assemblÉia nacional constituinte, em 2 de · custeio e controle do miniprojeto de emergência, ......

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ANO I – Nº 138 QUINTA-FEIRA, 3 DE SETEMBRO DE 1987 BRASÍLIA-DF ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE 1 – ATA DA 153ª SESSÃO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE, EM 2 DE SETEMBRO DE 1987. I – Abertura da sessão II – Leitura da Ata da Sessão anterior que é, sem observações, assinada III – Leitura do Expediente REQUERIMENTOS Do Sr. Constituinte Mauro Borges, requerendo a retirada da tramitação da Emenda de Plenário nº ES 20876-4, de sua autoria. Do Sr. Constituinte Antônio Salim Curiati, requerendo a retirada de tramitação da Emenda nº ES 22853-6, de sua autoria. IV – Pequeno Expediente NILSON GIBSON Desmentido do Embaixador do Japão a pronunciamento do Presidente José Sarney a propósito da instalação da montadora de automóveis da Toyota em Pernambuco. Matéria publicada no Diário de Pernambuco sobre a atuação do Prefeito Valdemir Aquino de Freitas no Município de Sanharó, Estado de Pernambuco. Declarações do Governador Miguel Arraes, de Pernambuco; sobre a crise nacional. JOSÉ GENOINO – Transcrição nos Anais de artigo do Jornalista Newton Rodrigues publicado na Folha de S. Paulo: “As Forças Armadas e sua função institucional”. JOSÉ DUTRA – Denúncia de intromissão indébita do Cimi-Conselho Indigenista Missionário, e da Cese- Coordenadoria Ecumênica de Serviço, consubstanciada na aprovação, custeio e controle do Miniprojeto de Emergência, relativo à “conscientização dos índios quanto aos males do Projeto Calha Norte e das mineradoras brasileiras”. MANUEL VIANA – Protesto contra declarações do Sr. João Carlos Pinheiro, a propósito de sua demissão do cargo de Diretor do Dimed, desfavoráveis ao Ministro da Saúde, Roberto Santos, ao Secretário-Geral da Vigilância Sanitária, Alberto Furtado Rahde, e ao Senador Nelson Carneiro. NELSON CARNEIRO (Questão de ordem) – Esclarecimento a propósito de não-participação do orador nos fatos que levaram à demissão do Sr. João Carlos Pinheiro do cargo de Diretor do Dimed. PRESIDENTE – Solidariedade ao Constituinte Nelson Carneiro ante declarações do Sr. João Carlos Pinheiro, ex-Diretor do Dimed. ANTÔNIO DE JESUS Conclusões de reunião de cientistas em Aruanã, Estado de Goiás, sobre danos ambientais ecológicos sofridos pelo rio Araguaia. COSTA FERREIRA Necessidade de conjunto de normas constitucionais visando à consecução de uma política agrícola eficiente para o País. ADROALDO STRECK Causas da inversão de valores sociais manifestada pela população da favela de Jacarezinho na oportunidade do enterro do traficante “Meio Quilo”, Paulo Roberto de Moura Lima. NELSON AGUIAR Reiteração de pedido de instalação de Comissão Parlamentar de In- quérito destinada a apurar acusações dirigidas ao Conselho Indigenista Missionário-Cimi. HERMES ZANETTI Impropriedade de crítica do Consultor-Geral da República, Saulo Ramos, a artigo do Substitutivo do Relator Bernardo Cabral ao Projeto de Constituição que visa à destinação de recursos para eliminação do analfabetismo e universalização do ensino fundamental. JOSÉ MENDONÇA DE MORAES – Satisfação do orador com o êxito da reunião da bancada federal do PMDB, em Belo Horizonte, com o Governador Newton Cardoso, do Estado de Minas Gerais. BENEDICTO MONTEIRO Apoio ao Constituinte Bernardo Cabral, Relator da Comissão de Sistematização, ante críticas publicadas pela imprensa. “Carta de Belém” – documento do Encontro de Estudos Constituintes realizado em Belém, Estado do Pará, sobre o tema “Amazônia e Constituinte”. AMAURY MÜLLER Ineficácia de medidas adotadas pelo Plano Bresser. Fixação da data de eleições diretas para Presidente da República. ANTÔNIO SALIM CURIATI – Desacertos na sistemática de elaboração constitucional. Declarações do Ministro do Exército, General Leônidas Pires Gonçalves, entendidas como advertência e colaboração aos partidos políticos e ao Governo. Manifestação do Consultor-Geral da República, Saulo Ramos, sobre o texto do substitutivo do Constituinte Bernardo Cabral, Relatar da Comissão de Sistematização, ao Projeto de Constituição. Inserção SUMÁRIO

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  • ANO I N 138 QUINTA-FEIRA, 3 DE SETEMBRO DE 1987 BRASLIA-DF

    ASSEMBLIA NACIONAL CONSTITUINTE

    1 ATA DA 153 SESSO DA

    ASSEMBLIA NACIONAL CONSTITUINTE, EM 2 DE SETEMBRO DE 1987.

    I Abertura da sesso II Leitura da Ata da Sesso

    anterior que , sem observaes, assinada

    III Leitura do Expediente

    REQUERIMENTOS

    Do Sr. Constituinte Mauro Borges, requerendo a retirada da tramitao da Emenda de Plenrio n ES 20876-4, de sua autoria.

    Do Sr. Constituinte Antnio Salim Curiati, requerendo a retirada de tramitao da Emenda n ES 22853-6, de sua autoria.

    IV Pequeno Expediente

    NILSON GIBSON Desmentido do Embaixador do Japo a pronunciamento do Presidente Jos Sarney a propsito da instalao da montadora de automveis da Toyota em Pernambuco. Matria publicada no Dirio de Pernambuco sobre a atuao do Prefeito Valdemir Aquino de Freitas no Municpio de Sanhar, Estado de Pernambuco. Declaraes do Governador Miguel Arraes, de Pernambuco; sobre a crise nacional.

    JOS GENOINO Transcrio nos Anais de artigo do Jornalista Newton Rodrigues publicado na Folhade S. Paulo: As Foras Armadas e sua funo institucional.

    JOS DUTRA Denncia de intromisso indbita do Cimi-Conselho Indigenista Missionrio, e da Cese-Coordenadoria Ecumnica de Servio, consubstanciada na aprovao,

    custeio e controle do Miniprojeto de Emergncia, relativo conscientizao dos ndios quanto aos males do Projeto Calha Norte e das mineradoras brasileiras.

    MANUEL VIANA Protesto contra declaraes do Sr. Joo Carlos Pinheiro, a propsito de sua demisso do cargo de Diretor do Dimed, desfavorveis ao Ministro da Sade, Roberto Santos, ao Secretrio-Geral da Vigilncia Sanitria, Alberto Furtado Rahde, e ao Senador Nelson Carneiro.

    NELSON CARNEIRO (Questo de ordem) Esclarecimento a propsito de no-participao do orador nos fatos que levaram demisso do Sr. Joo Carlos Pinheiro do cargo de Diretor do Dimed.

    PRESIDENTE Solidariedade ao Constituinte Nelson Carneiro ante declaraes do Sr. Joo Carlos Pinheiro, ex-Diretor do Dimed.

    ANTNIO DE JESUS Concluses de reunio de cientistas em Aruan, Estado de Gois, sobre danos ambientais ecolgicos sofridos pelo rio Araguaia.

    COSTA FERREIRA Necessidade de conjunto de normas constitucionais visando consecuo de uma poltica agrcola eficiente para o Pas.

    ADROALDO STRECK Causas da inverso de valores sociais manifestada pela populao da favela de Jacarezinho na oportunidade do enterro do traficante Meio Quilo, Paulo Roberto de Moura Lima.

    NELSON AGUIAR Reiterao de pedido de instalao de Comisso Parlamentar de In-

    qurito destinada a apurar acusaes dirigidas ao Conselho Indigenista Missionrio-Cimi.

    HERMES ZANETTI Impropriedade de crtica do Consultor-Geral da Repblica, Saulo Ramos, a artigo do Substitutivo do Relator Bernardo Cabral ao Projeto de Constituio que visa destinao de recursos para eliminao do analfabetismo e universalizao do ensino fundamental.

    JOS MENDONA DE MORAES Satisfao do orador com o xito da reunio da bancada federal do PMDB, em Belo Horizonte, com o Governador Newton Cardoso, do Estado de Minas Gerais.

    BENEDICTO MONTEIRO Apoio ao Constituinte Bernardo Cabral, Relator da Comisso de Sistematizao, ante crticas publicadas pela imprensa. Carta de Belm documento do Encontro de Estudos Constituintes realizado em Belm, Estado do Par, sobre o tema Amaznia e Constituinte.

    AMAURY MLLER Ineficcia de medidas adotadas pelo Plano Bresser. Fixao da data de eleies diretas para Presidente da Repblica.

    ANTNIO SALIM CURIATI Desacertos na sistemtica de elaborao constitucional. Declaraes do Ministro do Exrcito, General Lenidas Pires Gonalves, entendidas como advertncia e colaborao aos partidos polticos e ao Governo. Manifestao do Consultor-Geral da Repblica, Saulo Ramos, sobre o texto do substitutivo do Constituinte Bernardo Cabral, Relatar da Comisso de Sistematizao, ao Projeto de Constituio. Insero

    SUMRIO

  • DIRIO DA ASSEMBLIA NACIONAL CONSTITUINTE 2

    nos Anais de emendas do orador aos arts. 192 e 74 do Anteprojeto de Constituio, concernentes, respectivamente, ao papel das Foras Armadas e reduo do nmero de Deputados, visando adequao na representatividade dos Estados e Territrios brasileiros.

    JORGE LEITE Razes da posio favorvel do orador ao regime presidencialista de governo.

    LZIO SATHLER Crise na cafeicultura brasileira e criao da Frente Parlamentar do Caf.

    JOS ELIAS MURAD Revolta do orador ante termos da defesa, pelo Sr. Expedito Mendona, de emenda popular pr-criao do Estado de So Francisco.

    VICTOR BUAIZ Dficit habitacional e omisso governamental na defesa dos direitos dos muturios do Sistema Financeiro de Habitao.

    FRANCISCO ROLLEMBERG Conjunto de emendas oferecidas pelo orador ao Projeto de Constituio.

    PAULO ZARZUR Viabilidade da implantao do Plano Social Piso, idealizado pelo Engenheiro Hlio Corra, com apoio da Companhia Siderrgica Paulista Cosipa, visando a prover o Estado de obras de baixo custo e rpida construo.

    INOCNCIO OLIVEIRA Necessidade de reciclagem no programa de liberao de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social BNDES, para o Nordeste.

    GUSTAVO DE FARIA Razes favorveis localizao do novo plo petroqumico do Estado do Rio de Janeiro no Municpio de ltagua.

    ANTNIO CARLOS FRANCO Responsabilidades dos Constituintes na elaborao de Carta Magna que atenda aos anseios da populao brasileira.

    JOS LUIZ MAIA Emenda do orador ao Projeto de Constituio estabelecendo maioria absoluta de votos das Unidades que compem o sistema federativo brasileiro para proclamao do candidato eleito Presidente da Repblica.

    PAULO MACARINI Emenda do orador ao Projeto de Constituio visando defesa do meio ambiente. Trabalho de autoria do Engenheiro Ron de Oliveira: "Explorao das faixas de domnio das BRs atravs de florestas energticas".

    ALDO ARANTES Contrariedade do Governo Sarney adoo do sistema parlamentarista de governo para o Pas.

    LUIZ GUSHIKEN Crtica ao substitutivo elaborado pelo Constituinte Bernardo Cabral, Relator da Comisso de Sistematizao.

    ASSIS CANUTO Apoio reivindicao dos professores do Estado de Rondnia no

    sentido de isonomia salarial, conforme os dispositivos da Lei n 7.596, de 1987.

    GEOVANI BORGES Convenincia de insero na Carta constitucional de preceito que faculte a municpios com mais de cem mil habitantes a criao e manuteno de guarda municipal de auxlio polcia civil.

    PAULO PAIM Documento intitulado "Carta aberta dos trabalhadores aos Constituintes".

    SOTERO CUNHA Papel do Estado na proteo famlia.

    HAROLDO LIMA - Artigo de autoria do Prof. Zilton Andrade, publicado no jornal Tribuna da Bahia: "O desafio das doenas parasitrias".

    RUBEN FIGUEIR Anlise do Substitutivo Bernardo Cabral ao Projeto de Constituio e das declaraes do Ministro do Exrcito General Lenidas Pires Gonalves, a propsito da atividade constituinte.

    UBIRATAN SPINELLI Realizao de movimento sindical de trabalhadores na agricultura, no Estado de Mato Grosso, em prol da adoo de nova poltica agrcola.

    RENATO VIANA Incluso, no Substitutivo Bernardo Cabral, de dispositivos de incentivo a empresas de pequeno porte e a microempresas nacionais.

    MENDES BOTELHO Restries do orador redao do Ttulo II; Captulo II, Dos Direitos Sociais, do Substitutivo Bernardo Cabral ao Projeto de Constituio.

    PEDRO CANEDO Repdio ao exerccio da vereana gratuita.

    FERES NADER Importncia da formulao de nova poltica nacional de medicamentos.

    ALAIR FERREIRA Criao do IV Plo Petroqumico do Estado do Rio de Janeiro.

    ARNALDO FARIA DE S importncia do prosseguimento das atividades do Sesi, Senai, Sesc e Senac.

    DENSAR ARNEIRO Retorno, ao sistema porturio, da cobrana do adicional tarifrio para melhoramento dos portos.

    TADEU FRANA Rejeio, no Projeto de Constituio, de emenda que dispunha sobre princpios bsicos para as carreiras do magistrio pblico, direito sindicalizao e aposentadoria especial. Insuficincia de recursos oramentrios da Unio para a educao.

    TILA LIRA Suspenso peridica das atividades nas escolas pblicas no Estado do Piau.

    SRGIO SPADA Insatisfao de trabalhadores da Itaipu Binacional.

    CARLOS VINAGRE Conflitos fundirios no Estado do Par.

    JORGE ARBAGE Necessidade da liberao da comercializao de sucos.

    FLORICENO PAIXO Reajuste dos aluguis.

    JOO PAULO Desacertos na administrao das Centrais Eltricas de Minas Gerais Cemig.

    STLIO DIAS Editorial de O Globosob o ttulo "A soma de foras pelo TCU".

    MAURO MIRANDA Falecimento do engenheiro e empresrio Hlio Levy da Rocha.

    LCIO ALCNTARA Atividades da Companhia Melhoramentos. Evocao de Manuel Bergstron Loureno Filho para premiar notveis autores consagrados publicamente.

    SALATIEL CARVALHO Insuficincia e incapacidade do sistema da Previdncia Social.

    JOACI GES Problemas e dificuldades da Universidade Catlica de Salvador.

    FRANCISCO AMARAL Popularidade e acertos da Administrao Orestes Qurcia, Estado de So Paulo.

    GONZAGA PATRIOTA Reequilbrio das finanas pblicas.

    JOS CARLOS COUTINHO Incluso, no Projeto de Constituio, de dispositivos que determinam realizao de plebiscito sobre a fuso dos Estados da Guanabara e do Rio de Janeiro. Insero nos Anais de editoriais de O Fluminense,sob os ttulos "Justia para os fluminenses" e "Primeira vitria".

    JUTAHY MAGALHES Extino da cobrana do emprstimo compulsrio sobre preo das passagens areas internacionais e moeda estrangeira.

    V Comunicaes das Lideranas

    VICTOR FACCIONI Indagaes do orador ao Ministro Raphael de Almeida Magalhes, da Previdncia e Assistncia Social, no plenrio da Cmara dos Deputados, sobre aquisio de imveis em Braslia e no Rio de Janeiro. Convenincia de modificao do Regimento Interno da Cmara dos Deputados para possibilitar direito a rplicas, pelos Parlamentares, na inquisio de Ministros de Estado no plenrio da Casa. Suspenso judicial da transao de compra de imveis pelo Ministrio da Previdncia e Assistncia Social.

    ROBERTO JEFFERSON Notcia da Folha de S. Paulo sobre aquisio, pelo Ministrio da Previdncia e Assistncia Social, de imvel em Belo horizonte, Estado de Minas Gerais. Entrevista do Presidente do Sindicato dos Corretores de Imveis de Braslia, Paulo Baeta, sobre declaraes do Ministro Raphael de Almeida Magalhes a propsito da aquisio, pelo MPAS, de imveis em Braslia. Acumulao de cargos de Secretrios da Sade estaduais com funes de natureza previdenciria. Concesso de liminar em ao popular suspendendo pagamentos devidos pelo

  • 3 DIRIO DA ASSEMBLIA NACIONAL CONSTITUINTE

    IAPAS a empresas imobilirias por aquisio de imveis em Braslia.

    HAROLDO LIMA Convenincia de reviso do processo que concede a Comenda da Ordem do Congresso Nacional Brasileiro ao Dr. Alusio Campos da Paz.

    OLVIO DUTRA Incidente no plenrio da Assemblia Legislativa do Rio Grande do Sul durante discurso do Deputado Estadual Raul Ponte em sesso especial pelo transcurso do Dia do Soldado.

    PAULO MINCARONE Priso administrativa dos funcionrios do Ministrio da Agricultura Luiz Turchetti Neto e Antnio Turchetti.

    AMAURY MLLER Emenda constitucional do PDT que dispe sobre reforma agrria.

    ERICO PEGORARO Descentralizao da previdncia social. Entrevista do Presidente do Sindicato dos Corretores de Imveis de Braslia, Paulo Baeta, sobre declaraes do Ministro Raphael de Almeida Magalhes a propsito da aquisio, pelo MPAS, de imveis em Braslia. Proposta de criao de CPI para apurar aplicao de recursos da Previdncia Social. Desagravo do PFL ao Lder do partido no Senado Federal, Senador Carlos Chiarelli, em face de resposta do Ministro Raphael de Almeida Magalhes, no plenrio da Cmara dos Deputados, em defesa do Ministrio da Previdncia e Assistncia Social a propsito da aquisio de imveis.

    DIRCE TUTU QUADROS Importncia do restabelecimento de relaes normais entre as Foras Armadas e a sociedade.

    ANTNIO PEROSA Relaes bilaterais brasilo-japonesas.

    PAULO MACARINI Aquisio, pelo Ministrio da Previdncia e Assistncia Social, de imveis em Braslia. Presena, em Braslia, da diretoria da Associao Brasileira de Produtores de Ma.

    VI Apresentao de proposies

    ANTNIO DE JESUS

    VII pronunciamentos sobre matria constitucional

    PAULO MARQUES Parlamentarismo e presidencialismo.

    SLON BORGES DOS REIS Pontos bsicos do programa apresentado pelo orador em sua campanha eleitoral e emendas oferecidas ao Projeto de Constituio.

    RAQUEL CNDIDO Campanha A conspirao contra o Brasil, divulgada pela imprensa, a propsito do aproveitamento de recursos minerais do subsolo brasileiro.

    HERMES ZANETI (Questo de ordem) Nota do Sindicato,dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal sobre demisso de jornalistas da Sucursal de Braslia da Folha de S. Paulo.Convenincia de ser includo na pauta o Projeto de Deciso Constitucional n 1, que dispe sobre auditoria na dvida externa brasileira. Prorrogao de prazo para entrega de emendas ao Substitutivo do Projeto de Constituio.

    PRESIDENTE Resposta questo de ordem do Constituinte Hermes Zaneti.

    ADYLSON MOTTA (Questo de ordem) Calendrio da tramitao do Projeto de Constituio.

    PRESIDENTE Resposta questo de ordem do Constituinte Adylson Motta.

    VITOR BUAIZ Causas e decorrncias da poluio ambiental.

    PRESIDENTE Novo calendrio para exame das emendas de plenrio e na Comisso de Sistematizao, parecer do Relator e deliberao da Comisso de Sistematizao.

    VIII Encerramento

    Discurso proferido pelo Sr. Egdio Ferreira Lima na sesso de 4-8-87: Discusso do Projeto de Constituio.

    Discurso proferido pelo Sr. Florestan Fernandes na sesso de 18-8-87: Discusso do Projeto de Constituio.

    Discurso proferido pelo Sr. Lysneas Maciel na sesso de 8-8-87: Documento do Conselho Nacional das Igrejas Crists do Brasil Conic, intitulado Apelo por um compromisso coletivo pela democracia.

    Discurso proferido pelo Sr. Lysneas Maciel na sesso de 10-8-87: Discusso do Projeto de Constituio.

    2 MESA Relao dos membros 3 LDERES E VICE-LDERES

    DE PARTIDOS Relao dos membros 4 COMISSO DE

    SISTEMATIZAO Relao dos membros.

    Ata da 153 Sesso, em 2 de setembro de 1987

    Presidncia dos Srs. Mauro Benevides, Primeiro-Vice-Presidente; Jorge Arbage, Segundo-Vice-Presidente; Mrio Maia, Segundo-Secretrio;

    Arnaldo Faria de S, Terceiro-Secretrio; e Sotero Cunha, Suplente de Secretrio.

    S 14:30 HORAS COMPARECEM OS SENHORES:

    Abigail Feitosa PMDB; Acival Gomes PMDB; Adauto Pereira PDS; Ademir Andrade PMDB; Adhemar de Barros Filho PDT; Adolfo Oliveira PL; Adroaldo Streck PDT; Adylson Motta PDS; Aclo Neves PMDB; Afif Domingos PL; Afonso Arinos PFL; Agassiz Almeida PMDB; Agripino de Oliveira Lima PFL; Airton Sandoval PMDB; Alair Ferreira PFL; Albano Franco PMDB; Albrico Cordeiro PFL; Albrico Filho PMDB; Alceni Guerra PFL; Aldo Arantes PC doB; Alrcio Dias PFL; Alexandre Costa PFL; Alexandre Puzyna PMDB; Alfredo Campos PMDB; Almir Gabriel PMDB; Alosio Vasconcelos PMDB; Aloysio Chaves PFL;

    Aloyslo Teixeira PMDB; Aluzio Bezerra PMDB; Aluzio Campos PMDB; lvaro Antnio PMDB; Alysson Paulinelli PFL; Amaury Mller PDT; Amilcar Moreira PMDB; Angelo Magalhes PFL, Anna Maria Rattes PMDB; Annilbal Barcellos PFL Antero de Barros PMDB; Antnio Britto PMDB; Antnio Cmara PMDB; Antnio Carlos Franco PMDB; Antnio Carlos Konder Reis PDS; Antonio Carlos Mendes Thame PFL; Antnio de Jesus PMDB; Antonio Gaspar PMDB; Antonio Matiz PMDB; Antonio Perosa PMDB; Antonio Salim Curiati PDS; Arnaldo Faria de S PTB; Arnaldo Martins PMDB; Arnaldo Moraes PMDB; Arnaldo Prieto PFL Arnold Fioravante PFL; Anenir Werner PDS; Artur da Tvola PMDB; Asdrubal Bentes PMDB; Assis Canu-

    to PFL; tila lira PFL; Augusto Carvalho PCB; ureo Mello PMDB; Baslio Villani PMDB; Benedicto Monteiro PMDB; Benedita da Silva PT; Benito Gama PFL; Bernardo Cabral PMDB; Beth Azize PSB; Bezerra de Melo PMDB; Bonifcio de Andrada PDS; Bosco Frana PMDB; Brando Monteiro PDT; Cardoso Alves PMDB; Carlos Alberto Ca PDT; Carlos Benevides PMDB; Carlos Cardinal PDT; Carlos Chiarelli PFL; Carlos Cotta PMDB; Carlos Mosconi PMDB; Carlos Sant'Anna PMDB; Carlos Vinagre PMDB; Clio de Castro PMDB; Celso Dourado PMDB; Csar Cals Neto PDS; Csar Maia PDT; Chagas Duarte PFL; Chagas Rodrigues PMDB; Chico Humberto PDT; Christvam Chiaradia PFL; Cid Carvalho PMDB; Cid

  • DIRIO DA ASSEMBLIA NACIONAL CONSTITUINTE 4

    Sabia de Carvalho PMDB; Cludio vila PFL; Cleonncio Fonseca PFL; Costa Ferreira PFL; Cristina Tavares PMDB; Cunha Bueno PDS; Dlton Canabrava PMDB; Darcy Deitos PMDB; Darcy Pozza PDS; Dlio Braz PMDB; Denisar Arneiro PMDB; Dionisio Dal Pr PFL; Dirce Tutu Quadros PTB; Dirceu Carneiro PMDB; Divaldo Suruagy PFL; Djenal Gonalves PMDB; Domingos Juvenil PMDB; Domingos Leonelli PMDB; Doreto Campanari PMDB; Edsio Frias PDT; Edison Lobo PFL; Edivaldo Motta PMDB; Edme Tavares PFL; Edmilson Valentim PC do B; Eduardo Bonfim PCdo B; Eduardo Jorge PT; Eduardo Moreira PMDB; Egdio Ferreira Lima PMDB; Eliel Rodrigues PMDB; Elizer Moreira PFL; Enoc Vieira PFL; Eraldo Tinoco PFL; Eraldo Trindade PFL; Erico Pegoraro PFL; Ervin Bonkoski PMDB; Euclides Scalco PMDB; Eunice Michiles PFL; Evaldo Gonalves PFL; Expedito Machado PMDB; Fbio Feldmann PMDB; Fbio Raunhetti PTB; Farabulini Jnior PTB; Fausto Fernandes PMDB; Felipe Mendes PDS; Ferez Nader PDT; Fernando Bezerra Coelho PMDB; Fernando Gasparian PMDB; Fernando Gomes PMDB; Fernando Henrique Cardoso PMDB; Fernando Lyra PMDB; Fernando Santana PCB; Fernando Velasco PMDB; Firmo de Castro PMDB; Flvio Rocha Floriceno Paixo PDT; Frana Teixeira PMDB; Francisco Amaral PMDB; Francisco Benjamim PFL; Francisco Carneiro PMDB; Francisco Coelho PFL; Francisco Dornelles PFL; Francisco Kster PMDB; Francisco Rollemberg PMDB; Francisco Rossi PTB; Francisco Sales PMDB; Furta do Leite PFL; Gabriel Guerreiro PMDB; Gastone Righi PTB; Genebaldo Correia PMDB; Geovani Borges PFL; Geraldo Bulhes PMDB; Geraldo Campos PMDB; Geraldo Fleming PMDB; Geraldo Melo PMDB; Gerson Camata PMDB; Gerson Marcondes PMDB; Gerson Peres PDS; Gidel Dantas PMDB; Gil Csar PMDB; Gilson Machado PFL; Gonzaga Patriota PMDB; Gumercindo Milhomem PT; Gustavo de Faria PMDB; Harlan Gadelha PMDB; Haroldo Lima PC do B; Haroldo Sabia PMDB; Hlio Duque PMDB; Hlio Manhaes PMDB; Hlio Rosas PMDB; Henrique Crdova PDS; Herclito Fortes PMDB; Hermes Zaneti PMDB; Hilrio Braun PMDB; Homero Santos PFL; Horcio Ferra PFL; Hugo Napoleo PFL; Humberto Lucena PMDB; Humberto Souto PFL; lber Ferreira PFL; Ibsen Pinheiro PMDB; Inocncio Oliveira PFL; Iram Saraiva PMDB; Irma Passoni PT; Ismael Wanderley PMDB; Israel . Pinheiro PMDB; Itamar Franco PL; Ivo Cerssimo PMDB; Ivo Lech PMDB; Ivo Mainardi PMDB; Ivo Vanderlinde PMDB; Jairo Azi PFL; Jairo Carneiro PFL; jalles Fontoura PFL; Jamil Haddad PSB; Jarbas Passarinho PDS; Jayme Paliarin PTB; Jesualdo Cavalcanti PFL; Jesus Tajra PFL; Joaci Ges PMDB; Joo Agripino PMDB; Joo Alves PFL; Joo Calmon PMDB; Joo Carlos Bacelar PMDB; Joo Castelo PDS; Joo da Mata PFL; Joo de Deus Antunes PDT; Joo Hermann Neto PMDB; Joo Lobo .PFL; Joo Machado Rollemberg PFL; Joo Menezes PFL; Joo Natal PMDB; Joo Paulo

    PT; Joo Rezek PMDB; Joaquim Bevilcqua PTB; Joaquim Sucena PMDB; Jofran Frejat PFL; Jonival Lucas PFL; Jorge Arbage PDS; Jorge Leite PMDB; Jorge Vianna PMDB; Jos Agripino PFL; Jos Camargo PFL; Jos Carlos Coutinho PL; Jos Carlos Grecco PMDB; Jos Carlos Sabia PMDB; Jos Carlos Vasconcelos PMDB; Jos Costa PMDB; Jos Dutra PMDB; Jos Egreja PTB; Jos Elias PTB; Jos Elias Murad PTB; Jos Fernandes PDT; Jos Fogaa PMDB; Jos Freire PMDB; Jos Genoino PT; Jos Geraldo PMDB; Jos Guedes PMDB; Jos Igncio Ferreira PMDB; Jos Lins PFL; Jos Loureno PFL; Jos Luiz Maia PDS; Jos Maria Eymael PDC; Jos Maurcio PDT; Jos Melo PMDB; Jos Mendona Bezerra PFL; Jos Mendona de Morais PMDB; Jos Moura PFL; Jos Paulo Bisol PMDB; Jos Queiroz PFL; Jos Richa PMDB; Jos Santana de Vasconcellos PFL; Jos Serra PMDB; Jos Tavares PMDB; Jos Thomaz Non PFL; Jos Tinoco PFL; Jos Ullisses de Oliveira PMDB; Jos Viana PMDB; Jovanni Masini PMDB; Jlio Campos PFL; Jlio Costamilan PMDB; Jutahy Jnior PMDB; Jutahy Magalhes PMDB; Koyu Iha PMDB; Lael Varella PFL; Lavoisier Maia PDS; Leite Chaves PMDB; Llio Souza PMDB; Leopoldo Bessone PMDB; Leopoldo Peres PMDB; Lezio Sathler PMDB; Ldie da Mata PC do B; Louremberg Nunes Rocha PMDB; Lourival Baptista PFL; Lcio Alcntara PFL; Lus Eduardo PFL; Lus Roberto Ponte PMDB; Luiz Alberto Rodrigues PMDB; Luiz Freire PMDB; Luiz Gushiken PT; Luiz Henrique PMDB; Luiz Incio Lula da Silva PT; Luiz Marques PFL; Luiz Salomo PDT; Luiz Soyer PMDB; Luiz Viana PMDB; Lysneas Maciel PDT; Maguito Vilela PMDB; Manoel Castro PFL; Mansueto de Lavor PMDB; Manuel Viana PMDB; Marcelo Cordeiro PMDB; Mrcia Kubitschek PMDB; Mrcio Braga PMDB; Mrcio Lacerda PMDB; Marco Maciel PFL; Marcondes Gadelha PFL Maria de Lourdes Abadia PFL; Maria Lcia PMDB; Mrio Assad PFL; Mrio Covas PMDB; Mrio Lima PMDB; Mrio Maia PDT; Marluce Pinto PTB; Matheus Iensen PMDB; Maurcio Campos PFL; Maurcio Corra PDT; Maurcio Fruet PMDB; Maurcio Nasser PMDB; Maurcio Pdua PMDB; Maurlio Ferreira Lima PMDB; Mauro Benevides PMDB; Mauro Borges PDC; Mauro Campos PMDB; Mauro Miranda PMDB; Max Rosenmann PMDB; Meira Filho PMDB; Mello Reis PDS; Mendes Botelho PTB; Mandes Ribeiro PMDB; Messias Gis PFL; Michel Temer PMDB; Milton Barbosa PMDB; Milton Reis PMDB; Miro Teixeira PMDB; Moema So Thiago PDT; Moyss Pimentel PMDB; Mozarildo Cavalcanti PFL; Myrian Portella PDS; Nabor Jnior PMDB; Naphtali Alves de Souza PMDB; Narciso Mendes PDS; Nelson Aguiar PMDB; Nelson Carneiro PMDB; Nelson Jobim PMDB; Nelson Seixas PDT; Nelson Friedrich PMDB; Nestor Duarte PMDB; Nilson Gibson PMDB; Nion Albernaz PMDB; Nyder io PMDB; Odacir Soares PFL; Olvio Dutra PT; Onofre Corra PMDB; Orlando Bezerra PFL; Orlando Pacheco PFL; Oscar Corra PFL; Osmir Lima PMDB; Osmundo Rebou-

    as PMDB; Osvaldo Bender PDS; Osvaldo Coelho PFL; Osvaldo Macedo PMDB; Osvaldo Sobrinho PMDB; Oswaldo Lima Filho PMDB; Ottomar Pinto PTB; Paes de Andrade PMDB; Paes Landim PFL; Paulo Delgado PT; Paulo Macarini PMDB; Paulo Marques PFL; Paulo Mincarone PMDB; Paulo Paim PT; Paulo Pimentel PFL; Paulo Ramos PMDB; Paulo Roberto PMDB; Paulo Silva PMDB; Paulo Zarzur PMDB; Pedro Canedo PFL; Percival Muniz PMDB; Pimenta da Veiga PMDB; Plnio Arruda Sampaio PT; Plnio Martins PMDB; Pompeu de Souza PMDB; Prisco Viana PMDB; Rachid Saldanha Derzi PMDB; Raimundo Bezerra PMDB; Raimundo Lira PMDB; Raquel Cndido PFL; Raquel Capiberibe PMDB; Raul Belm PMDB; Raul Ferraz PMDB; Renan Calheiros PMDB; Renato Bernardi PMDB; Renato Johnsson PMDB; Renato Vianna PMDB; Ricardo Fiuza PFL; Ricardo Izar PFL; Rita Camata PMDB; Rita Furtado PFL; Roberto Augusto PTB; Roberto Balestra PDC; Roberto Brant PMDB; Roberto Campos PDS; Roberto D'Avila PDT; Roberto Freire PCB; Roberto Jefferson PTB; Roberto Rollemberg PMDB; Roberto Torres PTB; Robson Marinho PMDB; Ronaldo Carvalho PMDB; Ronaldo Cezar Coelho PMDB; Ronan Tito PMDB; Ronaro Corra PFL; Rosa Prata PMDB; Rose de Freitas PMDB; Rospide Netto PMDB; Rubem Branquinho PMDB; Ruben Figueir PMDB; Ruberval Pilotto PDS; Ruy Bacelar PMDB; Ruy Nedel PMDB; Salatiel Carvalho PFL; Sandra Cavalcanti PFL; Saulo Queirz PFL; Srgio Brito PFL; Sergio Naya PMDB; Srgio Spada PMDB; Srgio Werneck PMDB; Severo Gomes PMDB; Sigmaringa Seixas PMDB; Slvio Abreu PMDB; Siqueira Campos PDC; Slon Borges dos Reis PTB; Sotero Cunha PDC; Stlio Dias PFL; Tadeu Frana PMDB; Theodoro Mendes PMDB; Ubiratan Aguiar PMDB; Ubiratan Spinelli PDS; Uldurico Pinto PMDB; Ulysses Guimares PMDB; Valmir Campelo PFL; Valter Pereira PMDB; Vasco Alves PMDB; Vicente Bogo PMDB; Victor Faccioni PDS; Victor Fontana PFL; Vieira da Silva PDS; Vilson Souza PMDB; Vingt Rosado PMDB; Virgildsio de Senna PMDB; Virglio Galassi PDS; Virglio Guimares PT; Vlrglio Tvora PDS; Vitor Buaiz PT; Vivaldo Barbosa PDT; Wagner Lago PMDB; Waldec Ornlas PFL; Waldyr Pugliesi PMDB; Walmor de Luca PMDB; Wilma Maia PDS; Wilson Campos PMDB; Wilson Martins PMDB; Ziza Valadares PMDB.

    I ABERTURA DA SESSO

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Arbage): A lista de presena registra o comparecimento de 303 Senhores Constituintes.

    Est aberta a sesso. Sob a proteo de Deus e em nome

    do povo brasileiro, iniciamos nossos trabalhos. O Sr. Secretrio proceder leitura da ata da sesso anterior.

  • 5 DIRIO DA ASSEMBLIA NACIONAL CONSTITUINTE

    II LEITURA DA ATA

    O SR. ARNALDO FARIA DE S,Terceiro-Secretrio, servindo como Segundo-Secretrio, procede leitura da ata da sesso antecedente, a qual , sem observaes, assinada.

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Arbage): Passa-se leitura do expediente.

    O SR. MRIO MAIA, Segundo-Secretrio, servindo como Primeiro-Secretrio, procede leitura do seguinte.

    II EXPEDIENTE

    REQUERIMENTOS

    Do Sr. Constituinte Mauro Borges, nos seguintes termos:

    Braslia, 1 de setembro de 1987.

    Of. n 263/87

    Senhor Presidente, Com os meus cumprimentos, encareo a

    especial ateno do ilustre Presidente no sentido de autorizar a retirada da Emenda de Plenrios nmero ES 20876-4, por mim apresentada.

    Contando com sua habitual ateno, subscrevo-me cordialmente. Mauro Borges

    Do Sr. Constituinte Antnio Salim Curiati, nos seguintes termos:

    Braslia, 2 de setembro de 1987.

    Of. n 20/87 Sr. Presidente, Dirijo-me a V. Ex a fim de solicitar a

    retirada da emenda ao substitutivo do nobre Relator Bernardo Cabral, que tomou o nmero ES 22853-6 por mim apresentada na data de 1-9-87, devido a incorreo verificada no seu contedo.

    Esperando contar com a compreenso de V. Ex agradeo-lhe antecipadamente,

    Cordialmente, Antnio Salim Curiati.O SR. PRESIDENTE (Jorge Arbage):

    Est finda a leitura do expediente. Passa-se ao:

    IV Pequeno Expediente

    Tem a palavra o Sr. Constituinte Nilson Gibson.

    O SR. NILSON GIBSON (PMDB PE. Pronuncia o seguinte discurso): Sr. Presidente e Srs. Constituintes:

    No est havendo uma explicao, pelo menos passvel, para a contradio entre as palavras do Presidente Jos Sarney, em 12 de agosto em Xing, Alagoas, e o que declarou imprensa o Embaixador do Japo em visita a Pernambuco. Criou-se, naturalmente, uma situao um tanto confusa com respeito ao desencontro das afirmaes, porque, de uma certa maneira, no se pode conceber que o presidente Jos Sarney, por puro desfastio, tenha resolvido garantir para o Nordeste uma coisa da qual ningum havia ainda falado em nenhuma ocasio: implantao da fbrica Toyota, em Pernambuco.

    Depois, chega a estranhar, do mesmo modo, que se tenha chocado assim, to fortemente, com o declarado pelo Presidente Jos Sarney, palavras precisamente contrrias ao enunciado relativamente instalao de uma montadora de automveis em territrio pernambucano. O Embai-

    xador do Japo desmente categoricamente pela Imprensa pernambucana.

    A realidade, no entanto, que em torno da veracidade contida nas afirmaes de um como do outro declarante, ambos por sinal de f indiscutvel, o que decorre que se fica engolfado numa dvida tanto mais curiosa quanto importante seria para Pernambuco a certeza de que o acorrido no passara de uma acalentadora indiscrio presidencial com relao aos interesses nordestinos, visando a agradar ao Governador Miguel Arraes, e de uma discrio justificvel da parte do Embaixador do Japo, cauteloso quanto a revelaes em torno de negociaes que ainda esto a requerer sigilo.

    De qualquer modo, envolvendo esse tipo de interesse do Estado, qual seja o de contar em seus espaos com empreendimentos da importncia de uma montadora de veculos, a concretizao da promessa com que nos acenou o Presidente Jos Sarney, em seu pronunciamento em Xing, no deixa de representar efetivamente a materializao de algo de muito valioso para Pernambuco e para a Regio do Nordeste, mas de certa forma, h pleitos que se devem considerar de prioridade e expresso econmica talvez mais oportunas.

    Pernambuco, pede explicaes sobre as confusas e desencontradas afirmaes do presidente Jos Sarney e do Embaixador do Japo relativamente instalao de uma montadora de automveis em territrio pernambucano.

    Sr. Presidente, Srs. Constituintes, para registrar nos Anais da Assemblia Nacional Constituinte, o excelente trabalho que desenvolve na administrao do Municpio de Sanhar, em Pernambuco, o Prefeito Valdemir Aquino de Freitas, passo a fazer leitura de matria publicada no Dirio dePernambuco,apontando o Municpio de Sanhar, modelo de Governo Social para o povo:

    "Sanhar est localizado no Agreste Setentrional, margeado pelo rio lpojuca que o porto de entrada para o Serto pernambucano. Equipara-se s cidades sertanejas com relao s dificuldades, sobretudo no que se refere s condies climticas, j que as transferncias de recursos obedecem praticamente ao mesmo critrio para todos os municpios, com exceo daqueles que tm nas Secretarias de Estado ou nos Ministrios pessoas vinculadas ao municpio por parentesco ou laos de amizade para lhes facilitar a remessa de recursos extras.

    Mas, com as dificuldades que afligem o Pas e, por conseguinte, o municpio, diz o prefeito Valdemir Aquino de Freitas Bibi , que sente-se feliz e gratificado pela confiana que recebeu do seu povo para governar sua terra com uma esplndida vitria que somou mais de 2/3 da votao local. Esse gesto de sua comunidade muito lhe fortaleceu para dinamizar, cada vez mais, as aes que vem pondo em prtica pelo engrandecimento de sua terra Um Sanhar Hoje! Sanhar de Todos Ns.

    Perfil

    Atravs deste perfil, o prefeito Valdemir Aquino expe um relato do que foi possvel realizar em funo do engrandecimento "da

    minha querida terra que aprendi a amar e do seu valoroso povo a quem dedico o dia-a-dia do meu trabalho com muito amor, carinho, compreenso e fraternidade. Ressalta que poderia ter feito muito mais se no fosse a seca que assolou Sanhar no incio de sua administrao, precisando integrar as aes municipais em socorro e em atendimento ao sofrimento da brava gente que representa. Posteriormente vieram as chuvas mas no houve sementes suficientes nem financiamentos que condicionassem com rapidez a superao da crise. Ainda hoje registra-se sofrimentos tendo a sua gesto que aplicar grande parte da receita municipal em obras sociais pelos sanharoenses mais necessitados, principalmente porque a sua ao primordial pelo social. H quem condene essa conduta voltada para o lado social, porque muitos defendem a execuo de obras de fachadas.

    Uma vocao

    Mas, para o prefeito Bibi como carinhosamente chamado pelo povo, "trabalhar e promover aes pelos mais sofridos transformou-se para mim numa vocao, numa obstinao e at num ideal de governo. Tanto isto verdade que no consegue destinar recursos para execuo de qualquer obra enquanto v um semelhante em busca de ajuda para amenizao do seu sofrimento. Tambm daqueles que acha que nossos antepassados viveram muito mais que ns, sem nenhuma infra-estrutura, mas, tinham o que comer e eram sadios. Baseados nesse princpio que o prefeito Bibi dedica suas aes pela promoo da sade, educao e bem-estar social dos mais carentes.

    Muito embora tenha se voltado para o planejamento e execuo de uma srie de servios visando o engrandecimento de sua comunidade, sempre esbarrou nas dificuldades financeiras "com o Poder central castigando os municpios sendo Sanhar um deles. A esperana que na elaborao da Nova Constituinte, tenhamos uma reforma tributria que contemple melhor as comunidades, afirma. Em toda essa luta, o que mais gratificou o prefeito Bibi foi a compreenso do seu povo e o apoio emprestado pelo "meu ilustre e nobre amigo, o vice-prefeito Nelson Fernandes; alm da solidariedade dos meus companheiros de luta, os vereadores Jos Carlos, presidente da Cmara Municipal; Iraldemir Aquino de Freitas, Antnio Holanda Valena, Maria Estela de Souza Maciel, Manoel Possidnio de Lima, Mussuline Caraciolo Souza Leo; Adesuiton Jos de Almeida, Jlio Jos de Calazans e Marcos Antnio Santos Monteiro, afora outras lideranas municipais que muito me ajudam nessa caminhada rdua. So 18 horas de trabalho por dia, incluindo domingos e feriados, para o que tem sido imprescindvel a participao de sua famlia, sobretudo de dona Marli, sua esposa; Ranieri, Tatiana e Ana Bolena, seus filhos, alm de seus pais, irmos e demais parentes e amigos que colaboram ativamente no trabalho obstinado do prefeito Bibi.

  • DIRIO DA ASSEMBLIA NACIONAL CONSTITUINTE 6

    Administrao

    Com a implantao da organizao administrativa, que definiu a criao de algumas secretarias municipais, foi possvel ao prefeito Bibi executar uma srie de servios. Na Secretaria de Administrao, por exemplo, dirigida por Hermano Belxior de Melo Monteiro, foi organizado o Arquivo Municipal e o Departamento de Pessoal, tarefa que tem frente os assessores Osvaldo Aquino Frazo e Eufrazina Batista. ainda a Administrao que elabora e acompanha cuidadosamente as prestaes de contas do Municpio, afora outros servios.

    A Secretaria de Agricultura, anteriormente chefiada pelo dr. Willians Brito Fernandes, tem hoje sua frente, interinamente, o dr. Jos Marcelo de Arajo Fernandes. Ela vem apoiando os pequenos criadores e lutando, junto ao Bandepe, pelo repasse de recursos por ocasio das exposies de animais; concesso de sementes a pequenos agricultores, etc. J concedeu 4.000 enxadas (de 83 a 86) e procura incentivar os colonos do antigo Polonordeste defendendo-os junto ao Banco do Brasil, agncia Belo Jardim, na liberao de recursos para os plantios de milho e feijo, tendo beneficiado 25 lavradores. Junto ao Prorural conseguiu recursos para implantao de 33 ha de mandioca, projetos elaborados pela Emater local cujos recursos oraram, em 86, a soma de Cz$ 116.000,00. Fez o fechamento dos audes Milho Branco, Sapato, Jenipapo, Riacho Fundo e Pedra Comprida. Com exceo do Sapato, esses reservatrios foram construdos nesta gesto, como tambm 5 essas de farinha comunitrias, em Massaranduba, Boi Manso, Cova dos Caboclos, Stio Velho e Barriguda. Melhorou e conseguiu apoio do Governo para que a fbrica da Cilpe expandisse sua ao promovendo a pecuria leiteira e uma maior oferta de mo-de-obra. Se houvesse maior espao relacionaramos todas as realizaes nesta rea, que foram muitas em favor dos pequenos agricultores.

    A Secretaria de Comunicao Social coordenada pela professora Neuraci de Melo Silva, que j elaborou o cadastro da comunidade com endereo e datas de nascimento de todas as pessoas. Promove recepo s autoridades que aqui chegam e acompanha a comunicao de todos os rgos da administrao local.

    A Secretaria de Educao tem frente a professora Sueli Maria Matia Gomes, que trabalha ao lado de uma equipe de assessores como as professoras Marluce Silva, Ana Lcia Luna, Tereza Brito, Aricelma Cintra e outras, todas voltadas para a educao de centenas de crianas. Atendendo recomendaes do prefeito, essa equipe criou o Conselho Municipal de Educao que tem sido responsvel por uma srie de medidas salutares voltadas para o ensino de Sanhar. o caso da criao da Escola de 1 Grau completo no Distrito de Mulungu; oferta de transporte a todos os estudantes pobres da zona rural; concesso de passagens aos universitrios que se deslocam para s Faculdades de Belo

    Jardim, Arcoverde e escolas de Pesqueira; municipalizao da merenda escolar com um melhor cardpio e aquisio de alimentos no comrcio local; recuperao e ampliao das Escolas N. S. de Ftima, Benjamim Caraciolo, Manoel Raimundo de Oliveira, Braz Barros, Manoel lvaro, Aureliano Cordeiro, Santa Rita de Cssia, Santa Rita (em Barrguda), Manoel Bezerra de Melo, Severino Rosa, Boa Esperana, Manioba, Diviso, Manoel Fernandes, Padre Heraldo, Jos Arcebispo Filho, afora outras construes de escolas nos stios e distritos.

    Tambm vale destacar a construo de um centro comunitrio no Stio Cachoeira; elevao do nmero de professores do Proderu de 17 para 77 mestres; elaborao do Plano de Carreira do Magistrio; distribuio de material didtico; realizao de cursos e treinamento de pessoal; elaborao de material didtico prprio atravs da prof.Ananery de Souza; reforma do edifcio da Secretaria de Educao; construo de um auditrio; contratao de transporte exclusivo para a superviso escolar; implantao do programa pr-escolar com 13 turmas com sala e mobilirio prprio; implantao do Posto Logos 2; convnio com o Projeto Educar no combate ao analfabetismo, etc.

    A Secretaria de Finanas, dirigida pelo competente Gilson Soares de Souza que tem o assessoramento de Maria Cileide Cintra (secretria), um dos setores mais organizados em termos de controle das receitas e despesas de todo o interior do Estado, afora a execuo de balancetes, oramentos, prestao de contas, tendo frente os agentes administrativos. Ronildo Vieira Maciel e Carlos L. Batista Leite. A segurana desse trabalho tem a orientao tcnica do escritrio contbil do Dr. Bernardo Barbosa, sediado em Caruaru.

    A Secretaria do Governo Municipal tem como titular Joo Gutemberg Bezerra, que acompanha o assessoramento das aes ligadas diretamente ao Gabinete do Prefeito; presta assessoramento nos programas especais e comunitrios; representa o prefeito nos encontros e reunies e ainda mantm os contatos entre o Chefe do Executivo e os demais secretrios municipais. importante a atuao dessa Pasta.

    O Social

    O prefeito Bibi, que investe muito no setor social e no bem-estar do povo, criou a Secretaria de Promoo Social. Ela tem o comando do secretrio Gerncio da Costa ex-Vice-Prefeito do Municpio. uma Pasta que tem realizado um grande nmero de obras e servios. Como impossvel colocar neste pequeno espao tudo o que realizou, vamos resumir os trabalhos que consideramos mais importantes. Elaborou vrios projetos visando a aquisio de 300 cabras que foram distribudas a famlias rurais, ofertando leite para as crianas e melhorando a renda dessas comunidades; adquiriu 2 hectares de terra no bairro Padre Noval para construo de uma Vila Popular, distribuiu lotes no mesmo bairro; concedeu inmeros auxlios s pes-

    soas carentes para construo de moradias; instalao da Comarca para promoo da Justia de forma mais gil no andamento de processos; apoio para instalao de uma fbrica de confeces que absorve 40 empregados nas indstrias do empresrio Edson Cisneiros: Em termos de concesses, auxlios e benefcios para cadeiras de rodas, fotografias, passagens para o Sul do Pas, carteiras de identidade, carteiras profissionais e de reservistas, ajuda financeira para pessoas carentes, dentaduras, internamentos hospitalares, compra e distribuio de filtros de gua; a Prefeitura bateu o recorde em todo o Estado estando de parabns o prefeito Bibi pela grande contribuio que vem dando s famlias pobres e doentes de Sanhar.

    Obras e Saneamento Esta Secretaria tem frente o competente engenheiro Telmison Atamir Cunha e os assessores Joo Baslio e Jos Milton de Brito. J realizou muitas obras e servios, destacando-se, em resumo: construo da estrada ligando a cidade a Mulungu; estrada entre Stio Lagedo ao Stio Boa Vontade; conservao de vrios trechos de rodovias vicinais; construo do prdio da Cmara Municipal e do 2 pavimento da Prefeitura; construo do Terminal Rodovirio; reforma no antigo Cinema Sanhar para funcionamento do Almoxarifado e da Delegacia de Polcia; construo do prdio da Telpe na cidade e em Mulungu; reforma no antigo Grupo Escolar Jos Tiago para funcionamento do Frum; ampliao dos Postos de Sade de Jenipapo e Mulungu; reforma na Unidade Mista Joo XXIII com ampliao, construo de vrias passagens molhadas nos stios e distritos; recuperao dos jardins da rua Cel. Jlio Nunes e recuperao das casas da rede ferroviria para uma melhor urbanizao da rea urbana, dentre outras realizaes, destacando-se: calamento nas laterais do acesso BR-232 at o centro da cidade; reforma em andamento da Praa Augusto Rodrigues F Caraciolo; construo de trevos; reforma e ampliao do matadouro; eletrificao de dezenas de ruas na zona rural e na cidade; abastecimento d'gua, construo de audes e chafarizes; canais interligando vrias mas; esgotos, etc. Foi uma das pastas que mais realizou e vem trabalhando pelo progresso do Municpio.

    Sade

    frente da Secretaria de Sade encontra-se o competente mdico Carlos Augusto de Souza Leo e sua esposa, Sra Maria do Carmo Souza Leo, alm da participao ativa do ex-Prefeito Joo Soares Sobrinho, que presta bons servios em apoio aos mdicos Joaquim Souto Filho e Maria do Carmo Moura. O prefeito Bibi tem um zelo todo especial para sade do seu povo e dentre os servios j realizados nesta rea apontamos os seguintes, tambm em resumo: municipalizao do Hospital Municipal para melhor assistir comunidade carente; ampliou de 1 para 4 o nmero de mdicos entre aquele hospital e o Sindicato dos Trabalhadores, cujo mdico pago pela Prefeitura. Construiu um Posto de Sade no povoado Diviso; ampliou

  • 7 DIRIO DA ASSEMBLIA NACIONAL CONSTITUINTE

    a distribuio de merenda no hospital e nos postos de sade de Mulungu e Jenipapo com apoio do Inan: j concedeu 52.000 consultas mdicas, 20.800 extraes dentrias, 2.080 exames oftalmolgicos, 78.000 medicamentos distribudos e equipou o hospital com vrios aparelhos, etc. Recentemente, o prefeito Bibi, implantou na cidade e na zona rural, um atendimento odontolgico com tratamento geral gratuito, para todas as pessoas pobres, fato indito em Pernambuco, em termos de sade pblica e que atesta e dignifica o trabalho do Chefe do Executivo de Sanhar.

    Turismo, Cultura e Esportes Secretaria sob a responsabilidade do professor Gustavo Tadeu Vieira Leite que, dentre outras metas, j realizou a construo da Biblioteca Municipal; formou a Banda Musical Severiano Aquino; apoiou a Banda Santa Ceclia; vem formando a Banda Marcial do Colgio Dr. Benjamim Caraciolo, afora a concesso de camisas e material esportivo aos times da zona rural e apoio nas realizaes das festas tradicionais com incentivo leitura das crianas e adultos, etc.

    Homem Feliz

    O prefeito Bibi poderia ter realizado muito mais se o seu Plano de Ao Social no tivesse consumido mais de 1/3 dos recursos municipais. Para o seu ltimo ano de Governo esto programados a concluso do 2 pavimento da Prefeitura; construo do Frum que funciona em prdio adaptado construo de uma creche e o Teatro Municipal. Por ltimo, o prefeito afirma que grato ao povo que o elegeu e ao deixar o cargo continuar na poltica "porque atravs dela foi possvel fazer alguma coisa pela minha gente, sobretudo no que se refere ao social, cujo trabalho tem sido um desafio para mim e a minha equipe de Governo".

    Diz Bibi que em Sanhar se faz mais previdncia social que o Governo Federal, "pois aqui o doente comea a receber assistncia quando sai de casa, viajando em carro alugado pela Prefeitura. Dirige-se ao hospital onde recebe consulta, medicamentos gratuitos e ainda tem o carro de volta. Se tiver de ser internado, tambm ser de graa a internao e se for encaminhado a outro hospital, tem mais uma vez transporte e acompanhamento, alm da concesso de ajuda para cirurgia quando o caso requer". Finalmente, afirma o prefeito Bibi: "Sou imensamente feliz no meu trabalho. Foi timo ser prefeito e trabalhar por minha terra e meu povo. So 18 horas de atividades que me fazem feliz. No final do dia, quando fao um balano das aes desenvolvidas e dos atendimentos concedidos, durmo feliz e sem pesadelo".

    Concluo, Sr. Presidente, fazendo uma referncia posio do Governador Miguel Arraes, que reiteradamente tem declarado imprensa escrita, falada e televisada, que

    "...os avanos obtidos pelo Pas no solucionaram as grandes questes nacionais. A concentrao de riquezas agravou as questes sociais, gerando diversos nordestes pelo Pas afora. Ao lado do ttulo pomposo de

    oitava economia do Mundo, exibimos nmeros recordes de desemprego, de violncia urbana e rural, de mortalidade infantil e de analfabetismo."

    Oportunamente, voltarei ao assunto. (Muito bem! Palmas.)

    O SR. JOS GENOINO (PT SP.Sem reviso do orador.): Sr. Presidente, Srs. Constituintes:

    A discusso aberta na Assemblia Nacional Constituinte sobre a questo militar tem uma importncia fundamental para os trabalhos desta Assemblia. Isto porque, desde o incio dos trabalhos da Assemblia Nacional Constituinte, essa questo no tinha sido objeto de um debate, de uma polmica. E o fato dessa questo aflorar a partir do substitutivo do Relator Bernardo Cabral e da posio oficial expressa pelo Comando do Governo Jos Sarney, as Foras Armadas, importante esse debate, essa discusso prosseguir, nos trabalhos da Assemblia Nacional Constituinte, principalmente agora, quando estaremos apresentando as emendas ao substitutivo e quando o Relator ter oportunidade de fazer o segundo substitutivo.

    Certamente, ns teremos no Substitutivo Bernardo Cabral a manuteno da formulao referente destinao constitucional das Foras Armadas. importante que a celeuma criada em torno deste assunto seja colocada nos termos em que a discusso est posta, que exatamente a discusso sobre a necessidade desta Assemblia, na feitura do texto constitucional, estabelecer o princpio do controle democrtico, sobre o poder militar.

    E com este pensamento, Sr. Presidente, que temos trabalhado na Subcomisso, na Comisso Temtica, em vrios momentos da Assemblia Nacional Constituinte. Queremos deixar bem claro, que as nossas propostas, apresentadas na fase anterior desta Constituinte, eram no sentido de restringir o papel das Foras Armadas, nica e exclusivamente defesa do Pas, das nossas fronteiras, do espao areo e do mar territorial.

    Quanto questo da ordem interna, nunca passou nas nossas perspectivas apresentar uma emenda neste sentido. Portanto, a Emenda Bernardo Cabral reafirmamos aqui recupera a proposta da Comisso Afonso Arinos.

    Neste sentido, Sr. Presidente, o jornal Folha de S. Paulo, de hoje, tem um artigo do jornalista Newton Rodrigues que considero muito importante "As Foras Armadas e sua funo institucional". um artigo importante, lcido, do qual peo a transcrio, mesmo discordando em relao a alguns pontos. Acho que ele tem o papel importante de contribuir para o debate, principalmente para elucidar o "pano de fundo" dessa questo, que exatamente aquele a que me referi, logo em seguida ao pronunciamento do Ministro do Exrcito: a questo da tutela militar. A tutela militar tem que ser enfrentada por esta Assemblia, estabelecendo-se o primado do poder civil, o primado dos poderes constitucionais sobre o poder militar.

    exatamente este o "pano de fundo" do artigo do jornalista Newton Rodrigues, que solicito ao Sr. Presidente a transcrio nos Anais da Assemblia Nacional Constituinte.

    Obrigado. (Muito bem!)

    DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR ORADOR:

    "AS FORAS ARMADAS E SUA FUNO INSTITUCIONAL

    Newton Rodrigues

    O fogo de barragem disparado sob as ordens do general Lenidas Pires Gonalves pode dar a impresso de que um grupo de rancorosos polticos quer eliminar as Foras Armadas de qualquer participao na vida nacional, marginalizando-as. Por artes e partes, o papel dos militares ressurge, assim, como um dos pontos cruciais de debate, exacerbando sentimentos corporativos. e suscitando ameaas que chegam a ser explcitas. H quem demonstre saudades das vozes de comando que, em pocas recentes, nos conduziram a duas ditaduras retrgradas e liberticdas: a do Estado Novo e a dos muitos generais que nos legaram Sarney.

    Em nenhum pas democrtico h dvidas sobre o que seja o papel e a destinao das Foras Armadas, e o simples fato de esse tema ocupar tantas atenes j indica a que ponto chegaram as distores de conceitos e as derrapagens prticas. Com uma simples penada, Truman, destituiu Mac Arthur, heri nacional, quando esse comandante da rea do Pacfico atreveu-se a criticar a poltica americana no Extremo Oriente, durante a guerra da Coria; por atitude semelhante, West-moreland, chefe da Otan, foi chamado de volta da Europa, alguns anos mais tarde. Ningum se sentiu melindrado e, nem esses, nem outros fatos que lhes so correlatos, ps em xeque em qualquer momento a autoridade do poder civil, isto , do governo legalmente constitudo. Tambm na Frana, o "Grande Mudo", como se apelidava e em certa poca o Exrcito, aceitou, sem interferir, as mltiplas modificaes das diretrizes oficiais e quando. desesperados pela derrota nas lutas coloniais, alguns de seus chefes quiseram ditar normas, foram devidamente enquadrados e vencidos por De Gaulle, maior dentre eles, Por outro lado, na Inglaterra, desconhece-se at mesmo esboo de situaes semelhantes, o que se d tambm em outros pases de regime seriamente representativo.

    A interferncia da espada o maior comprovante de subdesenvolvimento institucional. Ao contrrio do que procuram divulgar oficiais polticos e polticos oficiais, ningum jamais pretendeu recusar s Foras Armadas as condies necessrias ao bom desempenho do honroso e importante papel que lhes cabe especificamente e que justifica sua existncia. Essencial, isso sim, dessacralizar a tutela que as ditaduras impuseram e evitar que a estrutura legal tenha largas malhas, por onde passe o aventurismo de centuries. Em sntese, urge estabelecer relaes normais entre a sociedade e suas foras de segurana, recusando a essas ltimas a funo de quarto poder nominal que, uma vez instaurado, sempre se torna, como os fatos comprovaram, o primeiro, quando no o exclusivo, poder real.

    Alguns comentaristas de servio tm comparado esse quarto poder ao Moderador, dos tempos imperiais, exercido pelo monarca e que no passava, de fato, do desdobramento irresponsvel do Executivo e fora inserido, na Carta outorgada, por Pedro I que retirou do projeto constituinte tudo que lhe restringisse a ao individual. Se,

  • DIRIO DA ASSEMBLIA NACIONAL CONSTITUINTE 8

    mais tarde, com a colaborao militar, foi possvel livrarmo-nos do estouvado prncipe, nem par isso a semente por ele plantada deixou de frutificar no poder. pessoal do imperador, fator malfico a perturbar todo o Segundo Reinado e a impedir a formao de uma sociedade moderna.

    A subordinao, nos termos da lei, da Fora Armada ao governo civil institucionalizado, jamais foi questionada durante os primeiros decnios de Brasil independente. Mesmo na crise Zacarias-Caxias, que se costuma aceitar como ecloso da primeira questo militar, a queda do ministro civil deveu-se, em certa medida, mais a um ato de fraqueza do chefe do gabinete, que de imposio peremptria do general. A Carta Constitucional de 1824 (arts. 147 e 148) era, alis, explcita sobre o carter "essencialmente obediente" a Fora Militar e sobre a competncia exclusiva do Poder Executivo, sado do Parlamento, de empreg-la.

    E a primeira Constituio republicana, de 24 de fevereiro de 1891, embora elaborada quando eram vivos os ecos da manifestao dos quartis que derrubaram o trono, o pas estava sob a ditadura de Deodoro, e at os lderes civis precisavam receber patentes de generais honorrios, produziu excelente definio. Ali est, no artigo 114: "As foras de terra e mar so instituies nacionais permanentes, destinadas defesa da ptria no exterior e manuteno das leis no interior.

    A Fora Armada essencialmente obediente, dentro dos limites da lei, aos seus superiores hierrquicos e obrigada a sustentar as instituies constitucionais".

    A adoo de algo semelhante na Lei Bsica que vem sendo elaborada, bastaria para demarcar eficazmente as funes de relevo que devem caber aos militares na sociedade. Bastaria, mas no est bastando; pois h desvios de entendimento, restries mentais, ambies inconfessadas e pusilanimidades crnicas a perturbar o assunto.

    Disse, certa ocasio, o general Lenidas Pires, que desejaria ver desenhado o papel dos militares como o haviam traado os fundadores da Repblica. Mas isso ocorreu uma vez, somente, talvez porque falara sem informao segura sobre o que estava dizendo. Afinal, o que est na base da ferrenha contestao do substitutivo apresentado por Bernardo Cabral, nessa matria, que nele no h margem para pretextos intervencionistas.

    Foi em 1934, quando se votou a Constituio de 16 de julho, efmero hiato entre duas ditaduras a inaugurada em 1930 . a que desataria sobre o pas em 1937 que a presso militar sobre um plenrio, eleito aps uma guerra civil e sem que houvesse sido concedida anistia aos vencidos, criou o dispositivo (art 164) pelo qual, alm de destinadas defesa da ptria e garantia dos poderes constitucionais, caberia s Foras Armadas assegurar a "ordem e a lei" assim tomadas separadamente. Em nome da ordem criavam-se premissas para preterir a lei. Como ocorreu.

    O golpe de 10 de novembro de 1937 teve, como alicerce formal, precisamente aquela institucionalizao do intervencionalismo que facilitou a articulao conspiratria dos chefes militares mais reacionrios Eurico Dutra, Gis Monteiro, Newton Cavalcanti, Coelho Netto, etc. que, desde setembro, haviam combinado a ditadura estadonovista cujas conseqncias malficas perduram at hoje. A manuteno, na Constituio de 1946, da mesma dicotomia entre a ordem e a

    lei (art. 177) permitiria, mais tarde, as interferncias que levaram, em 1961, ao veto dos ministros Militares posse de Joo Goulart s consumada com a reforma compulsria da Constituio e, depois, ao golpe de 1964, que resultou nisso a.

    Ningum alimentar a iluso de que um texto limpamente democrtico ser capaz de impedir, por si s, a intruso desastrosa dos generais, almirantes e brigadeiros na vida poltica e administrativa do pas. Pode-se ter a certeza, no entanto, que artigos constitucionais que lhes permitam interpretar moda os textos vigentes animaro ambies, desviaro os militares de seus deveres profissionais e continuaro a impedir que a tropa seja doutrinada no respeito Lei e na subordinao sociedade. O artigo do substitutivo Bernardo Cabral, que tanta celeuma causa suscetvel de melhor redao. Mas est sendo atacado no que tem de melhor, no seu contedo fundamental e imprescindvel, consistente em negar aos militares a atribuio incontrolvel de intrpretes da lei (funo do Judicirio) e em sujeitar sua ao coercitiva ao pedido dos poderes constitucionais. "Newton de Almeida Rodrigues e jornalista e analista poltico; foi editor da revista "Senhor" e do jornal O Pas, diretor-redator-chefe do Jornal Correio da Manh e colaborador de diversas publicaes cariocas.

    O SR. JOS DUTRA (PMDB AM. Pronuncia o seguinte discurso.): Sr. Presidente, Srs. e Sras Constituintes, o sentimento patritico que envolve sobremodo a minha conscincia o inabalvel compromisso que tenho para com o povo amazonense, no sentido de defender os seus interesses e pugnar pelos seus direitos, me obrigam a retomar a esta tribuna para denunciar Nao e s autoridades constitudas de meu Pas, mais uma afronta, mais um desrespeito e mais uma violncia praticada contra o meu povo pelo Cimi Conselho Indigenista Missionrio, que se arroga o direito de se intrometer nas nossas questes econmicas e de desenvolvimento, encoberto pelo manto do missionarismo cristo e pela farsa da preservao dos usos e costumes indgenas, desta feita com o apoio e participao expressa e comprovada de um outro rgo que responde pela sigla de Cese Coordenadoria Ecumnica de Servio, estabelecida na Rua da Graa n 164, na cidade de Salvador, Estado da Bahia.

    Em que pese j terem sido divulgados na imprensa de meu Estado, cumpre me o dever de trazer esses documentos ao conhecimento de todos os membros da Assemblia Nacional Constituinte e da opinio pblica brasileira, para que, atravs deles, seja possvel dimensionar a petulncia e o descaramento dessas duas instituies privadas.

    Os documentos sobreditos so duas cartas, que se encontram em meu poder, devidamente autenticadas. Uma, datada de 10 de julho de 1987, expedida de Salvador (BA) e enviada pela Cese a Manoel Fernandes Moura, que se diz assessor da Federao das Organizaes indgenas do Rio Negro, em Manaus; a outra carta, de igual modo, tem esse mesmo cidado como destinatrio e a mesma entidade como subscritora, sendo que datada de 23 de julho pretrito.

    Nessas cartas, o Cimi, mais uma vez, revela cristalinamente a sua vocao desagregadora e deixa transparentemente evidenciada e provada a sua funo desestabilizadora das populaes indgenas entre si e dessas em relao ao Brasil.

    Na missiva de 10, de julho, assinada por Omar da Rocha Junior, na condio de Assessor da Cese, essa entidade comunica que aprovou o Miniprojeto de Emergncia enviado em nome da Federao das Organizaes indgenas do Rio Negro, num total de Cz$ 126.336,00, alm de assinalar que a prefalada ajuda se destinava consolidao dessa Federao na sua ao de "...conscientizao dos ndios quanto aos males do Calha Norte e das mineradoras" brasileiras.

    Agindo portanto rigorosamente de acordo com as denncias formuladas pelo jornal O Estado de S. Paulo, a Cese, ainda nessa mesma carta enfatiza que encaminhou, atravs do Cimi, a importncia prometida, alm de solicitar-lhe que acompanhe o MiniProjeto de Emergncia e que proporcione a Manoel Fernandes Moura a assessoria necessria na sua ao desagregadora das tribos Indgenas, sem entretanto deixar de solicitar o envio dos relatrios dos trabalhos e da respectiva prestao de contas.

    O segundo documento, Sras e Srs. Constituintes, consistente na carta datada de 23 de julho passado, tambm dirigida ao senhor Manoel Fernandes Moura, d noticia expressa do envio da importncia de Cz$126.336,00, por meio do Bradesco S.A e atravs do Conselho Indigenista Missionrio Norte I, alm de sublinhar, de igual modo, a necessidade do Relatrio de Atividades e a devida Prestao de Contas, sem esquecer entretanto que "no envio da prestao de contas Cese, faa um breve histrico dos pagamentos e evite anexar comprovantes (recibos, notas fiscais, etc.)

    No bastasse isso, para demonstrar e provar a sua ao sorrateira, feita em conjunto com o Cimi, a Cese assevera ainda, nesse mesmo documento, que os comprovantes de pagamento "devem continuar sendo parte do seu arquivo e registro na sua contabilidade disposio dos rgos diretivos da entidade ou das instituies financiadoras do trabalho, quando convier".

    Vejam, Sr, Presidente e Srs. Constituintes, a gravidade desta denncia. O Cimi, agora de maneira provada, com recibo e tudo, ordem de pagamento feita atravs do Bradesco, procura utilizares ndios do meu Estado como instrumento para lan-los contra um projeto da mais absoluta importncia para a Amaznia e para o nosso Pas, como o projeto "Calha Norte". No tenho nada contra a Igreja, ao contrrio, como catlico praticante, tenho profundo respeito pelo comandante maior da CNBB, mas no posso admitir que a Igreja Catlica do meu Pas, chefiada por Dom Luciano Mendes, seja envolvida por aes esprias que partem do exterior para o interior, com vistas a castrar os passos da Amaznia no rumo do seu desenvolvimento.

    Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

    DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O ORADOR

    Salvador, 23 de julho de 1987Federao das Organizaes Indgenas do Rio NegroManoel Fernandes Moura Caixa Postal, 3758 69000 Manaus/AM

    Parcela: nica Valor. Cz$ 126.336,00 MINIPROJETO DE EMERGNCIA

    Prezados amigos, Confirmamos a remessa de

    recursos atravs de depsito instantneo em c/c, em 14.07.87 do

  • 9 DIRIO DA ASSEMBLIA NACIONAL CONSTITUINTE

    Banco Bradesco S/A agncia Centro Manaus/ AM nominal a Conselho Indigenista Missionrio Norte I no valor de Cz$ 126.336,00 (cento e vinte e seis mil, trezentos e trinta e seis cruzados.)

    Solicitamos o envio do recibo correspondente, pois esta uma exigncia do nosso servio de contabilidade e auditoria.

    Esperamos receber, oportunamente, relatrio de atividades e a devida prestao de contas. No envio da prestao de contas Cese, faam um breve histrico dos pagamentos e evite anexar comprovantes (recibos, notas fiscais, etc) Estes devem continuar sendo parte do seu arquivo e registro na sua contabilidade disposio dos rgos diretivos da entidade ou das instituies financiadoras do trabalho, quando convier.

    Queiram, por favor, devolver-nos a cpia desta carta com sua assinatura. Isto uma confirmao de recebimento desta carta e confirmao do seu de acordo com os nossos critrios de apoio.

    Desejamos xito no trabalho a que vocs se propem.

    Atenciosamente, Jane Timil, P/Servio de Contabilidade Cese

    Observaes: Os itens "mquina Fotogrfica" e "Flash" foram apoiados em Cz$em 10.000,00.

    Salvador, 10 de julho de 1987 Manoel Fernandes Moura Assessor da FOIRN Federao das Organizaes

    Indgenas do Rio Negro Caixa Postal 3758 69000 Manaus/AM Caro Manoel, Aprovamos o MiniProjeto de

    Emergncia enviado pelo FOIRN, num total de Cz$ 126.336,00 (cento e vinte e seis mil, trezentos e trinta e seis cruzados) sendo que destinamos para aparelhagem fotogrfica um total de Cz$ 10.000,00 (dez mil cruzados), pois nos pareceu alto o oramento enviado. A Cese, em face de seus limites financeiros, no tem condies de apoiar todas as solicitaes que lhe chegam, e assim queremos frisar o carter de ajuda nica ao trabalho de vocs esperando que possam impulsionar com isso processo de consolidao da FOIRN, aarticulao entre as aldeias e aconscientizao dos ndios quanto aosmales do "Calha Norte" e das mineradoras.

    Encaminhamos, atrves do Cimi, a quantia acima, conforme combinamos por telefone, e solicitamos ao Cimi, que acompanhe o projeto e lhes d a assessoria necessria. Lembramos a vocs a importncia do relatrio dos trabalhos e de prestao de contas, e desejamos-lhes sucesso.

    Um abrao Jane Timil, p/Omar da Rocha Junior Assessor

    Durante o discurso do Sr Constituinte Jos Dutra, o Sr. Jorge Arbage, Seguido-Vice-Presidente, deixa a cadeira da Presidncia, que ocupada pelo Sr. Mauro Benevides,Primeiro Secretrio.

    O SR. PRESIDENTE (MauroBenevides): Tem a palavra o Sr. Constituinte Manuel Viana.

    O SR. MANUEL. VIANA (PMDB CE.Pronuncia o seguinte discurso.): Sr. Presidente, Srs. Constituintes:

    O Sr. Joo Carlos Pinheiro, ex-Diretor da Dimed, vem caluniando de forma imprudente e

    mentirosa o Ministro da Sade, Dr. Roberto Santos, o Sr. Secretrio Nacional de Vigilncia Sanitria, Dr. Alberto Furtado Rahde, bem como o Senador Nelson Carneiro, homens competentes e reconhecidos na comunidade brasileira.

    Ora, Srs. Constituintes, o ex-Diretor da Dimed, aps ser demitido, vem imprensa insinuando a todo o Brasil que suas declaraes possivelmente causariam sua demisso.

    Na verdade, o Sr. Joo Carlos Pinheiro j estava demitido por possvel corrupo e inoperabilidade da Dimed em sua gesto, e no por declaraes caluniosas que tenha feito ou venha a fazer.

    Quero esclarecer aos nobres Constituintes que, em suas declaraes, o Sr. Joo Carlos Pinheiro fere a classe poltica, acusando-a de fazer presses junto a sua ex-diretoria, citando textualmente o nome do Senador Nelson Carneiro, dizendo que o mesmo esteve intercedendo para desinterditar empresas e produtos que desobedecem a normas de Sade Pblica. Todos qu Conhecemos o Senador Nelson Carneiro somos sabedores de seu comportamento probo e correto dentro de sua atuao parlamentar, no cabendo ao longe levantar a menor suspeita.

    Nunca desta Casa partiram solicitaes antiticas para quaisquer rgos do governo das administraes direta ou indireta se solicitaes fazemos, estas se devem aos entraves burocrticos, provocados por burocratas incompetentes, como no caso do Sr. Joo Carlos Pinheiro.

    Tudo leva a crer que o Sr. Joo Carlos Pinheiro vinha fazendo uma poltica estranha aos interesses do povo brasileiro, dentro do Ministrio da Sade, ou sua total ignorncia quando ataca em suas declaraes a Empresa Bioxxi Empresa de Esterilizao e Reesterilizao de Produtos Hospitalares empresa modelo no Brasil e que desenvolveu tecnologia alternativa prpria, adaptada realidade brasileira, de forma justa, humana, progressista e exemplar, procurando dentro de nossas limitaes colaborar para resolver nossos problemas. Assim, comprovada desde de 1982, a prestao de servios de forma exemplar, servindo como modelo a outros segmentos da sociedade e tendo como principio primar pela correo no desempenho das funes a ela atribudas, no contexto da sociedade mdico-hospitalar.

    Vale salientar que a Empresa Bioxxi nunca quis trabalhar margem da lei brasileira, nem por meios escusos e que sempre procurou, luz da verdade, colocar-se disposio do Ministrio da Sade no sentido de cooperar em todas as suas empreitadas. Acrescente-se que o Sr.Joo Carlos Pinheiro recebeu da Empresa Bioxxi documentao comprobatria do mtodo usado, bem como visitou a empresa em suas mincias tecnolgicas recebendo na ocasio as explicaes necessrias e posteriormente teve acesso atravs de um extenso dossi de toda literatura que fala do uso do xido de etilnio e sua eficincia na esterilizao de vrus, principalmente o vrus da Aids e hepatite. Deve-se dizer que estas injrias, com respeito eficincia do mtodo usado para esterilizao dos vrus, tm uma m f imensurvel, fazendo crer que o Sr. Joo Carlos Pinheiro tinha outros interesses e que estava a servio de terceiros, mas suas ameaas a esta empresa genuinamente nacional, tm caractersticas prprias do "mau carter militante, do homem pago para

    defender interesses alheios s causas populares ou do imbecil redondo", quando tenta atemorizar a populao sobre riscos na sade completamente infundados.

    Hoje Srs. Constituintes, sei que o Sr. Joo Carlos Pinheiro est possudo de toda sua vaidade feminina, travestido de nacionalista, para entrar no espao daqueles que. zelam pela sade do povo brasileiro, mas ele no sabe que o caminho da calnia e da mentira levam sempre a outro lugar que o ostracismo, o desemprego e o descrdito.

    Por isto. Srs. Constituintes, quero que fique gravado nos Anais desta Casa e da Constituinte o posicionamento antinacionalista do Sr. Joo Carlos Pinheiro Dias.

    Era o que tinha a dizer. (Muito bem!) O SR. NELSON CARNEIRO: Sr.

    Presidente, peo a palavra, pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Mauro

    Benevides): Tem a palavra o Sr. Constituinte Nelson Carneiro, pela ordem.

    O SR. NELSON CARNEIRO (PMDB RJ. Sem reviso do orador.): Sr. Presidente, Srs. - Constituintes:

    O nobre orador acaba de referir o meu nome entre aqueles apontados pelo ex-Diretor do Dimed e que diz respeito a minha honra pessoal. De modo que peo a V. Ex dois minutos para prestar esclarecimento Nao, atravs da Assemblia Nacional Constituinte.

    Aos cinqenta e oito anos de vida pblica e aos trinta e seis de atividade parlamentar, somente duas vezes me dirigi ao Ministro da Sade. Fi-Io na qualidade de representante do Estado do Rio de Janeiro. Chegaram-me dois apelos, um trazido pelo Prefeito do Municpio de Paulo de Frontin que trazia consigo um

    abaixo-assinado contra a interdio de um determinado laboratrio. Pediu que eu encaminhasse ao Ministro da Sade e, na qualidade de representante do povo fluminense, enviei, pedi para que o Ministro atendesse, ouvisse o referido ex-Prefeito. No interferi mais.

    No segundo caso, Sr. Presidente, levei uma senhora que eu no conhecia, cujo laboratrio sequer lembro o nome, e solicitei, em nome dos seus numerosos funcionrios, que o Ministrio da Sade revisse uma deciso que havia interditado, por muito tempo, aquele laboratrio. O meu dever, como representante do Estado do Rio, era encaminhar essa senhora ao Ministro da Sade para que S. Ex examinasse a hiptese. Foi o que fiz. Todos fazemos isto. No sou scio e nem tenho nenhuma ligao com laboratrio. Na minha longa vida de 55 anos de Advogado nunca aceitei ser advogado de partido, exatamente para ter absoluta liberdade no opinar e no discutir. De modo que estou inteiramente surpreendido que o meu nome tenha sido indicado como capaz de determinar uma ao contrria atividade do Sr. Joo Carlos Pinheiro Dias que no conheo, nunca o vi, nunca conversei com ele, nunca fui Dimed; apenas compareci ao Gabinete do Ministro da Sade, levando dois correligionrios do Rio de Janeiro. Esta foi a minha atividade.

    Se a presso que ele recebeu foi esta, Sr. Presidente, ele se demitiu por outra coisa, porque se os outros, que ele no citou, tiveram a mesma atitude que eu, no houve presso alguma.

  • DIRIO DA ASSEMBLIA NACIONAL CONSTITUINTE 10

    Agradeo a V. Ex a oportunidade de deixar registrado este fato. Parece at que este Joo Pinheiro Dias, que no conheo, tem o propsito de botar rabo em quem passou a vida inteira sem ter rabo.

    Chego nesta Casa com a conscincia tranqila e dela hei de sair com as mos limpas, sem coisa alguma que deslustre a minha vida pblica.

    Era o que queria dizer. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Mauro

    Benevides): A Mesa solidariza-se com V. Ex nobre Constituinte Nelson Carneiro que, durante o desempenho de sucessivos parlamentares soube honrar, dignificar e enobrecer a vida pblica do Pas.

    Tem a palavra o Sr. Constituinte Antnio de Jesus.

    O SR. ANTONIO DE JESUS (PMDB GO. Pronuncia o seguinte discurso.): Sr. Presidente, Srs. Constituintes:

    Reunidos em Aruan, Estado de Gois, no perodo de 22 a 26 de agosto findo, vrios cientistas Membros da SBSP, professores da Unicamp e da USP e representantes do CNPq e do Conselho Regional de Biologia de So Paulo estudaram a atual situao do rio Araguaia, dos maiores e mais belos rios do Brasil, que agoniza lentamente, em resultados das atividades de garimpagem, altamente prejudiciais ao rio, fauna, flora e ao prprio homem; da pesca que ameaa a fauna, flora e ao prprio homem; da pesca que ameaa a fauna aqutica; do acmulo de detritos a cu aberto e da falta de tratamento do lixo e dos esgotos nele atirados, bem como do desmatamento de suas margens e proximidades, e de seus afluentes.

    A triste realidade que o do Araguaia, outrora borbulhante de vida, palpitante de energia, pleno debelem em seu gigantismo selvagem, magnfico em sua correnteza, clama por socorro, porque est morrendo.

    verdade que, anualmente, a exuberncia volta ao grande rio na estao chuvosa, que vai de novembro a abril, quando as enchentes impedem a explorao de seu leito e levam de roldo, para bem longe, onde iro tambm causar prejuzos, as sujeiras e os resduos metlicos, decorrentes da garimpagem, mas isso passageiro. Com retorno das guas normalidade, reinicia-se todo o processo da pesca predatria, do garimpo, do desmatamento das reas prximas ao grande rio, o mesmo acontecendo a seus afluentes. um ciclo vicioso que urge interromper.

    Em artigo intitulado "Rios Agonizantes", publicado em O Popular, de Goinia, edio de 27-8-87, Leoldio Caiado escreveu com muita propriedade; "A fauna do Araguaia desapareceu. As guas so turvas. Os tributrios, guas criatrias que aumentam as "arribaes", esto mortos, coloridos de lama infecciosa, portadoras de resduos poluidores. As guas barrentas esto carentes de oxignio, impossvel de florescer a vida. O habitante ribeirinho que tinha o peixe como fonte bsica de alimento est sofrendo as conseqncias nefastas dos garimpos... Deixar morrer o Araguaia e seus afluentes crime imperdovel que caracteriza um povo acomodado, sem amor terra e sobretudo, sem o esprito de brasilidade".

    Ns temos um compromisso no apenas com as geraes contemporneas, mas, sobretudo, com as futuras, com o Brasil do amanh, a fim

    de que no venhamos matar o gigante, antes que alcance a maturidade.

    As propostas de Aruan, com vistas salvao do Araguaia, alinham algumas providncias que a tanto ajudaro levar.

    a) criao de uma polcia florestal especializada;

    b) criao de instrumentos legais e jurdicos para punir os crimes contra a natureza;

    c) reunio, em um s rgo, de todas as atribuies das reparties federais e estaduais que cuidam da pesquisa, do estudo e do planejamento da polcia florestal;

    d) promoo do reflorestamento nas nascentes do rio Araguaia;

    e) levantamento da fauna e da flora do mdio e alto Araguaia, visando ao manejo e marcao de peixes para estudos;

    f) proibio de pesca amadora em cardumes nas pocas de piracema por um perodo de dois anos e suspenso das autorizaes para captura de alevinos, principalmente de pirarucu;

    g) melhor capacitao do convnio Sudepe/ Semago/Corpo de Bombeiros, para tornar eficiente a fiscalizao;

    h) punio dos infratores, alm da apreenso de armas e equipamentos predatrios, inclusive o material ilegal de garimpagem;

    i) definio da Eletronorte sobre eventuais projetos que venham causar dano aos fatores ambientais/ecolgicos relacionados com a Bacia Araguaiana Tocantinense.

    preciso que atuemos com urgncia e eficincia, a fim de podermos salvar o Araguaia, esse gigante de gua doce de mais dos dois mil e seiscentos quilmetros de extenso, de extrema importncia para a regio brasileira que banha, e no sejamos acusados, amanh, como responsveis por sua morte e pelo conseqente desastre que nosso descaso houver trazido para o Pas.

    Tenhamos, portanto, ao Araguaia "um amor que no seja apenas eterno enquanto dure, mas que dure eternamente".

    Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. (Muito bem!)

    O SR. COSTA FERREIRA (PFL MA Pronuncia o seguinte discurso.): Sr. Presidente, Srs. Constituintes:

    Est nas mos e nas inteligncias da representao poltica do povo brasileiro, nesta augusta Assemblia Nacional Constituinte, a oportunidade inigualvel de proporcionar, consubstanciada no texto da Carta Magna ora em elaborao e que brevemente estar sendo votada pelo soberano Plenrio.

    Entre os temas de maior importncia para o futuro desta nascente democracia que se quer consolidar, a problemtica agrcola tem merecido as atenes e os entusiasmados debates dos meus nobres pares, pois todos sabemos que no se faz uma Nao forte e desenvolvida em harmonia social sem um campo bem organizado e um campesino pelo menos dignamente tratado e com suas necessidades bsicas corretamente entendidas e atendidas.

    Uma poltica agrcola eficiente, no mbito do Ministrio da Agricultura, ser o complemento natural de um conjunto bem inspirado de normas constitucionais sobre a matria e h de contemplar uma assistncia especfica ao trabalhador

    com a disponibilidade de recursos que lhe permitam adquirir ferramentas, adubos, insumos diversos.

    No podem ficar esquecidos determinados incentivos, que signifiquem atrativos para que o rurcola integre totalmente em seu meio de origem, de sorte a evitar o xodo rural descontrolado, que um indesconhecvel fator de desagragao social.

    O agricultor tem tambm, como o tem o trabalhador urbano, direito educao, aos servios de sade, enfim, s conquistas trabalhistas do mundo hodierno.

    No ser nenhum privilgio, nenhum favor, a obteno do usufruto real desses avanos da civilizao e da prpria Histria.

    Devemos at, a bem da verdade que nos parece irretorquvel, estranhar que no se tenha escolhido exatamente o caminho oposto, isto , o de dar antes, ou concomitantemente como que o trabalhador urbano reivindicou e obteve, ao homem do campo toda a proteo das leis sociais que ele merece, de que ele carece e que lhe possibilitariam exercer melhor a sua parte no esforo nacional pelo desenvolvimento brasileiro, de que tem sido fator indispensvel.

    O fato que, ainda hoje, a assistncia mdica, o amparo da previdncia social, inclusive a aposentadoria integral, ou nas mesmas bases dos demais trabalhadora deixam a desejar.

    E vamos alm. Para o homem do campo, nas atuais circunstncias de nossa organizao social, devem ser criadas facilidades especiais, na medida em que o Pas no pode prescindir de sua colaborao na luta pela nossa emancipao econmica. Se ele no pode contribuir para a previdncia social nas mesmas propores de seus irmos das cidades, ento que se criem condies especiais, nem que outras fontes de custeio sejam mobilizadas para isso. No cabe, no caso, o conceito de relao custo/beneficio, pois que, neste caso, o beneficirio o prprio Pas que de todos ns.

    Vamos, portanto, instituir uma nova e criativa forma de encarar um problema que velho e que reclama solues modernas de uma Constituinte voltada para um novo sculo e uma nova era cheia de novas idias e Jovens ideais. Por isso, cuidar do homem do campo cuidar da prpria segurana nacional. (Muito bem Palmas.)

    O SR. ADROALDO STRECK (PDT RS. Sem reviso do orador.): Sr. Presidente, Sras, e Srs. Constituintes, o Pas toma contato, pelos jornais de hoje, com o episdio ocorrido no Ro de Janeiro, quando do enterro do traficante Paulo Roberto de Moura Lima, o "Meio Quilo". A populao de uma favela glorificou, tratou com carinho, esse traficante, esse homem que viveu margem da lei vida inteira tanto que cumpria pena demonstrando com isso que o Governo da Repblica perdeu o referencial tico.

    Vivemos um verdadeiro "salve-se quem puder". O Executivo, com todo o poder que tem, age com o despudor de enrubescer Idi Amin Dada, ao tempo em que foi o senhor todo-poderoso de Uganda. Somos obrigados a conviver com es-se festival de imoralidades. No meu caso, deputado de primeiro mandato, aqui cheguei com uma esperana muito grande de colaborar com uma

  • 11 DIRIO DA ASSEMBLIA NACIONAL CONSTITUINTE

    lei nova para o meu Pas e estou sendo jogado agora dentro de um saco, de uma vala comum, em virtude de um Governo atico e imoral, que a est nos levando a uma situao de quase confronto nacional, porque, no momento em que um traficante, um homem que viveu a vida inteira margem da lei, glorificado e tratado com carinho, pergunto: o que sobra para essas autoridades que a esto?

    No meio disso tudo, Sr. Presidente, Srs. Constituintes, ainda somos obrigados a conviver com certas lideranas ultrapassadas, que querem mais prazo para apresentar emendas, porque esto negociando. Eu pergunto: negociando com quem e para qu? Por acaso o povo brasileiro j no est farto de saber que essas lideranas carcomidas no tm mais o que negociar com ningum?

    Perguntamo-nos, s vezes: afinal de contas, fazer o qu, diante de um descalabro desses? Pedir as contas e ir embora? Mas, a, estamos desrespeitando uma quantidade de pessoas que escolheram o seu Constituinte para vir aqui defend-las.

    Quero deixar registrado, Sr. Presidente, Srs. Constituintes, o meu profundo pesar pela situao catica que vivemos, ns Constituintes, aqui reunidos, tentando fazer uma Nova Carta. De minha parte, que se registre nos Anais que no concordo com esse Governo pusilmine que a est e que se agarra, com todas as foras, ao poder, sem nos dar nenhuma perspectiva de soluo dos problemas sociais deste Pas. Impotente, como me sinto, a nica coisa que posso fazer, desta tribuna, deixar nos Anais desta Assemblia Nacional Constituinte que vejo uma situao de extrema dificuldade para o Pas, no momento em que os valores so considerados de forma inversa, em que o Governo repito perde o referencial tico. Multo obrigado. (Muito bem!).

    O SR. NELSON AGUIAR (PMDB ES. Sem reviso do orador.) Sr. Presidente, Srs e Srs. Constituintes:

    Ocupo este horrio para cobrar, em nome de D. Luciano Mendes de Almeida, a alardeada, a anunciada e prometida CPI do CIMI.

    Ao que parece, aqueles que ocuparam a tribuna para denegrir a Igreja Catlica e o Conselho Indigensta Missionrio recuaram e deram o dito pelo no dito. D. Luciano Mendes de Almeida, segundo me disse, est ansioso pela apurao dos fatos. Queremos, ento, cobrar a CPI.

    Os Srs. Constituintes Cardoso Alves, Gerson Peres e outros ocuparam sucessivamente a tribuna para denunciar a Igreja, para denegrir a imagem do Conselho Indigensta Missionrio e agora desapareceram. Onde est a CPI? Queremos ir fundo nesta questo, porque queremos que nos ensejem a oportunidade de conhecer verdadeiramente a questo dos interesses escusos, neste Pas, relacionados com os minrios nos territrios indgenas. No vamos aceitar as denncias feitas pelo Estado de S. Paulo e que foram aproveitadas aqui pelos adversrios da Igreja. Vejam bem, eu estou muito vontade para falar, porque no sou sequer membro da Igreja Catlica. Mas o que me interessa no esta briga, um lado difamando o outro, um lado procurando tirar vantagens polticas para atender os interesses pessoais dos grupos que representam. Queremos a apu-

    rao dos fatos, porque sabemos que os grandes grupos mineradores no se conformam com a vigilncia que a Igreja vem hoje exercendo, no s a Igreja Catlica, mas outras Igrejas Evanglicas, para impedir aquela ao violenta, predatria, criminosa, que esses grupos vm exercendo. E eles, sim, so.grupos a interesses de naes estrangeiras. De repente, os acusadores do CIMI, os acusadores da Igreja Catlica desapareceram do cenrio, no falam mais nada. O que da CPI que prometeram? Queremos este instrumento poltico de extraordinria importncia, porque atravs dele que iremos convocar aqui O Estado de S. Paulo, iremos convocar o Sr. Ministro da Aeronutica, que declarou ter conhecimento dos fatos, que eles eram verdadeiros, e que, inclusive, estava estimulando O Estado de S. Paulo para que fosse fundo nas denncias. Queremos convocar os representates do CIMI; queremos convocar os representantes da Igreja, queremos ir fundo nesta questo, porque queremos conhecer a verdadeira histria. Queremos conhecer quem so aqueles que esto aqui no plenrio da Constituinte para falar por grupos multinacionais e no querem aparecer enquanto representantes desses grupos nacionais e multinacionais.

    Portanto, Sr. Presidente, fica aqui a cobrana. Encontrei-me casualmente com D. Luciano Mendes de Almeida, e ele ento me cobrou: Que da anunciada CPI? De modo que ns estamos aqui para continuar cobrando do Constituinte Cardoso Alves, do Constituinte Gerson Peres. Queremos a CPI, porque queremos apurar os fatos. Do contrrio, passaro por difamadores, passaro por falsos acusadores, aqui dentro. Ns queremos que nos ensejem a aportunidade, Sr. Presidente, de conhecermos a verdadeira histria dos assassinatos dos ndios, da invaso das suas terras, da forma violenta e criminosa com que os seus territrios so ocupados, a forma com que as reservas minerais desses territrios so roubadas por aqueles que tm aqui dentro os seus representantes e que fizeram um grande barulho e agora no querem aparecer. Repito: insistimos em que no abrimos mo da instalao da CPI para que se apurem os fatos. (Muito bem! Palmas.).

    O SR. HERMES ZANETI (PMDB RS. Sem reviso do orador): Sr. Presidente, Sras e Srs. Constituintes:

    Houve notcia, na Imprensa, de que o Consultor-Geral da Repblica, Sr. Saulo Ramos, teria considerado um "besteirol" o contedo do art. 53 do Substitutivo do Relator Bernardo Cabral.

    Este artigo diz:

    "O Poder Pblico destinar recursos e desenvolver todos os esforos, com a mobilizao de todos os setores ativos e organizados da sociedade brasileira, para garantir a eliminao do analfabetismo e a universalizao do ensino fundamental at o ano 2000."

    Quero dizer que o Sr. Saulo Ramos, primeiro, meteu-se num assunto que no lhe diz respeito. Se ele quiser fazer algo, e se que tem capacidade e condies de faz-lo, tem muito o que fazer ao cuidar das tarefas do Poder Executivo. O Sr. Saulo Ramos, que eu no sei de onde vem e a que veio, e quem , e que qualificao tem, no tem o direito de dizer o que disse a respeito

    desse artigo. Esse artigo uma emenda que apresentei e que emergiu de profundos estudos realizados pela UNESCO, que um organismo das Naes Unidas especializado no assunto, a nvel mundial.

    Desde 1979, renem-se Ministros da Educao e Ministros do Planejamento da Amrica Latina e do Caribe para discutir esse conjunto de Ministros, essas foras educacionais, a nvel internacional, coordenada pela UNESCO, elaboraram o chamado Projeto Principal de Educao para a Amrica Latina e Caribe, cujo texto, seguramente, o Sr. Saulo Ramos nunca leu e dele nada sabe. Neste Projeto Principal de Educao para a Amrica Latina e Caribe, a UNESCO, atravs dos Ministros de Planejamento e de Educao desses pases, chegou concluso de que na dobrada do sculo e do milnio ser preciso garantir que todas as pessoas tenham acesso aos bens da civilizao atravs de um processo de alfabetizao. preciso garantir vaga no ensino fundamental para todas as pessoas nesta regio do mundo. No Brasil, temos 30 milhes de analfabetos e 8 milhes de crianas, em idade escolar obrigatria, fora da escola. Este artigo pretende encaminhar, a nvel institucional, uma soluo para este problema, sob pena de no termos nenhuma condio de instalar um projeto democrtico para o futuro. Digo mais: esses ministros, reunidos sob a chancela da UNESCO, identificaram que h na Amrica Latina e no Caribe 44 milhes de analfabetos, dos quais 43,8% esto no Brasil.

    Muito certamente, o Sr. Saulo Ramos quer governar com esses milhes de analfabetos, porque com isto ser mais fcil para ele manter-se no cargo, para o qual, seguramente, numa sociedade civilizada, no teria sido chamado. Numa sociedade com um nvel intelectual capaz de questionar essas intromisses indbitas que ele est fazendo em relao Constituinte, numa sociedade com um avano cultural maior, ele no estaria l, usando e abusando do cargo no qual est investido.

    Sr. Presidente e Srs. Constituintes, esta minha presena na tribuna , mais uma vez, para protestar contra a intromisso indbita do Poder Executivo na Assemblia Nacional Constituinte. E, mais que tudo, para protestar contra um cidado que no tem competncia, que no tem capacidade, que no tem instruo, que no tem conhecimento e que d palpites a respeito de assuntos que no conhece, e que, por isso, o melhor que pode fazer calar a boca e cuidar, mesmo com as condies precrias que tem, dos assuntos que lhe dizem respeito, l no Palcio do Planalto. (Muito bem! Palmas.).

    O SR. JOS MENDONA DE MORAIS (PMDB MG. Sem reviso do orador.): Sr. Presidente e Srs. Constituintes:

    Gostaria de registrar, nos Anais desta Assemblia Nacional Constituinte a realizao, no dia 31 de agosto ltimo, em Belo Horizonte, da reunio da Bancada Federal do PMDB com o Sr. Governador Newton Cardoso.

    A Bancada Federal do PMDB de Minas Gerais tem 35 Deputados, dos quais 21 estiveram presentes nessa reunio: dois justificaram a sua ausncia por motivo de fora maior e, alm disso, dois Senadores tambm justificaram a sua ausncia. Registro, por qu? Porque chegou a hora, neste momento delicado por que passa a Nao,

  • DIRIO DA ASSEMBLIA NACIONAL CONSTITUINTE 12

    de Minas Gerais unir-se em torno de assuntos nobres, de interesse nacional, acima das posies individuais e pessoais de qualquer um dos Srs. Constituintes. O Sr. Governador Newton Cardoso deu incio a esse gesto de reunificao do PMDB mineiro para que unido, fortalecido, aqui dentro, tambm, nas teses fundamentais de interesse da Nao, essa Bancada do PMDB permanecesse unida, coesa, coerente com a tradio de Minas Gerais.

    Quero louvar o Sr. Governador, porque, abrir a reunio, justificou-a como a nova abertura para um dilogo importante entre a Bancada mineira e o Governo de Minas Gerais, visando exatamente a defender os destinos maiores da nossa Ptria, passando, mais uma vez, por Minas Gerais.

    Registro ainda, com alegria, a franqueza dos Srs. Constituintes que compareceram, em colocar as suas posies para o Sr. Governador, e para os colegas, do empenho que todos ns temos de deixar sempre acesa a chama de mineiridade que deve ornar cada um que representa aquele Estado.

    O dilogo com a imprensa, que o Governo comea a manter, mais amplo, agora, ao contrrio de merecer crticas violentas daqueles que esto sentindo na prpria pele o crescimento da popularidade do Governador que estava em baixa h poucos meses, como um fato marcante do atendimento de sua obra administrativa; so mais de mil quilmetros de estradas asfaltadas, programadas para o exerccio 87/88, no atendimento s estradas vicinais, no atendimento a obras de interesse da comunidade de Minas Gerais, principalmente aquelas pequenas comunidades at agora desassistidas. Ainda mais, uma informao importante para esta Assemblia Nacional Constituinte: que se busque, em Minas Gerais, esta unidade que precisamos conquistar na Assemblia Nacional Constituinte para resolver os problemas do impasse, aquelas teses fundamentais com que no podemos ir para o plenrio para uma disputa acirrada, porque a diviso vir de dentro da Nao e no construiremos, jamais, uma boa Constituio, porque o consenso, o bom senso, o entendimento ho de ser os pontos fundamentais para que cheguemos, todos, a uma Constituio, a uma Carta Maior, uma Carta Magna para este Pas, fruto do entendimento, fruto do atendimento vontade do povo brasileiro, caminhando-se para a soluo dos problemas sociais.

    Deixo, Sr. Presidente, com muita satisfao, esta informao, para conhecimento de todos. Era o que tinha a dizer.

    O SR. BENEDICTO MONTEIRO (PMDB PA. Sem reviso do orador.): Sr. Presidente, Srs. Constituintes:

    a primeira oportunidade que tenho, para ocupar a tribuna desta casa, depois que S. Ex. o Constituinte Bernardo Cabral, Relator da Comisso de Sistematizao da Assemblia Nacional Constituinte, foi injuriado, caluniado por vrios rgos