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Pontifícia Universidade Católica do Paraná
PPGTU – Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana
Renata Baleche Custódio
A Influência das Intervenções Urbanísticas
na Atividade Turística da Cidade de Curitiba
Curitiba
2006
Renata Baleche Custódio
A Influência das Intervenções Urbanísticas
na Atividade Turística da Cidade de Curitiba
Dissertação apresentada como requisito para a obtenção do Título de Mestre em Gestão Urbana. Programa de Pós Graduação em Gestão Urbana, Setor de Ciências Exatas e de Tecnologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Orientador: Prof. Dr. Carlos Hardt
Curitiba
2006
Custódio, Renata Baleche C987i A influência das intervenções urbanísticas na atividade turística de 2006 Curitiba / Renata Baleche Custódio ; orientador, Carlos Hardt. – 2006. 144 f. : il. ; 30 cm Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica do Paraná,
Curitiba, 2006 Inclui bibliografia
1. Planejamento urbano. 2. Turismo e planejamento urbano – Curitiba. 3. Política urbana – Curitiba. I. Hardt, Carlos. II. Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana. III. Título.
CDD - 20. ed. 711.4 711.4098162 350.818098162
Renata Baleche Custódio
A Influência das Intervenções Urbanísticas
na Atividade Turística da Cidade de Curitiba
Dissertação apresentada como requisito para a obtenção do Título de Mestre em Gestão Urbana. Programa de Pós Graduação em Gestão Urbana, Setor de Ciências Exatas e de Tecnologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Comissão Examinadora: ____________________________________ Profº Dr. Dario Luis Dias Paixão Centro Universitário Positivo ____________________________________ Profº Dr. Letícia P. Hardt Pontifícia Universidade católica do Paraná ____________________________________ Profº Dr. Denis Alcides Rezende Pontifícia Universidade católica do Paraná ____________________________________ Profº Dr. Carlos Hardt Pontifícia Universidade católica do Paraná Curitiba, 31 de julho de 2006.
Dedico este trabalho ao Kleber.
“ Você caminha nos passos do amor e da alegria
e eu te sigo, sou rio que deságua nesse mar ...”
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Carlos Hardt que em todos os momentos me incentivou e
acreditou no meu trabalho, me orientando com dedicação, conselhos,
paciência, e por ser um exemplo de pessoa, de pesquisador e profissional
para mim.
A todos os professores do Mestrado que com seus ensinamentos
possibilitaram o desenvolvimento desta pesquisa.
Ao Prof. Dr. José Manoel Gonçalves Gândara e Prof. Dr. Dario Paixão pelos
conhecimentos e apoio oferecidos sempre.
Aos amigos e turismólogos Grazielle Ueno e Valéria Albach
comprometidos com a nossa profissão, pelos momentos de apoio e
incentivo.
A Adriane Vortolin e ao Felipe Strugo, do Instituto Municipal de Turismo,
pelas informações, materiais e disponibilidade em colaborar sempre.
Ao Sr. Dílson Filho da Infraero, e ao Sr. Jair Carvalho pelos dados
fornecidos.
E em especial, aos meus pais e minha irmã, pelo amor e compreensão
todos os dias.
“A cidade não é problema, a cidade é solução”.
Jaime Lerner
RESUMO
Esta pesquisa tem como objetivo avaliar a influência das principais intervenções urbanísticas no desenvolvimento do turismo na cidade de Curitiba a partir da interpretação das pesquisas de demanda turística. As constantes transformações do espaço urbano resultaram em intervenções e ações urbanísticas importantes, não apenas no que diz respeito ao planejamento, mas ao aproveitamento destas intervenções pela atividade turística. O estudo utiliza a pesquisa bibliográfica e a pesquisa exploratória para a coleta de dados. Com base nestes procedimentos, serão descritas a evolução histórica do planejamento urbano no contexto da dissertação, selecionadas as principais intervenções urbanas, analisado o desenvolvimento da atividade turística, bem como seu perfil histórico e, posteriormente, são identificadas as relações que os atrativos turísticos e as intervenções urbanísticas apresentam. São apropriadas as pesquisas de demanda turística da cidade de Curitiba dos anos de 1991 ao ano de 2003, a fim de identificar os atrativos turísticos mais visitados, o fluxo de demanda turística e outros dados que colaboram para o resultado desta pesquisa. Como resultados, é possível observar que a atividade turística se dinamizou intensamente no período analisado, concluindo-se pela constatação de que houve, de fato, uma influência marcante proporcionada pelas intervenções urbanas, objeto do processo de planejamento realizado na cidade. Mesmo considerando que a maioria dos atrativos turísticos, resultado dessas intervenções públicas, não foram organizados especificamente para a atividade turística, mas idealizadas para uso e atendimento de necessidades da cidade e de seus cidadãos. As intervenções urbanísticas certamente contribuíram para o aumento constante do turismo e fixação de sua boa imagem, mas falta articulação política que continue oferecendo suporte ao desenvolvimento da atividade.
PALAVRAS-CHAVE: Gestão Urbana. Planejamento urbano. Intervenção urbanística. Atividade turística. Curitiba.
ABSTRACT
This research has as objective to evaluate the influence of the main urbanistic interventions in the development of the tourism in the city of Curitiba, from the interpretation of a tourist demand’s research. The constant transformations of the urban space of the city had resulted in interventions and important urbanistic actions, not only about the urban planning of the city, but to the exploitation of these interventions for the tourism activity. This study uses bibliographical and documental research for data collection. From this methodology, it is described the historical evolution of the urban planning of the city in the context of dissertation, selected the main urban interventions, analyzing the development of the tourism activity, as well as its historical profile, and later, the relation presented between the tourist attractions and its urbanistic interventions. It was appropriated to use the Research of Tourist Demand from the city of Curitiba, form 1986 to 2003, with the aim of identifying the most visited tourist attractions, the flow of tourist demand and some other data, that were appropriated for the results of this research. As results, it is possible to observe that the touristic activity was intensively increased in the analyzed period, concluding itself that it had, in fact, a wide influence at the urban interventions, object of the planning process carried throughout in the city, even considering that the majority of these tourist attractions, resulted from these public interventions, had not been organized specifically for the tourist activity and yes, idealized for the usage and attendance of needs of Curitiba and its citizens. The urbanistic interventions certainly contributed for the constant increase of tourism and permanence of its image, but there is a lack of political management which keeps on giving support to the development of the activity.
Key- Words: Urban management. Urban planning. Urbanistic intervention. Touristic Activity. Curitiba.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Gráfico 1 - Definição da cidade pelos turistas nos anos de 2001 e 2003............................... 66
Gráfico 2 - Passageiros Desembarcados no Aeroporto Internacional Afonso Pena - 1979 a
2004................................................................................................................................70
Gráfico 3 - Movimento de Passageiros na Rodoviária de Curitiba - 1979 a 2005................. 71
Gráfico 4 - Fluxo de turistas na cidade de Curitiba de 1991 a 2003........................................ 76
Gráficos 5 - Motivo da Viagem a Curitiba – 2003...................................................................... 81
Gráfico 6 - Atrativos mais visitados em Curitiba em 2001......................................................... 92
Gráfico 7- Atrativos mais visitados em Curitiba em 2003........................................................... 92
FIGURA 1 – Vista do Portão do Passeio Público de Curitiba...................................................... 96
FIGURA 2 – Vista do Parque Barigui.............................................................................................. 97
FIGURA 3 – Vista do Parque São Lourenço.................................................................................. 98
FIGURA 4 – Vista do Parque Tanguá............................................................................................. 99
FIGURA 5 – Vista do Parque Tingüi ................................................................................................99
FIGURA 6 – Vista da Estufa do Jardim Botânico.........................................................................100
FIGURA 7 – Vista da Ópera de Arame....................................................................................... 101
FIGURA 8 - Vista do Bosque João Paulo II................................................................................. 101
FIGURA 9 – Teatro Paiol................................................................................................................ 102
FIGURA 10 – Largo da Ordem..................................................................................................... 102
FIGURA 11 – Relógio das Flores.................................................................................................... 103
FIGURA 12 – Calçadão da Rua XV de Novembro................................................................... 104
FIGURA 13 – Rua 24 horas............................................................................................................ 105
FIGURA 14 - Croqui da Linha Turismo.......................................................................................... 107
LISTA DE TABELAS E QUADROS
QUADRO 1 – Dados do turismo no Paraná................................................................................. 25
QUADRO 2 – Dados, informação e conhecimento................................................................... 50
TABELA 1 – Fluxo de turistas e entrevistados.................................................................................77
QUADRO 3 - Fatos relevantes para a evolução do turismo em Curitiba............................... 82
TABELA 2 - Residência permanente dos entrevistados.............................................................. 84
TABELA 3 – Motivo da viagem........................................................................................................85
TABELA 4 – Sexo dos entrevistados............................................................................................... 85
TABELA 5 – Forma de viajar do entrevistado.................................................... ...........................85
TABELA 6 – Nacionalidade e as médias de permanência e de idade................................... 86
TABELA 7 – Forma de organização da viagem............................................................................86
TABELA 8 - Meios de transporte..................................................................................................... 87
TABELA 9 – Meios de Hospedagens...............................................................................................87
TABELA 10 – Meio de comunicação que influenciou na decisão da Viagem........................88
TABELA 11 – Gasto médio diário individual ..................................................................................88
TABELA 12 - Atrativos turísticos mais visitados............................................................................. 90
TABELA 13 – Qualificação da cidade – 2001 e 2003...................................................................94
TABELA 14 – Definição da cidade – 2001 e 2003.........................................................................94
TABELA 15- Total de embarques na linha turismo......................................................................107
QUADRO 4 - Relação das intervenções urbanísticas e atrativos turísticos............................ 108
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 12
2 ASPECTOS TEÓRICO-CONCEITUAIS 18
2.1 GESTÃO URBANA 18 2.1.1 POLÍTICAS PÚBLICAS 20 2.2 A ATIVIDADE TURÍSTICA 21 2.2.1. TURISMO URBANO 29 2.2.2 AS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O TURISMO 33 2.3 PLANEJAMENTO URBANO 35 2.4. PLANEJAMENTO TURÍSTICO 39 2.5 INTERVENÇÕES URBANÍSTICAS 44
3 METODOLOGIA DA PESQUISA 47
3.1. PROCEDIMENTOS 48 3.2. FASES DA PESQUISA 51
4 PLANEJAMENTO URBANO EM CURITIBA_________________________________________54
4.1 Histórico_______________________________________________________54
5 O TURISMO NA CIDADE DE CURITIBA 69
5.1 PERFIL DO VISITANTE DE CURITIBA 84
6 O TURISMO E AS PRINCIPAIS INTERVENÇÕES URBANÍSTICAS EM CURITIBA 90
6.1 DESCRIÇÃO DOS ATRATIVOS TURÍSTICOS CONSIDERADOS NA PESQUISA 96 6.2 A RELAÇÃO ENTRE INTERVENÇÕES URBANÍSTICAS E ATRATIVOS TURÍSTICOS 105
7 CONCLUSÃO 117
REFERÊNCIAS 122
ANEXO A 130
ANEXO B 138
ANEXO C 140
1. Introdução
As novas mudanças no planejamento urbano coincidem com
as modificações nos estudos das mais diversas temáticas que se anunciaram
a partir dos anos 70, principalmente com o surgimento do pós-modernismo,
que traz novos conceitos e práticas mais modernas a urbanização das
cidades. Estas transformações estão diretamente associadas às estruturas
sociais conforme as várias exigências que as próprias cidades vêm
vivenciando.
Na tentativa de se tornarem mais competitivas e interessantes,
as mudanças no espaço da cidade são inovadoras e, na maioria das vezes,
solucionadoras. Estes conceitos e pensamentos trazem consigo a inovação
e, conseqüentemente, a utilização destas transformações para o bem
comum. Por outro lado, as cidades e as sociedades caracterizam-se
economicamente por fluxos de informações, onde pessoas, produtos e
serviços articulam-se, em diferentes atividades, na formação do processo de
desenvolvimento destas localidades.
Dentre estas atividades, há destaque para a atividade turística
como um fator de desenvolvimento econômico, social e cultural das
cidades. Assim como algumas outras é desenvolvida em espaços naturais ou
adaptados. O termo espaço possui significados diversos, podendo ser
tratado sob a ótica geográfica, arquitetônica ou econômica. As localidades
são, na verdade, formas de organização dos espaços, e se caracterizam
pela concentração de pessoas, atividades e serviços.
13
A cidade de Curitiba, desde 1940, quando possuía
aproximadamente 127 mil habitantes, preocupava-se com a organização
de seu espaço. Nesta época, a Prefeitura Municipal de Curitiba, com o
intuito de disciplinar a ocupação do solo, elaborou um plano urbanístico
para a cidade. Neste plano, além de largas avenidas, privilegiavam-se
outros espaços livres, como praças, jardins e parques públicos. Chamado de
Plano Agache, também previa a criação de um organismo que centralizasse
as ações de pesquisa e planejamento urbano. Assim, foi criado em 1965 o
Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano da Cidade – IPPUC.
Outra ação que estabeleceu diretrizes e normas técnicas,
ordenando o crescimento físico, urbano e espacial da cidade e que
também justifica a escolha deste tema, é a implantação do Plano Diretor no
período de 1971 a 1983, onde as administrações promoveram mudanças na
proposta original, a fim de viabilizá-las. Neste período, destacou-se o sistema
de transporte coletivo que até hoje é um modelo para diversas cidades do
Brasil e do mundo, organizado em sintonia com o sistema viário e com o uso
do solo.
A década de 1970 foi caracterizada como o período em que
houve o início de um conjunto significativo de intervenções públicas,
resultantes do processo de planejamento, que impactou o espaço urbano e,
conseqüentemente, o imaginário da sociedade curitibana. Dentre as ações
e intervenções públicas, destacam-se algumas, como a Rua XV de
Novembro, primeira rua pedestrianizada do Brasil, e a criação de dois
parques, o Parque São Lourenço e o Parque Barigüi, atuais atrativos turísticos
e locais de lazer para a população da cidade.
14
A cidade de Curitiba já citada como “capital de primeiro
mundo”, “capital brasileira da qualidade de vida” ou, ainda, “capital
ecológica do Brasil”, é mundialmente reconhecida por sua eficiência
administrativa, já tendo ganhado prêmios internacionais por sua gestão e
planejamento urbano inovador, o que desperta a curiosidade de muitos
visitantes e turistas.
Desta forma, justifica-se a elaboração da pesquisa ao se
deparar com situações em que a grande preocupação das cidades é com
seus cidadãos, em que as políticas públicas prezam por seu desenvolvimento
econômico, social e cultural. Portanto, considerar a atividade turística, em
razão de seus benefícios diretos e indiretos, como forma de promoção de
seus cidadãos e da própria cidade, é uma alternativa importante para
fomentar seu desenvolvimento integral.
Também é fundamental considerar a importância da discussão
do planejamento da atividade turística ou da falta do mesmo, em áreas
urbanas, onde se percebe que o turismo muitas vezes acontece antes
mesmo de seu planejamento, e da preocupação com os impactos positivos
e negativos que esta pode apresentar.
Para tanto, a problematização desta pesquisa consiste em
verificar se a atividade turística da cidade de Curitiba foi planejada ou
apropriou-se das intervenções urbanísticas da cidade, criadas com o intuito
de atender as necessidades de seus cidadãos.
O turismo quando planejado tende consolidar um destino
justificando que mudanças urbanas sejam realizadas para seu atendimento.
O turismo possui característica importante no processo de desenvolvimento
15
de uma localidade, pois para melhor atender os visitantes, ou seja, aos
turistas, ocorre uma significativa melhora na infra-estrutura local, não
somente na turística, como equipamentos e serviços, mas também na
urbana, como, infra-estruturas de base, de acesso, enfim, desenvolvendo a
região sob todos os aspectos (RODRIGUES, 2002).
A hipótese considerada para esta pesquisa é a de que a
atividade turística em Curitiba foi incrementada a partir de várias
intervenções urbanísticas. Ou seja, o turismo apropriou-se destas intervenções
como atrativos embora algumas delas não tenham sido implementadas
com o único objetivo de atender ao turista e sim ao cidadão.
Portanto, o objetivo geral deste trabalho consiste em verificar a
influência das principais intervenções urbanísticas no desenvolvimento do
turismo na cidade de Curitiba a partir da identificação das principais
intervenções urbanísticas tratadas sob enfoque analítico associadas à
demanda turística. Como objetivos específicos, destacam-se:
a) identificar as principais intervenções urbanísticas com
possível influência na atividade turística em Curitiba;
b) analisar as pesquisas de demanda turística de Curitiba,
realizadas no período de 1991 a 2003 a fim de traçar um panorama do
turismo, perfil do turista, características e opiniões dos mesmos sobre a
cidade e seus atrativos turísticos.;
c) identificar a relação existente entre as principais
intervenções urbanísticas ocorridas na cidade e a respectiva demanda
turística.
16
A metodologia utilizada compreendeu a pesquisa
documental, que tem como instrumento para obtenção de informações
inerentes ao tema, as pesquisas bibliográfica e exploratória. O estudo
bibliográfico realizado consistiu no levantamento de publicações e
documentação que subsidiou a composição dos dados e informações
básicas do trabalho. A pesquisa exploratória fundamentou-se na busca de
informações contextuais inerentes ao planejamento urbano, nas ações de
implementação que nortearam as intervenções urbanísticas, e na atividade
turística no estudo de caso sobre a cidade de Curitiba.
Barretto (2002) ressalta que o turismo é uma atividade
multidisciplinar e interdisciplinar. Multidisciplinar, porque o processo exige o
concurso de uma ampla variedade de áreas do conhecimento;
interdisciplinar, porque estas áreas devem estar interligadas. O universo do
turismo expande-se a cada dia tornando necessário o auxílio de mais ramos
do conhecimento.
Para Dencker (2002) o turismo deve ser compreendido com a
interdisciplinaridade e esta prática é apontada como uma proposta
pedagógica da pós-modernidade no sentido de responder às necessidades
de superação dos problemas provocados pela fragmentação disciplinar do
modelo racionalista.
Esta concepção atinge diversas áreas do conhecimento e o
estudo da gestão é um exemplo. A gestão urbana se encontra neste
contexto, pois como explanam Hardt; Hardt (2006) “pela complexidade das
relações estabelecidas entre os diversos atores que interagem no seu
espaço de atuação e pela própria diversidade de ambientes e dinâmicas
17
que a envolvem, a gestão urbana deve evoluir em relação às técnicas
administrativas tradicionais”.
Busca-se, desta forma, contribuir para melhor o entendimento
das relações entre a atividade turística na cidade de Curitiba e a sua
relação com o planejamento urbano, pontuando, assim, as principais
conseqüências e transformações promovidas a partir das ações de ambas
as atividades e, principalmente, no que diz respeito à caracterização do
turismo na cidade.
18
2. Aspectos Teórico-Conceituais
2.1 Gestão Urbana
Como conseqüência das rápidas mudanças sócio-culturais ,
econômicas e ambientais observadas atualmente, as cidades passam por
uma adequação voltada aos meios de gestão que sejam condizentes com
a realidade observada e promovida pelas transformações tecnológicas com
rápido incremento dos processos de desenvolvimento.
Pode-se perceber que o poder político-administrativo detém
uma grande responsabilidade: a de gerir este processo. Onde antes se
refletia sobre o “planejamento” que permite prever situações futuras,
percebe-se a necessidade de “gerir”, ou seja, efetivar as ações mais
rapidamente, conciliando as perspectivas econômicas e sociais de cada
cidade de acordo com a sua estrutura (SOUZA, 2003).
Pode-se conceituar gestão como ato de gerir, gerenciar,
administrar uma unidade e todos os seus respectivos recursos, inclusive os
humanos. (REZENDE; CASTOR 2005)
Faz parte do processo de gestão de uma cidade a
preocupação com o incremento estrutural que facilite o desenvolvimento
econômico, objetivando a melhoria da qualidade de vida de sua
população, que desperte o interesse das grandes empresas em instalar-se
em seu entorno, e que ainda atraia novos visitantes e turistas, gerando mais
empregos e renda.
19 Na gestão democrática da cidade, deve ser assumido politicamente que existem diversos atores sociais com concepções conflitantes de vida e cidade. O desafio é construir uma cultura política com ética nas cidades, viabilizando que os conflitos de interesse sejam mediados e negociados em esferas públicas e democráticas. Assume-se como princípio básico da política urbana o imperativo de se discutir os rumos das cidades com os vários setores da sociedade. Garante-se dessa forma, a participação da população nas decisões de interesse público, por meio dos instrumentos estabelecidos na Lei (BRASIL, 2002, p.33).
A gestão democrática deve ser garantida como considera a
Lei Federal nº 10257, de 10 de julho de 2001, Estatuto da Cidade. Os
instrumentos por este citado para tal processo são: órgãos colegiados de
política urbana, nos níveis nacional, estadual e municipal; debates,
audiências e consultas públicas; conferências sobre assuntos de interesse
urbano, nos níveis nacional, estadual e municipal; iniciativa popular de
projeto de lei e de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano.
O art. 44 da mesma Lei apresenta que no âmbito municipal deve existir a
gestão orçamentária participativa com realização de debates, audiências e
consultas públicas sobre as propostas do plano plurianual, da lei de diretrizes
orçamentárias e do orçamento anual, como condição obrigatória para sua
aprovação pela Câmara Municipal.
As novas gestões públicas devem objetivar a reestruturação,
“filtrando” o que realmente pode agregar valor para a cidade; a
reengenharia, implantando novos processos, realizando ajustes e
complementando outros já existentes; a reinvenção, oferecendo novos
serviços como estratégia diferencial para o cidadão; o realinhamento, onde
a reinvenção é implantada e orientada à busca dos novos resultados; e,
finalmente a reconceitualização, como forma de introduzir o “novo” e
20
incentivar a adaptação para os gestores e administradores públicos (JONES;
THOMPSON, 2000)
Para tanto, a gestão urbana busca responder às questões
pertinentes ao seu papel, estabelecendo ações direcionadas. Essas ações
são consideradas políticas públicas, ou seja, estratégias estabelecidas
objetivando o desenvolvimento social, econômico e político das cidades.
2.1.1 Políticas Públicas
O termo política é comumente utilizado para indicar a
atividade ou conjunto de atividades que, de alguma maneira, têm como
termo de referência a polis, sou seja, o Estado. Dessas atividades, o Estado
por vezes é sujeito, quando referido à esfera política atos como:
o ordenar ou proibir alguma coisa com efeitos vinculadores para todos os membros de um determinado grupo social, o exercício de um domínio exclusivo sobre um determinado território, o legislador através de normas válidas `erga omnes`1, o tirar e trasnferir recursos de um setor da sociedade para outros etc”. (BOOBIO, MATTEUCCI, PASQUINO apud DIAS, 2003, p.121)
As políticas públicas, de acordo com Teixeira (2002, p.2) “são
diretrizes, princípios norteadores de ação do poder público; regras e
procedimentos para as relações entre o poder público e a sociedade;
mediações entre atores da sociedade e Estado”.
Política pública trata do conjunto de ações executadas pelo
Estado, dirigidas a atender as necessidades de toda a sociedade. São linhas
de ações que buscam satisfazer ao interesse público e devem ser
direcionadas ao bem comum (DIAS, 2003). Considera-se que as políticas
21
públicas são essenciais para a excelência do desenvolvimento, prevenção,
organização e controle para a gestão urbana.
Ainda é possível considerar políticas como um conjunto de
ações destinadas à resolução de problemas, que visam acelerar o
crescimento econômico e a distribuição de benefícios entre os membros da
sociedade e a melhoria da própria cidade. (FERREIRA, 2001)
Além disso, a rápida urbanização exige dos órgãos
governamentais uma responsabilidade ainda maior na implantação de
programas de desenvolvimento propiciando melhores condições e maior
organização da gestão urbana.
A qualidade das políticas públicas depende das
características do processo político que, por sua vez, é determinado por
fatores culturais, padrões de comportamento político e, inclusive, atitudes
singulares de atores políticos (FREY, 2000). Sendo este um trabalho que
remete ao tema Turismo, são adiante expostos alguns conceitos sobre as
políticas públicas para o turismo.
2.2 A Atividade Turística
O turismo é um fenômeno que pode ser estudado sob diversos
enfoques, sob visões sócio-cultural, ecológica, econômica ou política. É
importante compreender que, independente do foco dado ao presente
estudo, considera-se ressaltar que o turismo é uma atividade multidisciplinar,
portanto, neste capítulo são apresentadas definições de turismo, sua
1 Expressão latina que significa “que tem efeito ou vale para todos” em ato jurídico (DIAS, 2003).
22
importância econômica, segmentações de mercado, impactos e
tendências da atividade em nível mundial, nacional e regional.
De acordo com a Organização Mundial do Turismo - OMT
(apud IGNARRA, 1999, p. 23), turismo é “o deslocamento para fora do local
de residência por período superior a 24 horas e inferior a 60 dias motivado
por razões não-econômicas”. Em 1910, Herman Von Schullard (apud
IGNARRA, 1999, p. 23) dizia que o turismo era a “soma das operações,
especialmente as de natureza econômica, diretamente relacionadas com a
entrada, permanência e o deslocamento de estrangeiros para dentro e fora
de um país, cidade ou região”.
Mais recentemente, segundo José Vicente de Andrade (apud
IGNARRA 1999, p. 24), turismo pode ser definido como um “conjunto de
serviços que tem por objetivo o planejamento, a promoção e a execução
de viagens, e os serviços de recepção, hospedagem e atendimento aos
indivíduos e grupos, fora de suas residências habituais”. De acordo com
Ignarra (1999, p. 25), o turismo é:
[...] deslocamento de pessoas de seu local de residência habitual por períodos determinados e não motivados por razões de exercício profissional constante. Uma pessoa que reside em um município e se desloca diariamente para outro para exercer sua profissão não está fazendo turismo. Já um profissional que esporadicamente viaja para participar de um congresso ou para fechar um negócio em outra localidade que não a de sua residência estará fazendo turismo.
A palavra turismo, segundo Lickorish e Jenkins (2000, p.30), era,
até o século XIX, desconhecida na língua inglesa e representava
inicialmente “viagem em grupo barata”, como um termo depreciativo para
estranhos e estrangeiros. Já as palavras viagem e viajante eram respeitadas,
dirigindo-se ao alto poder aquisitivo dos viajantes de antigamente. Assim, o
23
conceito de viagem com a finalidade de recreação era algo totalmente
inédito.
O aumento da riqueza, a extensão das classes de
comerciantes e profissionais, o crescimento populacional do séc. XVIII, e a
secularização da educação proporcionaram a expansão do turismo, por
estimulação determinada pelo lazer, tempo, dinheiro e interesse, que se
define pela preferência do consumidor. Assim incitou-se o interesse das
pessoas em conhecerem outros países, bem, como se aceitou a viagem
como um elemento educacional (LICKORISH, JENKINS, 2000).
Dois fatos são considerados de suma importância na evolução
histórica do turismo: a Revolução Industrial e a transformação social e
econômica que ela gerou com o surgimento de uma nova classe social, a
chamada burguesia, que passou a dispor de tempo para o lazer (LAGE;
MILONE, 2001).
Mas foi no século XX que o turismo ganhou maior impulso,
após os períodos de guerras, em função da aplicação das tecnologias
desenvolvidas pelos militares para o desenvolvimento social e econômico, a
exemplo dos automóveis, aviões, comunicações etc. Houve também outros
fatos importantes que contribuíram para o crescimento do turismo: a
diminuição da jornada de trabalho para 8 horas diárias, garantidas por lei, o
aumento da renda e a remuneração das férias, que proporcionaram aos
trabalhadores a possibilidade de realizar viagens de lazer.
O turismo, mesmo após a massificação das viagens a partir da
década de 50, é considerado ainda como uma atividade de luxo, porque
não se trata de um fator de primeira necessidade, como alimentação,
24
vestuário ou moradia. Uma família certamente dará prioridade em seu
orçamento para estas questões e para a educação dos filhos, para
posteriormente direcionar gastos com lazer e viagens. Entretanto, os dados
apresentados pela Organização Mundial do Turismo - OMT, em 2002,
mostraram um crescimento da atividade turística de 3% em relação ao ano
anterior, o que equivale a 700 milhões de chegadas internacionais (SEBRAE-
PR, 2006). A estimativa é que o setor continue a crescer.
Isso significa dizer, em termos econômicos, que em primeiro
lugar houve aumento da demanda por viagens ao longo do tempo e há
uma tendência de continuidade desse crescimento. Conseqüentemente,
houve aumento da oferta turística, cuja perspectiva também é de
crescimento. Os principais acontecimentos históricos que contribuíram para
esse quadro podem ser atribuídos, além da Revolução Industrial, aos
avanços tecnológicos ocorridos desde então, principalmente os
relacionados aos meios de transportes, desde a máquina a vapor aos aviões
supersônicos.
A facilidade de deslocamento que os diferentes modais de
transporte oferecem é, em grande parte, responsável pelo aumento da
demanda turística. Outro fato importante, como mencionado anteriormente
é a diminuição da jornada de trabalho (oito horas diárias, cinco dias por
semana) e as férias remuneradas que proporcionaram às pessoas o tempo
(e dinheiro) necessário para viajar.
É importante considerar que, segundo Fernandes e Coelho
(2002, p.60), “o turismo é, na realidade, uma atividade eminentemente de
prestação de serviços e, conseqüentemente, enquadra-se no setor terciário
25
da economia”. Outro aspecto importante destacado pelos autores é o fato
de que o turismo tem o poder de desenvolver as atividades dos setores
primário (agricultura) e secundário (indústrias e construção civil). Para melhor
compreensão, tome-se como exemplo a implantação de um novo hotel em
determinada localidade.
Durante a construção do edifício, seria necessária a
contratação de uma construtora para executar a obra, envolvendo então
uma atividade que se enquadra no setor secundário da economia. Após a
sua inauguração, o hotel demandaria produtos industrializados e, também,
produtos agrícolas.
Assim, pode-se afirmar que o turismo tem um efeito
multiplicador, ou seja, ele envolve vários outros setores de atividade, além, é
claro, de promover diversificada gama de serviços denominados “turísticos”.
Em nível macroeconômico, podem-se apontar quatro
significativos impactos que o turismo pode gerar para um país: redução dos
desequilíbrios regionais, contribuição na arrecadação de impostos, efeitos
multiplicadores de renda, produção e emprego e contribuição na formação
do Produto Interno Bruto – PIB (FERNANDES; COELHO, 2002).
Analisando a evolução do turismo ao longo dos últimos 50
anos, a Organização Mundial do Turismo – OMT verificou que houve uma
taxa de crescimento médio de 7% ao ano, considerando-se o período entre
1950 e 1999 (OMT, 2001). No ano de 2000, a Secretaria da OMT registrou o
número de 664 milhões de chegadas internacionais, em nível mundial.
Comparando-se com o número destas chegadas em 1950, que foi de 25
milhões, pode-se perceber a significativa expansão da atividade turística.
26
Dentre as principais motivações de viagem por parte dos turistas, o lazer
representava, em 1998, cerca de 62% do total, seguido por razões de
negócios ou profissional, com 18%.
Segundo as estimativas da OMT, entre os anos de 2000 e 2010,
o turismo internacional deve crescer a uma média de aproximadamente 5%
ao ano. Entretanto, em estudo mais detalhado, aponta para um
crescimento de 3,5% anual para o mesmo período para as Américas (OMT,
1995). Na América do Sul, destaca-se o Brasil em primeiro lugar, como pólo
receptor de turistas estrangeiros que em 2000 registrou o número de
aproximadamente 5 milhões de chegadas internacionais.
Porém, as estatísticas do Instituto Brasileiro de Turismo –
EMBRATUR (2003), demonstraram que em 2001 e 2002 houve decréscimo do
número de turistas estrangeiros que visitaram o país. Sabe-se que a
demanda turística, principalmente aquela cujo motivo da viagem é o lazer,
é elástica, ou seja, sensível às oscilações econômicas.
Dos aproximadamente 3,7 milhões de turistas estrangeiros que
visitaram o Brasil em 2002, cerca de 522 mil entraram no país pelo Estado do
Paraná (EMBRATUR, 2003).
27
O Quadro 1 apresenta as estatísticas do turismo no Paraná
que em 2005 teve um fluxo de 7.350.912 turistas.
QUADRO 1 – Dados do turismo no Paraná Variáveis 2001 2002 2003 2004 2005Fluxo Turistas 5 670 614 5 552 244 6 210 930 6 708 641 7 350 912 Estadual (%) 50,0 48,0 48,0 45,0 47,0 Interestadual (%) 34,0 35,0 36,0 38,0 39,0 Internacional (%) 16,0 17,0 16,0 17,0 14,0 Permanência Média (dias) 3,9 3,6 3,8 3,3 3,7 Gasto Médio Per Capita/Dia (US$)
37,8 45,0 47,8 47,5 60,0
Receita Gerada (US$ por mil) 835.961,92 899.463,47 1.124.000,29 1.067.915,40 1.462.828,46 Fonte: Secretaria de Estado do Turismo –PR, 2006.
O interesse do governo em desenvolver o turismo nesta região
mostra a tomada de consciência das tendências que a atividade apresenta
e dos benefícios que pode gerar, sejam econômicos, sociais ou ambientais.
O mercado turístico tem se tornado, também, muito competitivo, levando as
empresas do setor a segmentar o mercado, para poder obter os melhores
resultados nesse ascendente segmento da economia.
O mercado turístico é formado pela demanda, que
compreende os consumidores, neste caso, os turistas, e pela oferta, formada
pelos prestadores de serviços turísticos (hotéis, agências de viagem,
restaurantes, transportadoras etc). A expressiva expansão deste mercado
nos últimos anos deve-se principalmente às comunicações (além, dos
transportes), pois a evolução tecnológica resultou em benefícios importantes
para o crescimento da demanda e da oferta turísticas, por meio da
divulgação, que passou do “boca-a-boca”, para o rádio, para a televisão e
mais recentemente, para a internet. De acordo com Kotler; Haider; Rein
(1994) o mercado consiste em todos os consumidores potenciais que
28
compartilham de uma necessidade ou desejo específico, dispostos e
habilitados para fazer uma troca que satisfaça essa necessidade ou desejo.
Já para o Professor Mário Beni (2003, p.145):
(...) os mercados constituem um sistema de informação que permite a milhares de agentes econômicos, produtores e consumidores, até certo ponto isolados entre si, tomar as decisões necessárias para que a sociedade toda possa alcançar três eficiências – atributiva, produtiva e distributiva.
O mercado turístico é amplo, o que pode conduzir, por
exemplo, à sua tipificação em internacional, nacional ou regional. Devido à
vasta oferta de produtos turísticos, que podem ser considerados não apenas
como os serviços, mas compostos também pelo conjunto de atrativos que os
destinos possuem, costuma-se segmentar esse mercado. Trata-se, na
verdade, de uma estratégia de marketing adotada pelas empresas turísticas
para focalizar seu público alvo, facilitando a identificação do produto
turístico por parte do consumidor.
Isso ocorre porque se entende que não é possível atingir os
potenciais consumidores em escala universal, mas apenas a uma parcela
deles. Por isso, a segmentação é fundamental para que as empresas possam
dirigir seus investimentos promocionais de forma objetiva, levando seu
produto às pessoas que realmente estão interessadas em comprá-los (LAGE;
MILONE, 2001).
Para tanto, a segmentação do mercado turístico é de suma
importância para que cada destino tenha condições de trabalhar de forma
adequada a sua localidade, utilizando suas características na atração de
visitantes para a cidade. Seja turismo de sol e praia, de negócios, de
29
eventos, de aventura, de caráter cultural, entre outros, o foco deve ser
dirigido ao público correspondente.
Este direcionamento dos destinos contribui para o
fortalecimento e para a observação da imagem que os turistas terão da
localidade, pois a cidade deverá ser percebida da maneira como é
apresentada; do contrário causa frustração com o “produto” adquirido.
2.2.1. Turismo Urbano
As discussões apresentadas no item anterior serão aqui
complementadas com as idéias voltadas para o turismo urbano, que é o
enfoque deste trabalho.
Segundo Tyler e Guerrier (2001), o turismo urbano envolve os
processos sociais de mudança e os processos de decisões políticas que
ditam a natureza dessa mudança e que identificam ganhadores e
perdedores. Trata-se da busca dos meios pelos quais a mudança afeta os
processos sociais da cidade e da necessidade de gerenciar a
inevitabilidade do turismo urbano.
Para Castrogiovanni (2000, p. 23):
a ordenação urbana compreende o processo de organização dos elementos que compõem o espaço urbano de acordo com o estabelecimento de relações de ordem, com base na construção de uma hierarquia de valores, no caso, com o objetivo de facilitar o desenvolvimento das atividades turísticas. A ordenação turística é a busca conveniente dos meios existentes no espaço para o sucesso das propostas relativas às atividades turísticas.
30
Para Boullón (2002, p. 79) o espaço turístico é conseqüência da
presença e distribuição territorial dos atrativos turísticos que são a matéria-
prima do turismo. Este elemento do patrimônio turístico, mais o
empreendimento e a infra-estrutura turística, são suficientes para definir o
espaço turístico de qualquer país.
Os visitantes de uma cidade podem ter uma leitura muito
tênue daquilo que em determinado espaço urbano pode significar em
termos de prazer cotidiano para os moradores fixos. Nem sempre ao turista é
permitida a total inserção com o território que visita, em certas
circunstâncias, talvez nem devesse ocorrer.
De acordo com Lynch (1997, p.7):
as imagens ambientais são resultado de um processo bilateral entre o observador e seu ambiente. Este último sugere especificidades e relações, e o observador seleciona - com grande capacidade de adaptação e à luz de seus próprios objetivos - organiza e confere significado àquilo que vê.
Assim, a imagem de um determinado lugar pode variar
dependendo de cada observador. No caso do turista no espaço urbano o
tempo todo que estiver transitando estará realizando suas observações.
Os elementos urbanos que podem ser analisados pelos turistas
segundo Boullón (2002) são seis:
a) pontos de interseção: áreas abertas ou cobertas de uso
público onde o turista as percorre livremente. Por exemplo:
praças, parques, mercado, igrejas shoppings ou galerias.
31
b) marcos divisórios: construções, artefatos urbanos e
monumentos que se destacam na paisagem urbana
como pontos de referência exterior ao observador.
c) bairros: áreas da cidade que tiveram a sua ocupação
planejada ou podem ter passado por processo de
urbanização após a sua ocupação inicial
d) setores: áreas específicas dos bairros apresentando-se
como rugosidades dentro da homogeneidade que
tendem a ser os bairros. Por exemplo: setores históricos;
e) bordas ou franjas urbanas: elementos lineares que
marcam o limite ou transição da passagem entre áreas ou
do próprio todo que se constitui o tecido urbano. São
elementos fronteiriços que tendem a ser uma terceira
paisagem, trazendo características das duas paisagens
que se encontram.
f) caminhos: são as ruas, avenidas, becos e passagens que
podem ser considerados as melhores opções para se
visitar os atrativos turísticos ou entrar na cidade e sair dela.
O caminho pode passar a ser o principal atrativo
Castrogiovanni (2000) destaca que nos caminhos por onde
passam os fluxos turísticos há a possibilidade de transitar entre o real
edificado e o imaginário possível de ser construído a qualquer momento.
O turismo urbano apropria-se da paisagem das cidades para
desenvolver sobre ela leituras criativas.
32
Nos caminhos ainda podem ser observadas as facilidades de
fluxo das pessoas e dos veículos, a agradabilidade estética, a paisagem
construída, os serviços urbanos, os equipamentos de apoio ao turismo e o
“mobiliário urbano” (placas de sinalização, paradas de ônibus, postes,
brinquedos das praças, dentre outros). (BOULLÓN, 2002: CASTROGIOVANNI,
2000).
O espaço urbano não é construído para uma pessoa, mas
para várias, que apresentam diferenças de temperamento, formação,
ocupação profissional, origem étnica, diversidade social e, portanto,
interesses. Assim, a cidade é uma representação da condição humana,
sendo que essa representação se manifesta por meio da arquitetura em si e
da ordenação de seus elementos (Castrogiovanni, 2000).
O turismo no meio urbano desenvolve-se dentro desta
realidade e se aproveita das singularidades e comportamentos locais que
vão além da expressão arquitetônica como os sotaques, idiomas ou dialetos,
trajes típicos, danças, música local, jogos, costumes, crenças etc.
Também, as diferentes atividades econômicas da cidade
conferem ao turismo urbano características específicas.
As características arquitetônicas, as singularidades ou
atividades econômicas isoladamente ou em conjunto foram diversos
segmentos turísticos que se podem destacar: o turismo de negócios, o
turismo de ventos, o turismo histórico-cultural, o turismo religioso e o turismo
de lazer.
A gestão do turismo urbano deve buscar a compreensão dos
processos de reestruturação e valorização do meio, com os desafios de uma
33
economia globalizada e competitiva, verificados em um espaço dinâmico,
como o urbano em estudo, com políticas públicas que considerem estes
preceitos.
2.2.2 As Políticas Públicas para o Turismo
Pelo fato desta pesquisa envolver a atividade turística, que por
sua vez, está inserida no planejamento de cada cidade, ressalta-se neste
capítulo a importância das políticas públicas, pois o turismo necessita de
decisões e ações políticas para movimentar o terceiro setor da economia e
para mobilizar a gestão urbana já que a estrutura urbana dimensiona o
sucesso ou o insucesso de um destino turístico.
Goeldner et al. (2002) entendem política pública para o
turismo como o conjunto de regulamentações, regras, diretrizes, diretivas,
objetivos e estratégias de desenvolvimento e promoção que fornece uma
estrutura na qual são tomadas as decisões coletivas e individuais que afetam
diretamente o desenvolvimento turístico e as atividades diárias dentro de
uma destinação.
Dentre as áreas abordadas pela política de turismo em nível
nacional estão, o seu papel socioeconômico em uma destinação; tipologia
das destinações; taxas a serem cobradas, seus tipos e níveis; financiamentos
para o setor; desenvolvimento e manutenção do produto; infra-estrutura e
transporte; regulamentação dos setores; restrições ambientais; imagem e
credibilidade do setor; relações entre comunidade e atividade; recursos
34
humanos e qualificação da mão-de-obra; legislação trabalhista; tecnologia;
práticas de marketing; funcionamento do turismo estrangeiro.
Também, a urbanização e o grau de organização do território
devem ser observados, pois há necessidade de se respeitar à identidade
cultural propiciada pela organização territorial histórica, como o patrimônio
e a paisagem urbana. “Há necessidade de integração dos traçados
tradicionais do espaço urbano com as propostas de organização turística e,
nesse caso, as padronizações estão condenadas” (MENDONÇA, 1998, p. 57).
É necessário encontrar novas tipologias arquitetônicas que se
enquadrem nesses espaços. Cidades ou bairros antigos, que retratam
determinadas épocas passadas, podem conviver com edifícios modernos,
desde que estes apresentem estrutura compatível e identificada com a
paisagem cultural e urbana existente.
Assim, são necessários, estudos minuciosos antes de serem
tomadas quaisquer providências quanto a novas obras em setores históricos
da cidade. Essa política pode estar explicitada em leis e decretos municipais,
na lei orgânica e no plano diretor, que poderão estabelecer incentivos para
que as novas construções se façam de acordo com orientações urbanísticas
que preservem a identidade local (RODRIGUES, 2001).
A gestão do turismo na escala local deve ser entendida num
sentido amplo, de compartilhamento de responsabilidades entre os setores
público, privado e terceiro setor.
O fundamento dessa integração deverá ser a articulação dos
negócios privados com o bem-estar da comunidade local e a
sustentabilidade dos recursos.
35
2.3 Planejamento Urbano
O planejamento pode ser considerado sob enfoques diversos.
No sentido restrito da palavra, planejamento é a elaboração de plano.
Porém, deve-se considerá-lo como um processo contínuo, composto por
fases diversas que se retroalimentam. De forma geral, um plano compreende
o conjunto de diretrizes de ação para, dentro de determinados prazos e
utilizando determinados recursos, atingir objetivos pré-estabelecidos.
Entretanto, o planejamento também pode ser considerado
dentro de uma visão ampla e abrangente, sendo todo o processo de
interferência na realidade com o propósito de se passar de uma situação
conhecida para outra desejada, dentro de um intervalo definido de tempo.
O processo de planejar consiste em tomar decisões antecipadamente. Certas decisões são tomadas de imediato, assim que o problema ocorre, e seu alcance esgota-se com a resolução desse mesmo problema. Outras decisões, ao contrario, visam definir um objetivo ou curso de ação para o futuro. Elas são formuladas no presente, para serem postas em prática no futuro. Não apenas serão postas em prática num futuro que pode estar próximo ou distante, mas também tem o objetivo de influenciar esse mesmo futuro. (MAXIMIANO, 1995, p.196)
Ainda de acordo com Cardoso (apud BARRETTO, 1999)
observa-se que o planejamento é uma atividade, não é algo estático, é um
dever, um acontecer de muitos fatores concomitantes que têm que ser
coordenados para se alcançar um objetivo que está em outro tempo. Sendo
um processo dinâmico é lícita a permanente revisão, a correção do rumo.
Exige um repensar constante mesmo após a concretização dos objetivos.
36
Planejar é a administração racional, isto é, processo da distribuição ótima
dos recursos e dos meios tendo em vista objetivos dados.
O planejamento não deve satisfazer com um único plano,
mas “com vários planos, tantos quantas forem as previsões do futuro com
probabilidade significativa” (HUERTAS, 1996, p.55).
Os planos também são dispostos em hierarquia em função de
escalas territoriais. Em países centralizados, planos nacionais são
hierarquicamente superiores aos regionais, e estes aos locais, cada um
estabelecendo diretrizes para os planos a serem mais detalhados em nível
inferior. Isto implica, muitas vezes, na necessidade de compatibilização entre
planos, quando começam a interferir, mesmo que indiretamente, uns nos
outros.
No campo urbano, as intenções normalmente se referem ao
bem-estar dos habitantes e à cidade como um todo. Entende-se por
urbanismo, compreender a ciência que edifica e organiza a cidade,
englobando fenômenos sociais, políticos, naturais e econômicos de
determinada civilização. O urbanismo está voltado à sistematização e ao
desenvolvimento da cidade, orientando dentre outros aspectos, a posição
dos equipamentos urbanos para melhor comodidade de seus habitantes.
(TRINDADE, 1997,)
Vale ressaltar que planejamento urbano sugere um contexto
mais amplo do que o representado pelas expressões urbanismo ou desenho
urbano. O planejamento urbano inclui o urbanismo. (SOUZA,2003).
A importância de organizar a cidade pode ser percebida a
partir do crescimento populacional do país como um todo. Segundo dados
37
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2005) entre os anos de
1960 e 2000, a população urbana aumentou de 31 milhões para 170 milhões
de pessoas. Ou seja, as cidades receberam 139 milhões de novos moradores,
o que significa uma crescente necessidade de organização do espaço.
Como a cidade está em contínua transformação, o
planejamento urbano não terá fim, constituindo-se em uma atividade que se
estende ao longo do tempo. Já os projetos costumam ser pensados em
termos de um campo limitado e de implantação rápida; portanto, sem levar
em consideração a gama de possíveis transformações a longo prazo do
ambiente em que são executados.
O planejamento é um importante instrumento de ação que o
poder público local dispõe para criar um ambiente adequado ao
desenvolvimento do homem e melhorar sua qualidade de vida em
comunidade. Assim, a grande necessidade para o adequado
planejamento, para se alcançar efetivamente os resultados desejados, é
identificar, dentro da realidade na qual se pretende agir, as tendências e os
interesses existentes.
A escala crescente das questões urbanas na segunda metade
do século XX induz a estudos mais amplos, em que os problemas
demográficos sociais e econômicos desempenham papel cada vez mais
importante. Arquitetos, engenheiros, sociólogos, economistas, geógrafos,
médicos e assistentes sociais, dentre outros profissionais começavam a
trabalhar junto. Em função da degradação ambiental das cidades houve
um avanço institucional importante na medida em que houve a aprovação
da Lei Federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001denominada Estatuto da
38
Cidade que representa o principal instrumento normativo para a gestão
urbana.
Esta Lei apresenta que um meio para melhor ordenar o
desenvolvimento das cidades é o Plano Diretor, que objetiva direcionar e
organizar este processo. Além de resguardar os ambientes físicos e culturais
dos municípios, tornou-se obrigatório para as cidades com mais de 20 mil
habitantes.
O Estatuto da Cidade ainda estabelece normas de ordem
pública e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol
do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como
do equilíbrio ambiental.
O planejamento urbano é instrumento da gestão urbana –
comentada no capítulo anterior. E neste processo devem ser priorizados
aspectos como melhoria da qualidade de vida dos habitantes de uma
cidade e sua organização voltada ao desenvolvimento econômico, social,
ambiental e cultural.
39
2.4. Planejamento Turístico
O turismo tem uma influência no processo de desenvolvimento
de uma região, mas é preciso que haja um desenvolvimento pré-
determinado, para que não ocorram problemas, como por exemplo, um
crescimento descontrolado. Por isso, segundo RODRIGUES (2001, p. 27),
“torna-se indispensável o planejamento dessa atividade, para estimar,
restringir e regular essa evolução”.
O planejamento turístico é uma parte integrada do processo
de implantação e consolidação da economia capitalista. É um instrumento
importante e necessário para o governo obter o desenvolvimento
socialmente justo. Sendo assim, o planejamento da atividade turística é
necessário, tanto para acelerar e maximizar os efeitos positivos das
atividades quanto para minimizar os efeitos negativos (FERNANDES E
COELHO, 2002).
Os impactos positivos do turismo influenciam diretamente nos
setores de hospedagem, alimentação, transporte, entretenimento,
divulgação, setores públicos, etc, gera divisas, cria empregos, transforma
localidades economicamente inexpressivas em grandes economias.
Por outro lado deve-se ter a preocupação com os impactos
negativos, pois poderão causar a propagação de doenças, prostituição,
tráfico de drogas, terrorismo, destruição do meio ambiente,
descaracterização dos costumes dos povos ou região, destruição dos
patrimônios históricos, culturais, entre outros.
40
Um sério problema enfrentado por muitas localidades que
vivem basicamente do turismo é a sazonalidade que determina a
ocorrência de um fenômeno apenas em determinados períodos do ano. Ou
seja, o local é bastante freqüentado apenas nos meses de verão
(geralmente quando o local situa-se no litoral), ou somente no inverno
(quando não há atividades propícias para o verão), provocando uma
instabilidade com relação a mão-de-obra, a qual torna-se um problema,
tanto para os que precisam do emprego, como para os contratantes que
encontram dificuldades em selecionar pessoal gabaritado nas épocas
necessárias.
Segundo Ruschmann (1997, p. 86), “esse fenômeno pode ser
determinado por outros diversos fatores, sendo que alguns deles são:
variações cambiais, férias escolares, ou de trabalhadores, poder aquisitivo
da população etc”.
Para que não haja a ocorrência da sazonalidade, deve se
tomar algumas medidas, utilizando-se de um planejamento estratégico, para
que a concentração de visitantes seja equilibrada, durante todo o ano.
Percebendo as ameaças e oportunidades do futuro, para explorá-la e
combatê-la, algumas ações a serem tomadas, seriam; traçar objetivos,
definir estratégias e políticas, fortalecer o mercado atual, e conquistar novos
mercados, melhorar a qualidade dos serviços, criar produtos para um
mercado potencial, como por exemplo, a realização de eventos para atrair
diversos tipos de turistas e etc.
“O planejamento estratégico é um componente essencial
para o planejamento turístico, pois consiste em adaptar-se de maneira
41
adequada ao seu ambiente, analisando a sua situação atual planejando
metas e objetivos futuros, e definir como chegar a tais objetivos, utilizando-se
de estratégias” (DIAS, 2003, p. 102).
Um documento resultante desse processo de planejamento é
o plano estratégico, o qual contém informações que servirão para orientar
futuras ações, a serem tomadas e atividades e programas a serem
realizados.
O planejamento da atividade turística, segundo DIAS (2003, p.
106), “é um poderoso instrumento de fomento ao desenvolvimento
socioeconômico de uma comunidade”. Sabe-se que o mesmo compreende
várias etapas, mas, dentre estas as duas fundamentais são segundo o
mesmo autor:
O diagnóstico – que compreende o exame de todos os
componentes do turismo tanto do ponto de vista efetivo, quanto do ponto
de vista potencial. Compreende, portanto, o exame da demanda existente,
da oferta de atrativos, de serviços urbanos de apoio ao turismo e de infra-
estrutura básica.
O prognóstico – o qual compreende a elaboração de
cenários futuros. Significa imaginar situações futuras através de projeções
tanto do crescimento da demanda, quanto do incremento da oferta
turística. O prognóstico deve construir cenários antagônicos, o qual
proporcionará diversas opções facilitando a escolha final (DIAS, 2003, p. 106).
No turismo contemporâneo, as pessoas buscam o verde, a
natureza, como uma espécie de fuga do cotidiano, e até mesmo do stress
do dia-a-dia. Porém, o aglomerado de pessoas nesses lugares, bastante
42
sensíveis, poderá causar alguns danos aos mesmos; deste modo, o
planejamento turístico nessas regiões torna-se fundamental para evitar tais
danos.
O planejamento turístico, também, é muito importante na
realização de um turismo sustentável o qual seria uma relação mais
harmoniosa do turista com o meio ambiente, satisfazendo as necessidades
dos turistas e da comunidade local. Ao mesmo tempo não comprometendo
a capacidade das gerações futuras de satisfazer as suas próprias
necessidades, diversificando a economia local, e assegurando uma melhor
distribuição de custos, beneficiando todas as partes envolvidas na realização
da atividade turística.
Observa-se que são diversos os entraves para que se possa
realizar um turismo sustentável e que este, pode ser visto por muitos como um
sonho difícil de ser realizado. Como por exemplo, algumas questões políticas,
as quais dificultam, pois são muitos os interesses envolvidos nesta questão.
Para que haja um turismo sustentável com base na realidade,
se faz necessário desenvolvê-lo paulatinamente, com todos os participantes
sendo consultados nas tomadas de decisão, sempre com o objetivo coletivo
de se executar o que for melhor para todos.
Segundo Swarbrooke (2000, p. 65), “sustentável geralmente
quer dizer desenvolvimento que satisfaz nossas necessidades hoje, sem
comprometer a capacidade das pessoas satisfazerem as suas no futuro”.
Trata-se, portanto, de uma perspectiva a prazo mais longo que o usual ao se
tomar decisões, e envolve uma necessidade de intervenção e
planejamento. O conceito de sustentabilidade engloba claramente o meio
43
ambiente, as pessoas e os sistemas econômicos.
O turista será a cada dia mais seletivo nas suas escolhas, pois
buscará mais informações, qualidade dos produtos turísticos e do meio
ambiente, mais interação com a população local, preços justos, entre tantos
outros aspectos.
Há poucas evidências de que os turistas sigam o conceito de
turismo sustentável, além da preocupação com a qualidade de meio
ambiente dos locais onde visitam em suas férias. Os turistas que levam a sério
o desenvolvimento sustentável acreditam que as suas viagens anuais de
férias são os únicos momentos em que podem se comportar sem serem
responsáveis. Esse fato resulta em um certo desinteresse das empresas
turísticas pelo tema, “turismo sustentável”, visto que o mercado turístico, e
sua demanda, não se mostram de fato interessadas pelo mesmo
(SWARBROOKE, 2000, p. 66).
44
2.5 Intervenções Urbanísticas
A ação resultante de processos ordenados ou não da gestão
urbana, pode ser considerada como intervenção decorrente de uma série
de condicionantes prévios.
O Planejamento, considerado como processo, pressupõe o
atendimento a um conjunto de fases, dependentes entre si, que vão da
referenciação à implementação (HARDT et al., 2003).
Na presente pesquisa, considera-se como intervenções
urbanísticas, as ações públicas que contribuem para o desenvolvimento
urbano e para o melhor aproveitamento do espaço da cidade, sendo
resultado de processos de planejamento e iniciativas dos órgãos públicos
responsáveis pela gestão da mesma.
Cabe ressaltar que as intervenções urbanísticas consideradas
nesta pesquisa são conceitualmente diversas das utilizadas para a
implantação de equipamentos urbanos, embora esta possa ser considerada
como uma das intervenções possíveis. O IPPUC (2006) definiu que, em
Curitiba, estes são como aqueles equipamentos que exercem alguma
função urbana específica de atendimento às necessidades da população. E
os classifica em três grupos principais:
1- mobiliário urbano – que são todos os objetos, elementos e pequenas construções integrantes da paisagem urbana, de natureza utilitária ou não e implantados mediante autorização do poder público, em espaços públicos e privados; ex. bancas de revistas, cabines telefônicas, estações tubo, terminais de transporte, etc.
452- equipamentos sociais – que são todos os estabelecimentos voltados ao atendimento de necessidades básicas da população, equipamentos estes que podem ser mantidos tanto pelo setor público quanto pelo privado; ex. unidades de saúde, hospitais, creches, escolas, museus, bibliotecas, albergues, etc.. 3- atividades econômicas específicas– que são todos aquelas atividades que se instalam na cidade voltados a industrialização comércio ou prestação de serviços e que por sua localização, porte ou tipo possam interferir ou gerar inconveniências para a vizinhança ou para a cidade. estas interferências podem ser de ordem ambiental, de circulação viária ou mesmo relacionadas à preservação da paisagem urbana; ex. hipermercados, centros comerciais, postos de gasolina, antenas de radiodifusão ou de telefonia, etc..
Dessa forma, pode-se perceber que algumas das intervenções
usuais na cidade de Curitiba, referem-se a implantação de equipamentos
públicos, resultantes de interesses urbanísticos planejados com objetivos
diversos, que os relaciona a uma das categorias e equipamentos
normatizados.
Curitiba é uma das cidades brasileiras que fortemente
incorporou os efeitos das ações planejadas do seu espaço urbano e obteve,
por isso, um reconhecimento internacional pelas intervenções adotadas.
Segundo Menezes (1996, p.16), “experiências urbanas inovadoras e criativas,
que até bem pouco tempo atrás ficavam circunscritas a seus territórios, hoje
são reconhecidas e divulgadas em todo o mundo”.
As intervenções urbanísticas são mais abrangentes que os
equipamentos urbanos, modificando a realidade da cidade de forma
contundente, pois são encontradas onde há mudança da utilização do
espaço existente e/ou controle de problemas que o mesmo sofria. São
notadas pela população, divulgadas nos meios de comunicação e
46
reconhecidas pelos turistas. Constituem fortes elementos na composição da
imagem que moradores e visitantes fazem da cidade.
A imagem é importante para a consideração de um elemento
uma intervenção urbanística podendo até mesmo, criar a conceituação de
cidade-espetáculo. Estas são a espetacularização das intervenções urbanas.
“Remete aos elos e as práticas contemporâneas de modernização
urbanística, os interesses políticos em cena e a relação dos governos com a
mídia” (RIBEIRO apud SÁNCHEZ, 2003, p. 488).
47
3. METODOLOGIA DA PESQUISA
Considera-se para o desenvolvimento desta pesquisa o
método para investigação científica em turismo que é o “conjunto de
métodos empíricos experimentais, seus procedimentos, técnicas e táticas
para ter um conhecimento científico, técnico ou prático de fatos turísticos”
(OMT2 apud DENCKER, 1998, p. 24).
A pesquisa é classificada como exploratória, pois tem como
objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vista a
torná-lo mais explícito (GIL, 1991). É uma pesquisa que possui planejamento
flexível, de modo que possibilite a consideração de variados aspectos
relativos à relação do estudo de demanda turística de Curitiba com as
intervenções urbanísticas realizadas na mesma e sua apropriação pelo
turismo.
O delineamento da pesquisa se dá por meio de estudo de
caso. Para Gil (1991, p. 58) este “é caracterizado pelo estudo profundo e
exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira que permita o seu amplo
e detalhado conhecimento”.
SANTOS (2004, p. 30) ressalta que “estudar um caso é
selecionar um objeto de pesquisa restrito, com o objetivo de aprofundar-lhe
os aspectos característicos”. Por envolver fatos, fenômenos ou processos
normalmente isolados, o estudo de caso requer do pesquisador equilíbrio
intelectual e capacidade de observação, além de parcimônia quanto à
generalização de resultados.
48
Segundo Dencker (1998) configura-se um estudo descritivo de
caso que vem a responder às perguntas “como?” e “por que?” e outras
variáveis qualitativas. A autora apresenta que se refere a estudos
medianamente profundos de situações consideradas típicas, servindo para
análise do relacionamento das variáveis que contribuem para a ocorrência
de um determinado fenômeno.
3.1. Procedimentos
A pesquisa que se destaca neste estudo é a documental, que
segundo Gil (1991) vale-se de materiais que não receberam ainda um
tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com
os objetos da pesquisa. No caso, estes materiais são os estudos de demanda
turística de Curitiba realizados em sua maioria pela Paraná Turismo e outros
órgãos competentes pelos levantamentos estatísticos do turismo conforme
.as administrações públicas em vigência (Paranatur e Secretaria de Esporte e
Turismo).
São analisadas as pesquisas de demanda turística de Curitiba
de 1987 a 2003. Ressalta-se que demanda turística é “ a quantidade de bens
e serviços que um consumidor/turista está apto e disposto a adquirir por
determinado preço, em determinada qualidade, por determinado período
de tempo e determinado local” (LEMOS, 2002, p.55). Os estudos de
demanda devem levar a respostas destas questões.
2 Organização Mundial do Turismo.
49
O ano de 1987 é o marco para a realização destas pesquisas,
mas os dados possuem restrições de interpretação, pois, as avaliações foram
aplicadas apenas no mês de julho, assim como no ano de 1988. Ressalta-se
que por motivos políticos nos anos de 1989, 1990, 1998, 1999 e 2004 a
pesquisa não foi realizada; em 2002 existe apenas uma estimativa; e a
pesquisa de 2005 não foi publicada oficialmente até o final desta
investigação.
Estes estudos apresentam mudanças na sua estrutura ao longo
dos anos, sendo que as informações mais relevantes para a concretização
dos objetivos encontram-se nas pesquisas de 2001 e 2003. Os estudos de
demanda utilizam-se de metodologicamente de coleta de dados por meio
de entrevistas com preenchimento de formulários, previamente elaborados,
aos turistas e excursionistas abordados nas saídas da cidade, como:
Aeroporto Internacional Afonso Pena, Estação Rodoferroviária, BR-277 (saída
para o Norte do Paraná), BR-116 (saída para São Paulo) e BR-376 (saída para
Santa Catarina); com turistas que permanecem na cidade por menos de 24
horas e sem pernoitar - ambos exercem atividade remunerada na cidade,
além dos residentes de Curitiba e Região Metropolitana (PARANÁ TURISMO,
2003).
A Paraná Turismo (2003) defende que os números de
questionários aplicados nos últimos anos demonstram a realidade e
cientificidade do estudo.
No estudo de demanda turística de 2001, foram entrevistadas
4.158 pessoas e em 2003 foram entrevistadas 7.696 pessoas sendo: 2.304
turistas, 2.798 excursionistas e 2.594 residentes.
50
A pesquisa bibliográfica também apóia este trabalho, foi
realizada a partir de material já publicado, constituído principalmente de
livros e artigos científicos (LAKATOS; MARCONI, 1992). O objetivo de utilizar
este processo é cobrir uma gama de fenômenos muito mais ampla do que
aquela que poderia pesquisar diretamente. Esta vantagem se torna
particularmente importante quando o problema de pesquisa requer dados
muito dispersos pelo espaço. (GIL, 1994).
No caso da avaliação do processo de urbanização e sua
ligação com o turismo, justifica-se este método, pois seria inviável realizar
pesquisa direta de demanda, tanto qualitativa quanto quantitativa, no
período disponível. Também, na descrição da história de Curitiba e de seu
planejamento urbano a pesquisa bibliográfica torna-se indispensável, pois
não é objetivo da presente dissertação desenvolver estudos inerentes aos
aspectos históricos de conformação urbana, senão utilizá-los como meio de
se contextualizar os períodos considerados, cujos conhecimentos já se
encontram adequadamente em dados secundários.
Destaca-se a necessidade de analisar as informações a fim de
encontrar possíveis incoerências ou contradições e repará-las na medida do
possível (GIL, 1991).
51
3.2. Fases da Pesquisa
A pesquisa foi divida em 4 fases:
Fase 1:
A pesquisa se inicia com a exploração de fontes
bibliográficas: livros, revistas científicas, teses, relatórios de pesquisa, bases
virtuais etc. Esta fase visa o aprofundamento do tema consistindo no
levantamento de conceitos, teorias e discussões dos assuntos relevantes:
gestão urbana, políticas públicas, atividade turística, turismo urbano, políticas
públicas para o turismo, planejamento urbano e planejamento turístico.
A junção dos conhecimentos adquiridos na pesquisa
bibliográfica possibilitou a redação da fundamentação da dissertação,
O planejamento urbano na cidade de Curitiba, histórico e
definição de intervenções urbanísticas também são construídos nesta e
complementados na fase posterior.
Fase 2:
Esta fase caracteriza-se pela consulta a diversos órgãos de
interesse e seus especialistas: Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de
Curitiba - IPPUC, Secretaria Municipal de Comunicação Social de Curitiba,
Casa da Memória de Curitiba, , Secretaria de Turismo do Estado do Paraná,
Instituto Municipal de Turismo - Curitiba, Infraero, Urbanização de Curitiba
S.A.- URBS, Curitiba Convention and Visitors Bureau, Sindicato de Hotéis,
Restaurantes, Bares e Similares de Curitiba, dentre outros.
52
Estas abordagens técnicas possibilitam o aprofundamento no
universo da pesquisa com o apoio de dados publicados pelos órgãos.
Fase 3
Esta fase vale-se da pesquisa documental com os estudos de
demanda turística do município de Curitiba já citados. Entende-se que estes
estudos apresentam dados sobre o turismo e poucos são tratados como
informações.
Pretende-se como observado no Quadro 2 que a avaliação
dos dados sejam transformadas em informações que podem vir a gerar
conhecimento que auxilie a gestão do turismo em Curitiba.
QUADRO 2 – Dados, informação e conhecimento
Dados Informação Conhecimento Simples observações sobre o estado do mundo
Dados dotados de relevância e propósito.
Informação valiosa da mente humana Inclui reflexão, síntese, contexto.
Facilmente estruturado. Facilmente obtido por máquinas. Freqüentemente quantificado. Facilmente transferível.
Requer unidade de análise Exige consenso em relação ao significado. Exige necessariamente a mediação humana.
De difícil estruturação. De difícil captura em máquinas. Freqüentemente tácito. De difícil transferência.
FONTE: Davenport, Prusak , 1998, p.18.
Os dados utilizados serão os que demonstram o perfil e opiniões
da demanda turística de Curitiba são nesta fase relacionados com as
intervenções urbanísticas da cidade.
Fase 4
A última fase visa chegar a conclusões que estabeleçam
ligações com as fases anteriores aos objetivos gerais e específicos
53
demonstrando a comprovação dos mesmos. Nesta fase são feitas as análises
que contemplam a proposta inicial da pesquisa.
A atividade intelectual que caracteriza a pesquisa científica visa à
construção do conhecimento. Tal construção pode significar descoberta ou
avanço para a ciência da Humanidade ou do aprendiz, na medida em que
se apropria, individualiza, torna seu conhecimento desenvolvido e o
disponibiliza pelas diversas ciências (SANTOS, 2004). O método científico
apóia essa construção, e por este motivo foi descrito neste item.
54
4 PLANEJAMENTO URBANO EM CURITIBA
O planejamento urbano de Curitiba teve sua evolução
contemplando a promoção social, a habitação, o trabalho, o transporte, a
circulação e o meio ambiente. O crescimento da cidade e a expansão
urbana foram os principais objetivos dos administradores da cidade desde
seu início. Isso é percebido a partir da observação do histórico
contextualizado da cidade, a seguir apresentado, em que se procura
relacionar os principais fatos ligados à gestão e ao planejamento da
cidade. .
4.1 Histórico
Para a elaboração deste item, foram investigados vários
documentos e materiais da Casa da Memória, do Instituto de Pesquisa e
Planejamento Urbano de Curitiba, e outros setores da Prefeitura Municipal de
Curitiba e de algumas obras e autores citados no decorrer do texto.
Em 1668, Gabriel de Lara, o capitão-povoador, erigiu o
pelourinho – símbolo do poder e da justiça – na povoação de Nossa Senhora
da Luz dos Pinhais, assistido por um grupo de dezessete povoadores,
iniciando-se, a partir desta data, de forma ininterrupta a história oficial de
Curitiba. Todavia, Gabriel de Lara não é considerado o fundador de Curitiba,
sendo que alguns historiadores atribuem o fato a Eleodoro Ébano Pereira.
No final do século XVII, a povoação de Nossa Senhora da Luz
e Bom Jesus dos Pinhais contava com uma população de 90 homens, que
55
construíram suas casas ao redor da capelinha existente no centro da atual
Praça Tiradentes.
O crescente aumento da população exigia o
estabelecimento de regras que normalizassem a vida em sociedade. Para
resolver a situação, foi criada a Justiça e a Câmara que em 29 de março de
1693 deu o predicado de Vila à localidade. Em 1721, com 1.400 habitantes,
Curitiba recebeu a visita do Ouvidor Raphael Pires Pardinho, que definiu as
primeiras posturas e as novas formas de convivência para a cidade,
delimitando áreas para o corte de árvores, exigindo que nas novas
propriedades fossem construídas casas cobertas com telhas e proibindo a
construção de casas sem autorização da Câmara. Também determinando
que os moradores limpassem o Rio Belém, para evitar o banhado que se
formava em frente à Igreja Matriz. Além disso, a vila deveria comportar
apenas atividades comerciais, artesanais e religiosas (MENEZES, 1996).
Com o desenvolvimento econômico propiciado
principalmente a partir do gado e da erva-mate, Curitiba passou à sede de
comarca pelo Alvará Imperial, em 19 de dezembro de 1812, e foi elevada à
categoria de cidade pela Lei Provincial nº 05, em 5 de fevereiro de 1842.
Pela Lei Imperial nº 704, de 29 de agosto de 1853, Curitiba foi elevada à
categoria de capital da recém criada Província do Paraná, com 5.819
habitantes.
A partir do movimento imigratório desencadeado no Paraná
em 1829, a cidade de Curitiba passou, no final do século, pelo primeiro surto
de desenvolvimento. Além dos alemães, re-imigrados do estado de Santa
Catarina, outros grupos de imigrantes de várias nacionalidades se
56
estabeleceram em colônias ao redor de Curitiba a partir da metade do
século XIX. Esse crescimento populacional acelerado resultava em
problemas de instalação, abastecimento, escassez de água, falta de
saneamento e iluminação, dentre outros.
No ano de 1853, a cidade possuía 27 quadras, 5.819
habitantes, 308 casas e mais de 50 em construção. Nesta época, o
engenheiro francês Pierre Taulois já atuava na província como inspetor geral
de medição de terras públicas e coube a ele a tarefa de estabelecer um
novo traçado para a cidade. Apresentado em 1855, o chamado ‘Plano
Taulois’ transformava Curitiba em uma cidade de linhas retas com
cruzamentos em ângulos retos e bem definidos. (MENEZES, 1996)
Ao fazer recomendações quanto ao traçado e alinhamento das ruas existentes na Vila, sugeria a administração pública que, quando autorizasse futuras construções respeitasse o plano de prolongamento das ruas.(SANTORO, 2002, p.17)
A década de 1880 foi marcada por grandes transformações
no cenário urbano, com a instalação da estrada de ferro do Passeio Público,
inaugurado em 1886 e representando a primeira grande área de lazer da
cidade, e ainda do Teatro São Teodoro da Santa Casa de Misericórdia e da
primeira linha de bondes.
A imigração fez a população de Curitiba triplicar em menos
de vinte anos. Entre 1890 e 1896, 28 mil imigrantes vieram para a cidade e
entre 1907 e 1914, chegaram 27 mil.
O rápido crescimento da população neste período fez surgir,
na cidade, problemas como a falta de segurança pública, de escolas e de
iluminação; além de precariedades das vias de acesso entre as colônias e o
57
núcleo urbano. A partir deste quadro, em 1895, foi instituído novo instrumento
para a manutenção da ordem na cidade: o Código de Posturas de Curitiba,
que hoje corresponde à Lei Orgânica do Município. O código previa
padrões de higiene e aperfeiçoava a estrutura da cidade. Para Santoro
(2002, p.17), “a importância desse Código reside justamente no fato de pela
primeira vez ficar visível o legislar da Câmara, sob o amparo do saber
especializado como de médicos e engenheiros”.
Em 1903, inicia-se o processo de hierarquização de usos de
solo na cidade. São determinados os padrões construtivos e as áreas de
especialização de atividades urbanas. Na Rua da Liberdade, atual Barão do
Rio Branco e Praça Tiradentes, não era permitido construir casas de madeira.
Além disso, a Lei definia áreas específicas de atividades urbanas. A Rua da
Liberdade era destinada para órgãos governamentais; as regiões do Alto da
Glória e do Batel eram para residências da aristocracia e as regiões do
Portão e Rebouças definidas como áreas industriais com as moradias de
operários.
Nos primeiros dez anos a partir de 1900, os serviços de água,
esgoto, limpeza e iluminação foram ampliados; ruas eram abertas e
arborizadas. (Prefeitura Municipal de Curitiba, 1997).
A cidade acompanhava a implantação da primeira
universidade brasileira a Universidade Federal do Paraná - UFPR, inaugurada
em 18 de dezembro de 1912, transformando Curitiba em importante pólo
regional de educação e cultura.
58
Em 1919, o Código de Posturas foi reformulado sendo
propostas diretrizes de regulamentação de hotéis e pensões na cidade, além
do tráfego de veículos.
Na década de 1930, com forte tendência européia de
hierarquizar os planos urbanísticos, as funções foram reavaliadas e a cidade
foi dividida em três zonas: Zona I destinada ao comércio e moradias de alto
padrão, Zona II destinada às fabricas e moradias dos operários qualificados;
e Zona III voltada às moradias de operários menos qualificados e pequenos
sitiantes.
Mesmo tendo passado por alterações legislativas e práticas
neste período, a cidade não atingiu um nível de plano bem estruturado. A
necessidade dessa estruturação tornava-se cada dia mais importante, “[....]
um ambiente que deveria espelhar os novos valores sociais propostos pela
classe dirigente: a Curitiba acanhada de outrora precisava dar lugar a uma
nova cidade.” (TRINDADE, 1997).
Apesar das intervenções feitas a partir do Plano Taulois terem
características de um plano urbanístico, não foi considerado como tal, já
que não seguiu os critérios científicos do urbanismo que só se afirmou como
disciplina cientifica no final do século XIX. (MENEZES, 1996)
Até a década de 1940, Curitiba era uma pequena cidade
provinciana. Contudo, a partir da ocupação do Norte do Paraná, novos
investimentos foram realizados e a cidade iniciou um processo de
reestruturação urbana.
Mesmo considerando a importância das reformas empreendidas pelas administrações municipais curitibanas no inicio do século XX, é mais correto pensar que a cidade só veio conhecer efetivamente o urbanismo na década de quarenta (TRINDADE, 1997, p.45)
59
Curitiba entrou na década de 1940 com aproximadamente
127 mil habitantes. Com a ocupação do Norte do Paraná, o crescimento da
economia baseada na produção do café levou acabou trazendo
investimentos também para Curitiba e a cidade iniciou um novo processo de
transformação na sua estrutura urbana.
Com o intuito de disciplinar a ocupação do solo, a Prefeitura
Municipal de Curitiba começou a implantar um plano urbanístico que
recebe o nome de Plano Agache. Assim, é marcado o início do
planejamento urbano estruturado de Curitiba.
Com início em 1943, a elaboração do plano urbanístico pelo
francês Donat Alfred Agache, da empresa Coimbra Bueno & Cia Ltda, teve
uma grande contribuição para o urbanismo em nível nacional, já que faziam
parte de sua metodologia os aspectos geográficos e históricos e os
indicadores socioeconômicos da cidade. (TRINDADE, 1997)
Este Plano Diretor de Urbanização de Curitiba estabeleceu
diretrizes e normas técnicas para ordenar o crescimento físico, urbano e
espacial da cidade, disciplinando o tráfego e organizando as funções
urbanas, além de coordenar e zonear as atividade e de codificar as
edificações, estimulando e orientando desta maneira o desenvolvimento.
A organicidade de Curitiba dar-se-ia por intermédio do perfeito funcionamento de seus centros, ou “órgãos funcionais”, os quais, interagindo harmoniosamente, constituíram um conjunto sob a regência de sua função maior - a sede do governo estadual. Cada uma das sub-funções atribuídas à cidade contaria com um núcleo central, e suas atividades constituíram a vida da cidade. (Trindade, 1997, p.56)
Com uma concepção de cidade baseada em divisão de
zonas especializadas, além dos locais de residências foi prevista a
implantação de vários centros funcionais setorizados: Militar (onde hoje se
60
localizam a base aérea do Bacacheri e outras instalações militares), Esportivo
(Tarumã), de Abastecimento (Mercado Municipal), de Educação (Centro
Politécnico da UFPR), Industrial (Rebouças), Administrativo (atual Centro
Cívico) e alguns centros de lazer (parque da cidade, São Lourenço e outros
junto ao Rio Barigui). Ainda hoje, alguns desses espaços desempenham suas
funções na cidade.
O Plano das Avenidas no âmbito das diretrizes fundamentais
do Plano Diretor, estabeleceu a interligação entre os diversos centros
funcionais da cidade. As vias e principais itinerários conduziam do centro à
periferia, e vice-versa, e as ligações entre bairros eram feitas através do
centro. No entanto, ele não foi completamente implantado, principalmente
porque o poder público não dispunha de recursos financeiros suficientes. A
falta de implementação das obras urbanas previstas fez com que a cidade
extrapolasse os limites definidos pelo plano, tornando-o definitivamente
inviável.
Em 1953, ainda em decorrência do Plano Agache, é
aprovada a primeira Lei de Zoneamento de Curitiba, Lei Municipal nª 699,
tendo como objetivo estabelecer o zoneamento da cidade, citado no
Código de Posturas e Obras, dividindo a cidade em zonas: Zona Comercial
(Principal e Secundária - ZC-1 e ZC-2), Zona Industrial (ZI), Zona Residencial
(Principal ZR-1, com duas subzonas) e Zona Agrícola (ZA).
Com esta reestruturação, surgiu o Departamento Municipal de
Planejamento e Urbanismo, cuja finalidade consistia em exercer o controle
urbanístico da cidade, além de rever o Plano Agache, implantando suas
diretrizes mais viáveis e ampliando-as, quando necessário.
61
Nesta época, o transporte coletivo foi normatizado, com as
zonas seletivas, ou seja, itinerários ou zonas da cidade onde uma
determinada empresa tem a exclusividade na exploração do transporte
coletivo.
Em 1955, a cidade ganha seu primeiro Plano de Transportes,
sendo dividida em oito áreas e cada uma delas administrada por uma
empresa concessionária. Este modelo vigorou até 1974, quando foi
implementado um novo modelo que deu início à Rede Integrada de
Transporte, sistema que vigora até os dias atuais com pequenas
modificações.
No final dos anos 50, volta a reflexão sobre o controle da
organização espacial da cidade. Foi criada a Comissão de Planejamento de
Curitiba - COPLAC, órgão consultivo do prefeito, formado por um colegiado
de caráter interdisciplinar. “Na verdade, procurava-se incorporar nesse
processo a longa tradição de controle urbanístico presente na cidade desde
a virada do século” (MENEZES, 1996, p.69).
No inicio da década de 1960, já bastante defasado, o Plano
Agache precisava ser adaptado à nova realidade., pois era muito antigo, e
havia necessidade imperiosa de reciclagem ou de novo planejamento para
poder se manter o controle de crescimento da cidade.
A Lei Municipal nº 1908 de 1960, aprova o Plano Piloto de
Zoneamento de Uso, instituindo unidades de vizinhança, sendo 47 urbanas e
5 rurais. Cada uma destas unidades deveria ser equipada com sistema viário
estruturado, escola básica, área verde para recreação pública e legislação
para regular o uso e a ocupação do solo. Este mesmo plano estabelece
62
uma nova divisão do município em zonas residenciais, comerciais e
industriais.
Em 1963 é criada a Companhia de Urbanização de Curitiba-
URBS, hoje Urbanização de Curitiba S.A que iniciou se comprometendo com
a urbanização e saneamento e hoje atua no planejamento, gerenciamento,
operação e fiscalização dos serviços de transporte e trânsito e na
administração e comercialização do uso de equipamentos urbanos e
espaços públicos (URBS, 2006).
O Plano Agache foi importante à Curitiba pois trouxe a
possibilidade de inicio da discussão sobre a cidade, fato esse imprescindível
para a criação de um grupo de discussões formado por profissionais
dispostos e preocupados com o desenvolvimento do município.
O auge desse grupo de discussão é expresso, em 1963 na
criação da Assessoria de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba-
APPUC, que, em 1965, é transformada em Instituto de Pesquisa e
Planejamento Urbano de Curitiba–IPPUC, com um corpo técnico próprio e
permanente trabalhando no município que netsa época contava com com
430 mil habitantes (PMC, 1997).
Antes da criação do IPPUC, em 1964 a empresa paulista
Serete apresenta ao então prefeito, Ivo Arzua, um novo plano urbanístico, o
Plano Serete, que foi discutido democraticamente por diversos profissionais
possibilitando a elaboração do Plano Diretor de Curitiba.
A cidade, com aproximadamente 609 mil habitantes em 1971,
apoiava sua economia no comércio e na prestação de serviços. É na
década de 1970, que Curitiba inicia um processo de mudança de perfil. O
63
primeiro grande marco dessa época de mudanças foi a criação do Teatro
Paiol – antigo depósito de pólvora, dando início a um desenvolvimento
cultural até então pouco familiar à cidade. Definiu-se, também no ano de
1971, o Setor Histórico, passo fundamental para a preservação do patrimônio
edificado, que hoje é visitado por turistas e visitantes.
Em maio de 1972, a Prefeitura Municipal de Curitiba
transformou a Rua XV de Novembro – a mais central e movimentada da
época – no primeiro calçadão do país, ou seja, uma rua exclusiva para
pedestres. Para viabilizar as transformações culturais e artísticas, além de
promover a defesa do patrimônio histórico e artístico, foi criada, em janeiro
de 1973, a Fundação Cultural de Curitiba.
Ainda neste mesmo ano, as áreas descampadas a oeste da
cidade deram lugar aos primeiros barracões de empresas nacionais e
estrangeiras, nascendo a Cidade Industrial de Curitiba - CIC, considerado
um empreendimento ousado para a época por se localizar fora do eixo Rio-
São Paulo.
O novo desenho urbano é datado de 1974, quando os ônibus
expressos3 inauguram uma nova fase do sistema de transporte coletivo,
rodando em vias exclusivas.
Ainda nesta década, são criados os parques e bosques4
como: Barreirinha, Barigüi, São Lourenço Parque do Iguaçu e Bosque João
3 Ônibus que realizam percursos rápidos e paradas em estações tubo; viajam em pistas exclusivas ao longo de eixos estruturais com capacidade para 170 passageiros (PMC, 2007) 4 De acordo com a Lei Municipal nº9804 de 3 de janeiro de 2000 que institui o sistema de unidades de conservação de Curitiba, parques e bosques podem ser assim classificados:
a) Parques de conservação: são áreas de propriedade do Município destinadas à proteção dos recursos naturais existentes, que possuam uma área mínima de 10ha (dez hectares) e que se destinem à manutenção da qualidade de vida e proteção do interesse comum de todos os habitantes;
64
Paulo II, correspondendo a uma área de 10 milhões de metros quadrados de
área verde.
Na década de 1980, segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística - IBGE, a capital possuía 1.024.975 habitantes; renovou
sua estrutura construindo novos espaços e revitalizando outros. São desta
época, o Museu de Arte Sacra, a Casa da Memória, os cinemas Groff, Ritz e
Luz, a Casa Culpi, o Bosque do Capão da Imbuia com o Museu de História
Natural, o Bosque Gutierrez, o Parque General Iberê de Mattos e o Bosque
Reinhard Maack.
Em 1989, foi criado o programa de coleta de lixo reciclável –
“Lixo que não é Lixo”, estimulando a população a separar o lixo orgânico do
reciclável. Nos anos 90, a pavimentação se estendeu a quase todos os
bairros e a população pôde usufruir do sistema de transporte coletivo, que
era integrado com os ônibus Ligeirinho5 e bi-articulado6.
Nesta década, as questões ambientais passam a ter maior
importância no cotidiano dos curitibanos. O planejamento urbano também
foi direcionado para as questões ambientais. Neste contexto, tem-se a
b) Parques lineares: são áreas de propriedade pública ou privada, ao longo dos corpos d’água, em toda a
sua extensão ou não, que visam garantir a qualidade ambiental dos fundos de vale, podendo conter outras Unidades de Conservação dentro de sua área de abrangência;
c) Parques de lazer: são áreas de propriedade do Município, que possuam uma área mínima de 10ha (dez hectares) e que se destinem ao lazer da população, comportando equipamentos para a recreação, e com características naturais de interesse à proteção;
d) Bosques nativos relevantes: são os bosques de mata nativa representativos da flora do Município de Curitiba, em áreas de propriedade particular, que visem a preservação de águas existentes, do habitat da fauna, da estabilidade dos solos, da proteção paisagística e manutenção da distribuição equilibrada dos maciços vegetais, onde o Município impõe restrições à ocupação do solo;
e) Bosques de conservação: são áreas de propriedade do Município, destinadas à proteção dos recursos naturais existentes, que possuam área menor que 10ha (dez hectares), e que se destinem à manutenção da qualidade de vida e proteção do interesse comum de todos os habitantes;
f) Bosques de lazer: são áreas de propriedade do Município com área inferior a 10(dez hectares), destinadas à proteção de recursos naturais com predominância de uso público ou lazer.
5 Linha Direta – percorre longas distâncias com poucas paradas em estações tubo e terminais de integração PMC, 1997).
65
criação do Jardim Botânico Francisca Maria Garfunkel Rischbieter, hoje um
dos pontos turísticos mais famosos e visitados da cidade e também a
Universidade Livre do Meio Ambiente – Unilivre. Inicialmente vinculada a
Secretaria Municipal do Meio Ambiente, hoje é uma ONG de âmbito
nacional e internacional, voltada à divulgação de pesquisas e ao
desenvolvimento de questões relativas ao meio ambiente, organizando
também cursos para a população e técnicos da administração pública
municipal.
Além desses, foram criados nesta época, o Parque das
Pedreiras, o Parque do Passaúna, o Bosque do Pilarzinho, o Parque dos
Tropeiros, o Parque Diadema, o Parque Caiuá, o Parque Tingui, o Bosque de
Portugal, o Bosque da Fazendinha, o Bosque do Alemão, o Bosque Italiano, o
Bosque do Trabalhador e Parque Tanguá.
O processo de descentralização da administração municipal
teve prosseguimento, em 1995, com a inauguração da Rua da Cidadania
do Boqueirão. Esta foi a primeira de oito implantadas na cidade, com o
objetivo de ser uma espécie de filial da prefeitura nos bairros. Foram
implantadas próximas aos terminais de transporte, visando a facilidade de
acesso da população.
É possível perceber a forma como a cidade de Curitiba vem
se destacando ao longo dos anos por seu planejamento urbano que
proporciona à população qualidade de vida que a tornou referência em
todo o mundo.
6 Ligam os terminais de integração ao centro da cidade através de canaletas exclusivas (PMC, 1997).
66
A imagem da cidade se fortaleceu pelo planejamento urbano
que vem enfatizando questões sociais e ambientais.
Com isto a cidade foi adquirindo vários slogans como: capital
ecológica, cidade modelo, cidade com qualidade de vida, cidade de
primeiro mundo e ainda, capital social. Estes slogans marcaram fortemente
a cidade. As pesquisas de demanda turística, realizadas na cidade de
Curitiba nos anos de 2001 e 2003, representadas no Gráfico 1 comprovam de
forma significativa às imagens atribuídas à cidade, sendo a mais citada a de
cidade com qualidade de vida.
Soc
qu
inv
Gráfico 1 - Definição da cidade pelos turistas nos anos de 2001 e 2003
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Cidade Ecológica Cidade com qualidadede Vida
Cidade Cultural Cidade Turística Outras
20012003
Fonte: Paraná Turismo, 2002, 2004.
Em nível nacional, a Secretaria Municipal de Comunicação
ial (2005) listou 10 das principais veiculações relacionadas a questões de
alidade de vida, índice de desenvolvimento humano e índice para novos
estimentos e negócios. Comportam, geralmente, análises ou resultados de
67
pesquisas realizadas por renomadas entidades e publicadas nos principais
meios de comunicação brasileiros. Dentre as entidades destacam-se: Banco
Mundial, Organização das Nações Unidas - ONU, Revista América Economia
– Dow Jones e Moody´s Investores Service – a mais conceituada agência de
classificação financeira do mundo. Quanto aos veículos de comunicação
tem-se: Folha de São Paulo, Revista Exame, O Estado de São Paulo, Jornal
Estado do Paraná, Gazeta Mercantil e Gazeta do Povo.
Quanto à veiculação internacional, segundo materiais
arquivados da Secretaria de Comunicação Social da Prefeitura Municipal de
Curitiba, desde 1974 até o ano de 2000, foram registradas pelo menos 140
reportagens, publicadas em toda a América Latina, América do Norte,
Europa e, até mesmo, na Ásia e em alguns países do Oriente Médio, que se
referem ao planejamento urbano, ao sistema de transporte coletivo, às
questões ambientais e à educação em Curitiba.
Estas veiculações apresentaram a cidade para o mundo,
despertando o interesse de vários investidores e turistas a conhecerem a
cidade. Curitiba também foi escolhida em 1992 para sediar o Fórum Mundial
das Cidades, encontro preparatório para a segunda Conferência Mundial
do Meio Ambiente – ECO 92, realizadas na cidade do Rio de Janeiro. Outros
eventos de grande representatividade foram: Dia Mundial do Habitat, em
1995; o Fórum Mundial Sustentável da América Latina e Caribe, em 2002; o
Primeiro Fórum Regional da Sociedade de Informação de Cidades e
Governos Locais da América, em 2003, e a COP 8 – Conferência das Partes
da Convenção sobre Diversidade Biológica e MOP 3- Reunião das Partes do
Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança, em 2006.
68
No setor industrial, a cidade recebeu, nos últimos 30 anos, a
instalação de grupos como a Renault, Audi-Volkswagen e Detroit Motors,
que se fixaram na região metropolitana de Curitiba. Em 2005, segundo a
Curitiba S.A. – Companhia de Desenvolvimento de Curitiba - são 11.764
indústrias instaladas.
Esses e outros dados apresentados neste item identificam a
forma de expansão da cidade de Curitiba desde a sua fundação (a
complementação dos fatos pode ser observado em quadro no anexo A),
em que é notória a preocupação com o desenvolvimento urbano, aliado ao
econômico e social e em associação com à preocupação com o meio
ambiente.
69
5. O TURISMO NA CIDADE DE CURITIBA
Os impactos positivos do turismo influenciam diretamente os
setores de hospedagem, alimentação, transporte, entretenimento,
divulgação, setor público, etc., gerando divisas, criando empregos e
transformando localidades economicamente inexpressivas em grandes
economias. Pretende-se apresentar os impactos conhecidos gerados pelo
turismo no município em questão.
Em 1959, o aeroporto de acesso à Curitiba localizado no
município de São José dos Pinhais tornou-se o quarto em número de vôos no
país e em 1974, a Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária - Infraero
assumiu a sua administração. Em 1996, a área passou por uma
reestruturação, sendo inaugurado um novo terminal: Aeroporto Internacional
Afonso Pena. Este empreendimento freqüentemente recebe investimentos e
melhorias em sua infra-estrutura, pois apresenta número crescente de
passageiros anualmente.
Pela análise do Gráfico 2, é possível perceber que, a partir da
década de 1990, um maior fluxo de passageiros ocorre no aeroporto. Vale
ressaltar que os passageiros desembarcados são moradores da cidade,
turistas e visitantes, portanto os números apresentados não correspondem
apenas aos turistas, pois a Infraero - Empresa Brasileira de Infra-estrutura
Aeroportuária - não faz esta distinção nos seus dados estatísticos divulgados.
70
0
200.000
400.000
600.000
800.000
1.000.000
1.200.000
1.400.000
1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Gráfico 2 - Passageiros Desembarcados no Aeroporto Internacional Afonso Pena - 1979 a 2004 Fonte: Infraero, 2005.
No ano de 1986, cerca de 480 mil passageiros
desembarcaram neste aeroporto: em 1996, cerca de 683 mil, com aumento
de mais de 200 mil passageiros em 10 anos. Porém, de 1996 até o ano de
2004, ou seja, em menos de 10 anos, este número sofreu um acréscimo de
100%, registrando 1.296.970 passageiros movimentando o Aeroporto
Internacional Afonso Pena.
Ainda como forma de acesso à cidade de Curitiba, em 1972
foi inaugurada a Estação Rodoferroviária de Curitiba, sendo o primeiro
terminal de transporte integrado do país. Centraliza, até hoje, os sistemas
rodoviário e ferroviário estadual e interestadual. A rodoferroviária oferece
aos passageiros uma infra-estrutura com sanitários, lanchonetes e
restaurantes e postos de informações turísticas, dentre outros serviços.
A movimentação de passageiros é significativa (Gráfico 3).
71
Segundo informações do Departamento de Estatística da empresa que
administra a Rodoferroviária – Urbanização de Curitiba S.A. – URBS (2005), no
ano de sua inauguração, 459.627 passageiros desembarcaram neste
terminal e no ano seguinte o número passou a 2.774.115 passageiros, já em
2005, este número foi de 3.595.783 passageiros representando quase 30% a
mais.
GF
p
p
a
2
j
q
ráfico 3 - Movimento de Passageiros na Rodoviária de Curitiba - 1979 a 2005
0
1.000.000
2.000.000
3.000.000
4.000.000
5.000.000
6.000.000
7.000.000
1979
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
onte: URBS, 2005
Pela análise do gráfico 3, observa-se que a movimentação de
assageiros rodoviários que desembarcaram em Curitiba, teve uma
rogressão até o ano de 1999, aonde os números de passageiros chegavam
ultrapassar os 4 milhões de desembarques. Do ano de 2001 até o ano de
005, percebe-se uma queda na movimentação. Essa queda pode ser
ustificada com a entrada de companhias aéreas no mercado doméstico,
ue, com uma política de preços mais acessíveis e menor sofisticação em
72
seus serviços, possibilitaram que um número maior de pessoas obtivesse
acesso a este tipo de transporte.
Estas empresas vêm ganhando cada vez mais espaço no
mercado, o que também justifica o aumento no número de passageiros no
aeroporto, favorecendo o desenvolvimento do setor turístico em todo o país.
A inauguração da CIC, em 1973, foi um dos fatores que
contribuíram para esta movimentação na cidade além de novos
investimentos incrementando a infra-estrutura receptiva de visitantes que
desembarcavam para efetivar negócios, dando assim, origem ao turismo de
negócios em Curitiba.
Para o setor turístico o turismo de negócios é um segmento
que proporciona grandes aproveitamentos para o desenvolvimento da
atividade, pois em sua maioria apresenta um turista com elevado grau de
escolaridade e maior poder aquisitivo.
Com esta vocação para o turismo de negócios, agentes de
viagens e operadoras de turismo passaram a investir mais neste segmento, já
que havia poucas opções para o turismo de lazer, o que caracterizava a
cidade como “dormitório”.
No ano de 1986, segundo Paraná Turismo (2003), a cidade era
a terceira do país em recepção de turistas, contudo o tempo de
permanência não ultrapassava uma noite. Em 1987, é inaugurado o Centro
de Convenções de Curitiba, equipado para a realização de eventos, com
mais de oito mil metros quadrados, permitindo o acontecimento de feiras,
congressos, exposições e shows, dentre outros tipos de eventos. A partir de
sua inauguração, a cidade passa a ter maior estrutura para desenvolver o
73
turismo de eventos.
Este segmento é gerador de benefícios para a cidade, como
prospecção da sua imagem e geração de emprego e renda, além de
benefícios para os moradores e para os setores público e privado. Soma-se a
isto o fato de que os participantes de um evento fazem parte de um público
qualificado, permanecendo por mais dias, utilizando outros serviços e
equipamentos turísticos e, normalmente possuem a intenção de retornar.
Durante a década de 1990, o segmento turístico se fortaleceu.
Em 1991, é inaugurado o Jardim Botânico; em 1992, a Ópera de Arame; em
1994, o Parque Tingüi; e em 1996, o Bosque Alemão e o Parque Tanguá.
Todos estes atrativos foram construídos com o intuito de suprir as
necessidades do meio urbano e de seus cidadãos.
Em 1990, uma nova pesquisa de demanda turística passa a ser
aplicada, estabelecendo o motivo de viagem e os meios de hospedagem
utilizados pelos viajantes. Como principais motivos, estavam as visitas a
familiares e amigos, festividades sociais e tratamentos de saúde, enquanto
que poucos eram os interesses por atrativos histórico-culturais. O meio de
hospedagem eram as casas de amigos e parentes, portanto a minoria
ficava em hotéis.
Com o intuito de motivar o fluxo turístico, foi criada, em 1990,
uma linha especial de transporte coletivo denominada Pró-Parque, pelo
então prefeito Jaime Lerner. A linha funcionava aos domingos e feriados,
percorrendo parques e a região central da cidade, com o objetivo de
facilitar o acesso aos atrativos e equipamentos de lazer existentes na cidade
tanto para a comunidade como para os turistas.
74
Conforme os dados das pesquisas de demanda turística de
Curitiba (Paraná Turismo, 1992), o fluxo de turistas no ano de 1992 foi de
784.57, em 1997, chegou a 1.098.990 visitantes, significando, portanto, um
aumento de 40,1% em cinco anos. Neste ano, foi criada a Linha Turismo,
unindo a Linha Pró-Parque a Linha Volta ao Mundo - que percorria marcos
histórico-culturais da cidade. A linha recebeu um aumento na freqüência
dos ônibus, a implantação de uma gravação do roteiro em três idiomas,
folhetos explicativos sobre cada atrativo e a criação de um passaporte que
possibilita o embarque e mais três reembarques, implicando em melhora
significativa na qualidade dos serviços.
A partir de 1999, a cidade obteve incentivos para sediar
eventos, recebendo novos investimentos de infra-estrutura. As redes
hoteleiras se instalaram e ampliaram também seus espaços. No ano de 2000,
é inaugurado o Curitiba Convention & Visitors Bureau, um instituto sem fins
lucrativos, mantido pela iniciativa privada, visando à promoção da cidade e
estimulando a captação de eventos.
Neste ano, o número de turistas chega a 1.053.939, ampliando
em 2002, para 1.437.056 visitantes, acréscimo de 36,3% O maior índice do
motivo da viagem passa a ser o turismo de negócios que reflete diretamente
no aumento da oferta de meios de hospedagem como o sindicato da classe
apresenta.
Segundo o SINDOTEL-PR - Sindicato dos Hotéis, Bares,
Restaurantes e Similares - (2005), em 1997 eram 68 estabelecimentos; em 2001
eram 100; e em 2002, 117 estabelecimentos, totalizando 13.050 leitos.
Atualmente, Curitiba conta com redes hoteleiras nacionais e internacionais,
75
somando 150 estabelecimentos, com 19.500 leitos disponíveis, representando
acréscimo de 49,4% (ver ANEXO B - Mapa de Hotéis e Flats em Curitiba).
Em dez anos mais de 50 hotéis foram construídos em Curitiba,
assim os empresários locais foram obrigados a estruturar suas cadeias
regionais como Bourbon, Deville e Slavieiro, algumas famílias locais investiram
em flats e apartamentos extrahoteleiros.
O setor passou a ser o termômetro mais importante para a
atividade turística e de negócios da cidade. Mesmo com o aumento de
hotéis a ocupação média baixou para 40% e quem manteve número acima
deste foram às redes hoteleiras internacionais que possuem central de
reservas em outras cidades do Brasil e do mundo, também aquelas que
possuíam boas estrutura para realização de eventos e aquelas que motivam
seus empregados. (PAIXÃO, 2005).
A cidade também possui gastronomia bastante diversificada
com mais de 17 especialidades culinárias (cozinha italiana, internacional,
japonesa, churrascarias etc) 26 shoppings centers, sendo 5 de padrão
internacional.
Em 01 de janeiro de 2005, foi criada a Secretaria Municipal de
Turismo, que no ano seguinte, se transforma no Instituto Municipal de Turismo
– Curitiba Turismo. Tal estrutura trouxe maior mobilidade no desenvolvimento
de ações com a iniciativa privada, fomentando a atividade turística. É uma
iniciativa importante para o município, que vem ao encontro do anseio do
trade turístico.
Atualmente, a Secretaria Municipal de Turismo de Curitiba
administra 8 postos de informações turísticas na cidade e região
76
metropolitana: Rua 24 Horas; Torre Panorâmica Brasil Telecom;
Rodoferroviária; Central de Atendimento na Rua da Glória 362; Aeroporto
Internacional Afonso Pena; Santa Felicidade; Serra Verde Express e Fundação Cultural de
Curitiba.
O Gráfico 4 apresenta o fluxo turístico da cidade no período
de 1991 a 2003, percebendo-se o aumento constante, mais relevante nos
períodos de 1991 a 1994 e de 2000 a 2003. Este crescimento pode ser
decorrente de vários fatores, tais como a construção de parques e novos
equipamentos, que se tornaram atrativos turísticos, além de centros de
eventos e a instalação de diversas empresas na cidade, as quais
favoreceram o turismo de negócios e eventos para a localidade. A Tabela 1
mostra os mesmos dados com a relação dos números de entrevistas
realizados nas pesquisas de demanda.
Gráfico 4 - Fluxo de turistas na cidade de Curitiba de 1991 a 2003
0
200.000
400.000
600.000
800.000
1.000.000
1.200.000
1.400.000
1.600.000
1.800.000
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 2000 2001 2002 2003
Fonte: Paraná Turismo, 2003.
77TABELA 1 – Fluxo de turistas e entrevistados ANO ESTIMATIVA DO FLUXO ENTREVISTADOS NAS
PESQUISAS DE DEMANDA 1991 716.082 3.083 1992 784.575 2.646 1993 871.894 2.556 1994 1.114.790 3.308 1995 998.495 2.693 1996 1.060.533 2.556 1997 1.098.990 X 2000 1.053.939 4.979 2001 1.418.838 2.865 2002 1.437.053 X 2003 1.663.784 7.696 Fonte: Organizado pela autora com base em Paraná Turismo.
Atualmente, como já comentado, uma das áreas mais
promissoras para a atividade turística é o segmento de eventos, pois é uma
das poucas segmentações que envolvem e beneficiam tantas outras,a
exemplo de: alimentos e bebidas, meios de hospedagem, agenciamento de
viagens, transportes, lazer e recreação etc. – além de promover a cidade
receptora e a própria população local.
Segundo Canton (1997, p.19) “evento é a soma de ações
previamente planejadas com o objetivo de alcançar resultados pré-
definidos junto ao seu público-alvo”. Pode-se entender também que evento
é a ação profissional que visa a pesquisar, planejar, organizar, coordenar,
controlar e implantar um projeto buscando atingir o seu público-alvo com
medidas concretas e resultados projetados.
Assim, o turismo de eventos leva em consideração os viajantes
que se deslocam de seu local de residência para outro qualquer com o
objetivo de participar de um acontecimento previamente definido. É
praticado com interesse profissional e cultural por meio de congressos,
convenções, simpósio, feiras, encontros culturais e reuniões internacionais,
dentre outros.
78
As perspectivas profissionais e os ganhos econômicos que o
turismo de eventos tem gerado no Brasil, principalmente nas regiões Sudeste
e Sul, segundo Martin (2003, p. 13) revelam uma “previsão média em 7% de
crescimento anual e 3,1% do PIB brasileiro, em 2001. Esse mercado turístico
apresentou movimento físico de 80 milhões de pessoas, distribuídas em mais
de 320 mil eventos”.
Segundo a Associação Brasileira de Empresas Organizadoras
de Eventos (apud GIACAGLIA, 2003, p. 07), a expansão do número de
eventos realizados no país tem gerado negócios superiores a trinta bilhões
de reais, o que representa para este setor uma importância significativa para
a economia das empresas e a possibilidade de alavancar os negócios,
produtos e serviços, tornando-se assim, essencial para a economia de uma
localidade.
Além da importância mercadológica para as empresas, os
eventos possibilitam também inúmeros benefícios para os países, estados,
cidades e municípios anfitriões, pois contribui com o fluxo de turistas e seu
tempo de permanência. Em média, o turista de eventos fica na cidade 2,6
dias e gasta um valor superior a US$ 200 por dia (MARTIN, 2003). Outro ponto
a se destacar se refere aos eventos que proporcionam à população local
maior geração de renda e emprego, interação com o meio social e
descoberta de novos produtos, implicando num fator positivo que é a
diminuição da sazonalidade.
Com relação aos dados mundiais, segundo o WTTC – World
Travel e Tourism Council (apud MARTIN, 2003), organização composta pelos
mais altos executivos de empresas de todos os segmentos da atividade
79
turística, o setor de eventos é o segmento que mais cresce dentro do turismo,
cerca de 9,9% ao ano.
Uma pesquisa realizada pela Curitiba CVB (2005) com base
nos dados da Federação Brasileira de Convention & Visitors Bureaux
apresentou dados importantes em relação ao segmento no ano de 2001,
pois, mais de 327 mil eventos aconteceram no país, envolvendo
aproximadamente 80 milhões de pessoas e movimentando 45 milhões de
reais. De acordo com essa pesquisa, a cidade de Curitiba neste mesmo ano,
recebeu cerca de 900 mil participantes de eventos. Para Pretto (2001) a
dinamização do mercado não ocorreu por acaso; o crescimento do turismo
de negócios e a boa imagem proporcionaram o crescimento, que se refletiu
sobre a oferta hoteleira, passando de 82 hotéis, em 1999 para mais de 140
atualmente.
Outra pesquisa realizada pelo SEBRAE-PR (2006) mostrou que,
no ano de 2001, Curitiba possuía cerca de 54 espaços para eventos com
capacidade até 100 pessoas. Destes, 19 realizavam mais de 20
acontecimentos por mês. Essa mesma pesquisa revelou que os eventos se
distribuíram de forma regular durante todos os meses do ano, exceto no mês
de janeiro, quando a realização teve uma queda considerável, por se tratar
de época de férias.
Quase 70% dos eventos aconteceram durante os dias de
semana, o que contrasta com o turismo de lazer na cidade, cuja maior
intensidade de turista se dá nos finais de semana.
80
Os meios de divulgação que os espaços de eventos utilizam-
se são, principalmente a internet; em segundo encontram-se jornais; e em
terceiro, o envio de malas-diretas. (SEBRAE, 2006)
O Curitiba Convention & Visitors Bureau - Curitiba CVB passou
a atuar na cidade como importante órgão no desenvolvimento e promoção
da atividade turística. Estruturado como uma espécie de cooperativa, a
entidade é mantida por empresas de diversas ramificações do turismo e
conta com o apoio de associações e sindicatos relacionados. O principal
objetivo do Curitiba CVB é aprimorar a infra-estrutura e os serviços turísticos,
além de promover e captar eventos para a cidade e região metropolitana.
A entidade é definida pelo próprio Curitiba CVB (2005) como:
uma organização de marketing sem fins lucrativos centrada na promoção mercadológica do destino Curitiba e sua região metropolitana, [...] sua missão é o desenvolvimento do turismo na cidade, principalmente através da qualificação da oferta turística em todos os seus níveis.
Além de atuar intensamente na promoção do destino turístico
de Curitiba, a organização possui uma atrativa página na web com quatro
opções de idiomas, lançando a cidade no cenário internacional. O site
apresenta informações completas, com roteiros turísticos e calendário de
eventos. Encontram-se também listadas as empresas que mantêm o Curitiba
CVB, como espaços para eventos, hotéis e agência de viagem. (Curitiba
CVB, 2005)
Curitiba, até pouco tempo atrás, não ofertava um espaço
com capacidade para grandes eventos. Mas desde o mês de abril de 2004,
a capital tem alcançado um patamar de destaque no Brasil, com a
inauguração do Estação Embratel Convention Center., a construção de
81
novas salas para eventos de pequeno porte em hotéis também contribui
para o apoio aos grandes eventos.
A construção do empreendimento é resultado da expansão
que a cidade tem alcançado com o desenvolvimento do turismo de
eventos. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo (apud Martin, 2003, p. 21):
“Em 2001, Curitiba recebeu 44,5% dos visitantes com motivação de turismo
de negócios e 12,3% como participantes de eventos que gastaram R$ 250,00
por dia, contra R$ 120,00 dos demais turistas”.
Embora não se conheçam detalhes técnicos, para aferir a
confiabilidade estatística destes dados, é possível notar a tendência do
mercado de eventos em Curitiba e a sua consolidação, que, com a ajuda
dos órgãos responsáveis pelo planejamento turístico da cidade, a tem
destacado em nível nacional como um destino de negócios e eventos. Os
dados da motivação dos turistas a viajarem para Curitiba, em 2003,
representam a tendência do fortalecimento do segmento dos eventos e dos
negócios (Gráfico 5).
82
48,4
23
16,6
7,2
0,5
4,3
Negócios/ EventosParentes/ AmigosLazerTratamento de saúdeComprasOutros
Gráficos 5 - Motivo da Viagem a Curitiba - 2003. Fonte: Paraná Turismo, 2004.
Para sintetizar algumas informações apresentadas e
apresentar novos fatos observa-se o Quadro 3 que mostra a evolução do
turismo em Curitiba destacando os principais momentos que a compõem:
QUADRO 3 - Fatos relevantes para a evolução do turismo em Curitiba: ANO ACONTECIMENTO ANO ACONTECIMENTO 1829 Chegada de Imigrantes Década
de 90 1991 – Jd. Botânico
1992 – Ópera de Arame 1994 – Parque Tingui
1996 – Bosque Alemão 1996 – Parque Tanguá
1885 Inauguração da Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá
1993 Departamento de Turismo Municipal para a Secretaria de Indústria e Comércio
1903 Inaugurado o Grande Hotel – primeiro hotel , Rua Barão do Cerro Azul, esquina
com Sete de Setembro
1994 Linha Turismo
Década de 30
Pista de Pouso e Decolagens – Antigo Colégio Agrícola Estadual no Bairro
Bacacheri
1995 Criada a Secretaria do Estado do Esporte e Turismo
1932 Primeira Iniciativa de Promoção Turística do estado do Paraná – DEIP – Dpto
Estadual de Imprensa e nganda – aPropaga té 1945
P
1996 Linha Volta ao Mundo
1944 Construção da Base Aérea Afonso Pena 1999 1.098 milhão de turistas 1953 A Câmara de Expansão cria a Divisão
de Turismo – objetivo: levantar os pontos turísticos - em 1966 é transferido para a Secretaria de Estado de Viação e Obras
Públicas até 1969.
1959 O Aeroporto Afonso Pena tornou-se o 4º em número de vôos domésticos
2000 Curitiba Convention & Visitors Bureau
1969 Criada a CEPATUR – Conselho aranaense de Turismo, instituída pela lei
nº 5948, 27/05/69
2000 Secretaria da industria, Comércio e Turismo foi extinta – turismo incorporado a CIC
Continua
83Continuação
1972 Inauguração da Estação doferroviária de Curitiba – Av. AfonsRo o
1973 Inauguração ade Industrial de Curitiba
2001 estabeleceu nvolvimento
1976
ônibu oras
2001 Revista Viagem – r cidade turística do país
10 m Curitib uristas
1979 1º Centro de In s Turísticas na 2002 1.437.056 visitantes
1985 C 2002 117 estabele spedagem
1986 de turist ia não
2002 Inaugurado o Novo Museu Oscar Niemeyer
1986
Re
2004 Fim da atuação da Diretoria de Turismo.
1987 In d )
2004 Inaug ção
1988 Primeiro e anda da PARANATUR
2005 passa a ser cham ituto Municipal
1989 P Esportes do Pa e o Turismo -
2005 157 estabelec spedagem - 19.500 leitos
1989 S– Se ria
2005 C s turística stituto
1989 S– Se ria
departamento para o Turismo
2005 A média de permanência na cidade passa a 4,7 dias
possui 26 shoppings centers. Fonte: Organizado pela autora com base em autores diversos.
Camargo da CIC – Cid
2000 Curitiba recebe 1.053.939 turistas
Diretoria de Turismo de Curitiba – CIC um plano de DeseTurístico de CTBA
4ª melhoPolítica de Turismo – criou a linha “Curitiba para todos” – ofertada pela fundação Cultural – aos domingos o
s percorria um trajeto de 2 hcom guias especializados.
1978 UFPR – oferta do curso de Turismo 2001 0 estabelecimentos de hospedage1979 1º Encontro Paranaense de Turismo
formaçõe2001 a recebe 1.418.838 t
cidade no Bondinho da Rua XV
uritiba aparece em propagandasnacionais – exemplo de cidade.
Terceira cidade do país em recepção as, tempo de permanênc
cimentos de ho(13.050 leitos)
ultrapassava uma noite. Secretaria Municipal de Turismo –
projeto de permanência de 3 dias. corre-se a RMC e litoral para atingir objetivo do projeto (EMBRATUR)
auguração do Centro de Convençõese Curitiba (antigo Cine Vitória-1964
studo de dem
urado o Empreendimento EstaEmbratel Convention Center
Criação da Secretaria Municipal de Turismo - ada de Inst
de Turismo imentos de hoARANATUR é extinta – A Fundação de
raná aderFESTUR
ecretaria Municipal de Turismo é extinta cretaria Municipal da Cultura cdepartamento para o Turismo
ecretaria Municipal de Turismo é extinta cretaria Municipal da Cultura c
uritiba possui 10 postos de informações administrados pelo InMunicipal de Turismo
2005 A cidade
Um destaque para as informações contidas no quadro é o
caminho dos organismos responsáveis pela política pública de turismo na
cidade, pois houve demora em se definir uma instituição. O turismo foi
atribuição de diversas secretarias ao longo dos anos o que dificultou seu
processo de gestão.
Alguns dados das pesquisas de demanda turística já foram
analisados para serem relacionados com os setores que o turismo vem
beneficiando na capital paranaense. Neste momento, pretende-se
apresentar o perfil do turista.
84
5
.1 Perfil do visitante de Curitiba
o formato da pesquisa buscando dados e informações
mais seguras
m Curitiba,
o não foi realizado.
- R c rm te n taA %)
O estudo de demanda turística permite que se perceba o
perfil do visitante da cidade. O visitante de Curitiba será definido pela
compilação dos dados das pesquisas de 1991 a 2003. Os dados de 2003
consideram apenas os turistas sendo que os dos outros anos unem turistas,
excursionistas e moradores. Os técnicos que realizam a pesquisa de
demanda modificam
e úteis.
A Tabela (2) a procedência dos turistas que visita
nos anos de 1991 e 1992 este questionament
TABELA 2 esidên ia pe anen dos e trevis dos NOS (ESTADO
ESS 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997e 2000 2001 2002e 2003 PAÍS
Estados Paraná X X 21,6 23,0 21,1 28,6 25,6 31,5 36,0 31,5 33,5 Rio de Janeiro
X X 7,3 7,3 6,8 4,8 6,4 5,7 6,0 5,5 4,5
Rio Grande do Sul
X X 7,9 5,5 6,0 6,4 6,9 6,4 6,1 6,0 3,9
Santa Catarina
X X 18,2 17,6 19,5 19,6 17,6 11,7 14,8 15,3 15,6
São Paulo X X 31,1 29,7 32,1 30 30,00 28,5 25,2 28,2 29,1 ,6Outros Estados
X X 10,3 12,8 1 2,00 7,00 7,8 10,4 8,2 8,7 2,4
Países Alemanha X X 0,2 0,5 0,2 0,3 0,4 0,6 0,5 0,5 0,2 Argentina X X 1,1 1,0 0,8 0,5 1,0 1,0 0,4 0,6 0,4 Estados X X 0,2 0,6 0,2 0,1 0,4 0,8 0,6 0,6 1,1 Unidos Paraguai X X 0,7 0,4 0,4 0,4 0,5 0,5 0,3 0,4 0,4 Outros Píses X X 1,4 1,6 0,9 1,7 1,7 2,9 1,9 2,7 1,4 Fonte: Organizado pela autora com base em Paraná Turismo.
Percebe-se que a maioria dos visitantes vem do próprio Estado
do Paraná e de São Paulo. Este fato se deve, provavelmente, ao turismo de
negócios como a Tabela 3 apresenta, pois Curitiba é o pólo financeiro do
85
Paraná e São Paulo o pólo do Brasil e suas relações comerciais são diretas.
Nesta tabela observa-se também que o turismo internacional ainda possui
pouca expressão na cidade. Estes dados já foram comentados e a situação
de 2003 apresentada em gráfico.
TABEL vo da eA (%)
A 3 – Moti v gia m
N SO MOTIVOS 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997e 2000 2001 2002e 2003
Compras X 3 ,4 1,2 1,3 1,1 0,5 0,8 0,9 X 0,2 0,5 Eventos X X X X X X X 6,7 12 ,3 9,3 9,9
Negócios 35 37 38 31 38 37 35 32 44 38 38 ,0 ,3 ,2 ,5 ,8 ,1 ,5 ,7 ,5 ,2 ,5Paren igos tes / Am X X 30,2 27,6 30,0 32,3 27,7 36,8 22,2 25,5 23
Tratamento de Saúde
X X X X 8,3 8,1 7,5 6,2 9,8 5,3 7,2
Lazer 55,7 30,2 15,1 23,2 16,1 12,6 15,6 16,7 9,2 21,3 16,6 Fonte: Organizado pela autora com base em Paraná Turismo.
o turismo de
negócios, poi ia são homens viajando sozinhos.
T 4 – Sexo
A %
As Tabelas 4 e 5 reforçam as condições d
s em sua maior
ABELA dos entrevistados
NOS ( ) SEXO 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997e 2000 2001 2002e 2003
M ,0 68,2 74,2 asculino 58,4 59,8 70,5 64,9 65,9 69,3 69,1 65,4 66Feminino 41,6 40,2 29,5 35,1 34,1 30,7 30,9 34,6 34,0 31,8 25,8
Fonte: Organizado pela autora com base em Paraná Turismo.
5 – a v o
A %TABELA F aorm ide v jar do entre istad
NOS ( ) FORMA DE VIAJAR 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997e 2000 2001 2002e 2003
Só 52,2 52,4 55,2 47,9 50,9 50,4 49,5 53,2 63,2 63,4 46,5 Em Grupo 17,1 18,2 14,1 16,0 14,9 18,7 15,5 16,1 16,9 17,5 15,5
Co 19,6 18,1 36,6 m Família 30,0 28,3 30,5 35,4 33,9 30,7 34,8 30,2 Em Excursão 0,7 1,1 0,2 0,7 0,3 0,2 0,2 0,5 0,4 1,0 1,4
Fonte: Organizado pela autora com base em Paraná Turismo.
Estes turistas têm em média mais de 40 anos e permanecem
cada vez menos tempo na cidade (Tabela 6). Os negócios podem ser
agilizados pelos adventos da tecnologia, então a permanência em viagens
86
não é estimulada pelas empresas, pois possuem maiores gastos. É um desafio
para a cidade fazer com que os visitantes permaneçam mais tempo e
onseqüentemente, gastem mais.
TA ion de e as m s d rm cia
c
BELA 6 – Nac alida édia e pe anên e de idade M
1995 1996 1997e 2000 2001 2002e 20 * ÉDIAS
1991 1992 1993 1994 03Permanência
(dias) ANOS
Brasileiros 4,8 4,8 4,8 5,0 4,6 4 4,8 5,2 4,8 5,0 X ,9 E strangeiros 8,0 4,5 5,9 8,0 5,4 8,5 8,3 8,7 5,9 4,1 X
Geral 4,9 4,7 4,8 5,1 4,6 5,1 4,9 5,4 4,8 4,7 3,6 Idade (anos) S DIA
Brasileiros 32,6 34,4 38,2 37,3 38,4 38,2 39,3 38,5 39,8 40,4 X Estrangeiros 32,3 40,3 40,9 39,5 38,0 40,1 39,3 40,8 40,9 40,3 X
Geral 32,6 35,0 38,3 37,4 38,4 38,2 39,2 38,6 39,8 40,3 40,5 Fonte: Organizado pela autora com base em Paraná Turismo.
iagens sem custos maiores
do que o próprio viajante realizando os trâmites.
TAB e org eAN %)
A maioria não utiliza agências de viagens para a organização
do deslocamento e visita a cidade. Geralmente o turista a lazer recorre a
estas empresas, os turistas a negócios muitas vezes, nem recebem a
informação de como a viagem foi organizada, pois, outros setores da
empresa cuidam desta questão. Também, como grande parte dos visitantes
tem procedência no Paraná e em São Paulo não recorrem aos serviços das
agências por consideram o deslocamento próximo e sem necessidade de
planejamento (Tabela 7). Ainda há um desconhecimento de que as
agências prestam serviços de organização de v
ELA d 7 – Forma anização da viag m OS ( FORMA DE
ORGANIZAÇÃO DA VIAGEM
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997e 2003 2000 2001 200e
Organizada por 6,6 6,0 3,8 9,4 9,8 7,4 9,3 11,2 9,1 11,3 10,0 Agência
Não Organizada por 93,4 94,0 96,2 90,6 90,2 92,6 90Agência
,7 88,8 90,9 88,7 90,0
Fonte: Organizado pela autora com base em Paraná Turismo.
87
imos, o que muitas vezes não justifica a
iagem de avião.
T io ra rt
A %)
A Tabela 8 apresenta os tipos de meios de transporte que os
visitantes utilizam para chegar em Curitiba. Primeiramente e em todos os
anos apresentados o ônibus de destaca. Este se justifica, pois a maior parte
dos visitantes provem de destinos próx
v
ABELA 8 - Me s de t nspo e NOS ( MEIOS DE
1997e 2002e TRANSPORTE 1991 1992 1993 1994 1995 1996 2000 2001 2003 Avião 21 ,0 17 ,4 1 8,4 23,6 2 6,5 2 2,9 24 ,1 3 0,8 29,6 2 9,4 20 7 ,Ônibus 47,2 47,3 44,0 45,5 40,3 39,7 42,5 35 41 38 53 1 ,9 ,8 ,9 ,Automóvel 31,6 34,8 37,1 30,3 33,0 36,7 32,9 32,6 27,9 31,0 22,7 Outros 0,2 0,5 0,5 0,6 0,2 0,7 0,5 0,7 0,7 0,7
Fonte: Organizado pela autora com base em Paraná Turismo.
ospedagem sediam
uniões de negócios e acontecimentos de vários tipos.
TAB De Hospedagens
A %
A tabela 9 demonstra que os turistas que se hospedam em
Curitiba se dividem em hotéis e em casa de parentes ou amigos, apesar do
aumento do índice da procura por hotéis, em decorrência do turismo de
negócios e eventos, sendo que diversos meios de h
re
ELA 9 – Meios NOS ( ) MEIO DE
HOSPEDAGEM 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997e 2000 2002e 2001 2003 Hotel 37,6 38,2 36,8 35,9 37,9 38,2 37,9 39,6 X42,8 40,3X 43,8
Casa Parentes / 53,3 51,1 53,1 52,9 52,1 50,9 53Amigos
,1 48,7 42,8 47,7 42,1
Fonte: Organizado pela autora com base em Paraná Turismo.
da pelas opiniões de seus moradores, a Tabela
0 justifica esta informação.
A principal propaganda de Curitiba, como já comentando é
a imagem da cidade projeta
1
88TA de ã n a is v
A %BELA 10 – Meio comunicaç o que influe ciou n dec ão da iagem
NOS ( ) MEIO DE COMUNICAÇÃO 1991 1992 1 1 1997e 2000 2001 2002e 2003 993 994 1995 1996
Televisão 42,4 34,9 30,8 47,7 39,4 58,0 45,6 22,2 37,9 35,3 X Revista / Jornal 13,4 12,4 7,4 9,1 12,3 10,4 8,1 7,8 9,2 9,2 X Folheto Avulso 3,5 3,4 2,5 2,4 2,8 2,5 2,1 2,9 2,6 2,7 X
Agência de Turismo 1,3 1,5 1,0 0,8 1,3 0,6 0,7 1,0 0,8 1,2 X Parentes / Amigos X X 21,0 32,3 32,9 21,1 31,9 53,3 49,5 52,6 X
Fonte: Organizado pela autora com base em Paraná Turismo.
e a média do
ólares por dia (Tabela 11).
Tabela 11 sto io o uaANOS (US$)
O gasto médio do turista em Curitiba é maior qu
Estado do Paraná que fica em 60 d
– Ga méd diári individ l MÉDIAS
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997e 2002e 2003 2000 2001 Total na Cidade
B s rasilei-ro 63,3 34,4 46,0 56,0 86,8 85,7 100,9 58,5 51,4 72,4 X Estran-geiros
66,1 50,5 65,0 92,0 128,3 116,0 146,2 90,2 88,2 103,8 X
Geral 64,1 36,5 47,0 58,0 87,9 86,5 102,0 60,5 52,7 73,9 62,1 Com
Hospe-dagem
B s rasilei-ro 33,0 17,8 33,0 41,0 65,1 60,6 71,2 40,2 29,9 52,3 X Estran- 35,7 25,7 30,0 62,0 82,5 77,5 97,6 54,9 47,6 73,4 X geiros Geral 34,1 18,9 33,0 42,0 65,8 61,3 71,9 42,1 31,1 53,6 28,9
Fonte: Organizado pela autora com base em Paraná Turismo.
Lemos (2002) explica que existe diferença entre pesquisa de
mercado e informação. O mercado é um conjunto de interações entre as
forças de oferta e demanda e suas relações. Antes, é necessário entender as
relações de produção, geração de valor, distribuição e circulação de
renda. É preciso compreender as tendências dessas relações. Em segundo
lugar, as informações são distintas da idéia de dado. O dado é um valor
quantitativo que pode ser transformado em estatístico. A informação é o
processamento dos dados dentro de um sistema, sua forma de absorção e
sua geração de conhecimento, e possibilita ingerir, gerir e tomar decisões.
Dessa forma, é necessário um modelo teórico de interpretação do sistema
89
para que o dado se transforme em informação, em conhecimento e em
tecnologia.
90
6 O TURISMO E AS PRINCIPAIS INTERVENÇÕES URBANÍSTICAS EM CURITIBA
O turismo, como visto anteriormente, é uma atividade que
apresentou desenvolvimento na cidade de Curitiba a partir da década de
1990. Vários acontecimentos contribuíram para este fato, como as
intervenções urbanísticas.
Com o intuito de possibilitar a avaliar a relação das
intervenções no desenvolvimento da atividade turística a partir da
interpretação das pesquisas de demanda, foram selecionadas as principais
intervenções com possível influência na atividade, comparando e
observando os atrativos turísticos mais visitados pelos turistas nos anos de
2001 e 2003, como a Tabela 12 apresenta.
TABELA 12 - Atrativos turísticos mais visitados ATRATIVO TURÍSTICO 2000 (3.259
citações) 2001 (1.398 citações)
2003 - inserir excursionistas
Parques 22,5% 25,6% 46,5% Jardim Botânico 16,6% 15,2% 37,1% Ópera de Arame 12,8% 12,7% 31,1% Shopping 6,6% 7,7% 19,5% Santa Felicidade 3,7% 7,9% 11% Museus 0,9 0,6% 8,7% Rua XV/ Rua 24 horas 6,8% 5,6% 9,7% Largo da Ordem 2,1% 1,7% 4,6% Zoológico/ Passeio Público 4,5% 5,5% 7,6% Linha Turismo 3,2% 2,8% 2,4% Bosques 2,1% 2,4% 3,5% Teatros 1,5% 2,1% 2,5% Torre da Brasil Telecom 1,1% 0,5% 1,3% Praças 1,5% 1,2% 2,6% Universidades 1,9% 0,4 3,1% Estádio de Futebol 0,3% 0,7% 1,8% Centro Histórico ---- 1,4% 1,2% Igrejas 0,6% 0,8% 0,7% Outros 11,3% 5,2% 5,1%
*** A coluna 2003 soma 200% porque neste ano a pesquisa foi realizada dividida em turistas e excursionistas. Fonte: Organizado pela autora com base em Paraná Turismo.
Cabe salientar que os turistas e excursionistas entrevistados
não possuem opções para apontar os atrativos turísticos no questionário de
91
demanda turística, estes apenas citam os locais que visitaram, por isso
justifica-se que sejam apresentados “parques” e em separado o nome do
Jardim Botânico, por exemplo. Na tabela, nos tópicos parques e bosques
estão unidas às citações em geral.
Desta forma, para esta pesquisa são considerados os locais
turísticos como intervenções urbanísticas no enfoque proposto e que foram
citados pelos turistas da cidade: Parques (Passeio Público, Barigüi, das São
Lourenço, Tanguá, Tingüi, Jardim Botânico, Pedreiras, Parque Estadual João
Paulo II conhecido como Bosque do Papa,), o Teatro Paiol (teatro mais
citado nas pesquisas), e o Centro Histórico com o Largo da Ordem, a Rua XV
de Novembro e a Rua 24 horas. Estes são divulgadas pela cidade em seus
materiais promocionais e destacadas em ações de planejamento da
Prefeitura Municipal de Curitiba, com reflexos na atividade turística da
cidade (estão em destaque na Tabela 12).
Os gráficos 6 e 7 contribuem na visualização dos atrativos mais
visitados.
92
GF
GF
n
ráfico 6 - Atrativo mais visitados em Curitiba em 2001.
0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00%
Parques
Ópera de Arame
Santa Felicidade
Rua XV/ Rua 24 horas
Zoológico/ Passeio Público
Bosques
Torre da Telepar
Universidades
Centro Histórico
OutrosOutrosIgrejasCentro HistóricoEstádio de FutebolUniversidadesPraçasTorre da TeleparTeatrosBosquesLinha TurismoZoológico/ Passeio PúblicoLargo da OrdemRua XV/ Rua 24 horasMuseusSanta FelicidadeShoppingÓpera de ArameJardim BotânicoParques
onte: Paraná Turismo, 2003.
ráfico 7- Atrativo mais visitados em Curitiba em 2003.
0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 40,00% 45,00% 50,00%
Parques
Ópera de Arame
Santa Felicidade
Rua XV/ Rua 24 horas
Zoológico/ Passeio Público
Bosques
Torre da Telepar
Universidades
Centro Histórico
OutrosOutrosIgrejasCentro HistóricoEstádio de FutebolUniversidadesPraçasTorre da TeleparTeatrosBosquesLinha TurismoZoológico/ Passeio PúblicoLargo da OrdemRua XV/ Rua 24 horasMuseusSanta FelicidadeShoppingÓpera de ArameJardim BotânicoParques
onte: Paraná Turismo, 2004.
Justifica-se o motivo das outras citações de atrativos turísticos
ão serem inseridas diretamente na pesquisa:
93
a) Shoppings: não são atrativos turísticos por
classificação e sim equipamento de comércio que
presta serviços aos turistas.
b) Santa Felicidade: bairro gastronômico que possui a
finalidade primordial de atender o turismo na cidade.
c) Museus: pelo IPPUC são considerados equipamentos
urbanos, e não há citação de quais museus foram
apontados nas entrevistas.
d) Linha turismo: serviço para o turista será avaliada
posteriormente.
e) Bosques: o único citado é o João Paulo II que, na
verdade, classifica-se por lei como Parque Estadual
(administrado pela Secretaria Municipal do Meio
Ambiente), então, será abordado como parque.
f) Praças: são equipamentos de lazer e não atrativos
turísticos.
g) Universidades: não foram especificadas na pesquisa,
entende-se como a visitação à fachada da Universidade
Federal do Paraná.
h) Torre da Brasil Telecom : considerada equipamento
urbano pelo IPPUC.
i) Estádios de Futebol: também não foram
especificados na pesquisa.
j) Igrejas: espaços religiosos também não
especificados nas pesquisas de demanda.
94
Nas pesquisas de 2001 e 2003 os questionamentos: qualificação
da cidade e definição da cidade; foram inseridos nas pesquisas de como
apresentam as Tabelas 13 e 14. Mesmo, como já avaliado neste trabalho,
que os turistas definam Curitiba como a cidade com qualidade de vida, na
questão de qualificação da cidade onde conferiram “notas” para assuntos
da mesma, o maior índice foi recebido pelas áreas verdes, demonstrando a
importância destas para o turismo e para os turistas.
TABELA 13 – Qualificação da cidade – 2001 e 2003
ITENS AVALIADOS ÍNDICE BOM (%) Áreas Verdes 89,8 90,4
Conservação de Edifícios 71,5 76,6 Poluição do Ar 62,9 64,7
Poluição Sonora 44,0 50,4 Qualidade de Vida 82,6 87,2
Qualidade de Tráfego 48,0 51,4 Fonte: Organizado pela autora com base em Paraná Turismo.
TABELA 14 – Definição da cidade – 2001 e 2003
DEFINIÇÃO DA CIDADE Índice (%) Cidade Ecológica 26,8 22,2
Cidade com qualidade de Vida 40,5 37,3 Cidade Cultural 17,3 14,5 Cidade Turística 8,8 11,7
Outras 6,6 7,5 Fonte: Organizado pela autora com base em Paraná Turismo.
Curitiba considera áreas verdes urbanas tanto as unidades de
conservação como praças, jardinetes, largos e arborização de logradouros,
mas confere tratamento diferenciado a estas com legislações específicas e
planejamento direcionado.
As áreas verdes urbanas de Curitiba têm sido incluídas no rol
de ações integradas do município, associando-se a sua política urbanística e
95
ambiental, que inclui ações em áreas como saneamento e salubridade
urbana (MATIELLO, 2001).
O IPPUC (1992) relata que os parques foram criados num
primeiro momento utilizando-se de fundos de vales, evitando assentamentos
irregulares e enchentes, atuando na recuperação de áreas degradadas.
Um dos aspectos fundamentais da política de áreas verdes
urbanas de Curitiba é, justamente, a afirmação da recreação e do lazer
como fatores indispensáveis ao equilíbrio físico e mental do ser humano e a
seu desenvolvimento (PMC, 2006).
Mas a Prefeitura por meio de sua Secretaria Municipal do
Meio Ambiente (2006) afirma que o lazer, ainda que essencial aos desgastes
da vida urbana, não é finalidade primordial de boa parte das áreas verdes,
tendo na preservação ambiental e no saneamento - com a manutenção da
permeabilidade do solo junto aos rios, da mata ciliar, da fauna, da flora - e
na despoluição hídrica, aérea e sonora, os principais objetivos, equilibrando
as relações da cidade com seu meio ambiente.
Desde o início do planejamento da cidade, percebe-se a
criação de parques urbanos; atualmente a cidade possui 25 parques e
bosques, totalizando 22.234.481 metros quadrados de áreas verdes. Deste
total, 18.407.873 metros quadrados é composto por parques e 632.815 metros
quadrados são formados por bosques. Os 3.193.793 metros quadrados
restantes são formados por praças, jardinetes e largos. (Ver Anexo C)
Vale ressaltar que a maioria dos parques possui as funções de
atender a população como área de lazer e de promover a conservação do
ambiente.
96
6.1 Descrição dos Atrativos Turísticos considerados na pesquisa
O primeiro parque de Curitiba foi o Passeio Público;
inaugurado pelo presidente da Província do Paraná, Alfredo d’Escragnolle
Taunay no dia 2 de maio de 1886, já se chamou Jardim Botânico, no século
passado. O parque representa para a cidade a primeira grande obra de
saneamento da cidade, transformando um espaço com características de
banhado num espaço de lazer, com lagos, pontes e ilhas em meio ao verde.
Também se estabeleceu no Passeio Público o primeiro
zoológico de Curitiba, abrigando até hoje pequenos animais. Seu portão
histórico é uma cópia do que existiu no Cemitério de Cães de Paris (Fig. 1).
FIGURA 1 – Vista do Portão do Passeio Público de Curitiba Fonte: Viaje Curitiba, 2006.
Em 1971, com o intuito de introduzir o conceito do
aproveitamento de áreas verdes na cidade, o prefeito Jaime Lerner,
inaugura três grandes parques: Barigüi, São Lourenço e Barreirinha, todos
voltado à conservação ambiental, saneamento e lazer. Os lagos artificiais do
Barigüi e do São Lourenço ajudam a regular a vazão da água das chuvas.
Estes locais auxiliaram na redução das enchentes nessas regiões da cidade.
97
O Parque Barigüi (Fig.2) possui uma área de um milhão e
quatrocentos mil metros quadrados. Desde a sua criação, o parque é muito
utilizado pela população para a prática de atividades de lazer e esportivas.
Possui equipamentos de ginástica e parque de diversões, além de um
pavilhão de exposições, onde se realizam mensalmente feiras e eventos. O
Museu do Automóvel da cidade também está localizado neste parque.
FIGURA 2 – Vista do Parque Barigüi Fonte: Viaje Curitiba, 2006.
O Parque São Lourenço (Fig.3) está localizado onde
antigamente funcionava um curtume e uma fábrica de cola. Em 1970, após
uma grande enchente que alagou toda a região, o parque foi inaugurado.
Sua construção objetivou evitar inundações e aproveitar a área com a
reciclagem e uso da antiga fábrica, atualmente chamada de Centro de
Criatividade. Neste centro, funciona um atelier de arte e ofícios, um espaço
para exposições e uma biblioteca para uso da comunidade.
98
FIGURA 3 – Vista do Parque São Lourenço Fonte: Viaje Curitiba, 2006.
O Parque Tanguá (Fig.4) surgiu a partir de uma antiga
pedreira da família Gava, que estava destinada a ser utilizada como
depósito de lixo. Hoje o parque é bastante apreciado por moradores e
turistas da cidade. Possui lagos, lanchonetes, pista de cooper, ciclovia, um
túnel aberto na rocha bruta unindo os dois lagos que formam o parque, uma
cascata e o Jardim Poty Lazzaroto, em homenagem a um dos maiores
artistas plásticos curitibano.
FIGURA 4 – Vista do Parque Tanguá Fonte: Viaje Curitiba, 2006.
99
O Parque Tingüi (Fig. 5) leva em seu nome uma homenagem
ao povo indígena que primeiro habitou a região de Curitiba. Originou-se de
uma obra de saneamento urbano e conservação ambiental, possuindo
vários equipamentos, como pista de cooper, churrasqueiras, ciclovias,
canchas e playground. O parque abriga o Memorial Ucraniano,
obedecendo os estilos arquitetônicos da Ucrânia.
FIGURA 5 – Vista do Parque Tingüi Fonte: Viaje Curitiba, 2006.
O Jardim Botânico era um espaço conhecido antigamente
como Mato dos Francos, pertencente a um dos moradores mais antigos do
bairro Capanema. Possuía grande diversidade ambiental, lá ainda hoje
podem ser encontrados pinheiros-do-Paraná, imbuias, cedros, aroeiras,
pitangueiras e alguns animais nativos como saracuras, gambás, ouriços e
canários-da-terra. Ainda abriga uma estufa de ferro e vidro, inspirada no
Palácio de Cristal de Londres (Fig. 6).
O Jardim Botânico abriga em Curitiba o Museu Botânico, que
é dirigido por um dos maiores conhecedores do tema no planeta, o professor
Gert Hatschbach.
100
FIGURA 6 – Vista da Estufa do Jardim Botânico Fonte: Viaje Curitiba, 2006.
O Parque das Pedreiras, que surgiu do antigo local de
exploração mineral dos Gava, é formado pela Pedreira Paulo Leminski e a
Ópera de Arame. A primeira é hoje um vale onde cabem 50 mil pessoas
para assistirem a espetáculos em meio a rochas de mais de 30 metros de
altura. A segunda é um teatro, que os turistas vistam e se encantam. O
teatro é todo transparente, construído em estrutura tubular, o que justifica
seu nome. Possui capacidade para 2.400 espectadores e está envolvida por
lagos, vegetação típica e cascatas, sendo sua imagem conhecida em todo
o Brasil (fig. 7).
FIGURA 7 – Vista da Ópera de Arame Fonte: Viaje Curitiba, 2006.
101
O Parque Estadual João Paulo II, ou Bosque do Papa foi
inaugurado em 1980 para marcar a visita do Papa João Paulo II a Curitiba.
Suas principais atrações são o Museu da Habitação Polonesa, o Museu
Agrícola e a capela em homenagem a padroeira da Polônia, que compõe
um museu ao ar livre em forma de aldeia.
FIGURA 8 - Vista do Bosque João Paulo II Fonte: Viaje Curitiba, 2006.
O Teatro Paiol foi construído em 1906, onde funcionava um
depósito de pólvora, e em 1971 foi revitalizado para torná-lo um teatro de
arena. Sua re-inauguração foi marcada pela presença do cantor Vinicius de
Moraes, que marcou e acentuou uma nova fase de mudanças culturais na
cidade.
102FIGURA 9 – Teatro Paiol Fonte: Viaje Curitiba, 2006.
O Centro Histórico de Curitiba é um espaço que reúne as mais
importantes construções da cidade, nele encontra-se o Largo da Ordem,
onde ocorre todos os domingos a maior feira de artesanato da cidade e
abriga até os dias de hoje casarões reciclados em espaços culturais e pontos
comerciais.
FIGURA 10 – Largo da Ordem Fonte: Viaje Curitiba, 2006.
Também fazem parte do setor histórico: a Casa Romário
Martins, que hoje abriga um acervo de livros históricos da cidade; a Galeria
Julio Moreira; a Casa Vermelha; o Memorial da Cidade, ponto marcado
pelas apresentações culturais, mostras, shows e exposições; a Igreja da
Ordem; a Igreja Presbiteriana; a Fundação Cultural de Curitiba; a Igreja de
Nossa Senhora do Rosário.
Além destes também é possível encontrar o Relógio das Flores;
a Sociedade Garibaldi; a Praça João Candido; as ruínas de São Francisco; o
Belvedere; a Sociedade Brasileira Protetora dos Operários; a Rua José
Bonifácio; a Catedral basílica Menor; a Praça Tiradentes onde encontram-se
103
o marco zero da cidade; a Praça José Borges Machado; a Praça Generoso
Marques; o Museu Paranaense; a Rua Barão do Rio Branco; a Câmara
Municipal de Curitiba e a Antiga Estação Ferroviária.
FIGURA 11 – Relógio das Flores Fonte: Viaje Curitiba, 2006.
A Rua XV de Novembro é desde 1972 a primeira via exclusiva
para pedestres no Brasil, já se chamou Rua das Flores, como muitos o
chamam até hoje, e também Rua da Imperatriz. A Rua que hoje é
predominantemente comercial, já foi ladeada pelas modestas casas de
imigrantes e seus descendentes. Ela é hoje a via mais central da cidade,
onde manifestações culturais acontecem, é ponto de encontro da
população.
104FIGURA 12 – Calçadão da Rua XV de Novembro Fonte: Viaje Curitiba, 2006.
É na região da Rua XV de Novembro que se situam o Teatro
Guaíra; a Praça Santos Andrade; a Universidade Federal do Paraná; o
Correio Velho; a Galeria Lustoza; a Galeria Schaffer; a Confeitaria das
Famílias; o Senadinho; a Galeria do Plano Agache; o Bar Mignon; o Bondinho
da Rua das Flores; a Avenida Luis Xavier; o Palácio Avenida; a Boca Maldita;
o Braz Hotel; o Edifício Garcez; a Praça Osório; a Rua Comendador Araújo e
por fim a Rua 24 horas.
A Rua 24 Horas, foi criada em 1992, tornando-se a primeira rua
projetada do Brasil em espaço fechado, onde os estabelecimentos
comerciais não fecham nunca. Possui 120 metros de extensão, em estrutura
metálica tubular, cobertos com vidros, considerada uma das marcas da
arquitetura contemporânea da cidade.
FIGURA 13 – Rua 24 horas Fonte: Prefeitura Municipal de Curitiba
Estes atrativos são os considerados na pesquisa com base na
visitação dos anos de 2001 e 2003, e também são “cartões postais da
cidade”. Suas imagens são utilizadas na divulgação de eventos, feiras e
105
congressos. Além disso, fazem parte do roteiro turístico da Linha Turismo em
Curitiba.
6.2 A Relação entre Intervenções Urbanísticas e Atrativos Turísticos
Observando-se a importância da constante renovação das
proposições decorrentes do planejamento urbano para o desenvolvimento
da cidade, encontra-se como instrumento facilitador o urbanismo. Dentre
outros aspectos, o urbanismo está voltado à sistematização e ao
desenvolvimento da cidade. Por meio de intervenções urbanísticas também
se busca proporcionar bem-estar aos habitantes e melhorar a cidade como
um todo. Estas intervenções são geridas pelos órgãos responsáveis pela
cidade, sendo algumas delas reconhecidas como experiências urbanas
inovadoras e criativas.
O urbanismo atua na composição de paisagens como
intermediação entre o observador e o mundo real, quando intenção e
interpretação deixam apenas de retratar uma vista e passam a interferir nos
seus elementos, planejando e projetando novos panoramas. (SILVA, 2004,
p.32). Assim, percebe-se que os turistas podem realmente observar a cidade
por meio de sua urbanização.
É importante salientar o contínuo processo de
desenvolvimento urbano de Curitiba ao longo dos anos, valorizando cada
espaço com propriedade. Reaproveitamento, maximização e preservação
106
resultaram no planejamento urbano de Curitiba, que também possibilitou o
incremento da economia da cidade e o fomento da atividade turística.
Esse reaproveitamento e maximização podem ser mais
facilmente percebidos, tomando-se como exemplo a Linha Turismo. Esta é
uma Linha Especial de Transporte Coletivo que percorre 44 quilômetros da
cidade passando por 25 pontos turísticos, de 30 em 30 minutos, e permite aos
passageiros 5 paradas diferentes por meio de um sistema de tickets
adquiridos ao se entrar no ônibus.
Os turistas citam a linha como atrativo turístico, sendo que esta
é um serviço que faz o transporte aos mesmos. Atualmente são 25 atrativos
(Fig. 14) inseridos em seu roteiro e a maioria possui significados urbanos
específicos da cidade e dos cidadãos, como grande parte dos
considerados nesta pesquisa.
FIGURA 14 - Croqui da Linha Turismo. Fonte: Instituto Municipal de Turismo, 2006.
107
Curitiba estimula a visitação com a Linha Turismo e ainda uma
pequena parcela de turistas utiliza este serviço como mostra a Tabela 15.
TABELA 15- Total de embarques na linha turismo 2000 2001 2002 2003 2004
220.915 268.019 259.438 251.482 269.672
Fonte: Instituto Municipal de Turismo - Curitiba Turismo, 2005.
Percebe-se que os principais atrativos turísticos da cidade de
Curitiba são intervenções urbanísticas, em sua maioria realizada por órgãos
públicos.
Ainda que não tenham sido induzidos a essa consideração, a
cidade é percebida pela sua qualidade, e estas intervenções refletem a
imagem da qualidade e de sua organização. A própria escolha dos pontos
de parada da Linha Turismo, por parte do poder público municipal, aponta
para a notoriedade dessas intervenções enquanto atrativos, por se tratar de
um sistema de transporte destinado a visitantes, cujas paradas para visitação
são realizadas, em sua maioria, em locais originalmente criados para a
população local.
O quadro abaixo apresenta a relação dos locais que são
intervenções urbanísticas utilizadas como atrativos para o turismo em
Curitiba.
108Quadro 4 - Relação das intervenções urbanísticas e atrativos turísticos
Local Objetivo primário como Intervenção urbanística
Utilização como Atrativo turístico
Passeio Público
Primeira grande obra de saneamento.
Espaço de lazer no centro da cidade. Pequenos animais.
Parque Barigüi
Proteção do rio Barigüi (saneamento).
Maior área de lazer do curitibano. Segundo parque mais visitado por turistas. Eventos.
São Lourenço
Evitar inundações. Lazer e recreação, exposições, cursos.
Parque Tanguá
Protege a natureza num local destinado inicialmente para abrigar uma usina de reciclagem de caliça e lixo industrial.
Parque mais visitado na região norte da cidade.
Parque Tingüi
Saneamento. Lazer e recreação. Memorial Ucraniano.
Jardim Botânico
Melhorar a paisagem do bairro que hoje leva seu nome.
Atrativo mais visitado. Principal “cartão-postal” da cidade.
Parque das Pedreiras
Reaproveitamento de local de exploração mineral dentro de bairro residencial.
Shows. Arquitetura da Ópera de Arame, símbolo da cidade.
Parque Estadual João Paulo II
Inaugurado para a homenagear e receber a visita do Papa à cidade.
Memorial da Imigração Polonesa. Lazer e recreação.
Teatro Paiol
Depósito de pólvora. Arquitetura. Espetáculos musicais e cênicos.
Centro Histórico com o Largo da Ordem
Centro da cidade, local primordial de comércio e administração pública.
Bens tombados. Acervo histórico. Feira de Artesanato. Entretenimento noturno.
Rua XV de Novembro
Inovação: rua para pedestres.
Compras. Contato com cultura local.
Rua 24 horas
Rua de comércio 24 horas.
Arquitetura. Alimentação. Compra de souvenirs.
Fonte: Organizado pela autora com base em PMC, 2006.
109
Contudo, é preciso destacar que a atividade turística
cresceu devido às condições que o planejamento urbano proporcionou,
pois nenhum dos atrativos descritos no Quadro 4 foram organizados
especificamente para a atividade turística, mas foram idealizados para uso e
atendimento de necessidades da cidade e de seus cidadãos.
Pearce (2003) comenta que a estrutura do turismo em áreas
urbanas é um campo de pesquisa relativamente pouco explorado, e isso
tanto pelos pesquisadores do turismo como pelos que se interessam por
processos urbanos mais amplos. A maior parte da produção acadêmica
sobre o tema está relacionada ao turismo e conservação ou
redesenvolvimento de centros históricos urbanos.
Ainda com base nas idéias de Pearce (2003), sabe-se que
existem poucos estudos em relação ao turismo em áreas urbanas esta
relativa negligência do pode ser atribuída, em parte, a diferenças no papel
desempenhado por essas áreas no contexto turístico nacional. A maior parte
dos estudos concentra-se nas áreas consideradas rurais como as litorâneas e
outras para a prática de ecoturismo e turismo aventura.
Mesmo em cidades como Paris, Londres e Nova York, com seus
grandes fluxos turísticos, o turismo está longe de ser a atividade
predominante, superado por outras atividades econômicas ligadas ao
comércio, indústria e outras prestações de serviços (PEARCE, 2003).
Como grande parte dos pesquisadores habita centros urbanos
é de se esperar que busquem na costa, nas montanhas ou no campo seus
objetos de pesquisa.
110
O turismo em áreas urbanas desenvolve-se em ampla escala
como resposta à demanda gerada direta ou indiretamente pelas outras
atividades econômicas da cidade. Como resultado, a estrutura do turismo
local tende a seguir de forma geral induzida por essas outras funções e por
outros fatores, como as características do lugar, em vez de formá-las.
Este é o caso de Curitiba, o perfil predominante do visitante de
negócios demonstra esta situação. A expressiva área industrial e a posição
de centro financeiro do Estado do Paraná justificam o deslocamento de
pessoas para a cidade.
O turista de negócios possui pouco tempo para desfrutar do
lazer no local em que visita e quando há alguma disponibilidade procura
locais consagrados, divulgados pelos meios de comunicação e pelos
próprios prestadores dos serviços que este utiliza. Recepcionistas de hotéis,
garçons, taxistas, dentre outros, influenciam na decisão destes visitantes em
conhecerem os atrativos turísticos da cidade. A mesma situação ocorre com
os turistas de eventos - salienta-se que alguns autores classificam turistas de
eventos e negócios em uma mesma classificação - haja vista que muitos dos
negócios são tratados em reuniões (tipo de evento).
Com este perfil de visitante justifica-se, por exemplo, a baixa
visitação ao centro histórico da cidade, pois estes estão à procura de
novidades, atrativos turísticos modernos e diferenciados. Como quase todas
as capitais possuem centros históricos, percebe-se que alguns turistas
consideram que todos possuem as mesmas características.
O nível de satisfação destes turistas não se mantém o mesmo
em Curitiba como demonstra o Gráfico 8.
111
Gráfico 8 - Satisfação dos Turistas quanto aos atrativos turísticos da cidade
75 80 85 90 95 100
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
2000
2001
2002
2003
Fonte: Paraná Turismo, 2004
É possível visualizar que até o ano de 2000 os atrativos eram
consideravelmente satisfatórios na opinião do turista, e a partir deste ano, a
avaliação começa a sofrer uma queda.
Recebendo um turista exigente, este fato pode ser explicado
com a constatação de que não houve inovações nos atrativos ou novos
atrativos, haja vista que este turista retorna a Curitiba com freqüência.
Apenas 25% dos turistas em 2003 veio à cidade pela primeira vez.
Curitiba, nos anos de 1990 recebeu uma série de intervenções
urbanísticas inovadoras advindas do setor público que contribuíram para a
imagem positiva do turismo na cidade. Após este período as intervenções
vieram do setor privado concentrando em novos espaços para eventos,
hospedagem e shoppings que oferecem melhores serviços aos turistas, mas
112
não contribuem de forma tão significativa para a boa imagem turística da
cidade, como a instalação de novos parques, por exemplo.
É importante que as localidades que desejem se organizar
para o turismo utilizem como instrumento de planejamento a observação do
ciclo de vida das destinações, observado na Figura 16.
Replanejamento
Ausência de turismo Saturação
Declínio Consolidação
Desenvolvimento
Implicação de autoridades locais
Exploração
FiGURA 16 -Ciclo de vida das destinações turísticas Fonte: Butler apud .Ruschmann, 1997.
Para cada fase em que se encontra o turismo na destinação
devem-se encontrar medidas cabíveis para o desenvolvimento da atividade.
Curitiba, analisando a satisfação dos visitantes pode estar a
caminho do estágio de saturação, que requer interferências de grande
influência na imagem turística da cidade para não chegar ao declínio de
Ausência de turismo
113
seu turismo. O fluxo de visitantes demonstra crescimento todos os anos e
ações bem planejadas podem manter a cidade nesta tendência.
Mesmo observando os atrativos turísticos mais visitados
percebe-se que o maior atrativo para o turismo são as idéias de qualidade
de vida. Gândara (2003) defende que o fato de Curitiba ser uma cidade
planejada e o resultado deste planejamento ser a qualidade de vida da
população local fez com que a imagem de qualidade ambiental tenha se
transformado no principal atrativo turístico da cidade.
Estas características do planejamento urbano de Curitiba são elementos que serviram para produzir importante renovação do sentimento de identidade da população local, e certamente, devem também ser utilizados como diferenciais dentro do marketing a ser desenvolvido. A possibilidade de considerar a qualidade ambiental urbana como um atrativo turístico faz da cidade um destino turístico privilegiado (GÃNDARA, 2003, P.166)
O órgão responsável pelo turismo na capital inicia seu relatório
de atividades de 2005 com a seguinte afirmação:
O Turismo em Curitiba foi uma conseqüência das construções feitas por iniciativa do poder público para o bem-estar da população. Através da imagem que se criou da cidade, o turista vem em busca de conhecimento referente aos programas desenvolvidos na área ambiental, planejamento urbano, qualidade de vida e transporte coletivo (Instituto Municipal de Turismo - Curitiba Turismo, 2005, p.1).
A administração municipal atualmente entende que o turismo
em Curitiba aconteceu por conseqüência de seu planejamento urbano e
que até o momento poucas ações foram planejadas diretamente para o
turismo na cidade. Percebe-se, por exemplo, que como destino turístico, a
cidade não desenvolveu até hoje grandes campanhas de marketing.
114
Gândara (2003) ressalta que o turismo beneficiou-se da
imagem global de Curitiba como cidade, neste caso, é uma situação
positiva, já que está associada às idéias de qualidade ambiental e
qualidade de vida, como já exposto.
Mesmo com um crescimento positivo, reflete-se até quando a
cidade conseguirá manter esta situação sem uma política pública
específica e efetiva para o turismo.
Com base em Goeldner; Ritchie e MacIntosh (2002) afirma-se
há necessidade de se estabelecer a política de turismo de Curitiba
considerando aspectos do planejamento estratégico:
a) a filosofia de turismo: que princípio turístico Curitiba quer ter,
qual tipo de turismo, qual perfil de turista e como a
administração da cidade deve entender seu turismo.
b) a visão da destinação: definir como Curitiba se imagina
turisticamente num futuro distante, pensando nos próximos
5, 10, 20 anos.
c) os objetivos e metas: quais os resultados qualitativos e
quantitativos que se espera alcançar com a atividade
turística na cidade.
d) aos limites: quais os parâmetros aceitáveis de
desenvolvimento e seus efeitos na sociedade, cultura e
meio ambiente.
e) às estratégias de desenvolvimento: quais os padrões de
ações que permitem atingir os objetivos definidos para o
115
turismo em Curitiba em relação a sua oferta, demanda e
organização estrutural.
Pela relativa juventude de um órgão específico a condução
da política pública de turismo, justifica-se a falta de planejamento do setor.
O quadro 3 sobre fatos relevantes para a evolução do turismo em Curitiba,
anteriormente exposto, demonstra o confuso caminho do turismo como
atribuição de secretarias e outros organismos. Percebe-se que por muitos
anos Curitiba não teve administração municipal direta ficando as maiores
decisões do setor a cargo do organismo de responsabilidade estadual.
Há necessidade de organização municipal, pois a esfera
estadual possui papel estratégico para desenvolvimento do turismo no
Paraná. Esta deve trabalhar para atender, por exemplo, o maior destino
turístico do Estado e um dos maiores do país que é Foz do Iguaçu, pois
recebe fluxo internacional considerável. Além de que o organismo estadual
deve trabalhar para desenvolver outras regiões do estado que possuem
potencialidades turísticas. A cidade tem função de contribuir para que as
políticas públicas do Paraná tenham boa condução e atinjam suas metas
estabelecidas.
As metas da política pública de turismo do Paraná de 2003 a
2007 são:
a) aumentar o fluxo de turistas em 20% a 25%;
b) aumentar a permanência média para 4,5 dias;
c) aumentar o gasto per capita dia em 30 %;
d) aumentar a receita gerada em 25%;
116
e) aumentar o número de produtos turísticos
comercializados por agências de turismo do Brasil e do
Estado em 50%.
Curitiba, assim necessita se organizar para o alcance destas
metas com ações efetivas. A cidade carece de um plano estratégico de
desenvolvimento turístico.
Também, deve-se considerar a gestão democrática do
turismo pois, não há um trabalho consolidado de um conselho municipal de
turismo, como em diversos outros municípios do Paraná.
As intervenções urbanísticas certamente contribuíram para o
aumento constante do turismo e fixação de sua boa imagem, mas falta
articulação política que continue oferecendo suporte ao desenvolvimento
da atividade.
117
7. CONCLUSÃO
Tendo em vista os objetivos pretendidos por esta pesquisa, é
possível fazer algumas considerações importantes e que sintetizam a análise
desenvolvida.
Para a identificação das principais intervenções urbanísticas
com possível influência na atividade turística em Curitiba foi considerado
principalmente o histórico do planejamento urbano e suas relações no
turismo, além das informações coletadas em órgãos específicos que
compuseram a evolução do turismo na cidade que foi apresentada.
As análises das pesquisas de demanda turística de Curitiba,
realizadas no período de 1991 a 2003, contribuíram para ser traçado um
panorama do turismo relacionando o fluxo de visitantes, características e
opiniões dos mesmos sobre a cidade e seus atrativos turísticos.
A comparação dos dados destas pesquisas serviram para
embasar as discussões posteriores. O turista característico de Curitiba é o de
negócios e suas particularidades são a exigência, os gastos expressivos, a
pouca permanência e a busca por novidades e atrativos turísticos
modernos. O que pode ser percebido com a apresentação dos dados que
se referem à satisfação dos turistas quanto aos atrativos turísticos, que se
comparado ao ciclo de vida das destinações nota-se a saturação dos
nossos atrativos e a necessidade de um re-planejamento para a melhoria
deste quadro.
118
Mesmo assim houve ascendência no número de turistas
anualmente, pelo re-direcionamento da atividade turística na cidade e pelo
perfil do turista acima descrito, mas existe uma falta de atualização nos
atrativos ou, ainda de novas construções e inovações urbanísticas, na
cidade, pois a administração pública de Curitiba de 1971 até meados de
1997, teve maior preocupação com as questões de planejamento e
desenvolvimento.
Com o perfil da cidade, do planejamento urbano, do turismo e
de seu visitante foi possível identificar a relação existente entre as principais
intervenções urbanísticas ocorridas na cidade e a atividade turística
presente. Constatou-se que Curitiba se apropriou de intervenções
urbanísticas que foram realizadas com o intuito de organizar, revitalizar ou
reutilizar os espaços e que o turismo foi uma conseqüência na utilização dos
mesmos.
A imagem positiva da cidade com apoio nas idéias de
qualidade de vida e qualidade ambiental - fortemente demonstradas nas
opiniões dos turistas, contribuem no desenvolvimento do turismo na capital
paranaense, mas percebe-se que ainda falta direcionamento das políticas
públicas específicas para o setor.
No que se refere às limitações para realização desta pesquisa
é possível ressaltar que a produção bibliográfica sobre o turismo em áreas
urbanas, e o turismo relacionado ao planejamento urbano, expressando as
idéias de uma cidade e de seu funcionamento, é bastante escassa.
119
Ainda, os dados e informações sobre os temas turismo em
Curitiba e histórico do planejamento urbano em Curitiba, são encontrados
em diversas fontes, muitas vezes dispersas, depositadas em lugares não
regulares, que, em mudanças de governo podem resultar em perdas de
documentos e informações.
Outra limitação refere-se ao material de apoio à pesquisa
documental: as pesquisas de demanda turística da cidade, que sofreram
alterações metodológicas em quase todos os anos de sua realização, ou
ainda a sua não realização. Este fato permitiu que houvesse maior
dificuldade no levantamento de dados, impossibilitando algumas
importantes análises para o estudo da atividade turística em Curitiba.
Mesmo assim, esta pesquisa é significativamente relevante ao
meio acadêmico para os estudos da gestão urbana com a proposta
inovadora de analisar o turismo sob seu enfoque. Sabe-se que as pesquisas
em turismo precisam ser evidenciadas de forma multidisciplinar indicando
novas investigações para a construção de idéias que auxiliem no
desenvolvimento científico desta atividade.
As pesquisas acadêmicas sobre o Turismo, devem ser
incrementadas, além de estabelecer relações com as outras áreas,
transformando-se continuamente, superando-se, interferindo e modificando
o seu meio numa organização a partir de sua dimensão multidisciplinar, que
não é imposta cultural ou universalmente aos pesquisadores, mas reflete
suas escolhas, percepções, valores e ideais para esta atividade.
120
Acredita-se que estas discussões possam contribuir para o
caminhar do novo Instituto Municipal de Turismo na elaboração da política
pública municipal de turismo, haja vista a importância de Curitiba no
contexto turístico estadual e nacional e a busca por um mercado
internacional que reflete os impactos econômicos positivos máximos do
turismo.
Sabe-se que o turismo por si não transforma uma cidade, no
entanto suas concepções aqui analisadas podem indicar possibilidades para
novas construções e reformulações que auxiliem na superação da falta de
base teórica e estruturação de dados, sendo estes um dos maiores
problemas para a pesquisa acadêmica na atividade turística.
Para a realização de novos trabalhos com base neste estudo
indica-se:
a) relacionar as intervenções urbanísticas citadas e
outras, relacionando suas influências no turismo por meio
de outros procedimentos metodológicos;
b) padronização das pesquisas do setor turístico e
adequação das mesmas ao perfil da cidade;
c) elaboração de sugestões para a composição da
política municipal de turismo;
d) análises complementares das pesquisas de
demanda turística utilizando os dados compilados neste
trabalho.
121
e) considerar o histórico de Curitiba e seu
planejamento urbano apresentado para novas
considerações e sua conseqüência na política pública
de turismo no município.
Atualmente, o turismo representa uma das atividades que
apresenta maior prospecção para o futuro em vários locais, favorecendo,
além do desenvolvimento econômico, social e ambiental, e da preservação
de patrimônios naturais e culturais, o fortalecimento da imagem de uma
cidade de forma a sugerir conceitos para os turistas e visitantes.
Ainda vale ressaltar que o papel fundamental da gestão
urbana neste processo consiste no envolvimento e estímulo de órgãos
públicos e privados para que esta atividade aconteça sem prejudicar nem
agredir outras estruturas e a comunidade, pois o turismo, se trabalhado de
forma organizada e sustentável, não deve ser um fator negativo para a
localidade, mas um forte gerador de benefícios para cidade, localidade,
população e instituições públicas e privadas.
Este trabalho, por mais que tenha comentado as questões
consideradas essenciais para a discussão do tema proposto, muitas delas
continuam abertas. Deste modo, acredita-se que esta pesquisa é uma
contribuição que pode ser analisada, criticada e superada.
122
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128
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129
VIAJE CURITIBA. Fotos. Disponível em: <http://www.viaje.curitiba.pr.gov.br > Acesso em: 15 mai 2006.
130
ANEXO A
Principais ações e intervenções no planejamento urbano de Curitiba
.
131
QUADRO - Principais ações e intervenções urbanísticas no planejamento urbanos de Curitiba
Ano
Ação/ Intervenção
1721
Primeira iniciativa de planejamento urbano – O Ouvidor Rafael Pires Pardinho, designado por Portugal, decidiu que as águas do Rio Ivo seriam usadas para beber e as águas do Rio Belém receberiam o esgoto da cidade. Também foi ele que definiu o arruamento da Praça Tiradentes, seguindo os moldes de urbanismo da península Ibérica, onde cada cidade tinha sua praça.
1858
Primeiro projeto de expansão da cidade - Inspirado no projeto feito pelo engenheiro francês Pierre Taulois, que sugeria a mudança da conformação circular da cidade e a desapropriação de áreas no centro para formar um novo traçado com ângulos retos, o engenheiro Frederico Hégreville foi autorizado pelo governo a realizar um projeto de expansão de Curitiba. Aos poucos, a cidade foi ganhando novas ruas com cruzamento regulares e passou a ter um desenho retangular, melhorando a circulação dentro da malha urbana.
1886
Passeio Público - a criação deste parque representou a primeira grande obra de saneamento de Curitiba. O local era um charco insalubre, deu lugar ao primeiro parque do estado do Paraná e também ao primeiro zoológico.
1941/43
Plano Agache - Encomendado pelo prefeito Rozaldo de Mello leitão e concebido pelo urbanista e arquiteto francês Alfredo Agache, é o primeiro plano de urbanização feito especialmente para a cidade de Curitiba. Sugere a adoção do sistema radial de vias, descongestionando o centro,e a organização da cidade por setores: Industrial, comercial, administrativo, educacional, desportivo e residencial. O Plano também prevê a ampliação da rede de água e esgoto, a criação de parques nos subúrbios e a formação de lagos artificiais para a prática de esportes, aproveitando as curvas dos rios. Apesar de bem detalhado, o Plano teve sua implantação limitada pela falta de recursos e acabou sendo abandonado. Mais de 20 anos após a sua criação, o Plano Agache acabaria por orientar a elaboração do Plano Diretor de Curitiba.
1943/46
Inicio da execução do plano Agache - Durante a administração da prefeito Alexandre Beltrão,a cidade começa a receber as obras de saneamento previstas no Plano Agache. Também é realizado o alargamento de vias importantes como a Rua XV de Novembro e o prolongamento da Avenida Marechal Floriano até o município de São José dos Pinhais, onde estava sendo construído o Aeroporto Afonso Pena. Nas administrações posteriores, o Plano Agache deixou outras marcas como as avenidas Visconde de Guarapuava, Sete de Setembro e Marechal Floriano, as galerias pluviais da Rua XV de Novembro, o recuo obrigatório de cinco metros para novas construções e a concentração de fábricas perto da antiga Estação Ferroviária, entre outros.
1954
Comissão de Planejamento de Curitiba - Durante a gestão do prefeito Ney Amintas de Barros Braga a cidade ganha o primeiro grupo técnico para rever o Plano Agache, modernizando-o e adaptando-o à realidade de Curitiba. Esta comissão dá origem ao Departamento de Urbanismo da Prefeitura Municipal e, no futuro, iria inspirar a formação de novas equipes técnicas para planejar o crescimento da cidade.
continua
132
continuação 1962
Eleição de Ivo Arzua para a Prefeitura - Eleito pelo voto direto, o engenheiro civil Ivo Arzua prepara a cidade para a grande transformação urbana. Ele foi o responsável pela criação do Plano Diretor de Curitiba e também pela criação do IPPUC – Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba. Essas ações foram fundamentais para o desenvolvimento harmônico e diferenciado da cidade.
1963
Criação da APPUC – Assessoria de Pesquisa e Planejamento de Curitiba - O prefeito Ivo Arzua cria a APPUC e, paralelamente, elege uma equipe multidisciplinar formada por arquitetos, engenheiros, sociólogos, economistas e especialistas de várias áreas. A proposta inicial de trabalho é rever o Plano Agache, que se tornou obsoleto, e retomar o planejamento urbano da cidade. A APPUC acaba por orientar a concorrência criada pela prefeitura para elaborar o projeto piloto do Plano Preliminar de Urbanismo.
1965
Plano Serete - A empresa paulista Serete, que havia vencido a concorrência pública para criar um projeto piloto, entrega à Prefeitura Municipal o Plano Preliminar de Urbanismo. À frente do projeto está o arquiteto Jorge Wilheim. O trabalho é acompanhado por uma comissão especial designada pelo prefeito Ivo Arzua e integrada por Jaime Lerner, Reinhold Stephanes, Jahyr Leal, Francisca Rischbieter, Domingos Bongestabs, Luiz Forte Netto, Lubomir Ficinski Dunin, Almir e Marlene Fernandes e Dulcia Auríquip, entre outras personalidades de destaque na cidade.
1965
Seminário “Curitiba de Amanhã”- O Plano Serete é levado ao debate com os mais variados segmentos da comunidade. Profissionais liberais, estudantes, jornalistas, associações de bairros, entidades assistenciais, associações cívicas, sociedades operárias beneficentes, sindicatos, professores e a população em geral. A cada encontro eram feitas críticas e sugestões ao Plano Serete. Como resultado dos debates democráticos surge o Plano Diretor de Curitiba.
1965
Criação do IPPUC - Para que o Plano Diretor da cidade possa ser implantado e tenha uma reavaliação constante a APPUC é transformada, através de lei, no IPPUC – Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba. O IPPUC ganha um corpo técnico próprio e permanente que, ao longo dos anos, passa a gerar as soluções criativas que mudaram a feição, o desenvolvimento e o funcionamento da cidade. Pelo IPPUC passaram personalidades que tiveram papel de destaque na história de Curitiba como os prefeitos Jaime Lerner, Rafael Greca de Macedo e Cássio Taniguchi.
1966
Aprovação do Plano Diretor de Curitiba - Entregue à Câmara Municipal nos mês de maio, o Plano Diretor passa ainda por uma análise minuciosa e é avaliado em várias reuniões técnicas até obter a aprovação por parte dos vereadores. A partir desta data, o Plano Diretor de Curitiba passa a ser lei e está pronto para o processo de implantação.
1971
Jaime Lerner assume a prefeitura - O arquiteto Jaime Lerner assume pela primeira vez a Prefeitura de Curitiba, nomeado pelo governador Haroldo Leon Peres. Profundo conhecedor dos problemas da cidade, ele havia participado da elaboração do Plano Diretor e presidido o IPPUC. Ao colocar em prática as ações previstas pelo Plano, deu início às transformações urbanas que tornaram Curitiba diferente das demais cidades brasileiras.
continua
133
continuação 1971
Inicio da transformação do Sistema Viário - Começam as obras para a formação dos Eixos Estruturais e implantação do Sistema Trinário. Os cinco Eixos Estrturais atravessaram a cidade no sentido Norte-Sul, Leste-Oeste e do centro em direção ao Boqueirão, o bairro mais populoso da cidade. Através desses eixos é incentivado o desenvolvimento linear de Curitiba. As vias estruturais também receberam o novo Sistema de Transporte Coletivo com os ônibus Expressos. Ao longo delas forma-se o Sistema Trinário composto por canaletas exclusivas para ônibus – ao centro – ladeadas por duas vias de tráfego lento e tendo, como paralelas, mais duas vias de tráfego rápido de mão única e que correm em sentidos opostos. O Sistema Viário e o Transporte Coletvo, associados a uma lei específica de Uso do Solo (Zoneamento) são elementos fundamentais para induzir e direcionar o crescimento da cidade.
1971
Teatro do Paiol - É a primeira ação de reciclagem de um espaço urbano e de valorização da cultura como fator fundamental no Planejamento Urbano de Curitiba. O antigo paiol de pólvora da cidade é transformado em um belíssimo teatro. A inauguração foi realizada com um show do poeta e compositor carioca Vinícius de Moraes.
1972
O primeiro calçadão do Brasil - A Rua XV de Novembro – uma via de tráfego normal – foi fechada para a passagem de veículos, marcando a nova mentalidade que privilegia o ser humano em lugar do automóvel. A obra foi executada durante um final de semana porque a prefeitura temia a reação dos comerciantes locais. Apesar dos protestos iniciais, o calçadão foi mantido e logo virou sucesso nacional, sendo imitado por outras cidades. Esta postura visionária contrariava a tendência evidenciada nos grandes centros brasileiros, cuja transformação do modelo urbano, em função do trânsito, afetava negativamente a vida dos cidadãos.
1972
Criação dos parques: Barigui, Barreirinha e São Lourenço - Os parques Barigüi, São Lourenço e da Barreirinha são criados numa ação inovadora que congrega preservação ambiental, saneamento e lazer. Os lagos artificiais do Barigüi e do São Lourenço ajudam a regular a vazão da água das chuvas. E os bosques de mata nativa, por sua vez, formam áreas naturais de inundação. Esses fatores conjugados acabaram com as enchentes nessas regiões da cidade. Nas duas décadas seguintes, foram sendo criados novos parques e bosques que culminaram com a marca de 52 metros quadrados de área verde por habitante, mais do que o dobro recomendado pela Organização Mundial da Saúde.
1973
Fundação Cultural de Curitiba - Com as atribuições previstas no Plano Diretor, a Fundação Cultural de Curitiba passou a ser responsável pela política cultural e de lazer do município, tendo como objetivos o desenvolvimento das artes, o estímulo as atividades criativas que envolvam a comunidade, a descentralização cultural, o resgate das tradições e a preservação e documentação da história da cidade. A Fundação teve um papel fundamental na transformação cultural que Curitiba viria a sofrer nos anos seguintes.
1973
Setor Histórico de Curitiba - Para preservar o acervo arquitetônico antigo de Curitiba foi criado um eixo histórico, com o tombamento de toda uma área central da cidade – conhecida como Largo da Ordem – e de algumas edificações isoladas. Logo o Setor Histórico transformou-se num dos cartões-postais da cidade além de tornar-se um importante eixo de animação cultural.
continua
134continuação 1974
Ônibus Expresso - Inaugurado na presença do Presidente Ernesto Geisel, o novo Sistema de Transporte Coletivo de Curitiba revoluciona os padrões da época. As linhas de ônibus Expresso circulam em canaletas exclusivas e os veículos tem design especial. O Expresso associa maior capacidade de transporte com velocidade, conforto e segurança. Forma-se a espinha dorsal de um novo conceito de transporte de massa que, mais tarde, daria origem à RIT – Rede Integrada de Transporte. O sistema se completa com detalhes inteligentes e funcionais como as cores diferenciadas para identificar cada tipo de linha. No início, o sistema Expresso foi projetado para transportar algo em torno de 30 mil passageiros por dia.
1975
Cidade Industrial de Curitiba - A CIC é criada para mudar o perfil econômico de Curitiba. Até então a cidade era reduto de funcionários públicos e atraía apenas estudantes universitários que ocupavam o espaço urbano de forma sazonal, gerando pouca riqueza. Condenado à estagnação, o município reage criando o primeiro pólo industrial do País no meio de uma área verde, com infra-estrutura própria e uma série de atrativos para as empresas. Vinte anos mais tarde, a Cidade Industrial de Curitiba reúne cerca de 500 empresas e gera 150 mil empregos diretos e 50 mil indiretos.
1975
Proteção dos Leitos naturais dos rios - É criada uma legislação especial para proteger as áreas de entorno dos leitos dos rios que funcionam como sistemas de drenagem natural da água das chuvas. Esta ação permitiu a criação de vários novos parques ao longo de rios, como o Parque Regional do Iguaçu, Tingüi e Tanguá, protegendo novas áreas verdes.
1977
Rede de Ciclovias - Começa a implantação de Rede de Ciclovias que liga vários parques, bosques e outras áreas da cidade, formando uma malha de 100 quilômetros. As vias especiais para bicicletas são utilizadas principalmente para o lazer.
1979
Rede Integrada de Transportes - O Sistema de Transporte Coletivo de Curitiba passa a funcionar de forma integrada, permitindo que o usuário pague apenas uma passagem e utilize quantas linhas de ônibus desejar. Isto foi possível graças aos Terminais de Integração, para onde convergem os ônibus Expresso, Interbairros e Alimentadores. A medida inovadora torna Curitiba conhecida internacionalmente.
1980
Bosque do Papa - O Bosque João Paulo II, com seu Memorial Polonês, é o primeiro de uma série de bosques e praças criados em homenagem aos imigrantes que ajudaram a formar a comunidade curitibana. A ação marca o início formal da valorização das etnias, num processo de reavaliação cultural que levaria muitos anos e viria de consolidar na década de 90, quando a população cria total identidade com os grupos de imigrantes e seus descendentes. Esta característica – de mistura das raças – acaba por se transformar em mais um atrativo turístico da cidade gerando festivais folclóricos, festas típicas, postais, locais temáticos e que culmina com o lançamento da linha turística Volta ao Mundo. Curitiba passa também a vender a imagem de “terra de todas as gentes”.
1981
A Casa da Memória - A Casa da Memória foi criada com o propósito de reunir, preservar, valorizar e divulgar o acervo histórico e o patrimônio cultural da cidade, dando prosseguimento ao projeto iniciado com a criação da Fundação Cultural de Curitiba. São mais de 80 mil volumes entre livros, revistas, plantas, mapas, projetos, depoimentos gravados, recortes de jornais, fitas de vídeo e 17 mil imagens fotográficas em papel ou slide. A Casa da Memória também faz pesquisas de teor histórico, cultural, social e antropológico da cidade. Os trabalhos são divulgados através de publicações especiais.
continua
135 continuação 1989
O Programa Lixo que não é lixo - O revolucionário programa de reaproveitamento do lixo não degradável conquistou a adesão da comunidade que passou a separar o papel, papelão, vidro, plástico e latas do material orgânico. A coleta é feita em caminhões especiais da prefeitura ou pelos catadores de papel que, desta forma, aumentam a renda familiar. O programa que garante o recolhimento mensal de 900 toneladas de lixo reciclável e evita a derrubada de 1500 árvores a cada dia, foi premiada pela Organização das Nações Unidas em 1992.
1989
Programa Compra do lixo - Nas áreas de difícil acesso para realizar a coleta seletiva do lixo, a Prefeitura Municipal começou a comprar material reciclável das comunidades carentes usando o vale-transporte como moeda. Associado ao Lixo que não é Lixo, este programa também foi premiado pela ONU em 1992.
1989/1990
Programa Câmbio Verde - Dando prosseguimento aos programas ambientais, a Prefeitura Municipal inicia a troca do lixo reciclável por cadernos escolares, frutas, legumes e verduras. Mais tarde o lixo não degradável também passou a ser trocado por doces e brinquedos durante as festividades de páscoa e natal. O Câmbio Verde beneficia mais de 20 mil famílias que vivem na periferia da cidade
1991
Linha do Oficio - Ônibus com vida útil vencida são reciclados e transformados em salas de aulas móveis, dando origem á linha do ofício. Os veículos transportam os instrutores até os bairros mais afastados da cidade onde as pessoas necessitam de cursos profissionalizantes para conseguir emprego. São mais de 70 opções de cursos que formam milhares de pessoas a cada ano. Um grupo formado por assistentes sociais , pedagogos, sociólogos e psicólogos prepara os alunos para enfrentar o mercado de trabalho e o novo convívio social. O projeto ajuda a preparar parte da mão-de-obra desqualificada que tem origem na migração rural.
1991
Rede de Ônibus Ligeirinho - A rede de linhas diretas- apelidadas de ligeirinho – é criada para evitar a saturação do sistema de transporte coletivo de Curitiba. Operando como um metrô de superfície, o ligeirinho trafega numa velocidade superior aos veículos das demais linhas e tem capacidade para 100 pessoas. O embarque em nível, através de plataformas móveis , acontece nas estações-tubo onde a passagem é paga antecipadamente. A conjugação destes fatores garante o transporte de um número maior de pessoas em menos tempo, proporcionando conforto, agilidade e segurança para usuário. Com a implantação do ligeirinho, 28% dos proprietários de veículos de Curitiba passaram a utilizar o transporte coletivo durante a semana, deixando os carros na garagem. O ligeirinho também passa a fazer parte da RIT- rede integradas de transporte.
1991
Rua 24 horas - Outra inovação curitibana , a rua 24 horas foi criada para revitalizar o centro da cidade , aumentando a circulação de pessoas . Isto acabou com os constantes atos de vandalismo e tornou a região mais segura. Em apenas 120 metros de extensão, há dezenas de lojas que oferecem os mais variados produtos e serviços e não fecham nunca. Coberta com arcos metálicos e vidro temperado, a rua exclusiva para pedestres possui o desing que caracteriza a Curitiba moderna e transformou-se num dos principais pontos turísticos da cidade.
continua
136
continuação 1992
Universidade Livre do Meio Ambiente - Inaugurada na presença do oceanógrafo francês Jacques Cousteau, a universidade livre do meio ambiente é a única do gênero em todo o mundo . Aberta a todos os cidadãos, independente do nível de escolaridade , divulga os conhecimentos sobre manejo e preservação ambiental, visando melhorar a qualidade de vida das comunidades urbanas e rurais. Exemplo de recuperação e reciclagem do espaço urbano, foi construída numa pedreira abandonada e virou atração turística.
1992
Ônibus Biarticulados - Projetados especialmente para operar no sistema de transporte coletivo de Curitiba, os biarticulados possuem duas sanfonas que ligam três carrocerias, tornando os ônibus fisicamente maleáveis para fazer curvas e trafegar nas canaletas exclusivas com segurança. Cada veículo transporta mais de 200 passageiros de uma só vez, tornando todo o sistema mais ágil e rápido. Os biarticulados também reduzem o número de veículos comuns em circulação.
1992
Lombadas Eletrônicas - Equipamento inédito no país, o redutor de velocidade garante a segurança dos pedestres de uma forma inteligente: um sensor registra a velocidade dos veículos e fotografa aqueles que ultrapassam os limites permitidos, ao mesmo tempo em que aciona um alarme sonoro. A multa é entregue pelo correio na residência do proprietário do veículo.
1994
Faróis do Saber - O farol do saber Machado de Assis é o primeiro de uma série de 25 bibliotecas especiais inauguradas até o final de 1996. Inspirados no farol e na biblioteca da cidade egípcia de Alexandria, os faróis do saber são construídos juntos ás escolas públicas para atender os estudantes e toda a comunidade do bairro. Cada biblioteca possui de três a cinco mil volumes. Com uma concepção arquitetônica exclusiva e pintada em cores vibrantes, os faróis do saber se transformaram em pontos turísticos.
1995
Ruas da Cidadania - A rua da cidadania do boqueirão é a primeira de uma série que visa à descentralização dos serviços públicos e a melhoria da qualidade de vida do cidadão que mora nos bairros mais afastados. Construída junto ao terminal de ônibus, possui lojas que oferecem os mais variados produtos e serviços , além de cinemas, áreas especiais para esporte e lazer e , ainda, postos avançados da prefeitura. Feita em metal e pintada com cores vivas, a rua da cidadania do boqueirão logo virou marca registrada de Curitiba. Posteriormente, a cidade ganhou mais cinco ruas da cidadania.
1995
Conferência Mundial das Nações Unidas para o Habitat - Considerada um exemplo mundial urbano que utiliza tecnologias próprias e de baixo custo, Curitiba é eleita para sediar o dia mundial do Habitat. As comemorações são realizadas na Rua da Cidadania do Boqueirão, na presença de representantes da organização das Nações Unidas e de países de todo o mundo.
1995
Farol das Cidades - Primeiro do gênero no Brasil, o Farol das cidades é uma biblioteca especial, equipada com modernos computadores multimídia, videocassetes, um totem para auto-consulta, livros técnicos sobre informática e planejamento urbano , cd-rom`s e documentários. Um canal de acesso á internet, aberto a todos os cidadãos, constitui o primeiro terminal público do País. Por mês são realizadas mais de 1300 consultas.
continua
137
continuação 1996
Rede Integrada de Transporte Metropolitano - O sistema de transporte coletivo de Curitiba chega primeiro á cidade de Almirante Tamandaré e depois atinge também os municípios da Araucárias , Colombo , Pinhais e São José dos Pinhais , beneficiando 177 mil novos usuários . A integração do transporte coletivo com a região Metropolitana também melhorou o trânsito no centro de Curitiba , retirando de circulação muitos veículos que antes transportavam os moradores das cidades vizinhas. O sistema, que já possui 20 terminais de Integração, realiza 14 mil viagens por dia transportando 1,8 milhões de pessoas.
Fonte: Autora, adaptado PMC (1997).
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ANEXO B
Hotéis e flats em Curitiba
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140
ANEXO C
Mapa dos Parques e Praças da cidade de Curitiba
.
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