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AS TÉCNICAS AFRICANAS NA FORMAÇÃO DA ECONOMIA COLONIAL

BRASILEIRA

Jocílio Nunes de Albuquerque¹ José Henrique Rollo Gonçalves²

RESUMO

Este artigo analisou as técnicas africanas empregadas na economia colonial brasileira, que tanto contribuíram não só para a formação econômica, mas de maneira geral para a formação do país. Constar e relacionar este conhecimento tecnológico, é o objetivo deste artigo. Indicar os verdadeiros detentores de tais conhecimentos muitas vezes imputados aos europeus e não aos diferentes povos africanos que foram forçados a singrar o Atlântico na primeira metade do século XV e na América portuguesa participaram, embora por meio do trabalho compulsório, dos ciclos econômicos da colônia. Aqui serão pautadas as técnicas construtivas e mineração. Este trabalho resultou de uma pesquisa de natureza descritiva que foi apresentado em sala de aula por meio de textos de diferentes gêneros (escrito, mapa, imagem, vídeos e fotos de casas de taipas). Palavras-chave: Escravidão. Técnicas africanas. Economia. Taipa. Mineração. __________________ ¹Professor da Rede Estadual de Educação no NRE/Maringá; e-mail: [email protected] ²Professor Doutor no Departamento de História da Universidade Estadual de Maringá; e-mail: [email protected]

1 INTRODUÇÃO

Este artigo apresenta um tema de suma importância para a História da

Cultura Africana e Afro-Brasileira. Trata-se das técnicas africanas empregadas na

formação da economia colonial brasileira. Embora não seja um assunto novo no

meio acadêmico, os livros didáticos ainda omitem as variadas tecnologias africanas

trazidas pelos diferentes povos africanos que foram obrigados a singrar o Oceano

Atlântico desenvolver e empregar estes conhecimentos na colônia Brasil.

Por ser uma temática ampla, um só artigo não seria suficiente para expor toda

a riqueza dos conhecimentos tecnológicos africanos. Neste artigo será apresentada

a técnica de mineração e a construtiva, razão para esta escolha que não foi

aleatória.

Com relação à primeira técnica, a escolha deu-se pela presença da mesma

nos livros didáticos, mas sem mencionar a quem pertence este conhecimento; a

segunda deu-se ao inverso da primeira, pois raramente tem-se visto nos livros

didáticos as técnicas construtivas.

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Para chegar ao mínimo de conhecimento das tecnologias africanas, o projeto

passou por diversos textos de diferentes gêneros (escrito, mapas, imagens, vídeos e

fotos).

Este artigo tem a função de auxiliar educadores e educandos no sentido de

conhecer e aprofundar o vasto conhecimento africano que tanto contribuiu na

formação econômica colonial brasileira.

O conteúdo deste artigo foi apresentado no primeiro semestre de 2013 aos

professores inscritos no GTR e aos alunos do 8° ano B do Colégio Estadual Vital

Brasil. Nestes dois momentos foi exposta a temática do artigo.

No fórum 1 e no diário 1 do GTR, chegou-se ao consenso de que a Lei

10.639/2003 por si só, não resolve o problema, sendo necessário professores

capacitados e engajados com o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e

Africana, resgatando e reparando a cidadania da população negra brasileira. Outro

questionamento levantado neste momento foi a formação do professor de História

nas IES. Segundo a discussão, as Universidades brasileiras ainda insistem no

currículo europeu em detrimento do africano.

Uma professora cursista sugeriu um plano de ação que envolvesse todas as

disciplinas do currículo, mas para isto seria necessário fazer um levantamento

abordando os seguintes aspectos em relação à escola:

1- Como são tratadas as relações étnico-raciais dentro do espaço escolar?

2- O currículo aborda a participação positiva de todas as etnias que compõem

o ambiente escolar?

3- A biblioteca da escola possui livros que tratam o negro de forma positiva?

4- Todas as disciplinas cumprem a Lei 10. 639/03?

5- Os livros didáticos e paradidáticos e outros materiais utilizados pelos/as

docentes trazem as contribuições da população negra em todos os seus aspectos?

6- Observar as palavras e expressões utilizadas no cotidiano escolar e

perceber se não estão imbuídas de preconceitos em relação a algumas etnias,

principalmente em relação à população negra.

7- O cuidado com as imagens que desvalorizam a população negra.

Após estas discussões a Equipe Docente poderá realizar um Plano de

Trabalho que envolva as diversas disciplinas do currículo escolar e que valorizem a

população negra como matriz fundante na construção do país.

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No fórum 2, os professores demonstraram uma certa preocupação com os

livros didáticos. Segundo a discussão, os livros insistem em trazer conteúdos que

reforçam a inferioridade do negro e a superioridade do colonizador branco. Deixam

explícitas as técnicas que ajudaram na construção do Brasil, mas fica implícito a

quem elas pertenciam.

Chegou-se a conclusão que o professor não deve ficar atrelado só aos livros

didáticos, mas procurar outras fontes que valorizem a população negra na

construção do país, não só no período colonial, mas em diversos momentos da

formação do Brasil.

No fórum 3, vivenciando a prática, alguns professores alegaram que a

dificuldade em trabalhar a temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Africana” nas

escolas é a resistência que as pessoas têm em relação a temática. Neste ponto,

infelizmente, observa-se que de fato há certa oposição por parte até mesmo de

professores de História, da Equipe Multidisciplinar do colégio, da qual faço parte.

Todo ano temos curso relacionado à temática e muitos professores não participam,

alegando com a seguinte frase “de novo, outra vez cultura-afro”, na verdade o foco é

a cultura-afro, porém, o material é sempre novo a cada ano.

Outra preocupação dos colegas professores para trabalhar o conteúdo

africano está relacionada à formação dos/as docentes, que por muitos anos e em

muitos casos ainda hoje, no seu processo de formação deparam-se com a

construção de um saber que nega a participação positiva da população negra na

formação de nossa cultura, ou quando muito, visto de uma forma folclorizada.

Para finalizar este fórum, alguns professores ao ler o projeto de

implementação, contestaram em se começar o trabalho de técnicas africanas com a

origem do homem no continente africano. Após a intervenção de outros professores,

chegou-se a conclusão que todo e qualquer trabalho relacionado à África deve-se

começar com esta temática, ou seja, a origem do homem e seu deslocamento

voluntário ou não.

2 DESENVOLVIMENTO

O artigo aqui apresentado tem como objetivo principal pontuar as técnicas

africanas quando os negros africanos foram capturados no continente africano e

introduzidos no Brasil como mão de obra escrava. Seria inócuo em qualquer

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pesquisa sobre a cultura afro-brasileira esgotar as contribuições africanas na

formação brasileira.

No imaginário popular e sutilmente nos livros didáticos tem se a impressão de

que os negros africanos não detinham conhecimento nenhum. Quando chegaram ao

Brasil os portugueses os qualificaram, preparando-os para as diversas tarefas

inerentes à colônia, contrariando este imaginário, Henrique Cunha Junior faz a

seguinte afirmação:

As migrações forçadas de africanos para o trabalho compulsório, no

escravismo criminoso, foram realizadas durante um período de mais de 300

anos, tendo variado de regiões, segundo as épocas, e também variados os

ciclos de produção no Brasil. Estas variações fizeram com que o Brasil

tenha recebido uma imensa diversidade de conhecimentos contidos na mão

de obra africana de diversas regiões africanas (CUNHA JUNIOR, 2010, p.

17).

Estas e outras informações sobre a contribuição não foram e não são

necessárias para que a cultura africana ganhe visibilidade. Atualmente, no Brasil

foram criadas leis para punir o racismo, outras para o ensino da temática da História

e Culturas afro-brasileira e africana e cotas nas IES públicas.

Este mesmo pensamento tem Luciano Gonsalves Costa, organizador do livro

História e Cultura afro-brasileira, ele defende a seguinte ideia:

É necessário colocar os africanos e afro-brasileiros como uma questão

importante no contexto nacional, tendo como meta superar a visão negativa

construída ao longo da história. Mediante um projeto pedagógico

comprometido com a eliminação da discriminação racial nas escolas e com

a transformação, de forma positiva, da visão do papel do negro na

construção de conhecimento e cultura, será possível a permanência da

população negra nas escolas (COSTA, 2010, p. 22 e 23).

Jared Diamond (2010), no livro Armas, Germes e Aço imprime luz e

temporalidade no domínio das técnicas africanas muito antes da presença do negro

no Brasil.

[...] as técnicas de fundição de minério dos ferreiros da África subsaariana

eram tão diferentes das usadas no mediterrâneo que sugerem um

desenvolvimento independente: os ferreiros africanos descobriram como

conseguir altas temperaturas nos fornos de suas aldeias e fabricar aço mais

de dois mil antes dos fornos do inventor inglês Henry Bessemer, no século

XIX, na Europa e na América (DIAMOND, 2010, p. 396).

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É preciso reforçar que “a arte brasileira está repleta da presença negra que,

como em outras áreas, não é reconhecida e que precisa ter visibilidade junto aos

alunos” (Brasil, MEC/SECAD, 2006, CEAD, 2006, p. 266).

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A introdução da rudimentar arquitetura brasileira deve-se às técnicas

africanas que influenciaram a construção civil por todo o país. Até pouco tempo atrás

nas regiões interioranas do Nordeste ainda estavam presentes. No seu livro

Tecnologia Africana na Formação Brasileira Cunha Junior faz a seguinte

observação:

Adobe, taipa de pilão, taipa de mão são técnicas construtivas com a terra

crua para casas e edifícios, encontrados em grande escala no período

colonial, mas em uso até hoje, e que foram introduzidas e difundidas no

Brasil pelos africanos. O adobe é um tijolo de terra crua, geralmente muito

grande com relação aos tijolos de hoje, cuja técnica de produção implica ser

seco inicialmente e depois ao sol. Este tijolo é muito utilizado na África do

Rio Níger. Para constituição do tijolo de adobe se misturam argila, fibra

vegetal, estrume de gado e óleos vegetais ou animais (CUNHA JUNIOR,

2010, p 28 e 29).

Costa e Silva (2012) contradiz Cunha Júnior (2010):

[...] ainda que competindo com o mocambo de palha de tradição ameríndia,

a morada do pobre no Brasil seria, durante muito tempo, de sopapo, à

africana, e não de taipa de pilão ou de pedra, como em Portugal. Não

prosperaram aqui as cabanas cônicas; impôs-se a de planta quadrada, com

teto e águas, que no Brasil ganhou janelas (Revista de História da Biblioteca

Nacional, nº 78, marca, 2012, p, 19 e 20).

Esta contradição onde Costa e Silva discorda de Cunha Junior, se encontra

publicada em um artigo da Revista de História da Biblioteca Nacional, onde afirma

que a técnica de pilão é uma técnica portuguesa e não africana.

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Figura 1: Casa de taipa. Fonte: ALBUQUERQUE. Jocílio Nunes de.

Nesta foto de 2012, no sertão da Paraíba, fica evidente a parceria entre a

FUNASA-Fundação Nacional de Saúde e o proprietário da casa de taipa. A primeira

compromete-se a construir uma casa de alvenaria ao lado da casa de taipa, em

troca da derrubada da antiga moradia.

Page 10: AS TÉCNICAS AFRICANAS NA FORMAÇÃO DA ECONOMIA … · 2016-08-15 · Após estas discussões a Equipe Docente poderá realizar um Plano de Trabalho ... introduzidos no Brasil como

Figura 2: casa de taipa. Fonte: ALBUQUERQUE. Jocílio Nunes de.

O detalhe desta construção apresentado aos alunos foi a técnica de

entrelaçamento das varas, sua amarração para a sustentação do barro que vem em

seguida para formar a parede da casa.

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Figura 3: casa de taipa. Fonte: ALBUQUERQUE. Jocílio Nunes de.

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2.1 Análise das atividades desenvolvidas

A segunda parte deste projeto foi aplicada no Colégio Estadual Vital Brasil

Ensino Fundamental e Médio, com alunos do oitavo ano B, período da manhã.

Por meio de uma pesquisa realizada no ano de 2012, pela Equipe

Multidisciplinar, da qual eu faço parte, foi feito um levantamento das etnias as quais

pertenciam os alunos no referido ano.

Do total de 625 alunos entrevistados por meio de uma consulta escrita, 331

declaram-se brancos, 357 afrodescendentes, 25 de origem asiática e 13 de origem

indígena. Esta pesquisa demonstrou que os alunos já falam abertamente e sem

receio sobre sua origem afro.

A esta espontaneidade, a Equipe não sabe se estas mudanças de atitudes

estão relacionadas às políticas públicas ou o trabalho que a Equipe vem

desenvolvendo nos últimos anos com a temática cultura-afro e afro-brasileira, ou

mesmo ambas.

O conteúdo deste artigo foi apresentado em sala de aula no primeiro

semestre de 2013. Na medida do possível, foram utilizados recursos variados, desde

textos, gravuras, vídeos e gráficos. Primeiramente, foi apresentado aos alunos o

título do projeto e a importância do mesmo para o conhecimento tecnológico

africano. Na sequência foi apresentado um texto e um gráfico sobre a origem do

Homem no Continente africano.

Após a leitura do mesmo os alunos já conheciam a origem do homem, mas

não entendiam a questão da cor da pele, ou seja, se a origem do homem é negra, o

porquê do branqueamento. Neste momento foram levantadas hipóteses do

deslocamento para regiões frias e da diversidade alimentar ao longo dos séculos

que ocasionaram este branqueamento.

Surgiu um questionamento do aluno A, “se o homem estava em segurança na

África por que saiu de lá?”. O aluno B, procurou saber: “como eles chegaram ao

Brasil, no Continente Americano?”. Para responder a primeira pergunta, foi

levantada a hipótese da dependência do meio natural que os obrigou a migrar para

outros lugares em busca de alimentos, questões climáticas ou mesmo pela

curiosidade que é inerente ao homem.

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Na segunda questão foi apresentado um gráfico dos prováveis caminhos

feitos pelos primeiros povoadores da América, onde foi exposto a Rota de Bering e

Rota Oceânica.

Em outro momento, foi apresentado aos alunos textos e vídeos sobre a

mineração no Brasil, aqui focando mão de obra africana e o conhecimento

tecnológico, pontuando o interesse que os colonizadores portugueses tinham por

estas técnicas africanas, cujos povos dominavam bem antes dos europeus

chegarem na América.

Não foi por acaso que estes povos foram forçados a singrar o Oceano

Atlântico para trabalhar nas minas no período colonial brasileiro. Eles eram

escolhidos porque os portugueses já sabiam que eles detinham este conhecimento.

Para reforçar a ideia do conhecimento técnico africano, foi realizada uma

leitura de textos e vídeos sobre a mineração ontem e hoje, com gravuras sobre a

mineração na África, no Brasil colônia e a mineração em Serra Pelada.

No final os alunos escreveram um relatório, onde se constatou as condições

de trabalho na mineração em espaço e tempo diferentes. Ocasião em que o Aluno C

“falou que conhecia, pois já havia estudado sobre a mineração e tinha conhecimento

sobre a mão de obra escrava empregada neste trabalho, só não sabia que era uma

técnica africana”.

Para reforçar esta ideia, foi explicado aos alunos que os africanos eram bons

ourives. Na África criavam joias de grande beleza, e passaram a fazê-las com novos

modelos no Brasil. Foi levantado um questionamento sobre esta omissão e

desinformação dos conhecimentos africanos. O aluno D, chegou a seguinte

conclusão: “pode ser por isto que o racismo seja grande, porque as pessoas não

sabiam que o escravo tinha inteligência”.

Apresentando-se as técnicas construtivas, foi perguntado aos alunos se os

mesmos conheciam uma casa de taipa. Todos da turma afirmaram que só por meio

de fotografia ou imagens na TV e também desconheciam esta técnica como

africana. O aluno E, falou que: “sempre soube que este tipo da casa era construída

pelos índios”.

Para equacionar esta dúvida foi explicado que havia algumas semelhanças. A

africana era de paredes de sopapo e o teto de folhas de palmeira, com teto em duas

águas, e no Brasil ganhou janela. A ameríndia era um mocambo de palha.

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Foi apresentado um texto sobre as técnicas construtivas e em seguida uma

foto atual de uma família em sua casa às margens do Rio Zaire, uma gravura da

casa de escravos no Brasil Colônia e uma foto de casa de taipa de 2012, no

Nordeste brasileiro. Os alunos analisaram as três imagens e identificaram as

semelhanças entre as construções nos diferentes espaço e tempo.

Para maior conhecimento, foi apresentado um vídeo sobre a construção de

uma casa de taipa, mão de obra familiar. Neste vídeo ficou evidente a técnica

empregada como também o material utilizado na construção.

Embora haja um projeto da FUNASA, que em troca da demolição da casa de

taipa, constrói-se uma de alvenaria, a presença delas como moradia, ainda é

bastante visível no Nordeste brasileiro, mas também é utilizada, na zona rural, como

depósito de ferramentas e até mesmo de sementes.

Para coroar a implementação do projeto, os alunos do 8º B, elaboraram dois

banners com fotos, gravuras, textos e um vídeo sobre as técnicas construtivas e

mineração, cujo trabalho foi socializado com as demais turmas do Colégio, por

ocasião da Mostra Cultural.

Os alunos foram divididos em grupos, cabendo a cada um apresentar a

temática proposta pelo projeto, momento em que foram utilizadas várias ilustrações.

A seguir foto de dois banners apresentado por eles.

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Figura 4: Banner. A mineração. Autor: ALBUQUERQUE. Jocílio Nunes de.

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Figura 5: Banner. Técnicas construtivas. Fonte: ALBUQUERQUE. Jocílio Nunes de.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

São indeléveis as contribuições dos diferentes povos africanos e seus

descendentes na formação do Brasil, mas este conhecimento não é só de volição o

desta matiz. É necessário que se aprofunde conhecimentos sobre a historiografia

brasileira, por meio de professores e pesquisadores e seja dada maior visibilidade

de toda a herança cultural africana deixada, e que ainda permanece viva no Brasil.

No imaginário popular, dá a entender que o acervo de técnicas africanas

pertencia aos portugueses e que, ao chegar ao Brasil, o negro africano era

capacitado para as diferentes atividades na colônia, ou seja, o mesmo só trazia a

força bruta.

Portanto, este artigo tem por finalidade resgatar o conhecimento tecnológico

da população negra do período colonial brasileiro. Espera-se também que este

artigo possa servir de material de apoio para os demais professores da Rede Pública

do Estado do Paraná, bem como proporcionar outras pesquisas que levem à

ampliação do tema.

Oxalá, um dia a humanidade entenda de forma científica e racional que todos

os diferentes povos existentes hoje no planeta tiveram um tronco comum, a África e

que a martirização da população negra, possa ficar gravada nos velhos livros

empoeirados.

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REFERÊNCIAS

Brasil. Ministério da Educação. Educação – africanidades – Brasil. Brasília. MEC/

SECAD, 2006, CEAD, 2006.

_____. Lei nº 10.639 de 09 de janeiro de 2003. Inclui a obrigatoriedade da temática

“História e Cultura Afro-Brasileira” no currículo oficial da rede de ensino. Diário

Oficial da União. Brasília, DF, 2003.

BIBLIOTECA NACIONAL, Revista de História. nº 78, março, 2012.

COSTA, L. G. (Org). História e Cultura afro-brasileira, subsídios para a prática

da educação sobre relações étnico-raciais. Eduem – UEM, Maringá – PR. Brasil –

2010.

DIAMOND, j. Armas Germes e Aço. 12 ed. Rio de Janeiro: Record, 2010.

Revista de História da Biblioteca Nacional, nº 78, março, 2010.

CUNHA JUNIOR, H. Tecnologia africana na formação brasileira. Rio de janeiro.

CEAP, 2010.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da

Educação Básica – História – 2008.