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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA – UFRBCENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CAMPUS DE SANTO ANTÔNIO DE JESUS-BA
Ser Gari: Do exercício da função (da prática) à invisibilidade
Santo Antônio de Jesus-BA
2016
DARLA LEAL
ÉRICA TAÍSE DOS SANTOS
RAIZA SOBRAL
Ser Gari: O exercício da função, a invisibilidade e o gênero.
Pesquisa apresentada como requisito parcial para aprovação no Componente Curricular Psicologia Organizacional e do Trabalho I, do Curso de Psicologia, Centro de Ciências da Saúde - CCS, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB, sob a orientação do Prof. Dr. Roberval Oliveira.
Santo Antônio de Jesus-BA
2016
Introdução
A respeito do conceito do trabalho, Borges e Tamayo (1999 apud Oliveira, 2004),
consideram o trabalho como um constructo inacabado, o qual varia individualmente, à medida
que deriva do processo de atribuir significados e, simultaneamente, apresenta aspectos
socialmente compartilhados associados às condições históricas da sociedade.
Segundo Zanelli, Andrade e Bastos (2004), o trabalho seria um objeto de múltipla e
ambígua atribuição de significados e/ou sentidos, isso porque sua importância envolve várias
necessidades humanas individuais. O trabalho, conforme mencionado em Oliveira (2004),
acaba por desempenhar diversas funções regulatórias da vida humana, sendo algumas delas:
de prestígio social; de estruturação do tempo; função econômica, além de funcionar como
importante elemento na formação de identidade.
É possível perceber que o trabalho permeia muitos aspectos da existência do homem,
tendo vários significados na vida desse ser social. Coadunando com o quanto mencionado,
Todeschini, Vasques-Menezes e Soratto (2010) apontam que a função do trabalho é construir
subjetividade e identidade, bem como colocar o homem como construtor ativo da realidade. É
por meio do trabalho, segundo os autores, que o homem se relaciona com a natureza, com
outros e consigo mesmo, uma vez que, trabalhando ele expressa seus afetos e competências.
Assim, o que se depreende do quanto exposto e da análise dos escritos de Oliveira (2004) é
que o trabalho é um fenômeno complexo, ambíguo, polissêmico e multifacetado.
As mudanças que o processo de trabalho sofreu ao longo do tempo podem estar
relacionadas a transformações sociais e políticas advindas da Revolução Industrial, uma vez
que esta ocasionou o surgimento de novas classes sociais e a passagem da sociedade agrária
para a industrial.
Uma dessas categorias profissionais que se amoldaram a essas transformações é a de
Gari. Segundo descrição prevista no sitio eletrônico do Ministério do Trabalho e Emprego,
especificadamente na Classificação Brasileira de Ocupações – (CBO, 2002), instituída pela
portaria ministerial nº. 397, de 9 de outubro de 2002, a qual tem por finalidade a identificação
das ocupações no mercado de trabalho, a categoria profissional Gari é definida como sendo a
de trabalhadores que prestam serviços de coleta de resíduos, de limpeza e conservação de
áreas públicas.
Na referida busca observou-se que ,além da numeração específica, estavam descritas
subcategorias, a saber: Coletor de lixo domiciliar (Agente de coleta de lixo, Coletor de lixo,
Lixeiro); Varredor de rua (Gari, Margarida); Trabalhador de serviços de limpeza e
conservação de áreas públicas e Coletor de resíduos sólidos de serviços de saúde (Coletor de
lixo hospitalar, Coletor de resíduos de saúde, Coletor de resíduos hospitalares).
Ao revisar a literatura científica, foram observadas nomenclaturas distintas para falar
sobre a categoria profissional pesquisada. Palavras como lixeiro, coletor de lixo, Gari,
margaridas e trabalhador de limpeza pública são frequentemente encontradas nos materiais
selecionados. Contudo, na presente pesquisa, optou-se por utilizar a palavra Gari. A escolha
desse termo encontra sustentação da monografia de Rodrigues (2013) quando, ao apresentar a
caracterização histórica dessa ocupação, menciona que a palavra Gari vem do nome de Pedro
Aleixo Gari que, durante o Império, assinou com a corte brasileira o primeiro contrato de
limpeza urbana no Brasil.
Para além dessa argumentação histórica, a terminologia mais empregada no contexto
cultural do Recôncavo da Bahia, onde a pesquisa foi realizada, é o termo Gari. Por essa razão
achou-se pertinente que essa fosse a terminologia empregada nessa pesquisa. Em linhas
gerais, os Garis são os profissionais cuja função é realizar a coleta e destinação dos resíduos
produzidos e descartados pela comunidade, os quais são conhecidos como lixo.
Insta constar que, dentre as pesquisas realizadas, foi encontrada dificuldade em localizar
muitos artigos que versassem sobre categoria dos Garis e desdobramentos acerca da
investigação desta profissão. Sobre o tema, Soares (2011) e Lulhier (2005 apud Motta, 2013)
mencionam duas possíveis razões para essa escassez de produção científica referente à
categoria profissional, para tanto esses autores:
“Atribuem a escassez de estudos à definição negativa do lixo. Existe, ainda, a possibilidade da dificuldade em ter localizado menos publicações que as realmente existentes devido à deficitária padronização das palavras chaves utilizadas nos artigos científicos nas revistas brasileiras.” (MOTTA, p.12).
Outro fator encontrado na literatura, para a pouca produção cientifica sobre a
categoria profissional dos Garis, pode ser atribuído a desqualificação social da profissão, a
qual de acordo com Velloso, Valadares & Santos (1998), é árdua e as condições de trabalho
geralmente são precárias, uma vez que esses profissionais usam o próprio corpo como
instrumento de coleta dos lixos.
Esse entendimento pode ser verificado quando Leal & Cols (2013), mencionando
Filho (1998) e Costa (2004) afirmam que tais autores versam que a divisão social de classes
proporcionou uma maior desigualdade entre as profissões, sendo umas consideradas de
prestígio social enquanto outras caracterizam-se pela servidão.
Em decorrência do desprestigio em relação a algumas profissões, a categoria
profissional dos Garis é considerada como uma dessas que não possui notoriedade social.
Esse aspecto pode ser relacionado a invisibilidade pública, conceito que é encontrado em
Costa (2008) e que diz respeito a uma espécie de fenômeno psicossocial de desaparecimento
de um homem no meio de outros.
Segundo esse mesmo autor, a invisibilidade pública é resultado de um processo
histórico de longa duração, o qual rebaixa a percepção de outrem, especialmente a percepção
de alguém vinculado à forma baixa do trabalho desqualificado, (COSTA, 2008). Dessa forma,
o que se pode compreender é que socialmente foi sendo estabelecida categorizações no que
diz respeito as profissões, as quais colocam de um lado aquelas que se tem prestígio em
exercer e as que possuem um caráter subalterno, sendo que as pessoas que a exercem perdem
sua condição de humanização.
Visualizando essas questões que perpassam a categoria profissional, a presente
pesquisa foi desenvolvida para compreender o significado do trabalho para os Garis. A
realização da pesquisa possui relevância social e acadêmica, pois ao desvelar as características
de tal categoria trabalhista, bem como as impressões dos trabalhadores acerca de sua função,
pode-se conhecer as nuances do trabalho, sob o olhar do próprio profissional, bem como
proporcionar reflexão sobre a visibilidade da profissão.
MÉTODO
A presente pesquisa de campo, caracteriza-se como descritiva qualitativa, a qual
segundo Minayo (2001), diz respeito ao tipo de pesquisa que responde a questões muito
particulares, preocupando-se com a realidade que não pode ser quantificada, levando-se em
conta os significados e valores de narrativas ou fenômenos pesquisados. A coleta de dados foi
desenvolvida a partir da entrevista semiestruturada, que segundo Minayo (2009), ao combinar
perguntas fechadas e abertas possibilita ao entrevistado discorrer sobre a temática em questão
sem se prender à indagação formulada, e ao entrevistador uma maior flexibilização.
Segundo Gil (2007, p.118) “Pode-se definir entrevista como a técnica em que o
investigador se apresenta frente ao investigado e lhe formula perguntas, com o objetivo de
obtenção dos dados que interessam à investigação.” Salienta-se que a entrevista contou com
dados de identificação sócio demográfica, os quais visam identificar as características
individuais do sujeito, como idade, sexo, escolaridade, dentre outros.
As entrevistas ocorreram nos meses de novembro e dezembro, em espaços públicos
de um município do recôncavo baiano, em horário agendado com os profissionais Garis. Os
relatos foram gravados, posteriormente transcritos, sendo seu conteúdo analisado. Tal
metodologia de abordagem e agendamento aconteceu para proporcionar maior comodidade
para os participantes, não interferindo em seu horário de trabalho.
A pesquisa contou com a participação de 04 (quatro) profissionais, convidados a
participarem da pesquisa espontaneamente, com idades entre 24 e 38 anos, sendo 1 (um)
participante do sexo masculino e 3 (três) do sexo feminino. Afim de viabilizar a pesquisa e
facilitar o contato com os profissionais, os participantes escolhidos foram apenas os
profissionais Garis de varrição, não selecionando os Garis de coleta, por conta de
disponibilidade de espaço e tempo para a realização da entrevista, uma vez que o exercício da
função destes se dá percorrendo a cidade, dentro dos carros de coleta. As outras funções que
também fazem parte da categoria profissional não foram escolhidas para a coleta de dados,
pois no município escolhido para a realização da pesquisa, só contam com os profissionais de
coleta e varrição.
Para a análise de discussão dos dados, foram utilizados nomes fictícios, afim de
proteger a identidade dos entrevistados. A maior quantidade de participantes mulheres se deu
porque as atividades de limpezas das ruas são mais desenvolvidas pelas mesmas, segundo
relato de uma das entrevistadas e de acordo com a literatura. Em relação aos participantes:
Rebeca, 38 anos de idade, moradora do município de Santo Antônio de Jesus,
solteira e declarou-se negra. De religião protestante e com ensino fundamental incompleto, ela
reside com seu marido, o qual trabalha com serviços gerais, e com seus 04 (quatro) filhos. O
sustento da casa depende do trabalho dela e do seu cônjuge, tendo como renda total R$ 1.100,
00 (mil e sem reais).
Ana, também com 38 anos de idade e de religião católica, foi a segunda entrevistada.
Ela declarou-se solteira e de cor preta, com ensino fundamental incompleto. Reside com seus
03 (três) filhos e com seu companheiro, o qual também é gari. Declarou ter sua renda total
em torno de R$ 800,00 (oitocentos reais).
Luciana, solteira, 31 anos, mora em Santo Antônio de Jesus com seus 03 (três) filhos.
De religião católica, com ensino fundamental incompleto, declarou-se de cor preta. Ela é
provedora da casa, tendo sua renda total de R$ 800,00 (oitocentos reais).
Luiz, 24 anos e solteiro, relatou não ter religião. Reside também em Santo Antônio
de Jesus, estudando até o 1ª ano do ensino médio e não tem filhos. A sua renda mensal é em
torno de R$ 1.000,00 (mil reais).
Os dados foram analisados a partir da construção de categorias temáticas, após
transcrição e leitura das falas, posteriormente verificando o que mais de significativo e em
comum surgiu durante os relatos. As categorias são :1) O Trabalho: significados e funções; 2)
Vínculo no trabalho; 3) Lixo urbano e os riscos à saúde e 4) Garis e Invisibilidade Social.
Resultados e discussão
1. O TRABALHO: SIGNIFICADOS E FUNÇÕES
Após análise de conteúdo do discurso dos Garis, podemos estabelecer correlações
entre as falas destes profissionais e literatura pertinente à Psicologia Organizacional e do
Trabalho e de estudos que trataram anteriormente da profissão em questão. Com o intuito de
compreender o significado e as funções do trabalho para esses profissionais, a seguir traremos
os resultados e discussão que foram propiciados com esta pesquisa.
O trabalho, nos discursos dos Garis, apareceu com diferentes funções e dimensões.
Para Luciana, trabalhar é algo central, ao relatar que é “Tudo na vida! Ganhar um trocado! É
bom trabalhar!” Para Luiz, o trabalho é o que “Faz viver. Dá o sustento.” A partir da leitura
de Oliveira (2004), depreende-se que o trabalho para Luciana e Luiz, respectivamente,
apresenta duas funções preponderantes: a função integrativa, caracterizada como aquela que
dá sentido à vida do sujeito, mediante a realização da vida pessoal, já a outra função seria a
econômica, na medida que proporciona ao sujeito a sua subsistência.
As demais participantes disseram que o trabalho é importante para a sobrevivência,
mas em relação a outras esferas da vida, como família, religião, lazer e comunidade, ele não
possui uma dimensão central. Esse aspecto é percebido na fala de Ana, quando esta coloca a
família como elemento principal em sua vida, “Porque trabalho você sai de um pra outro,
família se mantém.”
Apesar de ser uma esfera importante, Ana e Luíz consideram que o trabalho é
passível de mudança. Isso leva a relacionar, segundo Woleck, 2000 ao citar Singer, 1995, que
se no passado pré-industrial os empregos eram o único caminho amplamente disponível para
a segurança e para a satisfação das necessidades de sobrevivência, atualmente o que existe é a
precarização das relações de trabalho e a substituição das relações formalizadas de emprego,
percebidas através do aumento das relações informais, pelas formas de contratação por tempo
limitado, de assalariamento sem registro, de trabalho a domicílio e outras. Isso fica
evidenciado com os dados do Cadastro Geral de Empregados (CAGED), do Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE), que apontam que cerca de 2,56 milhões pessoas ficaram
desempregadas, entre janeiro de 1990 e dezembro de 2000. (CAGED, 2016)
Em relação à categoria profissional dos Garis, ao considerar as novas formas de
organização capitalista e os novos modelos de produção, o que impera é o processo de
terceirização do serviço de limpeza. Através desse processo, houve a flexibilização nos
contratos de trabalho, os quais permitem, respeitando o salário mínimo legal, a redução dos
salários da categoria, a jornada extraordinária e a alta rotatividade no emprego (ALVES,
2005). Esse processo, para os referidos profissionais, pode gerar um caráter instável ao
emprego, passando o trabalho a não mais representar uma fonte de segurança e estabilidade.
Sobre a terceirização como um processo que gera insegurança para a categoria
profissional dos Garis, Motta (2013), ao citar Druck & Franco (2008), menciona que a
terceirização expandiu-se demasiadamente, gerando clima de insegurança entre os
trabalhadores e pode ser preocupante em relação à saúde psíquica dos mesmos.
Ao discutir sobre as funções do trabalho, bem como os lugares que ele ocupa na vida
dos participantes, percebe-se que não há um grau de homogeneidade em relação as respostas.
Por um lado, o trabalho aparece como fonte de subsistência, porém é colocado em um lugar
de insegurança, por não mais assegurar estabilidade.
2. VÍNCULOS COM O TRABALHO
No que diz respeito ao vínculo com o trabalho, ao longo da pesquisa, apenas uma
profissional relatou que gosta do emprego atual, por este se configurar como uma fonte de
sobrevivência, o que demonstra o vínculo instrumental. Tal vínculo, de acordo com Coleta &
Naves (2003), está relacionado à avaliação que o profissional realiza sobre os custos e
benefícios associados à sua saída ou permanência no trabalho.
O vínculo instrumental também aparece nas falas dos outros participantes, pois
relatam que gostam de trabalhar, porém não do emprego atual e, se tivessem oportunidade,
trabalhariam em outra ocupação. Eles mencionam: “Gosto de trabalhar”, mas ser gari “é um
trabalho muito puxado. Tem que ter garra!” (Ana) e “Gosto [de trabalhar], odeio ficar
dentro de casa porque se ficasse eu ficaria doente, mas não gosto desse trabalho, porque é
muito pesado.” (Luciana). “Gostaria [de sair do trabalho]! Só quero um trabalho menos
puxado.” (Luís)
Ainda sobre o vínculo instrumental, levando em consideração Zanelli, Andrade e
Bastos (2004), esse tipo de comprometimento pode ter como causas a falta de oferta de
emprego ou ofertas pouco atrativas para esses profissionais. Por outro lado, os autores
apontam que empregados que tenham esse tipo de comprometimento, conseguem ser
moderadamente satisfeitos com o trabalho, mesmo paradoxalmente apresentando-se menos
motivados e com baixos níveis de desempenho.
Um outro vínculo identificado a partir da fala de uma profissional foi o vínculo
afetivo, quando ela relata: “Eu amo meu trabalho. Converso, eu brinco...” E perguntamos se
gostaria de mudar de trabalho, ela nos responde que não, o que corrobora Bastos (2004), ao
dizer que quando o trabalhador se sente vinculado ao seu emprego ou empresa, é menos
provável que ele falte ao trabalho, a sua produtividade será maior, além de sentir-se
pessoalmente realizado e feliz.
3. O LIXO URBANO E AS RELAÇÕES COM A SAÚDE
Referente à saúde no trabalho, todos os participantes relataram ligação entre a prática
profissional e risco à saúde. Luciana e Ana explicaram que o trabalho de Gari pode ocasionar
problemas, como demonstrado na fala: “Pode [ter] problemas de pele, a poeira demais... nós
estamos arriscados a tudo! Nunca fiquei doente, só sinto a coluna quando tenho que
capinar.” (Luciana)
O relato de Luciana pode remeter a um entendimento complexo do que seja saúde
para ela, isso fica explicitado quando diz que “Nunca” ficou doente e na mesma fala relaciona
dores na coluna com uma das práticas de seu trabalho. A exclamativa de Luciana sobre os
riscos de seu trabalho traz um alerta: o arriscar-se a tudo pode remeter a vários agravos no
ambiente de trabalho. Desta forma, entende-se que esta profissional, por exercer um profissão
insalubre, vivencia diversos fatores que prejudicam a sua saúde.
Ana relata: “Tem vezes que a gente tá com a garganta inflamada.” E que já
aconteceu dela ficar doente devido ao trabalho, quando diz: “Logo logo no início fiquei muito
gripada, com falta de ar, por causa da poeira, essa poeira fina... “
Apesar de na referida pesquisa tratar sobre os Garis de varrição, se faz extremamente
importante trazer o que expõem Ferreira & Anjos (2001 apud Lazzari, 2009), quando
mencionam sobre os riscos que os trabalhadores envolvidos com a coleta de resíduos sólidos
estão submetidos. Estes autores informam que são seis os tipos de diferentes riscos
ocupacionais, sendo considerado para a pesquisa, dois deles:
– Químicos: gases, névoa, neblina, poeira, substâncias químicas tóxicas; – Ergonômicos: sobrecarga da função osteomuscular e da
Considerando tais riscos pode-se mencionar que muitas são as medidas de proteção,
relacionadas à saúde dos trabalhadores, que visam minimizar os acidentes de trabalho e as
doenças ocupacionais. No caso dos Garis, o uso de Equipamentos de Proteção Individual
(EPI) deve ser obrigatório segundo a Norma Regulamentadora nº 6 (NR6) (MOLOSSI, 2012).
Das falas analisadas, considerando a categorização de riscos supracitada, o que se pode
observar é que os Garis de varrição estão expostos tanto aos riscos Químicos quanto aos
riscos Ergonômicos.
É imperioso citar a NR9, a qual estabelece a obrigatoriedade da elaboração e da
implementação do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), por parte dos
empregadores e das instituições que admitam trabalhadores como empregados, visando a
preservação da saúde e da integridade destes. No mesmo sentido, a NR6 preconiza o uso
da “peça semifacial filtrante (PFF1)" a qual tem o uso indicado para proteção das vias
respiratórias contra poeiras e névoas, portanto tal equipamento é de uso indispensável para os
Garis. (MTE, 1978 )
No que pertence a Ergonomia, sua referência está embasada também em uma norma
regulamentadora, a NR17, que visa adaptar as condições de trabalho às características
psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto,
segurança e desempenho eficiente. Incluindo aspectos relacionados ao levantamento,
transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais
do posto de trabalho e à própria organização do trabalho, cabe ao empregador realizar a
análise ergonômica.
Depreende-se, portanto, que o exercício da profissão do Gari exige, em demasia, da
saúde do profissional, que pode está submetido a riscos diversos, os quais devem ser
minimizados com a utilização dos equipamentos necessários e obrigatórios, o que possibilita
o exercício da função de forma articulada com ações de cuidado e prevenção.
4. GARIS E A INVISIBILIDADE
Por ter um roteiro semiestruturado, um aspecto que apareceu nas entrevistas foi a
questão da invisibilidade relacionada à categoria profissional. Em relação ao lugar social que
o Gari ocupa, todos declararam que, apesar de gostarem de trabalhar, não desejam a profissão
deles para seus filhos, pois quem é Gari é porque não teve muito estudo, não teve
oportunidade. Além desse aspecto, enfatizaram que não desejam por ser uma profissão pouco
valorizada, como é demonstrado na fala de Luciana: “Não gostaria [que os meus filhos
fossem Gari] porque é um trabalho de muita humilhação, quero que eles trabalhem em
outros locais como um mercado ou que sejam donos do seu próprio negócio.”
A invisibilidade a que esses profissionais podem estar assujeitados, cria dentro de si
uma imagem de desmerecimento de sua profissão enquanto condição humana, pois o
exercício profissional é um dos elementos que favorecem a construção de sentido à vida do
sujeito. Não vislumbrar que seus filhos sejam Garis pode estar relacionado a caracterização
social e histórica de que tal profissão é subalterna e sem prestígio. Leal & Cols (2013)
apontam que “atitudes negativas, caracterizações estereotipadas e preconceitos são lançados
e atribuídos às profissões sem status social, vistas como inferiores, ainda que façam parte do
mercado formal, como é o caso dos garis.”
Sendo assim, a profissão de Gari é atribuída à pessoas com baixa escolaridade. Dar-
se a ideia muitas vezes que a realização do trabalho é algo que pode ser feito por qualquer
pessoa, não sendo um trabalho que requeira mão de obra especializada e treinada para tais
práticas. Pode-se discutir, a partir do entendimento dos autores e das falas dos entrevistados,
que existe um desmerecimento dessa classe trabalhadora e do trabalho por ela realizado. A
participante Ana demonstra isso em sua fala quando diz: “Não gostaria que meus filhos
seguissem. Essa profissão é pro pessoal que não sabe nada.”
Ainda seguindo o pensamento de Leal & Cols (2013), apesar do desmerecimento e
descrédito das funções atribuídas à profissão em questão, essa invisibilidade deixa de existir,
pelo menos parcialmente, no momento em que esse trabalho deixa de ser feito. Os autores
afirmam que a profissão passa a ser vista por aquilo que é dela, a função de cuidar, que está
relacionada a retirada do lixo, ao mal cheiro e ao aspecto desagradável nas ruas. Porém, é
importante atentar-se para o fato de que o que é percebido nesse caso não é a pessoa humana e
a sua falta, mas a instrumentalidade para a sociedade.
No relato de Ana, essa invisibilidade é percebida quando ela explicita que se sente
inferior em outros locais de convivência, como no transporte público, nos mercados e em
bancos, quando está trajando o uniforme do seu trabalho. Ela relata que as pessoas rejeitam a
sua proximidade, mas não se dão conta da importância da profissão do Gari para a sociedade,
uma vez que, se não fosse o desempenho das funções desta categoria profissional, a limpeza
urbana seria inexistente.
TRABALHO: UMA QUESTÃO DE GENÊRO E RAÇA
Com o desenvolvimento do artigo, foi percebido que os 4 (quatro) participantes
autodeclararam-se negros, (segundo o IBGE, a categoria negros é referente ao somatório de
pretos e pardos). Analisar essa informação e o lugar social que ocupa a profissão do Gari, fez
com que fosse possível discutir, através de uma categoria de análise, a questão laboral sobre o
recorte de raça e gênero.
Sendo sujeitos de subjetividades, mulheres e homens experienciam, de modo
completamente diferenciado, as vicissitudes da vida, apesar de estarem inseridos na mesma
sociedade e exercendo a mesma atividade laboral. No Brasil, tanto a herança escravocrata
como o patriarcado implicaram e implicam em um elevado grau de desigualdade no que diz
respeito ao mercado de trabalho (Cacciamali e Cols, 2005). Nesse sentido, os autores afirmam
que negros e mulheres enfrentam um ambiente de oportunidades desiguais.
Santos e Cols (2014) afirmam que estudos nacionais e internacionais apontam o
racismo e o sexismo como a explicação mais sólida para as desigualdades socioeconômicas
existentes no Brasil, e de acordo com Almeida (2014), também engendra políticas de
branquidade que não atendem às necessidades humanas da população negra. Ao citar
Schucman (2012), Santos e Cols (2014) afirmam ainda que, o homem branco heterossexual é
supervalorizado e que tal valoração está diretamente relacionada à inserção ou não no
mercado de trabalho; à quantidade de horas trabalhadas; às posições sociais que ocupa e ao
acesso às previdências sociais em detrimento dos demais sujeitos.
Considerar as desigualdades de gênero e raça existentes no Brasil é analisar a questão
sob a ótica da interseccionalidade. Sirma Bilge (2009) citado por Hirata (2014), explicita que
a interseccionalidade tem como objetivo compreender as consequências das diferentes formas
de dominação e discriminação, relacionadas às identidades sociais e os modos de opressão
advindos dessas desigualdades. Deste modo, Hirata (2014) conclui que esse conceito
estabelece uma interdependência das relações de poder, raça, sexo e classe.
É entendido, de acordo com Bandeira e Almeida (2015), que a interseccionalidade
situa mulheres e homens em posições distintas, de acordo com a cena social em que se
inserem. Logo, observar sob tal ótica as relações raciais e de gênero, faz compreendê-las de
forma mais ampla, para além das dicotomias simplistas, que polarizam as categorias homem e
mulher, branco e negro. Analisar por este viés, portanto, é compreender a complexidade e as
assimetrias que perpassam a dinâmica dessas relações.
No que diz respeito ao homem negro, fazendo uma análise histórica de sua condição,
Silva e Santos (2012) afirmam que no período do Brasil República, havia uma alta taxa de
negros enveredando para os caminhos da criminalidade ou em ocupações braçais desgastantes
e com baixa remuneração, como a construção civil, pois a abolição da escravidão só garantiu
aos ex-escravos uma liberdade formal e não a inserção no mercado de trabalho.
Nesse sentido, para Bandeira e Almeida (2015), ser homem e ser gari tem sido
considerado muito pejorativo, pois há um imaginário a informar que aquele homem para o
qual somente “restou” a condição (e não profissão) de lixeiro, seria porque seu valor não é
assemelhado aos seus pares, não permitindo condição de igualdade entre eles. Esta questão
traz à tona o mito da Democracia Racial, que denuncia o preconceito mascarado nas
disparidades entre negros e brancos, o qual deixa seus resquícios até os dias atuais.
Considerando a presente pesquisa, apesar do Gari do sexo masculino ser aquele com
maior grau de escolarização dentre os entrevistados, constata-se que para o exercício do seu
labor não há exigência de qualificação específica, o que não considera o seu processo de
educação formal. Isso denota uma forma do preconceito velado, que também se expressa na
ocupação desse homem negro em trabalhos subalternos, desgastantes e com baixa
remuneração, o que fica evidenciado em uma de suas falas: “só quero um trabalho menos
puxado e que me pague bem.”
De acordo com Silva e Santos (2012), pode-se dizer que o lugar ocupado socialmente
pelo homem negro é fruto de um processo de abolição escravista que fez com que ele
ocupasse os setores mais subalternos da sociedade. Segundo os autores, para os ideais do
Brasil republicano, o negro não estava preparado para se adaptar as demandas da economia
capitalista, que se estabelecia no período com o desenvolvimento do trabalho livre.
Para legitimar essa condição de subalternidade as elites e o governo brasileiro
buscavam excluir o negro do plano político, social e econômico, utilizando-se das Teorias
Raciais e da imigração europeia. Tais medidas, travestidas de cientificidade, objetivavam a
suposta melhoraria do país, ainda que inviabilizando a mudança de status da população negra,
a qual foi colocada a margem da edificação do Brasil. (SILVA E SANTOS, 2012)
Almeida (2014) afirma que de modo algum a República trouxe melhoria para a
população negra, deixando-a à sua própria sorte. Para a autora, apesar da criação de medidas
reparatórias ao longo do tempo, as políticas não tem sido suficientes para impedir a violência
sobre a população negra, que além do genocídio, se materializa também no desemprego
estrutural; no subemprego; no analfabetismo, entre outras formas.
No que pertence às 03 (três) mulheres autodeclaradas negras que participaram da
pesquisa, e o exercício de sua função na condição de mulher Gari, o que se pode observar é
que a discriminação no mercado de trabalho atua de forma mais gravosa sobre a mulher
negra. Santos e Cols (2014), ao analisar dados do Departamento Intersindical de Estatística e
Estudos Socioeconômicos (Dieese, 2005, p. 2), afirmam que as mulheres negras são "a síntese
da dupla discriminação de gênero e raça na sociedade brasileira: mais pobres, em situações de
trabalho mais precárias, com menores rendimentos e as mais altas taxas de desemprego".
Almeida (2014) ao citar Paixão (2003), ratifica que entre os anos de 1987 e 1998, na
região metropolitana de São Paulo, o desemprego dos negros cresceu com uma intensidade
maior do que entre brancos, principalmente para as mulheres negras trabalhadoras com mais
de 24 anos. Cacciamali e Hirata (2005) asseveram que a posicionalidade inferior da mulher
negra está diretamente relacionada à tradição patriarcal, a qual estabeleceu e estabelece
menores salários e pouca mobilidade vertical como formas de segregação.
Tal situação demonstrada acima projeta a mulher negra em último lugar na escala
social. Avaliando a situação do trabalho da mulher negra brasileira, sobre a égide da
interseccionalidade, Bandeira e Almeida (2015) dizem que a permanência de traços
estruturais do passado escravocrata na construção da sociedade capitalista, coloca o trabalho
da mão de obra feminina negra na condição de trabalho desqualificado, braçal e abjeto, sendo
este último de caráter desprezível.
Mas o que isso tem a ver com a categoria profissional do Gari e com o trabalho da
mulher negra? No caso da categoria pesquisada, as garis negras sofrem desigualdades por
assumir uma posição duplamente subalterna na sociedade, a primeira por ser uma mulher
negra e a segunda por exercer uma profissão que é demarcada pela ojeriza social que provoca
quando não é realizada.
Desta forma, fazendo um paralelo entre a interseccionalidade e o mundo do trabalho
no Brasil, principalmente o do trabalho dos Garis, pode-se entender que a existência de
valores que são herdeiros de um processo escravocrata e machista que discriminam raça e
gênero, influencia tanto na admissão e definição, como na remuneração de uma atividade
laboral, o que garante por sua vez, oportunidades desiguais para sujeitos diferentes no
exercício de sua função.
Além desse aspecto, é imperioso demonstrar também, como bem apontam Bandeira e
Almeida (2015), que o exercício da profissão do Gari está socialmente associada à sujeira, e
esta por sua vez, faz emergir a sensação de desordem, de perigo, erro, de violência e do
anormal, que contamina a quem com ela lida.
No que diz respeito às mulheres negras, Carneiro (2003) citado por Rosa e Cols.
(2012) informa que estas amargam os piores níveis de escolaridade, com rendimentos
menores em comparação com as mulheres brancas, ainda que exercendo as mesmas
atividades, e, ainda, com menores possibilidades de ascensão social em virtude do estigma
racial.
O que se pode compreender é que as variáveis gênero e raça para as mulheres negras
produzem diferentes lugares para os diferentes sujeitos, dadas suas características, de modo a
resultar em oportunidades desiguais para sujeitos diferentes. Tais variáveis guardam aspectos
das relações desenvolvidas no regime escravocrata, o qual sempre colocou o homem branco
como sujeito de privilégios e a mulher negra como uma categoria subumana como força
subalterna de trabalho (SANTOS e Cols, 2014).
Desse modo, percebe-se através de Santos e Cols (2014), que as desigualdades de
gênero e raça são eixos estruturantes da matriz da desigualdade social no Brasil que está na
raiz da permanência e reprodução das situações de pobreza e exclusão social. Por isso,
enfrentar essas desigualdades significa tratar de uma característica estrutural da sociedade
brasileira. Contudo, é importante pontuar que essa não é uma tarefa fácil, haja vista que o
tema parece não despertar o interesse do meio acadêmico, talvez por ser uma questão
estritamente negra que carece do lugar de prestígio, o que fica claro através da publicação de
parca literatura sobre a temática.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Depreende-se, com essa pesquisa, que discutir sobre questões que permeiam o
trabalho do profissional Gari torna-se relevante para a reflexão social e acadêmica, uma vez
que tem-se informações sobre a profissão a partir do próprio olhar do profissional em uma
relação direta homem-trabalho. Desta forma, os relatos foram de grande contribuição para
uma discussão acerca das funções e vínculos com o trabalho; com as condições de trabalho
que podem afetar a saúde desses profissionais; com a invisibilidade sofrida por ser uma
profissão que historicamente não possui notoriedade social e a questão de gênero que
perpassam a vida desses trabalhadores.
Com o intuito de investigar mais a fundo correlações no processo de saúde/doença,
atividades laborais dos Garis e uso de EPI, faz-se necessário um estudo pormenorizado sobre
esta temática, uma vez que a pesquisa se propõe a investigar qual o significado do trabalho
sobre a ótica do profissional e os possíveis desdobramentos. Informamos que não realizamos
uma análise jurídica acerca dos parâmetros legais. Contudo, mesmo com essa limitação, foi
possível avaliar os problemas relacionados à saúde e aos riscos a que os Garis estão
submetidos.
Como medida preventiva para minimizar os riscos no trabalho, a sugestão seria a
observação, por parte da empresa empregadora das normas regulamentadoras, as quais
possuem embasamento na Constituição Federal do Brasil (Brasil, 1988) e na Consolidação
das Leis Trabalhistas (CLT, 1943), bem como treinamentos cíclicos e contínuos com os Garis,
por parte da empregadora, com o fito de promover e manter a saúde dos profissionais,
problematizando sobre os fatores nocivos no local de trabalho e o esforço físico tolerado.
No que pertence a discussão acerca da invisibilidade, o que se observa é que tal
situação perpassa por várias questões. Neste sentido, faz-se pertinente também uma
investigação acerca desse fenômeno, pois trata-se de uma construção histórica do
significado atribuído a essa profissão.
Em relação a última categoria analisada, apesar da dificuldade de se encontrar
literatura acerca da temática que ajudasse na discussão, falar sobre raça, gênero e
interseccionalidade é compreender que sujeitos distintos ocupam lugares específicos, os quais
são provenientes da manutenção de desigualdades sociais e históricas que relegaram e
relegam tanto ao homem como à mulher negra o lugar da subalternidade.
Esta pesquisa possibilitou a percepção de como estes profissionais compreendem o
exercício de sua profissão para a sociedade, as nuances do trabalho no modelo econômico
atual, os dilemas com questões de saúde, entre outros discutidos. Contudo, gostaríamos de
salientar que este estudo, embora tenha apresentado discussões importantes, não as encerra,
pois, faz-se necessária realização de outras pesquisas e a produção de outros olhares a cerca
desta categoria.
ANEXO A- Roteiro para entrevista
Características sócio demográficas
- Idade
- Onde nasceu
- Estado civil
- Ocupação do cônjuge
- número de filhos
- escolaridade
- cor da pele (auto-referida)
- religião
- renda mensal
Perguntas disparadoras:
1. O que é trabalho para você ( ou) Qual o significado do trabalho para você?
2. Podemos identificar cinco esferas na vida das pessoas: Lazer, comunidade, trabalho, religião e família. Qual a ordem de importância dessas esferas para você? Por que o trabalho ocupa esse lugar?
3. Com que idade você começou a trabalhar? O que você fazia? Gostaria que você falasse dos trabalhos que você já desenvolveu desde o primeiro ate o atual.
4. Que atividades de trabalho você desenvolve no seu trabalho atual?
5. Como você aprendeu a realizar essas atividades? Você recebeu algum tipo de treinamento?
6. Como é a sua relação com os colegas de trabalho? Vocês desenvolvem atividades juntos? Como é a sua relação com seu chefe?
7. Você gosta de trabalhar? Por quê?
8. Você gosta do seu trabalho atual? Por quê?
9. Você gostaria de trocar de trabalho? Por quê? Que outro trabalho você escolheria?
10. Você gostaria que seu filho seguisse a sua profissão? Por quê?
11. Você gosta da Organização/ empresa na qual você trabalha?
12. Você se sente motivado para trabalhar no seu trabalho atual? Por quê?
13. Você já sentiu alguma emoção no seu trabalho? Caso positivo, que emoção? Alegria, tristeza, medo e raiva. Conte a situação.
14. Você acha que o trabalho pode trazer risco para sua saúde? Caso positivo, como?
15. Você tem ou já teve problema de saúde relacionado ao seu trabalho? Caso positivo, que tipo de problema? Como ocorreu a situação?
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