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As profeciAs de dom Bosco e A erA do pré-sAl 1

AS PROFECIAS DE DOM BOSCO E A ERA DO PRÉ-SAL

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2 João GilBerto pArenti couto

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AS PROFECIAS DE DOM BOSCO E A ERA DO PRÉ-SAL

JOÃO GILBERTO PARENTI COUTO

OS NOVOS TEMPOS PROFETIZADOS PARA O BRASIL E A AMÉRICA DO SUL E O APOCALÍPTICO ARMAGEDOM E

SUAS CONSEQUÊNCIAS

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4 João GilBerto pArenti couto

Copyright © 2011 by João Gilberto Parenti CoutoTodos os direitos reservados

Terceira edição

Diagramação:Elizabeth Miranda

Proibida a reprodução total ou parcial.Os infratores serão processados na forma da lei.

Mazza Edições Ltda.Rua Bragança, 101 – Bairro Pompeia – Telefax: (31) 3481-059130280-410 Belo Horizonte – MGe-mail: [email protected]

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Quero aqui registrar os meus agradecimentos à Maria Mazarello

Rodrigues que, nos últimos quinze anos, franqueou a sua editora – A Mazza Edições

Ltda. – para que eu, como cidadão, pudesse expressar minhas

preocupações com os destinos do País. Estes agradecimentos são extensivos a

todos os que participaram desta empreitada, em particular as prezadas Elizabeth

Miranda, que deu forma a essas obras e Ana Emília de Carvalho, que sempre

colaborou corrigindo textos e cartas que as compõem. A todas estas pessoas

amigas o meu muito obrigado.

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SUMÁRIO

PREFÁCIO............................................................................................11

PARTE IAS PROFECIAS DE DOM BOSCO........................................................13

PARTE IIA MENSAGEM CODIFICADA SOBRE O BRASIL..................................31

PARTE IIIA FERROVIA TRANSCONTINENTAL DOM BOSCO..............................43

PARTE IVPROFECIAS E OUTROS ENÍGMAS......................................................50

PARTE VO PAPEL DE MINAS GERAIS NAS PROFECIAS...................................57

PARTE VIAPOCALIPSE, ARMAGEDOM E O FIM DOS TEMPOS.........................69

PARTE VIIA PRIMEIRA BATALHA DO ARMAGEDON E A DESTRUIÇÃODO TEMPLO DE JERUSALÉM.............................................................79

PARTE VIIIA BOMBA ATÔMICA ISRAELENSE E AS ADVERTÊNCIAS

DO PROFETA ISAÍAS.......................................................................87

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PARTE IXA SEGUNDA BATALHA DO ARMAGEDOM E A

DESTRUIÇÃO DE ISRAEL...............................................................105

PARTE XPREPARANDO O BRASIL E A AMÉRICA DO SUL

PARA OS NOVOS TEMPOS.............................................................116

PARTE XIA IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA DA REGIÃO SUDESTE

DO BRASIL....................................................................................133

PARTE XIIA ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA, A EXPLORAÇÃO

DAS JAZIDAS DE MINÉRIO DE FERRO DO PAÍS E AIMPLANTAÇÃO DE UM EFICIENTE E ESTRATÉGICOSISTEMA FERROVIÁRIO NACIONAL ...........................................158

PARTE XIIIO COLAPSO DO SISTEMA FINANCEIRO INTERNACIONAL E AS

OPORTUNIDADES QUE SE ABREM PARA O BRASILE A AMÉRICA DO SUL...............................................................170

PARTE XIVONDE ESTARÁ A ECONOMIA MINEIRA NOS PROXIMOS

15 ANOS?....................................................................................182

PARTE XVTEMAS POLÍTICOS RELEVANTES.....................................................215

PARTE XVIAS REFORMAS CIDADÃS E AESCOLA PÚBLICA DE

TEMPO INTEGRAL.......................................................................231

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PARTE XVIIUM CHAMADO À SOCIEDADE...........................................................253

PARTE XVIIIAS CAUSAS DO FRACASSO DA ESCOLA PÚBLICA

NO BRASIL....................................................................................276

BIBLIOGRAFIA...................................................................................299

O AUTOR...........................................................................................301

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PREFÁCIO

Os novos tempos que se anunciam para o Brasil, assinalados pelas descobertas de gigantescas reservas de petróleo e gás natural na Plataforma Continental brasileira, numa camada estratigráfica de-nominada de Pré-Sal, foram profetizados por Dom Bosco no final do Século XIX. Outras riquezas minerais, igualmente fabulosas, também foram profetizadas, não só para o Brasil, mas, também, para a América do Sul, muitas das quais ainda estão para serem descobertas. Os anos decisivos para realização dessas profecias situam-se entre 2003/2063.

Este livro trata desses assuntos e do contexto global em que vivemos neste início do Século XXI, quando os tempos tenebrosos do Apocalipse bíblico se instalarão no Velho Mundo, com epicentro no Oriente Médio, mais particularmente na “terra santa”, onde será deflagrado o Armagedom, razão porque o Brasil e outros países da América do Sul devem, desde já, se precaverem para evitar o pior. Para isso os políticos e governantes do continente devem se abster de se envolverem em tais acontecimentos, os quais tragarão num vórtice de fogo, não só os países do Oriente Médio e da Ásia Menor, os chama-dos países do “stão” (Afeganistão, Cazaquistão, Paquistão, etc.), mas, também, a Índia, China, Rússia e União Europeia; isso sem contar os Estados Unidos da América e Israel, os deflagradores dessa hecatombe nuclear que terá, como pano de fundo, petróleo, poder de mando, do-mínio territorial e promessas messiânicas.

O Brasil deve estar preparado para enfrentar esses novos tem-pos, mas, para isso, é preciso resolver de imediato um problema até hoje insolúvel: a educação pública – o calcanhar de Aquiles da so-ciedade brasileira. Sem uma população educada, será inútil acumular riquezas, seja do pré-sal, ou de qualquer outra fonte, pois ela se dis-

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persará em obras inúteis, como fizeram os faraós do Egito, com suas pirâmides mortuárias, os atuais potentados árabes, com suas torres monumentais, ou, no caso brasileiro, os políticos ignorantes, como o prefeito de uma paupérrima cidade nordestina, que construiu na sede do município uma estátua religiosa maior do que a Estátua da Liberdade em Nova York, ou do Cristo Redentor no Rio de Janeiro. Somente uma população ignorante permite que recursos públicos sejam desviados de setores prioritários, como a educação, para satisfazer interesses demagógico-eleitoreiros.

Esta ignorância das massas, como se diz, compromete os alicerces de qualquer nação, fazendo-a desaparecer ao primeiro contratempo, como aconteceu com o Império Inca, que desapareceu quando os espanhóis massacraram o imperador e sua corte, a elite diri-gente, reunidos numa pequena praça. O que sobrou foi uma população imensa, totalmente ignorante e incapaz de esboçar qualquer resistência ou saber realmente o que se passava. Ao contrário, uma nação instruí-da, como era a Alemanha nazista, que mesmo após ter sido derrotada numa guerra de terra arrasada, e ter sua elite científica levada como prisioneira pelos vencedores, pôde se levantar das cinzas como uma fênix, e construir a nação mais rica e poderosa da Europa num curto espaço de tempo.

A educação pública deve ser uma prioridade do Estado, pois se trata do primeiro passo para edificar uma potência, como fizeram os pa-íses do Primeiro Mundo, no Século XIX, e a Rússia e a China, no Século XX. Estas nações, ao priorizarem a escola pública, colheram no tempo oportuno os frutos de uma estratégia de Estado: tornarem-se potências globais. Neste particular, o Brasil está longe de atingir esse objetivo, a não ser que faça uma reforma radical no sistema educacional, e outras ligadas à cidadania, como saúde, transporte urbano, saneamento bá-sico, erradicação das favelas, geração de empregos e, principalmente, a do Sistema Judiciário, um sistema falido e senil, fonte de todos os males que transformaram o Brasil num país de injustiçados, onde a corrupção e a impunidade grassa nos três poderes da República.

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PARTE I

AS PROFECIAS DE DOM BOSCO

Comentários

Embora mais de um século se tenha passado desde a chegada dos Salesianos ao Brasil e do sonho de Dom Bosco, no qual vaticinou um futuro brilhante para a congregação que fundou e para a terra que os acolheu, a Terra Brasilis, esta secular ordem religiosa ainda não se dignou a brindar o povo brasileiro com uma versão em português do texto integral desse sonho, anotado pelo Padre Lemoyne e corrigido pelo próprio Dom Bosco. Na falta desse texto, e como diz o dito popu-lar – Quem não tem cão caça com gato –, vamos ao gato, no caso, o econômico artigo do Padre José de Vasconcellos, O Centenário de um sonho, publicado no Boletim Salesiano (edição brasileira, ano 33, n.4, jul./ago. 1983, p. 6-11). Neste artigo, com cinco capítulos, o então Di-retor do Centro Salesiano de Documentação e Pesquisa, de Barbacena-MG, dedica os três primeiros para analisar esse Sonho no contexto dos Sonhos de Dom Bosco e os últimos para o Sonho propriamente dito. Estes dois capítulos finais – Um sonho de Dom Bosco e Dom Bosco Sonhou Brasília? – estão a seguir reproduzidos na integra com os mesmos títulos.

Dom Bosco – João Belchior Bosco – nasceu em Becchi (Castel-nuevo d’Asti), norte da Itália, a 16 de agosto de 1815. Fundou a Ordem dos Salesianos (Sociedade Salesianos de Dom Bosco e Filhas de Maria Auxiliadora). Faleceu em Turim, a 31 de janeiro de 1888, aos 72 anos. Foi canonizado em 1º de abril de 1934, pelo Papa Pio XI.

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Um Sonho de Dom Bosco

“Na noite que precede a festa de Santa Rosa de Lima (30 de agosto) tive um sonho”. Assim começa Dom Bosco a narrar um de seus sonhos mais famosos, tido em 1883, um mês e pouco depois da chegada dos primeiros Salesianos ao Brasil.

Cecília ROMERO publicou, em 1978, esplêndido estudo sobre “Os Sonhos de Dom Bosco”. Porque se tratava de edição crítica, res-tringiu-se a estudar somente 10 sonhos, tidos entre 1870 e 1887, por-que deles poderia ter à mão versão manuscrita atribuível a Dom Bosco, por dois títulos: ou porque inteiramente redigida de próprio punho, ou porque chegada até nós em manuscritos de outrem, mas cuja revisão final é garantida por apostilas da mão de Dom Bosco.

Esse é exatamente o caso do sonho de 30 de agosto: manuscrito do P. Lemoyne com correções do próprio punho de Dom Bosco; e é sobre o texto crítico de Romero que nos basearemos para a tradução de alguns trechos do sonho. Porque é quase impossível publicá-lo aqui na íntegra; ele sozinho ocuparia boa parte deste Boletim Salesiano: são quase dez páginas das Memórias Biográficas, formato 210 x 140 mm, tipo 6 com as linhas não intercaladas (Vol. XVI, p. 385-394).

Contou-o Dom Bosco numa reunião do Capítulo Geral da Con-gregação, no dia 4 de setembro daquele ano. O Pe. Lemoyne, que reco-lhia as memórias do Santo, transcreveu-o imediatamente e submeteu-o à correção de Dom Bosco.

“Percebi que estava dormindo e parecia-me, ao mesmo tempo, correr a toda velocidade, a ponto de me sentir cansado de correr. (...) Enquanto hesitava se se tratava de sonho ou realidade, pareceu-me entrar em um salão, onde se achavam muitas pessoas, falando de as-suntos vários”.

E o Santo reproduz profusamente o assunto da conversa.

“Nesse ínterim, aproxima-se de mim um jovem de seus dezes-seis anos, amável e de beleza sobre-humana, todo radiante de viva luz, mais clara que a do sol”.

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As profeciAs de dom Bosco e A erA do pré-sAl 15

O misterioso guia o acompanhou durante toda a fantástica via-gem e se apresenta como amigo seu e dos Salesianos; vem, em nome de Deus, dar-lhe um pouco de trabalho.

“Vejamos de que se trata. Que trabalho é este?”.– Sente-se a esta mesa e puxe esta corda. “No meio do salão havia uma mesa, sobre a qual estava enrolada

uma corda. Vi que a corda estava marcada com linhas e números, como se int uma fita métrica. Percebi mais tarde que o salão estava situado na América do Sul, exatamente sobre a linha do Equador, correspondendo os números impressos na corda aos graus geográficos de latitude”.

Segue a narração de uma vista de conjunto da América do Sul, esclarecendo o Santo:

“Via tudo em conjunto, como em miniatura. Depois, como direi, pude ver tudo em sua real grandeza e extensão. Foram os graus mar-cados na corda, correspondentes exatamente aos graus geográficos de latitude, que me permitiram gravar na memória os pontos sucessivos que visitei na segunda parte do sonho.

Meu jovem amigo continuava: Pois bem, estas montanhas são como balizas, são um limite. Entre elas e o mar está a messe oferecida aos Salesianos. São milhares, são milhões de habitantes que esperam o seu auxílio, aguardam a fé. Aquelas montanhas eram as cordilheiras da América do Sul e o mar o Oceano Atlântico.”

Prossegue o sonho mostrando a Dom Bosco como conseguiria guiar tantos povos ao rebanho de Cristo.

“Eu ia pensando: mas, para se conseguir isso, vai ser preciso muito tempo. Exclamei, então, em voz alta: não sei o que pensar. Po-rem, o moço ajuntou, lendo meus pensamentos:

– Isto acontecerá antes que passe a segunda geração.

– E qual será a segunda geração, perguntei.

– A presente não conta. Será uma outra, depois outra.

– E quantos anos compreendem cada geração?

– Sessenta anos.

– E depois?

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– Quer ver o que sucederá depois?Venha cá.E, sem saber como, encontrei-me numa estação ferroviária. Ha-

via muita gente. Embarcamos.Perguntei onde estávamos. Respondeu o jovem:– Note bem! Observe! Viajaremos ao longo da cordilheira. O sr.

Tem estrada aberta também para leste, até ao mar. É outro dom de N. Senhor. Assim dizendo, tirou do bolso um mapa, onde vi assinalada a diocese de Cartagena. Era o ponto de partida.

Enquanto olhava o mapa, a máquina apitou e o comboio se pôs em movimento. Viajando, meu amigo falava muito, mas nem tudo eu podia entender, por causa do barulho do trem. Aprendi, no entanto, coisas belíssimas e inteiramente novas sobre astronomia, náutica, me-teorologia, sobre a fauna, a flora e a topografia daqueles lugares, que ele me explicava com precisão maravilhosa.

Ia olhando através das janelas do vagão e descortinava variadas e estupendas regiões. Bosques, montanhas, planícies, rios tão grandes e majestosos que eu não era capaz de os crer assim tão caudalosos, longe que estavam da foz. Por mais de mil milhas, costeamos uma floresta virgem, inexplorada ainda agora. Meus olhos tinham uma po-tência visual surpreendente, não encontrando óbice que os detivesse de estender-se por todas aquelas regiões. Não só as cordilheiras, mas também as cadeias de montanhas isoladas naquelas planuras inter-mináveis eram por mim contempladas (o brasil?) [Sic: com ponto de interrogação e com inicial minúscula, no manuscrito original].

Tinha debaixo dos olhos as riquezas incomparáveis deste solo que um dia serão descobertas. Via numerosas minas de metais precio-sos, filões inexauríveis de carvão,

depósitos de petróleo tão abundantes como nunca se encontra-ram em outros lugares.

Mas não era ainda tudo. Entre o grau 15 e o 20 havia uma en-seada bastante longa e bastante larga, que partia de um ponto onde se forma um lago. Disse então uma voz repetidamente: quando se vier

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As profeciAs de dom Bosco e A erA do pré-sAl 17

cavar as minas escondidas no meio destes montes (desta enseada), aparecerá aqui a terra prometida, que jorra leite e mel. Será uma riqueza inconcebível”.

Continua a viagem, ao longo da cordilheira, rumo ao sul; conti-nua a descrição das regiões da bacia do Prata, dos Pampas e da Pata-gônia, até Punta Arenas e o Estreito

de Magalhães. “Eu olhava tudo. Descemos do trem”. Voltando-se para o jovem guia, Dom Bosco lhe diz:

“Já vi bastante. Agora leva-me a ver os meus Salesianos da Patagônia. Levou-me. Eu os vi. Eram muitos, mas eu não os conhecia e entre eles não havia nenhum dos meus antigos filhos. Todos me olhavam admirados e eu lhes dizia: “Não me conheceis? Não conheceis Dom Bosco?

– Oh Dom Bosco! Nós o conhecemos, mas só de retrato. Pes-soalmente, é claro que não.

– E D. Fagnano, D. Lasagna, D. Costamagna, onde estão?– Não os conhecemos. São os que para cá vieram em tempos

passados, os primeiros Salesianos que vieram da Europa. Mas já mor-reram há muitos anos!

A esta resposta eu pensava cheio de espanto: – Mas isto é um sonho ou uma realidade? E batia as mãos uma contra a outra, tocava os braços, me sacudia todo, e ouvia o barulho das mãos e sentia o meu corpo. Estava nesta agitação quando me pareceu que Quirino tocasse às Ave-Marias da manhã; mas tendo despertado, percebi que eram os sinos da paróquia de São Benigno. O sonho tinha durado a noite toda”.

Dom Bosco Sonhou Brasília?

Como podemos observar, no que possa aplicar-se a Brasília, o sonho fixa, com clareza pouco freqüente nas chamadas visões imaginá-rias, três pontos: tempo, lugar, evento anunciado. Só para o terceiro a linguagem é simbólica:

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a) Tempo

Recordemos o diálogo do sonho:– Isto acontecerá antes que passe a segunda geração.– Qual será a segunda geração?– A presente não conta. Será uma outra, depois outra.

(E Dom Bosco, querendo ainda mais clareza):– Quantos anos compreendem cada geração?– Sessenta anos.Se a primeira destas gerações começou em 1883, ano do sonho,

a segunda teve início sessenta anos depois, em 1943, e se estende até o ano 2003. A construção e consolidação de Brasília estão assim bem dentro do período anunciado: entre 1943 e 2003.

b) Lugar

Dom Bosco localizou o evento na faixa compreendida pelos pa-ralelos 15 a 20, entre a Cordilheira dos Andes e o Oceano Atlântico. Exatamente onde foi instalada a nova Capital do Brasil.

c) Evento anunciado

Embora o Leit-motiv do sonho seja o futuro missionário da Con-gregação na América do Sul, Dom Bosco viu incidentalmente também outras coisas, tanto rios caudalosos e florestas imensas, como minas de ouro, de pedras preciosas, depósitos de petróleo. (Monteiro Lobato, a este respeito, cita o sonho numa de suas obras). Creio, pois, poder afirmar que ele viu, em 1883, o que hoje começamos a ver no Brasil.

Reforça a convicção o teor mesmo do texto, embora em estilo simbólico; em nenhum outro ponto da referida faixa continental um acontecimento como a construção de Brasília obteve repercussão maior no progresso e na riqueza de um país.

Convém, no entanto, recordar aqui, como elemento para a His-tória, o nascedouro desta interpretação do sonho. Não é devida aos Salesianos, como poderia parecer.

No início da construção da nova Capital, quando a proeza parecia estranha e temerária à maioria dos brasileiros, o Dr. Segismundo Mello,

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As profeciAs de dom Bosco e A erA do pré-sAl 19

Procurador do Estado de Goiás, e residente hoje em Brasília, bateu à porta do Ateneu Dom Bosco de Goiânia com uma dúvida e um pedido: era verdade que Dom Bosco, em sonho, havia antevisto Brasília? Onde obter o texto do sonho?

Nenhum salesiano do Ateneu sabia de nada!O fato é menos estranhável do que poderia parecer à primeira

vista: a biografia completa de Dom Bosco, com o título de Memorie Biografiche, tem 16.130 páginas e ocupa 19 alentados volumes escri-tos em italiano; não há tradução portuguesa. Nada de admirar, portan-to, se a maior parte dos atuais Salesianos não a tenha lido nunca por inteiro, ou por falta de tempo ou (os das gerações mais novas) por já não dominarem completamente a língua. As pequenas biografias escri-tas em português não contam senão um ou outro dos sonhos de Dom Bosco. Não este, que é muito grande.

Mas o Diretor do Ateneu, P. Cleto Caliman, posse a vasculhar nas Memórias Biográficas e lá encontrou, no vol. XVI, o texto integral do sonho de 1883. Nele, sob a guia de um jovem amigo já falecido, Luiz Colle, Dom Bosco fez a fantástica viagem pela América do Sul, resumida no item 4 deste estudo.

Ao verificar que Brasília estava situada justamente entre os pa-ralelos 15 e 20 e que o tempo coincidia com o previsto no sonho, os defensores de Brasília, com o Dr. Segismundo à frente, encheram-se de entusiasmo e de certezas. Bernardo Sayão, um dos pioneiros, logo arranjou ocasião e pretexto para uma Missa, que os salesianos do Ate-neu celebraram, sem alarde, no desértico planalto entrevisto no sonho. Foi, na realidade, a primeira Missa de Brasília.

Israel Pinheiro que, por intermédio de um tio Padre, Mons. Pi-nheiro, Cooperador salesiano, tinha velhas afinidades com Dom Bosco, vibrou, e imediatamente comunicou a descoberta ao Presidente Jusce-lino Kubitschek. Este, dramaticamente necessitado de apoios para sua obra grandiosa, tratou logo de fazer expor na sala principal do Catetinho o trecho do Sonho possivelmente referente a Brasília, emoldurado em quadro que ainda lá se acha e parece ter-se inspirado no texto para a

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frase famosa que se encontra gravada no seu monumento da Praça dos Três Poderes: “Deste Planalto central...”

A fim de colocar sob a proteção do Santo os trabalhos da cons-trução da nova Capital, Israel Pinheiro fez questão de empregar o pri-meiro ferro e o primeiro cimento chegados ao canteiro de obras na construção de uma ermida votiva a Dom Bosco, desenhada por Nie-meyer. Fê-la reproduzir, anos mais tarde, em escala menor, na sua residência oficial de Prefeito de Brasília, a Granja do Ipê. Bom mineiro, quis em seguida conferir, com os próprios olhos, o manuscrito original do sonho, cuja cópia xerox me fez requisitar à Casa Mãe dos Salesianos na Itália.

Como consequência de tudo isto, a cidade nasceu embalada na certeza de ter sido sonhada por um santo e é por isso que a devoção a Dom Bosco é tão popular entre os brasilienses.

Quando, em 1961, chegou a hora de escolher Patrono litúrgico para ela, a Autoridade eclesiástica local, com muito acerto, pensou em Nossa Senhora Aparecida. Mas, por coincidência (ou “elegância da Di-vina Providência”, como costumava dizer o Papa Pio XI), nesta data, eram ex-alunos salesianos o Presidente da República, Jânio Quadros (ex-aluno do Colégio S. Joaquim, de Lorena, SP), o Prefeito Paulo de Tarso (ex-aluno do Colégio Dom Bosco, do Araxá, MG) e o Presidente da Novacap Randall Espírito Santo Ferreira (ex-aluno do Ginásio Sale-siano de Silvânia, GO). Os três ex-alunos, atendendo também a apelo unânime da população em minuta preparada por quem escreve este estudo, firmaram juntos petição à Santa Sé para que S. João Bosco fosse declarado Co-Patrono da Cidade, o que veio a acontecer.

Deste modo, no último domingo de agosto, dia festivo mais próximo à data do famoso sonho, os brasilienses, tendo à frente o seu Arcebispo, organizam, todos os anos, piedosa romaria à ermida de Dom Bosco.

Em conclusão, se repetirmos a pergunta: “Dom Bosco Sonhou Brasília?”, creio se possa responder:

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1) É certo que o Santo, no “sonho” de 1883, pensou no Brasil: lá está explicita a alusão, embora em forma interrogativa, no manuscri-to do sonho tido pelos entendidos como o mais autêntico. (Há vários outros)

2) É igualmente certo que o lugar e o tempo coincidem plena-mente, sem qualquer ginástica exegética, com os da construção de Brasília.

3) Quanto ao evento anunciado (grande riqueza, progresso), estou atento à advertência da lógica escolástica sobre a falácia possível no argumento: “depois disto, logo, por causa disto”: Post hoc, ergo propter hoc. Mas há, inegavelmente, relação de causa e efeito entre a transferência da Capital e o surto de progresso que se deu no País a partir daquela realização, não só na região Centro-Oeste, como seria de esperar, mas no Brasil como um todo. Só não o vêem os que não querem ver; os dados e as estatísticas estão aí, à vista de todos.

4) Seria indevido pedir maior clareza e mais especificação num sonho-visão. Manifestações como estas, como as dos profetas da Es-critura, são de sua natureza imaginárias, envoltas em expressões ora obscuras, ora simbólicas, que se prestam a mais de uma interpretação. Mas ainda assim, sobre o essencial, como vimos, há mais clareza neste “sonho” do que em geral nas previsões deste tipo.

5) Convém ainda não esquecer que Dom Bosco nunca esteve na América, não tinha maiores estudos de Geografia, e que os mapas da época, sobretudo os das regiões extra-européias, eram bastante incom-pletos e vagos.

Em tempo:

a) Os representantes mais altos da Congregação Salesiana e seus melhores estudiosos jamais se pronunciaram sobre o assunto e a reação de seus Superiores Maiores a este respeito foi sempre de reti-cência. O escrito acima representa opinião estritamente pessoal.

b) Uma advertência aos angustiados com a situação atual do País: – a segunda geração, preanunciada no sonho para o advento de

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uma era de prosperidade e riqueza, só termina no ano 2003. Até lá... nada se perde em esperar para conferir.

Outras Profecias sobre BrasíliaSobre Brasília eis o que escreve Eduardo Bueno, em seu livro

Brasil: Uma História (BUENO, 2002, p. 352-353): Era uma cidade lon-gamente profetizada. Já em 1883, ela aparece reluzente, nas visões do santo italiano João Bosco. Um século antes, fizera parte dos sonhos libertários dos inconfidentes, fulminados em 1789. Em 1813, o jorna-lista Hipólito José da Costa, redator do Correio Brasiliense, editado em Londres, deu novo alento à idéia de transferir a capital do Brasil para o interior, “junto às cabeceiras do Rio São Francisco”. No início de 1822 surgiria, em Lisboa, um livreto, redigido nas Cortes, determinando que, “no centro do Brasil, entre as nascentes dos confluentes do Paraguai e do Amazonas fundar-se-á a capital do Brasil, com a denominação de Brasília”. No mesmo ano, após a Independência, José Bonifácio defenderia, na Constituinte, a idéia de erguer a nova capital “na latitude de 15º, em sítio sadio, ameno, fértil e regado por um rio navegável”. Em 1852, o historiador Francisco Adolfo de Varnhagen tornou-se o principal defensor de Brasília e, em 1877 seria o primeiro a viajar ao Planalto Central tentando demarcar o ponto ideal. Achou-o “no triân-gulo formado pelas lagoas Formosa, Feia e Mestre d’Armas, pelo fato de fluírem para o Amazonas, o São Francisco e o Prata”. Proclamada a República, o artigo 3º da nova Constituição estabeleceu que a capital de fato seria mudada para o Planalto Central. Por isso, em 1892, à frente da recém-formada Comissão Exploradora do Planalto Central, o cientista Luís Cruls demarcou “um quadrilátero de 14.400 quilômetros para nele ser erguida a nova cidade”. Em 1922, o presidente Epitácio Pessoa baixou um decreto determinando que no dia 7 de setembro daquele ano (centenário da Independência) fosse assentada a pedra fundamental da nova capital, na cidade de Planaltina (GO), localizada no “quadrilátero Cruls”, hoje perímetro urbano de Brasília. A idéia de transferir a capital para os longínquos descampados do cerrado seria

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mantida nas constituições de 1934 e de 1946. Mas só começou de fato a sair do papel no dia 4 de abril de 1955, num comício em Jataí (GO), quando o então candidato à Presidência Juscelino Kubitscheck decidiu fazer a mais óbvia das promessas de campanha: jurou que iria “cumprir a Constituição”. Então, como o próprio JK conta no livro Por que construí Brasília, algo de surpreendente aconteceu – e mudou os destinos do Brasil. De acordo com JK, ao final do comício em Jataí, “uma voz forte se impôs” e o interpelou. “O senhor disse que, se eleito, irá cumprir rigorosamente a Constituição. Desejo saber se pretende pôr em prática a mudança da capital federal para o Planalto Central”. JK olhou para a platéia e identificou o interpelante: era um certo To-quinho. Embora considerasse a pergunta embaraçosa e já tivesse seu Plano de Metas pronto, JK respondeu que construiria a nova capital. A partir daí, Brasília virou a “meta-síntese” de seu governo. Ao assumir a Presidência, apresentou o projeto ao Congresso como fato consu-mado. Em setembro de 1956, foi aprovada a lei nº 2.874 que criou a Cia. Urbanizadora da Nova Capital. As obras se iniciaram em fevereiro de 1957, com apenas 3 mil trabalhadores – batizados de “candangos”. Os arquitetos Oscar Niemeyer e Lúcio Costa foram encarregados de projetar a cidade “futurista”.

A Realização das Profecias

As visões de Dom Bosco sobre a Terra Brasilis, a exemplo de Brasília, parecem que já se estão tornando uma realidade, como indi-cam as recentes descobertas de petróleo e gás natural na Plataforma Continental, na camada geológica conhecida como pré-sal, e de gás na Bacia do Rio São Francisco, no Estado de Minas Gerais, além dos dois maiores reservatórios de água doce subterrâneas do mundo: o Aquífero Guarani, na Bacia do Rio Paraná, e o Aquífero Alter do Chão, na Bacia do Rio Amazonas.

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O Aquífero Alter do Chão

Segundo dados disponíveis na Internet, o Aqüífero Alter do Chão, localizado nos estados do Amazonas, Pará e Amapá, na Amazônia, tem o maior volume de água potável do mundo, suficiente para abastecer a população mundial em cerca de 100 vezes. Estudos preliminares da Universidade Federal do Pará (UFPA) indicam volume de 86 mil km³ de água doce, o qual poderá ser ainda maior do que o calculado ini-cialmente pelos geólogos. Em termos comparativos, a reserva Alter do Chão tem quase o dobro do volume de água potável que o Aquífero Guarani – com 45 mil km³ de volume –, até então considerado o maior do país e que passa pela Argentina, Paraguai e Uruguai.

O Aquífero Guarani

Sobre o Aquífero Guarani, a jornalista Danielle Nogueira (Jornal do Brasil, 6/8/2000, p. 21) divulgou o seguinte: “Metade da água doce do planeta disponível para consumo – apenas 2,5% do total – se en-contra em reservatórios subterrâneos. Um dos maiores do mundo está sob os pés de milhões de brasileiros e, a partir de 2001, estará sob os olhos atentos de representantes dos quatros países do Mercosul. No primeiro semestre do ano que vem, será implantado o Programa Gua-rani, projeto que pretende proteger e promover a exploração racional dos 45 quatrilhões de litros d’água armazenados no Aqüífero Guarani. Com 1.194.800 quilômetros quadrados de extensão, o Aqüífero Guarani abrange oito estados e parte do Paraguai, do Uruguai e da Argentina. [...] O Aqüífero Guarani é estratégico, pois está localizado na parte mais rica do Cone Sul. Por isso deve ser preservado, completou. Além de dispensarem tratamento, as águas do Aqüífero Guarani também não precisam ser aquecidas artificialmente, o que permite grande economia de energia. O líquido leva décadas para percorrer centenas de metros. A cada 30m que desce, a temperatura da água é elevada em 1º C. Quando ela chega lá embaixo, está fervendo”.

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O Gás de Petróleo da Bacia do Rio São Francisco

A respeito das ocorrências de gás de petróleo da Bacia do Rio São Francisco, quem escreve é o ex-Ministro de Minas e Energia, Pau-lino Cícero de Vasconcelos, em interessante artigo publicado no Jornal Estado de Minas (4/6/2003, p.9), sob o título O gás do São Francisco, que liga esse fato ao sonho de Dom Bosco: “Um dos maiores geólogos do País, Carlos Walter Marinho Campos, que no ano passado recebeu post-mortem, a medalha Eschwege do governo mineiro, foi o homem que levou a Petrobrás para o mar. [...] Quando assumi a Secretaria de Minas do governo Itamar, já aposentado da Petrobrás, Carlos Walter, com minha presença, instalou em Ouro Preto o Núcleo de Engenharia de Petróleo (Nupetro), que somava o notório potencial de duas reno-madas instituições: a Escola de Minas, na área de geologia, e a Escola Federal de Engenharia de Itajubá (EFEI), em eletricidade e mecânica. Neste dia, com a simplicidade que contrastava os títulos tantos que acumulara no Brasil e no exterior, Carlos Walter me dizia que a bacia hidrográfica do São Francisco pode esconder um oceano de gás. É uma unidade geotectônica proterozóica – dizia-me. Não deve ter óleo, mas certamente conterá muito gás natural de petróleo, exatamente como ocorre na Sibéria e no Mar Amarelo da China, que são, também, bacias proterozóicas, formada a mais de 500 milhões de anos. [...] É rezar para que as coisas se apressem e aconteçam. Aliás, falando em rezar, isso me lembra o jornalista Jorge Faria, como eu, ex-aluno salesiano. Ele diz – e jura – que o verdadeiro sonho visionário de Dom Bosco sobre o Centro-Oeste brasileiro não era Brasília. Era e é o gás do São Francisco”.

“Gás descoberto em Minas equivale a ‘meia Bolívia’”

As afirmações do Geólogo Carlos Walter Marinho Campos e a interpretação do Jornalista Jorge Faria, estão se confirmando, como

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informa o Jornal Estado de Minas em artigo publicado em sua edição de 3/9/2010, sob o título Gás descoberto em Minas equivale a ‘meia Bolívia’: “O gás natural descoberto em Morada Nova de Minas, na Re-gião Central do estado, será explorado comercialmente a partir do ano que vem. O volume descoberto num único poço pode chegar à metade do fornecido ao Brasil pela Bolívia, estimou ontem o governador minei-ro Antônio Augusto Anastasia. [...] Desde a confirmação da existência do combustível, porém, os indícios do potencial da reserva durante a perfuração estão cada vez mais robustos, informou o governador. A presença de gás natural em Minas significa a redenção econômica para a Bacia do Rio São Francisco porque, além de atrair indústrias, repre-senta a possibilidade de aumento de arrecadação para os pequenos municípios locais na forma de royalties, sem contar o fato de que o estado tem participação em cinco dos 43 blocos licitados pela ANP na região. [...] Além do consórcio formado pela iniciativa privada e a Code-mig, empresas como Petrobrás, Shell e British Petroleum também são donas de blocos e estão desenvolvendo pesquisas na área licitada”.

Histórico das descobertas de gás de petróleo na Bacia do Rio São Francisco em Minas Gerais

Por oportuno, é bom esclarecer que as descobertas de gás natu-ral na Bacia do Rio São Francisco em Minas Gerais, foram feitas a partir de informações de moradores da região sobre ocorrências de gás em poços artesianos e relatos de fatos curiosos como o que se passava no local denominado Remanso do Fogo, no Rio Paracatu, próximo à foz com o Rio São Francisco. Neste sítio, podia-se observar diversos focos de surgência de gás, tanto na praia, onde se fazia a queima, como na água, onde borbulhava, fato que constatei pessoalmente em companhia de geólogos da Petrobras, durante visita a esta ocorrência e outros locais onde esta companhia já havia feito sondagens exploratórias. O resultado desta visita foi a assinatura de um acordo entre a Petrobras e a Metamig, uma estatal mineira, para fazer um levantamento de tais

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ocorrências em toda a Bacia do São Francisco em Minas Gerais. O que se comentava nessa ocasião, cerca de 30 anos atrás, é que este tipo de ocorrência – a surgência natural de gás de petróleo –, é fenômeno raro, e que também poderia ser um indicativo de reservas promissoras na região, levando-se em conta fatos semelhantes ocorridos em outras partes do mundo.

A voz misteriosa que anunciou as descobertas Quanto à interpretação do Jornalista Jorge Faria, é bom recordar

que a zona de ocorrência de gás natural na Bacia do Rio São Francisco, em Minas Gerais, situa-se entre os paralelos 15 e 20, na região do lago de Três Marias, encaixando-se perfeitamente na profecia de Dom Bosco: “Mas não era ainda tudo. Entre o grau 15 e o 20 havia uma enseada bastante longa e bastante larga, que partia de um ponto onde se forma um lago. Disse então uma voz repetidamente: quando se vier cavar as minas escondidas no meio destes montes (desta enseada), aparecerá aqui a terra prometida, que jorra leite e mel. Será uma riqueza inconcebível”.

As descobertas e o apadrinhamento dos profetas Oséas e Amós

Significativamente, os poços pioneiros recentemente locados pela Petrobrás na Bacia do São Francisco foram batizados com nomes de profetas bíblicos, como informa o Jornal Estado de Minas em sua edição de 12/1/2011 (p.12): “O primeiro poço definido pela Petrobrás foi batizado de Oséas, contemplando Brasilândia de Minas, no Noroeste do estado, onde as obras foram iniciadas no fim de 2010. O poço está em perfuração a uma profundidade de 2,2 mil metros e deverá chegar a 3,3 mil metros. Já o segundo poço, chamado Amós, será perfurado a partir de abril em João Pinheiro, também no Noroeste do estado, com uma profundidade de investigação prevista para 2,3 mil metros. O batismo dos dois poços com nomes de profetas, segundo a Petrobras,

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representa uma homenagem às obras de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho”.

O significado da escolha dos profetas Oséas e Amós

O histórico da vida dos Profetas Oséas e Amós retrata bem o que se passava em Israel, ou Reino do Norte, no tempo de Jeroboão II, e a situação atual da Palestina; razão porque a ligação desses profetas com a descoberta de gás natural na Bacia do São Francisco em Minas Gerais pode transcender a um simples ato de homenagem a um escultor – que gravou em pedra lisa e escorregadia a alma profética dos mineiros –, mas conter uma mensagem cifrada de otimismo e confiança para os brasileiros, frente aos tempos apocalípticos que estão por vir, segundo as profecias bíblicas.

OséasOriundo do reino do Norte, Oséas é contemporâneo de Amós,

pois começou a pregar no tempo de Jeroboão II; seu ministério se pro-longou pelos reinados dos sucessores deste rei, mas não parece ter ele presenciado a ruína de Samaria em 721. Foi um período sombrio para Israel: conquistas assírias de 734-632, revoltas interiores – quatro reis assassinados em quinze anos – corrupção religiosa e moral. (A Bíblia de Jerusalém. p. 979).

AmósAmós era pastor em Técua, nos limites do deserto de Judá. [...]

Prega no reinado de Jeroboão II (783-743), época gloriosa, humana-mente falando, em que o reino do Norte se estende e se enriquece, mas na qual o luxo dos grandes insulta a miséria dos oprimidos, enquanto o esplendor do culto disfarça a ausência de uma religião verdadeira. (A Bíblia de Jerusalém. p. 978).

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As descobertas de Petróleo e Gás Natural do Pré-Sal

Para completar essas observações, poderíamos acrescentar que, na faixa de Dom Bosco (15º/ 20ºS), existem outros sítios que se encai-xam, também, nas descrições do sonho, como o Pantanal Mato-Gros-sense e a região andina do Lago Titicaca, os quais, se pesquisados, poderão apresentar surpresas agradáveis. Mas é no litoral Atlântico brasileiro que as visões proféticas de Dom Bosco estão se realizando de forma espetacular, como mostram as recentes descobertas de gi-gantescas reservas de petróleo e gás natural na Plataforma Continental brasileira, numa faixa, denominada de pré-sal, de cerca de 800km de comprimento por 200km de largura; faixa esta que vai da costa capixa-ba à catarinense, segundo as primeiras avaliações, não se descartando a possibilidade de estender-se para o norte, rumo ao litoral nordestino, e para o sul, além do litoral gaúcho, possivelmente até as Ilhas Malvi-nas, na costa argentina.

As reservas estimadas para essa faixa, até agora conhecida, gira em torno de 100 bilhões de barris de petróleo e gás, podendo, com os trabalhos de pesquisas em andamento, atingir a casa dos trilhões de barris, marca que equivale ao total das reservas mundiais até agora conhecidas. Essas descobertas provam que as profecias de Dom Bosco são dignas de fé: “Via numerosas minas de metais preciosos, filões ine-xauríveis de carvão, depósitos de petróleo tão abundantes como nunca se encontraram em outros lugares”. Além disso, é bom ressaltar, a localização das reservas de petróleo e gás do pré-sal foram aí colocadas de forma providencial, pois estão protegidas por um oceano, e longe da cobiça de outros países, porém bem próximas do principal centro consumidor do País, a Região Sudeste.

A Localização Privilegiada das Descobertas

Segundo o presidente da Petrobrás, José Sergio Gabrielli, (entre-vista ao Jornal Estado de Minas, 18/10/2008, p.16), 85% das reservas

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da companhia e 80% de suas refinarias estão localizadas nessa região. É uma situação privilegiada, em todos os sentidos, inclusive para mon-tagem de um sistema defensivo contra quaisquer ameaças externas. Esse quadro sinaliza que a exploração das reservas de petróleo e gás do pré-sal, e também do chamado pós-sal, além de outras, como as que podem ocorrer nos gigantescos domos de sal descobertos na foz do Rio Amazonas, cujo potencial petrolífero ainda não foi pesquisado, e em outras descobertas no continente, como as do Estado do Maranhão, e na fronteira com o Peru, Colômbia e Bolívia, é um assunto econômico de alta relevância para o nosso País; fazendo crer que as profecias de Dom Bosco estão realmente se concretizando e a época escolhida é a da Terceira Geração.

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PARTE II

A MENSAGEM CODIFICADA SOBRE O BRASIL

“Porém, o moço ajuntou, lendo em meus pensamentos:– Isto acontecerá antes que passe a segunda geração.– E qual será a segunda geração, perguntei.– A presente não conta. Será uma outra, depois outra.– E quantos anos compreendem cada geração?– Sessenta anos.– E depois?– Quer ver o que sucederá depois?Venha cá.”

A Geração Excluída (1823/1883)(“A presente não conta”)

“A colonização européia, iniciada no período imperial, respondia a uma atitude comum da oligarquia das nações latino-americanas, al-çada ao poder com a independência: sua alienação cultural que a fazia ver sua própria gente com olhos europeus.” (RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro, 1995, p. 433.)

A Primeira Geração (1883/1943)(“Será uma outra”)

“Há uma situação de contradição que é: os descendentes de imigrantes que vieram no fim do século, subvencionados, vieram no

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fundo dos navios, como gado, porque não cabiam na economia da Europa, que enfrentava uma crise de desemprego como a nossa hoje. Nós absorvemos uma dezena de milhões desses imigrantes. Tem mui-tos que são excelentes, mas outros acreditam que fizeram o Brasil. Eles vieram subsidiados, o Brasil já existia com suas dimensões, já era independente. Eles vieram outro dia, mas tinham uma atitude muito besta e começam alguns problemas quando esses bestinhas, que havia muito em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, começam a falar dos baianos ou dos pernambucanos ou da gente antiga de sua própria região. Então o Brasil está vivendo um momento de tensões que vão dar em diferenças.” (Darcy Ribeiro, entrevista para o Jornal do Brasil, 3/11/1996, Cad. B, p. 5.)

A Segunda Geração (1943/2003)(“Depois outra”)

“Se a primeira destas gerações começou em 1883, ano do so-nho, a segunda teve início sessenta anos depois, em 1943, e se estende até o ano 2003. A construção e consolidação de Brasília estão assim bem dentro do período anunciado: entre 1943 e 2003.” (Padre José de Vasconcellos).

A Terceira Geração (2003/2063)(“Quer ver o que sucederá depois? – Venha cá.”)

O que se segue ao diálogo que abre este capítulo está descrito no anterior, mas o que queremos ressaltar com essa análise é o que está acontecendo no presente e o que está para acontecer nos próxi-mos anos. Segundo o Padre José de Vasconcellos, “se a primeira des-tas gerações começou em 1883, ano do sonho, a segunda teve início sessenta anos depois, em 1943, e se estende até o ano 2003”.

Com base nessa interpretação, podemos concluir que, quando o jovem guia de Dom Bosco, “de beleza sobre-humana, todo radiante de viva luz, mais clara que a do sol”, diz o que acontecerá depois da

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segunda geração – “Quer ver o que sucederá depois? – Venha cá.” –, ou seja, depois do ano 2003, é que a viagem ferroviária de Dom Bosco, que se segue a esse diálogo, passa-se no tempo atual, época da terceira geração (2003/2063), a escolhida para construir essa ferrovia e ocupar o território onde, segundo as profecias, “aparecerá a terra prometida, que jorra leite e mel”.

A Escolha das GeraçõesA escolha dessa geração não foi casual, pois, de acordo com a

narrativa de Dom Bosco, o emissário divino excluiu uma geração – “a presente não conta” (1823/1883), ou seja, a dos imigrantes que aqui che-garam quando o Brasil já era independente, porém escravocrata. A partir desta geração, Imperial, seguem-se outras três, Republicanas, cada uma com uma missão: a primeira (1883/1943) a de fazer uma revolução para mudar a face escravocrata do Brasil – a Revolução de 30 –; a segunda (1943/2003), a de edificar Brasília e ocupar o Centro-Oeste; e a terceira (2003/2063), com o encargo de construir a ferrovia profetizada por Dom Bosco e povoar sua rota e a Amazônia, e administrar o Brasil com com-petência, cumprindo assim os desígnios de Deus.

As Gerações PrivilegiadasEstas privilegiadas gerações já vêm atuando nesse sentido,

como demonstra a presença de gaúchos, catarinenses e paranaenses no Centro-Oeste, no Brasil Central, na Amazônia, no Nordeste, no Pa-raguai (brasiguaios) e na Bolívia, descendentes dos imigrantes que não conheceram a escravidão e nem foram responsáveis por suas mazelas, magistralmente descritas por Gilberto Freire, em sua monumental obra Casa- Grande & Senzala. Por esta razão, estão livres do ranço escravo-crata que domina certas elites, principalmente as nordestinas, pois es-tas, diferentemente das mineiras, paulistas e fluminenses, que tiveram suas mentalidades escravistas modificadas pelas levas de imigrantes que aportaram ao País no final do século XIX e início do século XX, ain-da adotam uma postura retrógrada no quadro político nacional, como

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bem demonstram as atuações de políticos como José Sarney, Renan Calheiros e Fernando Collor de Mello.

A Missão da Terceira GeraçãoO Brasil, portanto, encontra-se num momento decisivo de sua

história, cabendo à terceira geração a missão de definir os rumos do País e quem sairá vencedor nessa disputa: a Casa-Grande & Senzala, que se atém a um passado que não volta mais, ou o Brasil dos Imigran-tes, que marcha para frente em busca de novos horizontes?

A resposta está na maneira de como a terceira geração de imi-grantes equacionará os problemas seculares que retardam o desenvol-vimento econômico e social do País, principalmente os relacionados às secas que afetam o Nordeste e mantém seus habitantes presos à miséria e à ignorância. Várias tentativas têm sido feitas para solucionar este problema, a última delas de iniciativa do nordestino Presidente Lula, com o projeto de transposição do Rio São Francisco, assunto tratado a seguir.

Mas, com as eleições presidenciais de 2010, um fato novo apon-ta que daqui para frente o Brasil entrará nos eixos. Isto acontecerá porque, a partir de 1º de janeiro de 2011, a terceira geração passará a governar o Brasil, com a posse da Presidenta Dilma Roussef, filha de imigrante búlgaro, e do Vice-Presidente, Michel Temer, filho de imi-grantes Libaneses. Um dos desafios a serem enfrentados por estes filhos da Terceira Geração está na redivisão dos Estados brasileiros, assunto abordado em carta dirigida a Presidente Dilma Rousseff, tam-bém transcrita a seguir.

A Transposição do Rio São Francisco e a Grande Adutora Tucuruí-Nordeste.

Belo Horizonte, 23 de outubro de 2010.

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Exmo. Sr. Luiz Inácio Lula da SilvaPresidente da RepúblicaPalácio do PlanaltoBrasília – DF

Com cópias para os Exmos. Srs. Vice-Presidente da República, José Alencar; Ministro de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Gui-marães; Governadores dos Estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Alagoas, Sergipe e Minas Gerais; Deputados(as) Federais e jornais Estado de Minas e Folha de S. Paulo.

Assunto: A Transposição do Rio São Francisco e a Grande Adutora Tucuruí-Nordeste.

Prezado Senhor Presidente,

Considerando que o polêmico projeto de transposição das águas do Rio São Francisco, idealizado para matar a sede dos nordestinos, não será concluído a tempo de ser inaugurado por V. Exa., antes de deixar a Presidência da Republica, e levando-se em conta o arcaísmo dessa proposta, tomo a liberdade de tecer algumas considerações a respeito e dar algumas sugestões, como cidadão, para que essa ideia generosa não caia no esquecimento, mas seja revigorada, ainda no seu governo, por uma mudança estratégica na abordagem dessa questão. O arcaísmo na concepção desse projeto reside no fato de que, em ple-no século XXI, tenta-se levar água de uma região para outra por meio de canais a céu aberto, fato que nos remete aos tempos anteriores aos romanos, que construíram aquedutos por todo o seu império para transportar a água de que necessitavam. Isto há mais de dois mil anos. Na atualidade, versões modernas desses aquedutos, as adutoras, que utilizam tubulações de aço, podem levar água para toda parte, a um custo bem menor e sem perdas de qualquer espécie ou danos ao meio ambiente. Exemplos são muitos, destacando-se pela grandiosidade os sistemas de abastecimento das regiões metropolitanas de Belo Horizon-te, São Paulo e Rio de Janeiro. Além de transportarem água de grandes distâncias e na quantidade que se desejar, evita também a ação predatória dos gatos, tipo de roubo que vai inviabilizar os canais do Projeto São Francisco. Como

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as autoridades responsáveis por esse projeto vão proibir gente seden-ta, miserável, com água à porta de suas casas de utilizá-la da forma que julgarem mais conveniente ou contaminá-la com dejetos de toda ordem? Os políticos nordestinos vão impedi-las? Claro que não! Isto, sem contar que a própria Bacia do Rio São Francisco necessita de toda a sua água para tornar produtivas as férteis terras de seu vale, como já está provado em vários pontos deste imenso território, principalmente nos Estados da Bahia e de Pernambuco, os mais afetados pelo projeto de transposição. A água de que o Nordeste necessita, principalmente os Estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, os mais afetados pelas periódicas secas que assolam esta região, está disponível na Bacia do Rio Amazonas, mais precisamente, no seu afluente, o Rio Tocantins. Estações de bombeamento podem transportar esse precioso líquido, por meio de adutoras, da Represa de Tucuruí, o ponto mais favorável para sua captação, até seus destinos no Nordeste, distribuindo-a por meio de uma rede capilar por toda essa região, sem diminuir a vazão do Amazonas, ou de seus afluentes, e sem causar danos ao meio am-biente. Uma rede de adutoras, com cerca de 700 km de extensão, poderá ligar essa barragem diretamente a Teresina, capital do Piauí, de onde se dividirá em três ramais principais: um, com 500 km de extensão, para Fortaleza, capital do Ceará; outro, com 850 km, para Natal, capital do Rio Grande do Norte, e o terceiro, com 900 km, para João Pessoa, capital da Paraíba. Essas adutoras cortarão as regiões mais secas do Nordeste, abrindo amplas oportunidades para aumentar a produtividade dessas terras e a renda de seus habitantes, além de mudar radicalmen-te as condições sanitárias da população, principalmente das camadas mais pobres. A primeira rede dessas adutoras deve abastecer as capitais desses Esta-dos e suas regiões metropolitanas e, à medida que novos dutos forem acrescentados ao sistema, também outros centros urbanos poderão ser atendidos. Em todos esses casos, a água do Tocantins deve ser reservada, prioritariamente, para o consumo humano, destinando as águas superficiais da região e o potencial de águas subterrâneas, para emprego em atividades agropastoris e industriais. Mas, para que isto aconteça, é necessário que se estabeleça um ambicioso programa de reflorestamento das nascentes e recomposição das matas ciliares, para que todos os rios da região beneficiada pelas adutoras se tornem pe-

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renes e livres da poluição, reforçando, portanto, todo o conjunto de abastecimento para fins diversos. Quanto ao projeto da transposição do Rio São Francisco, deve ser refor-mulado para atender apenas aos Estados ribeirinhos, como Pernambuco, Bahia, Alagoas, Sergipe e Minas Gerais, substituindo o sistema de canais a céu aberto por adutoras. Com essas medidas, os Estados mais ao norte do polígono das secas deixarão de receber a água do Rio São Francisco, mas, em contrapartida, serão atendidos pelas do Rio Tocantins, muito mais volumoso e de pureza superior, qualidade que diminuirá substan-cialmente os custos de tratamento para o consumo humano. Durante as cheias deste rio, o excesso de água vazada pelo vertedouro da usina, por falta de serventia, poderá ser enviado para um grande reservatório locali-zado em Teresina (PI), que funcionará como regulador de abastecimento durante as épocas das secas no Tocantins. Esta medida beneficiará também toda a região a jusante da Barragem de Tucuruí, que ficará livre das cheias sazonais, que sérios prejuízos trazem aos ribeirinhos, que nessas épocas veem seu patrimônio levado por água abaixo. Outros benefícios serão acrescentados aos paraenses com a execução desse gigantesco projeto, como, por exemplo, o rece-bimento de royalties pelas águas cedidas ao Nordeste, pois se trata de um bem mineral como o petróleo, gás natural, minério de ferro, etc., regulados pelo código de mineração. Quanto aos Estados do Nordeste, beneficiados com essa cessão, deverão pagar pelo seu uso, não só para amortizar esse investimento, como também para valorizar um produto que se torna, a cada dia, mais escasso em escala global, fato que co-nhecem de perto.No que diz respeito aos recursos financeiros para viabilizar a reformula-ção do Projeto São Francisco e a execução da Grande Adutora Tucuruí-Nordeste, eles podem vir de duas fontes principais: o Fundo Soberano, criado para estocar os ganhos com a exploração do petróleo da Plata-forma Continental, mais precisamente do Pré-Sal, e do Baú da Dívida Pública, que recebe os “papagaios” emitidos pelo Governo Federal para pagar juros aos banqueiros. A maneira mais racional de colocar parte dessa dinheirama toda na execução dessas obras, sem acarretar efeitos colaterais indesejáveis, será trocar esses papéis por ações emitidas por empresas de economia mista criadas para executar e administrar essas obras. Uma vez criadas essas companhias, capitalizadas com esses recursos financeiros, não faltarão interessados, do Brasil e do exterior, em comprar suas ações, pois se trata de um projeto ecologicamente e,

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também, politicamente correto, merecedor de apoios de ambientalistas e entidades de porte, como o Banco Mundial, ONU, FAO, etc. Outro aspecto que deve ser considerado na formulação desses projetos será a criação de um comitê para superar entraves burocráticos ligados à defesa do meio ambiente, para que não se repita os casos citados por V. Exa. como absolutamente ridículos e inaceitáveis: o da “perereca”, que atrasou a execução de uma barragem na Região Sul; o do “bagre”, que quase inviabilizou a construção de outras no Rio Madeira, e o tal falso “machadinho”, que atrasou a execução do projeto de transposição do Rio São Francisco. Este comitê poderá ser formado pelas partes interessadas na análise e execução desses projetos, como o IBAMA, membros do Poder Judiciário, etc., os quais analisarão em conjunto todos os questio-namentos feitos por quem quer que seja, de tal forma que não haja pa-ralisação das obras sem um motivo comprovadamente pertinente. Com isto será possível evitar a concessão de “liminares” que travam as obras por quaisquer motivos, mesmo nos casos em que uma simples análise poderá esclarecer a questão, como os citados por V. Exa. Além disso, é necessário, também, que os congressistas façam as leis apropriadas para viabilizar a implantação desses dois projetos estra-tégicos para o desenvolvimento econômico e social do País, e fiquem atentos para que erros e más intenções na sua elaboração não as in-viabilizem ou distorçam o seu conteúdo, pois nestes casos acabarão no Supremo Tribunal Federal (STF), onde seus ministros as reformularão ao seu bel-prazer, agindo não como magistrados, mas sim como le-gisladores. Esta aberração só acabará no dia em que os congressistas mudarem a Constituição Federal para que o STF devolva ao Congresso Nacional as leis questionadas, nas quais pode haver algum conflito de interpretação, para que os próprios congressistas promovam as mu-danças necessárias. Com isto, casos como os da chamada Ficha Limpa e da Reserva Indígena Raposa Terra do Sol seriam reanalisados por quem de direito: Os deputados e os senadores eleitos pelo povo para o exercício do poder em seu nome e não por meros funcionários pú-blicos, como são os ministros do STF e todos os demais membros do chamado “Poder Judiciário”.Para finalizar essas considerações, seria de bom alvitre que o Gover-no Federal criasse um grupo de trabalho para planejar e acompanhar a execução dessas obras, a fim de evitar conflitos entre os diversos órgãos públicos federal, estadual ou municipal direta ou indiretamen-te envolvidos no processo, os quais, por questões diversas, podem

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travar o andamento dos trabalhos. Este drama o governo de V. Exa. conhece bem, pois constantemente se tem queixado, por intermédio da imprensa, dos atrasos nas obras do PAC, que não saem do papel devido à lentidão do aparelho burocrático, em todos esses três níveis da administração pública. Na expectativa de que V. Exa. realize o ambicioso projeto de levar água aos nordestinos, sem conflitos com a sociedade, mas em sintonia com ela, subscrevo-me.

Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

Uma nova divisão territorial do Estado brasileiro

Belo Horizonte, 3 de janeiro de 2011 (data errada, a data certa é 3 de fevereiro de 2011)

Exma. Sra. Dilma RousseffPresidenta da RepúblicaPalácio do PlanaltoBrasília – DF

Com cópias para os Exmos. Srs. Vice-Presidente da República, Michel Temer; Ministro de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco; Diretores do IPEA e FGV; Revistas Veja e Época e jornais Estado de Minas e Folha de S. Paulo.

Assunto: Uma nova divisão territorial do Estado brasileiro, como ins-trumento de correção das desigualdades regionais e promoção mais equilibrada do desenvolvimento econômico e social do País.

Prezada Senhora Presidenta,

Os novos tempos pelos quais o Brasil vem passando no campo eco-nômico e social, particularmente com as descobertas das gigantescas reservas de petróleo e gás natural do pré-sal, delineiam um horizonte de prosperidade para o País que está a exigir um planejamento estra-

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tégico, a médio e longo prazos, para corrigir as desigualdades regio-nais e promover um desenvolvimento mais equilibrado entre os entes federativos. Um mecanismo eficaz para atingir estes objetivos é a de se promover uma nova divisão territorial do Estado brasileiro, razão porque gostaria de dar algumas sugestões. A primeira delas diz respeito à divisão do território brasileiro em regiões, que esta a merecer uma reformulação no agrupamento dos Estados. Se, de um lado, as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste apresentam um quadro bem equilibrado, o mesmo não acontece com as Regiões Norte e Nordeste. A Região Nordeste, por exemplo, só atingirá um equilíbrio geográfico, econômico e social, respeitando suas peculiaridades, se o Estado do Maranhão for retirado deste agrupamento e incorporado à Região Amazônica com a qual se identifica em muitos aspectos, princi-palmente econômico. Um exemplo significativo está na exploração das reservas de minério de ferro da Serra dos Carajás, no Estado do Pará, que encontrou seu desaguadouro natural no litoral maranhense. A Região Amazônica, por sua vez, deve ser dividida em Amazônia Oci-dental e Oriental. Nesta, além dos Estados do Tocantins, Pará e Amapá, seria incorporado o Estado do Maranhão, formando um conjunto har-mônico, facilitando assim todos os trabalhos de planejamento a cur-to, médio e longo prazos. Politicamente também forma um conjunto equilibrado, com muitas afinidades, inclusive culturais, como mostra a escolha do Senador José Sarney, que procurou o Estado do Amapá para conquistar e manter uma cadeira no Senado, ao invés de se can-didatar por um Estado nordestino onde, considerando a divisão atual, seria mais apropriada. Quanto à Região Amazônia Ocidental, o conjunto seria formado pelo agrupamento dos Estados do Amazonas, Roraima, Rondônia e Acre. Uma vez redefinidas as Regiões Nordeste, Amazônia Ocidental e Ama-zônia Oriental, o passo seguinte seria a divisão dos Estados destas duas regiões amazônicas para a formação de novos estados e territórios federais. O Estado do Pará, por exemplo, poderia ser dividido em três novos estados e um território federal. Este seria formado pela Ilha de Marajó, pois se trata de um ecossistema que precisa ser preservado, não só por sua posição estratégica na foz do Amazonas, mas também para ser explorado de forma racional, evitando o adensamento popu-lacional e, consequentemente, a degradação do meio ambiente. Além do Estado do Pará propriamente dito, que seria mantido com novas fronteiras, seriam criados o Estado do Trombetas, formado pela região

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a norte da margem esquerda do Rio Amazonas, e o Estado do Tapajós pela região da margem direita, a sul deste rio e a oeste do Rio Xingu. Outro Estado que poderia ser dividido em várias unidades federativas – estados e territórios federais –, com real proveito à administração pública e proteção do meio ambiente seria o do Amazonas. Neste caso, a divisão seria mais complexa devido às características geográficas e ecológicas da região, razão porque os estudos devem ser feitos levan-do-se em conta as reservas indígenas, florestais e outros ecossistemas sob proteção da lei, para que o conjunto da cobertura vegetal e dos rios sejam preservados, mas possibilitando seu desenvolvimento eco-nômico e social. Para isto deve-se considerar, na elaboração do projeto de divisão ter-ritorial desse Estado, uma revisão das fronteiras dos Estados do Acre, Rondônia e Roraima, e a implantação de futuras vias de acesso ter-restres, como a Ferrovia Transcontinental Dom Bosco, sonhada para ligar Cartagena, na Colômbia, a Punta Arenas, no Chile, passando por Caracas, na Venezuela, Boa Vista, em Roraima, já no Brasil, e daí, em linha reta, até Manaus, no Amazonas, seguindo para Porto Velho, em Rondônia, Cuiabá, em Mato Grosso, Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, Assunção, no Paraguai, Bueno Aires, na Argentina, e, finalmen-te, Punta Arenas, no Chile. Mais detalhes sobre esta ferrovia de integra-ção continental, V. Exa. poderá encontrar em um resumo, que segue em anexo, extraído de um livro de minha autoria, no momento em fase de análise por uma editora com vistas a uma eventual publicação, e em outros quatro livros, também de minha autoria, disponíveis na Bibliote-ca Digital do Governo Federal (www.dominiopublico.gov.br). Antes de terminar, gostaria de ressaltar que a redivisão do Estado do Amazonas se impõe não só por questões estratégicas de defesa de nossas fronteiras, mas, também, pelo progresso que advirá com a construção das hidroelétricas do Rio Madeira e outras que poderão ser instaladas nos rios da região. Antes que a ocupação humana se torne um problema nos Estados do Acre, Rondônia e Amazonas, é preciso, desde já, que se faça um planejamento minucioso das áreas que serão franqueadas e as que serão protegidas e, principalmente, as vias de acesso terrestre para controlar essa ocupação humana, que virá por bem ou por mal. A melhor maneira de conter o adensamento populacional dessa região será construir ferrovias em vez de rodovias ou hidrovias. Neste contexto a construção da Ferrovia Transcontinental Dom Bosco se coloca como peça fundamental, não só para promover o

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desenvolvimento econômico e social desta região, mas, também, para a integração da América do Sul, objetivos prioritários do Mercosul e da Unasul.Agradecendo a atenção e desejando sucesso ao governo de V. Exa. subscrevo-me.

Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

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PARTE III

A FERROVIA TRANSCONTINENTAL DOM BOSCO

O Eixo Central

O eixo central imaginado para a Ferrovia de Dom Bosco (Figura 1), com base no sonho visionário, tem início na cidade de Cartagena, na Colômbia, e a partir daí segue em direção a Caracas, na Venezuela, de onde toma o rumo sul, passando sucessivamente pelas cidades brasileiras de Boa Vista-RR, Manaus-AM, Porto Velho-RO, Cuiabá-MT e Campo Grande-MS. Desta cidade continua rumo sul para Assunção, no Paraguai, e Buenos Aires, na Argentina, de onde prossegue até atingir seu ponto final em Punta Arenas, no Chile. São cerca de 10.777 km de um percurso que, começando no Mar das Antilhas, no extremo norte da América do Sul, termina no Estreito de Magalhães, no seu extremo Sul, passando por um território de topografia favorável, pois em Boa Vista, no extremo norte da Bacia Amazônica, a altitude é de 85 metros; altitude que se repete no extremo sul, em Porto Velho, distante cerca de 1.686 km. Em Cuiabá, o centro geográfico da América do Sul e divisor de águas das bacias do Amazonas e do Prata, distante 1.456 km de Porto Velho, a altitude é de apenas 176m. De Cuiabá para o Sul, a cota é descendente, pois a região a ser percorrida até Buenos Aires situa-se na Bacia do Rio da Prata.

A Importância Estratégica da FerroviaNão bastassem esses fatores extremamente importantes para o

traçado da ferrovia – fato notado por Dom Bosco: “Não só as cordilhei-

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ras, mas também as cadeias de montanhas isoladas naquelas planuras intermináveis eram por mim contempladas (o brasil?)” –, acresce ainda que, em ambas as extremidades, ela faz junção com os dois maiores oceanos do globo, o Atlântico e o Pacífico. No extremo sul, esses oce-anos estão ligados pelo Estreito de Magalhães, onde se localiza Punta Arenas. No extremo norte, em território colombiano, está projetada a construção de um canal para ligar esses dois oceanos ao nível do mar.

O valor estratégico combinado desses fatores, o Estreito de Ma-galhães, o Canal Colombiano e a Ferrovia de Dom Bosco, faz crer que realmente esta ferrovia transcontinental, que supera a famosa Transibe-riana com seus 9.000 km (de Moscou a Vladivostok), é de inspiração divina e foi concebida para colocar os países da América do Sul num plano superior no concerto das nações, e protegê-los de ameaças exter-nas, como a Quarta Frota americana, reativada para patrulhar as águas latino-americanas, tornando-as inseguras ao tráfico marítimo.

Esta ferrovia abrirá rotas alternativas para o comércio sul-ameri-cano com os paises da região e de outros continentes, como o trecho Porto Velho/Manaus, por exemplo, com cerca de 900 km, que se co-necta com a “Via Leste” e Variante “A”. Outro segmento importante para o agronegócio e o comércio em geral é o que liga Manaus a Caracas, com cerca de 1.200 km, que tornará acessível aos produtos brasileiros, por via terrestre, os portos do Mar da Antilhas e o Canal do Panamá, possibilitando, assim, uma ligação mais rápida com os mercados da Ásia, América do Norte e Europa.

Roteiro da Viagem(Kilometragens aproximadas)

Cartagena (Colômbia)/Caracas (Venezuela)Cartagena/Fronteira Colômbia-Venezuela......................................300kmFronteira Colômbia-Venezuela/Caracas.........................................800km

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Caracas (Venezuela)/Boa Vista(Roraima-Brasil)Caracas/Fronteira Venezuela-Brasil...............................................200km

Fronteira Venezuela-Brasil/Boa Vista-RR......................................220km

Boa Vista (Roraima)/Manaus (Amazonas)

Boa Vista/Manaus-AM..................................................................785km

Manaus (Amazonas)/Porto Velho (Rondônia)

Manaus/Porto Velho-RO...............................................................901km

Porto Velho (Rondônia)/Cuiabá (Mato Grosso)

Porto Velho/Cuiabá-MT..............................................................1.456km

Cuiabá (Mato Grosso)/Campo Grande (Mato Grosso do Sul)

Cuiabá/Campo Grande-MS...........................................................694km

Campo Grande (Mato Grosso do Sul)/Assunção(Paraguai)Campo Grande/Ponta Porá – MS (FronteiraParaguai).................336 kmPonta Porã – MS (Fronteira com o Paraguai)/Assunção..............340km

Assunção (Paraguai)/Buenos Aires (Argentina)Assunção/Buenos Aires.............................................................1.345km

Buenos Aires (Argentina)/Punta Arenas (Chile)BuenosAires/PuntaArenas....................................................2.400km

ResumoColômbi...................................................................................300kmVenezuela.............................................................................2.000kmBrasil....................................................................................4.392kmParaguai..................................................................................340kmArgentina..............................................................................3.620km

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Chile........................................................................................125kmTotal...................................................................................10.777km

A Via LesteA Via Leste, pelo que disse o jovem guia de Dom Bosco, faz

parte do mesmo plano superior: “Note Bem! Observe! Viajaremos ao longo da cordilheira. O sr. Tem estrada aberta também para leste, até o mar. É outro dom de N. Senhor”. Para seguir para o mar, rumo ao leste, percorrendo em sua maior extensão esse “outro dom de N. Senhor”, o ponto de partida situa-se em Porto Velho, em Rondônia, a cidade mais a oeste do eixo central, e o ponto final na cidade portuária do Recife, em Pernambuco, no extremo leste do continente.

Este trajeto, praticamente em linha reta, tem cerca de 3.200 km e a topografia também é favorável, pois em Palmas, capital do Esta-do do Tocantins, situada a meio caminho desses pontos extremos, a altitude gira em torno de 200m. A distância Porto Velho-Palmas é de aproximadamente 1.700 km e de Palmas a Recife cerca de 1.500 km. Alem disso, Palmas esta situada no eixo da Ferrovia Norte-Sul, a qual com seus 1.550 km, quando prontos, ligará os Estados do Maranhão, Tocantins e Goiás ao sistema ferroviário sul. No seu extremo norte, no Estado do Maranhão, a conexão se faz com a Estrada de Ferro Carajás, que termina no Porto de Itaqui, em São Luís.

A sinergia entre essas três importantes ferrovias e seus termi-nais portuários, somada às demandas do agronegócio, serão fatores determinantes para transformar o Brasil Central e o Nordeste, em regi-ões privilegiadas para produzirem alimentos para um mundo faminto. Como disse o guia de Dom Bosco: “É outro dom de N. Senhor”.

Kilometragens (Aproximadas)

Porto Velho/Palmas............................................................1.700 kmPalmas/cife......................................................................... 1.500 kmTotal....................................................................................3.200 km

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A Variante “A”A Variante “A” é uma alternativa que possibilitará incluir a Bolívia

e norte da Argentina na área de influência da Ferrovia de Dom Bosco. Essa ligação poderá ser feita a partir da cidade de Porto Velho, no esta-do de Rondônia, onde tem início a Via Leste, seguindo um traçado que cortará de norte a sul a região sub-andina da Bolívia, sua nova fronteira agrícola, passando por Santa Cruz de la Sierra até atingir a cidade Ar-gentina de Salta, onde fará ligação com o sistema ferroviário desse país que demanda a Buenos Aires.

É uma variante importante, pois de Porto Velho a Santa Cruz são cerca de 1.000 km, e desta cidade até a divisa com a Argentina outros 600 km. Desta divisa até Salta, deve-se acrescentar 300 km e, a partir daí, até Buenos Aires, mais 1.800 km. No total são 3.700 km, sendo 1.900 km de novas ferrovias (625 km no Brasil, 975 km na Bolívia e 300 km na Argentina).

Como fator adicional para valorizar a Variante “A”, deve-se res-saltar que, em Santa Cruz de la Sierra, essa variante fará junção com a ferrovia que, partindo desta cidade, liga o leste boliviano ao sistema ferroviário brasileiro, em Corumbá, no Estado de Mato Grosso do Sul, e com o Eixo Central, em Campo Grande, no mesmo Estado. O percurso total até este ponto é de 1.000 km, sendo 625 km na Bolívia e 375 km no Brasil.

Kilometragens (Aproximadas)

PortoVelho(Brasil)/SantaCruz (Bolívia).....................................1.000 kmSanta Cruz/Salta(Argentina)....................................................... 900 kmSalta/Buenos Aires (Argentina).................................................1.800 kmTotal.........................................................................................3.700 km

Resumo

Brasil...........................................................................................625 kmBolívia..........................................................................................975 km

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Argentina.............................................................................2.100 kmTotal....................................................................................3.700 km

A Variante “B”A Variante “B” é uma via que já está pronta. Formada pelo sis-

tema ferroviário brasileiro, ela parte de Campo Grande, no Estado de Mato Grosso do Sul, rumo ao sul, atravessando os estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul até atingir a fronteira com a Argentina, em Uruguiana/Passo de los Libres, num percurso de 2.832 km. Desta cidade, onde se conecta com o sistema ferroviário argentino, segue para Buenos Aires cumprindo um trajeto de aproxima-damente 900 km.

A partir de Campo Grande, portanto, a Ferrovia de Dom Bosco bifurca-se, seguindo o Eixo Central para Assunção e Buenos Aires num percurso de 2.021 km, e a variante “B” pelo sistema ferroviário brasi-leiro/argentino até atingir o mesmo destino, totalizando cerca de 3.732 km, onde voltam a se encontrar para prosseguir numa só via até Punta Arenas, no Chile.

Um ramal adicional, com cerca de 890 km, ligando Porto Alegre a Montevidéu, colocará também o Uruguai no roteiro da Ferrovia de Dom Bosco, aumentando ainda mais o poder de integração continental desta ferrovia e fortalecendo os laços econômicos do Mercosul.

Kilometragens (Aproximadas)

Campo Grande/São Paulo..........................................................1.014kmSão Paulo/Curitiba....................................................................... 408kmCuritiba/Floroanópolis............................................................300kmFlorianópolis/Porto Alegre.............................................................476kmPorto Alegre/Uruguaiana...............................................................634kmUruguaiana/Passo de los Libres/Buenos Aires............................... 900kmPorto Alegre/Montevidéu...............................................................890km

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Figura 1A Ferrovia Transcontinental Dom Bosco

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PARTE IV

PROFECIAS E OUTROS ENÍGMAS

Uma Visão Profética do Descobrimento do Brasil

O Brasil, se levarmos em conta os fatos ligados à sua história, parece ser um país marcado para ser uma nova Canaã, terra onde mana leite e mel, pois, além da bíblica terra prometida, é o único território cuja ocupação foi precedida de sinais e procurado por povos peregrinos que ansiavam por uma terra abençoada e cuja posse foi assegurada por promessas divinas. No caso da terra de Canaã, este compromisso está no livro do Gênesis (Gn 12, 1-9) e, no que diz respeito à Terra Brasilis, a partilha foi referendada pelo Tratado de Tordesilhas e sacramentada pela bula do Papa Júlio II, investido de poderes celestiais (Mt 16, 18-19). Em ambos os casos, os novos posseiros portavam bandeiras que os identificavam, como está registrado no Livro dos Números (Nm 2) e nos anais da história do Brasil.

Do livro A Viagem do Descobrimento (BUENO, 1998), extraímos os seguintes trechos, para que tal colocação seja bem compreendida:

“Os indígenas, com os quais Nicolau Coelho travou o primeiro contato, eram, se saberia mais tarde, da tribo tupiniquim. Pertenciam à grande família Tupi-Guarani que, naquele início do século XVI, ocu-pava praticamente todo o litoral do Brasil. Os tupiniquins eram cerca de 85 mil e viviam em dois locais da costa brasileira: no sul da Bahia, da altura de Ilhéus até a foz do rio Doce (já no atual estado do Espírito Santo), e numa estreita faixa entre Santos e Bertioga, no litoral norte de São Paulo. Como os demais tupis-guaranis, tinham chegado às praias

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do Brasil, movidos não apenas por um impulso nômade, mas por seu envolvimento em uma ampla migração de fundo religioso. Partindo de algum ponto da bacia do rio Paraná, no território hoje ocupado pelo Paraguai (ainda que alguns estudiosos acreditem que o movimento talvez tenha começado na Amazônia), os tupis-guaranis iniciaram uma longa marcha em busca da Terra Sem Males. Liderados por profetas – chamados de Caraíbas –, eles haviam chegado à costa brasileira ao redor do ano 1000 da Era Cristã”. (p. 91).

“A ilha do Brasil, ou ilha de São Brandão, ou ainda Brasil de São Brandão, era uma das inúmeras ilhas que povoam a imaginação e a cartografia européias da Idade Média, desde o alvorecer do século IX. Também chamada de “Hy Brazil”, essa ilha mitológica, “ressonante de sinos sobre o velho mar”, se “afastava” no horizonte sempre que os marujos se aproximavam dela. Era, portanto, uma ilha “movediça”, o que explica o fato de sua localização variar tanto de mapa para mapa. Segundo a lenda, Hy Brazil teria sido descoberta e colonizada por São Brandão, um monge irlandês que partiu da Irlanda para alto-mar no ano de 565. Como São Brandão nascera em 460, ele teria 105 anos quando iniciou sua viagem. O nome “Brazil” provém do celta bress, que deu ori-gem ao verbo inglês to bless (abençoar). Hy Brazil, portanto, significa “Terra Abençoada”. Desde 1351 até pelo menos 1721 o nome Hy Brazil podia ser visto em mapas e globos europeus, sempre indicando uma ilha localizada no oceano Atlântico. Até 1624, expedições ainda eram enviadas à sua procura”. (p. 13).

Mas para todos os efeitos legais, essa mitológica ilha já havia sido “achada” pelos portugueses em 1500, que a batizaram de “Ilha de Vera Cruz” – Cabral, ao avistá-la, chamara-a de “Terra de Vera Cruz” –, posteriormente rebatizada de “Terra de Santa

Cruz”. O duplo nome atribuído à nova terra tem ligação com sua dupla unção batismal, pois a primeira missa foi celebrada numa ilha (Coroa Vermelha), no dia 26 de abril (domingo da Pascoela), e a segunda, no continente no dia 1º de maio.

O rito de sagração da nova terra está descrito em detalhes na carta que Pero Vaz de Caminha enviou ao rei de Portugal. Este docu-

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mento, único na literatura universal, e que todo brasileiro deveria ter uma cópia, representa na verdade a Certidão de Nascimento do Brasil, pois foi lavrada por um funcionário público no desempenho de suas funções.

Nela é narrado, passo a passo, tudo o que se passou a partir de 21 de abril, quando se notou os primeiros sinais de terra, as algas chamadas de botelho e rabo-de-asno, até o dia 1º de maio, quando foi celebrada a missa no continente e encerrada a missão do “achamento”. Pelos trechos seguintes, extraídos dessa carta, pode-se notar o quanto o sagrado prevaleceu sobre o profano nesses dias cerimoniosos, quan-do a deposição de armas e o desarmamento de espíritos assinalaram o encontro pacífico entre povos belicosos, prenunciando assim a vocação brasileira de integrar raças diferentes em um convívio harmonioso, no qual a miscigenação será seu traço mais marcante.

A narrativa da segunda missa exemplifica o espírito de paz e confiança mútua, reinantes nesse encontro entre povos de formação e origens diferentes, e da própria humanidade com suas raízes. Na rea-lidade, o que os portugueses descobriam foi o paraíso perdido, ainda intacto e habitado pelos filhos de Adão e Eva sem vestígios da queda; portanto, um convite à miscigenação, a qual foi praticada sem muita hesitação, tornando o Brasil um caso singular na história universal, conforme narra Caminha (TUFANO, 1999):

“Plantada a cruz, com as armas e a divisa de Vossa Alteza, que primeiramente lhe pregaram, armaram um altar ao pé dela. Ali disse missa o padre Henrique, a qual foi cantada e oficiada pelos religiosos e sacerdotes. Ali na missa estiveram conosco cerca de cinquenta ou sessenta deles, que ficaram de joelhos, assim como nós. E quando se chegou ao Evangelho, que nos erguemos todos em pé, com as mãos levantadas, eles se levantaram conosco e alçaram as mãos, ficando assim até que se acabasse; e então tornaram-se a assentar como nós. E quando levantaram a Deus, que nos pusemos de joelhos, eles se puseram todos assim como nós estávamos, com as mãos levantadas e em tal maneira sossegados, que, certifico a Vossa Alteza, nos fez muita devoção” (p. 56).

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“Acabada a pregação, como Nicolau Coelho trouxesse muitas cruzes de estanho com crucifixos, que lhe ficaram ainda da outra via-gem (alusão à viagem de Vasco da Gama às Índias, em 1498, da qual Nicolau Coelho participara), decidimos colocar uma no pescoço de cada um. Para isso, o padre frei Henrique se assentou ao pé da cruz e ali passou a colocar no pescoço de cada um deles uma cruz atada em um fio, fazendo que primeiro a beijassem e levantassem as mãos. Muitos vieram e foram assim colocadas todas as cruzes, umas quarenta ou cinqüenta” (p.58).

Pelo que se deduz dessa cerimônia, não só a nova terra foi consagrada a Deus, mas seus habitantes também o foram, tudo sob um céu onde uma grande cruz presidia esse ritual cheio de significado, a qual, nessa ocasião, fora batizada por Mestre João, o astrônomo da missão, como informa Bueno (1998, p. 105): “De fato, naquela noite, ao observar as estrelas do Hemisfério Sul, Mestre João chamaria sua principal constelação de Cruzeiro do Sul”. Tais acontecimentos indicam, também, que tanto o continente como a plataforma continental brasi-leira foram abençoados em nome de um Deus que presidiu a conquista dos portugueses, congregados que estavam na Ordem de Cristo, sob cujo pavilhão e símbolo tomaram posse da nova terra, em uma ilha (Coroa Vermelha) situada na faixa de Dom Bosco (15/20ºS), onde foi celebrada a primeira missa.

De acordo com Pero Vaz de Caminha (TUFANO,1999): “No do-mingo da Pascoela, pela manhã, determinou o Capitão de ir ouvir missa e pregação naquele ilhéu. Mandou a todos os capitães que se arran-jassem nos batéis e o acompanhassem. E assim foi feito [...] Naquele ilhéu, mandou armar um pavilhão e, dentro dele, um altar muito bem preparado. E ali, na presença de todos, mandou rezar missa, a qual foi rezada pelo padre frei Henrique, em voz entoada, e acompanhada com aquela mesma voz pelos outros padres e sacerdotes. A missa segundo meu parecer, foi ouvida por todos, com muito prazer e devoção. O Ca-pitão estava com a bandeira da Ordem de Cristo, com a qual saiu de Be-lém. Ela esteve sempre levantada, da parte do Evangelho” (p. 38-39).

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Contrastando com essa estada tranquila e a perenidade do sím-bolo que marcou o nascimento de uma nação predestinada, a conste-lação do Cruzeiro do Sul, a continuação da viagem dos portugueses ao Oriente foi atribulada e assinalada pela fugaz passagem de um cometa, como informa um dos tripulantes da esquadra cabralina (relação do piloto anônimo): “Aos 12 dias do dito mês de maio, apareceu em nosso trajeto, rumando em direção à Arábia, um cometa com uma cauda mui-to comprida, que nos acompanhou durante oito ou dez noites”.

A simbologia dos eventos que marcaram a rápida passagem (Páscoa) dos portugueses pela Terra Brasilis, que teve início no Bairro de Belém em Lisboa, com um ritual de bênção da bandeira da Ordem de Cristo, e término nas costas brasileiras, após uma travessia que durou toda uma quaresma (Tempo de Penitência – quarenta dias que representam os 40 anos da caminhada dos hebreus pelo deserto), pode ser resumida num ato singelo: a distribuição aos nativos da nova terra das “muitas cruzes de estanho com crucifixos”, portadas por Nicolau Coelho. Se essas cruzes sobraram no Oriente, onde não prosperaram, aqui, ao contrário, foram todas plantadas e produziram abundantes fru-tos, tornando o Brasil a maior nação cristã do mundo.

Concluindo, é bom lembrar que a primeira missa não foi cele-brada no continente e sim no seu vestíbulo, o Ilhéu de Coroa Vermelha, onde foi desfraldada a bandeira da Ordem de Cristo, e a segunda, no continente, onde foi plantada a Cruz de Cristo, reproduzindo assim o ritual de sagração da Terra de Canaã, ocorrida por ocasião da viagem dos israelitas pelo deserto (Êxodo) e a parada que aí fizeram para serem purificados, antes de entrarem nessa Terra Prometida. Este ritual está simbolizado nas duas tendas erguidas no deserto (Hb 9, 1-5), onde um vestíbulo, “o Santo” (primeira tenda, onde se encontrava o candela-bro), precedia “o Santo dos Santos” (segunda tenda, abrigo da arca da aliança), e repetido com os mesmo detalhes no Templo de Jerusalém e nas igrejas católicas. Esse duplo ritual de sagração se repetiu também por ocasião da construção de Brasília, quando foram celebradas duas missas. A primeira, no “deserto”, a pedido de Bernardo Sayão (vide

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capitulo seguinte), e a segunda, “oficial”, na inauguração da cidade, a mando do seu construtor-mor, o Presidente Juscelino Kubitschek.

O Simbolismo de Brasília Além disso, existem outros fatos relacionados com a cidade de

Brasília que também merecem ser citados pelo simbolismo que en-cerram, como a data de sua inauguração, 21 de abril, a mesma da antevisão das terras brasileiras pelos descobridores e do sacrifício de Tiradentes, prelúdio da independência; a realização do projeto dos in-confidentes de interiorização da capital; a cruz que assinala, como um marco de posse, seu plano urbanístico; o cruzamento em seu sítio dos paralelos de Dom Bosco com o meridiano de Tordesilhas, formando uma grande cruz sobre a Terra Brasilis; meridiano este que se posiciona como eixo de uma nova civilização, a civilização miscigenada do tercei-ro milênio, que tem neste ponto o seu centro de gravidade.

Outros Eventos PremonitóriosA história do Brasil apresenta, além desses fatos, uma série de

eventos premonitórios que precisa ser analisado no contexto das profe-cias. Segundo Couto (2000), o Brasil deve repensar as crises políticas pelas quais passou desde que foi declarada a Independência, para evi-tar a repetição de erros do passado e se posicionar como nação líder na defesa da democracia e dos interesses dos países sul-americanos. Como se pode ver na Figura 2, extraída dessa obra, esse período his-tórico é marcado por uma série de crises políticas que encontram seu termo em 2002 com a celebração de um novo pacto social; previsão esta confirmada pela vitória dos trabalhadores nas eleições desse ano. Além disso, a troca de comando no mundo político em 2003, coincide com o início do processo de construção de uma nova era para o Brasil, e para a América do Sul, profetizada por Dom Bosco, que se estenderá até 2063.

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FIGURA 2As Crises Políticas do Brasil Independente

(Segundo Couto, 2000)

7

6

5

4

3

2

1

CRISESCAUSAS

EFEITOS

AGENTESDO

PROCESSO

ATORESEXTERNOS

INTERVALOS

1792

1822

INCONFIDÊNCIAMINEIRA ELITE REVOLUÇÃO

FRANCESA

INDEPENDÊNCIA ELITE CORTEPORTUGUESA

66/67 ANOS

40/41 ANOS

24/34 ANOS

9/21 ANOS

7/9 ANOS

3/8 ANOS

1888

1889

ABOLIÇÃO

REPÚBLICA

ELITE

ELITE/MILITARES

1929

1930

BOLSA

REVOLUÇÃO

CRISE GLOBAL

ELITE DIVIDIDA/FACÇÕES MILITARES

ESPECULADORES

1954

1964

SUICÍDIODE VARGAS

ELITE/MILITARES

CAPITALESTRANGEIRO

DITADURAMILITAR

MILITARES/ELITECLASSE MÉDIA

GOVERNOAMERICANO

1973

1985

PETRÓLEO

REDEMOCRA-TIZAÇÃO

CRISE GLOBAL

ELITE/CLASSE MÉDIA

OPEP

1992

1994

IMPEACHMENTDE COLLOR

ELITE/CLASSE MÉDIA

CRIAÇÃODO REAL

ELITE/CLASSE MÉDIA

1997

2002

BOLSA CRISE GLOBAL ESPECULADORES

NOVO PACTOSOCIAL

CLASSE MÉDIA/EXCLUÍDOS

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PARTE V

O PAPEL DE MINAS GERAIS NAS PROFECIAS

Enigmas

No meio de tanto simbolismo, não de todo decodificado, que marcou a rápida passagem (Páscoa) dos portugueses pela Terra Bra-silis, e tendo em mente os sonhos visionários de Dom Bosco sobre o Brasil e Brasília, outros enigmas relacionados com o Estado de Mi-nas Gerais precisam ser analisados, pois dizem respeito aos interesses maiores da nação brasileira. São eles: O Eixo do Poder, A Fatalidade, A Má Notícia, A Má Noticia e o Governador Aécio Neves, A Má Noticia e o Vice-Presidente José Alencar, A Má Notícia e o Governador Eduardo Azeredo, A Vaquinha da Leopoldina, Os incêndios do Colégio Caraça e da Igreja do Carmo, A Pedra de Tropeço, O Rito de Passagem.

O Eixo do PoderA implantação do eixo do poder num determinado território é

um fato marcante e cercado de toda uma liturgia e sua remoção implica em conseqüências nefastas, como bem exemplifica a transferência do eixo do poder do Palácio da Liberdade para o Palácio dos Despachos em 1967, evento que marcou a gestão do último governador de Minas Gerais eleito democraticamente e início do período de trevas dos inter-ventores da ditadura militar. Além do mais, o Palácio da Liberdade tem forças que assustam os menos avisados, enquanto outros as respeitam, como o ex-Governador Itamar Franco, que disse aos jornalistas: “Pode

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ser que eles não existam, mas há uma força que faz bem a governan-tes que se sentam naquele lugar. Por isso, nunca quis despachar no Palácio dos Despachos. São espíritos bons, que estão no Palácio para ajudar” (Estado de Minas, 18/12/2002, p. 5). Mas o melhor exemplo das conseqüências catastróficas que advêm da remoção do eixo do po-der de um lugar para outro é dado pelo Império Romano, pois a partir do momento em que Constantino transferiu o eixo do poder de Roma, cravado em 700 AC, para Constantinopla, no ano 330 DC, o milenar império entrou em declínio e desapareceu um século depois.

As Transferências do Eixo do Poder

No Brasil não foi diferente, pois por duas vezes esse fato se repetiu e deixou suas marcas. Tudo começou com a transferência do eixo do poder da cidade de Salvador para o Rio de Janeiro, fato que marca o início do fim do período colonial e o advento do Império e o conseqüente declínio do Nordeste e ascensão do Sudeste como centro gerador de riquezas. Esse processo encontrou seu termo quando o Rei de Portugal transferiu o eixo do poder de Portugal para o Brasil, evento que assinala também o crepúsculo deste império colonial e a ascensão de outro, o Império Britânico.

O Eixo do Poder em Brasília

Igualmente a transferência do eixo do poder da cidade do Rio de Janeiro para Brasília, além de referendar a queda do Império do Brasil e a consolidação da República brasileira, assinala também o fim dos domínios regionais litorâneos e o surgimento no planalto central de um centro de poder verdadeiramente nacional, pois passou a incorporar neste núcleo de decisões as regiões antes periféricas do Centro-Oeste e da Amazônica.

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As Mudanças em Minas GeraisEm Minas Gerais, a história registra fato semelhante, pois a

transferência do eixo do poder da colonial, clerical e maçônica Ouro Preto, para a republicana e positivista Belo Horizonte, marcou não só o fim do período escravocrata, como também

o nascimento de uma nova ordem social. Aqui também a dicoto-mia queda/ascensão acompanhou todo o processo, pois a velha capital mineira acabou virando museu, enquanto a nova ampliava os horizonte das gerais, que, ao transpor a muralha da Serra do Curral, deixou para trás as estreitas trilhas da Estrada Real e passou a caminhar pelas lar-gas veredas do Grande Sertão, onde seria plantado o novo centro de poder do Brasil: Brasília.

O Papel do Governador Aécio NevesEm que pese esse passo importante rumo ao futuro, um outro,

em sentido contrário, ameaça essa caminhada. Trata-se do projeto do Governador Aécio Neves, anunciado no início de seu governo em 2003, de transferir o eixo do poder da Praça da Liberdade para outro local da cidade. Como todas as mudanças feitas ao longo da história, esta também traz consigo consequências nefastas, como ficou demonstrado pelas denúncias de corrupção feitas pelo deputado Roberto Jefferson, as quais, como um terremoto, com epicentro na capital mineira, aba-laram os alicerces do governo Lula, fazendo ruir toda estrutura petista montada para sustentá-lo no poder, levando conseqüentemente o Brasil para uma crise institucional.

No último ano de seu segundo mandato, o Governador Aécio Neves conclui esse projeto, transferindo o eixo do poder do Palácio da Liberdade para o novo centro administrativo, construído no local do antigo Hipódromo Serra Verde, na região norte da capital mineira. Neste evento mudancista, preparado com pompas e galas para uma platéia selecionada, Aécio Neves pretendia lançar sua candidatura à Presidên-cia da República, mas, o que aconteceu, foi um ato falho, pois os pau-

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listas roubaram-lhe a cena, apresentando o seu candidato preferido: o governador de São Paulo José Serra. Como premio de consolação, este candidato a candidato, ofereceu-lhe a vice-presidência em sua chapa; oferta que recusou, para não ser totalmente humilhado, restando-lhe como única alternativa, para se manter na política, a candidatura ao Senado da República.

Nenhuma justificativa racional suporta esse projeto mudancis-ta do Governador Aécio Neves, a não ser o medo dos maus fluidos que acompanha certos ocupantes do Palácio da Liberdade, e as más recordações ligadas ao seu avô, o presidente eleito e não empossado Tancredo Neves, que faleceu em circunstancias dramáticas, e que neste palácio fez a sua derradeira parada rumo a ultima morada.

A FatalidadeA tragédia que se abateu sobre Tancredo Neves é muito seme-

lhante a que fulminou Tiradentes e seus ideais de liberdade. As simili-tudes situam-se mais no campo dos enigmas do que meras coincidên-cias, a começar pela data de suas mortes, 21 de abril; o retalhamento de seus corpos após o desenlace fatal; a mesma região de nascimento, o vale do rio das Mortes, onde localiza-se o Capão da Traição que marcou profundamente a história de Minas, e a luta de ambos pela liberdade pela qual se sacrificaram.

Além disso, seu vice e sucessor, José Sarney, conhecido pelas ligações atávicas com Portugal e que erigiu um mausoléu como coro-amento de sua obra, tem origem no mesmo estado, o Maranhão, onde morreu e foi sepultado o responsável pela desdita de Tiradentes e dos inconfidentes e da qual tirou o melhor proveito, o traidor Joaquim Sil-vério dos Reis Montenegro.

A Má NotíciaO exercício do poder, pela sua natureza efêmera, provoca nos

seus detentores uma sensibilidade ao desconhecido que os levam, mui-

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tas vezes, a temer certos objetos, como acontece com o quadro de Belmiro Almeida, intitulado A má notícia, que foi retirado do Palácio da Liberdade pelo receio de seus ocupantes com seus presumidos maus fluidos. A respeito do mistério que cerca esse quadro, eis o que es-creveu Walter Sebastião, no Caderno “Divirta-se” do Jornal Estado de Minas (1º/7/2005, p. 22):

“Um dos quadros mais cercados de lendas e crendices da his-tória da arte brasileira está, até 10 de julho, em exposição no segundo piso do Minas Shopping. Trata-se da tela A má notícia, de Belmiro de Almeida (Serro, 1858; Paris, 1935). Pintura primorosa, de composição ousada, luminosidade e atmosfera envolvente foi considerada tela aza-renta até se tornar tesouro celebrado do acervo do Museu Mineiro. As andanças de A má notícia estão num divertido texto chamado 100 anos de preconceito, do jornalista e prefeito de Ouro Preto Ângelo Oswaldo. A primeira vez que a pintura veio a público foi em setembro de 1897, apresentada no Liceu de Artes e Ofícios de Ouro Preto. Três meses depois, em 12 de dezembro, a capital do Estado era transferida para Belo Horizonte. Má notícia para os ouro-pretanos, segundo a lenda, os primeiros a conhecer o poder dos (maus) presságios trazidos pela peça que ficou alojada no Palácio da Liberdade. Há quem atribua à praga jogada por velhas (que tiveram sua choupana demolida para a cons-trução do Palácio da Liberdade) as mortes de moradores do famoso endereço: Silviano Brandão (em 1901), João Pinheiro (em 1908), Raul Soares (em 1924) e até a de Olegário Maciel (em 1933). Mas existe quem garanta que tudo se deve às más vibrações do quadro de Belmi-ro Almeida, que foram confirmadas por um vidente chamado Pascoal, como informa Delso Renault, no livro Chão e alma de Minas (1988). Retirada do Palácio da Liberdade, A má notícia perambula por reparti-ções (secretarias de Finanças, da Educação e Saúde, Palácio da Justiça, etc.) sempre acompanhada da suspeita de ser fonte de infortúnios. Em junho de 1942, é entregue ao Arquivo Público que, dizem, viveu longo período de abandono e quase viu seu prédio ruir. Em maio de 1982, com a inauguração do Museu Mineiro, o quadro é transferido para o

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local. E, pouco depois, o telhado da instituição ameaçou desabar, sem falar que o próprio museu (por culpa do quadro?) ainda não conseguiu desenvolver todo seu potencial”.

A Má Notícia e o Governador Aécio NevesMas a ligação desse fetiche com os governantes parece que não

foi exorcizado com essa medida, pois continua presente lá onde eles se encontram, mesmo que seja em passagens subterrâneas, como se depreende de duas pequenas notas que aparecem no Jornal Estado de Minas de 19/12/2004. A primeira delas, Detalhes (Caderno “Masculino & Feminino”, p. 3), dizia o seguinte: O jantar oferecido pelo Governo de Minas aos integrantes das comitivas participantes da Cúpula do Mercosul, na quinta-feira, foi mais uma prova de que a sofisticação mora mesmo é nos detalhes. Além do saboroso jantar, preparado pela competente Maria Eny, do Maciellina, mereceu elogios a exposição Ter-ra de Minas, com a curadoria de Rodrigo Faleiro, do Museu Mineiro. A pequena mostra, com 12 peças do acervo do próprio museu, foi montada no túnel que liga os dois prédios do Museu de Artes e Ofícios, onde aconteceu o jantar. Entre as obras que encantaram os olhares, A má noticia, de Belmiro Almeida (1897), Ponta de Umbu, de Inimá de Paula, Ponte do Rosário, de Celso Renato, e um desenho, sem título, de Amílcar de Castro, num belo panorama da arte mineira do último século. A segunda nota, Diálogo no jantar (p.2), informava: Foi logo na hora em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou ao Museu de Artes e Ofícios para o jantar da Cúpula do Mercosul. Ele foi recebido pelo governador Aécio Neves e pelo ex-presidente Itamar Franco. O diálogo começou com Lula:

– Ô Itamar, você esta querendo voltar?Ao que o ex-presidente respondeu:– Pois estou aqui pedindo emprego ao Aécio...O governador não perdeu a caminhada:– No meu governo, o Itamar tem o que quiser.Lula também não perdeu o rebolado:

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– No meu também, desde que não seja o meu cargo.Mas o que restou dessa caminhada ao longo do túnel do tempo,

presidido pelo quadro da má noticia, foi que o Estado de Minas Gerais acabou relegado a um segundo plano durante os dois mandatos do Presidente Lula, restando ao Governador Aécio Neves um papel de mero espectador da política nacional, ao contrário de seus antecesso-res que participavam ativamente desse processo, tanto a nível regional como nacional. Este encontro, no Museu de Artes e Ofícios, portanto, só trouxe para Minas más notícias, como apontava o quadro de Belmiro Almeida, pois nem a presença de um mineiro na vice-presidência da República mudou esse panorama negativo.

A Má Notícia e o Vice-Presidente José AlencarAliás, o comportamento do Vice-Presidente José Alencar, ao lon-

go dos dois mandatos do Presidente Lula, mais se pareceu a um tição sem brasas, coberto de cinzas. Foi uma atuação apagada, cinzenta, sem nenhum calor. Juntos, o Governador Aécio Neves e o Vice-Presidente José Alencar, não fizeram nada por Minas no contexto federal; não levantaram uma palha sequer em favor do Estado. Nem mesmo se em-penharam em trazer para Minas Gerais, pelo menos uma, das inúmeras siderúrgicas plantadas no litoral capixaba e carioca sob o patrocínio do Presidente Lula. Isto sem contar outras graves omissões, como na con-dução do processo de elaboração do novo marco regulatório do setor mineral, assunto de vital importância para o Estado e que foi conduzido por políticos de outros estados, sem nenhum interesse no assunto.

A Má Notícia e o Governador Eduardo AzeredoEste desinteresse dos políticos mineiros, já está custando caro

ao Estado, como a lei Kandir, que liquidou com a tributação advinda do setor mineral, prejudicando substancialmente as finanças do Estado e dos municípios mineradores. É bom lembrar que esta lei a só foi aprovada no governo FHC, graças à cumplicidade do então governador

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de Minas Eduardo Azeredo, que ao deixar o governo foi contemplado com o cargo de diretor de uma empresa do setor mineral, o grande beneficiado por esta lei. O resultado é que, desde que assumiu o go-verno em 2003, o governador Aécio Neves vem correndo atrás desse prejuízo, implorando de joelhos ao Presidente Lula para pagar ao Es-tado as migalhas que sobraram desse acordo espúrio. Mas ele chora baixinho para não despertar a atenção dos mineiros, pois estes políticos pertencem ao mesmo partido do Governador Aécio neves – o PSDB –, que promoveu a privatização da Companhia Vale do Rio Doce, que hoje despreza Minas e os mineiros.

A Vaquinha da LeopoldinaCriada por artistas, essa figura bizarra, não menos enigmática e

cheia de singularidades, é desde sua aparição em 1980, no Bairro Santo Antônio da capital mineira (Estado de Minas, 2/8/98, p. 41), uma refe-rência para os belo-horizontinos e alvo de manifestações extravagantes por parte de desconhecidos.

Assim, vez por outra, essa vaca enigmática aparece pintada de cores e padrões diferentes, caracterizando fatos marcantes que ocorrem em nosso país, ou alternativamente ausência de cores com o mesmo propósito, como foi o caso da desastrosa Copa do Mundo de futebol de 1998.

O Presidente SarneyNo governo do Presidente Sarney, por exemplo, para assinalar o

fracasso do Plano Cruzado e as conseqüências negativas daí advindas, ela apareceu pintada de negro e com seu esqueleto desenhado em cor branca, o que lhe dava um aspecto fantasmagórico e faminto.

O Presidente Itamar FrancoNo governo do Presidente Itamar Franco, como conseqüência

dos êxitos do Plano Real, ela apareceu coberta de flores, expressando

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assim o sentimento de alívio e alegria do povo com o fim da infla-ção crônica e dos descalabros e escândalos do governo do Presidente Collor de Melo.

O Presidente Fernando Henrique CardosoNo primeiro governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso,

a cor escolhida foi o amarelo-ouro, reforçado pelo desenho de um lingote desse metal com a inscrição “18 quilates”. Sucedendo esse bezerro de ouro, que caracteriza muito bem a submissão desse gover-no aos banqueiros e ao capital internacional, apareceu, no final desse mandato e na passagem para seu segundo governo, uma vaca pintada de vermelho tendo em seu dorso a inscrição “Coca-Cola”, prenuncian-do assim um período sangrento (Sangue de Coca-Cola), conseqüência da opção dourada.

O Governador Itamar FrancoEm que pesem esses presságios de mau agouro, um fato novo

surgido no mês março de 1999 quando Itamar Franco, como Governa-dor de Minas, passou a controlar a situação de desgoverno que recebeu de seu antecessor, parece indicar mudanças na história dessa vaquinha simbólica. Até então as mensagens eram passadas na calada da noite, por anônimos pintores, mas nesse momento, à luz do dia, apareceu um grupo de jovens que meteu mãos à obra para modificar essa trajetória cheia de significados.

O Presidente LulaComo a confirmar a vocação premonitória dessa vaca enigmáti-

ca, em junho de 2004, uma mão invisível pintou-a de azul escuro, com cascos negros, dando-lhe um aspecto sombrio, refletindo assim o es-tado de espírito da sociedade com o governo petista, no momento em que a popularidade de Lula despencava em Belo Horizonte e era vaiado e chamado de traidor no velório do indomável Brizola, de onde sairia

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direto para Nova Iorque, para aí confirmar sua sujeição à banca inter-nacional. Essa situação faz lembrar um pesadelo em que uma pequena nuvem branca se transforma numa gigantesca massa cambiante entre um azul escuro e uma cor de chumbo de aspecto assustador.

A História da Vaquinha Para que o leitor possa avaliar a atitude desses jovens e refletir

sobre o seu significado, é transcrito a seguir o artigo da jornalista Fabia-na Lemos, intitulado Vaquinha da Leopoldina passa por transformação, publicado no Jornal Estado de Minas de 21/3/99 (p. 16): “A vaquinha da rua Leopoldina, patrimônio histórico e marco de Belo Horizonte, vai ganhar roupa nova. Com pelo menos 24 anos de idade – assim con-tam os moradores do bairro Santo Antônio – a obra do artista plástico paulista Marcelo Nitsche já vestiu várias cores. E depois de uma vota-ção dos moradores e da autorização da prefeitura, uma turma de nove amigos juntou argamassa, tinta e boa vontade para lembrar à cidade que ela sobrevive aos vândalos e ao esquecimento. A idéia de renovar a cara da vaquinha foi do ex-morador do bairro, Alexandre Leite Batista, 18 anos, que percebeu que na Copa do Mundo passada ninguém se habilitou a pintá-la de verde e amarelo, como de costume. Amigos de escola de Alexandre toparam a idéia e começaram a pesquisar a his-tória do monumento, o que acabou rendendo uma página na Internet. A turma tomou o cuidado de colocar a nova roupagem em votação no Santo Antônio. Sugerimos vaca de pijama, o mapa da vaca, napolitana, vaca amarela, malhada e sistema circulatório, conta. O resultado foi a tradicional vaca malhada, em branco e marrom. Outra preocupação dos amigos foi consultar a prefeitura para conseguir uma autorização, cuidado que o último pintor não teve. Ela estava toda de vermelho e tinha o símbolo da Coca-Cola. Alguns moradores rasparam a escrita, diz. Um fato polêmico, que acabou rendendo à vaca o título de patrimô-nio histórico, foi o fato da construtora do edifício Princesa Leopoldina tentar derrubar a vaca, localizada à porta do prédio. Alexandre Batista tem um carinho especial pelo animal. Além de ter seis vacas miniaturas

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em seu quarto, os amigos costumam brincar que ele saía das aulas no Dom Silvério e pegava o caminho mais longo só para passar perto dela. O pai de Alexandre, Levi Leite, também ajudou no trabalho, levando argamassa para retocar a estrutura de ferro e concreto, que estava um pouco destruída por vândalos. Enquanto raspava a pintura, a turma pôde rever algumas roupagens antigas como a de esqueleto, verde e amarela, malhada em preto e branco”.

Os Incêndios do Colégio do Caraça e da Igreja do Carmo em Mariana

Para bem entender o significado da vaca ensangüentada que apareceu no governo FHC, é preciso recorrer a outros símbolos mi-neiros e os eventos associados que anunciam tempos nefastos para Minas e para o Brasil. Entre esses eventos premonitórios, destacam-se os incêndios que ocorreram no Colégio do Caraça, em maio de 1968, e na Igreja do Carmo, em Mariana, em 1999.

O incêndio que destruiu o Colégio do Caraça ocorreu quando era maior o cerco da ditadura militar ao Governador Israel Pinheiro, que defendia as liberdades individuais e a autonomia do Estado, num quadro de adversidades que prenunciavam um período de trevas para o País, materializado em dezembro daquele ano com a edição do Ato Institucional nº 5.

Em janeiro de 1999, um outro incêndio atingiu as raízes de Mi-nas, desta vez um templo sagrado – a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, em Mariana. Este fato aconteceu num momento muito pare-cido, quando o Governador Itamar Franco lutava contra a tentativa do governo FHC de “sitiar” o Estado para esmagar sua autonomia, o que prenunciava tempos tenebrosos para o Brasil.

A Pedra de TropeçoDas águas tormentosas do nascente, por entre rochedos fran-

camente perigosos, que sinaliza perigos à vista, a nau da esperança,

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cantada em prosa e verso, portava a semente, apreciada pelos nobres ancestrais do continente, que, transportada do recanto celestial e acli-matada no solo sagrado dos mineiros, floresce à sombra sinistra do templo da liberdade, mirando ao poente sua origem primeva, a meio caminho da qual completa seu ciclo vital.

O Rito de PassagemPara ajudar a decifrar esse enigma chamado Brasil e traçar ru-

mos para a nação brasileira, nada mais apropriado do que refletir sobre um fato que guarda um simbolismo todo especial para Minas Gerais e para o País. Trata-se do fechamento da Mina de Morro Velho, evento que marca, a um só tempo, o fim do Ciclo do Ouro, que se desen-volveu desde o século XVII, e o início da nova era (2003) profetizada por D. Bosco para a Terra Brasilis. Segundo o Jornal Estado de Minas (19/9/2002, p. 1-15), a Mina de Morro Velho será desativada em 2003. Sob o título Página virada, informa: “Depois de 168 anos, a mais antiga exploração de ouro em operação no mundo será desativada e dará lugar a um empreendimento que inclui uma estrutura destinada ao tu-rismo e lazer”.

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PARTE VI

APOCALIPSE, ARMAGEDOM E O FIM DOS TEMPOS

As Profecias

Levando-se em conta as profecias de Dom Bosco, que prevêem uma era de prosperidade para o Brasil e a América do Sul, que será implantada entre os anos 2003 e 2063, é preciso tecer algumas consi-derações sobre o fim do mundo, previsto por Isaac Newton para o ano 2060, e outros eventos apocalípticos, os quais, ao que tudo indica, não afetarão o continente sul-americano, ficando restrito ao Velho Mundo.

O fim do mundo previsto por Isaac NewtonConforme noticiou o Jornal Estado de Minas (18/6/2007, p. 16):

“Isaac Newton, um dos cientistas mais influentes de todos os tempos, previu o fim do mundo para 2060, segundo manuscritos do famoso físico apresentados ontem pela Universidade Hebraica de Jerusalém. Os documentos, herdados pela universidade de um colecionador, são exibidos ao público pela primeira vez desde 1969 na exposição Os segredos de Newton. Numa carta datada de 1704, Isaac Newton, fí-sico e astrônomo inglês que era interessado em teologia e alquimia, fez um cálculo baseado num fragmento da Bíblia, retirado do Livro de Daniel. Segundo ele, 1.260 anos se passariam entre a refundação do Santo Império Romano por Carlos Magno, no ano 800, e o final dos tempos. Nascido em 4 de janeiro de 1643, em Woolsthorpe, Inglaterra, e considerado o pai da matemática moderna, Newton acreditava que a

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Bíblia era a chave para as leis ‘secretas’ que Deus havia estabelecido para o universo, e indicava também a data da segunda vinda de Cristo à Terra e a do fim do mundo. Por isso, dedicou boa parte de sua vida a tentar decifrar o código em que ela teria sido escrita. Ele morreu em Londres, em 31 de março de 1727. A previsão de Newton já havia sido divulgada em 2003, no documentário Newton: the dark heretic, produzido pela britânica BBC a partir dos estudos de Stephen Snobe-len, professor de história da ciência da Universidade de King’s College, no Canadá, um dos maiores especialistas em Newton do mundo. Foi Snobelen quem descobriu o documento original em que o cientista faz a previsão. Newton afirmou que os dramáticos acontecimentos descri-tos no Livro das revelações, inclusive a terrível batalha do Armagedon, entre o bem e o mal, aconteceriam em 2060. Na época da exibição do documentário, seu produtor, Malcolm Neaum, declarou ‘Newton rezava diariamente pelo fim do mundo, que, para ele, precederia a segunda vinda de Cristo’”.

Apressando o Armagedom

Essa ansiedade de Newton, e de outros personagens modernos, foram profetizadas por Isaías (Is 5, 19-22): “Dizem ‘que Deus ande depressa! Faça logo o que tem a fazer, para que a gente possa ver! E comecem logo a realizar os planos do Santo de Israel, para a gente ficar sabendo!’”. Na atualidade quem está trabalhando para antecipar esses acontecimentos, para dele tirarem o melhor proveito, são o presidente dos EUA, George Bush, os judeus e certos cristãos americanos, que querem vivenciar o Armagedon. No caso do Presidente Bush, esse empenho visa dominar os campos petrolíferos do Oriente Médio e da Ásia Central; empreitada que parece estar dando certo, considerando a guerra contra o Iraque e a ameaça de estendê-la ao Irã, o que aca-bará por mergulhar essas regiões num vórtice de fogo, cujo desfecho Newton calculou para 2060.

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Prenúncio do Armagedom

Esses acontecimentos foram denunciados por Gore Vidal, para quem Bush “está engajado numa Guerra Santa”, como disse em entre-vista à jornalista Tina Evaristo, publicada pelo Jornal Estado de Minas, sob o título Prenúncio do Armagedom (número especial, 6/4/2003, p. 6): “Direto, provocador e polêmico. Essas são algumas características de Gore Vidal, de 77 anos, um dos maiores escritores norte-americanos da atualidade e crítico do expansionismo de seu país. Depois das elei-ções de 2000, não hesitou em declarar que Geoge W. Bush roubou o assento na Casa Branca e transformou o governo da nação mais poderosa do mundo numa junta de mercenários belicosos, cujo prin-cipal objetivo é roubar o petróleo do Oriente Médio a qualquer custo. A guerra ao terrorismo e a caça a Bin Laden, afirma, não passaram de pretextos para as invasões do Afeganistão e do Iraque. Dono de uma fina ironia, Vidal destaca que Bush também está engajado numa Guerra Santa. Na visão do escritor, o conflito pelo petróleo é também uma guerra por Jesus. Ele diz que a ‘junta Bush’ – assim batizada por ele – é integrada por fanáticos religiosos que, além do petróleo, buscam o Armagedon. Numa mistura de referências políticas e religiosas – quase sempre presentes em suas obras –, o escritor passa a ideia de que o presidente dos Estados Unidos quer antecipar a batalha Final dos Tempos por se considerar, ele próprio, o exército de Jesus. ‘Bush não está interessado no futuro do planeta porque sua crença lhe dá a cer-teza de que, se destruir o mundo, ganhará a plenitude celestial’, disse Vidal, que não descarta a hipótese de que a ‘junta’ tenha intenções de dominar o mundo, mas antecipa que esses planos serão frustrados por falta de recursos financeiros, já que o presidente e seus aliados estão conduzindo o país à falência”.

Preparando-se para o Armagedom

Mas as investidas do Presidente George Bush em direção do Armagedom não param por aí e já atingem a Rússia, que se prepara

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para esse enfrentamento, como comenta o editorialista do Jornal Esta-do de Minas (6/6/2007, p. 10): “De sua parte, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, que já tem o apoio da China, quer discutir a questão dos mísseis balísticos que os EUA pretendem instalar na República Tcheca e na Polônia, como anteparo à possível ameaça do Irã. Putin tem repe-tido que o governo Bush está desencadeando uma nova guerra fria, que terminou com a dissolução da União Soviética em 1991. [...] O governo soviético confirmou que apontará seus mísseis para a Europa e vai dizer ao presidente Bush que será em resposta à nova posição americana. Quer dizer: mísseis por mísseis, a Rússia responde com a mesma moe-da, tendo qualificado a intenção de Washington de Imperialista”.

As Causas do ArmagedomA razão dessa rixa está na disputa pelo domínio de campos pe-

trolíferos, conforme ressaltou o jornalista Dídimo de Paiva (COUTO, 2006, p. 223): “Está em jogo uma tese que o polonês-norte-americano Zibgniew Brzezinski (assessor para assuntos de Segurança Nacional do governo Jimmy Carter) traçou em 1997: os EUA devem controlar a rota do petróleo, especialmente as repúblicas soviéticas da Ásia Central, chamadas de ‘repúblicas do stão’: Turcomenistão, Tadjiquistão, Uzbe-quistão e Quirquistão, argumentando que elas são ambicionadas pela Rússia, Turquia e Irã, sem esquecer a China. Bush encampou a velha tese revivida por Brzezinski desde a criação do Clube de Roma (1970): quem tiver o domínio do petróleo e do gás do Mar Cáspio mandará no mundo. O grupo Bush/Cheney/Rumsfeld/Wolfowitz afirma que, desde que os continentes começaram a interagir (há 500 anos), a Eurásia tem sido o centro do poder mundial”.

As Bestas do ApocalipseDando prosseguimento a essa estratégia, os Estados Unidos, em

meados de 2007, anunciaram um plano decenal de vendas de armas sofisticadas para Israel, Arábia Saudita e Egito, totalizando cerca de 60

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bilhões de dólares para, segundo dizem, fazerem frente às ameaças do Irã. Na verdade, essa manobra visa a atiçar a corrida armamentista no Oriente Médio, com vistas a elevar as tensões aí existentes a níveis insuportáveis e tornar inevitável um confronto bélico, o qual ensejaria a oportunidade para uma intervenção militar maciça dos Estados Uni-dos na região e na Ásia Central, o objetivo geopolítico principal. Já se preparando para essa empreitada, o presidente Bush já fala em Terceira Guerra Mundial, como informa o Jornal Estado de Minas (18/10/2007, p. 22): “O presidente George W. Bush afirmou em entrevista coletiva, ontem, que os líderes mundiais precisam impedir o Irã de obter armas nucleares se quiserem evitar uma terceira guerra mundial. ‘Temos um líder que anunciou que deseja destruir Israel. Então digo às pessoas que, se vocês estiverem interessados em evitar uma terceira guerra mundial, me parece que vocês devem impedir que (os iranianos) te-nham conhecimento necessário para fabricar a arma nuclear’, afirmou ele”.

Segundo o Jornal Estado de Minas (21/10/2007, p. 14): “O por-ta-voz oficial do governo do Irã, Aiatolá Ahmad Khatami, em resposta a essa declaração do presidente norteamericano, disse que ‘os EUA preparam o terreno para uma terceira guerra mundial’, acusando os EUA de terem planos expansionistas”.

A Ordem de BatalhaO presidente da Rússia, Vladimir Putin, por sua vez, não deixou

por menos, ao responder perguntas de cidadãos russos sobre questões estratégicas de seu país, e das ameaças de uma Terceira Guerra Mun-dial, feitas pelo presidente dos Estados Unidos, como noticiou o Jornal Estado de Minas (19/10/2007, p. 22): “E aproveitou a ocasião para rea-gir às declarações do presidente George W. Bush, feitas no dia anterior, em Washington, de que o Irã, se lhe for permitido alcançar a tecnologia para produção de armas nucleares, poderá desencadear uma terceira guerra mundial. Durante o programa, Putin disse que, em certos as-pectos, a Rússia e o Iraque se parecem, porque são países cobiçados

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pelas potências ocidentais por causa de suas imensas reservas de hi-drocarbonetos. Mas as semelhanças ficam por aí. [...] Respondendo a uma pergunta de um cientista russo sobre a cobiça que existe em torno das imensas reservas de petróleo e gás da Rússia, Putin disse que ‘este tipo de ideia circula na cabeça de alguns políticos’ do Ocidente. [...] ‘O melhor exemplo são os fatos no Iraque, um país que tinha problemas para se defender e que tinha enormes reservas de petróleo’, afirmou. ‘E o que aconteceu? Vimos Bem. Eles (os americanos) aprenderam a disparar. Mas por enquanto não conseguiram instaurar a ordem. E há poucas possibilidades de que consigam, porque combater contra um povo é um objetivo absolutamente sem futuro. A Rússia, graças a Deus, não é o Iraque. A Rússia tem meios e força suficientes para se defender e defender seus interesses’. [...] Em resposta a um soldado que serve no Cosmódromo de Plesetek, no extremo norte, onde horas antes havia sido testado um míssil de longo alcance, Putin disse que os planos de defesa incluem uma nova tecnologia de armamentos nucleares. ‘Vamos desenvolver uma tecnologia de mísseis que inclua complexos (nucle-ares) estratégicos completamente novos. O trabalho continua, e com sucesso. Não só vamos dar atenção a toda a tríade nuclear – forças estratégicas de foguetes, aviação estratégica e a frota de submarinos nucleares – como também a outros tipos de armas’”.

Outros Eventos ApocalípticosAlém dessas ameaças à paz mundial, outros eventos apocalíp-

ticos previstos por cientistas e profetas para a primeira metade do século XXI reforçam as profecias sobre o Armagedom. Nesse contexto, enquadram-se os alertas sobre a fome mundial que se avizinha; a es-cassez de água para atender à demanda para a produção de alimentos e biocombustíveis, a qual deverá ser, em 2050, da ordem de 20 a 30 mi-lhões de quilômetros cúbicos, quantidade impossível de ser atendida, segundo os cientistas; a antecipação para 2030 do derretimento total do gelo ártico, nas épocas de verão, uma das consequências do efeito estufa, e a disputa que se delineia entre a Rússia e o Canadá pela posse

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de prováveis depósitos gigantes de petróleo e gás natural do Ártico, os quais, segundo noticiário da imprensa, pode ser um dos motivos para uma futura guerra mundial. Essa disputa, inclusive, tornar-se-á cada vez mais belicosa à medida que o degelo do Ártico avançar, facilitando, consequentemente, a exploração desses e de outros bens minerais su-postamente lá existentes.

O Armagedom e o Pomo da DiscórdiaO que está levando a humanidade à beira do precipício do Ar-

magedom é a ambição desenfreada de Israel de dominar a palestina, o pomo da discórdia, e seus vizinhos do Oriente Médio e da Ásia Menor, como informa o noticiário do Folha Online (29/12/2010), sob o título, Israel dá ultimato e diz que Ocidente tem três anos para conter plano nuclear do Irã: “Os Estados Unidos e seus aliados têm até três anos para frear o programa nuclear iraniano, que tem sofrido com problemas técnicos e com a imposição de sanções, disse o vice-primeiro-ministro, Moshe Yaalon. Yaalon afirmou que o Irã segue sendo a principal priori-dade do governo israelense, mas não mencionou possíveis ataques mi-litares unilaterais por parte de Israel – rumor que ganha cada vez mais força. O vice-primeiro-ministro disse esperar que as medidas lideradas pelos Estados Unidos contra o Irã tenham sucesso. ‘Acredito que este esforço vai crescer, e vai incluir áreas além das sanções, para conven-cer o regime iraniano de que, efetivamente, ele tem de escolher entre continuar a buscar capacidades nucleares e sobreviver’, disse Yaalon à Rádio Israel. ‘Não sei se isso vai acontecer em 2011, ou em 2012, mas estamos falando sobre os próximos três anos.’ Yaalon, um ex-chefe das Forças Armadas, disse que os planos de enriquecimento de urânio do Irã sofreram reveses. Alguns analistas viram sinais de sabotagem ex-terna em incidentes como a invasão de computadores iranianos por um vírus. ‘Essas dificuldades adiaram o cronograma, é claro. Deste modo, não podemos falar de um ponto sem volta. O Irã não tem a capacidade de fazer uma bomba nuclear por si próprio’, disse. Yaalon já havia sido duro com o Irã anteriormente, afirmando que era preferível que Israel

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atacasse a República Islâmica em vez de permitir que o país consiga a bomba atômica. Outras autoridades têm mantido silêncio sobre a opção militar em relação ao Irã, que traria obstáculos táticos e diplomáticos ao país. O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, já pedira no começo de novembro ao Ocidente que convença o Irã sobre o risco de sofrer uma ação militar caso mantenha seu programa nuclear. Em discurso a uma conferência judaica nos Estados Unidos, Netanyahu disse que as sanções econômicas não demoveram Teerã, e que só uma ameaça crível de ação militar iria convencer os ‘tiranos de Teerã’ a não desenvolverem armas atômicas. ‘A única vez que o Irã suspendeu seu programa nuclear foi por um breve período durante 2003, quando o re-gime acreditava enfrentar uma ameaça crível de ação militar contra si’, disse ele. ‘O simples paradoxo é: se a comunidade internacional lidera-da pelos EUA espera conter o programa nuclear do Irã sem recorrer à ação militar, terá de convencer o Irã de que está preparada para adotar tal ação’. Israel e Irã são inimigos declarados na região. Acredita-se que Israel seja o único país do Oriente Médio a ter uma bomba nuclear, já que o país adota uma política de silêncio – não nega, nem confirma manter um programa nuclear com fins nucleares. O Irã nega ter a inten-ção de desenvolver armas atômicas, mas afirma que não abrirá mão de um programa nuclear que seja voltado para objetivos pacíficos. Israel já atacou reatores nucleares de países vizinhos antes. Em julho de 1981, lançou um ataque aéreo contra reator do Iraque. Em setembro de 2007, um bombardeio israelense destruiu suposto reator nuclear na Síria. Israel nunca confirmou oficialmente o misterioso bombardeio aéreo à Síria, que elevou a tensão regional. Doze dias depois do ataque, con-tudo, o então chefe da oposição e atual primeiro-ministro deixou claro o envolvimento de seu país no incidente. A Síria, por sua vez, sempre desmentiu que o local bombardeado era uma planta nuclear e admitia apenas que era ‘uma instalação militar em construção’. Atualmente, contudo, especialistas temem que um ataque israelense às instalações iranianas causaria uma guerra na região”.

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As festividades do Purim: o “Dia D” fixado por Israel para desencadear o ataque atômico ao Irã, antiga Pérsia.

Tais advertências estão embasadas em um plano estratégico dos judeus para dominarem seus vizinhos, no plano territorial e comercial, e, consequentemente, fazerem de Israel o centro mercantil e financeiro do Oriente Médio, Ásia Menor e África, repetindo, assim, a tática usada na Europa até o advento do nazismo, e nos Estados Unidos da América, até a primeira década do século XXI, quando seu sistema financeiro entrou em colapso. No entanto, como adverte o dito popular, “a his-tória não se repete, senão como farsa”, razão porque este é um plano fadado ao fracasso, pois as regras do jogo financeiro mundial muda-ram radicalmente com a ascensão da China como potência econômica global e o colapso do sistema monetário internacional, devido à quebra da banca norte-americana e, consequentemente, o fim do dólar como moeda de reserva dos bancos centrais de todos os continentes. A data escolhida pelos extremistas judeus para desencadear o ataque atômico ao Irã, antiga Pérsia, já foi escolhida em função de seu caráter religioso: as festividades do Purim.

PURIM(Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre)

O nome “Purim” vem da palavra hebraica “pur”, que significa “sorteio”. Esse era o método usado por Haman, o primeiro-ministro do Rei Achashverosh da Pérsia, para escolher a data na qual ele pretendia massacrar os judeus do país. Os judeus estavam exilados na Babilônia desde a destruição do Templo de Salomão pelos babilônios e dispersão do Reino de Judá. A Babilônia, por sua vez, foi conquistada pela Pérsia. Purim é celebrado anualmente no 14º dia do mês hebraico de Adar, o dia seguinte à vitória dos judeus sobre seus inimigos (13 de Adar). Em cidades que eram muradas no tempo de Josué, incluindo Shushan

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(Susã) e Jerusalém, Purim é celebrado no 15º dia do mês, conhecido como Purim Shushan. Assim como todas festas judaicas, Purim tem início ao pôr-do-sol da véspera no calendário secular.

As Profecias de São Malaquias e o Fim dos Tempos

Para arrematar tais previsões apocalípticas sobre o Armagedon, existe ainda a profecia atribuída a São Malaquias sobre os papas, des-de Celestino II, eleito em 1130, até o “final dos tempos”. São 112 ao todo e nomeados cada um com um lema enigmático. Segundo algu-mas interpretações, o fim dos tempos seria marcado pelos três últimos papas, como registra René Bartillac, em seu livro As Profecias – São Malaquias, Nostradamus e o fim do mundo (BARTILLAC, 2005). A con-tagem final começa com o Papa João Paulo II, o numero 110 da lista (De Labore Solis), que “seria o último papa prévio ao fim dos tempos”, de acordo com mensagens da Virgem. Segue o atual, Bento XVI, o número 111 (De Gloria Olivae) e, finalmente, o último, o 112, cujo lema é Petros Romanus.

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PARTE VII

A PRIMEIRA BATALHA DO ARMAGEDOM E A DESTRUIÇÃO DO TEMPLO DE JERUSALÉM

Tempos de Violência

Os novos tempos profetizados por Dom Bosco para Brasil, tra-zem consigo, além de promessas alvissareiras, alertas para a violência que a humanidade sofrerá na primeira metade do Século XXI, em fun-ção da crise que se instalou no Oriente Médio, vale dizer, no mundo mulçumano, desde a volta dos judeus à Palestina, e para a qual o País precisa estar preparado para se defender. Esse estado de coisas, que ameaça todos os países sul-americanos e a paz mundial, resulta de um ato falho – a criação, pela Organização das Nações Unidas (ONU), do Estado de Israel à custa do povo palestino.

A Raiz da Violência no Oriente MédioA raiz da violência que se instalou nessa região reside fundamen-

talmente no comportamento dos judeus, que, por não se conformarem com a destruição do terceiro templo de Jerusalém no ano 70 d.C., e sua expulsão desse território pelos romanos, procuram, de todas as maneiras possíveis, manter-se fiéis à filosofia que os norteou até essa data – a de povo eleito por Deus para dominarem todas as nações –, in-clusive sonhando com a reconstrução desse templo. Esse atavismo traz consigo, como norma de conduta, a lei de talião – “Olho por olho, dente por dente” –, ignorando que essa lei foi revogada pelos cristãos, que,

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além disso, souberam valorizar o conceito de cidadania praticado pelos romanos, incorporando-o à sua própria filosofia humanista, a qual, a partir daí, tornou-se a base moral da civilização cristã ocidental.

Os Benefícios para a Humanidade da destruição do Templo de Jerusalém

Os benefícios para a humanidade da destruição do terceiro templo de Jerusalém transcendem, portanto, a remoção física desse edifício, pois eliminou, também, uma mensagem filosófica racista, discriminatória e prenhe de violência que agora estão tentando reinstalar na Palestina, à custa de mortes, destruição e violências de toda ordem, contra os ha-bitantes dessa terra que durante séculos a povoaram. Esse retrocesso é um atentado aos direitos dos cidadãos e vai de encontro aos princípios básicos da Carta das Nações Unidas, os quais, desde meados do século XX, passaram a regular as relações entre povos civilizados para evitar novas guerras e salvar o mundo da destruição; com exceção de Israel, que, com seu atavismo dinossáurico, arrogância messiânica, arsenal atô-mico próprio e apoio interesseiro dos norte-americanos, investe pesado no Armagedom para apressar a vinda do seu Messias, que lhes dará, acreditam, o domínio do mundo, ignorando que as promessas divinas dizem respeito ao plano espiritual e não material.

A Destruição do Templo de Jerusalém por TitoPara se ter uma ideia do que está em jogo na Palestina, com

reflexos no Oriente Médio e países da Ásia Menor, os chamados “istão” (Afeganistão, Paquistão, etc.), e o que está por vir em escala global, é preciso um retorno ao ano 70 do século I, quando os romanos, coman-dados por Tito (Titus Flavius Sabinus Vespasianus – Roma 39/Aquae Cutiliae, Sabina/81 d.C.), destruíram o terceiro templo, arrasaram Jeru-salém até os alicerces, eliminando toda a sua população, inclusive os sacerdotes que foram executados, acabando, consequentemente, com os sacrifícios e rituais que tinham lugar na colina de Sião, razão de

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ser da religião que professavam. Esta tragédia coletiva, a expulsão da terra prometida do chamado povo eleito, o fim de uma religião milenar e dos símbolos que a sustentavam, foi minuciosamente descrita por Flávio Josefo, testemunha ocular da história, em sua obra Guerra dos Judeus.

Flávio JosefoFlávio Josefo (em latim, Flavius Josephus, ou Iossef bem Matitah

ha-Cohen, em hebraico), historiador de origem judaica (Jerusalém 37/Roma 100 d.C), descendente de antiga família de sacerdotes, lutou contra os romanos na fase inicial da guerra, sendo por estes derrota-do, a quem se entregou, e salvo graças a uma profecia que proferiu na presença de Vespasiano, general das legiões, segundo a qual este se tornaria imperador de Roma. Protegido por Vespasiano, que viu cumprida suas profecias, e por seus filhos Tito e Domiciano, mais tarde também imperadores, recebeu a cidadania romana, o nome da família do imperador, Flavius, e bens que lhe permitiram dedicar o resto da vida à atividade de historiador. Teve papel ativo no cerco de Jerusalém por Tito, como assessor desse general romano e profetizando em favor de seu povo, por inspiração divina, a quem advertia das desgraças por vir, clamando para que buscassem a paz com os romanos.

A Destruição de Jerusalém pelos Romanos no Ano 70 d.C.

Tito, por sua vez, não se cansava de apelar para as facções ju-daicas, que se digladiavam dentro das muralhas, numa luta sangrenta pelo domínio do poder, matando seu próprio povo pela fome e pela espada, e destruindo tudo que construíram durante séculos, inclusive o próprio templo, que não respeitaram. Para evitar a destruição da cidade e do templo, que queria preservar, pois aos romanos interessava mais dominar sobre uma cidade viva do que sobre um território deserto, Tito, mais de uma vez, retardou o avanço de suas legiões à cidadela

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e ao templo na esperança de que os insurretos se entregassem. Tudo em vão. Pesaroso, como narra Josefo, Tito ordenou o assalto final e os legionários romanos agiram como mandavam as leis da guerra: incen-diar e saquear a cidade, matar todos os seres vivos e arrasar tudo que encontrassem pela frente. Esse ataque fatídico foi feito sem hesitação pelas disciplinadas legiões sob seu comando, no que contaram com a ajuda dos próprios judeus, que, desnorteados, acabaram pondo fogo no templo para se defenderem. Como em Cartago, os romanos, após a luta, aplicaram o que aprenderam ao longo do tempo: arrasar o terreno até os alicerces e escravizar os sobreviventes, não dando chance para novas rebeliões na terra conquistada. O resultado dessa primeira bata-lha do Armagedom foi que os judeus não pisaram nesse local por quase dois mil anos. Essa vitória arrasadora é lembrada no Arco do Triunfo de Tito, ainda existente em Roma, onde se pode ver o candelabro de sete braços (menorah), uma das peças mais importantes do Tabernáculo e do Templo, sendo carregado no desfile triunfal.

As Profecias sobre a Destruição do Terceiro Templo de Jerusalém

Os fatos narrados por Flávio Josefo, em seu livro Guerra dos Judeus, não deixam dúvidas de que todo o processo de destruição do terceiro templo, da cidade de Jerusalém e da eliminação ou expulsão do povo judaico da terra prometida não se deveu apenas a uma das muitas guerras de conquistas que os romanos levaram a cabo com sucesso durante os mais de mil anos de duração de seu império. Foi o cumprimento de profecias conhecidas de Josefo, e descritas nessa sua obra, como o incêndio que destruiu o Templo (“Fazia tempo que Deus o havia condenado ao fogo, e havia chegado, na sucessão dos séculos, o dia fixado pelo Destino, dia dez do mês de Loos, data também em que outro templo havia sido queimado pela obra do rei babilônico”) e outras proferidas pelo próprio Messias, narradas nos Evangelhos (Mt 24, 1-2): Jesus saiu do templo e foi caminhando. Os discípulos se aproximaram

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para lhe mostrar as construções do templo. Ele, então, declarou: “Não estais vendo tudo isto? Em verdade vos digo: não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído”. Em que pesem essas profecias, os judeus que sobreviveram a essa catástrofe e os outros que viviam espalhados pelo Império Romano se apegaram aos seus livros sagrados como se nada houvesse acontecido. Traumatizados pelo que se passou, queda-ram-se deslocados no tempo e no espaço, alimentando a ilusão de que um dia voltariam à terra prometida, revivendo os tempos bíblicos.

O Testemunho de Flávio JosefoÉ bom frisar que o testemunho de Flávio Josefo sobre os acon-

tecimentos que redundaram na queda de Jerusalém e na destruição do Templo não foi casual, mas obra da Divina Providência, pois se tratava de um homem de fé. Foi criado na melhor tradição judaica, dominando os textos tradicionais da Tora e versado nos ensinamentos dos sadu-ceus, fariseus e essênios. Viveu, na qualidade de discípulo, três anos no deserto, alimentando-se de frutas e lavando-se com água fria, várias vezes, ao dia e à noite para purificar o espírito. Não era um judeu co-mum, mas um praticante de sua religião, um visionário que anteviu não só o destino de Vespasiano, mas sua própria captura pelos romanos. Trata-se, portanto, de um testamento digno de fé que os judeus não podem contestar, o que poderia ser feito se outro fosse o historiador desses acontecimentos. Diante de tudo isso, é pouco provável que um quarto templo seja construído no lugar do terceiro, e um ressurgir do Judaísmo venha a se repetir na história da humanidade, pois, como se diz, “a história não se repete, senão como farsa”.

O Amargo RegressoReza o dito popular que “quem foi ao vento perde o assento”.

No caso dos judeus, quando voltaram, quase dois mil anos depois, encontraram os primitivos donos da “terra prometida”, os palestinos, de posse de seu patrimônio ancestral, que agora querem expulsar. É aí

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que mora o perigo, pois sobre os alicerces do templo arrasado pelos romanos, outra religião, a mulçumana, construiu seu próprio templo; além disso, é bem provável que essa mesquita tenha sido colocada sobre as ruínas do terceiro templo como uma pedra para encerrar o assunto, uma pedra de tropeço para os mais afoitos. Portanto, é so-mente pela força que serão removidos, no que os judeus da atualidade se empenham; preliminarmente com astúcia, ao proibir os jovens de frequentarem esse templo, para assim fazê-los esquecer as tradições de seus pais, mas, num segundo momento, aproveitando uma rebelião ou guerra, para destruí-lo de vez.

Esse processo de repressão aos palestinos é incentivado pelos líderes religiosos judaicos que, descaradamente, pregam seu aniqui-lamento total, como informa a Folha Online (29/8/2010 – da Reuters, em Jerusalém): “Um influente rabino israelense disse que Deus deveria enviar uma praga contra os palestinos e seu líder, pedindo sua morte num violento sermão antes do início das negociações de paz no Oriente Médio na próxima quinta-feira (2), em Washington. ‘Abu Mazen [Mah-moud Abbas, líder palestino] e todas essas pessoas malignas deveriam desaparecer da terra’, disse o rabino Ovadia Yosef, líder espiritual do partido religioso Shas – que forma parte do governo israelense –, num sermão na noite de sábado, chamando o presidente palestino pelo seu nome popular. ‘Deus deveria atacá-los e a esses palestinos – malva-dos que odeiam Israel – com a praga’, declarou o rabino de 89 anos em seu sermão semanal frente aos fiéis, que teve partes transmitidas pelo rádio israelense no domingo. O clérigo israelense fez comentários semelhantes antes. O mais conhecido foi em 2001, quando pediu a ani-quilação dos árabes e disse que era proibido ter piedade deles. Depois ele afirmou que estava se referindo apenas a ‘terroristas’ que atacam os israelenses. Seus comentários mais recentes não tiveram comentários imediatos de líderes palestinos nem israelenses. O primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu e Abbas devem retomar negociações diretas de paz na quinta-feira em Washington, na primeira reunião do tipo em 20 meses, num processo de paz que inclui compromissos de ambas as partes para evitar provocações”.

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A Reconstrução do Templo de Jerusalém

Todo o processo em andamento na Palestina, posto em prática pelos judeus desde o seu retorno à Palestina na década de 40 do século passado, visa, em última análise, à reconstrução do templo e restaura-ção do Império de Salomão. Para isso, acreditam, é preciso desencade-ar o Armagedom, que antecederá a vinda de seu Messias que lhes dará o domínio de todas as nações da terra. É um projeto messiânico, esse. Só que o Messias já veio e ficaram a ver navios por falta de discerni-mento, como rezam as Escrituras; além disso, é bom ter em mente que as promessas divinas dizem respeito ao plano espiritual e não material. A terra prometida, bem como o domínio das nações, são elementos simbólicos de uma promessa já cumprida, não pelos judeus, mas pelos cristãos, que receberam prazerosamente o Messias prometido. Deve-se recordar, ainda, de que o reino universal prometido pelo Messias se tornou realidade para a humanidade desde o momento em que os ro-manos se tornaram herdeiros dessa promessa, e a civilização ocidental por extensão, como profetizou o próprio Cristo, e dela tomaram posse no ano 70, ao transformarem a Judeia em província imperial, confiada ao legado da décima legião aquartelada em Jerusalém.

A Parábola dos Vinhateiros Homicidas

Essa profecia está explicitada na parábola dos vinhateiros homi-cidas, como consta da Bíblia Sagrada (Mateus 21, 33-46): Escutai outra parábola. Havia um proprietário que plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, abriu nela um lagar e construiu uma torre. Depois disso, arrendou-a a vinhateiros e partiu para o estrangeiro. Chegada a época da colheita, enviou os seus servos aos vinhateiros, para receberem os seus frutos. Os vinhateiros, porém, agarraram os servos, espancaram um, mataram outro e apedrejaram o terceiro. Enviou de novo outros servos, em maior número do que os primeiros, mas eles os trataram da mesma forma. Por fim, enviou-lhes o seu filho, imaginando: “Irão poupar o meu filho”. Os vinhateiros, porém, vendo o filho, confabula-

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ram: “Este é o herdeiro: vamos! Matemo-lo e apoderemo-nos da sua herança.” Agarrando-o, lançaram-no para fora da vinha e o mataram. Pois bem, quando vier o dono da vinha, que irá fazer com esses vi-nhateiros?” Responderam-lhe: “Certamente destruirá de maneira hor-rível esses infames e arrendará a vinha a outros vinhateiros, que lhe entreguem os frutos no tempo devido. Disse-lhes então Jesus: “Nunca lestes nas Escrituras: A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular; pelo Senhor foi feito isso e é maravilha aos nossos olhos? Por isso vos afirmo que o Reino de Deus vos será tirado e con-fiado a um povo que produza frutos.” Os Chefes dos sacerdotes e os fariseus, ouvindo as suas parábolas, perceberam que se referia a eles. Procuravam prendê-lo, mas ficaram com medo das multidões, pois que elas o consideravam um profeta.

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PARTE VIII

A BOMBA ATÔMICA ISRAELENSE E AS ADVERTÊNCIAS DO PROFETA ISAÍAS

As Sementes da Destruição

Analisando as lições da história, a conclusão a que se chega é que os judeus estão plantando as sementes de sua própria destruição, pois se a diáspora escapou dos romanos, por astúcia ou sorte, agora o mundo todo está de olho nos seus propósitos, já que o Cristianismo vem repassando essa história de geração em geração nos últimos vinte séculos. E, neste mundo de Deus, tem de tudo, principalmente opor-tunistas à espera de despojos dos derrotados. Cristo veio ao mundo para pregar a paz e o mataram. Mas, ainda há tempo para refletirem a respeito e evitarem o apocalipse. Para uma nação pequena, de território diminuto, densamente povoado, como Israel, a posse de armas nu-cleares não significa segurança, mas vulnerabilidade, pois em caso de guerra nuclear, toda sua população e instalações vitais estarão expostas a ataques semelhantes por parte de outros países possuidores de tais armas. Um fato que pôs em evidência essa fraqueza foi o recente anún-cio feito pelo Irã, de que havia testado com êxito um foguete capaz de atingir o território de Israel. Bastou essa notícia para que a população judaica entrasse em pânico e os mais prevenidos já falavam em deixar esse território, como mostrou pesquisa de opinião pública, temendo o dia em que os iranianos também venham a possuir a tão temida bomba atômica.

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As advertências do Profeta Isaías

Para se ter ideia da inutilidade de se tentar chamar os israelen-ses à realidade, basta consultar o Capítulo 6 do Profeta Isaias (6,9-13): Ele disse: “Vai dizer a esse povo: ‘Ouvi, bem, mas sem entender, vede bem, mas sem perceber’. Torna pesado o raciocínio desse povo, ensurdece-lhe os ouvidos, cega-lhes os olhos, que não tenha olhos para ver, ouvidos para ouvir, coração para entender, converter-se e ser curado”. Perguntei: “Até quando, Senhor?” – Respondeu-me: “Até ficarem desertas as cidades, sem habitante algum, as casas vazias, sem moradores, e os terrenos abandonados, desocupados”. O Senhor terá levado para longe o cidadão, só o abandono crescerá na terra. Mas se sobrar apenas uma décima parte, se, mais uma vez, for cortado como carvalho, que, depois de derrubado, só deixa o toco, esse toco ainda será uma semente sagrada. (Bíblia Sagrada. CNBB. 2001).

Essas advertências proféticas estão se materializando, como in-forma o Folha Online (06/09/2010): “O ministro de Relações Exteriores israelense, Avigdor Lieberman, afirmou que a paz no Oriente Médio é um ‘objetivo inalcançável nesta geração’ e por isso não vê sentido no renovado esforço com as conversas diretas por um acordo de paz com os palestinos. O prazo para um acordo desta nova empreitada é um ano, apesar de analistas serem pessimistas. ‘Assinar um acordo de paz global é um objetivo inalcançável neste ano e nesta geração’, sus-tentou Lieberman, presidente do partido ultradireitista Yisrael Beiteinu, a segunda maior formação na coalizão de governo, atrás apenas do Likud, partido do premiê Binyamin Netanyahu. O chanceler foi afas-tado do reinício, no dia 2 setembro em Washington, das negociações diretas israelense-palestinas. Lieberman advertiu ainda que impedi-rá qualquer prorrogação do congelamento parcial da colonização na Cisjordânia ocupada, que termina em 26 de setembro. ‘Não há nenhum motivo para prolongar o bloqueio. O Israel Beitenu tem influência e poder suficientes no governo e no Parlamento para conseguir impedir a aprovação de qualquer proposta de ampliação do congelamento’. A moratória foi adotada sob a pressão do presidente americano, Barak

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Obama. A Autoridade Nacional Palestina anunciou que abandonará as negociações no caso de um reinício da colonização. Em seu discur-so, Lieberman disse com ironia que não conhece ‘nenhum mago que possa fechar a brecha entre nossas posições e as dos palestinos em um ano”, algo que não poderá mudar nenhum ‘compromisso histórico ou concessão dolorosa’. ‘Estamos dispostos a falar de tudo, mas não haverá mais gestos unilaterais. Não aceitaremos nenhuma moratória (da ampliação) dos assentamentos, nem de seis meses, nem de três, nem de um minuto’, assinalou. Para Lieberman, a única solução viável é um acordo temporário de longa duração, ao contrário do objetivo do diálogo de paz iniciado na quinta-feira em Washington: um acordo glo-bal e definitivo de paz que represente a criação de um Estado palestino nos territórios ocupados por Israel. O chefe da diplomacia israelense defendeu que não seja feita nenhuma nova concessão unilateral aos palestinos. ‘Temos de nos perguntar por que, apesar das concessões no passado e de toda a boa vontade exibida por (Shimon) Peres, (Ehud) Barak, (Ariel) Sharon, (Ehud) Olmert, (Tzipi) Livni e Bibi (Binyamin Ne-tanyahu) nenhum acordo foi alcançado’, refletiu. ‘Todos tentaram o me-lhor possível, mas nada passou. Vimos muitas produções grandiosas, uma próspera indústria da paz internacional, mas nenhum resultado: somente coquetéis e reuniões. Não nos opomos a um acordo de paz, só às aventuras e utopias’, acrescentou. As declarações de Lieberman geraram uma onda de respostas tanto entre os palestinos quanto em seu próprio país. O ministro de Minorias, o trabalhista Avishay Braver-man, falou de sabotagem à política de Netanyahu e pediu que entregue a pasta de Exteriores a alguém que apoie o processo. O porta-voz da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Ghassan Khatib, assegurou que a presença de Lieberman no Executivo de Netanyahu ‘é uma das coisas que impede qualquer progresso em direção à paz’. ‘A paz significa o fim da ocupação, enquanto Lieberman é um fã da ocupação e dos assenta-mentos’, acrescentou. Um dos assessores de Abbas pediu a Netanyahu que critique publicamente essas palavras e deixe claro o caráter opina-tivo individual, que não representa a política oficial”.

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A situação atual na Terra SantaAs advertências do Profeta Isaías, portanto, explicam, perfeita-

mente, o que se passa hoje em dia na terra santa, e é também um aviso dos acontecimentos apocalípticos que estão por vir, os quais estão sendo preparados em ritmo acelerado, dada a pressão do presi-dente norte-americano Barack Obama para que os judeus se entendam com os árabes, na questão da partilha da palestina, assunto que não admitem discutir seriamente, pois o seu objetivo maior é restaurar, em toda sua plenitude, o reino de Israel dos tempos bíblicos. Para isso confiam em seu arsenal nuclear, que lhes tem dado a ilusão de serem poderosos o suficiente para desafiar seus vizinhos e toda a comunidade internacional. Essa arrogância se faz sentir em todas as atividades nas quais se envolvem, inclusive no trato com os palestinos, com os quais se comprazem de irem à forra das humilhações sofridas na Europa desde que foram derrotados pelos romanos no ano 70 dC, e quase exterminados pelos nazistas no século XX, que radicalizaram o pro-cesso de rejeição. Para satisfazer seu ego ofendido e descarregarem todos os seus complexos de inferioridade, milenares, criaram até um gueto, como o de Varsóvia, na faixa de Gaza, onde mantêm confinados milhões de palestinos maltrapilhos. Neste contexto, as ações do Presi-dente Barack Obama em favor da paz na Palestina, ao contrário do que deseja, podem trazer consequências negativas para a humanidade, ante a resistência dos judeus de abrirem mão de seus objetivos estratégicos, que, em última análise, visam a apressar o Armagedom para acelerar a vinda do seu messias que lhes dará o poder universal.

Gestos Extremos e a reeleição do Presidente Barack Obama em 2012

A prova de que são capazes de gestos extremos para atingirem tais objetivos está no trágico fim de Yitzhak Rabin, primeiro-ministro de Israel assassinado em 1995 por um fanático judeu, que não concordava com suas gestões em favor de paz com os palestinos. A propósito, é

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bom lembrar que dezembro de 2012 é o último mês do primeiro man-dato do Presidente Barack Obama, coincidentemente a data prevista, segundo certas profecias, para desencadear o Armagedom. Portanto, todo cuidado é pouco, recomendando a esse presidente cautela, tanto no caso de ser reeleito, como, também, na possibilidade ser impedido de se reeleger pela ação combinada da direita norte-americana e sua aliada, a direita judaica, e os fanáticos religiosos de ambos os lados que lhes dão sustentação.

A propósito dessa simbiose, é bom frisar que a comunidade ju-daica tem um pé no território norte-americano e outro em Israel, agindo sempre em sintonia para manter o mundo em suspense a espera dessa catástrofe anunciada. Para isso não medem as consequências de seus atos, que vão desde o sequestro e assassinato de seus desafetos onde quer que estejam, violando acordos e tratados internacionais, até fre-quentes ameaças de atacar preventivamente o Irã, como fizeram com o Iraque e a Síria, isso sem contar com a manipulação de notícias por parte da mídia norte-americana, controlada que é pela comunidade ju-daica.

Trata-se, portanto, de um bando de celerados, descolados da ci-vilização cristã ocidental, à qual nunca se integraram, os quais, para se vingarem dos traumas do passado em solo europeu, desde os tempos dos romanos, copiam as práticas mais abjetas dos nazistas alemães do Terceiro Reich, seus algozes implacáveis, numa clara evidência de que padacem da Sindrome de Estocolmo. Esse desvio de comportamento os leva a ressussitar as práticas mais primitivas de relacionamento com os habitantes e vizinhos da chamada “terra santa”, registradas em seus livros sagrados; práticas estas totalmente em desacordo com o atual estágio da civilização ocidental, alicerçada no conceito de cidadania dos romanos, na filosofia humanista do cristianismo e na Declaração Uni-versal dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), cujas resoluções procuram sempre ignorar.

Segundo a Enciclopedia Livre Wikipédia, “As ideias e valores dos direitos humanos são traçadas através da história antiga e crenças

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religiosas e culturais ao redor do mundo. O primeiro registro de uma declaração dos direitos humanos foi o Cilindro de Ciro, escrito por Ciro, o grande, rei da Pérsia (atual Irã) por volta de 539 a.C.. Filósofos europeus da época do iluminismo desenvolveram teorias da lei natural que influenciaram a adoção de documentos como a Declaração de Di-reitos de 1689 da Inglaterra, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 da França e a Carta de Direitos de 1791 dos Estados Unidos”.

Os Planos de Israel para atacar o Irã

Os planos de Israel para atacar o Irã estão prontos, como a im-prensa internacional tem noticiado, e são usados, também, como um instrumento de chantagem para continuarem dando as cartas no jogo de guerra praticado pelas potências no Oriente Médio. Como as pres-sões da comunidade internacional em favor da paz e por um Oriente Médio livre de armas nucleares estão aumentando, e a ação dos países árabes para discutir este assunto tornado-se cada vez mais efetiva, pois já conseguiram a convocação de uma conferência mundial com esse objetivo, marcada para 2012, torna-se claro que este ano fatídico talvez seja o escolhido por Israel para atacar o Irã e continuar sendo o coringa desse jogo viciado.

Os Planos dos Norte-Americanos para atacar o Irã

Mas esse ataque pode ocorrer antes, se prevalecerem os planos de seus mentores, os norte-americanos, que foram pegos de surpresa com o vazamento de petróleo em um poço da BP no Golfo do México, fazendo com que mudassem seus planos estratégicos para garantir um suprimento confiável desse recurso energético. Esse assunto foi tratado em carta dirigida ao Presidente Lula, a seguir transcrita:

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Belo Horizonte, 3 de agosto de 2010.

Exmo. Sr. Luiz Inácio Lula da SilvaPresidente da RepúblicaPalácio do PlanaltoBrasília – DF

Com cópias para os Exmos. Srs. Vice-Presidente da República, José Alencar; Ministro da Defesa, Nelson Jobim e jornais Estado de Minas e Folha de S. Paulo.

Assunto: O vazamento de petróleo no Golfo do México e o ataque norte-americano ao Irã.

Prezado Senhor Presidente,

O acidente ocorrido em uma das plataformas da BP no Golfo do Méxi-co, que explodiu e afundou em 20 de abril, provocando um vazamento de petróleo que afetou profundamente a costa sul dos Estados Unidos da América, já apresenta efeitos colaterais que vão muito além dos danos causados ao meio ambiente. Num primeiro momento, o Gover-no norte-americano suspendeu todas as licenças para a exploração de petróleo em águas profundas ao longo de todo seu litoral marítimo, de leste a oeste e de norte a sul, inclusive as reservas do Alaska, que também foram incluídas na atual moratória. Dadas às dimensões dessa tragédia ambiental e do impacto de seus efeitos junto da opinião pú-blica norte-americana, é pouco provável que essas autorizações sejam restabelecidas num prazo relativamente curto. O mais provável é que sejam jogadas para as colendas gregas; o que deve acontecer, também, com a exploração das reservas do Ártico. Diante disso, a estratégia do atual Presidente norte-americano de in-crementar a produção doméstica para se ver livre da dependência do petróleo do Oriente Médio fica seriamente comprometida. Como con-sequência, esta fonte generosa, mais as reservas da Ásia Menor, loca-lizadas em torno do Mar Cáspio, e as da Venezuela voltam a ocupar a mente dos estrategistas do Pentágono, que agora aceleram os planos do governo anterior para atacar o Irã; a pedra de tropeço que os impede de terem livre acesso às gigantescas reservas de petróleo dos países

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ditos do “istão” (Cazaquistão, etc.). Este ataque, pelo andar da carrua-gem, parece que não vai demorar muito, como informa o noticiário da Folha Online (1/8/2010): “Um alto comando do Pentágono disse hoje que os Estados Unidos contam com um plano de ataque contra o Irã caso haja necessidade de usá-lo para evitar que o país asiático construa uma arma nuclear. Apesar disso, a fonte diz que o país gostaria de não precisar recorrer a esse recurso. O chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas dos EUA, o almirante Mike Mullen, confirmou hoje em entrevista no programa dominical ‘Meet the Press’, da rede de televi-são ‘NBC’, que o Governo dispõe de um plano que foi preparado nos últimos meses. O Governo americano deixou claro que prioriza a estra-tégia diplomática e de sanções com o Irã, mas nunca deixou de fora a opção militar, segundo advertiu Mullen. ‘As opções militares estiveram sobre a mesa e seguem firmes’, assinalou o funcionário na entrevista. Afirmou, no entanto, que ‘espera que não tenhamos de chegar a esse ponto, mas é uma opção importante e é uma questão que é bem en-tendida’ por Teerã. Questionado se o Exército dispõe de um plano de ataque contra o Irã, o chefe do Estado-Maior Conjunto respondeu, ‘sim, temos’. Mullen disse que a decisão de um eventual ataque militar teria de ser tomada pelo presidente Barack Obama”.

Mas os movimentos dos estrategistas norte-americanos vão mais longe, pois visam também garantir um suprimento de petróleo mais próximo de seu território, e de fácil acesso, como as reservas inesgotáveis da Venezuela. Os primeiros passos neste sentido já se fazem notar, como a presença de tropas norte-americanas em território colombiano, e o acirramento das demandas deste país com a Venezuela. Esses prepara-tivos foram denunciados pelo Presidente Hugo Chaves, como noticiou o Folha Online em 14/7/2010, sob o título Chávez alerta para “guerra atômica iminente” dos EUA contra o Irã: “O presidente venezuelano, Hugo Chávez, pediu nesta quarta-feira aos seus simpatizantes para que fiquem ‘alertas’ diante um eventual ataque nuclear contra o Irã, após a análise feita nesse sentido pelo ex-líder cubano Fidel Castro. ‘É neces-sário que estejamos alertas’, disse Chávez após citar que Fidel falou da possibilidade de ‘uma iminente guerra atômica por causa da irrespon-sabilidade dos Estados Unidos’. O aviso do governante venezuelano foi feito durante um comício em Caracas para as eleições parlamentares de 26 de setembro. ‘Não vamos ficar atentos apenas às eleições e deixar que um acontecimento de grandes proporções nos surpreenda’, pediu Chávez. Segundo o presidente venezuelano, os indícios de que há uma

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mobilização não estão apenas no Oriente Médio, mas também são vi-síveis na América Latina e outras partes do mundo. ‘Tenho informação de amigos panamenhos, costarriquenhos e de outras partes da América Central de que a ofensiva imperial sobre a América Latina vai conti-nuar’, disse. ‘Na Costa Rica anunciaram a assinatura de um convênio para receber milhares de marines (fuzileiros navais americanos) e 46 navios de guerra, porta-aviões, submarinos, armas sofisticadas, até 31 de dezembro, com a desculpa de sempre: o narcotráfico’, acrescentou Chávez. Com isso, houve ‘aumento dos voos de aviões de guerra desde Aruba e Curaçao, onde o império ianque tem bases militares’, disse o presidente da Venezuela. ‘Ontem enviamos uma nota de protesto à Holanda pela violação de nosso espaço aéreo, temos as provas, porque agora temos capacidade de detecção e de resposta para garantir nossa soberania’, afirmou Chávez”. Nesse jogo de xadrez global praticado pelos norte-americanos, o Brasil, a exemplo do que fazem as demais potências globais, deve movimentar suas peças para não levar um xeque-mate. O primeiro movimento nesse sentido é se afastar dos conflitos do Oriente Médio e da Ásia Menor e concentrar seus esforços e atenções na América do Sul, a começar por impedir que os colombianos e venezuelanos caiam na armadilha pre-parada pelos estrategistas do Pentágono. Uma peça fundamental nessa jogada de contenção será incentivar a Venezuela e a Colômbia a parti-ciparem da construção do primeiro trecho da Ferrovia Transcontinental Dom Bosco, ligando Cartagena, na Colômbia, a cidade de Manaus, no Brasil, passando por Caracas na Venezuela. Os atrativos econômicos daí resultantes serão de tal ordem que levarão esses países a desistirem de querelas artificiais e se concentraram no desenvolvimento regional e na integração com os demais países sul-americanos. Além disso, o Brasil deve fazer sentir aos Estados Unidos da América e à União Europeia, que suas reservas de petróleo, principalmente as do pré-sal, são suficientes para garantir a esses países um abastecimento confiável, em caso de fechamento do Estreito de Ormuz, do Canal de Suez e de outros pontos estratégicos que serão afetados num conflito com o Irã, como o Bósforo e Gibraltar. Mas, para isso, é necessário que se abstenham de interferir nos assuntos internos dos países sul-americanos, principalmente na Venezuela, a mais visada. Outros assun-tos pendentes de soluções, que devem ser logo resolvidos para não comprometer a segurança nacional, é a compra de aviões de caça para as Forças Armadas, que inclui transferência de tecnologia, e a constru-

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ção das centrais atômicas para produção de energia elétrica, pois, em caso de estourar o conflito com o Irã, as regras do jogo global mudam e podem afetar entendimentos promissores, e esses projetos acabarão dando em nada. Agradecendo a atenção e desejando sucesso ao governo de V. Exa., subscrevo-me.Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

O Papel da TurquiaAcresce a esses indicativos, o fato de que a Turquia também

move seus interesses estratégicos para países chaves da região, como o Líbano, Síria e Jordânia, com os quais pretende firmar um tratado de livre comércio, e com o Irã, seu vizinho problemático que precisa de seu apoio para furar o bloqueio das grandes potências. Esta união, se avançar, colocará em xeque o domínio destas potências na região, mudando o eixo do poder de Israel para esse bloco emergente.

A Bomba Atômica IranianaAlém disso, é tido como certo que o Irã terá sua bomba atômica

dentro de dois anos, no máximo, ou seja, para o ano 2012. Ou, an-tes deste prazo, segundo informa o Jornal Estado de Minas (13/7/2010, p.10), em pequena nota intitulada, Irã está perto de obter armas nuclea-res: “Dmitri Medvedev, presidente da Rússia, em uma declaração firme e surpreendente a respeito do programa nuclear iraniano, dizendo que a República islâmica se aproxima da posse de um potencial nuclear que, em principio, pode ser usado para a produção de armamento atômico”.

As Eleições presidenciais Norte-Americana de 2012

Todos esses fatos convergem para o ano apocalíptico de 2012, que será dominado pela campanha presidencial norte-americana, oca-

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sião de incertezas políticas que os insensatos que governam Israel, em pânico, serão tentados a aproveitar como uma janela de oportunidades, para desfechar o ataque ao Irã, ou se meterem em outras aventuras te-merárias. Com isso tentarão mudar não só o curso dos acontecimentos em seu favor, mas, também, provocar a hecatombe que tanto esperam: o Armagedom – as trombetas de Jericó que anunciarão a vinda do seu messias e a destruição de todos os seus inimigos.

As provocações premeditadasAs inúmeras provocações aos russos, como o escudo antimíssil

a ser instalado na europa central, e a insistência de demonizar o Irã, também fazem parte desse processo de sabotagem da paz. Dois exem-plos recentes ilustram esse trabalho de sapa. O primeiro foi a rejeição do acordo nuclear firmado pelo Presidente Lula, o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, e o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, que visava romper o cerco imposto a este país pelos norte-americanos e seus alidados; e o segundo, o ataque da Marinha de Israel aos navios da “Frota da Liberdade”, que causou a morte de nove ativistas turcos e afetou profundamente as relações bilaterais en-tre turcos e israelenses. Esses fatos são sinais inequívocos de que a paz na região tem seus dias contados e data marcada para terminar: 12 de dezembro de 2012.

O Acordo de TeerãComo aconteceu às vésperas da Segunda Guerra Mundial, quan-

do o premiê britânico, Neville Chamberlain, agitou ao vento um papel que garantiria a paz – o Acordo de Munique –, Lula e seus parceiros da Turquia e do Irã repetiram esse gesto, ao exibir, de mãos dadas, o Acordo de Teerã. Levando em conta esses fatos premonitórios, o Brasil e a América do Sul devem se preparar para os tempos turbulentos que se avizinham. Além do mais, dois traços marcantes do comportamento dos dirigentes judeus reforçam essa precaução, pois são muito pare-

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cidos com aqueles dos líderes nazistas: a falta de escrupulos no trato da coisa pública e o desrespeito e desprezo aos tratados e acordos intenacionais, como mostram dois artigos do Folha Online, a seguir transcritos, datados de 07/07/2010 (Dados secretos apontam parceria nuclear entre EUA e Israel, diz rádio militar) e 28/05/2010 (Todos sa-bem há décadas que Israel tem arma nuclear, diz historiador).

O Arsenal Nuclear de Israel(Folha Online – 07/07/2010)

“A rádio do Exército israelense anunciou nesta quarta-feira que teve acesso a um documento secreto enviado pelos Estados Unidos ao governo israelense afirmando um comprometimento de cooperação nuclear entre os dois países, apesar de Israel não ser signatário do Tra-tado de Não Proliferação Nuclear (TNP). De acordo com a rádio militar oficial, o governo americano deixou claro que venderá a Israel materiais usados para produzir eletricidade, tecnologia nuclear e outros supri-mentos necessários ao setor. O assunto também foi tema de reporta-gem do principal jornal israelense, o “Haaretz”. Israel tradicionalmente opta por uma política de ambiguidade quanto ao seu arsenal nuclear. O país não assume nem nega à comunidade internacional o fato de pos-suir armas nucleares, não assina pactos mundiais sobre o setor (como o TNP), e não se submete às inspeções da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), ligada à ONU (Organização das Nações Unidas). A comunidade internacional vem pressionando Israel para que assine o TNP. A Turquia e países árabes deixaram claro que a paz no Oriente Médio depende deste passo do governo israelense.

A reportagem da rádio militar israelense foi ao ar um dia após o encontro entre o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, e o presi-dente americano, Barack Obama, em Washington. Além de afirmar que não há divergências entre os dois países e ressaltar a necessidade de conversações diretas entre israelenses e palestinos, Obama disse que é necessário fortalecer o sistema de não proliferação de armas nucle-

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ares e mostrou-se preocupado com a questão, numa clara alusão ao programa nuclear iraniano, indica o “Haaretz”. Os dois líderes também discutiram a possibilidade de realizar um encontro internacional para pedir por um “Oriente Médio livre de armas nucleares”, sugerida pela conferência mundial do TNP no início deste ano. Netanyahu deixou claro que não participaria porque o objetivo é “perseguir” Israel. Em Washington, Obama afirmou ao premiê israelense que uma conferência do tipo somente faria sentido se todos os países da região participas-sem, e que os EUA, como patrocinadores e organizadores do encontro, fariam de tudo para que a agenda fosse ampla e não tivesse como foco a política de ambiguidade de Israel. O presidente americano afirmou ainda que os EUA estão comprometidos com Israel para garantir que tratados e políticas internacionais sobre não proliferação de armas não coloquem a segurança dos israelenses em risco.

No início deste mês os países árabes presentes ao Fórum Eco-nômico Árabe-Turco sinalizaram apoio à posição turca frente ao ataque israelense à ‘Frota da Liberdade’ que deixou nove ativistas mortos, cri-ticaram as sanções da ONU sobre o Irã e exigiram que Israel assine o TNP. As nações árabes indicaram ainda que Israel deve submeter-se às inspeções da AIEA. As declarações foram feitas um dia após a ONU ter aprovado uma quarta rodada de sanções contra o programa nuclear do Irã. Estima-se que Israel seja o único país do Oriente Médio que detém um arsenal nuclear. ‘Israel continua a desafiar a comunidade internacio-nal por meio de sua recusa em juntar-se ao TNP’, disse o enviado do Sudão Mahmoud El-Amin no início de junho durante uma reunião da AIEA em Viena. Também um dia após a aprovação da quarta rodada de sanções contra o programa nuclear iraniano, representantes árabes no conselho da AIEA comemoraram o primeiro debate sobre o programa nuclear de Israel em quase 20 anos. Sob o título de ‘capacidades nu-cleares de Israel’, o bloco de 18 Estados árabes colocou o assunto na agenda da reunião, apesar da rejeição dos Estados Unidos e da União Europeia (UE), entre outros. Ao contrário do Irã, que está sob inspe-ções da AIEA, Israel não assinou o Tratado de Não Proliferação Nuclear

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(TNP), por isso não está exposto a controles de não-proliferação, da mesma forma que a Índia, o Paquistão e a Coreia do Norte. O documen-to final na conferência de revisão do TNP do dia 28 de maio pedia que Israel se tornasse signatário do tratado e convocou uma conferência para 2012, com o objetivo de criar uma zona livre de armas nucleares no Oriente Médio. O Estado judeu mantém uma política de ambiguida-de: não confirma nem desmente seu arsenal nuclear, cuja existência a comunidade internacional dá por certa e que foi revelada por um ex-técnico da central de Dimona, que teve que enfrentar uma pena de 18 anos de prisão. Estima-se que Israel tenha entre 200 e 300 ogivas. Em comunicado após a reunião da AIEA, Israel lembrou que não assinou o TNP e que, portanto, o país ‘não é obrigado’ a cumprir as decisões tomadas na conferência, qualificada de ‘bem-sucedida’ pelo secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.

Ainda no fim de maio o historiador americano Sasha Polakow-Suransky concedeu entrevista ao correspondente da Folha em Jerusa-lém, Marcelo Ninio, após a notícia de que Israel tentou vender armas nucleares ao regime do apartheid sul-africano. A oferta teria sido feita em 1975, pelo então ministro da Defesa, Shimon Peres (hoje presidente de Israel), e seria uma clara confirmação de que o Estado judeu possui um arsenal nuclear. A revelação da oferta foi publicada num livro de Polakow-Suransky após seis anos de pesquisa. Para ele, o objetivo da potencial venda de armamentos era principalmente financeiro. ‘Peres sugeriu a Pieter Botha [então ministro da Defesa] que a África do Sul fi-nanciasse entre 10% e 5% de um projeto de um jato leve e 33% de um sistema balístico de cognome “Assaltante”. Israel tinha o know-how, a África do Sul tinha dinheiro. Além disso, os israelenses queriam fazer pesquisas conjuntas e desenvolver produtos com os sul-africanos’, dis-se o historiador à Folha. Questionado se seu livro seria a prova mais contundente da existência do arsenal de Israel, ele respondeu que as fotos de Mordechai Vanunu [técnico nuclear israelense condenado por traição] em 1986 seriam muito mais “definitivas. ‘O significado desses documentos não é provar que Israel tem armas nucleares. Isso o mun-

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do inteiro sabe há décadas. A notícia aqui é que a possível transferência de tecnologia nuclear foi discutida no altos escalões’, concluiu”.

A Bomba Atômica Israelense(Folha Online – 28/05/2010)

“Toda nova informação sobre o suposto programa nuclear de Israel desperta enorme interesse, dada a ambiguidade que envolve o tema. Não foi diferente com a notícia divulgada nesta semana, de que em 1975 o ministro da Defesa israelense, Shimon Peres (hoje presiden-te), teria oferecido armas nucleares ao regime do apartheid sul-africano. A revelação está num livro que consumiu seis anos de pesquisa do his-toriador americano Sasha Polakow-Suransky, e é considerada uma rara prova do arsenal atômico de Israel – que o país não nega nem admite ter. Leia abaixo a íntegra da entrevista:

FOLHA + Em que medida os documentos revelados em seu livro comprovam a oferta israelense?

SASHA POLAKOW-SURANSKY + Peres está sendo evasivo. Ele está certo quando diz que sua assinatura não aparece nas minutas das reuniões, mas ela aparece no documento que garante sigilo para esta e outras negociações sobre defesa, quatro dias depois da primeira discussão sobre os mísseis Jericó. Além disso, Peres não negou, pelo que eu saiba, sua presença nessas discussões ou afirmou que os do-cumentos sul-africanos são falsos. Os jornalistas deveriam perguntar a ele se assinou o documento de 3 de abril; se estava presente na reunião ocorrida na Suíça no dia 4 de junho; e se irá revelar documentos ofi-ciais israelenses dessas reuniões para comprovar sua negativa. Até que ele diga sim a esta última questão, podemos assumir que ele esconde algo. Os documentos mostram acima de qualquer dúvida que o tema dos mísseis Jericó foi discutido em uma série de encontros em 1975, primeiro em 31 de março, depois em 4 de junho. As frases usadas para descrever as ogivas são vagas, o que é comum nesse tipo de nego-ciação. A confirmação de que o governo sul-africano viu a discussão

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como uma oferta nuclear explícita está num memorando do chefe do Estado-Maior, R. F. Armstrong, escrita no mesmo dia 31 de março, que detalha as vantagens do sistema de mísseis Jericó para a África do Sul, mas só se os mísseis tivessem ogivas nucleares. É a primeira vez que aparece um documento com a discussão sobre mísseis nucleares em termos concretos. O memorando Armstrong foi tornado público seis anos atrás e citado num artigo acadêmico escrito por Peter Liberman. Até eu revelar os registros dos encontros de 31 de março e 4 de junho, era difícil contextualizar o memorando. Com os três documentos e o pacto de sigilo do dia 3 de abril assinado por Peres, o quadro fica mais claro. Quando você olha esses documentos juntos, fica muito claro que a possibilidade de a África do Sul comprar mísseis nucleares foi discu-tida no dia 31 de março e de novo no dia 4 de junho de 1975, quando Peres se encontrou com Pieter Botha [então ministro da Defesa] na Suíça e que essas discussões foram colocadas sob pesado sigilo no dia 3 de abril de 1975. O acordo nunca foi fechado, mas a discussão ocorreu, e o alto escalão sul-africano entendeu a proposta israelense como oferta nuclear.

+ Qual era o objetivo de Israel? + Principalmente financeiro. Peres também estava buscando fi-

nanciamentos conjuntos e precisava oferecer algo em troca à África do Sul. No encontro de 4 de junho, Peres sugeriu a Pieter Botha [então ministro da Defesa] que a África do Sul financiasse entre 10% e 5% de um projeto de um jato leve e 33% de um sistema balístico de cognome “Assaltante”. Israel tinha o know-how, a África do Sul tinha dinheiro. Além disso, os israelenses queriam fazer pesquisas conjuntas e desen-volver produtos com os sul-africanos pagando parte da conta.

+ Há outras revelações sobre a relação entre Israel e o regime do apartheid em seu livro?

+ Muitas. As principais são a continuação do projeto do mísseis Jericó na África do Sul nos anos 80, quando especialistas israelenses ajudaram a construir projéteis de segunda geração para carregar ogivas nucleares; e a venda de “yellow cake” [concentrado de urânio para pro-

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dução do combustível nuclear] da África do Sul para Israel em 1961, sob um acordo bilateral de salvaguardas para uso pacífico. Em 1976, quando um estoque de 500 toneladas havia sido acumulado em Israel, a inteligência israelense pediu ao governo sul-africano que as salva-guardas fossem suspensas. O ministro sul-africano de Minas, Fanie Botha, viajou a Israel em julho de 1976, onde se encontrou com Peres, [Yitzhak] Rabin, além de generais e cientistas nucleares. Em entrevista a mim, Fanie Botha admitiu que durante a viagem ele suspendeu as salvaguardas, liberando Israel para usar o “yellow cake” para fins mili-tares. Em troca, Israel forneceu à África do Sul tritium, uma substância que aumenta o rendimento de armas termonucleares e Israel enviou di-nheiro para Fanie Botha por meio de um intermediário [Jan Blaauw, um general reformado da Força Aérea] para mantê-lo financeiramente vivo e para que ele não perdesse sua pasta no gabinete até o acordo ser con-cluído. As salvaguardas foram suspensas e o tritium foi enviado à África do Sul. A visita de Fanie Botha a Israel é confirmada em um documento do Ministério da Defesa israelense que eu tenho. O resto da história foi confirmado nos autos do processo do Estado contra Jan Blaauw, um julgamento secreto da Suprema Corte sul-africana de 1988. É uma lon-ga história que está detalhada no capítulo 7 do meu livro. Basicamente, Fanie Botha prometeu a Blaauw concessões de exploração de minas de diamantes em troca de seu trabalho para o Estado; quando Blaauw não recebeu seus diamantes, ameaçou ir a público com todos os detalhes nucleares e Fanie Botha (‘o Estado’) o processou por extorsão.

+ Israel manteve negociações nucleares com outros países, como o Irã?

+ Israel manteve relações com vários outros regimes repulsivos, mas não tenho conhecimento de negociações sobre assuntos sensíveis como esse com outros países fora a África do Sul. Havia relações pró-ximas entre Israel e o Irã até a Revolução Islâmica de 1979, que incluiu cooperação em tecnologia de mísseis.

+ Os documentos revelados em seu livro são a evidência mais clara até hoje do arsenal nuclear israelense?

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+ Não. As fotos de Mordechai Vanunu [técnico nuclear israelense condenado por traição] em 1986 são muito mais definitivas. O signifi-cado desses documentos não é provar que Israel tem armas nucleares. Isso o mundo inteiro sabe há décadas. A notícia aqui é que a possível transferência de tecnologia nuclear foi discutida nos altos escalões.

+ Qual era o estágio do programa nuclear israelense em 1975? + A maioria dos especialistas concorda com que Israel alcançou

capacidade operacional de ogiva nuclear em 1975, ou seja, armas mi-niaturizadas. O país pode ter concluído a produção dessas armas na época da Guerra do Yom Kippur [1973] mas provavelmente elas não eram ainda operacionais.

+ Como evoluiu o programa nuclear sul-africano após a suposta oferta israelense? Por que a oferta foi recusada?

+ A África do Sul tinha sua própria tecnologia de enriquecimen-to de urânio. Pretória desenvolveu um método autóctone de enrique-cimento em 1970, cortesia do eminente cientista sul-africano Wally Grant, que começou sua pesquisa secreta em um galpão no centro de Pretória e que mais tarde foi transferida para a central da Comissão de Energia Atômica. O premiê Vorster anunciou isso em 1970 e a África do Sul começou a construir um reator de enriquecimento. Os sul-africanos só tomaram uma decisão formal de produzir armas nucleares até 1974. Quando a decisão foi tomada, comprar de outros países não só era caro, mas representava um custo adicional ao investimento que haviam feito no desenvolvimento de sua própria capacidade nuclear”.

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PARTE IX

A SEGUNDA BATALHA DO ARMAGEDOM E A DESTRUIÇÃO DE ISRAEL

A Posição do Brasil em face da Segunda Batalha do Armagedom

O Brasil, em face dessa realidade apocalíptica e do colapso do

sistema financeiro bancado pelos Estados Unidos da América, que

basculou o plano de relacionamento das potências dominantes, deve

encarar o segundo Armagedom como um processo em andamento,

inevitável, com epicentro no Oriente Médio. O alcance desse processo

poderá ficar circunscrito ao chamado Velho Mundo, se, para tanto, o

Brasil estiver armado com bombas atômicas e montar, com os demais

países sul-americanos, um sistema defensivo capaz de desencorajar

quaisquer nações portadoras de artefatos nucleares a envolverem o

continente nessa hecatombe que se aproxima de forma acelerada.

Com esse objetivo, o Brasil deve, desde já, não se meter nesse

drama criado pelos europeus e norte-americanos. Os primeiros, para se

verem livres dos judeus, devido ao seu autoisolamento mafioso, o que

vêm tentando desde os tempos do Império Romano, passando pelos

reis cristãos, Fernando e Isabel, até Hitler, que radicalizou o processo;

e os segundos, usando-os como testa de ferro para dominarem os

campos petrolíferos do Oriente Médio. A esse respeito, como cidadão,

enviei aos políticos e governantes, e à imprensa, as seguintes cartas:

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A Visita do Presidente Iraniano ao Brasil e as Reações da Comunidade Judaica

Belo Horizonte, 13 de maio de 2009.

Exmo. Sr.Luiz Inácio Lula da SilvaPresidente da República

Palácio do PlanaltoExmos.(as) Srs.(as) Senadores(as) e Deputados(as) FederaisCongresso NacionalBrasília – DF

Com cópias para os jornais Estado de Minas, Folha de São Paulo e para os Ministros de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger; da Defesa, Nelson Jobim; das Relações Exteriores, Celso Amorim e da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi.

Assunto: A abortada visita do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad e as reações negativas da comunidade judaica no Brasil.

Prezados(as) Senhores(as),

O recente cancelamento da visita do presidente do Irã ao Brasil e os protestos da colônia judaica pela sua presença entre nós, por se tratar de um político que nega o holocausto, merece algumas reflexões pelas implicações com a segurança nacional, já que se trata de grupos orga-nizados e orquestrados do exterior, para atingir objetivos alheios aos interesses do País; mas em consonância com o novo governo israelen-se que elegeu o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, como alvo preferencial de seus ataques para justificar sua política expansionista na Palestina e no Oriente Médio.

O tema escolhido para obstaculizar essa visita, o holocausto, é assunto tabu em Israel, onde existe um memorial para lembrar o genocídio de seis milhões de judeus nas mãos dos nazistas. Mas, em outros países, como o Irã, ele é simplesmente negado, ou questionado em sua real extensão por alguns, com fez recentemente o bispo britânico

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Richard Williamson, que reduziu o número de vítimas para trezentos mil, advertindo que só mudaria sua colocação se fossem apresentados dados comprobatórios que contrariassem sua estimativa. Além disso, dentro da própria comunidade judaica há os que contestam essa tragé-dia coletiva, como um judeu radicado nos Estados Unidos da América, que recentemente escreveu um livro denunciando a existência de uma indústria do holocausto explorada por seus membros. Para o governo brasileiro, essa disputa não faz sentido, pois a defesa dos interesses do País deve se sustentar em fatos, e não em dados manipulados por terceiros para atingirem seus próprios objetivos. A lógica dos fatos, portanto, impõe uma reflexão mais aprofundada para encarar esse problema do ponto de vista do Brasil. Para isso, nada melhor do que repassar o significado da palavra “lógica”, consultando a enciclopédia livre Wikipédia: “Ao procurarmos a solução de um problema quando dispomos de da-dos como um ponto de partida e temos um objetivo a estimularmos, mas não sabemos como chegar a esse objetivo temos um problema. Mas se depois de examinarmos os dados chegamos a uma conclusão que aceitamos como certa, concluímos que estivemos raciocinando. Se a conclusão decorre dos dados, o raciocínio é dito lógico. A lógica (do grego clássico λογική logos) é uma ciência de índole matemática e fortemente ligada à Filosofia. Já que o pensamento é a manifestação do conhecimento, e que o conhecimento busca a verdade, é preciso estabelecer algumas regras para que essa meta possa ser atingida cor-retamente a fim de chegar a conhecimentos verdadeiros. Podemos, então, dizer que a lógica trata dos argumentos, isto é, das conclusões a que chegamos através da apresentação de evidências que a sustentam. O principal organizador da lógica clássica foi Aristóteles, com sua obra chamada Organon.” Partindo do pressuposto básico de que “é preciso estabelecer algumas regras para que essa meta possa ser atingida corretamente a fim de chegar a conhecimentos verdadeiros”, o primeiro passo para clarificar essa questão do holocausto, é saber se os fornos crematórios dos nazistas tinham capacidade para incinerar seis milhões de pessoas, ou mais, considerando que não só judeus foram sacrificados pelos alemães, nos dois anos de duração desse processo; isto levando-se em conta as fotos desses fornos divulgadas pela imprensa. Colocar seres humanos, aos milhões, nesses fornos, que mais se parecem com os de padaria, com uma só boca e de pequena dimensão, cremá-las, e retirar suas cinzas, requer uma logística industrial.

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Considerando apenas os judeus, seis milhões, e dando a cada um peso de 50 kg, são, segundo simples cálculos aritméticos, cerca de 300 milhões de quilos de carne e ossos para serem queimados. Em dois anos (730 dias), portanto, foram incinerados algo em torno de 82.190 indivíduos, por dia. Em turno de 24 horas, seriam 3.424 pessoas/hora. Aliás, todo esse processo teria que ser muito bem calculado – cálculos matemáticos –, abrangendo logística, energia térmica – usaram o quê? O descarte dos resíduos – onde? A poluição ambiental – usaram filtros para disfarçar o mau cheiro? E o apagamento de pistas, pois não foram encontradas nenhuma prova material, nem pedaços de ossos calcida-dos, além de galpões abandonados com prisioneiros esquálidos, mor-tos ou vivos; fato que contraria a mortandade em massa e sistemática dos judeus tão logo chegassem a esses campos. Como são muitas as perguntas que requerem respostas precisas, como exige o bispo britânico, a posição do governo brasileiro deve ser de cautela, pois quem deve mostrar essas provas são as três potências vencedoras da Segunda Guerra Mundial – Estados Unidos da América, Inglaterra e Rússia – que, em seus arquivos, possuem documentos comprobatórios de todos os fatos ocorridos naquele período, como fotografias aéreas e relatórios minuciosos de seus serviços secretos, que sabiam tudo o que se passava em território inimigo, inclusive nas instalações dos campos de concentração, pois poderiam produzir ar-mas, munições ou serem disfarces para outros fins bélicos. No entanto, essas potências, a quem Israel deveria recorrer para comprovar sua assertiva, até hoje não mostraram ao mundo nada que justificasse essa paranóia judaica – nem mesmo um documentário com imagens da época, fato comum em se tratando daquela guerra –, que agora querem impor ao mundo como verdade absoluta, um dogma de fé, exigindo que se puna quem disso duvidar, ou constrangendo países, como o Brasil, a adotarem, na marra, seus questionados pontos de vistas. Neste particular é bom lembrar que os judeus violam nossa Consti-tuição (Art. 5º , IV e IX), quando apelam para o antissemetismo toda vez que seus interesses são contrariados,pois espertamente misturam assuntos de Estado com questões de sua religião, como estão fazendo agora com o Irã, a bola da vez de sua estratégia de dominação da Pa-lestina e do Oriente Médio, este em parceria com os norte-americanos. Esta conduta dúbia foi há tempos denunciada pelo falecido presidente francês, De Gaulle, que exigiu que se decidissem a respeito, para evitar contradições perniciosas à paz mundial; fato que se repete na atualida-

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de, como informa o Jornal Estado de Minas (12/5/2009, p.17): “Uma nova guerra entre Israel e países árabes ou islâmicos poderá ocorrer em 12 a 18 meses se não houver progressos nas negociações de paz para o Oriente Médio, afirmou o rei Abdullah, da Jordânia, em entrevista publicada no jornal The Times. Ele participa da elaboração de um plano de paz americano para a região, que prevê uma ambiciosa ‘solução de 57 estados’, com o envolvimento de todos os membros da Organização da Conferência Islâmica.”

Essa iniciativa, como tantas outras, está destinada ao fracasso, pois os judeus tudo farão para sabotá-la, inclusive bombardeando o Irã. A eles só interessa o Armagedom, prelúdio da vinda do seu Messias, como comentei em três livros de minha autoria, disponíveis na Internet (www.dominiopublico.gov.br). É só esperar para ver, pois, segundo diversas profecias, esse apocalipse ocorrerá em 2012, último ano do primeiro mandato do presidente Barack Obama dos Estados Unidos, que, como seus antecessores, tudo fará para conquistar um segundo mandato, inclusive ir à guerra total contra os mulçumanos.

Diante desses fatos, é bom o governo brasileiro se precaver, evitando qualquer tipo de envolvimento com os países dessa região e dedi-cando seus recursos e energia para defender a América do Sul, único continente que escapará ileso dessa conflagração mundial. Para isso é necessário que nossos estrategistas elaborem um ambicioso plano de defesa continental, envolvendo todos os países da região, que leve em conta a ação de países nuclearmente armados dispostos a quaisquer aventuras para atingirem seus objetivos.

Agradecendo a atenção de V. Exas., e desejando-lhes sucesso em seus afazeres, subscrevo-me.

Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

PS: Constituição Federal – Artigo 5º.: [...] IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato. IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independen-temente de censura ou licença.

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Telavive de Olho na América Latina

Belo Horizonte, 2 de junho de 2009.Exmo. Sr.Luiz Inácio Lula da SilvaPresidente da RepúblicaPalácio do Planalto

Exmos.(as) Srs.(as) Senadores(as) e Deputados(as) FederaisCongresso NacionalBrasília –DF

Com cópias para os Jornais Estado de Minas e Folha de São Paulo, e para os Ministros de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger; da Defesa, Nelson Jobim; das Relações Exteriores, Celso Amorim e da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi.

Assunto: “Telavive de olho na América Latina”.

Prezados (as) Senhores (as),

No dia 13 de maio p.p., enviei a V.Exas. uma correspondência tratando da abortada visita do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad e as reações negativas da comunidade judaica no Brasil; tema este rela-cionado com assunto em epígrafe, que serviu de chamada para uma notícia publicada pelo Jornal Estado de Minas (31/5/2009, p. 21), que acrescenta o seguinte comentário a esta manchete: Estratégia – Israel, como tem status de observador na OEA, quer maior aproximação com países latino-americanos para afastar Irã. O que chama a atenção neste artigo, é o fato de o Estado de Israel ten-tar intrometer-se nos assuntos internos do Brasil e dos demais países latino-americanos, trazendo para este continente as intrigas que espa-lha no Oriente Médio, infernizando o mundo mulçumano para atingir seus objetivos estratégicos, como se observa no seguinte trecho deste artigo: “Israel lançará na próxima assembléia da Organização dos Es-tados Americanos (OEA) uma campanha para fortalecer a relação com a América Latina e resistir à ‘influência’ do Irã na região, disse ontem o vice-chanceler israelense, Dani Ayalon. Uma delegação liderada por

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Ayalon participará com essa meta da Assembléia Geral da Organiza-ção dos Estados Americanos (OEA) de terça-feira, em Honduras, onde buscará restaurar a ‘histórica amizade’ entre o povo judeu e os países latino-americanos, que, segundo ele, é anterior ao estabelecimento do Estado de Israel, em 1948. ‘A América Latina é um continente muito es-pecial para nós. Nossos melhores amigos e aliados estão lá. A maioria dos países que nos apoiaram na votação da ONU em 1947 que aprovou a criação de Israel foram da América Latina’, destacou Ayalon.” Essas observações merecem alguns comentários, como preliminar a esta carta e para complementar o que foi tratado na correspondência de 13 de maio. O primeiro deles é que, na América Latina, os judeus nunca foram bem recebidos, seguindo determinações da Espanha e Portugal, fato histórico sobejamente conhecido, e razão porque não criaram raí-zes nesta parte do continente americano. O segundo é sobre a votação na ONU em 1947 sobre a criação de Israel. Esta votação, como mui-tas outras ocorridas no processo de fundação dessa organização, foi presidida pelo Chanceler brasileiro Oswaldo Aranha, que simplesmente bateu o martelo para confirmar uma decisão da Assembleia. Nada de especial, portanto, nesse gesto mecânico. O que valeu foi o voto dos países participantes que criaram não apenas um Estado na Palestina, mas sim dois: um para os judeus e outro para os palestinos. Assim sendo, a existência de um está ligada umbilicalmente ao do outro. São, afinal de contas, irmãos siameses. Esta solução, que os judeus aceita-ram num primeiro momento, pois lhes era favorável, passaram, com o correr do tempo, a renegar, tão logo perceberam que poderiam mani-pular, em benefício próprio, os conflitos existentes nessa região e dos advindos dessa partilha equivocada. Desde então, o que fizeram foi espalhar intrigas de toda ordem, tor-nando o Oriente Médio num caldeirão do diabo, onde a paz não tem vez. Esse proceder maléfico agora querem repetir na América Latina. Portanto, é bom que os políticos e governantes deste continente se precavenham dessa estratégia maligna, ainda mais que a bonança bate às portas do Brasil e da América do Sul, um continente que cultua a paz, com o início da exploração das reservas de petróleo e gás natural do pré-sal, as quais se podem estender pela costa atlântica do Uruguai e Argentina, inclusive das Malvinas. Essa possibilidade alvissareira au-mentará a tensão entre os países de outros continentes, que estão com suas reservas em declínio ou em fase final de exploração, os quais pas-sarão a cobiçar essas e outras riquezas da América do Sul. É com esse

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objetivo que os judeus se estão movimentando em direção à América Latina, ou seja, dominar o poder econômico dos países dessa região, ou servir de testa de ferro para as potências dominantes, como estão fazendo no Oriente Médio. O Irã, no caso latino-americano, é apenas um pretexto para se posicionarem estrategicamente na região e estarem preparados para eventos futuros. É bom ter em mente que os judeus, como povo, esperam um Messias que lhes dará o domínio das nações, o qual virá precedido pelo Arma-gedon, apocalipse que os israelenses estão preparando para detonar com suas armas atômicas, pretextando um conflito com o Irã, país que sequer faz fronteira com o indefinido território de Israel. Este Es-tado, criado artificialmente pela ONU, por pressão dos britânicos, que queriam ficar livres dos judeus em seu território, transferindo-os para a Palestina, pode desaparecer do mapa não por um ataque do Irã, com suas inexistentes armas atômicas, mas sim por uma resolução da ONU, a pedido dos países árabes, tornando sem efeito o que foi decidido na Assembleia de 1947, já que o que ficou acertado até hoje não foi cum-prido. O que a ONU decidiu naquela ocasião, pelo voto de seus mem-bros, inclusive do Brasil, atendendo a um pedido da Grã-Bretanha, foi pela partilha da Palestina em dois Estados separados, judeu e palestino, com estatuto internacional especial para Jerusalém. Esse acordo entre nações, que deu aos judeus, de mão beijada, esse território, eles agora o sabotam de todas as formas possíveis, como bem enfatizou em editorial – Israel persiste no erro – o Jornal Folha de São Paulo (30/5/2009, p. A2): “Há 42 anos, desde que derrotou vi-zinhos árabes na Guerra dos Seis Dias e ocupou, entre outras áreas, o território palestino na margem ocidental do rio Jordão, Israel deslancha ali um programa de assentamentos injustificável, que agride o direito internacional. Sob Barack Obama, a Casa Branca volta a insistir no óbvio: o abandono dessa anexação sorrateira é crucial para a existência do Estado Palestino. [...] Para dar segurança aos assentados, o Exército israelense ali sustenta uma miríade de bloqueios rodoviários e postos de controle, que transtornam o cotidiano dos palestinos. [...] O premiê Binyamin Netanyahu, entretanto, afirma que vai permitir o ‘crescimento natural’ dessas colônias. Uma provocação irresponsável, além de cinis-mo na perpetuação do esbulho.”Agradecendo a atenção de V. Exas. e desejando sucesso em seus afa-zeres,

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subscrevo-me. Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

A Visita do Chanceler Israelense e a Participação do Brasil no Processo de Paz no Oriente Médio

(GUILA FLINT – BBC Brasil, de Tel Aviv –Folha Online – 20/7/2009):

“Em visita ao Brasil, chanceler israelense quer “alertar” país so-bre o Irã. As discussões sobre o Irã devem ser o principal assunto da visita ao Brasil do chanceler de Israel, Avigdor Lieberman, a partir desta terça-feira. O ministro israelense das Relações Exteriores deverá se en-contrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o chanceler Celso Amorim. Segundo a embaixadora Dorit Shavit, diretora-geral do departamento de América do Sul do Ministério das Relações Exteriores de Israel, ‘um dos assuntos mais importantes, que com certeza Lieber-man abordará, é o problema do Irã’. ‘Queremos alertar o Brasil sobre a ameaça iraniana. O Irã exporta o terrorismo para a América Latina e esteve por trás dos ataques à embaixada israelense e ao centro judaico Amia, em Buenos Aires’, disse a embaixadora à BBC Brasil. ‘Estamos cientes de que o Brasil tem interesses econômicos no Irã, mas é neces-sário abrir os olhos. O Irã não vem [ao Brasil] só por interesses eco-nômicos. Grupos terroristas como o Hamas e o Hizbollah, sustentados pelo Irã, podem vir a se infiltrar na América Latina’, afirmou.

Processo de paz – Sobre o interesse brasileiro de participar no processo de paz no Oriente Médio, a embaixadora disse que “’é difícil saber se, no futuro, o Brasil terá uma maior participação no processo de paz, mas esse assunto certamente será abordado durante as reu-niões do ministro Lieberman com os líderes brasileiros’. Os represen-tantes do Brasil e de Israel ouvidos pela BBC Brasil concordam que, apesar das divergências políticas, a visita é sinal de uma aproximação

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significativa entre os dois países. A visita do ministro Avigdor Lieber-man é a primeira de um chanceler israelense ao Brasil em 22 anos e ocorre pouco tempo depois que o Ministério das Relações Exteriores de Israel adotou mudanças estratégicas, que incluem a decisão de fortale-cer a colaboração com os países do grupo BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China). Além da visita do chanceler, o ministério israelense decidiu reabrir o consulado do país em São Paulo, que foi fechado em 2002. Também está programada uma visita ao Brasil do presidente de Israel, Shimon Peres, em novembro, que deverá ser retribuída por uma visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Israel em 2010. De acordo com o diplomata Sidney Leon Romeiro, encarregado do setor político da embaixada do Brasil em Tel Aviv, ‘existem divergências políticas entre os dois países, mas é para isso que existe o diálogo’.

Colaboração – Apesar de divergências no âmbito internacional, principalmente ligadas às relações com o Irã e ao conflito israelense-palestino, a colaboração bilateral Brasil-Israel cresceu significativamen-te nos últimos anos. O ministro Celso Amorim fez três visitas a Israel desde 2005, e o total do comércio entre os dois países mais que tri-plicou nos últimos quatro anos, crescendo de US$ 500 milhões para US$ 1,6 bilhão. ‘O lado brasileiro deverá levantar a questão do conflito israelense palestino’, disse Romeiro à BBC Brasil. ‘Consideramos que existe uma nova janela de oportunidade na região que deve ser explo-rada. Recentemente houve uma série de fatos positivos que podem facilitar a retomada do processo de paz, como a atitude do governo [de Barack] Obama, a aproximação entre os Estados Unidos e a Síria e as últimas declarações do premiê israelense Binyamin Netanyahu, reconhecendo a solução de dois Estados’, acrescentou. O Brasil vem sinalizando há anos que tem interesse em participar do processo de paz no Oriente Médio. No entanto, para o cientista político Jonathan Ry-nhold, da Universidade de Bar Ilan, ‘essa é uma ilusão’. ‘As chances de que o Brasil possa se transformar em um fator importante no processo de paz são praticamente nulas’, disse Rynhold à BBC Brasil. ‘O Brasil não tem os instrumentos necessários para exercer uma influência real

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nesta questão, pois não tem uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU, não está envolvido militarmente no Oriente Médio e não tem um capital diplomático para que possa se transformar em um agente importante no processo de paz’, afirmou o analista. Segundo Rynhold, ‘a colaboração bilateral pode amenizar o efeito das divergên-cias políticas’. ‘Boas relações bilaterais e econômicas são uma receita para amenizar confrontos no âmbito diplomático. Israel tem interesse em se aproximar de países importantes, como o Brasil, que têm uma força econômica e política crescente e estão distantes do conflito no Oriente Médio’, afirma. ‘Para o ministro Lieberman, que está bastante enfraquecido tanto internamente como no nível internacional, a visita ao Brasil confere prestígio e legitimidade’, acrescentou o analista. Avigdor Lieberman enfrenta uma investigação policial por suspeitas de fraude e lavagem de dinheiro e, no âmbito internacional, é considerado uma figura polêmica por suas posições de extrema-direita e por morar em um assentamento na Cisjordânia”.

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PARTE X

PREPARANDO O BRASIL E A AMÉRICA DO SUL PARA OS NOVOS TEMPOS

2003/2063 – Os Anos Decisivos para o Brasil e a América do Sul

Essas questões apocalípticas são discutidas nesta obra para aler-

tar os políticos, os governantes e a sociedade sobre a necessidade de

estarem atentos para os anos decisivos para o Brasil e a para a América

do Sul – 2003/2063, segundo as profecias de Dom Bosco –, para disso

tirarem o melhor proveito. Além disso, estarem também precavidos

para as tragédias que se abaterão, nesse período, sobre os povos que

vivem fora do continente, quando uma conjunção de fatores negati-

vos mudará os destinos da humanidade, fazendo da primeira metade

do século XXI o período mais dramático para a sobrevivência do ser

humano na face da terra desde a última glaciação. Para essa ocasião,

o Brasil deve estar muito bem preparado, militarmente, inclusive com

bombas atômicas, para se defender, e também a América do Sul, a

Antártida e oceanos adjacentes, de invasões de povos desesperados,

famintos e despedaçados, mas nuclearmente armados, que tudo farão

para conquistar um território habitável, por pequeno que seja, do que

restou intacto do Armagedon, para poderem sobreviver nesse espaço

vital, da destruição total.

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América do Sul – Um Continente Ameaçado pela Invasão dos Judeus

Israel, por exemplo, que tem sua existência contestada pelos pa-íses árabes e outros estados mulçumanos, em caso do Armagedom se instalar na Terra Santa, como rezam as escrituras, e saírem derrotados dessa batalha bíblica, procurarão safar-se buscando países pequenos e estratégicos, como o Uruguai, para ali se refugiarem e sobrevirem da hecatombe profetizada, e continuarem esperando o “Messias”, que lhes dará, conforme acreditam, a supremacia sobre as nações. Para dominarem esse país, basta colocarem suas bombas atômicas nos sub-marinos que possuem e assaltarem a banda oriental na calada da noi-te, numa invasão silenciosa, e se proclamarem donos desse território. Nesse momento, os uruguaios, desarmados, nada poderão fazer para detê-los, e muito menos o Brasil e demais países sul-americanos, que sem bombas atômicas para confrontá-los ficarão à mercê desse povo apátrida, cujo carma, ao longo da história, é invadirem terras alheias para sobreviverem, ocasião em que procuram não só destruir seus habitantes, como também se apropriarem de seus bens, fato que se repete na atualidade com os palestinos.

Nessa fuga desesperada, rumo à foz do Rio da Prata, os hebreus contarão não só com o apoio das comunidades judaicas instaladas em Buenos Aires, Porto Alegre e Montevidéu, as maiores do continente, e células regionais da rede mundial de informações do Mossad, o ser-viço secreto de Israel, mas também com o que restar, após a batalha do Armagedom, do poderio bélico dos seus patrocinadores: os norte-americanos, que têm interesse nessa aventura.

A exemplo do que aconteceu no final da Segunda Guerra Mun-dial, quando o Presidente Truman instalou os israelitas, fugitivos do holocausto nazista, no Oriente Médio, para desalojarem seus competi-dores – ingleses e franceses – e se apossarem do petróleo dos países árabes, os yankees desta vez estarão interessados em utilizar o Uruguai como cabeça de ponte para dominarem o cone sul e, a partir daí, o restante do continente, a Antártida e o Atlântico sul e o Oceano Pací-

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fico, e dessa forma continuarem a existir como nação, pois a América do Norte e o Ártico, devastados pelos artefatos nucleares, químicos e biológicos do Armagedon, ficarão inabitáveis por milênios.

Porto Alegre (RS) sanciona lei que torna obrigatória aula de Holocausto

Os primeiros passos nesse sentindo já se fazem sentir, como a preparação de uma quinta-coluna no Rio Grande do Sul e, por ex-tensão, na tríplice fronteira, a partir de uma “lavagem cerebral” da ju-ventude porto-alegrense; assunto abordado na carta abaixo enviada ao Presidente da República em 19 de outubro de 2010.

Belo Horizonte, 19 de outubro de 2010.

Exmo. Sr. Luiz Inácio Lula da SilvaPresidente da RepúblicaPalácio do PlanaltoBrasília – DF

Com cópias para os Exmos. Srs. Vice-Presidente da República, José Alencar; Ministro da Defesa, Nelson Jobim; Deputados(as) Federais e Partidos Políticos. Com cópias também para os jornais Estado de Mi-nas, O Tempo e Folha de S. Paulo.

Assunto: Porto Alegre (RS) sanciona lei que torna obrigatória aula de Holocausto.

Prezado Senhor Presidente,

Sob o título acima, a Folha Online (18/10/2010) traz uma notícia, trans-crita a seguir, que merece uma reflexão maior por parte dos políticos e governantes do País, pelas implicações que tem, na formação intelec-tual da juventude brasileira, mercê que está de manipulações por parte de entidades estrangeiras que pregam ideias e conceitos estranhos à cultura brasileira, e para a defesa nacional, em face das implicações ge-

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opolíticas que encerra. Para atingirem objetivos estratégicos de poder e mando, em escala global, os judeus usam o chamado “holocausto” como arma de propaganda; situação esta bem exemplificada na luta para se imporem na Palestina e no Oriente Médio, fatos discutidos à exaustão pela imprensa. Agora, usam esses mesmos argumentos para semearem a discórdia na chamada tríplice fronteira, zona de fraqueza onde podem meter uma cunha de intrigas para se tornarem, como no Oriente Médio, testas de ferro dos norte-americanos, aos quais servem caninamente. Para isto, nada mais apropriado do que começarem por Porto Alegre, cidade que, juntamente com Montevidéu, no Uruguai, e Buenos Aires, na Argentina, aloja a maior concentração de judeus da América do Sul. Além desses aspectos, é bom frisar que o ensino do holocausto será ministrado com o apoio da Federação Judaica, segundo o noticiário em questão. Neste caso, outras implicações devem ser consideradas. Em primeiro lugar, é saber qual o papel dos rabinos nesse processo? A religião entrará na pauta das aulas? Como ficará a laicidade do ensino, uma opção republicana? Será revogada? Como ficam os mulçumanos brasileiros em face dessa questão, principalmente os da tríplice frontei-ra? A questão da criação do estado judaico na Palestina será conside-rada? E a posição dos descendentes dos alemães no sul do País, será confrontada? Haverá discussão envolvendo essas comunidades? Quem levantará a controvérsia sobre esse assunto? Ou só um lado dessa questão controvertida, que é o holocausto, será ensinado nas escolas? A intenção em colocar essa matéria no currículo escolar não esconde objetivos racistas, como levantar a “posição anti-semita” de certos alu-nos e de seus pais, ou de professores ou professoras? Qual o papel do Mossad, o serviço secreto israelense, nesse processo, já que os membros da comunidade judaica vivenciam de forma intensa o drama que se desenrola na palestina, onde seu destino está sendo jogado e os habitantes dessa terra monitorados a cada passo, inclusive com seus DNAs arquivados em banco de dados? O que nós brasileiros temos com isso, e por que as crianças porto-alegrenses devem sofrer uma lavagem cerebral para se alinharem com uma filosofia racista e prenhe de ódio? Todas estas questões devem merecer por parte de V.Exa., Sr. Presi-dente, e dos demais políticos e governantes brasileiros, uma atenção redobrada, pois dizem respeito aos interesses maiores da Nação, que não pode assumir o drama de uma comunidade que nada faz em favor

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da paz; pelo contrario, só age para semear ódio e vingança por onde passa, como registra os anais da história e estes acontecimentos em Porto Alegre.

Agradecendo a atenção de V. Exas., subscrevo-me.

Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

Porto Alegre (RS) sanciona lei que torna obrigatória aula de Holocausto

“O prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (PDT), sancionou nesta segunda-feira uma lei que torna obrigatório o ensino do Holo-causto na rede municipal de ensino. Será formado um grupo técnico da Secretaria da Educação com o apoio da Federação Judaica, e a obriga-toriedade começa a valer a partir de 2011. O projeto estabelece que o ensino sobre o Holocausto – extermínio de judeus na Europa durante o regime nazista (1933-45) – seja desenvolvido junto ao conteúdo de história. “É uma visão humanista, plural e libertária. O Holocausto foi o maior massacre de pessoas inocentes. Queremos que as crianças conheçam a história e reflitam sobre os valores da vida”, afirmou o autor da proposta, vereador Valter Nagelstein (PMDB). Porto Alegre, onde já houve registros de casos de violência envolvendo neonazistas e “skinheads”, é a primeira cidade do país a aprovar um projeto nesse sentido, de acordo com a Confederação Israelita do Brasil. “Uma das maneiras de combater a violência é através de políticas de paz, com reflexão, para buscarmos a convivência plural e harmônica entre todos. Nesta cidade queremos conviver com a tolerância, respeitando as dife-renças, disse o prefeito em cerimônia no Paço Municipal. O cônsul de Israel em São Paulo, Ilan Sztulman, comemorou a iniciativa de Porto Alegre. “Em nome do Estado de Israel, agradeço à cidade pela grande demonstração de aceitar a multicultura. É um momento de muita co-moção.”

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A Invasão da Europa

Essa história de derrotas e fugas é fruto da ambição desme-dida e arrogante dos norte-americanos e israelitas de conquistarem a supremacia das nações, adotando, para isso, estratégias equivoca-das e desastradas. Entre os objetivos imediatos dos judeus, por exem-plo, está a consolidação e ampliação de seus domínios na Palestina, para restaurar o Grande Israel e reconstruir o Templo. Num segundo momento, aproveitando-se das mazelas da seca e da fome mundial, fomentar a rivalidade dos mulçumanos contra os cristãos europeus, com vistas a formar uma aliança revanchista, visando a um só tempo, além da busca de água e alimentos: a) irem à forra da derrota sofrida com a invasão dos romanos, quando o templo foi destruído e foram expulsos da palestina; b) permitirem aos mulçumanos uma revanche dos massacres dos cruzados; c) darem aos árabes a oportunidade de se vingarem dos ibéricos pela sua expulsão deste território europeu no fim da Idade Média; d) vingarem-se das fogueiras da Santa Inquisição, particularmente da espanhola; e) permitirem aos turcos a sua própria revanche contra os europeus pela perda do Império Otomano, e rejei-ção ao seu ingresso na comunidade europeia; f) meterem os alemães numa fornalha atômica para se vingarem do holocausto nazista; e g) finalmente, juntos – israelitas e mulçumanos – destruírem o Vaticano, síntese do Cristianismo, da civilização ocidental e de todos os males que julgam terem sofrido ao longo da Era Cristã.

As Profecias de NostradamusA invasão da Europa, segundo as profecias de Nostradamus,

começa pela Itália, com a destruição de Roma e seus monumentos e a fuga do papa, seguida de ocupação da França e incêndio de Paris, cul-minando com a morte do último papa neste país (FONTBRUNE, 1982). Todavia, como o próprio Nostradamus previu (SEXTILHA 34), o que vão conseguir, com tal “ato enorme e execrável”, será a ruína econô-mica. Com esse plano estratégico, os judeus pretendem abrir caminho

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para a vinda do seu “Messias”, que lhes dará o domínio do mundo e a supremacia das nações, esquecendo-se de que as promessas messiâ-nicas dizem respeito ao plano espiritual e não material.

A Decodificação da Mensagem BíblicaA chave para decodificação desta mensagem bíblica começa pela

história de Abraão e Sara, que geraram Isaac na velhice, prossegue na de Zacarias e Isabel, que na mesma faixa etária geraram João Batista, o último profeta do Velho Testamento, e termina na de José e Maria que geraram o Messias cristão, na força da juventude, marcando o início de uma nova era para a humanidade. A confirmação desse ciclo renovador está sintetizada na destruição dos dois velhos templos construídos na colina de Sião, e na edificação de um novo templo na colina do Vatica-no, como o próprio Cristo profetizou; fato sacramentado na queda de Jerusalém e na ascensão de Roma como centro universal de fé, e o Papa, Pontífice Máximo dos cristãos, como sucessor do Sumo Sacer-dote Judeu, que se dedicava exclusivamente a seu povo, dito “eleito”.

Cartas ao Exmo. Sr. Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva

Para finalizar esses comentários sobre os conflitos no Orien-te Médio, prenúncio do apocalíptico Armagedom, e os novos tempos profetizados por Dom Bosco para o Brasil e a América do Sul, trans-crevo a seguir três cartas dirigidas ao Presidente Lula abordando essas questões, datadas de 11 e 4 de junho e 23 de janeiro de 2010. Mais informações a respeito, inclusive sobre a Era do Pré-Sal, o leitor poderá encontrar em quatro livros de minha autoria, disponíveis na Biblioteca Digital do Governo Federal (www.dominiopublico.gov.br), intitulados: Decifrando um enigma chamado Brasil (2006, 2ª ed.), O Brasil das Profecias – 2003/2063 – os anos decisivos (2008), A mensagem codi-ficada sobre o Brasil nas profecias de Dom Bosco (2009, 3ª ed.), e A viagem dos sonhos – de Cartagena, na Colômbia, a Punta-Arenas, no Chile (2010, 3ª ed.).

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As Mensagens Proféticas de Aleijadinho

Belo Horizonte, 11 de junho de 2010.

AoExmo. Sr. Presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da SilvaPalácio do PlanaltoBrasília – DF

Com cópias para o Exmo. Sr. Vice-Presidente da República, José Alen-car, e Exmos. Srs. Ministros da Defesa, Nelson Jobim; e de Assun-tos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães. Com cópias também para os Exmos.(as) Srs.(as) Governadores(as) dos Estados da União; Deputados(as) Federais; Senadores Pedro Simon, Jarbas Vasconcelos e Demóstenes Torres, e Jornais Folha de S. Paulo e Estado de Minas.

Assunto: As eleições presidenciais de 2010 e os conflitos no Oriente Médio.

Prezado Senhor Presidente,

No último dia 4, enviei a V. Exa. carta tratando do assunto em epígra-fe, cuja cópia vai em anexo. Agora, com o desfecho desfavorável ao Brasil, em suas iniciativas para levar a paz ao Oriente Médio, volto a tratar deste assunto, porém baseado em profecias bíblicas que regem os destinos daquela região, marcada que é pela religiosidade, mas que contém mensagens esclarecedoras do que se passa e o caminho que o Brasil deve seguir para ficar longe desse drama apocalíptico que mal começou. Estas mensagens estão gravadas nos escudos das imagens de três dos profetas esculpidos por Antônio Francisco Lisboa, dito o Aleijadinho, e que se encontram no adro da Igreja de Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, no Estado de Minas Gerais.

São elas, as constantes do Capítulo 35 do Profeta Jeremias, que trata dos nômades (recabitas) que não bebiam vinho e que se refugiaram em Jerusalém, centro religioso desqualificado por este profeta, que não se cansava de “proferir oráculos contra a falsa confiança posta no templo de Jerusalém (7, 1-15)”, como reza a Bíblia Sagrada da CNBB (2001);

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as do Capítulo 6, do Profeta Isaias, que traça o trágico destino do povo judeu: “Até ficarem desertas as cidades, sem habitante algum, as casas vazias, sem moradores, e os terrenos abandonados, desocupados”; e as do Capítulo 6, do Profeta Daniel, que registra a benevolência como foram tratados os judeus pelos reis dos persas, e que agora querem retribuir com agressões, inclusive atômicas.Em síntese, essas mensagens ensinam: que os árabes mulçumanos (os nômades que não bebiam vinho) continuarão habitando em tendas, como sempre fizeram, nas areias do deserto, que engolirá todos os monumentos aí erguidos tão logo as reservas petrolíferas se esgotem; que o povo judeu não fixará raízes na Palestina, de onde será nova-mente expulso, desta vez de forma definitiva, em virtude da hecatombe atômica que os aniquilará; e, finalmente, que o Irã, antiga Pérsia, mais uma vez dará acolhida aos sobreviventes, que não terão mais para onde ir, pois nenhum país do mundo irá recebê-los. Isto acontecerá porque conhecem a trajetória européia do povo judeu, marcada por expulsões desde os tempos dos romanos; expulsões estas que só encontraram seu termo com o advento do nazismo e o fim da Segunda Guerra Mun-dial, quando, finalmente, viram-se livres de sua presença indesejável, como registra os anais da história. O que o Brasil deve fazer neste momento de perplexidade, para sair com honra e prestigiado dessa região de conflitos, e da enrascada em que se meteu, é estimular a Turquia e o Irã, com os quais formou o “trio parada dura” de confronto com as grandes potências, a firmarem um tratado de defesa e de livre comércio, incluindo a Síria e o Líbano, para poderem enfrentar com êxito as maquinações dos norte-americanos e judeus visando ao domínio dos campos petrolíferos do Oriente Médio e da Ásia Menor. Este bloco de livre comércio, uma vez consolidado, poderá estabelecer vínculos com o Mercosul, numa parceria que será benéfica a todos os participantes. O primeiro passo nesse sentido já foi dado pela Turquia, como informa a Folha Online (10/6/2010): “Em um discurso realizado diante de um fórum de ministros árabes e turcos, o primeiro-ministro Tayyip Erdogan também anunciou planos para formar uma zona de livre comércio regional com três Estados árabes – Jordâ-nia, Líbano e Síria. A medida aumenta as preocupações, expressadas na quarta-feira pelo secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, de que a Turquia, aliada do Ocidente, corre o risco de inclinar-se para o Oriente devido à resistência na Europa à sua proposta de se tornar membro da União Européia”.

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Uma vez se desvencilhado dos conflitos do Oriente Médio, o governo brasileiro deve voltar sua atenção para os problemas que realmente in-teressam ao nosso País, como, por exemplo, os relacionados à divisão dos royalties do pré-sal, tema de vital importância para os municípios brasileiros e sobre o qual V. Exa. se opõe, como informa a Folha Online (10/6/2010): “Contrariando determinação do presidente Lula, o Senado aprovou nesta madrugada emenda do senador Pedro Simon (PMDB-RS) que divide de forma igualitária os dividendos da exploração do petróleo dos atuais contratos e das áreas a serem licitadas. O governo foi derrotado por 41 votos a favor da proposta e 28 contra. Os sena-dores definiram ainda que caberá à União compensar as perdas de Estados produtores como Espírito Santo e Rio de Janeiro, os principais prejudicados pela emenda. Há três meses, o governo já havia sofri-do a mesma derrota na Câmara dos Deputados, que aprovou emenda dividindo os royalties do petróleo entre os fundos de participação de Estados e Municípios”. O Congresso Nacional está agindo corretamente, pois esses benefícios não se destinam a cobrir gastos com a recuperação do meio ambiente, em caso de acidentes na exploração de petróleo ou gás, como fal-samente alegam alguns Estados litorâneos. Como está ocorrendo no Golfo do México, quem paga a conta é a empresa petrolífera diretamen-te envolvida neste acidente, e o governo norte-americano, que tem a responsabilidade pelas concessões. Nenhuma unidade federativa ame-ricana do Golfo do México irá arcar com os eventuais prejuízos. Aqui no Brasil, no litoral sudeste, todos os danos ao meio ambiente têm sido pagos pela Petrobras e o Governo Federal, que se apressa em prestar assistência tão logo algum acidente grave ocorra. Além do mais, é preciso considerar que os Estados litorâneos da Re-gião Sudeste estão recebendo investimentos maciços para a exploração das reservas de petróleo e gás da Plataforma Continental, arcando os demais Estados da federação com os custos desses projetos, inclusive com os generosos incentivos fiscais e creditícios, que nem de longe sonham em receber. Portanto, são Estados privilegiados que não de-vem amesquinhar-se negando a outros entes federados os direitos que lhes são assegurados pela Constituição, de receberem os royalties pela exploração destes bens da União. Aliás, as compensações previstas pela emenda do senador Pedro Simon (PMDB-RS), para os Estados dito “produtores”, já são pagas na forma desses pesados investimentos em portos, transportes ferroviários, siderurgias, estaleiros e incentivos de toda a ordem.

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Agradecendo a atenção e desejando sucesso ao governo de V. Exa., subscrevo-me.

Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

As eleições presidenciais de 2010 e os conflitos no Oriente Médio.

Belo Horizonte, 4 de junho de 2010.

AoExmo. Sr. Presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da SilvaPalácio do PlanaltoBrasília – DF

Com cópias para o Exmo. Sr. Vice-Presidente da República, José Alencar, e Exmos. Srs. Ministros da Defesa, Nelson Jobim; das Re-lações Exteriores, Celso Amorim; e de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães. Com cópias também para os Exmos.(as) Srs.(as) Deputados(as) Federais; Senadores Pedro Simon, Jarbas Vasconcelos e Demóstenes Torres, e jornais Folha de S. Paulo e Estado de Minas.

Assunto: As eleições presidenciais de 2010 e os conflitos no Oriente Médio.

Prezado Senhor Presidente,

A imprensa tem noticiado o empenho do governo brasileiro em se meter nos assuntos internos de outros países, onde a presença do Brasil não se faz necessária, e cujos resultados podem prejudicar o nosso País a curto, médio e longo prazos. Este desvio de comportamento, abordei em carta dirigida a V. Exa., datada de 23 de janeiro do corrente ano, cuja cópia vai em anexo, razão por que tratarei nesta correspondência, como cidadão, da fatídica herança legada ao próximo presidente, ou presidenta, da República, dessa política equivocada, em seus dois focos principais: o Oriente Médio e a América do Sul.

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As profeciAs de dom Bosco e A erA do pré-sAl 127

No primeiro caso, o Oriente Médio, onde um processo apocalíptico está em andamento, o risco que o Brasil corre, nele se envolvendo, é o mesmo experimentado por V. Exa. como metalúrgico: sair mutilado por acidente de trabalho. Essa engrenagem perigosa, manipulada com luvas de pelica pelos atores diretamente interessados nessa região – Os Estados Unidos da América, a União Europeia, a Rússia, a China e a Ín-dia –, parece-se muito com um engenho de açúcar, como os existentes em Pernambuco, terra de V. Exa. Neste ambiente de trabalho cheio de armadilhas, pessoas estranhas circulando desatentas podem se aciden-tar, inclusive ser tragada pela moenda, caso dela se aproxime sem os devidos cuidados. Fato muito semelhante ocorre com Vossa Excelência que circula no Oriente Médio, um ambiente estranho aos brasileiros, cavalgando um corcel fogoso chamado Brasil, portando um chicote do qual faz uso para domar as feras que nessa arena se digladiam, razão por que deve ter muito cuidado, pois qualquer descuido a ponta do chicote pode entrar nessa engrenagem arrastando não só o chicote e o cavaleiro, mas também o próprio cavalo. Na melhor das hipóteses, numa manobra de emergência, para evitar o pior, alguém sairá mutilado desse acidente, que, espera-se, não seja o cavalo.Dois exemplos sintetizam a complexidade dos interesses em jogo nessa região, conturbada por séculos de disputas de todas as espécies e nas quais o Brasil nada tem que ver: a luta dos judeus para se apossa-rem integralmente da “Terra Prometida” e a do Irã para dominar os segredos do átomo. Os judeus, desde o retorno à Palestina, têm-se comportado como um dinossauro redivivo que não se adapta aos no-vos tempos, agredindo indiscriminadamente todos os outros animais, mais evoluídos, que agora ocupam o espaço em que então habitava. Isto acontece porque os judeus vivem em função de seu livro sagrado – a “Tora” – compilado em eras remotas para orientar comunidades primitivas. Desde então, a humanidade evoluiu criando novas normas de relacionamento entre pessoas e nações, a principal delas abolindo a “Lei de Talião” (olho por olho, dente por dente), que os judeus copia-ram de povos mais antigos ainda, mas que na atualidade só serve para incentivar o ódio e os conflitos, como se vê no território artificial criado pela ONU no Oriente Médio. Como nem os judeus, nem os palestinos, têm seus territórios demar-cados, com limites reconhecidos pelos seus vizinhos e a comunidade internacional, o que ocorre nessa região é uma luta regida por essa lei; luta esta que só terá fim quando o “messias” dos judeus aparecer e

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colocar em suas mãos o domínio do mundo, como esperam há milê-nios. Até lá, a ultrapassada “Lei de Talião”, escudada na bomba atômica judaica, prevalecerá, a menos que o Irã construa sua própria bomba e mude essa lei por outra, também retrograda: a prescrita no “Alcorão”, o livro sagrado dos mulçumanos. É neste ambiente de complexas dispu-tas religiosas, ambições territoriais, domínio de recursos naturais e po-der de mando que o Brasil se está intrometendo. Competirá, portanto, ao vencedor das próximas eleições presidenciais, retirar o nosso País desse atoleiro insano, pois essas batalhas infindáveis somente encon-trarão seu termo, segundo os profetas bíblicos, quando o Armagedom aí se instalar, um evento espetacular que porá fim à atual civilização terrena. Para alguns crédulos, isto acontecerá em dezembro de 2012, coincidentemente o último mês do mandato do atual presidente norte-americano, que por certo fará como seu antecessor para se reeleger: detonar uma guerra no Oriente Médio.

No segundo caso, a América do Sul, as questões levantadas na carta anexa continuam de pé. Deve-se apenas acrescentar que a provável vitória do candidato da situação nas eleições colombianas trará para o continente mais elementos de desestabilização, sabotando os esforços do Brasil e de outros países sul-americanos para fortalecer o Mercosul, a Unasul e o Conselho de Defesa Sulamericano (CDS), como informa o Jornal Estado de Minas (2/6/2010, p. 17): “O candidato a presidente da Colômbia Juan Manuel Santos defendeu que seu país se junte a Chile e México em desempenhar um papel mais ativo no cenário internacional, deixando seu violento passado para trás. Em entrevista, Santos propôs o envolvimento da Colômbia em organismos internacionais como a Or-ganização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan)”. Esta postura tem tudo que ver com a ingerência dos norte-americanos nos assuntos internos da Colômbia, os quais moverão céus e terra para barrar a lide-rança do Brasil na América do Sul, principalmente agora que o nosso País resolveu confrontar essa grande potência num território caro aos seus objetivos estratégicos: o Oriente Médio. É um desafio que nos poderá custar caro, se o próximo Presidente da República não redefinir os objetivos estratégicos da nação brasileira, concentrando os esforços no fortalecimento de nosso relacionamento com os vizinhos da América do Sul, relegando para um segundo plano os assuntos de países de outros continentes.

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Agradecendo a atenção e desejando sucesso ao governo de V. Exa., subscrevo-me.

Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

A estratégia global das grandes potências

Belo Horizonte, 23 de janeiro de 2010.

Exmo. Sr. Luiz Inácio Lula da SilvaPresidente da RepúblicaPalácio do PlanaltoBrasília – DF

Com cópias para o Exmo. Sr. Vice-Presidente, José Alencar, e Exmos. Srs. Ministros da Defesa, Nelson Jobim; das Relações Exteriores, Celso Amorim; e de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães. Com cópias também para os jornais Folha de São Paulo e Estado de Minas.

Assunto: A estratégia global das grandes potências e as três pedras de tropeço nas relações Brasil/Estados Unidos da América: América Central, América do Sul e Oriente Médio.

Prezado Senhor Presidente,

O Brasil, no governo de V. Exa., em matéria de política externa, está se comportando como uma prostituta que fica na praça oferecendo seus dotes a quem interessar possa. Esta dura comparação é feita em função do posicionamento equivocado do País nos casos de Honduras, do Haiti e nas disputas infindáveis do Oriente Médio. Em nenhuma dessas situações, os interesses maiores da nação brasileira estão em jogo, mas, para as grandes potências, particularmente os Estados Unidos da América, são de vital importância para a manutenção de seu poderio econômico e militar.No Oriente Médio, onde o nó iraniano será desatado pelos Estados Unidos da América, da mesma forma como fez Alexandre, “o Grande”,

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com o nó górdio – um golpe certeiro, neste caso, atômico –, tem um objetivo bem claro, e do qual não fazem nenhum segredo: terem livre acesso ao petróleo da Ásia Menor e do Oriente Médio e se colocarem em posição de mando diante dos países-chave da região, os chamados “istão” (Paquistão, etc.), para assim estarem em condições de enfrentar as potências regionais que visam ao mesmo objetivo: Rússia, China e Índia. É a repetição, pelos norte-americanos, em pleno limiar do tercei-ro milênio, do vitorioso “Golpe de Foice” dos nazistas. Portanto, é uma jogada para cachorro grande, como se diz. E o Brasil, o que tem a ver com isso? Nada! Absolutamente nada! É um enxerido que é tratado com desprezo e chacota pelos países envolvidos nesse drama apoca-líptico, como fez recentemente o Premiê Netanyahu, de Israel (jornal Folha de São Paulo, 21/1/2010, p. A22): “Questionado pela Folha sobre a pretensão brasileira de ter parte no processo de paz, durante entre-vista coletiva em Jerusalém, Netanyahu primeiro reagiu com humor, propondo ‘compartilhar também o território e a água’. Após arrancar gargalhadas dos jornalistas, respondeu: ‘Como o Brasil pode ter um papel aqui? Acho...’”.No caso de Honduras e do Haiti, o que está em jogo são os interesses vitais dos norte-americanos na América Central, os quais consideram as regiões do Golfo do México e do Mar das Antilhas extensões de seu próprio território continental, o famoso “quintal americano”, e das quais não abrem mão de seu poder de mando a quem quer que seja, muito menos a países que mal podem caminhar com as próprias pernas, como Cuba, Venezuela e o Brasil; embora nosso País tenha um grande potencial, apenas potencial, nada de concreto, por enquanto... Digo, por enquanto, porque os Estados Unidos da América estão tecendo uma teia estratégica para imobilizar o nosso País, e em seguida sugar nossas riquezas, a começar pelo petróleo do pré-sal, que reativou o seu apetite, até então adormecido, pelos recursos naturais do continente sul-americano. Para isto, estão pondo em prática um plano com várias etapas, visando a objetivos a curto, médio e longo prazos. Em um primeiro momento, sorrateiramente, reativaram a Quarta Frota, tão logo vazaram informa-ções sobre o potencial do pré-sal. A seguir, em função da perda de uma base militar no Equador, implantaram várias na Colômbia, também sem fazer muito alarde. O passo seguinte foi sabotar, nos bastidores, a interferência do Brasil em Honduras, que, inocentemente ou desa-visado, agiu como pau-mandado de Hugo Chávez, ao dar guarida ao

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presidente deposto. O resultado é que enquanto Chávez se cala, o Brasil sai derrotado e humilhado, com o rabo entre as pernas, dessa aventura inconsequente. Agora os norte-americanos investem, ostensivamente e maciçamente, recursos financeiros e militares para “salvar” o Haiti e dar um “chega pra lá” nos militares brasileiros que estão nesse país a serviço da ONU. Todas essas peças de xadrez são movimentas em um tabuleiro que abrange também a América do Sul. Esta, sim, interessa ao Brasil. É aqui que se prepara as próximas jogadas para o xeque-mate, e sobre ela é que nosso País deve concentrar esforços e atenções, agora, mais do que nunca, pois uma etapa importante da estratégia norte-americana de nos cercar e nos imobilizar ganhou mais um reforço: a eleição de Sebastián Pinera para presidente do Chile. Este político já sinalizou, antes mesmo da posse, que quer alinhar-se com os norte-americanos, ao disparar críticas a Hugo Chávez. Olhando o mapa da América do Sul, pode-se ver as implicações estratégicas desse alinhamento para o Brasil, pois o Chile, juntamente com os outros dois aliados dos Estados Unidos – o Peru e a Colômbia –, formam um cinturão contínuo ao lon-go da costa sul-americana do Pacifico, desde a Antártida até o Mar das Antilhas. A única exceção é o Equador que já está isolado. Diante de um panorama estratégico como esse, de vital importância para o nosso País, o que faz o governo brasileiro? Dispersa-se em disputas alheias, como o Oriente Médio, Honduras e Haiti, criando atri-tos desnecessários com a maior potência da atualidade – os Estados Unidos da América. Acorda, Brasil! Como ensina a sabedoria bíblica: “Mateus, primeiro os teus”! Com este objetivo em mente, o governo brasileiro tem duas opções para neutralizar esse cerco norte-americano. A primeira delas é de cunho pacífico, a qual, além de neutralizar esse cerco norte-americano, pode melhorar substancialmente nossas rela-ções políticas e econômicas com os nossos vizinhos sul-americanos: construir a Ferrovia Transcontinental Dom Bosco, ligando a cidade de Cartagena, na Colombia, a Punta Arenas, no Chile, cortando a porção central da América do Sul, de norte a sul. Esta ferrovia está descrita em um livro de minha autoria, intitulado A mensagem codificada sobre o Brasil nas profecias de Dom Bosco, disponível na Biblioteca Digital do Governo Federal (www.dominiopublico.gov.br). A segunda opção, de caráter bélico, visa a romper esse cinturão sanitá-rio em dois pontos estratégicos, para isolar os países da costa do Pací-fico e garantir ao Brasil acesso e bases militares nessa costa oceânica,

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com vistas a reforçar as defesas de nossas fronteiras, a oeste, de um ataque nesse flanco. Isto é estrategicamente necessário, pois os Andes, uma barreira natural, não é suficiente para nos proteger, como bem demonstrou Aníbal, ao transpor os Alpes e atacar os romanos por onde menos esperavam: sua retaguarda desguarnecida. O primeiro desses pontos situa-se na divisa do Chile com o Peru. Neste caso, apoiando a Bolívia em suas demandas pela recuperação dos territórios perdidos que lhes davam acesso ao Pacífico. A contrapartida exigida pelo Brasil, para dar esse apoio, seria ter direito a um porto livre nesse território, inclusive para montar uma base aeronaval, e acesso ferroviário ligando essa base ao território brasileiro, passando por Santa Cruz de La Sierra. O segundo ponto a ser rompido seria na fronteira do Peru com a Co-lômbia. Neste caso, apoiando o Equador em sua pretensão de ter uma saída para o Oceano Atlântico através do Rio Amazonas. Para isto, o Brasil apoiaria a criação de uma zona de acesso, separando o Peru da Colômbia (erro no original enviado: “separando o Peru do Equador”) desde Letícia, na tríplice fronteira, até o território equatoriano. Esta faixa compreenderia toda a região entre os Rios Putumayo, que separa o Peru da Colômbia, e Napo, este em território Peruano. Neste caso também, a contrapartida do Brasil seria ter livre acesso ao Oceano Pacífico por meio de uma ferrovia ligando Letícia ao litoral equatoriano, onde poderia, também, construir uma base aeronaval servida por essa ferrovia.

De todas as opções, para defender o Brasil e a América do Sul do cerco norte-americano e manter a paz e a integridade no continente, a mais indicada é a construção da Ferrovia Transcontinental Dom Bosco, a qual possibilitará, também, o desenvolvimento econômico e social dos povos sul-americanos, a exploração racional de seus recursos naturais e a implantação definitiva do Mercosul e da UNASUL.

Agradecendo a atenção e desejando sucesso ao governo de V. Exa., subscrevo-me.

Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

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PARTE XI

A IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA DA REGIÃO SUDESTE DO BRASIL

As Novas Ferrovias da Região Sudeste do Brasil

Para dar sustentação à construção da Ferrovia Transcontinental Dom Bosco, e torná-la um instrumento eficaz para promover o desen-volvimento econômico e social da América do Sul, é necessário que se faça um estudo abrangente de todo o sistema ferroviário brasileiro e sul-americano, visando a uniformizar bitolas e outros procedimentos, que as tornem uma malha ferroviária unificada, rápida e eficiente, ligan-do o interior do continente aos portos do Atlântico e do Pacifico.

Uma das regiões brasileiras, prioritária para esse tipo estudo é a Região Sudeste, onde se concentra o principal das atividades indus-triais, comerciais e portuárias do País, e do continente, mas carente de uma infraestrutura de transportes eficiente, fato que pode comprometer a realização dos sonhos de Dom Bosco. Isso acontecerá porque nessa região se concentram, também, as maiores reservas de minério de ferro, petróleo e gás natural do planeta, as quais farão dessa região o motor do desenvolvimento econômico e social do Brasil e da América do Sul, desde que haja ferrovias e portos de primeira linha.

Para alertar o Presidente da República para tais fatos e colocar o empresariado a par desse alerta, escrevi ao Presidente Lula doze cartas, datadas de 17, 23 e 27 de julho, 1, 17 e 22 de setembro, 16 e 26 de outubro, e 10, 13, 14 e 21 de novembro de 2010 . Além disso, escrevi, também, ao Governador de Minas Gerais, Antônio Augusto Anastásia

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outras oito cartas, datadas de 14, 19, 24 e 28 de agosto; 10 e 25 de novembro e 17 e 22 de dezembro de 2010, reforçando os argumentos expostos nessas correspondências, e cobrando dos políticos mineiros uma atuação mais firme na defesa do desenvolvimento econômico e social de Minas Gerais, Estado chave no contexto federativo. Essas vin-te cartas, bem como outras quatro dirigidas aos políticos e governantes do País, tratando da atualidade brasileira, datadas de 26 de setembro, 7 de outubro, 16 e 19 de novembro de 2010, compõem este e os pró-ximos quatro capítulos desta obra.

A Construção da Ferrovia Belo Horizonte-São Paulo

Belo Horizonte, 17 de julho de 2010.

Exmo. Sr. Luiz Inácio Lula da SilvaPresidente da RepúblicaPalácio do PlanaltoBrasília – DF

Com cópias para os Exmos. Srs. Vice-Presidente da República, José Alencar; Ministro da Defesa, Nelson Jobim; Governadores de Minas Gerais, Antônio Augusto Anastasia, e de São Paulo, Alberto Goldman; Presidentes da FIEMG, Olavo Machado Júnior; da FIESP, Benjamin Steinbruch, e da CNI, Robson de Andrade e jornais Estado de Minas e Folha de S.Paulo.

Assunto: A construção da Ferrovia Belo Horizonte-São Paulo.

Prezado Senhor Presidente,

Ultimamente a imprensa tem noticiado o empenho do Governo Federal para agilizar o processo de implantação do Trem de Alta Velocidade, ligando as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, porém, até agora, um projeto de alta relevância para o País não tem recebido a mesma

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atenção. Trata-se da construção da Ferrovia Belo Horizonte- São Paulo, um projeto antigo, engavetado e esquecido, projetada para transportar cargas e passageiros de forma rápida e eficiente, sem pretensões a altas velocidades. Uma Ferrovia com estas características, muito mais cara, poderá ser construída no futuro, dependendo da demanda de passageiros. No momento, o que interessa é bem servir à indústria, ao comércio e à população em geral, todos prisioneiros da desbravadora, sobrecarregada e ultrapassada Rodovia Fernão Dias, que o dinâmico Presidente JK construiu em tempo recorde.A Ferrovia Belo Horizonte-São Paulo, se construída, influenciará for-temente a economia da Região Sudeste, o motor do desenvolvimento econômico e social do País, e os três pilares de sustentação deste progresso: a mineração de ferro, a indústria siderúrgica e a exploração petrolífera. Segundo o presidente da Petrobrás, José Sergio Gabrielli (entrevista ao Jornal Estado de Minas, 18/10/2008, p.16), 85% das reservas da companhia e 80% de suas refinarias estão localizadas nes-sa região. Quanto à siderurgia, a concentração das jazidas de ferro em Minas Gerais fala por si. São estas três indústrias – a petrolífera, a siderúrgica e a mineração – que responderão no século XXI pelo principal das atividades econô-micas e financeiras do País, todas concentradas na zona de influência da Ferrovia Belo Horizonte-São Paulo. Portanto, é um crime de lesa-pátria ignorar esta ferrovia. Implantá-la é uma questão de bom senso e inteligência, que não faltam aos políticos e governantes brasileiros, liderados por V. Exa. Para terminar, gostaria de sugerir, a propósito do Trem-Bala, que, como um incentivo aos eventuais vencedores da concorrência para sua implantação, fosse permitido inaugurarem primeiro o trecho São Paulo-Campinas e operá-lo antes do término das obras. Com isto terão condições de faturarem algum para fazerem caixa, e o Governo Federal inaugurar este trecho antes da Copa de Futebol de 2014. Esta prévia serviria não só para se processar os ajustes necessários, para que todo o projeto funcione bem, inclusive treinamento do pessoal, como também para dar suporte às operações dos aeroportos de São Paulo, Guarulhos e Campinas, funcionando como uma espécie de metrô de alta velocidade.

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Agradecendo a atenção e desejando sucesso ao governo de V. Exa., subscrevo-me.Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

A Reestruturação do Sistema Ferroviário/Portuário da Região Sudeste

Belo Horizonte, 23 de julho de 2010.

Exmo. Sr. Luiz Inácio Lula da SilvaPresidente da RepúblicaPalácio do PlanaltoBrasília – DF

Com cópias para os Exmos. Srs. Vice-Presidente da República, José Alencar; Ministro da Defesa, Nelson Jobim; Governadores de Minas Gerais, Antônio Augusto Anastasia, e de São Paulo, Alberto Goldman; Presidentes da FIEMG, Olavo Machado Júnior; da FIESP, Benjamin Steinbruch, e da CNI, Robson de Andrade e jornais Estado de Minas e Folha de S.Paulo.

Assunto: Reestruturação do Sistema Ferroviário/Portuário da Região Sudeste.

Prezado Senhor Presidente,

No dia 17 do corrente mês, enviei a V. Exa. uma carta tratando da construção da Ferrovia Belo Horizonte-Sâo Paulo, cuja cópia segue em anexo. Hoje, a intenção é ampliar os comentários feitos nessa corres-pondência e abordar um tema correlato: o sistema ferroviário/portuário da Região Sudeste, onde se concentra o principal destas atividades no País. Mas, antes, gostaria de enfatizar que a Ferrovia Belo Horizonte-São Paulo está fadada a ser tornar a mais rentável das ferrovias bra-sileiras, pois permitirá ligar dois polos industriais e comerciais que se completam: as regiões metropolitanas de São Paulo e Belo Horizonte.

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Do lado mineiro, fornecendo produtos siderúrgicos para as indústrias de base, principalmente as ligadas ao setor petrolífero, e do paulista, uma gama variada de produtos industrializados, com destaque para o setor de máquinas e equipamentos. Esta complementaridade, em grande parte baseada na indústria siderúrgica, permitirá, num futuro próximo, que os parques industriais de Minas Gerais e São Paulo do-minem vastos setores da economia nacional, e possam competir com vantagens no comércio exterior. Para se ter uma ideia da importância dessa ferrovia para dinamizar as economias mineiras e paulista, basta traçar um círculo com eixo na Praça da Sé e verificar que a capital paulista está mais próxima do Sul de Minas do que a maioria das regiões do Estado de São Paulo. O Sul de Minas é um enclave dentro da parte mais desenvolvida do território paulista, razão por que está atraindo cada vez mais indústrias que visam ao mercado da Região Metropolitana de São Paulo e daí exportarem para o resto do País. Por enquanto, as cidades limítrofes como Extre-ma, Camanducaia, Estiva e Pouso Alegre, no eixo da Rodovia Fernão Dias, atendem a essa demanda, mas, com a Ferrovia Belo Horizonte-São Paulo, todas as cidades de seu eixo se tornarão polos industriais privilegiados, pois têm ótimo clima, água e energia em abundância, nível educacional elevado, ausência de problemas sociais, como favelas e violência urbana, e mão de obra qualificada disponível. Além disso, o transporte de passageiros ganhará um impulso signifi-cativo, pois o turismo será incrementado nos dois sentidos, inclusive o de negócios, levando-se em conta os múltiplos atrativos das regiões metropolitanas de Belo Horizonte e São Paulo. Aqui é bom lembrar que essa rota foi aberta pelos bandeirantes paulistas que enriqueceram e se capitalizaram com o ouro das Minas Gerais, com o qual financiaram as bandeiras que desbravaram o Brasil Central. A trilha aberta por esses pioneiros, em território mineiro, foi mais tarde utilizada por JK para construir a Rodovia Fernão Dias.Isto posto, passo a considerar a razão principal desta carta, que é tratar do sistema ferroviário/portuário da Região Sudeste, atualmente sucateado e funcionando de maneira precária sem atender à deman-da existente; deficiências que se prolongarão por muito tempo se não forem tomadas medidas práticas e urgentes para mudar esse quadro. Num primeiro momento, o remédio está em se recuperar as ferrovias existentes, pois o sistema rodoviário está próximo do colapso. Quanto à recuperação dos portos, deve-se aguardar um diagnóstico completo

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do que deve ser feito no sistema ferroviário da Região Sudeste, com-preendendo toda a malha que cobre os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais, para, então, propor medidas que os tornem mais rápidos e eficientes. O diagnóstico a ser feito deve ser elaborado por um grupo de trabalho formado por empresas dos setores siderúrgico, ferroviário, portuário e de mineração de ferro, que operam na Região Sudeste, e representantes do Governo Federal e dos governos estaduais desta região.

Este grupo de trabalho deve propor soluções imediatas para tornar essas ferrovias mais rápidas e eficientes, estabelecendo metas para serem cumpridas pelas empresas num prazo determinado, como, por exemplo, dobrar a atual capacidade de transporte de cargas em um ano e triplicá-la em dois. Para isso deve sugerir, entre outras medidas, um aumento significativo no número de comboios despachados diariamen-te; aquisição de novas locomotivas e vagões de cargas e de passagei-ros, otimizar os sistemas de embarque e desembarque das mercadorias e pessoas; priorizar o transporte de produtos siderúrgicos, automóveis, cargas perigosas e outros que hoje são transportados por gigantescas carretas, inclusive nas chamadas cegonheiras, que retardam o tráfe-go nas rodovias, muitas vezes provocando graves acidentes; acidentes estes que trazem sérios prejuízos à economia do País e traumatiza a sociedade pelo número de mortes que causam, espalhando, na popu-lação, o medo de viajarem pelas rodovias brasileiras, principalmente na Região Sudeste, onde o trafego é mais pesado.

Para dar sustentação ao aumento de carga a ser transportada, para atingir as metas propostas no diagnóstico, as ferrovias devem manter equipes de manutenção operando 24 horas por dia, para que não haja atrasos nos horários programados. Outras medidas devem ser propos-tas, como executar um estudo minucioso do traçado de cada ferrovia, para eliminar curvas e gargalos que retardam a velocidade dos com-boios; reduzir o número de estações; construir pontes e viadutos; evitar a passagem por centros urbanos; construir terminais distantes desses locais, inclusive nas indústrias de grande porte, neste caso com ramais de apoio; reforçar o leito das ferrovias, substituindo trilhos e dormentes por outros mais apropriados para suportar o aumento da carga trans-portada; enfim, tudo que possa tornar as composições mais rápidas e capazes de transportar mais cargas, aumentando, consequentemente, a produtividade e reduzindo os custos operacionais.

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Todas essas medidas podem ser postas em prática sem a necessidade de se construir novas ferrovias, bastando um programa bem feito para melhoria da malha existente. Além disso, paralelamente, deve ser feito estudos para duplicar as linhas nos percursos mais críticos, eletrificar onde esta solução for a mais recomendada para agilizar o processo e reduzir custos, e outras medidas capazes de aumentar a carga trans-portada num prazo relativamente curto e a custos menores. Este tipo de medida pode ser adotado pela VALE, no caso da Ferrovia Vitória-Minas e de toda a malha interligada a esta ferrovia de bitola estreita, simplesmente colocando mais um trilho para permitir que composições de bitola larga transitem por ela livremente. Com isto, todo o sistema ferroviário e portuário da Região Sudeste passaria a operar interligado. Para agilizar a ampliação da capacidade da Vitória-Minas, esse trabalho poderá ser feito em etapas. A primeira delas no trecho compreendido entre as cidades de Ipatinga e Belo Horizonte, onde se concentra o transporte de produtos siderúrgicos por rodovia, principalmente bobi-nas de aço, as quais, frequentemente, se soltam das carretas acarretan-do acidentes de grandes proporções e com vítimas fatais.

Para facilitar a reestruturação do sistema ferroviário e portuário da Re-gião Sudeste, o Governo Federal deve incentivar as empresas interessa-das a participarem efetivamente dessa operação de guerra à inércia, por meio de incentivos fiscais e creditícios, redução de tarifas e outros pri-vilégios, de tal forma que transportar cargas e passageiros por ferrovia será um ótimo negócio, tanto para as empresas transportadoras como para os usuários. Esses privilégios devem ser seletivos, priorizando certos tipos de mercadorias que sobrecarregam as rodovias ou que as tornem perigosas, como, por exemplo: bobinas de aço, vergalhões e outros produtos siderúrgicos; máquinas e equipamentos de grande por-te; material para a construção civil, como cimento, areia, brita e tijolos, quando transportados por longas distâncias, e, principalmente, minério de ferro. Neste caso medidas adicionais devem ser tomadas para que esse tipo de matéria-prima mineral seja transportado exclusivamente por ferrovias, proibindo seu transporte por rodovias e minerodutos. Uma maneira legal de impedir este último tipo de transporte, que con-corre de forma desleal com o ferroviário, pelos baixos custos com que opera, é taxar pesadamente o uso da água utilizada, pois ela compõe cerca de 30% da polpa a ser transportada. Esta água, por enquanto, é gratuita para esta atividade, o que por si só constitui numa afronta ao bom senso, pois todo cidadão mineiro paga caro pela água que

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bebe ou dela faz uso pessoal. Digo, por enquanto, porque as entidades ambientalistas dos países consumidores do minério de ferro brasileiro e as empresas mineradoras concorrentes, do País e do exterior, vão, mais cedo o mais tarde, questionar nos foros internacionais, inclusive na ONU, esse desperdício de um recurso natural em escassez no mun-do todo. Isto sem contar a propaganda negativa que recairá sobre a mineração de ferro brasileira no mercado internacional, já penalizada pelos danos que causa ao meio ambiente. Portanto, não adianta uma mineradora, como a VALE, propalar aos quatro ventos que protege o meio ambiente, se está empenhada em construir novos minerodutos para transportar sua produção, isto num quadro em que detém um verdadeiro monopólio do transporte ferroviário de minério de ferro na Vitória-Minas.

Além disso, o Governo Federal deve eliminar a ação nefasta da buro-cracia estatal, que inibe todas as iniciativas visando à modernização da infraestrutura ferroviária e portuária do País, como mostra a história do GEIPOT, disponível na Internet e transcrita abaixo. O que este órgão público se propunha a fazer é exatamente o que é tratado nesta carta, mas o que gerou foi novos órgãos públicos, tão ineficientes como ele próprio. A síntese desta ineficiência está no “Viaduto das Almas”, um simples pontilhão na BR-040 que retrata a mediocridade do DNIT e seu quadro técnico. Se realmente os empresários querem reduzir o “custo Brasil”, devem assumir a liderança do processo, pois os tempos glo-riosos de JK já se passaram e com ele os memoráveis Grupos Execu-tivos da Indústria Automobilística (GEIA) e da Indústria da Construção Naval (GEICON). Agora o que prevalece no setor público é a inércia e a mediocridade, com exceção do Ministério da Defesa e das Forças Armadas, que mantêm uma postura moderna e atuante, contribuindo efetivamente para a modernização da sociedade brasileira, como bem exemplifica a implantação da Estratégia Nacional de Defesa. A propó-sito, na composição do Grupo de Trabalho para a Reestruturação dos Sistemas Ferroviário e Portuário da Região Sudeste, o Ministério da Defesa deve jogar um importante papel, seja como coordenador do grupo de trabalho, ou analisando as propostas para sintonizá-las com os objetivos da Estratégia Nacional de Defesa. Um dos pontos que este ministério poderá questionar é o uso de mine-rodutos para transportar minério de ferro, pois este tipo de transporte inviabiliza a construção de ferrovias por ser mais barato, empregar pouca mão de obra, ser mais simples de operar e, uma vez esgotadas

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as jazidas, simplesmente são deixados apodrecer, pois, para eles, não existe nenhuma outra utilidade. Em contrapartida, uma ferrovia, nas mesmas condições, continua prestando relevantes serviços à socie-dade, como bem exemplifica o sistema ferroviário canadense, que foi construído para atender à exploração de jazidas minerais e que até hoje estão em atividade. Além do mais, minerodutos não transportam tropas e equipamentos militares; inúteis, portanto, a movimentação das Forças Armadas, que deve ter amplo espaço de manobra para a defesa nacional, principal-mente para proteger os portos. No caso dos portos que recebem mi-nério de ferro por meio de minerodutos, a sua defesa fica compro-metida, pois não há como levar tropas rapidamente para armar uma defesa eficaz contra invasores. Neste particular, é bom lembrar o papel da Ferrovia Transiberiana na Segunda Guerra Mundial, quando salvou Moscou do assalto final das tropas alemãs, ao transportar rapidamente os exércitos estacionados na frente oriental para a capital russa. Estas reservas mudaram o curso da guerra, levando os alemães à derrota e o russos à vitória final. Aqui no Brasil fato semelhante ocorreu nas batalhas da Revolução de 30, quando o sistema ferroviário que cobria o Sul de Minas permitiu as tropas federais vencerem as paulistas no túnel da Mantiqueira e con-quistarem a cidade de Campinas, a última etapa para o assalto final à capital bandeirante. Mais recentemente, na Revolução de 1964, o fator decisivo na movimentação de tropas e, consequentemente na definição dos vitoriosos, foi um simples entroncamento ferroviário, situado no Vale do Paraíba, que controlava os acessos às capitais mineiras e pau-listas. Uma vez dominado este ponto estratégico, a derrota das tropas legalistas já estava sacramentada. Portanto, a disputa entre mineroduto e ferrovia não é só uma questão econômica, mas sim um assunto es-tratégico que interessa a defesa nacional. A presença do Ministério da Defesa na reestruturação dos sistemas ferroviário e portuário da Região Sudeste deve ser encarada pelo em-presariado, políticos e governantes, como uma questão vital para os destinos do País.Agradecendo a atenção e desejando sucesso ao governo de V. Exa., subscrevo-me.

Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

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Geipot

O GEIPOT foi criado pelo Decreto nº 57.003, de 11 de outubro de 1965, com a denominação de Grupo Executivo de Integração da Po-lítica de Transportes e com sua direção superior formada pelo Ministro da Viação e Obras Públicas, Ministro de Estado da Fazenda, Ministro Extraordinário para o Planejamento e Coordenação Econômica e pelo Chefe do Estado Maior das Forças Armadas, conforme foi sugerido pelo Acordo de Assistência Técnica firmado naquele ano entre o governo brasileiro e o Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvi-mento (BIRD). O Decreto-Lei nº 516, de 7 de abril de 1969, transfor-mou esse grupo interministerial em Grupo de Estudos para Integração da Política de Transportes, subordinando-o ao Ministro de Estado dos Transportes. Essa subordinação foi mantida pela posterior Lei nº 5.908, de 20 de agosto de 1973, que transformou esse Grupo de Estudos em Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes, preservando a sigla GEIPOT. Os objetivos do GEIPOT, estabelecidos por lei, foram o de prestar apoio técnico e administrativo aos órgãos do Poder Executivo que tenham atribuições de formular, orientar, coordenar e executar a política nacional de transportes nos seus diversos modais, bem como promover, executar e coordenar atividades de estudos e pesquisas ne-cessários ao planejamento de transportes no País. Portanto, durante 36 anos, o GEIPOT assessorou o Poder Executivo sob a orientação e aprovação do Ministério dos Transportes, no planejamento, na formu-lação e na avaliação das políticas públicas do setor, o que lhe permitiu constituir um corpo técnico altamente qualificado, com visão global do processo decisório do Estado, e um valioso acervo de informações e conhecimentos, transformando-o em centro de referência internacional para os estudos de transportes no Brasil. Com a reestruturação do Se-tor Transportes no ano de 2001, o GEIPOT colaborou no acompanha-mento e na realização de análises técnicas do projeto de Lei nº 1615/99, consolidado na Lei nº 10.233, de 5 de junho de 2001, que criou o Conselho Nacional de Integração de Política de Transportes Terrestres (CONIT), a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), a

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Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT). Com a instalação das Agências reguladoras e do DNIT, o GEIPOT entrou em processo de liquidação, de acordo com o Decreto n° 4.135, de 20.2.2002, pu-blicado no Diário Oficial da União do dia 21 subseqüente. O processo de liquidação, com prazo inicialmente previsto para durar 180 dias, foi posteriormente prorrogado, por iguais períodos. O GEIPOT foi extinto pela Medida Provisória nº 427, de 9 de maio de 2008 (convertida na Lei nº 11.772/2008), oportunidade em que foi instituída a inventariança, cujos procedimentos estão disciplinados no Decreto nº 6.485, de 17 de junho de 2008.

A Síndrome do Sapo Fervido(Revista Tecnologia e Treinamento, n. 31, p. 45)

Vários estudos biológicos provaram que um sapo colocado num recipiente com a mesma água de sua lagoa fica estático durante todo o tempo em que aquecemos a água, até que ela ferva. O sapo não reage ao gradual aumento da temperatura (mudanças do ambiente) e morre quando a água ferve. Inchadinho e feliz. No entanto, outro sapo, jogado nesse mesmo recipiente já com água fervendo, salta imediatamente para fora, meio chamuscado, porém, vivo!

Existem pessoas que têm comportamento similar ao do SAPO FERVIDO. Não percebem as mudanças, acham que está tudo bem, que vai passar, que é só dar um tempo... e, muitas vezes, fazem um gran-de estrago em si mesmas, “morrendo” inchadinhas e felizes, sem, ao menos, ter percebido as mudanças. Outras, ao serem confrontadas com as transformações, pulam, saltam, em ações para implementar as mudanças necessárias. Encorajam-se diante dos desafios, buscam a melhor saída para a solução dos problemas, tomam atitudes.

Há muitos “sapos fervidos” que não percebem a constante mu-dança do ambiente a sua volta e se acomodam, à espera de que al-guém resolva tudo por eles; esquecem-se de que mudar é preciso, principalmente se essa mudança beneficia toda uma coletividade. Essa

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teoria se encaixa em todas as situações de nossa vida: pessoal, afetiva e profissional.

Devemos ter a consciência de que, além de sermos eficientes (fazer certo as coisas), precisamos ser eficazes (fazer as coisas certas), criando espaços para o diálogo, o compartilhamento, o planejamento, o espírito de equipe, delegando, sabendo ouvir, favorecendo o nosso próprio crescimento e o daqueles com quem convivemos, seja na famí-lia, no trabalho ou na comunidade em geral.

O desafio maior, nesse mundo de mudanças constantes, está na humildade de atuar de forma coletiva. Precisamos estar atentos para que não sejamos como os Sapos Fervidos. Pulemos fora, antes que a água ferva. O mundo precisa de nós, meio chamuscados, mas vivos, abertos para mudanças e prontos para agir.

A Construção de Uma Nova Ferrovia Belo Horizonte-Vitória

Belo Horizonte, 27 de julho de 2010.

Exmo. Sr. Luiz Inácio Lula da SilvaPresidente da RepúblicaPalácio do PlanaltoBrasília – DF

Com cópias para os Exmos. Srs. Vice-Presidente da República, José Alencar; Ministro da Defesa, Nelson Jobim; Governadores de Minas Ge-rais, Antônio Augusto Anastásia; de São Paulo, Alberto Goldman, e do Espírito Santo, Paulo Hartung; Presidentes da FIEMG, Olavo Machado Júnior; da FIESP, Benjamin Steinbruch, e da CNI, Robson de Andrade e jornais Estado de Minas e Folha de S. Paulo.

Assunto: A construção de uma nova Ferrovia Belo Horizonte-Vitória e sua importância para a indústria siderúrgica, mineração e reestrutura-ção dos portos da Região Sudeste.

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Prezado Senhor Presidente,

Nos dias 17 e 23 do corrente mês, enviei a V. Exa. cartas tratando da “Construção da Ferrovia Belo Horizonte-São Paulo” e da “Reestrutura-ção do Sistema Ferroviário/Portuário da Região Sudeste”, cujas cópias seguem em anexo. Hoje volto a tratar destes assuntos para abordar temas correlatos que transformarão a Região Sudeste no motor do desenvolvimento econômico e social do Brasil no século XXI, como foi a cidade de São Paulo no século XX, então apelidada de “locomotiva”, que arrastava o resto do País para seu grande destino. Como o traçado mais indicado para Ferrovia Belo Horizonte-São Paulo deve ser paralelo à Rodovia Fernão Dias, a BR-381, a nova Ferrovia Belo Horizonte-Vitória também deve ser construída paralelamente à BR-262, rodovia que liga essas duas capitais. As vantagens de se construir es-sas ferrovias, seguindo o mesmo traçado dessas duas rodovias federais são muitas. Em primeiro lugar, a topografia é favorável; além disso, as estações ferroviárias podem operar em sintonia com terminais rodovi-ários para receber e distribuir cargas para diferentes destinos ao longo do seu percurso, e fora dele. No caso da Ferrovia Belo Horizonte-Vitória, por exemplo, isto pode acontecer na conexão com a Rodovia BR-116, a Rio-Bahia, que liga as Regiões Sudeste e Nordeste pelo interior do País, e com a BR-101, que o corta de norte a sul pelo litoral. Nestes casos, por exemplo, uma mercadoria despachada de São Pau-lo para a Região Nordeste pode seguir por ferrovia até esses entron-camentos e daí, por rodovia ou por mar, para seu destino final. O mesmo é válido para mercadorias despachadas do Nordeste para Belo Horizonte ou São Paulo. A redução dos fretes será considerável, isto sem contar a inibição dos roubos de cargas e caminhões que trazem sérios prejuízos às empresas. Outro fator positivo, com a redução do tráfego de caminhões nas estradas, será a economia de combustíveis e diminuição da emissão de gases poluentes. Acresce ainda que, tanto a ferrovia Belo Horizonte-São Paulo como a Belo Horizonte-Vitória podem ser eletrificadas, o que contribuirá ainda mais para a melhoria do meio ambiente, pois além de não produzir gases poluentes, que contribuem para o aquecimento global, reduz substancialmente o tráfego de ve-ículos pesados nas rodovias, os maiores responsáveis pela emissão desses gases. Energia elétrica para eletrificar essas ferrovias não irá faltar, pois a quantidade de gases de petróleo que a exploração dos depósitos da

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Plataforma Continental irão produzir será de tal monta que terá de ser aproveitado de qualquer maneira, para não serem queimados em alto-mar e consequentemente poluir ainda mais o meio ambiente. A melhor forma de aproveitá-lo será utilizá-lo para gerar energia em termoelétri-cas, a serem construídas no litoral do Estado do Espírito Santo, local mais próximo das fontes produtoras e que dispensam transporte a longas distâncias, reduzindo os custos e os riscos ambientais. As linhas de transmissão dessa energia elétrica poderão ser construídas ao longo do traçado dessas ferrovias e rodovias, utilizando o espaço entre elas, ou paralelamente, desde o litoral capixaba até a capital paulista, passan-do por Belo Horizonte. O espaço situado entre a ferrovia e a rodovia, além do “Linhão”, pode, também, servir de rota de passagem para gasodutos destinados a levar esta matéria-prima aos consumidores ao longo do corredor Vitória-Belo Horizonte-São Paulo. A construção e a manutenção dessa rede complexa será, portanto, facilitada pelo fato de ocuparem uma mesma faixa de terreno em todo o seu percurso. Para isto, é preciso, desde já, traçar esse corredor em mapas e desapropriar a faixa a ser utilizada para evitar construções ou outros usos que po-dem comprometer a execução desse projeto revolucionário, alem de encarecê-lo, caso o terreno fique livre para os especuladores. O Linhão, por sua vez, servirá não só para abastecer essas duas ferro-vias, mas também as cidades ao longo de seu percurso, principalmente as regiões metropolitanas de Vitória, Belo Horizonte e São Paulo, as mais industrializadas do País. Outros grandes consumidores de energia elétrica, concentrados no chamado Quadrilátero Ferrífero de Minas Ge-rais, zona de influência da Ferrovia Belo Horizonte-Vitória, serão benefi-ciados, principalmente as empresa de mineração e siderurgia. Será um reforço considerável ao sistema elétrico desta região, pois o número de termoelétricas que poderão ser construídas no litoral capixaba, todas interligadas, não tem limites, considerando-se as disponibilidades de gás de petróleo do pré-sal e pós-sal. Em todos os sentidos – estra-tégico, econômico, etc. –, o Linhão Vitória-Belo Horizonte-São Paulo, supera, de longe, a importância do Linhão de Itaipu, dada a capacidade ilimitada da fonte de energia, o que afastará de vez, na sua zona de influência e na Região Sudeste, o fantasma dos “apagões”. Tais fatos tornarão o corredor ligando Belo Horizonte a Vitória, com ferrovia, rodovia, linhas de transmissão de energia elétrica e gasodutos, em alvo preferencial para grandes investimentos industriais, inclusive para a implantação de parques especializados em produtos siderúrgicos

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de grande porte, como locomotivas, vagões, motores para navios, tur-binas para aviões a jato e hidroelétricas, guindastes para portos, con-têineres, trilhos para ferrovias, pontes de aço pré-fabricadas e outros bens da chamada indústria pesada, isto sem contar aqueles destinados às Forças Armadas, como blindados, canhões, etc., e à industria pe-trolífera e de construção naval. Todos esses produtos, e muito mais, poderão abastecer em condições vantajosas tanto o mercado interno, como exportar para outros países, principalmente os da América do Sul e do continente africano. O eixo da Ferrovia Belo Horizonte-Vitória, portanto, está fadado a desempenhar, na industrialização do Brasil no século XXI, o mesmo papel que desempenhou a Bacia do Ruhr para a industrialização da Alemanha antes da Segunda Guerra Mundial. Neste país o motor do desenvolvimento foi o carvão mineral, fonte de energia e matéria-prima para a indústria química, que, juntamente com outros bens minerais da região, sustentaram um vasto complexo siderúrgico e químico que transformaram a Alemanha numa grande potência.

Aqui no Brasil, no eixo Belo Horizonte-Vitória, os bens minerais respon-sáveis por algo semelhante serão o minério de ferro de Minas Geais e o petróleo e o gás natural da Plataforma Continental. Isto se os governan-tes brasileiros abrirem os olhos e sacarem que exportar matéria-prima mineral em estado bruto é uma burrice típica de colônias retardas. Mas, para evitar esse crime de lesa-pátria, é preciso que as companhias mi-neradoras de minério de ferro de Minas Gerais, as indústrias siderúrgi-cas situadas neste Estado e no Espírito Santo, as empresas que explo-ram as reservas petrolíferas da Plataforma Continental, especialmente a Petrobrás, e as que administram os portos do litoral capixaba se unam para criarem condições para que todo o potencial representado pelas reservas desses bens minerais seja racionalmente explorado e deixem no seu rastro um legado de infraestrura ferroviária, rodoviária, portuária e de energia elétrica, capaz de sustentar o desenvolvimento econômico e social do País por várias gerações, como fez a exploração do carvão e outras matérias-primas minerais da Bacia do Ruhr para os alemães. Uma das maneiras práticas de agir nesse sentindo será a formação de um consórcio de companhias mineradoras de minério de ferro, usinas siderúrgicas e empresas portuárias, para construírem a Ferrovia Belo Horizonte-Vitória, em via dupla, e reordenarem a distribuição de portos pela costa capixada, de tal maneira que não haverá necessidade de se construir portos privativos para exportar produtos siderúrgicos, e muito menos minerodutos para transportar minério de ferro, pois o consór-

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cio se encarregará das operações de transporte ferroviário e portuário desses bens para todos os sócios, acabando com monopólios, como o da VALE, com sua longa, sinuosa e ultrapassada Ferrovia Vitória-Minas. Além disso, é preciso que façam um planejamento para atender a ou-tros tipos de usuários dos portos e ferrovias, como os exportadores de soja e outros produtos agrícolas e bens industrializados, que utilizam tanto o transporte a granel, como em contêineres. Para atender a todos os usuários em potencial, será preciso criar no litoral capixaba um complexo portuário com portos especializados para cargas específicas, como também para múltiplos usos, todos interligados por essa ferrovia e operando em águas profundas para receber navios de grande porte e suportar uma demanda de que só fará crescer nas próximas décadas.

Neste contexto o Governo Federal, além de financiar tais projetos, deve se empenhar para eliminar eventuais obstáculos burocráticos, criados por diferentes órgãos governamentais envolvidos no processo, como acontece com todas as grandes obras que patrocina, as quais ficam anos esperando decisões de gabinete, muitas vezes para barganhas por cargos públicos. Deve também reduzir ou eliminar taxas e impostos que podem encarecer os projetos e, para agilizar sua realização, delegar ao Ministério da Defesa a supervisão de todas as obras, desde o pla-nejamento até sua conclusão. Esta medida tem também outro objetivo: enquadrar todos os projetos dentro da lógica que norteia a execução da Estratégia Nacional de Defesa.

Agradecendo a atenção e desejando sucesso ao governo de V. Exa., subscrevo-me.

Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

Lógica (Wikipédia)“Ao procurarmos a solução de um problema quando dispomos

de dados como um ponto de partida e temos um objetivo a estimu-larmos, mas não sabemos como chegar a esse objetivo temos um problema. Mas se depois de examinarmos os dados chegamos a uma conclusão que aceitamos como certa, concluímos que estivemos racio-cinando. Se a conclusão decorre dos dados, o raciocínio é dito lógico. A lógica (do grego clássico λογική logos) é uma ciência de índole

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matemática e fortemente ligada à Filosofia. Já que o pensamento é a manifestação do conhecimento, e que o conhecimento busca a verdade, é preciso estabelecer algumas regras para que essa meta possa ser atingida corretamente a fim de chegar a conhecimentos verdadeiros. Podemos, então, dizer que a lógica trata dos argumentos, isto é, das conclusões a que chegamos através da apresentação de evidências que a sustentam. O principal organizador da lógica clássica foi Aristóteles, com sua obra chamada Organon.”

A construção de uma nova Ferrovia Belo Horizonte-Vitória e sua importância para a indústria siderúrgica, mineração e reestruturação dos portos da Região Sudeste

Belo Horizonte, 1 de setembro de 2010.

Exmo. Sr. Luiz Inácio Lula da SilvaPresidente da RepúblicaPalácio do PlanaltoBrasília – DF

Com cópias para os Exmos. Srs. Vice-Presidente da República, José Alencar; Ministro da Defesa, Nelson Jobim; Governadores de Minas Gerais, Antônio Augusto Anastásia, e do Espírito Santo, Paulo Har-tung; Deputados(as) Estaduais de Minas Gerais; Senadores de Minas no Congresso Nacional; Deputados Federais; Diretorias da FIEMG e das indústrias siderúrgicas, Gerdau Açominas, Usiminas e CSN e jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.

Assunto: A construção de uma nova Ferrovia Belo Horizonte-Vitória e sua importância para a indústria siderúrgica, mineração e reestrutura-ção dos portos da Região Sudeste.

Prezado Senhor Presidente,

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No dia 27 de julho último, enviei a V. Exa. carta tratando do assunto em epígrafe, à qual gostaria de ajuntar mais alguns comentários, motivado por uma notícia publicada pelo Jornal Estado de Minas (31/8/2010, p. 17), sob o título Vale e Gerdau fecham contrato para transporte de aço e carvão, da qual extraí os seguintes trechos: “Neste ano, o volume de aço transportado pela Vale para a Gerdau Açominas deve atingir 4,5 milhões de toneladas e, em 2012, 6,2 milhões de toneladas. [...] Além do aço, a Vale receberá o carvão que a Gerdau importa pelo Terminal de Praia Mole e fará o transporte do insumo até a usina da siderúrgica em Ouro Branco, também pela ferrovia. Esse contrato de movimentação portuária prevê o transporte de cerca de 2,5 milhões de toneladas de carvão neste ano, atingindo 3,2 milhões de toneladas em 2010”.Os comentários que gostaria de acrescentar àquela correspondência diz respeito à redução da quilometragem ferroviária ligando Ouro Branco a Vitória, se uma nova ferrovia for construída para unir essas duas cida-des. Esta nova ferrovia serviria também como alternativa para a Ferrovia Vitória-Minas que, com seu traçado sinuoso e de bitola estreita, está no limite de sua capacidade operacional. Naquela correspondência sugeri como ponto inicial dessa nova ferrovia a cidade de Belo Horizonte, e seu traçado paralelo a BR-262 até Vitória. Todavia, este ponto de par-tida poderá ser Ouro Branco, pois entre esta cidade e Belo Horizonte já existe o leito abandonado da ferrovia “dos mil dias”, com pontes, túneis e viadutos prontos; trajeto este, de bitola larga, que para ser ativado necessita apenas de obras complementares. Considerando, então, o ponto de partida da nova ferrovia, a cidade de Ouro Branco, este novo traçado, passando por Ponte Nova, seguirá em linha reta até Manhuaçu e, daí, até Vitória acompanhando a BR-262, como foi sugerido naquela correspondência. Este novo traçado, com cerca de 450 km de extensão, reduzirá à metade o atual percurso de 905 km da Ferrovia Vitória-Minas. Será uma economia considerável de frete e de tempo, abrindo novas perspectivas para as siderúrgicas e mineradoras de minério de ferro da região sul da Serra do Curral e de todo o Quadrilátero Ferrífero, onde novos projetos estão em andamen-to. Deve-se acrescentar ainda que, a partir de Ouro Branco, passando por Congonhas, esta nova ferrovia poderá ser conectada à Ferrovia Belo Horizonte-São Paulo na altura Carmópolis de Minas. Maiores detalhes sobre as Ferrovia Belo Horizonte-São Paulo e Belo Horizonte-Vitória encontram-se nas cartas dirigidas à V. Exa. nos dias 17, 23 e 27 de julho passado, cujas cópias anexo à presente. Finalmen-

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te, gostaria de acrescentar, para efeito de comparação, que estas duas ferrovias, juntas, somam cerca de 1.036 km de extensão, considerando os 586 km da primeira e 450 km da segunda. Esta distância é muito menor do que a Ferrovia Transnordestina, obra prioritária do Governo Federal. Segundo informações disponíveis na Internet, “a Transnordes-tina liga o município de Eliseu Martins, no Piauí, aos portos de Suape (PE) e Pecém (CE), através de 1.728 quilômetros de trilhos. Essa ex-tensão equivale a quatro vezes a distância entre o Rio de Janeiro e São Paulo”.

Agradecendo a atenção de V. Exa., subscrevo-me.

Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

Tornado interdita porto em Vitória

Belo Horizonte, 21 de novembro de 2010.

Exmo. Sr. Luiz Inácio Lula da SilvaPresidente da RepúblicaPalácio do PlanaltoBrasília – DF

Com cópias para os Exmos. Srs. Vice-Presidente da República, José Alencar; Ministro de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guima-rães; Governadores dos Estados de Minas Gerais, Antônio Augusto Anastásia, e do Espírito Santo, Paulo Hartung; Diretorias das indús-trias siderúrgicas, Gerdau Açominas, Usiminas, CSN e Arcelor Mittal; Diretores(as) do IPEA e da FGV; e jornais Estado de Minas e Folha de S. Paulo.

Assunto: “Tornado interdita porto em Vitória”

Prezado Senhor Presidente,

O jornal Estado de Minas, em sua edição do dia 20 corrente (p.12), traz uma reportagem, sob o título em epígrafe, que merece uma atenção es-

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pecial dos governantes e empresários, para evitar que desastres naturais como esse venha a prejudicar as indústrias siderúrgicas da Região Su-deste e, consequentemente, afetar negativamente a economia do País. A reportagem em questão, parcialmente transcrita a seguir, informa: “Uma tempestade com ventos de 118 km/h – equivalente a um tornado classe 1 – destruiu na noite de quinta-feira dois descarregadores de navio do terminal de carvão de Praia Mole, um dos cinco portos do Complexo Portuário de Tubarão, em Vitória (ES). A perda dos dois descarregadores levou o terminal portuário, que era operado pela Vale e tinha três descarregadores operacionais, a parar de funcionar. [..] Com capacidade de movimentar 14 milhões de toneladas, o Terminal de Praia Mole (TPM) é especializado em descarga de insumos para siderurgia e é o principal porto de movimentação de carvão mineral do país. É exatamente por esta última característica que a parada da instalação portuária preocupa: por ele chega todo carvão importado para abastecer as principais siderúrgicas de Minas Gerais e do Espírito Santo – Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST), Gerdau e Usiminas. O prejuízo com a perda dos descarregadores foi estimado em R$ 7 milhões cada um e são equipamentos que não existem para pronta entrega. Eles precisam ser encomendados e levam cerca de 1 ano para ser entregues”.Diante de uma situação como esta, uma ação preventiva para evitar preju-ízos às indústrias siderúrgicas, e à economia do País, reside na formação de estoques estratégicos, como fazem as grandes potências com os mi-nerais vitais para as suas indústrias, como manganês, petróleo, etc., não só para se precaverem de desastres naturais, mas, também, em casos de conflitos bélicos ou crises no abastecimento. O método mais prático, e barato, para estocar o carvão mineral de que as siderúrgicas situadas no Estado de Minas Gerais precisam, seria a utili-zação das cavas das minas de ferro abandonadas, devido à exaustão do minério, em sua maioria localizadas próximas às siderúrgicas e servidas por ferrovias, ou ainda, utilizar as que estão sendo exploradas, mas que dispõem de espaço para receber o carvão importado. Nesses casos, os vagões que levam minério de ferro ou produtos siderúrgicos até o Porto podem retornar com o carvão mineral, tanto para o uso cotidiano das siderúrgicas, como para formação de estoques estratégicos. Para isso, o Governo Federal e os Estados interessados devem isentar de impostos ou taxas todo o processo de formação desses estoques reguladores, inclusive os relativos à importação, e providenciar, junto

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ao empresariado, a instalação de novos portos especializados, para evitar situações como a parada anunciada com o terminal privativo da VALE e, também, de novas ferrovias para viabilizá-los, livrando assim da dependência das instalações desta companhia, que mal atende às suas próprias necessidades. A este respeito, enviei à V. Exa. uma carta datada de 1º de setembro último, que anexo à presente como subsídio a essas sugestões.

Agradecendo a atenção de V. Exa., subscrevo-me.

Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

O ponto fraco da Estratégia Nacional de Defesa: a lança sem cabo

Belo Horizonte, 17 de setembro de 2010.

Exmo. Sr. Luiz Inácio Lula da Silva

Presidente da RepúblicaPalácio do PlanaltoBrasília – DF

Com cópias para os Exmos. Srs. Vice-Presidente da República, José Alencar; Ministro da Defesa, Nelson Jobim; Governadores dos Estados de Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo; Deputados(as) Federais; Diretorias da FIEMG, FIESP e das indústrias siderúrgicas, Gerdau Aço-minas, Usiminas e CSN. Com cópias também para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.

Assunto: O ponto fraco da Estratégia Nacional de Defesa: a lança sem cabo.

Prezado Senhor Presidente,

O Jornal Estado de Minas, em sua edição do último dia 15 (p.19), informa, a propósito de um acordo militar firmado com o Reino Unido:

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“De acordo com o Programa de Reaparelhamento da Marinha (PRM), de agosto de 2009, a força precisa de 18 fragatas para substituir as nove que possui hoje, todas de fabricação britânica. Elas têm a finalida-de de escoltar navios maiores, como os porta-aviões. Em relação aos navios-patrulha, a Marinha estima precisar de até 12 unidades, com capacidade para 1,8 mil toneladas – o Brasil não tem hoje embarcações dessa classe, fundamentais para a segurança das jazidas petrolíferas na camada pré-sal. [...] Assim como o processo de compra de 36 caças para a Força Aérea Brasileira (FAB), a escolha das fragatas e patrulhas para a Marinha vai priorizar as diretrizes apontadas pela Estratégia Na-cional de Defesa, de dezembro de 2008”. Neste contexto bélico, deve-se acrescentar a compra de submarinos convencionais e a construção de um movido a energia nuclear, previsto no acordo Brasil/França.Todo esse aparato bélico, visando à proteção das instalações petrolí-feras na Plataforma Continental, no litoral da Região Sudeste, funciona como uma poderosa lança para manter longe desse perímetro defen-sivo quaisquer intrusos que possam representar algum tipo de peri-go. Todavia, como está projetada, falta o principal para que possa ser manipulada com eficiência: o cabo de sustentação. É como uma lança partida, que tem tudo para funcionar, menos o principal. Esclarecendo melhor, o ponto fraco desse sistema defensivo situa-se nas rotas de abastecimento das bases militares e dos portos que devem dar susten-tação às operações em alto-mar, principalmente aquelas servidas por ferrovias. Hoje em dia, as operações navais para cobrir o litoral da Região Su-deste, dependem das bases militares e das instalações portuárias de Santos e do Rio de Janeiro; abastecidas que são pelas indústrias dos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Este apoio logís-tico se faz, principalmente por rodovias e, secundariamente, por ferro-vias, como as que ligam São Paulo a Santos, pela Serra do Mar; São Paulo ao Rio de Janeiro, pelo Vale do Paraíba; e as duas que ligam Belo Horizonte ao Rio de Janeiro. Todas essas ferrovias estão saturadas e cheias de problemas operacionais, como pontes velhas, túneis estreitos e curvas frequentes, que limitam a capacidade de carga e velocidade dos comboios; isto sem contar a favelização de suas margens, princi-palmente nas regiões metropolitanas, o que as tornam vulneráveis a todo tipo de sabotagem e limitações operacionais. Além disso, existem entroncamentos estratégicos, como o do Rio Paraibuna, onde um pe-queno destacamento militar pode paralisar todo o sistema ferroviário

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São Paulo-Rio e Belo Horizonte-Rio, como aconteceu em abril de 1964. Esse conjunto de transporte, fragilizado, representa a lança partida, o ponto fraco da Estratégia Nacional de Defesa. Diante dessa situação é preciso que seja aberta uma nova rota, segura e confiável, para abas-tecimento da Marinha, deslocamento de tropas e equipamentos das Forças Armadas, e apoio logístico as operações das companhias petro-líferas, em caso de uma emergência qualquer, como, por exemplo, um levante de favelados na Região Metropolitana do Rio de Janeiro ou na Baixada Santista. A esse respeito, é preciso considerar o fato de que a Estratégia Na-cional de Defesa mira um horizonte de 50 anos e que, neste espaço de tempo, é pouco provável, pelo andar da carruagem, que a situação desses excluídos mude para melhor. O mais certo é que os conflitos sociais se agravem, pois os meios de comunicação – tevês, celulares, Internet – e a melhoria do acesso à educação tendem a conscientizá-los e motivá-los para buscarem a justiça social, custe o que custar. Por-tanto, é melhor prevenir do que remediar, ainda mais considerando um agravante de peso: a postura hostil do Governador do Estado do Rio de Janeiro para com outros entes federados, em face da distribuição dos royaties do petróleo da Plataforma Continental, aprovada pelo Con-gresso Nacional. Nada impede que sua atuação beligerante venha a ser utilizada por grupos interessados em conflagrar a federação, levando o País à secessão, para se apossarem das riquezas petrolíferas do litoral atlântico. Massa de manobra para isso não falta, pois, da mesma for-ma, nada impede que os marginais que operam nos morros cariocas, mais cedo ou mais tarde, tenham maior consciência política e passem a formar grupos guerrilheiros como as FARC da Colômbia. Este tipo de instrumentalização de grupos marginalizados, é pratica rotineira por parte das grandes potenciais para atingirem seus objetivos estratégi-cos, como bem exemplifica os conflitos no Oriente Médio. A posse das jazidas petrolíferas da Plataforma Continental compensa todos os riscos que possam apresentar. Imaginar que dentro de dez anos, com a ascensão de jovens mais es-colarizados à chefia de grupos armados como a ADA e CV, continuarão a ser painel de tiro ao alvo de uma polícia corrupta, ignorante e trucu-lenta, é navegar na maionese, com se diz. O mais provável é que estes, sim, virem alvos privilegiados daqueles. Deve-se ainda considerar que os grupos armados que operam nos morros cariocas e na baixa flu-minense, são, na verdade, grupos guerrilheiros bem organizados, que

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podem paralisar a região metropolitana do Rio de Janeiro num piscar de olhos, pois todas as instalações das Forças Armadas – Exercito, Marinha e Aeronáutica – concentradas nessa região, estão cercadas por favelas, impedindo que as tropas saem em campo para dominar o terreno à sua volta. Estes grupos armados estão muito melhor posi-cionados para enfrentar as Forças Armadas do que os guerrilheiros da Colômbia, que escolheram a selva e o isolamento da sociedade para operar, fatores que garantem um fracasso antecipado dessa aventura, como mostrou a guerrilha do Araguaia. Nos morros cariocas ocorre o contrário. Os jovens armados não conquistaram um território estra-nho, eles nasceram e cresceram aí, onde são estimados e respeitados, fazendo parte da comunidade, de seus hábitos e costumes, inclusive dando-lhes proteção para viverem em harmonia. Quando são abatidos pela policia a comunidade chora sua perda, e se fecha em luto num sinal de pesar.

A nova rota, que abrirá novos horizontes ao País, dando a sociedade o tempo necessário para colocar as coisas em ordem e evitar o agrava-mento dos conflitos sociais, é formada por duas ferrovias: uma ligando Belo Horizonte a São Paulo e a outra Belo Horizonte a Vitória, ambas partindo do Quadrilátero Ferrífero, o maior jazimento de minério de fer-ro do mundo, que as viabilizará, sozinho, como empreendimento eco-nomicamente lucrativo; assunto tratado em quatro cartas enviadas à V. Exa. e outras quatro ao Governador de Minas Gerais, Antonio Augusto Anastasia. Estas cartas seguem em anexo para facilitar uma releitura de seus termos e compreensão da importância desse sistema ferroviário para a Segurança Nacional, razão por que deve ser incluído entre os objetivos prioritários da Estratégia Nacional de Defesa. Neste particular é bom frisar que tanto o litoral capixaba, quanto a região adjacente, que faz divisa com o Estado de Minas Gerais, particularmente na seção entre os rios Doce e Paraíba do Sul, área de influencia da Ferrovia Belo Horizonte/Vitória, são os locais mais indicado para se construir bases alternativas para as Forças Armadas, para evitar a concentração hoje existente na costa fluminense. Trata-se de uma região montanhosa, com maciços rochosos escarpados, de geologia e relevo particular, pouco habitada, muito diferente do litoral do Estado do Rio de Janei-ro que é densamente povoado, favelizado e industrializado; isto sem contar as centrais atômicas aí existentes que podem paralisar todas as atividades nessa região, inclusive as militares, se acontecer algum acidente grave em suas instalações.

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Finalmente, para efeito de comparação, as duas ferrovias que compõem o corredor estratégico São Paulo-Belo Horizonte-Vitória somam cerca de 1.036 km de extensão; distância muito menor que aquela da Ferrovia Transnordestina, obra prioritária do Governo Federal, com seus 1.728 km de extensão, o que equivale a quatro vezes a distância entre o Rio de Janeiro e São Paulo. Além disso, é bom lembrar que a Ferrovia Belo Horizonte-Vitória pode, no litoral capixaba, lançar um ramal para Campos (RJ), facilitando a ligação Vitória-Rio de Janeiro, e, consequen-temente, abrindo para as Forças Armadas outra via de abastecimento para a defesa do País, fechando o anel ferroviário Rio de Janeiro/São Paulo/ Belo Horizonte/Vitória/Rio de Janeiro, o qual eliminará, se con-cretizado, o ponto fraco da Estratégia Nacional de Defesa.

Agradecendo a atenção de V. Exa., subscrevo-me.

Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

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PARTE XII

A ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA, A EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS DE MINÉRIO DE FERRO DO PAÍS E A IMPLANTAÇÃO DE UM EFICIENTE E ESTRATÉGICO SISTEMA FERROVIÁRIO NACIONAL

Belo Horizonte, 22 de setembro de 2010.

Exmo. Sr. Luiz Inácio Lula da SilvaPresidente da RepúblicaPalácio do PlanaltoBrasília – DF

Com cópias para os Exmos. Srs. Vice-Presidente da República, José Alencar; Ministro da Defesa, Nelson Jobim; Governadores dos Estados de Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo; Deputados(as) Federais; Diretorias da FIEMG, FIESP e das indústrias siderúrgicas, Gerdau Aço-minas, Usiminas e CSN. Com cópias também para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.

Assunto: A Estratégia Nacional de Defesa, a exploração das jazidas de minério de ferro do País e a implantação de um eficiente e estratégico Sistema Ferroviário Nacional. Prezado Senhor Presidente,

No último dia 17, enviei a V. Exa. carta tratando do seguinte assunto: “O ponto fraco da Estratégia Nacional de Defesa: a lança sem cabo”. Hoje

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volto a este tema em função da seguinte notícia publicada pelo Estadão Online, intitulada Mineradora ENRC amplia presença no Brasil (Agên-cia Estado – Clarissa Mangueira, Londres, 21/9/2010): “Numa tentativa de fortalecer sua presença no Brasil, a mineradora cazaque Eurasian Natural Resources Corp. (ENRC) anunciou a compra dos 50% de parti-cipação remanescente na mineradora brasileira Bahia Minerals BV, que ainda não possuía, e adquiriu uma opção de comprar o ativo vizinho de minério de ferro Greystone por R$ 1,24 bilhão em dinheiro. A ENRC pagará R$ 1,16 bilhão em dinheiro à Zamin BM NV pela participação restante na Bahia Minerals, depois de assumir uma dívida líquida de cerca de R$ 112,6 milhões. A Bahia Minerals possui duas empresas de minério de ferro: a Bahia Mineração Limitada e a Eire Mineração Limita-da, ambas localizadas na região de Caetité, na Bahia. O projeto da Bahia Mineração Limitada completou seu estudo de viabilidade em julho e de-verá produzir 11 milhões de toneladas de minério de ferro concentrado até 2011. A produção do ativo está prevista para ser ampliada para 19,5 milhões de toneladas por ano até 2014, a um custo de R$ 3,63 bilhões em desenvolvimento. Os produtos de minério de ferro processado terão um teor de minério de ferro entre 67% e 68,5%. O projeto deverá se beneficiar dos baixos riscos de logística, visto que o governo brasileiro ficará responsável por desenvolver a linha ferroviária para transportar o minério até o porto. O prazo para a construção da ferrovia ainda precisa ser definido, mas o governo espera conceder o contrato de construção no quarto trimestre deste ano. A Bahia Minerals tem uma base de re-cursos de minério de ferro de 1,81 milhão de toneladas, com um teor médio de ferro de 32%. A ENRC comprou sua primeira participação de 50% na companhia brasileira da Zamin em maio de 2008, por R$ 530 milhões em dinheiro. A ENRC também garantiu uma opção de compra de 100% da Greystone Mineração do Brasil da Zamin, por cerca de R$ 250 milhões em dinheiro. As informações são da Dow Jones”.

A Folha online (21/9/2010) também noticiou essa transação com alguns dados adicionais, transcritos a seguir por ilustrar de forma exemplar como o Brasil está se comportando como certos países africanos, onde as práticas coloniais ainda imperam, e onde os governantes só tomam conhecimento do que será feito com seus recursos naturais pela im-prensa. Não são consultados e nem cheirados, como está acontecendo no Brasil, quando muito são agraciados com algumas propinas para ficarem calados: “A ENRC estava negociando com siderúrgicas uma possível venda da participação no projeto para ajudar no custo da cons-

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trução. ‘Temos mantido negociações preliminares com siderúrgicas da União Europeia, indianas e chinesas’, disse o presidente do conselho de administração da ENRC, Johannes Sittard, à Reuters. [...] Ano passado, a ENRC pagou US$ 955 milhões em dinheiro pela Camec (Central Afri-can Mining and Exploration) para obter ativos minerais na República do Congo, Zimbábue e Moçambique”. Para evitar que o Brasil volte a ser uma colônia, anulando tudo o que foi feito desde que Dom Pedro I declarou nossa independência de Por-tugal, por obra e graças de governantes frouxos e vacilantes e de mi-nistros (as) corruptos (as), é bom que – no caso da exploração das jazidas de minério de ferro do País, e da implantação de um moderno e eficiente sistema ferroviário nacional –, estes dois assuntos passem a ser considerados de interesse da Segurança Nacional e incorporados à Estratégia Nacional de Defesa. Esta medida é imprescindível, pois se trata do único diploma legal que tem funcionado com retidão e obje-tividade, atendendo às necessidades da nação, graças à atuação com-petente do Ministro da Defesa e dos comandantes militares que não se deixaram contaminar pelos desvios de comportamento que já atinge o núcleo central do governo federal e de onde emanam todas as decisões do poder central, como a imprensa tem noticiado ultimamente: a Casa Civil. Afinal de contas, qual a “mão negra”, ou interesses escusos, que está retendo nos escaninhos do governo federal o novo Código de Mineração que até hoje não foi enviado ao Congresso Nacional para ser discutido e votado? Este instrumento legal, uma vez aprovado, poderá acabar de vez com essa esculhambação toda que tomou conta do setor mineral do País. Para atingir esses objetivos estratégicos – a exploração racional dos ja-zimentos de minério de ferro e a implantação de um sistema ferroviário moderno e eficiente, que atenda às Forças Armadas e aos interesses maiores da Nação –, o primeiro passo é suspender todas as conces-sões e projetos em andamento nesses dois segmentos da economia, para que sejam analisados à luz da Estratégia Nacional de Defesa. De que adianta comprar ou construir navios, aviões, submarinos, inclusive atômicos, modernizar as Forças Armadas, etc., se todo esse apara-to bélico será empregado para defender um patrimônio que não nos pertence, e sobre o qual não temos nenhum poder de mando? Os verdadeiros donos do pedaço não são os cazaques, chineses, indianos, etc., os únicos responsáveis pelas decisões empresariais a respeito do que fazer com nossas jazidas de minério de ferro? Por que então não

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assumem eles mesmos a defesa de seu patrimônio em terra até hoje dos brasileiros? Neste caso o papel das Forças Armadas brasileiras será o de reles cães de guarda de interesses alienígenas. Mas o que fazer, se o Governo Federal quer assim? Calar ou agir, eis a questão!Para que os militares, os empresários, os sindicatos, a mídia e a so-ciedade brasileira como um todo não tire o corpo fora desse debate, dizendo “Esse assunto não me diz respeito”, e assuma suas responsa-bilidades perante a história, transcrevo a seguir uma fábula – a Fábula do Rato –, contada pelo Frei Cláudio van Balen, da Igreja do Carmo, de Belo Horizonte, para ilustrar o sermão da missa das 11 horas da manhã, do último domingo (19/9/2010), mas que vem a calhar para encerrar esta carta. Antes, porém, transcrevo o seguinte comentário – Frases do Dia – veiculado pelo Jornal Estado de Minas (20/9/2010, p. 10), que sintetiza o que se passa hoje no Brasil: “A China é parceira ou saqueadora do Brasil? Jornal britânico The Guardian, ao destacar a construção de um enorme complexo portuário e industrial na costa do Rio de Janeiro, apelidado de ‘Estrada para a China’, pelo qual será es-coado principalmente minério de ferro, questionando se o país amarelo é um parceiro ou predador do Brasil”. Deve-se acrescentar a essas observações que o minério de ferro é mais importante, estrategicamente, do que o petróleo; isto porque ainda vi-vemos a Idade do Ferro, que continua imprescindível para a humani-dade desde que foi utilizado pela primeira vez a cerca de 3.200 anos, enquanto o petróleo, que mal começou a ser utilizado, já apresenta sinais de esgotamento. Segundo as projeções mais otimistas, este fato deverá ocorrer nos próximos 50 anos, quando, então, será substituído pela energia atômica e outras fontes alternativas, como aconteceu com o carvão mineral que viabilizou a Revolução Industrial e foi substitu-ído pelo petróleo. A Idade do Ferro, ao contrário, não tem data para terminar, mas as jazidas sim. Estas são poucas, em comparação com os inúmeros jazimentos de petróleo espalhadas pelo mundo. Portanto, conseguir a posse e controle das jazidas de minério de ferro é o ob-jetivo estratégico número um de países como a China, que as adquire no mundo todo para satisfazer seu apetite voraz de matérias-primas minerais e garantir sua posição de grande potência do século XXI; isto com a complacência de países sub-desenvolvidos, como o Brasil, ou miseráveis, como os do continente africano. A entrada do Ministério da Defesa na formulação de uma política de aproveitamento racional de nossas reservas de minério de ferro e na implantação de um eficiente

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sistema ferroviário nacional, deve ser feito sem demora, não só para impedir que interesses escusos venham a comprometer nossa cami-nhada rumo ao pleno desenvolvimento econômico e social, mas, tam-bém, para afastar os corruptos desse campo minado que é o domínio dos recursos minerais não renováveis. Chega de amadorismo! Já está mais do que na hora de se encarar essa questão com responsabilidade e visão de futuro.

A FÁBULA DO RATO

Em uma fazenda havia um rato que se achava dono do pedaço. Certa noite, por entre as frestas do assoalho, ouviu a fazendeira dizer ao seu marido: “Precisamos comprar uma ratoeira”. Apavorado, procurou a galinha no galinheiro e lhe disse: “A fazendeira vai comprar uma ratoeira”. A galinha, ciscando, não lhe deu atenção. Como insistisse, disse ao rato: “O que tenho com isso? Ratoeira é as-sunto de rato. Vai se cuidar”, dispensando-o às gargalhadas.Inconformado, procurou o porco no chiqueiro. Disse-lhe a mesma coi-sa: “A fazendeira vai comprar uma ratoeira” A reação foi a mesma da galinha: “O que tenho com isso? Este assunto não me diz respeito”. E, chafurdando na lama, mandou que se retirasse, não antes de dar boas gargalhadas ante o seu pavor. Desanimado, procurou o boi no curral, na esperança de ser ouvido. Que nada! O boi reagiu como a galinha e o porco, desprezando suas advertências e, ainda por cima, despachando-o com gargalhadas, di-zendo para não importuná-lo mais, pois era um assunto estranho às suas preocupações.Derrotado em suas andanças, quedou-se desanimado, mas atento aos movimentos da fazendeira. Sequer conseguia conciliar o sono.Certa noite, enquanto cochilava, sobressaltado, o rato ouviu um baque surdo. Era uma cobra que, sorrateiramente, havia entrado na despensa da fazenda, onde se escondia, e fora apanhada pela ratoeira, posta ali pela fazendeira. Esta, apressada, no meio da noite, saiu correndo para ver o que a ratoeira havia pegado. Mas, descuidada, esqueceu-se de levar uma lanterna, pois era noite, e o resultado foi trágico. A cobra havia sido pega pelo rabo, mas continuava viva e atenta a tudo que se passava o seu redor. A fazendeira, desavisada, foi atacada pela cobra e, aos gritos, chamou seu marido. O rato, na sua toca, tudo observava, em silêncio.

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O marido, prestativo, tratou logo de levar a esposa para a cidade para ser medicada. Todavia, a cobra era uma jararaca muito peçonhenta e a fazendeira acabou morrendo no caminho. Inconsolável, o viúvo tratou de preparar um enterro bem solene, como sua companheira merecia. Para isso, chamou toda a vizinhança para o velório. Era muita gente, e os criados pediram instruções de como deveriam alimentá-los.O fazendeiro prontamente mandou sacrificar a galinha, que se revelou insuficiente para alimentar tanta gente. Voltaram, portanto, a ele para saber o que fazer. Disse, então, para matar o porco, o que fizeram imediatamente. Lá pelas tantas, voltaram novamente com o mesmo problema: como ali-mentar tanta gente que não parava de chegar. Como estava muito pesaroso, não vacilou em mandar abater o boi para resolver de vez o problema. Satisfeitos, os criados saíram para cumprir a sua missão.Moral da história: “Nunca diga a ninguém que não tem nada com isso, quando lhe apresentarem uma questão qualquer, mesmo que seja es-tranha aos seus interesses imediatos”. Em sociedade, o que afeta um cidadão afeta a todos, não há como ignorar o que se passa ao seu lado. Portanto, mãos à obra e nada de ficar parado e indiferente aos acon-tecimentos cotidianos, pois, mais cedo ou mais tarde, todos acabarão envolvidos por eles, para o bem ou para o mal. Agradecendo a atenção, subscrevo-me.Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

A VALE e as Golden Shares

Belo Horizonte, 16 de outubro de 2010.

Exmo. Sr. Luiz Inácio Lula da SilvaPresidente da RepúblicaPalácio do PlanaltoBrasília – DF

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Com cópias para os Exmos. Srs. Vice-Presidente da República, José Alencar; Ministro da Defesa, Nelson Jobim; Governadores dos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo; Deputados(as) Federais e Partidos Políticos. Com cópias também para os jornais Estado de Minas, O Tem-po e Folha de S. Paulo.

Assunto: A VALE e as Golden Shares.

Prezado Senhor Presidente,

Nos últimos dias, a imprensa tem noticiado que o presidente da VALE tem feito declarações sobre o comando da empresa, ou seja, “quem manda no pedaço”, com diz o vulgo, as quais desagradaram tanto ao governo federal, como a cúpula dirigente do PT, alvo das críticas desse executivo. Para os políticos deste partido, a VALE deve vestir a camisa verde e amarela sem constrangimentos e agir como todas as grandes empresas multinacionais, que mesmo sendo globais não deixam de ser controladas pelos governantes dos países sedes. Um exemplo recente foi a intervenção do Primeiro Ministro britânico na disputa por indenizações entre o governo norte-americano e a BP pelos danos causados pelo desastre do Golfo do México. Neste caso, e em muitos outros, como registra os anais da história, o destino das grandes empresas petrolíferas e de outras grandes corporações, tanto dos Estados Unidos da América como da Grã-Bretanha, embora priva-das, foram sempre controladas pelos governantes dessas nações, pois o que estava em jogo não era simplesmente uma questão de “dividendo dos acionistas”, mas questões estratégicas de poder e mando em esca-la global. Outros casos, bem conhecidos dos brasileiros, de intervenção do Estado em empresas privadas, para atender aos interesses estra-tégicos dessas nações, aconteceu na Segunda Guerra Mundial, quan-do o governo norte-americano obrigou as siderúrgicas daquele país a transferir tecnologia para construir a usina de Volta Redonda, fazendo o mesmo com o governo britânico, para que seus súditos cedessem o controle das jazidas de minério de ferro de Itabira para o governo brasileiro, que, para isto, criou a Cia. Vale do Rio Doce. No caso da VALE, é bom lembrar que o poder de mando desta compa-nhia, embora privatizada, pertence à União, dona das chamadas Golden Shares, ações que foram emitidas no processo de privatização para ga-rantir que a empresa continuaria sendo verde-amarela; isto sem contar

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o fato de que os fundos de pensão estatais são os maiores acionistas dessa companhia, o que, por si só, seria suficiente para traçar sua política empresarial. Neste caso, o papel da VALE na economia do País deve ser traçado em conjunto com o da Petrobras, para evitar ações desconexas, como, por exemplo, o empenho desta última companhia em construir navios e plataformas no País, para uso próprio, enquanto aquela foi comprar dezenas de navios na China para transportar minério de ferro de suas jazidas, alegando questões de tempo e dinheiro. Estas razões também poderiam ser invocadas pela Petrobras, que, no entanto, optou por outro caminho por decisão do governo federal, ou seja, priorizar o desenvolvimento do País, utilizando para isso das ri-quezas que a natureza pôs no colo dos brasileiros; neste caso o petró-leo e o gás natural. O mesmo pode e deve ser feito com as gigantescas reservas de minério de ferro da VALE, mas para isso o Governo Federal deve exercer os poderes que as Golden Shares lhe confere (vide ane-xo), ou seja, ditar a política empresarial desta companhia, como vem fazendo com a Petrobras. Mas, para isto, é necessário que, a exemplo desta empresa, o Presidente da República indique não só o presidente da VALE, mas também os diretores de áreas estratégicas da empresa. Agradecendo a atenção de V. Exas., subscrevo-me.

Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

Golden SharesInformações disponíveis no Site da VALE

As ações preferenciais de classe especial, golden shares, devem ser obrigatoriamente de titularidade da União Federal.

O detentor das ações preferenciais de classe especial tem os mesmos direitos (incluindo àqueles relativos a voto e preferências de dividendo) dos detentores de ações preferenciais Classe A.

Adicionalmente, o detentor das ações preferenciais de classe especial tem o direito de vetar quaisquer propostas em relação aos seguintes assuntos:

1. alteração de nossa denominação social;

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2. mudança de nossa sede social;

3. mudança do nosso objeto social relativamente à exploração de jazidas minerais;

4. liquidação de nossa empresa;

5. qualquer alienação ou encerramento das atividades de uma ou mais das seguintes etapas dos sistemas integrados de nossa explora-ção de minério de ferro: Jazidas minerais, depósitos de minério, minas Ferrovias Portos e terminais marítimos

6. qualquer modificação dos direitos atribuídos às espécies e classes das ações de nossa emissão;

7. qualquer modificação de quaisquer dos direitos atribuídos por nosso Estatuto Social à ação preferencial de classe especial.

Corrida ao ferro

Belo Horizonte, 26 de outubro de 2010.

Exmo. Sr. Luiz Inácio Lula da SilvaPresidente da RepúblicaPalácio do PlanaltoBrasília – DF

Com cópias para os Exmos. Srs. Vice-Presidente da República, José Alencar; Ministro de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guima-rães; Governadores dos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo; Deputados(as) Federais; Deputados(as) Estaduais de Minas Gerais; Di-retores da FIEMG, IPEA, FGV e ESG e jornais Estado de Minas e Folha de S. Paulo.

Assunto: Corrida ao ferro.

Prezado Senhor Presidente,

Sob o título acima, o jornalista Mário Fontana, em sua coluna no Jornal Estado de Minas do dia 23/10/2010 (p. 3), informava: “Delegações

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oficiais de compradores de minério de ferro de países asiáticos são esperados em Belo Horizonte a partir da primeira semana do mês que vem. Vão disputar a aquisição das últimas grandes jazidas do chamado Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais. Elas se encontram nos muni-cípios de Nova Lima, Sabará e Raposos. Anota-se que as transações deverão ser realizadas sob o controle do Morgan Stanley Bank. As delegações asiáticas serão integradas por representantes de grupos da China, Japão, Coréia do Sul e Tailândia. Mais detalhes, dopo”.Dois dias depois (25/10/2010, p. 3), em outra nota, sob o título “Miné-rio”, o colunista fornecia mais detalhes sobre o assunto: “Empresários de Taiwan farão parte da delegação de executivos de países asiáticos que visitarão Minas Gerais, em novembro, com o objetivo de analisar aquisições das últimas jazidas de minério de ferro do Quadrilátero Fer-rífero, na Região Central. Vão analisar possibilidades de negócios junto com representantes de mineradoras da China, do Japão e da Coréia do Sul”. Na mesma edição desse jornal, no Caderno Agropecuário, podia-se ler a seguinte notícia (p.9): “Vale e UFV assinam protocolo de intenções para auxiliar no desenvolvimento da fruticultura do país da Arábia. [...] O diretor do Instituto Tecnológico Vale (ITV), Luiz Mello, explica que a UFV foi escolhida pela Vale por ser referência mundial na pesquisa agrícola. Ele conta que a mineradora decidiu investir na parceria para ajudar no desenvolvimento da agricultura de Omã para desenvolver ali uma política de boa vizinhança com o país. [...] A empresa está inves-tindo US$ 1,35 bilhão na construção de uma usina de pelotização, com capacidade nominal de 9 milhões de toneladas/ano, e de um complexo portuário, que vai operar com navios Valemax, de 400 mil toneladas de porte bruto”. Para elaborar um raciocínio lógico sobre o conjunto dessas informa-ções, é preciso adicionar mais uma, veiculada pela imprensa nessa mesma semana, desta vez sobre o petróleo do Pré-Sal. Segundo o jornal Estado de Minas (23/10/2010, p.13), “A Petrobrás concluiu a per-furação do novo poço na área de Tupi, no pré-sal da Bacia de Santos, e comprovou o potencial, anteriormente anunciado, de extração de óleo leve e de gás natural recuperável, de 5 bilhões a 8 bilhões de barris”.Considerando as estimativas publicadas pela imprensa de reservas su-periores a 100 bilhões de barris nas áreas do pré-sal em fase de pes-quisa, as quais poderão chegar a 1 trilhão de barris, tendo em vista o potencial total da unidade estratigráfica hospedeira, que vai do litoral do

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Estado do Espírito Santo até o de Santa Catarina, os seguintes questio-namentos se impõem, pela lógica das coisas:

Onde estão as autoridades competentes deste País, que não ligam um fato a outro, e se perguntam: “Não está na hora de se juntar as peças desse quebra-cabeça, que é a manipulação de minerais estratégicos, como o ferro, petróleo e gás natural, para disso a nação brasileira tirar o melhor proveito?” Vamos deixar que o mercado especulativo e as multinacionais ditem os rumos de nossa economia e o desenvolvimen-to econômico e social do País?

Não está passando da hora de se criar um grupo de trabalho para formular uma política integrada para o aproveitamento econômico das gigantescas reservas de minério de ferro do Estado de Minas Gerais e do petróleo e gás natural da Plataforma Continental, com vistas a dominar o mercado mundial de aço neste século?

Por que uma empresa como a VALE junta essas peças em Omã e não é capaz de fazer o mesmo em terras brasileiras, ou melhor, associar o minério de ferro do Estado de Minas Gerais com o petróleo e o gás natural do Pré-Sal para produzir aqui, em nosso País, não só esses milhões de toneladas de “pelets”, mas milhões de toneladas de aço, tornando-se a líder mundial na fabricação e exportação deste produto?

O que está por detrás desse alheamento? Será descuido das autorida-des “competentes”? Falta de visão de nossos governantes? Ação de executivos apátridas? Ou bobeira mesmo, da atual geração de brasi-leiros? Já se esqueceram das lutas de Artur Bernardes e Getúlio Var-gas em defesa de nossos interesses? Não se forjam mais neste País estadistas como estes, de pulso firme e mão de ferro? Só nos restam babacas e interesseiros?

Por que o governo brasileiro não edita uma Medida Provisória (MP) para sustar a venda das jazidas de minério de ferro do País, particu-larmente as do Estado de Minas Gerais, até que o novo Código de Mineração passe a vigorar? Será que essa corrida toda, dos asiáticos, para comprar as jazidas de minério de ferro do Quadrilátero Ferrífero, tem alguma relação com a atual política de “porteiras abertas”, que esse código pode fechar?

Por que os políticos, governantes e empresários mineiros e brasileiros ainda veem as riquezas minerais de nosso País pelo viés dos coloniza-dores, como um produto de exportação em estado bruto para serem

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processados no exterior? Ou vendê-las, em leilões especulativos, “sob o controle do Morgan Stanley Bank”, como noticia a imprensa?

Não atinaram, ainda, que o Brasil já deixou para trás a Era Colonial e já vive um novo tempo, no qual o domínio de suas riquezas pertence aos brasileiros e aqui mesmo devem ser processadas e transformadas em produtos de alto valor agregado? A ficha ainda não caiu?

Para estimular as “autoridades competentes”, os políticos, empresários e governantes a raciocinarem em termos objetivos, tendo em vista os interesses maiores da nação brasileira, nada melhor do que consultar a Enciclopédia Digital Wikipédia, sobre o significado da “lógica das coisas”.

Agradecendo a atenção de V. Exas., subscrevo-me.

Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

Lógica (Wikipédia)

“Ao procurarmos a solução de um problema quando dispomos de da-dos como um ponto de partida e temos um objetivo a estimularmos, mas não sabemos como chegar a esse objetivo temos um problema. Mas se depois de examinarmos os dados chegamos a uma conclusão que aceitamos como certa, concluímos que estivemos raciocinando. Se a conclusão decorre dos dados, o raciocínio é dito lógico. A lógica (do grego clássico λογική logos) é uma ciência de índole matemática e fortemente ligada à Filosofia. Já que o pensamento é a manifestação do conhecimento, e que o conhecimento busca a verdade, é preciso estabelecer algumas regras para que essa meta possa ser atingida cor-retamente a fim de chegar a conhecimentos verdadeiros. Podemos, então, dizer que a lógica trata dos argumentos, isto é, das conclusões a que chegamos através da apresentação de evidências que a sustentam. O principal organizador da lógica clássica foi Aristóteles, com sua obra chamada Organon.”

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PARTE XIII

O COLAPSO DO SISTEMA FINANCEIRO INTERNACIONAL E AS OPORTUNIDADES QUE SE ABREM PARA O BRASIL E A AMÉRICA DO SUL

Belo Horizonte, 10 de novembro de 2010.

Exmo. Sr. Luiz Inácio Lula da SilvaPresidente da RepúblicaPalácio do PlanaltoBrasília – DF

Com cópias para os Exmos. Srs. Vice-Presidente da República, José Alencar; Ministros da Fazenda, Guido Mantega; de Assuntos Estratégi-cos, Samuel Pinheiro Guimarães; Secretário do Tesouro Nacional, Arno Hugo Augustin Filho; Deputados(as) Federais; Governadores dos Esta-dos da União; Diretores do IPEA e da FGV e jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.

Assunto: O colapso do sistema financeiro internacional e as oportunida-des que se abrem para o Brasil e a América do Sul.

Prezado Senhor Presidente,

As três notícias abaixo, veiculadas pela Folha Online, reproduzidas em anexo, levaram-me a associá-las com o assunto em epígrafe, e daí concluir que, para o Brasil e a América do Sul se livrarem das conse-quências desse colapso, nas suas finanças, e reverter esse fracasso em seu favor, devem agir como um lutador de Jiu-jitsu, que apara

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os golpes de seus adversários, para em seguida devolvê-lo com mais energia e força.

Folha Online – 9/11/2010: “Presidente do Banco Mundial surpreende com ideia de padrão ouro”.

Folha Online – 9/11/2010: “Governo pode cobrir até R$ 5 bi se rentabi-lidade do trem-bala decepcionar”.

Folha Online – 9/11/2010: “MP visa assegurar potencial de operação do BNDES, diz governo”.

A primeira dessas notícias dá a dimensão da perplexidade da comuni-dade financeira com o caos que se abate sobre a banca internacional. Este fato faz com que a volatilidade do capital especulativo flutue ao sabor das ondas de otimismo e pessimismo que alimentam, artificial-mente, este tipo de jogo. Consequentemente, para o Brasil, o capital disponível para investimentos em infraestrutura de obras públicas se torna, a cada dia, mais escasso e o Governo Federal se vê em situação difícil para tocar projetos importantes como o do trem-bala, assunto abordado nesse noticiário da Folha Online. Para contornar esses pro-blemas e a carência de poupança interna para financiar este projeto, e outros de alta relevância para a economia do País e da América do Sul, como as ferrovias Belo Horizonte-São Paulo, Belo Horizonte-Vitoria e a Transcontinental Dom Bosco, e, também, da Grande Adutora Tucuruí-Nordeste, a solução é transformar a poupança negativa, representada pela divida pública, em poupança positiva.

Para isso o Governo Federal deve proceder como o governo norte-ame-ricano que, para aquecer a economia daquele país, visando à criação de empregos, emitiu dinheiro para recomprar cerca de US$ 600 bilhões de dólares de papéis federais em poder dos bancos. No nosso caso, não há necessidade de emitir dinheiro para financiar aqueles projetos. Basta negociar com os bancos credores do Tesouro Nacional a troca parcial ou total dos títulos da dívida pública por ações das companhias estatais especialmente criadas para tocar tais projetos, como o do Trem-Bala, cujo capital deverá ser da ordem de R$ 34.6 bilhões, segundo dados divulgados pela imprensa. Neste caso, num primeiro instante, esta em-presa seria formada com 100% de capital do Estado, para em seguida, com essa permuta, tornar-se uma empresa privada controlada pelos bancos, que poderiam negociar suas ações na bolsa para receber de volta o seu capital, que dificilmente seria recuperado se continuassem aplicados em títulos da dívida pública. Para viabilizar essa operação, a

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“taxa mínima de juros resultante dessa eventual repactuação será de 3% ao ano”, como prevê a Medida Provisória 511.

O lastro para a emissão dessas ações, por parte do Tesouro Nacional, não virá, portanto, pela emissão de dinheiro, como no caso norte-americano, mas sim do Fundo Soberano, criado para estocar os ga-nhos com a exploração do petróleo da Plataforma Continental, mais precisamente do Pré-Sal. Tais medidas, além de colocar os banqueiros como parceiros do desenvolvimento econômico e social do País, con-tribuirão também para combater a inflação, pois os investimentos em infraestrura são anti-inflacionários por natureza, dado o longo período de maturação, ao contrário do crédito consignado, o bezerro de ouro da banca, que é 100% inflacionário, pois estimula o consumo por parte daqueles que não têm poupança. Além disso, ao reduzir o estoque da dívida pública, essa operação facilitará a queda dos juros, o que contri-buirá significativamente para incrementar os investimentos e atividades produtivas, gerando empregos e rendas.

Esse mesmo procedimento pode ser adotado para financiar a implan-tação dos demais projetos citados anteriormente, ou seja, as ferrovias Belo Horizonte-São Paulo, Belo Horizonte-Vitória e a Transcontinen-tal Dom Bosco, além da Grande Adutora Tucuruí-Nordeste. A respeito destes projetos, anexo à presente, para ilustração, cópias das cartas enviadas à V. Exa. nos dias 17/7/2010 (A construção da Ferrovia Belo Horizonte-São Paulo), 23/7/2010 (Reestruturação do Sistema Ferrovi-ário/Portuário da Região Sudeste), 27/7/2010 (A construção de uma nova Ferrovia Belo Horizonte-Vitória e sua importância para a indústria siderúrgica, mineração e reestruturação dos portos da Região Sudeste) e 23/10/2010 (A Transposição do Rio São Francisco e a Grande Adu-tora Tucuruí-Nordeste). Quanto ao Projeto da Ferrovia Transcontinental Dom Bosco, os dados podem ser encontrados em quatro livros de mi-nha autoria, disponíveis na Biblioteca Digital do Governo Federal (www.dominiopublico.gov.br).

Voltando à primeira notícia da Folha Online, que trata da volta do padrão ouro, a sugestão é que o Governo brasileiro retome a ideia de se criar o “Peso Real”, moeda de troca entre os membros do Mercosul, para fazer frente à guerra cambial detonada pelos Estados Unidos da América e a China, protegendo, assim, a moeda de cada País do continente contra a ação dos especuladores de todos os matizes. Para viabilizar esta ideia, a sugestão é que V. Exa. se candidate, ao deixar a Presidência da Repúbli-

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ca, ao cargo de Presidente da Unasul, quando então terá oportunidade de discutir com todos os membros desta união a melhor forma de se adotar este padrão monetário e implantar a Ferrovia Transcontinental Dom Bosco, um projeto que viabilizará de vez a integração da América do Sul, fortalecendo a um só tempo a Unasul, o Mercosul e o sistema de defesa do continente.

Agradecendo a atenção de V. Exa., subscrevo-me.

Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

Folha Online – 9 /11/2010 – Presidente do Banco Mundial surpreende com ideia de padrão ouro

As economias avançadas deveriam considerar a adoção de um padrão ouro modificado para guiar as taxas de câmbio, disse nesta segunda-feira o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, em uma proposta inesperada antes da cúpula do G20 (o grupo das 20 maiores econo-mias do mundo). Escrevendo no “Financial Times”, Zoellick defendeu a criação de um sistema “Bretton Woods 2” de moedas flutuantes, como sucessor do regime de taxas de câmbio fixas implementado no início dos anos 1970. O ex-representante comercial dos Estados Unidos, que participou de alguns governos republicanos no país, disse que uma medida como essa “deve precisar envolver o dólar, o euro, o iene, a libra e [um yuan] que caminhe para a internacionalização e, então, a uma conta capital aberta.” “O sistema também deveria considerar utilizar o ouro como um ponto de referência internacional de expecta-tivas de mercado sobre inflação, deflação e valores cambiais futuros”, acrescentou Zoellick. Analistas mostraram cautela. “Seguir em frente com isso seria algo que nós poderíamos avaliar, mas não vai acontecer num período curto de tempo”, disse Ong Yi Ling, analista da Phillip Futures em Cingapura, acrescentando que os preços do ouro mal rea-giram aos comentários. Zoellick disse que um novo sistema monetário levaria tempo para se desenvolver e que deveria ser parte de um pacote com possíveis mudanças nas regras do FMI, para revisar o capital e políticas de conta corrente e ligar as análises monetárias do FMI (Fundo Monetário Internacional) às obrigações da OMC (Organização Mundial do Comércio).

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O ouro chegou a atingir a máxima recorde de US$ 1.398,35 a onça (28,34 gramas) nesta segunda-feira, por preocupações com o enfra-quecimento do dólar após a atuação do Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA) para voltar a comprar Treasuries.

Folha Online – 9/11/2010 – Governo pode cobrir até R$ 5 bi se renta-bilidade do trem-bala decepcionarO governo publicou nesta segunda-feira uma medida provisória para garantir recursos de até R$ 20 bilhões para o financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) ao projeto do trem-bala. A Medida Provisória 511 incluiu ainda uma cláusula que permite que a União cubra um montante de até R$ 5 bilhões caso a receita do projeto se mostre inferior ao previsto nos primeiros dez anos de operação. Na prática, caso o operador do trem-bala não tenha o desempenho esperado, ele terá direito a uma redução na taxa de juros cobrada no empréstimo. O valor máximo de repactuação será de R$ 3 bilhões do primeiro ao quinto ano de operação e de R$ 2 bilhões do sexto ao décimo ano. A taxa mínima de juros resultante dessa eventual repactuação será de 3% ao ano. Se isso ocorrer, o governo cobre uma parcela de até R$ 5 bilhões. Segundo a Folha apurou, a cláusula foi incluída para garantir a atratividade do projeto para os investidores estrangeiros. O BNDES tem conversado com investidores japoneses, coreanos, chineses, espanhóis, alemães e franceses. O valor máximo da tarifa será de R$ 199 para o trecho entre Rio e São Paulo. A viagem terá duração de 1 hora e 30 minutos. Para Henrique Pinto, superintendente da área de Estruturação de Projetos do banco, a cláusula não deverá ser utilizada porque existe demanda para o empreendimento. Segundo o BNDES, o trem de alta velocidade deve transportar inicialmente 32 milhões de passageiros/ano e gerar receitas superiores a R$ 2 bilhões/ano. Os dados seguem previsão realizada pelo consórcio Halcrow-Si-nergia, vencedor da licitação para a realização de estudo sobre o trem-bala. O superintendente destaca que um dos sinais de demanda para o projeto é o aumento do número de passageiros de avião. Ele afirma que no ano passado o país registrou um total de 132 milhões de passagei-ros e que até setembro deste ano o mercado doméstico mantém ritmo de crescimento de dois dígitos. O custo médio mundial de projetos de trem de alta velocidade é da ordem de US$ 32,7 milhões por quilôme-tro. O custo do trem-bala brasileiro foi estimado em US$ 35,36 milhões por quilômetro com base em uma taxa de câmbio de R$ 1,70. O BNDES

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afirma que a diferença de preço pode ser atribuída ao relevo acidenta-do da região. O BNDES anunciou hoje que a participação máxima de recursos públicos no financiamento será de até R$ 19,977 bilhões, atu-alizada pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) e limitada a 80% dos itens financiáveis pelo BNDES ou 60,3% do investimento total. Segundo o superintendente, a medida provisória publicada hoje permite na prática que o banco conceda um empréstimo superior ao limite determinado pelo patrimônio de referência da instituição. Sem a autorização do governo, o banco poderia emprestar até cerca de R$ 15 bilhões. “É um empréstimo muito grande para o tamanho do banco”, disse. Ele destacou que o banco tem ainda uma carteira de projetos que inclui grandes hidrelétricas, como Belo Monte. O financiamento será concedido integralmente com custo de TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo, atualmente em 6% ao ano) mais uma taxa de risco de crédito de 1% ao ano. O prazo de pagamento será de 30 anos, com seis meses de carência após a data prevista para o início das operações. A entrega dos envelopes pelos consórcios ocorrerá no dia 29 de novembro de 2010. O leilão ocorrerá em 16 de dezembro e a assinatura do contrato de concessão será no dia 11 de maio de 2011.

Folha Online – 9/11/2010 – MP visa assegurar potencial de operação do BNDES, diz governo

A Medida Provisória 511, publicada nesta segunda-feira no “Diário Oficial da União”, que trata de garantia da União ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para o trem-bala de Rio de Janeiro a Campinas, também visa assegurar o potencial de operação da instituição financeira, informou o subsecretário de Política Fiscal do Tesouro Nacional, Marcus Aucélio. O artigo 1º da MP permite à União renegociar as operações de crédito firmadas com o BNDES em relação ao TAV (Trem de Alta Velocidade), para compatibilizar o fluxo de caixa do banco. Na prática, isso significa que, caso o Tesouro tenha a receber um valor determinado do BNDES a partir de um empréstimo para a concessionária do trem-bala e a empresa, por problemas de caixa não possa realizar o pagamento integral, o governo pode flexi-bilizar os recebimentos devidos do banco, estendendo os prazos ou renegociando o valor das parcelas. Outro artigo da MP permite à União abater, até o limite total de R$ 20 bilhões, parte do saldo devedor de operações de crédito do BNDES para obras de infraestrutura. Contudo, esse abatimento refere-se a operações assinadas a partir da MP, que

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entrou em vigor nesta segunda-feira, e cujo provisionamento do banco para possível perda seja superior a R$ 8 bilhões. O abatimento deverá compensar até 90% das perdas sobre o valor provisionado. Na prática, a operação funciona da seguinte forma: o BNDES acerta, por exemplo, quatro financiamentos de R$ 20 bilhões cada um, e faz provisionamen-to de R$ 4 bilhões para o projeto A, R$ 8 bilhões para o projeto B, R$ 10 bilhões para o projeto C e 15 bilhões para o projeto D. Em caso de problemas de inadimplência das empresas, a atuação do Tesouro seria: como o primeiro projeto tem provisão abaixo de R$ 8 bilhões, não há abatimento. No segundo, o abatimento de 90% se daria sobre o valor da provisão (no caso, R$ 7,2 bilhões). No terceiro projeto, esse abatimento seria de R$ 9 bilhões. Como o teto de projetos é de R$ 20 bilhões, a União só poderia, no exemplo, abater o restante do saldo devedor do quarto projeto, ou R$ 3,8 bilhões (R$ 20 bilhões menos R$ 7,2 bilhões e R$ 9 bilhões). O BNDES restituirá à União os valores que venha a recuperar através de execução judiciária, por exemplo. Mas, enquanto busca essa reparação dos devedores, ele poderá con-tinuar operando em decorrência desse abatimento autorizado à União. “Na prática, é como se estivéssemos capitalizando o banco”, admitiu Aucélio. Em relação às operações para o trem-bala, a MP autoriza a União a garantir o financiamento de até R$ 20 bilhões do BNDES para o TAV, condicionada à apresentação de contragarantias como as ações da SPE (sociedade de propósito específico) da concessionária que cele-brar o contrato para as obras e as receitas da operação do trem de alta velocidade. A MP também ainda autoriza a União a conceder subsídio econômico ao BNDES de até R$ 5 bilhões, por meio de equalização de taxas de juros, para as operações de financiamentos destinadas ao TAV. Na prática, caso as receitas estejam aquém do esperado pela conces-sionária, o Tesouro pagaria até aquele limite de R$ 5 bilhões a diferença dos juros da dívida da empresa com o banco.

Belo Horizonte, 13 de novembro de 2010.

Exmo. Sr. Luiz Inácio Lula da SilvaPresidente da RepúblicaPalácio do PlanaltoBrasília – DF

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Com cópias para os Exmos. Srs. Vice-Presidente da República, José Alencar; Ministros da Fazenda, Guido Mantega; de Assuntos Estratégi-cos, Samuel Pinheiro Guimarães; Secretário do Tesouro Nacional, Arno Hugo Augustin Filho; Deputados(as) Federais; Governadores dos Esta-dos da União; Diretores do IPEA e da FGV e jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.

Assunto: O colapso do sistema financeiro internacional e as oportunida-des que se abrem para o Brasil e a América do Sul.

Prezado Senhor Presidente,

No último dia 10, enviei a V. Exa. uma carta tratando do assunto em epígrafe, cuja cópia segue em anexo, a qual gostaria de ajuntar mais alguns comentários; desta vez para sugerir outros projetos de infra-estrura básica que podem ser financiados com recursos provenientes da troca de títulos da dívida pública em poder do bancos, por ações de empresas especialmente criadas para esses empreendimentos, os quais, pela sua natureza, dinamizarão a economia do País, gerando em-pregos e rendas, sem provocar a inflação. Estes projetos, voltados para a melhoria do sistema de transporte ferroviário urbano e saneamento básico das regiões metropolitanas, requerem investimentos vultosos e de retorno a longo prazos, não disponíveis no sistema financeiro, hoje voltado para a especulação a curto prazo, mas existente de sobra nos cofres dos bancos, na forma de títulos da dívida pública federal, cujo montante, segundo a imprensa, supera a casa dos R$ 2 trilhões de reais. O primeiro desses projetos diz respeito ao combate às enchentes que assolam sazonalmente a capital paulista e sua região metropolita-na, cujas providências, até hoje, segundo a imprensa, restringem-se à construção dos chamados “piscinões”, cloacas assoreadas que se prestam mais para criatórios de mosquitos da dengue do que qualquer outra coisa. A solução está em se criar um sistema rápido de escoa-mento das águas dos rios Tietê e Pinheiros, de tal forma que, durante as chuvas, mesmo as torrenciais mais fortes, não transbordem para fora de seus leitos. Para isto é preciso que se faça um levantamento integral dessas duas bacias hidrográficas, a fim de que sejam removi-dos todos os obstáculos que retardam o fluxo de suas águas, inclu-sive eliminando, ou reprojetando, barragens de quaisquer naturezas,

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naturais ou artificiais, ao longo de seu percurso, até que suas águas ganhem áreas livres para escoarem com rapidez de forma natural. Com estes dados às mãos, será possível fazer um projeto integrado visando ao alargamento e aprofundamento do leito desses dois rios para au-mentar a capacidade de escoamento rápido, os quais serão revestidos apropriadamente para evitar os problemas de erosão e assoreamento que poderão comprometer a eficiência e durabilidade da obra. Sobre o novo leito, num plano elevado, serão implantados trens urbanos para transporte de passageiros, evitando, consequentemente, a construção de novas rodovias que, em pouco tempo, estarão saturadas, como vem acontecendo com todas as existentes.

Para tocar esses dois projetos, o combate às cheias e o trem metro-politano, será criada, pelo governo federal, uma empresa nos moldes daquela sugerida na carta do dia 10 para o caso do Trem-Bala, e outros projetos nela citados, ou seja, com capital advindo da troca de títulos da dívida pública federal, em poder dos bancos, por ações passíveis de serem negociadas na Bolsa de Valores. Paralelamente, os municípios da Região Metropolitana da capital paulista, juntamente com o Governo do Estado de São Paulo, formarão um consórcio para fazer um levan-tamento completo de todo o sistema de água e esgoto das bacias dos rios Tietê e Pinheiros, diretamente influenciado por esse megaprojeto do Governo Federal, de tal forma que o saneamento básico dessa im-portante região se transforme num modelo a ser adotado em todas as regiões metropolitanas do País. Para tocar esses projetos, de levanta-mento e de renovação de toda a infraestrutura existente, esse consórcio metropolitano paulista criará uma empresa que será capitalizada pelo Governo Federal com a troca de títulos da dívida pública por ações, como sugerido anteriormente.

Outros projetos de infraestrutura básica espalhados pelo País, paralisa-dos ou em ritmo lento por falta de verbas, como os trens metropolita-nos de diversas capitais, ferrovias, renovação e construção de portos e aeroportos, podem igualmente ser financiados da mesma forma. Para isto, basta o Governo Federal estudar a melhor maneira de financiá-los dentro desta nova estratégia de aporte de capital, via renegociação da dívida pública federal, e procurar implementá-los com apoio da inicia-tiva privada e dos governos estaduais e municipais interessados. Além desses projetos, outros, de cunho ambiental e social, podem também ser financiados da mesma maneira, bastando que se crie uma empresa

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específica para cada caso. Um exemplo é a erradicação das favelas que cercam a Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro, a terceira maior floresta urbana do planeta, situada no Maciço da Tijuca, onde se localiza o Par-que Nacional da Tijuca, criado para protegê-la.

Neste parque, e no seu entorno, proliferam favelas, como a da Roci-nha, a maior da América do Sul, que continuam crescendo por entre a vegetação que aos poucos vai sendo derrubada. Neste caso, como em todos os outros projetos a serem financiados com recursos provenien-tes da troca dos títulos da dívida pública federal em poder dos bancos, por ações, deve ser criada uma empresa com finalidade específica. A primeira missão desta empresa, que poderá incorporar o Parque Na-cional da Tijuca, transformando-o numa empresa ambiental com ações na Bolsa de Valores, será traçar os limites originais deste parque, para, em seguida, começar o trabalho de recuperação, que terá início com a construção, nas partes baixas e já degradadas do maciço, e junto de vias urbanas consolidadas, de edifícios para abrigar os favelados, cujos barracos e construções diversas serão demolidas e as respectivas áreas reflorestadas. O passo seguinte será cercar toda a área de proteção ambiental para conter novas invasões.

Com tais medidas, o ritmo da economia do País será acelerado, sem aumento da inflação, e o cacife do Brasil para enfrentar a crise econô-mica mundial que se avizinha será reforçado, possibilitando, inclusive, proteger o mercado sul-americano das investidas do capital especula-tivo, desde que todos os países deste continente passem a integrar o Mercosul e adotar o “Peso-Real” como moeda de troca. Mas isto são outros quinhentos, como se diz, pois depende da disposição de V. Exa., Sr. Presidente, em se candidatar a Presidência da Unasul, para promover a integração do continente e colocá-lo como parceiro do de-senvolvimento econômico e social do Continente Africano, uma dívida social que está no momento de ser resgatada.

Agradecendo a atenção de V. Exa., subscrevo-me.

Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

Belo Horizonte, 14 de novembro de 2010.

Exmo. Sr. Luiz Inácio Lula da Silva

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Presidente da RepúblicaPalácio do PlanaltoBrasília – DF

Com cópias para os Exmos. Srs. Vice-Presidente da República, José Alencar; Ministros da Fazenda, Guido Mantega; de Assuntos Estratégi-cos, Samuel Pinheiro Guimarães; Secretário do Tesouro Nacional, Arno Hugo Augustin Filho; Deputados(as) Federais; Governadores dos Esta-dos da União; Diretores do IPEA e da FGV e jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.

Assunto: O colapso do sistema financeiro internacional e as oportunida-des que se abrem para o Brasil e a América do Sul.

Prezado Senhor Presidente,

Nos dias 10 e 13 últimos, escrevi a V. Exa. duas cartas, cujas cópias seguem em anexo, tratando do assunto em epígrafe; focadas na troca de títulos da dívida pública em poder dos bancos, por ações emitidas pelo Tesouro Nacional, lastreadas pelo Fundo Soberano, para capitali-zar empresas criadas com finalidades específicas, algumas das quais citadas nessas cartas.

Agora, volto ao assunto para esclarecer que esse processo de permuta é muito semelhante ao adotado pelo Governo Federal para capitalizar a Petrobras; neste caso utilizando as reservas de petróleo e gás natural do Pré-Sal, fato recentemente ocorrido. A diferença entre estes dois processos reside somente onde se guarda esses bens da União: no primeiro caso, no Baú do Tesouro Nacional, e no segundo, no fundo do Oceano Atlântico.

Consequentemente, estes patrimônios da União, um real, os títulos do Tesouro, e outro virtual, as reservadas do Pré-Sal, podem ser trocados por ações negociáveis na Bolsa de Valores, garantindo aos portadores uma confiabilidade superior àquela dos títulos do Tesouro Norte-Ameri-cano, que são resgatados com dólares emitidos sem lastro algum. Esta liquidez atrairá não só o capital nacional, como, também, o internacio-nal, sempre interessado em investimentos rentáveis e de longo prazo.Por oportuno, é bom esclarecer que o capital de uma empresa específi-ca, como, por exemplo, a que vier a ser criada para construir a Ferrovia

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Belo Horizonte-São Paulo, estará embasado em uma concessão seme-lhante à adotada nos casos das privatizações das rodovias federais, in-clusive com o pagamento pela concessão, mas com um detalhe a mais: haverá uma renda mínima pela sua exploração, como estabelecida no caso do Trem-Bala.

O pagamento pela concessão também deverá ser feito pelo banco inte-ressado, ou consórcios de bancos, com títulos da dívida pública, assim como as novas chamadas de capital, em caso de necessidade, pois a finalidade dessas empresas específicas, além de implantar esses proje-tos, está em reduzir o estoque da dívida pública para baratear os juros e, consequentemente, atrair investimentos em atividades produtivas.

Agradecendo a atenção de V. Exa., subscrevo-me.

Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

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PARTE XIV

ONDE ESTARÁ A ECONOMIA MINEIRA NOS PROXIMOS 15 ANOS?

Belo Horizonte, 14 de agosto de 2010

Exmo. Sr. Antônio Augusto AnastasiaGovernador do Estado de Minas GeraisPalácio da LiberdadeBelo Horizonte – MG

Com cópias para os Exmos.(as) Srs.(as) Deputados(as) Estaduais de Minas Gerais; Deputados(as) Federais; Senadores de Minas no Con-gresso Nacional; Exmo. Sr. Vice-Presidente da República, José Alencar e jornais Estado de Minas e O Tempo.

Assunto: Onde estará a economia mineira nos próximos 15 anos?

Prezado Senhor Governador,

A pergunta acima, que abre um artigo publicado na edição de ontem, dia 13, do Jornal Estado de Minas (p.14), intitulado “Economia mineira enfrenta desafio”, está a merecer algumas reflexões por parte dos po-líticos e governantes mineiros, dada a responsabilidade de cada um na condução dos interesses do Estado no contexto federativo do qual faz parte, e a omissão de alguns em cumprir com suas obrigações cívicas. Neste caso, enquadram-se aquele governador que se omitiu quando o Presidente FHC baixou a Lei Kandir, que prejudicou o Estado e os municípios mineradores, prejuízo ainda não reparado; aquele outro que permitiu a privatização da Cia. Vale do Rio Doce, em troca da duplica-

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ção da BR-381 entre Belo Horizonte e Governador Valadares, obra que até agora não foi executada; ou, ainda, o último, que aceitou da VALE 3 milhões de reais, para pagar um projeto arquitetônico de uma obra feita à revelia dos mineiros, em troca do silêncio sobre as atividades predatórias desta companhia no Estado, cujo desprezo para com os mineiros é conhecido de todos; desprezo este causado, entre outros motivos, pela aceitação desses pratos de lentilhas, atitude própria de pedintes. Este sentimento de repulsa é compartilhado pelo Presidente Lula, que aqui venceu duas eleições, mas que deu as costas ao Estado, pois, durante seu duplo governo, esteve com suas atenções voltadas para o Nordeste, sua terra natal. Esta indiferença presidencial não foi cobrada por ninguém, nem pela mídia mineira, se existe; isto num quadro em que mineiros ilustres estão aboletados em cargos do primeiro escalão do Governo Federal, além de um Vice-Presidente da República muito badalado e incensado nos meios políticos, empresariais e governamentais. Aqui uma pergun-ta: o que estão fazendo no Congresso Nacional os senadores eleitos para defenderem o Estado? Quem são eles, afinal de contas? E os Deputados Federais, para que foram eleitos? Por que esses políticos, e os Deputados Estaduais também, não lutam para trazer para Minas Gerais pelo menos uma das quatro usinas atômicas projetadas pelo Governo Federal? As regiões dos vales do Jequitinhonha, Mucuri, ou, mesmo, o entorno de Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, são locais próprios para tal tipo de usina; isto sem contar que essas regiões podem receber usinas termoelétricas movidas a gás, pois estão muito próximas das jazidas do litoral Atlântico e carecem de energia para impulsionar seu desenvolvimento econômico e social. Voltando ao artigo citado, ele começa assim: “Onde estará a economia mineira nos próximos 15 anos? Mais ou menos onde sempre esteve, o que pode levar o estado a perder participação no cenário nacional e a aumentar as desigualdades intrarregionais. Estudo realizado pela Faculdade de Ciências Econômicas (Face) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostra que o aumento da participação dos seto-res extrativistas, de metalurgia e siderurgia no Produto Interno Bruto (PIB) estadual, combinado com a desaceleração das exportações, leva-rão a uma queda de 0,6 ponto percentual – de 9,1% para 8,5% – na participação do estado na economia nacional. [...] O cenário traçado pelos professores da UFMG mostra que, nos próximos cinco anos, as exportações ainda crescerão muito, mas a partir de 2015 a tendência

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é de desaceleração. ‘Não há dúvidas de que a economia mineira se especializou no setor mínero-metalúrgico, porque isso trouxe uma van-tagem importante para o estado. Mas, lá na frente, quando a economia nacional mudar o seu foco, essa especialização pode não ser mais tão benéfica’, diz Edson Domingues, professor da Face/UFMG e um dos autores da pesquisa. [...] Para Jane Noronha, professora de economia da Universidade Newton Paiva, as perspectivas traçadas pelo estudo da UFMG fazem sentido. ‘Além de baixo valor agregado, o minério é vulne-rável à cotação internacional. Não há alternativas para absorver eventu-ais quedas do mercado externo dentro do mercado interno’, sustenta”. A propósito, é bom lembrar que as Minas Gerais deram sustento a Portugal no tempo do Brasil Colônia e, desde a independência, vem fazendo o mesmo com o Brasil Imperial e Republicano com suas ri-quezas minerais – ouro, diamante, ferro, manganês, bauxita, nióbio, urânio, zinco, fosfato, calcário, etc.–, inclusive, financiando projetos em outros Estados da federação, como o Pará e Maranhão, que foram be-neficiados com os recursos da Cia. Vale do Rio Doce, auferidos de suas jazidas do Quadrilátero Ferrífero, com os quais viabilizou a exploração do minério de ferro da Serra dos Carajás, desde as minas até o porto, passando por uma ferrovia de primeira linha. Estes projetos enriquecem e transformaram as economias desses Estados, que, de outra forma, continuariam pobres como sempre foram. Além disso, outros Estados da federação têm sido beneficiados pela generosidade dos mineiros que viabilizaram a siderurgia, ferrovias e portos nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Hoje em dia, a VALE, livre de suas raízes, constrói no Estado do Pará uma gigantesca siderúrgica por força das pressões dos políticos daquele Estado, liderados por uma governadora muito esperta e atuante. Obra semelhante nunca foi cobrada dessa companhia pelos omissos e acomodados políticos e governantes mineiros, seja para Itabira, berço dessa empresa, ou para o Estado onde continua se nutrindo. Esta atitude omissa faz jus ao que deles disse Getulio Vargas, um estadista lúcido e de mão forte que fazia as coisas acontecerem: “Uma cambada de bois mansos”.

Mas esse quadro de omissão pode mudar, se os políticos e governan-tes mineiros quiserem, e agirem, pois as riquezas minerais do Estado, e sua posição geográfica, permitem que daqui a quinze anos a resposta à pergunta que abriu estas considerações – “Onde estará a economia mineira nos próximos 15 anos?” – pode ser bem diferente do cenário traçado pelos professores da UFMG. Os argumentos em favor desta

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tese estão sintetizados em três cartas dirigidas ao Exmo. Sr. Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, tratando dos seguintes assun-tos: “A construção da Ferrovia Belo Horizonte-São Paulo” (17/7/2010), “Reestruturação do Sistema Ferroviário/Portuário da Região Sudeste” (23/7/2010) e “A construção de uma nova Ferrovia Belo Horizonte-Vitória e sua importância para a indústria siderúrgica, mineração e re-estruturação dos portos da Região Sudeste” (27/7/2010). Na expectativa de que os assuntos tratados nessas cartas, anexadas à presente, sirvam para subsidiar projetos políticos a serem apresentados aos eleitores nas eleições de outubro próximo, e desejando sucesso ao governo de V. Exa., e na campanha à reeleição, subscrevo-me.Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

Belo Horizonte, 19 de agosto de 2010.

Exmo. Sr. Antônio Augusto AnastasiaGovernador do Estado de Minas GeraisPalácio da LiberdadeBelo Horizonte – MG

Com cópias para os Exmos.(as) Srs.(as) Deputados(as) Estaduais de Minas Gerais; Srs.(as) Prefeitos(as) de Belo Horizonte e dos demais municípios mineiros situados no eixo das rodovias BR-381 (Belo Hori-zonte-São Paulo) e BR-262 (Belo Horizonte-Vitória); Diretorias da As-sociação Mineira de Municípios (AMM) e da Associação dos Municípios Minerados de Minas Gerais (AMIG); Exmos. Srs. Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República; José Alencar, Vice-Presidente da Repú-blica; Nelson Jobim, Ministro da Defesa; Senadores por Minas Gerais no Congresso Nacional, e Deputados Federais. Com cópias também para os jornais Estado de Minas e O Tempo.

Assunto: Onde estará a economia mineira nos próximos 15 anos?

Prezado Senhor Governador,

No dia 14 último, enviei a V. Exa. uma carta tratando do assunto em epígrafe, a qual gostaria de ajuntar mais alguns comentários, pois este

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tema interessa a todos os municípios mineiros, principalmente aque-les produtores de minério de ferro. Mas, antes, gostaria de fazer dois reparos no que foi exposto nessa carta, cuja cópia segue em anexo. O primeiro deles foi um erro, ao nomear a rodovia que liga Belo Horizonte a Governador Valadares, a BR-381, como BR-262. O segundo foi um lapso, ao não informar que o “prato de lentilhas” que coube ao Gover-nador do Estado que foi cúmplice na aprovação da Lei Kandir, que pre-judicou os municípios mineradores para beneficiar as companhias de mineração de ferro, foi o cargo de diretor em uma subsidiária de uma empresa de mineração e siderurgia; cargo este que passou a exercer tão logo foi apeado do poder pelo voto popular.Voltando ao tema principal que motivou esta carta, começo transcre-vendo alguns trechos dos noticiários disponíveis na Internet sobre a Ferrovia Transnordestina, os quais reforçam os argumentos constan-tes das cartas anexadas à correspondência do dia 14: “Criticado pelo governo por não ter se ‘empenhado’ nas obras da ferrovia Transnor-destina, o executivo Benjamin Steinbruch, que comanda o consórcio do projeto, enfrentou saia-justa na viagem com o presidente Lula ao canteiro no semiárido pernambucano. Em cima de um trecho de trilho montado apenas para a produção de fotografias, Lula olhou para Stein-bruch e perguntou: ‘Você sabe quem me disse que pode fazer trilhos?’. E emendou: ‘O Roger Agnelli, da Vale. Ele disse que vai fazer trilhos na siderúrgica que está construindo em Marabá’. Depois de ouvir o nome do rival no mundo dos negócios, Steinbruch, desconcertado, disse: ‘Aí, é covardia’”. Essa notícia, a de que a VALE “vai fazer trilhos na siderúrgica que está construindo em Marabá”, é um dos dados que gostaria de acrescentar à carta do dia 14, juntamente com o seguinte questionamento: Os polí-ticos mineiros, o que estão fazendo a respeito? Por que não cobraram, até agora, dessa companhia, a construção de uma siderúrgica com essa finalidade em Itabira, onde nasceu e cresceu? Seria por que, como disse Vargas, são “uma cambada de bois mansos”?Segundo informações disponíveis na Internet, “A Transnordestina liga o município de Eliseu Martins, no Piauí, aos portos de Suape (PE) e Pecém (CE), através de 1.728 quilômetros de trilhos. Essa extensão equivale a quatro vezes a distância entre o Rio de Janeiro e São Paulo. Sua conclusão está prevista para dezembro de 2012. O presidente da Transnordestina Logística, Tufi Daher Filho, revelou que a empresa já importou 170 mil toneladas de trilhos, de um total de 270 mil toneladas

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que serão necessárias. ‘Hoje (ontem) é o dia em que comemoramos o avanço das obras’, resumiu, convidando Lula a inaugurar alguns tre-chos que, segundo ele, devem ficar prontos até o fim deste ano”. A construção dessa ferrovia, que liga nada a coisa nenhuma, pois por onde passa nada se produz, revela o espírito demagógico-eleitoreiro do atual Presidente da República. Por que, ao invés de construir essa ferrovia, não se constrói outra que realmente beneficiará o Nordeste e o Brasil Central por várias gerações, e com menor extensão? Trata-se de uma ferrovia, com cerca de 1.500 km ligando Recife, no Estado de Per-nambuco, a Palmas, no Tocantins, onde se conectará com a Ferrovia Norte-Sul. A sinergia entre esta duas ferrovias porá essas regiões num plano elevado para investimentos no agronegócio, portos, etc., abrindo novas perspectiva para os nordestinos; fato que não acontecerá com a Transnordestina, que os manterá, pelo seu traçado, prisioneiros dentro do mesmo círculo de giz em que vivem: a miséria. Mas tal viés da personalidade do Presidente Lula, a tomada de decisões polêmicas e irracionais para beneficiar o Nordeste a qualquer custo, verifica-se também em outras obras igualmente polêmicas e inacaba-das, como a transposição do Rio São Francisco e a Siderúrgica do Ceará. Ora! Em pleno século XXI, levar água por meio de canais a céu aberto, para matar a sede dos nordestinos, irrigação, ou outras finalidades, remete-nos aos tempos anteriores aos romanos, que cons-truíram aquedutos por todo o seu império para transportar a água de que necessitavam. Na atualidade, versões modernas desses aquedutos, as adutoras, que utilizam tubulação de aço, podem levar água para a toda parte, a um custo bem menor, sem perdas de qualquer espécie ou danos ao meio ambiente. Além de transportarem água na quanti-dade que se desejar, evita a ação predatória dos gatos, tipo de roubo que vai inviabilizar os canais do Lula. Como proibir gente sedenta, miserável, com água à sua porta, de utilizá-la da forma que julgar mais conveniente ou contaminá-la com dejetos de toda ordem? Os políticos nordestinos vão impedi-las? Pois, sim! Isto, sem contar que a própria Bacia do Rio São Francisco necessita de toda a sua água para tornar produtivas as férteis terras de seu vale, como já está provado em vários pontos deste imenso território, principalmente nos Estados da Bahia e Pernambuco, terra do Presidente. A água de que o Nordeste necessita está disponível na Bacia do Rio Amazonas, de sobra, pois até navios estrangeiros já estão enchendo seus tanques com ela. Estações de bombeamento, movidas por peque-

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nas centrais nucleares, que a Marinha do Brasil está apta a produzir, podem transportar esse precioso líquido, por meio de adutoras, desde os locais mais favoráveis para sua captação nessa vasta bacia até seus destinos, distribuindo-o por meio de uma rede capilar por toda parte deste território, sem diminuir a vazão do Amazonas, ou de seus afluen-tes, e sem causar danos ao meio ambiente. É parar para pensar e agir racionalmente, planejando antes de tomar decisões inconsequentes. Neste caso, como foi dito anteriormente, enquadra-se a Siderúrgica do Ceará. Por que no Ceará? Lá existem ferro, água ou outros insumos bá-sicos para o seu funcionamento? Longe das fontes de matérias-primas, em tudo em desvantagem com a Região Sudeste, principalmente em relação ao Estado de Minas Gerais, por que esse ente federado foi es-colhido? Será por que seus políticos não formam uma “uma cambada de bois mansos”?A propósito, é bom lembrar que o Estado de Minas Gerais, com área total de 582.586 km², é maior do que a França (551 500 km²), ou equivalente a Grã-Bretanha (229 850 km²) e Alemanha (357 050 km²) juntas, e que a história da formação destas duas nações como potên-cias mundiais são semelhantes, quando comparados os fundamentos que lhes deram sustentação num momento crítico da ascendência delas ao Primeiro Mundo. A musculatura que deu sustentação à Revolução Industrial e à indústria ferroviária que fez da Grã-Bretanha um império foi o carvão mineral de suas jazidas. No caso da Alemanha, ocorreu o mesmo com suas jazidas desta matéria-prima mineral, gerando o nas-cimento da siderurgia e indústria química no Vale do Rhur. Esta fonte de energia permitiu também aos Estados Unidos da América a criação de um poderoso parque siderúrgico na região de Pittsburgh. No final do século XIX, e isto até meados da década de 1960, esta cidade foi o maior polo siderúgico e o maior produtor de aço do mundo. Mais tarde o petróleo do Texas desbancou essa fonte de energia fazendo da Amé-rica uma potência mundial. Em todos esses casos, o polo irradiador do desenvolvimento esteve concentrado numa região específica desses países, onde se explorava uma determinada substância mineral. A Região Sudeste, com área total de 927.286 km² e uma população superior a 80 milhões de habitantes, embasada nas riquezas das Minas Gerais, particularmente, o minério de ferro de suas jazidas, e nas vastas reservas de petróleo e gás da Plataforma Continental, especialmente as do Pré-Sal, tem tudo para repetir os êxitos alcançados pela Grã-

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Bretanha, Alemanha e pelos Estados Unidos da América nos seculos passados. Musculatura para dar sustentação a essa ascenção não falta; o que está faltando é cérebro. Sem cabeças pensantes, políticos ágeis e operantes, e uma população instruída, o Estado de Minas Gerais, a Região Sudeste e o restante do País continuarão sendo o que sempre foram: meros fornecedores de matérias-primas para dar sustentação a outras potências emergentes, no momento a China. Este lugar, de potência do século XXI, caberia, por todos os méritos, ao Brasil, ocu-pando Minas Gerais um lugar de destaque, mas o que se observa é a mediocridade dos políticos, governantes e empresários para quem o que importa é pagar juros para manter a moeda estável, garantindo rendas aos banqueiros; o pagamento do “Bolsa-Família” para manter a plebe calada; projetos como “Amigos da Escola” e “Criança Esperança” da Rede Globo, como soluções para as graves deficiências na educação pública, enfim, a prevalência da fantasia sobre a realidade. Este quadro cinzento deve continuar, considerando as propostas da primeira colocada na corrida presidencial: “Caso eu seja eleita, minha função será concluir a Transnordestina e prolongar a Norte-Sul, que são as questões mais estratégicas para o nosso país. Segundo ela, os estados do Nordeste e do Centro-Oeste precisam escoar sua produção, e terão um surto de crescimento e de desenvolvimento, com as duas ferrovias”. Diante dessa situação é bom que os mineiros cobrem dos candidatos a cargos eletivos propostas mais consistentes para o desen-volvimento econômico e social do País, principalmente as relacionadas com a Região Sudeste, e o papel de Minas Gerais nesse contexto. Os jornais também devem cumprir com sua missão, já que as TVs minei-ras são operadas por controle remoto de outros Estados. Por que não colocam em suas páginas temas como a construção das ferrovias Belo Horizonte-São Paulo e Belo Horizonte-Vitória? Argumentos para esta discussão podem ser encontrados nas cartas anexadas à presente e em quatro livros de minha autoria disponíveis na Biblioteca Digital do Governo Federal (www.dominiopublico.gov.br).

Desejando sucesso ao governo de V. Exa., e na campanha à reeleição, subscrevo-me.

Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

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Indústria Ferroviária

Belo Horizonte, 24 de agosto de 2010.

Exmo. Sr. Antônio Augusto AnastasiaGovernador do Estado de Minas GeraisPalácio da LiberdadeBelo Horizonte – MG

Com cópias para os Exmos. (as) Srs. (as) Deputados (as) Estaduais de Minas Gerais; Srs. (as) Prefeitos (as) dos Municípios Minerados de Minas Gerais; Diretorias daAssociação dos Municípios Minerados de Minas Gerais (AMIG); da Associação Mineira de Municípios (AMM) e da Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG); Exmos. Srs. Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República; José Alencar, Vice-Presidente da República; Nelson Jobim, Ministro da Defesa; Senadores por Minas Gerais no Congresso Nacional e Deputados Federais. Com cópias também para os jornais Estado de Minas e O Tempo.

Assunto: Indústria Ferroviária.

Prezado Senhor Governador,

Nos dias 14 e 19 do corrente mês, enviei a V. Exa. duas cartas tratando do seguinte assunto: “Onde estará a economia mineira nos próximos 15 anos?”; tema que serviu de abertura para uma reportagem publi-cada pelo Jornal Estado de Minas. Na edição do dia 21/7/2010 (p.14), esse mesmo jornal publica uma reportagem tratando do assunto em epígrafe, que por ter relação com os tratados naquelas cartas, gostaria de adicionar alguns comentários e, como mineiro, interessado no de-senvolvimento do Estado, dar algumas sugestões.

Antes, porém, para facilitar esta exposição, transcrevo trechos deste ar-tigo, intitulado Truques feitos no Vale do Aço: “A locomotiva que puxa o mercado ferroviário de cargas no Brasil está em aceleração e já mo-vimenta investimentos expressivos. Uma das empresas que não quer perder o bonde desse momento de expansão do setor é a Usiminas Me-

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cânica, que acaba de fechar acordo de transferência de tecnologia com a americana Standard Car Truck (SCT) para a fabricação de truques ferroviários (conjunto de peças que compõem a base dos vagões, com rodas, molas e eixos) em sua planta de Ipatinga, no Vale do Aço. [...] ‘A estratégia é de agregar valor ao aço e é isso que estamos fazendo ao produzir truques para abastecer não só a nossa fábrica de vagões, mas também o mercado com um todo’, afirma o superintendente de Fundição, Forjaria e Vagões da Usiminas Mecânica, Jairo Andrade Cruz Junior”. Esta notícia permite que se faça a seguinte pergunta: por que não incen-tivar todas as siderúrgicas que operam no Estado a copiarem o modelo da Usiminas, que criou a Usiminas Mecânica em 1970 para produzir artigos diversos a partir do aço que fabrica, agregando não só valor aos seus produtos, como também gerando empregos e rendas em território mineiro? Em seu Site na Internet, esta empresa dá a receita: “De forne-cedora de equipamentos e estruturas metálicas para a construção civil e mecânica, a Usiminas Mecânica se transformou em uma provedora de soluções criativas e inovadoras para as indústrias siderúrgica, mine-radora, automotiva, energética, petroquímica, naval e infraestrutura. A capacidade de entender e se adaptar às necessidades dos clientes faz com que a Usiminas Mecânica também esteja sempre preparada para trabalhar em novos mercados. Para atender com excelência aos seus clientes, a empresa se estruturou em unidades de negócios que atuam de maneira independente ou em conjunto, desde a concepção do proje-to à instalação. Atualmente, é referência na fabricação sob encomenda de equipamentos, estruturas metálicas, pontes, viadutos, fundidos, for-jados, vagões, blanks e montagens industriais”.Esse é um exemplo que pode ser seguido, não só pelas demais si-derúrgicas que operam no Estado, mas que ainda não diversificaram sua produção, como também pelas companhias mineradoras que se limitam a exportar minério de ferro em estado bruto, como é o caso da VALE. O exemplo desta empresa deve ser citado, não só por ser uma companhia extrativista por excelência que, ao longo dos seus mais de 60 anos de existência, limitou-se a exportar minério de ferro sem agre-gar nada de valor à sua produção, como também pelo desprezo que de-vota aos interesses econômicos do Estado, embora, no passado, foram os mineiros que lutaram para salvar este patrimônio nacional do capital especulativo internacional. Já esqueceram das lutas de Artur Bernardes para conter as ações especulativas de Percival Farquhar, e de Getulio

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Vargas que, à frentre da Revolução de 30, encampou as reservas de ferro deste capitalista? A VALE, privatizada e globalizada, conseguiu, com sua atuação colonialista e imperialista em terras mineiras, realizar as ambições de Farquhar: anular os ideais nacionalistas de Bernandes e Vargas, e se apossar das riquezas minerais do Estado para utilizá-las ao seu bel prazer. É um retrocesso inadimissivel! A VALE, pela sua história, e pelo que representa para a economia minei-ra, deveria ser chamada a explicar, na Assembleia Legislativa, a razão de estar construindo uma siderúrgica gigante no Estado do Pará, onde extrai minério de ferro na Serra do Carajás, e porque ainda não fez o mesmo em Minas Gerais, onde nasceu e se fortaleceu. Além disso, é bom saber, também, por que está projetando uma fábrica de trilhos para ferrovia junto a essa siderúrgica, se aqui em Minas Gerais não pro-duz nem prego; limitando-se a caçar macacos-prego pelos matos para dizer que está contribuindo com projetos ecológicos relevantes para o Estado? O que, afinal de contas, essa empresa tem feito para o Estado de Minas desde que foi privatizada, além de aumentar sua produção extrativista? Não está na hora de os deputados mineiros partirem para a luta e exigirem a sua reestatização, mas dentro de um novo modelo no qual o Estado de Minas passaria a ser acionista com direito a voto? Para viabilizar este novo modelo, Minas Gerais entraria, como aporte de capital, com as jazidas de nióbio e fosfato que possui em Araxá, hoje exploradas pela CODEMIG em associação com uma empresa privada. A incorporação deste patrimônio valiosíssimo do povo mineiro ao capital da VALE será mais que suficiente para que o Estado de Minas possa ter uma participação decisiva nos destinos desta companhia, inclusive para promover um retorno à denominação original que a fez famosa: Com-panhia Vale do Rio Doce. Para reforçar esta proposta, é bom lembrar que a VALE está investindo pesado na aquisição ou participação em jazidas de fosfato no Brasil e no exterior. Além disso, a incorporação do Nióbio ao seu portfólio elevará o valor de suas ações a níveis nunca alcançados, pois o aço, e outras ligas metálicas, fabricados com este mineral estratégico, dominará o mercado nas próximas décadas. Mas não é só a VALE que os deputados mineiros devem convocar para se explicar. Existem outras mineradoras que estão agindo da mesma forma, como as de um especulador, um Percival Farquhar redivivo, que andou vendendo várias jazidas de minério de ferro localizadas em território mineiro para grupos estrangeiros, com a única finalidade de exportarem minério bruto, sem que os políticos do Estado fossem se-

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quer cheirados. Estas jazidas, inclusive, não foram por ele descobertas, pois já eram conhecidas no setor mineral há décadas. Neste particular seria interessante que os deputados mineiros analisassem a origem dos Alvarás de Pesquisa dessas jazidas, e os respectivos Decretos de Lavra, e como eles foram cair no colo desse felizardo de uma hora para outra, tornando-o bilionário – em dólares! A única preocupação desse especulador é distribuir aos políticos mineiros, para mantê-los calados e fazerem de conta que não estão vendo nada, míseros “pires de lentilhas”, na forma de “centros culturais”, como aquele instalado na Praça da Liberdade, onde não precisou construir nada, exceto destruir o interior de uma antiga secretaria de Estado, para aí instalar uma para-fernália eletrônica, apelidada de “museu”. É uma afronta! O que os deputados mineiros podem fazer para mudar este quadro é elaborar leis que condicionem a exportação de minério de ferro em estado bruto, ou em pelotas, à transformação em território mineiro de igual quantidade em aço. Para tornar esta política viável economica-mente e atrair investimentos não especulativos, deverá haver incentivos diferenciados: taxas e impostos elevados para minério exportado em estado bruto; incentivos fiscais crescentes para as mineradoras que produzirem aço em território mineiro; incentivos maiores ainda quando diversificarem sua produção de aço, como é o caso da USIMINAS, que possui jazidas de minério de ferro, mas produz aço e derivados de alto valor agregado. Além disso, devem rever todos os incentivos concedi-dos pelo Poder Executivo às empresas exportadoras de minério de ferro em estado bruto, principalmente aquelas que utilizam minerodutos. Neste caso, para que esses incentivos sejam mantidos, essas empresas devem associar-se para construírem a Ferrovia Belo Horizonte-Vitória, pois o que interessa aos mineiros é que, uma vez exauridas as jazidas, esta ferrovia continue prestando serviços à economia do Estado, o que não acontecerá com os minerodutos, que simplesmente serão abando-nados, apodrecendo e contaminando o solo por gerações. Empresas mineradoras que poderão se interessar por esta solução, são aquelas que vão explorar as jazidas de minério de ferro da Serra do Espinhaço, entre Conceição do Mato Dentro e Serro, e as da região de Guanhães, que adotaram este recurso para fugir do monopólio de transporte da VALE, com sua exclusiva Ferrovia Vitória-Minas. Outras companhias mineradoras que poderão se associar para construir a Ferrovia Belo Horizonte-Vitória são aquelas com jazidas no Quadrilátero Ferrífero e que não têm como levar sua produção aos portos do Espírito Santo

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por falta de transporte, recorrendo aos minerodutos como solução al-ternativa. O que deve ficar claro na atuação dos deputados mineiros é que, se de um lado a União é detentora das riquezas do subsolo, e legislar a respeito, o solo, e tudo que nele cresce e se movimenta, diz respeito aos Estados e Municípios; entes federados que arcarão, ao final das contas, com o passivo ambiental deixado pela mineração, que é muito diferente daqueles deixados pelas empresas petrolíferas que extraem petróleo a 300 km da costa, onde os danos, se houverem, não afeta-rão um palmo de terra continental onde vivem as pessoas. Portanto, os deputados estaduais, ao convocarem as mineradoras para darem explicações de como estão utilizando, ou como vão utilizar, as rique-zas minerais que ocorrem em território mineiro, estão exercitando um direito constitucional que é o de salvaguardar os interesses de cada cidadão e do Estado.Não é possível continuar com a atual política mineral, onde a União pode tudo e os Estados nada podem, sendo meros espectadores dos predadores que agem em seus territórios sem darem a mínima satisfa-ção do que fazem ou pretender fazer. Todas as medidas tomadas pelo Governo Federal, em relação às empresas de mineração, são executa-das à revelia dos Estados, que nada podem fazer para resguardar seus interesses. Mas a hora dessa revisão chegou, pois está para ser votado no Congresso Nacional um novo Código de Mineração. É o momento certo para os deputados, estaduais e federais, e senadores mineiros agirem no sentido de dividir com a União os direitos e deveres na condução de uma política mineral que atenda a todos os entes federa-dos – União, Estados e Municípios –, principalmente aqueles onde a mineração é uma atividade relevante, em termos econômicos e sociais, como é o caso de Minas Gerais. A propósito, os deputados estaduais de Minas participaram da elaboração desse novo Código de Mineração, ou simplesmente foram ignorados? Se não participaram, o que estão es-perando para cobrar do governador uma ação concreta nesse sentido? Afinal de contas, são os interesses maiores do Estado é que estão em jogo. Ignorar este fato é uma irresponsabilidade sem tamanho.A extração de uma riqueza mineral gera lucros para o investidor, mas também prejuízos para o meio ambiente, fato inevitável. O balanço das perdas e ganhos é que deve orientar uma política mineral consistente. Neste caso, o Estado de Minas tem todo o direito de intervir nesse processo para disso tirar o melhor proveito e não ser o maior prejudica-

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do. Se houver discordâncias a respeito, os deputados mineiros devem procurar modificar as leis do Estado e da União, inclusive propor uma revisão constitucional, se for o caso, para que os interesses de Minas e dos mineiros sejam respeitados. Uma comissão Parlamentar de Inqué-rito, criada pela Assembléia Legislativa do Estado, seria o foro adequa-do para fazer um balanço da atuação da VALE e de todas as empresas que exploram minério de ferro em Minas Gerais, e saber quais são seus planos para as próximas décadas. Para subsidiar essa discussão, anexo a presente as duas cartas enviadas ao Exmo.Sr. Governador do Estado, datadas de 14 e 19 do corrente mês, e mais três dirigidas ao Exmo. Sr. Presidente da Republica, nos dias 17, 23 e 27 do mês passado, pois os temas nelas tratados dizem respeito ao que foi abordado nesta carta.Desejando sucesso ao governo de V. Exa., e na campanha à reeleição, subscrevo-me.Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

Governo estuda a privatização de usinas nucleares

Belo Horizonte, 28 de agosto de 2010.

Exmo. Sr. Antônio Augusto AnastasiaGovernador do Estado de Minas GeraisPalácio da LiberdadeBelo Horizonte – MG

Com cópias para os Exmos.(as) Srs.(as) Deputados(as) Estaduais de Minas Gerais; Senadores de Minas no Congresso Nacional; Deputados Federais; Diretoria da Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIE-MG); Exmos. Srs. Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República; José Alencar, Vice-Presidente da República e Nelson Jobim, Ministro da Defesa. Com cópias também para os jornais Folha de S. Paulo, Estado de Minas e O Tempo.

Assunto: Governo estuda a privatização de usinas nucleares.

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Prezado Senhor Governador,

Com chamada de primeira página, Governo estuda a privatização de usinas nucleares, o Jornal Folha de S. Paulo, em sua edição de ontem, dia 27 (p. Bi, B3 e B4), informa: “O Planalto estuda a privatizar a cons-trução e a operação de usinas nucleares no país, em um arranjo que acabaria com o monopólio do Estado no setor. O projeto prevê acordo de concessão à iniciativa privada, mas mantém a propriedade em poder do governo. Para que o modelo seja rentável, os consumidores, por meio das distribuidoras, poderão ser obrigados a comprar energia sem leilão. O custo para construir uma usina nuclear do porte de Angra 3 está entre R$ 8 bilhões e R$ 10 bilhões. O assunto divide o governo. Ciência e Tecnologia é contra o projeto, e Minas e Energia e Casa Civil defendem a proposta”.Como cidadão interessado no desenvolvimento de Minas Gerais, e do País, tomo a liberdade de sugerir a V. Exa. que entre nessa bola dividida para serenar os ânimos e colocar o Estado como parte integrante na resolução pacífica dessa disputa. O caminho para essa conciliação pas-sa pela entrada da CEMIG nesse processo, como empresa responsável pela operação, em regime de comodato, das novas usinas nucleares a serem construídas em Minas Gerais – isto se o Estado for considerado digno de recebê-las, pois, no governo Lula, Minas não vale nada –, e das já construídas no Estado do Rio de Janeiro (Angra 1, 2 e 3), onde uma associada dessa companhia, a Light, é a maior responsável pela geração e distribuição de energia elétrica. A CEMIG, hoje, no País, é a empresa de energia elétrica mais capacitada para enfrentar esse desafio e permitir que o Brasil caminhe com as pró-prias pernas na senda nuclear, sem necessidade de importar modelos obsoletos disponíveis no mundo todo. Esta possibilidade existe, pois a Marinha do Brasil está desenvolvendo uma usina nuclear de pequeno porte para instalar em submarinos, a qual poderá ser usada na geração de energia elétrica em áreas subdesenvolvidas do Estado, como os Va-les do Jequitinhonha e Mucuri. A Marinha do Brasil e a CEMIG podem caminhar juntas na formatação de uma usina nuclear de pequeno porte que atenda não só a seus objetivos estratégicos, o domínio do átomo para geração de energia elétrica, como também aqueles expressos na Estratégia Nacional de Defesa elaborada pelo Ministério da Defesa. Nes-te caso, as empresas estrangeiras poderão participar da construção dessas usinas, desde que haja transferência de tecnologia. É melhor

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fazer uma pequena usina, dominando toda a sua tecnologia, pois quem faz um cesto faz um cento, como se diz, do que importar um produto acabado, de grande porte, que em pouco tempo estará obsoleto e sobre o qual não se poderá fazer nada, a não ser encostá-lo por imprestável. Outra vantagem de o País optar pela construção de pequenas usinas nucleares, ao invés das mastodantes Angra 1, 2 e 3, é que o capital necessário é muito menor, cabendo perfeitamente no orçamento da União; isto sem contar o interesse de empresas privadas, pois este tipo de usina dominará o mercado mundial nas próximas décadas, não só pela maior facilidade de operação e contenção de eventuais acidentes, naturais em quaisquer tipos de empreendimentos, como também pela menor complexidade na sua instalação e no tratamento dos resíduos que produzem. Só para efeito de comparação: qualquer acidente numa pequena usina construída na região pouco habitada do Vale do Jequi-tinhonha não terá o mesmo impacto se tal fato ocorrer em umas das usinas de Angra dos Reis. Neste caso, será uma catástrofe, pois não só porá em perigo as outras duas usinas, que terão de ser desativadas, como também toda a região litorânea, que terá de ser evacuada; região esta onde existem instalações estratégicas que não podem ser parali-sadas, além do impacto negativo no turismo, maior fonte de renda de seus habitantes. Além disso, o Vale do Jequitinhonha se presta muito bem para receber uma usina de tratamento, reciclagem e armazena-mento de resíduos nucleares, inclusive, os tambores armazenados em Angra dos Reis e os que contêm césio radioativo estocados em Goiás. Esta usina, operada pelo Ministério da Defesa, poderá receber resíduos radioativos de todo o território nacional, concentrando numa só área produtos diversos que, se escaparem ao controle da União, poderão ser usados para fins destrutivos, inclusive pelo terrorismo internacional. Portanto, é um empreendimento estratégico para o País.

Ainda em relação às usinas nucleares Angra 1, 2 e 3, é bom que se diga que o local escolhido para construí-las não poderia ser mais impróprio, fato repisado pela imprensa e por diversas autoridades governamentais. Para reparar este erro de origem, o remédio será transformá-las em usinas térmicas movidas a gás natural, principalmente porque este pro-duto estará disponível em escala crescente, à medida que a exploração do petróleo da Plataforma Continental for incrementada, principalmente as reservas do Pré-Sal. Isto poderá ser feito nos próximos vinte a trinta anos, quando essas usinas terão de ser desativadas. É um processo lento, que a CEMIG, associada com a Petrobrás e demais empresas

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petrolíferas, poderá encarregar-se, se a ela for atribuída a função de operá-las em regime de comodato, pois dispõe de tecnologia, experiên-cia e corpo técnico suficientes para levar a bom termo esse processo de renovação e salvamento de um projeto condenado ao fracasso. Esta medida corretiva deve ser tomada desde já, pois irá nortear todo o pla-nejamento estratégico do País para aproveitamento do átomo e do gás natural como fontes geradoras de energia elétrica, isto num quadro de crescente oferta de gás, que, para não ser queimado na fonte produto-ra, será colocado no mercado a preço de custo, tornando estas usinas térmicas competitivas com as hidroelétricas. A sugestão para que o Estado de Minas lute pela construção, em seu território, de uma das quatros usinas originalmente previstas pelo Go-verno Federal, assunto tratado na carta dirigida à V. Exa. no último dia 14, fica reforçada por essas informações veiculadas pela Folha de S. Paulo. Na expectativa de que V. Exa. e os demais políticos mineiros, empresários e a mídia lutem para que o Estado de Minas volte a ser um centro de pesquisas nucleares avançado, como foi no passado com o Grupo do Tório e outras iniciativas desenvolvidas na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que colocaram o nosso País na Era Atômica, subscrevo-me.Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

Caterpillar planeja instalar fábrica de locomotivas de grande porte no País

Belo Horizonte, 10 de novembro de 2010.

Exmo. Sr. Antônio Augusto AnastasiaGovernador do Estado de Minas GeraisPalácio da LiberdadeBelo Horizonte – MG

Com cópias para o Exmo. Sr. Vice-Presidente da República, José Alen-car; Deputados(as) Estaduais de Minas Gerais e jornais Estado de Mi-nas e O Tempo.

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Assunto: Caterpillar planeja instalar fábrica de locomotivas de grande porte no País.

Prezado Senhor Governador,

Para conhecimento de V. Exa., transcrevo em anexo o noticiário do Es-tadão online (9/11/2010 – Economia & Negócios) que trata do assunto em epígrafe, na expectativa de que tal notícia estimule os mineiros a lutarem para que esta importante indústria seja instalada em nosso Estado. Por oportuno, é bom lembrar que existem empresas mineiras do ramo siderúrgico que podem associar-se com a Caterpillar para implantar essa fábrica de locomotivas de grande porte em Minas Gerais, como a Usiminas Mecânica, que tem participação na indústria ferroviária. Além disso, outras empresas instaladas no Estado podem, também, serem estimuladas, por meio de incentivos diversos, a produzirem aqui loco-motivas de grande porte, como a FIAT, que tem tradição no ramo. A concentração em Minas Gerais, mais particularmente na Região Me-tropolitana de Belo Horizonte, de um parque industrial especializado em produtos ferroviários, como locomotivas, vagões, trilhos, dormentes, etc., é de alto interesse para o Brasil, pois não só barateará os custos de produção, dada a proximidade com os fornecedores de aço, como permitirá exportá-los para outros continentes, principalmente para a América do Sul e países da África Meridional, como Angola, Moçambi-que e África do Sul. Além disso, é em Minas Gerais onde se concentra os maiores consumidores destes produtos: as companhias minerado-ras de minério de ferro e indústrias siderúrgicas, e onde, também, está a maior malha ferroviária do País. Agradecendo a atenção de V. Exa., subscrevo-me.

Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

Estadão online – 9/11/2010 – Economia &Negócios A Caterpillar, gigante global na fabricação de máquinas e equipamentos pesados para setores como construção e mineração, prepara a abertura de uma fábrica de locomotivas de grande porte no Brasil. De olho no crescimento do transporte de minérios e grãos no País, o grupo quer produzir entre 60 e 70 locomotivas de mais de 4 mil HP de potência

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por ano, praticamente metade da demanda estimada para os próximos anos. O projeto está adiantado e deverá ser apresentado ao board da divisão ferroviária da Caterpillar nos próximos 30 dias. “Ainda não te-mos a aprovação formal, mas é muito grande a possibilidade de que a gente tenha a nova fábrica”, diz Ronaldo Moriyama, diretor-geral da MGE, empresa de reforma, manutenção e modernização de locomotivas e trens que a Caterpillar comprou há dois anos no Brasil. A aquisição marcou o primeiro passo do grupo no setor ferroviário fora dos Estados Unidos. Por isso mesmo, foi estratégica: a MGE passou a ser a base ferroviária da Caterpillar no Brasil e na América do Sul. Por enquanto, Moriyama evita falar sobre valores do investimento previsto na nova fábrica, alegando que o número não está fechado. Mas o executivo adianta que o projeto garante abertura de 400 empregos diretos. Hoje, a MGE emprega cerca de 420 pessoas. A localização da nova fábrica também não está definida, embora a primeira opção seja o município paulista de Hortolândia, na região de Campinas, onde a MGE está insta-lada. A alternativa seria a região do interior paulista em que existe ma-lha ferroviária, principalmente de ambas as bitolas, a larga e a estreita. Essa região compreende os municípios de Itu, Campinas, Rio Claro, Americana e Limeira, entre outros. A empresa projeta para os próximos anos uma demanda crescente de 120 locomotivas pesadas por ano no Brasil. Uma máquinas desse porte custa em média US$ 2,6 milhões. Segundo Moriyama, só nos últimos cinco anos as concessionárias do setor ferroviário brasileiro, como a Vale, All e MRS, compraram cerca de 450 locomotivas novas de grande porte. Desse total, cerca de 30% foram produzidos localmente e o restante importado. Hoje existe um único fabricante de locomotivas no País, a General Electric (GE), cuja fábrica fica em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte. Des-de a década de 1970, a GE fabrica locomotivas de até 3 mil HP, usadas para fazer manobras. Há cerca de dois anos, a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a empresa passou a produzir também loco-motivas de maior porte, capazes de fazer viagens de longa distância e de transportar carga pesada. Há quatro anos, a Caterpillar passou a atuar no setor ferroviário em escala global. O grupo já investiu mais de US$ 2,2 bilhões no setor. Em 2006, o grupo comprou a Progress Rail, empresa americana, que passou a concentrar as aquisições do grupo no setor, constituindo a divisão ferroviária do grupo. Além da GE, também comprou no Brasil a Zeit, empresa instalada em Curitiba, que faz produtos de automação de locomotivas. O lance mais recente,

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foi a aquisição, em agosto último, da fabricante de locomotivas Electro-Motive Diesel (EMD). “O setor ferroviário de carga e de passageiros tem um dos maiores potenciais de crescimento, não apenas no Brasil, mas no mundo todo, em função do avanço dos países emergentes”, diz Mo-riyama. Segundo ele, a decisão da Caterpillar de entrar nesse segmento faz parte do plano estratégico do grupo de dobrar a sua receita global de US$ 50 milhões para US$ 100 milhões nos próximos dez anos.

Desde quando Minas Gerais está perdendo a corrida pelo domínio da tecnologia mineral para outros Estados da Federação? E por quê?

Belo Horizonte, 25 de novembro de 2010.

Exmo. Sr. Antônio Augusto AnastasiaGovernador do Estado de Minas GeraisPalácio da LiberdadeBelo Horizonte – MG

Com cópias para os Exmos.(as) Srs.(as) Deputados(as) Estaduais de Minas Gerais; Reitores da Superuniversidade do Sudeste – formada pela união das federais de Alfenas (UNIFAL), Itajubá (UNIFEI), Juiz de Fora (UFJF), Lavras (UFLA), São João del-Rei (UFSJ), Ouro Preto (UFOP) e Viçosa (UFV); UFMG, jornais Estado de Minas e O Tempo.

Assunto: Desde quando Minas Gerais está perdendo a corrida pelo domínio da tecnologia mineral para outros Estados da Federação? E por quê?

Prezado Senhor Governador,

Duas notícias, a seguir transcritas, ajudam a responder ao questiona-mento em epígrafe, e sobre o qual gostaria de fazer alguns comentários e dar algumas sugestões. A primeira delas, veiculada pela Folha Online, do último dia 22, intitulada Unesp inaugura centro de formação para especialistas em pré-sal, diz o seguinte:

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“A Unesp (Universidade Estadual Paulista) e a Petrobras inauguram nesta terça-feira, no campus de Rio Claro (SP), um centro de geociên-cias direcionado à formação de especialistas e à realização de pesquisas com ênfase na camada pré-sal. O UNESPetro (Centro de Geociências Aplicadas ao Petróleo) deve focar os trabalhos sobre as chamadas ro-chas carbonáticas – que formam a camada pré-sal e outros reservató-rios petrolíferos. O centro terá 2.000 metros quadrados de área útil e teve investimentos de R$ 10,5 milhões. De acordo com o coordenador da UNESPetro, professor Dimas Dias Brito, o novo centro é o primei-ro complexo de uma universidade brasileira concebido para reunir as principais ciências que compõem a geologia sedimentar. A criação do centro de geociências é uma das principais iniciativas para o desenvol-vimento do SCTC (Sistema de Capacitação, Ciência e Tecnologia em Carbonatos). O SCTC é um sistema criado após acordo firmado em fevereiro de 2010 entre Petrobras, Unesp, Unicamp (Universidade Esta-dual de Campinas), Uenf (Universidade Estadual do Norte Fluminense), UFF (Universidade Federal Fluminense) e UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro)”. A segunda notícia é mais antiga, do tempo do ex-Governador Itamar Franco. Trata-se de interessante artigo publicado no Jornal Estado de Minas (4/6/2003, p.9), pelo ex-Ministro de Minas e Energia, Paulino Cícero de Vasconcelos, sob o título O gás do São Francisco, que liga esse fato ao sonho de Dom Bosco: “Um dos maiores geólogos do País, Carlos Walter Marinho Campos, que no ano passado recebeu post-mortem, a medalha Eschwege do governo mineiro, foi o homem que levou a Petrobrás para o mar. [...] Quando assumi a Secretaria de Minas do governo Itamar, já aposentado da Petrobrás, Carlos Walter, com minha presença, instalou em Ouro Preto o Núcleo de Engenharia de Petróleo (Nupetro), que somava o notório potencial de duas renomadas instituições: a Escola de Minas, na área de geologia, e a Escola Federal de Engenharia de Itajubá (EFEI), em eletricidade e mecânica. Neste dia, com a simplicidade que contrastava os títulos tantos que acumulara no Brasil e no exterior, Carlos Walter me dizia que a bacia hidrográfica do São Francisco pode esconder um oceano de gás. É uma unidade geotectônica proterozóica – dizia-me. Não deve ter óleo, mas certamente conterá muito gás natural de petró-leo, exatamente como ocorre na Sibéria e no Mar Amarelo da China, que são, também, bacias proterozóicas, formada a mais de 500 milhões de anos. [...] É rezar para que as coisas se apressem e aconteçam. Ali-

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ás, falando em rezar, isso me lembra o jornalista Jorge Faria, como eu, ex-aluno salesiano. Ele diz – e jura – que o verdadeiro sonho visionário de Dom Bosco sobre o Centro-Oeste brasileiro não era Brasília. Era e é o gás do São Francisco”.Bem! Para dar resposta ao questionamento que abre esta carta, to-mando por base essas duas notícias, é preciso repensar alguns pontos importantes. Primeiro é saber o que aconteceu com o Núcleo de En-genharia de Petróleo (Nupetro), instalado na UFOP? Ele está envolvido com as pesquisas do Pré-Sal, como está acontecendo com o UNESPe-tro (Centro de Geociências Aplicadas ao Petróleo) da UNESP? Ele che-gou a ser implantado, ou foi sabotado por disputas internas dentro da UFOP, ou por ciúmes de técnicos da Petrobras? Estes questionamentos têm razão de ser, pois, antes dessa proposta de instalação do Nupetro, na UFOP, acontecer, o que se comentava, nos meios geológicos, era a recusa desta universidade de acolher o primeiro centro de geofísica aplicada à pesquisa de petróleo que a Petrobras pretendia criar, o qual, por este motivo, foi instalado na Universidade Federal da Bahia. Quanto à ciumeira dos técnicos da Petrobras, o que acontecia, nessa época, era uma rivalidade entre a nova geração de geólogos, formados pelas primeiras escolas de Geologia do País, criadas a partir de 1957, e a velha guarda oriunda da UFOF, em sua maioria engenheiros de minas; profissionais estes que foram os responsáveis pelo lançamento dos alicerces dessa empresa e pelo seu funcionamento. Esta disputa intra-muros me foi revelada por colegas dessa empresa, geólogos como eu, que comemoravam o fato de que restavam poucos desses engenheiros oriundos da velha Escola de Minas de Ouro Preto, como Carlos Walter Marinho Campos, formado em 1952, antes, portanto, da criação das escolas de Geologia. Mas não são só essas questões corporativistas que explicam o atraso e desinteresse dos mineiros com o desenvolvimento científico e tecnoló-gico, voltado para a valorização dos recursos minerais do Estado e do País, e a formação de técnicos capacitados para liderarem essas pesqui-sas no âmbito nacional e internacional, como aconteceu, no passado, com o Grupo do Tório, do Instituto de Pesquisas Radioativas da UFMG, hoje concentradas no Estado do Rio de Janeiro, por obra e graça dos militares e omissão dos governantes mineiros. O grande responsável por esse atraso deve-se, em primeiro lugar, a este tipo de omissão, e, por via de consequência, da burocracia estatal, mais interessada em manter posições do que se arriscar em novas empreitadas que podem

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abalar seus minifeudos. Este fato, testemunhei quando trabalhava na extinta METAMIG. Nesta ocasião, os geólogos desta empresa insistiram junto à presidência da companhia para que fosse implantado em Minas Gerais um dos diversos centros de sensoriamento remoto que o INPE estava instalando no País, para difundir o uso desta técnica, principal-mente nas pesquisas geológicas. Logo nos primeiros contatos com o INPE, a diretoria da empresa ficou sabendo que a proposta para instalar um desses centros no Estado já fora feito a um centro de pesquisa mi-neiro e que até aquele momento não havia recebido nenhuma resposta. Ato contínuo, foi feito contato com este centro de pesquisa para saber o que se passava a respeito. O que se constatou é que, devido a disputas internas nesse órgão do governo mineiro, em torno de um computador, uma novidade e tanto naquela época, o responsável pelo setor impedia qualquer avanço no sentindo de fazer o acordo com o INPE, razão por que a diretoria dessa instituição se via de mãos atadas para tomar uma decisão a respeito. Diante disso, os entendimentos entre a METAMIG e o INPE prospera-ram e, finalmente, o tão desejado e importante centro de sensoriamento remoto foi instalado na UFMG, com apoio financeiro dessa estatal mi-neira. Hoje em dia, o uso dessa tecnologia está amplamente difundida no País, graças ao empenho do INPE, que criou três centros regionais: Centro Regional do Nordeste, em Natal –RN, em convênio com o gover-no do Estado e da UFRN; Centro Regional Sul de Pesquisas Espaciais, em Santa Maria – RS, em convênio com a UFSM, e Centro Regional da Amazônia, em Belém – PA. Cada um deles voltado para atividades específicas. Se os governantes mineiros abrissem os olhos, veriam que o centro instalado na UFMG pode ser transformado em um Centro Re-gional do Sudeste, para desenvolver nesta região pesquisas geológicas, principalmente as relacionadas com a prospecção e pesquisa de novos jazimentos minerais e mapeamento geológico básico. Mas isto, como se diz, são outros quinhentos, pois, em se tratando de bens minerais, parece que os governantes mineiros têm verdadeira alergia pelo assunto, fugindo dele como o diabo foge da cruz. Senão como explicar o que aconteceu com a METAMIG. Como disse, quando trabalhava nesta empresa, como geólogo, juntamente com mais de vin-te colegas de profissão, batalhávamos para desenvolver o setor mineral do Estado em várias frentes. Uma delas, com repercussão positiva para a economia mineira e a moralização no trato da coisa pública, foi a luta para viabilizar financeiramente a METAMIG, que dependia de verbas

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públicas, sempre escassas, para o seu funcionamento. Para isto foi pro-posto à Diretoria da empresa a fusão com a CAMIG, que era proprietária das jazidas de nióbio e fosfato de Araxá, exploradas em associação com empresas privadas, recebendo, naquela época, só pela exploração do nióbio cerca de US$ 1 milhão de dólares por mês, e com a Hidromi-nas, que explorava as águas minerais das estâncias situadas no sul do Estado, inclusive as do complexo hoteleiro de Araxá. Esta proposta foi prontamente aceita pela diretoria, que imediatamente passou a trabalhar junto ao governo do Estado e deputados da Assembleia Legislativa para concretizar esse projeto. Depois de muita luta, ocorreu a fusão da METAMIG com a CAMIG, resultando na COMIG, posteriormente também a HIDROMINAS foi in-corporada a esta empresa, concretizando assim a proposta original dos geólogos. Como sempre acontece onde o dinheiro flui rapidamente, as ambições dos governantes se voltaram para aplicar essa verba em obras públicas, sem necessidade de passar pelo crivo da Assembleia Legisla-tiva, e evitar, também, aplicá-la em pesquisas geológicas, sabidamente de difícil retorno e que não dão nenhum dividendo político, pois se trata de investimento de risco e de longa maturação. Para atingirem este objetivo, mudaram o estatuto da COMIG, criando a CODEMIG, voltada para a execução de obras públicas, como o novo Centro Administrativo do Estado. Mas, para que essas manobras acontecessem, a diretoria da nova empresa demitiu todos os geólogos, menos um, sabe-se lá por quê? A verdade é que Minas Gerais, hoje em dia, não possui um corpo de geólogos voltado para o desenvolvimento do setor mineral do Estado; quando muito, a CODEMIG faz acordos setoriais com a CPRM, um arremedo de Serviço Geológico Federal, que nem verba tem para cumprir suas obrigações, para, talvez, passar a falsa impressão de que está cuidando do desenvolvimento do setor mineral do Estado. A primeira medida para mudar esse quadro de total omissão do Estado no trato das questões voltadas para o desenvolvimento do setor mi-neral e das pesquisas científicas e tecnológicas para agregar valor aos bens minerais que ocorrem em solo mineiro, será destinar o total dos lucros pagos pela CBMM pela exploração do nióbio de Araxá, para fi-nanciar essas pesquisas, inclusive a fundo perdido, se necessário. Mas, para isso, é preciso mudar a mentalidade hoje existente de que tais pesquisas devem ser feitas pelos órgãos públicos do Estado, como o CETEC, ou fundações como a FAPEMIG, uma instituição que dispõe de verbas garantidas no orçamento do Estado, mas cujos governantes não

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podem sequer escolher seus dirigentes; atribuição estatutária exclusiva de uma casta de iluminados que se autodenominam “cientistas”, do-nos do saber e do que fazer com os projetos desta instituição. Isto é uma aberração que a Assembleia Legislativa precisa rever e tornar mais democrática o acesso à direção dessa instituição pública e na escolha dos projetos a serem financiados com os recursos do Estado. A melhor maneira de contornar essas instituições petrificadas, que atrasam o de-senvolvimento científico e tecnológico de Minas Gerais, é em procurar as universidades mineiras, em fase de formação de um consórcio uni-versitário, para estabelecer convênios para o desenvolvimento científico e tecnológico do setor mineral do Estado. O primeiro passo nesse sentido é propor aos reitores da Superuniver-sidade do Sudeste – formada pela união das federais de Alfenas (UNI-FAL), Itajubá (UNIFEI), Juiz de Fora (UFJF), Lavras (UFLA), São João del-Rei (UFSJ), Ouro Preto (UFOP) e Viçosa (UFV), para, em primeiro lugar, criarem núcleos de pesquisa voltados para temas específicos, como, por exemplo, o aproveitamento dos minerais de terras raras ocorrentes em território mineiro e no País, para competir com a China neste mercado restrito e altamente estratégico. Aqui é bom frisar que a pesquisa cientifica e tecnológica de todos os bens minerais é livre, pois o monopólio do Estado sobre certas substâncias não se aplica a esta atividade. Além disso, o Estado de Minas não deve ficar esperando que o Governo Federal tome a iniciativa de fazer tais pesquisas, pois este é um assunto que interessa diretamente a economia mineira, diante da demanda mundial por matérias- primas minerais, como informa o Bo-letim Eletrônico do Movimento Solidariedade Íbero-americana (MSIa), v. II, n. 20, 3 set.2010: “Atualmente, a China é praticamente a única provedora dos chama-dos metais de terras raras, dos quais o ítrio, usado na produção de equipamentos de laser e ímãs, é o mais raro. Segundo a Comissão Europeia, a China passou a cobrar impostos e taxas de exportação mais altas sobre esses recursos raros. Embora a UE esteja negociando com o governo chinês o comércio de matérias-primas, Pequim anunciou recentemente uma redução de 40% nas exportações desses minérios raros, pressionando os compradores estrangeiros a iniciar o processa-mento industrial de tais matérias-primas dentro da própria China. «Os chineses querem atrair para o país a tecnologia de processamento e elevar, consequentemente, o valor agregado», comentou Hubertus Bar-dt, especialista em matéria-prima do Instituto de Economia Alemã (IW),

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sediado em Colônia. Para Bardt, a UE precisa assegurar, por meio de pressão diplomática e negociações comerciais, que a China não explore seu monopólio para além da medida”. Além disso, é preciso criar nessas universidades centros especializados para valorização de outros bens minerais, como o minério de ferro, principalmente na produção de aços especiais destinados à indústria petrolífera, diante da demanda do Pré-Sal; evitando com isto que em-presas como a Usiminas procurem, como noticiou recentemente a imprensa, os centros de pesquisas instalados na Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro, para aí desenvolverem suas pesquisas, fato que vem ocorrendo, também, com diversas empresas do exterior. Nesta ilha, onde se localiza a UFRJ, e em convênio com ela, várias empresas e instituições já montaram seus centros de pesquisas, como o CENPES, da Petrobras; o Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (CEPEL); o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF); o Instituto de Engenharia Nuclear (IEN); e, por incrível que pareça, o Centro de Tecnologia Mi-neral (CETEM). Este centro foi aí instalado por decisão política, pois a produção mineral do Estado do Rio de Janeiro é insignificante, quando comparada à de Minas Gerais, a maior do País. Outro fato estranho é que existem nesse Estado três escolas de Ge-ologia, enquanto em Minas Gerais, com território maior, diversidade geológica incomparável e ocorrências minerais abundantes, só exis-tem duas. Para que Minas Gerais assuma o lugar de vanguarda das pesquisas científicas tecnológicas voltadas para a valorização de seus recursos minerais, é preciso que se crie novas escolas de Geologia, pois, com o concurso desses profissionais, os geólogos, é possível não só fazer um levantamento detalhado da geologia do Estado e de suas ocorrências minerais, como também criar cursos de pós-graduação, em nível de mestrado e doutorado, especializados em diversas matérias importantes para conhecimento da geologia do Estado, como a estra-tigrafia, sedimentologia, petrografia, geologia estrutural, mineralogia, geocronologia, etc. A valorização de bens minerais é uma ciência que comporta várias face-tas, que só o geólogo pode pesquisá-las em profundidade, como, aliás, é feito no mundo todo, principalmente nos países desenvolvidos. A descoberta de gás de petróleo na Bacia do São Francisco, por exemplo, em fase de pesquisa pela CODEMIG e empresas privadas, traz consigo implicações científicas diversas, pois contém o gás hélio associado, um elemento estratégico em escala mundial, que pode indicar as condições

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de formação dessas reservas de gás natural e sua evolução no tempo geológico. Outras ocorrências de minerais estratégicos, como as areias monazíticas dos vales do Rio Sapucaí, no Sul de Minas, e do Rio Doce, no leste mineiro, merecem ser pesquisadas com mais detalhes. Estas, as do Rio Doce, inclusive, são responsáveis pelos grandes depósitos de monazita do litoral capixaba – as conhecidas areias negras de Gua-rapari. Aqui cabe uma pergunta, que só as pesquisas geológicas podem responder: existem paleoplaceres aluvionares monazíticos na foz deste rio? Em caso positivo, qual a sua importância econômica e área de ocorrência? Além dos depósitos aluvionares de monazita e de outros minerais de terras raras, existem no Estado outras ocorrências que estão a merecer um estudo mais aprofundado, como as dos solos lateríticos de Tapira/MG (subproduto de titânio), e as que ocorrem em Araxá e Poços de Caldas, diante da crescente demanda mundial dessas matérias-primas estratégicas, como informa o Boletim Eletrônico do MSIa: “Recente es-tudo realizado pela Comissão Europeia alertou que os países da região estão enfrentando a carência de 14 matérias-primas “críticas”: antimô-nio, berilo, cobalto, fluorita, gálio, índio, germânio, grafite, magnésio, nióbio, metais do grupo da platina, terras raras, tântalo e tungstênio, todas fundamentais para a fabricação de telefones celulares, computa-dores e produtos análogos. Segundo o estudo, um dos motivos funda-mentais para a carência é o fato de a produção desses minerais estar concentrada em apenas quatro países: China, Rússia, Congo e Brasil. Por outro lado, segundo observou a Comissão Européia, a China tem garantido o acesso a commodities cobiçadas por meio de uma estraté-gia dominadora, que inclui aquisições de mineradoras, compra de terras e doações a governos africanos. Segundo a avaliação dos especialistas europeus, a concentração da oferta também é problemática, dado que há poucas mineradoras que exploram diretamente matérias-primas”.A solução, portanto, para que Minas Gerais aproveite melhor suas ri-quezas minerais, está, em primeiro lugar, na criação de centros es-pecializados em pesquisas científicas e tecnológicas, voltadas para o setor mineral, nas universidades federais de Alfenas (UNIFAL), Itajubá (UNIFEI), Juiz de Fora (UFJF), Lavras (UFLA), São João del-Rei (UFSJ), Ouro Preto (UFOP) e Viçosa (UFV), que estão se consorciando para a formação da Superuniversidade do Sudeste. Em segundo lugar, a criação de novos cursos para a formação de geólogos nestas univer-sidades. Neste caso, não há necessidade de se criar uma escola de

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Geologia em cada uma delas, basta que entrem em acordo sobre quais as matérias que se vão especializar, criando para isto cursos de pós-graduação em nível de mestrado e doutorado. Os departamentos res-ponsáveis por estes cursos se encarregarão, por sua vez, de ministrar essas matérias para os alunos de bacharelado. Assim, um estudante de Geologia da UFOP pode cumprir os créditos em estratigrafia na UFV, se esta especializar-se nesta matéria, enquanto outros alunos matricu-lados nesta universidade, que optarem pelo curso de Geologia, poderão cumprir seus créditos na UFOP ou em qualquer outra desse consórcio que tiver vaga na matéria solicitada. Aliás, diga-se de passagem, esse é o objetivo desse consórcio, pelo que se depreende pelo noticiário da imprensa. Com isto, Minas Gerais poderá formar mais geólogos que as três universidades do Estado do Rio de Janeiro diplomam juntas, ou, da mesma forma, pelas outras três existentes em território paulista. Para que tal aconteça, é necessário que tais centros de pesquisas se-jam financiados pelo Governo do Estado, por meio da CODEMIG, que investirá nesta atividade o total dos lucros auferidos com a exploração do nióbio de Araxá, ao invés de aplicá-los em obras públicas que, por lei, devem ser contempladas no orçamento do Estado, aprovado pela Assembleia Legislativa. Para finalizar, uma pergunta: por acaso, a CBMM e a CODEMIG já cria-ram um centro de pesquisa para otimizar e difundir o uso do Nióbio de Araxá e das terras raras associadas? Esta pergunta é feita, pois, no site da CBMM na Internet, não há nenhuma referência a respeito, com se vê pelas informações disponíveis: “A Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, do Grupo Moreira Salles, é uma empresa nacional que extrai, processa, fabrica e comercializa produtos à base de nióbio. Uma Conta de Participação nos Lucros entre a estatal CODEMIG e a CBMM garante a exploração racional do depósito de nióbio localizado próximo à cidade de Araxá, em Minas Gerais. O contrato concede 25% de par-ticipação nos lucros operacionais da CBMM ao Governo do Estado de Minas Gerais. A CBMM é a única produtora de nióbio com presença em todos os segmentos de mercado”.

Agradecendo a atenção de V. Exa., subscrevo-me.Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

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O Governo bifronte de Dilma Rousseff e os interesses de Minas Gerais.

Belo Horizonte, 17 de dezembro de 2010.

Exmo. Sr. Antônio Augusto AnastasiaGovernador do Estado de Minas GeraisPalácio da LiberdadeBelo Horizonte – MG

Com cópias para os Exmos.(as) Srs.(as) Deputados(as) Estaduais de Minas Gerais; Vice-Presidente da República, José Alencar; Governador de São Paulo, Alberto Goldman e jornais Estado de Minas e Folha de S. Paulo.

Assunto: O Governo bifronte de Dilma Rousseff e os interesses de Minas Gerais.

Prezado Senhor Governador,

No dia 25 de novembro passado, enviei a V. Exa. carta tratando do seguinte assunto: “Desde quando Minas Gerais está perdendo a corrida pelo domínio da tecnologia mineral para outros Estados da Federação? E por quê?”. Agora volto a tratar de outro assunto que envolve não só os interesses de Minas Gerais, mas também o destino do Brasil nos próximos quatro anos, quando o País será governado em sistema de parceria entre a Águia Bicéfala e o Sapo Barbudo. Serão anos turbulen-tos, pois a Presidenta Dilma Rousseff dividirá o poder com seu vice, Michel Temer, para honrar compromissos pré-eleitorais firmados entre o PT e o PMDB, transformando-se, consequentemente, numa Águia Bi-céfala que terá dificuldades de alçar vôo, devido a este defeito genético, e anunciar sua presença, pois sequer pia. Este quadro bizarro pode ser sintetizado em uma figura heráldica, o brasão de armas da nova presi-denta. De asas abertas, pronta para levantar vôo, mas imóvel e de bico fechado, esta Águia Bicéfala tem em suas garras um sapo barbudo, que se debate coaxando para não ser destroçado pelo seu bico afiado. Em resumo, este é o quadro que se desenha no panorama político brasilei-ro nos próximos anos.

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Mas isto não é tudo. O pior é que o novo governo, a ser instalado no País a partir de janeiro próximo, além desta anomalia genética, nasce com outra deformação congênita: o bifrontismo, pois o atual Presiden-te da República quer por que quer continuar governando o País, pois se acha dono do poder, a seu modo, ou seja, por detrás do poder, solapando a autoridade da Águia Bicéfala com acertos espúrios nos bastidores. Para tanto, já criou até uma infraestrutura operacional em território paulista, a ser ocupada por um ministério paralelo, já escolhi-do, segundo a imprensa. São manobras que turvarão e envenenarão o quadro político e econômico do País, em um momento de crise global generalizada que poderá desaguar numa guerra mundial, pois visam, em última análise, preparar seu retorno à Presidência da República em 2015.

Mas esta pretensão poderá ser barrada pela união dos Estados de Mi-nas Gerais e São Paulo, numa ação coordenada para fazer frente a um governante que fez do assistencialismo farisaico a pedra de toque de seu governo; modelo que está sendo copiado por alguns governadores e prefeitos inescrupulosos que veem neste tipo de expediente o meio mais fácil de conquistarem ou se manterem no poder. Este procedi-mento não é novidade na história universal, pois os pioneiros nessa arte foram os romanos, há mais de dois mil anos, com o famoso “pão e circo”. Todavia, Minas Gerais tem um motivo particular para conter esse Sapo Barbudo, pois foi aqui que ele ganhou três eleições sucessi-vas, que o tornaram presidente por dois mandatos e possibilitou eleger sua sucessora. A paga, por tudo isto, foi o desprezo que sempre dedi-cou ao Estado e aos políticos mineiros, sintetizado em um último ato de perfídia: o desmembramento da FIAT para servir a seu Estado natal, Pernambuco; isto com o apoio e sustentação de um Vice-Presidente mineiro, um banana que não fez nada para o Estado e que foi traído no momento em que agonizava num hospital paulista e o Presidente Lula fazia um balanço de seus oitos anos de governo. Neste evento, quando acabava de apunhalar Minas pelas costas, em conluio com o Governa-dor de Pernambuco, discursava cinicamente: “Duvido que algum gover-nante tenha um vice melhor que José Alencar” (Jornal Estado de Minas, 16/12/2010, p.8). Também pudera!

Mas é no encerramento de um editorial do Jornal Estado de Minas, in-titulado Parceria golpeada (16/12/2010, p.6), que está a receita do bolo a ser dado a esse ingrato: “Tanto os italianos da montadora de Turim

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como o governo federal do presidente Lula e de sua sucessora, Dilma Rousseff, que obteve maioria dos votos aqui, seu estado natal, estão em débito com os mineiros. E serão cobrados”. O momento oportuno para esta cobrança será nas eleições presidenciais de 2014, quando voltará a pisar em terras mineiras em busca de apoio para se eleger presidente pela terceira vez. Dizem que “os mineiros não guardam ran-cores, mas não se esquecem das ingratidões”. Que assim seja! Mas para isso, é necessário que os políticos e governantes mineiros deixem de ver a política como um arco-íris em cujas pontas estão enterrados potes de ouro, ou, que, passando por baixo dele mudam de sexo. Têm que ser realistas. Não podem deixar-se levar por fantasias, como se estivessem anestesiados ou drogados. É preciso firmeza de propósito e objetivos bem definidos. Além disso, é preciso ter em mente que a mudança do eixo do poder da Praça da Liberdade para a periferia da capital traz consigo consequ-ências nefastas não só para Minas Gerais, exemplificada no caso FIAT, mas também para o Brasil, como anuncia o governo bifronte da Águia Bicéfala, que terá uma face mirando o futuro, ainda indefinido, pois a nova presidenta não apresentou nenhum plano de governo, e outra voltada para o passado, burocraticamente registrada em cartório, resul-tando em uma paralisia que levará o Brasil a uma grave crise institucio-nal. Um capítulo que trata deste enigma, a mudança do eixo do poder, retirado de um livro de minha autoria, em análise e revisão por parte de uma editora, com vistas a uma eventual publicação, é transcrito abaixo para esclarecer essa assertiva. Agradecendo a atenção de V. Exas., subscrevo-me.Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

Recordar é viver... Ascensão e Queda de Minas Gerais: da Revolução de 30 ao governo JK, subindo, e daí, descendo, até Lula, o fundo do poço

Belo Horizonte, 22 de dezembro de 2010.Exmo. Sr.

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Antônio Augusto AnastasiaGovernador do Estado de Minas GeraisPalácio da LiberdadeBelo Horizonte – MG

Com cópias para os Exmos.(as) Srs.(as) Deputados(as) Estaduais de Minas Gerais; Vice-Presidente da República, José Alencar; Governador de São Paulo, Alberto Goldman e jornais Estado de Minas e Folha de S. Paulo.

Assunto: Recordar é viver... Ascensão e Queda de Minas Gerais: da Revolução de 30 ao governo JK, subindo, e daí, descendo, até Lula, o fundo do poço.

Prezado Senhor Governador,

Recordando o significado para Minas Gerais da união de gaúchos e mi-neiros para mudar os destinos do Brasil, quando deflagraram a Revolu-ção de 30, que durou até o Governo JK, pergunta-se: “Por que, a partir do final deste governo, quando o poder passou a ser exercido por um paulista mato-grossense, Minas Gerais vem descendo ladeira abaixo e os políticos mineiros nada fazem para reverter essa situação”?Depois de Jânio Quadros, ainda se tentou algum movimento que se re-velou desastroso para os interesses do Estado, que foi a ascensão dos militares, que precisaram de dois vices-presidentes mineiros para se consolidarem no poder. A partir daí, é toda uma sucessão de tragédias e erros por parte dos políticos mineiros, que vem alçando ao poder Pre-sidentes da República que odeiam Minas Gerais, mas que aqui se vêm nutrirem para sobreviverem politicamente, como aconteceu com o ma-ranhense José Sarney, alçado ao poder pela morte de Trancredo Neves; o alagoano Fernando Collor de Mello, que se apoiou no mineiro-baiano Itamar Franco com o mesmo objetivo; o qual, por sua vez, sucedeu-o e passou o poder ao paulista-carioca Fernando Henrique Cardoso, que sempre desprezou Minas e os políticos mineiros, como Itamar Franco e Aécio Neves, por exemplo.

Não bastasse este erro, Itamar Franco ainda abriu caminho para a as-censão de um pernambucano à Presidência da República, ao ser o único governador de um Estado da Federação a apoiar Lula nas eleições

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presidenciais de 2002, no início de sua campanha quando era rejeitado por toda a sociedade. Mas não é só isto que levou Lula ao poder pela primeira vez, pois outro mineiro foi decisivo nesta caminhada e pela sua aceitação no meio empresarial: o seu vice, José Alencar. Agora, ao final do Governo Lula, os políticos mineiros colhem os frutos podres desses equívocos e estratégias políticas mal elaboradas: a transferência da FIAT para Pernambuco, assunto tratado na carta enviada a V. Exa. no último dia 17, que segue em anexo.

Para que Minas Gerais volte a ser respeitada no cenário político na-cional e a sua economia não venha a ser sabotada por políticos ines-crupulosos, é preciso que além de forjar uma aliança com o Estado de São Paulo, para impedir a volta de Lula à Presidência da República em 2015, como foi sugerida na carta do dia 17, ela englobe também o Estado do Rio Grande do Sul, de onde sairá o próximo presidente da República, oriundo do PMDB, que rejeita a banda podre nordestina que se apoderou deste partido e foi responsável pelo afastamento do ex-Presidente Itamar Franco de seus quadros.

Esta tríplice aliança terá de ser construída passo a passo, pois a “He-rança Bendita” que o Governo Bifronte da Águia Bicéfala herdará do hesitante e pusilânime Governo Lula encerra armadilhas que detonarão esse governo em seu primeiro ano de existência, a partir do qual cada partido buscará seu rumo próprio num quadro de grave crise institu-cional. Entre os problemas que Lula empurrou com a barriga para o colo de Dilma Rousseff, destacam-se: a Lei dos Royalties do Petróleo; a compra dos aviões de caça para a Força Aérea Brasileira; o novo Marco Regulatório do Setor Mineral; a reforma política; a reforma fiscal; a falta de investimentos em infraestrutura de transportes, principalmente fer-roviário; em saneamento básico; transportes urbanos; educação, saúde pública, enfim, tudo o que o PT prometeu desde que foi fundado e que no poder não cumpriu nada, exceto exacerbar o assistencialismo fari-saico que não acaba com a pobreza, mas dela faz bom uso político.

Agradecendo a atenção de V. Exas., subscrevo-me.

Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

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PARTE XV

TEMAS POLÍTICOS RELEVANTES

Palavras ao Vento (Mateus, 13)

Belo Horizonte, 26 de setembro de 2010.

Aos Exmos.(as) Srs.(as) Deputados(as) Federais, Partidos Políticos, Gover-nantes, empresários, a mídia, e a quem mais interessar possa.

Assunto: Palavras ao Vento (Mateus, 13) – a frouxidão moral do Poder Judiciário e do Senado da República; o mandato-tampão da Presidente Dilma Rousseff e a herança da corrupção endêmica do aparelho estatal federal; a Estratégia Nacional de Defesa e a implantação das ferrovias que mudarão os rumos da economia do Brasil e da América do Sul no século XXI.

Prezados(as) Senhores(as),

A decisão tomada na madrugada do dia 24 de setembro de 2010, pelo Supremo Tribunal Federal, dividindo-se ao meio numa decisão que não comportava vacilação – o uso imediato da lei dita da “ficha limpa” – é o retrato acabado do Brasil da atualidade, que se equilibra na corda bamba da moral e dos bons costumes no trato da coisa pública, ten-tando atravessar o fosso que nos separa do atraso colonial, cheio de corrupção, para uma era realmente republicana, onde não haja desvios de comportamento das autoridades constituídas; postura esta que, a cada dia, distancia-se de nós, os brasileiros e brasileiras que não usam toga e nem se encastelam em espaços públicos privilegiados.

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Segundo o noticiário da imprensa, esse empate se deu pelo fato de o Exmo. Sr. Presidente da República ainda não se ter dignado a nomear o 11º ministro dessa Corte Superior, em substituição ao que se aposen-tou. Neste caso, o “voto de minerva”, como se diz, que desempataria essa questão de vital importância para a moralidade no trato da coisa pública do País, ficou prejudicado. Mas este argumento é falho, pois o Presidente do Supremo poderia usar seu voto para desempatar essa questão, se tivesse algum tipo de ligação com o povo que patrocinou essa lei com mais de dois milhões de assinaturas, usando uma prerro-gativa constitucional. Mas esta solução minaria o poder absoluto que desfrutam, pois se julgam acima do populacho, como didaticamente ensinou outro ministro ao dar seu voto: “A corte não pode ceder ao populismo jurídico e, se a iniciativa popular tornar inútil nossa ativida-de, melhor é fechar este tribunal”. (Jornal Estado de Minas, 24/9/2010, p. 3).Essa sugestão do Ministro Gilmar Mendes deve ser levada a sério pelos Deputados Federais e pelos partidos políticos, pois o Supremo Tribunal Federal se tornou em um Olimpo habitado por deidades vitalícias, aten-didas por serviçais vestidos a caráter, treinados para massagear seus egos movendo seus pesados tronos para que se assentem confortavel-mente sem tocá-los e água para aplacar sua insaciável sede de poder, fatores que os levam a ignorar a representação popular, base do regime democrático. Todo o luxo e regalias que cercam esses semideuses olímpicos são pagos pelo povo que desprezam, que, se atendidos em seus pleitos, poderiam pôr em perigo o poder absoluto que desfrutam. Esta reação do Ministro Gilmar Mendes não é novidade nos anais da história, pois se trata da repetição de uma frase dita por alguém, alhu-res, em idênticas circunstâncias: “O Estado sou Eu”. O resultado desta arrogância deu no que deu.Ao usar o seu voto para empatar essa votação, ao invés de decidi-la em favor do povo como poderia ter feito, o Presidente do Supremo Federal jogou o problema no colo do Presidente da República, que ainda não nomeou o 11º ministro; neste caso, por conveniência política, pois a cúpula de seu partido, o PT, está sendo julgada nesta Corte por atos lesivos à administração pública (o escândalo do mensalão), e o ministro responsável por este julgamento, que mal se sustenta de pé, assentou-se nos autos para se recuperar dos males que o afligem. Esse jogo de empurra, o lavar das mãos como Pilatos no Credo, remonta à votação no Senado, uma casa dominada pela corrupção, quando um senador

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malicioso, com a cumplicidade de seus pares, mudou o tempo de um verbo na redação final da lei, para com isso abrir uma brecha por onde os políticos corruptos poderiam escapar apelando para o Supremo Tri-bunal Federal, anulando, consequentemente, o que havia sido decido na Câmara do Deputados, o verdadeiro Parlamento do povo. Este ato de sabotagem, ou “esperteza política”, foi praticado por esse senador para atender um companheiro de partido, um deputado com ficha suja, criminoso procurado pela Interpol, que se encontra na mesma situação do corrupto que acionou o STF para se safar das malhas da Lei da Ficha Limpa. Voltando à sugestão do Ministro Gilmar Mendes, de que é “melhor fechar este tribunal”, do que ceder à vontade popular, é bom recordar o que diz a respeito a Constituição Federal no seu Artigo 1º, parágrafo único : “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de repre-sentantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”. Como os membros do Supremo Tribunal Federal, que se arvoram defensores da Constituição, não são eleitos pelo povo, mas escolhidos ao bel-prazer pelo Presidente da República, eles não passam de funcionários públicos como outros quaisquer, com seus direitos e obrigações, ou, simplificando, são meros servidores públicos que tentam ser diferentes dos outros ao se intitularem um “poder” e se cercarem de regalias e rituais para se distanciarem do povo e se colocarem acima de tudo e de todos. Para baixar o facho dessa gente, e fazê-los cair na real, o melhor cami-nho é se fundir o Supremo Tribuna Federal (STF) com o Superior Tribu-nal de Justiça (STJ), criando uma única “Corte Superior de Apelação”, cujos membros, cinco por Estado, seriam eleitos pelo voto popular em eleições diretas com mandato de cinco anos sem direito à reeleição. Esta medida acabaria com a vitaliciedade no cargo, um ranço colonial que os magistrados usam para deitarem e rolarem nos cargos que des-frutam, acarretando a morosidade nos julgamentos e outros artifícios que usam para extorquir da sociedade todos os tipos de benesses e privilégios. Da mesma forma deve-se acabar com o Senado, uma ins-tituição falida como o Supremo, adotando-se o sistema unicameral no qual a vontade do povo será sempre soberana, pois não haverá divisão de poder, fazendo valer o que reza a Constituição: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamen-te, nos termos desta Constituição”. Estas sugestões se encontram mais detalhadas em quatro livros de minha autoria, disponíveis na Biblioteca Digital do Governo Federal (www.dominiopublico.gov.br).

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O resultado de todo esse processo de corrupção que envolve os três poderes da República será herdado pelo próximo Presidente ou Pre-sidenta da República, a ser eleito (a) em 3 de outubro próximo. Pelo andar da carruagem, a candidata Dilma Rousseff será a escolhida. Neste caso, uma particularidade marcará seu governo: a de ter sido indicada pelo Presidente Lula e não pelo partido que pertence: o PT. Isto si-naliza que exercerá um mandato-tampão, formatado para esquentar a cadeira presidencial para a volta de seu mentor, mantendo intacta toda a estrutura corrupta que marcou os oitos anos do governo Lula, que começou e terminou na Casa Civil, com José Dirceu e Erenice Guerra. Mas esta caminhada petista pela trilha da corrupção, que procura alar-gar e pavimentar com atos escusos, ainda não terminou, como mostra a seguinte noticia publicada pela Folha Online (24/9/2010): “O diretório nacional do PT entrou com uma ação direta de inconstitucionalidade no STF (Supremo Tribunal Federal) contra a lei que exige dois documentos (título de eleitor e outro documento oficial com foto) para que o eleitor vote no dia 3 de outubro”.

Diante dessa perspectiva, inclusive considerando o escancarado pro-jeto de Lula de repetir Vargas com um retorno triunfal ao poder, pois, ao invés de preparar um sucessor dos quadros de seu partido para sucedê-lo, escolheu uma auxiliar pouco ambiciosa que não complicará seus planos, é bom que os partidos políticos comecem a trabalhar, tão logo os resultados das próximas eleições sejam conhecidos, para faze-rem frente a esse império fora da lei que se pretende perpetuar. Para isto o PSDB deve formalizar a criação de um eixo de poder entre São Paulo e Minas Gerais, Estados onde devem sair vencedores, e propor uma aliança com os diretórios regionais do PMDB nas regiões Sul e Sudeste, para juntos aglutinarem as lideranças políticas do País, com ficha limpa, numa campanha pela moralidade no trato da coisa pública e para promover o desenvolvimento econômico e social sem paterna-lismo. Nesta aliança, visando as eleições de 2014, o PMDB indicaria o candidato à Presidência da República e o PSDB a Vice-Presidência. Os candidatos naturais para estes cargos seriam, respectivamente, o Mi-nistros Nelson Jobim e o ex-Governador de Minas Gerais Aécio Neves.A base para se promover o desenvolvimento econômico e social do País, sem paternalismo, reside na geração de empregos e renda dos brasileiros de todas as camadas sociais, ampliando a classe média C em relação às classes superiores e inferiores, vale dizer, as A e B e D e E, respectivamente. A execução deste projeto deve basear-se na

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Estratégia Nacional de Defesa que foi formatado para integrar e dina-mizar todos os segmentos relacionados com a Segurança Nacional, desde as Forças Armadas, até as instituições de ensino e pesquisa, passando pelo parque industrial brasileiro. Mas para que a Estratégia Nacional de Defesa esteja completa, nos seus objetivos de garantir a Segurança Nacional, é necessário também que inclua o monitoramento de tudo o que já foi feito e esteja sendo planejado na infraestrutura de transporte ferroviário no Brasil e na América do Sul, inclusive sobre a Ferrovia Transcontinental Dom Bosco, e no aproveitamento das jazidas de minério de ferro, especialmente as do Quadrilátero Ferrífero de Mi-nas Geais. Estes assuntos tratei em seis cartas dirigidas ao Presidente Lula, datadas de 17, 23 e 27 de julho, e 1º, 17 e 22 de setembro de 2010, e quatro ao Governador Antônio Augusto Anastasia, datadas de 14, 19, 24 e 28 de agosto de 2010, que seguem em anexo, e em quatro livros de minha autoria, disponíveis da Biblioteca Digital do Governo Federal (www.dominiopublico.gov.br). Nestes livros a abordagem so-bre a Ferrovia Transcontinental Dom Bosco é completa, inclusive com os comentários deste santo que a percorreu pela primeira vez em seu sonho profético.

Como complemento ao que foi tratado nessas cartas, gostaria de ajun-tar alguns comentários aos do jornalista Mario Fontana, feito em sua coluna no Jornal Estado de Minas (25/9/2010, p.3), sobre as declara-ções do Ministro dos Transportes, Paulo Passos – que foi à Europa negociar a implantação do projeto do trem-bala entre São Paulo e Rio de Janeiro –, da possibilidade de futuros projetos ligando, por esse meio de transporte, Campinas a Belo Horizonte e Campinas ao Triângu-lo Mineiro. No que diz respeito à ligação Campinas a Belo Horizonte, é bom frisar que essa alternativa de transporte, exclusiva para passagei-ros, não se justifica diante da necessidade urgente de se implantar uma moderna ferrovia ligando Belo Horizonte a São Paulo e outra ligando Belo Horizonte a Vitória, para transporte de cargas e de passageiros, assunto detalhado naquelas cartas. Deve-se acrescentar ainda que es-tas ferrovias têm seu ponto inicial no Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais, de onde partem outras duas ferrovias ligando Belo Horizonte ao Rio de Janeiro. Todas elas operando num raio de 500 km a partir de Belo Horizonte, região onde se concentra o principal das atividades econômicas, culturais e cientificas do País e da América do Sul. Um exemplo dessa liderança está no fato da criação de um consórcio de universidades situadas nesse perímetro estratégico. Segundo noticiário

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da imprensa, sete universidades federais mineiras assinaram um pro-tocolo que prevê uma maior integração entre as instituições, inclusive no planejamento acadêmico, para atender às necessidades da região do sudeste mineiro. O grupo reúne as universidades federais de Alfenas, Itajubá, Juiz de Fora, Lavras, São João Del-Rei, Ouro Preto e Viçosa. A Superuniversidade, como está sendo chamada, deve começar a fun-cionar em 2011. Outro assunto tratado pelo jornalista Mário Fontana, em sua coluna (24/9/2010, p. 3), é sobre a exploração de minério de ferro. Como no caso das ferrovias, aqui cabe também algumas considerações adicio-nais, pelo teor das colocações feitas pelo Presidente do Ibram, Paulo Camillo Vargas Penna, em resposta a uma nota do colunista publicada no dia anterior: “Quanto à compra de jazidas no país por empresas estrangeiras, Penna observa que se trata de fato comum no mercado mundial. O Brasil, por exemplo, tem adquirido minas, empresas e jazi-das na Austrália, nos Estados Unidos, no Canadá e na América do Sul, por exemplo. De acordo com ele, essas transações de grande porte incentivam a indústria mineral, criam empregos e estimulam a econo-mia dos países envolvidos”. O que o Sr. Camillo Penna não disse, e é preciso ficar bem claro, é como essas transações são controladas pelos países estrangeiros e como as coisas acontecem entre nós. Todos se lembram o trabalho que teve a VALE para adquirir uma jazida de níquel no Canadá. Não só o governo canadense se envolveu a fundo nessa transação, mas também o Parlamento e sindicatos mineiros daquele país. Somente quando tudo foi esclarecido, inclusive a manutenção de empregos, é que a autorização foi dada. Aqui não, como tentou escla-recer o jornalista Mário Fontana, pois as coisas são feitas no exterior à revelia das autoridades brasileiras, como se o Brasil fosse uma casa da “Mãe Joana”. A luta do Presidente Lula, para readquirir o controle par-cial da Petrobrás, perdido por obra e graça da política liberal do gover-no FHC, defendida pelo Sr. Penna, ficou evidente no aumento de capital ocorrido no último dia 24. Para aumentar a participação do governo na empresa, foram investidos cerca de US$ 43 bilhões no processo de capitalização. Este foi o custo que o Brasil teve de pagar para corrigir um dos muitos erros do Governo Fernando Henrique Cardoso. Agradecendo a atenção de todos, encerro esta carta com a Fábula do Rato, pois ela transmite uma mensagem apropriada para os dias em que vivemos e para o futuro de nossa pátria.

Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

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A Fábula do RatoEm uma fazenda havia um rato que se achava dono do pedaço.

Certa noite, por entre as frestas do assoalho, ouviu a fazendeira dizer ao seu marido: “Precisamos comprar uma ratoeira”.

Apavorado, procurou a galinha no galinheiro e lhe disse: “A fa-zendeira vai comprar uma ratoeira”. A galinha, ciscando, não lhe deu atenção. Como insistisse, disse ao rato: “O que tenho com isso? Rato-eira é assunto de rato. Vai se cuidar”, dispensando-o às gargalhadas.

Inconformado, procurou o porco no chiqueiro. Disse-lhe a mes-ma coisa: “A fazendeira vai comprar uma ratoeira” A reação foi a mesma da galinha: “O que tenho com isso? Este assunto não me diz respeito”. E, chafurdando na lama, mandou que se retirasse, não antes de dar boas gargalhadas ante o seu pavor.

Desanimado, procurou o boi no curral, na esperança de ser ou-vido. Que nada! O boi reagiu como a galinha e o porco, desprezando suas advertências e, ainda por cima, despachando-o com gargalhadas, dizendo para não importuná-lo mais, pois era um assunto estranho às suas preocupações.

Derrotado em suas andanças, quedou-se desanimado, mas aten-to aos movimentos da fazendeira. Sequer conseguia conciliar o sono.

Certa noite, enquanto cochilava, sobressaltado, o rato ouviu um baque surdo. Era uma cobra que, sorrateiramente, havia entrado na despensa da fazenda, onde se escondia, e fora apanhada pela ratoei-ra, posta ali pela fazendeira. Esta, apressada, no meio da noite, saiu correndo para ver o que a ratoeira havia pegado. Mas, descuidada, esqueceu-se de levar uma lanterna, pois era noite, e o resultado foi trá-gico. A cobra havia sido pega pelo rabo, mas continuava viva e atenta a tudo que se passava o seu redor. A fazendeira, desavisada, foi atacada pela cobra e, aos gritos, chamou seu marido. O rato, na sua toca, tudo observava, em silêncio.

O marido, prestativo, tratou logo de levar a esposa para a cidade para ser medicada. Todavia, a cobra era uma jararaca muito peçonhen-ta e a fazendeira acabou morrendo no caminho. Inconsolável, o viúvo

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tratou de preparar um enterro bem solene, como sua companheira merecia. Para isso, chamou toda a vizinhança para o velório.

Era muita gente, e os criados pediram instruções de como de-veriam alimentá-los.

O fazendeiro prontamente mandou sacrificar a galinha, que se revelou insuficiente para alimentar tanta gente. Voltaram, portanto, a ele para saber o que fazer.

Disse, então, para matar o porco, o que fizeram imediatamente. Lá pelas tantas, voltaram novamente com o mesmo problema: como alimentar tanta gente que não parava de chegar.

Como estava muito pesaroso, não vacilou em mandar abater o boi para resolver de vez o problema. Satisfeitos, os criados saíram para cumprir a sua missão.

Moral da história: “Nunca diga a ninguém que não tem nada com isso, quando lhe apresentarem uma questão qualquer, mesmo que seja estranha aos seus interesses imediatos”. Em sociedade, o que afeta um cidadão afeta a todos, não há como ignorar o que se passa ao seu lado. Portanto, mãos à obra e nada de ficar parado e indiferente aos acon-tecimentos cotidianos, pois, mais cedo ou mais tarde, todos acabarão envolvidos por eles, para o bem ou para o mal.

(Contada pelo Frei Cláudio van Balen, da Igreja do Carmo, de Belo Horizonte, para ilustrar o sermão da missa das 11 horas da manhã, do domingo, dia 19/9/2010)

O segundo turno das eleições presidenciais

Belo Horizonte, 7 de outubro de 2010.

ÀComissão Executiva Nacional do PSDBPartido da Social Democracia BrasileiraBrasília – DF

Com cópias para os Exmos. Srs. Governadores de Minas Gerais, Antô-nio Augusto Anastasia, e de São Paulo, Alberto Goldman.

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Assunto: O segundo turno das eleições presidenciais e a discussão de dois projetos prioritários para o desenvolvimento econômico e social do Brasil e da América do Sul nas próximas décadas: a implantação de novas ferrovias e da escola pública de tempo integral.

Prezados Senhores,

Encerrados os debates levados a efeito pelos candidatos à presidência da República, o que restou intocado foram os projetos desenvolvimen-tistas para o País, marca registrada do governo JK e, também, para a América do Sul, uma preocupação do Governo Lula; neste caso sem propostas concretas. No campo social, nenhum candidato falou objeti-vamente sobre a implantação da Escola Pública de Tempo Integral, um projeto que supera tudo o que o Presidente Lula fez no campo social nos seus dois mandatos, como o Bolsa Família e outras medidas assis-tencialistas de cunho passageiro.

Pelo noticiário da imprensa, os candidatos que disputarão o segundo turno serão do PSDB e do PT. No caso deste partido, as propostas já são conhecidas e serão reforçadas, segundo declarações da candidata Dilma Rousseff à imprensa, pelo debate sobre as privatizações levadas a efeito no governo FHC, particularmente da Petrobras. De qualquer forma, o enfoque principal será um olhar para trás e não para o futuro. Do lado do PSDB, o vazio é patente, pois o candidato não tem nada a oferecer à sociedade brasileira que desperte seu interesse, já que não existe um projeto de governo, como aquele apresentado pelo então candidato JK, cuja meta síntese era a construção de Brasília, desafio que empolgou a todos os brasileiros e brasileiras. No campo social, então, a pobreza das propostas do candidato José Serra são simples-mente ridículas, para quem pretende ser Presidente da República. Por que não propor a implantação da Escola Pública de Tempo Integral, que acabará de vez com o drama da infância e da juventude brasileira que, por falta de um local apropriado para prepará-las para a vida cidadã, são entregues à criminalidade ou internadas em campos de concentra-ção disfarçados de “centros de recuperação de menores”?

Para preencher o vazio do primeiro caso, a minha sugestão é que o candidato do PSDB, com apoio dos Governadores dos Estados de Mi-nas Gerais e de São Paulo, proponha a implantação das Ferrovias Belo Horizonte-São Paulo e Belo Horizonte-Vitória, assunto que colocará em

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alerta toda a população da Região Sudeste, a mais populosa do País e onde se concentra a maioria dos eleitores, que estão cansados da mesmice das propostas políticas levadas a efeito no primeiro turno. O que toda sociedade brasileira quer são propostas inovadoras para o desenvolvimento do País e geração de empregos. Algo semelhante ao que foi feito por JK com seu plano de metas e o projeto da construção de Brasília que mudou radicalmente a realidade brasileira. Esta mudan-ça foi tão marcante que JK, mesmo sucedendo a Vargas, no auge de sua popularidade, suplantou-o na mente e nos corações dos brasileiros e das brasileiras.

Agora é necessário um projeto de impacto que supere tudo o que foi feito nas chamadas eras FHC e Lula, fazendo com que o povo brasileiro olhe para frente, para o futuro, animados pelas perspectivas da explo-ração do Pré-Sal, que mudará radicalmente, de uma vez por todas, a sociedade brasileira, colocando-a no patamar dos países do Primeiro Mundo. O primeiro passo para que isto aconteça será a implantação da Escola Pública de Tempo Integral e a construção das ferrovias Belo Horizonte – São Paulo, Belo Horizonte – Vitória e a Transcontinental Dom Bosco, que integrará o Brasil aos demais países sul-americanos, viabilizando, de forma definitiva, o Mercosul e a Unasul, objetivos per-seguidos, sem sucesso, pelo Presidente Lula ao longo dos seus dois mandatos.

A Ferrovia Transcontinental Dom Bosco, ligando Cartagena, na Colôm-bia, a Punta-Arenas, no Chile, passando por Caracas, na Venezuela, Boa Vista, Manaus, Porto Velho, Cuiabá e Campo Grande, no Brasil, Assunção, no Paraguai e Buenos Aires, na Argentina, tem um ramal – a Via Leste – que, saindo de Porto Velho, em Rondônia, vai até Recife, em Pernambuco, passando por Palmas, no Tocantins. Esta ferrovia, se construída, mudará radicalmente a realidade das regiões Nordeste e Centro-Oeste do País, permitindo, inclusive, dinamizar ainda mais a Ferrovia Norte Sul, que poderá ser estendida até a cidade de Belém, no Pará.

Por oportuno, é bom frisar que as ferrovias, ao contrário das rodovias, permitem uma proteção eficaz do meio ambiente, ao evitar um acesso indiscriminado de pessoas e veículos ao longo do seu traçado, inclusive caminhões transportando ilegalmente madeiras retiradas clandestina-mente de reservas indígenas, parques florestais, e outros tipos de áreas de proteção ambiental. Sãos as ferrovias que vão permitir o desenvolvi-

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mento ecologicamente correto do País e viabilizar a exploração racional da Bacia Amazônica e do Cerrado brasileiro. Todas estas propostas já foram encaminhadas aos políticos e gover-nantes por meio de inúmeras cartas que seguem em anexo para melhor compreensão do que foi exposto nesta correspondência.

Agradecendo a atenção de V. Exas., subscrevo-me.

Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

A distribuição dos royalties do petróleo e gás e o veto presidencial

Belo Horizonte, 16 de novembro de 2010.

Exmos.(as) Srs.(as) Deputados (as) FederaisCâmara dos DeputadosBrasília – DF

Com cópias para os Exmos. Srs. Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva; Vice-Presidente da República, José Alencar; Ministros da Fazenda, Guido Mantega; de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães; Secretário do Tesouro Nacional, Arno Hugo Augustin Filho; Governadores(as) dos Estados da União; Diretores(as) do IPEA e da FGV e jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.

Assunto: A distribuição dos royalties do petróleo e gás e o veto presi-dencial.

Prezados (as) Senhores (as) Deputados (as),

Em sua edição do dia 15/11/2010, o Folha Online informa: “O presiden-te Lula quer finalizar a votação do novo marco regulatório do pré-sal para garantir um reforço de caixa à sua sucessora, Dilma Rousseff, de até R$ 20 bilhões no próximo ano. [...] Aprovadas as novas regras de exploração de petróleo neste final de ano, o governo Dilma poderia co-

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locar em leilão no primeiro semestre de 2011 a primeira área do pré-sal na bacia de Santos: o futuro campo de Libra”.

Além desse aspecto, o novo marco regulatório trata também da emen-da do Senador Pedro Simon, que estabelece novos critérios para a distribuição de royalties pela exploração de petróleo e gás natural da Plataforma Continental. Essa emenda distribui esse benefício para to-dos os Estados e municípios brasileiros, com base nos critérios de distribuição dos fundos de participação dos Estados e dos municípios. Todavia, tal benefício está ameaçado pelo veto presidencial à emenda Simon, exigido pelo Governador do Estado do Rio de Janeiro, que se autoproclamou proprietário desses bens da União, sob a alegação de que a Plataforma Continental é parte integrante do território fluminense. Além disso, outras questões ligadas ao novo marco regulatório estão também sendo questionadas na Justiça por esse governador com o mesmo argumento.

Essa pretensão do Governador Sergio Cabral, de que a Plataforma Con-tinental pertence ao Estado do Rio de Janeiro, não encontra amparo legal nem na Constituição Federal, que considera esta parte do terri-tório nacional, e os bens aí ocorrentes, como propriedade da União, e muito menos nos dados geográficos oficiais relativos à extensão ter-ritorial desse Estado. Segundo o IBGE, a área do Estado do Rio é de 43.696,054 km2, toda ela em terra firme. Em momento algum, este instituto acrescenta ao território dos Estados litorâneos, 1m2 sequer dos milhões de quilômetros quadrados da Plataforma Continental. Por-tanto, é puro delírio desse governador querer apropriar-se dos benefí-cios com a exploração do petróleo e gás natural aí ocorrentes; e delírio maior ainda do Presidente Lula, que negociou com essa autoridade os royalties pela exploração desse bem da União, sem consultar os entes federados diretamente interessados no assunto, que são os demais Estados e todos os municípios. Levando em conta que V. Exas. têm o poder de derrubar esse veto presidencial, caso realmente ocorra, é de se esperar que o Presidente Lula medite melhor sobre este assunto, que interessa de perto a toda nação brasileira, e não apenas a um só Estado.

Agradecendo a atenção de V. Exas., subscrevo-me.

Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

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O PMDB sanguessuga – um parasita que enfraquece a democracia brasileira

Belo Horizonte, 19 de novembro de 2010.

Aos Exmos. (as) Srs. (as) Presidentes (as) dos Partidos Políticos brasileirosBrasília – DF

Com cópias para os (as) Exmos. (as) Srs. (as) Deputados (as) Federais; Governadores (as) dos Estados da União e jornais Estado de Minas e Folha de S. Paulo.

Assunto: O PMDB sanguessuga – um parasita que enfraquece a demo-cracia brasileira.

Prezados (as) Senhores (as),

Não bastassem os escândalos de corrupção que abalaram os dois mandatos do Presidente Lula, patrocinados em sua maioria pela banda podre do PMDB incrustada no Senado da República, fato noticiado à exaustão pela imprensa, agora esse mesmo grupelho se prepara para fincar suas tenazes no corpo administrativo da nova Presidenta da Re-pública.

Segundo noticiário do jornal Estado de Minas (18/11/2010, p.4), “O Pla-nalto reagiu à manobra do PMDB de formar um megabloco na Câmara dos Deputados com outros partidos aliados para garantir sua influência no futuro governo de Dilma Rousseff e ter o controle do Legislativo”. Em outra matéria, na mesma pagina, esse jornal informa: “Numa reação aos movimentos do PMDB, os partidos de esquerda, capitaneados por PSB e PDT, ensaiam a formação de um bloco para rivalizar com as intenções do líder peemedebista Henrique Eduardo Alves (RN)”.O Estadão Online (18/11/2010), por sua vez, informa: “Nos bastido-res da equipe de transição do governo Dilma, Temer seria a razão de o PMDB insistir em indicar o candidato à Presidência da Câmara. ‘O PMDB não quer o Senado porque o Temer não tem nenhuma influência lá’, afirmou no dia 5 de novembro um deputado federal petista com

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alto trânsito nas negociações. ‘Os senadores (do PMDB) que estão lá têm cabeça própria e o Temer não garantiu o apoio deles à Dilma nem durante a campanha, que dirá no governo’, acrescentou. [...] Para o senador Pedro Simon (PMDB-RS), ‘o PMDB tem um comando no Se-nado com o José Sarney, Renan Calheiros e o Romero Jucá. Eles vêm trabalhando juntos nessa campanha (pela disputa do Senado)’. Quanto à esfera de influência do vice-presidente eleito, afirma: ‘O Michel não tem no Senado a influência que tem na Câmara. Quem apita lá é o Sar-ney e o Jucá, sem contar que o Jarbas Vasconcellos (PMDB-PE) seria considerado ‘independente’”.

Já o Folha Online informa: “O líder do PT no Senado, Aloízio Merca-dante (SP), descartou a formação de um bloco para superar o PMDB, que elegeu 20 parlamentares e garantiu a maior bancada no Senado. Assim, a presidência da casa caberia aos peemedebistas, enquanto a primeira-secretaria ficaria com o PT. Ao todo, os petistas conquistaram 14 cadeiras. [...] ‘Nós queremos que seja respeitada essa vontade po-pular. A presidência [do Senado] caberia ao PMDB. (...) Nós achamos que na Câmara a presidência deveria ser do PT, que é a maior bancada’, afirmou Mercadante após reunião, nesta quinta-feira, dos senadores do PT eleitos em outubro. O petista afirmou que não haverá qualquer resistência ao nome indicado pela legenda para assumir o comando do Senado [...] ‘Se houver alguma alteração nesse princípio nós voltare-mos a discutir. Vamos aguardar e ver o que acontece’, avisou Merca-dante. Os petistas pretendem se reunir com o presidente da Câmara e vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB-SP) para tratar do assunto. No Senado, o PT já iniciou conversas para formar um bloco com PR, PSB, PCB, PCdoB e PRB. Segundo Mercadante, ainda há possibilidade de o PDT compor o grupo”.

Para superar esses impasses e promover uma faxina no Senado, reti-rando de lá todo o lixo que se vem acumulando desde que o Senador Sarney assumiu, pela primeira vez, a presidência dessa casa, fato no-ticiado pela imprensa, o caminho mais correto seria a eleição do novo Senador Aécio Neves para presidi-lo no próximo período legislativo. Para isto seria necessário que o PSDB juntasse forças com os novos senadores do PMDB não comprometidos com a banda podre deste par-tido, e com a bancada do PT e de outros partidos que querem viabilizar o Governo Dilma Rousseff e moralizar o Senado; evitando, consequen-temente, a eleição do Senador José Sarney para um novo mandato,

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que, segundo declarações do Senador Pedro Simon ao Estadão Online, seria o candidato do Planalto.

Para a nova Presidenta da República, a eleição do Senador Aécio Neves, para presidir o Senado, seria a única maneira de se livrar da banda podre do PMDB que vem chantageando presidentes para obter cargos públicos desde o Governo Sarney, quando este político se apossou deste partido e o transformou num partido sanguessuga. Desde então, o PMDB se esquiva de apresentar candidato próprio à Presidência da Republica, para, por trás dos bastidores, exercer sua ação parasitária, fato comprovado agora pela ameaça de formar o tal “Blocão” para do-minar o Congresso e obter cargos públicos.

Para os empresários, essa aliança, do PMDB Ficha Limpa, com a ala do PSDB liderada pelo Senador Aécio Neves, seria benéfica, pois pos-sibilitaria a Presidenta Dilma Rousseff promover as reformas estru-turais exigidas pela indústria, como informa o jornal Estado de Minas (18/11/2010, p. 16), em reportagem sobre a posse do novo presidente da CNI: “‘Nosso país tem um compromisso inadiável e urgente com as reformas estruturais, que vêm sendo postergadas ao longo de muitas décadas, vitimadas pelo mais nocivo corporativismo. A Reforma tribu-tária é a principal prioridade’, disse Robson Braga, eleito para um man-dato de quatro anos. Lula fez uma brincadeira sobre a cobrança. ‘As rei-vindicações de Robson são as mesmas de Armando (Monteiro) quando ele tomou posse na CNI’. [...] ‘Existe um inimigo oculto que impede essa reforma’, disse o presidente, que ontem teve um de seus últimos encontros com o empresariado brasileiro como chefe da nação”.

Além disso, essa aliança, entre a Presidenta Dilma Roussef e o Senador Aécio Neves, poderá influir nos novos rumos que o PSDB está procu-rando, diante da derrota do grupo paulista, liderado pelo ex-presidente FHC, nas últimas eleições, como informa o Folha Online (18/11/2010): “O PSDB reuniu sua executiva nacional nesta quinta-feira pela primeira vez desde as eleições para discutir os rumos da sigla após a derrota de José Serra para a Presidência da República. Sem a presença de líderes tucanos como Aécio Neves, Fernando Henrique Cardoso e o próprio Serra, o partido decidiu fazer um plano de reestruturação do partido para as eleições municipais de 2012 embora caminhe para manter o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE) na presidência da legenda. Neutro na disputa que marca o PSDB de São Paulo e Minas, Guerra tem o apoio do grupo que teme um racha na legenda provocado pela disputa entre

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as alas ligadas a Serra e Aécio. O presidente tucano afirma, porém, que a discussão sobre o comando da sigla só terá início às vésperas das convenções partidárias do PSDB, marcadas para março (municipais), abril (estaduais) e maio (nacional)”.

Para o PMDB Ficha Limpa, a mensagem é uma só: expurgue de seus quadros os fichas sujas, e o grupelho incrustado no Senado da Re-pública, para assim estar preparado para lançar candidato próprio às eleições presidenciais de 2014, em aliança com o PSDB do Senador Aécio Neves, e, talvez, com o próprio PT de Dilma Rousseff. O candida-to natural para viabilizar esta aliança, que colocará o Brasil nos trilhos, acabando, inclusive, com a corrupção no trato da coisa pública, hoje endêmica e sem solução à vista, é o Ministro da Defesa Nelson Jobim, que tem a confiança dos políticos e empresários, e livre trânsito nestes partidos.

Para concluir essas considerações, nada mais oportuno do que trans-crever a seguinte nota (Porteira fechada) do jornalista Baptista Chagas de Almeida, em sua coluna no jornal Estado de Minas (19/11/2010, p. 2): “Tem gente na oposição que aposta que a presidenta eleita Dilma Rousseff (PT), depois que assumir o governo, terá mais problemas com o PMDB do que com a própria oposição. Um deputado tucano diz ter ouvido de um colega peemedebista que o partido está exigindo mi-nistérios com a porteira fechada. E ficou pasmo quando o parlamentar do PMDB, dos mais pragmáticos, sentenciou: ‘Do jeito que estão sendo negociados os espaços no governo Dilma, não há chance de o governo dar certo’”.

Agradecendo a atenção de V. Exas., subscrevo-me.

Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

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PARTE XVI

AS REFORMAS CIDADÃS E A ESCOLA PÚBLICA DE TEMPO INTEGRAL

A educação pública, como foi dito no prefácio desta obra, deve ser uma prioridade do Estado, pois se trata do primeiro passo para edificar uma potência, como fizeram os países do Primeiro Mundo, no Século XIX, e a Rússia e a China, no Século XX. Estas nações, ao priorizarem a escola pública, colheram, no tempo oportuno, os frutos de uma estratégia de Estado: tornarem-se potências globais. Neste par-ticular, o Brasil está longe de atingir esse objetivo, a não ser que faça uma reforma radical no sistema educacional e promova outras refor-mas estruturais ligadas à cidadania, como saúde, transporte urbano, saneamento básico, erradicação das favelas, geração de empregos e, principalmente, a do Sistema Judiciário, fonte de todos os males que transformaram o Brasil num país de injustiçados e onde a corrupção grassa nos três poderes da República.

A Reforma do Sistema Judiciário

A corrupção, nódoa que se transformou numa marca registrada do governo petista do Presidente Lula, do começo ao fim de seus dois mandatos, ou seja, de José Dirceu, com os escândalos do mensalão, a Erenice Guerra, com a máfia familiar, ambos atuando na Casa Civil, an-tessala do gabinete presidencial, tem sua ancora no sistema judiciário que garante impunidade aos poderosos de todos os matizes. Para se ter

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uma ideia dessa frouxidão moral que está enraizada no Sistema Judici-ário, e que se espalhou pelos três poderes da República, basta atentar para as colocações feitas pela nova corregedora do Conselho Nacional de Justiça, a Ministra Eliana Calmon, em entrevista ao jornalista Rodri-go Rangel, da Revista Veja (ed. 2184, nr.39, 29/9/2010, p. 110-112):

“A ministra Eliana Calmon é conhecida no mundo jurídico por chamar as coisas pelo que elas são. Há onze anos no Superior Tribunal de Justiça (STJ), Eliana já se envolveu em brigas ferozes com colegas – a mais recente delas com o então presidente César Asfor Rocha. Recém-empossada no cargo de corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a ministra passa a deter, pelos próximos dois anos, a missão de fiscalizar o desempenho de juízes de todo o país. A tarefa será árdua. Criado oficialmente em 2004, o CNJ nasceu sob críticas dos juízes, que rejeitavam a ideia de ser submetido a um órgão de controle externo. Nos últimos dois anos, o conselho abriu mais de 100 processos para investigar magistrados e afastou 34. Em entrevista a VEJA, Eliana Calmon mostra o porquê de sua fama. Ela diz que o Ju-diciário está contaminado pela politicagem miúda, o que faz com que juízes produzam decisões sob medida para atender aos interesses dos políticos, que, por sua vez, são os patrocinadores das indicações dos ministros.

Por que nos últimos anos pipocaram tantas denúncias de cor-rupção no Judiciário?

Durante anos, ninguém tomou conta dos juízes, pouco se fiscali-zou. A corrupção começa embaixo. Não é incomum um desembargador corrupto usar o juiz de primeira instância como escudo para suas ações. Ele telefona para o juiz e lhe pede uma liminar, um hábeas corpus ou uma sentença. Os juízes que se sujeitam a isso são candidatos naturais a futuras promoções. Os que se negam a fazer esse tipo de coisa, os corretos, ficam onde estão.

A senhora quer dizer que a ascensão funcional na magistratura depende dessa troca de favores?

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O ideal seria que as promoções acontecessem por mérito. Hoje é a política que define o preenchimento de vagas nos tribunais superio-res, por exemplo. Os piores magistrados terminam sendo os mais lou-vados. O ignorante, o despreparado, não cria problema com ninguém porque sabe que num embate ele levará a pior. Esse chegará ao topo do judiciário.

Esse problema atinge também os tribunais superiores, onde as nomeações são feitas pelo presidente da República?

Estamos falando de outra questão muito séria. É como o braço político se infiltra no Poder Judiciário. Recentemente, para atender a um pedido político, o STJ chegou à conclusão de que denúncia anôni-ma não pode ser considerada pelo tribunal.

A tese que a senhora critica foi usada pelo ministro César Asfor Rocha para trancar a Operação Castelo de Areia, que investigou paga-mentos da empreiteira Camargo Corrêa a vários políticos.

É uma tese equivocada, que serve muito bem a interesses políti-cos. O STJ chegou à conclusão de que denúncia anônima não pode ser considerada pelo tribunal. De fato, uma simples carta apócrifa não deve ser considerada. Mas, se a Polícia Federal recebe a denúncia, investiga e vê que é verdadeira, e a investigação chega ao tribunal com todas as provas, você vai desconsiderar? Tem cabimento isso? Não tem. A denúncia anônima só vale quando o denunciado é traficante? Há uma mistura e uma intimidade indecente com o poder.

Existe essa relação de subserviência da Justiça ao mundo da política?

Para ascender na carreira, o juiz precisa dos políticos. Nos tribu-nais superiores, o critério é única e exclusivamente político.

Mas a senhora, como todos os demais ministros, chegou ao STJ por meio desse mecanismo.

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Certa vez me perguntaram se eu tinha padrinhos políticos. Eu disse: ‘Claro, se não tivesse, não estaria aqui’. Eu sou fruto de um sis-tema. Para entrar num tribunal como o STJ, seu nome tem de primeiro passar pelo crivo dos ministros, depois do presidente da República e ainda do Senado. O ministro escolhido sai devendo a todo mundo.

No caso da senhora, alguém já tentou cobrar a fatura depois?Nunca. Eles têm medo desse meu jeito. Eu não sou a única rebel-

de nesse sistema, mas sou uma rebelde que fala. Há colegas que, quando chegam a montar o gabinete, não têm o direito de escolher um assessor sequer, porque já está tudo preenchido por indicação política.

Há um assunto tabu na Justiça que é a atuação de advogados que também são filhos ou parentes de ministros. Como a senhora observa essa prática?

Infelizmente, é uma realidade, que inclusive já denunciei no STJ. Mas a gente sabe que continua e não tem regra para coibir. É um pro-blema muito sério. Eles vendem a imagem dos ministros. Dizem que têm trânsito na corte e exibem isso a seus clientes.

E como resolver esse problema?Não há lei que resolva isso. É falta de caráter. Esses filhos de

ministros tinham de ter estofo moral para saber disso. Normalmente, eles nem sequer fazem uma sustentação oral no tribunal. De modo geral, eles não botam procuração nos autos, não escrevem. Na hora do julgamento, aparecem para entregar memoriais que eles nem sequer escreveram. Quase sempre é só lobby.

Como corregedora, o que a senhora pretende fazer?Nós, magistrados, temos tendência a ficar prepotentes e vaido-

sos. Isso faz com que o juiz se ache um super-homem decidindo a vida alheia. Nossa roupa tem renda, botão, cinturão, fivela, uma mangona, uma camisa por dentro com gola de ponta virada. Não pode. Essas togas, essas vestes talares, essa prática de entrar em fila indiana, tudo

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isso faz com que a gente fique cada vez mais inflado. Precisamos ter cuidado para ter práticas de humildade dentro do Judiciário. É preciso acabar com essa doença que é a ‘juizite’”.

A solução para esse estado de coisas está em se convocar uma Assembléia Nacional Constituinte para reformar a atual Constituição. Com esta medida será possível fundir o Supremo Tribunal Federal (STF) com o Superior Tribunal de Justiça (STJ), criando uma única corte de apelação, a Corte Superior de Apelação (CSA), cujos membros, cinco por Estado, seriam eleitos pelo voto popular, direto e secreto, para um mandato de cinco anos, sem direito a reeleição. Os candidatos a es-ses cargos seriam os juízes de primeira instância que se inscreveriam, por vontade própria, numa lista única preparada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para cada Estado da federação. Após cumprirem seus mandatos, os juizes voltariam para seus Estados de origem para reas-sumirem as funções que exerciam antes de serem eleitos para a CSA.

A Reforma do Sistema EducacionalA carta a seguir transcrita, dirigida ao Exmo. Sr. Presidente da

República, Luiz Inácio Lula da Silva, sintetiza os principais pontos que devem ser abordados na implantação de uma reforma do sistema edu-cacional brasileiro, imprescindível para que Era do Pré-Sal, profetizada por Dom Bosco, realmente traga benefícios a todos os brasileiros e brasileiras, acabando, consequentemente, com o secular quadro de in-justiça social que marca a história do Brasil.

A Era do Pré-Sal e a Escola Pública de Tempo Integral

Belo Horizonte, 11 de setembro de 2010.

Exmo. Sr. Luiz Inácio Lula da SilvaPresidente da República

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Palácio do PlanaltoBrasília – DF

Com cópias para os Exmos. Srs. Vice-Presidente da República, José Alen-car; Ministros da Educação, Fernando Haddad; de Ciência e Tecnologia, Sergio Machado Rezende; da Defesa, Nelson Jobim; Governadores(as) dos Estados da União; Prefeitos das Capitais; Deputados(as) Federais; Senadores de Minas no Congresso Nacional; Deputados(as) Estaduais de Minas Gerais; Partidos Políticos e jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.

Assunto: A Era do Pré-Sal e a Escola Pública de Tempo Integral.

Prezado Senhor Presidente,

Os novos tempos que se anunciam para o Brasil, assinalados pelas descobertas de gigantescas reservas de petróleo e gás natural na Pla-taforma Continental brasileira, numa camada estratigráfica denominada de Pré-Sal, foram profetizados por Dom Bosco no final do século XIX. Outras riquezas minerais, igualmente fabulosas, também foram profeti-zadas, não só para o Brasil, mas também para a América do Sul, muitas das quais ainda estão para serem descobertas.

Os anos decisivos para a realização dessas profecias situam-se entre 2003/2063, razão por que o Brasil deve estar preparado para aproveitar este momento histórico. Mas, para isso, é preciso resolver de imediato um problema até hoje insolúvel: a educação pública – o calcanhar de Aquiles da sociedade brasileira. Sem uma população educada, será inútil acumular riquezas, seja do pré-sal ou de qualquer outra fonte, pois ela se dispersará em obras inúteis, como fizeram os faraós do Egito, com suas pirâmides mortuárias, ou por políticos ignorantes, como o prefeito de uma paupérrima cidade nordestina que construiu, na sede do mu-nicípio, uma estátua religiosa maior do que a Estátua da Liberdade, em Nova Iorque, ou do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro. Somente uma população ignorante permite que recursos públicos sejam desviados da educação ou saúde para satisfazer interesses demagógico-eleitoreiros. Esta ignorância das massas, como se diz, compromete os alicerces de qualquer nação, fazendo-a desaparecer ao primeiro contratempo, como aconteceu com o Império Inca, que desapareceu quando os espanhóis massacraram o imperador e sua corte, a elite dirigente, reunidos numa

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pequena praça. O que sobrou foi uma população imensa, totalmente ignorante e incapaz de esboçar qualquer resistência ou saber realmente o que se passava. Ao contrário, uma nação instruída, como era a Ale-manha nazista, que mesmo após ter sido derrotada numa guerra de terra arrasada, e ter sua elite pensamente levada como prisioneira pelos vencedores, pôde se levantar das cinzas como uma fênix, e construir a nação mais rica e poderosa da Europa em um curto espaço de tempo. A educação pública deve ser uma prioridade do Estado, pois se trata do primeiro passo para edificar uma potência, como fizeram os países do Primeiro Mundo, no século XIX, e a Rússia e a China, no século XX. Estas nações, ao priorizarem a escola pública, colheram, no tempo oportuno, os frutos de uma estratégia de Estado: tornarem-se potências globais. Neste particular, o Brasil está longe de atingir este objetivo, a não ser que faça uma reforma radical no sistema educacional e outras reformas estruturais ligadas à cidadania, como saúde, transporte urba-no, saneamento básico, erradicação das favelas, geração de empregos e, principalmente, a do Sistema Judiciário. Este último, hoje, fonte de injustiças e o maior responsável pela corrupção dos costumes, que anula, na prática, os direitos dos cidadãos, fazendo da cidadania uma palavra morta e sem sentido.Mas a prioridade número 1 de um governo que vise transformar o Brasil numa potência, e os brasileiros em cidadãos conscientes de seus direitos e obrigações, é a educação; destacando-se a implantação da Escola Pública de Tempo Integral, assunto abordado a seguir, na forma de comentários e sugestões, acrescido de um estudo – Educação: O Calcanhar de Aquiles da Sociedade Brasileira – que trata do porquê do fracasso da escola pública no Brasil.

Agradecendo a atenção de V. Exa., subscrevo-me.

Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

A Escola Pública de Tempo IntegralA Escola Pública de Tempo Integral não é novidade no setor

educacional brasileiro, pois, na década de 40 do século XX, o educa-dor Anísio Teixeira chegou a implantá-la na Bahia, a Escola Parque de Salvador, e, em passado mais recente, o ex-Governador do Estado do

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Rio de Janeiro, Leonel Brizola, tentou e fracassou na implantação dessa escola nos seus dois mandatos (83/86 e 91/94). Em 1999, o Gover-nador Garotinho tentou ressuscitá-la, como informa o Jornal do Brasil (10/10/1999, p. 3): “Símbolo máximo do governo Brizola, os Cieps foram praticamente abandonados nos últimos quatro anos, durante o governo Marcello Alencar. Inspirados na idéia da escola de tempo in-tegral do educador Anísio Teixeira e implantados por Darcy Ribeiro, os Cieps começaram a ser recuperados este ano, como projeto prioritário do governo Garotinho”. Esta iniciativa, todavia, não prosperou, fracas-sando como as demais.

A Implantação da Escola de Tempo Integral

O primeiro passo para implantar a Escola Pública de Tempo Inte-gral, funcionando das 7 às 17 horas, abrangendo a Pré-Escola e o ciclo básico infanto-juvenil (Ensino Fundamental e Médio), será de caráter político-administrativo, pois algumas medidas fundamentais e estrutu-rais terão de ser tomadas. A primeira delas será transferir do Ministério da Educação, para o Ministério de Ciência e Tecnologia, a administração das universidades e tudo o que se relacionar com o Ensino Superior.

Com esta separação de atribuições, o Ministério da Educação passará a cuidar exclusivamente do ensino básico, monitorando e dan-do apoio, o qual passará a ser de competência exclusiva dos Estados, ficando os municípios com a responsabilidade de administrar as Cre-ches Comunitárias, para crianças de 0 até 3 anos de idade, e o Sistema Único de Saúde (SUS). Neste novo modelo, o ensino básico será divi-dido em quatro ciclos: Pré-Escola (4 a 6 anos), Infantil (7 a 10 anos), Juvenil (11 a 14) e Profissionalizante (15 a 18), totalizando quinze anos de escolaridade de tempo integral, tempo suficiente para preparar as crianças e os adolescentes para a vida adulta como cidadãos conscien-tes de seus direitos e obrigações.

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O Período de TransiçãoPara implementar essas reformas, é preciso um planejamento

cuidadoso, com metas a curto, médio e longo prazos, a fim de que a improvisação não venha a comprometer o projeto antes mesmo de ele ser iniciado. Para isso, é necessário que sua adoção comece pelas ca-pitais dos Estados, inclusive suas regiões metropolitanas, expandindo a seguir para os centros mais populosos e, finalmente, para todas as cidades e vilas do País. Durante esse período de transição, o modelo atual continuará existindo, mas dentro de uma programação que vise à sua extinção num determinado prazo.

Além disso, é preciso também que todas as outras escolas de Ensino Fundamental e Médio, mantidas com o dinheiro público, em nível federal, estadual e municipal, como os CEFETs, o Colégio Pedro II, Institutos Federais, Escolas Técnicas vinculadas a Universidades, os Colégios Militares, as Escolas Preparatórias de Cadetes do Exército, Marinha e Aeronáutica, e também os estabelecimentos escolares das polícias estaduais e outras entidades públicas, sejam incorporados à Escola Integral, que será a única escola mantida com o dinheiro públi-co para atender toda a população, sem discriminações, privilégios ou exceções.

Nessa fase de transição, os colégios e as demais escolas mi-litares adotarão o currículo da Escola Pública de Tempo Integral, e substituirão seus uniformes por um uniforme padrão de uso obrigatório na Escola de Tempo Integral, para diferenciá-la dos estabelecimentos hoje existentes. Além disso, esses estabelecimentos militares de ensino abrirão suas portas à população em geral e se desvincularão das Forças Armadas, passando para o controle dos Estados onde se situarem. Essa mudança será benéfica para a escola pública, hoje reservada aos po-bres, pois, ao matricular seus filhos na Escola Integral, a classe média exigirá, como sempre fez, ensino de qualidade. Este fato contribuirá também para eliminar discriminações e privilégios existentes, fortale-cendo, consequentemente, a democracia.

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As Forças Armadas, por sua vez, a partir dessa transformação escolar, administrarão apenas as academias para a formação de oficiais, as quais selecionarão seus alunos por meio de vestibular aberto a todos os jovens, de ambos os sexos, eliminando quaisquer privilégios para filhos de militares. Isto deve ser obrigatório, pois hoje em dia, segundo a imprensa, cerca de 60% dos oficiais têm parentescos entre si, gerando uma casta separada da sociedade e propiciando a formação de clãs fa-miliares dominantes dentro das corporações, como os Geisel, que, entre três irmãos generais, sendo um deles Ministro do Exército, escolheram por conta própria, durante o regime militar, qual seria o Presidente da República. O eleito por esse triunvirato foi o General Ernesto Geisel. Essa mudança também reforçará o sentimento de democracia nos altos esca-lões das Forças Armadas, beneficiando toda a sociedade.

Diretrizes Básicas para a ImplantaçãoPara que a Escola Pública de Tempo Integral passe a ser res-

peitada pelos alunos e pela sociedade, é necessário também que sejam traçadas diretrizes básicas para a sua implantação e funcionamento, regulando desde os projetos arquitetônicos das escolas, passando pe-los currículos, até um sistema de manutenção e segurança de suas instalações. Neste planejamento, em que tudo deverá ser padronizado, devem ser levadas em conta as características de cada ciclo educacio-nal (Pré-Escola, Infantil, Juvenil e Profissionalizante), os quais deverão funcionar em unidades escolares separadas e especialmente projetadas para os fins a que se destinam, inclusive dotadas de cantinas, banhei-ros, áreas de recreação e de esportes, bibliotecas, laboratórios, admi-nistração, etc.

Quanto ao currículo, o ponto a destacar na Escola Integral será o Ciclo Profissionalizante (15-18 anos), que priorizará a formação profis-sional, absorvendo o Sistema S, os CEFETs e outras escolas técnicas, que serão reformulados para se integrarem ao novo modelo. Além disso, a critério de cada Unidade de Ensino, como poderão ser chamadas as Escolas de Tempo Integral, terá a liberdade de escolher, em função da

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demanda local, quais os cursos profissionalizantes que oferecerão aos alunos. Neste caso, uma lei especial criará cursos técnicos para atender às demandas da sociedade, como auxiliares de enfermagem, laborato-ristas, monitores educativos, mão de obra qualificada para a indústria, inclusive para a construção civil, etc. Assim, todo aluno que frequentar, e concluir, o Ciclo Profissionalizante estará apto não só a concorrer aos vestibulares para entrar nas universidades, como também para exercer a profissão para a qual foi treinado, ou executar pequenos serviços de manutenção da rede elétrica, água, esgoto, carpintaria, computadores, etc., de suas próprias residências.

Além dos uniformes padronizados, os alunos da Escola Integral receberão gratuitamente todo o material escolar, não gastando nada para o seu aprendizado. Tudo será fornecido pelo Estado, inclusive três alimentações diárias: café da manhã, ao chegar à escola; almoço, ao meio-dia; e lanche reforçado ao final da jornada, antes de serem liberados. O cardápio para essas refeições, próprio para a faixa etária de cada ciclo, será elaborado por nutricionistas e preparado na cantina da escola ou fornecido por empresas especializadas. Além disso, cada aluno terá um armário privativo para guardar seus pertences escola-res, devidamente protegidos por um sistema de segurança eletrônico, evitando assim o transporte desse material em pesadas mochilas que podem prejudicar sua formação corpórea.

Para cuidar da saúde dos alunos, dos professores e dos fun-cionários administrativos, cada escola terá consultório médico, clínica dentária e uma enfermaria para ocorrências rotineiras, cujos serviços poderão ser prestados por profissionais autônomos ou clínicas espe-cializadas mediante contrato de prestação de serviços, o que também poderá ocorrer com os serviços de limpeza e segurança. Com isso haverá um maior controle dos gastos, da qualidade, e da regularidade dos serviços prestados.

Os Recursos NecessáriosNa Era do Pré-sal, como se espera, não haverá falta de recur-

sos financeiros para a educação, mas, até que esse tempo chegue, há

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necessidade de se tomar algumas medidas para possibilitar a implan-tação da Escola Pública de Tempo Integral no menor espaço de tempo possível. A primeira delas será construir uma unidade padrão para cada ciclo de ensino nas capitais dos Estados, para servir de modelo para as novas construções e adaptação das existentes, como os CIEPs do Rio de Janeiro. A segunda será fazer um levantamento de todos os re-cursos financeiros públicos e privados destinados à educação, em nível federal, estadual e municipal, inclusive as renúncias e incentivos fiscais. Também devem ser incluídas neste levantamento as verbas direciona-das para fins educacionais, esportes e lazer, por parte das loterias, das ONGs, das empresas estatais e de economia mista, inclusive gastos promocionais, que hoje são aplicadas de forma aleatória sem nenhuma vinculação com um projeto básico de educação.

Creches ComunitáriasCom diz o dito popular, “a educação vem do berço”, razão por-

que a ele se deve dedicar especial atenção. Os cuidados que as crianças de 0 a 3 anos de idade recebem nesta faixa etária é que definirão seu desempenho na escola e seu lugar na sociedade quando adulto, pois é nessa ocasião que todos os sinais vitais do ser humano são formados. Antecedendo essa fase, igualmente importante, é a sua gestação. Por-tanto, os cuidados com o pré-natal estão ligados à primeira infância, e assim tanto a assistência às gestantes, quanto aos recém-nascidos, e seu crescimento até 3 anos, devem ser acompanhados como se fosse uma só etapa da vida. Para isso é preciso que as Creches Comunitárias sejam projetadas para comportarem também uma clínica médica para atender as gestantes durante a gravidez e conduzirem o processo pré-natal com os cuidados devidos e acompanharem o período pós-parto e a amamentação. Este tipo de atendimento facilitará as futuras e jovens mamães a se familiarizarem com o trato dos recém-nascidos, evitando problemas futuros.

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Centros de Atendimento Materno-InfantilEsses Centros de Atendimento Materno-Infantil, se assim po-

demos chamá-los, devem ser projetados para atender a um número limitado de gestantes e crianças, a fim de se evitar contaminações de doenças próprias dessa fase, principalmente durante a amamentação. Esses centros também devem ser padronizados, como sugerido para as Escolas de Tempo Integral, bem como o seu sistema operacional, o qual poderá empregar as próprias mães com tempo disponível para cuidarem das crianças, após, evidentemente, serem treinadas para isso. Para disseminar esse tipo de unidade padrão, o governo federal finan-ciará um projeto piloto em cada capital, para que as prefeituras de cada Estado copiem seu modelo e o adotem em seus municípios. A verba para financiar a disseminação desses centros virá do Pré-sal, ou pelo remanejamento de verbas públicas mal aplicadas ou dissipadas em obras inúteis.

Resumo do QuadroEm resumo, não basta a implantação pura e simples da Escola

Pública de Tempo Integral, e das creches comunitárias, ambas univer-sais e obrigatórias, para que todos os brasileiros exerçam seus direitos à cidadania e a violência urbana não prevaleça sobre as práticas civi-lizadas de comportamento coletivo. É necessário mais do que isso, é preciso que a implantação dessa escola se faça no bojo de uma reforma radical do sistema educacional brasileiro, a começar pela separação da educação básica do ensino universitário, cabendo ao Ministério da Educação o monitoramento do ensino básico, e ao Ministério da Ciên-cia e Tecnologia o gerenciamento do universitário. Neste novo mode-lo, como foi sugerido anteriormente, os Estados se responsabilizariam pelo Ensino Fundamental e Médio, os municípios pela administração das Creches Comunitárias e o Governo Federal pelas Universidades.

Acompanhando essa revolução estrutural, é imperioso que se faça, também, uma revolução pedagógica, que deve apoiar-se numa

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nova arquitetura dos prédios escolares, de tal forma que as escolas públicas se tornem espaços acolhedores para a infância e a juventude, estimulando-as a valorizarem esse espaço de cidadania, no qual seu fu-turo estará sendo construído, e do País também. Além disso, é preciso que esse espaço seja enriquecido com todos os recursos da informá-tica, laboratórios para experimentos científicos, salão de jogos, como xadrez, baralho, bingos, etc., ligados a uma orientação pedagógica para estimular o desenvolvimento intelectual dos estudantes, bem como de quadras esportivas e academias para educação física, e consultórios para médicos, dentistas e oculistas para cuidar da saúde.

O Papel da Intelectualidade Brasileira e a Classe Política

Para encerrar este capítulo trágico, que é a história da educa-ção pública no Brasil, sujeita a vicissitudes de toda ordem, é preciso fazer mais alguns comentários. O primeiro deles é sobre a capacidade da intelectualidade brasileira de diagnosticar, com precisão, os males do ensino público e sua total incapacidade de propor um modelo de ensino padronizado para todo o território nacional, inclusive um progra-ma pedagógico moderno. Diante desta incapacidade da elite pensante brasileira, formada por muitos pedagogos e demagogos, de propor um novo modelo para a escola pública, os políticos e governantes devem assumir a vanguarda dessa empreitada e elaborar leis que deem à in-fância e juventude de nosso País a chance de sonharem e realizarem seus sonhos de dias melhores.

A revolução educacional de que o País precisa não virá do eixo Rio-São Paulo, polos de saber do passado, hoje suportes podres de um eixo enferrujado que serve de poleiro para intelectuais acomodados e sem ideias, que mais se parecem com eunucos estéreis, mas sim por meio de congressistas ágeis e competentes, com visão de futuro. Mais uma vez, é bom lembrar: Educação é assunto de Estado, é um direito do cidadão, e não uma questão menor a ser tratada por Organizações

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Não Governamentais (ONGs) e entidades empresariais ou filantrópicas, as quais transformaram esse direito em instrumento de marketing ou de caridade, cujos beneficiados, agradecidos e submissos, passam a lhes dever esse favor, pois, por falta de escola, desconhecem o signifi-cado da palavra cidadania.

Balanço da SituaçãoPara se ter uma ideia do atraso do Brasil no campo educacional,

da Pré-Escola à Universidade, basta consultar o noticiário da imprensa veiculado na primeira semana de julho de 2010. Para começar segue trechos do editorial do jornal Estado de Minas do dia 2/7/2010 (p.10), intitulado “O drama do ensino médio”: “Ninguém deve se iludir. Por mais que o Brasil tenha avançado na oferta de educação básica, como informa os dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), divulgado ontem pelo Ministério da Educação (MEC), o país tem de se preocupar com a dramática situação do ensino médio. Bastou a economia acelerar o ritmo do crescimento para disparar os primeiros alertas sobre o apagão de mão de obra. Falta gente em condições de compreender um simples manual de instrução básico ou técnico na indústria. Os resultados do Ideb para o ensino médio explicam em boa parte essa situação. Afinal, as metas do governo para esse nível de ensino eram modestas e, em vez de comemoração, o avanço de mísero 0,1 ponto entre 2007 e 2009 retrata a grave defasagem entre a prepara-ção do jovem brasileiro para o trabalho e a realidade da demanda, o que compromete a competitividade do país. [...] Além disso, os poucos que cursam o ensino médio estão longe do aprendizado que lhes facilitará o emprego. Menos de 10% dos alunos têm acesso ao ensino profissiona-lizante, o que significa que a esmagadora maioria dos jovens está sendo teoricamente preparada para ingressar numa universidade, quando se sabe que a maioria deles não terá acesso ao terceiro nível de ensino. Não à toa, a metade dos matriculados desistem por falta de interesse. É estratégico encarar esse drama com urgência. [...] Nesse sentido, há uma boa ideia em gestação no governo, que pode vir em socorro à falta

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de qualificação do jovem brasileiro para o trabalho. Os ministérios da Fazenda e o da Educação estudam a concessão de incentivos fiscais a empregadores que financiarem cursos do ensino médio profissional em escolas particulares para seus funcionários. Já que o governo, apesar da eloquência do discurso oficial, não tem sido capaz de ofertar a pre-paração dos jovens no ritmo em que eles são chamados pela economia, que se abra mão de tributos para viabilizá-la em instituições privadas qualificadas. Mas que esses estudos não levem tempo demais”.

O Cacoete da Elite e seus PrivilégiosBem..., a respeito destes últimos comentários, é bom frisar um

cacoete da elite que já se tornou crônico: ao invés de olhar de frente para os problemas do ensino público, e agir para resolvê-los, esses mandarins da nação buscam atalhos para resolver seus problemas, e disso tirarem o melhor proveito, mas nunca resolver o drama do cidadão que não tem uma escola digna deste nome. A sugestão para “que se abra mão de tributos para viabilizá-la em instituições privadas qualificadas” resume essa postura elitista. Esta receita já vem sendo aplicada, com resultados limitados, desde a década de 40 do século passado, quando foi criado, na Era Vargas, o SENAI.

A historia desta instituição, disponível em seu portal na Internet, esclarece este assunto: “Criado em 22 de janeiro de 1942, pelo decre-to-lei 4.048 do então presidente Getúlio Vargas, o SENAI surgiu para atender a uma necessidade premente: a formação de mão-de-obra para a incipiente indústria de base. Já na ocasião, estava claro que sem edu-cação profissional não haveria desenvolvimento industrial para o País. Euvaldo Lodi, na época presidente da Confederação Nacional da Indús-tria (CNI), e Roberto Simonsen, à frente da Federação das Indústrias de São Paulo, inspiraram-se na experiência bem-sucedida do Centro Ferroviário de Ensino e Seleção Profissional e idealizaram uma solução análoga para o parque industrial brasileiro. Dessa maneira, o empresa-riado assumiu não apenas os encargos, como queria o Governo, mas

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também a responsabilidade pela organização e direção de um organis-mo próprio, subordinado à CNI e às Federações das Indústrias”.

O Imposto PrivadoComo complemento, é bom informar que, para viabilizar esse

projeto, o governo Vargas criou um imposto especial a ser arrecadado pelos próprios empresários. Hoje em dia, estes recursos bilionários sustentam o chamado Sistema “S”, uma gigantesca estrutura privada que exerce seus amplos poderes sem controle do Estado. Trata-se, na verdade, da única instituição privada, no mundo, que tem o direito de arrecadar impostos e aplicá-los em benefício próprio. Para se ter uma ideia do que representa esse imposto privado, basta atentar para a seguinte matéria do Folha Online (10/7/2010), assinada pela jornalista Julianna Sofia: “As empresas brasileiras recolherão neste ano o valor recorde de R$ 11,3 bilhões aos cofres do Sistema S (entidades como Senac, Sesi, Sesc). O valor das contribuições sociais – pagas princi-palmente sobre a folha de salários- engordará o caixa do sistema, que ainda contará com outras fontes de receita para chegar ao orçamento estimado de R$ 16,1 bilhões. O montante supera os recursos dispo-níveis para o programa Bolsa Família neste ano (R$ 14 bilhões). Já o valor referente às contribuições sociais equivale a quase seis vezes o total estimado para a receita do Imposto Sindical (R$ 2 bilhões). Ligadas às confederações empresariais, as entidades do Sistema S se-rão beneficiadas com a capitalização recorde em pleno ano eleitoral. No ano passado, as contribuições sociais ao Sistema S renderam R$ 10,3 bilhões. O aumento de 10% esperado para este ano decorre do bom desempenho do mercado de trabalho formal. Nos primeiros cin-co meses do ano, as contratações com carteira assinada registraram números inéditos, aumentando a folha de salários das empresas e o valor arrecadado pelo Sistema S. Dados do Ministério da Previdência mostram que o repasse de contribuições ao sistema, entre janeiro e abril, já alcançou R$ 3 bilhões. A contribuição compulsória para o sis-tema é classificada como um dos componentes do “custo Brasil” e já

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foi colocada na berlinda pela área econômica do governo. A equipe do ministro Guido Mantega (Fazenda) chegou a estudar a desoneração da folha de pagamento via extinção da contribuição, mas a proposta não resistiu ao lobby das entidades”.

A Hipocrisia EmpresarialOutros exemplos ilustram a hipocrisia empresarial no trato da

questão educacional e social, destacando-se, entre eles, os projetos da Rede Globo de Televisão chamados “Criança Esperança” e “Amigos da Escola”, pela propaganda subliminar que encerra: a de que atitudes pontuais e ou pessoais podem resolver a questão educacional no Bra-sil, que, antes de tudo, requer uma ação decisiva do Estado e recursos financeiros substanciais. Como estes recursos são utilizados para pagar os juros da dívida pública e manter a moeda estável, objetivos prioritá-rios da elite e do empresariado, este tipo de propaganda visa desviar a atenção da opinião publica, mantendo-a alienada e submissa aos dita-mes de governos oportunistas, aos interesses de grupos empresariais privados, entidades de classes e sindicatos corporativos.

Mas, mesmo com todas essas atitudes assistencialistas e privi-légios, o quadro de deficiências estruturais na educação persiste, e se agrava, prejudicando os próprios empresários, como noticia o jornal Estado de Minas em sua edição do dia 4/7/2010 (p.16): “O descom-passo entre a grande oferta de vagas para qualificação profissional e emprego na construção civil e a baixa procura de candidatos pode estar relacionado ao temor das famílias de perder o beneficio garantido todo mês pelo Bolsa-Família. O nó que ata o próprio programa é uma das pistas para explicar as mais de 10 mil vagas à espera de interessados em Belo Horizonte e região metropolitana da capital mineira para os cursos de formação de mão de obra ministrados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-MG), que integram o chamado Plano Setorial de Qualificação (Planseq) da construção, por meio de convênio com o Ministério do Trabalho e Emprego”.

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As Deficiências EstruturaisAs deficiências no setor educacional brasileiro não se limitam à

escola pública. Ela atinge indistintamente tanto a escola pública como a escola privada, como informa reportagem de Antônio Góis e Ângela Pinha no site da Folha Online (5/7/2010), intitulada Rede pública está 3 anos atrás da particular: “Apesar de a distância que separa a rede pública e a particular ter caído de 2005 a 2009, um aluno que completa o ensino fundamental em colégio privado sabe, em média, mais que um formado no ensino médio público, com três anos a mais de estudo. Essas são constatações que podem ser feitas a partir dos resultados do Ideb, principal indicador do MEC de avaliação da qualidade da edu-cação brasileira. [...] A desigualdade entre as duas redes, no entanto, é gritante ao comparar o quanto um aluno de escola pública aprendeu ao final do ensino médio (antigo 2º grau), em comparação com um da rede privada que finalizou o fundamental (antigo 1º grau). [...] O pre-sidente da Undime (entidade que representa os secretários municipais de educação), Carlos Eduardo Sanches, diz que, considerando o quanto é gasto por aluno em cada rede, a distância deveria ser maior. Ele diz que o Fundeb [fundo que distribui recursos públicos por estudante] dá hoje R$ 1.415 por ano por aluno, enquanto uma mensalidade em escola particular já fica, em média, em torno de R$ 800. ‘É claro que as públicas precisam melhorar, mas, com essa quantidade de recursos, o retrato do sistema privado é que é dramático’. Schwartzman concorda, lembrando que o ensino particular no Brasil, quando comparado com o de outros países no Pisa (exame internacional de avaliação do ensino), deixa a desejar. ‘Mesmo as melhores particulares do Brasil são piores do que as dos outros países. São muito orientadas para vestibulares, têm muitas matérias e o mesmo problema com a má formação dos professores no setor público’”.

Interesses Privados na EducaçãoEsse quadro de deficiências estruturais do setor educacional bra-

sileiro permite que interesses privados dele tirem o melhor proveito,

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pois está se tornando um bom negócio. Mais uma vez, é bom lembrar, educação é assunto de Estado, é uma questão estratégica que visa à formação de uma nação, e não um mero instrumento de investimentos especulativos, apátridas, como informa o Folha Online (12/7/2010): “A Abril Educação anunciou nesta segunda-feira a aquisição do grupo An-glo, em um negócio que envolve o Anglo Sistema de Ensino, o Anglo Vestibulares e a Siga, empresa focada na preparação para concursos públicos. O negócio faz parte da estratégia da companhia para se tornar a líder do setor no país. Com a compra do Anglo, a Abril Educação – que já conta com as editoras Ática e Scipione – terá faturamento acima de R$ 500 milhões neste ano. Guilherme Faiguenboim e Assaf Faiguen-boim, membros de uma das famílias fundadoras do Anglo, vão per-manecer à frente das operações da empresa, trabalhando em conjunto com Manoel Amorim, presidente da Abril Educação desde o mês passa-do. Atualmente, a Abril Educação, que possui a segunda maior rede de sistema de ensino do país, conta com mais de 500 escolas associadas ao Anglo e as 350 que já fazem parte do sistema de ensino SER, de propriedade da empresa, criado em 2007. ‘O negócio irá permitir à Abril Educação fortalecer sua presença junto às redes pública e privada de ensino’, disse a companhia, em nota. O Anglo possui hoje 211 mil alunos em 484 escolas da rede privada em 316 municípios brasileiros. Outros 38 mil alunos estão na rede pública em 24 municípios. O SER já conta com mais de 85 mil alunos da rede privada. Os dois sistemas de ensino seguirão sua atuação com independência”.

O Colapso do Ensino UniversitárioEsse quadro negativo de distorções focais não se limita ao ensi-

no básico, ele atinge, por via de consequência, também o universitário, comprometendo a qualidade e a quantidade de profissionais de que o País precisa, como tem noticiado a imprensa. O jornal Folha de S. Paulo, em matéria intitulada Brasil forma mais doutores em humanas (4/7/2010, p. A22), assinada por Ricardo Mioto, informa: “O doutora-mento brasileiro está cada vez mais interessado em Machado de Assis

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e menos em relatividade. Ao menos é isso que sugere um novo levan-tamento do governo. Ele mostra que a expansão da pós-graduação brasileira é puxada, em primeiro lugar, pelo aumento de doutores nas humanidades, e não nas ciências exatas e biológicas. Em 1996, as ci-ências exatas e da Terra ocupavam o segundo lugar entre as áreas que mais formavam doutores no país, com 16,1%. Em 2008, caíram para o sexto lugar, com 10,6%. [...] Para Carlos Aragão, presidente do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico), a queda relativa na formação de quadros em ciências exatas é preocu-pante. ‘Formar cientistas e engenheiros é fundamental para que exista inovação tecnológica nas empresas’, afirma. Além disso, pondera, áreas estratégicas para o país precisam de pessoas, como o programa espa-cial, o programa antártico, a política nuclear, as questões que envolvem clima, energia e agricultura e o pré-sal. [...] ‘É necessário corrigir essa distorção’, diz”.

As Consequências Negativas ImediatasAs consequências negativas imediatas desse estado de coi-

sas está escancarada em uma reportagem do jornal Estado de Minas (2/7/2010, p.23) sobre o chamado Viaduto das Almas: “Adiada por seis vezes, a inauguração do Viaduto Márcio Rocha Martins, como será chamado o elevado que substituirá o macabro Vila Rica, mais conheci-do como Viaduto das Almas, em Itabirito, na Região Central de Minas Gerais, corre o risco de ser inaugurado só pelo sucessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A certeza de um novo adiamento foi a tardia constatação do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) de que uma das montanhas rasgadas pela variante que dará acesso à ponte está sob ameaça de desmoronamento. Os engenheiros concluíram que será preciso eliminar a encosta ou pelo menos retirar grande parte de terra. [...] Por seis vezes, a inauguração foi adiada. O projeto executivo do complexo viário que substituirá o Vila Rica – viaduto e variante – foi elaborado em 1998, mas a obra só começou no fim de 2006, quando o Dnit estimou a primeira data

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para entregá-la à população: agosto de 2008. Mas, ainda em 2006, a conclusão foi revista para novembro de 2008. Depois, nova data: abril de 2009. Porém, naquele mês, apenas o viaduto estava concluído. A construção da variante sequer havia sido iniciada. Uma falha geológica, que causou uma erosão no km 593 da 040, obrigou o órgão a alterar o traçado e o prazo de entrega para fevereiro de 2010. Porém, novamente ele não foi cumprido. A projeção, então passou a ser março de 2010, mas uma rachadura na mesma encosta que precisará ser eliminada provocou um desmoronamento na pista. Na ocasião, a inauguração foi revista para agosto de 2010. A previsão, contudo, não será cumprida”.

A Incapacidade da Engenharia NacionalImaginem só! Todo esse dramalhão para construir um simples

pontilhão, em linha reta, com 460 metros de extensão por 21 de largura, ao lado de outro existente que deverá ser abandonado. Se a engenharia nacional não é capaz de planejar e executar com segurança uma obra como essa, dentro de uma programação pré-estabelecida, como poderá assumir desafios maiores, como os enfrentados pelos engenheiros asi-áticos que têm construído naquela região estruturas gigantescas e com-plexas de saneamento básico, pontes em áreas de terremotos, túneis em terrenos geológicos complicados, viadutos e edifícios portentosos, etc., tudo dentro dos prazos estabelecidos?

Não é de se admirar, portanto, que o metrô da cidade de São Paulo, em construção, tenha sofrido tantos desmoronamentos e outros acidentes perfeitamente previsíveis, como a imprensa tem noticiado, e que os engenheiros paulistas não sejam capazes de solucionar o crôni-co problema das enchentes sazonais que arrasam a capital bandeirante, e que graves prejuízos trazem à sua população. Neste caso, a “solução” encontrada pela engenharia local é emblemática desse atraso profissio-nal: os chamados “picinões”, cloacas de águas estagnadas. Quanto ao Viaduto das Almas, a incompetência dos engenheiros deve ser investi-gada, pois o que está em jogo é a formação destes especialistas que, ao que parece, está bastante deficiente.

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PARTE XVII

UM CHAMADO À SOCIEDADE

Os novos tempos previstos por Dom Bosco, com a Era do Pré-Sal, representam um chamado à sociedade para que medite sobre os erros do passado, principalmente sobre “a questão social”, que, para o ex-Presidente Washington Luis (1926-1930), era “caso de polícia”, mas que na atualidade é tratada da mesma forma. As cartas abaixo transcri-tas, datadas de 27 e 30 de novembro, 3, 6 e 8 de dezembro de 2010, dirigidas ao Presidente da República e Deputados Federais, tratam des-sa questão e contém sugestões para mudar radicalmente o quadro de descalabro existente no sistema educacional brasileiro, abrangendo desde as Creches Comunitárias até as universidades.

A hora da tomada de decisões é agora. Portanto, mãos à obra, pois não há mais tempo a perder. Para terminar, mais um lembrete: não adianta procurar atalhos para resolver as deficiências estruturais da educação, como multiplicar escolas técnicas ou profissionalizantes, pois a crise é mais grave, e o furo é mais embaixo, como se diz, como mostra a guerra civil estabelecida nas favelas cariocas, assunto tratado a seguir.

A questão social não é mais caso de polícia, como dizia Washington Luis, agora é assunto para as Forças Armadas.

Belo Horizonte, 27 de novembro de 2010

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Exmo. Sr. Luiz Inácio Lula da SilvaPresidente da RepúblicaPalácio do PlanaltoBrasília – DF

Com cópias para os(as) Exmos.(as) Srs.(as) Deputados(as) Federais; partidos políticos; Governadores dos Estados da União e jornais Estado de Minas e Folha de S. Paulo.

Assunto: A questão social não é mais caso de polícia, como dizia Wa-shington Luis, agora é assunto para as Forças Armadas.

Prezado Senhor Presidente,

Desde o governo do ex-Presidente Washington Luis (1926-1930), que afirmava que a questão social no Brasil era assunto para ser resolvido pela polícia, muitas coisas mudaram neste País no plano social, para melhor, principalmente nos dois governos de V. Exa., um retirante nor-destino, ex-favelado, ex-operário e ex-líder sindical, que vem lutando para erradicar a fome nas camadas mais pobres da população, princi-palmente as do Nordeste.

Todavia, na questão social, como se referia Washington Luis, as coisas pioraram, e muito, pois agora a polícia não é mais capaz de resolver este assunto sozinha, é preciso a intervenção das Forças Armadas; isto após o Ministério da Defesa se posicionar contra este tipo de atitude, por considerá-la inapropriada sob muitos aspectos, inclusive esclare-cendo o porquê desta posição aos participantes da IX Conferência de Ministros da Defesa das Américas (CMDA). Nesta ocasião, o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, “sugeriu a seus pares do continente ameri-cano que assuntos de Defesa e de Segurança sejam tratados em estru-turas diferentes, e manifestou a rejeição brasileira ao uso prioritário de militares em atividades de segurança, como combate ao narcotráfico”.As notas abaixo (Brasil propõe estruturas diferentes para tratar de Defe-sa e de Segurança nas Américas / Defesa autoriza Marinha a transportar policiais no Rio de Janeiro / Defesa envia Tropas e mais equipamen-tos ao Rio de Janeiro), disponíveis no site do Ministério da Defesa na Internet, esclarecem, de forma bastante clara, essa contradição, provocada pelos eventos que vêm ocorrendo nas favelas da cidade

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do Rio de Janeiro, e sua região metropolitana. Aqui é bom recordar que o Governador Sérgio Cabral vem lutando, sem sucesso, até agora, para envolver as Forças Armadas nos conflitos sociais provocados pela existência dessas favelas, pois ele optou pelo emprego da força bruta para resolvê-los, como pregava, a mais de 80 anos, o seu conterrâneo Washington Luis. Esta obsessão do Governador Sérgio Cabral tem traços de paranóia, pois ele não apresentou, até agora, nenhuma alternativa racional para resolver as questões sociais provocadas pela existência de milhões de favelados em seu Estado, além do emprego da força bruta. Suas ati-tudes autoritárias, e bitoladas, é muito semelhante a de um psicopata com ideia fixa, que é incapaz de raciocinar e analisar alternativas para resolução de um problema. Este desvio de comportamento acontece em outros casos em que se vê envolvido, como, por exemplo, a ques-tão dos royalties do petróleo, que teima em não aceitar uma decisão soberana do Congresso Nacional, apegando-se a uma fórmula que só ele acredita ser a mais correta. Uma das opções que o Exmo. Sr. Governador Sérgio Cabral poderia estudar, para resolver essa questão que envolve os favelados sem em-prego da força, seria aquela que coloquei em carta dirigida a V. Exa. no último dia 13, tratando do colapso do sistema financeiro internacional e as oportunidades que se abrem para o Brasil e a América do Sul, que transcrevo a seguir.“Um exemplo é a erradicação das favelas que cercam a Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro, a terceira maior floresta urbana do planeta, situada no Maciço da Tijuca, onde se localiza o Parque Nacional da Ti-juca, criado para protegê-la. Neste parque, e no seu entorno, proliferam favelas, como a da Rocinha, a maior da América do Sul, que continuam crescendo por entre a vegetação que aos poucos vai sendo derrubada. Neste caso, como em todos os outros projetos a serem financiados com recursos provenientes da troca dos títulos da dívida pública federal em poder dos bancos, por ações, deve ser criada uma empresa com finalidade específica. A primeira missão desta empresa, que poderá in-corporar o Parque Nacional da Tijuca, transformando-o numa empresa ambiental com ações na Bolsa de Valores, será traçar os limites originais deste parque, para, em seguida, começar o trabalho de recuperação, que terá início com a construção, nas partes baixas e já degradadas do maciço, e junto de vias urbanas consolidadas, de edifícios para abrigar os favelados, cujos barracos e construções diversas serão demolidas e

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as respectivas áreas reflorestadas. O passo seguinte será cercar toda a área de proteção ambiental para conter novas invasões”.Na expectativa de que V. Exa., como Presidente da República, faça o bom senso prevalecer na abordagem das questões que envolvem os favelados da cidade do Rio de Janeiro, e sua Região Metropolitana, cuidando das causas e não de seus efeitos, e fazer valer os postulados fundamentais da Estratégia Nacional de Defesa, posto em xeque pelas decisões descritas nas três notas do Ministério da Defesa, transcritas a seguir, inclusive evitando que a afoita e elitista Marinha do Brasil vá à forra contra a “negrada” favelada que detesta, pois são descendentes do líder da Revolta da Chibata, o marinheiro João Cândido, um sapo que ainda não engoliu, subscrevo-me.

Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

Brasil propõe estruturas diferentes para tratar de Defesa e de Segu-rança nas Américas

Brasília, 24/11/2010 – O ministro da Defesa do Brasil, Nelson Jobim, sugeriu a seus pares do continente americano que assuntos de Defesa e de Segurança sejam tratados em estruturas diferentes, e manifestou a rejeição brasileira ao uso prioritário de militares em atividades de se-gurança, como combate ao narcotráfico. “A corrupção das instituições castrenses, decorrente do contato com a marginalidade, conjugada à referida sobrecarga de atribuições, solapa não somente as suas capaci-dades operativas, mas também a sua adesão às regras do jogo demo-crático”, alertou Jobim em discurso pronunciado em 22 de novembro na sessão Plenária da IX Conferência de Ministros da Defesa das Amé-ricas (CMDA), em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. O ministro disse que o Brasil não quer ditar normas para os demais países, pois cada um é autônomo para decidir como tratar internamente suas questões, mas deixou claro de que parte dos temas da Conferência referiam-se a ministérios da Justiça ou de assuntos interiores, em muitos países. O ministro observou que os países possuem conceitos diferentes sobre Defesa e Segurança, que às vezes dificultam a identificação dos órgãos e das ações. “Da perspectiva brasileira, esta conferência é de ministros de Defesa, e não de Segurança”, observou. O ministro atribuiu a mis-tura dos dois temas ao contexto em que foi criada a CMDA, em 1995:

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“Naquela circunstância, em que os paradigmas da guerra fria esvane-ciam, o pan-americanismo do início do século XX foi ressuscitado por duplo movimento sintetizado nas cúpulas das Américas: o econômico-comercial, conforme a proposta da Área de Livre Comércio das Améri-cas (Alca); e o político-estratégico, por meio da institucionalização da CMDA”. Segundo Jobim, naquele momento os Estados Unidos estavam mais preocupados com outras partes do globo, e procuraram compar-tilhar com o hemisfério suas preocupações com as chamadas “novas ameaças”, como terrorismo, narcotráfico, catástrofes naturais, tráfico de seres humanos, proliferação de armas de destruição em massa, tráfico de armas e destruição do meio ambiente. “A partir dessa agen-da fica subentendida, mas nunca explicitada, uma divisão de trabalho informal: os EUA cuidariam da defesa do hemisfério (segundo seus critérios unilaterais, como ocorreu durante a Guerra das Malvinas); os demais países das Américas cuidariam de impedir que as ditas ‘novas ameaças’ transbordassem em direção ao território norte-americano ou que prejudicassem seus interesses”. Jobim deixou claro que o Brasil não aceita esse modelo e prefere manter separadas as ações de Defesa e de Segurança. “Se algum Estado julgar que o melhor modelo é o do emprego das Forças Armadas em funções de segurança interna, que assim o seja. No Brasil, as Forças Armadas podem exercer tais tarefas, sem invasão da competência dos órgãos de segurança, e de forma sub-sidiária e limitada. Esse é o modelo que atende ao Brasil.” A proposta objetiva do Brasil foi a de criar um Grupo de Trabalho, com participa-ção brasileira, para estudar a cisão da CMDA em duas Conferências distintas: uma para temas de segurança, a serem secretariados pela Secretaria de Segurança Multidimensional da Organização dos Estados Americanos (OEA); e outra para os temas de Defesa da CMDA, a serem secretariados pela Junta Interamericana de Defesa (JID). Texto: José Ramos Assessoria de Comunicação Social Ministério da Defesa.

Defesa autoriza Marinha a transportar policiais no Rio de Janeiro

Brasília, 24/11/2010 – O ministro da Defesa, Nelson Jobim, autorizou na tarde desta quarta-feira (24/11) que o Comando da Marinha forneça apoio logístico ao governo do Rio de Janeiro, em ações de combate à onda de criminalidade que atinge aquele Estado. O pedido foi feito pelo governador do Estado, Sérgio Cabral. O pedido não envolve mobiliza-ção de tropas da Força, mas apenas meios de transporte e a guarnição necessária à operação e manutenção dos veículos. Detalhes da opera-

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ção serão tratados oportunamente entre o governo do Rio e o Comando da Marinha. Assessoria de Comunicação Social. Ministério da Defesa.

Defesa envia Tropas e mais equipamentos ao Rio de Janeiro

Brasília, 25/11/2010 – O ministro da Defesa, Nelson Jobim, assinou na noite desta quinta-feira (25/11) a Diretriz Ministerial nº 14, que determi-na às Forças Armadas o reforço do apoio ao Governo do Rio de Janeiro nas operações de combate à onda de criminalidade que afeta a cidade. A Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) foi solicitada pelo Governador do Rio de Janeiro e autorizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Serão enviados 800 homens do Exército, para garantir a proteção dos perímetros das áreas que forem ocupadas pelas polícias. Também serão enviados dois helicópteros da Força Aérea e 10 blinda-dos de transporte, com origem a ser definida em coordenação entre as próprias Forças, inclusive a Marinha, que já se encontra com viaturas em operação. Também serão fornecidos, temporariamente, equipamen-tos de comunicação entre aeronaves e tropas em solo e óculos para visão noturna. Leia a Diretriz Ministerial 14/2010, para as Forças Ar-madas, assinada na noite desta quinta-feira 925/11) pelo Ministro da Defesa, Nelson Jobim Brasília, 25 de novembro de 2010

DIRETRIZ MINISTERIAL N. 14/2010 O SENHOR PRESIDENTE DA RE-PÚBLICA determinou o emprego das FORÇAS ARMADAS, para a garan-tia da lei e da ordem, na cidade do Rio Janeiro. Tal decisão decorreu de solicitação feita pelo SENHOR GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO JA-NEIRO, nesta data. O SENHOR PRESIDENTE DA REPÚBLICA autorizou a atuação das forças “nas condições e extensão solicitadas”. Assim, com fundamento no art. 7, I, do Decreto n. 3.897/2001, e nos limites solici-tados pelo SENHOR GOVERNADOR DETERMINO 1. Ao COMANDANTE DO EXÉRCITO que acione efetivo de “800 militares”, do COMANDO MILITAR DO LESTE (CML), para “serem utilizados na proteção de Perí-metro de áreas conflagradas a serem tomadas pelas forças estaduais e pela Polícia Federal”, além do efetivo necessário para o apoio da tropa e sua defesa. Esse efetivo estará sob o comando do oficial designado pela autoridade militar competente e deverá operar em coordenação e articulação com as forças policiais estaduais e federais e com as demais forças militares. 2. Ao COMANDANTE DA AERONÁUTICA que acione: a. Uma aeronave de asa rotativa “Super Puma para transporte de tropa” ou equivalente; e b. Uma aeronave de asa rotativa “H1H para utilização

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com atiradores” ou equivalente. As aeronaves deverão ser operadas por militares da Aeronáutica em coordenação e articulação com as forças policiais estaduais e federais e com as demais forças militares.3. Aos COMANDANTES DAS FORÇAS ARMADAS que, articuladamente, acionem:a. “Dez viaturas blindadas para transporte de pessoal”, incluindo as respectivas guarnições que as conduzirão; b. “Equipamentos de co-municação aeronave x solo”, para serem cedidos, temporariamente, às forças estaduais; c. “Equipamentos de visão noturna”, para serem cedidos, temporariamente, às forças estaduais; 4. Ao ESTADO MAIOR CONJUNTO DAS FORÇAS ARMADAS que designe oficial para: a. pro-mover a integração dos comandos militares empregados na operação; b. promover a ligação com as autoridades estaduais e federais; e c. manter este Ministério informado das operações, via o Centro de Ope-rações Conjuntas (COC). NELSON A. JOBIM Ministro da Defesa

Traficantes da Rocinha estariam montando barricadas contra possível invasão da polícia.

Belo Horizonte, 30 de novembro de 2010.

Exmo. Sr. Luiz Inácio Lula da SilvaPresidente da RepúblicaPalácio do PlanaltoBrasília – DF

Com cópias para os(as) Exmos.(as) Srs.(as) Deputados(as) Federais; partidos políticos; Governadores dos Estados da União e jornais Estado de Minas e Folha de S. Paulo.

Assunto: Traficantes da Rocinha estariam montando barricadas contra possível invasão da polícia.

Prezado Senhor Presidente,

No último dia 27, enviei carta a V. Exa., cópia em anexo, tratando do seguinte assunto: “A questão social não é mais caso de polícia, como

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dizia Washington Luis, agora é assunto para as Forças Armadas”. Nesta correspondência, dei algumas sugestões sobre a Favela da Rocinha e do Parque Nacional da Tijuca, as quais gostaria de ajuntar outras mais, tendo em vista a seguinte notícia veiculada pelo Globo Online (29/11/2010): “Traficantes da Rocinha estariam montando barricadas contra possível invasão da polícia”.

“O Setor de Inteligência da Secretaria de Segurança está investigando, juntamente com policiais militares do Serviço Reservado da PM (P2), as denúncias de moradores da Favela da Rocinha de que traficantes estariam fazendo barricadas e trincheiras, em pontos da favela, contra uma possível invasão da polícia na região. O tráfico da Rocinha também estaria com bananas de dinamite, que foram roubadas ou desviadas de clientes da empresa Dinacon Indústria e Comércio, localizada em Estrela, Rio Grande do Sul. Em entrevista coletiva domingo, o secre-tário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, mandou um recado aos traficantes de áreas que ainda não foram ocupadas pela polícia: – O estado do Rio de Janeiro tem (o setor de) Inteligência. E, se chegamos ao Alemão, vamos chegar à Rocinha, vamos chegar ao Vidi-gal e assim por diante... Moradores denunciaram que um bom número de criminosos fugidos do Alemão e da Vila Cruzeiro já está na Rocinha. A Travessa do Valão, um dos principais acessos à comunidade, foi blo-queada por uma barricada de mais de um metro, feita com grades de ferro, galões de gasolina e blocos de cimento. Vários homens armados estão ocupando o Valão e a Via Apia. [...] Ela confirmou que traficantes orientaram a comunidade a comprar velas e fósforos, já que a ilumi-nação da rua seria cortada em caso de invasão. – Eles estão rápidos. Continuam cavando buracos e instalando barreiras para uma eventual invasão da polícia – concluiu a moradora. Um morador também contou que, depois de um tempo sumido, o traficante Nem voltou à favela. Agora, como cabelos e barba crescidos e mais forte”.Esse preparativo todo para enfrentar uma invasão militar vinda do as-falto nos remete ao que aconteceu na Segunda Guerra Mundial com Cingapura, cidade que os britânicos consideravam inconquistável, em um ataque vindo do mar para onde todos os canhões da grande forta-leza apontavam. Mas, para desgraça desses colonizadores, a invasão japonesa veio por terra, o que levou Winston Churchil a dizer que tal falha na defesa nunca passou pela sua mente, pois seria o mesmo que lançar um navio ao mar sem fundo (Documentário “The World at War – 6. Banzai!” – GNT).

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Mas não é sobre ações bélicas, como as que ocorreram no Complexo do Alemão, que gostaria de dar algumas sugestões, pois, se pirotecnia valesse algumas coisa, o Iraque seria hoje uma nação pacificada e sua população feliz e próspera. A sugestão que gostaria de acrescentar àquelas feitas na carta do dia 27, que segue em anexo, para melhor compreensão, não visa a uma guerra ao narcotráfico, ou aos marginais que se refugiam nas favelas, mas sim a um combate à miséria e à ex-clusão social desses guetos urbanos, raiz dos problemas enfrentados no Complexo do Alemão e os latentes, na Rocinha, como noticiado pelo Globo Online. Neste caso, tomando como exemplo a ação bélica no Complexo do Alemão, o que fica claro é que o Exército falhou na sua missão principal: o cerco a este complexo de favelas para impedir a fuga dos narcotraficantes deste setor e os da Vila Cruzeiro que aí se homiziaram. O que aconteceu é que eles “vazaram” sem deixar rastros, quedando todos os que acompanharam pela televisão a movimentação dessa máquina de guerra, de boca aberta. Como é que esses pés de chinelo, vestidos de shorts, sem colete de aço ou qualquer outra prote-ção, evaporaram-se diante desses guerreiros profissionais? Agora o Governador Sérgio Cabral quer que eles fiquem aí por mais sete meses, como informa o Folha Online (29/11/2010): “O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), anunciou na manhã desta segunda-feira que já existe um acordo entre o governo do Estado e o Ministério da Defesa para que o Exército policie os recém-reconquis-tados territórios da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão até que seja possível instalar duas UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) nas comunidades. ‘Já está acordada [com o Ministério da Defesa] a perma-nência das tropas, agora estamos na fase das tratativas técnicas, que não passa por mim, passa pelo secretário Mariano, passa pelos oficiais militares do Ministério da Defesa. Isso está sendo feito desde ontem para que dê a paz e a tranquilidade, a garantia dessa transição para o modelo UPP’, afirmou”. Aqui algumas perguntas: para que esses militares vão ficar lá, se não foram capazes de cumprir sua missão principal? Será que é para dar coragem à polícia do Rio de Janeiro ou ao Governador Sérgio Ca-bral, que não foram capazes de resolver esses enfrentamentos da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão? Ou por que têm medo de ficar sozinhos? Seria uma questão de covardia, ou apenas uma jogada po-lítica dos governos Estadual e Federal para convencer a comunidade internacional de que a Cidade do Rio de Janeiro é um lugar seguro para

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receber a Copa de Futebol e as Olimpíadas? Senão, como explicar a rapidez com que as Forças Armadas se envolveram nesse processo, se, em outras ocasiões, esta presença só aconteceu em casos excepcionais e após vários entendimentos entre as partes interessadas. Como “já existe um acordo entre o governo do Estado e o Ministério da Defesa para que o Exército policie os recém-reconquistados territórios da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão até que seja possível instalar duas UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) nas comunidades”, como dis-se o Governador Sérgio Cabral, se o Ministro da Defesa encontra-se no exterior? Já estava tudo previamente acordado? Seria então uma operação tipo “engana que eu gosto”? Ou tudo não passa de um circo montado para um grande desfile militar com fins políticos?

Se houve uma emergência e o caso era grave, a ponto de o Exército intervir com tropas de elite, e em número considerável, como explicar o fato de o Ministro da Defesa, logo após anunciar essa participação, em entrevista à imprensa, na presença do Governador e diversas auto-ridades, viajar tranquilamente para o exterior para cuidar de assuntos de sua pasta, onde permanecerá durante uma semana? Não seria o caso de cancelar tais compromissos para cuidar de uma situação que poderia se agravar a ponto de haver um banho de sangue, inclusive entre a população civil, como os noticiários alarmistas das TVs adver-tiam seguidamente, principalmente os da manipuladora Rede Globo de Televisão? Como explicar essa intervenção das Forças Armadas no combate ao narcotráfico, se esta medida vai de encontro a tudo o que disse, dois dias antes, o Ministro Nelson Jobim na IX Conferência de Ministros da Defesa das Américas (CMDA), assunto abordado na carta anexa? Essa viagem ao exterior,agendada com muita antecedência, não seria o momento escolhido para desencadear a “Operação Engana que eu Gosto”, e assim evitar maiores constrangimentos? Essa fuga disfar-çada do teatro de guerra não teria como objetivo escapar de cobranças da sociedade? Ou, talvez, se esquivar de um engodo preparado pelo Governador Sergio Cabral, que já declarou à imprensa que as Forças Armadas ficarão mais sete meses no Complexo do Alemão, o que ga-rante, com este compromisso, a oportunidade de passar uma argola no nariz da futura Presidenta da República, Dilma Roussef, e assim, desde já, mantê-la refém de seus caprichos, como fez, e está fazendo, com o Presidente Lula, no caso dos Royalties do petróleo?Não seria, então, tudo uma grande armação, desde os incêndios de viaturas, até a fuga dos marginais da Vila Cruzeiro, transmitida “ao

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vivo” pelo Sistema Globo de televisão, que se esmerou em dar uma cobertura excepcional aos acontecimentos, inclusive narrando acon-tecimentos não comprovados, como o tiro dado por um traficante na perna de uma criança de 8 anos que se recusou a incendiar um carro? E esses incêndios, por que acabaram repentinamente? Onde estão seus autores? A fuga dos marginais do Complexo do Alemão foi por falha do Exército, ou também estava tudo combinado? Se houve falha, como ficam nossas fronteiras? E a pronta ação da Justiça, normalmente ler-da, mandando prender mulheres de traficantes, exibidas nos noticiários das TVs como troféus de guerra, confiscando bens dos traficantes sem processos formais, e transferindo prisioneiros de um lado para outro, não é estranho? A ampla cobertura jornalística da Rede Globo também estava tudo combinado? Como dizia alguém alhures: “Há algo podre no Reino da Dinamarca”, ou tudo é a mais pura verdade? Este é um assunto que interessa mais à imprensa séria e aos políticos responsá-veis, que discordam do General De Gaulle, do que a este cidadão que vive escrevendo cartas a Deus e ao mundo, verdadeiras folhas soltas ao vento. Mas, mesmo assim, vou tratar de dar as sugestões referidas no início desta carta sobre a Favela da Rocinha e o Parque Nacional da Tijuca

Mas, antes, voltando à estratégia militar adotada no Complexo do Ale-mão, e aos problemas a serem enfrentados na Rocinha, se quiserem “tomar de assalto” esta favela, alguns questionamentos se impõem: Se no primeiro caso, como se viu, o cerco do Exército não foi capaz de impedir a fuga de centenas de marginais, que segundo noticiário do Globo Online já estão instalados nessa favela, o que farão para impedir a fuga dos narcotraficantes deste local que tem na sua retaguarda a Floresta da Tijuca? Tentarão novamente cercá-la, como no Complexo do Alemão? Como? Vasculharão o Parque Nacional da Tijuca e matas adjacentes à procura de marginais em fuga? Colocarão todo o efetivo do Exército, Marinha e Aeronáutica para caçar meia dúzia de pés de chinelo, analfabetos e mal vestidos, ou criarão brigadas de “capitães do mato” para executarem essa nobre missão, que recusaram durante a escravidão? Formarão “barreiras” para proteger a classe média alta e a elite que habitam a Zona Sul da cidade, dos tiros de fuzil partindo do alto da favela? Quem vai vender cocaína para esses consumidores privilegiados? Eles vão concordar com a extinção da favela da Rocinha, onde se abastecem? Como vão se tratar da síndrome da abstinência?

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Para evitar tudo isso, e propor uma abordagem cidadã, para erradicar as favelas, principalmente a da Rocinha, e dar aos seus habitantes um lugar digno para morar e prosperar, é que fiz a seguinte sugestão: “Um exemplo é a erradicação das favelas que cercam a Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro, a terceira maior floresta urbana do planeta, situada no Maciço da Tijuca, onde se localiza o Parque Nacional da Ti-juca, criado para protegê-la. Neste parque, e no seu entorno, proliferam favelas, como a da Rocinha, a maior da América do Sul, que continuam crescendo por entre a vegetação que aos poucos vai sendo derrubada. Neste caso, como em todos os outros projetos a serem financiados com recursos provenientes da troca dos títulos da dívida pública federal em poder dos bancos, por ações, deve ser criada uma empresa com finalidade específica. A primeira missão desta empresa, que poderá in-corporar o Parque Nacional da Tijuca, transformando-o numa empresa ambiental com ações na Bolsa de Valores, será traçar os limites originais deste parque, para, em seguida, começar o trabalho de recuperação, que terá início com a construção, nas partes baixas e já degradadas do maciço, e junto de vias urbanas consolidadas, de edifícios para abrigar os favelados, cujos barracos e construções diversas serão demolidos e as respectivas áreas reflorestadas. O passo seguinte será cercar toda a área de proteção ambiental para conter novas invasões”.Como disse no início desta carta, a intenção é acrescentar mais algu-mas sugestões a essa proposta. A primeira delas é traçar um perímetro interno, dentro do Parque, livre de barracos de favelados e estudar a melhor maneira de recuperar tudo que estiver alí dentro. O segundo movimento é levantar todas as vias de acesso a esse perímetro, livre, também, de construções ou invasões de qualquer espécie. O passo seguinte será ampliar esse perímetro interno, removendo todos os in-vasores que forem sendo encontrados, até que se sobreponha ao perí-metro externo, o limite do Parque, completando todo o levantamento. Nesse processo serão retirados todos os invasores das estradas que levam ao Cristo Redentor e seu entorno, por exemplo, e, também, os das Rocinha. Neste caso, começando da parte alta, os fundos da favela, onde se localizam as encostas mais íngremes, portanto as áreas de maior risco. Os moradores, por sua vez, serão retirados por cima, sem necessidade de serem transportados encosta abaixo, pois a intenção é reduzir o tamanho da favela, gradativamente, sem muito alarde, até que reste apenas uma faixa nas baixadas para aí serem construídos conjuntos para os favelados remanescentes. O mesmo processo deve

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ser adotado para todos os núcleos favelados dentro e fora dos limites do parque.Nesse processo os narcotraficantes serão expulsos naturalmente, na medida em que seus esconderijos vão sendo aos poucos demolidos. Para que essa ação seja executada, a empresa privada, criada para ad-ministrar o Parque Nacional da Tijuca, capitalizada por banqueiros, deve assumir tudo o que estiver nos limites do Parque e procurar ampliar es-ses limites, incorporando as áreas adjacentes florestadas que merecem ser protegidas, como o Jardim Botânico. Deve também assumir a admi-nistração de todos os acessos ao parque, inclusive a ferrovia do Cristo Redentor, que deverá ser substituída por um teleférico ligando o Morro do Vidigal aos pés dessa imagem, situada num ponto espetacular para ser visitado por turistas do mundo todo. Tudo o que estiver dentro dos limites do Parque deve ser transformado em fonte de renda, inclusive o acesso e visitas ao parque, podendo também construir hotéis de luxo nas áreas degradas dentro dos limites ou na periferia, como no Morro do Vidigal, por exemplo. Essa empresa deve ser um modelo de preservação ambiental e de forte conteúdo social, pois contribuirá não só para erradicar as favelas na sua área de atuação e dar aos seus moradores condições dignas de vida, mas, principalmente, recuperar o meio ambiente e conservá-lo de maneira permanente. Este perfil empresarial habilitará esta empresa a receber financiamentos de entidades internacionais como o Banco Mundial e outras instituições ambientalistas que se preocupam em re-cuperar áreas degradadas ou ameaçadas pela urbanização descontrola-da dos centros urbanos. Esse empreendimento será o selo verde dos banqueiros perante o mundo todo. Mas como levar todo esse processo a bom termo? Além do dinheiro, que os banqueiros podem aportar e dos incentivos fiscais que podem receber, é preciso que a empresa criada contrate um exército de seguranças particulares para atuar den-tro dos limites do parque, principalmente na fase de implantação, e o poder público faça a sua parte garantindo a execução de todas as fases do projeto, que deverá ser elaborado com base no geoprocessamento, técnica que utiliza imagens de satélites e os recursos da informática. Com o geoprocessamento será possível mostrar à sociedade como ficará o projeto uma vez concluído e todas as fases para sua implanta-ção em tempo real via Internet. Além disso, os moradores das favelas a serem removidas saberão para onde irão morar e em que condições. Tudo deverá ser anunciado previamente, e demonstrado por meio de

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imagens virtuais, para evitar a ação de grupos interessados em impedir sua execução, como os narcotraficantes e invasores de áreas nobres do parque; estes, elementos da elite que constroem mansões nas encostas voltadas para o mar, fato notório e facilmente observável, bastando para isso circular pela zona sul da cidade e olhar para cima.

Agradecendo a atenção de V. Exas., subscrevo-me.

Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

As riquezas do Pré-Sal, a Guerra ao Narcotráfico e a lenda do “Pomo da Discórdia”

Belo Horizonte, 3 de dezembro de 2010.

Exmo. Sr. Luiz Inácio Lula da SilvaPresidente da RepúblicaPalácio do PlanaltoBrasília – DF

Com cópias para os(as) Exmos.(as) Srs.(as) Deputados(as) Federais; partidos políticos; Governadores dos Estados da União e jornais Estado de Minas e Folha de S. Paulo.

Assunto: As riquezas do Pré-Sal, a Guerra ao Narcotráfico e a lenda do “Pomo da Discórdia”.

Prezado Senhor Presidente,

A lenda do “Pomo da Discórdia”, reproduzida abaixo, explica muito bem as atitudes do Governandor Sérgio Cabral, e suas consequências, relacionadas com os Royalties do petróleo da Plataforma Continental e o combate ao narcotráfico na Cidade do Rio de Janeiro e Região Metropolitana; questões estas que poderão levar à destruição do Brasil, como aconteceu com Tróia, caso este “Páris” redivivo não seja contido em suas atitudes insensatas, com respaldo de V. Exa.

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Para que V. Exa. e a futura Presidenta Dilma Rousseff meditem a res-peito desse assunto e façam suas próprias comparações, transcrevo dois noticiários do Folha Online (2/12/2010) para facilitar esta reflexão. O primeiro deles diz o seguinte: “Contrários à proposta de divisão dos royalties do pré-sal aprovada ontem pela Câmara, senadores do Rio de Janeiro e Espírito Santo lideram um movimento pelo veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao projeto. Apesar de Lula já ter decidido nos bastidores vetar a proposta, os parlamentares prometem fazer barulho até que Lula efetive sua decisão”. O segundo, tem o seguinte teor: “O Exército brasileiro vai implantar uma Força de Paz no Rio semelhante à que atuou no Haiti. A ação ainda não tem data para começar e ain-da está sendo planejada, disse o comandante-geral do Exército, Enzo Martins Peri”. Como subsídio adicional para facilitar esta reflexão, anexo à presente duas cartas que enviei a V. Exa., nos dias 27 e 30 do mês passado, tra-tando desses assuntos. Além disto, gostaria de acrescentar que, dado o fato de o Exército ter poder de polícia nas favelas do Rio de Janei-ro, como destaca em manchete de primeira página o Jornal Folha de S. Paulo (3/12/2010), alguns questionamentos se impõem. O primeiro deles diz respeito a uma ironia da história: como um governo petista, que pregou ao longo de oito anos de mandato a justiça social, acabe sua missão realizando os sonhos acalentados pelos militares durante os anos de chumbo da ditadura – tratar a questão social como um caso de polícia, como propunha Washington Luis há oitenta anos? Como a ex-guerrilheira Dilma Rousseff, que lutou para que o Brasil não se transformasse num Haiti, se sentirá como comandante suprema das tropas que atuarão nas favelas cariocas, para exercitar aqui as técnicas que aprenderam lá – a de subjugar uma massa de miseráveis, para mantê-la calada e submissa, pois a violência urbana nada mais é do que o grito desses excluídos que a sociedade não quer ouvir? Esta atitude, com certeza, será a cereja que enfeitará o bolo do assistencialismo farisaico que marcou os oitos anos do Governo de V. Exa., os quais, ao contrário do Governo JK, que avançou 50 anos em cinco, marcará um retrocesso de 80 anos em oito. Para finalizar, gostaria de lembrar a atitude sensata e patriótica do Pre-sidente JK, um estadista que soube conduzir o processo de transferên-cia da capital da República da Cidade do Rio de Janeiro para o Planalto Central, sem criar nenhum conflito federativo, e com o apoio total dos cariocas e fluminenses, os maiores prejudicados com essa mudança,

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os quais, naquela época, não receberam nenhuma compensação ou exigiram indenizações para cobrir esta perda colossal. O que prevaleceu foi o espírito de brasilidade que anima, desde sempre, todos os brasilei-ros que querem construir uma nação forte e poderosa, sem discrimina-ções. Agora, ao contrário, um governador insensato e paranóico tenta convencer V. Exa. a vetar uma lei, a dos royalties do petróleo, aprovada pelo Congresso Nacional para beneficiar toda a nação brasileira, ale-gando ser dono de um patrimônio que não lhe pertence: as riquezas petrolíferas da Plataforma Continental brasileira

Agradecendo a atenção de V. Exas., subscrevo-me.

Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

Pomo da Discórdia(Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre)

“A lendária Guerra de Tróia começou numa festa dos deuses do Olimpo: Éris, a deusa da Discórdia, que naturalmente não tinha sido convidada, resolveu acabar com a alegria reinante e entregou anoni-mamente aos olímpicos uma linda maçã, toda de ouro, com a inscri-ção “Para a mais bela”. A confusão já estava armada. As três deusas mais poderosas, Hera, Afrodite e Atena, imediatamente se colocaram a disputar o troféu. Nenhum dos deuses quis se meter a juiz nessa confusão, inclusive o rei do Olimpo, Zeus. Esse, sabiamente, resolveu se livrar do espinhoso fardo e passá-lo à Páris, um mortal que era filho do rei Príamo, de Tróia. Na época, Páris trabalhava como pas-tor e vivia feliz ao lado de uma ninfa adorável chamada Enone. Vivia no campo pois sua mãe, dias antes de seu nascimento, sonhara que estava dando a luz a serpentes flamejantes que se enrolavam entre si, depois pediu aos adivinho para interpretar o sonho e eles disseram que o bebê destruiria Tróia e todo seu território. Assim estavam as coisas até surgirem diante de Páris as 3 divindades em suas formas mais re-luzentes e magníficas. Todas tentaram persuadi-lo com oportunidades infinitamente gloriosas. Em troca da maçã de ouro, Atena ofereceu a

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Páris a chefia de uma histórica e vitoriosa guerra. Já Hera ofereceu a ele a glória de ser o Rei absoluto de toda a Europa e Ásia. E Afrodite por sua vez, garantiu a ele o amor da mais bela mulher do mundo. Páris então, confuso em meio a tantas maravilhas oferecidas a si, concedeu o título a Afrodite. E a deusa, ignorando solenemente a presença de Enone, realizou o desejo do jovem. A deusa sabia exatamente onde se encontrava a mais bela mulher do mundo: era Helena, casada com o rei de Esparta, Menelau. Auxiliados por Afrodite, Helena e Páris fugiram para Tróia. Assim que soube da traição, Menelau enfurecido foi pedir auxílio ao seu inescrupuloso irmão, o rei Agamenon para junto com ele persuadir todos os grandes generais e reis da Grécia numa marcha co-lossal contra os troianos (inclusive o rei da província de Ítaca, Odisseu, arquiteto do plano com o Cavalo de Tróia e posteriormente famoso pela Odisséia). Agamenon viu no infortúnio do irmão a oportunidade perfeita para conquistar Tróia, até então conhecida como impenetrável. E foi a partir desse momento que começava a mundialmente conhecida Guerra de Tróia. No fim Páris cumpriu a missão perdendo a guerra e causando a destruição de Tróia. E a famosa maçã passou a ser conhecida como ‘o pomo da discórdia’ – que hoje indica qualquer coisa que leve as pessoas a brigar entre si”.

As compensações previstas na lei dos royalties e a chance de a Cidade do Rio de Janeiro ficar livre das favelas e resgatar uma dívida social que vem desde o Império.

Belo Horizonte, 6 de dezembro de 2010.

Exmo. Sr. Luiz Inácio Lula da SilvaPresidente da RepúblicaPalácio do PlanaltoBrasília – DF

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Com cópias para os(as) Exmos.(as) Srs.(as) Deputados(as) Federais; partidos políticos; Governadores dos Estados da União e jornais Estado de Minas e Folha de S. Paulo.

Assunto: As compensações previstas na lei dos royalties e a chance de a Cidade do Rio de Janeiro ficar livre das favelas e resgatar uma dívida social que vem desde o Império.

Prezado Senhor Presidente,

A sábia lei de distribuição dos royalties do petróleo, que prevê uma par-ticipação igualitária entre todos os entes federados, Estados e municí-pios, proposta pelos Deputados Federais Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) e Humberto Souto (PPS-MG), aprovada pelo Congresso Nacional com a emenda do Senador Pedro Simon (PMDB-RS), que prevê que a União compense financeiramente as perdas de arrecadação dos Estados ditos produtores, sobretudo o Rio de Janeiro e o Espírito Santo, pode ser uma chance excepcional para que a Cidade do Rio de Janeiro e as da Região Metropolitana – o entorno da Bahia da Guanabara, da Baixada Fluminense e da grande Niterói –, fiquem livres das seculares favelas que as sufocam num abraço de afogados, e a sociedade brasileira resgate uma dívida social que vem desde o Império: conceder a cidadania plena aos descen-dentes dos libertos da escravidão que procuraram os morros cariocas para exercitar esse direito, ainda que de forma limitada.

Agora essa cidadania plena pode ser concedida não só a estes excluídos da sociedade, mas também a todos aqueles que têm procurado esses refúgios para sobreviverem, como os nordestinos, que têm fugido da miséria crônica do Nordeste, e a massa de trabalhadores do campo, que foram expulsos pelos fazendeiros nos anos 60 do século passado, por temerem a reforma agrária que então se anunciava. Além destas pessoas, outras tantas têm procedido da mesma maneira ao longo desse tempo todo, simplesmente por não terem onde morar, e é aqui que entram as compensações financeiras previstas na Lei dos Royalties do petróleo, para resolver todos esses problemas e, consequentemente, acabar com a violência que impera na Cidade Maravilhosa, assunto tratado na carta que enviei a V. Exa. no último dia 3, que segue em anexo.

A solução para esses problemas está nas mãos do Governo Federal, que pode promulgar a Lei dos Royalties e, ao mesmo tempo, regula-

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mentá-la, para que as compensações financeiras nela previstas sejam integralmente aplicadas pelo Estado do Rio de Janeiro na erradicação das favelas cariocas e as da Região Metropolitana. Para isto, o Governo Estadual deve apresentar ao Governo Federal um plano detalhado para a sua aplicação, prevendo: a reurbanização de cada favela em particular, com seus limites definidos; quantas moradias existem; quantos conjun-tos habitacionais serão construídos para abrigar os moradores; quantos destes moradores deverão ser transferidos para outros bairros, criados especialmente para recebê-los; enfim, uma reordenação total de todo esse espaço urbano para torná-lo um bairro integrado à cidade, com novas praças, Escola Pública de Tempo Integral, postos de saúde e de polícia, saneamento básico, áreas de lazer, reservas florestais, etc.

O primeiro passo nesse sentido poderá ser dado no Complexo do Ale-mão e da Vila Cruzeiro, campos de batalha onde se joga a sorte da Cidade do Rio de Janeiro, e por via de consequência, a do Brasil. O passo seguinte será aplicar a mesma política na erradicação da Favela da Rocinha, assunto tratado em outra carta enviada a V.Exa. no dia 30 do mês passado, que também segue em anexo. Neste caso, também para evitar atitudes insensatas de fanfarrões que querem “pacificar” esta favela, como informa o noticiário do Globo Online (4/12/2010), transcrito abaixo. Aqui é bom frisar que muitos desses “pacificadores” querem, na verdade, entrar nas favelas de mochilas vazias e sair com elas cheias, como ocorreu no Complexo do Alemão, fato noticiado pela imprensa, que levou o Governador do Estado a proibir os policiais que aí operam de utilizá-las durante a ocupação.

Para evitar desvios de comportamento nas corporações militares dos Estados, particularmente nas do Rio de Janeiro, a solução pode ser dada pelo Congresso Nacional, votando uma lei que unifique as polícias civis e militares e determine que 50% do efetivo desta nova corporação militar unificada seja composto de mulheres. Esta lei, se for adotada, funcionará como um dique para conter a maré montante da corrupção que assola as polícias civis e militares de todos os Estados da fede-ração e permitir que os governantes revertam essa situação, hoje fora de controle.

Agradecendo a atenção de V. Exas., subscrevo-me.

Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

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“Polícia já tem equipes treinadas para invadir e ocupar favelas da Ro-cinha e do Vidigal

Antônio Werneck – RIO – Lá dentro, são milhares de moradores, cons-truções umas próximas das outras, vias íngremes e muitos becos. Do lado de fora, centenas de pessoas em prédios, casas luxuosas, hotéis lotados de turistas e veículos circulando sem parar em movimentadas avenidas. Ocupar as favelas da Rocinha e do Vidigal, em São Conrado, parece uma tarefa extremamente difícil. No entanto, policiais civis do Rio já têm equipes táticas prontas, treinadas e com conhecimento sufi-ciente da região para uma esperada invasão das comunidades, revelou o delegado Allan Turnowski, chefe de Polícia Civil. A operação, porém, ainda não tem data marcada. Recém-saído da batalha de retomada do Complexo do Alemão, Turnowski garantiu que a polícia é capaz hoje de entrar em qualquer favela do Rio. As polícias Militar e Federal, além das Forças Armadas, também têm equipes preparadas para subir o Vidigal e a Rocinha quando o estado quiser. – Já temos conhecimento suficiente sobre como entrar nas favelas da Rocinha e do Vidigal, e como ocupá-las. Nossas equipes táticas de recursos especiais já estão acostumadas a progredir naquela região. Se a decisão de entrar for tomada amanhã, já temos tudo planejado, sabendo até quem vai entrar e por onde – ga-rantiu Turnowski. Duzentos fuzis com o tráfico na Rocinha A situação das favelas da Rocinha e do Vidigal é semelhante à que existia na Vila Cruzeiro e no Complexo do Alemão. Traficantes transformaram as duas comunidades da Zona Sul no entreposto de drogas, armas e munição de uma facção criminosa. Há pelo menos um ano, policiais do Rio têm conhecimento de que bandidos foragidos de outras favelas da Região Metropolitana teriam buscado refúgio na Rocinha. Só na comunidade, são mais de 200 traficantes e 200 fuzis em poder da quadrilha. O chefe do tráfico é Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem. Estratégica para o tráfico, cercada de rochas e matas, a região teria se tornado esconderijo de bandidos foragidos até do Complexo do Alemão – uma informação que os policiais não confirmam. O tenente-coronel Carlos Roberto Garcia de Oliveira, comandante do 23 BPM (Leblon), respon-sável pelo policiamento ostensivo da região, diz que a PM tem infor-mações sobre as favelas, os traficantes e a localização das bocas de fumo. Nos últimos dias, em especial depois da ocupação do Complexo do Alemão, a quantidade de informações que os PMs do Leblon rece-beram do Disque-Denúncia sobre a atuação dos criminosos da Rocinha

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e do Vidigal aumentou mais de 200%. Uma das denúncias anônimas chegou na última sexta-feira: diz que os traficantes estão aterrorizando moradores (suspeitos de darem informações às autoridades), andam muito nervosos, circulam armados por todo lado, e têm muito medo de uma invasão da polícia, que acreditam ser iminente. Embora a cúpula da segurança pública faça questão de negar, em abril deste ano as duas principais facções criminosas da cidade – a que dominava o Complexo do Alemão, e a que comanda as favelas da Rocinha e Vidigal – teriam selado um pacto de não agressão para enfrentar o projeto das Unida-des de Polícia Pacificadora (UPPs) nas favelas do Rio. Um encontro entre os principais chefes teria ocorrido na Favela da Grota, reunindo o traficante Anderson Rosa Mendonça, o Coelho, chefe do Complexo do São Carlos; um representante da Rocinha; Martiniano da Silva, o Pezão; além de Fabiano Atanázio da Silva, o FB – os dois últimos do Complexo do Alemão e que estão foragidos”.

Quando a insensatez prevalece sobre o bom senso.

Belo Horizonte, 8 de dezembro de 2010.

Exmos.(as) Srs.(as) Deputados(as) FederaisCâmara dos DeputadosBrasília – DF

Com cópias para os partidos políticos; Governadores dos Estados da União e jornais Estado de Minas e Folha de S. Paulo.

Assunto: Quando a insensatez prevalece sobre o bom senso.

Prezados (as) Senhores (as) Deputados (as) Federais,

O noticiário do Folha Online (7/12/2010) informa: “O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira que vetará a parte do pro-jeto do novo marco regulatório do setor de petróleo e gás que propõe uma redistribuição dos royalties do setor. [...] A Confederação Nacional

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dos Municípios marcou para a próxima quinta-feira reuniões nos Es-tados para pedir ao presidente que não vete a partilha. Reunidos, os milhares de gestores municipais dirão aos parlamentares e aos gover-nadores, eleitos ou reeleitos, que exigem uma distribuição mais justa dos royalties”.

A insensatez do Governador do Estado do Rio de Janeiro, considerando esse noticiário, parece que contaminou de forma definitiva a mente do Presidente Lula, que recusa ouvir a maioria do entes federados – Estados e municípios –, que clamam por uma distribuição mais justa e equitativa dos lucros com a exploração de um precioso bem que pertence a todos, sem distinção: o petróleo e o gás natural da Plata-forma Continental. O Congresso Nacional, que reflete o pensamento da nação, votou de forma definitiva essa partilha, prevalecendo entre os congressistas o bom senso no trato de um bem da União. Agora, se o Presidente da República contrariar essa decisão, para atender a um governador que não enxerga além dos próprios interesses, deixando de lado os da maioria da população brasileira, restará aos congressistas uma medida extrema para fazer prevalecer a vontade da nação: derrubar esse veto, pois têm poder para isso.

Mas outras medidas poderão ser tomadas, antes de radicalizar-se o processo; atitude que pode levar a uma crise no sistema federativo, transformando certos Estados em verdadeiros “Emirados Árabes”, com seus “emires” disputando entre si uma riqueza que não conhece fron-teiras geográficas. A primeira delas é fazer inventário de quanto o Esta-do do Rio de Janeiro já recebeu, indevidamente, até agora, de royalties pela exploração do petróleo da Plataforma Continental, pois a lei atual é inconstitucional, já que deixou de lado, quando foi promulgada, os outros entes federados que são, também, proprietários deste bem da União, como reza a Constituição Federal. Neste caso, o Estado do Rio de Janeiro terá de devolver tudo o que recebeu a mais, para que estes recursos sejam repassados para os demais Estados e municípios que ficaram de fora a ver navios.

A segunda dessas medidas consiste num levantamento de quanto o Estado do Rio de Janeiro vem recebendo de recursos da União, ou seja, do povo brasileiro, por meio de várias fontes, como o Tesouro Nacional e o BNDES, para financiar a gigantesca infraestrutura que está sendo construída em território fluminense para tocar a exploração do petróleo e gás da Plataforma Continental, em toda a sua extensão,

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como navios, plataformas, estaleiros, portos, refinarias, etc. Qual é o montante da renúncia fiscal e outros incentivos que o Governo Federal vem concedendo para viabilizar esses empreendimentos? Quanto de impostos diretos e indiretos o Governo do Estado do Rio de Janeiro vem arrecadando com tais atividades?

Todos estes benefícios, e muitos outros, como a geração de empregos e o desenvolvimento econômico e social desse Estado, não são levados em conta, ao se decidir sobre a distribuição dos Royalties, uma parcela insignificante diante do gigantesco capital que terá de ser levantado para bancar esses empreendimentos? Onde está o bom senso do Presi-dente da República, que não leva em consideração todos os elementos em jogo? Seria, também, um insensato, como o Governador Sérgio Cabral, a ponto de pôr em risco a unidade da federação, jogando um Estado contra os outros?

Agradecendo a atenção de V. Exas., subscrevo-me.

Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

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PARTE XVIII

AS CAUSAS DO FRACASSO DA ESCOLA PÚBLICA NO BRASIL

INTRODUÇÃO

Educação: O Calcanhar de Aquiles da Sociedade Brasileira

A perenização da miséria no Brasil é fruto de um processo de exclusão social que tem na educação as raízes mais profundas. Esta tragédia coletiva é o resultado de um passado escravocrata e da op-ção da elite republicana de priorizar as questões econômicas em detri-mento do social. Neste particular é bom lembrar que a última reforma substancial no ensino brasileiro ocorreu há mais de sessenta anos, no período revolucionário de Vargas, com a Lei Capanema, que mudou o ensino no País, como informa Joaquim Panini (Caminhos Novos na Educação, 1995, p. 286): “Realmente, até 1940, praticamente qualquer pessoa podia ensinar, mesmo sem o credenciamento de títulos. O mes-mo acontecendo com as escolas. Com a lei Capanema, publicada em 1942, – a primeira grande lei de ensino no Brasil – as coisas mudaram substancialmente. As escolas e, sobretudo os professores, tiveram que legalizar sua situação frente às exigências da lei, o magistério deixou de ser considerado sacerdócio e passou a ser tido somente como uma profissão, exigindo interesse, aptidão, e habilitação legal”.

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Os Sabotadores da Escola Pública

Mas, se tão grande avanço ocorreu em 1942, por que a Escola Pública de Tempo Integral, gestada desde 1932 pelos pioneiros da Es-cola Nova, foi abortada? A resposta está na luta surda travada contra a escola pública pela elite conservadora liderada pelo clero católico, como mostra o seguinte trecho extraído da obra Caminhos Novos na Educa-ção (LIMA,1995, p. 161): “Entendeu a AEC – Associação de Educação Católica –, desde o primeiro momento, que não basta ficar na oposição. Há necessidade de penetrar e atuar em todos os órgãos do poder. Fazer ouvir a nossa voz, colaborando, honradamente, com a independência de opinião, de nossa filosofia e crença. Nasceram, assim, os chama-dos ‘comandos’ no legislativo e no executivo. Era a estratégia que se impunha: estar presente, lá onde se decidiam as orientações políticas e administrativas do ensino nacional. Os primeiros comandos tiveram, no Senado, o catarinense Nereu Ramos. Na Câmara, o deputado gaúcho, Tarso Dutra. Traço de união entre os comandos, em caráter permanente, e a diretoria nacional, foi naqueles 20 primeiro anos, o ex-constituinte de 1934, Dr. Carlos Thompson Flores. As reuniões eram, geralmente, no palácio São Joaquim, sede do arcebispado do Rio. Havia também a colaboração da imprensa, com o conde Pereira Carneiro, no Jornal do Brasil, e o Dr. Roberto Marinho, em O Globo. Rara era a semana em que não publicassem algum artigo elaborado na AEC. Outros jornais como o Diário de Notícias e o Correio da Manhã, colaboraram, também. A AEC visava formar opinião. Não houve o mesmo acolhimento, por parte de O Estado de São Paulo. Às repetidas audiências solicitadas pela AEC, acudia o Dr. Júlio de Mesquita Filho, declarando, com toda cortesia, que a linha do jornal era outra. O mentor, naquela época, era o diretor da Revista Anhembi, Anísio Teixeira, nada favorável à Igreja, e ardoroso defensor do ensino estatal. Hoje – como mudam os tempos! – o Estado está publicando artigos, na nossa linha. O atual diretor, Júlio de Mesquita Neto, é antigo aluno do colégio São Luís, de São Paulo”.

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As Causas do Fracasso da Escola Pública no Brasil

Os fundamentos dessa conspiração contra a escola pública e a capitulação de Vargas, que trocou os ideais da Escola Nova pela Lei Ca-panema, descritos a seguir, foram levantados de trechos selecionados das seguintes obras: Caminhos novos na educação, sob a coordenação de Irmã Severina Alves de Lima (São Paulo: FTD, 1995); Um estudo histórico sobre o catolicismo militante em Minas, entre 1922 e 1936, de Frei Henrique Cristiano José Matos (Belo Horizonte: O Lutador, 1990); Introdução à história da Igreja, de Frei Henrique Cristiano José Matos (5. ed. Belo Horizonte: O Lutador, 1997. v. 1 e 2.); e Os Templários, de Piers Paul Read (Rio de Janeiro: Imago, 2001).

Uma Disputa de Poder e PrestígioO nó górdio que mantém o Brasil atado à miséria e à ignorância

e que o impede de sair do atraso em que se encontra e realizar suas potencialidades se situa na escola pública. O fracasso da escola pública no Brasil é o resultado de uma surda disputa de poder e prestígio entre a Igreja Católica Apostólica Romana e o Estado brasileiro, tornada ma-nifesta por ocasião da queda do Império e a consequente Proclamação da República, quando então se processou a separação da Igreja do Estado. Essa disputa, Igreja/Estado, tem suas raízes nos primórdios do Cristianismo, por obra e graça do Imperador romano Constantino (306-337dC).

“Constantino acreditava que havia chegado ao poder com a ajuda do Deus dos cristãos. Às vésperas da crucial batalha com o imperador rival Maxêncio na Ponte Mílvio, junto dos muros de Roma, fora-lhe dito num sonho (ou possivelmente numa visão) que pintasse um monogra-ma cristão nos escudos de seus soldados com as palavras In hoc signo vinces (Com este sinal vencerás)”. (READ, p. 9).

“Constantino sucessivamente adotou outras medidas favoráveis aos cristãos, como se quisesse fazer da religião cristã um instrumento

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de fortalecimento e unidade do Estado, que também procurava robuste-cer por outros meios (reforma da burocracia civil e dos comandos mi-litares; medidas econômicas e fiscais; etc.). Em particular, Constantino parece ter visto no monoteísmo uma forma de legitimar a monarquia: a um só Deus do universo corresponde um só soberano ou monarca para o Império. Também a transformação da antiga Bizâncio numa nova cidade, Constantinopla, inaugurada em 330, pareceu significar o aban-dono, por parte do imperador, da Roma pagã e a substituição por uma nova Capital cristã”. (MATOS, 1997, v. 1, p. 97).

“Entre os atos de Constantino em favor da Igreja, podem ser ci-tados: + A concessão de imunidades ou isenção de obrigações pessoais para com o Estado (impostos, etc.), tanto para os sacerdotes pagãos, como para o clero católico. + Reconhecimento jurídico das decisões epis-copais: os bispos podem arbitrar causas também de pagãos. + Abolição da crucificação e proibição das lutas de gladiadores, que, no entanto, continuarão ainda por um século. + Permissão à Igreja de receber he-ranças e doação de grandes igrejas ou basílicas (Basílica do Latrão e de São Pedro, em Roma; Santo Sepulcro, em Jerusalém; Natividade, em Belém...). + Reconhecimento do domingo como feriado e progressiva redução das festas pagãs”. (MATOS, 1997, v. 1, p. 97-98).

“A propósito deste período e de imperadores como Constantino, Constâncio e, mais tarde, Justiniano (527-565), falou-se em cesaropa-pismo. O termo é moderno e indica uma teoria segundo a qual o poder civil e o poder religioso se reuniriam numa só pessoa, a do imperador, que exerceria conjuntamente as funções de imperador e de papa”. (MA-TOS, 1997, v. 1, p. 102-103).

“A Igreja assumiu mais do que as funções do extinto Império: era o Império Romano na mente do povo. Ser romano era ser cristão; ser cristão era ser romano. Depois de Justiniano, o mundo mediterrâ-neo passou a considerar a si mesmo não mais como uma sociedade na qual o cristianismo era apenas a religião dominante, mas uma so-ciedade totalmente cristã. Os pagãos desapareceram nas classes mais elevadas, e mesmo no campo [...] o não-cristão constatava que era

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um fora-da-lei num Estado unificado. Num sentido real e consciente, os bispos da Igreja Católica assumiram as responsabilidades da classe senatorial romana: essa foi a hipótese básica por trás da retórica e do cerimonial do papado medieval”. (READ, p. 46).

“Por volta de 1300, deu-se um desentendimento entre o Papa Bonifácio VIII (1294-1303) e o rei Felipe IV, o Belo (1285-1314), da França. Conflitos semelhantes, surgidos, via de regra, por motivos de delimitação de poderes, já haviam ocorrido em épocas anteriores, como conseqüência natural da fusão de competências entre o poder espiritual e temporal. Por maiores que tivessem sido os choques, até então uma coisa ficara incontestável: a união inquebrantável de Igreja e Estado, sob a dupla autoridade de papa e monarca. A novidade estava exata-mente em não mais se tratar de uma simples questão de rivalidade, mas de um profundo questionamento sobre a origem do poder. Felipe sustentava que sua autoridade régia derivava diretamente de Deus e, conseqüentemente, não se submetia a nenhuma restrição por parte do Papa. Como monarca, era inteiramente independente e somente em questões de fé teria de obedecer ao pontífice. Em outras palavras: o rei subtraiu toda vida política à direção da Igreja”. (MATOS, 1997, v.1, p. 286-287).

“O ano de 1300 marcou o ponto alto do pontificado de Bonifácio VIII e na época pareceu o auge das reivindicações pontifícias à juris-dição universal. [...] O papa Bonifácio, exultante, apareceu diante dos peregrinos sentado no trono de Constantino, segurando espada, coroa e cetro e gritando: Eu sou César!” (READ, p. 276-277).

A Ordem dos Templários“A morte de Bonifácio não pôs fim ao conflito entre o Papa e

a França. [...] Finalmente, a escolha recaiu sobre Clemente V (1305-1314), arcebispo de Bordéus. Este se mantivera neutro na luta par-tidária, sendo figura bem vista por Felipe. Não foi uma eleição muito feliz. A fim de restabelecer a paz o mais breve possível, fez grandes

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concessões a Felipe, que não seriam benéficas para a Igreja. Apoiou um processo contra a Ordem dos Templários, que o rei queria aniquilar, provavelmente para se apoderar de suas riquezas. O processo realizou-se de forma completamente arbitrária e as atitudes autocráticas de Fe-lipe provam que o prestígio do Papa diminuíra notavelmente. Embora as acusações feitas não fossem comprovadas, Clemente suspendeu a Instituição dos Templários (1307). A vontade de Felipe prevaleceu”. (MATOS, 1997, v. 1, p. 289).

A Ordem de Cristo“Em Portugal, a Ordem do Templo, com permissão do papa,

tinha sido reorganizada como Ordem de Cristo. Aí, também, era con-trolada pelos reis portugueses, que conseguiram instalar príncipes re-ais ou outros favoritos como mestres. Seus feitos mais significativos se deram sob seu mestre, o príncipe Henrique, nomeado em 1418, o qual usou a riqueza da ordem para financiar expedições exploratórias à costa da África, ao redor do cabo da Boa Esperança e por fim à Ásia. No século XVI, o controle das ordens passou para a Coroa, e, como as sucessivas bulas papais atenuaram os votos de pobreza, castidade e obediência, a qualidade de membro transformou-se meramente numa questão de honra e prestígio”. (READ, p. 338).

O Poder da Igreja na América Latina“A partir da segunda metade do século XV, Espanha e Portugal

assumem, progressivamente, a hegemonia da expansão colonial euro-péia, sob a égide da incipiente política econômica do mercantilismo. Dilatar a fé e o império, impor-se pela cruz e espada, são diferentes maneiras de exprimir a implantação dos impérios ibéricos, ao mesmo tempo mercantis e salvacionista”. (MATOS, 1997, v. 2, p. 89-90).

“Na Península Ibérica existia a mentalidade, amplamente difun-dida, segundo a qual Portugal e Espanha foram escolhidos por Deus para difundir a fé cristã nas novas terras já descobertas ou a serem

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conhecidas. Trata-se de um messianismo que ressoa, inclusive, nas obras de Las Casas quando afirma que Deus havia eleito o povo espa-nhol como ministro da fé (As vinte razões). Também Antônio Vieira SJ [1608-1697] se faz porta-voz dessa convicção, afirmando que nesses tempos surge um novo império, o reino de Cristo na terra, governado pelo Papa (poder espiritual) e pelo rei de Portugal (poder temporal)”. (MATOS, 1997, v. 2, p. 95-97).

“Cinco séculos de luta contra os Mouros na Península Ibérica [c.750-1492], movimento conhecido como Reconquista Cristã, incul-cou nos ibéricos um espírito de cruzada: usar a força das armas como meio legítimo na defesa da fé! Imbuídos desta mesma mentalidade, os conquistadores declaram justa a guerra, caso os indígenas negarem a aceitar pacificamente a fé. O grito Crê ou morre dos cruzados medievais recebe aqui uma nova aplicação”. (MATOS, 1997, v. 2, p. 97).

“Quanto à implantação da Igreja-Instituição e à organização ecle-siástica, constatamos que em 1511 foram criadas as três primeiras se-des episcopais, entre elas a de Santo Domingo (arquidiocese em 1546). A Igreja no Brasil dependia inicialmente do Bispado de Funchal, nas Ilhas Açores. Em 1551 erigiu-se a diocese de São Salvador da Bahia. De 1551 a 1676, houve um só bispo para toda a América portuguesa e somente em 1707, com as Constituições Primeiras do Arcebispo da Bahia, é que surge uma estrutura eclesiástica mais definida”. (MATOS, 1997, v. 2, p. 95).

“Através de sucessivas concessões pontifícias que confiavam aos monarcas ibéricos o cuidado da Igreja em terras ultramarinas, por eles descobertas e conquistadas, a evangelização da América Latina estava, de fato, nas mãos da Coroa, e, conseqüentemente, era integrada ao projeto colonial de dominação. Eram, de fato, os reis de Espanha e Portugal que enviavam os missionários e que tinham o direito de receber os dízimos, para financiar a catequese e o culto. Pertencia-lhes, igualmente, a faculdade de criar novas dioceses, nomear bispos e outros dignitários eclesiásticos. Toda a comunicação com Roma era sujeita ao controle do monarca. O funcionamento do padroado foi,

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igualmente, bem além da legislação escrita e o poder colonial chegou a dominar por completo a instituição eclesiástica, cerceando, de forma abusiva, sua vida interna e seus representantes, entre eles particular-mente as Ordens Religiosas. Um dos aspectos práticos do padroado era que ninguém podia tornar-se cristão sem, ao mesmo tempo, passar a ser súdito do rei da Espanha ou de Portugal. Efetivamente, expansão imperialista e conversão cristã caminhavam de mãos dadas!” (MATOS, 1997, v. 2, p. 100).

O Poder da Igreja no Brasil“A colônia portuguesa nas Américas segue um itinerário sui ge-

neris. A 7 de setembro de 1822 um príncipe da casa real portuguesa, Dom Pedro I, rompe os laços políticos com a Metrópole, tornando o Brasil um país independente. É instituído o regime monárquico e pro-clamado o Império do Brasil, com constituição outorgada em 24 de fevereiro de 1824, na qual a religião católica é declarada oficial (artigo 5º) e o Imperador considerado o protetor natural da Igreja, com todas as prerrogativas do antigo Padroado luso (artigo 102)”. (MATOS, 1997, v. 2, p. 119).

“No Brasil verificamos, no período em questão, vários choques entre o poder imperial e a Igreja por causa do regalismo. Após o posi-cionamento das autoridades políticas em relação ao direito inalienável do padroado, ora transferido naturalmente para a pessoa do Imperador (1827), e o episódio de quase ruptura com Roma (1833) devido às atitudes de Diogo Antônio Feijó (1784-1843), as tensões entre a Igreja e Estado não cessam. Assim, em 1855 é proibida a admissão de novi-ços às antigas Ordens Religiosas do Império, medida que provoca uma drástica diminuição numérica desses institutos, levando-os à beira da extinção em fins do período monárquico. Famosa foi a Questão Religio-sa (1872-1875), ligada à infiltração maçônica em irmandades de Belém e Olinda, cidades que viram seus bispos aprisionados e condenados a trabalhos forçados”. (MATOS, 1997, v. 2, p. 123).

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A Separação da Igreja do Estado

“Proclamada a República, em 15 de novembro de 1889, logo aos 7 de janeiro de 1890, o Governo Provisório publicou o Decreto da separação da Igreja e do Estado. Antes de chegar à publicação des-se revolucionário Estatuto, de tão decisiva importância sócio-política, houve várias tentativas de impedi-lo ou, pelo menos, amenizar suas conseqüências. Os líderes católicos continuavam a defender em tese o ideal de união entre Igreja e Estado, aceitando a separação como situa-ção de fato, após a promulgação do Decreto nr. 119-A, de 7 de janeiro de 1890. Obviamente ninguém desejava um simples retorno à política imperial referente à Igreja, aquela falsa união e escravizamento, aquele regime de privilégios e subsídios com que se mascarava a opressão (Pe. Júlio Maria, CSSR), mas seria inaceitável confundir a separação com a hostilidade ou com a indiferença”. (MATOS, 1990, p.12).

“Não se pode negar que o documento de 7/1/1890 é sereno, discreto e preciso; não contém excessos e nem esconde ódios. Não deixa de ser a carta de alforria do catolicismo no Brasil, abolindo no art. 4º o padroado com todas as suas instituições, recursos e prerrogativas; proibindo no art. 1º ao governo federal leis, regulamentos ou atos ad-ministrativos sobre a religião; declarando no art. 2º o direito de todas as confissões religiosas ao exercício de seu culto, sem obstáculos aos seus atos particulares ou públicos; assegurando no art. 3º a liberdade religiosa, não só aos indivíduos isoladamente considerados, mas ainda às Igrejas que os unem numa mesma comunhão; estabelecendo no art. 5oo a personalidade jurídica para todas as Igrejas e comunhões religiosas, e mantendo a cada uma o domínio de seus bens”. (MATOS, 1990, p.13).

A Reação do Clero Católico“Apesar das intervenções e apelos da Hierarquia católica, a Cons-

tituição republicana de 24 de fevereiro de 1891 adotou uma filosofia a-religiosa e nitidamente laicista, eliminando – como vimos – a evocação

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do nome de Deus na Carta Magna, proibindo o ensino religioso nas escolas públicas e não reconhecendo o matrimônio religioso para efei-tos civis. Essa mesma política de laicização do Estado, no entanto, não foi seguida pelo Congresso Constituinte de Minas Gerais que, no dia 15 de junho de 1891, decretou e promulgou a Constituição Mineira em nome de Deus Todo Poderoso. Comenta Mons. Carlos de Vasconcellos, no seu discurso de instalação do 1º Congresso Catequístico Brasileiro de 1928: Minas repudiava assim a apostasia oficial da Constituição atéia da República Brasileira, inspirada pelo positivismo. Se esta não foi ainda batizada, como dizia Júlio Maria, e conserva o pecado original de apostasia, o Estado de Minas, desde o berço, recebeu ao menos a graça do batismo de desejo!” (MATOS, 1990, p.16).

“Apesar da separação oficial de Igreja e Estado no Brasil, consa-grada pelo Decreto 119-A, de 7 de janeiro de 1890, e incorporada na constituição de 1891, assistimos, na Primeira República, a um curioso processo de reaproximação dos dois poderes. A Igreja não se conforma com uma posição secundária na vida nacional, apelando aos sentimen-tos religiosos da absoluta maioria da população. Já nos primeiros anos da República, os bispos mostram claramente que não aceitam a opinião que entre a Igreja e o Estado deve ter pouco ou quase nenhum contato, nenhuma cooperação, em suma, legalmente têm que se ignorar mutu-amente. Independência não quer dizer separação, afirma o Episcopado em sua Carta Pastoral de 1890”. (MATOS, 1990, p. 45).

“O processo de reaproximação entre a Igreja e Estado, nas pri-meiras quatro décadas do regime republicano, não é retilíneo e conhece um vai-e-vem, que revela os interesses em jogo naquela etapa históri-ca. [...] Em 1905 o Brasil foi agraciado com o primeiro cardinalato da América Latina, na pessoa de Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti (1897-1930), arcebispo do Rio de Janeiro. [...] Em 1919 a representação diplomática junto à Santa Sé foi elevada à categoria de Embaixada, enquanto, no Brasil, a Nunciatura recebeu o status de primeira classe. [...] Em maio de 1924 foi celebrado, com grandes fes-tividades, o jubileu de ouro sacerdotal do Cardeal Arcoverde. Além da

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impressionante Missa Campal, especialmente organizada pelos nossos militares, em que tomaram parte mais de dez mil soldados de terra e mar e a comunhão dos intelectuais, quando das mãos de S. Ex. Rvdma., o Snr. D. Sebastião Leme, mais de 500 homens de letras, professores, cientistas, acadêmicos, artistas, etc. receberam a Sagrada Comunhão, o que mais chamou a atenção foi o fato de o governo da República ter tomado parte conspícua nessas festividades. No dia 4 de maio de 1924, compareceu ao Palácio São Joaquim, no Rio de Janeiro, o próprio Presidente da República, Dr. Arthur Bernardes (1922-1926), acompanhado do Sr. Dr. Estácio Coimbra, vice-presidente, das casas civil e militar e de todo o Ministério, para homenagear o purpurado. Era a primeira vez, depois da separação da Igreja e do Estado, que uma autoridade eclesiástica recebia tais honras por parte do Chefe da Nação. Houve 20 minutos de conversação amistosa. Trocaram-se discursos e foram tiradas fotografias, em que, ao lado do Cardeal e de outros prelados, aparecem o Presidente da República e eu séqüito. Uma hora depois, Dom Arcoverde e todos os Bispos presentes foram agradecer a distinção do Governo Brasileiro. À saudação de Dom Joaquim Silvério de Souza (1905-1933), Arcebispo de Diamantina, respondeu o Presi-dente com um discurso que foi uma verdadeira apologia da ação da Igreja Católica no Brasil. Mas o ponto alto constituiu, sem dúvida, do banquete no Itamarati, oferecido à noite daquele dia 4 de maio, pelo Chanceler Félix Pacheco. Ainda muitos anos depois, este evento será lembrado pela imprensa católica como um manifesto congraçamento da República com a consciência católica da universidade dos brasilei-ros. Fala-se, na ocasião, de um verdadeiro batismo da República no Brasil”. (MATOS, 1990, p. 47-49).

Uma Interpretação Tendenciosa“A proclamação da República, em novembro de 1889, trouxe

como conseqüência a abolição do Padroado, deixando o catolicismo de ser religião oficial do estado. À semelhança do que já vinha ocor-rendo na Europa, a constituição republicana decretou a implantação do

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estado leigo, com as respectivas conseqüências na área da família e da educação. Com a mesma força de repúdio à laicização do Estado e ao casamento civil, os bispos passaram a condenar o ensino leigo nas escolas. Segundo a hierarquia eclesiástica, a laicização do ensino era considerada como uma forma prática de ateísmo e causa de profundos males para o país. Já na reclamação feita pelo episcopado ao governo provisório, datada de 6 de agosto de 1890, existe uma condenação explícita do ensino leigo; numa interpretação tendenciosa, afirma-se que o governo havia optado pelo ateísmo oficial: Que há de ser, dentro de poucos anos, quando as funestas doutrinas do ateísmo nas esco-la públicas, houverem produzido entre nós os deploráveis frutos de dissolução e imoralidade que a experiência de outros países já deixou tristemente evidenciados?

Nas pastorais coletivas de 1900, na comemoração do 4º cente-nário da descoberta do Brasil, os bispos voltam a insistir nessa mesma posição, extremamente polêmica, com relação ao ensino leigo: Decre-tou-se que nossas escolas primárias e superiores fossem seminários de ateísmo, onde nada se ensinasse de religião, nada de Deus. Este nome adorável poderão os mestres proferir para o insulto ou negar; não terão liberdade de infundir na inteligência e no coração dos alunos conhecimento e amor de Deus criador deles e do universo. É evidente que os bispos manipulam, em defesa de sua tese, o próprio texto do decreto, estabelecendo uma equivalência indébita entre ensino leigo e ensino ateu. O fato de se prescindir, nas escolas públicas, do ensino da fé católica, de forma alguma significava que houvesse na mente dos legisladores uma intenção declarada de promover o ateísmo entre a juventude. O ensino religioso continuava a ser mantido livremente nas escolas confessionais das diferentes denominações religiosas. Apesar do clamor do episcopado, o governo republicano deixava plena liber-dade para que a instituição eclesiástica se expandisse e se fortalecesse nesse período, o que não ocorria na época imperial.

A convite dos bispos e, sob o estímulo da Santa Sé, inúmeros institutos religiosos europeus se estabeleceram no país nas primei-

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ras décadas do regime republicano. A celebração do concílio plenário latino-americano, em Roma, em 1898, permitiu que a cúria romana confirmasse de forma definitiva seu domínio sobre as Igrejas oriundas do colonialismo ibérico. O concílio foi elaborado e conduzido pelos peritos da Santa Sé, cabendo aos prelados apenas ratificar as diretrizes romanas. Um dos pontos mais enfatizados, pelo concílio, era a neces-sidade de promoção das escolas católicas, como forma de se contrapor à perspectiva leiga dos estados modernos. A fim de levar avante esse projeto, recomendava-se que os prelados latino-americanos continuas-sem a obter a colaboração de religiosos da Europa.

O tema escola católica passou a constituir um enfoque importan-te da conferência dos bispos do centro-sul do país, reunidos em São Paulo, em 1910. A escola pública, desprovida do seu caráter sacral, era condenada explicitamente pelos membros da hierarquia eclesiástica, afirmando que a Igreja Católica “detesta e condena as escolas neutras, mistas e leigas, em que se suprime todo o ensino da doutrina cristã”. E acrescentavam em seguida, fiéis às orientações do concílio latino-americano:“Esforcem-se, portanto, os reverendos párocos, pregadores e catequistas, por dissuadir aos pais de família, que não poderão pres-tar pior serviço aos filhos, à pátria e ao catolicismo, que colocar seus filhos em tais escolas, expostos a perigos tão grandes”.

O contraponto era a necessidade de escolas de confissão cató-lica. O clero diocesano foi incentivado a que patrocinasse essas fun-dações, no âmbito de suas paróquias: “Nas circunstâncias em que se acha a Igreja diante do ensino leigo, é de necessidade inadiável que em todas as paróquias, haja escolas primárias católicas, a que chamam pa-roquiais, nas quais a mocidade nascente encontre o pasto espiritual da doutrina cristã, e de outros conhecimentos para a vida prática. Ordena-mos, portanto, aos reverendos párocos que envidem todos os esforços para fundá-las o quanto antes, onde as não houver; e não descansem, enquanto não conseguirem, por si ou por outrem, a realização deste ideal, em suas paróquias, custe o que custar”.

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A finalidade básica da escola paroquial era oferecer aos meninos uma instrução elementar que lhes permitisse assimilar melhor os con-ceitos da doutrina católica, preparando-se assim de forma adequada para a recepção dos sacramentos da penitência e da eucaristia. Foi, sobretudo, nas regiões de imigração européia no sul do país onde esse apelo foi atendido de forma mais plena. Instalados no Rio Grande do Sul, em 1900, os Irmãos maristas tornaram-se valiosos colaboradores dos párocos na promoção das escolas católicas. Em Santa Catarina foi fundada em 1913 a congregação das Irmãs Catequistas Franciscanas cuja finalidade específica era o magistério nas escolas paroquiais. Não obstante, na medida em que se ampliava a rede escolar pública, muitas famílias católicas passaram a optar por ela pelo aspecto da gratuidade, tanto mais que freqüentemente eram os mesmos professores que lecio-navam tanto nas escolas municipais como nas escolas paroquiais. Nes-se período, intensificou-se no país o ensino secundário, e os religiosos passaram a ocupar lugar significativo nessa área, com a fundação dos colégios, nas diversas regiões do país.

Três razões principais podem ser indicadas para essa opção de atividade, dentro da Igreja do Brasil. Em primeiro lugar, a maioria das congregações européias, já se dedicavam anteriormente a esse tipo de atividade; o que fizeram foi simplesmente transplantar para o país mé-todos e obras que já haviam dado bons resultados em outras regiões. Além disso, a fundação de escolas passou a constituir o meio principal de prover o sustento econômico das novas fundações religiosas, so-bretudo quando o governo republicano, recém-instalado no Brasil, se negava a amparar as obras de cunho religioso. Por último, a criação das escolas católicas era uma das grandes metas do episcopado, so-bretudo após o decreto de separação entre a Igreja e Estado”. (LIMA, p. 30-33).

O Combate à Escola Pública na República Velha“Após a proclamação da República, a Igreja iniciou um movi-

mento de reação contra o novo regime, em vista de seu caráter leigo;

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havia ainda muitos prelados e clérigos saudosistas da época imperial, quando a instituição eclesiástica gozava de uma série de privilégios, por ser o catolicismo religião. A legitimação do governo republicano foi promovida, sobretudo, pelos positivistas, cuja doutrina teve grande aceitação no exército, através do incentivo ao espírito cívico. A partir das comemorações do centenário da independência, registra-se uma mudança de estratégia por parte da Igreja: a ênfase do discurso eclesi-ástico passa a ser a união entre fé católica e pátria brasileira. Na con-cepção do episcopado, era necessário recuperar a influência junto ao poder político. De fato, a partir da década de 20, iniciou-se uma etapa que pode ser designada como Restauração católica ou neo-Cristandade brasileira”. (LIMA, p. 37).

“Diante desta situação a Igreja procura reforçar seus quadros internos e também sua organização externa. Excluída da vida pública, quer aumentar sua influência e prestígio na sociedade civil, mediante uma atuação mais destacada na educação (com colégios católicos, ge-ralmente destinados à elite), nas obras sociais, na imprensa e nas pias associações de leigos. Nesta tarefa recebe enorme apoio de Congre-gações religiosas européias que afluem, em grande número, ao Con-tinente. Interessante também é o ingente esforço da hierarquia para conquistar um lugar para a Igreja na escola pública, com campanhas a favor do ensino religioso na rede educacional oficial”. (MATOS, 1997, v. 2, p. 125).

“A escola neutra é uma calamidade, um sistema mentiroso, es-crevia Leão XIII. Em face de Cristo, senhores, não há meio termo; a alternativa é a da estrada de Damasco: ou com Paulo se o segue ou com Saulo se o persegue. A escola sem Deus é contra Deus”. (MATOS, 1990, p. 76).

“Na sua Carta Pastoral de 29-3-1912, já escrevera Dom Silvério Gomes Pimenta, Arcebispo de Mariana: Escolas chamadas neutra, ou atéias, são perniciosíssima invenção para arrancar do coração da infân-cia, e depois da sociedade, a fé e os sentimentos religiosos. Este nefan-do empenho se acoberta e se procura defender com a capa de liberdade

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de consciência, de civilização, de progresso, quando na realidade não é senão uma guerra nutrida contra a fé católica, alvejada principalmente com tais medidas. Outros falam da ‘monstruosidade perversa do ensino leigo’ e do ‘mais violento vírus que se possa inocular a uma nação para corrompê-la’”. (MATOS, 1990, p. 75).

“A lição da história nos ensina que o grupo ou partido que tiver o monopólio da escola, cedo ou tarde, triunfará. É indispensável que os católicos sinceros e esclarecidos, seguindo um plano bem traçado, iniciem uma luta sem tréguas contra o princípio da laicidade do ensi-no. Urge uma propaganda intensa, ardente, contra a violação odiosa da vontade popular pela imposição iníqua – a um povo inteiramente católico! – de um ensino que ele não quer. O grito de guerra de todo o exército católico deve ser: Queremos Deus nas escolas! As escolas são nossas, somos nós que as pagamos e sustentamos, não as queremos sem o ensino da Religião! Fora o ensino leigo! Para nós, como para nossos irmãos de crença de todos os países não há escolher o campo de batalha: só poder ser o da salvação da infância e da mocidade pela destruição do ensino leigo, ou ao menos pela subtração dos filhos dos católicos à sua mortífera influência. Unindo as imensas forças católicas em todo o território nacional, fazendo pressão sobre as autoridades municipais, estaduais e federais, a Igreja conseguirá, em breve, que Jesus Cristo e a Religião dos nossos ancestrais voltem a ocupar, no ensino, o lugar de honra que lhe compete e que, só pela mais tirânica e criminosa imposição de uma ínfima minoria de falsos democratas lhes havia sido arrancado. Desse recobrar de esforços pelo ensino re-ligioso – afirmam os bispos da Província Eclesiástica de Mariana, no Apelo dirigido ao Clero, aos chefes de família e aos professores, Pouso Alegre, 7 de maio de 1927 – há de surgir uma nova floração de ener-gias e virtudes, a pontearem de esperanças os horizontes da Pátria e a atraírem sobre vós as mais preciosas recompensas do céu”. (MATOS, 1990, p. 76-77).

“A campanha pelo ensino religioso teve em Minas contornos específicos. Aí a luta foi mais intensa e conseguiram-se vitórias, que

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serviram de estímulo para os católicos de outras regiões do país. [...] As coisas mudaram quando o Governador positivista João Pinheiro da Silva e seus secretário de Interior, Carvalho Brito, em 1906, proibiram o ensino religioso na escola oficial, deixando, igualmente, de subven-cionar os seminários católicos”. (MATOS, 1990, p. 77-78).

“Já em 1890, na sua Carta Pastoral Coletiva, o episcopado brasi-leiro dizia: ‘Nós vemos nas escolas, desde as ínfimas até as superiores, erguerem-se cátedras de pestilência a exalar os seus miasmas deletérios, e enquanto nesses santuários poluídos da ciência os professores do ate-ísmo perverterem a incauta mocidade sedenta de saber...’ É convicção profunda entre os católicos ‘esclarecidos’ da época, que a escola neutra, ou seja, nas suas respectivas paróquias”. (MATOS, 1990, p. 88).

“Um dos aspectos mais importantes na obra de ‘recristianização’ do Brasil, durante o período da ‘Primeira República’, é, sem sombra de dúvida, a campanha desenvolvida pela Igreja para reintroduzir o ensino religioso nas escolas da rede pública. Na opinião católica da época, trata-se ‘sem Deus’, não educa, porque ‘não forma o caráter, nem o homem, cuja vida espiritual não pode abstrair da religião’. Encontra-mos semelhante argumentação nas próprias diretrizes oficiais da Igre-ja, desde pronunciamentos pontifícios, posicionamento do episcopado nacional e local, até simples orientações de uma questão de vida ou morte: sem bases cristãs na mocidade, não haverá futuro para o Brasil. A questão se enquadra numa perspectiva mais ampla: a implantação da ‘ordem cristã’ na sociedade brasileira”. (MATOS, 1990, p.73).

“A ‘questão escolar’ no Brasil não é fenômeno isolado no con-junto da Igreja Universal. Amplamente conhecidos sãos os ingentes esforços, por exemplo, dos católicos franceses em defesa da escola católica, como demonstra, entre outros, o famoso discurso de Charles de Montalembert (1810-1870) perante a ‘Chambre des Pairs’, em 1831. Particularmente instrutiva é também a ação dos católicos holandeses quanto à escola confessional cristã, na qual se destaca a figura de Herman Schaepiman (1844-1903) que conseguiu a colaboração política do partido protestante, para garantir o reconhecimento, e, mais tarde,

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a plena subvenção do ensino cristão particular (em 1920, já depois de sua morte)”. (MATOS, 1990, p. 75).

A Criação da Rede Particular de Ensino“As orientações de Roma a respeito da ‘escola católica’ servem

de estímulo e apoio aos católicos brasileiros em construir sua própria ‘rede particular de ensino’. Em sua Pastoral Coletiva de 1922, os Bispos recordam aos fiéis a exortação de Leão XIII, quando escrevem: Pelo que ao nosso país concerne, o Papa Leão XIII, na Carta ‘Litteras a vobis’ diz: ‘Estabeleçam-se também escolas para instrução dos meninos, a fim de não suceder que, com grande detrimento da fé e dos costumes, recorram, como sói acontecer, às escolas dos hereges ou freqüentem colégios onde não se faz menção nenhuma da doutrina católica, exceto talvez para caluniá-lo. Escusado é encarecer a importância das palavras pontifícias. À sua luz rasga-se o caminho que devemos trilhar, sob pena de perderem a fé verdadeira não poucos dos que têm a ventura de nascer no generoso grêmio da Igreja’. Pio XI – na sua Encíclica ‘Divini Illius Magistri’, de 1929, pondera: ‘... é indispensável que todo o ensino e toda a organização da escola: mestres, programas, livros, em todas as disciplinas, sejam regidos pelo espírito cristão, sob a direção e vigilância maternal da Igreja Católica, de modo que a Religião seja verdadeiramente fundamento e coroa de toda a instrução, em todos os graus, não só elementar, mas também média e superior’. Dom Leme já tocara o ideal da escola ‘integralmente católica’, na sua Pastoral de 1916: ‘Nós queremos escolas francamente religiosas. Nesse intuito não mediremos trabalhos. [...] A escola – repete Dom Leme, citando Leão XIII – é o campo de batalha em que se decide o caráter cristão da so-ciedade’”. (MATOS, 1990, p. 91).

“Uma das maiores desgraças que atingiu o Brasil no período da Primeira República é, segundo muitos católicos da época, a difusão dos ‘colégios protestantes ou americanos’, na Terra de Santa Cruz. Na sua ‘Circular de 3-4-1906’, o Arcebispo de Mariana declara sem rodeios: Falo de meninos de ambos os sexos, que os pais não temem confiar

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a colégios e mestres protestantes, heterodoxos, ou ainda sem religião. Não vêem esses pais que com semelhante procedimento impelem seus filhos para a apostasia, fazendo-os perder no colégio, ou nas aulas, as verdades católicas que aprenderam, ou deviam aprender em casa. Pais que assim tratam seus filhos são diante de Deus réus de um crime, que o Apóstolo classifica de apostasia, mais grave que a mesma infide-lidade: ‘Si quis suorum máxime domesticorum curam no habet, fidem negavit, et est infideli deterior’” (I Tim.5,8). (MATOS, 1990, p. 92-93).

O Advento da Revolução de 30“A partir da década de 20, portanto, a Igreja procura uma reapro-

ximação com o Estado, não em termos de subordinação, mas de cola-boração. A hierarquia eclesiástica mostra-se disposta a colaborar com o governo na manutenção da ordem pública, mas exige em troca que o Estado atenda às suas reivindicações de ordem religiosa. Essa aliança passou a ser mantida após a revolução de 1930, com a ascensão dos novos líderes políticos. Para conquistar o apoio da Igreja, não faltaram concessões explícitas do governo revolucionário, como a autorização para o ensino religioso nas escolas públicas”. (LIMA, p. 38-39).

“Getúlio Vargas (1883-1954), que dirigirá os destinos da Na-ção a partir da Revolução de 1930, primeiro como chefe do Governo Provisório (1930-1934), depois como Presidente Constitucional (1934-1937) e ditador (1937-1945), ficará eternamente grato a Dom Leme, que evitou o derramamento de sangue na deposição de Washington Luiz (1870-1957) como presidente da República em 1930. Durante o Estado Novo (1937-1945) – na realidade o regime ditatorial de Vargas –, realizar-se-á um pacto moral entre a Igreja e o Estado, garantia de uma posição privilegiada do catolicismo no Brasil. Notável foi a bem-sucedida campanha da Igreja para conseguir a implantação do ensi-no religioso na escola pública, em nível regional (Minas Gerais, 1928) e, pouco depois, em nível nacional (Decreto do Governo Federal de 1931)”. (MATOS, 1997, v. 2, p. 129).

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A Capitulação de Vargas

“Para José Oscar Beozzo, 1935 é o ‘ano chave’ da década de 30. A Revolução de 1930 permite o desbloqueio de inúmeras forças sociais que se radicalizam mais profundamente em 1935, quando co-meça a se fechar o espaço, para estas forças populares emergentes, ocupado cada vez pelo reagrupamento das classes dominantes e pela intervenção do Estado. [...] A Igreja se adapta ao ‘projeto populista’ de Vargas, apresentando-se como força moderadora nas tensões e confli-tos sociais da época. Defende a ordem social vigente, agora ‘batizada’ pela Carta Magna de 34, e o princípio de ‘obediência à Autoridade esta-belecida’. Vê no comunismo o grande inimigo a ser combatido, devido à sua inspiração materialista e espírito revolucionário. Neste contexto nascem as simpatias de significativos setores da Igreja no Brasil pelo movimento integralista, que trazia em seu programa o tríplice lema: Deus, Pátria e Família, valores extremamente caros ao catolicismo da época.” (MATOS, 1990, p. 261).

“Esse período é também marcado por importantes reformas educativas promovidas tanto em nível federal como estadual. Esse in-teresse e entusiasmo pela educação foi provocado pelo movimento da escola nova, tendo com principais líderes Fernando de Azevedo, Sam-paio Dória, Lourenço Filho e Anísio Teixeira. Alguns líderes católicos manifestaram-se, desde o início, favoráveis a esse movimento reno-vador da escola, como Mário Casassanta, Jônatas Serrano e Everardo Backheuser. Mas a posição católica mais ampla foi de reservas, quan-do não de franca oposição, destacando-se nessa linha Alceu Amoroso Lima”. (LIMA, p. 41-42).

A Vitória da Igreja e a Derrota da Escola Pública“O período de um século que antecede à fundação da AEC

(1844- 1944) é marcado inicialmente por um forte atrelamento da edu-cação católica às diretrizes eclesiásticas romanas, tendo como finalida-de promover prioritariamente o ensino da doutrina cristã. Essa postura

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autoritária e antiliberal da Igreja assumiu força no Brasil a partir de 1844, quando Dom Antônio Ferreira Viçoso tomava posse da diocese de Mariana, iniciando o movimento dos Bispos reformadores e com a fundação do colégio jesuíta, do Desterro, nesse mesmo ano. A grande meta da educação era a formação da classe dirigente do país, por isso a maioria dos colégios destinava-se tanto aos filhos da tradicional aris-tocracia rural como da burguesia emergente. A derrocada dos regimes autoritários, ao final da Segunda Guerra Mundial, marca o início de uma nova era, abrindo-se também a escola católica para as idéias da escola nova e para os novos projetos de uma sociedade liberal e democrática. Em 1945, com o término da Segunda Guerra Mundial, a tradicional perspectiva eclesiástica começou a ser abalada. O avanço das idéias democráticas na Europa, com profundas repercussões na política e na sociedade brasileira, obrigaram a Igreja a rever suas posições”. (LIMA, p. 21-23).

A Síndrome do Sapo Fervido(Revista Tecnologia e Treinamento, n. 31, p. 45)

Vários estudos biológicos provaram que um sapo colocado num recipiente com a mesma água de sua lagoa fica estático durante todo o tempo em que aquecemos a água, até que ela ferva. O sapo não reage ao gradual aumento da temperatura (mudanças do ambiente) e morre quando a água ferve. Inchadinho e feliz. No entanto, outro sapo, jogado nesse mesmo recipiente já com água fervendo, salta imediatamente para fora, meio chamuscado, porém, vivo!

Existem pessoas que têm comportamento similar ao do SAPO FERVIDO. Não percebem as mudanças, acham que está tudo bem, que vai passar, que é só dar um tempo... e, muitas vezes, fazem um gran-de estrago em si mesmas, “morrendo” inchadinhas e felizes, sem, ao menos, ter percebido as mudanças. Outras, ao serem confrontadas com as transformações, pulam, saltam, em ações para implementar as mudanças necessárias. Encorajam-se diante dos desafios, buscam a melhor saída para a solução dos problemas, tomam atitudes.

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Há muitos “sapos fervidos” que não percebem a constante mu-dança do ambiente a sua volta e se acomodam, à espera de que al-guém resolva tudo por eles; esquecem-se de que mudar é preciso, principalmente se essa mudança beneficia toda uma coletividade. Essa teoria se encaixa em todas as situações de nossa vida: pessoal, afetiva e profissional.

Devemos ter a consciência de que, além de sermos eficientes (fazer certo as coisas), precisamos ser eficazes (fazer as coisas certas), criando espaços para o diálogo, o compartilhamento, o planejamento, o espírito de equipe, delegando, sabendo ouvir, favorecendo o nosso próprio crescimento e o daqueles com quem convivemos, seja na famí-lia, no trabalho ou na comunidade em geral.

O desafio maior, nesse mundo de mudanças constantes, está na humildade de atuar de forma coletiva. Precisamos estar atentos para que não sejamos como os Sapos Fervidos. Pulemos fora, antes que a água ferva. O mundo precisa de nós, meio chamuscados, mas vivos, abertos para mudanças e prontos para agir.

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O AUTOR

João Gilberto Parenti Couto – Nasceu na estação ferroviária de Pedrão, município de Maria da Fé-MG, em 1º de maio de 1937. Geólogo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), turma de 1971, executou trabalhos de mapeamento geológico básico nos Estados de Mato Grosso e Minas Gerais para a Companhia de Pesquisa de Recur-sos Minerais (CPRM) e de prospecção mineral no Estado de Minas Gerais, para a empresa Metais de Minas Gerais S/A (METAMIG) e sua sucessora, a Companhia Mineradora de Minas Gerais (COMIG).

Viajou pela África do Sul e Zâmbia a fim de estabelecer critérios litoestratigráficos e metalogenéticos de comparação Brasil-África. Cur-sou o Centre d’Enseignement Supérieur en Exploration e Valorisation de Ressources Minerales (CESEV), em Nancy-França. Exerceu o cargo de Diretor de Geologia e Recursos Minerais na Secretaria de Estado de Recursos Minerais, Hídricos e Energéticos de Minas Gerais (SEME).

Atuou como representante da SEME na Comissão Técnica In-tergovernamental encarregada de elaborar a proposta de zoneamento ecológico-econômico e o sistema de gestão colegiado da Área de Prote-ção Ambiental Sul – Região Metropolitana de Belo Horizonte (APA-SUL-RMBH). Apresentou trabalhos em congressos e simpósios de geologia, possui artigos publicados em revistas especializadas e tese defendida no exterior.

Fora do campo da geologia, publicou pela Mazza Edições, de Belo Horizonte-MG, os seguintes livros: 1) Projeto Brasil (duas edições – 1996/2000); 2) Os 7 Pecados da Capital (2003); 3) A Revolução que Vargas não Fez – A Implantação da Escola Pública de Tempo Integral (2004); 4) Brasil País do Presente – o Futuro Chegou – O destino mani-festo e o sonho de Dom Bosco (2004); 5) Operação Senzala (2004); 6)

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Acorda Brasil (2004); 7) Decifrando um enigma chamado Brasil (duas edições – 2005/6); 8) A Ferrovia de Dom Bosco – A viga mestra da comunidade sul-americana de nações (duas edições – 2006/7); 9) O Brasil das Profecias – 2003/2063 – Os Anos Decisivos (2008); 10) A Realização das Profecias de Dom Bosco – 2003/2063 – Os Anos Deci-sivos (2009); 11) A Mensagem Codificada sobre o Brasil nas Profecias de Dom Bosco (2009 – três edições); 12) A Viagem dos Sonhos – de Cartagena, na Colômbia, a Punta Arenas, no Chile, pela Ferrovia Trans-continental Dom Bosco (2010 – três edições).

Pelo Clube de Autores publicou, em 2009, duas edições do livro A mensagem codificada sobre o Brasil nas profecias de Dom Bosco, e uma edição do livro A Viagem dos Sonhos – de Cartagena, na Co-lômbia, a Punta Arenas, no Chile, pela Ferrovia Transcontinental Dom Bosco.

Livros disponíveis na Biblioteca Digital do Governo Federal (www.dominiopublico.com.br).– Decifrando um enigma chamado Brasil (2ª. ed., 2006).– A Mensagem Codificada sobre o Brasil nas Profecias de Dom Bosco (3ª. ed., 2009).– A Realização das Profecias de Dom Bosco – 2003/2063 – Os Anos Decisivos (2009).– A Viagem dos Sonhos – de Cartagena, na Colômbia, a Punta Arenas, no Chile, pela Ferrovia Transcontinental Dom Bosco (3ª. ed., 2010).

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As profeciAs de dom Bosco e A erA do pré-sAl 303

<a rel=”license” href=”http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/”><img alt=”Licença Creative Commons” style=”border-width:0” src=”http://i.creativecommons.org/l/by-nc-nd/3.0/88x31.png” /></a><br />A obra <span xmlns:dct=”http://purl.org/dc/terms/” href=”http://purl.org/dc/dcmitype/Text” property=”dct:title” rel=”dct:type”>AS PROFE-CIAS DE DOM BOSCO E A ERA DO PRÉ-SAL</span> foi licenciada com uma Licença <a rel=”license” href=”http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/”>Creative Commons - Atribuição - Uso Não Co-mercial - Obras Derivadas Proibidas 3.0 Não Adaptada</a>.

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