa em Goiânia. Estourou clipe pela internet e, na sequência, venceu o VMB, da MTV. "Goiânia ficou pequena para a gente e viemos morar em São Paulo", diz Davi. "Estamos aqui para ganhar. Não quero que pensem que estamos de brincadeira só porque nossa música é divertida."

Estado de Minas - Sem se acomodar

Kiko Ferreira

Augusto Martins é parceiro de Moska e de João Donato

(04/9/2012) Nem saudosista a ponto de precisar posar de autêntico, nem modernoso para tentar reinventar roda e motor, o carioca Augusto Martins defende com habilidade a linha mestra da MPB em seu quarto CD, Felizes trópicos. Com carreira avalizada por colegas de palco e estúdio como Beth Carvalho, Otto, Leila Pinheiro e Seu Jorge, ele acerta ao dividir a sonoridade suingada do disco com a Orquestra Criôla e seus metais em brasa, além de contar com as presenças de Moska e de João Donato, responsável pela

autoria de duas das 12 faixas.

Filho de um cantor não profissional, que chegou ao disco aos 73 anos de idade, Augusto começou a estudar violão aos 12 anos e canto aos 15. Teve aulas de piano com Carlos Delmiro, irmão do violonista Hélio Delmiro, e de pandeiro com Marcos Suzano. O primeiro disco, com seu nome no título, veio em 1997, com músicas de Melodia, Gonzaguinha, Cartola e outros compositores consagrados. O segundo, Augusto Martins canta Djavan, aproveitava ângulos menos óbvios da obra do alagoano. O terceiro, No meio da banda, de 2006, trazia participações de Otto, Moacyr Luz, Fred Martins e do onipresente Donato.

Em Felizes trópicos Augusto se divide nas funções de cantor e autor, assinando metade das músicas. As mais bem resolvidas, como O amor é um som e Sambordel, trazem a música como tema. Com uma voz de timbre agradável e maleável, ele navega com naturalidade pelas “armadilhas” de Donato (Enquanto a gente namora, No fundo do mar), garimpa um Francis Hime de boa estirpe (Bantu-tupi, com Celso Viáfora) e defende a Mistura crioula de Moacyr Luz como se fosse dono da receita.

Com sonoridade encorpada e repertório bem escolhido e concatenado, o disco mostra a evolução clara na carreira de Augusto Martins, ostentando uma maturidade que não rima com acomodação. A produção e os arranjos de Humberto Araújo dão unidade e peso ao trabalho, confirmando o acerto da parceria.

LIVROS E LITERATURA

O Globo - Aos 86 anos, Carlos Heitor Cony faz uma revisão amarga e irônica da vida

As vésperas de lançar ‘JK e a ditadura’, o autor de ‘Quase memória’ critica o político mineiro, compara a ABL a um ‘jardim de infância ao avesso’ e se diz cansado da ficção

(02/9/2012) RIO - Os passeios na Lagoa acabaram: um câncer linfático crônico, considerado terminal há 11 anos, e que afetou a força de suas pernas, o obriga a passeios modestos, dentro de casa, com fisioterapeutas. Mas quando vai à rua, na condição de cadeirante, Carlos Heitor Cony, 86 anos, não vê limites: viaja para palestras, vai a Nova York e visita o Marco Zero. E não descarta futuras viagens de navio. Fumante de quatro charutos por dia, lê, escreve suas crônicas para a "Folha de S. Paulo" e participa de debates matinais com Artur Xexéo na CBN. Há um ano, não vai à Academia Brasileira de Letras (ABL) e não pretende voltar à ficção, como tantos fãs esperam. O que não o impede de dissertar, horas seguidas, sobre o relançamento de "Memorial do exílio" (Bloch Editores, 1982), com

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novo título, "JK e a ditadura", agora pela Editora Objetiva. Nesta entrevista, o ceticismo de sempre dá espaço a sorrisos entre o diabólico e o abençoado que o tornam uma das figuras mais carismáticas da literatura brasileira.

O GLOBO - Por ser uma espécie de autobiografia em terceira pessoa, "JK e a ditadura" é carente de um viés crítico. Ele existe?Deveria ser o terceiro volume de sua autobiografia, mas ele morreu. Sim, tenho minhas restrições a Juscelino, em que pese o carinho e a admiração por sua obra. Ele se vendeu como democrata irredutível, mas pressionava o Congresso. Por exemplo, quando pediu licença para processar Carlos Lacerda por vazar informações do Itamaraty, jogou pesado para cima da Câmara na intenção de cassar o adversário. Não conseguiu. Mas comprou voto, constrangeu a imprensa, o diabo a quatro, como todo mundo faz, na base do fisiologismo. Politicamente, errou feio ao apoiar Carlos Castello Branco em troca da promessa de respeitar o pleito de 1965, o que não aconteceu. A jogada de mestre teria sido renunciar à candidatura em favor do (general Eurico Gaspar) Dutra, um pessedista de 90 anos que estava na lista dos preferidos dos militares e lhe era leal. Dutra ia corrigir os rumos e acalmar os radicais. Uma vez ele me perguntou onde foi que pegou a curva errada, e eu disse isso.

Mas isso seria suficiente para neutralizar a hidra da ditadura?Seria a chance de evitar um quadro tão violento. Além disso, uma falta menos grave: JK mentia sobre a idade. Dizia, no primeiro volume das memórias, que nasceu em Diamantina em 1902. Tenho a certidão de nascimento: o ano correto é 1900. O então repórter Roberto Muggiati chegou a ser demitido por ter publicado na "Manchete" a idade certa: JK reclamou com o patrão. Interferi a seu favor e ele acabou "exilado" atrás de uma coluna da redação. Dois anos depois, virou diretor da revista.

E o aspecto programático?A questão de JK sempre foi mesmo a indústria. Getúlio Vargas fez legislação trabalhista sem um tiro e a sociedade, inclusive o empresariado, aceitou. Mas Getúlio não menciona a questão da terra. Se mexesse na terra, seria deposto. JK também foi avesso a essa questão. Mas, com o que fez, transformou a sociedade brasileira e a levou a outro patamar.

A segunda parte do livro, espécie de apêndice, reedita trechos de "O Anjo da Morte", reforçando a tese de assassinato de Juscelino. Você realmente acredita nisso?Os indícios são todos nesse sentido. Guilherme Romano, braço direito de Golbery (do Couto e Silva), foi o primeiro a aparecer no local. O pouso onde ele parou pertencia a militares e JK vivia sendo seguido. A notícia da morte por acidente correu dias antes. E, em telegrama ao general (João Batista) Figueiredo, o chefe da Dina, o SNI chileno, equipara Letelier, assassinado pela CIA, a JK, como "um problema para o Brasil", num tempo em que o presidente Jimmy Carter ouviu de (Ernesto) Geisel que, antes da redemocratização, ainda estava em vias uma "limpeza de terreno". Sei que indícios não são provas, embora tenha ouvido o (ex-ministro do STF Cezar) Peluso dizer que existe a "prova indicial". Miro Teixeira chegou a criar uma comissão para apurar as circunstâncias. Todos os depoentes afirmaram isso. O último foi Miguel Arraes, grande articulador da resistência à Operação Condor, que assim se pronunciou: "JK foi assassinado."

Em 1968, você foi preso na mesma leva que deteve JK. O que guarda desse episódio?Foi na noite de 3 de dezembro, até depois do carnaval. Três meses. Quando fui sequestrado, ouvi que naquela noite iam fuzilar JK. Incomunicável, acreditei, aquele tempo todo, que havia um paredão. Não fui torturado, mas em muitas noites vomitei ao ouvir berros e pancadas das outras celas. Fiquei numa cela miserável, com um cano de água, que usava para escovar os dentes, e um vaso sanitário. Esta foi a segunda prisão. No total, foram seis. Em 1965, quando ainda havia legalidade, fui processado por (Artur da) Costa e Silva, que, pela Lei de Segurança Nacional, queria me botar 30 anos em cana. O STF transferiu para Lei de Imprensa e peguei seis meses. Cumpri três: foi a única vez na vida que tive bom comportamento. Os militares ainda eram educados. Invoquei a convenção de Genebra e a comida melhorou, ganhei banho de sol e lençóis, e, no Natal, um coronel nos mandou peru, vinho, farofa e castanhas, da casa do comandante.

Você foi muito atacado quando recebeu benefícios como reparação aos danos. Isso o magoou?Vou contar só um episódio. Quando, em abril de 1964, escrevi, no "Correio da Manhã", o artigo "A revolução dos caranguejos", que atacava violentamente o movimento militar, tive que me esconder. No dia da publicação, três sujeitos foram à escola de minhas filhas, que tinham 12 e 8 anos, e

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disseram à professora que vinham buscá-las, que eram amigos dos pais e precisavam protegê-las pois estavam sob ameaça de sequestro. À saída, a dona do colégio, ao ver duas alunas com três homens estranhos à paisana, pediu documentos. Eles se recusaram a mostrar e puseram minhas filhas num carro. A mulher anotou a placa e nos procurou. Ênio Silveira, que tinha contatos, fez a coisa circular em meios militares e descobriu-se que o carro servia a um oficial da Marinha. Elas foram soltas aos empurrões. Durante o sequestro, haviam sido ameaçadas e insinuaram que tirariam, naquela noite, a sua virgindade. O resto são tecnicalidades que nem preciso mencionar, além do fato de os desembargadores nem terem lido o processo por serem contemporâneos e saberem o que passei. Mas nem se me dessem a Petrobras eu me sentiria compensado. Nem a Amazônia pagaria todo o meu sofrimento.

Por que sua aversão a livros inéditos de ficção? Você desistiu?Olha, com "Pilatos", livro da década de 1970, eu disse tudo o que queria dizer. Thomas Mann, depois de escrever "Doutor Fausto", pensou em não escrever mais. E disse: "Infelizmente, vivi mais que minha obra." Teve que escrever ainda três ou quatro livros, tudo porcaria, pois precisava de dinheiro. Quando fiz "Pilatos" foi isso: fiquei 23 anos sem escrever. Aí veio o computador, e a doença de minha cadela Mila, eu escrevi "Quase memória" para suportar o sofrimento de ouvir seus gemidos.

"Quase memória" não é bom?É um desabafo. O que escrevi depois foi por pura pressão comercial. Nada desse período interessa.

Como é sua rotina hoje?Tenho um câncer linfático e estou em estado terminal há 11 anos. É o mesmo câncer da Dilma e do (Reynaldo) Gianecchini. Não perdi o cabelo, mas o tratamento enfraqueceu minhas pernas. O câncer, porém, não é mais a tal da insidiosa moléstia. Todo mundo tem um. A Hebe, a Ana Maria Braga, todos os líderes do Cone Sul, Lula, Fidel, Chávez, Cristina! Há 12 dias não saio de casa. Meses atrás fui a Nova York. Para visitar os museus, ser cadeirante é bom: fui tratado como príncipe, uma maravilha. No Marco Zero me puseram de cuecas para entrar.

Em "JK e a ditadura" você diz que, com a Frente Ampla, JK, (Carlos) Lacerda e Jango (João Goulart) provaram, tardiamente, que a Humanidade pode ser melhor desde que cada homem procure, no outro, o seu melhor. Você acredita nisso? Precisamos de homens cordiais, como JK?Não. Em "O ventre", aos 32 anos, eu digo que só creio naquilo que pode ser atingido pelo meu cuspe. Como disse no meu discurso de posse na ABL, não tenho convicções firmes para ser de direita, disciplina para ser de esquerda nem a imobilidade do centro, que é oportunista. Sou um anarquista inofensivo.

A Academia foi uma concessão, em vistas desse ceticismo?Entrei com 74 anos, idade com que morreu o JK. Desde 1964 já me haviam convidado. Acabaram me convencendo num movimento para legitimar a candidatura paralela, para outra vaga, de Roberto Campos, que até o Celso Furtado queria. Acabei cedendo, sob a condição de não fazer campanha. A Academia é um ambiente de cordialidade. Resumindo, porém, eu diria que é uma espécie de jardim de infância às avessas. No jardim de infância você não tem passado mas um futuro o espera, com relações novas e amigos vindouros. Na academia, não temos futuro. Temos todos um passado, se é que temos, bom, brilhante ou medíocre, mas 90% dos que lá estão não têm mais nada para fazer na vida. O futuro é o mausoléu.

Você tem medo da morte?Não, a não ser do ritual da morte. Não quero velório. Nem quero ir para o mausoléu da Academia. Serei cremado. Toda a liturgia da morte hoje é uma contrafação, fria, impessoal. Já conquistei o que queria. Só me restam o Nobel e a morte. Como o Nobel não virá...

Correio Braziliense - Paixão pela vida, respeito pela morte

Ficção, memórias ou biografia? Livro de Nélida Piñon não se enquadra em nenhum desses gêneros. Livro das horas tem de tudo um poucoNahima Maciel

(03/9/2012) Antes de chegar à metade das 208 páginas de Livro das horas, Nélida Piñon faz uma inquietante afirmação. “Assaltada por sobressaltos seguidos de um torpor que amortece as juntas,

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juro não voltar a criar”, escreve. É apenas um lamento, um indício do desassossego permanente provocado pela necessidade criativa e seu inevitável sofrimento. Nélida está com insônia e remói trechos de um romance em processo de escritura. Lá pelas tantas, ameaça a si mesma de cortar a pena e simplesmente tirar proveito de um bloody mary em uma atitude totalmente descompromissada.

Claro, a autora não falava sério em largar a escrita. Não poderia. Burilar a linguagem é vital para Nélida. É a fonte de onde extrai a felicidade calorosa da qual se diz portadora. Livro das horas não se encaixa em gêneros. Ficção, memórias ou biografia não servem para este pequeno relato de impressões sobre a vida e a morte, sobre as relações humanas, o amor, a traição e, para não ficar devendo, a literatura. Um balanço corajoso, nostálgico e, em muitas passagens, saudoso, no qual Nélida é a própria narradora.

Aos 75 anos, a escritora quer falar da morte e, para tal, fala de Deus. Desconfia de inventá-lo — ou reinventá-lo — simplesmente para se redimir. Ou para traçar caminhos nos quais, atrevida, ela chega antes dele. Chega a desafiá-lo: “(…) não hesitarei em buscar a morte por meus próprios meios caso julgue a vida desprovida de luz. A autoimolação é um recurso libertário.”

Livro das horas alterna a fome de viver com a espera pela morte. “Desfaço aos poucos as ilusões com que afago o ego e deixo aberta a porta da casa

a fim de facilitar o ingresso da dama com a foice na mão”, escreve. Na paixão pela vida está o equilíbrio que leva o leitor a encontrar verdadeiramente a autora. “Você oscila entre esses polos. A morte é uma contingência forte, sem dúvida, mas tem exaltações, amores, Tristão e Isolda, Capitu, símbolo da traição. Como trair é fácil se você não tomar cuidado! Você trai com uma naturalidade! Nem se dá conta, parece natural”, explica Nélida, por telefone.

Personagens

Diálogos literários permeiam todo o livro. Uma certa fixação com Tristão e Isolda, uma insistente lembrança de Capitu, leituras da infância, Monte Cristo e outros personagens aparecem na narrativa não cronológica para pontuar as impressões da escritora. As divagações estão presentes, mas não ocupam todo o espaço. Há também um pedaço da vida do país, uma lembrança da ditadura, outra de amigos queridos, a saudade de Clarice Lispector e a indignação, ainda que cordial e elogiosa, com a biografia de Benjamin Moser. Nélida se zangou com a passagem na qual o biógrafo trata do estupro sofrido pela mãe de Clarice. “Fiquei muito chocada”, confessa. “Eu teria preferido que essa notícia não tivesse sido publicada.”

Mas Nélida é discreta. Sua teia de memórias é porosa, lírica e elegante. Dos afetos literários não revela segredos. Nem sobre si mesma. Com os desafetos, é gentil. Da intimidade, só permite mesmo a presença do esperto Gravetinho, um cãozinho muito abusado. “Minha descoberta mais essencial dos últimos tempos”, avisa. Abaixo, a autora fala sobre as motivações que a levaram a Livro das horas e sobre as reflexões contidas na narrativa.

Entrevista / Nélida Piñon

Não é uma biografia nem um livro de memórias. Como a senhora encara Livro das horas?É uma confluência de gêneros. São narrativas do cotidiano, de personalidades, narrativas que me envolveram em vários processos da vida e, sobretudo, são também reflexões sobre o amor, a morte, a paixão, a traição, sobre esse mundo contemporâneo, a vulgaridade predominante, as desilusões e as ilusões. É o corte na vida minha e na vida coletiva. Acredito, sinceramente, que só posso escrever se assumo de verdade uma voz coletiva. Não sou só eu como escritora, eu sou a língua e sou as pessoas que usam a língua e sentem através da língua, porque a língua é um repositório de sentimentos. Então é um livro que tem em pauta quem nós somos, o que estamos fazendo, o que pensamos, o que sentimos. As emoções são muito concretas, muito mais do que a gente pensa. Embora cada um fale das emoções de uma forma privada, elas, por consequência, contaminam os

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vizinhos porque terminam sendo uma emoção comum a todos. O livro não é o que se convenciona dizer “a memória”. Mas claro, quando terminar a leitura você vai saber muito mais de mim porque estou inserida neste mundo.

Em determinado trecho, a senhora diz que a escrita são “mentiras versadas sobre o papel”. Como?Toda escrita, qualquer escrita, mesmo a dos advogados, é. Você escreveu, você alterou. Você escreveu, você emendou. Você escreveu, você dá sua própria versão. São leituras, versões que têm sua dose irrenunciável de invenções privadas. Mas tem legitimidade porque é o que eu vi naquele momento da minha vida.

A morte é presença constante. Sempre foi?Não. Com a idade isso aparece. A idade e a experiência fazem você perceber a finitude humana. E destaca também como somos maldosos porque, de modo geral, muito da nossa arrogância advém da crença de que somos imortais. De repente, você se dá conta de que é mortal e não tem razões para qualquer arrogância, que a vaidade é uma futilidade e que, meu Deus, o teu destino é aquele comum a todos, aquele que nos nivela, o que é muito bom. Minha mãe, quando eu era menina, tinha um gesto magnífico, educativo: ela abria a palma de uma mão e repetia três vezes. Ela se referia a sete palmos, era a medida do caixão. Fazia isso para eu não ser vaidosa demais. Ela tinha pavor da vaidade que prejudicava os relacionamentos humanos. É a arrogância: ela é responsável por desacatos, desafetos, humilhações sociais, injustiças profundas.

Você acha que isso está pior hoje?O que eu percebo é que há uma exacerbação da vaidade pessoal através do consumo e tudo vai gerando uma indiferença social. Você transfere para os objetos, para o consumo, os seus valores. E você não tem tempo para os valores profundos porque seu cotidiano é ocupado por banalidades, mais do que nunca. Não há tempo para ser profundo, se aprofundar. Não quero dizer que o jovem tenha que ser profundo, mas ele tem que já palmilhar o caminho do aprofundamento. O jovem deveria ser aquele revolucionário, aquele que cobra justiça. Você vê gestos exaltados, mas ainda afastados da noção de justiça social. Estamos em um momento em que a utopia coletiva ou individual não está ganhando realce.

A senhora está preparando um novo livro. Não pensa em parar de escrever, conforme ameaça em Livro das horas, certo?A criação é uma paixão ininterrupta minha. Na verdade, eu poderia estar muito mais tranquila. Mas não! Ai de mim sem a criação literária, sem essa paixão pela música, pela vida, pela leitura, pelo outro. Agradeço a Deus que tenho energia de olhar o outro nos olhos e deixar que o outro me examine sem eu temer o seu exame. É um patrimônio que tenho e acho que outros têm também. Então sou inteira.

Estado de Minas - Médicos pelo mundo

Walter Sebastião

(03/9/2012) “Dignidade é livro sobre o lado B do mundo, sobre áreas invisíveis com as quais ninguém se importa”, observa a jornalista Eliane Brum. Ela é a única brasileira a escrever para o livro comemorativo dos 40 anos da organização Médicos sem Fronteiras, que vai ser lançado hoje, às 19h30, no Espaço Multiuso do Sesc Palladium. São relatos de escritores de várias partes do mundo sobre a ação do grupo humanitário que atua em alguns dos países mais pobres do mundo. Os autores dos textos são Mario Vargas Llosa, Eliane Brum, Paolo Giordano, Catherine Dunne, Alícia Giménez Barthett, James A. Levine, Esmaham Aykol, Tishani Doshi e Wilfried N’Sondé.

Existem lugares no mundo, conta Eliane Brum, tão afetados por epidemias e guerras que só recebem solidariedade dos Médicos sem Fronteiras. Ela escreve para o livro Dignidade reportagem sobre Narciso Campero, do

departamento de Cochabamba, Bolívia, região mais afetada do mundo pela doença de Chagas, local de população indígena no qual 70% das pessoas têm a doença. Que tem pontos tão infestados pelo barbeiro que há casos de morte por asfixia (os insetos entram pela garganta dos crianças). A doença

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existe há tantas gerações que as pessoas nem sabiam o que era o barbeiro, apenas constatavam que as pessoas morriam de repente. “Gente que pela primeira vez recebeu tratamento”, conta.

“Há organizações que, de perto, não são tão boas quanto a gente pensa. Com Médicos sem Fronteiras é muito melhor do que se imagina”, afirma Eliane Brum. “Nunca tinha visto equipe com tanta entrega ao que faz. Eles arriscam a vida para cuidar das pessoas”, acrescenta. “Ter ido à Bolívia para ver o grupo em ação foi daquelas experiências que mudam a vida”, afirma a repórter com 25 anos de profissão.

“Dignidade é livro muito bonito. Cada escritor falou de um aspecto do que viu, mas com olhar delicado”, explica Eliane Brum, contando que as abordagens são as mais diversas, algumas inclusive valendo-se também da ficção. “Ninguém sai arrasado pelo que lê. São histórias sobre mundos que não se conhecem e que seria bom conhecer”, avisa.

Estado de Minas - Relatos bem temperados

Duas décadas depois de lançado, O desatino da rapaziada ganha edição com pequenos ajustes estilísticos. Obra de Humberto Werneck conserva o frescor dos casos mineiros

Carlos Herculano Lopes

Humberto Werneck relança O desatino da rapaziada hoje, em BH

(04/9/2012) Os 20 anos do lançamento de O desatino da rapaziada, livro de Humberto Werneck que versa sobre

vida e obra de escritores e jornalistas mineiros que deixaram sua marca na literatura entre 1920 e 1970, estão sendo celebrados com uma edição comemorativa. Para falar sobre a obra, considerada um clássico, o autor está hoje em Belo Horizonte. Nessas duas décadas, o livro teve três reimpressões e essa nova chega com pequenas alterações. “Constatei com alívio que não havia muito a mexer, a não ser algumas imperfeições estilísticas mais chamativas, que agora pude corrigir. Por exemplo, nas falas das pessoas que morreram nesse período, convinha colocar os verbos no passado”, diz Werneck.

Além disso, por mais que tenha ficado tentado a incorporar nessa nova edição informações de 1992 para cá, o escritor não o fez. Deixou as histórias que haviam sido registradas. Como a saborosa conversa que ele e Carlos Roberto Pellegrino, ainda bem jovens, tiveram, em 1969, com Hélio Pellegrino, no Restaurante Maria das Tranças, no Bairro São Francisco, em BH. Enquanto a comida não era servida, Hélio tentava convencer os dois a se mudarem de Minas, sob pena se tornarem secretários de Educação. Mas o assunto tomou novo rumo quando chegou fumegante panela com galinha ao molho pardo. Foi o suficiente para Pellegrino sentenciar: “Minas é um útero pantanoso”.

Relatos como esse, de puro sabor mineiro, podem ser encontrados ao longo do livro. Os protagonistas, numa primeira fase, foram ninguém menos que Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga, Fernando Sabino, Pedro Nava, Cyro dos Anjos, Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos e outros, até chegar à geração do próprio Humberto Werneck, nos anos 1960, em plena ditadura militar. Mais conhecida como Geração Suplemento, pois girava em torno do Suplemento literário do Minas Gerais, criado por Murilo Rubião em 1966. Dessa turma faziam parte ainda autores como Sérgio Sant’Anna, Adão Ventura, Sérgio Tross, Valdimir Diniz, Luiz Gonzaga Vieira, Jaime Prado Gouvea, Duílio Gomes e Luiz Vilela.

E como é se sentir personagem do próprio livro, embora não tenha se identificado em nenhuma história? O escritor confessa não sofrer do que chama de vertigem de sobreloja, apoteose mental que leva uma pessoa a se julgar nas alturas, embora tenha subido apenas alguns degraus. “Sempre soube o meu tamanho – algo entre João Etienne Filho e o Oscar do basquete, digamos...”, afirma.

Nascido em Belo Horizonte, em 1945, Humberto Werneck está às voltas com novo livro de não ficção, desta vez para a coleção Memória e História, da Companhia das Letras. O assunto? A capital

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mineira. “É curioso, faz mais de 40 anos que deixei minha cidade, em maio de 1970, e quanto mais tempo passa, mais me volto para ela, literária e sentimentalmente. Esse não é o único livro que preparo sobre Belo Horizonte”, conta.

Tribune Express (Paquistão) - An insight into Brazil’s life and culture

By Mavra Bari - Islamabad

(04/9/2012) To mark its independence day, celebrate 60 years of its embassy in Pakistan and 64 years of diplomatic relations, the Brazilian Embassy has published a guidebook, “Knowing Brazil”, for the Pakistani youth and students.

“The book has been launched so that the younger generation in Pakistan can learn about our country and foster relationship in future,” said Brazilian Ambassador Alfredo Leoni while addressing the guidebook’s launching ceremony at the National Library Auditorium on Monday. The ceremony brought together several embassy officials, human rights activists, intellectuals and academics.

“The book is one in many which the embassy plans to publish to strengthen relationship with Pakistan,” said Helena Lobato da Jornada, the embassy’s second secretary.

While sharing her thoughts with The Express Tribune, Farhat Asif, the book’s co-author, said she came across various interesting facts while researching on Brazil. For instance, she found out that the country has the world’s sixth largest economy, sub-Saharan indigenous tribes and produces ethanol from sugarcane which can be used to fuel vehicles.

The guide itself is a quick read with large bold fonts and pictures, which allows it to be enjoyed by people from various age groups. It details some geographical facts about the country, but in a light-hearted tone. For example, the author points out that the country appears “heart-shaped” on the globe, which sticks in the reader’s mind. It also gives an insight into cuisines and recreational activities, such as surfing.

The ambassador also stressed that though Brazil is popularly known for football and carnivals, it has a lot to offer in the fields of education, culture and business.

Apart from the guidebook, the embassy has planned out month-long festivities and events to mark its independence day on September 7. The events include a lecture by renowned Brazilian curator and expert Roberto Padilla on Brazilian contemporary art at Kuch Khaas on Wednesday at 5:30 pm.

Furthermore the embassy has also arranged an exhibition, “View of the other”, that features the work of a Pakistani and Brazilian photographer who attended an exchange art experiment to see the Pakistani culture from an outsider’s perspective. The exhibition will be held at the Brazilian Embassy from September 8 to 16.

On September 23, the embassy will host a piano recital by a Brazilian musician, while a movie festival will also be held from September 26 to 30.

ARQUITETURA E DESIGN

O Estado de S. Paulo - Polaroid / Coluna / Sonia Racy

(31/8/2012) Taissa Buescu e Paulo Mendes da Rocha no MuBE, em ensaio para a revista Casa Vogue. O arquiteto acaba de ganhar o Pritzker Prize. Antes dele, o único brasileiro a receber o prêmio foi Oscar Niemeyer.

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QUADRINHOS

Folha de S. Paulo – Ainda sem inéditas, série 'Lôcas' volta ao BrasilVolume comemora três décadas da revista 'Love & Rockets', que influenciou cena das HQs alternativas nos anos 1980

Histórias de Jaime Hernandez devem sair em 2 volumes anuais; próximo terá histórias nunca publicadas aqui Marina Della Valle, de São Paulo(05/9/2012) Durante as três décadas que se seguiram à estreia da revista "Love & Rockets" nos EUA, seus autores, os irmãos Jaime e Gilbert Hernandez, viram sua obra influenciar toda uma geração de quadrinistas alternativos e alcançar status de clássico.

De "Love & Rockets", o Brasil viu pouco. Mas os 30 anos da revista trazem de volta a série "Lôcas", de Jaime Hernandez, às bancas brasileiras, com o lançamento do primeiro volume, "Maggie, a Mecânica", pela editora Gal. O lançamento traz histórias já publicadas por aqui, em 1991 e 1992, pela Record, que descontinuou a revista após alguns números.

A série, que não traz trabalhos de Gilbert, terá duas edições anuais -a próxima deve sair até o fim do ano e vai incluir material inédito. As histórias de "Lôcas" giram em torno das amigas (e amantes ocasionais) Maggie e Hopey e de sua turma de Huertas, cidade fictícia de imigrantes mexicanos no sul da Califórnia. Incorporadas à cena do punk underground, elas se misturam a campeãs de "lucha libre" e robôs, engordam, envelhecem e seguem em frente. Leia abaixo a entrevista que Jaime Hernandez concedeu, por e-mail, à Folha:

Folha - Como trabalhar com as mesmas personagens por todos esses anos afetou seu processo criativo?

Jaime Hernandez - O fato de que agora elas têm um passado só me ajuda a fazê-las mais completas. É como se fossem velhas amigas. Dá um ótimo drama.

Você mostra as personagens envelhecendo, engordando, mudando. Como isso se relaciona ao seu estilo narrativo?

Se as personagens envelhecem comigo, isso mantém o realismo, ou a sensação de realismo. Espero que também mantenha o trabalho atual. A Maggie de 45 anos reage a situações de modo diferente ao da Maggie de 17.

O tema da luta livre feminina foi desenvolvido em "Lôcas" e em outros trabalhos. Por que o interesse específico?

Pura diversão. Mulheres fortes, físicas. E é outra subcultura com que lidar, um estilo de vida desajustado. Ou era quando eu comecei.

Apesar da fantasia, "Lôcas" é frequentemente descrita como um retrato sensível do mundo feminino. A que você credita isso?

Credito às mulheres e ao meu amor por elas. Na primeira vez que uma mulher me disse que elas gostavam do meu retrato das mulheres, eu soube que estava no caminho certo.

Como você vê a influência que "Love & Rockets" teve na cena dos quadrinhos?

Eu me sinto afortunado por termos estado lá no começo da explosão independente e que tenhamos inspirado artistas que queriam contar histórias mais pessoais nas HQs, mas, no começo, não tínhamos ideia do que estava por vir.

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GASTRONOMIA

La Nación (Argentina) - Brasil y su gastronomía profunda

El gigante sudamericano tiene una riquísima y diversa tradición culinaria. Acá comenzamos a desandar los caminos de un país que promete ser potencia a nivel mundial

Por Alejandro Maglione

La ocurrencia

(31/8/2012) Después de ver que Alex Atala, el gran chef paulista, se alzó con el premio de San Pellegrino como uno de los mejores restaurantes del mundo -me refiero al DOM-, a la par que los jueces ni dirigieron la mirada a la Argentina, me puse a investigar más seriamente sobre la gastronomía brasileña y algo de su historia.

Me encantó el trabajo realizado por Alice Granato con fotos de Sergio Pagano, en el libro monumental: Sabor do Brasil. Y allí confirmé algo que sabía después de recorrer ese país durante varios lustros: la gastronomía nacional es la suma de una multiplicidad de gastronomías regionales, con su propia historia, y sobre todo, marcada por los productos de cada región, generalmente inhallables en otras.

Los argentinos, generalmente, turistas de la costa atlántica brasileña, solemos considerar como gastronomía autóctona a la feijoada, quizás también a las brochettes de camarón que se comen en las playas, y siempre en la playa disfrutamos de comer el ananá que nos ofrece un vendedor con lo pela para nosotros con increíble destreza. Aprendimos que se bebe el jugo de caña de azúcar, y nos sorprendemos de que ofrezcan choclos al borde del mar -costumbre que ya prendió por estos lares-.

Y no mucho más. Creemos que la cerveza es la bebida nacional; que no conocen el vino; que en el Brasil no se come pan; y que su carne es horrible comparada con la nuestra. Obviamente, quienes piensan así, están varios figurines atrasados.Incluso, esta descripción coincidiría con la que hiciera el viajero inglés John Mawe en 1808, solo que en su descripción no figura la cerveza. Ese fue el año en

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que la corte portuguesa se instala en Río de Janeiro, y que en los 12 años que permaneció allí, no solo trajo cantidad de reglas de comportamiento social correspondientes a la mejor educación europea, sino que vinieron cocineros que sembraron las primeras semillas de una gastronomía más sofisticada.

Amazonas

Creo que la mejor definición de esta región la dio a comienzos del siglo XX, luego de una larga estadía, el escritor Euclides da Cunha: "La impresión dominante que tuve, y que tal vez se corresponde con una verdad positiva, es ésta: el hombre, allí, es todavía un intruso impertinente. Llegó sin ser esperado ni querido cuando la naturaleza todavía estaba arreglando su más vasto y lujoso salón. Y encontró un opulento desorden.".

Claro que esta región tiene una gastronomía particular. Ferrán Adriá sospecha que de aquí saldrá la próxima gastronomía innovadora a nivel mundial. Una región donde se encuentran el 30% de los peces del mundo. Peces que, como el pirarucu, llegan a medir 3 metros de largo y pueden pesar 200 kilogramos. Lo que no quiere decir que no se mantenga hasta nuestros días la primacía de un alimento con raíces precolombinas: la mandioca, a la que los habitantes de la zona la llaman macaxeira. Está desde siempre al lado de los platos de pescados, carnes, en postres con frutas. En todo. (A veces me pregunto porqué no termina de atrapar los paladares nacionales más intensamente).

En las ciudades como Manaos o Belém (la primera ciudad en tener luz eléctrica en el Brasil) también se honra la castaña do pará, o la carne de búfalo, animal abundante especialmente en la Isla de Marajó (los lugareños suelen bromear diciendo que en el lugar hay más búfalos que personas). Marajó también produce un queso local hecho con la leche de este animal, e incluso se hace un dulce de leche que, una vez que se lo prueba, es difícil de olvidar, tanto por su exquisitez como por su densidad maravillosa.

Lógicamente, con toda esta propuesta de productos, la variedad de platos existentes es casi infinita. El carré de Tambaqui, del chef Jérôme Louis Dardillac compite con el pato no Tucupi Desconstruido del chef local Paulo Martins. Por su parte Marajó en la Fazenda São Jerônimo tiene a Dona Jerônima, famosa por su Frito do Vaqueiro.

Nordeste

Viendo lo que sucede en la costa nordestina, descubrimos que la presencia predominante es la de los ingenios azucareros y por lo tanto viene a cuento una frase de un nordestito célebre, Gilberto Freyre: "Sin azúcar -sea refinado, en bruto o de raspadura- no se comprende el hombre del Nordeste".

Y es así. La región ha sido siempre pródiga en la producción de azúcar, que desde el primer momento estuvo al alcance de todas las clases sociales, por lo que fue aprovechada desde que los portugueses llegaron con la caña y todo lo aprendido de los árabes, que fueron sus introductores en la Europa medioeval.

Comienza un consumo sencillo ya sea en forma de miel de caña mezclada con harina de mandioca, para luego aparecer preparaciones donde los huevos pasan a ser las estrellas. La evolución se dio con la utilización de las maravillosas frutas como la guayaba, la castaña de cajú. Justamente la guayaba sigue siendo hasta el día de hoy, una de las estrellas de la cocina pernambucana.

A todas las recetas imaginables con pescados, se le suma lo que llaman la carne de sol o carne de viento, que curiosamente cortada como nuestro charqui, una vez salada se la deja oreando en la noche, para ser aprovechada al día siguiente, y las doñas aseguran que esto le agrega mucho sabor.

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Esta fue una de las zonas que recibió la mayor cantidad de los casi 5 millones de esclavos que llegaron a Brasil entre los siglos XVJ y XIX. Por esto, la presencia de los africanos comienza a marcar desde la lengua a la cocina. Una cocina donde no existe lo crudo y la gran presencia es esa cocina de cuchara, con guisos sabrosísimos.

Bahia

Claro que si ya nos ubicamos en Bahía con sus mil kilómetros de playas, vuelven los pescados a tener un gran protagonismo. La misma Bahía que a la salida de la iglesia del Bon Fim tiene desde 1931 una heladería ancestral, la Sorvetería da Riveira, que sirve curiosos helados de coco verde o de maní.

El escritor Jorge Amado escribe a sus 27 años una novela que narra el padecimiento de ciertos trabajadores. Se llama: Cacau. Siendo que fue la producción de cacao el otro destino de los esclavos africanos, su novela recuerda esta gesta y la importancia de este producto en su cocina y economía. Es por esto que lo que uno pueda imaginar que se hace con el chocolate, allí es fácil de encontrarlo, y de la mejor calidad.

Minas Gerais

La cocina minera se aleja nuevamente de la costa, y por ende de los peces y mariscos. Estamos en la tierra del oro. Con ciudades como Belo Horizonte, Ouro Preto y Tiradentes. El periodista Rubem Braga escribió en 1934 una crónica que se llamaba "Almoço Mineiro" y esta es la descripción de ese momento dedicado al cerdo: "El lomo era lo esencial, y su esencia era sublime. Por fuera era oscuro, con tonalidades doradas. El cuchillo penetraba en él tan dulcemente como el alma de una virgen pura entra en el cielo. La pulpa se abría, levemente fibrosa, muy blanquita, de ese blanco lechoso y dulce que tienen ciertas nubes a las cuatro y media de la tarde, en la primavera. El gusto era de un salado distante y de una ternura cuasi musical. Era un gusto indefinible y purísimo, como si el lomo fuera el lóbulo de la oreja de un ángel rubio. Era un plato entero, donde había un ameno juego de colores cuya nota más viva era el verde mojado del repollo.Era el encanto de Minas". (¿No se le hizo agua la boca al leer esto?)

Es Minas Geráis una zona lechera por excelencia. Cuna de uno de los quesos más populares y difundidos en el Brasil, el queijo minas. Tierra también del dulce de leche, que suelen comerlo con queso para no empalagarse. O en lo que llaman canudinhos que se rellenan con este manjar, que creíamos nuestra exclusividad nacional. Pero nuevamente estamos en tierra de dulces: de zapallo, banana, batata, naranja, mamón. Uno de los más tradicionales productores artesanales, Francisco de Paula Xavier, conocido como Chico Doceiro, cuenta que venden sus productos a todo tipo de clientes, incluso algunos llegados de Japón.

Conclusión temporária

Recorrimos la mitad del Brasil casi a vuelo de satélite, lo que Alice Granato llama los diferentes sabores regionales: do Norte, da Costa do Sol, afro-baianos, das ciudades históricas. Faltan otros tantos sabores por conocer someramente, a modo de gruesas pinceladas, que seguramente ya empezarán a sonarles más conocidos a los argentinos veraneantes en el Brasil. No desesperar y a coincidir con Tertuliano: "Tempus omnia revelat" (el tiempo lo revela todo). Paciencia, pues.

Folha de S. Paulo - Novo museu em Itu expõe cozinha do interior de SPNa antiga fazenda Capoava, espaço revê trajetória da culinária caipira

Uma máquina de café de 1930 e receitas típicas das fazendas da região, escritas a mão, fazem parte do acervo

Luiza Fecarotta

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(05/9/2012) Numa construção de taipa de pilão, aquelas de terra umedecida socada em formas de madeira, está reunida uma parte da história da cozinha do interior de São Paulo.

Trata-se do Espaço Memória, que manteve sua estrutura original e abre as portas para o público hoje, na histórica fazenda Capoava, em Itu, a 101 km da capital.

No pequeno museu, estão à mostra objetos de antigamente, como bules, moedores caseiros de café e até uma cela original, usada nas cavalgadas dos tropeiros quando iam desbravar as terras.

Painéis ajudam a recuperar o percurso da alimentação no Estado a partir do século 18, apoiada no tripé feijão, farinha e carne-seca.

O acervo conduz a um passeio pela trajetória dos bandeirantes, dos tropeiros, dos escravos dos engenhos e dos imigrantes das fazendas de café, que herdaram aquela cozinha caipira dos índios.

As informações reunidas ali foram pinçadas dos livros "Terras Paulistas" (Imprensa Oficial), com pesquisa da socióloga Maria Alice Setúbal, também dona da fazenda.

Quem deu novos ares ao espaço, com inserção de tecnologias como uma animação em 3D que simula o funcionamento de uma máquina de café de 1930, ainda intacta no local, foi o curador Ricardo Ribenboim, ex-diretor do Itaú Cultural, em São Paulo.

OUTROS

Folha de S. Paulo - Museu da ex-língua portuguesaSem respeitar o Acordo Ortográfico, instituição paulistana tem linha do tempo defasada e palavras escritas à norma antiga

Linha do tempo do Museu da Língua Portuguesa termina no ano 2000

Matheus Magenta de São Paulo

(31/8/2012) A frase acima pode ser lida no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, mas é importante avisar que ela não faz parte de nenhuma exposição sobre como era o idioma oficial antes do novo Acordo Ortográfico, em vigor no país há mais

de três anos.

Extinto pelo acordo firmado entre países lusófonos (como Portugal, Brasil, Angola e Cabo Verde), o trema pode ser encontrado, no entanto, na defasada linha do tempo do museu, que parou em 2000 -seis anos antes de sua própria inauguração.

Esse exemplo é apenas uma das lembranças da antiga ortografia do português que figuram no espaço expositivo do museu, que já recebeu 2,8 milhões de pessoas desde que abriu as portas na Estação da Luz -é um dos museus mais visitados da América Latina.

Responsável pela instituição desde o mês passado, a OS (organização social) Instituto da Arte do Futebol Brasileiro enviou um relatório à Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo no qual considera ser a adequação dos textos do museu ao novo acordo ortográfico um "ajuste prioritário".

Segundo decreto assinado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a velha e a nova norma ortográfica só poderão coexistir até 31 de dezembro deste ano. A partir dessa data, vestibulares, concursos e livros publicados no país, por exemplo, só poderão usar a nova ortografia.

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As mudanças atingiram principalmente a acentuação e a hifenização das palavras. Elaborado em 1990, o acordo entrou em vigor depois que, em 2008, parte dos membros da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa) o ratificou.

O objetivo do acordo é unificar a ortografia a fim de fortalecer a língua portuguesa no mundo e evitar, por exemplo, que divergências linguísticas se tornem obstáculos para acordos ou tratados firmados entre governos.

SOB NOVA DIREÇÃO

O Instituto da Arte do Futebol Brasileiro, que também administra o Museu do Futebol, assumiu a gestão do Museu da Língua Portuguesa ao derrotar a proposta da Poiesis, que administrava o local.

Apesar da mudança, a nova gestora anunciou que pretende manter o atual diretor, Antonio Carlos de Moraes Sartini, e a equipe que já trabalhava no museu.

O objetivo, segundo ela, é "agregar a sinergia entre os equipamentos e preservar a transição e a continuidade das operações" para evitar "prejuízos operacionais por força da eventual mudança da gestão".

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