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GRUPO SER EDUCACIONAL FACULDADE MAURICIO DE NASSAU CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO ALESSANDRA FERREIRA JULIÃO ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE DE TRABALHO COMO VIOLAÇÃO À DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

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Page 1: Assédio Moral no ambiente de trabalho como violação da dignidade da pessoa humana - Alessandra Julião

GRUPO SER EDUCACIONAL

FACULDADE MAURICIO DE NASSAU

CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

ALESSANDRA FERREIRA JULIÃO

ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE DE TRABALHO COMO VIOLAÇÃO À

DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

JOÃO PESSOA-PB

2014

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ALESSANDRA FERREIRA JULIÃO

ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE DE TRABALHO COMO VIOLAÇÃO À

DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

Monografia apresentada pela aluna Alessandra Ferreira Julião, a Faculdade Maurício de Nassau – Unidade de João Pessoa, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito. Sob a orientação do Prof. Ms. David de Oliveira Monteiro.

JOÃO PESSOA-PB

2014

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ALESSANDRA FERREIRA JULIÃO

ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE DE TRABALHO COMO VIOLAÇÃO À

DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

Monografia apresentada à Faculdade Maurício de Nassau – Unidade João Pessoa, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Direito.

Aprovada em ______ de ________________ de 2014

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________

Prof. Ms. David Oliveira Monteiro (Orientador)

______________________________________________

Prof. Título e nome completo (Membro)

______________________________________________

Prof. Título e nome completo (Membro)

JOÃO PESSOA – PB

2014

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DEDICATÓRIA

Especialmente ao meu marido Vicente Vanderlei Nogueira de Brito

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AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me guiado até aqui, não me deixando desistir dos meus sonhos, e

permitindo que eu alcançasse mais este objetivo.

Aos meus filhos, Michelly Emily, Michel Willian e Milena Elen, que são a razão da

minha vida e de tudo que sou.

A minha irmã Alexandra Machado da Silva, minha alma gêmea, que sempre foi o

meu refúgio nos momentos difíceis.

Aos meus pais, José Ferreira Julião e Maria do Socorro Nascimento, por estarem

sempre do meu lado, acreditando na minha capacidade.

Ao meu irmão Enio Augusto Nascimento Amador, por cuidar da minha mãe e ser um

filho maravilhoso.

Ao meu marido Vicente Vanderlei Nogueira de Brito, por ser um companheiro

maravilhoso e dedicado, por ser um mestre em minha vida, me ensinando todos os dias com

paciência e amor sobre o direito, sendo um ícone, onde ousarei humildemente seguir os seus

caminhos.

A Celina Duarte da Silva, minha amiga – mãe, com quem sempre pude contar quando

precisei, e recebi o seu amor incondicionalmente.

A Saulo Joelmir Queiroz, pelos lindos filhos que tivemos.

A minha tia (in memória) Maria da Penha Ferreira, por ter dedicado a sua vida a mim.

Ao meu grande amigo (in memória) Paulo Dantas Fernandes, que me ensinou a

acreditar em mim mesma, e, ir em busca de todos os meus objetivos, (48 Leis do Poder!), sem

deixar me abater pelas dificuldades.

A Faculdade Mauricio de Nassau e seu corpo docente, que com muita dignidade

contribuíram para o meu crescimento acadêmico.

Aos amigos que ganhei advindos dessa trajetória, Lino, Rivani, Salete, Maciel,

Amanda, Dandara e a princesa Ada.

Page 6: Assédio Moral no ambiente de trabalho como violação da dignidade da pessoa humana - Alessandra Julião

Ao meu grande amigo, filósofo, mestre e orientador David de Oliveira Monteiro, a

quem incomodei diversas vezes, que com seus conhecimentos e ensinamentos e paciência me

orientou como deveria ser colocado cada tijolo nesta construção.

Ao professor Daniel Magalhães que nos orientou sobre a metodologia do presente

trabalho.

As minhas amigas, mulheres maravilhosas, Patrícia Raquel, Patrícia Barucci, Juliana

Cunha, Andryja Camargos, Ana Paula, Betânia Formiga, Rejane Amorim e Selânia Leite, por

fazerem parte da minha vida e me proporcionar momentos de felicidades e torcer pelo meu

sucesso.

E a todos os amigos que fiz no meio acadêmico, que de alguma forma estiveram

presentes em minha vida nesses cinco anos e que levarei comigo, o meu muito obrigado.

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EPÍGRAFE

A persistência é o caminho do êxito.

Charles Chaplin

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RESUMO

A presente monografia tem como objetivo analisar o assedio moral enquanto fenômeno violador da dignidade da pessoa humana. Fazendo um estudo sobre as teorias jurídicas sobre o princípio da dignidade da pessoa humana e seus parâmetros. Verificar formas de prevenção e condutas que possam coibir situações de assédio moral. Analisar a classificação do assédio moral. A metodologia é baseada em pesquisa bibliográfica (revisão de literatura), análise de conteúdo jurisprudencial, do tipo descritivo – qualitativa. Método utilizado é o dedutivo.

Palavras chave: Assédio Moral. Dignidade da pessoa humana. Princípio. Dano moral. Constituição. Violação.

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ABSTRACT

This monograph aims to analyze the moral harassment while violator phenomenon of human dignity. Making a study on the legal theories on the principle of human dignity and its parameters. Check prevention methods and conduct that would curb situations of bullying. Analyze the classification of bullying. The methodology is based on literature (literature review), jurisprudential content analysis , descriptive - qualitative . Used method is deductive.

Keywords: Bullying. Dignity of the human person. Principle. Material damage. Constitution. Violation

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO, P. 11

2. CAPÍTULO I: DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA COMO PARÂMETRO DE ANÁLISE, P. 12

2.1 DEFINIÇÕES DA EXPRESSÃO DIGNIDADE, p. 12

2.2 A DIGNIDADE ENQUANTO PENSAMENTO E VALOR CONSTITUCIONAL,

p. 16

3. CAPÍTULO II: O ASSÉDIO MORAL E SUA RELAÇÃO COM A DIGNIDADE DO TRABALHADOR. P. 19

3.1 DEFINIÇÕES DOUTRINÁRIA DA EXPRESSÃO ASSÉDIO MORAL, p. 20

3.2 ESPÉCIES DE ASSÉDIO MORAL, p. 25

3.2.1 Assédio Moral Horizontal, p. 27

3.2.2 O Assédio Moral visto pela OIT, p. 29

3.3 O ASSÉDIO MORAL VISTO PELA OIT, p. 33

4. CAPÍTULO III: A JURISPRUDÊNCIA TRABALHISTA BRASILEIRA NO CAMPO DO ASSÉDIO MORAL, P. 35

4.1 O RECONHECIMENTO DO DANO MORAL NA ESFERA TRABALHISTA, p. 36

4.2 A JURISPRUDÊNCIA DO TST NO ÂMBITO DO ASSÉDIO MORAL, p. 38

4.3 A JURISPRUDÊNCIA DO TRT 13ª REGIÃO NO CAMPO DO ASSÉDIO MORAL, p. 40

5. CONCLUSÃO, p. 41

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS, p. 43

7. ANEXO, P. 46

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1. INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho é tratar do Assédio Moral como Violação da Dignidade da

Pessoa Humana. Serão analisados os seus diferentes aspectos e de que forma atinge a

dignidade da pessoa humana no ambiente laboral.

Será feita uma análise sobre a dignidade humana no contexto filosófico e religioso,

dando ênfase ao estudo do Filósofo Immanuel Kant, cuja concepção de dignidade parte da

autonomia ética do ser humano, considerando esta como fundamento da dignidade do homem.

Identificar- se- a os tipos de assédio moral e sua classificação, bem como o

posicionamento jurisprudencial sobre o tema.

Serão apresentados os conceitos e opiniões de doutrinadores acerca das expressões

dignidade e assédio moral.

Far- se - a o reconhecimento das dificuldades existentes pela ausência de uma norma

especifica no ordenamento jurídico brasileiro.

O método utilizado será de pesquisa bibliográfica, revisão de literatura e documental.

Além da analise de conteúdo de decisões judiciais.

Será dividido em três capítulos, onde abordar- se- há no Capítulo I sobre a Dignidade

da Pessoa Humana como Parâmetro de Análise, no Capítulo II sobre o Assédio Moral e sua

Relação com a Dignidade do Trabalhador, e por fim no Capítulo III, sobre a Jurisprudência

Trabalhista Brasileira no Campo do Assédio Moral.

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2. CAPÍTULO I: DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA COMO PARÂMETRO DE

ANÁLISE

2.1 DEFINIÇÕES DA EXPRESSÃO DIGNIDADE

A ideia de dignidade mudou ao longo do tempo. Hoje ela está no centro do

pensamento sobre a lei e os direitos humanos, mas muitas vezes há divergências sobre o

seu significado. No passado, a dignidade foi reservada para aristocratas e

monarcas. Durante o Renascimento, Giovanni Pico della Mirandola, acreditava que “de

toda a criação de Deus, o homem era o ser mais perfeito e se diferenciava dos demais

seres, a raiz da dignidade reside na sua afirmação que somente os seres humanos podem

mudar a si mesmos pelo seu livre-arbítrio.” (MIRANDOLA, 1494).  Nos tempos modernos,

a dignidade é um direito humano fundamental.

Dignidade vem do latim “dignitate”, definida como honradez, nobreza, decência,

estando ligada ao ser humano por uma abstração intelectual representativa de um estado de

espírito. (HOUSSAIS, 2001).

No pensamento Filosófico e Político da Antiguidade Clássica, verifica-se que a dignidade (dignitas) da pessoa humana dizia, em regra, com a posição social ocupada pelo indivíduo e o seu grau de reconhecimento pelos demais membros da comunidade, daí poder falar-se em uma quantificação e modulação da dignidade, no sentido de se admitir a existência de pessoas mais dignas ou menos dignas. (PODLECH, 1989).

Portanto, outra opinião surge:

Por outro lado já no pensamento estoico a dignidade era tida como a qualidade que, por ser inerente ao ser humano o distinguia das demais criaturas, no sentido de que todos os seres humanos são dotados da mesma dignidade, noção que se encontra, por sua vez intimamente ligada à noção de liberdade pessoal de cada individuo (o homem como ser livre e responsável por seus atos e seus destinos), bem como à ideia de que todos os seres humanos, no que diz com a sua natureza, são iguais em dignidade. (COMPARATO, 1999).

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Com o intuito de proteger a dignidade de todos, foi criada a Declaração Universal dos

Direitos Humanos, depois da Segunda Guerra Mundial, visando proteger todos os cidadãos de

abusos do poder Estatal. É um documento internacional que afirma os direitos básicos e

liberdades fundamentais a que todos os seres humanos têm direito.

Está explicito na Declaração Universal dos Direitos Humanos que, "a dignidade é

inerente a todos, é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo", um

compromisso universal. É algo inerente ao ser humano, ele tem o direito de fazer suas

próprias escolhas e ser respeitado. O Estado tem o dever de proteger os cidadãos, proteger os

direitos humanos e respeitar a dignidade, para que todos vivam a sua vida em sociedade.

Declaração Universal dos Direitos humanos - 1948

Preâmbulo

Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo.

Em seu artigo I, in verbis: “Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.”.

Os direitos humanos são normas que ajudam a proteger todas as pessoas em todos os

lugares de abusos políticos, legais e sociais. Exemplos de direitos humanos são o direito à

liberdade de religião, o direito a um julgamento justo quando acusado de um crime, o direito

de não ser torturado, e o direito de exercer a atividade política. Estes em nível nacional e

internacional.

Após a Segunda Guerra chamaram a atenção de estudiosos, duas correntes poderosas:

A Filosofia Kantiana e a Teologia Cristã, ambas com definições conflitantes sobre dignidade.

Immanuel Kant (1724 - 1804) foi um filósofo alemão, considerado um dos maiores da

história e dos mais influentes no ocidente.

Kant, cujo pensamento é tido como metódico, aduz:

Agora digo: o homem, e em geral todo ser racional, existe como fim em si, não apenas como meio, do qual esta ou aquela vontade possa dispor a seu talento; mas, em todos os seus atos, tanto nos que se referem a ele próprio, como nos que se referem a outros seres racionais, ele deve sempre ser considerado ao mesmo tempo como fim. Todos os objetos das inclinações têm somente valor condicional, pois que, se as inclinações, e as necessidades

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que delas derivam, não existissem, o objeto delas seria destituído de valor. Mas as próprias inclinações, como fontes das necessidades, possuem tão reduzido valor absoluto que as torne desejáveis por si mesmas, que o desejo universal de todos os seres racionais deveria consistir, antes, em se poderem libertar completamente delas. Pelo que é sempre condicional o valor dos objetos que podemos conseguir por nossa atividade. Os seres, cuja existência não depende precisamente de nossa vontade, mas da natureza, quando são seres desprovidos de razão, só possuem valor relativo, valor de meios e por isso se chamam coisas. Ao invés, os seres racionais são chamados pessoas, porque a natureza deles os designa já como fins em si mesmos, isto é, como alguma coisa que não pode ser usada unicamente como meio, alguma coisa que, consequentemente, põe um limite, em certo sentido, a todo livre arbítrio (e que é objeto de respeito). Portanto, os seres racionais não são fins simplesmente subjetivos, cuja existência, como efeito de nossa atividade, tem valor para nós; são fins objetivos, isto é, coisas cuja existência é um fim em si mesma, e justamente um fim tal que não pode ser substituído por nenhum outro, e ao serviço do qual os fins subjetivos deveriam pôr-se simplesmente como meios, visto como sem ele nada se pode encontrar dotado de valor absoluto. Mas, se todo valor fosse condicional, e, portanto contingente, seria absolutamente impossível encontrar para a razão um princípio prático supremo. (KANT, 2007)

A afirmação de Kant sobre a dignidade como uma qualidade que os seres humanos

possuem, vem da escolha que o ser humano tem de agir corretamente ou não, ser bom ou ser

mal, do agir com ética. Da forma como se posiciona diante do meio social o qual está

inserido. E que seu valor é superior ao objeto, a pessoa não pode e não deve ser tratada como

objeto, a pessoa tem valor central no sistema de direitos, e por ser fontes de múltiplas

potencialidades, não podendo ser comparada a coisa – Instrumentalidade Kantiana

Kant define o ser humano para além do resto do mundo natural, o valor intrínseco da

pessoa humana, identifica a posição especial da pessoa no universo, de uma forma alinhada ao

pensamento renascentista de Thomas de Aquino, ambos com pensamentos modernos da

dignidade da pessoa humana:

A dignidade encontra seu fundamento na circunstância de que o ser humano foi feito à imagem e semelhança de Deus, mas também radica na capacidade de autodeterminação inerente à natureza humana, de tal sorte que, por força de sua dignidade, o ser humano, sendo livre por natureza, existe uma função da sua própria vontade. (HERDEGEN, 2003)

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O pensamento de Kant coincidiu com o da Revolução Francesa e sua crença de

égalité, na sua concepção é igualitária, pois a dignidade é algo que todos os seres humanos

têm em comum, e para Thomas de Aquino, somos iguais por sermos filhos de Deus.

A dignidade humana é vista como uma estrutura autônoma, a capacidade de fazer

escolhas baseada na consciência, na razão, na liberdade de moral e no relacionamento social.

“Trata-se de um tema polêmico e que tem ensejado farta discussão em nível

doutrinário e até mesmo jurisprudencial.” (AZEVEDO, 2002).

Conceituar a expressão dignidade da pessoa humana não é tarefa das mais fáceis,

entretanto torna-se importante. Nessa esteira de entendimento, Hainzenreder Júnior, ressaltar:

A busca por essa conceituação pode envolver situações paradoxais, posto que, se subjetivando ao extremo tal conceito, correr-se-á o risco de cada pessoa definir a dignidade conforme suas convicções, ao passo que se o conceito for absoluto esse não poderá ser submetido às apreciações e valorações individuais. De qualquer sorte, faz-se necessária a abstração de compreensões subjetivas da dignidade e a busca por uma definição da expressão que, mesmo permanecendo aberta, possa alcançar uma objetividade. (AZEVEDO, 2002)

Há entre tantas, uma definição, da ministra Carmen Lúcia Rocha no seu ‘’direito de

todos e para todos’:

Gente é tudo igual. Tudo igual. Mesmo tendo cada um a sua diferença. Gente não muda. Muda o invólucro. O miolo, igual. Gente quer ser feliz, tem medos, esperanças e esperas. Que cada qual vive a seu modo. Lida com as agonias de um jeito único, só seu. Mas o sofrimento é sofrido igual. A alegria sente-se igual (ROCHA, 2004, p. 13).

Porém, espera-se de toda forma que haja a proteção dos direitos essenciais do homem e

a criação de circunstâncias que permitam a ele alcançar o progresso espiritual e material.

Na Teologia Cristã a dignidade está relacionada a Deus. A humanidade é propriedade

Dele, pois ela é a sua obra, a compreensão de dignidade humana é conceituada pela bíblia o

que implica dizer que os seres humanos tem o direito de serem tratados como dignos de

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respeito e preocupação, porque eles estão ligados a Deus. Em Gênesis, encontramos que a

vida tem uma origem divina e que Deus é o sustentador de toda a vida (GÊNESIS 2:7).

No Vaticano, encontra-se em seus escritos:

TERCEIRA PARTE - A VIDA EM CRISTO- PRIMEIRA SECÇÃO

CAPÍTULO PRIMEIRO

A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

(...) 1700. A dignidade da pessoa humana radica na sua criação à imagem e semelhança de Deus e realiza-se na sua vocação à bem-aventurança divina. Compete ao ser humano chegar livremente a esta realização. Pelos seus atos deliberados, a pessoa humana conforma-se, ou não, com o bem prometido por Deus e atestado pela consciência moral. Os seres humanos edificam-se a si mesmos e crescem a partir do interior: fazem de toda a sua vida sensível e espiritual objeto do próprio crescimento. Com a ajuda da graça, crescem na virtude, evitam o pecado e, se o cometeram, entregam-se como o filho pródigo à misericórdia do Pai dos céus . Atingem, assim, a perfeição da caridade (II Concílio do Vaticano, 1966).

Nos escrito extrai-se o entendimento de que todos são iguais perante Deus, à igualdade

é, em essência, portanto um status que Deus concedeu as pessoas. Não importa para Deus se

uma pessoa é rei ou um plebeu, para Deus o que vale é o que está no coração, é partir daí que

ocorre o crescimento espiritual, e assim todos se tornam cada vez mais digno.

2.2 A DIGNIDADE ENQUANTO FUNDAMENTO E VALOR CONSTITUCIONAL

Apresenta-se como um princípio constitucional, um princípio absoluto, que está acima

de qualquer outro, a dignidade da pessoa humana é a raiz de todos os demais princípios.

Aos se aproximar o direito dos valores, os princípios passam a ter uma importância

destacada. Os princípios são a porta pela qual os valores morais ingressam no mundo jurídico,

princípios como o da justiça, da moralidade, da dignidade da pessoa humana, considerado o

centro axiológico do direito constitucional, do direito de uma maneira geral; axiológico

identificando a ideia de valores.

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O valor maior pelo qual se irradia a ordem constitucional e, sobretudo os direitos

fundamentais é o principio da dignidade da pessoa humana.

Nesse sentido, Hádassa Ferreira esclarece que:

A Constituição Federal proclamou a dignidade da pessoa humana como fundamento da República brasileira e como finalidade da ordem econômica, rompendo com a ordem capitalista liberal, que preconizava o Estado Mínimo, inaugurando, assim, uma nova ordem pautada no neoliberalismo, baseada no Estado Social. Nesta nova ordem, a dignidade da pessoa humana adquire status de fundamento do Estado Social Democrática de Direito, ganhando, portanto, contornos e funções bem específicos, que traçam a ampla dimensão de sua aplicabilidade. (FERREIRA, 2004, P. 90-92).

A dignidade da pessoa humana como um principio em alguns ordenamentos jurídicos

é tratada como se fosse um direito fundamental, porém nenhum direito fundamental é

absoluto, portanto todos os direitos fundamentais são ponderáveis entre si, e dizer que o

principio da dignidade da pessoa humana é um direito fundamental, significa dizer que pode

ser ponderado com outros direitos e que portanto pode não prevalecer em determinadas

situações cedendo o passo para outro direito, é uma forma ruim de conceber a dignidade da

pessoa humana atribuindo a ela já no ponto de partida uma relatividade que provavelmente

não é desejável. De modo que, ao tratar da dignidade da pessoa humana como um principio,

como a conversão de um valor moral em um mandamento jurídico, na verdade está se

impedindo essa desnecessária ponderação. Pode-se dizer que a dignidade da pessoa humana

está na origem de todos os direitos fundamentais e fornece parte do conteúdo de cada um

deles.

Expandindo os seus efeitos nos mais distintos domínios normativos, com o escopo de

fundamentar toda e qualquer interpretação, sendo, portanto, o fundamento maior do Estado

Brasileiro. (SILVA NETO, 2005 p.15).

O dispositivo constitucional no qual se encontra enunciado a dignidade da pessoa

humana, artigo 1º, Inciso III, da Constituição Federal do Brasil de 1988, contém não apenas

mais de uma norma, mas que esta(s), para além do seu enquadramento na condição de

princípio (e valor) fundamental, é (são) também fundamento de posições jurídico-subjetivas,

isto é, normas definidoras de direitos e garantias, mas também de deveres fundamentais

(SARLET, 2008, p.72).

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Artigo 1º, Inciso III, da Constituição Federal do Brasil de 1988, apresenta:

(...) Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:III - a dignidade da pessoa humana; (...).

O princípio da dignidade da pessoa humana é um valor fonte, é um valor central, é o

núcleo exegético do cenário do ordenamento jurídico brasileiro. Todas as decisões judiciais

tem que ter na dignidade da pessoa humana o seu alicerce, a sua base, o seu fundamento.

Para Manoel Jorge Silva Neto:

Nesse sentido, é de salientar que a Constituição Federal ao disciplinar questão da mais alta importância para a organização do Estado brasileiro elegendo a dignidade da pessoa humana como fundamento, resta claro que este princípio funciona como uma cláusula de advertência, uma vez que, em suma, o que mais importa ao texto constitucional é colocar a serviço do ser humano tudo que é realizado pelo Estado. (NETO, 2005, p.15).

Com base em todo o contexto sobre a dignidade da pessoa humana, a Carta

Magna visa proteger os direitos humanos, através de normas de direitos para regular a vida

humana em sociedade, promovendo o progresso social e melhores condições de vida.

Sabendo que a dignidade da pessoa humana está inserida e valorada de forma que não há

como se confundir com relação às normas de direito. “Os direitos fundamentais encontram

base, ao menos em regra, na dignidade da pessoa humana”. (SARLET, 2008,p.73)

Vive-se em um mundo pós-positivista, em que os princípios têm normatividade, estão

no centro do sistema jurídico e se irradiam.

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3. CAPÍTULO II – O ASSÉDIO MORAL E SUA RELAÇÃO COM A DIGNIDADE DO

TRABALHADOR

No âmbito trabalhista, aplica-se naturalmente o mesmo princípio insculpido na

Constituição Federal, referente à dignidade humana. Mais do que isso, considerando a

natureza especial das relações trabalhistas, em que se verifica a hipossuficiência jurídica (e,

muitas vezes, econômica), do trabalhador, a preocupação tem sido maior no que respeita à

dignidade do laborista.

A condição de trabalhador reforça a necessidade de se dar atenção à denominada

“cidadania na empresa”, posto que o contrato de trabalho não priva a parte de seus direitos

fundamentais; antes, os potencializa, em face da especificidade da legislação laboral,

genericamente protecionista.

Mesmo o poder diretivo do patrão há de respeitar a dignidade do seu servidor, sob

pena da prática do abuso de poder, vedado pela lei e pelos princípios regentes da matéria.

A responsabilidade social da empresa também se manifesta ao tratar este assunto, pois

o trabalhador, que é antes de tudo um cidadão, faz parte da sociedade politicamente

organizada, merece receber e promover o respeito à dignidade, elemento integrador da

cidadania.

Trabalhar é condição essencial, não somente pela manutenção financeira, mas pela dignificação da vida. Trabalhar se constitui numa parte importante da vida. E vai além do ganha-pão. Tem a ver com realização pessoal, com sentir-se útil e encontrar sentido para os dias. “A importância do trabalho na vida do ser humano vai muito além do fato de que, através dele, satisfazemos nossas necessidades básicas. O trabalho, por si só, é revelador da nossa humanidade, uma vez que possibilita ação transformadora sobre a natureza e si mesmo. Além disso, a nossa capacidade inventiva e criadora é exteriorizada através do ofício que realizamos”, afirma a psicóloga organizacional Vanessa Rissi. (MENDES, 2013)

O trabalho não é apenas o seu meio de sustento (e o de sua família); é também a sua

marca na sociedade, a prova de sua utilidade humana.

Page 20: Assédio Moral no ambiente de trabalho como violação da dignidade da pessoa humana - Alessandra Julião

Percebe- se através das jurisprudências que os juízes e tribunais trabalhistas vêm

entendendo que o princípio constitucional do respeito à dignidade humana se destaca como o

mais importante dos direitos que norteiam a vida do cidadão, enquanto trabalhador.

E não se pense que o destaque da matéria somente interesse ao aspecto jurídico da

questão. Também na área de recursos humanos, particularmente pelos reflexos que a

globalização impõe na reestruturação produtiva das empresas. É natural e compreensível que

estas empresas estabeleçam objetivos, fixem metas a serem atingidas, cobrando dos seus

empregados, em determinado prazo, a satisfação das propostas.

Mais o não atingimento das proposições, sem culpa do trabalhador, não é justificativa

para expô-lo ao constrangimento ou terror psicológico, chegando às vezes a um ponto de

humilhação inaceitável, o que pode atingir a sua dignidade e até a sua integridade psíquica.

Um assunto atual e polêmico, refere-se à revista íntima como fundamento para a

caracterização do assédio moral. O proprietário do estabelecimento ou o seu preposto tem o

direito de zelar pelo seu patrimônio, sendo a revista dos pertences e até de partes do corpo do

empregado motivo razoável e bastante para a não existência do assédio moral. Para outros, no

entanto a defesa desse patrimônio pode e deve ser feita por meios eletrônicos, tecnológicos

em geral, sem necessidade do contato físico entre fiscal e empregado, ou invasão dos

pertences pessoais, normalmente carteiras e bolsas.

O abuso do poder diretivo, cometido pelo empregador, leva à sua responsabilidade

civil por eventuais danos, ainda que o sujeito seja apenas preposto do empregador.

A dignidade do empregado pode ser atingida por palavras, gestos, atos gerais, e até por

inação, como no caso do patrão isolar o servidor em determinado local, retirando - lhe

atribuições normais constantes do contrato, com o fito de mostrar aos demais colegas sua

incompetência, ou descumprimento a alguma norma estabelecida pela empresa.

A dignidade no trabalho é parte somante doutro princípio da Constituição Federal de

1988: o valor social do trabalho, como meio produtivo de distribuidor de renda, com a

diminuição cada vez maior das desigualdades que marcam o sistema capitalista brasileiro.

3.1 DEFINIÇÕES DOUTRINÁRIAS DA EXPRESSÃO ASSÉDIO MORAL

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O assédio moral se caracteriza pelo constrangimento doloso, reiterado, que o agente

faz com relação a vitima, visando a sua humilhação ou até um pedido de demissão.

Os primeiros estudos sobre o assédio moral foi feito:

Através da uma tese médica, ela nasceu através de anos de estudos

realizados na Suécia pelo médico psiquiatra alemão Heinz Leymann, este foi

o \"pai do assédio moral\". Posteriormente ela foi desenvolvida na França

pela médica psiquiatra Marie-France Hirigoyen e bem estuda por Herald Ege

na Itália. (ZANETTI, 2010)

O assédio moral é um acontecimento atual, não sendo específico apenas de uma

região. A crescente proeminência mundial deste problema significa que é mais importante do

que nunca que as empresas multinacionais tenham políticas globais para prevenir o assédio

moral.

A importância do tema é mencionada por Hádassa Ferreira:

Pode-se afirmar, sem medo de errar, que o assédio moral nas relações de trabalho é um dos problemas mais sérios enfrentados pela sociedade atual. Ele é fruto de um conjunto de fatores, tais como a globalização econômica predatória, vislumbradora somente da produção e do lucro, e a atual organização do trabalho, marcada pela competição agressiva e pela opressão dos trabalhadores através do medo e da ameaça. Esse constante clima de terror psicológico gera, na vítima assediada moralmente, um sofrimento capaz de atingir diretamente sua saúde física e psicológica, criando uma predisposição ao desenvolvimento de doenças crônicas, sujos resultados a acompanharão por toda a vida. (NASCIMENTO, 2009, p.2).

É um tema complexo, e importante para o Direito do Trabalho, um ato que

inevitavelmente traz consequências para a vida humana, é existente no local de trabalho,

ambiente fértil para tais acontecimentos e vem chamando a atenção.

Conforme Marie France Hirigoyen, psicóloga francesa, pioneira no enfrentamento da

matéria, conceitua como sendo:

(...) qualquer conduta abusiva manifestando-se, sobretudo por comportamentos, palavras, atos, gestos, escritos que possam trazer dano à personalidade, à dignidade ou à integridade física, ou psíquica de uma pessoa, pôr em perigo seu emprego ou degradar o ambiente de trabalho. (HIRIGOYEN,2003).

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Nos dias atuais uma situação vem chamando a atenção, o caso de homicídios

frequentes nos locais de trabalho na França:

Foi feito um único inquérito, há quatro anos, pela Inspecção Médica do Trabalho, em três departamentos [divisões administrativas], passando pelos médicos do trabalho, e chegaram a um total de 50 suicídios em cinco anos. É provavelmente um valor subestimado, mas, extrapolando-o a todos os departamentos, dá entre 300 e 400 suicídios no trabalho por ano. (GERSCHENFELD, 2010)

É necessário que haja políticas públicas voltadas para a questão do assédio moral, pois

está em jogo a dignidade do homem enquanto trabalhador.

Na opinião de Maria Aparecida Alkimin trata-se de:

Um fenômeno que tem sido difundido mundialmente, variando sua denominação em alguns idiomas e, mesmo na língua portuguesa, constata-se que este fenômeno recebe diversas denominações, tais como: humilhação no trabalho, violência moral ou psicológica, assédio psicológico no trabalho, psicoterror, tirania nas relações de trabalho, coação moral no ambiente de trabalho, molestamento moral e manipulação perversa. (ALKIMIN, 2005).

Entende-se que seja um tema considerado mundial, que afeta diretamente o

empregado. Diante do mundo globalizado em que vivemos, os casos são cada vez mais

frequentes.

Esclarece Mário Schiavi que:

O assédio moral se configura em pressão psicológica contínua exercida pelo empregador a fim de forçar o empregado a sair da empresa, ou a minar sua autoestima. Se expressa por meio de procedimentos concretos com o rigor excessivo, confiar ao empregado tarefas inúteis ou degradantes, desqualificação, crítica em público, isolamento, inatividade forçada dentre outras. (SCHIAVI, 2008)

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Conforme mencionado anteriormente, entende-se que se caracteriza justamente pela

situação vivenciada pelo empregado, conhecido também, como táticas de pscicoterror, uma

das expressões utilizadas para o assédio moral, por afetar emocionalmente a vítima.

Isto porque, a palavra assédio está ligada a uma conduta insistente, através de ataques

repetidos, a situações consideradas torturantes, podendo ocorrer das formas mais variadas

possíveis, desde uma demissão indireta, até os transtornos relacionados à saúde e ao bem estar

da vítima no ambiente laboral.

Com o desgaste emocional do empregado, sua produção passa a não ser mais a

mesma, seu estado emocional acaba se estendendo ao ambiente familiar, e o mesmo passa a

ver o seu trabalho como algo não mais prazeroso profissionalmente, podendo levar a vítima

ao isolamento total e, até mesmo, a ter síndrome do pânico, além de outras ocorrências no

plano da saúde.

Na síntese de Heinz Leymann:

Terror psicológico ou mobbing no trabalho consiste em comunicação antiética e hostil direcionada de modo sistemático por um ou mais indivíduos, principalmente a um indivíduo, o qual, em decorrência, é colocado em uma posição de isolamento e assim mantido por meio dessa prática continuada. (NASCIMENTO, 2009).

Este tipo de assédio, que tem como objetivo destruir o equilíbrio emocional de uma

pessoa, a fim de satisfazer os objetivos econômicos ou de poder, tem como alvo a presença

corporal de uma pessoa no trabalho. Movimentos e gestos do empregado assediado tornam-se

alvo de críticas arbitrárias. Ordens contraditórias e certas formas de perseguição moral podem

afetar fortemente a percepção de da realidade um funcionário e prejudicar gravemente as

funções de pensamento, tornando-se praticamente impossível trabalhar.

José Affonso Dallegrave Neto comenta que:

O fenômeno do pscicoterror ou assédio moral se caracteriza essencialmente, pela provocação do isolamento da vítima no ambiente de trabalho, o cumprimento rigoroso do trabalho como pretexto para

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maltratar psicologicamente o empregado, referencia indiretas negativas à intimidade da vítima e discriminação da vítima, gratuitamente, sem qualquer justificativa plausível. (DALLEGRAVE, 2007).

O assédio se configura quando o empregador comete abuso com intenção de humilhar,

ridicularizar, tanto pessoalmente como para o grupo. Pode acontecer de um subordinado para

o superior hierárquico, e através de subordinado para subordinado.

Entende-se que para se caracterizar é preciso que aconteça reiteradamente,

continuamente, a partir de atitudes como o desrespeito, a humilhação, e o desprezo, de forma

que atinja a honra da vítima, embora, não haja como medir o período exato, e com que prática

acontece. Ocorre de diversas formas, de acordo com cada caso, acaba sendo de forma

sistemática e frequente, por um período.

Diante das diversas opiniões analisadas sobre o tema em questão, percebe-se que se

trata de um problema global e que mesmo assim, no Brasil não há uma legislação, embora o

juiz possa julgar com fundamento no artigo 483 da CLT.

Em alguns estados e municípios existem leis a respeito do assédio moral, voltadas

apenas para os servidores públicos, um exemplo é a Lei nº 13.314, DE 15 DE OUTUBRO DE

2007; do Estado de Pernambuco.

No Brasil a prática de assédio moral é definida e regulada de modo pormenorizado apenas em relação ao serviço público, por meio de diversas leis estaduais e municipais, muitas das quais também atentas ao aspecto preventivo do assédio moral.

Os Trabalhadores da iniciativa privada e os servidores públicos federais, todavia ainda carecem de uma proteção específica (...) (DALLEGRAVE, 2007)

É necessária a regulamentação específica do assédio moral, que a defina e sancione,

principalmente nas relações privadas. Até o momento a dignidade do trabalhador está

protegida pelo Art. 1º, III, da Constituição Federal, onde, o Princípio da Dignidade Humana

se expressa, protegendo a dignidade da pessoa humana, ressalta-se que, mesmo não sendo um

direito Constitucional e fundamental especifico do trabalho, vela pelo ser humano. Pois,

mesmo o indivíduo estando no ambiente de trabalho, continua sendo um cidadão.

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“O trabalhador não perde a cidadania quando atravessa os portões da fábrica” (CASTRO,

2012).

3.2 ESPÉCIES DE ASSÉDIO MORAL

Pode ocorrer o assédio moral de formas diferentes, horizontal e vertical.

A cultura organizacional de uma empresa tem a responsabilidade de ditar as normas da

mesma, para que os funcionários tenham consciência de que o assédio moral é crime.

As empresas precisam implantar trabalhos de conscientização sobre o assunto, para

que dessa forma, possam diminuir as possibilidades do surgimento de vítimas de assédio

moral.

Por mais comentado que seja, é consideravelmente uma questão advinda da

globalização. E se tornou algo viral, e achar o remédio é de fundamental importância e

responsabilidade do Estado.

3.2.1. Assédio Moral Horizontal (AMH)

Na expressão de Maria José Romero Rodenas:

Se produz quando um trabalhador, ou na maioria dos casos, vários trabalhadores que ocupam uma posição de igualdade na estrutura organizativa da empresa, desencadeiam uma bateria de atuações agressivas frente o outro ou outros trabalhadores, com o consentimento ou a passividade do empresário ou dos superiores hierárquicos. (RODENAS, 2005)

O assédio moral horizontal acontece de subordinado para subordinado, entre pares, em

situações que muitas vezes pode ser considerado assédio sexual.

O AMH surge através de um comportamento hostil e agressivo por membros

individuais ou em grupos, ocorre como alguns doutrinadores denominam, de forma paritária.

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Parte-se muitas vezes da cultura organizacional precária dentro de uma empresa, é um

fenômeno inaceitável e destrutivo.

O objetivo de uma empresa é que o ambiente seja saudável, e que todos trabalhem

com o mesmo objetivo, de atender as necessidades econômicas da empresa e profissionais dos

trabalhadores.

É essencial que haja estratégias apropriadas para serem colocados em prática

dentro de cada local de trabalho, e reconhecer que a violência horizontal existe. É preciso

abordar as questões as quais permitem que tais situações aconteçam, com o intuito de

encontrar soluções para tal dano.

O gestor precisa utilizar mecanismos para que o AMH possa ser enfrentado com

segurança. E orientar e informar os empregados que não são permitidos comportamentos que

possam prejudicar os colegas de trabalho.

Embora, muitas vezes pode ser um comportamento consciente ou inconsciente. È,

geralmente, psicológica, emocional e espiritualmente um comportamento prejudicial, e pode

ter efeitos em longo prazo devastadores sobre o outro. Ocorre que às vezes é a única maneira

que o assediador encontra para liberar a tensão quando eles mesmos já estão sendo vítimas de

um superior hierárquico, e como eles são incapazes de enfrentar e resolver o problema se

tornam assediadores, e fazem dos seus pares as suas vítimas. E, consequentemente, se torna

uma bola de neve.

Alguns trabalhadores se juntam formando as “panelinhas”, grupos dentro de cada local

de trabalho específico, adotam atitudes de superioridade, enquanto outros adotam atitudes

submissas inconscientemente, de desamparo, dentro do local de trabalho.

O conflito interno é gerado muitas vezes por conformidade com as pressões estruturais

e, em outras situações, por alguns em subjugar a autonomia dos outros, gerando conflitos e

assim se perpetuando o ciclo de assédio moral horizontal.

Acabam por moldar formas de comportamento no ambiente laboral, e está associada

com a socialização e os estereótipos de homens e mulheres na cultura organizacional.

O AMH é resultado da história e da política dentro das empresas, é um sintoma de

patologia individual, onde muitos acabam por ter apoio e tolerância com relação ao seu

comportamento dos seus superiores. È uma situação que afeta emocionalmente,

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espiritualmente e psicologicamente a vítima, por conviver em um ambiente hostil e

considerado tóxico e opressivo.

Todos os atos de crueldade, descortesia, sabotagem, divisões, brigas, falta de coesão,

de bodes expiatórios e críticas são características do assédio moral horizontal.

Os efeitos do AMH são a diminuição de autoestima, distúrbios de sono, ansiedade,

dificuldade do controle emocional, dificuldade com a automotivação, baixa autoestima,

desconexão, e até mesmo o suicídio.

As estratégias para combater o AMH vêm do compromisso das empresas de implantar

mudança cultural relativa à violência.

3.2.2 Assédio Moral Vertical

Assédio ocorre de maneira ascendente e descendente.

Vertical ascendente ocorre do subordinado para o superior hierárquico, e surge

geralmente quando há uma mudança organizacional com relação à chefia. É um problema

para os gestores que muitas vezes acabam sendo vítimas dos empregados, e em algumas

situações tentam manter as aparências de que tudo está sobre controle, quando na verdade eles

deveriam ter pedido ajuda.

Os gestores devem ser encorajados a denunciar o assédio moral e conversar

abertamente com os funcionários. Mas, infelizmente, muitos superiores hierárquicos são

relutantes em denunciar o assédio moral ascendente, com medo de recriminação ou porque

alguns acham que deveriam saber lidar com os problemas eles mesmos.

Ao mesmo tempo, os gestores devem tentar construir um melhor relacionamento com

a equipe, quebrando a mentalidade “nós contra eles”. Os locais de trabalho devem adotar

processos de gestão de reclamações em que os funcionários possam confiar.

O assédio moral vertical ascendente pode aumentar geralmente quando as

organizações estão passando por reestruturações, nesse período poderá aumentar os índices de

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assédio moral. O gestor pode ser visto como fonte de incerteza e, portanto, deve ser

responsabilizado pelo que está acontecendo com a equipe.

O AMVA pode ocorrer quando um gerente foi recrutado e outro membro da equipe

esperava a promoção. A competição entre subordinado e o superior hierárquico, em busca de

uma promoção pode ser um fator contributivo para o assédio.

Em situações em que o superior hierárquico tem pretensão de fazer alterações em seu quadro

de funcionários.

Vertical descendente trata-se de uma situação mais típica do assédio, ocorre partindo

do superior hierárquico em face do subordinado. Diante de vários estudos sobre o tema,

percebe-se que tal situação tornou-se algo demasiadamente importante a ser resolvida, pois,

de toda forma, há violação da dignidade do ser humano.

Situações ocorridas no ambiente do trabalho onde a vítima é o subordinado causa uma

maior preocupação, principalmente pelo fato de ser difícil a questão com relação de como

comprovar as situações ocorridas.

O AMVD, no contexto atual busca respaldo jurídico, utilizando-se de artigos, tanto no

código civil, como no código penal e, na Constituição Federal.

Como dito anteriormente no presente trabalho, é uma ocorrência silenciosa, onde a

vítima em algumas situações tem certa dificuldade para provar, às vezes há possibilidades de

ter outro colega de trabalho como testemunha, porém é uma situação mais difícil, porque nem

todo mundo quer correr o risco de ajudar a vítima para não perder o emprego. Ao se dispor a

ser testemunha, o funcionário poderá sofrer represálias, e por fim passar também a ser vítima.

A inexistência de uma legislação específica causa insegurança por parte da vítima, por

achar que não vai encontrar respaldo ao denunciar o agressor.

Nessa linha de raciocínio, Ingo Wolfgang Sarlet, aduz que:

É importante esclarecer que a prática de assédio moral afronta a Constituição

Federal, no que tange aos direitos fundamentais sociais que, ainda hoje, se

caracterizam por outorgarem aos indivíduos direitos a prestações sociais

estatais, como assistência social, saúde, educação, trabalho, etc. (SARLET,

2008)

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O Direito abordado pelo professor Ingo Sarlet: abrange muito mais que a questão

prestativa profissional, por se tratar de um direito fundamental.

O Artigo 5º, X da CF, abrange a questão do casuísmo do assédio, quando menciona,

que “todo aquele que se diz violado na sua intimidade, na sua honra, na sua imagem, poderá

se resguardar legalmente através desse dispositivo”.

A professora Maria Helena comenta que:

A vida em sociedade exige o estabelecimento de normas jurídicas que regulem os atos de seus componentes; são mandamentos dirigidos à liberdade humana no sentido de restringi-la em prol da coletividade, pois essa liberdade não pode ser onímoda, o que levaria ao caos. As normas de direito visam delimitar a atividade humana, preestabelecendo o campo dentro do qual pode agir. (DINIZ, 2001).

Existem situações em que o empregado, por não ter a atitude de ir buscar seus

direitos e a reparação, acaba pedindo demissão, por um problema que não é dele, um

problema que foi gerado dentro do ambiente laboral, que é de responsabilidade do

empregador. E diante de tal fato, o prejuízo passa a ser de todos, tanto para a empresa, quanto

para o empregado, para a família, até o país acaba arcando por essa situação, quando o

empregado se afasta e passa a ficar recebendo seguro desemprego.

3.3 O ASSÉDIO MORAL VISTO PELA OIT

Destacando ao longo da história sobre o assédio moral e a preocupação mundial,

Araújo, Luis Ivani, trouxe em seu livro, o seguinte artigo:

Terminada a 1ª guerra mundial (1914/1918), os Estados vitoriosos resolveram retificar o Tratado de Versalhes, criando a Sociedade das Nações, bom como se comprometeram a assegurar e mantiver condições de trabalho equitativo e humano para o homem, a mulher e a criança nos seus próprios territórios. (ARAÚJO, 2001)

Sendo assim, segundo Sérgio Pinto Martins: ”O estudo do Direito Internacional do

Trabalho passa a assumir especial importância com o Tratado de Versalhes, de 1919”(...)

(MARTINS,2006)

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Consequentemente a este dispositivo, surge a Organização Internacional do Trabalho,

uma organização internacional pública, associada à ONU, como agência especializada,

mediante negociações e acordos para a proteção do trabalhador.

Luis Ivani de Amorim Araújo, aduz:

A OIT como uma associação autônoma, embora associada a Sociedade da Nações( sucedida pela Organizações das Nações Unidas, após o termino da 2ª guerra mundial, em 1944), a ONU com o escopo de estabelecer a paz na comunidade internacional por intermédio da justiça social inicia sua atuação.

De toda forma esta justiça social seria alcançada se melhoradas fossem as condições de trabalho no mundo por meio de uma legislação tendente a regulamentar, entre outras, as horas de labor que cada indivíduo deve realizar a fixação de uma duração máxima dos dias da semana de trabalho, a luta contra o desemprego, a garantia de um salário que assegure condições de existência convenientes, a proteção dos trabalhadores contras as moléstias graves ou profissionais e os acidentes de trabalho, a proteção das crianças, dos adolescentes e das mulheres e as pensões de velhice e de invalidez. (ARAÚJO, 2001, p.291)

Ao mencionar assédio moral, remete-se aos direitos humanos, visto que o homem é

objeto central de todo contexto elencado no presente trabalho. Visa-se exclusivamente à

proteção destes direitos. Ressaltamos por tanto, que esses direitos são internacionalmente

garantidos e legalmente protegidos, baseados em um sistema de valores compartilhados.

Concentra-se na dignidade da pessoa humana, conforme já mencionado neste, e forçando os

agentes de Estados à proteção das pessoas e dos grupos Unidos, e consequentemente dos

trabalhadores.

Para a OIT o assédio moral é uma afronta a todos esses direitos, onde o indivíduo tem

sua dignidade violada:

Para a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o assédio moral, consiste em:

Qualquer incidente em que uma pessoa é abusada, ameaçada ou agredida em circunstâncias relacionadas com o seu trabalho. Esses comportamentos se originam de clientes, colegas de trabalho, superiores hierárquicos, em qualquer nível da organização.

Esta definição inclui todas as formas de assédio, intimidações, ameaças,

constrangimentos e outros comportamentos que ferem a dignidade humana.

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O individuo deve ter um trabalho decente, para que assim possa desempenhar suas

funções com tranquilidade.

A OIT conceitua trabalho decente:

Um trabalho produtivo e adequadamente remunerado, exercido em condições de liberdade, equidade e segurança sem quaisquer formas de discriminação, e capaz de garantir uma vida digna a todas as pessoas que vivem de seu trabalho.

Portanto a partir do momento que o indivíduo enquanto trabalhador não pode ter um

trabalho decente, se faz presente à falta de condições para que ele exerça suas funções com

dignidade, uma vez que é necessário que haja respeito para com o mesmo, e que não sofra

discriminação, que haja segurança e equidade, para destarte ter condições adequadas em seu

ambiente laboral, respeitando os seus direitos que são protegidos pela Constituição.

O assédio moral é um assunto de âmbito internacional, a OIT repudia tal ato, ao

elaborar normas internacionais relacionadas às questões de Direito de Trabalho, visa

exclusivamente fiscalizar e proteger as relações de trabalho.

O que se vê é que se trata de um fenômeno mundial, a dimensão deste problema acaba

sendo inalcançável, são situações de violência que podem ocorrer em qualquer ambiente de

trabalho, e acredita-se que tanto os empresários como os trabalhadores têm interesse em sanar

e prevenir este tipo de violência. Tanto que se percebe a questão da consequência que o

assédio moral pode trazer para o desenvolvimento, produtividade e a paz, na visão da

sociedade.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) é a agência das Nações Unidas

tripartite que reúne governos, empregadores e trabalhadores dos seus 183 Estados membros

em ação comum para promover o trabalho decente em todo o mundo. 

O trabalho digno é buscado através de quatro objetivos estratégicos: princípios e direitos fundamentais no trabalho e normas internacionais do trabalho emprego, empresas sustentáveis e oportunidades de renda, proteção social, diálogo social e consultas tripartidas. Para que a igualdade de gênero e a não discriminação no emprego sejam integradas nestes quatro pilares. Estes objetivos de assegurar para todas as atividades, tanto nas economias formais e informais; no emprego assalariado ou trabalho por

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conta própria; nos campos, nas fábricas e escritórios; em casa ou na comunidade.

A OIT trabalha igualmente em estreita colaboração com organizações internacionais (tanto em matéria de comércio, finanças, economia, direitos humanos e desenvolvimento) como nas organizações regionais e internacionais (como a União Europeia) para promover uma abordagem integrada e coerente para o trabalho digno e uma globalização justa. (...)

O objetivo que se persegue é o da paz social, no âmbito empresarial, em face da

leonina concorrência que caracteriza o sistema capitalista do mundo moderno.

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4. CAPÍTULO III – A JURISPRUDÊNCIA TRABALHISTA BRASILEIRA NO

CAMPO DO ASSÉDIO

4.1. RECONHECIMENTO DO DANO MORAL NA ESFERA TRABALHISTA

O dano (do latim damnu) é o mal, prejuízo, material ou moral causado por alguém a

outrem, detentor de um bem juridicamente protegido.

Entende-se por dano moral a lesão sofrida pelo sujeito físico ou pessoa natural de direito em seu patrimônio ideal, ou seja, o conjunto de tudo aquilo que não seja suscetível de valor econômico, em contraposição ao dano material.

No âmbito dos danos existem duas categorias: dano patrimonial, de um lado, que representa o verdadeiro e próprio prejuízo econômico, e dano extrapatrimonial ou moral, de outro, representando os prejuízos na esfera moral, abarcando o sofrimento psíquico ou moral, as dores, as angústias e as frustrações infligidas ao ofendido. (VITÓRIO, 2004)

O conceito de dano moral que prevalece na doutrina brasileira é um conceito

difundido entre outros, pelo professor Rubens de França, pela professora Maria Helena Diniz

e pelo professor Carlo Alberto Bittar, esses juristas afirmam que o dano moral constitui lesões

ao direito da personalidade. E, para referência desses direitos da personalidade servem os

artigos 11 a 121 do Código Civil, que em rol exemplificativo trazem alguns dos direitos da

personalidade que são tutelados pelo ordenamento, tais como, o direito a vida, o direito a

integridade física- psíquica, o direito a imagem, o direito a honra e o direito a intimidade.

Quando no caso concreto houver uma lesão em um desses direitos, tá caracterizado o dano

moral, que é a espécie de um dano imaterial.

Foi a Constituição de 1988 que encerrou o debate que sempre houve no Brasil, a

respeito da reparação do dano moral. A constituição no Artigo 5º, V e X encerrou o debate,

admitindo expressamente a reparação do dano moral puro, o dano sem qualquer repercussão

ao dano patrimonial, veio o Código de 2002 e confirmou essa possibilidade de reparação do

dano moral puro, no artigo 186, quando conceitua o ato ilícito e menciona o dano

exclusivamente moral, constituindo esse, uma lesão à personalidade, conforme mencionado

anteriormente.

Nessa esteira de entendimento, a professora Maria Helena, comenta que:

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Responsabilidade civil é a aplicação de medidas que obriguem uma pessoa a reparar dano moral ou patrimonial causado a terceiros, em razão do ato por ela mesmo praticado, por pessoa por quem ela responde, por alguma coisa a ela pertencente ou de simples imposição legal. (DINIZ, 1996).

Mesmo havendo dificuldades com relação à fixação da reparação pecuniária, os juízes

encontram fundamentação em critérios subjetivos e objetivos, para determinar os valores a

serem pagos.

Responsabilidade subjetiva: ação ou omissão dolosa ou culposa, dano e o nexo causal.

Responsabilidade objetiva: dano

No artigo 927 do Código Civil, está previsto que:

Código Civil - Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002

Institui o Código Civil.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

Com relação ao dano a que estamos nos referindo, trata-se do direito geral de

personalidade, atingindo questões morais.

A partir do momento em que é configurado o assédio moral sofrido no ambiente

laboral, praticado pelo empregador, verifica-se o descumprimento do contrato de trabalho,

afetando a honra ou a imagem do empregado, razão pela qual o mesmo poderá sair do

trabalho e ir em busca de uma rescisão indireta, nos termos do Artigo 483, d, da CLT.

As ações de danos morais resultantes de atos praticados no curso do contrato de

trabalho são julgadas na Justiça do Trabalho, e devem ser ajuizadas na Vara do Trabalho,

onde se realizará a audiência e posteriormente é proferida a sentença. Desta decisão cabe

recurso ordinário para o TRT respectivo.

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Todo pedido formulado perante o poder judiciário deve ser certo e determinado, mais

não necessariamente líquido, particularmente quando se trata de indenização por dano moral,

cujo valor é imensurável em pecúnia. Neste caso, o juiz analisará, diante das provas, o fato

apontado, o dano decorrente e, se for o caso, o nexo que deve unir os dois pontos anteriores.

Na estipulação do quantum debeatur, o juiz levara em conta, certamente, a gravidade do dano,

as circunstâncias em que os fatos ocorreram e a capacidade econômica do empregador.

O reconhecimento dos danos morais na relação trabalhista é um fenômeno

relativamente recente, e resulta do reconhecimento da condição de cidadania do trabalhador.

“O trabalhador não tira o paletó de cidadão, para vestir o macacão de operário”- Oscar Ermida

Uriarte . (BENTES, 2012). Por esta razão o empregado deve ser respeitado pelo cidadão que

é.

4.2. A JURISPRUDÊNCIA DO TST NO ÂMBITO DO ASSÉDIO MORAL

Em razão de ser o TST um Tribunal de natureza extraordinária, na maior parte das

vezes, são relativamente poucos os Recursos de Revista que se viabilizam para a análise desse

Tribunal. Isto porque o juízo de admissibilidade a quo – que é o despacho da presidência do

Tribunal Regional -, ao analisar a questão geralmente nega seguimento ao Recurso de Revista,

em face da necessidade de reexame dos fatos e das provas constantes do processo, o que

inviabiliza o prosseguimento do RR, à luz do Enunciado 126 do TST, que diz: “Incabível o

recurso de revista ou de embargos (Arts. 896 e 894, "b", da CLT) para reexame de fatos e

provas.”.

Veja – se a seguir, exemplo de percuciente decisão a respeito da matéria:

Ementa: ASSÉDIO MORAL. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA. CULPA COMPROVADA. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. Pelo princípio da dignidade humana cada ser humano possui um direito intrínseco e inerente a ser respeitado. Todas as condutas abusivas, que se repetem ao longo do tempo e cujo objeto atenta contra o ser humano, a sua dignidade ou a sua integridade física ou psíquica, durante a execução do trabalho merecem ser sancionadas, por colocarem em risco o meio ambiente do trabalho e a saúde física do empregado. Um meio ambiente intimidador, hostil, degradante, humilhante ou ofensivo que se manifesta por palavras, intimidações, atos, gestos ou escritos unilaterais deve ser coibido por expor a sofrimento físico ou situações humilhantes os empregados. Nesse contexto, o

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empregador deve envidar todas as medidas necessárias para prevenir o dano psicossocial ocasionado pelo trabalho. No caso, traz o Eg. Tribunal Regional tese no sentido de que comprovada a culpa da reclamada, advinda da conduta ofensiva do superior hierárquico que moralmente assediou a reclamante...Encontrado em: BRASIL – TST - 6ª Turma DEJT 07/02/2014 - 7/2/2014 RECURSO DE REVISTA RR 13889220105120012 (TST) - Ministro Aloysio Corrêa da Veiga

Importante aspecto a ser considerado na ementa acima transcrita é o de que não basta a

existência e comprovação do dano, sendo, ainda, essencial que haja a culpa do empregador.

Mas não nos esqueçamos de que esta exigência de prova da culpa do empregador ocorre na

chamada responsabilidade subjetiva, sendo despicienda nos casos em que a responsabilidade

do patrão é objetiva, como nos diz o Código Civil em vigor (parágrafo único do art. 927 do

novo Código Civil, segundo o qual “haverá obrigação de reparar o dano, independente de

culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo

autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”). Esta é a hipótese

também denominada de teoria do risco.

Vejamos outro aresto do TST:

Ementa: RECURSO DE REVISTA. DANOS MORAIS. INDENIZAÇÃO. ASSÉDIO MORAL. SÚMULA Nº 126 DO TST. 1. Recurso de revista calcado em violação dos arts. 186, 188, 942 e 944 do Código Civil Brasileiro; 5º, V e X, da Constituição da República, 2º e 818 da CLT e 333 , 467 e 515 do Código de Processo Civil e divergência jurisprudencial. 2. A e. Corte de origem deferiu a indenização por danos morais assentando que - o ambiente de trabalho da autora realmente era tenso e com muita cobrança, não só em relação ao cumprimento de metas, mas também ao pronto atendimento aos clientes -. Consta, inclusive, no v. acórdão recorrido, a transcrição dos depoimentos, em que se evidenciam ameaças quanto à continuidade do contrato de trabalho da autora e das vendedoras, broncas, bilhetes da chefia, choros em decorrência das pressões sofridas no andamento do trabalho, assédio da reclamante no banheiro por parte da líder de caixa e do-Sr. Welton-. Aliado aos fatos acima relacionados havia, também, a submissão da empregada às revistas em bolsas e sacolas diariamente, no fim do expediente. Tal fato configura, segundo os fundamentos do e. TRT, " lesão ao direito de personalidade do trabalhador, pois lhe impinge constrangimento desnecessário -. 3. Como se vê, a indenização por danos morais imposta decorreu de um conjunto probatório que indicou que a empresa assediava moralmente os seus empregados, não só pela revista das bolsas, mas também pela cobrança e exigência de metas que criavam um ambiente tenso de trabalho. 4. Nesse contexto, vê-se que a decisão considerou os aspectos fáticos, probatórios e valorativos que, por sua vez, não podem ser revisados por esta Instância Superior, já que, para tanto,

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seria imprescindível reexaminar todo o conjunto fático-probatório, procedimento vedado pela Súmula nº 126 do TST. 5. A aplicação da referida Súmula afasta, de pronto, as denunciadas violações legais e a pretendida divergência jurisprudencial. Recurso de revista não conhecido, no tema . INDENIZAÇÃO POR DANO...Encontrado em: BRASIL – TST- 3ª Turma DEJT 26/04/2013 - 26/4/2013 RECURSO DE REVISTA. DANOS MORAIS. INDENIZAÇÃO. ASSÉDIO MORAL. SÚMULA Nº 126 DO TST. 12948320105100018 1294-83.2010.5.10.0018 (TST) – Desembargador Relator Alexandre de Souza Agra Belmonte

Neste caso, embora não conhecido o RR no que diz respeito ao tema do assédio moral,

o relator transcreveu a tese adotada pelo Regional afirmando que havia cobranças exigentes

de metas, e até o terror psicológico da perda do emprego, o que caracteriza à saciedade a

existência de todos os elementos exigidos para a configuração do assédio: o dano, a culpa e o

nexo, suficientes para o estabelecimento de indenização pecuniária por assédio moral.

4.3. A JURISPRUDÊNCIA DO TRT 13 NO CAMPO DO ASSÉDIO MORAL

Ementa: ACÓRDÃO Nº U.: 00775.2007.025.13.00-5 - RECURSO ORDINÁRIO - ASSÉDIO MORAL. CARACTERIZAÇÃO. O assédio moral se caracteriza pela exposição do trabalhador a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções. Episódios esporádicos de ofensa, embora possam trazer constrangimento ao empregado, caracterizando uma conduta reprovável do gerente da reclamada, não configuram assédio moral, capazes de ensejar uma indenização reparatória. Na hipótese, o dano alegado não restou devidamente comprovado, posto inexistir nos autos, comprovação de que a suposta ofensa tenha comprometido a honra e a dignidade do reclamante, bem como, não restou comprovado, que a reclamada tenha posto o reclamante em situação vexatória, motivo pelo qual se indefere o pleito de indenização em decorrência de assédio moral. Recurso a que se nega provimento. – Encontrado em: BRASIL -TRT 13 - ACÓRDÃO Nº U.: 00775.2007.025.13.00-5 - RECURSO ORDINÁRIO: ASSÉDIO MORAL VICENTE VANDERLEI NOGUEIRA DE BRITO - Desembargador Relator – Publicado em 15.01.2008

Ementa: ASSÉDIO MORAL. ACÓRDÃO PROC. Nº 0148500-57.2013.5.13.0004 - RECURSO ORDINÁRIO CONFIGURAÇÃO. O assédio moral consiste na conduta abusiva caracterizada por comportamentos, palavras, atos, gestos, escritos que possam trazer dano à personalidade, à dignidade ou à integridade física ou psíquica de uma pessoa, por em perigo seu emprego ou degradar o ambiente de trabalho, não se confundindo com meros aborrecimentos e nem com condutas que decorrem da mera falta de educação e urbanidade. Recurso ordinário a que se nega provimento.Encontrado em: BRASIL -TRT 13 - ACÓRDÃO PROC. Nº 0148500-57.2013.5.13.0004 - RECURSO ORDINÁRIO - HERMINEGILDA LEITE

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MACHADO - Juíza Relatora Convocada – 2ª Turma - João Pessoa, 26/08/2014.

Nas duas ementas acima transcritas, denota-se no primeiro caso que o tribunal, à luz

da análise das provas, negou o direito pretendido pelo empregado, por faltar à comprovação

do dano necessário ao reconhecimento do direito.

Já na segunda transcrição, houve condenação em indenização por dano moral, porque

configurava a conduta abusiva do empregador, e não apenas meros aborrecimentos ou a falta

de urbanidade no seio do local de trabalho.

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5. CONCLUSÃO

O tema do assédio moral como violação da dignidade da pessoa humana é um

fenômeno mundial, posto que, adquire cada vez mais importância na esfera trabalhista, e na

área jurídica.

Foi apresentado no presente trabalho a opinião de Kant, um dos grandes nomes da

Filosofia universal, ele dá aquilo que talvez seja considerado um dos exemplos mais lapidares

do conteúdo da dignidade da pessoa humana, ele falava que reconhecer a dignidade da pessoa

humana, significa reconhecer que a pessoa tem valor superior ao objeto. A pessoa não pode e

não deve ser tratada como objeto. A pessoa tem valor central no sistema de direitos, por ser

fonte de múltiplas potencialidades, a pessoa merece o tratamento central, não podendo ser

equiparada a coisa, essa noção ficou conhecida como a instrumentalidade Kantiana.

Foi analisado que na Constituição de 1988, artigo 1º, III, que o Princípio da dignidade

da pessoa humana, deve ser sempre observado nas relações entre as pessoas, trata-se de um

princípio basilar da Constituição, ou seja, a pessoa é valorizada em detrimento de qualquer

situação, em razão disso, quando existe o assédio moral dentro da empresa, quando realmente

fica comprovado e caracterizado, houve uma violação do Princípio mor da Constituição.

A dignidade da pessoa humana é afetada pela conduta abusiva da pessoa que comete

assédio moral de forma repetida e reiterada, em razão disso e por haver uma infringência

constitucional.

A dignidade humana envolve respeito e compromisso entre as diferentes pessoas de

qualquer sociedade. As pessoas vêm de diferentes famílias, diferentes países, diferentes

religiões, diferentes sistemas políticos, de diferentes raças. Suas crenças tornam-se diferentes

com relação aos valores morais, mais a dignidade continua, por ser um valor intrínseco. Todo

ser humano tem o direito fundamental de respeito tanto para si mesmo, como para o seu

próximo (Kant).

É dever de o Estado proteger a dignidade da pessoa humana e combater a violação

pelo assédio moral, pois se trata de um flagelo social que desestrutura a vida do trabalhador.

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Os abusos do poder diretivo do empregador, a competitividade antiética, as exigências

de metas inalcançáveis são fatores preponderantes para que ocorra o assédio moral.

O assédio moral é uma violação da dignidade da pessoa humana, é uma afronta ao

indivíduo, sujeitando o mesmo a situações humilhantes e degradantes, afetando sua saúde

física e mental. É uma situação tão antiga quanto o trabalho.

O assédio moral não está previsto no ordenamento jurídico, nas relações privadas, e a

falta de legislação especifica que conceitue e puna deixa uma lacuna aberta. Mesmo assim, há

Tratados e Convenções Internacionais onde obriga o Brasil a adequar às normas nas

legislações internas.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXO

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ANEXO A

Lei nº 13.314, DE 15 DE OUTUBRO DE 2007; do Estado de Pernambuco.

Dispõe sobre o assédio moral no âmbito da Administração Pública Estadual direta, indireta e

Fundações Públicas.

 

O PRESIDENTE DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO:

Faço saber que tendo em vista o disposto nos §§ 6º e 8º do artigo 23, da Constituição do Estado, o

Poder Legislativo decreta e eu promulgo a seguinte Lei:

 

Art. 1º Fica vedada a prática de assédio moral no âmbito da Administração Pública Estadual

direta e indiretamente de qualquer de seus Poderes e Fundações Públicas.

 

Art. 2º Para fins do disposto na presente Lei considera-se assédio moral toda ação repetitiva ou

sistematizada praticada por agente e servidor de qualquer nível que, abusando da autoridade inerente

às suas funções, venha causar danos à integridade psíquica ou física e à autoestima do servidor,

prejudicando também o serviço público prestado e a própria carreira do servidor público.

 

Parágrafo único. Considera-se como flagrante ação de assédio moral, ações e determinações do

superior hierárquico que impliquem para o servidor em:

 

I - cumprimento de atribuições incompatíveis com o cargo ocupado ou em condições adversas

ou com prazos insuficientes;

 

II - exercício de funções triviais para quem exerce funções técnicas e especializadas;

 

II - reiteração de críticas e comentários improcedentes ou subestimação de esforços;

 

IV - sonegação de informações indispensáveis ao desempenho das suas funções;

 

V - submissão a efeitos físicos e mentais prejudiciais ao seu desenvolvimento pessoal e

profissional.

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Art. 3º Todo ato de assédio moral referido nesta Lei é nulo de pleno direito.

 

Art. 4º O assédio moral praticado por servidor de qualquer nível funcional deve ser punido,

conforme o caso, na forma disciplinada na legislação aplicáveis aos servidores públicos civis ou nas

Leis trabalhistas.

 

Art. 5º Por iniciativa do servidor ofendido ou pela ação da autoridade conhecedora da infração

por assédio moral será promovida sua imediata apuração, por sindicância ou processo administrativo.

 

§ 1º A autoridade conhecedora da infração deverá assegurar a proteção pessoal e funcional ao

servidor por este ter testemunhado ações de assédio moral ou por tê-las relatado.

 

§ 2º Fica assegurado ao servidor acusado da prática de assédio moral o direito de plena defesa

diante da acusação que lhe for imputada, nos termos das normas específicas de cada órgão da

administração ou fundação, sob pena de nulidade.

 

Art. 6º Os órgãos da Administração Pública Estadual direta, indireta e Fundações Públicas

Estaduais, na pessoa de seus representantes legais, ficam obrigados a tomar as medidas necessárias

para prevenir o assédio moral, conforme definido na presente Lei.

 

Art. 7º Esta Lei será regulamentada pelo Poder Executivo Estadual no prazo de 60 (sessenta)

dias.

 

Art. 8º Esta Lei entra em vigor na dada de sua publicação.

 

Art. 9º Revogam-se as disposições em contrário.

 

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