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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE PSICOLOGIA AS PRÁTICAS DE GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O ENGAGEMENT DOS TRABALHADORES TEMPORÁRIOS DE AGÊNCIA: O PAPEL MEDIADOR DA DUPLA PERCEÇÃO DE APOIO ORGANIZACIONAL Beatriz de Portugal da Silveira Sousa Lino MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA (Secção de Psicologia dos Recursos Humanos, do Trabalho e das Organizações) 2016

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE PSICOLOGIA

AS PRÁTICAS DE GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O ENGAGEMENT DOS TRABALHADORES

TEMPORÁRIOS DE AGÊNCIA: O PAPEL MEDIADOR DA DUPLA PERCEÇÃO DE APOIO ORGANIZACIONAL

Beatriz de Portugal da Silveira Sousa Lino

MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA

(Secção de Psicologia dos Recursos Humanos, do Trabalho e das Organizações)

2016

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE PSICOLOGIA

AS PRÁTICAS DE GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O ENGAGEMENT DOS TRABALHADORES

TEMPORÁRIOS DE AGÊNCIA: O PAPEL MEDIADOR DA DUPLA PERCEÇÃO DE APOIO ORGANIZACIONAL

Beatriz de Portugal da Silveira Sousa Lino

Dissertação orientada pela Professora Doutora Maria José Chambel

MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA

(Secção de Psicologia dos Recursos Humanos, do Trabalho e das Organizações)

2016

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Agradecimentos

Ao longo de todo o meu percurso académico, e para a realização deste trabalho, foi

imprescindível o apoio de pessoas a quem dedico um enorme agradecimento:

Primeiramente, à Professora Doutora Maria José Chambel que foi incansável no apoio,

motivação e acompanhamento constante. Para além da partilha de sabedoria e

conhecimentos, é alguém que se preocupa genuinamente com os seus alunos e em

quem, mesmo estando na maioria do tempo à distância, senti sempre presente em todos

os passos deste trabalho. Muito obrigada por toda a ajuda e paciência!

À Doutora Sílvia Lopes, obrigada pelo esclarecimento de dúvidas e conselhos. Foi,

indubitavelmente, uma preciosa ajuda!

A todos os Professores que me acompanharam durante estes anos e me ajudaram a

concluir esta etapa.

Ao meu Avô, o maior e melhor exemplo de sabedoria, trabalho e força de vontade. Sei

que esteja onde estiver está orgulhoso de mim e agradeço todas as ajudas que (mesmo

estando longe) me deu não só ao longo deste processo, mas em toda a minha vida!

Aos meus pais, o maior pilar da minha vida, um infinito obrigada por todas as

oportunidades que me proporcionam, pela paciência, presença, compreensão e amor.

São os maiores!

Ao meu irmão, Henrique, obrigada por, mesmo com algumas “diferenças de opinião” de

vez em quando, me ajudares e apoiares em todas as situações. Espero ser sempre capaz

de fazer o mesmo por ti.

Ao Nuno, obrigada por todo o companheirismo e por seres uma das minhas maiores

fontes de motivação.

A toda a minha família e amigos, imprescindíveis em todos estes anos, obrigada

principalmente pela vossa presença e por viverem as minhas vitórias (e algumas pedras

no caminho) como se fossem as vossas.

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Índice

Resumo 5

Abstract 6

Introdução 7

Práticas de Gestão de Recursos Humanos 8

Engagement no trabalho 11

A POS como variável mediadora 14

Método 17

Participantes e Procedimento 17

Medidas 18

Análise dos Dados 20

Resultados 21

Valores Médios e Correlações entre as variáveis estudadas 21

Análise das Regressões Múltiplas 22

Discussão 26

Limitações 28

Implicações para a Gestão de Recursos Humanos 28

Referências Bibliográficas 30

Páginas  

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Resumo

A conjuntura atual é caraterizada pelo aumento da solicitação de trabalho temporário.

Esta investigação tem como objeto de estudo os trabalhadores temporários de agência

(TAW) e analisa a relação entre a sua perceção do sistema de práticas de Gestão de

Recursos Humanos (GRH) e o seu engagement no trabalho. Para além disso, estuda

ainda de que forma a dupla Perceção de Apoio Organizacional (da agência de trabalho

temporário e da organização cliente) medeia esta relação. A amostra do estudo é

composta por 3983 TAW de várias agências de trabalho temporário em Portugal. A

recolha de dados foi feita através de um questionário online e analisados a partir do

SPSS (Statistical Package for Social Sciences). Como previsto anteriormente, os

resultados mostraram que o engagement se relaciona diretamente com as práticas de

GRH. Ademais, os dados suportaram ainda que a dupla POS (da agência e da

organização cliente) também se relacionava com as práticas de GRH. Assim sendo, as

hipóteses foram suportadas e concluímos que quanto mais positiva é a perceção do

sistema de práticas de GRH, os níveis de POS são também mais elevados e, como

consequência, há um aumento de engagement.

Palavras-chave: Trabalhadores Temporários, Práticas de Gestão de Recursos

Humanos, Engagement, Perceção de Apoio Organizacional.

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Abstract

The current social and economic situation is characterized by the increase of temporary

employment request. This research with temporary agency workers (TAW) analyzes the

relationship between their perception of the human resources management (HRM)

practices system and their engagement at work. Furthermore, this research also analyzes

the mediate role of the double Perceived Organizational Support (by the temporary

work agency and the client organization). The study sample consists of 3983 TAW from

several temporary employment agencies in Portugal. Data collection was made through

an online questionnaire and analyzed using SPSS (Statistical Package for Social

Sciences). As previously predicted, the results showed that engagement is directly

related to the HRM practices system. In addition, data also supported that the double

POS (by the agency and client organization) mediates the relationship between this

system and TAW’s engagement. Thus, the hypothesis were supported and concluded

that the more positive is the perception of HRM practices system, POS levels are higher

and, consequently, there is an increase of engagement.

Keywords: Temporary Workers, Human Resources Management Practices,

Engagement, Perceived Organizational Support.

 

 

 

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7

Introdução

Devido ao aumento da solicitação de trabalho temporário que carateriza a

conjuntura atual, é imprescindível que as necessidades destes trabalhadores sejam

entendidas de forma a haver uma Gestão de Recursos Humanos (GRH) adequada

(Golden & Appelbaum, 1992). O trabalho temporário pode trazer benefícios quer para a

organização como para o trabalhador, sendo fulcral que haja um ajustamento entre as

necessidades dos dois para que seja possível atingir os resultados organizacionais

pretendidos (Schalk, Coyle-Shapiro, Shore, Taylor & Tetrick, 2004).

Do ponto de vista do trabalhador, possibilita que os indivíduos que não têm um

trabalho permanente consigam permanecer no mercado de trabalho, concede a

oportunidade de ganharem experiência de trabalho, de aumentarem a sua rede de

contatos e oferece ainda a oportunidade de alguns dos trabalhadores em situação

temporária poderem passar a uma situação permanente. Em contrapartida, é uma forma

de reduzir os custos de despesas de trabalho, administrativas e de recrutamento e

seleção da organização, assim como aumenta o nível de flexibilidade dos trabalhadores

(Liden, Wayne, Kraimer & Sparrowe, 2003). Os comportamentos e atitudes dos

trabalhadores temporários (TTs) são idênticos às dos trabalhadores permanentes se a

relação de emprego for equivalente relativamente às perceções de apoio e a aspetos

sócio-emocionais (Guest, 2004). A motivação dos trabalhadores, sejam temporários ou

permanentes, é portanto uma prioridade para as organizações (Krausz, Brandwein &

Fox, 1995). No entanto, não é muito conhecida a maneira como os TTs percecionam a

sua situação de trabalho (Krausz, 2000), como não há também muita evidência empírica

acerca da forma como as organizações devem gerir da melhor maneira os TTs

(Feldman, Doerpinghaus & Tunley, 1994).

O número de agências de trabalho temporário tem vindo a crescer em Portugal

(Chambel & Castanheira, 2007) e, como consequência das exigências de mercado

atuais, bem como a facilidade inerente à contratação de trabalhadores que são mais

fáceis de serem dispensados, foi criada uma nova categoria de empregado que será o

alvo deste estudo: os TAW (Temporary Agency Worker) (Chambel, Castanheira &

Sobral, 2014). Este tipo de trabalho contingente é caraterizado por ser uma relação

contratual que têm com uma ou mais agências que, por seu lado, têm uma relação

comercial com uma organização cliente onde os trabalhadores realizam as suas funções

(Chambel & Castanheira, 2007). Os TAW pertencem, então, a um grupo de

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trabalhadores temporários que são empregues por uma agência de trabalho contingente

que, por sua vez, trabalha sob a direção de uma organização cliente (Chou, Chang &

Yen, 2011). Deste modo, este tipo de trabalhadores estão envolvidos numa relação de

trabalho tripartida que os difere dos trabalhadores temporários contratados diretamente

pela entidade empregadora (Claes, 2005). Têm uma legislação específica, estão mais

propensos a realizar tarefas repetitivas que se podem traduzir num maior stress/desgaste

do trabalho (De Jong, Schalk & De Cuyper, 2009), e podem ser considerados como

trabalhadores periféricos pelas organizações que, contrariamente aos outros

trabalhadores, não necessitam de formação constante (Zeytinoglu & Cooke, 2005). Em

contrapartida, autores como Van de Tooren e De Jong (2014) demonstraram que, em

relação aos trabalhadores permanentes, os TAW têm uma maior probabilidade de

beneficiar de efeitos de autonomia e encaram melhor a insegurança com que se

depararam no trabalho.

O presente estudo contribui para o aumento da investigação e conhecimento, no

âmbito dos TAW, sobre a relação entre as práticas de GRH e o engagement, centrando-

se na análise e influência que estas podem ter no engagement. Para além disso, pretende

também compreender em que medida a dupla relação de Perceção de Apoio

Organizacional (com a agência e com a organização cliente) tem um papel mediador

nesta relação.

Práticas de Gestão de Recursos Humanos (GRH)

Houve um aumento de interesse pela temática de Gestão de Recursos Humanos

(GRH) devido a três ordens de razões globais e, em especial, pela necessidade da

conceptualização de modelos que sistematizassem as práticas de GRH (Tyson, 1995). A

primeira, possui uma natureza social pelo facto de a GRH desempenhar um papel

determinante para o funcionamento da sociedade enquanto gestão de emprego; a

segunda, com uma natureza política, relaciona-se com a maneira como as relações de

poder que são inerentes ao trabalho e ao emprego, assim como as relações entre o

trabalho e recompensas, têm um grande impacto nas problemáticas sociais; já a terceira

compreende uma natureza cultural, considerando que em contexto organizacional a

GRH tem como contributo fundamental garantir a definição dos papéis, o exercício da

autoridade, a partilha de valores e objetivos comuns, entre outros (Tyson, 1995).

Os trabalhadores representam a principal vantagem competitiva das

organizações tendo em conta que são dificilmente imitáveis (Pfeffer, 1994), e as práticas

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de GRH podem ajudar a moldar o comportamento destes no seu quotidiano dado que

são os principais mecanismos através dos quais os trabalhadores entendem os termos da

sua relação de emprego (Rosseau & Wade-Benzoni, 1994). Devido à globalização e ao

aumento da internacionalização, as organizações enfrentam desafios cada vez maiores

na GRH, tornando-se imperativo que os conhecimentos sobres as práticas e a sua

eficácia sejam mais aprofundados (Budhwar & Sparrow, 2002). Para conseguirem

acompanhar e ter vantagem na realidade competitiva que impera atualmente, as

organizações têm de ter novas maneiras de encarar, entre outros aspetos, as práticas de

Recursos Humanos (Conner & Ulrich, 1996). Assim sendo, o interesse pelas práticas

tem vindo a aumentar nas últimas décadas (Innocenti, Pilati & Peluso, 2001).

No início do século XX a abordagem clássica desenvolvida por Taylor – a

Organização Científica do Trabalho – destacava a importância de definir rotinas na vida

organizacional através da especificação das funções dos trabalhadores e de tarefas

relacionadas com as funções. Criava, assim, uma comparação entre a imagem de uma

organização associada às peças de uma máquina e as pessoas que realizavam certas

tarefas, cuja principal finalidade era o foco na produtividade e obtenção de lucro

económico, em oposição do bem-estar e da satisfação dos trabalhadores. Tal como uma

máquina com as suas peças e com um desenho e gestão próprios, o ser humano também

tem a capacidade de alcançar um objetivo através das suas ferramentas ao trabalhar de

maneira harmoniosa e inter-relacionada (Morgan, 1986, citado por Chambel & Curral,

2008). O trabalho dos departamentos de pessoal, aquando desta época, era assente na

implementação de técnicas de gestão científica e eram responsáveis pela formação,

seleção, recrutamento, saúde e segurança (Carrel, Elbert & Hatfield, 1995).

Ulteriormente, no final dos anos vinte do século XX, a abordagem da Escola das

Relações Humanas deu prioridade ao ser humano, ao trabalhador, evidenciando a sua

satisfação, bem-estar, sentimentos e motivações. Nesta nova etapa, contrariamente à

abordagem clássica que enfatizava a obtenção de resultados tangíveis tal como as

recompensas que os trabalhadores obtinham, que eram somente aspetos materiais, o

âmago das preocupações das organizações é a motivação humana, psicológica e/ou

social (Chambel & Curral, 2008). Os estudos de Elton Mayo (1927) e a sua experiência

de Hawthorne, no âmbito desta abordagem, revelam que apenas ao demonstrar

preocupação com as pessoas é o suficiente para a sua satisfação e motivação que, por

conseguinte, irão produzir mais e de melhor forma (Carrel et al., 1995).

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O movimento de GRH, após a década de setenta, reconhece que são recíprocas e

compatíveis as necessidades dos trabalhadores e os objetivos da organização. Esta

abordagem, tendo em consideração tanto os objetivos da organização como do

trabalhador, defende princípios como a criação de políticas e práticas que englobem as

necessidades emocionais e económicas dos trabalhadores, os programas e práticas de

Recursos Humanos que devem ser implementadas nesse âmbito, bem como a ideia de

que se os trabalhadores forem geridos e desenvolvidos da melhor forma serão um

investimento para a organização (Carrel et al., 1995). Atualmente, no século XXI, são as

pessoas o elemento chave do sucesso das organizações pelo que é crucial que estas

apostem nas melhores condições possíveis para fomentar as competências dos seus

trabalhadores (Santos, 2004).

As práticas de GRH podem ser definidas, por exemplo, como as estratégias

implementadas por uma organização com o propósito de garantir que o capital humano

é capaz de alcançar os objetivos organizacionais (Mondy, 2001). Ainda que não haja

concordância acerca das melhores práticas na GRH (Boselie, Dietz & Boon, 2005),

Marchington e Grugulis (2000) defendem que é a combinação das práticas que lhes dá

coerência sendo que, ao serem combinadas, influenciam muito mais do que se forem

implementadas de forma individual. A perceção que os trabalhadores têm das práticas

de GRH é fundamental pois é passível de ter influência tanto nos comportamentos como

nas atitudes dos trabalhadores (Whitener, 2001). As práticas de GRH são um

mecanismo de comunicação nas organizações e devem ser consistentes, consensuais,

justas e claras. Propiciam, então, uma comunicação coerente entre a organização e os

trabalhadores, guiando-os na escolha de comportamentos corretos (Bowen & Ostroff,

2004).

São suscetíveis de sofrer influência de variáveis relacionadas com a cultura

organizacional e nacional (Budhwar & Sparrow, 2002), uma vez que a cultura irá

desempenhar um papel importante aquando da escolha e desenvolvimento de práticas de

GRH consideradas eficazes nas organizações (Chandrakumara & Sparrow, 2004).

Boselie e colaboradores (2005) formularam uma lista com 26 práticas e alegaram que há

quatro práticas principais que envolvem os objetivos centrais da GRH: formação e

desenvolvimento, recompensas e benefícios, gestão e avaliação de desempenho,

recrutamento e seleção. Neves (2002) concluiu, baseando-se em evidências empíricas,

que as práticas mais adotadas pelas organizações no contexto de GRH são: recrutamento

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e seleção, remuneração, comunicação, higiene e segurança, integração e gestão de

carreiras, análise e descrição de funções, formação e avaliação de desempenho.

Estas práticas de GRH devem funcionar como um sistema, sendo essa

combinação de práticas que irá dar origem às interações entre os gestores e os

trabalhadores (Sturges & Guest, 2004) e que, num quadro teórico multidisciplinar em

que se complementam, contribuem para a perceção de reconhecimento, valorização

pessoal e competência por parte dos trabalhadores (Esteves & Caetano, 2010). É,

portanto, fulcral que a gestão tenha um carácter dinâmico que facilite a participação e

envolvimento dos trabalhadores (Bilhim, 2009).

Engagement no trabalho

O engagement é um conceito que tem sido definido por diversos autores e de

várias formas, pelo que é frequentemente confundido com constructos como, por

exemplo, o comportamento de cidadania organizacional (Robinson, Perryman &

Hayday, 2004). Kahn (1990) foi o primeiro autor a alegar que quando o trabalhador está

envolvido e gosta do seu trabalho tende a se esforçar mais, a realizar as tarefas com

mais dedicação e empenho, obtendo indubitavelmente melhores resultados. Schaufeli,

Salanova, González-Romá e Bakker (2002) definem o engagement no trabalho como

uma construção motivacional positiva, representativa de um estado de natureza

afectivo-cognitiva que é persistente no tempo e que está relacionada com o trabalho, não

sendo específica de um indivíduo, de um comportamento ou de um evento específico.

Salanova e Schaufeli (2007) defendem que os trabalhadores engaged têm níveis de

iniciativa pessoal mais elevados, são mais proativos e têm uma maior predisposição

para aceitar novos desafios e ir além do que a organização lhes exige.

A investigação acerca do engagement tem evoluído segundo diferentes

abordagens conceptuais (Zigarmi, Nimon, Houson, Witt & Diehl, 2009), sendo que

Schaufeli e colaboradores (2002) impulsionaram o desenvolvimento conceptual da

perspetiva que defende o engagement como um constructo independente. Segundo os

autores, esta construção motivacional positiva é composta por três dimensões: vigor, é

equivalente à manifestação de altos níveis de energia e resistência mental durante o

trabalho, à capacidade de não ficar facilmente fatigado e à vontade de persistir e investir

esforço adicional no trabalho face às dificuldades; dedicação, refere-se à atribuição de

significado ao trabalho que é desenvolvido e à sensação de entusiasmo, inspiração,

desafio e orgulho no trabalho; e absorção, que representa uma total concentração no

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trabalho, a sensação de que o tempo passa rapidamente e a dificuldade de

distanciamento (Schaufeli et al., 2002).

Em consonância com esta perspetiva, os trabalhadores engaged ficam mais

imersos no trabalho (Bakker & Demerouti, 2008) e, de acordo com Schaufeli (2013), o

engagement no trabalho pode ser considerado como um conceito oposto do burnout

(cujas dimensões principais são exaustão, eficácia reduzida e cinismo). González-Romá,

Schaufeli, Bakker e Lloret (2006) defendem também que as dimensões principais do

engagement – vigor e dedicação – são opostas às principais dimensões do burnout –

exaustão e cinismo.

O engagement é um constructo que atua a nível individual e que influencia

primeiramente a performance individual e, posteriormente, os resultados

organizacionais (Saks, 2006). Este constructo relaciona-se ainda positivamente com o

Compromisso Organizacional e negativamente com Intenções de Saída (Schaufeli &

Bakker, 2004), tendo em conta que está associado ao bem-estar, tem um impacto

positivo no trabalho (Sonnentag, 2003), bem como em relações de maior confiança do

trabalhador com o empregador e, consequentemente, com a organização (Saks, 2006).

Para além de ser benéfico para o trabalhador, o engagement é ainda uma vantagem

competitiva para as organizações (Bakker, Schaufeli, Leiter & Taris, 2008).

De acordo com o modelo das exigências e dos recursos (JD-R), os recursos são

definidos como os aspetos físicos, psicológicos, sociais ou organizacionais do trabalho

que permitem atingir os objetivos pretendidos, diminuem as exigências do trabalho, os

custos físicos e psicológicos que estas implicam, e que fomentam a aprendizagem,

crescimento pessoal e o desenvolvimento (Bakker & Demerouti, 2007). Os recursos

podem estar presentes ao nível da organização (ex. segurança de emprego), ao nível

interpessoal (ex. apoio dado pelos colegas ou supervisores), a nível da organização do

trabalho (ex. participação na tomada de decisão) ou ainda a nível das tarefas (ex.

feedback de desempenho). São necessários para lidar com as exigências do trabalho e

têm um valor motivacional por si (Bakker & Demerouti, 2007).

Segundo este modelo, existem dois processos distintos: um processo de

comprometimento (ou de deterioração) da saúde, considerando que quando existem

recursos limitados e elevadas exigências há uma maior falta de energia que pode causar

burnout e exaustão; e um processo motivacional, que aumenta os níveis de engagement

tendo em conta que quando existem recursos o trabalho é mais desafiante e motivador.

Este processo dual entre recursos e exigências é essencial para o desenvolvimento da

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tensão(strain)/burnout e da motivação/engagement, e os recursos podem atenuar o

impacto que as exigências têm na tensão do trabalho (Bakker & Demerouti, 2007). Os

recursos de trabalho quando desempenham um papel intrínseco na motivação satisfazem

necessidades humanas básicas (como suporte social), já quando exercem um papel

extrínseco, há um aumento da vontade de dedicar aptidões e esforços de modo a

cumprir a função com êxito devido aos vários recursos oferecidos pelos ambientes de

trabalho (Bakker & Demerouti, 2007).

Tendo em consideração que cada profissão tem diferentes exigências e recursos,

para que haja uma boa compreensão é imperativo que a análise destas variáveis seja

feita na situação específica (Bakker & Demerouti, 2006). Schaufeli e Bakker (2004)

realizaram um estudo que, como vários outros, demonstrou a relação positiva que existe

entre os recursos laborais e o engagement no trabalho, no qual usaram três recursos – o

coaching da supervisão, o suporte social dos colegas e o feedback sobre o desempenho.

Posteriormente, Schaufeli, Taris e Van Rhenen (2008) confirmaram esta relação ao

descobrirem evidência empírica do efeito causal dos recursos no engagement em

estudos longitudinais. No entanto, para além desta relação de causalidade,

Xanthopoulou, Bakker, Demerouti e Schaufeli (2009) constataram uma relação de

reciprocidade que sustenta a ideia de que os recursos são processos psicológicos

dinâmicos. Quando os trabalhadores recebem da organização recursos que são

favoráveis a gerar engagement, sentem obrigação de retribuir com elevados níveis de

engagement (Saks, 2006). Assim sendo, os recursos económicos e sócio-emocionais que

os trabalhadores recebem são determinantes para a quantidade de recursos cognitivos,

emocionais e físicos que o trabalhador despenderá na realização de uma tarefa.

Atendendo a que o engagement pressupõe uma relação bidirecional entre o empregador

e o trabalhador (Robinson et al., 2004), se a organização não providenciar os recursos

supra referidos, os trabalhadores irão estar consequentemente menos engaged (Kahn,

1990).

Apesar de ainda não existirem muitas investigações sobre o impacto das práticas

de GRH no engagement no trabalho (Wollard e Shuck, 2011), autores como Josi e

Sodhi (2011) afirmam que o nível de engagement é o reflexo das práticas de GRH.

Sardar, Rehman, Yousag e Aijaz (2001) evidenciaram que as práticas de GRH que

incentivam a participação na tomada de decisão contribuem para níveis mais elevados

de engagement, bem como o estudo de Alfes, Shantz, Truss e Soane (2013) que

demonstrou que os trabalhadores que têm uma perceção positiva das práticas de GRH

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têm mais tendência a terem níveis de engagement maiores. De facto, os trabalhadores

que têm uma perceção positiva das práticas de GRH na sua organização têm uma maior

probabilidade de ter elevados níveis de engagement organizacional (Alfes et al., 2013)

pois interpretam as boas práticas de GRH como um investimento, ao qual respondem

com comportamentos e atitudes positivas em relação à organização (Hannah & Iverson,

2004). A investigação de Chambel, Castanheira e Sobral (2014) evidenciou que o

engagement é um mecanismo que explica a relação entre as perceções do sistema de

práticas de GRH, considerando que é uma resposta aos recursos percecionados e que,

por sua vez, se relacionam com o bem-estar dos trabalhadores.

Ademais, as práticas de GRH poderão ter mais impacto nas reações dos TAW

dado que estes as consideram como ações discricionárias, contrariamente aos

trabalhadores permanentes que as interpretam como ações regulamentares (Eisenberger,

Huntington & Sowa, 1986). Assim, o engagement organizacional é possível se os TAW

percecionarem as práticas de GRH como um meio para obterem recursos que sejam

capazes de satisfazer as suas necessidades e objetivos (Chambel & Farina, 2015).

Hipótese 1: A perceção positiva das práticas de GRH por parte dos TAW apresenta

uma relação positiva com os seus níveis de engagement.

A Percepção de Apoio Organizacional (POS) como variável mediadora

A Perceived Organizational Support, ou POS, é o grau em que os trabalhadores

entendem que a organização preza os seus contributos e se interessa pelo seu bem-estar.

É uma crença global que os trabalhadores criam relativamente à sua avaliação da

organização (Eisenberger, Fasolo & Davis-LaMastro, 1990) e, segundo a Teoria de

Apoio Organizacional, desenvolve-se segundo a propensão dos trabalhadores

personificarem a organização. Estes conferem à organização caraterísticas humanoides e

formam crenças globais em relação ao grau de preocupação e valorização da

organização que os trabalhadores percecionam por parte da mesma (Aselage &

Eisenberger, 2003).

Os trabalhadores alinham a orientação geral da organização perante eles próprios

através das interações com os agentes organizacionais, os recursos percebidos, a

experiência pessoal, os procedimentos e as políticas (Rhoades & Eisenberger, 2002).

Sentem-se na obrigação de ajudar a organização a alcançar as suas metas e objetivos e,

em contrapartida, esperam maiores recompensas. Neste processo de troca social, uma

POS elevada potencia o desejo de ajudar a organização, uma maior identificação e

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compromisso com a mesma, satisfaz necessidades sócio-económicas e um maior bem-

estar psicológico (Kurtessis et al., 2015). Para além disso, o apoio organizacional reduz

o efeito negativo das exigências do trabalho como, por exemplo, a falta de controlo

percebido no trabalho (Van Yperen & Hagedoorn, 2003).

Segundo Eisenberger, Jones, Aselage e Sucharski (2004), existem três fatores

fundamentais que influenciam a POS: tratamento justo, suporte por parte dos

representantes da organização e práticas de GRH. As políticas e práticas de GRH como

a formação, oportunidades de promoção e recompensa, autonomia, segurança no

trabalho e participação na tomada de decisão (Rhoades & Eisenberger, 2002)

relacionam-se positivamente com a POS tendo em conta que são especificamente

orientadas para os trabalhadores da organização (Eisenberger et al., 2004).

Como referimos anteriormente, os trabalhadores com uma perceção positiva das

práticas de GRH têm mais tendência a terem níveis de engagement maiores (Alfes et al.,

2013). A presença de recursos, supra referidos, promove o engagement   (Bakker &

Demerouti, 2007) e alguns destes recursos como a estabilidade, um melhor ambiente de

trabalho, e recompensas organizacionais, estão relacionados com a POS (Rhoades &

Eisenberger, 2002). Vários estudos demonstraram também uma relação positiva entre

POS e engagement (Rich, LePine & Crawford, 2010) e autores como Chambel,

Castanheira, Oliveira-Cruz e Lopes (2015) argumentam que a POS favorece o

desenvolvimento do engagement.

Devido à relação de trabalho tripartida que caracteriza os TAW estes têm duas

POS diferentes, que serão analisadas neste estudo, como consequência dos dois tipos de

relações laborais que existem: uma com a agência de trabalho temporário e outra com a

organização cliente (Giunchi, Chambel & Ghislieri, 2015). Estudos anteriores

evidenciaram que quando existe uma POS elevada, quer da agência como da

organização cliente, há uma maior probabilidade desta se traduzir em comportamentos e

atitudes favoráveis em relação à Organização Cliente (Coyle-Shapiro, Morrow &

Kessler, 2006). De acordo com Buch, Kuvaas e Dysvik (2010), os TAW que têm um

elevado nível de POS da agência e que sentem que a organização cliente investe neles,

respondem com um maior esforço de trabalho na organização cliente. Por outro lado, os

trabalhadores com baixos níveis de POS da agência não respondem de forma tão

positiva aos investimentos que a organização cliente faz no seu desenvolvimento. O

facto de terem uma menor propensão para responderem positivamente pode, então,

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prejudicar a relação dos TAW quer com a agência, como com a organização cliente

(Buch et al., 2010).

Assim, é imprescindível que existam elevados níveis de POS tanto com a

agência como com a organização e que haja uma boa relação entre os TAW, a agência e

a organização cliente. Nesse caso, para além de ser vantajoso para os TAW, a agência

também beneficiará pois reforçará a vontade dos TAW manterem os seus contratos

(Giunchi et al., 2015) e, por fim, potenciará a vontade da organização cliente continuar a

relação com a agência (Buch et. al, 2010).

A POS, que é neste caso dupla, relaciona-se positivamente e é influenciada pelas

práticas de GRH (Eisenberger et al., 2004), tendo em conta que estas transmitem o grau

de preocupação e investimento da organização nos seus trabalhadores (Wayne, Shore &

Liden, 1997). Por seu lado, as práticas de GRH refletem o nível de engagement no

trabalho (Josi & Sodhi, 2011) e, posto isto, os trabalhadores que têm uma perceção

positiva das práticas de GRH (Alfes et al., 2013) assim como níveis de POS elevados

(Rich et al., 2010) têm tendência a ter níveis de engagement maiores (Alfes et al., 2013;

Rich, et al., 2010).

Hipótese 2: A dupla Perceção de Apoio Organizacional (i.e., POS agência e POS

organização cliente) medeia a relação entre as práticas de GRH e Engagement.

Na figura 1 é possível observar o modelo conceptual proposto no presente

estudo.

Figura 1. Modelo Conceptual.

Sistema de Práticas de

GRH

Engagement no Trabalho

 

POS Agência

POS Organização

Cliente

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Método

Participantes e Procedimentos

A amostra deste estudo (N = 3983) é composta por TAW de várias agências de

trabalho temporário em Portugal. Todas as agências de trabalho temporário integram a

APESPE RH, uma associação portuguesa de empregadores que promove a

responsabilidade social nos seus associados, de forma a dignificar o trabalho e garantir

o interesse económico de todas as companhias associadas.

Na Tabela 1 estão apresentadas as características dos participantes do estudo. A

maioria da amostra é composta por mulheres (53.6%), os participantes têm idades que

variam entre os 17 e os 64 anos, cuja média é 31 anos (SD = 8.15) e, no que diz respeito

às habilitações, na maioria correspondem à Frequência Universitária (31.2%) e Ensino

Secundário (20%). Em relação ao tempo que trabalham na organização cliente, há uma

maior incidência em participantes que trabalham há mais de 18 meses (26.8%), assim

como há menos de 3 meses (21%). Os participantes não são, no geral, estudantes

(86.2%) e, na sua maioria, estavam desempregados antes de terem o presente emprego

(51.6%), trabalham a tempo completo entre 35 e 40h semanais (78.9%) e têm contrato

temporário (78.7%).

O procedimento da investigação envolveu várias etapas. Primeiramente, um

investigador reuniu-se com o CEO de cada agência de trabalho temporário de modo a

explicar os objetivos e exigências do estudo. Foi pedido ao CEO que divulgasse o

estudo através da intranet da companhia com um link que permitia aos trabalhadores

aceder ao questionário, que foi respondido online. Os participantes participaram

voluntariamente e os resultados foram reportados diretamente aos trabalhadores, bem

como ao seu respetivo CEO (método de feedback survey). Todos os entrevistados

responderam anonimamente ao questionário e foram assegurados pelo investigador que

as suas respostas seriam mantidas em sigilo. Não houve nenhum incentivo (dinheiro ou

outro tipo) para participar neste estudo.

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Tabela 1. Caraterísticas Demográficas (N = 3983).

M (SD) Idade Min-Máx.: 17-64 31.15 (8.15) % Sexo Masculino 46.4 Feminino 53.6 Habilitações Até ao 9º Ano 28.5 Ensino Secundário 31.2 Frequência Universitária 17.4 Licenciatura 16.8 Superior a Licenciatura 6.1 Tempo Cliente Menos 3 meses 21 Entre 3 e 6 meses 19.1 Entre 6 e 9 meses 13.1 Entre 9 e 13 meses 11.1 Entre 13 e 18 meses 8.9 Mais de 18 meses 26.8 Emprego Anterior Primeiro Emprego 11.5 Desempregado 51.6 Trabalhava para outra Agência de TT 13.8 Trabalhava numa empresa com contrato direto 16.3 Trabalhava por conta própria 6.8 Estudante Sim 13.8 Não 86.2 Horário Tempo completo (35-40h semanais) 78.9 Tempo parcial (até 15h semanais) 4.0 Tempo parcial (16 a 34h semanais) 17.1 Contrato Temporário 78.7 Sem termo 16.7 Outro 4.5

Medidas

Perceções de Práticas de GRH

As perceções do sistema de práticas de GRH foram medidas através da

utilização de uma escala composta por vinte itens que mede a socialização, o

recrutamento, a formação e a avaliação de desempenho dos TAW. Esta escala foi

baseada na escala de Zacharatos, Barling e Iverson (2005) e na de Takeuchi, Lepak,

Wang e Takeuchi (2007), sendo posteriormente validada para Portugal por Sobral

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(2015). Um exemplo de um item desta escala é: “Quando comecei a trabalhar nesta

empresa recebi a formação necessária para desempenhar as minhas funções”. Os itens

foram respondidos numa escala de Likert de 7 pontos, que variavam de “discordo

totalmente” (1) a “concordo totalmente” (7). Quanto mais elevada for a pontuação

atribuída nesta escala, mais positiva será a perceção dos participantes relativamente ao

sistema de práticas de GRH. O Alfa de Cronbach, neste estudo, é de 0.94 pelo que

apresenta valores adequados (Nunnally & Bernstein, 1994).

POS para com a Agência

Esta análise foi feita recorrendo à versão mais reduzida da escala de Eisenberger

e colaboradores (1986), a SPOS (Survey of Perceived Organizational Support),

composta por oito itens que medem a POS geral. Neste estudo em particular, a escala

foi utilizada para medir a POS relativamente à agência de trabalho temporário e foi

anteriormente utilizada em Portugal (Giunchi et al., 2015). Um exemplo de um item

desta escala é: “A ajuda da (nome da agência) está disponível quando eu tenho um

problema”. Valores altos indicam elevados níveis de POS da agência. Para calcular a

consistência interna foi necessário inverter dois itens que possuem conteúdo

desfavorável (ou seja, na negativa). Nomeadamente, os itens invertidos foram: “A

empresa demonstra pouca preocupação com os empregados” e “ A empresa não tem em

consideração os meus interesses quando toma decisões que me afetam diretamente”. O

Alfa de Cronbach, neste estudo, é de 0.84 pelo que apresenta valores adequados

(Nunnally & Bernstein, 1994).

POS para com o Cliente

Foi usada a mesma versão reduzida de Eisenberger e colaboradores (1986) para

medir a POS do cliente. Os itens usados foram idênticos à escala usada para a agência

de trabalho temporário, à exceção de fazer referência ao “nome da organização cliente”.

Valores altos indicam elevados níveis de POS do Cliente. O Alfa de Cronbach, neste

estudo, é de 0.87 pelo que apresenta valores adequados (Nunnally & Bernstein, 1994).

Engagement no trabalho

A escala utilizada para medir o engagement é uma versão reduzida e adaptada da

escala Ultrecht Work Engagement (UWES-9) proposta por Schaufeli, Bakker e

Salanova (2006). Foi utilizada anteriormente em contexto português com TAW por

Lopes e Chambel (2014) e por Chambel e colaboradores (2014). O conceito de uma

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dimensão do engagement usado neste estudo foi baseado em investigações anteriores

(Sonnentag, Dormann & Demerouti, 2010). A escala tem 9 itens no total, com três itens

relacionados com cada uma das três dimensões de engagement: vigor (ex. “No meu

trabalho, sinto-me forte e com vigor”); dedicação (ex. “O meu trabalho inspira-me”) e

absorção (ex. “Estou imerso no meu trabalho”). Os itens eram medidos através de uma

escala de Likert de 7 pontos que variava entre “Nunca” (0) e “Todos os dias” (7).

Quanto mais elevada for a avaliação dos indivíduos, maior serão os seus níveis de

engagement. O Alfa de Cronbach, neste estudo, é de 0.94 pelo que apresenta valores

adequados (Nunnally & Bernstein, 1994).

Variáveis controlo

De forma a não enviesar a interpretação dos resultados das análises foram

controladas variáveis que poderão ter influência nos resultados, nomeadamente

controlámos: género (0 = Homem; 1 = Mulher), idade (em anos), habilitações (desde 1

= “até ao 9º ano” até 5 = “superior a licenciatura”) e tempo no cliente (desde 1 =

“menos 3 meses” até 6 = “mais de 18 meses”). Decidimos controlar estas variáveis pois

foram encontradas, em estudos anteriores, relações entre: engagement e género

(Camgoz, Ekmekci Karapinar & Guler, 2016; Dubbelt, Demerouti & Rispens, 2016),

engagement e idade (Haley, Mostert & Els, 2013), engagement e antiguidade na

organização (Kong, 2009), práticas de GRH e idade (Mackay, 2013), bem como práticas

de GRH e género (Mastracci & Arreola, 2016).

Análise dos Dados

Na análise dos dados foi utilizado o Statistical Package for Social Sciences

(SPSS; Windows 22.0 software) para a análise estatística. Os valores médios e as

correlações de Pearson foram calculados para todas as variáveis. Recorreu-se às

análises de regressão linear para observar as relações entre as variáveis independentes

e as variáveis dependentes. Para testar em que medida a dupla POS (POS agência e

POS organização cliente) medeia a relação entre as práticas de GRH e o engagement

foi utilizado o método de Baron e Kenny (1986). De acordo com estes autores, para

que uma variável funcione como mediador devem ser satisfeitas quatro condições: (1)

deve haver uma relação significativa entre a variável independente e a variável

mediadora; (2) a variável mediadora deve ter um efeito significativo sobre a variável

independente; (3) a variável independente deve possuir uma relação significativa com

a variável dependente e, finamente, (4) a adição da variável mediadora ao modelo

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reduz a importância da variável independente ao modelo, i.e., a relação entre a variável

independente e a variável dependente deve ser significativamente fraca (mediação

parcial) ou não significativa (medição total) quando o mediador proposto, neste caso a

POS, é incluído na equação de regressão. Para testar a mediação foi utilizado o Teste

de Sobel (1982), que é um teste de significância cujo objetivo é aferir o efeito indireto

da variável independente sobre a variável dependente através do mediador.

Resultados

Valores médios e correlações entre as variáveis estudadas

As médias, desvios padrão e correlações entre as variáveis estudadas são

apresentadas na Tabela 2. Com base nos valores médios obtidos, observamos que os

trabalhadores têm uma perceção ligeiramente positiva do sistema de práticas de GRH

sendo que, em média, pontuaram as suas respostas com valores superiores a 4 numa

escala de Likert de 7 pontos. Quanto à POS com a agência (M = 3.92) e com a

organização cliente (M = 4.17), os participantes escolheram em média a resposta “Não

concordo nem discordo”. Finalmente, os valores médios obtidos para o engagement

(M = 5.23) indicam bons níveis de engagement nos participantes tendo em conta que

pontuam valores superiores a 5 numa escala de Likert de 7 pontos.

Ao analisar as correlações de Pearson das variáveis estudadas (Tabela 2),

observamos relações fortes entre o sistema de práticas de GRH e as duas POS (com a

agência e com a organização cliente) (considerando que ambas têm um r > .50). A POS

com a organização cliente e a POS com a agência relacionam-se também fortemente

(r=.63). Quanto à relação entre a POS com a agência e o engagement, tal como entre a

POS com a organização cliente e o engagement, podemos concluir que é relativamente

forte (os valores de ambas as correlações rondam os .50). Assim sendo, e tendo em

consideração a relação forte encontrada também entre as práticas de GRH e o

engagement (r = .51), parece que quanto mais os trabalhadores percecionarem de forma

positiva o sistema de práticas de GRH, mais elevados serão os seus níveis de

engagement.

Podemos também constatar que existe uma relação significativa entre as

variáveis de controlo (género, idade, habilitações e tempo cliente) e as variáveis

estudadas, pelo que interessa controlar estas variáveis na análise.

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Análise das Regressões Hierárquicas Múltiplas

De forma a examinar a natureza da associação entre as variáveis estudadas e

inferir sobre os valores das relações das variáveis independentes na variável dependente,

procedeu-se à análise das regressões hierárquicas múltiplas sendo introduzido, no

primeiro passo, o género, a idade, as habilitações e o tempo cliente como variáveis de

controlo. Foi observada a colinearidade das relações, uma vez que todas obtiveram um

valor superior a .90.

Procedendo à análise da Tabela 3, constatamos que as práticas de GRH se

relacionam positiva e significativamente com o engagement no trabalho (β = .49, p <

.01). Relativamente à proporção da variância do engagement no trabalho que é

explicado pelas práticas de GRH, observamos que as práticas de GRH contribuem 24%

para explicar o engagement no trabalho. Estes resultados parecem suportar a Hipótese 1,

dado que quanto mais positiva é a percepção das práticas de GRH mais engagement os

trabalhadores apresentam.

Tabela 2. Médias, desvios padrão e correlações entre as variáveis estudadas (N = 3983).

Média SD 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 1. Género .54a .50a

2. Idade 31.15 8.15 -.10**

3. Habilitações 3.32a 1.35a .20** -.14** 4. Tempo

Cliente 3.48a 1.92a .40** .08** -.03

5. Práticas de GRH

4.91 1.18 .07** -.02 -.10** -.07**

6. POS com a Agência

3.92 1.12 .05** .00 -.18** -.16** .55**

7. POS com a Org. Cliente

4.17 1.25 .07** .00 -.09** -.09** .65** .63**

8. Engagement 5.23 1.42 -.01 .19** .21** .10** .51** .44** .53**

Nota: **: p < .01; *: p < .05.; a Valores sem significado estatístico visto tratar-se de uma variável

dummy (0= Homem; 1= Mulher) no caso do género e de uma variável categorial no caso das

habilitações (desde 1= até ao 9º Ano até 5= Superior a Licenciatura) e do tempo cliente (desde 1 =

“menos 3 meses” até 6 = “mais de 18 meses” ).

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Tabela 3. Regressão Hierárquica das Práticas de GRH para Engagement.

Engagement

β β 1º Passo Género .05** .01 Idade .18** .19** Habilitações -.19** -.13** Tempo Cliente -.12** -.08** 2º Passo Práticas de GRH - .49** F 89.80** 367.50** Adj. R-Sq. .08 .32 R-Sq. Change .09 .24

Nota: **: p < .01; *: p < .05.

Quanto à relação entre as práticas de GRH e a POS agência, analisando a Tabela

4, concluímos que as práticas de GRH se relacionam positiva e significativamente com

a POS agência (β = .52, p < .01). A proporção de variância da POS agência que é

explicada pelas práticas de GRH é de 27% sendo que quanto maior for a perceção

positiva das práticas de GRH maior será a POS agência.

Tabela 4. Regressão Hierárquica das Práticas de GRH para POS Agência.

POS Agência

β β 1º Passo Género .09** .04** Idade -.01 .01 Habilitações -.20** -.14** Tempo Cliente -.16** -.12** 2º Passo Práticas de GRH - .52** F 68.39** 389.25** Adj. R-Sq. .07 .33 R-Sq. Change .07 .27 Nota: **: p < .01; *: p < .05.

As práticas de GRH relacionam-se também de forma positiva e significativa com

a POS cliente (β = .64, p < .01), cuja proporção de variância é explicada em 40% pelas

práticas de GRH (Tabela 5). Podemos constatar, novamente, que quanto maior a

perceção positiva das práticas de GRH maior será a POS cliente.

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Tabela 5. Regressão Hierárquica das Práticas de GRH para POS Cliente.

POS Cliente

β β 1º Passo Género .10** .04** Idade .00 .02 Habilitações -.11** -.03* Tempo Cliente -.10** -.05** 2º Passo Práticas de GRH - .64** F 26.24** 585.41** Adj. R-Sq. .03 .43 R-Sq. Change .03 .40 Nota: **: p < .01; *: p < .05.

Quer a POS agência (β = .14, p < .01), como a POS cliente (β = .43, p < .01)

relacionam-se positiva e significativamente com o engagement (Tabela 6). A proporção

de variância do engagement explicada pela POS agência e POS cliente é de 27%, pelo

que quanto maior for a POS agência e POS cliente, maiores serão os níveis de

engagement.

Tabela 6. Regressão Hierárquica da POS Agência e POS Cliente para Engagement.

Engagement

β β 1º Passo Género .05** -.01 Idade .18** .18** Habilitações -.19** -.12** Tempo Cliente -.12** -.05** 2º Passo POS Agência POS Cliente

- -

.14**

.43** F 89.41** 350.42** Adj. R-Sq. .08 .35 R-Sq. Change .08 .27 Nota: **: p < .01; *: p < .05.

No que se refere à dupla perceção de apoio organizacional como variável

mediadora da relação entre as práticas de GRH e engagement (Tabela 7), que constitui a

Hipótese 2 do presente estudo, foi necessário analisar as condições supra referidas por

Baron e Kenny (1986). A primeira condição – deve existir uma relação significativa

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entre a variável independente e a variável mediadora – a segunda condição – a variável

mediadora deve possuir um efeito significativo sobre a variável dependente – e a

terceira condição – a variável independente deve ter uma relação significativa com a

variável dependente – foram todas satisfeitas. Nomeadamente porque verificámos

existir uma relação positiva e significativa entre as práticas de GRH e a dupla POS (com

a POS agência – β = .52, p < .01; com a POS cliente β = .64, p < .01); bem como uma

relação positiva e significativa entre a dupla POS e o engagement (com a POS agência –

β = .14, p < .01; com a POS cliente β = .43, p < .01). Tal como verificámos

anteriormente, a relação direta entre as práticas de GRH e o engagement também foi

encontrada como sendo positiva e significativa (β = .49, p < .01).

Na tabela 7, é possível observar o teste da quarta condição definida por Baron e

Kenny (1986), tendo-se verificado que as variáveis mediadoras contribuíram para

reduzir a importância da relação entre as práticas de GRH e o engagement – de β = .49

para β = .26 (p < .01). Recorrendo igualmente ao Teste de Sobel (1982), observamos

que a POS agência parece ser uma variável que contribui para explicar parcialmente a

relação entre as práticas de GRH e o engagement (Z = 23.10, p < .01), assim como a

POS cliente parece ser também um mediador parcial da relação entre práticas de GRH e

engagement (Z = 31.22, p < .01).

Tabela 7: Análise da Mediação – Regressão Hierárquica das Práticas de GRH e Dupla POS no Engagement.

Engagement

Β β β 1º Passo Género .05** .01 -.01 Idade .18** .19** .19** Habilitações -.19** -.13** -.11** Tempo Cliente -.12** -.08** -.06** 2º Passo Práticas de GRH 3º Passo Práticas de GRH POS Agência POS Cliente

- - - -

.49** - - -

-

.26**

.08**

.29** F 89.41** 366.79** 351.09** Adj. R-Sq. .08 .32 .39 R-Sq. Change .08 .24 .07 Nota: **: p < .01; *: p < .05.  

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Desta forma, a H2 que pressupunha que a dupla Perceção de Apoio

Organizacional (i.e., POS agência e POS organização cliente) medeia a relação entre as

práticas de GRH e engagement parece ser parcialmente suportada pelos resultados (ver

Figura 2).

Figura 2. Modelo Conceptual e Regressões Hierárquicas.

Discussão

O presente estudo contribuiu para a compreensão do efeito do sistema de

práticas de GRH no engagement, bem como o funcionamento dessa relação tendo como

variável mediadora a dupla relação de POS (POS agência e POS organização cliente).

Apoia também a ideia de que os trabalhadores desenvolvem uma relação de emprego

dupla, sendo que foi possível verificar que as práticas de GRH estão significativa e

positivamente relacionadas com a POS tanto da agência, como da organização cliente.

Esta constatação suporta a observação de Giunchi e colaboradores (2015), que

evidenciou que a relação dupla desenvolvida pelos trabalhadores não é independente e

que se inter-relaciona positivamente.

Os resultados obtidos demonstram uma relação significativa e positiva entre o

sistema de práticas de GRH e o engagement no trabalho e suportam estudos anteriores

que defendem que a implementação de boas práticas de GRH está associada à

demonstração de atitudes e comportamentos positivos dos trabalhadores que,

inevitavelmente, incluem um melhor nível de engagement (Nishii, Lepak & Schneider,

2008; Hannah & Iverson, 2004). As atitudes e comportamentos e, consequentemente, o

engagement dos trabalhadores, são diretamente influenciados pelas práticas de GRH

(Pauwee & Richardson, 1997).

β = .14**  β = .52**  

β = .43**  β = .64**  

POS Agência Agência

POS Organização

Cliente

Engagement no trabalho

Sistema de Práticas de

GRH

β = .26**  

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Os TAW interpretam as boas práticas de GRH como um investimento e, posto

isto, respondem de forma positiva (Hannah & Iverson, 2004) e têm uma maior

probabilidade de ter elevados níveis de engagement (Alfes et al., 2013). Assim sendo, a

perceção destas boas práticas será vantajosa para potenciar elevados níveis de

engagement (Ostroff & Bowen, 2000) e, como verificámos nos resultados do estudo,

quanto mais positiva é a percepção das práticas de GRH, mais engagement os

trabalhadores apresentam. Como referido, os trabalhadores que sentem que a

organização lhes proporciona recursos, económicos e sócio-emocionais, através de, por

exemplo, a implementação de boas práticas de GRH, irão retribuir com elevados níveis

de engagement (Karatepe, 2011).

Considerando o modelo JD-R, e o processo motivacional que integra este

modelo, quando existem recursos os níveis de engagement aumentam (Bakker &

Demerouti, 2007) e alguns destes recursos relacionam-se com a POS (Rhoades &

Eisenberger, 2002). Na Hipótese 2, previmos que a dupla relação de POS tem um papel

mediador entre as práticas de GRH e o engagement. Os resultados desta investigação

suportam, mais uma vez, estudo anteriores que defendem que a POS se relaciona

positivamente e é influenciada pelas práticas de GRH (Eisenberger et al., 2004), que

refletem o nível de engagement (Josi & Sodhi, 2011). Sustentam também a ideia que

trabalhadores com uma perceção positiva das práticas de GRH (Alfes et al., 2013) e

com níveis de POS elevados (Rich et al., 2010) têm tendência a ter níveis de

engagement maiores (Alfes et al., 2013; Rich, et al., 2010).

As práticas que indicam que a organização suporta e investe nos seus

trabalhadores criam a perceção que a organização se preocupa com eles e é justa,

fomentando o aumento da POS que, por sua vez, facilita a propagação do engagement

(Chambel et al., 2015). Os resultados demonstraram uma mediação parcial, que

significa que há uma parte da relação entre as práticas de GRH e o engagement que é

direta, pelo que há ainda outra parte desta relação que tem como mediador a POS

agência e POS organização cliente. As características de natureza social tornam o objeto

deste estudo complexo e, consequentemente, é difícil encontrar relações que sejam

totalmente explicadas por um único mediador (Baron & Kenny, 1986).

Após a análise dos dados, concluímos então que: quanto mais positiva for a

perceção do sistema de práticas de GRH, maiores serão os níveis de POS (agência e

organização cliente) e, como resultado, haverá elevados níveis de engagement. No

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entanto, como a mediação é parcial, a relação entre as práticas de GRH e o engagement

é positiva e significativa mesmo sem a intervenção da POS como variável mediadora.

Limitações Este estudo contém algumas limitações que devem ser reconhecidas e,

preferencialmente, colmatadas em futuras investigações. Em primeiro lugar, a recolha

de dados foi elaborada através de um questionário online, composto por respostas

obrigatórias, perguntas fechadas e baseado numa autoavaliação, sendo que algumas

repostas poderão ser consideradas subjetivas. Para além disso, a recolha de dados foi

efetuada num momento temporal concreto e tendo como finalidade analisar correlações.

Para que a relação de causalidade entre as variáveis fosse analisada seria pertinente

realizar um estudo longitudinal. A relação entre as práticas de GRH e o engagement é,

com certeza, mediada por outros fatores para além da POS. A intervenção de outras

variáveis como, por exemplo, a perceção do contrato psicológico ou a motivação,

podem ser exploradas em futuras investigações. A amostra é composta unicamente por

TAW portugueses e, assim sendo, estes resultados não podem ser generalizados a outras

nacionalidades que possam ter uma cultura distinta da cultura portuguesa. Por fim,

algumas da variáveis que foram utilizadas neste estudo apenas como variáveis de

controlo (como o género, idade, entre outras), poderão futuramente ser analisadas em

relação às variáveis estudadas.

Implicações para a Gestão de Recursos Humanos

O presente estudo contribui com implicações práticas importantes para a GRH,

mais especificamente no âmbito dos TAW. Os resultados obtidos nesta investigação

aumentam o conhecimento sobre a relação entre as práticas de GRH e o engagement no

trabalho, verificando que o engagement é influenciado pela perceção positiva das

práticas de GRH, assim como o efeito mediador da dupla relação de POS nesta

associação.

É fulcral que os trabalhadores sintam que são valorizados quer pela agência de

trabalho temporário como pela organização cliente, de maneira a responderem de forma

positiva, tendo em conta que a relação de trabalho dos TAW é mais complexa do que a

de trabalhadores permanentes (Chambel & Castanheira, 2007). Se a perceção de apoio e

aspetos sócio-emocionais for idêntica para os TAW e trabalhadores permanentes, a

relação de trabalho, tal como as atitudes e comportamentos, será igualmente semelhante

(Guest, 2004). Considerando que o sistema de práticas de GRH tem influência

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(Marchington & Grugulis, 2000) e que as práticas de GRH são um mecanismo de

comunicação nas organizações (Bowen & Ostroff, 2004) que contribuem para moldar o

comportamento dos trabalhadores (Rosseau & Wade-Benzoni, 1994), existe um

aumento das práticas de GRH cujo objetivo é melhorar a relação entre o trabalhador e a

organização (Guest, 2004).

A investigação demonstrou que as práticas de GRH se relacionam de forma

positiva e significativa com o engagement, salientando ainda a importância das práticas

de GRH serem bem implementadas pois serão, consequentemente, melhor

percecionadas pelos trabalhadores cujos níveis de engagement serão mais elevados. O

engagement, por seu lado, tem influência no desempenho individual, nos resultados

organizacionais (Saks, 2006), é uma mais valia para o trabalhador e uma vantagem

competitiva para a organização (Bakker et al., 2008). Explica ainda a relação entre as

perceções do sistema de práticas de GRH uma vez que está relacionado com o bem-

estar dos trabalhadores (Chambel et al., 2014) e é o reflexo das práticas de GRH (Josi &

Sodhi, 2011). As práticas de GRH têm também influência na POS (Eisenberger et al.,

2004) que, identicamente, potencia o desenvolvimento de engagement (Chambel et al.,

2015).

Assim, é imperativo que as organizações - no caso desta investigação, a agência

de trabalho temporário e a organização cliente - implementem um bom sistema de

práticas de GRH. Se essas práticas de GRH foram percecionadas de forma positiva

pelos TAW, a sua POS aumentará e, posto isto, o engagement será também maior.

Nesse caso, as atitudes e comportamentos dos trabalhadores serão positivas de maneira

a retribuir os recursos e a valorização pessoal que recebem. Estas consequências serão

benéficas não só para o bem-estar dos trabalhadores, como serão também

imprescindíveis para o sucesso das organizações numa conjuntura bastante competitiva

que deve fomentar e desenvolver ao máximo os seus recursos humanos.

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