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ASPECTOS SOCIOAMBIENTAIS DA ATIVIDADE TURÍSTICA NO LITORAL ORIENTAL SUL POTIGUAR: UMA EXPERIÊNCIA DURANTE O XX PÉ NA TRILHA Jane Claudia Cabral Bragelone Graduanda em Geografia –DGE/UFRN [email protected] RESUMO A atividade turística vem provocando ao longo do tempo uma série de alterações paisagísticas, culturais, de cunho econômico, social e ambiental, onde quer que ela ocorra, no caso do Rio Grande do Norte esse processo é intenso principalmente na área costeira do estado. Através da participação na 20ª edição do Pé na Trilha (Projeto de Extensão do Departamento de Geografia da UFRN) foi possível visualizar na prática a intensidade dessas alterações, por meio das caminhadas feitas pelo litoral Oriental Sul. O objetivo do trabalho ora apresentado é apontar os resultados obtidos no referido projeto, no qual, durante sua execução feito um levantamento referente a importância da atividade turística, no que diz respeito a economia, meio ambiente e ao desenvolvimento local dos municípios visitados, identificando as transformações socioambientais decorrentes da expansão dessa atividade. Tal objetivo só pôde ser alcançado através de um prévio levantamento e análise bibliográfica em conjunto com a posterior visita aos municípios envolvidos com a atividade turística, especificamente percorrendo o trecho entre Baía Formosa e Pirangi/RN. Com isso foi possível perceber inúmeros aspectos relacionados à atividade turística na área, que vão desde benefícios econômicos, impactos ambientais, alterações culturais e problemas sociais de maneira geral, que serão discutidos no decorrer do trabalho. Palavras-chave: Turismo. Projeto Pé na Trilha. Litoral Oriental Potiguar. Aspectos socioambientais.

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ASPECTOS SOCIOAMBIENTAIS DA ATIVIDADE TURÍSTICA NO LITORAL ORIENTAL SUL POTIGUAR: UMA EXPERIÊNCIA DURANTE O XX PÉ NA

TRILHA

Jane Claudia Cabral Bragelone Graduanda em Geografia –DGE/UFRN

[email protected]

RESUMO

A atividade turística vem provocando ao longo do tempo uma série de alterações paisagísticas, culturais, de cunho econômico, social e ambiental, onde quer que ela ocorra, no caso do Rio Grande do Norte esse processo é intenso principalmente na área costeira do estado. Através da participação na 20ª edição do Pé na Trilha (Projeto de Extensão do Departamento de Geografia da UFRN) foi possível visualizar na prática a intensidade dessas alterações, por meio das caminhadas feitas pelo litoral Oriental Sul. O objetivo do trabalho ora apresentado é apontar os resultados obtidos no referido projeto, no qual, durante sua execução feito um levantamento referente a importância da atividade turística, no que diz respeito a economia, meio ambiente e ao desenvolvimento local dos municípios visitados, identificando as transformações socioambientais decorrentes da expansão dessa atividade. Tal objetivo só pôde ser alcançado através de um prévio levantamento e análise bibliográfica em conjunto com a posterior visita aos municípios envolvidos com a atividade turística, especificamente percorrendo o trecho entre Baía Formosa e Pirangi/RN. Com isso foi possível perceber inúmeros aspectos relacionados à atividade turística na área, que vão desde benefícios econômicos, impactos ambientais, alterações culturais e problemas sociais de maneira geral, que serão discutidos no decorrer do trabalho.

Palavras-chave: Turismo. Projeto Pé na Trilha. Litoral Oriental Potiguar. Aspectos socioambientais.

INTRODUÇÃO

O estado do Rio Grande do Norte tornou-se nas três últimas décadas um dos

mais importantes destinos turísticos do litoral brasileiro, por diversas características que lhe são peculiares, como o fato de ter 410 km de litoral e localizar-se em um dos pontos mais setentrionais da América do Sul, além de ser banhado pelas águas mornas do Oceano Atlântico e ter um clima muito agradável. Estas características propiciam o desenvolvimento de um seguimento de turismo conhecido como Sol e Mar, que acontece principalmente no litoral oriental do estado, compreendendo a faixa litorânea que vai do município de Touros/RN a Baía Formosa/RN. Esse fato faz do turismo hoje, uma das mais importantes atividades econômicas do estado.

Essa consolidação do estado como pólo turístico só foi possível através de uma série de investimentos do poder público e privado em infra-estrutura, dotando esse espaço de atrativos para investidores estrangeiros.

Além disso, uma série de outras alterações ocorre em decorrência da implantação da atividade turística no estado, sejam elas paisagísticas, culturais, de cunho econômico, social e ambiental, no caso do Rio Grande do Norte esse processo é intenso principalmente no litoral oriental do estado.

Nesse contexto, o projeto de Extensão do Departamento de Geografia da UFRN em sua 20ª edição buscou enfocar tal temática durante sua execução 2010/2011. E como resultado vários trabalhos puderam ser elaborados sobre a temática, pelos alunos que participaram. O trabalho ora apresentado se configura, portanto, na exposição de alguns resultados observados e discutidos durante a execução do referido projeto.

O objetivo principal no momento de sua execução consistiu em realizar um levantamento referente a importância da atividade turística, no que diz respeito a economia, meio ambiente e ao desenvolvimento local dos municípios visitados (Baía Formosa, Tibau do Sul, Nísia Floresta e Parnamirim) identificando a relação entre os elementos acima citados e as transformações decorrentes da expansão da atividade turística.

O projeto, por sua vez, exigiu para sua execução uma fundamentação teórica e para tal a realização um prévio levantamento bibliográfico dos estudiosos que se dedicam à análise do Turismo no Brasil, e especificamente na região nordeste e no próprio Estado do Rio Grande do Norte, as análises bibliográficas puderam ser apoiadas e até mesmo contrastadas pelas visitas aos municípios e as observações em campo ao longo do trecho.

Desta maneira, o projeto Pé na Trilha se mostrou de grande importância, uma vez que proporciona a um grande número de estudantes universitários o contato com a realidade vista apenas na teoria e a troca de experiências e informações úteis ao bem estar destes e da comunidade local na busca por uma sociedade melhor.

Portanto apresentaremos a seguir uma breve explanação sobre as concepções teóricas em relação ao turismo, fazendo posteriormente uma contextualização com a implantação da atividade turística no Estado do Rio Grande do Norte e posteriormente mostrando as observações feitas no trecho Baía Formosa – Parnamirim/RN durante a execução da 20ª edição do Projeto Pé na Trilha.

1. CONCEPÇOES TEÓRICAS SOBRE TURISMO

O desenvolvimento da atividade turística está diretamente ligado a necessidade de expansão do sistema capitalista. Após a Segunda Guerra Mundial, com as mudanças nas formas de produção e trabalho, e o surgimento de certo tempo livre aos trabalhadores, inicia-se um fato novo, a busca pelo lazer.

Esse fato atrelado ao crescente padrão de consumo serão os primeiros impulsionadores da atividade turística. Como nos mostra Furtado (2005:184) o turismo vai se apresentar como uma “forma mais elitizada de lazer, uma modalidade de uso do tempo livre que exige viagens, deslocamentos, uma infra-estrutura urbana e de serviços, transporte e hotéis.” Uma série de elementos que envolvem o turista e o local a ser visitado, e que de fato não está ao acesso de todos. Percebe-se que atualmente, o lazer deixou de ser uma atividade espontânea, passando a sernecessidade na sociedade moderna, e a condição de turista almejada por muitos, somente é uma realidade possível a poucos, aqueles que dispõem de tempo e dinheiro. Nesse sentido a mesma autora continua:

O turismo se caracteriza como uma das maiores seduções dos tempos modernos, envolvendo um conjunto muito grande de relações, influências, motivações, desejos, e representações. Daí o turismo ter exercido um forte fascínionos deslocamentos humanos, sendo vislumbrado como uma das atividades econômicas mais promissoras para o século XXI .p.184

Refletindo sobre que elementos contribuíram para expansão da atividade

turística percebemos a influencia da globalização nesse processo, e, por conseguinte a influencia dos avanços tecnológicos nos meios de transporte e comunicação, fator que favorece a divulgação dos lugares, e facilita o acesso a estes, o aumento do rendimento dos trabalhadores, a redução do tempo de trabalho eas férias pagas em virtude das mudanças nas leis trabalhistas, além da necessidade de consumo cada vez maior na sociedade atual, consumo este que inclui a necessidade de viajar. (FONSECA, 2005)

Quando buscamos compreender o conceito de Turismo, nos deparamos com diversas concepções, há quem considere este uma atividade econômica, um fenômeno político, social, um movimento de pessoas, entre tantos outros. Segundo a Organização Mundial de Turismo - OMT apud (FONSECA, 2005:31), “o turismo compreende as

atividades que realizam as pessoas durante suas viagens e permanências em lugares distintos ao seu entorno habitual, por um período de tempo consecutivo inferior a um ano com fins de ócio, por negócios e outros.” Nessa visão o turismo é enfocado enquanto movimentação de pessoas por determinado período de tempo.

Enquanto para Rodrigues (1996:17)

O turismo é incontestavelmente, um fenômeno econômico, político, social e cultural dos mais expressivos das sociedades ditas pós-in-dustriais. Movimenta, em nível mundial, um enorme volume de pessoas e de capital, inscrevendo-se materialmente de forma cada vez mais significativa ao criar e recriar espaços diversificados.

Percebe-se que a transformação do espaço é levada em consideração nesse

caso, e justamente, o turismo tem o poder de transformar, modificar espaços, e por isso desperta o interesse da ciência geográfica. Há muitos casos onde as cidades se alteram tanto para atender a demanda turística, que acabam perdendo suas características originais. Vemos os espaços serem vendidos como mercadoria, sob as normas do capitalismo mundial.

Uma visão bastante interessante é a mostrada por Almeida (1996) apud Furtado (2005:185).

O turismo se configura como um processo de produção de um complexo de imagens, atores e territórios para que a exploração possa ser efetivada. O turismo ao contrário do que se pensa, não é somente conseqüência natural dos desenvolvimentos tecnológicos de transporte de massa, das comunicações. É também, mais uma forma de exploração planejada, uma estratégia de dominação sobre os países subdesenvolvidos porém ainda ricos de ecossistemas naturais de interesse turístico.

Isso se dá porque em muitos casos o Turismo é visto como solução para

economias frágeis e por isso o foco para o desenvolvimento dessa atividade é dado principalmente aos países subdesenvolvidos, e regiões pouco desenvolvidas, como o caso da região Nordeste brasileira, por estas áreas apresentarem ainda alguma preservação de suas características naturais. Porém não é exatamente assim que ocorre, sabemos que o turismo não é o salvador da situação dessas áreas, mesmo trazendo algum benefício econômico, suas conseqüências podem ser negativas também. Uma vez que está sob a lógica capitalista, e o interesse do capital é de exploração desses lugares, sem preocupar-se com os benefícios as populações locais.

A partir disso uma gama de problemas pode aparecer, se essa atividade não tiver o devido planejamento e preocupação social, as questões como desigualdade e exclusão social logoserão acentuadas, considerando o caráter seletivo da atividade turística, além de problemas como deposição de lixo e esgoto em lugares inadequados, aumento da circulação de drogas, da prostituição, entre outros.

2. CONTEXTUALIZANDO O TURISMO NO RIO GRANDE DO NORTE

É fato que o desenvolvimento da atividade turística está ligado ao processo

de globalização e expansão do capitalismo. A partir dos anos de 1980 o Brasil começa a definir políticas visando desenvolver a atividade turística no país, mas somente em 1990 essas ações começam a ter visibilidade, uma séria de mudanças foram necessárias visando a modernização do país para atingir as demandas do mercado turístico.

O nordeste nesse contexto se apresenta como uma região muito propicia ao desenvolvimento dessa atividade, por suas características naturais, a extensa faixa litorânea, altas temperaturas, sol durante grande parte do ano, além de suas peculiaridades culturais.

Ainda tratando da inserção do Nordeste na atividade turística, Fonseca(2005:74) corrobora:

As diferentes parcelas do espaço tornavam-se mais competitivas, disputando os investimentos de capitais e oferecendo todos os tipos de vantagens, especialmente fiscais. Nesse cenáriode grande complexidade, a atividade turística se apresenta como uma das alternativas econômicas para o Nordeste brasileiro, uma região periférica e historicamente conhecida pelos seus graves problemas socioeconômicos.

Os fatores anteriormente citados, que fazem do Nordeste um destino

procurado pelos turistas, possibilitaram que diversos investimentos turísticos se dessem na região, o que faz a atividade turística hoje ser de grande importância na economia Nordestina.E no que diz respeito ao resultado desses investimentos a mesma autora considera:

O esforço proveniente de agentes públicos e privados para inserção do Nordeste brasileiro no mercado turístico nacional e internacional têm obtido resultados positivos. Hoje, várias localidades da região Nordeste constituem destinos importantes para o turismo doméstico e aos poucos iniciam uma tímida inserção no mercado internacional.p.76

Com base em informações do EMBRATUR (Instituto Brasileiro de

Turismo) para o ano 2002, Fonseca (2005) nos mostra que os principais estados que participam ou são receptores turísticos no Nordeste eram: Bahia (8,9%), Ceará (5,9%), Pernambuco (3,6%) e Rio Grande do Norte (3,4%).

Veremos que os governos norte-rio-grandenses, não ficam de fora desse contexto, os investimentos no estado do Rio Grande do Norte se deram principalmente pela política de Megaprojetos turísticos, como o Projeto Parque das Dunas/ Via Costeira, implantado por volta de 1980,visando a implementação o e modernização da rede hoteleira, além do Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste (PRODETUR/NE), este privilegiando a implantação de infra-estrutura como rodovias,

aeroportos, saneamentos, entre outros. O Estado a partir daí começa a receber fluxos turísticos e cada vez mais investimentos.Investimentos esses que fizeram com que a atividade turística tomasse destaque também na economia do RN, sendo considerado um seguimento econômico muito promissor.

No Rio Grande do Norte é notável que a atividade turística se concentra na faixa litorânea do Estado, segundo Fonseca (2005) os principais municípios envolvidos são Natal, Ceará-Mirim, Extremoz, Parnamirim, Nísia Floresta e Tibau do Sul, juntos constituem o principal destino turístico potiguar. Porém é preciso ressaltar que o município que recebe o maior fluxo de pessoas e capital é Natal, tendo em vista a concentração da rede hoteleira, e outros tipos de infra-estrutura necessárias, como restaurantes, shoppings, entre outros.

3. PÉ NA TRILHA NO TRECHO BAÍA FORMOSA – PIRANGI/RN

O projeto Pé na Trilha em sua 20ª edição que se deu entre 2010 e 2011 ocorreu em quatro etapasdistribuídas em trechos no litoral do Estado do Rio Grande do Norte, a primeira foi do município de Tibau à Macau, a segunda de Galinhos à Touros, a terceira de Touros à Natal e finalmente a quarta e última de Baía Formosa à Parnamirim (ver figura 1). O percurso entre um município e outro é feito geralmente a pé, nesse caso pela praia, durante esse tempo são feitas as observações a cerca dos impactos produzidos pela atividade turística na área. Já que esta era a temática central da referida edição, portanto observada e discutida em ambos os trechos.

Figura 1: Trecho percorrido durante a quarta etapa (Baía Formosa/RN – Pirangi/RN) em branco

.Fonte: Software Google Earth.

Essas observações foram essenciais para o desenvolvimento do presente trabalho. Em relação às características físicas foram vistas paisagens de grande beleza, compostas por belas praias, como a de pipa, barreta,as falésias em tabatinga, as dunas na praia de Búzios, além da laguna Guaraíra, e desembocaduras de rios, com em Barra de Cunhaú, dentre tantas outras paisagens de rara beleza.

No que diz respeito à economia é fato o que a atividade turística se tornou nos últimos anos um dos setores mais importantes da Economia Mundial, assim como no Brasil e no Rio Grande do Norte. Porém, foram observados dentre outras coisas, o quanto a atividade turística se mostra alheia a comunidade local, a implantação de grandes resorts gera certo crescimento econômico, através da arrecadação de impostos e da geração de empregos, mas grande parte desses empregos não são ocupados pela população local, ou essa fica com os cargos mais baixos por falta de qualificação adequada, ou com os empregos temporários.

Nesse sentido não há de fato um desenvolvimento local advindo da atividade turística, mas sim um crescimento econômico que não beneficia a população, pelo contrário, acontece com freqüência a expulsão da população local de determinada a área por influencia da atividade turística. Através da especulação imobiliária, há a valorização exacerbada de determinada área, o que acaba impossibilitando a permanência do antigo morador, que se vê obrigado a habitar a periferia.

Além disso, os problemas ambientais também foram vistos com freqüência, principalmente no que diz respeito a desmatamento, ocupações irregulares em áreas de dunas (ver figura 2), falésias e praias, além de notáveis processos erosivos.

Figura 2: Área de ocupação sobre dunas na praia de Búzios - Nísia Floresta/RN.

Fonte: Acervo da autora, 2010.

Em relação os processos erosivos é notório em muitas residências a construção de muros de contensão na tentativa de impedir a erosão. Por serem construídas muito próximas as linhas de marés, em áreas que não deveriam, as residências são atingidas pelas águas do mar no momento de maré cheia, muitas têm

seus muros destruídos, e para conter tal processo depositam pedras próximas a casa para amortecer o impacto das ondas, o que acaba descaracterizando a paisagem (ver figura 3).

Figura 3: Ocorrência de processos erosivos e construção de muros de contenção.

Fonte: Acervo da autora, 2010.

Nas praias do Litoral Oriental Sul, como por exemplo, Cotovelo, Pirangi em Parnamirim/RN e Búzios, Tabatinga e Barreta em Nísia Floresta/RN – que foram visitadas nessa etapa do Pé na trilha, percebe-se que o tipo de uso dado ao território foi inicialmente baseado em residências cuja finalidade era um ponto fixo para os feriados, fins de semana e férias, e com o tempo, esse mesmo território recebeu inúmeros empreendimentos hoteleiros de grande porte.

Figura 4: Grandes empreendimentos na praia de Pirangi, Parnamirim/RN.

Fonte: Acervo da autora, 2010.

Deste modo, um projeto como este permite o esclarecimento de alguns aspectos referentes ao desenvolvimento local da atividade turística e seus reais e possíveis efeitos para a área. Podendo assim contribuir não só para a reflexão da comunidade no que se refere à instalação desses empreendimentos como também para a

sua participação na tomada de decisões, gerando o debate e tornando a discussão pública. De modo que as discussões girem em torno das expectativas e interesses de cada setor envolvido no processo de desenvolvimento turístico, o que serviria como uma maneira de gestão participativa da comunidade sobre o destino do lugar onde moram.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que é necessária uma integração permanente entre os investimentos na atividade turística e os investimentos voltados para o bem da população local, tais como melhorias na educação, saúde, transporte público, saneamento básico, segurança, lazer, entre tantos outros, para que seja possível um desenvolvimento social. Esse fato só é possível por meio do adequado planejamento em relação à atividade turística, considerando neste a participação da população para tomada de qualquer decisão.

Porém, não é isso que ocorre atualmente, o poder público volta suas políticas para atrair grandes empresas, essas por sua vez, visando apenas o lucro, contribuem para a situação de segregação da população, e causam o agravamento dos problemas socioambientais, através de instalação em áreas irregulares e do caráter seletivo que apresenta.

Por estar diretamente ligada a globalização e ao sistema capitalista a expansão da atividade turística atualmente toma moldes de certa forma prejudiciais às populações locais, por isso é preciso repensar que tipo de turismo traria benefício aos lugares e como executar um turismo mais comunitário.

Em relação ao projeto Pé na Trilha, o mesmo permite além do conhecimento adquirido durante as análises bibliográficas, a visualização de belíssimas paisagens do nosso estado que muitas vezes não conhecemos, além do mais, o contato com a população local e a oportunidade de despertar nessa a participação nas discussões sobre a temática é de fundamental importância e enriquecimento de ambos os lados. REFERÊNCIAS FONSECA, Maria Aparecida Pontes da.Espaço, políticas de turismo e competitividade. Natal/RN: EDUFRN, 2005. _________. Tendências Atuais do Turismo Potiguar: A Internacionalizaçãoe a Interiorização. Disponível em: http://www.cchla.ufrn.br/rmnatal/artigo/artigo10.pdfAcesso em: 05 jun. 2011

FURTADO, Edna Maria. Turismo e Desenvolvimento um olhar sobre Natal – RN. In. Sociedade e Território. Vol. 17, n.1/2. jan./dez. Natal: EDUFRN, 2005. RODRIGUES, Adyr B. (org.) Turismo e Geografia: reflexões e enfoques regionais. 2ed. São Paulo: Hucitec, 1999. RODRIGUES, Arlete M. A produção e o consumo do espaço para o turismo e a problemática ambiental. In. YAZIGI, Eduardo; CARLOS, Ana Fani A.; CRUZ, Rita de Cássia A. (orgs.) Turismo: espaço, paisagem e cultura. 2ed. São Paulo: Hucitec, 1999. P 55 a 62.