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AS TEORIAS DE AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM

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AS TEORIAS DE AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM

HISTÓRIA Por volta do século VII a.C, Heródoto narra que o rei

Pasmético do Egito ordenou que duas crianças fossem confinadas desde o nascimento até a idade de dois anos, sem o convívio com outros seres humanos, a fim de se observarem as manifestações linguísticas produzidas em contexto de privação interativa.

Sua hipótese era que, se uma criança fosse criada sem exposição à fala humana, a primeira palavra que emitisse espontaneamente pertenceria à língua mais antiga do mundo.

Ao cabo de dois anos de total isolamento, as

crianças emitiram uma sequência fônica interpretada como “bekos”, palavra frigia para ¨pão¨. Concluiu-se, então, que a língua que o povo frígio falava era mais antiga que a dos egípcios (cf. Campbell & Grieve, 1982).

No século XIX, surgem mais experimentos sobre o assunto através dos experimentos com diários da fala espontânea de filhos de lingüistas e estudiosos.

A partir do século XX, os estudos sobre aquisição da linguagem estavam baseados em uma visão teórica behaviorista, assumindo que a aprendizagem de uma língua se dava pela exposição ao meio e em decorrência da imitação e do reforço.

O ponto de vista teórico behaviorista defendia que o ser humano aprende por condicionamento, assim como qualquer outro animal.

Porém, no final da década de 50 os estudos de Noam Chomsky impulsionam os trabalhos em aquisição da linguagem, com base na posição assumida de que a linguagem é inata.

Por volta de 1970 as obras, póstumas, e estudos de Vygotsky começam a exercer influência sobre os estudos de aquisição da língua materna.

A teoria de Vigotsky representou uma alternativa ao construtivismo piagetiano e ao inatismo chomskyano.

Explica o desenvolvimento da linguagem e do pensamento como tendo origens sociais externas

O BEHAVIORISMO

Skinner é o mais famoso psicólogo defensor da hipótese behaviorista.

Um dos seus principais preceitos é que o aprendizado se dá através de um processo denominado condicionamento operante, o qual se pauta no estímulo - resposta, na repetição e na memorização. Uma de suas sugestões é a punição como forma de moldar o comportamento.

Skinner (1957) parte de pressupostos como a premissa de inacessibilidade à mente para se estudar o conhecimento, postura contrária à mentalista e idealista nas ciências humanas.

O comportamento verbal para ele se enquadrava na sucessão de mecanismos de estímulo-resposta-reforço: eles explicam o condicionamento que está na base da estrutura do comportamento.

Mas não são apenas os padrões de estímulo que chamam a atenção dos behavioristas. A imitação também exerce uma função importante na aquisição da linguagem pela criança.

O padrão de imitação segue um princípio fixo: o adulto fala uma palavra, a criança imita essa produção e o adulto recompensa a criança por essa repetição, mesmo que ela não seja fiel ao que foi dito inicialmente.

Com o passar do tempo, a criança passa a falar mais parecido com o adulto, aprendendo como combinar as palavras da mesma maneira que aprendeu a reproduzi-las, por meio da imitação e posterior aproximação ao modelo adulto.

Os behavioristas entendem o erro como algo a ser corrigido imediatamente e a aprendizagem é vista como processo externo, o centro é o professor não o aluno e que todo comportamento é resultado dos estímulos do meio.

Com essa visão é que os behavioristas tendem a enfatizar a influência do meio e ver a criança como um receptor passivo da linguagem, desprezando o seu papel no processo de aprendizagem.

Mas não explicam o fato das crianças produzirem construções que nunca foram ouvidas por elas anteriormente, assim como o fato da aquisição dos padrões gramaticais, já que as construções agramaticais nem sempre são corrigidas pelos pais e as gramaticais elogiadas, logo não podem ser explicadas pelo reforço paterno.

Os avanços dos estudos lingüísticos, especialmente da Psicolinguística, que ajudaram a compreender melhor o que ocorre na mente humana e em seus processos internos e as críticas de estudiosos renomados como Noam Chomsky, o qual alega que esta teoria não é suficiente para explicar fenômenos da linguagem e da aprendizagem, fizeram com que o behaviorismo perdesse espaço entre as teorias psicológicas dominantes.

INATISMO entende o homem como um ser pré(destinado) à

linguagem.

Defende que o conhecimento lingüístico é nato de cada um, que o aparelho fonador está pronto para uso desde que nascemos, portanto aptos a falar qualquer língua, diferente dos animais.

Postula que a qualidade da aprendizagem ocorre de acordo com a maturação biológica, ou seja de maneira gradativa.

Chomsky, autor dessa teoria, nos chama atenção para fatos fundamentais sobre a linguagem. Em primeiro lugar, cada frase dita ou ouvida é uma nova combinação de palavras, que aparece pela primeira vez no universo. Por isso, uma língua não pode ser um repertório de respostas, o cérebro deve conter algum programa que consiga construir um número infinito de frases a partir de uma lista finita de palavras. A esse suposto programa Chomsky dá o nome de gramática universal (GU).

Segundo Chomsky , a linguagem é uma dotação genética do ser humano.

A criança nasce pré-programada para adquirir a linguagem e é capaz de, a partir da exposição à fala, construir suas hipóteses sobre a língua em que está imersa.

Assim, a linguagem é atrelada a características inerentes a espécie humana, o que reafirma seu caráter universal, tomando-a como fator biológico e cognitivo.

Ao assumir essa postura, admite-se que o ser humano por natureza é um detentor de uma GU que possui princípios universais que fazem parte da faculdade da linguagem e parâmetros que serão definidos pela influência do meio e ou da língua nativa.

Segundo Chomsky (1972), a teoria de princípios e parâmetros significou uma adequação dos conceitos da GU frente aos questionamentos surgidos dessa teoria, bem como diante das novas descobertas na área da aquisição da linguagem.

Nessa releitura, postula-se que a criança já nasce com princípios universais e um conjunto de parâmetros que deverão ser marcados de acordo com os dados da exposição linguística a que a criança está exposta.

A partir da teoria dos princípios e parâmetros, ele retoma o problema da pobreza de estímulos com uma atitude platonista ante a linguagem.

Chomsky transfere o problema de Platão, “como é que o ser humano pode saber tanto diante de evidências tão passageiras, enganosas e fragmentárias?” para a linguagem.

Desse modo, vincula a linguagem aos mecanismos inatos da espécie humana.

Assim, para Chomsky, independentemente da língua, todos os falantes pensam a linguagem de forma universal.

Os estudos teóricos de Chomsky foram criticados e sofreram contraposições vindas de duas vertentes teóricas: o cognitivismo contrutivista e o interacionismo social.

Lev Semyonovitch Vygotsky nasceu a 5 de novembro de 1896, na cidade de Orsha, no nordeste de Minsk, na Bielo-Russia.

Vygotsky sempre considerou o homem inserido na sociedade e, desta forma, sua abordagem foi orientada para os processos de desenvolvimento do ser humano com ênfase da dimensão sócio-histórica e na interação do sujeito com o outro no espaço social.

Suas maiores contribuições estão nas reflexões sobre o desenvolvimento infantil e sua relação com a aprendizagem em sociedade e o desenvolvimento do pensamento e da linguagem.

Segundo o modelo que propõe, o conhecimento se constrói na interação entre o homem e o meio e, portanto, ao socializar-se, o homem se predispõe à aprendizagem.

SÓCIOINTERACIONISMO

Nessa concepção o professor e o aluno são os objetos essenciais e a cooperação resulta em aprendizagem.

CHOMSKY X VIGOTSKY

Chomsky ressalta que a criança nasce com as condições de aprender línguas, com o órgão da linguagem embutido no sistema nervoso central. Para ele, embora o meio ambiente importe, influenciando no processo da linguagem, o curso geral do desenvolvimento e os traços básicos são pré-determinados pelo estado inicial. A criança não aprende uma língua, ela a desenvolve e todo ser humano considerado normal é capaz de desenvolver qualquer língua natural.

Vygotsky, ao contrário, acredita que a aquisição da linguagem na criança se dá devido à interação dessa com o ambiente que a rodeia e o convívio com outros da espécie.

A linguagem não é apenas uma expressão do conhecimento adquirido pela criança, entre pensamento e palavra existe uma interrelação fundamental, em que a linguagem tem papel essencial na formação do pensamento e do caráter do indivíduo.

TEORIA AUTOR/ES PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

Behaviorismo Skinner Treino Estímulo /

resposta: a aprendizagem vem do meio

Hábito Erro: inaceitável Processo mecânico Imitação

Inatismo Chomsky “aprendizagem” nata

Primeiro a aceitar o erro

Sóciointeracionis-mo

Vygotsky Interação Relação recíproca

com o meio

ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM

O cérebro do bebê muda consideravelmente depois do nascimento.

Nesse momento, os neurônios já estão formados e já migraram para as suas posições no cérebro, mas o tamanho da cabeça, o peso do cérebro e a espessura do córtex cerebral, onde se localizam as sinapses (comunicação entre os neurônios), continuam a aumentar no primeiro ano de vida.

Conexões a longa distância não se completam antes do nono mês e a bainha de mielina continua se adensando durante toda a infância.

As sinapses aumentam significativamente entre o nono e o vigésimo quarto mês, a ponto de terem 50% a mais de sinapses que os adultos.

A atividade metabólica atinge níveis adultos entre o nono e o décimo mês, mas continuam aumentando até os quatro anos.

O cérebro também perde material neural nessa fase. Um enorme número de neurônios morre ainda na barriga da mãe e essa perda continua nos dois primeiros anos e só se estabiliza aos sete anos.

As sinapses também diminuem a partir dos dois anos até a adolescência, quando a atividade metabólica se equilibra com a do adulto.

Dessa forma, a aquisição da linguagem depende de uma certa maturação cerebral e as fases de balbucio, primeiras palavras e aquisição de gramática exigem níveis mínimos de tamanho cerebral, de conexões a longa distância e de sinapses, particularmente nas regiões responsáveis pela linguagem.

BALBUCIO É comum dividir o estágio inicial da aquisição

de linguagem em duas fases: pré-lingüística e lingüística.

No estágio pré-lingüístico, a capacidade lingüística da criança desenvolve-se sem qualquer produção lingüística identificável.

Sem levar em conta as mudanças biológicas que facilitam o desenvolvimento lingüístico e ocorrem nos primeiros meses de vida da criança, é o balbuciar dos bebês de aproximadamente seis meses - marcado por uma variedade de sons - que sinaliza o começo da aquisição da linguagem.

Esse período é tipicamente descrito como pré-lingüístico porque os sons produzidos não são associados a nenhum significado lingüístico.

Nesse estágio, os sons oferecem o repertório no qual a criança irá identificar os fonemas da sua língua.

Entretanto, estudos apontam que a ordem que os sons aparecem durante o período de balbucio é, geralmente, contrária àquela que eles aparecem nas primeiras palavras da criança.

Por exemplo, consoantes posteriores e vogais anteriores, como [k], [g] e [i], aparecem cedo nos balbucios das crianças, mas tarde no seu desenvolvimento fonológico.

O primeiro estágio verdadeiramente lingüístico da criança, que aparece a poucos meses de elas completarem um ano, parece ser o estágio de uma palavra.

Durante esse estágio, as suas falas se limitam a uma palavra, que são pronunciadas de maneira um pouco diferente da dos adultos.

Muitos fatores contribuem para essa pronúncia não usual: 1. alguns sons parecem estar fora da escala auditiva das

crianças, por dependerem da maturação de alguns nervos. 2. Sons que são difíceis para a criança detectar, tornam-se

difíceis para elas aprenderem. 3. alguns sons parecem ter uma articulação difícil para as

crianças.

A PRIMEIRA PALAVRA

Por exemplo, é comum ver crianças que possuem desenvolvimento lingüístico adiantado mas não conseguem pronunciar o [r].

Algumas vezes, sons fáceis podem se tornar difíceis na presença de outros sons.

Crianças nessa fase, além de pronunciar as palavras de maneira diferente também querem dizer coisas diferentes com elas.

Muitos pesquisadores perceberam que as crianças parecem expressar significados complexos com suas expressões curtas. É como se suas sentenças de uma palavra representassem um pensamento completo.

Esse uso da linguagem parece indicar que o desenvolvimento conceitual da criança tende a ultrapassar seu desenvolvimento lingüístico nos primeiros estágios da aquisição.

crianças no estágio de uma palavra freqüentemente omitem o som das consoantes finais: “que”, ao invés de “quer”.

Acessando essa e outras propriedades do sistema semântico da criança, nós temos que considerar a questão da natureza do significado.

Em particular, é importante esclarecer que tipo de conhecimento a criança deve dominar durante o processo de aquisição de linguagem. A distinção de Frege (1987) entre sentido e referência é relevante; nós podemos explorar como as crianças formam e organizam conceitos e como elas aprendem a referenciá-los.

Estudos mostraram que as primeiras referências das crianças partem sistematicamente em duas direções particularmente opostas daquelas da comunidade falante dos adultos.

Em alguns casos, as crianças usam as palavras para referenciar inapropriadamente um vasto número de objetos. Por exemplo, carro poder ser usado para referenciar um objeto grande que se move ou qualquer objeto que serve para fazer transporte.

Em outros casos, crianças usam as palavras de uma maneira extremamente restrita, criando um drástico limite para um conjunto de referenciais permitidos. Por exemplo, uma criança usa a palavra cachorro para designar apenas o cachorro da família.

Essa superextensão e subextensão são bem freqüentes nos primeiros diálogos das crianças, mas decrescem quando seu léxico se torna similar ao dos adultos.

A explicação de muitos estudiosos para a aquisição semântica envolve, crucialmente, a hipótese de que as crianças aprendem o significado de uma palavra através da união de várias características semânticas que coletivamente constituem o conceito expresso pelo termo. Ex: “Bolsa” para tudo que envolve um passeio.

De fato, essa hipótese sobre o desenvolvimento léxico vê a criança reunindo um banco de dados em que as características semânticas primitivas são associadas em grupo a um item lexical. Se uma criança, erradamente, associa muitas ou poucas características a um termo, o conceito resultante estará excessivamente generalizado ou excessivamente restrito, respectivamente, a superextensão e subextensão

A idéia de que as crianças constroem conceitos através de algum tipo de conceitual primitivo é bem aceitável. Como no caso da aquisição fonológica, existem evidências de que as crianças adquirem uma representação abstrata durante o aprendizado da sua língua, mesmo nos primeiros estágios de aquisição.

Dessa forma, mesmo que a primeira hipótese sobre aquisição de linguagem seja de que a criança simplesmente adquire sons e significados, a investigação das primeiras palavras da criança indica que o conhecimento adquirido por aquelas de um ano de idade toma a forma de um sistema rico de regras e representações.

Como esses sistemas abstratos foram deduzidos, principalmente, por meio das experiências das crianças na comunidade lingüística, as diferenças entre a gramática da criança e a do adulto são compreensíveis.

A partir do estágio de duas palavras é possível examinar o desenvolvimento sintático, mesmo que seja de maneira rudimentar.

Uma hipótese sobre os padrões das expressões de duas palavras diz que as crianças organizam seu vocabulário em duas classes lexicais chamadas de pivô (formada por poucos elementos utilizados menos freqüentemente) e aberta (elementos são mais numerosos e mais empregados).Ex: meu (pivô) pé (aberta)

Assim, nesse estágio. a fala da criança seria composta de duas palavras da classe aberta ou uma palavra da classe aberta e uma da classe pivô, já que no estágio de uma palavra elas utilizam palavras da classe aberta.

Essas classes vão diferenciar-se progressivamente, sem corresponderem às classes gramaticais dos adultos. Muitos estudos apontam que, em cinco meses, cinco classes gramaticais aparecem, a partir de uma classe-pivô: artigos, adjetivos, pronomes demonstrativos, adjetivos e pronomes possessivos.

AS PRIMEIRAS PALAVRAS

Outro ponto importante é que justaposição de palavras não implica relação semântica entre elas. Essas relações semânticas tendem a aparecer com o tempo, quando as combinações de palavras aumentarem.

As primeiras relações a aparecer são

1. a de modificador-modificado (mais biscoito, quente leite, fria água)

2. a de agente-ação (cachorro come, mamãe chora, boneca cai).

Essa relação semântica (também chamada de temática) é a primeira relação estrutural importante que a criança usa para construir expressões com mais de uma palavra, sugerindo que a gramática da criança seria mais bem descrita através das funções das palavras. Assim, ao invés de sintagma nominal e verbal, falaríamos em agente e ação.

Outra sugestão é que a primeira gramática das crianças está baseada na suposição de que toda relação sintática está correlacionada com uma relação temática. Desse modo, nos primeiros estágios de desenvolvimento, toda seqüência nome-verbo seria interpretada como agente-ação e, de modo similar, as outras seqüências sintáticas.

O sistema lingüístico da criança, nessa fase, também é diferente do adulto. Além das diferenças de pronúncia e significado, elas também possuem uma gramática diferente da deles. Obviamente produzem sentenças mais breves, mas são sentenças inovadoras e não apenas imitações da dos adultos.

À medida que a média de palavras por expressão aumenta, a complexidade da gramática que gerencia essas palavras aumenta.

O discurso das crianças de dois a três anos é descrito como discurso telegráfico, omitindo pequenas palavras como determinantes e preposições. Além disso, existem problemas com as estruturas que não seguem uma regra geral, por exemplo, é comum as crianças dizerem eu trazi, generalizando a regra dos verbos regulares.

O interessante é que antes de cometerem este erro, elas passam por uma fase em que usam o verbo adequadamente.

ALÉM DO ESTÁGIO DE DUAS PALAVRAS

Uma explicação para essa regressão é que no início elas simplesmente imitam a formação do verbo, mais tarde, no entanto, após aprender a regra de formação, elas simplesmente a aplicam em relação a todos os verbos.

Porém, com o passar do tempo acabam aprendendo a forma certa, por meio da internalização.

Após o estágio de duas palavras as crianças expandem seu vocabulário, aprendem as regras de construção (negativa, passiva, etc.) presentes na língua, aprendendo seu sistema fonológico e morfológico, aperfeiçoando sua pronúncia, e, geralmente, alcançando a convenção adulta de maneira bem rápida (entre os seis e sete anos), mesmo que demorem mais a aprender estruturas mais complexas, como a voz passiva.

Até aos dois anos, as palavras da criança não têm flexão: substantivos, verbos no infinitivo (ou forma invariável na terceira pessoa), adjetivo na forma positiva.

Aos três anos, entram em uso as desinências, porque a criança começa a perceber o valor das palavras dentro da sentença. O emprego de formas variadas traduz, então, necessidade de expressar coisas diferentes. Já existe uma base relativamente pequena de formas adquiridas, a qual permite à criança constituir, por si mesma, o caudal das formas gramaticais. Assim, em torno daquilo que já é conhecido, se formam termos novos.

O processo de aquisição dura vários anos e depende muito do ambiente. As formas difíceis tardam mais: conjunções, preposições e numerais, inclusive.

Aliás, quando aparece o uso das desinências, os períodos mais longos também já estão aparecendo.

O período da relação manifesta-se entre três e quatro anos. Constatamos a utilização de artigos, de adjetivos e de pronomes demonstrativos, depois, um pouco mais tarde, de pronomes possessivos.

No início do terceiro ano, aparecem as frases perifrásticas do tipo "É bom que", "É necessário que", etc. As subordinadas causais introduzidas por porque são empregadas mais tarde. Nessa idade, as crianças não se preocupam nem com a causa, nem com a finalidade.

De começo, faz-se tão somente a justaposição das frases. A subordinação representa, já, uma grande conquista da linguagem e do pensamento. As orações temporais e as relativas são as primeiras; mais tarde vêm as causais, as condicionais e as finais.