[asma: factores precipitantes] · o “international study of asthma and allergy in childhood”...

49
FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA TRABALHO FINAL DO 6º ANO MÉDICO COM VISTA À ATRIBUIÇÃO DO GRAU DE MESTRE NO ÂMBITO DO CICLO DE ESTUDOS DE MESTRADO INTEGRADO EM MEDICI NA [JOSÉ EDUARDO DA SILVA MAIA FERREIRA PIMENTA] [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] [ARTIGO DE REVISÃO] ÁREA CIENTÍFICA DE PNEUMOLOGIA TRABALHO REALIZADO SOB A ORIENTAÇÃO DE: [PROFESSOR DOUTOR CARLOS ROBALO CORDEIRO] [MARÇO/2009]

Upload: others

Post on 16-Aug-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

TRABALHO FINAL DO 6º ANO MÉDICO COM VISTA À ATRIBUIÇÃO DO GRAU DEMESTRE NO ÂMBITO DO CICLO DE ESTUDOS DE MESTRADO INTEGRADO EM

MEDICINA

[JOSÉ EDUARDO DA SILVA MAIA FERREIRA PIMENTA]

[ASMA: FACTORES PRECIPITANTES][ARTIGO DE REVISÃO]

ÁREA CIENTÍFICA DE PNEUMOLOGIA

TRABALHO REALIZADO SOB A ORIENTAÇÃO DE:

[PROFESSOR DOUTOR CARLOS ROBALO CORDEIRO]

[MARÇO/2009]

Page 2: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

III

Page 3: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

III

ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................1

2. OBJECTIVOS...................................................................................................................3

3. FACTORES DE RISCO PARA DESENVOLVER ASMA ..........................................4

3.1. Introdução ..................................................................................................................4

3.2. Hiperreactividade das vias aéreas ..............................................................................4

3.3. História familiar de asma ............................................................................................... 5

3.4. Atopia e alergénios.....................................................................................................5

3.5. Sexo............................................................................................................................6

3.6. Exposição a alergénios...............................................................................................7

3.7. Rinite..........................................................................................................................8

3.8. Exposição a endotoxinas............................................................................................9

3.9. Exposições ocupacionais............................................................................................9

3.10. Poluição..................................................................................................................10

3.10.1. Poluição exterior...........................................................................................10

3.10.2. Poluição interior ...........................................................................................10

3.11. Infecções respiratórias............................................................................................11

3.12. Fumador activo e passivo.......................................................................................11

3.12.1. Fumador Activo ............................................................................................12

3.12.2. Fumador Passivo...........................................................................................12

3.13. Obesidade...............................................................................................................13

3.14. Uso de Medicação..................................................................................................14

3.15. Prematuridade ........................................................................................................15

Page 4: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

III

4. FACTORES PRECIPITANTES PARA O DESENVOLVIMENTO DE ASMA16

4.1. Introdução ................................................................................................................16

4.2. Alergias e Alergénios...............................................................................................18

4.2.1. Alergénios Inalados ........................................................................................18

4.2.1.1.Ácaros ....................................................................................................20

4.2.1.2.Animais de Estimação............................................................................21

4.2.1.3.Roedores.................................................................................................21

4.2.1.4.Baratas....................................................................................................22

4.2.1.5.Fungos de espaços fechados...................................................................23

4.2.2. Alergénios ocupacionais .................................................................................23

4.3. Infecções respiratórias..............................................................................................24

4.4. Irritantes ...................................................................................................................25

4.5. Clima e Temperatura................................................................................................26

4.6. Variações Hormonais...............................................................................................27

4.7. Medicação ................................................................................................................27

4.8. Actividade Física......................................................................................................27

4.9. Factores Emocionais ................................................................................................28

4.10. Doenças Coexistentes ............................................................................................28

5. DISCUSSÃO, CONCLUSÃO E DIRECÇÕES FUTURAS ................................ 29

6. BIBLIOGRAFIA.................................................................................................................30

IV

Page 5: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

III

RESUMO

A asma é uma doença pulmonar crónica caracterizada por obstrução das vias aéreas,

inflamação e hiperreactividade brônquica.

A asma afecta cerca de 150 milhões de pessoas de todas as idades no Mundo.

Em Portugal calcula-se que atinja cerca de 600.000 pessoas incluindo crianças e adultos,

calculando-se que afecte cerca de 11% das crianças e 5% dos adultos.

A asma é uma doença que provavelmente resulta de uma interacção complexa entre

múltiplos factores ambientais e influências genéticas. Numerosos factores de risco para a asma

foram já identificados. Os factores de risco mais estudados incluem a hiperreactividade das vias

aéreas, atopia, alergénios, o sexo, infecções, fumo de tabaco, obesidade e factores perinatais. É

importante ter a noção dos factores que aumentam a probabilidade de uma criança ou adulto vir

a desenvolver asma.

Por outro lado, identificar e evitar os factores precipitantes da asma é essencial na prevenção

de agudizações da asma. Apesar destes factores precipitantes que provocam agudizações da

asma serem, muitas vezes, associados a agentes aéreos, existe uma variedade de estímulos que

podem causar ou exacerbar sintomas, incluindo as seguintes categorias de estímulos: alergénios

inalados, infecções respiratórias, irritantes respiratórios inalados (fumo de tabaco incluído),

variações hormonais, medicamentos e actividade física.

Apesar dos significativos avanços no entendimento da sua fisiopatologia e da introdução de

novas drogas ou esquemas terapêuticos padronizados, a asma persiste como difícil problema de

saúde pública na maioria dos países, com prevalência e mortalidade crescentes.

Daí a importância em definir os principais factores de risco ao desenvolvimento de asma e

factores precipitantes que levam a um descontrolo da asma.

Palavras-chave: Asma, f a c t o r e s d e r i s c o , factores precipitantes, alergénios,

hiperreactividade das vias aéreas.

V

Page 6: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

VI

ABSTRACT

Asthma is a chronic pulmonary disease characterized for obstruction of the airways,

inflammation and hyperresponsiveness.

Asthma affects over 150 millions of people of all ages in the world.

In Portugal it is calculated that there are over 600.00 people, affecting both children and adults.

It affects about 11% of children and 5% of adults.

Astma is a disease that probably results from a complex interaction between multiple

environmental factors and genetic influences. Several risk factors have already been identified.

The most studied risk factors include the airway hyperreactivity, atopy, allergens, genre,

infections, tobacco smoke, obesity, and perinatal factors. It is important the knowledge of which

factors raise the probability of an adult or children developing asthma.

On the other hand, identifying and avoiding the precipitating factors of asthma is

essential in the prevention of asthma outbreaks. Despite these precipitating factors are often

associated with airborne agents, there are a variety of stimuli: inhaled allergens, respiratory

infections, inhaled respiratory irritants like tobacco smoke, hormonal fluctuations, drugs and

physical activity.

Despite the significant breakthroughs in the knowledge of its physiopathology and the

introduction of new drugs or padronized medication scheme, asthma persists as a public health

difficult problem in most countries, with rising prevalence and mortality.

Therefore its importance in defining which are the major risk factors to develop asthma

and which precipitating factors may lead to an asthma exacerbation.

Key words: Asthma, r i s k f a c t o r s , p r e c i p i t a t i n g f a c t o r s , a l l e r g e n s , airway

hyperreactivity.

Page 7: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

VII

ABREVIATURAS

NAEPP – National Asthma education and prevention program

ISAAC – International Study of Asthma and Allergy in Childhood

NHANES – National Health and Nutrition Examination Survey

FEV – Forced Expiratory Volume

FEV1 – Forced Expiratory Volume in 1 Second

IgE – Imunoglobulina E

IMC – Índice de massa corporal

ECRHS e ECRHS-II - European Community Respiratory Health Surveys I e II

Page 8: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]1

1 - INTRODUÇÃO

A asma tornou-se num importante problema de saúde pública, uma vez que se trata de

uma das doenças crónicas mais frequentes na criança e no jovem.

Com a tendência real de crescimento da sua incidência e prevalência, a asma é

actualmente, uma importante causa de internamento hospitalar e, também, de sofrimento a

vários níveis, por vezes diário e repetido, extensivo às famílias e grupos de pertença do

doente, inserindo condicionamentos à sua actividade diária e, portanto, à sua qualidade de

vida.

O Programa Nacional de Controlo da Asma, baseado no Programa Mundial para a

Asma – “Global Initiative for Asthma” – GINA (resultado do esforço conjunto do National

Heart, Lung and Blood Institute e da Organização Mundial de Saúde) foi criado com o

objectivo de reduzir, em Portugal, a prevalência, morbilidade e mortalidade por Asma e

melhorar a qualidade de vida e o bem-estar do doente asmático.

Torna-se, assim, fundamental melhorar a eficácia e a eficiência da prestação de

cuidados de saúde ao doente asmático, de forma a melhor o habilitar e capacitar a

autocontrolar a sua doença.

Desta forma o controlo, não só dos factores precipitantes da asma mas também dos

factores de risco, adquire um papel primordial na prevenção da doença asmática.

Tornou-se importante definir e estudar os vários factores de risco para a asma que já

foram identificados. Entre os factores de risco mais estudados encontra-se a hiperreactividade

das vias aéreas, a atopia, a exposição a alergénios entre outros. É importante ter a noção dos

Page 9: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]2

factores que aumentam a probabilidade de uma criança ou adulto vir a desenvolver asma de

forma a prevenir ou até mesmo evitar o desenvolvimento de asma.

Identificar e evitar os factores precipitantes da asma tornou-se também essencial na

prevenção de agudizações da asma.

Existe uma ideia estereotipada que os factores que provocam a exacerbação da

sintomatologia asmática são agentes aéreos ou associados a estes. Contudo existe uma

variedade de estímulos, aéreos e não aéreos, que podem causar ou agudizar uma crise

asmática. Entre estes estímulos encontramos então os alergénios inalados, as infecções

respiratórias e a inalação de agentes irritantes respiratórios (fumo de tabaco incluído) para

citar alguns. Até mesmo as variações hormonais podem ter um papel importante no

desencadeamento de uma crise asmática.

Torna-se então, importante definir os principais factores de risco ao desenvolvimento de asma

e quais factores precipitantes que levam a uma crise asmática para prevenir e instruir a

comunidade médica e o doente.

Page 10: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]3

2 - OBJECTIVOS

Objectivos concretos do trabalho:

- Sistematização e organização da informação existente sobre factores precipitantes efactores de risco da asma.

- Servir de base a estudos mais aprofundados, teóricos ou casuísticos.

- Melhorar de forma genérica o conhecimento médico sobre a problemática asmática eformas de prevenção.

Page 11: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]4

3 - FACTORES DE RISCO PARA DESENVOLVER ASMA

3.1 - INTRODUÇÃO

A asma é uma doença que resulta de uma interacção complexa entre múltiplos factores

ambientais e influências genéticas. Vários factores de risco para a asma foram já

identificados.

Os factores de risco mais estudados incluem a hiperreactividade das vias aéreas, a

história familiar de asma, a atopia, os alergénios, o sexo, as infecções, o fumo de tabaco, a

obesidade e os factores perinatais.

3.2 - HIPERREACTIVIDADE DAS VIAS AÉREAS

Um factor essencial na fisiopatologia da asma é a resposta anormal e exagerada das

vias aéreas a estímulos nocivos e, por definição, todos os doentes com asma têm

hiperreactividade das vias aéreas.

Contudo, nem todos os doentes com hiperreactividade das vias aéreas têm

sintomatologia asmática (Toelle, BG et al; 1992). Estudos populacionais de adultos e crianças

demonstraram que a prevalência de asma é duas a três vezes mais baixa do que a prevalência

de hiperreactividade das vias aéreas (Weiss, ST et al; 1995).

Estes estudos indicam que asma e hiperreactividade das vias aéreas não são fenómenos

idênticos. Hiperreactividade das vias aéreas parece ser uma condição necessária, mas não

suficiente para o desenvolvimento de doença clínica. Além disso, doentes com

hiperreactividade das vias aéreas têm risco aumentado de desenvolver asma (Porsbjerg, C et

al; 2006).

Page 12: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]5

3.3 - HISTÓRIA FAMILIAR DE ASMA

Há componentes evidentes do fenótipo da asma que aparentam ter uma forte

transmissão hereditária, contudo estes factores hereditários não seguem o padrão mendeliano

e os genes responsáveis pela transmissão ainda não foram identificados.

3.4 - ATOPIA E ALERGÉNIOS

Atopia pode ser definida como a presença de anticorpos IgE para alergénios

específicos, que é um pré-requisito para desenvolver doença alérgica. A associação entre

asma e outras doenças atópicas está bem documentada. O padrão da doença atópica começa

com dermatite atópica na primeira infância e na infância, seguido de rinite alérgica e então

asma na adolescência, nem todos os doentes atópicos desenvolvem os 3 estados (só uma em

cada três crianças com dermatite atópica desenvolve asma).

Os níveis séricos de IgE, a classe de anticorpos responsáveis pelas formas mais

comuns de alergias respiratórias, aparentam estar intimamente ligadas com a

hiperreactividade das vias aéreas, esteja ou não presente a sintomatologia asmática. O

aumento do valor total de IgE indica a presença de sensibilização alérgica, apesar de esta

medição não ser específica visto não dar qualquer informação sobre qual o alergénio a que um

determinado indivíduo está sensibilizado.

O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma

ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos atribuíveis a sensibilização

atópica (Weinmayr, G, et al; 2007). A relação entre sibilos e atopia aumenta nos países mais

desenvolvidos.

Page 13: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]6

O “Third National Health and Nutrition Examination Survey” (NHANES) descobriu que

metade dos casos de asma eram atribuíveis à atopia (Arbes, SJ Jr et al; 2007). Os testes

cutâneos de 12,106 indivíduos com um conjunto de 10 alergénios foi realizado, atopia foi

definida como ter pelo menos um teste cutâneo positivo.

Num estudo com 2657 indivíduos, a prevalência de asma estava intimamente relacionada

com a quantidade total serológica de IgE, como também à reactividade aos testes cutâneos

(Burrows, B et al; 1989). Uma análise mais aprofundada demonstrou que a asma estava mais

ligada aos níveis de IgE, enquanto a rinite alérgica está mais relacionada com um teste

cutâneo positivo.

3.5 - SEXO

Há diferenças assinaláveis na prevalência da asma, dependente do sexo. A asma na

infância tende a ser predominantemente uma doença masculina, sendo esta diferença máxima

na puberdade (Weiss, ST et al; 1993).

Após os vinte anos, a prevalência torna-se semelhante entre ambos os sexos sendo que,

após os quarenta anos, torna-se mais comum no sexo feminino, sendo pouco esclarecidas as

razões para essas diferenças.

Razões possíveis incluem:

A maior prevalência de atopia em crianças do sexo masculino.

As vias aéreas terem um tamanho mais reduzido nas crianças do sexo masculino

comparado com o sexo feminino (Weiss, ST et al; 1995).

Diferenças no relato dos sintomas entre rapazes e raparigas (Sennhauser, FH et al;

1995).

Page 14: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]7

3.6 - EXPOSIÇÃO A ALERGÉNIOS

Finalmente está-se a chegar a um consenso sobre os alergénios nos espaços fechados

(“indoor”). Estes têm um papel importante no desenvolvimento da asma, apesar de ter sido

difícil demonstrar uma relação de causalidade, e a maioria destes estudos foi realizada em

grupos de alto risco (Platts-Mills, TA et al; 2000; Brussee, JE et al; 2005; Tovey, ER et al;

2008).

Pelo menos um estudo prospectivo sobre exposição a alergénios na primeira infância,

tirado de um estudo de coorte da população em geral, descobriu que, apesar de ser necessário

um nível mínimo de alergénio para a sensibilização ou desenvolvimento de asma, não existiu

nenhuma relação dose-efeito acima desse nível (Torrent, M et al; 2007).

Estudos que avaliavam o impacto de medidas de controlo ambiental para vários alergénios

fracassavam por problemas recorrentes. Protocolos nos quais um único alergénio era

escolhido, sendo a sua exposição reduzida, não produziam qualquer benefício clínico

(Woodcock, A et al; 2004; Koopman et al; 2002; Marks, GB et al; 2006). Isto não é

totalmente inesperado visto que a maioria dos indivíduos alérgicos são sensíveis a múltiplos

alergénios e não só a um único.

Page 15: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]8

3.7 - RINITE

O facto de um adulto sofrer de rinite aumenta o risco de vir a desenvolver asma na sua

vida, quando comparado com adultos sem rinite (Guerra, S et al; 2007; Huovinen, E et al;

1999).

Isto foi demonstrado de uma forma mais evidente num estudo prospectivo multicêntrico,

de 6461 adultos, entre os 20 e 44 anos de idade (Shaaban, R et al; 2008). Os indivíduos foram

escolhidos de forma aleatória da população em geral, sendo avaliados com questionários,

testes cutâneos, IgE total e específica e avaliação da função pulmonar. Os indivíduos foram

divididos em quatro grupos e seguidos durante um período médio de 8,8 anos. A

probabilidade de desenvolverem asma durante o período de observação foi:

Para os que não tinham atopia ou rinite – 1.1 por cento.

Atopia sem rinite – 1.9 por cento

Sem atopia mas com rinite (rinite não alérgica) – 3.1 por cento

Com rinite alérgica – 4 por cento.

O risco ajustado para os que tinham rinite seria de 3.5 (intervalo de confiança de 95 por

cento entre 2.1 até 5.9) e para rinite não alérgica, 2.1 (intervalo de confiança de 95 por cento

entre 1.6 até 4.5) após registo do país de origem, sexo, FEV1, IgE total, história familiar de

asma, idade basal, IMC, infecções respiratórias na infância e hábitos tabágicos.

Page 16: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]9

3.8 - EXPOSIÇÃO A ENDOTOXINAS

As endotoxinas são moléculas inflamatórias de lipopolissacarideos provenientes de

bactérias gram negativas, que são ubíquas no meio ambiente. Fontes de endotoxinas nos lares

incluem tanto fontes dentro do próprio lar (animais de estimação, infestações,

humidificadores, lixo caseiro), como fontes externas ao lar.

Num estudo à escala de um país com 831 lares representados, foi feita uma associação

entre os níveis crescentes de endotoxinas e consequente acréscimo de asma diagnosticada,

sintomatologia asmática, uso de medicação para asma e presença de sibilos (Thorne, PS et al;

2005).

3.9 - EXPOSIÇÕES OCUPACIONAIS

A “European Community Respiratory Health Surveys” (ECRHS and ECRHS-II),

identificou várias profissões que estão associadas a um incremento de novos casos de asma.

Acidentes com inalação de substâncias nocivas (incêndios, derrames industriais) também

foram associados ao aparecimento de novos casos de asma.

No “Agricultural Health Study” de 25,814 mulheres agricultoras adultas, o facto de

terem sido criadas no campo, foi considerado protector quanto ao desenvolvimento de asma.

Contudo quando eram utilizados pesticidas (organofosfatos) foi associado a um incremento

no risco de desenvolver asma em adulto (Hoppin, JA et al; 2008).

Page 17: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]10

3.10 - POLUIÇÃO

3.10.1 - Exterior (“OUTDOOR”)

Existe uma correlação conhecida entre os níveis de poluição atmosférica e doença

pulmonar, contudo a associação entre poluição atmosférica e asma é menos clara. Como

exemplo, num estudo de seis cidades nos Estados Unidos da América, havia uma relação

directa entre os níveis de poluição com micropartículas e casos registados de tosse crónica e

bronquite (Dockery, DW et al; 1989). Contudo não houve associação entre esta mesma

poluição, asma e sibilos persistentes.

É possível que a asma esteja relacionada com determinados poluentes, enquanto outras

doenças respiratórias esteja relacionada com a poluição atmosférica total.

Um grande estudo epidemiológico estudou a correlação entre a sintomatologia

asmática em 990 crianças de oito cidades norte-americanas, e a concentração

ambiental de cinco poluentes atmosféricos (Schildcrout, JS et al; 2006). Houve uma

pequena correlação positiva entre os sintomas e os níveis de monóxido de carbono e

NO2, uma correlação tangencial com os níveis de SO2 e nenhuma relação com os

níveis de ozono.

3.10.2 - Interior (“INDOOR”)

Os fogões a gás são a fonte principal de NO2 nos lares. Estima-se que mais de metade

dos lares nos Estados unidos da América utiliza fogões a gás, logo um grande número de

adultos e crianças podem estar cronicamente expostos a NO2 (Belanger et al; 2006).

Page 18: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]11

3.11 - INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS

Infecções respiratórias por vírus ou bactérias são conhecidos factores precipitantes

para o agudizar de asma em adultos e crianças (Johnston, SL et al; 1995; Nicholson, KG et al;

1993). Ainda não se sabe se, as infecções respiratórias podem ser a causa inicial para

desenvolver asma. Não existem estudos epidemiológicos conclusivos que relacionem

infecções respiratórias, com aparecimento de asma em adultos saudáveis.

Em estudos epidemiológicos realizados em grupos de crianças, notou-se que infecções

respiratórias de repetição durante a primeira infância, poderiam ter um efeito protector em

relação ao desenvolvimento posterior de asma (Illi, S et al; 2001). Um exemplo deste efeito

foi um estudo realizado sobre a população de umas ilhas remotas onde havia uma incidência

extremamente baixa de infecções respiratórias mas uma prevalência extremamente elevada de

asma e atopia (Martinez, FD, 1994).

3.12 - FUMADOR ACTIVO E PASSIVO

Estudos populacionais demonstram uma relação entre ser fumador e sofrer de

hiperreactividade das vias aéreas. Contudo, a presença de asma em adultos não tem tido

relação com um histórico de ser fumador, reflectindo possivelmente a tendência para

asmáticos não se tornarem fumadores regulares ou fumar menos que pessoas sem asma

(Weiss, ST et al; 1993).

Page 19: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]12

3.12.1 - Fumador Activo

Vários estudos demonstraram que ser fumador activo aumenta o risco para

desenvolver asma (Strachan, DP et al; 1996; Gilliland, FD et al; 2006; Polosa, R et al; 2008).

Um estudo longitudinal de 1996 com 5801 pessoas nascidas em 1958 que fizeram

parte de um estudo de coorte britânico, demonstrou uma relação directa entre fumar e o

desenvolvimento de sibilos e asma (Strachan, DP et al; 1996). Os indivíduos foram estudados

aos 7, 11, 16,23 e 33 anos de idade. Ser fumador activo teve uma associação fortíssima em

relação à incidência de asma e sibilos nas idades compreendidas entre os 17 e os 33 anos após

o controlo de vários factores, incluindo o sexo, idade materna, idade gestacional, febre dos

fenos, eczema, classe social dos pais e se a mãe fumou durante a gravidez.

Um estudo com adolescentes descobriu que aqueles que fumavam mais de 300

cigarros por ano tinham um risco relativo para desenvolver asma de 3.9 quando comparado

com companheiros não fumadores (Gilliland, FD et al; 2006).

3.12.2 - Fumadores passivos

Existem cada vez mais provas que a exposição passiva a fumo de tabaco está

associado ao desenvolvimento de asma no início da vida. O fumo passivo de tabaco que mais

atinge as crianças provém de mães fumadoras, por estas estarem, em geral, mais tempo com

os filhos (Weiss, KB et al; 1993).

Page 20: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]13

3.13 - OBESIDADE

Estudos prospectivos de coorte, estudos de casos-controlo populacionais e meta-análises

sugerem que doentes com um IMC elevado têm um risco elevado para desenvolver asma

(Shore, SA et al; 2005; Camargo, CA Jr et al; 1999; Young, SY et al; 2001; Stenius-Aarniala,

B et al; 2000; Beuther, DA et al; 2007).

Este risco pode ser maior para asma não-alérgica do que para asma alérgica (Chen, Y et

al; 2006).

Numa meta-análise de sete estudos prospectivos (333,102 indivíduos), que avaliaram

o impacto do IMC na incidência de asma em adultos, revelou que o aparecimento de

asma era mais provável em doentes com excesso de peso do que em doentes com um

IMC normal (Beuther, DA et al; 2007). A incidência de asma aumentava com o

aumento do IMC.

O aumento do IMC poderá estar também associado com o aumento da severidade da

asma (Taylor, B et al; 2008).

Estudos de pequena dimensão mostraram uma melhoria na espirometria, diminuição do

uso de medicação de urgência para a asma, menos agudizações de asma e diminuição na

sensação de dispneia em obesos asmáticos que perderam peso (Stenius-Aarniala, B et al;

2000).

Page 21: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]14

3.14 - USO DE MEDICAÇÃO

Estudos epidemiológicos descobriram uma associação entre o desenvolvimento de asma e

o uso regular tanto de paracetamol, e exposição a antibióticos durante a infância. Contudo

estas investigações precisam de garantias de outros estudos para ter melhor aceitação

científica.

O uso regular de paracetamol é um factor de risco para a asma por induzir a depleção do

antioxidante glutationa no tecido pulmonar. Como resultado, ocorre dano oxidativo, a

produção de prostaglandina E2 aumenta e ocorre reacção dos Th2 (Micheli, L et al; 1994;

Droge, W et al; 2000).

Num dos maiores estudos, incluindo 205,487 crianças, foi perguntado retrospectivamente

sobre o uso de paracetamol no primeiro ano de vida e sintomas asmáticos no presente

(Beasley, R et al; 2008). O uso de paracetamol no primeiro ano de vida foi associado a um

aumento do risco de desenvolver asma entre os seis e os sete anos, o uso frequente de

paracetamol foi associado a um aumento no risco de aparecimento de sintomatologia

asmática. Este efeito tanto em adultos e descendência de mães que foram medicadas de forma

regular com paracetamol durante a gravidez (Allmers, H, 2005).

Page 22: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]15

3.15 - PREMATURIDADE

Estudos retrospectivos e meta-análises sugerem que a prematuridade é outro factor

perinatal para o desenvolvimento de asma.

Um estudo, por exemplo, avaliou a importância de idade gestacional, peso à nascença,

ventilação mecânica após o nascimento e história familiar de asma no desenvolvimento de

asma na infância num estudo de 5030 crianças alemãs com idades compreendidas entre os 9 e

os 11 anos (Jaakkola, JJ et al; 2006; von Mutius, E et al; 1993; Frischer, T et al; 1993). A

prevalência da asma era significativamente mais alta em prematuros do sexo feminino,

particularmente nas que precisaram de ventilação pós-parto. Esta diferença não foi provada

em prematuros do sexo masculino.

Page 23: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]16

4 - FACTORES PRECIPITANTES PARA O DESENVOLVIMENTO DE ASMA

4.1 - INTRODUÇÃO

A asma é uma doença pulmonar crónica caracterizada por obstrução das vias aéreas,

inflamação e hiperreactividade. Identificar e evitar os factores precipitantes da asma é

essencial na prevenção de agudizações da asma.

Apesar destes factores precipitantes que provocam agudizações da asma serem muitas

vezes associados a agentes aéreos, existem uma variedade de estímulos que podem causar ou

exacerbar sintomas, incluindo as seguintes categorias de estímulos:

Alergénios inalados

Infecções respiratórias

Irritantes respiratórios inalados (fumo de tabaco incluído)

Variações hormonais

Medicamentos

Actividade física

É recomendado aos profissionais de saúde avaliar os doentes quanto a exposição a um

determinado número de categorias ambientais e outros factores que possam agudizar a asma:

alergénios inalados, fumo de tabaco, poluentes e irritantes inalados, exposições ocupacionais,

refluxo gastroesofágico e outras co-morbilidades, rinosinusites, e intolerância medicamentosa.

Page 24: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]17

Esta avaliação deve ter em conta o grau de exposição, a sensibilidade do doente aos

alergénios identificados, e a significância da relação exposição/sensibilidade no contexto do

historial médico do doente (Platts-Mills, TA et al; 1997).

As exposições a alergénios no domicílio, no quotidiano, na escola e no trabalho deveriam

ser revistas visto que exposições ocupacionais são responsáveis por aproximadamente 15 por

cento dos casos de asma (Peat, JK et al; 1996).

Após o doente identificar os elementos que despoletam os seus problemas respiratórios,

deve ser delineado um plano que permita ao doente reduzir a sua exposição.

O doente tem, geralmente três opções ao lidar com os factores precipitantes da sua asma

(Platts-Mills, TA et al; 1997):

Evicção total dos factores precipitantes (Não realizar a lida da casa por exemplo,

ou não ter animais de estimação caso seja alérgico a estes).

Exposição limitada ao factor despoletante se não for possível remove-lo

completamente (sair da sala se alguém começar a fumar por exemplo).

Tomar uma dose extra de broncodilatador antes da exposição a um factor

precipitante de uma agudização de asma. Esta medida só deve ser implementada

caso as duas primeiras opções não sejam realizáveis. Os doentes devem consultar o

seu médico previamente a utilização desta terapêutica preventiva.

Page 25: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]18

4.2 - ALERGIAS E ALERGÉNIOS

4.2.1 - ALERGÉNIOS INALADOS

Alergia é a principal causa de sintomatologia asmática (Peat, JK et al; 1996). De acordo

com as Guidelines da NAEPP, o “primeiro e mais importante passo no controlo da asma

induzida por alergénios é a redução da exposição aos alergénios relevantes em locais fechados

e ao ar livre”

Por conseguinte, o médico deve realizar uma história clínica exaustiva para determinar se

o doente tem alergias significativas. Um questionário foi publicado para facilitar a avaliação

do médico sobre a relação entre a exposição a alergénios e a presença de sintomas (Platts-

Mills, TA et al; 1997).

Os testes cutâneos podem também ser importantes e devem ser utilizados em doentes com

asma persistente expostos a alergénios perenes de espaços fechados (Sporik, RB et al; 1990).

É importante que, somente substâncias para as quais o doente tenha sido exposto sejam

incluídas nos testes, e os resultados sejam interpretados em conjunto com outros métodos de

diagnóstico, incluindo o histórico médico e exame físico, porque um teste cutâneo positivo só

significa que o paciente tem o potencial para ser alérgico para determinado alergénio. O

diagnóstico de alergia necessita que o doente tenha uma história clínica consistente com os

sintomas pós exposição.

Page 26: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]19

Alergénios inalados mais comuns que podem induzir uma agudização da asma incluem

(Sears, MR et al; 1989):

Alergénios de animais (tanto animais de estimação como infestações: cães,

gatos, pássaros, ratos por exemplo)

Ácaros do pó da casa

Baratas

Fungos de espaços fechados (bolor, míldio)

Alergénios do exterior (árvores, relva, pólenes, esporos de bolor)

Hipersensibilidade imediata a alergénios é muito comum entre crianças e jovens com

asma e rinite. Sensibilidade a um ou mais alergénios dos espaços fechados (ácaros, gato, cão

ou barata), combinado com a acumulação significativa de alergénios nos lares, tem sido

consistentemente, o maior risco para o desenvolvimento de asma na população, em casos

controlo e em estudos prospectivos (Platts-Mills, TA et al; 1997; Peat, JK et al; 1996; Sporik,

RB et al; 1990; Sears, MR et al; 1989; Squillace, SP et al; 1997).

Evidências para uma relação causal entre exposição a alergénios e asma provém dos

testes de broncoprovocação demonstrando que alergénios podem induzir broncoespasmo,

inflamação eosinofílica das vias aéreas e aumento da hiperreactividade brônquica (Cockcroft,

DW et al; 1979; Calhoun, WJ et al; 1994).

Page 27: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]20

Até mesmo, o facto de mudar algumas crianças asmáticas e adultos das casas onde

residem para outras residências, com um nível alergénico mais baixo, resulta numa melhoria

geral a nível sintomático e da hiperreactividade brônquica (Platts-Mills, TA et al; 1997;

Platts-Mills, et al; 1982; Kerrebijn, KF, 1970; Piacentini, GL et al; 1996). Isto torna-se num

importante motivo para recomendar, a doentes com alergias, a diminuição da exposição a

alergénios nas suas residências como forma de controlar a sua asma e rinite alérgica (Sharma,

HP et al; 2007).

4.2.1.1 - ÁCAROS

Os ácaros (Dermatophagoides pteronyssinus e D. farinae) são aracnídeos que

colonizam sofás, camas, carpetes e qualquer superfície de tecido. Os ácaros não picam nem

mordem, à parte de causar alergias, não causam qualquer outro problema ao ser humano. É

por vezes, difícil educar os doentes sobre os ácaros, por estes não serem vistos em

circunstâncias normais.

As partículas fecais dos ácaros contêm um mistura complexa de proteínas alergénicas,

endotoxinas, enzimas bacterianas e dos ácaros, podendo todos estes ser imuno-estimulantes

(Wan, H et al; 1999; Ghaemmaghami, AM et al; 2001). Pensa-se que a exposição principal a

estes alergénios ocorre no tempo passado na cama e no chão.

Page 28: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]21

4.2.1.2 - ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO

A forma mais efectiva de controlar alergénios provenientes de animais de estimação é

convencer a família a não ter animais em casa. A descamação da pele dos animais de

estimação é a maior fonte de alergénios animais.

Quando os gatos, por exemplo, são retirados de um lar, os alergénios persistem por

semanas e até meses (Wood, RA et al; 1989). Este fenómeno também explica o agravamento

de sintomas observados quando um doente alérgico a gatos se muda para uma casa onde

previamente habitavam gatos.

4.2.1.3 - ROEDORES

Ratos e ratazanas produzem uma urina carregada de proteínas alergénicas afectando

tanto de forma ocupacional, em locais de trabalho como laboratórios, como de forma

doméstica (Platts-Mills, TA et al; 1987; Eggleston, PA et al; 1990; Phipatanakul, W et al;

2000; Matsui, EC et al; 2005).

Os alergénios dos ratos conseguem ser medidos em quase todos os centros

populacionais, lares multifamiliares e em quase 75 por cento das casas em regiões suburbanas

(Matsui, EC et al; 2005; Chew, GL et al; 2003).

Page 29: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]22

A exposição de crianças a alergénios de ratos foi associada ao desenvolvimento de

asma, independentemente de outros factores (Phipatanakul, W et al; 2005).

A exposição a ratos também está associado a uma maior dificuldade no controlo da

asma e aumento da utilização dos serviços de saúde em zonas urbanas por crianças

sensibilizadas a alergénios dos ratos (Matsui, EC et al; 2006). Em adultos da população em

geral (não trabalhadores de laboratórios), a sensibilidade aos alergénios dos ratos aumenta de

forma significativa o número de casos de asma e a morbilidade associada à doença

(Phipatanakul, W et al; 2007).

4.2.1.4 - BARATAS

Como exemplo, um estudo com 476 crianças descobriu que a combinação da

positividade dos testes cutâneos e a exposição a alergénios provenientes de baratas foi

associado a uma taxa significativamente mais alta de hospitalizações, quando comparado com

a ausência deste combinação (0,37 para 0,11 hospitalizações por criança por ano)

(Rosenstreich, DL et al; 1997).

Page 30: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]23

4.2.1.5 - FUNGOS DE ESPAÇOS FECHADOS (“INDOOR”)

Fungos domésticos e bolores são um dos maiores problemas em lares com elevada

humidade ou águas estagnadas. Foi feito um estudo randomizado sobre a erradicação de

fungos domésticos em habitações de doentes asmáticos com fungos visíveis,

independentemente do doente estar ou não sensibilizado a quatro dos mais comuns fungos por

testes cutâneos (Sever, ML et al; 2007). Demonstrou-se haver melhoria da sintomatologia

asmática, em mais de 50 por cento dos doentes em que houve tratamento antifúngico

obrigatório. Diminuiu também a utilização de medicação em perto de 41 por cento neste

mesmo grupo.

4.2.2 - ALERGÉNIOS OCUPACIONAIS

Doentes podem vir a desenvolver asma pela primeira vez como resultado de exposição

a alergénios no seu local de trabalho. Isto é referido como asma ocupacional e tem sido

atribuído a certos químicos de baixo peso molecular e compostos orgânicos de alto peso

molecular. Asma ocupacional é diferente de asma pré-existente, agravada pelo local de

trabalho.

Page 31: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]24

4.3 - INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS

Constipações, gripes, infecções pelo vírus respiratório sincicial, bronquites, otites,

sinusites e pneumonias são factores precipitantes comuns para asma por causaram inflamação

das vias aéreas e aumento da produção de muco (Dixon, AE et al; 2006; National Asthma

Education and Prevention Program, 2007).

As agudizações asmáticas que ocorrem com uma infecção respiratória são

frequentemente mais graves do que as que ocorrem noutras alturas. A vacinação com vírus

influenza inactivo, não aumenta o risco de uma agudização asmática e é aconselhada de forma

a reduzir as complicações de uma infecção por influenza (Síndrome gripal, pneumonia)

(National Asthma Education and Prevention Program, 2007; The safety of inactivated

influenza vaccine in adults and children with asthma. N Engl J Med 2001; Cates, CJ et al;

2004).

Page 32: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]25

4.4 - IRRITANTES

O fumo de tabaco é um irritante comum. Entre os doentes com asma, os fumadores

têm sintomas mais severos, mais hospitalizações, declínio acentua da função pulmonar, e

respostas alteradas a corticoesteróides inalados e sistémicos (Siroux, V et al; 2000; Althuis,

MD et al; 1999; Silverman, RA et al; 2003; Apostol, GG et al; 2002; Lange, P et al; 1998;

Chalmers, GW et al; 2002; Tomlinson, JE et al; 2005; Chaudhuri, R et al; 2003).

Cessação tabágica está associado a uma melhoria na função pulmonar (Chaudhuri, R

et al; 2006). Em adição, a exposição a fumo de tabaco aumenta a resposta inflamatória das

vias respiratórias aos alergénios. Os médicos deveriam avisar os seus doentes asmáticos a não

fumar nem sequer a estar expostos a fumo passivo (Diaz-Sanchez, D et al; 2006).

Existe uma grande variedade de irritantes que podem induzir uma agudização da asma,

incluindo fumo de lareiras, cinzas, sprays com aerossóis, odores de cozinha, fumo de

automóveis e poluição aérea. Os gases vindos de fogões em locais com pouca ventilação

também foram associados ao aparecimento de sibilos e sintomatologia asmática (Pilotto, LS

et al; 2004).

Carpetes, tintas e mobílias novas em lares e escritórios podem libertar formaldeído e

compostos orgânicos voláteis (Jaakkola, JJ et al; 2004; Rumchev, K et al; 2004) irritantes e

prejudiciais a doentes asmáticos.

Page 33: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]26

4.5 - CLIMA E TEMPERATURA

O clima e a variação de temperaturas afecta alguns doentes asmáticos.

A temperatura e humidade podem desempenhar um papel importante na asma induzida

por esforço (McFadden, ER Jr, 1995; Anderson, SD et al; 2000; Gilbert, IA et al; 1992).

Apesar do mecanismo ainda não estar esclarecido, a inalação de ar frio e seco aparentemente

induz broncoconstrição durante ou pouco após exercício físico. Uma teoria sugere que o

exercício físico provoca perda de água nas vias aéreas. Esta perda de água leve a uma troca de

moléculas das vias aéreas, causando inflamação, que por consequência causa

broncoconstrição (Anderson, SD et al; 2000).

Tempo húmido e de tempestades também foram associados a exacerbações de asma.

Estudos climáticos descobriram níveis elevados de alergénios no ar, particularmente pólen.

As condições climáticas no princípio de uma tempestade podem causar a ruptura de grãos de

pólen, resultando na libertação de grandes concentrações de pólen. Estes alergénios podem ser

inalados causando agudizações da asma (D'Amato, G et al; 2007; Taylor, PE et al; 2004).

Outra teoria sugere que o aumento da frequência respiratória causa um arrefecimento.

Arrefecimento que é seguido por um rápido fluxo de sangue nos alvéolos pulmonares

causando edema (Anderson, SD et al; 2000; Gilbert, IA et al; 1992)

Page 34: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]27

4.6 - VARIAÇÕES HORMONAIS

Agravamento dos sintomas antes ou durante a menstruação foi documentada em cerca

de 20 a 40 por cento de mulheres com asma (Agarwal, AK et al; 1997; Eliasson, O et al;

1986; Shames, RS et al; 1998; Martinez-Moragon, E et al; 2004). A fisiopatologia desta

situação ainda não está bem esclarecida.

Mulheres com asma desencadeada pelas variações hormonais tem sintomatologia mais

grave do que em mulheres cujas variações hormonais é não afectada. E até mesmo caso de

agudizações graves e fatais em associação a períodos menstruais já foram documentados

(Agarwal, AK et al; 1997; Lenoir, RJ, 1987; Barkman, RP, 1981).

4.7 - MEDICAÇÃO

Alguma medicação pode agravar a asma, de que constituem exemplos significativos os

seguintes agentes:

Beta-bloqueantes não selectivos

Aspirina e outros Anti-inflamatórios não esteróides (AINES)

4.8 - ACTIVIDADE FÍSICA

O exercício físico é um potencial factor precipitante que não deve ser ignorado

nomeadamente em ambientes frios como já foi referido.

O exercício físico aeróbio fortifica o sistema cardiovascular e pode diminuir a

sensibilidade a factores precipitantes de uma crise asmática.

Page 35: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]28

4.9 - FACTORES EMOCIONAIS

A depressão e o stress crónico têm sido associados a maior risco de exacerbações em

doentes asmáticos.

4.10 - DOENÇAS COEXISTENTES

Os profissionais de saúde devem ter sempre em atenção comorbilidades em doentes

com asma mal controlada. Estas doenças podem exacerbar ou mimetizar a sintomatologia

asmática.

Em adolescentes e adultos, incluem-se a doença pulmonar obstrutiva crónica,

aspergilose broncopulmonar alérgica, refluxo gastroesofágico, obesidade, apneia do sono,

disfunção das cordas vocais, depressão e stress crónico.

Em crianças pode-se ainda incluir a aspiração de corpos estranhos, displasia

broncopulmonar e fibrose cística (National Asthma Education and Prevention Program:

Expert panel report III: Guidelines for the diagnosis and management of asthma. Bethesda,

MD: National Heart, Lung, and Blood Institute, 2007).

Por fim, as Guidelines do National Asthma Education and Prevention Program (NAEPP,

1997) recomendam imunoterapia para os alergénios em doentes que:

Haja uma clara prova que a exposição inevitável a um alergénio resulta em

sintomatologia.

A sintomatologia ocorre todo o ano ou quase todo

Haja dificuldade no controlo sintomático com métodos farmacológicos.

Page 36: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]29

5 - DISCUSSÃO, CONCLUSÃO E DIRECÇÕES FUTURAS

Uma boa orientação para a evicção e controlo dos factores de risco e precipitantes para

a asma brônquica pode reduzir os custos com esta patologia, pois se o tratamento for efectivo

ocorrerá queda nos custos directos de hospitalização e admissão em serviços de emergência.

Este grupo de pacientes, de maior risco, deve ser informado da natureza crónica da

doença, deve ser capaz de identificar os factores precipitantes que pioram a sua asma, ser

instruído a tomar correctamente os medicamentos prescritos, manuseando correctamente os

dispositivos para inalação de anti-inflamatórios e broncodilatadores, compreendendo o porquê

da necessária aderência ao tratamento profilático anti-inflamatório, e como e quando utilizar a

medicação sintomática de alívio.

Deve evitar os agentes que desencadeiam as suas crises e saber monitorizar a sua

doença através dos sintomas, reconhecendo o agravamento do quadro, actuando precocemente

através de um plano (escrito) de auto-tratamento, previamente elaborado, e procurando

cuidados médicos na ocasião apropriada.

Page 37: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]30

6 - BIBLIOGRAFIA

1. Agarwal, AK, Shah, A. Menstrual-linked asthma. J Asthma 1997; 34:539.

2. Allmers, H. Frequent acetaminophen use and allergic diseases: is the association

clear?. J Allergy Clin Immunol 2005; 116:859.

3. Althuis, MD, Sexton, M, Prybylski, D. Cigarette smoking and asthma symptom

severity among adult asthmatics. J Asthma 1999; 36:257.

4. Anderson, SD, Daviskas, E. The mechanism of exercise-induced asthma is ... J

Allergy Clin Immunol 2000; 106:453.

5. Apostol, GG, Jacobs, DR Jr, Tsai, AW, et al. Early life factors contribute to the

decrease in lung function between ages 18 and 40: the Coronary Artery Risk

Development in Young Adults study. Am J Respir Crit Care Med 2002; 166:166.

6. Arbes, SJ Jr, Gergen, PJ, Vaughn, B, Zeldin, DC. Asthma cases attributable to atopy:

results from the Third National Health and Nutrition Examination Survey. J Allergy

Clin Immunol 2007; 120:1139.

7. Balzer, B. Paracetamol and asthma. Thorax 2000; 55:882;.

8. Barkman, RP. Sudden death in asthma. Med J Aust 1981; 1:316.

9. Beasley, R, Clayton, T, Crane, J, et al. Association between paracetamol use in

infancy and childhood, and risk of asthma, rhinoconjunctivitis, and eczema in children

aged 6-7 years: analysis from Phase Three of the ISAAC programme. Lancet 2008;

Page 38: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]31

372:1039.

10. Belanger, K, Gent, JF, Triche, EW, et al. Association of indoor nitrogen dioxide

exposure with respiratory symptoms in children with asthma. Am J Respir Crit Care

Med 2006; 173:297.

11. Beuther, DA, Sutherland, ER. Overweight, obesity, and incident asthma: a meta-

analysis of prospective epidemiologic studies. Am J Respir Crit Care Med 2007;

175:661.

12. Burgess, JA, Walters, EH, Byrnes, GB, et al. Childhood allergic rhinitis predicts

asthma incidence and persistence to middle age: a longitudinal study. J Allergy Clin

Immunol 2007; 120:863.

13. Burrows, B, Martinez, FD, Halonen, M, et al. Association of asthma with serum IgE

Platts-Mills, TA. How environment affects patients with allergic disease: indoor

allergens and asthma. Ann Allergy 1994; 72:381.

14. Lau, S, Illi, S, Sommerfeld, C, et al. Early exposure to house-dust mite and cat

allergens and development of childhood asthma: a cohort study. Multicentre Allergy

Study Group. Lancet 2000; 356:1392.

15. Brussee, JE, Smit, HA, van Strien, RT, et al. Allergen exposure in infancy and the

development of sensitization, wheeze, and asthma at 4 years. J Allergy Clin Immunol

2005; 115:946.

16. Tovey, ER, Almqvist, C, Li, Q, et al. Nonlinear relationship of mite allergen exposure

to mite sensitization and asthma in a birth cohort. J Allergy Clin Immunol 2008;

122:114.levels and skin-test reactivity to allergens. N Engl J Med 1989; 320:271.

Page 39: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]32

17. Calhoun, WJ, Dick, EC, Schwartz, LB, Busse, WW. A common cold virus, rhinovirus

16, potentiates airway inflammation after segmental antigen bronchoprovocation in

allergic subjects. J Clin Invest 1994; 94:2200.

18. Camargo, CA Jr, Weiss, ST; Zhang, S, et al. Prospective study of body mass index,

weight change, and risk of adult- onset asthma in women. Arch Intern Med 1999;

159:2582.

19. Cates, CJ, Jefferson, TO, Bara, AI, Rowe, BH. Vaccines for preventing influenza in

people with asthma. Cochrane Database Syst Rev 2004; :CD000364.

20. Chalmers, GW, Macleod, KJ, Little, SA, et al. Influence of cigarette smoking on

inhaled corticosteroid treatment in mild asthma. Thorax 2002; 57:226.

21. Chaudhuri, R, Livingston, E, McMahon, AD, et al. Cigarette smoking impairs the

therapeutic response to oral corticosteroids in chronic asthma. Am J Respir Crit Care

Med 2003; 168:1308.

22. Chaudhuri, R, Livingston, E, McMahon, AD, et al. Effects of smoking cessation on

lung function and airway inflammation in smokers with asthma. Am J Respir Crit

Care Med 2006; 174:127.

23. Chen, Y, Dales, R, Jiang, Y. The association between obesity and asthma is stronger

in nonallergic than allergic adults. Chest 2006; 130:890.

24. Chew, GL, Perzanowski, MS, Miller, RL, et al. Distribution and determinants of

mouse allergen exposure in low-income New York City apartments. Environ Health

Perspect 2003; 111:1348.

Page 40: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]33

25. Cockcroft, DW, Ruffin, RE, Frith, PA, et al. Determinants of allergen-induced asthma:

dose of allergen, circulating IgE antibody concentration, and bronchial responsiveness

to inhaled histamine. Am Rev Respir Dis 1979; 120:1053.

26. D'Amato, G, Liccardi, G, Frenguelli, G. Thunderstorm-asthma and pollen allergy.

Allergy 2007; 62:11.

27. Diaz-Sanchez, D, Rumold, R, Gong, H Jr. Challenge with environmental tobacco

smoke exacerbates allergic airway disease in human beings. J Allergy Clin Immunol

2006; 118:441.

28. Dixon, AE, Kaminsky, DA, Holbrook, JT, et al. Allergic rhinitis and sinusitis in

asthma: differential effects on symptoms and pulmonary function. Chest 2006;

130:429.

29. Dockery, DW, Speizer, FE, Stram, DO, et al. Effects of inhalable particles on

respiratory health of children. Am Rev Respir Dis 1989; 139:587.

30. Droge, W, Breitkreutz, R. Glutathione and immune function. Proc Nutr Soc 2000;

59:595.

31. Eggleston, PA, Ansari, AA, Ziemann, B, et al. Occupational challenge studies with

laboratory workers allergic to rats. J Allergy Clin Immunol 1990; 86:63.

32. Eliasson, O, Scherzer, HH, DeGraff, AC Jr. Morbidity in asthma in relation to the

menstrual cycle. J Allergy Clin Immunol 1986; 77:87.

33. Frischer, T, Kuehr, J, Meinert, R, et al. Risk factors for childhood asthma and

Page 41: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]34

recurrent wheezy bronchitis. Eur J Pediatr 1993; 152:771.

34. Ghaemmaghami, AM, Robins, A, Gough, L, et al. Human T cell subset commitment

determined by the intrinsic property of antigen: the proteolytic activity of the major

mite allergen Der p 1 conditions T cells to produce more IL-4 and less IFN-gamma.

Eur J Immunol 2001; 31:1211.

35. Gilbert, IA, McFadden, ER Jr. Airway cooling and rewarming. The second reaction

sequence in exercise-induced asthma. J Clin Invest 1992; 90:699.

36. Gilliland, FD, Islam, T, Berhane, K, et al. Regular smoking and asthma incidence in

adolescents. Am J Respir Crit Care Med 2006; 174:1094.

37. Guerra, S, Sherrill, DL, Martinez, FD, Barbee, RA. Rhinitis as an independent risk

factor for adult-onset asthma. J Allergy Clin Immunol 2002; 109:419.

38. Hoppin, JA, Umbach, DM, London, SJ, et al. Pesticides and atopic and nonatopic

asthma among farm women in the Agricultural Health Study. Am J Respir Crit Care

Med 2008; 177:11.

39. Huovinen, E, Kaprio, J, Laitinen, LA, Koskenvuo, M. Incidence and prevalence of

asthma among adult Finnish men and women of the Finnish Twin Cohort from 1975

to 1990, and their relation to hay fever and chronic bronchitis. Chest 1999; 115:928.

40. Illi, S, von Mutius, E, Lau, S, et al. Early childhood infectious diseases and the

development of asthma up to school age: a birth cohort study. BMJ 2001; 322:390.

41. Jaakkola, JJ, Ahmed, P, Ieromnimon, A, et al. Preterm delivery and asthma: a

Page 42: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]35

systematic review and meta-analysis. J Allergy Clin Immunol 2006; 118:823.

42. Jaakkola, JJ, Parise, H, Kislitsin, V, et al. Asthma, wheezing, and allergies in Russian

schoolchildren in relation to new surface materials in the home. Am J Public Health

2004; 94:560.

43. Johnston, SL, Pattemore, PK, Sanderson, G, et al. Community study of role of viral

infections in exacerbations of asthma in 9-11 year old children. BMJ 1995; 310:1225.

44. Kerrebijn, KF. Endogenous factors in childhood CNSLD: methodological aspects in

population studies. In: Bronchitis III, Orie, NGM, van der Lende, R (Eds), Royal

Vangorcum Assen, The Netherlands 1970. p.38.

45. Koopman, LP, van Strien, RT, Kerkhof, M, et al. Placebo-controlled trial of house

dust mite-impermeable mattress covers: effect on symptoms in early childhood. Am J

Respir Crit Care Med 2002; 166:307.

46. Lange, P, Parner, J, Vestbo, J, et al. A 15-year follow-up study of ventilatory function

in adults with asthma. N Engl J Med 1998; 339:1194.

47. Lenoir, RJ. Severe acute asthma and the menstrual cycle. Anaesthesia 1987; 42:1287.

48. Marks, GB, Mihrshahi, S, Kemp, AS, et al. Prevention of asthma during the first 5

years of life: a randomized controlled trial. J Allergy Clin Immunol 2006; 118:53.

49. Martinez, FD. Role of viral infections in the inception of asthma and allergies during

childhood: Could they be protective? Thorax 1994; 49:1189.

50. Martinez-Moragon, E, Plaza, V, Serrano, J, et al. Near-fatal asthma related to

Page 43: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]36

menstruation. J Allergy Clin Immunol 2004; 113:242.

51. Matsui, EC, Eggleston, PA, Buckley, TJ, et al. Household mouse allergen exposure

and asthma morbidity in inner-city preschool children. Ann Allergy Asthma Immunol

2006; 97:514.

52. Matsui, EC, Simons, E, Rand, C, et al. Airborne mouse allergen in the homes of inner-

city children with asthma. J Allergy Clin Immunol 2005; 115:358.

53. McFadden, ER Jr. Exercise-induced airway obstruction. Clin Chest Med 1995;

16:671.

54. Micheli, L, Cerretani, D, Fiaschi, AI, et al. Effect of acetaminophen on glutathione

levels in rattestis and lung. Environ Health Perspect 1994; 102 Suppl 9:63.

55. National Asthma Education and Prevention Program: Expert panel report III:

Guidelines for the diagnosis and management of asthma. Bethesda, MD: National

Heart, Lung, and Blood Institute, 2007.

56. Nicholson, KG, Kent, J, Ireland, DC. Respiratory viruses and exacerbations of asthma

in adults. BMJ 1993; 307:982.

57. Peat, JK, Tovey, E, Toelle, BG, et al. House dust mite allergens. A major risk factor

for childhood asthma in Australia. Am J Respir Crit Care Med 1996; 153:141.

58. Phipatanakul, W, Celedon, JC, Sredl, DL, et al. Mouse exposure and wheeze in the

first year of life. Ann Allergy Asthma Immunol 2005; 94:593.

59. Phipatanakul, W, Eggleston, PA, Wright, EC, Wood, RA. Mouse allergen. II. The

Page 44: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]37

relationship of mouse allergen exposure to mouse sensitization and asthma morbidity

in inner-city children with asthma. J Allergy Clin Immunol 2000; 106:1075.

60. Phipatanakul, W, Litonjua, AA, Platts-Mills, TA, et al. Sensitization to mouse allergen

and asthma and asthma morbidity among women in Boston. J Allergy Clin Immunol

2007; 120:954.

61. Piacentini, GL, Martinati, L, Mingoni, S, Boner, AL. Influence of allergen avoidance

on the eosinophil phase of airway inflammation in children with allergic asthma. J

Allergy Clin Immunol 1996; 97:1079.

62. Pilotto, LS, Nitschke, M, Smith, BJ, et al. Randomized controlled trial of unflued gas

heater replacement on respiratory health of asthmatic schoolchildren. Int J Epidemiol

2004; 33:208.

63. Platts-Mills, TA, Longbottom, J, Edwards, J, et al. Occupational asthma and rhinitis

related to laboratory rats: serum IgG and IgE antibodies to the rat urinary allergen. J

Allergy Clin Immunol 1987; 79:505.

64. Platts-Mills, TA, Vervloet, D, Thomas, WR, et al. Indoor allergens and asthma: report

of the Third International Workshop. J Allergy Clin Immunol 1997; 100:S2.

65. Platts-Mills, TAE, Tovey, ER, Mitchell, EB, et al. Reduction of bronchial

hyperreactivity during prolonged allergen avoidance. Lancet 1982; 2:675.

66. Polosa, R, Knoke, JD, Russo, C, et al. Cigarette smoking is associated with a greater

risk of incident asthma in allergic rhinitis. J Allergy Clin Immunol 2008; 121:1428.

67. Porsbjerg, C, von Linstow, ML,Ulrik, CS, et al. Risk factors for onset of asthma: a 12-

Page 45: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]38

year prospective follow-up study. Chest 2006; 129:309.

68. Rosenstreich, DL, Eggleston, P, Kattan, M, et al. The role of cockroach allergy and

exposure to cockroach allergen in causing morbidity among inner-city children with

asthma. N Engl J Med 1997; 336:1356.

69. Rumchev, K, Spickett, J, Bulsara, M, et al. Association of domestic exposure to

volatile organic compounds with asthma in young children. Thorax 2004; 59:746.

70. Schildcrout, JS, Sheppard, L, Lumley, T, et al. Ambient air pollution and asthma

exacerbations in children: an eight-city analysis. Am J Epidemiol 2006; 164:505.

71. Sears, MR, Hervison, GP, Holdaway, MD, et al. The relative risks of sensitivity to

grass pollen, house dust mite, and cat dander in the development of childhood asthma.

Clin Exp Allergy 1989; 19:419.

72. Sennhauser, FH, Kuhni, CE. Prevalence of respiratory symptoms in Swiss children: Is

bronchial asthma really more prevalent in boys? Pediatr Pulmonol 1995; 19:161.

73. Sever, ML, Arbes, SJ Jr, Gore, JC, et al. Cockroach allergen reduction by cockroach

control alone in low-income urban homes: a randomized control trial. J Allergy Clin

Immunol 2007; 120:849.

74. Shaaban, R, Zureik, M, Soussan, D, et al. Rhinitis and onset of asthma: a longitudinal

population-based study. Lancet 2008; 372:1049.

75. Shames, RS, Heilbron, DC, Janson, SL, et al. Clinical differences among women with

and without self-reported perimenstrual asthma. Ann Allergy Asthma Immunol 1998;

Page 46: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]39

81:65.

76. Sharma, HP, Hansel, NN, Matsui, E, et al. Indoor environmental influences on

children's asthma. Pediatr Clin North Am 2007; 54:103.

77. Shore, SA, Fredberg, JJ. Obesity, smooth muscle, and airway hyperresponsiveness. J

Allergy Clin Immunol 2005; 115:925.

78. Silverman, RA, Boudreaux, ED, Woodruff, PG, et al. Cigarette smoking among

asthmatic adults presenting to 64 emergency departments. Chest 2003; 123:1472.

79. Siroux, V, Pin, I, Oryszczyn, MP, et al. Relationships of active smoking to asthma and

asthma severity in the EGEA study. Epidemiological study on the Genetics and

Environment of Asthma. Eur Respir J 2000; 15:470.

80. Sporik, RB, Holgate, ST, Platts-Mills, TAE, Cogswell, J. Exposure to house dust mite

allergen (Der p I) and the development of asthma in childhood: A prospective study. N

Engl J Med 1990; 323:502.

81. Squillace, SP, Sporik RB, Rakes, G, et al. Sensitization to dust mites as a dominant

risk factor for adolescent asthma: Multiple regression analysis of a population-based

study. Am J Respir Crit Care Med 1997; 156:1760.

82. Stenius-Aarniala, B, Poussa, T, Kvarnstrom, J, et al. Immediate and long term effects

of weight reduction in obese people with asthma: randomised controlled study. BMJ

2000; 320:827.

83. Strachan, DP, Butland, BK, Anderson, HR. Incidence and prognosis of asthma and

wheezing illness from early childhood to age 33 in a national British cohort. BMJ

Page 47: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]40

1996; 312:1195.

84. Taylor, B, Mannino, D, Brown, C, et al. Body mass index and asthma severity in the

National Asthma Survey. Thorax 2008; 63:14.

85. Taylor, PE, Jonsson, H. Thunderstorm asthma. Curr Allergy Asthma Rep 2004; 4:409.

86. The safety of inactivated influenza vaccine in adults and children with asthma. N Engl

J Med 2001; 345:1529.

87. Thorne, PS, Kulhankova, K, Yin, M, et al. Endotoxin exposure is a risk factor for

asthma: the national survey of endotoxin in United States housing. Am J Respir Crit

Care Med 2005; 172:1371.

88. Toelle, BG, Peat, JK, Salome, CM, et al. Toward a definition of asthma for

epidemiology. Am Rev Respir Dis 1992; 146:633.

89. Tomlinson, JE, McMahon, AD, Chaudhuri, R, et al. Efficacy of low and high dose

inhaled corticosteroid in smokers versus non-smokers with mild asthma. Thorax 2005;

60:282.

90. Torrent, M, Sunyer, J, Garcia, R, et al. Early-Life Allergen Exposure and Atopy,

Asthma, and Wheeze up to 6 Years of Age. Am J Respir Crit Care Med 2007;

176:446.

91. von Mutius, E, Nicolai, T, Martinez, FD. Prematurity as a risk factor for asthma in

preadolescent children. J Pediatr 1993; 123:223.

92. Wan, H, Winton, HL, Soeller, C, et al. Der p 1 facilitates transepithelial allergen

Page 48: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]41

delivery by disruption of tight junctions. J Clin Invest 1999; 104:123.

93. Weinmayr, G, Weiland, SK, Bjorksten, B, et al. Atopic sensitization and the

international variation of asthma symptom prevalence in children. Am J Respir Crit

Care Med 2007; 176:565.

94. Weiss, KB, Gergen, PJ, Wagener, DK. Breathing better or wheezing worse? The

changing epidemiology of asthma morbidity and mortality. Annu Rev Public Health

1993; 14:491.

95. Weiss, ST, Gold, DR. Gender differences in asthma. Pediatr Pulmonol 1995; 19:153.

96. Weiss, ST, Speizer, FE. Epidemiology and natural history. In: Bronchial Asthma

Mechanisms and Therapeutics, 3d ed, Weiss, EB, Stein, M (Eds), Little, Brown,

Boston 1993. p.15.

97. Wood, RA, Chapman, MD, Adkinson, NF Jr, Eggleston, PA. The effect of cat

removal on allergen content in household-dust samples. J Allergy Clin Immunol 1989;

83:730.

98. Woodcock, A, Lowe, LA, Murray, CS, et al. Early life environmental control: effect

on symptoms, sensitization, and lung function at age 3 years. Am J Respir Crit Care

Med 2004; 170:433.

99. Young, SY, Gunzenhauser, JD, Malone, KE, McTiernan, A. Body mass index and

asthma in the military population of the northwestern United States. Arch Intern Med

2001; 161:1605.

Page 49: [ASMA: FACTORES PRECIPITANTES] · O “International Study of Asthma and Allergy in Childhood” (ISAAC) encontrou uma ampla variação entre 22 países, na qual se encontram sibilos

[ ]42