aspectos espaciais do escorpionismo em ponta grossa

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Aspectos espaciais do escorpionismo em Ponta Grossa, Paraná, Brasil SAÚDE PÚBLICA

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Page 1: Aspectos espaciais do escorpionismo em ponta grossa

Aspectos espaciais do escorpionismo em Ponta Grossa, Paraná, BrasilSAÚDE PÚBLICA

Page 2: Aspectos espaciais do escorpionismo em ponta grossa

Intro1. Ponta Grossa é o município com o maior número desse tipo de acidentes no Estado do Paraná,

Brasil.(registrados no paraná na ultima década)

2. Estudo realizado entre janeiro de 2008 e dezembro de 2010.

3. Ponta Grossa apresentou 113,3 casos por 100 mil habitantes(Colônia Dona Luiza, Neves eChapada);

4. Áreas verdes, rede hidrográfica e rede de esgoto são as principais variáveis a ele associadas.

5. Dentre os diferentes tipos de envenenamento, o escorpionismo tem crescido de formasignificativa no Brasil, correspondendo no ano de 2007 a 30% das notificações, e superando emnúmeros absolutos os casos de ofidismo.

6. Acredita-se que o aumento do número de casos seja decorrente das modificações do ambientenatural pelo desmatamento e os diferentes usos do solo urbano pelo homem, o que causa umaquebra na cadeia alimentar, acabando também com os locais de abrigo desses invertebrados.

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Intro1. Com a escassez de recursos, esses animais passam a procurar alimento e abrigo em

residências, terrenos baldios e áreas em construção;

2. O georreferenciamento é uma ferramenta importante para auxiliar nas políticas de saúdeporque permite identificar as regiões mais suscetíveis desenvolvimento de ações visando àprevenção e à adequação no atendimento ao paciente acidentado;

3. Entre 2001 e 2010, aproximadamente 5.324 acidentes causados por escorpiões foramregistrados no Paraná, a 3 Regional de Saúde do Paraná, que abrange 12 municípios,apresentou o maior número, 1.751 acidentes. Desse total, 1.209 (ou 69%) ocorreram nacidade de Ponta Grossa;

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Objetivos1. Espacializar todos os acidentes causados por escorpiões registrados no SINAN, no período

de janeiro de 2008 a dezembro de 2010;

2. Calcular o coeficiente de incidência para a cidade e os diferentes bairros;

3. Investigar as variáveis associadas a esse agravo.

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Coleta e análise de dados1. Foram utilizados dados a respeito dos acidentes e reclamações de ocorrência de escorpiões,

no período de janeiro de 2008 a dezembro de 2010, atualizados até fevereiro de 2011;

2. Os 353 registros referentes aos acidentes foram obtidos nas Fichas de Investigação deAcidentes por Animais Peçonhentos do SINAN, sendo fornecidos pela Secretaria de Estadoda Saúde do Paraná (SESA/PR);

3. Desses, 148 correspondem aos acidentes notificados no ano de 2008, 93 em 2009 e 112 em2010;

4. A fim de determinar o risco da ocorrência de acidentes causados por escorpiões para toda apopulação da cidade e de cada um dos bairros, foi calculado o coeficiente de incidência (CI),sendo o CI = número de casos ocorrentes de uma doença em determinada comunidade emcerto período de tempo/número de pessoas expostas ao risco de adquirir a doença noreferido período x 10n.

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Coleta e análise de dados1. Para visualização geral da intensidade do escorpionismo em Ponta Grossa, com base no

comportamento de padrões de pontos (neste caso, os endereços dos registros de acidentes), foigerado um mapa (também no programa ArcGIS) utilizando-se a técnica de kernel. A estimativakernel é uma técnica de interpolação exploratória, que gera uma superfície de densidade para aidentificação visual de áreas com uma concentração de eventos que indica de alguma forma aaglomeração em uma distribuição espacial

2. Áreas consideradas foco de ocorrência de escorpiões devido ao favorecimento ambiental para suaproliferação, como margens de rios, córregos e riachos, cemitérios, linhas férreas, terrenosbaldios, áreas com esgoto a céu aberto, entre outras, foram utilizadas para a investigação daspossíveis causas deste agravo

3. Por meio de análise visual dos mapas do Plano Diretor do município e dos programas WEBGIS(Sistema de Informações Geográficas via WEB), Google Earth e Google Maps, os fatores descritosna literatura, bem como relacionados ao escorpionismo e observados em campo, foramanalisados para as vilas com o maior número de acidentes em cada um dos bairros.

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Coleta e análise de dados1. Para os fatores mais frequentes, quando possível, aplicou-se o teste de associação do qui-

quadrado* e o coeficiente V de Cramér*, sendo que os dados foram obtidos por meio dasobreposição das coordenadas geográficas em mapas, imagens e vetores georreferenciadosreferentes aos fatores ambientais, disponíveis no site da Prefeitura Municipal de PontaGrossa, usando-se o programa ArcGIS;

2. A tabela de contingência 16X2 foi elaborada considerando-se os bairros do município e apresença ou ausência do fator associado ao escorpionismo;

3. As tabelas 16X3 representaram os bairros e a distância (em metros) entre os locais dosacidentes e o fator a ser analisado;

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Resultados e DiscussãoDurante o período investigado ocorreram 353 acidentes na cidade de Ponta Grossa, sendo que o número de habitantes na cidade era de 311.611 segundo o censo 2010 (IBGE).

Desta forma foi estabelecido um Coeficiente de Incidência (CI):

113,3 Acidentes / 100 mil habitantes (2008-2010)

47,5 / 100 mil hab (2008)

29,8 / 100 mil hab (2009)

35,9 / 100 mil hab (2010)

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Coeficiente de acidentes (n° de casos/100 mil hab.)Ano Ponta Grossa Paraná Brasil

2008 47,5 7 21,5

2009 29,8 6,6 25,7

2010 35,9 7,5 26,3

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Segundo o centro de zoonoses o maior número de reclamações foram:

-Bairro Orfãs ( Jardim Carvalho e Vila Liane) em 2008;

-Bairro Colônia Dona Luiza (Conjunto Habt. Santa Maria) em 2009;

-Bairro Uvaranas em 2010.

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Resultados:

17, 3 % Próximo

17, 3 % Intermediária

65, 3 % Distante

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Resultados:

21, 7 % Próximo

10, 3 % Intermediária

68, 0 % Distante

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Resultados e Discussão8% (21) dos casos ocorreram a uma distância próxima das áreas verdes;

6,5% (17) intermediária;

85,6% (225) distante;

Com um número insignificante de áreas verdes e sua constante degradação, é inevitável a migração dos animais dessas áreas para a “cidade”.

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Resultados e DiscussãoEm 2006, apenas 52% da população era atendida por esgoto sanitário;

Segundo dados da tabela 7, a seguir, pode-se observar que em 2008 o problema manteve-se, sendo a área de periferia a mais desfavorecida;

A ausência(associada a áreas com esgoto a céu aberto) de rede de esgoto correspondeu a 23,6% (62) dos endereços válidos;

A presença a 76,4% (201);

Em áreas com a presença de esgoto os incidentes podem estar associados ao fato de os escorpiões ocuparem a rede de esgoto e chegando até as residências pelas tubulações;

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Resultados e DiscussãoAnálise estatística: 4 variáveis (proximidade da rede hidrográfica (cursos e arroios), das ocupações irregulares, das áreas verdes e da presença ou ausência de rede de esgoto);

Teste do quiquadrado indicou que:

Associação acidentes e áreas verdes: (χ2 = 64,37; p = 0,0003);

Acidentes e rede hidrográfica (χ2 = 47,30; p = 0,0232);

Acidentes e rede de esgoto (χ2 = 33,48; p = 0,0004);

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Resultados e DiscussãoO coeficiente V de Cramér revelou que:

o maior grau de associação ocorreu entre os acidentes e a variável rede de esgoto (V = 0,3568);

seguida da área verde (V = 0,3498);

rede hidrográfica (V = 0,2999);

Porém, indicou pouca associação entre todas as variáveis em análise.

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Resultados e DiscussãoAplicando a técnica de kernel no mapa com os acidentes ocorridos entre 2006 e 2008, tem-se (Figura 8):

Maior intensidade de agravos nos limítrofes entre os bairros Neves, Jardim Carvalho e Uvaranas;

Alta concentração de acidentes são observados nos limítrofes dos bairros Nova Rússia e Órfãs e na porção leste do bairro Colônia Dona Luiza;

Visualmente, observa-se que a maior concentração de acidentes estão mais próximos de áreas com rede de esgoto e de cursos d’água e arroios;

Os locais com alta intensidade de acidentes estiveram relacionados aos bairros onde houve reclamações e tendência ao aumento do número de casos.

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Resultados e DiscussãoSegundo os resultados, a causa dos acidentes em determinados locais está associado a interação dos diversos fatores;

Muitos cursos d’água e arroios estão poluídos por esgoto doméstico;

Áreas verdes recebem pouca manutenção e apresentam acúmulo de lixo;

De acordo com Nunes et al. e McIntyre , a distribuição espacial dos acidentes escorpiônicos está associada à existência de áreas heterogêneas, com padrões diferenciados de ocorrência de casos, ou seja, regiões com estruturas de causalidades distintas que determinam formas específicas de morbidade, em relação a esse agravo.

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Resultados e DiscussãoSegundo a literatura, um escorpião pode locomover-se uma distância de 30 metros por noite, porém, a distância entre os locais de acidentes e cursos d’água, áreas verdes e ocupações irregulares (>100m) nos diz que falta pesquisa na área ou ainda que esses animais são carregados em tijolos, telhas, madeiras, etc.;

Para diversos autores, a distribuição diferenciada dos acidentes escorpiônicos no contexto urbano está associada a aspectos geográficos;

Além das condições ambientais para o aparecimento de escorpiões, a incidência de casos em comunidades de periferias urbanas de baixo nível socioeconômico e sanitário é maior.

O georreferenciamento do escorpionismo em Ponta Grossa permitie ao poder público agir com maior eficiência no combate aos acidentes.

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ConclusãoA espacialização dos registros de acidentes causados por escorpiões permitiu evidenciar que o escorpionismo está amplamente distribuído em Ponta Grossa, há uma tendência de expansão nos locais onde já há a presença dos aracnídeos;

A incidência dos casos na cidade está acima das do estado e país, Colônia Dona Luiza, Chapada e Neves foram os que apresentaram os maiores riscos da ocorrência de acidentes em 2008, 2009 e 2010, respectivamente;

As variáveis ambientais associadas foram além das áreas verdes (habitat natural), rede de esgoto (elevada presença de baratas, alimento) e cursos d’água e arroios (poluídos em sua maioria);

As informações obtidas nesta pesquisa poderão servir de subsídios aos órgãos responsáveis, para futuras intervenções que visem ao combate e à prevenção de acidentes por escorpiões na região.