Assentamentos, Territórios Quilombolas e Mineração

Gilda Diniz dos SantosProcuradora-Chefe da PFE/Incra

ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO PROCURADORIA-GERAL FEDERAL

PROCURADORIA FEDERAL ESPECIALIZADA DO INCRA

CRIAÇÃO DE PROJETO DE ASSENTAMENTO

Intervenção na propriedade particular – art.184 da Constituição Federal:

Art.184 – Compete à União desapropriar por interessesocial, para fins de reforma agrária, o imóvel rural quenão esteja cumprindo sua função social, medianteprévia e justa indenização em títulos da dívida agrária,com cláusula de preservação do valor real, resgatáveisno prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano desua emissão, e cuja utilização será definida em lei.

Destinação de Terra Pública – art.188 da Constituição Federal:

Art.188 – A destinação de terras públicas e devolutasserá compatibilizada com a política agrícola e com oplano nacional de reforma agrária.

TERRITÓRIO QUILOMBOLA

Se o artigo 68 do Ato das Disposições ConstitucionaisTransitórias

Art.68. Aos remanescentes das comunidades dosquilombos que estejam ocupando suas terras éreconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estadoemitir-lhes os títulos respectivos

Proteção à Cultura

Art.215. O Estado garantirá a todos o pleno exercíciodos direitos culturais e acesso às fontes da culturanacional, e apoiará e incentivará a valorização e adifusão das manifestações culturais.

TERRITÓRIO QUILOMBOLA

Proteção à cultura

Art.216. Constituem patrimônio cultural brasileiro osbens de natureza material e imaterial, tomadosindividualmente ou em conjunto, portadores dereferência à identidade, à ação, à memória dosdiferentes grupos formadores da sociedade brasileira,nos quais se incluem:...§1º O Poder Público, com a colaboração dacomunidade, promoverá e protegerá o patrimôniocultural brasileiro, por meio de inventários, registros,vigilância, tombamento e desapropriação, e de outrasformas de acautelamento e preservação.

ALGUNS ASPECTOS DA POLÍTICA PÚBLICA DE ASSENTAMENTO

84,3 milhões de hectaresincorporados ;

8.562 assentamentos criadosem todo o país;

906.878 famílias atualmente assentadas;

ASSENTAMENTOS DE REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL

Municípios: mais de 2.000Projetos: 8.562Área: 84,3 milhões haFamílias: 906.878

PRODUÇÃO

• Censo Agropecuário e Agricultura Familiar no Brasil (Censo IBGE 2006)

Indicadores que reafirmam a importância das políticas de reforma agrária e agricultura familiar: - Em um universo de 80,25 milhões de hectares pesquisados, 24,3% da área ocupada pela agricultura familiar;

- setor emprega quase 75% da mão-de-obra no campo e responsável direto pela segurança alimentar dos brasileiros, produzindo:- 70% do feijão;- 87% da mandioca;- 58% do leite

Comunidades Quilombolas

Certificações: 1.490 comunidades certificadas pela FCP;

Processos de Regularização Fundiária: 948 processosinstaurados no INCRA/MDA;

Títulos de propriedade da terra: 106 títulos - 97 territórios – 173comunidades – 11.070 famílias – 955.330,5955 ha entre 1995 e2009.

INTERVENÇÃO NA PROPRIEDADE PARTICULAR

O procedimento administrativo de obtenção da área consulta oDNPM

Norma de Execução nº83 da Diretoria de Obtenção deTerras e Criação de Projetos de Assentamento

Todo procedimento de regularização de quilombo deverátambém consultar o DNPM

Instrução Normativa nº57 da Diretoria de RegularizaçãoFundiária

GRANDE PROBLEMA: COMO CONTEMPORIZAR A POLÍTICA PÚBLICA

E A EXPLORAÇÃO MINERÁRIA

Nosso sistema constitucional estipula que a propriedade do soloé diferente do subsolo, e que todos os minérios aí existentes sãode propriedade da União. Isso ocorre porque nossa cartaconstitucional assumiu a premissa de que as reservas derecursos minerais são estratégicas para o desenvolvimentonacional, e que assim caberia à União regular como se dará oacesso a esses recursos.

Segundo a sistemática estipulada em nossa Lei Maior e reguladano Código de Mineração, não raras vezes em uma atividademinerária estão envolvidos três sujeitos com interesses distintos,mas que compõem um mesmo negócio jurídico complexo: aUnião, o detentor da concessão ou autorização de uso daquelebem e o proprietário do solo ou superficiário

GRANDE PROBLEMA: COMO CONTEMPORIZAR A POLÍTICA PÚBLICA

E A EXPLORAÇÃO MINERÁRIA

Assim, nem os poderes públicos locais e nem os superficiáriostêm qualquer tipo de interferência sobre os critérios de escolhados locais a serem explorados, cabendo a eles somenteresignarem-se com a atividade a ser realizada em suas terras elutar por uma compensação financeira, nos termos do art. 176,§2º da Constituição Federal

Aparente paradoxo: a atividade considerada estratégica poisestimula o crescimento econômico, é bastante crítica quando oexercício da lavra ocorre dentro ou perto de locais habitados porbeneficiários da reforma agrária, quilombolas, populaçõestradicionais ou comunidades indígenas, unidades deconservação ambiental, também patrocinadas ou protegidas poreste Estado.

GRANDE PROBLEMA: COMO CONTEMPORIZAR A POLÍTICA PÚBLICA

E A EXPLORAÇÃO MINERÁRIA

Ao mesmo tempo em que a Constituição Federal assegura oprincípio da livre iniciativa, assegura também outros princípios edireitos que muitas vezes são conflitantes com este. Para JoséAfonso da Silva “o pluralismo é uma realidade, pois a sociedadese compõe de uma pluralidade de categorias sociais, de classes,grupos sociais, econômicos, culturais e ideológicos. Optar poruma sociedade pluralista significa acolher uma sociedadeconflitiva, de interesses contraditórios e antinômicos. O problemado pluralismo está precisamente em construir o equilíbrio entretensões múltiplas e por vezes contraditórias, em conciliar asociabilidade e o particularismo.”

A cultura é algo dinâmico, vivo, que pertence ao presente, eidentifica grupos sociais contemporâneos. Sendo assim, nãopode se reduzir a um conjunto de objetos a serem arquivadosem algum órgão público. Deve-se assegurar a diversidadecultural do nosso povo.

SITUAÇÕES CONCRETAS ENFRENTADAS PELO INCRA

Projetos de Assentamento Tucumã e Campos Altos

Projeto de Assentamento Agroextrativista – PAE Juriti Velho

Quilombos Machadinho, Amaros e São Domingos

CONTATOSREFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

gilda.diniz@incra.gov.br• 61-3411-7150

• Curso de Direito Constitucional – Paulo Bonavides – Malheiros Editores

• O Direito para o Brasil Socioambiental –Organização André Lima – Sérgio Antonio Fabris Editor