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ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO Relatório Parcial da Frente Parlamentar em Defesa da Pessoa com Deficiência Coordenadora Geral: Deputada TEREZINHA NUNES Relatora: Deputada LAURA GOMES Membros Deputado CLODOALDO MAGALHÃES Deputado JADEVAL DE LIMA Deputado RICARDO COSTA Deputada ROBERTA ARRAES Deputado ZÉ MAURÍCIO RECIFE, ABRIL DE 2018

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ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE

PERNAMBUCO

Relatório Parcial da Frente Parlamentar em Defesa da

Pessoa com Deficiência

Coordenadora Geral: Deputada TEREZINHA NUNES

Relatora: Deputada LAURA GOMES

Membros

Deputado CLODOALDO MAGALHÃES

Deputado JADEVAL DE LIMA

Deputado RICARDO COSTA

Deputada ROBERTA ARRAES

Deputado ZÉ MAURÍCIO

RECIFE, ABRIL DE 2018

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EQUIPE TÉCNICA

Redação

Bruno da Silva Araújo Pereira – Consultor Legislativo

Marina Arcoverde Ribeiro Freire – Consultora Legislativa

Juliana Salazar Pereira da Costa – Procuradora Legislativa

Colaboradores

Ana Cristina Emerenciano Alcoforado Fonseca

Charles Andrade

Daniela Rorato

Suelen Cariny Lins do Nascimento

Revisão

Natália Câmara – Analista Legislativa

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................ 5

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 6

2. DAS REUNIÕES ORDINÁRIAS DA FRENTE PARLAMENTAR EM DEFESA DA

PESSOA COM DEFICIÊNCIA ...................................................................................................... 9

2.1. Reunião 01 – Acessibilidade ....................................................................................... 10

2.2. Reunião 02 – Deficiência intelectual e autismo .......................................................... 15

2.3. Reunião 03 – Educação inclusiva ............................................................................... 19

2.4. Reunião 04 – Atendimento multidisciplinar e diagnóstico precoce ............................. 23

2.5. Reunião 05 – Doenças Raras e a síndrome congênita do zika vírus ......................... 27

2.6. Reunião 06 – A deficiência visual e o Sistema Braille em Pernambuco..................... 34

2.7. Reunião 07 – VEM Livre Acesso ................................................................................. 40

2.8. Reunião 08 – Libras e o acesso à comunicação em Pernambuco ............................. 45

2.9. Reunião 09 – Atendimento à síndrome congênita do zika vírus em Pernambuco ..... 53

2.10 Reunião 10 - As estatísticas da deficiência por acidentes de moto em Pernambuco .. 58

2.11. Reunião 11 – Visita do Unicef à Frente Parlamentar .............................................. 10

2.12. Reunião 12 – Acessibilidade nas estações de metrô da Região Metropolitana do

Recife......................................................................................................................................12

2.13. Reunião 13 – Interiorização e regionalização do atendimento e da reabilitação em

Pernambuco ............................................................................................................................ 17

2.14. Reunião 14 – Os desafios do Transtorno do Espectro Autista e o direito à

inclusão........................... ........................................................................................................ 24

2.15. Reunião 15 – Assistência à pessoa com deficiência no Sertão do São Francisco. 30

2.16. Reunião 16 – Gratuidade do transporte coletivo intermunicipal às pessoas com

deficiência ................................................................................................................................ 35

2.17. Reunião 17 – Educação Inclusiva ........................................................................... 40

2.18. Reunião 18 – Inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho .......... 49

2.19. Reunião 19 – As barreiras e os preconceitos ao processo de inclusão no mercado

de trabalho ............................................................................................................................... 60

2.20. Reunião 21 – Inclusão da pessoa com deficiência nas universidades de

Pernambuco ............................................................................................................................ 64

2.21. Reunião 22 – Atendimento às pessoas com doenças raras em Pernambuco ....... 66

2.22. Reunião 23 – Interiorização do atendimento à pessoa com deficiência ................. 72

2.23. Reunião 24 – Os planos de saúde e as negativas de cobertura ao tratamento da

pessoa com deficiência ........................................................................................................... 75

2.24. Reunião 25 – Implementação de um Centro de Referência de Doenças Raras em

Pernambuco ............................................................................................................................ 80

2.25. Reunião 26 – As políticas de atenção às pessoas com deficiência em Jaboatão

dos Guararapes ....................................................................................................................... 83

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2.26. Reunião 27 – A acessibilidade nos eventos culturais de Pernambuco .................. 87

3. PANORAMA PRELIMINAR DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA EM PERNAMBUCO ...... 89

3.1 Mobilidade ................................................................................................................... 90

3.2 Educação ..................................................................................................................... 92

3.3 Diagnóstico e Tratamento ........................................................................................... 93

3.4 Comunicação ............................................................................................................... 96

3.5 Mercado de Trabalho e Assistência Social ................................................................. 97

3.6 Considerações Finais .................................................................................................. 98

4 ENCAMINHAMENTOS ....................................................................................................... 99

4.1 No Estado de Pernambuco ............................................................................................ 100

4.2. Municípios Pernambucanos ........................................................................................... 112

4.3 Outras Entidades no âmbito estadual para as quais o presente Relatório deverá ser

enviado .................................................................................................................................. 115

4.4 Na União .................................................................................................................... 119

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APRESENTAÇÃO

A FRENTE PARLAMENTAR PARA A VALIDAÇÃO DOS DIREITOS

DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA tem origem no Requerimento Nº

2713/2017, de 6 de fevereiro de 2017, de autoria da deputada Terezinha

Nunes, nos termos do art. 278-A, do Regimento Interno desta Casa, tendo

como estrutura de funcionamento a liderança da coordenadora-geral, deputada

Terezinha Nunes, e como membros efetivos os deputados Laura Gomes,

Roberta Arraes, Jodeval de Lima e Ricardo Costa. O requerimento foi subscrito

por 29 deputados: deputado Adalto Santos, deputado Aluísio Lessa, deputado

Álvaro Porto, deputado André Ferreira, deputado Antônio Moraes, deputado

Augusto César, deputado Claudiano Martins Filho, deputado Eduíno Brito,

deputado Isaltino Nascimento, deputado Jadeval de Lima, deputado Joaquim

Lira, deputado Joel da Harpa, deputado Júlio Cavalcanti, deputada Laura

Gomes, deputado Lucas Ramos, deputado Odacy Amorim, deputado Pastor

Cleiton Collins, deputado Paulinho Tomé, deputado Pedro Serafim Neto,

deputada Priscila Krause, deputado Ricardo Costa, deputada Roberta Arraes,

deputado Rodrigo Novaes, deputado Rogério Leão, deputado Romário Dias,

deputada Socorro Pimentel, deputada Teresa Leitão, deputado Tony Gel,

deputado Vinícius Labanca, deputado Zé Maurício.

Segundo o Requerimento Nº 2713/2017, a finalidade da Frente é

oferecer ao Estado contribuições necessárias a fim de apresentar um

diagnóstico dos quantitativos de entidades, lacunas, dados, estatísticas e

sugestões de políticas públicas, visando somar esforços na construção de uma

sociedade mais justa e inclusiva.

O requerimento destaca que se dê conhecimento da decisão da

Assembleia Legislativa de Pernambuco, e do inteiro teor da proposição

requerida, a Paulo Câmara, governador do Estado; Pedro Eurico, secretário de

Justiça e Direitos Humanos; Edmilson Silva, superintendente estadual de Apoio

à Pessoa com Deficiência – Sead; Clóvis Benevides, secretário de

Desenvolvimento Social, Criança e Juventude; Bruno Moury Fernandes,

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Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência – CDDPD da

OAB/PE; Ronnie Duarte, presidente da OAB de Pernambuco.

1. INTRODUÇÃO

O presente relatório visa apresentar os resultados parciais da FRENTE

PARLAMENTAR EM DEFESA DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA, instalada na

Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco no dia 11 de abril de 2017.

Incialmente, deve-se registrar que o recenseamento realizado pelo

Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) no ano de 2010 constatou

que 23,9% da população brasileira apresenta algum tipo de deficiência, o que,

em números absolutos, são mais de 45 milhões de brasileiros.

Especificamente, no que diz respeito ao Estado de Pernambuco, foi constatado

que 2.426.106 dos residentes apresentam algum tipo de deficiência, o que

representa 27,58% da população do nosso estado.

Importante também, anotar que as dificuldades do processo de inclusão

das pessoas com deficiência (PCD) atingem mais pessoas do que os números

acima expostos. Com efeito, para cada pessoa com deficiência existirão, pelo

menos, mais duas pessoas envolvidas: os pais e/ou os cuidadores.

Do ponto de vista legal, a adesão do Brasil à Convenção Internacional

sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo,

com status de norma constitucional, em conformidade com o procedimento

previsto no §3º do art. 5º da Constituição Federal, impôs uma obrigação a

todos os entes públicos: “promover, proteger e assegurar o exercício pleno

e equitativo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por

todas as pessoas com deficiência e promover o respeito pela sua

dignidade inerente” (art. 1º da Convenção).

Uma das consequências da adesão brasileira à Convenção Internacional

sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência foi a promulgação da Lei

Federal de nº 13.146, em 06 de julho do ano de 2015, a Lei Brasileira de

Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI), também denominada de Estatuto da

Pessoa com Deficiência, que se destina “a assegurar e a promover, em

condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades

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fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e

cidadania” (art.1º).

Dessa forma, podemos afirmar que a LBI objetiva concretizar direitos

assegurados constitucionalmente às pessoas com deficiência. Nesse sentido, a

norma infraconstitucional estabeleceu direitos fundamentais das pessoas com

deficiência (vida, saúde, habilitação e reabilitação, educação, moradia,

trabalho, assistência social, previdência social, cultura, esporte, turismo, lazer,

transporte e mobilidade), assim como garantiu o direito à acessibilidade (ou

seja: a informação, a comunicação, a tecnologia assistiva, a participação na

vida pública e política) e reforçou a garantia do acesso à justiça. Finalmente, a

lei estabeleceu penalidades específicas para crimes e infrações cometidas

contra a pessoa com deficiência.

Importa registrar, aqui, que o governo federal instituiu, por meio do

Decreto Federal de nº 7.612/2011, o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa

com Deficiência – Plano Viver sem Limite, com a finalidade de promover, por

meio da integração e articulação de políticas, programas e ações, o exercício

pleno e equitativo dos direitos das pessoas com deficiência.

No nosso estado, destaca-se a Política Estadual da Pessoa com

Deficiência (Lei nº 14.789, 1º de outubro de 2012), que prevê os princípios,

objetivos, diretrizes, estratégias e linhas de ação que o poder público estadual

deverá adotar para garantir a inclusão das pessoas com deficiência. Há ainda

uma série de instrumentos esparsos, nos três níveis de governo, que procuram

tornar realidade os compromissos assumidos pelo Estado no que diz respeito

às pessoas com deficiência.

Vale ressaltar que, no ano de 2015, Pernambuco foi foco da epidemia da

Síndrome Congênita do Zika Vírus. A epidemia revelou o despreparo dos

órgãos governamentais no acolhimento e atendimento à pessoa com

deficiência. Tal tragédia social, contudo, contribuiu também para sensibilizar o

Estado quanto à necessidade de adequar e ampliar sua rede de atenção à

pessoa com deficiência. Ao tentar atender as demandas sociais surgidas a

partir da referida epidemia, o Estado de Pernambuco pode se tornar o embrião

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de um processo evolutivo no que diz respeito à atenção à pessoa com

deficiência nas redes públicas de saúde, educação e assistência social.

Logo, diante dos desafios legais e sociais impostos à Administração

Pública, ficou evidenciada a necessidade de se abrir um canal de diálogo entre

a sociedade civil e o poder público. Nesse intuito, foi instalada a Frente

Parlamentar em Defesa da Pessoa com Deficiência, cujo objetivo primordial

além da garantia de direitos, foi desenvolver uma dinâmica de escuta, por parte

das autoridades, das demandas da pessoa com deficiência e de suas

entidades representativas. A partir desse processo, procurou-se traçar um

panorama dos problemas enfrentados e das principais demandas das pessoas

com deficiência em Pernambuco.

A Frente partiu do lema “nada sobre nós sem nós”. Nesse sentido,

institui-se como metodologia para o trabalho a escuta direta às pessoas com

deficiência, bem como a aproximação do segmento, representado por meio das

associações, com os demais Poderes (Executivo e Judiciário), órgãos estatais

(Defensoria Pública e Ministério Público), Conselho Estadual de Defesa dos

Direitos da Pessoa com Deficiência (Coned/PE), Conselho Municipal de Defesa

dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Comud/Recife), Associação

Municipalista de Pernambuco (Amupe) e entidades não governamentais, assim

como entidades de representações de classe que trabalham com a temática,

como a Ordem dos Advogados do Brasil, o Conselho Regional de Medicina, o

Conselho Regional de Fonoaudiologia, o Conselho Regional de Fisioterapia e

Terapia Ocupacional e o Conselho Regional de Psicologia.

O trabalho envolveu a realização de mais de 30 audiências públicas,

visita a órgãos públicos e entidades não governamentais que trabalham com o

segmento, audiências com o governador do Estado e secretários de Estado e

visitas ao interior de Pernambuco.

As reuniões realizadas fora da capital do estado prestaram-se ao papel

de conscientizar lideranças políticas e gestores municipais quanto à

importância de efetivar os direitos da pessoa com deficiência, proporcionando

uma rede educacional inclusiva, atenção à saúde de qualidade e assistência

social apropriada. Parte importante desses serviços é de responsabilidade

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municipal e, especialmente no interior, foram constatadas graves lacunas na

prestação da atenção devida às pessoas com deficiência.

Neste sentido, solicitou-se a todas as câmaras municipais do Estado de

Pernambuco a instalação de Frentes Parlamentares próprias para discutir a

temática e viabilizar a necessária interação entre os responsáveis pela provisão

dos serviços voltados para a pessoa com deficiência, as entidades da

sociedade civil e as próprias pessoas com deficiência, destinatárias da ação

governamental.

Restou constatado, como se verá no corpo do Relatório, que, apesar

dos avanços obtidos nos últimos anos, muito ainda precisa ser feito para

ampliar a participação das pessoas com deficiência na sociedade. Ainda assim,

o Estatuto da Pessoa com Deficiência impactará a vida de milhões de pessoas.

Por outro lado, sabe-se que, em que pese o esforço do legislador, os

avanços mais significativos não decorrerão da lei, e, sim, da transformação da

mentalidade da sociedade sobre o assunto.

Nesse processo, é essencial a atuação diligente do poder público, em

seus diversos níveis e esferas. Além da necessidade de concretizar direitos por

meio de políticas inclusivas, é indispensável a atuação ativa do Estado na

conscientização da sociedade, seja por meio da disseminação de informações,

seja por meio do exercício pleno dos poderes de fiscalização e, quando

necessário, da aplicação das punições legalmente estabelecidas contra

aqueles que infringirem os direitos da pessoa com deficiência.

Apresenta-se o presente relatório na esperança de que este possa

contribuir para o aperfeiçoamento das ações governamentais voltadas à

pessoa com deficiência em nosso estado e de que represente um passo a mais

no esforço de tornar a sociedade pernambucana uma sociedade

verdadeiramente inclusiva.

2. DAS REUNIÕES ORDINÁRIAS DA FRENTE PARLAMENTAR EM

DEFESA DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

A Frente Parlamentar foi criada com o objetivo de instituir um espaço de

escuta das pessoas com deficiência em Pernambuco, apurar os principais

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problemas enfrentados, as demandas e traçar um panorama da situação

dessas pessoas no estado.

Para isso, foram promovidas reuniões semanais, no âmbito da

Assembleia Legislativa, em câmaras municipais da Região Metropolitana e do

interior do estado. Utilizou-se o modelo de Sala de Situação1, com a

participação dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, instituições de

ensino, Ordem dos Advogados do Brasil, sociedade civil, entidades de classe e

conselhos representativos da pessoa com deficiência.

Com esse modo de atuação, a Frente trouxe uma nova dinâmica de

trabalho para o ambiente legislativo, pautada pelo diálogo e interiorização da

discussão. Os debates foram realizados de forma suprapartidária, e trataram

dos mais variados temas e questões relacionados às pessoas com deficiência.

Em sua vigência, a Frente desenvolveu ações e promoveu encaminhamentos

para resolução dos problemas e demandas apontadas, com o intuito de tornar

Pernambuco um estado mais inclusivo.

2.1. Reunião 01 – Acessibilidade

Tema: Acessibilidade - presença da ONG Deficiente Eficiente que realiza

trabalho para pessoas em cadeiras de rodas.

Local: A reunião foi realizada na Assembleia Legislativa do Estado de

Pernambuco, Anexo II, na sala de reunião da 1ª Secretaria, às 10h do dia 26

de abril de 2017.

Participantes: deputada Terezinha Nunes; deputado Clodoaldo Magalhães;

deputada Roberta Arraes; Felipe Gervásio, presidente da ONG Deficiente

Eficiente.

1 Sala de situação é a reunião de múltiplos atores, tanto gestores como corpo técnico, usuários,

profissionais para discutir um tema com profundidade. A dinâmica objetiva extrair diagnóstico e dar celeridade aos processos públicos.

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2.1.1. Principais Problemas Apontados

Felipe Gervásio, presidente da ONG Deficiente Eficiente, pontuou como

principais problemas:

A falta de planejamento das políticas de acessibilidade das pessoas com

deficiência, com envolvimento da população interessada.

A existência de apenas uma vaga para cadeirante por ônibus, o que

impossibilita que os cadeirantes possam sair em grupo.

Solução apresentada: Adaptação da frota para que os ônibus possam

transportar mais de um cadeirante, o que é possível mediante a retirada

de uma fileira de assentos comuns.

Resposta à demanda: Marcos Petrônio Iglesias, gerente de

Relacionamento do Grande Recife Consórcio de Transporte, na reunião

de 15/06/2017 da Frente Parlamentar, afirmou que a empresa realizará

um projeto piloto em algumas linhas, para disponibilizar lugar para ao

menos dois cadeirantes por ônibus. Em março de 2018, o projeto de

ampliação de espaço dentro da frota de ônibus foi efetivado pelo

Consórcio Metropolitano de Transportes, anunciado em reportagens

jornalísticas. O projeto começou com uma frota de 40 ônibus.

O metrô constantemente se encontra com os elevadores quebrados.

Calçadas e ruas sem acessibilidade. Em diversos pontos há rampa de

acesso em apenas um dos lados da calçada.

O Grande Recife Consórcio de Transporte afirmou, em audiência

pública, que 95% da frota está adaptada e que 100% da frota estará

adaptada até o fim do ano de 2017. No entanto, os dados não

correspondem à realidade enfrentada pelos cadeirantes. As linhas que

atendem às periferias, em sua maioria, não possuem adaptação e, na

prática, o que se verifica são ônibus com elevadores quebrados e

motoristas que esquecem a chave do elevador na garagem.

Demora na entrega das cadeiras de rodas fornecidas pelo SUS aos

cadeirantes. A espera dura um ano, em média. A cadeira é entregue

pelo SUS, mediante o preenchimento de alguns requisitos, como laudo

proveniente do SUS, com o CID da doença, detalhamentos e

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especificações próprias. O paciente deve comparecer a um hospital de

referência para solicitar e aguardar a entrega da cadeira. Nesse último

passo está a principal causa da demora, pois os atendimentos para

solicitação da cadeira concentram-se na região metropolitana.

Solução Apresentada na Reunião: Atendimento e encaminhamento

das pessoas para solicitação e recebimento das cadeiras nas

respectivas Geres, para dar maior celeridade ao atendimento e

minimizar o tempo de espera para recebimento das cadeiras.

Necessidade de recadastramento do VEM Livre Acesso (VLA) a cada

dois anos das pessoas com deficiência permanente, inclusive mediante

apresentação de laudo emitido pelo SUS.

2.1.2. Demandas Apresentadas

Felipe Gervásio, presidente da ONG Deficiente Eficiente, pontuou como

demandas:

Criação de uma Comissão Permanente de Acessibilidade mediante Lei,

composta por organizações e membros da sociedade civil, e integrantes

da Assembleia Legislativa de Pernambuco, para funcionar de forma

perene, sem prazo de vigência. O objetivo da Comissão é atuar como

fiscalizadora do cumprimento dos direitos das pessoas com deficiência

no estado, além de servir como referência para encaminhamento de

denúncias e demandas relacionadas às pessoas com deficiência.

Ação da Frente Parlamentar: A Frente, por meio da Deputada

Terezinha Nunes, apresentou projeto de lei para criação de uma

Comissão Permanente de Defesa da Pessoa com Deficiência na

Assembleia Legislativa de Pernambuco.

Implementação de homework (teletrabalho) para pessoas com

deficiência, cujas atividades possam ser desempenhadas em casa ou

em organizações não governamentais (ONGs), que proporcionariam um

ambiente adaptado às necessidades de trabalho e acessibilidade.

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Criação por lei de um contrato de trabalho diferenciado para as pessoas

com deficiência, para que não percam o Benefício de Prestação

Continuada (BPC).

Destinação de verbas de emendas parlamentares para a manutenção

das ONGs, que muitas vezes não conseguem se manter por falta de

recursos.

O Deputado Clodoaldo Magalhães, presente na reunião, esclareceu que

para receber os recursos de emendas parlamentares é necessário que a

entidade atenda a requisitos legais, mas muitas instituições não cumprem

as condições impostas, o que inviabiliza o recebimento das verbas

destinadas às mesmas.

2.1.3. Ações e Encaminhamentos da Frente Parlamentar

Diante das inúmeras queixas de cartões do VLA bloqueados, a Frente

Parlamentar se uniu à Sead, ao Coned/PE, ao Comud/Recife, à

Gerência da Pessoa com Deficiência da Prefeitura da Cidade do Recife

e à Comissão da Pessoa com Deficiência da OAB/PE, e, formularam

minuta de Projeto de Lei para alterar a Lei Estadual de nº 14.916/2013.

Trabalhou junto a ONGs, coletando listas de nomes de pessoas que

tinham seus cartões do VEM bloqueados, e atuando como uma ponte

junto ao CTM, para intervir em favor dos desbloqueios destes cartões de

PcDs.

Paralelamente, participou de três audiências do tema no Ministério

Público de Pernambuco, dentro da Promotoria de Direitos Humanos,

para melhor compreensão das denúncias recebidas.

Apresentação de uma proposta de criação de uma Comissão

Permanente de Defesa das Pessoas com Deficiência na Assembleia

Legislativa de Pernambuco.

A Frente Parlamentar apresentou, por meio da deputada Terezinha

Nunes, a Proposta de Emenda à Constituição de nº 11/2018 a fim de

modificar a redação do inciso VI, alínea a, do art. 97 da Constituição

Estadual, objetivando manter não só a cota de 5% (cinco por cento) da

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reserva de vagas, em concursos públicos realizados no Estado para as

pessoas com deficiência, como também a garantia da reserva mínima

de uma vaga.

2.1.4. Dispositivos Legais Relacionados

2.1.4.1. Lei Federal nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993 (Lei Orgânica da

Assistência Social – Loas)

Art. 20: o benefício de prestação continuada é a garantia de um

salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso

com 65 anos ou mais que comprovem não possuir meios de

prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família.

Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem

impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual

ou sensorial.

Família incapaz de prover a manutenção da pessoa com

deficiência é aquela cuja renda mensal per capita seja inferior a

1/4 (um quarto) do salário-mínimo.

O benefício de prestação continuada deve ser revisto a cada dois

anos para avaliação da continuidade das condições que lhe

deram origem (art. 21).

O benefício de prestação continuada será suspenso pelo

órgão concedente quando a pessoa com deficiência exercer

atividade remunerada, inclusive na condição de

microempreendedor individual (art. 21-A).

A contratação de pessoa com deficiência como aprendiz não

acarreta a suspensão do benefício de prestação continuada,

limitado a dois anos o recebimento concomitante da remuneração

e do benefício.

2.1.4.2. Portaria nº 1.272 de 25 de junho de 2013 (Ministério da Saúde)

Inclui Procedimentos de Cadeiras de Rodas e Adaptação Postural

em Cadeira de Rodas na Tabela de Procedimentos,

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Medicamentos, Órteses, Próteses e Materiais Especiais (OPM) do

Sistema Único de Saúde.

A prescrição e dispensação das cadeiras de rodas dependerão de

laudo emitido por profissional capacitado e de autorização prévia

do gestor responsável.

2.2. Reunião 02 – Deficiência intelectual e autismo

Tema: Deficiência intelectual e autismo – o desafio de criar políticas públicas

de acolhimento para essas pessoas.

Local: A reunião foi realizada no Plenário da Assembleia Legislativa do Estado

de Pernambuco, às 10h do dia 3 de maio de 2017.

Participantes: deputada Terezinha Nunes; deputada Laura Gomes;

representantes das ONGs: Afeto; Associação de Pais, Amigos e Pessoas com

Deficiência, de Funcionários do Banco do Brasil e da Comunidade (APABB);

Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e Associação de Pais e

Amigos de Pessoas com Síndrome de Down (Aspad), que atendem pessoas

com deficiência intelectual; Shirlley Tenório, representante da Conselho

Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Recife

(Comud) e da Associação de Aposentados e Pensionistas do Banco do Brasil

(AAPBB).

2.2.1. Principais Problemas Apontados

Emerson Albuquerque, Presidente da Associação Amigos do Autista (AMA-

Getid), pontuou como problemas:

Apesar da exigência legal da matrícula do aluno com deficiência, muitas

escolas particulares negam a matrícula.

Diagnóstico tardio das crianças com deficiência.

No SUS o autismo é tratado nos Centros de Atenção Psicossocial

(CAPs), que também são responsáveis pelo atendimento de usuários de

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crack, álcool e outras drogas, temas cujo tratamento e abordagem não

se relacionam com o autismo.

José Diniz Junior, Vice-Presidente do Coned, pontuou como problemas:

A baixa inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho.

Relatou que as empresas abrem vagas para pessoas com deficiência,

mas não dispõem de acessibilidade estrutural, tecnológica e assistiva

para recebê-las.

Solução Apresentada na Reunião: Existência de equipes

multiprofissionais nas empresas, destinadas a fazer a colocação

profissional dessas pessoas, mediante a adequação do ambiente de

trabalho ao tipo de deficiência e ao serviço a ser desempenhado.

Existência de 14 mil vagas de emprego disponíveis para pessoas com

deficiência no estado, que não são preenchidas. As empresas relatam

como causa a falta de habilidade dos candidatos, mas segundo José

Diniz, falta acessibilidade nas empresas e compatibilidade entre o cargo

ofertado e as potencialidades do candidato. Como exemplo, relatou o

caso das empresas de ônibus que disponibilizam vagas de motoristas e

cobradores para cegos, o que impossibilita a contratação. Para José

Diniz, as empresas utilizam-se desse tipo de prática para justificar que

as vagas não são preenchidas por falta de pessoas com deficiência

habilitadas para o cargo ofertado, quando, na verdade, não há uma

adequação entre a deficiência e a vaga oferecida.

2.2.2. Demandas Apresentadas

Shirlley Tenório, representante da Comud e da AAPBB, pontuou como

demandas:

Importância de discutir e desenvolver políticas de inclusão para o adulto

com deficiência, principalmente voltadas para a autonomia e inserção no

mercado de trabalho.

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Solução Apresentada na Reunião: Avaliação da possibilidade de

implantar residências inclusivas em Pernambuco, a exemplo das

descritas no Viver sem Limites, Plano Nacional dos Direitos da Pessoa

com Deficiência do governo federal. O objetivo dessas residências é

ofertar serviços de proteção integral a jovens e adultos com deficiência

que não dispõem de condições de autossustentabilidade ou de

retaguarda familiar.

Desenvolvimento de políticas de acolhimento das famílias das pessoas

com deficiência.

2.2.3. Ações e Encaminhamentos da Frente Parlamentar

Agendamento de reunião com o Sindicato Pernambucano de Escolas

Privadas para discutir a negativa das matriculas por parte do setor,

com a presença da Promotoria de Educação do MPPE

Criação de um grupo de trabalho para analisar as cotas para PcDs

nas empresas privadas e órgãos públicos e agendamento de uma

reunião da frente parlamentar para extrair diagnóstico sobre os

números de PcDs no mercado de trabalho

Criação do Prêmio Educação Inclusiva, com a intenção de dinamizar

o segmento escolar, incentivando as práticas inclusivistas.

A Frente se uniu à Defensoria Pública do Estado e encaminhou o

Projeto de Resolução de nº 1631/2017, a fim de instituir na

Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco. O “Prêmio da

Educação Inclusiva”, destinado a valorizar, estimular e premiar

estabelecimentos de ensino, gestores de escola e

agentes educacionais da educação básica, rede pública e particular,

que promovam a inclusão de estudantes com deficiência no Estado

de Pernambuco.

2.2.4. Dispositivos legais Relacionados

2.2.4.1. Lei Federal nº 7.853, de 24 de outubro de 1989

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Constitui crime punível com reclusão de 2 a 5 anos e multa

recusar, cobrar valores adicionais, suspender, procrastinar,

cancelar ou fazer cessar inscrição de aluno em estabelecimento

de ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado, em

razão de sua deficiência (art. 8º, I).

Se o crime for praticado contra pessoa com deficiência menor de

18 anos, a pena é agravada em um terço (art. 8º, § 1º).

2.2.4.2. Política Nacional para a Integração da Pessoa com Deficiência

(Decreto Federal nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999)

Capítulo VII, Seção IV: Da Equiparação de Oportunidades –

Acesso ao Trabalho.

Art. 36: “empresa com cem ou mais empregados está obrigada a

preencher de dois a cinco por cento de seus cargos com

beneficiários da Previdência Social reabilitados ou com pessoa

portadora de deficiência habilitada”.

Até 200 empregados: 2%; de 201 a 500 empregados: 3%; de 501

a 1000 empregados: 4%; mais de 1000 empregados: 5%.

Concurso público: pessoa com deficiência concorre às vagas

gerais, garantindo-se, contudo, um percentual mínimo de 5% das

vagas para essas pessoas.

2.2.4.3. Decreto Federal nº 7.612, de 17 de novembro de 2011

Institui o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência -

Plano Viver sem Limite.

O Plano tem como finalidade promover, por meio da integração

e articulação de políticas, programas e ações, o exercício

pleno e equitativo dos direitos das pessoas com deficiência,

nos termos da Convenção Internacional sobre os Direitos das

Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo.

Residências Inclusivas: são uma modalidade de Serviço de

Acolhimento do Sistema Único de Assistência Social (Suas). Na

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concepção do Viver sem Limites, as residências inclusivas

destinam-se a jovens e adultos com deficiência em situação

de dependência. A residência está organizada em pequenos

grupos (máximo de 10 pessoas) “cuja acolhida e convivência

promove o desenvolvimento de capacidades adaptativas à vida

diária, autonomia e participação social” (Secretaria de Direitos

Humanos da Presidência da República – SDH/PR).

2.3. Reunião 03 – Educação inclusiva

Tema: Educação Inclusiva.

Local: A reunião foi realizada no Plenário da Assembleia Legislativa do Estado

de Pernambuco, às 10 h do dia 10 de maio de 2017.

Participantes: deputada Terezinha Nunes; deputada Laura Gomes; deputado

Paulinho Tomé; deputado Zé Maurício; Vera Lúcia Braga de Moura, gerente de

Políticas Educacionais (educação inclusiva, direitos humanos e cidadania),

representando o Governo do Estado de Pernambuco; Gilvani Alves, gerente de

Educação Inclusiva da Prefeitura do Recife, representando a prefeitura; Maria

Tereza Antunes, presidente da Associação de Pais e Amigos de Pessoas com

Síndrome de Down (Aspad); Izabel Cristina dos Santos (Procuradora do Estado

de Pernambuco e Secretária da Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas

com Deficiências da OAB-PE); Maria do Carmo Oliveira, presidente do

Conselho Estadual do Direito das Pessoas com Deficiência (Coned); Rafaela

Lourenço, advogada da Aspad; Maria Carla Pitanga, representando a

Secretaria de Educação e Técnica Pedagógica da Divisão Especial; Ana

Cláudia Albuquerque, da Associação dos Amigos dos Autistas; Natalli Brandi,

defensora pública do Estado; Juliana Salazar e Juliene Viana, procuradoras da

Assembleia Legislativa de Pernambuco; Bruno Pereira e Marina Freire, da

Consultoria da Assembleia Legislativa de Pernambuco.

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2.3.1. Principais Problemas Apontados

Izabel Cristina dos Santos, da OAB-PE, pontuou como problema:

Muitas escolas particulares não incluem alunos com deficiência, negam

a matrícula ou disponibilizam uma educação inadequada. No entanto,

assim como as escolas públicas, as escolas particulares têm a

obrigação legal de incluir e precisam se adaptar para receber as

pessoas com deficiência.

Juliene Viana, procuradora da Assembleia Legislativa de Pernambuco pontuou

como problema:

A dificuldade para aplicar, regulamentar, difundir e fiscalizar a legislação

existente relacionada à inclusão das pessoas com deficiência,

principalmente nas escolas particulares. Nesse contexto, destacou a

importância da fiscalização e da punição em caso de descumprimento

da legislação, como forma de promover a educação inclusiva no Estado.

Sugestão Apresentada pela Frente: A Deputada Terezinha sugeriu

enviar um documento às escolas sobre a exigência legal de matrícula

das pessoas com deficiência, destacando as penalidades cabíveis em

caso de descumprimento da lei.

2.3.2. Demandas Apresentadas

Juliene Viana, procuradora da Assembleia Legislativa de Pernambuco,

pontuou como demanda:

Revisão dos currículos das graduações, para inclusão de disciplinas

relacionadas ao autismo e ao tema das pessoas com deficiência.

Izabel Cristina dos Santos, da OAB-PE, pontuou como demanda:

Fomentar a expansão do cargo de acompanhante escolar no estado. O

objetivo é capacitar pessoas e criar vagas nas escolas públicas e

particulares para os acompanhantes escolares das crianças com

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deficiência, cargo fundamental para a inclusão e permanência dessas

crianças nas salas comuns. O que corrobora com a política desenvolvida

em Pernambuco, que inclui as crianças com deficiência nas salas

comuns.

2.3.3. Ações e Encaminhamentos da Frente Parlamentar

Foi enviado o Ofício nº 001/2017 à Secretaria de Educação do Estado

de Pernambuco indagando o cumprimento no Estado de Pernambuco da

Resolução nº 04/2008, da Câmara de Educação Básica do Conselho

Nacional de Educação, do Ministério da Educação. O ofício até a

presente data aguarda resposta.

Foi enviado Ofício de nº 047/2017 à Secretaria de Educação do Estado

de Pernambuco solicitando dados estatísticos ou o número de

estudantes com deficiência matriculados nas escolas públicas e privadas

de Pernambuco. A Secretaria respondeu por meio do Ofício nº

2039/2017- GAB/SEE/PE informando que no estado existem 2.245.513

estudantes matriculados nas redes ensino federal, estadual, municipal e

privada, dos quais 34.472 apresentam alguma deficiência, ou seja, o

número de estudantes com deficiência representa a ínfima proporção de

1,512% do alunado pernambucano.

Reunião de articulação com o Unicef, onde foram detalhadas as lacunas

para inclusão das crianças com deficiência em Pernambuco.

2.3.4. Dispositivos legais Relacionados

2.3.4.1. Estatuto da Pessoa com Deficiência (profissional de apoio

escolar)

Definição: “pessoa que exerce atividades de alimentação, higiene

e locomoção do estudante com deficiência e atua em todas as

atividades escolares nas quais se fizer necessária, em todos os

níveis e modalidades de ensino, em instituições públicas e

privadas, excluídas as técnicas ou os procedimentos identificados

com profissões legalmente estabelecidas” (Art. 3º, XIII).

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Cabe ao poder público assegurar, criar, desenvolver,

implementar, incentivar, acompanhar e avaliar a oferta de

profissionais de apoio escolar (Art. 28, XVII).

A mesma obrigação vale para as instituições privadas, vedando-

se a cobrança de valores adicionais por isso.

2.3.4.2. Lei Municipal nº 18.038, de 21 de julho de 2014 (Recife)

Cria 1.000 cargos efetivos de Agente de Apoio ao

Desenvolvimento Escolar Especial no âmbito da rede de

ensino público do município do Recife.

Nível médio.

Entre as atribuições do cargo, encontram-se: realizar a recepção

do/a aluno/a com deficiência na escola; auxiliar nas atividades de

higiene, troca de vestuário e/ou fraldas/absorventes; dar

assistência nas questões de mobilidade ao/à aluno/a com

incapacidade deambulatória total ou parcial nos diferentes

espaços educativos; permanecer durante o período de aula do/a

aluno/a com deficiência dentro da sala; adotar medidas

preventivas e propiciar as condições adequadas para evitar-se

risco a saúde e ao bem-estar do/a aluno/a com deficiência;

auxiliar nas atividades correlatas ao bem-estar do/a aluno/a com

deficiência.

2.3.4.3. Lei nº 15.487, de 27 de abril de 2015

Dispõe sobre a proteção e os direitos da pessoa com Transtorno

de Espectro Autista no Estado de Pernambuco.

Considera-se pessoa com Transtorno do Espectro Autista aquela

portadora de síndrome clínica caracterizada por deficiência

persistente e clinicamente significativa da comunicação e da

interação sociais e por padrões restritivos e repetitivos de

comportamentos, interesses e atividades.

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Para os efeitos da Lei, consideram-se os Transtornos Invasivos

do Desenvolvimento como sinônimos de Transtorno do Espectro

Autista.

Considera-se, para todos os efeitos legais, que as pessoas com

Transtorno do Espectro Autista são pessoas com deficiência.

Entre os direitos da pessoa com Transtorno do Espectro Autista

encontram-se o diagnóstico precoce, início de tratamento

imediato após diagnóstico, tratamento individualizado,

atendimento multidisciplinar e por profissionais especializados,

atendimento em unidade especializada, diferente das destinadas

a tratamento de doenças mentais e a recuperação de

dependentes químicos, entre outros (art. 3º).

Os estabelecimentos de ensino das redes pública e privada de

educação ficam obrigados a incluir em seu ensino regular

estudantes portadores do Transtorno do Espectro Autista (art. 4º).

O gestor escolar, ou autoridade competente, que recusar a

matrícula de aluno com Transtorno do Espectro Autista, ou

qualquer outro tipo de deficiência, será punido com multa de 3

(três) a 20 (vinte) salários-mínimos (art. 5º).

Os estabelecimentos de ensino da rede privada deverão

apresentar projeto de inclusão dos estudantes com necessidades

especiais (art. 6º).

Os Conselhos Profissionais Regionais de Medicina, Psicologia,

Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional, sediados no Estado de

Pernambuco, deverão elaborar e disponibilizar publicamente,

inclusive por meio da internet, no prazo de 90 (noventa) dias após

a edição da Lei, uma lista de profissionais especializados e

capacitados a atender pessoa como Transtorno do Espectro

Autista (art. 10).

2.4. Reunião 04 – Atendimento multidisciplinar e diagnóstico precoce

Tema: Saúde: Atendimento Multidisciplinar/Diagnóstico Precoce.

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Local: A reunião foi realizada na Assembleia Legislativa do Estado de

Pernambuco, Anexo II, na Sala de Reunião da 1ª Secretaria, 3º andar, às 10h

do dia 17 de maio de 2017.

Participantes: deputada Terezinha Nunes; deputada Roberta Arraes;

deputado Paulinho Tomé; Paula Arruda, médica geneticista, Representante da

Associação Novo Rumo; Pepita Duran, fisioterapeuta; Marcos Rodrigues,

gerente regional Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD); Ana

Sofia Costa, representante da Gerência de Atenção Básica da Prefeitura do

Recife; Priscila Araújo Ferraz, diretora da Policlínica Lessa de Andrade/ Núcleo

de Desenvolvimento Infantil da Prefeitura do Recife; Dra. Ivana Botelho,

promotora de Justiça da Promotoria de Saúde do MPPE; Dr. Rodrigo Machado,

representante da Comissão de Saúde OAB; Bianca Arruda, representante do

Conselho Regional de Fonoaudiologia (Crefono); Cintia Vasconcelos,

representante do Conselho Regional de Fisioterapia (Crefito) e Terapia

Ocupacional; Felipe Vieira da Silva, representante do Conselho Regional de

Psicologia da 2ª Região de Pernambuco; Marina Freire, da Consultoria da

Assembleia Legislativa de Pernambuco.

2.4.1. Principais Problemas Apontados

Marcos Rodrigues, gerente Regional da AACD, pontuou como problema:

A necessidade de interiorizar o atendimento e reabilitação das pessoas

com deficiência no estado.

2.4.2. Demandas Apresentadas

Paula Arruda, médica geneticista, Representante da Associação Novo Rumo,

pontuou como demanda:

Desenvolvimento de um trabalho em conjunto com o município de

residência do paciente, para que seja criada uma rede de apoio, que

considere onde será realizado o tratamento, qual a equipe envolvida e o

transporte que será utilizado. Deve incluir, também, a escola na rede,

para que os profissionais de saúde realizem um trabalho em conjunto

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com as escolas. O intuito é aumentar não apenas o acesso do paciente

ao tratamento, mas também a continuidade da terapêutica proposta.

Solução Apresentada na Reunião: Criar uma Rede de Comunicação

Intermunicipal, capaz de traçar um perfil fundamental sobre as

condições de transporte, de tratamento e da família do paciente

diagnosticado com alguma deficiência. A proposta é avaliar o local de

residência, se há centros de reabilitação próximos, suas condições de

transporte, a renda familiar e os profissionais que serão envolvidos no

tratamento; para que, a partir desse perfil, a rede possa encaminhá-lo

aos serviços necessários às suas demandas, segundo seu contexto

familiar. Nesse cenário, a Comissão Intergestores Bipartite é um

importante espaço para discutir a criação da rede, uma vez que é onde

ocorre a Programação Pactuada Integrada dos Municípios.

Pepita Duran, fisioterapeuta, pontuou como demanda:

Criação de parcerias público-privadas para a oferta de serviços de

diagnóstico e tratamento de pessoas com deficiência na rede privada.

Sugestão Apresentada pela Frente: A deputada Terezinha Nunes

sugeriu a criação de um Grupo Médico em Pernambuco, destinado à

realização de mutirões de saúde, para atendimento e diagnóstico de

pessoas com deficiência.

Marcos Rodrigues, gerente regional da AACD, pontuou como demandas:

Divulgação nas mídias e nas unidades de saúde da Rede de

Atendimento e Reabilitação existente no estado.

Solução Apresentada na Reunião: Desenvolvimento de campanhas

informativas estaduais, que esclareçam o público sobre a Rede de

Atendimento e Reabilitação disponível.

Divulgação dos direitos das pessoas com deficiência, como por

exemplo, ao recebimento de cadeiras de rodas motorizadas na AACD,

custeadas pelo SUS.

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Criação de Polos Avançados de Oficinas Ortopédicas no interior do

estado. Marcos Rodrigues informou que a AACD está em contato com

três grandes Geres do interior – Caruaru, Garanhuns e Petrolina – para

criação de polos avançados nessas regiões e destacou a importância de

a Assembleia Legislativa fomentar o processo, fundamental para

interiorização do serviço de reabilitação no estado.

Cintia Vasconcelos, representante do Conselho Regional de Fisioterapia e

Terapia Ocupacional, pontuou como demandas:

Criação de Modelos Lógicos de atendimento pelos Conselhos Regionais

dos profissionais envolvidos no atendimento das pessoas com

deficiência, para organizar a rede de atendimento, tratamento e

reabilitação e facilitar o trabalho multidisciplinar.

Inclusão de matérias relacionadas à acessibilidade, inclusão e

tratamento das pessoas com deficiência nas disciplinas da graduação de

cursos relacionados ao tratamento e inclusão de pessoas com

deficiência, como Medicina, Fisioterapia, Psicologia e Pedagogia.

Felipe Vieira da Silva, representante do Conselho Regional de Psicologia da

2ª Região de Pernambuco, pontuou como principal demanda:

Necessidade de psicólogos para surdos, com habilitação em libras.

2.4.3. Ações e Encaminhamentos da Frente Parlamentar

Agendamento de reuniões e audiências com os municípios para tratar

da interiorização dos atendimentos.

Apresentação de emenda parlamentar destinada a levar oficinas de

órteses e próteses da AACD para três cidades do interior do estado.

Articulação com a Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe)

para a sensibilização dos municípios em relação à temática da pessoa

com deficiência.

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Articulação da criação das Frentes Municipais em Defesa das Pessoas

com Deficiência, cuja indicação foi oficializada a cada presidência das

câmaras municipais dos 184 municípios do estado.

2.4.4. Dispositivos legais Relacionados

2.4.4.1. Decreto nº 44.474, de 23 de maio de 2017

Dispõe sobre normas relativas à formalização de parcerias entre

a administração pública estadual e organizações da

sociedade civil, mediante termos de colaboração, termos de

fomento e acordos de cooperação.

A organização da sociedade civil deve apresentar objetivos

voltados à promoção de atividades e finalidades de relevância

pública e social.

Os requisitos que as organizações devem cumprir para a

celebração das parcerias com a administração estadual, incluindo

a documentação necessária, estão previstos nos arts. 38 a 42 do

Decreto.

2.5. Reunião 05 – Doenças Raras e a síndrome congênita do Zika Vírus

Tema: Doenças Raras e Síndrome Congênita do Zika Vírus.

Local: A reunião foi realizada no Plenário da Assembleia Legislativa do Estado

de Pernambuco, às 10h do dia 24 de maio de 2017.

Participantes: deputada Terezinha Nunes; deputada Laura Gomes; Vanessa

Van Der Linden, neuropediatra; Mirtes Gomes Araújo, da Secretaria de Saúde

do Recife; Madalena Oliveira, da Secretaria de Saúde do Estado; Matheus

Pereira, da OAB-PE; Poliana Dias, presidente da Aliança de Mães e Famílias

Raras (Amar); Suhellen Oliveira, presidente da Associação de Amigos e

Portadores de Doenças Neuromusculares (Donem); Germana Soares,

presidente da União das Mães de Anjos (UMA); Danielly Laís, do Crefito;

Arabela Veloso de Morais, representante da atenção à pessoa com deficiência

da Secretaria Estadual de Saúde; Marina Freire, da Consultoria da Assembleia

Legislativa de Pernambuco.

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2.5.1. Principais Problemas Apontados

Dra. Vanessa Van Der Linden, neuropediatra, pontuou como problema:

Os planos de saúde são obrigados a custear os exames genéticos que

estão elencados na Resolução Normativa 387/2015 da ANS. Como não

costumam cumprir esta obrigatoriedade, ocorre a judicialização dessas

demandas.

Germana Soares, presidente da UMA, pontuou como problemas:

A falta de centros de reabilitação no estado para pacientes com

deficiência, principalmente no interior.

A necessidade de realizar o recadastramento, a cada dois anos, do VEM

Livre Acesso, mesmo no caso de doença incapacitante permanente.

Cobrança de multa pelo Grande Recife Consórcio de Transporte em

caso de não comparecimento ao recadastramento. Afirmou que se trata

de cobrança ilegal, proibida pelo MPPE.

Quem não compareceu ao recadastramento em 2017, só consegue

agendar o recadastramento em 2018, mas até lá o cartão fica

bloqueado.

Dificuldade na marcação das consultas, que muitas vezes deveriam ser

mensais, para controle e ajuste da medicação.

Os pais de crianças com deficiência que recebem o Benefício de

Prestação Continuada (BPC) não podem contribuir para o Regime Geral

de Previdência Social (RGPS).

2.5.2. Demandas Apresentadas

Germana Soares, presidente da UMA, pontuou como demanda:

Criação de políticas públicas para as mães cuidadoras, voltadas para a

previdência, saúde e qualidade de vida, como atendimento preferencial

para realização de consultas, mamografias e outros exames.

Dra. Vanessa Van Der Linden, neuropediatra, pontuou como demandas:

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Desenvolvimento de um Sistema de Triagem Neonatal adequado,

medida fundamental para o diagnóstico precoce das doenças raras.

Criação de um Centro de Referência de Doenças Raras em

Pernambuco, onde sejam realizados diagnóstico, tratamento,

encaminhamento e capacitação, por uma equipe multidisciplinar de

profissionais qualificados em genética, neuropediatria, cardiologia e

nefrologia, dispondo, ainda, de estrutura laboratorial, para realização de

exames específicos, que otimizem o diagnóstico precoce.

Resposta à demanda: Iran Costa, Secretário de Saúde do Estado de

Pernambuco, na reunião do dia 20/02/2018 realizada pela Frente

Parlamentar, anunciou a inauguração, na primeira semana do mês de

abril de 2018, do Centro de Referência de Doenças Raras de

Pernambuco, que funcionará no Hospital Maria Lucinda.

Suhellen Oliveira, presidente da Donem, pontuou como demanda:

Cumprimento da Portaria MS 370/2008, que institui no SUS a ventilação

não invasiva para os pacientes com doenças neuromusculares,

fundamental para o desenvolvimento e a melhoria da qualidade de vida

das crianças que dependem de ventilação artificial para viver.

2.5.3. Ações e Encaminhamentos da Frente Parlamentar

Intercomunicação com a Anvisa, para apresentar os problemas

relatados.

Destinação de emenda parlamentar para a criação de um Centro de

Referência de Doenças Raras no estado de Pernambuco.

Intervenção e sensibilização junto à Secretaria de Saúde para discutir as

demandas apresentadas pelas ONGs.

Sugestão e indicação à Secretaria de Saúde da implementação de

novos atendimentos e políticas específicas para pessoas com doenças

raras.

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Na proposta de alteração da Lei do VEM, foi retirada a necessidade de

recadastramento, mesmo que bianual, para pessoas com deficiência

permanente.

Estreitamento junto ao Conselho de Medicina de Pernambuco

(Cremepe), para relatar as pautas apresentadas pelas ONGs,

principalmente no que diz respeito ao manuseio de pacientes com

doenças raras, diagnóstico e atendimentos de saúde à pessoa com

doença rara.

Criação de um grupo de trabalho formado por mães, ONGs e Cremepe,

para o desenvolvimento da Cartilha de Manuseios para Pessoa com

Doenças Raras.

Foi encaminhado o Ofício de nº 242/2017 à Prefeitura da Cidade do Recife,

a fim de solicitar ao Prefeito da Cidade o fornecimento do suplemento

alimentar FORTINI as crianças vítima da Síndrome Congênita do Zika

Vírus.

2.5.4. Dispositivos legais Relacionados

2.5.4.1. Resolução Normativa nº 387, de 28 de outubro de 2015, da

Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)

Atualiza o Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde, que

constitui a referência básica para cobertura assistencial mínima

nos planos privados de assistência à saúde, contratados a partir

de 1º de janeiro de 1999.

No caso do Plano Hospitalar, os acompanhantes de pessoas com

deficiência têm direito a cobertura das despesas, incluindo

alimentação e acomodação, salvo contraindicação justificada do

médico. (Art. 22, VII, c)

Anexo I, Capítulo IV (Procedimentos diagnósticos e terapêuticos,

incluindo os de natureza genética).

2.5.4.2. Portaria do Ministério da Saúde nº 199, de 30 de janeiro de 2014

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Institui a Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas

com Doenças Raras, aprova as Diretrizes para Atenção Integral

às Pessoas com Doenças Raras no âmbito do Sistema Único de

Saúde (SUS) e institui incentivos financeiros de custeio.

Definição de doença rara: aquela que afeta até 65 pessoas em

cada 100.000 indivíduos, ou seja, 1,3 pessoas para cada 2.000

indivíduos.

Objetivo: “reduzir a mortalidade, contribuir para a redução da

morbimortalidade e das manifestações secundárias e a melhoria

da qualidade de vida das pessoas, por meio de ações de

promoção, prevenção, detecção precoce, tratamento oportuno

redução de incapacidade e cuidados paliativos” (art. 4º).

Atenção especializada deverá contar com Serviço de Atenção

Especializada em Doenças Raras e Serviço de Referência em

Doenças Raras (este último, para atenção e tratamento de

pessoas pertencentes a, no mínimo, dois eixos assistenciais)

2.5.4.3. Portaria nº 370, de 4 de julho de 2008 (Ministério da

Saúde/Secretaria de Atenção à Saúde)

Estabelece o rol de doenças neuromusculares incluídas no

“Programa de Assistência Ventilatória Não Invasiva aos

Portadores de Doenças Neuromusculares”.

Estabelece as Indicações Clínicas para a utilização de ventilação

não invasiva em pacientes portadores de doenças

neuromusculares.

Secretarias de Saúde dos estados e dos municípios ficam

responsáveis por organizar e implantar o Programa de

Assistência Ventilatória Não Invasiva aos Portadores de Doenças

Neuromusculares.

O Gestor do SUS deve identificar, entre os serviços integrantes

de sua rede assistencial, aqueles que estejam aptos a realizar as

atividades preconizadas pelo programa, especificamente, serviço

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que disponha, como responsável técnico, de médico

pneumologista, além de pessoal técnico habilitado ao

manuseio/manutenção do equipamento previsto para uso no

Programa.

Cabe à Comissão Intergestores Bipartite (CIB) aprovar a

indicação do serviço.

Só podem ser incluídos no programa portadores das doenças

estabelecidas no Anexo I da portaria.

2.5.4.4. Lei Federal nº 13.146, de 6 de julho de 2015 (Estatuto da Pessoa

com Deficiência)

Penalidades previstas nos arts. 88 a 91 e no art. 103.

Art. 88: Pena de reclusão de um a três anos e multa para quem

praticar, induzir ou incitar discriminação de pessoa em razão de

sua deficiência.

Art. 89: Pena de reclusão de um a quatro anos e multa para quem

se apropriar de ou desviar bens, proventos, pensão, benefícios,

remuneração ou qualquer outro rendimento de pessoa com

deficiência.

Art. 90: Pena de reclusão de seis meses a três anos e multa para

quem abandonar pessoa com deficiência em hospitais, casas de

saúde, entidades de abrigamento ou congêneres.

Art. 91: Pena de detenção de seis meses a dois anos para quem

retiver ou utilizar cartão magnético, qualquer meio eletrônico ou

documento de pessoa com deficiência destinados ao recebimento

de benefícios, proventos, pensões ou remuneração ou à

realização de operações financeiras, com o fim de obter

vantagem indevida para si ou para outrem.

Art. 103: inclui o descumprimento de requisitos de acessibilidade

entre as hipóteses de crime de improbidade por atentado contra a

administração pública.

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33

2.5.4.5. Lei nº 14.916, de 18 de janeiro de 2013

Concede às pessoas com deficiência gratuidade nos veículos do

Sistema de Transporte Público de Passageiros da Região

Metropolitana do Recife - STPP/RMR.

O benefício é identificado por meio do Vale Eletrônico

Metropolitano de Livre Acesso (VEM LA).

Tal gratuidade não é cumulativa com outros benefícios de

gratuidade total ou parcial, devendo, em caso de duplo benefício,

ser validado prioritariamente o VEM LA, salvo manifestação

expressa do beneficiário.

É assegurada a extensão do benefício da gratuidade a um

acompanhante da pessoa com deficiência, desde que

necessite de ininterrupta assistência, devidamente comprovada e

justificada em laudo de equipe de saúde previamente credenciada

pelo CTM (Consórcio de Transportes Metropolitanos da Região

Metropolitana do Recife).

Na hipótese do duplo benefício ser caracterizado pela gratuidade

cumulativa concedida aos idosos, o VEM LA será cancelado,

preservando-se a gratuidade pela condição de idoso e, quando

necessário, a extensão do benefício da gratuidade a um

acompanhante (art. 1º, § 4º).

Art. 2º, § 1º, define legalmente os conceitos de deficiência física,

visual, intelectual e múltipla.

Art. 2º, § 2º, define os seis documentos necessários à

concessão do benefício, incluindo o laudo de equipe de saúde

multidisciplinar composta por médico especialista, assistente

social e psicólogo, além de fisioterapeuta ou terapeuta

ocupacional, todos previamente credenciados pela CTM. É neste

laudo que deverá ser atestada a necessidade de acompanhante

para assistência ininterrupta, bem como se a deficiência é

temporária ou permanente.

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O benefício de gratuidade deve ser revisto a cada dois anos

para avaliação da continuidade das condições que lhe deram

origem. O não comparecimento na revalidação ou no

recadastramento implicará na suspensão imediata dos efeitos

da gratuidade até posterior confirmação da condição de

deficiência.

O uso indevido do benefício acarretará o cancelamento

automático do VEM LA.

Para emissão de 2ª via do VEM LA, cobra-se valor equivalente ao

de dez tarifas do anel tarifário “B”.

2.6. Reunião 06 – A deficiência visual e o Sistema Braille em Pernambuco

Tema: Acessibilidade Comunicacional: A deficiência visual e o Sistema Braille

em Pernambuco.

Local: A reunião foi realizada na Assembleia Legislativa do Estado de

Pernambuco, Anexo II, na Sala de Reunião da 1ª Secretaria, 3º andar, às 10h

do dia 8 de junho de 2017.

Participantes: deputada Terezinha Nunes; deputada Laura Gomes; Ronei

Picarte, do Instituto de Cegos; Paulo Domingos Ferreira, presidente da

Associação Beneficente dos Cegos do Recife; José Diniz, presidente da

Associação Pernambucana de Cegos; Irmã Maria Gomes, diretora do Instituto

de Cegos do Recife; Adryana Calheiros, professora de Orientação e Mobilidade

do Instituto de Cegos; Vitória Damasceno, pedagoga e técnica brailista do

Instituto de Cegos; Nátalli Brandi, defensora pública do Estado; Rogério June

de Andrade L. Filho, representando a Coordenação Geral da Superintendência

Estadual de Apoio a Pessoa com Deficiência da Sead; Arenilda Duque,

representando a Gerência da Pessoa com Deficiência do Recife; Izabel Cristina

dos Santos (Procuradora do Estado de Pernambuco e Secretária da Comissão

de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiências da OAB-PE); Marina

Freire, da Consultoria da Assembleia Legislativa de Pernambuco.

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2.6.1. Principais Problemas Apontados

Irmã Maria Gomes, diretora do Instituto de Cegos do Recife, pontuou como

problema:

A baixa escolaridade, que impede a inclusão social e no mercado de

trabalho, dificultando inclusive o aprendizado do braile, pois para

aprender o Sistema Braille é preciso saber Português.

Vitória Damasceno, pedagoga e técnica brailista do Instituto de Cegos,

pontuou como problema:

Má administração dos recursos materiais e humanos existentes. As

salas de recursos e os materiais disponíveis para inclusão das pessoas

com deficiência devem ser alocados nas escolas onde há alunos com

deficiência, que utilizarão os recursos disponíveis. A equipe precisa ser

treinada para utilizar o material disponível.

Adryana Calheiros, professora de Orientação e Mobilidade do Instituto de

Cegos, pontuou como problema:

A falta de acessibilidade nas calçadas, o que provoca insegurança,

medo, e dificulta a obtenção da autonomia desejada.

José Diniz, presidente da Associação Pernambucana de Cegos, pontuou

como problemas:

A maior parte dos painéis eletrônicos dos serviços públicos mostra o

número, mas não dispõe de sistema de senha com voz, o que

impossibilita o cego de acompanhar a sequência de senhas chamadas,

provocando constrangimento e exclusão.

Falta de acessibilidade no BRT (Bus Rapid Transit ou Transporte Rápido

por Ônibus).

As mais de 200 salas de recursos multifuncionais das escolas do Estado

não possuem o devido uso, são subutilizadas.

Todas as salas de recursos multifuncionais possuem impressoras braile,

mas a maioria delas não é utilizada. Destaca que essa denúncia é

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grave, pois as impressoras poderiam ser utilizadas para fomentar a

tradução em braile no Estado, trazendo um importante impacto na

educação.

Resposta à demanda: Sunnye Rose Carlos, da Secretaria de Educação

de Pernambuco, na reunião de 28/06/2017 da Frente Parlamentar,

afirmou que está fazendo um levantamento para constatar onde há

impressoras braile e quem são os responsáveis, para que possam ser

devidamente utilizadas.

Má distribuição dos recursos existentes para inclusão de pessoas com

deficiência. Há muitos materiais em escolas com pouco ou nenhum

aluno com deficiência e pouco material em escolas com mais alunos que

necessitam dos recursos.

A existência de mais de 14 mil vagas de trabalho abertas para pessoas

com deficiência no estado, que não conseguem ser preenchidas porque

as empresas contratantes afirmam que as pessoas não estão habilitadas

para desenvolver as funções dos cargos ofertados.

Paulo Domingos Ferreira, presidente da Associação Beneficente dos Cegos

do Recife, pontuou como problema:

Falta de acessibilidade das calçadas. Segundo ele, a Prefeitura do

Recife informou haver mais de 100 Km de calçadas acessíveis em

Recife, mas as pessoas com deficiência presentes na reunião afirmaram

desconhecer essa realidade.

Izabel Cristina dos Santos, da OAB-PE, pontuou como problema:

Falta de aplicação e fiscalização da legislação que garante os direitos

das pessoas com deficiência no estado.

2.6.2. Demandas Apresentadas

Vitória Damasceno, pedagoga e técnica brailista do Instituto de Cegos,

pontuou como demanda:

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Difundir e fiscalizar a transcrição em braile nas escolas, nos

estabelecimentos comerciais, nas instituições públicas e privadas, para

que se torne uma prática rotineira. Para isso, destaca-se a importância

da fiscalização, para promover a acessibilidade comunicacional no

estado.

José Diniz, presidente da Associação Pernambucana de Cegos, pontuou

como demanda:

Acessibilidade do site e do prédio da Assembleia Legislativa de

Pernambuco.

Ação da Frente Parlamentar: A Frente convidou o Conselho da Pessoa

com Deficiência de Pernambuco – Coned, para fazer uma visita às

instalações da Assembleia Legislativa de Pernambuco. A partir da visita foi

produzido o relatório Varredura de Acessibilidade da Assembleia

Legislativa, encaminhado à Mesa Diretora com as sugestões de

implementação de recursos de acessibilidade em diversas dimensões:

física, comunicacional (intérprete de libras de plantão nas audiências),

guias videntes para atender a pessoas cegas, pisos adequados para cegos

e redes sociais acessíveis através de aplicativos de tecnologia assistiva. O

relatório da vistoria foi encaminhado à Mesa Diretora. A Alepe se

pronunciou por meio do Ofício nº 010/2017 e citou as medidas que estão

sendo tomadas para adequar a acessibilidade física da Casa.

Paulo Domingos Ferreira, presidente da Associação Beneficente dos Cegos

do Recife, pontuou como demanda:

Desenvolvimento de políticas para apoiar e incentivar o Terceiro Setor,

que é fundamental na inclusão das pessoas com deficiência, mediante a

prestação de assistência e capacitação.

Ronei Picarte, do Instituto de Cegos, pontuou como demandas:

Criação de lei que determine a obrigatoriedade do piso tátil nos

estabelecimentos públicos e privados do Estado.

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Divulgar e fiscalizar a LBI. A divulgação é fundamental para que as

pessoas com deficiência conheçam seus direitos e possam efetivamente

cobrá-los.

2.6.3. Ações e Encaminhamentos da Frente Parlamentar

Produção e envio do diagnóstico de acessibilidade e varredura da

Alepe para a Mesa diretora e articulação para efetivação e

acessibilização da casa.

Ofício nº 001/2017 encaminhado à Secretaria de Educação

solicitando informações acerca da má utilização das impressoras em

braile nas escolas da rede estadual de ensino. Não há resposta.

Foi encaminhado à Mesa Diretora da Alepe o Ofício de nº024/2017 da

Frente solicitando ao Poder Legislativo que disponibilize tradutores de

Libras na Casa, converta a legislação já produzida e a que venha ser

produzida para o braile e que a Escola do Legislativo realize curso para

capacitar os servidores a fim de atender de forma satisfatória as pessoas

com deficiência. Não foi respondido até a presente data.

2.6.4. Dispositivos legais Relacionados

2.6.4.1. Legislação sobre acessibilidade em braile (Estado de

Pernambuco).

Lei nº 13.401, de 4 de março de 2008: torna obrigatório o

oferecimento de cardápios em braile e cardápios com fonte

ampliada nos bares, restaurantes, lanchonetes, hotéis e

estabelecimentos similares no Estado de Pernambuco.

Lei nº 13.084, de 4 de setembro de 2006: determina que os

prédios de funcionamento de órgãos públicos estaduais

construídos ou reformados a partir da publicação da lei deverão

possuir nas suas dependências sinalização tátil, sonora e

visual, nos termos preconizados pela ABNT/NBR 9050:2004,

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para fins de possibilitar a acessibilidade dos deficientes visuais e

auditivos.

Lei nº 13.714, de 20 de fevereiro de 2009: obriga as farmácias e

drogarias do Estado de Pernambuco a oferecerem a lista em

braile de medicamentos genéricos.

Lei nº 14.379, de 2 de setembro de 2011: determina que os

convênios firmados após a publicação desta Lei entre o Estado

de Pernambuco e os municípios, destinados à construção e

reformas de parques, praças e outros locais para a prática de

esportes e lazer, deverão prever a implantação de academia ao

ar livre com acessibilidade, de jardim sensorial e de outros

equipamentos desenvolvidos para a utilização de pessoas com

deficiência ou com mobilidade reduzida (incluindo informativo em

braile).

Lei nº 14.582, de 21 de março de 2012: obriga as instituições

financeiras e demais administradoras de cartões de crédito a

emitirem seus produtos na linguagem braile.

Lei nº 12.509, de 23 de dezembro de 2003: assegura às pessoas

portadoras de deficiência visual, no âmbito do Estado de

Pernambuco, o direito a terem a sua disposição as seguintes

informações escritas em relevo pelo Sistema Braille: I)

identificação das telas de acionamento de elevadores de edifícios

privados destinados ao uso coletivo e de edifícios de uso privado;

e II) identificação do número do andar nas áreas internas de

edifícios privados destinados ao uso coletivo e de edifícios de uso

privado.

Lei nº 14.262, de 5 de janeiro de 2011: assegura aos portadores

de deficiência visual o direito de receber os boletos de pagamento

de suas contas de água, energia elétrica e telefonia

confeccionados em braile.

A maioria dessas Leis não foi regulamentada pelo Poder

Executivo.

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2.6.4.2. Lei Municipal nº 18.289/2016 (Recife)

Cria o Grupo Ocupacional em Acessibilidade

Cargos: 19 de Assistente em Acessibilidade e 18 de Analista em

Acessibilidade.

Ambos exercem as funções de Intérprete de Linguagem Brasileira

de Sinais - Libras e brailista.

Os servidores no cargo de analista exercem também as funções

de guia intérprete e audiodescritor.

2.7. Reunião 07 – VEM Livre Acesso

Tema: VEM Livre Acesso – Recadastramento, lacunas e funcionamento do

transporte coletivo para pessoas com deficiência em Pernambuco.

Local: A reunião foi realizada na Assembleia Legislativa do Estado de

Pernambuco, Anexo IV, Plenarinho II, às 10h do dia 15 de junho de 2017.

Participantes: deputada Terezinha Nunes; deputada Laura Gomes; deputado

Edilson Silva; Westie Conti Júnior, promotor de Justiça do MPPE; Matheus

Pereira, vice-presidente da Comissão dos Defesa dos Direitos da Pessoa com

Deficiência da OAB-PE; Maria do Carmo Oliveira, presidente do Conselho

Estadual da Pessoa com Deficiência (Coned); Marcos Petrônio Iglesias,

gerente de relacionamento do Grande Recife Consórcio de Transporte;

Edmilson Silva, superintendente estadual de Apoio à Pessoa com Deficiência

(Sead); Kátia Sena, gerente de fiscalização do Grande Recife Consórcio de

Transporte; Paulo Fernando, vice-presidente do Conselho Municipal da Pessoa

com Deficiência (Comud); José Carlos Monteiro; Germana Soares, presidente

da União de Mães de Anjos (UMA).

2.7.1. Principais Problemas Apontados

Dr. Westie Conti Jr pontuou como problema:

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Uma pessoa idosa com deficiência tem direito a um acompanhante pelo

VEM Livre Acesso, mas quando faz 65 anos, perde o direito ao

acompanhante.

Germana Soares, presidente da União de Mães de Anjos (UMA), pontuou

como problemas:

Necessidade de levar a documentação para recadastramento do cartão

VEM ao Centro de Referência de Assistência Social (Cras) de cada

município, que em diversos municípios não funciona satisfatoriamente.

Prazo longo de espera para obtenção do cartão VEM Livre Acesso.

Germana afirmou que esperou oito meses desde a solicitação até o

recebimento do cartão de seu filho.

Falta de padronização do prazo de recadastramento, que deve ser

realizado a cada dois anos. Segundo Germana, seu filho teve que fazer

o recadastramento após um ano de uso do cartão VEM Livre Acesso.

Citou, ainda, casos em que as mães tiveram que recadastrar seus filhos

antes mesmo de receber o cartão.

Cobrança ilegal de multa em caso de não comparecimento ao

recadastramento. Citou o caso do seu filho, que adoeceu e não pode

comparecer ao recadastramento, e por isso ela foi obrigada a pagar uma

taxa de R$ 44, o equivalente a dez tarifas do anel tarifário “B”. Relatou

que argumentou a ilegalidade da cobrança, mas a Superintendência

Estadual de Apoio à Pessoa com Deficiência - Sead informou que a

proibição era de cobrança da multa para idosos, mas não para pessoas

com deficiência. Expôs, ainda, que pagou a multa em abril de 2017, mas

só conseguiu agendar o recadastramento para agosto de 2018, e até lá

o cartão ficaria bloqueado.

Resposta à demanda: Marcos Petrônio Iglesias, gerente de

Relacionamento do Grande Recife Consórcio de Transporte, afirmou

que a empresa está analisando como fará o ressarcimento das pessoas

que pagaram a taxa ilegal de R$ 44. Ele mencionou que esse valor foi

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instituído para que fossem evitadas desmarcações sistemáticas, mas

reconheceu a ilegalidade da cobrança.

O VEM Livre Acesso é apenas para a Região Metropolitana do Recife

(RMR). Assim, pessoas com deficiência de diversas cidades vizinhas,

que não dispõem de serviços de reabilitação, precisam realizar o

tratamento na RMR, mas não dispõem do VEM Livre Acesso.

2.7.2. Demandas Apresentadas

Dr. Westie Conti Jr pontuou como demandas:

Projeto de Lei para incluir pessoas com Aids, doença de Parkinson e

outras doenças crônicas no rol de pessoas com direito ao VEM Livre

Acesso.

Cumprir a legislação relativa ao VEM Livre Acesso e alterá-la para

melhorar a situação das pessoas com deficiência.

Solução Apresentada na Reunião: Alterar a legislação do VEM Livre

Acesso, para que após a comprovação de deficiência permanente na

perícia médica não seja mais necessário fazer o recadastramento,

apenas uma revalidação mediante a apresentação de comprovação

anual de vida e atualização dos dados cadastrais.

Realização das perícias médicas de maneira padronizada, por

equipes multidisciplinares para obtenção e recadastramento do

cartão VEM Livre Acesso.

Germana Soares, presidente da União de Mães de Anjos (UMA), pontuou

como demandas:

Liberação de um acompanhante no VEM Livre Acesso para as mães das

crianças de colo com deficiência.

Realização de uma palestra com cobradores e motoristas de transportes

públicos para conscientização e sensibilização quanto ao atendimento

das pessoas com deficiência.

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Resposta à demanda: Kátia Sena, gerente de fiscalização do Grande

Recife Consórcio de Transporte, sugeriu a capacitação dos cobradores e

motoristas para melhorar o atendimento às pessoas com deficiência.

2.7.3. Ações e Encaminhamentos da Frente Parlamentar

A Frente Parlamentar se uniu à Sead, ao Coned/PE, ao Comud/Recife, à

Gerência da Pessoa com Deficiência da Prefeitura da Cidade do Recife e à

Comissão da Pessoa com Deficiência da OAB/PE, e, juntos formularam

minuta de Projeto de Lei para alterar a Lei Estadual nº 14.916/2013

conhecida popularmente como Lei do VEM LIVRE ACESSO.

A Frente oficiou o Grande Recife (Ofício nº 021/ 2017) a fim de obter

informações sobre as inúmeras queixas dos usuários do não funcionamento

da rampa de acesso aos ônibus e o atendimento ineficiente dos cobradores

e motorista para com as pessoas com deficiência, bem como as

providências adotadas pelo Grande Recife Consórcio para melhorar o

atendimento aos usuários com deficiência. O Grande Recife respondeu à

Frente por meio do Ofício nº 1136/2017/DOP- CTM que informou,

resumidamente, o seguinte: que as Gerências de Terminais e Fiscalização

têm como rotina a verificação da Plataforma Elevatória Veicular (PEV) e da

Rampa de Acessibilidade Veicular (RAV), que realizou capacitação dos

motoristas e cobradores para atender os usuários com deficiência e que

promove ações educativas com palestras nas garagens e com atividades

lúdicas em escolas e terminais de passageiros.

Participação da frente parlamentar em quatro audiências no MPPE,

sobre o VEM Livre Acesso.

2.7.4. Dispositivos Legais Relacionados

2.7.4.1. Lei nº 14.916, de 18 de janeiro de 2013

Concede às pessoas com deficiência gratuidade nos veículos do

Sistema de Transporte Público de Passageiros da Região

Metropolitana do Recife - STPP/RMR.

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A gratuidade não é cumulativa com outros benefícios (art. 1º, §

3º). No caso de duplo benefício caracterizado pela gratuidade

cumulativa concedida aos idosos, o VEM Livre Acesso é

cancelado, preservando-se a gratuidade pela condição de idoso

(art. 1º, § 4º).

O art. 1º, § 5º, garante a extensão do benefício da gratuidade a

um acompanhante da pessoa com deficiência caso haja

necessidade de assistência ininterrupta.

Como a pessoa idosa com deficiência não faz mais jus à

gratuidade em razão de sua deficiência, e sim de sua idade, em

tese não haveria direito a acompanhante, mesmo que tal

pessoa necessite de assistência ininterrupta. (Esse problema foi

sanado pela Lei nº 16.158, de 6 de outubro de 2017, que alterou

o art. 1º, § 4º, da Lei nº 14.916/2013, de modo a assegurar o

direito a acompanhante da pessoa idosa com deficiência que

comprove a necessidade)

2.7.4.2. Decreto nº 42.887, de 8 de abril de 2016

Regulamenta a Lei nº 14.916/2013.

Cabe ao CTM firmar convênio com os municípios da Região

Metropolitana do Recife com a finalidade de facilitar o acesso do

usuário com deficiência ao benefício da gratuidade, em especial

no que diz respeito ao credenciamento de equipes

multidisciplinares de saúde no âmbito municipal.

O decreto regulamenta de forma mais detalhada os

procedimentos a serem seguidos para a concessão do benefício.

Primeiro, o usuário deve dirigir-se ao Centro de Referência de

Assistência Social (Cras) ou equivalente no município conveniado

para apresentar os documentos solicitados.

Em seguida, o Cras envia tais documentos à equipe de saúde

multidisciplinar de que trata a Lei nº 14.916/2013, além de

agendar o atendimento do requerente pela referida equipe.

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Após a avaliação pela equipe de saúde, o processo é

encaminhado à Superintendência Estadual de Apoio à Pessoa

com Deficiência (Sead) para análise documental.

Por fim, encaminha-se o processo à Junta Médica do CTM, que

avaliará o laudo emitido pela equipe de saúde e emitirá parecer

concedendo ou não o benefício da gratuidade.

Em caso de deferimento, a Junta Médica encaminha a

documentação ao CTM para emissão do VEM LA. Já em caso de

indeferimento, o requerente deverá ser informado e pode entrar

com recurso.

Caberá ao assistente social da equipe de saúde multidisciplinar a

avaliação da necessidade de acompanhante.

O art. 7º do decreto reforça a necessidade de revisão do

benefício a cada dois anos. Fica estipulado que nas revisões

realizadas a partir de 2017 é necessária apenas a apresentação

do VEM LA em uso e de um documento de identificação,

salvo requisição da Junta Médica.

2.8. Reunião 08 – Libras e o acesso à comunicação em Pernambuco

Tema: Língua brasileira de sinais (Libras) e o acesso à comunicação em

Pernambuco.

Local: A reunião foi realizada na Assembleia Legislativa do Estado de

Pernambuco, na Sala de Reunião da Presidência, às 10h do dia 28 de junho de

2017.

Participantes: deputada Terezinha Nunes; Mateus, da OAB; Bernardo Klimsa,

vice-presidente da Associação dos Surdos de Pernambuco (Aspe); José Diniz,

vice-presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa com

Deficiência (Coned); Sunnye Rose Carlos, da Secretaria de Educação de

Pernambuco; Gilvani Pilé, da Gerência de Educação Inclusiva da Secretaria de

Educação da Prefeitura do Recife; Nadja Granja, do Conselho Municipal de

Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Comud) e da Gerência da

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Pessoa com Deficiência do Recife; Mauria Figueiredo Mota, da Gerência de

Educação Inclusiva da Secretaria de Educação da Prefeitura do Recife; Márcia

Elizabete, da Gerência de Educação Inclusiva da Secretaria de Educação da

Prefeitura do Recife; Renê Ribeiro, Presidente da Associação dos Surdos de

Pernambuco (Aspe); Geovanne Oliveira, da Associação dos Surdos de Olinda;

Marina Freire, da Consultoria da Assembleia Legislativa de Pernambuco.

2.8.1. Principais Problemas Apontados

Bernardo Klimsa, Vice-Presidente da Aspe, pontuou como problemas:

A inexistência de intérpretes de Libras no Poder Judiciário, impondo, em

diversos casos, que a pessoa com deficiência auditiva contrate um

intérprete para viabilizar o acompanhamento do processo.

A inexistência de intérpretes de Libras no Detran-PE, para que as

pessoas com deficiência auditiva possam realizar os exames de

habilitação, apesar de haver a Resolução Cetran/PE N° 018/2015, que

regulamenta o atendimento das pessoas com deficiência auditiva

quando da sua formação, especialização e habilitação para condução de

veículo automotor e elétrico.

A inexistência de intérpretes de Libras nos serviços de saúde,

fundamentais na comunicação entre os profissionais de saúde e o

paciente com deficiência auditiva.

Falta de intérprete de Libras em todos os Poderes, todas as esferas e na

iniciativa privada.

Falta de material didático focado em Libras para ser distribuído e

trabalhado nas escolas.

Geovanne Oliveira, da Associação dos Surdos de Olinda, pontuou como

problema:

A dificuldade das pessoas com deficiência auditiva realizarem os

exames de habilitação para condução de veículo no Detran-PE, por falta

de intérprete de Libras na instituição.

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2.8.2. Demandas Apresentadas

Bernardo Klimsa, Vice-Presidente da Aspe, pontuou como demandas:

Contratação de professores surdos para pessoas com deficiência

auditiva, pois muitas vezes o intérprete de Libras não tem o

conhecimento necessário da matéria, dificultando o aprendizado.

Implantar cursos de pós-graduação em Letras Libras nas universidades

públicas do estado, conforme estratégia do Plano Estadual de

Educação.

Renê Ribeiro, Presidente da Aspe, pontuou como demanda:

A contratação de professores surdos, pois muitas vezes o intérprete de

Libras não tem o conhecimento necessário para repassar o conteúdo.

Nadja Granja, do Comud e da Gerência da Pessoa com Deficiência do Recife,

pontuou como demanda:

Maior atuação da Diretoria Executiva de Controle Urbano do Recife

(Dircon) na fiscalização das barreiras físicas e atitudinais impostas às

pessoas com deficiência.

Capacitação obrigatória em Libras dos profissionais da Prefeitura do

Recife.

2.8.3. Ações e Encaminhamentos da Frente Parlamentar

Foi encaminhado à Mesa Diretora da Alepe o Ofício nº024/2017 da Frente

solicitando ao Poder Legislativo que disponibilize tradutores de Libras na

Casa, converta a legislação já produzida e a que venha ser produzida para

o braile e que a Escola do Legislativo realize curso para capacitar os

servidores a fim de atender de forma satisfatória as pessoas com

deficiência. Não foi respondido até a presente data.

2.8.4. Dispositivos Legais Relacionados

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2.8.4.1. Lei Federal nº 13.146, de 6 de julho de 2015 (Lei Brasileira de

Inclusão da Pessoa com Deficiência)

A LBI apresenta diversos dispositivos que tratam sobre a garantia do

uso de Libras e sobre a acessibilidade da pessoa com deficiência

auditiva de modo geral.

No Capítulo IV, que trata sobre o direito à educação, determina-se que

cabe ao Poder Público assegurar a oferta de educação bilíngue, em

Libras como primeira língua e na modalidade escrita da língua

portuguesa como segunda língua, em escolas e classes bilíngues e em

escolas inclusivas (art. 28, IV). Deve ser assegurada também a

formação e disponibilização de tradutores e intérpretes de libras,

bem como a oferta de ensino da Libras (art. 28, XI e XII).

Nos processos seletivos para ingresso em instituições de ensino

superior e de educação profissional e tecnológica, públicas e privadas,

deve haver tradução completa do edital e de suas retificações em

Libras (art. 30, VII).

Os serviços de radiodifusão de sons e imagens devem permitir o uso

janela com intérprete da Libras (art. 67, II).

A produção de artigos científicos em formato acessível, incluindo

Libras, deve ser estimulada pelo Poder Público (art. 68, § 3º).

Cabe também, ao Poder Público, diretamente ou por meio de

parcerias, promover a capacitação de tradutores e intérpretes da Libras

(art. 73).

Art. 109 altera o Código de Trânsito Brasileiro (Lei Federal nº 9.503,

de 23 de setembro de 1997).

Assegura-se, à pessoa com deficiência auditiva, acessibilidade de

comunicação, mediante emprego de tecnologias assistivas ou de

ajudas técnicas em todas as etapas do processo de habilitação. Isso

inclui o material didático audiovisual e as aulas práticas e teóricas,

que devem contar com tradução simultânea em libras (no segundo

caso, mediante requerimento do interessado no ato da inscrição).

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2.8.4.2. Decreto nº 28.587, de 11 de fevereiro de 2015, da Prefeitura da

Cidade do Recife

Cria as salas regulares bilíngues para surdos em escolas

municipais, vinculadas à Secretaria de Educação do Recife, destinadas

às crianças, aos jovens e aos adultos com surdez, com surdez

associadas a outras deficiências, cujos pais do estudante, se menor, ou

o estudante, se maior, optarem por esse serviço no ato da matrícula.

As salas bilíngues destinam-se ao atendimento das etapas da

educação infantil (crianças de 4 a 5 anos), do ensino fundamental

regular e da modalidade de educação de jovens e adultos.

Os estudantes de 0 a 3 anos são encaminhados aos professores do

Atendimento Educacional Especializado.

Nas salas regulares bilíngues para surdos, a Língua Brasileira de

Sinais (Libras) será ofertada como primeira língua, e o idioma

português, como segunda língua, na perspectiva da educação

bilíngue (art. 2º).

Para atuar na regência das salas regulares bilíngues, o profissional

de educação, além da habilitação na área de atuação, deverá

apresentar domínio da Libras (art. 4º, § 1º).

As salas regulares bilíngues funcionarão em escolas polo, de acordo

com a orientação da Secretaria de Educação do Recife (art. 7º).

2.8.4.3. Resolução n° 18, de 22 de dezembro de 2015, do Conselho

Estadual de Trânsito de Pernambuco (Cetran/PE)

Estabelece diretrizes para atendimento das pessoas com deficiência

auditiva quando da sua formação, especialização e habilitação para

condução de veículo automotor e elétrico.

Definição de deficiência auditiva: perda bilateral, parcial ou total, de 41

decibéis ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz,

1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz.

Os órgãos ou entidades executivas de trânsito no Estado de

Pernambuco devem disponibilizar, às pessoas com deficiência auditiva,

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o intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras) nas seguintes fases

do processo de habilitação: I) avaliação psicológica, II) exame de

aptidão física e mental, III) curso teórico técnico, IV) curso de

simulação de prática de direção veicular, V) exame teórico técnico, VI)

curso de prática de direção veicular, VII) exame de direção veicular,

VIII) curso de atualização, IX) curso de reciclagem de condutores

infratores e X) cursos de especialização (art. 2º).

A atuação do intérprete poderá ser substituída por qualquer outro meio

tecnológico hábil para a interpretação da Libras.

Os Centros de Formação de Condutores (CFC) deverão ter,

obrigatoriamente, pelo menos, um instrutor capacitado na Libras para

atender e ministrar as aulas teóricas e práticas às pessoas com

deficiência auditiva (art. 13).

2.8.4.4. Lei nº 11.686, de 18 de outubro de 1999

Reconhece oficialmente no Estado de Pernambuco, como meio de

comunicação objetiva e de uso corrente, a Língua Brasileira de Sinais

(Libras) e dispõe sobre a implantação desta como língua oficial na

Rede Pública de ensino para surdos.

A Rede Pública de ensino deverá garantir acesso à educação bilíngue

(Libras e Língua Portuguesa) no processo ensino-aprendizagem, desde

a educação infantil até os níveis mais elevados do sistema educacional

a todos os alunos portadores de surdez (art. 2º).

Fica incluída a Língua Brasileira de Sinais (Libras) no currículo da Rede

Pública de ensino e dos Cursos de Magistério, de formação superior,

nas áreas de Ciências Humanas, Médicas e Educacionais (art. 3º,

Parágrafo único).

A Administração Pública do Estado de Pernambuco oferecerá cursos

para formação de intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras)

(art. 5º).

A Administração Pública direta, indireta e fundacional manterá em suas

repartições públicas estaduais, bem como nos estabelecimentos

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bancários e hospitalares públicos, o atendimento aos portadores de

surdez, utilizando profissionais intérpretes da Língua Brasileira de

Sinais (Libras) (art. 7º).

2.8.4.5. Lei Federal nº 10.436, de 24 de abril de 2002

Reconhece, como meio legal de comunicação e expressão, a Língua

Brasileira de Sinais (Libras) e outros recursos de expressão a ela

associados.

Regulamentada pelo Decreto Federal nº 5.626, de 22 de dezembro de

2005.

2.8.4.6. Decreto Federal nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005

Dispõe sobre a inclusão da Libras como disciplina curricular, sobre a

formação de professores, instrutores, tradutores e intérpretes de Libras,

sobre a garantia do direito à saúde e à educação às pessoas surdas ou

com deficiência auditiva e sobre o papel do Poder Público no apoio ao

uso e difusão da Libras.

Art. 3º: a Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória

nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério

e nos cursos de Fonoaudiologia.

Art. 4º: a formação de docentes para o ensino de Libras nas séries finais

do ensino fundamental, no ensino médio e na educação superior deve

ser realizada em nível superior, em curso de graduação de licenciatura

plena em Letras: Libras ou em Letras: Libras/Língua Portuguesa como

segunda língua. As pessoas surdas terão prioridades em tais cursos de

formação.

O art. 14 determina às instituições federais de ensino que garantam,

às pessoas surdas, acesso à comunicação, à informação e à educação

nos processos seletivos, nas atividades e nos conteúdos curriculares

desenvolvidos em todos os níveis, etapas e modalidades de educação.

Art. 22 prevê que as instituições federais de ensino responsáveis pela

educação básica devem garantir a inclusão de alunos surdos ou com

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deficiência auditiva por meio da organização de escolas ou classes

bilíngues (na educação infantil e nos anos iniciais do ensino

fundamental), e de escolas bilíngues ou escolas comuns abertas a

alunos surdos e ouvintes (nos anos finais do ensino fundamental, no

ensino médio e na educação profissional).

As instituições federais de ensino deverão, também, garantir

serviços de intérpretes ou tradutores de Libras em seus

equipamentos (art. 23). As instituições privadas, bem como aquelas

da rede pública municipal e estadual, também devem buscar implantar

medidas semelhantes.

O Sistema Único de Saúde e as empresas que detêm concessão ou

permissão de serviços públicos de assistência à saúde também devem

atuar visando a inclusão das pessoas surdas ou com deficiência

auditiva, priorizando os alunos matriculados nas redes de ensino da

educação básica (art. 25).

O Poder Público, as empresas concessionárias de serviços públicos e

os órgãos da administração pública federal, direta e indireta, devem

dispor de, pelo menos, cinco por cento de servidores, funcionários e

empregados capacitados para o uso e interpretação da Libras (art.

26, § 1º).

2.8.4.7. Lei nº 15.533, de 23 de junho de 2015, que aprova o Plano

Estadual de Educação - PEE.

As metas 4, 15 e 16 têm estratégias relacionadas à Libras.

Meta 4: “Universalizar, para a população de quatro a dezessete anos, o

atendimento escolar aos alunos com deficiência, transtornos globais do

desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação [...]”.

Estratégias 4.1 e 4.11 preveem a garantia de acessibilidade no

ambiente escolar (incluindo o uso de libras, braile e comunicação

suplementar alternativa) e a ampliação de equipes adequadas às

demandas de estudantes com deficiência, que incluam tradutores ou

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intérpretes de libras, guias intérpretes para surdocegos e professores

de libras e braile.

Meta 15: “Garantir [...], no prazo de um ano de vigência deste Plano

Estadual de Educação, política nacional de formação e valorização dos

profissionais da educação [...]”.

Estratégia 15.12 prevê a garantia e ampliação de equipes de

profissionais da educação para atender as demandas da escolarização

de estudantes com deficiência (incluindo tradutores ou intérpretes de

libras, guias intérpretes para surdocegos e professores de libras e

braile).

Meta 16: “Formar, em nível de pós-graduação, 37,4% (trinta e sete

vírgula quatro por cento) dos professores da educação básica até o

último ano de vigência deste Plano Estadual de Educação - PEE, e

garantir a todos os profissionais da educação básica a formação

continuada em sua área de atuação, considerando as necessidades,

demandas e contextualizações dos sistemas de ensino”.

Estratégia 16.6 é implantar cursos de pós-graduação na área de

Atendimento Educacional Especializado (AEE) e Letras Libras nas

universidades públicas do estado.

2.9. Reunião 09 – Atendimento à síndrome congênita do Zika vírus em

Pernambuco

Tema: Atendimento à Síndrome Congênita do Zika Vírus em Pernambuco.

Local: A reunião foi realizada na Assembleia Legislativa do Estado de

Pernambuco, na sala do Plenarinho I, às 10h do dia 7 de agosto de 2017.

Participantes: deputada Terezinha Nunes; deputada Laura Gomes; Laura

Patriota, secretária de Saúde do Estado de Pernambuco; Cristina Mota

Secretaria Executiva da Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco; Elaine

Cristina da Silva, vice-presidente da vice-presidente da Aliança de Mães e

Famílias Raras (Amar); Mariana de Paiva Araújo, Coordenação de Atenção

Especializada da Secretaria de Saúde do Recife; Gleyse Kelly, vice-presidente

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da UMA; Juliana Salazar, procuradora da Assembleia Legislativa de

Pernambuco e Marina Freire, da Consultoria da Assembleia Legislativa de

Pernambuco.

2.9.1. Principais Problemas Apontados

Germana Soares, presidente da UMA, pontuou como problema:

Poucos profissionais preparados para colocação de sonda nas crianças.

Solicitou o treinamento dos técnicos de enfermagem das UPAs e dos

hospitais para colocação dessas sondas, relatou que se trata de um

procedimento de baixa complexidade, afirmou, inclusive, que muitas

mães realizam o procedimento.

Elaine Cristina da Silva, vice-presidente da Amar, pontuou como problema:

Reiterou o problema da falta de fisioterapia respiratória no estado para

crianças com a Síndrome Congênita do Zika Vírus.

2.9.2. Demandas Apresentadas

Deputada Terezinha Nunes pontuou algumas demandas apresentadas pela

ONG UMA:

Ampliação e interiorização do número de vagas na Rede de

Atendimento Estadual de Saúde.

Resposta à demanda: Cristina Mota, representante da Secretaria de Saúde,

afirmou que não faltam vagas para o atendimento às crianças com a Síndrome

Congênita do Zika Vírus no estado, e esclareceu que o acesso ao atendimento

é regulado pelos municípios. Afirmou que a descentralização do atendimento

está sendo realizada mediante a ampliação da rede de atendimento no interior,

capacitação dos profissionais de saúde locais e das famílias, além do

desenvolvimento de Protocolos e Fluxos Assistenciais.

Sugestão Apresentada pela Frente: A deputada Laura Gomes sugeriu que a

Secretaria de Saúde dialogasse com os municípios para resolver o problema

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da oferta de vagas para atendimento e reabilitação das crianças com a

Síndrome Congênita do Zika Vírus, uma vez que a sociedade reclama da falta

de vagas e a Secretaria afirma que existem vagas suficientes e que o acesso

às vagas é regulado pelos municípios.

Cristina Mota, representante da Secretaria de Saúde, afirmou que irá fazer a

interlocução com os municípios para melhorar o acesso às vagas existentes

para atendimento e reabilitação das crianças com a Síndrome Congênita do

Zika Vírus.

Aumento no número de sessões terapêuticas para que as crianças sejam

estimuladas adequadamente.

Sugestão Apresentada pela Frente: Construção de uma diretriz estadual de

estimulação precoce das crianças com deficiência, para subsidiar os serviços

de saúde do Estado. Necessidade agravada em razão do cenário de urgência

dado pelo grande número de casos de crianças com a Síndrome Congênita do

Zika Vírus em Pernambuco.

Criação de um programa de acompanhamento, em que as crianças

recebam um cadastro único e um prontuário virtual de acompanhamento,

que poderá ser acessado em todo o estado.

Resposta à demanda: Cristina Mota, representante da Secretaria de Saúde,

afirmou que o Prontuário Eletrônico ainda é uma realidade muito distante.

Elaboração das políticas a partir da escuta das famílias para discussão e

apontamento das demandas e melhoria do atendimento prestado.

Resposta à demanda: Cristina Mota, representante da Secretaria de Saúde,

esclareceu que o governo do estado criou, em 2016, o Núcleo Permanente de

Apoio às Crianças com Microcefalia, um canal permanente de diálogo e escuta

da sociedade civil, com o objetivo de pensar conjuntamente as soluções para

as dificuldades e problemas enfrentados por essas crianças. Informou, ainda,

que o núcleo trabalha em parceria com os municípios e associações,

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desenvolvendo um trabalho de acompanhamento e monitoramento dos casos

notificados.

Germana Soares, presidente da UMA, afirmou que as reuniões são mensais e

esclareceu que são debatidos dois tópicos por reunião.

Deputada Terezinha Nunes e A Deputada Laura Gomes pontuaram como

demanda:

Extensão do PE Conduz para as crianças com a Síndrome Congênita do

Zika Vírus, pois a falta de transporte foi um dos principais problemas

relatados nas reuniões anteriores para acesso ao tratamento.

Resposta à demanda: A Consultoria Legislativa da Alepe pontuou que os

municípios só têm obrigação de custear os deslocamentos relativos ao

Tratamento Fora do Domicílio quando são esgotados todos os meios de

tratamento no próprio município, nos termos do art. 1º, § 1º, da Portaria nº

55/1999, do Ministério da Saúde.

Germana Soares, presidente da UMA, pontuou como demanda:

Ampliação do atendimento e descentralização de fisioterapia respiratória,

do atendimento multidisciplinar e com neurologista e gastropediatra.

Destacou que muitas crianças com a Síndrome Congênita do Zika Vírus

foram a óbito por complicações respiratórias.

Resposta à demanda: Cristina Mota, representante da Secretaria de Saúde,

pontuou que o aumento da oferta de fisioterapia respiratória depende, também,

de ajuda dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf), deve ser promovido

de forma responsável e deve levar em consideração a forma de transporte das

crianças até o local de tratamento.

2.9.3. Ações e Encaminhamentos da Frente Parlamentar

Reunião com a Secretaria de Saúde para alinhar o atendimento de

fisioterapia respiratória na rede de atendimento de saúde.

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Visitas a centros de referências do interior do estado para conhecer o

atendimento da rede de saúde às pessoas com a Síndrome Congênita

do Zika Vírus.

Convite oficial feito à Anvisa para participar de nova audiência temática,

desta vez com abordagem nos suplementos e remédios utilizados por

esses pacientes e que são responsabilidade dos municípios.

O Programa PE Conduz acatou a indicação da frente parlamentar e

passou a atender as pessoas nascidas com a Síndrome Congênita do

Zika Vírus.

Encaminhamento do pleito da ONG UMA à Secretaria de Saúde, com o

pedido da criação do prontuário único e online para pessoa com a

Síndrome Congênita do Zika Vírus.

2.9.4. Dispositivos Legais Relacionados

2.9.4.1. Portaria nº 55, de 24 de fevereiro de 1999, do Ministério da

Saúde

Dispõe sobre a rotina do Tratamento Fora de Domicilio no Sistema

Único de Saúde – SUS.

A portaria estabelece que as despesas relativas ao deslocamento de

usuários do Sistema Único de Saúde - SUS para tratamento fora do

município de residência possam ser cobradas por intermédio do

Sistema de Informações Ambulatoriais - SIA/SUS, observado o teto

financeiro definido para cada município/estado.

O pagamento das despesas relativas ao deslocamento em TFD só

será permitido quando esgotados todos os meios de tratamento no

próprio município (art. 1º, § 1º).

Art. 5°: caberá às Secretarias de Estado da Saúde/SES propor às

respectivas Comissões Intergestores Bipartite (CIB) a estratégia de

gestão entendida como: definição de responsabilidades da SES e

das Secretarias Municipais de Saúde para a autorização do TFD;

estratégia de utilização com o estabelecimento de critérios, rotinas e

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fluxos, de acordo com a realidade de cada região e definição dos

recursos financeiros destinados ao TFD.

§ 1° A normatização acordada será sistematizada em Manual

Estadual de TFD a ser aprovado pela CIB [...].

Art. 7°: será permitido o pagamento de despesas para deslocamento

de acompanhante nos casos em que houver indicação médica,

esclarecendo o porquê da impossibilidade do paciente se deslocar

desacompanhado.

2.10 Reunião 10 - As estatísticas da deficiência por acidentes de moto

em Pernambuco

Tema: Trânsito x motos – as estatísticas da deficiência nos acidentados.

Local: A reunião foi realizada na Assembleia Legislativa do Estado de

Pernambuco, no Plenarinho III, às 9h do dia 16 de agosto de 2017.

Participantes: deputada Terezinha Nunes; deputada Laura Gomes; deputada

Roberta Arraes; cel. PM Raul Cavalcanti, comandante do Batalhão de Trânsito;

Dr. Hélio Calábria, coordenador de Educação do Cepama; cel. PM Fábio

Bagetti, coordenador executivo da Operação Lei Seca; Maria Aparecida

Eugênio, coordenadora de Atenção à Saúde da Pessoa com Deficiência da

Secretaria Estadual de Saúde; Cláudia Castro, chefe do Setor de Vigilância do

Dante; Francisco Irineu, coordenador do Programa de Educação para o

Trânsito.

2.10.1. Principais Problemas Apontados

Hélio Calábria, coordenador de Educação do Cepama, pontuou como

problemas:

Os acidentes de moto são os maiores responsáveis pelos casos de

deficiência por causas evitáveis no estado. Levantamento realizado em

2010 apontou que 11% dos pacientes que deram entrada no Hospital da

Restauração devido a acidentes de motos saíram amputados ou

paraplégicos.

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Francisco Irineu, coordenador do Programa de Educação para o Trânsito,

pontuou como problemas:

Bancos de dados dos principais órgãos de fiscalização do trânsito não

são integrados.

Alto número de motoristas sem CNH (Carteira Nacional de Habilitação).

Cláudia Castro, chefe do Setor de Vigilância do Dante, pontuou como

problemas:

Necessidade de padronização e integração dos bancos de dados sobre

acidentes.

Alta velocidade e a infraestrutura das pistas são as principais causas de

acidentes.

Maria Aparecida Eugênio, Coordenadora de Atenção à Saúde da Pessoa com

Deficiência da Secretaria Estadual de Saúde, pontuou como problema:

Excessiva concentração de unidades de reabilitação na Região

Metropolitana do Recife.

2.10.2. Demandas Apresentadas

Francisco Irineu, coordenador do Programa de Educação para o Trânsito, e

Cláudia Castro, chefe do Setor de Vigilância do Dante, pontuaram como

demanda:

A necessidade de integração dos bancos de dados de diferentes órgãos

sobre acidentes (CTTU, Secretaria de Defesa Social, Samu e Corpo de

Bombeiros Militar).

Solução Apresentada na Reunião: Hélio Calábria, coordenador de

Educação do Cepama, propôs a utilização de ferramenta de B.I.

(Business Inteligence) para padronizar e consolidar todas as

informações.

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Hélio Calábria, Francisco Irineu e Cláudia Castro pontuaram como

demanda:

A necessidade de uma ação mais efetiva na prevenção de acidentes

com motocicletas.

Soluções Apresentadas na Reunião: Francisco Irineu, coordenador do

Programa de Educação para o Trânsito, sugeriu como soluções alterar o

Código de Trânsito Nacional para proibir o uso de certos calçados; e

definir um percentual mínimo do que é arrecadado com multas, para que

cada órgão gestor de trânsito utilize o montante com ações e programas

de educação no trânsito.

Soluções Apresentadas na Reunião: Hélio Calábria, coordenador de

Educação do Cepama, pontuou como soluções a municipalização da

gestão do trânsito, a exemplo do que foi feito no município de Caruaru; e

exigência de CNH para compra de veículos.

Sugestão Apresentada pela Frente Parlamentar: a deputada Laura

Gomes sugeriu a inclusão da Amupe (Associação Municipalista do

Estado de Pernambuco) no debate sobre a municipalização do trânsito.

Sugestão Apresentada pela Frente Parlamentar: a deputada Roberta

Arraes apontou a necessidade de desburocratizar o processo de

municipalização do trânsito.

Maria Aparecida Eugênio, coordenadora de Atenção à Saúde da Pessoa com

Deficiência da Secretaria Estadual de Saúde, pontuou como demanda:

A necessidade de interiorização das unidades de reabilitação.

2.10.3. Ações e Encaminhamentos da Frente Parlamentar

Articulação junto ao Conselho de Trânsito e Secretaria de Saúde para

difusão dos relatos abordados na reunião, na intenção da criação de

campanhas educativas, assim como, a partir de novas ideias, a

elaboração de projetos de lei que restrinjam a aquisição fácil e o uso

indiscriminado de motocicletas em nosso Estado.

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Encaminhamento da AACD para a cidade de Caruaru, além de Ouricuri

e Araripina, para a implementação de oficinas de órteses e próteses que

possam atender ao público do interior, que sempre busca a capital,

Recife, para a aquisição dos objetos. Está em andamento o projeto de

criação das oficinas, tanto para atender ao sertão, como o Agreste, por

encaminhamento da frente parlamentar.

Reunião de acompanhamento da AACD ao município de Caruaru para

realização de reunião com o executivo municipal, para discutir a criação

das oficinas de órteses no município, visando a atender as pessoas

amputadas.

Destinação de emendas parlamentares para AACD.

2.10.4. Dispositivos Legais Relacionados

2.10.4.1. Lei Federal nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 (Código de

Trânsito Brasileiro)

Art. 24: Estabelece as competências dos órgãos e entidades executivos

de trânsito dos municípios, no âmbito de sua circunscrição.

As competências municipais são amplas, incluindo: planejar e operar o

trânsito de veículos, pedestres e animais; implantar e manter a

sinalização viária; coletar dados estatísticos e elaborar estudos sobre os

acidentes de trânsito; executar a fiscalização de trânsito, autuar e aplicar

a penalidade de multa por infrações de circulação, estacionamento e

parada, entre outras.

As rodovias estaduais e federais que cortam o território dos municípios

são jurisdicionadas pelos órgãos rodoviários dos estados e da União.

Art. 252, V: define como infração média, sujeita a multa, o ato de dirigir o

veículo usando calçado que não se firme nos pés ou que comprometa a

utilização dos pedais.

2.11. Reunião 11 – Visita do Unicef à Frente Parlamentar

Tema: Visita do Unicef à Frente Parlamentar da Pessoa com Deficiência.

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Local: A reunião foi realizada na Assembleia Legislativa do Estado de

Pernambuco, no Plenarinho I, às 11h do dia 28 de agosto de 2017.

Participantes: deputada Terezinha Nunes; deputada Laura Gomes; Robert

Gass, representante do Unicef no Estado de Pernambuco; Lucy Mayer, porta-

voz e embaixadora para crianças com deficiência do Unicef; Augusto Lepre de

Souza, Oficial do Unicef no Brasil; Rogério June, da Superintendência Estadual

de Apoio à Pessoa com Deficiência; Shirley Moura, da Secretaria de Educação

da Prefeitura do Recife; Polyana Dias (Amar); Izabel Cristina Moreira dos

Santos (Procuradora do Estado de Pernambuco e Secretária da Comissão de

Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiências da OAB-PE); Paulo

Fernando, da Gerência Municipal da Pessoa com Deficiência e membro do

Comud; Renê Ribeiro, Associação dos Surdos de Pernambuco; Isabel

Albuquerque, da União das Mães de Anjos (UMA); Claudilene Reis,

representante das mães de crianças com a Síndrome Congênita do Zika Vírus

no Estado de Pernambuco; Nátalli Brandi, defensora pública do Estado de

Pernambuco; Juliana Salazar, procuradora da Alepe; José Diniz, da

Associação Pernambucana de Cegos.

2.11.1. Principais tópicos abordados

Robert Gass (representante do Unicef em Pernambuco) apresentou as

diretrizes de atuação da organização no estado.

São três públicos-alvo: crianças e adolescentes excluídos, crianças e

adolescentes em risco de exclusão e crianças e adolescentes vítimas de

formas extremas de violência.

O Unicef está focado em três iniciativas: combate à exclusão escolar

(projeto “Fora da escola não pode”), educação física inclusiva (projeto

“Portas abertas para a inclusão”) e formação de educadores para apoiar

a promoção da inclusão escolar de crianças com deficiência física, por

meio de práticas esportivas seguras.

O Unicef atua em parceria com a Fundação Altino Ventura no suporte às

famílias afetadas pela síndrome congênita do Zika vírus.

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Lucy Meyer, atleta paralímpica e porta-voz da Unicef para crianças com

deficiência, foi homenageada, recebendo da Deputada Terezinha

Nunes, em nome da Alepe, um traje típico do maracatu rural.

2.11.2. Ações e Encaminhamentos da Frente Parlamentar

A reunião teve como principal objetivo a articulação da Frente

Parlamentar junto ao Unicef para auxiliar na municipalização do selo de

inclusão do Unicef.

A frente parlamentar articulou apresentação do Unicef no Plenário para

os 49 Deputados da casa, onde foram apresentadas as diretrizes de

trabalho da nova gestão do Unicef em Pernambuco, e diretrizes para

extensão do projeto Selo de Inclusão.

2.12. Reunião 12 – Acessibilidade nas estações de metrô da Região

Metropolitana do Recife

Tema: Acessibilidade nas estações de metrô da Região Metropolitana do

Recife.

Local: A reunião foi realizada na Assembleia Legislativa do Estado de

Pernambuco, na sala do Plenarinho I, às 09h do dia 6 de setembro de 2017.

Participantes: deputada Terezinha Nunes; deputada Laura Gomes; Leonardo

Beltrão, superintendente regional da Companhia Brasileira de Trens Urbanos

(CBTU); Humberto Graça, promotor de Justiça de Transportes; Westei Conde y

Martin Junior, promotor de Justiça do MPPE; Mateus Pereira, vice-presidente

da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da OAB/PE;

André Carneiro Leão, defensor público da União; Paulo Arthur Monteiro,

membro da Comissão de Mobilidade Urbana da OAB/PE; Getúlio Brasílio de

Souza, presidente do Sindmetro/PE; José Diniz, presidente da Associação

Pernambucana de Cegos e representante do Coned/PE; Antônio Muniz Silva,

representante do Comud/PE; Felipe Gervásio, presidente da ONG Deficiente

Eficiente.

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2.12.1. Principais Problemas Apontados

Dr. Humberto Graça, promotor de Justiça de Transportes, pontuou como

problema:

Falta de subsídio público para o funcionamento do metrô.

Felipe Gervásio, Presidente da ONG Deficiente Eficiente, pontuou como

problema:

Não há preferência das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida

na utilização dos elevadores do metrô.

2.12.2. Demandas Apresentadas

Westei Conde, promotor de Justiça, pontuou como demandas:

Capacitação contínua dos profissionais do metrô.

Campanhas educativas para que funcionários e usuários do metrô

entendam a importância de não jogar lixo nos trilhos e nas áreas de

circulação do metrô, mas apenas nas lixeiras.

Dr. Leonardo Beltrão, superintendente regional da Companhia

Brasileira de Trens Urbanos – CBTU, destacou que o custo para

remoção do lixo das estações é muito alto e que uma das principais

medidas para combater o lixo no metrô é retirar os ambulantes das

estações.

Humberto Graça, promotor de Justiça de Transportes, pontuou como

demanda:

Criação de uma Frente Parlamentar reunindo políticos de forma

suprapartidária para que a CBTU/Metrorec não seja extinta.

Trazer a sede da CBTU do Rio de Janeiro para Recife, uma vez que no

RJ a empresa já não realiza mais o transporte de pessoas. Esse

transporte é realizado apenas no Nordeste, e Recife concentra a

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principal operação da empresa. Assim, a proposta é aproximar a gestão

do operacional.

Felipe Gervásio, Presidente da ONG Deficiente Eficiente, pontuou como

demandas:

Fiscalização por um ascensorista da utilização dos elevadores do metrô

apenas por usuários que de fato necessitem do serviço.

Resposta à demanda: Leonardo Beltrão, superintendente regional da

Companhia Brasileira de Trens Urbanos – CBTU, afirmou que a

contratação de um ascensorista é inviável economicamente, mas se

comprometeu a melhorar a comunicação visual, esclarecendo a

importância dos elevadores para as pessoas com mobilidade reduzida,

além de propor a instalação de câmeras no local para monitoramento

dos elevadores.

Construção de rampas nas linhas que possuem apenas elevadores e

escadas rolantes, equipamentos sujeitos a manutenções que

inviabilizam o acesso dos usuários às linhas em caso de desativação

desses equipamentos.

Resposta à demanda: Leonardo Beltrão, superintendente regional da

Companhia Brasileira de Trens Urbanos – CBTU, esclareceu que uma

lei impede a construção de rampas, trata-se de uma falha da Lei.

Disponibilização de rampas de alumínio para facilitar a locomoção dos

cadeirantes entre o trem e a plataforma de acesso.

Necessidade da instalação de piso tátil nas estações do metrô.

Resposta à demanda: Leonardo Beltrão, superintendente regional da

Companhia Brasileira de Trens Urbanos – CBTU, esclareceu que o piso

tátil existe em duas estações, mas já existe o projeto para ser aplicado

em todas as estações.

Antônio Muniz, representante do Comud/PE, pontuou como demandas:

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Ajustar o comando de voz, que anuncia a chegada nas estações. Trata-

se de um comando importante não apenas para os cegos, mas também

para os analfabetos e idosos.

Resposta à demanda: Leonardo Beltrão, superintendente regional da

Companhia Brasileira de Trens Urbanos – CBTU, afirmou que o

comando de voz é uma gravação e cobrará os devidos ajustes.

Estabelecimento de comunicação contínua entre a gestão do metrô e os

conselhos, Comud e Coned, para melhoria dos serviços ofertados às

pessoas com deficiência e adaptação às suas necessidades.

Resposta à demanda: Leonardo Beltrão, superintendente regional da

Companhia Brasileira de Trens Urbanos – CBTU, afirmou o

compromisso de estabelecer uma rotina de participação da CBTU,

sempre que possível representada por sua pessoa, nas reuniões do

Comud e do Coned. Destaca, ainda, a importância de ouvir os

interessados para estabelecer as prioridades de investimento, uma vez

que os recursos são escassos para as demandas.

2.12.3. Dispositivos Legais Relacionados

2.12.3.1. Decreto Federal nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004

Regulamenta as Leis nº 10.048, de 8 de novembro de 2000, e nº 10.098,

de 19 de dezembro de 2000.

Capítulo V – Da Acessibilidade aos Serviços de Transporte Coletivo

Art. 31: Para os fins de acessibilidade aos serviços de transporte coletivo

terrestre, aquaviário e aéreo, considera-se como integrantes desses

serviços os veículos, terminais, estações, pontos de parada, vias

principais, acessos e operação.

Art. 32: os serviços de transporte coletivo terrestre são: II) transporte

metroferroviário, classificado em urbano e metropolitano.

Art. 42: A frota de veículos de transporte coletivo metroferroviário e

ferroviário, assim como a infraestrutura dos serviços deste transporte

deverão estar totalmente acessíveis no prazo máximo de cento e vinte

meses a contar da data de publicação deste Decreto.

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Art. 43. Os serviços de transporte coletivo metroferroviário e ferroviário

existentes deverão estar totalmente acessíveis no prazo máximo de

cento e vinte meses a contar da data de publicação deste Decreto.

§ 1º As empresas concessionárias e permissionárias dos serviços de

transporte coletivo metroferroviário e ferroviário deverão apresentar

plano de adaptação dos sistemas existentes, prevendo ações

saneadoras de, no mínimo, oito por cento ao ano, sobre os elementos

não acessíveis que compõem o sistema.

2.12.3.2. NBR 14021:2005, da Associação Brasileira de Normas Técnicas

(ABNT)

Estabelece os critérios e parâmetros técnicos a serem observados para

acessibilidade no sistema de trem urbano ou metropolitano, de acordo

com os preceitos do Desenho Universal.

A norma deve ser aplicada nos projetos de sistemas de trem urbano ou

metropolitano elaborados a partir de sua edição. No caso dos sistemas

de trem urbano ou metropolitano já existentes, a norma estabelece os

princípios e as condições mínimas para a adaptação de estações e trens

às condições de acessibilidade.

Devem ser observados, nas áreas de uso público das estações, os

parâmetros da seção 6 da NBR 9050:2004 (sucedida pela NBR

9050:2015), que estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem

observados quanto ao projeto, construção, instalação e adaptação do

meio urbano e rural, e de edificações às condições de acessibilidade. Os

equipamentos, dispositivos, painéis de informação e demais elementos

devem atender às seções 4 e 9 da referida NBR.

NBR 9050:2015, seção 6.13.1: As passarelas de pedestres devem ser

providas de rampas, ou rampas e escadas, ou rampas e elevadores, ou

escadas e elevadores, para sua transposição [...].

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2.13. Reunião 13 – Interiorização e regionalização do atendimento e da

reabilitação em Pernambuco

Tema: Interiorização e regionalização do atendimento e da reabilitação das

pessoas com deficiência no estado.

Local: A reunião foi realizada nas dependências do Plenarinho I da Assembleia

Legislativa do Estado de Pernambuco, às 9h do dia 19 de setembro de 2017.

Participantes: deputada Terezinha Nunes, deputada Roberta Arraes, Mônica

Pádua, representante do Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco; Maísa

Melo de Oliveira, promotora de Saúde do Ministério Público de Pernambuco;

Bruno Moury, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas

com Deficiência da OAB; Flávia Magno, diretora de Assistência e Saúde à

Pessoa com Deficiência; Cristina Mota, secretária executiva de Atenção à

Saúde; Laura Patriota, coordenadora do Núcleo de Apoio às Famílias de

Crianças com Microcefalia; Arabela Veloso de Morais, coordenadora de Saúde

de PcD; Orlando Jorge, presidente do Conselho de Secretários Municipais de

Saúde; Marcos Rodrigues, diretor da AACD; Edmilson Silva, Superintendência

Estadual de Apoio à Pessoa com Deficiência; José Diniz, Conselho Estadual

dos Direitos da Pessoa com Deficiência; Bianca Queiroga, Conselho de

Fonoaudiologia.

2.13.1. Principais problemas apresentados

Orlando Jorge, presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde,

pontuou como problemas:

O subfinanciamento da saúde, que penaliza em especial os pequenos

municípios.

A necessidade de tratamento fora de domicílio, devido ao

subfinanciamento da saúde no interior, aumenta muito a pressão sobre

os serviços de saúde da capital.

Germana Soares, presidente da UMA, pontuou como problemas:

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O atendimento insatisfatório da AACD (parceira do Estado) às crianças

com a Síndrome Congênita do Zika Vírus. Relatou que a instituição não

atende as crianças por tempo suficiente para que tenham alguma

evolução e liberam as crianças sem fornecer a assistência necessária.

As famílias que têm crianças com a Síndrome Congênita do Zika Vírus

que residem no interior têm que se deslocar ao Recife, já que esses

municípios não disponibilizam os serviços necessários ao tratamento e

reabilitação, nem contam com uma rede multidisciplinar de atendimento.

Ainda não há crianças com a Síndrome Congênita do Zika Vírus em

creches. A rede parece ainda não estar preparada para recebê-las; não

haveria, por exemplo, profissionais de apoio na rede.

Marcos Rodrigues, diretor da AACD, pontuou como problemas:

O contrato do estado com a AACD não é suficiente para cobrir os gastos

da instituição. Isso se deve ao formato de remuneração, por meio do

SUS, que não cobre todos os custos por atendimento.

A AACD não tem condições financeiras de se instalar no interior, mas

pode contribuir capacitando os profissionais que atuam na ponta.

Bruno Moury, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas

com Deficiência da OAB, pontuou como problemas:

Os membros do Coned do interior não recebem diárias para participar

das reuniões do Conselho no Recife.

Os planos de saúde, como estratégia para não custear o tratamento,

defendem que o método utilizado para a reabilitação das pessoas com

autismo (o ABA, Applied Behaviour Analysis) é um método educacional.

José Diniz, Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência,

pontuou como problemas:

Menos de 10% dos municípios têm serviços de reabilitação.

Não são distribuídas órteses oculares e bengalas no interior, sendo

necessário deslocar-se ao Recife.

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Flávia Magno, Diretora de Assistência e Saúde à Pessoa com Deficiência,

pontuou como problema:

A rede de assistência psicossocial, em especial no interior do Estado,

depende excessivamente de recursos de emendas parlamentares, uma

vez que o Ministério da Saúde não aporta um montante de recursos

satisfatório.

Mário Moreira, Diretor de Assistência Farmacêutica, pontuou como problema:

Não há recursos do Ministério da Saúde para aquisição do Keppra,

medicamento anticonvulsionante utilizado por crianças com a Síndrome

Congênita do Zika Vírus. O medicamento é custeado integralmente pelo

governo do estado.

2.13.2. Demandas Apresentadas

Deputada Terezinha Nunes pontuou como demandas de reuniões anteriores

da Frente Parlamentar:

Criação de uma rede de comunicação intermunicipal, com apoio e

capacitação do estado, capaz de traçar um perfil fundamental sobre as

condições de transporte, tratamento das pessoas com deficiência e de

suas famílias, e diagnóstico com maior rapidez;

Capacitação dos profissionais do interior do estado por profissionais dos

conselhos de classe, como o Crefito e o Cremepe;

Criação de fluxos de atendimentos por especialistas no interior.

Respostas às demandas: Cristina Mota, secretária executiva de

Atenção à Saúde, esclareceu que as Upaes passaram a oferecer

serviços de atendimento também para pessoas com deficiência, que

inicialmente estavam fora da concepção dessas unidades. Afirmou que

já existem parcerias entre a Secretaria de Saúde e os conselhos para a

capacitação de profissionais. Pontuou que há discussões na secretaria

no sentido de aprimorar o sistema integrado de comunicação, de modo a

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melhorar o fluxo de atendimento. Discute-se, em especial, o papel dos

Núcleos de Apoio à Saúde da Família nesse fluxo.

Respostas às demandas: Flávia Magno, diretora de Assistência e

Saúde à Pessoa com Deficiência e Arabela Veloso de Morais,

coordenadora de Saúde de Pessoa com Deficiência, afirmaram que a

rede estadual conta com seis centros especializados de reabilitação,

sendo três destes centros tipo 4 (que trabalham quatro tipos de

reabilitação); destes últimos, dois estão na capital e um em Arcoverde.

Os municípios de Limoeiro, Ipojuca e Recife possuem centros

especializados de reabilitação municipais que oferecem duas

especialidades de reabilitação (CER 2) e têm atuação

microrregionalizada. Há também os centros conveniados da AACD, que

trabalham com crianças com deficiência. Há alguns municípios que

esperam a habilitação do Ministério da Saúde para poder ativar seus

CERs, como Afogados da Ingazeira. Nove Upaes no estado contam com

equipes multiprofissionais na área de reabilitação (porém, não são

habilitadas pelo Ministério da Saúde como CERs).

Solicitação e recebimento de cadeiras de rodas fornecidas pelo SUS nas

Geres, garantindo a interiorização e uma maior celeridade da oferta de

serviços;

Desenvolvimento de campanhas informativas estaduais que prestem

esclarecimentos quanto às redes de atendimento existentes no estado;

Criação, em parceria com a AACD, de Polos Avançados de Oficinas

Ortopédicas em Caruaru, Garanhuns e Petrolina;

Resposta à demanda: Marcos Rodrigues, diretor da AACD, afirmou que

a AACD não tem condições financeiras de estabelecer Polos Avançados

de Oficinas Ortopédicas no interior, mas pode atuar na capacitação dos

profissionais que atuam na ponta de rede de atenção à saúde.

Cumprimento da Portaria MS 370/08, que institui no SUS a ventilação

não invasiva para os pacientes com doenças neuromusculares;

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Criação de políticas públicas para as mães cuidadoras voltadas para a

previdência, saúde e qualidade de vida, com atendimento preferencial

para a realização de exames;

Oferta de serviços de intérpretes de Libras nos serviços públicos e

privados de saúde de toda região metropolitana e do interior;

Criação de um Centro de Referência de Doenças Raras em

Pernambuco.

Orlando Jorge, presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde,

apontou como demandas:

Interiorização da rede de assistência e fortalecimento da rede existente

na Região Metropolitana do Recife;

Promoção da interação entre os Nasfs e os demais pontos da rede de

assistência;

Sensibilização dos novos gestores municipais quanto à questão da

inclusão das pessoas com deficiência.

Bianca Queiroga, do Conselho Regional de Fonoaudiologia, apontou como

demanda:

A necessidade de capacitar os profissionais da educação para receber

as crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus.

Solução apresentada: Bianca Queiroga, do Conselho de

Fonoaudiologia, apontou como solução o desenvolvimento de uma

parceria com o Conselho Regional de Fonoaudiologia, para capacitar os

profissionais da educação em questões relativas à linguagem, aspectos

cognitivos e aprendizagem de modo amplo.

Cinthia Vasconcelos, do Conselho Regional de Fisioterapia, pontuou como

demandas:

Identificar o déficit da rede para poder definir as ações prioritárias no que

se refere à assistência às pessoas com deficiência.

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Definir, com a maior claridade possível, o que é de responsabilidade da

Atenção Básica e o que é de responsabilidade da Rede Especializada.

Destinação de emendas parlamentares para financiar a capacitação dos

profissionais que assistem às pessoas com deficiência.

Criação de Centros de Saúde Funcionais, e não apenas Centros de

Reabilitação, para desenvolver plenamente as potencialidades das

pessoas com deficiência.

Solução apresentada: Cinthia Vasconcelos, do Conselho Regional de

Fisioterapia, propôs o estabelecimento de parceria entre a SES/PE e os

conselhos de classe para viabilizar a capacitação dos profissionais da

rede de saúde.

2.13.3. Ações e Encaminhamentos da Frente Parlamentar

Firmada a parceria entre Crefito e SES/PE.

Ofício enviado a todos os municípios de Pernambuco na intenção de

sensibilização, relatando as lacunas apresentadas.

Visita da frente parlamentar a algumas Upaes do interior do estado, para

comprovar o funcionamento e colher os números de atendimentos a

PcDs nos municípios.

Evolução do projeto da oficina de órteses e descentralização da AACD.

Sensibilização junto a Amupe quanto ao cumprimento do município na

parte que lhe cabe no processo de acolhimento e assistência a pessoa

com deficiência.

Participação em reunião inédita no Coned (pela primeira vez um

parlamentar foi a uma reunião do conselho). Entre as pautas, a

discussão da criação de um fundo estadual para o conselho e a

interiorização das politicas para pessoas com deficiência.

Agendamento de reunião com a Anvisa para discutir os remédios da

rede de atenção a pessoas com deficiência.

Agendamento de viagem ao município de Arcoverde para conhecer de

perto o trabalho do Centro de Reabilitação Mens Sana.

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Destinação de emenda parlamentar para a Fundação Terra, que cuida

do projeto de reabilitação para pessoas com deficiência dentro do Centro

de Reabilitação Mens Sana e atende a 35 municípios da região.

2.13.4. Dispositivos Legais Relacionados

2.13.4.1. Portaria nº 793, de 24 de abril de 2012 (Ministério da Saúde)

Institui a Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência no âmbito do

Sistema Único de Saúde.

O componente Atenção Básica tem como pontos de atenção as

Unidades Básicas de Saúde (UBS) e contará com Núcleos de Apoio à

Saúde da Família (Nasfs), quando houver, e com atenção odontológica

(art. 12).

O componente Atenção Especializada em Reabilitação Auditiva, Física,

Intelectual, Visual, Ostomia e em Múltiplas Deficiências contará com os

seguintes pontos de atenção: 1) estabelecimentos de saúde habilitados

em apenas um serviço de reabilitação, 2) Centros Especializados em

Reabilitação (CER), e 3) Centros de Especialidades Odontológicas

(CEO) (art. 14).

Os CERs são pontos de atenção ambulatorial especializada em

reabilitação que realizam diagnóstico, tratamento, concessão, adaptação

e manutenção de tecnologia assistiva, constituindo-se em referência

para a rede de atenção à saúde no território. Eles podem ser compostos

por dois ou mais serviços de reabilitação. (art. 19)

Art. 10: trata das competências de cada ente na operacionalização da

Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência, inclusive no que diz

respeito ao financiamento.

Aos municípios, compete a contratualização e o financiamento dos

pontos de atenção à saúde sob a sua gestão.

Aos estados, compete a contratualização e o financiamento dos pontos

de atenção à saúde sob a sua gestão, bem como apoiar a

implementação e o financiamento dos pontos de atenção sob gestão

municipal.

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À União, compete apoiar a implementação, o financiamento, o

monitoramento e a avaliação da Rede de Cuidados à Pessoa com

Deficiência em todo território nacional.

Art. 23: Os critérios definidos para implantação de cada componente e

seu financiamento por parte da União serão objeto de normas

específicas, previamente discutidas e pactuadas no âmbito da Comissão

Intergestores Tripartite (CIT).

2.14. Reunião 14 – Os desafios do Transtorno do Espectro Autista e o

direito à inclusão

Tema: Os desafios do Transtorno do Espectro Autista (TEA) e o direito à

inclusão social.

Local: A reunião foi realizada nas dependências do Plenarinho I da Assembleia

Legislativa do Estado de Pernambuco, às 9h do dia 3 de outubro de 2017.

Participantes: deputada Terezinha Nunes, Mônica Pádua, representante do

Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco; Maria do Carmo de Oliveira,

presidente do Conselho Estadual de Defesa das Pessoas com Deficiência

(Coned); Maria Ângela Lira, presidente da Afeto – Associação das Famílias

para o Bem Estar e Tratamento da Pessoa com Autismo; Arabela Veloso de

Morais, coordenadora de Saúde de PcD; Valdiza Nunes de Aguiar Soares,

coordenadora da Política da Infância e Juventude de Saúde Mental; Luciana

Menezes de Araújo, gerente de Monitoramento de Indicadores e Metas de

Contrato de Gestão; Conceição Leite, Conselho Regional de Psicologia;

Patrícia Amazona, Conselho Regional de Psicologia; Amélia Borges, presidente

Estadual da Apae; Paula Carolina, Grupo Super Mães; José Diniz, Conselho

Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência; Izabel Cristina Moreira dos

Santos (Procuradora do Estado de Pernambuco e Secretária da Comissão de

Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiências da OAB-PE); Juliene Viana

e . Juliana Salazar, procuradoras da Alepe.

2.14.1. Principais problemas apresentados

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André Carneiro Leão, da Defensoria Pública da União, pontuou como

problemas:

Segundo informações do Cremepe, apenas um médico está habilitado a

trabalhar com os Transtornos do Espectro Autista em Pernambuco.

A Universidade Federal de Pernambuco e seu Colégio de Aplicação não

têm política de educação inclusiva (nem para pessoas com deficiência

em geral, nem para alunos autistas).

Édipo Soares, do Ministério Público de Pernambuco pontuou como problema:

A Rede de Atenção Básica à Saúde, em especial a municipal, não está

preparada para diagnosticar pessoas com TEA.

Amélia Borges, presidente estadual da Apae, pontuou como problema:

O diagnóstico e a assistência às pessoas com TEA ocorrem apenas no

Recife.

Maria Ângela Lira, Presidente da Associação das Famílias para o Bem Estar e

Tratamento da Pessoa com Autismo - Afeto, pontuou como problemas:

A falta de conhecimento, em geral, sobre o TEA.

As instituições de ensino superior não oferecem cursos voltados para o

autismo.

As organizações de saúde não estão sensibilizadas em relação ao TEA.

Como consequência de tais fatores, os profissionais de saúde e

educação não estão capacitados para lidar com o autismo.

Maria do Carmo Oliveira, presidente do Conselho Estadual de Defesa das

Pessoas com Deficiência – Coned, pontuou como problema:

A falta de programas de capacitação para lidar com pessoas com TEA,

algo de que se queixam os próprios profissionais de saúde e educação.

Izabel Cristina dos Santos, representante da OAB-PE, pontuou como

problemas:

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A articulação existente, no Congresso Nacional, para limitar as

responsabilidades dos planos de saúde em relação às pessoas com

autismo, o que poderia inviabilizar a assistência a essas pessoas na

rede privada.

A existência de uma visão muito medicamentosa da assistência às

pessoas com autismo, que negligenciaria o viés de socialização

necessário à inclusão dessas pessoas.

2.14.2. Demandas Apresentadas

Édipo Soares, do Ministério Público de Pernambuco, pontuou como demanda:

A necessidade de regionalizar e capilarizar a rede de atenção para as

pessoas com autismo.

Soluções apresentadas: O Ministério Público de Pernambuco propôs a

criação de centros especializados para atendimento de pessoas com o

TEA dentro dos hospitais regionais. Capacitação dos Nasfs e das Upaes

para lidar com o TEA. Expansão da rede de atenção psicossocial

(RAPS), inclusive com a criação de Caps regionalizados para atender a

demanda de municípios pequenos.

Resposta à demanda: Arabela Veloso, coordenadora de Saúde de

Pessoa com Deficiência, esclareceu que há duas redes que trabalham

com a questão do autismo na rede pública: a rede de cuidados à pessoa

com deficiência e a de atenção psicossocial. Existem seis Centros

Especializados de Reabilitação (CER) no estado que contam com

reabilitação intelectual e atendem aos casos de TEA. Há também três

centros de reabilitação com atuação regionalizada, dois deles em Recife

e um em Arcoverde. Além disso, há dois CER tipo 2 (que possuem duas

especialidades de reabilitação) municipais, um em Limoeiro e outro em

Ipojuca).

Respostas à demanda: Valdiza Soares, coordenadora da Política da

Infância e Juventude de Saúde Mental, explicou que a atenção às

pessoas com TEA na rede de atenção se dá principalmente dentro da

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Rede de Atenção Psicossocial (Raps), onde estão inseridos os Centros

de Atenção Psicossoacial (Caps). Afirmou que há, no Estado de

Pernambuco, 59 CAPS I, que são aqueles que atendem os casos de

menor complexidade. A atuação desses pode ser regional, de modo a

assistir aos municípios menores. Existem no estado 12 CAPS infantis

(CAPSI), a maioria destes na RMR.

Luiz Guilherme Lapenda, do Ministério Público de Pernambuco, pontou como

demanda:

Necessidade de multissetorialidade na assistência à pessoa com TEA,

articulando a atenção à saúde e os processos educativos.

Resposta à demanda: Luciana Menezes, gerente de Monitoramento de

Indicadores e Metas de Contrato de Gestão, afirmou que as dez Upaes

do estado trabalham com a reabilitação de pessoas com autismo,

realizada por psicólogos, terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas.

Caso haja a necessidade, há o encaminhamento para especialistas em

otorrinolaringologia, oftalmologia ou cardiologia na própria unidade.

A deputada Terezinha Nunes pontuou como demanda

A necessidade do diagnóstico precoce dos casos de autismo.

Respostas à demanda: Valdiza Soares, coordenadora da Política da

Infância e Juventude de Saúde Mental, esclareceu que ainda não há um

centro unificado de diagnóstico, o que torna ainda mais importante a

atuação alinhada da rede de atenção. Decidiu-se, como estratégia mais

promissora no momento, focar o mapeamento dos casos na rede de

atenção básica (incluindo os Caps) e nas creches. Diante disso, seria

necessário expandir o número de Caps no território.

Maria Ângela Lira, Presidente da Afeto, pontuou como demanda:

A necessidade de que as instituições de ensino superior ofereçam

cursos e disciplinas com temática relacionada ao autismo.

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Cinthia Vasconcelos, do Conselho Regional de Fisioterapia, pontuou como

demanda:

Necessidade de que os profissionais da saúde sejam capacitados a lidar

com pessoas com autismo não apenas do ponto de vista das questões

motoras, mas também das questões psíquicas.

Solução apresentada: Cinthia Vasconcelos, do Conselho Regional de

Fisioterapia, propôs a capacitação profissional sobre questões

relacionadas ao desenvolvimento intelectual no projeto de capacitação

permanente que vem sendo desenvolvido por grupo de trabalho no

âmbito da Secretaria Estadual de Saúde.

Mônica de Pádua, do Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco pontuou

como demanda:

A necessidade de tratar o autismo apenas do ponto de vista da saúde,

mas também da educação.

2.14.3. Dispositivos Legais Relacionados

2.14.3.1. Lei nº 15.487, de 27 de abril de 2015

Dispõe sobre a proteção e os direitos da pessoa com Transtorno

de Espectro Autista no Estado de Pernambuco.

Considera-se pessoa com Transtorno do Espectro Autista aquela

portadora de síndrome clínica caracterizada por deficiência

persistente e clinicamente significativa da comunicação e da

interação sociais e por padrões restritivos e repetitivos de

comportamentos, interesses e atividades.

Para os efeitos da Lei, consideram-se os Transtornos Invasivos

do Desenvolvimento como sinônimos de Transtorno do Espectro

Autista.

Considera-se, para todos os efeitos legais, que as pessoas com

Transtorno do Espectro Autista são pessoas com deficiência.

Entre os direitos da pessoa com Transtorno do Espectro Autista

encontram-se o diagnóstico precoce, início de tratamento

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imediato após diagnóstico, tratamento individualizado,

atendimento multidisciplinar e por profissionais especializados,

atendimento em unidade especializada, diferente das destinadas

a tratamento de doenças mentais e a recuperação de

dependentes químicos, entre outros (art. 3º).

Os estabelecimentos de ensino das redes pública e privada de

educação ficam obrigados a incluir em seu ensino regular

estudantes portadores do Transtorno do Espectro Autista (art. 4º).

O gestor escolar, ou autoridade competente, que recusar a

matrícula de aluno com Transtorno do Espectro Autista, ou

qualquer outro tipo de deficiência, será punido com multa de 3

(três) a 20 (vinte) salários-mínimos (art. 5º).

Os estabelecimentos de ensino da rede privada deverão

apresentar projeto de inclusão dos estudantes com necessidades

especiais (art. 6º).

Os Conselhos Profissionais Regionais de Medicina, Psicologia,

Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional, sediados no Estado de

Pernambuco, deverão elaborar e disponibilizar publicamente,

inclusive por meio da internet, no prazo de 90 (noventa) dias após

a edição da Lei, uma lista de profissionais especializados e

capacitados a atender pessoa como Transtorno do Espectro

Autista (art. 10).

2.14.3.2. Portaria nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011 (Ministério da

Saúde)

Institui a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com

sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes

do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema

Único de Saúde (SUS).

As Unidades Básicas de Saúde, as equipes de atenção básica

para populações específicas e os centros de convivência formam

o componente de atenção básica da Rede.

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Os Caps, em suas diferentes modalidades, provêm a atenção

psicossocial especializada.

De acordo com a redação do art. 7º, § 4º da Portaria, que define

as modalidades de organização dos Caps, não há dissociação

entre os espaços destinados ao atendimento de pessoas com

transtornos mentais graves e persistentes e de pessoas com

necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras

drogas.

2.15. Reunião 15 – Assistência à pessoa com deficiência no Sertão do

São Francisco

Tema: Assistência à pessoa com deficiência no Sertão do São Francisco.

Local: A reunião foi realizada nas dependências da Câmara Municipal de

Petrolina, às 10h do dia 6 de outubro de 2017.

Participantes: deputada Terezinha Nunes; vereador Júnior do Gás,

representante da Câmara Municipal de Petrolina; vereador Paulo Valgueiro,

vereador Gaturiano Cigano; Érico de Oliveira Santos, promotor de Justiça da

Infância e da Juventude; Jaqueline Lucena, coordenadora de Atenção à Saúde

da 8ª Geres; Talita Andrade, secretária executiva da Mulher e Acessibilidade

de Petrolina e Wanda Ferreira, diretora Apae de Petrolina).

2.15.1. Principais problemas apresentados

Vereador Paulo Valgueiro pontuou como problemas:

As pessoas com deficiência enfrentam uma série de obstáculos para ter

acesso ao transporte público em Petrolina.

Existe lei municipal que concede gratuidade às pessoas com deficiência

no transporte público, mas as empresas de transporte entraram com

ação judicial para invalidá-la.

A acessibilidade arquitetônica no município também não é satisfatória.

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Jaqueline Lucena, da Coordenadoria de Atenção à Saúde da 8ª Geres,

pontuou como problemas:

Várias das unidades de saúde ainda não são acessíveis (mas estariam

sendo realizadas reformas que paulatinamente podem trazer melhorias).

A área coberta pela 8ª Geres apresenta grande carência de serviços, o

que acaba aumentando a importância do Tratamento Fora de Domicílio.

Talita Andrade, secretária executiva da Mulher e Acessibilidade de Petrolina,

pontuou como problemas:

Faltam dados relativos às PCD.

As pessoas com deficiência ainda não têm acesso ao passe livre,

apesar de haver lei municipal que garante esse direito.

Patrícia Bonfim, do Grupo Raros, pontuou como problemas:

A Câmara de Vereadores não conta com intérprete de Libras.

Faltam profissionais capacitados para atender as pessoas com

deficiência na região.

O município não fornece o suplemento alimentar que as crianças com

doenças raras necessitam.

Apontou-se uma série de questões relativas à gratuidade no transporte

público (por exemplo, a existência de renda máxima para usufruir do

benefício e a exigência de perícias teoricamente desnecessárias).

Inexistem políticas para as mães das pessoas com deficiência.

Os profissionais da rede de educação não estão capacitados/informados

para receber as pessoas com deficiência nas escolas.

Não há entrega de cadeiras de roda, órtese ou prótese em Petrolina,

sendo necessário deslocar-se ao Recife para o recebimento.

Magda Feitosa, da Associação Amigos dos Autistas, pontuou como

problemas:

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Os CAPS infantis não são suficientes para atender a demanda. Faltam,

por exemplo, profissionais, como fonoaudiólogos e terapeutas

ocupacionais.

Os custos relacionados à saúde no setor privado são excessivos. Além

disso, faltam profissionais que atendam por meio de planos de saúde.

Autistas adolescentes e adultos não têm cobertura, pois não podem ser

atendidos no Caps infantil.

Não há profissionais suficientes para garantir a multidisciplinariedade

das equipes que devem diagnosticar as crianças com Transtornos do

Espectro Autista e outros transtornos.

O Plano Municipal de Educação não é cumprido no que diz respeito á

inclusão.

A Lei Municipal nº 2.616, de 27 de fevereiro de 2014 (“Lei do Autismo”)

apresentaria alguns defeitos. Entre eles, a mera flexibilização da carga

horária de servidores municipais que tenham filhos autistas. Argumenta-

se que a flexibilização poderia levar a que a redução da carga horária

implicasse em redução proporcional de remuneração.

Vereador Gilmar Santos pontuou como problema:

A queda da quantidade de recursos destinados ao Suas no orçamento

federal tem forte impacto negativo sobre as pessoas com deficiência.

Tadeu Plínio da Silva, da Associação das Pessoas com Deficiência do Vale

do São Francisco, pontuou como problemas:

As ouvidorias de diversos órgãos públicos (como a Prefeitura Municipal

de Petrolina, o MPPE e a Câmara de Vereadores de Petrolina) não

apresentam respostas às queixas e demandas realizadas pelas pessoas

com deficiência.

O transporte público não é acessível.

Faltam médicos para o atendimento das pessoas com deficiência.

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2.15.2. Demandas Apresentadas

Vereador Paulo Valgueiro pontuou como demanda:

A articulação dos grupos da sociedade civil para suprir as falhas do

Poder Público na atenção às pessoas com deficiência.

Sugestão Apresentada: a Deputada Terezinha Nunes sugeriu a criação

de uma Frente Parlamentar Municipal de Defesa da Pessoa com

Deficiência.

Érico de Oliveira, do Ministério Público de Pernambuco, pontuou como

demandas:

A necessidade de verificar se a legislação municipal relativa à pessoa

com deficiência é adequada e se o Poder Executivo municipal põe em

prática suas obrigações legais.

A determinação da fonte de custeio da gratuidade para as pessoas com

deficiência no transporte público.

Patrícia Bonfim, do Grupo Raros, pontuou como demandas:

Contratação de intérprete de Libras pela Câmara de Vereadores de

Petrolina.

Fornecimento de suplementos alimentares pelo governo municipal.

Mudanças na lei que concede gratuidade às pessoas com deficiência no

transporte público municipal (eliminando a renda máxima para a fruição

do benefício e acabando com a obrigatoriedade de algumas perícias

tidas como desnecessárias).

Criação de políticas de apoio para as mães das pessoas com

deficiência.

Entrega de cadeiras de rodas, órteses e próteses no próprio município

de Petrolina.

Magda Feitosa, da Associação Amigos dos Autistas, pontuou como demanda:

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Alteração da Lei Municipal nº 2.616, de 27 de fevereiro de 2014, de

modo a garantir que os servidores municipais que tenham filhos autistas

tenham direito à redução da carga horária sem redução da

remuneração, e não mera flexibilização da carga horária. (que poderia

ensejar redução proporcional da remuneração).

Tadeu Plínio da Silva, da Associação das Pessoas com Deficiência do Vale do

São Francisco, pontuou como demanda:

A criação de Centros de Terapia municipais.

2.15.3. Dispositivos Legais Relacionados

2.15.3.1. Lei Municipal nº 2.616, de 27 de fevereiro de 2014 (Petrolina)

Dispõe sobre instituição de Política Municipal de Proteção dos Direitos

da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista no Município de

Petrolina.

Abrange pessoas com transtorno invasivo do comportamento global

(Espectro Autista), com Síndrome de Asperger, com Síndrome de Rett e

com TDAH.

Uma das diretrizes da política é a obrigação de que a rede municipal de

ensino possua, em seu quadro funcional, orientadores pedagógicos com

especialização em atendimento a autistas.

Outra diretriz é a manutenção de centros de atendimento integrado de

saúde e educação especializados no tratamento de autistas.

Fica assegurada, ainda, a instituição de horário especial para os

servidores municipais que tenham sob a sua responsabilidade cônjuge,

filho ou dependente com autismo.

2.15.3.2. Decreto Municipal nº 76, de 18 de julho de 2017 (Petrolina)

Regulamenta a gratuidade no Sistema Público de Transporte Coletivo do

Município de Petrolina.

Contempla “pessoas portadoras de deficiência” e idosos com mais de 65

anos.

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Para fruir da gratuidade, deve-se portar cartão de identificação e acesso

fornecido pela Autarquia Municipal de Mobilidade (Ampla). O cartão dá,

à pessoa com deficiência, o direito a um acompanhante.

O art. 3º disciplina quem é considerado portador de deficiência para

efeitos de gratuidade no transporte público municipal. São incluídas

deficiências físicas e sensoriais, mas não deficiências intelectuais.

O cartão de acesso dará direito a 50 créditos por mês (cada crédito

equivale a uma viagem). Em casos excepcionais, previstos no próprio

decreto, poderá haver aumento do número de créditos, até o limite de

100 créditos mensais.

2.16. Reunião 16 – Gratuidade do transporte coletivo intermunicipal às

pessoas com deficiência

Tema: Gratuidade do Transporte Coletivo Intermunicipal às Pessoas com

Deficiência.

Local: A reunião foi realizada na Assembleia Legislativa do Estado de

Pernambuco, na sala do Plenarinho I, às 9h do dia 10 de outubro de 2017.

Participantes: deputada Terezinha Nunes; deputada Laura Gomes; Sérgio

Moura, secretário executivo representando a Secretaria de Desenvolvimento

Social, Criança e Juventude (SDSIJ); Thaise Ferreira, Presidente da Empresa

Pernambucana de Transporte Intermunicipal (EPTI); Bruno Moury, presidente

da Comissão dos Direitos de Defesa das Pessoas com Deficiência da OAB/PE;

Maria do Carmo de Oliveira, presidente do Conselho Estadual de Defesa dos

Direitos da Pessoa com Deficiência (Coned/PE); Edmilson Silva

superintendente estadual de Atenção à Pessoa com Deficiência (Sead);

Westei Conde y Martin Junior, promotor de Justiça do MPPE; Antônio Muniz,

presidente do Conselho Municipal dos Direitos das Pessoas com Deficiência

(Comud); Juliana Salazar, procuradora da Alepe e Marina Freire, da

Consultoria Legislativa da Alepe.

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2.16.1. Principais Problemas Apontados

Deputada Terezinha Nunes pontuou como problemas:

Existência de apenas uma entrada nos ônibus intermunicipais, o que

dificulta o acesso das pessoas com deficiência. Além disso, estão sendo

instaladas catracas nesses ônibus, o que obsta ainda mais o acesso.

Resposta à demanda: Thaise Ferreira, presidente da Empresa

Pernambucana de Transporte Intermunicipal – EPTI, esclareceu que os

ônibus que realizam o transporte intermunicipal só têm uma porta, e as

Resoluções do Contran que determinam as qualificações técnicas desse

tipo de transporte não trazem exigências que atendam a todas as

necessidades de acessibilidade. Relatou que os contratos atuais são de

permissões e não contemplam as exigências de acessibilidade.

Ressaltou que o momento é oportuno para realizar os devidos ajustes,

pois muitos contratos antigos que não contemplam esses requisitos de

acessibilidade estão sendo renovados, o que possibilita a inclusão das

exigências de adaptação nos mesmos. Esclareceu, ainda, que não se

pode colocar uma plataforma elevatória em qualquer tipo de veículo,

pois em alguns casos há alteração da estabilidade.

Exemplificou que a resolução determina como recurso de acessibilidade

para cadeirante ou pessoa com mobilidade reduzida a utilização da

cadeira de transbordo. Afirmou que hoje 90% da frota possui essa

cadeira de transbordo.

Westei Conde, promotor de Justiça do MPPE, informou que a Portaria

269/2015 do Inmetro especifica que a partir de 1 de julho de 2018 ficará

proibida a utilização da cadeira de transbordo para embarque e

desembarque da pessoa com deficiência em veículos rodoviários, que

deverão possuir plataforma elevatórias veiculares. Cabe ressaltar que a

portaria só será aplicada para veículos produzidos a partir de 2018.

Antônio Muniz, presidente do Comud, ressaltou que a referida portaria já

foi adiada duas vezes por pressão dos empresários.

Edmilson Silva, superintendente estadual da Sead, que é cadeirante,

pontuou que a cadeira de transbordo não proporciona autonomia e

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segurança, e afirmou que o ideal é a disponibilização de plataformas

elevatórias.

Felipe Gervásio esclarece que, segundo o art. 53 da LBI, acessibilidade

é garantir à pessoa com deficiência a independência e o exercício de

seus direitos de cidadania e participação social, sendo a cadeira de

transbordo inacessível nos termos da LBI.

Descumprimento da Lei n° 12.045, de 17 de julho de 2001, que concede

gratuidade às pessoas com deficiência, no transporte intermunicipal no

estado. Ressalta que, segundo a referida lei, a concessão dessa

gratuidade depende da existência de uma fonte de custeio.

Westei Conde, promotor de Justiça do MPPE, destacou, ainda, que

houve a suspensão dessa lei, sob o argumento de que não havia fonte

de custeio para garantir a gratuidade.

Resposta à demanda: Marina Freire, da Consultoria da Alepe, destacou

que foi elaborada uma Nota Informativa N° 2017.2.3.022/2017 pela

Consultoria Legislativa da Casa, anexada ao relatório em questão, que

elucida a desnecessidade de fonte de custeio para cumprimento da

gratuidade do transporte intermunicipal para as pessoas com deficiência.

Resumiu que, segundo a nota elaborada, a Lei Estadual n° 11.519/98,

em seu Art. 3°, III, em interpretação ampliativa, excepciona a

necessidade de indicação da fonte de custeio para a concessão de

benefícios às pessoas com deficiência em Pernambuco. A nota ressalta,

ainda, que o benefício pode ser subsidiado pelo governo do Estado, a

exemplo do que ocorre no Sistema de Transporte da Região

Metropolitana do Recife.

Sugestão Apresentada pela Frente: Revogação do art. 6° da Lei

Estadual n° 12.045/2001, que proíbe empresa de transporte coletivo

intermunicipal de inserir, para efeito de cálculo dos custos operacionais,

as passagens destinadas aos portadores de deficiências, a fim de

permitir que os reajustes periódicos de tarifa comportem a concessão

dos benefícios, conforme argumentação explicitada na citada NI.

Westei Conde, promotor de Justiça do MPPE, pontuou como problemas:

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A falta de acessibilidade dos terminais. Ele destacou que há lugares

no transporte intermunicipal, em que o embarque e desembarque

não ocorrem em terminais, mas diretamente na rodovia BR.

As barreiras atitudinais das pessoas que operam esse tipo de

transporte, desde o vendedor do bilhete ao motorista do ônibus.

2.16.2. Demandas Apresentadas

Deputada Terezinha Nunes pontuou como demandas:

Garantia de adaptação, ao menos de parte da frota, dos ônibus que

realizam o transporte intermunicipal de passageiros, para que sejam

acessíveis às pessoas com deficiência.

Westei Conde, promotor de Justiça do MPPE, pontuou como demanda:

Capacitação e sensibilização das pessoas que trabalham nas empresas

de transporte intermunicipal.

Thaise Ferreira, presidente da EPTI, pontuou como demanda:

Isenção do IPVA e redução do ICMS para o transporte intermunicipal, a

exemplo do que ocorre na Região Metropolitana do Recife.

2.16.3. Ações e Encaminhamentos da Frente Parlamentar

A Frente participou na Secretaria das Cidades de reunião a fim de resolver

a demanda acerca da gratuidade assegurada na Lei Estadual nº

12.045/2001. À ocasião, foi informado que o Estado está licitando nova

concessão para a realização do serviço de transporte intermunicipal de

passageiros, e que há previsão, no cálculo da nova política de remuneração

tarifária, para a concessão do benefício da gratuidade. Não há previsão

para a implantação do benefício da gratuidade, haja vista que há demanda

judicial questionando o processo licitatório.

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Encaminhado o Ofício nº 020/2017 à Procuradoria de Apoio Jurídico

Legislativo do Governador, a fim de saber se a Lei Estadual nº 12.045/2001

foi regulamentada. Não há resposta.

2.16.4. Dispositivos legais relacionados

2.16.4.1. Lei nº 12.045, de 17 de julho de 2001

Concede gratuidade no transporte coletivo intermunicipal às pessoas

portadoras de deficiência física, sensorial e mental e dá outras

providências.

Art. 4º: toda Empresa de Transporte Coletivo Intermunicipal terá

reservada, até o tempo de cinco minutos antes da partida de cada

ônibus, no mínimo, três cadeiras destinadas aos portadores de

deficientes.

As empresas poderão inserir as passagens destinadas às pessoas com

deficiência no cálculo dos custos operacionais (art. 6º).

Compete ao Departamento de Estradas e Rodagens (DER) garantir o

cumprimento da gratuidade prevista na lei (art. 5º).

2.16.4.2. Resolução nº 445, de 25 de junho de 2013, do Conselho

Nacional de Trânsito (Contran)

Estabelece os requisitos de segurança para veículos de transporte

público coletivo de passageiros e transporte de passageiros tipos micro-

ônibus e ônibus, categoria M3 de fabricação nacional e importado.

Art. 1º, § 2º, I: Veículo para transporte público coletivo de passageiros:

veículo utilizado no transporte remunerado de passageiros e com caráter

de linha, operado por pessoa jurídica, concessionárias e/ou

permissionárias de serviço público ou privado.

Art. 4º, II: os veículos de aplicação rodoviária, intermunicipal, escolar ou

particular, poderão ser dotados de mais de uma porta de acesso, não

sendo obrigatório o posicionamento de uma porta à frente do eixo

dianteiro.

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2.16.4.3. Portaria nº 269, de 02 de junho de 2015, do Instituto Nacional

de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro)

Determina a proibição, a partir de julho de 2018, da utilização da cadeira

de transbordo para embarque e desembarque de pessoas com

deficiência ou mobilidade reduzida, na fabricação de veículos

acessíveis, de características rodoviárias, destinados ao transporte

coletivo de passageiros.

A partir de 1º de julho de 2018, os veículos acessíveis, de características

rodoviárias, destinados ao transporte coletivo de passageiros, deverão

possuir, como meio de embarque e desembarque de pessoas com

deficiência ou mobilidade reduzida, plataformas elevatórias veiculares,

dispositivos e outros equipamentos alternativos à plataforma elevatória

veicular.

2.17. Reunião 17 – Educação Inclusiva

Tema: Educação Inclusiva.

Local: A reunião foi realizada na Assembleia Legislativa do Estado de

Pernambuco, na sala do Plenarinho I, às 9h do dia 19 de outubro de 2017.

Participantes: Eleonora Rodrigues, promotora de justiça do MPPE; Roberto

Gass, representante do Unicef; Rejane Maia, diretora pedagógica do Colégio

Apoio e representante do Sindepe; Paula Carolina, presidente do Grupo

Supermães; . André Carneiro Leão, defensor Público da União; Rogério June,

representante da Superintendência Estadual de Atenção à Pessoa com

Deficiência (Sead); Bruno Moury, presidente da Comissão dos Direitos de

Defesa das Pessoas com Deficiência da OAB/PE; Sandra Oliveira,

representante da Secretaria de Educação da Prefeitura do Recife; Vera Braga,

representante da Secretaria de Educação de Pernambuco – Gerência de

Educação Inclusiva; Maria do Carmo Oliveira, presidente do Conselho Estadual

de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Coned); Germana Soares

,presidente da UMA e Marina Freire, da Consultoria Legislativa da Alepe.

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2.17.1. Principais Problemas Apontados

Rejane Maia, representante do Sindepe, pontuou como problemas:

O maior desafio à inclusão é a capacitação dos professores.

Algumas escolas particulares estão sobrecarregadas, por serem

referência em inclusão no estado.

Paula Carolina, Presidente do Grupo Supermães, pontuou como problema:

Recusa explícita e oculta de matrícula de crianças com deficiência nas

escolas particulares.

Germana Soares, presidente da UMA, pontuou como problema:

Falta de vagas nas creches para crianças com deficiências. Destacou a

importância da inclusão das crianças nas creches, não apenas para o

desenvolvimento das crianças, mas também para que as mães possam

trabalhar.

Eleonora Rodrigues, promotora de justiça do MPPE, pontuou como problema:

Relatou que a função do acompanhante escolar não pode ser

desempenhada por estagiários, como ocorre em muitas escolas públicas

municipais de Pernambuco. Defendeu que uma política pública não

pode ser implementada com base no serviço prestado por estagiários,

que ainda não possuem a formação necessária para o

acompanhamento de uma pessoa com deficiência. Esclarece que a

função deve ser desempenhada por um servidor, pois sua função é de

caráter permanente. Destacou, ainda, a responsabilidade da Rede

Municipal de Ensino, porta de entrada da educação.

Superlotação das escolas particulares que são referência no estado em

inclusão, o que compromete a qualidade do acompanhamento.

Resposta à demanda: Vera Braga, representante da Secretaria de

Educação de Pernambuco, da Gerência de Educação Inclusiva, propôs

a elaboração de um documento conjunto com a Prefeitura do Recife,

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para conversar com a rede de escolas particulares, objetivando discutir a

inclusão, dividir experiências e ouvir as dificuldades.

Afirma que a legislação estadual prevê punição para a escola que não

faz a inclusão, mas depende de regulamentação, que ainda não foi

elaborada. Destaca que para a fiscalização ser efetiva é fundamental a

previsão legal de punição.

2.17.2. Demandas Apresentadas

Vera Braga, representante da Secretaria de Educação de Pernambuco –

Gerência de Educação Inclusiva, pontuou como demanda:

Trabalhar a temática da inclusão nas universidades, para que os

profissionais cheguem ao mercado mais preparados para desenvolver

um trabalho inclusivo.

Rejane Maia, representante do Sindepe, pontuou como demandas:

As escolas particulares precisam de incentivos governamentais para

incluir, pois a inclusão depende da atuação de uma equipe

multidisciplinar específica, que envolve profissionais das mais diversas

áreas.

Resposta à demanda: Deputada Terezinha Nunes, destacou a

importância da criação de um projeto de lei para concessão de

benefícios às escolas privadas que incluem.

Legislação que delimite o número máximo de alunos com deficiência por

turma, havendo, quando necessário, um remanejamento dos alunos para

outras escolas particulares, promovendo um equilíbrio na distribuição

desses alunos e fomentando a inclusão em todas as escolas particulares do

estado. Ao invés de concentrar diversos alunos com deficiência em algumas

poucas escolas de referência em inclusão na localidade.

Bruno Moury, presidente da Comissão dos Direitos de Defesa das

Pessoas com Deficiência da OAB/PE, defendeu que a inclusão deve ser

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ilimitada e que as instituições de ensino devem se preparar para incluir cada

vez mais alunos com deficiência.

Bruno Moury, presidente da Comissão dos Direitos de Defesa das Pessoas

com Deficiência da OAB/PE, pontuou como demandas:

Importância das secretarias de educação estadual e municipais

fiscalizarem a inclusão na rede particular de ensino; e do Legislativo

acompanhar essa fiscalização.

Paula Carolina, presidente do Grupo Supermães pontuou como demanda:

Necessidade de punição das escolas que não incluem alunos com

deficiência.

Evitar que a função de acompanhante nas escolas seja desempenhada

por estagiários, que não possuem a formação necessária ao

desempenho da atividade.

André Carneiro Leão, defensor público da União, pontuou como demanda:

A importância das escolas promoverem eventos para sensibilização dos

pais sobre a importância da inclusão.

Eleonora Rodrigues, promotora de justiça do MPPE, pontuou como

demandas:

Necessidade de fiscalização da inclusão nas escolas particulares de

Pernambuco, especialmente das maiores, cujas estatísticas de alunos

com deficiência comprovam a falta de inclusão.

Sugere como punição que a escola não funcione por um dia, para

fomentar a discussão sobre o tema na imprensa, entre os pais, alunos, e

toda a comunidade.

Oficializar as secretarias estadual e municipais para que apresentem os

números de alunos com deficiência matriculados na rede pública e privada

do estado.

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44

Ação da Frente Parlamentar: A Frente Parlamentar enviou ofício à

Secretaria de Educação do Estado para que forneça o quantitativo de

alunos com deficiência matriculado em sua rede de ensino. O ofício foi

respondido por meio da Nota Técnica nº 06/2017, elaborada pela Gerência

de Monitoramento da Rede Escolar, e enviada à Frente Parlamentar por

meio do Ofício nº 2039/2017, da Secretaria Estadual de Educação. Com

base nos dados do Censo Educacional de 2016, realizado pelo Inep

(Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira),

constatou-se que há um total de 34.472 estudantes com deficiência

matriculados em Pernambuco, o que representa 1,512% do total de

estudantes do referido universo. Deve-se ressaltar que tal número é relativo

aos estudantes matriculados nas redes de ensino federal, estadual,

municipal e privada.

2.17.3. Ações e Encaminhamentos da Frente Parlamentar

A Frente Parlamentar enviou ofício à Secretaria de Educação do Estado

para que forneça o quantitativo de alunos com deficiência matriculado em

sua rede de ensino. O ofício foi respondido por meio da Nota Técnica nº

06/2017, elaborada pela Gerência de Monitoramento da Rede Escolar, e

enviada à Frente Parlamentar por meio do Ofício nº 2039/2017, da

Secretaria Estadual de Educação. Com base nos dados do Censo

Educacional de 2016, realizado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), constatou-se que há um total de

34.472 estudantes com deficiência matriculados em Pernambuco, o que

representa 1,512% do total de estudantes do referido universo. Deve-se

ressaltar que tal número é relativo aos estudantes matriculados nas redes

de ensino federal, estadual, municipal e privada.

2.17.4. Dispositivos Legais Relacionados

2.17.4.1. Constituição Federal

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família,

será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade,

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visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o

exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Art. 206: O ensino será ministrado com base nos seguintes

princípios: I) igualdade de condições para o acesso e permanência

na escola;

Art. 208: O dever do Estado com a Educação será efetivado

mediante a garantia de: III) atendimento educacional especializado

aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de

ensino;

2.17.4.2. Lei Brasileira de Inclusão (Lei Federal nº 13.146/2015):

Art. 3°, XIII: profissional de apoio escolar: pessoa que exerce

atividades de alimentação, higiene e locomoção do estudante com

deficiência e atua em todas as atividades escolares nas quais se

fizer necessária, em todos os níveis e modalidades de ensino, em

instituições públicas e privadas, excluídas as técnicas ou os

procedimentos identificados com profissões legalmente

estabelecidas;

Art. 27: A educação constitui direito da pessoa com deficiência,

assegurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis e

aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo

desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas,

sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características,

interesses e necessidades de aprendizagem.

Parágrafo único. É dever do Estado, da família, da comunidade

escolar e da sociedade assegurar educação de qualidade à pessoa

com deficiência, colocando-a a salvo de toda forma de violência,

negligência e discriminação.

Art. 28, XVII: Incumbe ao poder público assegurar, criar,

desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar a oferta

de profissionais de apoio escolar.

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46

2.17.4.3. Decreto Federal nº 7.611, de 17 de novembro de 2011

Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional

especializado e dá outras providências.

Público-alvo da educação especial: pessoas com deficiência, com

transtornos globais do desenvolvimento e com altas habilidades ou

superdotação (art. 1º, § 1º).

Atendimento Educacional Especializado (AEE): serviços de apoio

especializado voltado a eliminar as barreiras que possam obstruir o

processo de escolarização de estudantes com deficiência,

transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou

superdotação (art. 2º).

Art. 4º: o Poder Público estimulará o acesso ao atendimento

educacional especializado de forma complementar ou suplementar

ao ensino regular, assegurando a dupla matrícula.

As salas de recursos multifuncionais são ambientes dotados de

equipamentos, mobiliários e materiais didáticos e pedagógicos para

a oferta do atendimento educacional especializado (art. 5º, § 3º).

2.17.4.4. Resolução nº 4, de 2 de outubro de 2009, da Câmara de

Educação Básica do Conselho Nacional de Educação

(Ministério da Educação)

Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional

Especializado na Educação Básica, modalidade Educação

Especial.

Os sistemas de ensino devem matricular os alunos com

deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas

habilidades/superdotação nas classes comuns do ensino regular e

no Atendimento Educacional Especializado (AEE), ofertado em

salas de recursos multifuncionais ou em centros de Atendimento

Educacional Especializado da rede pública ou de instituições

comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos (art.

1º).

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47

O AEE é realizado, prioritariamente, na sala de recursos

multifuncionais da própria escola ou em outra escola de ensino

regular, no turno inverso da escolarização, não sendo substitutivo

às classes comuns (art. 5º).

A elaboração e a execução do plano de AEE são de competência

dos professores que atuam na sala de recursos multifuncionais ou

centros de AEE, em articulação com os demais professores do

ensino regular, com a participação das famílias e em interface com

os demais serviços setoriais da saúde, da assistência social, entre

outros necessários ao atendimento (art. 9º).

As escolas devem institucionalizar o AEE, prevendo na sua

organização elementos como: sala de recursos multifuncionais,

cronograma de atendimento aos alunos e plano do AEE (que

envolve a identificação das necessidades específicas de cada

aluno e a definição das atividades a serem desenvolvidas) (art. 10).

A escola deverá garantir também, em sua organização, outros

profissionais da educação, como tradutor e intérprete de Língua

Brasileira de Sinais, guia-intérprete e outros que atuem no apoio,

principalmente às atividades de alimentação, higiene e locomoção.

Tais profissionais devem atuar com os alunos que constituem o

público-alvo da educação especial em todas as atividades

escolares necessárias (art. 10, VI e Parágrafo único).

Art. 12: Para atuação no AEE, o professor deve ter formação inicial

que o habilite para o exercício da docência e formação específica

para a Educação Especial.

As atribuições do professor do AEE incluem elaborar e executar

plano de Atendimento Educacional Especializado, estabelecer

parcerias com as áreas intersetoriais na elaboração de estratégias

e na disponibilização de recursos de acessibilidade, orientar

professores e famílias sobre os recursos pedagógicos e de

acessibilidade utilizados pelo aluno, ensinar e usar a tecnologia

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assistiva de forma a ampliar habilidades funcionais dos alunos,

promovendo autonomia e participação, entre outras (art. 13).

2.17.4.5. Lei Municipal nº 18.038/ 2014 (Recife)

Art. 1°: Ficam criados 1.000 (mil) cargos efetivos de Agente de Apoio

ao Desenvolvimento Escolar Especial a serem lotados na Rede

Municipal de Ensino.

Parágrafo único. Os cargos efetivos de que trata o caput deste artigo

são de nível médio e serão providos, no regime estatutário, por

concurso publico.

2.17.4.6. Lei Federal nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012

Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com

Transtorno do Espectro Autista.

Art. 3º, IV, a: é direito da pessoa com TEA o acesso à educação e ao

ensino profissionalizante.

Em casos de comprovada necessidade, a pessoa com TEA incluída

nas classes comuns de ensino regular terá direito a acompanhante

especializado (art. 3º, Parágrafo único).

2.17.4.7. Lei nº 15.487/2015 (Lei Estadual do Autismo)

Dispõe sobre a proteção e os direitos da pessoa com Transtorno de

Espectro Autista no Estado de Pernambuco.

Art. 4º: os estabelecimentos de ensino das redes pública e privada

de educação ficam obrigados a incluir em seu ensino regular

estudantes portadores do Transtorno do Espectro Autista.

Art. 5º - O gestor escolar, ou autoridade competente, que recusar a

matrícula de aluno com Transtorno do Espectro Autista, ou qualquer

outro tipo de deficiência, será punido com multa de 03 (três) a 20

(vinte) salários-mínimos.

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Art. 6º Os estabelecimentos de ensino da rede privada deverão

apresentar projeto de inclusão dos estudantes com necessidades

especiais...

Arts. 4º a 7º dispõem sobre o direito à educação da pessoa com

Transtorno do Espectro Autista, determinado as obrigações das

escolas das redes pública e privada e dispondo sobre as

penalidades que tais escolas podem sofrer em consequência do

descumprimento das ditas obrigações.

Art. 12 determina que o Poder Executivo deverá regulamentar a Lei

até 90 dias após sua publicação.

2.18. Reunião 18 – Inclusão da pessoa com deficiência no mercado de

trabalho

Tema: Inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho.

Local: A reunião foi realizada na Assembleia Legislativa do Estado de

Pernambuco, na sala do Plenarinho I, às 9h do dia 24 de outubro de 2017.

Participantes: Adriana Simões (Secretaria de Micro e Pequena Empresa,

Trabalho e Qualificação de Pernambuco), Fernando André Sampaio Cabral

(auditor do Trabalho representando a Superintendência Regional do Trabalho),

Telma Diniz, Matheus Galindo da OAB-PE, Mônica de Pádua (representante do

Tribunal de Justiça de Pernambuco), José Diniz presidente da Apec, Izabel

Cristina Moreira dos Santos (Procuradora do Estado de Pernambuco e

Secretária da Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiências

da OAB-PE), Wiviane Maria Oliveira de Souza (juíza substituta da 22ª Vara do

Trabalho do Recife), Wilder Basílio do Grupo Down +, Gertrudes Guilde, Marina

Freire, da Consultoria da Assembleia Legislativa de Pernambuco.

2.18.1. Principais Problemas Apontados

Fernando Cabral, da Superintendência Regional do Trabalho, pontuou como

problemas:

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A mudança que ocorreu na Constituição do Estado, alterando de 3% para

5% o percentual de vagas para pessoas com deficiência. Antes o texto

previa a destinação de 3% e o mínimo de uma vaga para pessoas com

deficiência. Com a mudança, o percentual aumentou para 5%, mas o texto

“o mínimo de uma vaga” foi suprimido, o que representa um grande

equívoco e retrocesso à inclusão.

Ação da Frente Parlamentar: Foi apresentada a Proposta de Emenda

Constitucional nº 11/2018, de autoria da Deputada Terezinha Nunes, com o

objetivo de que seja garantida a reserva de ao menos uma vaga para

pessoas com deficiência nos concursos públicos da administração pública

direta e indireta de qualquer dos Poderes do Estado e dos Municípios.

Muitas empresas não aceitam pessoas com deficiência de empresas

contratadas para serviços terceirizados.

Alessandra Spinelli, da Sead, pontuou como problema:

Desafio de inclusão da pessoa com deficiência que recebe o BPC no

mercado de trabalho, uma vez que a maior parte das vagas ofertadas é

de subempregos.

Wilder Basílio, do Grupo Down +, pontuou como problemas:

Relatou as dificuldades de qualificar as pessoas com deficiência

intelectual para o mercado de trabalho. Esclareceu que as dificuldades

existem desde a escolaridade, principalmente a partir do Ensino

Fundamental, e se agravam ainda mais no Ensino Médio e nas provas

de vestibular.

Importância de repensar a acessibilidade nas seleções para ingresso de

pessoas com deficiência intelectual nas universidades públicas.

Izabel Cristina dos Santos, da OAB-PE, pontuou como problema:

A não observância das normas relacionadas às pessoas com deficiência

na elaboração dos editais de concurso, o que acarreta diversas

demandas judiciais por irregularidades praticadas.

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51

2.18.2. Demandas Apresentadas

Deputada Terezinha Nunes pontuou algumas demandas apresentadas em

reuniões anteriores da Frente:

As empresas disponibilizam vagas para as pessoas com deficiência,

mas não possuem acessibilidade estrutural, tecnológica e assistiva para

recebê-las;

José Diniz, vice-presidente do Coned, relatou que existem 14 mil vagas

de trabalho para pessoas com deficiência no Estado de Pernambuco,

mas, para não contratá-los, as empresas alegam que os candidatos não

possuem as habilidades necessárias para o desempenho das funções

da vaga ofertada. Citou como exemplo o caso das empresas de ônibus

que ofertam vagas de motoristas e cobradores para pessoas cegas;

Fernando Cabral, da Superintendência Regional do Trabalho, relatou

que, em muitos casos, as vagas não são ocupadas porque as pessoas

com deficiência ficam com receio de entrar no mercado de trabalho e

perder o BPC. O que demonstra que a maioria das vagas ofertadas são

para cargos com baixa remuneração.

Adriana Simões, da Secretaria de Micro e Pequena Empresa, Trabalho

e Qualificação de Pernambuco, afirmou que existem diversas

dificuldades para o preenchimento dessas vagas, entre as quais

destacou: a pessoa com deficiência que já recebe o BPC enfrenta

diversas barreiras de mobilidade para chegar ao local de trabalho; falta

de acessibilidade nas empresas, que oferecem as vagas, mas não

possuem a estrutura necessária para incluir. Além disso, na maioria dos

casos, o salário não é suficiente para que a pessoa com deficiência

perca o BPC e enfrente todas as barreiras, diariamente, para ter acesso

ao trabalho.

José Diniz informou que a Lei permite que a pessoa com deficiência, ao

ingressar no primeiro emprego, possa receber durante dois anos o BPC

e o salário, para só então fazer a opção pelo trabalho ou por continuar

recebendo o benefício.

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A Consultoria Legislativa esclarece que, nos termos do art. 21-A, § 2º,

da Lei Federal nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993, a contratação de

pessoa com deficiência como aprendiz não acarreta a suspensão do

benefício de prestação continuada, limitado a dois anos o recebimento

concomitante da remuneração e do benefício.

Implementação de home working para pessoas com deficiência, cujas

atividades poderiam ser desempenhadas em casa ou em organizações

não governamentais que proporcionariam um ambiente adequado e

adaptado às necessidades de trabalho e acessibilidade;

Fernando Cabral, da Superintendência Regional do Trabalho, pontuou,

na reunião de 31 de outubro de 2017, que o home working é importante,

mas não para toda pessoa com deficiência, pois o relacionamento

interpessoal é fundamental para a inclusão.

Importância de discutir e desenvolver políticas de inclusão para o adulto

com deficiência, principalmente voltadas para a inserção e autonomia no

mercado de trabalho.

Fernando Cabral, da Superintendência Regional do Trabalho, pontuou como

demandas:

Capacitação dos gestores, com o intuito de combater a principal barreira

encontrada no mercado de trabalho, a barreira atitudinal.

Alteração da Legislação Estadual, para que seja mais inclusiva.

Elaboração pelo Governo do Estado de Diretrizes Mínimas para os

Concursos do Estado.

Legislação estadual que vincule 5% das vagas dos contratos de

terceirização com o Estado para pessoas com deficiência.

Adequar a legislação estadual à LBI, que considera a pessoa com

deficiência mental como pessoa com deficiência, para todos os fins

previstos. Criação de uma comissão para discutir as proposições de

alterações legislativas.

Inclusão da pessoa com deficiência mental na Lei 14.916/2013 (Lei do

Vem Livre Acesso), para todos os fins previstos.

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Criação de um grupo de trabalho para debater as questões da pessoa

com deficiência nos concursos públicos estaduais.

Matheus Galindo, da OAB-PE, pontuou como demandas:

Levar a agência municipal de emprego para agências representativas de

pessoas com deficiência, pois muitas vagas disponibilizadas não são

preenchidas. Essa parceria seria importante, ainda, para que a agência

pudesse ajustar a qualificação profissional que oferece às necessidades

apontadas pelas entidades.

Fiscalização, pelo Ministério do Trabalho, da colocação das pessoas

com deficiência no mercado.

Resposta à demanda: Fernando Cabral, da Superintendência Regional

do Trabalho, afirmou, na reunião de 31 de outubro de 2017, que

atualmente o Ministério do Trabalho conta com uma equipe muito

reduzida de auditores fiscais. Ele esclareceu que existem pouco mais de

1.000 empresas e apenas 4 ou 5 pessoas para fiscalizar, dos quais 60%

já estão com idade para se aposentar.

Alexandra Spinelli, da Sead, pontuou como demanda:

A sensibilização das empresas para que as vagas ofertadas para a

pessoa com deficiência sejam também para postos com salários mais

atrativos. A maioria dos cargos ofertados é de baixa remuneração, e a

empresa nem mesmo relata as atribuições e as habilidades

demandadas para o desempenho da função.

Wilder Basílio, do Grupo Down +, pontuou como demandas:

Alteração da legislação relativa ao estágio, para que seja inclusiva e

proporcione a aproximação das pessoas com deficiência com o mercado

de trabalho enquanto ainda estão na formação profissional.

Capacitação dos gestores para que recebam e incluam as pessoas com

deficiência em suas equipes com um olhar humanizado, observando as

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potencialidades da pessoa e a melhoria que a inclusão pode trazer para

o clima organizacional.

Izabel Cristina Santos, da OAB-PE, pontuou como demandas:

Criação de um fundo análogo ao Funcultura para o desenvolvimento de

políticas de inclusão.

Normatizar a realização de concursos no Estado de Pernambuco,

mediante a elaboração de uma minuta geral básica para os concursos

públicos estaduais, cujas variáveis fossem aquelas pertinentes às

especificidades de cada certame, com o objetivo de diminuir as

irregularidades praticadas nos concursos do Estado e as demandas

judiciais.

Elaborar estatísticas da pessoa com deficiência em Pernambuco.

Sugestão da Frente Parlamentar: Registro da pessoa, como pessoa

com deficiência, nos bancos de dados dos serviços de segurança, saúde

e educação do Estado, para possibilitar a produção de dados

estatísticos.

A maioria dos salários oferecidos para as vagas ofertadas às pessoas

com deficiência são muito próximos do valor dos benefícios sociais.

Importância de premiar as boas práticas de inclusão das pessoas com

deficiência no mercado de trabalho.

Wiviane de Souza, Juíza do Trabalho, pontuou como demanda:

A criação de espaços de publicidade sobre as vagas de emprego

ofertadas para as pessoas com deficiência nas contas de luz, de

telefone, nos estádios de futebol, entre outros, para que a informação

chegue de forma mais efetiva aos interessados; inclusive para que

possam se qualificar.

2.18.3. Ações e Encaminhamentos da Frente Parlamentar

Foi apresentada a Proposta de Emenda Constitucional nº 11/2018, de

autoria da Deputada Terezinha Nunes, que objetiva garantir que, além da

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reserva de 5% das vagas em concursos públicos e seleções públicas

simplificadas para pessoas com deficiência, assegure-se também que em cada

certame seja reservada ao menos uma vaga para os candidatos com

deficiência.

2.18.4. Dispositivos Legais Relacionados

2.18.4.1. Constituição Federal

Art. 7°, XXXI: proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e

critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;

Art. 37, VII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos

para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua

admissão (definido pela Lei nº 8.112/1990)

Lei nº 8.112/1990, art. 5°, § 2°: às pessoas portadoras de deficiência é

assegurado o direito de se inscrever em concurso público para

provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a

deficiência de que são portadoras; para tais pessoas serão reservadas

até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.

2.18.4.2. Lei Federal n° 8.213, de 24 de julho de 1991:

Art. 93: A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está

obrigada a preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento)

dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas

portadoras de deficiência, habilitadas, na seguinte proporção: I) até

200 empregados, 2%; II) de 201 a 500, 3%; III) de 501 a 1.000, 4%;

IV) de 1.001 em diante, 5%.

2.18.4.3. Lei Federal nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993

Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras

providências.

Art. 20: o benefício de prestação continuada é a garantia de um

salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65

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anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria

manutenção nem de tê-la provida por sua família.

Art. 20, § 3º: considera-se incapaz de prover a manutenção da

pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per

capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo.

Art. 21-A: o benefício de prestação continuada será suspenso

pelo órgão concedente quando a pessoa com deficiência exercer

atividade remunerada, inclusive na condição de

microempreendedor individual.

§ 1º Extinta a relação trabalhista ou a atividade empreendedora de

que trata o caput deste artigo e, quando for o caso, encerrado o

prazo de pagamento do seguro-desemprego e não tendo o

beneficiário adquirido direito a qualquer benefício previdenciário,

poderá ser requerida a continuidade do pagamento do benefício

suspenso, sem necessidade de realização de perícia médica ou

reavaliação da deficiência e do grau de incapacidade para esse fim

[...].

Art. 21-A, § 2º: a contratação de pessoa com deficiência como

aprendiz não acarreta a suspensão do benefício de prestação

continuada, limitado a 2 (dois) anos o recebimento concomitante da

remuneração e do benefício.

2.18.4.4. Decreto Federal n° 3.298, de 20 de dezembro de 1999

Dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa

Portadora de Deficiência.

Art. 34: é finalidade primordial da política de emprego a inserção da

pessoa portadora de deficiência no mercado de trabalho ou sua

incorporação ao sistema produtivo mediante regime especial de

trabalho protegido.

Parágrafo único. Nos casos de deficiência grave ou severa, o

cumprimento do disposto no caput deste artigo poderá ser efetivado

mediante a contratação das cooperativas sociais de que trata

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a Lei n° 9.867/1999 (que dispõe sobre a criação e o funcionamento

de Cooperativas Sociais).

Art. 37: fica assegurado à pessoa portadora de deficiência o direito

de se inscrever em concurso público, em igualdade de condições

com os demais candidatos, para provimento de cargo cujas

atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que é portador.

§ 1o O candidato portador de deficiência, em razão da necessária

igualdade de condições, concorrerá a todas as vagas, sendo

reservado no mínimo o percentual de 5% em face da classificação

obtida.

2.18.4.5. Lei Federal n° 11.788, de 25 de setembro de 2008,

Dispõe sobre o estágio de estudantes.

Art. 17, § 5°: Fica assegurado às pessoas portadoras de deficiência

o percentual de 10% (dez por cento) das vagas oferecidas pela

parte concedente do estágio.

2.18.4.6. Lei Brasileira de Inclusão (Lei Federal n° 13.146, de 6 de julho

de 2015):

Capítulo VI – do direito ao trabalho

Art. 34: a pessoa com deficiência tem direito ao trabalho de sua livre

escolha e aceitação, em ambiente acessível e inclusivo, em

igualdade de oportunidades com as demais pessoas.

§ 1o As pessoas jurídicas de direito público, privado ou de qualquer

natureza são obrigadas a garantir ambientes de trabalho acessíveis

e inclusivos.

§ 2o A pessoa com deficiência tem direito, em igualdade de

oportunidades com as demais pessoas, a condições justas e

favoráveis de trabalho, incluindo igual remuneração por trabalho

de igual valor.

§ 3o É vedada restrição ao trabalho da pessoa com deficiência e

qualquer discriminação em razão de sua condição, inclusive nas

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etapas de recrutamento, seleção, contratação, admissão, exames

admissional e periódico, permanência no emprego, ascensão

profissional e reabilitação profissional, bem como exigência de

aptidão plena.

Art. 36: o poder público deve implementar serviços e programas

completos de habilitação profissional e de reabilitação profissional

para que a pessoa com deficiência possa ingressar, continuar ou

retornar ao campo do trabalho, respeitados sua livre escolha, sua

vocação e seu interesse.

Art. 37: constitui modo de inclusão da pessoa com deficiência no

trabalho a colocação competitiva, em igualdade de oportunidades

com as demais pessoas, nos termos da legislação trabalhista e

previdenciária, na qual devem ser atendidas as regras de

acessibilidade, o fornecimento de recursos de tecnologia

assistiva e a adaptação razoável no ambiente de trabalho.

Art. 98: altera o artigo 8° da Lei n° 7.853/1989, que passa a vigorar

com as seguintes alterações:

“Art. 8° - Constitui crime punível com reclusão de 2 (dois) a 5

(cinco) anos e multa: II - obstar inscrição em concurso público ou

acesso de alguém a qualquer cargo ou emprego público, em razão

de sua deficiência; III - negar ou obstar emprego, trabalho ou

promoção à pessoa em razão de sua deficiência”.

2.18.4.7. Lei n° 14.789, de 1º de dezembro de 2012

Institui no âmbito do Estado de Pernambuco a Política Estadual da

Pessoa com Deficiência.

Art. 6°: a Política Estadual da Pessoa com Deficiência, integrada às

demais Políticas Públicas, tem como objetivos:

VI - estimular e promover alternativas de inserção produtiva, por

meio da qualificação profissional e inserção no mercado de

trabalho.

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Art. 14 - São linhas de ação da Política Estadual da Pessoa com

Deficiência: k) estimular e promover alternativas de inserção

produtiva, por meio da qualificação profissional e inserção no

mercado de trabalho.

2.18.4.8. Decreto n° 33.927, de 21 de setembro de 2009

Dispõe sobre o Compromisso pela Inclusão das Pessoas com

Deficiência, no âmbito do Estado de Pernambuco.

Art. 3º: o Estado de Pernambuco observará, na formulação e

implementação das ações para inclusão das pessoas com

deficiência, as seguintes diretrizes: I) ampliar a participação das

pessoas com deficiência no mercado de trabalho.

2.18.4.9. Decreto n° 37.623, de 15 de dezembro de 2011

Institui o Programa de Estágio no âmbito do Poder Executivo

Estadual.

Art. 3º: a Câmara de Política de Pessoal - CPP determinará, através

de Resolução, o quantitativo de vagas a ser estabelecido para a

formação de um Quadro de Estagiários do Poder Executivo do

Estado de Pernambuco, as quais serão distribuídas mediante

portaria do Secretário de Administração.

§ 1° - Fica assegurado o percentual de 10% (dez por cento) das

vagas ofertadas para estágio pelos órgãos e entidades da

administração direta e indireta, inclusive fundacional, do Poder

Executivo Estadual, às pessoas com deficiência.

2.18.4.10. Lei nº 15.487, de 27 de abril de 2015

Dispõe sobre a proteção e os direitos da pessoa com Transtorno de

Espectro Autista no Estado de Pernambuco e dá outras providências.

É direito da pessoa com Transtorno do Espectro Autista, além de

outros previstos na Constituição e demais normas, o acesso ao

mercado de trabalho (art. 3º, XI).

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Quando da criação da Política Estadual de Proteção dos Direitos da

Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, o Poder Executivo

deverá observar, dentre outras diretrizes, o estímulo à inserção da

pessoa com Transtorno do Espectro Autista no mercado de trabalho,

observadas as peculiaridades da deficiência e as disposições da Lei

nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do

Adolescente) (art. 9º, V).

2.19. Reunião 19 – As barreiras e os preconceitos ao processo de

inclusão no mercado de trabalho

Tema: Pessoas com deficiência discutem as barreiras e preconceitos

enfrentados no processo de inclusão no mercado de trabalho.

Local: A reunião foi realizada na Assembleia Legislativa do Estado de

Pernambuco, na sala do Plenarinho I, às 9 h do dia 31 de outubro de 2017.

Participantes: Deputada Terezinha Nunes; Fernando André Sampaio Cabral

(Superintendência Regional do Trabalho), Edson Cantarelli (chefe do

Planejamento da Fiscalização do Trabalho em Pernambuco), Antônio Muniz

(presidente do Conade), José Diniz (presidente da Apec), Maria do Carmo

(presidente do Coned), André Carneiro Leão (defensor púbico da União),

Mônica de Pádua (representante do Tribunal de Justiça de Pernambuco),

Alessandra Spinelli (representante da Superintendência Estadual de Atenção à

Pessoa com Deficiência - Sead), Priscila Mesquita (professora de Pilates e de

dança), Marília Mendonça (cantora e estudante de Direito), Amanda Moraes

Ferreira (pedagoga da Apae), Iremar Júnior (sociólogo e assessor parlamentar

do dep. Waldemar Borges), Domingos Sávio (Secretaria de Desenvolvimento

Social de Igarassu), Roberto José da Silva, Jean Nascimento (vice-presidente

da Associação de Surdos de Pernambuco - Aspe) e Marina Freire, da

Consultoria da Assembleia Legislativa de Pernambuco.

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2.19.1. Principais Problemas Apontados

Deputada Terezinha Nunes pontuou como problemas relatados em reuniões

anteriores:

Empresas abrem vagas, mas não dispõem de acessibilidade estrutural,

tecnológica e assistiva para receber as pessoas com deficiência;

Existência de diversas vagas de emprego para pessoas com deficiência

no estado que não são preenchidas;

Implementação de home working para pessoas com deficiência;

Capacitação dos gestores das empresas e dos órgãos públicos sobre a

importância da inclusão das pessoas com deficiência;

Criação de um protocolo com as diretrizes para orientação quanto aos

requisitos de acessibilidade previstos em lei que devem ser observados

na organização dos concursos para a administração pública estadual;

Alteração da legislação estadual para que sejam incluídas cotas para

pessoas com deficiência na terceirização de contratos com o estado;

Avaliação da deficiência, quando necessária, mediante o modelo

biopsicossocial em substituição ao modelo médico de avaliação.

Jean Nascimento, vice-presidente da Aspe, pontuou como problema:

A barreira da comunicação, que dificulta muito o ingresso do surdo no

mercado de trabalho.

2.19.2. Demandas Apresentadas

Antônio Muniz, presidente do Conade, pontuou como demanda:

Defendeu que a colocação da pessoa com deficiência no mercado de

trabalho deve ser antecedida de uma prospecção das vagas e

sensibilização da empresa;

Resposta à demanda: Alessandra Spinelli, representante da

Superintendência Estadual de Apoio à Pessoa com Deficiência (Sead),

esclareceu que a Sead, apesar de dispor de uma equipe pequena, com

funcionários contratados com vínculos temporários, faz um trabalho de

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sensibilização das empresas e encaminhamento de currículos, após

uma triagem, para que a inclusão ocorra de forma qualitativa, mediante

capacitação do setor de recursos humanos das empresas. A equipe

também analisa o ambiente de trabalho, inclusive, com o apoio de

fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, que avaliam as questões

ergonômicas.

Instituir no Brasil o emprego apoiado. Esclareceu que há um projeto de

lei sobre o tema em tramitação no Congresso Nacional.

André Carneiro Leão, defensor púbico da União, pontuou como demanda:

A exemplo do que é desenvolvido no Estado de Goiás, o governo de

Pernambuco poderia promover atividades sensoriais, para que a

população se coloque na situação das pessoas com deficiência. Para

exemplificar, citou as atividades em que as pessoas sem deficiência

utilizam cadeiras de rodas para vivenciar as barreiras físicas impostas

pela falta de acessibilidade.

2.19.3. Dispositivos Legais Relacionados

2.19.3.1. Lei Federal nº 8.212, de 24 de julho de 1991

Dispõe sobre a organização da Seguridade Social, institui Plano de

Custeio, e dá outras providências.

Art. 22, § 4º: o Poder Executivo estabelecerá, na forma da lei, ouvido o

Conselho Nacional da Seguridade Social, mecanismos de estímulo às

empresas que se utilizem de empregados portadores de deficiências

física, sensorial e/ou mental com desvio do padrão médio.

2.19.3.2. Lei Federal nº 8.213, de 24 de julho de 1991

Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá

outras providências.

Art. 89: a habilitação e a reabilitação profissional e social deverão

proporcionar ao beneficiário incapacitado parcial ou totalmente para

o trabalho, e às pessoas portadoras de deficiência, os meios para a

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(re)educação e de (re)adaptação profissional e social indicados para

participar do mercado de trabalho e do contexto em que vive.

Art. 93: A empresa com 100 ou mais empregados está obrigada a

preencher de 2% a 5% dos seus cargos com beneficiários

reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas, na

seguinte proporção: I) até 200 empregados, 2%; II) de 201 a 500,

3%; III) de 501 a 1.000, 4%; IV) de 1.001 em diante, 5%.

2.19.3.3. Lei Federal nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993

Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras

providências.

Art. 20: o benefício de prestação continuada é a garantia de um

salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65

anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria

manutenção nem de tê-la provida por sua família.

Art. 20, § 3º: considera-se incapaz de prover a manutenção da

pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per

capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo.

Art. 21-A: o benefício de prestação continuada será suspenso

pelo órgão concedente quando a pessoa com deficiência exercer

atividade remunerada, inclusive na condição de

microempreendedor individual.

§ 1º Extinta a relação trabalhista ou a atividade empreendedora de

que trata o caput deste artigo e, quando for o caso, encerrado o

prazo de pagamento do seguro-desemprego e não tendo o

beneficiário adquirido direito a qualquer benefício previdenciário,

poderá ser requerida a continuidade do pagamento do benefício

suspenso, sem necessidade de realização de perícia médica ou

reavaliação da deficiência e do grau de incapacidade para esse fim

[..].

Art. 21-A, § 2º: a contratação de pessoa com deficiência como

aprendiz não acarreta a suspensão do benefício de prestação

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continuada, limitado a 2 (dois) anos o recebimento concomitante da

remuneração e do benefício.

2.20. Reunião 21 – Inclusão da pessoa com deficiência nas universidades

de Pernambuco

Tema: A inclusão da pessoa com deficiência na universidade em Pernambuco.

Local: A reunião foi realizada na Assembleia Legislativa do Estado de

Pernambuco, na sala do Plenarinho I, às 9h do dia 14 de novembro de 2017.

Participantes: Deputada Terezinha Nunes; Mônica de Pádua (representante

do TJPE), Marcelo Brito Carneiro Leão (vice-reitor da UFRPE), Cynthia

Carneiro Suassuna (coordenadora do curso de Direito – Unicap e Membro do

Núcleo de Inclusão e Acessibilidade da Unicap), Sérgio Murilo Júnior (diretor de

Responsabilidade Social da Uninassau), Tícia Cassiany Ferro Cavalcante

(Representante do Núcleo de Acessibilidade da UFPE – Nace), Maria Amélia

de Amaral, Ada Moreira Sales, Cláudia Rejane Lemos Silva (conselheira do

Crefono 4 e representante da Faculdade de Ciências Humanas de Olinda –

Facho), Ana Cristina Fonseca (assessora da Deputada Laura Gomes e diretora

da Facho), Maria do Carmo de Oliveira (presidente do Coned), Juliene Viana

(procuradora da Alepe), Gustavo Maurício Estevão de Azevedo (representante

do Instituto Federal de Pernambuco – IFPE, especialista em Educação

Inclusiva), Erick André (representante da Secretaria de Direitos Humanos da

Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes) e Vera Santiago (coordenadora do

curso de Pedagogia da Facho).

2.20.1. Principais Problemas Apontados

Deputada Terezinha Nunes pontuou como problemas relatados em reuniões

anteriores:

Falta de profissionais habilitados para o atendimento das pessoas com

deficiência, o que dificulta o acesso aos serviços de saúde e ao

Judiciário;

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Negativa de benefício para pessoa com deficiência nas perícias médicas

por falta de conhecimento dos profissionais acerca do tema;

Baixa escolaridade da pessoa com deficiência, com reflexo no mercado

de trabalho, onde a maioria das vagas ofertadas e ocupadas é de

subempregos;

Revisão dos currículos de graduação para inclusão de disciplinas

relacionadas ao tema das pessoas com deficiência;

Formação de profissionais capazes de promover a inclusão;

Importância das universidades desenvolverem projetos de inclusão dos

estudantes com deficiência;

Implantação de curso de pós-graduação na área de atendimento

educacional especializado e Libras nas universidades públicas do

estado, conforme estratégia do Plano Estadual de Educação.

Maria do Carmo de Oliveira, presidente do Coned, pontuou como problema:

A dificuldade de ingresso das pessoas com deficiência às universidades,

pela falta de acessibilidade das provas, além da falta de acessibilidade

física dos locais de prova.

Marcelo Carneiro Leão, Vice-reitor da UFRPE, pontuou como problemas:

Falta de investimentos públicos para desenvolver os projetos de inclusão

na universidade.

O Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), que avalia

o rendimento dos concluintes dos cursos de graduação, em relação aos

conteúdos programáticos, habilidades e competências adquiridas em

sua formação, não considera as questões de acessibilidade nas

avaliações.

2.20.2. Demandas Apresentadas

Erick André, Representante da Secretaria de Direitos Humanos da Prefeitura

de Jaboatão dos Guararapes, pontuou como demanda:

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Criação de Núcleos de Apoio às Pessoas com Deficiência, que são

núcleos de acessibilidade, em todas as instituições de nível superior;

2.20.3. Dispositivos Legais Relacionados

2.20.3.1. Lei nº 15.533, de 23 de junho de 2015 (Plano Estadual de

Educação, com vigência de dez anos)

Meta 16: Formar, em nível de pós-graduação, 37,4% (trinta e sete

vírgula quatro por cento) dos professores da educação básica até o

último ano de vigência deste Plano Estadual de Educação - PEE, e

garantir a todos os profissionais da educação básica a formação

continuada em sua área de atuação, considerando as necessidades,

demandas e contextualizações dos sistemas de ensino.

Estratégia 16.6: Implantar cursos de pós-graduação na área de

Atendimento Educacional Especializado (AEE) e Letras Libras nas

universidades públicas do Estado.

Estratégia 16.7: Ampliar o número de vagas para os profissionais da

educação em cursos de formação continuada na área da educação

inclusiva.

Estratégia 16.8: Reformular cursos de formação de profissionais da

educação, introduzindo temáticas de educação inclusiva, tais como:

tecnologias assistivas, gestão na educação inclusiva e atendimento

educacional especializado.

2.21. Reunião 22 – Atendimento às pessoas com doenças raras em

Pernambuco

Tema: Lacunas no atendimento às pessoas com doenças raras em

Pernambuco.

Local: A reunião foi realizada na Assembleia Legislativa do Estado de

Pernambuco, na sala do Plenarinho I, às 9h do dia 21 de novembro de 2017.

Participantes: Deputada Terezinha Nunes; Édipo Cavalcante (promotor de

Justiça), Luiz Guilherme (promotor de Justiça), Mônica de Pádua

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(representante do TJPE), Poliana Dias (presidente da Amar), Madalena Oliveira

(Secretaria Estadual de Saúde), Lélia Moreira (Secretaria Municipal de Saúde),

Suellen Oliveira da Silva (presidente da Donem), André Carneiro Leão

(defensor público da União), Ricardo Paiva (representante do Cremepe),

Rogério June (superintendente estadual de Apoio à Pessoa com Deficiência),

Germana Soares (presidente da UMA), Rodrigo Abraão (assessor da Anvisa);

Marina Freire, da Consultoria da Assembleia Legislativa de Pernambuco.

2.21.1. Principais Problemas Apontados

Poliana Dias, presidente da Amar, pontuou como problema:

No geral, as doenças raras não são incluídas nas políticas

governamentais, exceto quando aparecem como surtos ou epidemias.

Falta de especialistas em neurologia e neuropediatria no estado.

Suellen Oliveira, presidente da Donem, pontuou como problema:

Algumas medicações para pacientes com doença raras de altíssimo

custo são liberadas pela Anvisa, mas a Comissão Nacional de

Incorporação de Tecnologias no SUS – Conitec demora a produzir os

protocolos. Esse órgão do Ministério da Saúde é responsável pela

criação dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas – PCDT, que

regulamenta o fornecimento e o acesso aos medicamentos no âmbito do

SUS. O retardamento provoca diversas judicializações.

Madalena Oliveira, da Secretaria Estadual de Saúde, reiterou que o rito

de liberação de medicamentos da Conitec é muito lento.

Édipo Cavalcante, promotor de Justiça, alertou que o foco principal da

problemática não é a Anvisa, órgão regulatório que aprova as novas

medicações, mas principalmente a incorporação dessas medicações no

âmbito do SUS.

Germana Soares, presidente da UMA, pontuou como problemas:

Alto custo do suplemento nutricional prescrito para as crianças com a

Síndrome Congênita do Zika Vírus, o Fortini da Danone. Ressaltou que

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muitas crianças utilizam apenas este suplemento como fonte de

alimentação.

Resposta à demanda: Madalena Oliveira, da Secretaria Estadual de

Saúde, afirmou que as demandas de leites e suplementos são de

responsabilidade dos municípios. Explicou, ainda, que esses produtos

são considerados alimentos e por isso são registrados pelo Ministério da

Agricultura e não pelo Ministério da Saúde, logo não se pode comprar

com o dinheiro do SUS.

Resposta à demanda: Rodrigo Abraão, Assessor da Anvisa, esclareceu

que o suplemento prescrito para as crianças, Fortini, quando é utilizado

para fins especiais, possui registro na Anvisa.

A Consultoria Legislativa da Alepe ressaltou que o Fortini, quando é

indicado para fins especiais, como alimentação enteral, é registrado na

Anvisa sob o nº 665770035.

Madalena Oliveira, da Secretaria Estadual de Saúde, afirmou que, para

assim considerá-lo, seria necessário haver uma nota técnica da Anvisa,

esclarecendo a questão.

Falta de preparo dos profissionais de saúde para atendimento das

pessoas com doenças raras.

Falta de conhecimento dos médicos acerca das doenças raras,

especialmente no interior.

Resposta à demanda: Madalena Oliveira, da Secretaria Estadual de

Saúde, relatou que a secretaria, desde 2016, promove diversas

capacitações com os profissionais de saúde dos municípios, além do

treinamento multidisciplinar, com tutores das 12 Regiões de Saúde,

mediante videoconferências e aulas práticas na AACD. Afirmou que

antes do surgimento da Síndrome Congênita do Zika Vírus existiam

apenas dois centros de reabilitação em Pernambuco, o IMIP e a AACD.

Atualmente, a reabilitação pode ser feita em todas as 14 Upaes

existentes no estado.

André Carneiro Leão, defensor público da União, pontuou como problema:

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Uma mudança jurisprudencial desfavorável às pessoas que precisam de

medicamentos. Segundo ele, muitas dessas negativas estão

relacionadas ao fato de os tribunais de justiça estadual e federal, para

solucionar a demanda, consultam o corpo técnico do Estado ou da

União respectivamente, o que é indevido e parcial, uma vez que esses

também são partes nas ações.

Jaqueline, mãe de Daniel Vieira, que possui a Síndrome Congênita do Zika

Vírus, pontuou como problema:

O BPC é insuficiente para custear as necessidades essenciais de

fraldas, medicamentos, alimentação e suplementos das crianças com a

Síndrome Congênita do Zika Vírus. Além disso, a maioria das mães

dessas crianças não pode trabalhar e depende exclusivamente da renda

do benefício para custear as despesas das crianças.

Germana Soares, presidente da UMA, pontuou como problema:

Excesso de burocracia no cadastro para obtenção do canabidiol.

Resposta à demanda: Rodrigo Abraão, assessor da Anvisa, afirmou

que não tinha conhecimento da burocracia para se preencher o

cadastro, e disponibilizou um e-mail ([email protected])

para que se proponha uma melhoria na sistemática.

2.21.2. Demandas Apresentadas

Deputada Terezinha Nunes pontuou como demanda de reuniões anteriores:

Criação de um Centro de Referência de Doenças Raras em

Pernambuco, onde sejam realizados diagnósticos, tratamentos,

encaminhamentos, capacitação por uma equipe multidisciplinar de

profissionais das áreas de genética, neuropediatria, cardiologia e

nefrologia.

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Ações da Frente Parlamentar: A deputada Terezinha Nunes divulgou

ter destinado recursos de sua reserva de emenda parlamentar para

criação do Centro de Referência de Doenças Raras em Pernambuco.

Falta de profissionais habilitados para o diagnóstico precoce e

tratamento de pessoas com doenças raras.

Solução Apresentada na Reunião: Ricardo Paiva, representante do

Cremepe, em reunião da frente do dia 12 de dezembro de 2017, afirmou

que irá propor a elaboração, pelo Cremepe, de uma cartilha para os

médicos a respeito do atendimento de pacientes com doenças raras.

Capacitação dos profissionais para a utilização de ventilação não

invasiva.

Demora na liberação de novas medicações para doenças raras pela

Anvisa.

Resposta à demanda: Rodrigo Abraão, assessor da Anvisa, esclareceu

que o papel da Anvisa é contribuir para que os medicamentos sejam

registrados no Brasil. A competência de acesso a medicamentos é do

Ministério da Saúde e da Secretaria de Saúde. A Anvisa atua de forma

mais passiva, com o papel de registrar o medicamento no Brasil, e para

isso depende que as empresas apresentem toda a documentação

prevista na legislação.

Segundo Rodrigo, as judicializações para obtenção dos medicamentos

de doenças raras têm como principais causas: a demora das empresas

em pedir o registro na Anvisa de medicamento já registrado no exterior,

por questões mercadológicas; e a ausência de mecanismos específicos

para que o procedimento de registro dos medicamentos para doenças

raras seja mais ágil.

Nesse sentido, divulgou o processo de Consulta Pública n° 355/2017,

que propõe a regulamentação de procedimento especial para anuência

de ensaios clínicos, certificação de boas práticas de fabricação e registro

de novos medicamentos para tratamento, diagnóstico ou prevenção de

doenças raras. O objetivo é criar mecanismos específicos da Anvisa

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para que o rito para registro de novos medicamentos para doenças raras

seja mais célere.

Poliana Dias, presidente da Amar, pontuou como demanda:

Importância do poder público oferecer aconselhamento genético para as

famílias com casos de pessoas com doenças raras.

Ricardo Paiva, representante do Cremepe, pontuou como demanda:

Quebra de patente de alguns medicamentos pelo Ministério da Saúde.

Suellen Oliveira, Presidente da Donem, pontuou como demandas:

Maior divulgação das consultas públicas da Anvisa.

Maior agilidade dos processos judiciais relacionados à solicitação de

medicamentos para pessoas com doenças raras.

Realização de diagnóstico genético de pacientes com doenças raras.

Resposta à demanda: Madalena Oliveira, da Secretaria Estadual de

Saúde, afirmou que foi renovado o termo de referência para realização

dos exames genéticos.

Revisão do protocolo de cuidados paliativos do Imip.

Necessidade do poder público gastar com o enfrentamento de doenças

e não apenas com a prevenção.

André Carneiro Leão, defensor público da União, pontuou como demanda:

A criação de um cadastro na Anvisa das entidades relacionadas às

pessoas com doenças raras, para que sejam divulgadas as audiências e

consultas públicas.

Lélia Moreira, da Secretaria Municipal de Saúde, pontuou como demanda:

As políticas de atendimento às crianças com doenças raras devem ser

pensadas de forma multidisciplinar e desenvolvidas por uma equipe

atenta à diversidade de necessidades dos pacientes.

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2.21.3. Dispositivos Legais Relacionados

2.21.3.1. Consulta Pública nº 355, de 19 de junho de 2017, da Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)

Submete à consulta pública, para comentários e sugestões do

público em geral, proposta de ato normativo que estabelece

procedimento especial para anuência de ensaios clínicos,

certificação de boas práticas de fabricação e registro de novos

medicamentos para tratamento, diagnóstico ou prevenção de

doenças raras.

O ato normativo proposto se aplica aos novos medicamentos

designados pela Anvisa para doenças raras.

2.22. Reunião 23 – Interiorização do atendimento à pessoa com

deficiência

Tema: Interiorização do Atendimento à Pessoa com Deficiência

Local: A reunião foi realizada nas dependências da Câmara Municipal de

Afogados da Ingazeira, às 9h do dia 1º de dezembro de 2017.

Participantes: Deputada Terezinha Nunes; deputada Laura Gomes; vereador

Igor Sá Mariano (presidente da Câmara de Vereadores); vereador Daniel

Valadares; vereador Wellington JK; vereador Raimundo Lima; vereador

Augusto Martins; vereador Luiz Gonzaga; Mary Delania Souza (coordenadora-

geral da 10ª Geres); Joana D’arc da Silva (secretária municipal de Assistência

Social); tenente-coronel Sá (comandante do 23º Batalhão da PMPE); Fátima

Roberta de Oliveira (coordenadora de Regulação da Secretaria Municipal de

Saúde); Daniele Moreno (coordenadora-geral da UPA de Afogados da

Ingazeira); Maria de Lurdes; Evângela Vieira (Secretaria Municipal de

Educação); Luiz Miguel (Associação dos Deficientes de Tabira); Maria de

Lourdes Araújo (Escola Municipal Ana Mello).

2.22.1. Principais problemas apresentados

Maria de Lurdes, presente na reunião, apresentou como problemas:

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A ausência de profissionais (como terapeuta ocupacional,

psicoterapeuta e psicopedagoga) para atendimento multidisciplinar das

pessoas com Transtorno do Espectro Autista. Para receber o tratamento

adequado, os pacientes precisam se deslocar para Arcoverde ou Recife.

A inexistência de escolas preparadas para receber alunos autistas.

Luiz Miguel, da Associação dos Deficientes de Tabira, apresentou como

problemas:

A não efetivação do passe livre estadual para pessoas com deficiência.

O custo excessivo dos aparelhos ortopédicos.

A responsabilidade do estado e dos municípios nos acidentes que

eventualmente acarretam em deficiências permanentes, uma vez que

não haveria a conservação adequada das vias e não se impediria a

circulação de animais pelas mesmas.

A impossibilidade de se acumular o benefício recebido em razão da

deficiência com algum outro provento.

César, presente na reunião, apresentou como problemas:

A inexistência ou inoperância de unidade do Ministério Público,

responsável por garantir os direitos da pessoa com deficiência da região.

A falta de ações da Prefeitura de Afogados da Ingazeira em prol das

pessoas com deficiência.

Maria de Lourdes Araújo, da Escola Municipal Ana Mello, apresentou como

problema:

A falta de profissionais capacitados para o atendimento educacional

especializado.

O tenente-coronel Sá, Comandante do 23º Batalhão da PMPE, apresentou

como problema:

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O grande número de acidentes de moto em Afogados da Ingazeira, que

apresentaria uma taxa cinco vezes maior do que a média estadual.

2.22.2. Demandas Apresentadas

O vereador Luiz Gonzaga pontuou como demanda:

A municipalização do trânsito, que seria a estratégia mais eficiente para

reduzir o grande número de acidentes verificados no município.

O tenente-coronel Sá, comandante do 23º Batalhão da PMPE, pontuou como

demanda:

O reaproveitamento de policiais militares que tenham deficiência em

razão da sua atividade no serviço ativo da PMPE.

Luiz Miguel, da Associação dos Deficientes de Tabira, pontuou como

demanda:

A efetivação do direito à gratuidade para a pessoa com deficiência no

transporte intermunicipal em Pernambuco.

Resposta à demanda: a Deputada Terezinha Nunes esclareceu que o

assunto foi previamente abordado no âmbito da Frente Parlamentar, que

levou o problema ao Governo do Estado. Afirmou que o direito à

gratuidade no transporte intermunicipal deve ser efetivado até o mês de

março, quando ocorrerá a licitação das empresas responsáveis pelas

linhas entre os municípios do interior do estado.

2.22.3. Ações e Encaminhamentos da Frente Parlamentar

Foi enviado o Ofício nº 047/2017 à Secretaria de Educação do Estado

de Pernambuco solicitando dados estatísticos ou o número de

estudantes com deficiência matriculados nas escolas públicas e privadas

de Pernambuco. A Secretaria respondeu por meio do Ofício nº

2039/2017- GAB/SEE/PE informando que no estado existem 2.245.513

estudantes matriculados nas redes ensino federal, estadual, municipal e

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privada, dos quais 34.472 apresentam alguma deficiência, ou seja, o

número de estudantes com deficiência representa a ínfima proporção de

1,512% do alunado pernambucano.

2.22.4. Dispositivos Legais Relacionados

2.22.4.1. Lei Federal nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 (Código de

Trânsito Brasileiro)

Art. 24: Estabelece as competências dos órgãos e entidades executivos

de trânsito dos Municípios, no âmbito de sua circunscrição.

As competências municipais são amplas, incluindo: planejar e operar o

trânsito de veículos, pedestres e animais; implantar e manter a

sinalização viária; coletar dados estatísticos e elaborar estudos sobre os

acidentes de trânsito; executar a fiscalização de trânsito, autuar e aplicar

a penalidade de multa por infrações de circulação, estacionamento e

parada, entre outras.

2.23. Reunião 24 – Os planos de saúde e as negativas de cobertura ao

tratamento da pessoa com deficiência

Tema: Direito à saúde é direito à vida: a questão dos planos de saúde e as

negativas de cobertura para tratamento da pessoa com deficiência.

Local: A reunião foi realizada na Assembleia Legislativa do Estado de

Pernambuco, na sala do Plenarinho I, às 9h do dia 12 de dezembro de 2017.

Participantes: Deputada Terezinha Nunes; Roberto Wanderlei Nogueira (juiz

federal), Maria Ivana Botelho (promotora de Justiça), Ricardo Paiva

(representante do Cremepe), Mônica Pádua (representante do TJPE), Natalli

Brandi (defensora pública do Estado), Tereza Pedrosa, Ricardo Notari

(representante AMA-Getid), José Diniz (presidente da Apec), Germana Soares

(presidente da UMA), Paula Carolina (representante do Grupo Super Mães),

Shuellen Oliveira (presidente da Donem), Viviane Guimarães (representante da

Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência da OAB-PE),

Izabel Cristina dos Santos (Procuradora do Estado de Pernambuco e

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Secretária da Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiências

da OAB-PE); Juliana Salazar (procuradora da Alepe), Marina Freire

(Consultoria da Assembleia Legislativa de Pernambuco).

2.23.1. Principais Problemas Apontados

Deputada Terezinha Nunes pontuou como problemas relatados em reuniões

anteriores:

Relatos de casos de pessoas com deficiência que tiveram seu plano

negado ou restrito de maneira ilegal por determinadas operadoras;

As empresas prestadoras de serviços de saúde muitas vezes

estabelecem exigências diversificadas às pessoas com deficiência

quando da celebração de contratos nos questionamentos inerentes à

declaração de estado de saúde;

Tratamento desigual dispensado às pessoas com deficiência quando da

celebração de contrato. Ao ser exigida a declaração inerente ao estado

de saúde, ocasião em que deve ser informado se o aderente ao plano

de saúde tem ou não certa deficiência, se o solicitante responder

positivamente às questões, ele é equiparado a pessoas que têm

doenças preexistentes, o que resulta na reformulação do valor da

carência para fruição da cobertura dos benefícios respectivos.

Paula Carolina, representante do Grupo Super Mães, pontuou como problema:

Diversas liminares negadas na Justiça estadual, de processos que

requerem que o tratamento prescrito seja ofertado pelo plano de saúde

ao paciente.

Germana Soares, Presidente da UMA, pontuou como problemas:

O médico prescreve as terapias, determinando a quantidade de sessões

e a frequência do tratamento. A prescrição é levada ao plano de saúde,

que muitas vezes não aceita a quantidade e frequência prescritas, e

segue uma regra preestabelecida de tratamento. Ditam, inclusive, a

quantidade de sessões por ano.

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Viviane Guimarães, representante da Comissão de Defesa dos Direitos

das Pessoas com Deficiência da OAB-PE, afirmou que as terapias e

procedimentos não constam no rol dos procedimentos da ANS e com

base nisso os planos de saúde negam as prescrições médicas de

tratamento.

Na adesão de uma criança com doença preexistente ao plano de saúde

impõe-se uma carência de dois anos e não de seis meses como ocorre

na maioria dos contratos de adesão.

Muita burocracia no agendamento e autorização de exames específicos.

A lei determina que o paciente pague a órtese para o plano reembolsar,

mas o reembolso é moroso, muitas vezes não ocorre, o paciente recorre

à Justiça, e, em alguns casos, o plano não cumpre a determinação

judicial de reembolsar o paciente.

Superlotação do SUS por migração dos pacientes que pagam planos de

saúde, pela má qualidade ou ausência dos serviços prestados pelo

plano.

Ricardo Notari, representante AMA-Getid, pontuou como problemas:

Praticamente não há tratamento para o autismo na rede pública

estadual. O serviço ofertado resume-se basicamente ao CAPs.

Ricardo Paiva, representante do Cremepe, pontuou como problema:

Forte influencia dos planos de saúde na ANS. Destacou que há

representação dos planos em todas as diretorias da ANS.

Natalli Brandi, defensora pública do Estado, pontuou como problema:

Muitos magistrados se preocupam prioritariamente com a questão do

equilíbrio econômico-financeiro dos contratos de saúde, que não

deveria ser prioridade em processos que envolvem a saúde e a vida.

Levar proposta ao presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco,

para desburocratizar e dar maior celeridade às ações cujas

demandas sejam relacionadas à saúde e à vida.

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Viviane Guimarães, representante da Comissão de Defesa dos Direitos das

Pessoas com Deficiência da OAB-PE, pontuou como problema:

Mesmo quando o paciente é parte vencedora nas ações contra os

planos de saúde, esses não cumprem a sentença judicial, numa

atitude de total descaso com o paciente e com o Poder Judiciário.

Izabel Cristina dos Santos, da OAB-PE, pontuou como problema:

O lobby desenvolvido por grandes advogados no Judiciário em favor

dos planos de saúde. Citou como exemplo o fato de alguns

advogados tentarem convencer os membros do Judiciário, de que a

terapia ABA (Análise do Comportamento Aplicada) não deve ser

ofertada pelos planos, pois não se trata de intervenção de saúde,

mas de educação, o que não é verdade.

José Diniz, presidente da Apec, pontuou como problema:

No momento da adesão da pessoa com deficiência aos planos de

saúde, a deficiência é considerada doença preexistente.

Renata, mãe de Cauê, que possui a Síndrome Congênita do Zika Vírus,

pontuou como problema:

A tentativa do plano de saúde Amil de descredenciar o filho dela,

justificando que se tratava de um paciente muito caro. Afirmou que ele

permanece no plano sob liminar concedida a partir de pedido do

Ministério Público. Além disso, judicializou várias ações para garantir

terapias, cirurgias e medicações.

2.23.2. Demandas Apresentadas

Viviane Guimarães, representante da Comissão de Defesa dos Direitos das

Pessoas com Deficiência da OAB-PE, pontuou como demanda:

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Maior celeridade dos atos de secretaria dos processos judiciais

relacionados à pessoa com deficiência, com a previsão de prazos

mais curtos para esses casos.

A ANS avalia as novas terapias existentes a cada dois anos, mas em

muitos casos o paciente não pode esperar dois anos para iniciar um

novo procedimento terapêutico.

Criação de varas especializadas nas ações de saúde, a exemplo do

que acontece em Minas Gerais.

Roberto Wanderlei Nogueira, juiz federal, pontuou como demanda:

A matéria Inclusão deveria estar presente nos currículos do nível

fundamental, médio e superior, em todos os assuntos.

2.23.3. Dispositivos Legais Relacionados

2.23.3.1. Lei Federal nº 9.656, de 3 de junho de 1998

Dispõe sobre os planos e seguros privados de assistência à saúde.

Art. 14: em razão da idade do consumidor, ou da condição de pessoa

portadora de deficiência, ninguém pode ser impedido de participar de

planos privados de assistência à saúde.

2.23.3.2. Lei Federal nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de

Defesa do Consumidor)

Como a relação entre o plano de saúde e a pessoa acobertada trata-se

de uma relação de consumo, as regras previstas no Código de Defesa

do Consumidor norteiam os respectivos contratos.

O plano de saúde deve oferecer ao contratante, portanto, tudo o que foi

contratado pelo mesmo. Desta maneira, se o paciente assinou um

contrato com direito a internação, atendimento de urgência e exames

laboratoriais, por exemplo, é isso que o plano deve oferecer, sem

qualquer tipo de restrição ou dificuldades no ato da contratação.

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2.23.3.3. Resolução Normativa nº 428, de 7 de novembro de 2017, da

Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)

Atualiza o Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde, que constitui

a referência básica para cobertura assistencial mínima nos planos

privados de assistência à saúde, contratados a partir de 1º de janeiro

de 1999.

Atualiza também o Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde de

Alta Complexidade (PAC), definido, para fins de cobertura, como

procedimentos extraídos do Rol de Procedimentos e Eventos em

Saúde. O PAC pode ser objeto de cobertura parcial temporária (CPT)

nos casos de doenças e lesões preexistentes (DLP), conforme o

disposto em Resolução específica.

Entre as exclusões assistências admitidas pela Resolução, encontra-

se o fornecimento de próteses, órteses e seus acessórios não

ligados ao ato cirúrgico (art. 20, § 1º, VII). A exclusão tem o respaldo

legal do inciso VII do art. 10 da Lei Federal nº 9.656, de 3 de junho

de 1998, que dispõe sobre os planos e seguros privados de

assistência à saúde.

2.24. Reunião 25 – Implementação de um Centro de Referência de

Doenças Raras em Pernambuco

Tema: A implementação de um Centro de Referência de Doenças Raras em

Pernambuco.

Local: A reunião foi realizada na Assembleia Legislativa do Estado de

Pernambuco, na sala do Plenarinho I, às 9h do dia 20 de fevereiro de 2018.

Participantes: deputada Terezinha Nunes; deputada Laura Gomes; Iran Costa

(secretário de Saúde do Estado de Pernambuco); Paulo Fernandes; Édipo

Soares (promotor de Justiça); Maria do Carmo Oliveira (Coned); José Diniz

(presidente da Apec); Vanessa Van Der Linden (neuropediatra); Poliana Dias

(presidente da Amar); Viviane Guimarães (representante da Comissão de

Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência da OAB-PE); Germana

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Soares (presidente da UMA); Ricardo Paiva (vice-presidente do Cremepe);

Renalli Alves (representante da Donem); Fábio Marques; Geraldo Vilar.

2.24.1. Principais Problemas Apontados

A Deputada Terezinha Nunes apresentou como problemas:

A ausência de política específica para pessoas com doenças raras em

Pernambuco.

Resposta Apresentada por Iran Costa, secretário de Saúde do

Estado: Já há um centro habilitado no estado para o atendimento de

doenças raras. O problema é que o local em que funcionava o centro

não tinha mais condições de recebê-lo. Foi encontrado um novo local

para seu funcionamento e o centro deve reabrir em abril de 2018.

Resposta apresentada por Vanessa van der Linden, da Secretaria

Estadual de Saúde: O novo centro de referência funcionará no Hospital

Maria Lucinda, no Recife, e contará com área de ambulatório e de

enfermagem. A principal finalidade do centro, contudo, serão o

diagnóstico e o acompanhamento médico. A equipe será composta por

pediatra, neurologista, neurologista infantil, cardiologista e clínico. A

estrutura do centro será baseada nas orientações da Portaria nº

199/2014, do Ministério da Saúde.

Resposta Apresentada por Iran Costa, secretário de Saúde do

Estado: O custo total do centro deve variar entre R$ 600 mil e R$ 700

mil por mês. Destes, R$ 95 mil serão oriundos de verba específica do

Ministério da Saúde, o restante será coberto pelo tesouro estadual.

Iran Costa, secretário de Saúde do Estado, apresentou como problema:

A dificuldade em ter especialistas nos diversos tipos de doença rara, em

virtude da própria natureza dessas.

Vanessa van der Linden, da Secretaria Estadual de Saúde, apresentou

como problema:

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O custo dos medicamentos indicados para o tratamento de doenças

raras. O valor é muito alto, sendo inviável seu custeio pelas famílias. No

caso de certos medicamentos, mesmo a compra pelo Estado é inviável.

Geraldo Vilar apresentou como problema:

A lentidão e a complexidade do processo de aprovação de novos

medicamentos para doenças raras, o que pode, inclusive, incentivar a

judicialização do fornecimento por parte do poder público.

Viviane Guimarães, da OAB-PE, apresentou como problema:

A falta de acesso a coisas básicas (como sondas e suplementos) por

parte das pessoas com doenças raras, e não apenas a medicamentos.

Poliana Dias, da Amar, apresentou como problema:

A inadequação das redes de educação e assistência social para atender

as pessoas com doenças raras, em contraste com a rede de saúde, que

apresentou evolução.

2.24.2 Demandas Apresentadas

Édipo Soares, do Ministério Público de Pernambuco, pontuou como

demanda:

A aproximação entre o centro de referência e a comunidade científica.

A interiorização do Centro por meio de unidades descentralizadas.

2.24.3 Legislação Pertinente

2.24.3.1 Portaria nº 199, de 30 de janeiro de 2014, do Ministério da Saúde

Institui a Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas

com Doenças Raras, aprova as Diretrizes para Atenção Integral

às Pessoas com Doenças Raras no âmbito do Sistema Único de

Saúde (SUS) e institui incentivos financeiros de custeio.

Definição de doença rara: aquela que afeta até 65 pessoas em

cada 100.000 indivíduos, ou seja, 1,3 pessoas para cada 2.000

indivíduos.

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Objetivo: “reduzir a mortalidade, contribuir para a redução da

morbimortalidade e das manifestações secundárias e a melhoria

da qualidade de vida das pessoas, por meio de ações de

promoção, prevenção, detecção precoce, tratamento oportuno

redução de incapacidade e cuidados paliativos” (art. 4º).

Atenção especializada deverá contar com Serviço de Atenção

Especializada em Doenças Raras e Serviço de Referência em

Doenças Raras (este último, para atenção e tratamento de

pessoas pertencentes a, no mínimo, dois eixos assistenciais)

2.25. Reunião 26 – As políticas de atenção às pessoas com deficiência

em Jaboatão dos Guararapes

Tema: Políticas de atenção às pessoas com deficiência em Jaboatão dos

Guararapes.

Local: A reunião foi realizada nas dependências da Câmara Municipal de

Jaboatão dos Guararapes, às 9h do dia 27 de fevereiro de 2018.

Participantes: deputada Terezinha Nunes; vereadores Adeildo da Igreja,

Barros Costa, Nando Ceres, Vilmar da Mudança, Charles Motorista, Pereira da

Oficina, Ubirajara, Pastor Joselito e Joabe; Isabela Bandeira (promotora de

Justiça), Viviane Guimarães (representante da Comissão de Defesa dos

Direitos das Pessoas com Deficiência da OAB-PE), Cristiane Arcoverde

(coordenadora de Atenção Especializada da Secretaria de Saúde de

Jaboatão), Ednéia Rodrigues de Albuquerque (Comud/Recife), José Diniz

(Coned), Felipe Gervásio (ONG Deficiente Eficiente), Germana Soares

(presidente da UMA), Ana Cristina de Andrade (Amar), Elaine Alencar

(Fundação Perrone), Robson Leite (secretário de Articulação da Prefeitura de

Jaboatão dos Guararapes), Marina Freire (da Consultoria da Alepe).

2.25.1. Principais problemas apresentados

Felipe Gervásio, presidente da ONG Deficiente Eficiente, pontuou como

problemas:

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Cadeirantes não recebem cadeiras de rodas no município de Jaboatão

dos Guararapes.

Germana Soares, presidente da UMA, pontuou como problemas:

Poucas creches no município, não há vagas suficientes para atender a

demanda de crianças com a Síndrome Congênita do Zika Vírus, que já

estão na faixa etária da inclusão escolar.

O serviço de apoio escolar ofertado no município para os alunos com

deficiência é desempenhado por estagiários. Resposta à demanda:

Isabela Bandeira, promotora de Justiça, esclareceu que já existe um

inquérito civil instaurado a esse respeito, em que o Ministério Público

afirmou não concordar e não admitir estagiário no desempenho da

função de acompanhante escolar. Elucidou que o município pediu um

prazo para montar um grupo de trabalho e encaminhar ao Ministério

Público.

O transporte disponibilizado pela prefeitura de Jaboatão dos Guararapes

às crianças com a Síndrome Congênita do Zika Vírus não é inclusivo,

pois não comporta as crianças em suas cadeiras de rodas. Destaca,

ainda, que o transporte foi sinalizado como de uso exclusivo de pessoas

com microcefalia. Trata-se de uma atitude excludente, pois exclui as

demais deficiências, além de referir-se erroneamente à doença, cuja

nomenclatura é Síndrome Congênita do Zika Vírus. Resposta à

demanda: Isabela Bandeira, promotora de Justiça, afirmou que

encaminhará a denúncia à Promotoria de Saúde, para que a

acessibilidade seja fiscalizada. Resposta à demanda: Roseane Lemos,

da Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, afirmou que o Programa

Cuidar Bem, que disponibiliza as vans, foi criado para ser acessível, e

assegurou que irá apurar o caso junto à empresa prestadora do serviço.

A policlínica inaugurada pela prefeitura passou a ofertar as sessões de

reabilitação a cada 15 dias, mas a terapia é prescrita, em média, de

duas a três vezes por semana.

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Denunciou que os profissionais da policlínica faltam com frequência.

Resposta à demanda: Cristiane Arcoverde, Coordenadora de Atenção

Especializada da Secretaria de Saúde de Jaboatão, solicitou a

formalização da denuncia junto à Ouvidoria, para que as irregularidades

possam ser averiguadas.

O município não disponibiliza em seus serviços de saúde psicólogos,

neuropediatras, geneticistas e hidroterapia, fundamentais para o

tratamento e reabilitação das pessoas com deficiência.

Resposta à demanda: Cristiane Arcoverde, Coordenadora de Atenção

Especializada da Secretaria de Saúde de Jaboatão, afirmou que existe

uma carência de neuropediatras em todo o estado, e que a prefeitura

realizou uma seleção de médicos especialistas, mas não foram

preenchidas todas as vagas.

O leite prescrito para as crianças com a Síndrome Congênita do Zika

Vírus, o Fortini da Danone, não é fornecido na quantidade necessária

(que, para muitas crianças, é de 14 a 16 latas por mês). Esclareceu que

esse é um problema gravíssimo, pois muitas dessas crianças utilizam

esse suplemento como único alimento e o custo é muito alto para essas

famílias - cada lata custa cerca de R$ 50.

Resposta à demanda: Thiago, farmacêutico responsável pela compra

dos suplementos, informou que houve problemas em relação ao

abastecimento dos suplementos, pois são apenas duas empresas que

fornecem para todo o Brasil. Em janeiro, receberam o abastecimento

parcial, pois os fornecedores não conseguiram atender a demanda.

Afirmou que em março conseguiria reestabelecer todo o fornecimento.

Falta de sondas nasogástricas em tamanhos menores para crianças,

sendo necessário utilizar sondas maiores, que causam um grande

desconforto.

Falta de profissionais capacitados para a colocação de sondas

nasogástricas no município, apesar de ser um procedimento de baixa

complexidade.

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2.25.2. Demandas Apresentadas

Felipe Gervásio, presidente da ONG Deficiente Eficiente, pontuou como

demandas:

Criação de uma gerência da pessoa com deficiência em Jaboatão dos

Guararapes, com orçamento e autonomia para discutir a temática da

inclusão (pois hoje o que se tem é uma coordenadoria), e com a atuação

de pessoas com deficiência na gestão, dando voz ao movimento “Nada

sobre nós sem nós”.

Criação de um fundo de auxilio às instituições de pessoas com

deficiência de Jaboatão dos Guararapes.

Melhorias na acessibilidade do prédio da Câmara de Vereadores de

Jaboatão dos Guararapes.

Germana Soares, presidente da UMA, pontuou como demandas:

A efetivação do direito à gratuidade para a pessoa com deficiência no

transporte intermunicipal em Pernambuco.

Criação de uma rotina de reuniões mensais entre as mães das pessoas

com deficiência e o secretário do Poder Executivo Municipal, para

solução das demandas, a exemplo do que é feito com a Secretaria de

Saúde de Pernambuco.

A deputada Terezinha Nunes, pontuou como demanda:

A criação de uma Frente Parlamentar em Defesa da Pessoa com

Deficiência em Jaboatão dos Guararapes.

Isabela Bandeira, promotora de Justiça, pontuou como demanda:

Ampliação do número de residências terapêuticas e dos Centros de

Atenção Psicossocial (Caps) do Município.

Ana Cristina de Andrade, representante da Amar, pontuou como demanda:

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Inclusão nos currículos de cursos superiores de uma disciplina que

aborde as doenças raras.

Ampliação do número de vagas ofertadas no Centro de Reabilitação do

município.

Ana Cristina de Andrade, representante da Amar, pontuou como problema:

Falta de profissionais capacitados para colocação de sonda

nasogástrica nas crianças.

2.26. Reunião 27 – A acessibilidade nos eventos culturais de

Pernambuco

Tema: A acessibilidade nos eventos culturais de Pernambuco.

Local: A reunião foi realizada na Assembleia Legislativa do Estado de

Pernambuco, na sala do Plenarinho I, às 9h do dia 8 de março de 2018.

Participantes: deputada Terezinha Nunes; deputada Laura Gomes; Eduardo

Brasileiro (gerente geral de Equipamentos Culturais da Fundarpe); Carla

Bensoussan (Lead); Jamerson Lima (Coquetel Molotov); Ana Lins

(Carvalheira); Marília Mendonça (artista com deficiência); José Diniz (Coned);

Patrícia Rocha (audiodescritora); Luís Albérico (Professor de Libras da UPE);

Gabriela Severien (Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco); Leda

Pessoa (Defensoria Pública do Estado de Pernambuco); Michel Platini

(consultor em audiodescrição).

2.26.1. Principais problemas apresentados

Jamerson Lima, do Coquetel Molotov, apresentou como problema:

Para as produtoras, não é sempre possível garantir as condições de

acessibilidade desejáveis em função do local onde são realizados os

eventos.

Ana Lins, da Carvalheira, apresentou como problema:

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A escassez, no mercado, de equipamentos para garantir a

acessibilidade.

José Diniz, do Coned, pontuou apresentou como problemas:

A falta de acessibilidade da programação de televisão, uma vez que o

Ministério das Comunicações exige que apenas seis horas de

programação diária sejam acessíveis.

Luís Albérico, da Universidade de Pernambuco, apresentou como problemas:

O fato de que muitos surdos não sabem Libras em razão da escassez

de capacitação.

Sugestão da Frente Parlamentar: A deputada Terezinha Nunes

sugeriu a criação de cooperativa de intérpretes de Libras para realizar

convênio com a Administração Pública e garantir a oferta do serviço.

A Secretaria Estadual de Saúde não realizaria a triagem auditiva

neonatal, necessária para verificar a existência de surdez/deficiência

auditiva.

A Central de Libras de Pernambuco, que recebe recursos públicos, tem

problemas sérios de gestão.

Michel Platini, consultor em audiodescrição, apresentou como problema:

As condições de acessibilidade são consideradas apenas na execução

dos projetos culturais, e não desde a elaboração destes.

A divulgação dos eventos culturais não é acessível.

2.26.2. Demandas Apresentadas

Ana Lins, da Carvalheira, e Jamerson Lima, do Coquetel Molotov, pontuaram

como demanda:

Maior divulgação das empresas que fornecem os equipamentos

necessários para garantir a acessibilidade dos grandes eventos.

José Diniz, do Coned, pontuou como demanda:

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Acessibilidade em todos os camarotes em grandes eventos, e não

apenas em camarotes específicos para pessoas com deficiência.

Luís Albérico, da Universidade de Pernambuco, pontuou como demandas:

A instituição de exigência de que todos os órgãos públicos contem com,

no mínimo, 5% de profissionais capacitados em Libras.

Maior oferta de cursos de Libras pela Universidade de Pernambuco.

Michel Platini, consultor em audiodescrição, pontuou como demandas:

A participação de especialistas em acessibilidade na análise de projetos

a serem incentivados pelo Funcultura.

A participação de pessoas com deficiência na elaboração de produtos e

eventos culturais, de modo a garantir a acessibilidade destes.

2.26.3. Dispositivos legais relacionados

2.26.3.1. Lei nº 16.113, de 5 de julho de 2017

Dispõe sobre o Sistema de Incentivo à Cultura (SIC) do Estado de

Pernambuco

Art. 1º, § 2º: o SIC é composto pelas seguintes modalidades: I)

Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura).

No que diz respeito a pessoa com deficiência, a norma exige apenas

que os projetos culturais de cinema e vídeo que recebam recursos do

SIC contem com cópia em Libras e com cópia em áudiodescrição

(art. 5º, § 3º).

3. PANORAMA PRELIMINAR DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA EM

PERNAMBUCO

A partir dos relatos e debates realizados pela Frente Parlamentar em

Defesa das Pessoas com Deficiência na Região Metropolitana do Recife e no

interior do Estado, foi possível delinear um panorama das dificuldades

enfrentadas e de suas demandas. O panorama foi organizado por áreas de

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interesse, de modo a estimular a proposição de soluções e o desenvolvimento

de políticas de inclusão.

Como lacuna inicial, destaca-se a falta de dados estatísticos relativos às

pessoas com deficiência em Pernambuco, fundamentais para o avanço e

direcionamento das políticas públicas. Sugestão da Frente Parlamentar:

Elaboração de estudos censitários, normatizando sua realização periódica,

para saber como vivem e quem são as pessoas com deficiência em nosso

Estado. Registro da pessoa, como pessoa com deficiência, nos bancos de

dados dos serviços de segurança, saúde e educação do Estado, para

possibilitar a produção de dados estatísticos, resguardados os direitos relativos

à privacidade.

Outra necessidade de primeira ordem é o estabelecimento de uma rotina

de reuniões entre as pessoas com deficiência, suas entidades

representativas e o Poder Executivo, para seleção das prioridades de

investimentos, planejamento das ações, das políticas e solução das demandas.

A interiorização das discussões da Frente revelou a falta de políticas

municipais voltadas para as pessoas com deficiência, o que sobrecarrega

os serviços e as políticas estaduais. Ação da Frente Parlamentar:

encaminhamento de ofício para presidência das Câmaras Municipais de cada

um dos 184 municípios do Estado, solicitando a criação das Frentes Municipais

em Defesa das Pessoas com Deficiência.

3.1 Mobilidade

3.1.1 Transporte metropolitano e acessibilidade arquitetônica

Os ônibus que fazem as linhas da Região Metropolitana do Recife contam,

em geral, com apenas uma vaga para cadeirante. Ação da Frente

Parlamentar: O Grande Recife Consórcio de Transporte se comprometeu a

desenvolver um projeto piloto em algumas linhas, para disponibilizar lugar para

ao menos dois cadeirantes por ônibus.

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Foram apontados diversos obstáculos à garantia do benefício da

gratuidade nos veículos do Sistema de Transporte Público de

Passageiros da Região Metropolitana do Recife. Um dos problemas é a

necessidade de recadastramento das pessoas com deficiência permanente a

cada dois anos para manutenção do VEM Livre Acesso, inclusive mediante

apresentação de laudo emitido pelo SUS. Apontou-se, também, o longo prazo

de espera para obtenção do cartão VEM Livre Acesso. Ação da Frente

Parlamentar: Foi elaborada minuta de projeto de lei com o objetivo de

aperfeiçoar a Lei do VEM Livre Acesso Frente, com a participação da Sead, do

Comud, do Coned, da Gerência de Pessoa com Deficiência do Recife e da

Comissão dos Direitos da Pessoa com Deficiência da OAB-PE.

O metrô e o BRT (Bus Rapid Transit), em geral, não são acessíveis. Não

há, por exemplo, preferência das pessoas com deficiência ou mobilidade

reduzida na utilização dos elevadores do metrô. O metrô também não conta

com piso tátil, que seria necessário.

As calçadas do município do Recife têm sérios problemas de

acessibilidade. A situação se repete nos demais municípios do estado.

3.1.2 Transporte Intermunicipal

Descumprimento da Lei n° 12.045, de 17 de julho de 2001, que concede

gratuidade às pessoas com deficiência, no transporte intermunicipal no

estado.

Os terminais intermunicipais não são acessíveis, havendo locais em

que o embarque e o desembarque ocorrem diretamente na rodovia.

3.1.3 Trânsito

Os acidentes de moto foram apontados como uma das principais causas

de deficiências físicas permanentes. O problema é especialmente recorrente

no interior do estado. Solução Apresentada nas Reuniões da Frente

Parlamentar: a municipalização da gestão e fiscalização do trânsito (já prevista

no CTB) foi apresentada como uma estratégia eficiente no que diz respeito à

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prevenção de acidentes e, consequentemente, à prevenção de deficiências

físicas evitáveis.

3.2 Educação

O Ofício nº 2039/2017, da Secretaria de Educação, apontou que existem,

nas escolas de Pernambuco (incluindo as redes de ensino federal, estadual,

municipal e privada), 34.472 estudantes com deficiência, o que representa

1,5% do referido universo de estudantes. O número está bastante abaixo do

percentual de pessoas com deficiência em relação ao total da população de

Pernambuco, que é de 27,58%, de acordo com dados do Censo de 2010. Isso

indicaria subnotificação ou mesmo a exclusão deste público da vida escolar.

Muitas escolas particulares não incluem os alunos com deficiência,

disponibilizando uma educação inadequada ou mesmo negando matrícula,

apesar da proibição legal de fazê-lo. Parte do problema deve-se à falta de

fiscalização. Em consequência disso, as escolas particulares que são

referência em inclusão estão sobrecarregadas. Solução Apresentada nas

Reuniões da Frente Parlamentar: Concessão de incentivos governamentais

às escolas particulares para inclusão de alunos com deficiência, uma vez que a

inclusão depende da atuação de uma equipe multidisciplinar específica, que

envolve profissionais das mais diversas áreas.

As escolas públicas incluem mais do que as particulares. Contudo, faltam

profissionais de apoio para alunos com deficiência nas escolas estaduais e

municipais. Por causa dessa defasagem, em muitas escolas a atividade é

desempenhada por estagiários. Os profissionais de educação não estão

capacitados para incluir, também, os alunos com Transtorno do Espectro

Autista (TEA), Transtornos Globais do Desenvolvimento Infantil (TGD),

deficiências sensoriais e cognitivas, bem como altas habilidades/superdotação.

Os recursos materiais e tecnológicos disponíveis para inclusão nas

escolas públicas são mal administrados. Muitas salas de recursos,

tecnologias e materiais são mal alocados, subutilizados, e os profissionais não

são treinados para utilizar os recursos disponíveis.

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Além de não haver vagas suficientes nas creches em vários municípios,

muitas delas não aceitam ou não estão preparadas para receber crianças

com deficiência. O despreparo é especialmente preocupante no caso das

crianças com a Síndrome Congênita do Zika Vírus, que estão atingindo a idade

de acessar tal serviço.

Falta material didático focado em Libras para ser distribuído e

trabalhado nas escolas. Além disso, muitas vezes os intérpretes de Libras

não têm o conhecimento da matéria ministrada, o que dificulta o

aprendizado. Solução Apresentada nas Reuniões da Frente Parlamentar:

Contratação de professores especialistas na matéria ministrada que tenham

capacitação em Libras para a educação de pessoas com deficiência auditiva.

Os cursos de graduação não contam com disciplinas relacionadas à

acessibilidade, inclusão e tratamento das pessoas com deficiência. Solução

Apresentada nas Reuniões da Frente Parlamentar: adaptação dos

currículos das universidades para oferta de cursos e disciplinas com temática

relacionada às pessoas com deficiência, para que os profissionais cheguem ao

mercado mais preparados para desenvolver um trabalho inclusivo.

A baixa escolaridade das pessoas com deficiência gera diversos

problemas. No caso das pessoas cegas, por exemplo, isso dificulta a

aprendizagem do braille, já que, para aprendê-lo, é necessário conhecer bem

a língua portuguesa. De modo mais geral, a baixa escolaridade dificulta o

acesso ao mercado de trabalho, levando as pessoas com deficiência a

assumir tarefas de menor complexidade e remuneração.

3.3 Diagnóstico e Tratamento

Desenvolvimento de um Sistema de Triagem Neonatal adequado no

estado, medida fundamental para o diagnóstico precoce das crianças com

deficiência. O diagnóstico tardio ocorre com frequência em Pernambuco. Isso

ocasiona diversos prejuízos ao desenvolvimento e à qualidade de vida dessas

crianças, uma vez que os três primeiros anos de vida são fundamentais para

iniciar a estimulação e o tratamento, além de prevenir agravos.

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Construção de uma diretriz estadual de estimulação precoce das

crianças com deficiência para subsidiar os serviços de saúde do estado. Essa

necessidade é agravada em razão do cenário de urgência dado pelo grande

número de casos de crianças com a Síndrome Congênita do Zika Vírus em

Pernambuco.

Criação de um Centro de Referência de Doenças Raras em

Pernambuco, para funcionar como um espaço de diagnóstico,

acompanhamento e capacitação no estado. Resposta à Frente Parlamentar:

em Reunião da Frente Parlamentar do dia 20/02/2018, o secretário de Saúde

do Estado, Iran Costa, anunciou a inauguração do Centro de Referência de

Doenças Raras em Pernambuco para a primeira semana do mês de abril de

2018, que funcionará nas dependências do Hospital Maria Lucinda.

Utilização de prontuário eletrônico para acompanhamento dos pacientes

na Rede Pública de Saúde de Pernambuco, fundamental para a criação do

fluxo de atendimento, comunicação e interiorização da rede.

Dificuldade no agendamento das consultas de acompanhamento na

Rede Pública de Saúde, que, para muitos pacientes, deveriam ser mensais,

para controle e ajuste da medicação.

Necessidade de interiorizar os atendimentos e serviços de saúde ofertados

às pessoas com deficiência em Pernambuco, caracterizados pela insuficiência

de equipes multidisciplinares, da presença de especialistas e de serviços

de reabilitação no interior do Estado. Essa carência prejudica o atendimento

e a reabilitação dessas pessoas, que, para ter acesso ao tratamento prescrito,

deslocam-se, em muitos casos, semanalmente para outras localidades,

principalmente para a Região Metropolitana do Recife. Sugestão Apresentada

nas Reuniões da Frente Parlamentar: Criação de uma Rede de

Comunicação Intermunicipal, com apoio e capacitação do Estado, capaz de

traçar um perfil fundamental sobre as condições de vida, de transporte e

tratamento das pessoas com deficiência, com objetivo de desenvolver um fluxo

de atendimento e reabilitação em todo o estado. A rede também poderia servir

como base para organizar a distribuição e interiorização dos serviços de saúde

em Pernambuco.

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Necessidade de ampliação da fisioterapia respiratória nas unidades de

saúde públicas do estado, fundamental para pessoas com maior

comprometimento motor, inclusive para as crianças com a Síndrome Congênita

do Zika Vírus, cujas vidas, em muitos casos, dependem desse tipo de

intervenção.

O número e a frequência de sessões terapêuticas de reabilitação

disponibilizadas na Rede Pública de Saúde não são suficientes para que as

crianças sejam estimuladas adequadamente.

Insuficiência de profissionais capacitados nos hospitais e nas Unidades

de Pronto Atendimento (UPA) para colocação de sondas nasogástricas nas

crianças com deficiência, apesar de tratar-se de um procedimento de baixa

complexidade. Essa queixa foi recorrente nas reuniões da Frente Parlamentar,

pois muitas crianças com a Síndrome Congênita do Zika Vírus, e com outras

deficiências que causam comprometimento motor, frequentemente necessitam

recolocar essas sondas, utilizadas como via para alimentação e administração

de medicamentos.

Outra demanda recorrente das mães de crianças com a Síndrome

Congênita do Zika Vírus é a irregularidade e a insuficiência de

fornecimento, pelos municípios, do suplemento prescrito para essas

crianças, que em muitos casos representa a sua única fonte de alimentação.

Capacitação dos profissionais de saúde para utilização de ventilação

não invasiva nos pacientes com doenças neuromusculares. Segundo os

relatos, trata-se de medida fundamental para a melhoria da qualidade de vida

das crianças que dependem de ventilação artificial para viver, pois proporciona

maior conforto e menores complicações que a intubação.

Longo tempo de espera para o recebimento de cadeiras de rodas

fornecidas pelo SUS. O trâmite dura em média um ano, o que se deve

principalmente ao fato das entregas se concentrarem nos hospitais da Região

Metropolitana. Solução Apresentada nas Reuniões da Frente Parlamentar:

Atendimento e encaminhamento das pessoas para solicitação e recebimento

das cadeiras na Gerência Regional de Saúde (Geres) de seu local de

residência.

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Falta de profissionais habilitados na rede pública e privada do estado

para tratamento de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O

tratamento para o TEA ofertado na Rede Pública Estadual restringe-se,

basicamente, aos Centros de Atenção Psicossocial (Caps). Relatou-se, ainda,

despreparo dos profissionais da Rede de Atenção Básica para diagnosticar

pessoas com o transtorno. Além disso, o diagnóstico e a assistência ocorrem

quase que exclusivamente no Recife, sendo necessário capacitar e capilarizar

a rede de atenção às pessoas com autismo. Sugestão Apresentada nas

Reuniões da Frente Parlamentar: Criação de centros especializados para

atendimento de pessoas com o TEA dentro dos hospitais regionais.

Capacitação dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasfs) e das Unidades

Pernambucanas de Atenção Especializada (Upaes) para diagnóstico e

tratamento de pessoas com o TEA. Expansão da Rede de Atenção

Psicossocial (Raps), inclusive com a criação de Caps regionalizados, para

atender a demanda de municípios pequenos.

Na adesão de uma pessoa com deficiência aos planos de saúde,

equipara-se a deficiência à doença preexistente e impõe-se uma carência de

dois anos, e não de seis meses, como ocorre na maioria dos contratos de

adesão. Muitos planos de saúde negam a cobertura da reabilitação das

pessoas com deficiência na frequência e quantidade de sessões prescritas, o

que leva à judicialização da questão. Há relatos de que mesmo quando o

paciente é parte vencedora nas ações contra as operadoras dos planos de

saúde, essas não cumprem a sentença judicial.

3.4 Comunicação

Os órgãos públicos do Estado de Pernambuco, em geral, não contam

com intérpretes de Libras, dificultando o acesso das pessoas com deficiência

aos seus serviços. Foram citados nas reuniões os casos do Poder Judiciário,

do Detran/PE e dos serviços de saúde. Resposta à Frente Parlamentar: O

Ofício nº 1590/2017, da Secretaria de Administração, detalhou o número de

intérpretes de Libras que prestam serviços ou são contratados pela

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administração direta ou indireta do Estado. São, no total, 546 intérpretes, quase

todos lotados em escolas.

No caso dos serviços de saúde, é importante capacitar em Libras os

próprios profissionais responsáveis pela atenção à população, uma vez que

a comunicação direta entre tais profissionais e os pacientes com deficiência

auditiva é essencial para o diagnóstico e tratamento.

Os órgãos públicos em geral não garantem a acessibilidade

comunicacional. Além da não disponibilização de intérprete de Libras, já

citada, não é adotado sistema de voz nas chamadas para atendimento do

usuário. As páginas de entes públicos na rede mundial de computadores não

dispõem de conteúdo em Libras nem contam com o recurso da audiodescrição

e a legislação estadual não está disponível em braile.

3.5 Mercado de Trabalho e Assistência Social

Muitas empresas não oferecem acessibilidade estrutural, tecnológica e

assistiva para receber empregados com deficiência, abrindo vagas para tais

pessoas apenas para cumprir as cotas exigidas legalmente. Em muitos casos,

o cargo ofertado é incompatível com o tipo de deficiência e as potencialidades

do candidato.

O valor dos salários relativos às vagas disponibilizadas para pessoas

com deficiência não costuma ser atrativo. Isso, somado às barreiras de

acessibilidade e aos gastos de deslocamento, faz com que muitas dessas

vagas não sejam preenchidas, uma vez que o salário não é acumulável com o

Benefício de Prestação Continuada (BPC), tornando desvantajosa a ocupação.

Muitas mães de crianças com deficiência não conseguem trabalhar e

passam a viver apenas com a renda do Benefício de Prestação Continuada

(BPC), que não é suficiente para custear nem mesmo as despesas básicas da

criança.

Foi demandada a criação de políticas públicas para as mães

cuidadoras, voltadas para a qualidade de vida e saúde dessas, e que

garantam, por exemplo, o atendimento preferencial para a realização de

exames médicos.

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Foram apresentadas queixas em razão da falta de acessibilidade nos

editais e provas dos concursos públicos estaduais. Solução Apresentada

nas Reuniões da Frente Parlamentar: Elaboração pelo governo do estado de

diretrizes mínimas para os concursos do Estado de Pernambuco, normalizando

a reserva de vagas para pessoas com deficiência. Demandou-se também a

alteração da legislação estadual para que sejam incluídas cotas para pessoas

com deficiência nos contratos de terceirização do Estado.

Dados apresentados pela Superintendência Regional do Ministério do

Trabalho e Emprego (Ofício nº 29/2018) demonstram a dificuldade de acesso

das pessoas com deficiência aos cargos e empregos do serviço público

estadual. As pessoas com deficiência ou reabilitadas constituem apenas

0,87% do pessoal da administração pública estadual e 0,14% do pessoal das

administrações públicas municipais de Pernambuco. Ação da Frente

Parlamentar: Foi apresentada a Proposta de Emenda Constitucional nº

11/2018, de autoria da Deputada Terezinha Nunes, que objetiva garantir que,

além da reserva de 5% das vagas em concursos públicos e seleções públicas

simplificadas para pessoas com deficiência, assegure-se também que em cada

certame seja reservada ao menos uma vaga para os candidatos com

deficiência.

3.6 Considerações Finais

Apresenta-se esse panorama com a expectativa de que todos os envolvidos

nos debates e na dinâmica da Frente tenham se sensibilizado com o tema e se

comprometerão em difundir e promover a inclusão em Pernambuco.

A Frente Parlamentar seguirá seus trabalhos no ano de 2018, atuando em

parceria com a Rede de Inteligência Inclusiva instituída no Estado, que envolve

diversos atores (políticos, especialistas, técnicos, sociedade civil, entidades

ligadas ao segmento, conselhos representativos da pessoa com deficiência e

os três Poderes do Estado) e facilita a dinâmica de inclusão e acessibilidade.

Essa iniciativa poderá tornar o Estado de Pernambuco uma referência nacional

em inclusão, baseada no diálogo com os principais interessados no tema.

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4 ENCAMINHAMENTOS

Ante todo o exposto, solicitamos que esse Poder Legislativo encaminhe

cópia do relatório a algumas instituições públicas e privadas a fim de que

tomem conhecimento do panorama preliminar traçado pela Frente Parlamentar

em Defesa da Pessoa com Deficiência sobre como vivem e quais são as

principais demandas das pessoas com deficiência em nosso Estado.

Os encaminhamentos doravante apresentados é resultado da força tarefa

que fizemos para promover a escuta direta dos cidadãos pernambucanos com

deficiência. Escuta essa que foi realizada por meio de audiências públicas, nas

quais estiveram presentes os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, o

Ministério Público, a Defensoria Pública (da União e do Estado) e a sociedade

civil organizada que defende os direitos da pessoa com deficiência, para que

fossem apresentadas demandas e apontadas soluções de forma célere.

Importante também anotar que os representantes dos órgãos estatais

sempre manifestaram o interesse em colaborar com o trabalho da Frente. De

igual forma, também o fizeram os representantes das associações das pessoas

com deficiência e entidades de classe presentes nas audiências (OAB/PE,

Cremepe, Crefito, Conselho de Fonaudiologia, CRP, dentre outros).

Registramos, aqui, a todos eles, nossos agradecimentos.

Esses colaboradores sempre externaram a importância do trabalho

realizado e sugeriram que a comunicação direta aberta entre o Estado e a

sociedade se dê de forma contínua.

Dessa forma, sugerimos que seja formalizada no Estado de Pernambuco a

rede de inteligência que foi construída ao longo dos trabalhos da Frente. A

principal função deverá continuar sendo a promoção de uma maior interseção

entre os órgãos do Estado e a sociedade, a fim de desburocratizar o acesso a

serviços públicos já oferecidos, assim como instituir a prestação de serviço de

acordo com as reais necessidades das pessoas com deficiência.

Destacamos que ouvir o segmento das pessoas com deficiência

juntamente com representantes estatais e de conselhos profissionais, em sala

de situação, foi o início acertado para a implantação dessa rede. A valorosa

contribuição da sociedade civil organizada revelou a solidez do conteúdo dos

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trabalhos e temas abordados. Afinal, é preciso dar ouvidos a quem possui

empirismo com o tema; é preciso tornar efetivo o lema: “nada sobre nós sem

nós”!

A ouvida atenciosa dessas entidades de acolhimento às pessoas com

deficiência permitiu que diagnósticos aflorassem de forma orgânica.

Em tempos de austeridade fiscal, acreditamos que a inteligência inclusiva é

uma boa solução para a gestão eficaz dos recursos, haja vista que os mesmos

serão aplicados em demandas reais da sociedade. Mediante debates

aprofundados, a Frente Parlamentar trouxe o engajamento de entidades e

órgãos do Estado para discutir ações que possam aperfeiçoar o processo de

inclusão e implantar políticas publicas executáveis em conformidade com as

demandas do segmento no Estado de Pernambuco. Precisamos dar

continuidade; desburocratizar a prestação do serviço público.

Neste capítulo, também são sugeridas providências que foram formuladas

com base nas principais demandas apresentadas nas audiências públicas

realizadas pela Frente.

Foi constatado que, por vezes, os serviços públicos são oferecidos, no

entanto os seus destinatários não tomam conhecimento da prestação do

serviço ou há um excesso de exigências para acesso à rede do Estado.

Isso gera, como consequência, a ineficiência no atendimento aos cidadãos

pernambucanos. É imprescindível que o Estado se aproxime e estabeleça uma

comunicação mais eficaz com todos os seus cidadãos.

Posto isto, apresentamos nossos encaminhamentos preliminares:

4.1 No Estado de Pernambuco

4.1.1 Poder Executivo

Seja a cópia do relatório remetida ao Exmo. Sr. Governador do Estado a

fim de que tome conhecimento das principais demandas das pessoas com

deficiência em nosso Estado, apresentadas nas seguintes áreas:

4.1.1.1 Na Administração em geral:

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Promover estudos censitários, inclusive instituindo lei que obrigue a

realização do mesmo periodicamente, para saber como vivem e quem

são as pessoas com deficiência em nosso Estado (são informações

relevantes, por exemplo, a saber: idade, se a deficiência é congênita ou

adquirida, se a pessoa com deficiência estuda ou estudou, se está

inserido no mercado de trabalho ou já esteve, principais demandas,

renda familiar, se já sofreu violência e denunciou, etc).

Promover a articulação junto aos municípios pernambucanos para a

construção de uma rede integrada e efetiva para atender as pessoas

com deficiência, sobretudo, nas áreas de assistência social, educação e

saúde, a fim de promover e melhorar a descentralização e interiorização

dos serviços oferecidos. Realizar também a capacitação dos gestores e

servidores municipais para prestarem melhor serviço aos cidadãos

pernambucanos;

Adequar a legislação estadual, inclusive o Estatuto dos Servidores

Públicos do Estado de Pernambuco, à Lei Federal nº 13.146/2015 (Lei

Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência ou Estatuto da Pessoa

com Deficiência);

Instituir por lei diretrizes mínimas que garantam a efetiva adequação dos

editais de concursos públicos realizados no Estado de Pernambuco à

Constituição Federal e à legislação federal, que normatiza os direitos da

pessoa com deficiência, sobretudo, a Lei Federal nº 13.146/2015, bem

como garantir a reserva mínima de uma vaga para PCD nos editais de

concurso;

Tornar obrigatória a instituição de uma cota mínima para inclusão das

pessoas com deficiência dentre os prestadores de serviços terceirizados

contratados pelo Estado;

Promover a capacitação dos gestores e servidores públicos para que

viabilizem e apoiem a inclusão das pessoas com deficiência no serviço

público estadual;

Instituir nos órgãos públicos comissão permanente para promover ações

práticas de acessibilidade que visem não só a um atendimento mais

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adequado ao cidadão com deficiência como usuário do serviço público,

como também à inclusão das pessoas com deficiência. Segundo dados

do Ministério do Trabalho, fornecidos por meio da Delegacia Regional

em Pernambuco - Ofício n° 029/2018/GS/SRTh/PE, atualmente 0,87%

dos servidores públicos são pessoas com deficiência e reabilitados;

Fomentar políticas públicas junto à iniciativa privada para promover o

ingresso de pessoas com deficiência no mercado de trabalho;

Criar um fundo estadual para o desenvolvimento de políticas de

inclusão, conforme previsto na Lei Estadual de nº 12.761/2005;

Promover a acessibilidade comunicacional da página oficial do Poder

Executivo na rede mundial de computadores para que o conteúdo seja

disponibilizado na Língua Brasileira de Sinais (Libras), bem como esteja

disponível o recurso da audiodescrição;

Adotar o sistema de voz nas chamadas para atendimento do usuário nos

órgãos públicos da administração direta e indireta. A existência de

senhas sem chamada de voz prejudica o atendimento de pessoas

cegas;

Disponibilizar, nas repartições públicas, conforme determina a Lei

Estadual nº 11.686/99, o intérprete de libras, principalmente nos

hospitais e no Departamento de Trânsito (Detran/PE), haja vista que a

Resolução nº 18 do Cetran/PE não vem sendo cumprida, conforme nos

foi relatado;

Implementar políticas públicas relacionada à saúde, à educação, à

moradia e à qualidade de vida para as mães de pessoas com deficiência

que tiveram que deixar o mercado de trabalho, as denominadas “mães

cuidadoras”; e

Melhorar a acessibilidade física e mobiliária das repartições públicas do

nosso estado.

4.1.1.2 Na Educação:

Promover, em conjunto com os municípios, a busca ativa das crianças

em seus domicílios para que sejam matriculadas em creches e escolas,

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tendo em vista o baixo percentual dos cidadãos com deficiência

(1,512%) que estudam em nosso Estado, conforme informado pela

Secretaria de Educação (Ofício de nº 2039/2017 – GAB/SEE-PE);

Ampliar a oferta de vagas para estudantes com deficiência e aprimorar a

educação inclusiva no Estado de Pernambuco, capacitando professores

estaduais para identificar precocemente sinais do Transtorno do

Espectro Autista (TEA), de Transtornos Globais do Desenvolvimento

infantis (TGD), deficiências sensoriais e cognitivas, assim como altas

habilidades/superdotação;

Fazer cumprir no Estado de Pernambuco a Resolução de nº 04 de 2 de

outubro de 2009, do presidente da Câmara de Educação Básica do

Conselho Nacional de Educação, e, nesse sentido propomos:

- capacitação dos professores para trabalhar com alunos com deficiência e

altas habilidades/ superdotação, bem como melhorar a oferta do

Atendimento Educacional Especializado (AEE) na rede estadual de ensino;

- adoção de medidas para tornar mais eficiente a utilização das salas de

recursos, e que também seja promovida a adaptação curricular;

- disponibilização dos recursos da tecnologia assistiva para os alunos com

deficiência na rede estadual de ensino, assim como oferta de materiais

didáticos e pedagógicos adaptados;

- adaptações físicas e mobiliárias das escolas para que recebam os

estudantes com deficiência sem barreiras físicas;

- utilização de recursos de comunicação e informação para os estudantes

com deficiência, sobretudo, Libras e braile;

- oferta de materiais didático em libras para ser distribuído e trabalhado nas

escolas;

Fomentar nas escolas eventos que promovam a sensibilização da

comunidade escolar e da sociedade sobre a temática da inclusão; e

Promover a fiscalização permanente do processo de inclusão nos

estabelecimentos de ensino da rede estadual pública e privada.

4.1.1.3 Na Saúde:

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Aperfeiçoar e expandir a rede de diálogo direto já estabelecida entre a

Secretaria de Saúde e as associações que representam as pessoas com

deficiência. Foi considerada salutar a experiência do diálogo direto que

vem ocorrendo entre a Secretaria e as mães das crianças com a

Síndrome Congênita do Zika Vírus e das Doenças Raras;

Desenvolver um sistema de triagem neonatal a fim de diagnosticar

precocemente as doenças raras e demais síndromes congênitas;

Divulgar a rede de atendimento ofertada pelo Estado para tratamentos

de reabilitação. Nesse sentido, acreditamos que a adoção de uma

cartilha ajudará muito o cidadão, trazendo o passo a passo para que o

usuário saiba como acessar a rede e onde os serviços são ofertados. A

publicação pode ser disponibilizada no formato impresso e em sites

oficiais do governo;

Aumentar a rede de reabilitação existente e promover a interiorização

dos centros de reabilitação com a participação ativa das Gerências

Regionais de Saúde;

Fazer cumprir na rede pública estadual de saúde as diretrizes do

Ministério da Saúde, quando houver, para o tratamento das pessoas

com deficiência;

Instituir no Estado de Pernambuco diretriz estadual de intervenção

precoce (0 a 3 anos de idade) para as crianças com deficiência,

sobretudo no atraso neuropsicomotor;

Ofertar nos centros de reabilitação equipe multiprofissional de saúde, ou

seja, composta por médicos especializados e profissionais das áreas de

fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e psicologia, aptos a

trabalhar com métodos de reabilitação neurológica, por exemplo,

BOBATH, comportamental (ABA), bem como o PEC’S na área de

fonoaudiologia.

Firmar parcerias com os conselhos de medicina, fisioterapia e terapia

ocupacional, fonoaudiologia e psicologia para capacitar os servidores

públicos das áreas de saúde do Estado. Registramos que essa é uma

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sugestão dos próprios conselhos, que se colocaram à disposição do

Estado nas audiências públicas;

Ampliar o número de profissionais habilitados na fisioterapia respiratória,

bem como ofertar a ampliação do número de atendimentos;

Ampliar o número de atendimentos das sessões de fisioterapia,

fonoaudiologia e terapia ocupacional oferecidos pelo Estado;

Criar centro de atendimento, em unidade especializada diferente das

destinadas ao tratamento de doenças mentais e à recuperação de

dependentes químicos para tratamento do Transtorno do Espectro

Autista (TEA), conforme normatizado na Lei Estadual nº 15.487/2015.

Ou, enquanto não for possível a criação de centro próprio na rede

estadual, instituir Caps voltados exclusivamente ao tratamento do TEA;

Capacitar os profissionais de saúde para utilização de ventilação não

invasiva nos pacientes com doenças neuromusculares, haja vista ser

medida fundamental para a melhoria da qualidade de vida das crianças

que dependem de ventilação artificial para viver. Além de ser necessária

para a manutenção do sistema respiratório, a ventilação não invasiva

traz menos complicações do que a intubação. A ausência de cuidados

na utilização desta técnica pode ocasionar até a morte desses

pacientes. É fundamental, assim, que o Estado cumpra a Portaria de nº

370/2008 do Ministério da Saúde;

Melhorar o agendamento das consultas de acompanhamento na rede

pública de saúde;

Ofertar intérprete de libras nos hospitais da rede pública estadual e

capacitar os servidores públicos na Língua Brasileira de Sinais; e

Adotar o processo de informatização do prontuário médico na rede de

saúde do Estado.

4.1.2 Poder Legislativo

Seja remetida cópia do relatório à Mesa Diretora da Assembleia Legislativa,

na pessoa de seu presidente, a fim de que essa Casa aprimore a prestação de

serviços públicos destinados às pessoas com deficiência, instituindo um canal

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de comunicação permanente, bem como implemente e torne mais eficientes os

recursos de acessibilidade disponíveis na Casa. Dito isto, apresentamos as

seguintes sugestões:

Melhorar a acessibilidade, tanto física como de mobiliário, para as

pessoas com deficiência nas dependências dos prédios da ALEPE;

Instituir regimentalmente, como Comissão Permanente da Casa, um

colegiado sobre a temática da pessoa com deficiência;

Promover a acessibilidade comunicacional do sítio eletrônico da ALEPE,

disponível na rede mundial de computadores, com recursos em Libras e

audiodescrição;

Disponibilizar intérprete de Libras, em conformidade com o que

normatiza a Lei Estadual nº 11.686/99, sobretudo, nas atividades

legislativas e no atendimento ao público;

Disponibilizar em braile a produção legislativa;

Adequar as leis que não sejam de competência privativa para legislar à

Lei Federal nº13.146/2015 (Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com

Deficiência ou Estatuto da Pessoa com Deficiência);

Promover, por meio da Escola do Legislativo, a capacitação dos

servidores da Casa para atender e trabalhar com pessoas com

deficiência. Nesse sentido, divulgar e tornar eficaz o contido no Estatuto

da Pessoa com Deficiência, assim como promover políticas que

favoreçam o ingresso da pessoa com deficiência no serviço público;

Criar comissão administrativa e de caráter permanente para que sejam

promovidas políticas de inclusão e acessibilidade na ALEPE visando à

eliminação das barreiras atitudinais e melhor prestação do serviço

público às pessoas com deficiência; e

Promover ações de comunicação, como campanhas educativas, sobre

os direitos previstos em lei para as pessoas com deficiência a fim de

eliminar barreiras atitudinais e promover a inclusão.

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4.1.3. Poder Judiciário

Melhorar a acessibilidade, tanto física como de mobiliário, para as

pessoas com deficiência nos prédios da Justiça Estadual;

Promover a acessibilidade comunicacional do sítio eletrônico do Tribunal

de Justiça, disponível na rede mundial de computadores, com recursos

em Libras e audiodescrição;

Capacitar os magistrados na temática da pessoas com deficiência, a fim

de que se tornem mais eficazes o Estatuto da Pessoa com Deficiência e

a Convenção Internacional sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência,

da qual o Brasil é signatário;

Divulgar junto aos magistrados as diretrizes elaboradas pelo Ministério

da Saúde relacionadas às pessoas com deficiência;

Promover a capacitação dos servidores para atender as pessoas com

deficiência, bem como sobre a temática da inclusão;

Criar comissão administrativa e de caráter permanente para que sejam

promovidas políticas de inclusão e acessibilidade no Judiciário visando à

eliminação das barreiras atitudinais e a melhor prestação do serviço

público às pessoas com deficiência;

Aumentar a equipe multiprofissional do TJPE, a fim de que ela seja

composta por: assistentes sociais, fisioterapeutas, fonoaudiólogos,

médicos, pedagogos, psicólogos e terapeutas ocupacionais. As

associações representativas da pessoa com deficiência consideram

esses profissionais necessários para subsidiar os magistrados, com

pareceres técnicos, no julgamento das demandas relacionadas às

pessoas com deficiência. São exemplos de processos que demandam

essa equipe multiprofissional os que tratam de: acesso ao tratamento de

saúde; oferta de terapias especializadas; apreciação das ações de

tutela, curatela e tomada de decisão apoiada; garantia de matrícula nas

instituições de ensino; e necessidade do acompanhante escolar.; e

Ofertar o intérprete de libras no Poder Judiciário, em conformidade com

o que dispõe a Lei Estadual nº 11.686/99.

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108

4.1.4. Ministério Público

Intensificar ações de fiscalização, nos órgãos públicos estaduais, a fim

de tornar efetivos os direitos das pessoas com deficiência, em particular,

a Lei Federal nº 13.146/2015 (Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com

Deficiência ou Estatuto da Pessoa com Deficiência);

Intensificar ações de fiscalização, principalmente no interior do Estado, a

fim de que seja cumprida a Resolução nº 4, de 2 de outubro de 2009, da

Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, a fim

de garantir:

1. a matrícula do aluno com deficiência em creches e escolas, uma vez que a

negativa de matrícula e a má prestação do serviço nas unidades educacionais

foram temas constantes nas audiências públicas;

2. o Atendimento Educacional Especializado (AEE);

3. a oferta da sala de recursos multifuncionais, da adaptação curricular e o uso

de tecnologias assistivas; e

4. a capacitação de professores para trabalhar com o aluno com deficiência. Os

acompanhantes escolares devem ser contratados mediante concurso, sem que

haja a substituição desses por estagiários, como nos foi informado;

5. ações junto aos municípios para que promovam a busca ativa das crianças

em seus domicílios para que sejam matriculadas em creches e escolas, tendo

em vista o baixo percentual dos cidadãos com deficiência (1,512%) que

estudam em nosso estado, conforme informado pela Secretaria de Educação -

Ofício de nº 2039/2017 – GAB/SEE-PE. Ressalte-se a dificuldade de

mobilidade que as pessoas com deficiência possuem;

Intensificar as ações de fiscalização na área de saúde, principalmente

no interior do estado, haja vista que a pouca oferta e a má qualidade dos

serviços públicos prestados também foram temas permanentes nas

nossas audiências. Sobretudo, fiscalizar a disponibilização de médicos

e em que especialidades, o acesso a tratamentos de reabilitação de

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109

forma descentralizada e realizados por equipe multiprofissional a ser

constituída por médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos e

terapeutas ocupacionais, o acesso ao Tratamento Fora do Domicílio

(TFD), etc.

Intensificar ações de fiscalização na distribuição de medicamentos

quando o seu fornecimento for obrigatório pelo Estado;

Promover a fiscalização do cumprimento da Portaria de nº 370/2008, do

Ministério da Saúde, no Estado de Pernambuco, pois a mesma não vem

sendo cumprida de forma regular, conforme exposto pela Donem à

Frente, na audiência realizada em 24/05/2017 e por meio do Ofício nº

020/2017;

Intensificar ações de fiscalização nos planos de saúde, haja vista que os

nascidos com deficiência, ao aderirem aos planos, são obrigados, por

vezes, a cumprirem carência maior sob a alegação de doença

preexistente;

Intensificar a fiscalização do Departamento Estadual de Trânsito de

Pernambuco - Detran/PE a fim de que seja aplicada a Resolução nº 18/

2015 do Cetran/PE;

Reforçar as ações de fiscalização realizadas perante o Grande Recife

Consórcio de Transporte e a Urbana para que haja a efetiva

acessibilidade (funcionamento regular da Plataforma Elevatória Veicular-

PEV e da Rampa de Acessibilidade Veicular – RAV), da frota de ônibus

que circula na Região Metropolitana do Recife. O Consórcio informou à

Frente que 98% da frota é adaptada. Já os usuários cadeirantes

relataram que muitas vezes as mesmas não funcionam ou o motorista

afirma que a chave foi deixada na garagem;

Estender as ações de fiscalização da adaptação da frota de ônibus para

pessoas com deficiência no interior do estado;

Melhorar a acessibilidade, tanto física como mobiliária para as pessoas

com deficiência nos prédios do Ministério Público;

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Promover a acessibilidade comunicacional do sítio eletrônico do

Ministério Público Estadual, disponível na rede mundial de

computadores, com recursos em Libras e audiodescrição;

Ofertar intérprete de libras, em conformidade com o que dispõe a Lei

Estadual de nº 11.686/99; e

Promover ações de comunicação, como campanhas educativas,

inclusive junto aos gestores públicos dos municípios pernambucanos,

sobre os direitos previstos em lei para as pessoas com deficiência a fim

de eliminar barreiras atitudinais e promover a inclusão.

4.1.5. Defensoria Pública

Melhorar a acessibilidade, tanto física como mobiliária, para as pessoas

com deficiência nos prédios da Defensoria Pública;

Promover a acessibilidade comunicacional do sítio eletrônico da

Defensoria Pública Estadual, disponível na rede mundial de

computadores, com recursos em Libras e audiodescrição;

Ofertar intérprete de libras, em conformidade com o que dispõe a Lei

Estadual de nº 11.686/99;

Intensificar as ações que divulguem o trabalho da Defensoria Pública,

para que cada vez mais sejam tornados eficazes os direitos da pessoa

com deficiência, em especial nas áreas de saúde e educação;

Fortalecer os núcleos da Defensoria Pública que trabalham com a

temática da pessoa com deficiência para que melhorem a capacidade

de atuação e o trabalho seja estendido para o interior do estado;

Realizar, por meio da atuação extrajudicial da Defensoria Pública,

ações de fiscalização na área de educação, sobretudo no interior do

estado, a fim de garantir:

1. a matrícula do aluno com deficiência nas creches e escolas (a negativa da

matrícula e má prestação do serviço oferecido foram temas constantes nas

audiências públicas);

2. o Atendimento Educacional Especializado (AEE);

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3. a oferta da sala de recursos multifuncionais, a adaptação curricular e o uso

de tecnologias assistivas; e

4. a capacitação de professores para trabalhar com o aluno com deficiência. Os

acompanhantes escolares devem ser contratados mediante concurso, sem que

haja a substituição desses por estagiários, como nos foi informado.

Realizar, através da atuação extrajudicial da Defensoria Pública, ações

de fiscalização na área de saúde, principalmente, no interior do estado,

haja vista que a pouca oferta e a má qualidade dos serviços públicos

prestados também foram temas permanentes nas nossas audiências.

Sobretudo, fiscalizar a disponibilização de médicos e em que

especialidades, o acesso a tratamentos de reabilitação de forma

descentralizada e realizados por equipe multiprofissional a ser

constituída por médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos e

terapeutas ocupacionais, o acesso ao Tratamento Fora do Domicílio

(TFD), etc; e

Promover ações de comunicação, como campanhas educativas,

inclusive junto aos gestores públicos dos municípios pernambucanos,

sobre os direitos previstos em lei para as pessoas com deficiência a fim

de eliminar barreiras atitudinais e promover a inclusão.

4.1.6. Tribunal de Contas

Intensificar ações de fiscalização a fim de tornar efetivos os direitos das

pessoas com deficiência, em particular, a Lei Federal nº13.146/2015

(Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência ou Estatuto da

Pessoa com Deficiência);

Melhorar a acessibilidade, tanto física como mobiliária, para as pessoas

com deficiência, nos prédios do Tribunal de Contas Estadual;

Promover a acessibilidade comunicacional do sítio eletrônico do

Tribunal de Contas Estadual, disponível na rede mundial de

computadores, com recursos em Libras e audiodescrição;

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Ofertar intérprete de Libras, em conformidade com o que dispõe a Lei

Estadual de nº 11.686/99; e

Promover ações de comunicação, como campanhas educativas,

inclusive junto aos gestores públicos dos municípios pernambucanos,

sobre os direitos previstos em lei para as pessoas com deficiência a fim

de eliminar barreiras atitudinais e promover a inclusão;

4.2. Municípios Pernambucanos

Constatou-se que muitos dos problemas relatados necessitam da atuação

firme do município. Assim, solicitamos o encaminhamento do relatório a todos

os 184 municípios pernambucanos para que adotem as seguintes providências:

4.2.1 Na Administração Geral:

Instituam, nos órgãos públicos, comissão permanente para promover

ações práticas de acessibilidade que visem não só a um atendimento

mais adequado ao cidadão com deficiência como usuário do serviço

público, como também à inclusão das pessoas com deficiência no

serviço público. Segundo dados fornecidos pelo Ministério do Trabalho,

por meio da Delegacia do Trabalho em Pernambuco - Ofício n°

029/2018/GS/SRTh/PE, apenas 0,14% dos servidores de todos os

municípios pernambucanos são pessoas com deficiência e reabilitados;

Melhorem a acessibilidade, tanto física como mobiliária, para as pessoas

com deficiência, nos espaços públicos e nos prédios da administração

municipal;

Promovam a acessibilidade comunicacional nas repartições públicas

através da oferta do intérprete de Libras e disponibilizem informações

públicas em braile;

Promovam a capacitação dos gestores públicos e servidores sobre os

direitos da pessoa com deficiência;

Garantir que os servidores lotados nos Centros de Referência de

Assistência Social (Cras) sejam de carreira, a fim de evitar a

descontinuidade ou a má prestação dos serviços públicos;

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Promovam ações de comunicação, como campanhas educativas, a fim

de eliminar barreiras atitudinais e promover a inclusão.

4.2.2 Na Educação:

Promovam a busca ativa das crianças em seus domicílios, para que elas

sejam matriculadas em creches e escolas, tendo em vista o baixo

percentual dos cidadãos com deficiência (1,512%) que estudam em

nosso estado, conforme informado pela Secretaria de Educação (Ofício

de nº 2039/2017 – GAB/SEE-PE). Ressalte-se a dificuldade de

mobilidade que as pessoas com deficiência possuem;

Ampliem a oferta de vagas nas creches e na educação infantil para as

crianças com deficiência e ofertem capacitação para os professores da

rede municipal para identificar precocemente sinais do Transtorno do

Espectro Autista (TEA), de Transtornos Globais do Desenvolvimento

infantis (TGD), deficiências sensoriais e cognitivas, bem como altas

habilidades/superdotação;

Cumpram a Resolução de nº 04 de 2 de outubro de 2009, do presidente

da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, e,

nesse sentido propomos:

- a capacitação dos professores para trabalhar com alunos com deficiência e

altas habilidades/superdotação, bem como a melhoria da oferta do

Atendimento Educacional Especializado (AEE) na rede municipal de ensino;

- a adoção de medidas para tornar mais eficiente a utilização das salas de

recursos, bem como a promoção da adaptação curricular;

- a disponibilização dos recursos da tecnologia assistiva para os alunos com

deficiência na rede municipal de ensino, assim como a oferta de materiais

didáticos e pedagógicos adaptados;

- adaptações físicas e mobiliárias das escolas para que recebam os estudantes

com deficiência sem barreiras físicas;

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- a utilização de recursos de comunicação e informação para os estudantes

com deficiência, sobretudo Libras e braile;

- a oferta de material didático em Libras para ser distribuído e trabalhado nas

escolas;

Realizem nas escolas eventos que promovam a sensibilização da

comunidade escolar e da sociedade sobre a temática da inclusão.

4.2.3. Na Saúde:

Forneçam o suplemento alimentar FORTINI às crianças que nasceram

com a Síndrome Congênita do Zika Vírus;

Implantem, por meio das Secretarias de Saúde, o diálogo direto com as

associações que representam as pessoas com deficiência. Foi

considerada salutar, pela Frente, a experiência do diálogo direto que

vem ocorrendo na esfera estadual entre a Secretaria de Saúde do

Estado de Pernambuco e as mães das crianças com a Síndrome

Congênita do Zika Vírus e das Doenças Raras. Acreditamos que a

adoção pelo município do diálogo direto com associações melhorará a

eficiência do serviço a ser prestado;

Divulguem a rede de atendimento ofertada pelo município para

tratamentos de reabilitação. Nesse sentido, acreditamos que a adoção

de uma cartilha ajudará muito o cidadão, trazendo o passo a passo para

que o usuário saiba como acessar a rede e onde os serviços são

ofertados. A publicação pode ser disponibilizada no formato impresso e

em sites oficiais;

Implantem ou aumentem centros de reabilitação a serem constituídos

por equipe multiprofissional de saúde, ou seja, composta por médicos

especializados e profissionais das áreas de fisioterapia, fonoaudiologia,

terapia ocupacional e psicologia, aptos a trabalhar com métodos de

reabilitação neurológica, por exemplo, BOBATH, comportamental (ABA),

bem como o PEC’S na área de fonoaudiologia;

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Cumpram na rede municipal de saúde as diretrizes do Ministério da

Saúde, quando houver, para o tratamento das pessoas com deficiência;

Firmem parcerias com os conselhos de medicina, fisioterapia e terapia

ocupacional, fonoaudiologia e psicologia para capacitar os servidores

públicos das áreas de saúde. Registramos que essa é uma sugestão

dos próprios conselhos, que se colocaram à disposição nas audiências

públicas;

Providenciem a contratação, mediante concurso, de profissionais

habilitados em fisioterapia respiratória;

Adotem medidas para melhorar o agendamento das consultas de

acompanhamento na rede pública de saúde;

Ofertem intérprete de Libras.

4.3 Outras Entidades no âmbito estadual para as quais o presente

Relatório deverá ser enviado

4.3.1 Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de

Pernambuco (Sinepe/PE), a fim de que informe e promova campanhas de

esclarecimento, perante as escolas privadas situadas em nosso estado, sobre

a Lei Federal nº 13146/2015 (Lei Brasileira de Inclusão), em especial sobre os

seguintes tópicos:

ser a matrícula da pessoa com deficiência obrigatória, bem como constituir

crime a negativa de matrícula;

ser proibida cobrança de valores extras tanto na matrícula como na

mensalidade para os alunos com deficiência;

promover a capacitação dos professores para trabalhar com estudantes

com deficiência, adotando práticas pedagógicas inclusivas pelos programas

de formação inicial e continuada de professores e oferta de formação

continuada para o atendimento educacional especializado;

ser obrigatória a adoção de projeto pedagógico objetivando institucionalizar

o atendimento educacional especializado (AEE), assim como os demais

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116

serviços e adaptações razoáveis para atender as características dos

estudantes com deficiência e garantir o seu pleno acesso ao currículo em

condições de igualdade, promovendo a conquista e o exercício da

autonomia do aluno com deficiência;

ser obrigatória a elaboração de plano de atendimento educacional

especializado, de organização de recursos e serviços de acessibilidade e de

disponibilização de recursos de tecnologia assistiva;

ofertar educação bilíngue, em Libras como primeira língua e na modalidade

escrita da língua portuguesa como segunda língua, em escolas e classes

bilíngues;

formar e disponibilizar professores para o atendimento educacional

especializado de tradutores e intérpretes de Libras, de guias intérpretes e

de profissionais de apoio;

ofertar o ensino de Libras, do Sistema Braille e do uso de tecnologias

assistivas.

ofertar para os alunos com deficiência a participação em jogos, atividades

recreativas, esportivas, de lazer e no sistema escolar.

promover a adequação da estrutura física e da estrutura mobiliária nos

colégios para que o aluno com deficiência tenha acesso a toda a edificação,

aos ambientes e às atividades desenvolvidas no ambiente escolar.

4.3.2 Universidades Públicas e Privadas:

Seja encaminhado às seguintes universidades públicas: Universidade Federal

de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)

e Universidade de Pernambuco (UPE), Instituto Federal de Pernambuco

(IFPE), Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). Solicitamos

que elas remetam cópia do relatório aos campus descentralizados em cidades

do interior pernambucano, quando houver, e privadas situadas em todo o

estado a fim de que elas adotem providências para garantir a efetividade da Lei

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Federal nº 13.146/2015 (Lei Brasileira de Inclusão) e em especial adotem

medidas para:

promover o acesso à educação superior e à educação profissional e

tecnológica em igualdade de oportunidades e condições com as demais

pessoas, bem como a permanência do estudante com deficiência devendo,

assim, serem eliminadas as barreiras arquitetônicas e mobiliárias

existentes;

garantir que nos processos seletivos para ingresso e permanência nos

cursos oferecidos pelas instituições de ensino superior e educação

profissional os editais disponibilizem campos específicos para que o

candidato com deficiência informe os recursos de acessibilidade e

tecnologia assistiva para sua partição na prova, bem como que os mesmos

sejam disponibilizados;

disponibilizar em braile edital do concurso de ingresso e, se houver,

retificação;

garantir a dilação do tempo de prova, conforme demanda apresentada pelo

candidato com deficiência, tanto no momento de realização do exame de

seleção quanto nas atividades acadêmicas, mediante prévia solicitação e

comprovação da necessidade;

assegurar que os concursos de ingresso disponibilizem provas em formatos

acessíveis para atendimento das necessidades específicas do candidato

com deficiência;

ofertar recursos de tecnologia assistiva quando previamente solicitados

pelas pessoas com deficiência;

garantir que os critérios de avaliação das provas escritas, discursivas ou de

redação considerem a singularidade linguística da pessoa com deficiência

no domínio da modalidade escrita da língua portuguesa;

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118

incluir em conteúdos curriculares, em cursos de nível superior e de

educação profissional técnica e tecnológica, temas relacionados à pessoa

com deficiência nos respectivos campos de conhecimento;

promover articulação intersetorial para implementar políticas públicas

inclusivas na sociedade;

ofertar tradutores e intérpretes de Libras, com nível superior, habilitados

prioritariamente em tradução e interpretação de Libras, bem como

disponibilizar materiais em braile.

4.3.3 À Superintendência Estadual de Apoio a Pessoa com Deficiência –

Sead/PE.

4.3.4 Às Associações, Conselhos Profissionais, e, Instituições de ensino

presentes nas audiências da Frente;

4.3.5 Aos Conselhos que representam as pessoas com deficiência e

estiveram presentes nas audiências da Frente: Conselho Estadual de

Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Estado de

Pernambuco- Conded/PE e o Conselho Municipal de Defesa dos

Direitos da Pessoa com Deficiência do Município do Recife-

Comud/RECIFE;

4.3.6 À Delegacia Regional do Trabalho e Emprego no Estado de

Pernambuco – DRT/PE;

4.3.7 Á Defensoria Pública da União;

4.3.8 À Associação Municipalista de Pernambuco; e

4.3.9 À representação da Unicef no Estado de Pernambuco.

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119

4.4 Na União

4.4.1 Poder Executivo:

Seja encaminhado ao Ministério da Saúde a fim de que:

O órgão adote as medidas que entender cabíveis e necessárias para que a

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Comissão Nacional de

Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), tornem

mais célere o processo de aprovação e incorporação de medicamentos no

Brasil e no Sistema Único de Saúde, a fim de evitar judicializações

decorrentes da proibição de uso de medicamentos não regulamentados;

Seja providenciada alteração normativa e administrativa para que as

pessoas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) não sejam mais

atendidas nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) da rede pública de

saúde, haja vista que tais centros são destinados às pessoas com

transtornos mentais e não possuem equipe técnica qualificada para

diagnosticar o TEA, nem para coordenar o tratamento multidisciplinar que o

transtorno exige. Alternativamente, que sejam instituídos Caps próprios

para tratamento do Transtorno do Espectro Autista;

Seja ampliada, no Estado de Pernambuco, os Centros Especializados em

Reabilitação (CER), haja vista que a rede existente não supre a demanda

existente. A falta de acesso ao centro de reabilitação foi uma queixa

constante nas audiências públicas realizadas pela Frente Parlamentar em

Defesa da Pessoa com Deficiência da Assembleia Legislativa do Estado de

Pernambuco.

Seja também o relatório encaminhado ao Ministério do Trabalho e Emprego,

a fim de que ele estude a viabilidade de enviar ao Congresso Nacional projeto

de lei regulamentando o trabalho à distância (teletrabalho) para as pessoas

com deficiência, prevendo a concessão de incentivos para as empresas que

contratarem pessoas com deficiência.

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Que sejam disponibilizados mais auditores na Superintendência Regional

do Trabalho no Estado de Pernambuco (SRT/PE) para que sejam

intensificadas as ações de fiscalização do cumprimento da Lei de Cotas

para empresas que contratam pessoas com deficiência.

O relatório deverá ser encaminhado também à Agência Nacional de

Saúde Suplementar (ANS) a fim de que seja reforçada a fiscalização dos

planos de saúde, haja vista que muitos deles consideram o nascido com

deficiência como pessoa com doença preexistente, exigindo cumprimento de

carência maior para o acesso a alguns serviços de saúde.

Também é imprescindível que a Agência Nacional de Saúde

Suplementar torne obrigatória, pelos planos de saúde, a oferta de terapias

específicas para tratamento e reabilitação das pessoas com deficiência, ou

seja, por profissionais e centro de atendimentos qualificados em métodos

terapêuticos específicos como o ABA, o Bobath e o Pecs, por exemplo.

Finalmente, o presente relatório deverá ser encaminhado ao Ministério

dos Direitos Humanos, para que este tome as providências que entender

cabíveis.

4.4.2 Poder Legislativo

Seja o presente relatório encaminhado à Câmara Federal para que sejam

adotadas modificações legislativas em matérias que são de competência

privativa da União.

Com efeito, foram solicitadas modificações nos requisitos atualmente

exigidos para a concessão do Benefício Assistencial ao Idoso e à Pessoa com

Deficiência (BPC), haja vista que, na prática, os requisitos atuais para a

concessão exigem que a pessoa que o pleiteia esteja em condições de

miserabilidade.

Entre os pleitos apresentados, está a garantia à assistência previdenciária

e social às mulheres que deixaram o mercado de trabalho para se dedicarem à

criação do filho com deficiência.

Page 172: ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO … › ... › 2018 › 04 › Relatorio-Pessoa-com-Deficienc… · Natália Câmara – Analista Legislativa . SUMÁRIO APRESENTAÇÃO

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E, não menos relevante, foi-nos sugerido que seja normatizado o trabalho à

distância (teletrabalho) para as pessoas com deficiência, haja vista que, via de

regra, elas possuem grande dificuldade de locomoção.

4.4.3 Ao Ministério Público Federal

Seja encaminhado ao MPF, para que seja reforçada a fiscalização nos

planos de saúde, haja vista que muitos deles consideram o nascido com

deficiência como pessoa com doença preexistente e, dessa forma, exigem o

cumprimento de carência maior para o acesso a alguns serviços de saúde, o

que é vedado pelas normas da Agência Nacional de Saúde Suplementar

(ANS). É importante também que o MPF fiscalize a ANS, para garantir o

acesso ao tratamento de saúde e à reabilitação para as pessoas com

deficiência, haja vista que os planos e seguros de saúde não são obrigados a

fornecer rede credenciada com profissionais e centro de reabilitação aptos para

tal.