aspectos de imagem das alteraÇÕes da raiz · expulsiva ou retentiva são consequência de sua...
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RADIOLOGIA-UNESP-ARAÇATUBA 2018 – aafc/lmps
ASPECTOS DE IMAGEM DAS ALTERAÇÕES DA RAIZ
Vamos descrever a seguir as imagens das principais alterações da raiz dental. As ocorrências,
em sua maioria, são provenientes de causas patológicas.
FORMA DAS RAÍZES: aspectos relacionados ao septo interradicular de dentes
multirradiculares já foram estudados. Pela forma das raízes sabemos que os septos com forma
expulsiva ou retentiva são consequência de sua forma divergente ou convergente,
respectivamente. Raízes geminadas são ocorrência comum em molares e observamos o aspecto
radiográfico de união das raízes, como se esses dentes fossem unirradiculares, com um ou mais
canais no seu interior (FIGURAS abaixo).
RAIZES GEMINADAS (48) RAIZES CONVERGENTES (47)
RAÍZES DIVERGENTES 46 e 47
DILACERAÇÃO RADICULAR: é uma anomalia de forma caracterizada pela observação de
curvatura exageradamente acentuada na raiz; pode ocorrer em qualquer dente ao longo do
comprimento da raiz, mas é vista comumente no terço apical. O exame radiográfico é muito
importante na observação desta anomalia dental pela dificuldade de instrumentar/obturar o canal
radicular (FIGURAS ABAIXO).
DILACERAÇÃO RADICULAR
DILACERAÇÃO RADICULAR
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HIPERCEMENTOSE: é a deposição anormal de quantidades de cemento, de forma simétrica,
nas superfícies radiculares. Pode envolver toda a raiz, embora seja mais comum no terço apical.
Radiograficamente a imagem das raízes é mais volumosa, perde seu perfil afilado, ficando o terço
apical maior e mais arredondado. Muitas vezes é nítida a separação entre o novo cemento depositado
e o contorno original da raiz. As imagens do espaço periodontal e da lâmina dura são regulares,
acompanhando a deposição. Esta alteração caracteriza a única possibilidade de identificarmos
radiograficamente a densidade do cemento (FIGURAS ABAIXO).
HIPERCEMENTOSE NAS RAÍZES DOS MOLARES
HIPERCEMENTOSE NOS CANINOS E PRÉ-MOLARES
RIZÓLISE: é a reabsorção externa fisiológica de dentes decíduos, com presença ou ausência
dos germes dos dentes permanentes que substituirão os decíduos. Processo lento e intermitente,
quando se alternam períodos de quiescência, enquanto em algumas crianças a perda de tecido dental
é mais rápida (há quem descreva maior rapidez no processo em dentes submetidos à pulpotomia). Há
diminuição do comprimento da raiz a partir do ápice em direção ao terço cervical, frequentemente
em forma de bisel. Em algumas ocasiões a rizólise é incompleta e uma porção da raiz pode
permanecer no osso alveolar (FIGURA ABAIXO).
REABSORÇÃO RADICULAR EXTERNA: destruição patológica de tecido dental (cemento e
dentina) que pode ocorrer em qualquer parte da superfície radicular (mais frequente na porção
apical). A imagem da área reabsorvida pode parecer regular ou irregular, pois a destruição não tem
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direção nem quantidade definidas. Quando ocorrer no terço médio da raiz o processo pode se
continuar até a completa divisão da raiz (fratura patológica). Várias causas da reabsorção são
conhecidas: lesão periapical crônica em torno do ápice dental (FIGURA A e B) decorrente de
necrose pulpar (lesões de crescimento lento evidenciam imagens de áreas irregulares de reabsorção
tanto no ápice quanto nas superfícies laterais da raiz); tumores e cistos dos maxilares
(FIGURA C), muitas vezes com imagem semelhante a um corte regular, em bisel tratamento
ortodôntico mal conduzido onde forças excessivas (FIGURA abaixo) são aplicadas para
movimentação dental muito rápida (se a força não for atenuada a raiz é totalmente reabsorvida);
pressão de dentes inclusos aos seus adjacentes, trauma na coroa dental, dentes
reimplantados/ transplantados (observamos perda de substância dental inicialmente no terço
médio da raiz em forma de “meia lua”, independente da obturação do canal radicular) ou ainda
devido a causas desconhecidas (FIGURAS ABAIXO).
A
B C
Reabsorção externa com pressão do 23 incluso
Reabsorção radicular externa após ortodontia. Em ‘a’ antes do tratamento e em ‘b’ 8 anos após o tratamento ortodôntico.
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REABSORÇÃO RADICULAR INTERNA: forma incomum de perda de tecido dental que
começa no interior do canal radicular. Observamos arredondamento regular e definido com aumento
do volume da imagem do canal radicular. O aumento da radiolucência nas paredes do canal radicular
é frequentemente simétrico. A reabsorção pode avançar com extensão e velocidades variáveis em
direção ao espaço periodontal, independentemente da obturação do canal radicular, podendo chegar
até a perfuração completa da raiz; este processo costuma ser irreversível .
APICECTOMIA: remoção cirúrgica (desenhos esquemáticos abaixo) do ápice dental,
seguido ou não por obturação retrógrada (setas vermelhas abaixo) do canal radicular (de apical
para cervical). Um corte transversal uniforme é realizado para remoção de uma parte da raiz,
notando-se uma imagem de redução do comprimento total do dente, quando comparado aos seus
adjacentes (setas amarelas abaixo). Cuidado: não identificar apicectomia como imagem de
reabsorção radicular externa patológica pela uniformidade do aspecto radiográfico do ápice dental.
Após trauma dental o 11 foi perdido e reimplantado. O 21 e o 22 tiveram fratura de coroa e foram
restaurados. Os três dentes foram submetidos a tratamento endodôntico (a). Pós-operatório de 15
meses (b), de 21 meses (c) e de 27 meses (d). Observar extensa reabsorção externa do 11 em ‘c’ e em ‘d’.
REABSORÇÃO RADICULAR INTERNA
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RAIZ RESIDUAL/RESÍDUO DE RAIZ: raízes que ficaram no osso alveolar após extrações
mal realizadas/mal sucedidas ou quando a coroa dental foi destruída por cárie. Os conceitos raiz
residual # resíduo de raiz se aplica ao tamanho do fragmento (+ de 1/3 do tamanho original da raiz =
raiz residual e – de 1/3 do tamanho original da raiz = resíduo de raiz) (FIGURAS ABAIXO).
FRATURAS RADICULARES: a radiografia é muito importante na sua localização. Certo
cuidado, no entanto, é desejável em casos de superposição das imagens de dentes adjacentes que
podem simular uma fratura dental. Tem origem diversa e são mais comuns nos indivíduos jovens e
nos dentes anteriores. Embora com menor frequência, podem ser decorrentes de reabsorção
radicular, observadas no terço cervical/médio da raiz (fratura patológica). Radiograficamente
observamos traço radiolúcido que rompe a uniformidade da imagem da raiz , ocorrem em qualquer
altura, com direção vertical, horizontal e oblíqua (FIGURAS abaixo). A fratura vertical dificilmente é
observada pela coincidência com a imagem do canal radicular. As fraturas com direção horizontal ou
oblíqua são mais facilmente identificadas pelo contraste do traço da fratura com o restante do tecido
dental radiopaco. O afastamento dos segmentos fraturados não é uma ocorrência incomum,
principalmente nos casos decorrentes de reabsorção radicular externa/interna.
RAÍZES RESIDUAIS (as
duas com hipercementose
RAIZ RESIDUAL
RESÍDUO DE RAIZ
APICECTOMIA
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RAIZ COM DOIS OU MAIS CANAIS: aspecto em que observamos imagem de dois canais
em uma mesma raiz (FIGURAS abaixo).
TOMOGRAFIA CORTE AXIAL: NO 25 E 26 DOIS CANAIS EM
UMA RAIZ
CANAL COM BIFURCAÇÃO: anomalia de forma relacionada aqui pela mudança que
provoca no aspecto radiográfico da raiz/canal radicular. Nem sempre é facilmente identificável,
precisando de técnicas de mesialização e/ou distalização. Frequentemente o canal é único ao sair da
câmara pulpar e se bifurca no terço médio da raiz. Pode-se observar também, ao mesmo tempo,
bifurcação de canal e de raiz (FIGURAS abaixo).
BIFURCAÇÃO DE CANAL
BIFURCAÇÃO DE CANAL E DE RAIZ
RAIZ COM DOIS CANAIS
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CANAL CURVO: curvatura além do normal nos terços médio/apical da raiz de qualquer
dente. No entanto, não deve ser confundida com a dilaceração radicular onde a curvatura e
extremamente acentuada (FIGURAS ABAIXO).
CANAL CURVO E BIFURCAÇÃO DE CANAL
CANAIS CURVOS
CANAL OBTURADO/TREPANADO/COM EXTRAVASAMENTO/ COM INSTRUMENTO EM
SEU INTERIOR: o canal radicular pode ser obturado por técnicas endodônticas
convencionais, usando-se cones de guta-percha. O contraste entre a radiopacidade da guta-percha e
os tecidos dentais é facilmente identificado na radiografia.
Para que o tratamento de canal seja realizado é necessário que o profissional consiga medir
corretamente seu comprimento. Quando o instrumento endodôntico ultrapassa o limite do forame
apical, ocorreu uma trepanação intencional desse limite anatômico. O exame de imagem mostra de
maneira clara a imagem metálica da lima ultrapassando o forame apical. Quando o canal é obturado
de forma incorreta, cones de guta-percha e/ou pasta obturadora invadem a região periapical
provocando seu extravasamento. Limas endodônticas podem sofrer fraturas durante a
instrumentação, vamos observar nitidamente o fragmento metálico, fortemente radiopaco, no
interior do canal radicular radiolúcido, imagem de instrumento no canal (FIGURAS abaixo).
CANAL TREPANADO EXTRAVASAMENTO DE CONE
EXTRAVASAMENTO DE PASTA OBTURADORA
CANAL OBTURADO
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INSTRUMENTO FRATURADO NO CANAL
INSTRUMENTO FRATURADO NO CANAL
NÓDULOS PULPARES: são pequenas áreas radiopacas observadas no interior da câmara
pulpar tanto dos dentes uni quanto dos dentes multiradiculares. O contraste entre o nódulo e o
conteúdo pulpar e evidente.
CANAL OBTURADO
NÓDULO PULPAR
NÓDULO PULPAR