as vantagens dos novos métodos construtivos utilizados no...

As vantagens dos novos métodos construtivos utilizados no Brasil para obras de padrão popular

Julho 2014

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 7ª Edição nº 007 Vol.01/2014 Julho/2014

As vantagens dos novos métodos construtivos utilizados no Brasil

para obras de padrão popular

Mariana Metello Lima - [email protected]

MBA em Gestão de Projetos em Engenharia e Arquitetura

Instituto de Pós-Graduação - IPOG

Cuiabá - MT, 18/11/2013

Resumo

O presente artigo tem como objetivo apresentar os novos métodos construtivos existentes no

mercado da construção civil que estão voltados para a execução de obras de grande porte,

principalmente os condomínios residenciais unifamiliares de padrão popular. Este trabalho

aborda ainda um breve histórico da construção civil e seus materiais até o presente, bem

como as principais vantagens destes novos métodos construtivos em relação ao método

construtivo tradicional, e ainda, seu modo de fabricação e execução. Os resultados da

pesquisa bibliográfica feita indica que a construção civil brasileira está num momento onde

se busca, além do custo x beneficio, a sustentabilidade. Concluiu-se que cada vez mais as

empresas estão investindo em métodos tecnológicos que facilitam a execução da obra cada

vez mais precisa, com bom acabamento e menos tempo possível.

Palavras-chave: Construção civil, Painéis cerâmicos autoportantes, Light Steel Framing,

Sistema PVC+Concreto.

1. Introdução

Desde a Idade da Pedra Lascada, o homem sente a necessidade de se proteger, tanto do meio

externo, como de outros grupos. Durante as épocas de frio extremo, o homem abrigava-se em

cavernas e viviam basicamente da caça, porém, com a escassez de alimento, eram obrigados

ao nomadismo. Neste período, os homens passaram a se organizarem em grupos para poder

abater grandes animais, como mamutes, alces e etc. Passou então a surgir as primeiras

cooperativas e laços de solidariedade, para a própria sobrevivência da espécie.

A maior descoberta do homem naquele tempo foi o fogo, pois com sua utilização, o homem

conseguia aquecer-se, obter iluminação durante a noite, afastar os animais e cozinhar os

alimentos.


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Figura 1 - Caverna utilizada como abrigo.

fonte: www.infoescola.com

Porém, com o crescimento da população, a subsistência humana passou a ficar mais difícil

pois somente a caça, frutas e raízes já não eram suficientes. Houve então a necessidade do

homem sedentarizar-se e surgiu a agricultura, através da plantação de trigo, cevada e aveia e,

ao mesmo tempo, animais foram domesticados e a pecuária nascera.

A agropecuária provocou mudanças significativas no modo de vida antigo. Os pequenos

grupos de pessoas passaram a se tornar grandes aglomerados urbanos e como não havia

caverna para todos, surgiram as primeiras "residências", conhecidas como paliçadas1,

utilizadas principalmente para se proteger de ataques de outros grupos.

Figura 2 - Exemplo de Paliçada.

fonte: www.wikipedia.org

Para poder armazenar os cereais plantados, o homem produzia recipientes de cerâmica e ao

mesmo tempo, aproveitavam a pele e pelo dos animais para tecer linho e lã. A matéria prima

mais utilizada para a confecção dos instrumentos de caça ainda era a pedra, porem em seu

estado bruto. Com o desenvolvimento do homem, a pedra passou a ser atritada com outra

pedra e se tornou mais afiada. Surgira então a Idade da Pedra Polida, ou Período Neolítico.

Nesta era, as comunidade já eram estáveis e bem estruturadas. Em alguns pontos da Europa, o

início deste período foi marcado pela construção de enormes monumentos de pedra, com

caráter místico e mortuário. Estes monumentos eram classificados em três tipos: menires —

1 Constitui-se numa obra exterior de defesa, formada por um conjunto de estacas de madeiras fincadas no

terreno e ligadas entre si, de modo a formarem uma estrutura firme, que serve como defesa contra ataques.


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grandes pedras isoladas posicionadas de modo vertical; dólmens — duas pedras verticais que

sustentavam uma terceira, disposta de modo horizontal; e cromlechs — pedras agrupadas em

um ou mais círculos em torno de um dólmen.

Figura 3 - Menires (Torre de Hércules).


Figura 4 - Dólmen de Matança.


Figura 5 - Cromlechs (Stonehenge).


De acordo com Matheus (2004), "à medida que as exigências ao nível da resistência das

construções aumentavam, mais complexos se tornavam os processos de transformação das

matérias-primas a incorporar nos materiais de construção." Os materiais, que até então eram

utilizados em sua forma bruta, passaram a ser misturados a outras matérias primas, o que

acarretou em consumos energéticos maiores, bem como dificuldades na absorção destes

materiais pelos ecossistemas.

Benevolo (1997) aponta que a construção das residências eram, em sua maioria, construídas

com blocos de argila, variando apenas nos métodos de secagem e na mistura com outros

materiais. As primeiras casas foram executadas com peles de animais ou barro cozido. Nas


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regiões da Mesopotâmia, do Egito e até da Grécia, a argila predominou como principal

elemento construtivo. Na antiguidade, segundo Duarte (2005), apesar da predominância da

pedra nos templos e nas pirâmides, nas residências era mais comum o uso do adobe, uma

mistura de argila e palha secas ao sol. "Na Mesopotâmia, o uso de blocos de argila era a

técnica construtiva predominante. Quase todas as casas eram construídas com tijolos frescos,

os quais, depois de secos, tinham a aparência de um grande bloco monolítico".

(CARVALHO, s.d.)

Figura 6 - Cidadela de Arg-é-Bam na província de Karman. A maior estrutra de Adobe do mundo.


Na Grécia antiga, as casas era construídas com a técnica de tijolos secos ao sol pois tinham

baixo custo e ofereciam bom comportamento estrutural e acabamento. De acordo com Duarte

(2005), "construir paredes mais espessas e bem acabadas na fachada é um costume

característico das casas antigas, inclusive das casas brasileiras coloniais. Apesar de que,

provavelmente, a intenção não fosse a proteção contra o ruído, o costume oferecia um melhor

isolamento acústico das residências".

Com o passar dos anos, os processos construtivos evoluíram ainda mais. Foram criadas novos

materiais, mais resistentes, duráveis e de melhor aparência estética para satisfazer as

necessidades do homem. A Revolução Industrial, no final do século XVIII, foi primordial

para a expansão de técnicas e materiais construtivos devido a fabricação em massa, o que

causou maior produtividade e baixo custo. Deste período em diante, surgiram os mais

diversos processos construtivos, como aço, tijolo de barro, blocos de concreto, alvenaria

estrutural, gesso entre outros. Nos finais do século XIX, surge um novo material de construção que aparentava ser

a solução para as crescentes exigências funcionais dos materiais – economia,

resistência e durabilidade. Esse material é o betão e as suas primeiras aplicações

ocorreram próximo do ano de 1880, nessa altura ainda com cal hidráulica com

dosagem de 350 Kg a 400 Kg por metro cúbico e em trabalhos que nada tinham a

ver com a edificação. Mais tarde, passou a ser utilizado na execução de paredes

maciças, utilizando a técnica das paredes de taipa, nesta altura ainda sem armadura.

À medida que os anos foram passando, o Homem foi sucessivamente interpretando e

otimizando as características mecânicas do betão, tendo corrigido o seu

comportamento mecânico à tração através da introdução de aço em varão. Surge

assim o betão armado, o material de construção mais utilizado, hoje em dia, na

construção em Portugal e que se suponha ser a solução milagrosa para todos os

problemas da construção. Com o passar dos anos, os defeitos do betão armado foram

surgindo e aquele material que de início se julgava econômico e eterno revelou as

suas fraquezas: a sua durabilidade revelou-se limitada e muito dependente de


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onerosas intervenções de manutenção e reabilitação; os consumos energéticos

dispendidos durante o fabrico dos materiais que o compõem – cimento e agregados

– e durante as operações de demolição e de reciclagem, bem como, a elevada

quantidade de recursos naturais exigidos por esta tecnologia revelaram-se

incompatíveis com a escassa disponibilidade de recursos existentes na Natureza.

(MATEUS, 2004)

Após a aparição destes problemas, houve a necessidade de aliar o homem à natureza. Naquela

época, os países desenvolvidos já se preocupavam com os impactos que certos materiais

causavam ao meio ambiente, pois a natureza não possuía capacidade de se regenerar devido a

grande demanda de construções. Diante disto, surgiram " novas tecnologias construtivas mais

compatíveis com o equilíbrio ambiental, e ao ressurgimento de certas tecnologias utilizadas já

há muitos milhares de anos e que tinham sido abandonadas na maior parte do globo, como por

exemplo, a taipa e o adobe." (MATEUS, 2004). No Brasil era, e ainda é, possível encontrar

inúmeras edificações utilizando diversos processos construtivos.

Em todo o território nacional é possível encontrar exemplos das variadas épocas da

história brasileira com os mais variados processos construtivos. Por esse motivo é

difícil caracterizar processos construtivos específicos de cada período da arquitetura

brasileira, pois eles se prolongam e se misturam no decorrer do tempo. É possível

encontrar um casebre feito de taipa de mão perto de um arranha-céu com estrutura

em aço. (DUARTE, 2005).

Figura 7 - Construções de Taipa, Alvenaria Estrutural e Estrutura Metálica, respectivamente.


Atualmente, com o avanço da tecnologia, frequentemente surgem novos métodos

construtivos, industrializados, que aprimoram o cenário da construção civil. É possível

encontrar materiais e equipamentos e métodos que auxiliam na redução de custos, tempo,

resíduos e desperdício de material, como as paredes em gesso (drywall), estruturas metálicas,

as estruturas pré-moldadas e pré-fabricadas, as fachadas pré-fabricadas, vidros termo-

acústicos e etc. os quais são primordiais neste atual boom da construção civil.

2. As novas técnicas e métodos existentes no mercado

Com importância relevante na economia do Brasil, a construção civil possui participação

significativa no Produto Interno Bruto (PIB). "Mudanças de cenário, implicaram em redução

nesta participação, indicando a necessidade de mudanças no sistema de produção, em

particular, do subsetor edificações." (FERREIRA e FRANCO, 1998).


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O estudo realizado pelo IPT (1988 apud FERREIRA e FRANCO, 1998 ), sobre a construção

da habitação nacional, identificou alterações no cenário do setor e apresentou como resultados

uma série de procedimentos para o desenvolvimento da tecnologia, e ainda sugeriu,

relativamente à modernização tecnológica da execução da edificação, os seguintes itens para

pesquisa e desenvolvimento:

a) elaboração do projeto do canteiro de obras;

b) melhoria das condições de trabalho;

c) racionalização do transporte, manuseio e armazenamento de materiais;

d) racionalização do uso de equipamentos e ferramentas;

e) racionalização das técnicas de execução.

f) modernização organizacional e gerencial da execução de obras;

Atualmente o Brasil encontra-se em tempos de mercado da construção civil super

aquecido, com falta de mão de obra e de matéria prima. A construção civil é responsável pelo consumo de 40% a 75% da matéria-prima

produzida no planeta. Atualmente, o consumo de cimento é maior que o de

alimentos e o de concreto só perde para o de água. Para cada ser humano, são

produzidos 500 quilos de entulho, o que equivale a 3,5 milhões de toneladas por

ano. Esses dados fazem da construção civil a indústria mais poluente do

planeta.(VAHAN AGOPYAN: REDE GLOBO, 2013)

Visando custo-benefício e construções sustentáveis, as indústrias fabricantes de materiais e

equipamentos voltados para a construção civil estão cada vez mais inovadoras e diante disto o

profissional da área de engenharia e arquitetura possui um amplo leque de opções. Cabe ao

prossional, bem como o investidor, selecionar aquele método que melhor se adeque ao projeto

e necessidade.

Hoje em dia, as empresas construtoras estão em busca do aperfeiçoamento de suas culturas e

cada vez mais utilizam sistemas construtivos industrializados em suas obras. Deste modo,

estas empresas "garantem produção em larga escala controlada desde a fabricação até a

montagem do produto com mão de obra reduzida e qualificada, além de considerável redução

na geração de resíduos". (FERREIRA et. al, 2011)

A fase de elaboração de projeto arquitetônico e complementares merece atenção especial, pois

o projeto é principal articulador das ações e garante o emprego eficiente da tecnologia. Essa importância pode ser entendida pela grande capacidade que as decisões de

projeto têm em influenciar decisivamente os custos finais do empreendimento.

Em sua maioria, os escritórios de projetos especializam-se em uma das várias

disciplinas que compõem o empreendimento, como arquitetura, estrutura,

instalações, fundações, etc. A racionalização quando aplicada à fase dos projetos

garante a integração entre as disciplinas, evitando que sejam resolvidos na obra,

problemas de incompatibilidade entre projetos, o que inevitavelmente gera perdas,

retrabalhos e atrasos. (FRANCO, 1992 apud FERREIRA, 2011)

2.1. Painéis cerâmicos autoportantes pré-fabricados

Um dos sistemas construtivos atuais em maior destaque no cenário da construção

industrializada é o sistema de Painéis Autoportantes.

Trata-se de painéis estruturados em concreto armado pelo perímetro e enchimento executado

em alvenaria cerâmica.


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De acordo com Domarascki e Fagiani (2009), "os painéis verticais formam as paredes da

edificação e apresentam capacidade de receber as cargas da cobertura" e já saem da linha de

produção prontos, impermeabilizados, rebocados e com a tubulação elétrica e hidráulica

embutidos, aberturas de portas e janelas instaladas, faltando apenas a montagem e acabamento

final.

A ligação entre um painel e outro, segundo Faria (2008), é feita através de soldas de barras e

chapas de aço especiais. Já as juntas são protegidas dos fatores naturais por selantes flexíveis.

Faria 2009) aponta ainda que este método construtivo pode ser utilizadas na construção de

casas térreas e de dois pavimentos. Segundo Bergamaschi (2008), as peças podem ser produzidas no próprio canteiro ou

confeccionadas na fábrica e transportadas até a obra. Caso a primeira opção seja a

mais viável para o empreendimento, é necessária uma área de 100 m x 15 m para a

instalação da pista de produção. A empresa fornece a ponte rolante e as fôrmas e a

construtora entra com o caminhão-guindaste.

Barth (et al. 2006) comenta que os painéis são produzidos em mesas metálicas

horizontais e desmoldados após 72 horas. A manipulação dos mesmos é realizada

com grua ou caminhão com lança telescópica, cujo balancim é fixado nos insertes de

aço, posicionados nas suas quatro extremidades, permitindo o seu armazenamento

na posição vertical ou na lateral com ângulo de inclinação de aproximadamente 75º.

Os painéis são armazenados na fábrica durante 14 dias de modo a adquirir a

resistência mecânica necessária ao processo de montagem da edificação.

Segundo FARIA (2008) a produtividade média com o sistema é de três casas por

dia, sendo necessária uma equipe de cinco pessoas para a montagem das casas e de

outras 48 para a produção dos painéis. (DOMARASCKI e FAGIANI, 2009)

Figura 8 - Painéis autoportantes - Fabricação

fonte: www.jetcasa.com.br

As principais vantagens que este sistema oferece são:

a) redução de custos;

b) otimização de mão de obra;

c) redução no prazo da obra;

d) redução do desperdício de materiais;

e) facilidade de planejamento e controle;

f) bom acabamento.

Porém, Bergamaschi (apud FARIA, 2008) explica que para que o emprego desta tecnologia

seja viável do ponto de vista econômico, a área construída deve ter no mínimo 10mil m², o

que equivale a aproximadamente 250 casas (padrão popular).


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Figura 9 - Painéis autoportantes - Montagem


Figura 10 - Painéis autoportantes - Obra finalizada


2.2. Sistema Light Steel Framing (LSF)

O Light Steel Framing, ou sistema de construção a seco, é um sistema construtivo

industrializado e racional muito utilizado em países como EUA, Japão, Canadá, Argentina,

Chile e continente Europeu, devido às diversas vantagens que oferece e está cada vez mais

atuante no Brasil. "O sistema se caracteriza por um esqueleto estrutural leve composto por

perfis de aço galvanizado, que trabalham em conjunto para sustentação da construção, e é

complementado por revestimentos em placas externas e internas, isolamentos termo-acústicos

e forros." (FLASAN, 2013)

As principais vantagens deste sistema são:

a) edificações com acabamento final parecido ao da construção convencional;

b) integra tecnologia;

c) resistência;

d) sustentabilidade;

e) mais leve que o sistema convencional de construção.

O LSF também atende as necessidades arquitetônicas e pode ser empregado em diversos tipos

de obras como casa, prédios de até 7 pavimentos, galpões, fachadas, escolas, hospitais, lojas,

mezaninos e outros.


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Figura 11- Sistema Light Steel Framing - Estrutura

fonte: www.metalica.com.br

Figura 12 - Sistema Light Steel Framing - Vedação


Figura 13 - Sistema Light Steel Framing - Tubulações



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Figura 14 - Sistema Light Steel Framing - Resultado Final


Como no sistema de Painéis autoportantes, a fase de elaboração de projeto é a mais

importante. Nos sistemas construtivos tradicionais a desconsideração das atividades de fluxo

(transporte, espera e inspeção) em projeto é o que gera os maiores desperdícios de

materiais e mão-de-obra (KOSKELA, 1992 apud VIVIAN et al, 2010). A utilização

do LSF demanda que os projetos passem a considerar o modo como a edificação

será montada, assim, certas atividades de fluxo podem ser reduzidas

expressivamente. Para isto, é fundamental que o estágio de projeto seja elaborado

em consonância com todos os seus condicionantes (principalmente implicações

construtivas durante a execução), pois sistemas industrializados são completamente

incompatíveis com improvisações no canteiro de obras, de modo que as possíveis

correções podem acarretar em grandes prejuízos (FREITAS; CRASTO, 2006 apud

VIVIAN et al, 2010).

De acordo com Vivan (et. al, 2010), na execução de obras residenciais o sistema LSF se

difere do método construtivo tradicional pois utiliza peças industrializadas (que já estão

prontas) para compor a edificação, isto é, não são necessárias atividades de conversão

paralelas à obra promovidas pela equipe de operários, pois as construções em LSF são

baseadas, essencialmente em montagem, reduzindo o número de atividades necessárias para a

obra. Segue abaixo uma tabela com as principais diferenças entre o método construtivo

tradicional (alvenaria) e o Light Steel Framing:

SISTEMA TRADICIONAL (ALVENARIA) SISTEMA LIGHT STEEL FRAMING

Fundação: representa entre 10% e 15% do custo

total da obra. Para terrenos acidentados, pode

atingir valores maiores.

Fundação: representa entre 5% e 7% do custo total

da obra. Para terrenos acidentados, tem custo

muito inferior ao sistema convencional.

Fundação: distribuição com cargas pontuais. Fundação: distribuição de cargas lineares

Paredes, portas e janelas com precisão em

centímetros.

Paredes, portas e janelas com precisão em

milímetros.

Utiliza produtos que degradam o meio ambiente:

areia, tijolo, brita, etc.

É um sistema ecologicamente correto. O aço, por

exemplo, parte integrante do sistema em steel

frame, é um dos produtos mais reciclados em todo

o mundo.


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Durabilidade acima de 300 anos.

Durabilidade acima de 300 anos. Existem

construções nos EUA com mais de 250 anos ainda

em funcionamento.

Estrutura em concreto armado. Sua qualidade é

determinada por fatores inconstantes como mão-

de-obra, temperatura, umidade do ar, matéria

prima, etc.

Estrutura em aço galvanizado. Produto com

certificação internacional. Obedece aos mais

rigorosos conceitos de qualidade.

Colocação de canos e eletrodutos com quebra de

paredes, desperdício de materiais e retrabalho

(executar a parede, quebrá-la e depois refazê-la

nos locais onde passou-se a tubulação ou

eletrodutos).

Colocação de canos e eletrodutos sem desperdício

e sem retrabalho.

Canteiro de obra sujo ou com grande dificuldade

para manutenção de limpeza O isolamento

térmico é mínimo. Permite facilmente a passagem

de calor pelas paredes. Custo de manutenção de

temperatura alto.

Canteiro de obra limpo e organizado.

Prazo de execução de obra longo e impreciso. Prazo de execução até 1/3 menor e com maior

precisão.

O isolamento térmico é mínimo. Permite

facilmente a passagem de calor pelas paredes.

Custo de manutenção de temperatura alto.

O isolamento térmico é máximo. Em função da lã

de vidro colocada em todas as paredes e forros,

além de outras camadas, passagem de calor é

dificultada pelas paredes. Custo mínimo ou

inexistente para manutenção de temperaturas.

Grande utilização de água no processo

construtivo.

Utilização mínima de água no processo construtivo

(somente utilizada nas fundações). O processo é

conhecido no Brasil, também, por sistema

construtivo "a seco".

Manutenção para reparos de defeitos ocultos

(vazamentos, infiltrações, problemas elétricos,

entupimentos, etc) difícil, exigindo quebra de

paredes, sendo um trabalho demorado (quebrar,

consertar, preencher espaço aberto, esperar secar

a massa, retocar com massa corrida, lixar, pintar

ou rejuntar) e que não garante o resultado final de

acabamento perfeito.

Manutenção simples de defeitos ocultos, com a

retirada do revestimento interno, localização

imediata do problema, conserto, e recolocação do

revestimento, retoque e pintura simples.

Ampliações ou reformas demoradas, gerando na

maioria dos casos transtornos e inconvenientes,

com desperdício de materiais e sujeira.

Ampliações e reformas rápidas e limpas, inclusive

com a possibilidade de reaproveitamento da

maioria dos materiais.

Preço por metro quadrado para a construção

similar ao Sistema Steel Frame.

Preço por metro quadrado similar a alvenaria

convencional. Ao avaliar custos diretos e indiretos,

em muitos casos o sistema steel frame é mais

econômico.

Pintura feita em superfície ondulada e imperfeita. Pintura feita em superfície plana e lisa.

Resistência ao fogo

Segurança ao fogo - não queima ou adiciona

combustível para o alastramento do fogo em uma

casa. Segue as normas da ABNT e do Corpo de

Bombeiros.


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Tabela 1 - Comparativo entre sistema tradional e Light Steel Framing

fonte: www.flasan.com.br

Como pode-se observar na tabela acima, inúmeras são as vantagens que este sistema oferece,

porém, segundo Vivian (2010), devido ao uso deste sistema ainda ser recente no Brasil, não

há estudos aprofundados sobre a gestão da produção de obras que o utilizam. Por outro lado,

a busca pelo custo x benefício e sustentabilidade é um ponto importante para estimular as

pesquisas e o uso cada vez mais frequente deste sistema.

2.3. Sistema de PVC + Concreto

O PVC (Policloreto de vinil) é o segundo termoplástico mais consumido em todo o mundo.

No ano de 2005, por exemplo, a demanda do PVC superou 35 milhões de toneladas, sendo a

capacidade mundial de produção de resinas de PVC estimada em cerca de 36 milhões de

toneladas ao ano. Segundo Brasken (2006), "dessa demanda total, 21% foram consumidos na

América do Norte (principalmente nos Estados Unidos), 20% na China, 18% nos países da

Europa Ocidental e 5% no Japão. O Brasil foi responsável pelo consumo de cerca de 2% da

demanda mundial de resinas de PVC". O PVC é obtido a partir de 57% de insumos provenientes do sal marinho ou da terra

(sal-gema), e 43% de insumos provenientes de fontes não renováveis, como o

petróleo e o gás natural. Estima-se que somente 0,25% do suprimento mundial de

gás e petróleo são consumidos na produção do PVC. Há estudos e tecnologia

disponível para a substituição dos derivados de petróleo e gás por álcool vegetal

(cana-de-açúcar e outros) em sua fabricação. Além disso, o PVC é um material que

consome pouca energia e gera pouco resíduo na sua fabricação, reduzindo custos de

operação e manutenção na sua aplicação (BRASKEN, 2006).

O sistema é formado por perfis leves e modulares de PVC e é preenchido com concreto e aço,

resultando em um produto de alta resistência e sua vida útil em construções é superior a 20

anos. O fechamento no sistema concreto PVC é feito com as próprias placas de PVC. As

paredes lisas podem ser utilizadas como revestimento, deste modo, contribuem para a redução

de desperdício, além de gerar menor número de matérias para controle, menor consumo de

água, redução do custo de logística e frete e um maior controle sobre o orçamento.

(DOMARASCKI e FAGIANI, 2009)

As principais vantagens deste sistema construtivo são:

a) alta produtividade, uma vez que facilita a administração de materiais, mão-de-obra e

transporte;

b) proporciona uma construção rápida e limpa;

c) evita desperdícios;

d) reduz o impacto;

e) é um produto reciclável;

f) se adapta a qualquer zona bioclimática do Brasil;

g) são mais leves que o sistema tradicional;

h) resistente à ação de fungos, bactérias, insetos e roedores, à maioria dos reagentes

químicos;

i) é um bom isolante térmico, elétrico e acústico;

j) sólido e resistente a choques;


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k) impermeável a gases e líquidos, às intempéries tais como sol, chuva, vento e maresia;

l) não propaga chamas;

m) permite fáceis ampliações na obra,

n) possui bom acabamento.

Outra vantagem, segundo Domarascki e Fagiani (2009), é que devido as placas de PVC serem

mais espessas, há um ganho de área útil da edificação de até 7%, além de não precisarem de

grandes manutenções e ainda " existe a possibilidade de pintar as paredes de PVC, para isso,

basta lixar a superfície a aplicar massa corrida dissolvida com a tinta desejada. Já estão sendo

desenvolvidas tintas especiais para a superfície do PVC".

Figura 15 - Sistema PVC+Concreto - esquema de montagem

fonte: http://techne.pini.com.br


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Figura 16 - Painel de PVC


Figura 17 - Painel de PVC - posicionamento das armarduras


Figura 18 - Paineis de PVC


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Figura 19 - Casa feita com painéis de PVC+Concreto

fonte: http://engenhariaearquitetura.com.br

De acordo com Faria (2008), as primeiras obras no Brasil construídas com a tecnologia

PVC+Concreto foram 130 unidades habitacionais de um condomínio em Canoas (RS), entre

2001 e 2002. Os perfis de PVC, cujo ainda não eram produzidos no País, foram importados da

Argentina. Entre obras industriais, comerciais e residenciais, já foram construídos no país

mais de 70 mil m² com esta tecnologia e segundo Cichinelli (2013), foi desenvolvido para a

construção civil como alternativa econômica de obras residenciais unifamiliares, de padrão

popular, mas também está sendo utilizado para edificações de até cinco pavimentos e dispensa

o uso de equipamentos pesados e ferramentas especiais, como o guindaste. Cichinelli (2013) aponta ainda que numa execução de uma casa de 43 m² construída com esse

sistema, a produtividade estimada é de 2,41 Hh/m², com um prazo de execução de 12,9 dias.

Os painéis de uma casa, por exemplo, podem ser montados e travados por quatro pessoas em

apenas um dia de trabalho, possibilitando a execução da etapa de concretagem logo no dia

seguinte.

6. Conclusão

Está evidente que o Brasil vive um momento de grande ascensão na área da construção civil.

A necessidade da moradia está presente na vida de todo brasileiro, principalmente daqueles

que por condições financeiras não têm oportunidade de ter um lar. Além disso, com o boom

da construção civil nacional, há cada vez mais concorrência entre construtoras e indústrias

fabricantes de produtos voltados para a construção civil. Deste modo, surgem inúmeras

possibilidades e métodos de construir, cada vez mais tecnológicos, que auxiliam na redução

de custos da construção e diminuem significativamente o tempo de obra. Ao analisar os

sistemas construtivos citados acima, pode-se perceber que há diferenças expressivas de um

método para outro, porém, em contra partida, há semelhanças em suas vantagens oferecidas.

Enquanto o painel cerâmico autoportante e o sistema de PVC+concreto ainda apresentem

características artesanais, como concretagem e montagem dos painéis, o sistema light steel

framing oferece um método totalmente industrializado. Apesar das diferenças entre os três

métodos apresentados, observa-se que ambos atingem o objetivo de custo x benefício pois,

apresentam menor desperdício de material, utilizam menos mão de obra, há maior rapidez na


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execução e ainda possuem acabamento semelhante ao método tradicional (alvenaria de tijolo

cerâmico). Vale ressaltar que profissionais da área da construção civil devem estar preparados

para optar, na fase de projeto, qual o melhor sistema construtivo a ser utilizado, pois, apesar

de oferecer inúmeras vantagens, estes métodos impossibilitam adaptações na fase de

execução. Ao levar em consideração todos os dados apontados, conclui-se que, apesar de

pouco utilizado no país, o sistema light steel framing é o que apresenta melhores resultados,

pois se enquadra do tipo de construção enxuta: menos desperdício, ocasionando uma obra

mais barata.

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