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10/03/2017 1 1 ASPECTOS JURÍDICOS DO CASAMENTO 2 Flávio Tartuce (2016): “O casamento pode ser conceituado como a união de duas pessoas, reconhecida e regulamentada pelo Estado, formada com o objetivo de constituição de uma família e baseado em um vínculo de afeto”. 3 Art. 1.511 do Código Civil: “O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges”.

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ASPECTOS JURÍDICOS DO CASAMENTO

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Flávio Tartuce (2016):

“O casamento pode ser conceituado como a união deduas pessoas, reconhecida e regulamentada peloEstado, formada com o objetivo de constituição de umafamília e baseado em um vínculo de afeto”.

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Art. 1.511 do Código Civil: “O casamentoestabelece comunhão plena de vida, com basena igualdade de direitos e deveres doscônjuges”.

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Teoria mista ou eclética pontuando queo casamento é um contrato naformação com regras especiais etambém uma instituição quanto aoconteúdo.

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- Monogamia, art. 1.521, VI, do CC.

- Liberdade de escolha do outro cônjuge, art. 1.513 do CC

- Comunhão plena de vida, art. 1.511 do CC.

- Solenidade e acessibilidade, art. 1.512 do CC.

- Inviolabilidade da comunhão familiar, art. 1513 do CC.

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Lisboa (2010, p. 74): “capacidadematrimonial é o grau dediscernimento ou aptidão quepermite à pessoa casar-se, se essafor a sua vontade”.

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Art. 1.517. O homem e a mulher comdezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou deseus representantes legais, enquantonão atingida a maioridade civil.

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Incapacidade matrimonial = Incapacidade Absoluta

Lei 13.146/201 – Inclusão familiar plena do deficiente

Art. 6º A deficiência não afeta a plena capacidadecivil da pessoa, inclusive para:I - casar-se e constituir união estável;

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V Jornada de Direito Civil - 2011

ENUNCIADO: "O artigo 1.517 do Código Civil, que exigeautorização dos pais ou responsáveis para casamento, enquantonão atingida a maioridade civil, não se aplica ao emancipado".

JUSTIFICATIVA: A capacidade civil não pode ser confundida coma maioridade civil. A maioridade civil se atinge aos 18 anos. Oemancipado, embora menor, é capaz civilmente. O sentido doartigo 1.517 do Código Civil, que exige autorização dos pais ouresponsáveis para casamento, é que a regra seja aplicada aos quenão possuem "capacidade civil", e não aos que não têm"maioridade civil". Não é aplicável a regra do artigo 1.517 do CC aoemancipado, já que este não possui representante legal, por serplenamente capaz civilmente.

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Art. 1.520. Excepcionalmente, será permitidoo casamento de quem ainda não alcançou aidade núbil (art. 1517), para evitarimposição ou cumprimento de pena criminalou em caso de gravidez.

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Gagliano e Pamplona Filho (2012, p. 168):

“Se o ato sexual já se consumou e osnubentes pretendem convolar núpcias,aguardando a iminente chegada do rebento,sentido não há em mantê-los em casasseparadas!”

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Flávio Tartuce (2016) “A nova lei[12.015/2009] colocou o Direito Penalem posição de prestígio em relação aoDireito de Família, o que pode serlamentável em algumas situações”.

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RECURSO ESPECIAL. PROCESSAMENTO SOB O RITO DO ART. 543-C DO CPC. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA.ESTUPRO DE VULNERÁVEL. VÍTIMA MENOR DE 14 ANOS. FATOPOSTERIOR À VIGÊNCIA DA LEI 12.015/09. CONSENTIMENTO DAVÍTIMA. IRRELEVÂNCIA. ADEQUAÇÃO SOCIAL. REJEIÇÃO.PROTEÇÃO LEGAL E CONSTITUCIONAL DA CRIANÇA E DOADOLESCENTE. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. [...] Para acaracterização do crime de estupro de vulnerável previsto no art.217-A, caput, do Código Penal, basta que o agente tenhaconjunção carnal ou pratique qualquer ato libidinoso com pessoamenor de 14 anos. O consentimento da vítima, sua eventualexperiência sexual anterior ou a existência de relacionamentoamoroso entre o agente e a vítima não afastam a ocorrência docrime (STJ - REsp 1480881 / PI, DJ 26/08/2015)

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Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona (2011):

As especificidades do caso concreto poderãodeterminar solução diversa.

Verificando o juiz ter havido namoro sério, numaambiência psicológica de maturidade inequívoca daspartes envolvidas, especialmente a incapaz (e issonão é incomum nos dias de hoje) e concorrendo,ainda, a anuência dos pais, poder-se-ia, em tese,reconhecer a atipicidade do fato criminoso, o quejustificaria, por consequência, a autorização paracasar. Faltaria, nessa linha de intelecção, justacausa para a própria ação penal, passível, portanto,de trancamento.

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APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL. ESTUPRODE VULNERÁVEL. PRESUNÇÃO DE VIOLÊNCIA QUE CEDE DIANTE DASPARTICULARIDADES DO CASO CONCRETO. RELAÇÃO DE NAMORO ENTREAS PARTES, COM CÓPULA CONSENTIDA. SENTENÇA ABSOLUTÓRIAMANTIDA. PARECER MINISTERIAL ACOLHIDO. Inviável a condenaçãoapenas com base na equivocada idéia de que a presunção de violência noscrimes sexuais seja absoluta. Caso em que a prova dos autos deixou claraa prévia relação de namoro entre as partes, de conhecimento de ambas asfamílias, bem como a prática livre e consentida de relação sexual entre réue ofendida, ambos jovens e com pouca diferença de idade. Contexto fáticoque não evidencia situação a configurar vulnerabilidade e ofensa aliberdade/dignidade sexual, não atraindo o interesse do Direito Penal.APELO MINISTERIAL DESPROVIDO. UNÂNIME. (TJ-RS - ACR:70050178045 RS, Relator: Ícaro Carvalho de Bem Osório, Data deJulgamento: 11/04/2013, Sexta Câmara Criminal, Data de Publicação:Diário da Justiça do dia 17/04/2013)

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Para Maria Helena Diniz (2013, p. 81)

“Os impedimentos matrimonias têm como objetoevitar que as uniões afetem a prole, a ordem moralou pública e representam um agravo ao direito dosnubentes”.

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Diferentemente da incapacidade, que é genérica, ouseja, atingem todas as pessoas, os impedimentossão específicos e sendo assim a pessoa singularizada(GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2012, p. 225).

Cumpre registrar ainda, que o rol de aplicação dosreferidos impedimentos é numerus clausus(AZEVEDO, 2013, p. 82), ou seja, taxativo nãocabendo aplicação por analogia ou extensão.

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Art. 1.521. Não podem casar:I - os ascendentes com os descendentes, seja oparentesco natural ou civil;II - os afins em linha reta;III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e oadotado com quem o foi do adotante;IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demaiscolaterais, até o terceiro grau inclusive;V - o adotado com o filho do adotante;VI - as pessoas casadas;VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado porhomicídio ou tentativa de homicídio contra o seuconsorte.

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O impedimento do casamento entre ascendentes edescendentes até o infinito.

Referido impedimento é bifonte, ou seja, contém cunhomoral evitando o incesto (GAGLIANO; PAMPLONAFILHO, 2012, p. 226), bem como não pode seresquecida a razão biológica, salvaguardando problemasgenéticos na prole (eugenia) (GONÇALVES, 2013, p.70).

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Há o impedimento matrimonial com os colaterais até3º grau inclusive, pelas mesmas razões da existênciade “parentesco biológico”.

De uma forma muito objetiva, esse impedimentoatinge os irmãos bilaterais – mesmo pai e mesma mãe– e unilaterais – mesmo pai ou mesma mãe –; etambém tio e sobrinho; tia e sobrinho (TARTUCE,2014, p. 56).

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Enunciado 98 CJF/STJ:

Art. 1.521, IV, do novo Código Civil: o inc. IV do art.1.521 do novo Código Civil deve ser interpretado àluz do Decreto-Lei n. 3.200/41 no que se refere àpossibilidade de casamento entre colaterais de 3ºgrau.

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Apelação cível. Pedido de habilitação para casamento entretio e sobrinha. Impedimento legal segundo o CC/16 e o CCvigente. Aplicação do Decreto-lei 3.200/41. Interpretação devigência do decreto, no sentido de que existe o impedimentolegal, todavia desde que não haja prejuízo à prole, segundoatestado médico a ser aferido pelo Juiz. Exame pericialpsiquiátrico e aconselhamento genético realizados.Sanidade mental reconhecida [...] (TJSP - Ap00130767920108260604 SP, 8ª Câmara de Direito Privado,Rel. Des. Silvério da Silva, DJ 12/03/2014).

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Diante de todo o exposto, pode ser verificadoque não há restrição quanto ao casamentoentre os primos, pois esse podem se casarlivremente tendo em vista o grau deparentesco (colaterais de 4º grau) (TARTUCE,2014, p. 57).

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A razão do impedimento é simplesmente moral,devendo ser transcrito o seguinte dispositivo:

Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aosparentes do outro pelo vínculo da afinidade.

§ 1º O parentesco por afinidade limita-se aosascendentes, aos descendentes e aos irmãos docônjuge ou companheiro.

§ 2º Na linha reta, a afinidade não se extingue com adissolução do casamento ou da união estável.

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Sendo assim, pode ser pontuado que há parentescopor afinidade entre um cônjuge ou companheiro e osdemais parentes do outro – aos ascendentes, aosdescendentes e aos irmãos do cônjuge oucompanheiro –, o que por si só enquanto perdurar omatrimônio impede um novo casamento (art. 1521, VIdo CC).

Não obstante, o parágrafo segundo do art. 1595 vaialém e o impedimento na linha reta, ou seja,ascendente e descendente do parente por afinidade, éinfinito, bem como não se extingue com a dissoluçãoda sociedade conjugal.

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Apelação cível. Direito de família. Declaratória de nulidade decasamento. Padrasto e enteada. Parentes por afinidade.Casamento. Impossibilidade. Art. 1.521, inciso II, do CódigoCivil. Nulidade. Sentença mantida. - O parentesco porafinidade em linha reta não se rompe com o desfazimento domatrimônio, sendo nulo o casamento contraído por padrasto eenteada, nos termos do art. 1.521, inciso II, cumulado com oart. 1.548, ambos do Código Civil. (TJMG – ap. n°1.0518.10.025538-0/001, Rel. Des. Washington Ferreira, DJ27/03/2012)

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O art. 1521, inciso III do CC dispõe ser impedido ocasamento do “adotante com quem foi cônjuge doadotado e o adotado com quem o foi do adotante”.

Todavia, Tartuce (2014, p. 37) destaca que, “a adoçãoimita a família consanguínea, porém, o adotado podese casar com a irmã do adotante, vez que equipara a“sua tia”; a justificativa se dá frente o impedimento nãoconstar da lei”.

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Gagliano e Pamplona Filho(2012) ressaltam que“posto a monogamia não tenha condão absoluto,nem possa ser imposta coercitivamente pelo Estado,ainda é um valor juridicamente tutelado”

Em continuidade, conforme muito bem apontaTartuce (2014, p. 37), “a lei trata comoimpedimento, mas na verdade há incapacidadematrimonial, pois a pessoa casada não pode casarcom ninguém, não se trata da restrição decasamento com algumas pessoas (impedimento)”.

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Não podem casar o cônjuge sobrevivente como condenado por homicídio ou tentativa dehomicídio contra o seu consorte, tambémdenominado de impedimento decorrente decrime (AZEVEDO, 2013, p. 80).

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PRIMEIRA CORRENTE:

Segundo a doutrina, o crime deve ser doloso e com trânsito emjulgado da sentença penal (DINIZ, 2013, p. 58), bem como asentença penal superveniente (posterior) não nulifica o casamentodiante da presunção de inocência, havendo direito adquirido.Portanto, o dispositivo tem reduzida aplicação prática e o estatutodas famílias pretende suprimi-lo (Estatuto das Famílias PL2.285/2007) (TARTUCE, 2014, p. 58).

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SEGUNDA CORRENTE:

Todavia atinente ao casamento que tenha ocorrido no decurso doprocesso penal, Gagliano e Pamplona Filho (2012, p. 227)entendem que este, estará prejudicado tendo em vista a boa-fé,ou seja, será nulo, não ensejará até mesmo as regras docasamento putativo.

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Para Carlos Roberto Gonçalvez (2016, p. 83)

As aludidas causas visam proteger interesses deterceiros, em geral da prole (herdeiros) do leitoanterior (evitando a confusão de patrimônio e desangue), do ex-cônjuge e da pessoa influenciada peloabuso de confiança ou de autoridade exercido pelooutro (tutela e curatela).

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As causas suspensivas, não geram a nulidadeabsoluta ou relativa do casamento, mas apenasimpõe sanções aos cônjuges, sendo a sançãoprincipal a imposição do regime da separaçãoobrigatória de bens (art. 1.641 do CC).

Por isso, não podem ser reconhecidas de ofício pelojuiz, mas sua ocorrência pode ser arguida pelosparentes em linha reta ou colaterais de 2º grau deum dos nubentes, sejam consanguíneos ou afins (art.1.524 do CC)

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Até 15 dias após a publicação dos editais docasamento (buscando sustar a realização docasamento)

- Se for suscitado após a celebração,vigorará o regime de separação total debens.

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Segundo doutrina e jurisprudência, um dos motivos para alteração é odesaparecimento posterior da causa suspensiva, o que consta nitidamenteno Enunciado 262 CJF/STJ (TARTUCE, 2014, p. 63).

II JORNADA DE DIREITO CIVIL CJF/STJ

Enunciado nº 262 – Arts. 1.641 e 1.639: A obrigatoriedade da separaçãode bens, nas hipóteses previstas nos incs. I e III do art. 1.641 do CódigoCivil, não impede a alteração do regime, desde que superada a causaque o impôs.

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Art. 1.523, I: “O viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjugefalecido enquanto não fizer inventário dos bens do casal com arespectiva partilha”.

Sílvio de Salvo Venosa (2005, 98) leciona:

"A razão desse impedimento ou causa suspensiva é evitar aconfusão de patrimônios. Casamento dessas pessoas antes doinventário e da partilha poderia trazer dificuldades paraidentificação do patrimônio das distintas proles por dificuldadede sua identificação. Por outro lado, a proibição visa tambémevitar que o novo casamento do agente proporcione proteçãopatrimonial maior à nova prole”.

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Segundo Itabaiana de Oliveira (2006, pp. 393-394),

‘O inventário negativo é o modo judicial de se provar, para determinado fim,a inexistência de bens do extinto casal'. Deveras, conforme o Código Civil,art. 1.641, I, combinado com o art. 1.523, I, é obrigatório o regime deseparação de bens no casamento do viúvo ou da viúva que tenha filhos docônjuge falecido, exceto se fez inventário e deu partilha aos herdeiros. Se oextinto casal não possuía haveres, nada impede a comunhão pretendida,que vigorará nas segundas núpcias, a não ser que haja pacto antenupcialem contrário. Apesar de a lei não exigir a realização de inventário negativo,promovido pelo viúvo ou viúva, para evidenciar a inexistência de bens docasal por inventariar e partilhar aos herdeiros, a doutrina e a jurisprudência oconsideram necessário (RF, 74:31, 130:303, 102:292; RT 268:300, 488:97),para que o cônjuge viúvo fique isento da penalidade e do impedimentoacima mencionado.

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APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE CAUSASUSPENSIVA DE CASAMENTO. INDEFERIMENTO DA INICIAL. ALEGADOEQUÍVOCO DO CARTORÁRIO AO CONSTAR NA CERTIDÃO DE ÓBITO DANUBENTE A EXISTÊNCIA DE BENS A INVENTARIAR. INCIDÊNCIA DO ART. 1.523,I, § ÚNICO, DO CC. NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO DO PEDIDO NA FORMA DEINVENTÁRIO NEGATIVO. OPORTUNIZAÇÃO DE EMENDA À INICIAL.INTELIGÊNCIA DO ART. 284 DO CPC. SENTENÇA CASSADA. RECURSODESPROVIDO. Não se olvide que o legislador inovou no novo Código Civil ao inseriro parágrafo único do art. 1.523, trazendo, na prática, a possibilidade de os nubentessolicitarem ao juiz a não aplicação da causa suspensiva, sem que seja apenas viainventário negativo; porém, face a dúvida advinda com a informação constante nacertidão de óbito, tem-se como prudente a realização de inventário negativo.

(TJ-SC - AC: 78736 SC 2007.007873-6, Terceira Câmara de Direito Civil, Rel. Des.:Sérgio Izidoro Heil, DJ: 11/07/2007).

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Art. 1.523, II: “A viúva ou a mulher cujo casamento sedesfez por ser nulo ou anulável até 10 meses depois docomeço da viuvez ou da dissolução da sociedadeconjugal”.

“O objetivo é evitar confusões patrimoniais do filho quenascer nesse espaço temporal. Todavia, tendo em vistaos avanços da medicina, esta causa suspensiva tende adesaparecer, pois a identificação da paternidade peloexame de DNA, atualmente se torna viável e acessível atodos” (TARTUCE, 2016, p. 1215).

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A nubente deverá provar nascimento de filho, ouinexistência de gravidez, na fluência do prazo (art.1.523, parágrafo único, in fine). “Contudo, deve-seadmitir também a inexistência de restrição quandoconstatado aborto ou se a gravidez for evidentequando da viuvez ou da anulação do casamento”(GONCELVEZ, 2016, p. 87).

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Art. 1.523, III – “O divorciado enquanto não houver sidohomologada ou decidida à partilha dos bens do casal, maisuma vez o objetivo é evitar confusão patrimonial”.

Tartuce (2016, p. 1216):

“Essa previsão foi incluída no CC/2002, uma vez que o divórciopode ser concedido sem que haja prévia partilha de bens, oque abrange o divórcio extrajudicial (art. 1.518). Anote-se quea lei exige apenas a homologação ou decisão de partilha e nãoa sua efetivação em si”.

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Art. 1.523, IV: “Não devem se casar o tutor ou curador e os seusdescendentes, ascendentes, irmãos, cunhados e sobrinhos com a pessoatutelada ou curatelada enquanto não cessada a tutela ou curatela ou nãoestiverem saldadas as respectivas contas”.

GONÇALVEZ (2016, p. 88):

“Trata-se de causa suspensiva destinada a afastar a coação moral quepossa ser exercida por pessoa que tem ascendência e autoridade sobre oânimo do incapaz. [...] A finalidade da regra em apreço é a proteção dopatrimônio do incapaz, evitando o locupletamento do representante ou deseus parentes a suas expensas. Cessa a causa suspensiva com aextinção da tutela ou da curatela e com a aprovação das contas pelo juízocompetente”.

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Art. 1.525. O requerimento de habilitação para o casamento seráfirmado por ambos os nubentes, de próprio punho, ou, a seu pedido,por procurador, e deve ser instruído com os seguintes documentos:I - certidão de nascimento ou documento equivalente;II - autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legalestiverem, ou ato judicial que a supra;III - declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, queatestem conhecê-los e afirmem não existir impedimento que os inibade casar;IV - declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual doscontraentes e de seus pais, se forem conhecidos;V - certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória denulidade ou de anulação de casamento, transitada em julgado, ou doregistro da sentença de divórcio.

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Art. 1.526. A habilitação será feita pessoalmente perante ooficial do Registro Civil, com a audiência do Ministério Públicoe será homologado pelo juiz (Redação dada pela Lei nº12.133, de 2009).

Parágrafo único. Caso haja impugnação do oficial, doMinistério Público ou de terceiro, a habilitação será submetidaao juiz

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Mário de Carvalho Camargo Neto (2009) , ensina que

1. Apenas será necessária a homologação do juiz nas habilitações paracasamento que forem impugnadas;

2. O objetivo desta alteração é a simplificação dos procedimentos, adesjudicialização e a desburocratização;

3. A simplificação atende à demanda social, viabilizando a formalizaçãodas uniões conjugais;

4. A nova lei não altera o Ato nº 289/2002 do PGJ/CGMP/CPJ do Estadode São Paulo, podendo ser dispensada a audiência com o MinistérioPúblico;

5. A habilitação pode ser feita por meio de procurador, sendo esta amelhor interpretação do novo texto;

6. A mudança reconhece a atividade do registrador civil comoprofissional do direito, dotado de fé-pública e submetido ao princípioda legalidade, deixando a este a atribuição de verificar oatendimento da lei.

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Art. 1.527. Estando em ordem a documentação, o oficialextrairá o edital, que se afixará durante quinze dias nascircunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes, e,obrigatoriamente, se publicará na imprensa local, se houver.

Parágrafo único. A autoridade competente, havendo urgência,poderá dispensar a publicação.

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V JORNADA DE DIREITO CIVIL - CJF/STJ

Enunciado nº 513: Art. 1.527, parágrafo único.O juiz não pode dispensar, mesmofundamentadamente, a publicação do edital deproclamas do casamento, mas sim o decurso doprazo.

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a)Ao ser transferido de local de trabalho, por ordem doseu superior;b)Em caso de convocação para a guerra;c)Para tomar posse em cargo público, em localidadedistinta;d)Qualquer outra viagem inadiável devidamente comprovadatambém deverá ser admitida;e)Admite-se ainda a realização do matrimônio sem anecessidade do prazo para publicar o edital, em caso departo iminente;f)No caso de ser parte em um processo criminal um dosnubentes (cf. Caio Mário da Silva Pereira);g)O estado de saúde de um dos nubentes.

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Art. 1.528. É dever do oficial do registro esclarecer os

nubentes a respeito dos fatos que podem ocasionar a

invalidade do casamento, bem como sobre os diversos

regimes de bens.

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Art. 1.529. Tanto os impedimentos quanto as causassuspensivas serão opostos em declaração escrita e assinada,instruída com as provas do fato alegado, ou com a indicação dolugar onde possam ser obtidas.

Art. 1.530. O oficial do registro dará aos nubentes ou a seusrepresentantes nota da oposição, indicando os fundamentos, asprovas e o nome de quem a ofereceu.

Parágrafo único. Podem os nubentes requerer prazo razoávelpara fazer prova contrária aos fatos alegados, e promover asações civis e criminais contra o oponente de má-fé.

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Art. 1.532. A eficácia da habilitação será denoventa dias, a contar da data em que foiextraído o certificado.

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Deverá ocorrer no dia, hora e lugar previamente

designado pela autoridade que deverá presidir o ato,

mediante petição dos contraentes, que se mostrem

habilitados com a certidão de habilitação (art. 1.533, CC).

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Nos termos da CF, a autoridade competente para presidir ocasamento é o Juiz de Paz.

O art. 98, II da CF determina que a União, no DF e nosTerritórios, e os Estados criarão a figura do Juiz de Paz,remunerada, composta por cidadãos eleitos pelo votodireto, universal e secreto, com mandato de 4 anos ecompetência para na forma da lei, celebrar casamentos,verificar – de ofício ou em face de impugnação – oprocesso de habilitação e exercer, além de outras funçõesprevistas na forma da lei.

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Algumas unidades da federação ainda não

regulamentaram a justiça de paz, como é o caso do

estado de São Paulo.

Nessa hipótese, a celebração é de incumbência do

Juiz de Casamento, cuja atuação não é remunerada e

sua indicação realizada pelo Secretário da Justiça.

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O ato solene relativo ao casamento será realizado na sede docartório, com toda a publicidade, a portas abertas, presenteao menos 2 testemunhas, parentes ou não dos contraentes.

Se as partes quiserem, e consentindo a autoridadecelebrante, o casamento poderá ser celebrado em outroedifício, público ou particular (art. 1534, CC).

Em caso de edifício particular, este deverá ficar com as partesabertas durante o ato e deverá haver ao menos 4testemunhas (esta regra também se aplica aos contraentesque não saibam, ou não podem, escrever).

56

Presentes os contraentes, em pessoa ou por procuradorespecial, juntamente com as testemunhas e o oficial doregistro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes aafirmação de que pretendem casar por livre e espontâneavontade, declarará efetuado o casamento, nestes termos:

"De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmarperante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, emnome da lei, vos declaro casados".

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Flávio Tartuce (2016) ressalta que “a redação da oração que deve ser dita

pela autoridade é confusa e arcaica, merecendo críticas, uma vez que o

CC/02 adotou o princípio da operabilidade, no sentido da simplicidade.

Melhor seria se o texto fosse escrito de maneira simples, a ser

compreendido pelo brasileiro médio”.

Assim sendo, entende-se pela possibilidade de variações da forma de

expressão, desde que não prejudique a sua essência.

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Do casamento, logo depois de celebrado, lavrar-se-á o assento no livro deregistro. No assento, assinado pelo presidente do ato, pelos cônjuges, astestemunhas, e o oficial do registro, serão exarados:

I - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento, profissão, domicílio e residênciaatual dos cônjuges;II - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento ou de morte, domicílio eresidência atual dos pais;III - o prenome e sobrenome do cônjuge precedente e a data da dissolução docasamento anterior;IV - a data da publicação dos proclamas e da celebração do casamento;V - a relação dos documentos apresentados ao oficial do registro;VI - o prenome, sobrenome, profissão, domicílio e residência atual das testemunhas;VII - o regime do casamento, com a declaração da data e do cartório em cujas notasfoi lavrada a escritura antenupcial, quando o regime não for o da comunhão parcial,ou o obrigatoriamente estabelecido.

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O casamento se realiza no momento em que o homem e a

mulher manifestam a vontade de estabelecer vínculo

conjugal, e o juiz os declara casados (art. 1514, CC).

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A celebração do casamento será imediatamente suspensa se algum doscontraentes:

a) - recusar a solene afirmação da sua vontade;

b) - declarar que esta não é livre e espontânea;

c) - manifestar-se arrependido.

O nubente que, por algum dos fatos mencionados neste artigo, der causa àsuspensão do ato, não será admitido a retratar-se no mesmo dia.

EssaEssaEssaEssa regraregraregraregra seráseráseráserá aplicadaaplicadaaplicadaaplicada mesmomesmomesmomesmo sesesese aaaa manifestaçãomanifestaçãomanifestaçãomanifestação tivertivertivertiversidosidosidosido feitafeitafeitafeita emememem tomtomtomtom jocosojocosojocosojocoso (animus(animus(animus(animus jocandijocandijocandijocandi)))) ouououou dedededebrincadeirabrincadeirabrincadeirabrincadeira (Maria(Maria(Maria(Maria HelenaHelenaHelenaHelena Diniz,Diniz,Diniz,Diniz, 2010201020102010,,,, pppp.... 1073107310731073))))

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Integra a tipologia especial do casamento, a saber:a) casamento por procuração;b) casamento nuncupativo ou em iminente risco de morte

(in articulo mortis ou in extremis);c) casamento em caso de moléstia grave;d) casamento perante autoridade diplomática.e) Casamento celebrado fora do país, perante autoridade

estrangeiro.

Trata-se de hipóteses de pouca frequência prática, mas deocorrência possível, a depender das circunstâncias fáticas

62

O casamento também poderá ser celebrado porprocuração, conforme o art. 1.542 da atual codificaçãoprivada, desde que haja instrumento público com poderesespeciais, ou seja, deverá ser lavrado em Livro de Notasde Tabelião, com prazo máximo de noventa dias.

Nada impede, nessa linha de intelecção, que haja doisprocuradores investidos, ou um procuradoracompanhando o outro noivo.

63

O casamento nuncupativo, ou in extremis vitae momentis, é aquele que se realizaquando um dos contraentes se acha em iminente perigo de vida, não havendotempo para que sejam cumpridas as formalidades preliminares exigidas paracelebração do casamento, dispensando, inclusive, a presença do celebrante e a dooficial do registro civil. É modalidade do casamento realizado em regime deurgência e terá lugar não só em casos de doença em fase terminal, mas tambémem situações como catástrofes, acidentes, crimes contra a vida e outras hipótesesem que um dos nubentes esteja agonizante e pretenda casar-se antes de falecer.

O casamento nuncupativo é aquele contraído, de viva voz, por nubente que seencontre moribundo, na presença de, pelo menos, seis testemunhas (que nãosejam parentes dos noivos em linha reta, ou colateral até o segundo grau),independentemente da presença da autoridade competente ou do seu substituto.

Trata-se, pois, de uma modalidade excepcional de matrimônio, em que qualquerdos nubentes, detentor de saúde mental, posto no limiar da vida, resolve contrairnúpcias, fazendo valer, pois, a sua derradeira vontade de receber o seu parceirona condição de consorte.

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Essa forma especial de casamento não poderá ser utilizadacom o intuito de enriquecimento sem causa, o que podemotivar a decretação da sua nulidade absoluta, por fraude àlei imperativa (art. 166, VI, do CC).

Também não poderá prevalecer se decorrer de simulaçãoabsoluta, o que de igual modo gera a sua nulidade (art. 167do CC).

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CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. CASAMENTONUNCUPATIVO. VALIDADE. COMPROVAÇÃO DE VÍCIO QUANTO AMANIFESTAÇÃO DA VONTADE INEQUÍVOCA DO MORIBUNDO EMCONVOLAR NÚPCIAS. COMPROVAÇÃO. [...] 2. Recurso especial que discutea validade de casamento nuncupativo realizado entre tio e sobrinha com ofalecimento daquele, horas após o enlace. 3. A inquestionável manifestação davontade do nubente enfermo, no momento do casamento, fato corroboradopelas 6 testemunhas exigidas por lei, ainda que não realizada de viva voz,supre a exigência legal quanto ao ponto. [...] nada impede que o casamentonuncupativo realizado tenha como motivação central, ou única, a consolidaçãode meros efeitos sucessórios em favor de um dos nubentes - pois essacircunstância não macula o ato com um dos vícios citados nos arts. 166 e 167do CC-02: incapacidade; ilicitude do motivo e do objeto; malferimento da forma,fraude ou simulação. Recurso ao qual se nega provimento (STJ - REsp:1330023 RN 2012/0032878-2, Rela. Mina. Nancy Andrighi, Terceira Turma,DJe 29/11/2013).

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De acordo com o art. 1.539 do Código em vigor, se um dos nubentes estiveracometido por moléstia grave, o presidente do ato celebrará o casamento onde seencontrar a pessoa impedida, e sendo urgente ainda que à noite. O ato serácelebrado perante duas testemunhas que saibam ler e escrever. À luz daoperabilidade, da facilitação do Direito Privado, houve redução no número detestemunhas, que antes era de quatro, conforme exigia o art. 198 do CC/1916.

Eventual falta ou impedimento da autoridade competente para presidir o casamentoserá suprida por qualquer dos seus substitutos legais, e a do oficial do Registro Civilpor outro ad hoc, nomeado pelo presidente do ato (art. 1.539, § 1.º, do CC). O termoavulso, lavrado por esse oficial nomeado às pressas, será registrado no respectivoregistro dentro em cinco dias, perante duas testemunhas, ficando arquivado (art.1.539, § 2.º, do CC).

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ATENÇÃO!!! Não confunda o casamento nuncupativo e o em caso demoléstia grave.

No primeiro caso, o nubente encontra-se no leito de morte, não tendohavido tempo para habilitar-se, nem solicitar a presença da autoridadecelebrante ou seu substituto; na segunda hipótese, a habilitação foi feita,mas, por conta de grave doença, tornou-se impossível o comparecimentoà solenidade matrimonial.

Em virtude, pois, da moléstia que o acomete, o nubente não podedeslocar-se ao salão de casamentos, solicitando, assim, que a própriaautoridade celebrante vá ao seu encontro.

68

Estando o(a) brasileiro(a) fora do território nacional, pode ele(a), eventualmente,

decidir contrair núpcias, seja com outra(o) brasileira(o), seja com estrangeira(o).

Neste caso, tem ele a possibilidade de celebrar o matrimônio segundo as leis

brasileiras, perante autoridade diplomática brasileira, na forma do art. 18 da Lei de

Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-lei n. 4.657, de 4 de setembro

de 1942).

Assim, deve observar todos os requisitos legais de validade para que produza

seus efeitos também em território nacional, segundo a legislação brasileira.

69

Nos termos do art. 1.544 do Código Civil de 2002, o casamento de

brasileiro, celebrado no estrangeiro, perante as respectivas autoridades

ou os cônsules brasileiros, deverá ser registrado em 180 (cento e oitenta)

dias, a contar da volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no

cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1.º Ofício da Capital

do Estado em que passarem a residir.

Trata-se de prazo decadencial, cuja inobservância gerará a

impossibilidade de produção dos efeitos jurídicos pretendidos, não se

considerando tais pessoas como casadas pela lei brasileira.

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Sobre o tema, observa PAULO LÔBO (2014):

“O art. 1.544 do Código Civil alude a ‘volta’ do cônjuge ao Brasil, mas deve ser

entendido como de ingresso, no sentido amplo, pois o cônjuge estrangeiro, que

nunca viveu no território brasileiro, se vier em primeiro lugar, não volta; esse artigo

refere-se de modo amplo a cônjuge, seja ele brasileiro ou não. Outra hipótese em

que não há volta ou retorno é a do nascido no estrangeiro, de pai brasileiro ou de

mãe brasileira que estejam a serviço da República Federativa do Brasil, e que

nunca tenham vivido no Brasil; ao tocar no solo brasileiro, pela primeira vez,

haverá ingresso, e não volta”

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No que diz respeito à aplicação das regras de direito de família, notadamente ocasamento, estabelece o art. 7.º da vigente Lei de Introdução às Normas do DireitoBrasileiro (Decreto-lei n. 4.657, de 4 de setembro de 1942):

“Art. 7.º A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre ocomeço e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família”.

72

O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do

casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no ofício próprio,

produzindo efeitos a partir da data de sua celebração (art. 1515, CC).

O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos

exigidos para o casamento civil (art. 1516, CC).

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A invalidade do casamento, no Código Civil, abrange a

nulidade e a anulabilidade. A doutrina, contudo, inclui

também no referido gênero a inexistência, pois antes de

verificar se o ato ou negócio jurídico - casamento - são

válidos, faz-se mister averiguar se existem. Existindo,

podem ser válidos ou inválidos.

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Para que o casamento exista, é necessário a presença,

primordial, de dois elementos essenciais: consentimento

e celebração na forma da lei.

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Não havendo vontade do nubente, o casamento será consideradoinexistente, eis que essa é elemento mínimo essencial para o ato.

Exemplos: Pessoa sedada, hipnotizada ou em situação de debilidadeemocional.

- Incompetência ratione materiae.

Exemplo: Casamento celebrado por um juiz de direito, MP, ou uma autoridade local (fazendeiro, coronel, etc...)

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Os efeitos e procedimentos devem decorrer de uma ação declaratória

de inexistência de casamento não há qualquer previsão legal, ou seja,

“o ato inexistente é um nada para o direito”, mas deve ser combatido

uma vez que não está sujeito a prescrição ou decadência

(GONÇALVES, 2013, p. 141).

Aplicação das mesmas regras previstas para a ação de nulidade

absoluta do casamento, ou seja, inexistência de prazo para sua

declaração, possibilidade de propositura pelo Ministério Público,

reconhecimento de ofício, efeitos retroativos da sentença,...

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CASAMENTO CELEBRADO COM INFRINGÊNCIA A IMPEDIMENTOLEGAL (indicado no art. 1521, CC)- A ação declaratória é imprescindível, eis que não convalesce com odecurso do tempo (art. 169, CC);- Poderá ser requerida por qualquer pessoa interessada ou até mesmo o

MP;- Qualquer interessado são as pessoas que tiverem:

a) Interesse moral, ou seja, os cônjuges, ascendentes,descendentes, irmãos, cunhados e o primeiro consorte do bígamo;

b) Interesse econômico, podendo ser os filhos do primeiromatrimônio, colaterais sucessíveis, credores do cônjuge, adquirentede seus bens.

- A declaração de nulidade não pode ser reconhecida de ofício, apenas oimpedimento matrimonial (cf. Flávio Tartuce);- Os efeitos da sentença retroagem a data de celebração do casamento.

78

- Casamento contraído por quem não completou aidade mínima (16 anos) para casar

- Nesta hipótese, possuem legitimidade para a propositura daação de anulação: o próprio menor, no prazo decadencial de 180dias contados a partir do momento em que perfez a idade; etambém seus representantes legais ou seus ascendentes, nomesmo prazo, contado a partir da celebração do casamento

- Não se anulará, todavia, o casamento se dele resultou gravidez(art. 1551, CC).

- Importante ressaltar que o menor pode confirmar o casamentoquando atingir a idade núbil, desde que haja autorização de seusrepresentantes legais ou suprimento judicial (1553, CC).

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Possuem legitimidade para pleitear a anulação: o próprio menor,seus representantes legais e seus herdeiros necessários. Oprazo para o ajuizamento da ação é de 180 dias contados:

- No caso do menor, a partir do momento em que perfez a idade;

- Para os representantes legais, a partir da celebração docasamento;

- Para os herdeiros necessários, a partir da data do óbito domenor

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Aplica-se também a regra de que não se anulará ocasamento por defeito de idade se dele resultougravidez.

Deve-se frisar, ainda, que os representantes legaisou os ascendentes não poderão pleitear aanulação se estiverem presentes na celebração ouse de qualquer forma manifestaram sua aceitaçãocomo o casamento.

81

É anulável o casamento em virtude de coação, quando oconsentimento de um ou de ambos os cônjuges houver sidocaptado mediante fundado temor de mal considerável e iminentepara a vida, a saúde e a honra, sua ou de seus familiares.- Possibilidade de coação relacionada ao patrimônio ou a pessoa

que não seja da família, art. 151 do CC.- Prazo decadencial de 4 anos, contado da celebração do

casamento.- A ação declaratória é personalíssima (só pode ser proposta por

quem sofreu a coação);- Possibilidade de convalidação mediante posterior coabitação

dos cônjuges e ciência do vício (art. 1559).

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- O erro sempre deve ser referente a um fato existente antes docasamento que o cônjuge só veio a descobrir depois dacelebração e que torne insuportável a vida em comum.

- A ação de anulação por erro essencial só poderá ser ajuizadapelo cônjuge no prazo de três anos contados da data dacelebração do casamento e não do momento em que se soubedo erro.

- Possibilidade de convalidação mediante posterior coabitaçãodos cônjuges e ciência do vício (art. 1559).

83

Maria Helena Diniz (2010, p. 1.087) cita os seguintes exemplos: “Casamento

celebrado com homossexual, com bissexual, com transexual operado que

não revelou sua situação anterior, com viciado em tóxicos, com irmão gêmeo

de uma pessoa, com uma pessoa violenta, com viciado em jogos de azar,

com pessoa adepta de práticas sexuais não convencionais, etc.

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- Não há necessidade do trânsito em julgado da sentença,bastando a repercussão social do crime (cf. Tartuce, 2016, p.1235).

- Exemplo: Casar-se com um grande traficante de drogas, fatoignorado.

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Exemplo de deficiência física: hermafroditismo – duas manifestações sexuais –,deformações genitais e impotência sexual coeundi ou instrumental.

Há ainda, um único alerta, uma vez que a impotência generandi ouconcipiendi – para ter filhos – não anula o casamento conforme expõe adoutrina e a jurisprudência (VENOSA, 2014, p. 125).

Exemplo de moléstia grave e transmissível: Tuberculose, AIDS, Hepatite, Sífilis,Epilepsia, Hemofilia, etc...

86

Essa previsão engloba os ébrios habituais – alcoólatras – e osviciados em tóxicos. Também engloba essa previsão as pessoasque por causa transitória ou definitiva não puderem exprimirvontade previstos no art. 4º, inciso III do CC.

O prazo para a ação anulatória do casamento do incapaz deconsentir é decadencial de 180 dias a contar da celebração docasamento (art. 1.560 do CC).

87

Não obstante, além de todos os dispositivos aventados, deve ser pontuadaa questão singular do pródigo, sujeito que gasta de maneira destemperadao seu patrimônio, o que pode reduzi-lo a penúria (GONÇALVES, 2013, p.177).

Como é sabido, para o presente sujeito, há uma interdição relativa quantoaos atos de alienação direta como vender e hipotecar; essa anulaçãorelativa está no art. 1.782 do CC.

Não obstante, o mesmo pode se casar livremente não se impondo o regimeda separação obrigatória, pois o pródigo não consta do art. 1.641 do CC.

Segundo entendimento majoritário (TARTUCE, 2014, p. 92), para fazerpacto antenupcial, o pródigo necessita de assistência sob pena deanulabilidade (art. 171, I do CC).

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Revogação do mandato (anterior ao casamento) sem que isso

chegue ao conhecimento do mandatário e do outro cônjuge.

O prazo para ação anulatória é decadencial de 180 dias a contar

de quando chegue ao conhecimento do mandante à realização do

casamento (art. 1560, § 2º do CC).

Trata-se de um direito personalíssimo do mandante e o ato

poderá ser convalidado se houver coabitação dos cônjuges.

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Denominada, também, de ratione loci ou em razão do local

Esse caso diz respeito à autoridade relativamente incompetente emrazão do local.

O exemplo mais comum é o juiz de paz de uma localidade, quecelebra o casamento em outra comarca que não a sua.

O prazo para ação anulatória é decadencial de dois anos a contarda celebração do casamento (art. 1560, inciso II do CC).

O casamento será convalidado se a autoridade relativamenteincompetente exercer publicamente o ato ocorrendo registroposterior (art. 1.554 do CC).

90

O casamento nulo ou anulável poderá gerar efeitos em relaçãoà pessoa que o celebrou com boa-fé e aos filhos desta relação,sendo denominado de “casamento putativo”.

• Não se aplica ao matrimônio inexistente

Trata-se de modalidade de casamento que existesomente no imaginário do(s) contraente(s) de boa-fé(cf. Tartuce, 2016).

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Art. 1561: Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de

boa-fé por ambos os cônjuges, o casamento, em relação a

estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da

sentença anulatória.

§ 1º Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o

casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos filhos

aproveitarão.

§ 2º Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o

casamento, os seus efeitos civis só aos filhos aproveitarão.

92

Pretende introduzir ao art. 1561 mais um parágrafo com aseguinte redação: “Os efeitos mencionados no caput desseartigo se estendem ao cônjuge coato”.

�A vítima de coação jamais estará de boa-fé, pois é vítima deviolência determinada.

Ricardo Fiuza (2004, p. 226) explica: “para que a questão nãofique dependendo de interpretação (ora construtiva, orarestritiva), é de toda conveniência que o cônjuge coato sejaequiparado, pela lei, ao cônjuge de boa fé.

93

Maria Berenice Dias (2007, p. 261) destaca que “Esta é uma das hipóteses

em que, por expressa previsão legal, um ato jurídico produz efeitos por

tempo diferenciado. Havendo boa-fé somente de um dos nubentes, com

relação a ele o casamento terá duração e eficácia por um período de

tempo; da data da celebração até o trânsito em julgado. Com relação ao

cônjuge de má-fé, a sentença dispõe de efeito retroativo à data do

casamento. Assim, durante um período de tempo, uma pessoa foi casada e

outra não”.

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Imagine-se, por exemplo, que Bomfim, casado, ainda convivendo com a suaesposa, em uma de suas muitas viagens — eis que é caixeiro-viajante —enamora-se por Jurema, casando-se com ela.

A pobre Juju, doce alcunha criada por ele, incauta, de nada sabia,configurando típica situação de matrimônio putativo.

Pois bem.

Três meses depois, Bomfim morre, deixando vultoso patrimônio, antes mesmode se invalidar o casamento contraído.

Como ficará, pois, a concorrência dos direitos sucessórios entre a primeira e asegunda mulher?

Por imperativo de equidade, recomenda-se a divisão do patrimônio deixadopor ele (herança), resguardando-se, por óbvio, o direito próprio de meação decada uma delas em face dos bens amealhados em conjunto com o falecido.

A herança, no entanto, deixada por ele, como dito, deverá ser dividida!

95

“Art. 546. A doação feita em contemplação de casamento futuro com certa edeterminada pessoa, quer pelos nubentes entre si, quer por terceiro a um deles,a ambos, ou aos filhos que, de futuro, houverem um do outro, não pode serimpugnada por falta de aceitação, e só ficará sem efeito se o casamento não serealizar”.

Observa SÍLVIO VENOSA (2010, p. 134):

“caducam com relação ao culpado, porque há que se entender não ter havido o

implemento da condição imposta, qual seja, a realização do casamento. O

cônjuge inocente, porém, deverá beneficiar-se da doação, como consequência da

putatividade”.

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- Direito de usar o nome;

- A emancipação;

- Pensão Alimentícia.

Flávio Monteiro de Barros (2005, p. 51) “tais efeitosenvolvem direitos existenciais da personalidade docônjuge de boa-fé, que devem persistir, como regra,em virtude do princípio constitucional que visa aproteção da dignidade da pessoa humana”.

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CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. CASAMENTO PUTATIVO. EFEITOS CIVISVÁLIDOS. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA COMPROVADA.RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL. POSSIBILIDADE.

1. A putatividade, no casamento anulável ou mesmo nulo, consiste emassegurar ao cônjuge de boa-fé os efeitos do casamento válido, e entreestes se encontra o direito a alimentos, sem limitação no tempo.

2. In casu, impossível é ignorar a dependência econômica da autora com ode cujus e o reconhecimento da relação concubinária estável, tendo emvista a situação específica dos autos, onde a autora comprova o tempo deconvivência e o desconhecimento do estado civil do mesmo.

3. Remessa oficial improvida. (TRF-5 - REOAC: 243625 RN 0004652-50.2001.4.05.0000, Rel. Des. Petrucio Ferreira, DJ: 16/04/2002).

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Casamento putativo. Boa-fé. Direito a alimentos. Reclamação da mulher.

1. Ao cônjuge de boa-fé aproveitam os efeitos civis do casamento, emboraanulável ou mesmo nulo (Cód. Civil, art. 221, parágrafo único).

2. A mulher que reclama alimentos a eles tem direito mas até à data dasentença (Cód. Civil, art. 221, parte final). Anulado ou declarado nulo ocasamento, desaparece a condição de cônjuges.

3. Direito a alimentos "até ao dia da sentença anulatória".

4. Recurso especial conhecido pelas alíneas a e c provido.

(STJ - REsp: 69108 PR 1995/0032729-5, Rel. Min. Nilson Naves, TerceiraTurma, DJ 27.03.2000).

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Art. 1.564. Quando o casamento for anulado por culpa de umdos cônjuges, este incorrerá:

I - na perda de todas as vantagens havidas do cônjugeinocente;

II - na obrigação de cumprir as promessas que lhe fez nocontrato antenupcial.

Todavia, os bens havidos durante o “casamento”, poresforço comum, deverão ser partilhados, inibindo asituação de enriquecimento sem causa (Venosa, 2004,p. 150)

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AÇÃO DE ANULAÇÃO DE ATO DE CASAMENTO - NOMEAÇÃO DE CURADOR AOVÍNCULO - DESNECESSIDADE - ALEGAÇÃO DE CASAMENTO PUTATIVO -INOCORRÊNCIA AUSÊNCIA DE BOA-FÉ DOS CONTRAENTES REQUISITOSLEGAIS - INOBSERVADOS - RECURSO IMPROVIDO.

1-Com o advento do novo Código Civil a nomeação do Curador ao Vinculo tornou-sedesnecessária.

2-Não há que se ponderar em casamento putativo se ausente a boa-fé doscontraentes, aliada ao fato da falta de discernimento do falecido.

3-Anula-se o casamento se não atende aos requisitos formais.

(TJ-PR – Ap. nº 1523606 PR, 7ª Câmara Cível, Des. Rel. Rubens Oliveira Fontoura,DJ 21/12/2004).

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Pablo Stolze (2012, p. 243) destaca que

“Finalmente, vale lembrar que o cônjuge de boa-fé ainda

poderá, segundo as regras gerais da responsabilidade civil,

pleitear reparação por danos morais em virtude de haver sido

induzido (ou coagido) a contrair um casamento que imaginava

ser perfeitamente válido e eficaz, mas que padecia de

indesejável vício invalidante, sem prejuízo da indenização

pelos danos materiais também verificados”.

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No que tange aos alimentos, é justo que sejam fixados segundo a necessidade dos cônjuges, observado o critério da proporcionalidade, mesmo após a sentença que invalida o matrimônio.

O direito à herança, por sua vez, quedar-se-á extinto, a partir da prolação da sentença de nulidade (ou anulação).

Considerando-se a boa-fé de ambos os cônjuges, a partilha deverá ser feita, segundo o regime de bens escolhido, como se o juiz estivesse conduzindo um simples divórcio.

As doações feitas em contemplação de casamento futuro (art. 546) devem ser mantida, pois a sua eficácia deriva e se justifica pela eticidade intrínseca ao comportamento de ambos, segundo a projeção de vontade do próprio doador.

Quanto ao nome, em regra, por conta da invalidade declarada, o cônjuge que adotara o sobrenome do outro deverá perdê-lo, salvo excepcional e justificada situação de grave dano pessoal, aferida pelo juiz no caso concreto (Stolze, 2012, p. 241).