as publtcaçÕes da freltmo: ui,l estudo … exemplo, dada reunião do comité central se debruçou...

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bibliosráfica análise AS PUBLTCAçÕES DA FRELTMO: Ui,l ESTUDO PRELIftTINAR Colin Dqrch Os documentos e periódicos oficiais da FRELIMO constituem um con- junto substancial de publicações de importância crucial cuja Íamiliarização é Íundamental para a compreensão do Moçambique de hoje. lsto aplica-se tanto ao período da Luta Armada de Libertação Nacional como ao período pós-1975 quando a FRELIMO, tendo conquistado o poder es:atal, iniciou o desenvolvimento de medidas para a transição para o socialismo, inspiradas em larga medida na experiênciadas zonas libertadas. Contudo, o estudioso/ militante de Moçambique, quer nacional quer estrangeiro,colocado perante a quantidade maciça de documentos produzidos desde 1962, não dispõe de qualquer guia que lhe indique os comunicados,artigos ou intervenções que Íoram imporlantesna medida em que determinaram uma posição ou assegu- raram a vitória de uma linha correcta; não dispõem de Íorma de saber que, por exemplo,dada reunião do Comité Central se debruçou sobre a construção de um Aparelho de Estadoque reÍlectisse na sua composiÇão a base do poder da aliança operário-camponesa; não possuiqualquerobra de referência - quer bibliográfica quer de outra natureza - que lhe indique qual das centenas de discursos e intervençõesPresidenciaisabordou temas relacionados com a Educação,Saúde, ou polílica externa.Claro gue há muitas pessoasque pos- suem tais conhecimentosna memória; no entanto, ainda não Íoi iniciada a indexação e relação sistemáticas de material destinado à pessoa comum - operário,camponês, estudante - que deve ter acesso a essa documentação para participar na e compreender mais aproÍundadamente a transformação da sociedade moçambicana. Dito isto, devemos salientar QUe êste ensaio não pretende constituií uma biblogratia completa ou mesmo seleccionadada FRELIMO a que atrás nos referimos. É evidente que só o próprio Partido possui a autoridade para elaborar um texto oficial desse género. No entanto,e dada a inexistència, de uma maneira geral, de documenialistas com a formação técnica necessária para iniciar a tareta, o Centro de Estudos Africanos apresenta o esboço que se segue, a Íim de que o mesmo seja eventualmente criticado, desmontado, alargado ou adoptado. À partida, desejamos esclarecer dois aspectos sobre o ensaio que se segue, a Íim de clarificar os seus objectivos e limitações e para definir a sua massa potencial de leitores.Em primeiro lugar, e como é evidenle,é de que se trata de uma mera tentativa de identificar as diversas estruluras da FRELIMO e para descrever os tipos de publicações por elas produzidas, Est. Moç.(2) l98l: 105- l2O. Estudos Moçambicanos no.2, 1981, pág.105-120

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Page 1: AS PUBLTCAçÕES DA FRELTMO: Ui,l ESTUDO … exemplo, dada reunião do Comité Central se debruçou sobre a construção de um Aparelho de Estado que reÍlectisse na sua composiÇão

bibliosráf icaanál ise

AS PUBLTCAçÕES DA FRELTMO:Ui,l ESTUDO PRELIftTINAR

Colin Dqrch

Os documentos e periódicos of iciais da FRELIMO consti tuem um con-junto substancial de publicações de importância crucial cuja Íamil iar izaçãoé Íundamental para a compreensão do Moçambique de hoje. lsto apl ica-setanto ao período da Luta Armada de Libertação Nacional como ao períodopós-1975 quando a FRELIMO, tendo conquistado o poder es:atal, iniciou odesenvolvimento de medidas para a transição para o social ismo, inspiradasem larga medida na experiência das zonas l ibertadas. Contudo, o estudioso/mil i tante de Moçambique, quer nacional quer estrangeiro, colocado perantea quantidade maciça de documentos produzidos desde 1962, não dispõe dequalquer guia que lhe indique os comunicados, art igos ou intervenções queÍoram imporlantes na medida em que determinaram uma posição ou assegu-raram a vitória de uma l inha correcta; não dispõem de Íorma de saber que,por exemplo, dada reunião do Comité Central se debruçou sobre a construçãode um Aparelho de Estado que reÍ lect isse na sua composiÇão a base do poderda al iança operário-camponesa; não possui qualquer obra de referência - querbibl iográfica quer de outra natureza - que lhe indique qual das centenas dediscursos e intervenções Presidenciais abordou temas relacionados com aEducação, Saúde, ou polí l ica externa. Claro gue há muitas pessoas que pos-suem tais conhecimentos na memória; no entanto, ainda não Íoi iniciada aindexação e relação sistemáticas de material destinado à pessoa comum -operário,camponês, estudante - que deve ter acesso a essa documentaçãopara participar na e compreender mais aproÍundadamente a transformaçãoda sociedade moçambicana.

Dito isto, devemos sal ientar QUe êste ensaio não pretende consti tuiíuma biblogratia completa ou mesmo seleccionada da FRELIMO a que atrásnos referimos. É evidente que só o próprio Part ido possui a autoridade paraelaborar um texto of icial desse género. No entanto, e dada a inexistència, deuma maneira geral, de documenial istas com a formação técnica necessáriapara iniciar a tareta, o Centro de Estudos Africanos apresenta o esboço quese segue, a Í im de que o mesmo seja eventualmente cri t icado, desmontado,alargado ou adoptado.

À part ida, desejamos esclarecer dois aspectos sobre o ensaio que sesegue, a Í im de clari f icar os seus objectivos e l imitações e para definir asua massa potencial de leitores. Em primeiro lugar, e como é evidenle, é deque se trata de uma mera tentat iva de identi f icar as diversas estruluras daFRELIMO e para descrever os t ipos de publicações por elas produzidas,

Est . Moç. (2) l98 l : 105- l2O.

Estudos Moçambicanos no.2, 1981, pág.105-120

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Í06 ESTUDOS MOçAMBTCANOS

stravés de alguns exemplos mais ou menos arbitrariamente escolhidos. Distoresul la que o material ci tado será em geral bastante conhecido, e do domíniopúblico; documentos inéditos, de arquivo e outros "semipublicados' emmimeograÍia continuam a ser da responsabil idade dos arquivos do Part idoe Estado. Em segundo lugar, este ensaio refere-se apenas à documentaçãoelementar da FRELIMO - documentos dos Congressos, relatórios do ComitéGentral, declarações polít icas da Presidência, etc. A documenfação oÍicialdas Organizações Democráticas de Massas (Organização da Mulher Moçam-bicana, Organização da Juventude Moçambicana, Conselhos de ProduÇão),da Assembleia Popular, e das estruturas estatais executivas (Ministérios,Governos Provinciais) está omit ida. Da mesma forma Íoi deixada de parteoutra documenlaÇão secundária, quer art igos de divulgação e expl icação dotipo publicado de tempos a tempos no Noticias e Tempo, quer abordagensmais académicas efectuadas por estudiosos internacionais. Contudo, devemosrevelar aos nossos leitores que o Centro de Estudos Africanos se encontrapresentemente a compilar uma bibl iograÍia aprofundada de documen'aÇão epublicações da FRELIMO ou relacionadas com a FRELIMO, que incluirá umdetalhado Índice de assuntos. Este artigo baseia-se aliás, em parte, no trabalhopreliminar já efectuado para aquele projecto.

BIBLIOGRAFIAS E COLECçÕES

Não existe qualquer guia bibl iográfico geral publ icado sobre o Parl idoFRELfMO. Assim, é duplamente desafortunado que as bibl iograÍias modernasexistenfes relativas a MoÇambique abraniam apenas uma pequêna parte domaterial disponível publicado pelo e sobre o Partido e o Íaçam de Íorma tãosingularmente conÍusa e de tão pouca aiuda. A bibl iografia publ icada peloCentro Nacional de Documentação e Informação de Moçambique (CEDIMO)em 1978 (2), por exemplo, apenas inclui 38 reÍerências sob a designaÇão

"FRELIMO,, das quais 16 são relat ivas a tópicos do l l l Congresso (verregistos n.o| 1054-1091, pá9. 61-63). Sob a designação "Machel, SamoraMoisés" encontramos 36 tópicos, alguns dos quais se reÍerem a diÍerentesedições do mesmo texlo; e sob a designação .Mondlane, Eduardo" há apenascinco registos. Esta compilação está l imitada pela omissão de citações analÊtÍcas, ou seja, referências a textos íntegrais publicados como parte de colec-ções maiores ou em séries. Assim, resoluções do Comité Central publ icadasna Voz da Revolução (33), ou discursos individuais do Presidente Samorapubficados na A nossa Luta (20) ou A vltória constról-se (221 náo se conse-guem local izar no catálogo publicado pelo CEDIMO.

Se nos virarmos para as bibl iografias de Al len (1), e Enevoldsen e John-sen (4) publ icadas no exterior do País, não encontraremos um melhor trata-mento do material bibl iográÍico da FRELIMO. Al len não inclui qualquer materialem língua portuguesa, facto que exelui automaticamente o corpo central dadocumcntecão elementar da FRELIMO: também não inclui uma secÇão sobreo Part ido enquanto tal na sua organização do material por assuntos. Emresultado disto, é necessário passar de capítulos como "Liberated areas:pol i t ics oÍ l iberation" (pá9. 197) para "Poli t ical structureso (pá9. 201) eoutras designações para reunir uma l is 'a do que consti tui uma selecção detextos da FRELIMO em tradução inglesa. Enevoldsen e Johnsen. por outrolado, incluem uma rubrica "Estado e Part ido", que é ainda subdividida emcEstâdo e Part ido em geral" (capítulo 6.1): " l l l Conqresso da FRELIMO"(capítulo 6.2): e "Assembleias Populalss" (capítulo 6.3). Muitos dos tópicosclassificados, no entanlo, reÍerem-se a Íontes secundárias, incluindo algunsart igos jornalíst icos de ut i l idade duvidosa, e são na sua maioria em Inglês.Sob a rubrica " l l l CongresSo'€hcontramos 16 registos, dos quais 7 referentesa documentos do Congresso, seis são abordagens e análises secundárias,

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PUBLTCAçÕES DA FRELTMO í07

dois são de Íacto art igos sobre o Seminário Nacional de Informação em Í insde 1977, e um consti tui um att igo geral sobre o social ismo moçambicano.Os três principais documentos elaborados pelo Congresso e publ icados(15, 16, 17) são reÍerenciados da seguin:e forma; as Directivas Económlcase Sociais numa referência ambígua, em português, a uma tradução sueca; oRelatório do Comité Central duas vezes, uma sob .FRELIMO" e outra sob"Machel, Samora"; o Programa e Estatutos não é reÍerido excepto como partede um registo referente a uma tradução alenrã do.ç textos do Congresso.O principal registo para o Prog-ama e Estatutos surge no capÍtulo 6.1 "Estadoe Part ido em geral", sem qualquer indicação de terem sido de facto apro-vados no l l l Gongresso. Torna-se evidente a part ir desla l ista que os compi-ladores não estavam cientes da importância relat iva dos diferentes textosda FRELIMO, tal como ref lect ida no padrão de publicação de Moçambiquee, como é evidente, na própria estrutura do Part ido. Assim o Congresso surgemais como sendo uma espécie de reunião geral alargada do que como órgãopoiít ico supremo do Part ido.

A b ib l iograf ia de Chonchol possu i um t í tu lo a lgo dúbio (3) , embora osubtítulo especif ique mais concretamente o assunto sobre o qual se debruça.No entanto Chonchol não Íaz uma tentat iva séria para descobrir as origensda l inha da FRELIMO sobre aldeias e sobre a questão agráría a part ir dedocumentos específ icos publicados pelo Par' ido, preferindo basear-se emfontes tão conhecidas como os escri tos de Basi l Davidson e Eduardo Mon-dlane (21). Embora inclua referências ao material publ icado da 8." Sessãodo Comité Central (121

" a uma tradução francesa das resoluções da 4." Ses'

são (13, 14) , bem como a t raduções Í rancesas de textos do l l l Congresso,não há uma preocupação de seguir o desenvolvimento de uma l inha atravésde uma série de fontes comprovativas específ icas, sob um pon'o de vistahistórico. No capítulo que se segue, denominado DOCUMENTOS DA FRELIMO:UMA PROPOSTA BIBLIOGRÁFICA, traça o esboço de uma Íorma em quetal texto bibl iográÍico talvez possa ser elaborado.

É também necessário assinalar que pelo menos duas colecções privadasdos primeiros textos da FRELIMO, muitos dos quais comunicados mimeogra'Íados ou documentos do género, existem em bibl ioiecas universitárias dosEstados Unidos, estando disponíveis l istas destes documentos. A colecçãoChilcote de documentos de Moçambique, Angola e Guiné-Bissau está guar-dada nos arquivos da conservadora e antimarxista "Hoover lnst i tut ion ÍorWar, Revolui ion and Peace', €rn Stanford, Cali fornia; um registo bibl iográÍicoda colecção e um rrolume de traduções inglesas de textos escolhidos forampubficados em 1969 e 1972, respectivamente. No entanto, estas publicaCõesestão presentemente muito desactual izadas, e abrangem apenas o períodoinicial da existência da Frente. A colecção Wallers'ein Íoi copiada e indexqdapela colecção "Southern AÍr ica" da Bibl ioteca Universitária de Yale; emboraexist ia orÌgínalmente uma considerável justaposição sntre .Chilcote' e .waller-stein", no processo de microÍ i lmagem, os documentos dupliçados Íoram el imi-nados e agora as duas complementam-se uma à outra. A l ista lnventory oíselected docurnents Írom the fmmanuel Wallerstein Collection oÍ lnvenlory oÍEphemera oÍ the Lib.eration Movements oÍ Lusophone AÍrlca and AnglophoneSouthern AÍr ica (1958.1975) on microÍ i lm (New Haven: Yale Univers't ty Library,19771 foí publ icada naguela altura, mas infel izmen'e não se encontrava dispo-nível para análise detalhada aquando da elaboração deste ensaio.

Diversas antologias contendo textos da FRELIMO foram publicadas emMoÇambique e noutros países, a maioria delas desde a Independência Nacio-nal em 1975. (A principal excepção a este Íacto Íoi a colecção Chilcote de1972, Emerging Nationalism in Portuguese AÍrica, que abrangia tambémAngola e a Guiné-Bissau e incluía ainda diversos "movimentos de l iber:ação"

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108 ESTUDOS MOçAMBICANOS

esporádicos como a COREMO e outros; esta obra não será abordada nesteensaio . )

O próprio Part ido FRELIMO tem vindo a publ icar duas colecções dedocumentos sob a forma de séries, bem como volumes ocasionais de selec-ções organizadas em torno de temas especíÍ icos. A primeira das séries actual-mente disponíveis, a GolecÇão "fslrJdos e Orienlações" (6) alcançou até àdata um total de treze volumes; na medida em que apenas um deles não éda autoria de Samora Machel, a série será analisada mais à Írente junta-mente com as suas outras obras. Da mesma forma, a Cotecção "Palavrás deOrdem" (7), da qual Íoram já publ icados 19 volumes, compõe-se principal-mente de discursos recentes do Presidente, e é também analisada maisà Írenle.

A primeira antologia de material relacionado com a FRELIMO a serpublicada no interior do País Íoi editada por João Reis e Armando Muiuanee surg iu em 1975 (11) . A reco lha in ic ia-se com o cur to re la to do Massacrede Mueda de 16 de Junho de 1960 efectuada por Alberto Joaquim Chipandeque Íoi testemunha do mesmo, e termina quinze anos mais tarde com anomeação do primeiro Governo do Moçambique independente. Os compila-dores aÍ irmam implici tamente não possuir quaisquer ambições analí: icas nasua introdução: c... fustjÍica.se plenamente uma Íesenha de datas e Íactosmais lmportantes no processo desencadeado pela FRELIMO... para a lutaarmada contra o poder colonial.r A recolha é, no entanto, útil, embora conte-nha algumas deÍiciências técnicas na edição que podem ser frustrantes parao leitor. Os textos são por vezes publicados sem títulos precisos ou datasprecisas, e muitas vezes não se torna claro se dado discurso ou resoluçãoestão publicados na íntegra ou não. A antologia inclui- inevitavelmente,dada a abordagem "Íactológica" dos editores - uma cronologia que é entre-meada pelos próprios texos.

A recolha intitulada O Processo Revoluclonárlo da Guerra Popular deLibertação (10), por outro lado, é muito mais escrupulosa na indicaÇão daÍonte dos textos que a compõem, que de facto provêm todos da Voz daRevolução (33) e seus predecessores. As curtas introduçÕes a cada capítulotentam situar os documentos e art igos no seu contexto histórico, mas infel iz-mente não existe qualquer expl icação detalhada do cri tério seguido para aselecção, a não ser a de que a recolha publica (os mais importantes art igos,estudos, editoriais e comunicados inicialmente publicados em A Voz da Revo-lução>. A obra está dividida em quatro partes: documentos que precedem odesencadeamento da luta armada; a proclamação datada de 25 de Setembrode 1964 e consequências imediatas; o período da transformação da lutaarmada em revolução populari e, Í inalmente, textos do período 1971 a 1974,quando os avanços cia FRELIMO se t inham tornado irreversíveis. A misturaé, apesar da crít ica que acima f izemos, bastante racional, alternando documen'tos polít icos com textos analí i icos ou propagandíst icos da revista. Uma reedi-ção dos mesmos textos apareceu também em 25 de Setembro (9).

Justapondo-se em certa medida com O Processo Revolucionário existeuma antologia em três volumes compilada por Aquino de Bragança, Directordo Centro de Estudos Afr icanos, e lmmanuel Wallerslein, um professor ame-ricano da Universidade do Estado de Nova lorque, Binghamion (5). O l ivrodestinava-se originalmente a ser publ icado nas versÕes inglesa e portuguesa,mas discrepâncias polít icas com a editora americana impediram que o projectoÍosse avanie. Nesta obra temos portanto uma recolha maciça e organizadatematicamente de textos da FRELIMO, MPLA, PAIGC, ANC, SWAPO, ZANU'ZAPU. e ainda Gf,AE, SWANU e outros - toda concebida em torno do temacontido no tí tulo: Quem é o inimigo? Tal como os autores sal ien'am, o trabalhode (propaganda' é por vezes elaborado apressadamente e está "subordinadoàs elxigênõias táct icas imediatas..." Mais ainda, é necessário compreender

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PUBLICAÇÕES DA FRELIMO 109

algo sobre as condições de produção e sobre a audiência potencial destet ipo de material:

"Não constitui o resultado de indiÍerença erudlta de qualquer espécle,mas, etn larga medida, o corolário de pensamento colectivo. Por yezes encon-tra-se redigida apressadamente, visto que o tempo que os movimentos podemconsagrar à esctila é, com Írequência, limitado. Em muitos casos, apresenta.serepetitivo, dado que o leitor potencial pode incluir pessoas relativamente malinÍormadas, ou porque a repetição é uma Íorma de educaçãor. (v. 1, pág. i9).

A maioria dos art igos não são textos "oÍ icíais" (resoluções esta:u-tos, etc.) mas antes exposições destinadas a mobil izar mil i tantes ou paraangariar apoio geral para um movimento. A maior parte dos textos Íoramtraduzidos do lnglês para Porluguês e o mesmo parece ter-se passado rela-t ivamente aos textos da FRELIMO que são ret irados, segundo as anotações,da revista de l íngua inglesa Mozambique Revolul ion (33) e não da Voz daRevolução. Podem-se fazer algumas crít icas a esta obra: dado o seu tamanho,é bastante diÍ íci l a consulta sobre um tema que se encontra disseminadonos diversos tópicos pré-seleccionados pelcs autores. Não existe um índice(há apenas um sumário) quer por países, autores ou por assuntos. Os art igos,mesmo dentro de cada capítulo, não parecem seguir qualquer sequência,quer cronológica quer por país. Finalmente, a introdução abre o apeti te pormais; breves nolas em cada documento, local izando-o no seu contexto histó-r ico e polít ico e assinalando o seu signif icado teriam aumentado substan-cialmente o valor da obra, dados os amplos conhecimentos do Dr. Bragançasobre os movimentos das antigas colónias portuguesas.

Durante o l l l Congresso da FRELIMO, em 1977, Íoi produzido um volumeem "off-set" de textos de reuniões e congressos anteriores do Comite Cen'rale do Comité Executivo para distr ibuição pelos delegados (8). Parece teremsido produzidas edições em português e inglês (ver o catálogo da GEDIMO,itens n.o" 1077 e 1081). Esta recolha não possui dados bibl iográÍicos de qual-quer espécie, nem introdução, notas. créditos ou mesmo sumário. No entantoela consti tui, como se poderá constatar no Quadro l , a principal Íonte dosdocumentos de diversas sessões do Cc'mité Gentral, documentos dos primeirosdois Gongressos, e da Reunião do Comité Executivo de Maio de 1973.

DOCUMENTOS DO COMITÉ CENTRAL E DO CONGRESSO

Os art igos 16.o a 21.o do Programa da FRELIMO definem a competênciados órgãos supremos do Part ido (17). O Congresso, que se reúne ordinaria-mente de cinco em cinco anos, é o órgão máximo do Part ido, com autoridadepara definir a l inha polít ica, alterar documentos fundamentais (e.9. o próprioPrograma), e eleger o Comité Central. Por seu turno, o Comité Central, quese reúne duas vezes por ano, formula o conteúdo da l inha polít ica e dir ige otrabalho polí i ico a nível táct ico. Elege o Presidente do Part ido e diversoscomités subordinados. Analisemos sumariamente a história destes dcis órgãose sua documentaÇão.

As fontes diferem quanto à numeração e datação das primeiras sessõesdo Comité Central, ou seja, no que respeita a sessões real izadas entre oI e l l Congressos e imediatamente depois do l l Congresso. O Quadro I mostraa sequência dos congressos da FRELIMO e das sessões do Comité Cenlralaté ao f im de 1979, com breves notas sobre os assuntos discutidos e decisõestomadas; cada sessão está também reÍerenciada a Íontes de documentaçãopublicada através de números colocados na últ ima coluna que se referem àl is 'a que se encontra no Í im deste ensaio. lnfel izmente, na altura em queelaborava este ensaio, não t ive acesso a colecções completas das revistasVoz da Revolução (33) ou da sua edição inglesa Mozambique Rsvolution,ambas as quais publ icaram muitas mensagens, resoluções e outros textos doComité Gentral ao longo dos anos. O quadro é portanto bastante provisório

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t10 ESTUDOS MOçAMBTCANOS

QUADRO I: CONGRESSO E SESSõES DO GOMITÉ GENTRA! DA FREIIMo, 1962.Ig79

ConEressose Sessões

( ) = Fonte

I CONGRESSO

Comi té Mi l i to r (A)

Congresso doLTFEMO (A)

Sessôo (B)

Doto

-25 Junho Ì962Doi-es-Soloom,23/28 Set. 1962

Junho de 1964

Ju lho de 1966

Outubro de 1966

II CONGRESSO

ì . ' Sessõo

C o m i t é P o l t i c i o --Mi l i to r (D)

2.' Sessõo (A,C)

Comiité Execuiivo(8 , D)

Mqchedie,Niosso20/25 Ju lho 1968

Ju lho de 1968

Mtworo, 1968

Setembro de 1968

Dezembro de 1968(reolmente 3 deJone i ro 1969)

Decisões lmportontes

Fundoçõo do FRELIMOAprovodos o Progromo e Es-totutos; inimigo definido ccmosendo o cc lcn io l i smo pcr tu -guês ; lu to o rmoCo ccmc fo r -mo de clconçor o independên-totol e completo.Decisõo de Cesencodeor o lutoormodo.Libertoçõo do mulher

Luto ormodo deveró ser olor-godo o outros provincios; obo-l idos os diÍerenços entre civise ccmbotentes; nomeodos osSecre tór ios Prov inc ío is ; impcr -1ôrrcio dos zonos Libertodos epopel do produçõc.

Conscl idoçõo do Linho revo-luc ionór io ; o no turezo on t i -- roc is to e on Í i - t r ibo l i s to doFRELIMO; po l í t i co do mulher ;ccmbote oo el i t ismo,. polí t icode c lemênc io poro pr is ione i ros ;corócter pcpulor dos FPLM.A l. ' sessôc do novo CC reu-n iu -se normolmente no ú l t imoCio do Congresso; reeleitos E.Monc lone e U. S imongo.[entot ivo de resolver difsrençosem presenço dos TonzonionosSiioono e M. Kolemogo (Choir-mon do TANU, Mtworo bron-c h ) .

Redefine o composição e octi-v ido jes de d lversos es t ru tu -os ;onc l i so o d isc ip l ino mi l i to r ,toref os mil i tores; Nkovodomeesteve ousente.Em Nochigweio; depois de os-so^sinoto de P. S. Khonkombe;Nkovondome e seu grupo nõocômDorecem, pcrque estovomió incu lpodos; expu l :õo deNkovondome dq Frente ; ú l t i -mo reuniõo em que port icipoE. Mond lone, e o p r ime i ro quecclcco o probfemo em termosCe closse, e. g. NkovondomeÍo i exp lc roCor (on t ipopu lor ) .DeÍine-se torefo do Ccmissõocue io o Cobo Delgo.lo comoímpÍonf or ncvos estruturos;Pochir.uopo pocso o ser Secre-tório Provinciol.Reconhece o existêncio de duosLinhos; tcmo mediCods poroneutrcl izor os Íeoccionórics;crio um Conselhc do Presi-r lêncio, elege S. Mochel, U.Simongo, M. dos Sontos.Simongo é expulso; 5. Mochelé e le i to Preg idente do FRELIMO

DocumentosPublicodos

( 8 ) , ( 1 0 ) , ( l l )

(8)

( 8 ) , ( 1 0 ) , ( l l )

(8)

3.' Sessõo

11.' Sessõo

ì l l 21 Abr i l 1969

9 /14 Mo io 1970

(8)

(8)

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Congressose Sessões

Doto Decisões Imporlsnter DocumentosPublicodos

Comité Executivo(D)

5.' Sessõo

Comité (C)Executivo

6.' Sessõo (B)

Sessõo

Sessõo

9.' Sessõo

ilr CoNGRESSO

l.' Sessõo

2.' Sessõo

3.' Sessõo

4.' Sessõo

q r Sessóo

6. ' Sessóo

7 . '

8.'

Set ou Out. 1970

4/30 Dezembro1972r 973

Agosto de 1974

l9 Ju lho 1975

1l /27 Fev. 1916

Jone i ro de 1977

Moputo3/7 Fev . de 1977

7 de Fev. de 1971

28/29 Agosto1911

2 l /22 Dez. 1977

7/ l6 AgostoI 978

Ju lho de ì979

Dez. de 1979

DeÍine mois cloromente Íes-ponsobil idodes dos estruturosontigomente outónomos, e, g.produçõo é intregrodo noDept." do Defeso

Ofensivq generol izodo em to-Cos os frentes.

Métodos de Cesencodeor oofensivo generol izodo em to-dos os Írentes.

Estudo do polít ico ontes doreuniõo de Lusoko e o seguiíros negocioções com Portugolopós 25 de Abri l de 1974.

Nc Tofo, Inhombone; oprovoo Const i lu içóo e o Le i do No-cionoÍidqde.

Convoco o l l l Congresso; De-sencodeio o OÍensivo Poli t icoe Orgonizocioncl generol izodonq Frente do Produçôo; orien-toções sobre o Aporelho deEstodo; oldeios comunois.

Sessõo preporotório do l l lCongresso.A Frente torno-se um Port idoCe Vqnguordo Morxisto-Leni-nisto; oprovodgs os documen-tos bósicos.Eleições poÍcr os vórios Ccmitésdo CC, - CPP, Comité de Con-t rc lc .

Convoco o Assembleio Populor.

ì 978 proclomodo rAno deEstruturoçõo do Port ido'.Principois problemos econó-micos; polí t ico externo; ques-tões culturois; comportomen-to dos membros do CC.Abostecimento de géneros deprimeiro necessidode; educo-çõc; comités e célulos do Por-t ido, cr ioçõo de comissõespqro os quodros, poro os Re-loções Exteriores e poro osOrgonizoções Democróticos deMossos.Preporoçõo do décodo 1980/90; botonço do ono; desen-volvimento no Niosso; Confe-rêncio do OMM; ono do crisn-ço; Zimbobwe.

(8) , ( l l )

(8)

( r 2 )

( l 8 )

( ì 5 ) , ( 1 6 ) , ( t 7 )e muitos outÍosversões

( 3 1 )

( 1 3 ) , ( 1 4 ) , ( 3 1

( l 8 )

PUBLICAÇÕES DA FRELTMO tl l

FONTES:

(A) A Voz do Frel ime. - Momentos de port iculor importôncio poro o vido do Povomoçombicono. Nolíclos 15 de Junho de 1979: 2.(B) FRELIMO: Ìe rce i ro Congresso. Moputo : INLD, 1978.(C) FRELIMO - le6gmgntos-bose do FRELIMO, l . Moputo , 1911 .(D) lnformoçõo concedido pcr ontigo combotente do FRELIMO.NCTA EXPLICATóRlA: os números entre porêntesis no coluno .Documentos Publicodosrreferem-se o textos citodos no f im deste ensoio.

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112 ESTUDOS MOÇAMBTCANOS

tanto na sua relação das sessões como nas suas referências às Íontes. Noscasos em que a numeração ou datação de uma sessão são duvidosas, ouparecem inconsistentes com a sequência como um todo, a Íonte da informaçãoé indícada no quadro.

Presumivelmente as diÍerenças entre as diversas fontes sobre as primei-ras sessões podem ser atr ibuídas, pelo menos em par:e, às condições daluta nos primeiros cl ias, quando as instalações de apoio secretarial e admi-nistrat ivo eram l imitadas. Questões menores como a numeração das sessões ea publicação de documentos no exterior do círculos de mil i tantes da FRE-LIMO estavam forçosamente subordinadas à resolução de contradições cru-ciais e à efeci iva implementação de importantes decisões polít ico-míl i tares.

Depois de resolvidas estas questões, a planeada bibl iografia do GEAsobre publicações da FRELIMO incluirá em detalhe e por ordem cronológicareÍerências analít icas completas sobre as resoluções, discursos e outrosdocumentos do Congresso e dos Comités, tal como se descreve no Quadro l .

OBRAS DE EDUARDO MONDLANE E SAMORA MACHEL

As obras de Eduardo Chivambo Mondlane, Presidente da FRELIMO desdea sua Íundação até ao seu assassinato em 1969, podem ser divididas em doisgrupos. O primeíro grupo diz respeito à sua carreira como estudioso e fun-c ionár io super ior das Nações Unidas nos anos 1950 e pr inc íp io dos anos 1960;o grosso deste material compõe-se de ensaios sobre ehologia e sociologia,escri tos em inglês e espalhados por diversas revistas e volumes de art igos.A dissertaÇão doutoral de Eduardo Mondlane inclui-se nesta categoria. O se-gundo grupo compõe-se de art igos, discursos, e documentos de conferênciaspreparados durante o período em que o Dr. Mondlane exerceu as ÍunçÕes dePresidente da Frente, e dir igidos a mil i tantes da FRELIMO, ao Povo Moçambi-cano em geral, ou à opinião progressista mundíal. Estes textos estão tambémespalhados por d iversas anto log ias (5 , 10, 11) ;um número substanc ia l dos mes-mos é, como se pode supor, em por.uguês. A obra mais conhecida e semdúvida principal de Eduardo Mondlane, no entanto, surgiu originariamente em1969 como um volume das séries sobre Áfr ica de uma editora bri tânica bas-tante conhecida, e só foi publ icada em português depois do derrube doGoverno Íascista de Lisboa em Abri l de 1974. Lutar por Moçambique (23)actualmente na sua terceira edição em português, Íoi de importância primor-dial para chamar a aienção do Mundo para a luta do Povo Moçambicano, ena mobil ização do apoio das forças progressistas a essa luta. Contínua aser um documento fundamental para o estudo e anál ise da natureza do colo-n ia l ísmo por tuguês em Moçambique, e das or igens da FRELIMO.

Depois do assassinato de Eduardo Mondlane em Dar-es-Salaam emFevereiro de 1969, e de um curto interregno em que um Conselho Presidencialde três memb:os dir igiu a FRELIMO, Samora Machel foi eleito Presidente na4.n Sessão do Comité Cenlral em Maio de 1970. Do ponto de vista da documen-tação podemos dividir as obras publicadas de Samora Machel em duas cate-gorias que, evidentemente, não implicam qualquer desunião temática. A pri 'meira categoria compõe-se do que pode ser apel idado de textos "clássicos",clássicos na medida em que Íoram publicados e republicados, traduzidos eincluídos em diversas antologias nas principais l ínguas, e amplamente disse-minados em todo o Mundo. Se exis'e uma concepção geral do "Marxismode Samora Machel ' , ela baseia-se mui 'o provavelmente nestes textos. Estamosa pensar em obras como A tibertação da mulher é uma necessidade da Íevo-lução, garantia da sua contjnuidade, condição do seu triunÍo (1973); Educaro homem para vencer a guerra, criar uma sociedade nova e desenvolver apátr ia (1970);ou Produzir é aprender-aprender para produzir e lutar melhor(1971). Estas e outras obras do período da luta armada estão todas publicadas

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PUBLTCAçÕES DA FRELTMO 113

na já mencionada Golecção "Estudos e Orientações" (6), e continuam a serimpressas e estão disponíveis nas l ivrarias moçambicanas. Uma edição numúnico vo lume dos pr imei ros se ie d iscursos Ío i pub l icada em 1974 no Por topela Editora Afrontamento, e reeditada no ano seguinte em Moçambique pelalmprensa Nacional, anrbas sob o tí tulo A nossa luta (20). Foi nestes textosque, por exemplo, a recolha francesa Le processus de la révolution demo.cratique populaire au Mozambique (Paris: L'Harmattan, 19771 se baseia, ealguns apareceram em inglês em Mozamotque: sowing the seeds oÍ revolution(London : CFMAG, 1975 ) .

Os d iscursos pres idenc ia is poster iores à Independênc ia em 1975 foramcoligidos de forma muito mais sistemática, e consti tuem sem dúvida os textosda FRELIMO mais consistentemente acessíveis. Virtualmente todas as inter-venções e discursos são publicados poucos dias depois (e muilas vezes24 horas depois) no NotÍcias (Maputo) e Noticias da Beira, os dois jornaisdiários de Moçambique. Muitos, mas não todos estes textos são subsequen-temente republicados no semanário Tempo (31) ou nos mensários de periodi-c idade i r regu lar e de t i ragem l imi tada Yoz da Revolução (33) , o órgão daFRELIMO, e 25 de Setembro (32), órgão do Comissariado Polít ico das FPLM.Alguns textos parece só terem aparecido nas revistas. Ult imamente, umnúmero relat ivamente pequeno de discursos actuais têm vindo a ser publ i-cados, em grandes t iragens da ordem dos 20 000 exemplares, nas séries

"Palavras de Odermo [7) , que são panf le tos de pequeno formato (17,5cm por10,5cm) que se vendem ao preço de 7,50 ou 10,00MT cada. Ev identementeque esta escalada de publicações, cada vez mais selectiva, é de Íorma geral,um guia para a importância polí t ica relat iva de cada texto, sendo os quenormalmente são publicados sob a Íorma de panfletos os de maior peso naqualidade de ex'posições da l inha polít ica.

Uma recolha mais ou menos completa dos discursos do Presidente,com início em 25 de Junho de 1975, está a ser efectuada a part ir de recortesdos textos originais publ icados nos jornais como projecto permanente peloCEDIMO (18) . lmpressos l i tograf icamente em Íormato "44" sem qualquer apa-rato editorial com excepÇão de um sumário com datas e crédito do númeroor ig ina l do jorna l u t i l i zado. Um exemplar t íp ico, o n .o 10, inc lu i 23 d iscursosde um período de seis meses, de Junho a Dezembro de 1978. Esta recolhadeve ser seguramente o ponto de part ida para um estudo sério e deialhadodo pensamento e prát ica do Presidente da FRELIMO mas infel izmente a suadistr ibuição é bastante l imitada. Por exemplo, uma nova recolha elaboradapor uma editora inglesa radical, prelenciosamente in' i tulada The MarxismoÍ Samora Machel: col lected (sic) essays and speeches (19) não signif icaquatquer avanço substancial relat ivamente a esÍorços anteriores em termosde selecção, apesar da inclusão de diversos dos mais recentes e acessíveistextos; é de lamentar que a recolha do CEDIMO não t ivesse sido ut i l izadacomo base para este trabalho. Uma introdução substancial, da autoria deum p:ofessor americano de estudos Latino-Americanos, Donald Hodges, é pro-metida mas não estava ainda disponivel aquando da elaboração deste ensaio.

Deve-se lamentar em parte o facto da maioria das recolhas publicadasno estrangeiro, com algumas poucas excepções, serem de Íacto exclusiva-mente antologias dos discursos do Presidente do Part ido FRELIMO, omi indointervenções importantes de outros dirígentes, documentos das Organizaçõesde Massas, textos, resoluções e circulares de comités e departamenios ereuniões. Este material consti tui parte essencial da documentação p: 'oduzidapelo Part ido, e não a levar em conta é ignorar os princípios segundo osquais se organiza um Part ido de Vanguarda Marxista-Leninista; esperamosque os fuiuros compiladores faÇam as suas selecções de peças a serem tra-duz idas e re t i radas da ampla gama de documentação da FRELIMO. ( ls to é ,evidentemente, mais um argumento a favor de um índice bibl iográÍico deta'

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114 ESTUDOS MOÇAMBICANOS

lhado, destinado a orientar os possíveis editores no manuseamento daquelemater ia l . )

Não e função deste art igo ten'ar anal isar os temas englobados nos dis-cursos do Presidente Samora Machel; bastará assinalar que determinadostópicos são diversas vezes abordados. Um empenho posto por Moçambiquena necessidade de se conseguirem cuidados de saúde para todos atravésde hospitais e clínicas ef icientes e acessíveis, sobressai à evidência; rgual-mente sobressai a necessidade da mulher part icipar na luta a todos os níveis.A Educação é tópico repetidamente referido, tanto em termos de técnicasespecíí icas como da sua relação com a produção e com o poder polí t ico.Determinados concei tos .chave>r - (poder popular" , por exemplo-surgemem diferentes contexlos; no que respeita a polí t ica internacional os ideais donão-al inhamento e do internacional ismo são apresentados abertamente comopr incíp ios-gu ias.

A concluir este capítulo, talvez valha a pena chamar a atenção paraduas publ icações de Samora Moisés Machel , cada uma das quais com seuinteresse part icular, mas por diÍerentes razões. O segundo volume da Colecção

"Textos e Documenlos da FRELIMO" int i tula-se A vitória constrói.se, a vitóriaorganiza-se (221 e compõe-se de mensagens dir igidas aos combatentes daFRELIMO em ocasiões tais como o Ano Novo ou o 25 de Setembro, de 1967a 1974. Muitos dos primeiros textos, escti tos quando Samora Machel ercSecretário do Departamento de Defesa da Frente, não se encontram em maisnenhuma publicação em forma tão convenienle; por esta razão o l ivro consti tuilei tura essencial sobre o período relat ivo a f ins dos anos 1960. A outra obrade interesse particular é O pÍocesso da revoiução democrática popular emMoçambique (21), publ icada em português e consti tuindo o n.o I da Colecção

"Estudos e Orientações', últ ima t iragem, Maio de 1980. O texto tem as suasorigens no período da crise 1967-1970, quando surgiram duas l inhas no inte-r ior da FRELIMO; a resolução desta contradição iniciou-se no l l Gongressoe prosseguiu nas reuniões do Comité Central de Abri l de 1969 e Maio de1970. Como se aÍ i : 'ma na introdução:

"O presente texto é uma síntese da nossa experiência coleciiva nodesencadeamento, implantação e consolldação do processo revolucionário emMoçambique. Resulta de numerosas discussões e intervenções Íeitas peloCamarada Presidente em reuniões com as massas e combatentes e com apróprja Direcção.>

A obra inicia-se com um capÍtulo enti tulado "A natureza do inimigo e osseus interesses face às massas populares', QUê inclui discussões sobre ocapital ismo português e guerra colonial, e sobre o imperial ismo na Áfr icaAustral e em Moçambique. Ambas estas subdivisões incluem bastantes dadoseconómicos de apoio, tanto sob a forma de quadros como no textc, baseandodetalhadamenle a anál ise. O segundo capítulo int i tula-se "A natureza socialda Frente e a sua l inha po l í t icao, ê anal isa os prcb lemas da un idade e daluta ideológica por uma l inha revolucionária. No terceiro capítulo, o Prest 'dente da FRELIMO analisa "A guerra popular e a ediÍ icação do exército".A questão que naturalmente se segue é, em termos concretos, "a material i 'zaç,âo do poder" - o que são as actuais eslruturas do poder popular, comoseiá organizada a economia, quais serão os objectivos do sistema educacionale outroõ serviÇos sociais? No quinto capítulo, Samora tvïachel situa a revolt.t'

ção moçambicana no processo revolucionário mundial, e debruça-se. a termi-óar, sob:.e as perspectivas da revolução moçambicana na altura da elaboraçãodo texto (por volta de Fevereiro de 1974). Conclui aÍ irmando que:

.(A iealidade que vivemos demonstra que a vitória é possível, que avltória se torna realidade.n

É interessante notar que este texto foi publ icado em russo no ano de1975, faltando-lhe entre outras coisas a anál ise da economia colonial e os

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PUBLICAçÕES DA FRELTMO 115

Cados estatísticos. Ver Bor'ba za ozvobozdenje portugal'skin kolonij v AÍrike(1961-1923) (Moscovo: izd-vo .Nauka" GRVL, 1975) , pá9. 35-68.

TEXTOS DE OUTROS DIRIGENTES E OUTRAS ESTRUTURAS

Uma quantidade considerável de documentação foi, como é evidenle,produzida por estruturas e indivíduos l igados ao Part ido e não é englobadapelas rubricas ut i l izadas até aqui neste ensaio. Circulares da Sede Nacional,orientações do Comité Polít ico Permanente, discursos de Secretários doPart ido ou de outros dir igenles, muitas vezes não conseguem Íorma perma-nente para a lém de surg i rem num jorna l na a l tura em que são emi t idas. Umaou duas c i rcu lares da Sede Nacional Íoram publ icadas ent re os pr imei rosnúmeros da Colecção "Palavras de Ordem" (7) , e as reso luções da Confe-rência Nacional do Departamento de Informação e Propaganda foram atépublicadas em l ivro (26), mas trata-se de excepções e não de regres.

Para dar um exemplo concreto: foi decidido em Setembro de 1980 intro-duzir paten:es nas FPLM por razões l igadas com a transÍormação de condi-ções em Moçambique, tendo sido feita uma referência a uma decisão anteriorde não introduzir patentes nas FPLM. A decisão inicial, de Íacto, t inha sidotomada na 4.4 Conferência Nacional do então existente Departamento deDefesa da FRELIMO, em Julho-Agosio de 1975. Mas os textos desta ConÍe-rência não se encontram referenciados em qualquer das bibl iografias mencio-nadas mais atrás - e parecem ter aparecido apenas no jornal vespert ino

"A Tr ibuna" , ac tua lmente ext in to (25) .Podem-se ainda analisar mais exemplos concretos, e deve-se notar que

se trata apenas de escolhas arbitrárias destinadas a i lustrar o problemaEm 1975 Armando Guebuza presidiu a unra reunião real izada na Namaacha;o texto foi publ icado sob a forma de panfleto pelo Part ido em Shangana (27).Este panfleto não se encontra actualmente classiÍ icado no catálogo doCEDIMO (2) . Em Novembro de 1979, Joaquim Chissano, Min is t ro dos Negó-cios Estrangetíos cla RepuDlica Popular de Moçambique, discursou na 34.u ses-são da Assemble ia Gera l das NaÇões Unidas, abordando uma ampla gama detópicos de polít ica internacional. Estes incluíram; Frente POLISARIO, Zim-babwe, Namíb ia , "apar the id ' , Pa lest ina, Sudeste As iá t ico, T imor-Leste, Core ia ,Chipre, Oceano Índ ico, a "Nova Ordem Economica In ternac ional " , â Le i doMar, e reservas energéticas mundiais. Este discurso foi pubi icado no Notí-c ias (24) . Em Ju lho de 1980 Marce l ino dos Santos, Secretár io da Pol í t icaEconómica do Part ido, discursou na sessão de encerramento da l l ReuniãoNacional da Polít ica Económica do Part ido FRELIMO. Entre os pontos discui i-dos no discurso encontrava-se o papel dir igente que o Part ido exerce sobreo Estado. Marcel ino dos Santos sal ientou que uma prática polít ica correctadeve assentar numa aval iação concreta da real idade e num conhecimenlo dasfraquezas do Part ido, que identi f icou como sendo a apatia, corrupção, buro-crat ização e inÍ i l t ração pelo inimigo. Este discurso foi também publicado peloNot ic ias (28) .

O que pretendo sal ientar é o seguinte: não há acesso a ests materialatravés de assuntos, e virtualmente nenhum por autores. A pergunta "qual é âposição da FRELIMO sobre Chipre?" não pode levar directamente ao dis-curso de Joaquim Chissano; a pergunta "a FRELIMO já publ icou mater ia l emShangana?" não conduzirá ao texto sobre a reunião da Namaacha; a pergunta(como é que o Part ido dir ige o Estado?" não conduz aos documentos daReunião sobre Polít ica Economica ou a outros textos relevantes. De facto,mesmo a pergunta "onde estão publicados os discursos de Joaquim Ghis-sano?" apenas deixa a pessoa interessada perante uma montanha de númerosalrasados da Tempo, Noticias e minutas da Assembleia Geral da ONU. Esteé o t ipo de situações que um controlo bibl iográfico eÍectivo pode melhorar.

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116 ESTUDOS MOÇAMBICANOS

SERIADAS DA FRELIMO

As publicações dos movimentos de l ibertação durante o período anteriorà conquista do poder estatal, apresentam determinadas caracterísi icas internasderivadas da situação organizacional do movimento. Os textos podem serrepeti t ivos, as técnicas de impressão ou reprodução deficientemente domi-nadas, as seriadas podem ser irregulares ou alterar os seus tí tulos abrupta-mente. As seriadas da FRELIMO reÍerentes ao período da Luta Armada deLibertação não são excepção e é actualmente diÍ íci l estabelecer a históriada publicação de fontes importantes como Voz da Revolução ou 25 deSetembro.

No entanto, qualquer resenha bibl iográfica detalhada de material daFRELIMO, terá de incluir aquelas seríadas, juntamente com revislas de apoioexterno como O Guerri lheiro (Londres: CFMAG, n.os 1-24, Maio 1970-Abri l //Junho 1975), e outras. As diÍ iculdades de local izaçâo e datação de taisseriadas podem ser muito grandes, iá que as mesmas Íoram muitas vezesconsideradas por documental istas contemporâneos como de importânciaefémera. Mesmo na Tanzania, a Bibl ioteca da Universidade só começou aclassiÍ icar materiais relacionados com os movimentos de l ibertação enquantode importância para arquivo tão tarde quanto 1976.

O livro O processo revolucionário da guerra popular de libertação (10),inclui art igos da Voz da Revolução como vimos já, e é possível reconsti tuir,pelo menos parcialmente e a part ir das citações Íeitas naquele l ivro:

Este t ipo de reconsl i tuição será também necessário para seríadas comoa 25 de Setembro (32) que remonta ao período da luta armada, ou aindapara a ediÇão de Nova lorque da Mozambican Revolut ion (New York, ca. 1964-- ); o Bul let in d' lnÍormation (Argél ia, 1964- ); e para o InÍormationBullet in (Cairo, Outubro 1963- ). As seriadas actualmente publicadas pelaFRELIMO incluem o Bolet im da Célula (30), e o provincial O Herói: órgãointormatlvo do Partido FRELIMO, Provincia de Nampu.a que surgiu pela pri-meira vez em Dezembro de 1979 e foi anunciado no Notícias a 26 de Dezem-

'tbro de í979. Devem-se coligir todas estas revistas para se obter umadocumentação elementar, bem como o AIM Bullet in, que se publica emfrancês e ing lês (29) .

DOCUMENTOS DA FRELIMO: UMA PROPOSTA B:BLIOGRÁFICA

A secção de documento do Centi 'o de Estudos AÍr icanos possui umficheiro de talvez 500 a 1000 i tens referentes ao t ipo de material abordadono presente ensaio. O f icheiro não é de Íorma alguma suÍicientemente deta-lhado, nem se encontra completamente actual izado. Está organizado emrubr icas ta is como .FRELIMO. Pres idente (Eduardo Ghivambo Mondlane,1962-1969), ' ou (Organizaçâo da Mulher Moçambicana. Conferência Nacional,3.o, Maputo, 1980". Dentro de cada rubrica referente a uma estrutura ouorganização, encontram-se reÍerências às Íontes de documentação da mesmaestrutura. Uma Í icha-t ipo pr:a um dos discursos de Samora Machel apre'senta-se da seguinte Íorma:

1978-07-19. A tarefa da OUA é terminar a batalha pela l ibertaçãopolít ica dos povos de Áfr ica. - Notícias 25 de Julho de 1978.

Veja também: Discursos de Samora Machel (CEDIMO) (9)1979:27-30; Tempo (408) 30 de Ju lho de 1978:47 '51. Tra-

duÇão: The path ahead Íor t lhe OAU. - AIM Bultel in (25Agosto de 1978: sup l . pá9. 1-8 (ext ractos) .

Discurso na 15. ' Cimeira da OUA em Kartum, Sudão.

O primeiro elemenlo revela a data em que o discurso Íoi pronunciado,seguida pelo primeiro tí tulo publ icado (neste caso dado pelo Notícias), e a

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Mudonço de tí tulo: Bolet im Nocionol

Mozombicon Revolut ion(Dor -es-So loom)

Dezembro de 1963Joneiro de 1964Fevereiro de 1964Morço de 1964Ahr i l de ì964Moio de 1964Junho de 1964Julho de 1964Agosto de 1964Setembro de 1964Outubro de 1964Novembro de 1964Dezembro de 1964Jone i ro de 1965Fevereiro de 1965Morço de 1965

d e 1 9 6 5Moio de ì965Junho de Ì965

d e 1 9 6 5d e 1 9 6 5

Out . , /Nov . de 1965Dez. 1965/ Jan./de 1966

Bolelím Informotivoou Boteti ,n de Informoçõo

( t )( z l( 3 )( 4 )( 5 )( 6 )( 7 )( 8 )( e )( Ì o )( t ì )( 1 2 )( 1 3 )( 1 4 )( 1 5 )( ì 6 )( l 7 )( t 8 )( ì e )(20)( 2 t )(22)(23 )

( l )( 2 )( 3 )( 4 )( 5 )( 6 )( 7 )( 8 )( e )( Ì 0 )( t ì )

s . d . ì 9 6 3Outubro de 1963Joneiro de 1964s . d .Morço de 1964Abr i l de 1964Moio de 1964Junho de 1964Agosto de 1964

( ì2 ) Outubro de 1964( 1 3 ) O u t u b r o d e 1 9 6 4( l 4 )(15) Dezembro de 1964( 1 6 ) J o n e i r o d e ì 9 6 5( l 7 )( 1 8 ) M o r ç o d e 1 9 6 5( ì 9 ) A b r i l d e 1 9 6 5

(.)(c)(c )( c )(c)(c )(c)(c )

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Mudonço de tí tulo: A Yoz do Revoluçõo(241 de 1966(251 de 1966(261 de ì966(211 de 1966(28) de ì967(291 de 1967(n . " espec io l ) de 1967(30) de 1967( 3 1 ) d e 1 9 6 7( : 2 1 d e Ì 9 6 7( 3 3 - 4 0 ) - d e 1 9 6 8(37-40) - de Ì969(41-45\ - de 1970(46-49) - de ì971(50) de( 5 ì ) d e(s2) Ju lho /Set . de 1972( 5 3 )(54)$51 Abr i l / )un . de l9?3(56) Ju lho /SeÌ . de Ì973(n .o s .pec io l ) Se t . de laT l(57 ì Out . /Dez . d - . 1973(58) de 1974(59) Abr i l / Jun . de l9?4(60) Ju lho /Set . de 1974( 6 1 ) 2 5 d e . l u l h o d e 1 9 7 5

Fim do publicoçõo

( I ) Junho de 1965( 2 ) s . d . _

( 5 ) s . d . ì 9 6 6(Especicl) Outubro de

I 966( 7 ) Jone i ro de 1967(8) Mo io de 1968( 9 ) Dezembro de 1968

Junho de 1969- Jsns i le de l97O( 1 0 ) J u n h o d e l 9 7 l- Morço de 1912- Junho Ce 1972( l l ) J u l h o l A g o s t o d e

1912

( 1 4 ) D e z e m b r o d e 1 9 7 2( 1 5 ) J o n . / F e v . d e 1 9 7 3

( t 9 ) de 1973

(211 )on . /Ab. de 1974(22\ Moio/Jul. de ì974

Publicoçõo suspenso

(c)(c)

(c)(c )

PUBLTCAÇÕES DA FRELTMO Íí7

QUADRO l l : SERIADAS DA FRELTMO

NOTAS: (o ) oss ino lo exemplor ex is fen le no cAf r i con L ibero t ion Co l lec t ion ' , Eos f A Í r i conoDept . , B ib l io leco do Un ivers idode de Dor -es-So loom, Tonzon io . (b ) oss ino lo exemplor ex is -ten te no cc lecçõo Ch i lco te , Hoover Ins t i fu t ion , Co l i fón io , EUA. (c ) oss ino lo o r t ige Tsprq-duz ido des le exemplor no l i v ro O processo revo luc ionór io do guer ro popu lor de l iber toçõo.(d ) oss ino lo exemplor ex is len le no co lecçõo Wol le rs te in , Un ivers idode de Yq le , New Hoven,EUA. (CEA) oss ino lo exemplor ex is ten fe no Cent ro de Es tudo AÍ r i conos . A por t i r do núme-ro (28) em d ion le o Mozombicon Revo lu t ion mudou o l í tu l l poro Mozombique Revo lu t ion .Em Moio de 1978 o Yoz do Revoluçõo reirr iciou o suo publicoçõo, tendo começodo com onúmero (57) .

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1Í8 ESTUDOS MOÇAMBICANOS

data de publicação do referido jornal. Esta referência elementar é seguidapor uma nota, (parágraÍo recolhido) referente a posteriores publicações domesmo d iscurso, inc lu indo uma versão resumida em ing lês. O ú l t imo parágrafocompõe-se de uma curta frase expl icando a ocasião da intervenÇão.

O CEA Íaz tenções de publicar uma versão mimeograÍada desta l ista dedocumentação, seguíndo o mesmo princípio de ordenar as referéncias emp:' imeiro lugar por cepartamento, comité ou órgão que as produziu - o prin-cípio de proveníência. A l ista incÍuirá ta.mbém um índíce de assuntos queligará os diversos documentos em grupos, segundo os tópicos neles abor-dados. A Í icha que atrás mostrámos, por exemplo, pode ser indexada sob" lmper ia l ismo, est ra tég ia do" , "Organização da Unidade Af r icana" , e "Áf r ica,po l í t ica gera l " .

O CEA publica esta proposta antes de Í inal izar o seu trabalho a Í imde apelar à crí l ica e comentário de futuros utentes de tal índice, na espe.rança de que o mesmo venha a ser tão út i l quanto possível. Para esse objec-t ivo, sol ici tamos aos nossos Leitores que escrevam para o autor do presenteensaio, remetendo as cartas para a direcção editorial desta revista, com quais-quer crít icas ou sugestÕes que tenham a fazer.

CONCLUSÃOPor que motivo deverá a documentação da FRELIMO ser sujeita a uma

análise bibl iográfíca temática detalhada deste t ipo? Os discursos dos polít icosdos países capítal istas são pronunciadcs e esquecidos, e em muitos casosnem sequer são pubi icados nos jorna is de grande c i rcu lação. Por que é que,neste caso, um discurso do Presidenie Samora Machel, ou uma resolução doComité Central deverá receber um tratamento diferente?

A resposta a esta pergunta reside, ccmo é evidente, na natureza de umPart ido Marxísta-Leninista e na na'ureza do poder popular num Estado deoperários e camponeses. Um discurso do Presidente Samora não se destinaa desapontar os ouvintes no que respeita ao apoio dos interesses de umadada facção de uma classe dominante, ou a conseguir votos, ou a exprimiras suas próprias opiniões individuais - como o lazem os discursos dos polí-t icos burgueses. Muito pelo contrário, ele é a expressão da l inha polít ica doPar ' ido, l inha a que se chegou co lect ivamente. seguindo os pr inc íp ios docentral ismo democrático no interior dos órgãos de um part ido de vanguarda,e a sua função é informar e mobil izar. A elaboração conscienciosa da teoriaapoia a prát ica polít ica, e dado que sem esta teoria não pods haver prát icacorrecta, a disponibí l idade dos documentos que expl icam a teoria, desen-vo lvem a l inha po l í t ica e deÍ inem a l inha do Par t ido, têm impor tânc ia pr imor-d ia l . A c lass i f icação, descr iÇão e anál ise de documentos sobre as quais sedebruça a bibl iografia deve portanto ser desenvolvida para tornar a bibl io-graÍ ia, documentaÇão acessível a todos - por assunto, tema ou estrutura.Este será talvez o primeiro passo na senda de uma técnica bibl iográÍica colo-cada ao serviço do Povo.

NOTA SOBRE AS FONTESPara além das obras citadas na l ista de referências que se segue, e

das fontes indicadas no Quadro l , as seguintes fonies revelaram-se de ut i l idade:

FRELIMO - História da FRELIMO. Maputo: Departamento do Trabalho ldeoló-g ico, 1980. (Colecção "Conhecero, n .o 4 . )

JORNAL DO POVO - "Decisões da 5.o Sessão do CC do Part ido FRELIMO e

4.u Sessão da Assembleia Popular." Notícias 26 de Julho de 1979 :3.

JORNAL DO POVO.- "CC do Part ido e Assembleia Popular anal isaram a vida

nac ional . " Not ic ias 26 de Dezembro de 1979 :3 .

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PUBLTCAÇÕES DA FRELTMO í19

VOZ DA FRELIMO - .Decisões históricas do Comité Gentral da Frente deLíbertação de Moçambique." Notícias 17 de Dezembro de 1979: 3.

(Trata-se de uma versão resumida da Íonte (A) citada no Quadro l .)

R E F E R Ê N C I A S

A. Bibl iogroÍios

l . A l len , Chr is - oMozombique s ince 1920: o se lec t b ib l iogrophyr .Pó9. 118-204 em Mozombique: p roceed ings o f o seminor he ld in the Cent re o Í A Íd .con Stud ies , Un ivers i fy o f Ed inburgh, l s t ond 2nd December 1978. Ed imburgo: Cent reo Í A f r i con Stud ies , 1978.

2 . CEDIMO.-Çotó logo dos l Í v ros com in te resse poro o es tudo de Moçombique. Moputo :Centro Nocionol de Documentoçõo e Informoçõo de Moçombique,

'1978. (Documento

de Trobo lho ; n .o l5 )

3 . Choncho l , Mor io Edy . - Gu lde b lb l logroph ique du Mozombique:Environnement noturel, développement et orgonisoi lon vi l logeolse.Por is : L 'Hormot ton , 1978.

4. Enevoldsen, Thyge e Vibe Johnsen. - A pol i t icol, economic ond sociol bibl iogrophy onMoçombique w i lh mo in emphos is on the pe : iod 1965-1978. Copenhogue: Cent re fo r

Development Reseorch, 1978. (Documento n." c-78.9)

B, RECOTHAS

5. Brogonço, Aquino de e lmmo,nuel Wollerstein. - Quem é o inimigo?(3 vo ls . ) L isboo: In ic io t i vos Ed i to r io is , 1978. (Co lecçõo nSécu lo XX-XXl ' )

6 . FRELIMO. - Co lecçõo "Es tudo e Or ien toçõesD n .os I - ì 3 . Moputo :

Ed ições do Dept . do Trobo lho ldec lóg ico , 1976-1980.

7 . FRELIMO. - Co lecçõo .Po lovros de Ordemu n .os l -19 . Moputo :Ed ições do Por t ido FRELIMO, 1976-1980.

8 . FRELIMO. - Documentos bose do FRELIMO, l . Moputo : Tempogró f ico , 1977. (FRE-

L IMO. 3 . ' Congresso, 3 o 7 de Fevere i ro , 1977)

9 . FRELIMO. - cDocumentos do lu to de l iber toçõo noc iono l , . 25 de Setembro (89)

J o n e i r o d e t 9 7 9 : 2 7 - 3 5 ; ( 9 0 ) F e v e r e i r o d e 1 9 7 9 : 2 6 - 3 5 ; ( 9 ' l ) M o r ç o d e 1 9 7 9 : 2 9 - 3 1 ;(92) Abr i l de 1979: 34-39 .

10. FRELIMO. - O procêsso revoluclonárlo do guerro populor de l ibertoçõo:

Art igos col igidos do órgõo de InÍormoçõo dc FREIIMO aA Voz do Revoluçõor desdq

1963 o 1974. Moputo : Ed içõo do Dept . do Trobo lho ldec lóg ico dq FRELIMO, 1977.(Cc lecçõo cTextos e Documentos Co FRELIMO' ; n . "

' l ) .

l l . Re is , Joõo e Armondo Pedro Muiuone. -Dotos e documentos do h ls tó r ls do FRELIMO.(2 . " ed . ) Lourenço Morques: lmprenso Noc iono l , Ì975.

C. DOCUMENTOS DO COMITÉ CENTRAL E DO CONGRESSO

t 2 . F R E L I M O . C c m i t é C e n t r o l ( 1 9 6 8 - 1 9 7 7 ) . 8 . " S e s s õ o . - D o c u m e n t o s d o 8 . ' S e s s õ o d o

Comité Ccntrol do FRELIMO. Moputo: Dept. de Iníormoçõc e Propogondo, 1976.

1 3 . F R E L I M O . C , c m i t é C e n t r o l ( 1 9 1 1 - ) . 4 . ' S e s s õ o . - Q u o t r i è m e s e s s i o n d u C o m i t é

Cent ro l du FRELIMO, Moputo , T-16 oôut 78 . Por ia : Cent re d ' in fo rmot ion sur le Mo-

zombique, 1978. (Mozombique In fo rmot ion , Septembre 1978: Sup l . )

t4 . FRELIMO. Ccmi té Cent ro l (1977- ) . 4 . " Sessôo. - qRs5s lu6õesr . Voz do Revo luçõo

( 6 1 ) 1 9 7 8 : ì 8 - 2 6 .

15 . FRELIMO. Congresso, 3 . ' , Moputo , 1917. - D l rec t l vos económlcos e soc io is . Moputo .

Dept. do Trobolho ldeológico, 1977. (Documentos do 3.oo Congresso do FRELIMO)

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120 ESTUDOS MOÇAMBTCANOS

l 6 ' FRELIMO. Congresso, 3 .o , Moputo , 1917. - O Por t ido e os c losses t robo lhodoros mo-gombiconos no ediÍ icoçõo do democrocio populor: relotório do Comité Centrol oo 3."Congresso. Moputo: Dept. do Trobolho ldeclógico, 1977. (Documentos do 3." Congres-so do FRELIMO) .

17 . FRELIMO. Congresso,3 . " , Moputo , 1917. -Progromo e es to tu tos . Moputo : Dept . doTrobo lho lCeo ló9 ico , 1977. (Documentos do 3 . ' Congresso do FRELTMO).

D. OBRAS DE EDUARDO MONDLANE E DE SAMORA MOISÉS MACHEL

18. Moche l , Somoro Moisés . - D iscurso de So: 'noro Moche l , Pres idente do FRELIMO e doRepúb l ico Popu lor de Moçombigue. Moputo : CEDIMO, 1976-1980. vo ls . l - l l . (Docu-

mentos in fo rmot ivos ; sér ie A) .

19. Mochel, Somoro Moisés. - The Morxism of Somors Mochel,/red. D. Hodges. Londres:Zed Press, em eloboroçõo.

20 . Moche l , Somorq Moisés . -A nosso lu to . (2 . 'ed . ) Lourenço Morques: lmprenso No-c iono l , 1975.

2 l . ,Moche l , Somoro Moisés . - O processo dc revo luçõo democró t ico gopu lor em Moçom-bique. Moputo: Dept. de Informoçõo e Propogondo, s. d. (Colecçõo cEstudos e Orien-toçõesr ; n . " 8 ) ,

22. Mochel, Somoro Moisés. - A vitório constrói-se, o vitório orgonizo-se: Mensogens doSecrelório do Deportomento de Defeso e Presidente do FRELIMO oos combstentes edo povo moçombicono (1967/19741.

Moputo : Ed içõo do Dept . do Trobo lho ldeo lóg ico do FRELIMO, 1977. (CoÍecçõo.Tex-

tos e Documentos do FRELIMO' ; n . " 2 ) .

23 . Mond lone, ECuordo. - Lu to Ì por Moçombique. (3 . " ed . ) L isboo: Só do Costo , 1977.(Co lecçõo nTerce i ro Mundc ' ) .

E . OUTROS DIRIGENTES E OUTRAS ESTRUTURAS

24. Chissono, Jooquím. - (Poí<es dq Linho do Frente sõo bose seguro poro q l ibertoçõo

do Áf r i co Aus t ro l " Not íc ios 5 de Novembro de 1979 l .2 ,6 .

25 . FRELIMO. Dept . de Defeso. Conferênc io Noc iono l , 4 . ' , Lourenço Morques, 1975- clv Conferêncio Nocio'nol do DD, que deoorreu entre 25 de Julho e 2 de Agosto

1975, . A Tr ibuno 6 de Agosto de 1975.

26 . FRELIMO. Dept . de In fo rmoçõo e Propogondo. Conferênc io Noc iono l , Mocomio , 1976.- Documentos do Conferêncio Nocionol do Deportcmento de lnformoçõo e Plopo-gondo do FRELIMO. s . l . : Dept . de In fo rmoçõo e Propogondo, s . d .

27. Guebuzo, Armondo. - Nthlongono wo le ko Nomohoxo. Lourenço Morques: FRELIMO,

ì6 ko Ndzot i ko 1975.

28. Sontos, Morcel ino de5. - nDevemos ogir directcmente l igodcs às mossosr. Notícios

8 d e J u l h o d e 1 9 8 0 : 3 .

F . SERIADAS DA FRELIMO E RELACIONADAS COM A FRELIMO

29. Agêncio de Informoçóo de Moçombique. - Monthly lnformotion bul let in. Moputo (Av.

H o C h i M í n h 1 0 3 C . P . 8 9 6 ) : A l M .

30. Bo le t im do Cé lu lo . Moputo : Dept . do Trobo lho ldeo lóg ico do FRELIMO. (n . " I , Ju lho

de 1980) .

3 ì . Tempo. Moputo (Av . Ahmed Sekou Touré 1078, C. P .29 l7 l : Tem,pogró f ico . (n . " " 1 ,20

de Setembro de 1970) .

32. 25 de Setembro, Moputo (Av^ Potr ice Lumumbo 448): Comissoriodo Polít ico dos FPLM.(Reccmeçou o publicoçõo no pós-independêncio com o número (86) Setembro,/Outubro

d e 1 9 7 8 ) .

33 . Voz do Revo luçõo. Moputo : FRELIMO. (n . "s l -22 , Junho de 1965-Moio /Ju lho de 1974.

n.o 57- , Moio de 1978). Vejo tombém o ediçõo ingleso Mozombigue Revolut ion, com

conteúdo nem sempre iguol.