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ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE
PERNAMBUCO
Relatório Parcial da Frente Parlamentar em Defesa da
Pessoa com Deficiência
Coordenadora Geral: Deputada TEREZINHA NUNES
Relatora: Deputada LAURA GOMES
Membros
Deputado CLODOALDO MAGALHÃES
Deputado JADEVAL DE LIMA
Deputado RICARDO COSTA
Deputada ROBERTA ARRAES
Deputado ZÉ MAURÍCIO
RECIFE, ABRIL DE 2018
EQUIPE TÉCNICA
Redação
Bruno da Silva Araújo Pereira – Consultor Legislativo
Marina Arcoverde Ribeiro Freire – Consultora Legislativa
Juliana Salazar Pereira da Costa – Procuradora Legislativa
Colaboradores
Ana Cristina Emerenciano Alcoforado Fonseca
Charles Andrade
Daniela Rorato
Suelen Cariny Lins do Nascimento
Revisão
Natália Câmara – Analista Legislativa
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................ 5
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 6
2. DAS REUNIÕES ORDINÁRIAS DA FRENTE PARLAMENTAR EM DEFESA DA
PESSOA COM DEFICIÊNCIA ...................................................................................................... 9
2.1. Reunião 01 – Acessibilidade ....................................................................................... 10
2.2. Reunião 02 – Deficiência intelectual e autismo .......................................................... 15
2.3. Reunião 03 – Educação inclusiva ............................................................................... 19
2.4. Reunião 04 – Atendimento multidisciplinar e diagnóstico precoce ............................. 23
2.5. Reunião 05 – Doenças Raras e a síndrome congênita do zika vírus ......................... 27
2.6. Reunião 06 – A deficiência visual e o Sistema Braille em Pernambuco..................... 34
2.7. Reunião 07 – VEM Livre Acesso ................................................................................. 40
2.8. Reunião 08 – Libras e o acesso à comunicação em Pernambuco ............................. 45
2.9. Reunião 09 – Atendimento à síndrome congênita do zika vírus em Pernambuco ..... 53
2.10 Reunião 10 - As estatísticas da deficiência por acidentes de moto em Pernambuco .. 58
2.11. Reunião 11 – Visita do Unicef à Frente Parlamentar .............................................. 10
2.12. Reunião 12 – Acessibilidade nas estações de metrô da Região Metropolitana do
Recife......................................................................................................................................12
2.13. Reunião 13 – Interiorização e regionalização do atendimento e da reabilitação em
Pernambuco ............................................................................................................................ 17
2.14. Reunião 14 – Os desafios do Transtorno do Espectro Autista e o direito à
inclusão........................... ........................................................................................................ 24
2.15. Reunião 15 – Assistência à pessoa com deficiência no Sertão do São Francisco. 30
2.16. Reunião 16 – Gratuidade do transporte coletivo intermunicipal às pessoas com
deficiência ................................................................................................................................ 35
2.17. Reunião 17 – Educação Inclusiva ........................................................................... 40
2.18. Reunião 18 – Inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho .......... 49
2.19. Reunião 19 – As barreiras e os preconceitos ao processo de inclusão no mercado
de trabalho ............................................................................................................................... 60
2.20. Reunião 21 – Inclusão da pessoa com deficiência nas universidades de
Pernambuco ............................................................................................................................ 64
2.21. Reunião 22 – Atendimento às pessoas com doenças raras em Pernambuco ....... 66
2.22. Reunião 23 – Interiorização do atendimento à pessoa com deficiência ................. 72
2.23. Reunião 24 – Os planos de saúde e as negativas de cobertura ao tratamento da
pessoa com deficiência ........................................................................................................... 75
2.24. Reunião 25 – Implementação de um Centro de Referência de Doenças Raras em
Pernambuco ............................................................................................................................ 80
2.25. Reunião 26 – As políticas de atenção às pessoas com deficiência em Jaboatão
dos Guararapes ....................................................................................................................... 83
2.26. Reunião 27 – A acessibilidade nos eventos culturais de Pernambuco .................. 87
3. PANORAMA PRELIMINAR DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA EM PERNAMBUCO ...... 89
3.1 Mobilidade ................................................................................................................... 90
3.2 Educação ..................................................................................................................... 92
3.3 Diagnóstico e Tratamento ........................................................................................... 93
3.4 Comunicação ............................................................................................................... 96
3.5 Mercado de Trabalho e Assistência Social ................................................................. 97
3.6 Considerações Finais .................................................................................................. 98
4 ENCAMINHAMENTOS ....................................................................................................... 99
4.1 No Estado de Pernambuco ............................................................................................ 100
4.2. Municípios Pernambucanos ........................................................................................... 112
4.3 Outras Entidades no âmbito estadual para as quais o presente Relatório deverá ser
enviado .................................................................................................................................. 115
4.4 Na União .................................................................................................................... 119
5
APRESENTAÇÃO
A FRENTE PARLAMENTAR PARA A VALIDAÇÃO DOS DIREITOS
DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA tem origem no Requerimento Nº
2713/2017, de 6 de fevereiro de 2017, de autoria da deputada Terezinha
Nunes, nos termos do art. 278-A, do Regimento Interno desta Casa, tendo
como estrutura de funcionamento a liderança da coordenadora-geral, deputada
Terezinha Nunes, e como membros efetivos os deputados Laura Gomes,
Roberta Arraes, Jodeval de Lima e Ricardo Costa. O requerimento foi subscrito
por 29 deputados: deputado Adalto Santos, deputado Aluísio Lessa, deputado
Álvaro Porto, deputado André Ferreira, deputado Antônio Moraes, deputado
Augusto César, deputado Claudiano Martins Filho, deputado Eduíno Brito,
deputado Isaltino Nascimento, deputado Jadeval de Lima, deputado Joaquim
Lira, deputado Joel da Harpa, deputado Júlio Cavalcanti, deputada Laura
Gomes, deputado Lucas Ramos, deputado Odacy Amorim, deputado Pastor
Cleiton Collins, deputado Paulinho Tomé, deputado Pedro Serafim Neto,
deputada Priscila Krause, deputado Ricardo Costa, deputada Roberta Arraes,
deputado Rodrigo Novaes, deputado Rogério Leão, deputado Romário Dias,
deputada Socorro Pimentel, deputada Teresa Leitão, deputado Tony Gel,
deputado Vinícius Labanca, deputado Zé Maurício.
Segundo o Requerimento Nº 2713/2017, a finalidade da Frente é
oferecer ao Estado contribuições necessárias a fim de apresentar um
diagnóstico dos quantitativos de entidades, lacunas, dados, estatísticas e
sugestões de políticas públicas, visando somar esforços na construção de uma
sociedade mais justa e inclusiva.
O requerimento destaca que se dê conhecimento da decisão da
Assembleia Legislativa de Pernambuco, e do inteiro teor da proposição
requerida, a Paulo Câmara, governador do Estado; Pedro Eurico, secretário de
Justiça e Direitos Humanos; Edmilson Silva, superintendente estadual de Apoio
à Pessoa com Deficiência – Sead; Clóvis Benevides, secretário de
Desenvolvimento Social, Criança e Juventude; Bruno Moury Fernandes,
6
Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência – CDDPD da
OAB/PE; Ronnie Duarte, presidente da OAB de Pernambuco.
1. INTRODUÇÃO
O presente relatório visa apresentar os resultados parciais da FRENTE
PARLAMENTAR EM DEFESA DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA, instalada na
Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco no dia 11 de abril de 2017.
Incialmente, deve-se registrar que o recenseamento realizado pelo
Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) no ano de 2010 constatou
que 23,9% da população brasileira apresenta algum tipo de deficiência, o que,
em números absolutos, são mais de 45 milhões de brasileiros.
Especificamente, no que diz respeito ao Estado de Pernambuco, foi constatado
que 2.426.106 dos residentes apresentam algum tipo de deficiência, o que
representa 27,58% da população do nosso estado.
Importante também, anotar que as dificuldades do processo de inclusão
das pessoas com deficiência (PCD) atingem mais pessoas do que os números
acima expostos. Com efeito, para cada pessoa com deficiência existirão, pelo
menos, mais duas pessoas envolvidas: os pais e/ou os cuidadores.
Do ponto de vista legal, a adesão do Brasil à Convenção Internacional
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo,
com status de norma constitucional, em conformidade com o procedimento
previsto no §3º do art. 5º da Constituição Federal, impôs uma obrigação a
todos os entes públicos: “promover, proteger e assegurar o exercício pleno
e equitativo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por
todas as pessoas com deficiência e promover o respeito pela sua
dignidade inerente” (art. 1º da Convenção).
Uma das consequências da adesão brasileira à Convenção Internacional
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência foi a promulgação da Lei
Federal de nº 13.146, em 06 de julho do ano de 2015, a Lei Brasileira de
Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI), também denominada de Estatuto da
Pessoa com Deficiência, que se destina “a assegurar e a promover, em
condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades
7
fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e
cidadania” (art.1º).
Dessa forma, podemos afirmar que a LBI objetiva concretizar direitos
assegurados constitucionalmente às pessoas com deficiência. Nesse sentido, a
norma infraconstitucional estabeleceu direitos fundamentais das pessoas com
deficiência (vida, saúde, habilitação e reabilitação, educação, moradia,
trabalho, assistência social, previdência social, cultura, esporte, turismo, lazer,
transporte e mobilidade), assim como garantiu o direito à acessibilidade (ou
seja: a informação, a comunicação, a tecnologia assistiva, a participação na
vida pública e política) e reforçou a garantia do acesso à justiça. Finalmente, a
lei estabeleceu penalidades específicas para crimes e infrações cometidas
contra a pessoa com deficiência.
Importa registrar, aqui, que o governo federal instituiu, por meio do
Decreto Federal de nº 7.612/2011, o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa
com Deficiência – Plano Viver sem Limite, com a finalidade de promover, por
meio da integração e articulação de políticas, programas e ações, o exercício
pleno e equitativo dos direitos das pessoas com deficiência.
No nosso estado, destaca-se a Política Estadual da Pessoa com
Deficiência (Lei nº 14.789, 1º de outubro de 2012), que prevê os princípios,
objetivos, diretrizes, estratégias e linhas de ação que o poder público estadual
deverá adotar para garantir a inclusão das pessoas com deficiência. Há ainda
uma série de instrumentos esparsos, nos três níveis de governo, que procuram
tornar realidade os compromissos assumidos pelo Estado no que diz respeito
às pessoas com deficiência.
Vale ressaltar que, no ano de 2015, Pernambuco foi foco da epidemia da
Síndrome Congênita do Zika Vírus. A epidemia revelou o despreparo dos
órgãos governamentais no acolhimento e atendimento à pessoa com
deficiência. Tal tragédia social, contudo, contribuiu também para sensibilizar o
Estado quanto à necessidade de adequar e ampliar sua rede de atenção à
pessoa com deficiência. Ao tentar atender as demandas sociais surgidas a
partir da referida epidemia, o Estado de Pernambuco pode se tornar o embrião
8
de um processo evolutivo no que diz respeito à atenção à pessoa com
deficiência nas redes públicas de saúde, educação e assistência social.
Logo, diante dos desafios legais e sociais impostos à Administração
Pública, ficou evidenciada a necessidade de se abrir um canal de diálogo entre
a sociedade civil e o poder público. Nesse intuito, foi instalada a Frente
Parlamentar em Defesa da Pessoa com Deficiência, cujo objetivo primordial
além da garantia de direitos, foi desenvolver uma dinâmica de escuta, por parte
das autoridades, das demandas da pessoa com deficiência e de suas
entidades representativas. A partir desse processo, procurou-se traçar um
panorama dos problemas enfrentados e das principais demandas das pessoas
com deficiência em Pernambuco.
A Frente partiu do lema “nada sobre nós sem nós”. Nesse sentido,
institui-se como metodologia para o trabalho a escuta direta às pessoas com
deficiência, bem como a aproximação do segmento, representado por meio das
associações, com os demais Poderes (Executivo e Judiciário), órgãos estatais
(Defensoria Pública e Ministério Público), Conselho Estadual de Defesa dos
Direitos da Pessoa com Deficiência (Coned/PE), Conselho Municipal de Defesa
dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Comud/Recife), Associação
Municipalista de Pernambuco (Amupe) e entidades não governamentais, assim
como entidades de representações de classe que trabalham com a temática,
como a Ordem dos Advogados do Brasil, o Conselho Regional de Medicina, o
Conselho Regional de Fonoaudiologia, o Conselho Regional de Fisioterapia e
Terapia Ocupacional e o Conselho Regional de Psicologia.
O trabalho envolveu a realização de mais de 30 audiências públicas,
visita a órgãos públicos e entidades não governamentais que trabalham com o
segmento, audiências com o governador do Estado e secretários de Estado e
visitas ao interior de Pernambuco.
As reuniões realizadas fora da capital do estado prestaram-se ao papel
de conscientizar lideranças políticas e gestores municipais quanto à
importância de efetivar os direitos da pessoa com deficiência, proporcionando
uma rede educacional inclusiva, atenção à saúde de qualidade e assistência
social apropriada. Parte importante desses serviços é de responsabilidade
9
municipal e, especialmente no interior, foram constatadas graves lacunas na
prestação da atenção devida às pessoas com deficiência.
Neste sentido, solicitou-se a todas as câmaras municipais do Estado de
Pernambuco a instalação de Frentes Parlamentares próprias para discutir a
temática e viabilizar a necessária interação entre os responsáveis pela provisão
dos serviços voltados para a pessoa com deficiência, as entidades da
sociedade civil e as próprias pessoas com deficiência, destinatárias da ação
governamental.
Restou constatado, como se verá no corpo do Relatório, que, apesar
dos avanços obtidos nos últimos anos, muito ainda precisa ser feito para
ampliar a participação das pessoas com deficiência na sociedade. Ainda assim,
o Estatuto da Pessoa com Deficiência impactará a vida de milhões de pessoas.
Por outro lado, sabe-se que, em que pese o esforço do legislador, os
avanços mais significativos não decorrerão da lei, e, sim, da transformação da
mentalidade da sociedade sobre o assunto.
Nesse processo, é essencial a atuação diligente do poder público, em
seus diversos níveis e esferas. Além da necessidade de concretizar direitos por
meio de políticas inclusivas, é indispensável a atuação ativa do Estado na
conscientização da sociedade, seja por meio da disseminação de informações,
seja por meio do exercício pleno dos poderes de fiscalização e, quando
necessário, da aplicação das punições legalmente estabelecidas contra
aqueles que infringirem os direitos da pessoa com deficiência.
Apresenta-se o presente relatório na esperança de que este possa
contribuir para o aperfeiçoamento das ações governamentais voltadas à
pessoa com deficiência em nosso estado e de que represente um passo a mais
no esforço de tornar a sociedade pernambucana uma sociedade
verdadeiramente inclusiva.
2. DAS REUNIÕES ORDINÁRIAS DA FRENTE PARLAMENTAR EM
DEFESA DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA
A Frente Parlamentar foi criada com o objetivo de instituir um espaço de
escuta das pessoas com deficiência em Pernambuco, apurar os principais
10
problemas enfrentados, as demandas e traçar um panorama da situação
dessas pessoas no estado.
Para isso, foram promovidas reuniões semanais, no âmbito da
Assembleia Legislativa, em câmaras municipais da Região Metropolitana e do
interior do estado. Utilizou-se o modelo de Sala de Situação1, com a
participação dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, instituições de
ensino, Ordem dos Advogados do Brasil, sociedade civil, entidades de classe e
conselhos representativos da pessoa com deficiência.
Com esse modo de atuação, a Frente trouxe uma nova dinâmica de
trabalho para o ambiente legislativo, pautada pelo diálogo e interiorização da
discussão. Os debates foram realizados de forma suprapartidária, e trataram
dos mais variados temas e questões relacionados às pessoas com deficiência.
Em sua vigência, a Frente desenvolveu ações e promoveu encaminhamentos
para resolução dos problemas e demandas apontadas, com o intuito de tornar
Pernambuco um estado mais inclusivo.
2.1. Reunião 01 – Acessibilidade
Tema: Acessibilidade - presença da ONG Deficiente Eficiente que realiza
trabalho para pessoas em cadeiras de rodas.
Local: A reunião foi realizada na Assembleia Legislativa do Estado de
Pernambuco, Anexo II, na sala de reunião da 1ª Secretaria, às 10h do dia 26
de abril de 2017.
Participantes: deputada Terezinha Nunes; deputado Clodoaldo Magalhães;
deputada Roberta Arraes; Felipe Gervásio, presidente da ONG Deficiente
Eficiente.
1 Sala de situação é a reunião de múltiplos atores, tanto gestores como corpo técnico, usuários,
profissionais para discutir um tema com profundidade. A dinâmica objetiva extrair diagnóstico e dar celeridade aos processos públicos.
11
2.1.1. Principais Problemas Apontados
Felipe Gervásio, presidente da ONG Deficiente Eficiente, pontuou como
principais problemas:
A falta de planejamento das políticas de acessibilidade das pessoas com
deficiência, com envolvimento da população interessada.
A existência de apenas uma vaga para cadeirante por ônibus, o que
impossibilita que os cadeirantes possam sair em grupo.
Solução apresentada: Adaptação da frota para que os ônibus possam
transportar mais de um cadeirante, o que é possível mediante a retirada
de uma fileira de assentos comuns.
Resposta à demanda: Marcos Petrônio Iglesias, gerente de
Relacionamento do Grande Recife Consórcio de Transporte, na reunião
de 15/06/2017 da Frente Parlamentar, afirmou que a empresa realizará
um projeto piloto em algumas linhas, para disponibilizar lugar para ao
menos dois cadeirantes por ônibus. Em março de 2018, o projeto de
ampliação de espaço dentro da frota de ônibus foi efetivado pelo
Consórcio Metropolitano de Transportes, anunciado em reportagens
jornalísticas. O projeto começou com uma frota de 40 ônibus.
O metrô constantemente se encontra com os elevadores quebrados.
Calçadas e ruas sem acessibilidade. Em diversos pontos há rampa de
acesso em apenas um dos lados da calçada.
O Grande Recife Consórcio de Transporte afirmou, em audiência
pública, que 95% da frota está adaptada e que 100% da frota estará
adaptada até o fim do ano de 2017. No entanto, os dados não
correspondem à realidade enfrentada pelos cadeirantes. As linhas que
atendem às periferias, em sua maioria, não possuem adaptação e, na
prática, o que se verifica são ônibus com elevadores quebrados e
motoristas que esquecem a chave do elevador na garagem.
Demora na entrega das cadeiras de rodas fornecidas pelo SUS aos
cadeirantes. A espera dura um ano, em média. A cadeira é entregue
pelo SUS, mediante o preenchimento de alguns requisitos, como laudo
proveniente do SUS, com o CID da doença, detalhamentos e
12
especificações próprias. O paciente deve comparecer a um hospital de
referência para solicitar e aguardar a entrega da cadeira. Nesse último
passo está a principal causa da demora, pois os atendimentos para
solicitação da cadeira concentram-se na região metropolitana.
Solução Apresentada na Reunião: Atendimento e encaminhamento
das pessoas para solicitação e recebimento das cadeiras nas
respectivas Geres, para dar maior celeridade ao atendimento e
minimizar o tempo de espera para recebimento das cadeiras.
Necessidade de recadastramento do VEM Livre Acesso (VLA) a cada
dois anos das pessoas com deficiência permanente, inclusive mediante
apresentação de laudo emitido pelo SUS.
2.1.2. Demandas Apresentadas
Felipe Gervásio, presidente da ONG Deficiente Eficiente, pontuou como
demandas:
Criação de uma Comissão Permanente de Acessibilidade mediante Lei,
composta por organizações e membros da sociedade civil, e integrantes
da Assembleia Legislativa de Pernambuco, para funcionar de forma
perene, sem prazo de vigência. O objetivo da Comissão é atuar como
fiscalizadora do cumprimento dos direitos das pessoas com deficiência
no estado, além de servir como referência para encaminhamento de
denúncias e demandas relacionadas às pessoas com deficiência.
Ação da Frente Parlamentar: A Frente, por meio da Deputada
Terezinha Nunes, apresentou projeto de lei para criação de uma
Comissão Permanente de Defesa da Pessoa com Deficiência na
Assembleia Legislativa de Pernambuco.
Implementação de homework (teletrabalho) para pessoas com
deficiência, cujas atividades possam ser desempenhadas em casa ou
em organizações não governamentais (ONGs), que proporcionariam um
ambiente adaptado às necessidades de trabalho e acessibilidade.
13
Criação por lei de um contrato de trabalho diferenciado para as pessoas
com deficiência, para que não percam o Benefício de Prestação
Continuada (BPC).
Destinação de verbas de emendas parlamentares para a manutenção
das ONGs, que muitas vezes não conseguem se manter por falta de
recursos.
O Deputado Clodoaldo Magalhães, presente na reunião, esclareceu que
para receber os recursos de emendas parlamentares é necessário que a
entidade atenda a requisitos legais, mas muitas instituições não cumprem
as condições impostas, o que inviabiliza o recebimento das verbas
destinadas às mesmas.
2.1.3. Ações e Encaminhamentos da Frente Parlamentar
Diante das inúmeras queixas de cartões do VLA bloqueados, a Frente
Parlamentar se uniu à Sead, ao Coned/PE, ao Comud/Recife, à
Gerência da Pessoa com Deficiência da Prefeitura da Cidade do Recife
e à Comissão da Pessoa com Deficiência da OAB/PE, e, formularam
minuta de Projeto de Lei para alterar a Lei Estadual de nº 14.916/2013.
Trabalhou junto a ONGs, coletando listas de nomes de pessoas que
tinham seus cartões do VEM bloqueados, e atuando como uma ponte
junto ao CTM, para intervir em favor dos desbloqueios destes cartões de
PcDs.
Paralelamente, participou de três audiências do tema no Ministério
Público de Pernambuco, dentro da Promotoria de Direitos Humanos,
para melhor compreensão das denúncias recebidas.
Apresentação de uma proposta de criação de uma Comissão
Permanente de Defesa das Pessoas com Deficiência na Assembleia
Legislativa de Pernambuco.
A Frente Parlamentar apresentou, por meio da deputada Terezinha
Nunes, a Proposta de Emenda à Constituição de nº 11/2018 a fim de
modificar a redação do inciso VI, alínea a, do art. 97 da Constituição
Estadual, objetivando manter não só a cota de 5% (cinco por cento) da
14
reserva de vagas, em concursos públicos realizados no Estado para as
pessoas com deficiência, como também a garantia da reserva mínima
de uma vaga.
2.1.4. Dispositivos Legais Relacionados
2.1.4.1. Lei Federal nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993 (Lei Orgânica da
Assistência Social – Loas)
Art. 20: o benefício de prestação continuada é a garantia de um
salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso
com 65 anos ou mais que comprovem não possuir meios de
prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família.
Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem
impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual
ou sensorial.
Família incapaz de prover a manutenção da pessoa com
deficiência é aquela cuja renda mensal per capita seja inferior a
1/4 (um quarto) do salário-mínimo.
O benefício de prestação continuada deve ser revisto a cada dois
anos para avaliação da continuidade das condições que lhe
deram origem (art. 21).
O benefício de prestação continuada será suspenso pelo
órgão concedente quando a pessoa com deficiência exercer
atividade remunerada, inclusive na condição de
microempreendedor individual (art. 21-A).
A contratação de pessoa com deficiência como aprendiz não
acarreta a suspensão do benefício de prestação continuada,
limitado a dois anos o recebimento concomitante da remuneração
e do benefício.
2.1.4.2. Portaria nº 1.272 de 25 de junho de 2013 (Ministério da Saúde)
Inclui Procedimentos de Cadeiras de Rodas e Adaptação Postural
em Cadeira de Rodas na Tabela de Procedimentos,
15
Medicamentos, Órteses, Próteses e Materiais Especiais (OPM) do
Sistema Único de Saúde.
A prescrição e dispensação das cadeiras de rodas dependerão de
laudo emitido por profissional capacitado e de autorização prévia
do gestor responsável.
2.2. Reunião 02 – Deficiência intelectual e autismo
Tema: Deficiência intelectual e autismo – o desafio de criar políticas públicas
de acolhimento para essas pessoas.
Local: A reunião foi realizada no Plenário da Assembleia Legislativa do Estado
de Pernambuco, às 10h do dia 3 de maio de 2017.
Participantes: deputada Terezinha Nunes; deputada Laura Gomes;
representantes das ONGs: Afeto; Associação de Pais, Amigos e Pessoas com
Deficiência, de Funcionários do Banco do Brasil e da Comunidade (APABB);
Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e Associação de Pais e
Amigos de Pessoas com Síndrome de Down (Aspad), que atendem pessoas
com deficiência intelectual; Shirlley Tenório, representante da Conselho
Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Recife
(Comud) e da Associação de Aposentados e Pensionistas do Banco do Brasil
(AAPBB).
2.2.1. Principais Problemas Apontados
Emerson Albuquerque, Presidente da Associação Amigos do Autista (AMA-
Getid), pontuou como problemas:
Apesar da exigência legal da matrícula do aluno com deficiência, muitas
escolas particulares negam a matrícula.
Diagnóstico tardio das crianças com deficiência.
No SUS o autismo é tratado nos Centros de Atenção Psicossocial
(CAPs), que também são responsáveis pelo atendimento de usuários de
16
crack, álcool e outras drogas, temas cujo tratamento e abordagem não
se relacionam com o autismo.
José Diniz Junior, Vice-Presidente do Coned, pontuou como problemas:
A baixa inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho.
Relatou que as empresas abrem vagas para pessoas com deficiência,
mas não dispõem de acessibilidade estrutural, tecnológica e assistiva
para recebê-las.
Solução Apresentada na Reunião: Existência de equipes
multiprofissionais nas empresas, destinadas a fazer a colocação
profissional dessas pessoas, mediante a adequação do ambiente de
trabalho ao tipo de deficiência e ao serviço a ser desempenhado.
Existência de 14 mil vagas de emprego disponíveis para pessoas com
deficiência no estado, que não são preenchidas. As empresas relatam
como causa a falta de habilidade dos candidatos, mas segundo José
Diniz, falta acessibilidade nas empresas e compatibilidade entre o cargo
ofertado e as potencialidades do candidato. Como exemplo, relatou o
caso das empresas de ônibus que disponibilizam vagas de motoristas e
cobradores para cegos, o que impossibilita a contratação. Para José
Diniz, as empresas utilizam-se desse tipo de prática para justificar que
as vagas não são preenchidas por falta de pessoas com deficiência
habilitadas para o cargo ofertado, quando, na verdade, não há uma
adequação entre a deficiência e a vaga oferecida.
2.2.2. Demandas Apresentadas
Shirlley Tenório, representante da Comud e da AAPBB, pontuou como
demandas:
Importância de discutir e desenvolver políticas de inclusão para o adulto
com deficiência, principalmente voltadas para a autonomia e inserção no
mercado de trabalho.
17
Solução Apresentada na Reunião: Avaliação da possibilidade de
implantar residências inclusivas em Pernambuco, a exemplo das
descritas no Viver sem Limites, Plano Nacional dos Direitos da Pessoa
com Deficiência do governo federal. O objetivo dessas residências é
ofertar serviços de proteção integral a jovens e adultos com deficiência
que não dispõem de condições de autossustentabilidade ou de
retaguarda familiar.
Desenvolvimento de políticas de acolhimento das famílias das pessoas
com deficiência.
2.2.3. Ações e Encaminhamentos da Frente Parlamentar
Agendamento de reunião com o Sindicato Pernambucano de Escolas
Privadas para discutir a negativa das matriculas por parte do setor,
com a presença da Promotoria de Educação do MPPE
Criação de um grupo de trabalho para analisar as cotas para PcDs
nas empresas privadas e órgãos públicos e agendamento de uma
reunião da frente parlamentar para extrair diagnóstico sobre os
números de PcDs no mercado de trabalho
Criação do Prêmio Educação Inclusiva, com a intenção de dinamizar
o segmento escolar, incentivando as práticas inclusivistas.
A Frente se uniu à Defensoria Pública do Estado e encaminhou o
Projeto de Resolução de nº 1631/2017, a fim de instituir na
Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco. O “Prêmio da
Educação Inclusiva”, destinado a valorizar, estimular e premiar
estabelecimentos de ensino, gestores de escola e
agentes educacionais da educação básica, rede pública e particular,
que promovam a inclusão de estudantes com deficiência no Estado
de Pernambuco.
2.2.4. Dispositivos legais Relacionados
2.2.4.1. Lei Federal nº 7.853, de 24 de outubro de 1989
18
Constitui crime punível com reclusão de 2 a 5 anos e multa
recusar, cobrar valores adicionais, suspender, procrastinar,
cancelar ou fazer cessar inscrição de aluno em estabelecimento
de ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado, em
razão de sua deficiência (art. 8º, I).
Se o crime for praticado contra pessoa com deficiência menor de
18 anos, a pena é agravada em um terço (art. 8º, § 1º).
2.2.4.2. Política Nacional para a Integração da Pessoa com Deficiência
(Decreto Federal nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999)
Capítulo VII, Seção IV: Da Equiparação de Oportunidades –
Acesso ao Trabalho.
Art. 36: “empresa com cem ou mais empregados está obrigada a
preencher de dois a cinco por cento de seus cargos com
beneficiários da Previdência Social reabilitados ou com pessoa
portadora de deficiência habilitada”.
Até 200 empregados: 2%; de 201 a 500 empregados: 3%; de 501
a 1000 empregados: 4%; mais de 1000 empregados: 5%.
Concurso público: pessoa com deficiência concorre às vagas
gerais, garantindo-se, contudo, um percentual mínimo de 5% das
vagas para essas pessoas.
2.2.4.3. Decreto Federal nº 7.612, de 17 de novembro de 2011
Institui o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência -
Plano Viver sem Limite.
O Plano tem como finalidade promover, por meio da integração
e articulação de políticas, programas e ações, o exercício
pleno e equitativo dos direitos das pessoas com deficiência,
nos termos da Convenção Internacional sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo.
Residências Inclusivas: são uma modalidade de Serviço de
Acolhimento do Sistema Único de Assistência Social (Suas). Na
19
concepção do Viver sem Limites, as residências inclusivas
destinam-se a jovens e adultos com deficiência em situação
de dependência. A residência está organizada em pequenos
grupos (máximo de 10 pessoas) “cuja acolhida e convivência
promove o desenvolvimento de capacidades adaptativas à vida
diária, autonomia e participação social” (Secretaria de Direitos
Humanos da Presidência da República – SDH/PR).
2.3. Reunião 03 – Educação inclusiva
Tema: Educação Inclusiva.
Local: A reunião foi realizada no Plenário da Assembleia Legislativa do Estado
de Pernambuco, às 10 h do dia 10 de maio de 2017.
Participantes: deputada Terezinha Nunes; deputada Laura Gomes; deputado
Paulinho Tomé; deputado Zé Maurício; Vera Lúcia Braga de Moura, gerente de
Políticas Educacionais (educação inclusiva, direitos humanos e cidadania),
representando o Governo do Estado de Pernambuco; Gilvani Alves, gerente de
Educação Inclusiva da Prefeitura do Recife, representando a prefeitura; Maria
Tereza Antunes, presidente da Associação de Pais e Amigos de Pessoas com
Síndrome de Down (Aspad); Izabel Cristina dos Santos (Procuradora do Estado
de Pernambuco e Secretária da Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas
com Deficiências da OAB-PE); Maria do Carmo Oliveira, presidente do
Conselho Estadual do Direito das Pessoas com Deficiência (Coned); Rafaela
Lourenço, advogada da Aspad; Maria Carla Pitanga, representando a
Secretaria de Educação e Técnica Pedagógica da Divisão Especial; Ana
Cláudia Albuquerque, da Associação dos Amigos dos Autistas; Natalli Brandi,
defensora pública do Estado; Juliana Salazar e Juliene Viana, procuradoras da
Assembleia Legislativa de Pernambuco; Bruno Pereira e Marina Freire, da
Consultoria da Assembleia Legislativa de Pernambuco.
20
2.3.1. Principais Problemas Apontados
Izabel Cristina dos Santos, da OAB-PE, pontuou como problema:
Muitas escolas particulares não incluem alunos com deficiência, negam
a matrícula ou disponibilizam uma educação inadequada. No entanto,
assim como as escolas públicas, as escolas particulares têm a
obrigação legal de incluir e precisam se adaptar para receber as
pessoas com deficiência.
Juliene Viana, procuradora da Assembleia Legislativa de Pernambuco pontuou
como problema:
A dificuldade para aplicar, regulamentar, difundir e fiscalizar a legislação
existente relacionada à inclusão das pessoas com deficiência,
principalmente nas escolas particulares. Nesse contexto, destacou a
importância da fiscalização e da punição em caso de descumprimento
da legislação, como forma de promover a educação inclusiva no Estado.
Sugestão Apresentada pela Frente: A Deputada Terezinha sugeriu
enviar um documento às escolas sobre a exigência legal de matrícula
das pessoas com deficiência, destacando as penalidades cabíveis em
caso de descumprimento da lei.
2.3.2. Demandas Apresentadas
Juliene Viana, procuradora da Assembleia Legislativa de Pernambuco,
pontuou como demanda:
Revisão dos currículos das graduações, para inclusão de disciplinas
relacionadas ao autismo e ao tema das pessoas com deficiência.
Izabel Cristina dos Santos, da OAB-PE, pontuou como demanda:
Fomentar a expansão do cargo de acompanhante escolar no estado. O
objetivo é capacitar pessoas e criar vagas nas escolas públicas e
particulares para os acompanhantes escolares das crianças com
21
deficiência, cargo fundamental para a inclusão e permanência dessas
crianças nas salas comuns. O que corrobora com a política desenvolvida
em Pernambuco, que inclui as crianças com deficiência nas salas
comuns.
2.3.3. Ações e Encaminhamentos da Frente Parlamentar
Foi enviado o Ofício nº 001/2017 à Secretaria de Educação do Estado
de Pernambuco indagando o cumprimento no Estado de Pernambuco da
Resolução nº 04/2008, da Câmara de Educação Básica do Conselho
Nacional de Educação, do Ministério da Educação. O ofício até a
presente data aguarda resposta.
Foi enviado Ofício de nº 047/2017 à Secretaria de Educação do Estado
de Pernambuco solicitando dados estatísticos ou o número de
estudantes com deficiência matriculados nas escolas públicas e privadas
de Pernambuco. A Secretaria respondeu por meio do Ofício nº
2039/2017- GAB/SEE/PE informando que no estado existem 2.245.513
estudantes matriculados nas redes ensino federal, estadual, municipal e
privada, dos quais 34.472 apresentam alguma deficiência, ou seja, o
número de estudantes com deficiência representa a ínfima proporção de
1,512% do alunado pernambucano.
Reunião de articulação com o Unicef, onde foram detalhadas as lacunas
para inclusão das crianças com deficiência em Pernambuco.
2.3.4. Dispositivos legais Relacionados
2.3.4.1. Estatuto da Pessoa com Deficiência (profissional de apoio
escolar)
Definição: “pessoa que exerce atividades de alimentação, higiene
e locomoção do estudante com deficiência e atua em todas as
atividades escolares nas quais se fizer necessária, em todos os
níveis e modalidades de ensino, em instituições públicas e
privadas, excluídas as técnicas ou os procedimentos identificados
com profissões legalmente estabelecidas” (Art. 3º, XIII).
22
Cabe ao poder público assegurar, criar, desenvolver,
implementar, incentivar, acompanhar e avaliar a oferta de
profissionais de apoio escolar (Art. 28, XVII).
A mesma obrigação vale para as instituições privadas, vedando-
se a cobrança de valores adicionais por isso.
2.3.4.2. Lei Municipal nº 18.038, de 21 de julho de 2014 (Recife)
Cria 1.000 cargos efetivos de Agente de Apoio ao
Desenvolvimento Escolar Especial no âmbito da rede de
ensino público do município do Recife.
Nível médio.
Entre as atribuições do cargo, encontram-se: realizar a recepção
do/a aluno/a com deficiência na escola; auxiliar nas atividades de
higiene, troca de vestuário e/ou fraldas/absorventes; dar
assistência nas questões de mobilidade ao/à aluno/a com
incapacidade deambulatória total ou parcial nos diferentes
espaços educativos; permanecer durante o período de aula do/a
aluno/a com deficiência dentro da sala; adotar medidas
preventivas e propiciar as condições adequadas para evitar-se
risco a saúde e ao bem-estar do/a aluno/a com deficiência;
auxiliar nas atividades correlatas ao bem-estar do/a aluno/a com
deficiência.
2.3.4.3. Lei nº 15.487, de 27 de abril de 2015
Dispõe sobre a proteção e os direitos da pessoa com Transtorno
de Espectro Autista no Estado de Pernambuco.
Considera-se pessoa com Transtorno do Espectro Autista aquela
portadora de síndrome clínica caracterizada por deficiência
persistente e clinicamente significativa da comunicação e da
interação sociais e por padrões restritivos e repetitivos de
comportamentos, interesses e atividades.
23
Para os efeitos da Lei, consideram-se os Transtornos Invasivos
do Desenvolvimento como sinônimos de Transtorno do Espectro
Autista.
Considera-se, para todos os efeitos legais, que as pessoas com
Transtorno do Espectro Autista são pessoas com deficiência.
Entre os direitos da pessoa com Transtorno do Espectro Autista
encontram-se o diagnóstico precoce, início de tratamento
imediato após diagnóstico, tratamento individualizado,
atendimento multidisciplinar e por profissionais especializados,
atendimento em unidade especializada, diferente das destinadas
a tratamento de doenças mentais e a recuperação de
dependentes químicos, entre outros (art. 3º).
Os estabelecimentos de ensino das redes pública e privada de
educação ficam obrigados a incluir em seu ensino regular
estudantes portadores do Transtorno do Espectro Autista (art. 4º).
O gestor escolar, ou autoridade competente, que recusar a
matrícula de aluno com Transtorno do Espectro Autista, ou
qualquer outro tipo de deficiência, será punido com multa de 3
(três) a 20 (vinte) salários-mínimos (art. 5º).
Os estabelecimentos de ensino da rede privada deverão
apresentar projeto de inclusão dos estudantes com necessidades
especiais (art. 6º).
Os Conselhos Profissionais Regionais de Medicina, Psicologia,
Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional, sediados no Estado de
Pernambuco, deverão elaborar e disponibilizar publicamente,
inclusive por meio da internet, no prazo de 90 (noventa) dias após
a edição da Lei, uma lista de profissionais especializados e
capacitados a atender pessoa como Transtorno do Espectro
Autista (art. 10).
2.4. Reunião 04 – Atendimento multidisciplinar e diagnóstico precoce
Tema: Saúde: Atendimento Multidisciplinar/Diagnóstico Precoce.
24
Local: A reunião foi realizada na Assembleia Legislativa do Estado de
Pernambuco, Anexo II, na Sala de Reunião da 1ª Secretaria, 3º andar, às 10h
do dia 17 de maio de 2017.
Participantes: deputada Terezinha Nunes; deputada Roberta Arraes;
deputado Paulinho Tomé; Paula Arruda, médica geneticista, Representante da
Associação Novo Rumo; Pepita Duran, fisioterapeuta; Marcos Rodrigues,
gerente regional Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD); Ana
Sofia Costa, representante da Gerência de Atenção Básica da Prefeitura do
Recife; Priscila Araújo Ferraz, diretora da Policlínica Lessa de Andrade/ Núcleo
de Desenvolvimento Infantil da Prefeitura do Recife; Dra. Ivana Botelho,
promotora de Justiça da Promotoria de Saúde do MPPE; Dr. Rodrigo Machado,
representante da Comissão de Saúde OAB; Bianca Arruda, representante do
Conselho Regional de Fonoaudiologia (Crefono); Cintia Vasconcelos,
representante do Conselho Regional de Fisioterapia (Crefito) e Terapia
Ocupacional; Felipe Vieira da Silva, representante do Conselho Regional de
Psicologia da 2ª Região de Pernambuco; Marina Freire, da Consultoria da
Assembleia Legislativa de Pernambuco.
2.4.1. Principais Problemas Apontados
Marcos Rodrigues, gerente Regional da AACD, pontuou como problema:
A necessidade de interiorizar o atendimento e reabilitação das pessoas
com deficiência no estado.
2.4.2. Demandas Apresentadas
Paula Arruda, médica geneticista, Representante da Associação Novo Rumo,
pontuou como demanda:
Desenvolvimento de um trabalho em conjunto com o município de
residência do paciente, para que seja criada uma rede de apoio, que
considere onde será realizado o tratamento, qual a equipe envolvida e o
transporte que será utilizado. Deve incluir, também, a escola na rede,
para que os profissionais de saúde realizem um trabalho em conjunto
25
com as escolas. O intuito é aumentar não apenas o acesso do paciente
ao tratamento, mas também a continuidade da terapêutica proposta.
Solução Apresentada na Reunião: Criar uma Rede de Comunicação
Intermunicipal, capaz de traçar um perfil fundamental sobre as
condições de transporte, de tratamento e da família do paciente
diagnosticado com alguma deficiência. A proposta é avaliar o local de
residência, se há centros de reabilitação próximos, suas condições de
transporte, a renda familiar e os profissionais que serão envolvidos no
tratamento; para que, a partir desse perfil, a rede possa encaminhá-lo
aos serviços necessários às suas demandas, segundo seu contexto
familiar. Nesse cenário, a Comissão Intergestores Bipartite é um
importante espaço para discutir a criação da rede, uma vez que é onde
ocorre a Programação Pactuada Integrada dos Municípios.
Pepita Duran, fisioterapeuta, pontuou como demanda:
Criação de parcerias público-privadas para a oferta de serviços de
diagnóstico e tratamento de pessoas com deficiência na rede privada.
Sugestão Apresentada pela Frente: A deputada Terezinha Nunes
sugeriu a criação de um Grupo Médico em Pernambuco, destinado à
realização de mutirões de saúde, para atendimento e diagnóstico de
pessoas com deficiência.
Marcos Rodrigues, gerente regional da AACD, pontuou como demandas:
Divulgação nas mídias e nas unidades de saúde da Rede de
Atendimento e Reabilitação existente no estado.
Solução Apresentada na Reunião: Desenvolvimento de campanhas
informativas estaduais, que esclareçam o público sobre a Rede de
Atendimento e Reabilitação disponível.
Divulgação dos direitos das pessoas com deficiência, como por
exemplo, ao recebimento de cadeiras de rodas motorizadas na AACD,
custeadas pelo SUS.
26
Criação de Polos Avançados de Oficinas Ortopédicas no interior do
estado. Marcos Rodrigues informou que a AACD está em contato com
três grandes Geres do interior – Caruaru, Garanhuns e Petrolina – para
criação de polos avançados nessas regiões e destacou a importância de
a Assembleia Legislativa fomentar o processo, fundamental para
interiorização do serviço de reabilitação no estado.
Cintia Vasconcelos, representante do Conselho Regional de Fisioterapia e
Terapia Ocupacional, pontuou como demandas:
Criação de Modelos Lógicos de atendimento pelos Conselhos Regionais
dos profissionais envolvidos no atendimento das pessoas com
deficiência, para organizar a rede de atendimento, tratamento e
reabilitação e facilitar o trabalho multidisciplinar.
Inclusão de matérias relacionadas à acessibilidade, inclusão e
tratamento das pessoas com deficiência nas disciplinas da graduação de
cursos relacionados ao tratamento e inclusão de pessoas com
deficiência, como Medicina, Fisioterapia, Psicologia e Pedagogia.
Felipe Vieira da Silva, representante do Conselho Regional de Psicologia da
2ª Região de Pernambuco, pontuou como principal demanda:
Necessidade de psicólogos para surdos, com habilitação em libras.
2.4.3. Ações e Encaminhamentos da Frente Parlamentar
Agendamento de reuniões e audiências com os municípios para tratar
da interiorização dos atendimentos.
Apresentação de emenda parlamentar destinada a levar oficinas de
órteses e próteses da AACD para três cidades do interior do estado.
Articulação com a Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe)
para a sensibilização dos municípios em relação à temática da pessoa
com deficiência.
27
Articulação da criação das Frentes Municipais em Defesa das Pessoas
com Deficiência, cuja indicação foi oficializada a cada presidência das
câmaras municipais dos 184 municípios do estado.
2.4.4. Dispositivos legais Relacionados
2.4.4.1. Decreto nº 44.474, de 23 de maio de 2017
Dispõe sobre normas relativas à formalização de parcerias entre
a administração pública estadual e organizações da
sociedade civil, mediante termos de colaboração, termos de
fomento e acordos de cooperação.
A organização da sociedade civil deve apresentar objetivos
voltados à promoção de atividades e finalidades de relevância
pública e social.
Os requisitos que as organizações devem cumprir para a
celebração das parcerias com a administração estadual, incluindo
a documentação necessária, estão previstos nos arts. 38 a 42 do
Decreto.
2.5. Reunião 05 – Doenças Raras e a síndrome congênita do Zika Vírus
Tema: Doenças Raras e Síndrome Congênita do Zika Vírus.
Local: A reunião foi realizada no Plenário da Assembleia Legislativa do Estado
de Pernambuco, às 10h do dia 24 de maio de 2017.
Participantes: deputada Terezinha Nunes; deputada Laura Gomes; Vanessa
Van Der Linden, neuropediatra; Mirtes Gomes Araújo, da Secretaria de Saúde
do Recife; Madalena Oliveira, da Secretaria de Saúde do Estado; Matheus
Pereira, da OAB-PE; Poliana Dias, presidente da Aliança de Mães e Famílias
Raras (Amar); Suhellen Oliveira, presidente da Associação de Amigos e
Portadores de Doenças Neuromusculares (Donem); Germana Soares,
presidente da União das Mães de Anjos (UMA); Danielly Laís, do Crefito;
Arabela Veloso de Morais, representante da atenção à pessoa com deficiência
da Secretaria Estadual de Saúde; Marina Freire, da Consultoria da Assembleia
Legislativa de Pernambuco.
28
2.5.1. Principais Problemas Apontados
Dra. Vanessa Van Der Linden, neuropediatra, pontuou como problema:
Os planos de saúde são obrigados a custear os exames genéticos que
estão elencados na Resolução Normativa 387/2015 da ANS. Como não
costumam cumprir esta obrigatoriedade, ocorre a judicialização dessas
demandas.
Germana Soares, presidente da UMA, pontuou como problemas:
A falta de centros de reabilitação no estado para pacientes com
deficiência, principalmente no interior.
A necessidade de realizar o recadastramento, a cada dois anos, do VEM
Livre Acesso, mesmo no caso de doença incapacitante permanente.
Cobrança de multa pelo Grande Recife Consórcio de Transporte em
caso de não comparecimento ao recadastramento. Afirmou que se trata
de cobrança ilegal, proibida pelo MPPE.
Quem não compareceu ao recadastramento em 2017, só consegue
agendar o recadastramento em 2018, mas até lá o cartão fica
bloqueado.
Dificuldade na marcação das consultas, que muitas vezes deveriam ser
mensais, para controle e ajuste da medicação.
Os pais de crianças com deficiência que recebem o Benefício de
Prestação Continuada (BPC) não podem contribuir para o Regime Geral
de Previdência Social (RGPS).
2.5.2. Demandas Apresentadas
Germana Soares, presidente da UMA, pontuou como demanda:
Criação de políticas públicas para as mães cuidadoras, voltadas para a
previdência, saúde e qualidade de vida, como atendimento preferencial
para realização de consultas, mamografias e outros exames.
Dra. Vanessa Van Der Linden, neuropediatra, pontuou como demandas:
29
Desenvolvimento de um Sistema de Triagem Neonatal adequado,
medida fundamental para o diagnóstico precoce das doenças raras.
Criação de um Centro de Referência de Doenças Raras em
Pernambuco, onde sejam realizados diagnóstico, tratamento,
encaminhamento e capacitação, por uma equipe multidisciplinar de
profissionais qualificados em genética, neuropediatria, cardiologia e
nefrologia, dispondo, ainda, de estrutura laboratorial, para realização de
exames específicos, que otimizem o diagnóstico precoce.
Resposta à demanda: Iran Costa, Secretário de Saúde do Estado de
Pernambuco, na reunião do dia 20/02/2018 realizada pela Frente
Parlamentar, anunciou a inauguração, na primeira semana do mês de
abril de 2018, do Centro de Referência de Doenças Raras de
Pernambuco, que funcionará no Hospital Maria Lucinda.
Suhellen Oliveira, presidente da Donem, pontuou como demanda:
Cumprimento da Portaria MS 370/2008, que institui no SUS a ventilação
não invasiva para os pacientes com doenças neuromusculares,
fundamental para o desenvolvimento e a melhoria da qualidade de vida
das crianças que dependem de ventilação artificial para viver.
2.5.3. Ações e Encaminhamentos da Frente Parlamentar
Intercomunicação com a Anvisa, para apresentar os problemas
relatados.
Destinação de emenda parlamentar para a criação de um Centro de
Referência de Doenças Raras no estado de Pernambuco.
Intervenção e sensibilização junto à Secretaria de Saúde para discutir as
demandas apresentadas pelas ONGs.
Sugestão e indicação à Secretaria de Saúde da implementação de
novos atendimentos e políticas específicas para pessoas com doenças
raras.
30
Na proposta de alteração da Lei do VEM, foi retirada a necessidade de
recadastramento, mesmo que bianual, para pessoas com deficiência
permanente.
Estreitamento junto ao Conselho de Medicina de Pernambuco
(Cremepe), para relatar as pautas apresentadas pelas ONGs,
principalmente no que diz respeito ao manuseio de pacientes com
doenças raras, diagnóstico e atendimentos de saúde à pessoa com
doença rara.
Criação de um grupo de trabalho formado por mães, ONGs e Cremepe,
para o desenvolvimento da Cartilha de Manuseios para Pessoa com
Doenças Raras.
Foi encaminhado o Ofício de nº 242/2017 à Prefeitura da Cidade do Recife,
a fim de solicitar ao Prefeito da Cidade o fornecimento do suplemento
alimentar FORTINI as crianças vítima da Síndrome Congênita do Zika
Vírus.
2.5.4. Dispositivos legais Relacionados
2.5.4.1. Resolução Normativa nº 387, de 28 de outubro de 2015, da
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)
Atualiza o Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde, que
constitui a referência básica para cobertura assistencial mínima
nos planos privados de assistência à saúde, contratados a partir
de 1º de janeiro de 1999.
No caso do Plano Hospitalar, os acompanhantes de pessoas com
deficiência têm direito a cobertura das despesas, incluindo
alimentação e acomodação, salvo contraindicação justificada do
médico. (Art. 22, VII, c)
Anexo I, Capítulo IV (Procedimentos diagnósticos e terapêuticos,
incluindo os de natureza genética).
2.5.4.2. Portaria do Ministério da Saúde nº 199, de 30 de janeiro de 2014
31
Institui a Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas
com Doenças Raras, aprova as Diretrizes para Atenção Integral
às Pessoas com Doenças Raras no âmbito do Sistema Único de
Saúde (SUS) e institui incentivos financeiros de custeio.
Definição de doença rara: aquela que afeta até 65 pessoas em
cada 100.000 indivíduos, ou seja, 1,3 pessoas para cada 2.000
indivíduos.
Objetivo: “reduzir a mortalidade, contribuir para a redução da
morbimortalidade e das manifestações secundárias e a melhoria
da qualidade de vida das pessoas, por meio de ações de
promoção, prevenção, detecção precoce, tratamento oportuno
redução de incapacidade e cuidados paliativos” (art. 4º).
Atenção especializada deverá contar com Serviço de Atenção
Especializada em Doenças Raras e Serviço de Referência em
Doenças Raras (este último, para atenção e tratamento de
pessoas pertencentes a, no mínimo, dois eixos assistenciais)
2.5.4.3. Portaria nº 370, de 4 de julho de 2008 (Ministério da
Saúde/Secretaria de Atenção à Saúde)
Estabelece o rol de doenças neuromusculares incluídas no
“Programa de Assistência Ventilatória Não Invasiva aos
Portadores de Doenças Neuromusculares”.
Estabelece as Indicações Clínicas para a utilização de ventilação
não invasiva em pacientes portadores de doenças
neuromusculares.
Secretarias de Saúde dos estados e dos municípios ficam
responsáveis por organizar e implantar o Programa de
Assistência Ventilatória Não Invasiva aos Portadores de Doenças
Neuromusculares.
O Gestor do SUS deve identificar, entre os serviços integrantes
de sua rede assistencial, aqueles que estejam aptos a realizar as
atividades preconizadas pelo programa, especificamente, serviço
32
que disponha, como responsável técnico, de médico
pneumologista, além de pessoal técnico habilitado ao
manuseio/manutenção do equipamento previsto para uso no
Programa.
Cabe à Comissão Intergestores Bipartite (CIB) aprovar a
indicação do serviço.
Só podem ser incluídos no programa portadores das doenças
estabelecidas no Anexo I da portaria.
2.5.4.4. Lei Federal nº 13.146, de 6 de julho de 2015 (Estatuto da Pessoa
com Deficiência)
Penalidades previstas nos arts. 88 a 91 e no art. 103.
Art. 88: Pena de reclusão de um a três anos e multa para quem
praticar, induzir ou incitar discriminação de pessoa em razão de
sua deficiência.
Art. 89: Pena de reclusão de um a quatro anos e multa para quem
se apropriar de ou desviar bens, proventos, pensão, benefícios,
remuneração ou qualquer outro rendimento de pessoa com
deficiência.
Art. 90: Pena de reclusão de seis meses a três anos e multa para
quem abandonar pessoa com deficiência em hospitais, casas de
saúde, entidades de abrigamento ou congêneres.
Art. 91: Pena de detenção de seis meses a dois anos para quem
retiver ou utilizar cartão magnético, qualquer meio eletrônico ou
documento de pessoa com deficiência destinados ao recebimento
de benefícios, proventos, pensões ou remuneração ou à
realização de operações financeiras, com o fim de obter
vantagem indevida para si ou para outrem.
Art. 103: inclui o descumprimento de requisitos de acessibilidade
entre as hipóteses de crime de improbidade por atentado contra a
administração pública.
33
2.5.4.5. Lei nº 14.916, de 18 de janeiro de 2013
Concede às pessoas com deficiência gratuidade nos veículos do
Sistema de Transporte Público de Passageiros da Região
Metropolitana do Recife - STPP/RMR.
O benefício é identificado por meio do Vale Eletrônico
Metropolitano de Livre Acesso (VEM LA).
Tal gratuidade não é cumulativa com outros benefícios de
gratuidade total ou parcial, devendo, em caso de duplo benefício,
ser validado prioritariamente o VEM LA, salvo manifestação
expressa do beneficiário.
É assegurada a extensão do benefício da gratuidade a um
acompanhante da pessoa com deficiência, desde que
necessite de ininterrupta assistência, devidamente comprovada e
justificada em laudo de equipe de saúde previamente credenciada
pelo CTM (Consórcio de Transportes Metropolitanos da Região
Metropolitana do Recife).
Na hipótese do duplo benefício ser caracterizado pela gratuidade
cumulativa concedida aos idosos, o VEM LA será cancelado,
preservando-se a gratuidade pela condição de idoso e, quando
necessário, a extensão do benefício da gratuidade a um
acompanhante (art. 1º, § 4º).
Art. 2º, § 1º, define legalmente os conceitos de deficiência física,
visual, intelectual e múltipla.
Art. 2º, § 2º, define os seis documentos necessários à
concessão do benefício, incluindo o laudo de equipe de saúde
multidisciplinar composta por médico especialista, assistente
social e psicólogo, além de fisioterapeuta ou terapeuta
ocupacional, todos previamente credenciados pela CTM. É neste
laudo que deverá ser atestada a necessidade de acompanhante
para assistência ininterrupta, bem como se a deficiência é
temporária ou permanente.
34
O benefício de gratuidade deve ser revisto a cada dois anos
para avaliação da continuidade das condições que lhe deram
origem. O não comparecimento na revalidação ou no
recadastramento implicará na suspensão imediata dos efeitos
da gratuidade até posterior confirmação da condição de
deficiência.
O uso indevido do benefício acarretará o cancelamento
automático do VEM LA.
Para emissão de 2ª via do VEM LA, cobra-se valor equivalente ao
de dez tarifas do anel tarifário “B”.
2.6. Reunião 06 – A deficiência visual e o Sistema Braille em Pernambuco
Tema: Acessibilidade Comunicacional: A deficiência visual e o Sistema Braille
em Pernambuco.
Local: A reunião foi realizada na Assembleia Legislativa do Estado de
Pernambuco, Anexo II, na Sala de Reunião da 1ª Secretaria, 3º andar, às 10h
do dia 8 de junho de 2017.
Participantes: deputada Terezinha Nunes; deputada Laura Gomes; Ronei
Picarte, do Instituto de Cegos; Paulo Domingos Ferreira, presidente da
Associação Beneficente dos Cegos do Recife; José Diniz, presidente da
Associação Pernambucana de Cegos; Irmã Maria Gomes, diretora do Instituto
de Cegos do Recife; Adryana Calheiros, professora de Orientação e Mobilidade
do Instituto de Cegos; Vitória Damasceno, pedagoga e técnica brailista do
Instituto de Cegos; Nátalli Brandi, defensora pública do Estado; Rogério June
de Andrade L. Filho, representando a Coordenação Geral da Superintendência
Estadual de Apoio a Pessoa com Deficiência da Sead; Arenilda Duque,
representando a Gerência da Pessoa com Deficiência do Recife; Izabel Cristina
dos Santos (Procuradora do Estado de Pernambuco e Secretária da Comissão
de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiências da OAB-PE); Marina
Freire, da Consultoria da Assembleia Legislativa de Pernambuco.
35
2.6.1. Principais Problemas Apontados
Irmã Maria Gomes, diretora do Instituto de Cegos do Recife, pontuou como
problema:
A baixa escolaridade, que impede a inclusão social e no mercado de
trabalho, dificultando inclusive o aprendizado do braile, pois para
aprender o Sistema Braille é preciso saber Português.
Vitória Damasceno, pedagoga e técnica brailista do Instituto de Cegos,
pontuou como problema:
Má administração dos recursos materiais e humanos existentes. As
salas de recursos e os materiais disponíveis para inclusão das pessoas
com deficiência devem ser alocados nas escolas onde há alunos com
deficiência, que utilizarão os recursos disponíveis. A equipe precisa ser
treinada para utilizar o material disponível.
Adryana Calheiros, professora de Orientação e Mobilidade do Instituto de
Cegos, pontuou como problema:
A falta de acessibilidade nas calçadas, o que provoca insegurança,
medo, e dificulta a obtenção da autonomia desejada.
José Diniz, presidente da Associação Pernambucana de Cegos, pontuou
como problemas:
A maior parte dos painéis eletrônicos dos serviços públicos mostra o
número, mas não dispõe de sistema de senha com voz, o que
impossibilita o cego de acompanhar a sequência de senhas chamadas,
provocando constrangimento e exclusão.
Falta de acessibilidade no BRT (Bus Rapid Transit ou Transporte Rápido
por Ônibus).
As mais de 200 salas de recursos multifuncionais das escolas do Estado
não possuem o devido uso, são subutilizadas.
Todas as salas de recursos multifuncionais possuem impressoras braile,
mas a maioria delas não é utilizada. Destaca que essa denúncia é
36
grave, pois as impressoras poderiam ser utilizadas para fomentar a
tradução em braile no Estado, trazendo um importante impacto na
educação.
Resposta à demanda: Sunnye Rose Carlos, da Secretaria de Educação
de Pernambuco, na reunião de 28/06/2017 da Frente Parlamentar,
afirmou que está fazendo um levantamento para constatar onde há
impressoras braile e quem são os responsáveis, para que possam ser
devidamente utilizadas.
Má distribuição dos recursos existentes para inclusão de pessoas com
deficiência. Há muitos materiais em escolas com pouco ou nenhum
aluno com deficiência e pouco material em escolas com mais alunos que
necessitam dos recursos.
A existência de mais de 14 mil vagas de trabalho abertas para pessoas
com deficiência no estado, que não conseguem ser preenchidas porque
as empresas contratantes afirmam que as pessoas não estão habilitadas
para desenvolver as funções dos cargos ofertados.
Paulo Domingos Ferreira, presidente da Associação Beneficente dos Cegos
do Recife, pontuou como problema:
Falta de acessibilidade das calçadas. Segundo ele, a Prefeitura do
Recife informou haver mais de 100 Km de calçadas acessíveis em
Recife, mas as pessoas com deficiência presentes na reunião afirmaram
desconhecer essa realidade.
Izabel Cristina dos Santos, da OAB-PE, pontuou como problema:
Falta de aplicação e fiscalização da legislação que garante os direitos
das pessoas com deficiência no estado.
2.6.2. Demandas Apresentadas
Vitória Damasceno, pedagoga e técnica brailista do Instituto de Cegos,
pontuou como demanda:
37
Difundir e fiscalizar a transcrição em braile nas escolas, nos
estabelecimentos comerciais, nas instituições públicas e privadas, para
que se torne uma prática rotineira. Para isso, destaca-se a importância
da fiscalização, para promover a acessibilidade comunicacional no
estado.
José Diniz, presidente da Associação Pernambucana de Cegos, pontuou
como demanda:
Acessibilidade do site e do prédio da Assembleia Legislativa de
Pernambuco.
Ação da Frente Parlamentar: A Frente convidou o Conselho da Pessoa
com Deficiência de Pernambuco – Coned, para fazer uma visita às
instalações da Assembleia Legislativa de Pernambuco. A partir da visita foi
produzido o relatório Varredura de Acessibilidade da Assembleia
Legislativa, encaminhado à Mesa Diretora com as sugestões de
implementação de recursos de acessibilidade em diversas dimensões:
física, comunicacional (intérprete de libras de plantão nas audiências),
guias videntes para atender a pessoas cegas, pisos adequados para cegos
e redes sociais acessíveis através de aplicativos de tecnologia assistiva. O
relatório da vistoria foi encaminhado à Mesa Diretora. A Alepe se
pronunciou por meio do Ofício nº 010/2017 e citou as medidas que estão
sendo tomadas para adequar a acessibilidade física da Casa.
Paulo Domingos Ferreira, presidente da Associação Beneficente dos Cegos
do Recife, pontuou como demanda:
Desenvolvimento de políticas para apoiar e incentivar o Terceiro Setor,
que é fundamental na inclusão das pessoas com deficiência, mediante a
prestação de assistência e capacitação.
Ronei Picarte, do Instituto de Cegos, pontuou como demandas:
Criação de lei que determine a obrigatoriedade do piso tátil nos
estabelecimentos públicos e privados do Estado.
38
Divulgar e fiscalizar a LBI. A divulgação é fundamental para que as
pessoas com deficiência conheçam seus direitos e possam efetivamente
cobrá-los.
2.6.3. Ações e Encaminhamentos da Frente Parlamentar
Produção e envio do diagnóstico de acessibilidade e varredura da
Alepe para a Mesa diretora e articulação para efetivação e
acessibilização da casa.
Ofício nº 001/2017 encaminhado à Secretaria de Educação
solicitando informações acerca da má utilização das impressoras em
braile nas escolas da rede estadual de ensino. Não há resposta.
Foi encaminhado à Mesa Diretora da Alepe o Ofício de nº024/2017 da
Frente solicitando ao Poder Legislativo que disponibilize tradutores de
Libras na Casa, converta a legislação já produzida e a que venha ser
produzida para o braile e que a Escola do Legislativo realize curso para
capacitar os servidores a fim de atender de forma satisfatória as pessoas
com deficiência. Não foi respondido até a presente data.
2.6.4. Dispositivos legais Relacionados
2.6.4.1. Legislação sobre acessibilidade em braile (Estado de
Pernambuco).
Lei nº 13.401, de 4 de março de 2008: torna obrigatório o
oferecimento de cardápios em braile e cardápios com fonte
ampliada nos bares, restaurantes, lanchonetes, hotéis e
estabelecimentos similares no Estado de Pernambuco.
Lei nº 13.084, de 4 de setembro de 2006: determina que os
prédios de funcionamento de órgãos públicos estaduais
construídos ou reformados a partir da publicação da lei deverão
possuir nas suas dependências sinalização tátil, sonora e
visual, nos termos preconizados pela ABNT/NBR 9050:2004,
39
para fins de possibilitar a acessibilidade dos deficientes visuais e
auditivos.
Lei nº 13.714, de 20 de fevereiro de 2009: obriga as farmácias e
drogarias do Estado de Pernambuco a oferecerem a lista em
braile de medicamentos genéricos.
Lei nº 14.379, de 2 de setembro de 2011: determina que os
convênios firmados após a publicação desta Lei entre o Estado
de Pernambuco e os municípios, destinados à construção e
reformas de parques, praças e outros locais para a prática de
esportes e lazer, deverão prever a implantação de academia ao
ar livre com acessibilidade, de jardim sensorial e de outros
equipamentos desenvolvidos para a utilização de pessoas com
deficiência ou com mobilidade reduzida (incluindo informativo em
braile).
Lei nº 14.582, de 21 de março de 2012: obriga as instituições
financeiras e demais administradoras de cartões de crédito a
emitirem seus produtos na linguagem braile.
Lei nº 12.509, de 23 de dezembro de 2003: assegura às pessoas
portadoras de deficiência visual, no âmbito do Estado de
Pernambuco, o direito a terem a sua disposição as seguintes
informações escritas em relevo pelo Sistema Braille: I)
identificação das telas de acionamento de elevadores de edifícios
privados destinados ao uso coletivo e de edifícios de uso privado;
e II) identificação do número do andar nas áreas internas de
edifícios privados destinados ao uso coletivo e de edifícios de uso
privado.
Lei nº 14.262, de 5 de janeiro de 2011: assegura aos portadores
de deficiência visual o direito de receber os boletos de pagamento
de suas contas de água, energia elétrica e telefonia
confeccionados em braile.
A maioria dessas Leis não foi regulamentada pelo Poder
Executivo.
40
2.6.4.2. Lei Municipal nº 18.289/2016 (Recife)
Cria o Grupo Ocupacional em Acessibilidade
Cargos: 19 de Assistente em Acessibilidade e 18 de Analista em
Acessibilidade.
Ambos exercem as funções de Intérprete de Linguagem Brasileira
de Sinais - Libras e brailista.
Os servidores no cargo de analista exercem também as funções
de guia intérprete e audiodescritor.
2.7. Reunião 07 – VEM Livre Acesso
Tema: VEM Livre Acesso – Recadastramento, lacunas e funcionamento do
transporte coletivo para pessoas com deficiência em Pernambuco.
Local: A reunião foi realizada na Assembleia Legislativa do Estado de
Pernambuco, Anexo IV, Plenarinho II, às 10h do dia 15 de junho de 2017.
Participantes: deputada Terezinha Nunes; deputada Laura Gomes; deputado
Edilson Silva; Westie Conti Júnior, promotor de Justiça do MPPE; Matheus
Pereira, vice-presidente da Comissão dos Defesa dos Direitos da Pessoa com
Deficiência da OAB-PE; Maria do Carmo Oliveira, presidente do Conselho
Estadual da Pessoa com Deficiência (Coned); Marcos Petrônio Iglesias,
gerente de relacionamento do Grande Recife Consórcio de Transporte;
Edmilson Silva, superintendente estadual de Apoio à Pessoa com Deficiência
(Sead); Kátia Sena, gerente de fiscalização do Grande Recife Consórcio de
Transporte; Paulo Fernando, vice-presidente do Conselho Municipal da Pessoa
com Deficiência (Comud); José Carlos Monteiro; Germana Soares, presidente
da União de Mães de Anjos (UMA).
2.7.1. Principais Problemas Apontados
Dr. Westie Conti Jr pontuou como problema:
41
Uma pessoa idosa com deficiência tem direito a um acompanhante pelo
VEM Livre Acesso, mas quando faz 65 anos, perde o direito ao
acompanhante.
Germana Soares, presidente da União de Mães de Anjos (UMA), pontuou
como problemas:
Necessidade de levar a documentação para recadastramento do cartão
VEM ao Centro de Referência de Assistência Social (Cras) de cada
município, que em diversos municípios não funciona satisfatoriamente.
Prazo longo de espera para obtenção do cartão VEM Livre Acesso.
Germana afirmou que esperou oito meses desde a solicitação até o
recebimento do cartão de seu filho.
Falta de padronização do prazo de recadastramento, que deve ser
realizado a cada dois anos. Segundo Germana, seu filho teve que fazer
o recadastramento após um ano de uso do cartão VEM Livre Acesso.
Citou, ainda, casos em que as mães tiveram que recadastrar seus filhos
antes mesmo de receber o cartão.
Cobrança ilegal de multa em caso de não comparecimento ao
recadastramento. Citou o caso do seu filho, que adoeceu e não pode
comparecer ao recadastramento, e por isso ela foi obrigada a pagar uma
taxa de R$ 44, o equivalente a dez tarifas do anel tarifário “B”. Relatou
que argumentou a ilegalidade da cobrança, mas a Superintendência
Estadual de Apoio à Pessoa com Deficiência - Sead informou que a
proibição era de cobrança da multa para idosos, mas não para pessoas
com deficiência. Expôs, ainda, que pagou a multa em abril de 2017, mas
só conseguiu agendar o recadastramento para agosto de 2018, e até lá
o cartão ficaria bloqueado.
Resposta à demanda: Marcos Petrônio Iglesias, gerente de
Relacionamento do Grande Recife Consórcio de Transporte, afirmou
que a empresa está analisando como fará o ressarcimento das pessoas
que pagaram a taxa ilegal de R$ 44. Ele mencionou que esse valor foi
42
instituído para que fossem evitadas desmarcações sistemáticas, mas
reconheceu a ilegalidade da cobrança.
O VEM Livre Acesso é apenas para a Região Metropolitana do Recife
(RMR). Assim, pessoas com deficiência de diversas cidades vizinhas,
que não dispõem de serviços de reabilitação, precisam realizar o
tratamento na RMR, mas não dispõem do VEM Livre Acesso.
2.7.2. Demandas Apresentadas
Dr. Westie Conti Jr pontuou como demandas:
Projeto de Lei para incluir pessoas com Aids, doença de Parkinson e
outras doenças crônicas no rol de pessoas com direito ao VEM Livre
Acesso.
Cumprir a legislação relativa ao VEM Livre Acesso e alterá-la para
melhorar a situação das pessoas com deficiência.
Solução Apresentada na Reunião: Alterar a legislação do VEM Livre
Acesso, para que após a comprovação de deficiência permanente na
perícia médica não seja mais necessário fazer o recadastramento,
apenas uma revalidação mediante a apresentação de comprovação
anual de vida e atualização dos dados cadastrais.
Realização das perícias médicas de maneira padronizada, por
equipes multidisciplinares para obtenção e recadastramento do
cartão VEM Livre Acesso.
Germana Soares, presidente da União de Mães de Anjos (UMA), pontuou
como demandas:
Liberação de um acompanhante no VEM Livre Acesso para as mães das
crianças de colo com deficiência.
Realização de uma palestra com cobradores e motoristas de transportes
públicos para conscientização e sensibilização quanto ao atendimento
das pessoas com deficiência.
43
Resposta à demanda: Kátia Sena, gerente de fiscalização do Grande
Recife Consórcio de Transporte, sugeriu a capacitação dos cobradores e
motoristas para melhorar o atendimento às pessoas com deficiência.
2.7.3. Ações e Encaminhamentos da Frente Parlamentar
A Frente Parlamentar se uniu à Sead, ao Coned/PE, ao Comud/Recife, à
Gerência da Pessoa com Deficiência da Prefeitura da Cidade do Recife e à
Comissão da Pessoa com Deficiência da OAB/PE, e, juntos formularam
minuta de Projeto de Lei para alterar a Lei Estadual nº 14.916/2013
conhecida popularmente como Lei do VEM LIVRE ACESSO.
A Frente oficiou o Grande Recife (Ofício nº 021/ 2017) a fim de obter
informações sobre as inúmeras queixas dos usuários do não funcionamento
da rampa de acesso aos ônibus e o atendimento ineficiente dos cobradores
e motorista para com as pessoas com deficiência, bem como as
providências adotadas pelo Grande Recife Consórcio para melhorar o
atendimento aos usuários com deficiência. O Grande Recife respondeu à
Frente por meio do Ofício nº 1136/2017/DOP- CTM que informou,
resumidamente, o seguinte: que as Gerências de Terminais e Fiscalização
têm como rotina a verificação da Plataforma Elevatória Veicular (PEV) e da
Rampa de Acessibilidade Veicular (RAV), que realizou capacitação dos
motoristas e cobradores para atender os usuários com deficiência e que
promove ações educativas com palestras nas garagens e com atividades
lúdicas em escolas e terminais de passageiros.
Participação da frente parlamentar em quatro audiências no MPPE,
sobre o VEM Livre Acesso.
2.7.4. Dispositivos Legais Relacionados
2.7.4.1. Lei nº 14.916, de 18 de janeiro de 2013
Concede às pessoas com deficiência gratuidade nos veículos do
Sistema de Transporte Público de Passageiros da Região
Metropolitana do Recife - STPP/RMR.
44
A gratuidade não é cumulativa com outros benefícios (art. 1º, §
3º). No caso de duplo benefício caracterizado pela gratuidade
cumulativa concedida aos idosos, o VEM Livre Acesso é
cancelado, preservando-se a gratuidade pela condição de idoso
(art. 1º, § 4º).
O art. 1º, § 5º, garante a extensão do benefício da gratuidade a
um acompanhante da pessoa com deficiência caso haja
necessidade de assistência ininterrupta.
Como a pessoa idosa com deficiência não faz mais jus à
gratuidade em razão de sua deficiência, e sim de sua idade, em
tese não haveria direito a acompanhante, mesmo que tal
pessoa necessite de assistência ininterrupta. (Esse problema foi
sanado pela Lei nº 16.158, de 6 de outubro de 2017, que alterou
o art. 1º, § 4º, da Lei nº 14.916/2013, de modo a assegurar o
direito a acompanhante da pessoa idosa com deficiência que
comprove a necessidade)
2.7.4.2. Decreto nº 42.887, de 8 de abril de 2016
Regulamenta a Lei nº 14.916/2013.
Cabe ao CTM firmar convênio com os municípios da Região
Metropolitana do Recife com a finalidade de facilitar o acesso do
usuário com deficiência ao benefício da gratuidade, em especial
no que diz respeito ao credenciamento de equipes
multidisciplinares de saúde no âmbito municipal.
O decreto regulamenta de forma mais detalhada os
procedimentos a serem seguidos para a concessão do benefício.
Primeiro, o usuário deve dirigir-se ao Centro de Referência de
Assistência Social (Cras) ou equivalente no município conveniado
para apresentar os documentos solicitados.
Em seguida, o Cras envia tais documentos à equipe de saúde
multidisciplinar de que trata a Lei nº 14.916/2013, além de
agendar o atendimento do requerente pela referida equipe.
45
Após a avaliação pela equipe de saúde, o processo é
encaminhado à Superintendência Estadual de Apoio à Pessoa
com Deficiência (Sead) para análise documental.
Por fim, encaminha-se o processo à Junta Médica do CTM, que
avaliará o laudo emitido pela equipe de saúde e emitirá parecer
concedendo ou não o benefício da gratuidade.
Em caso de deferimento, a Junta Médica encaminha a
documentação ao CTM para emissão do VEM LA. Já em caso de
indeferimento, o requerente deverá ser informado e pode entrar
com recurso.
Caberá ao assistente social da equipe de saúde multidisciplinar a
avaliação da necessidade de acompanhante.
O art. 7º do decreto reforça a necessidade de revisão do
benefício a cada dois anos. Fica estipulado que nas revisões
realizadas a partir de 2017 é necessária apenas a apresentação
do VEM LA em uso e de um documento de identificação,
salvo requisição da Junta Médica.
2.8. Reunião 08 – Libras e o acesso à comunicação em Pernambuco
Tema: Língua brasileira de sinais (Libras) e o acesso à comunicação em
Pernambuco.
Local: A reunião foi realizada na Assembleia Legislativa do Estado de
Pernambuco, na Sala de Reunião da Presidência, às 10h do dia 28 de junho de
2017.
Participantes: deputada Terezinha Nunes; Mateus, da OAB; Bernardo Klimsa,
vice-presidente da Associação dos Surdos de Pernambuco (Aspe); José Diniz,
vice-presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa com
Deficiência (Coned); Sunnye Rose Carlos, da Secretaria de Educação de
Pernambuco; Gilvani Pilé, da Gerência de Educação Inclusiva da Secretaria de
Educação da Prefeitura do Recife; Nadja Granja, do Conselho Municipal de
Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Comud) e da Gerência da
46
Pessoa com Deficiência do Recife; Mauria Figueiredo Mota, da Gerência de
Educação Inclusiva da Secretaria de Educação da Prefeitura do Recife; Márcia
Elizabete, da Gerência de Educação Inclusiva da Secretaria de Educação da
Prefeitura do Recife; Renê Ribeiro, Presidente da Associação dos Surdos de
Pernambuco (Aspe); Geovanne Oliveira, da Associação dos Surdos de Olinda;
Marina Freire, da Consultoria da Assembleia Legislativa de Pernambuco.
2.8.1. Principais Problemas Apontados
Bernardo Klimsa, Vice-Presidente da Aspe, pontuou como problemas:
A inexistência de intérpretes de Libras no Poder Judiciário, impondo, em
diversos casos, que a pessoa com deficiência auditiva contrate um
intérprete para viabilizar o acompanhamento do processo.
A inexistência de intérpretes de Libras no Detran-PE, para que as
pessoas com deficiência auditiva possam realizar os exames de
habilitação, apesar de haver a Resolução Cetran/PE N° 018/2015, que
regulamenta o atendimento das pessoas com deficiência auditiva
quando da sua formação, especialização e habilitação para condução de
veículo automotor e elétrico.
A inexistência de intérpretes de Libras nos serviços de saúde,
fundamentais na comunicação entre os profissionais de saúde e o
paciente com deficiência auditiva.
Falta de intérprete de Libras em todos os Poderes, todas as esferas e na
iniciativa privada.
Falta de material didático focado em Libras para ser distribuído e
trabalhado nas escolas.
Geovanne Oliveira, da Associação dos Surdos de Olinda, pontuou como
problema:
A dificuldade das pessoas com deficiência auditiva realizarem os
exames de habilitação para condução de veículo no Detran-PE, por falta
de intérprete de Libras na instituição.
47
2.8.2. Demandas Apresentadas
Bernardo Klimsa, Vice-Presidente da Aspe, pontuou como demandas:
Contratação de professores surdos para pessoas com deficiência
auditiva, pois muitas vezes o intérprete de Libras não tem o
conhecimento necessário da matéria, dificultando o aprendizado.
Implantar cursos de pós-graduação em Letras Libras nas universidades
públicas do estado, conforme estratégia do Plano Estadual de
Educação.
Renê Ribeiro, Presidente da Aspe, pontuou como demanda:
A contratação de professores surdos, pois muitas vezes o intérprete de
Libras não tem o conhecimento necessário para repassar o conteúdo.
Nadja Granja, do Comud e da Gerência da Pessoa com Deficiência do Recife,
pontuou como demanda:
Maior atuação da Diretoria Executiva de Controle Urbano do Recife
(Dircon) na fiscalização das barreiras físicas e atitudinais impostas às
pessoas com deficiência.
Capacitação obrigatória em Libras dos profissionais da Prefeitura do
Recife.
2.8.3. Ações e Encaminhamentos da Frente Parlamentar
Foi encaminhado à Mesa Diretora da Alepe o Ofício nº024/2017 da Frente
solicitando ao Poder Legislativo que disponibilize tradutores de Libras na
Casa, converta a legislação já produzida e a que venha ser produzida para
o braile e que a Escola do Legislativo realize curso para capacitar os
servidores a fim de atender de forma satisfatória as pessoas com
deficiência. Não foi respondido até a presente data.
2.8.4. Dispositivos Legais Relacionados
48
2.8.4.1. Lei Federal nº 13.146, de 6 de julho de 2015 (Lei Brasileira de
Inclusão da Pessoa com Deficiência)
A LBI apresenta diversos dispositivos que tratam sobre a garantia do
uso de Libras e sobre a acessibilidade da pessoa com deficiência
auditiva de modo geral.
No Capítulo IV, que trata sobre o direito à educação, determina-se que
cabe ao Poder Público assegurar a oferta de educação bilíngue, em
Libras como primeira língua e na modalidade escrita da língua
portuguesa como segunda língua, em escolas e classes bilíngues e em
escolas inclusivas (art. 28, IV). Deve ser assegurada também a
formação e disponibilização de tradutores e intérpretes de libras,
bem como a oferta de ensino da Libras (art. 28, XI e XII).
Nos processos seletivos para ingresso em instituições de ensino
superior e de educação profissional e tecnológica, públicas e privadas,
deve haver tradução completa do edital e de suas retificações em
Libras (art. 30, VII).
Os serviços de radiodifusão de sons e imagens devem permitir o uso
janela com intérprete da Libras (art. 67, II).
A produção de artigos científicos em formato acessível, incluindo
Libras, deve ser estimulada pelo Poder Público (art. 68, § 3º).
Cabe também, ao Poder Público, diretamente ou por meio de
parcerias, promover a capacitação de tradutores e intérpretes da Libras
(art. 73).
Art. 109 altera o Código de Trânsito Brasileiro (Lei Federal nº 9.503,
de 23 de setembro de 1997).
Assegura-se, à pessoa com deficiência auditiva, acessibilidade de
comunicação, mediante emprego de tecnologias assistivas ou de
ajudas técnicas em todas as etapas do processo de habilitação. Isso
inclui o material didático audiovisual e as aulas práticas e teóricas,
que devem contar com tradução simultânea em libras (no segundo
caso, mediante requerimento do interessado no ato da inscrição).
49
2.8.4.2. Decreto nº 28.587, de 11 de fevereiro de 2015, da Prefeitura da
Cidade do Recife
Cria as salas regulares bilíngues para surdos em escolas
municipais, vinculadas à Secretaria de Educação do Recife, destinadas
às crianças, aos jovens e aos adultos com surdez, com surdez
associadas a outras deficiências, cujos pais do estudante, se menor, ou
o estudante, se maior, optarem por esse serviço no ato da matrícula.
As salas bilíngues destinam-se ao atendimento das etapas da
educação infantil (crianças de 4 a 5 anos), do ensino fundamental
regular e da modalidade de educação de jovens e adultos.
Os estudantes de 0 a 3 anos são encaminhados aos professores do
Atendimento Educacional Especializado.
Nas salas regulares bilíngues para surdos, a Língua Brasileira de
Sinais (Libras) será ofertada como primeira língua, e o idioma
português, como segunda língua, na perspectiva da educação
bilíngue (art. 2º).
Para atuar na regência das salas regulares bilíngues, o profissional
de educação, além da habilitação na área de atuação, deverá
apresentar domínio da Libras (art. 4º, § 1º).
As salas regulares bilíngues funcionarão em escolas polo, de acordo
com a orientação da Secretaria de Educação do Recife (art. 7º).
2.8.4.3. Resolução n° 18, de 22 de dezembro de 2015, do Conselho
Estadual de Trânsito de Pernambuco (Cetran/PE)
Estabelece diretrizes para atendimento das pessoas com deficiência
auditiva quando da sua formação, especialização e habilitação para
condução de veículo automotor e elétrico.
Definição de deficiência auditiva: perda bilateral, parcial ou total, de 41
decibéis ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz,
1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz.
Os órgãos ou entidades executivas de trânsito no Estado de
Pernambuco devem disponibilizar, às pessoas com deficiência auditiva,
50
o intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras) nas seguintes fases
do processo de habilitação: I) avaliação psicológica, II) exame de
aptidão física e mental, III) curso teórico técnico, IV) curso de
simulação de prática de direção veicular, V) exame teórico técnico, VI)
curso de prática de direção veicular, VII) exame de direção veicular,
VIII) curso de atualização, IX) curso de reciclagem de condutores
infratores e X) cursos de especialização (art. 2º).
A atuação do intérprete poderá ser substituída por qualquer outro meio
tecnológico hábil para a interpretação da Libras.
Os Centros de Formação de Condutores (CFC) deverão ter,
obrigatoriamente, pelo menos, um instrutor capacitado na Libras para
atender e ministrar as aulas teóricas e práticas às pessoas com
deficiência auditiva (art. 13).
2.8.4.4. Lei nº 11.686, de 18 de outubro de 1999
Reconhece oficialmente no Estado de Pernambuco, como meio de
comunicação objetiva e de uso corrente, a Língua Brasileira de Sinais
(Libras) e dispõe sobre a implantação desta como língua oficial na
Rede Pública de ensino para surdos.
A Rede Pública de ensino deverá garantir acesso à educação bilíngue
(Libras e Língua Portuguesa) no processo ensino-aprendizagem, desde
a educação infantil até os níveis mais elevados do sistema educacional
a todos os alunos portadores de surdez (art. 2º).
Fica incluída a Língua Brasileira de Sinais (Libras) no currículo da Rede
Pública de ensino e dos Cursos de Magistério, de formação superior,
nas áreas de Ciências Humanas, Médicas e Educacionais (art. 3º,
Parágrafo único).
A Administração Pública do Estado de Pernambuco oferecerá cursos
para formação de intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras)
(art. 5º).
A Administração Pública direta, indireta e fundacional manterá em suas
repartições públicas estaduais, bem como nos estabelecimentos
51
bancários e hospitalares públicos, o atendimento aos portadores de
surdez, utilizando profissionais intérpretes da Língua Brasileira de
Sinais (Libras) (art. 7º).
2.8.4.5. Lei Federal nº 10.436, de 24 de abril de 2002
Reconhece, como meio legal de comunicação e expressão, a Língua
Brasileira de Sinais (Libras) e outros recursos de expressão a ela
associados.
Regulamentada pelo Decreto Federal nº 5.626, de 22 de dezembro de
2005.
2.8.4.6. Decreto Federal nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005
Dispõe sobre a inclusão da Libras como disciplina curricular, sobre a
formação de professores, instrutores, tradutores e intérpretes de Libras,
sobre a garantia do direito à saúde e à educação às pessoas surdas ou
com deficiência auditiva e sobre o papel do Poder Público no apoio ao
uso e difusão da Libras.
Art. 3º: a Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória
nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério
e nos cursos de Fonoaudiologia.
Art. 4º: a formação de docentes para o ensino de Libras nas séries finais
do ensino fundamental, no ensino médio e na educação superior deve
ser realizada em nível superior, em curso de graduação de licenciatura
plena em Letras: Libras ou em Letras: Libras/Língua Portuguesa como
segunda língua. As pessoas surdas terão prioridades em tais cursos de
formação.
O art. 14 determina às instituições federais de ensino que garantam,
às pessoas surdas, acesso à comunicação, à informação e à educação
nos processos seletivos, nas atividades e nos conteúdos curriculares
desenvolvidos em todos os níveis, etapas e modalidades de educação.
Art. 22 prevê que as instituições federais de ensino responsáveis pela
educação básica devem garantir a inclusão de alunos surdos ou com
52
deficiência auditiva por meio da organização de escolas ou classes
bilíngues (na educação infantil e nos anos iniciais do ensino
fundamental), e de escolas bilíngues ou escolas comuns abertas a
alunos surdos e ouvintes (nos anos finais do ensino fundamental, no
ensino médio e na educação profissional).
As instituições federais de ensino deverão, também, garantir
serviços de intérpretes ou tradutores de Libras em seus
equipamentos (art. 23). As instituições privadas, bem como aquelas
da rede pública municipal e estadual, também devem buscar implantar
medidas semelhantes.
O Sistema Único de Saúde e as empresas que detêm concessão ou
permissão de serviços públicos de assistência à saúde também devem
atuar visando a inclusão das pessoas surdas ou com deficiência
auditiva, priorizando os alunos matriculados nas redes de ensino da
educação básica (art. 25).
O Poder Público, as empresas concessionárias de serviços públicos e
os órgãos da administração pública federal, direta e indireta, devem
dispor de, pelo menos, cinco por cento de servidores, funcionários e
empregados capacitados para o uso e interpretação da Libras (art.
26, § 1º).
2.8.4.7. Lei nº 15.533, de 23 de junho de 2015, que aprova o Plano
Estadual de Educação - PEE.
As metas 4, 15 e 16 têm estratégias relacionadas à Libras.
Meta 4: “Universalizar, para a população de quatro a dezessete anos, o
atendimento escolar aos alunos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação [...]”.
Estratégias 4.1 e 4.11 preveem a garantia de acessibilidade no
ambiente escolar (incluindo o uso de libras, braile e comunicação
suplementar alternativa) e a ampliação de equipes adequadas às
demandas de estudantes com deficiência, que incluam tradutores ou
53
intérpretes de libras, guias intérpretes para surdocegos e professores
de libras e braile.
Meta 15: “Garantir [...], no prazo de um ano de vigência deste Plano
Estadual de Educação, política nacional de formação e valorização dos
profissionais da educação [...]”.
Estratégia 15.12 prevê a garantia e ampliação de equipes de
profissionais da educação para atender as demandas da escolarização
de estudantes com deficiência (incluindo tradutores ou intérpretes de
libras, guias intérpretes para surdocegos e professores de libras e
braile).
Meta 16: “Formar, em nível de pós-graduação, 37,4% (trinta e sete
vírgula quatro por cento) dos professores da educação básica até o
último ano de vigência deste Plano Estadual de Educação - PEE, e
garantir a todos os profissionais da educação básica a formação
continuada em sua área de atuação, considerando as necessidades,
demandas e contextualizações dos sistemas de ensino”.
Estratégia 16.6 é implantar cursos de pós-graduação na área de
Atendimento Educacional Especializado (AEE) e Letras Libras nas
universidades públicas do estado.
2.9. Reunião 09 – Atendimento à síndrome congênita do Zika vírus em
Pernambuco
Tema: Atendimento à Síndrome Congênita do Zika Vírus em Pernambuco.
Local: A reunião foi realizada na Assembleia Legislativa do Estado de
Pernambuco, na sala do Plenarinho I, às 10h do dia 7 de agosto de 2017.
Participantes: deputada Terezinha Nunes; deputada Laura Gomes; Laura
Patriota, secretária de Saúde do Estado de Pernambuco; Cristina Mota
Secretaria Executiva da Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco; Elaine
Cristina da Silva, vice-presidente da vice-presidente da Aliança de Mães e
Famílias Raras (Amar); Mariana de Paiva Araújo, Coordenação de Atenção
Especializada da Secretaria de Saúde do Recife; Gleyse Kelly, vice-presidente
54
da UMA; Juliana Salazar, procuradora da Assembleia Legislativa de
Pernambuco e Marina Freire, da Consultoria da Assembleia Legislativa de
Pernambuco.
2.9.1. Principais Problemas Apontados
Germana Soares, presidente da UMA, pontuou como problema:
Poucos profissionais preparados para colocação de sonda nas crianças.
Solicitou o treinamento dos técnicos de enfermagem das UPAs e dos
hospitais para colocação dessas sondas, relatou que se trata de um
procedimento de baixa complexidade, afirmou, inclusive, que muitas
mães realizam o procedimento.
Elaine Cristina da Silva, vice-presidente da Amar, pontuou como problema:
Reiterou o problema da falta de fisioterapia respiratória no estado para
crianças com a Síndrome Congênita do Zika Vírus.
2.9.2. Demandas Apresentadas
Deputada Terezinha Nunes pontuou algumas demandas apresentadas pela
ONG UMA:
Ampliação e interiorização do número de vagas na Rede de
Atendimento Estadual de Saúde.
Resposta à demanda: Cristina Mota, representante da Secretaria de Saúde,
afirmou que não faltam vagas para o atendimento às crianças com a Síndrome
Congênita do Zika Vírus no estado, e esclareceu que o acesso ao atendimento
é regulado pelos municípios. Afirmou que a descentralização do atendimento
está sendo realizada mediante a ampliação da rede de atendimento no interior,
capacitação dos profissionais de saúde locais e das famílias, além do
desenvolvimento de Protocolos e Fluxos Assistenciais.
Sugestão Apresentada pela Frente: A deputada Laura Gomes sugeriu que a
Secretaria de Saúde dialogasse com os municípios para resolver o problema
55
da oferta de vagas para atendimento e reabilitação das crianças com a
Síndrome Congênita do Zika Vírus, uma vez que a sociedade reclama da falta
de vagas e a Secretaria afirma que existem vagas suficientes e que o acesso
às vagas é regulado pelos municípios.
Cristina Mota, representante da Secretaria de Saúde, afirmou que irá fazer a
interlocução com os municípios para melhorar o acesso às vagas existentes
para atendimento e reabilitação das crianças com a Síndrome Congênita do
Zika Vírus.
Aumento no número de sessões terapêuticas para que as crianças sejam
estimuladas adequadamente.
Sugestão Apresentada pela Frente: Construção de uma diretriz estadual de
estimulação precoce das crianças com deficiência, para subsidiar os serviços
de saúde do Estado. Necessidade agravada em razão do cenário de urgência
dado pelo grande número de casos de crianças com a Síndrome Congênita do
Zika Vírus em Pernambuco.
Criação de um programa de acompanhamento, em que as crianças
recebam um cadastro único e um prontuário virtual de acompanhamento,
que poderá ser acessado em todo o estado.
Resposta à demanda: Cristina Mota, representante da Secretaria de Saúde,
afirmou que o Prontuário Eletrônico ainda é uma realidade muito distante.
Elaboração das políticas a partir da escuta das famílias para discussão e
apontamento das demandas e melhoria do atendimento prestado.
Resposta à demanda: Cristina Mota, representante da Secretaria de Saúde,
esclareceu que o governo do estado criou, em 2016, o Núcleo Permanente de
Apoio às Crianças com Microcefalia, um canal permanente de diálogo e escuta
da sociedade civil, com o objetivo de pensar conjuntamente as soluções para
as dificuldades e problemas enfrentados por essas crianças. Informou, ainda,
que o núcleo trabalha em parceria com os municípios e associações,
56
desenvolvendo um trabalho de acompanhamento e monitoramento dos casos
notificados.
Germana Soares, presidente da UMA, afirmou que as reuniões são mensais e
esclareceu que são debatidos dois tópicos por reunião.
Deputada Terezinha Nunes e A Deputada Laura Gomes pontuaram como
demanda:
Extensão do PE Conduz para as crianças com a Síndrome Congênita do
Zika Vírus, pois a falta de transporte foi um dos principais problemas
relatados nas reuniões anteriores para acesso ao tratamento.
Resposta à demanda: A Consultoria Legislativa da Alepe pontuou que os
municípios só têm obrigação de custear os deslocamentos relativos ao
Tratamento Fora do Domicílio quando são esgotados todos os meios de
tratamento no próprio município, nos termos do art. 1º, § 1º, da Portaria nº
55/1999, do Ministério da Saúde.
Germana Soares, presidente da UMA, pontuou como demanda:
Ampliação do atendimento e descentralização de fisioterapia respiratória,
do atendimento multidisciplinar e com neurologista e gastropediatra.
Destacou que muitas crianças com a Síndrome Congênita do Zika Vírus
foram a óbito por complicações respiratórias.
Resposta à demanda: Cristina Mota, representante da Secretaria de Saúde,
pontuou que o aumento da oferta de fisioterapia respiratória depende, também,
de ajuda dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf), deve ser promovido
de forma responsável e deve levar em consideração a forma de transporte das
crianças até o local de tratamento.
2.9.3. Ações e Encaminhamentos da Frente Parlamentar
Reunião com a Secretaria de Saúde para alinhar o atendimento de
fisioterapia respiratória na rede de atendimento de saúde.
57
Visitas a centros de referências do interior do estado para conhecer o
atendimento da rede de saúde às pessoas com a Síndrome Congênita
do Zika Vírus.
Convite oficial feito à Anvisa para participar de nova audiência temática,
desta vez com abordagem nos suplementos e remédios utilizados por
esses pacientes e que são responsabilidade dos municípios.
O Programa PE Conduz acatou a indicação da frente parlamentar e
passou a atender as pessoas nascidas com a Síndrome Congênita do
Zika Vírus.
Encaminhamento do pleito da ONG UMA à Secretaria de Saúde, com o
pedido da criação do prontuário único e online para pessoa com a
Síndrome Congênita do Zika Vírus.
2.9.4. Dispositivos Legais Relacionados
2.9.4.1. Portaria nº 55, de 24 de fevereiro de 1999, do Ministério da
Saúde
Dispõe sobre a rotina do Tratamento Fora de Domicilio no Sistema
Único de Saúde – SUS.
A portaria estabelece que as despesas relativas ao deslocamento de
usuários do Sistema Único de Saúde - SUS para tratamento fora do
município de residência possam ser cobradas por intermédio do
Sistema de Informações Ambulatoriais - SIA/SUS, observado o teto
financeiro definido para cada município/estado.
O pagamento das despesas relativas ao deslocamento em TFD só
será permitido quando esgotados todos os meios de tratamento no
próprio município (art. 1º, § 1º).
Art. 5°: caberá às Secretarias de Estado da Saúde/SES propor às
respectivas Comissões Intergestores Bipartite (CIB) a estratégia de
gestão entendida como: definição de responsabilidades da SES e
das Secretarias Municipais de Saúde para a autorização do TFD;
estratégia de utilização com o estabelecimento de critérios, rotinas e
58
fluxos, de acordo com a realidade de cada região e definição dos
recursos financeiros destinados ao TFD.
§ 1° A normatização acordada será sistematizada em Manual
Estadual de TFD a ser aprovado pela CIB [...].
Art. 7°: será permitido o pagamento de despesas para deslocamento
de acompanhante nos casos em que houver indicação médica,
esclarecendo o porquê da impossibilidade do paciente se deslocar
desacompanhado.
2.10 Reunião 10 - As estatísticas da deficiência por acidentes de moto
em Pernambuco
Tema: Trânsito x motos – as estatísticas da deficiência nos acidentados.
Local: A reunião foi realizada na Assembleia Legislativa do Estado de
Pernambuco, no Plenarinho III, às 9h do dia 16 de agosto de 2017.
Participantes: deputada Terezinha Nunes; deputada Laura Gomes; deputada
Roberta Arraes; cel. PM Raul Cavalcanti, comandante do Batalhão de Trânsito;
Dr. Hélio Calábria, coordenador de Educação do Cepama; cel. PM Fábio
Bagetti, coordenador executivo da Operação Lei Seca; Maria Aparecida
Eugênio, coordenadora de Atenção à Saúde da Pessoa com Deficiência da
Secretaria Estadual de Saúde; Cláudia Castro, chefe do Setor de Vigilância do
Dante; Francisco Irineu, coordenador do Programa de Educação para o
Trânsito.
2.10.1. Principais Problemas Apontados
Hélio Calábria, coordenador de Educação do Cepama, pontuou como
problemas:
Os acidentes de moto são os maiores responsáveis pelos casos de
deficiência por causas evitáveis no estado. Levantamento realizado em
2010 apontou que 11% dos pacientes que deram entrada no Hospital da
Restauração devido a acidentes de motos saíram amputados ou
paraplégicos.
8
Francisco Irineu, coordenador do Programa de Educação para o Trânsito,
pontuou como problemas:
Bancos de dados dos principais órgãos de fiscalização do trânsito não
são integrados.
Alto número de motoristas sem CNH (Carteira Nacional de Habilitação).
Cláudia Castro, chefe do Setor de Vigilância do Dante, pontuou como
problemas:
Necessidade de padronização e integração dos bancos de dados sobre
acidentes.
Alta velocidade e a infraestrutura das pistas são as principais causas de
acidentes.
Maria Aparecida Eugênio, Coordenadora de Atenção à Saúde da Pessoa com
Deficiência da Secretaria Estadual de Saúde, pontuou como problema:
Excessiva concentração de unidades de reabilitação na Região
Metropolitana do Recife.
2.10.2. Demandas Apresentadas
Francisco Irineu, coordenador do Programa de Educação para o Trânsito, e
Cláudia Castro, chefe do Setor de Vigilância do Dante, pontuaram como
demanda:
A necessidade de integração dos bancos de dados de diferentes órgãos
sobre acidentes (CTTU, Secretaria de Defesa Social, Samu e Corpo de
Bombeiros Militar).
Solução Apresentada na Reunião: Hélio Calábria, coordenador de
Educação do Cepama, propôs a utilização de ferramenta de B.I.
(Business Inteligence) para padronizar e consolidar todas as
informações.
9
Hélio Calábria, Francisco Irineu e Cláudia Castro pontuaram como
demanda:
A necessidade de uma ação mais efetiva na prevenção de acidentes
com motocicletas.
Soluções Apresentadas na Reunião: Francisco Irineu, coordenador do
Programa de Educação para o Trânsito, sugeriu como soluções alterar o
Código de Trânsito Nacional para proibir o uso de certos calçados; e
definir um percentual mínimo do que é arrecadado com multas, para que
cada órgão gestor de trânsito utilize o montante com ações e programas
de educação no trânsito.
Soluções Apresentadas na Reunião: Hélio Calábria, coordenador de
Educação do Cepama, pontuou como soluções a municipalização da
gestão do trânsito, a exemplo do que foi feito no município de Caruaru; e
exigência de CNH para compra de veículos.
Sugestão Apresentada pela Frente Parlamentar: a deputada Laura
Gomes sugeriu a inclusão da Amupe (Associação Municipalista do
Estado de Pernambuco) no debate sobre a municipalização do trânsito.
Sugestão Apresentada pela Frente Parlamentar: a deputada Roberta
Arraes apontou a necessidade de desburocratizar o processo de
municipalização do trânsito.
Maria Aparecida Eugênio, coordenadora de Atenção à Saúde da Pessoa com
Deficiência da Secretaria Estadual de Saúde, pontuou como demanda:
A necessidade de interiorização das unidades de reabilitação.
2.10.3. Ações e Encaminhamentos da Frente Parlamentar
Articulação junto ao Conselho de Trânsito e Secretaria de Saúde para
difusão dos relatos abordados na reunião, na intenção da criação de
campanhas educativas, assim como, a partir de novas ideias, a
elaboração de projetos de lei que restrinjam a aquisição fácil e o uso
indiscriminado de motocicletas em nosso Estado.
10
Encaminhamento da AACD para a cidade de Caruaru, além de Ouricuri
e Araripina, para a implementação de oficinas de órteses e próteses que
possam atender ao público do interior, que sempre busca a capital,
Recife, para a aquisição dos objetos. Está em andamento o projeto de
criação das oficinas, tanto para atender ao sertão, como o Agreste, por
encaminhamento da frente parlamentar.
Reunião de acompanhamento da AACD ao município de Caruaru para
realização de reunião com o executivo municipal, para discutir a criação
das oficinas de órteses no município, visando a atender as pessoas
amputadas.
Destinação de emendas parlamentares para AACD.
2.10.4. Dispositivos Legais Relacionados
2.10.4.1. Lei Federal nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 (Código de
Trânsito Brasileiro)
Art. 24: Estabelece as competências dos órgãos e entidades executivos
de trânsito dos municípios, no âmbito de sua circunscrição.
As competências municipais são amplas, incluindo: planejar e operar o
trânsito de veículos, pedestres e animais; implantar e manter a
sinalização viária; coletar dados estatísticos e elaborar estudos sobre os
acidentes de trânsito; executar a fiscalização de trânsito, autuar e aplicar
a penalidade de multa por infrações de circulação, estacionamento e
parada, entre outras.
As rodovias estaduais e federais que cortam o território dos municípios
são jurisdicionadas pelos órgãos rodoviários dos estados e da União.
Art. 252, V: define como infração média, sujeita a multa, o ato de dirigir o
veículo usando calçado que não se firme nos pés ou que comprometa a
utilização dos pedais.
2.11. Reunião 11 – Visita do Unicef à Frente Parlamentar
Tema: Visita do Unicef à Frente Parlamentar da Pessoa com Deficiência.
11
Local: A reunião foi realizada na Assembleia Legislativa do Estado de
Pernambuco, no Plenarinho I, às 11h do dia 28 de agosto de 2017.
Participantes: deputada Terezinha Nunes; deputada Laura Gomes; Robert
Gass, representante do Unicef no Estado de Pernambuco; Lucy Mayer, porta-
voz e embaixadora para crianças com deficiência do Unicef; Augusto Lepre de
Souza, Oficial do Unicef no Brasil; Rogério June, da Superintendência Estadual
de Apoio à Pessoa com Deficiência; Shirley Moura, da Secretaria de Educação
da Prefeitura do Recife; Polyana Dias (Amar); Izabel Cristina Moreira dos
Santos (Procuradora do Estado de Pernambuco e Secretária da Comissão de
Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiências da OAB-PE); Paulo
Fernando, da Gerência Municipal da Pessoa com Deficiência e membro do
Comud; Renê Ribeiro, Associação dos Surdos de Pernambuco; Isabel
Albuquerque, da União das Mães de Anjos (UMA); Claudilene Reis,
representante das mães de crianças com a Síndrome Congênita do Zika Vírus
no Estado de Pernambuco; Nátalli Brandi, defensora pública do Estado de
Pernambuco; Juliana Salazar, procuradora da Alepe; José Diniz, da
Associação Pernambucana de Cegos.
2.11.1. Principais tópicos abordados
Robert Gass (representante do Unicef em Pernambuco) apresentou as
diretrizes de atuação da organização no estado.
São três públicos-alvo: crianças e adolescentes excluídos, crianças e
adolescentes em risco de exclusão e crianças e adolescentes vítimas de
formas extremas de violência.
O Unicef está focado em três iniciativas: combate à exclusão escolar
(projeto “Fora da escola não pode”), educação física inclusiva (projeto
“Portas abertas para a inclusão”) e formação de educadores para apoiar
a promoção da inclusão escolar de crianças com deficiência física, por
meio de práticas esportivas seguras.
O Unicef atua em parceria com a Fundação Altino Ventura no suporte às
famílias afetadas pela síndrome congênita do Zika vírus.
12
Lucy Meyer, atleta paralímpica e porta-voz da Unicef para crianças com
deficiência, foi homenageada, recebendo da Deputada Terezinha
Nunes, em nome da Alepe, um traje típico do maracatu rural.
2.11.2. Ações e Encaminhamentos da Frente Parlamentar
A reunião teve como principal objetivo a articulação da Frente
Parlamentar junto ao Unicef para auxiliar na municipalização do selo de
inclusão do Unicef.
A frente parlamentar articulou apresentação do Unicef no Plenário para
os 49 Deputados da casa, onde foram apresentadas as diretrizes de
trabalho da nova gestão do Unicef em Pernambuco, e diretrizes para
extensão do projeto Selo de Inclusão.
2.12. Reunião 12 – Acessibilidade nas estações de metrô da Região
Metropolitana do Recife
Tema: Acessibilidade nas estações de metrô da Região Metropolitana do
Recife.
Local: A reunião foi realizada na Assembleia Legislativa do Estado de
Pernambuco, na sala do Plenarinho I, às 09h do dia 6 de setembro de 2017.
Participantes: deputada Terezinha Nunes; deputada Laura Gomes; Leonardo
Beltrão, superintendente regional da Companhia Brasileira de Trens Urbanos
(CBTU); Humberto Graça, promotor de Justiça de Transportes; Westei Conde y
Martin Junior, promotor de Justiça do MPPE; Mateus Pereira, vice-presidente
da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da OAB/PE;
André Carneiro Leão, defensor público da União; Paulo Arthur Monteiro,
membro da Comissão de Mobilidade Urbana da OAB/PE; Getúlio Brasílio de
Souza, presidente do Sindmetro/PE; José Diniz, presidente da Associação
Pernambucana de Cegos e representante do Coned/PE; Antônio Muniz Silva,
representante do Comud/PE; Felipe Gervásio, presidente da ONG Deficiente
Eficiente.
13
2.12.1. Principais Problemas Apontados
Dr. Humberto Graça, promotor de Justiça de Transportes, pontuou como
problema:
Falta de subsídio público para o funcionamento do metrô.
Felipe Gervásio, Presidente da ONG Deficiente Eficiente, pontuou como
problema:
Não há preferência das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida
na utilização dos elevadores do metrô.
2.12.2. Demandas Apresentadas
Westei Conde, promotor de Justiça, pontuou como demandas:
Capacitação contínua dos profissionais do metrô.
Campanhas educativas para que funcionários e usuários do metrô
entendam a importância de não jogar lixo nos trilhos e nas áreas de
circulação do metrô, mas apenas nas lixeiras.
Dr. Leonardo Beltrão, superintendente regional da Companhia
Brasileira de Trens Urbanos – CBTU, destacou que o custo para
remoção do lixo das estações é muito alto e que uma das principais
medidas para combater o lixo no metrô é retirar os ambulantes das
estações.
Humberto Graça, promotor de Justiça de Transportes, pontuou como
demanda:
Criação de uma Frente Parlamentar reunindo políticos de forma
suprapartidária para que a CBTU/Metrorec não seja extinta.
Trazer a sede da CBTU do Rio de Janeiro para Recife, uma vez que no
RJ a empresa já não realiza mais o transporte de pessoas. Esse
transporte é realizado apenas no Nordeste, e Recife concentra a
14
principal operação da empresa. Assim, a proposta é aproximar a gestão
do operacional.
Felipe Gervásio, Presidente da ONG Deficiente Eficiente, pontuou como
demandas:
Fiscalização por um ascensorista da utilização dos elevadores do metrô
apenas por usuários que de fato necessitem do serviço.
Resposta à demanda: Leonardo Beltrão, superintendente regional da
Companhia Brasileira de Trens Urbanos – CBTU, afirmou que a
contratação de um ascensorista é inviável economicamente, mas se
comprometeu a melhorar a comunicação visual, esclarecendo a
importância dos elevadores para as pessoas com mobilidade reduzida,
além de propor a instalação de câmeras no local para monitoramento
dos elevadores.
Construção de rampas nas linhas que possuem apenas elevadores e
escadas rolantes, equipamentos sujeitos a manutenções que
inviabilizam o acesso dos usuários às linhas em caso de desativação
desses equipamentos.
Resposta à demanda: Leonardo Beltrão, superintendente regional da
Companhia Brasileira de Trens Urbanos – CBTU, esclareceu que uma
lei impede a construção de rampas, trata-se de uma falha da Lei.
Disponibilização de rampas de alumínio para facilitar a locomoção dos
cadeirantes entre o trem e a plataforma de acesso.
Necessidade da instalação de piso tátil nas estações do metrô.
Resposta à demanda: Leonardo Beltrão, superintendente regional da
Companhia Brasileira de Trens Urbanos – CBTU, esclareceu que o piso
tátil existe em duas estações, mas já existe o projeto para ser aplicado
em todas as estações.
Antônio Muniz, representante do Comud/PE, pontuou como demandas:
15
Ajustar o comando de voz, que anuncia a chegada nas estações. Trata-
se de um comando importante não apenas para os cegos, mas também
para os analfabetos e idosos.
Resposta à demanda: Leonardo Beltrão, superintendente regional da
Companhia Brasileira de Trens Urbanos – CBTU, afirmou que o
comando de voz é uma gravação e cobrará os devidos ajustes.
Estabelecimento de comunicação contínua entre a gestão do metrô e os
conselhos, Comud e Coned, para melhoria dos serviços ofertados às
pessoas com deficiência e adaptação às suas necessidades.
Resposta à demanda: Leonardo Beltrão, superintendente regional da
Companhia Brasileira de Trens Urbanos – CBTU, afirmou o
compromisso de estabelecer uma rotina de participação da CBTU,
sempre que possível representada por sua pessoa, nas reuniões do
Comud e do Coned. Destaca, ainda, a importância de ouvir os
interessados para estabelecer as prioridades de investimento, uma vez
que os recursos são escassos para as demandas.
2.12.3. Dispositivos Legais Relacionados
2.12.3.1. Decreto Federal nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004
Regulamenta as Leis nº 10.048, de 8 de novembro de 2000, e nº 10.098,
de 19 de dezembro de 2000.
Capítulo V – Da Acessibilidade aos Serviços de Transporte Coletivo
Art. 31: Para os fins de acessibilidade aos serviços de transporte coletivo
terrestre, aquaviário e aéreo, considera-se como integrantes desses
serviços os veículos, terminais, estações, pontos de parada, vias
principais, acessos e operação.
Art. 32: os serviços de transporte coletivo terrestre são: II) transporte
metroferroviário, classificado em urbano e metropolitano.
Art. 42: A frota de veículos de transporte coletivo metroferroviário e
ferroviário, assim como a infraestrutura dos serviços deste transporte
deverão estar totalmente acessíveis no prazo máximo de cento e vinte
meses a contar da data de publicação deste Decreto.
16
Art. 43. Os serviços de transporte coletivo metroferroviário e ferroviário
existentes deverão estar totalmente acessíveis no prazo máximo de
cento e vinte meses a contar da data de publicação deste Decreto.
§ 1º As empresas concessionárias e permissionárias dos serviços de
transporte coletivo metroferroviário e ferroviário deverão apresentar
plano de adaptação dos sistemas existentes, prevendo ações
saneadoras de, no mínimo, oito por cento ao ano, sobre os elementos
não acessíveis que compõem o sistema.
2.12.3.2. NBR 14021:2005, da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT)
Estabelece os critérios e parâmetros técnicos a serem observados para
acessibilidade no sistema de trem urbano ou metropolitano, de acordo
com os preceitos do Desenho Universal.
A norma deve ser aplicada nos projetos de sistemas de trem urbano ou
metropolitano elaborados a partir de sua edição. No caso dos sistemas
de trem urbano ou metropolitano já existentes, a norma estabelece os
princípios e as condições mínimas para a adaptação de estações e trens
às condições de acessibilidade.
Devem ser observados, nas áreas de uso público das estações, os
parâmetros da seção 6 da NBR 9050:2004 (sucedida pela NBR
9050:2015), que estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem
observados quanto ao projeto, construção, instalação e adaptação do
meio urbano e rural, e de edificações às condições de acessibilidade. Os
equipamentos, dispositivos, painéis de informação e demais elementos
devem atender às seções 4 e 9 da referida NBR.
NBR 9050:2015, seção 6.13.1: As passarelas de pedestres devem ser
providas de rampas, ou rampas e escadas, ou rampas e elevadores, ou
escadas e elevadores, para sua transposição [...].
17
2.13. Reunião 13 – Interiorização e regionalização do atendimento e da
reabilitação em Pernambuco
Tema: Interiorização e regionalização do atendimento e da reabilitação das
pessoas com deficiência no estado.
Local: A reunião foi realizada nas dependências do Plenarinho I da Assembleia
Legislativa do Estado de Pernambuco, às 9h do dia 19 de setembro de 2017.
Participantes: deputada Terezinha Nunes, deputada Roberta Arraes, Mônica
Pádua, representante do Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco; Maísa
Melo de Oliveira, promotora de Saúde do Ministério Público de Pernambuco;
Bruno Moury, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas
com Deficiência da OAB; Flávia Magno, diretora de Assistência e Saúde à
Pessoa com Deficiência; Cristina Mota, secretária executiva de Atenção à
Saúde; Laura Patriota, coordenadora do Núcleo de Apoio às Famílias de
Crianças com Microcefalia; Arabela Veloso de Morais, coordenadora de Saúde
de PcD; Orlando Jorge, presidente do Conselho de Secretários Municipais de
Saúde; Marcos Rodrigues, diretor da AACD; Edmilson Silva, Superintendência
Estadual de Apoio à Pessoa com Deficiência; José Diniz, Conselho Estadual
dos Direitos da Pessoa com Deficiência; Bianca Queiroga, Conselho de
Fonoaudiologia.
2.13.1. Principais problemas apresentados
Orlando Jorge, presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde,
pontuou como problemas:
O subfinanciamento da saúde, que penaliza em especial os pequenos
municípios.
A necessidade de tratamento fora de domicílio, devido ao
subfinanciamento da saúde no interior, aumenta muito a pressão sobre
os serviços de saúde da capital.
Germana Soares, presidente da UMA, pontuou como problemas:
18
O atendimento insatisfatório da AACD (parceira do Estado) às crianças
com a Síndrome Congênita do Zika Vírus. Relatou que a instituição não
atende as crianças por tempo suficiente para que tenham alguma
evolução e liberam as crianças sem fornecer a assistência necessária.
As famílias que têm crianças com a Síndrome Congênita do Zika Vírus
que residem no interior têm que se deslocar ao Recife, já que esses
municípios não disponibilizam os serviços necessários ao tratamento e
reabilitação, nem contam com uma rede multidisciplinar de atendimento.
Ainda não há crianças com a Síndrome Congênita do Zika Vírus em
creches. A rede parece ainda não estar preparada para recebê-las; não
haveria, por exemplo, profissionais de apoio na rede.
Marcos Rodrigues, diretor da AACD, pontuou como problemas:
O contrato do estado com a AACD não é suficiente para cobrir os gastos
da instituição. Isso se deve ao formato de remuneração, por meio do
SUS, que não cobre todos os custos por atendimento.
A AACD não tem condições financeiras de se instalar no interior, mas
pode contribuir capacitando os profissionais que atuam na ponta.
Bruno Moury, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas
com Deficiência da OAB, pontuou como problemas:
Os membros do Coned do interior não recebem diárias para participar
das reuniões do Conselho no Recife.
Os planos de saúde, como estratégia para não custear o tratamento,
defendem que o método utilizado para a reabilitação das pessoas com
autismo (o ABA, Applied Behaviour Analysis) é um método educacional.
José Diniz, Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência,
pontuou como problemas:
Menos de 10% dos municípios têm serviços de reabilitação.
Não são distribuídas órteses oculares e bengalas no interior, sendo
necessário deslocar-se ao Recife.
19
Flávia Magno, Diretora de Assistência e Saúde à Pessoa com Deficiência,
pontuou como problema:
A rede de assistência psicossocial, em especial no interior do Estado,
depende excessivamente de recursos de emendas parlamentares, uma
vez que o Ministério da Saúde não aporta um montante de recursos
satisfatório.
Mário Moreira, Diretor de Assistência Farmacêutica, pontuou como problema:
Não há recursos do Ministério da Saúde para aquisição do Keppra,
medicamento anticonvulsionante utilizado por crianças com a Síndrome
Congênita do Zika Vírus. O medicamento é custeado integralmente pelo
governo do estado.
2.13.2. Demandas Apresentadas
Deputada Terezinha Nunes pontuou como demandas de reuniões anteriores
da Frente Parlamentar:
Criação de uma rede de comunicação intermunicipal, com apoio e
capacitação do estado, capaz de traçar um perfil fundamental sobre as
condições de transporte, tratamento das pessoas com deficiência e de
suas famílias, e diagnóstico com maior rapidez;
Capacitação dos profissionais do interior do estado por profissionais dos
conselhos de classe, como o Crefito e o Cremepe;
Criação de fluxos de atendimentos por especialistas no interior.
Respostas às demandas: Cristina Mota, secretária executiva de
Atenção à Saúde, esclareceu que as Upaes passaram a oferecer
serviços de atendimento também para pessoas com deficiência, que
inicialmente estavam fora da concepção dessas unidades. Afirmou que
já existem parcerias entre a Secretaria de Saúde e os conselhos para a
capacitação de profissionais. Pontuou que há discussões na secretaria
no sentido de aprimorar o sistema integrado de comunicação, de modo a
20
melhorar o fluxo de atendimento. Discute-se, em especial, o papel dos
Núcleos de Apoio à Saúde da Família nesse fluxo.
Respostas às demandas: Flávia Magno, diretora de Assistência e
Saúde à Pessoa com Deficiência e Arabela Veloso de Morais,
coordenadora de Saúde de Pessoa com Deficiência, afirmaram que a
rede estadual conta com seis centros especializados de reabilitação,
sendo três destes centros tipo 4 (que trabalham quatro tipos de
reabilitação); destes últimos, dois estão na capital e um em Arcoverde.
Os municípios de Limoeiro, Ipojuca e Recife possuem centros
especializados de reabilitação municipais que oferecem duas
especialidades de reabilitação (CER 2) e têm atuação
microrregionalizada. Há também os centros conveniados da AACD, que
trabalham com crianças com deficiência. Há alguns municípios que
esperam a habilitação do Ministério da Saúde para poder ativar seus
CERs, como Afogados da Ingazeira. Nove Upaes no estado contam com
equipes multiprofissionais na área de reabilitação (porém, não são
habilitadas pelo Ministério da Saúde como CERs).
Solicitação e recebimento de cadeiras de rodas fornecidas pelo SUS nas
Geres, garantindo a interiorização e uma maior celeridade da oferta de
serviços;
Desenvolvimento de campanhas informativas estaduais que prestem
esclarecimentos quanto às redes de atendimento existentes no estado;
Criação, em parceria com a AACD, de Polos Avançados de Oficinas
Ortopédicas em Caruaru, Garanhuns e Petrolina;
Resposta à demanda: Marcos Rodrigues, diretor da AACD, afirmou que
a AACD não tem condições financeiras de estabelecer Polos Avançados
de Oficinas Ortopédicas no interior, mas pode atuar na capacitação dos
profissionais que atuam na ponta de rede de atenção à saúde.
Cumprimento da Portaria MS 370/08, que institui no SUS a ventilação
não invasiva para os pacientes com doenças neuromusculares;
21
Criação de políticas públicas para as mães cuidadoras voltadas para a
previdência, saúde e qualidade de vida, com atendimento preferencial
para a realização de exames;
Oferta de serviços de intérpretes de Libras nos serviços públicos e
privados de saúde de toda região metropolitana e do interior;
Criação de um Centro de Referência de Doenças Raras em
Pernambuco.
Orlando Jorge, presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde,
apontou como demandas:
Interiorização da rede de assistência e fortalecimento da rede existente
na Região Metropolitana do Recife;
Promoção da interação entre os Nasfs e os demais pontos da rede de
assistência;
Sensibilização dos novos gestores municipais quanto à questão da
inclusão das pessoas com deficiência.
Bianca Queiroga, do Conselho Regional de Fonoaudiologia, apontou como
demanda:
A necessidade de capacitar os profissionais da educação para receber
as crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus.
Solução apresentada: Bianca Queiroga, do Conselho de
Fonoaudiologia, apontou como solução o desenvolvimento de uma
parceria com o Conselho Regional de Fonoaudiologia, para capacitar os
profissionais da educação em questões relativas à linguagem, aspectos
cognitivos e aprendizagem de modo amplo.
Cinthia Vasconcelos, do Conselho Regional de Fisioterapia, pontuou como
demandas:
Identificar o déficit da rede para poder definir as ações prioritárias no que
se refere à assistência às pessoas com deficiência.
22
Definir, com a maior claridade possível, o que é de responsabilidade da
Atenção Básica e o que é de responsabilidade da Rede Especializada.
Destinação de emendas parlamentares para financiar a capacitação dos
profissionais que assistem às pessoas com deficiência.
Criação de Centros de Saúde Funcionais, e não apenas Centros de
Reabilitação, para desenvolver plenamente as potencialidades das
pessoas com deficiência.
Solução apresentada: Cinthia Vasconcelos, do Conselho Regional de
Fisioterapia, propôs o estabelecimento de parceria entre a SES/PE e os
conselhos de classe para viabilizar a capacitação dos profissionais da
rede de saúde.
2.13.3. Ações e Encaminhamentos da Frente Parlamentar
Firmada a parceria entre Crefito e SES/PE.
Ofício enviado a todos os municípios de Pernambuco na intenção de
sensibilização, relatando as lacunas apresentadas.
Visita da frente parlamentar a algumas Upaes do interior do estado, para
comprovar o funcionamento e colher os números de atendimentos a
PcDs nos municípios.
Evolução do projeto da oficina de órteses e descentralização da AACD.
Sensibilização junto a Amupe quanto ao cumprimento do município na
parte que lhe cabe no processo de acolhimento e assistência a pessoa
com deficiência.
Participação em reunião inédita no Coned (pela primeira vez um
parlamentar foi a uma reunião do conselho). Entre as pautas, a
discussão da criação de um fundo estadual para o conselho e a
interiorização das politicas para pessoas com deficiência.
Agendamento de reunião com a Anvisa para discutir os remédios da
rede de atenção a pessoas com deficiência.
Agendamento de viagem ao município de Arcoverde para conhecer de
perto o trabalho do Centro de Reabilitação Mens Sana.
23
Destinação de emenda parlamentar para a Fundação Terra, que cuida
do projeto de reabilitação para pessoas com deficiência dentro do Centro
de Reabilitação Mens Sana e atende a 35 municípios da região.
2.13.4. Dispositivos Legais Relacionados
2.13.4.1. Portaria nº 793, de 24 de abril de 2012 (Ministério da Saúde)
Institui a Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência no âmbito do
Sistema Único de Saúde.
O componente Atenção Básica tem como pontos de atenção as
Unidades Básicas de Saúde (UBS) e contará com Núcleos de Apoio à
Saúde da Família (Nasfs), quando houver, e com atenção odontológica
(art. 12).
O componente Atenção Especializada em Reabilitação Auditiva, Física,
Intelectual, Visual, Ostomia e em Múltiplas Deficiências contará com os
seguintes pontos de atenção: 1) estabelecimentos de saúde habilitados
em apenas um serviço de reabilitação, 2) Centros Especializados em
Reabilitação (CER), e 3) Centros de Especialidades Odontológicas
(CEO) (art. 14).
Os CERs são pontos de atenção ambulatorial especializada em
reabilitação que realizam diagnóstico, tratamento, concessão, adaptação
e manutenção de tecnologia assistiva, constituindo-se em referência
para a rede de atenção à saúde no território. Eles podem ser compostos
por dois ou mais serviços de reabilitação. (art. 19)
Art. 10: trata das competências de cada ente na operacionalização da
Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência, inclusive no que diz
respeito ao financiamento.
Aos municípios, compete a contratualização e o financiamento dos
pontos de atenção à saúde sob a sua gestão.
Aos estados, compete a contratualização e o financiamento dos pontos
de atenção à saúde sob a sua gestão, bem como apoiar a
implementação e o financiamento dos pontos de atenção sob gestão
municipal.
24
À União, compete apoiar a implementação, o financiamento, o
monitoramento e a avaliação da Rede de Cuidados à Pessoa com
Deficiência em todo território nacional.
Art. 23: Os critérios definidos para implantação de cada componente e
seu financiamento por parte da União serão objeto de normas
específicas, previamente discutidas e pactuadas no âmbito da Comissão
Intergestores Tripartite (CIT).
2.14. Reunião 14 – Os desafios do Transtorno do Espectro Autista e o
direito à inclusão
Tema: Os desafios do Transtorno do Espectro Autista (TEA) e o direito à
inclusão social.
Local: A reunião foi realizada nas dependências do Plenarinho I da Assembleia
Legislativa do Estado de Pernambuco, às 9h do dia 3 de outubro de 2017.
Participantes: deputada Terezinha Nunes, Mônica Pádua, representante do
Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco; Maria do Carmo de Oliveira,
presidente do Conselho Estadual de Defesa das Pessoas com Deficiência
(Coned); Maria Ângela Lira, presidente da Afeto – Associação das Famílias
para o Bem Estar e Tratamento da Pessoa com Autismo; Arabela Veloso de
Morais, coordenadora de Saúde de PcD; Valdiza Nunes de Aguiar Soares,
coordenadora da Política da Infância e Juventude de Saúde Mental; Luciana
Menezes de Araújo, gerente de Monitoramento de Indicadores e Metas de
Contrato de Gestão; Conceição Leite, Conselho Regional de Psicologia;
Patrícia Amazona, Conselho Regional de Psicologia; Amélia Borges, presidente
Estadual da Apae; Paula Carolina, Grupo Super Mães; José Diniz, Conselho
Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência; Izabel Cristina Moreira dos
Santos (Procuradora do Estado de Pernambuco e Secretária da Comissão de
Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiências da OAB-PE); Juliene Viana
e . Juliana Salazar, procuradoras da Alepe.
2.14.1. Principais problemas apresentados
25
André Carneiro Leão, da Defensoria Pública da União, pontuou como
problemas:
Segundo informações do Cremepe, apenas um médico está habilitado a
trabalhar com os Transtornos do Espectro Autista em Pernambuco.
A Universidade Federal de Pernambuco e seu Colégio de Aplicação não
têm política de educação inclusiva (nem para pessoas com deficiência
em geral, nem para alunos autistas).
Édipo Soares, do Ministério Público de Pernambuco pontuou como problema:
A Rede de Atenção Básica à Saúde, em especial a municipal, não está
preparada para diagnosticar pessoas com TEA.
Amélia Borges, presidente estadual da Apae, pontuou como problema:
O diagnóstico e a assistência às pessoas com TEA ocorrem apenas no
Recife.
Maria Ângela Lira, Presidente da Associação das Famílias para o Bem Estar e
Tratamento da Pessoa com Autismo - Afeto, pontuou como problemas:
A falta de conhecimento, em geral, sobre o TEA.
As instituições de ensino superior não oferecem cursos voltados para o
autismo.
As organizações de saúde não estão sensibilizadas em relação ao TEA.
Como consequência de tais fatores, os profissionais de saúde e
educação não estão capacitados para lidar com o autismo.
Maria do Carmo Oliveira, presidente do Conselho Estadual de Defesa das
Pessoas com Deficiência – Coned, pontuou como problema:
A falta de programas de capacitação para lidar com pessoas com TEA,
algo de que se queixam os próprios profissionais de saúde e educação.
Izabel Cristina dos Santos, representante da OAB-PE, pontuou como
problemas:
26
A articulação existente, no Congresso Nacional, para limitar as
responsabilidades dos planos de saúde em relação às pessoas com
autismo, o que poderia inviabilizar a assistência a essas pessoas na
rede privada.
A existência de uma visão muito medicamentosa da assistência às
pessoas com autismo, que negligenciaria o viés de socialização
necessário à inclusão dessas pessoas.
2.14.2. Demandas Apresentadas
Édipo Soares, do Ministério Público de Pernambuco, pontuou como demanda:
A necessidade de regionalizar e capilarizar a rede de atenção para as
pessoas com autismo.
Soluções apresentadas: O Ministério Público de Pernambuco propôs a
criação de centros especializados para atendimento de pessoas com o
TEA dentro dos hospitais regionais. Capacitação dos Nasfs e das Upaes
para lidar com o TEA. Expansão da rede de atenção psicossocial
(RAPS), inclusive com a criação de Caps regionalizados para atender a
demanda de municípios pequenos.
Resposta à demanda: Arabela Veloso, coordenadora de Saúde de
Pessoa com Deficiência, esclareceu que há duas redes que trabalham
com a questão do autismo na rede pública: a rede de cuidados à pessoa
com deficiência e a de atenção psicossocial. Existem seis Centros
Especializados de Reabilitação (CER) no estado que contam com
reabilitação intelectual e atendem aos casos de TEA. Há também três
centros de reabilitação com atuação regionalizada, dois deles em Recife
e um em Arcoverde. Além disso, há dois CER tipo 2 (que possuem duas
especialidades de reabilitação) municipais, um em Limoeiro e outro em
Ipojuca).
Respostas à demanda: Valdiza Soares, coordenadora da Política da
Infância e Juventude de Saúde Mental, explicou que a atenção às
pessoas com TEA na rede de atenção se dá principalmente dentro da
27
Rede de Atenção Psicossocial (Raps), onde estão inseridos os Centros
de Atenção Psicossoacial (Caps). Afirmou que há, no Estado de
Pernambuco, 59 CAPS I, que são aqueles que atendem os casos de
menor complexidade. A atuação desses pode ser regional, de modo a
assistir aos municípios menores. Existem no estado 12 CAPS infantis
(CAPSI), a maioria destes na RMR.
Luiz Guilherme Lapenda, do Ministério Público de Pernambuco, pontou como
demanda:
Necessidade de multissetorialidade na assistência à pessoa com TEA,
articulando a atenção à saúde e os processos educativos.
Resposta à demanda: Luciana Menezes, gerente de Monitoramento de
Indicadores e Metas de Contrato de Gestão, afirmou que as dez Upaes
do estado trabalham com a reabilitação de pessoas com autismo,
realizada por psicólogos, terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas.
Caso haja a necessidade, há o encaminhamento para especialistas em
otorrinolaringologia, oftalmologia ou cardiologia na própria unidade.
A deputada Terezinha Nunes pontuou como demanda
A necessidade do diagnóstico precoce dos casos de autismo.
Respostas à demanda: Valdiza Soares, coordenadora da Política da
Infância e Juventude de Saúde Mental, esclareceu que ainda não há um
centro unificado de diagnóstico, o que torna ainda mais importante a
atuação alinhada da rede de atenção. Decidiu-se, como estratégia mais
promissora no momento, focar o mapeamento dos casos na rede de
atenção básica (incluindo os Caps) e nas creches. Diante disso, seria
necessário expandir o número de Caps no território.
Maria Ângela Lira, Presidente da Afeto, pontuou como demanda:
A necessidade de que as instituições de ensino superior ofereçam
cursos e disciplinas com temática relacionada ao autismo.
28
Cinthia Vasconcelos, do Conselho Regional de Fisioterapia, pontuou como
demanda:
Necessidade de que os profissionais da saúde sejam capacitados a lidar
com pessoas com autismo não apenas do ponto de vista das questões
motoras, mas também das questões psíquicas.
Solução apresentada: Cinthia Vasconcelos, do Conselho Regional de
Fisioterapia, propôs a capacitação profissional sobre questões
relacionadas ao desenvolvimento intelectual no projeto de capacitação
permanente que vem sendo desenvolvido por grupo de trabalho no
âmbito da Secretaria Estadual de Saúde.
Mônica de Pádua, do Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco pontuou
como demanda:
A necessidade de tratar o autismo apenas do ponto de vista da saúde,
mas também da educação.
2.14.3. Dispositivos Legais Relacionados
2.14.3.1. Lei nº 15.487, de 27 de abril de 2015
Dispõe sobre a proteção e os direitos da pessoa com Transtorno
de Espectro Autista no Estado de Pernambuco.
Considera-se pessoa com Transtorno do Espectro Autista aquela
portadora de síndrome clínica caracterizada por deficiência
persistente e clinicamente significativa da comunicação e da
interação sociais e por padrões restritivos e repetitivos de
comportamentos, interesses e atividades.
Para os efeitos da Lei, consideram-se os Transtornos Invasivos
do Desenvolvimento como sinônimos de Transtorno do Espectro
Autista.
Considera-se, para todos os efeitos legais, que as pessoas com
Transtorno do Espectro Autista são pessoas com deficiência.
Entre os direitos da pessoa com Transtorno do Espectro Autista
encontram-se o diagnóstico precoce, início de tratamento
29
imediato após diagnóstico, tratamento individualizado,
atendimento multidisciplinar e por profissionais especializados,
atendimento em unidade especializada, diferente das destinadas
a tratamento de doenças mentais e a recuperação de
dependentes químicos, entre outros (art. 3º).
Os estabelecimentos de ensino das redes pública e privada de
educação ficam obrigados a incluir em seu ensino regular
estudantes portadores do Transtorno do Espectro Autista (art. 4º).
O gestor escolar, ou autoridade competente, que recusar a
matrícula de aluno com Transtorno do Espectro Autista, ou
qualquer outro tipo de deficiência, será punido com multa de 3
(três) a 20 (vinte) salários-mínimos (art. 5º).
Os estabelecimentos de ensino da rede privada deverão
apresentar projeto de inclusão dos estudantes com necessidades
especiais (art. 6º).
Os Conselhos Profissionais Regionais de Medicina, Psicologia,
Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional, sediados no Estado de
Pernambuco, deverão elaborar e disponibilizar publicamente,
inclusive por meio da internet, no prazo de 90 (noventa) dias após
a edição da Lei, uma lista de profissionais especializados e
capacitados a atender pessoa como Transtorno do Espectro
Autista (art. 10).
2.14.3.2. Portaria nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011 (Ministério da
Saúde)
Institui a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com
sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes
do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema
Único de Saúde (SUS).
As Unidades Básicas de Saúde, as equipes de atenção básica
para populações específicas e os centros de convivência formam
o componente de atenção básica da Rede.
30
Os Caps, em suas diferentes modalidades, provêm a atenção
psicossocial especializada.
De acordo com a redação do art. 7º, § 4º da Portaria, que define
as modalidades de organização dos Caps, não há dissociação
entre os espaços destinados ao atendimento de pessoas com
transtornos mentais graves e persistentes e de pessoas com
necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras
drogas.
2.15. Reunião 15 – Assistência à pessoa com deficiência no Sertão do
São Francisco
Tema: Assistência à pessoa com deficiência no Sertão do São Francisco.
Local: A reunião foi realizada nas dependências da Câmara Municipal de
Petrolina, às 10h do dia 6 de outubro de 2017.
Participantes: deputada Terezinha Nunes; vereador Júnior do Gás,
representante da Câmara Municipal de Petrolina; vereador Paulo Valgueiro,
vereador Gaturiano Cigano; Érico de Oliveira Santos, promotor de Justiça da
Infância e da Juventude; Jaqueline Lucena, coordenadora de Atenção à Saúde
da 8ª Geres; Talita Andrade, secretária executiva da Mulher e Acessibilidade
de Petrolina e Wanda Ferreira, diretora Apae de Petrolina).
2.15.1. Principais problemas apresentados
Vereador Paulo Valgueiro pontuou como problemas:
As pessoas com deficiência enfrentam uma série de obstáculos para ter
acesso ao transporte público em Petrolina.
Existe lei municipal que concede gratuidade às pessoas com deficiência
no transporte público, mas as empresas de transporte entraram com
ação judicial para invalidá-la.
A acessibilidade arquitetônica no município também não é satisfatória.
31
Jaqueline Lucena, da Coordenadoria de Atenção à Saúde da 8ª Geres,
pontuou como problemas:
Várias das unidades de saúde ainda não são acessíveis (mas estariam
sendo realizadas reformas que paulatinamente podem trazer melhorias).
A área coberta pela 8ª Geres apresenta grande carência de serviços, o
que acaba aumentando a importância do Tratamento Fora de Domicílio.
Talita Andrade, secretária executiva da Mulher e Acessibilidade de Petrolina,
pontuou como problemas:
Faltam dados relativos às PCD.
As pessoas com deficiência ainda não têm acesso ao passe livre,
apesar de haver lei municipal que garante esse direito.
Patrícia Bonfim, do Grupo Raros, pontuou como problemas:
A Câmara de Vereadores não conta com intérprete de Libras.
Faltam profissionais capacitados para atender as pessoas com
deficiência na região.
O município não fornece o suplemento alimentar que as crianças com
doenças raras necessitam.
Apontou-se uma série de questões relativas à gratuidade no transporte
público (por exemplo, a existência de renda máxima para usufruir do
benefício e a exigência de perícias teoricamente desnecessárias).
Inexistem políticas para as mães das pessoas com deficiência.
Os profissionais da rede de educação não estão capacitados/informados
para receber as pessoas com deficiência nas escolas.
Não há entrega de cadeiras de roda, órtese ou prótese em Petrolina,
sendo necessário deslocar-se ao Recife para o recebimento.
Magda Feitosa, da Associação Amigos dos Autistas, pontuou como
problemas:
32
Os CAPS infantis não são suficientes para atender a demanda. Faltam,
por exemplo, profissionais, como fonoaudiólogos e terapeutas
ocupacionais.
Os custos relacionados à saúde no setor privado são excessivos. Além
disso, faltam profissionais que atendam por meio de planos de saúde.
Autistas adolescentes e adultos não têm cobertura, pois não podem ser
atendidos no Caps infantil.
Não há profissionais suficientes para garantir a multidisciplinariedade
das equipes que devem diagnosticar as crianças com Transtornos do
Espectro Autista e outros transtornos.
O Plano Municipal de Educação não é cumprido no que diz respeito á
inclusão.
A Lei Municipal nº 2.616, de 27 de fevereiro de 2014 (“Lei do Autismo”)
apresentaria alguns defeitos. Entre eles, a mera flexibilização da carga
horária de servidores municipais que tenham filhos autistas. Argumenta-
se que a flexibilização poderia levar a que a redução da carga horária
implicasse em redução proporcional de remuneração.
Vereador Gilmar Santos pontuou como problema:
A queda da quantidade de recursos destinados ao Suas no orçamento
federal tem forte impacto negativo sobre as pessoas com deficiência.
Tadeu Plínio da Silva, da Associação das Pessoas com Deficiência do Vale
do São Francisco, pontuou como problemas:
As ouvidorias de diversos órgãos públicos (como a Prefeitura Municipal
de Petrolina, o MPPE e a Câmara de Vereadores de Petrolina) não
apresentam respostas às queixas e demandas realizadas pelas pessoas
com deficiência.
O transporte público não é acessível.
Faltam médicos para o atendimento das pessoas com deficiência.
33
2.15.2. Demandas Apresentadas
Vereador Paulo Valgueiro pontuou como demanda:
A articulação dos grupos da sociedade civil para suprir as falhas do
Poder Público na atenção às pessoas com deficiência.
Sugestão Apresentada: a Deputada Terezinha Nunes sugeriu a criação
de uma Frente Parlamentar Municipal de Defesa da Pessoa com
Deficiência.
Érico de Oliveira, do Ministério Público de Pernambuco, pontuou como
demandas:
A necessidade de verificar se a legislação municipal relativa à pessoa
com deficiência é adequada e se o Poder Executivo municipal põe em
prática suas obrigações legais.
A determinação da fonte de custeio da gratuidade para as pessoas com
deficiência no transporte público.
Patrícia Bonfim, do Grupo Raros, pontuou como demandas:
Contratação de intérprete de Libras pela Câmara de Vereadores de
Petrolina.
Fornecimento de suplementos alimentares pelo governo municipal.
Mudanças na lei que concede gratuidade às pessoas com deficiência no
transporte público municipal (eliminando a renda máxima para a fruição
do benefício e acabando com a obrigatoriedade de algumas perícias
tidas como desnecessárias).
Criação de políticas de apoio para as mães das pessoas com
deficiência.
Entrega de cadeiras de rodas, órteses e próteses no próprio município
de Petrolina.
Magda Feitosa, da Associação Amigos dos Autistas, pontuou como demanda:
34
Alteração da Lei Municipal nº 2.616, de 27 de fevereiro de 2014, de
modo a garantir que os servidores municipais que tenham filhos autistas
tenham direito à redução da carga horária sem redução da
remuneração, e não mera flexibilização da carga horária. (que poderia
ensejar redução proporcional da remuneração).
Tadeu Plínio da Silva, da Associação das Pessoas com Deficiência do Vale do
São Francisco, pontuou como demanda:
A criação de Centros de Terapia municipais.
2.15.3. Dispositivos Legais Relacionados
2.15.3.1. Lei Municipal nº 2.616, de 27 de fevereiro de 2014 (Petrolina)
Dispõe sobre instituição de Política Municipal de Proteção dos Direitos
da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista no Município de
Petrolina.
Abrange pessoas com transtorno invasivo do comportamento global
(Espectro Autista), com Síndrome de Asperger, com Síndrome de Rett e
com TDAH.
Uma das diretrizes da política é a obrigação de que a rede municipal de
ensino possua, em seu quadro funcional, orientadores pedagógicos com
especialização em atendimento a autistas.
Outra diretriz é a manutenção de centros de atendimento integrado de
saúde e educação especializados no tratamento de autistas.
Fica assegurada, ainda, a instituição de horário especial para os
servidores municipais que tenham sob a sua responsabilidade cônjuge,
filho ou dependente com autismo.
2.15.3.2. Decreto Municipal nº 76, de 18 de julho de 2017 (Petrolina)
Regulamenta a gratuidade no Sistema Público de Transporte Coletivo do
Município de Petrolina.
Contempla “pessoas portadoras de deficiência” e idosos com mais de 65
anos.
35
Para fruir da gratuidade, deve-se portar cartão de identificação e acesso
fornecido pela Autarquia Municipal de Mobilidade (Ampla). O cartão dá,
à pessoa com deficiência, o direito a um acompanhante.
O art. 3º disciplina quem é considerado portador de deficiência para
efeitos de gratuidade no transporte público municipal. São incluídas
deficiências físicas e sensoriais, mas não deficiências intelectuais.
O cartão de acesso dará direito a 50 créditos por mês (cada crédito
equivale a uma viagem). Em casos excepcionais, previstos no próprio
decreto, poderá haver aumento do número de créditos, até o limite de
100 créditos mensais.
2.16. Reunião 16 – Gratuidade do transporte coletivo intermunicipal às
pessoas com deficiência
Tema: Gratuidade do Transporte Coletivo Intermunicipal às Pessoas com
Deficiência.
Local: A reunião foi realizada na Assembleia Legislativa do Estado de
Pernambuco, na sala do Plenarinho I, às 9h do dia 10 de outubro de 2017.
Participantes: deputada Terezinha Nunes; deputada Laura Gomes; Sérgio
Moura, secretário executivo representando a Secretaria de Desenvolvimento
Social, Criança e Juventude (SDSIJ); Thaise Ferreira, Presidente da Empresa
Pernambucana de Transporte Intermunicipal (EPTI); Bruno Moury, presidente
da Comissão dos Direitos de Defesa das Pessoas com Deficiência da OAB/PE;
Maria do Carmo de Oliveira, presidente do Conselho Estadual de Defesa dos
Direitos da Pessoa com Deficiência (Coned/PE); Edmilson Silva
superintendente estadual de Atenção à Pessoa com Deficiência (Sead);
Westei Conde y Martin Junior, promotor de Justiça do MPPE; Antônio Muniz,
presidente do Conselho Municipal dos Direitos das Pessoas com Deficiência
(Comud); Juliana Salazar, procuradora da Alepe e Marina Freire, da
Consultoria Legislativa da Alepe.
36
2.16.1. Principais Problemas Apontados
Deputada Terezinha Nunes pontuou como problemas:
Existência de apenas uma entrada nos ônibus intermunicipais, o que
dificulta o acesso das pessoas com deficiência. Além disso, estão sendo
instaladas catracas nesses ônibus, o que obsta ainda mais o acesso.
Resposta à demanda: Thaise Ferreira, presidente da Empresa
Pernambucana de Transporte Intermunicipal – EPTI, esclareceu que os
ônibus que realizam o transporte intermunicipal só têm uma porta, e as
Resoluções do Contran que determinam as qualificações técnicas desse
tipo de transporte não trazem exigências que atendam a todas as
necessidades de acessibilidade. Relatou que os contratos atuais são de
permissões e não contemplam as exigências de acessibilidade.
Ressaltou que o momento é oportuno para realizar os devidos ajustes,
pois muitos contratos antigos que não contemplam esses requisitos de
acessibilidade estão sendo renovados, o que possibilita a inclusão das
exigências de adaptação nos mesmos. Esclareceu, ainda, que não se
pode colocar uma plataforma elevatória em qualquer tipo de veículo,
pois em alguns casos há alteração da estabilidade.
Exemplificou que a resolução determina como recurso de acessibilidade
para cadeirante ou pessoa com mobilidade reduzida a utilização da
cadeira de transbordo. Afirmou que hoje 90% da frota possui essa
cadeira de transbordo.
Westei Conde, promotor de Justiça do MPPE, informou que a Portaria
269/2015 do Inmetro especifica que a partir de 1 de julho de 2018 ficará
proibida a utilização da cadeira de transbordo para embarque e
desembarque da pessoa com deficiência em veículos rodoviários, que
deverão possuir plataforma elevatórias veiculares. Cabe ressaltar que a
portaria só será aplicada para veículos produzidos a partir de 2018.
Antônio Muniz, presidente do Comud, ressaltou que a referida portaria já
foi adiada duas vezes por pressão dos empresários.
Edmilson Silva, superintendente estadual da Sead, que é cadeirante,
pontuou que a cadeira de transbordo não proporciona autonomia e
37
segurança, e afirmou que o ideal é a disponibilização de plataformas
elevatórias.
Felipe Gervásio esclarece que, segundo o art. 53 da LBI, acessibilidade
é garantir à pessoa com deficiência a independência e o exercício de
seus direitos de cidadania e participação social, sendo a cadeira de
transbordo inacessível nos termos da LBI.
Descumprimento da Lei n° 12.045, de 17 de julho de 2001, que concede
gratuidade às pessoas com deficiência, no transporte intermunicipal no
estado. Ressalta que, segundo a referida lei, a concessão dessa
gratuidade depende da existência de uma fonte de custeio.
Westei Conde, promotor de Justiça do MPPE, destacou, ainda, que
houve a suspensão dessa lei, sob o argumento de que não havia fonte
de custeio para garantir a gratuidade.
Resposta à demanda: Marina Freire, da Consultoria da Alepe, destacou
que foi elaborada uma Nota Informativa N° 2017.2.3.022/2017 pela
Consultoria Legislativa da Casa, anexada ao relatório em questão, que
elucida a desnecessidade de fonte de custeio para cumprimento da
gratuidade do transporte intermunicipal para as pessoas com deficiência.
Resumiu que, segundo a nota elaborada, a Lei Estadual n° 11.519/98,
em seu Art. 3°, III, em interpretação ampliativa, excepciona a
necessidade de indicação da fonte de custeio para a concessão de
benefícios às pessoas com deficiência em Pernambuco. A nota ressalta,
ainda, que o benefício pode ser subsidiado pelo governo do Estado, a
exemplo do que ocorre no Sistema de Transporte da Região
Metropolitana do Recife.
Sugestão Apresentada pela Frente: Revogação do art. 6° da Lei
Estadual n° 12.045/2001, que proíbe empresa de transporte coletivo
intermunicipal de inserir, para efeito de cálculo dos custos operacionais,
as passagens destinadas aos portadores de deficiências, a fim de
permitir que os reajustes periódicos de tarifa comportem a concessão
dos benefícios, conforme argumentação explicitada na citada NI.
Westei Conde, promotor de Justiça do MPPE, pontuou como problemas:
38
A falta de acessibilidade dos terminais. Ele destacou que há lugares
no transporte intermunicipal, em que o embarque e desembarque
não ocorrem em terminais, mas diretamente na rodovia BR.
As barreiras atitudinais das pessoas que operam esse tipo de
transporte, desde o vendedor do bilhete ao motorista do ônibus.
2.16.2. Demandas Apresentadas
Deputada Terezinha Nunes pontuou como demandas:
Garantia de adaptação, ao menos de parte da frota, dos ônibus que
realizam o transporte intermunicipal de passageiros, para que sejam
acessíveis às pessoas com deficiência.
Westei Conde, promotor de Justiça do MPPE, pontuou como demanda:
Capacitação e sensibilização das pessoas que trabalham nas empresas
de transporte intermunicipal.
Thaise Ferreira, presidente da EPTI, pontuou como demanda:
Isenção do IPVA e redução do ICMS para o transporte intermunicipal, a
exemplo do que ocorre na Região Metropolitana do Recife.
2.16.3. Ações e Encaminhamentos da Frente Parlamentar
A Frente participou na Secretaria das Cidades de reunião a fim de resolver
a demanda acerca da gratuidade assegurada na Lei Estadual nº
12.045/2001. À ocasião, foi informado que o Estado está licitando nova
concessão para a realização do serviço de transporte intermunicipal de
passageiros, e que há previsão, no cálculo da nova política de remuneração
tarifária, para a concessão do benefício da gratuidade. Não há previsão
para a implantação do benefício da gratuidade, haja vista que há demanda
judicial questionando o processo licitatório.
39
Encaminhado o Ofício nº 020/2017 à Procuradoria de Apoio Jurídico
Legislativo do Governador, a fim de saber se a Lei Estadual nº 12.045/2001
foi regulamentada. Não há resposta.
2.16.4. Dispositivos legais relacionados
2.16.4.1. Lei nº 12.045, de 17 de julho de 2001
Concede gratuidade no transporte coletivo intermunicipal às pessoas
portadoras de deficiência física, sensorial e mental e dá outras
providências.
Art. 4º: toda Empresa de Transporte Coletivo Intermunicipal terá
reservada, até o tempo de cinco minutos antes da partida de cada
ônibus, no mínimo, três cadeiras destinadas aos portadores de
deficientes.
As empresas poderão inserir as passagens destinadas às pessoas com
deficiência no cálculo dos custos operacionais (art. 6º).
Compete ao Departamento de Estradas e Rodagens (DER) garantir o
cumprimento da gratuidade prevista na lei (art. 5º).
2.16.4.2. Resolução nº 445, de 25 de junho de 2013, do Conselho
Nacional de Trânsito (Contran)
Estabelece os requisitos de segurança para veículos de transporte
público coletivo de passageiros e transporte de passageiros tipos micro-
ônibus e ônibus, categoria M3 de fabricação nacional e importado.
Art. 1º, § 2º, I: Veículo para transporte público coletivo de passageiros:
veículo utilizado no transporte remunerado de passageiros e com caráter
de linha, operado por pessoa jurídica, concessionárias e/ou
permissionárias de serviço público ou privado.
Art. 4º, II: os veículos de aplicação rodoviária, intermunicipal, escolar ou
particular, poderão ser dotados de mais de uma porta de acesso, não
sendo obrigatório o posicionamento de uma porta à frente do eixo
dianteiro.
40
2.16.4.3. Portaria nº 269, de 02 de junho de 2015, do Instituto Nacional
de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro)
Determina a proibição, a partir de julho de 2018, da utilização da cadeira
de transbordo para embarque e desembarque de pessoas com
deficiência ou mobilidade reduzida, na fabricação de veículos
acessíveis, de características rodoviárias, destinados ao transporte
coletivo de passageiros.
A partir de 1º de julho de 2018, os veículos acessíveis, de características
rodoviárias, destinados ao transporte coletivo de passageiros, deverão
possuir, como meio de embarque e desembarque de pessoas com
deficiência ou mobilidade reduzida, plataformas elevatórias veiculares,
dispositivos e outros equipamentos alternativos à plataforma elevatória
veicular.
2.17. Reunião 17 – Educação Inclusiva
Tema: Educação Inclusiva.
Local: A reunião foi realizada na Assembleia Legislativa do Estado de
Pernambuco, na sala do Plenarinho I, às 9h do dia 19 de outubro de 2017.
Participantes: Eleonora Rodrigues, promotora de justiça do MPPE; Roberto
Gass, representante do Unicef; Rejane Maia, diretora pedagógica do Colégio
Apoio e representante do Sindepe; Paula Carolina, presidente do Grupo
Supermães; . André Carneiro Leão, defensor Público da União; Rogério June,
representante da Superintendência Estadual de Atenção à Pessoa com
Deficiência (Sead); Bruno Moury, presidente da Comissão dos Direitos de
Defesa das Pessoas com Deficiência da OAB/PE; Sandra Oliveira,
representante da Secretaria de Educação da Prefeitura do Recife; Vera Braga,
representante da Secretaria de Educação de Pernambuco – Gerência de
Educação Inclusiva; Maria do Carmo Oliveira, presidente do Conselho Estadual
de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Coned); Germana Soares
,presidente da UMA e Marina Freire, da Consultoria Legislativa da Alepe.
41
2.17.1. Principais Problemas Apontados
Rejane Maia, representante do Sindepe, pontuou como problemas:
O maior desafio à inclusão é a capacitação dos professores.
Algumas escolas particulares estão sobrecarregadas, por serem
referência em inclusão no estado.
Paula Carolina, Presidente do Grupo Supermães, pontuou como problema:
Recusa explícita e oculta de matrícula de crianças com deficiência nas
escolas particulares.
Germana Soares, presidente da UMA, pontuou como problema:
Falta de vagas nas creches para crianças com deficiências. Destacou a
importância da inclusão das crianças nas creches, não apenas para o
desenvolvimento das crianças, mas também para que as mães possam
trabalhar.
Eleonora Rodrigues, promotora de justiça do MPPE, pontuou como problema:
Relatou que a função do acompanhante escolar não pode ser
desempenhada por estagiários, como ocorre em muitas escolas públicas
municipais de Pernambuco. Defendeu que uma política pública não
pode ser implementada com base no serviço prestado por estagiários,
que ainda não possuem a formação necessária para o
acompanhamento de uma pessoa com deficiência. Esclarece que a
função deve ser desempenhada por um servidor, pois sua função é de
caráter permanente. Destacou, ainda, a responsabilidade da Rede
Municipal de Ensino, porta de entrada da educação.
Superlotação das escolas particulares que são referência no estado em
inclusão, o que compromete a qualidade do acompanhamento.
Resposta à demanda: Vera Braga, representante da Secretaria de
Educação de Pernambuco, da Gerência de Educação Inclusiva, propôs
a elaboração de um documento conjunto com a Prefeitura do Recife,
42
para conversar com a rede de escolas particulares, objetivando discutir a
inclusão, dividir experiências e ouvir as dificuldades.
Afirma que a legislação estadual prevê punição para a escola que não
faz a inclusão, mas depende de regulamentação, que ainda não foi
elaborada. Destaca que para a fiscalização ser efetiva é fundamental a
previsão legal de punição.
2.17.2. Demandas Apresentadas
Vera Braga, representante da Secretaria de Educação de Pernambuco –
Gerência de Educação Inclusiva, pontuou como demanda:
Trabalhar a temática da inclusão nas universidades, para que os
profissionais cheguem ao mercado mais preparados para desenvolver
um trabalho inclusivo.
Rejane Maia, representante do Sindepe, pontuou como demandas:
As escolas particulares precisam de incentivos governamentais para
incluir, pois a inclusão depende da atuação de uma equipe
multidisciplinar específica, que envolve profissionais das mais diversas
áreas.
Resposta à demanda: Deputada Terezinha Nunes, destacou a
importância da criação de um projeto de lei para concessão de
benefícios às escolas privadas que incluem.
Legislação que delimite o número máximo de alunos com deficiência por
turma, havendo, quando necessário, um remanejamento dos alunos para
outras escolas particulares, promovendo um equilíbrio na distribuição
desses alunos e fomentando a inclusão em todas as escolas particulares do
estado. Ao invés de concentrar diversos alunos com deficiência em algumas
poucas escolas de referência em inclusão na localidade.
Bruno Moury, presidente da Comissão dos Direitos de Defesa das
Pessoas com Deficiência da OAB/PE, defendeu que a inclusão deve ser
43
ilimitada e que as instituições de ensino devem se preparar para incluir cada
vez mais alunos com deficiência.
Bruno Moury, presidente da Comissão dos Direitos de Defesa das Pessoas
com Deficiência da OAB/PE, pontuou como demandas:
Importância das secretarias de educação estadual e municipais
fiscalizarem a inclusão na rede particular de ensino; e do Legislativo
acompanhar essa fiscalização.
Paula Carolina, presidente do Grupo Supermães pontuou como demanda:
Necessidade de punição das escolas que não incluem alunos com
deficiência.
Evitar que a função de acompanhante nas escolas seja desempenhada
por estagiários, que não possuem a formação necessária ao
desempenho da atividade.
André Carneiro Leão, defensor público da União, pontuou como demanda:
A importância das escolas promoverem eventos para sensibilização dos
pais sobre a importância da inclusão.
Eleonora Rodrigues, promotora de justiça do MPPE, pontuou como
demandas:
Necessidade de fiscalização da inclusão nas escolas particulares de
Pernambuco, especialmente das maiores, cujas estatísticas de alunos
com deficiência comprovam a falta de inclusão.
Sugere como punição que a escola não funcione por um dia, para
fomentar a discussão sobre o tema na imprensa, entre os pais, alunos, e
toda a comunidade.
Oficializar as secretarias estadual e municipais para que apresentem os
números de alunos com deficiência matriculados na rede pública e privada
do estado.
44
Ação da Frente Parlamentar: A Frente Parlamentar enviou ofício à
Secretaria de Educação do Estado para que forneça o quantitativo de
alunos com deficiência matriculado em sua rede de ensino. O ofício foi
respondido por meio da Nota Técnica nº 06/2017, elaborada pela Gerência
de Monitoramento da Rede Escolar, e enviada à Frente Parlamentar por
meio do Ofício nº 2039/2017, da Secretaria Estadual de Educação. Com
base nos dados do Censo Educacional de 2016, realizado pelo Inep
(Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira),
constatou-se que há um total de 34.472 estudantes com deficiência
matriculados em Pernambuco, o que representa 1,512% do total de
estudantes do referido universo. Deve-se ressaltar que tal número é relativo
aos estudantes matriculados nas redes de ensino federal, estadual,
municipal e privada.
2.17.3. Ações e Encaminhamentos da Frente Parlamentar
A Frente Parlamentar enviou ofício à Secretaria de Educação do Estado
para que forneça o quantitativo de alunos com deficiência matriculado em
sua rede de ensino. O ofício foi respondido por meio da Nota Técnica nº
06/2017, elaborada pela Gerência de Monitoramento da Rede Escolar, e
enviada à Frente Parlamentar por meio do Ofício nº 2039/2017, da
Secretaria Estadual de Educação. Com base nos dados do Censo
Educacional de 2016, realizado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), constatou-se que há um total de
34.472 estudantes com deficiência matriculados em Pernambuco, o que
representa 1,512% do total de estudantes do referido universo. Deve-se
ressaltar que tal número é relativo aos estudantes matriculados nas redes
de ensino federal, estadual, municipal e privada.
2.17.4. Dispositivos Legais Relacionados
2.17.4.1. Constituição Federal
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família,
será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade,
45
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Art. 206: O ensino será ministrado com base nos seguintes
princípios: I) igualdade de condições para o acesso e permanência
na escola;
Art. 208: O dever do Estado com a Educação será efetivado
mediante a garantia de: III) atendimento educacional especializado
aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de
ensino;
2.17.4.2. Lei Brasileira de Inclusão (Lei Federal nº 13.146/2015):
Art. 3°, XIII: profissional de apoio escolar: pessoa que exerce
atividades de alimentação, higiene e locomoção do estudante com
deficiência e atua em todas as atividades escolares nas quais se
fizer necessária, em todos os níveis e modalidades de ensino, em
instituições públicas e privadas, excluídas as técnicas ou os
procedimentos identificados com profissões legalmente
estabelecidas;
Art. 27: A educação constitui direito da pessoa com deficiência,
assegurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis e
aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo
desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas,
sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características,
interesses e necessidades de aprendizagem.
Parágrafo único. É dever do Estado, da família, da comunidade
escolar e da sociedade assegurar educação de qualidade à pessoa
com deficiência, colocando-a a salvo de toda forma de violência,
negligência e discriminação.
Art. 28, XVII: Incumbe ao poder público assegurar, criar,
desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar a oferta
de profissionais de apoio escolar.
46
2.17.4.3. Decreto Federal nº 7.611, de 17 de novembro de 2011
Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional
especializado e dá outras providências.
Público-alvo da educação especial: pessoas com deficiência, com
transtornos globais do desenvolvimento e com altas habilidades ou
superdotação (art. 1º, § 1º).
Atendimento Educacional Especializado (AEE): serviços de apoio
especializado voltado a eliminar as barreiras que possam obstruir o
processo de escolarização de estudantes com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação (art. 2º).
Art. 4º: o Poder Público estimulará o acesso ao atendimento
educacional especializado de forma complementar ou suplementar
ao ensino regular, assegurando a dupla matrícula.
As salas de recursos multifuncionais são ambientes dotados de
equipamentos, mobiliários e materiais didáticos e pedagógicos para
a oferta do atendimento educacional especializado (art. 5º, § 3º).
2.17.4.4. Resolução nº 4, de 2 de outubro de 2009, da Câmara de
Educação Básica do Conselho Nacional de Educação
(Ministério da Educação)
Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional
Especializado na Educação Básica, modalidade Educação
Especial.
Os sistemas de ensino devem matricular os alunos com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação nas classes comuns do ensino regular e
no Atendimento Educacional Especializado (AEE), ofertado em
salas de recursos multifuncionais ou em centros de Atendimento
Educacional Especializado da rede pública ou de instituições
comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos (art.
1º).
47
O AEE é realizado, prioritariamente, na sala de recursos
multifuncionais da própria escola ou em outra escola de ensino
regular, no turno inverso da escolarização, não sendo substitutivo
às classes comuns (art. 5º).
A elaboração e a execução do plano de AEE são de competência
dos professores que atuam na sala de recursos multifuncionais ou
centros de AEE, em articulação com os demais professores do
ensino regular, com a participação das famílias e em interface com
os demais serviços setoriais da saúde, da assistência social, entre
outros necessários ao atendimento (art. 9º).
As escolas devem institucionalizar o AEE, prevendo na sua
organização elementos como: sala de recursos multifuncionais,
cronograma de atendimento aos alunos e plano do AEE (que
envolve a identificação das necessidades específicas de cada
aluno e a definição das atividades a serem desenvolvidas) (art. 10).
A escola deverá garantir também, em sua organização, outros
profissionais da educação, como tradutor e intérprete de Língua
Brasileira de Sinais, guia-intérprete e outros que atuem no apoio,
principalmente às atividades de alimentação, higiene e locomoção.
Tais profissionais devem atuar com os alunos que constituem o
público-alvo da educação especial em todas as atividades
escolares necessárias (art. 10, VI e Parágrafo único).
Art. 12: Para atuação no AEE, o professor deve ter formação inicial
que o habilite para o exercício da docência e formação específica
para a Educação Especial.
As atribuições do professor do AEE incluem elaborar e executar
plano de Atendimento Educacional Especializado, estabelecer
parcerias com as áreas intersetoriais na elaboração de estratégias
e na disponibilização de recursos de acessibilidade, orientar
professores e famílias sobre os recursos pedagógicos e de
acessibilidade utilizados pelo aluno, ensinar e usar a tecnologia
48
assistiva de forma a ampliar habilidades funcionais dos alunos,
promovendo autonomia e participação, entre outras (art. 13).
2.17.4.5. Lei Municipal nº 18.038/ 2014 (Recife)
Art. 1°: Ficam criados 1.000 (mil) cargos efetivos de Agente de Apoio
ao Desenvolvimento Escolar Especial a serem lotados na Rede
Municipal de Ensino.
Parágrafo único. Os cargos efetivos de que trata o caput deste artigo
são de nível médio e serão providos, no regime estatutário, por
concurso publico.
2.17.4.6. Lei Federal nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012
Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com
Transtorno do Espectro Autista.
Art. 3º, IV, a: é direito da pessoa com TEA o acesso à educação e ao
ensino profissionalizante.
Em casos de comprovada necessidade, a pessoa com TEA incluída
nas classes comuns de ensino regular terá direito a acompanhante
especializado (art. 3º, Parágrafo único).
2.17.4.7. Lei nº 15.487/2015 (Lei Estadual do Autismo)
Dispõe sobre a proteção e os direitos da pessoa com Transtorno de
Espectro Autista no Estado de Pernambuco.
Art. 4º: os estabelecimentos de ensino das redes pública e privada
de educação ficam obrigados a incluir em seu ensino regular
estudantes portadores do Transtorno do Espectro Autista.
Art. 5º - O gestor escolar, ou autoridade competente, que recusar a
matrícula de aluno com Transtorno do Espectro Autista, ou qualquer
outro tipo de deficiência, será punido com multa de 03 (três) a 20
(vinte) salários-mínimos.
49
Art. 6º Os estabelecimentos de ensino da rede privada deverão
apresentar projeto de inclusão dos estudantes com necessidades
especiais...
Arts. 4º a 7º dispõem sobre o direito à educação da pessoa com
Transtorno do Espectro Autista, determinado as obrigações das
escolas das redes pública e privada e dispondo sobre as
penalidades que tais escolas podem sofrer em consequência do
descumprimento das ditas obrigações.
Art. 12 determina que o Poder Executivo deverá regulamentar a Lei
até 90 dias após sua publicação.
2.18. Reunião 18 – Inclusão da pessoa com deficiência no mercado de
trabalho
Tema: Inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho.
Local: A reunião foi realizada na Assembleia Legislativa do Estado de
Pernambuco, na sala do Plenarinho I, às 9h do dia 24 de outubro de 2017.
Participantes: Adriana Simões (Secretaria de Micro e Pequena Empresa,
Trabalho e Qualificação de Pernambuco), Fernando André Sampaio Cabral
(auditor do Trabalho representando a Superintendência Regional do Trabalho),
Telma Diniz, Matheus Galindo da OAB-PE, Mônica de Pádua (representante do
Tribunal de Justiça de Pernambuco), José Diniz presidente da Apec, Izabel
Cristina Moreira dos Santos (Procuradora do Estado de Pernambuco e
Secretária da Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiências
da OAB-PE), Wiviane Maria Oliveira de Souza (juíza substituta da 22ª Vara do
Trabalho do Recife), Wilder Basílio do Grupo Down +, Gertrudes Guilde, Marina
Freire, da Consultoria da Assembleia Legislativa de Pernambuco.
2.18.1. Principais Problemas Apontados
Fernando Cabral, da Superintendência Regional do Trabalho, pontuou como
problemas:
50
A mudança que ocorreu na Constituição do Estado, alterando de 3% para
5% o percentual de vagas para pessoas com deficiência. Antes o texto
previa a destinação de 3% e o mínimo de uma vaga para pessoas com
deficiência. Com a mudança, o percentual aumentou para 5%, mas o texto
“o mínimo de uma vaga” foi suprimido, o que representa um grande
equívoco e retrocesso à inclusão.
Ação da Frente Parlamentar: Foi apresentada a Proposta de Emenda
Constitucional nº 11/2018, de autoria da Deputada Terezinha Nunes, com o
objetivo de que seja garantida a reserva de ao menos uma vaga para
pessoas com deficiência nos concursos públicos da administração pública
direta e indireta de qualquer dos Poderes do Estado e dos Municípios.
Muitas empresas não aceitam pessoas com deficiência de empresas
contratadas para serviços terceirizados.
Alessandra Spinelli, da Sead, pontuou como problema:
Desafio de inclusão da pessoa com deficiência que recebe o BPC no
mercado de trabalho, uma vez que a maior parte das vagas ofertadas é
de subempregos.
Wilder Basílio, do Grupo Down +, pontuou como problemas:
Relatou as dificuldades de qualificar as pessoas com deficiência
intelectual para o mercado de trabalho. Esclareceu que as dificuldades
existem desde a escolaridade, principalmente a partir do Ensino
Fundamental, e se agravam ainda mais no Ensino Médio e nas provas
de vestibular.
Importância de repensar a acessibilidade nas seleções para ingresso de
pessoas com deficiência intelectual nas universidades públicas.
Izabel Cristina dos Santos, da OAB-PE, pontuou como problema:
A não observância das normas relacionadas às pessoas com deficiência
na elaboração dos editais de concurso, o que acarreta diversas
demandas judiciais por irregularidades praticadas.
51
2.18.2. Demandas Apresentadas
Deputada Terezinha Nunes pontuou algumas demandas apresentadas em
reuniões anteriores da Frente:
As empresas disponibilizam vagas para as pessoas com deficiência,
mas não possuem acessibilidade estrutural, tecnológica e assistiva para
recebê-las;
José Diniz, vice-presidente do Coned, relatou que existem 14 mil vagas
de trabalho para pessoas com deficiência no Estado de Pernambuco,
mas, para não contratá-los, as empresas alegam que os candidatos não
possuem as habilidades necessárias para o desempenho das funções
da vaga ofertada. Citou como exemplo o caso das empresas de ônibus
que ofertam vagas de motoristas e cobradores para pessoas cegas;
Fernando Cabral, da Superintendência Regional do Trabalho, relatou
que, em muitos casos, as vagas não são ocupadas porque as pessoas
com deficiência ficam com receio de entrar no mercado de trabalho e
perder o BPC. O que demonstra que a maioria das vagas ofertadas são
para cargos com baixa remuneração.
Adriana Simões, da Secretaria de Micro e Pequena Empresa, Trabalho
e Qualificação de Pernambuco, afirmou que existem diversas
dificuldades para o preenchimento dessas vagas, entre as quais
destacou: a pessoa com deficiência que já recebe o BPC enfrenta
diversas barreiras de mobilidade para chegar ao local de trabalho; falta
de acessibilidade nas empresas, que oferecem as vagas, mas não
possuem a estrutura necessária para incluir. Além disso, na maioria dos
casos, o salário não é suficiente para que a pessoa com deficiência
perca o BPC e enfrente todas as barreiras, diariamente, para ter acesso
ao trabalho.
José Diniz informou que a Lei permite que a pessoa com deficiência, ao
ingressar no primeiro emprego, possa receber durante dois anos o BPC
e o salário, para só então fazer a opção pelo trabalho ou por continuar
recebendo o benefício.
52
A Consultoria Legislativa esclarece que, nos termos do art. 21-A, § 2º,
da Lei Federal nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993, a contratação de
pessoa com deficiência como aprendiz não acarreta a suspensão do
benefício de prestação continuada, limitado a dois anos o recebimento
concomitante da remuneração e do benefício.
Implementação de home working para pessoas com deficiência, cujas
atividades poderiam ser desempenhadas em casa ou em organizações
não governamentais que proporcionariam um ambiente adequado e
adaptado às necessidades de trabalho e acessibilidade;
Fernando Cabral, da Superintendência Regional do Trabalho, pontuou,
na reunião de 31 de outubro de 2017, que o home working é importante,
mas não para toda pessoa com deficiência, pois o relacionamento
interpessoal é fundamental para a inclusão.
Importância de discutir e desenvolver políticas de inclusão para o adulto
com deficiência, principalmente voltadas para a inserção e autonomia no
mercado de trabalho.
Fernando Cabral, da Superintendência Regional do Trabalho, pontuou como
demandas:
Capacitação dos gestores, com o intuito de combater a principal barreira
encontrada no mercado de trabalho, a barreira atitudinal.
Alteração da Legislação Estadual, para que seja mais inclusiva.
Elaboração pelo Governo do Estado de Diretrizes Mínimas para os
Concursos do Estado.
Legislação estadual que vincule 5% das vagas dos contratos de
terceirização com o Estado para pessoas com deficiência.
Adequar a legislação estadual à LBI, que considera a pessoa com
deficiência mental como pessoa com deficiência, para todos os fins
previstos. Criação de uma comissão para discutir as proposições de
alterações legislativas.
Inclusão da pessoa com deficiência mental na Lei 14.916/2013 (Lei do
Vem Livre Acesso), para todos os fins previstos.
53
Criação de um grupo de trabalho para debater as questões da pessoa
com deficiência nos concursos públicos estaduais.
Matheus Galindo, da OAB-PE, pontuou como demandas:
Levar a agência municipal de emprego para agências representativas de
pessoas com deficiência, pois muitas vagas disponibilizadas não são
preenchidas. Essa parceria seria importante, ainda, para que a agência
pudesse ajustar a qualificação profissional que oferece às necessidades
apontadas pelas entidades.
Fiscalização, pelo Ministério do Trabalho, da colocação das pessoas
com deficiência no mercado.
Resposta à demanda: Fernando Cabral, da Superintendência Regional
do Trabalho, afirmou, na reunião de 31 de outubro de 2017, que
atualmente o Ministério do Trabalho conta com uma equipe muito
reduzida de auditores fiscais. Ele esclareceu que existem pouco mais de
1.000 empresas e apenas 4 ou 5 pessoas para fiscalizar, dos quais 60%
já estão com idade para se aposentar.
Alexandra Spinelli, da Sead, pontuou como demanda:
A sensibilização das empresas para que as vagas ofertadas para a
pessoa com deficiência sejam também para postos com salários mais
atrativos. A maioria dos cargos ofertados é de baixa remuneração, e a
empresa nem mesmo relata as atribuições e as habilidades
demandadas para o desempenho da função.
Wilder Basílio, do Grupo Down +, pontuou como demandas:
Alteração da legislação relativa ao estágio, para que seja inclusiva e
proporcione a aproximação das pessoas com deficiência com o mercado
de trabalho enquanto ainda estão na formação profissional.
Capacitação dos gestores para que recebam e incluam as pessoas com
deficiência em suas equipes com um olhar humanizado, observando as
54
potencialidades da pessoa e a melhoria que a inclusão pode trazer para
o clima organizacional.
Izabel Cristina Santos, da OAB-PE, pontuou como demandas:
Criação de um fundo análogo ao Funcultura para o desenvolvimento de
políticas de inclusão.
Normatizar a realização de concursos no Estado de Pernambuco,
mediante a elaboração de uma minuta geral básica para os concursos
públicos estaduais, cujas variáveis fossem aquelas pertinentes às
especificidades de cada certame, com o objetivo de diminuir as
irregularidades praticadas nos concursos do Estado e as demandas
judiciais.
Elaborar estatísticas da pessoa com deficiência em Pernambuco.
Sugestão da Frente Parlamentar: Registro da pessoa, como pessoa
com deficiência, nos bancos de dados dos serviços de segurança, saúde
e educação do Estado, para possibilitar a produção de dados
estatísticos.
A maioria dos salários oferecidos para as vagas ofertadas às pessoas
com deficiência são muito próximos do valor dos benefícios sociais.
Importância de premiar as boas práticas de inclusão das pessoas com
deficiência no mercado de trabalho.
Wiviane de Souza, Juíza do Trabalho, pontuou como demanda:
A criação de espaços de publicidade sobre as vagas de emprego
ofertadas para as pessoas com deficiência nas contas de luz, de
telefone, nos estádios de futebol, entre outros, para que a informação
chegue de forma mais efetiva aos interessados; inclusive para que
possam se qualificar.
2.18.3. Ações e Encaminhamentos da Frente Parlamentar
Foi apresentada a Proposta de Emenda Constitucional nº 11/2018, de
autoria da Deputada Terezinha Nunes, que objetiva garantir que, além da
55
reserva de 5% das vagas em concursos públicos e seleções públicas
simplificadas para pessoas com deficiência, assegure-se também que em cada
certame seja reservada ao menos uma vaga para os candidatos com
deficiência.
2.18.4. Dispositivos Legais Relacionados
2.18.4.1. Constituição Federal
Art. 7°, XXXI: proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e
critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;
Art. 37, VII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos
para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua
admissão (definido pela Lei nº 8.112/1990)
Lei nº 8.112/1990, art. 5°, § 2°: às pessoas portadoras de deficiência é
assegurado o direito de se inscrever em concurso público para
provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a
deficiência de que são portadoras; para tais pessoas serão reservadas
até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.
2.18.4.2. Lei Federal n° 8.213, de 24 de julho de 1991:
Art. 93: A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está
obrigada a preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento)
dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas
portadoras de deficiência, habilitadas, na seguinte proporção: I) até
200 empregados, 2%; II) de 201 a 500, 3%; III) de 501 a 1.000, 4%;
IV) de 1.001 em diante, 5%.
2.18.4.3. Lei Federal nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993
Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras
providências.
Art. 20: o benefício de prestação continuada é a garantia de um
salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65
56
anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria
manutenção nem de tê-la provida por sua família.
Art. 20, § 3º: considera-se incapaz de prover a manutenção da
pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per
capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo.
Art. 21-A: o benefício de prestação continuada será suspenso
pelo órgão concedente quando a pessoa com deficiência exercer
atividade remunerada, inclusive na condição de
microempreendedor individual.
§ 1º Extinta a relação trabalhista ou a atividade empreendedora de
que trata o caput deste artigo e, quando for o caso, encerrado o
prazo de pagamento do seguro-desemprego e não tendo o
beneficiário adquirido direito a qualquer benefício previdenciário,
poderá ser requerida a continuidade do pagamento do benefício
suspenso, sem necessidade de realização de perícia médica ou
reavaliação da deficiência e do grau de incapacidade para esse fim
[...].
Art. 21-A, § 2º: a contratação de pessoa com deficiência como
aprendiz não acarreta a suspensão do benefício de prestação
continuada, limitado a 2 (dois) anos o recebimento concomitante da
remuneração e do benefício.
2.18.4.4. Decreto Federal n° 3.298, de 20 de dezembro de 1999
Dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa
Portadora de Deficiência.
Art. 34: é finalidade primordial da política de emprego a inserção da
pessoa portadora de deficiência no mercado de trabalho ou sua
incorporação ao sistema produtivo mediante regime especial de
trabalho protegido.
Parágrafo único. Nos casos de deficiência grave ou severa, o
cumprimento do disposto no caput deste artigo poderá ser efetivado
mediante a contratação das cooperativas sociais de que trata
57
a Lei n° 9.867/1999 (que dispõe sobre a criação e o funcionamento
de Cooperativas Sociais).
Art. 37: fica assegurado à pessoa portadora de deficiência o direito
de se inscrever em concurso público, em igualdade de condições
com os demais candidatos, para provimento de cargo cujas
atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que é portador.
§ 1o O candidato portador de deficiência, em razão da necessária
igualdade de condições, concorrerá a todas as vagas, sendo
reservado no mínimo o percentual de 5% em face da classificação
obtida.
2.18.4.5. Lei Federal n° 11.788, de 25 de setembro de 2008,
Dispõe sobre o estágio de estudantes.
Art. 17, § 5°: Fica assegurado às pessoas portadoras de deficiência
o percentual de 10% (dez por cento) das vagas oferecidas pela
parte concedente do estágio.
2.18.4.6. Lei Brasileira de Inclusão (Lei Federal n° 13.146, de 6 de julho
de 2015):
Capítulo VI – do direito ao trabalho
Art. 34: a pessoa com deficiência tem direito ao trabalho de sua livre
escolha e aceitação, em ambiente acessível e inclusivo, em
igualdade de oportunidades com as demais pessoas.
§ 1o As pessoas jurídicas de direito público, privado ou de qualquer
natureza são obrigadas a garantir ambientes de trabalho acessíveis
e inclusivos.
§ 2o A pessoa com deficiência tem direito, em igualdade de
oportunidades com as demais pessoas, a condições justas e
favoráveis de trabalho, incluindo igual remuneração por trabalho
de igual valor.
§ 3o É vedada restrição ao trabalho da pessoa com deficiência e
qualquer discriminação em razão de sua condição, inclusive nas
58
etapas de recrutamento, seleção, contratação, admissão, exames
admissional e periódico, permanência no emprego, ascensão
profissional e reabilitação profissional, bem como exigência de
aptidão plena.
Art. 36: o poder público deve implementar serviços e programas
completos de habilitação profissional e de reabilitação profissional
para que a pessoa com deficiência possa ingressar, continuar ou
retornar ao campo do trabalho, respeitados sua livre escolha, sua
vocação e seu interesse.
Art. 37: constitui modo de inclusão da pessoa com deficiência no
trabalho a colocação competitiva, em igualdade de oportunidades
com as demais pessoas, nos termos da legislação trabalhista e
previdenciária, na qual devem ser atendidas as regras de
acessibilidade, o fornecimento de recursos de tecnologia
assistiva e a adaptação razoável no ambiente de trabalho.
Art. 98: altera o artigo 8° da Lei n° 7.853/1989, que passa a vigorar
com as seguintes alterações:
“Art. 8° - Constitui crime punível com reclusão de 2 (dois) a 5
(cinco) anos e multa: II - obstar inscrição em concurso público ou
acesso de alguém a qualquer cargo ou emprego público, em razão
de sua deficiência; III - negar ou obstar emprego, trabalho ou
promoção à pessoa em razão de sua deficiência”.
2.18.4.7. Lei n° 14.789, de 1º de dezembro de 2012
Institui no âmbito do Estado de Pernambuco a Política Estadual da
Pessoa com Deficiência.
Art. 6°: a Política Estadual da Pessoa com Deficiência, integrada às
demais Políticas Públicas, tem como objetivos:
VI - estimular e promover alternativas de inserção produtiva, por
meio da qualificação profissional e inserção no mercado de
trabalho.
59
Art. 14 - São linhas de ação da Política Estadual da Pessoa com
Deficiência: k) estimular e promover alternativas de inserção
produtiva, por meio da qualificação profissional e inserção no
mercado de trabalho.
2.18.4.8. Decreto n° 33.927, de 21 de setembro de 2009
Dispõe sobre o Compromisso pela Inclusão das Pessoas com
Deficiência, no âmbito do Estado de Pernambuco.
Art. 3º: o Estado de Pernambuco observará, na formulação e
implementação das ações para inclusão das pessoas com
deficiência, as seguintes diretrizes: I) ampliar a participação das
pessoas com deficiência no mercado de trabalho.
2.18.4.9. Decreto n° 37.623, de 15 de dezembro de 2011
Institui o Programa de Estágio no âmbito do Poder Executivo
Estadual.
Art. 3º: a Câmara de Política de Pessoal - CPP determinará, através
de Resolução, o quantitativo de vagas a ser estabelecido para a
formação de um Quadro de Estagiários do Poder Executivo do
Estado de Pernambuco, as quais serão distribuídas mediante
portaria do Secretário de Administração.
§ 1° - Fica assegurado o percentual de 10% (dez por cento) das
vagas ofertadas para estágio pelos órgãos e entidades da
administração direta e indireta, inclusive fundacional, do Poder
Executivo Estadual, às pessoas com deficiência.
2.18.4.10. Lei nº 15.487, de 27 de abril de 2015
Dispõe sobre a proteção e os direitos da pessoa com Transtorno de
Espectro Autista no Estado de Pernambuco e dá outras providências.
É direito da pessoa com Transtorno do Espectro Autista, além de
outros previstos na Constituição e demais normas, o acesso ao
mercado de trabalho (art. 3º, XI).
60
Quando da criação da Política Estadual de Proteção dos Direitos da
Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, o Poder Executivo
deverá observar, dentre outras diretrizes, o estímulo à inserção da
pessoa com Transtorno do Espectro Autista no mercado de trabalho,
observadas as peculiaridades da deficiência e as disposições da Lei
nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do
Adolescente) (art. 9º, V).
2.19. Reunião 19 – As barreiras e os preconceitos ao processo de
inclusão no mercado de trabalho
Tema: Pessoas com deficiência discutem as barreiras e preconceitos
enfrentados no processo de inclusão no mercado de trabalho.
Local: A reunião foi realizada na Assembleia Legislativa do Estado de
Pernambuco, na sala do Plenarinho I, às 9 h do dia 31 de outubro de 2017.
Participantes: Deputada Terezinha Nunes; Fernando André Sampaio Cabral
(Superintendência Regional do Trabalho), Edson Cantarelli (chefe do
Planejamento da Fiscalização do Trabalho em Pernambuco), Antônio Muniz
(presidente do Conade), José Diniz (presidente da Apec), Maria do Carmo
(presidente do Coned), André Carneiro Leão (defensor púbico da União),
Mônica de Pádua (representante do Tribunal de Justiça de Pernambuco),
Alessandra Spinelli (representante da Superintendência Estadual de Atenção à
Pessoa com Deficiência - Sead), Priscila Mesquita (professora de Pilates e de
dança), Marília Mendonça (cantora e estudante de Direito), Amanda Moraes
Ferreira (pedagoga da Apae), Iremar Júnior (sociólogo e assessor parlamentar
do dep. Waldemar Borges), Domingos Sávio (Secretaria de Desenvolvimento
Social de Igarassu), Roberto José da Silva, Jean Nascimento (vice-presidente
da Associação de Surdos de Pernambuco - Aspe) e Marina Freire, da
Consultoria da Assembleia Legislativa de Pernambuco.
61
2.19.1. Principais Problemas Apontados
Deputada Terezinha Nunes pontuou como problemas relatados em reuniões
anteriores:
Empresas abrem vagas, mas não dispõem de acessibilidade estrutural,
tecnológica e assistiva para receber as pessoas com deficiência;
Existência de diversas vagas de emprego para pessoas com deficiência
no estado que não são preenchidas;
Implementação de home working para pessoas com deficiência;
Capacitação dos gestores das empresas e dos órgãos públicos sobre a
importância da inclusão das pessoas com deficiência;
Criação de um protocolo com as diretrizes para orientação quanto aos
requisitos de acessibilidade previstos em lei que devem ser observados
na organização dos concursos para a administração pública estadual;
Alteração da legislação estadual para que sejam incluídas cotas para
pessoas com deficiência na terceirização de contratos com o estado;
Avaliação da deficiência, quando necessária, mediante o modelo
biopsicossocial em substituição ao modelo médico de avaliação.
Jean Nascimento, vice-presidente da Aspe, pontuou como problema:
A barreira da comunicação, que dificulta muito o ingresso do surdo no
mercado de trabalho.
2.19.2. Demandas Apresentadas
Antônio Muniz, presidente do Conade, pontuou como demanda:
Defendeu que a colocação da pessoa com deficiência no mercado de
trabalho deve ser antecedida de uma prospecção das vagas e
sensibilização da empresa;
Resposta à demanda: Alessandra Spinelli, representante da
Superintendência Estadual de Apoio à Pessoa com Deficiência (Sead),
esclareceu que a Sead, apesar de dispor de uma equipe pequena, com
funcionários contratados com vínculos temporários, faz um trabalho de
62
sensibilização das empresas e encaminhamento de currículos, após
uma triagem, para que a inclusão ocorra de forma qualitativa, mediante
capacitação do setor de recursos humanos das empresas. A equipe
também analisa o ambiente de trabalho, inclusive, com o apoio de
fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, que avaliam as questões
ergonômicas.
Instituir no Brasil o emprego apoiado. Esclareceu que há um projeto de
lei sobre o tema em tramitação no Congresso Nacional.
André Carneiro Leão, defensor púbico da União, pontuou como demanda:
A exemplo do que é desenvolvido no Estado de Goiás, o governo de
Pernambuco poderia promover atividades sensoriais, para que a
população se coloque na situação das pessoas com deficiência. Para
exemplificar, citou as atividades em que as pessoas sem deficiência
utilizam cadeiras de rodas para vivenciar as barreiras físicas impostas
pela falta de acessibilidade.
2.19.3. Dispositivos Legais Relacionados
2.19.3.1. Lei Federal nº 8.212, de 24 de julho de 1991
Dispõe sobre a organização da Seguridade Social, institui Plano de
Custeio, e dá outras providências.
Art. 22, § 4º: o Poder Executivo estabelecerá, na forma da lei, ouvido o
Conselho Nacional da Seguridade Social, mecanismos de estímulo às
empresas que se utilizem de empregados portadores de deficiências
física, sensorial e/ou mental com desvio do padrão médio.
2.19.3.2. Lei Federal nº 8.213, de 24 de julho de 1991
Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá
outras providências.
Art. 89: a habilitação e a reabilitação profissional e social deverão
proporcionar ao beneficiário incapacitado parcial ou totalmente para
o trabalho, e às pessoas portadoras de deficiência, os meios para a
63
(re)educação e de (re)adaptação profissional e social indicados para
participar do mercado de trabalho e do contexto em que vive.
Art. 93: A empresa com 100 ou mais empregados está obrigada a
preencher de 2% a 5% dos seus cargos com beneficiários
reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas, na
seguinte proporção: I) até 200 empregados, 2%; II) de 201 a 500,
3%; III) de 501 a 1.000, 4%; IV) de 1.001 em diante, 5%.
2.19.3.3. Lei Federal nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993
Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras
providências.
Art. 20: o benefício de prestação continuada é a garantia de um
salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65
anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria
manutenção nem de tê-la provida por sua família.
Art. 20, § 3º: considera-se incapaz de prover a manutenção da
pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per
capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo.
Art. 21-A: o benefício de prestação continuada será suspenso
pelo órgão concedente quando a pessoa com deficiência exercer
atividade remunerada, inclusive na condição de
microempreendedor individual.
§ 1º Extinta a relação trabalhista ou a atividade empreendedora de
que trata o caput deste artigo e, quando for o caso, encerrado o
prazo de pagamento do seguro-desemprego e não tendo o
beneficiário adquirido direito a qualquer benefício previdenciário,
poderá ser requerida a continuidade do pagamento do benefício
suspenso, sem necessidade de realização de perícia médica ou
reavaliação da deficiência e do grau de incapacidade para esse fim
[..].
Art. 21-A, § 2º: a contratação de pessoa com deficiência como
aprendiz não acarreta a suspensão do benefício de prestação
64
continuada, limitado a 2 (dois) anos o recebimento concomitante da
remuneração e do benefício.
2.20. Reunião 21 – Inclusão da pessoa com deficiência nas universidades
de Pernambuco
Tema: A inclusão da pessoa com deficiência na universidade em Pernambuco.
Local: A reunião foi realizada na Assembleia Legislativa do Estado de
Pernambuco, na sala do Plenarinho I, às 9h do dia 14 de novembro de 2017.
Participantes: Deputada Terezinha Nunes; Mônica de Pádua (representante
do TJPE), Marcelo Brito Carneiro Leão (vice-reitor da UFRPE), Cynthia
Carneiro Suassuna (coordenadora do curso de Direito – Unicap e Membro do
Núcleo de Inclusão e Acessibilidade da Unicap), Sérgio Murilo Júnior (diretor de
Responsabilidade Social da Uninassau), Tícia Cassiany Ferro Cavalcante
(Representante do Núcleo de Acessibilidade da UFPE – Nace), Maria Amélia
de Amaral, Ada Moreira Sales, Cláudia Rejane Lemos Silva (conselheira do
Crefono 4 e representante da Faculdade de Ciências Humanas de Olinda –
Facho), Ana Cristina Fonseca (assessora da Deputada Laura Gomes e diretora
da Facho), Maria do Carmo de Oliveira (presidente do Coned), Juliene Viana
(procuradora da Alepe), Gustavo Maurício Estevão de Azevedo (representante
do Instituto Federal de Pernambuco – IFPE, especialista em Educação
Inclusiva), Erick André (representante da Secretaria de Direitos Humanos da
Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes) e Vera Santiago (coordenadora do
curso de Pedagogia da Facho).
2.20.1. Principais Problemas Apontados
Deputada Terezinha Nunes pontuou como problemas relatados em reuniões
anteriores:
Falta de profissionais habilitados para o atendimento das pessoas com
deficiência, o que dificulta o acesso aos serviços de saúde e ao
Judiciário;
65
Negativa de benefício para pessoa com deficiência nas perícias médicas
por falta de conhecimento dos profissionais acerca do tema;
Baixa escolaridade da pessoa com deficiência, com reflexo no mercado
de trabalho, onde a maioria das vagas ofertadas e ocupadas é de
subempregos;
Revisão dos currículos de graduação para inclusão de disciplinas
relacionadas ao tema das pessoas com deficiência;
Formação de profissionais capazes de promover a inclusão;
Importância das universidades desenvolverem projetos de inclusão dos
estudantes com deficiência;
Implantação de curso de pós-graduação na área de atendimento
educacional especializado e Libras nas universidades públicas do
estado, conforme estratégia do Plano Estadual de Educação.
Maria do Carmo de Oliveira, presidente do Coned, pontuou como problema:
A dificuldade de ingresso das pessoas com deficiência às universidades,
pela falta de acessibilidade das provas, além da falta de acessibilidade
física dos locais de prova.
Marcelo Carneiro Leão, Vice-reitor da UFRPE, pontuou como problemas:
Falta de investimentos públicos para desenvolver os projetos de inclusão
na universidade.
O Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), que avalia
o rendimento dos concluintes dos cursos de graduação, em relação aos
conteúdos programáticos, habilidades e competências adquiridas em
sua formação, não considera as questões de acessibilidade nas
avaliações.
2.20.2. Demandas Apresentadas
Erick André, Representante da Secretaria de Direitos Humanos da Prefeitura
de Jaboatão dos Guararapes, pontuou como demanda:
66
Criação de Núcleos de Apoio às Pessoas com Deficiência, que são
núcleos de acessibilidade, em todas as instituições de nível superior;
2.20.3. Dispositivos Legais Relacionados
2.20.3.1. Lei nº 15.533, de 23 de junho de 2015 (Plano Estadual de
Educação, com vigência de dez anos)
Meta 16: Formar, em nível de pós-graduação, 37,4% (trinta e sete
vírgula quatro por cento) dos professores da educação básica até o
último ano de vigência deste Plano Estadual de Educação - PEE, e
garantir a todos os profissionais da educação básica a formação
continuada em sua área de atuação, considerando as necessidades,
demandas e contextualizações dos sistemas de ensino.
Estratégia 16.6: Implantar cursos de pós-graduação na área de
Atendimento Educacional Especializado (AEE) e Letras Libras nas
universidades públicas do Estado.
Estratégia 16.7: Ampliar o número de vagas para os profissionais da
educação em cursos de formação continuada na área da educação
inclusiva.
Estratégia 16.8: Reformular cursos de formação de profissionais da
educação, introduzindo temáticas de educação inclusiva, tais como:
tecnologias assistivas, gestão na educação inclusiva e atendimento
educacional especializado.
2.21. Reunião 22 – Atendimento às pessoas com doenças raras em
Pernambuco
Tema: Lacunas no atendimento às pessoas com doenças raras em
Pernambuco.
Local: A reunião foi realizada na Assembleia Legislativa do Estado de
Pernambuco, na sala do Plenarinho I, às 9h do dia 21 de novembro de 2017.
Participantes: Deputada Terezinha Nunes; Édipo Cavalcante (promotor de
Justiça), Luiz Guilherme (promotor de Justiça), Mônica de Pádua
67
(representante do TJPE), Poliana Dias (presidente da Amar), Madalena Oliveira
(Secretaria Estadual de Saúde), Lélia Moreira (Secretaria Municipal de Saúde),
Suellen Oliveira da Silva (presidente da Donem), André Carneiro Leão
(defensor público da União), Ricardo Paiva (representante do Cremepe),
Rogério June (superintendente estadual de Apoio à Pessoa com Deficiência),
Germana Soares (presidente da UMA), Rodrigo Abraão (assessor da Anvisa);
Marina Freire, da Consultoria da Assembleia Legislativa de Pernambuco.
2.21.1. Principais Problemas Apontados
Poliana Dias, presidente da Amar, pontuou como problema:
No geral, as doenças raras não são incluídas nas políticas
governamentais, exceto quando aparecem como surtos ou epidemias.
Falta de especialistas em neurologia e neuropediatria no estado.
Suellen Oliveira, presidente da Donem, pontuou como problema:
Algumas medicações para pacientes com doença raras de altíssimo
custo são liberadas pela Anvisa, mas a Comissão Nacional de
Incorporação de Tecnologias no SUS – Conitec demora a produzir os
protocolos. Esse órgão do Ministério da Saúde é responsável pela
criação dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas – PCDT, que
regulamenta o fornecimento e o acesso aos medicamentos no âmbito do
SUS. O retardamento provoca diversas judicializações.
Madalena Oliveira, da Secretaria Estadual de Saúde, reiterou que o rito
de liberação de medicamentos da Conitec é muito lento.
Édipo Cavalcante, promotor de Justiça, alertou que o foco principal da
problemática não é a Anvisa, órgão regulatório que aprova as novas
medicações, mas principalmente a incorporação dessas medicações no
âmbito do SUS.
Germana Soares, presidente da UMA, pontuou como problemas:
Alto custo do suplemento nutricional prescrito para as crianças com a
Síndrome Congênita do Zika Vírus, o Fortini da Danone. Ressaltou que
68
muitas crianças utilizam apenas este suplemento como fonte de
alimentação.
Resposta à demanda: Madalena Oliveira, da Secretaria Estadual de
Saúde, afirmou que as demandas de leites e suplementos são de
responsabilidade dos municípios. Explicou, ainda, que esses produtos
são considerados alimentos e por isso são registrados pelo Ministério da
Agricultura e não pelo Ministério da Saúde, logo não se pode comprar
com o dinheiro do SUS.
Resposta à demanda: Rodrigo Abraão, Assessor da Anvisa, esclareceu
que o suplemento prescrito para as crianças, Fortini, quando é utilizado
para fins especiais, possui registro na Anvisa.
A Consultoria Legislativa da Alepe ressaltou que o Fortini, quando é
indicado para fins especiais, como alimentação enteral, é registrado na
Anvisa sob o nº 665770035.
Madalena Oliveira, da Secretaria Estadual de Saúde, afirmou que, para
assim considerá-lo, seria necessário haver uma nota técnica da Anvisa,
esclarecendo a questão.
Falta de preparo dos profissionais de saúde para atendimento das
pessoas com doenças raras.
Falta de conhecimento dos médicos acerca das doenças raras,
especialmente no interior.
Resposta à demanda: Madalena Oliveira, da Secretaria Estadual de
Saúde, relatou que a secretaria, desde 2016, promove diversas
capacitações com os profissionais de saúde dos municípios, além do
treinamento multidisciplinar, com tutores das 12 Regiões de Saúde,
mediante videoconferências e aulas práticas na AACD. Afirmou que
antes do surgimento da Síndrome Congênita do Zika Vírus existiam
apenas dois centros de reabilitação em Pernambuco, o IMIP e a AACD.
Atualmente, a reabilitação pode ser feita em todas as 14 Upaes
existentes no estado.
André Carneiro Leão, defensor público da União, pontuou como problema:
69
Uma mudança jurisprudencial desfavorável às pessoas que precisam de
medicamentos. Segundo ele, muitas dessas negativas estão
relacionadas ao fato de os tribunais de justiça estadual e federal, para
solucionar a demanda, consultam o corpo técnico do Estado ou da
União respectivamente, o que é indevido e parcial, uma vez que esses
também são partes nas ações.
Jaqueline, mãe de Daniel Vieira, que possui a Síndrome Congênita do Zika
Vírus, pontuou como problema:
O BPC é insuficiente para custear as necessidades essenciais de
fraldas, medicamentos, alimentação e suplementos das crianças com a
Síndrome Congênita do Zika Vírus. Além disso, a maioria das mães
dessas crianças não pode trabalhar e depende exclusivamente da renda
do benefício para custear as despesas das crianças.
Germana Soares, presidente da UMA, pontuou como problema:
Excesso de burocracia no cadastro para obtenção do canabidiol.
Resposta à demanda: Rodrigo Abraão, assessor da Anvisa, afirmou
que não tinha conhecimento da burocracia para se preencher o
cadastro, e disponibilizou um e-mail ([email protected])
para que se proponha uma melhoria na sistemática.
2.21.2. Demandas Apresentadas
Deputada Terezinha Nunes pontuou como demanda de reuniões anteriores:
Criação de um Centro de Referência de Doenças Raras em
Pernambuco, onde sejam realizados diagnósticos, tratamentos,
encaminhamentos, capacitação por uma equipe multidisciplinar de
profissionais das áreas de genética, neuropediatria, cardiologia e
nefrologia.
70
Ações da Frente Parlamentar: A deputada Terezinha Nunes divulgou
ter destinado recursos de sua reserva de emenda parlamentar para
criação do Centro de Referência de Doenças Raras em Pernambuco.
Falta de profissionais habilitados para o diagnóstico precoce e
tratamento de pessoas com doenças raras.
Solução Apresentada na Reunião: Ricardo Paiva, representante do
Cremepe, em reunião da frente do dia 12 de dezembro de 2017, afirmou
que irá propor a elaboração, pelo Cremepe, de uma cartilha para os
médicos a respeito do atendimento de pacientes com doenças raras.
Capacitação dos profissionais para a utilização de ventilação não
invasiva.
Demora na liberação de novas medicações para doenças raras pela
Anvisa.
Resposta à demanda: Rodrigo Abraão, assessor da Anvisa, esclareceu
que o papel da Anvisa é contribuir para que os medicamentos sejam
registrados no Brasil. A competência de acesso a medicamentos é do
Ministério da Saúde e da Secretaria de Saúde. A Anvisa atua de forma
mais passiva, com o papel de registrar o medicamento no Brasil, e para
isso depende que as empresas apresentem toda a documentação
prevista na legislação.
Segundo Rodrigo, as judicializações para obtenção dos medicamentos
de doenças raras têm como principais causas: a demora das empresas
em pedir o registro na Anvisa de medicamento já registrado no exterior,
por questões mercadológicas; e a ausência de mecanismos específicos
para que o procedimento de registro dos medicamentos para doenças
raras seja mais ágil.
Nesse sentido, divulgou o processo de Consulta Pública n° 355/2017,
que propõe a regulamentação de procedimento especial para anuência
de ensaios clínicos, certificação de boas práticas de fabricação e registro
de novos medicamentos para tratamento, diagnóstico ou prevenção de
doenças raras. O objetivo é criar mecanismos específicos da Anvisa
71
para que o rito para registro de novos medicamentos para doenças raras
seja mais célere.
Poliana Dias, presidente da Amar, pontuou como demanda:
Importância do poder público oferecer aconselhamento genético para as
famílias com casos de pessoas com doenças raras.
Ricardo Paiva, representante do Cremepe, pontuou como demanda:
Quebra de patente de alguns medicamentos pelo Ministério da Saúde.
Suellen Oliveira, Presidente da Donem, pontuou como demandas:
Maior divulgação das consultas públicas da Anvisa.
Maior agilidade dos processos judiciais relacionados à solicitação de
medicamentos para pessoas com doenças raras.
Realização de diagnóstico genético de pacientes com doenças raras.
Resposta à demanda: Madalena Oliveira, da Secretaria Estadual de
Saúde, afirmou que foi renovado o termo de referência para realização
dos exames genéticos.
Revisão do protocolo de cuidados paliativos do Imip.
Necessidade do poder público gastar com o enfrentamento de doenças
e não apenas com a prevenção.
André Carneiro Leão, defensor público da União, pontuou como demanda:
A criação de um cadastro na Anvisa das entidades relacionadas às
pessoas com doenças raras, para que sejam divulgadas as audiências e
consultas públicas.
Lélia Moreira, da Secretaria Municipal de Saúde, pontuou como demanda:
As políticas de atendimento às crianças com doenças raras devem ser
pensadas de forma multidisciplinar e desenvolvidas por uma equipe
atenta à diversidade de necessidades dos pacientes.
72
2.21.3. Dispositivos Legais Relacionados
2.21.3.1. Consulta Pública nº 355, de 19 de junho de 2017, da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
Submete à consulta pública, para comentários e sugestões do
público em geral, proposta de ato normativo que estabelece
procedimento especial para anuência de ensaios clínicos,
certificação de boas práticas de fabricação e registro de novos
medicamentos para tratamento, diagnóstico ou prevenção de
doenças raras.
O ato normativo proposto se aplica aos novos medicamentos
designados pela Anvisa para doenças raras.
2.22. Reunião 23 – Interiorização do atendimento à pessoa com
deficiência
Tema: Interiorização do Atendimento à Pessoa com Deficiência
Local: A reunião foi realizada nas dependências da Câmara Municipal de
Afogados da Ingazeira, às 9h do dia 1º de dezembro de 2017.
Participantes: Deputada Terezinha Nunes; deputada Laura Gomes; vereador
Igor Sá Mariano (presidente da Câmara de Vereadores); vereador Daniel
Valadares; vereador Wellington JK; vereador Raimundo Lima; vereador
Augusto Martins; vereador Luiz Gonzaga; Mary Delania Souza (coordenadora-
geral da 10ª Geres); Joana D’arc da Silva (secretária municipal de Assistência
Social); tenente-coronel Sá (comandante do 23º Batalhão da PMPE); Fátima
Roberta de Oliveira (coordenadora de Regulação da Secretaria Municipal de
Saúde); Daniele Moreno (coordenadora-geral da UPA de Afogados da
Ingazeira); Maria de Lurdes; Evângela Vieira (Secretaria Municipal de
Educação); Luiz Miguel (Associação dos Deficientes de Tabira); Maria de
Lourdes Araújo (Escola Municipal Ana Mello).
2.22.1. Principais problemas apresentados
Maria de Lurdes, presente na reunião, apresentou como problemas:
73
A ausência de profissionais (como terapeuta ocupacional,
psicoterapeuta e psicopedagoga) para atendimento multidisciplinar das
pessoas com Transtorno do Espectro Autista. Para receber o tratamento
adequado, os pacientes precisam se deslocar para Arcoverde ou Recife.
A inexistência de escolas preparadas para receber alunos autistas.
Luiz Miguel, da Associação dos Deficientes de Tabira, apresentou como
problemas:
A não efetivação do passe livre estadual para pessoas com deficiência.
O custo excessivo dos aparelhos ortopédicos.
A responsabilidade do estado e dos municípios nos acidentes que
eventualmente acarretam em deficiências permanentes, uma vez que
não haveria a conservação adequada das vias e não se impediria a
circulação de animais pelas mesmas.
A impossibilidade de se acumular o benefício recebido em razão da
deficiência com algum outro provento.
César, presente na reunião, apresentou como problemas:
A inexistência ou inoperância de unidade do Ministério Público,
responsável por garantir os direitos da pessoa com deficiência da região.
A falta de ações da Prefeitura de Afogados da Ingazeira em prol das
pessoas com deficiência.
Maria de Lourdes Araújo, da Escola Municipal Ana Mello, apresentou como
problema:
A falta de profissionais capacitados para o atendimento educacional
especializado.
O tenente-coronel Sá, Comandante do 23º Batalhão da PMPE, apresentou
como problema:
74
O grande número de acidentes de moto em Afogados da Ingazeira, que
apresentaria uma taxa cinco vezes maior do que a média estadual.
2.22.2. Demandas Apresentadas
O vereador Luiz Gonzaga pontuou como demanda:
A municipalização do trânsito, que seria a estratégia mais eficiente para
reduzir o grande número de acidentes verificados no município.
O tenente-coronel Sá, comandante do 23º Batalhão da PMPE, pontuou como
demanda:
O reaproveitamento de policiais militares que tenham deficiência em
razão da sua atividade no serviço ativo da PMPE.
Luiz Miguel, da Associação dos Deficientes de Tabira, pontuou como
demanda:
A efetivação do direito à gratuidade para a pessoa com deficiência no
transporte intermunicipal em Pernambuco.
Resposta à demanda: a Deputada Terezinha Nunes esclareceu que o
assunto foi previamente abordado no âmbito da Frente Parlamentar, que
levou o problema ao Governo do Estado. Afirmou que o direito à
gratuidade no transporte intermunicipal deve ser efetivado até o mês de
março, quando ocorrerá a licitação das empresas responsáveis pelas
linhas entre os municípios do interior do estado.
2.22.3. Ações e Encaminhamentos da Frente Parlamentar
Foi enviado o Ofício nº 047/2017 à Secretaria de Educação do Estado
de Pernambuco solicitando dados estatísticos ou o número de
estudantes com deficiência matriculados nas escolas públicas e privadas
de Pernambuco. A Secretaria respondeu por meio do Ofício nº
2039/2017- GAB/SEE/PE informando que no estado existem 2.245.513
estudantes matriculados nas redes ensino federal, estadual, municipal e
75
privada, dos quais 34.472 apresentam alguma deficiência, ou seja, o
número de estudantes com deficiência representa a ínfima proporção de
1,512% do alunado pernambucano.
2.22.4. Dispositivos Legais Relacionados
2.22.4.1. Lei Federal nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 (Código de
Trânsito Brasileiro)
Art. 24: Estabelece as competências dos órgãos e entidades executivos
de trânsito dos Municípios, no âmbito de sua circunscrição.
As competências municipais são amplas, incluindo: planejar e operar o
trânsito de veículos, pedestres e animais; implantar e manter a
sinalização viária; coletar dados estatísticos e elaborar estudos sobre os
acidentes de trânsito; executar a fiscalização de trânsito, autuar e aplicar
a penalidade de multa por infrações de circulação, estacionamento e
parada, entre outras.
2.23. Reunião 24 – Os planos de saúde e as negativas de cobertura ao
tratamento da pessoa com deficiência
Tema: Direito à saúde é direito à vida: a questão dos planos de saúde e as
negativas de cobertura para tratamento da pessoa com deficiência.
Local: A reunião foi realizada na Assembleia Legislativa do Estado de
Pernambuco, na sala do Plenarinho I, às 9h do dia 12 de dezembro de 2017.
Participantes: Deputada Terezinha Nunes; Roberto Wanderlei Nogueira (juiz
federal), Maria Ivana Botelho (promotora de Justiça), Ricardo Paiva
(representante do Cremepe), Mônica Pádua (representante do TJPE), Natalli
Brandi (defensora pública do Estado), Tereza Pedrosa, Ricardo Notari
(representante AMA-Getid), José Diniz (presidente da Apec), Germana Soares
(presidente da UMA), Paula Carolina (representante do Grupo Super Mães),
Shuellen Oliveira (presidente da Donem), Viviane Guimarães (representante da
Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência da OAB-PE),
Izabel Cristina dos Santos (Procuradora do Estado de Pernambuco e
76
Secretária da Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiências
da OAB-PE); Juliana Salazar (procuradora da Alepe), Marina Freire
(Consultoria da Assembleia Legislativa de Pernambuco).
2.23.1. Principais Problemas Apontados
Deputada Terezinha Nunes pontuou como problemas relatados em reuniões
anteriores:
Relatos de casos de pessoas com deficiência que tiveram seu plano
negado ou restrito de maneira ilegal por determinadas operadoras;
As empresas prestadoras de serviços de saúde muitas vezes
estabelecem exigências diversificadas às pessoas com deficiência
quando da celebração de contratos nos questionamentos inerentes à
declaração de estado de saúde;
Tratamento desigual dispensado às pessoas com deficiência quando da
celebração de contrato. Ao ser exigida a declaração inerente ao estado
de saúde, ocasião em que deve ser informado se o aderente ao plano
de saúde tem ou não certa deficiência, se o solicitante responder
positivamente às questões, ele é equiparado a pessoas que têm
doenças preexistentes, o que resulta na reformulação do valor da
carência para fruição da cobertura dos benefícios respectivos.
Paula Carolina, representante do Grupo Super Mães, pontuou como problema:
Diversas liminares negadas na Justiça estadual, de processos que
requerem que o tratamento prescrito seja ofertado pelo plano de saúde
ao paciente.
Germana Soares, Presidente da UMA, pontuou como problemas:
O médico prescreve as terapias, determinando a quantidade de sessões
e a frequência do tratamento. A prescrição é levada ao plano de saúde,
que muitas vezes não aceita a quantidade e frequência prescritas, e
segue uma regra preestabelecida de tratamento. Ditam, inclusive, a
quantidade de sessões por ano.
77
Viviane Guimarães, representante da Comissão de Defesa dos Direitos
das Pessoas com Deficiência da OAB-PE, afirmou que as terapias e
procedimentos não constam no rol dos procedimentos da ANS e com
base nisso os planos de saúde negam as prescrições médicas de
tratamento.
Na adesão de uma criança com doença preexistente ao plano de saúde
impõe-se uma carência de dois anos e não de seis meses como ocorre
na maioria dos contratos de adesão.
Muita burocracia no agendamento e autorização de exames específicos.
A lei determina que o paciente pague a órtese para o plano reembolsar,
mas o reembolso é moroso, muitas vezes não ocorre, o paciente recorre
à Justiça, e, em alguns casos, o plano não cumpre a determinação
judicial de reembolsar o paciente.
Superlotação do SUS por migração dos pacientes que pagam planos de
saúde, pela má qualidade ou ausência dos serviços prestados pelo
plano.
Ricardo Notari, representante AMA-Getid, pontuou como problemas:
Praticamente não há tratamento para o autismo na rede pública
estadual. O serviço ofertado resume-se basicamente ao CAPs.
Ricardo Paiva, representante do Cremepe, pontuou como problema:
Forte influencia dos planos de saúde na ANS. Destacou que há
representação dos planos em todas as diretorias da ANS.
Natalli Brandi, defensora pública do Estado, pontuou como problema:
Muitos magistrados se preocupam prioritariamente com a questão do
equilíbrio econômico-financeiro dos contratos de saúde, que não
deveria ser prioridade em processos que envolvem a saúde e a vida.
Levar proposta ao presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco,
para desburocratizar e dar maior celeridade às ações cujas
demandas sejam relacionadas à saúde e à vida.
78
Viviane Guimarães, representante da Comissão de Defesa dos Direitos das
Pessoas com Deficiência da OAB-PE, pontuou como problema:
Mesmo quando o paciente é parte vencedora nas ações contra os
planos de saúde, esses não cumprem a sentença judicial, numa
atitude de total descaso com o paciente e com o Poder Judiciário.
Izabel Cristina dos Santos, da OAB-PE, pontuou como problema:
O lobby desenvolvido por grandes advogados no Judiciário em favor
dos planos de saúde. Citou como exemplo o fato de alguns
advogados tentarem convencer os membros do Judiciário, de que a
terapia ABA (Análise do Comportamento Aplicada) não deve ser
ofertada pelos planos, pois não se trata de intervenção de saúde,
mas de educação, o que não é verdade.
José Diniz, presidente da Apec, pontuou como problema:
No momento da adesão da pessoa com deficiência aos planos de
saúde, a deficiência é considerada doença preexistente.
Renata, mãe de Cauê, que possui a Síndrome Congênita do Zika Vírus,
pontuou como problema:
A tentativa do plano de saúde Amil de descredenciar o filho dela,
justificando que se tratava de um paciente muito caro. Afirmou que ele
permanece no plano sob liminar concedida a partir de pedido do
Ministério Público. Além disso, judicializou várias ações para garantir
terapias, cirurgias e medicações.
2.23.2. Demandas Apresentadas
Viviane Guimarães, representante da Comissão de Defesa dos Direitos das
Pessoas com Deficiência da OAB-PE, pontuou como demanda:
79
Maior celeridade dos atos de secretaria dos processos judiciais
relacionados à pessoa com deficiência, com a previsão de prazos
mais curtos para esses casos.
A ANS avalia as novas terapias existentes a cada dois anos, mas em
muitos casos o paciente não pode esperar dois anos para iniciar um
novo procedimento terapêutico.
Criação de varas especializadas nas ações de saúde, a exemplo do
que acontece em Minas Gerais.
Roberto Wanderlei Nogueira, juiz federal, pontuou como demanda:
A matéria Inclusão deveria estar presente nos currículos do nível
fundamental, médio e superior, em todos os assuntos.
2.23.3. Dispositivos Legais Relacionados
2.23.3.1. Lei Federal nº 9.656, de 3 de junho de 1998
Dispõe sobre os planos e seguros privados de assistência à saúde.
Art. 14: em razão da idade do consumidor, ou da condição de pessoa
portadora de deficiência, ninguém pode ser impedido de participar de
planos privados de assistência à saúde.
2.23.3.2. Lei Federal nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de
Defesa do Consumidor)
Como a relação entre o plano de saúde e a pessoa acobertada trata-se
de uma relação de consumo, as regras previstas no Código de Defesa
do Consumidor norteiam os respectivos contratos.
O plano de saúde deve oferecer ao contratante, portanto, tudo o que foi
contratado pelo mesmo. Desta maneira, se o paciente assinou um
contrato com direito a internação, atendimento de urgência e exames
laboratoriais, por exemplo, é isso que o plano deve oferecer, sem
qualquer tipo de restrição ou dificuldades no ato da contratação.
80
2.23.3.3. Resolução Normativa nº 428, de 7 de novembro de 2017, da
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)
Atualiza o Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde, que constitui
a referência básica para cobertura assistencial mínima nos planos
privados de assistência à saúde, contratados a partir de 1º de janeiro
de 1999.
Atualiza também o Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde de
Alta Complexidade (PAC), definido, para fins de cobertura, como
procedimentos extraídos do Rol de Procedimentos e Eventos em
Saúde. O PAC pode ser objeto de cobertura parcial temporária (CPT)
nos casos de doenças e lesões preexistentes (DLP), conforme o
disposto em Resolução específica.
Entre as exclusões assistências admitidas pela Resolução, encontra-
se o fornecimento de próteses, órteses e seus acessórios não
ligados ao ato cirúrgico (art. 20, § 1º, VII). A exclusão tem o respaldo
legal do inciso VII do art. 10 da Lei Federal nº 9.656, de 3 de junho
de 1998, que dispõe sobre os planos e seguros privados de
assistência à saúde.
2.24. Reunião 25 – Implementação de um Centro de Referência de
Doenças Raras em Pernambuco
Tema: A implementação de um Centro de Referência de Doenças Raras em
Pernambuco.
Local: A reunião foi realizada na Assembleia Legislativa do Estado de
Pernambuco, na sala do Plenarinho I, às 9h do dia 20 de fevereiro de 2018.
Participantes: deputada Terezinha Nunes; deputada Laura Gomes; Iran Costa
(secretário de Saúde do Estado de Pernambuco); Paulo Fernandes; Édipo
Soares (promotor de Justiça); Maria do Carmo Oliveira (Coned); José Diniz
(presidente da Apec); Vanessa Van Der Linden (neuropediatra); Poliana Dias
(presidente da Amar); Viviane Guimarães (representante da Comissão de
Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência da OAB-PE); Germana
81
Soares (presidente da UMA); Ricardo Paiva (vice-presidente do Cremepe);
Renalli Alves (representante da Donem); Fábio Marques; Geraldo Vilar.
2.24.1. Principais Problemas Apontados
A Deputada Terezinha Nunes apresentou como problemas:
A ausência de política específica para pessoas com doenças raras em
Pernambuco.
Resposta Apresentada por Iran Costa, secretário de Saúde do
Estado: Já há um centro habilitado no estado para o atendimento de
doenças raras. O problema é que o local em que funcionava o centro
não tinha mais condições de recebê-lo. Foi encontrado um novo local
para seu funcionamento e o centro deve reabrir em abril de 2018.
Resposta apresentada por Vanessa van der Linden, da Secretaria
Estadual de Saúde: O novo centro de referência funcionará no Hospital
Maria Lucinda, no Recife, e contará com área de ambulatório e de
enfermagem. A principal finalidade do centro, contudo, serão o
diagnóstico e o acompanhamento médico. A equipe será composta por
pediatra, neurologista, neurologista infantil, cardiologista e clínico. A
estrutura do centro será baseada nas orientações da Portaria nº
199/2014, do Ministério da Saúde.
Resposta Apresentada por Iran Costa, secretário de Saúde do
Estado: O custo total do centro deve variar entre R$ 600 mil e R$ 700
mil por mês. Destes, R$ 95 mil serão oriundos de verba específica do
Ministério da Saúde, o restante será coberto pelo tesouro estadual.
Iran Costa, secretário de Saúde do Estado, apresentou como problema:
A dificuldade em ter especialistas nos diversos tipos de doença rara, em
virtude da própria natureza dessas.
Vanessa van der Linden, da Secretaria Estadual de Saúde, apresentou
como problema:
82
O custo dos medicamentos indicados para o tratamento de doenças
raras. O valor é muito alto, sendo inviável seu custeio pelas famílias. No
caso de certos medicamentos, mesmo a compra pelo Estado é inviável.
Geraldo Vilar apresentou como problema:
A lentidão e a complexidade do processo de aprovação de novos
medicamentos para doenças raras, o que pode, inclusive, incentivar a
judicialização do fornecimento por parte do poder público.
Viviane Guimarães, da OAB-PE, apresentou como problema:
A falta de acesso a coisas básicas (como sondas e suplementos) por
parte das pessoas com doenças raras, e não apenas a medicamentos.
Poliana Dias, da Amar, apresentou como problema:
A inadequação das redes de educação e assistência social para atender
as pessoas com doenças raras, em contraste com a rede de saúde, que
apresentou evolução.
2.24.2 Demandas Apresentadas
Édipo Soares, do Ministério Público de Pernambuco, pontuou como
demanda:
A aproximação entre o centro de referência e a comunidade científica.
A interiorização do Centro por meio de unidades descentralizadas.
2.24.3 Legislação Pertinente
2.24.3.1 Portaria nº 199, de 30 de janeiro de 2014, do Ministério da Saúde
Institui a Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas
com Doenças Raras, aprova as Diretrizes para Atenção Integral
às Pessoas com Doenças Raras no âmbito do Sistema Único de
Saúde (SUS) e institui incentivos financeiros de custeio.
Definição de doença rara: aquela que afeta até 65 pessoas em
cada 100.000 indivíduos, ou seja, 1,3 pessoas para cada 2.000
indivíduos.
83
Objetivo: “reduzir a mortalidade, contribuir para a redução da
morbimortalidade e das manifestações secundárias e a melhoria
da qualidade de vida das pessoas, por meio de ações de
promoção, prevenção, detecção precoce, tratamento oportuno
redução de incapacidade e cuidados paliativos” (art. 4º).
Atenção especializada deverá contar com Serviço de Atenção
Especializada em Doenças Raras e Serviço de Referência em
Doenças Raras (este último, para atenção e tratamento de
pessoas pertencentes a, no mínimo, dois eixos assistenciais)
2.25. Reunião 26 – As políticas de atenção às pessoas com deficiência
em Jaboatão dos Guararapes
Tema: Políticas de atenção às pessoas com deficiência em Jaboatão dos
Guararapes.
Local: A reunião foi realizada nas dependências da Câmara Municipal de
Jaboatão dos Guararapes, às 9h do dia 27 de fevereiro de 2018.
Participantes: deputada Terezinha Nunes; vereadores Adeildo da Igreja,
Barros Costa, Nando Ceres, Vilmar da Mudança, Charles Motorista, Pereira da
Oficina, Ubirajara, Pastor Joselito e Joabe; Isabela Bandeira (promotora de
Justiça), Viviane Guimarães (representante da Comissão de Defesa dos
Direitos das Pessoas com Deficiência da OAB-PE), Cristiane Arcoverde
(coordenadora de Atenção Especializada da Secretaria de Saúde de
Jaboatão), Ednéia Rodrigues de Albuquerque (Comud/Recife), José Diniz
(Coned), Felipe Gervásio (ONG Deficiente Eficiente), Germana Soares
(presidente da UMA), Ana Cristina de Andrade (Amar), Elaine Alencar
(Fundação Perrone), Robson Leite (secretário de Articulação da Prefeitura de
Jaboatão dos Guararapes), Marina Freire (da Consultoria da Alepe).
2.25.1. Principais problemas apresentados
Felipe Gervásio, presidente da ONG Deficiente Eficiente, pontuou como
problemas:
84
Cadeirantes não recebem cadeiras de rodas no município de Jaboatão
dos Guararapes.
Germana Soares, presidente da UMA, pontuou como problemas:
Poucas creches no município, não há vagas suficientes para atender a
demanda de crianças com a Síndrome Congênita do Zika Vírus, que já
estão na faixa etária da inclusão escolar.
O serviço de apoio escolar ofertado no município para os alunos com
deficiência é desempenhado por estagiários. Resposta à demanda:
Isabela Bandeira, promotora de Justiça, esclareceu que já existe um
inquérito civil instaurado a esse respeito, em que o Ministério Público
afirmou não concordar e não admitir estagiário no desempenho da
função de acompanhante escolar. Elucidou que o município pediu um
prazo para montar um grupo de trabalho e encaminhar ao Ministério
Público.
O transporte disponibilizado pela prefeitura de Jaboatão dos Guararapes
às crianças com a Síndrome Congênita do Zika Vírus não é inclusivo,
pois não comporta as crianças em suas cadeiras de rodas. Destaca,
ainda, que o transporte foi sinalizado como de uso exclusivo de pessoas
com microcefalia. Trata-se de uma atitude excludente, pois exclui as
demais deficiências, além de referir-se erroneamente à doença, cuja
nomenclatura é Síndrome Congênita do Zika Vírus. Resposta à
demanda: Isabela Bandeira, promotora de Justiça, afirmou que
encaminhará a denúncia à Promotoria de Saúde, para que a
acessibilidade seja fiscalizada. Resposta à demanda: Roseane Lemos,
da Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, afirmou que o Programa
Cuidar Bem, que disponibiliza as vans, foi criado para ser acessível, e
assegurou que irá apurar o caso junto à empresa prestadora do serviço.
A policlínica inaugurada pela prefeitura passou a ofertar as sessões de
reabilitação a cada 15 dias, mas a terapia é prescrita, em média, de
duas a três vezes por semana.
85
Denunciou que os profissionais da policlínica faltam com frequência.
Resposta à demanda: Cristiane Arcoverde, Coordenadora de Atenção
Especializada da Secretaria de Saúde de Jaboatão, solicitou a
formalização da denuncia junto à Ouvidoria, para que as irregularidades
possam ser averiguadas.
O município não disponibiliza em seus serviços de saúde psicólogos,
neuropediatras, geneticistas e hidroterapia, fundamentais para o
tratamento e reabilitação das pessoas com deficiência.
Resposta à demanda: Cristiane Arcoverde, Coordenadora de Atenção
Especializada da Secretaria de Saúde de Jaboatão, afirmou que existe
uma carência de neuropediatras em todo o estado, e que a prefeitura
realizou uma seleção de médicos especialistas, mas não foram
preenchidas todas as vagas.
O leite prescrito para as crianças com a Síndrome Congênita do Zika
Vírus, o Fortini da Danone, não é fornecido na quantidade necessária
(que, para muitas crianças, é de 14 a 16 latas por mês). Esclareceu que
esse é um problema gravíssimo, pois muitas dessas crianças utilizam
esse suplemento como único alimento e o custo é muito alto para essas
famílias - cada lata custa cerca de R$ 50.
Resposta à demanda: Thiago, farmacêutico responsável pela compra
dos suplementos, informou que houve problemas em relação ao
abastecimento dos suplementos, pois são apenas duas empresas que
fornecem para todo o Brasil. Em janeiro, receberam o abastecimento
parcial, pois os fornecedores não conseguiram atender a demanda.
Afirmou que em março conseguiria reestabelecer todo o fornecimento.
Falta de sondas nasogástricas em tamanhos menores para crianças,
sendo necessário utilizar sondas maiores, que causam um grande
desconforto.
Falta de profissionais capacitados para a colocação de sondas
nasogástricas no município, apesar de ser um procedimento de baixa
complexidade.
86
2.25.2. Demandas Apresentadas
Felipe Gervásio, presidente da ONG Deficiente Eficiente, pontuou como
demandas:
Criação de uma gerência da pessoa com deficiência em Jaboatão dos
Guararapes, com orçamento e autonomia para discutir a temática da
inclusão (pois hoje o que se tem é uma coordenadoria), e com a atuação
de pessoas com deficiência na gestão, dando voz ao movimento “Nada
sobre nós sem nós”.
Criação de um fundo de auxilio às instituições de pessoas com
deficiência de Jaboatão dos Guararapes.
Melhorias na acessibilidade do prédio da Câmara de Vereadores de
Jaboatão dos Guararapes.
Germana Soares, presidente da UMA, pontuou como demandas:
A efetivação do direito à gratuidade para a pessoa com deficiência no
transporte intermunicipal em Pernambuco.
Criação de uma rotina de reuniões mensais entre as mães das pessoas
com deficiência e o secretário do Poder Executivo Municipal, para
solução das demandas, a exemplo do que é feito com a Secretaria de
Saúde de Pernambuco.
A deputada Terezinha Nunes, pontuou como demanda:
A criação de uma Frente Parlamentar em Defesa da Pessoa com
Deficiência em Jaboatão dos Guararapes.
Isabela Bandeira, promotora de Justiça, pontuou como demanda:
Ampliação do número de residências terapêuticas e dos Centros de
Atenção Psicossocial (Caps) do Município.
Ana Cristina de Andrade, representante da Amar, pontuou como demanda:
87
Inclusão nos currículos de cursos superiores de uma disciplina que
aborde as doenças raras.
Ampliação do número de vagas ofertadas no Centro de Reabilitação do
município.
Ana Cristina de Andrade, representante da Amar, pontuou como problema:
Falta de profissionais capacitados para colocação de sonda
nasogástrica nas crianças.
2.26. Reunião 27 – A acessibilidade nos eventos culturais de
Pernambuco
Tema: A acessibilidade nos eventos culturais de Pernambuco.
Local: A reunião foi realizada na Assembleia Legislativa do Estado de
Pernambuco, na sala do Plenarinho I, às 9h do dia 8 de março de 2018.
Participantes: deputada Terezinha Nunes; deputada Laura Gomes; Eduardo
Brasileiro (gerente geral de Equipamentos Culturais da Fundarpe); Carla
Bensoussan (Lead); Jamerson Lima (Coquetel Molotov); Ana Lins
(Carvalheira); Marília Mendonça (artista com deficiência); José Diniz (Coned);
Patrícia Rocha (audiodescritora); Luís Albérico (Professor de Libras da UPE);
Gabriela Severien (Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco); Leda
Pessoa (Defensoria Pública do Estado de Pernambuco); Michel Platini
(consultor em audiodescrição).
2.26.1. Principais problemas apresentados
Jamerson Lima, do Coquetel Molotov, apresentou como problema:
Para as produtoras, não é sempre possível garantir as condições de
acessibilidade desejáveis em função do local onde são realizados os
eventos.
Ana Lins, da Carvalheira, apresentou como problema:
88
A escassez, no mercado, de equipamentos para garantir a
acessibilidade.
José Diniz, do Coned, pontuou apresentou como problemas:
A falta de acessibilidade da programação de televisão, uma vez que o
Ministério das Comunicações exige que apenas seis horas de
programação diária sejam acessíveis.
Luís Albérico, da Universidade de Pernambuco, apresentou como problemas:
O fato de que muitos surdos não sabem Libras em razão da escassez
de capacitação.
Sugestão da Frente Parlamentar: A deputada Terezinha Nunes
sugeriu a criação de cooperativa de intérpretes de Libras para realizar
convênio com a Administração Pública e garantir a oferta do serviço.
A Secretaria Estadual de Saúde não realizaria a triagem auditiva
neonatal, necessária para verificar a existência de surdez/deficiência
auditiva.
A Central de Libras de Pernambuco, que recebe recursos públicos, tem
problemas sérios de gestão.
Michel Platini, consultor em audiodescrição, apresentou como problema:
As condições de acessibilidade são consideradas apenas na execução
dos projetos culturais, e não desde a elaboração destes.
A divulgação dos eventos culturais não é acessível.
2.26.2. Demandas Apresentadas
Ana Lins, da Carvalheira, e Jamerson Lima, do Coquetel Molotov, pontuaram
como demanda:
Maior divulgação das empresas que fornecem os equipamentos
necessários para garantir a acessibilidade dos grandes eventos.
José Diniz, do Coned, pontuou como demanda:
89
Acessibilidade em todos os camarotes em grandes eventos, e não
apenas em camarotes específicos para pessoas com deficiência.
Luís Albérico, da Universidade de Pernambuco, pontuou como demandas:
A instituição de exigência de que todos os órgãos públicos contem com,
no mínimo, 5% de profissionais capacitados em Libras.
Maior oferta de cursos de Libras pela Universidade de Pernambuco.
Michel Platini, consultor em audiodescrição, pontuou como demandas:
A participação de especialistas em acessibilidade na análise de projetos
a serem incentivados pelo Funcultura.
A participação de pessoas com deficiência na elaboração de produtos e
eventos culturais, de modo a garantir a acessibilidade destes.
2.26.3. Dispositivos legais relacionados
2.26.3.1. Lei nº 16.113, de 5 de julho de 2017
Dispõe sobre o Sistema de Incentivo à Cultura (SIC) do Estado de
Pernambuco
Art. 1º, § 2º: o SIC é composto pelas seguintes modalidades: I)
Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura).
No que diz respeito a pessoa com deficiência, a norma exige apenas
que os projetos culturais de cinema e vídeo que recebam recursos do
SIC contem com cópia em Libras e com cópia em áudiodescrição
(art. 5º, § 3º).
3. PANORAMA PRELIMINAR DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA EM
PERNAMBUCO
A partir dos relatos e debates realizados pela Frente Parlamentar em
Defesa das Pessoas com Deficiência na Região Metropolitana do Recife e no
interior do Estado, foi possível delinear um panorama das dificuldades
enfrentadas e de suas demandas. O panorama foi organizado por áreas de
90
interesse, de modo a estimular a proposição de soluções e o desenvolvimento
de políticas de inclusão.
Como lacuna inicial, destaca-se a falta de dados estatísticos relativos às
pessoas com deficiência em Pernambuco, fundamentais para o avanço e
direcionamento das políticas públicas. Sugestão da Frente Parlamentar:
Elaboração de estudos censitários, normatizando sua realização periódica,
para saber como vivem e quem são as pessoas com deficiência em nosso
Estado. Registro da pessoa, como pessoa com deficiência, nos bancos de
dados dos serviços de segurança, saúde e educação do Estado, para
possibilitar a produção de dados estatísticos, resguardados os direitos relativos
à privacidade.
Outra necessidade de primeira ordem é o estabelecimento de uma rotina
de reuniões entre as pessoas com deficiência, suas entidades
representativas e o Poder Executivo, para seleção das prioridades de
investimentos, planejamento das ações, das políticas e solução das demandas.
A interiorização das discussões da Frente revelou a falta de políticas
municipais voltadas para as pessoas com deficiência, o que sobrecarrega
os serviços e as políticas estaduais. Ação da Frente Parlamentar:
encaminhamento de ofício para presidência das Câmaras Municipais de cada
um dos 184 municípios do Estado, solicitando a criação das Frentes Municipais
em Defesa das Pessoas com Deficiência.
3.1 Mobilidade
3.1.1 Transporte metropolitano e acessibilidade arquitetônica
Os ônibus que fazem as linhas da Região Metropolitana do Recife contam,
em geral, com apenas uma vaga para cadeirante. Ação da Frente
Parlamentar: O Grande Recife Consórcio de Transporte se comprometeu a
desenvolver um projeto piloto em algumas linhas, para disponibilizar lugar para
ao menos dois cadeirantes por ônibus.
91
Foram apontados diversos obstáculos à garantia do benefício da
gratuidade nos veículos do Sistema de Transporte Público de
Passageiros da Região Metropolitana do Recife. Um dos problemas é a
necessidade de recadastramento das pessoas com deficiência permanente a
cada dois anos para manutenção do VEM Livre Acesso, inclusive mediante
apresentação de laudo emitido pelo SUS. Apontou-se, também, o longo prazo
de espera para obtenção do cartão VEM Livre Acesso. Ação da Frente
Parlamentar: Foi elaborada minuta de projeto de lei com o objetivo de
aperfeiçoar a Lei do VEM Livre Acesso Frente, com a participação da Sead, do
Comud, do Coned, da Gerência de Pessoa com Deficiência do Recife e da
Comissão dos Direitos da Pessoa com Deficiência da OAB-PE.
O metrô e o BRT (Bus Rapid Transit), em geral, não são acessíveis. Não
há, por exemplo, preferência das pessoas com deficiência ou mobilidade
reduzida na utilização dos elevadores do metrô. O metrô também não conta
com piso tátil, que seria necessário.
As calçadas do município do Recife têm sérios problemas de
acessibilidade. A situação se repete nos demais municípios do estado.
3.1.2 Transporte Intermunicipal
Descumprimento da Lei n° 12.045, de 17 de julho de 2001, que concede
gratuidade às pessoas com deficiência, no transporte intermunicipal no
estado.
Os terminais intermunicipais não são acessíveis, havendo locais em
que o embarque e o desembarque ocorrem diretamente na rodovia.
3.1.3 Trânsito
Os acidentes de moto foram apontados como uma das principais causas
de deficiências físicas permanentes. O problema é especialmente recorrente
no interior do estado. Solução Apresentada nas Reuniões da Frente
Parlamentar: a municipalização da gestão e fiscalização do trânsito (já prevista
no CTB) foi apresentada como uma estratégia eficiente no que diz respeito à
92
prevenção de acidentes e, consequentemente, à prevenção de deficiências
físicas evitáveis.
3.2 Educação
O Ofício nº 2039/2017, da Secretaria de Educação, apontou que existem,
nas escolas de Pernambuco (incluindo as redes de ensino federal, estadual,
municipal e privada), 34.472 estudantes com deficiência, o que representa
1,5% do referido universo de estudantes. O número está bastante abaixo do
percentual de pessoas com deficiência em relação ao total da população de
Pernambuco, que é de 27,58%, de acordo com dados do Censo de 2010. Isso
indicaria subnotificação ou mesmo a exclusão deste público da vida escolar.
Muitas escolas particulares não incluem os alunos com deficiência,
disponibilizando uma educação inadequada ou mesmo negando matrícula,
apesar da proibição legal de fazê-lo. Parte do problema deve-se à falta de
fiscalização. Em consequência disso, as escolas particulares que são
referência em inclusão estão sobrecarregadas. Solução Apresentada nas
Reuniões da Frente Parlamentar: Concessão de incentivos governamentais
às escolas particulares para inclusão de alunos com deficiência, uma vez que a
inclusão depende da atuação de uma equipe multidisciplinar específica, que
envolve profissionais das mais diversas áreas.
As escolas públicas incluem mais do que as particulares. Contudo, faltam
profissionais de apoio para alunos com deficiência nas escolas estaduais e
municipais. Por causa dessa defasagem, em muitas escolas a atividade é
desempenhada por estagiários. Os profissionais de educação não estão
capacitados para incluir, também, os alunos com Transtorno do Espectro
Autista (TEA), Transtornos Globais do Desenvolvimento Infantil (TGD),
deficiências sensoriais e cognitivas, bem como altas habilidades/superdotação.
Os recursos materiais e tecnológicos disponíveis para inclusão nas
escolas públicas são mal administrados. Muitas salas de recursos,
tecnologias e materiais são mal alocados, subutilizados, e os profissionais não
são treinados para utilizar os recursos disponíveis.
93
Além de não haver vagas suficientes nas creches em vários municípios,
muitas delas não aceitam ou não estão preparadas para receber crianças
com deficiência. O despreparo é especialmente preocupante no caso das
crianças com a Síndrome Congênita do Zika Vírus, que estão atingindo a idade
de acessar tal serviço.
Falta material didático focado em Libras para ser distribuído e
trabalhado nas escolas. Além disso, muitas vezes os intérpretes de Libras
não têm o conhecimento da matéria ministrada, o que dificulta o
aprendizado. Solução Apresentada nas Reuniões da Frente Parlamentar:
Contratação de professores especialistas na matéria ministrada que tenham
capacitação em Libras para a educação de pessoas com deficiência auditiva.
Os cursos de graduação não contam com disciplinas relacionadas à
acessibilidade, inclusão e tratamento das pessoas com deficiência. Solução
Apresentada nas Reuniões da Frente Parlamentar: adaptação dos
currículos das universidades para oferta de cursos e disciplinas com temática
relacionada às pessoas com deficiência, para que os profissionais cheguem ao
mercado mais preparados para desenvolver um trabalho inclusivo.
A baixa escolaridade das pessoas com deficiência gera diversos
problemas. No caso das pessoas cegas, por exemplo, isso dificulta a
aprendizagem do braille, já que, para aprendê-lo, é necessário conhecer bem
a língua portuguesa. De modo mais geral, a baixa escolaridade dificulta o
acesso ao mercado de trabalho, levando as pessoas com deficiência a
assumir tarefas de menor complexidade e remuneração.
3.3 Diagnóstico e Tratamento
Desenvolvimento de um Sistema de Triagem Neonatal adequado no
estado, medida fundamental para o diagnóstico precoce das crianças com
deficiência. O diagnóstico tardio ocorre com frequência em Pernambuco. Isso
ocasiona diversos prejuízos ao desenvolvimento e à qualidade de vida dessas
crianças, uma vez que os três primeiros anos de vida são fundamentais para
iniciar a estimulação e o tratamento, além de prevenir agravos.
94
Construção de uma diretriz estadual de estimulação precoce das
crianças com deficiência para subsidiar os serviços de saúde do estado. Essa
necessidade é agravada em razão do cenário de urgência dado pelo grande
número de casos de crianças com a Síndrome Congênita do Zika Vírus em
Pernambuco.
Criação de um Centro de Referência de Doenças Raras em
Pernambuco, para funcionar como um espaço de diagnóstico,
acompanhamento e capacitação no estado. Resposta à Frente Parlamentar:
em Reunião da Frente Parlamentar do dia 20/02/2018, o secretário de Saúde
do Estado, Iran Costa, anunciou a inauguração do Centro de Referência de
Doenças Raras em Pernambuco para a primeira semana do mês de abril de
2018, que funcionará nas dependências do Hospital Maria Lucinda.
Utilização de prontuário eletrônico para acompanhamento dos pacientes
na Rede Pública de Saúde de Pernambuco, fundamental para a criação do
fluxo de atendimento, comunicação e interiorização da rede.
Dificuldade no agendamento das consultas de acompanhamento na
Rede Pública de Saúde, que, para muitos pacientes, deveriam ser mensais,
para controle e ajuste da medicação.
Necessidade de interiorizar os atendimentos e serviços de saúde ofertados
às pessoas com deficiência em Pernambuco, caracterizados pela insuficiência
de equipes multidisciplinares, da presença de especialistas e de serviços
de reabilitação no interior do Estado. Essa carência prejudica o atendimento
e a reabilitação dessas pessoas, que, para ter acesso ao tratamento prescrito,
deslocam-se, em muitos casos, semanalmente para outras localidades,
principalmente para a Região Metropolitana do Recife. Sugestão Apresentada
nas Reuniões da Frente Parlamentar: Criação de uma Rede de
Comunicação Intermunicipal, com apoio e capacitação do Estado, capaz de
traçar um perfil fundamental sobre as condições de vida, de transporte e
tratamento das pessoas com deficiência, com objetivo de desenvolver um fluxo
de atendimento e reabilitação em todo o estado. A rede também poderia servir
como base para organizar a distribuição e interiorização dos serviços de saúde
em Pernambuco.
95
Necessidade de ampliação da fisioterapia respiratória nas unidades de
saúde públicas do estado, fundamental para pessoas com maior
comprometimento motor, inclusive para as crianças com a Síndrome Congênita
do Zika Vírus, cujas vidas, em muitos casos, dependem desse tipo de
intervenção.
O número e a frequência de sessões terapêuticas de reabilitação
disponibilizadas na Rede Pública de Saúde não são suficientes para que as
crianças sejam estimuladas adequadamente.
Insuficiência de profissionais capacitados nos hospitais e nas Unidades
de Pronto Atendimento (UPA) para colocação de sondas nasogástricas nas
crianças com deficiência, apesar de tratar-se de um procedimento de baixa
complexidade. Essa queixa foi recorrente nas reuniões da Frente Parlamentar,
pois muitas crianças com a Síndrome Congênita do Zika Vírus, e com outras
deficiências que causam comprometimento motor, frequentemente necessitam
recolocar essas sondas, utilizadas como via para alimentação e administração
de medicamentos.
Outra demanda recorrente das mães de crianças com a Síndrome
Congênita do Zika Vírus é a irregularidade e a insuficiência de
fornecimento, pelos municípios, do suplemento prescrito para essas
crianças, que em muitos casos representa a sua única fonte de alimentação.
Capacitação dos profissionais de saúde para utilização de ventilação
não invasiva nos pacientes com doenças neuromusculares. Segundo os
relatos, trata-se de medida fundamental para a melhoria da qualidade de vida
das crianças que dependem de ventilação artificial para viver, pois proporciona
maior conforto e menores complicações que a intubação.
Longo tempo de espera para o recebimento de cadeiras de rodas
fornecidas pelo SUS. O trâmite dura em média um ano, o que se deve
principalmente ao fato das entregas se concentrarem nos hospitais da Região
Metropolitana. Solução Apresentada nas Reuniões da Frente Parlamentar:
Atendimento e encaminhamento das pessoas para solicitação e recebimento
das cadeiras na Gerência Regional de Saúde (Geres) de seu local de
residência.
96
Falta de profissionais habilitados na rede pública e privada do estado
para tratamento de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O
tratamento para o TEA ofertado na Rede Pública Estadual restringe-se,
basicamente, aos Centros de Atenção Psicossocial (Caps). Relatou-se, ainda,
despreparo dos profissionais da Rede de Atenção Básica para diagnosticar
pessoas com o transtorno. Além disso, o diagnóstico e a assistência ocorrem
quase que exclusivamente no Recife, sendo necessário capacitar e capilarizar
a rede de atenção às pessoas com autismo. Sugestão Apresentada nas
Reuniões da Frente Parlamentar: Criação de centros especializados para
atendimento de pessoas com o TEA dentro dos hospitais regionais.
Capacitação dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasfs) e das Unidades
Pernambucanas de Atenção Especializada (Upaes) para diagnóstico e
tratamento de pessoas com o TEA. Expansão da Rede de Atenção
Psicossocial (Raps), inclusive com a criação de Caps regionalizados, para
atender a demanda de municípios pequenos.
Na adesão de uma pessoa com deficiência aos planos de saúde,
equipara-se a deficiência à doença preexistente e impõe-se uma carência de
dois anos, e não de seis meses, como ocorre na maioria dos contratos de
adesão. Muitos planos de saúde negam a cobertura da reabilitação das
pessoas com deficiência na frequência e quantidade de sessões prescritas, o
que leva à judicialização da questão. Há relatos de que mesmo quando o
paciente é parte vencedora nas ações contra as operadoras dos planos de
saúde, essas não cumprem a sentença judicial.
3.4 Comunicação
Os órgãos públicos do Estado de Pernambuco, em geral, não contam
com intérpretes de Libras, dificultando o acesso das pessoas com deficiência
aos seus serviços. Foram citados nas reuniões os casos do Poder Judiciário,
do Detran/PE e dos serviços de saúde. Resposta à Frente Parlamentar: O
Ofício nº 1590/2017, da Secretaria de Administração, detalhou o número de
intérpretes de Libras que prestam serviços ou são contratados pela
97
administração direta ou indireta do Estado. São, no total, 546 intérpretes, quase
todos lotados em escolas.
No caso dos serviços de saúde, é importante capacitar em Libras os
próprios profissionais responsáveis pela atenção à população, uma vez que
a comunicação direta entre tais profissionais e os pacientes com deficiência
auditiva é essencial para o diagnóstico e tratamento.
Os órgãos públicos em geral não garantem a acessibilidade
comunicacional. Além da não disponibilização de intérprete de Libras, já
citada, não é adotado sistema de voz nas chamadas para atendimento do
usuário. As páginas de entes públicos na rede mundial de computadores não
dispõem de conteúdo em Libras nem contam com o recurso da audiodescrição
e a legislação estadual não está disponível em braile.
3.5 Mercado de Trabalho e Assistência Social
Muitas empresas não oferecem acessibilidade estrutural, tecnológica e
assistiva para receber empregados com deficiência, abrindo vagas para tais
pessoas apenas para cumprir as cotas exigidas legalmente. Em muitos casos,
o cargo ofertado é incompatível com o tipo de deficiência e as potencialidades
do candidato.
O valor dos salários relativos às vagas disponibilizadas para pessoas
com deficiência não costuma ser atrativo. Isso, somado às barreiras de
acessibilidade e aos gastos de deslocamento, faz com que muitas dessas
vagas não sejam preenchidas, uma vez que o salário não é acumulável com o
Benefício de Prestação Continuada (BPC), tornando desvantajosa a ocupação.
Muitas mães de crianças com deficiência não conseguem trabalhar e
passam a viver apenas com a renda do Benefício de Prestação Continuada
(BPC), que não é suficiente para custear nem mesmo as despesas básicas da
criança.
Foi demandada a criação de políticas públicas para as mães
cuidadoras, voltadas para a qualidade de vida e saúde dessas, e que
garantam, por exemplo, o atendimento preferencial para a realização de
exames médicos.
98
Foram apresentadas queixas em razão da falta de acessibilidade nos
editais e provas dos concursos públicos estaduais. Solução Apresentada
nas Reuniões da Frente Parlamentar: Elaboração pelo governo do estado de
diretrizes mínimas para os concursos do Estado de Pernambuco, normalizando
a reserva de vagas para pessoas com deficiência. Demandou-se também a
alteração da legislação estadual para que sejam incluídas cotas para pessoas
com deficiência nos contratos de terceirização do Estado.
Dados apresentados pela Superintendência Regional do Ministério do
Trabalho e Emprego (Ofício nº 29/2018) demonstram a dificuldade de acesso
das pessoas com deficiência aos cargos e empregos do serviço público
estadual. As pessoas com deficiência ou reabilitadas constituem apenas
0,87% do pessoal da administração pública estadual e 0,14% do pessoal das
administrações públicas municipais de Pernambuco. Ação da Frente
Parlamentar: Foi apresentada a Proposta de Emenda Constitucional nº
11/2018, de autoria da Deputada Terezinha Nunes, que objetiva garantir que,
além da reserva de 5% das vagas em concursos públicos e seleções públicas
simplificadas para pessoas com deficiência, assegure-se também que em cada
certame seja reservada ao menos uma vaga para os candidatos com
deficiência.
3.6 Considerações Finais
Apresenta-se esse panorama com a expectativa de que todos os envolvidos
nos debates e na dinâmica da Frente tenham se sensibilizado com o tema e se
comprometerão em difundir e promover a inclusão em Pernambuco.
A Frente Parlamentar seguirá seus trabalhos no ano de 2018, atuando em
parceria com a Rede de Inteligência Inclusiva instituída no Estado, que envolve
diversos atores (políticos, especialistas, técnicos, sociedade civil, entidades
ligadas ao segmento, conselhos representativos da pessoa com deficiência e
os três Poderes do Estado) e facilita a dinâmica de inclusão e acessibilidade.
Essa iniciativa poderá tornar o Estado de Pernambuco uma referência nacional
em inclusão, baseada no diálogo com os principais interessados no tema.
99
4 ENCAMINHAMENTOS
Ante todo o exposto, solicitamos que esse Poder Legislativo encaminhe
cópia do relatório a algumas instituições públicas e privadas a fim de que
tomem conhecimento do panorama preliminar traçado pela Frente Parlamentar
em Defesa da Pessoa com Deficiência sobre como vivem e quais são as
principais demandas das pessoas com deficiência em nosso Estado.
Os encaminhamentos doravante apresentados é resultado da força tarefa
que fizemos para promover a escuta direta dos cidadãos pernambucanos com
deficiência. Escuta essa que foi realizada por meio de audiências públicas, nas
quais estiveram presentes os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, o
Ministério Público, a Defensoria Pública (da União e do Estado) e a sociedade
civil organizada que defende os direitos da pessoa com deficiência, para que
fossem apresentadas demandas e apontadas soluções de forma célere.
Importante também anotar que os representantes dos órgãos estatais
sempre manifestaram o interesse em colaborar com o trabalho da Frente. De
igual forma, também o fizeram os representantes das associações das pessoas
com deficiência e entidades de classe presentes nas audiências (OAB/PE,
Cremepe, Crefito, Conselho de Fonaudiologia, CRP, dentre outros).
Registramos, aqui, a todos eles, nossos agradecimentos.
Esses colaboradores sempre externaram a importância do trabalho
realizado e sugeriram que a comunicação direta aberta entre o Estado e a
sociedade se dê de forma contínua.
Dessa forma, sugerimos que seja formalizada no Estado de Pernambuco a
rede de inteligência que foi construída ao longo dos trabalhos da Frente. A
principal função deverá continuar sendo a promoção de uma maior interseção
entre os órgãos do Estado e a sociedade, a fim de desburocratizar o acesso a
serviços públicos já oferecidos, assim como instituir a prestação de serviço de
acordo com as reais necessidades das pessoas com deficiência.
Destacamos que ouvir o segmento das pessoas com deficiência
juntamente com representantes estatais e de conselhos profissionais, em sala
de situação, foi o início acertado para a implantação dessa rede. A valorosa
contribuição da sociedade civil organizada revelou a solidez do conteúdo dos
100
trabalhos e temas abordados. Afinal, é preciso dar ouvidos a quem possui
empirismo com o tema; é preciso tornar efetivo o lema: “nada sobre nós sem
nós”!
A ouvida atenciosa dessas entidades de acolhimento às pessoas com
deficiência permitiu que diagnósticos aflorassem de forma orgânica.
Em tempos de austeridade fiscal, acreditamos que a inteligência inclusiva é
uma boa solução para a gestão eficaz dos recursos, haja vista que os mesmos
serão aplicados em demandas reais da sociedade. Mediante debates
aprofundados, a Frente Parlamentar trouxe o engajamento de entidades e
órgãos do Estado para discutir ações que possam aperfeiçoar o processo de
inclusão e implantar políticas publicas executáveis em conformidade com as
demandas do segmento no Estado de Pernambuco. Precisamos dar
continuidade; desburocratizar a prestação do serviço público.
Neste capítulo, também são sugeridas providências que foram formuladas
com base nas principais demandas apresentadas nas audiências públicas
realizadas pela Frente.
Foi constatado que, por vezes, os serviços públicos são oferecidos, no
entanto os seus destinatários não tomam conhecimento da prestação do
serviço ou há um excesso de exigências para acesso à rede do Estado.
Isso gera, como consequência, a ineficiência no atendimento aos cidadãos
pernambucanos. É imprescindível que o Estado se aproxime e estabeleça uma
comunicação mais eficaz com todos os seus cidadãos.
Posto isto, apresentamos nossos encaminhamentos preliminares:
4.1 No Estado de Pernambuco
4.1.1 Poder Executivo
Seja a cópia do relatório remetida ao Exmo. Sr. Governador do Estado a
fim de que tome conhecimento das principais demandas das pessoas com
deficiência em nosso Estado, apresentadas nas seguintes áreas:
4.1.1.1 Na Administração em geral:
101
Promover estudos censitários, inclusive instituindo lei que obrigue a
realização do mesmo periodicamente, para saber como vivem e quem
são as pessoas com deficiência em nosso Estado (são informações
relevantes, por exemplo, a saber: idade, se a deficiência é congênita ou
adquirida, se a pessoa com deficiência estuda ou estudou, se está
inserido no mercado de trabalho ou já esteve, principais demandas,
renda familiar, se já sofreu violência e denunciou, etc).
Promover a articulação junto aos municípios pernambucanos para a
construção de uma rede integrada e efetiva para atender as pessoas
com deficiência, sobretudo, nas áreas de assistência social, educação e
saúde, a fim de promover e melhorar a descentralização e interiorização
dos serviços oferecidos. Realizar também a capacitação dos gestores e
servidores municipais para prestarem melhor serviço aos cidadãos
pernambucanos;
Adequar a legislação estadual, inclusive o Estatuto dos Servidores
Públicos do Estado de Pernambuco, à Lei Federal nº 13.146/2015 (Lei
Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência ou Estatuto da Pessoa
com Deficiência);
Instituir por lei diretrizes mínimas que garantam a efetiva adequação dos
editais de concursos públicos realizados no Estado de Pernambuco à
Constituição Federal e à legislação federal, que normatiza os direitos da
pessoa com deficiência, sobretudo, a Lei Federal nº 13.146/2015, bem
como garantir a reserva mínima de uma vaga para PCD nos editais de
concurso;
Tornar obrigatória a instituição de uma cota mínima para inclusão das
pessoas com deficiência dentre os prestadores de serviços terceirizados
contratados pelo Estado;
Promover a capacitação dos gestores e servidores públicos para que
viabilizem e apoiem a inclusão das pessoas com deficiência no serviço
público estadual;
Instituir nos órgãos públicos comissão permanente para promover ações
práticas de acessibilidade que visem não só a um atendimento mais
102
adequado ao cidadão com deficiência como usuário do serviço público,
como também à inclusão das pessoas com deficiência. Segundo dados
do Ministério do Trabalho, fornecidos por meio da Delegacia Regional
em Pernambuco - Ofício n° 029/2018/GS/SRTh/PE, atualmente 0,87%
dos servidores públicos são pessoas com deficiência e reabilitados;
Fomentar políticas públicas junto à iniciativa privada para promover o
ingresso de pessoas com deficiência no mercado de trabalho;
Criar um fundo estadual para o desenvolvimento de políticas de
inclusão, conforme previsto na Lei Estadual de nº 12.761/2005;
Promover a acessibilidade comunicacional da página oficial do Poder
Executivo na rede mundial de computadores para que o conteúdo seja
disponibilizado na Língua Brasileira de Sinais (Libras), bem como esteja
disponível o recurso da audiodescrição;
Adotar o sistema de voz nas chamadas para atendimento do usuário nos
órgãos públicos da administração direta e indireta. A existência de
senhas sem chamada de voz prejudica o atendimento de pessoas
cegas;
Disponibilizar, nas repartições públicas, conforme determina a Lei
Estadual nº 11.686/99, o intérprete de libras, principalmente nos
hospitais e no Departamento de Trânsito (Detran/PE), haja vista que a
Resolução nº 18 do Cetran/PE não vem sendo cumprida, conforme nos
foi relatado;
Implementar políticas públicas relacionada à saúde, à educação, à
moradia e à qualidade de vida para as mães de pessoas com deficiência
que tiveram que deixar o mercado de trabalho, as denominadas “mães
cuidadoras”; e
Melhorar a acessibilidade física e mobiliária das repartições públicas do
nosso estado.
4.1.1.2 Na Educação:
Promover, em conjunto com os municípios, a busca ativa das crianças
em seus domicílios para que sejam matriculadas em creches e escolas,
103
tendo em vista o baixo percentual dos cidadãos com deficiência
(1,512%) que estudam em nosso Estado, conforme informado pela
Secretaria de Educação (Ofício de nº 2039/2017 – GAB/SEE-PE);
Ampliar a oferta de vagas para estudantes com deficiência e aprimorar a
educação inclusiva no Estado de Pernambuco, capacitando professores
estaduais para identificar precocemente sinais do Transtorno do
Espectro Autista (TEA), de Transtornos Globais do Desenvolvimento
infantis (TGD), deficiências sensoriais e cognitivas, assim como altas
habilidades/superdotação;
Fazer cumprir no Estado de Pernambuco a Resolução de nº 04 de 2 de
outubro de 2009, do presidente da Câmara de Educação Básica do
Conselho Nacional de Educação, e, nesse sentido propomos:
- capacitação dos professores para trabalhar com alunos com deficiência e
altas habilidades/ superdotação, bem como melhorar a oferta do
Atendimento Educacional Especializado (AEE) na rede estadual de ensino;
- adoção de medidas para tornar mais eficiente a utilização das salas de
recursos, e que também seja promovida a adaptação curricular;
- disponibilização dos recursos da tecnologia assistiva para os alunos com
deficiência na rede estadual de ensino, assim como oferta de materiais
didáticos e pedagógicos adaptados;
- adaptações físicas e mobiliárias das escolas para que recebam os
estudantes com deficiência sem barreiras físicas;
- utilização de recursos de comunicação e informação para os estudantes
com deficiência, sobretudo, Libras e braile;
- oferta de materiais didático em libras para ser distribuído e trabalhado nas
escolas;
Fomentar nas escolas eventos que promovam a sensibilização da
comunidade escolar e da sociedade sobre a temática da inclusão; e
Promover a fiscalização permanente do processo de inclusão nos
estabelecimentos de ensino da rede estadual pública e privada.
4.1.1.3 Na Saúde:
104
Aperfeiçoar e expandir a rede de diálogo direto já estabelecida entre a
Secretaria de Saúde e as associações que representam as pessoas com
deficiência. Foi considerada salutar a experiência do diálogo direto que
vem ocorrendo entre a Secretaria e as mães das crianças com a
Síndrome Congênita do Zika Vírus e das Doenças Raras;
Desenvolver um sistema de triagem neonatal a fim de diagnosticar
precocemente as doenças raras e demais síndromes congênitas;
Divulgar a rede de atendimento ofertada pelo Estado para tratamentos
de reabilitação. Nesse sentido, acreditamos que a adoção de uma
cartilha ajudará muito o cidadão, trazendo o passo a passo para que o
usuário saiba como acessar a rede e onde os serviços são ofertados. A
publicação pode ser disponibilizada no formato impresso e em sites
oficiais do governo;
Aumentar a rede de reabilitação existente e promover a interiorização
dos centros de reabilitação com a participação ativa das Gerências
Regionais de Saúde;
Fazer cumprir na rede pública estadual de saúde as diretrizes do
Ministério da Saúde, quando houver, para o tratamento das pessoas
com deficiência;
Instituir no Estado de Pernambuco diretriz estadual de intervenção
precoce (0 a 3 anos de idade) para as crianças com deficiência,
sobretudo no atraso neuropsicomotor;
Ofertar nos centros de reabilitação equipe multiprofissional de saúde, ou
seja, composta por médicos especializados e profissionais das áreas de
fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e psicologia, aptos a
trabalhar com métodos de reabilitação neurológica, por exemplo,
BOBATH, comportamental (ABA), bem como o PEC’S na área de
fonoaudiologia.
Firmar parcerias com os conselhos de medicina, fisioterapia e terapia
ocupacional, fonoaudiologia e psicologia para capacitar os servidores
públicos das áreas de saúde do Estado. Registramos que essa é uma
105
sugestão dos próprios conselhos, que se colocaram à disposição do
Estado nas audiências públicas;
Ampliar o número de profissionais habilitados na fisioterapia respiratória,
bem como ofertar a ampliação do número de atendimentos;
Ampliar o número de atendimentos das sessões de fisioterapia,
fonoaudiologia e terapia ocupacional oferecidos pelo Estado;
Criar centro de atendimento, em unidade especializada diferente das
destinadas ao tratamento de doenças mentais e à recuperação de
dependentes químicos para tratamento do Transtorno do Espectro
Autista (TEA), conforme normatizado na Lei Estadual nº 15.487/2015.
Ou, enquanto não for possível a criação de centro próprio na rede
estadual, instituir Caps voltados exclusivamente ao tratamento do TEA;
Capacitar os profissionais de saúde para utilização de ventilação não
invasiva nos pacientes com doenças neuromusculares, haja vista ser
medida fundamental para a melhoria da qualidade de vida das crianças
que dependem de ventilação artificial para viver. Além de ser necessária
para a manutenção do sistema respiratório, a ventilação não invasiva
traz menos complicações do que a intubação. A ausência de cuidados
na utilização desta técnica pode ocasionar até a morte desses
pacientes. É fundamental, assim, que o Estado cumpra a Portaria de nº
370/2008 do Ministério da Saúde;
Melhorar o agendamento das consultas de acompanhamento na rede
pública de saúde;
Ofertar intérprete de libras nos hospitais da rede pública estadual e
capacitar os servidores públicos na Língua Brasileira de Sinais; e
Adotar o processo de informatização do prontuário médico na rede de
saúde do Estado.
4.1.2 Poder Legislativo
Seja remetida cópia do relatório à Mesa Diretora da Assembleia Legislativa,
na pessoa de seu presidente, a fim de que essa Casa aprimore a prestação de
serviços públicos destinados às pessoas com deficiência, instituindo um canal
106
de comunicação permanente, bem como implemente e torne mais eficientes os
recursos de acessibilidade disponíveis na Casa. Dito isto, apresentamos as
seguintes sugestões:
Melhorar a acessibilidade, tanto física como de mobiliário, para as
pessoas com deficiência nas dependências dos prédios da ALEPE;
Instituir regimentalmente, como Comissão Permanente da Casa, um
colegiado sobre a temática da pessoa com deficiência;
Promover a acessibilidade comunicacional do sítio eletrônico da ALEPE,
disponível na rede mundial de computadores, com recursos em Libras e
audiodescrição;
Disponibilizar intérprete de Libras, em conformidade com o que
normatiza a Lei Estadual nº 11.686/99, sobretudo, nas atividades
legislativas e no atendimento ao público;
Disponibilizar em braile a produção legislativa;
Adequar as leis que não sejam de competência privativa para legislar à
Lei Federal nº13.146/2015 (Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência ou Estatuto da Pessoa com Deficiência);
Promover, por meio da Escola do Legislativo, a capacitação dos
servidores da Casa para atender e trabalhar com pessoas com
deficiência. Nesse sentido, divulgar e tornar eficaz o contido no Estatuto
da Pessoa com Deficiência, assim como promover políticas que
favoreçam o ingresso da pessoa com deficiência no serviço público;
Criar comissão administrativa e de caráter permanente para que sejam
promovidas políticas de inclusão e acessibilidade na ALEPE visando à
eliminação das barreiras atitudinais e melhor prestação do serviço
público às pessoas com deficiência; e
Promover ações de comunicação, como campanhas educativas, sobre
os direitos previstos em lei para as pessoas com deficiência a fim de
eliminar barreiras atitudinais e promover a inclusão.
107
4.1.3. Poder Judiciário
Melhorar a acessibilidade, tanto física como de mobiliário, para as
pessoas com deficiência nos prédios da Justiça Estadual;
Promover a acessibilidade comunicacional do sítio eletrônico do Tribunal
de Justiça, disponível na rede mundial de computadores, com recursos
em Libras e audiodescrição;
Capacitar os magistrados na temática da pessoas com deficiência, a fim
de que se tornem mais eficazes o Estatuto da Pessoa com Deficiência e
a Convenção Internacional sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência,
da qual o Brasil é signatário;
Divulgar junto aos magistrados as diretrizes elaboradas pelo Ministério
da Saúde relacionadas às pessoas com deficiência;
Promover a capacitação dos servidores para atender as pessoas com
deficiência, bem como sobre a temática da inclusão;
Criar comissão administrativa e de caráter permanente para que sejam
promovidas políticas de inclusão e acessibilidade no Judiciário visando à
eliminação das barreiras atitudinais e a melhor prestação do serviço
público às pessoas com deficiência;
Aumentar a equipe multiprofissional do TJPE, a fim de que ela seja
composta por: assistentes sociais, fisioterapeutas, fonoaudiólogos,
médicos, pedagogos, psicólogos e terapeutas ocupacionais. As
associações representativas da pessoa com deficiência consideram
esses profissionais necessários para subsidiar os magistrados, com
pareceres técnicos, no julgamento das demandas relacionadas às
pessoas com deficiência. São exemplos de processos que demandam
essa equipe multiprofissional os que tratam de: acesso ao tratamento de
saúde; oferta de terapias especializadas; apreciação das ações de
tutela, curatela e tomada de decisão apoiada; garantia de matrícula nas
instituições de ensino; e necessidade do acompanhante escolar.; e
Ofertar o intérprete de libras no Poder Judiciário, em conformidade com
o que dispõe a Lei Estadual nº 11.686/99.
108
4.1.4. Ministério Público
Intensificar ações de fiscalização, nos órgãos públicos estaduais, a fim
de tornar efetivos os direitos das pessoas com deficiência, em particular,
a Lei Federal nº 13.146/2015 (Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência ou Estatuto da Pessoa com Deficiência);
Intensificar ações de fiscalização, principalmente no interior do Estado, a
fim de que seja cumprida a Resolução nº 4, de 2 de outubro de 2009, da
Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, a fim
de garantir:
1. a matrícula do aluno com deficiência em creches e escolas, uma vez que a
negativa de matrícula e a má prestação do serviço nas unidades educacionais
foram temas constantes nas audiências públicas;
2. o Atendimento Educacional Especializado (AEE);
3. a oferta da sala de recursos multifuncionais, da adaptação curricular e o uso
de tecnologias assistivas; e
4. a capacitação de professores para trabalhar com o aluno com deficiência. Os
acompanhantes escolares devem ser contratados mediante concurso, sem que
haja a substituição desses por estagiários, como nos foi informado;
5. ações junto aos municípios para que promovam a busca ativa das crianças
em seus domicílios para que sejam matriculadas em creches e escolas, tendo
em vista o baixo percentual dos cidadãos com deficiência (1,512%) que
estudam em nosso estado, conforme informado pela Secretaria de Educação -
Ofício de nº 2039/2017 – GAB/SEE-PE. Ressalte-se a dificuldade de
mobilidade que as pessoas com deficiência possuem;
Intensificar as ações de fiscalização na área de saúde, principalmente
no interior do estado, haja vista que a pouca oferta e a má qualidade dos
serviços públicos prestados também foram temas permanentes nas
nossas audiências. Sobretudo, fiscalizar a disponibilização de médicos
e em que especialidades, o acesso a tratamentos de reabilitação de
109
forma descentralizada e realizados por equipe multiprofissional a ser
constituída por médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos e
terapeutas ocupacionais, o acesso ao Tratamento Fora do Domicílio
(TFD), etc.
Intensificar ações de fiscalização na distribuição de medicamentos
quando o seu fornecimento for obrigatório pelo Estado;
Promover a fiscalização do cumprimento da Portaria de nº 370/2008, do
Ministério da Saúde, no Estado de Pernambuco, pois a mesma não vem
sendo cumprida de forma regular, conforme exposto pela Donem à
Frente, na audiência realizada em 24/05/2017 e por meio do Ofício nº
020/2017;
Intensificar ações de fiscalização nos planos de saúde, haja vista que os
nascidos com deficiência, ao aderirem aos planos, são obrigados, por
vezes, a cumprirem carência maior sob a alegação de doença
preexistente;
Intensificar a fiscalização do Departamento Estadual de Trânsito de
Pernambuco - Detran/PE a fim de que seja aplicada a Resolução nº 18/
2015 do Cetran/PE;
Reforçar as ações de fiscalização realizadas perante o Grande Recife
Consórcio de Transporte e a Urbana para que haja a efetiva
acessibilidade (funcionamento regular da Plataforma Elevatória Veicular-
PEV e da Rampa de Acessibilidade Veicular – RAV), da frota de ônibus
que circula na Região Metropolitana do Recife. O Consórcio informou à
Frente que 98% da frota é adaptada. Já os usuários cadeirantes
relataram que muitas vezes as mesmas não funcionam ou o motorista
afirma que a chave foi deixada na garagem;
Estender as ações de fiscalização da adaptação da frota de ônibus para
pessoas com deficiência no interior do estado;
Melhorar a acessibilidade, tanto física como mobiliária para as pessoas
com deficiência nos prédios do Ministério Público;
110
Promover a acessibilidade comunicacional do sítio eletrônico do
Ministério Público Estadual, disponível na rede mundial de
computadores, com recursos em Libras e audiodescrição;
Ofertar intérprete de libras, em conformidade com o que dispõe a Lei
Estadual de nº 11.686/99; e
Promover ações de comunicação, como campanhas educativas,
inclusive junto aos gestores públicos dos municípios pernambucanos,
sobre os direitos previstos em lei para as pessoas com deficiência a fim
de eliminar barreiras atitudinais e promover a inclusão.
4.1.5. Defensoria Pública
Melhorar a acessibilidade, tanto física como mobiliária, para as pessoas
com deficiência nos prédios da Defensoria Pública;
Promover a acessibilidade comunicacional do sítio eletrônico da
Defensoria Pública Estadual, disponível na rede mundial de
computadores, com recursos em Libras e audiodescrição;
Ofertar intérprete de libras, em conformidade com o que dispõe a Lei
Estadual de nº 11.686/99;
Intensificar as ações que divulguem o trabalho da Defensoria Pública,
para que cada vez mais sejam tornados eficazes os direitos da pessoa
com deficiência, em especial nas áreas de saúde e educação;
Fortalecer os núcleos da Defensoria Pública que trabalham com a
temática da pessoa com deficiência para que melhorem a capacidade
de atuação e o trabalho seja estendido para o interior do estado;
Realizar, por meio da atuação extrajudicial da Defensoria Pública,
ações de fiscalização na área de educação, sobretudo no interior do
estado, a fim de garantir:
1. a matrícula do aluno com deficiência nas creches e escolas (a negativa da
matrícula e má prestação do serviço oferecido foram temas constantes nas
audiências públicas);
2. o Atendimento Educacional Especializado (AEE);
111
3. a oferta da sala de recursos multifuncionais, a adaptação curricular e o uso
de tecnologias assistivas; e
4. a capacitação de professores para trabalhar com o aluno com deficiência. Os
acompanhantes escolares devem ser contratados mediante concurso, sem que
haja a substituição desses por estagiários, como nos foi informado.
Realizar, através da atuação extrajudicial da Defensoria Pública, ações
de fiscalização na área de saúde, principalmente, no interior do estado,
haja vista que a pouca oferta e a má qualidade dos serviços públicos
prestados também foram temas permanentes nas nossas audiências.
Sobretudo, fiscalizar a disponibilização de médicos e em que
especialidades, o acesso a tratamentos de reabilitação de forma
descentralizada e realizados por equipe multiprofissional a ser
constituída por médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos e
terapeutas ocupacionais, o acesso ao Tratamento Fora do Domicílio
(TFD), etc; e
Promover ações de comunicação, como campanhas educativas,
inclusive junto aos gestores públicos dos municípios pernambucanos,
sobre os direitos previstos em lei para as pessoas com deficiência a fim
de eliminar barreiras atitudinais e promover a inclusão.
4.1.6. Tribunal de Contas
Intensificar ações de fiscalização a fim de tornar efetivos os direitos das
pessoas com deficiência, em particular, a Lei Federal nº13.146/2015
(Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência ou Estatuto da
Pessoa com Deficiência);
Melhorar a acessibilidade, tanto física como mobiliária, para as pessoas
com deficiência, nos prédios do Tribunal de Contas Estadual;
Promover a acessibilidade comunicacional do sítio eletrônico do
Tribunal de Contas Estadual, disponível na rede mundial de
computadores, com recursos em Libras e audiodescrição;
112
Ofertar intérprete de Libras, em conformidade com o que dispõe a Lei
Estadual de nº 11.686/99; e
Promover ações de comunicação, como campanhas educativas,
inclusive junto aos gestores públicos dos municípios pernambucanos,
sobre os direitos previstos em lei para as pessoas com deficiência a fim
de eliminar barreiras atitudinais e promover a inclusão;
4.2. Municípios Pernambucanos
Constatou-se que muitos dos problemas relatados necessitam da atuação
firme do município. Assim, solicitamos o encaminhamento do relatório a todos
os 184 municípios pernambucanos para que adotem as seguintes providências:
4.2.1 Na Administração Geral:
Instituam, nos órgãos públicos, comissão permanente para promover
ações práticas de acessibilidade que visem não só a um atendimento
mais adequado ao cidadão com deficiência como usuário do serviço
público, como também à inclusão das pessoas com deficiência no
serviço público. Segundo dados fornecidos pelo Ministério do Trabalho,
por meio da Delegacia do Trabalho em Pernambuco - Ofício n°
029/2018/GS/SRTh/PE, apenas 0,14% dos servidores de todos os
municípios pernambucanos são pessoas com deficiência e reabilitados;
Melhorem a acessibilidade, tanto física como mobiliária, para as pessoas
com deficiência, nos espaços públicos e nos prédios da administração
municipal;
Promovam a acessibilidade comunicacional nas repartições públicas
através da oferta do intérprete de Libras e disponibilizem informações
públicas em braile;
Promovam a capacitação dos gestores públicos e servidores sobre os
direitos da pessoa com deficiência;
Garantir que os servidores lotados nos Centros de Referência de
Assistência Social (Cras) sejam de carreira, a fim de evitar a
descontinuidade ou a má prestação dos serviços públicos;
113
Promovam ações de comunicação, como campanhas educativas, a fim
de eliminar barreiras atitudinais e promover a inclusão.
4.2.2 Na Educação:
Promovam a busca ativa das crianças em seus domicílios, para que elas
sejam matriculadas em creches e escolas, tendo em vista o baixo
percentual dos cidadãos com deficiência (1,512%) que estudam em
nosso estado, conforme informado pela Secretaria de Educação (Ofício
de nº 2039/2017 – GAB/SEE-PE). Ressalte-se a dificuldade de
mobilidade que as pessoas com deficiência possuem;
Ampliem a oferta de vagas nas creches e na educação infantil para as
crianças com deficiência e ofertem capacitação para os professores da
rede municipal para identificar precocemente sinais do Transtorno do
Espectro Autista (TEA), de Transtornos Globais do Desenvolvimento
infantis (TGD), deficiências sensoriais e cognitivas, bem como altas
habilidades/superdotação;
Cumpram a Resolução de nº 04 de 2 de outubro de 2009, do presidente
da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, e,
nesse sentido propomos:
- a capacitação dos professores para trabalhar com alunos com deficiência e
altas habilidades/superdotação, bem como a melhoria da oferta do
Atendimento Educacional Especializado (AEE) na rede municipal de ensino;
- a adoção de medidas para tornar mais eficiente a utilização das salas de
recursos, bem como a promoção da adaptação curricular;
- a disponibilização dos recursos da tecnologia assistiva para os alunos com
deficiência na rede municipal de ensino, assim como a oferta de materiais
didáticos e pedagógicos adaptados;
- adaptações físicas e mobiliárias das escolas para que recebam os estudantes
com deficiência sem barreiras físicas;
114
- a utilização de recursos de comunicação e informação para os estudantes
com deficiência, sobretudo Libras e braile;
- a oferta de material didático em Libras para ser distribuído e trabalhado nas
escolas;
Realizem nas escolas eventos que promovam a sensibilização da
comunidade escolar e da sociedade sobre a temática da inclusão.
4.2.3. Na Saúde:
Forneçam o suplemento alimentar FORTINI às crianças que nasceram
com a Síndrome Congênita do Zika Vírus;
Implantem, por meio das Secretarias de Saúde, o diálogo direto com as
associações que representam as pessoas com deficiência. Foi
considerada salutar, pela Frente, a experiência do diálogo direto que
vem ocorrendo na esfera estadual entre a Secretaria de Saúde do
Estado de Pernambuco e as mães das crianças com a Síndrome
Congênita do Zika Vírus e das Doenças Raras. Acreditamos que a
adoção pelo município do diálogo direto com associações melhorará a
eficiência do serviço a ser prestado;
Divulguem a rede de atendimento ofertada pelo município para
tratamentos de reabilitação. Nesse sentido, acreditamos que a adoção
de uma cartilha ajudará muito o cidadão, trazendo o passo a passo para
que o usuário saiba como acessar a rede e onde os serviços são
ofertados. A publicação pode ser disponibilizada no formato impresso e
em sites oficiais;
Implantem ou aumentem centros de reabilitação a serem constituídos
por equipe multiprofissional de saúde, ou seja, composta por médicos
especializados e profissionais das áreas de fisioterapia, fonoaudiologia,
terapia ocupacional e psicologia, aptos a trabalhar com métodos de
reabilitação neurológica, por exemplo, BOBATH, comportamental (ABA),
bem como o PEC’S na área de fonoaudiologia;
115
Cumpram na rede municipal de saúde as diretrizes do Ministério da
Saúde, quando houver, para o tratamento das pessoas com deficiência;
Firmem parcerias com os conselhos de medicina, fisioterapia e terapia
ocupacional, fonoaudiologia e psicologia para capacitar os servidores
públicos das áreas de saúde. Registramos que essa é uma sugestão
dos próprios conselhos, que se colocaram à disposição nas audiências
públicas;
Providenciem a contratação, mediante concurso, de profissionais
habilitados em fisioterapia respiratória;
Adotem medidas para melhorar o agendamento das consultas de
acompanhamento na rede pública de saúde;
Ofertem intérprete de Libras.
4.3 Outras Entidades no âmbito estadual para as quais o presente
Relatório deverá ser enviado
4.3.1 Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de
Pernambuco (Sinepe/PE), a fim de que informe e promova campanhas de
esclarecimento, perante as escolas privadas situadas em nosso estado, sobre
a Lei Federal nº 13146/2015 (Lei Brasileira de Inclusão), em especial sobre os
seguintes tópicos:
ser a matrícula da pessoa com deficiência obrigatória, bem como constituir
crime a negativa de matrícula;
ser proibida cobrança de valores extras tanto na matrícula como na
mensalidade para os alunos com deficiência;
promover a capacitação dos professores para trabalhar com estudantes
com deficiência, adotando práticas pedagógicas inclusivas pelos programas
de formação inicial e continuada de professores e oferta de formação
continuada para o atendimento educacional especializado;
ser obrigatória a adoção de projeto pedagógico objetivando institucionalizar
o atendimento educacional especializado (AEE), assim como os demais
116
serviços e adaptações razoáveis para atender as características dos
estudantes com deficiência e garantir o seu pleno acesso ao currículo em
condições de igualdade, promovendo a conquista e o exercício da
autonomia do aluno com deficiência;
ser obrigatória a elaboração de plano de atendimento educacional
especializado, de organização de recursos e serviços de acessibilidade e de
disponibilização de recursos de tecnologia assistiva;
ofertar educação bilíngue, em Libras como primeira língua e na modalidade
escrita da língua portuguesa como segunda língua, em escolas e classes
bilíngues;
formar e disponibilizar professores para o atendimento educacional
especializado de tradutores e intérpretes de Libras, de guias intérpretes e
de profissionais de apoio;
ofertar o ensino de Libras, do Sistema Braille e do uso de tecnologias
assistivas.
ofertar para os alunos com deficiência a participação em jogos, atividades
recreativas, esportivas, de lazer e no sistema escolar.
promover a adequação da estrutura física e da estrutura mobiliária nos
colégios para que o aluno com deficiência tenha acesso a toda a edificação,
aos ambientes e às atividades desenvolvidas no ambiente escolar.
4.3.2 Universidades Públicas e Privadas:
Seja encaminhado às seguintes universidades públicas: Universidade Federal
de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)
e Universidade de Pernambuco (UPE), Instituto Federal de Pernambuco
(IFPE), Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). Solicitamos
que elas remetam cópia do relatório aos campus descentralizados em cidades
do interior pernambucano, quando houver, e privadas situadas em todo o
estado a fim de que elas adotem providências para garantir a efetividade da Lei
117
Federal nº 13.146/2015 (Lei Brasileira de Inclusão) e em especial adotem
medidas para:
promover o acesso à educação superior e à educação profissional e
tecnológica em igualdade de oportunidades e condições com as demais
pessoas, bem como a permanência do estudante com deficiência devendo,
assim, serem eliminadas as barreiras arquitetônicas e mobiliárias
existentes;
garantir que nos processos seletivos para ingresso e permanência nos
cursos oferecidos pelas instituições de ensino superior e educação
profissional os editais disponibilizem campos específicos para que o
candidato com deficiência informe os recursos de acessibilidade e
tecnologia assistiva para sua partição na prova, bem como que os mesmos
sejam disponibilizados;
disponibilizar em braile edital do concurso de ingresso e, se houver,
retificação;
garantir a dilação do tempo de prova, conforme demanda apresentada pelo
candidato com deficiência, tanto no momento de realização do exame de
seleção quanto nas atividades acadêmicas, mediante prévia solicitação e
comprovação da necessidade;
assegurar que os concursos de ingresso disponibilizem provas em formatos
acessíveis para atendimento das necessidades específicas do candidato
com deficiência;
ofertar recursos de tecnologia assistiva quando previamente solicitados
pelas pessoas com deficiência;
garantir que os critérios de avaliação das provas escritas, discursivas ou de
redação considerem a singularidade linguística da pessoa com deficiência
no domínio da modalidade escrita da língua portuguesa;
118
incluir em conteúdos curriculares, em cursos de nível superior e de
educação profissional técnica e tecnológica, temas relacionados à pessoa
com deficiência nos respectivos campos de conhecimento;
promover articulação intersetorial para implementar políticas públicas
inclusivas na sociedade;
ofertar tradutores e intérpretes de Libras, com nível superior, habilitados
prioritariamente em tradução e interpretação de Libras, bem como
disponibilizar materiais em braile.
4.3.3 À Superintendência Estadual de Apoio a Pessoa com Deficiência –
Sead/PE.
4.3.4 Às Associações, Conselhos Profissionais, e, Instituições de ensino
presentes nas audiências da Frente;
4.3.5 Aos Conselhos que representam as pessoas com deficiência e
estiveram presentes nas audiências da Frente: Conselho Estadual de
Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Estado de
Pernambuco- Conded/PE e o Conselho Municipal de Defesa dos
Direitos da Pessoa com Deficiência do Município do Recife-
Comud/RECIFE;
4.3.6 À Delegacia Regional do Trabalho e Emprego no Estado de
Pernambuco – DRT/PE;
4.3.7 Á Defensoria Pública da União;
4.3.8 À Associação Municipalista de Pernambuco; e
4.3.9 À representação da Unicef no Estado de Pernambuco.
119
4.4 Na União
4.4.1 Poder Executivo:
Seja encaminhado ao Ministério da Saúde a fim de que:
O órgão adote as medidas que entender cabíveis e necessárias para que a
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Comissão Nacional de
Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), tornem
mais célere o processo de aprovação e incorporação de medicamentos no
Brasil e no Sistema Único de Saúde, a fim de evitar judicializações
decorrentes da proibição de uso de medicamentos não regulamentados;
Seja providenciada alteração normativa e administrativa para que as
pessoas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) não sejam mais
atendidas nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) da rede pública de
saúde, haja vista que tais centros são destinados às pessoas com
transtornos mentais e não possuem equipe técnica qualificada para
diagnosticar o TEA, nem para coordenar o tratamento multidisciplinar que o
transtorno exige. Alternativamente, que sejam instituídos Caps próprios
para tratamento do Transtorno do Espectro Autista;
Seja ampliada, no Estado de Pernambuco, os Centros Especializados em
Reabilitação (CER), haja vista que a rede existente não supre a demanda
existente. A falta de acesso ao centro de reabilitação foi uma queixa
constante nas audiências públicas realizadas pela Frente Parlamentar em
Defesa da Pessoa com Deficiência da Assembleia Legislativa do Estado de
Pernambuco.
Seja também o relatório encaminhado ao Ministério do Trabalho e Emprego,
a fim de que ele estude a viabilidade de enviar ao Congresso Nacional projeto
de lei regulamentando o trabalho à distância (teletrabalho) para as pessoas
com deficiência, prevendo a concessão de incentivos para as empresas que
contratarem pessoas com deficiência.
120
Que sejam disponibilizados mais auditores na Superintendência Regional
do Trabalho no Estado de Pernambuco (SRT/PE) para que sejam
intensificadas as ações de fiscalização do cumprimento da Lei de Cotas
para empresas que contratam pessoas com deficiência.
O relatório deverá ser encaminhado também à Agência Nacional de
Saúde Suplementar (ANS) a fim de que seja reforçada a fiscalização dos
planos de saúde, haja vista que muitos deles consideram o nascido com
deficiência como pessoa com doença preexistente, exigindo cumprimento de
carência maior para o acesso a alguns serviços de saúde.
Também é imprescindível que a Agência Nacional de Saúde
Suplementar torne obrigatória, pelos planos de saúde, a oferta de terapias
específicas para tratamento e reabilitação das pessoas com deficiência, ou
seja, por profissionais e centro de atendimentos qualificados em métodos
terapêuticos específicos como o ABA, o Bobath e o Pecs, por exemplo.
Finalmente, o presente relatório deverá ser encaminhado ao Ministério
dos Direitos Humanos, para que este tome as providências que entender
cabíveis.
4.4.2 Poder Legislativo
Seja o presente relatório encaminhado à Câmara Federal para que sejam
adotadas modificações legislativas em matérias que são de competência
privativa da União.
Com efeito, foram solicitadas modificações nos requisitos atualmente
exigidos para a concessão do Benefício Assistencial ao Idoso e à Pessoa com
Deficiência (BPC), haja vista que, na prática, os requisitos atuais para a
concessão exigem que a pessoa que o pleiteia esteja em condições de
miserabilidade.
Entre os pleitos apresentados, está a garantia à assistência previdenciária
e social às mulheres que deixaram o mercado de trabalho para se dedicarem à
criação do filho com deficiência.
121
E, não menos relevante, foi-nos sugerido que seja normatizado o trabalho à
distância (teletrabalho) para as pessoas com deficiência, haja vista que, via de
regra, elas possuem grande dificuldade de locomoção.
4.4.3 Ao Ministério Público Federal
Seja encaminhado ao MPF, para que seja reforçada a fiscalização nos
planos de saúde, haja vista que muitos deles consideram o nascido com
deficiência como pessoa com doença preexistente e, dessa forma, exigem o
cumprimento de carência maior para o acesso a alguns serviços de saúde, o
que é vedado pelas normas da Agência Nacional de Saúde Suplementar
(ANS). É importante também que o MPF fiscalize a ANS, para garantir o
acesso ao tratamento de saúde e à reabilitação para as pessoas com
deficiência, haja vista que os planos e seguros de saúde não são obrigados a
fornecer rede credenciada com profissionais e centro de reabilitação aptos para
tal.